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Teologia Pastoral

TEOLOGIA PASTORAL

Pr. Joel de A. Manhães


(Fevereiro/2015)

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Teologia Pastoral

Sumário Pág.

Definição de Teologia Pastoral 03

Vocação Pastoral 04

Perigos na Vocação Pastoral

a) Motivações Perigosas 07
b) Realidades Perigosas 08

A Vida Devocional e Preparo Pastoral 12

As Qualificações Pastorais 15

A Responsabilidade Pastoral do Presbítero 21

O Sustento Pastoral 24

O Pastor e a Administração do Tempo 28

Vida Social Pastoral 30

Conclusão 32

Bibliografia 33

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Teologia Pastoral
DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA PASTORAL

“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e
testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há
de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por
constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos de rebanho. Ora, logo que o Supremo
Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”.
I Pe 5.1-4

“O verdadeiro pastor tem duas vozes: uma para chamar as ovelhas e outra para
espantar os lobos devoradores” .
João Calvino

Uma boa parte dos teólogos define a Teologia Pastoral como o ramo da Teologia Cristã que
define, de forma sistemática, o ofício, serviços, dons e tarefas do ministério. A Teologia
Pastoral é considerada uma teologia prática por tratar de aspectos práticos do ministério
vinculando a exegese, história, teologia sistemática, ética e ciências sociais. Teologia Pastoral é
uma disciplina tanto teórica quanto prática. A Teologia Pastoral objetiva não apenas elaborar uma
definição do trabalho e tarefas pastorais, mas prover auxílio prático para sua implementação.
Em um primeiro momento, a Teologia Pastoral providencia informação bíblica e suporte teológico
acerca do ministério. Em seguida, fomenta a prática do ministério na igreja.
Argumenta-se que o ministério só é aprendido na prática. Deus, porém, na Bíblia, fornece
informações sobre o ministério, possibilitando uma investigação sistemática que oriente uma
prática ministerial consistente com os propósitos divinos.
A Teologia Pastoral ou do ministério cristão seria enquadrada no ramo da Teologia Prática,
apesar de podermos abordá-la em várias perspectivas diferentes, precisamos dar maior
relevância à perspectiva bíblica e prática.

VOCAÇÃO PASTORAL

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Avocação para o pastorado é a mais sublime das todas as vocações. O chamado de Deus é
irrevogável e intransferível. Quando ele chama, chama eficazmente!
Rev. Hernandes D. Lopes
O pastor não é um voluntário, mas uma pessoa chamada por Deus. Seu ministério não é
procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas celestial. Sua motivação não está em
vantagens humanas, mas em cumprir o propósito divino. Entrar no ministério com outros
propósitos ou motivações é um grande perigo.
O chamado ao ministério tem origem no próprio Deus que chama homens para exercerem as
mais distintas tarefas em sua obra, e, como Ele é soberano em seus desígnios, então, não existe
um método definido para a chamada divina ao ministério pastoral. Existe, sim, o método divino,
soberano e poderoso.
Jesus afirmou em João 15:16: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem
fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome”.
E em João 20:21: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me
enviou, também eu vos envio a vós”.
A vida do ministro é a vida do seu ministério. Abraçar o ideal do ministério é abrir mão de outros
ideais.
E existem alguns aspectos que comprovam a origem divina na vocação pastoral:
I) É DEUS QUEM DÁ PASTORES À SUA IGREJA (JR 3.15);
Em primeiro lugar, a escolha divina não é fundamentada no mérito, mas na graça. Jeremias, por
exemplo, era uma criança quando foi chamado. Ele não sabia falar. Foi Deus quem colocou a
palavra em sua boca. Paulo se considerava o menor dos apóstolos, o menor dos santos e o maior
dos pecadores, mas Deus o colocou no lugar de maior honra na história da igreja. Nossa escolha
para o serviço e para a salvação não é fundamentada em méritos, mas na graça. O portal de
entrada no ministério é a humildade. Nenhum pastor pode fazer a obra de Deus de forma eficaz
com altivez e orgulho. A soberba precede a ruína. A vaidade é a ante-sala do fracasso. Toda a
glória que não é dada a Deus é glória vazia. Não estamos no ministério porque somos alguém,
estamos para anunciar o Único que é digno de receber toda honra, glória e louvor.
Em segundo lugar, é Deus quem coloca os membros no corpo como lhe apraz (1Co.12:11,28-
31a) . Todos os salvos têm dons e ministérios no corpo, mas nem todos são chamados para ser
pastor. Não somos nós quem decidimos, mas Deus. Quem é chamado para esse sublime
ministério não pode orgulhar-se, porque nada tem que não tenha recebido. Um indivíduo crente
não deveria entrar no ministério sem ser chamado especificamente, nem uma pessoa
vocacionada deveria retardar esse chamado.

Deus não apenas chama, mas especifica a missão. O que é um pastor? O que significa
pastorear?
Em primeiro lugar, pastorear é alimentar o rebanho de Deus com a palavra de Deus. Não nos
cabe prover o alimento, mas oferecer o alimento. O alimento é a palavra. Reter a palavra ao povo
de Deus é um grave pecado. O pastor precisa ser um incansável estudioso da Palavra.

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Em segundo lugar, pastorear é proteger o rebanho de Deus dos lobos vorazes. Jesus alertou
para o fato de o inimigo introduzir os filhos do maligno no meio do seu povo. As heresias são os
dentes do lobo. Quando a igreja deixa de zelar pela doutrina apostólica, as novidades do mercado
da fé entram na igreja e, nesse pacote, muitas vezes, vêm práticas estranhas às Sagradas
Escrituras. Os pastores precisam examinar a literatura que está entrando na igreja para verificar
se ela está de acordo com a palavra. Os pastores precisam analisar as letras das músicas que
são cantadas na igreja para não incorrerem em equívocos doutrinários. Os pastores não devem
dar o púlpito da igreja para indivíduos que, reconhecidamente, são descomprometidos com a
fidelidade às Escrituras.
Em terceiro lugar, pastorear é gostar do cheiro de ovelha. A missão do pastor é apascentar. O
pastor é alguém que convive com ovelha. A ovelha é um animal que não pode cuidar de si mesmo.
É o pastor quem protege, orienta os caminhos, carrega no colo e disciplina.
Em quarto lugar, pastorear é encorajar as ovelhas. O ministério pastoral é amplo. O pastor é
aquele que ensina, alimenta, orienta, protege, disciplina, fortalece, anima e consola as ovelhas.
O papel do pastor não é intimidar as ovelhas nem espancá-las por causa de suas falhas. O pastor
age com a firmeza de um pai e com a doçura de uma mãe. O pastor usa a vara da disciplina, mas
também o cajado do resgate. O pastor precisa não apenas de gostar de pregar para o seu
rebanho, mas gostar do rebanho para quem prega. Sua função é ser um encorajador daqueles
que estão a caminho da Canaã Celestial!

II) DEUS DÁ PASTORES SEGUNDO O SEU CORAÇÃO (JR 3.15)


O pastor segundo o coração de Deus tem consciência de que Deus o chamou para amar a Cristo
e apascentar as ovelhas com humildade. O pastor não é o dono do rebanho. Deus nunca nos
passou uma procuração transferindo o direito de posse da igreja. A igreja não é nossa, mas de
Deus. As ovelhas não são nossas, mas de Deus. O pastorado não é um posto de privilégios, mas
uma plataforma de serviço.
Há muitos pastores que parecem mais fazendeiros. Há outros pastores que parecem
mercenários. São pastores de si mesmos, e não pastores do rebanho de Deus.
O pastor segundo o coração de Deus apascenta o rebanho debaixo do cajado do Supremo
Pastor. Nenhum pastor apascenta o rebanho de Deus com fidelidade se não exerce seu
pastorado debaixo do cajado de Cristo, dando ao povo a sã doutrina. A instrução da verdade
precisa estar na sua boca. O ensino fiel das Escrituras precisa ser o vetor do seu ministério. O
pastor não é chamado para pregar sua visão, mas para pregar a palavra de Deus!

III) A EXCELÊNCIA COM QUE O PASTOR DEVE EXERCER O SEU PASTORADO (JR 3.15)

Destacamos duas verdades importantes:


Em primeiro lugar, o pastor deve apascentar o rebanho de Deus com conhecimento. O pastor
é um estudioso. Deve ser um erudito. Precisa conhecer a palavra, alimentar-se da palavra e
pregar a palavra. Paulo diz que devem ser considerados dignos de redobrados honorários
aqueles que se afadigam na palavra. Precisamos estudar até a exaustão. Precisamos apresentar-
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nos como obreiros aprovados. Precisamos realizar o ministério com um padrão de excelência.
Pastor também precisa ter um vasto conhecimento geral. Precisa ser um homem atualizado.
Precisa ler o texto e o contexto. Ler a Bíblia e ler o povo. Precisa ser um profundo conhecedor da
sua época. John Stott diz que o sermão que o pastor prega deve ser uma ponte entre dois
mundos: o texto antigo e o ouvinte contemporâneo. O pastor precisa conhecer esses dois
mundos: tanto o texto quanto seus ouvintes.
Em segundo lugar, o pastor deve apascentar o rebanho de Deus com inteligência. Isso
significa apascentar o rebanho de Deus com sabedoria e sensibilidade. Sabedoria é usar o
conhecimento para os melhores fins. Precisamos tratar as ovelhas de Deus com ternura. Paulo
diz que o pastor é como um pai e também como uma mãe. O pastor chora com os que choram e
festeja com os que estão alegres. O pastor trata cada ovelha de acordo com sua necessidade,
com seu temperamento, com seu jeito peculiar de ser. Ele é dócil com as crianças como foi Jesus,
que as pegou no colo. Ele trata os da sua idade como a irmãos e os mais velhos como a pais.
Uma coisa é amar a pregação, outra coisa é amar as pessoas para quem pregamos. Devemos
amar a pregação e também as pessoas para as quais pregamos.

PERIGOS NA VOCAÇÃO PASTORAL

a) Motivações Perigosas

“Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com
freqüência alarmante. Isto não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por
alguma empresa. As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta no
boletim dominical e continuam a subir no púlpito domingo após domingo. O que estão
abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam

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ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram a história
nos últimos vinte séculos”.
Eugene Peterson

Para alertar-nos do perigo das motivações erradas observemos cinco possíveis motivações
erradas e egocêntricas que podem levar alguém ao Ministério:

1) Adquirir estabilidade financeira: Os motivos da nossa sociedade secular são controlados


pelo cifrão. Vivemos uma época de recessão e de desemprego. Há um grande temor que alguns
jovens em nossas Igrejas, passe a compreender o ministério como uma profissão e um meio de
ganhar a vida. Penso que todo candidato ao ministério deveria responder a esta pergunta: O
motivo que tenho para desejar ser pastor é porque serei pago para isto? Quanto a isto, Spurgeon
escreveu: “Se um homem perceber, depois do mais severo exame de si mesmo, qualquer outro
motivo que a glória de Deus e o bem das almas em sua busca do pastorado, melhor que se afaste
dele de uma vez, pois o Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em seu templo”

2) Status social: Não é de hoje que a sede de posição cega às pessoas. O “ser pastor”, mesmo
que em nossos dias não é lá muito bem visto, até mesmo pelos escândalos envolvendo alguns
líderes cristãos, os títulos de Reverendo e Pastor transmitem uma certa dose de autoridade que
dignifica o ser humano, e lhe confere status social. Não obstante, liderar não é fácil. Às vezes
pregar pode ser uma tortura. Pastorear ovelhas relutantes é uma atividade esmagadora. Ser uma
figura pública sob os olhares de todos e viver sob constantes cobranças, mesmo que estas não
sejam verbais, sacodem o nosso coração. Os pastores inevitavelmente armazenam um certo
nível de frustração em seu trabalho. Ficam frustrados com os conflitos da igreja, com a futilidade
de seus planos e com o fracasso do povo. O status social não pode sustentar o ministério e fazer
com que vivam, a vocação, de modo responsável.
Em I Tm 3:1, Paulo escreve: “se alguém deseja o pastorado, excelente obra almeja”.
O termo “deseja” na língua grega é epithumeo, que tem o significado de “colocar o coração,
ambicionar, desejar”. Precisa ser observado que o objeto do desejo é a obra, o serviço, e não a
posição ou status. Este pode ter sido o sentimento de Tiago e João (Mc 10:35: 45). Alguém
motivado por posição elevada e pelo desejo de atenção trará com certeza prejuízo a si mesmo e
à Igreja de Cristo.

3) Necessidade de firmar-se como pessoa: É possível que alguém caia na armadilha de desejar
o ministério por entender que a posição e o status conquistado forçam os outros a lhe dedicarem
atenção. O desejo que um ser humano tem de que os outros o respeitem é um sinal louvável de
sua auto-estima. Não há nada de errado em desejar ser respeitado e admirado, mas não é a
motivação correta para o ministério. É comum termos notícias de líderes que avaliam sua
eficiência ministerial através de quantas pessoas da denominação o conhecem.

4) O Senso de obrigação: Há quem se torne ministro, pois depois de ter passado pela família,
conselho, presbitério e ter feito o curso teológico no seminário, sente-se na obrigação de ter que
ir até o fim de seu “chamado”. Sente-se culpado se não fizer aquilo que todos esperam dele. É
desnecessário dizer que este líder não desenvolverá seu ministério com alegria e prazer.

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5) Falta de opções: É possível que alguém decida ser um pastor, pois depois de tentativas
inglórias de ingressar em alguma outra faculdade, ou por não ter condições financeiras de custear
um curso em uma universidade, percebeu que poderia fazer um curso de nível superior pago pelo
Presbitério e ainda recebendo ajuda de custo de sua Igreja. Nossos jovens precisam ver que o
candidato ao ministério, sendo seu chamado imposto por Deus, não é uma preferência entre
alternativas, ou por falta delas.

b) Realidades Perigosas
Há uma crise de integridade teológica e moral na classe pastoral no nosso país. Antigamente, ao
simples fato de alguém se apresentar como pastor, as portas se abriam; hoje, portas se fecham.
A classe pastoral vive a crise do descrédito. Há muitos pastores que são um fenômeno no púlpito,
mas têm um desempenho desprezível dentro de casa. São amáveis com as ovelhas e truculentos
com a esposa. Há muitos pastores em crise no casamento. Há muitos filhos de pastor revoltados
e até decepcionados com a igreja.
Os pastores estão sob sérios perigos e podemos destacar alguns:
1) Há Pastores não Convertidos no Ministério. É doloroso que alguns daqueles que se
levantam para pregar o evangelho aos outros não tenham sido ainda alcançados por esse mesmo
evangelho. Há quem pregue arrependimento sem jamais tê-lo experimentado. Há quem anuncie
a graça sem jamais ter sido transformado por ela. Há quem conduza os perdidos à salvação e
ainda está perdido. (Jo.3:3)
2) Há Pastores não Vocacionados no Ministério. Há muitos pastores que jamais foram
chamados por Deus para o ministério. Eles são voluntários, mas não vocacionados. Entraram
pelos portais do ministério por influências externas, e não por um chamado interno e eficaz do
Espírito Santo. Foram motivados pela sedução do status ministerial ou foram movidos pelo
glamour da liderança pastoral, mas jamais foram separados por Deus.
3) Há Pastores Preguiçosos no Ministério. E lamentável que haja aquele s que abraçam a
mais sublime das vocações e sejam relaxados no seu exercício. É deplorável que haja pastore s
que têm as mãos frouxas na mais importante e urgente das tarefas. O ministério é um trabalho
excelente, mas também um trabalho árduo. Há pastores que dorme m muito, trabalham pouco e
querem todas as recompensas. Estão atrás do bônus, mas não querem o ônus. Querem as
vantagens, jamais o sacrifício.
4) Há Pastores Gananciosos no Ministério. Há pastores que estão mais interessados no
dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores que negociam o ministério,
mercadejam a palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo. Há pastores que
organizam igrejas como uma empresa particular, onde prevalece o nepotismo. Transformam o
púlpito em um balcão, o evangelho em um produto, o templo em uma praça de negócios, e os
crentes em consumidores. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério
da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores
imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para um ministério específico em que toda
a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse
modelo é muito preocupante.
5) Há Pastores Instáveis Emocionalmente no Ministério. Há pastores doentes
emocionalmente no exercício do pastorado. Deveriam estar sendo pastoreados, mas estão

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pastoreando. Deveriam ser cuidados, mas estão cuidando dos outros. Deveriam estar sendo
tratados emocionalmente, mas estão orientando outros. As igrejas precisam ser mais criteriosas
no envio de candidatos aos seminários. Um pastor se m equilíbrio emocional pode trazer grandes
prejuízos para si, para sua família e para a igreja. O ministério tem suas complexidades e exige
obreiros bem resolvidos e saudáveis emocionalmente. O pastor lida com tensões e, se ele não
for uma pessoa centrada e equilibrada, desarticula-se emocionalmente e pode gerar conflitos ao
seu redor. Muitos problemas nas igrejas foram criados pela inabilidade de seus pastores. A
condução errada de uma situação aparentemente simples pode desencadear problemas difíceis
de serem resolvidos. O pastor é um homem que precisa de domínio próprio. Há momento em que
uma reação intempestiva põe tudo a perder. A precipitação no falar pode suscitar contendas e
conflitos enormes. A maneira errada de falar pode desencadear verdadeiras guerras dentro da
igreja. A truculência no agir pode abrir feridas incuráveis nos relacionamentos.
6) Há Pastores com Medo de Fracassar no Ministério. O medo é mais do que um
sentimento é um espírito. Paulo escreve a Timóteo, dizendo que Deus não nos deu espírito de
covardia, mas de poder, de amor e de moderação. O medo nos paralisa. O medo altera nossa
compreensão das coisas (Mt.14:26; Mc.6:49). Há muitos pastores com medo de fracassar no
púlpito, no aconselhamento e na administração. Há pastores com medo de relacionar-se com sua
liderança e com medo da opinião do povo.
7) Há Pastores Confusos Teologicamente no Ministério. A igreja evangélica brasileira
vive um fenômeno estranho. Estamos crescendo explosivamente, mas ao mesmo temp o
estamos perdendo vergonhosamente a identidade de evangélicos. O que na verdade está
crescendo em nosso país não é o evangelho, mas outro evangelho, um evangelho híbrido,
sincrético e místico. Vemos prosperar nessa terra uma igreja que se diz evangélica, mas que não
tem evangelho. Prega sobre prosperidade, e não sobre salvação. Fala de tesouros na terra, e
não de tesouros no céu. Dentre os pastores há aqueles que e sãos os mentores das novidades.
São verdadeiros marqueteiros e estão sempre criando alguma novidade para atrair o povo. Em
vez de nutrir o povo com o trigo da verdade, abastecem-no com a palha das novidades. Há
também os que são massa de manobra. Não conhece m a palavra e não têm nenhuma visão
ministerial. Seguem apenas a direção desfocada de seus superiores. São pastores sem rebanho
que estão a serviço de causas particulares de obreiros fraudulentos. E há ainda os que
deliberadamente abandonaram a sã doutrina. Não há antídotos para uma igreja que abandona
a sã doutrina e anda de braços dados com o liberalismo. Quando uma igreja chega a ponto de
abandonar sua confiança na inerrância e suficiência das Escrituras, seu destino é caminhar
rapidamente para a destruição. (Tt.2:1; Hb.13:9; 2Tm.4:3; 1Tm.4:1).
8) Há Pastores Despóticos no Ministério. Há muitos pastores que governam o povo com
rigor desmesurado. O autoritarismo é uma espécie de insegurança. E complexo de inferioridade
travestido de complexo de superioridade. É o medo de dividir o poder e ser rejeitado. Uma
liderança imposta não tem valor. Uma liderança estabelecida pelo medo não é digna de um
cristão. O nosso modelo de liderança é aquele exercido por Jesus. Ele foi um líder servo. A
liderança não é um posto de privilégios, mas uma plataforma de serviço. O líder não é aquele que
grita mais alto, mas aquele que conquista o coração de todos pelo exemplo e serve os liderados
com amor. (1Pe. 5:1-4)
9) Há Pastores Sendo Vítimas de Despotismo no Ministério. Há muitos pastores que são
reféns de líderes truculentos e manipuladores. Esses pseudolíderes tratam o pastor como s e ele
fosse um empregado que devesse estar sempre debaixo do jugo deles. São líderes que não
apascentam o rebanho nem permitem que o pastor o faça. Eles olham para o pastor como um
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rival que lhes ameaça tomar o poder. São mais críticos do pastor do que seus cooperadores. Há
muita disputa de poder na liderança das igrejas. Essa quebra de braço produz desgaste e muitas
lágrimas. A maioria dos pastores sofre mais com os relacionamentos tenso s da liderança do que
com as lidas do ministério. Muitos líderes dão mais trabalho que as ovelhas. Há muitos pastores
feridos, machucados, pisados e humilhados por líderes truculentos. Há muitos líderes que tornam
a vida do pastor um pesadelo.
10) Há Pastores Iludidos no Ministério. O ministério é enfrentamento, é luta sem trégua.
Quem entra no ministério precisa estar consciente de que há oposição de fora e pressão por
dentro. Há batalhas externas e internas. Há conflitos suscitados pelo inimigo, e guerras travadas
pelos irmãos. Ser ministro é viver constantemente sob pressão. O ministério é uma arena de lutas
com o poder das trevas e com o poder da carne. Não há ministério sem tensão. Não há ministério
indolor. Não há ministério sem lágrimas. Ser pastor é saber que o nosso galardão não nos é dado
aqui, mas no céu. Isso não quer dizer que o ministério seja um peso ou um fardo. Ser pastor é
um grande privilégio. Nenhuma posição na terra deveria seduzir o coração de um pastor a
desviar-se do seu foco ministerial. Ser embaixador de Deus é melhor do que ser embaixador da
nação mais poderosa da terra. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: "Filhos, se a rainha
da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer lugar do mundo, não vos
rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixador s do céu".

11) Há Pastores com o Casamento Destruído no Ministério. D. A. Carson, em seu livro


The Body [O corpo], diz que uma das classes que mais divorcia no mundo hoje é a classe
pastoral. O pastor corre o grande risco de cuidar dos outros e descuidar do cônjuge. O pastor
corre o grande risco de dar especial atenção a todos os que o procuram e não dar atenção
especial à própria família. O pastor corre o risco de ser um marido ausente e insensível às
necessidades emocionais da esposa. Há muitos pastores que vivem de aparência. Pregam sobre
casamento, mas estão com o matrimônio destruído. Aconselham casais em crise, mas não
aplicam os mesmos princípios ao seu próprio relacionamento conjugal. Há pastores que pregam
uma coisa e praticam outra. Esse abismo entre o púlpito e o lar descredencia o ministro,
desqualifica o ministério e tira do pastor a unção para exercer com fidelidade e eficácia seu
pastorado. Se o pastor não é bênção dentro da sua casa, será um fracasso em público.
12) Há Pastores Descontrolados Financeiramente no Ministério. O que autentica o
trabalho do pastor no púlpito, no gabinete pastoral e nas demais áreas do ministério é sua
integridade moral, sua piedade pessoal e sua responsabilidade administrativa. O ministro precisa
ser um homem irrepreensível. Sua reputação precisa ser imaculada. Ele precisa ter bom
testemunho dos de fora. Não pode ser desonesto em suas palavras nem descuidado em seus
compromissos financeiros. O pastor não pode ser um homem envolvido com dívidas, enrolado
financeiramente, irresponsável com seus compromissos financeiros. Ele não pode viver de
aparências. Não pode querer ostentar um padrão de vida acima de suas condições financeiras.

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13) Há Pastores em Pecado no Ministério. Não existe nada mais perigoso para a vida
espiritual de um homem do que se acostumar com o sagrado. Os filhos de Eli, Hofni e Finéas,
eram sacerdotes do Senhor, mas também eram impuros, irreverentes e abomináveis. Eles faziam
a obra de Deus, mas não viviam para Deus. Tinham ministério, mas não vida; desempenho, mas
não piedade (1Sm.1-4). Se a vida do pastor é a vida do seu ministério, os pecados do pastor são
os mestres do pecado. Os pecados do pastor são mais graves, mais hipócritas e mais
devastadores do que o pecado das demais pessoas. Mais graves, porque o pastor peca com
maior conhecimento; mais hipócritas, porque o pastor denuncia o pecado em público e o pratica
em secreto; e mais devastadores, porque, quando o pastor peca, mais pessoas ficam
escandalizadas. Há muitos obreiros que já perderam a sensibilidade espiritual e o temor a Deus.
Estão vivendo na prática de pecado e, ao mesmo tempo, pregando, ministrando a ceia e
aconselhando os aflitos. São hipócritas que tentam curar outros enquanto deviam estar buscando
cura para si mesmos. É tempo de a igreja orar pelos pastores!É tempo de os pastores botarem a
boca no pó e clamarem a Deus por uma visitação do céu e um tempo de restauração!

A VIDA DEVOCIONAL E O PREPARO PASTORAL

A classe pastoral está em crise. Crise vocacional, crise familiar, crise teológica, crise espiritual.
Quando os líderes estão em crise, a igreja também fica em crise. A igreja reflete os seus líderes.
Não existem líderes neutros. Eles são uma bênção ou um problema. A crise pastoral é refletida
diretamente no púlpito. Estamos vendo o empobrecimento dos púlpitos. Poucos são os pastores
que se preparam convenientemente para pregar. Têm luz, mas não fogo. Têm conhecimento,
mas não têm unção.
John Wesley dizia: "Dá-me cem homens que não amem ninguém mais do que a Deus e que não
temam nada senão o pecado e com eles eu abalarei o mundo".
Uma das áreas mais importantes da pregação é a vida do pregador. John Stott afirma que a
prática da pregação jamais pode ser divorciada da pessoa do pregador. O que nós precisamos
desesperadamente nestes dias não é apenas de pregadores eruditos, mas, sobretudo, de
pregadores piedosos. A vida do pregador fala mais alto do que os seus sermões. Um ministro do
evangelho sem piedade é um desastre.
Charles Spurgeon chega a afirmar que "o mais maligno servo de Satanás é o ministro infiel do
evangelho".John Shaw diz que, enquanto a vida do ministro é a vida do seu ministério, os pecados
do ministro são os mestres do pecado.
O apóstolo Paulo evidencia esse grande perigo:
“Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu,

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que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus
é blasfemado entre os gentios por vossa causa”. Rm.2:21-24
O maior perigo não vem de fora, mas de dentro. Não há maior tragédia para a igreja do que um
pregador ímpio e impuro no púlpito. Um ministro mundano representa um perigo maior para a
igreja do que falsos profetas e falsas filosofias.
E. M. Bounds escreve:
“O homem, o homem por inteiro está atrás do sermão. Pregação não é a atuação de uma hora. Pelo
contrário, é o produto de uma vida. Levam-se vinte anos para fazer um sermão, porque gastam-se vinte
anos para fazer um homem. O verdadeiro sermão é algo vivo. O sermão cresce, porque o homem cresce.
O sermão é vigoroso, porque o homem é vigoroso. O sermão é santo, porque o homem é santo. O sermão
é cheio da unção divina, porque o homem é cheio da unção de divina”.
Martyn Lloyd-Jones comentando sobre Robert Murray McCheyne, da Escócia, no século 19, diz:
“É comumente conhecido que, quando ele aparecia no púlpito, antes mesmo de ele dizer uma única
palavra, o povo já começava a chorar silenciosamente. Por quê? Por causa desse elemento de seriedade.
Todos tinham a absoluta convicção de que ele subia ao púlpito vindo da presença de Deus e trazendo
uma palavra da parte de Deus para eles”.

O pastor deve ser primariamente um homem de oração e jejum. O relacionamento do pastor


com Deus é a insígnia e a credencial do seu ministério público. "Os pregadores que prevalecem
com Deus na vida pessoal de oração são os mais eficazes em seus púlpitos quando falam aos
homens".
Mede-se a profundidade de um ministério não pelo sucesso diante dos homens, mas pela
intimidade com Deus. Mede-se a grandeza de uma igreja não pela beleza de seu edifício ou pela
pujança de seu orçamento, mas pelo seu poder espiritual através da oração. No século, Charles
Haddon Spurgeon disse que, em muitas igrejas, a reunião de oração era apenas o esqueleto de
uma reunião, em que as pessoas não mais compareciam. Ele concluiu: "Se uma igreja não ora,
ela está morta".
Homens secos pregam sermões secos, e sermões secos não produzem vida. E. M. Bounds
afirma que "homens mortos pregam sermões mortos, e sermões mortos matam".107 Sem oração
não existe pregação poderosa. Charles Spurgeon diz: "Todas as nossas bibliotecas e estudos
são mero vazio comparadas com a nossa sala de oração. Crescemos, lutamos e prevalecemos
na oração privada".
David Eby, comentando sobre a importância da oração na vida do pastor, diz: "Oração é a estrada
de Deus para ensinar o pastor a depender do poder de Deus. Oração é a avenida de Deus para
os pastores receberem graça, ousadia, sabedoria e amor para ministrarem a palavra".
É impossível ser um pregador bíblico eficaz sem uma profunda dedicação aos estudos. "O
pregador deve ser um estudante". John MacArthur diz que um pregador expositivo deve ser um
diligente estudante da Escritura, e João Calvino afirma que o pregador precisa ser um erudito.
Charles Haddon Spurgeon diz que "aquele que cessa de aprender também cessa de ensinar.

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Aquele que não semeia nos seus estudos, não colhe no púlpito". Charles Koller afirma que "um
pregador jamais manterá o interesse do seu povo se ele pregar somente da plenitude do seu
coração e do vazio da sua cabeça".
A ordem do apóstolo é sumamente pertinente: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro de que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade".
(2Tm.2:15).
A Bíblia é o grande e inesgotável reservatório da verdade cristã, uma imensa e inesgotável mina
de ouro. John Wesley revelou o seu compromisso com a Escritura. Ele disse: "Oh, dá-me o livro!
Por qualquer preço, dá-me o livro de Deus!Nele há conhecimento o bastante para mim. Deixa-
me ser o homem de um só livro". Spurgeon disse a respeito de John Bunyan: "Corte-o em
qualquer lugar e você descobrirá que o seu sangue é cheio de Bíblia. A própria essência da Bíblia
fluirá dele. Ele não pode falar sem citar um texto, pois sua alma está repleta da Palavra de Deus!”.

O pastor precisa de revestimento de poder. Somente o Espírito Santo pode aplicar a obra de
Deus no coração do homem. Somente o Espírito Santo pode transformar corações e produzir
vida espiritual. "Nenhuma eloquência ou retórica humana poderia convencer homens mortos em
seus delitos e pecados acerca da verdade de Deus”.
Charles Spurgeon declara: “Se eu me esforçasse para ensinar um tigre a respeito das vantagens
do vegetarianismo, teria mais esperança em meu esforço do que em tentar convencer um homem
irregenerado acerca das verdades reveladas de Deus concernentes ao pecado, à justiça e ao
juízo vindouro. Essas verdades espirituais são repugnantes aos homens carnais, e uma mente
carnal não pode receber as coisas de Deus”.
Sem a unção do Espírito Santo, nossos sermões tornar-se-ão sem vida e sem poder. É o Espírito
quem aplica a palavra. A palavra não opera à parte do Espírito. Spurgeon, na mesma linha de
raciocínio, dá o seu conselho aos pregadores: "Devemos depender do Espírito em nossa
pregação". Spurgeon sempre subia os quinze degraus do seu púlpito dizendo: "Creio no Espírito
Santo".
Tratando de forma mais específica sobre o pastor e sua preparação ministerial, na preparação
espiritual, um dos cuidados é que o pastor não pode ser neófito, deve ter maturidade espiritual
e um caráter tratado por Deus (I Tm 5:22; Tt 1:5; Mt 4:19-20).
Uma preparação teológica é de suma importância, e mesmo os obreiros leigos devem ser
treinados adequadamente para manejar bem as Escrituras, tendo conhecimento básico dos
fundamentos de fé cristã e princípios de liderança para o exercício de um ministério equilibrado
com embasamento bíblico (II Tm 2:15; Jo 5:39; Mt 22:29; Tito 2:7). Os obreiros que têm
oportunidade de fazer um curso teológico devem esmerar-se na leitura, na pesquisa e na reflexão
para aprofundarem no conhecimento e na graça de Deus: Não devem tratar a Teologia apenas
como uma disciplina acadêmica, mas como uma ciência divina fundamental para nossa formação
ministerial. (Sl 139:6; Cl 2:2-3; I Tm 4:14-16; II Pe. 3:18; Sl 119:105).

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Deve ser dada uma atenção também para a preparação intelectual. É importante, para o pastor
que deseja alcançar a Igreja de Cristo e os perdidos, um conhecimento geral de assuntos que
dizem respeito ao homem moderno: seus problemas, crises, necessidades e anseios existenciais.
A leitura de bons livros, jornais, enciclopédias, almanaque etc. Se possível cursos que habilitem
o pastor tecnicamente a exercer sua função como: Administração, Psicologia, Pedagogia etc.

AS QUALIFICAÇÕES PASTORAIS
Por ser uma tarefa tão nobre e ao mesmo tempo com múltiplas responsabilidades, é que Paulo
apresenta a Timóteo a lista de requisitos a ser preenchida por todo aquele que desejar tal ofício.
É importante notar que nas duas listas (I Tm 3 e Tt 1 ) nada é dito sobre a habilidade ou eloqüência
do candidato. Nem é dito qualquer coisa sobre a sua formação acadêmica ou profissional. As
qualificações listadas por Paulo focalizam o caráter do oficial aprovado como servo fiel a Deus
em lugar das habilidades administrativas ou capacidades intelectivas.
É necessário definirmos três termos que são utilizados nos escritos de Paulo, para descrever o
líder na igreja: Bispo, Presbítero e Pastor.
1. Bispo – “Episcopos” - Literalmente, significa “supervisor” (formado de epi, “por cima de”, esko
pos “olhar”, “vigiar”). Referindo-se ao líder da Igreja, aparece 5 vezes no Novo Testamento, sendo
3 vezes nos escritos de Paulo ( cf. I Tm 3:2, Tt 1:7, Fp1:1), 1 vez em Lucas e em Pedro (Atos
20:28; I Pe 2:25 )4. Em todas estas cinco ocorrências, refere-se a natureza da tarefa daqueles
anciãos (presbíteros), ou seja, a tarefa de supervisionar o rebanho.
2. Pastor – “Poimen” - O termo aparece 18 vezes no Novo Testamento, 17 delas fazendo
referência a Jesus como Pastor. É surpreendente verificar que a palavra pastora (poimen), pelo
menos em sua forma substantivada, não é usada para designar um ofício na igreja. Ela sequer
aparece nas Epistolas Pastorais. Como substantivo, designando o oficio, ela aparece apenas
uma única vez no Novo Testamento em Ef. 4:11 “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos
outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores (poimenas) e mestres
(didaskalous)”. Todas as outras vezes em que ela ocorre no Novo Testamento, ocorre ora
fazendo referência a um “pastor” de ovelhas, ora se referindo a Jesus como pastor (João 10 ).
Já o verbo poimaino que aparece 11 vezes no Novo Testamento, sempre faz referência a
responsabilidade dos presbíteros que exercem seu ministério pastoralmente.
3. Presbítero – “Presbiteros”: Aparece três vezes nas epístolas pastorais ( ITm 5:17,19 e Tito
1:5,7). Transliterado do grego, “Presbus” – πρεσβυσ - significa: “velho”; teros, grau comparativo,
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significa: “mais”. Etimologicamente, presbíteros são “os mais velhos, mais maduros”. Sendo
assim, a palavra presbítero, tem a ver com a idade e dignidade, exatamente como vemos em
Israel. Wallace diz que “O ancião em Israel obtinha inicialmente, sem duvida, sua autoridade e
seu status, bem como seu nome, da sua idade e da sua experiência”.
WALLACE, Ronl S. in ; Enciclopédia Hist.-Teologia da Igreja, Vol III – Editor: Water A Elwell – Ed. Vida
nova 2003 p. 175

Tendo dado uma definição destes três termos, podemos ser levados a pensar que trata-se de
pessoas diferentes, desenvolvendo três ministérios distintos. Mas à luz do pensamento de Paulo,
os termos Episcopos e Presbíteros, que são empregados um pelo outro, intercambiavelmente
(At.20:18,28; 1Tm. 3:1; 4:14; 5:17,19; Tt.1:5-7)

Ele inicia a lista de qualificações para o presbítero com uma exigência geral, seguida por áreas
específicas nas quais o bispo deve ser irrepreensível. Ele começa dizendo que “É necessário
portanto que o presbítero seja irrepreensível.
É da opinião de alguns autores, que o termo “irrepreensível” parece ser um título dado para servir
como cabeçalho para a lista apresentada. Na língua grega, o adjetivo designa alguém contra
quem não há acusação, implicando não em declaração de inocência, mas em que nenhuma
acusação foi feita. Irrepreensível descreve alguém que não tem nada sobre o qual um adversário
pode agarrar-se para fazer uma acusação. Não se refere a alguém perfeito, vivendo uma vida
impecável, pois se assim fosse, ninguém estaria apto a ser um oficial.
Irrepreensível nos fala de alguém que vive um estilo de vida coerente com a sua declaração de
fé. Descreve o presbítero (ou diácono) que vive de maneira santa e piedosa, e que nada em seu
proceder depõe contra o seu caráter.
Vejamos agora quais são, à luz de I Timóteo 3 e Tito, as qualificações que tornam o presbítero
irrepreensível.
Os pré-requisitos necessários para presbíteros ou episkopos, respectivamente em ITimóteo 3:1-
7 e Tito 1:6ss, são de natureza geral e, em grande parte, ética, e revelam apenas de maneira
oblíqua qualquer coisa do caráter do cargo em I Timóteo 3:4,5, por exemplo, onde é mencionado
“governar” (. . .), “sob disciplina” (. . .) e “cuidar” (. . .) Pode-se concluir, a partir disso, portanto,
que a tarefa do presbítero episkopos consiste particularmente em oferecer liderança para a Igreja
e cuidar para que as coisas funcionem dentro dela, assim como em I Timóteo 5:17 são
mencionados os presbíteros que “presidem bem” e em Tito 1:7 os episkopos são chamados de
“despenseiros de Deus”.

1) SER ESPOSO DE UMA SÓ MULHER.


Que significa “esposo de uma só mulher?” Esta qualificação tem sido interpretada de diferentes
maneiras. Alguns entendem que, caso um homem venha se divorciar e casar-se novamente com
outra mulher, ele deve ser excluído ou não aceito para o ofício de presbítero, pois neste caso, ele

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seria esposo de duas mulheres. Mas não parece ser essa uma interpretação adequada do
pensamento paulino nesta passagem. Um entendimento melhor destes versículos é que Paulo
estava proibindo de ser presbítero alguém que fosse polígamo (alguém que tem mais de uma
esposa ao mesmo tempo).
Tal qualificação não significa que o líder precisa necessariamente ser casado, mas sim, que se
for casado deve ser fiel à sua esposa – Mateus 5:27, 28. Em essência, Paulo está dizendo que o
líder precisa manter sua pureza sexual.
Note a observação feita por MacArthur :
“Durante este século, na maior parte do tempo, o cristianismo evangélico vem se concentrando na batalha
pela pureza doutrinária e deve fazê-lo, mas estamos perdendo a batalha pela pureza moral. Temos
pessoas com uma teologia certa vivendo de modo impuro”. MACARTHUR, John F. Jr. .Redescobrindo o
Ministério Pastoral. São Paulo, SP: Editora CPAD. 1999. p. 111

2) TEMPERANTE.
Descreve alguém que não é dado a excessos e que está em pleno domínio de sua capacidade
racional. Trata-se de uma pessoa equilibrada e que se auto-domina. Pedro usa a mesma palavra
em sua primeira carta: “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos da
obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância”.
MUELLER, Ênio R. I Pedro – Introdução e Comentário. São Paulo, SP: Ed. Mundo Cristão. 1988 p. 98
3) SÓBRIO.
A palavra no grego pode ter o significado de equilibrado, refere-se a alguém que freia os próprios
desejos e impulsos. Descreve alguém auto controlado, moderado, prudente e sensato. Significa
dizer que o presbítero é alguém sábio e de bom senso, que usa sua capacidade de julgar de
maneira prudente, moderada e com equilíbrio.

4) MODESTO.
Na língua grega este termo traduz o homem que tem um comportamento honroso e respeitável.
O presbítero deve ser alguém que tem o seu caráter adornado pela vida de Cristo nele. Assim,
suas atitudes refletirão sempre sabedoria, humildade, justiça, bondade, amor, compaixão, etc...

5) HOSPITALEIRO.
A hospitalidade não é apenas uma responsabilidade comunitária, mas também sagrada ( Rm
12:13; I Pe 4:9; I Tm 5:10; Hb13:2 ). No grego a palavra literalmente significa “amante dos
estrangeiros”. O princípio é que devo colocar os meus recursos à disposição dos necessitados e
dos desconhecidos. O líder deve ser alguém sempre disposto a ajudar o próximo. Demonstrar
amor e demonstrar hospitalidade são qualidades inseparáveis.

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Calvino comentando este requisito afirma:
Esta hospitalidade era praticada em referência aos estranhos, e era uma prática muito comum na Igreja
Primitiva, porquanto era vexatório para as pessoas honestas, especialmente para os que eram bem
conhecidos, hospedar-se em estalagens. Em nossos dias as coisas são diferentes, e no entanto, por
diversas razões, tal atitude será sempre uma virtude muitíssimo necessária num bispo. Além disso,
naquele tempo de cruel perseguição aos crentes, para muitos era inevitável ter que mudar de residência
subitamente, e os lares dos bispos tinham que ser refúgio para os exilados. Nesses tempos, a necessidade
compelia os membros da igreja a darem uns aos outros socorro mútuo, o que envolvia a hospitalidade.
CALVINO. As Pastorais. Op cit., p. 86

6) APTO PARA ENSINAR.


Há presbíteros a quem foram confiadas às responsabilidades de trabalharem exclusivamente na
Palavra e no Ensino (I Tm 5:17). Devemos entender que todo presbítero deve ser capaz de
defender as principais doutrinas da fé; e possuir também a capacidade de ensinar o rebanho,
encorajando, exortando, aconselhando, etc.
O presbítero dever ser “Apto para ensinar” (ITm 3:2). Em Tito 1:9, Paulo diz que o presbítero deve
ser “apegado à palavra fiel que é segundo a doutrina de modo que tenha poder, assim para
exortar pelo reto ensino como para convencer os que contradizem”.
Semelhantemente, em ITm 5:17,18 ele fala que aqueles presbíteros que presidem bem são
merecedores de dobrados honorários, com especialidade aqueles que se afadigam na palavra e
no ensino. Podemos inferir desta passagem que nem todos os presbíteros estavam envolvidos
com o ensino da Palavra.
Paulo aqui cita a passagem de Dt 25:4 e na declaração de Jesus registrada em Lc 10:7. O texto
de Dt 25:4 “Não atarás a boca do boi quando estiver debulhando” já foi citado por Paulo em I Co
9:13-14, querendo dizer com isto que aqueles trabalhadores que se dedicam inteiramente ao
ensino e à pregação da Palavra tem o direito de serem sustentados pela Igreja. “O homem que
dedica todo seu tempo e esforço na obra do reino (o “ministro”) certamente merece “um bom
salário”.
7) NÃO DADO AO VINHO.
A orientação do apóstolo é que o presbítero, o líder não seja alguém que se detém freqüente e
continuamente com a bebida. Necessariamente, o bispo não tem de ser abstêmio, mas tampouco
deve ser dado ao vinho. Paulo ao mesmo tempo em que aconselha a Timóteo a tomar um pouco
de vinho por causa de sua enfermidade (5:23), declara também que ao presbítero entregue ao
vinho está desqualificado para o oficialato. É indiscutível, que a embriaguez trás consigo uma
série de conseqüências danosas para qualquer pessoa, muito mais para aqueles que têm a
responsabilidade de guiar o rebanho de Deus com firmeza e sensatez.
Em Lv 10:9 e Pv 31:4 e 5 notamos que aos líderes não eram permitidos se aproximarem de
bebidas alcoólicas. O líder que se embriaga está trazendo escândalos para a Igreja de Deus e
isto o desqualifica para o ministério. De maneira insistente, as Escrituras condenam o alcoolismo
(I Co 11:21; I Sm 25:36; Gn 9:20-27).
8) NÃO ARROGANTE.

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Arrogante é o tipo de pessoa obstinada em sua própria opinião, teimosa e pretenciosa. Descreve
uma pessoa que está sempre disposta a golpear; sempre carregada de ira e que constitui a sua
própria autoridade. “Não arrogante” descreve o homem que se recusa dar ouvido a outros. Ele
não abre mão de suas “verdades” e está sempre defendendo apenas os seus interesses, em
detrimento dos direitos, sentimentos e necessidades dos outros (II Pe 2:10). É o tipo de indivíduo
que está sempre irritado e só sabe conversar com as pessoas adotando um temperamento
explosivo (Pv 22:24,25 - Rm 12:17-21; Cl 3:18 ).

Calvino observa que os presbíteros que atuam desta maneira, trazem prejuízos para a igreja,
afastando as pessoas de si. Diz ele:
“Por que o companheirismo e a amizade não podem ser cultivados quando cada um busca
agradar-se a si mesmo e se recusa a ceder ou a acomodar-se aos outros. E de fato todos os
obstinados quando se lhes divisa alguma oportunidade, imediatamente se transformam em
cismáticos”.

9) INIMIGO DE CONTENDAS.
Descreve um tipo de líder que está sempre dando lugar a argumentação, discussões e brigas,
são desqualificados como líder no Corpo de Cristo. O líder é alguém que deve se esforçar para
preservar o vínculo da paz - Efésios 4:1-3; II Tm 2:23, 24. Deve ser inimigo de contendas.
Não resta dúvida que Paulo tinha em mente, os erros de Éfeso. Hendriksen comentando esta
qualidade diz:
“O requisito, “não contencioso”, literalmente “avesso a briga”, é ainda mais profundo do que “não
violento”. Uma pessoa pode não estar disposta a esmurrar, mas pode ser boa em disputas orais,
como sem dúvida o eram os seguidores do erro de Éfeso (I Tm 1:4 ), e lhe faltaria, portanto, umas
das características indispensáveis ao bispo”.

10) NÃO AVARENTO - “não amantes da prata”.


O termo descreve o indivíduo aficionado pelo dinheiro. Robertson, afirma que este termo aparece
no N.T somente aqui em Timóteo e em Hb 13:573. As Escrituras deixam claro para nós que é
lícito aos líderes receberem honorários pelo seu trabalho, porém, nunca deverão trabalhar com
este propósito. Em I Pe.5:2 lemos: “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por
constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de
boa vontade”.
Chama-nos a atenção à observação de Paulo de que uma marca dos falsos líderes é que estes
trabalham em busca do dinheiro (I Tm 6:5, 9,10,11 ). Calvino faz a seguinte afirmação sobre a
relação do cristão e o dinheiro: “É pela atitude do Cristão em relação aos bens materiais, que se
julga da sua vida espiritual. O comportamento do homem para com o dinheiro é a expressão
tangível de sua verdadeira fé”.
CALVINO, João. Comentário ao Novo testamento, II Coríntios 9:13

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11) GOVERNA BEM SUA PRÓPRIA CASA.


O termo grego para governar também tem os seguintes significados: "reger”, “liderar”,
“presidir”, “administrar”. Paulo considera que o lar bem orientado é um bom teste de maturidade
espiritual. O argumento lógico de Paulo é que se o bispo não consegue governar bem sua casa,
sua própria família, não poderá governar bem a igreja, a família de Deus. Em seguida, o apóstolo
mostra uma prova de que a família do presbítero está sendo bem governada; ou seja, seus filhos
estão vivendo em submissão (I Tm 2:11).

12) NÃO NEÓFITO - Literalmente “não recentemente plantada”.


O sentido é “recém-plantado”77. Paulo aconselha que um recém convertido, neófito (alguém que
tenha recentemente se tornado um Cristão) não pode assumir o cargo de presbítero. Pois tal
medida poderia trazer conseqüências desastrosas para a igreja. O presbítero precisa ser um
homem amadurecido e experimentado.

13) BOM TESTEMUNHO DOS DE FORA


Paulo concluiu as orientações sobre os requisitos que devem ser preenchidos pelos
presbíteros em relação aos membros da igreja. Agora ele termina a lista dizendo que o caráter
irrepreensível também deve ser expresso entre aqueles que não fazem parte da igreja, ou seja,
os de fora. Diz ele que o presbítero “deve desfrutar de um bom testemunho dos de fora” e note a
razão que Paulo dá para esta qualificação: “a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo”.
A igreja se esforça para apresentar o Evangelho de Cristo ao mundo e quer ver pessoas se
rendendo ao Senhor. No entanto, se o presbítero tiver uma má reputação aos olhos do mundo,
este propósito poderá ser prejudicado. Hendriksen diz que “uma pessoa que não desfrute de um
testemunho favorável, e que não obstante é eleita para o ofício de bispo na igreja pode facilmente
cair no descrédito”.
O apóstolo Pedro dá o seguinte conselho: “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio
dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos
em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (I Pe 2:12).

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A RESPONSABILIDADE PASTORAL DO PRESBÍTERO

Paulo não fala de maneira explícita e organizada, talvez como gostaríamos, sobre a
responsabilidade ou deveres do Presbítero. A razão, talvez, esteja no fato de que possuindo o
caráter irrepreensível, conforme descrito em I Tm 3:2, não precisaríamos de uma lista de deveres,
por que já saberíamos o que deveria ser feito. Não obstante, podemos em linhas gerais, e à luz
dos escritos de Paulo, propor algumas declarações sobre os deveres dos presbíteros. Antes de
qualquer outra coisa, é preciso dizer que a função dos presbíteros é liderar, dirigir a Igreja de
Deus. A função destes bispos era a de oferecer liderança e assim cuidar para que as coisas
pudessem transcorrer bem dentro da igreja. Verifiquemos agora como estes presbíteros ou
bispos devem liderar esta igreja.
Em Atos 20:28, Lucas registra a orientação que Paulo dá aos presbíteros sobre a maneira em
que eles devem exercer esta liderança: “Olhai, pois, por vós, e por todo rebanho sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos “Episcopous”, para pastoreardes “poimenein” a Igreja de
Deus, que ele resgatou com Seu próprio sangue”.
Paulo diz que é dever do presbítero pastorear a igreja de Deus. Podemos ver que esta é também
a ênfase de Pedro. Em sua primeira carta (cf. I Pe 5:1,2) ao falar da responsabilidade do
presbítero de pastorear o rebanho de Deus, Pedro usa o verbo poimaino, pastorear. Como já
vimos, o verbo poimaino –pastorear, faz referência a responsabilidade dos presbíteros que
exercem seu ministério pastoralmente, e não como referencia a um oficio eclesiástico específico,
com exceção de Ef. 4:11. A ênfase de Paulo ao falar sobre pastoreio recai sobre os
presbíteros.
Vejamos agora de maneira mais específica, em como os presbíteros devem desempenhar este
pastoreio na Igreja:

1) O Presbítero deve ser apto para ensinar a sã doutrina:


Um dos problemas enfrentados por Timóteo ali em Éfeso é que os judaizantes estavam
ensinando doutrinas falsas, assumindo sua posição de doutores da lei e desvirtuando o
evangelho – I Tm 1:4,7; 4:7.
Em I Tm 1:18-20, Paulo encarrega ao jovem Timóteo, a responsabilidade de instruir a Igreja
quanto a certos líderes que estavam pregando estas heresias e, prejudicando a Igreja.
A Palavra de Deus (a sã doutrina) que deve ocupar o lugar de destaque na pregação e ensino
dos presbíteros. É preciso “manter o padrão das sãs palavras” (2 Tm 1:13). Caso eles viessem a
ensinar baseados em suas opiniões pessoais, estariam incorrendo no mesmo erro dos falsos
mestres de Éfeso (I Tm1:4). É preciso ter sempre em mente que o poder está na verdade da
Palavra de Deus, numa verdade que lhe é própria; e não na criatividade daquele que a expõe.
Com esta preocupação em conservar a são doutrina, ou seja, a preocupação em guardar o
evangelho; repetidas vezes nas pastorais (I Tm 3:2, 4:11; 6:2; 5:17; II Tm 2:24; Tt 1:9), Paulo usa
a expressão “ser apto para ensinar” (didaskalia), justamente para chamar a nossa atenção para
esta responsabilidade dos presbíteros. Com isto, o apóstolo estabelece que todo presbítero deve

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ser capaz de ensinar e fazer uma apologia das principais doutrinas da fé bíblica, conforme
revelada nas Escrituras; e deve ser hábil em defender a sua fé diante das controvérsias,
repudiando o erro e ensinando a verdade àqueles que estão na dúvida.

2) O Presbítero deve ser um conselheiro:


O termo grego que aparece em I Tm 5:1; II Tm 4:2, e em Tt 1:9 traduzido por “exortar” é parakaleo,
que pode ser traduzido também por encorajar. O presbítero deve ser alguém apegado à Palavra
de modo que tenha poder para exortar, encorajar, aconselhar.
Calvino entendia que o aconselhamento era indispensável no trabalho do presbítero. Ele
acreditava que o ensino, além de ser público nos cultos, deveria ser acompanhado por orientação
pessoal e aplicado às circunstâncias específicas da vida das ovelhas.
A razão dessa visão do aconselhamento, deve-se ao ensino encontrado nas Escrituras, de que
Deus estabeleceu a igreja como seu principal instrumento para cuidar de nossas dores e
sofrimentos pessoais. Portanto, na qualidade de conselheiro, o presbítero não pode deixar para
a psicologia secular o cuidado de suas ovelhas, ao contrário, deve assumir esta responsabilidade
e restaurar pessoas perturbadas, e orientando-as biblicamente conduzi-las à vidas plenas e
produtivas para a glória de Deus.

3) O Presbítero deve disciplinar:


Tito e Timóteo tinham pessoas na comunidade que estavam comprometendo a santidade da
igreja. Pessoas que entre outras práticas, eram mentirosas, insubordinadas e enganadoras.
Paulo então, os aconselha dizendo que era “preciso fazê-los calar” (1:11) e “repreendê-los
severamente” (1:13). Paulo estava ensinando a Tito a aplicar a disciplina para manter a pureza
da igreja.
Himeneu e Alexandre (I Tm 1:19-20) estavam rejeitando a boa consciência, e não estavam
mantendo uma vida digna do evangelho. E, por isso, naufragaram na fé. Em 2 Tm 2;17 somos
informados que Himeneu era acusado de ensinar que a ressurreição já passou e estava com isso
corroendo a saúde da comunidade, desviando assim outras pessoas da fé com seu falso ensino.
O caso é tão grave que Paulo os “entregou a satanás”, expressão que lembra a mesma medida
tomada no caso do incesto de I Coríntios 5:5. Vale lembra que o sentimento e desejo pela
restauração devem ser sempre preservados durante a ação da disciplina (2Tm.2:25).
No caso de Tito 1:11, embora não tenhamos como saber por esta passagem de que maneira
devem ser silenciados os insubordinados, fica claro através de outros textos nas pastorais (I Tm
1:3,4; 1:20; 4:4; II Tm 2:16, 21, 23 e Tito 1:13 e 3:10) que estas pessoas precisavam ser
disciplinadas.
“Minha resposta é que, quando são fustigadas pela espada da Palavra de Deus, e confundidas pelo poder
da verdade, a Igreja pode ordenar-lhes que se calem; e, se persistirem, podem pelo menos ser excluídas
da comunhão dos crentes, para que toda e qualquer oportunidade de prejudicar lhes seja bloqueada. Pela
expressão, “fechar suas bocas”, Paulo simplesmente significa refutar sua fútil loquacidade, mesmo quando
não parem de fazer bulha, pois uma pessoa convencida pela Palavra de Deus, por mais ruído que faça,
nada tem a dizer”. João Calvino

Uma igreja que prima pela santidade entende que quando seus membros estão vivendo em
desobediência a Deus, precisam ser disciplinados. E um dos propósitos da disciplina é a
restauração do pecador. O objetivo é que os cristãos sejam ornamentos da doutrina do Senhor
(Tt 2:10) e devem, portanto, fazer boas obras, para que os homens vejam estas boas obras e
glorifiquem a Deus ( Mt 5:16 ).

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4) O Presbítero deve Administrar.


Ao contrário, do que algumas pessoas possam imaginar, podemos estar certos de que a
administração tem base bíblica.
Constatamos no livro de Atos dos Apóstolos, que os presbíteros tinham de dirigir a igreja junto
com os apóstolos (cf. 15:2,4,6,22,23;16:4)49, e também era de responsabilidades deles cuidar
do rebanho (cf. At 20:28; Mt 2:6; Lc 17:7; Jo 21:16; I Co 9:7; I Pe 5:2; Ap 2:27; 7;17; 12:5; 19;5).
Em 1Timóteo 5.17 lemos: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os
presbíteros que presidem -”proistemi” bem”. Antes, na mesma epístola, Paulo diz que o bispo (ou
presbítero) “deve governar -”proistamenon” bem a sua própria casa [...] pois, como cuidará
(epimelesetai) da igreja de Deus?” (1Tm 3.4-5).
O apóstolo está dizendo que há presbíteros que devem ser considerados merecedores de honras
em dobro em razão de governarem, presidirem bem e de trabalharem arduamente na palavra e
no ensino. Para entender o que Paulo está querendo dizer com “honras em dobro” é só olhar o
contexto. Em 5:3,4 Paulo inicialmente ordenara que as viúvas recebessem sustento material.
Portanto, “duplicada honra” deve ser interpretada em comparação com as viúvas. Se as
verdadeiramente viúvas são dignas de ter seu sustento da igreja, muito mais os presbíteros que
governam de maneira excelente e ainda mais, aqueles que trabalham arduamente na palavra e
no ensino.
“Os presbíteros que presidem - “proistemi” bem”. O termo grego proistemi descreve a ação de
trabalhar responsavelmente em uma obra, com a missão de dirigir e presidir. E “epimelesetai”
traduz a tarefa de cuidar e gerenciar uma determinada situação. É usado juntamente com
proistemi na passagem de I Timóteo 3:5 - pois, se alguém não sabe governar a própria casa,
como cuidará - “epimelesetai” da igreja de Deus.
Um outro termo que podemos considerar é “oikonomia”. É um substantivo que significa
“administração de uma casa”, e aparece, por exemplo, em Lc 16:1-17 na Parábola do Mordomo
Injusto. A significação teológica e pastoral de “oikonomia” vem quando Paulo usa a palavra em
referência para a tarefa apostólica dele: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros
(oikonomois) é que cada um deles seja encontrado fiel”. (I Cor 4:2; Tito 1:7; I Pe 4:10). A conexão
para o oikos (casa) é de importância óbvia.
Os membros da igreja são a casa de Deus que ele constrói pelo trabalho desses que ele chamou
à tarefa, a quem ele confia o cargo de despenseiro da casa. Eles não são chamados para olhar
seus próprios negócios domésticos, mas eles são os mordomos dos bens a eles confiados para
dar contas de sua administração (I Co 9:17, Ef 3:9). Nestas duas passagens, a ênfase de Paulo
é que o pastor ou presbítero é alguém que cuida das coisas da casa de Deus.

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Teologia Pastoral

O SUSTENTO PASTORAL

Esse realmente é um dos aspectos sobre a vocação pastoral que ainda gera divergências entre
os próprios membros de muitas Igrejas Cristãs. Fazem-se necessárias algumas observações
tendo sempre como orientador maior a Palavra De Deus.
No Antigo Testamento observamos que Deus fez uma aliança com Arão e seus filhos, chamando-
os para o sacerdócio, e com os levitas para servirem no Tabernáculo e prometeu supri-los com
dignidade (Nm 18:1-7,11-20, 21-24; Dt 18:1-8). Não teriam campos para plantar ou criar animais,
apenas pequenas propriedades para morarem e cuidarem dos animais entregues pelo povo como
dízimo e ofertas (Nm. 35:1-8; Js 21). Deviam dedicar-se inteiramente ao sagrado ministério.
Em Israel, quando povo deixava de trazer seus dízimos e ofertas, então os levitas e sacerdotes
deixavam o altar do Senhor e partiam em busca de trabalho em outras tribos (I Cr 31:4-11; Nm
13:10).
No Novo Testamento a perfeita vontade de Deus é que seus ministros se dediquem inteiramente
ao ministério e vivam do ministério (II Tm 2:4; I Co 9:7-14). O sustento pastoral é ordem divina na
nova aliança, sob o pacto da graça (I Co 9:14; Gl 6:6; I Tm 5:17,18; II Co 11:8) (por inferência).
Há dois extremos que não devem servir de modelo para o sustento pastoral.
a) As Igrejas e os ministérios que podem remunerar bem seus pastores e explorarem o serviço
sacerdotal, maltratando e oprimindo o pastor e sua família, privando-os de uma situação
financeira condigna;
b) Pastores que exploram suas Igrejas, exigindo um alto padrão de vida, administrando egoística
e ambiciosamente as finanças da Igreja cujo dinheiro é sagrado; e, deixando de ajudar os pobres,
as viúvas e os órfãos, os deficientes físicos e a obra missionária.
O pastor poderá trabalhar profissionalmente se quiser, porém o ideal é que consagre todo seu
tempo ao ministério com disciplina e santidade, pois o “pastorado é um emprego atraente para
homens preguiçosos” – Jaime Kemp.

a) O Direito Que Tem o Pastor ao Seu Salário


Há quem argumente que o ministro não deve receber ordenado porque Jesus disse: “De graça
recebestes, de graça dai”. (Mt 10:8).
Querer aplicar essa passagem contra o sustento pastoral é, além de torcer o sentido da Palavra,
sentido dessas palavras de Jesus referia-se aos dons gratuitos de Deus que Pedro disse a Simão,
quando este entendeu que podia comprar o dom do Espírito Santo. “O teu dinheiro seja contigo
para a perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança com dinheiro. (At 8:20)”.

Há ainda quem argumente que Paulo, o apóstolo que maior trabalho evangélico fez para extensão
do Reino de Deus, trabalhou com suas próprias mãos para ausentar-se; nunca recebendo
ordenado de Igreja alguma e há quem cite as seguintes passagens: “Vós mesmos sabeis que

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para o que me era necessário e aos que estão comigo, estas mãos me serviram (At 20:34).
“Porém, eu de nenhuma destas coisas usei e não escrevi isto para que assim se faça comigo,
porque melhor me fora morrer do que alguém fazer vã esta minha glória. Porque, se anuncio o
Evangelho não tenho de que me gloriar, pois, me é imposta esta obrigação: e ai de mim, se eu
não anunciar o Evangelho”. (1 Co 9:15, 16). “Nem de graça comemos o pão de nenhum, mas
com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós”. (2
Ts 3:8).
Efetivamente, Paulo não recebia ordenado de Igreja alguma, se bem que algumas vezes recebeu
auxílio monetário de alguns irmãos, como ele mesmo declara nestes textos: “Porque os irmãos
que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade”. (2 Co 11: 9). “Quando parti da
Macedônia, nenhuma Igreja se comunicou comigo em razão de dar e receber, se vós somente.
Porque vós me mandastes duas vezes ainda a Tessalônica o que me era necessário”. (2 Ts 4:16).
Paulo escreve para mostrar o direito que o ministro da Palavra de Deus tem ao seu sustento:
“Quem jamais milita a sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem
apascenta o gado e não bebe do seu leite? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei
também o mesmo? Porque na Lei de Moisés está escrito. Porque o que lavra deve lavrar com
esperança e o que trilha deve trilhar com esperança de ser participantes. Se nós vos semeamos
as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as coisas carnais? Se outros participam
deste poder sobre vós, porque não mais justamente nós? Mas nós não usamos deste poder.
Antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao Evangelho de Cristo”. “Não
sabeis vós que os que administram as coisas sagradas comem do sagrado? E os que de contínuo
estão junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o
Evangelho que vivam do Evangelho”. (1 Co 9:7-14).
Na epístola a Timóteo 5:17-18, o mesmo apóstolo mostra o direito que o ministro tem ao seu
salário:
“Os anciãos que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente
os que trabalham na Palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: “Não ligais a boca ao boi que
debulha. Digno é o obreiro do seu salário”.
Deve ter sido uma grande vergonha para os Coríntios quando Paulo lhes escreveu:
“Outras Igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário e quando estava presente
convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado, porque os irmãos da Macedônia supriram
a minha necessidade. E em tudo me guardei e guardarei de vos ser pesado e ainda me
guardarei”.(2 Co 11:8-9).

b) De que modo deve ser sustentado o pastor

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O ministro deve ganhar de forma a poder ter uma vida independente, sem ser forçado a tomar
dinheiro emprestado para satisfazer os compromissos urgentes da vida. Ele precisa manter a sua
vida com decência, até mesmo para a honra da Causa que representa.
Cada crente deve tomar parte na manutenção do seu pastor – o rico segundo a sua riqueza; o
pobre segundo a sua pobreza.
Na antiga dispensação, Deus determinou um meio prático para o sustento do ministro, de forma
que o rico e o pobre tinham de contribuir na exata proporção de seus recursos. Esse meio foi o
dízimo, como se vê em Lv 27:30-32. “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo,
do fruto das árvores são do Senhor, no tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, tudo o
que passar debaixo da vara, o dízimo será santo do Senhor”.
Os levitas não tinham herança, para que se pudessem ocupar exclusivamente do trabalho de
Deus, e, por isso, recebiam os dízimos que lhes eram oferecidos pelos israelitas: “E eis que aos
filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo seu ministério que
administra, o ministério da congregação... e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança
herdarão.” (Nm 18:21-23).
Se cada crente entregasse o dízimo, não haveria falta para o sustento pastoral em nenhuma
Igreja Evangélica, podendo ainda as Igrejas aumentar o número dos seus pregadores. É claro
que o dízimo não tem apenas a função de remunerar os obreiros.
De onde o ministro deverá receber o seu salário, da Igreja e de subscrições promovidas para
esse fim? Da Igreja, evitando ainda que ele tenha maior consideração para com aquele que dá a
maior parte do seu salário, com receio de lhe ser cortada uma parte de seus vencimentos.
O fato de o pastor ser pago diretamente pela Igreja dá-lhe completa liberdade de agir para com
todos os membros igualmente.

c) As vantagens de a igreja sustentar o seu pastor


Além de um grande privilégio, deve ser também um grande ideal da Igreja manter o seu pastor.
Isso, além de ser um grande sinal de vida, dá-lhe verdadeira importância diante de outras Igrejas
e até mesmo diante de uma sociedade culta e inteligente.
Um pastor que é mantido pela Igreja dedica todo seu tempo a ela e serve de grande animação
ao trabalho que lhe está confiado. Muitos trabalhos evangélicos têm permanecidos fracos, sem o
menor sinal de progresso, alguns até tem se acabado, simplesmente por falta de um pastor que
disponha do tempo necessário para visitar o povo, pregar e, enfim, fazer tudo quanto é necessário
para o seu desenvolvimento.
Uma Igreja que mantém o seu pastor sabe dar a maior importância ao seu trabalho e parece até
que o ama mais, pois é uma regra natural e geral que aquilo que nos custa sacrifício é que
sabemos estimar melhor e conservar.

d) Vantagens para o pastor em ser sustentado pela igreja

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Como para a Igreja é um privilégio sustentar o pastor, para este deve ser igualmente um privilégio
ser sustentado por ela, pois isso deve dar-lhe a convicção de que seus serviços estão sendo
apreciados e estimados pela Igreja.
Não é desonroso para um pastor receber salário da Igreja, uma vez que, como diz Jesus: “digno
é o trabalhador do seu alimento”, Mt 10:10. Fica, portanto, estabelecido o equilíbrio da
responsabilidade mútua entre o pastor e a Igreja.

O PASTOR E A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO


É de fundamental importância que o pastor use seu tempo adequadamente com sabedoria e
santidade (Ef 5:14-17; Pv 24:30-34).

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Teologia Pastoral
“A maneira como ele usa as horas disponíveis, destacadas horas de trabalho, de sono, de refeições, fará
dele uma pessoa medíocre, ou uma celebridade.”
“Minutos e horas podem ser transformadas em vida abundante e rica.” (Oswald Sanders)
No século em que vivemos, é necessário um planejamento diário, semanal, mensal e anual de
atividades, compromissos, folgas e férias para um melhor aproveitamento do tempo e das
oportunidades.
Moisés considerava o tempo tão precioso, que orava no sentido de aprender a contá-lo dia a dia,
e não ano a ano (Sl 90:12).
Alguns inimigos da má administração do tempo:
» Ativismo – Lc 10:38-42. » Falta de planejamento, alvos e idéias – Lc 14:28-32. » Preguiça e
acomodação – Pv 6:6-11. » Relaxamento nos compromissos – Rm 12:11. » Compromissos
assumidos fora da vontade de Deus – Pv 3:5-6.
Algumas prioridades do uso do tempo pastoral:
» Devocional –por meio da leitura da Palavra, oração e a adoração. » Família – esposa e filhos
» Ministério » Compras pessoais » Lazer.
“Ponha as primeiras coisas em primeiro lugar e teremos as segundas a seguir; ponhas as segundas coisas
em primeiro lugar e perdemos ambas.” (C. S. Lewis.)
“Que insensatez temer o pensamento de desperdiçar a vida de uma só vez, mas por outro lado, não ter
nenhuma preocupação em jogá-la fora aos poucos.” (John Howe)

Bons administradores devem saber administrar o tempo. São tarefas realizadas por um líder
eclesiástico:
» as inúmeras e cobradas visitas pastorais nos lares;
» reuniões com os obreiros;
» reuniões para discussões sobre os planos de trabalho; tempo para a família;
» quatro ou cinco sermões semanais;
» estudos bíblicos, cada um com uma média de duas a três horas de preparação;
» o boletim semanal;
» compromissos para falar em outras Igrejas;
» casamentos, funerais;
» colocar em dia a leitura;
» visitas aos hospitais, algumas prioritárias (especialmente os idoso) etc.

Existe uma grande diferença entre estar ocupado e ser produtivo, pois existem muitas pessoas
se esgotando de trabalhar e não conseguem progresso algum, enquanto outros, com menos
esforço, atingem seus objetivos e são bem sucedidos. Muitas vezes para alcançarmos o sucesso,
somos levados a sacrificar nossa família, o lazer e, às vezes, até a saúde.

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Teologia Pastoral
Segundo Efésios 5:16 devemos caminhar “remindo o tempo” e “fazendo o melhor de cada
oportunidade”. Assim como a nossa vida pertence a Deus, nosso tempo também Lhe pertence.
Deus nos permite usar nosso tempo para ganharmos o nosso sustento, nosso descanso, para
recreio e todas as demais atividades da vida.
No entanto, devemos nos organizar de modo que possamos dar o máximo possível do nosso
tempo às coisas espirituais e de valor permanente, e o mínimo indispensável às coisas materiais
e de valor transitório. Façamos de cada minuto disponível uma oportunidade para glorificar a
Deus.
Seguem algumas sugestões para atitudes e comportamentos para otimização de nosso tempo:
» Planejamento – cada hora dedicada em planejamento eficaz poupa três ou quatro horas na
concretização.
» Organização – manter as coisas em ordem e em dia.
» Delegação – considerada a chave da administração eficaz, pois atribui tarefas para outras pessoas,
liberando o tempo para tarefas mais importantes (At 6).
Benefícios da delegação:
› facilita o trabalho do pastor; › aumenta a produtividade; › dá oportunidade a outros de desenvolver a
capacidade de liderança; › dá ao líder mais tempo de desenvolver sua vida espiritual; › permite ao líder se
dedicar mais no ministério da oração e da Palavra.
» Telefone – usado para minimizar deslocamentos desnecessários.
» Tomada de decisões – deve ser precisa e baseada em informações seguras.
» Concentração – deve buscar-se um tempo mínimo anterior à ação.
Soluções práticas para a economia do tempo:
» Estabeleça metas: anuais, mensais, semanais e diárias.
» Programe suas tarefas e atividades da semana e do dia, em função dessas metas.
» Faça as coisas em ordem de prioridade.
» Saiba onde seu tempo é realmente empregado.
» Estabeleça data e hora para início e fim de cada atividade:
› Elimine desperdiçadores de tempo.
› Utilize uma agenda ou um calendário de reuniões.
› Crie uma lista de afazeres.
› Organize as tarefas.
› Organize seu acesso com rapidez de informações usadas com freqüência.

VIDA SOCIAL PASTORAL

“O valor de uma vida não é calculada pela sua duração, mas por sua doação; não importa quanto vivemos,
mas, sim, a integralidade e a qualidade de nossa vida”.
(William James.)
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Teologia Pastoral
“Todos fomos dotados com tempo suficiente para desempenhar integralmente a vontade de Deus, e
cumprir seus planos perfeitos para nossa vida.”
(J. Oswald Sanders)

a) O pastor e sua família


O ministério pastoral começa no lar, com a esposa e os filhos, esse pequeno rebanho é
importantíssimo aos olhos de Deus, da Igreja e da sociedade. Deus ama profundamente a todos
os seres humanos, e a família do pastor também é amada pelo Senhor da Igreja. Deus tem
interesse não só no pastor, mas na sua família. Quando o Senhor fez uma aliança com Abraão
Ele prometeu abençoar “todas as famílias da terra” – Gn 12:3.
O pastorado é um reflexo direto da vida familiar e deve ser levado a sério, com amor, abnegação
e sobriedade – I Tm 3:4-5; 5:8; I Sm 2:22-25, 27-30.
Há pastores que precisaram abandonar o ministério devido a problemas familiares. Outros, nas
situações mais difíceis e adversas do ministério, têm recebido apoio e ajuda de sua família e têm
conseguido sustentar-se.
Alguns pontos de tensão no lar:
» Falta de atenção e diálogo do pastor com a esposa e os filhos – Dt 6:1-9; Cl 3:18-21; Amós 3:3.
» Sexo no lar – I Co 7:3-5; Ct 4:1-5,10-15; Hb 13:4.
» Finanças – I Tm 6:7-12.
» Relacionamento com os familiares – Ef 5:31; Hb 12:14-15.15; Rm 12:18.
» Relacionamento com amigos e pessoas da Igreja, ciúmes – I Ts 5:22 (pode ser do mesmo sexo ou do
sexo oposto).
» Pressuposições Teológicas – Ef 4:1-6 (unidade do Espírito pelo vínculo da paz).
» Influência da TV – Mt 6:22-23
» Relaxamento no culto doméstico.
» Falta de cooperação nas tarefas domésticas – Ec 4:9-12; Gl 6:2
» Falta de perdão – Cl 3:13

b) O pastor e as relações humanas na igreja


I Tm 4:12 nos diz: “Torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”.
Destacaremos quatro pontos importantes na nossa convivência na Igreja:
» Nosso testemunho pessoal – qualquer trabalho sem testemunho não tem nenhum valor.

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Teologia Pastoral
› testemunho no comportamento dentro Igreja;
› testemunho no traje – cristãos devem usar roupas em harmonia com o tempo e o lugar. Suas roupas
devem ser de bom gosto e não sujeitas a críticas de moral;
› testemunho na atitude de serviço.
» Nossa atitude para com o Pastor e os oficiais – não podemos esquecer que somos apenas
cooperadores e que o pastor é o líder. Devemos respeitá-lo e aceitar a sua direção. Não desviar o respeito
dos crentes e sua atenção para o nosso serviço.
» Nossa atitude para com os crentes em geral.
› tratar todos com o mesmo sentimento de respeito e consideração, não fazendo acepção de pessoas;
› quando visitar os lares, tomar muito cuidado com o fuxico, até em ouvir pode haver complicações;
› cultivar o amor fraternal para com todos, ajudando sempre os mais necessários.
» Postura na Igreja
› Não devemos conversar, trocar impressões ou falar alto durante a cerimônia religiosa.
› Aprenda a ser amável com os que visitam sua Igreja.
› Seja receptivo aos novos integrantes ao rol de membros.

c) O pastor e as relações humanas na sociedade


Não podemos esquecer os preciosos ensinos do Senhor Jesus sobre a nossa sociedade. Atos
l:8 –“Ser- me- eis testemunhas”, Mt 5:13-14 – “Vós sois a luz do mundo”.
Na sociedade, devemos agir como testemunhas do Senhor Jesus Cristo, servindo de sal e
iluminando por meio da nossa vida o caminho para o pecador encontrar-se com o Senhor Jesus.
» Para mantermos boas relações humanas na sociedade, devemos evitar:
› namorar com pessoas descrentes;

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Teologia Pastoral
› participar de festividades fora do contexto cristão, onde o nosso testemunho vai ficar obscurecido;
› tomar dinheiro emprestado; › dar expansão ao nosso gênio na presença de pessoas descrentes;
› comentar problemas de Igreja no meio das pessoas descrentes;
› ferir a religião, zombando dos ensinos errados ou comentando algum erro da vida dos chefes religiosos.
» Como devemos agir na sociedade:
› Manter sempre equilíbrio no nosso testemunho (no vestir, no andar, no falar).
› Manter boas amizades, com o alvo de sempre guiar os amigos a conhecer o seu grande amigo – O
Senhor Jesus Cristo.
› Participar de eventos cívicos com o cuidado, dando bom testemunho cristão.

CONCLUSÃO
Verdadeiramente o estudo da Teologia Pastoral é de suma importância para aqueles que
desejam adquirir maior conhecimento teológico e desenvolver um ministério fidedigno ao Sumo
Pastor de nossas almas: Cristo Jesus, o Senhor!
Que todos possam permitir a ação do Senhor através de Sua Palavra na plena virtude do Espírito
Santo para que possam ser achado aprovados como trabalhadores na Seara do Senhor.
“Estou convencido de que a maior necessidade que temos na igreja contemporânea é de um grande
despertamento espiritual na vida dos pastores. Se os pastores forem gravetos secos a arder, até lenha
verdade pegará fogo. Concordo com Dwight Moody quando disse que o despertamento da igreja tem início
quando se acende uma fogueira no púlpito. Se por um lado os obreiros são o principal problema da obra;
por outro, eles também são o principal instrumento para o crescimento da obra. Precisamos
desesperadamente de um avivamento no púlpito! Precisamos de pastores que amem a Deus mais do que
seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo
para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo
de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que dêem a vida pelo rebanho em vez de explorarem
o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer "não" quando todos estão dizendo "sim"
e, dizer "sim", quando a maioria diz não". Hernades Dias Lopes

BIBLIOGRAFIA

BAXTER, Richard. O Pastor Aprovado. 2. ed. São Paulo: Imprensa da fé, 1996
KEMP, Jaime. Pastores em Perigo. 1. ed. São Paulo: Sepal, 1995.
PETERSON, Eugene. Um Pastor Segundo o Coração de Deus. 1. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2001.
CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Vol. IV, 3: 6 -São Paulo, SP: Casa Editora Presbiteriana.
1989.
CALVINO, João. Comentário ao Novo testamento, II Coríntios 9:13.

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Teologia Pastoral
CALVINO, As Pastorais.
MACARTHUR, John F. Jr. .Redescobrindo o Ministério Pastoral. São Paulo, SP: Editora CPAD. 1999.
LOPES, Hernandes Dias - De pastor a pastor: princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus
/ Hernandes Dias Lopes. -- São Paulo: Hagnos, 2008.

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