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ALESSANDRA AKEMI YOKOTA

APLICAÇÃO DO CUSTEIO-META NO PROCESSO DE


PROJETO EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

CAMPINAS
2015

i
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

ALESSANDRA AKEMI YOKOTA

APLICAÇÃO DO CUSTEIO-META NO PROCESSO DE


PROJETO EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de


Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp,
para obtenção do título de Mestra em Engenharia Civil, na
área de Construção.

Orientador: Prof. Dr. Ariovaldo Denis Granja

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ALESSANDRA AKEMI
YOKOTA ORIENTADO PELO PROF. DR. ARIOVALDO DENIS
GRANJA.

ASSINATURA DO ORIENTADOR

______________________________________

CAMPINAS
2015

iii
iv
v
vi
RESUMO

YOKOTA, Alessandra Akemi. Aplicação do Custeio-Meta no processo de projeto em


Habitação de Interesse Social. Campinas, 2015. 202 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) - Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas.

Na abordagem do Custeio-Meta (CM), o custo é um parâmetro de entrada que norteia o processo


de projeto, salvaguardando-se os requisitos de qualidade e o desempenho de suas funções na
percepção do cliente ou usuário final, para o alcance de um produto competitivo e inovador. O
presente estudo tem como objetivo aplicar o CM no processo de projeto de uma unidade de
Habitação de Interesse Social (HIS) em tecnologia Wood Frame, levando em consideração o
contexto do Programa Governamental “Minha Casa, Minha Vida”. Fundamentada no método da
Design Science ou Pesquisa Construtiva, este estudo visa aplicar o CM neste processo, para
posteriormente identificar as possíveis contribuições teóricas a partir dos resultados obtidos. Por
meio da utilização de técnicas e ferramentas características do CM para a estimativa de custo e
tomada de decisão com foco no valor a partir da percepção do usuário final, também busca
identificar as oportunidades e dificuldades para a aplicação do CM neste contexto. Os dados
utilizados como parâmetro de custo da Unidade Habitacional foram cedidos por uma empresa
especializada na tecnologia Wood Frame. O processo de projeto foi desenvolvido por um grupo
de pesquisadores, envolvendo docentes e discentes de diversas especialidades nas áreas da
Arquitetura e Engenharia Civil. Como principal resultado, ao final do estudo, será gerada como
artefato uma instância atual da aplicação do CM para o contexto proposto, visando à melhoria no
atendimento das necessidades e requisitos para HIS do ponto de vista do usuário final, não se
perdendo de vista os necessários controles de custo do produto. A orientação prescritiva deste
estudo oferecerá novidade em relação aos trabalhos já disponíveis, à medida que apresentará
resultados provenientes da aplicação prática do CM no contexto analisado e novas contribuições
teóricas decorrentes da análise deste processo.

Palavras-chave: Construção Civil – Estimativas; Inovações Tecnológicas; Conjuntos


Habitacionais – Projeto e construção; Projeto – Metodologia; Controle de Custo.

vii
viii
ABSTRACT

YOKOTA, Alessandra Akemi. Target Costing application in the design process of social
housing. Campinas, 2015. 202 p. Master Thesis – Civil Engineering Post Graduation Programme
of the University of Campinas.

In the Target Costing (TC) approach, cost is regarded as an initial input to guide the Design
Process considering cost, quality requirements and product performance from the end-users and
client’s perspective in order to improve the product through competitiveness and innovation. The
main purpose of this study is to apply Target Costing in the design process for social housing in
Brazil by using Wood Frame system. In the Brazilian context, the current social housing
provision is supported by the Governmental Program called “My House, My Life” (MHML). In
this research, the MHML program will be discussed to deliver Wood Frame houses under the TC
approach. Based on the Design Research Approach or Constructive Research, the study seeks to
apply the TC to further identify theoretical contributions from the results obtained from its
application. Supporting techniques and tools from Value Methodology were properly used to
deliver the TC application assisting the cost estimation and decision making. It also aims to
identify the difficulties and opportunities for the TC application in this context. The cost data was
provided by a Brazilian company specialized in Wood Frame to estimate the initial cost of the
product. The design process was developed by a research team including architects, civil
engineers, contractors and suppliers. As outcome, the proposed application presents an
instantiation for the TC application. Furthermore, the results indicates some directions for
possible improvements from the end-users’ wants and needs in order to fulfil such requirements
due to cost controlling. The prescriptive study offers novelty for the TC studies in the
construction sector and identifies some gaps related to the Target Costing in Social Housing with
the aim to accomplish future studies.

Keywords: Construction – Estimates; Technological Innovations; Housing – Design and


Construction; Project – Methodology; Cost Control.

ix
x
SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................................................. VII


ABSTRACT ............................................................................................................................................................... IX
SUMÁRIO.................................................................................................................................................................. XI
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................. XV
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................................ XIX
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................................ XXI
LISTA DE QUADROS........................................................................................................................................ XXIII
LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................................................ XXV
LISTA DE EQUAÇÕES .................................................................................................................................... XXVII
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ............................................................................................................XXIX
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 1
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA ..................................................................................................................... 5
1.2. QUESTÃO DA PESQUISA ........................................................................................................................ 5
1.3. OBJETIVO GERAL .................................................................................................................................... 6
1.3.1. Objetivos Específicos ............................................................................................................................. 6
1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................................... 6
1.5. RESUMO DO MÉTODO ............................................................................................................................ 7
1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................ 7
2. O PROCESSO DE PROJETO........................................................................................................................... 9
2.1. O PROCESSO TRADICIONAL DE PROJETO ......................................................................................... 9
2.2. A GESTÃO LEAN NO PROCESSO DE PROJETO .................................................................................. 15
2.3. PROCESSO DE PROJETO LEAN NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................... 17
3. CUSTEIO-META ............................................................................................................................................. 19
3.1. DEFINIÇÕES............................................................................................................................................ 20
3.1.1. O tripé de Sobrevivência de Cooper e Slagmulder (1997) ................................................................... 23
3.2. O CUSTEIO-META E A METODOLOGIA DE VALOR ........................................................................ 25
3.2.1. Custeio-Meta baseado no Mercado (Maket-driven costing) ................................................................. 27
3.2.2. Custeio-Meta no nível de Produto: ....................................................................................................... 28
3.2.3. Custeio-Meta no nível de Componente: ............................................................................................... 30
3.3. O CUSTEIO-META NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................................... 32
3.3.1. Target Value Design ............................................................................................................................. 33
3.3.2. O Custeio-Meta em HIS ....................................................................................................................... 34
3.3.3. Modelo de Abordagem do Custeio-Meta para o Processo de Desenvolvimento de Edificações .......... 39
3.3.3.2. O Custeio-Meta Dirigido ao Mercado: Etapas 01 a 08 do modelo de Jacomit e Granja (2011): .......... 41
3.3.3.1. O Custeio-Meta no nível do Produto: Etapas 09 a 13 do modelo de Jacomit e Granja (2011) ............. 43
3.3.3.2. O CM no nível do Componente: Etapas 13 a 18 do modelo de Jacomit e Granja (2011): ................... 45
4. A METODOLOGIA DE VALOR ................................................................................................................... 49
4.1. CONCEITOS DE VALOR ........................................................................................................................ 52
4.1.1. O VALOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................................................. 54
4.1.1.1. Avaliação Pós-Ocupação ...................................................................................................................... 54
4.1.1.2. Ferramenta de captação do valor desejado ........................................................................................... 55
4.2. TÉCNICAS E FERRAMENTAS DA METODOLOGIA DE VALOR ..................................................... 59
4.2.1. Análise de Função ................................................................................................................................ 61
xi
4.2.2. Diagrama FAST .................................................................................................................................... 62
4.2.3. Técnica de Mudge................................................................................................................................. 65
4.2.4. Método COMPARE ............................................................................................................................. 66
5. MÉTODO .......................................................................................................................................................... 69
5.1. DELINEAMENTO DO MÉTODO ........................................................................................................... 71
5.1.1. Fases da DS........................................................................................................................................... 72
5.1.1.1. Revisão de Literatura e Nivelamento dos conhecimentos sobre o Custeio-Meta ................................. 74
5.1.1.2. Aplicação e Teste.................................................................................................................................. 74
5.1.1.3. Avaliação dos dados ............................................................................................................................. 75
5.1.1.4. Contribuições Teóricas ......................................................................................................................... 75
5.2. CONTEXTO DE APLICAÇÃO ................................................................................................................ 75
6. NIVELAMENTO DOS CONHECIMENTOS SOBRE CUSTEIO-META ................................................. 79
6.1. FASE PRELIMINAR DA APLICAÇAO DO CUSTEIO-META ............................................................. 79
6.2. O CUSTEIO-META DIRIGIDO AO MERCADO .................................................................................... 80
6.2.1. Identificação da demanda e captação das percepções de valor dos usuários-finais e determinação dos
fatores que influenciam na compra ..................................................................................................................... 80
6.2.2. Estudo Preliminar ................................................................................................................................. 81
6.2.3. Transformação das percepções de valor do cliente em atributos de projeto ......................................... 82
6.2.4. Determinação de Preço de Mercado de um produto similar; Determinação do Preço Associado ao
diferencial do produto e Preço de Mercado ........................................................................................................ 83
6.2.5. Definição das Margens de Lucro .......................................................................................................... 87
6.2.6. Cálculo do Custo Permissível ............................................................................................................... 87
6.3. O CUSTEIO-META NO NÍVEL DE PRODUTO ..................................................................................... 88
6.3.1. Comparação das características do Produto com outros desenvolvidos anteriormente ........................ 88
6.3.2. Primeira estimativa de Custo de produção ........................................................................................... 89
6.3.3. Análise das reais capacidades de Redução do Custo Permissível e Custo de Produção ....................... 89
6.3.4. Identificação do Custo-Meta, CPer > Custo-Meta? ............................................................................. 89
6.4. O CUSTEIO-META NO NÍVEL DO COMPONENTE ............................................................................ 90
6.4.1. Seleção de técnicas Construtivas e Desdobramento do CM em Macrossistemas ................................. 91
6.4.2. Definição das especificações e desdobramento do CM em nível de Função e Componente ................ 91
6.4.3. Determinação dos fornecedores participantes, adoção de open book e formação de equipes
multidisciplinares - Aplicação da Metodologia de Valor .................................................................................... 91
6.4.3.1. Análise de Função e Técnica de Mudge ............................................................................................... 92
6.4.3.2. Gráfico COMPARE .............................................................................................................................. 95
6.4.4. Elaboração das plantas de cada especialidade, por etapa, e elaboração das demais estimativas do
Custo de Produção. ............................................................................................................................................. 97
6.4.1. Início de Produção, produto pronto e entregue ao cliente e feedback ................................................... 97
7. APLICAÇÃO E TESTE ................................................................................................................................... 99
7.1. FASE PRELIMINAR ................................................................................................................................ 99
7.2. FASE 01: APLICAÇÃO DO CUSTEIO-META DIRIGIDO AO MERCADO ....................................... 100
7.2.1. Etapa 01.............................................................................................................................................. 101
7.2.2. Etapa 02.............................................................................................................................................. 103
7.2.4. Etapa 03.............................................................................................................................................. 106
7.2.1. Etapas 04 e 05 .................................................................................................................................... 109
7.2.2. Etapas 06, 07 e 08 .............................................................................................................................. 109
7.3. FASE 02: APLICAÇÃO DO CUSTEIO-META NO NÍVEL DE PRODUTO ........................................ 112
7.3.1. Etapa 09 .............................................................................................................................................. 112
7.3.2. Etapa 10.............................................................................................................................................. 116
7.3.3. Etapa 11.............................................................................................................................................. 119
7.4. FASE 03: APLICAÇÃO PRÁTICA DO CUSTEIO-META NO NÍVEL DE COMPONENTE .............. 122
7.4.1. Etapa 14.............................................................................................................................................. 123
7.4.2. Etapa 15.............................................................................................................................................. 126
7.4.3. Etapa 16 .............................................................................................................................................. 128
xii
7.4.3.1. Fase Preparatória - Workshop ........................................................................................................... 128
7.4.3.2. Técnica de Mudge............................................................................................................................... 130
7.4.3.2.1. Gráfico COMPARE. ................................................................................................................. 137
7.4.4. Etapas 17 e 18 ..................................................................................................................................... 142
8. DISCUSSÕES.................................................................................................................................................. 147
8.1. FASE PRELIMINAR .............................................................................................................................. 147
8.2. CUSTEIO-META DIRIGIDO AO MERCADO ..................................................................................... 147
8.3. CUSTEIO-META NO NÍVEL DO PRODUTO ...................................................................................... 149
8.4. CUSTEIO-META NO NÍVEL DO COMPONENTE .............................................................................. 150
9. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS ................................................................................................................... 153
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 157
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................... 159
ANEXO A - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO .............................................................. 169

xiii
xiv
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho, em especial:

Aos meus pais Maria Ofélia Ribeiro e Celso Yokota e a minha irmã Isabella Yokota, que sempre

me apoiaram incondicionalmente;

Ao Professor Dr. Ariovaldo Denis Granja pela dedicação como orientador durante o período do

meu mestrado;

À prof. Dr. Ercilia H. Hirota pelo incentivo ao início de minha vida acadêmica e por expandir as

fronteiras de meu conhecimento científico;

À CAPES, pelo apoio financeiro;

Aos Coordenadores do ZEMCH Networking, Prof. Dr. Masa Noguchi, da Universidade de

Melbourne, e Prof. Dra. Ercilia Hirota, da Universidade Estadual de Londrina, pela oportunidade

da aplicação do presente estudo na pesquisa ZEMCH Brasil;

Ao grupo de pesquisa ZEMCH Brasil que, com prontidão, sempre esteve disposto a compartilhar

os conhecimentos, em especial aos integrantes Lucas M. Pereira, Danilton Aragão e Priscila A.

Conceição pelo auxílio e prontidão em ajudar;

Às empresas participantes e demais colaboradores pelo compartilhamento de suas experiências

profissionais;

Aos amigos do grupo de pesquisa, Joyce A. Ruiz, Reymard Savio S. de Melo, Carolina A. Oliva

e Adrieli Carvalho pelo compartilhamento de experiências;

Ao Prof. Dr. Flávio A. Picchi, pelo auxílio nos ensinamentos Lean e;

Aos professores Dra. Marina S. O. Ilha e Dr. Márcio M. Fabrício pelo enriquecimento na fase de

qualificação de meu mestrado.

xv
xvi
“The crises we face today are created by humans. And what can be created by
humans can be changed by humans. So, we are all capable of transforming our world”.
Satish Kumar

xvii
xviii
LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1: Processo de Projeto na Construção Civil e os intervenientes principais ...................... 9


Figura 2-2 Interfaces do processo de desenvolvimento de produto na construção de edifícios .... 10
Figura 2-3 Modelo genérico para organização do processo de projeto de forma integrada e
simultânea ...................................................................................................................................... 12
Figura 2-4 Processo de Projeto Convencional ............................................................................... 13
Figura 2-5 Processo de Projeto Integrado...................................................................................... 14
Figura 2-6: Aprendizado Emergente no sistema Lean de desenvolvimento ................................. 16
Figura 2-7: Mapa do estado presente (A) e estado futuro (B) ....................................................... 18
Figura 3-1: Triangulação do CM ................................................................................................... 24
Figura 3-2: Custeio Interorganizacional no nível do Componente ............................................... 26
Figura 3-3: Os níveis de aplicação do CM .................................................................................... 31
Figura 3-4: Modelo para Incorporação do CM ao Processo de Desenvolvimento de Edificações 40
Figura 3-5: O CM no nível Componente ....................................................................................... 46
Figura 4-1: Níveis de decisões e ciclo de vida do projeto e oportunidades e potenciais de
economia através da aplicação da MV .......................................................................................... 51
Figura 4-2: Processo de aplicação da MV’ .................................................................................... 52
Figura 4-3: Oportunidades e potenciais de economia através da aplicação da MV ...................... 54
Figura 4-4: Instrumento de aplicação em forma de baralho de cartas, representando o valor
desejado no contexto de HIS (26 cartas divididas em 5 grupos) ................................................... 57
Figura 4-5: Aplicação do Diagrama FAST .................................................................................... 64
Figura 4-6: Aplicação da Técnica de Mudge................................................................................. 65
Figura 4-7: Relação Funcional entre “Necessidade Relativa” e “Consumo de Recurso” ............. 67
Figura 5-1: Método da Design Science (DS) ................................................................................. 69
Figura 5-2: Delineamento do processo de pesquisa do presente estudo........................................ 73
Figura 6-1: Delineamento do Objeto de Estudo ............................................................................ 84
Figura 6-2: Coalizão das partes interessadas na entrega das UH para o contexto do PMCMV-E 86
Figura 7-1: Croquis iniciais de fachada ....................................................................................... 103
Figura 7-2: Estudo preliminar das fachadas ................................................................................ 104
Figura 7-3: Planta baixa do Estudo preliminar UH ZEMCH Brasil ............................................ 105
Figura 7-4: Estudo preliminar das fachadas ................................................................................ 110
Figura 7-5: Exemplo de HIS em sistema convencional .............................................................. 115
Figura 7-6: Exemplo de HIS em Wood Frame ............................................................................ 115
Figura 7-7: Análise das reais capacidades de redução de custos no nível do Construtor............ 120
Figura 7-8: Análise das reais capacidades de redução de custos no nível da Empresa 01 .......... 121
Figura 7-9: Análise das reais capacidades de redução de custos no nível dos Subfornecedores 122
Figura 7-10: Decomposição do Custo em Macrossistemas ......................................................... 124
Figura 7-11: Metas de redução estabelecidas para os Fornecedores-Chave ............................... 125
Figura 7-12: Apresentação da Análise de Função e Técnica de Mudge - Workshop .................. 128
Figura 7-13: Desenvolvimento e apresentação do Diagrama FAST - Workshop ........................ 129
Figura 7-14: Desenvolvimento e apresentação do projeto - Workshop ....................................... 129
Figura 7-15: Aplicação da Técnica de Mudge - Matriz de Resultado ......................................... 135
Figura 7-16: Comparação entre CP, CP1 e CPer para custos de Vedações Verticais ................ 143
Figura 7-17: Parâmetros de custo finais gerados a partir da aplicação do CM ........................... 145
Figura 9-1: Fluxograma de aplicação do CM no processo de projeto no contexto de HIS ......... 156
xix
xx
LISTA DE TABELAS

Tabela 6-1: Matriz de Oportunidades de Intervenção Versus IGI ................................................. 83


Tabela 6-2: Decomposição dos custos dos componentes em funções - Exemplo ......................... 93
Tabela 6-3: Aplicação da Técnica de Mudge - Exemplo............................................................... 94
Tabela 6-4: Matriz de Função Versus IGI – Exemplo .................................................................. 95
Tabela 7-1: Quadro de áreas da UH ............................................................................................ 104
Tabela 7-2: Hierarquização das Oportunidades de Intervenção a partir do IGI (COHAB-LD).. 108
Tabela 7-3: Resumo do gerenciamento de custos para o Construtor, Empresa 01 e
Subfornecedores .......................................................................................................................... 111
Tabela 7-4: Orçamento da primeira estimativa de CP para UH .................................................. 117
Tabela 7-5: Resumo do gerenciamento de custos para o Construtor, Empresa 01 e
Subfornecedores .......................................................................................................................... 119
Tabela 7-6: Classificação do produto em Macrossistemas, Funções, Componentes, Uso e Estima
..................................................................................................................................................... 126
Tabela 7-7: Definição de Macrossistemas, Funções e Componentes com base no custo do produto
..................................................................................................................................................... 127
Tabela 7-8: Consumo de Recursos na Função – Funções “A” até “I” ........................................ 131
Tabela 7-9: Consumo de Recursos na Função – Funções “J” até “Q” ........................................ 132
Tabela 7-10: Atribuição de pesos para as funções com base no IGI ........................................... 134
Tabela 7-11: Resumo dos Macrossistemas, Funções, Consumo de Recursos e Necessidade
Relativa ........................................................................................................................................ 136

xxi
xxii
LISTA DE QUADROS

Quadro 3-1: Definições do CM ..................................................................................................... 21


Quadro 3-2: Comparação entre a Abordagem Tradicional e CM ................................................. 22
Quadro 3-3: Termos adotados que envolvem o Custo durante a aplicação do CM Dirigido ao
Mercado ......................................................................................................................................... 41
Quadro 3-4: Termos adotados que envolvem o Custo durante a aplicação do CM no nível do
Produto .......................................................................................................................................... 43
Quadro 4-1: Conceitos adotados que envolvem o Custo durante a aplicação do CM................... 60
Quadro 5-1: Tipos de resultados obtidos por meio da DS ............................................................. 70
Quadro 5-2: Caracterização do contexto de aplicação do CM ...................................................... 72
Quadro 5-3: Pesquisadores e colaboradores envolvidos no processo de projeto da pesquisa
ZEMCH Brasil ............................................................................................................................... 77
Quadro 6-1: Ferramentas utilizadas na identificação da demanda e captação das percepções de
valor dos usuários-finais ................................................................................................................ 81
Quadro 6-2: Técnicas e Ferramentas selecionadas para a aplicação da MV ................................. 92
Quadro 7-1: Fases e Etapas de Aplicação e Teste do CM em UH Wood Frame para HIS ........... 99
Quadro 7-2: Resumo das reuniões preliminares realizadas pelo grupo de pesquisa ZEMCH Brasil
..................................................................................................................................................... 100
Quadro 7-3: Oportunidade de Intervenção no projeto geradas a partir da APO e Baralho de Cartas
(COHAB-LD) .............................................................................................................................. 107
Quadro 7-4: Oportunidades e Barreiras da aplicação do CM em HIS Wood Frame baseado nos 13
fatores de Cooper Slagmulder (1997) .......................................................................................... 113

xxiii
xxiv
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 4-1: Índice Geral de Importância para HIS no Estado de São Paulo – CDHU-SP .......... 59
Gráfico 4-2: Gráfico Compare – Consumo de recursos X Necessidades Relativas ...................... 66
Gráfico 6-1: Gráfico Compare “Consumo de recursos X Necessidades Relativas” - Exemplo de
aplicação ........................................................................................................................................ 96
Gráfico 7-1: Resultado Final do Índice Geral de Importância (IGI) – COHAB-LD - Londrina/PR
..................................................................................................................................................... 102
Gráfico 7-2: Gráfico COMPARE ................................................................................................ 137

xxv
xxvi
LISTA DE EQUAÇÕES

(1) Equação do Preço Meta............................................................................................................ 27


(2) Equação do Custo Permissível................................................................................................. 42
(3) Relação entre Custo-Meta, Custo Permissível e Custo de Produção........................................43
(4) Equação da Meta de Redução ..................................................................................................44
(5) Equação do Valor.....................................................................................................................49
(6) Equação do Custo Permissível.................................................................................................87
(7) Equação da Meta de Redução..................................................................................................89
(8) Equação do Peso atribuído a Função........................................................................................95
(9) Cálculo do CPer (Construtor).................................................................................................111
(10) Cálculo do CPer (Empresa 01).............................................................................................111
(11) Cálculo do CPer (Sub).........................................................................................................111
(12) Cálculo do CP (Construtor)..................................................................................................118
(13) Cálculo do CP (Empresa 01).................................................................................................118
(14) Cálculo do CP (Sub).............................................................................................................118

xxvii
xxviii
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

APO – Avaliação Pós-Ocupação

BDI – Benefícios e Despesas Indiretas

CDHU-SP -Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo

CM – Custeio-Meta

COHAB-LD – Companhia de Habitação – Londrina, Paraná

CP – Custo de Produção

CP (Construtor) – Custo de Produção do Construtror

CP (Empresa 01) – Custo de Produção da Empresa 01

CP (Sub) – Custo de Produção dos Subfornecedores

CP1 – Custo de Produção 01

CP1 (Construtor) – Custo de Produção 01 do Construtror

CP1 (Empresa 01) – Custo de Produção 01 da Empresa 01

CP1 (Sub) – Custo de Produção dos Subfornecedores

CPer – Custo Permissível

CPer (Construtor) – Custo Permissível do Construtror

CPer (Empresa 01) – Custo Permissível da Empresa 01

CPer (Sub) – Custo Permissível dos Subfornecedores

FAST - Function Analysis System Technique

FB – Funções Básicas

FDS – Fundo de Desenvolvimento Social

FS – Funções Secundárias

xxix
FSN – Funções Secundárias Necessárias

IGI – Índice Geral de Importância

MR – Meta de Redução (Cost Gap)

MV – Metodologia de Valor

OGU – Orçamento Geral da União

OI – Oportunidade de Intervenção

PMCMV-E – Programa “Minha casa, minha vida” – Entidades

PMerc – Preço de Mercado

PMerc (PMCMV-E) – Preço de Mercado do Programa “Minha Casa, Minha Vida” - Entidades

PMerc (Construtor) – Preço de Mercado do Construtor

PMerc (Empresa01) – Preço de Mercado da Empresa 01

PMerc (Sub) – Preço de Mercado dos Subfornecedores

PR – Porcentagem Relativa

SAS – Sistema de Aquecimento Solar

UEL – Universidade Estadual de Londrina

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

ZEMCH Brasil – Zero-Energy Mass Custom Home Brasil

FAR–Fundo de Arrendamento Residencial (FAR)

xxx
1. INTRODUÇÃO

De acordo com características demográficas atuais do Brasil, a urbanização apresentou

um crescimento significativo desde o êxodo rural na década de 60, chegando a representar mais

de 80% do total da população domiciliadas em áreas urbanas no ano 2000 (CAIXA, 2011). Este

fenômeno agravou os problemas habitacionais devido à pressão sofrida nos maiores centros

urbanos do país. Atualmente, o déficit habitacional brasileiro é estimado em 5,4 milhões de

habitações (IPEA, 2013).

Para combater ao alto déficit habitacional, o Governo criou programa “Minha Casa,

Minha Vida”, no ano de 2009, com o objetivo de promover a produção ou aquisição de novas

unidades habitacionais ou a requalificação de imóveis. O “Minha Casa, Minha Vida” é um

programa do Governo Federal brasileiro de investimento residencial que consiste no

financiamento da habitação para faixas de renda específicas da população (CAIXA, 2014). Tem

por objetivo promover a produção ou aquisição de novas unidades habitacionais e requalificação

de imóveis urbanos para famílias com renda mensal de até R$ 5.000,00 (BRASIL, 2013).

O programa “Minha Casa, Minha Vida” estabelece um valor fixo para subsídio de

habitação1 que varia de acordo com o Estado/Localidade e tipologia2 (BRASIL, 2013), atendendo

a três faixas, sendo a faixa 01 voltada para faixa mais carente da população, para famílias com

renda mensal até R$ 1.600,00, a faixa 02 voltada para famílias com renda mensal até R$ 3.275,00

e a faixa 03, voltada para famílias de renda até R$ 5.000,00.

Atualmente, o Programa “Minha Casa, Minha Vida” vem enfrentando dificuldades na sua

promoção devido ao atual contexto mercadológico brasileiro (PINI, 2012) e se tornando pouco

1 , Portarias do Ministério das Cidades nº 168, de 12.04.13 e nº 363, de 12.08.13(BRASIL, 2013).


2 Portaria Ministério das Cidades nº 363, de 12.08.2013 (BRASIL, 2013).
1
atrativo aos empresários que atuam neste setor devido ao alto custo para construir, a dificuldade

em encontrar terrenos e burocracias (CBIC, 2014).

O desinteresse em atuar na faixa 01 do programa ocorre devido ao fato de que este nicho

de mercado não é financeiramente atrativo para as grandes construtoras e, por outro lado,

pequenas construtoras não possuem capacidade técnico-financeira para gerenciar grandes obras

(CBIC, 2014).

De acordo com a visão dos especialistas da área da construção civil, o projeto de

habitação popular precisa sofrer correção de preço anualmente para combater este problema

enfrentado, pois o subsídio do governo sofre “defasagem” no decorrer do tempo, não

correspondendo à realidade do mercado (CBIC, 2014). Por isto, muitos empresários e

construtores têm optado por não operar dentro do programa para a faixa 01, mais carente,

reenquadrando estes projetos na faixa 02 onde o valor do subsídio é maior (CBIC, 2014; PINI,

2012).

Em contrapartida, o presente estudo pondera uma solução inversa ao princípio de aumento

do valor do subsídio fornecido pelo programa “Minha Casa, Minha Vida” para combater a

“defasagem” de preço/custo, mencionada anteriormente, na tentativa de viabilizar a entrega de

Unidades Habitacionais da faixa 01, por meio do Custeio-Meta (CM).

Na abordagem do CM, originária da manufatura, o preço é estabelecido como parâmetro

de entrada para o processo de projeto juntamente com padrões de qualidade e funcionalidade,

também previamente estabelecidos (JACOMIT; GRANJA, 2011). Tais parâmetros são definidos

a partir do mercado e dos requisitos no ponto de vista do usuário-final e utilizados como dados de

entrada para o processo de projeto (COOPER; SLAGMULDER, 1997; NICOLINI et al., 2000).

O CM contribui para o alcance de um produto mais competitivo, salvaguardando sua

2
rentabilidade (COOPER; SLAGMULDER, 1997), permitindo o controle de preço e custo do

produto associado ao desenvolvimento de novas tecnologias e inovação (COOPER;

SLAGMULDER, 1997).

No presente estudo, a proposta de aplicação do CM caminha sobre a perspectiva de

entrega de nova tecnologia para habitação, no sistema pré-fabricado em Wood Frame para o

PMCMV-E, atualmente aprovada pela Diretriz SINAT nº 005, intitulada “Sistemas construtivos

estruturados em peças de madeira maciça serrada com fechamentos em chapas delgadas –

Sistemas leves tipo Light Wood Framing” (BRASIL, 2011; ESPINDOLA, INO, 2014).

O presente estudo é focado no Programa “Minha Casa, Minha Vida – Entidades”

(PMCMV-E), ou faixa 01, responsável pela entrega de moradia acessível para população com

renda mensal bruta, estabelecida em até R$ 1.600,00. A faixa 01 visa à produção, aquisição e

requalificação de imóveis urbanos, nas áreas urbanas, garantindo o acesso à moradia digna com

padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilidade (CAIXA, 2014). Organizadas

em cooperativas habitacionais ou mistas, associações e demais entidades privadas sem fins

lucrativos (BRASIL, 2012). Os recursos são provenientes do Fundo de Arrendamento

Residencial (FAR), Orçamento Geral da União (OGU) ou Fundo de Desenvolvimento Social

(FDS), que devem ser retornado pelo beneficiado, assumindo o ônus mensal de cento e vinte

prestações, correspondentes a cinco por cento da renda bruta familiar, com valor mínimo fixado

em R$ 25,00 (BRASIL, 2012).

Aragão (2014) identifica, a partir de dados reais obtidos em um estudo de caso, os

parâmetros de entrada para a aplicação do CM na faixa 01 do PMCMV-E, reconhecendo os

custos envolvidos na entrega de uma UH. Apenas 52% do total subsidiado pelo PMCMV-E

correspondem aos custos da UH, desconsiderando custos de infraestrutura urbana, que demandam

3
48% do subsídio. Além de estabelecer o valor fixo subsidiado, o PMCMV-E também define

faixas aceitáveis para valores de taxas de Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) específicas para

cada tipo de obra pública e para aquisição de materiais e equipamentos relevantes (BRASIL,

2013).

Paralelamente, Conceição, Imai e Urbano (2015) identificam parâmetros de requisitos de

valor por meio de estudo de caso realizado em um conjunto habitacional entregue pelo PMCMV-

E. É importante salientar que, no contexto do PMCMV-E, as pesquisas de mercado não visam

buscar uma determinação de um preço competitivo para o produto nem tampouco a maior

margem de lucro possível (ARAGÃO, 2014), uma vez que o Preço de Mercado e os valores de

taxas de BDI são pré-estabelecidos pelo PMCMV-E.

No entanto, o aumento de custos de empreendimentos realizados nesta faixa do programa

podem levar as empresas de construção ao consumo de suas margens, uma vez que o preço das

unidades é pré-estabelecido. Decorre, então, a relevância da utilização de métodos como o CM

que almeja o controle dos custos, não obstante, tendo sempre em vista a garantia de

funcionalidade e qualidade dos produtos na perspectiva de clientes e usuários-finais.

4
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA

Atualmente, o CM tem sido abordado de forma recorrente no contexto de HIS, tanto no

âmbito nacional como internacional através de uma abordagem que visa à promoção e melhoria

das habitações de interesse social. Adaptações das teorias originais do CM mostram-se

evidenciadas pela literatura atual para o contexto de HIS brasileira (GUADANHIM; HIROTA;

LEAL, 2011; JACOMIT; GRANJA, 2011) bem como os estudos sobre a aplicação do CM no

contexto de HIS apontam o início de um processo de desenvolvimento e industrialização da

construção civil, além do crescimento de incentivos à habitação social (GUADANHIM;

HIROTA; LEAL, 2011).

Como lacuna do conhecimento, apresenta-se o trabalho de Jacomit e Granja (2011), que

trata especificamente de um contexto de companhia de provisão de habitação, porém não chega a

ser testado. O contexto de HIS requer processo de projeto com foco no custo e qualidade,

apresentando grande sinergia com os conceitos do CM, que utiliza o custo e parâmetros de valor

como norteadores no desenvolvimento de produtos.

1.2. QUESTÃO DA PESQUISA

Devido à dificuldade enfrentada na promoção de habitações da faixa 01 do PMCMV-E, a

questão de pesquisa é proposta: “Como aplicar o CM no processo de projeto de Unidades

Habitacionais (UH) para Habitação de Interesse Social (HIS)?”.

5
1.3. OBJETIVO GERAL

O objetivo principal do presente estudo é verificar a aplicabilidade do “Modelo de

abordagem do CM para o processo de desenvolvimento de edificações” de Jacomit e Granja

(2011) para apoio à decisão sobre custos ao longo do processo de projeto, destinado

especificamente a Habitação de Interesse Social (HIS). Para esta aplicação, foram feitas

adaptações para viabilizar a entrega de Unidades Habitacionais de interesse social do PMCMV-E.

1.3.1. Objetivos Específicos

A partir do objetivo geral, são propostos os objetivos específicos conforme a aplicação do

CM:

a) Interpretar os requisitos de valor no ponto de vista do usuário-final de HIS;

b) Estabelecer Metas de Preço/Custo, conforme restrições do PMCMV-E e;

c) Testar a aplicabilidade de algumas das técnicas e ferramentas de Metodologia de

Valor (MV) disponíveis para o processo de projeto, utilizando os requisitos de

valor identificados e Metas de Custo estabelecidas para o contexto de HIS.

d) Identificar oportunidades e dificuldades da viabilização do sistema Wood Frame

para o contexto analisado.

1.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Os parâmetros de valor, preço/custo utilizados durante a aplicação do CM foram baseados

em dados de um Estudo de Caso realizado na cidade de Londrina-Paraná (ARAGÃO, 2014;

CONCEIÇÃO; IMAI; URBANO, 2015).

6
O sistema construtivo em Wood Frame também pode ser considerado uma limitação, já

que sua entrega depende de fatores de produção com alto nível de industrialização (pré-

fabricação em massa), distinto do sistema tradicional de construção (alvenaria).

1.5. RESUMO DO MÉTODO

O presente estudo objetiva a aplicação do modelo do CM utilizando a metodologia de

pesquisa baseada na Design Science (DS) ou pesquisa Construtiva. Fundamentada em um

conhecimento teórico, a DS busca uma solução para um problema real através de uma aplicação

prática (LUKKA, 2003; HEVNER et al., 2004). Propõe-se a resolver um problema a partir da

reflexão sobre os resultados obtidos, gerando um conhecimento experimental como contribuição

à teoria (LUKKA, 2003).

O processo de projeto foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores, envolvendo

docentes e discentes de diversas especialidades nas áreas da Arquitetura e Engenharia Civil, de

forma colaborativa. Os dados utilizados como parâmetro de custo da UH foram cedidos por uma

empresa especializada em tecnologia de Wood Frame.

1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO

A estruturação de dissertação de mestrado é apresentada em nove capítulos, sendo o

presente capítulo de introdução, contendo a motivação, o contexto e a justificativa da pesquisa,

seguido do problema, questão e objetivos. Neste mesmo capítulo, a delimitação da pesquisa, o

delineamento e resumo do método também são apresentados.

Após o item de introdução, a revisão de literatura é apresentada, dos capítulos 02 ao 04,

abordando os seguintes temas, consecutivamente: O Processo de Projeto, o CM e a MV.

7
O capítulo 05 apresenta o método, fundamentado na DS, composto da estratégia e

delineamento da aplicação do CM.

O capítulo 06 apresenta o nivelamento dos conhecimentos sobre CM, em formato de

esboço auxiliar para aplicação do CM adaptado para a HIS de acordo com as necessidades deste

contexto, organizando de acordo com o “Modelo de abordagem do CM para o processo de

desenvolvimento de edificações” de Jacomit e Granja (2011), e adaptado para o contexto de HIS

do PMCMV-E.

No capítulo 07, são apresentados os resultados finais da aplicação e teste do CM,

conforme o desenvolvimento da etapa exploratória.

As discussões sobre os resultados são apresentadas no capítulo 08, seguido das

contribuições teóricas, no capítulo 09. Por fim, o capítulo 10 apresenta as considerações finais.

8
2. O PROCESSO DE PROJETO

O processo de projeto pode ser definido como um conjunto de atividades que permeia (ou

deveria permear) todas as fases de desenvolvimento de um empreendimento, desde o seu

planejamento até seu uso (ROMANO, 2006). Iniciado a partir do estabelecimento das

necessidades do cliente/usuário, traduz de maneira técnica tais necessidades em forma de projeto

e leva em consideração todas as restrições e pré-requisitos contando com planejamento e gestão

das atividades de maneira integrada (ROMANO, 2006).

2.1. O PROCESSO TRADICIONAL DE PROJETO

O processo linear é frequentemente utilizado no processo de projeto na construção civil e

se inicia com o planejamento, seguido da elaboração do projeto, preparação para execução,

execução, uso, podendo se estender de maneira ampla até o momento da pós-ocupação,

manutenção e avaliação, com a finalidade de providenciar feedback do produto lançado.

(ROMANO, 2003).

Figura 2-1: Processo de Projeto na Construção Civil e os intervenientes principais


Fonte: Retirado de Romano (2003)

9
O processo de projeto permeia desde a concepção do produto até a sua ocupação,

subdividindo-se em etapas diversas, especificamente voltadas ao produto esperado em cada fase

para gerenciar e organizar o processo e promover um desenvolvimento integrado entre as equipes

e agentes envolvidos (ROMANO, 2006). Porém, por sua complexidade, um número reduzido de

empresas utiliza-se destes conceitos de integração entre as equipes envolvidas diante da grande

fragmentação em etapas diversas, face à grande demanda e complexidade do fluxo de

informações, estabelecidos em prazos cada vez menores (ROMANO, 2006).

Porém a orientação cartesiana e sequencial do processo projeto possui certas limitações na

promoção da integração entre os agentes e na geração de soluções técnicas coordenadas no

desenvolvimento dos empreendimentos (FABRICIO; MELHADO, 2001).

Fabricio e Melhado (2001) propõem um modelo de processo de projetos focado na

integração com base nas premissas da engenharia simultânea (Figura 2-2). Este processo conta

com a interação entre departamentos e especialidades envolvidas que integra pessoas em grupos

multidisciplinares (FABRICIO; MELHADO, 1998; FABRICIO; MELHADO, 2001).

Figura 2-2 Interfaces do processo de desenvolvimento de produto na construção de edifícios


Fonte: Fabricio e Melhado (2001)

10
Além disso, estabelece processos de comunicação formais que garantem distribuição

interativa e homogênea das informações entre os agentes envolvidos, identificando as principais

interfaces deste processo e discutindo a pertinência de sua integração concorrente e as medidas

necessárias para alcançar tal objetivo (FABRICIO; MELHADO, 1998; FABRICIO; MELHADO,

2001). Desenvolve as características do produto em conjunto integrado, partindo do ponto de

vista das necessidades e anseios do usuário-final (FABRICIO; MELHADO, 1998).

São identificadas três vertentes integradas de transformação necessárias para viabilizar a

integração simultânea ao longo do processo de projeto de edifícios, sendo: i) a necessidade de

transformações na organização das atividades de projeto que permita uma coordenação precoce e

o desenvolvimento em paralelo das diferentes especialidades de projeto e desenvolvimento de

produto; ii) transformações culturais que criem condições de superação das limitações contratuais

para possíveis disposições de cooperação técnica entre os projetistas, construtores e promotores; e

iii) apropriação das novas tecnologias de informática e telecomunicações como ferramentas que

facilitem a comunicação virtual à distância, permitindo um novo ambiente cognitivo para o

processo de projeto (FABRICIO; MELHADO, 2001).

O processo de projeto integrado baseia-se no trabalho multidisciplinar integrado dos

vários agentes envolvidos (cliente, arquiteto, projetistas, construtora, consultores etc.) desde o

início do processo de projeto (FIGUEIREDO; SILVA, 2010). Inicia-se na discussão e definição

de um consenso entre cliente e projetistas quanto aos objetivos, metas de desempenho, meios,

papéis e responsabilidades do produto (FIGUEIREDO; SILVA, 2010).

11
A Figura 2-3 apresenta um modelo genérico para organização do processo de projeto,

ocorrendo de maneira integrada e simultânea.

Figura 2-3 Modelo genérico para organização do processo de projeto de forma integrada e simultânea
Fonte: Fabricio e Melhado (2001)

Figueiredo e Silva (2010) observam que o processo de projeto integrado é caracterizado

por uma série de ciclos iterativos. A Figura 2-4 ilustra o processo convencional, com grande

isolamento entre os subsistemas, representados pelos pequenos quadrados ao longo das etapas

(FIGUEIREDO; SILVA, 2010).

12
Figura 2-4 Processo de Projeto Convencional
Fonte: Figueiredo e Silva (2010)

13
Por outro lado, no Processo de Projeto Integrado, todos os subsistemas são considerados

de forma integrada desde as etapas iniciais devido à estreita colaboração entre todos os agentes

(Figura 2-5).

Figura 2-5 Processo de Projeto Integrado


Fonte: Figueiredo e Silva (2010)

14
2.2. A GESTÃO LEAN NO PROCESSO DE PROJETO

O sistema Lean de desenvolvimento de produtos, original do Sistema Toyota de

Produção, difere-se das práticas tradicionais de desenvolvimento de produtos focando na criação

de valor e ferramentas que criem fluxo de valor, desenvolvidos por líderes de projeto (WARD,

2011).

Atividades que não agregam valor ao produto final na visão do cliente/usuário final, mas

são consideradas atividades técnicas necessárias ao desenvolvimento do produto são consideradas

desperdício e devem ser eliminadas do processo (LIKER, 2004). Algumas destas falhas

principais constituem em: perda de mercado, problemas com custo/qualidade e excessos de

tempo e de orçamento (WARD, 2011). Taiichi Ohno identificou as sete maiores causas de

desperdício em atividades que não agregam valor: i) superprodução; ii) espera; iii) transporte

desnecessário; iv) excesso de inventário; v) movimentação desnecessária; vi) defeitos; e vii) a

criatividade não utilizada , sendo a última incluída por Liker (2004).

Ward (2011) considera o desperdício de conhecimento o principal dos sete desperdícios.

Segundo este autor, o desperdício de conhecimento se divide em três categorias principais, sendo:

dispersão, desconexão e ilusão. A dispersão está relacionada a barreiras de comunicação e

ferramentas inadequadas. A desconexão com ferramentas inúteis e espera e a ilusão com teste

quanto às especificações e conhecimento descartado (WARD, 2011).

Para reduzir estes desperdícios, Ward (2011) resume o sistema de desenvolvimento Lean

em cinco princípios básicos:

15
Liderança do
projetista de Cadência, fluxo e
sistema puxada
empreendedor

FOCO EM VALOR:
Conhecimento para fluxos
de valor operacionais
rentáveis

Engenharia Equipe de
simultânea com especialistas
múltiplas responsáveis
alternativas

Figura 2-6: Aprendizado Emergente no sistema Lean de desenvolvimento


Fonte: Adaptado de Ward (2011)

 Foco na criação de valor e ferramentas para fluxos de valor operacionais

rentáveis: É o primeiro princípio e o que puxa o resto do sistema, onde a

manufatura é o primeiro cliente para o desenvolvimento e o conhecimento o

primeiro valor.

 Incorporação do foco em Projetistas de sistemas Empreendedores: Os líderes

de projeto são responsáveis por criar o fluxo de valores rentáveis

 Apoio dos Projetistas de sistemas Empreendedores por meio da Engenharia

Simultânea com múltiplas alternativas visa eliminar os riscos e ao mesmo

tempo alcançar alta inovação e rápido aprendizado, considerando múltiplas

alternativas em cada nível do sistema, evitando gastos em alternativas que não

serão utilizadas.

16
 Apoio da Engenharia Simultânea com múltiplas alternativas associadas à

gestão cadenciada de projeto de fluxo e puxada minimiza a variação de carga e

sequenciamento e faz com que todos planejem seu próprio trabalho.

 Apoio da gestão de fluxo e puxada com equipes especialistas responsáveis que

possuam autonomia para projetar seu próprio trabalho e aprendem com os

conflitos diários, criando e utilizando novos conhecimentos.

Os princípios visam eliminar os desperdícios durante o processo de desenvolvimento de

produtos e processos promovendo o trabalho em conjunto dos envolvidos, além da melhoria

contínua de fluxos, processos e do produto em si, transparência entre as equipes com

compartilhamento de informações e lições aprendidas e feedback dos profissionais, gerando o

aprendizado contínuo de acordo com a expertise individual (WARD, 2011) .

2.3. PROCESSO DE PROJETO LEAN NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Pode haver melhoria quando os conceitos Lean são adotados no processo de projeto,

garantindo a criação do fluxo de valor e evitando desperdícios por meio da discussão de questões

críticas existentes, contando com a colaboração de todos os agentes envolvidos (HAMILTON;

RYBKOWSKI, 2011).

17
A Figura 2-7 exibe um mapa do estado presente (A) para a compreensão de como um

sistema pode ser melhorado, enquanto o mapa do estado futuro (B) pode ser projetado para

entendimento da organização de todas as partes envolvidas, para futuramente discutir questões

críticas durante o processo de projeto:

Figura 2-7: Mapa do estado presente (A) e estado futuro (B)


Fonte: Adaptado de Hamilton e Rybkowski (2011)

No Japão, os empreendimentos lean aprenderam a ver o CM como parte integral do

processo de desenvolvimento do produto que, para ser efetivo, deve ser um processo totalmente

disciplinado (COOPER; SLAGMULDER, 1999).

18
3. CUSTEIO-META

O Custeio-Meta (CM) foi introduzido inicialmente no Japão com o nome de Genka

Kinkaku, em meados da década de 60, pelas empresas líderes de mercados mundiais em termos

de custo consciente (KATO, 1993). Sua efetiva implementação começou na década de 70 para

desenvolvimentos de novos produtos, principalmente em empresas automotivas e eletrônicas no

Japão (KATO, 1993; MONDEN, 1995; NICOLINI et al., 2000) e, posteriormente, em empresas

americanas e europeias (ANSARI et al., 1997; ANSARI; BELL; OKANO, 2006; GAISER,

1997).

O CM envolve os mesmos componentes presentes no contexto do custeio tradicional

(custo do produto, lucro e preço final), porém, centra-se no preço que o consumidor está disposto

a pagar, levando em consideração uma margem aceitável de lucro predeterminada (GAISER,

1997; COOPER; SLAGMULDER, 1997; ANSARI et al., 1997). Busca um custo aceitável, sendo

uma estratégia orientada ao mercado, nas expectativas do consumidor e em sua disposição de

pagamento (GAISER, 1997; COOPER; SLAGMULDER, 1997) para garantir que novos produtos

sejam lucrativos quando lançados (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Ansari et al. (1997) identifica seis princípios básicos para gerenciamento de custo e

planejamento de lucratividade do CM que o diferencia de uma abordagem tradicional: i) Preço

estabelece o custo; ii) foco no cliente; iii) foco no projeto iv) envolvimento interorganizacional e;

v) orientação com bas no ciclo de vida do produto.

O CM considera os processos de projeto e de produto como chaves para o gerenciamento

do custo (ANSARI et al., 1997), utilizando a Metodologia de Valor (MV) como uma ferramenta

auxiliar ao CM. Durante o processo de projeto, todos os agentes devem estar envolvidos: vendas,

engenharia, projeto, distribuidores (incluindo fornecedores), serviços terceirizados, entre outros.

19
Este envolvimento, denominado interorganizacional, não possui finalidade apenas colaborativa,

mas também de compartilhamento de responsabilidades durante o processo de projeto como um

todo, considerando o ciclo de vida completo do produto (ANSARI et al., 1997, COOPER;

SLAGMULDER, 1997). Além disso, é importante um relacionamento de longo prazo entre os

fornecedores, distribuidores, prestadores de serviços, para assim diluir as metas de redução de

custo entre toda a cadeia de suprimentos, benéfica para ambas as partes, contando para isso com

o desenvolvimento colaborativo do projeto (ANSARI et al., 1997).

3.1. DEFINIÇÕES

Durante o desenvolvimento deste estudo procurou-se uma definição para o termo CM,

abordado como processo ou sistema por alguns autores (JAPAN, 1996 apud JACOMIT, 2010;

MONDEN, 1995) como técnica ou método para outros (COKINS, 2002; BALLARD, 2006), ou

sem uma exata definição, mencionado como “atividade” ou “maneira” (COOPER;

SLAGMULDER, 1997; JACOMIT, 2010; JACOMIT; GRANJA, 2011).

Os principais autores que tratam do tema foram selecionados em busca de uma definição

para CM (Quadro 3-1):

20
Quadro 3-1: Definições do CM
Processo de gerenciamento total de lucros no qual qualidade, preço, confiabilidade,
Japan (1996
prazo de entrega e outras metas são estabelecidas durante o Processo de
apud
Desenvolvimento de Produto, estabelecidas de modo a atender às percepções de valor
JACOMIT,
dos clientes, sendo que a tentativa de atendimento a todas elas deveria ocorrer de modo
2010)
simultâneo em todas as áreas da empresa sobre uma abordagem top down.
É uma atividade que visa reduzir o custo de ciclo de vida de novos produtos garantindo
qualidade, confiabilidade, entre outros requisitos do ponto de vista do usuário, pela
examinação de idéias possíveis para a redução de custo no planejamento do produto,
Kato (1993)
pesquisa e desenvolvimento, e fases de prototipagem de produção. Não é apenas uma
técnica de redução de custo, mas parte de um sistema abrangente de gerenciamento
estratégico de lucratividade.
Técnica, sistema ou processo de gerenciamento de lucro, através do gerenciamento
Cooper,
proativo dos custos, visando obtenção de lucratividade planejada em longo prazo,
Slagmulder
considerando satisfação de demanda do cliente, qualidade e funcionalidade sobre um
(1997)
custo abaixo ou igual ao Custo-Meta.
Processo ou sistema que incorpora esforços coletivos de toda a empresa para o
gerenciamento de lucros durante o PDP, com o intuito de desenvolver produtos com
características que atendam aos clientes, determinar o custo-meta para que o produto
Monden (1995)
atinja a lucratividade esperada a médio e longo prazo, idealizar maneiras para que o
produto atenda ao custo-meta estabelecido, satisfazendo a necessidade do cliente, em
relação à qualidade e prazo de entrega.
Sistema de planejamento de lucros e gerenciamento de custos baseado no preço de
Ansari et al. mercado, focado no cliente, que vai muito além da Engenharia de Valor e Redução de
(1997) Custos. É um sistema abrangente de planejamento de margem de lucro que necessita de
investimentos significativos em termos de informações e ferramentas.
Método orientado pelo mercado e dirigido pelas demandas do usuário final que envolve
o preço do produto, lucro e preço final. Focado no preço em que o usuário está disposto
Gaiser (1997) a pagar sobre uma margem de lucratividade aceitável, trabalha inversamente,
determinando um custo apropriado ao produto, investindo em atributos de maior valor
para o usuário.
Nova forma de desenvolver produtos que objetiva a redução dos custos ao longo do
Nicolini et al.
ciclo de vida do produto – verificação de “todas” possíveis ideias para redução do custo
(2000)
na fase de planejamento e projeto.
Técnica de modelagem de custos que identifica qual preço os consumidores estão
dispostos a pagar por determinado produto, para assim determinar as margens de lucro e
Cokins (2002)
custos permissíveis. É aplicado no início do ciclo de vida do produto, durante a fase de
conceituação e projeto (design)
Método para delinear o produto e processo de projeto de entrega de valor ao usuário,
Ballard (2006, dentro das restrições estabelecidas. Tal pratica gerencial busca fazer com que o custo
2008) seja parâmetro de projeto, para reduzir desperdícios e aumentar valor agregado ao
produto.
Guadanhim, CM é uma estratégia desenvolvida pela indústria para melhorar sistematicamente a
Hirota e Leal qualidade do produto, entregando maior valor ao consumidor, respeitando o referencial
(2011) de preço do mercado e mantendo estrito controle dos custos.
Uma nova maneira de desenvolver produtos, em que o Custo-Meta e os padrões
mínimos de funcionalidade e qualidade – definidos a partir do mercado e dos requisitos
Jacomit (2010),
dos clientes- são entradas para o projeto do produto, projeto da produção e de atividades
Jacomit e
de suporte desenvolvidos com a participação de times multidisciplinares, incluindo
Granja (2011)
representantes da cadeia de suprimentos sem comprometer os custos ao longo do ciclo
de vida.
Fonte: Autor

21
Foi possível observar que não há uma definição única para o termo CM, porém, nota-se

que existe um consenso entre os autores da importância da utilização dos parâmetros de custo e a

atendimento às percepções de valor no ponto de vista do cliente como dados de entrada no

desenvolvimento do produto, visando sua melhoria (JACOMIT, 2010). Também não há uma

concordância sobre quais características do produto precisam ser consideradas no atendimento às

percepções de valor além do custo (JACOMIT, 2010). Dentre tais características estariam:

qualidade, confiabilidade, prazo e funcionalidade (JACOMIT, 2010).

As práticas tradicionais geralmente estimam um custo para o produto e adicionam a

margem de lucro desejada para obtenção de um preço que corresponda ao mercado (ANSARI et

al., 1997; COOPER; SLAGMULDER, 1997). O CM inicia este processo de determinação do

valor do produto a partir do preço de mercado, estabelece as margens de lucro desejadas para

então determinar um Custo Permissível (CPer) ao produto, que é utilizado como meta de redução

durante a etapa de desenvolvimento do produto e projeto (ANSARI et al., 1997). O Quadro 3-2

resume as principais diferenças entre a abordagem tradicional e o CM:

Quadro 3-2: Comparação entre a Abordagem Tradicional e CM


Abordagem Tradicional CM
Análise de Mercado não faz parte do planejamento Análise de mercado (competitividade) direciona o
de Custo planejamento do Custo
Custo determina o Preço Preço determina o Custo
Perda e ineficiência são focos da redução de custo Projeto é a chave para a redução de custos
Cliente estabelece parâmetros para a redução de
Redução de custo não é dirigida pelo Cliente
custos
O gerente de custo é responsável pela redução de A equipe como um todo é responsável pelo
custo gerenciamento dos custos
Fornecedores são envolvidos após o produto ser
Fornecedores são envolvidos no início do processo
projetado
Minimiza o preço inicial pago pelo cliente Minimiza o custo de aquisição para o cliente
Pouco ou nenhum envolvimento da cadeia no
A cadeia é envolvida no planejamento do custo
planejamento do custo
Fonte: Adaptado de Ansari et al.(1997)

22
3.1.1. O tripé de Sobrevivência de Cooper e Slagmulder (1997)

Com o surgimento de empresas enxutas e competição global, as empresas passaram a ser

mais competitivas e forçadas a aprender a ser proativas para gerenciar seus custos (COOPER;

SLAGMULDER, 1997). Um sistema fechado ignora o fato de que o ambiente não orienta a

organização no sentido de mudança de vendas, processos e tecnologias e, inclusive, não antecipa

problemas de custos ou move em um caminho de melhoria e resposta ao cliente (ANSARI et al.,

1997). Em contrapartida, um sistema aberto (CM) utiliza uma orientação externa, focado na

necessidade do cliente e na competitividade onde margens são planejadas e custos são

gerenciados em paralelo e não quando incorridos como no sistema tradicional (ANSARI et al.,

1997).

Na mentalidade do CM, um produto é constituído por características relacionadas ao produto.

Internamente, estas características principais são classificadas em três: preço/custo, qualidade e

funcionalidade, enquanto externamente as características correspondem ao custo do produto,

qualidade percebida e funcionalidade percebida (COOPER; SLAGMULDER, 1997). Estes três

elementos formam o tripé de sobrevivência e devem estar balanceadas para que o produto atenda

às expectativas do usuário-final, sem prejudicar sua produção (COOPER; SLAGMULDER,

1997).

23
Figura 3-1: Triangulação do CM
Fonte: Adaptado de Cooper e Slagmulder (1997) p. 5.

No tripé de sobrevivência, o próprio mercado é quem define o preço de venda do produto,

onde e o custo representa o valor dos recursos consumidos para a entrega do produto, incluindo

todo o custo de desenvolvimento do produto, produção, de marketing e venda (COOPER;

SLAGMULDER, 1997). A qualidade deve ser definida para incluir a habilidade de projetar

conforme a necessidade do cliente (qualidade do projeto), fazendo com que a funcionalidade

esteja classificada em uma característica à parte que se define na especificação do produto,

podendo ser dividia em diversas características do produto (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Para a qualidade e funcionalidade, o nível mínimo permissível representa o menor valor

de cada característica que o cliente está disposto a aceitar (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Por exemplo, sobre o mínimo de funcionalidade, poucos clientes estarão dispostos a compra-lo,

independente de quão baixo seja seu preço ou quão alta seja sua qualidade. No ponto de vista do

custo, o maior valor permissível é determinado pelo cliente, sendo o limite que o cliente está

disposto a pagar, independente da qualidade e funcionalidade e o valor mínimo factível é

24
determinado pelo menor preço que a empresa está disposta a aceitar, sobre qualidade e

funcionalidade mínimas permissíveis (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Cooper e Slagmulder (1997) enfatiza que não é necessário ou recomendável dispender um

esforço igual para as três dimensões, pois geralmente uma é dominante sobre as demais. A

demanda dos esforços necessários para cada uma das dimensões altera de acordo com o tipo de

produto, demanda do mercado e necessidade do cliente (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

3.2. O CUSTEIO-META E A METODOLOGIA DE VALOR

Produtos e Serviços possuem funções de desempenho, onde o valor é medido pela divisão

de tais funções sobre os custos (MONDEN, 1995; COOPER SLAGMULDER, 1997;

DELL’ISOLA, 1997). Neste sentido, o gerenciamento de valor é direcionado para analisar as

funções de um produto ou serviço, com a finalidade de aumentar o valor do produto, visando

identificar e eliminar custos desnecessários para alcançar o desempenho exigido no menor custo

do projeto do ciclo de vida (FONG; SHEN, 2000; GRANJA; PICCHI; ROBERT, 2005).

Conceitos ocidentais do gerenciamento de valor, como a engenharia de valor, tornaram-se então

raízes do CM no estado em que é mais conhecido hoje (MONDEN, 1995; ANSARI; BELL;

OKANO, 2006; JACOMIT, 2010);

No contexto do CM, a MV é utilizada para encontrar caminhos para aumentar

funcionalidade e qualidade, enquanto reconhece os custos. (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Desta maneira, é considerada parte integral do CM, sendo uma análise interdisciplinar e

sistemática dos fatores que afetam o custo do produto, garantindo um produto que atenda ao nível

de qualidade e confiança sobre um custo aceitável (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

25
Cooper e Slagmulder (1997) dividem o processo do CM em três níveis básicos (Figura

3-2) que se inicia com o Custo Dirigido ao Mercado (destacado em verde), com o propósito de

identificar o CPer do produto, focado nos requisitos do cliente, onde o ciclo de vida do produto é

utilizado para incorporar investimentos. Porém, na prática, muitas vezes os projetistas podem não

conseguir atingir o CPer sobre um nível aceitável de satisfação do cliente, elevando o CPer a um

nível razoavelmente alcançável durante o processo do CM no nível do Produto (destacado em

vermelho), contando com a capacidade da empresa, projetistas e fornecedores na criatividade do

projeto, que é mais afundo discutida decompondo o produto em funções e componentes

(destacado em azul) a fim de negociar no nível do fornecedor o preço que está disposto a pagar

por cada componente de seu produto (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Figura 3-2: Custeio Interorganizacional no nível do Componente


Fonte: Adaptado de Cooper e Slagmulder (1997)

Transmitindo a pressão competitiva imposta pelo mercado para os projetistas e

fornecedores, o Custeio Dirigido ao Mercado (Market-Driven Costing) promove o nível

26
necessário de gerenciamento de custo agressivo, pela definição do custo que o produto deve ser

produzido, subtraindo a margem de lucro planejada do preço praticado pelo mercado (COOPER;

SLAGMULDER; 1997). Sequencialmente, quando um CPer é definido, identifica um Custo-

Meta a ser alcançado, de acordo com reais possibilidades da empresa (JACOMIT, 2010),

contando com a colaboração e criatividade dos projetistas (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Uma vez que o Custo-Meta é estabelecido, e o terceiro nível (CM no nível do Componente)

busca atingir o Custo-Meta estabelecido por meio da utilização da Engenharia de Valor, no nível

do componente (COOPER; SLAGMULDER, 1997; COOPER; SLAGMULDER, 1999).

3.2.1. Custeio-Meta baseado no Mercado (Maket-driven costing)

No CM dirigido ao mercado, um preço meta de venda é estabelecido pelo mercado,

considerando padrões de funcionalidade e qualidade mínimos (COOPER; SLAGMULDER,

1997) ou por sistemas estratégicos de informação aliados ao conhecimento de mercado

(JACOMIT; GRANJA; PICCHI, 2007). Foca nos requisitos dos usuários finais e usa o conceito

de CPer para transmitir a pressão competitiva do mercado para os projetistas e fornecedores

envolvidos (COOPER; SLAGMULDER, 1999), onde os custos são impulsionados pela pressão

competitiva e alcançados por meio do gerenciamento dos lucros. O preço-meta de um produto é

definido por:

(1)

Inicialmente, as metas de custo do produto são definidas pela subtração da margem de

lucro almejada do preço estabelecido pelo mercado. O Preço de Mercado é definido de acordo

com o produto e os planos de lucros da empresa, onde o processo é dirigido por meio de

inteligência competitiva e análise (MONDEN, 1995; ANSARI et al., 1997, COOPER;

27
SLAGMULDER, 1997). Ao mesmo tempo, busca-se atender aos desejos e necessidades dos

clientes, uma vez que a voz do cliente é soberana sobre o produto, e metas de custo não podem

ser atingidas por meio de sacrifício sobre a qualidade e funcionalidade do mesmo (ANSARI et

al., 1997).

O Custeio dirigido ao mercado possui cinco etapas principais (COOPER;

SLAGMULDER, 1997):

 Definição das vendas de longo prazo da empresa e objetivos de lucro, enfatizando

a regra primordial do custeio meta como técnica de gerenciamento de lucro.

 Estruturação da linha de produto para alcançar a máxima lucratividade

 Definição do preço de venda do produto: O preço de venda esperado para o

produto quando lançado

 Definição da meta de margem de lucro da empresa deve ganhar no produto para

alcançar os objetivos de lucros a longo prazo

 Identificação do CPer pela meta de preço de venda subtraída da margem de lucro

meta: A partir de uma base de margem de lucro para o produto, levando em

consideração uma estratégia de longo prazo de custos, define-se um CPer.

3.2.2. Custeio-Meta no nível de Produto:

Na segunda parte do processo de CM, os projetistas focam em encontrar maneiras de

desenvolver o produto que satisfaça o usuário final no CPer que, na prática, entretanto, nem

sempre os projetistas encontram maneiras de fazer isso (COOPER; SLAGMULDER, 1999).

Quando o CPer é considerado não alcançável, um custo no nível de produto é estabelecido. A

partir da comparação do CPer com o Custo Corrente do produto, correspondente ao Custo de

28
Produção (CP), se fabricado hoje, analisa-se a possibilidade de redução de custo do produto

através do aperfeiçoamento do projeto (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Nesta fase, alguns fatores podem interferir no processo como, por exemplo: i) variedade

de produtos, frequência de lançamentos de modelos revisados e/ou atualizados, ii) grau de

inovação do produto, iii) complexidade do produto, iv) duração da fase de desenvolvimento do

produto e v) investimento inicial necessário para ser produzido (COOPER; SLAGMULDER,

1997; GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011). Uma vez que o Custo-Meta para um produto

específico é estabelecido, este custo é utilizado como uma lente que examina cada etapa da

cadeia de valor no desenvolvimento do produto, registro de pedidos e produção (WOMACK;

JONES, 2004). Neste sentido, o CM possui uma orientação externa com foco no mercado

enquanto o Custo-Meta é estabelecido de modo que possa ser atendido internamente em um nível

detalhado, por meio do aperfeiçoamento do projeto (YOSHIKAWA; INNES; MITCHELL, 1990)

contando com o envolvimento dos projetistas, para atingir as metas de custo estabelecidas, não se

perdendo o foco no usuário-final.

O CM no nível do produto possui três etapas principais (COOPER; SLAGMULDER,

1997):

 Define o Custo-Meta no nível do Produto: garante que, quando o Custo-Meta

estabelecido aumenta em algum lugar do produto, os custos são reduzidos

equivalentemente em outro lugar em uma quantidade equivalente (realocação de

custos).

 Disciplina o processo de CM no nível do Produto: recusar a produzir produtos que

estejam acima das metas de custo estabelecidas

29
 Alcança o Custo-Meta: gerenciar a transição da produção para garantir que o

Custo-Meta é realmente alcançável

3.2.3. Custeio-Meta no nível de Componente:

Considerado parte integrante do CM no nível do Produto, a abordagem do CM no nível

do componente busca definir um preço de venda no nível dos fornecedores focando na

criatividade em encontrar caminhos para projetar sobre um preço reduzido, sem reduzir sua

qualidade e funcionalidade (COOPER; SLAGMULDER, 1999).

Para o desdobramento do CM no nível do componente, é necessária a interação de

equipes internas e externas (Gerenciamento Interorganizacional), contando com a colaboração de

equipes de projetistas, fornecedores de materiais e serviços, entre outros, para que as metas

estabelecidas no nível do componente sejam atingidas pela comunicação aberta entre todos os

envolvidos (COOPER; SLAGMULDER, 1997, SIMÕES; HIROTA; TAKINAMI, 2008). O

Gerenciamento Interorganizacional de custos é usado para que o custo do produto seja atingido

sem sacrificar a funcionalidade ou a confiança do produto, pela identificação dos Custos-Meta no

nível do componente onde a pressão de custo é distribuída idealmente entre toda a cadeia

(NICOLINI et al., 2000). O processo de projeto pode ser facilitado pela utilização do

gerenciamento interorganizacional de custo, através do relacionamento colaborativo entre os

agentes envolvidos de desenvolvimento de produto e dos fornecedores (NICOLINI et al. 2000,

COOPER; SLAGMULDER, 2004).

O CM no nível do componente é dividido em quatro etapas principais onde:

 O Custo-Meta no Nível de Produto é decomposto em funções e componentes

principais.

30
 Define-se o Custo-Meta para os componentes.

 Seleciona-se e gerencia os fornecedores para negociações e melhorias no nível do

componente durante o processo de projeto.

 Recompensa a criatividade dos fornecedores para estimular o alcance das Metas

de Custo estabelecidas.

Resumidamente, a Figura 3-3 apresenta o processo do CM em seus três níveis, cada um

deles subdividido nas etapas, ordenadamente.

Figura 3-3: Os níveis de aplicação do CM


Fonte: (COOPER; SLAGMULDER, 1997, p. 74)

31
3.3. O CUSTEIO-META NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ao que tudo indica, a primeira abordagem do CM na indústria da construção foi relatada

por Nicolini et al. (2000).

Ballard e Reiser (2004) enfatizam a relação entre a cadeia de suprimentos, como sendo a

maior diferença entre as aplicações originais da manufatura e o contexto da construção civil, para

a abordagem do CM. As parcerias de longo prazo são raras na construção e tendem a ser maior

com os prestadores de serviços do que com fornecedores de materiais que, muitas vezes, são

muito maiores do que os empreiteiros da especialidade, e geralmente maior do que o próprio

empreiteiro geral, ou construtor (BALLARD; REISER, 2004).

Os estudos brasileiros sobre o CM na indústria da construção civil discutem a questão do

gerenciamento de custo (GRANJA; PICCHI; ROBERT, 2005) e contam com a utilização da MV

como ferramenta complementar ao CM, além da utilização do método Kaizen como sistema de

melhoria contínua, visando melhorar a relação entre a cadeia de fornecedores (ROBERT;

GRANJA, 2006) para melhoria de gerenciamento de custos na construção (KERN; SOARES;

FORMOSO, 2006).

Diferentemente do contexto da manufatura, onde a determinação antecipada do preço que

o cliente está disposto a pagar pelo produto sobre determinada funcionalidade e característica de

qualidade possibilita estimar os retornos de investimentos, na construção civil, geralmente, um

projeto é elaborados e construídos para um cliente, tornando a estimativa de investimentos menos

assertiva (BALLARD, 2006).

Jacomit, Granja e Picchi (2007) identificam algumas aplicações do CM realizadas na

Construção Civil, apontando os níveis de maturidade no contexto, apresentando a primeira versão

do Modelo de abordagem do CM para a Construção Civil, que será detalhado na sequência.

32
Melo et al. (2014) comparam os níveis de maturidade do CM em projetos públicos de

diferentes países, com base em estudos já publicados (NICOLINI et al., 2000; BALLARD;

REISER, 2004; JACOMIT; GRANJA, 2011) e observa que os fatores de Cooper e Slagmulder

(1997) possuem níveis diferentes de influência dentro do CM na indústria da construção.

3.3.1. Target Value Design

O termo Target Value Design (TVD) propõe uma adaptação do conceito do CM original

para a indústria da construção civil. O termo TVD foi proposto pela primeira vez por Macomber

et al. (2007), sendo muito utilizado nos EUA (RYBKOWSKI, 2009; BALLARD, 2011;

ZIMINA; BALLARD; PASQUIRE, 2012), porém, ainda em processo de adaptação para o uso na

entrega de projetos de construção (BALLARD, 2006).

O TVD postula a construção civil como um sistema complexo que inclui: definição de

produto, projeto e fases de execução e visa entregar maior valor agregado aos clientes/usuários

finais, gerando melhoria contínua e eliminação de desperdícios (OLIVA, 2014). Representa uma

intenção de entregar valor para o cliente e não apenas a redução de custos (BALLARD, 2011).

Nos Estados Unidos, local de origem da prática do TVD, o contexto de contratação de

empreendimentos é definido pela AIA3, conhecido como Integrated Product Delivery (IPD). O

IPD é um formato de contratação que propõe promover um trabalho mútuo e intenso de

colaboração, integrando todos os agentes envolvidos no processo de projeto, desde a primeira

fase (conceitual) do empreendimento (AIA, 2007), para assim alcançar os objetivos determinados

em termos de custo e entrega de valor (ZIMINA; BALLARD; PASQUIRE, 2012).

3 The American Institute of Architects

33
No Brasil, os estudos sobre o TVD são incipientes e os formatos de contratação muito

distintos do IPD, não sendo aplicado no contexto brasileiro. Por meio de um estudo de caso,

Oliva e Granja (2013) identificam as possíveis oportunidades para futuras aplicações do TVD no

contexto da habitação social brasileira.

3.3.2. O Custeio-Meta em HIS

Na Habitação Social brasileira, o CM tem sido abordado como forma de obtenção de

melhoria de qualidade, atendimento aos requisitos do cliente por meio do transporte dos

conceitos para a Habitação de Interesse Social (HIS) (GOMES; GUADANHIM; HIROTA, 2006;

SIMÕES; HIROTA; TAKINAMI, 2008; TAKINAMI; HIROTA; SIMÕES, 2009; GRANJA et

al., 2011; JACOMIT; GRANJA, 2011; GUADANHIM; HIROTA; LEAL 2011, RUIZ;

GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014; ARAGÃO, 2014).

Sobre os estudos anteriores que abordam o CM no contexto de HIS, foram encontradas

publicações com desenvolvimento do mapa da cadeia de negócios de empreendimentos em um

município brasileiro de médio porte, mapeamento do Processo de Desenvolvimento do Produto

(PDP) (GOMES; GUADANHIM; HIROTA, 2006) e análise de cadeia de negócios (SIMÕES;

TAKINAMI; HIROTA; 2008), com identificação de gargalos e melhorias do processo para o

contexto da HIS (TAKINAMI; HIROTA; SIMÕES, 2009).

Estudos anteriores já indicavam um cenário hipotético ideal para a aplicação de CM na

Construção de HIS (GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011). A gestão eficiente de informações

e domínio dos custos, e não dos preços dos componentes e serviços, deve existir além do custo ao

longo do ciclo de vida do produto (GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011). Avaliação contínua

34
se faz necessária, pois o processo é cíclico e não linear (GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011)

e conta com o processo Kaizen para reavaliações (ROBERT; GRANJA, 2006).

Existência combinada de técnicas e ferramentas de Engenharia de Valor, associadas à

criatividade da equipe de projeto, à formação de equipes multidisciplinares e à estruturação dos

custos baseada em funções devem ser adicionadas para permitir a avaliação do valor agregado e

percebido pelo usuário-final (GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011, RUIZ; GRANJA;

KOWALTOWSKI, 2014).

Geralmente, o envolvimento da cadeia ocorre parcialmente durante o processo de projeto,

os subfornecedores de materiais de construção em geral são maiores do que as empresas

construtoras e acabam limitando a margem de negociação, além da grande dificuldade em se

trabalhar com o custo ao longo do ciclo de vida do produto (GUADANHIM; HIROTA; LEAL,

2011; JACOMIT; GRANJA, 2010). O envolvimento de toda a cadeia (investidores, construtores,

projetistas, fornecedores, vendedores e usuários-final) deve existir durante todo o processo de

desenvolvimento do produto, contando com a formação de equipes multidisciplinares

(NICOLINI et al., 2000; GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011; MELO et al., 2014).

Apesar da dificuldade de identificação da percepção de valor para HIS, estudos recentes

têm fornecido dados de entrada para aplicação do CM no contexto da Habitação Social

(KOWALTOWSKI; GRANJA, 2011; MIRON, 2008).

Jacomit e Granja (2010) identificam as principais características para a aplicação do CM

em Empreendimentos de Habitação de Interesse Social:

Perfil da Empresa: Empresa sem fins lucrativos - devido à inexistência de margem de

lucros para ser gerenciada no nível do cliente, que no contexto da Habitação Social é o próprio

Governo, o CPer precisa ser determinado com base em critérios diferentes de um contexto

35
mercadológico, onde o Custo é estabelecido pela margem de lucros e preço do mercado

(JACOMIT; GRANJA, 2010).

Controle de Custos: Elaboração da primeira estimativa de custos geralmente ocorre antes

do processo de projeto. Quanto mais tarde o processo de estimativa dos custos de produção é

iniciado, mais tarde poderão iniciar as análises de valor. Se o processo de estimativa dos custos

de produção iniciar após a realização do projeto, não será possível o gerenciamento proativo dos

custos e a consideração do custo como parâmetro de entrada para o projeto, conforme premissa

do CM (JACOMIT; GRANJA, 2010).

Forma de Contratação: A existência de processo licitatório para a execução da obra

contratado único favorece a utilização de composições padrões de custos que podem não

representar a realidade construtiva, ou sofrer “defasagem” financeira (CBIC, 2014),

comprometendo o processo de determinação do CP (JACOMIT, 2010). Impede que a construtora

participe do processo de desenvolvimento do produto, podendo comprometer a construtibilidade

do empreendimento e o gerenciamento dos custos, diminuindo ou anulando a redução de custos

proveniente de negociações com fornecedores (JACOMIT; GRANJA, 2010).

Processo de Projeto: O processo de elaboração do projeto terceirizado aumenta a

complexidade das análises de valor ou do processo de consideração do impacto de cada alteração

de projeto no custo do empreendimento (JACOMIT; GRANJA, 2010). É comum que os

projetistas sejam terceirizados e contratados por projetos separados, o que dificulta a aplicação do

CM.

Remuneração de Projeto: Forma de remuneração do projeto por preço fechado ou por

metro quadrado não recompensa esforços na busca de inovações que visem à redução de custos

e/ou aumento da qualidade e/ou funcionalidade (JACOMIT; GRANJA, 2010). Com contratos de

incentivo, o escritório de projetos pode ser motivado a buscar soluções criativas, inovações, que
36
visem à redução de custos e/ou aumento da qualidade e/ou funcionalidade (JACOMIT;

GRANJA, 2010).

Cliente: Os clientes podem ser classificados em dois tipos, “Cliente não usuário” e

“Usuário-final”. O Cliente não usuário pode diminuir a importância dos custos de manutenção

(energia, água, reparos, etc.) da edificação e, com isso, também perde importância a aplicação de

CM com a consideração dos custos ao longo do ciclo de vida (JACOMIT; GRANJA, 2010), pois

sua preocupação é focada no curto-prazo, como o estabelecimento do custo-permissível e nas

análises de valor. Por outro lado, se o empreendimento for concebido para venda ou locação, o

cliente pode ter interesse somente em custos mais baixos de construção. Todavia, é importante

ressaltar que o atendimento do custo-meta não deve implicar aumento dos custos ao longo do

ciclo de vida (NICOLINI et al., 2000). Classificados como “Usuários-finais” estão os não

inclusos no processo de projeto, aumentando a necessidade de pesquisas de mercado ou troca de

informações com a área de vendas para reconhecimento dos requisitos de valor, que devem ser

utilizados como dados de entrada no processo de projeto (JACOMIT; GRANJA, 2010).

Padronização do Projeto: Quanto mais alto o nível de padronização, menor a

consideração das necessidades específicas dos usuários na elaboração do projeto. Em

contrapartida, menor a disparidade entre os preços e características de produtos similares maior

facilidade de se determinar o preço de mercado, o CPer e a primeira estimativa do CP

(JACOMIT; GRANJA, 2010).

Nível de Industrialização: Quanto maior a repetitividade, maior a confiabilidade na

determinação do CPer, custo-meta e do CP; maior a importância da fase de processo de projeto;

aumentam as oportunidades de redução de custos na fase de construção, principalmente se a mão-

de-obra for mantida constante; maior a probabilidade de que haja feedback dos usuários,

permitindo que sejam identificadas oportunidades para redução de custos e/ou aumento da
37
qualidade e/ou funcionalidade ou adequação dos níveis de funcionalidade e qualidade mínimos

pré-estabelecidos (JACOMIT; GRANJA, 2010). Quando a repetitividade é baixa, aumenta a

complexidade do CM, principalmente na determinação do custo-meta e da primeira estimativa do

CP (JACOMIT; GRANJA, 2010). A utilização de peças pré-fabricadas é vista como tendência e

forma de impulsionar o desenvolvimento de novas técnicas construtivas, com o intuito de

redução dos custos produtivos e aumento da velocidade de execução (GUADANHIM; HIROTA;

LEAL, 2011). A implementação de peças e componentes modulares ou padronizados é essencial

para otimização do processo na construção civil, que pouco se utiliza de processos

industrializados (GUADANHIM; HIROTA; LEAL, 2011), favorecendo também à abordagem da

Customização em Massa, no sentido de aumentar a entrega de valor em HIS pelo reconhecimento

de clusters de famílias (HENTSCHKE et al., 2015).

Produção: Mão de obra terceirizada na fase de construção aumenta a dificuldade do

processo de redução de custos na fase de construção com aplicação de custeio-kaizen (melhoria

contínua) (ROBERT; GRANJA, 2006). A dificuldade de estimar dados de produtividade e da

padronização na fase de execução influencia na determinação do CP. A mão de obra própria

favorece a aplicação do CM, pois aumenta a precisão das estimativas de produtividade com a

padronização na execução dos serviços, influenciando na determinação do CP e auxilia no

processo de redução de custos com aplicação de custeio-kaizen (JACOMIT; GRANJA, 2010).

Padronização: Quando a padronização dos componentes é baixa, aumentam as

possibilidades de estabelecimento de relacionamentos de parceria com os fornecedores,

facilitando o processo de redução de custos (JACOMIT; GRANJA, 2010). Quanto maior o nível

de personalização de um componente ou de partes do projeto, maior a tendência de que os

fornecedores sejam mais dependentes do produtor e, assim, mais abertos a negociações. Se

houver dependência e se não houver uma aliança de negócio, as reduções de preço resultantes de
38
negociações entre produtor e fornecedor podem resultar em comprometimento da qualidade e da

funcionalidade do componente (JACOMIT, 2010).

Para avançar no quesito competitividade, as empresas comumente comparam seu produto

com os produtos produzidos pelos concorrentes, que atendem ao mesmo nicho de mercado. No

CM original da manufatura, as características do produto são discutidas a partir dos 13 fatores

influenciam uma aplicação de CM de Cooper e Slagmulder (1997).

No setor de HIS, Granja et al. (2011) discutem os mesmos 13 fatores de Cooper e

Slagmulder (1997) por meio de diretrizes (oportunidades e barreiras) a partir de duas

modalidades de provisão de HIS.

3.3.3. Modelo de Abordagem do Custeio-Meta para o Processo de


Desenvolvimento de Edificações

Após extenso estudo sobre o CM, desde sua origem na manufatura, Jacomit e Granja

(2011) propuseram um modelo de abordagem do CM para edificações. Este inicia-se na fase de

conceito, ou CM dirigido ao Mercado, destacada em verde na Figura 3-4, sendo consequente a

abordagem do CM no nível do produto, destacado em vermelho, e o CM no nível de componente

representado pela cor azul, finalizando na fase de entrega do produto ao cliente e feedback,

conforme os três níveis do CM definidos Cooper e Slagmulder (1997).

39
Figura 3-4: Modelo para Incorporação do CM ao Processo de Desenvolvimento de Edificações
Fonte: Jacomit (2010)

40
3.3.3.2. O Custeio-Meta Dirigido ao Mercado: Etapas 01 a 08 do
modelo de Jacomit e Granja (2011):

A partir da identificação da necessidade dos clientes e da demanda que influencia na

compra do produto (etapa 01), definida através da captação de perspectivas de valor dos clientes

do nicho de mercado em questão, os atributos de projeto que irão proporcionar atendimento aos

desejos e necessidades são definidos (etapa 02), paralelamente à identificação dos níveis mínimos

de qualidade e funcionalidade conforme o tripé de sobrevivência de Cooper e Slagmulder (1997).

Esta análise refletirá nos estudos preliminares do produto, elaborados na sequencia (etapa 03).

Para o gerenciamento de custos, é necessário iniciar uma análise de mercado (etapas 04 e

05) para definir o Preço de Mercado do produto (etapa 06), equivalente ao preço atual praticado

no setor para o nicho do produto em questão. Este valor é associado aos possíveis diferenciais do

produto e o preço máximo ou valor máximo que o cliente está disposto a pagar (RYBKOWSKI,

2009).

Antes de apresentar o desenvolvimento da aplicação do CM em termos de custos, os

principais termos devem ser definidos (Quadro 3-3).

Quadro 3-3: Termos adotados que envolvem o Custo durante a aplicação do CM Dirigido ao Mercado
Custo comparável ao preço praticado pelo mercado, considerando um
Preço de Mercado (PMerc)
produto equivalente disponível por concorrentes.
Margem de Lucro Valor atribuído à soma de despesas comerciais e despesas administrativas
Planejada (Benefícios e (Backoffice), impostos e lucros do produto (levando em consideração o ciclo
Despesas Indiretas - BDI) de vida do produto e as estratégias de longo prazo da empresa).
Diferença entre o preço de mercado e o lucro planejado, sendo o custo
Custo Permissível (CPer)
máximo que não pode ser excedido para a viabilização do produto.
Fonte: Adaptado de Jacomit (2010) e Rybkowski (2009)

41
A margem (markup4) deve então ser definida (etapa 07), considerando despesas

comerciais e despesas administrativas (Backoffice), somando impostos e lucros do produto e

levando em consideração o ciclo de vida do produto e as estratégias de longo prazo da empresa

(JACOMIT; GRANJA, 2011). Na construção civil, geralmente esta margem é decomposta por

diversos empreendimentos da empresa sobre o tempo de execução e volume de vendas,

considerando o número de unidades comercializadas (JACOMIT, 2010). No presente estudo, o

termo markup é substitudído pelo termo BDI.

BDI representa os lucros ou benefícios do produto somado às despesas indiretas

incorridas. O lucro, ou benefícios, é a remuneração do empreendimento, associada ao risco da sua

realização e não deve ser confundida com a remuneração do capital, pois esta é computada na

forma de juros. As despesas indiretas são aquelas que não podem ser atribuídas diretamente aos

insumos aplicados (PINI, 2002).

A partir da definição do Preço de Mercado e Margem de lucro planejada pela empresa o

CPer é estabelecido (etapa 08), sendo que o custo máximo não pode ser excedido para a

viabilização do produto (COOPER; SLAGMULDER, 1997; BALLARD; REISER 2004;

NICOLINI et al., 2000). O CPer é a diferença entre o preço de mercado e a margem planejada,

estabelecido pela função:

(2)

4 Markup é a quantidade adicionada ao custo para cobrir despesas e lucro, fixando o preço de

mercado. No raciocínio do Custeio-Meta, o Markup deve ser subtraído do Preço de Mercado para que o
Custo Permissível seja estabelecido (JACOMIT, 2010).

42
3.3.3.1. O Custeio-Meta no nível do Produto: Etapas 09 a 13 do
modelo de Jacomit e Granja (2011)

Em muitos casos, CPer não pode ser alcançado com rapidez devido à capacidade

produtiva da empresa avaliada, fazendo-se necessário uma determinação das capacidades reais de

redução de custo (etapa 09) para que o produto seja vendável (JACOMIT; GRANJA, 2011).

Os principais termos adotados durante a aplicação do CM no nível do Produto são

apresentados no Quadro 3-4:

Quadro 3-4: Termos adotados que envolvem o Custo durante a aplicação do CM no nível do Produto
Custo Permissível Diferença entre o preço de mercado e o lucro planejado, sendo o custo máximo que
(CPer) não pode ser excedido para a viabilização do produto.
A meta de redução de custo (Cost Gap) determina o valor meta de redução do CP,
Meta de redução
estabelecido pela diferença entre a Primeira estimativa de CP e o Custo-Meta
(Cost Gap)
estabelecido (Cost Gap= CP-CM).
Custo de Produção Custo para produção, baseado em dados históricos, referenciais de mercado,
(CP) levando em consideração custos diretos e indiretos
Custo-Meta (nível Meta de redução definida a partir das reais capacidades de redução de custo da
de produto) (CM) empresa, para aumento da vantagem competitiva
Fonte: Adaptado de Jacomit (2010) e Rybkowski (2009)

O Custo-Meta é gerado a partir das reais possibilidades de redução de custo no nível de

Custo de Empresa, CPer e CP, estabelecido entre a primeira estimativa do CP e o CPer, se.

Ballard (2008) propõe o estabelecimento do Custo-Meta abaixo do Custo-Permissível, tornando o

processo de atendimento ao Custo-Meta mais desafiador do que o CPer. Esta estratégia é

recomendada para casos onde a capacidade de redução de custos da empresa permita, ou em

casos onde o CP é próximo do CPer (JACOMIT, 2010), estabelecendo a equação onde:

(3)

Nesta fase, a estimativa de custo (etapa 11) é utilizada como uma maneira de definir um

custo provável de um projeto ou produto futuro, antes do projeto ser detalhado (JACOMIT,

2010). Os custos iniciais estimados dão origem ao quarto elemento do tripé de sobrevivência de

43
Cooper e Slagmulder (1997) - o “preço mínimo do produto” que assegura a margem de lucros, ou

CP.

Para estimativas iniciais de custo, são consultadas informações de referência de produtos

semelhantes da própria empresa ou empresas concorrentes (JACOMIT, 2010), utilizam-se

referências mercadológicas de custos, como um valor por m2 (RYBKOWSKI, 2009) ou um

índice, como o CUB5, por exemplo. A primeira estimativa de CP (CP) do produto (etapa 12) deve

ser elaborada paralelamente às determinações da margem (etapa 07) e deve ser constituído tanto

de custos diretos quanto dos indiretos (JACOMIT, 2010).

Estabelecido o Custo-Meta, é necessário identificar as reais metas de redução (Cost Gap),

baseadas no CP inicial da empresa, ou seja, a partir de suas reais capacidades de produção. A

meta de redução é definida:

(4)

Pode ocorrer, em algumas situações, do CPer estabelecido pela empresa ser superior ao

Custo-Meta definido. Quando o CPer atinge um valor superior ao Custo-Meta, inicia-se uma

nova fase de reavaliação e recálculo dos modelos do produto por meio da MV, para que o CPer

seja igual ou inferior ao Custo-Meta, ou “CPer ≤ Custo-Meta” (JACOMIT; GRANJA; PICCHI,

2007). É importante não se perder de vista o fato de que o produto deve ser rentável de acordo

com a necessidade do mercado, considerando satisfação de demanda do cliente, qualidade e

funcionalidade (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

5 CUB ou Custo Unitário Básico representa um custo unitário de construção por metro quadrado

utilizado como referência para o setor da Construção Civil. É calculado mensalmente pelos Sindicatos da
Indústria da Construção Civil de todo o país (SINDUSCON, 2015).

44
3.3.3.2. O CM no nível do Componente: Etapas 13 a 18 do modelo
de Jacomit e Granja (2011):

Quando o CPer não é atingido, a MV, ou Engenharia de Valor, é a primeira técnica usada

para encontrar caminhos para reduzir o custo do produto (DELL’ISOLA, 1997; ELIAS, 1998)

mantendo sua funcionalidade e qualidade de demandas dos clientes (COOPER; SLAGMULDER,

1997; ANSARI et al., 1997).

Inicia-se então uma fase de avaliação no nível de função e componente que utiliza a MV

como ferramenta de auxílio (YOKOTA et al., 2010; RUIZ, 2011; RUIZ; GRANJA;

KOWALTOWSKI, 2014). Para a avaliação de custos do produto no nível de Funções ou

Componentes, é necessário utilizar a MV, que oferece várias ferramentas de análise (etapa 14),

apresentadas no próximo Capítulo.

Na etapa de aplicação da MV no nível de componente sugere a utilização de Tabela de

Custos (Cost Tables) para auxílio como banco de dados às informações de custo (JACOMIT,

2010; YOSHIKAWA; INNES; MITCHELL, 1990). A Tabela de Custos auxilia na utilização

prática de custos predefinidos em projetos passados para prever despesas futuras, mensurando o

planejamento técnico de um produto novo ou existente, coerentemente redesenhado (RAINS,

2010) e a utilização de softwares para integração de modelos (BALLARD; REISER, 2004).

Quando as funções ou componentes com potencialidade para redução de custos são

identificadas e seus custos efetivamente reduzidos, tal redução reflete no objetivo de redução de

custo no nível do produto (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

O Custo-Meta pode ser decomposto em níveis de funções e componentes (Figura 3-5) e

ainda em partes dos componentes que são relevantes para negociação de preço com os

45
fornecedores (etapa 15) formando equipes multidisciplinares (EVERAERT; BRUGGEMAN,

2002; BALLARD; REISER, 2004).

Figura 3-5: O CM no nível Componente


Fonte: Adaptado de Cooper; Slagmulder (1997)

Quando as funções ou componentes com potencialidade para redução de custos são

identificadas e seus custos efetivamente reduzidos, tal redução reflete no objetivo de redução de

custo no nível do produto (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Para criar uma pressão equilibrada entre os fornecedores, as empresas utilizam o CM no

nível de componente em busca de encontrar maneiras de projetar dentro do custo estipulado e

reduzido (COOPER; SLAGMULDER, 1997), com foco na criatividade do fornecedor em

encontrar esforços de redução de custo do componente fornecido (RUIZ; GRANJA;

KOWALTOWSKI, 2014). Assim, o projeto é desenvolvido contando com uma equipe

multidisciplinar (etapa 16), considerando um nível de colaboração e abrindo a comunicação entre

os agentes envolvidos, considerando fornecedores, o cliente e projetistas (COOPER;

SLAGMULDER ,1997, BALLARD; KOSKELA, 1998) garantindo melhoria no processo de

projeto de cada uma das disciplinas envolvidas (etapa 17).

46
Após a aplicação da MV, as plantas de cada especialidade são desenvolvidas por etapa e

as demais estimativas de CP são elaboradas (etapa 18), denominadas como Custo de Produção 01

(CP1). As estimativas de CP1 são elaboradas com base no projeto para reavaliar se o “CPer ≤

Custo-Meta” (JACOMIT, 2010). Quando o Custo-Meta é atingido, parte para etapa de início de

produção, finalização e entrega ao cliente, e posterior feedback sobre o resultado do produto

(etapas 19 e 20) (JACOMIT, 2010). Quando CPer não é atingido, é necessário retomar a uma

nova analise de função até que o Custo Meta seja atingido (RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI,

2014).

Uma vez que o Custo-Meta é atingido, é possível buscar um custo ainda menor, o “Custo

Admissível” garantindo o atendimento à funcionalidade e a qualidade do produto (COOPER;

SLAGMULDER, 1997; ROBERT; GRANJA, 2006; RUIZ; GRANJA, 2009).

47
48
4. A METODOLOGIA DE VALOR

Metodologia de valor (MV) surgiu originalmente com a denominação Engenharia de

Valor na década de 80, evoluindo na década de 90 para uma abordagem mais ampla para buscar o

“melhor valor” (best value) (ELLIS; WOOD; KEEL, 2005). É definida pela Society American

Value Engineering (SAVE, 2014) como uma aplicação de metodologia sistemática e estruturada

para melhorias de projetos, produtos e processos que auxilia no alcance do equilíbrio ideal entre a

função, desempenho, qualidade, segurança e custo de um produto, resultando em um valor

maximizado para o projeto (SAVE, 1998). É utilizada para analisar e melhorar produtos,

processos, projetos e execução em um contexto de manufatura, além de processos administrativos

e de negócios (SAVE, 1998).

Cooper e Slagmulder (1997) definem a Engenharia de Valor como:

“[...] uma avaliação interdisciplinar sistemática de fatores que afetam o


custo de um produto com o objetivo de criar meios para alcançar um propósito
específico com padrões de qualidade que assegurem o produto, levando em
consideração um custo aceitável” (COOPER; SLAGMULDER, 1997, p. 80).

No contexto da MV, o valor representa um desempenho seguro das funções para atender

às necessidades dos clientes com o menor custo e pode ser representado pela seguinte fórmula

(MONDEN, 1995; COOPER; SLAGMULDER, 1997; DELL’ISOLA, 1997):

(5)

Na fórmula do Valor, a função representa o que o produto ou serviço deve supostamente

“servir para” ou “fazer” e o custo é a despesa necessária para criá-lo (DELL’ISOLA, 1997),

refletindo a perspectiva do produtor (COOPER; SLAGMULDER, 1997). Já a equação do Valor

Percebido reflete diretamente no usuário-final (COOPER; SLAGMULDER, 1997). Nestas

equações, o custo e o preço seguem as mesmas regras internas e externas assim como no tripé de

49
sobrevivência, sendo fortemente integradas com análises de consumidor e demais técnicas que

garantem a satisfação do cliente (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Nos programas japoneses de Engenharia de Valor, o objetivo não é minimizar o custo dos

novos produtos, mas sim alcançar os níveis especificados de redução de custo, projetando para

um custo (design to a target cost), em oposição a custo mínimo o que resulta em produtos com

menor custo (COOPER; SLAGMULDER, 1997; BALLARD; REISER, 2004). Tal concepção de

um baixo custo especificado parece criar uma pressão mais intensa para reduzir os custos, do que

a projetar sobre um custo mínimo não especificado (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

Elias (1998) enfatiza que a MV não é meramente uma revisão de custo que visa eliminar

o que descreve como gold plating6, existente no produto, como um programa de corte de custo.

Além disso, não se trata de método para redução de custo que atua por meio da degradação do

desempenho, como um esforço que compromete as funções essenciais pelo corte de custos

(ELIAS, 1998). Estes custos desnecessários podem existir devido a atitudes e hábitos, falta de

tempo suficiente para o processo de projeto, falta de informação, comunicação, ideias

preconcebidas, por problemas de experiência ou falha da utilização de especialistas disponíveis

(MILES, 1989).

Observa-se que o maior potencial de redução de custo por meio da aplicação da MV

encontra-se na fase inicial do processo de projeto (ELLIS; WOOD; KEEL, 2005).

Contrariamente, os custos relativos ao produto e a resistência para mudanças são baixos na fase

inicial do processo de projeto, tendendo a aumentar gradativamente (KELLY; MALE, 1998;

BRE, 2000; ELLIS; WOOD; KEEL, 2005).

6 Gold Plating refere-se a um gasto desnecessário em tarefa ou projeto extra que esteja fora do

escopo ou além do ponto onde o esforço extra vale a pena, considerando o seu valor acrescentado
(PMBOK, 2000).

50
Figura 4-1: Níveis de decisões e ciclo de vida do projeto e oportunidades e potenciais de economia através da
aplicação da MV
Fonte: Adaptado de Ellis, Wood e Keel (2005), Kelly e Male (1998) e Bre (2000)

Ruiz, Granja e Kowaltowski (2014) enfatizam que a MV pode também ser utilizada como

ferramenta auxiliar para se chegar ao Custo-Meta determinado durante o PDP. A aplicação da

MV pode ocorrer sobre um processo cíclico, levando em consideração a fase criativa dentro da

MV (ABREU, 1996).

51
Este processo cíclico, também chamado de “ciclo de valor” por Abreu (1996) e Ruiz,

Granja e Kowaltowski (2014) é ilustrado na Figura 4-2.

Figura 4-2: Processo de aplicação da MV’


Fonte: Adaptado de Ruiz (2011) e Abreu (1996)

4.1. CONCEITOS DE VALOR

O conceito de valor também é bastante amplo e sua definição envolve fatores subjetivos

(MIRON, 2008). Na literatura, é possível encontrar diversas definições de valor para o cliente.

Woodruff (1997) enfatiza que apesar da diversidade, existem similaridades entre os conceitos

existentes como a relação entre o valor e uso do produto, o fato do produto ser percebido apenas

por seus consumidores.

52
O valor envolve dois tipos de julgamento o i) valor recebido: como qualidade, benefícios

e valor financeiro; e o ii) valor entregado: ao adquirir e usar o produto (preço, sacrifícios)

(KOWALTOWSKI; GRANJA, 2011; MIRON, 2008).

A percepção de valor com relação a um produto é vista pelos clientes como a razão entre

benefícios percebidos sobre os sacrifícios decorrentes da aquisição de uso do produto,

envolvendo interações complexas de escolhas realizadas pelo cliente, tanto por atributos positivos

como negativos baseadas em ponderações entre ambos os lados (tradeoff7) (MONROE, 1990).

Na abordagem do CM, o valor é um dos fatores considerados diferenciais, quando incorporado na

fase de projeto (Figura 4-3), objetivando a garantia de satisfação dos clientes e usuários-finais

(COOPER; SLAGMULDER, 1997). Além disso, é importante compreender e traduzir os

atributos de valor dos clientes e usuários-finais em características de projeto, atendendo às

expectativas criadas (THOMSON et al, 2003). O valor percebido é de grande importância, pois

através dele a alta gestão enxerga o produto como tendo um papel significativo na reputação da

empresa, reforçando-a como inovadora (COOPER; SLAGMULDER,1997).

Na manufatura, a tarefa mais importante na especificação do valor (Figura 4-3), depois

que o produto é definido, é determinar o custo alvo com base no volume de recursos e nos

esforços necessários para fabricar um produto com determinadas especificações e capacidades

(WOMACK; JONES, 2004).

As empresas definem preços de venda específicos, baseado no que acreditam que o

mercado poderá suportar e trabalham de trás para frente para determinar os custos aceitáveis com

a finalidade de garantir uma margem de lucro adequada e devem fazê-lo a qualquer momento em

7 Trade-off : Oriundo da língua Inglesa. Significa trocar alguma coisa por outra, abrindo mão de um benefício ou vantagem por algo que
seja mais desejável.

53
que começarem a desenvolver um novo produto (WOMACK; JONES, 2004, COOPER;

SLAGMULDER, 1997).

QUALIDADE E
CUSTO
F UNC IONALIDADE
INCREM ENTAL
CORRENTE ADIC IONAL
OBJ ETIVO DE REDUÇÃO DE CUS TO

QUALIDADE E
F UNC IONALIDADE
ADIC IONAL

CUSTO F UNC IONALIDADE + CUSTO


CORRENTE DO QUALIDADE PERM ISSÍVEL DO
PRODUTO EXIS TENTES NOVO PRODUTO
F UNC IONALIDADE +
QUALIDADE
EXIS TENTES

Custo Corrente Custo Permissível


Figura 4-3: Oportunidades e potenciais de economia através da aplicação da MV
Fonte: Adaptado de COOPER; SLAGMULDER (1997)

4.1.1. O VALOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Na construção civil brasileira, a questão do valor para HIS tem sido desenvolvida em

recentes estudos que consideram a preferência de valor percebido pelo cliente (MIRON, 2008;

GRANJA; KOWALTOWSKI; PINA, 2009; KOWALTOWSKI; GRANJA, 2011; FORMOSO;

LEITE; MIRON, 2011; RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014).

4.1.1.1. Avaliação Pós-Ocupação

A APO diz respeito a uma série de métodos e técnicas que diagnosticam fatores positivos

e negativos do ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores socioeconômicos, de

54
infraestrutura urbana, dos sistemas construtivos, conforto ambiental, conservação de energia,

fatores estéticos, funcionais e comportamentais, levando em consideração o ponto de vista dos

próprios avaliadores, projetistas e clientes, e também dos usuários (ROMÉRO; ORNSTEIN,

2003). Mais do que isso, a APO se distingue das avaliações de desempenho “clássicas”

formuladas nos laboratórios dos institutos de pesquisa, pois considera fundamental também aferir

o atendimento das necessidades ou o nível de satisfação dos usuários, sem minimizar a

importância da avaliação de desempenho físico ou “clássica” Nesse sentido, a APO tem grande

validade “ecológica”, pois faz análises, diagnósticos e recomendações a partir dos objetos de uso,

in loco, na escala e tempo reais (ROMÉRO; ORNSTEIN, 2003).

4.1.1.2. Ferramenta de captação do valor desejado

No âmbito da HIS, Granja, Kowaltowski e Pina (2009) identificam as preferências de

valor desejado para HIS por meio do Índice Geral de Importância (IGI). O IGI é uma variável

que se destina a aferir a importância de cada item de valor em HIS, captando os resíduos de

intenções de escolha que possam estar presentes nas alternativas de maior prioridade no ponto de

vista do usuário-final (GRANJA; KOWALTOWSKI; PINA, 2009).

O objetivo do IGI é, principalmente, ser um dado de entrada para possíveis oportunidades

de intervenções projetuais, correlacionando o resultado à aplicação da MV (GRANJA;

KOWALTOWSKI; PINA, 2009; YOKOTA et al., 2010; KOWALTOWSKI; GRANJA, 2011;

RUIZ, 2011; RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI 2014).

O IGI foi adaptado para atender ao contexto de HIS em formato de “Jogo”, onde as

preferências de valor desejado que compõem o “baralho de cartas” do IGI seguem o roteiro de

montagem da técnica de Preferência Declarada de Brandli e Heineck (2008) sobre uma adaptação

55
do Modelo de Valor idealizado com base em Spencer e Winch (2002), Hershberger (1999) e

Woodruff (1997), para o contexto de HIS (KOWALTOWSKI; GRANJA, 2011).

O estudo de Spencer e Winch (2002) apresenta um Modelo de Valor dividido em quatro

atributos-chave: i) valor financeiro; ii) qualidade do ambiente interno; iii) simbolismo e; iv)

qualidade espacial.

Na adaptação para a HIS, o IGI é dividido em cinco categorias com vinte e seis (26) itens

de análise. As categorias são classificadas em: i) perspectiva financeira; ii) qualidade espacial; iii)

qualidade do ambiente interno iv) percepções socioculturais de caráter socioespacial e v)

percepções socioculturais referente a valores culturais.

Na aplicação de Kowaltowski e Granja, (2011), os 26 itens de análise foram

transformados em cartas de baralho (ilustrações) e aplicados com moradores de HIS da

Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU-SP).

Dividido em cinco grupos, os moradores classificavam tais cartas por ordem de importância em

uma primeira rodada e, sequencialmente, a carta do baralho mais importante de todos os grupos

foram comparadas entre elas, gerando uma segunda rodada.

56
Figura 4-4: Instrumento de aplicação em forma de baralho de cartas, representando o valor desejado
no contexto de HIS (26 cartas divididas em 5 grupos)
Fonte: Kowaltowski e Granja (2011).

Por fim, os resultados da aplicação foram transformados em dados estatísticos e

analisados por meio da análise estatística de intervalo de confiança (bootstrap), gerando um

Índice Geral de Importância (IGI).

57
A hierarquização dos requisitos do usuário baseada no IGI pode indicar quais necessidades

devem ser priorizados durante o processo de projeto no ponto de vista do usuário final para que a

tomada de decisões e melhorias projetuais ocorram em função de suas necessidades mais relevantes

(KOWALTOWSKI; GRANJA, 2011; RUIZ, 2011; ARAGÃO, 2014).

Ruiz, Granja e Kowaltowski (2014) utilizaram os mesmos dados do IGI para uma

simulação de aplicação da Engenharia de Valor, que mostrou a aplicabilidade dos dados para

HIS.

No presente estudo, o IGI gerado por Conceição, Imai e Urbano (2015), com base em

Kowaltowski e Granja (2011), é utilizado como parâmetro de entrada para a aplicação do CM na

fase de Identificação da demanda, captação das percepções de valor dos clientes que

pertencem ao nicho de mercado e determinação dos fatores que influenciam na compra -

etapa 1 do Modelo de Jacomit e Granja (2011).

O universo da pesquisa do estudo de caso de Conceição, Imai e Urbano (2015) foi

equivalente a 1.272 unidades e o tamanho amostral foi definido seguindo os critérios para

amostra estratificada de Ornstein e Romero (1992), equivalente a 93 unidades.

Na aplicação do Baralho de Cartas adaptado por Conceição, Imai e Urbano (2015), a carta

modificada “Áreas comuns”, originalmente representada por centro comunitário, quadra,

playground e escadas, foi substituída por “Áreas públicas” que representaria espaços públicos

urbanos como praças, ruas, entre outros. A segunda carta que sofreu alteração foi “O lugar”,

adaptada para “A Localização”. Além disso, foi acrescentada uma carta extra ao baralho:

“Disposição dos Cômodos dentro da casa (localização de cada cômodo na casa)”. Esta adaptação

foi realizada em razão da diferenciação de tipologias de habitação entre os dois estudos

(CONCEIÇÃO; IMAI; URBANO, 2015).

58
Os valores definidos como IGI do estudo de caso de Conceição, Imai e Urbano (2015),

apresentado no Gráfico 4-1, foram norteadores do presente trabalho, que utilizou tais resultados

como valores de referência de valor para a aplicação do CM:

Gráfico 4-1: Índice Geral de Importância para HIS no Estado de São Paulo – CDHU-SP

Fonte: Conceição, Imai e Urbano (2015)

4.2. TÉCNICAS E FERRAMENTAS DA METODOLOGIA DE VALOR

Com base na literatura, as técnicas e ferramentas da Metodologia de Valor (MV)

disponíveis foram identificadas e analisadas para um entendimento generalizado de sua

aplicabilidade na abordagem do CM.

59
Dentre a variedade de técnicas e ferramentas que a MV oferece, algumas foram

selecionadas para auxílio na aplicação do CM (Quadro 4-1). Dentre elas estão: Análise de Função

(COMPARE), Workshops, aplicação FAST e Técnica de Mudge. A seleção foi realizada com

base os estudos da teoria que já abordavam de técnicas e ferramentas da MV na Construção Civil

(RUIZ, 2011, RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014; NOGUCHI, 2004).

Quadro 4-1: Conceitos adotados que envolvem o Custo durante a aplicação do CM


Ferramentas da Finalidade
MV
Análise de Visa aperfeiçoar o projeto, pela identificação e eliminação de custos desnecessários e
Função identificação e incorporação de possibilidades de aperfeiçoamento do produto ou
(COMPARE) serviço ao processo produtivo.
Busca assegurar que os elementos do processo que representem maior valor para o
Quality Function cliente sejam controlados, para assegurar a qualidade do produto final no que se refere
Deployment ao atendimento às especificações e satisfação do usuário-final. Apesar de ser uma
(QFD) ou Casa da ferramenta da Gestão de Qualidade, pode também ser utilizado para nortear o
Qualidade processo de aprimoramento dos processos, análises de valor, auxiliando na
distribuição do custo-meta para a cadeia de suprimentos.
Promove o encontro das equipes multidisciplinares, possibilitando a realização das
Workshops
análises de valor e “brainstorm”.
Avaliação
Auxiliar na seleção das melhores soluções propostas geradas durante o PDP, ou
Quantitativa de
durante os workshops realizados.
Idéias
Function Analysis
Capturar a visão do usuário-final e auxiliar no processo de identificação dos custos
System Technique
possíveis de realocação por meio da hierarquização das funções.
(FAST)
Hierarquizar as funções que compõem um determinado produto por meio de
Técnica de Mudge comparação combinada das funções (par-a-par) de acordo com um resultado relativo,
a partir da atribuição de um peso equivalente à importância de cada função.
Analisar produtos competitivos em níveis de materiais, partes, funções e como são
produzidos, visando identificar melhorias que possam ser incorporadas ao produto ou
Teardown
processo. É dividido em oito métodos: dinâmico, custo, material, processo, matriz,
unidade por quilograma, e estimativa de grupos.
Identificar fatores de custo dos produtos e sugerir caminhos para possíveis reduções
Checklist Method de custo. Consiste em um número de questões designadas para guiar as atividades de
redução de custo das empresas pela descoberta de oportunidades de redução de custo.
Determina como as análises de valor serão realizadas. Zero-look é a aplicação da
Engenharia de Valor no estágio de conceito do produto. First-Look é focado no
Zero-look, first-
desenvolvimento de produto a partir do conceito, com a finalidade de aumentar a
look and second-
funcionalidade do produto por meio da melhoria de suas funções. Second-look tem o
look
objetivo de melhorar o valor e funcionalidade dos componentes existentes no produto,
e não criar novos.
Fonte: Adaptado de Jacomit (2010) e Ruiz e Granja (2009)

Grande parte da literatura apresenta o QFD como uma ferramenta importante da MV para

a aplicação CM (ANSARI et al., 1997; COOPER; SLAGMULDER, 1997). Porém, o QFD não

60
foi utilizado, pois Aragão (2014) realizou a aplicação do QFD em paralelo ao presente estudo,

sendo que ambos utilizaram as mesmas fontes. Desta maneira, os atributos de valor referentes ao

contexto realizado foram identificados previamente.

4.2.1. Análise de Função

A análise de função é uma das técnicas mais importantes da MV e consiste no

detalhamento de um produto sobre o estudo de componente (COOPER; SLAGMULDER, 1997).

A Análise de Função distingue a MV de outros programas de corte de custos uma vez que

considera o princípio da necessidade de qualidade pelo usuário-final, envolvendo um time

multidisciplinar na identificação de funções, classificando e associando o custo com o valor do

produto, para desenvolver soluções de alternativas durante o processo de desenvolvimento do

produto e processo de projeto (ELIAS, 1998).

Na construção civil, a análise de função vem sendo usada como uma ferramenta de

auxílio para se alcançar níveis superiores de qualidade e entrega, agregando valor ao produto

sobre um preço dentro do que o cliente está disposto a pagar ou o praticado pelo mercado

(RUIIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014). Pesquisas recentes utilizam a aplicação da Análise

de Função em um contexto de habitação, tanto na abordagem do CM como na Customização em

massa (NOGUCHI, 2004; RUIZ, 2011; RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014).

Ao caracterizar uma função, é necessário atribuir um verbo mais um substantivo para

representá-la. No ponto de vista da manufatura, as funções são classificadas em dois níveis de

importância, sendo: i) Funções Básicas (FB) e ii) Funções Secundárias (FS) (MILES, 1989;

CSILLAG, 1995; COOPER; SLAGMULDER, 1997; SAVE, 1998). As funções básicas

representam a função específica do produto, ou funções principais. As funções secundárias

61
correspondem às funções não essenciais, que não estão relacionadas ao objetivo de desempenho

principal do produto.

Para adaptação das funções no ramo da construção civil, a “Função Secundária

Necessária” (FSN) é adicionada às demais definidas. A FSN se justifica pela necessidade de

classificar algumas funções existentes que são componentes obrigatórios em uma edificação

como, por exemplo, subsistemas relacionados à Fundação, Estrutura, Fechamento, Instalações

Elétricas (RUIZ, 2011).

A FSN corresponde às funções intrínsecas ao produto, obrigatórias por Normas

Regulamentadoras, Legislações ou padrões preestabelecidos (DELL’ISOLA, 1997). Desta

maneira, a classificação de funções na MV define-se da seguinte maneira:

 Funções Básicas (FB)

 Funções Secundárias Necessárias (FSN)

 Funções Secundárias (FS)

Para uma análise individualizada de cada função é possível determinar sua característica

em termos quantitativos, classificadas em “Uso” ou “Estima”. Uma função é classificada de

“Uso” quando ela é mensurável e de “Estima” quando se trata de uma função subjetiva,

impossível de ser mensurada (CSILLAG, 1995; DELL’ISOLA, 1997).

4.2.2. Diagrama FAST

O Diagrama FAST (Function Analysis System Technique) possui o objetivo de introduzir

o pensamento lógico, estabelecendo uma relação esquemática de dependência na Análise de

Função através de uma visualização fácil e dinâmica (CSILLAG, 1995; ABREU, 1996; SAVE,

1998). É uma das opções dentre as técnica disponíveis para análise de valor para a abordagem da

62
MV e visa acompanhar um plano de trabalho definido de forma sistematizada, em qualquer nível

ou estágio aplicado (ELLIS; WOOD; KEEL,2005).

Para a aplicação do método FAST, um grupo multidisciplinar formado por representantes

de diferentes áreas que fazem parte do processo de projeto se reúne com o objetivo de discutir o

produto desenvolvido, através de raciocínio lógico (ABREU, 1996). A intenção da aplicação do

método FAST é gerar um conjunto de ideias com base em todos os pontos de vista, por isso deve

ser aplicado em um grupo composto de diferentes pessoas que atuam em diferentes áreas. Esta é

uma fase criativa de “brainstorming” que gera um grande número de ideias, muitas inovadoras e

úteis, outras descartáveis (MAO; ZHANG; ABOURIZK, 2009).

O método FAST inicia-se a partir de um objetivo principal e duas perguntas são feitas.

“Como?” e “Por quê?” (Figura 4-5). Na aplicação do Diagrama FAST, a “Função

Condicionante” (order function) representa objetivo principal do produto, seguido da

classificação das funções que se desenvolvem a partir dela, para ser possível a entrega do produto

final (NOGUCHI, 2004). As funções derivadas da “Função Condicionante” devem ser

organizadas com base em funções que refletem a demanda de mercado, considerando o ponto de

vista do usuário-final (NOGUCHI, 2004). As funções restritivas como custo, tempo, qualidade e

terreno devem ser separadas na parte inferior do diagrama. Dessa maneira, as funções sequenciais

vão sendo atribuídas partindo da pergunta “Como?” da função predecessora. Este processo

permite a decomposição das funções que vão sendo atribuídas chegando no nível máximo da

decomposição da função, em que a função não pode mais ser subdividida (NOGUCHI, 2004).

O Diagrama FAST visa converter ideias em propósitos concretos para mudanças de

produto ou processo como a redução de custo, por exemplo, identificadas para futuros estudos

sendo tecnicamente validos e aceitáveis para o cliente (RUIZ, 2011).

63
A Figura 4-5 cria um esboço da aplicação do Diagrama FAST, conforme a ordenação das

funções em níveis, seguindo as três perguntas “Como?”, “Quando?” e “Por quê?”.

Figura 4-5: Aplicação do Diagrama FAST


Fonte: Adaptado de Dell’Isola (1997) e Noguchi (2004)

64
4.2.3. Técnica de Mudge

A técnica de Mudge ou “Técnica de avaliação numérica de relações funcionais” consiste

em uma comparação combinada das funções que compõem um determinado produto (CSILLAG,

1995). O Objetivo desta técnica é hierarquizar as funções de acordo com um resultado relativo, a

partir da atribuição de um peso equivalente à importância de cada função. Duas funções devem

ser comparadas par-a-par e a função que prevalece com maior importância é escolhida, recebendo

um peso atribuído para a função em questão. Por fim, quando comparadas todas as funções contra

todas, o total da pontuação dos resultados das combinações par a par gera uma porcentagem

relativa para cada função.

A partir das porcentagens relativas é possível hierarquizar todas as funções existentes em

um produto, viabilizando uma análise de suas inter-relações (Figura 4-6).

Figura 4-6: Aplicação da Técnica de Mudge


Fonte: Ruiz (2011), adaptado de Csillag (1995)

65
4.2.4. Método COMPARE

Para aplicar a trocas de estimativas entre custo e valor agregado, a analise de valor é

validada com o uso do Método COMPARE, definido a partir de duas séries de dados que

compara a Necessidade Relativa das Funções e Consumo de Recursos das Funções (CSILLAG,

1995). A Necessidade Relativa das Funções corresponde à porcentagem relativa de cada função e

é identificada por meio da aplicação da Técnica de Mudge (CSILLAG, 1995). O Consumo de

Recursos das Funções corresponde ao custo da função analisada. A partir da comparação dos

resultados de Necessidade Relativa (valor) e o Consumo de recursos (custo), é possível avaliar a

representatividade da função, comparando a Necessidade Relativa contra o Consumo de Recurso,

conforme Gráfico 4-2.

Gráfico 4-2: Gráfico Compare – Consumo de recursos X Necessidades Relativas

Fonte: Adaptado de Ruiz (2011) e Ruiz, Granja e Kowaltowski (2014)

Este método auxilia na identificação de pontos críticos onde a redução de custo deve ser

mais relevante, em relação à necessidade, sem troca de funções básicas e do valor percebido pelo

cliente (RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014). Neste exercício de análise de comparação


66
entre Consumo de Recurso e Necessidade Relativa, deve-se procurar por funções que possuam

combinações antagônicas mais expressivas, para buscar um equilíbrio entre a Necessidade

relativa e o Consumo de recursos, em busca de um equilíbrio entre eles, conforme ilustrado na

Figura 4-7.

Figura 4-7: Relação Funcional entre “Necessidade Relativa” e “Consumo de Recurso”


Fonte: Adaptado de Ruiz (2011)

A partir da relação entre a necessidade relativa e consumo de recursos, é possível

incorporar atributos de valor desejado para o usuário final com a utilização da MV, por meio do

reconhecimento dos pontos críticos onde a redução de custo é relevante quando comparado com a

necessidade da função (RUIZ; GRANJA; KOWALTOWSKI, 2014). Desta maneira, estabelece a

realocação de custo no produto com o intuito de agregar valor, para reduzir os custos que não são

percebidos como valor (Consumo de Recurso) e aumentar custos perceptíveis (Necessidade

Relativa) no ponto de vista do usuário-final.

67
68
5. MÉTODO

A Design Science (DS) é um processo de utilização do conhecimento que possui

finalidade de projetar ou criar um ou vários artefatos através do emprego de diferentes métodos

rigorosos de análise do porquê, ou porque não o artefato em questão é eficaz (MANSON, 2006).

A DS busca uma solução para problemas reais de relevância com potencial de pesquisa

(KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1992; LUKKA, 2003) visando ao entendimento do problema

por meio de um funcionamento prático, que deve estar conectado a uma teoria prévia (LUKKA,

2000; LUKKA, 2003). Esta solução para o problema deve ser implementada e testada na prática

com a finalidade de examinar o escopo de aplicabilidade e identificar as possíveis contribuições

teóricas, conforme o resultado obtido (KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1992; LUKKA, 2003;

VAISHNAVI; KUECHLER, 2007).

Figura 5-1: Método da Design Science (DS)


Fonte: Adaptado Lukka (2000)

A DS pode ser muitas vezes confundida com o método da pesquisa-ação devido às

similaridades existentes (IIVARI; VENABLE, 2009). Ambas possuem necessidade de uma

69
ampla compreensão de processos organizacionais para que as alterações pretendidas sejam

aplicadas na prática, além da cooperação do pesquisador para com os participantes da

organização em seus processos de aprendizagem (KASANEN; LUKKA; SIITONEN, 1992).

A escolha do método de avaliação da DS pode depender do artefato desenvolvido e das

exigências acerca do desempenho deste artefato (LACERDA, 2013). O método de avaliação deve

ser definido de acordo com a necessidade de cada pesquisa e estar alinhado diretamente ao

artefato em si e a sua aplicabilidade (HEVNER et al., 2004; LACERDA, 2013). Os métodos para

avaliar o artefato são classificados em cinco tipos, sendo: Avaliação Observacional, Analítica,

Experimental, de Teste e Descritiva (HEVNER et al., 2004).

Como resultado, se obtém a criação de novas soluções e/ou artefatos ou uma melhoria de

um sistema já existente, de maneira inovadora (LUKKA, 2003; VENABLE, 2006), sobre uma

observação empírica e de refinamento (LUKKA, 2000; VAISHNAVI; KUECHLER, 2007). Os

tipos de Resultados (Outputs) gerados pela DS são definidos de acordo com o nível de aplicação

do artefato e conforme o objetivo da pesquisa (MARCH; SMITH, 1995; HEVNER et al., 2004;

VAISHNAVI; KUECHLER, 2007). Dentre os artefatos gerados como resultado, estão:

Quadro 5-1: Tipos de resultados obtidos por meio da DS


Constructos ou conceitos formam o vocabulário de um domínio específico e definem os
Constructos termos usados para descrever e pensar sobre as tarefas, constituindo uma conceituação
utilizada para descrever os problemas e especificar tais soluções.
Modelo é definido como um conjunto de proposições ou declarações que expressam relação
entre o constructo. O modelo pode ser visto como uma “representação de como as coisas
Modelos
são”, embora tenda a ser impreciso sobre detalhes, precisa sempre capturar a estrutura da
realidade para ser uma representação útil.
Métodos são conjuntos de passos usados para executar uma determinada tarefa. Podem estar
Métodos ligados aos modelos e são muitas vezes utilizados para traduzir um modelo ou representação,
em um curso para resolução do problema, sendo criações típicas da Design Science.
A Instantiation é a realização de um artefato em seu ambiente. Operacionaliza constructos,
Instantiation
modelos e métodos, podendo preceder a articulação completa do artefato para demonstrar sua
(instância real)
viabilidade e eficácia.
Fonte: Adaptado de March e Smith (1995) Hevner et al. (2004) Vaishnavi e Kuechler (2004)

70
5.1. DELINEAMENTO DO MÉTODO

A partir da questão definida neste estudo: “Como aplicar o CM no processo de projeto

de Unidades Habitacionais (UH) para Habitação de Interesse Social (HIS)?” buscou-se a

aplicação e teste do CM durante o processo de projeto em uma UH Wood Frame para HIS.

Para a aplicação e teste do CM, um modelo de aplicação do CM já existente é utilizado

como norteador desta aplicação (JACOMIT; GRANJA, 2011). À vista disso, a aplicação

procurou manter o conhecimento tácito do CM, baseado no conhecimento teórico por meio da

interação entre o pesquisador e os demais envolvidos.

Para demonstrar a viabilidade e avaliar a eficácia e eficiência do artefato e seus impactos

sobre o ambiente, o presente estudo foi conduzido por meio do método de avaliação

“Experimental Controlada” (HEVNER et al., 2004). A avaliação Experimental Controlada tem

como finalidade estudar o artefato em um ambiente controlado para verificar suas qualidades

como, por exemplo, sua usabilidade. Como a realização do artefato ocorre em seu ambiente, por

meio da aplicação, gera-se como resultado uma Instantiation, operacionalizando a aplicação do

modelo de Jacomit e Granja (2011) e demonstrando sua viabilidade e eficácia.

A Caracterização do contexto de aplicação do CM se faz necessária para definir o

contexto de aplicação do modelo, levando-se em consideração características da equipe e do

projeto, além de definir o processo a ser usado e o ambiente do experimento.

Para a aplicação do CM, a caracterização do contexto foi elaborada conforme o contexto

da presente aplicação proposta, levando em consideração as características de: i) Objeto de

estudo; ii) Ambiente de estudo; iii) Definição dos participantes (quantidade de pesquisadores); iv)

definição da forma de coleta das informações e; v) validação das informações.

71
O Quadro 5-2 apresenta, de maneira resumida, a caracterização do contexto do presente

estudo, conforme o objetivo definido anteriormente, focado na aplicação do CM:

Quadro 5-2: Caracterização do contexto de aplicação do CM


Objeto de Estudo UH em Wood Frame para HIS
Ambiente de Estudo Processo de projeto de uma UH em HIS
Grupo de Pesquisa com 22 pesquisadores (sendo 9 alunos de pós-graduação),
Definição dos participantes
mais colaboradores externos
Forma de Coleta dos dados Observação direta das entidades
Modelo de abordagem do CM para o processo de desenvolvimento de
Validação edificações” (JACOMIT; GRANJA, 2011) adaptado para o processo de projeto
de uma UH para HIS
Fonte: Autor

5.1.1. Fases da DS

A DS é composta de cinco fases principais, conforme Lukka (2003). As fases da DS são

divididas em:

 Conscientização do problema: Encontrar um problema prático relevante com

potencial para contribuições teóricas.

 Sugestão (refinamento de teoria): Entender o problema e estabelecer a conexão

com uma teoria prévia.

 Desenvolvimento: Desenvolver e executar uma solução para o problema.

 Validação: Testar a solução e avaliar sua funcionalidade prática.

 Conclusão: Avaliar as contribuições teóricas da solução.

A aplicação do CM proposta no presente estudo se baseou nestas cinco fases principais da

DS para nortear a condução do presente estudo. A partir das cinco fases da DS, definidas pela

teoria, as Etapas da Pesquisa para a aplicação proposta foram definidas em: i) revisão de

literatura; ii) nivelamento dos conhecimentos do CM; iii) aplicação e teste; iv) avaliação dos

dados e; v) contribuições teóricas, e levando em consideração os respectivos Outputs de cada

72
uma destas etapas. O delineamento das Fases da DS, Etapas da Pesquisa e seus respectivos

Outputs são delineados na Figura 5-2:

Figura 5-2: Delineamento do processo de pesquisa do presente estudo


Fonte: Autor

Como o presente estudo possui caráter de aplicação experimental, as fases de

Conscientização do Problema e Sugestão foram desenvolvidas na revisão de literatura e

nivelamento dos conhecimentos sobre CM, utilizados como base teórica para a Aplicação do

73
“Modelo de abordagem do CM para o processo de desenvolvimento de edificações”, de Jacomit e

Granja (2011).

A fase de Desenvolvimento ocorreu durante a aplicação prática e teste do CM, no

processo de projeto de uma UH em HIS. A fase de validação foi realizada por meio de avaliação

qualitativa e quantitativa dos dados gerados a partir da aplicação e teste e, por fim, as

contribuições teóricas foram geradas conforme os resultados e avaliações da aplicação do CM.

5.1.1.1. Revisão de Literatura e Nivelamento dos conhecimentos


sobre o Custeio-Meta

Para melhor compreensão da natureza dos processos e características peculiares do foco

de pesquisa, conduziu-se uma revisão de literatura abordando os contextos relacionados à

aplicação do presente estudo, iniciado pelo processo de projeto, seguido do CM e da MV. A

revisão de literatura foi utilizada como base para o nivelamento dos conhecimentos sobre o CM.

O nivelamento dos conhecimentos sobre o CM permitiu a criação de um esboço auxiliar

para aplicação do CM adaptado para a HIS de acordo com as necessidades deste contexto.

Conforme as etapas de Conscientização do Problema e Sugestão da DS, este nivelamento foi

elaborado para ser utilizado na fase de Aplicação e Teste do CM, como um guia para a aplicação.

5.1.1.2. Aplicação e Teste

A fase de Desenvolvimento da DS conduziu a Aplicação e Teste do CM conforme o

“Modelo de abordagem do CM para o processo de desenvolvimento de edificações” de Jacomit e

Granja (2011), adaptado para o contexto de UH em Wood Frame para HIS.

74
5.1.1.3. Avaliação dos dados

Com a finalidade de examinar o escopo da aplicabilidade do modelo de incorporação do

CM em HIS, a avaliação de dados qualitativos da aplicação e teste do CM ocorreu pela

observação do próprio pesquisador, se estendendo ao longo de todo o processo de projeto, em

paralelo à aplicação. As ocorrências foram observadas cuidadosamente, buscando manter a

integridade dos resultados.

5.1.1.4. Contribuições Teóricas

As Contribuições Teóricas foram geradas conforme as constatações observadas durante a

aplicação e teste do CM e ilustraram os resultados obtidos com base no desenvolvimento de uma

UH em Wood Frame para HIS.

5.2. CONTEXTO DE APLICAÇÃO

O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa vinculada ao projeto de pesquisa

ZEMCH (Zero Energy Mass Custom Home)8 Brasil, que cedeu a oportunidade de utilizar o

“processo de projeto de HIS em Wood Frame” como objeto e ambiente de estudo para a

aplicação do CM.

ZEMCH é um acrônimo de Zero Energy Mass Custom Home com o objetivo de resolver

os problemas que surgem no âmbito social, econômico e ambiental sustentável em ambientes

construídos em países desenvolvidos e em desenvolvimento, focado em diferentes formações

8 Zero-Energy Mass Custom Home Network – International Network Reseach - Coordenado pelo Prof Dr. Masa

Noguchi (University of Melbourne -Austrália) e pela Prof. Dra. Ercilia H.Hirota (UEL-Brasil).

75
socioeconômicas. É uma rede internacional que visa à colaboração baseada na relação entre a

academia e o setor industrial para promoção de soluções viáveis na produção de habitações

sustentáveis de casas customizadas, focadas em "energia-zero".

No Brasil, é desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e propõe a

elaboração de um novo projeto para HIS em sistema Wood Frame. O objetivo da pesquisa

ZEMCH Brasil é “desenvolver um protótipo de HIS que atenda às características do contexto

Brasileiro, visando suprir as demandas da faixa econômica situada entre uma renda mensal de

até R$ 1.600,00” (ZEMCH, 2014).

O Processo de Projeto da pesquisa ZEMCH Brasil foi desenvolvido por um grupo de

pesquisadores e conduzido mediante a interação de grupos de pesquisa específicos, subdivididos

de acordo com as especialidades de cada pesquisador. Durante o processo de projeto, houve

colaboração de profissionais que atuam no setor de HIS, dentre eles Construtores, Assistentes

Sociais, Engenheiros, Arquitetos e Fornecedores.

O Quadro 7-1 descreve, de maneira detalhada, todos os pesquisadores envolvidos na

pesquisa ZEMCH Brasil, estes que também participaram da aplicação do CM desenvolvida no

presente estudo.

76
Quadro 5-3: Pesquisadores e colaboradores envolvidos no processo de projeto da pesquisa ZEMCH Brasil
Grupo de
Responsabilidades dentro do processo
Pesquisadores/ Formação dos Pesquisadores/Colaboradores
de projeto
Colaboradores
Engenheira Civil, doutorada em Engenharia Civil
Coordenação Responsável pela coordenação das
com experiência acadêmica na área da Gestão da
da Pesquisa equipes
Construção;
Arquiteto e Urbanista, mestrando de Engenharia
Desenvolvimento do Projeto para a
Projeto Civil com experiência profissional em Arquitetura
Unidade de Habitação Social.
e Urbanismo;
Professor Arquiteto Urbanista, doutorado em Colaboram com estudos específicos em
Técnicas
Arquitetura e Urbanismo, especialista na área de construção em madeira, especialmente na
Construtivas
Madeira fase de Desenvolvimento do Projeto.
Arquiteta Urbanista, doutorada em Arquitetura e Desenvolveram estudos específicos para
Eficiência Urbanismo com experiência acadêmica na área de melhora do produto em termos de
Energética: eficiência energética e conforto ambiental, além de estudos para
Alunos de Mestrado e Iniciação Científica inserção de equipamentos sustentáveis
Arquiteta Urbanista, Mestra em Arquitetura e Colaboração no desenvolvimento de
Planejamento
Urbanismo com experiência em planejamento melhorias urbanas, focado em Conjuntos
Urbano
Urbano. Habitacionais de Interesse Social.
Arquiteto e Urbanista, doutorado em Arquitetura
Avaliação de questões de valor, no ponto
e Urbanismo experiência acadêmica e experiência
de vista do usuário-final e considerações
Custo e Valor: profissional nas áreas de Habitação de Interesse
de Custo, conforme restrições do
Social, e Avaliação Pós-Ocupação e Projeto
PMCMV-E.
Participativo
Engenheira Civil, doutorada em Engenharia Civil Colaboração com informações técnicas e
Sistemas com experiência acadêmica e experiência desenvolvimento de novos sistemas
Construtivos profissional nas áreas de Gestão da Produção, construtivos focado em processo de
Padronização e Prototipagem produção enxuta
Auxilio com informações técnicas, legais,
Construtores Locais
mercadológicas sobre HIS para a cidade
Engenheiro Civil Diretor Técnico de empresa
de Londrina. O Construtor local também
privada do setor construtivo que atuam dentro do
compartilhou dificuldades e sugestões de
PMCMV-E;
possíveis melhorias para a entrega HIS
Profissionais da companhia de habitação da Os profissionais da companhia de
Legal e Técnico cidade de Londrina (COHAB-LD) habitação da cidade de Londrina
(Colaboradores Engenheiro Civil que ocupa cargo público na compartilharam informações de cunho
externos) companhia habitacional na área de projeto e técnico e legal no que diz respeito ao
construção de HIS e Assistente Social, chefe do PMCMV-E, bem como informações
Departamento Social da companhia habitacional sobre
A Empresa 01disponibilizou informações
Subfornecedores
específicas sobre a tecnologia Wood
Empresa fornecedora de tecnologia Wood Frame
Frame e compartilhou informações dos
e Empresa subfornecedora de painéis em MDF
custo relacionados à UH
Fonte: Autor

77
78
6. NIVELAMENTO DOS CONHECIMENTOS SOBRE
CUSTEIO-META

O Nivelamento dos Conhecimentos sobre o Custeio-Meta (CM) buscou elaborar um

estudo preliminar com a finalidade de avaliar a viabilidade da possível aplicação do CM no

contexto de HIS, levando em consideração o processo de projeto de uma UH em Wood Frame. A

etapa exploratória se baseou no “Modelo de abordagem do CM para o processo de

desenvolvimento de edificações” de Jacomit e Granja (2011) e foi dividida em três fases,

conforme os três níveis de Cooper e Slagmulder (1997), sendo:

 Fase Preliminar: Informação inicial do processo de projeto e aplicação do CM

 Fase 01: O CM dirigido ao Mercado;

 Fase 02: O CM nível de produto e;

 Fase 03: O CM no nível de função e componente.

6.1. FASE PRELIMINAR DA APLICAÇAO DO CUSTEIO-META

A fase preliminar de aplicação do CM, antecessora ao processo de projeto, visou uma

troca inicial de informações e nivelamento dos conhecimentos sobre o CM por toda a equipe.

Esta fase foi essencial para o entendimento dos objetivos propostos pelo ZEMCH Brasil, do

objetivo principal da aplicação do CM, e para a conscientização sobre a responsabilidade em

projetar HIS.

A fase preliminar buscou, além disso, alimentar o processo de projeto com as informações

básicas que influenciam na tomada de decisão do produto, levando em consideração questões

técnicas, legais, construtivas e mercadológicas. As Charrettes e reuniões específicas de cada

grupo de pesquisadores foram conduzidas nesta etapa, além de discussões sobre o CM. Para o

79
nivelamento dos conhecimentos sobre o CM utilizou-se um método de ensino específico sobre o

assunto, proposto por Hullum (2001).

6.2. O CUSTEIO-META DIRIGIDO AO MERCADO

Conforme a teoria do CM, o valor e o custo devem ser utilizados como parâmetros de

entrada para o processo de projeto. No presente estudo, o CM dirigido ao Mercado propõe a

identificação e captação das demandas do usuário-final e análises de preço/custo da UH a ser

desenvolvida. Esta fase se iniciou na identificação das demandas do usuário-final, seguida do

estudo preliminar de projeto e transformações de tais demandas em atributos de projeto. Por fim,

o CM dirigido ao mercado avaliou as questões financeiras do produto, como o preço/custo e sua

respectiva margem de lucro, para cálculo do Custo Permissível (CPer).

6.2.1. Identificação da demanda e captação das percepções de valor dos


usuários-finais e determinação dos fatores que influenciam na compra

A primeira etapa do processo do projeto procurou reconhecer o perfil das famílias que

residem em Conjuntos de HIS e as maiores necessidades e anseios dos moradores deste tipo de

habitação, captando as percepções de valor dos usuários-finais.

Os requisitos de valor dos usuários de HIS foram obtidos a partir de uma Avaliação Pós

Ocupação (APO) e da aplicação do Baralho de Cartas (IGI) elaborado originalmente por

Kowaltowski e Granja (2011) e utilizados como parâmetro para identificação e analise da

demanda e captação das percepções de valor dos usuários-finais.

80
As ferramentas de APO e Baralho de Cartas são detalhados no Quadro 6-1.

Quadro 6-1: Ferramentas utilizadas na identificação da demanda e captação das percepções de valor dos
usuários-finais
Questionario de APO identifica o perfil das famílias que residem nas HIS do estudo de caso,
Avaliação Pós-
reconhecendo fatores como: tamanho das famílias, idade dos moradores, profissão,
Ocupação
escolaridade, utilização de meios de transporte e nível de satisfação com a residência
(APO)
(ANEXO A).
27 itens de análise (cartas do baralho) divididos em 5 grupos.A aplicação do IGI se realiza
pela classificação por ordem de importância dos baralhos de cada grupo, em uma primeira
Baralho de
rodada. As cartas de maior importancia são selecionadas e, e novamente classificadas por
Cartas (IGI)
ordem de importância em uma segunda rodada. O resultado é validado por analise estatística
com intervalo de confiança de 95,5% e margem de erro de 10%.
Fonte: Autor

A APO e o Baralho de cartas foram aplicados em Conjunto Habitacional (HIS), entregue

pela Companhia de Habitação do Paraná - Londrina (COHAB-LD). Os resultados finais foram

utilizados durante a aplicação e teste do CM, apresentados no capítulo seguinte.

6.2.2. Estudo Preliminar

O estudo preliminar objetivou avaliar a viabilidade do produto e oferecer diretrizes ou

orientações ao anteprojeto, baseada nas demandas identificadas na etapa de captação das

percepções de valor dos usuários-finais, conforme os estudos de caso de Aragão (2014) e

Conceição, Imai e Urbano (2015).

Esta fase conta com o auxílio das equipes multidisciplinares na elaboração do Estudo

Preliminar da UH. Dentre os agentes envolvidos no estudo preliminar, destacam-se todos os

projetistas (pesquisadores) envolvidos no processo de projeto, de todas as disciplinas. De forma

complementar e necessária, a colaboração do Construtor que atua no nicho de mercado do

PMCMV-E e profissionais da COHAB-LD foram fundamentais para o compartilhamento de

experiência e expertise em termos técnicos, para viabilização da entrega da UH.

81
Adicionalmente, conforme a teoria do CM, foi necessário considerar o envolvimento da

cadeia de fornecedores desde a etapa de estudo preliminar para que as questões construtivas

fossem discutidas desde o início do processo de projeto.

Com relação ao desenvolvimento dos primeiros esboços do produto, observou-se que

deve ser desenvolvida conforme o processo de projeto tradicional, ou seja, com elaboração

conceitual do projeto, estudo de volumetria, fachadas e plantas.

6.2.3. Transformação das percepções de valor do cliente em atributos de


projeto

Nesta fase, a identificação das demandas e a captação das percepções de valor dos

usuários-finais identificadas por meio do resultado da APO e Baralho de Cartas foram

transformadas em atributos de projeto. Esta é uma fase importante da aplicação das ferramentas

de valor, pois é o reconhecimento de quais oportunidades de melhorias projetuais que são

significativas, observadas a partir de uma perspectiva do usuário-final.

No desenvolvimento desta etapa, foi necessária a participação dos pesquisadores das áreas

de Avaliação Pós-Ocupação e Valor, Processo de Projetos e Custos. A finalidade da interação

entre a equipe multidisciplinar foi gerar debates sobre as interpretações dos requisitos e análises

coerentes com relações às interpretações dos requisitos do cliente, organizadas em ordem de

importância, sendo a mais importante aquela que apresenta maior IGI Relativo.

Para a hierarquização das oportunidades de intervenção no projeto, as oportunidades

foram cruzadas em uma matriz, para ponderar cada oportunidade de intervenção com o resultado

do IGI. Quando identificada a relação entre a oportunidade de intervenção e o IGI, o valor

correspondente ao IGI é atribuído à oportunidade de intervenção. A soma dos IGIs atribuídos

82
para cada oportunidade de intervenção gerou um IGI Relativo (∑ IGI (OI)) para cada

Oportunidade de Intervenção (Tabela 6-1).

Tabela 6-1: Matriz de Oportunidades de Intervenção Versus IGI


OPORTUNIDADES DE INTERVENÇÃO (OI)
OI1 OI2 OI3 OI4 OI5 OI6 OI(n)...
IGI1 IGI1 IGI1
IGI2 IGI2
IGI3
IGI4 IGI4 IGI4 IGI4
IGI5 IGI5 IGI5
IGI6
IGI7
IGI8 4.96% IGI8 IGI8 IGI8
IGI9
IGI10 IGI10 IGI10
IGI11 IGI11
∑IGI = 100% ∑ IGIS (OI1) ∑ IGIS (OI2) ∑ IGIS (OI3) ∑ IGIS (OI4) ∑ IGIS (OI5) ∑ IGIS (OI6) ∑ IGIS (OI(n)..)
Fonte: Autor

Para maior agilidade deste processo, o cruzamento das Oportunidades de Intervenção com

o IGI pode ser realizado através de uma planilha interativa online, disponível em servidor na

nuvem9, onde o acesso dos pesquisadores ocorre por meio de login de usuário. Desta maneira, o

conteúdo é acessado em tempo real, garantindo agilidade no preenchimento da matriz entre as

oportunidades de intervenção e IGI.

6.2.4. Determinação de Preço de Mercado de um produto similar;


Determinação do Preço Associado ao diferencial do produto e Preço de
Mercado

Tradicionalmente, o PMerc é determinado a partir do preço praticado pelas empresas

concorrentes (que pertencem ao mesmo nicho de mercado). Porém, diferentemente de uma

abordagem tradicional, o atual contexto de HIS utilizou como referência para determinação do

Preço de Mercado as faixas de subsídio estabelecidas pelo PMCMV-E.

9 Documento disponível em Nuvem pelo servidor Google (Google Sheets®)

83
O presente estudo utilizou como parâmetro de preço e custo o valor de subsídio conforme

estabelecido para a cidade de Londrina, município onde se desenvolveu a pesquisa ZEMCH

Brasil. O recurso de financiamento estabelecido pelo PMCMV-E para a cidade de Londrina, ou

Preço de Mercado do PMCMV-E PMerc (PMCMV-E) é equivalente a R$ 64.000,0010.

O PMerc (PMCMV-E) representa gastos com a entrega de um Conjunto Habitacional,

considerando gastos como Terreno, Construção de Infraestrutura, além de demais gastos indiretos

como, por exemplo, taxas de seguro, cartório, entre outros. Segundo Aragão (2014), apenas 52%

do total subsidiado pelo PMerc (PMCMV-E) corresponde ao custo da UH, desconsiderando os

demais custos não envolvidos à entrega da UH, citados anteriormente, que demandam 48% do

subsídio, conforme Figura 6-1.

Figura 6-1: Delineamento do Objeto de Estudo


Fonte: Autor

10 Data base: Julho/2014.

84
No processo de entrega de uma UH para o PMCMV-E estariam vários agentes, sendo o

primeiro agente o PMCMV-E, sendo a Caixa Econômica Federal o órgão responsável pelo

repasse financeiro, seguido do Construtor que é responsável pela execução da UH e os demais

fornecedores de materiais e serviços, como: contratação de projetos, gerenciamento, consultorias

terceirizadas, entre outros.

Na presente pesquisa, os envolvidos na entrega de uma UH foram organizados para o

entendimento do processo de repasse financeiro. Este processo foi estruturado de acordo com a

regulamentação do PMCMV-E11 e denominado como “coalizão das partes interessadas na

entrega da UH” (WINCH, 2010):

Fazem parte da coalizão das partes interessadas na entrega da UH:

 O PMCMV-E que representa o Ministério das Cidades, com a atribuição de definir as

diretrizes, prioridades, sanções, estabelecer critérios, procedimentos e parâmetros

básicos para análise, hierarquização, seleção e contratação das propostas, bem como

acompanhar e avaliar as ações desenvolvidas para implementação do Programa e

repasse de recurso, operados pela Caixa Econômica Federal.

 O Construtor que representa uma empresa privada do setor da construção civil,

responsável pela execução das obras e serviços.

 O Fornecedor de Tecnologia Wood Frame (Empresa 01), sendo a equipe ou órgão

de assessoria técnica, responsáveis pela elaboração dos projetos, acompanhamento e

gerenciamento da execução do empreendimento; responsável também pela execução

parcial da UH.

11
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2014. Regulamenta o Programa Minha Casa,
Minha Vida - Entidades - PMCMV-E e altera a Instrução Normativa nº 14/2008, que regulamenta o
Programa Crédito Solidário-PCS.

85
 Os Subfornecedores correspondem a outros órgãos e entidades, que participam da

realização dos objetivos do projeto como subfornecedores de material e mão-de-obra.

Na coalização das partes interessadas na entrega da UH, o PMCMV-E repassa o subsídio ao

construtor que fica responsável pela entrega de todo o empreendimento, atuando em parceria com

o Fornecedor de Tecnologia Wood Frame (Empresa 01) e eventuais subfornecedores de materiais

e mão-de obra, conforme Figura 6-2.

Figura 6-2: Coalizão das partes interessadas na entrega das UH para o contexto do PMCMV-E
Fonte: Autor

86
6.2.5. Definição das Margens de Lucro

O termo markup é utilizado na literatura do CM para descrever despesas comerciais e

administrativas, somando impostos e lucros do produto. Porém, na área da Construção Civil este

termo é usualmente chamado de Benefícios e Despesas Indiretas (BDI). No decorrer deste estudo,

adotou-se o termo BDI para os valores referentes ao markup, visto que é o termo mais utilizado

para discriminar as margens de lucro somadas às devidas despesas indiretas do produto.

Os valores adotados como referência para BDI foram estabelecidos respeitando as

regulamentações do PMCMV-E12, sendo aplicáveis sobre a seguinte regra:

 Nível do Construtor e Fornecedor de Tecnologia Wood Frame (Empresa 01): O

parâmetro utilizado refere-se à Construção de Edifícios, onde o BDI é igual a 20%

do Custo de Produção (CP).

 Nível de fornecimento de Materiais e Equipamentos: BDI equivalente a 14% do

CP, aplicáveis ao nível de subfornecedores.

No presente estudo, o Fornecedor de Tecnologia Wood Frame (Empresa 01) foi

considerado um prestador de serviço, se enquadrando na mesma faixa de BDI estabelecida para o

Construtor.

6.2.6. Cálculo do Custo Permissível

A definição do CPer foi definida a partir da seguinte equação:

(6)

Portarias do Ministério das Cidades nº 168, de 12.04.13 e nº 363, de 12.08.13(BRASIL, 2013).


12

Acórdão nº 2622-2013, Processo nº 036.076/2011-2 (TCU, 2013).

87
Cabe salientar que, nesta equação, o PMerc e BDI foram estabelecidos conforme as

exigências do PMCMV-E e variam de acordo com o nível da coalização das partes interessadas

na entrega da UH, uma vez que cada agente possui seu próprio parâmetro de PMerc e o BDI

varia, conforme estabelecido pelo programa.

Para o desenvolvimento da aplicação e teste do CM, o CPer foi estabelecido para todos os

níveis da coalização das partes interessadas na entrega da UH, considerando-se assim o CPer do

Construtor, seguido do CPer da Empresa 01 e, por fim, o CPer dos Subfornecedores.

6.3. O CUSTEIO-META NO NÍVEL DE PRODUTO

O CM no nível de produto avalia o CPer e o CP em busca de identificar possíveis

melhorias do produto, visando o aumento de valor agregado e possíveis reduções de custo. O

nível de produto procura traçar alternativas de redução de custo por meio do aperfeiçoamento do

produto, analisando as reais capacidades de redução sem comprometimento da qualidade e

funcionalidade durante o processo de projeto.

6.3.1. Comparação das características do Produto com outros


desenvolvidos anteriormente

A comparação das características do produto proposto nesta pesquisa foi realizada com

base nos 13 fatores de Cooper e Slagmulder (1997), utilizando como comparação as

características dos produtos de edificações em HIS, a partir da adaptação de similaridades e

diferenças entre os contextos abordados por Granja et al. (2011).

Na aplicação prática, um protótipo real foi desenvolvido para a comparação dos

benefícios entre uma UH convencional e uma UH em Wood Frame, conforme a proposta do

presente estudo.
88
6.3.2. Primeira estimativa de Custo de produção

A primeira estimativa de Custo de produção (CP) correspondeu ao custo real atualmente

praticado pela Empresa 01. Para elaboração da primeira estimativa de custo, se fez necessária a

elaboração do orçamento do modelo gerado no estudo preliminar da UH.

6.3.3. Análise das reais capacidades de Redução do Custo Permissível e


Custo de Produção

Para a identificação das reais capacidades de Redução de Custo da UH é identificada a

Meta de Redução (MR) do produto. A MR é calculada a partir da diferença entre o CP e o CPer.

As analises das reais capacidades de Redução de custo devem ser identificadas para todas as

partes interessadas da coalização das partes interessadas na entrega da UH, assim como o CPer,

onde :

(7)

A MR foi estabelecida conforme o CPer, identificado a partir dos valores de Preço de

Mercado e BDI estabelecidos pelo PMCMV-E e o CP, correspondente ao custo real de produção

da Empresa 01.

6.3.4. Identificação do Custo-Meta, CPer > Custo-Meta?

Segundo a abordagem de Ballard (2008), o Custo-Meta é um custo estabelecido abaixo do

CPer e tem por objetivo tornar o processo de atendimento ao Custo-Meta mais desafiador do que

o CPer. A adoção do Custo-Meta como objetivo de redução é utilizado em casos onde a

capacidade de redução de custos da empresa permite (e existe a intenção de) aumento de

89
lucratividade, ou redução do preço do produto, para garantir maior vantagem competitiva sobre

os produtos concorrentes.

Porém, objetivo da presente pesquisa não visa uma redução maior em termos de custo,

abaixo do estabelecido pelo CPer, visto que o objetivo do estudo proposto é atingir o custo para o

produto conforme o valor subsidiado pelo PMCMV-E.

Portanto, o presente estudo se limitou ao alcance do CPer, pois o atual CP é superior ao

CPer ( ). Durante o desenvolvimento da aplicação e teste do CM, o CPer foi utilizado

como objetivo de redução de custos para a entrega da UH, sendo que o Custo-Meta representaria

uma possível redução futura, após o alcance do CPer.

6.4. O CUSTEIO-META NO NÍVEL DO COMPONENTE

A abordagem do CM no nível do componente é a complementação da abordagem do CM

no nível do produto, utilizada como uma análise mais detalhada do produto, que envolve os

fornecedores.

A aplicação do CM no nível do Componente ocorreu paralelamente à fase de aplicação do

CM no nível de produto, utilizando a MV como ferramenta auxiliar para as avaliações no nível

Funções e Componentes do produto. A MV foi uma ferramenta que possibilitou a visualização de

possíveis oportunidades de melhorias no que diz respeito à função e custo do produto, visando

atingir o CPer estabelecido, sem comprometer a qualidade e funcionalidade do produto.

O presente estudo baseou-se na aplicação da MV para o contexto de habitação de

Noguchi (2004) e em HIS de Ruiz (2011).

90
6.4.1. Seleção de técnicas Construtivas e Desdobramento do CM em
Macrossistemas

O desdobramento do CM em macrossistemas foi definido a partir do critério de

classificação correspondente à norma ABNT NBR 17575 –1:2008 de “Desempenho de

Edificações”. Foram utilizados como referência os estudos de Yokota et.al. (2010) e Ruiz (2011).

Os macrossistemas foram classificados em ordem decrescente, de acordo com sua

respectiva representatividade no custo total da UH. Quando o custo do macrossistema foi

identificado, os subfornecedores-chave puderam ser identificados, iniciando o desenvolvimento

de parcerias ao longo do processo de projeto com o foco na redução do custo dos componentes.

A partir da identificação dos custos e subfornecedores-chave, iniciou-se uma análise

detalhada em termos de funções de maior importância do produto. Além das funções, foi possível

identificar os materiais de maior custo e representatividade no orçamento no nível do

componente, a partir da Curva ABC de Custo.

6.4.2. Definição das especificações e desdobramento do CM em nível de


Função e Componente

As funções identificadas foram caracterizadas entre: Funções Básicas (FB), Funções

Secundárias Necessárias (FSN) ou Funções Secundárias (FS). A relação de Uso (U) ou Estima

(E), conforme Dell’Isola (1997).

6.4.3. Determinação dos fornecedores participantes, adoção de open book


e formação de equipes multidisciplinares - Aplicação da Metodologia de
Valor

Por fim, a aplicação seguiu com a determinação dos fornecedores participantes, adoção do

open book e formação de equipes multidisciplinares (JACOMIT, 2010). Porém, observou-se que
91
para o contexto de HIS, a determinação dos fornecedores participantes e formação de equipes

multidisciplinares devem ocorrer no início do processo.

Uma vez que os agentes envolvidos foram determinados, iniciou-se a fase de aplicação da

MV para uma avaliação do produto no nível de função e componente. Optou-se pela utilização de

algumas das ferramentas disponíveis da MV (Quadro 6-2), anteriormente utilizadas em estudos

sobre as de técnicas e ferramentas da MV no contexto da Construção Civil.

Quadro 6-2: Técnicas e Ferramentas selecionadas para a aplicação da MV


Objetivo: Simular o processo de projeto de uma UH em HIS, utilizando softwares em eficiência
energética e a MV (análise de função) como ferramentas de auxílio complementares.
Workshop

Aplicação (Simulação): i) Análise de Função, ii) Método FAST e iii) Técnica de Mudge
Pesquisadores Envolvidos: Todos os pesquisadores envolvidos na pesquisa ZEMCH Brasil, incluindo
alunos de pós-graduação, representantes da Empresa 01, representante do subfornecedor de placas de
vedação, professores e alunos da pós-graduação de outras instituições de ensino, convidados.
Objetivo: Obtenção das variáveis de i) “Consumo de Recursos na Função”; ii) “Necessidades relativas
das Funções” e; iii) Cruzamento do “Consumo de Recurso” X “Necessidade Relativa”
Análise de

Aplicação: Decomposição do CP em Macrossistemas e Funções, alocação de custo de cada componente


Função

em sua(s) respectiva(s) função/funções e interpretação das necessidades de valor pela comparação par-
a-par (Técnica de Mudge) e pelo Método COMPARE, baseado no IGI.
Pesquisadores Envolvidos: Grupo de Valor da pesquisa ZEMCH Brasil. Pesquisadores do
LAGERCON13, que inclui o autor do trabalho.
Objetivo: Identificar a necessidade relativa de cada função existente no produto (UH)
Técnica

Mudge
de

Aplicação: Comparação par-a-par entre as funções, respondido pelos colaboradores do ZEMCH Brasil;
obtenção do consenso dos resultados, conforme o método Delphi (WRIGHT; SPERS, 2000).
Objetivo: Comparar os resultados de Necessidade Relativa e Consumo de recursos obtidos na aplicação
COMPARE

de Análise de Valor e Análise de Função


Método

Aplicação: Os dados de Necessidade Relativa e Consumo de Recursos na função são comparados e


avaliados, para assim identificar as funções que podem ser trabalhadas para redução de custo sem
interferir nas funções básicas e no valor percebido pelo cliente.
Fonte: Autor

6.4.3.1. Análise de Função e Técnica de Mudge

A partir da identificação das funções do produto, a análise de função avaliou a

importância das funções do produto, sobre uma análise em termos de valor e custo. No presente

estudo foram adotadas as seguintes etapas para a aplicação da análise de função:

13 Laboratório de Gerenciamento da Construção (LAGERCON) da UNICAMP.

92
 Identificação de Recursos na Função

 Identificação de Necessidade Relativa

 Cruzamento entre “Consumo de Recursos da Função x Necessidade Relativa”

O Consumo de Recursos na Função foi identificado a partir da decomposição dos custos

do componente nas funções, conforme a aplicação de Ruiz (2011). O Consumo de Recursos na

Função é um valor relativo ao custo da função, representada por uma porcentagem relativa ao

valor total do produto. Para obtenção do Consumo de Recursos na Função, é necessário

decompor o custo do componente de acordo com as funções que o representa. No exemplo

abaixo, o Componente 5 é representado pelas funções “B”, “C”, “D” e “E”, portanto, seu custo é

distribuído entre as funções. A soma de todos os recursos atribuídos para a função gera um total,

que é transformado em porcentagem sobre o custo total do produto (Tabela 6-2).

Tabela 6-2: Decomposição dos custos dos componentes em funções - Exemplo


DECOMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DOS COMPONENTES EM FUNÇÕES
A B C D E
% R$ % R$ % R$ % R$ % R$
1 100% R$ 0.00
2 100% R$ 0.00
3 100% R$ 0.00
4 33% R$ 0.00 33% R$ 0.00 33% R$ 0.00
5 25% R$ 0.00 25% R$ 0.00 25% R$ 0.00 25% R$ 0.00
6 50% R$ 0.00 50% R$ 0.00
7 50% R$ 0.00 50% R$ 0.00
∑% (A) ∑R$ (A) ∑% (B) ∑R$ (B) ∑% (C) ∑R$ (C) ∑% (D) ∑R$ (D) ∑% (n)... ∑R$ (n)...
∑R$(A) / R$TOTAL ∑R$(B) / R$TOTAL ∑R$(C) / R$TOTAL ∑R$(D) / R$TOTAL ∑R$(n)... / R$TOTAL
∑%(A) / % TOTAL ∑%(B) / %TOTAL ∑%(C) / %TOTAL ∑%(D) / %TOTAL ∑%(n)... / %TOTAL
Fonte: Autor

Após a identificação de Consumo de Recursos de todas as funções atribuídas ao produto,

foi necessário identificar a Necessidade Relativa das funções para uma futura elaboração do

gráfico COMPARE.

93
A Necessidade Relativa foi identificada por meio da Ténica de Mudge, que consisiste na

comparação par-a-par das funções. Para aplicação da Técnica de Mudge, as funções foram

comparadas par-a-par e a função mais importante foi selecionada. (Figura 4-6).

Tabela 6-3: Aplicação da Técnica de Mudge - Exemplo

Técnica de Mudge
∑ Pontos Necessidade
A B C D E Funçâo Relativa (%)
A Ax ou Bx Ax ou Cx Ax ou Dx Ax ou Ex a = ∑ Ax a/T OT AL
B Bx ou Cx Bx ou Dx Bx ou Ex b = ∑ Bx b/T OT AL
C Cx ou Dx Cx ou Ex c = ∑ Cx c/T OT AL
D Dx ou Ex d = ∑ Cx c/T OT AL
E e = ∑ Ex e/T OT AL
TO TAL =
100%
a+b+c+d+
Fonte: Autor

Uma vez selecionada a função principal na comparação par-a-par, foi necessário definir

um peso para cada função. Este peso é utilizado para que possa ser atribuída uma pontuação para

a função. Nesta aplicação, definiram-se três níveis de peso, sendo:

 PESO 1 – Pouco importante

 PESO 2 – Razoavelmente Importante

 PESO 3 – Muito importante

A soma de pontos da função deve ser baseada na percepção de importância no ponto de

vista do usuário-final. Por isto, os 27 itens do IGI foram utilizados como forma de ponderação

para tais pesos.

A partir do cruzamento entre os itens do IGI (Função x IGI), obteve-se uma Porcentagem

Relativa (PR). As funções que possuem maior PR são atribuídas com maior peso e, as com menor

PR, com menor peso.

94
A Tabela 6-4 ilustra como o IGI é atribuído para cada função, conforme a matriz de

função versus IGI:

Tabela 6-4: Matriz de Função Versus IGI – Exemplo

FUNÇÕES
A B C D E F (n)...
IGI1 IGI1 IGI1
IGI2 IGI2
IGI3
IGI4 IGI4 IGI4 IGI4
IGI5 IGI5 IGI5
IGI6
IGI7
IGI8 4.96% IGI8 IGI8 IGI8
IGI9
IGI10 IGI10 IGI10
IGI11 IGI11
∑IGI = 100% ∑ IGIS (A) ∑ IGIS (B) ∑ IGIS (C) ∑ IGIS (D) ∑ IGIS (E) ∑ IGIS (F) ∑ IGIS (n)..
Fonte: Autor

Para classificar o peso das funções entre PESO 1, PESO 2 ou PESO 3, foi estabelecida a

regra da porcentagem onde 1 PESO é formado pela média entre o maior valor de PR e o menor

valor de PR, dividido pelo número de pesos definidos, onde:

(8)

No final, a soma dos pesos gerou uma soma de pontos para cada função e um resultado

relativo da função, em porcentagem.

6.4.3.2. Gráfico COMPARE

O “Consumo de Recurso” foi cruzado com o resultado de “Necessidade Relativas” das

funções, permitindo uma comparação entre o valor e custo de cada uma das funções estabelecidas

para o produto, gerando o Gráfico COMPARE.

95
A avaliação do gráfico COMPARE permite visualizar se o consumo de recurso das

funções é compatível à necessidade relativa sobre a percepção de valor do usuário final. Podem

existir funções do produto onde se dispendem maiores esforços financeiros enquanto a relação do

valor atribuído exponha pequena representatividade, na percepção do usuário-final, como no

exemplo da Função B, do Gráfico 6-1. O oposto pode ocorrer em funções onde o usuário-final

não atribui valor alto à função, porém o consumo de recursos seja significativo como mostra a

função E do exemplo de aplicação do Gráfico 6-1.

A comparação entre o Consumo de Recursos e Necessidade Relativa das funções de um

produto permite uma avaliação de possibilidades de reduções de custo sem comprometimento à

qualidade e funcionalidade, além de realocações de custo e aumento de valor agregado do

produto. Quanto maior rigor houver nas análises de captura de requisitos do cliente e

interpretação de tais dados, maior o grau de confiabilidade dos resultados gerados.

Gráfico 6-1: Gráfico Compare “Consumo de recursos X Necessidades Relativas” - Exemplo de aplicação

Função B: Necessidade Relativa alta

40%

Função E: Consumo de
Recurso alto
30%

20%

Função E: Necessidade
Relativa baixa
10%

Função B: Consumo de Recurso baixo CONSUMO DE


RECURSO
0% NECESSIDADE
A B C D E RELATIVA

Fonte: Adaptado de Ruiz (2011) e Ruiz, Granja e Kowaltowski (2014)

96
6.4.4. Elaboração das plantas de cada especialidade, por etapa, e
elaboração das demais estimativas do Custo de Produção.

Após a identificação dos requisitos de valor no ponto de vista do usuário final,

identificação dos fornecedores-chave, determinação das metas de redução e avaliação dos

resultados das análises de função do produto, o produto foi rediscutido pela equipe envolvida no

processo de projeto, com a finalidade de atingir o CPer estabelecido.

Esta etapa demanda participação não só da equipe de projeto, mas também dos

construtores, fornecedores e subfornecedores para que novas soluções de projeto sejam discutidas

entre todos os envolvidos, além de promover negociações com relação ao custo no nível de

componente.

Após a finalização da reelaboração dos projetos e demais estimativas de CP, almeja-se

alcançar o CPer ou Custo-Meta do produto sem comprometimento dos custos de manutenção e

operação, qualidade e funcionalidade.

6.4.1. Início de Produção, produto pronto e entregue ao cliente e feedback

Quando as demais estimativas de CP atingem o CPer ou Custo-Meta (dependendo do

objetivo definido para o produto, iniciam-se as etapas de inicio de produção, entrega e posteriores

feedbacks. Estas últimas etapas (19 e 20) do modelo de Jacomit e Granja (2011) não serão

abordadas no presente estudo, pois extrapolam o escopo de processo de projeto.

97
98
7. APLICAÇÃO E TESTE

A aplicação do CM para o processo de projeto de uma Unidade Habitacional (UH) em

Wood Frame seguiu o “Modelo de abordagem do CM para o processo de desenvolvimento de

edificações” de Jacomit e Granja (2011). O Quadro 7-1 resume a aplicação das 18 etapas,

divididas em três fases.

Quadro 7-1: Fases e Etapas de Aplicação e Teste do CM em UH Wood Frame para HIS
FASE 01 - Aplicação do CM dirigido ao Mercado
Etapa 01: Identificação da demanda, captação das percepções de valor dos usuários finais que pertencem ao
nicho de mercado e determinação dos fatores que influenciam na compra.
Etapa 02: Estudos preliminares (Estudo de Massa, quadro de áreas etc).
Etapa 03: Transformação das percepções de valor do cliente em atributos de projeto - diferenciais e identificação
de tendências.
Etapa 04: Determinação do Preço de Mercado de um produto similar com tais características
Etapa 05: Determinação do preço associado ao diferencial do Produto.
Etapa 06: Preço de Mercado (PMerc)
Etapa 07: Definição do BDI
Etapa 08: Cálculo do Custo Permissível (CPer).
FASE 02 - Aplicação do CM no nível de Produto
Etapa 09: Comparação das características do produto com outros desenvolvidos anteriormente pela empresa e
Etapa 10: Primeira estimativa de Custo de Produção (CP).
Etapa 11: Análise das reais capacidades de redução de custos da empresa, do CPer e do CP.
Etapa 12: Identificação do Custo-Meta.
Etapa 13: CPer ≤Custo-Meta?
FASE 03 - Aplicação do CM no nível do Componente
Etapa 14: Seleção de técnicas construtivas e desdobramento do CM em itens de Custo.
Etapa 15: Definição das especificações e desdobramentos do CM em nível de Função e Componente.
Etapa 16: Determinação dos fornecedores participantes, adoção de open book e formação
de equipes multidisciplinares - Aplicação da MV
Etapa 17: Desenvolvimento das plantas de cada especialidade, por etapa, e Etapa 18: Elaboração das demais
estimativas do Custo de Produção 01 (CP1)
Fonte: Autor

7.1. FASE PRELIMINAR

As informações iniciais colaboraram para o entendimento do objetivo do presente estudo,

as diretrizes iniciais foram definidas bem como as responsabilidades de cada pesquisador. As

reuniões garantiram o bom andamento das atividades de processo de projeto.

99
Os conhecimentos sobre CM foram compartilhados por meio de reuniões informais com

os pesquisadores envolvidos no processo de projeto, visto que é um processo complexo e exige

disciplina durante sua aplicação. Simultaneamente, ocorreram reuniões formais para o

entendimento do objetivo da pesquisa ZEMCH Brasil e compartilhamento de informações

específicas sobre cada uma das disciplinas envolvidas no processo de projeto (Quadro 7-2).

Quadro 7-2: Resumo das reuniões preliminares realizadas pelo grupo de pesquisa ZEMCH Brasil
Foco Equipes de Pesquisa Escopo Data
Primeira Todos os Pesquisadores Estabelecimento dos objetivos e metas a serem Ago//2013
Charrette ZEMCH Brasil cumpridas para o processo de projeto das UH,
desenvolvidas pela pesquisa ZEMCH Brasil
Projeto Pesquisadores Apresentação do Estudo preliminar (versão inicial) e Out//2013
Coordenação de Projetos primeiras considerações de opcionais para customização
ZEMCH Brasil proposta, baseados na APO (resultados preliminares)
Construtor Construtor Colaborador Orientações sobre o processo de construção de Conjuntos Nov/2013
Externo ZEMCH Brasil Habitacionais na cidade de Londrina, desde a fase de
projeto até a pós-ocupação.
Companhia Profissionais da área de Orientações gerais para o desenvolvimento de HIS na Nov/2013
de Projeto da COHAB-LD região de Londrina-PR, considerando normas
Habitação regulamentadoras, subsídios disponíveis, restrições
projetuais, demandas regionais, entre outros.
Custo Pesquisadores - Equipe Resultados Preliminares das análises de Custo baseado Nov/2013
de Custo ZEMCH Brasil no estudo de caso do Abordagem do CM – Estudo de
Caso de Aragão (2014).
Eficiência Especialista na área de Apresentação dos perfis das famílias do estudo de caso Nov/2013
Energética Eficiência Energética com relação ao uso de Sistema de Aquecimento Solar
(SAS) e Instruções para utilização
Valor Profissional Assistente Apresentação dos Perfis de Famílias do Conjunto Nov/2013
Social da COHAB-LD Habitacional, considerando o perfil cultural das famílias
beneficiadas pelo PMCMV-E, foco da pesquisa.
Valor Pesquisadores - Equipe Resultado dos perfis das Famílias – APO - e resultados Nov/2013
de Valor ZEMCH Brasil da aplicação do Baralho de Cartas (IGI)
Fonte: Autor

7.2. FASE 01: APLICAÇÃO DO CUSTEIO-META DIRIGIDO AO MERCADO

A aplicação da Fase 01 iniciou por meio da identificação das demandas do usuário-final,

seguido do estudo preliminar, transformações das demandas em atributos de projeto e o

reconhecimento do CPer do produto.

100
7.2.1. Etapa 01

“Identificação da demanda, captação das percepções de valor dos clientes


que pertencem ao nicho de mercado e determinação dos fatores que influenciam na
compra”.

Os valores do IGI de referência foram utilizados como parâmetro para ponto de partida

para o processo de projeto, salientando a importância do ponto de vista do cliente.

Jacomit e Granja (2010) descrevem esta fase como Identificação da demanda, captação

das percepções de valor dos clientes que pertencem ao nicho de mercado e determinação dos

fatores que influenciam na compra, porém, considerando o contexto de HIS do PMCMV-E, é

necessário incorporar a esta fase uma série de fatores técnicos estabelecidos pelo PMCMV-E

(condicionantes projetuais como áreas mínimas, acesso, requisitos mínimos de qualidade, entre

outros) que influenciam e determinam parâmetros projetuais para as habitações. Portanto, na

aplicação do CM para HIS, os fatores que influenciam na compra são uma somatória entre as

demandas, percepções dos clientes e diretrizes projetuais.

De acordo com o resultado da aplicação das cartas do baralho, a “Segurança” deve ser

priorizada, seguido de “Previsão de áreas verdes” e “Medidas para redução de custos com água,

energia e manutenção”. Observa-se que foi atribuída pouca importância aos itens relativos à

disposição dos cômodos, elementos decorativo e local para guardar o carro. A “Segurança” foi

classificada como fator mais importante, seguido de “Natureza”, “Condomínio, água, luz e gás”,

“Acústica”, correspondendo ao primeiro, segundo e terceiro lugar, consecutivamente.

101
O Gráfico 7-1 apresenta os resultados finais obtidos na identificação da natureza do valor

desejado para a cidade de Londrina, formado por 27 cartas do baralho:

Gráfico 7-1: Resultado Final do Índice Geral de Importância (IGI) – COHAB-LD - Londrina/PR

Fonte: Adaptado de Aragão (2014)

102
7.2.2. Etapa 02

“Estudos preliminares”

Em paralelo às interpretações do índice geral de importância e APO, equipes avaliaram as

possíveis opções para a entrega da Unidade Habitacional (UH) em formato de estudos

preliminares.

Os estudos preliminares (Figura 7-1 e Figura 7-2) iniciaram a partir da elaboração de

croquis, plantas, fachadas e modelos 3D. Além das considerações dos resultados da APO, do IGI

e diretrizes estabelecidas pelo PMCMV-E, a colaboração dos subfornecedores foi de extrema

importância, pois puderam auxiliar com soluções técnicas associadas ao emprego do sistema

Wood Frame.

Figura 7-1: Croquis iniciais de fachada


Fonte: ZEMCH Brasil

103
Figura 7-2: Estudo preliminar das fachadas
Fonte: ZEMCH Brasil

As áreas úteis da UH também foram estabelecidas de acordo com as diretrizes do

PMCMV-E.

O projeto preliminar da UH é composto por dois dormitórios, cozinha, sala de estar/jantar,

instalação sanitária e lavanderia, apresentado na Tabela 7-1.

Tabela 7-1: Quadro de áreas da UH


Ambiente Área
01- Dormitório 01 8,12 m2
02 - Banheiro 3,72 m2
03 - Cozinha 4,41 m2
04 - Estar/Jantar 14,85 m2
05 - Dormitório 02 7,93 m2
06 - Lavanderia 2,92 m2
Área Útil 39,05 m2
Área Total 43,20 m2
Fonte: Autor

A planta preliminar foi gerada a partir da análise de volumetria e determinação das áreas

da UH, conforme Figura 7-3:

104
Figura 7-3: Planta baixa do Estudo preliminar UH ZEMCH Brasil
Fonte: ZEMCH Brasil

105
7.2.4. Etapa 03

“Transformação das percepções de valor do cliente em atributos de projeto”

Posteriormente à identificação dos requisitos de valor, objetivou-se a hierarquização das

oportunidades de intervenção de projeto sugeridas pelos pesquisadores, para assim determinar as

oportunidades prioritárias de alterações conforme o IGI.

Os pesquisadores especialistas das áreas de Valor e Custo interpretaram as oportunidades

de intervenção no nível de projeto a partir dos resultados do IGI, incorporando as

regulamentações projetuais estabelecidas pelo PMCMV-E. Esta etapa do trabalho foi realizada de

forma colaborativa, onde os envolvidos compartilharam experiências para assim identificar todas

as demandas necessárias para a entrega da UH.

Durante o processo de projeto da UH em Wood Frame, o grupo de Custo e Valor

interpretou, em conjunto com os demais pesquisadores envolvidos na pesquisa ZEMCH Brasil, as

possíveis oportunidades de intervenção no projeto, geradas a partir dos resultados da APO e do

Baralho de Cartas. Para a identificação das oportunidades de intervenção, as restrições de

projeto14 foram identificadas, inicialmente, e em seguida as oportunidades de intervenção de

projeto foram geradas.

14 Código de Obras Municipal; Norma de Desempenho; Regulamento Técnico da Qualidade

(Decreto F. n° 6.275/2007); Ministério das Cidades (Lei F. 6766/1979); Plano Diretor Participativo Municipal
(Lei M. 10.257/2001); Estatuto do Idoso (Lei M. 10.741/03); Cartilha de Disposições Técnicas do PMCMV
(ARAGÃO, 2014, p. 50).

106
No total, foram geradas 23 oportunidades de intervenção no projeto, conforme o Quadro

7-3:

Quadro 7-3: Oportunidade de Intervenção no projeto geradas a partir da APO e Baralho de Cartas
(COHAB-LD)
OPORTUNIDADE DE INTERVENÇÃO NO PROJETO
OI1 Prever fechamento do lote
OI2 Prever portão para acesso ao lote/casa
OI3 Prever área para jardim
OI4 Prever área para horta
Desempenho acústico, implantação, localização de portas e janelas e especificação
OI5
de materiais
OI6 Prever 2 banheiros na UH
OI7 Prever 3 quartos
OI8 Prever piso interno na casa toda
OI9 Prever pintura interna e pintura externa da habitação
OI10 Prever contrapiso externo (calçamento, rampa e escada caso necessário)
OI11 Contemplar a "privacidade visual da habitação em relação à rua e aos vizinhos"
OI12 Contemplar "privacidade acústica"
OI13 Prever Cozinha com área adequada
OI14 Prever Sala com área adequada
OI15 Prever Dormitórios com áreas adequadas
OI16 Para lazer: fazer churrasco, para brincar
OI17 Prever Área de Circulação Interna
OI18 Prever local para a construção de uma garagem. Lembrar do acesso até a habitação
OI19 Prever local para a construção de área de serviço/lavanderia
OI20 Prever área para as atividades de lazer, área de serviço - "cobertura nos fundos"
OI21 Prever local para a construção de uma varanda
OI22 Prever área para quintal, para as crianças brincarem
OI23 Prever projeto de calçada
Fonte: Autor

O cruzamento das cartas do IGI com as oportunidades de intervenção gerou um IGI

Relativo para cada carta do baralho. O IGI Relativo mensura cada uma das oportunidades de

intervenção. Esta análise é importante para criar uma hierarquia do grau de relevância entre

oportunidades de intervenção, baseando-se no ponto de vista do usuário-final (IGI).

A Hierarquização das Oportunidades gerou um resultado relativo referente à oportunidade

de intervenção de acordo com o IGI Relativo atribuído para cada uma das oportunidades de

intervenção, classificados por ordem de grandeza.

107
A Tabela 7-2 apresenta a Hierarquização das Oportunidades de Intervenção, conforme o

IGI relativo atribuído pelo grupo:

Tabela 7-2: Hierarquização das Oportunidades de Intervenção a partir do IGI (COHAB-LD)


IGI Relativo
Oportunidade de Intervenção no projeto
(%)
OI11 Contemplar a "privacidade visual da habitação em relação à rua e aos vizinhos" 42%
OI3 Prever área para jardim 40%
OI1 Prever fechamento do lote 38%
Desempenho acústico adequado implantação, localização de portas e janelas e especificação
OI5 33%
de materiais
OI4 Prever área para horta 33%
OI2 Prever portão para acesso ao lote/casa 29%
OI8 Prever piso interno na casa toda 26%
OI23 Prever projeto de calçada 26%
OI17 Prever Área de Circulação Interna 25%
OI16 Para lazer: área para fazer churrasco, para brincar, entre outros. 23%
OI13 Prever Cozinha com área adequada 18%
OI7 Prever três quartos 17%
OI14 Prever Sala com área adequada 15%
OI12 Contemplar "privacidade acústica" 15%
OI15 Prever Dormitórios com áreas adequadas 15%
OI22 Prever área para quintal, para as crianças brincarem 14%
OI20 Prever área para as atividades de lazer, área de serviço - "cobertura nos fundos" 14%
OI6 Prever 2 banheiros na UH 14%
OI19 Prever local para a construção de área de serviço/lavanderia 13%
OI9 Prever pintura interna e pintura externa da habitação 13%
OI18 Prever local para a construção de uma garagem. Lembrar do acesso até a habitação 11%
OI21 Prever local para a construção de uma varanda 11%
OI10 Prever contrapiso externo (calçamento, rampa e escada caso necessário) 8%
Fonte: Autor

O maior IGI atribuído foi igual a 42%, para a OI11 “Contemplar a privacidade visual da

habitação em relação à rua e aos vizinhos”, enquanto o menor IGI atribuído foi para a OI10 –

“Prever contrapiso externo (calçamento, rampa e escada caso necessário)”. O resultado mostrou

que, das 23 Oportunidades de Intervenção, 12 obtiveram um IGI Relativo maior ou igual a 17%,

que corresponde à média entre o maior e o menor IGI relativo. Apenas 11 das Oportunidades de

Intervenção apresentaram resultado inferior a 17%.

108
7.2.1. Etapas 04 e 05

“Determinação do Preço de Mercado de um produto similar com tais


características” e “Determinação do preço associado ao diferencial do Produto”

Apesar de a tecnologia Wood Frame apresentar um custo 10% superior quando

comparada a uma UH desenvolvida em sistema tradicional (alvenaria), a tecnologia Wood Frame

possui vários benefícios, se destacando questões de industrialização de mão de obra, que pode ser

reduzido em até 50%, diminuição de emissão CO² em 80% e redução do tempo de execução de,

no mínimo, um terço comparado à alvenaria (PINI, 2013).

A determinação de mercado foi elaborada a partir de uma extensa análise sobre o contexto

do PMCMV-E, avaliando as legislações em vigor correspondentes à faixa 01 do programa,

conforme apresentado anteriormente.

7.2.2. Etapas 06, 07 e 08

“Preço de Mercado”, “Definição das Margens de Lucro” e “Cálculo do


Custo Permissível”

Para a UH em Wood Frame desenvolvida no presente estudo, os parâmetros de preço de

mercado foram definidos conforme a regulamentação do PMCMV-E para a cidade de Londrina-

PR, aplicável para cidades para cidades de médio porte do Estado do Paraná, equivalente à R$

33.280,00. As margens foram estabelecidas com base na faixa mínima estabelecida pelo

PMCMV-E.

A partir da definição do PMerc e BDI para o Construtor, Empresa 01 e Subfornecedores,

o CPer foi definido para todos os níveis da coalizão das partes interessadas na entrega da UH.

109
Primeiramente, o Custo Permissível do Construtor CPer (Construtor) foi identificado. O

Custo Permissível da Empresa 01 CPer (Empresa 01) Custo Permissível dos Subfornecedores

CPer (Subfornecedores).

Figura 7-4: Estudo preliminar das fachadas


Fonte: ZEMCH Brasil

Definiu-se, então, primeiramente, CPer para o construtor, ou CPer (Construtor), seguido

do CPer para a empresa fornecedora de tecnologia Wood Frame CPer (Empresa 01) e CPer para

os subfornecedores CPer (Sub).

Para identificar o Custo Permissível do Construtor CPer (Construtor), foi necessário

subtrair o BDI estabelecido para o construtor, equivalente a 20% de CPer (Construtor), do Preço

de Mercado PMerc (PMCMV-E).

110
O BDI (Construtor) equivale a 22% do CP do produto, onde:

(9)

Sequencialmente o Custo Permissível do fornecedor de tecnologia Wood Frame CPer

(Empresa 01) é estabelecido pela subtração do BDI (Empresa 01) sobre o CPer (Construtor).

( )
(10)

Por fim, Custo Permissível do Subfornecedores CPer (Sub) é estabelecido com base no

mesmo cálculo do CPer (Empresa 01), onde o CPer (Sub) é igual ao CPer (Empresa 01) menos o

o BDI do Subfornecedor BDI (Sub):

( )
(11)

A Tabela 7-3 resume de maneira sucinta os cálculos envolvidos na aplicação do CM no

nível de Custo de Mercado e os valores obtidos durante o desenvolvimento desta fase:

Tabela 7-3: Resumo do gerenciamento de custos para o Construtor, Empresa 01 e Subfornecedores


Parâmetro Construtor Empresa 01 Subfornecedores
Preço de Mercado (PMerc) R$33.280,00 - -
BDI 20% 20% 14%
Custo Permissível (CPer) R$ 27.233,33 R$ 23.111,10 R$ 20.272,89
Fonte: Autor

111
A partir das referências de CP e CPer, foi possível identificar as reais necessidades de

redução de custo para a viabilização da entrega de uma UH em Wood Frame, abordada durante a

aplicação do CM no nível de Produto.

7.3. FASE 02: APLICAÇÃO DO CUSTEIO-META NO NÍVEL DE PRODUTO

A partir da identificação do CPer as possibilidades de redução de custo foram avaliadas

com base em um Custo de Produção (CP). As reais capacidades de redução de custos foram

avaliadas para, assim, poder traçar alternativas de redução de custo sem comprometimento da

qualidade e funcionalidade, por meio do aperfeiçoamento do projeto.

7.3.1. Etapa 09

“Comparação das características do Produto com outros desenvolvidos


anteriormente”

Para análise do diferencial do produto, buscou-se avaliar os benefícios na entrega de uma

UH em Wood Frame conforme requisitos mínimos exigidos pelo PMCMV-E.

A partir dos 13 fatores de Cooper e Slagmulder (1997), foram identificadas as

oportunidades e barreiras específicas para o contexto de HIS em Wood Frame (Quadro 7-4),

sobre uma análise baseada na aplicação do CM.

112
Quadro 7-4: Oportunidades e Barreiras da aplicação do CM em HIS Wood Frame baseado nos 13 fatores de
Cooper Slagmulder (1997)
FATORES OPORTUNIDADES E BARREIRAS
BARREIRAS: De certa forma, existe um custo-meta previamente estabelecido pelo PMCMV-
E. A pressão pela redução de preços/custos em EHIS é exercida pelos órgãos financiadores.
Atualmente, o ambiente competitivo predomina nas concorrências públicas baseadas em
menor preço, com consequente sacrifício exagerado de funcionalidade e qualidade.
1. Intensidade
OPORTUNIDADES: A diferenciação deveria vir da qualidade e funcionalidade do produto,
de competição
mas resta pouca margem para isto. Se padrões mínimos de qualidade e funcionalidade
conforme as necessidades dos usuários fossem estabelecidos e regulamentados no início,
seriam utilizadas como entradas do processo de projeto, para estimulo do produto, havendo
maior oportunidade para aplicação do CM.
BARREIRAS: O setor de HIS enfrenta baixo grau de exigência dos clientes, alto grau de
repetição dos modelos e tipologias utilizados em HIS, pouca dedicação na concepção do
produto a fim de agregar valores apropriados ao contexto de HIS. As habitações geralmente
2. Grau de apresentam alto índice de reformas e as famílias possuem perfil heterogêneo, em alguns casos
sofisticação do com grande numero de pessoas por habitação e eventuais portadores de necessidades
CM Dirigido ao Mercado

cliente especiais.
OPORTUNIDADES: Supõe-se que, ao “ensinar” o usuário-final sobre os benefícios da
tecnologia em Wood Frame, o grau de sofisticação possa aumentar.
BARREIRAS: Granja et al. (2011) inferem que o contexto de baixa complexidade (HIS)
3. Frequência possa ser mais favorável para uma aplicação piloto, experimental. Novamente, a atual
com que as repetição de modelos e tipologias existentes indica pouca dedicação na fase inicial de
exigências dos concepção do produto de modo a agregar valores apropriados a contextos específicos.
clientes OPORTUNIDADES: Pesquisas de APO podem auxiliar na identificação das exigências do
mudam perfil do usuário a ser atingido e suas variações. As referências de mercado local e preço dos
terrenos variam conforme a localização e devem ser consideradas.
BARREIRAS:O grau de entendimento sobre os requisitos futuros do produto é relativamente
baixo em relação a inovações, tecnologias e a alto em relação a tamanho dos cômodos,
necessidade de mais cômodos, entre outras demandas básicas, no ponto de vista du usuário-
4. Grau de final. Por parte dos produtores, requisitos de inovação incorrem no custo e geralmente são
entendimento pouco discutidos, pois se tem pouca visão de inserção de tecnologia sem interferência no
sobre os custo (inclusive ao longo do ciclo-de-vida do produto).
requisitos OPORTUNIDADES: Em EHIS, as APO poderiam substituir ou complementar as pesquisas
futuros do de mercado. O Baralho de Cartas (IGI) pode ser utilizado parâmetro de valor desejado do
produto usuário-final, visando avaliar o valor desejado, na identificação de potenciais melhorias do
produto. Adicionalmente aos resultados de pesquisa de mercado, os projetistas podem
adicionar requisitos futuros relacionados à inovação e tecnologias, no sentido de aumento do
valor agregado do produto, não se perdendo de vista os custos do produto.
BARREIRAS: É muito comum a repetição de modelos (“carimbos”). O nível de variedade é
baixo ou nulo neste tipo de habitação. Pouca atenção é dada para a variedade incorrendo em
5. Variedade
frequentes reformas posteriores à entrega.
de produtos
OPORTUNIDADES: A abordagem do CM pode auxiliar na entrega de um produto sobre o
CM no nível de Produto

sendo
custo estabelecido pelo PMCMV-E e, durante o processo de projeto, é possível avaliar as
produzidos
oportunidades de modificações da UH, no sentido de promover variedade (customizações),
uma vez que o custo do produto é decomposto nos níveis de função e componente.
BARREIRAS: Na manufatura, o produto é aprimorado de empreendimento a
6. Frequência empreendimento. Este ciclo é puxado pela necessidade de atualização dos produtos em face
de dos concorrentes. Entretanto, isto não ocorre no cenário atual, pois não há uma razão para que
lançamentos isso ocorra.
de modelos OPORTUNIDADES: Uma vez captadas e conhecidas as demandas dos usuários-finais, o
revisados e aprimoramento pode ocorrer com base na utilização de modelos de empreendimentos
atualizados passados para atualização em empreendimentos futuros, agregando valor em termos de
aumento da qualidade, funcionalidade e redução dos custos.

113
FATORES OPORTUNIDADES E BARREIRAS
BARREIRAS: O baixo grau de inovação do produto aumenta a previsibilidade do custo do
produto além de facilitar a realização das estimativas do custo, mesmo nos estágios iniciais do
7. Grau de processo de projeto. Porém, observa-se que o custo não é utilizado como parâmetro de
inovação do processo de projeto em empreendimentos anteriores.
produto OPORTUNIDADES: Apesar do alto grau de inovação do produto proposto, o relacionamento
com os fornecedores e subfornecedores não compromete a previsibilidade do custo do produto
nem tampouco a realização de estimativas de custo.
BARREIRAS: Em geral, edificações apresentam complexidade consideravelmente alta,
levando em consideração o grande número de componentes e de processos produtivos
8.
envolvidos no produto. Este fator aumenta a dificuldade de controle de custos.
Complexidade
OPORTUNIDADES: A alta complexidade do produto diminui a possibilidade de redução de
CM no nível de Produto

do produto
custos na fase de execução e aumenta a dificuldade de se controlarem os custos – criando um
contexto em que uma aplicação de CM poderia fazer a diferença.
BARREIRAS: Normalmente, são produzidas muitas unidades (Conjunto Habitacional),
9.
demandando alto investimento inicial para se produzir o produto.
Investimento
OPORTUNIDADES: O alto investimento inicial necessário aumenta a importância da
inicial
utilização do CM durante a fase de desenvolvimento do produto. As empresas que souberem
necessário
utilizar o CM como maneira de redução de custos sem comprometimento da qualidade pode
para se
garantir a entrega do produto sobre o valor de subsídio das UH, conforme estabelecido pelo
produzir
PMCMV-E.
BARREIRAS: A baixa duração da fase de desenvolvimento e a falta de
conhecimento/controle dos custos geram projetos repetidos (que facilitam a estimativa de
custos e se baseiam na experiência). Muitas vezes, o projeto é visto como necessidade formal
10. Duração
ao invés de elemento-chave para o processo do projeto, sendo desvalorizado Comumente, o
da fase de
foco das políticas públicas habitacionais é a maximização do número de unidades, e não da
desenvolv. de
qualidade e funcionalidade. .
produto
OPORTUNIDADES: O sistema construtivo Wood Frame apresenta diferencial na velocidade
de fabricação da UH, o que reduz o tempo de construção do produto e gera margem para
possível aumento da duração da fase de processo do produto.
BARREIRAS: O setor de HIS apresenta alto número de terceirizações que dificulta a
11. Grau de
aplicação de processos de melhoria contínua (kaizen) e reduz a precisão de estimatia de
integração
produtividade na execução.
horizontal
OPORTUNIDADES: É possível estabelecer o “target cost contracts”, em que é um custo-
(número de
meta para a execução de um serviço, e os valores que ficarem acima ou abaixo deste custo-
produtos/
meta são repartidos conforme acordado em contrato, dependendo, principalmente, dos riscos
serviços
CM no nível do Componente

envolvidos e das características das empresas. A utilização de parte do processo de execução


terceirizados)
em peças pré-fabricadas auxilia na integração horizontal.
BARREIRAS: O distanciamento entre fornecedores e o PMCMV-E dificulta o
estabelecimento de possíveis parcerias. Geralmente, os valores praticados pelo mercado são
utilizados como base de cálculo para identificação do custo do produto a ser utilizado no
12. Influência
processo licitatório, não havendo maiores negociações em grande escala.
sobre os
OPORTUNIDADES: Como no presente estudo existe uma empresa responsável pelo
fornecedores
fornecimento de tecnologia, poderia se atribuir a responsabilidade de todas as fases do
empreendimento para esta empresa, que teria a missão de negociação dos insumos, obtendo
um preço compatível ao volume em larga escala, referente ao Conjunto Habitacional.
BARREIRAS: Atualmente, a relação entre o produtor (comprador) e sua cadeia de
13. Relação
suprimentos é vista como uma relação de adversidade, onde a cooperação entre o produtor e
entre produtor
sua cadeia de suprimentos é baixa ou nula.
(comprador) e
OPORTUNIDADES: Auxilio no alinhamento do produto com o mercado, no gerenciamento
sua cadeia de
proativo dos custos e redução de custos através da análise de soluções de projeto e da
suprimentos
utilização da MV.
Fonte: Adaptado de Granja et al. (2011)

114
A Figura 7-5 ilustra uma habitação em alvenaria, um dos atuais sistemas utilizado por

grande parte dos Construtores que atuam no setor de HIS.

Figura 7-5: Exemplo de HIS em sistema convencional


Fonte: Autor

A Figura 7-6 apresenta uma UH em Wood Frame, protótipo do projeto ZEMCH Brasil

entregue pela Empresa 01.

Figura 7-6: Exemplo de HIS em Wood Frame


Fonte: ZEMCH Networking (2014)

Apesar de ser um sistema comumente utilizado no Brasil, o sistema construtivo de

alvenaria é uma técnica de grande demanda manual, exigindo tempo, gerando como

consequência alto índice de desperdício de materiais e oscilação da qualidade por ser um

115
processo artesanal. Foi possível observar pouca diferença visual entre as habitações, apesar de

seus diferentes sistemas construtivos. Considera-se que a aplicação do CM pode demandar maior

dedicação na elaboração do produto, necessitando de maior tempo de processo de projeto. A pré-

fabricação das peças da UH pode levar a uma redução significativa do tempo de construção. A

agilidade e rapidez na fabricação das peças e a montagem dos painéis prontos no local

compensariam este aumento da duração dispendida no processo de projeto.

Nesta etapa, o processo construtivo, tempo de construção, nível de acabamento,

padronização, industrialização, tempo e desempenho entre outros aspectos relacionados à entrega

da UH para HIS foram reconhecidos como potenciais “diferenciais competitivos” do sistema

Wood Frame, quando comparados com o processo tradicional atualmente utilizado em HIS.

7.3.2. Etapa 10

“Primeira estimativa de Custo de Produção”

A primeira estimativa de Custo de Produção (CP) foi elaborada com base na planta do

estudo preliminar padrão apresentada anteriormente, com 39 m2 de área útil. O CP contemplou

todos os itens associados ao projeto, desde locação até acabamento, limpeza e Sistema de

Aquecimento Solar. Os parâmetros de custos apresentam valores reais 15 praticados pela Empresa

01 na entrega de Unidades Habitacionais para o PMCMV-E.

15 Custos referentes ao mês de Julho de2014.

116
Tabela 7-4: Orçamento da primeira estimativa de CP para UH
ORÇAMENTO INICIAL* - ESTUDO PRELIMINAR
ORÇAMENTO INICIAL* - ESTUDO PRELIMINAR
CUSTO
Descrição Un. Quant. CUSTO
Descrição Un. Quant. GLOBAL
GLOBAL
FUNDAÇÕES/SUBSOLO 1,900.83
FUNDAÇÕES/SUBSOLO 1,900.83
Fundações
Fundações
1 Locação m² 42.19 97.21
1 Locação m² 42.19 97.21
2 Radier de Concreto Armado m² 42.19 1,803.62
2 Radier de Concreto Armado m² 42.19 1,803.62
PAREDES EXTERNAS E INTERNAS 5,411.50
PAREDES EXTERNAS E INTERNAS 5,411.50
3 Estrutura wood frame 2,705.75
3 Estrutura wood frame
4 Painel wood frame industrializado 2,705.75
m² 97.61 2,705.75
4 REVESTIMENTOS
Painel wood frame industrializado
DE VEDAÇÃO m² 97.61 6,550.41
2,705.75
REVESTIMENTOS
Revestimento DE VEDAÇÃO
de Fachada 6,550.41
Revestimento
5 Chapa cimentíciade com
Fachada
tratamento juntas m² 87.36 2,012.67
5 Pinturas
Chapa cimentícia
externascom tratamento juntas m² 87.36 2,012.67
Pinturas externas
6 Textura m² 106.29 882.95
6 Revestimentos
Textura de parede m² 106.29 882.95
Revestimentos de parede
7 Gesso acartonado e tratamento juntas m² 141.04 1,904.04
87 Azulejos
Gesso acartonado e tratamento juntas m² 141.04
m² 23.63 1,904.04
557.41
8 Pinturas
Azulejos internas m² 23.63 557.41
Pinturas internas
9 Pintura sob gesso acartonado m² 117.41 831.62
109 Impermeabilização
Pintura sob gesso acartonado
gesso m² 117.41
m² 11.06 831.62
361.73
10 ESQUADRIAS/FERRAGENS
Impermeabilização gesso E VIDROS m² 11.06 2,510.99 361.73
ESQUADRIAS/FERRAGENS
Esquadrias de madeira (+ ferragens) E VIDROS 2,510.99
Esquadrias
11 Porta Pronta de madeira
.80x2.10 (+ ferragens)
externa basculada alumi. un 1.00 378.00
11 Porta
12 Porta Pronta
Pronta .80x2.10
.80x2.10 externa
externa c/basculada alumi. un
Ferragens un 1.00
1.00 378.00
315.89
12 Porta Pronta .80x2.10 externa c/ Ferragens
13 Porta Pronta .80x2.10 int. semi-oca+ferragem un un 1.00
3.00 315.89
796.50
13 Esquadrias
Porta Pronta de .80x2.10
alumínioint. semi-oca+ferragem un 3.00 796.50
Esquadrias
14 Janela Alum.de alumínio
Max-ar 0.40x0.60 un 1.00 76.50
14 Janela
15 Janela Alum.
Alum. Max-ar
Max-ar 0.60x0.60
0.40x0.60 un
un 1.00
1.00 76.50
108.00
15 Janela Alum. Max-ar 0.60x0.60
16 Janela Alum. com Venez. 1.20x1.20m un
un 1.00
2.00 108.00
603.90
16 Janela
17 Janela Aço
Alum.semcom Venez.
Venez. 1.20x1.20m
1.60x1.20m un
un 2.00
1.00 603.90
232.20
17 REVESTIMENTOS
Janela Aço sem Venez.DE 1.60x1.20m
PISO un 1.00 1,995.35
232.20
REVESTIMENTOS
Revestimentos de pisoDE PISO 1,995.35
Revestimentos
18 Piso em cerâmicadeacabamento
piso padrão m² 41.93 1,056.64
18 Soleiras,
Piso em cerâmica
rodapés e peitoris padrão
acabamento m² 41.93 1,056.64
Soleiras,cerâmico
19 Rodapé rodapés e peitoris m 39.56 320.44
19 Impermeabilização
Rodapé cerâmico m 39.56 320.44
Impermeabilização
20 Impermeabilização com manta asfáltica m² 21.05 384.58
20 Impermeabilização
21 Impermeabilização áreas com manta
úmidasasfáltica m² 21.05
m² 9.78 384.58
233.69
21 COBERTURA
Impermeabilização áreas úmidas m² 9.78 4,492.26
233.69
COBERTURA
22 Estrutura do telhado m3 4,492.26
1.76 1,539.90
22 Telhas
23 Estrutura do telhado m3 71.16
m² 1.76 1,539.90
829.86
23 Beiral
24 Telhas m² 18.93
m² 71.16 829.86
537.52
24 Isolante
25 Beiral Lã-de-vidro 90mm Forro m² 38.12
m² 18.93 537.52
679.30
25 Revestimentos
Isolante Lã-de-vidro 90mm Forro
de teto m² 38.12 679.30
Revestimentos
26 Forro PVC de teto m² 41.93 905.69
26 INSTALAÇÃO
Forro PVC HIDROSSANITÁRIA/GÁS m² 41.93 1,887.99 905.69
INSTALAÇÃO
Instalação HIDROSSANITÁRIA/GÁS
hidráulica 1,887.99
Instalaçãode
27 Instalação hidráulica
agua fria Gb 1.00 591.61
27 Instalação
28 Instalação dede esgoto
agua fria Gb
Gb 1.00
1.00 591.61
755.31
28 Instalação de esgoto
29 Caixa d'Água - 500 litros Gb
Gb 1.00
1.00 755.31
140.40
29 Aparelhos,
Caixa d'Águametais
- 500 elitros
bancas Gb 1.00 140.40
Aparelhos,
30 Vaso metais
Sanitário Caixae Acoplado
bancas un 1.00 162.63
30 Torneira,
31 Vaso Sanitário
Pia deCaixa Acoplado
marmorite c/ mão-francesa un
un 1.00
1.00 162.63
135.45
31 Tanque
32 Torneira,Plástico
Pia de emarmorite
Torneira c/ mão-francesa un
un 1.00
1.00 135.45
45.00
32 Torneira
33 Tanque Plástico
lavatórioe Torneira
com Coluna un
un 1.00
1.00 45.00
57.60
33 INSTALAÇÃO
Torneira lavatórioELÉTRICA
com Coluna/TELEFONE/ un 1.00 57.60
711.00
INSTALAÇÃO ELÉTRICA /TELEFONE/ 711.00
34 Elétrica Gb 1.00 711.00
34 Elétrica Gb 1.00 711.00
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 2,250.00
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 2,250.00
35 Sistema de Aquecimento Solar (SAS) un 1.00 2,250.00
35 SERVIÇOS
Sistema de Aquecimento
COMPLEMENTARES Solar (SAS) un 1.00 2,250.00
522.03
SERVIÇOS
36 Calçada COMPLEMENTARES m² 18.93 522.03
429.33
36 Limpeza/desmobilização
Calçada m² 18.93 429.33
Limpeza/desmobilização
37 Limpeza geral Gb 1.00 92.70
37 Limpeza geral TOTAL Gb 1.00 28,232.36
92.70
TOTAL
(**) Macrossistemas adicionais aos estabelecidos pela norma NBR 15575 28,232.36
(**) Macrossistemas adicionais aos estabelecidos pela norma NBR 15575
*Data Base: JULHO/2014
*Data Base: JULHO/2014

Fonte: Autor

117
A primeira estimativa de CP oferece um dado muito importante: o Custo atual praticado

para a entrega de uma UH em Wood Frame. A partir do valor estabelecido para o CP da UH, foi

possível estimar os custos aproximados de produção nos demais níveis das partes interessadas na

entrega da UH (Construtor e Subfornecedores).

O CP do estudo preliminar foi interpretado como o Custo de Produção da Empresa 01,

sendo:

(12)

A definição do CP dos demais agentes (Construtor e Subfornecedores) foi estimado partir

de CP (Empresa 01).

O Custo de Produção do Construtor CP (Construtor) seria equivalente ao CP (Empresa

01) mais o BDI (Empresa 01), onde:

(13)

O Custo de Produção dos Subfornecedores foi identificado a partir do CP (Empresa

01). Para isto, o BDI estabelecido para os Subfornecedores (14%) deve ser subtraído de CP

(Empresa01), resultando em CP (Subfornecedores). Este cálculo é representado pela fórmula,

onde:

(14)

118
7.3.3. Etapa 11

“Análise das reais capacidades de redução do Custo Permissível e do custo


de Produção”

As análises das reais capacidades de redução se iniciaram a partir da comparação entre o

CP do produto e o CPer. Os esforços necessários para que o CPer fosse atingido foram

identificados pela diferença entre CP e CPer. Esta diferença é denominada Meta de Redução

(MR). A Tabela 7-3 resume os valores de PMerc, BDI, CP, CPer e MR estabelecidos para o

Construtor, Empresa 01 e Subfornecedores:

Tabela 7-5: Resumo do gerenciamento de custos para o Construtor, Empresa 01 e Subfornecedores


Parâmetro Construtor Empresa 01 Subfornecedores
Preço de Mercado (PMerc) R$33.280,00 - -
BDI 20% 20% 14%
Custo de Produção (CP) R$ 33.878,83 R$ 28.232,36 R$ 24.765,22
Custo Permissível (CPer) R$ 27.233,33 R$ 23.111,10 R$ 20.272,89
Meta de Redução (MR) R$6.645,50 (19%) R$ 5.121,26 (18%) R$ 4.492,33(18%)
Fonte: Autor

O CP (Construtor) corresponde ao custo atual para a entrega de uma UH. Identificou-se

que o CP (Construtor) foi superior ao PMerc (Construtor), apresentando uma diferença de R$

598,83 entre CP (Construtor) e PMerc (Construtor). Isto significa que o Construtor não possui

margem para os benefícios e despesas indiretas e, além disso, ainda estaria “pagando” para

fornecer uma UH em Wood Frame.

A Figura 7-7 ilustra a análise das reais capacidades de redução de custo no nível do

Construtor, exemplificando, na estrutura (A) o custo real para uma entrega de uma unidade

habitacional, representado por (CP). Para que o produto seja viável de se entregar, no contexto do

PMCMV-E, o custo de produção deve ser reduzido em R$ 6.645,00 ou 19%, atingindo um custo

de R$ 27.233,33, conforme o CPer, representado pela estrutura (B) da Figura 7-7.

119
Figura 7-7: Análise das reais capacidades de redução de custos no nível do Construtor
Fonte: Autor

A estrutura (A) da Figura 7-8 mostra que a Empresa 01 fornecedora da tecnologia Wood

Frame também apresenta um CP superior ao custo de mercado estabelecido no nível da Empresa

01, para entrega de HIS. O CP (Empresa 01) atual foi equivalente à R$ 28.232,36. Porém, o preço

de Mercado, representado por PMerc (Empresa 01), foi estabelecido em R$ 27.733,3 conforme

apresentado na estrutura (B) da Figura 7-8. Semelhante ao nível do Construtor, a Empresa 01 não

possui margem para BDI, além de o custo extrapolar o subsídio atual em R$499,04.

120
Para que a UH seja viável para a Empresa 01, observou-se a necessidade de redução de

18% do atual CP (Empresa 01), equivalente a R$ 5.121,26, ou 18%, conforme Figura 7-8.

Figura 7-8: Análise das reais capacidades de redução de custos no nível da Empresa 01
Fonte: Autor

Para o nível dos subfornecedores, foi identificado que a diferença entre o CP (Sub) e o CPer

(Sub) foi equivalente a R$ 4.492,33. O atual CP (Sub) foi igual a R$ 25.765,22 (estrutura A da

Figura 7-9), enquanto o CPer (Sub) igual a R$ 23,111,09 (estrutura B da Figura 7-9). Estimou-se

a diferença entre CP (Sub) e PMerc (Sub) em R$ 1.654,13. Ou seja, se os subfornecedores

atuassem neste nicho de mercado, o BDI dos materiais fornecidos representaria 7% do preço do

produto e não cobriria os gastos incorridos. Conforme estabelecido pelo PMCMV-E, o BDI

estabelecido para o nível dos subfornecedores deve ser equivalente a 14%.

121
Para que o produto atinja o PMerc (Sub) sobre um BDI igual a 14%, se faz necessária a

redução do custo do produto em 18%, conforme a Figura 7-9.

Figura 7-9: Análise das reais capacidades de redução de custos no nível dos Subfornecedores
Fonte: Autor

Cabe ressaltar que o nível dos subfornecedores pode ser decomposto em várias partes, de

acordo com os itens de componentes de orçamento da UH. O reconhecimento detalhado em

níveis de custo dos componentes foi realizado na “Aplicação do CM no nível do Componente”.

7.4. FASE 03: APLICAÇÃO PRÁTICA DO CUSTEIO-META NO NÍVEL DE


COMPONENTE

Na segunda etapa de aplicação do CM (nível do produto), os projetistas focaram em

encontrar maneiras de desenvolver um produto que satisfaça o usuário final sobre o CPer

estabelecido que, na prática, entretanto, nem sempre os projetistas encontram maneiras de fazer

122
isso. Esta etapa buscou complementar os esforços para alcance do CPer sob uma ótica detalhada,

no nível de função e componente.

Para a aplicação prática da Metodologia de Valor (MV) foram selecionadas três

ferramentas disponíveis que permitem uma análise detalhada da UH, sendo a Análise de Função,

o Método FAST e o Método Compare.

7.4.1. Etapa 14

“Seleção de técnicas construtivas e Desdobramento do CM em


Macrossistemas”.

Os componentes do orçamento foram agrupados para melhor entendimento das funções

da UH.Os macrossistemas foram definidos com base em estudos partir do critério de

classificação correspondente à norma ABNT NBR 17575 –1:2008 de “Desempenho de

Edificações”, que é divida em: i) Sistemas Estruturais; ii) Pisos Internos; iii) Vedações Verticais;

iv) Cobertura e; v) Sistemas Hidrossanitários (YOKOTA et.al, 2010; RUIZ, 2011). Além destes,

foram incorporados outros dois macrossistemas adicionais não descritos pela norma, sendo:

 Sistemas Elétricos

 Apoio

Os macrossistemas adicionais foram necessários para atender ao nível de detalhamento do

estudo, que deve ser determinado por seus executores de acordo com os recursos disponíveis e

objetivos determinados (SAVE, 1998). Posteriormente, o custo foi decomposto a partir dos sete

macrossistemas definidos, utilizando como parâmetro de cálculo o orçamento do estudo

preliminar. Cada macrossistema obteve uma porcentagem de representatividade dentro dos custos

do orçamento, definido em:


123
 Vedações Verticais = 42%

 Sistemas Estruturais = 16%

 Cobertura = 16%

 Sistemas Elétricos = 10%

 Pisos Internos = 7%

 Sistemas Hidrossanitários = 7%

 Apoio = 2%

Os três macrossistemas de maior representatividade (Vedações Verticais, Sistemas

Estruturais e Cobertura) foram selecionados como macrossistemas-chave para a análise no nível

de função e componente. Devido a sua alta representatividade no orçamento, existiu maior

flexibilidade com relação aos parâmetros de custo, visto que sua demanda financeira é maior.

Somando estes três macrossistemas, notou-se a possibilidade de se trabalhar em 74% dos custos

envolvidos na entrega da UH, enquanto os demais macrossistemas totalizam apenas 26% do

custo total (Figura 7-10).

Figura 7-10: Decomposição do Custo em Macrossistemas


Fonte: Autor

124
O objetivo desta análise foi reconhecer onde existe maior oportunidade de redução de

custos dentre os subfornecedores, garantindo efetividade nas discussões sobre melhorias

projetuais durante o processo de projeto, evitando, assim, desperdício de tempo em discussões de

projeto onde o custo não tem grande representatividade.

A Meta de Redução (MR) estabelecida no nível dos subfornecedores foi decomposta entre

os macrossistemas de Vedações Verticais, Cobertura e Estrutura. Foi estabelecida uma MR para

cada um dos três macrossistema, ponderada proporcionalmente de acordo com a

representatividade de cada um deles no orçamento (Figura 7-11).

Figura 7-11: Metas de redução estabelecidas para os Fornecedores-Chave


Fonte: Autor

125
7.4.2. Etapa 15

“Definição das especificações e desdobramento do CM no nível de Função e


Componente”

A partir das definições de macrossistemas e funções da UH, os componentes do

orçamento foram classificados entre Funções Básicas (FB), Funções Secundárias Necessárias

(FSN) ou Funções Secundárias (FS). A relação de Uso (U) ou Estima (E) para cada componente

também foi atribuída, conforme Tabela 7-6:

Tabela 7-6: Classificação do produto em Macrossistemas, Funções, Componentes, Uso e Estima

ANÁLISE DE FUNÇÃO - CLASSIFICAÇÃO DE USO E ESTIMA


Classificação
Macro-Sistemas Funções (Verbo+Substantivo) Componentes
FB/FSN/FS U/E
Transmitir Esforços para a FSN U Radier
ESTRUTURA base FSN U Baldrame
Transmitir Esforços Verticais FSN U Estrutura em
Limitar área FB U Painel vedação
FB U Chapa cimentícia
Proteger de intempéries S E Textura
VEDAÇÕES FS E Pintura
(paredes)
FS E Gesso
VERTICAIS
FS E Azulejo
Vedar água FSN U Impermeabilizaçã
Permitir Acesso FB U/E Esquadrias -
Permitir Ventilação FB U/E Esquadrias -
Revestir superfícies FS E Piso Cerâmico
PISOS INTERNOS horizontais inferior FS E Rodapés
Vedar água FSN U/E Impermeabilizaçã
Proteger de intempéries
FB U Cobertura
(cobertura)
COBERTURA Revestir superfície horizontal
FSN U/E Forro PVC
superior
Isolar calor FS E Isolante térmico
Tubulações
FB U
INSTALAÇÕES Prover uso de hidrossanitários hidrossanitárias
FSN U/E Louças
HIDROSSANITÁRIAS FSN U/E Metais
Reservar água FSN U Caixa D´água
Prover fornecimento de FB U Fiação elétrica
SISTEMAS Pontos de
energia FB U/E
ELÉTRICOS (**) iluminação e
Proporcionar melhor FS E SAS
Prover acesso FS U/E Calçada
APOIO (**)
Prover limpeza FS E Limpeza
(**) Macrossistemas adicionais aos estabelecidos pela norma NBR 15575
Classificação dos Componentes:
FB = FUNÇÃO BÁSICA U = FUNÇÃO DE USO (mensurável)
FSN = FUNÇÃO SECUNDÁRIA NECESSÁRIA E = FUNÇÃO DE ESTIMA imensurável)
FS = FUNÇÃO SECUNDÁRIA

Fonte: Autor

126
A Tabela 7-7 classifica os macrossistemas e funções de acordo com a primeira estimativa

de CP para UH, apresentando valores de material, mão-de-obra e o valor total do componente.

Tabela 7-7: Definição de Macrossistemas, Funções e Componentes com base no custo do produto
ANÁLISE DE FUNÇÃO
ORÇAMENTO INICIAL* - ESTUDO PRELIMINAR
Funções CUSTO
Macrossistema Componentes Descrição Un. Quant. (%)
(Verbo + Subst.) GLOBAL
FUNDAÇÕES/SUBSOLO 1,900.83
Radier Fundações
1 Baldrame Locação m² 42.19 97.21
Transmitir Esforços 16%
ESTRUTURA Estrutura em
2 Radier de Concreto Armado m² 42.19 1,803.62
madeira
Transmitir Esforços PAREDES EXTERNAS E INTERNAS 5,411.50
3 Verticais Estrutura wood frame 2,705.75
4 Limitar área Painel vedação Painel wood frame industrializado m² 97.61 2,705.75
Chapa cimentícia REVESTIMENTOS DE VEDAÇÃO 6,550.41
Textura Revestimento de Fachada
5 Pintura Chapa cimentícia com tratamento juntas m² 87.36 2,012.67
Gesso Pinturas externas
6 Proteger de intempéries - Azulejo Textura m² 106.29 882.95
Paredes Impermeabilização Revestimentos de parede
7 Gesso acartonado e tratamento juntas m² 141.04 1,904.04
8 Azulejos m² 23.63 557.41
Pinturas internas
9 VEDAÇÕES Pintura sob gesso acartonado m² 117.41 831.62 42%
10 VERTICAIS Vedar água Impermeabilização gesso m² 11.06 361.73
ESQUADRIAS/FERRAGENS E VIDROS 2,510.99
Esquadrias de madeira (+ ferragens)
11 Permitir Acesso
Esquadrias - Portas Porta Pronta .80x2.10 externa basculada alumi. un 1.00 378.00
12 Porta Pronta .80x2.10 externa c/ Ferragens un 1.00 315.89
13 Porta Pronta .80x2.10 int. semi-oca+ferragem un 3.00 796.50
Esquadrias de alumínio
14 Janela Alum. Max-ar 0.40x0.60 un 1.00 76.50
15 Permitir Ventilação Esquadrias - Janelas Janela Alum. Max-ar 0.60x0.60 un 1.00 108.00
16 Janela Alum. com Venez. 1.20x1.20m un 2.00 603.90
17 Janela Aço sem Venez. 1.60x1.20m un 1.00 232.20
REVESTIMENTOS DE PISO 1,995.35
Piso Cerâmico Revestimentos de piso
18 Rodapés Cerâmico Piso em cerâmica acabamento padrão m² 41.93 1,056.64
Revestir superfícies Impermeabilização Soleiras, rodapés e peitoris
PISOS INTERNOS 7%
19 horizontais Rodapé cerâmico m 39.56 320.44
Impermeabilização
20 Impermeabilização com manta asfáltica m² 21.05 384.58
21 Impermeabilização áreas úmidas m² 9.78 233.69
Proteger de intempéries - Cobertura COBERTURA 4,492.26
22 Forro PVC Estrutura do telhado m3 1.76 1,539.90
23 Cobertura Isolante térmico Telhas m² 71.16 829.86
24 COBERTURA Revestir superfície Beiral m² 18.93 537.52 16%
25 horizontal superior Isolante Lã-de-vidro 90mm Forro m² 38.12 679.30
Isolar calor Revestimentos de teto
26 Forro PVC m² 41.93 905.69
INSTALAÇÃO HIDROSSANITÁRIA/GÁS 1,887.99
Prover uso de Tubulações Instalação hidráulica
27 Louças Instalação de agua fria Gb 1.00 591.61
28 hidrossanitários Metais Instalação de esgoto Gb 1.00 755.31
29 INSTALAÇÕES Fornecer água Caixa D´água Caixa d'Água - 500 litros Gb 1.00 140.40 7%
HIDROSSANITÁRIAS Aparelhos, metais e bancas
30 Prover uso de Vaso Sanitário Caixa Acoplado un 1.00 162.63
31 Torneira, Pia de marmorite c/ mão-francesa un 1.00 135.45
32 hidrossanitários Tanque Plástico e Torneira un 1.00 45.00
33 Torneira lavatório com Coluna un 1.00 57.60
Prover iluminação e Fiação elétrica INSTALAÇÃO ELÉTRICA /TELEFONE/ 711.00
34 SISTEMAS Prover fornecimento de Iluminação/tomada Elétrica Gb 1.00 711.00
10%
ELÉTRICOS (**) Proporcionar melhor EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 2,250.00
35 desempenho SAS Sistema de Aquecimento Solar (SAS) un 1.00 2,250.00
Prover acesso Calçada SERVIÇOS COMPLEMENTARES 522.03
36 APOIO (**) Calçada m² 18.93 429.33 2%
Prover limpeza Limpeza Limpeza/desmobilização
37 Limpeza geral Gb 1.00 92.70
TOTAL 28,232.36 100%
(**) Macrossistemas adicionais aos estabelecidos pela norma NBR 15575 *Data Base: JULHO/2014

Fonte: Autor

127
7.4.3. Etapa 16

“Determinação dos fornecedores participantes, adoção de open book e


formação de equipes multidisciplinares - Aplicação da Metodologia de Valor”

Dentre as diversas técnicas existentes para a abordagem da MV, foram selecionadas

apenas algumas para esta aplicação, sendo: Workshop, Análise de Valor e Método Compare

(Técnica de Mudge). A escolha por tais ferramentas foi determinada pela constatação de

simulações e aplicações anteriores no contexto da construção de edificações.

7.4.3.1. Fase Preparatória - Workshop

A fase de Workshop foi utilizada como forma de treinamento para a utilização das

ferramentas da MV.

A simulação de aplicação prática da Análise de Função foi realizada com todos os

pesquisadores e colaboradores da pesquisa ZEMCH Brasil. Inicialmente, os conceitos da Análise

de Função (Diagrama FAST) e Técnica de Mudge foram apresentados (Figura 7-12).

Figura 7-12: Apresentação da Análise de Função e Técnica de Mudge - Workshop


Fonte: Autor

128
Posteriormente, os participantes simularam o desenvolvimento do diagrama FAST, onde

compartilharam experiências e expuseram diferentes pontos de vista, gerando brainstormings de

projeto (Figura 7-13). A fase de elaboração do diagrama FAST permitiu uma analise do produto

em termos de função, identificando a importância de cada uma das funções, e permitindo um

olhar diferenciado ao produto por parte dos pesquisadores.

Figura 7-13: Desenvolvimento e apresentação do Diagrama FAST - Workshop


Fonte: Autor

Após a discussão sobre os resultados obtidos da aplicação do diagrama FAST, as

principais funções foram utilizadas como dados de entrada para simulação da aplicação da

Técnica de Mudge, seguido do desenvolveram um estudo inicial de uma UH (Figura 7-14).

Figura 7-14: Desenvolvimento e apresentação do projeto - Workshop


Fonte: Autor

129
7.4.3.2. Técnica de Mudge

Após a definição das Funções da UH e do CP do projeto preliminar, a Técnica de Mudge

foi aplicada no nível do componente da UH. Na análise de Função do nível de componente, o

método FAST não foi aplicado previamente visto que o objetivo deste método é identificar as

funções. Neste caso, as funções foram definidas de acordo com os componentes preestabelecidos

pelo CP, conforme o Projeto Preliminar do ZEMCH Brasil.

1. Obtenção das variáveis de “Consumo de Recursos na Função”;

2. Obtenção das variáveis de “Necessidades relativas das Funções”;

3. Cruzamento do “Consumo de Recurso” X “Necessidade Relativas” das funções -

Gráfico COMPARE.

Sequencialmente, para a obtenção das variáveis de “Consumo de recurso na função”, o

recurso de custo relativo a cada componente foi dividido de acordo com a relação entre os

Componentes e as Funções predefinidas. Na distribuição (Tabela 7-8) o custo do componente foi

dividido igualmente dentre as funções relacionadas ao componente.

130
Tabela 7-8: Consumo de Recursos na Função – Funções “A” até “I”
DISTRIBUIÇÃO DE CUSTO DO COMPONENTE NA FUNÇÃO (SOMA DOS COMPONENTES*) FUNÇÃO "A" ATÉ "Q"

A B C D E F G H I

Revestir superfícies Proteger de


Transmitir Esforços Transmitir Esforços Proteger de intempéries Permitir Permitir
Limitar área Vedar água horizontais inferior intempéries
para a base Verticais (paredes) Acesso interno Ventilação
(pisos) (cobertura)

% R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$

1 100% R$ 97.21
2 100% R$ 1,803.62
3 100% R$ 2,705.75
4 20% R$ 541.15 20% R$ 541.15 20% R$ 541.15
5 17% R$ 335.44 17% R$ 335.44 17% R$ 335.44 17% R$ 335.44
6 33% R$ 294.32 33% R$ 294.32
7 33% R$ 634.68 33% R$ 634.68
8 50% R$ 278.70
9 100% R$ 831.62
10 50% R$ 180.86 50% R$ 180.86
11 25% R$ 94.50 25% R$ 94.50 25% R$ 94.50 25% R$ 94.50
12 25% R$ 78.97 25% R$ 78.97 25% R$ 78.97 25% R$ 78.97
13 50% R$ 398.25 50% R$ 398.25
14 33% R$ 25.50 33% R$ 25.50 33% R$ 25.50
15 33% R$ 36.00 33% R$ 36.00 33% R$ 36.00
16 33% R$ 201.30 33% R$ 201.30 33% R$ 201.30
17 33% R$ 77.40 33% R$ 77.40 33% R$ 77.40
18 100% R$ 1,056.64
19 100% R$ 320.44
20 50% R$ 192.29 50% R$ 192.29
21 50% R$ 116.85 50% R$ 116.85
22 100% R$ 1,539.90
23 25% R$ 207.46 25% R$ 207.46
24 100% R$ 537.52
25
26 33% R$ 301.90
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
R$ 1,900.83 R$ 3,041.19 R$ 1,511.27 R$ 3,331.74 R$ 2,382.05 R$ 571.72 R$ 911.92 R$ 1,686.21 R$ 2,865.48

6% 3% 2% 12% 12% 3% 6% 8% 9%
*Data Base: JULHO/2014
Fonte: Autor

131
Tabela 7-9: Consumo de Recursos na Função – Funções “J” até “Q”

DISTRIBUIÇÃO DE CUSTO DO COMPONENTE NA FUNÇÃO (SOMA DOS COMPONENTES*) FUNÇÃO "J" ATÉ "Q"

J K L M N O P Q

Revestir superfície Isolar / Proteger Prover uso de Prover fornecimento Proporcionar Prover acesso
Reservar água Prover Limpeza
horizontal superior Contra Calor hidrossanitários de energia melhor desempenho externo

% R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$

1
2
3
4 20% R$ 541.15 20% R$ 541.15
5 20% R$ 402.53 17% R$ 335.44
6 33% R$ 294.32
7 33% R$ 634.68
8 50% R$ 278.70
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23 25% R$ 207.46 25% R$ 207.46
24
25 50% R$ 339.65 50% R$ 339.65
26 33% R$ 301.90 33% R$ 301.90
27 100% R$ 591.61
28 100% R$ 755.31
29 #### R$ 140.40
30 50% R$ 81.32 50% R$ 81.32
31 100% R$ 135.45
32 100% R$ 45.00
33 100% R$ 57.60
34 100% R$ 711.00
35 100% R$ 2,250.00
36 #### R$ 429.33
37 100% R$ 92.70

R$ 788.06 R$ 2,721.69 R$ 1,666.28 R$ 221.72 R$ 711.00 R$ 2,250.00 R$ 429.33 R$ 92.70

3% 6% 15% 4% 3% 5% 3% 3%
*Data Base: JULHO/2014
Fonte: Autor

Sequencialmente, a Técnica de Mudge foi utilizada na identificação da “Necessidade

relativa das Funções”. Como critério para garantia de que as respostas correspondessem ao

objetivo proposto, foram selecionados para participar desta etapa apenas os colaboradores que

participaram das Charrettes e que realizaram o Workshop ZEMCH Brasil, citado anteriormente.

Esta restrição foi estabelecida principalmente pelo fato de que o colaborador precisava estar

132
ciente das necessidades do usuário-final para HIS, além de ter conhecimento prévio sobre a

aplicação da Técnica de Análise de Função.

Inicialmente, o IGI foi utilizado como parâmetro uma vez que representa o valor desejado

no ponto de vista do usuário-final. As funções predefinidas foram cruzadas contra os itens do IGI

(função x IGI).

Estipulou-se um valor de referência para a atribuição dos pesos de cada função, baseado

na porcentagem relativa de cada item do IGI e, para cada função que apresentava similaridade

com o IGI, este peso atribuído foi somado à função.

Por fim, a soma dos valores de referência com base no IGI gerou uma porcentagem

relativa para cada função possibilitando, assim, uma hierarquização das funções.Três funções

obtiveram PESO 3, seis foram classificadas com PESO 2 e as demais nove funções com PESO

equivalente a 1.

A Tabela 7-10 detalha a ponderação dos IGIs nas funções, mostrando quais IGIs se

correlacionam com as 17 funções definidas para o produto.

133
Tabela 7-10: Atribuição de pesos para as funções com base no IGI
IGI / FUNÇÃO A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Segurança 12.67%
Natureza 8.67% 8.67 8.67
Gastar menos com contas 8.45% 8.45 8.45
Acústica dentro da casa 8.15% 8.15 8.15 8.15
Mais cômodos na casa 7.49% 7.49
Gastar menos com prestações, financiamento e aluguel 5.56%
Qualidade 5.48% 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48 5.48
Privacidade 4.96% 4.96
Tamanho dos cômodos 4.30% 4.3
Gastar menos com consertos, reparos e reformas 3.92% 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92 3.92
Casa com área maior 3.56% 3.56
Casas com aparência variada 2.81%
Ter oportunidade de negócios 2.59% 2.59
Conjuntos menores com menos casas 2.59%
Temperatura dentro da casa 2.37% 2.37 2.37 2.37 2.37 2.37
Novos espaços 2.15% 2.15
Áreas públicas 2.00%
A Localização 2.00%
Iluminação dentro da casa 1.70% 1.7 1.7
Cômodos com formato mais adequado ao mobiliário 1.70%
Tamanho e localização das portas e janelas 1.63% 1.63 1.63
Gastar menos com transportes 1.56%
Aparência das casas 1.56% 1.7 1.7 1.7
Aparência do bairro 0.74% 0.74 0.74 0.74 0.74
Local para guardar o carro 0.59%
Elementos decorativos 0.52%
Disposição dos cômodos dentro da casa 0.30% 0.3
PORCENTAGEM RELATIVA (FUNÇÃO X IGI) 4% 4% 18% 16% 9% 11% 32% 9% 22% 12% 17% 9% 9% 11% 27% 7% 6%
PESO 1 1 2 2 1 2 3 1 3 2 1 1 1 2 3 1 2
Fonte: Autor

134
A comparação par-a-par das funções gerou um resultado inicial (rodada 01). Na

sequência, o resultado foi novamente apresentado para consenso final entre as funções que

sofreram empate, ou seja, na decisão entre o grupo, não houve consenso de qual função

seria mais importnte. Estas funções foram “desempatadas” em conjunto, garantindo

comprometimento com o resultado.

A Figura 7-15 detalha o resultado da comparação par-a-par obtido pela soma do

número de vezes que cada função foi escolhida como principal multiplicado pelo seu

respectivo peso. O resultado gerou a “Necessidade Relativa” da função, em porcentagem.

Aplicação MUDGE (FUNÇÃO/PONTOS)


Ʃ Pontos / Necessidade
A B C D E F G H I J K L M N O P Q Função Relativa (%)
A A1 C2 D2 E1 F2 G3 H1 I3 A1 K1 L1 M1 N2 O3 P1 Q2 2 0.84%
B C2 D2 E1 F2 G3 H1 I3 J2 K1 L1 M1 N2 O3 P1 Q2 0 0.00%
C D2 E1 F2 G3 C2 C2 C2 K1 L1 M1 N2 O3 P1 Q2 10 4.18%
D D2 D2 D2 D2 D2 D2 D2 L1 D2 D2 D2 D2 D2 30 12.55%
E F2 E1 E1 I3 E1 E1 L1 E1 N2 E1 E1 E1 11 4.60%
F F2 F2 I3 F2 F2 L1 F2 N2 F2 F2 F2 24 10.04%
G G3 G3 G3 K1 L1 M1 N2 G3 G3 G3 27 11.30%
H I3 H1 K1 L1 M1 N2 H1 H1 H1 6 2.51%
I I3 K1 I3 I3 I3 I3 I3 I3 36 15.06%
J K1 L1 M1 N2 O3 P1 J2 4 1.67%
K L1 M1 N2 K1 K1 K1 10 4.18%
L L1 L1 L1 L1 L1 15 6.28%
M N2 M1 M1 M1 10 4.18%
N N2 N2 N2 26 10.88%
O O3 P1 15 6.28%
P Q2 5 2.09%
Q 8 3.35%
100%

Função A B C D E F G H I J K L M N O P Q
Peso 1 1 2 2 1 2 3 1 3 2 1 1 1 2 3 1 2
Legenda:
A Transmitir Esforços para a base G Permitir Ventilação M Reservar água
B Transmitir Esforços Verticais H Revestir superfícies horizontais inf. N Prover fornecimento de energia
C Limitar área interna I Proteger de intempéries/Cobertura Proporcionar melhor desempenho
O
D Proteger de intempéries/Paredes J Revestir superfície horizontal sup. energético
E Vedar água K Isolar/Proteger Contra Calor P Prover Acesso externo
F Permitir Acesso interno L Prover uso de hidrossanitários Q Prover Limpeza

Figura 7-15: Aplicação da Técnica de Mudge - Matriz de Resultado


Fonte: Autor

135
A Tabela 7-11 resume os resultados obtidos para cada função, apresentando os

macrossistemas definidos, classificação das funções, o valor monetário correspondente à

função (em reais), o Consumo de Recurso e a Necessidade Relativa:

Tabela 7-11: Resumo dos Macrossistemas, Funções, Consumo de Recursos e Necessidade


Relativa

ANÁLISE FUNÇÃO - CONSUMO DE RECURSO E NECESSIDADE RELATIVA DA FUNÇÃO*

Soma dos Consumo de Recurso


Classificação Necessidade
Macro-Sistemas Funções (Verbo+Substantivo) Componentes (Soma total da função /
da função Relativa
(R$) total do produto)

ESTRUTURA A Transmitir esforços para a base FSN U R$ 1,900.83 7.02% 0.84%

ESTRUTURA E VEDAÇÕES
B Transmitir esforços verticais FSN U R$ 3,041.19 11.23% 0.00%
VERTICAIS
VEDAÇÕES VERTICAIS E
C Limitar área interna FB U R$ 1,511.27 5.58% 4.18%
ESTRUTURA

VEDAÇÕES VERTICAIS D Proteger de intempéries - Paredes FB U/E R$ 3,331.74 12.30% 12.55%

VEDAÇÕES VERTICAIS
E Vedar água FSN U R$ 2,382.05 8.80% 4.60%
E PISOS INTERNOS

VEDAÇÕES VERTICAIS F Permitir Acesso Interno FB U R$ 571.72 2.11% 10.04%

VEDAÇÕES VERTICAIS G Permitir Ventilação FB U/E R$ 911.92 3.37% 11.30%


Revestir superfícies horizontais
PISOS INTERNOS H FS E R$ 1,686.21 6.23% 2.51%
inferiores
Proteger de intempéries -
COBERTURA I FB U R$ 2,865.48 10.58% 15.06%
Cobertura
Revestir superfícies horizontais
COBERTURA J FSN U/E R$ 788.06 2.91% 1.67%
superiores
VEDAÇÕES VERTICAIS E
K Isolar Calor FS E R$ 2,721.69 10.05% 4.18%
COBERTURA
INSTALAÇÕES
L Prover uso de hidrossanitários FB U/E R$ 1,666.28 6.15% 6.28%
HIDROSSANITÁRIAS
INSTALAÇÕES
M Reservar água FSN U R$ 221.72 0.82% 4.18%
HIDROSSANITÁRIAS
Prover iluminação e fornecimento
SISTEMAS ELÉTRICOS (**) N FB U/E R$ 711.00 2.63% 10.88%
de energia

SISTEMAS ELÉTRICOS (**)


Proporcionar melhor desempenho
VEDAÇÕES VERTICAIS E O FS E R$ 2,250.00 5.19% 6.28%
energético
COBERTURA
APOIO (**) P Prover acesso externo FS U/E R$ 429.33 1.59% 2.09%
APOIO (**) Q Prover limpeza FS E R$ 92.70 0.34% 3.35%
*Data Base: JULHO/2014 R$ 27,083.21 100% 100.00%
(**) Macrossistemas adicionais aos estabelecidos pela norma NBR 15575
Legenda - Classificação das Funções:
FB = FUNÇÃO BÁSICA U = FUNÇÃO DE USO (mensurável)
FSN = FUNÇÃO SECUNDÁRIA NECESSÁRIA E = FUNÇÃO DE ESTIMA imensurável)
FS = FUNÇÃO SECUNDÁRIA

Fonte: Autor

136
7.4.3.2.1. Gráfico COMPARE.

O gráfico compare corresponde ao resultado final da aplicação do CM no nível do

componente. Os resultados de “Necessidade Relativa” e “Consumo de Recursos” fornecem

dados sobre a representatividade do Custo da função e de sua respectiva importância em

termos de valor. Através da analise do gráfico COMPARE (Gráfico 7-2), é possível ter um

parâmetro real entre custo dispendido e o valor de importância baseado na necessidade

relativa de cada uma das funções.

Gráfico 7-2: Gráfico COMPARE

Aplicação MUDGE (FUNÇÃO/PONTOS)


Ʃ Pontos / Necessidade
16%
A B C D E F G H I J K L M N O P Q Função Relativa (%)
15%
A A1 C2 D2 E1 F2 G3 H1 I3 A1 K1 L1 M1 N2 O1 P1 Q2 2 0.87%
14%
B C2 D2 E1 F2 G3 H1 I3 J2 K1 L1 M1 N2 O1 P1 Q2 0 0.00%
13%
C D2 E1 F2 G3 C2 C2 C2 K1 L1 M1 N2 O1 P1 Q2 10 4.37%
12%
12%
D 11% D2 D2 D2 D2 11%D2 D2
D2 L1 D2 D2 D2 D2 D2 30 13.10%
11%
E F2 E110%
E1 I3 E111%
E1 L1 E1 N2 E1 E1 E1 11 4.80%
F F2 F2 I3 F2 F2 L1 10%
F2 N2 F2 F2 F2 24 10.48%
10%
G 9% G3 G3 G3 K1 L1 M1 N2 G3 G3 G3 27 11.79%
H I3 H1 K1 L1 M1 N2 H1 H1 H1 6 2.62%
8% 7%
I I3 K1 I3 I3 I3 I3 I3 I3 36 15.72%
J 6% K1 L1 M1 N2 O1 6%
P1 J2 4 6% 1.75%
6%
K 6% L1 M1 N2
6%
K1 K1 K1 10 4.37%
L 5% L1 4%
L1 L1 L1 L1 15 5% 6.55%
M 4% N2 M1 M1 4% 10
M1 4.37%
4% 3% 3% 3%
N N2 N2 N23% 26 11.35%
2%
O 2% 3% O1 P1 5 2.18%
2%
P 2% Q2 5 2%
2.18%
Q1%
1% 8 3.49%
0% 0% 0%
100%
A B C D E F G H I J K L M N O P Q

Função A B C D CONSUMO
E F G DE
H RECURSO
I J K L M NECESSIDADE
N O P Q RELATIVA
Peso 1 1 2 2 1 2 3 1 3 2 1 1 1 2 1 1 2
Legenda:
A Transmitir Esforços para a base G Permitir Ventilação M Reservar água
B Transmitir Esforços Verticais H Revestir superfícies horizontais inf. N Prover fornecimento de energia
C Limitar área interna I Proteger de intempéries/Cobertura Proporcionar melhor desempenho
O
D Proteger de intempéries/Paredes J Revestir superfície horizontal sup. energético
E Vedar água K Isolar/Proteger Contra Calor P Prover Acesso externo
F Permitir Acesso interno L Prover uso de hidrossanitários Q Prover Limpeza

Fonte: Autora

137
As interpretações dos dados de valor foram importantes para futuras possibilidades

de redesign do projeto, desde a efetiva utilização das oportunidades de intervenção como

melhorias do produto, até melhorias obtidas no nível dos componentes do produto. As

funções são discutidas uma a uma, desde a função “A” até “Q”, somando um total de 17

funções:

Observa-se que as funções A e B (Transmitir esforços para a base e Transmitir

esforços verticais) atribuídas para componentes de estrutura apresentaram um consumo de

recurso alto e necessidade relativa baixa, pouco significativa. Sugere-se uma reavaliação

em termos de custos dos componentes referentes à estrutura (locação, radier de concreto

armado e estrutura Wood Frame), pois caso sejam possíveis de redução, não influenciarão

no ponto de vista do usuário-final devido à sua baixa necessidade relativa.

A função C (Limitar área interna) apresentou consumo de recurso pouco acima da

necessidade relativa. Esta foi a função que apresentou maior oportunidades de intervenção

no projeto, podendo contribuir para aumento da privacidade visual da habitação com

relação aos vizinhos, melhorar a circulação e utilização de áreas internas como a área de

circulação dentro da UH, área de cozinha, área da sala, sendo questões reconhecidas como

importantes, no ponto de vista do usuário-final.

Função D (Proteger de Intempéries - Paredes) apresentou consumo de recurso e

necessidade relativa próximos. As oportunidades de intervenção relacionadas a esta função

são: privacidade visual da habitação com relação aos vizinhos e pintura interna e pintura

externa. A privacidade visual da habitação pode ser melhorada através da realocação das

aberturas, como janelas e portas da fachada frontal da UH. Além disso, podem ser inseridas

vegetações para criar um maior conforto por parte dos habitantes, que podem se sentir mais

seguros. Observou-se que, para a inserção de melhorias o valor agregado não necessita de

138
grandes impactos em termos de custo. No caso de pintura, seria possível trabalhar com

negociações entre fornecedores, avaliando quais alternativas impactariam no valor sem

grande aumento de custo da função.

A função E (Vedar água) apresentou alto consumo de recurso e necessidade relativa

baixa. A função F (Permitir Acesso Interno) obteve grande representatividade em termos

de necessidade relativa e baixo consumo de recursos. Este resultado reforça os resultados

obtidos na “Oportunidade de Intervenção no projeto”, que classificou a intervenção "Prever

Área de Circulação dentro da UH" na nona posição dentre os 23 itens de oportunidade de

intervenção.

A função G (Permitir Ventilação) apresentou alta necessidade relativa e consumo

de recurso baixo, ou seja, a representatividade dos componentes de custos desta função foi

baixa, porém é um item importante no ponto de vista do usuário final. Observou-se a

oportunidade de intervenção em melhorias projetuais durante a fase de desenvolvimento de

projeto para aumento do valor agregado, sem grande necessidade de alteração nos custos

dos componentes, por meio de estratégias passivas. Por exemplo, a ventilação cruzadaser

seria uma opção para a melhoria da ventilação interna e poderia ser realizada apenas por

meio da boa disposição das aberturas, não incorrendo diretamente no custo, pois a

especificação dos componentes não sofreria alteração.

A função H (Revestir superfícies horizontais inferiores) apresentou um consumo de

recurso e necessidade relativa baixos, quando comparado às demais funções, porém

consumo de recurso ainda ficou acima da necessidade relativa. Entretanto, o item “Prever

piso interno na casa toda” obteve a oitava posição dentre os 23 itens de Oportunidades de

Intervenção no Projeto, sendo de grande importância no ponto de vista do usuário-final.

Assim como a pintura, este é um item que pode ter aumento do seu valor agregado a partir

139
de negociações entre fornecedores, avaliando quais alternativas impactariam no valor sem

grande aumento de custo da função.

A função I (Proteger de Intempéries – Cobertura) obteve necessidade relativa e

consumo de recurso altos, porém a necessidade relativa apresentou-se muito acima do

consumo de recursos na função. A função J (Revestir superfícies horizontais superiores)

obteve consumo de recurso e necessidade relativa baixos, porém custo foi superior à

necessidade relativa. Uma vez que a função I (Proteger de Intempéries – Cobertura) obteve

um valor de necessidade relativa muito alta e pouco consumo de recurso utilizado para esta

função, verifica-se a possibilidade de introduzir local para a construção de uma garagem-

acesso até a habitação, área para as atividades de lazer, área de serviço, cobertura nos

fundos, ou local para a construção de uma varanda, conforme as oportunidades de

intervenções O18, O20 e O21.

A função K (Isolar e Proteger Contra Calor) apresentou um alto consumo de

recurso e baixa necessidade relativa. Uma maneira de reduzir o consumo de recurso desta

função seria, por exemplo, a troca do tipo de cobertura, considerando a estrutura e telhas.

No projeto, foi utilizado o tipo de cobertura convencional. É possível buscar novas

tecnologias e sistemas de cobertura, com custo reduzido e desempenho equivalente (ou

melhor). Assim, o consumo de recursos na função reduziria.

A função L (Prover uso de Hidrossanitários) obteve valores próximos de consumo

de recursos e necessidade relativa.

A função M (Reservar água) alcançou baixo consumo de recursos e alta

necessidade relativa. Uma sugestão para agregar valor dentro desta função seria a utilização

de sistemas de captação de água e reaproveitamento, que consequentemente auxiliariam nos

custos de manutenção do produto e reduziriam gastos com conta de água que seria

140
importante, pois classificou o item “Gastar Menos com Contas de Água e Luz” do IGI, na

terceira posição.

A função N (Prover Iluminação e Fornecimento de Energia) apresentou um

consumo de recurso muito baixo e necessidade relativa muito alta, assim como a função I.

Também seria possível propor melhorias em termos de eficiência, assim como estratégias

de reaproveitamento e captação de água. Tais melhorias podem comprometer o custo inicial

do produto, porém estes custos iniciais seriam pagos ao longo do tempo, em longo prazo,

durante o ciclo-de-vida do produto.

A função O (Proporcionar melhor desempenho Energético) obteve necessidade

relativa superior ao consumo de recurso. Esta função atenderia à necessidade relativa

identificada na função anterior (Prover iluminação e fornecimento de energia) e desta

maneira atendendo ao IGI “Gastar menos com contas de água, luz, outros”, classificado

como o terceiro maior IGI da aplicação do baralho de cartas, ou seja, muito importante para

o usuário-final apesar de não reconhecido como importante dentre as funções. Portanto, o

valor agregado a esta função colaboraria com possíveis reduções dos custos de manutenção

ao longo do ciclo de vida.

Apesar da função P (Prover acesso) apresentar um consumo de recursos e

necessidade com valores próximos, verificou-se que existem oportunidades de intervenções

que se correlacionam com esta função. Neste quesito, se poderia aumentar o valor agregado

da UH através da adição de fechamento do lote e portão para acesso ao lote/casa, além da

adição de contrapiso externo (calçamento, rampa e escada caso necessário no lote) e projeto

de calçada (exterior ao lote).

Apesar de a necessidade relativa ser maior que o consumo de recurso na função Q

(Prover limpeza), não se observou necessidade de aumento de consumo para esta função.

141
Algumas oportunidades de intervenção não se enquadraram em uma determinada

função, demandando mais de uma função para serem adicionadas ao projeto. São elas:

 OI3: Prever área para jardim

 OI4: Prever área para horta

 OI6: Prever 2 banheiros na UH

 OI7: Prever 3 quartos

 OI16: Para lazer: fazer churrasco, para brincar

Estas funções seriam funções adicionais ou espaços novos adicionais ao produto.

Para que sejam inseridas, se faz necessária uma análise detalhada no âmbito de funções e

consumo de recursos do produto. A partir de possíveis reduções dos consumos de recursos

das funções já existentes, estas Oportunidades de Intervenção podem ser discutidas junto

aos fornecedores, avaliando o custo, para assim viabilizar a sua entrega.

7.4.4. Etapas 17 e 18

“Elaboração das plantas de cada especialidade e elaboração das


demais estimativas do CP e do orçamento (com base no projeto)”

Depois de identificada as metas de redução nos custos dos três subfornecedores-

chave do produto (etapa 14), o subfornecedor de painel Wood Frame foi selecionado para

avaliação de possíveis melhorias no projeto, com o objetivo de aperfeiçoar a modulação das

placas de vedação. Neste caso, as alterações feitas não impactaram em termos de função do

produto uma vez que apenas a modulação foi alterada. O projeto permaneceu sem

alterações nas demais disciplinas.

142
Esta redução de custos foi gerada a partir de uma reconfiguração das placas de

vedação, que serviu como um exemplo simples de redesign para redução de custos, sem

comprometer a qualidade e funcionalidade do produto, simulando os reais impactos que a

aplicação do CM pode causar no produto final.

Verificou-se que uma nova modulação da placa apresentou uma redução de 20%

sobre o custo do produto, inicialmente estimado em R$ 5.411,50. Desta maneira, a redução

foi de R$ 1.082,30, totalizando R$ 4.329,20. A meta de redução para o subfornecedor-

chave vedações verticais, estimada em R$ 2.549,71, foi atingida em 42%. Porém, para que

o subfornecedor de vedações atingisse sua meta, ainda seria necessária uma redução de R$

1.467,41. A Figura 7-16 ilustra a relação entre o CP inicial, o novo Custo de Produção 01

(CP1) e CPer.

Figura 7-16: Comparação entre CP, CP1 e CPer para custos de Vedações Verticais
Fonte: Autor

Com relação ao custo do produto, verificou-se que a fase de reelaboração do projeto

em parceria com o fornecedor foi eficiente para a redução de custo do macrossistema de

143
Vedações Verticais. Após a reelaboração do projeto de placas de vedações da UH Wood

Frame, o CP1 mostrou-se 1% inferior ao CP do macrossistema de Vedações Verticais.

Cabe salientar que o processo de projeto não contemplou uma revisão de projetos

completa, considerando todas as disciplinas envolvidas, uma vez que o presente estudo não

objetivou apenas atingir o CPer e desdobramentos relacionados à cadeia de suprimentos

como, por exemplo, negociações com os subfornecedores, o redesenho dos componentes

em nível avançado ou até mesmo modificações de especificações. Este resultado de

redução de custo foi realizado apenas para ilustrar a possibilidade projetar sobre um custo

preestabelecido sem comprometer o produto, seja em termos de qualidade e funcionalidade

como também em termos de requisito do cliente, a partir de pequenas intervenções durante

a fase de desenvolvimento de projeto.

Apesar da redução não atingir o CPer estabelecido para o Macrossistema de

Vedações, a aplicação da etapa 17 do modelo de Jacomit e Granja (2011) resultou em uma

redução de 1% do custo do produto para o Construtor, 1,22% para a Empresa 01 e 1,22%

de redução do custo no nível dos subfornecedores.

144
A Figura 7-17 ilustra os impactos em termos de custo no produto, conforme a

redução obtida do redesign das placas de vedação da UH.

Figura 7-17: Parâmetros de custo finais gerados a partir da aplicação do CM


Fonte: Autor

A redução obtida, aparentemente com pouca representatividade se avaliada no

contexto de uma UH, passa a ter grande significância no âmbito da entrega de um Conjunto

Habitacional. Geralmente, os conjuntos habitacionais são entregues com centenas de

unidades. Assim, a redução apresentada se multiplicaria pelo número de unidades

entregues. Como um exemplo, se a UH desenvolvida neste estudo fosse reproduzida em um

conjunto habitacional de 500 unidades, o custo total da obra proporcionaria uma redução de

R$ 559.150,00.

145
146
8. DISCUSSÕES

Após a aplicação e teste do CM, as discussões são apresentadas, divididas conforme

as fases de aplicação do CM: i) fase preliminar; ii) CM dirigido ao mercado; ii) CM no

nível de produto e; iv) CM no nível de componente.

8.1. FASE PRELIMINAR

As reuniões prévias garantiram o compartilhamento de informações sobre o produto

e foram de extrema importância para o sucesso da aplicação. Desta maneira, classifica-se

de maior importância, na fase preliminar, antecessora à aplicação e teste, o pleno

entendimento dos seguintes assuntos:

 Conceitos do CM e Engenharia de Valor

 Questões legais e técnicas de projeto estabelecidas pelo PMCMV-E

 Percepção de valor e perfil dos usuários-finais em HIS

 Parâmetros de Preço e Custo estabelecidos pelo PMCMV.

 Importância da colaboração da Cadeia de Fornecedores

8.2. CUSTEIO-META DIRIGIDO AO MERCADO

Observou-se que na etapa de “Identificação da demanda, captação das percepções

de valor dos usuários-finais que pertencem ao nicho de mercado e determinação dos

fatores que influenciam na compra” (etapa 01) existe a necessidade de estabelecer

previamente os parâmetros de valor do produto com base em dados previamente gerados.

Para isto, a equipe deve estar informada sobre as demandas dos usuários finais.

147
A identificação da demanda e a percepção de valor são de grande importância no

processo do CM e sua validade deve ser garantida para que não haja má interpretação dos

requisitos dos clientes. Por isto, sugere-se que os dados de identificação da demanda,

captação das percepções de valor dos usuários-finais sejam previamente coletados por uma

equipe específica, antes da aplicação do CM.

Na etapa 02 de “Estudos preliminares”, os requisitos devem ser somados às

questões técnicas e legais do projeto e as identificações da demanda e captação das

percepções de valor dos usuários-finais.

É essencial que todos os envolvidos no processo de projeto estejam alinhados em

relação às demandas de valor para que as “Percepções de valor do cliente” (etapa 03)

sejam devidamente transformadas em “em atributos de projeto”. Para isto, é importante

que se realizem discussões sobre como as percepções dos usuários-finais, que podem ser

adicionadas ao produto, durante o processo de projeto.

No contexto do presente estudo, PMerc e BDI (etapas 06 e 07) são preestabelecidos

pelo PMCMV-E. No caso da presente aplicação, foi importante conhecer as regras

aplicáveis ao mercado de HIS e as condicionantes vinculadas à entrega do produto,

conforme estabelecido pelo PMCMV-E. Adicionalmente, o subsídio fornecido pelo

PMCMV-E varia de acordo com a localidade do projeto. Em alguns casos podem existir

verbas adicionais aplicáveis ao local, conforme estabelece o PMCMV-E.

Além das análises de mercado, foi importante conhecer a coalizão das partes

interessadas, que para estabelecer o CPer (etapa 08) para todos os agentes envolvidos,

incluindo contratantes (PMCMV-E), contratados (Construtor), fornecedores (Empresa 01) e

subfornecedores.

148
8.3. CUSTEIO-META NO NÍVEL DO PRODUTO

A etapa 09 “Comparação das características do produto com outros desenvolvidos

anteriormente pela empresa” foi realizada no nível do Custeio Dirigido ao Mercado, em

paralelo às determinações de Preço e Custo do Produto. A “Primeira estimativa de Custo”

(etapa 10) deve vir de um parâmetro real, geralmente cedido pelos fornecedores

predefinidos para a entrega do produto. É importante que estes valores sejam atualizados e

compatíveis com o mercado, para que os esforços de redução de custo e análise de função

do produto sejam eficazes.

Na etapa 11 “Análise das reais capacidades de redução de custos da UH, do CPer

e do CP” as atuais dificuldades enfrentadas na promoção do PMCMV-E relatadas pelos

Construtores e Empresas que atuam neste setor foram confirmadas na comparação entre o

CP e CPer do produto. O CP elaborado com base no projeto preliminar mostrou que o atual

custo para a entrega de uma UH é superior à porcentagem do subsídio destinado na entrega

de uma UH. Em uma situação real, seria inviável fabricar este tipo de produto para o

PMCMV-E.

O “Custo-Meta” (etapa 12) não foi abordado no presente estudo, uma vez que o

Custo-Meta visa redução adicional em termos de custo sendo um valor abaixo do

estabelecido para o CPer (BALLARD, 2008). Como o CP da UH apresentou grande

disparidade quando comparado ao CPer da UH, não foi possível “empenhar” maiores

esforços em reduções de custo, no sentido de atingir um Custo-Meta (etapa 13).

149
8.4. CUSTEIO-META NO NÍVEL DO COMPONENTE

No nível do componente, observou-se que as técnicas construtivas devem ser

selecionadas e definidas no início do processo de projeto. A etapa 14 “Seleção das técnicas

construtivas e desdobramentos do CM em itens de custo” ocorreu no início do processo

projeto, paralelamente à etapa 02 do modelo de Jacomit e Granja (2011).

A definição das técnicas construtivas e dos fornecedores no início do processo

auxiliou na tomada de decisão durante a fase de desenvolvimento do estudo preliminar da

UH, levando em consideração os detalhes construtivos do sistema Wood Frame, desde a

etapa de concepção do produto. O fornecedor de tecnologia em Wood Frame colaborou no

processo de desenvolvimento do produto, discutindo sobre a tecnologia e compartilhando

informações do ponto de vista construtivo e técnico.

Da mesma maneira, parte da etapa 16 “Determinação dos fornecedores

participantes, adoção de open book e formação de equipes multidisciplinares” também

ocorreu no início do processo de desenvolvimento do produto. A determinação dos

fornecedores precisa estar muito bem definida na etapa inicial, garantindo o envolvimento

dos fornecedores durante o processo de projeto. Este envolvimento auxilia no

compartilhamento de informações técnicas, projetuais e de custo, criando relações de

parceria com o objetivo de aprimorar o processo de projeto e desenvolver um produto com

maior eficiência, qualidade e atendimento às necessidades do cliente.

O processo do CM no nível do componente se iniciou na etapa 15 “Definição das

especificações e desdobramento do CM em nível de Componente”. Nesta etapa, foi possível

identificar as possíveis oportunidades de redução de custo a partir da decomposição do

produto em níveis de função e componente, conforme a teoria da MV. A identificação de

150
fornecedores-chave foi de grande importância durante a aplicação do CM no nível do

componente e norteou os passos seguintes da aplicação do CM.

Sequencialmente, as técnicas e ferramentas da MV foram utilizadas pelo grupo,

resultando na análise do produto no nível de função, custo, somando-se aos resultados

obtidos da captação de requisitos dos usuários-finais.

A etapa 17 “Elaboração das plantas de cada especialidade e elaboração das

demais estimativas de custo de produção” foi apresentada de maneira demonstrativa, bem

como a etapa 18 “Elaboração das demais estimativas do CP”, utilizando os dados gerados

durante a aplicação e teste no sentido de redução de custos sem perda de qualidade e

funcionalidade. A redução de custo obtida por meio do exercício de redesign ilustrou os

possíveis impactos provenientes de reduções de custo, quando avaliada em uma UH

isoladamente e também a representatividade desta redução em grande escala.

As etapas 19 e 20 não foram abordadas neste estudo, uma vez que tratam de etapas

de fabricação, uso e ocupação do produto. Este fato não exclui a importância destas etapas,

que permitem a melhoria contínua do produto (kaizen) por meio de resultados a serem

obtidos pela produção, gerando feedbacks para a equipe de projetistas, bem como os

resultados de satisfação do usuário-final que permitem identificar pontos a serem

melhorados no produto, além de novas necessidades e desejos.

151
9. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

As contribuições teóricas são apresentadas a partir de um fluxograma

correlacionando os três níveis do CM de Cooper Slagmulder (1997) i) Fase 01: O CM

dirigido ao Mercado; ii) Fase 02: O CM nível de produto e; iii) Fase 03: O CM no nível de

função e componente.

A aplicação e teste dos três níveis do CM ocorreram paralelamente. Ao mesmo

tempo em que os dados de valor para o processo de projeto foram identificados, no

princípio da aplicação do CM, as comparações do produto a ser gerado com outros

desenvolvidos anteriormente foram iniciadas, bem como a seleção das técnicas construtivas

e definição dos fornecedores. Desta maneira, a aplicação do CM se iniciou pelas etapas 01,

09 e 14.

Sequencialmente, a aplicação do CM prosseguiu com as definições de

especificações por meio do projeto preliminar onde, paralelamente, os atributos de projeto

foram reconhecidos a partir da captação das percepções de valor e a primeira estimativa de

CP foi elaborada com base no estudo preliminar (etapas 02, 03, 10). A partir da estimativa

do CP, iniciaram-se as definições do produto no nível de função e componente (etapa 15).

As definições dePreço de Mercado (PMerc) foram desenvolvidas durante as etapas

04 a 07, estas que correspondem à etapas de análise de mercado. Baseadas em referências

mercadológicas, as análises de mercado podem ocorrer paralelamente à fase de captação de

valor e estudo preliminar do produto, resultando na obtenção do Custo Permissível (CPer),

conforme a etapa 08.

A decomposição do PMerc até o nível do CPer e a comparação do Custo de

Produção (CP) com as metas estabelecidas são importantes para o processo de projeto, pois

153
são recursos que podem ser utilizados como identificação das reais necessidades de

reduções de custo.

Para produtos que buscam uma redução inferior ao CPer, as reais capacidades de

redução de CP (etapa 12) devem ser reconhecidas, estabelecendo o Custo-Meta do produto

(etapa 13). Nestes casos, as etapas 12 e 13 deveriam ser desenvolvidas após a etapa 11, de

identificação do CPer. Porém, no presente estudo, o CPer foi definido como o Custo-Meta

do produto, não demandando maiores reduções de custo, o que descartou a necessidade de

aplicação das etapas 12 e 13.

Assim, existem dois momentos durante a aplicação do CM que permitem o início da

abordagem da MV, sendo a primeira para produtos que definem a meta sobre o CPer, onde

a MV se inicia logo após a etapa 11 e, a segunda, para produtos que estabelecem a meta a

partir do Custo-Meta, onde a MV deve se iniciar após a etapa 13.

No presente estudo, a aplicação da MV (etapa 16), se iniciou logo após a

identificação do Cper (etapa 08) e análise das reais capacidades de redução do Cper e do

CP (etapa 11). A aplicação da MV contou com a utilização de técnicas e ferramentas no

sentido de atingir o CPer (ou Custo-Meta, em outros casos). Para isto, foi necessário avaliar

os resultados obtidos das análises nos níveis de função e componente, levando em

consideração a percepção de valor do cliente e o custo do produto.

Na aplicação da MV, foram utilizadas técnicas e ferramentas distintas das sugeridas

por Jacomit e Granja (2011), que recomendam a utilização do QFD. No presente estudo,

utilizou-se inicialmente o Workshop na fase de brainstormings, seguido da utilização de

Análise de valor, Método COMPARE com auxílio da Técnica de Mudge.

Sequencialmente, para avaliar as reais possibilidades de se atingir o CPer

estabelecido, foram realizadas novas elaborações de projeto de cada especialidade e

154
elaboração das demais estimativas do CP1 a partir das novas plantas, conforme as etapas 17

e 18.

Em muitos casos, como ocorreu na presente aplicação, o CPer ou Custo-Meta pode

não ser atingido em apenas uma revisão de projetos inicial e redesign, demandando mais

rodadas de revisão de projetos. Nesta fase, as rodadas de revisão de projetos com o auxílio

da MV são denominadas ciclos de valor pela literatura. Diferente de uma revisão de

projetos convencional, o ciclo de valor leva em consideração os resultados da aplicação da

MV (análise de função), em busca do aumento do valor agregado do produto. Ruiz, Granja

e Kowaltowski (2014) enfatizam a importância dos ciclos de valor nesta fase, aplicáveis até

que o CPer ou Custo-Meta seja atingido.

Quando a meta é atingida (CPer ou o Custo-Meta), as fases de produção, entrega do

produto se iniciam, conforme as etapas 19 e 20 do modelo original de Jacomit e Granja

(2011).

O presente estudo abordou as etapas 01 a 18 do Modelo de abordagem do CM para

o processo de desenvolvimento de edificações” (JACOMIT; GRANJA, 2011) adaptado

para o processo de projeto de uma UH para HIS.

Por se tratarem de fases que extrapolam o processo de projeto, estas duas etapas não

foram abordadas durante o trabalho, porém, estas não devem ser excluídas ou não

consideradas no processo, pois os resultados efetivos do produto se correlacionam

intensamente nas fases de produção e entrega.

No futuro, após a utilização do produto, é realizado o feedback do usuário para

retroalimentação de informações sobre a satisfação do produto e possíveis melhorias

(kaizen) a serem implementadas nos futuros ou novos produtos.

155
A Figura 9-1 apresenta o modelo de aplicação do CM, de Jacomit e Granja (2011),

redesenhado conforme a experiência obtida por meio do presente estudo.

Etapa 01: Identificação da demanda, captação das percepções de valor dos usuários finais
Etapa 02: Estudos preliminares (Estudo de Massa, quadro de áreas etc).
FASE 01 Etapa 03: Transformação das percepções de valor do cliente em atributos de projeto -
CM dirigido diferenciais e identificação de tendências. Etapa 04: Determinação do Preço de Mercado de
ao Mercado um produto similar com tais características
Etapa 05: Determinação do preço associado ao diferencial do Produto.
Etapa 06: PMerc, Etapa 07: Definição do BDI e Etapa 08: Cálculo do CPer
Etapa 09: Comparação das características do produto com outros desenvolvidos
FASE 02 anteriormente e
CM no nível Etapa 10: Primeira estimativa de CP.
de Produto Etapa 11: Análise das reais capacidades de redução de custos da empresa, do CPer e do
CP.Etapa 12: Identificação do Custo-Meta. E Etapa 13: CPer ≤Custo-Meta?
Etapa 14: Seleção de técnicas construtivas e desdobramento do CM em itens de Custo.
Etapa 15: Definição das especificações e desdobramentos do CM em nível de Função e
FASE 03
Componente e Etapa 16: Determinação dos fornecedores participantes, adoção de open book
CM no nível
e formação de equipes multidisciplinares - Aplicação da MV
do
Etapa 17: Elaboração das plantas de cada especialidade, por etapa, e Etapa 18: Elaboração
Componente
das demais estimativas do CP1
Etapa 19: Projeto finalizado (produção) e Etapa 20: produto pronto e entregue ao cliente
Figura 9-1: Fluxograma de aplicação do CM no processo de projeto no contexto de HIS
Fonte: Autor

156
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resposta à questão de pesquisa definida no presente estudo, a aplicação do CM

foi alcançada percorrendo as etapas 01 a 18 do modelo de Jacomit e Granja (2011), que

correspondem ao processo de projeto, validando o modelo.

Entende-se que a apreciação dos resultados obtidos gerou importantes contribuições

no que se refere à aplicação prática do CM no setor de HIS, um tema relativamente novo na

área em termos práticos. Apesar da extensão da aplicação do CM, os referenciais de

pesquisas anteriores foram essenciais para viabilização da aplicação de todas etapas

estabelecidas por Jacomit e Granja (2011), desde referenciais que abordam questões de

valor, de custo, análises de mercado e até a utilização da MV e análise no nível de

componente.

No âmbito dos avanços referentes ao conhecimento do assunto, a combinação do

uso de técnicas de identificação da percepção de valor do ponto de vista do usuário final

aos conceitos do CM e MV mostrou que adaptações são possíveis para o contexto de HIS.

Porém, o presente estudo reconhece a possibilidade de falhas nesta aplicação que até o

presente momento não foram identificadas, devido à complexidade envolvida.

Além disso, a identificação do valor percebido pelo usuário final para o contexto de

HIS demanda grandes esforços para interpretações, pois estes usuários-finais geralmente

possuem pequenas exigências com relação ao produto devido às suas experiências

anteriores, muitas vezes, serem baseados em habitações precárias.

Apesar de o CP1 não atingir o valor estabelecido para CPer, a aplicação percorreu

todas as etapas da aplicação do CM relacionadas ao processo de projeto. Ressalta-se aqui a

importância da colaboração dos envolvidos, incluindo fornecedores, construtores e

157
profissionais especialistas para o desenvolvimento completo do processo de projeto sobre a

abordagem do CM. Este fator foi fundamental para o alcance do objetivo principal do

presente estudo.

Como sugestão futura, recomenda-se como continuidade deste estudo pesquisas

voltadas à aplicação prática do CM no sentido de:

 Atingir o Custo-Permissível, que não foi totalmente atingido e desafiar o

produto, no sentido de estabelecer e alcançar um Custo-Meta.

 Adaptações da aplicação do CM, em especial na utilização da MV e

atribuição das funções para o produto.

 Desenvolver relações entre a cadeia de fornecedores, estabelecendo

parcerias com fornecedores.

 Adicionar o Ciclo-de-Vida do produto na aplicação do CM, considerando o

desempenho e sustentabilidade da habitação.

158
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ANEXO A - Questionário de Avaliação Pós-Ocupação

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