Disciplina de GB087 – GEOGRAFIA DO TURISMO Orientado pelo Prof. Dr. Marcos Aurélio T. Silveira Do Curso de Geografia do Setor de Ciências da Terra da Universidade Federal do Paraná
CURITIBA 2017 SILVEIRA, M.A.T., Planejamento territorial do turismo.
Nesse texto o autor disserta sobre o planejamento territorial do turismo,
afirmando que o turismo, pode ser desenvolvido de forma saudável para a população; o meio ambiente e o desenvolvimento da região onde ele é praticado desde que seja feito o planejamento de forma sustentável. É de responsabilidade do setor pública a implementação de infraestrutura e de responsabilidade da iniciativa privada a superestrutura (denominada de infraestrutura turística, componentes principais do turismo). A infraestrutura básica é essencial para as destinações turísticas e aparece principalmente na forma de transportes (estradas, ferrovias, aeroportos, estacionamentos, etc.), serviços de utilidade pública (energia elétrica, saneamento básico, comunicações), e outros serviços (saúde, segurança), sendo normalmente compartilhada por residentes e visitantes. Enquanto a superestrutura turística são os meios de hospedagem, as atrações construídas para fins de uso turístico, o comércio varejista e outros serviços. Em muitos países, contudo, o setor público vem sendo ativo no fornecimento de incentivos financeiros (concessões de empréstimos, isenções de impostos, e outros mecanismos financeiros), bancando muitas vezes o investimento em turismo para o setor privado, favorecendo assim a implementação dessa superestrutura, ou seja, o estado muitas vezes atua como um todo na implementação do turismo no território. O autor justifica a presença do estado no planejamento turístico no processo de desenvolvimento do turismo porque essa presença decorre da necessidade de se oferecer respostas aos problemas inerentes ao desenvolvimento e, principalmente, de se prevenir dos efeitos indesejados que o crescimento da atividade pode provocar, em especial nos âmbitos regional e local. Pois o turismo não trás sós vantagens e benefícios, mas também riscos, podendo provocar uma série de danos às regiões receptoras quando o seu crescimento ocorre de modo desordenado, implicando em efeitos negativos para o meio ambiente, para as sociedades e, até mesmo, para a economia desses espaços. A função do planejamento é nortear o crescimento turístico de modo à compatibilizar os fatores econômicos com os fatores de ordem social e ambiental, determinando metas e objetivos precisos e disponibilizando os meios próprios para atingi-los. O planejamento deve ser considerado um instrumento estratégico para se buscar o desenvolvimento turístico em bases sustentáveis no longo prazo. Ao ser executado, segundo uma política de turismo também concebida nesta mesma perspectiva, o planejamento turístico deve promover a modernização das infraestruturas sociais de base, com efeitos evidentes em termos de saneamento básico, tratamento de resíduos sólidos e do lixo, abastecimento de água, distribuição de energia elétrica e expansão das comunicações e transportes, criando, assim, não apenas as condições exigidas para o desenvolvimento do turismo, mas melhorando também a qualidade de vida das populações residentes. Associado a tudo isso, está o papel prioritário do planejamento, que é o de promover o desenvolvimento turístico compatível com a conservação do meio ambiente e do patrimônio natural e cultural. O planejamento integrado do turismo orienta-se pelos preceitos da sustentabilidade territorial e, deve ter como finalidade a melhoria da qualidade de vida das populações dos espaços de destino, como pré- requisito fundamental a eficiência econômica e, como condicionante central a conservação do meio ambiente. “O planejamento estratégico e integrado do turismo pressupõe a participação de todos os agentes públicos e atores sociais envolvidos (governos, organizações públicas e privadas, planejadores, empresários, ambientalistas, turistas e populações residentes), englobado as diversas estratégias de desenvolvimento, as infraestruturas de base, os equipamentos e instalações turísticas, os recursos e atrativos naturais e culturais, o meio ambiente e a sociedade, enquanto componentes de um “sistema territorial” complexo e dinâmico, com suas interações funcionais, suas sinergias e suas instabilidades” (CAZES, 1997). Diferentemente do planejamento turístico tradicionalmente praticado, o planejamento estratégico e integrado envolve a tomada de medidas políticas concertadas, que venham acompanhadas de ações eficazes no que diz respeito ao desenvolvimento do turismo dentro de uma perspectiva sustentável tais como: Método de diagnóstico DAFO (Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades); Método MACTOR (Matriz de Alianças e Conflitos: Táticas, Objetivos e Recomendações); Método Delfos e Matriz de Impactos Cruzados; Avaliação ou Estudo de Impactos Ambientais (EIA); Método de Construção de Cenários; Estudo da Capacidade de Carga (Carrying Capacity); Análise do Ciclo de Vida do Destino Turístico; Auditoria e Avaliação da Qualidade Ambiental; Zoneamento Ecológico- Econômico; Zoneamento Ambiental; e Gestão Ambiental de Recursos Turísticos. Essas ferramentas vão gerar indicadores ambientais no planejamento do desenvolvimento turístico, que embora não sejam suficientes para se promover a sustentabilidade, pode ser considerado avanço importante na direção da mesma. Esses programas devem ser implementados de modo a fazer com que os benefícios vindos do turismo se estendam a todos os lugares, principalmente, aos espaços economicamente deprimidos e que apresentam desigualdades que exigem a atenção do estado para o desenvolvimento desses lugares.