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V a do n o v o t

a
rejis
-
Inspiracao:
5
Roney Almeida, da
Mercearia Paraopeba

-
prefacio:
Vivianne Vilela, do
E-commerce Brasil

Fred Rocha A
Edição
Renata Vaz
Renata Marinho Fred Rocha
Design de Capa
Marcone Souza
Copyright © Fred Rocha
Revisão
Tania Heglacy Tiragem: 1.000 exemplares
Fotos © FRD Treinamentos Ltda - 2017
Felipe Müller Rua Dr Juvenal dos Santos 396/303
Bairro Luxemburgo - BH
Ilustrações Cep: 30380-530
Marcone Souza
Contato: 55 31 99339 7616
Impressão e Acabamento: falecom@fredrocha.marketing
Lura Editorial www.fredrocha.marketing

Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.

Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada,


reproduzida ou armazenada em qualquer forma ou meio,
seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc.,
sem a permissão por escrito do autor.

Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro


(Fundação Biblioteca Nacional, Brasil)

Rocha, Fred.
ManUau do Novo Varejista / Fred Rocha – 1a. ed. FRD
Treinamentos Ltda - São Paulo. 2017
360p. 1ª EDIÇÃO
ISBN: 978-85-5849-049-8

1. Marketing – Vendas 2. Vendas – Varejo 3. Administração.


I. Título.

Índice para catálogo sistemático:


1. Marketing – Vendas .650

www.fredrocha.marketing
Olá,
Acredito que tudo na vida precisa de um propó-
sito, de um objetivo. Eu trabalho diretamente com o
Com este livro espero contribuir varejo há mais de 20 anos. Não é só experiência que
tenho com o segmento, mas identificação, paixão.
um pouco com o seu negócio, mas Sou fascinado em como o comércio movimenta as ci-
dades, a economia da região, é a base da riqueza, do
a minha vontade é que ele possa crescimento. Adoro ouvir as histórias dos pequenos
varejistas, pessoas muito trabalhadoras, cheias de
servir para algo na sua vida... sonhos, determinadas, que acordam cedo, atendem
com simpatia e praticamente não têm férias. Essas
pessoas são inspiradoras e, por isso, escolhi viver a
minha vida para me entregar ao propósito de ajudar
O objetivo deste livro está além no crescimento do Brasil, melhorando o comércio.
Essa minha paixão já me levou para cantos do Brasil
das dicas e sacadas que todos que nunca teria imaginado em conhecer.
tanto buscam! Com ele eu início Com as palestras sobre o Varejo quero inspirar os
uma grande jornada para a pequenos varejistas a impulsionarem o negócio com
técnicas, dicas fáceis de serem aplicadas em seu dia
ressignificação da nossa atual a dia. Também aprendo demais com cada visita téc-
nica, cada palestra e este livro é fruto destas minhas
maneira de fazer comércio. andanças, de perceber as principais deficiências e
desafios do pequeno varejista.

Com este ManUau para o varejista, quero reforçar


Obrigado por acreditar e apoiar o meu propósito de contribuir com a melhoria do va-
rejo e impulsionar a economia, tão sofrida, do Brasil.
este meu projeto.
Fred Rocha.

Este e-book é para seu uso exclusivo.


Colabore com o autor não distribuindo o mesmo pela internet.
Minha gratidão aos meus pais, Tudinha e Maurinho,
que me geraram e sempre me inspiraram com exemplo de

Agradecimentos
determinação, empreendedorismo e amor em tudo que fazem.
Também agradeço aos meus irmãos e exemplos: Guto e Xande.

Agradeço à minha família que me apoia todos os dias,


que suporta minha ausência durante as viagens pelo mundo,
minha companheira Ângela e os maiores motivadores, meus
filhos, Júlia e Fredinho.

Obrigado aos meus amigos companheiros de mercado,


aeroportos e palestras: Caio Camargo, Fred Alecrim,
João Kepler, Leandro Branquinho, Jean Oliveira, Nelson
Gonçalves, Bruno Miranda, Emerson Tokarsky e todos os
outros palestrantes que estes amigos aqui representam.

Meu muito obrigado também a todos os pequenos


varejistas, os vendedores que cruzaram o meu caminho nas
mais de 200 palestras nesses quase 3 anos de estrada. Essas
pessoas me ensinam muito e foram elas que me inspiraram
a trabalhar neste livro. O meu objetivo é inspirá-las cada vez
mais a resolverem o problema do cliente e apresentar, em uma
linguagem simples, atitudes, técnicas que irão ajudá-las nessa
desafiadora arte de vender mais e cada vez melhor. É um livro
com muito conteúdo, recheado de ilustrações, infográficos e
fotos para deixar a leitura mais leve e prazerosa. Divirta-se,
bom aprendizado e boas vendas!
P R E F Á C I O

Vivianne Vilela
(Diretora Executiva do E-Commerce Brasil)
Varejo é gente. Gente comprando, vendendo e servindo
gente através dos produtos e/ou serviços que você se propõe a
vender. Esta é uma das atividades mais antigas da humanida-
de, totalmente influenciada por fatores que permitem um co-
merciante se diferenciar do outro, fazendo a compra e a venda
únicas, para cada consumidor e cada vendedor.

A evolução do comércio, do varejo, tem acontecido em todo


o mundo pelas tendências que regem as nossas vidas, sempre
alavancada pela expectativa dos consumidores, que são cada
vez mais atraídos pela excelência e profissionalismo, junto com
a própria demanda de um mercado vertiginosamente globaliza-
do, com viés local, e integrado entre economias e setores.

Neste livro, Fred Rocha resgata o princípio do comércio,


das vendas, fazendo uma ligação fantástica com as inovações
e as mudanças tecnológicas que impactam fortemente no jei-
to que eu e você consumimos atualmente. Varejo não é para
amadores, mas pode ser pequeno, médio ou grande. Com cer-
teza, esta leitura te inspirará a se relacionar melhor com os
seus clientes, fazer o básico bem feito, e vender mais e melhor
todo dia, independente do tamanho do seu negócio.
Sumário
Apresentação ............................................................................... 12 Cap 16: Montando uma loja na rua ....................................... 208
Inspiração .................................................................................... 24 Cap 17: Montando uma loja no shopping .............................. 220
Cap 1: O que é varejo ................................................................. 38 Dicas do Fred: 10 dicas para impulsionar as vendas em lojas de shopping. ..... 232
Cap 2: Serviço também é varejo .............................................. 44 Cap 18: Montando uma loja na internet ............................... 238
Cap 3: O novo consumidor ....................................................... 48 Cap 19: O varejo compartilhado: Das pessoas para as empresas ... 260
Cap 4: Tendências mundiais e seus casos de sucesso ........... 66 Dicas do Fred: Ferramentas inovadoras que mudam o varejo. ............... 270
Cap 5: Atendimento .................................................................... 74 Cap 20: A revolução dos 4Ps ................................................... 274
Cap 6: Faça o básico bem feito ................................................ 84 Cap 21: Marketing e vendas .................................................... 282
Cap 7: Inovação .......................................................................... 90 Cap 22: Novas métricas ........................................................... 298
Cap 8: Pense global e aja local ............................................... 102 Cap 23: Experiência de compra .............................................. 306
Cap 9: O empreendedor ............................................................ 112 Cap 24: Marketing de picaretagem ......................................... 314
Cap 10: Capítulo fundamental. Por que montar um negócio?... 126 Cap 25: Franquias ...................................................................... 318
Cap 11: O poder do especialista ............................................... 132 Dicas do Fred: O fim dos intermediários. ........................... 330
Cap 12: O planejamento ............................................................. 138 Cap 26: Agora é vender ............................................................ 334
Dicas do Fred: 11 dicas para fazer o seu comércio vender mais. ......... 148 Entre amigos ............................................................................. 340
Cap 13: Chato, mas importante: A burocracia ....................... 156 Dicas do Grandão (Caio Camargo) ...................................... 342
Cap 14: Gestão ............................................................................ 186 Dicas do Xará (Fred Alecrim) ................................................ 346
Dicas do Fred: 9 erros que o varejo deve evitar para conquistar clientes. .. 194 Dicas do Jão (João Kepler) ..................................................... 350
Cap 15: Onde montar minha loja: rua, shopping ou internet? ...... 200 Agradecimentos ......................................................................... 356

10 11
F
red Rocha nasceu em equipamentos inovadores,
Montes Claros, cida- não poderia ser diferente.
de do norte de Minas Aos 12 anos, foi o primeiro
Gerais. Filho do industrial brasileiro da sua idade a rea-
Mauro Rocha e Edertru- lizar um salto duplo de para-
des Veloso, mais conhecida quedas no país. Aos 13, tor-
como Tudinha, professo- nou-se o garoto mais novo a
ra de História. É o irmão praticar voos de paraglider,
mais velho de Guthemberg no Brasil. Já aos 17, venceu
e Alexandre. Sua infância o primeiro campeonato mi-
foi marcada por aventuras e neiro da categoria. Ainda na
pioneirismo, afinal com um adolescência, gostava de es-
pai paraquedista, que ado- calar e estudar sobre as gru-
rava acompanhar os lança- tas (espeleologia).
Ousadia e coragem
mentos de carros, motos e desde a infância.

Quem é
Fred Rocha?
13
A sua paixão por desco- e o sucesso logo chegou. Como o próprio empreendedor
brir novos lugares e histó- gosta de destacar: “naquela época, vendíamos lojas virtu-
rias começou ainda na in- ais, enquanto o Google engatinhava
engatinhava”..
fância. Com a família, viajou
pela América do Sul duran-
te quatro meses, a bordo de
um trailer.

Ainda no ensino médio,


passou no vestibular de Eco-
nomia, em Montes Claros.
Antes de concluir o curso,
decidiu mudar.
Fred começou a
trabalhar com a web
em 1999, na Netsite. Foi para Ribeirão Preto, em São Paulo, para cursar Pu-
blicidade e Propaganda. Já no primeiro ano da graduação,
começou a empreender e montou uma produtora de vídeo
com um colega de sala. Nos fins de semana, dava aulas de
voo livre. Formou várias turmas e, entre os alunos, surgi-
ram novas oportunidades.

Trabalhou como gerente de marketing da Passaredo Li-


início dos anos 2000.
nhas Aéreas. Sua atuação na web começou cedo, em 1999, Pioneirismo: food truck ainda no
na Netsite, sua grande escola profissional. Quando come-
çou, a empresa ainda era um pequeno provedor de inter-
net do interior. Já quando saiu, tinha se tornado no tercei-
Ousadia
O di e coragem são
ã características
t í ti marcantes t ddo F
Fred
dRRo-
ro maior provedor de São Paulo, perdendo apenas para os
cha. Quando já ocupava um alto cargo na empresa Jet, decidiu
gigantes Uol e Terra. Lá, ainda participou da criação do Jet,
voltar para Minas Gerais com a família para se tornar ambulante
solução de e-commerce, projeto que foi defendido como
em Belo Horizonte. Tachado como louco, recomeçou do zero e
tese para a sua conclusão de curso. Seus professores o cri-
morou de favor na casa de um amigo, o Henrique Maia, que tor-
ticaram, dizendo que as vendas na internet não iriam em-
nou seu sócio em um novo negócio, também pioneiro: um food-
placar. Isso foi em 1999 e Fred já se mostrava um visioná-
truck, o Chopp Show. A caminhonete adaptada vendia chopp na
rio. Em 2003, o Jet se tornou uma empresa independente

ManUau do Novo Varejista \\ Apresentação


14 15
porta de faculdades, feiras e chegaram a viajar para acompanhar Em 2015, ficou dois meses na região do Vale do Silício,
alguns eventos. Nesta época, conheceu Phelipe Ribeiro, que nos Estados Unidos e aprendeu com empresas inovadoras,
o apresentou ao Marcelo Pessoa, dono da ITE – Internet como Google, Twitter, Airbnb, Uber, Tesla, Amazon, Zen-
e Tecnologia. Nessa empresa, Fred desenvolveu trabalhos derski, Oracle, Sales Force, Apple, Microsoft, dentre outras.
inovadores, como o pioneirismo na implantação de certi-
ficação digital e criou uma nova plataforma de e-commer- Em 2014, criou o primeiro Reality Show de Varejo do
ce. Em toda a sua trajetória, as vendas sempre estiveram mundo, projeto em que ele trabalhou uma semana como
presentes. Já vendeu pano para faixas, de porta em porta; vendedor oculto em uma loja (muito antes do quadro do
montou uma distribuidora de carvão em São Paulo; traba- Fantástico, da Globo). A iniciativa alcançou mais de 100
lhou com cachaça artesanal em Salinas. O medo de mudar
nunca fez parte da sua vida. Já viveu em várias cidades,
criou muitas empresas, algumas não prosperaram, mas a
paixão pelo trabalho sempre renovou a sua esperança e a
vontade de inovar, criar e empreender.

Em 2006, criou a F Criativos, primeira agência de comuni-


cação mineira especializada em varejo. A empresa atendeu os
grandes players do mercado mineiro e de todo Brasil, como
Ventura Marine, CNR, Port, EPO, Tigre Tubos e Conexões,
Clube da Casa e se tornou referência. Já em 2012, criou a
Mercado F, empresa de consultoria e estratégia de mercado.
Seu conhecimento em comércio eletrônico, já que contribuiu
com a implantação de mais de 200 lojas virtuais, lhe rendeu
o título de diretor da ABComm, Associação Brasileira de Co-
mércio Eletrônico, em Minas Gerais. 2013 foi o ano de mais Fred cria o 1º
mil visualizações nas redes sociais. No mesmo ano, tam- Reality Show
uma realização, criou o Varejo1, o primeiro portal direciona- do Varejo
bém desenvolveu o Varejo Show, um seminário com o ob-
do para os pequenos e médios varejistas do país.
jetivo de motivar e apresentar formas inovadoras ao pe-
queno comerciante ou prestador de serviços. Foram mais
Empreendedor por natureza, está sempre buscando co-
de 22 apresentações entre 2014 e 2016.
nhecer a realidade dos diferentes mercados. Em 2014, an-
dou por quase três mil quilômetros, cruzando a costa oeste
Devido à sua expertise em varejo, atendimento, e-com-
dos Estados Unidos para estudar os pequenos varejos ame-
merce e novas tecnologias, em 2014, começou a ser con-
ricanos focado na descoberta de novos nichos de mercado.

ManUau do Novo Varejista \\ Apresentação


16 17
vidado para contar as suas experiências em palestras. Em ao pequeno negócio. Também foi reconhecido pelo Prêmio
seu portfólio de consultoria, já desenvolveu estratégias de Digitalks. No fórum com duração de dois dias, Rocha palestrou
varejo que compreendem desde a realidade de um varejo no palco principal e internacional. Sem votação ou qualquer
de pequena porta até o desenvolvimento de grandes redes. tipo de concurso, o prêmio recebido foi uma honra ao mérito
Como palestrante, apresenta dicas que realmente fazem a por seu destaque como profissional no marketing nacional.
diferença em um negócio, isso porque ele é um apaixonado
pelo que faz e nunca abriu mão de viver o dia a dia do vare-
jo, seja como empreendedor ou consultor. Em 2015, reali-
zou mais de 50 palestras pelo país, ensinou e encantou mais
de dez mil varejistas. Até o primeiro semestre de 2016, 50
cidades do Brasil já conheceram a palestra do especialista.

Além de falar do varejo, tem apresentado também sobre a


sua experiência com “O melhor vendedor do Brasil”. O projeto
surgiu a partir de uma viagem feita por Fred Rocha, seu pai
Mauro Rocha e o amigo Leandro Branquinho, um especialista
em vendas. O trio saiu a bordo de um motor home e percorreu
16 mil quilômetros em 55 dias, do Oiapoque ao Chuí, estudan-
do pessoas, empreendedores de sucesso e buscando o Brasil Fred conquista o Prêmio ABComm 2016,
que dá certo. A expedição inovadora e pioneira no país contou Pr fissional
como o Melhor Profiss g l.
i n de Marketingg Digita
com o oferecimento do Mercado Livre, site líder em audiência
de e-commerce no Brasil e do E-commerce Brasil, reconheci-
do como principal fomentador do comércio eletrônico no país.
O melhor vendedor foi encontrado em São José do Rio Preto
(SP), Leonardo Matos, vendedor do produto “Bosta em Lata”,
um adubo orgânico baseado em esterco bovino.

Ainda em 2016, Fred Rocha foi reconhecido duas vezes,


como o Melhor Profissional de Marketing Digital. A primei-
ra vez pela ABComm, Associação de Comércio Eletrônico. O
evento foi realizado pela Associação Brasileira de Comércio
Eletrônico e teve a presença do presidente do Sebrae Nacional,
Guilherme Afif Domingos, que foi premiado pelo seu trabalho

Flávio Horta, CEO do Digitalks, entrega à Fred Rocha, o prêmio


ManUau do Novo Varejista \\ Apresentação de Profissional de destaque do Mercado Digital em 2016.
18
Árvore genealógica
Avós Maternos Avós Paternos

Laudelino
Quelé
Miguel Elza Fazendeiro, dono de açougue,
mas o que realmente gostava Costureira de vestido de
Um grande empreendedor. Vendedora da Imperial de fazer era cuidar da sua noiva, florista,
Começou vendendo loteria. Tecidos, mas saiu do emprego mercearia. Vendinha bem do comerciante. Teve um
Depois tornou-se gerente de para cuidar dos mais de 10 interior, com balcões de açougue e vendeu
hotel, mas o local pegou fogo filhos que tiveram. madeira, rolos de fumo e artesanato até os 90
e ele se viu na necessidade de produtos a granel. anos de idade. Produziu
empreender. Foi dono de e vendeu seus panos de
vários bares e restaurantes prato até os últimos dias
em Montes Claros (MG), de vida.
inclusive um deles foi o
primeiro a ter palhoça na
cidade, inaugurado no
Pais
aniversário de 100 anos da
cidade. Também teve
mercearia, vários postos de
combustível, hotéis. Quebrou
duas vezes, porém ganhou
duas vezes na loteria.
Edertrudes Mauro
(Tudinha): Rocha
Professora aposentada de Industrial e comerciante.
História, mas tem um Teve rede de lojas de R$ 1,99,
comércio há mais de 30 anos. indústria de camisas, de
Até hoje revende roupas para travesseiro, de chinelo. Além
sacoleiras. Muito bem de um grande empreendedor,
sucedida no que faz e um um ótimo vendedor, quando
grande exemplo de foi representante comercial
administradora, empreende- sempre era destaque.
dora, e mais do que isso, é
uma profissional que se
readequa ao mercado de
forma muito ágil.

Fred
Rocha
ManUau do Novo Varejista \\ Apresentação
20 21
Aos 41 anos, Fred tem em
sua bagagem a criação de
14 empresas. Fred Rocha
não consegue ficar parado,
tem iniciativa, coragem para
correr riscos, perseverança,
dedicação e muito amor pelo
seu trabalho. Ele conceitua
a palavra empreendedor
e acaba resumindo bem o
que ele é: “Empreendedor
é aquela pessoa que diante
das dificuldades e crises,
sempre encontra uma
maneira de superar os
obstáculos e desenvolver um
negócio que seja necessário
e útil para os outros”.
E
screver um livro com o objetivo de ser um guia
prático para o novo varejista e, mais ainda, que
apresente estratégias de como despertar o UAU
dos clientes é um grande desafio. Nos meus mais de 20
anos de experiência em varejo e muitos mil quilômetros
rodados no Brasil e no mundo, conhecendo o pequeno va-
rejista e seus negócios, tive a oportunidade de conhecer

Inspiração
muitas histórias. Alguns deles, ainda pecam por falta de
conhecimento, não digo acadêmico, mas de seus produtos,
serviços e clientes. Este livro, com uma linguagem bem
para o novo varejista simples, pretende ser um guia para quem já tem um pe-
queno negócio ou está sonhando em se enveredar por este
universo cheio de desafios. São conceitos, técnicas, expe-
riências, tendências, dicas de como ter um varejo seja na
rua, shopping, ou até mesmo, uma loja virtual.

Ao abordar como o NOVO varejista deve se comportar,


quero deixar claro que ele deve se inspirar nas melhores
práticas dos varejistas antigos e tradicionais que conquis-
tavam todas as pessoas da região com as suas vendinhas
onde era possível era encontrar de um tudo, um sorriso
no rosto e uma conversa boa. Talvez, dependendo da sua
idade, você não conseguiu imaginar muito bem como era
esse tipo de comércio. Eu falo desses lugares com muita
nostalgia e amor porque o meu avô tinha uma vendinha
assim em Montes Claros, no norte de Minas Gerais. Vivi
grande parte da minha infância encantado com aquele lu-
gar e talvez tenha sido, a partir daí, que despertou a minha
paixão pelo comércio. Mas para quem não conhece, saiba
que ainda existe um lugar que mantêm as características
dessa venda antiga e fica também em Minas Gerais, na ci-
dade de Itabirito, a 55 km de Belo Horizonte.

Fred Rocha com Roninho, o


empreendedor da quarta geração da
Inspiração
Mercearia Paraopeba
24 25
vinham da região da cidade de Moeda, onde tem o rio Para-
opeba e as pessoas perguntavam "de onde é?!" e respondiam
"lá de Paraopeba", aí pegou: Mercearia Paraopeba. Esse tipo
de comércio, de secos e molhados, sempre teve como costu-
me ser comandado pelos homens da família. Do meu bisa-
vô, passou para o meu avô, o Carlos de Almeida Baeta. Meu
avô casou, perdeu um filho e depois nasceu o meu pai José
Augusto de Almeida, mais conhecido como Juca ou Jucolau.
Com o tempo, meu avô passou o comando da mercearia para
o meu pai e eu, desde criança, o acompanhava no comércio
e comecei a tomar gosto. Papai nunca forçou a barra para
inho, com data de 1895
Caderno de fiado do bisavô do Ron trabalhar cedo, só quando eu senti que precisava ter o meu
dinheiro, comecei a dedicar mais, ele viu que eu levava jeito
e começou a me delegar as tarefas. Já tem uns 25 a 30 anos
Assim
Assim,
Assim, resgatando
res
esga
gata
tand
ndoo o passado
passado
d e mostrando o que dá certo
que estou lá direto trabalhando e, ao mesmo tempo, não é
no varejo, escolhi começar o MaUau do Novo Varejista com
trabalho, considero uma diversão. Não levo relógio e nem
o pequeno comércio mais antigo que eu conheço e que ainda
vejo o tempo passar.Hoje, o meu filho Pedro Augusto tem 17
está aberto: a Mercearia Paraopeba. Apesar de antiga, possui
anos, fez escola técnica de Economia no Sebrae, alguns dias
estratégias que nunca vão sair de moda e tem muito a ensinar.
me acompanha na Mercearia, mas ainda não trabalha lá.
Tudo que os pequenos e grandes comércios tentam fazer, o
Ele também gosta do comércio.
Roney Almeida, o proprietário da quarta geração, mais co-
nhecido por Roninho, consegue aplicar em seus 26 m². O co-
Desde criança, Roninho, você acompanha os passos do seu
mércio é referência em Minas Gerais, no Brasil, está no Guia
pai que aprendeu com o seu avô. Muita sabedoria envolvida
4 Rodas e no TripAdvisor. Tive o prazer de conversar com o
nesse comércio familiar...quais os principais ensinamentos?
Roninho e conhecer um pouco das estratégias da Mercearia
Paraopeba. Confira esta história cheia de aprendizado e ins-
Meu pai sempre falava que o negócio da mercearia era
piração para todos os novos varejistas do Brasil.
vender, servir as pessoas. "Você tem que servir o povo, ser-
vindo bem, o dinheiro vem como consequência". Outro
A Mercearia Paraopeba foi aberta pelo meu bisavô, Ma-
ensinamento que levo comigo é que ele dizia que qualquer
noel de Almeida, próxima à matriz da Boa Viagem, na parte
pessoa que entra na mercearia é igual a outra. Não temos
alta da cidade, onde começou Itabirito. Não sei a data exata,
tratamento diferente para ninguém, o dinheiro de todo
mas no caderno de anotações de fiado do meu bisavô tem o
mundo é igual.
ano de 1895. O nome da mercearia veio porque os produtos

Inspiração
26 27
Aqui na Mercearia Paraopeba todo mundo é recebido
com um dedinho de prosa, muitas provas de queijos de-
liciosos, doces, goiabada, biscoitos... fica difícil resistir!
Em todo o tempo que fiquei por aqui, entrava e saía gente
sorrindo, elogiando os produtos e com sacolinha na mão.
Qual o segredo das vendas?

O nosso comércio que é pequeno, só com 26 m², não pre-


cisa disso mais, quando a pessoa entra, alguma coisa ela
mbém conhecido por
quer, nem que seja beber água e a gente vai dar água, ou Josimar Dias Miranda, ta
há mais de 20 anos
vender rifa e a gente compra, ou, realmente, comprar algu- Nem ou Neném, vendedor
ma coisa. Quando percebemos que querem comprar, eu ou da Mercearia Paraopeba.
o Josimar, conhecido como Nem ou Neném, que trabalha
lá comigo há mais de 20 anos, começamos a oferecer. Se
Quando você é bem atendido, sempre vai querer voltar
quer levar um fubá, já ofereço um torresmo, uma pimenta
naquele lugar. A gente conhece a maioria dos fregueses e
e com isso, vou ajudando o próprio freguês que está que-
quando algum passa uns 10 dias sem ir à mercearia eu per-
rendo comprar. O cliente fica satisfeito, não é enganado,
gunto para o Josimar, "cadê, fulano?". A gente preocupa,
não é forçado a comprar. Ele compra como se estivesse em
sente falta daquela pessoa e pensamos sobre o que aconte-
um grande supermercado, mas provando pra ele que aque-
ceu, se será que a gente atendeu ele mal... se ficamos sabendo
le produto é interessante ter em casa, pela qualidade, por
que ele tá viajando, aí ficamos mais tranquilos. Preocupa-
terem sido feitos com o maior carinho, que não são indus-
mos com isso porque senão ele pode começar a comprar em
trializados, é do pequeno produtor.
outro lugar porque ficou triste com alguma coisa e a gente
não quer que aconteça isso de jeito nenhum. A proximidade
Roninho e seu fiel escudeiro, o Josimar, atendem os
com o cliente é muito importante. Tem gente que sai de ou-
clientes com muita simpatia e pelo nome. Essa proximida-
tros Estados e vem conhecer a Mercearia Paraopeba, olha
de e o bom atendimento, com certeza, são fundamentais
que honra pra gente. Uma vez até papai comentou que um
para o sucesso da Mercearia Paraopeba! Qual a importân-
senhor falou que ele devia ter um comércio em São Paulo, no
cia do atendimento?
Rio, Belo Horizonte. E ele respondeu: “Pra quê? Eles que têm
que vir aqui, não é a gente que têm que ir onde eles estão. O
pessoal não sai daqui pra tirar retrato na Torre Eiffel? Não

Inspiração
28 29
sai daqui pra comer bacalhau em Portugal? Então, eles que um pimentão que não estava bom e expliquei que naquele
têm que vir aqui”. Vindo em Itabirito, o cara do posto de ga- ponto não venderia e saí. Meu pai viu aquela situação, cha-
solina também pode ganhar com isso, o hotel, o restaurante, mou o homem pra conversar e perguntou o que mais ele ti-
todo mundo ganha com isso. Se todo mundo fizer um traba- nha em seu sítio. Meu pai o ensinou quais produtos seriam
lho com o turismo, dedicar mais, atender melhor, o turista bons pra venda e ele virou nosso fornecedor.
não vai querer ir para Ouro Preto tão cedo. Vai querer ficar
um pouco em Itabirito pra depois seguir viagem para Ouro
Preto, Tiradentes, Inhotim, onde quiserem. Quando a gente
atende alguém de fora tem um carinho danado, da mesma
forma quando é alguém daqui de Itabirito, pois se a gente
só dedicar para o outro, o de fora, o nativo fica com ciúmes
e ele que tá aqui sempre comprando. O outro, de fora, não
vem sempre, ele pode falar com outras pessoas da merce-
aria, que foi bem atendido, que o produto é muito bom, aí
um vai falando para o outro. Isso acontece muito. Eu sempre
pergunto como ficaram sabendo da Mercearia Paraopeba e
são muitos casos: “Meu primo esteve aqui há dois anos, gos-
tou tanto e agora que vim pra Minas Gerais, quis conhecer”.
“Fui transferido para Belo Horizonte e o primeiro lugar que
queria vir era aqui”. E assim, a freguesia vai aumentando rca
cada dia mais. p ro du to s caseiros, ma
iga e
Balança ant a Mercearia Paraopeba.
Neste Brasil, com tantos problemas de economia, cri- registrada d
ses... é curioso como um comércio consegue resistir por
tanto tempo, não é mesmo?
Aqui na Mercearia Paraopeba, até hoje, os fornecedores são
O comércio e a paixão têm que estar no sangue. Não
pessoas da região e alguns acompanham o comércio há gera-
adianta querer montar um negócio de um ramo que a pes-
ções. Este comércio, pequeno em tamanho, contribui grande-
soa não gosta. Eu sempre observei muito o modo como o
mente com o desenvolvimento da cidade ao dar um trabalho
meu pai tratava os fornecedores e atendia as pessoas. Des-
para as pessoas da área rural e ganha com isso ao oferecer sem-
de a época do meu bisavô os fornecedores são pessoas da
pre um produto de qualidade, feito artesanalmente, com cari-
região, cultivam os produtos em seus sítios e levam pra
nho. Como é o relacionamento com os fornecedores?
gente vender. Lembro que uma vez chegou um pra vender

Inspiração
30 31
Os produtos que vendemos são os mesmos do início da
mercearia: o bacalhau, o açúcar rapadura que é o masca-
vo, o queijo, os produtos de armazém não mudam. Alguns
mudaram o nome, mas continuam lá. Pinga chamavam de
dedal de cachaça. Alguns fornecedores ainda são da mes-
ma família dos antigos, da época do meu avô. Os mais ve-
lhos foram passando o trabalho para os filhos. Quando eu
tenho que mudar de fornecedor é feita uma prova, não sou
só eu que tem que gostar, os clientes precisam gostar, até
encontrar um na mesma qualidade do antigo. Fornecedor
toda hora aparece um, mas não posso trair os que eu já te-
nho, que contam comigo. Os meus fornecedores que estão
na roça, produzindo alguma coisa pra gente, um artesana-
ra os bules
to, um balaio, uma fruta, um doce, eles contam comigo e eu
de ga lin ha fe ito em crochê pa
Até bico opeba.
encontra na Para
conto com eles.
esmaltados, você
Além disso, uma prática comum é que os fornecedores
nem sempre recebem em dinheiro, trocam por outros produ-
tos. Como o escambo contribui? Um comércio com muitos produtos: queijo, canecas, xí-
caras, doces, tapete, carne, bucha vegetal, mandiopã, sabão
O escambo é muito interessante. Por exemplo, chega a de cinza, peteca de penas e folha de bananeira, ovos, bis-
fornecedora de fubá de moinho d’água e compra um queijo coito de polvilho, rosquinha, penico, pano de prato, uma
do Chico Peixoto. Aí ali já diminuiu o valor que eu tinha que infinidade de coisas que a gente nem imagina que ainda
pagar pra ela. Ao invés dela pegar aquele dinheiro e gastar em existem e têm aqui na Mercearia Paraopeba. E como ven-
outro lugar, já gastou ali. Aí eu já ofereço mais um doce, ros- der isso tudo? Quais as dicas para ser um bom vendedor?
quinhas e outros produtos. Assim, ela sai da mercearia com
dinheiro e produtos de qualidade. Fica satisfeita de comprar O bom vendedor tem que se espelhar em outro bom ven-
e recebe também. Eu tenho a dona que entrega a rosquinha dedor, que pode ser o dono do negócio. Eu aprendi com o
de fubá e ela sabe quem faz o fubá de moinho d’água, poderia meu pai. Cada um tem seu jeito de atender, mas os argumen-
pegar lá direto, mas eu compro as rosquinhas na mão dela. tos de venda são os mesmos. Tem vendedor que foge daque-
Ela compra fubá, eu devolvo dinheiro pelas rosquinhas e fica le cliente que ele percebe que só foi fazer uma troca, mas o
todo mundo agarrado, vira uma família. bom vendedor atende e além da troca, consegue fazer outras

Inspiração
32 33
vendas. O vendedor não pode selecionar os clientes, tem que A Mercearia Paraopeba não investe em tecnologia, con-
atender bem, todo mundo. Têm alguns que torcem o nariz troles de mercadoria, tudo ainda no papel. Por quê? E já
para algumas pessoas que só vão olhar o preço e nem aten- pensou em vender pelas redes sociais?
dem, mas o dia que aquela pessoa realmente for comprar ela
vai procurar o vendedor que a atendeu bem. O vendedor tem Eu não tenho computador, não tenho controle, organi-
que ser dedicado, querer crescer junto com a empresa. zação total e nem quero ter, senão eu até adoeço. Perto do
Natal, comprei uma quantidade grande de carreta de brin-
E com uma família que está no varejo há tantos anos, quedo e acabou. Pensei em anotar o quanto eu comprei para
não poderia deixar de pedir dicas para um novo varejista ano que vem comprar mais. Mas pode chegar ano que vem,
de sucesso. comprar uma quantidade maior e não vender, vou ficar pre-
ocupado nas vendas terem caído. Então, eu prefiro não preo-
Primeiramente, ele não pode visar só o lucro porque senão cupar com esta questão. Não controlo, quando vai acabando
vai ter pressa para ganhar dinheiro. E o dinheiro do comércio os produtos, vou pedindo mais. A Mercearia Paraopeba tem
é com o tempo, não é de um dia para o outro. Uma vez per- Facebook e é o meu filho que cuida. Ele que me conta o que
guntei para o meu pai qual era o tempo para ganhar dinheiro as pessoas comentam, elogiam e costuma de clientes entra-
com o comércio e ele disse que não sabia, mas falou que eu rem em contato por lá e o meu menino faz a venda por lá.
tinha que trabalhar pra ele chegar. Tem que se dedicar, traba-
lhar muito, de segunda a segunda, saber guardar, não gastar
o dinheiro que é do comércio, ter juízo e gostar do que faz.
Não dá certo montar uma loja de pesca porque o fulano está
ganhando dinheiro com uma, montar um posto de gasolina
porque dá dinheiro. Tem que abrir uma loja do que ele gosta,
senão vai ter que trabalhar a vida toda para os outros. Outra
dica é fazer uma pesquisa dele mesmo. Será que todo mundo
gosta dele? Se for um cara mal-humorado que ninguém, nem
na casa dele, aguenta olhar pra ele, no comércio também não
dará certo. Na mercearia eu adoro atender esses com cara
fechada porque se você consegue fazer uma venda pra ele é
muito mais importante do que pra aquele que vem alegre, já
querendo comprar. Vender pra aquele que já fala com cara
fechada "não quero nada não", ahh...é bom demais! Com o
tempo a gente vai cativando essas pessoas, elas voltam na loja
e um dia, até pode conseguir um sorriso. Os clientes são sempre re
cebidos com a prova
de um delicioso doce ca
seiro.
Inspiração
34 35
Não pode ficar pensando só em crise senão você entra nela
também. E vamos trabalhar! Lembrando que o dinheiro do
comércio é a longo prazo. Para que um varejo prospere, a
primeira coisa é saber se é isso mesmo que quer, montar
um negócio com o que gosta para ter prazer e não só pen-
sar no dinheiro. Ah, e agradeço a participação no seu livro,
pois é muito importante valorizar o pequeno varejista e o
ManUau pode ser um instrumento de incentivo, consulta e
orientações para o mesmo.

Roney Almeida, o Ronin


ho, cuida do negócio da
família com muito amor
e prazer.

Seu filho, o Pedro Augusto, você comentou que ele es-


tudou Economia. Ele participa dos negócios?

Ele gosta do comércio, dá umas ideias boas. Mas tenho


ocam conhecimento
que ficar atento para que essas ideias não atrapalhem o que Roninho e Fred Rocha tr
terior.
já está pronto. Tem um caso de um homem que tinha um
em uma prosa boa de in


comércio no interior, o filho foi estudar na cidade grande e
voltou falando que ele não deveria comprar muito porque
o país, a cidade estava em crise e se comprasse, teria pre-
juízo. Ele escutou o filho, o cliente chegou, não teve merca-
doria para todo mundo e foram comprar em outro lugar.

Inspiração
36 37
C A P Í T U L O 1

O que é

E
ra uma vez o freguês... Aquela pessoa que geralmen-

Varejo?
te frequentava os mesmos estabelecimentos e acei-
tava tudo que lhe era oferecido, que desconhecia o
poder das suas escolhas e que não tinha acesso facilitado
ao “mundo” das infinitas possibilidades e opções na hora
de fazer suas compras. Quase ninguém mais se recorda
das ultrapassadas cadernetas (famoso fiado) que duran-
te décadas foi a maior plataforma de crédito do país. In-
dependentemente de você fazer parte do varejo, ou não,
as mudanças aconteceram e, sem dúvidas, mais estão por
vir. É impossível não notar e não sentir. Vivemos a era do
imediatismo, da informação, do poder do consumidor e
do consumo. Sim, poder. Como veremos mais adiante, os
consumidores aprenderam a ditar as regras do jogo que re-
gem o mercado. Afinal, depois de experimentar tamanho
poder e possibilidades, cá entre nós, seria praticamente
impossível consumir como antes.

Mas, o que é o varejo? Diferente do que muita gente


imagina, o conceito, assim como a atividade em si, é am-
plo, diversificado e abrangente. Gosto de duas definições
de autores que são referências na área. Para Parente (2000,
Nunca p. 22) “o varejo consiste em todas as atividades que en-
globam o processo de venda de produtos e serviços para
tive um atender a uma necessidade pessoal do consumidor final”.
Outra ideia que complementa é que “ele inclui todas as ati-
comércio. vidades envolvidas na venda de bens e serviços diretamen-
te aos consumidores finais para uso pessoal" (KOTLER,
Por onde 1998, p. 493). Já o varejista, segundo Giuliani (2003, p. 22)
“é um negociante que vende produtos e serviços, de uso
começo? pessoal ou familiar, aos consumidores, sendo ele o último
negociante de um canal de consumidores”.

39
O comércio, ou ainda o varejo, é uma das atividades mais
antigas e pioneiras que a sociedade conhece. Há muito tempo,
o ser humano está acostumado a negociar suas mercadorias
ou serviços, desde as formas primitivas de escambo, passando
pela evolução mercantilista que envolvia as primeiras trocas
monetárias, até chegar às formas de comercialização moder-
nas, como a utilização de dinheiro, talões de cheques, cartões
de créditos, transações eletrônicas, e, agora com pagamentos
pelos smartphones e pelos equipamentos vestíveis “weara-
Sendo assim, partimos do
princípio que o varejo nada
mais é que o processo de

tidade relativamente grande


dos produtores, atacadistas

e outros fornecedores, para


venda em quantidades meno-

Só ganha
compra de produtos em quan- dinheiro quem
consegue resolver
(distribuidores) ou indústrias os problemas
das pessoas.


bles”, entre outros. Eu mesmo, por exemplo, já estou realizan- res ao consumidor final. Para
do pagamentos por meio de um relógio. Observe que tudo tem ser varejo não precisa neces-
ficado menor, em termos de tamanho, e maior quando se trata sariamente vender produtos.
de tecnologia. Estamos vivendo em uma época em que é possí- Um dentista, por exemplo, é
vel literalmente vestir um computador. um varejista porque oferece, assim como os demais prestadores
de serviço, soluções e produtos aos consumidores finais.

Depois de entender o que é o varejo, em si, o próximo passo é


entender como ele funciona. Como já foi dito, existe um antes e
um depois. Até poucos dias atrás montava-se um negócio com o
único objetivo de ganhar dinheiro. Hoje, esse modelo é ultrapas-
sado e fadado ao fracasso. É preciso ter um propósito muito bem
definido, só ganha dinheiro quem consegue resolver os proble-
mas das pessoas. Assim, o dinheiro passou de objetivo à consequ-
ência. O foco mudou, é preciso entender que todos os grandes ne-
gócios da contemporaneidade são focados nos consumidores, em
entendê-los para oferecer a melhor experiência de compra possí-
vel. Grandes vendas, engajamento e dinheiro são consequências.

A forma de fazer negócios também mudou. Hoje, com-


pramos em qualquer lugar e a qualquer horário. Cada vez
menos, é preciso da ajuda ou orientação de um intermedia-
dor, por exemplo. Os postos de combustível, supermercados
e drogarias já disponibilizam a opção do autoatendimento,

Capítulo 1 \\ O que é varejo


40 41
sem contar é claro na compra via internet que não é mais
um fenômeno, mas uma realidade cada dia mais acessível.
Essa facilidade impulsiona e estimula a compra, o que de
certa forma, contribui inclusive para a superação de crises
$ $
- Colocar dinheiro -
políticas e econômicas que, por um motivo ou outro, são
$
NO BOLSO
recorrentes no nosso país e no mundo.

O fato é que o varejo funciona 24 horas por dia, 7 dias da


semana, simples assim. É dinâmico, flexível, mas também
implacável com quem não consegue perceber suas necessi- é uma consequência da competência em
dades vitais e se adequar constantemente às suas mudanças
naturais. Seja uma loja de rua, bairro, em um shopping ou $
virtual, o foco deve ser o mesmo: o consumidor.
$ ATENDER
Hoje, compramos em qualquer

O PROPÓSITO
lugar e a qualquer horário.

A pergunta que você deve se fazer antes de abrir um ne-


$
gócio é: por que devo montar uma loja? Para depois se ques-
tionar quanto o que de fato será e como será. Voltamos ao
propósito que deve ser claro e, lembre-se, só nos tornamos
DO SEU NEGÓCIO.

DINHEIRO
referência em algo, quando fazemos o que a gente ama de
verdade, com entusiasmo e paixão. Não tenha dúvida de que
as pessoas/consumidores notam essa diferença de postu-
ra e ideal e, isso, faz toda diferença no mercado. Ninguém
compra apenas um produto ou serviço, compra histórias e
experiências de consumo. Colocar dinheiro no bolso é uma
consequência da competência em atender o propósito do seu
negócio. Dinheiro é consequência. é consequência.

Capítulo 1 \\ O que é varejo


42 43
C A P Í T U L O 2

Serviço
E
u resolvi dedicar um capítulo exclusivo a serviços,
pois afinal muitas pessoas veem o varejo apenas como

também é
a comercialização de produtos, ou seja, ele só estaria
em pontos de venda comerciais, como lojas. Mas o vare-
jo também é a comercialização de serviços em pequenas
quantidades para um consumidor final.

varejo O prestador de serviço atende diretamente o consumi-


dor e oferece produtos customizados. Por exemplo, o cabe-
leireiro oferece um novo corte, uma nova cor para o cabelo.
O dentista, o médico, um eletricista, encanador, decorador,
pintor, todos esses profissionais que oferecem o seu serviço
para um consumidor final estão praticando o varejo.

Além disso, é muito comum que os varejistas ditos


como tradicionais, como redes de lojas, supermercados,
agreguem serviços aos produtos para serem melhor reco-
nhecidos pelo consumidor.

Sendo assim, saiba que este livro é um manual para qual-


quer um desses varejistas. Se você oferece um serviço, quan-
do ler sobre produto, pense no seu serviço e passará a enten-
der exatamente qual o novo propósito de fazer negócio.

Um dos capítulos que você irá encontrar no livro aborda


modelos disruptivos e compartilhados de varejo, que nada
mais são do que serviços, como é o caso do Uber e do Airbnb.

45
Supermercado
Cafeteria
Engra
u ran t e xa te
Resta

d e mi a d e
SERVICO
2
Posto de
c a
é
!
A
é m
Ginástica

Motorista Var e j o
tamb Gasolina

d ico

Dentista
Eletricista
Cabeleireiro O varejo também é a
comercialização de serviços
para um consumidor final.
Compre esta camisa na loja
www.lojadofred.com
do Fred e vista esta ideia!
C A P Í T U L O 3

O Novo

Consumidor

Tudinha (mãe do Fred)


com o carro cheio de ro
viajando pelo interior em upas
busca de clientes.

Não

DÁ MAIS PARA
BRINCAR de
Fredinho e Julinha,
meus filhos, são
consumidores
"VENDINHA"
Frase recente que ouvi da minha mãe Tudinha. Já se foi o
antenados.
tempo em que era preciso apenas montar uma loja, abrir as
portas e esperar o cliente entrar. Num varejo altamente com-

49
petitivo, ser atrativo e oferecer diferenciais não é uma opção, pouca interatividade. Já o termo 3.0 foi atribuído ao jorna-
mas uma necessidade para quem deseja manter-se nele. lista John Markoff do New York Times, geração em que os
conteúdos online são personalizados para cada internauta,
O consumidor está globalizado. Já passamos pela globa- os sites e a publicidade são baseadas em pesquisas e com-
lização e evolução da indústria, comércio e, agora, chegou portamentos.
a hora do consumidor. Da sua cama, ele compra qualquer
produto em qualquer lugar do mundo e recebe em casa. A
comodidade e conveniência estimulam as vendas online. Assim como a internet, o
Os sites chineses estão no topo de vendas no país, mas na mercado também adotou
verdade nós (brasileiros) que fomos atrás. Eles não vieram essas denominações para os
anunciar aqui e buscar clientes em potencial num primeiro
momento. Nós que fomos atrás porque tínhamos interesse
consumidores. Nos anos em
e curiosidade no começo, embora a desconfiança também que a internet se formava,
fizesse parte das primeiras compras. Mas, logo em seguida, surgiu o 1.0, período em que
após a certificação de que os produtos realmente chegavam o consumidor procurava a
mesmo com atraso das entregas, a desconfiança cedeu lugar
à opção confiável e atrativa de compra. E os empreendedo- empresa, usando a internet
res asiáticos, que de bobos, não têm absolutamente nada, somente como apoio para
perceberam o mercado em expansão que tinham nas mãos buscas, como uma lista
e passaram a investir em publicidade no Brasil.
telefônica. Com a evolução da
A internet foi a responsável por globalizar o consumi- web, o consumidor passou a
dor e mudar o seu comportamento de compra. Desde o ser 2.0, quando começou a usar
seu surgimento e evolução, também foram aparecendo no- a informação como vantagem
vos tipos de consumidores.
para ampliar as suas opções
A web ganhou denominações para diferenciar a sua de compra. Já com as redes
evolução. O termo Web 2.0 foi criado por Tim O’Reilly du- sociais, o consumidor 3.0, além
rante a conferência O’Reilly Media Web em 2004 para dis-
tinguir que a 2.0 possuía conteúdos produzidos pelos pró-
de usar as informações, passou
prios internautas, com maior interatividade, como é caso a compartilhar a sua opinião
dos blogs. Enquanto na 1.0, os sites eram em sua maioria, sobre marcas e produtos com os
produzidos por empresas e instituições, estatáticos e com seus amigos virtuais.

Capítulo 3 \\ O novo consumidor


50 51
O consumidor 3.0 possui sete atributos:
• Socialmente conectado: Dados do Facebook, referentes
ao primeiro trimestre de 2016, indicam que a rede social
é acessada por um bilhão de usuários de todo o mundo,
todos os dias. Se fosse um país, seria o terceiro maior do
Segurança Altamente mundo, e nesse país enorme, os consumidores estão co-
Digital informado mentando e compartilhando a sua decepção ou satisfação
pelas marcas, além de "ouvirem" a opinião desses amigos
virtuais antes de efetuarem uma compra.

• Sensível a preços: Está sempre em busca do melhor cus-


Gratificação Socialmente to-benefício. Além de preços competitivos, o consumidor
Instantânea conectado 3.0 busca por produtos que agreguem valor.

• Confia nos usuários: A opinião dos usuários tem mais


importância que as propagandas feitas pelas marcas.
Auto- Sensível
Promoção a preços • Autopromoção: Gosta de se promover nas redes sociais
para mostrar as suas últimas aquisições e conquistas.
Confia nos
Usuários
• Gratificação instantânea: O imediatismo faz com que
ele busque a satisfação de suas necessidades de forma ime-
diata e entregue em qualquer lugar.

• Segurança digital: No início das compras online, os con-


• Altamente informado: Com uma busca no Google, você sumidores eram muito inseguros. Mas uma característica
encontra o que precisa em segundos. O consumidor usa essa do 3.0 é confiar no ambiente web e compartilhar cada vez
rapidez e facilidade da informação para pesquisar produtos e mais informações pessoais, além de navegar em ambientes
comparar preços. E mesmo quando as compras são em lojas de risco, como agências bancárias.
físicas, o smartphone é o aliado para pesquisar se é possível
encontrar um preço melhor do que o da loja visitada.

Capítulo 3 \\ O novo consumidor


52 53
Novo consumidor estudando o produto no site, faz pesquisas em compara-
dores de preço e finaliza a compra por meio de um chat
no e-commerce. Ou seja, integra todos os canais de atendi-
O novo consumidor está empoderado, tem dinheiro e
mento em uma experiência única. Nesse cenário, a marca
acesso ao crédito facilitado. Se estes motivos já não fossem
tem o desafio de manter a identidade e comunicação do
suficientes para provocar uma reviravolta no mercado e
produto em todos os canais, independente do formato e
na forma de consumir, eles também estão cada vez mais
colaborador que esteja em contato com o cliente, mesmo
bem informados. O conhecimento prévio de informações
que tenha serviços terceirizados. É muito importante que
sobre um produto, por exemplo, obriga os vendedores a se
exista a continuidade ao atendimento após a transição de
prepararem mais. Quando você sai para comprar qualquer
canais, sem a necessidade de reiniciar o processo.
coisa que esteja fora do seu cotidiano, o que costuma fazer
antes? Tenho certeza, que 95% responde que antes de sair
Voltamos ao século XX, onde os varejistas compravam
em busca do bem que deseja adquirir, realiza, pelo menos,
o que queriam ou achavam que ia vender. Era fácil, faziam
uma pesquisa básica sobre aquele produto. Compara pre-
o pedido, lotavam suas lojas com estoques que teorica-
ço, características, busca a loja mais próxima, enfim, a in-
mente seriam vendidos dentro de um tempo estimado e
formação é cada vez mais palpável e acessível.
abriam as portas. Imagine, nos dias de hoje, se esse mé-
todo funcionaria! A maioria dos negócios nem tem espa-
Outra característica marcante e sintomática que ajuda
ço, nem vocação, para armazenar produtos para revender,
a entender melhor o novo consumidor é o fato dele po-
muito menos capital de giro para deixar estocados durante
der estar presente em todos os canais de compra. Ele quer
um tempo indefinido. Os novos consumidores compram o
comprar quando melhor lhe convier, independente de ser
que desejam e como desejam. Se uma loja não lhe oferece
de madrugada, no trabalho, na rua ou em casa. Por isso, o
o que ele busca, com toda certeza ele não pensará duas
varejo não pode fechar as portas para atender seus clientes
vezes para procurar outras possibilidades para que ele faça
como e quando eles quiserem. Seja em horário comercial,
a compra da sua maneira. E quem precisa dançar confor-
em uma loja física, em uma compra online de noite ou res-
me a música são os lojistas. Ou ele acompanha, ou perde
pondendo uma mensagem em uma rede social no fim de
o passo, o ritmo. Depois para entrar novamente na dança,
semana. É preciso estar preparado para isso, porque se você
não é uma tarefa fácil.
e seu negócio não estiverem, seu concorrente estará. É o
consumidor omnichannel que demanda um atendimento
E como estamos falando de características dos con-
omnichannel. Ele navega entre os diversos canais, como
sumidores, as famosas letras que definem as gerações de
WhatsApp, e-commerce, e-mail, redes sociais, sem dife-
consumo não poderiam deixar de aparecer. Afinal, é por
renciação da transição entre eles. Ele poderá iniciar uma
meio destas pesquisas, extensas e profundas, que é pos-
compra a partir da indicação em uma rede social, continua
sível traçar um perfil comportamental de uma geração e

Capítulo 3 \\ O novo consumidor


54 55
conhecer suas preferências e o porquê delas. É fato que
até pouco tempo atrás esta tarefa era relativamente mais
fácil. Os integrantes da Geração X, por exemplo, têm sua
data de nascimento localizada, aproximadamente, entre os
anos 1960 e 1980 e é formada pelos filhos da Geração Baby
Boomers, desenvolvida logo após a Segunda Guerra Mun-
dial e pelos pais da Geração Y.

Gerações
sim a uma geração, nascida entre os anos 1980

Y
A Geração Y, ao contrário do que muitoss pensam,

cursos
fizeram com que a Geração Y fizesse milhares
ao redor do mundo, sem ao menos terem saído
nsam, não
se refere exatamente a uma legião de adolescentes,
lescentes,
ntes, mas
80 e 2000.
os filhos da Geração X e netos dos Baby Boomers.
oomers.
ternet, emails, redes de relacionamento, recursos
00. São
rs. A iin-
os digitais,

aído d
digi
aress de amigos
a
da frente
de seus computadores. A mobilidade nas comunicações
omunicações é
omun
outra característica associada ao consumo da Geração Y.
São mais racionais a consumir, possuem responsabilidade
ambiental, menos fiéis às marcas, dando sempre preferên-
cia à experiência, não à posse.

Segundo a pesquisa The Millennial Economy 2016, que


sondou 1.200 pessoas entre 18 e 34 anos, a faixa etária da Ge-
ração Y, encomendada pela EY (que antes se chamava Ernst &
Young) e pelo Grupo de Inovação Econômica (EIG), 62% con-
sideraram criar seus próprios negócios e 72% entendem que
Geração Z Geração Y Geração X Baby Boomers Geração Silenciosa
(15-20 anos) (21-34 anos) (35-49 anos) (50-64 anos) (+65 anos) as startups são “essenciais para novos empregos e inovação”.
Porém, 42% disseram que não contam com as condições para
serem empreendedores, em parte devido à dívida estudantil,
Os Baby Boomers devem o nome à explosão demográ-
que, para 48%, limitou suas perspectivas de carreira. Com o
fica nos Estados Unidos, durante o fim da Segunda Guer-
estudo, constata-se que os americanos da Geração Y adoram
ra Mundial. Viveram a era do emprego, da conquista de
a ideia de empreendedorismo, mas muitos estão sobrecarre-
direitos trabalhistas e muitos avanços civilizacionais. São
gados com dívidas para pagar a faculdade e não têm dinheiro
descritos como idealistas e são os grandes consumidores
nsumidores
para a criação de startups.

X
do nosso tempo, suportes da economia.
Na realidade, há menos empreendedores entre os integran-
A geração X compreende os yuppies do finalnal doss anos
tes da Geração Y, que, além disso, estão indo na direção oposta:
80, filhos da democratização da pílula e da libertação
ão da
bertação
uma parcela maior enxerga na ascensão dentro da hierarquia
mulher como seu papel tradicional de dona de casa. É a
de empresas já existentes o melhor caminho para o sucesso.
geração do computador pessoal, que viu nascerr a internet,
rnet,
mas reconhece uma máquina de escrever.

Capítulo 3 \\ O novo consumidor


56 57
Uma nova denominação está
sendo utilizada para uma
geração cada vez mais presente
L OJA
e atuante no mercado: a
Geração “Z”. Extremamente
familiarizados com a internet e
os aparelhos tecnológicos, estão
sempre conectados à rede e não
conheceram outra realidade. Ou
seja, enviar cartas como meio de
comunicação, assistir filmes em
VHS ou realizar pesquisas em um
amontoado de livros são ações
que essas gerações costumam
ver em filmes (geralmente pela
internet) ou escutam alguém um
Marcas e varejo pouco mais velho falar. Costumam
se comunicar com imagens e
Afinidade Millennials para a tecnologia está remodelan- símbolos, como os emojis. Eles
do o espaço do varejo. Com informações do produto, não têm a necessidade de ter o
variações e comodidade de preços na ponta dos dedos,
Millennials estão se voltando para marcas que podem produto (livro, CD, por exemplo),
oferecer a máxima comodidade ao menor custo. apenas de usá-lo. Ler um e-book já
o atende. É a geração multitarefa,
capaz de trabalhar com várias
57%
% DOS MILLENNIALS
QUE COMPARAM telas ao mesmo tempo.
PREÇOS NA LOJA

Capítulo 3 \\ OInc.
Fonte: AIMIA novo consumidor
"Born This Way: US Levantamento Lealdade Milenar" ©
58 59
Apesar da definição das características das gerações
68% X, Y e Z, acredito que avaliar um tipo de comportamen-
to semelhante pode ajudar nas definições de estratégias
É o volume de atendimento
ainda realizado por telefones de marketing, mas sou contrário à generalização. Antes
em Call Centers. de serem de gerações diferentes, esses consumidores são
pessoas com anseios, valores e demandas que vão além da
60% idade, mas podem ser impactadas pelo acesso, ou não, a
mais informação e tecnologia.
Mudam de canal de contato
dependendo de onde estão e o Perceba que numa definição particular e própria, embora
que estão fazendo. a grande maioria não se encaixe na faixa etária para fazer par-

43% te da Geração Z, atualmente, todos nós fazemos e podemos


nos sentir parte dela. Observe, é cada vez mais comum nos-
Esperam que os canais sociais sos avós ou pais comprarem pela internet. Não existe mais
estejam integrados com outros idade para estar conectado, as crianças ganham seu primeiro
canais de atendimento. smartphone cada vez mais cedo, os jovens não desgrudam
Fonte: NEWVOICE

7% dos aparelhos eletrônicos nem na hora de dormir, os adultos


utilizam com frequência para resolver inclusive problemas
Consideram que suas marcas do dia a dia e agora os idosos estão cada vez mais conectados
promovem atendimentos e dominando as novas tecnologias. Então, qual seria essa ge-
omnichannel, sem barreiras. ração ou denominação? Uns nascem nativos digitais, a gran-
de maioria se transforma em um.

Capítulo 3 \\ O novo consumidor


60 61
A Geração Z dispõe de
todos esses dispositivos
Assim, se as gerações em equipamentos
anteriores se conectavam portáteis que não a prende
com o seu mundo por mais a lugar nenhum.
meio de um computador Assim, pessoas da Geração
de mesa, a nova Z acabam trazendo traços
geração passou a ficar de comportamento das
constantemente disponível gerações anteriores,
e conectada através de aliados a uma forte
dispositivos móveis. responsabilidade social
Ao final do século XX, a e preocupação com
televisão ocupava um lugar o meio ambiente e a
central na sala, reunindo a sustentabilidade do
família no que se chamava planeta. A verdade é que
“horário nobre”. Da a mudança e evolução
mesma forma, no início da tecnologia estão
do século passado, o rádio fazendo nascer uma nova
e equipamentos de som classificação: a Geração
ocupavam esse lugar. Única, conectada e de
consumo.

Capítulo 3 \\ O novo consumidor


62 63
Você é conectado?
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Capítulo 3 \\ O novo consumidor www.lojadofred.com
na loja do Fred.
64 65
C A P Í T U L O 4

Tendências mundiais e seus


Q
uando o assunto é tendência é preciso ter muita caute-
casos de
la, vivência prática e um poder analítico considerável

Sucesso
para poder “tentar” de certa forma prever o que está
por vir. Apesar de não ser uma tarefa nada fácil, acredito
que todas as mudanças que ocorrerão daqui para frente se-
rão pautadas por dois pilares: na mudança de hábito das pes-
soas e às novas características e necessidades de consumo.
Com certeza, teremos cada vez mais produtos inovadores
que surgirão para suprir demandas antigas e novas.

O mercado de negócios, assim como a própria vida,


acompanha a evolução gradativa e até natural das coisas.
Por exemplo, hoje, o problema no trânsito é uma realidade
nas principais cidades do país. Com certeza, empreende-
dores já estão desenvolvendo inúmeros aplicativos e pro-
dutos para facilitar a vida, auxiliar e orientar os motoristas
(sem contar os que já existem em atividade). Uma das ten-
dências em transporte, para desafogar o trânsito e produ-
zir menos poluição nas grandes cidades, é o carro compar-
tilhado. O modelo já está em uso na Europa e nos Estados
Unidos e começa a ser adotado em grandes cidades brasi-
leiras, como Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Consiste
em um motorista pegar um carro em uma das garagens
espalhadas pela cidade e devolvê-lo após o período previa-
mente determinado. O Uber, já é uma realidade mundial,
mesmo com todo movimento contrário dos taxistas, é um
fenômeno. Estão enganados os que acham que ele com-
pete com o táxi, compete com o carro particular. Eu, por
exemplo, não tenho mais carro e só ando de Uber. Observe
que quem mais usa o Uber, não andava de táxi antes.

Capítulo 4 \\ Tendências mundiais e seus casos de sucesso


66 67
Uma compra em
apenas um clique!
Segundo dados do Uber divulgados em outubro de 2016,
no Brasil, o app já tem 50 mil motoristas e quatro milhões de
usuários ativos. Este é um tipo de produto contemporâneo, Dash Button: um
botão físico para
mas que, definitivamente, está com uma demanda e um leque compras online.

de clientes enorme. Com isso, conforme as necessidades vão


se apresentando, os produtos vão surgindo, com velocidade e
investimento proporcional à necessidade dos consumidores.

Sendo assim, divido as tendências em dois grandes po-


los: as tendências humanas e as tecnológicas, que nada
mais são do que aparelhos, aplicativos e produtos criados
para facilitar o dia a dia das pessoas. Falando em tecno-
logia, comprar com alguns cliques pelo computador ou
smartphone já é comum, mas já pensou em apenas apertar
Como falar das tecnologias vigentes e das que estão por
um botão de determinada marca e já comprar o produto?
vir, e suas aplicações, já se tornou uma prática comum, vou
Isso já é realidade. Em 2015, a Amazon lançou um inusi-
me ater na outra faceta, nem sempre lembrada com a devida
tado acessório inteligente, o Dash Button, que é um botão
atenção e importância. Geralmente, as pessoas atrelam futu-
físico para compras online. O funcionamento é simples,
ro à tecnologia, pura e simplesmente, sem se preocupar com
ele vem com um adesivo para ser colado, além de conec-
o contexto no qual estão inseridas. Emprego aqui a palavra
tividade wi-fi e uma pequena bateria. A ideia é que os bo-
“humanas” para designar tudo aquilo que diz respeito às re-
tões das marcas preferidas sejam colados próximo ao lugar
lações e ao tempo (o bem ou mal deste século). O tempo é
onde esses produtos são guardados. Por exemplo, se você
um dos principais fatores que afetam diretamente qualquer
compra sempre a mesma marca de lâmina de barbear, o
tomada de decisão. Como já foi mencionado, vivemos a era
botão é instalado no lugar onde é guardada para que quan-
do imediatismo, esperar uma hora ou duas por um retorno
do precise de outra, é só enviar um pedido de compra para
ou uma resposta pode ser demais. Ninguém está disposto a
a Amazon em um simples aperto de botão. Uma vez que o
perder tempo, aliás, quem nunca ouviu a máxima “tempo é
botão é pressionado, o produto vai para a lista de compras
dinheiro”? A solução do tempo, ou para a falta dele, é uma
do usuário, que por sua vez poderá revisar as quantidades
tendência de ajuste de consumo. Os varejistas precisam estar
e proceder ou não com o pagamento.
dispostos e conscientes no sentido de que é preciso, e será
cada vez mais, otimizar as relações e facilitar qualquer pro-

Capítulo 4 \\ Tendências mundiais e seus casos de sucesso


68 69
cesso de compra para não to do consumo, concorrência acirrada e crescente, algumas
perder um cliente. características fundamentais foram se perdendo no meio do
caminho, principalmente as relações mais íntimas.
O que a gente tem que en-
tender em relação ao futuro
é que as tendências estarão
voltadas a atender às necessi-
dades básicas das pessoas. Já
existe hoje uma preocupação
enorme em relação à saúde,
Oferecer “vida” bem-estar, felicidade, ali-
para as pessoas mentação saudável, tempo.
O grande desafio do varejo
é a grande é se adequar para atender e
tendência real oferecer serviços paralelos
aos produtos que vão ao en-
dos negócios do contro a estes anseios. Ofe-
futuro recer “vida” para as pessoas
é a grande tendência real dos
negócios do futuro. Neste
cenário, as tecnologias estão
aí, além das que virão, para
favorecer e acelerar essas
experiências. Costumo dizer
que o futuro do varejo será Carro Elétrico

como o seu passado, onde


os pequenos negócios eram
capazes de conhecer de ver- Note que apesar de vivermos em um mundo altamente co-
dade seus fregueses, sabiam nectado e de certa forma individualista e virtual, todos bus-
suas preferências, hábitos e cam um certo grau de intimidade e convivência. Quantas vezes
ofereciam à sua maneira um você opta por comprar em uma loja, em função do atendimen-
atendimento personalizado. to, ou porque o vendedor já o conhece e você a ele? Relações
Com o próprio crescimen- de confiança são fortes e necessárias, independentemente da

Capítulo 4 \\ Tendências mundiais e seus casos de sucesso


70 71
plataforma que você escolha. A tecnologia tem que ser usada
cada vez mais, neste sentido, para contribuir, aproximar e es- as redes sociais são, por
treitar as relações entre loja e consumidor. O próprio Big Data, exemplo, um canal de apoio
por exemplo, nada mais é do que análise dos dados para co- à rede principal do negócio,
nhecer melhor as pessoas, é para isso que serve a tecnologia. seja ele físico ou online. Mas
na verdade, é preciso ser
As pessoas me perguntam muito o que vai acontecer mais eficiente e dar a cada
com as lojas físicas, e-commerce, enfim, com todas essas canal a possibilidade de ser
possibilidades, pluralidade e diversidade de opções de independente comercial-
ponto de contato com o consumidor. Acredito que tudo mente, de gerir, tomar de- Os canais de
vai estar no seu devido lugar, porém com performances cisões, e principalmente,
melhores, mais atraentes e, com certeza, em novos canais. atender bem as pessoas. Não
comunicação vão
O mais recente deles, o WhatsApp, é um canal totalmente adianta ter um Facebook se tornar cada vez
informal, direto e que tem contribuído muito com as ações bacana, por exemplo, mas
comerciais pontuais, como primeiro contato e também quando um cliente faz uma
mais pontos de
para facilitar o acesso a informações de produtos e servi- pergunta, você agradece por contato reais com
ços. É um bom exemplo do inesperado que se torna essen- ele estar ali e pede para ligar
cial. Não é preciso dizer como o aplicativo já faz parte da no 0800. É um erro colocar
os clientes
vida de todos nós. Os canais precisam ser trabalhados com um terceiro (não competen-
excelência e profissionalismo, esta é a grande descoberta. te) para tratar diretamente
com seu cliente e cuidar de
Ainda falando em tendências, os canais de comunicação um ponto comercial da sua
vão se tornar cada vez mais pontos de contato reais com os empresa. Isso é desvio de
clientes. Certamente que esses canais se tornarão mais um função dos canais e precisa
ponto de venda (alguns já são) direto, haverá uma evolução ser controlado com compe-
para atender as pessoas nessas plataformas de contato. Hoje tência e preparação.

Capítulo 4 \\ Tendências mundiais e seus casos de sucesso


72 73
C A P Í T U L O 5

Atendimento O
bom atendimento nada tem a ver com sorriso. É bom
que o vendedor sorria, demonstre simpatia para rece-
ber o seu cliente. Mas atendimento é estar presente para
atender as pessoas na hora que elas precisam, resolvendo os
seus problemas.

Para resolver as demandas do cliente, o vendedor precisa


conhecer muito bem o seu produto e saber ouvir os questiona-
mentos, opiniões do seu cliente. Desse feedback, podem surgir
novas oportunidades. O vendedor pode identificar alguma pre-
ferência e oferecer algo que o consumidor nem estava pensando
naquele momento, mas pode ser conquistado a comprar.

O atendimento pode ter peculiaridades de acordo com


o tipo de produto ou o objetivo do serviço, como:

• Atencioso, repetitivo: Alguns produtos e serviços


precisam de uma oferta insistente para que o consumidor
encontre a melhor opção e decida efetuar a compra. É o
caso do corretor de imóveis.

• Consultivo: O consultor ouve as necessidades do


cliente e as valoriza. Não faz pressão. É extremamente pa-
ciente, espera e faz uma abordagem honesta.

• Conveniência: Produtos em qualquer lugar e diversi-


dade de produtos.

• Atendimento rápido ou por conveniência: A veloci-


dade é fundamental. Se a entrega do produto não for feita
de forma rápida, o cliente ficará frustrado com a quebra da
promessa do serviço.

75
Frase para levar
pra vida! Compre
esta camisa na
www.lojadofred.com loja do Fred.
Além do bom atendimento inicial, é importante manter Pensando em excelência no atendimento, cito o case da
um bom relacionamento com o cliente, visando a fideliza- Zappos, afinal a empresa pode ensinar, e muito, os brasi-
ção. Cuide do seu pós-venda. Ligue para o cliente para saber leiros a atenderem bem. Para começar, a empresa valoriza
se o produto/serviço foi satisfatório, pergunte sobre o que seus funcionários a tal ponto que os coloca em primeiro
pode ser melhorado e coloque-se à disposição. Esse tipo de lugar ao invés dos próprios consumidores. Loucura? Não!
atitude pode ser feita de forma rápida e deixa uma ótima Sabedoria que gera engajamento e eficiência.
impressão, pois demonstra atenção e comprometimento
com o consumidor. Depois de conquistar seus próprios colaboradores, o pró-
ximo passo é conquistar os consumidores. A varejista online,
ligada à Amazon, os ouve sem tempo limite para terminar a
conversa, resolve problemas que nada têm a ver com o seu
negócio e até oferece produtos de presente. O princípio da
Zappos é criar um contato pessoal e emocional com os clien-
tes. Para isso, os atendentes são orientados a aprofundar o
diálogo com quem liga para a sua central de relacionamento,
assim é possível conhecer melhor seus clientes. É uma prá-
tica comum da empresa usar informações identificadas em
atendimentos, para enviar flores aos clientes que estão pres-
tes a se casar, ou presentes para aqueles que vão ter um bebê,
por exemplo. O objetivo é que a conversa flua naturalmente
e mesmo com toda essa liberdade, a média de duração das
chamadas fica entre 7 e 9 minutos. Para alguns, o tempo gas-
to na chamada pode parecer desperdiçado, mas significa, na
verdade, uma conquista para a empresa. O consumidor bem
atendido provavelmente irá comprar com frequência por-
que sabe que ali, além do produto que ele busca, encontrará
assistência e outros atrativos que geralmente não são ofere-
cidos no mercado. Outra forma de garantir que as pessoas
rei.
eo cliente são tratados como continuem comprando na Zappos é reembolsar aquelas que
Na Zappos, o funcionário
tiveram algum problema. Quando uma mercadoria precisa de
troca, a varejista envia uma nova para o cliente no dia seguin-
te à reclamação, antes mesmo que o item devolvido tenha re-
tornado à empresa.

Capítulo 5 \\ Atendimento
78 79
No caso de produtos com defeito ou que não chegam até a
casa do consumidor, a política é não só estornar o valor gasto
no cartão de crédito, como mandar outro produto para ele.
Nesse caso, a compra acaba saindo de graça.

Só para se ter uma ideia, a central de relacionamento da


Zappos recebe, em média, 6.500 ligações e três mil contatos
$
via chat ou e-mail todos os dias. Nos horários de pico, os
números sobem para 8.500 e quatro mil, respectivamente.
A porcentagem de reclamações dentro desse universo é tão
pequena, segundo a própria empresa, que nem é medida. O
fato é que eles encontraram meios criativos para resolver
cada situação, então transformam uma experiência ruim em
um momento incrível para o consumidor. O presidente da
varejista, Tony Hsieh, chama as pessoas para irem até a casa
dele. Em datas como o 4 de julho, em que é comemorada a
independência dos Estados Unidos, ele estende esse convite
a todos os empregados que, ao todo, são mais de 1.500. Esse

Consumidores contato fora do escritório faz com que todos fiquem incli-
nados a colaborar mais, uns com os outros, no trabalho. E
a equipe, claro, precisa estar motivada e alinhada para pro-

X porcionar esses resultados. Para os atendentes, em especial,


a empresa oferece um programa de reconhecimento. Eles

Preços são levados para almoçar e jantar fora, recebem cartões-pre-


sentes e tempo livre pago. A empresa, inteligentemente, en-
tende que precisa capacitar e estimular seus colaboradores
para que eles se sintam parte da empresa, como de fato são,
Dos consumidores preferem aliás, parte fundamental.

60%
um bom atendimento em
relação aos preços. Não
aceitam ser mal atendidos.

Fonte: NEWVOICE
81
PIZZA

Após conhecer o case da Zappos,


Agilidade no reflita sobre como você cuida
dos seus colaboradores, os
Atendimento responsáveis pelo atendimento
da sua empresa. Funcionários
dos brasileiros consideram
motivados trabalham melhor e,

41% consequentemente, o negócio


a agilidade o fator mais
importante para um
atendimento satisfatório. alcança melhores resultados.

Capítulo
Fonte: R:5 \\ Atendimento
Harvard Business Review e Microsoft.
82 83
C A P Í T U L O 6

O varejo está, cada vez mais,


colorindo a vitrine com promessas
para atraírem os clientes até a loja.
Porém, o que acontece muitas
vezes, é que a promessa não é
entregue e isso é uma grande

Faça
frustração para o consumidor.
Sugiro fazer o básico bem
feito, cumprir o que promete e
surpreender o cliente. Quando

o básico
falo do básico, quero falar sobre as
coisas mínimas que o seu negócio
precisa ter e fazer para atender o
cliente da forma como ele espera.

Bem feito Você já parou para avaliar qual


impressão o cliente tem da sua
loja e do atendimento? Qual o
propósito do seu negócio? Será
que ele está sendo entregue da
melhor forma? Você e a sua equipe
estão fazendo o básico bem feito?

85
Para começar, a vitrine está organizada e atrativa?
Quando o cliente entra na loja, ele é atendido por um
vendedor prestativo que tem conhecimento do produto e
interesse em ajudá-lo? A loja está limpa, os preços estão
bem sinalizados ou possui adesivos rasgados? O mix de
produtos está atendendo as demandas do consumidor ou
as gôndolas estão lotadas de produtos sem saída e os mais
procurados estão em falta? Você valoriza a sua equipe e a
motiva para que ela faça o seu trabalho sempre da melhor
forma possível?

Fique na loja e foque nos detalhes que talvez a sua rotina


não tenha deixado perceber. Assista como seu cliente está
sendo atendido e se coloque no lugar dele. A partir disso,
dentro das suas possibilidades reais, reúna a sua equipe e
iada.
de imediato, se achar necessário, comece a reescrever uma forma criativa e diferenc
nova forma de fazer varejo, pensando sempre no seu clien- Organize sua loja de
te e no futuro do seu negócio.

Falando assim, parece que estou falando de coisas que


Além de ter consciência da importância desse básico
você já está cansado de saber que devem ser feitas? Mas te-
bem feito, é importante ter disciplina para que ele se torne
nha certeza que mesmo parecendo simples e básico, mui-
uma rotina no dia a dia da loja. Depois que o seu negócio
tas empresas ainda têm dificuldade de fazer este dever de
consegue ter um processo consolidado e efetivo que entre-
casa, que é o pilar para o crescimento de qualquer negócio.
ga o que promete ao cliente, pode começar a pensar em ex-
pandir o negócio, e daí, partir para o próximo passo: fazer
diferente, entregar soluções de forma inovadora.

Capítulo 6 \\ Faça o básico bem feito


86 87
Limpeza:
Mantenha a loja limpa para mostrar o
seu cuidado e deixar o cliente mais
confortável no ambiente para compra.
Equipe
treinada:
Os colaboradores precisam
conhecer muito bem o
produto e serviço oferecido
para esclarecer todas as

Organização: dúvidas do cliente e oferecer


o melhor atendimento.

Produtos organizados são


mais visíveis aos olhos do Básico Com o treinamento, o
vendedor consegue identificar
o perfil do cliente, as suas

bem
cliente e, assim, ele pode
comprar mais. necessidades e até
surpreendê-lo.

feito
Produtos Disciplina:
que vendem: Faça uum calendário
promocional, cumpra todos os
promo
prazos com disciplina. O
Faça uma curadoria constante dos produtos mais treinamento dos funcionários
procurados pelos clientes. Tenha em sua loja o que deve ser feito toda semana, não
o cliente quer comprar e, não, o que a indústria adie. Com foco e disciplina, o
quer lhe vender. Comprando os produtos certos, seu negócio irá prosperar.
você não fica com encalhe e o lucro é garantido.
Capítulo 6 \\ Faça o básico bem feito
88 89
C A P Í T U L O 7

No capítulo anterior, apresentei


o básico bem feito. Se você
já conseguiu passar por esta
etapa, está na hora de inovar.

Inovação é algo novo, pioneiro.


A grande maioria das pessoas

Inovação
ainda associa a palavra somente
à tecnologia, mas isso é um
equívoco. Para que uma ideia
Conveniência e melhoria para seja inovadora e bem sucedida,
a vida das pessoas
não precisa necessariamente
estar atrelada a grandes
investimentos e tecnologia de
ponta, muito pelo contrário.

91
Observe que ideias simples, geralmente, são bem aceitas de forma clara e objetiva, aonde você pretende chegar com
pelo mercado. Os clientes valorizam cada vez mais produtos sua ideia/projeto. A partir do momento que você conhece
e processos originais. Veja que dentre as várias possibilida- suas limitações, possibilidades, falhas e pontos positivos,
des de inovar, podemos relacionar aspectos que fazem toda você será capaz de propor mudanças com mais segurança,
diferença como, por exemplo, adequação a novos mercados, além de estar muito mais propenso a ser bem sucedido por
novos modelos de negócio, novos processos e métodos orga- conhecer, de fato, a realidade que você pretende mudar.
nizacionais e, até mesmo, novas fontes de suprimentos.
Pense nisso, não espere ter dinheiro sobrando ou uma
É preciso ter claro que inovação nada mais é do que qual- ideia sensacional, comece a inovar com ideias simples e
quer ação que cause um impacto significativo na estrutura práticas. Quando perceber, o processo de inovação já fará
da empresa/negócio. Um produto que já está no mercado parte de sua rotina.
pode passar por um processo de inovação e gerar novos Ah, e uma dica muito importante, se você tem uma ideia
valores e percepção da marca/produto. O primeiro passo é inusitada, não conte a ninguém, mas crie o produto ou o ser-
entender que para inovar nem sempre é necessário ter uma
ideia revolucionária, mesmo porque isso não acontece com
facilidade, e muito menos, a todo momento.
“Se eu perguntasse a
Um modelo de negócio também pode ser inovador. meus compradores
Quando uma empresa trabalha sua imagem atrelada a uma
o que eles queriam,
ideologia, serviços e produtos são valorizados e até imitados
no mercado. É preciso investir em originalidade. Boas ideias
teriam dito que era
são aquelas que solucionam problemas, mudam conceitos e um cavalo mais
até “criam” necessidade de consumo nos clientes. rápido”.

Bom, você empresário pode me perguntar, mas afinal


por que é importante inovar? E a resposta é simples. Além Henry Ford
de gerar vantagens competitivas a médio e longo prazo, a
inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos/
serviços de uma empresa e diferenciá-los no mercado que
viço da forma que você pensou. Uma célebre frase do Hen-
é altamente competitivo.
ry Ford, fundador da marca de automóveis Ford, diz: “Se eu
perguntasse a meus compradores o que eles queriam, teriam
Uma dica para quem deseja inovar: olhe para dentro!
dito que era um cavalo mais rápido”. Isso porque, na época,
Analise seu negócio (se ele já existe) ou tenha em mente,

Capítulo 7 \\ Inovação
92 93
as pessoas nem imaginavam a existência de um carro, a reali- nas ferramentas tecnológicas são inovadoras, ledo enga-
dade delas era o transporte feito por animais. no. Uma boa forma de alcançar a inovação é observando
segmentos diferentes ao da sua atividade. Algo que já é
Outro grande inventor do nosso tempo, o Steve Jobs, foi comum em um segmento pode se tornar em uma grande
chamado de louco várias vezes. O criador da Apple revo- inovação se usado em outro ramo, como foi a ideia do em-
lucionou a tecnologia porque conhecia muito bem o con- presário paulista Tom Ricetti, criador do conceito pioneiro
sumidor e conseguiu criar soluções inovadoras para as ne- de padaria drive-thru.
cessidades das pessoas, e até, criar novas. Jobs não fez uma
pesquisa se as pessoas queriam um iPad, mas entendeu que A “Pão to Go” é uma rede de sucesso, que já dá os primei-
existia um nicho de mercado que precisava de uma tela ros passos rumo à internacionalização da marca e não para
maior do que as dos smartphones. Tem uma citação dele
que vale a reflexão: “Aqui estão os loucos, os desajustados,
os rebeldes, os encrenqueiros, os círculos encaixados no
espaço do quadrado… Os que veem as coisas de um modo
diferente – eles não gostam de regras e eles não têm res-
peito pelo status quo… Você pode citá-los, discordar deles,
glorificá-los ou difamá-los, mas a única coisa que você não
pode fazer é ignorá-los porque eles podem mudar as coi-
sas… Eles empurram a raça humana para frente e enquanto
alguns os enxergam como loucos, nós enxergamos gênios,
porque as pessoas que são loucas o suficiente para pensar
que podem mudar o mundo, são as que mudam" (Texto da
campanha publicitária da Apple “Think different” (“pense
diferente”), de 1997)

Pesquise sobre o seu consumidor, entenda as suas ne-


cessidades, estude e apresente soluções inovadoras.

Inovação na prática
Empresas que levam a inovação em seu DNA apresen-
tam um grande diferencial. Se você está pensando que
apenas as grandes empresas que têm condições de investir
Inovação ao vender pão em um drive-thru.

Capítulo 7 \\ Inovação
94 95
de inovar. A ideia surgiu da necessidade do empresário quan- nova característica de comércio, na qual a maior preocupa-
do estava no carro com o cachorro e com o filho pequeno e ção é atender efetivamente e não pensar única e exclusiva-
precisava comprar pão. Aí ele pensou como seria mais fácil mente no lucro ou no número de negócios fechados, como
se tivesse um drive-thru que o possibilitasse de comprar de infelizmente algumas empresas ainda fazem. A inovação foi
forma rápida e sem sair do carro. Em agosto de 2013, Ricetti criar um sistema em que enviam para a casa do cliente, cinco
colocou no mercado a “Pão To Go”. A primeira padaria foi modelos de óculos para que possa experimentá-los por cinco
instalada em São Carlos, interior paulista. Em pouco tempo dias. Caso não goste de algum ou nenhum, basta devolver. A
foram comercializadas mais de 100 unidades e a rede só cres- preocupação da empresa é em atender com excelência, ofere-
ce em todo o país. Entre chegar no caixa, pagar e retirar o cer uma experiência agradável de compra e solucionar o pro-
produto, a espera do cliente é de 45 a 50 segundos. blema. Além disso, a cada óculos vendido eles doam um igual
para quem precisa e não tem condição de comprar. Segundo
O empresário adotou algo que já era comum na rede de a FastCompany, em cinco anos, a empresa já tinha faturado
fast-foods para o segmento de padaria e desenvolveu uma mais de US$ 100 milhões e o feito foi conquistado com a sim-
nova cultura em que o cliente pode fazer a sua compra em plificação da linha de produtos (vender apenas óculos) e um
alguns segundos, sem enfrentar fila e continuar no confor- grande foco dos fundadores em marca e execução.
to do seu carro, ouvindo a sua música e com o ar-condicio-
nado ligado. Isso é inovação!

Outro case que gosto muito de falar quando o assunto


é inovação é da empresa Warby Parker. A empresa já foi
eleita por dois anos consecutivos, em 2014 e 2015, pela
Warby Parker inova ao
revista FastCompany, como a varejista mais inovadora do enviar um kit de óculos
para o cliente escolher
mundo, deixando para trás empresas como a Apple, Goo- em casa.
gle e o Alibaba, referências no mercado de inovação em
todo o mundo.

A Warby Parker é uma ótica que nasceu em 2010, com


investimento inicial baixo, para vender óculos pela internet,
sem uma loja física. Eles começaram com um propósito mui-
to bem definido: atender os consumidores por meio de uma

Capítulo 7 \\ Inovação
96 97
A Warby Parker é uma
representação clara das novas Se uma loja
características de consumo
do novo consumidor. E são
experiências como esta que DE ÓCULOS É
vão “ensinar” os consumidores
a buscar cada vez mais por considerada uma das empresas
empresas assim, porque elas
passam a ser referências para
todas que estão em um nível
abaixo ou que não fazem como
mais inovadoras
ela. Assim, estarão abaixo da
classificação da percepção
dos consumidores que estarão
do mundo,

POR QUE
pautados e acostumados com
essas referências e passarão
a não aceitar nada menos do
que a experiência positiva

A SUA NÃO PODE SER?


que já experimentaram. Essas
empresas vão puxar o nível de
excelência do atendimento
mundial ao consumidor.
PENSE NISSO!

Capítulo 7 \\ Inovação
98 99
FAZER
e facil
Ter

FRED ROCHA
Chega de ideias sem
atitudes! Faça! Leve
esta frase para o seu
dia a dia.Compre a
Capítulo 7 \\ Inovação www.lojadofred.com camisa na loja do Fred.
100 101
C A P Í T U L O 8

Pense V
ocê decide montar uma loja e opta por abrir um negó-
cio pequeno, no seu bairro mesmo. Cria uma página
no Facebook e uma conta no Instagram, até aí tudo
certo, mas a pergunta que você precisa se fazer é: como

GL BAL
você se enxerga? Você vê apenas uma empresa pequena
com espaço físico e atuação limitada ou você consegue
vislumbrar a infinidade de ações e possibilidades que seu
negócio pode desenvolver no bairro e fora dele?

e aja
Todas as empresas fundadas por pessoas comuns que
não fazem parte de grandes grupos devem nascer peque-
nas mesmo, não existe receita milagrosa. Existem ainda

LOCAL
aquelas que até nascem grandes fisicamente, mas mental-
mente são pequenas, limitadas e receosas.

O fato é que para ser global, independentemente do seu


tamanho ou localização geográfica, a empresa precisa ter
uma marca bem definida, um propósito delineado que per-
meie toda e qualquer decisão do negócio. Assim é possível
conquistar e atender pessoas no mundo inteiro. Mas lem-


bre-se que para conquistar o mundo, primeiro você precisa
conquistar seus vizinhos, ampliar sua rede de atendimento
no seu bairro, depois na sua cidade e assim por diante.
Um grande exemplo de
comércio local é a Mercea-
ria Paraopeba, localizada em
Itabirito (MG), cidade locali-
zada a pouco mais de 50 km
de Belo Horizonte, capital
mineira. Lá a moeda de troca
não é só o real, alguns mora-
dores levam o que plantam
em seus sítios e trocam por
Para conquistar o outros produtos. Lembra
mundo, primeiro do escambo que acontecia
no início do comércio? Pois
você precisa é, lá isso acontece até hoje.
conquistar seus Também vendem fiado,
anotando em um caderno
vizinhos, ampliar que já passou pelas mãos de
sua rede de diferentes gerações dos pro-
prietários. O mix de produ-
atendimento no tos é super diversificado e Roney, chamado por Roninho, ou o vendedor Josimar, mais
Mercearia
Paraopeba

seu bairro, depois inusitado. Impossível contar conhecido por Nem, que trabalha por lá há mais de 20 anos.
tudo o que você encontra Eles sempre têm um sorriso no rosto e um docinho para ofe-
na sua cidade e por lá. Tem sabão de cinza recer ao cliente. O mercado é parada obrigatória para quem
assim por diante. enrolado na palha de bana- passa pela cidade.
neira, penico, lampião a gás
ou de led, batata, ovos, bana- Uma empresa hoje, seja do porte que for, não precisa e
na, cachaça, vinho, ferro de nem deve se limitar e se ater em detalhes como localização e
passar à brasa, pião de corda, atuação. As barreiras geográficas e físicas já caíram faz tempo
bolinha de gude, farinha de e, quando você se dá conta disso, descobre que pode desen-
milho, queijo, bolo, roscas e volver ações que antes seriam impossíveis.
muito mais. O cliente é sem-
pre atendido de forma muito No atual cenário, uma empresa precisa ser diferenciada e
simpática pelo proprietário fugir dos rótulos de consumo de quem simplesmente mora

Capítulo 8 \\ Pense global e aja local


104 105
perto ou trabalha e compra
ali, por pura conveniência
e comodidade. Estimule as
pessoas a irem até você, ofe-
Estimule as reça serviços e diferenciais
pessoas a irem que as façam lembrar da sua
loja na hora da compra. Só
até você, ofereça assim, você verá pessoas di-
serviços e ferentes comprando em seu
negócio, clientes que auto-
diferenciais que maticamente passarão a re-
as façam lembrar comendar seus serviços ou
produtos por algum motivo
da sua loja na e não porque você é mais
Cuidado com o
mix muito amplo
de produtos.
hora da compra. uma loja no meio de tantas.
da e que seus serviços e produtos agreguem valor perante os
A dúvida pode
atrapalhar
o cliente na
consumidores. Quando alguém se desloca e opta por andar escolha.
Desenvolver uma comu-
um pouco mais para ir a uma loja específica, isso significa que
nicação eficiente, uma facha-
este cliente compreende que ali ele encontrará o que procura
da bonita, um ambiente atra-
e mais um pouco, porque se identifica com a marca e acredita
tivo e agradável, tudo isso
nela e em tudo que ela pode oferecer.
contribui efetivamente para
que sua marca seja lembra-
Sem dúvida, agir de forma diferente e se destacar por al-
gum motivo específico é um grande diferencial que contribui
efetivamente para a empresa crescer. Vou dar um exemplo:
sou natural de Montes Claros (cidade que amo), localizada
no norte de Minas Gerais. Sempre que eu chego lá, a primei-
ra coisa que faço é dar uma volta e visitar alguns comércios,

Capítulo 8 \\ Pense global e aja local


106 107
principalmente aqueles que as características técnicas, a arquitetura e até mesmo a dispo-
eu cresci comprando e ven- sição dos produtos expostos, são todas absolutamente iguais.
Agir de forma do meus pais comprarem. Dá impressão de que o representante comercial que fornece
diferente e se Pra mim, um setor que pensa os produtos, passa de loja em loja entregando o mesmo pedi-
local, não pensa no consumi- do para todo mundo. Usei este exemplo para mostrar que a
destacar por dor e, muito menos, age com gente enquanto varejista, precisa se preocupar com os consu-
algum motivo ideias e ações globais para midores. É preciso gastar um pouco mais de tempo para es-
crescer, é o de sapataria da colher produtos diferentes que seus concorrentes não ofere-
específico é cidade. Desculpem-me aque- çam, é preciso pensar nos clientes na hora de comprar. Neste
um grande les que têm lojas neste setor setor, por exemplo, é possível desenvolver seus próprios pro-
e estão lendo este livro, mas dutos e oferecer linhas exclusivas, até mesmo, personaliza-
diferencial esta constatação veio após das. Hoje em dia, você manda seus produtos com sua marca
que contribui muita análise e observação. para Franca, em São Paulo, por exemplo, e eles fazem todo o
Nunca vi um lugar que tem processo, colocam até a caixa ou embalagem da sua maneira
efetivamente tanta sapataria por metro e mandam para sua empresa para vender. Assim você conse-
para a empresa quadrado, algumas ruas que gue ter um mix diferenciado e fortalecer sua marca própria.
chegam a ter três, quatro, Mas para isso é preciso vencer o comodismo e sair da rotina,
crescer. uma ao lado da outra. Mas o deixar de lado o “caminho mais fácil” e explorar novos cami-
mix de produtos dessas lojas, nhos e possibilidades. Só depende de você e sua atitude.

Capítulo 8 \\ Pense global e aja local


108 109
A única certeza que você precisa ter quando decidir
montar um negócio é que tem que ser algo que você goste
muito. Tem que ter paixão, vontade de acordar cedo, satis-
fação ao fazer bem feito o que você se propôs a fazer. Tudo
isso por um motivo bem simples, seu negócio irá te consu-
mir muito. Infelizmente, vivemos num país onde é preciso

Para funcionar
fazer um esforço além do normal para se conseguir manter
no mercado. Se você está lendo este livro, com certeza já
sabe das dificuldades de montar um negócio no Brasil. En-
tão, a importância de viver intensamente este momento é
crucial para alavancar, principalmente, o sucesso inicial.

tem que amar!


Tem uma frase que eu gosto muito do meu amigo Fred Ale-
crim que diz o seguinte: “ou eu gosto demais do que eu
faço ou precisa existir uma causa maior por trás de todo
esforço e dedicação”. Não dá pra empreender trabalhando
apenas oito horas por dia, mesmo porque como já foi dito,

Viva intensamente
os consumidores estão disponíveis 24 horas por dia. É
fundamental ter amor pelo que você faz, é preciso se doar
mesmo, trabalhar com afinco e determinação para alcan-
çar seus objetivos. Não se assuste com as dificuldades e os

Esse novo momento!


“nãos” que você receberá no caminho e se sua jornada du-
rar praticamente 24 horas de dedicação. Tudo isso deverá
servir como motivação e te dará forças para prosseguir e
se tornar cada vez mais forte e experiente.

Capítulo 8 \\ Pense global e aja local


110 111
C A P Í T U L O 9

(Função recorrente, redesenhada)

O
conceito de empreendedorismo foi utilizado inicial-
mente pelo economista Joseph Schumpeter, em 1942.
No livro, “Capitalismo, socialismo e democracia”, Jo-
seph associa o empreendedor ao desenvolvimento econômi-
co. Segundo ele, o sistema capitalista tem como característica
inerente, uma força que ele denomina de processo de des-
truição criativa, fundamentando-se no princípio que reside
no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de
produção e novos mercados; em síntese, trata-se de destruir
o velho para se criar o novo. Pela definição de Schumpeter,
o agente básico desse processo de destruição criativa está na
figura do que ele denominou de empreendedor.

Um empreendedor é um indivíduo que não espera as


coisas acontecerem, é uma pessoa proativa, ou seja, faz com
que elas aconteçam. É ter a capacidade de identificar um
problema em determinado segmento e apresentar a solução
por meio de novos produtos ou serviços. Empreendedor é
aquela pessoa que diante das dificuldades e crises, sempre
encontra uma maneira de superar os obstáculos e desen-

O volver um negócio que seja necessário e útil para os outros.

E o ato de empreender, diferente do que a grande maioria

Empreendedor
acredita, não se restringe apenas aos donos de negócios. In-
dependente de onde você trabalhe, é possível empreender,
colocar boas ideias em funcionamento para resolver proble-
mas, ou até mesmo, para propor melhorias em um setor ou
estabelecimento. Por exemplo, um funcionário público que
vá além das suas obrigações para entregar um serviço de qua-
lidade pode ser considerado um empreendedor. Assim como

113
um professor de matemá-
tica quando identifica que
seus alunos têm dificulda- cliente, muda a todo tempo
de em passar em concurso e com uma velocidade avas-
público e cria um curso de saladora que qualquer em-
Empreendedor “matemática prática aplica- presa (de qualquer setor)
da para concursos.” não pode se dar ao luxo de
é aquela pessoa ficar estagnada, parada no
que diante das As pessoas precisam en- tempo. É preciso se rein-
tender um pouco melhor ventar o tempo todo.
dificuldades e o que realmente significa
crises, sempre empreender. Antes (alguns Mais do que isso, é pre-
É preciso
encontra uma ainda praticam hoje), tinha ciso entender com clareza empreender
-se a ideia que empreender que dentro do processo de
maneira de é necessário até montar um negócio você nunca po-
sempre, a todo
superar os o negócio, colocá-lo para derá ter apenas uma rotina o momento e
funcionar e que depois é só administrativa. Pelo contrá-
obstáculos e administrar. Na prática não rio, é preciso sair da rotina e
em diferentes
desenvolver um funciona assim, é preciso de trás da mesa para enxer- etapas e estágios
empreender sempre, a todo gar a empresa com outros
negócio que seja o momento e em diferentes olhos e buscar novas formas
que o negócio se
necessário e útil etapas e estágios que o ne- de empreender. Se você fica encontra.
gócio se encontra. estacionado, por mais de
para os outros. dois anos, com certeza irá
Acredito que empreen- se deparar com mudanças
der e administrar são fun- tão drásticas que o esforço
ções que precisam estar que terá de fazer para tentar
lado a lado, até porque não acompanhar será enorme. E
existe a opção “empreen- pode ser que, neste momen-
di e vou parar por aqui”. A to, você não consiga mais
mudança do mercado, da administrar a situação.
forma de consumir e dos
canais de contato com o

Capítulo 9 \\ O Empreendedor
114 115
O que eu sugiro é que de-
pois de abrir seu negócio, tire
uma manhã a cada 15 dias para
sair da rotina administrativa
da empresa. Converse com É preciso sair
as pessoas, com os consumi-
dores, dê uma volta e analise
da rotina e de
seus concorrentes, pesquise, trás da mesa
busque novidades e tendên-
cias para seu setor. Trabalhe
para enxergar
ideias diferentes, busque no- a empresa com
vos caminhos e permita-se
explorá-los, teste, inove. Tem
outros olhos e
uma frase célebre que diz que buscar novas
“quem trabalha muito não
tem tempo para ganhar di-
formas de
nheiro”. Não adianta só abrir empreender.
a loja todo dia às 7 da manhã

Técnica:
e fechar às 19 horas. Se você
não parar para rever, para es-

pense fora
tudar e para entender, não te-
nha dúvida que a rotina irá te
levar por um caminho perigoso do comodismo, que geralmente
não termina bem. Costumo dizer aos amigos, e como consultor,
que quando se chega ao sucesso no início é porque o dono esta-

da loja
va ali presente, física e mentalmente. É fundamental estar perto,
descer para o chão de loja, conversar com as pessoas. Depois
que você sobe para seu escritório e só sai para ir embora, aí fica
difícil. As mudanças acontecem de maneira constante e rápida,
que todo seu repertório, tudo que você vivenciou se perderá em
pouco tempo. Se você não se reciclar constantemente e se rea-
dequar ao mercado você será seu maior inimigo, inclusive, mais
poderoso que qualquer crise.

117
Se você não
se reciclar
constantemente Avançar
e se readequar Sempre
ao mercado, você
será seu maior
inimigo, inclusive,
mais poderoso que
qualquer crise.
Recado para
estampar por aí
e não esquecer.
Compre a camisa
www.lojadofred.com
na loja do Fred.
A nossa empresa é um barquinho. Neste cenário, os nossos
Em um cenário sem crise, a barquinhos (empresas) precisam
água é calma e o barquinho cada vez mais de motores
navega tranquilamente, sem potentes que só serão eficientes
problemas. Porém, na realidade se readequarmos o negócio
o rio é composto por crises, ao mercado, o tempo inteiro.
juros, concorrentes globais, Caso contrário, o motor para de
consumidores exigentes que funcionar e o barquinho será
deixam a correnteza cada vez mais levado pela correnteza.
forte, o que dificulta a viagem.

Capítulo 9 \\ O Empreendedor
122 123
G e n t e

D F3R nt
e &
Não tenha medo de ser
ou fazer diferente.
Inspire-se com as
camisas da loja do
Capítulo 9 \\ O Empreendedor www.lojadofred.com Fred.
124 125
-
C A P Í T U L O 1 0

Capítulo

Fundamental
Por que montar um negócio?
Eu costumo acreditar mais em negócios que nascem
como um hobby. Por exemplo, eu particularmente já gos-
- to de cozinhar, faço da minha cozinha um lugar especial
(onde adoro passar parte dos meus dias preparando pratos
quando a correria do dia a dia me permite). Eu enxergo
nesta prática um momento de descontração, me divirto e
sinto prazer em estar ali. Tem pessoas que fazem artesana-
to em casa porque realmente gostam, outros apreciam com
veemência uma boa cerveja e se arriscam a tentar fabricar
cerveja artesanal ou criar uma nova receita da bebida, en-
fim, casos assim têm muitas chances de dar certo pelo sim-
ples fato do sucesso não ser uma obrigação ou o dinheiro
o único fim. Sem contar que este pré-empreendedor já
tem características naturais para montar um negócio den-
tro das suas expectativas e geralmente para externar uma
paixão que simplesmente faz o seu dia ser melhor. Obser-
ve que geralmente esses negócios nascem naturalmente.
Você faz um brinco para uso pessoal ou um colar, aí sua
prima vê você usando, gosta e encomenda um. Assim co-
meça, em qualquer setor. Quando o pré-empreendedor se
dá conta já está revendendo seus produtos cada vez mais.

Mas se você não tem essas características bem definidas


e ainda não encontrou sua verdadeira vocação e paixão, por
onde começar? Primeiro, antes de qualquer coisa é preciso
definir um propósito. Lembre-se o foco não deve ser único

Capítulo 10 \\ Por que montar um negócio?


126 127
e exclusivamente em montar algo para ganhar dinheiro, mas
sim para atender as pessoas, suas necessidades e expectati-
vas. Suponhamos que você tenha decidido montar um negó-
cio, independentemente da sua característica, seja uma loja
nao monte um
de bairro, no shopping ou na internet. É preciso analisar se já
tem um empreendimento com as mesmas características que
o seu e, mais do que isso, se realmente existe demanda para
seus produtos e serviços onde você pretende atuar.
neGócio apenas para
É um erro comum, porém extremamente perigoso, as
pessoas se empolgarem com suas ideias e nem mesmo se
Ganhar dinheiro.
questionarem sobre o negócio ser viável ou não. Mas quem
foi que disse que sua ideia é boa? Não se deixe levar por Crie um negócio para
momentos de euforia, pense, pesquise antes de tomar deci-

AJUDAR PESSOAS.
sões. Por mais que talvez possa parecer óbvio o que estou
dizendo é surpreendente o número de lojas que fecham em
pouco tempo por não terem feito um planejamento ou, no
mínimo, uma simples pesquisa. Às vezes, a vontade de fazer
e de dar vida a um sonho extrapola os limites do pensamen-
to racional e consistente, por isso não tome decisões repen-
tinas e muito menos infundadas. Caso o faça, você poderá Lembre-se que
se surpreender com a quantidade de pessoas que já tiveram
a mesma ideia que você, ou pelo menos parecida com a sua,

Dinheiro é
mas aí poderá ser tarde demais. Depois de fazer investimen-
tos e trabalhar numa ideia é muito difícil se recuperar ime-
diatamente de perdas financeiras e de autoestima.

Para evitar erros desnecessários e desgaste, questione-


se. As pessoas realmente estão precisando adquirir este
produto? Existe a carência de oferta dele na sua cidade,
Consequencia
bairro ou região que pretende atuar? Caso você constate
que sim, tenha a convicção de que tem como oferecer di-
(mas tem que ganhar, hein?!)
ferenciais, que pensa ou age diferente.

Capítulo 10 \\ Por que montar um negócio?


128 129
Você precisa ter tudo isso muito claro e definido. A Realmente acredito que sim
pesquisa constante será sua maior aliada, entenda o novo
consumidor, suas características e o que ele está buscando. pelo fato de que quem se propôs
a fazer isso estaria resolvendo
Suponhamos que você seja um empreendedor e esteja
pronto para dar vida ao seu negócio; após verificar a de- o problema dos outros. Tem
manda dos produtos ou serviços que serão oferecidos, ve- muita gente que vai comer em
rifique quem oferece e como os concorrentes o fazem. Às
vezes, é importante observar inclusive os erros que os ou-
um shopping, por exemplo. Mas
tros estão cometendo para que você possa fazer diferente existe um público enorme que
e oferecer o que realmente os consumidores esperam en- utiliza este espaço para fazer
contrar. O foco deve ser o consumidor. Só é possível ino-
var na maneira de montar negócios quando a gente presta compras e resolver problemas,
atenção na nova rotina dos consumidores. sem falar dos que trabalham no
Já pensou em montar uma padaria em um shopping, local e com certeza iriam usufruir
por exemplo? Estranho? Não. Eu já vi e embora suas carac- da alternativa.
terísticas lembrem muito mais uma cafeteria do que uma
padaria, propriamente dita, é preciso convir que a ideia,
apesar de diferente, é boa. Afinal, os consumidores não Quando você pensa no
buscam conveniência? Praticidade? Por que não aproveitar consumidor antes de
que está no shopping e já comprar pão ou outro produto
típico do setor? Onde é que está escrito que uma padaria empreender, não corre o risco
só deve ser montada em ruas? Aí vêm algumas questões: de montar um negócio porque
em um shopping qual seria o melhor lugar para montar
uma padaria? No primeiro, segundo, terceiro piso? E se a está na moda ou porque,
gente usasse a ideia do Pão to Go, a padaria drive-thru, na simplesmente, você acha tudo
saída do shopping? Assim, os funcionários na hora de ir
embora já poderiam passar e comprar o pão para casa. Ou
muito legal, muito bonito. Não
se a pessoa já se divertiu no shopping e lembrou que não monte nada exclusivamente
tem nada para o café do dia seguinte, teria uma solução no para você! Afinal, quem você
meio do caminho. É uma boa ideia?
quer atingir?

Capítulo 10 \\ Por que montar um negócio?


130 131
C A P Í T U L O 1 1

O poder do

Especialista O
utra dica bacana na hora
de empreender são os
negócios de nicho espe-
cíficos, chamados de “cauda
longa”. Hoje, a busca pela es-
pecialização é muito grande.
Observe que se você oferece
produtos ou serviços que le-
Focar em nichos
vam sua marca, são perso- não só atende
nalizados ou exclusivos, os
próprios consumidores agre-
a demanda
garão valor. Qualquer um de um bairro,
de nós está disposto a pagar
até mais, se for o caso, por
cidade ou região,
um serviço ou produto que mas fará com
nos atenda de forma satisfa-
tória. Quando você se torna
que os clientes
um especialista e oferece procurem você.
algo que ninguém mais tem
e que não será encontrado
em qualquer lugar, os con-
sumidores vão sair até de
outras regiões ou cidades
para comprar de você.

133
Talvez você tenha uma loja de bicicletas, até aí normal e
convencional. Mas caso você monte uma loja especializada
em bicicletas de corridas speed, será um diferencial no merca-
do. Uma loja de instrumentos musicais especializada apenas Em um artigo publicado
em instrumentos para rock ou forró. É fundamental entender na revista Wired em outubro
o poder de oferecer algo diferente, inovador, que surpreenda de 2004, o autor mencionou
A oferta de
o consumidor. Em 2014, visitei uma loja nos Estados Unidos a Amazon.com, a Apple e o produtos
especializada em produtos para viajantes de avião. A loja, Netflix como exemplos de
além de ser diferente, possui produtos realmente atrativos e empresas que aplicam esta
exclusivos e
úteis para quem viaja muito. Ou seja, focar em nichos não só estratégia, antes mesmo de diferenciados, em
atende a demanda de um bairro, cidade ou região, mas fará lançar o livro que iria popu-
com que os clientes procurem você. É importante lembrar larizar o termo cauda longa e
sintonia com as
também que esses negócios não precisam necessariamente analisar sua aplicação. necessidades e
de pontos onde haja um fluxo enorme de pessoas como em
outros negócios. Se o negócio é bem es-
expectativas dos
truturado e tem seu propó- consumidores,
Em 2006, o jornalista americano Chris Anderson divul- sito bem definido é possível
gou uma ideia simples, porém poderosa. Em seu livro “A ganhar mais, inclusive re-
é a receita
Cauda Longa”, ele previu que a internet mudaria a lógica conhecimento, atendendo mais concisa e
do consumo porque acabaria com a tradicional limitação os consumidores que bus-
de espaço em lojas que vendiam roupas, discos, perfumes, cam produtos e serviços de
eficiente para
eletrônicos, entre outros. Com espaço infinito, a soma dos nicho. A oferta de produtos se alcançar
milhares de produtos de nicho que não chegavam às prate- exclusivos e diferenciados,
leiras se transformaria num mercado tão relevante quanto em sintonia com as neces-
o sucesso do
o dos produtos de massa. Qualquer pessoa que frequentou sidades e expectativas dos negócio e a
uma escola de negócios, desde então, testemunhou o im- consumidores, é a receita
pacto do conceito na academia. Não existe mais produto de mais concisa e eficiente
satisfação de um
nicho, existe produto “cauda longa”. O fato é que Anderson para se alcançar o sucesso empreendedor.
previu também que grandes companhias teriam uma chan- do negócio e a satisfação de
ce histórica de investir em nichos e customização, e não é o um empreendedor.
que vemos com frequência nos dias de hoje?

Capítulo 11 \\ O poder do especialista


134 135
Loja de Guarda-Chuvas

Loja para bilionários


os
Loja de Pipas

Lojas para canhotos

fados
utos autogra
Loja de Mapas Loja de Prod

Loja de Cogumelos
Capítulo
CCa
appíítu
tuullloo 1111 \\\\ O ppoder
oodder
oder
er ddoo ees
especialista
spe
peci
cial
iaallis
lis
ista
ta
1136
36 1137
37
C A P Í T U L O 1 2

E
squeça a ideia de planejamento imaginando ser aquele
calhamaço de papel A4, que você deve ter aprendido

O
na faculdade ou escutado algum gestor falar. Eu, parti-
cularmente, gosto de planejamentos sucintos e eficientes.

Planejamento
Não é preciso gastar muito tempo planejando como seu
negócio será, empregue esse tempo estudando o mercado
e as características dele e do novo consumidor. Busque en-
tender como a concorrência tem agido, seja ela direta ou
não. O importante é colocar no papel para entender o que
de fato pode e deverá acontecer.

É preciso entender, antes de tudo, as razões que irão


motivar um cliente a comprar na sua loja. O que você ven-
de? Produtos que eles vão usar todos os dias? De neces-
sidades básicas, especializados, produtos especiais que
têm valor de compra agregado? Enfim, só será possível ter
certeza do que leva o consumidor à sua loja quando você
compreender suas razões.

E as razões de compra podem ser muitas: mix de produ-


tos, bom atendimento, preço, estacionamento no local, pro-
duto exclusivo, entrega em casa, pegar e levar, entre outros
tantos. Mexa-se, vá até seus clientes em potencial! Faça uma
pesquisa, enumere as principais razões de compra, aprovei-
te para usar algumas ideias de motivo citadas e faça sua pró-
pria lista. Para essas pesquisas, existem vários sites gratuitos
para auxiliá-lo, como o SurveyMonkey, que é muito fácil de
usar, basta fazer um cadastro para realizar uma pesquisa por
meio da criação e publicação de questionários online. Per-
gunte diretamente às pessoas quais são as principais razões
que as levariam a consumir seu produto, mostre as opções e
as deixe escolher. Entender os hábitos de consumo relacio-
nados ao seu negócio é fundamental.

139
O empreendedor tem uma percepção de consumo e
precisa usá-la. Se ele está montando algo é porque consu- óbvio possível. Se você vende panelas, por exemplo, que
miu e enxergou ali uma possibilidade/oportunidade. Lem- chame algo do tipo “panelasnelas”, o importante é que o
bre-se que antes de ser um empresário, você também é um nome contribua para que as pessoas, mesmo que vejam
consumidor. Venda e aja da forma que você gostaria que de longe, consigam identificar do que se trata seu negócio
fizessem com você. Mais do que isso, a opinião dos outros apenas pelo seu nome. Nome e marca já passam informa-
é mais importante do que a sua, é preciso se permitir a ções cruciais de cara para um cliente, mesmo que este nem
pensar também no outro lado do balcão. O planejamen- entre na loja. Deixe claro o que você é ou não é!
to começa por aí, entendendo o mercado, a concorrência,
fazendo pesquisa de compra, escutando os consumidores. Outra dica importante é quando for criar seu logoti-
Além de avaliar se é melhor colocar uma marca própria, ou po, peça para uma empresa, ou profissional da área, fazer.
não, se é possível importar diretamente, avaliando os me- Você pode procurar uma agência ou sites na internet para
lhores distribuidores. Mas para que tudo isso faça sentido, encomendar um logo. Essa opção é ideal principalmente
é preciso entender antes o porquê as pessoas compram, para os pequenos negócios que geralmente já começam
como elas compram e o que você quer oferecer a elas. sem muito recurso financeiro. É possível também comprar
template¹ que você só altera no Photoshop o nome da em-
O nome e a marca presa nos logotipos prontos. A GraphicRiver² e o Template
Monster³ oferecem esse serviço para criar o seu logo de
Este sem dúvida é um dos temas mais difíceis de se che- acordo com as características do seu próprio negócio.
gar a um consenso, embora seja a primeira coisa que uma
pessoa faz quando pretender abrir algum negócio. Real- 1. Um template é um modelo a ser seguido, com uma
mente essa escolha requer muita atenção, afinal, nome e estrutura predefinida que facilita o desenvolvimento e
marca vão representar a história do empreendimento; essa criação do conteúdo a partir de algo construído a priori.
dupla é responsável por carregar uma identidade que vai
estar presente até mesmo quando o próprio negócio não 2. Uma plataforma online de venda e compra de logos,
estiver. Sem contar, que são as primeiras imagens que as disponibilizadas em layers de Photoshop, vetores, ícones,
pessoas “marcadas” (por isso chama marca) se lembrarão. complementos Adobe e templates de design.

Começa com um logotipo, um nome, e quem sabe um 3. Com mais de 50 mil desenhos de site, a empresa ofe-
dia se torne de fato uma marca que será reconhecida por rece modelos de website para todos os setores e campos de
seus produtos/serviços, pelas suas características. Eu gos- atuação. Solução rápida e de qualidade para quem deseja
to muito de nomes diferentes (para não dizer estranhos), um site personalizado.
originais, acho que chama atenção, mas deve ser o mais

Capítulo 12 \\ O Planejamento
140 141
Dessa forma, é possível economizar bastante porque
um logo nestes sites vai custar no máximo 30 dólares e
depois, ali mesmo, você pode comprar o material gráfico e
o que mais precisar para a loja.

Feitas as escolhas, não cometa o erro de perguntar para


todo mundo se gosta ou não do logotipo. Se as pessoas co-
meçam a dar palpites, a sua marca ficará com a letra preta e
um bumerangue vermelho em cima, que é o que a gente vê
com frequência no mercado. Caso você busque uma marca
diferente, inovadora de verdade, invente e apresente para as
pessoas. Deixe impactar, elas vão se acostumando depois.

Têm marcas e nomes engraçados que eu gosto muito


como, por exemplo, “Elvira Matilde” e “Quem disse, Be-
renice?”, são nomes diferentes, mas que se alguém tives- Com nome criativo,
vando, analisando e pesquisando sobre determinados er- marca deixa claro o
se perguntado antes, provavelmente a grande maioria iria que não vende.
ros que já foram cometidos por outros empreendedores e
achar horroroso. Você já ouviu falar da marca “Não São
que não precisam ser cometidos por você também!
Meias”? Outro exemplo de nome, no mínimo, inusitado
que deixa claro que o negócio pode vender tudo, menos
Se você olhar a palavra concorrência em qualquer dicio-
meias. Não existe nome horroroso. A maioria dos donos
nário, provavelmente em seu primeiro sentido, encontrará
de carro da Mitsubishi não dão conta nem de escrever o
que indica uma luta ou uma rivalidade entre dois ou mais
nome da marca do carro, imagine então os donos de fuscas
indivíduos que se encontram em condições semelhantes
da Volkswagen na década de 1950!
para conseguir a mesma coisa.
A concorrência será sua professora Entenda a concorrência como uma disputa ou compe-
tição de várias empresas que atuam no mesmo segmento
A concorrência pode ensinar, e muito, a entender o
ou setor para poder chamar a atenção do cliente e assim
mercado e os consumidores do setor que você deseja atu-
conseguir o prêmio final: a venda. Nesse sentido, minha
ar. A observação deverá fazer parte da sua rotina, não se
dica é: estude outros mercados! Se você tem ou pretende
limite ao “achismo” ou em acreditar apenas em suas ideias
montar uma farmácia, observe como funciona uma pada-
e percepções sem fundamento que vão lhe garantir apenas
ria, por exemplo, ou uma loja de cosméticos. Não se limite
chances maiores de errar. Evite retrabalho apenas obser-

Capítulo 12 \\ O Planejamento
142 143
a conhecer e tirar ideias apenas de negócios do mesmo se- Ainda apostam em reforma de loja, aquisição de prédios,
tor que o seu, é por isso que as lojas são tão parecidas! Faça salas comerciais, porque nestes bens ainda está embutida
testes, implante novas ideias. Por que você não pode ser o a ideia de tangível, palpável, solidez.
primeiro a propor mudanças e a fazer diferente? Mudanças
quebram barreiras e abrem caminho para inovação.

30% 70%
Tangível Intangível
Imóvel Marca
Ponto de venda Comunicação
Estoque Pessoas
Móveis Internet
Veículos Etc...

?
Porcentagem sugerida apenas para destacar a importâcia do investimento
nos intangíveis em relação aos tangíveis.

Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a


palavra intangível pode ser entendida como o que não se
Tangível x intangível, o desafio consegue tanger; que não pode ser tocado; intocável; que
não pode ser percebido através do tato; impalpável. Ou seja,
de investir certo algo que não apresenta características suficientes para ser
percebido ou entendido a priori, ou até que tende a enga-
Talvez essa seja uma das maiores dificuldades da maio- nar ou confundir a percepção ou o entendimento de alguns.
ria dos empreendedores no começo do negócio: aprender Não tenho como objetivo questionar aqui os resultados ou
a relacionar, entender e diferenciar o investimento intan- a viabilidade de um formato de comunicação ou outro, mas
gível do tangível. Até pouco tempo atrás, os lojistas sempre é preciso atentar para o fato de que o investimento tangível
acreditaram e investiram em negócios tangíveis, palpáveis. hoje não é mais relevante, nem para o mercado, nem para o
Eles acreditavam em sedes próprias, era e para alguns, ain- consumidor, que consegue sentir coisas que não precisam
da é, motivo de orgulho ser proprietário das lojas, donos estar “fisicamente construídas” e palpáveis.
de espaços físicos que ainda são utilizados como depósi-
tos. Para esses empresários é preciso tocar para acreditar.

145
Por isso, o maior desafio é investir em bens intangíveis, in-
vestir em marca, comunicação. Observe que ao longo da his-
tória os varejistas sempre tiveram dificuldades para investir
em comunicação, isso porque não é algo que se possa pegar,
embora os resultados possam ser facilmente contabilizados.

Para exemplificar, suponhamos que um lojista tenha uma


rede de 30 lojas em shoppings e um site no ar. A verdade é
que diariamente entram mais clientes na sua loja virtual do
que nas 30 físicas juntas. E infelizmente, por nem todos sa-
A Nike não tem fábrica em seus prédios,
berem disso, a loja virtual fica lá jogada, sem atualização, têm
quadras, piscinas e parede de escalada.
sem ter uma plataforma visualmente atrativa e comercial,
simplesmente porque ele não vê o consumidor ali. Muitos
não se interessam por analisar resultados no analytics ou
outros softwares que apresentam resultados e fazem essa
contagem porque ainda não aprenderam a inverter os valo-
res e ainda não aceitam essas mudanças no comportamento
do consumidor e consequentemente do mercado.

O desafio daqui para frente é este: aprender a tangibi-


lizar o intangível. Um bom exemplo disso é a Nike. Estive
recentemente em Portland, que é uma cidade no noroeste
dos Estados Unidos, onde a empresa está localizada. O local
reúne prédios maravilhosos, mas quando você entra e ima-
gina encontrar centenas ou talvez até milhares de pessoas
trabalhando, o que você vê são quadras, piscinas, parede de
escalada, simplesmente, porque eles não têm fábrica. Todos
os produtos são terceirizados, a Nike não produz nenhuma
peça. O que eles têm, e o mundo inteiro conhece, é a marca,
o conceito, o propósito de desenvolver os melhores produ-
tos para transformar atletas comuns em grandes atletas.
Visita ao campus da Nike

Capítulo
Capít
ítullo 1122 \\ O Planejamento
146 147
D I C A S D O F R E D
a
a par
paus

DICAS

11 DICAS Gostaria de começar este


texto colocando o nosso
para fazer seu modelo atual de comércio
em xeque-mate; isto
comércio
mesmo, as estratégias que

VENDER
praticamos para vender
nossos produtos e serviços
estão perdendo a eficácia.

A sua empresa
precisar olhar
para este novo

mais
mercado como
uma oportunidade
e não como uma
barreira.

149
A empresa que não se adequar a este novo mercado tem
grandes chances de não estar mais funcionando em poucos
anos, e olhe que nem estou levando em consideração as di-
ficuldades de ter um negócio em um país com falta de con-
dições reais de empreender, sendo ainda mais difícil para
Dica 2
quem atua no pequeno e médio comércio. Reuniões semanais breves e objetivas!
Estou falando das mudanças de hábitos de consumo e As pessoas precisam de um ponto de controle, de um
de uma nova maneira de consumir, os consumidores estão momento para conversar sobre metas, falar de problemas
mudando. E a sua empresa está? A importância de "REEM- dos produtos e de clientes. É um ótimo momento também
PREENDER” (empreender de novo) os nossos negócios é para os fornecedores treinarem sua equipe sobre seus pro-
muito grande, alguns terão que refazer quase do zero, isto dutos; ofereça a eles este tempo, 30 minutos é suficiente.
mesmo, não falo das estruturas físicas e sim dos conceitos e Cuidado: Perder tempo hoje é não treinar equipe e não
do modo de como estamos fazendo as coisas. mantê-la apta a atender bem seus clientes.

Assistindo a essas mudanças pelo meu dia a dia, deixo


algumas dicas importantes para começar a lidar com
Dica 3
esta nova era do consumo. Comprar bem pra vender melhor!
Dica 1 Aprendemos que para o comércio ter sucesso temos que
comprar muito bem dos nossos fornecedores, negociar ao
Saia para vender! extremo e, se possível, pagar à vista. Esta dica ainda é vá-
lida! Mas o que tem acontecido é que estamos comprando
Tire o seu negócio da venda passiva, ou seja, já não coisas que achamos que nos darão ótimas margens de lucro,
adianta mais simplesmente abrir seu comércio pela manhã mas estes produtos chegam a ficar meses na loja simples-
e esperar seu cliente vir até a loja. Você deve ser mais ativo mente porque os consumidores não querem comprar. Você
comercialmente, escolha os horários de menos movimento não pode comprar apenas pelo lucro, tem que comprar pro-
e incentive os seus vendedores a ligar, enviar e-mails ou até dutos para atender as necessidades das pessoas. Não encha
mesmo usar o WhatsApp! O que não pode é ficar parado! sua loja de mercadoria para que as futuras remarcações tire
Mas atenção! não adianta falar uma vez, ou duas. O vende- o lucro e atrapalhe os resultados da sua empresa.
dor tem que ser estimulado sempre, tem que criar uma ro-
tina para estes novos hábitos, falar uma vez com vendedor
não funciona, estimule-o sempre com reuniões semanais.

Dicas do Fred
150 151
Dica 4
Presença Digital! Dica 5
Expansão dos negócios!
Você como consumidor, com certeza, utiliza o seu
smartphone para pesquisar produtos, comprar e se rela- Muitos empresários acreditam que expandir seu negócio
cionar com marcas e pessoas, não é? Mas se você usa o é aumentar o número de lojas, mas fazer isto sem ter a em-
seu telefone como consumidor, porque ainda tem tanta presa bem escrita com certeza é aumentar os problemas. No
resistência em investir de verdade em uma presença digi- meu conceito, para expandir uma empresa não precisa, ne-
tal para o seu negócio? O consumidor está online e temos cessariamente, ser pelo número de lojas, você pode diversi-
muita tecnologia disponível, isto é fato! Você não tem mais ficar os canais de atendimento, criar nichos diferentes para
a desculpa de estar em uma pequena cidade ou que seu pessoa jurídica e física, separar vendas por maiores volu-
produto não vende pela rede digital. Essas limitações geo- mes, licitações, clientes especiais e transformar um simples
gráficas não existem mais. Se tem internet, acredite, você ponto de venda em vários segmentos. Crescer uma empresa
pode vender para qualquer lugar do mundo! É só querer! é aumentar lucros e não aumentar problemas!

Comece cadastrando seu negócio no Google, ele sem-


pre privilegia empresas locais em buscas, é muito fácil fa-
Dica 6
zer isto. As redes sociais também são ótimas para os ne- Vender mais que produtos!
gócios, mas use-as para conversar com seu consumidor,
levar novidades, convidar para lançamentos. E, lembre-se, Não adianta apenas vender produtos, os clientes que-
estas redes são feitas para relacionar e não vender. Quer ir rem ser atendidos por completo, tente agregar serviços ao
mais longe e vender pela internet? Oriento sempre a pro- seu negócio, como por exemplo, entregas com hora mar-
curar um consultor especializado em e-commerce, ele vai cada, treinamento para produtos especiais, demonstração
minimizar erros, reduzir tempos e viabilizar melhor seu de produtos a domicílio! Se atente aos pequenos detalhes e
negócio. Não se aventure escolhendo qualquer ferramenta o seu negócio ficará imbatível com a soma deles.
de vendas online, conheça bem antes de investir!

Dicas do Fred
152 153
Dica 09
Inove no jeito de comunicar!
Dica 7 Sim, a propaganda ainda é muito importante, mas não
Personalizar o seu atendimento! adianta divulgar a sua empresa e não estar pronto para
atender o seu cliente. Se atender mal, sua propaganda de
nada valeu. Estude novos caminhos, use o Facebook, o
Procure conhecer melhor seu cliente, saber o que ele
Google, experimente novos formatos. Acredite, o cliente
gosta, o que ele se interessa. O cliente não gosta de receber
não aguenta mais receber folhetins em casa. Estes novos
mensagens de produtos que não lhe interessam ou que não
formatos estão dando muito certo, inclusive no interior.
tenham nada a ver com ele. Para começar esta dica, basta
Procure os especialistas e, se não achar, o Youtube está
que saiba o nome dele, depois entenda seu gosto e vonta-
cheio de vídeos que orientam como fazer.
des, demonstre interesse por ele. Tem uma frase que sem-
pre uso: se você se interessa pelo seu cliente, naturalmente
ele se interessará por você. Dica 10
Escreva sua empresa!
Dica 8
Vá para a linha de frente! O primeiro grande passo para colocar os itens acima em prá-
tica é escrevendo seu negócio. As pessoas que trabalham
com você, não podem adivinhar o que pode e o que não pode
Vá para o balcão e converse com seus clientes! Quando
fazer. O bom senso ainda não é comum no varejo, tenha um
começamos o nosso negócio estamos sempre em contato
regimento interno, ele é um norte para as pessoas conduzi-
com nosso cliente, mas aí as coisas se desenvolvem, cres-
rem bem sua empresa quando você não está por perto.
cemos um pouco e temos que ir para detrás de uma mesa
administrar, certo? Pois é, tire um tempo e vá para o balcão
conversar com as pessoas, e esteja pronto para ouvir críti-
cas e, quando ouvir, não fique justificando, anote todas, e
Dica 11
use na sua reunião semanal com a equipe. A crítica ensina Reinvente, empreenda de novo sempre!
mais que um elogio.
Esta é a dica mais importante, o seu negócio precisa ser
reinventado todos os dias, este é o segredo da permanên-
cia. Reempreenda!

Dicas do Fred
154 155
C A P Í T U L O 1 3

Infelizmente, não é nada fácil


ser um empresário no Brasil.
Abrir uma empresa no nosso
Chato, mas importante
país é um processo caro,

A Burocracia burocrático e trabalhoso. Por


isso, é importante conhecer as
etapas e ter noções precisas,
para que na hora de tomar as
decisões, o empresário não faça
escolhas precipitadas ou erradas
por falta de conhecimento.
Escolher o tipo de empresa a
ser aberta é extremamente
importante, pois influencia
a estrutura da organização,
limitações comerciais, tributos
fiscais, entre outros. Na legislação
brasileira, existem diversos tipos
de empresas, entre as sociedades
anônimas, que são os tipos mais
comumente usados por grandes
empresas, sociedades limitadas,
sociedade em nome coletivo,
dentre outros tipos.

157
Caso você nunca tenha tido contato com estes termos necessários. Caso haja interesse, o leitor deve buscar algu-
e não entenda muito sobre responsabilidades fiscais, re- mas literaturas específicas sobre os tópicos seguintes para
colhimento obrigatório de impostos, nota fiscal, entre ou- aprofundar seu conhecimento.
tras tantas responsabilidades que você passará a ter que
cumprir legalmente, sugiro que procure um contador para
orientá-lo, antes mesmo de começar a materializar o seu
negócio. Com o auxílio de um profissional capacitado,
você não irá cometer erros (alguns podem até comprome-
ter o funcionamento legal da sua empresa) e irá cumprir
os prazos e estar em dia com os vários órgãos competen-
tes, que passarão a fiscalizar o seu negócio. Além disso, a
Secretaria da Fazenda exige um contador habilitado pelo
Conselho Regional de Contabilidade para que a inscrição
da empresa possa ser feita. Lembre-se que as empresas
possuem diversas obrigações, sejam elas tributárias, tra-
balhistas, previdenciárias ou de outra natureza. Em função
disso, os conhecimentos de um bom contador podem ser
cruciais para a aderência à legislação.

O novo Código Civil, Lei nº 10.406 – 10/01/2002 traz


a regulamentação das sociedades existentes no nosso Di-
reito. A exceção são as Sociedades por Ações (Sociedades
Anônimas) que continuam a ser reguladas pela Lei 6.404 –
15/12/1976. No cenário atual, existem basicamente cinco
Sociedade Ltda
tipos de empresas no Brasil: Sociedade Ltda (lê-se: limita-
A abertura de uma empresa como sociedade limitada é
da), Sociedade Anônima (S.A.), MEI, Sociedade Individual
a mais utilizada pela maioria dos empresários. Sua popu-
e Empresário Individual. É importante ressaltar que meu
laridade é causada não apenas pela simplicidade de cons-
objetivo aqui não é aprofundar nas leis regentes no país ou
tituição, mas também pelos mecanismos que ela permite.
nas possibilidades, implicações e obrigações que cada mo-
A principal vantagem de uma sociedade limitada é dividir
dalidade apresenta, mas sim ajudar a esclarecer e orientar
com terceiros o desejo de abrir um negócio e ter sua re-
os novos empresários quanto à importância de entender
lação documentada por um contrato, chamado Contrato
e escolher, desde o início, a modalidade que sua empresa
Social. Além disso, a responsabilidade da empresa é limi-
se encaixa para evitar problemas futuros e desgastes des-

Capítulo 13 \\ A Burocracia
158 159
tada (o porquê do nome) ao capital social da empresa. O anônima: as abertas, que possuem suas ações negociadas em
contrato social regulará a conduta entre os sócios, quanto bolsas de valores, que por sua vez, são reguladas por um ór-
será investido por cada um para iniciar o negócio, sob qual gão governamental (aqui no Brasil é a CVM), e as fechadas,
nome a empresa irá operar e como se dará sua responsabi- que obtém seus recursos pelos acionistas e é controlada por
lidade perante terceiros. eles ou terceiros. Dessa forma, é possível a entrada de novos
sócios numa sociedade anônima, pela venda ou compra de
Além disso, as sociedades limitadas não possuem um ações de outras pessoas que detenham tais direitos. E não é
prazo de duração e os sócios podem sair ou entrar na socie- necessário alterar o documento de constituição da socieda-
dade por meio de alterações de contrato. No contrato social de, que no caso é o Estatuto.
é determinado como isso será feito e como os sócios serão
remunerados pelas suas quotas. Ainda, numa sociedade li- Indicado para: empresas já consolidadas, com forte
mitada é possível determinar quais sócios serão adminis- crescimento e possibilidade de entrada de investidores ou
tradores da empresa e com qual frequência deverá fazer a outras formas de captação de recursos, como debêntures.
prestação de contas para os outros sócios. Essa é uma gran-
de vantagem, pois as responsabilidades do negócio terão
amparo legal no contrato social. Ou seja, caso algum sócio
tenha alguma atitude dolosa, este arcará com as responsabi-
lidades sem punir injustamente os demais sócios.

Indicado para: quem quer abrir uma empresa de qual-


quer atividade, com sócios, estipulando regras e respon-
sabilidades, mas de uma maneira simplificada (principal-
mente se comparada à S.A.).

S.A. – Sociedade Anônima


Uma sociedade anônima é uma das formas mais flexíveis
de constituição de uma empresa, pois possibilita vários ti-
pos de operações societárias e de planejamento tributário.
O principal diferencial da sociedade anônima é que os só-
cios, no caso, chamados de acionistas, não possuem “ca-
deira fixa” na empresa, e sim, ações dela, que podem ser
transacionadas livremente. Existem dois tipos de sociedade

Capítulo 13 \\ A Burocracia
160 161
Como qualquer empresa, sendo MEI é possível que a
empresa tenha seu número de registro de CNPJ e emita
nota fiscal pelo serviço prestado/produto vendido. O úni-
co ponto é que nem todos os tipos de empresas podem
optar pelo MEI, pois existem atividades que são restritas
a esse tipo societário. Fora isso, no MEI você não pode ter
sócio, pois prevê a existência de um único proprietário,
já que o nome da empresa é o próprio nome da pessoa
acompanhada do seu número de CPF, por exemplo: “João
Batista da Silva 999.999.999-99”.

Dessa forma, para alguns negócios esse formato foge


do ideal, pois dá um caráter muito pessoal para o negócio,
sem considerar a responsabilidade direta que o dono tem
com qualquer operação realizada pela empresa.

Indicado para: micro negócios (até R$ 60 mil/ano) in-


teressados em sair da ilegalidade, com baixíssimo custo de
manutenção (dispensando inclusive a necessidade de um
contador).

Empresa Individual de Responsabilidade


MEI – Micro Empreendedor Individual Limitada – EIRELI
A EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Li-
O microempreendedor individual (MEI) foi um marco no
mitada) é uma novidade no Brasil, pois esse “tipo de em-
Brasil, pois possibilitou que muitos negócios, que antes exis-
presa” surgiu no ano de 2010 depois de muitas brigas para
tiam de maneira informal, se legalizassem de forma simples
que esse modelo fosse instituído no Brasil. A EIRELI é uma
e sem muita burocracia. Basicamente, o MEI é uma opção
sociedade de um único sócio, ou seja, é uma empresa sob a
societária bastante simplificada e voltada para pequenos ne-
forma de uma sociedade, porém, uma única pessoa detém
gócios, pois tem como pré-requisito o faturamento limitado a
100% da empresa. Por se tratar de uma sociedade limitada,
R$ 60 mil por ano ou, proporcionalmente, R$ 5 mil por mês.

Capítulo 13 \\ A Burocracia
162 163
viduais podem explorar suas atividades por meio de um
a EIRELI faz com que a responsabilidade do sócio esteja
nome fantasia (ex.: “Casa dos Bolos”).
limitada à participação do seu capital social, o que atrai
muitos empresários pela segurança aparente que ela traz.
Qualquer pessoa pode abrir uma empresa individual,
desde que tenha capacidade para isso – entende-se como
Porém, a EIRELI prevê um capital social mínimo de 100
capacidade a aptidão para exercer direitos e assumir obri-
vezes o salário mínimo, pois como a responsabilidade do
gações (maior de 18 anos ou emancipado). Os empresários
sócio está limitada ao valor de capital social, o Fisco ten-
individuais assumem o risco dos negócios de forma pessoal
tou expandir a responsabilidade do empresário. O objetivo
e ilimitada, ou seja, embora se tratem de pessoas distintas
principal disso foi controlar e minimizar o risco de fraudes
(empresa = PJ e pessoa = PF) inexiste diferenciação patri-
com esse tipo de sociedade. Nessa mesma linha, há outra
monial para atribuição de responsabilidade. Dessa forma, o
limitação: cada empresário pode ter apenas uma EIRELI.
empresário individual responde pelas dívidas da empresa
de forma direta e com seus bens pessoais como garantia.
Muito embora o valor do capital social soe negativo em
algumas situações, ele favorece os empresários em outras.
Indicado para: pequenos negócios, especialmente para ativi-
Por exemplo, para obtenção de crédito, uma vez que tem
dades que não tragam grandes riscos operacionais ou para pes-
como garantia um valor de capital social maior que outras
soas que desejam gerir sua empresa sozinho, com baixo risco.
modalidades. Qualquer outra consideração em relação à
EIRELI estará regulada pelas regras ou normas aplicadas à
Sociedade Limitada, por exemplo, adoção de nome fanta-
sia e denominação social.

Indicado para: empresários que desejam empreender


sem a necessidade de sócios e sem limitar sua participação
ativa no mercado, já que possuem um “respaldo financei-
ro” ou “garantia” em seus negócios.

Empresário individual
Empresário Individual é a pessoa física que desenvolve
uma atividade empresarial, por isso nesse formato a em-
presa leva o nome do próprio empresário, por exemplo:
“João Batista da Silva – ME”. Porém, os empresários indi-

Capítulo 13 \\ A Burocracia
164 165
Cada perfil de empresa deverá se atentar para suas par-
ticularidades e verificar em quais operações é importante
ter contratos. Por exemplo, não faz nenhum sentido uma
mercearia assinar um contrato a cada chiclete vendido.
Por outro lado, é interessante que ela mantenha contra-
tos com seus principais fornecedores. Dessa forma, o uso
dos contratos deve sempre ser feito com um bom amparo
legal. Por isso, recomendamos que tenha um advogado de
confiança, tanto para a criação de contratos, quanto para a
revisão de documentos antes de assiná-los.

Os contratos sociais devem seguir algumas regras do


Direito (Civil), pois precisam estabelecer limites e formas
de responsabilização dos sócios participantes. Existem
cláusulas obrigatórias, por isso a importância de contratar
um profissional adequado para elaborá-lo (advogado ou-
contador). Tanto o contrato em si, quanto quaisquer alte-
Contrato Social e outras modalidades rações devem ser registradas na Junta Comercial de cada
Estado ou em cartório.
O contrato é um documento que define regras entre
duas partes (pessoas físicas ou jurídicas) para que os obje- Contrato de prestação de serviço
tivos descritos nele sejam alcançados. Ou seja, é a forma-
lização de um acordo que visa ser benéfico para ambos. Os contratos de prestação de serviço (ou fornecimento
Normalmente, contratos são feitos como garantia legal de materiais) estabelecem uma relação jurídica entre uma
para que ambas as partes tenham seus desejos atendidos empresa e seu cliente ou fornecedor. Ou seja, sem um con-
(ou indenizados, caso não se cumpra o que foi acordado). trato de prestação de serviço ou fornecimento de produtos,
Isso não significa que um contrato pode criar suas regras não há amparo legal para exigir o cumprimento do acordo.
de maneira independente de tudo e todos. Um contrato no Por isso, a falta de um contrato numa relação entre pesso-
Brasil está sujeito à Constituição e às leis brasileiras. Os as jurídicas é considerada um grande risco. Por exemplo,
tipos de contrato mais comuns são: contrato de trabalho uma indústria de cadeiras não consegue funcionar sem sua
entre pessoa jurídica e funcionário, contrato de prestação principal matéria-prima (madeira), por isso é recomen-
de serviço entre duas pessoas jurídicas e contrato social dável que tenha um contrato determinando quantidades
que rege o funcionamento de uma pessoa jurídica. e prazos mínimos com seu principal fornecedor. Algumas

Capítulo 13 \\ A Burocracia
166 167
pessoas jurídicas cujas atividades são regulamentadas pelo fixa por mês num regime tributário simplificado, porém res-
conselho de classe podem ser obrigadas a utilizar contra- trito ao faturamento de R$ 60 mil/ano e a algumas atividades.
tos de acordo com o exigido por esse órgão.
Basicamente, existem duas coisas que vão determinar
Os tipos de impostos que você vai encarar seu regime de tributação. A primeira é o faturamento (va-
lor total de notas de venda de produtos/serviços no mês):
O Brasil é um dos países com a maior carga tributária
do mundo, chegando a incríveis 40% do nosso PIB. Infe- 1. Simples Nacional – limite de R$ 3.6 milhões por ano;
lizmente, nós empresários precisamos trabalhar, e muito,
se quisermos nos manter no mercado e pagar todos os im- 2. Lucro Presumido – limite de R$ 48 milhões por ano;
postos. Andar no caminho certo e fazer tudo dentro da lei
não é fácil, porém é necessário. Por mais que pese (e eu 3. Tudo que ultrapassar esses limites, obrigatoriamen-
realmente sei o quanto pesa), uma empresa idônea é reco- te, estará no Lucro Real.
nhecida no mercado por sua conduta. Seus clientes, forne-
cedores e os próprios concorrentes, a respeitam por isso. A segunda é a sua atividade, que dependendo de qual
for, pode obrigá-lo ao Lucro Presumido ou Lucro Real in-
Antes mesmo de abrir as portas é preciso se ter uma no- dependente da faixa de faturamento.
ção precisa dos custos fixos e variáveis que você terá que
arcar para não ser pego de surpresa. Os custos fixos são
aqueles que não variam de acordo com o faturamento da

$
empresa, como salários e encargos, aluguel, conta de luz e
telefone, entre outros. Já os variáveis são aqueles que osci-
lam em dependência direta com as vendas, como compra
de matéria-prima, impostos, comissões para vendedores.

Por isso, durante o processo de abertura da empresa é


$
essencial sempre se atentar ao regime tributário que cabe-
rá à sua empresa, já que isso regerá os impostos que serão
pagos, influenciando diretamente a sua lucratividade.

No Brasil, existem três tipos de regimes tributários: Sim-


$
$
ples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. Ainda existe o
MEI (Micro Empreendedor Individual), que paga uma taxa

$
Capítulo 13 \\ A Burocracia
168
Simples Nacional Lucro Real
É um regime tributário simplificado para as ME e EPPs Por exclusão, ele abrange todas as outras atividades,
(Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte). Seu servindo para qualquer tipo de empresa. Os tributos são
nome vem do fato de unificar todos os impostos num só. pagos de forma separada, igual ao Lucro Presumido, po-
Além disso, seu cálculo é bem mais simples, sendo um per- rém, parte deles é sobre a receita bruta e outros sobre o
centual fixo da receita bruta, regulado pela faixa de fatu- lucro gerado pelo negócio, por isso o uso do termo Lucro
ramento e atividade. O Simples é uma opção que não vale Real. Pela necessidade de aferir exatamente o lucro gera-
para atividades intelectuais regulamentadas que precisem do é que essa opção de tributação tem um custo maior no
de registro de classe, por exemplo: engenheiro, médico, controle contábil, já que qualquer erro pode significar pa-
advogado, consultor empresarial, entre outros. Existem gamento errado de impostos e grandes multas (chegando
também outras limitações, entre elas, a impossibilidade de até a possibilidade de prisão).
ter sócios estrangeiros ou que seja outra pessoa jurídica.

Lucro Presumido Registro de marca:


INPI e o nome na internet
É um regime tributário voltado para empresas que não
podem optar pelo Simples Nacional e que não desejam a Todo contribuinte poderá fazer o pedido de sua mar-
tributação via Lucro Real. Os tributos são pagos de forma ca, nome ou patente no próprio site do Instituto Nacio-
separada para a Receita Federal, Estados e Municípios, de- nal da Propriedade Industrial – INPI (http://www.inpi.
pendendo do tipo de atividade da empresa. Esse regime gov.br/menu-servicos/marcas). Criado em 1970, o INPI
não possui restrição ao tipo de sócio, podendo ser pessoa é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desen-
física ou jurídica, nacional ou estrangeiro. Existem algu- volvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), res-
mas restrições de atividade, entre elas as financeiras (ban- ponsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do
cos e seguradoras, dentre outras). Sua principal caracterís- sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de
tica é que, dependendo da atividade, o fisco presume uma propriedade intelectual para a indústria.
margem de lucro e calcula os impostos a partir desse valor,
não importando qual seja o lucro real obtido pela empresa. Entre os serviços do INPI, estão os registros de marcas,
Além de menos custos de controle e contabilidade, esse desenhos industriais, indicações geográficas, programas
modelo é vantajoso quando a margem de lucro é igual ou de computador e topografias de circuitos, as concessões
maior à que o Fisco presumiu. de patentes e as averbações de contratos de franquia e das
distintas modalidades de transferência de tecnologia.

Capítulo 13 \\ A Burocracia
170 171
O site é muito prático e didático, por meio do guia bási- • Mista: combina imagem e palavra.
co de marca, apenas com cinco passos você consegue ga-
rantir a exclusividade em relação ao registro de um nome • Tridimensional: pode ser considerada marca tridi-
de um serviço ou produto, ou ainda um logotipo que o mensional a forma de um produto, quando é capaz de dis-
identifique e a marca propriamente dita. Ainda nesta mes- tingui-lo de outros produtos semelhantes.
ma página, você terá acesso a definição dos “tipos de mar-
ca”, poderá solicitar a transferência de direitos e obter ou- • Coletiva: a marca coletiva identifica produtos ou ser-
tras informações, incluindo a legislação sobre o tema. Caso viços feitos por membros de uma determinada entidade
ainda haja alguma dúvida, você pode acessar o Manual de coletiva (associação, cooperativa, sindicato, entre outros).
Marcas que também é disponibilizado pelo INPI. Apenas tal entidade pode solicitar este registro. Ela poderá
estabelecer condições e proibições de uso para seus asso-
Tipos de Marcas ciados por meio de um regulamento de utilização.

Já falamos anteriormente sobre a importância da defi- • Certificação: esta marca indica que os produtos ou
nição da marca/logomarca da sua empresa. E quando se serviços são certificados pelo titular da marca quanto à sua
trata de registrá-la, é preciso seguir à risca todos os proce- origem, modo de fabricação, qualidade e outras caracterís-
dimentos para garantir o direito de uso exclusivo no terri- ticas. A marca de certificação somente poderá ser utilizada
tório nacional, em seu ramo de atividade econômica, pelo de acordo com os padrões definidos no processo.
período de dez anos, a partir da data da concessão. O re-
gistro pode ser prorrogado por sucessivos períodos de dez • De Alto Renome: há empresas cujas marcas são am-
anos. Existem sete tipos de marca. Veja, a seguir, em qual plamente conhecidas e prestigiadas no mercado. Essas são
modalidade seu negócio se enquadra. chamadas marcas de alto renome.

A marca pode ser: O próximo passo é conferir os valores das taxas. Pes-
soas físicas e microempresas, entre outros, têm direito a
• Nominativa: é aquela formada por palavras, neologis- desconto. Emita e pague a Guia de Recolhimento da União
mos e combinações de letras e números. (GRU). A dica é: apenas comece o processo após pagar a
GRU. Acesse o e-Marcas e preencha o formulário online
• Figurativa: constituída por desenho, imagem, ideo- (nele, você precisará anexar à imagem da marca, se for o
grama, forma fantasiosa ou figurativa de letra ou algaris- caso). É possível também realizar todo o processo e fazer o
mo, e palavras compostas por letras de alfabetos como he- pedido em papel, basta ter acesso aos formulários.
braico, cirílico, árabe, etc.

Capítulo 13 \\ A Burocracia
172 173
É importante ressaltar que o processo passará por di- descritivo, quadro reivindicatório, listagem de sequências
ferentes etapas, que poderão exigir do usuário o envio (para pedido da área biotecnológica), desenhos (se for o
de documentos. Lembre-se que cada caso é um caso, por caso), resumo, entre outros.
isso fique atento para não perder os prazos. É importante
acompanhar o andamento do pedido por uma das seguin-
tes maneiras:

- Consulte a Revista da Propriedade Industrial (RPI),


publicada às terças-feiras.

- Acesse o sistema de busca de marca.

- Cadastre-se no sistema Push, que envia alertas por


e-mail cada vez que houver movimentação do processo.

E, para finalizar, você precisará pagar uma taxa relati-


va ao primeiro decênio da marca e emissão do certificado.
Outras taxas podem existir durante o processo e o regis-
tro. Então esteja preparado, afinal ser pego de surpresa
nunca é bom, principalmente quando se trata de despesas
e compromissos financeiros.

Agora, se você inventou uma nova tecnologia, seja para


produto ou processo, pode buscar o direito a uma patente.
Agora, se o seu negócio está presente na internet é pre-
A patente também vale para melhorias no uso ou fabrica-
ciso adquirir um domínio que nada mais é do que o re-
ção de objetos de uso prático, como utensílios e ferramen-
gistro do seu site. Existem serviços estrangeiros como o
tas. Ela pode ser uma Patente de Invenção (PI) ou Patente
GoDaddy, Register.com que permitem registrar domínios
de Modelo de Utilidade (MU). Basicamente, os passos são
“.com”, “.net”, entre outros. No Brasil, existe o Registro.Br,
os mesmos descritos anteriormente inclusive, o próprio
um site em que você pode checar se o nome do domínio
site para acesso e concessão do registro de patente é o
está disponível para uso, realizar o cadastramento e pagar
mesmo. Basicamente, a diferença é que para dar início ao
as taxas anuais para continuar com o endereço.
pedido de patente você precisará reunir alguns documen-
tos previamente, tais como conteúdo técnico, relatório

Capítulo 13 \\ A Burocracia
174 175
O primeiro passo ao acessar o Registro.br é verificar O aporte de capital geralmente chega para dar um fôle-
se o domínio que você deseja registrar já não foi utilizado go às empresas, principalmente os pequenos negócios, que
por outra pessoa. Se o endereço que deseja estiver dispo- nem sempre começam com uma quantia razoável de dinhei-
nível (se não estiver, o próprio site sugere outras possibi- ro para investir, até mesmo, em sua própria estrutura ou
lidades e você pode tentar outro que seja da sua vontade), projetos. E é justamente por isso que as empresas precisam
você poderá se cadastrar no serviço. Será necessário in- tomar cuidado com gastos desenfreados e endividamento.
cluir seus dados, como e-mail, nome completo, endereço Receber recursos de fundos melhora a saúde financeira do
e telefone, assim como criar uma senha dentro do serviço. negócio, mas é preciso saber usar para não piorar a situação
Fique atento, pois existem opções do tipo de domínio e ou prejudicar o que estava caminhando bem.
preços para o registro do domínio. Existem ainda, os re-
gistros sem custo, porém estes não são favoráveis para a As empresas têm dois meios de obter os recursos, através
indexação, ou seja, para que o seu endereço apareça no da capitalização ou do financiamento. Com a capitalização,
topo dos sites de busca. a empresa não tem o dever de restituir ou renumerar os só-
cios, não obstante seja evidente que todo sócio invista em sua
Depois de tudo preenchido e de você ter lido o contrato sociedade visando a um retorno financeiro, este apenas ocor-
de serviço, seguindo em frente, você verá a tela de paga- rerá se a empresa auferir lucros e estes vierem a ser distribu-
mento da taxa de registro do domínio. Serão oferecidos ídos na forma estipulada em seu contrato/estatuto social. Já
redirecionadores de e-mail e, assim, você terá um ende- com o financiamento, a empresa torna-se devedora dos pres-
reço de mensagens próprio para o seu site (por exemplo: tadores dos recursos e terá a obrigação de restituir os valores
casadopaodequeijo@casadopaodequeijo.com.br). tomados, com os devidos acréscimos remuneratórios.

Aporte de Capital Os aportes feitos pelos sócios como capital próprio da


sociedade, ingressam contabilmente, via de regra, na con-
O Aporte de Capitais nada mais é do que o ingresso de ta denominada “Capital social”. Podendo, assim, definir o
recursos (dinheiro) na sociedade que pode ocorrer por capital social como o valor correspondente à participação
meio de financiamentos, entrada de novos sócios, inves- de cada sócio, através dos aportes realizados por estes na
timentos de outras empresas, por vendas de ações da em- sociedade, sejam esses aportes em dinheiro, bens ou cré-
presa no mercado de ações, entre outras possibilidades. ditos, ou através de conversões de reservas.
Como pode ser feito? Isto acontece na constituição da em-
presa através do Contrato Social ou em alterações subse- O Aporte de Capital de Risco
quentes (novo sócio, aumento do capital, etc.).
Uma modalidade de investimento que visa o cresci-
mento rápido de uma empresa, através da compra de uma

Capítulo 13 \\ A Burocracia
176 177
participação acionária (quase sempre minoritária), com o principais informações sobre sua empresa, como foi cons-
objetivo de multiplicar o investimento inicial de forma rá- tituída, o que e como faz e, principalmente, como você
pida é o aporte de capital de risco. De maneira geral, tais pretende posicioná-la no futuro, com quais tipos de inves-
investimentos são feitos em empresas novas no mercado, timentos, em quais áreas etc.
as chamadas startups. Porém, alguns investidores prefe-
rem confiar seu dinheiro a ideias ainda não colocadas em
prática, o que gera um risco evidente, por isso é chamado
de aporte de capital de risco.

Este tipo de investimento se faz necessário aos empre-


endedores que não dispõem de capital para alavancar o
seu negócio, ou mesmo colocá-lo em prática. Além disso,
o Aporte de Capital de Risco financia a expansão da em-
presa de forma a trazer ainda mais recursos para seu fun-
cionamento, visando o aumento rápido do lucro desta.

Como conseguir um investimento?


Existem algumas formas de se conseguir este tipo de inves-
timento no Brasil e as mais famosas são: Fundos de Investi-
mento, Investidores Anjo, empresas de Venture Capital e os
investidores de Capital de Risco. Cabe ao empreendedor ava-
liar qual será a melhor opção para o negócio, escolhendo entre
os investidores que tragam mais benefícios para a empresa.

Lembre-se a todo o momento que a relação investidor Funcionário, como funciona?


-empresa precisa ser sempre clara e com objetivos bem
definidos. Você está criando uma sociedade em que as Como eu disse no início deste capítulo, este é sem dúvi-
duas partes tendem a ganhar, por isso, escolha bem o seu da o momento de tirar várias dúvidas e de entender como
investidor, leia e releia os contratos e esteja ciente dos ris- tudo funciona. E quando se trata da contratação de traba-
cos que pode correr. Para conseguir o tão sonhado inves- lhadores fique atento, afinal, a carteira assinada garante
timento, você precisa apresentar um Plano de Negócios de segurança e legalidade à empresa e ao trabalhador que tem
sua empresa. Esse plano consiste num documento com as esse direito.

Capítulo 13 \\ A Burocracia
178 179
Lembre-se que qualquer comissão ou benefício cedido
Antes de contratar um funcionário é preciso ler aten- ao funcionário deve servir única e exclusivamente como
tamente a Convenção Coletiva da categoria da qual ele faz estímulo para que ele possa trabalhar com mais determi-
parte. Assim, o empreendedor irá descobrir seus direitos nação e foco. Saiba recompensar sua equipe. Está mais do
e deveres. Após ter decidido contratar, o próximo passo é que comprovado que salários compatíveis com as expec-
passar ao seu contador para que ele dê prosseguimento à tativas dos empregados refletem em excelentes resultados
contratação e cumpra as formalidades legais, que inclui a para a empresa. Não faça economia “porca”, contrate o nú-
prestação de informações ao governo sobre a contratação mero ideal de funcionários que irá atender a demanda do
ou até mesmo demissão. seu negócio com competência e dedicação. Sobrecarregar
pessoas e funções, além de não ser uma boa ideia, pode
Tipos de comissão para vendedores fazê-lo perder muito dinheiro. Economize com o que real-
mente pode ser economizado.
Caso você contrate vendedores é preciso estar atento
em relação à negociação e pagamento de comissões. O
acordo entre a empresa e o contratado precisa ser claro
quanto ao percentual que será pago quando este efetivar
um número X de vendas ou alcançar alguma meta defini-
da pelo contratante.

Em geral, para que não se tenha problemas no futuro,


é sempre bom observar o sindicato da categoria, e caso
não fique claro, poderá também verificar no sindicato da
profissão ou setor no qual o profissional irá atuar. Então, a
partir daí, poderá determinar o percentual que irá pagar a
título de comissão que terá reflexo em todas as verbas des-
te funcionário em caso de férias, 13º salário e até mesmo,
a rescisão de contrato.

Capítulo 13 \\ A Burocracia
180 181
Importar e exportar é mais simples do Outro tabu que precisa ser superado é em relação às
pequenas e microempresas que podem sim (e devem) atu-
que você imagina ar no comércio exterior. Como requisito, essas empresas
deverão apenas cumprir com os procedimentos de habi-
Até poucos anos atrás, pensar em importação e expor- litação no Sistema Integrado de Comércio Exterior - SIS-
tação gerava uma resistência quase que natural provenien- COMEX na modalidade adequada às características da sua
te das dificuldades para comprar ou vender algum produto empresa, ou seja, a empresa que tem a intenção de atuar
para outro país. O que os empreendedores contemporâ- neste ramo somente deve acrescentar em seu objeto social
neos precisam entender é que as barreiras físicas e geo- a atividade de importação/exportação e regularizar seu re-
gráficas já não existem mais! Com o advento da internet gistro do RADAR junto à Receita Federal.
é possível, e cada vez mais fácil, negociar com as pessoas
e empresas, estejam elas onde estiver. Não importa o ta- Observe que não há exigência de capital mínimo e máxi-
manho do seu negócio, se você opera em um local gran- mo para que sejam realizadas as operações de comércio ex-
de e cheio de funcionários, ou do seu escritório, em casa terior, porém as operações deverão envolver valores com-
mesmo. O importante é movimentar e mostrar para quem patíveis com a capacidade econômica da empresa no caso
desejar ver o que você tem a oferecer. da importação. Na legislação aduaneira (que trataremos
logo em seguida), também não existe a exigência específica
Diferente do que muitos ainda acreditam, a abertura de vincular o objeto social da Pessoa Jurídica com os produ-
de uma empresa de exportação/importação é um proces- tos que são importados, portanto a princípio, é permitido
so normal, seja comercial ou industrial. O detalhe aqui importar qualquer produto dentro das exigências legais. No
é que será preciso nomear um contador e explicar deta- entanto, é recomendável a definição compatível do objeto
lhadamente qual tipo de empresa deseja abrir. A empre- social com as atividades que serão desempenhadas.
sa poderá ser exportadora, importadora ou exportadora e
importadora. É preciso definir também em qual segmento Vale ressaltar que tanto no caso de importações diretas,
do mercado irá atuar (CNAE). Como exportadora, pode- bem como indiretas (por intermédio de comercial impor-
rá vender sua própria produção (exportação direta) ou tadora), é necessário obter habilitação no sistema RADAR.
terceirizar através de uma Trading (exportação indireta). A exceção ocorre no caso das importações e exportações
Como importadora, poderá importar por meios próprios com despacho simplificado via Correios (Exporta Fácil e
(importação direta) ou por terceirizados (importação in- Importa Fácil) e outros couriers. Nessas situações, o RA-
direta). Neste processo é importante estar atento (assim DAR é dispensado no caso das exportações até o valor de
como foi falado em caso de abertura de qualquer empresa) US$ 50 mil por remessa e nas importações até US$ 3 mil.
se será melhor abrir uma empresa optante do Simples ou
não optante, pois terá impacto significativo na tributação.

Capítulo 13 \\ A Burocracia
182 183
Despacho Aduaneiro de Importação tributação? Se for comércio, seu produto tem ICMS/SUBS-
TITUIÇÃO TRIBUTÁRIA? Ainda se seu produto tem ST,
sabe em quais Estados?
O despacho aduaneiro de mercadorias na importação é
o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos
Segundo passo, agora é a vez de consultar seu Plano de
dados declarados pelo importador em relação às mercado-
Negócios para responder várias outras questões adminis-
rias importadas, aos documentos apresentados e à legisla-
trativas e também de custos de seu negócio e, assim, preci-
ção específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro.
ficar. Calcule seus gastos fixos e projete os flutuantes, crie
uma planilha para o auxiliar. Porém, lembre-se que sempre
Todas as informações referente ao despacho aduaneiro
terá que adequar ao seu negócio, onde deverá dominar es-
de mercadorias podem ser encontradas no site da Receita
tas questões levantadas como princípio básico.
Federal (www.receita.fazenda.gov.br) que é bem comple-
to e esclarecedor. Segundo informações que podem ser
aprofundadas nesse site, toda mercadoria procedente do
exterior, importada a título definitivo ou não, sujeita ou
não ao pagamento do imposto de importação, deve ser
submetida a despacho de importação, que é realizado com
base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob
cujo controle estiver a mercadoria.

Fazer as contas:
Compra e venda - Lucro e rentabilidade

Um produto chega a loja para ser revendido. Existe al-


guma fórmula ou cálculo para ajudar os varejistas a calcu-
larem seus lucros? Como “precificar” um produto, afinal
qual o cálculo para que se obtenha lucro com a venda ou
revenda? Bom, para responder a essas perguntas não exis-
te uma regra única, muito menos definida, que sirva para
todos os negócios e produtos.

Para se fazer a marcação de preço de seu produto ou


serviço é importante que você saiba claramente: qual sua

Capítulo 13 \\ A Burocracia
184 185
C A P Í T U L O 1 4

Gestão E
mbora não seja possí-
vel encontrar uma de-
finição universal para
o conceito de gestão, vamos
utilizar, a princípio, uma
definição básica encontra-
da em qualquer dicionário
e que abrange as esferas
que apresentaremos aqui.
Trataremos a gestão como
ato ou efeito de gerir; admi-
nistrar, gerenciar.

Apesar de o termo ter


se popularizado e evoluído
muito no século XXI, o con-
senso é que a gestão inclui
um conjunto de tarefas que
têm como único objetivo ga-
rantir o bom funcionamento
de uma empresa. Com uma
gestão eficiente é possível
agregar valores ao próprio
negócio, otimizar recursos
e até mesmo potencializar e
contabilizar os lucros.

De acordo com o con-


ceito clássico, inicialmente
desenvolvido por Henry
Fayol, compete à gestão
atuar através de atividades
de planeamento, organiza-

Capítulo 14 \\ Gestão
186 187
ção e liderança, de forma a atingir os objetivos organiza- A gente sabe que muitos negócios nascem de forma
cionais predeterminados. E engana-se quem pensa que ser experimental. Às vezes, uma pessoa começa a vender al-
gestor é uma tarefa fácil, muito pelo contrário. É preciso guns produtos em casa mesmo, depois leva para o traba-
aliar conhecimento teórico e conhecimento prático apli- lho e, quando percebe, o que começou de forma singela e
cado para auxiliar na criação dos processos e tomada de despretensiosa, acaba se tornando seu negócio principal.
decisões. Quando uma empresa nasce assim, é possível que o em-
preendedor mais sua esposa e filhos, por exemplo, consiga
Já no início do século XX, Henry Fayol dividia a gestão gerir todos os processos com certa facilidade. Nesse caso,
empresarial em diversas áreas funcionais especializadas, geralmente, uma planilha simples de Excel já é o suficiente
nomeadamente: técnicas ou de produção, comerciais, fi- para controlar o que entra, o que é vendido, o caixa e es-
nanceiras, de segurança, contabilísticas e administrativas toque. Mas quando o negócio começa a expandir em duas
ou de gestão. Atualmente, continua a ser considerado um ou três lojas, começa a complicar porque ele não estará
conjunto de áreas funcionais tais como a gestão financeira, mais presente em todas as lojas ao mesmo tempo. Aí não
gestão da produção, gestão de recursos humanos e gestão tem escolha, é preciso sistematizar os processos para não
comercial. Além destas, podem ainda ser consideradas ou- perder o controle. A criação de padrões, procedimentos
tras, que variam de acordo com a organização ou empresa, e a forma com que eles serão executados será através da
como a gestão estratégica, a gestão de estoque, a gestão de criação e implantação de um software de gestão.
negócios internacionais, a gestão da qualidade, a gestão das
tecnologias e sistemas de informação, entre diversas outras.

Software de Gestão
“A gente não precisa de tecnologia para vender, mas para
crescer”. Esta é uma frase do meu amigo Caio Camargo que
resume bem a importância do uso da tecnologia num negó-
cio. O que define se uma empresa precisa ou não de um sof-
tware de gestão é a cabeça do empreendedor. Quando um
empresário opta por um software, ele busca gestão em seu
conceito mais amplo, é ter controle e acesso às informações,
tudo muito bem apurado e organizado. Por isso, trata-se de
uma característica do varejista, não tem a ver necessariamen-
te com o tamanho da empresa num primeiro momento.

Capítulo 14 \\ Gestão
188 189
Tem muito software bom e barato, digo barato porque o
O primeiro passo quando o varejista opta por implantar empreendedor precisa fazer contas neste momento. Depen-
um software de gestão é ter todos os processos vitais do de da situação do negócio, e o valor cobrado, na maioria das
seu negócio muito bem definidos. Cada negócio tem suas vezes, se dá em função da lucratividade da empresa, o que
particularidades e características específicas. A dica é: an- torna muitas vezes irrisório o valor pago pela implantação e
tes de entrar em contato com qualquer empresa, desenhe manutenção do software. O que pode se tornar “caro” neste
seus processos, identifique e escreva suas necessidades. processo é a transferência de tecnologia da empresa para o
Por exemplo, o cliente entra na loja e é atendido? Ele mes- cliente (no caso, o empreendedor). Isso porque nesta etapa
mo vai até a prateleira, pega o produto e passa no caixa envolve “homem hora trabalhada” de profissionais especia-
ou precisa do auxílio de um vendedor para realizar uma listas que precisam se dedicar ao projeto para que ele fun-
compra? Existem vendedores comissionados? Esse exem- cione como esperado. É preciso treinar os empregados da
plo simples já nos mostra dois caminhos, seriam softwares empresa, vendedores, caixas, gestores, enfim, toda a equi-
diferentes. Na hora de adquirir um software ele precisa ser pe que faz parte do negócio. Leve em consideração na hora
a representação fiel dos processos que definem a sua loja. de fazer os cálculos que, uma vez instalada, esta tecnologia
apenas precisa ser atualizada. Você não vai trocar o sistema
Os softwares são customizados para atender de forma da sua empresa a cada cinco anos, por exemplo, isso acon-
certeira cada empresa. Existem áreas onde os processos são tece a cada dez, vinte anos dependendo do negócio. Se você
muito parecidos. Um supermercado pequeno, por exemplo, fez tudo certinho e comprar o software adequado não vai
terá basicamente as mesmas necessidades, independente, ter nenhum tipo de problema futuro, principalmente por
até do local onde está inserido. Mas mesmo que haja um isso, o custo-benefício é tão bom.
padrão para o segmento, é preciso ainda assim ter os pro-
cessos definidos para atender as demandas específicas. Basicamente, temos então três passos: a contratação do
software, a customização de acordo com as necessidades do
Diferente do que a grande maioria pensa, um software de seu negócio e a transferência de tecnologia. Depois disso, é
gestão não é um bicho de sete cabeças, pelo contrário, está necessária apenas a manutenção mensal que compreende a
cada dia mais acessível e disponível no mercado. A questão atualização do sistema. O que pode “desanimar” é o valor
é achar “a luva do seu tamanho”, é preciso envolver, pes- inicial que precisa ser desembolsado nos primeiros meses,
quisar, até realmente encontrar o software adequado para mas para isso existe também o financiamento do governo
sua empresa. Não adianta achar que todos os softwares são para auxiliar os empreendedores, se for necessário.
iguais, ou comprar por preço, porque quando for implantar
você irá se deparar com uma série de problemas que só irá A grande maioria dos softwares é um sistema único onli-
desgastar sua relação com a tecnologia. ne, que é capaz de organizar números onde obter acesso ao
estoque, vendas, entre todos os demais dados da empresa se

Capítulo 14 \\ Gestão
190 191
torna fácil, prático e seguro. O que os varejistas precisam trapartida, mesmo que de certa forma a tecnologia possa
entender é que mais do que um investimento necessário, eliminar algumas vagas, ela cria outras. Toda automatiza-
trata-se da automatização dos processos que, consequente- ção precisa de pessoas por trás para funcionar, para super-
mente, reduz custos e evita problemas. Faça as contas, veja visionar, para extrair tudo que a tecnologia pode oferecer.
quanto você gasta hoje para manter todos os processos de
forma manual. Contabilize os erros (que infelizmente são As descobertas alavancam o desenvolvimento da hu-
comuns) e converse com empreendedores que já utilizam manidade. Por isso, invista em tecnologias que poderão
algum software de gestão. ser parceiras do seu negócio. Não pense pequeno, saia da
sua zona de conforto. A mentalidade do varejista brasilei-
Observe como nos últimos anos, os bancos têm investi- ro ainda precisa mudar muito. Os americanos criam um
do em tecnologia. Atualmente, todos nós pagamos um va- pequeno negócio e já pensam em "dominar o mundo". Já
lor mensal para ter a conta, mas quem faz tudo, desde de- os grandes no Brasil, pensam em atuar localmente. Invista
pósito a pagamento de contas, somos nós. Raramente você em bons funcionários, capacitados, são eles que ajudam a
precisa ir ao banco (resolvemos tudo através da internet), pensar e a gerir seu negócio. Lembre-se que vivemos uma
eles já entenderam que assim tudo se torna mais rápido, nova era, onde o varejo está em constante transformação e
prático e até mais seguro. Mas para que tudo isso aconte- adequação. A nova geração de consumidores não pode ser
cesse foi preciso investir lá atrás e “treinar” os clientes, no mais atendida da mesma forma como era os nossos pais.
caso todos nós, para que pudéssemos resolver os nossos
próprios problemas sozinhos.

Os grandes players do varejo também já entenderam


isso e perceberam que a organização e eficiência são sinô-
nimos de crescimento e lucro. Muitas vezes, a produtivida-
de é baixa porque não existe automatização dos processos. CLIQUE!
Se você fizer uma pesquisa simples ou tiver a oportunida-
de de conhecer o varejo americano ou europeu irá consta-
tar facilmente o quanto eles investem em tecnologia.

Alguns radicais podem dizer que a tecnologia “tira” o


trabalho de pessoas. Mas na verdade o que acontece é a
substituição do trabalho “não nobre”. Acredito que ne-
nhuma pessoa nasceu para ficar preenchendo tabelas ma-
@
nualmente ou apertando parafuso a vida toda. E em con-

Capítulo 14 \\ Gestão
192
D I C A S D O F R E D
a
a par
paus

DICAS

Q U E
9 Erros O V A R E J O
O varejo é um dos setores
mais atingidos pela
instabilidade econômica que
o Brasil atravessa. Segundo

deve evitar dados do IBGE (Instituto


Brasileiro de Geografia e
para conquistar Estatística), as vendas no
comércio varejista recuaram

Clientes
7% no primeiro trimestre de
2016, em relação ao mesmo
período do ano anterior.

ERRO
E Diante deste cenário
E O
ERRO
negativo, os comerciantes
devem ficar atentos para
E
ERRO
conquistar a confiança do
consumidor. Por isso, listo
aqui os 8 principais erros que
os lojistas devem evitar para
atrair e fidelizar clientes.
ERRO
E RR
ERRO
Erro 1
Mentir para o Cliente Erro 4
Cliente não é bobo, ele tem o conhecimento e acredite:
Criar metas irreais pra equipe de vendas
ele sabe que você está mentindo, sabe mesmo. Por isso, diga
Acredite, isso atrapalha o vendedor com o cliente, faz
sempre a verdade, se tem, tem, se não tem, diga que não tem.
com que ele force situações comerciais para chegar nestas
Não exagere com as características dos produtos, seja amigo,
metas, deixa o cliente acuado. E isso é exatamente o que
se interesse pelo problema do cliente que ele vai ficar seu fã.
você não precisa, principalmente em momentos de insta-
bilidade econômica. Desenvolva metas em conjunto com
Erro 2 sua equipe e lembre-se sempre: metas são feitas para se-
Criar falsas promoções rem alcançadas, não para sonhar.

O cliente sabe de tudo, então se a promoção é boa, acre- Erro 5


dite, ele vai espalhar para todos. Para o cliente, 10% de des-
conto não vale nada. Promoção só é boa quando é boa para
Falar mal da concorrência
o cliente, não para o lojista. Lojista tem mania de prorrogar
Quem tem que comparar, ou não, você com seu concor-
promoção quando é boa! Mentira… quando a promoção é boa
rente é o cliente.Nunca cite o concorrente a não ser se for
de verdade, o produto acaba e encerra antes do prazo, fique
com respeito e admiração.
atento.

Erro 3 Erro 6
Atender o telefone enquanto atende um cliente Não responder ao cliente nos canais de
comunicação da empresa
Para mim, é a maior falta de educação do varejo: você está
atendendo alguém e o telefone toca e você deixa o cliente Não adianta ter SAC, Facebook, Instagram e etc. mas
esperando enquanto atende o telefone ou pega o celular para não responder às demandas do cliente. Fique atento aos
responder mensagens. A maneira mais adequada para lidar canais de comunicação, responda com presteza e interesse
com essa situação é atender o telefone, mas pegar os dados em ajudar seu cliente.
da pessoa do outro lado da linha e retornar a ligação após
finalizar o atendimento do cliente.

Dicas do Fred
196 197
Erro 7
Foque no
Discutir com o cliente
O cliente sempre tem razão? Não concordo com esta
máxima, mas isto não me dá direito de bater boca com ele.
problema do
seu cliente!
Você quer ter razão ou vender? Foque no problema do seu
cliente e ajude-o a resolvê-lo. Assim todos ficarão felizes.

Erro 8
Esquecer de perguntar ao cliente se
gostou, se atendeu
O ideal é que todo lojista dê espaço para seu cliente te-
cer críticas positivas e negativas do seu produto ou servi-
ço oferecido. Assim, pode trabalhar constantemente para
atender cada vez melhor o seu cliente.

Erro 9
Não fazer pós-venda
Ao conquistar um novo cliente, é importante colocar-se
à disposição dele para compras futuras. Entre em contato
por meio do canal escolhido por ele, pergunte se gostou.
Também seja solícito em casos de trocas e resolução de
dificuldades que venham a aparecer. Um cliente que tem o
seu problema resolvido, volta sempre.

Dicas do Fred
198 199
C A P Í T U L O 1 5

Onde montar minha loja


O varejo e a internet
Rua, Shopping Hoje, todo negócio tem que ter presença digital. Não
importa se você tem ou pretende montar uma loja física.
ou Internet? Num contexto geral, a internet está aí, mais presente do
que nunca em nossas vidas, e o empreendedor tem que
estar ciente disso. Mesmo para aqueles que já têm como
objetivo começar a vender direto pela internet, o primei-
ro ponto é entender como este fenômeno contemporâneo
tem interferido nos negócios.

O consumidor antes de comprar qualquer produto con-


sulta a internet, ainda mais se for uma aquisição mais pla-
nejada. Antes mesmo de preço, ele está buscando enten-
der o que realmente quer, para depois fazer a sua escolha e
ir atrás do melhor preço. Por enquanto, ainda salvam-se os
produtos de uso diário como alimentação e bebidas.

A internet e a geração de conteúdo no varejo passaram a


entregar uma quantidade imensa de informações que antes
o consumidor não teria de forma tão acessível. Quantas ve-
zes você chega numa loja e está mais bem informado do que
o próprio vendedor? Por isso, é tão importante você e seu
negócio estarem presentes na internet de alguma forma, in-
dependente da sua localização. Não existe mais consumidor
online ou offline, existe o “figital”, termo que foi usado am-
plamente na NRF Big Show 2015. Não existe mais separação
dos meios, principalmente para o consumidor.

Assim como é feito todo um planejamento estratégico


quando você decide montar uma loja física, este estudo
também precisa existir no mundo virtual. Quando você de-

201
E pior ainda, são as grandes empresas que estão auto-
matizando esse atendimento, ou até mesmo, orientando a
fine que vai estar presente
ligar para o 0800. Olha só onde mora o perigo, você rece-
na internet, vai estar como?
be o cliente num canal (internet) e o direciona para outro
Por meio de um site, blog,
(0800). Essa prática está completamente errada. Ou seja, a
redes sociais? Vou entrar
empresa já teve a oportunidade de atender o cliente ali e
para apresentar produtos e
acaba perdendo o contato (e talvez o cliente) porque a gran-
conceitos ou já vou vender
Sua marca não é de cara? Não é simplesmen-
de maioria não estará disposta a pegar o telefone e ligar, por
exemplo. Além de tudo, perde oportunidade de estreitar
mais importante te estar na rede. É preciso
relacionamento com o cliente e apresentar um pouco mais
mostrar o óbvio do seu ne-
do que vende e gócio, ou seja, o que você
da sua empresa. Nem sempre, você precisa ter um carrinho
de compras para efetivar uma venda, mas um atendimento
de como você faz, o que você vive. Sua
com excelência, a disposição e condição de resolver o pro-
marca não é mais importan-
atende um te do que vende e de como
blema do cliente, com certeza, fortalece o nome da marca,
da empresa e irá gerar, possivelmente, outras vendas. O
cliente. você atende um cliente.
atendimento qualifica o poder de venda.
Essa presença não é ape- E evoluindo esse ponto
nas você “estar” na internet, de venda pela internet, é
mas é para o consumidor possível inovar. Isso acon-
te procurar e para você ter tece quando a partir do seu
a oportunidade de divulgar comércio eletrônico você
seu negócio. Porém, o que passa a fazer de forma di-
muita gente parece ainda não perceber é que este processo ferente, a entregar mais
gera consequências. Se você está presente e automaticamen- do que o próprio cliente
O atendimento
te está divulgando seu negócio, como consequência você espera. Essa inclusive é a qualifica o poder
terá que passar a atender seus clientes por esses canais. Este maior arma que os peque-
é o ponto-chave: atendimento. Um erro muito comum entre nos varejistas podem usar,
de venda.
as redes pequenas é criar vários perfis em todas as redes so- é quando eles começam a
ciais e não responder. Antes de criar perfis, é preciso avaliar usar o mercado de nicho a
a capacidade de atendimento da empresa, pois é comum os seu favor, a oferecer produ-
consumidores fazerem perguntas e não obterem resposta. tos e serviços que não são
encontrados em qualquer

Capítulo 15 \\ Onde montar minha loja?


202 203
lugar. Ser especialista e entender muito do seu negócio é presa. Os clientes muitas vezes postam fotos dos pacotes
fundamental para propor inclusive novas formas de entre- que receberam. E quando é preciso, a empresa se envolve
ga, pois você compreende e detecta quais são as carências em conversas sobre a marca ou para resolver os problemas
e potencialidades da área. dos clientes, estando sempre atenta e disponível.

A empresa já pode começar vendendo, mas antes, precisa


entender sua participação no mercado e na internet. É preci-
so compreender a linha de busca dos seus clientes. Trata-se
de um processo que precisa ser seguido, é preciso estar pre-
sente, divulgar, atender, vender e ter maturidade profissional
para gerir tudo isso. Dá para alterar a ordem, mas não dá para
fugir das etapas ou fingir que estes processos não existem.

Dentro de tudo isso, tem um case que eu gosto muito


de citar, inclusive nas minhas palestras, que é o da Trunk
Club. Eu sempre brinco que homens geralmente não gos-
tam de fazer compras, muito menos de experimentar rou-
pas. Aí veio essa empresa e propôs algo muito prático e
inovador. Imagine só, você entra no site e preenche suas
informações uma única vez (tamanho, estilo, preferên-
cias) e aí a empresa envia para sua casa algumas combina-
ções feitas por eles baseadas em suas informações. Você
não precisa sair de casa e nem ficar escolhendo. No con-
Consultoria: como e quando usar?
forto da sua residência, você experimenta, e no caso dos
Para quem está montando um negócio, a consultoria de
homens é bem provável que já use o que gosta. Caso não
um profissional experiente que realmente conheça o mer-
queira alguma peça, devolve sem custo. Nem preciso dizer
cado é tão importante quanto qualquer um dos outros fa-
que a tática é um sucesso e tem outros motivos para isso.
tores que juntos formam um negócio. É importante pensar
Além dos produtos que são separados com cuidado e pre-
no ponto de venda, designer interno, ou para quem tem
cisão, as caixas onde são enviados também são especiais,
e-commerce, se preocupar com todos aqueles pontos que
personalizadas. Como uma Empresa Social (como eles
já foram abordados neste ManUau. A consultoria é justa-
gostam de ser chamados), a Trunk Club também interage
mente a parte que faz toda essa amarração, que orienta e
com clientes em canais sociais. As redes sociais têm sido
indica os melhores caminhos a seguir.
de suma importância para ajudar no crescimento da em-

Capítulo 15 \\ Onde montar minha loja?


204 205
Um consultor usa de toda a sua experiência com outros
te que pode ter inveja por você estar se movimentando e
negócios (sucessos e insucessos) para através de uma ópti-
criando um novo negócio e, com certeza, esse vai ser o
ca externa e imparcial direcionar seu negócio. Um consultor
primeiro a elogiar sua iniciativa.
independente, que não é comissionado a nada e que não de-
fende os interesses de outras empresas, irá de fato contribuir
Por isso, o consultor que tem um repertório profissio-
efetivamente para a estruturação e sucesso do seu negócio.
nal pautado por inúmeras experiências no mercado precisa
“palpitar” estando de fora. A minha dica, independente do
Eu costumo dizer que a consultoria, nem que seja por
tamanho do seu negócio, é buscar um consultor imparcial,
um dia, é importante, caso você não tenha recursos para
que enxergue o seu negócio como um importante investi-
bancá-la durante toda execução do projeto. Se for apenas
mento e não como um custo a mais. Na verdade, com as
por um dia, aproveite para anotar tudo, tirar todas as suas
dicas e orientações dele, suas chances de errar serão bem
dúvidas e não veja o consultor como alguém que está indo
menores, o que como consequência, vai fazê-lo economizar
contra as suas ideias, mas sim como o profissional que
ou direcionar seu dinheiro para onde ele realmente deve ir.
poderá te ajudá-lo a enxergar possibilidades e ações que
você não tinha pensado antes. Eu sempre falo que quando
Mas, se você não tem condições de contratar um con-
a gente recebe um não ou quando uma ideia é reformula-
sultor, procure o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pe-
da, barrada, este é um momento apropriado para reflexão.
quenas Empresas) da sua cidade. A entidade possui uma
Considero um não tão importante quanto um parabéns,
estrutura pronta para isso; além de fornecer informações,
porque a negativa precisa se tornar uma fonte de inspi-
pode apresentar cases de sucesso que estimulam seu negó-
ração e ideias que impulsionam melhorias. Se você só é
cio e dão boas ideias a você.
elogiado a todo tempo, o ego sobe e a grande maioria das
pessoas vai achar que está tudo perfeito e que seu negócio
Lembre-se, tanto o consultor como o Sebrae, precisam
é o melhor do mundo. Aí que mora o perigo.
ser procurados antes do primeiro passo. Não alugue uma
loja ou crie sua marca para depois ver no que vai dar; este é
Observe também que é comum quando a gente tem uma
um erro e tanto. Todo o planejamento tem que ser feito an-
ideia, falar com os amigos, familiares e pessoas mais próxi-
tes para que, através dele, as decisões possam ser tomadas.
mas, que em sua grande maioria elogiam e "rasgam seda".
Se você começar de qualquer jeito, é difícil voltar atrás,
Mas lembre-se que essas referências boas são muito con-
mesmo porque tudo isso já terá um custo inicial, indepen-
dicionadas! Quando você posta alguma coisa no Facebook,
dente se foi um erro ou acerto. Ansiedade e pressa neste
rapidinho os mais próximos começam a curtir e comentar,
caso só o farão meter os pés pelas mãos.
mas a verdade é que por trás de todos os comentários e
curtidas positivas nem todos têm boas intenções, tem gen-

Capítulo 15 \\ Onde montar minha loja?


206 207
C A P Í T U L O 1 6

P
arece ser o mais simples, mas é o comércio mais com-
plexo porque envolve muitas questões que não preci-
Montando uma
sam ser pensadas, necessariamente, no e-commerce
ou no shopping. Como este livro é um manual, para tornar

Loja na rua o entendimento mais fácil e objetivo, listei pontos que pre-
cisam ser seguidos à risca por aqueles que estão inclinados
a se tornarem varejistas de rua, shopping ou e-commerce,
sucessivamente. São dicas e informações que poderão (e
deverão) evitar muitos erros, por isso atenção! Leia, releia
e, se for necessário, aprofunde sua pesquisa em relação a

LOJA algum tópico para que você realmente entenda todas as


etapas e como funciona cada formato de negócio.

1º - A escolha do ponto

O primeiro passo para quem deseja abrir uma loja na


rua é a escolha do ponto (é onde a maioria erra), pois exis-
te um paralelo entre vendas, fluxo e lucro. Vejo muitos ne-
gócios morrerem, principalmente em bairros, porque não
há fluxo necessário de clientes. Muitas vezes, as pessoas
acabam optando por pontos mais afastados em função dos
altos preços dos aluguéis dos grandes centros, mas é um
erro pensar que dessa forma sua loja será vista e seus pro-
dutos comercializados por si só.

Esse ponto precisa ter um fluxo razoável de pessoas


(transeuntes, não apenas veículos) e oferecer estaciona-
mento valoriza muito qualquer comércio. Os consumido-
res vão sempre optar por lojas que ofereçam, pelo menos,
facilidades para deixar seus veículos.

209
2º - Fluxo ou nicho? fazer bem feito. E com isso, com a aparente vantagem por
não pagar de imediato o aluguel, os empreendedores aca-
Existe uma dificuldade muito grande em investir em bam se esquecendo de avaliar se seu negócio e produtos
comunicação, principalmente quando se conhece pouco. são ideais para serem comercializados naquele local. Esses
Têm negócios que se desenvolvem melhor quando estão centros, geralmente, funcionam para alimentação, produ-
localizados em lugares movimentados tais como bares, tos infantis, livraria, academia. Mas cuidado com as lojas
consultórios odontológicos, padarias, entre outros. Exis- comuns que não oferecem nenhum produto diferenciado,
tem casos atípicos de empresas de nichos que podem se nem serviço; essas lojas, infelizmente, não costumam vin-
dar ao luxo de abrir em locais mais afastados, porque o gar. E não se esqueça, independentemente de onde você
cliente vai atrás de diferenciais e produtos exclusivos. Ou esteja, é preciso divulgar sempre! Quem não é visto não é
quando já existe uma clientela fiel que reconhece a quali- lembrado, simples assim.
dade do serviço e vai se dispor a ir atrás. Do contrário, é
preciso avaliar o tamanho do ponto (calcule o investimen- 4º - Pegue carona
to por metro quadrado), preço do aluguel, fluxo de pesso-
as, entre outras características necessárias ao seu negócio. Outra dica é pegar carona em grandes empresas como
Você não precisa começar com uma loja grande, avalie sua supermercados, por exemplo, que mesmo em bairros, aca-
real necessidade e invista também, em paralelo, para estar bam gerando um movimento considerável porque se trata
presente na internet de alguma forma, como já citei ao lon- de uma loja fim, ou seja, os consumidores saem de casa
go destes capítulos. O importante é estar focado em resol- para fazer suas compras básicas do dia a dia em um su-
ver os problemas dos outros, afinal só assim que é possível permercado. São empresas âncoras que acabam criando
ganhar dinheiro, esteja onde você estiver. pequenos centros de conveniência. Observe que ao lado
de um supermercado sempre tem uma drogaria, padaria e
3º - Centros comerciais em bairros assim por diante. E este movimento pode ser aproveitado,
dependendo do público do seu negócio.
Nesse contexto, existem também os pequenos centros
comerciais nos bairros que tiveram um boom nas capitais e 5º - Fachada
nas cidades do interior. Mas é preciso avaliar se realmente
é um bom negócio. Tenho visto muitas lojas fecharem nes- A fachada tem um papel fundamental quando se trata
ses centros por falta de planejamento adequado. Às vezes, de um comércio de rua, ela simplesmente tem que chamar
os proprietários oferecem um ponto a custo zero ou fazem a atenção dos consumidores e fazer com que eles queiram
um acordo por tempo determinado, onde não é cobrado conhecer sua loja. Mas é preciso ter cuidado, tem gente
o aluguel. Mas aí tem que investir para montar a loja, o que anda confundindo as coisas, principalmente nas ci-
que geralmente requer investimentos consideráveis, se for dades do interior. Às vezes, você está andando por uma

Capítulo 16 \\ Montando uma loja na rua


210 211
rua estreita e, de repente, se depara com uma fachada gi- se perdendo e não entendendo a mensagem que seu negó-
gante, exagerada que está comunicando para o helicóptero cio quer passar), mas invista em poucos e bons produtos
ou avião que sobrevoa a área, porque quem está lá na rua expostos que podem despertar o desejo das pessoas entra-
mesmo, nem de carro, nem a pé, consegue saber que loja é. rem e conhecerem o restante da loja, principalmente os
Então, não se trata de fazer nada exagerado ou imponente produtos que têm valor agregado que precisa ter ênfase
demais, tem que ser simplesmente algo bem feito e que co- porque valem mais. Se você mistura um produto que vale
munique. Uma bandeira pode comunicar muito mais que muito com produtos populares, o mais caro vai absorver
uma fachada exuberante. o ambiente e sofrer uma depreciação. Agora ao contrário,
se você souber misturar produtos populares com os mais
Uma fachada precisa antes de tudo ser eficiente, comu- caros pode gerar mais valor aos populares. Lembre-se que
nicar, passar a mensagem do que se trata seu negócio. En- é a vitrine que faz o cliente entrar na loja. Eu olhei de longe
xergue a fachada como um cartão de visitas, por isso preci- a fachada que me chamou a atenção, cheguei e na vitrine
sa ser direto na comunicação. Quem passa de carro precisa gostei do que eu vi, agora é esperar um atendimento ím-
entender o que sua loja vende de forma rápida e clara. Nin- par, diferenciado, para concluir a compra.
guém vai parar para tentar interpretar e “decifrar” o que a
loja tem a dizer. Tem que ser bonita, bem feita, mas antes É importante destacar que ambas, fachada e a vitrine, são
de tudo, tem que passar sua mensagem. os pontos mais importantes quando se trata de uma loja de
rua. Diferente do shopping em que a vitrine é muito mais
6º - Vitrine importante que a fachada. Na verdade, para mim se não ti-
ver fachada não muda absolutamente nada, desde que tenha
Qualquer vitrine precisa ter movimento, é preciso tro- uma vitrine chamativa e ofereça o que os consumidores es-
car o que está exposto, se possível, diariamente. As luzes tão buscando.
e o led estão cada vez mais acessíveis, e com isso, dá para
colocar uma iluminação média, usar as cores para repre- Existem lojas que mantêm a mesma “cara” desde que
sentar uma estação ou lançamento de um produto novo, abriram as portas, há vinte anos! E depois o dono ainda
experimentar as possibilidades. Se você andar nas ruas de reclama da crise, da falta de clientes. A venda na rua é uma
um centro comercial ou até mesmo de um shopping vai eterna e diária conquista e para se dar bem é preciso se
perceber que todas as vitrines são praticamente iguais às reinventar e estar disposto a acompanhar as mudanças
vitrines de vinte anos atrás. Poucas empresas investiram constantemente.
em conceitos e mudanças que realmente chamam a aten-
ção dos clientes. É preciso chamar a atenção dos consu- 7º - Ponto x Ambiente
midores, mas lembre-se que menos é mais. Talvez lotar a
vitrine de produtos não seja o ideal (o cliente pode acabar Outro ponto que precisa ser levado em consideração é

Capítulo 16 \\ Montando uma loja na rua


212 213
a relação da loja com o ambiente onde se encontra. Lojas o vendedor converter a venda.
muito parecidas dificultam a própria concorrência, pare-
cem um padrão, todas as vitrines iguais e com os mesmos O varejo de rua ganha ainda mais força com o direcio-
produtos. Cuidado para não montar o que todo mundo já namento de anúncios do Facebook. É possível impactar de
montou, num mesmo espaço. Basicamente, são os mesmos acordo com a localização, selecionando o país, o Estado, a
fornecedores, mesmos ambientes, mesmas atitudes. Dife- cidade e, até mesmo, o CEP. Esta é uma ferramenta bem
rente do shopping, como não há limitação de lojas por se- estratégica para ações locais, em que você pode atingir as
tores em um mesmo espaço, você precisa ter um diferen- pessoas que estão próximas à sua loja.
cial competitivo muito bom para se destacar.
9º - Vocação do negócio x vocação da região
Em locais assim, fica difícil também fazer parcerias e
divulgar seu negócio em outros parceiros locais (não con- Existem também regiões adequadas ou não. É comum,
correntes, claro) e vice-versa. O que foi sucesso para um, em qualquer cidade, ter as regiões dos bares ou dos hos-
pode se tornar uma derrota para todos. Observe que todas pitais. Cuidado para não dar um tiro no pé. Por exemplo,
as lojas se parecem, inclusive no aspecto técnico mesmo, se você pretende abrir uma loja em uma área hospitalar é
na montagem e disposição da vitrine, geralmente vidro preciso se adequar à vocação da área, como as lanchonetes
grande que dá a ideia de profundidade, aí no fundo tem fazem, farmácias, empresas de produtos ortopédicos, hospi-
aquela mulher trocando as roupas dos manequins, os ven- talares. Existem principalmente nas capitais, ruas ou bairros
dedores com a caneta na orelha, tudo se parece demais. que oferecem produtos ou serviços específicos. E é bacana
Então pesquise antes, veja quantas lojas parecidas com a ter ruas especializadas, como em São Paulo têm as ruas só
sua já estão ali, defina seu mix de produtos para se diferen- de máquinas de costura, só de noivas, ferramentas, moda
ciar dos demais do mesmo segmento. E a partir daí, traba- masculina ou feminina, e por aí vai. Bom, nesses casos você
lhe o seu relacionamento com as lojas vizinhas, é sempre pode pensar na concorrência, mas na verdade o cliente já
bom se ambientar e fechar boas parcerias. vai ao lugar certo, é um público mais qualificado que está
ali porque sabe que vai encontrar no local o que procura. Aí
8º - Divulgação na rua depende de você ter feito o dever de casa: fachada, vitrine,
bom atendimento e, consequentemente, venda.
Tem ainda a divulgação local, você pode patrocinar as
lixeiras, por exemplo, e fixar sua marca onde há um grande 10º - Comunicação visual
fluxo de clientes. E, ainda hoje, o grande aliado dos vare-
jistas de rua são os panfletos que funcionam muito. Mas é A comunicação, em seu âmbito geral, é fundamental para
preciso fazer com qualidade e oferecer promoções reais o sucesso de qualquer negócio, independente de onde ele
que levem os clientes para a loja e dê a oportunidade para está: na rua, shopping ou na internet. Quando se trata de lojas

Capítulo 16 \\ Montando uma loja na rua


214 215
em ruas e shoppings, as vitrines, assim como a sua ilumina-
ção e o leiaute interno e externo precisam estar impecáveis e
serem compatíveis com seu negócio.

Como já tratamos em capítulos anteriores, a questão da


imagem começa com a definição do nome e do logo que vão
acompanhar seu negócio. Quando falo em comunicação vi-
sual, refiro-me a absolutamente tudo o que o cliente vai ver
ao passar diante da sua loja e mesmo quando entrar. Aliás, o
primeiro trabalho é justamente este, tornar a vitrine atrativa
a ponto de fazer com que o consumidor queira entrar para
ver o que mais a loja reserva para ele lá dentro.

Comunicar é informar, transmitir uma mensagem. Co-


municação visual é a transmissão dessa mensagem, ideia,
por meio da utilização de imagens, pinturas, cores, objetos,
e até mesmo, a escolha da própria posição destes objetos. O
resultado de tudo isso é o que chamamos de leiaute, é o que
as pessoas enxergam em sua loja, é a forma como elas rece-
bem essas mensagens que precisam dizer muito sobre seu
negócio. Imagine só entrar numa loja heavy metal toda co-
já parou para ver uma vitrine e acabou entrando na loja e
lorida, cujo interior é decorado com flores e paisagens, não
levou o produto que chamou sua atenção? E para dar aque-
preciso nem dizer que não tem absolutamente nada a ver.
la contribuição mais que especial, a iluminação, tanto a das
vitrines quanto a do ambiente interno pode ser um grande
Sua loja, principalmente o interior dela, precisa ter a
diferencial. Além disso, uma iluminação bem feita e elabo-
identidade do seu negócio. O cliente precisa passar na por-
rada pode provocar sensações diferentes; instigue seu con-
ta e identificar o que vai encontrar lá dentro apenas com
sumidor, explore as possibilidades. Brinque com as cores
o que está exposto externamente. Quanto mais claro e ob-
e os formatos, faça testes e veja como os clientes reagem.
jetivo melhor. Quantas vezes, você enquanto consumidor,
Não tenha medo de ousar, ideias diferentes, geralmente,
são muito bem-vindas.

Capítulo 16 \\ Montando uma loja na rua


216 217
FRED ROCHA
Para lembrar que os
detalhes fazem toda
a diferença, compre
esta camisa na loja
Capítulo 16 \\ Montando uma loja na rua www.lojadofred.com do Fred.
218 219
C A P Í T U L O 1 7

S
egundo o Censo da Abrasce 2015-2016 (Associação Bra-
sileira de Shopping Centers), existem 538 shoppings em
operação no país. Em 2015, o segmento totalizou cerca
de 53.800 novos postos de trabalho. Estima-se que haja mais
de 1 milhão de empregos diretos nos shoppings brasileiros, o
que corresponde a um aumento de 5,5% com relação a 2014.
O número de frequentadores também saltou de 431 milhões
Montando uma
de visitas por mês para 444 milhões em 2015, alta de 3,2%
com relação ao ano anterior. O faturamento da indústria, em

Loja no shopping 2015, foi de R$ 151,5 bilhões, o que representa um cresci-


mento de 6,5% em relação a 2014.

Os números e o crescimento do setor são evidentes,


basta olhar a sua volta e ver quantos shoppings foram
construídos perto da sua casa ou trabalho. E se você pre-
tende montar uma loja em um shopping, o seu primeiro
exercício obrigatório será o de observar. É preciso estar
atento (muito atento) aos detalhes que são fundamentais
na hora de influenciar a decisão de abrir, ou não, uma loja
em determinado shopping. Sem a pesquisa, as chances de
errar são imensas.

1º - Público x Local

Quando você define o que irá vender, quais serão os


produtos ou o segmento de sua loja, o primeiro passo para
dar vida ao seu projeto é escolher o local onde sua loja irá
atuar, neste caso, em qual shopping. Neste momento, você
terá que visitar shoppings, conversar com lojistas, clientes
e, se possível, destinar boas horas do seu dia para obser-
var. Sim, observar. Vá para o shopping que pretende fazer
parte, observe o fluxo de clientes, movimentação interna
das lojas, disposição dos pontos, concorrentes diretos e

221
indiretos. Tudo isso precisa destes detalhes depois que o negócio começa a dar errado,
estar dentro do seu raio de e aí, eles vão pesquisar o porquê. É comum no momento de
observação e análise. entusiasmo e euforia, as pessoas deixarem passar detalhes
e questionamentos que, lá na frente, vão fazer toda a dife-
Projete seu Um erro que jamais deve rença. Não tome decisões por impulso! O melhor negócio é
negócio para ser cometido é montar uma aquele que você tem a certeza e convicção de estar no lugar
loja em um local/região ina- certo e na hora certa. Sem correria, sem usar a frase “não
longo prazo, não dequado. Imagine só abrir deu tempo de olhar isso ou de fazer aquilo”. Projete seu ne-
para “ver se vai uma loja popular em um sho- gócio para longo prazo, não para “ver se vai dar certo”.
pping de luxo ou vice-versa,
dar certo”. sem dúvida seu negócio seria 2º - Concorrência
“um peixe fora d´agua” e fa-
talmente seria visto por todos Depois de pesquisar de forma aprofundada e escolher o
como inapropriado. Por isso, shopping onde pretende abrir uma loja, o próximo passo é
conhecer seu público-alvo e conhecer seus concorrentes – diretos e indiretos. Se você
saber onde ele está (se frequenta aquela região e local) é um vende calçados e neste local já existem dez lojas deste seg-
dos primeiros passos para quem deseja obter sucesso em sua mento, é melhor repensar sua escolha.
nova empreitada.
Avalie a área primária, ou seja, existem mais concor-
Imagine só uma situação simples, porém bastante ilus- rentes diretos e indiretos fora do shopping, mas próximo
trativa. Se você pretende abrir uma loja voltada para os à região? Lembre-se que caso haja, você será mais um a
clientes que gostam de rock, uma loja temática e com pro- disputar uma fatia do segmento e que precisará ter muitos
dutos voltados para este segmento, mas por falta de pes- diferenciais para atrair os clientes e “superar” seus concor-
quisa o faz em um bairro ou região onde o estilo predomi- rentes, o que tornará sua jornada ainda mais difícil.
nante de música é o pagode, qual seria o resultado óbvio?
Antes de elaborar seu projeto, é preciso conhecer bem Visite seus concorrentes, veja como eles trabalham e o
onde irá atuar e qual será seu público efetivo. Se você ven- que você poderá oferecer em sua loja. O ideal, se possível,
de produtos para jovens, não adianta insistir em abrir uma é escolher um local onde a concorrência é menor para que
loja em um shopping tradicional ou em um bairro, onde a você possa se tornar uma referência naquela região. Entrar
população predominante seja de idosos, por exemplo. em um mercado já estabelecido e fechado não é fácil, a não
ser que seu negócio seja extremamente inovador e chegue
Por mais óbvias que pareçam ser estas dicas, é impres- para movimentar o local.
sionante o número de empreendedores que só se dão conta

Capítulo 17 \\ Montando uma loja no shopping


222 223
3º- O que o shopping oferece? Existem no mercado, diversos livros que abordam, com
exclusividade, o varejo para shopping, além de revistas e
Esta resposta é importante para a tomada de decisão. sites especializados que tratam de forma aprofundada os
Para você montar uma loja num shopping, ele precisa ser acontecimentos comuns aos varejistas deste segmento.
atrativo para os clientes. Veja o que ele oferece. Seu forte
é a localização? Cobra estacionamento dos visitantes? Ofe- Os futuros empreendedores podem recorrer ainda às
rece algum outro benefício relevante? associações dos lojistas de shoppings que são atuantes e
fornecem informações relevantes que poderão ajudar a es-
Mais uma vez voltamos ao ponto da observação. Você colher um shopping ou outro.
precisa avaliar se o fluxo de pessoas irá ser o suficiente para
manter sua loja viva. Não adianta você montar uma loja lin- Na hora da escolha é importante pesquisar e conhecer
da em um shopping deserto ou a mesma loja linda em um também os investidores que estão por trás do empreendi-
local que não oferece nenhum atrativo para os clientes irem mento. Busque informações, saiba quem são, como o gru-
até ele. Com a quantidade de opções, com certeza, qualquer po atua, se ele é reconhecido no mercado e se já construiu
pessoa vai optar por ir a um lugar que lhe ofereça melhores outros shoppings. Ter conhecimento de tais informações
condições, sejam elas na hora de estacionar, em descontos lhe dará mais segurança na hora de investir seu dinheiro
ou por reunir em um único local, o maior número de servi- em um projeto.
ços possível para facilitar a vida dos consumidores.
Um bom lugar para buscar informações e ter acesso a
Lembre-se que cada vez mais os clientes estão buscando con- pesquisas do setor é no site da Associação Brasileira de Lo-
veniência e comodidade. É preciso prezar por essas característi- jistas de Shopping (Alshop) que apresenta-se como prin-
cas que são inclusive o forte dos shoppings. Conforto, segurança, cipal entidade representativa do setor varejista. Sua mis-
comodidade e conveniência precisam ser a base oferecida pelo são é representar o varejo de shoppings com a luta diária
empreendimento. E não tenha dúvidas, essas características se- da capacitação, fortalecimento e integração do setor. Vale
rão cobradas pelos consumidores como essenciais. a pena conferir também as publicações da entidade que é
membro da Federação Nacional de Varejo norte-americana
4º- Informações e Dados Oficiais (NRF), do Fórum International Retail Association Executi-
ves (FIRAE) e do International Council of Shopping Center
Além das suas próprias pesquisas e observações, você (ICSC). Além do site, a associação dispõe ainda de efetivos
poderá contar com uma literatura muito específica, artigos canais de comunicação impressos como a tradicional Revis-
e dados que poderão ajudar a esclarecer dúvidas e a orien- ta Alshop e o Guia Oficial de Varejo de Shopping.
tar seu posicionamento e decisão.

Capítulo 17 \\ Montando uma loja no shopping


224 225
5º- Projeto e Aprovação tário começasse a montar e desmontar lojas conforme sua
vontade ou necessidade, a bagunça que seria, os gestores
O que talvez muita gente não saiba é que um shopping perderiam o controle e a eficiência administrativa.
pode ou não aceitar sua loja. Isso mesmo. Depois de toda
pesquisa e observação tratada anteriormente, você precisa A escolha do ponto ideal é crucial para o sucesso do ne-
procurar a administração do empreendimento para apre- gócio. Após apresentar seu projeto (e ser aprovado), você
sentar seu projeto. Geralmente os administradores ava- precisa avaliar qual loja foi oferecida pelo shopping. Res-
liam a “utilidade” de sua loja para aquele local. Como dito ponda as seguintes perguntas:
também anteriormente, caso você pretenda vender calça-
dos, mas o mall já possui dez lojas do setor, provavelmente • O posicionamento da luva é atraente? Seja conscien-
você terá um não como resposta. te, sua loja é destino ou de compra por impulso? Se você
montar uma loja da Havaianas em local mais “escondido”
Após a elaboração do projeto, que compreende a defi- não terá problemas porque trata-se de uma loja destino,
nição de detalhes, tais como nome da loja, produtos que onde os clientes irão até você, independente da sua locali-
serão ofertados, disposição de vitrines, leiaute do espaço, zação porque desejam um produto/marca específico. Ago-
entre outros, você deverá procurar a Administração, o se- ra se você não tem uma marca consolidada no mercado
tor de comercialização. Para ser aprovado seu projeto e e precisa de movimentação para promover e vender seus
ideia precisam ser atrativos para o shopping. produtos, ir para um local de menor circulação dos clien-
tes é um tiro no pé.
Negócios inovadores e marcas conceituadas sempre se-
rão bem aceitas. Dependendo da franquia, também. Aliás, • Vale a pena investir no ponto? Aqui é o momento de fa-
neste processo de escolha do local da loja, as próprias fran- zer aquelas ponderações em relação ao investimento e lucro.
queadoras podem contribuir, e muito, para ajudar a definir Coloque tudo no papel, projete os custos e calcule os ganhos
o posicionamento ideal. a médio e longo prazo. Vale a pena, por exemplo, investir R$
200 mil para montar uma loja e fazer um contrato de dois
6º- Luva anos? Tudo isso precisa ser meticulosamente calculado.

A luva nada mais é do que o termo utilizado para de- • O tamanho é ideal ou precisaria de uma loja maior ou
signar o direito de uso daquele ponto/loja. Atualmente, a menor? Cuidado para não fechar um contrato e depois se
maioria dos shoppings não vende os pontos, apenas alu- arrepender por não atender suas necessidades.
gam. O que na verdade é bom, uma vez que assim existe
uma rígida e comprometida gestão para manter tudo fun- • Quem serão seus vizinhos? É bom pensar no projeto
cionando em perfeita ordem. Imagine só, se cada proprie- como um todo, inclusive nas lojas que estão ao seu lado, e

Capítulo 17 \\ Montando uma loja no shopping


226 227
próximas a você, elas podem te ajudar ou atrapalhar. de dois ou três anos e a Administração te pede a loja? São
situações que podem acontecer, por isso, se tiver certe-
7º - Custo de Ocupação za do desenvolvimento do seu negócio opte pelo contrato
de 60 meses. Com ele você fica resguardado de problemas
O custo de ocupação é um dos pontos mais relevantes futuros e só precisará se preocupar seis meses antes do
na hora de fechar o contrato. Muitos empreendedores só vencimento do prazo, quando precisará formalizar a con-
se dão conta da quantidade de responsabilidades que assu- tinuidade ou não do mesmo.
miram pagar na hora que as contas começam a chegar. Este
é um erro fatal, a maioria das empresas novas não sobrevi- Outra dica importante é ler e ter total ciência do re-
ve ao mercado justamente porque não tem recursos para gulamento interno do shopping em que você irá abrir a
manter-se no começo, quando o lucro ainda não é capaz loja. Se o varejista cumprir com todos os seus deveres e
de fazer a máquina girar sozinha. Por isso, o planejamento seguir à risca todas as regras que o empreendimento es-
financeiro é fundamental. tipula, com certeza não terá problemas. Mas para aqueles
que não cumprem prazos, atrasam o horário de abertura
A operação de uma loja em shopping não é barata, por isso ou fechamento de loja, as multas serão constantes. Com o
mesmo o empreendedor precisa estar muito consciente so- regulamento, que é específico de cada shopping, você terá
bre o que vai investir e o que vai obter com isso. O custo bá- acesso às informações, particularidades e regras de fun-
sico de ocupação compreende: aluguel da loja, condomínio, cionamento. Saberá, por exemplo, o horário estabelecido
IPTU, energia e ar condicionado. São valores que vão fazer para entrada e saída de mercadorias, entre outras regras
parte da sua rotina e é preciso estar preparado para eles. que variam de um shopping para o outro.

8º- Contrato e Regulamento Interno 9º- Investimento X Retorno

O contrato é algo que precisa ser estudado com muita cau- O empreendedor precisa estar com as contas e o valor
tela. Quando se refere a locação de imóveis em shoppings, do investimento que pode fazer, muito bem calculados,
eles são atípicos, geralmente não seguem o mesmo padrão para não comprometer o seu negócio. Tem loja que será
dos demais contratos. necessário um investimento de R$ 10 mil para montá-la,
outras valem mais de R$ 1 milhão. Por isso esteja atento,
O ideal (meu conselho) é optar por contratos iniciais faça as contas e não extrapole seu orçamento.
de cinco anos. Isso porque o contrato de 60 meses garante
ao locatário, depois deste período, sair quando ele quiser. Faça projeções. Por exemplo, se você investir R$ 100
Imagine só, se depois de tudo, todas as pesquisas e investi- mil para montar sua loja e fechar um contrato de dois anos,
mento para deixar a loja do seu jeito, você faz um contrato até lá terá lucrado o que espera e recuperado o que inves-

Capítulo 17 \\ Montando uma loja no shopping


228 229
tiu? Será um negócio rentável e viável? Da mesma forma, carro num lugar seguro, andar pelas lojas de forma confortá-
têm lojas que fecham contratos para funcionar por dois vel, com uma temperatura agradável, conseguir se alimentar,
ou três meses em períodos específicos, como o Natal, por comprar um presente, uma roupa ou calçado e ainda resolver
exemplo. É preciso alinhar sua necessidade com seu inves- pendências de banco, correios e se exercitar numa academia,
timento e resultado. por que procurar outro lugar?

O varejista precisa ter muito claro o que vai gastar e como Se o número de shoppings está aumentado, proporcio-
vai aplicar seu dinheiro para não sair no prejuízo. Calcule seu nalmente, as responsabilidades dos lojistas também. É pre-
investimento inicial, o custo de ocupação, funcionários, impos- ciso estar atento ao mercado e suas mudanças, oferecer o
tos e demais custos dependendo do seu segmento de atuação. que realmente o consumidor espera encontrar. Bom aten-
dimento e vitrines atrativas e atualizadas são o mínimo
Por mais que abrir uma loja seja a realização de um sonho, que você pode oferecer para ser competitivo.
que mexe com as emoções, é preciso ter os pés no chão e ser
muito racional para não deixar o sonho se tornar um pesadelo. Lojas inovadoras e dinâmicas tendem a surpreender e
encantar os clientes. Muitos donos de loja parecem não per-
10º- Loja Dinâmica ceber que podem explorar, muito mais, o lugar que estão.
No shopping, o tempo de loja aberta é maior, você poderá
O shopping já costuma ter características que o tornam ainda abrir em feriados e nos finais de semana. Use das ar-
atrativo para os clientes. Se está chovendo, o consumidor mas e ferramentas que têm. Seja criativo, faça com que o
vai para não se molhar. Se está quente demais, vai pelo con- seu ponto de venda seja uma loja destino, onde as pessoas
forto do local e o ar condicionado deixa as compras ainda irão a determinado shopping, por seu negócio estar ali.
mais agradáveis. Observe que os grandes empreendimentos
não param de crescer país afora, isso porque além dos atrati- Agora que você já sabe o que fazer para alcançar bons
vos já mencionados, os shoppings têm se apresentado como resultados em sua loja, precisa pensar em definir metas e
um local para o consumidor resolver seus problemas. mensurar os resultados. Imagine um barco vagando em alto
mar, sem bússola ou qualquer instrumento de navegação,
Os shoppings estão acompanhando a tendência mundial sem saber exatamente de onde vem, nem para aonde vai.
de oferecer aos clientes o máximo de serviços possíveis em Assustador? Se você não têm metas definidas e não conta
um único local. Observe que já é comum ver academias, ban- com métricas e ferramentas para acompanhá-las, esta pode
cos, consultórios, correios, dentro dos empreendimentos. Já ser a realidade da sua loja!
se foi a época de ir ao shopping apenas para comer ou se di-
vertir. As pessoas estão buscando conveniência e praticida-
de na hora de resolver suas coisas. Então, se você parar seu

Capítulo 17 \\ Montando uma loja no shopping


230 231
D I C A S D O F R E D
a
a par
paus

DICAS
Você possui uma lojaa
10 em shopping center?
O movimento do
r?

dicas mall diminuiu e está


com dificuldade em
retomar as vendas?
á

Será que está fazendo


do
para impulsionar tudo certo? Reflita nos

AS VENDA$
pontos e impulsionee os
seus negócios.

Lembrando que essas dicas


i
são para empresários de

em lojas
pequeno e médio porte.
Caso você seja dono de uma
grande rede com pontos

de shopping
de vendas espalhados
em vários shoppings, a


estratégia é outra.
Dica 1 Dica 4
Métricas Atendimento
É preciso criar novos parâmetros, sem basear as deci- Ao analisar o fluxo de clientes e o número de vendas, é
sões apenas no faturamento. Não basta atrair o cliente para possível identificar a eficiência, ou não, do atendimento. O
a loja, sem converter a venda. Os contadores de fluxo têm vendedor deve mostrar-se simpático e disponível para mos-
aí um papel fundamental para avaliar a conversão. Com trar os produtos, solucionar o problema que o cliente levou
o número de clientes que entram na loja e o número de consigo e, até mesmo, criar outros desejos de compra.
vendas concluídas é possível desenvolver novas métricas.
Dica 5
Dica 2 Ofereça além / Supere as expectativas
Crie um time
O cliente chegou decidido à sua loja sobre qual pro-
Reuniões semanais são fundamentais para aproximar a duto precisa e você simplesmente entrega o que ele quer
equipe e, juntos, desenvolverem as metas. Essas devem ser e conclui a venda? Lembre-se que nesse momento, você
baseadas nas vendas das semana anterior, avaliando o flu- pode oferecer produtos relacionados ao que ele procurou,
xo de clientes e as vendas concluídas, exceto em semanas mostrar os benefícios desses produtos relacionados e, as-
atípicas, como as de datas comemorativas. sim, encantar o cliente e aumentar o ticket médio. Uma
boa estratégia é, na reunião semanal com a equipe, estudar
Dica 3 quais produtos podem ser vendidos juntos com um valor
atrativo e oferecer combos. Esses kits podem ser até uma
Defina uma nova estratégia boa opção de presente para os clientes mais indecisos.

Você precisa avaliar qual o problema da sua loja. Os clien-


tes não entram? Os clientes entram, mas não compram? Ou
Dica 6
os dois? Caso eles não entrem, o investimento deve ser im- Relacionamento com o cliente
pulsionado na comunicação para atraí-los para a loja. Mas se
eles vão até à loja e a conversão em vendas é baixa, é preciso Se o seu produto, ou parecido com ele, pode ser encon-
avaliar o que está de errado com o atendimento. trado em um concorrente do próprio shopping, faça a dife-
rença no atendimento e no vínculo com o cliente. Além do
bom atendimento, crie um relacionamento para que a sua

Dicas do Fred
234 235
loja seja a primeira opção. Uma semana após a compra, li- ção. Invista em uma boa foto e um leiaute clean que atraia
gue e pergunte sobre o produto, veja a satisfação e se mostre a atenção. É fundamental mostrar profissionalismo em to-
disponível para qualquer problema ou para enviar as novi- das os seus canais de contato com o consumidor.
dades em primeira mão. Veja qual o canal de preferência de
cada cliente, e-mail, telefone ou WhatsApp, para que você
não se torne um chato ou invasivo. No canal escolhido, in-
Dica 9
forme sobre os lançamentos e ofereça exclusividade. A vitrine é a sua principal mídia
Dica 7 O visual da vitrine é determinante para que o cliente
entre, ou não, na sua loja. Ande pelo shopping, preste aten-
Relacionamento com o cliente ção nas vitrines e tente fazer diferente. Pense o que pode
atrair a atenção do consumidor para olhar a sua vitrine e
As pessoas que frequentam um shopping é porque mo- querer entrar na loja. Seja criativo, inove! Dependendo do
ram ou trabalham na região. Então, são esses clientes que perfil da loja e do shopping (quanto mais popular, mais co-
você precisa atrair para a sua loja. Investir em mídia de mum a prática), você pode colocar um promotor na porta
massa será um desperdício de dinheiro, pois mesmo que que ofereça uma degustação e convide para entrar à loja.
atinja um grande número de pessoas, apenas as que circu-
lam em torno realmente poderão ir à loja. Isso só é diferen-
te se a loja é realmente muito exclusiva ou está oferecendo
Dica 10
uma promoção imperdível. Sendo assim, opte por mídias Transforme a sua loja em um lugar
disponíveis próximas ao mall, como em ponto de ônibus,
no próprio ônibus e panfletagem. Quanto mais o cliente se identifica com a sua loja e se
sinta bem, mais ele irá querer voltar. Transforme a sua loja
Dica 8 em um lugar. Por exemplo, se a sua loja é direcionada para
o público masculino, crie um cenário relacionado a um
Faça parcerias com o marketing do shopping tema de interesse comum, como carro ou algum esporte.
Um segmento que tem feito muito bem isso, com bastante
O marketing do shopping deve ser um dos seus prin- louvor, são as barbearias, buscando uma intimidade maior
cipais aliados. Você já procurou saber quais mídias estão com o cliente. Elas têm transformado o salão em um bar,
disponíveis para o seu uso? A maioria dos shoppings dis- um lugar totalmente temático, inclusive com videogames.
ponibiliza espaço nas redes sociais e muitos lojistas não Assim, a experiência de cortar o cabelo ou fazer a barba
aproveitam este espaço. Se você não sabe fazer, contrate passa a ser algo muito mais completo, divertido e até um
alguém que saiba para criar uma peça web para a divulga- encontro com os amigos.

Dicas do Fred
236 237
C A P Í T U L O 1 8

Montando uma
Varejo na WEB: Sempre
Loja na internet que o Brasil passa por uma
crise econômica, ela afeta
diretamente o poder de compra
dos consumidores.

Em 2016, viajei pelo Brasil todo.


Foram mais de 80 palestras, com
o público médio de 300 pessoas,
sendo que em cada uma
delas, visitei o comércio local,
conversando com os lojistas e
prestadores de serviço. Assim,
é possível imaginar o quanto
estou próximo aos trabalhadores
do varejo, converso muito sobre
o mercado e é de assustar
o impacto da crise. Alguns
empresários já me relataram
uma queda real de até 25%,
se comparado 2016 com o ano
anterior.

Capítulo
CCa
apí
p tulo
lo 188 \\ M
Montando
onta
ontand
ndoo um
uumaa lo
loja
ja nnaa in
inte
internet
teern
rnet
eett
2238
38 2239
39
Presença e cultura digital aprender a anunciar e usar as mídias a favor do seu negó-
cio. Investir em marca e comunicação, ou seja, em bens in-
tangíveis, ainda é outra grande dificuldade do nosso mer-
EVOLUÇÃO DOS E-CONSUMIDORES (ATIVOS) cado nacional. Isso deve ser feito de forma recorrente, não
uma vez ou outra, para anunciar uma promoção. A rotina
do negócio precisa estar lastreada na comunicação eficien-
VAR.
25 31% 23,1 te e efetiva. E isso, ou você sabe ou aprende da pior forma:
CONSUMIDORES

na prática e no fracasso.
(MILHÕES)

20 17,6
15

10

1 SEMESTRE 2013 2014 2015 2016

TÍQUETE MÉDIO VARIAÇÃO

FONTE: EBIT INFORMAÇÃO - NÚMERO DE CONSUMIDORES ATIVOS, 1º SEMESTRE DE 2016

Você é um comerciante que ainda possui a rotina de


abrir a loja e esperar o cliente entrar? Se a resposta é sim,
precisa mudar a sua cultura para conseguir ter um e-com-
merce de sucesso. No mundo virtual, se você só tiver o
seu site da loja virtual e manter uma atitude passiva, será
como ter uma loja no deserto, onde dificilmente aparece-
rá algum cliente. Mas calma, se você está lendo este livro
1º passo: presença
é porque está buscando conhecimento e seguindo alguns
passos conseguirá prosperar.
É preciso desenvolver uma rotina de presença na web,
seja por meio de uma rede social, com a utilização de
Em 18 anos de experiência com e-commerce, já ajudei
e-mails para estabelecer algumas relações comerciais, ter
a colocar mais de 250 lojas virtuais no ar. Mas dessas, nem
um domínio (endereço de site) ou um blog. É preciso ter
todas obtiveram sucesso, pois não adianta só colocar no ar,
familiaridade com as ferramentas e elas precisam fazer
ter bons produtos ou preço. É necessário desenvolver uma
parte da sua rotina, com atualizações e cuidados específi-
nova cultura, uma nova forma de se fazer varejo. É preciso
cos. Não aconselho a ter conta em todas as redes sociais,

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


240 241
por exemplo, porque é difícil gerar conteúdo, mantê-las
atualizadas e responder a todas as mensagens que chegam.
Então, foque estrategicamente naquela em que seu público
está presente e faça bem feito.

3º passo: tão importante quanto vender é atender

Responder as perguntas que chegam, as dúvidas e su-


gestões. Enfim, é preciso responder com profissionalismo,
conhecimento e agilidade. Encare uma mensagem recebi-
2º passo: saber utilizar a internet
da como sendo um cliente ali na sua frente, em seu balcão,
que te fez uma pergunta e espera uma resposta. Tenho co-
É aprender a divulgar e a comprar as mídias disponíveis
nhecimento de redes que têm 30 lojas físicas espalhadas,
para poder gerar negócios na sua loja. Iniciar por um pro-
recebe mais clientes em sua loja virtual, mas mesmo assim
cesso pequeno e gradativo e depois, mesmo que seja pe-
não dá a devida atenção. Este é um erro fatal na internet,
queno, é preciso ser recorrente. Aprender a criar promo-
apesar de não ver e de não conversar pessoalmente com
ções para levar seus clientes, inclusive, para a loja física.
o seu cliente, existe uma pessoa ali por trás do computa-
A partir do momento em que é possível manter relações
dor que é exatamente a mesma que iria até a sua loja física
comerciais com os clientes por meio da internet, você es-
e precisa ser vista assim. O fato de não haver a presença
tará pronto para dar início ao terceiro passo.
física não atrapalha para que uma relação comercial seja
estabelecida, dúvidas tiradas e negócios feitos.

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


242 243
5º passo: inovar

Com maturidade em todos os itens citados, é possível


inovar. A inovação pode acontecer em qualquer um dos pas-
sos, seja na forma de utilizar a internet, na logística, ou até
mesmo, no atendimento. Se você consegue oferecer um ser-
4º passo: pronto para vender
viço simples, mas que os seus concorrentes não oferecem,
como um delivery da loja virtual para a entrega ser feita no
Após passar pelos primeiros passos, o varejista estará
mesmo dia, por um motoboy, ao invés de demorar dias para
preparado para ter um e-commerce e divulgar seu negócio.
chegar pelos Correios ou uma transportadora, você estará
Nossos comerciantes ainda não estão culturalmente prepa-
inovando. O pequeno varejista alcança a inovação fazendo
rados para investir e se relacionar com o intangível. Só para
algo diferente do seu setor ou trabalhando em um nicho de
lembrar, a comida japonesa, por exemplo, já está presente
mercado. Um ótimo exemplo é a Warby Parker e já falei
no Brasil há mais de 30 anos, e só agora há pouco tempo foi
sobre ela no Capítulo 7 - Inovação. A empresa é um e-com-
de fato inserida na nossa rotina e cultura. O próximo passo?
merce que inovou na forma de atender, entregando um kit
Se já vende pela internet, atende bem, desenvolveu a capaci-
com cinco óculos para escolha. Outro exemplo interessante
dade de divulgar e tem presença maciça na internet, aí este
é a Trunk Club, loja americana, que oferece um serviço de
varejista terá competência para inovar, porque não dá pra
compras de roupas em que o cliente recebe uma consulto-
inovar sem fazer o básico bem feito. Agora que você já en-
ria. Este consultor seleciona roupas, sapatos e envia para a
tendeu os primeiros passos fundamentais para prosperar o
casa do cliente que poderá escolher o que mais lhe agradar e
seu negócio na web, está pronto para vender?
devolver o que não gostou em até cinco dias, sem custo. Viu
que não é difícil ser inovador?

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


244 245
Como ter um negócio na web? ternet é por meio de um marketplace que já esteja estável
e funcionando bem para atender as demandas do consu-
midor. O marketplace é um ambiente virtual de varejo
Acredite, ter um e-commerce é totalmente diferente do
que possui vários vendedores e fabricantes de diferentes
que montar um negócio tradicional. Os empreendedores acre-
segmentos, como é o caso do Mercado Livre, Elo7, Sub-
ditam que sabem administrar todo tipo de negócio, mas na
marino, Amazon, Aliexpress. No Brasil, o Mercado Livre é
verdade não é bem assim. Têm negócios que, pela sua própria
responsável por 80% do mercado de marketplace.
vivência e repertório pessoal, dão base a você para imaginar os
processos e até compreender toda a estrutura. Por exemplo,
Além desses, grandes lojas de departamento também
todos nós vamos a padaria desde pequenos, o que nos garante
possuem marketplace, o que permite que lojas pequenas
um mínimo de conhecimento e nos permitiria, talvez, mon-
possam vender seus produtos nesses sites a partir da co-
tar uma, já pressupondo quais seriam as demandas e como é o
brança de uma comissão, o que amplia as chances de ser
funcionamento. Já no e-commerce não é bem assim, é funda-
encontrado já que o alcance é muito maior. Mas lembre-
mental buscar conhecimento. Converse com quem já tem uma
se que se preferir adotar esta estratégia, supõe-se maior
loja virtual, frequente a infinidade de eventos gratuitos espa-
quantidade de vendas e a sua logística precisa ser eficiente
lhados por todo país, aproveite a literatura muito completa que
para o sucesso online. Então, tenha controle do estoque,
existe sobre o tema, encontrada em livros, artigos e estudos.
das vendas, notas fiscais e entrega.
Tudo isso é necessário para que o empreendedor possa com-
preender todas as etapas para colocar um e-commerce no ar.
Para o consumidor, a vantagem é que ele pode comprar
diversos itens, de diferentes valores e efetuar um único pa-
Aqui vamos falar dessas etapas, porém de forma resu-
gamento. Para o vendedor são inúmeras vantagens, como:
mida. Espero que todas as informações e dicas relatadas
credibilidade, visibilidade, baixo investimento, relevância
aqui, sirvam como estímulo para que você estude mais e
em SEO e aumento das vendas.
domine o assunto antes de realmente investir seu dinheiro
em um e-commerce.
Uma grande novidade nesse setor foi lançada pelo
Facebook, em outubro de 2016, quando foi apresentado
Os passos para se montar uma loja virtual são: 1) co-
junto de seu novo aplicativo Messenger Lite, um espaço
nhecimento; 2) escolha da tecnologia (plataforma); 3) ge-
inédito na rede social, chamado “Marketplace”. Em vez
ração de conteúdo, que é a parte mais complexa porque ela
de ganhar um aplicativo dedicado, o recurso permite que
é recorrente; 4) a implantação.
usuários comprem e vendam produtos ao redor do mun-
do. O marketplace permite que usuários possam encontrar
Se você ainda é um estreante como empresário de e-
produtos ou vendê-los para pessoas próximas ou distantes
commerce, uma boa forma para começar a vender na in-
a eles. É possível filtrar a busca por categorias, e utilizar a

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


246 247
ferramenta de localização para ajustar a região onde você
deseja procurar, seja esta uma cidade ou bairro diferen-
Crie a sua loja virtual
Para criar a sua loja virtual, é necessário se atentar para
diversos detalhes, seja de logística ou tecnologia.
PESQUISA CICLO DE COMPRA: COMPORTAMENTO DE COMPRA DE CELULARES/SMARTPHONES:
FATORES DE INDUÇÃO DE COMPRA*
1º - Concorrência:
Quando você pensa em comprar um novo produto, quais são os principais atributos que você mais considera?
QUALIDADE

Analise a sua concorrência, não o preço (tendemos a


PREÇO

CONDIÇÃO DE PAGAMENTO
60% achar que a concorrência se dá apenas em função da oferta
57% de menores preços); mas como ela apresenta os produtos?
50%
50% Aconselho que você compre nos concorrentes para ver
FRETE GRÁTIS

PRAZO DE ENTREGA
40% como ele funciona, prazo de entrega, como ele aloca o con-

VALOR AGREGADO
teúdo. Faça prints (que vão ajudar a você a entender como
MARCA

PRONTA ENTREGA
30%
tudo funciona), quantas fotos o concorrente coloca, veja as

INOVAÇÃO
20% 23% 22% descrições (mas não copie, pois o Google identifica a cópia
17%
e pode penalizar o seu site). Não veja quem está fazendo
10%
10% 10% algo ruim, se compare aos melhores, principalmente nos
6% 5%
0%
Fonte: EBIT INFORMAÇÃO BASE:2,024 PERÍODO: 03 JUNHO A 11 JULHO/2016
pequenos negócios.

Como o consumidor não conhece você, ele vai dar re-


te, ou na própria vizinhança. De início, a novidade chega
levância à sua loja se ela tiver uma boa apresentação, bons
apenas para a Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e
textos, visual agradável e atrativo. Esqueça aquele primo
Reino Unido. Atualizações futuras levarão o recurso para
que mexe no Photoshop e que poderia fazer as artes para
outros mercados, bem como para a versão da rede social
você ou aquele amigo que sabe tudo de computador para
acessada através dos navegadores.
criar sua página. Faça de forma profissional, contrate uma
empresa. Não existe meio termo quando se trata de inves-
Integrar o seu e-commerce aos marketplaces pode ser
timento em e-commerce, é investimento de verdade.
uma boa estratégia para aumentar as vendas. Mas se você
quiser uma relação mais próxima da marca com o cliente
2º - Conteúdo
e oferecer uma maior riqueza de detalhes em relação aos
produtos, como maior número de fotos, ter a sua página
Esse sem dúvida é o calcanhar de Aquiles do e-commer-
própria é fundamental.
ce. Gerar conteúdo é investir em imagens com qualidade
para apresentar os produtos. É preciso fazer a descrição dos

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


248 249
mesmos, ou seja, é um trabalho recorrente, de atualização caso, talvez seja interessante você ter um motoboy para
contínua. Eu aconselho a, pelo menos, contratar um estagi- entregar na sua cidade, por exemplo. Os Correios têm al-
ário de comunicação que domine as ferramentas de edição gumas limitações, como por exemplo, não entregam enco-
para ficar por conta desse trabalho. Tem que ser feito “den- mendas acima de 30 kg, se o seu produto pesar mais que
tro de casa”, não dá para terceirizar esse serviço. Costumo isso, será preciso pesquisar uma transportadora que faça o
dizer aos meus clientes de indústria que a área de fotogra- serviço. Lembre-se que já existem vários aplicativos, como
fia tem que estar no final da linha de produção e não mais o Findmypac, Axado e Intelipost, que podem ajudar nessa
no controle de qualidade. Mesmo que talvez você não te- parte, que integram sua loja virtual e que contribuem com
nha um e-commerce propriamente dito, mas tenha um site a cotação em tempo real. Eles fornecem toda a estrutura
institucional, um blog, um perfil na rede social, qualquer e alguns até retiram os produtos na sua empresa e fazem
um deles precisa ser alimentado com conteúdo de qualida- toda a estrutura inclusive da logística reversa (troca). Os
de. Dependendo do seu ramo de atuação, é necessário ter Correios também oferecem essa opção. Em caso de devo-
um fotógrafo e um modelo à disposição da empresa para lução de mercadorias, eles pegam o produto de volta na
gerar conteúdo e fornecer para revendedores ou clientes. casa do cliente e devolvem para a loja. Existem contra-
Essa atualização dá muito mais trabalho no início, depois tos específicos para isso e não é tão caro quanto a grande
quando o processo já está todo desenhado e alinhado vai maioria imagina.
ficando mais fácil. A loja tem que ter movimento, tem uma
frase que eu já escutei algumas vezes e concordo, que diz:
“quando a loja troca de vitrine é o dia que tem mais movi- PRINCIPAIS FORMAS DE PAGAMENTO
mento”. Cada negócio é bem específico, não existem prazos
À VISTA 2-3 VEZES 4-12 VEZES OU +
definidos para que a atualização seja feita. É preciso analisar
o Analytics, por exemplo, para ver a frequência que seus
clientes entram, avaliar se a troca de conteúdo impacta as
vendas e, a partir daí, criar um planejamento de atualização.
1 SEM/
2015 39,6% 24,6% 35,8%
Se o cliente volta pouco à sua loja, a troca de conteúdo pode

FONTE: EBIT INFORMAÇÃO


ser menor. É preciso verificar os números e os dados que
você tem disponível.

3º - Frete
1 SEM/
2016 42,0% 25,1% 33,0%
Quanto mais opções oferecer para os clientes, melhor. CREDIT CARD

Geralmente, é normal começar o processo de entrega com 000 000 000 000

os Correios, que tem contratos específicos. Mas se for o

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


250 251
4º - Meios de pagamento você não pode cumprir. Se você precisa de 20 dias para en-
tregar um produto, repasse ao seu cliente 25, 30 dias, para
Quanto mais oferecer melhor. Nenhuma empresa pode que você possa trabalhar com uma margem, caso aconteça
se dar ao luxo de perder uma venda, ainda mais por não algum imprevisto. Lembre-se que é sempre melhor sur-
oferecer a opção de pagamento que o cliente deseja, fique preender do que decepcionar. Se for possível, antecipe a
atento. No e-commerce, as pessoas compram tudo, menos entrega, mas não atrase e perca o prazo que prometeu. A
o produto. O consumidor compra conveniência, meios rotina do e-commerce é pesada. É geração de conteúdo,
de pagamento, velocidade da entrega e, nesse contexto, de nota, entrega de pedido. Enfim, o importante é você
o produto em si fica em segundo plano porque é o que entender que montar um e-commerce dá o mesmo traba-
toda loja oferece. Com o agravamento da crise econômica, lho que montar uma loja física (muita gente só se dá conta
segundo o estudo Webshoppers, o primeiro semestre de disso quando é surpreendido com todas essas etapas e res-
2016 registrou uma leve mudança na forma de pagamento ponsabilidades). Mas é um comércio com possibilidades
das compras online. No mesmo período de 2015, 39,6% infinitas, você pode vender para qualquer lugar do mundo.
dos consumidores preferiram pagar à vista. Já nos seis pri-
meiros meses de 2016, 42% decidiram pagar em uma úni- 7º - Plataforma
ca parcela suas compras, aproveitando inclusive incentivos
das lojas com descontos. A escolha da plataforma talvez seja uma das maiores
dificuldades de quem deseja abrir uma loja virtual. Exis-
5º - Categorização de produtos tem plataformas que são mais completas e que oferecem
menos problemas. Para entender de plataforma, é preciso
Precisa ser humanizada e direta, de forma que o cliente falar de infraestrutura. Em comparação, seria algo como
entenda e goste do que vê. Não pegue aquela descrição que você escolher um ponto de venda, alugar uma loja física e
às vezes o próprio sistema dá e disponha no e-commerce, reformá-la para se adequar às necessidades do seu negó-
pois os clientes percebem isso, não tenha dúvida. Geral- cio. Você pode alugar ou comprar uma loja, se você alugar
mente, é preciso fazer a integração da base de dados, que terá uma empresa por trás que vai ajudá-lo nessa “refor-
precisa ser estudada junto com a plataforma. ma”, ou seja, irá desenvolver a parte visual no que diz res-
peito ao desenvolvimento e implantação da tecnologia que
6º - Estoque será usada na sua loja. Agora se você optar por comprar,
terá que desenvolver tudo do zero. Desenvolver tudo, o
Normalmente, a primeira pergunta é: eu preciso ter próprio software, pode parecer num primeiro momento
tudo que ofereço em estoque? Depende de cada setor, cada mais atrativo, mas com o passar dos anos, sai muito mais
e-commerce tem sua característica. A única ressalva aqui caro. Só indico o desenvolvimento do software para quem
é a de não dar expectativa ao seu cliente e prometer o que precisar de customizações específicas na parte comercial,

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


252 253
que tenha características diferentes que os alugados não commerce ao seu RP, ao seu software de gestão (mesmo
consigam atender. Tudo isso custa dinheiro, é investimen- que não seja implantado de imediato, é preciso pensar lá
to e gera uma mensalidade que nem sempre é barato. Você na frente, porque quando sua empresa crescer um pouqui-
terá que manter o sistema atualizado e funcionando 24 ho- nho, o software será fundamental). E opte por plataformas
ras por dia, os sete dias da semana. Terá que arcar com o que permitam a integração com os marketplaces.
servidor, porque se for ruim impossibilita a entrega das
requisições que os consumidores fazem, por isso que eu A interface de acesso do usuário também é importante;
falo que tem que estudar tudo isso, lá no início, para não verifique se a empresa oferece ao seu e-commerce a versão
ser pego de surpresa lá na frente. mobile (não abra mão disso, a cada dia que passa cresce o
número de pessoas que compram pelo celular). Segundo
Gosto muito das plataformas alugadas e temos diversas o estudo Webshoppers, as vendas via dispositivos móveis
no mercado. Algumas oferecem o cadastramento de até apresentaram forte crescimento ao longo de 2016, atingin-
90 produtos gratuitos; temos as medianas que ficam entre do um share de 23% das vendas no mês de junho.
R$ 30 e R$ 40 mil; as grandes, que ficam a partir de R$
100, R$ 150 mil, são extremamente customizadas, desde E, é claro, observe a segurança que é oferecida, aquele
a parte técnica, infraestrutura e desenvolvimento, mas se “cadeadinho” (SLL) tem que ser comprado através do seu
destacam principalmente na questão da usabilidade. Esses domínio e é extremamente importante. Os consumidores
números são de 2015, mas servem como uma referência buscam pela credibilidade do site, fazem uma consulta pré-
de preço. A maioria das novas plataformas, como Xtech, via pela reputação da loja antes de comprar e até procuram
Loja Integrada, Nuvem Shop, Mercado Shops já vem pron- pelo selo que atesta sua certificação e confiança.
ta para a busca SEO integrado, URLs humanizadas, ou seja,
já vêm prontas para o uso; o principal, o que você real- Então, em relação à plataforma são basicamente es-
mente deve se preocupar, é com o suporte. Para lojistas, ses itens que são fundamentais e precisam ser estudados
os que já vendem, recomendo Jet E-commerce e Vtex. Não e compreendidos com clareza para que você possa fazer
fique refém dos suportes, procure ter independência e co- a escolha certa. A plataforma passa a fazer parte do seu
nhecimento suficiente para conhecer e saber lidar com negócio e será uma parceira de trabalho que estará muito
os problemas que poderão ocorrer. Nenhuma plataforma presente no seu dia a dia, por isso é tão importante fazer a
é perfeita, mas umas são melhores que as outras. Veja se melhor escolha, a mais adequada e assertiva.
essas plataformas fazem atualizações recorrentes, verifi-
que onde está hospedada, observe a infraestrutura técnica, 8º - Interface de acesso
quem são os clientes dessa plataforma. Faça testes, compre
da plataforma antes de fechar negócio e veja a velocidade, É o ponto de contato do consumidor com a sua loja.
suporte, usabilidade. Veja quanto custa para integrar o e- Então, não interessa o tamanho do seu negócio, o que im-

Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet


254 255
porta é que o visual tem que passar credibilidade ao usuá- nhece, ninguém vai te achar. Por isso, use as ferramentas
rio. Tem que ter aparência de empresa grande, marca bem que estão disponíveis ao seu favor. Use as métricas para
desenvolvida, cores adequadas, tudo muito bem estrutura- definir estratégias e as ações para direcionar campanhas.
do, é o que o cliente espera encontrar na linha de frente. Todos esses dados que são gerados são muito precisos e
Transparência na comunicação, transmitir confiabilidade, confiáveis. Teste o e-mail marketing, Google Adwords, Fa-
isso só é possível se for bem feito. Por isso, volto a falar, cebook ADS, mídia offline (TV, jornais, revistas). Analise
contrate uma boa empresa de comunicação para fazer toda os dados, o que é fundamental, a conversão, o número de
essa parte ou busque os sites que oferecem os templates pessoas que entram, o que chamou mais atenção e o que
prontos e a criação de logotipos. Busque sites que ofere- foi irrelevante, qual melhor horário para soltar uma pro-
çam imagens profissionais e se você tiver algum conheci- moção. Analise os fatores para ver se é necessário mudar
mento em Photoshop, melhor ainda. O que vejo, e é muito algo. Todos os itens têm uma parcela de contribuição na
contraditório, é a dificuldade que um varejista tem na hora hora da conversão, da cor à fonte escolhida. O mapeamen-
de investir. Ele usa R$ 30 mil para reformar uma loja físi- to é fundamental, lembre-se que o varejo é feito de deta-
ca e não tem coragem de pagar R$ 500 para investir em lhes. E lembre-se, tanto faz se é online ou offline.
comunicação visual da loja virtual. Investir no intangível
é o grande desafio. O consumidor mudou muito a forma 10º - Tamanho não é documento
de comprar e o seu e-commerce precisa ter as “ilimitadas
opções” que ele procura. Quem consegue investir no in- Aí você pode estar se perguntando: sou pequeno, como
tangível, colhe os louros dos clientes, não tenha dúvida. vou brigar com os grandes players online, nacional e mun-
dial? Eu destaco dois grandes macetes: primeiro, ser um va-
Ainda é preciso investir na parte dos comentários e re- rejo de nicho. Você precisa se tornar especialista em algo e
views. Nesse sentido, tem um case que eu gosto muito, o estar pronto para resolver o problema dos outros. Segun-
da Tatiana Pezoa. Ela criou a Trustvox, uma empresa cuja do, é atrelar serviços ao seu negócio. É preciso desenvolver
especialidade é responder e fazer a gestão dos reviews dos valor, percepção no seu cliente, já citei vários casos que fi-
clientes nas páginas das empresas. E é com isso que os con- zeram isso. Não busque comparações apenas no seu setor,
sumidores estão preocupados. Se o cliente está em dúvida busque outros nichos, outras áreas. Serviços diferentes são
sobre a compra e lê um comentário positivo ou negativo, sempre bem aceitos pelos consumidores, que irão valorizar
isso impacta diretamente na sua decisão. o novo, o diferente. Essa é a melhor forma que o pequeno
varejista tem para se destacar e se diferenciar dos gigantes.
9º - O deserto

Se você montar uma loja virtual e não divulgar, estará


montando uma loja no deserto. Se o Google não o reco-
Coloque em prática essas dicas
e bons negócios!
Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet
256 257
FRED ROCHA
Que tal fazer a sua
parte e conscientizar
o varejo? Compre
esta camisa na loja
Capítulo 18 \\ Montando uma loja na internet www.lojadofred.com
do Fred.
258 259
C A P Í T U L O 1 9

O varejo compartilhado

Até pouco tempo, os negócios eram feitos

Das pessoas de cima para baixo, ou seja, as empresas


criavam os produtos e serviços para as
pessoas consumirem. Porém, hoje é de baixo

para as empresas para cima, os consumidores demonstram


seus interesses e sobreviverão as empresas
que conseguirem atendê-los.

Economia
compartilhada
Compartilhar! Essa é a expressão que
impulsionou as mudanças em relação aos
hábitos de consumo e está reinventando
a própria maneira de fazer e pensar os
negócios. Coworking é uma expressão para
trabalho em colaboração, compartilhar
valores em busca de sinergia. Nos últimos
anos, a ideia de ceder, alugar ou emprestar
espaços para realização de negócios veio
ganhando forma e força. Existem lugares
em São Paulo, por exemplo, onde lojas
de roupas alugam seu espaço para que
vendedores autônomos possam receber e
negociar com seus clientes.

261
Por meio da economia compartilhada, os negócios podem bank, ao patrocinar um programa de compartilhamento de
se tornar prestadores de serviços, fomentador de mercado bicicletas na cidade de Nova York, como já ocorre no Brasil.
ou até mesmo ser responsável por promover plataformas.
Sua base se dá por meio do compartilhamento pessoa-para O grande aprendizado que precisa ficar para as empresas
-pessoa (peer-to-peer), o chamado consumo colaborativo. é que o relacionamento com os clientes mudou. É hora de li-
Automóveis, alimentos, serviços, moradia, informação, tec- bertar seu negócio para ganhar o mercado. O maior exemplo
nologia, entre outros bens, podem ser compartilhados. do modelo de economia compartilhada é o aplicativo norte-a-
mericano Uber, que apresenta motoristas a usuários que de-
A ideia vem ganhando força mundo afora e grandes cor- sejam fazer um determinado trajeto de carro e fica com 20%
porações já passaram a adotar estratégias baseadas no com- do dinheiro cobrado pelo dono do veículo. Mas outros setores
partilhamento em seus principais negócios, como a Toyota, também começam a apostar nos serviços de compartilhamen-
ao alugar carros de concessionárias selecionadas e o Citi- to. No já famoso site Airbnb, é possível alugar um quarto, uma
casa ou mesmo um castelo; no Bliive, você usa seu tempo livre
para dar aula sobre um assunto que domina e, em troca, rece-
be aulas sobre um tema que é do seu interesse; no Parkingaki,
você pode alugar sua vaga de estacionamento caso não tenha
carro em casa. Já com o Zipcar, qualquer pessoa pode alugar
carros de outras pessoas, sem precisar de uma locadora.

Capítulo 19 \\ O Varejo compartilhado


262 263
O Netflix permite que pessoas assistam filmes pela in-
ternet em qualquer device (incluindo a televisão) sem pre-
cisar baixar ou pagar entradas como no cinema ou pagar
para alugar filmes; basta fazer uma assinatura e ver na hora
o que quiser. E você já se imaginou jantando na casa de um
estranho que preparou a mesa especialmente para você? O
site Dinner conecta pessoas que amam novas experiências
gastronômicas. Para se conectar é simples: o anfitrião pu-
blica o menu do jantar com entrada, prato principal e so-
bremesa; coloca o preço por pessoa e as fotos do ambiente
e pratos. Já o visitante escolhe o anfitrião, o jantar, realiza
o pagamento pela própria plataforma em até 18 vezes no
cartão e reserva a data.

Eu costumo dizer que acredito nas pessoas e se você


pode colaborar com alguém, em algum momento, por
que não o fazer? Você não vai fortalecer um outro negó-
cio quando se dispõe a contribuir com seu crescimento de
alguma forma, mas sim vai fazer um amigo, um parceiro
que poderá (e geralmente é) ser muito útil para o seu ne-
gócio. Parcerias são fundamentais, pois elas contribuem Impacto da economia
para expandir sua atuação no mercado. E a economia com-
partilhada resulta em uma série de mudanças no modo
compartilhada no varejo
como a sociedade opera. Surgem novos modelos de renda
Como eu disse, a economia compartilhada já está en-
e emprego e, até mesmo, da prestação de serviços sob de-
raizada em nossa cultura contemporânea e, cada dia que
manda, diminui o consumo impulsivo e aumenta a varie-
passa, mais empresas pelo mundo estão aderindo ao novo
dade de produtos disponíveis. Não resista a essa tendência
pensamento. Provavelmente, você deve estar se pergun-
mundial, apenas analise como você pode fazer parte disto,
tando, mas e agora? Acabei de montar um negócio peque-
repense suas parcerias e colaborações, quem sabe daí sur-
no (ou vou montar), como serei atingido?
gem outras tantas possibilidades de negócio, faça o teste!
A verdade é que poucas empresas e lojas virtuais têm se
preocupado em entender a cultura, as iniciativas, o conceito,

Capítulo 19 \\ O Varejo compartilhado


264 265
No varejo, o impacto é a certeza que muita coisa preci-
os novos modelos de negócios, as características, as diferen-
sa ser reinventada para ontem. Basicamente, é pensar por
ças, os aspectos e, claro, o impacto no mercado, até o mo-
outras perspectivas e mudar ou acrescentar inovação em
mento. É importante entender que através deste novo forma-
formas diferentes de fazer a mesma coisa. É preciso olhar
to é possível compartilhar a criação, produção, distribuição,
para o núcleo do que a economia compartilhada significa
comércio compartilhado e consumo de bens e serviços por
verdadeiramente. O primeiro passo é construir a confian-
pessoas e negócios, cujo principal foco são as pessoas.
ça. Premissas como autenticidade e sinceridade em que-
rer ajudar seus consumidores a consumir o que realmente
Viu que pode ser mais fácil do que você imaginou, a
precisam, esses são os pilares da economia compartilhada.
princípio, fazer parte desta transformação? Os participan-
Sai o único objetivo de lucro e entra o propósito de gera-
tes de uma economia compartilhada são pessoas, comu-
ção de receita ajudando as pessoas.
nidades, empresas, organizações e associações, todos os
quais estão em um sistema de compartilhamento altamen-
As mudanças já estão aí e teremos, muito em breve, a
te eficiente, para que todos contribuam e se beneficiem.
popularização deste modelo econômico no Brasil, o que
São negócios feitos geralmente entre pessoas diretamente
fatalmente vai obrigar os negócios atuais a se adaptarem a
e sem intermediários, em que as pessoas interessadas es-
este novo e gigantesco mercado.
tão no centro desta economia.

Essa nova economia tem chamado a atenção do capita-


A importância das pessoas no varejo
lismo mundial e do varejo, que há séculos, é feito da mes-
Os varejistas de forma geral, até pouco tempo atrás, se
ma forma e é focado na compra e venda. Por quê? Simples,
preocupavam apenas com tecnologia, infraestrutura, mon-
porque na economia compartilhada podemos, por exem-
tar e-commerce, reforma e designer da loja, investimentos
plo, vender o mesmo produto por diversas vezes, sem que
diretos em seu negócio no sentido material. Mas eles esta-
o comprador obtenha a propriedade do bem. Nesse for-
vam esquecendo o principal: cuidar das pessoas.
mato, aquela única transação dá lugar a muitas outras. No
modelo tradicional, nós produzimos e vendemos.
O varejo é feito de pessoas para pessoas, não de má-
quinas para clientes. Por mais que seja um e-commerce,
Observe que as pessoas que operam nesta economia
por trás tem pessoas operando e fazendo tudo funcionar.
têm a preocupação de criar soluções para problemas es-
A gente precisa voltar a humanizar os processos no varejo,
pecíficos, têm consciência nos negócios, compreende o
acredito que este seja de fato o futuro do bom varejo. Pre-
empreendedorismo social, opera negócios sustentáveis e
cisamos fortalecer as relações, usar melhor nosso tempo e
aplica conceitos e ética nas empresas.
valorizar mais as pessoas.

Capítulo 19 \\ O Varejo compartilhado


266 267
A tecnologia vem para dar escala ao atendimento, mas O pensamento de pagar cada vez menos e extrair cada
não assume o papel de relacionar, de fazer varejo. Quando vez mais do funcionário já caiu em desuso há muitos anos.
citei o case da Zappos, vimos que ela coloca seu funcio- Empresas com propósitos sabem onde querem chegar e o
nário em primeiro lugar. Para mim, não interessa se a loja princípio básico é valorizar quem está realmente do seu lado,
é maravilhosa, o que importa são as pessoas que estão lá quem veste a camisa e compra sua ideia, afinal nada mais jus-
dentro que precisam ser maravilhosas. É isso que vai fa- to. Funcionários engajados passam aos clientes a segurança e
zer diferença na condução do próprio negócio. Já vi lojas a confiança que eles mesmos adquiriram dentro da empresa.
grandes e muito bem montadas quebrarem porque o aten-
dimento era ruim ou os funcionários não estavam prepa- Para quem tem loja há um tempo, ou já teve, conhece
rados e em sintonia com o negócio o qual representavam. bem um velho ditado popular que de certa forma resumia
e descrevia o que era o varejo e como suas característi-
Como consultor, eu sempre aconselho a valorização da cas eram valorizadas, além de ditar e conduzir as próprias
aproximação, do relacionamento aberto e real, as empre- ações dos varejistas. Os famosos 4 Ps do comércio (produ-
sas precisam investir mais em treinamentos e formação to, praça, preço e promoção) ficaram para trás e cederam
dos seus colaboradores que são a cara da sua loja. Mais do lugar às novas percepções e característica do mercado.
que nunca, acredito na força do varejo feito com o coração
por pessoas que se orgulham por estar ali e por fazerem
parte daquele negócio.

Capítulo 19 \\ O Varejo compartilhado


268 269
a para
paus

DICAS D I C A S D O F R E D

Ferramentas Agora, falando em tecnologia,


a inovação tecnológica

INOVADORAS
tem impactado a forma de
fazer o varejo. São inúmeras
ferramentas que facilitam a
experiência de compra.

Q U E M U D A M Beacons: Além de ajudar


os comerciantes a atrairem
O VAREJO consumidores com ofertas

 e promoções, conforme
a localização do cliente
dentro da loja, os beacons
oferecem aos varejistas
riqueza de dados e novos
insights de comportamento
do consumidor que podem
ajudar a tomar decisões
inteligentes de estoque e
leiaute da loja.

271
Internet das Coisas (IoT): A Internet das
Coisas (IoT, da sigla em inglês para Internet of Things),
é a possibilidade de criar comunicação entre objetos por
Check out self-service: Esse serviço em que
o cliente escolhe seus produtos e faz o pagamento no caixa
rádio frequência (RFID), podendo estar conectados à in-
de auto-atendimento já é muito comum em muitos super-
ternet. É uma ferramenta importante para otimizar pro-
mercados da América do Norte e Europa.
cessos e, também, oferecer experiências diferenciadas
para os clientes. A The Dandy Lab, usando a tecnologia
por meio de softwares da Cisco, passou a ter no seu inte- Big Data: Análise de grandes quantidades de dados
rior telas enormes que ficam embutidas nas paredes, indi- para a geração de resultados. Com esses dados, os varejis-
cando o preço, detalhes do produto e os níveis de estoque. tas conseguem adquirir diversos insights que influenciam
O cliente pode pegar a mercadoria, colocá-la num terminal desde as decisões de estoque até as ações de marketing e
de comunicação e checar todas as informações disponíveis os leiautes das lojas.
sobre o produto, além de receber conselhos sobre outros
itens que possam combinar com ele, de forma altamen-
te interativa. A IoT oferece uma experiência diferenciada
Robôs: Um dos cases mais comentados da NRF Big
Show 2016 foi o robô Tally, primeiro sistema do mundo a
para o consumidor e mesmo que sua popularização demo-
fazer auditoria de prateleiras e análises autônomas.
re um pouco no Brasil, certamente, já faz parte do varejo.
Criado pela SimbeRobotics, o robô é projetado para
Impressão 3D: Oferece aos varejistas a emocio- percorrer os corredores de supermercados e garantir que
nante perspectiva de produzir produtos personalizados as prateleiras sempre estejam abastecidas. Equipado com
sob demanda na loja. sensores que podem capturar informações sobre o estado
das prateleiras, o robô Tally relata, analisa e verifica a dis-
Drones: Para o varejo, os drones têm um enorme po-
ponibilidade da mercadoria no estoque. Ele pode operar
em segurança durante horas, rolando ao longo dos corre-
tencial para fazer entregas de forma mais rápida e mais bara-
dores, ao lado de clientes e funcionários.
ta. Segundo a MundoGEO, empresa especializada no setor,
o mercado de drones deve movimentar R$ 200 milhões no
Brasil neste ano.

Dicas do Fred
272 273
C A P Í T U L O 2 0

Um pouco da história dos 4Ps


Tudo começou em 1949 quando
o termo Composto de Marketing
foi designado por Neil Borden.
Ainda naquela época os estudiosos
começaram a se movimentar para
entender e elaborar uma teoria
que fosse capaz de caracterizar o
mercado na época. E não demorou
muito para que o estudioso e

A professor Jerome McCarthy


aperfeiçoasse e aprofundasse
os conhecimentos sugeridos
por Borden. McCarthy separou e
classificou em quatro segmentos

evolução as atividades que definiam o varejo


naquele momento: Produto, Preço,
Promoção e Praça. Em seguida, os
definiu como Mix de Marketing que,

dos 4Ps segundo ele, seria fundamental


aplicar em “todas as decisões de
mix de marketing para que se
exerça influência sobre os canais
comerciais, bem como sobre os
consumidores finais”.

275
A teoria se difundiu no Para o especialista, cada uma destas variáveis está in-
mercado, ganhou força e serida nas atividades relativas ao seu campo de atuação.
reconhecimento, tanto que De forma simplificada, Kotler entendeu naquele momen-
levou alguns anos para o to que o produto possui como principais referências o seu
professor e também es- serviço, suas características técnicas, os tipos de design e
"Não é o mais pecialista contemporâneo embalagens desenvolvidas, os diferenciais entre os con-
forte que Philip Kotler, falar sobre o correntes, a construção e manutenção da marca, a varieda-
assunto. Kotler é referên- de de linhas, a qualidade, as devoluções e a política de ga-
sobrevive, nem o cia mundial quando se trata rantia. Ou seja, tudo naquele contexto estava relacionado
mais inteligente, de economia e marketing, às questões matemáticas e técnicas.
muitos o conhecem como
mas o que melhor um guru dos negócios em Para Kotler, a promoção está inserida na divulgação da
se adapta às função dos seus conceitua- Propaganda e Publicidade, nas ações de Relações Públicas
dos livros sobre Marketing e e estratégias de Trade-Marketing. Partindo deste entendi-
mudanças.” Administração. mento, a promoção seria a única forma de visibilidade do
Charles Darwin negócio, sem divulgação, sem atuação no mercado. A pró-
De forma conceitual pria palavra promoção é utilizada de forma maciça pelo
Kotler complementou a te- comércio como forma de chamar atenção e atrair clientes.
oria do Mix de Marketing e
a segmentou em quatro par- A Praça, que também pode ser chamada de ponto de
tes, porém inseriu a famosa venda, é constituída por seu canal de distribuição, armaze-
nomenclatura conhecida internacionalmente como os “4Ps namento e estoque, logística e unidades de lojas. Note que,
do Marketing” e a definiu como “o conjunto de ferramentas como eu disse, todas as referências são de um mercado estáti-
que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing co, imóvel e previsível (muito distante do que vivemos hoje).
no mercado alvo”. Ele difundiu a ideia de que os 4Ps são as-
sim chamados, pois compilam e reúnem todas as etapas do Quanto ao preço, a relação estava diretamente ligada aos
planejamento de ações de um Produto, desde a definição de tipos de crediário, financiamento e número de prestações, a
seu Preço, a Promoção de suas características e a Praça do condição de pagamento, o prazo médio e os descontos ofe-
seu mercado potencial. Observe que claramente as relações recidos. Mais uma vez aqui a precificação se dava em função
apontadas por Kotler descreviam as características de um de uma análise fria e objetiva que não considerava as va-
mercado da década de 1980 até meados dos anos 2000. Nes- riáveis humanas e mutáveis que envolve o varejo e agrega
te contexto, as relações, bem como as negociações, ainda valor. Por isso, sugiro uma evolução dos 4Ps do Kotler.
estavam exclusivamente relacionadas ao físico, ao tangível.

Capítulo 20 \\A evolução dos 4Ps


276 277
KOTLER E FRED ROCHA

PREÇO refere-se a quanto e


como será cobrado do cliente. PROMOÇÃO é um termo genérico para vários instrumentos, que são
A formação do preço de um endereçados aos consumidores, ao comércio ou à própria força de vendas do
produto ou serviço envolve um fabricante. É capaz de dar visibilidade e de promover negócios e pessoas.
FRED KOTLER
conjunto de fatores como
preço de custo, desconto por
quantidade, preço líquido com
desconto ou bruto sem
desconto, condições e prazo de FRED
pagamento e atribuição de
valor. Quando se precifica um
produto, a empresa pode ter o
PERCEPÇÃO DE VALOR é mais objetivo de penetrar no KOTLER
importante do que o preço. É preciso
mercado, de ter um retorno
aprender a incluir na precificação do produto
mais imediato ou objetivos
a percepção de valor. Por que as pessoas Os consumidores se relacionam mais com
pagam muito numa bolsa de marca, por
promocionais. Do ponto de PRAÇA refere-se ao
vista dos comerciantes, é por local que o produto os PROPÓSITOS das empresas do que
exemplo, e pagam bem menos por uma bolsa propriamente com suas promoções. Eles
meio dos preços que as estará disponibilizado.
que pode ser tão boa quanto, mas não agrega estão atentos ao estilo que uma empresa
empresas recebem retorno em Mas também sobre os
valor como a outra? O preço precisa agregar, adota, observam suas crenças, posiciona-
seus investimentos, fluxo de prazos de entrega e de
além do próprio produto em si, uma história, mento, postura e práticas no mercado.
caixa, lucros, além de uma atendimento. Em muitos
uma crença, uma ideologia. Não se trata Isso porque os consumidores esperam
série de outros benefícios casos, é interessante
apenas de um número, mas sim do que aquele mais que um produto/serviço, querem se
financeiros. O preço precisa pensar em utilizar praças
produto está entregando. envolver, acreditar e ter orgulho das suas
ser acessível para o consumi- de serviços/produtos
dor, mas ao mesmo tempo complementares. Por próprias escolhas.
precisa ser uma afirmação do exemplo, vender material
valor e não pode ser encarado esportivo em clubes ou
FRED apenas como um custo. academias.

PROBLEMA o consumidor de hoje busca


soluções e não apenas produtos. E o varejista
que entende isso sai na frente. Resolver os
problemas das pessoas é oferecer o que elas KOTLER
É o PRODUTO que vai
realmente precisam. Às vezes é melhor você
satisfazer as necessidades do
oferecer um atendimento rápido para um
cliente que está mal estacionado, ou que tem
consumidor, por meio de suas FINAL
características distintas, graças às
pressa, ou que passa por um determinado KOTLER
quais serão gerados os resultados
problema, do que propriamente vender um
do negócio, a posição da
produto, é isso que o consumidor valoriza, a
organização sobre o seu mercado
solução no seu tempo e do seu jeito. Aquele
e os lucros. Vários elementos Até pouco tempo, para os
cliente que entra na loja rápido porque tem FRED
estão ligados ao produto, como empresários expandirem
que buscar os filhos na escola e você o deixa
embalagem, garantia, assistência os seus negócios deveriam
parado na fila para pagar ou à espera de um
técnica, imagem da marca, design, adquirir locais físicos.
atendente, pronto, venda e cliente perdido.
inovação, qualidade (desempenho Atualmente, expansão tem
Esta é a relação entre produto e o problema
e atendimento às expectativas),
na contemporaneidade. Neste cenário, os a ver com PRESENÇA
benefícios (vantagens em relação
produtos perdem força e as soluções ganham em todos os locais,
ao produto concorrente),
espaço e representatividade no mercado. plataformas e 24 horas por
variedade (modelos, tamanhos).
dia, sete dias por semana.

Capítulo 20 \\A evolução dos 4Ps


278 279
Tangível x Intangível
Novos Tempos

Os varejistas de forma
geral, até pouco tempo, se
“Preço é tudo preocupavam apenas com in-
vestimentos diretos em seus
quando não se negócios no sentido material.
oferece nada”.
Mas eles estavam esque-
Fred Rocha cendo o principal que é cui-
dar das pessoas. Sempre- Mais do que nunca, acredito
falo que o varejo é feito de
pessoas para pessoas, não
na força do varejo feito com
de máquinas para clientes. o coração por pessoas que
se orgulham de estar ali
Eles começaram a entender que é preciso humanizar os e fazerem parte daquele
processos no varejo, acredito que este seja de fato o futuro
do bom varejo. Precisamos fortalecer as relações, usar me- negócio. E para os varejistas,
lhor nosso tempo e valorizar mais as pessoas. A tecnologia que ainda não incorporaram
vem para dar escala ao atendimento, mas não assume o
papel de relacionar, de fazer varejo. Já vi lojas grandes, e e perceberam as mudanças
muito bem montadas, quebrarem porque o atendimento dos 4Ps não percam mais
era ruim ou os funcionários não estavam preparados e em
sintonia com o negócio o qual representavam. tempo, observem o mercado
e percebam as necessidades
Como consultor, sempre aconselho a valorização da
aproximação, do relacionamento aberto e real, as empre-
do novo consumidor. Já não
sas precisam investir mais em treinamentos e formação há mais espaço para dar
dos seus colaboradores que são a cara da sua loja.
“murro em ponta de faca” e
insistir em velhos erros.

Capítulo 20 \\A evolução dos 4Ps


280 281
C A P Í T U L O 2 1

Marketing e
Marketing e
Comunicação
Vendas Nenhuma outra palavra
está tão na moda quanto
marketing. Isso porque o
termo tem ganhado cada vez
mais visibilidade em função
do marketing digital. Com a
ascensão e proliferação dos
meios digitais, você pode
estar se perguntando: mas e
agora, como atrair os clien-
tes e trazê-los para as lojas
físicas? Em se tratando de
lojas em rua e shopping, não
apenas o empreendimento,
mas a loja precisa ser atrati-
va ao ponto de conquistar o
consumidor. Seja pela oferta
de produtos exclusivos, pro-
moções, decoração, leiaute
diferente e inovador, enfim,
as pessoas precisam lem-
brar-se de você e ter moti-
vos para ir até você.

O marketing é mais do
que estratégias de divulga-
ção, ele é responsável por
desenvolver uma percep-
ção positiva em relação à

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


282 283
Ferramentas
empresa. É um trabalho amplo que impacta toda a orga-
nização, todos os funcionários. Não adianta campanhas A comunicação possui diversas ferramentas para divul-
sensacionais de marketing se o atendimento for ruim, os gar os produtos e serviços. Cada ferramenta deve ser es-
funcionários mal-educados e a marca não entrega o que colhida de acordo com o perfil do público e do negócio. O
o marketing promete. E o contrário também prejudica os mais importante é que a marca entregue realmente o que a
resultados. Uma empresa com setor de vendas eficiente, sua comunicação está transmitindo. Me preocupa muito o
mas sem um setor de marketing estruturado, tem mais di- fato de ter muita promessa que não é cumprida e um con-
ficuldade para vender. sumidor que passa a acreditar cada vez menos.

O marketing é responsável por realizar pesquisas dos A máxima propagada pelos varejistas americanos “Re-
dados do perfil do consumidor, identifica tendências, com- tail is Detail”, ou seja , varejo é detalhe, torna-se a regra de
portamentos, para que você possa planejar as melhores es- ouro para as empresas que miram a inovação, a alta perfor-
tratégias para envolver as pessoas com a marca e alcançar mance. Investir em sonorização, aromatização, criar leiau-
o seu principal objetivo: vender. tes de flagships stores4 ou concept stores5 configuram-se
como saída para atrair o público para o interior da loja.
Com a web, o marketing ganhou maior interatividade
e mais dados, informações e ferramentas. É preciso saber Outra solução encontrada pelas redes na era do e-com-
transformar os dados coletados em informações úteis ao merce é usar os dispositivos móveis para localizar e atrair
trabalho de conversão de vendas. consumidores que estejam nas redondezas para suas lojas,
enviando ofertas personalizadas ou promoções. Essas ini-
O Marketing não deve ser dividido entre Marketing tra- ciativas atendem a uma demanda do próprio consumidor
dicional e Marketing Digital; deve ser visto como uma coisa de hoje, que quer receber informação que realmente lhe
só que é responsável por minimizar as incertezas, identifi- interesse. Através da análise de dados do consumidor é
car as oportunidades lucrativas e contribuir com o sucesso possível criar ofertas personalizadas.
do negócio. O que altera é apenas o canal, o investimento e
a capacidade de mensurar melhor todos os dados. Um dos exemplos que eu mais gosto de citar é da gigante
mundial Apple. As lojas da marca foram as primeiras a ado-
A Comunicação engloba todas as formas, ferramentas, tar o check out móvel. Com iPods, os atendentes finalizam a
ações estratégicas de concretizar o objetivo do marketing compra ao lado do cliente, dispensando os caixas e as filas.
em entender o negócio e vender. Tudo pensado para facilitar a vida dos consumidores e tornar
a compra em um momento ainda mais prazeroso e prático.

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


284 285
Em um cenário em que os sites de e-commerce são se- Os panfletos podem ser entregues nos sinais próximos à
melhantes (observe que poucas lojas virtuais fogem do for- empresa, nas cancelas de shopping (caso seja loja de shopping
mato tradicional), as experiências de compras vividas em ou o seu negócio fique próximo ao shopping e não tenha con-
lojas físicas ganham relevância e força. É nas lojas físicas corrente no mall).
que o consumidor estabelece uma relação mais abrangente
e pode vivenciar uma experiência memorável de compra; Quando o público é qualificado, tem que qualificar mais
cabe ao varejista, então, aproveitar as oportunidades. e entregar menos. Quando é mais varejão, qualificar me-
nos e entregar mais.
1. A palavra flagship poderia ser traduzida como navio
almirante, ou seja, navio em que se acha embarcado o
capitão e aquele cujas ordens todos os demais navios
deverão seguir. Ou seja, ela é a loja líder da marca, e
referência na qual todas as outras devem se basear.

2. As “lojas conceito” ou conceptstores surgiram ao longo


dos anos 1990, quando grandes marcas desenvolveram a
ideia de grandes espaços comerciais voltados para um de-
terminado tema ou estilo de vida, ao invés de criar uma ex-
periência de venda segmentada em vários departamentos.

Acredito que as mídias que mais funcionam são: mídia


exterior e panfletagem qualificada, próxima ao negócio;
ações promocionais, degustação e mídias sociais. O Fa-
cebook é essencial para qualquer negócio. Sempre peço
nas minhas palestras, para quem tem Facebook levantar a
mão. Praticamente, todos levantam. Já quando cito outras
redes, como o Linkedin, poucos levantam.

Panfleto: nas lojas de rua, sempre focar no produto de


maior giro e que tem o poder de atrair o consumidor. Não
adianta oferecer uma promoção magnífica de um produ-
to que o cliente não saiu para comprar. Liste quais são os
‘produtos-fim’.

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


286 287
Mídias sociais: a única mídia que se aplica a todos os versando com o cliente. Propaganda segmentada é muito
negócios é o Facebook. Quando pergunto em uma palestra efetiva. Impulsionar para o público certo tem uma rele-
todos tem Facebook, já as outras mídias como o Instagram vância muito maior. Grave vídeos com clientes, use depoi-
e Linkedin, o número é bem menos expressivo. O Insta- mentos para que os clientes façam parte do seu negócio.
gram tem sucesso nos segmentos em que a imagem é um
grande atrativo, como é o caso da gastronomia, turismo e E-mail marketing: manter relacionamento quando a no-
moda. O Facebook é uma excepcional ferramenta de rela- vidade for realmente relevante. Comprar lista está por fora.
cionamento e aproximação com os clientes, não necessa-
riamente para vender. Ter uma fanpage é extremamente Mídia exterior: importante, principalmente, na abertura
importante para levar informação, gerar engajamento e do negócio. Mas para que funcione precisa estar associada a
quando necessário, promoções. Não devem ser feitas pro- outras mídias para que haja reconhecimento da marca.
moções diárias. É um canal para informação relevante para
os consumidores. Impulsionar posts é importante para au- Rádio: investir em regiões que abra o leque de atuação.
mentar o alcance das postagens. Esse impulsionamento Tem que ter cuidado com o preço da mídia e o retorno. Em
tem um investimento pequeno, mas pode alcançar um re- cidades pequenas é importante. Invista em um testemu-
torno surpreendente, já que pode ser muito bem segmen- nhal do locutor. Não adianta ter mais um spot que não será
tado, de acordo com páginas curtidas, endereço, idade e efetivo como a adoção de outras estratégias: blitz, testemu-
diversas outras preferências. Tem sido um dos melhores nhais ou um excepcional jingle.
investimentos para mensurar o retorno no varejo.
Jornal de bairro: aproveitar a mídia de forma eficiente.
Cupom de desconto, recorte e leve na loja. Só um anúncio
pequeno não resolve.
Veja como criar Tecnologia
anúncios:
Segundo estudo do Gartner Group, líder mundial em
pesquisa e aconselhamento sobre tecnologia, até 2020, as
empresas de varejo que usam mensagens dirigidas com-
binadas aos sistemas internos de posicionamento (IPS),
Youtube: aprender a gravar vídeos, mesmo que sejam
verão um aumento de 5% nas vendas.
feitos pelo celular. Pode ser impulsionado tanto no Youtu-
be como no Facebook. Fazer vídeos com promoções, con-

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


288 289
Vendas
Levar o cliente à loja é um passo importante para a
Já existe um aumento na quantidade de ofertas dos va-
venda, mas não é o principal. Afinal, pode acontecer de
rejistas voltadas à localização do cliente e ao tempo gasto
o cliente ir até à loja devido ao marketing bem feito, mas
na loja.
quando chega lá, há uma quebra de expectativa e ele não
compra, nem volta mais.
Cada vez mais, os comerciantes digitais aumentam o
foco em propaganda móvel e analítica avançadas para apro-
Com o trabalho de marketing bem feito, investindo na
veitar as vantagens apresentadas pelo crescimento do uso
comunicação, no relacionamento e na confiança, é a hora
de equipamentos móveis. O contexto tem um papel cada
do poder de persuasão dos vendedores entrar em ação,
vez mais central nesses esforços, viabilizando propagan-
mostrando todos os benefícios e vantagens de adquirir de-
das altamente direcionadas com base em compras recen-
terminado produto ou serviço. Além disso, para conseguir
tes, hábitos de compra, cidade de residência e interesses.
converter a venda e fidelizar, o vendedor precisa de outras
habilidades, como: identificar, entender as necessidades
Entre todos esses dados, a localização atual do cliente está
do cliente e fazer um bom atendimento para conseguir
entre as mais importantes dicas contextuais disponíveis. O
manter o cliente na loja, vender e vender de novo.
mapeamento está sendo explorado pelos comerciantes digi-
tais, mas ainda é usado de forma relativamente simples. Po-
As vendas dão continuidade ao trabalho do marketing.
rém, recentemente, os sistemas de posicionamento interno
O alinhamento entre vendas e marketing é fundamental
tornaram-se cada vez mais viáveis. Em vez de usar satélites,
para o sucesso do negócio.
esses sistemas usam beacons Bluetooth de baixo consumo e
pontos de acesso wi-fi para determinar a localização de um
equipamento móvel dentro de um edifício, com precisão
Como manter o cliente na loja?
na faixa de centímetros. O suporte dos dispositivos móveis
É preciso desenvolver estratégias para manter o cliente na
mais novos para IPS vai viabilizar dicas sobre a localização
loja. Elimine tudo o que pode atrapalhá-lo de comprar. Um
do usuário para envio de propaganda e mensagens direcio-
marido ou filho pode atrapalhar a cliente de comprar? Então,
nadas, e mapeamento em tempo real para conduzir os clien-
que tal preparar um estacionamento para marido e crianças?
tes não somente aos lugares das lojas, mas para os próprios
Achou engraçado? Mas pode ser muito eficiente e com um
produtos específicos.
custo baixo. Invista em um sofá, wi-fi, ofereça café, água. Esse
conforto a mais é bom para o vendedor que oferecerá mais
produtos, pois o cliente se sentirá à vontade na loja.

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


290 291
Vender e vender de novo nas despesas da empresa. As métricas para a elaboração de-
vem ser baseadas em dias, semanas e meses anteriores. As
metas devem ser criadas em cenários parecidos. Não perca
O maior desafio do varejo é que a pessoa realmente se tor-
tempo querendo manter metas antigas de cenários econômi-
ne um cliente e isso só acontecerá depois da segunda compra.
cos diferentes. O varejo mudou. Quando o vendedor entende
do produto e ouve o cliente, ele consegue identificar o pro-
Não existe nada mais importante do que treinar e capa-
blema do cliente e oferecer a melhor solução. Este é o prin-
citar a equipe. A loja deve ter disciplina de se reunir sema-
cipal ponto do treinamento. Fazer cadastro do cliente. Estas
nalmente com a equipe para desenvolver as metas.
informações são preciosas. O cadastro pode ser feito durante
o atendimento como uma conversa para criar uma relação.
A loja precisa ter disciplina para a realização dos treina-
Quando você começa a se preocupar com o problema do
mentos semanais, de preferência, toda segunda pela manhã.
cliente, ele passa a se preocupar com o seu. Reciprocidade.
Tem que ter pauta, discutir os produtos que mais vendem e
Em uma conversa informal, você pode pegar dados impor-
os que menos vendem, discutir relacionamento com clien-
tantes como estado civil, idade, time de futebol, filhos, que
te, empresa, metas. Deve pagar hora extra, oferecer um café
podem ajudá-lo a oferecer outros produtos.
da manhã saudável. É importante ritualizar o primeiro dia,
torná-lo especial, contar a história da empresa e do empre-
Tome muito cuidado com o pós-venda.
endedor, apresentar a cultura da empresa e como o diretor
Se você começa a entender o que as pes-
opera. Dependendo do porte da empresa, escute também a
soas gostam e oferece o produto certo,
história dos funcionários. É importante ouvi-los.
elas voltam. Ligue para o cliente. Esteja
preparado para ouvir respostas negativas.
Toda semana, dê também um espaço de 15 a 20 minutos
O não contribui muito com a evolução do
para um fornecedor. Nesse tempo, ele pode explicar sobre o
negócio, ele alerta você sobre o que não
funcionamento de um produto que está sendo lançado, assim,
está da forma como o cliente gostaria e faz
oferece mais argumento de venda para os seus colaboradores.
com que você melhore o seu serviço e passe
a acertar.
Aproveite essas reuniões para discutir problemas de ro-
tina. A diretoria deve tomar nota para que esses pequenos
problemas de rotina, tais como, problemas devolução ou de
parcelamento, que podem ser solucionados, não se repitam.

Usar as reuniões para desenvolver as metas junto com a


equipe. A meta não deve ser feita baseada no fluxo de caixa,

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


292 293
Pós-venda cuidado e atenção ao cliente, mostrando o quanto ele tem
valor e pode contar com a equipe da loja. Um cliente sa-
tisfeito, além de voltar, indica a loja para outras pessoas, o
O pós-venda é um processo de extrema importância
que pode resultar em novos negócios.
para fortalecer a confiança, estreitar a relação comercial
e fidelizar os clientes. O objetivo é levar o máximo de sa-
Não adianta receber os comentários, elogios e sugestões
tisfação ao cliente, ouvindo suas opiniões, necessidades e
dos clientes sem repassá-los para a equipe de vendas. Os re-
demandas, além de oferecer benefícios para negociações
sultados precisam ser mensurados e transformados em sub-
futuras. O contato deve ser feito pelo vendedor com o in-
sídios para novas estratégias. Apresente-os à equipe, sugira
tuito de saber como foi a satisfação na última compra, para
e ouça sugestões de soluções para os problemas apontados.
apresentar alguma novidade que provavelmente o cliente
irá gostar, devido ao seu perfil de compras, ou até mesmo,
Surpreenda e ofereça sempre o melhor apoio pós-ven-
para oferecer um desconto especial.
da para o seu cliente, aquele que é a razão da existência da
sua empresa. Isso impede que ele compare o seu serviço
Caso opte por encaminhar uma mensagem eletrônica,
com o da concorrência e opte por outro fornecedor.
personalize. Um e-mail automático ou secretária eletrôni-
ca podem ser utilizados para informar o prazo que a em-
presa entrará em contato. Porém, deixar a comunicação
pós-venda apenas neste canal é muito frio. Em uma época
digital, acredito que a melhor forma de contato é por meio
de uma ligação telefônica. É mais pessoal, mais valorizada
e gera empatia. Mas atenção com o horário para não per-
turbar o seu cliente. E lembre-se que cada pergunta não
pode ser aleatória, deve ter um objetivo, seja para mudar,
manter, alterar ou melhorar algo. Se a sua pergunta não
tiver um propósito será uma perda de tempo.

É preciso escutar o cliente com muita atenção, princi-


palmente as críticas. Seja ágil, assertivo e priorize a solu-
ção, seja qual for a situação. Caso não consiga resolver de
imediato, informe ao cliente sobre um prazo. Assim, ele
saberá quando terá a resolução e se sentirá mais satisfei-
to. O grande segredo do pós-venda é transmitir segurança,

Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas


294 295
Antes de pensar em
descansar, lembre
disso e garanta
esta camisa na loja
Capítulo 21 \\ Marketing e Vendas www.lojadofred.com do Fred.
296 297
C A P Í T U L O 2 2

Novas

N
ormalmente, o varejista está acostumado a usar mui-
to o seu repertório de toda experiência no mercado

Métricas e o feeling para a tomada de decisões. Porém, apesar


de ser importante ter esse conhecimento, ele não pode ser
o único responsável para medir a performance do negó-
cio. “O que não é medido não é gerenciado” (KAPLAN;
NORTON, 1997), já diziam Robert Kaplan e David Norton,
autores da metodologia BSC Balanced Scorecard, baseada
em indicadores com quatro perspectivas bem elaboradas e
convergentes, que levou grandes organizações a mensurar
seus KPIs (Key Perfomance Indicator).

Uma métrica antiga, ainda muito usada no mercado, é


a “Last Year” que compara as vendas do dia com a mesma
data do ano anterior. Esse dado pode enganar muito, princi-
palmente em um país como o Brasil, que possui uma infla-
ção de 2 dígitos. Porém, é possível comparar datas sazonais,
como o Black Friday e o Natal de anos diferentes.

Outro erro do varejista é basear a sua métrica com o


faturamento. O dinheiro é uma consequência das ações e
a forma de medir deve ser baseada nessas ações, não pelo
resultado. As novas métricas do varejo devem ser baseadas
nas ações dos gestores, dos vendedores.

Mais que o faturamento, acredito que a conversão seja o


número mais importante da loja. Afinal, quando ela é ava-
liada é possível identificar o que está dando certo ou não,
para melhorar o faturamento.

Basicamente, a conversão é a porcentagem de compras


em relação ao fluxo. Se 100 clientes entraram na sua loja e
10 compraram, a conversão é de 10%.

CCapítulo
Ca
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pítulo
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tu lo 2222 \\
\\ N
Novas
ovaass m
ov métricas
ééttrriicas
cas
ca
299
1000
Pessoas passam diante da loja
Quantas pessoas entraram na sua loja? Qual o número
300 Pessoas olham a vitrine de atendimentos a sua loja conseguiu fazer no mês? Qual
o ticket médio por atendimento? Quantas pessoas acessa-
ram o seu site? Quantas pessoas curtiram a sua página na
rede social e interagiram com a marca?
100

}
Pessoas 40% O Caio Camargo, meu amigo e editor do blog Falando
entram na loja Conversão de Varejo, avalia que toda análise de gestão está concen-
trada somente em quantas pessoas são atendidas contra

{
quantas pessoas compraram, o que é definido hoje como
40 taxa de conversão, normalmente registrada de maneira
Pessoas são
50% simplista, por meio do que é chamado de lista da vez. Po-
atendidas
Conversão rém, ele acredita que é possível pensar em novas possibi-
lidades para a gestão do vendedor, que não seja somente
a partir de um atendimento. Com isso, formulou um funil
20%
de vendas e oportunidades para o vendedor ou o gerente
20 Conversão
pensarem em uma gestão mais eficiente.
Vendas

O fluxo de caixa da loja pode ser feito de diversas for-


mas: lista da vez, lançamento manual ou automático. Com
os contadores automáticos é possível saber o número exa-
to de pessoas que entraram e saíram. Os contadores são
fáceis de encontrar, até mesmo em sites como o Alibaba.
O importante é travar uma referência para contar o fluxo;
como nem sempre vai ser preciso, o que indico para saber
quantas pessoas entraram na loja, é dividir o número do
contador por dois e tirar ainda 30%, eliminado assim pas-
Para melhorar a gestão, além de avaliar as vendas, o sagens de funcionários, acompanhantes de clientes e até
número de vendas perdidas é muito importante. mesmo os gaiatos que sentam na porta da loja. Mas o es-
sencial é adotar uma fórmula sua e usá-la sempre para ter
uma métrica única.
No funil acima, 1000 pessoas passam diante da loja, 300 olham a vitrine, 100 entram na
loja, 40 são atendidas e 20 vendas são feitas. É possível perceber que há uma falha no atendi-
mento se 100 pessoas entraram na loja e apenas 40 foram atendidas. Nesse caso, a conversão
Deixo uma observação para os varejos de grande fluxo,
foi de 40%. Em 40 atendimentos, 20 vendas foram concluídas, assim a conversão foi de 50%. Já
avaliando o fluxo de clientes, se 100 entraram na loja, mas apenas 20 compraram, a conversão
foi de apenas 20%.

301
Óculos indicam
para onde os
consumidores
como supermercado e farmácia. Esses, pelo perfil do ne- cas da loja, como itens vendidos e quantidade em relação aos estão olhando.

gócio, já possuem uma alta taxa de conversão. Quem entra produtos que estão nas áreas quentes ou não, é um dado inte-
em um desses estabelecimentos, sempre compra algum ressante que pode influenciar no leiaute da loja.
produto. Nesse caso, devemos nos atentar em desenvolver
métricas para aumentar o tícket médio. As métricas ainda podem ser aprofundadas com um
óculos que colocamos nos shoppers (consumidores) esses
Outra ferramenta interessante são as câmeras que identi- óculos indicam para onde os consumidores estão olhando
ficam as "áreas quentes", ou seja, onde os clientes param por e quais as comunicações que mais chamam a sua atenção.
mais tempo. O vídeo permite mais do que vigilância e seguran- Os dados então coletados podem mudar a forma de fazer
ça, mas o uso das imagens para coletar dados de inteligência marketing e contribuem para uma abordagem mais asser-
em tempo real para melhorar as margens de lucro. Ao iden- tiva do vendedor.
tificar pontos de destaque, áreas pouco frequentadas e garga-
los existentes, o gestor pode programar um sistema para gerar O Google Analytics é outro ponto importante que deve
mapas detalhados que retratam o tráfego de clientes durante ser analisado. Afinal, podem ter mais pessoas acessando o seu
determinado tempo. Combinando esses mapas com estatísti- site do que entrando na sua loja física. E você precisa saber

Capítulo 22 \\ Novas métricas


302 303
KPI
Os contadores
têm um papel
Entrada diária Meta
fundamental
para a con-
de prospects Mensal
versão.

30 45 30
disso! São pessoas, clientes, não são só cliques. Ele consegue
gerar as principais métricas: número de visitantes presentes
Site Face E-mails
47%
no portal, a quantidade de pedidos, o abandono de carrinhos 30 60 30 da meta
e até mesmo o alcance de ações de marketing. Telefone Whats App Mail ATL

Recomendo que toda loja tenha uma pessoa responsável


para acompanhar e atualizar todos esses dados, site e loja. Vendas diárias

Voltando para o mundo offline: você é do tempo dos re- Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
latórios? Eles não funcionam mais, ficaram no passado. Isso
porque, apesar de analisarem o cenário para evitar problemas 1200
futuros, não permitem resolver algo no momento e, por isso, 200 355 170 344 122 vendas
não são tão eficientes como os KPIs. Os KPIs (Key Perfor-
mance Indicator ou Indicador Chave de Desempenho) são
desenvolvidos com o objetivo de identificar o que está fun-
cionando bem e o que deve ser melhorado. São indicadores Vendas por vendedor
de qualidade que contribuem para a criação de novas estra-
tégias e tomada de decisões. Geralmente, são indicados por
45 45 57 70
cores. Vermelho indica que o índice está muito ruim, laranja
é ruim, verde é bom e azul demonstra que está excelente. Paula Maria João Fred
Em momentos de desaceleração da economia, obter dados
qualificados para desenvolver estratégias e ações mais assertivas 55 60 65
que aumentem a taxa de conversão das lojas é fundamental.
Kátia Guto Carlos

Capítulo 22 \\ Novas métricas


304 305
C A P Í T U L O 2 3

Experiência

de compra C
om as infinitas possibilidades que a internet trouxe
ao mercado, como a interatividade e o multicanal, o
varejo não pode mais ser feito como nas vendinhas,da
época dos nossos avós. As pessoas querem comprar em
lugares que ofereçam experiências.

Segundo estudo do Gartner Group, até 2017, 50% dos in-


vestimentos em produtos de consumo serão redirecionados
para inovações na experiência dos consumidores. Reafir-
mando esse dado, em artigo publicado pelo The Guardian,
Corinne Sklar, CMO global da consultoria Bluewolf, destacou
a importância de as empresas perceberem que a jornada do
consumidor deve ser uma experiência integrada, duradoura
e que deve perpassar todas as formas de interação – e-com-
merce, mídias sociais, contatos com vendedores, etc.

Lojas temáticas que interagem com o cliente são diferen-


ciais para o novo consumidor. Uma empresa que é mestre
em oferecer experiências incríveis é a Disney. E, por isso, o
primeiro exemplo vem de uma rede americana de restau-
rantes que possui duas unidades em Orlando: o Rainforest
Café. O restaurante é todo ambientado para o cliente se sen-
tir em uma floresta. Na decoração tem área com aquários,
macacos, onças e até dinossauros. Os bancos altos, próximo
ao balcão, são pintados como se fossem as quatro patas de
animais. Então, você senta e parece que é "parte animal",
da cintura para baixo, como uma girafa, ou outro animal da
floresta. A iluminação é mais baixa, o que contribui para o
clima selvagem. O auge desse clima acontece quando a luz
fica mais baixa, um barulho alto de selva invade o ambiente
e os bichos da decoração começam a se mexer.

307
"As pessoas não
querem lojas
para ir, querem
lugares"
Fred Rocha.

Bar Fundos da Floresta

308 309
Além do cenário, o restaurante possui uma lojinha com Você já parou para pensar
produtos relacionados ao tema, como brinquedos de ani-
mais. E aí? Conhece o Rainforest ou conseguiu se imaginar
como é a experiência que
nele? O bacana de proporcionar uma experiência de com- a sua loja proporciona
pra positiva é que ela mexe com o emocional do cliente,
torna-se uma memória que, provavelmente, será compar- aos clientes? Eles saem
tilhada com outras pessoas. E assim, novos clientes serão
atraídos pela experiência e não apenas pelos produtos e encantados? Caso
serviços oferecidos. Nos Estados Unidos, as lojas temáticas
são comuns. Aqui no Brasil, ainda estamos engatinhando,
contrário, está na hora
mas temos alguns exemplos. Ainda no clima da floresta, de ter criatividade e
saio dos Estados Unidos e vou para o bairro Santa Tere-
za, na cidade de Belo Horizonte (MG). Lá, o bar Fundos planejar a melhor forma
da Floresta tem a proposta de criar um ambiente místico.
Duendes, cogumelos, fadas e um painel de grafite com a
de surpreendê-los. Ou vai
imagem de uma floresta encantada compõem o clima e de- esperar que a concorrência
coração do lugar. O cardápio segue a mesma temática, com
petiscos, como o "Feitiço da Lua", "Pergaminhos do Mago" os conquistem? Lembre-
e o "Doce Veneno". No clima de mistério, toda sexta-feira
de lua cheia, uma "bruxa" faz uma visita ao bar para quei- se que a capacidade de um
mar incensos e purificar o ambiente. varejista de resolver um
Esses elementos sensoriais, de arquitetura, ambienta- problema no momento que
ção, interação, tecnologia e diversão contribuem para uma
excelente experiência de compra. Porém, a experiência ele surge é um dos principais
não deve ser o fim, mas o meio. O meio para que o cliente
compre mais, para que ele volte à loja e a indique para a
fatores para uma experiência
sua rede de relacionamentos. de compra fascinante.

Capítulo 23 \\ Experiência de compra


310 311
Ofereça valor e os
clientes não se apegarão
aos preços. Esta e
outras dicas você
encontra nas camisas
Capítulo 23 \\ Experiência de compra www.lojadofred.com da loja do Fred.
312 313
C A P Í T U L O 2 4

Marketing de
Cuidado com a quebra de expectativa

Picaretagem O Marketing tem como objetivo aumentar a percepção


de valor de um produto ou serviço, diante dos consumido-
res. Ao reconhecer o valor, que é algo intangível relaciona-
do à emoção ou valores simbólicos, o consumidor aceita
pagar mais. Quando a marca consegue esse diferencial,
vende melhor.

E é o Marketing que garante esse destaque entre os con-


correntes. A sua aplicação pode ser de variadas formas,
estratégias e formatos, desde o tradicional boca a boca às
ferramentas mais modernas da era digital, que envolvem
muitos dados.

Com esses dados alcançados pelas ferramentas de


Marketing é possível criar novos produtos de acordo com
as preferências do consumidor, verificar qual o melhor
mix de produtos para o perfil do público da marca e basear
todas as ações, pensando sempre, em atender o cliente da
melhor forma.

Mesmo um pequeno varejista que não tenha recursos


para investir em tecnologia e ferramentas, é capaz de ado-
tar atitudes simples que podem impulsionar as vendas.
Você conversa com o seu cliente? Pergunte sobre as suas
preferências e anote-as. Sempre que receber uma novida-
de que combine com o perfil daquele cliente, envie uma
mensagem ou ligue. Mostre que você sempre está atento
para atender as suas necessidades.

315
O que acho muito importante destacar é que o marke-
ting deve representar o que o seu cliente encontra no pon-
to de venda ou na loja virtual. Se você faz um marketing
prometendo mil coisas que não são possíveis de entregar,
isso é picaretagem. O meu objetivo neste capítulo é alertar
sobre uma prática que, infelizmente, tem sido muito usada
Em um mercado
no mercado: inflar o marketing em cima de um produto e cada vez mais
vender o que não existe. Essas marcas estão vendendo pro-
messas, rótulos e, não, produtos.
competitivo, ter um
comportamento
E aí, você se questiona se há mercado para esses falsos
produtos? Sim, existem muitos consumidores vulneráveis e
que gere a
carentes em um mundo desestabilizado e, às vezes, algo que insatisfação do
parece milagroso, pode ser a solução que eles tanto buscam.
cliente pode ser
Quem faz o "marketing" desse tipo de negócio não deve fatal. Promessa é
ter credibilidade. Para essa pessoa que não pode ser consi-
derada um profissional de marketing, dou o nome de mar-
dívida!
queteiro, alguém que vende produtos que não existem.

Se ouvir alguém que se diz profissional falando em dicas,


sacadas, segredos de marketing, não acredite. O marketing é
feito de estratégias elaboradas de acordo com cada produto
e público-alvo. Quem promete muito, eleva demais as ex-
pectativas do seu consumidor e não entrega, é um picareta.

Não quero citar exemplos, mas apenas instigar a sua


relexão sobre as expectativas que você tem diante de um
produto e as que você dá para o seu cliente. Como con-
sumidor, antes de comprar, verifique se o produto é real-
mente aquilo que ele promete ser. E como vendedor, cui-
dado para não elevar demais a expectativa do seu cliente.

Capítulo 24 \\ Marketing de picaretagem


316 3317
17
C A P Í T U L O 2 5

Eu não
quero empreender.
V
ocê quer ter um negócio, mas não quer correr todos

O que eu faço?
os riscos e incertezas de um empreendedor? Já pen-
sou em abrir uma franquia? É uma boa opção, já que
o modelo de negócio passou pela fase de teste e aprovação.

Este modelo de negócio é indicado principalmente para


quem não tem uma proposta definida em sua cabeça, ou
seja, ao optar por uma franquia você não precisará se pre-
ocupar com a identidade visual de um negócio ou planeja-
mento comercial estratégico porque tudo isso já está pron-
to para o franqueado. É indicado também, principalmente,
para quem nunca teve um negócio e quer entrar no mer-
cado, isso porque toda a estrutura já estará pronta, o que
consequentemente evitará muitos erros que são comuns

Franquias
aos marinheiros de primeira viagem.

Mas para se tornar um franqueado, o empreendedor pre-


cisa ter um perfil que seja adequado e coerente com o que
ele busca. Não adianta buscar negócios que nada tem a ver
com o seu perfil. Primeiro, porque provavelmente você será
reprovado no processo de avaliação para se tornar um fran-
queado, segundo que será um tiro no pé montar uma loja ou
investir em um negócio que você não irá cumprir as regras
e se adequar às exigências. Oriento aos pequenos varejistas
que, neste processo de busca pela franquia ideal, ele possa
contar com o apoio e orientação de um consultor que irá
analisar seu perfil, preferências e indicar as melhores possi-
bilidades dentre as inúmeras existentes no mercado.

319
Em momentos de crises econômicas as franquias tam- Outra crença é pensar que vai trabalhar menos porque
bém são indicadas porque o modelo, testado e aprovado, deixou de ser funcionário e agora é patrão. O que existe no
entre outros motivos, impulsiona o crescimento do setor. franchising é uma maior possibilidade de sucesso, devido
Mas as ideias preconcebidas que alguns têm do franchising ao repasse de experiência da franqueadora, mas o envolvi-
devem ser esclarecidas, para que elas não se tornem frustra- mento de cada gestor na administração diária da operação
ções no futuro e nem resultem no fechamento da franquia. é o que realmente será o diferencial do negócio.

Ao começar um negócio, um dos pontos que mais cha- Por fim, há o mito de que investir numa franquia é muito
mam a atenção é o retorno financeiro. Muito se fala que os caro e restrito. Há algum tempo essa afirmação não faz mais
investimentos em franquias têm retorno rápido e garantido, sentido, pois atualmente qualquer pessoa pode entrar para
no entanto, a afirmação não é tão simples. O prazo de retor- o franchising. Os segmentos são os mais variados possíveis
no da aplicação deve ser analisado no estudo de viabilidade com as mais de três mil marcas associadas à ABF, assim
financeira da franquia. O franqueador não pode garantir re- como os preços, que giram entre R$ 15 mil e R$ 2 milhões.
ceitas, pois há muitas variáveis envolvidas nesse processo,
e somente um estudo do próprio interessado na compra da Na administração de franquias, assim como em qual-
franquia poderá aproximar estes números da realidade. quer negócio, não existem fórmulas mágicas para gerar
dinheiro sem trabalho duro. O franchising apresenta fa-
Entre os muitos mitos está também a falsa ideia de cilidades, mas os resultados surgem a partir da dedicação,
candidatos a franqueados que acreditam que a escolha da perseverança e resiliência. O franqueado disposto a se
franquia deve ser baseada no gosto pessoal em um produto dedicar a sua franquia vai colher os melhores resultados
ou serviço de uma determinada marca. Existem diferenças possíveis do setor. Ao unir as forças de alguém disposto a
entre gostar, comprar e vender. O que agrada ao empre- trabalhar e as facilidades do setor, os ganhos serão muitos.
sário como consumidor pode não agradar ao mercado em
geral e assim também não satisfazer as expectativas dele
como gestor. Por isso, é importante um estudo para dire-
cionar o potencial de consumo daquele produto ou serviço
na região onde será instalada a franquia.

Capítulo 25 \\ Franquias
320 321
Ingressar no mundo dos negócios requer um planeja- O fato de ser iniciante no franchising não significa que a
mento amplo em todos os aspectos. Quando se trata de rede terá dificuldade em concorrer com os grandes repre-
franquias, a análise da escolha do empreendimento deve sentantes do mesmo segmento. A novidade pode repre-
considerar o que será mais rentável e duradouro, avalian- sentar mais uma opção de consumo e experiência, tanto
do os prós e contras do investimento em uma franquia para o mercado quanto para o consumidor.
consolidada ou em uma nova marca. O processo deve ser
criterioso, pois cada nicho de mercado apresenta caracte- Um fator importante nos dois modelos de franquia,
rísticas diferentes para cada perfil de investidor. novo ou consolidado, é que seja feita a mensuração da
capacidade do negócio ser replicado, isto é, se há distri-
Uma das grandes diferenças entre as duas opções está na buidores, profissionais qualificados, logística adequada de
bagagem e capacidade de operação do negócio. A marca esta- acordo com o ponto em que se pretende instalar a unidade.
bilizada já passou por testes de mercado e isso garante certa Um levantamento de aceitação do produto/serviço tam-
experiência em caso de dificuldades. Já uma franquia nova é bém deve ser feito. Para a visualização das possibilidades é
um negócio ainda não consolidado, cujos futuros problemas importante que o empresário conte com a opinião de espe-
deverão ser solucionados pela primeira vez, demorando mais cialistas que possam ajudá-lo a colocar tudo no papel: pre-
tempo e consequentemente com maior custo. parar um plano de negócios analisando mercado, concor-
rência, competitividade, imagem da marca e simulações de
Com o grande volume de franquias em operação no resultados do franqueado e franqueador em curto e longo
Brasil, a tendência é a expansão maior do setor relaciona- prazo, planilhas financeiras, mapeamento de territórios
do a números de unidades por rede de franquia. O empre- para expansão e perfil ideal de franqueados.
endedor deve considerar que alguns franqueadores novos
se preocupam mais em venderem novas franquias que ofe- A recomendação para quem deseja investir em uma fran-
recerem um suporte operacional para o desenvolvimento quia é traçar claramente em qual perfil de mercado deseja
do volume de negócios em cada unidade. A situação é um se inserir. O êxito do negócio dependerá da estruturação da
sinal de alerta, pois o empreendedor será prejudicado ao empresa para enfrentar as dificuldades e da perseverança
comprar sem experiência. Adquirir uma marca nova não e flexibilidade dos gestores para se adequar às mudanças e
deve significar comprar a falta de experiência. O status de dificuldades que surgirão. A maturidade e sucesso de qual-
nova deve se ater à marca e não influenciar na capacida- quer negócio, consolidado ou não, demanda tempo e o em-
de de transferência de conhecimento para a operação do preendedor deve ter consciência desse processo.
negócio. Ainda é preciso considerar o tempo de atuação
da empresa no mercado, conferir o número de unidades As franquias seguem as tendências e necessidades do
em operação, quantos pontos da rede foram fechados e os público e, atentas, ocupam os mais variados espaços pos-
motivos desse encerramento. síveis para replicar as boas práticas do franchising. Os

Capítulo 25 \\ Franquias
322 323
empreendimentos físicos já estão consolidados e perma-
necem em constante expansão. Outro espaço que está
Para gerenciar uma franquia
ganhando notoriedade no segmento é o ambiente digital, digital com excelência é
pois a operação de uma franquia online potencializa as preciso estar inteirado com
possibilidades de divulgação e venda do produto ou ser-
viço. O território da internet não tem limites de tempo e a dinâmica do ambiente
de espaço. Se a franquia digital for bem trabalhada, torna- eletrônico, conhecer e saber
se mais viável e acessível alcançar um bom faturamento e
expansão da marca.
aplicar as ferramentas de
marketing digital e dominar
A junção franchising e e-commerce, dois segmentos em
constante expansão, é uma parceria ideal para ambos os
as tecnologias que se renovam
setores. O potencial das duas áreas pode ser aplicado para constantemente. Isso
aumentar ainda mais seus resultados. O franchising é um permite explorar ao máximo
modelo de negócio testado e aprovado pelo mercado e por
isso apresenta mais segurança ao investidor. O e-commer- o potencial da venda virtual.
ce, por sua vez, amplia as possibilidades de venda da fran- As franquias digitais podem
quia, já que não existem barreiras físicas para a divulgação
do produto ou serviço.
ser um ótimo negócio para
quem pretende se inserir no
As franquias digitais chamam a atenção pelo investimen-
to menor que o das convencionais, já que não exigem pon-
universo das franquias. Se
to físico de venda. Os valores para comprar uma franquia houver vontade para trabalhar,
digital variam entre R$ 15 mil e R$ 50 mil. Embora possa disposição para aprender,
existir a falsa impressão de que é mais fácil administrar esse
modelo de negócio, a operação no ambiente online exige os persistência para semear
mesmos parâmetros das franquias tradicionais. A operação e alcançar os resultados, o
deve ser feita segundo a Lei do Franchising (8.955/94). An-
tes de iniciar o empreendimento também é preciso planejar
negócio pode se tornar sua
o investimento; pesquisar o mercado; avaliar o franqueador; fonte de renda e proporcionar
conversar com outros franqueados da marca; ter afinidade
com o segmento; e verificar o tipo de suporte que será dis-
maior segurança diante das
ponibilizado pelo franqueador. incertezas econômicas.

Capítulo 25 \\ Franquias
324 325
É cada vez mais evidente que o franchising brasileiro, 5. Logística e distribuição: No varejo, contar com uma ca-
ainda com o contexto econômico desfavorável, vem mos- deia de suprimentos bem estruturada e funcional é impor-
trando sua força. Embora os números mostrem um cenário tante para fornecer o produto certo, na hora certa, e com
positivo, o sucesso de uma franquia é sustentado a partir preço adequado ao negócio.
de determinados pilares que necessitam ser respeitados.
Deve ser claro para o empreendedor que ser franquea-
1. Crescimento e projeção da marca: O franchising pode do é uma grande responsabilidade. É importante conversar
ser definido como aluguel de marca com transferência de com outros franqueados da rede para entender a satisfação
conhecimento, e por isso ela se torna muito relevante. Ter deles com o negócio. Contar com a ajuda de consultores
uma marca que cresce constantemente e se projeta ao mer- especializados em franquias pode ajudar o empreendedor
cado de forma positiva pode assegurar uma maior aceita- na busca de negócios com estes requisitos.
ção dos consumidores. Vale observar a capacidade de re-
novação dos produtos e serviços para que ela seja perene e
se mantenha desejada.

2. Estrutura da franqueadora: Para o sucesso do empreen-


dimento é imprescindível que o franqueado esteja atento
ao apoio dado pelo franqueador. Para transferir conheci-
mento, é preciso ter uma estrutura composta de pessoas e
ferramentas com capacidade para treinar e desenvolver os
franqueados.

3. Diferenciais competitivos: É necessário que a marca


possua um diferencial competitivo para que o empreendi-
mento consiga fazer frente aos concorrentes.

4. Seleção criteriosa de franqueados: Uma escolha crite-


riosa é fundamental, uma vez que 50% do sucesso é de-
corrente do esforço e dedicação dos franqueados. As redes
que não se preocupam com o processo de seleção e não se
envolvem na busca de um perfil adequado, podem conter
muitos franqueados fora do perfil, que realmente não agre-
gam valor à marca.

Capítulo 25 \\ Franquias
326 327
Microfranquia pode ser uma boa opção da empresa, além de identificar o tipo de suporte ofere-
cido à rede; satisfação dos franqueados; conhecer a con-
corrência; viabilidade econômica e financeira do negócio;
Baixo investimento, custo operacional reduzido e ope-
verificar a documentação; planos de expansão da marca e
ração simplificada caracterizam as microfranquias, que
analisar o ponto com uma pesquisa ampla e, claro, contar
possibilitam que muitas pessoas realizem o sonho de se
com a opinião de um especialista.
tornarem empreendedoras. De acordo com a Associação
Brasileira de Franchising (ABF), para se enquadrar como
O processo de retorno do capital investido é mais rápido
microfranquia o empreendimento precisa ter o valor má-
que em franquias mais caras, pois a lucratividade é maior,
ximo de investimento de três vezes o PIB anual per capita
uma vez que a microfranquia tende a ter menos despesas
(Produto Interno Bruto por habitante), e os valores variam
operacionais. Outra dica importante é sempre contar com
entre R$ 5 mil e R$ 80 mil.
uma poupança reserva, pois o retorno pode demorar mais
que o previsto. O ideal é investir até 2/3 do capital dispo-
Um dos atrativos está na taxa de mortalidade, que é me-
nível, uma vez que o tempo de maturidade pode dilatar e
nor, em comparação às microempresas autônomas, chegan-
se não houver uma reserva, o microempresário pode se
do a 5% nos três primeiros anos, conforme dados da ABF. Já
ver em apuros, e, normalmente, as decisões tomadas nes-
entre as microempresas chega a 48%, segundo o IBGE.
ses momentos não são as mais acertadas. Qualquer negó-
cio tem riscos e a microfranquia não é diferente.
A expansão do setor iniciou em 2008 e segue linear
desde então. O mercado continua amadurecendo e está
Após conhecer um pouco mais sobre o universo das mi-
em fase de experimentação. A modalidade é uma das que
crofranquias, percebe-se que o modelo possibilita oportuni-
mais crescem no país. O importante, sobretudo, é plane-
dades de trabalho e aumento de renda para quem quer ter
jar para garantir que o investimento, mesmo pequeno, seja
seu negócio próprio. Aposte na vantagem de adquirir um
rentável, pois a microfranquia requer máxima atenção do
negócio que já tenha sido testado e avaliado como lucrativo,
investidor. O recomendável é que o operador se dedique
além de atuar com uma marca já reconhecida no mercado.
a conhecer o campo das leis, encargos sociais, impostos.
O sucesso depende de disposição para trabalhar com dedi-
cação e persistência. O resultado pode ser a transformação
A microfranquia pode ser uma ótima oportunidade
da realidade econômica e social do investidor.
para empreendedores iniciantes, com poucos recursos e
que buscam o reconhecimento prévio da marca e o apoio
que será prestado pela franqueadora. A compra desse mo-
delo de negócio requer que o investidor reconheça que a
operação depende de sua participação direta no cotidiano

Capítulo 25 \\ Franquias
328 329
D I C A S D O F R E D
a
a par
paus

DICAS

O Fim dos

Você já prestou atenção


nas diversas marcas de
indústrias que estão
atuando no varejo? Apenas
em um breve passeio no

INTERMEDIÁRIOS
shopping, já é possível
perceber essa tendência
de uma transição entre
indústria e varejo.

Marcas como Lego, Adidas,


Tchaaau! Samsung, Havaianas, Artex,
Hering, Malwee, Lupo, Nike
e Le Creuset possuem os
próprios pontos de venda.
Indústrias que antes estavam acostumadas a vender para
Portais de empresas B2B também estão cada vez mais
supermercados e lojas multimarcas passam a oferecer seus
eficazes para fazer atendimento direto. E mesmo as indús-
produtos diretamente ao consumidor. Dessa forma, acaba com
trias que não têm a expertise em vendas diretas ao cliente e
um intermediário na cadeia produtiva, o que impacta no fatu-
querem entender mais o comportamento do consumidor,
ramento com a busca de melhores margens de lucro e também
têm usado o marketplace como estratégia, onde grandes
no fortalecimento da marca diante dos consumidores.
marcas abrem espaço para que diferentes lojistas exibam
seus produtos, sem custo de integração, apenas cobrando
Estamos caminhando para um momento em que a ca-
uma comissão predefinida em cada venda.
deia produtiva está excluindo os intermediários. Acredito
que este fenômeno tenha se iniciado com a internet que
Essa tendência do fim da intermediação já é uma realida-
criou a facilidade de vender e comprar produtos de forma
de e passará por um processo de aceleração muito grande
muito prática e cômoda, apenas com alguns cliques. Há 20
nos próximos cinco, dez anos. E nem estou levando em con-
anos, por exemplo, todas as viagens eram programadas, as
sideração que a economia compartilhada, onde os indivídu-
passagens compradas e o hotel reservado por uma agência
os podem ser ao mesmo tempo usuários e fornecedores,
de viagens. Hoje, as agências ainda atuam no mercado cor-
deve acelerar esse processo e os intermediários (lojas, pres-
porativo, fora isso, esse intermediário praticamente não
tadoras de serviço) se tornam cada vez menos essenciais.
existe. As agências de carros usados também estão sofren-
do esse fim da intermediação, afinal é possível vender ou
Agora, como o varejo pode atrair os consumidores para
comprar um carro usado em sites como Bom Negócio ou
as suas lojas com esse fenômeno das indústrias se inserindo
OLX, sem precisar pagar comissão.
no varejo? Ficou claro que não adianta apenas intermediar
uma venda, é preciso agregar valor, entregar algo diferencia-
Além dos pontos de vendas, as indústrias estão ven-
do, personalizado e conveniente. Recentemente, presenciei
dendo diretamente de seus sites e aceitando compras de
um exemplo na cidade Caldas Novas, no interior de Minas.
pequenos volumes. Um exemplo é a Ambev, que lançou
A loja não vendia apenas toalhas, o que é possível encontrar
recentemente um delivery de cervejas, batizado de Zé De-
em uma infinidade de lojas, mas eles estão entregando um
livery. O serviço promete a entrega da encomenda em até
diferencial. Lá as toalhas são bordadas e customizadas de
uma hora e, além da cerveja, vende refrigerante, gelo e pe-
acordo com a preferência do cliente. Algo que pode ser sim-
tiscos. Muito legal, né? Mas, por enquanto, atende somente
algumas regiões da capital paulista.
ples, mas faz toda a diferença!Pense nisso.

Dicas do Fred
332 333
C A P Í T U L O 2 6

Loja funcionando,

Agora é vender! A loja já está aberta e, agora, como


levar o cliente até você? Primeiro
ponto é divulgar. Se tem muito cliente
na porta, é bacana parar, conversar e
convidar para conhecer seu negócio. De
repente, dá para fazer uma pesquisa,
se possível até antes de inaugurar, para
você conhecer, de fato, quem são seus
clientes, se aquelas pessoas moram
ali ou se passam por ali para chegar a
outros lugares. Essas informações vão
dar sustentação na hora de trabalhar
sua divulgação que poderá ser mais
assertiva e eficiente.

Capítulo 26 \\ Agora é vender!


334 335
Em dia de inauguração é preciso ritualizar, ou seja, fa-
zer uma festa. Para participar deste momento, você pode
convidar pessoas de fora, claro, mas chame principalmente
quem está passando por ali e seus vizinhos. Algodão doce,
O
pula-pula, pipoca, são ações simples e importantes porque
seguram as mães na loja. Chame um locutor de uma rádio
bacana para fazer uma promoção imperdível, brincar com
as pessoas que estão passando por ali, entrar ao vivo em
um programa de rádio, tudo isso chama atenção. Lembre-
se que a primeira impressão é a que fica, por isso, mesmo
que depois você não tenha fôlego para manter as promo-
VAREJO
NÃO PODE PARAR,
ções incríveis do dia de inauguração (converse com seus
fornecedores para que isso seja possível), as pessoas vão
se lembrar e vão ficar com uma boa impressão do seu ne-
gócio, além de referenciá-lo como confiável.
VOCÊ TEM QUE
O varejo não pode parar, você tem que inovar toda se-
mana, criar novas razões para o cliente voltar. Faça o seu
calendário independente da sazonalidade das datas comer-
ciais, não precisa esperar Natal, Páscoa, Dia das Crianças.
Se sua loja cair na mesmice e ficar apenas na troca de ade-
sivos na vitrine, não vai resolver absolutamente nada.
INOVAR
Seja criativo, crie pacotes que vão chamar a atenção dos
seus clientes. Por exemplo, se você tem um açougue crie
TODA SEMANA,
CRIAR RAZÕES PARA O
um pacote do churrasco, pacote dona de casa, feijoada da
semana, enfim, comunique-se com esses consumidores. E
atenção! Para isso, é preciso que você crie seu próprio mai-

CLIENTE VOLTAR!
ling, peça dados básicos como telefone ou e-mail, assim
você poderá enviar mensagens para informar seu cliente
sobre as próximas ações que serão desenvolvidas.

Capítulo 26 \\ Agora é vender!


336 337
Crie um endereço no Facebook e estimule a divulgação Não pode existir rotina no varejo!
da página por meio de descontos; isso aprofunda a rela-
ção empresa/consumidor. Nos Estados Unidos, funciona Como reforcei em praticamente
muito o cadastramento de e-mail, no qual o cliente entra todos os capítulos, é preciso dar
e cadastra para receber um desconto no final da compra. vida ao seu negócio, é preciso
surpreender e encantar seu
cliente. Não adianta pregar aquele
adesivo enorme escrito promoção
na sua vitrine e esperar os clientes
entrarem. Dê motivos para os
consumidores irem até você e
optarem por seus produtos ou
serviços. Fazer tudo sempre da
mesma forma todo mundo já faz!
A escolha é sua, a forma com que
todos vão te ver e vão lembrar
do seu negócio depende única
e exclusivamente da postura da
sua loja no mercado. Espero que
este manual tenha contribuído
para elucidar dúvidas e que
tenha servido principalmente
para dar a você ideias de como
impulsionar ou criar seu negócio.
Nos encontramos no varejo, boa
sorte e sucesso!

Capítulo 26 \\ Agora é vender!


338
(Entre amigos) ser tão bom quanto aquele xará. Já palestramos muito jun-
tos. É um profissional exemplar, disciplinado, com uma di-
dática sensacional e constrói novos conceitos para o varejo
que eu não conheço ninguém igual. Ele cria siglas que são
Durante todo o ano, grande parte do tempo passo via- verdadeiros ensinamentos: #MgM = MovimentoGeraMovi-
jando, descobrindo o varejo brasileiro e todos os seus mento #DVD = DireçãoVelocidadeDisciplina #GPS =#Gente-
desafios. Gosto de compartilhar as minhas conquistas e ProcessosSistemas #EPI =EnergiaPresençaIntenção
aventuras com os meus amigos, muitos dos quais ganhei
nesse mercado de vendas e encontros nos aeroportos, ou João Kepler, o Jão
até, fazendo palestras juntos. Mesmo não nos encontrando Um verdadeiro mentor. De pequenos trabalhos que fize-
sempre, mantemos um grupo de mensagens para compar- mos juntos surgiu uma grande amizade. Um tutor de uma lin-
tilhar ideias, anseios, preocupações e alegrias. da família, ponderado, inteligente e show! Um dos mehores
palestrantes que conheço, investidor de pessoas e talentos.
Escrever um livro para o pequeno varejista é um sonho
e não poderia deixar de pedir a contribuição desses ami-
gos de estrada para enriquecer ainda mais o material. Nas
próximas páginas, você irá conferir um extra do ManUAU
do Novo Varejista, com dicas desses feras:

Caio Camargo, o Grandão


Um dos valores mais importantes na construção de um
profissional na minha opinião é a paixão! Desconheço um
profissional que seja mais apaixonado pelo varejo como o
Caio. Essa paixão fez dele um Super Profissional, antena-
do, inteligente, inquieto. Caio, por onde passa, deixa ale-
gria e conhecimento. Fico muito feliz por estar perto dele
trabalhando nestes últimos anos. Voa, Caio, voa.

Fred Alecrim, o Xará


Quando ouvi falar do Fred, comecei a acompanhar de
perto a sua trajetória, principalmente por ter o mesmo
nome e também por ser palestrante do segmento do vare-
jo. Cada vez mais o admirava e pensava como eu poderia

341
Dicas do GRANDÃO
( Caio Camargo)
As marcas hoje são onipresentes, ou seja, estão presen-
tes em todos os canais possíveis e existentes, e deste modo,
não é difícil nomearmos indústrias que não mais precisam
de intermediários para se relacionar e até mesmo vender

O SEGREDO DE SE para seus consumidores. Sejam eles canais físicos ou digi-


tais, não podemos tratar a loja ou o site apenas como um
canal de venda, estes tornaram-se canais de experiência

VENDER
BEM HOJE ESTÁ NA
com a marca.

O ponto de venda se transformou e acabou sendo o prin-


cipal ponto de contato entre as marcas e consumidores.
Mesmo uma pesquisa realizada em um canal digital, depen-
dendo do produto, faz com que o cliente procure uma loja

Produtividade física, ou um showroom para verificar a real qualidade que


uma foto ou um vídeo em um site ainda não consegue entre-
gar. A experiência do tato e da real visão do produto ainda
são fatores que pesam muito na decisão de compra.

Veio daí a criação do termo showroomer, criado para de-


signar consumidores de lojas físicas que utilizam a loja apenas
como um showroom de experiências, para depois buscar me-
lhores oportunidades de compra nos canais eletrônicos, apro-
É incrível como a revolução digital vem
veitando a guerra algorítmica de preços dos sites especializados.
transformando a sociedade e, em particular,
as relações de consumo entre marcas e pes-
E moda vai, moda vem, seja uma ênfase esporádica, seja
soas, o que afeta diretamente o varejo e seu
no canal digital, mobile ou físico, o que fica sempre é o
modo de pensar.
varejo, a venda direta ao consumidor.
O varejo já foi entreposto, intermediá-
No meio desse turbilhão de revoluções de consumo, fo-
rio, e até mesmo ponto de venda. Isso
cadas cada vez mais em se tornarem algo híbrido, tal como
mesmo, já foi, pois não mais pode ser
uma fusão real de experiências físicas e digitais, bem como
interpretado somente desta forma.
algo que não crie algum atrito nas relações de consumo,

Dicas do Grandão
342 343
surge uma demanda cada vez maior pela produtividade, e utiliza sim, a loja como um grande showroom de possi-
principalmente em locais como o Brasil, ainda engatinhan- bilidades de compra. Vendedores precisam entender que
do em termos de inovação e tecnologia. trabalhar no varejo não é trabalhar para uma fábrica, onde
o que manda é “fazer o que lhe mandam” dentro de seu
Sim, pois o grande varejo brasileiro ainda é aquele re- horário de trabalho. Trabalhar no varejo, ser vendedor, é
alizado nas periferias e pequenas cidades, longe das gran- sobretudo, trabalhar para você, para a construção de sua
des redes e marcas, utilizando uma caderneta para anotar venda e seu rendimento mensal.
as compras, com o sorriso e o umbigo do patrão do outro
lado do balcão. E basta falarmos em crise, para falarmos em queda de
vendas. O segredo de vender bem hoje não está apenas nas
O varejo brasileiro ainda é passivo em relação aos seus questões de preço ou de comprar e vender bem. A qualida-
consumidores. Vendemos para quem entra por nossa porta. de de atendimento, embora essencial, só se faz valiosa se
Vendemos para quem se aproxima e se comunica com nos- mensurável de alguma forma, e uma das melhores formas
sos vendedores. De certa forma, estamos “esperando” para para isso está em mensurar corretamente a produtividade
vender, e não vendendo, no sentido proativo da palavra. de sua equipe e seu negócio.

De cada cinco pessoas que entram em uma loja, de- Pense nisso.
cididas a comprar da marca, seja por preferência ou até
mesmo curiosidade, o varejo brasileiro consegue somente Caio Camargo é um incansável apaixonado por tudo que
vender para uma pessoa, ou seja, um aproveitamento de possa estar ligado ao mundo do varejo e ao futuro deste.
apenas 20%. É preciso agir e fazer a diferença. Arquiteto, blogueiro, palestrante, professor, executivo, an-
jo-investidor e empreendedor, criou um dos principais sites
O modelo passivo de varejo com a revolução digital sobre o varejo brasileiro, o Falando de Varejo, no ar desde
vem se transformando rapidamente. Não precisamos fa- julho de 2008. É uma das principais referências do mer-
lar de termos como omnichannel ou RFID para o pequeno cado quando se trata de vender mais e melhor. É autor do
empreendedor, mas precisamos desde já criar uma nova livro Arroz, Feijão & Varejo.
cultura de varejo proativa, que busca seus consumidores

Dicas do Grandão
344 345
Dicas do Xará ( Fred Alecrim) marca por algum motivo, logo você não precisa convencer

Movimento ele de que o que você vende é muito bom, ele já sabe disso.

Contratar muito bem: É preciso ser muito exigente e cri-

G E R A
terioso nesse movimento. O perfil definido deve ser um guia,
mas é muito importante que a ansiedade e a necessidade não
façam com que você escolha o menos ruim. O profissional

movimento contratado deve melhorar algo nos resultados da loja, fazer


alguma d!f3r3nç4, se não, por que contratá-lo? Não coloque
qualquer um para dentro, pois se a pessoa não for boa, vai
atrapalhar o ambiente, o clima e os resultados.

Treine muito: Cada pessoa contratada deve ser muito bem


Em se tratando de varejo, o mantra acima é mais do que
treinada para que possa fazer o seu papel da forma que a loja
verdadeiro. Quem quer que algo de bom aconteça na sua
precisa para melhorar os resultados. Neste movimento é im-
carreira ou no seu negócio, tem que se movimentar. Cuidar
portante não se deixar levar pela pressa. Quanto mais capa-
da direção, da velocidade e fazer cada movimento com mui-
citado antes de começar a atender o cliente e vender, mais
ta disciplina aumenta e muito as chances de sucesso. Com
confiança ele terá e assim você aumenta as chances desse
todos esses anos trabalhando no varejo, percebi que alguns
profissional se engajar mais rápido e gerar resultados mais
movimentos são muito importantes para quem quer ter
consistentes. Aqui vale uma máxima: antes de colocar o novo
resultados sustentáveis (vender com mais margem, ven-
profissional para dentro da empresa, coloque a empresa den-
der hoje, amanhã, depois de amanhã…) para a sua loja.
tro do novo profissional. Isso quer dizer que antes de come-
çar a trabalhar, atender e vender, além de bem capacitado,
Definir a cara da sua da equipe: Deixar muito claro ele precisar estar com a cultura da sua loja na cabeça e no
qual o perfil ideal de profissional para a sua loja. Quanto
coração. Entender o que a empresa valoriza e por quê? Quan-
mais claro, melhor vai ser o processo de seleção e
to mais o novo profissional absorver da cultura da empresa e
depois de acompanhamento. Colocar as pessoas
abraçá-la, maior o seu engajamento com o seu negócio.
certas no lugar certo ajuda muito na busca pe-
los melhores resultados.
Trate muito bem: Quando colocar o profissional para
dentro da empresa e enquanto ele estiver como parte de sua
Contratar quem queira trabalhar com equipe, trate-o sempre muito bem. Quando tratamos alguém
você e não quem está apenas procurando com respeito e justiça, essa pessoa dá o melhor de si, nos dá
um emprego: Essa pessoa já admira a sua sua atenção, suas ideias e seu máximo esforço. Seja exigente,

347
sem deixar de ser gente. Comunique-se de forma estimulan- dias, mesmo naqueles dias mais difíceis e ainda fazer isso feliz.
te, sempre elogiando os comportamentos que merecem, pre- O que pode ajudar é quando o seu profissional encontra a CAU-
cisam ser elogiados e dando direção, orientação em relação SA dele, ou seja o motivo pelo qual ele vai trabalhar feliz todos
aos comportamentos que precisam ser melhorados. os dias na loja e consegue conectar com o seu trabalho. Dessa
forma, o trabalhar na loja passa a ter um significado muito maior
Remunere bem: Remunerar bem faz com que o profissional do que vender e bater metas. Isso é visto muito mais como algo
deixe de ter a grana como uma preocupação diária e possa se do ponto de vista da empresa. Mas, quando ele conecta a CAU-
concentrar em atender bem, vender melhor e investir no rela- SA dele à sua loja, ele dá um significado pessoal ao trabalho. Vou
cionamento com os clientes, aumentando e muito as oportuni- trabalhar na loja todos os dias, pois estou terminando de pagar
dades para melhorar vendas, margem e reputação do seu negó- as prestações da minha casa própria e faço isso com a grana que
cio. Será que não é melhor ter menos gente em sua loja, sendo ganho aqui. Esse motivo é dele, pessoal e por isso esse profissio-
estas as melhores e remunerá-las melhor do que ter muita gente nal não precisa da motivação de nenhum chefe, ele já tem a dele,
mais ou menos, remunerar mal e ainda cobrar muito delas? o que ele precisa é que o chefe não o desmotive.

Ative movimentos para o bem: Estimule seus profissionais Cuide da ALMA do seu negócio: Ambiente estimulante e
a cuidarem da sua saúde. Quanto mais saudáveis forem, mais equilibrado faz com que o seu negócio tenha profissionais mais
energia terão na vida e no trabalho. Ajude-os nesta busca por felizes, mais produtivos e queiram trabalhar com você por mais
um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Quanto mais tempo. É o que chamo de C.U.R.A. Empresarial. C.U.R.A. é ter
equilíbrio conseguirem, mais realizados se sentirem, isso traz em sua loja uma Cultura Única de Respeito e Aprendizado.
ótimas consequências para o ambiente da loja e também para
os resultados. Cuide com Atenção do Cliente: Venda o que ele quer, pre-
cisa e pode pagar. Vender é relacionamento e relacionamen-
Estimule a produtividade: Somos um país que pode produ- to é confiança. Quando vendemos o que é o melhor para o
zir muito mais. Muitos negócios poderiam estar bem melhor se cliente, mostramos que estamos cuidando com atenção dele
fossem mais produtivos. Há muita interrupção com excesso de e fazemos por merecer a sua atenção por mais tempo.
reuniões desnecessárias, ambientes inadequados etc. Veja como
pode ajudar a sua equipe a se concentrar mais no trabalho. Há reu- Fred Alecrim é administrador, consultor e palestrante espe-
niões demais? Há muita interrupção com excesso de mensagens cialista em gestão. Também é um estudioso de Marketing
via aplicativos como WhatsApp, entre outras coisas que tiram o e dos mercados brasileiro e internacional. Ávido leitor de
pensamento da equipe do cliente e sua experiência de compra? literatura específica e pesquisador incansável de novas ten-
dências. Costuma filtrar todo o conhecimento que adquire
Estimule a definição de CAUSAS: Ajude cada um da sua equi- e criar seus próprios conceitos, visando facilitar a vida das
pe a encontrar a sua CAUSA de ir trabalhar na sua loja todos os pessoas, ajudando-as a empreender mais e melhor.

Dicas do Xará
348 349
20 Dicas do “Jão” nem mais atrativos em 2017. Por isso, se você se identificar

( João Kepler)
com um ou mais pontos, atenção!

20 dicas do que NÃO fazer:


para vender
MENOS
1) Não inovar nos processos, no atendimento, na deco-
ração, na postura, nas pessoas, na estratégia e nos métodos.

2) Focar somente nos Ps: preço e produto, por exemplo.


Manter sua antiga e “vencedora” equação: melhor mix, pelo

no varejo menor preço.

3) Proibir tudo na loja. Não pode tocar, não aceitamos tro-


cas, não temos WI-FI, não temos água ou banheiro, não acei-
tamos determinado meio de pagamento. Estilo "não insista"!

4) Deixar os vendedores parados na porta como estátuas


ou não praticar o TBC (tire a bunda da cadeira) e ir buscar
É isso mesmo que você entendeu, não escre- o consumidor fora da sua loja.
vi errado. Eu disse que vou dar dicas para vender
menos. Ando por todo o Brasil fazendo palestras 5) Orientar seus vendedores a continuar fazendo as mes-
sobre inovação aplicada ao varejo, e sempre que mas perguntas aos clientes do tipo: “Posso ajudar?”, “Preci-
posso visito as lojas das cidades para entender como sando de alguma coisa?” ou “Diga, freguesa!”
funciona o comércio local, suas especificidades e
principalmente para que eu possa entender melhor 6) Manter uma placa de promoção de um produto por
o cenário como um todo, ou seja, traçar o perfil do muito tempo. Pode também deixar a placa XX% DESCON-
varejo brasileiro para detectar o que os lojistas estão TO na porta da sua loja por mais de dois anos, por exemplo.
fazendo de errado. Então, separei apenas vinte das
minhas observações e meu objetivo é chamar a 7) Não se movimentar e surpreender, mudar, por exemplo,
atenção para que os varejistas possam corrigir e a posição de algumas coisas na loja, como prateleiras, vitrine,
aperfeiçoar seus negócios para que eles se tor- freezers e produtos pelo menos uma vez a cada vinte dias.
8) Poluição visual, lojas carregadas de cartazes e muitas 18) Fazer o cliente preencher longos cadastros na loja fí-
informações que confundem o consumidor. sica ou virtual.

9) Não mudar as ofertas, pior, deixar a promoção sem 19) Não dar bola para o que o cliente pensa do seu negó-
hora para começar e acabar. Só mexer na loja nas datas co- cio, não enxergar através da perspectiva dele.
memorativas.
20) Não fazer Marketing Digital ou pensar em promover
10) Não fazer parcerias com seus fornecedores para uma alguma experiência FIGITAL (integração do físico com o di-
ação personalizada e/ou uma promoção exclusiva. gital) com seus clientes.

11) Não analisar o funil de vendas e o fluxo dentro da loja. Claro que existem muito outros itens e coisas que podem
detonar o varejo nos dias de hoje. Eu procurei concentrar
12) Não usar cartão de fidelidade ou outra forma de rela- na expectativa do novo consumidor, na visão do que se es-
cionamento direto com o seu cliente. pera do varejo moderno. Mais do que isso, deixei vocês, lei-
tores, pensarem em outras coisas importantes que as lojas
13) Não fazer diferente da sua concorrência, apenas mais NÃO devem fazer.
do mesmo. Ou pior, achar que está tudo muito bem, obriga-
do. As coisas sempre funcionaram assim, pra que mudar? Se você é lojista, varejista de qualquer segmento, basta
fazer ou continuar fazendo qualquer uma ou mais coisas re-
14) Não encantar e oferecer mais do que o cliente espera. lacionadas aqui para que o seu 2017 seja da mesma forma
que foi 2016.
15) Não conhecer os nomes dos seus melhores clientes,
ou pelo menos, tratá-los como únicos. Não fazer ações dire- João Kepler é especialista em inovação e suas variáveis.
cionadas, exclusivas e específicas com esses clientes dentro Investidor Anjo desde 2008, participa em mais de 70 star-
e fora da loja (na casa do cliente). tups, sócio da Bossa Nova Investimentos, fundador da
Plataforma de co-investidores qualificados DealMatch, as-
16) Não usar a internet a seu favor, não usar CRM, por sociado ao Gávea Angel e Líder Nordeste da Anjos do Bra-
exemplo. sil. Vencedor do prêmio Spark Awards da Microsoft como
Investidor Anjo do Brasil; Empreendedor Serial; Colunista
17) Abandonar ou esquecer os clientes antigos que já com- de diversos Portais no Brasil; Speaker internacional; Pen-
praram, não fazer nem ao menos uma pesquisa de satisfação. sador, escritor de vários livros, sendo o último, o grande
sucesso “Educando Filhos para Empreender”.

Dicas do João
352 353
Dinomercio Gueno Rodrigo Garcia Cris Peixoto Braga
Portal Administradores Renata Pifer Mariela e Emílio Parolini
Eduardo Lopes Rafael Peixoto Leirson Cunha
Théo Braga Douglas Simões Marcus Bernardes
Maria Braga Téo William
anquinho Mauricio Tomé Rafael Pereira Danielle Pacheco
Leandro Br Alexandre Veloso Ro
cha Bárbara Tonhela
iero
Adiane Mitid Davi Braga Fred Ale
crim Clube da Casa Adriano Luiz
to
Agradecimento caré Alexandre Veloso
Vivianne Vil
e la
Eduardo Bento
Renata Ben Maurin ja
annettti
especial
Danusa Boaventura
Alfredo Soares
Marcos N Vivian Veiga Batista
Tetê Luttembarck
Sozinho nunca conseguiria! Foram meses de trabalho, Andre Carvalho Mauro Rocha
agradeço imensamente a Renata Vaz e Renata Marinho por Leonardo Neves de Kátia Berta
puxar os SSS das minhas ideias e propósitos, e ao talentosíssimo Almeida Tony Hsieh
Marcone Souza por deixar este projeto tão bonito e colorido. e Alexandro Luchesi Jamerson Braga
a todos as amigos e amigas que juntos me ajudaram através do Jo ã o R it o Rodrigues
Paulo Tenório Leonardo de Matos
financiamento coletivo a viabilizar o Projeto. Josne Conte
Marcelo Almeida da E-commerce Brasil
Magia do Mundo dos negócios Silva Luciano Machado Netto
Liliane Correia de Almeida
ndes Marcelo Espíndola vilaqua
Vanessa Me Jordão Be Jeová Soares Ferrei Leandro Vieira
Tiago César Samuel Gonsales Claudemir Oliveira ra
Guilherme Bruno de Lima Paulo Henrique Ferr FCDL-
eira Antônio Ventura MG
Geraldo Santos
Wagner De Freitas Oliveira Gustavo Lehnen Uai Farma Dinamize
Falando de Varejo Elon Musk
Gustavo Bellini Alga Rodrigo Henrik Laiz Carvalho Ademilce Batista Ataide
ba
Mouritz Lima Breno Ferreira Koscky Bruno Pereira
João Santos Freitas Guilherme Moura
Jeff Bezos
o Costa Olga Fonsceca Mark Zuckerberg Caio Camargo Marisa Morgado
Marcelo August Fabio Brejão
Eduardo Veloso Roger Conovalov
Ricardinho Alkimin Steve Jobs Aldo Pacheco Digitalks
Pedro Rabelo Ferreira Soraya Malheiros
o Rodrigo Rolim Cavalcante Marcelo Pimenta Flávio Hor ta
João Leã liveira
Aldo Pacheco VendaeCia Cleison O
Alex Pedro José Maria
to Sousa Ricardo Abrantes Henrique Lagares aussard
Luis Rober Cristiano Ch
Gustavo Portes Adriana Lopes Luiz Tardelli
Augusto Rocha
R af ae l G u er ra
João Kepler Braga
Leonardo Mundim Xtech Commerce
Couto uinas
Honório Poleto Gustavo Alvarenga Ormimáq
Nayara Gabriel Arantes Vivi Figueiredo
Marco Antonio
da Mais Lima
Carlinhos Santos Raul Candeloro Revista Ven
Leandro Alencar Monteiro
Referências
Foto por Felipe Müller: capa, 12, 22, 44, 66, 74, 90, 112, 126, 132, 138,
149, 156, 169, 186, 194, 199, 200, 233, 238, 270, 274, 298, 306, 317,
318, 330
Freepik: 20, 21, 42, 56, 60, 80, 82, 84, 87, 102, 119, 122, 123, 159, 179,
193, 208, 220, 240, 245, 251, 278, 279, 287, 305, 327, 334, 338
Ilustração por Marcone Souza: 40
Ilustração por Shahsoft1 / Freepik: 58
Ilustração por Molostock / Freepik: 83
Background por Kjpargeter / Freepik: 84, 85
Ilustração por Dooder / Freepik: 116, 144
Background por Tirachard / Freepik: 136, 137
Foto por Jcomp / Freepik: 161, 185
Foto por Peoplecreations / Freepik: 162
Foto por Kues / Freepik: 165, 314
Foto por Pressfoto / Freepik: 166, 181, 189, 205, 295
Foto por Kaboompics / Freepik: 175
Foto por Benzoix / Freepik: 217
Ilustração por: Starline / Freepik: 243
Ilustração por Ikaika / Freepik: 244
Foto por Jannoon028 / Freepik: 268, 269
Foto por Creativeart / Freepik: 282
Foto por Photoduet / Freepik: 293
Foto por Kstudio / Freepik: 321
Ilustração por Nucleartist / Freepik: 341
Divulgação: 95, 143, 304, 309
Divulgação site: 97
Royalty Free: 69, 71, 93, 107, 260, 262, 302, 303
Agradecimento especial: Colaboradores técnicos
Lucien Newton, especialista em franquia; Marcelo Henrique Rolim, espe-
cialista em Shopping Centers; Marcos Nannetti, especialista em Gestão;
André Jacob, especialista em Contabilidade.

358 359
Neste livro, Fred Rocha resgata o
princípio do comércio, das vendas,
fazendo uma ligação fantástica com as
inovações e as mudanças tecnológicas
que impactam fortemente no jeito que
eu e você consumimos atualmente.
Varejo não é para amadores, mas pode
ser pequeno, médio ou grande. Com
certeza, esta leitura te inspirará a se
relacionar melhor com os seus clientes,
fazer o básico bem feito, vender mais e
melhor todo dia, independente do
tamanho do seu negócio.

Vivianne Vilela (Diretora Executiva do


E-Commerce Brasil)

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