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editorial
Editora Saber Ltda. O Brasil precisa de Reformas
Diretor
Hélio Fittipaldi
Nesta edição termina o Curso Rápido de Retrabalho
com SMD, de autoria de Luis Fernando Bernabe. A re-
percussão foi muito boa e mostrou como o Brasil ainda
www.sabereletronica.com.br
sente falta de coisas básicas como um curso sobre este
Editor e Diretor Responsável assunto, que não é novo. O SMD é da segunda metade
Hélio Fittipaldi
Conselho Editorial
dos anos 80. Mais ou menos há 22 anos apareciam os
João Antonio Zuffo, primeiros componentes. As estações de retrabalho são Hélio Fittipaldi
Renato Paiotti
Redação
vendidas e os técnicos têm pouco ou nenhum treina-
Daniele Aoki, mento para operá-las. Algumas grandes empresas ao procurar no mercado
Natália F. Cheapetta,
Thayna Santos de trabalho, profissionais nesta área, exigem o certificado de conclusão de
Revisão Técnica curso com certificação, segundo normas internacionais.
Eutíquio Lopez
Colaboradores
Não temos conhecimento da existência de cursos regulares em nosso
Bernhard Rohowsky, Bruno Muswieck país, por isso mesmo incentivamos, com o apoio da Quart, o primeiro com
Eutíquio Lopez, Fernando Pavanelli
Filipe Pereira, Jürgen Kausche ampla divulgação através de banner em nosso portal. Para nossa satisfa-
Luiz Fernando F. Bernabe
Newton C. Braga, Nicholai Pavan Sorpreso
ção, a procura foi grande para que várias turmas sejam formadas e, assim,
Renato Paiotti, Roberto Brandão cumprimos mais uma vez o nosso papel de fomentar o crescimento do
Designers
Carlos Tartaglioni,
setor eletroeletrônico que tanto precisa crescer e gerar empregos, apesar
Diego M. Gomes dos governos (municipal, estadual e federal) nada fazerem para diminuir o
Produção
Diego M. Gomes
“Custo Brasil”. A ABIMAQ (Assoc. Brasileira da Ind. de Máquinas) anunciou
que o custo Brasil é, em média, 36,27 % para a indústria em modo geral e
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339
publicidade@editorasaber.com.br 43,85% para a indústria de máquinas, se compararmos com as dos EUA e da
Capa Alemanha. Ou seja, se uma máquina destes países sai mais barata do que se
Agilent/Divulgação e Arquivo Ed. Saber
a mesma fosse feita aqui em nosso país. Imaginem agora quanto não será a
Impressão
São Francisco Gráfica e Editora diferença de custo da mesma máquina se fosse feita na China !?
Distribuição Isto provoca a desindustrialização do Brasil onde profissionais catego-
Brasil: DINAP
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800 rizados perdem seus empregos e como no caso da indústria de sapatos,
para não ficarem desempregados ou mudarem para empregos de segunda
ASSINATURAS categoria, são obrigados a ir trabalhar na China. Lá, já existe uma respeitá-
www.sabereletronica.com.br
fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366 vel comunidade de gaúchos do setor calçadista. Este ano é de eleições e
atendimento das 8:30 às 17:30h hora de exigir as reformas tributária, trabalhista e a regulamentação final
Edições anteriores (mediante disponibilidade de
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330, ao da Constituição de 1988 que até agora não foi feita pelos funcionários do
preço da última edição em banca.
estado brasileiro - “os políticos “. Não trabalham com competência e recebem
Saber Eletrônica é uma publicação mensal da
Editora Saber Ltda, ISSN 0101-6717. Redação, religiosamente!
administração, publicidade e correspondência:
Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP
03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-
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Associada da: Atendimento ao Leitor: atendimento@sabereletronica.com.br


Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial dos textos
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Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 

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índice

17 Tecnologias
12 EMR Technology (Eletro-Magnetic Resonance)

Circuitos Práticos
14 10 Osciladores CMOS

Projetos
17 Display de senhas com o Arduíno

Desenvolvimento
20 Drivers de LEDs

30
26 LTSpice Simulação – Filtros

Instrumentação
30 Cinco Dicas para Redução de Ruído nas
Medições
34 Erros de Medidas em Multímetros Digitais
36 Medições de Campos Eletromagnéticos
causados por sistemas de transmissão

Sensores
40 Sensor de Temperatura Isolado
42 Curso sobre Sensores

Microcontrolador
51 Tambor Eletrônico

Componentes
54 Técnicas de Extração de Circuitos Integrados
57 Curso Rápido de Retrabalho Manual em
Componentes Montados em Superfície (SMD) –
Parte 3

42
61 O Transistor 2N3055

Editorial 03
Seção do Leitor 06
Acontece
08
Opinião 65
Índice de anunciantes

Instituto Monitor ............................................................... 5 Tato ..................................................................................... 13 Microchip .................................................................... 2ª capa


Tyco ..................................................................................... 7 Globtek .............................................................................. 33 IR .................................................................................. 3ª capa
ALV ....................................................................................... 13 Duodigit .............................................................................. 39 Cyka ............................................................................. 4ª capa

4 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010


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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

seção do leitor
DTMF
“Gostaria de saber se vocês tem em alguma
edição o seguinte assunto: DTMF, que signi-
fica a soma de duas frequências em trans-
missão telefônica.”
Empresa Genno
Por email

Em nosso portal encontra-se dois artigos


referentes a este assunto, para acessá-los
basta assinar o portal Saber Eletrônica
enviando um email para assinaturas@
editorasaber.com.br. Se desejar tê-las
impressas, favor entrar em contato com Saber Eletrônica nº 422
a Nova Saber e solicitar a revista Saber
Eletrônica nº 422, e a revista Eletrônica
Total nº 124.

Leitor Assinatura Edições Antigas


“Olá pessoal, meu nome é Wilson e “Preciso assinar a revista Saber Eletrô- “Senhores sou assinante e gostaria de
conheço a revista desde quando usava nica, mas não quero a digital, e sim saber se é possivel fazer download de
fraldas! Me apaixonei por eletrônica, a revista igual a da banca. Como eu edições anteriores da revista.”
e me formei como engenheiro, hoje faço para adquirir e receber em minha Rogério França
trabalho em uma grande multi- casa.” Por email
nacional exercendo a profissão. Benedito Cardoso
Mando um abraço a todos em especial Por email Caro Rogério, estamos constantemente
ao professor Newton C. Braga, que cadastrando as revistas mais antigas
para mim e colegas da época dos Prezado Benedito para assinar a no nosso portal. O número mais antigo
projetos iniciais, era o nosso grande revista Saber Eletrônica na versão é a revista Saber Eletrônica nº 399.
herói. Parabéns a todos e um forte impressa, basta enviar um email para Caso precise delas impressas, pode
abraço!” assinaturas@editorasaber.com.br entrar em contato com a Nova Saber
Engº WIlson M. S. Filho ou entrar em contato pelo telefone pedido@sabermarketing.com.br ou
Por email (11) 2095-5333. pelo site www.novasaber.com.br

Caro Wilson, ficamos emocionados Colabore Contato com o Leitor


com seu depoimento. São histórias Se você gosta de escrever e trabalha Envie seus comentários, críticas
assim que nos motivam a continuar com desenvolvimento de projetos, e sugestões para a.leitor.saberele
trabalhando para fazer da Saber manutenção industrial, prédios inteli- tronica@editorasaber.com.br.
Eletrônica a melhor e mais importante gentes, automação ou outro assunto em As mensagens devem ter nome
revista de eletrônica do Brasil. nossa área e pretende construir um bom completo, ocupação, empresa e/ou ins-
currículo para manter sua empregabi- tituição a que pertence, cidade e Estado.
Agradecemos muito o seu contato e a
lidade em alta, mande a sua idéia para Por motivo de espaço, os textos podem
sua audiência.
artigos@editorasaber.com.br. ser editados por nossa equipe.

 I SABER ELETRÔNICA 444 I Janeiro 2010

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acontece
Américas puxam crescimento
de vendas da Axis

O balanço divulgado no mês de fe- Nas Américas, as vendas líquidas milhões de coroas suecas (45,7 mi-
vereiro na Suécia mostra que 2009, atingiram 1,085 bilhão de coroas lhões de dólares), valor 24% maior
ano da crise econômica global, foi suecas (145 milhões de dólares), que 2008.
de crescimento para a Axis Com- 27% maior na comparação com o “Para manter nosso market share
munications. A fabricante sueca ano anterior. (33,5% do mercado global de
de câmeras de monitoramento, “E todos esses sistemas de vigilân- câmeras IP, de longe o maior do
decodificadores e outros equipa- cia, em grande parte graças à Axis, mundo) e nossa liderança de mer-
mentos de vídeo IP obteve, no ano estão abandonando as plataformas cado, assim como assegurar nossa
passado, 2,301 bilhões de coroas analógicas e abraçando o vídeo IP, competitividade, a Axis continuará
suecas, ou 317 milhões de dólares ou já nascem mesmo totalmente seu foco em lançamento de produ-
de receita em vendas líquidas, 17% dedicados ao vídeo em rede”, con- tos inovadores para vídeo em rede,
a mais que em 2008. clui a diretora. ampliará as parcerias com desen-
Esta expansão é resultado do bom A fabricante aumentou também volvedores de software e outros
desempenho das vendas do con- os investimentos em pesquisa fabricantes e manterá a ampliação
tinente americano, trazendo para e desenvolvimento. Em 2009, a da equipe”, explica Ray Mauritsson,
a empresa números positivos. receita para o setor chegou a 332,1 CEO da companhia.

Curtas
Produção verde-amarela Perna ortopédica Microcontroladores

De olho no crescente mercado A empresa japonesa de robótica, A Texas Instruments (TI), lançou a linha
de substituição de telefones Cyberdyne, criou uma perna artificial de microcontroladores MSP430 Value
móveis antigos por modelos ortopédica, capaz de movimentar-se Line, que oferece consumo baixo de
mais equipados, a fabricante do a partir das ordens recebedidas pelos corrente pelo preço de microcontrola-
BlackBerry, Research in Motion sinais do cérebro, o que permite ao dores de 8 bits.
(RIM), vai iniciar no Brasil sua usuário caminhar de forma natural, Os novos microcontroladores têm
primeira produção de aparelhos sem a ajuda de muletas. suporte das ferramentas MS430, sof-
na América Latina fora do A tecnologia utilizada é a mesma do tware grátis e ampla rede de suporte
México, após fechar acordo com a revolucionário traje-robô batizado de parceiros, possibilitando tempo
Flextronics. como HAL, apresentado em 2008. O menor para chegada ao mercado por
O copresidente-executivo da sistema da perna tem sensores que toda uma gama de aplicações sensíveis
Research in Motion, Jim Basillie, podem ler os sinais enviados pelo a custo, incluindo aplicações de segu-
em visita ao Brasil, anunciou no cérebro. Quando os sensores detec- rança e sensores sensíveis ao toque.
início de março a produção com a tam as ordens de movimento à perna, A linha Value Line assegura que projetis-
fabricante terceirizada Flextronics, os pequenos motores instalados na tas que utilizam microcontroladores 8
em São Paulo. Inicialmente extremidade artificial movimentam de bits não precisarão sacrificar a eficiência
produzirá um modelo, o Curve forma automática os mecanismos do de energia, escalabilidade por causa de
8520, voltado para usuários tornozelo e joelho. preços ou desempenho.
iniciantes e jovens interessados A empresa pretende aplicar os mesmos Os microcontroladores MSP430G2xx
por redes sociais, como twitter, princípios robóticos para fabricar possuem código compatível com toda
facebook, orkut, myspace etc. braços artificiais com fins ortopé- a plataforma dos microcontroladores
Em entrevista à Reuters, Basillie dicos. Até o momento, o principal MSP430, permitindo fácil migração de
afirmou que a empresa está produto da companhia era o “HAL”, código e upgrade para dispositivos mais
avaliando mais modelos para uma espécie de armadura cibernética avançados, de acordo com a evoluação
produção no país, onde até agora que aumenta as capacidades físicas do das necessidades da aplicação.
apenas aparelhos importados da corpo humano e é recomendado a Para informações sobre disponibilidade
marca são vendidos sob incidência idosos e a pacientes com problemas e preço do produto, entrem no site
de custos de importação. musculares ou incapacidades físicas. www.ti.com

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acontece
Novas tecnologias possibilitam
aparelhos auditivos mais inteligentes

Os aparelhos auditivos
Com o tempo, os aparelhos Após mais de um século, finalmente
acompanharam a evolução
auditivos passaram a incorporar os aparelhos auditivos chegaram à
tecnológica decorrente do
o transistor, oferecendo ao era digital e passaram a trabalhar
avanço digital dos últimos anos.
mercado dispositivos menores que com um complexo e extremamente
Atualmente, os aparelhos são
podiam ser usados na orelha ou rápido processo sonoro, com alto
menores, mais inteligentes e
incorporados à haste dos óculos. grau de precisão. Os equipamentos
com design moderno, além de
O novo modelo necessitava apenas atuais possuem chips extremamente
possuírem características únicas,
de uma bateria para funcionar. modernos que conseguem
como microfones direcionais,
Nos anos 80 surgiu a possibilidade diferenciar os vários sons de um
gerenciador de microfonia e ênfase
de programar esses aparelhos, ambiente e assim, reduzir o ruído
para fala, com o propósito de
quando os equipamentos passaram de fundo e automaticamente se
aumentar o conforto em ambientes
a ter microprocessadores, que adaptar para diferentes situações
sonoros difíceis.
permitiam que eles fossem sonoras. Além disso, proporcionam
Exemplos disso são os aparelhos
menores e introduzidos som natural, maior flexibilidade e
auditivos YUU e 360*™* do
completamente dentro do canal maior personalização para pessoas
Grupo Microsom, uma empresa
auditivo. com perda auditiva.
de soluções auditivas do Brasil.
Este equipamento tem como
característica a interatividade
com o usuário e a programação
automática,
O YUU, equipamento de última
geração, tem como característica
a interatividade com o usuário
e a programação automática,
além de permitir que o próprio
paciente realize determinado tipo
de regulagem no equipamento,
ou por meio de um controle
remoto diferenciado. Já o 360™
se destaca pela alta potência,
pela resistência à umidade e a
impactos e ainda oferece uma gama
completa de inovações avançadas
e projetadas para proporcionar
alta performance, mesmo em
ambientes com barulho e ruído
intensos.
Os aparelhos auditivos com o passar
dos anos sofreram transformações
importantes com o avanço da
tecnologia, eram grandes em forma
de trombetas e funis. No século
XX, depois de muitas mudanças,
eram compostos por microfone
de carbono, alto- falante e uma
grande bateria para produzir o
som amplificado. Mesmo com esta
evolução, ainda não era suficiente
para pessoas com perda auditiva
em um grau muito alto.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 

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acontece
LEDs com a maior
luminosidade do mercado

A Belmetal se consolida no
descoberto”, explica Victor espalhadas pelo Brasil além da sua
segmento de comunicação
Figueiredo, Supervisor Nacional de matriz corporativa em São Paulo,
visual e lança novas soluções em
Produtos da Belmetal. que dão ao cliente a solução ideal
LEDs, alternativa de iluminação
Os LEDs da Belmetal têm uma para cada projeto.
que tem crescido em todo o
luminosidade acima da média de A aplicação dos LEDs pode ser
mundo principalmente pela sua
mercado, com mais pontos por bastante variada, e tem sido usada
particularidade de economizar até
metro – 30 por metro. No mercado principalmente com objetivos de
90% a mais de energia em relação
a média é de 20 pontos por metro. comunicação corporativa. “Nosso
a uma lâmpada comum, não emitir
O custo-benefício da iluminação foco será atender especificamente
calor e ter uma duração de 20 a 30
por LEDs também é bastante empresas fabricantes de luminosos e
vezes maior.
atrativo para o consumidor. “Em Letra Caixa, assim como especificar
De olho neste mercado, a Belmetal
alguns projetos o LEDSIGN, como e homologar o produto em grandes
traz uma linha de produtos para
é conhecido, fica mais barato que corporações”, diz Victor Figueiredo.
este setor. “Há uma grande
o próprio néon”, afirma o supervisor. O produto está disponível na Belmetal
expectativa de crescimento do
Além deste produto, a Belmetal traz nas cores verde, vermelho, azul,
mercado de LEDs no Brasil.
ao consumidor uma consultoria branco frio e branco quente, e tem
Acredito que aqui o produto
técnica com profissionais uma garantia de 80.000 horas, além
ainda esteja começando a ser
especializados em suas 11 filiais de ser a prova d’água.

Produtos
Analisador PXA de Sinais

Este analisador de sinais PXA N9030A


da Agilent é o membro de mais alta
performance da série X de analisa-
dores de sinais, sendo o substituto
ideal para os equipamentos equivalen-
tes atuais. O instrumento pode cobrir
frequências que alcançam 26,5 GHz e
apresenta flexibilidade para o presente
e para o futuro através de capacidades
operacionais de medida e de expansão
de hardware.
Dentre as aplicações para este equi-
pamento estão as que envolvem
tecnologia aeroespacial, defesa, comu-
nicações comerciais e outras. A sua
linguagem de comunicação compatível N9030A – Analisador PXA
com outras tecnologias possibilita seu de Sinais, da Agilent.
interfaceamento com analisadores
de espectro tanto da própria Agilent adicionais incluem um ruído de fase de • N9030A-503, cobrindo de 3 Hz a 3,6
quanto da HP. -128 dBc/Hz em 10 kHz de offset GHz;
Destaca-se ainda neste aparelho sua (1 Ghz), precisão absoluta de amplitude • N9030A-508, cobrindo de 3 Hz a 8,4
performance, que reduz as incertezas de +/- 0,19 dB e sensibilidade de -172 GHz;
das medidas e revela detalhes de sinais dBm apresentada com nível médio de • N9030A-513, cobrindo de 3 Hz a 13,6
em níveis a partir de 75 dB de faixa ruído (DANL) em 2 GHz. GHz;
dinâmica livre de espúrios, numa faixa Os novos instrumentos estão disponíveis • N9030A-525, cobrindo de 3 Hz a 26,5
de 140 MHz de largura. Especificações em quatro faixas de frequências: GHz.

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tecnologias

EMR Technology ®
Renato Paiotti

(Electro-Magnetic Resonance)

A
integração da central de processa- Aparentemente parece fácil, afinal é só
Conheça esta tecnologia desenvolvida pela mento com os periféricos num úni- informar a posição da caneta, que é sem fio, e
Wacom para atender o mercado de tablet’s co dispositivo é o sonho de vários indicar em que posição ela se encontra, mas
PC da área gráfica, que podem ser usadas em projetistas, porém performance x com a tecnologia EMR é possível informar
diversas outras aplicações espaço x peso é difícil de conciliar, embora além da posição, a distância em que a caneta
nada seja impossível. se encontra e o seu grau de inclinação, muito
Em janeiro a Apple anunciou o lança- útil para os artistas gráficos que podem de-
mento do Ipad, um computador portátil senhar diretamente sobre o monitor LCD e
que dispensa teclado e mouse, onde a tela simular pinceladas sutis, além do ângulo que
é sensível ao toque. Para uso pessoal este o pincel está sendo usado.
dispositivo é bem interessante, mas, e quan-
do o uso destes dispositivos requer um A tecnologia
nível de detalhe maior do que o oferecido A EMR Technology é uma tecnologia em-
pelo sistema Touchscreen? Especialmente pregada na tablet CintIq fabricada pela própria
utilizado por artistas gráficos e usuários de Wacom.Como ilustrado na figura 1 podemos
softwares gráficos? ver que esta tecnologia captura, através de
Pensando nesse mercado a Wacon uma matriz de sensores (bobinas), o campo
desenvolveu a família W8000, com a qual é magnético gerado pela caneta. Conforme a ca-
possível interagir com o computador direta- pacitância capturada por cada um dos sensores,
mente na tela de LCD utilizando uma caneta é possível saber a distância, o grau de inclinação
que não tem fio, porém com um circuito que e o ponto em que ela se encontra desta matriz
é alimentado pelo próprio campo magnético que está distribuída por toda a tela.
gerado pelo monitor. A caneta não possui nenhum tipo de fio
A família W8000 é um sistema integrado ou bateria que alimente o seu circuito, isso
que captura as informações de uma matriz porque ela consegue a própria alimentação
de sensores, onde o sinal chega de forma do circuito através do campo induzido vindo
analógica, converte estes sinais em digital e da tablet, uma vez que o circuito da caneta
transfere estas informações para a CPU. é simples e de baixo consumo.

F1. Como os sinais são


capturados.

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

tecnologias
Sem baterias ou fios, temos uma caneta
bem mais leve e fácil de manusear, sem a ne-
cessidade da troca da bateria, que envolveria
a abertura da caneta para tal. A caneta tem
um circuito ressonador (LC), que responde
refletindo o próprio campo, induzindo as
bobinas que estão colocadas abaixo do LCD
da tablet, observe isto na figura 2.
O circuito LC que compõe a caneta é
simplesmente um indutor ligado em para-
lelo a um capacitor, tornando-se assim um
filtro que elimina determinadas faixas. Desta
forma, quanto maior a indutância e menor a F2. As camadas que F3. Circuito
compõem o display. LC.
capacitância maior é a faixa, o circuito LC é
apresentado na figura 3.
Abaixo dos sensores temos uma camada dos dados, como por exemplo o dedo do usu- distância e inclinação da caneta tendo como
adesiva e uma outra camada que é uma ário ou simplesmente a borda metálica que base o campo induzido de cada sensor em
blindagem. Esta blindagem tem como função prende o display LCD ao conjunto da tablet, seus diversos níveis. Por isso um chip da fa-
bloquear qualquer campo magnético gerado porém o campo gerado por estes agentes é mília W8001 foi desenvolvido, onde os sinais
por quaisquer agentes internos ou externos de menor intensidade que a própria caneta. analógicos são convertidos em digitais e é
ao sistema. Se não houvesse esta blindagem, Com este cenário em mente é possível através destes dados que o processamento
qualquer campo iria interferir nos sensores, imaginar a quantidade de sensores utilizados é feito. Como este processamento é execu-
como se a caneta estivesse naquele lugar na matriz, devido a sua resolução, agora tado pelo próprio circuito da tablet, pouco
onde o falso campo foi gerado. pense no processamento necessário para sobra de trabalho para a CPU, podendo ser
Outros agentes podem gerar campos calcular todos estes sinais, além disso ima- instalados em computadores com processa-
magnéticos e poderiam interferir na leitura gine o recurso necessário para calcular a dores de baixa performance. E

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Circuitos Práticos

10 Osciladores
CMOS
Newton C. Braga

E
Funções lógicas CMOS podem mbora a frequência máxima de ope- A frequência máxima deste circuito
ração de um circuito lógico CMOS está em torno de 4 MHz, e o capacitor deve
ser configuradas para resultar em dependa da tensão de alimentação, ser cerâmico. O sinal também é retangular,
excelentes osciladores retangula- se precisarmos gerar sinais que não com pequena deformação nas frequências
res com frequências até uns 7 MHz. excedam alguns megahertz, ele consiste na mais elevadas.
solução ideal pelo seu baixo custo, simpli-
Esses circuitos podem ser usados cidade e facilidade de configuração.
como base para uma infinidade Os circuitos dados a seguir podem ser
de projetos que vão de geradores usados nas aplicações em que se necessita
de sinais retangulares de baixas e médias
de efeitos sonotos a clocks para frequências, empregando circuitos inte-
configurações lógicas. grados convencionais da família CMOS.
Neste artigo, focalizamos 10
Oscilador com Porta NAND
osciladores CMOS para o leitor 4093 ou Inversor 40106
empregar em seus projetos Nosso primeiro oscilador é o mais F1. Oscilador com
simples de todos, tendo sua frequência Porta NAND.
determinada pela rede RC. Essse circui-
to, mostrado na figura 1, gera um sinal
retangular com aproximadamente 50%
de ciclo ativo em frequências que podem
passar de 1 MHz.
O circuito integrado mais usado nesta
aplicação é o 4093, mas funções inversoras
disparadoras como as do 40106 também
funcionam satisfatoriamente. O valor míni-
mo de R esté em torno de 1 kohms e para C
o valor mínimo recomendado é 100 pF.
Podemos modificar esse circuito para F2. Oscilador p/ freq.
operar com uma rede LC, gerando sinais mais altas.
de frequências mais altas, até uns 7 MHz
com 10 V, seguindo a configuração apre-
sentada na figura 2.
Nas frequências mais altas o sinal de sa-
ída já não será perfeitamente retangular.

Oscilador a Cristal
4001/4011
Na figura 3 temos uma forma de confi-
gurar um inversor (NAND ou NOR) para
gerar sinais com a frequência controlada
por um cristal de quartzo. F3. Oscilador com cristal
de quartzo.

14 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Oscilador com
2 Inversores
O circuito da figura 4 gera sinais re-
tangulares e faz uso de dois inversores
de um circuito integrado 40106.
Os outros inversores do 40106 podem
ser utilizados de forma independente. A
frequência deste circuito é determinada
por R e C. Para R = 100 k ohms e C = 10 nF
teremos um sinal na faixa de áudio.

Oscilador Controlado
por Tensão
Podemos controlar a frequência do os-
cilador anterior numa boa faixa de valores
a partir de uma tensão externa, usando a
configuração da figura 5.
A tensão de controle estará entre 0 e 2
V, tipicamente. O circuito, com os compo-

F4. Oscilador com 2


inversores.

F5. Oscilador contro-


lado por tensão.

F6. oscilador com 3


inversores.

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Circuitos Práticos

F7. Osciladopr sem com- F8. Oscilador


ponentes externos. disparado.

nentes indicados, gera sinais na faixa de A frequência é determinada por R1 e


áudio e a forma de onda é retangular. C1. R2 deve ser sempre maior do que 10
Outras funções CMOS que possam ser vezes o valor de R1. Com os valores in-
configuradas como inversores, funciona- dicados, o circuito gera um sinal na faixa
rão perfeitamente nesse oscilador. das audiofrequências.
Outras funções que possam ser confi-
Oscilador com Três guradas como inversor e controle podem
Inversores ser empregadas. Por exemplo, podemos
Maior estabilidade para a geração dos usar em lugar do 4069 o próprio 4011
sinais pode ser conseguida com o oscila- como inversor.
dor ilustrado na figura 6. O sinal obtido na saída deste circuito
Os três inversores são de um circuito é retangular com um ciclo ativo de apro-
integrado 40106, mas outros circuitos ximadamente 50%.
integrados que possam ser empregados F9. Oscilador com 2
na mesma função servirão. Oscilador com Portas NOR portas NOR.
O sinal de saída é retangular e a frequ- Na figura 9 mostramos como obter
ência depende de R1 e C1. Para os valores um oscilador usando as portas NOR de
indicados, o circuito gera sinais na faixa um circuito integrado 4001.
de áudio. O sinal gerado é retangular e a sua
frequência depende basicamente de C1 e
Oscilador sem R2. R1 deve ser pelo menos 10 vezes maior
Componentes Externos que R2.
No oscilador exibido na figura 7 a
frequência de operação depende do tem- Oscilador de
po de propagação do sinal através das Frequência Variável
funções inversoras. No circuito da figura 10 podemos
Como esse tempo depende da tensão ajustar a frequência do sinal gerado em
de alimentação, podemos controlar a fre- um potenciômetro comum.
quência pelo potenciômetro de 10 k ohms A frequência gerada depende do ca-
que ajusta a tensão no circuito. pacitor e para o valor indicado estará na F10. Oscilador de
O sinal gerado pode chegar a alguns faixa de áudio. frequência varíavel.
megahertz e é rico em harmônicas, servin- Qualquer circuito integrado CMOS
do o oscilador como excelente gerador de que possa ser configurado como inversor muito da sua tensão de alimentação.
sinais. Outras funções inversoras podem funcionará neste circuito. Assim, para uma alimentação de 5 V,
ser empregadas no mesmo circuito e o nú- um circuito alcança no máximo 3 MHz
mero de portas deve ser sempre ímpar. Conclusão enquanto que alimentado com 15 V pode
Os circuitos que vimos são apenas chegar a 8 MHz.
Oscilador Disparado alguns que podem ser usados como A frequência máxima, em cada caso,
Na figura 8 temos um circuito que en- osciladores. depende do circuito integrado utiliza-
tra em oscilação quando o pino de entrada Lembramos que a velocidade de do. Consulte os manuais em caso de
for levado ao nível alto. operação dos circuitos CMOS depende dúvidas. E

16 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Projetos

Display de senhas
com o Arduíno
E
Este artigo mostra um módulo ste projeto não tem como finali- que está exibindo “Saber Eletronica” na
que serve de base para a constru- dade ser o produto final de um primeira linha e “Senha: 0” na segunda,
sistema de sequência de senhas, emitirá um sinal sonoro pelo buzzer e
ção de um display LCD que exibe porém é um módulo simples que exibirá “Senha: 1” na segunda linha. A
na tela a próxima senha chama- serve de base para as implementações cada toque no botão, uma senha subse-
da, emitindo um sinal sonoro. Este mais sofisticadas. quente será chamada. A reinicialização do
O sistema apresentado consiste em um processo, ou seja, a volta à senha número
sistema já é muito utilizado em display LCD de 2 x 16, um Arduíno (neste “0” é feita pressionando-se o pino Reset
bancos e clínicas, porém nesta caso utilizamos o Tatuíno), uma matriz de do Arduíno.
montagem utilizando o Arduíno contatos e alguns componentes.
Não abordaremos neste artigo como O display
é possível mostrar o seu simples se faz para instalar o compilador e como O display utilizado neste sistema foi
funcionamento. funciona o Arduíno, que já foi apresenta- um de 2 linhas por 16 caracteres. Este
do em artigos anteriores, e vamos direta- tipo de display possui alguns pinos de
mente para a montagem do projeto. Para contato externo, mas os dados são passa-
Renato Paiotti os leitores que desejam saber mais sobre dos pelos pinos D0 a D7. Iremos usar os
o Arduíno, recomendo a leitura de artigos pinos D4 a D7, porém não precisaremos
que se encontram no site www.sabere- nos preocupar como e o que deveremos
letronica.com.br ou no site da própria passar através destes pinos para apre-
equipe de desenvolvedores do Arduíno sentar os dados, isso porque na hora de
(www.arduino.cc). compilarmos o código-fonte, estaremos
adicionando uma biblioteca chamada
A lógica do funcionamento LiquidCrystal.h, que faz todo o trabalho
O sistema consiste em ligar o Arduíno, de pegar a frase que digitamos (ou as
que ficará em loop até que o botão seja variáveis que desejamos apresentar no
pressionado. Neste momento o display display) e exibi-las.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 17

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Projetos

Os pinos D4 a D7 estão conectados


aos pinos 5 a 2 do Arduíno. Os pinos RW
e o GND do display estão conectados ao
pino GND do Arduíno, o pino +5 V do
display ao pino de +5 V do Arduino.
O pino V0 do display controla a
luminosidade dos caracteres exibidos,
por este motivo conectamos este pino
ao potenciômetro que está ligado entre
o +5 V e o GND do Arduíno. Conforme
giramos o potenciômetro, temos maior
ou menor nitidez do display.
Na figura 1 temos o esquema elétrico
do projeto onde vemos as conexões entre
o display e o Arduíno.

O Interruptor de
chamada e o buzzer
Como mostrado na mesma figura,
podemos observar que a chave ou botão
de chamada está conectado ao pino 8
do Arduíno, lembrando que através do
código- fonte ele foi setado como Input,
ou seja, irá receber um sinal, forçando o
microcontrolador a entender que aquele F1. Esquema
pino será de entrada. Elétrico.
Porém o inverso deve ser feito com
o buzzer, onde o pino 9 em que está co- apenas chamar as suas funções e o primeiro caractere é indicado por
nectado, deverá ser setado como saída. passar as variáveis, tais como os zero e a segunda linha indicada
Podemos dar dois tipos de saídas através pinos de comunicação; em que no por um, temos o comando lcd.
da programação: saída digital ou analó- nosso caso usamos os pinos 2, 3, setCursor(0,1).
gica. Na saída digital temos somente dois 4, 5, 11 e 12. • Nas três linhas abaixo da linha
estados, alto e baixo, e na saída analógica • Através do comando lcd.begin #include criamos as variáveis que
temos 255 etapas de saídas. (caractere,linha) inicializamos e nos ajudarão a manipular os pinos
Para emitirmos um sinal agradá- indicamos o formato do display, de entrada e saída, como é o caso da
vel vamos enviar para o buzzer um que aqui é de 16 caracteres por variável “buttonPin”, que habilita-
sinal PWM formando uma frequência 2 linhas, e no comando lcd.print rá o pino 8 como entrada na função
definida por código, por este motivo é (String) enviamos o texto para o pinMode (buttonPin, INPUT) para
bom utilizar os pinos 3, 5, 6, 9, 10 ou 11. display exibir. O comando lcd. receber o sinal vindo do botão, e
Tanto no buzzer como no botão é bom setCursor (caractere, linha) in- da variável “sirene” que habilitará
colocar um resistor de 220 ohms para dica onde o primeiro caractere o pino 9 como saída para acionar-
evitar picos. deverá ser impresso, na primeira mos o buzzer. A outra variável é
vez que enviamos a frase “Saber o contador, que tem como função
O Código-Fonte Eletronica” não usamos a posição armazenar o número da senha que
No box 1 onde temos o código-fonte que gostaríamos em que ela fos- acabou de ser chamada.
podemos observar alguma linhas já co- se exibida, e por este motivo ela • Ainda dentro da função loop()
mentadas, mas para melhorar o entendi- assume a posição zero na linha 0, temos a condição “if”, que analisa
mento, descrevo abaixo o passo- a- passo lembrando que em programação se o botão foi acionado através da
do programa: é comum começarmos qualquer função digitalRead (buttonPin). Se
• Na primeira linha (#include) inse- evento com 0 (zero). o botão é acionado, esta condição
rimos a biblioteca LiquidCrystal. • Se observarmos na primeira linha se torna verdadeira, acionando as
h, que já vem com o compilador que está dentro da função “loop” linhas dentro da condição “if”. Den-
do Arduíno, nesta biblioteca temos veremos que é o chamado coman- tro desta condição começamos com
todas as funções de entrada e saída do lcd.setCursor(caractere,linha), um pequeno delay () que suspende
para a comunicação com o display, posicionando o cursor no primeiro a execução por um determinado
ficando para o desenvolvedor caractere na segunda linha. Como tempo, em nosso caso 100 milisse-

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gundos, pois o clique no botão leva humanas, que podem ser desde senhas Conclusão
mais de 1 milissegundo, e sem esta que não são ouvidas e os atendentes aca- Todas as vezes que me vejo frente a
pausa um clique no botão executa- bam chamando a senha seguinte, tendo um novo projeto, depois de esquemati-
ria diversas vezes a condição “if”. que voltar a chamar a senha anterior; o zá-lo, saio em busca de pequenos trechos
• Depois do delay, encontramos acionamento indevido por parte do aten- já resolvidos por outros desenvolvedo-
outra condição que é o “for (int dente; ou simplesmente a queda de energia res, os quais podem ser implementados
i=0; i<=10; i++)”, e esta condição irá com senhas já distribuídas. Nestes casos a no projeto.
executar 10 vezes as linhas ani- saída se encontra no programa, onde pode Muitos, assim como eu, gostam de
nhadas a ele. ser armazenado o valor “contador” na mostrar os resultados obtidos com o seu
• Dentro deste comando “for” temos memória reservada, e o acréscimo de um trabalho, e isso me ajuda bastante. Então
o comando “analogWrite(sirene, botão para incrementar ou decrementar o conforme vou encontrando soluções, tan-
50),” este último tem como função valor de “contador”. to na internet como em revistas, começo a
enviar um sinal elétrico de forma É possível adicionar mais botões no copiar e colar esquemas e códigos, porém
analógica para o pino “sirene”, esta projeto para viabilizarmos mais atenden- gosto de entender o funcionamento dos
saída analógica está na faixa de 0 a tes, neste caso um sistema deve ser imple- projetos encontrados, primeiro procuro
255, onde 255 é a corrente máxima mentado para que evite que duas pessoas melhorar e otimizar o código copiado,
e 0 a interrupção dela. Logo abaixo apertem o botão ao mesmo tempo. Aqui e depois se o sistema apresentar algum
desta função temos um pequeno é importante informar no display qual problema, tenho meios de resolver.
delay que deixará a saída do pino botão (mesa) está requisitando a senha. Por estes motivos resolvi apresentar
“sirene” em 50 por um tempo, até o Como o display possui duas linhas, fica este projeto básico, pois se para mim foi
momento em que a mesma função fácil colocar na primeira a senha e na útil, num projeto maior, também será
“analogWrite(sirene,0)” seja cha- segunda a mesa que chamou. proveitoso para outros. E
mada novamente, porém como a
saída analógica está setada em zero BOX1 : Código-fonte
o sinal é interrompido. Este sinal
fica interrompido por um outro #include <LiquidCrystal.h>
delay de 20 milissegundos. É desta int buttonPin = 8;
int contador = 0;
forma, alternando estes estados do
int sirene = 9;
pino “sirene”, que mudamos o tom
e o tempo do buzzer. LiquidCrystal lcd(12, 11, 5, 4, 3, 2); // indicamos os pinos conectados ao LCD
• No final da condição “if” pegamos
a variável “contador” e adiciona- void setup() {
lcd.begin(16, 2); // indicamos e inicializamos o formato do lcd:
mos mais 1 a ela (contador++), e por
lcd.print(“Saber Eletronica”); // Mensagem que será impressa.
fim enviamos ao display. pinMode(buttonPin, INPUT); // Setamos o pino do botão
É fácil notar que todo o código apre- pinMode(sirene, OUTPUT); // Setamos o pino da sirene
sentado se divide em três etapas, onde }
na primeira delas temos as inclusões da
void loop() {
biblioteca e a criação das variáveis, na
lcd.setCursor(0, 1); // Movemos o cursor para a posição 0 linha 1
segunda temos a função “setup()” onde lcd.print(“Senha:”); // Escreve Senha
setamos os pinos como entrada e saída, lcd.setCursor(6, 1); // Move o cursor para a posição 6
e na terceira a função “loop()” onde o if(digitalRead(buttonPin)) { // Se o botão for acionado, executa
código escrito dentro dele ficará rodando delay(100); // Dá uma pausa de 100 ms.
for (int i=0; i<=10; i++) // Executa 10 interações
infinitamente até algo o interromper.
{
Se não existisse a possibilidade de inse- analogWrite(sirene, 50); // Envia um sinal para o pino sirene de forma analógica
rir a biblioteca LiquidCrystal.h no código, delay(70);
teríamos um código-fonte bem extenso, analogWrite(sirene, 0);
tratando as saídas passo- a- passo para o delay(20);
analogWrite(sirene, 200);
display, e isso é que torna o Arduíno uma
delay(50);
ferramenta útil para simulações de proje- analogWrite(sirene, 0);
tos ou como o próprio projeto final. delay(10);
}
Fazendo modificações contador++; // próxima senha
}
A ideia deste artigo é passar o módulo
lcd.print(contador); // exibe a próxima senha
de funcionamento, porém é possível fazer }
melhorias neste sistema, a primeira delas
envolve segurança, dentre elas as falhas

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 19

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Desenvolvimento

Drivers de LEDs
Todo projeto envolvendo LEDs faz o projetista esco-
lher o melhor driver, com o melhor consumo aliado ao
melhor rendimento. Neste artigo o autor selecionou os
4 melhores drivers publicados no “Livro de Receitas” da
Texas Instruments sobre controle de LEDs.
LED Ref. Design Cookbook - T.I.
Tradução: Eutíquio Lopez

Lanterna Solar de 3
watts (com LEDs)
O CI TPS 61165 funciona com tensão
de entrada entre 3 e 18 V, liberando na saí-
da uma tensão de até 38 V. O dispositivo
controla até 10 LEDs em série através da
sua chave FET, especificada para 40 V. Ele
opera numa frequência de chaveamento
fixada em 1,2 MHz para reduzir o ripple de
saída, melhorar o rendimento da conversão,
e permitir o uso de pequenos componentes
externos. A corrente de ajuste do WLED é
determinada por um resistor sensor externo
RSET e a tensão de realimentação é regulada
para 200 mV. Em ambos moodos de dim-
ming (digital ou PWM), o ripple de saída
do CI sobre o capacitor de saída é pequeno,
não gerando ruído audível associado com
o “dimming” de controle on/off comum.
Para proteção durante condição de LED
aberto, o TPS 61165 corta o chaveamento,
protegendo a saída da ultrapassagem dos
limites máximos especificados.
O PMP3598 utiliza o TPS 61165 em uma
Parameter Minimum Typical Maximum Unit
configuração “boost” assíncrona. Um circui-
Input Voltage 4.5 6 7.4 Volts
Output Voltage 10.45 10.5 10.65 Volts to adicional implementado em torno do amp.
Output Ripple - - 50 mV pp op. fornece as indicações de sobretensão/car-
Output Current 0 - 350 mA ga da bateria e também o elo entre o painel
Switching Frequency - 1200 - kHz solar e as entradas da bateria. O circuito
T1. Especificações incorpora ainda as necessárias proteções
de Projeto.

20 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010


F1. Esquema elétrico do PMP3598
– Convesor Boost Assíncrono.

térmica e contra sobrecorrente, tendo uma


característica de carga em aberto.
As considerações mais importantes neste
projeto são o seu alto rendimento e a boa
regulação da corrente do LED. O TPS 61165
opera em modo de corrente constante para
regular a corrente do LED. O pino CTRL é
usado como entrada para controlar tanto o
dimming digital quanto o dimming PWM
(controles de brilho do LED).
O modo de dimming para o CI é sele-
cionado cada vez que esse pino é habilitado.
Um dimming analógico foi implementado
através da variação da referência de reali- F2. Forma de onda F3. Proteção para LED
mentação. Um resistor variável de 20 kΩ do chaveamento. aberto (desligado).
pode ser usado para variar a corrente do
LED de modo a conseguir o dimming.
O conversor eleva de 6 V para 10,5 V/ 350
mA, apresentando um rendimento mínimo
de 85%. O circuito é usado para controlar
três WLEDs (LEDs brancos) de 1 W ou
múltiplos LEDs comuns de 50 mA desde
que sua potência total não ultrapasse 3 W.

Sites
Projetos de Referência:
www.ti.com/powerreferencedesigns
Datasheets, guides, samples:
www.ti.com/sc/device/tps61165
F4. Curva do Rendimento F5. Ripple
(%) x Corr. Saída IO (mA). de saída.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 21


Desenvolvimento

Driver de LEDs Triplo com


Tecnologia “Sem Fio” Parameter Minimum Typical Maximum Unit
Iluminações para residências e comér- Input Voltage 4.5 5 5,5 VDC
cios podem auferir a vantagem da mistura Output Current -- 0,300 -- Amp
adicional de cores de LEDs vermelhos, T1. Especificações
verdes e azuis. Este projeto de referência de Projeto.
mostra como controlar remotamente a
saída colorida de um LED através de um
controlador “sem fio” de baixa potência. As
cores são geradas por três LEDs (vermelho,
verde e azul). Um microcontrolador MSP430,
de ultrabaixa potência, controla o brilho
de cada um dos LEDs com uma corrente
constante provida pelos três conversores
buck TPS62260, um para cada LED.
A tabela de cores procuradas toma a for-
ma de um arranjo armazenado no MSP430.
Sempre que o encoder rotativo é girado, novos
valores de vermelhos, verdes e azuis são
lidos do arranjo e utilizados para gerar os
três sinais PWM de saída. É comum serem
armazenados 252 valores, os quais poderão
ser trocados se assim for desejado. Um valor
decimal de 100 chaveia o LED para off (0%),
enquanto um valor de 65535 fornece uma
razão mark-space de 100%. Quando a fonte de F1. Esquema elétrico do Módulo
5 V é aplicada, o circuito entra no modo de TPS62260LED-338.
demonstração onde os valores armazenados
no arranjo são lidos e a saída, na sequência,
fica num “loop”infinitamente. Tão logo o
encoder rotativo muda, a sequência para e
um valor particular de cor (do LED) pode
ser selecionado.
Existe um “pin header” (placa auxiliar)
que pode ser usado para espetar na placa RF
do “MSP430 Wireless Development Tool”,
o qual é disponibilizado em separado (o
eZ430-RF2500). Com este módulo adicional,
as cores dos LEDs podem ser controladas
remotamente via interface RF sem fio.
Caso o projetista prefira reprogramar
o MSP430, uma ferramenta de emulação
“flash” separada para o microcontrolador
poderá ser ordenada, tal como a MSP-
FET430 UIF. Maiores informações sobre
as duas ferramentas acima mencionadas
podem ser encontradas, respectivamente,
em: http://focus.ti.com/docs/toolsw/fol-
ders/print/ez430-rf2500.html e http://focus.
ti.com/docs/toolsw/folders/print/msp-
fet430wif.html

Sites
www.ti.com/sc/device/TPS62260
www.ti.com/tps62260led-338
F2. Três conversores buck TPS62260,
um para cada LED (VM, VD e AZ).

22 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010


Desenvolvimento

Driver de Corrente de LEDs fileiras de LEDs. Esta solução (pendente de casamento das correntes de LEDs entre as
com PFC, Isolado, 110 W patente) apresenta um método econômico, fileiras é obtido com ela. O módulo alcança
O módulo de avaliação (EVM) UC- sendo facilmente escalonável para o controle um alto rendimento (91%), alta densidade de
C28810EVM-003 é um driver de corrente de múltiplas séries de LEDs. potência e um elevado fator de potência.
de LED CA/CC com correção do fator de O UCC28810EVM-003 implementa um O estágio de controle consiste em um
potência (PFC), que se destina a aplicações controle de corrente de referência simples projeto simples e robusto. O módulo EVM
de iluminação pública, residencial externa e “dimming” universal (via AM ou PWM) protege contra possíveis casos de fileiras
e de média/ grande infraestruturas. Seu para todos os LEDs. O projeto de referência de LEDs com curtos ou abertas.
projeto consiste de um conversor de três controla efetivamente um grande nº de
estágios que libera até 110 W. LEDs ligados em série, e a tensão sobre as Sites
O primeiro estágio é um circuito boost fileiras de LEDs é segura (baixa) e isolada www.ti.com/powerreferencedesigns
(elevador) - PFC de entrada, universal, que da rede de CA. A arquitetura “multistring” www.ti.com/sc/device/uc28810
fornece em sua saída de 305 a 400 VCC. O implementada pelo CI é mais econômica www.ti.com/ucc28810evm-003
segundo estágio é um circuito buck (abai- que uma outra com tensão constante mais
xador) que provê uma fonte de corrente um estágio buck para cada fileira de LEDs.
controlada, e o terceiro estágio é formado A arquitetura empregada neste projeto de
por dois transformadores em meia-ponte referência é facilmente escalonável para
CC/CC para realizar a isolação das múltiplas níveis elevados de potência, e um excelente

F4. Corrente de Entrada (CA)


F2. Rendimento X Tensão de linha (rede). F3. Fator de Potência X Tensão de Linha. durante o “PWM Dimming”.

F1. Diagrama de Blocos


do UCC28810EVM-003.

Description Parts VIN VOUT Number IOUT POUT Eff PFC ISO Dimming Dimming EVM
(AC) (DC) of LEDs (max) (max) In Out
Range Range
UCC28810 UCC28810
EVM003 100-W
isolated multistring UCC28811 90,265 22 V, 4x 500 mA 110 W 91% Yes Yes PWM PWM jul-09
LED lighting 60V (7-15)
driver w/ multiple UCC25600
transformer
T1. Especificações
de projeto.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 23


Desenvolvimento

F1. Esquema completo do circuito


para o Driver com TPS61195.

F2. Curva do Rendimento x F3. Linearidade da Corrente para o F4. Linearidade da Corrente para o
Dimming c/ VIN=10,8 V; 9s8p PWM Dimming (VIN=10,8 V). Mixed Mode Dimming (VIN=10,8V)

Parameter Min. Max. Unit


Input Voltage 4,0 24 Volts
Output Voltage 16 48 Volts
Number of channel -- 8 --
Output Current 0 0,32 Amp
Switching Frequency 600 KHz 1 MHz --

F5. Forma de Onda para o Mixed Mode F6. Forma de Onda para o Mixed T1. Corrente LED x Tensão
Dimming: Brilho 20% - Analógico Puro. Mode Dimming: Modo Brilho 8%. de Entrada & Nº LEDs.

24 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010


Desenvolvimento

Driver de backlights
para LCDs grandes
O CI TPS61195, da Texas Instruments,
possibilita soluções altamente integradas
para “backlights” (lanternas) de grandes
LCDs. Esse dispositivo possui internamente
um regulador boost de alta eficiência e um
MOSFET de potência de 50 V/ 3 A. Os oito
reguladores de tipo dreno de corrente for-
necem uma regulação de corrente muito
precisa e casada. No total, o CI suporta até
96 LEDs brancos (WLEDs), sendo que sua
saída em configuração boost ajusta o nível
de tensão para a queda de tensão do WLED
automaticamente de modo a melhorar o
seu rendimento.
O TPS61195 aceita múltiplos modos
de controle de brilho para os WLEDs. Por
exemplo, durante o “dimming PWM” direto,
a corrente do WLED é ligada/ desligada
no ciclo ativo com a frequência sendo de-
terminada por um sinal PWM integrado.
Nesse modo de controle, a frequência do
sinal é programável via resistor, enquanto
o ciclo ativo é controlado pela ação de uma
entrada de sinal externo (PWM) através de
um pino PWM.
Nos modos mixados de “dimming”
analógico, a informação do ciclo ativo da
entrada PWM é convertida em um sinal
analógico para controlar a corrente do
WLED linearmente sobre uma área de brilho
contida entre 12,5 e 100%. O dispositivo
permite também que “dimming PWM”
seja acrescentado quando o sinal analógico
mantiver a corrente do WLED abaixo de
12,5%, situação essa em que o mesmo será
traduzido numa informação de ciclo ativo
do PWM para controlar o chaveamento da
corrente do WLED de modo que o seu valor
médio fique abaixo de 1%.
Este CI dispõe de proteção contra so-
brecorrente, contra curto-circuito, possui
soft-start e bloqueio de sobretemperatura.
Ele fornece ainda proteção contra sobreten-
são na saída (programável), sendo o limiar
ajustado por uma combinação formada por
um resistor/ divisor externos.
O TPS61195 dispõe de um regulador line-
ar interno para alimentação e é encapsulado
em invólucro QFN de 4 x 4 mm. E
Sites
www.ti.com/powerreferencedesigns
www.ti.com/sc/device/tps61195

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 25


Desenvolvimento

LTSpice
Simulação - Filtros
S
oftwares de simulação existem Clicando no “Novo Arquivo” abrirá
Veja como utilizar o LTSpice, para todas as áreas da engenharia uma janela com o nome default do progra-
da Linear Technologies, uma e diversas conquistas do homem ma, salve o arquivo na pasta desejada com
ferramenta alternativa útil no não seriam possíveis sem eles. No o nome “passabaixa”. Agora, devemos
caso da eletrônica, podemos trabalhar colocar os componentes, para isso vamos
momento de produzir e simular sem tais softwares, mas certamente eles ao atalho “component tool” onde se encon-
seus projetos facilitam nossa vida. Spice é a definição tram todos os componentes das bibliotecas
para os softwares de simulação de circui- padrões que vêm com o LTSpice. Devemos
tos elétricos no PC. Normalmente esses colocar um resistor (res), capacitor (cap) e a
softwares são onerosos, porém, temos fonte (voltage) Figura 2.
Bruno Muswieck uma alternativa chamada LTSpice, da Uma dica: para girar os componentes
Linear Technologies. como o R1 é preciso que o componente
O LTSpice é uma ferramenta de simu- seja escolhido (“component tool”) e antes
lação desenvolvida pela empresa citada de colocá-lo, clique no botão “rotate” no
que possibilita a simulação de seus CIs, canto superior direito da tela.
e também a simulação de milhares de Agora devemos unir o circuito uti-
outros circuitos. Esta ferramenta é gratui- lizando o botão “Wire Tool”, e colocar
ta e pode ser baixada no próprio site do a referência no botão “Ground”. Veja na
fabricante - www.linear.com. figura 3.
Para explicar o funcionamento do Portanto, nós temos nosso filtro pas-
LTSpice vamos simular alguns circuitos sabaixa montado. O próximo passo é
bem conhecidos e úteis na eletrônica, os configurar os valores dos componentes.
filtros utilizando componentes passivos: o Clicando com o botão direito em cima
filtro passabaixa, passa-alta e passabanda. do componente podemos modificar seu
valor. Pela equação 1, para R1 = 10k ohms
LTSpice e o circuito e C1 = 1µF temos uma frequência de corte
O filtro passabaixa é aquele onde as de 15,91 Hz, então vamos configurar para
frequências abaixo da frequência de corte V1 gerar um onda quadrada de 1 kHz e
do filtro passam e as frequências acima com R2 = 10 k ohms. Figura 4.
são atenuadas. Em um filtro utilizando Para a configuração de V1 não é tão
um resistor e um capacitor, a frequência simples como a configuração de Rx e Cx,
de corte é calculada pela fórmula: então clicamos com botão direito em V1
e no botão “Advanced”. Para obtermos a
onda quadrada de 1 kHz, devemos confi-
1 gurar os valores de acordo a figura 5.
ƒc =
2πRC Para gerar a onda quadrada utilizamos
o tipo de onda “Pulse”. “Vinitial [V]” é a
tensão inicial do sinal, “Von [V]” é a tensão
Agora vamos ao LTSpice para montar no segundo momento, “Tdelay [s]” é o
o circuito. Observe a figura 1. No LTSpice delay inicial da onda, “Trise [s]” é o tempo
irei fazer a explicação de alguns botões para a onda ir de Vinitial a Von, Tfall [s]” é
básicos devido ao objetivo do artigo ser oposto ao Trise, “Ton [s]” é o tempo em que
demonstrar como simular circuitos nele. a tensão ficará no valor de Von, “Tperiod

26 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

[s]” é o período da onda e “Ncycles” é o


número de vezes que o pulso será repe-
tido. Para o nosso caso usamos um valor
alto de modo a gerar o pulso quadrado e
repetidas vezes, produzindo assim nossa
onda quadrada.
F1. LTSpice.
Simulação, Transiente
Para rodar a simulação devemos con-
figurar o tipo de simulação em “Simulate
-> Edit Simulation Cmd”. Agora iremos
fazer a simulação do tipo Transiente, e con-
figurarmos de acordo com a figura 6, onde
representamos a duração da simulação.
Agora podemos rodar a simulação do
filtro passabaixa, para isto clique no botão
“run” (simulação).
Na primeira vez que rodarmos a simu-
lação, não irá aparecer nada na janela da
simulação. Para podermos ver os sinais é
necessário passar o mouse em cima das
conexões do circuito para aparecer o probe
da medição de tensão, e ao clicar, irá surgir
a forma de onda na janela da simulação. F2. Montagem
Também é possível passar o mouse nos Passa Baixa.
componentes e irá aparecer o probe de cor-
rente, então irá mostrar a onda da corrente
no componente durante a simulação.
Na figura 7, na janela de simulação
a V(n001) é a tensão medida de V1 e a
V(n002) é a tensão em R2, onde podemos
ver como se comporta nosso filtro. Porém
podemos modificar estes nomes para
ficar mais fácil de compreender nossa
simulação e, para isso, clicamos no botão
“Label Net” e vamos colocar dois labels,
Vin como a tensão em V1 e Vout como
tensão no R2.
Rodamos novamente a janela e coloca-
mos os probes em Vin e Vout e poderemos
ver uma janela igual a figura 8, agora fica
mais fácil de compreender o circuito. F3. “Wire Tool” e
Essa opção é útil quando nosso circuito “Ground”.
fica complexo, isto ajuda na análise da
simulação.
Agora você já tem o circuito básico de
um filtro passabaixa, então pode mexer
nos valores para ajustar um filtro de acor-
do com sua aplicação, como por exemplo,
diminuir o ripple ajustando R1 e C1.

Simulação, Análise em AC
Outro tipo de simulação muito inte-
ressante é o tipo “AC analysis”, ou aná-
lise em AC. Com este tipo de simulação
podemos ver a resposta em frequência F4. Passa baixa
valores.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 27

SE4445_LTSpice_Filtros.indd 27 17/3/2010 12:02:57


Desenvolvimento

F5. Configuração da F6. Configuração de


fonte de tensão. Simulação Transiente.

do nosso filtro. Para isso, na opção de


configurações da simulação devemos ir
em “AC analysis” e configurar de acordo
com a figura 9.
A configuração “type of sweep” é a
configuração do eixo das frequências
e normalmente quando analisamos a
resposta em frequência utilizamos a
escala em décadas, “Number of points
per decade” é a resolução do eixo de
frequências, “Start Frequency” é a
frequência incial de análise e a “Stop
Frequency” é a frequência final de aná-
lise. Para nossa análise, sendo o sinal da
onda quadrada 1 kHz, vamos analisar de
1 Hz a 100 kHz.
Após clicar em “Ok”, o mouse ficará F7. Simulação.
com a configuração para você colocar em
algum lugar da tela. Depois de colocá-la,
você deverá deletar o comando do LTSpice
“.trans 50m” que era referente a análise
de transientes.
Se rodarmos agora a simulação, o
LTSpice apresentará uma janela de falha
porque não configuramos o V1 para este
tipo de análise, então devemos clicar com
botão direito em V1 e configurar de acordo
a figura 10, ou seja, configuração da onda
foi retirada, “none”, e em “AC Amplitude”
colocamos 5 V, sendo que esta configura-
ção é responsável pela análise AC.
Depois de feitas estas configurações, o
circuito deverá ficar igual a figura 11.
Porém, na figura 11, não podemos tirar
muita informação porque o que desejamos
saber é a relação entre amplitude de Vout
e Vin, para isso selecionamos a janela de F8. Labels.

28 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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F9. Análise F10. Configuração V1
AC. para análise AC.

simulação, apertamos delete, o mouse ficará


em formato de uma tesoura, agora deleta-
mos o Vout. O Vin deve ser configurado:
para isso clicamos com o botão direito
em Vin e colocamos a seguinte expressão
V(vout)/V(vin). Rodamos a simulação e
teremos o resultado da figura 12.
A linha sólida é a amplitude do sinal e
a linha tracejada é a fase do sinal. Algumas
informações do gráfico: nossa frequência
de corte calculada é de 15,89 Hz, pode-
mos ver que o filtro atenua pouco o sinal
na frequência de corte comparado com
os seus valores iniciais, isto é devido ao
valor de R1 ser alto, o que atenua o sinal
em frequência menor do que a de corte.
F11. Análise AC Experimente alterá-lo para 1 kW, o que irá
Vin e Vout. mudar a frequência de corte para 159 Hz,
resultando em uma atenuação de -3 dB
nesta frequência.
Para podermos ver os valores de
magnitude de sinal e fase desta curva
com maior precisão, clicamos com o botão
esquerdo no nome da curva, e abrirá uma
janela que informa os valores da curva no
local do cursor do mouse.

Conclusão
Demonstrei como fazemos para gerar
os tipos de simulações de transiente e AC, e
passei algumas informações que podemos
obter com estas simulações em nosso filtro
passabaixa. Depois do ajuste do nosso filtro
de acordo com a aplicação desejada, então
é hora de ir para o teste no mundo real,
porém já ganhamos muito tempo sem a
F12. Análise AC necessidade de “sujar nossas mãos”. E
Vout/Vin.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 29

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Instrumentação

Cinco Dicas para


Redução de Ruído
nas Medições
G
arantir medidas exatas geral- potencial entre os terminais positivo e
Este artigo foi publicado ori- mente significa ir além das negativo do(s) seu(s) amplificador(es) de
ginalmente pela National Instru- especificações de um datasheet. instrumentação. Dispositivos práticos,
ments (www.ni.com), sendo de Entender uma aplicação no entretanto, são limitados na habilidade de
contexto do seu ambiente elétrico também rejeitar tensões em modo comum. Tensão
grande utilidade para todos os que é importante para assegurar o sucesso, em modo comum é a tensão comum a
trabalham com instrumentação particularmente em ambientes ruidosos ambos os terminais, positivo e negativo,
ou industriais. Loops de terra, tensões do amplificador de instrumentação. Na
elevadas em modo comum e radiação figura 1, 5 V é comum para ambos os
eletromagnética são exemplos de ruídos terminais, AI+ e AI-, e o dispositivo ideal
Newton C. Braga que podem afetar um sinal. lê os 5 V que resultam da diferença entre
Existem muitas técnicas para reduzir o os dois terminais.
ruído em um sistema de medição, que in- A tensão de trabalho máxima de um
cluem blindagem adequada, cabeamento dispositivo de aquisição de dados (DAQ)
e terminação. Além desses cuidados co- refere-se ao sinal de tensão somado à ten-
muns, você pode fazer mais para garantir
uma melhor imunidade a ruído. As cinco
técnicas, a seguir, servem como um guia
para alcançar resultados mais exatos nas
medições.

Rejeição de Tensão DC
em Modo Comum
Realizar medições mais exatas nor-
malmente começa com leituras diferen-
ciais. Um dispositivo ideal de medições F1. Um amplificador de instrumen-
diferenciais lê apenas a diferença de tação ideal rejeita completamente
tensões em modo comum.

F2. A isolação separa eletricamente o terra de referência do


amplificador de instrumentação do terra geral.

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

F3. A NI 6230 possui uma CMRR


muito maior que a NI 6220.

são em modo comum e especifica o maior Cada célula individualmente pode gerar
potencial que pode existir entre uma aproximadamente 1 V, mas uma pilha de
entrada e o terra. A tensão de trabalho células pode produzir vários kilovolts ou
máxima para a maioria dos dispositivos mais. Para medir com exatidão a tensão
DAQ é a mesma que a faixa de entrada de uma única célula de 1 V, o dispositivo
do amplificador de instrumentação. Por de medição deve estar preparado para
exemplo, dispositivos DAQ Série M de rejeitar a alta tensão em modo comum
baixo custo como a NI 6220 têm uma ten- gerada pelo restante da pilha.
são de trabalho máxima de 11 V; nenhum
sinal de entrada pode ultrapassar 11 V Rejeição de Tensão AC F4. Uma medição diferencial de termo-
sem causar dano ao amplificador. em Modo Comum par com uma fonte de sinal aterrada
A isolação pode aumentar drastica- Raramente tensões em modo comum pode criar um loop de terra.
mente a tensão de trabalho máxima de consistem apenas de um nível DC. A
um dispositivo DAQ. No contexto de um maior parte das fontes de tensão em modo derado eletromagnético combinado ou
sistema de medição, “isolação” significa comum contém componentes AC soma- acoplamento radiado. Em todos os casos,
separação física e elétrica de duas partes das ao nível DC. O ruído é inevitavelmen- uma tensão em modo comum variável no
de um circuito. Um isolador passa dados te acoplado ao sinal medido por meio do tempo é acoplada ao sinal de interesse, na
de uma parte do circuito para a outra ambiente eletromagnético ao redor. Isto maior parte dos casos na faixa de 50-60 Hz
sem conduzir eletricidade. Como a cor- é particularmente problemático para si- (frequência da rede elétrica).
rente não pode fluir através da barreira nais analógicos de nível baixo passando Um circuito de medição ideal tem um
de isolação, você pode mudar o nível de pelo amplificador de instrumentação do caminho perfeitamente balanceado para
referência do dispositivo DAQ para um dispositivo DAQ. ambos os terminais, positivo e negativo,
nível diferente do terra. Isso desacopla a As fontes de ruído AC podem ser clas- do amplificador de instrumentação. Tal
especificação de tensão máxima de traba- sificadas em geral pelos seus mecanismos sistema rejeitaria completamente qual-
lho da faixa de entrada do amplificador. de acoplamento – capacitivo, indutivo quer ruído com acoplamento AC. Um
Na figura 2, por exemplo, o terra de refe- ou radiado. Acoplamentos capacitivos dispositivo prático, entretanto, especifica
rência do amplificador de instrumentação resultam de uma variação temporal de o grau de tensão em modo comum que ele
é eletricamente isolado do terra geral. campos elétricos, como aquelas criadas pode rejeitar com uma relação de rejeição
Enquanto a faixa de entrada é a mes- por aproximação de relés ou outros si- de modo comum (CMRR). A CMRR é
ma que na figura 1, a tensão de trabalho nais de medição. Ruídos de acoplamento a razão entre ganho do sinal medido e
foi estendida para 60 V, rejeitando 55 V indutivo ou magnético resultam de uma o ganho do modo comum aplicado ao
da tensão de modo comum. A tensão de variação temporal de campos magnéticos, amplificador, como mostra a seguinte
trabalho máxima é, agora, definida pela semelhante áquelas criadas por aproxima- equação:
isolação do circuito, ao invés da faixa de ção de maquinário ou motores.
entrada do amplificador. Se a fonte de campo eletromagnético
O teste de célula de combustível é um está longe do circuito de medição, como
exemplo de aplicação que requer rejeição a iluminação fluorescente, o acoplamento
de altas tensões DC em modo comum. dos campos magnético e elétrico é consi-

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 31

SE445_Reducao.indd 31 17/3/2010 12:01:35


Instrumentação

Escolher um dispositivo DAQ com


uma CMRR melhor sobre uma faixa de
frequência mais larga pode fazer uma
diferença significativa na imunidade a
ruído do seu sistema. A figura 3, por
exemplo, mostra a CMRR para um dis-
positivo de baixo custo Série M compa-
rada com a de um dispositivo industrial
Série M.
Em 60 Hz, os dispositivos industriais
Série M NI6230 têm 20dB a mais de CMRR
que os dispositivos de baixo custo Série M F5. A isolação elimina loops de terra, separando o
6220. Isso é equivalente a uma atenuação terra do terra de referência do amplificador.
10 vezes melhor de ruídos em 60Hz.
Qualquer aplicação deve se benefi-
ciar ao rejeitar ruídos de 60 Hz. Todavia,
máquinas rotativas ou motores de alta
rotação requerem imunidade a ruído em
altas frequências. Em 1 kHz, dispositivos
NI 6230 rejeitam ruído 100 vezes melhor
que dispositivos NI 6220, fazendo deles
ideais em aplicações industriais.

Quebre os Loops de Terra


Loops de terra são indiscutivelmente a
fonte de ruído mais comum em sistemas F6. Um amplificador de instrumentação usa um resistor
de aquisição de dados. Aterramento ade- shunt para converter sinais de corrente em tensão.
quado é essencial para medições precisas,
porém é um conceito que frequentemente Lembre-se que isolação é um meio
não é assimilado. Um loop de terra se de separar eletricamente o terra da
forma quando dois terminais conectados fonte de sinal do terra de referência do
em um circuito estão em potenciais de amplificador de instrumentação (veja a
terra diferentes. Essa diferença ocasiona figura 5).
um fluxo de corrente na interconexão, o Como a corrente não pode fluir pela
que pode causar erros de nível. Para com- barreira de isolação, o terra de referência
plicar ainda mais, o potencial de tensão do amplificador pode estar em um po-
entre o terra da fonte de sinal e o terra do tencial maior ou menor que o da Terra.
dispositivo DAQ geralmente não é um Você não pode criar um loop de terra em
nível DC. Isso resulta em um sinal que um circuito desses. Usar um dispositivo
apresenta componentes da frequência da de medição isolado evita a necessidade F7. Lógica 24 V tem melhores
alimentação da rede nas leituras. Consi- de aterrar adequadamente um sistema margens de ruído que TTL.
dere a aplicação simples de termopar na de medição, garantindo resultados mais
figura 4. precisos. informação por longas distâncias em
Neste caso, uma medição de tem- muitas aplicações de monitoramento de
peratura teoricamente simples se torna Use Loops de Corrente processo, como mostra a figura 6.
complexa pelo fato do dispositivo sob de 4-20 mA Cada um desses loops de corrente
teste (DUT) estar em um potencial de terra Cabos com comprimento longo e contém três componentes – um sensor,
diferente do dispositivo DAQ. Mesmo a presença de ruído em ambientes in- uma fonte de alimentação e um ou mais
com ambos os dispositivos compartilhan- dustriais, ou eletricamente carregados, dispositivos DAQ. O sinal de corrente
do o mesmo terra, a diferença de potencial podem fazer com que a medição precisa do sensor está tipicamente entre 4 e 20
pode ser 200 mV ou mais, se os circuitos de tensão se torne difícil. Por isso, trans- mA, com 4 mA representando o mínimo
de distribuição de alimentação não es- dutores industriais que medem pressão, de sinal e 20 mA representando o máxi-
tiverem adequadamente conectados. A fluxo, proximidade e outros geralmente mo. Esse esquema de transmissão tem a
diferença aparece como uma tensão em emitem sinais de corrente ao invés de vantagem de usar 0 mA para indicar um
modo comum com uma componente AC tensão. Um loop de corrente de 4-20 mA é circuito aberto ou uma conexão ruim.
no resultado da medição. um método comum de um sensor enviar Fontes de alimentação estão tipicamente

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na faixa de 24 a 30 VDC, dependendo lógico-alto e lógico-baixo de 2,0 V e 0,8
do total de queda de tensão ao longo do V, respectivamente, existe uma pequena
circuito. Finalmente, o dispositivo DAQ janela para erro. Por exemplo, a margem
usa um resistor shunt de alta precisão de ruído para uma entrada TTL em nível
entre as pontas do amplificador de ins- lógico-baixo é 0,3 V (a diferença entre 0,8
trumentação para converter o sinal de V, o nível lógico-baixo TTL máximo de
corrente em uma medição de tensão. entrada, e 0,5 V, o nível lógico-baixo TTL
Como toda corrente que flui de uma ponta máximo de saída). Qualquer ruído acopla-
da fonte de alimentação deve retornar do ao sinal digital maior que 0,3 V pode
para a outra, sinais em loop de corrente levar a tensão para a região indefinida en-
são imunes à maioria das fontes de ruído tre 0,8 V e 2,0 V. Nela, o comportamento da
elétrico e quedas de tensão ao longo de entrada digital é incerto e pode produzir
cabos com grande extensão. Além disso, valores incorretos (figura 7).
os fios que fornecem alimentação para o A lógica de 24 V, por outro lado,
sensor também levam o sinal de medição, oferece margens de ruído maiores e
simplificando muito o cabeamento. melhor imunidade geral a ruído. Como
Uma barreira de isolação como aquela a maioria dos sensores, atuadores e lógi-
exibida na figura 6 fornece dois grandes cas de controle já operam com fontes de
benefícios em aplicações em loop de alimentação de 24 V, é conveniente usar
corrente. Primeiro, como a tensão da níveis lógicos digitais correspondentes.
fonte de alimentação tipicamente excede Com um nível lógico-baixo de entrada
o nível máximo de entrada da maior parte de 4 V e um nível lógico-alto de entrada
dos amplificadores de instrumentação, a de 11 V, os sinais digitais são menos
isolação é essencial para alterar o nível do suscetíveis ao ruído.
terra do amplificador em relação ao terra A maioria dos dispositivos de me-
para uma tensão aceitável. Segundo, loops dição com E/S digital em 24 V oferece
de corrente operam com o princípio que características adicionais de redução
a corrente nunca sai do circuito. Portanto, de ruído. Por exemplo, os dispositivos
isolar o loop de corrente de qualquer cami- National Instruments industriais Série M
nho para terra previne a degradação do têm filtros de entrada programáveis para
sinal. Dispositivos como os dispositivos debounce de entradas com relés. Com um
DAQ industriais da Série M NI 6238 e NI fechamento mecânico do relé, existe um
6239 fornecem um resistor de shunt incor- pequeno período de tempo (da ordem de
porado e até 60 VDC de isolação do terra milissegundos) no qual as superfícies de
para aplicações com loops de corrente de contato vibram (bounce) uma contra a ou-
4-20 mA. tra. Sem filtragem, a entrada lógica pode
ler isso como uma sequência de sinais liga-
Use Lógica Digital em 24 V do/desligado. Estes dispositivos também
O ruído de medição não está limita- oferecem isolação, um fator importante a
do a sinais analógicos. Lógicas digitais considerar se partes do sistema geral são
também podem ser afetadas por um alimentadas com fontes diferentes.
ambiente elétrico ruidoso, possivelmente
indicando valores ligado/desligado falsos Conclusão
ou disparos (trigger) acidentais. Existem Há muitos fatores a ponderar quando
diversos níveis de tensão e famílias lógicas tentamos reduzir o ruído em um sistema
associados com E/S digitais, alguns mais de medição. Além de blindagem, cabe-
resistentes a ruído que outros. A Lógica amento e terminações adequadas, fazer
Transistor-Transistor (TTL) é de longe a uma consideração cuidadosa de tensões
família mais comum, alimentando des- em modo comum, aterramento e fontes
de microprocessadores a LEDs. Mesmo de ruído próximas, é essencial para
sendo largamente disponível, o TTL nem resultados precisos. Contudo, entender
sempre é a melhor alternativa para as o ambiente elétrico do seu sistema nem
aplicações digitais. sempre é simples. A isolação é um meio
Para aplicações industriais, o TTL tem fácil de adicionar outra camada de con-
a desvantagem intrínseca de apresentar fiança às suas medições, não importando
margens de ruído pequenas. Com níveis o sinal ou a aplicação. E

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 33

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Instrumentação

Erros de Medidas em
Multímetros Digitais

N
os multímetros digitais comuns, Efeitos do tempo de
Ao contrário do que muitos a medida das intensidades de acomodação
pensam, os multímetros digitais corrente é feita introduzindo-se Quando se mede uma resistência num
no circuito um resistor de baixa circuito, deve-se considerar que o circuito
também estão sujeitos a erros.
resistência através do qual a corrente a em que ela se encontra e mesmo os cabos
Esses erros podem ocorrer nas ser medida flui. Mede-se então a queda representam a presença de uma certa
medidas de correntes DC, corren- de tensão nesse resistor, conforme mostra capacitância.
a figura 1. Dessa forma, há um certo tempo ne-
tes AC, e quando os instrumentos
No entanto, neste caso é preciso consi- cessário para que a corrente no dispositivo
possuem recursos mais avança- derar inicialmente dois fatores que podem em teste se estabilize, justamente devido a
dos, na medida de frequências e afetar os resultados das medidas. essa capacitância. Em alguns casos, essas
O primeiro é que, por mais baixa que capacitâncias podem chegar a valores tão
períodos.
seja a resistência interna sobre a qual se altos quanto 200 pF.
Veja, neste artigo, como elimi- mede a tensão, ela não é desprezível, e por Assim, ao se medir uma resistência
nar ou reduzir esses erros. O artigo isso afeta a corrente que está sendo medi- acima de 100 kohms, os efeitos da capa-
da. O segundo é que deve-se considerar a citância do circuito e do cabo já se fazem
foi baseado em documentação
presença dos cabos que ligam as pontas sentir, exigindo que haja um certo tempo
da Agilent Technologies de prova e que, quando comparados com para que a medida se complete.
a resistência interna do instrumento, não Os erros de medida poderão então
têm uma resistência desprezível. ocorrer caso não se espere essa acomo-
Newton C. Braga Para as medidas de resistências tam- dação, quer seja no instante em que se
bém devem ser considerados erros in- realiza a medida, quer seja quando se
troduzidos pela resistência dos cabos e muda de faixa.
outros que serão analisados a seguir.
Medidas de altas
Efeitos da Dissipação resistências
de Potência Quando se medem resistências eleva-
Na medida de resistências, o instru- das podem surgir erros devido a fugas
mento faz circular uma corrente pelo que ocorrem pela própria sujeira da pla-
dispositivo. Assim, no caso de resistores ca ou no isolamento dos componentes,
deve-se tomar cuidado para que a cor- conforme ilustra a figura 3.
rente usada pelo instrumento na medida É importante manter limpa a parte do
não eleve sua temperatura a ponto de circuito em que medidas de resistências
afetar sua resistência. Isso pode ocorrer elevadas devam ser feitas. Lembramos
com resistores que tenham coeficientes que substâncias como o nylon e filmes de
de temperatura elevados, conforme indica PVC são isolantes relativamente pobres,
a figura 2. podendo causar fugas num circuito
Veja na tabela 1 dada a seguir, algu- afetando, assim, a medida de eventuais
mas correntes empregadas pelos instru- resistores ou outros componentes de
mentos em diversas escalas e quanto de valores muito altos.
potência um dispositivo sob teste (DUT) Para que se tenha uma ideia, um
dissipará em plena escala. isolador de nylon ou PVC pode afetar

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

em 1% a medida de um resistor de 1
Mohms, em condições de umidade algo
elevadas.
Esse tipo de problema é muito comum
quando se testa resistores de foco de
monitores de vídeo e televisores. O valor
medido pode estar “abaixo do normal”
devido à sujeira acumulada, atraída pela
alta tensão do próprio cinescópio.

Queda de tensão
Um outro erro introduzido nas medi-
das de corrente é devido à tensão de carga
do circuito em série. De acordo com a figu-
ra 4, quando um instrumento é ligado em
série com um circuito, um erro é gerado
pela tensão que aparece no resistor interno
e nos cabos das pontas de prova.
Os mesmos erros são válidos para
o caso em que correntes alternadas são
medidas. Entretanto, em medidas de
corrente alternada os erros devidos à
carga representada pelo instrumento são F1. Mesmo sendo baixa a resistência, F2. Cuidado nas medidas de resistores com
maiores, pois temos as indutâncias dos não pode ser desprezada. coeficientes de temperatura elevados.
elementos internos do circuito a serem
somadas.

Erros nas medidas de


frequência e período
Os erros nessas medidas ocorrem
principalmente quando sinais de baixas
intensidades são analisados.
A presença de harmônicas, ruídos e
outros problemas pode afetar as medi-
das. Os erros são mais críticos nos sinais
lentos.

Conclusão
Ao realizar medidas de resistências,
correntes e tensões com um multímetro
digital é preciso levar em conta que a
precisão das medidas também depen-
derá do modo como o instrumento é
usado.
Além disso, é necessário conhecer as
suas características para entender a pos-
sibilidade de que eventuais diferenças de F3. Poeira nas placas pode apresentar F4. Erro gerado pela tensão que surge
leituras possam surgir. fugas e distorcer os resultados. no resistor interno e nos cabos.
Não basta encostar as pontas de prova
em um circuito e acreditar totalmente Faixa Corrente de Teste Dissipação do DUT à plena escala
na indicação que o instrumento dará. É 100 ohms 1 mA 100 µW
preciso saber o que está acontecendo no 1 k ohms 1 mA 1 µW
circuito e principalmente no instrumento, 10 k ohms 100 µA 100 µW
para ver se ele não está sendo “engana- 100 k ohms 10 µA 10 µW
do” e passando o resultado enganoso ao 1 M ohms 5 µA 30 µW
operador. E 10 M ohms 500 nA 3 µW T1. Correntes e dissipações
(potência) em plena escala.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 35

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Instrumentação

Medições de Campos
Eletromagnéticos
causados por sistemas de transmissão
Jürgen Kausche
Bernhard Rohowsky
Tradução: Fernando Pavanelli

C
om o avanço das telecomunica- dos campos eletromagnéticos no ambiente
Cada vez mais a atenção das ções, somos expostos cada vez (Electromagnetic Fields on the Environment
pessoas tem sido tomada pelos mais a campos eletromagnéticos, -EMCE):
assuntos relativos ao aquecimento por exemplo, redes celulares • Medição de banda larga com o au-
e novos sinais de TV Digital. Por isso, xílio de um sensor isotrópico;
global, criando uma grande mo- os efeitos dos campos eletromagnéti- • Medição de frequência seletiva com
bilização sobre o meio ambiente cos (Electromagnetic Fields - EMFs) são auxílio de uma antena dipolo ou
amplamente discutidos em público direcional.
e como conservá-lo. Inicialmente
no momento. Para medidas e controle Um sistema combinando as duas
se levantou a preocupação com precisos, tanto para aceitação pelas nor- vantagens é ideal para medições de EMF
a camada de ozônio e os efeitos mas quanto para verificação de efeitos (figura 1).
adversos, sistemas de medição portáteis Este sistema pode ser usado para me-
que a radiação solar pode causar,
são ideais para uma rápida verificação dições precisas e avaliações estatísticas
o que felizmente levou a uma em campo. de campos eletromagnéticos, particular-
conscientização muito grande Para medidas precisas de campos mente em áreas densamente povoadas.
eletromagnéticos, inclusive com geração Funciona em conjunto com um software
da população. Outras formas de
de estatísticas, um sistema portátil de para medições de EMF, que foi espe-
radiação vêm agora à tona e, uma medição é o ideal. Especialmente em áreas cialmente desenvolvido para aplicações
que tem adquirido importância densamente povoadas, onde discrição de compatibilidade eletromagnética no
pode ser um fator a considerar. ambiente. Com a ajuda deste software,
cada vez maior, esta à nossa volta
locais críticos como escolas podem ser
e nem sempre nos damos conta: a Medições precisas e monitorados durante um longo período
Radiação Não Ionizante ou RNI. avaliações estatísticas de tempo (dias ou semanas).
Não apenas as medições instantâneas, Entre outros tipos, podem ser medidos
mas a coleta durante períodos longos e o campos eletromagnéticos causados por
tratamento estatístico desses valores são serviços de radiocomunicação tais como
fundamentais. GSM, CDMA, UMTS, WiMAX, LTE,
Tais análises são ferramentas que for- DECT, Bluetooth™ ou W-LAN, ou por
necem uma base sólida para a discussão som e radiodifusão de TV.
sobre os efeitos, por exemplo, das opera-
doras celulares. As operadoras precisam Sensor Isotrópico
não apenas de medições abrangentes por simplifica a Medição
curtos períodos (short-term), dos campos Um sensor isotrópico é um sensor
eletromagnéticos, mas por vezes também ideal e só existe na teoria. Porém, com
por longos períodos (long-term). Tais me- a combinação de vários sensores po-
didas podem ser necessárias quando de demos criar um sensor cujo comporta-
um comissionamento ao serem instalados mento é idêntico ao isotrópico teórico.
novos sistemas, como inclusive em sequ- Os sensores desenvolvido pela Rohde
ências de medições em grandes áreas. & Sc hwa rz são composto por t rês
Até o momento apenas dois métodos monopolos passivos, ortogonalmente
estavam disponíveis para medir os efeitos dispostos e que são selecionáveis por

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Instrumentação

meio de diodos PIN integrados, tendo


a função de uma chave de RF. O sof-
tware calcula a intensidade de campo
isotrópica equivalente aos três valores
medidos com o auxílio de um algoritmo
proprietário.
Para obter ótimas características
isotrópicas, próximas do ideal, os mono-
polos são simétricos à haste da antena.
Esse conjunto é revestido por um radome
feito de poliestireno para proteção con-
tra os efeitos meteorológicos ou danos
mecânicos.
O modelo de radiação isotrópica deste
sensor simplifica consideravelmente as
medições. Para medições feitas durante
longos períodos, medições de intensidade
de campo com seleção de frequência po-
dem ser conduzidas independentemente F1. Exemplo de sistema composto de um Analisador de Espectro com soft-
da direção e polarização, com o sensor ware para medidas de EMF e kit de antenas isotrópicas de 9KHz a 6 GHz.
estacionário.
A localização de fontes irradiantes ser também montado em um tripé para medições próximas dos emissores com
através da intensidade de campo máxi- medições por longos períodos. espaçamento suficiente dos valores limite.
mo em espaços fechados como salas, que O sensor passivo oferece uma alta A sensibilidade mínima de tipicamente 1
requerem o escaneamento com o sensor sensibilidade e uma faixa dinâmica mais mV/m permite inclusive medições confiá-
em mãos, se torna prática devido ao en- ampla que um sensor ativo. A intensidade veis de baixa intensidade de campo, como
capsulamento do radome. O sensor pode de campo máxima de 100 V/m permite ocorre longe da fonte de irradiação.

Janeiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 444 I 37

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Instrumentação

Tudo em uma mala • Medições Short-term (minutos) ou como para medições precisas e evolução
O sistema de medição consiste de um Long-term (horas ou dias), figura 3; estatística de campos eletromagnéticos na
Analisador de Espectro Portátil e um Sensor • Média ao longo do tempo; faixa de frequência de 9 MHz a 6 GHz. Além
Isotrópico, ambos com espaço na mala de • Comutação automática dos ele- do que, a emissão de laudos radiométricos
transporte fornecida, assim como também o mentos sensores, sensor de cor- se torna simples com este sistema.
software para medições de EMF (figura 2). reção e cálculo da intensidade de Uma das grandes vantagens é a
Este sistema oferece uma variedade campo isotrópico; relação custo/benefício deste sistema.
de vantagens: • Correção automática de perda em As medições com seleção de frequência
• Emissões podem ser atribuídas cabo; são realizadas com a ajuda de sensorer
para frequências discretas e ana- • Redução de dados (soma do valor isotrópicos.
lisadas; com indicação de média e pico); O software de medições de EMF forne-
• Referência para valores limites • Referenciado para valor limite; cido simplifica as medições pelos pacotes
dependente de frequência; • Resultado em formato de tabela de medição prédefinidos e permite que
• Alta sensibilidade e ampla faixa ou gráfico; os resultados possam ser realizados com
dinâmica; • Exportação de resultados de me- referência às normas existentes e ajusta
• Procedimento de medição bastante dição, para Word ou Excel, por dos às novas determinações.
simples. exemplo; Para medições entre 6 GHz e 40 GHz,
Vários parâmetros de intensidade de • Emissão de relatórios para fins de a combinação de outras Antenas e um
campo podem ser determinados com o laudos radiométricos. outro Analisador de Espectro deverão
sistema de teste: ser feitos.
• Valores instantâneos; Conclusão Pa ra ma is i n for mações, acesse:
• Valor médio ao longo do tempo; O sistema portátil para medições de www.rohde-schwarz.com (pesquise
• Valor médio e de pico; EMF é ideal para medições rápidas, assim por: TS-EMF) E
• Valor máximo, calculado do canal
básico (BBCH em GSM) e número
de canal máximo.

Software altamente
especializado
O software de EMF foi especialmente
configurado para a detecção e avaliação
de campos eletromagnéticos. Usando a
opção de controle remoto, as funções
do analisador de espectro podem ser
ativadas via RS-232-C/USB e as transições
entre o sensor das antenas são realizadas
via interface USB.
Pacotes otimizados de medições pré-
definidas para os sinais a serem medidos
estão disponíveis para os emissores mais
comuns de modo que erros de medição
causados pela configuração incorreta F2. Tela do software para
podem ser evitados, como por exemplo, medições de EMF.
tempo de integração de sinais pulsados
muito curtos. Isso torna o sistema ideal até
mesmo para os usuários não experientes.
Os pacotes de medição podem ser
editados e ainda novos pacotes podem
ser criados.
Uma grande variedade de funções
podem ser realizadas por menus pré-
definidos:
• Uso de pacotes de medição pré-
definidos;
• Configuração dos parâmetros do F3. Medição Long-term na banda de frequência GSM900. O diagrama
instrumento; mostra os valores de pico da intensidade de campo medido em partes
por mil (PPM) de um valor limite, selecionável pelo software.

38 I SABER ELETRÔNICA 444 I Janeiro 2010

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Sensores

Sensor de
Temperatura
Isolado
E
ste artigo é baseado no Application de aproximadamente 4,5 V para alimentação
Note 4432 da Maxim (www.maxim- do sensor de temperatura.
ic.com), o qual descreve o projeto de O MAX6576 pode ser utilizado em muitas
um sensor de temperatura completa- aplicações, pois combina o circuito sensor,
mente isolado. Trata-se de um projeto ideal com toda a eletrônica de processamento do
para situações críticas, onde o isolamento do sinal e ainda tem uma interface I/O fácil de
sensor em relação ao circuito processador usar. A corrente que ele drena da fonte vem
é importante. de uma fonte simples e é muito pequena. A
O projeto da Maxim se baseia no circuito tensão pode ficar na faixa de 3 a 5 V.
integrado MAX845, que consiste em um No lado primário do sistema, o retorno
sensor de temperatura, e no MAX6576 que de terra do MAX845 tem um circuito RC
consiste num transformador isolado. colocado entre a base e emissor de Q1. O
A ideia básica deste projeto é que em valor de RC assegura que a soma da corrente
determinadas aplicações é necessário isolar do sensor de temperatura e a corrente de
o circuito sensor, dada a existência de po- magnetização do transformador seja insufi-
tenciais diferentes no local em que ele está ciente para fazer o Q1 conduzir. Quando Q2
instalado, o que pode afetar o sistema de conduz, ele drena aproximadamente 12 mA
transmissão de dados. Na figura 1 temos da linha de 4,5 V. Esta corrente é refletida
então o circuito sugerido pela Maxim. no primário, esta corrente da fonte flui do
O circuito faz uso de um driver de trans- 5 V para o MAX845 através do terra e do
formador com saídas retangulares que opera resistor de 75 Ω.
em frequência fixa, no caso o MAX845. Este Assim, a condução de Q2 causa a con-
circuito integrado excita um transformador dução de Q1, o qual segue a forma de onda
com uma relação de espiras de 1:1 e tomada de saída do coletor de Q1. Este circuito tem
central num dos enrolamentos. O secundário uma forma de onda conforme indicado nas
do transformador alimenta uma ponte de figuras 2 e 3 com um jitter equivalente a
onda completa (Graetz) que gera uma tensão 0,1° K na conversão mais rápida. E

40 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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Sensores

F1. Circuito do sensor isolado


de temperatura.

F2. Forma de onda no coletor de Q1, F3. Forma de onda no coletor de Q1,
conforme a saída do CI2 (MAX 6576). conforme a saída do CI2 (MAX 6576).

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 41

SE445_Temperatura.indd 41 17/3/2010 12:50:35


Sensores

Curso sobre
Sensores
Filipe Pereira
filipe.as.pereira@gmail.com

O
Veja na primeira parte deste ar- ser humano é provavelmente o ginou o aparecimento de uma segunda
melhor exemplo comparativo geração de instrumentos, designados
tigo a abordagem dos principais de como funciona um sistema como instrumentos digitais.
sensores utilizados na indústria, e de instrumentação. Perante a Vamos então introduzir dois conceitos
como eles são empregados, com aquisição de dados exterior, realiza ações importantes:
de controle, ou seja, está continuamente • Variável dinâmica é qualquer
as suas características, vantagens a monitorar a realidade que o envolve e, parâmetro físico que pode variar,
e desvantagens em função dela, a tomar decisões que nela ao longo do tempo, espontanea-
se repercutem. mente ou por influências externas.
O conceito de um sistema de aqui- Exemplos: temperatura, pressão,
sição e controle, aplicado aos sistemas caudal, nível, força, luminosidade,
industriais, nada mais é do que a aqui- umidade etc.
sição de dados do mundo físico através • Sistema de Controle é um con-
de sensores. Para que esta informação, junto de dispositivos que mantém
com programação, controle processos ou uma ou mais grandezas físicas,
sistemas através de atuadores. dentro de condições definidas à
A primeira geração de instrumentos sua entrada.
utilizados em medidas elétricas foi a Os dispositivos que o compõem po-
dos instrumentos analógicos, onde o dem ser elétricos, mecânicos, ópticos e até
operador tinha de efetuar a leitura dos seres humanos.
valores, de forma a controlar a máquina O objetivo do controle de processos
ou processo. é fazer com que uma variável dinâmica
O decréscimo dos custos da eletrônica fique fixa sobre (ou perto) de um valor
digital, nomeadamente dos PLCs, ori- específico desejado.

F1. Controle de um processo para regular


o nível do líquido num tanque.

42 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Vejamos a seguir, na figura 1, um sis-


tema básico de controle de processos para
regular o nível do líquido num tanque.
Vejamos quais as operações envolvi-
das no processo da figura anterior:

Processo
Os caudais de entrada e de saída do F2. Diagrama de blocos de um
líquido no tanque, o próprio tanque e o controle de processos.
líquido constituem um processo a colocar
sob controle, no que diz respeito ao nível
do fluido.

Medida
Para efetuar o controle de uma variá-
vel dinâmica num processo, temos de ter
informação sobre a própria variável. Esta
informação é determinada através de
uma medida da variável. Em geral uma
medida é uma transdução (transdutor)
de uma variável num correspondente
analógico dela que pode ser uma pressão
pneumática, uma tensão ou uma corrente F3. Diagrama de blocos de um
elétrica. instrumento de medida.
Transdutor: é um dispositivo que
efetua a medida inicial e a conversão
de energia de uma variável dinâmica
numa informação analógica elétrica ou
pneumática.
O resultado da medida é uma trans-
formação da variável dinâmica em uma
informação proporcional de forma útil
para os outros elementos da malha de
controle.

Avaliação
Consiste na comparação da medida
da variável controlada com o ponto de
ajustamento (setpoint) e na determinação
da ação necessária para trazer a variável
controlada ao valor do ponto de ajusta-
mento.
Esta avaliação aparece com o nome
de controlador (ex: processamento ele-
trônico).

Elemento de controle
Elemento final da malha de um con-
trole de processos é o dispositivo que
exerce uma influência direta no processo,
isto é, que faz as alterações necessárias na
variável dinâmica para trazer ao ponto de
ajustamento. (Ex.: é a válvula que ajusta o
caudal de saída do tanque). Figura 2.
Existem quatro blocos fundamentais
em que se pode dividir, do ponto de vista F4. Diagrama de blocos do funcionamento de
um sensor na generalidade.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 43

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Sensores

funcional, um instrumento de medida


(veja na figura 3):
• Sensor;
• Transmissão;
• Condicionador de sinal;
• Supervisão.

Características dos Sensores


O sensor é um dispositivo que transfor-
ma a informação da grandeza física a medir
em um sinal elétrico que lhe é proporcional
e que se encontra adaptado às característi-
cas dos módulos de entrada do PLC.
A grande maioria dos sensores são
do tipo elétrico, sendo o sinal, à sua
saída, uma tensão ou corrente elétrica
proporcional à grandeza física que se F5. Exemplos no mercado de
sensores mecânicos.
pretende medir.
Os sensores devem, ao monitorizá-
las, interferir o mínimo possível com as
variáveis de processo.
Eles devem proceder à conversão da
informação de uma natureza para outra
de forma, mais fiel, repetitiva e monótona
possível.
Na figura 4: Um D.B. do funciona-
mento de um sensor em geral.
Vejamos então quais as características
dos sensores:
• Repetitividade: Quantidade de
medições feitas pelo mesmo sensor
nas mesmas condições de funcio-
namento.
• Função Resposta: Variação na
saída em função da quantidade
medida.
• Desvio: Variação na saída do
sensor sem que exista qualquer
variação na sua entrada.
• Sensibilidade: Alteração na sa-
ída por unidade de variação da F6. Exemplos no mercado de
entrada. sensores mecânicos.
• Erro: Diferença entre a quantidade
medida e o valor “real/verdadei-
ro”.
• Incerteza: Parte da expressão do
resultado da medida que estabelece
o intervalo de valores dentro do
qual se encontra o valor real.
• Precisão: Termo qualitativo uti-
lizado para relacionar a saída
do instrumento com o valor real
medido.
• Resolução: Menor incremento da
variável física que pode ser detec-
tado pelo sensor. F7. Sensor F8. Constituição de um
indutivo. Sensor indutivo.

44 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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• Linearidade: Quando a sensibi-
lidade se mantém constante para
todos os valores da variável física,
o sensor é dito linear.
• Zona morta: A mais larga variação
da variável a ser lida, à qual o sen-
sor não responde.
• Estabilidade: Repetição dos re-
sultados.
• Estabilidade no zero: Medida da
capacidade do instrumento para
regressar à indicação de saída nula
para entrada nula. F9. Princípio de funcionamento
• Tempo de resposta: Rapidez com de um Sensor indutivo.
que a saída responde a uma varia-
ção do sinal da entrada.
• Coeficiente de Temperatura: Altera-
ção na resposta do sensor, por unida-
de de temperatura. Esta característica
aplica-se a todos os sensores.

Sensores Mecânicos
• O fim-de-curso mecânico é um
sensor digital. F10. Sensores indutivos com e sem
• São normalmente utilizados como encapsulamento metálico.
sensores de proximidade.
• Existem numa grande variedade
de formas para uma diversidade
de aplicações.
• Os sensores digitais são indicados para
operações do tipo “liga/desliga”.
As principais características dos sen-
sores mecânicos são:
• Fáceis de integrar em máquinas de
qualquer tipo;
• Requerem contato;
• Robustos.
Em seguida são apresentadas duas
figuras 5 e 6 com exemplos de sensores
mecânicos:
F11. Colocação de Sensores
Sensores Indutivos indutivos.
O sensor de proximidade indutivo
(figura 7) tem internamente uma bobina
que produz um campo eletromagnético,
que é utilizado pra detectar a presença de
um objeto metálico.
Este tipo de sensor (figura 8) é com-
posto por quatro elementos:
• Uma bobina;
• Um oscilador;
• Um circuito de sincronização;
• Uma saída.
Vejamos o funcionamento de cada
um dos componentes que constituem o
sensor indutivo. F12. Pontos de operação e deso- F13. Exemplos de Sen-
peração num Sensor indutivo. sores indutivos.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 45

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Sensores

• O oscilador produz uma tensão Atente para a figura 9. volta das bobinas para restringirem o
alternada que, quando é aplicada à As bobinas destes sensores encon- campo magnético lateral, a sua colocação
bobina, faz com que esta produza tram-se enroladas em um núcleo de deverá ser feita tendo em atenção que não
um campo magnético. Quando ferrite e podem estar, ou não, envoltas poderá haver partes metálicas a perturbar
um objeto metálico perturba esse no encapsulamento metálico do sensor. o fluxo magnético.
campo magnético, este decresce de (figura 10). Na colocação de vários sensores indu-
amplitude. O encapsulamento metálico é coloca- tivos devem ser obedecidas as seguintes
• O circuito de sincronização que do em volta das bobinas para restringir regras:
está encarregado de monitorar a lateralmente o campo magnético. • Na colocação adjacente de senso-
amplitude do campo magnético, ao Estes sensores podem ser colocados res, com encapsulamento metálico
perceber a perturbação do campo, em suportes de metal, desde que seja de proteção das bobinas, deverá ser
faz atuar a saída. salvaguardado o espaço por cima e dado um espaço que não pode ser
• Retirando o objeto metálico do em torno da superfície de detecção do inferior a duas vezes o diâmetro
campo de atuação do sensor, a sensor. do sensor;
saída deste retorna ao seu estado Quando os sensores indutivos não • Na colocação adjacente de senso-
normal. possuírem encapsulamento metálico à res, sem encapsulamento metálico
de proteção das bobinas, deverá
ser dado um espaço que não pode
ser inferior a três vezes o diâmetro
do sensor;
• Na colocação frontal de sensores,
com encapsulamento metálico de
proteção das bobinas, deverá ser
dado um espaço que não pode ser
inferior a quatro vezes a distância
máxima de detecção do sensor;
• Na colocação frontal de sensores,
sem encapsulamento metálico de
proteção das bobinas, deverá ser
dado um espaço que não pode ser
inferior a seis vezes a distância má-
xima de detecção do sensor.
Observe a figura 11.
Os sensores de proximidade indutivos
respondem à presença de um objeto me-
tálico quando este está na área de atuação
do sensor.
O ponto em que o sensor indutivo
reconhece o objeto metálico é denominado
de ponto de operação e o ponto em que
F14. Exemplos de aplicações de o sensor deixa de reconhecer o objeto é
Sensores.

F15. Sensor F16. Princípio de funcionamento


capacitivo. de um Sensor Capacitivo.

46 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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F17. Exemplo de uma aplicação de F18. Exemplos de sensores capacitivos F19. Exemplos de aplica-
um Sensor Capacitivo. existentes no mercado. ções de Sensores.

denominado de ponto de desoperação.


(Figura 12).
A área entre estes dois pontos é desig-
nada de zona de histerese.
Os sensores indutivos estão disponí-
veis em vários tamanhos e configurações,
de acordo com as várias aplicações indus-
triais. Veja na figura 13.
As aplicações deste tipo de sensores
são bastante vastas, exemplificando-se,
algumas delas:
• Detecção de brocas partidas;
• Detecção de parafusos para veloci- F20. Exemplos de sensores
dade ou sentido de rotação; fotoelétricos.
• Detecção de enlatados e tampas
metálicas;
• Detecção de válvulas abertas ou
fechadas.
Na sequência, na figura 14, são apre-
sentadas algumas das aplicações dos
sensores.

Sensores Capacitivos
Os sensores de proximidade capaciti-
vos são bastante semelhantes aos induti-
vos. (Figura 15). F21. Fontes de luz utilizadas na elabora-
Distinguem-se no entanto por, os ção dos sensores fotoelétricos.
sensores capacitivos, produzirem um
campo eletrostático, em vez de um Quando um objeto entra no campo Modelo de sensor Distância
campo eletromagnético. Além disso, os eletrostático, formado pelos eletrodos, a D4 mm/ M5 50 mm
T1. Valores
sensores capacitivos podem detectar capacidade é alterada e o oscilador, mo- M12 250 mm
de distância
objetos metálicos e não metálicos, nome- nitorizado por um circuito de disparo, ao M18 250 mm mínimos na
adamente papel, vidro, plástico, tecido, chegar a uma determinada amplitude faz K31 500 mm coloca-
K40 750 mm ção dos
entre outros. com que a saída mude de estado.
K80 500 mm sensores
Os sensores capacitivos são formados Quando o objeto sai do campo, a am- fotoelé-
por dois eletrodos concêntricos de metal, plitude do oscilador decresce, e o sensor L18 150 mm
tricos de
ou seja, um condensador que se encontra comuta para o seu estado Off. Veja na L50 30 mm forma a
ligado a um circuito oscilador. figura 16. L50 80 mm evitar inter-
ferências.

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 47

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Sensores

Os sensores capacitivos são especifi-


cados em relação ao objeto de detecção,
ou seja, quanto maior for a capacidade
dielétrica do material a detectar, mais
fácil será ao sensor a sua detecção.
Neste tipo de sensores, há que ter
o cuidado especial de não os colocar
em ambientes úmidos, uma vez que a F23. Aplicação do sensor fotoelétrico num
umidade pode provocar a operação do ambiente de contaminação extrema.
sensor.
Uma aplicação típica para os sensores
capacitivos é a detecção do nível de um lí-
quido através de uma barreira, por exem-
plo, a água é muito mais dielétrica que o
plástico. Este fato, aliado ao de o sensor
detectar, com mais facilidade, matérias
com uma constante dielétrica superior,
faz com que o sensor tenha capacidade
de “ver”, através do plástico, o nível da
água, conforme mostra a figura 17.
Os sensores capacitivos estão dispo-
níveis em vários tamanhos e configura-
ções, de acordo com as várias aplicações F24. Zona de atuação do sensor
em termos industriais. (Figura 18). fotoelétrico.
As aplicações destes sensores são
bastante vastas. A título exemplificativo
enumeram-se as seguintes:
• Detecção de embalagens de pa-
pel;
• Detecção de líquidos dentro de
embalagens de papel;
• Detecção do nível de líquidos em
silos;
• Detecção de todos os componentes F22. Aplicação do sensor fotoelétrico num F25. Sensores fotoelétricos de
não metálicos. ambiente de contaminação elevada. reflexão difusa.
Observe na figura 19.
dos 5 a 40 kHz, e de forma a permitir ao fumo e outros contaminantes ambientais
Sensores Fotoelétricos sensor distinguir entre a luz modulada podem, e condicionam, a luz que uma
O sensor fotoelétrico (figura 20) é um e a luz ambiente. fotocélula tem de utilizar para funcionar
sensor que utiliza luz modulada, refleti- As fontes de luz utilizadas na elabo- corretamente.
da ou interrompida pelo objeto que se ração dos sensores fotoelétricos variam Os graus de contaminação ambiental
pretende detectar. tipicamente entre a luz visível verde e os estão divididos em seis escalões, sendo
O sensor é composto por um emissor infravermelhos invisíveis. (Figura 21). eles:
de luz, um receptor para detectar a luz Devido ao grande campo de detecção • Ar limpo (condições ambientais
emitida pelo emissor e toda a eletrônica destes sensores é comum que, quando ideais, ou ambiente esterilizado);
associada e necessária para amplificar o dois sensores fotoelétricos são colocados • Pouca contaminação (contami-
sinal detectado para colocar uma saída próximos, possam interferir entre eles. nação que não afeta diretamente
em On. Para evitar interferências, deverá ser o local onde as fotocélulas estão
A utilização de uma luz modulada efetuado o reajustamento dos sensores, colocadas);
nos sensores fotoelétricos permite o ou, na altura da sua colocação garantir as • Contaminação pequena (aplica-
aumento da capacidade de detecção distâncias mínimas. (Tabela 1). ções em indústrias ligeiras ou
do sensor e, ao mesmo tempo, reduz O grau de contaminação existente aplicações de manipulação de
a interferência da luz ambiente nessa no mundo industrial é de vital impor- materiais acabados);
capacidade de detecção. tância na altura de escolher a fotocélula • Contaminação moderada (exis-
A modulação da luz é feita em uma a utilizar numa determinada aplicação tência de umidade elevada ou
frequência específica que pode variar industrial, ou seja, a sujeira, o pó, o vapor);

48 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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F26. Sensores fotoelétricos de reflexão
difusa com supressão de fundo.

• Contaminação elevada (partículas


pesadas no ar, ou existência de
ambientes sujeitos a lavagens);
Veja aplicação na figura 22.
• Contaminação extrema (ambientes
que deixem resíduos nas lentes do
sensor). Figura 23.
O ganho de um sensor fotoelétrico re-
presenta a quantidade de luz necessária
para fazer operar o receptor.
Num ambiente onde as condições
de trabalho sejam as ideais, um ganho
igual a 1 é geralmente suficiente. Por
outro lado, se o grau de contaminação
ambiente for tal que se observa 50% da
luz emitida pelo sensor, o ganho do sen-
sor deverá ser aumentado para o dobro,
de forma a operar o receptor.
O sensor fotoelétrico tem uma zona
de atuação baseada no tipo de luz e no

Fevereiro 2010 I SABER ELETRÔNICA 445 I 49

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Sensores

diâmetro do emissor. O receptor atuará


quando um objeto entrar nessa zona.
Repare na figura 24.
O tipo de sensor mais comum, dentro
dos sensores fotoelétricos, é o de reflexão
difusa.
O emissor e o receptor são encapsu-
lados dentro da mesma peça.
O emissor emite a luz que ao incidir
no objeto que se pretende detectar, retor-
na ao emissor.
Os sensores de reflexão difusa (figura
25) têm menor alcance que os outros tipos
de sensores ópticos, isto porque depen-
dem da luz refletida no objeto.
Os sensores de reflexão difusa com
supressão de fundo (figura 26) são usa-
dos para a detecção de objetos a uma
distância conhecida.
Os objetos que estão para lá da
distância de detecção pretendida são
ignorados. F27. Sensores fotoelétri-
Além desta característica, os sensores cos de retrorreflexão.
de reflexão difusa com supressão de
fundo são iguais aos sensores de reflexão
difusa.
Estes tipos de sensores são similares
aos sensores de reflexão difusa, a princi-
pal diferença reside, unicamente, no fato
de a luz ser refletida num refletor, em vez
de ser no objeto.
Os sensores de retrorreflexão (figura
27) possuem maior alcance que os senso-
res de reflexão difusa.
Os refletores são encomendados
separados dos sensores, e podem ser
pedidos com várias formas.
Estes sensores são especialmente F28. Constituição de um Sensor
usados na deteção de objetos brilhantes, fotoelétrico de retrorreflexão.
usando um refletor com pequenos pris-
mas que polarizam a luz do sensor. Veja Bibliografia
na figura 28.
Nesta configuração, o emissor e o re- 1) Catálogos OMRON: (www.omron.
ceptor são encapsulados separadamente. pt)
2) Automação industrial - 3 edição
O emissor emite a luz e o receptor recebe - J.Norberto Pires - EDITORA: Lidel
a luz do outro lado. Quando um objeto 3) Autómatas programables – Josep
passa entre o emissor e o receptor, o feixe Balcells, José Luis Romeral - EDI-
de luz é interrompido e o sensor é atuado. TORA: Marcombo
(Figura 29). 4) Técnicas de automação - João
R.Caldas Pinto - EDITORA: Edições
Técnicas e Profissionais
Conclusão 5) Curso de Automação Industrial
Nesta primeira parte conhecemos – Paulo Oliveira - EDITORA: Edições
alguns tipos de sensores e seu funciona- Técnicas e Profissionais
mento, na próxima edição abordaremos 6) Manual de Formação OMRON
- Eng.º Filipe Alexandre de Sousa
outros tipos de sensores, suas aplicações, Pereira
e instalações. Até a próxima! E F29. Princípio de funcionamento de um
Sensores fotoelétricos de retrorreflexão.

50 I SABER ELETRÔNICA 445 I Fevereiro 2010

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Microcontroladores

Tambor
Eletrônico
Utilizando recursos simples, podemos montar um tambor eletrônico
usando um microcontrolador PIC

Nicholai Pavan Sorpreso

U
ma das grandes facilidades de Uma das formas de simplificar este O circuito analógico para apenas um
ser músico nos dias de hoje é processo é associar um PC à aplicação. canal ou piezoelétrico é apresentado na
poder utilizar inúmeros equi- Isso permitirá que as etapas 5 e 6 fiquem figura 2.
pamentos que podem facilitar a cargo do PC, e as demais, 1 a 4, de um • O valor do capacitor pode ser mo-
muito algumas tarefas. circuito composto de componentes co- dificado para um melhor ganho
Os instrumentos de percussão já muns encontrados no mercado. (Entre 1 nF e 100 nF).
possuem versões eletrônicas populares, Um tambor eletrônico pode ser útil • Frequência de corte inferior FL = 15 Hz
mas ainda assim seu custo é alto. Isso é para estudo, para complementar um kit e frequência de corte superior
devido ao emprego de DSPs e extensas acústico, adicionando efeitos, ou simples- FH = 25 kHz.
bibliotecas de som. Demonstra-se, a mente para diversão. O capacitor de realimentação Cf define
seguir, o funcionamento de um tambor O transdutor mais usado é o piezoe- o ganho, enquanto os resistores Ri e Rf, de-
eletrônico, propondo-se um projeto sim- létrico. Ele é capaz de produzir em seus finem a faixa de frequência. Como o piezo-
ples e barato. terminais uma tensão proporcional à vi- elétrico gera tensões positivas e negativas,
bração em sua estrutura. O acoplamento faz-se necessária a soma de uma tensão
Como o som é produzido? do piezoelétrico pode ser feito na pele do DC, de valor igual à metade da tensão
Existem algumas formas de se produ- tambor com o auxílio de uma espuma. alimentação. Caso contrário, a tensão de
zir áudio a partir da vibração mecânica Outros objetos também podem ser usados alimentação precisaria ser simétrica.
de alguns objetos. Uma delas pode ser além de um tambor. Com isso, as etapas 1 e 2 estão con-
simplificada na figura 1. cluídas. Para as etapas 3 e 4 o uso de
Esta conversão é feita nas seguintes Captando o sinal um microcontrolador é a escolha mais
etapas: Captar a tensão gerada pelo piezoe- adequada. Além de possuir um conversor
• Converte vibração mecânica em létrico exige alguns cuidados. Uma das A/D e ser uma plataforma programável, o
tensão elétrica; formas de se realizar isso é utilizar um microcontrolador permite a comunicação
• Ajusta o sinal gerado pelo trans- amplificador em modo de carga. Uma com o PC, onde serão executadas as tare-
dutor para ser amostrado pelo explicação detalhada pode ser obtida no fas 5 e 6. O microcontrolador escolhido
conversor A/D; documento (Signal Conditioning Piezoele- foi o PIC18F452 da Microchip. Outros
• Converte a tensão analógica em um tric Sensors - Application Report SLOA033A microcontroladores podem ser igualmen-
grupo de bits; – Texas Instruments). te utilizados.
• Monta mensagens baseadas no
valor de pico;
• Define qual arquivo de áudio será
executado;
• Executa o áudio.
Neste método a frequência dos sinais
não é considerada, pois são utilizados
sons reais dos instrumentos. F1. Diagrama de conversão da vibração
mecânica ao áudio.

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Microcontroladores

O programa ainda conta com um sis-


tema adaptativo. O sinal do piezoelétrico
pode apresentar períodos bem maiores que
15 ms, de modo que para evitar a amostra
do mesmo sinal mais de uma vez ou aguar-
dar até que este se conclua, o programa
adapta a faixa de referência de acordo com
a intensidade do sinal. Sinais de maior
intensidade necessitam de maior tempo
para acomodação, mas adaptando a faixa de
referência um outro sinal já pode ser amos-
trado antes mesmo que o atual se conclua.
O código-fonte deste projeto se encontra no
site www.sabereletronica.com.br.

Como as mensagens
tornam-se sons?
Uma vez que as mensagens geradas
pelo circuito cheguem ao PC, um programa
em execução no Windows se encarregará
de recebê-las e destiná-las ao lugar certo.
F2. Circuito elétrico para Uma das formas como o PC trabalha
1 canal ou piezolétrico. com música é através do protocolo MIDI.
Deste modo, o programa transformará as
A saída de cada amplificador ope- 110 µs. Garante-se um tempo de amos- mensagens no padrão MIDI e um estúdio
racional deve ser inserida em cada uma tragem de 420 µs por canal. Este tempo virtual ou sampler poderá interpretá-las,
das entradas do conversor A/D do mi- é suficiente para obter dados do sinal do produzindo assim o som.
crocontrolador. Nem todo amplificador piezoelétrico, que pode durar de 50 ms a
operacional servirá para esta finalidade, 500 ms, dependendo da intensidade de O Circuito
isso porque, para garantir tensões de 0 a batida e do ganho. Na página de download do site www.
5 V, que é a faixa de trabalho do micro- A referência de tensão utilizada não sabereletronica.com.br , além do código-
controlador, o amplificador operacional será em 0 V e sim em 2,5 V. Como o fonte, o leitor também encontrará o esque-
deverá ser alimentado com 5 V. PIC18F452 trabalha com um conversor ma no formato Eagle. (Figura 3).
É importante utilizar modelos do tipo A/D de 10 bits, o número inteiro para É possível ver que o módulo de capta-
rail-to-rail, pois a tensão de alimentação é a referência é 512 (1024 ÷ 2). Porém, na ção do transdutor já está inserido e ligado
baixa. Além disso, o piezoelétrico apresen- prática, é necessário utilizar uma faixa de aos pinos 2 a 5 do microcontrolador, o CI3
ta alta impedância, exigindo que o ampli- limitação, pois do contrário, um mínimo (MAX232) faz a comunicação entre o pino
ficador operacional também possua alta ruído será considerado como um sinal 25 do microcontrolador e o conector DB9.
impedância na entrada. O circuito inte- e também não é possível garantir que Vale a pena lembrar que é possível usar
grado LMC6484, da National Instruments, a tensão de referência seja exatamente um diodo zener com tensão de regulação
atende a estas características, possuindo 2,5 V. A faixa escolhida compreende de de 2,4 V como tensão de referência.
quatro elementos encapsulados. Por esta 482(VL) a 542(VH), que equivale a 2,36 V O cabo para a conexão com o piezoe-
razão, o software apresentado para o pro- e 2,65 V. Esta faixa pode ser ampliada ou létrico deve ser semelhante aos cabos para
jeto refere-se a quatro entradas. reduzida para, respectivamente, diminuir microfone, ou seja cabos com malha.
ou aumentar a sensibilidade.
Software Cada vez que um sinal é detectado, Conclusão
A finalidade do programa em exe- durante os 15 ms seguintes o sistema Para os técnicos que gostam de música
cução no microcontrolador é realizar determina seu pico, que posteriormente e de montar os seus projetos, essa é uma
uma varredura nos 4 canais utilizados. será enviado ao PC. Cada mensagem boa oportunidade de aumentar o conheci-
Sempre que um sinal for encontrado, enviada ao PC é formada por uma letra mento e a gama de aparelhos eletrônicos,
seu pico será detectado. Com esta infor- (A, B, C ou D), que indica o canal e um que podem ser aprimorados e terem o
mação, uma mensagem será montada e número de quatro dígitos que repre- som refinado com um pouco mais de
enviada ao PC. senta o pico. A comunicação com o PC dedicação. Espero que este projeto sirva
Para fazer a varredura dos canais, uma é configurada para 19,2 kbps e ocorre de base para projetos ainda maiores e que
interrupção por tempo foi configurada por meio de um circuito padrão com o tenha uma grande utilidade para o leitor
para ocorrer, aproximadamente a cada CI MAX232. que deseje montar. E

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F3. Esquema elétrico do
Tambor eletrônico.

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Componentes

Técnicas de Extração de
Circuitos Integrados
R
etirar um circuito integrado com microcontroladores, DSPs e outras fun-
Um problema que aborrece invólucro SIP ou DIP de um ções muito complexas cujos invólucros
muitos profissionais de manu- equipamento é simples, se ele BGA e outros chegam a ter mais de 200
estiver montado num soquete. pinos. Veja na figura 1.
tenção eletrônica, principalmente
No entanto, se ele estiver soldado na pla-
os menos experientes ou que ca, e isso ocorre em praticamente todos Extração com o
tenham menos habilidade com os equipamentos comerciais, o trabalho ferro de soldar
envolvido pode ser bastante aborrecido. Obviamente, numa oficina de repara-
as ferramentas, é a remoção de
O risco de causar danos aos compo- ção de equipamentos eletrônicos, o ferro
um circuito integrado de uma nentes adjacentes ou mesmo de prejudicar de soldar é uma ferramenta indispensável.
placa de circuito impresso. Soltar a placa é grande e isso faz com que muitos Para usá-lo na extração de um circuito
profissionais evitem ao máximo realizar integrado o procedimento exige algum
o circuito integrado totalmente
este tipo de tarefa, chegando até a ponto cuidado e habilidade, mas é perfeitamente
não é algo fácil, principalmente de afirmar que o equipamento não tem possível.
se levarmos em conta sua quan- mais conserto ou preferindo trocar a O que se faz é simples: com uma chave
própria placa. de fenda introduzida entre o componente
tidade de terminais e sua posição
De fato, para se extrair um circuito in- e a placa de circuito impresso, forçamos
nem sempre favorável. tegrado precisamos ter alguma habilidade levemente para cima, conforme mostra
Neste artigo mostramos como além de ferramentas apropriadas. a figura 1.
Neste artigo mostramos como a extra- Este esforço não deve ser grande,
este tipo de trabalho pode ser
ção de circuitos integrados comuns pode tanto para não colocar em risco o compo-
feito com facilidade ser feita com facilidade maior ou menor, nente quanto a própria placa de circuito
dependendo dos recursos de que o leitor impresso.
disponha. Ao mesmo tempo que forçamos o
Evidentemente, o procedimento é componente, passamos a ponta do ferro
Newton C. Braga válido para os tipos mais comuns com in- de soldar rapidamente nos terminais de
vólucros DIP ou SIP (dual in line e outros), modo a obter a fusão da solda na maior
não se aplicando a microprocessadores, parte deles. Quando a solda derrete os

F1. Soldando os terminais e F2. O sugador


levantando o CI. de solda.

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

F3. A solda é derretida e depois F4. Retirando a solda com


é retirada com o sugador. uma malha absorvente.

pinos vão se soltando e o circuito vai solda de cada terminal de modo que
saindo, ajudado pela força exercida pela ele possa ser desencaixado depois com
chave de fenda. facilidade.
Passando diversas vezes o soldador Evidentemente, de tempos em tem-
e mudando a posição da chave de fenda pos, o reservatório para onde são sugadas
para a outra ponta do CI de modo a le- as pelotinhas de solda deve ser limpo.
vantá-lo, em pouco tempo conseguimos É importante observar que teremos
liberá-lo completamente. Devemos ape- maior eficiência no trabalho de liberação
nas ter o cuidado de limpar, depois, o local dos terminais de um CI se usarmos um
dos terminais para remover as eventuais soldador de maior potência (40 a 60 watts),
pontes de solda que se formam. mas se o CI estiver bom e pretendermos
aproveitá-lo em outra aplicação a opera-
Usando um sugador ção deve ser rápida para que o calor não
de solda o danifique.
Uma ferramenta barata mas de grande
utilidade em qualquer oficina de repa- Usando uma malha
ração de equipamentos eletrônicos é o absorvente de solda
sugador de solda, que tanto pode ser do Um outro recurso barato que ajuda
tipo isolado como pode ser encaixado no a limpar a solda dos terminais de um
soldador, conforme mostra a figura 2. circuito integrado ou outro componente
A finalidade do sugador é remover e, assim, permitir sua remoção é a malha
totalmente a solda em torno dos terminais absorvente de solda, que é mostrada na
de um componente quando ela é derretida, figura 4.
liberando-o assim. Observe na figura 3. O que se faz é aplicar o calor da ponta
Nessa figura mostramos como o su- do soldador nesta malha que se posiciona
gador deve ser usado para retirar a solda sobre os terminais de um componente ou
derretida de modo a liberar os terminais de um circuito integrado.
de um componente. Aquecida, a malha derrete a solda e a
O sugador indicado é do tipo que usa absorve, livrando assim os terminais do
uma bisnaga de borracha para fazer o componente que pode ser extraído com
vácuo que puxa a solda derretida. facilidade.
Existem outros que possuem um pe- Evidentemente, a operação de remo-
queno pistão com uma mola. ção da solda deve ser rápida se não dese-
O pistão é posicionado por uma mola jarmos causar dano ao componente.
e para se sugar a solda um botão é pres- Isso é importante caso ele ainda esteja
sionado, liberando a mola que puxa esse bom e simplesmente queiramos aprovei-
mesmo pistão fazendo o vácuo. tá-lo em outro equipamento.
No caso de um circuito integrado, A malha de remoção deve ser jogada
o que fazemos é derreter e remover a fora quando estiver “saturada” de solda.

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Componentes

Esta malha pode ser adquirida em roli-


nhos de 1 metro ou mais.

Usando uma ponta


extratora de CIs
Um outro recurso interessante que
os profissionais de reparação devem ter
em sua oficina é a ponta extratora de CIs,
conforme mostramos na figura 5.
Nela mostramos uma ponta para a
extração de CIs com invólucros DIP (Dual
In-line Package) ou DIL, e uma ponta para
invólucros SIP (Single In-line Package) ou
SIL.
O que se faz é colocar esta ponta num F5. Ponta extratora para CIs F6. Usando a ponta
soldador de potência um pouco maior que em invólucros DIL (DIP). extratora.
o normal (40 a 100 watts) e aquecê-la.
Seu formato permite que ela seja
encostada ao mesmo tempo em todos os
terminais do circuito integrado que se
pretende extrair, veja na figura 6.
Dessa forma, podemos derreter a sol-
da de todos os terminais ao mesmo tempo,
e forçando o circuito integrado para fora
podemos retirá-lo com facilidade.
Veja, entretanto, que o calor desenvol-
vido no processo é elevado, o que signifi-
ca que este método de extração coloca em
risco a integridade do circuito integrado,
principalmente se o profissional não for
experiente a ponto de fazer a operação
rapidamente.
Também, neste caso‚ é importante reti-
rar eventuais pontes de solda que podem F7. Usando um F8. Removendo com-
se formar quando o circuito integrado é extrator de CIs. ponentes SMD.
extraído, antes de se colocar o novo.
Extração de circuitos SMD Conclusão
Usando um extrator de CIs Os circuitos integrados SMD (para Retirar um circuito integrado de uma
O extrator de CIs é uma ferramenta montagem em superfície) encontrados placa de circuito impresso não é tão difícil
útil que pode se usada em conjunto com as em muitos equipamentos eletrônicos mais quando o profissional sabe como fazê-lo.
demais descritas anteriormente, de modo modernos, além de terem seus terminais No entanto, como qualquer operação mais
a facilitar a retirada de circuitos integra- soldados na parte de cima da placa, são delicada, é preciso prática e isso só se con-
dos de placas de circuito impresso. delicados e muito pequenos e estão cola- segue depois de se tentar algumas vezes.
Um extrator típico de circuitos integra- dos na placa. Se o leitor nunca tentou dessoldar
dos DIL é mostrado na figura 7. Para sua extração existem técnicas e um circuito integrado de uma placa de
Esta ferramenta contém duas presas kits especiais que os reparadores mais circuito impresso e sabe que, mais cedo
que são encaixadas nas partes laterais do avançados devem ter. ou mais tarde, precisará saber fazer isso,
circuito integrado. A forma mais simples de fazer reparos é bom praticar.
Um conjunto de molas força estas com este tipo de componente é remover a Arranje alguma placa velha que tenha
presas de tal modo que uma força é exer- solda de seus terminais com um soldador circuitos integrados que não sejam mais
cida sobre o CI no sentido de retirá-lo de ponta bem fina e depois quebrar o com- aproveitáveis e treine, usando os recursos
da placa. ponente para sua extração. Figura 8. que você tem.
Tudo o que temos de fazer, então, é O componente substituto deve, en- Em pouco tempo você não terá di-
passar o soldador nos terminais de modo tão, ser soldado no seu lugar com muito ficuldades em fazer substituições de
a retirar a solda que o extrator se encarre- cuidado para que pontes de solda não circuitos integrados em placas de circuito
ga de fazer a força para retirá-lo. curto-circuitem seus terminais. impresso. E

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Componentes

Curso Rápido de Retrabalho


Manual em componentes
montados em superfície (SMD)
Parte 3
Luiz Fernando F. Bernabe
www.gebtec.com.br

H
Chegamos a nossa última parte á vários métodos para se re- Os invólucros em Quad Flat preo-
deste curso rápido. Vamos apenas trabalhar SMDs em invólucros cupam muitos profissionais, até alguns
“Quad”. Algumas empresas mais experientes. Uma vez, no início de
fazer uma pequena retrospectiva.
fabricantes de equipamentos um curso presencial, um aluno afirmou
Vimos na primeira parte, o retraba- de retrabalho fornecem junto um kit que eu estava brincando quando disse
lho de SMDs de dois a 32 terminais de extratores (“garfos”) ajustáveis com que a prova de conclusão era retrabalhar
um fio de aço oxidado, outras empresas um circuito integrado de 182 terminais,
utilizando uma técnica rápida, de
fabricam acessórios (inclusos ou não) e duvidou com uma expressão séria no
grau de dificuldade de iniciante a do tipo de pinças a vácuo, pinças de rosto. Ficou mais surpreso ainda quando
médio, dependendo do compo- aço especiais com molas, extratores se- respondi que ele mesmo iria fazer este
miautomáticos combinados no cabo do retrabalho na prova. Por volta do fim do
nente, da quantidade de terminais
soprador, conjunto de molas com pinça curso presencial, este aluno ficou admira-
e da sua geometria. a vácuo, etc, etc. Todo esse ferramental do com a própria habilidade em concluir
Na segunda parte, agora exi- é para facilitar somente a extração de a tarefa. Sabe quanto anos de experiência
componentes “Quad” e seus similares. ele tinha na época? Quase 17 anos de
gindo um pouco mais de destreza,
O profissional tem que buscar a melhor trabalho em eletrônica!!! Por mais surpre-
apresentamos uma segunda téc- relação custo/ benefício que seja ade- endente que seja, há muitos profissionais
nica para o retrabalho dos com- quada a sua necessidade, considerando que são levados a pensar desse modo,
inclusive a confecção de uma ferramenta vendo o lado das dificuldades.
ponentes maiores e de invólucros
própria (eu mesmo já fiz duas). Os invólucros do tipo Quad são
mais complexos; é muito útil, mas Agora nesta terceira e última eta- componentes em formato quadrado ou
a velocidade de execução é menor, pa, abordaremos exclusivamente estes retangular (figura 1 e 2), que possuem ter-
mesmos invólucros, os do tipo Quad minais em todas as suas arestas. Podem
dependendo muito da quantidade
(quádruplos): os QFP, TQFP, PLCC e ter seus terminais mais adequados para
de terminais. Esta técnica de nível seus similares. Um “detalhe” externo soquete (PLCC) ou para serem soldados,
intermediário pode ser utilizada que chama muito a atenção é a sua não possuem uma quantidade determi-
quantidade de terminais que justifica nada de terminais, podem ser de 32, 64,
em invólucros de diversos tipos,
todos os cuidados com o retrabalho des- 84, 100, 132, 144, 182, 208 ou até mais de
como por exemplo: SOP, MSSOP, tes componentes QFP, indicando que o 500 terminais. A segunda característica
SOIC, TSSOP, PDIP, etc. e sem limite componente deve ter maior tecnologia importante é que a sua quantidade total
para a sua fabricação, maior quantidade de terminais necessariamente é um nú-
de quantidade de terminais, de-
de funções e, por consequência, um custo mero par, parece óbvio, mas no processo
pendendo apenas da habilidade maior, sendo mais difícil de ser adquirido de “trouble shooting” essa informação é
do profissional em pouca quantidade. significativa na identificação (contagem)

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Componentes

de terminais para colocarmos uma ponta


de prova de um osciloscópio ou gerador
de sinais, por exemplo.
O leitor pode se deparar com fabri-
cantes de equipamentos que utilizam
componentes SMD em invólucro PLCC
(figura 3) soldados à placa, embora não
seja o ideal, é relativamente comum por
diversas razões técnicas, desde a faci-
lidade para aquisição até utilização de
estoque de desenvolvimento. Exige mais F1. QFP F2. QFP
alguns cuidados quanto ao seu retraba- quadrado. retangular.
lho, mas não é um fator que o impeça. É
muito utilizado em microcontroladores
com memórias Flash, EEPROM e até UV-
EPROM (janeladas).
Na figura 4 observe que são soquetes
que podem funcionar como adaptadores
para soldar na placa, o adaptador mais
alto é para PADs perfurados enquanto
os outros dois soquetes são para PADs
em SMD.
O retrabalho dos SMDs em invólucros
“Quad” requer muito cuidado e atenção, F3. PLCC (20 F4. Soquete para PLCC
muito mais do que até agora menciona- terminais). (terminais diversos).
mos nos artigos anteriores. Este tipo de
invólucro possui terminais frágeis na
temperatura ambiente, e quando são
aquecidos, a sua fragilidade aumenta
muito. Só para se ter uma ideia dessa fra-
gilidade, se um CI (temperatura ambien-
te) cai de 10 centímetros de altura sobre
a bancada, vários de seus terminais são
amassados irrecuperavelmente, depen-
dendo da habilidade do profissional.
Voltando ao tema, vamos citar neste
Curso Rápido de Retrabalho duas manei- F5. Extrator em formato de
“garfo” e pinça reta.

F6. Extrator colocado entre os


terminais e o corpo do C.I.

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F7. Aquecendo a área de solda
para a retirada do C.I.

ras de se retirar o componente em QFP Com um extrator do tipo “garfo”, verso. Soldaremos o mesmo componente
da placa, com o extrator em formato de coloque-o sob os terminais no espaço no mesmo lugar, simulando uma situação
“garfo” e com uma pinça comum, reta entre o corpo do componente e a placa, em que foi retirado um circuito integrado,
ou curva. (Figura 5). como é mostrado na figura 6. Aqueça substituído por um novo, sendo que o
Iniciamos com a verificação do ferra- lentamente a área de solda (os terminais, defeito não foi solucionado.
mental a ser utilizado, desde a pulseira os PADs e o corpo do CI), figura 7. As- Mais crítico do que soldar um CI
antiestática até as pinças (reta e curva), sim que a solda ficar brilhante, ela está novo no lugar é soldar um CI que já foi
passando pela limpeza da área estanhada fundida, mantenha todos os terminais retirado da placa. Neste curso rápido
da ponta cônica do ferro da estação de na mesma temperatura, observando o pulamos a parte “fácil” de soldar o CI
solda (essencial), colocamos a pulseira brilho da solda. Assim que a solda se novo e partimos para a soldagem do
antiestática, verificamos o fluxo na caneta derreter em todos os terminais igual- seminovo.
(seringa), etc. Fazemos este “check list” mente, o extrator (“garfo”) funcionará Como vamos começar? Do mesmo
para não termos que sair da bancada sem como uma gangorra e se inclinará para modo, limpando a placa com álcool
necessidade, justamente na hora em mais o lado do cabo, retirando “automatica- isopropílico, passando a escova (pincel)
precisamos permanecer. mente” o componente da placa, figura antiestática e removendo os resíduos para
Inicialmente escolhemos um CI em 8. Parece simples? Mas, não é. Exige fora dela. Feito isso, aplicamos o fluxo
QFP, para começar pode ser um com bastante cuidado, atenção e treino. no-clean com a caneta (seringa) nos PADs
32 ou 48 terminais, não muito mais que Se a opção possível é uma do tipo do CI. Colocamos sobre os PADs a malha
isso. pinça (comum, de aço inox), realizamos dessoldadora e retiramos o máximo de
Limpamos a placa com um removedor esta tarefa de modo um pouco diferente. solda possível, deixando os PADs brilhan-
antiestático de fluxo ou álcool isopropí- Depois da limpeza completa e de aquecer tes e limpos.
lico, observando o lado mais próximo da todos os terminais por igual, da mes- Agora passamos para a segunda ta-
borda. Com uma escova (pincel) antiestá- ma maneira que a escrita no parágrafo refa mais crítica de todo o curso, coloque
tica (o), remova o excesso de álcool diluído anterior, pince o componente pela sua o CI virado (com os terminais voltados
com o fluxo, pó e a sujeira. Aplique o diagonal, segurando-o com firmeza e para cima), utilizando a pinça. Cuida-
fluxo no-clean nos terminais. Existem retire-o da placa colocando-o sobre uma dosamente aplique o fluxo no-clean e
tubos de spray com fluxo no-clean com superfície metálica, veja na figura 9. muito calmamente passe a ponta do ferro
pincel antiestático acoplado, também é Como estamos tratando de Retraba- de solda sobre cada um dos terminais,
uma opção muito útil. lho, vamos agora seguir o caminho in- retirando os restos de solda. Termina-

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Componentes

F8. O C.I. sendo retirado da


placa com o extrator.

da esta etapa, vire o CI novamente na


posição em que será soldado, coloque-o
sobre a manta antiestática e aplique o
fluxo no-clean em seus terminais. Agora,
segure-o com a pinça pela sua diagonal
e coloque-o sobre os PADs.
As tarefas mais difíceis de serem exe-
cutadas no curso são estas, posicione o
CI exatamente sobre os PADs nas quatro
faces utilizando a pinça e, com uma boli-
nha de solda na ponta do ferro de soldar,
fixe o CI em uma de suas quinas. Faça
uma outra bolinha e fixe o CI novamente
na sua diagonal oposta. O componente
está na posição correta, fixado e pronto
para soldagem.
Aplique o fluxo no-clean novamente,
e com um mínimo de solda na ponta do
ferro, solde um a um todos os terminais
do circuito integrado. Observe a quan-
tidade e como a solda se distribuiu no
conjunto terminal/PAD.
Remova o excesso de solda com
aplicação do fluxo e da malha. Todas
as soldas têm que estar brilhantes e
limpas, como se fossem feitas por uma
máquina.
Encontro vocês em outra atividade.
OK! E F9. Utilizando a pinça para
auxiliar na extração do C.I.

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ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Componentes

O Transistor
2N3055
Newton C. Braga

O
Um transistor de enorme uti- transistor 2N3055 pode ser • Na saída de amplificadores de áu-
lidade, considerado ideal para encontrado nos catálogos de dio de alta potência, podendo ser
diversos fabricantes, dada a sua ligados em paralelo para se obter
o “serviço pesado” e que todo
enorme utilidade. Trata-se de saídas de centenas de watts;
montador ou projetista de apare- um transistor NPN de alta potência, de • Em circuitos comutadores que
lhos eletrônicos principalmente silício, apresentado em invólucro TO-3 de devam acionar dispositivos de cor-
metal, conforme mostra a figura 1. rentes elevadas como solenoides,
daqueles envolvendo aplicações
Uma versão de menor dissipação, e eletroímãs, etc;
industriais, controle, robótica e mais “econômica”, é encontrada em in- • Em carregadores de baterias, con-
mecatrônica deve conhecer, é o vólucro plástico TO-220, como o TIP3055, trolando a corrente principal;
2N3055. Capaz de dissipar po- mostrado na figura 2. • Em inversores, gerando ou ampli-
Exceto pela dissipação, a versão em ficando os sinais que devem ser
tências de até 115 W e de operar invólucro plástico deste transistor tem as aplicados aos transformadores.
com correntes de coletor de até mesmas características da versão original Damos a seguir os máximos absolutos
de invólucro de metal. deste transistor:
15 A podemos usá-lo em fontes
O 2N3055 é um transistor de baixa Máximos a 25 graus Celsius:
de alimentação, amplificadores frequência, ou seja, consegue-se controlar • Tensão coletor/base: 100 V
de áudio, controles de potência, correntes elevadas, sacrificando-se sua ve- • Tensão coletor/emissor: 70 V
e em muitas outras aplicações locidade. Assim, ele não consegue operar • Tensão emissor/base: 7 V
em frequências que estejam muito acima • Corrente contínua de coletor: 15 A
que trabalham com corrente de algumas dezenas de quilohertz. • Corrente contínua de base: 7 A
contínua e baixas frequências. No entanto, isso não é problema para • Dissipação máxima: 115 W
Veja neste artigo como usar o as aplicações mais comuns que são: • Faixa de temperaturas de operação:
• Em fontes de alimentação comuns -65 a 200 ºC
2N3055 (não comutadas), controlando a Características Elétricas:
corrente principal; • Frequência de transição: 10 kHz
• Como reostato, controlando a intensi- (min)
dade da corrente em cargas de potên- • Ganho de corrente: 15 (min); 120
cia como lâmpadas, motores, etc; (tip)

F1. Invólucro
metálico TO-3.

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Componentes

F2. Invólucro plástico F3. Esquema elétrico da Fonte


TO-220. de Alta Corrente.

Fonte de Alta Corrente


O primeiro circuito aproveita bem as
características do 2N3055 no controle de
correntes elevadas. Temos uma fonte de
13,2 V (12V) com uma corrente máxima
de saída de 4 ampères.
O circuito é ilustrado na figura 3 e o
transistor 2N3055 deve ser montado em
um excelente radiador de calor.
Veja que, nas aplicações em que o
2N3055 opera com dissipações elevadas,
é muito importante sua conexão térmica
com o radiador de calor apropriado. F4. Montagem do 2N3055 em
Na figura 4 temos o modo de se fazer a radiador de calor.
montagem de um 2N3055 num radiador
de calor.
Entre o radiador e o transistor é colo-
cado um isolador de mica ou plástico es-
pecial untado com pasta térmica. A pasta
térmica facilita a transferência de calor,
mas isola eletricamente o componente do
radiador de calor.
Isoladores para os parafusos impedem
que estes elementos de fixação façam
contato com o radiador, mas tão somente
com a carcaça.
Um dos parafusos de fixação é apro-
veitado como contato de coletor, sendo
preso nele um terminal aberto, onde deve
ser soldado o fio correspondente. F5. Verificando a isolação entre
Um teste com o multímetro depois o transistor e o radiador.
da montagem, conforme demostra a
figura 5, permite verificar se o transistor
está devidamente isolado do radiador
de calor.
Na fonte de alimentação os diodos
devem ser 1N5404 e o transformador deve
ter um enrolamento secundário de 15+15V
com uma corrente de 4 ampères.
Os eletrolíticos devem ter as tensões
mínimas de trabalho indicadas no dia-
grama para que não ocorram roncos. Os F6. Esquema elétrico F7. Circuito elétrico do
do Reostato. Reostato nº 2.

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Componentes

fios de conexão que operam com corren-


tes mais elevadas devem ter espessura
apropriada.

Reostato
Uma aplicação simples do 2N3055 é
a exibida na figura 6 em que usamos este
transistor como um “potenciômetro”
eletrônico. Com o 2N3055 podemos usar
um potenciômetro comum para controlar
uma corrente elevada numa carga como
por exemplo uma lâmpada, um motor,
um elemento de aquecimento ou qualquer
dispositivo que exija até uns 4 ampères.
O circuito opera com tensões de en-
trada de 6 a 15 V, e o transistor deve ser
dotado de um bom radiador de calor.
Evidentemente, este circuito só pode
operar com correntes contínuas puras ou
pulsantes, pois o transistor só pode con-
duzir a corrente num único sentido.

Reostato 2
Nossa segunda versão de reostato,
usando um 2N3055 permite o uso de um
potenciômetro de menor dissipação. O
circuito que pode controlar corrente de
alguns ampères é mostrado na figura 7.
O valor do potenciômetro entre 10 k e
100 kohms depende do ganho do transistor
excitador e também da corrente de saída. O
transistor excitador tanto pode ser o TIP31
como o BD135. Dependendo da corrente
controlada, este transistor deve ser dotado
de um pequeno radiador de calor

Driver para Cargas DC


Cargas de alta corrente contínua como
lâmpadas, solenoides, motores com ten-
sões até uns 18 V podem ser controladas
com facilidade com correntes baixas da
saída de lógica TTL ou CMOS, usando o
circuito mostrado na figura 8.
Neste circuito a carga é acionada
quando a saída do circuito lógico vai ao
nível baixo, uma vez que usamos um tran-
sistor PNP para excitar o transistor NPN
2N3055. Esta configuração é mais apro-
priada, pois no caso de lógica TTL temos
maior capacidade de saída quando ela se
encontra no nível baixo. Além disso, usan-
do dois transistores NPN, como ilustra
a configuração da figura 9 (Darlington),
precisamos de uma tensão maior para
iniciar a condução (pelo menos 1,4 V) o
que torna o circuito menos sensível.

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Componentes

Esta configuração, entretanto, pode res tipos com dissipações de 150 watts disso! A potência que um transistor pode
ser empregada para os casos em que te- ou mais, logo imaginam que podem usar dissipar, de longe, não é a máxima potên-
mos a disponibilidade de uma tensão de estes componentes em “potentes” ampli- cia que ele pode controlar ou fornecer a
excitação de pelo menos 6 V. ficadores da mesma potência. Não é nada um circuito externo. E
Questão de Potência
Leitores que já “queimaram” transis-
tores como o 2N3055 em experiências que
envolveram correntes menores que 15 A
devem estar se perguntando se não have-
ria algo de errado nestas especificações.
Algumas explicações importantes
precisam ser dadas a esse respeito.
O que ocorre é que a corrente má-
xima que um transistor pode conduzir
entre seu coletor e emissor não é um
valor absoluto, mas depende também F8. Esquema elétrico do
da tensão que existe entre esses dois driver para cargas DC.
elementos.
Os transistores possuem algo que se
denomina SOAR, que é a abreviação de
Safe Operating Area Regulamentation.
Isso significa que existe uma certa
área no gráfico (tensão x corrente) em
que opera o transistor, dentro da qual a
dissipação se mantém dentro dos limites
que o componente pode admitir, confor-
me exibe a figura 10.
Assim, um transistor 2N3055 real-
mente pode conduzir uma corrente de
até 15 ampères, mas, se neste momento, a F9. Dois transistores NPN em
tensão entre o coletor e o emissor for me- configuração Darlington.
nor que um determinado valor: 7,66 A.
Por que este valor?
Se a tensão for inferior a este valor,
o produto tensão x corrente será menor
que os 115 watts que ele pode dissipar e
tudo corre bem. No entanto, se for maior,
como por exemplo, 10 A, a potência
desenvolvida será de 10 x 15 = 150 watts
e o transistor não consegue dissipá-la,
queimando-se em seguida.
Veja, então, que podemos trabalhar
com correntes maiores se a tensão for
menor e vice-versa.
Dessa forma, na nossa fonte limi-
tamos em apenas 4 ampères a corrente
de saída, porque há instantes em que
a tensão entre o coletor e o emissor do
transistor, com esta corrente, se torna
suficientemente elevada para gerar uma
boa quantidade de calor. Devemos man-
ter esta dissipação dentro daquilo que o
transistor pode admitir.
Isto vale para os projetistas “novatos”
que, ao verem nos manuais de transisto- F10. Área de Operação Segura do Transistor em
termos de dissipação de potência.

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opinião

A Arquitetura
Híbrida da AMD
Roberto Brandão
Um dos caminhos que a indústria seguirá com o Gerente de Tecnologia
amadurecimento do GPGPU, será a unificação de CPU da AMD Brasil
e GPU em uma nova arquitetura avançada.
Conversamos com um executivo da empresa, que
nos conta alguns detalhes sobre o futuro do GPGPU e
das plataformas híbridas

C
om o amadurecimento de sistemas Com o GPGPU, os computadores então ao dado na RAM, o que ocasionará
operacionais e softwares voltados deixarão de ser exclusivamente traduções de protocolo. No exemplo, mes-
para GPGPU, é natural que CPUs e “x86” e passarão a executar seu mo com a GPU integrada, o dado precisou
GPUs passem a ter uma relação tão processamento em uma arquitetura sofrer várias traduções entre os protocolos
próxima que um dia venham a se fundir em híbrida CPU+GPU. Como a internos de comunicação, primeiramente
um só componente altamente integrado e AMD enxerga estas plataformas da GPU para o barramento, depois deste
com excelente desempenho. híbridas que estão nascendo? para a controladora, e por último da con-
Uma das empresas que lidera este mo- Isso faz parte da evolução natural dos troladora para a memória. No caminho de
vimento de unificação é a AMD, atualmente computadores. As GPUs evoluíram muito e volta o dado irá sofrer todas as traduções
a única empresa a ter uma linha própria de em pouco tempo. Ignorar isso e desperdiçar novamente.
CPUs e GPUs, a qual participa ativamente no todo o poder presente, hoje, nas placas de Este tipo de “integração” é fácil de fazer,
desenvolvimento do OpenCL e aposta que vídeo não faz sentido. tanto que a AMD já oferece processadores
o futuro é dos processadores híbridos. de baixo consumo com IGP (Integrated
Para mostrar um pouco mais sobre o A AMD está pronta para Graphical Processor) integrado há muito
futuro desta tecnologia, conversamos com esta mudança? tempo, chamados Geode. A ideia do Fusion
o Gerente de Tecnologia da AMD Brasil, Atualmente a AMD é a única empresa é integrar GPU e CPU em um processador
Roberto Brandão. Veja a seguir o que ele que tem processadores x86, faz seu pró- avançado para que não seja mais necessário
nos disse. prio chipset e tem soluções gráficas 3D. um barramento entre os circuitos, aumen-
E em 2011 teremos o lançamento de um tando o desempenho de ambos. Chegaremos
processador móvel que tem uma GPU ao ponto em que não existirão mais dois
fundida ao núcleo, não apenas integrada, componentes e sim apenas um, projeto que
denominado Fusion. chamamos de GrandFusion.

Qual é a diferença de O que é exatamente o GrandFusion?


“integrado” e “Fusion”? No GrandFusion não existe mais
Dizemos “integrado” quando existem separação física entre GPU e o núcleo
vários circuitos dentro do mesmo encapsula- físico x86. Basicamente, ele é uma APU
mento, mas estes conversam entre si como (Advanced Processing Unit) ou HPU (Hybrid
se fossem componentes separados. Processing Unit) que consegue processar
Uma GPU integrada ao processador tanto chamadas DirectX (DirectCompute
desta forma, quando precisa de um dado e Direct3D) quanto instruções x86. Não
da memória faz a solicitação ao barramento teremos mais apenas uma integração no
frontal ou ao HyperTransport, que acessa a silício entre componentes distintos, tudo
controladora de memória que faz o acesso será fundido no nível das microinstruções.

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opinião
Nossa ideia é que tudo seja tão integrado
que será impossível saber se determinada
...as GPUs A demanda por produtos da empresa
cresceu tanto no último ano que agora a
área de cache é de vídeo ou x86, pois será
de ambos. evoluíram muito GlobalFoundries está iniciando também a
produção de GPUs.
Percebemos um grande aumento na
Podemos esperar toda essa
integração com a primeira família
e em pouco procura de nossos produtos por parte de
grandes integradores, inclusive daqueles que

tempo. Ignorar
de processadores Fusion? costumeiramente trabalhavam apenas com
Não, na primeira geração do Fusion ainda outras marcas, e que agora já se mostram
existirão dois circuitos distintos, apesar de mais receptivos aos produtos AMD/ATI.
não haver mais a tradução de informações
entre eles. Talvez na segunda geração seja isso e desperdiçar Boatos dizem que a dificuldade
possível chegar ao nível de integração que de encontrar produtos da
queremos. todo poder linha DirectX11 no mercado
é culpa da baixa produção
A AMD acha, então, que o x86
como o conhecemos morrerá?
Morrer não, ele irá se expandir cada
presente, hoje, de GPUs . Isso é verdade?
A AMD está sofrendo as consequências
do seu próprio sucesso. Ela é a única que
vez mais. O x86 está acostumado com
esta evolução. Se você tentar lembrar qual
nas placas de disponibiliza produtos com suporte ao Di-
rectX 11 e com poder de processamento
foi a última vez em que viu um x86 puro,
dificilmente conseguirá. Isso porque vieram
extensões MMX, SSE, o próprio 3D-Now
vídeo não faz de 5 teraflops.
Além disso, a procura por parte dos
grandes integradores, dentre eles alguns
da AMD e o x86-64, que é uma grande
extensão, e hoje em dia também temos sentido. que eram parceiros de concorrentes, sur-
preendeu a todos.
novas extensões voltadas à virtualização. O Nossa parceira TSMC tem cumprido
suporte a GPGPU será considerado como O OpenCL é uma API fielmente todas as nossas exigências e pra-
mais uma extensão do x86. somente para jogos? zos, não podendo ser culpada por qualquer
Não. Nada impede que o OpenCL dificuldade de encontrar o produto no
A AMD descontinuou os também seja utilizado no desenvolvimento mercado. Para 2010 teremos também a
projetos Brook+ e Close to de jogos, mas creio que este não será o GlobalFoundries produzindo GPUs.
Metal, voltados para GPGPU? foco desta API. Existem alternativas como O problema inicial da maior demanda
Eles não foram descontinuados, mas o Compute Shader, desenvolvido pela Mi- que oferta das placas Radeon HD 5000 já foi
evoluíram para algo maior. Todos os projetos crosoft, que acredito ser o mais apropriado resolvido e estamos lançando mais modelos
que existiam vão continuar em desenvolvi- para este mercado. com suporte a DirectX 11, incluindo placas
mento, mas agora voltados para o OpenCL, de custos intermediários e de entrada. Todas
que é livre. A AMD/ATI oferece suportam também os pacotes de software
suporte ao OpenCL? que fazem uso de aceleradores em GPUs. A
Onde e como irá triunfar o OpenCL? Não só oferecemos suporte, como já ideia é que teremos Radeon HD 5000 para
O OpenCL é “Open”, uma linguagem tem muita gente usando-o. No site http:// todos os níveis de orçamento.
universal que pode ser usada em qualquer developers.amd.com é possível baixar
lugar. Hoje o mercado não olha com bons a última versão do SDK do OpenCL, já na A adoção de GPGPU no mercado
olhos soluções fechadas, que não tenham sua versão final, além dos últimos drivers brasileiro será algo rápido?
concorrência ou cujo uso dependa do pa- de vídeo com suporte completo a esta Hoje, não existe no Brasil produção de
gamento de royalties. API, e com a vantagem de que todo este placas de vídeo. Algumas empresas estão
Além disso, o OpenCL deverá funcionar material é free. se preparando para isso, entretanto, seu
em qualquer lugar, e nada impede que eu objetivo maior é atender as regras do PPB,
tenha um netbook com funções aceleradas Como a AMD/ATI lida com ou seja, oferecer produtos que permitam
por GPGPU, ou ainda que um mestre faça a demanda de produtos que um computador seja vendido dentro da
seus testes em um notebook antes de usar com suporte a GPGPU? faixa de preço inferior a R$ 2.000,00, que
seu software dentro do centro de processa- A AMD/ATI não tem produção própria conta com benefícios fiscais do governo. Com
mento da Faculdade. Este tipo de vantagem de processadores, sejam eles CPUs ou GPUs. o aumento dos impostos para importação
não se consegue com um produto voltado A produção é feita através de parceiros de placas de vídeo, decretado pelo governo
apenas para o mercado profissional ou para como a TSMC (GPUs) e GlobalFoundries para proteger a produção local, a adoção do
o de jogos. (processadores). GPGPU será mais lenta do que deveria. E

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