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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS


FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES-PARFOR
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS NATURAIS

ÉRICA MARTINS FERREIRA

A IMPORTÂNCIA DA EXTRAÇÃO DO TURU NA COMUNIDADE DO RIO


TIJUCAQUARA-PA

PONTA DE PEDRAS-PA
2019
ÉRICA MARTINS FERREIRA

A IMPORTÂNCIA DA EXTRAÇÃO DO TURU NA COMUNIDADE DO RIO


TIJUCAQUARA-PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


a Faculdade de Ciências Naturais, Instituto de
Ciências Exatas e Naturais, Universidade
Federal do Pará, para obtenção do título de
Licenciada em Ciências Naturais.

Orientador: Prof. Dr. José Alexandre da Silva


Valente.

PONTA DE PEDRAS-PA
2019
ÉRICA MARTINS FERREIRA

A IMPORTÂNCIA DA EXTRAÇÃO DO TURU NA COMUNIDADE DO RIO


TIJUCAQUARA-PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


a Faculdade de Ciências Naturais, Instituto de
Ciências Exatas e Naturais, Universidade
Federal do Pará, para obtenção do título de
Licenciada em Ciências Naturais.

Data de apresentação: __/__/2019

Conceito:___________________

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________- Orientador
Prof. Dr. José Alexandre da Silva Valente - UFPA

________________________________________- Membro

________________________________________- Membro
AGRADECIMENTOS

A trajetória de todo ser humano, se inicia antes de nos formarmos dentro


do ventre de nossa mãe, pois todos somos frutos dos planos de Deus, ele nos
escolhe para sermos vitoriosos, por isso ao chegar, no fim dessa jornada
primeiramente a gradeço a Deus por todas as bênçãos que fez em minha vida,
primeiro me fazendo existir, e depois como imenso zelo que sente por mim deu-me
como pais, verdadeiros anjos para cuidarem de mim me incentivando a vencer.
Ao meu pai amado Raimundo de Oliveira Ferreira a minha querida mãe
Maria da Piedade Martins Ferreira, a minha irmã Erice Martins Ferreira, obrigado pai,
mãe, irmã por sempre me incentivarem a minha vida acadêmica e por nunca me
abandonarem, foi o incentivo de vocês que fizeram de mim o que sou, parte dessa
vitória pertencem a vocês.
Ao meu colega Wagner que me ajudou para meu ingresso na
universidade.
Ao meu Orientador e Professor José Alexandre da Silva Valente pela
força e maravilhosa orientação.
Aos membros da banca examinadora pela revisão do texto e sugestões
valiosas.
Agradeço imensamente também aos amigos, familiares, professores e a
todos que me ajudaram direta e indiretamente, a vocês deixo a minha gratidão!
“Cada dia a natureza produz o suficiente
para nossa carência. Se cada um
tomasse o que lhe fosse necessário, não
haveria pobreza no mundo e ninguém
morreria de fome”.

(MAHATMA GANDHI)
RESUMO

Buscou-se através desta pesquisa estuda acerca do tema “A importância da


extração do turu na comunidade do rio Tijucaquara-Pa”.Sendo uma prática
etcnocultural objetivou-se portanto,Estudar a importância da extração do Turu como
fonte de renda e alimentação na comunidade ribeirinha do Rio Tijucaquara.Dessa
forma, este trabalho de conclusão de curso partiu do seguinte problema de
investigação:Qual a importância da extração do turu na comunidade do Rio
Tijucaquara-Pa? Em termos metodológicos, a abordagem utilizada foi a qualitativa,
através da análise de campo junto a comunidade do Tijucaquara munícipio de Ponta
de Pedras. Nesse sentido, foram aplicados 03 (três) questionários junto a entevista
com 3 (três) moradores mais antigos da referida comunidade.Para a elaboração do
referencial, foram utilizados teóricos como Albuquerque (05),Alves (2010) entre outros .
Os resultados da pesquisa mostram que a extração do Turu possui importância visto
como fonte de alimentação e renda para as famílias da referida comunidade
portanto,finalizando com uma proposta pedagógica através da elabaração de uma
cartilha ilustrando o passo a passo da extração do turu, modo de preparo de pratos
típicos realizado com a iguaria (turu) até a chegada à mesa do consumidor temática
esta que poderá ser utilizada.

PALAVRAS CHAVE: Turu, comercialização, fonte de renda e Proposta pedagógica

ABSTRACT
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 08
2 REVISÃO DA LITERATURA 11
2.1 Caracterização científica do Turu 11
2.2 Etnociência e Etnocultura 16
3 METODOLOGIA 21
3.1 Tipos de Estudo 21
3.2 Coleta de dados 21

3.3 Caracterização do município/ Comunidade Rio Tijucaquara 22


Conhecendo a Comunidade do Rio Tijucaquara
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 25

4.1 Análise da coleta de dados 25


4. 2 Passo a passo da extração do Turu até chegar na mesa do 33
consumidor
4.3 Proposta Pedagógica 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 38
REFERENCIAS 39
APÊNDICE
43
8

1 INTRODUÇÃO

O turu é um molusco teredinideo muito conhecido pelos ribeirinhos do


Marajó por ser utilizado como um alimento bastante apreciado pelo seu sabor
um tanto exótico, além de ser considerado por pesquisadores e pelos próprios
nativos como um importante agente de decomposição, já que o turu tem a
dupla função de alimentar e destruir os resquícios de madeira que ficam à
deriva na natureza, poluindo os rios.

Desse ponto de vista, pode-se perceber que o turu possui grande


relevância tanto para a natureza quanto para as pessoas que dele se
alimentam, porém sua contribuição ( turu) tem também sido percebida na área
comercial e financeira. Ocorre que sua produção para revenda tem emergido
como um novo ramo de comercialização que vem crescendo aos poucos e
diante desse aumento significativo é que surgiu o desejo de pesquisar sobre a
temática, pois muitas famílias já estão tornando a comercialização do molusco
como fonte complementar de sua renda e essa prática tem chamado a atenção
de estudantes e pesquisadores.

A pesca artesanal é uma prática muito comum na região marajoara,


em geral é realizada por famílias inteiras que se dedicam a pescar para sua
subsistência ou seja, em escala pequena e o excedente será vendido para
gerar um dinheiro a mais para custear outras necessidades da família. Porém,
atualmente a extração de turu que sempre foi considerada uma produção
pequena e feita principalmente por mulheres, vem se destacando e tomando
novos rumos , crescendo e ganhando espaço a partir do momento em que
algumas famílias fizeram criadouros para produzir uma quantidade maior de
Turu com o objetivo de comercializar em quantidades maiores, fazendo dessa
pratica sua fonte de renda.

Dentro dessa perspectiva, emergi a necessidade de compreender e


documentar esse processo de ascensão, bem como sua importância na renda
das famílias ribeirinhas da comunidade do Rio Tijucaquara. Desse modo a
presente pesquisa visa além de tudo dar notoriedade a mudança de
pensamento das famílias em relação ao Turu, que agregou um fator novo a
9

uma pratica antiga que é justamente criar, o que antes apenas a natureza
fornecia no seu tempo e na sua hora.

Outro fator que deve-se considerar e conhecer o valor nutricional do


turu para a culinária pontapedrense, além, de averiguar as questões de caráter
cultural e mítico, relacionando ao consumo do turu concebidos pela
comunidade em geral e principalmente do Marajó inteiro.

Diante do exposto, a questão da pesquisa ganha corpo com o tema : A


importância da extração do turu na comunidade do Rio Tijucaquara-Pa. E
visando responder a essa questão de investigação os seguintes objetivos
foram elaborados para esse trabalho:

Objetivo Geral

 Estudar a importância da extração do Turu como fonte de renda e


alimentação na comunidade ribeirinha do Rio Tijucaquara.
Objetivos Específicos

 Conhecer o valor nutricional do turu para a culinária


pontapedrense;
 Analisar o valor do turu como fonte de renda para a comunidade;
 Compreender as questões de caráter cultural e mítico,
relacionando ao consumo do turu concebidos pela comunidade do Rio
Tijucaquara.
Esse trabalho foi dividido em quatro momentos análiticos sendo que o
primeiro introdutorio onde expõe-se os objetivos que fomentaram a pesquisa e
a escolha da temática. No segundo realiza uma breve revisão da literatura para
que o leitor possa compreender sobre a caracterização científica do Turu, e
como fonte de alimentação, finalizando o capitulo com a exploração do turu
como fonte de renda familiar.

Abordaremos no terceiro a metodologia que foram traçadas para


alcançarmos nossos objetivos assim como também exporá a localização
geográfica da localidade escolhida para aplicação do presente estudo.
Finalizaremos o trabalho de pesquisa com o quarto tópico onde traçaremos
uma discussão acerca dos resultados diagnosticado na coleta de dados e a
10

seguir concluiremos com uma proposta pedagógica sobre o turu para que
possa servir de instrução nas escolas, e através dela instruir os alunos sobre
a importância do turu para comunidade tanto em termo nutricional, econômico,
assim como também para o meio ambiente.
11

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Caracterização científica do Turu

O turu é um mulusculo bivalde da família dos teredinideos, seu nome


pode variar em determinadas localidades também sendo conhecido como
Gusano, Busano até mesmo cupim do mar.

Existem na natureza várias espécies de Turu e que são classificadas por


De- carli como Neoteredo Reynei . subdivididas em 36 espécie as quais possui
pequenas diferenças em suas características, porém no momento não iremos
nos aprofundar no assunto. Os turus; que podem ser encontrados em diversas
partes do mundo e suas características dependem principalmente do grau de
salinidade da água em que habitam. A espécie encontrada nos rios e
manguezais do município de Ponta de Pedras, Pará, parece ser o mais bem
adaptada a uma condição de baixa salinidade, e por isso, difere em relação aos
turus do mar, que são menores e mais transparentes (TURNER, 1966).

Esse tema, segundo De- Carli , 2013 ao longo dos anos também vem
sendo estudado por inúmeros pesquisadores ,os quais possuem ideias
semelhantes quando afirmam que esses molusco são:

Conhecidos popularmente como teredos, turus, turuaçús,


gusanos, busanos, busames, anomias ou ubiraçocas, esse
grupo tem importância relevante, pois funcionam como agente
redutor da matéria orgânica, particulando a madeira e, quando
morrem, deixando expostas suas galerias, o que facilita a ação
de bactérias e fungos. Além disso, servem de alimento para
invertebrados e vertebrados, tanto no período larval quanto
após a metamorfose ( FREITAS E MELLO, p. 220. 2001)

O Turu possui a aparência de verminose, seu corpo também se


assemelha ao cupim de madeira ceca por nome cientifico de Cryptotermes
brevis pertencente à família Kalotermididae até mesmo por isso que recebe na
região do Marajó o apelido de cupim do mar, uma alusão as sus funções.
Mediante a tal comparação, frisamos que essa comparação entre o turu e o
cupim não e somente pela aparência mas principalmente pelo fato das duas
12

espécies se alimentarem de madeira, sendo que o turu decompõe a madeira


que estão submersas enquanto cupim devora qualquer madeira seca.
Na figura abaixo uma demonstração de uma das espécies de teredos
(Neoteredo Reynei) os quais são mais comuns nas regiões do norte do Brasil.
Figura 1 : Teredos Narvalis Representação do Turu:

Le

Fonte: Müller; Lana,( 2004).Legenda: 1. Concha; 2. Ânus; 3.Ventriculo; 4.Pericárdio; 5.


Aurícula; 6. Pelotas fecais;7. Palete; 8. Guelra; 9. Ceco cheio de madeira; 10. Intestino; 11.
Cume branquial; 12. Glândula digestiva; 13. Sac de estilo cristalino; 14. Pé; 15. Boca.

Ao observar a reprodução do turu gera uma certa curiosidade, já que


nota-se primeiramente o surgimento apenas de uma concha mínima
semelhante a um caramujo branco, porém estudiosos do assunto afirmam a
partir de suas pesquisas que existem basicamente três formas de reprodução
do Turu / Teredo que são de acordo com as afirmações feitas por Santos
(2014) citando Turner ( 1971) :

 1ª ovíparas, sua reprodução se da através de ovos;


 2ª larvíparas com curto período de incubação larval;
 3ª larvíparas com longo período de incubação larval.
13

Para Muller e Lana, 2004, os teredinídeos são, quanto às


características reprodutivas, hermafroditas protândricos, o que significa dizer
que a maturação dos espermatozoides ocorre antes dos óvulos.
A fecundação pode ser interna ou externa e o período larval no
plâncton pode durar de algumas horas a várias semanas, dependendo da
espécie, do padrão reprodutivo e do substrato para a implantação da larva
(TURNER, 1966;
Segundo Turner (1966,p,26 ano) apud Santos (2014), o
desenvolvimento larval destes organismos pode se dar de três maneiras:

 Espécies ovíparas: o desenvolvimento do ovo até a fase de pedivéliger


ocorre no meio externo;

 Espécies larvíparas com curto período de incubação: o ovo é incubado


na cavidade branquial e a larva é liberada na fase de charneira-reta
(uma das fases de véliger). O restante do desenvolvimento ocorre no
meio externo;

 Espécies larvíparas com longo período de incubação: a larva é


incubada nas brânquias até a fase de pedivéliger, quando é liberada no
meio externo.

As imagens abaixo foram analisadas sob a luz do entendimento dos


autores que foram citados a cima. E são a representação das três estratégias
reprodutivas dos teredos: (1) ovíparas, com a fertilização ocorrendo na água;
(2) larvíparas com curto período de incubação larval, com a liberação de larvas
no estágio véliger com charneira reta; (3) larvíparas com longo período de
incubação larval, com a larva sendo liberada no estágio pedivéliger. Na coluna
A, os adultos liberam seus materiais reprodutivos na água (coluna B). O
desenvolvimento das larvas é concluído enquanto estas fazem parte da
comunidade fitoplanctônica (coluna C) (Adaptado de: TURNER, 1971.
Na figura 1 pode-se observa o ciclo do desenvolvimento do teredo
Narvalis de sua reprodução até seu desenvolvimento que ocorre em troncos
de madeiras submerças.
14

Figura 1 Demonstração dos meios de reprodução dos terenideos.

Fonte: Müller; Lana,(2004, p.34).

O principal alimento do turu são os troncos de madeira que se


encontram submersas por um longo tempo, por isso ele causa muito prejuízos
aos donos de embarcação, pois ao comer os cascos das canoas vai abrindo
buracos que possibilitam a entrada de água nos transporte aquáticos.
Sobre o assunto existem vários autores que relatam em sua pesquisa
sobre o turu, detalhe minuciosos e afirmam que as:

Estruturas submersas compostas por madeira são deterioradas pela


atividade de moluscos e crustáceos perfurantes. Entre estes, os
teredos (Mollusca, Bivalvia) são os perfurantes marinhos mais
especializados, causando enormes prejuízos econômicos. Por outro
lado, estes organismos são os mais importantes agentes
decompositores de madeira em regiões estuarinas. Compreender a
influência de fatores ambientais sobre a ocorrência e dinâmica da
taxocenose de teredos é fundamental para o conhecimento zoológico
e ecológico da família.( OLIVEIRA, p.53, 2014)

Turner (1966, p. 37) Os danos causados à madeira pelos teredos


são imperceptíveis externamente, porém internamente eles a consomem
intensamente, até o ponto em que a madeira se desintegra. É por essa razão
que os teredos são chamados de “cupins do mar” Ao se alimentarem de
15

estruturas de madeira feitas pelo homem, eles passaram a se tornam um


importante problema econômico.

Pela ótica econômica, é provável que os teredos sejam a mais


importante família de moluscos do mundo. Seus prejuízos superam
os lucros obtidos com a venda de outros moluscos para alimentação,
artesanato e outras finalidades. Para o Brasil, apesar da grande frota
pesqueira composta por embarcações de madeira, não existem
cálculos precisos sobre os prejuízos causados por estes organismos.
Porém, estudos na região amazônica apontam para um alto número
de ataques, obrigando o recolhimento das embarcações para reparo
a cada seis meses (JUNQUEIRA, 1987; MULLER; LANA 2004).

Apesar do que os autores acima afirmam sobre os prejuízos que os


turus causam para os donos de embarcação, não podemos deixar de comentar
a sua importância para a natureza, já que ele além de ser um alimento rico e
nutricional também é reconhecido e considerado pelos cientistas
pesquisadores como um grande decompositor da natureza, pois fica ao
encargo do turu acelerar o processo de decomposição da madeira, ou seja,
podemos compara a função do turu além do cupim (Cryptotermes brevis)
como também a dos urubus, fungos e larvas.

[...]a reciclagem de matéria orgânica em manguezais é mais rápida


do que em florestas terrestres, graças à ação dos teredos, em dois
anos os teredos são capazes de degradar cerca de 50% da massa
original da madeira em ecossistemas de manguezal. Esse dado
reforça o importante papel desses organismos na decomposição de
produtos vegetais em manguezais. (Robertson, p.436, 1991)

Mediante a tal constatação percebe-se que apesar dos prejuízos


oferecidos pelo molusco, preservar sua espécie também é importante, a ele
devesse o mérito de “limpar o ambiente natural” decompor de forma orgânica e
que não é prejudicial para a natureza, ai vislumbramos mais uma cadeia
alimentar onde o “Turu come a madeira e o homem por sua vez se alimenta do
turu”.
O autor Nicholas (1982,p.18) reforça dizendo que: “Nenhum tipo de
madeira é totalmente resistente aos teredos. Algumas são naturalmente mais
resistentes do que outras, porém em algum momento os teredos irão vencer
suas defesas”.
16

Apartir deste momento, junto as próximas seções será utilizado somente


o nome popular do Turu não mais a nomenclatura científica teredo visto que
passaremos a questão cultural junto as seções a seguir.

2.2 Etnociência e Etnocultura

O campo da ciência é a base da construção humana e funciona também


como uma poderosa ferramenta como instituição social que intervém
diretamente na formação de opiniões de todos na sociedade, seja de forma
consciente ou inconscientemente, nós diariamente sofremos influência da
ciência e ela por sua vez nos faz aceita-la como sendo verdades absolutas
com o discurso de os conhecimentos adquiridos por ela são frutos da
“comprovação cientifica”, sem muitos questionamentos.
Desse modo por um longo tempo, fomos influenciados a desacreditar do
conhecimento popular e desenvolvermos uma espécie de preconceito com os
saberes do censo comum, porém com o passar do tempo e o avanço das
pesquisas surgiu uma nova fonte de estudo intitulada Etnociencia que visa
investigar afundo e registrar os conhecimentos tradicionais aqueles adquiridos
no convívio social das famílias, comunidades e nos mais diversos meios da
socialização, visando criar de certa forma respeito aos conhecimentos
adquiridos tradicionalmente . Veja logo abaixo o que diversos autores afirmam
sobre o assunto.
No contexto de integração entre estudos naturais e sociais, surgem as
Etnociências a partir da década de 50. As Etnociências podem ser
consideradas ramos das ciências que nasceram do entrecruzamento entre a
Sociolingüística, a Antropologia Cognitiva e as Ciências Naturais, e lidam com
o estudo dos sistemas culturais (Marques, 2001). Neste sentido, segundo
Cardona (1985, p.10), é uma área de pesquisa transdisciplinar que estuda “[...]
todas as formas de classificação que o homem escolheu para dar ordem e
nome àquilo que ele vê em torno de si [...]”.
A etnociência é um campo de diálogo entre sujeitos com diferentes
kosmos, corpus e práxis, porém historicamente sempre concentraram seus
estudos em etnias indígenas e outras comunidades consideradas ‘tradicionais’,
ou povos ditos ‘primitivos’ a partir de uma ótica ‘moderna’ (Alves; Souto, 2010).
17

Segundo Latour (2000), o prefixo ‘etno’ transpõe este contexto,


abrigando diferentes abordagens na interação do pesquisador com o ‘outro’,
aspecto chave dos estudos etnocientíficos. Uma de suas aplicações envolve
essa transformação do pesquisador (observador) em pesquisado (observado),
em que os cientistas são estudados por seus pares acadêmicos. Nessa nova
relação, a alteridade tende a ser menor entre os sujeitos (cientista-cientista) em
diálogo quando comparada ao contato entre um cientista e um xamã, por
exemplo. Nessa perspectiva, este trabalho vem ressaltar a necessidade de
expansão de estudos dentro da linha da Etnociência da Ciência que visa
complementar o “conhecimento das coisas” com o “conhecimento do
conhecimento das coisas”, como destacado por Sousa Santos (2002).
Dentro desse conceito identificamos que o surgimento da etnociencia
veio contribuir e muito com os estudos a cerca dos da transmissão dos
conhecimentos regionais sendo assim, podemos considera-la uma importante
aliada na pesquisa de cunho cultural, pois segundo o que expressa Abílio e
Sato (2010, p. 31)

o prefixo etno refere-se a forma como os membros de uma


comunidade se relacionam, interpretam e transmitem o conhecimento
circundante. E, para a etnociência buscar tal registro, utiliza a
etnografia, que é “uma modalidade de investigação naturalista, tendo
como base a observação e a descrição” (Ibidem, p. 31). Portanto, a
etnociência, através da etnografia, registra os saberes tradicionais e
locais, “por meio da qual as culturas deixam de ser vistas como
conjuntos de artefatos e comportamentos e passam a ser
consideradas sistemas de conhecimentos ou de aptidões mentais,
como revelados pelas estruturas linguísticas” (Silva; Fraxe, 2013, p.
1).

É importante denotarmos que todas as localidade existentes no mundo


possuem seu conjunto especifico de conhecimentos, ao passo que podemos
conceitua-los como saberes regionais, os quais são específicos de cada
comunidade, possuindo características próprias de hábitos tradicionais seja
social, alimentar ou de subsistência etc., porém, ao logo dos séculos esses
saberes nem sempre vem sendo considerados validos justamente por não
haver comprovação cientifica. veja o que diz Campos (2005,p.15).

O convívio ou as comparações entre os saberes acadêmicos ou


científicos e os saberes ditos locais, tradicionais ou de outras culturas,
provocam constantemente preconceitos e tensões que nem sempre
18

são resolvidas pelo diálogo. Muitas vezes, a própria ciência


acadêmica se apropria de saberes e práticas que são, por sua vez,
apropriados industrialmente, como por exemplo, pela indústria
farmacêutica. (p,15)

Mediante a tais constatações entende-se que a etnociencia tem papel


primordial o de permitir que o conhecimento tradicional seja também levado em
consideração nas pesquisas, já que ela emerge se contrapondo aos ideais
positivistas.

A etnociência surge em contraposição a ciência clássica positivista


“decorrente das posturas teórico-práticas que subalternizam os conhecimentos
quotidianos e desprezam o saber-fazer popular, autóctone ou indígena" (Dias;
Janeira, 2005, p. 107), se tornando um campo que possibilitou abertura nas
pesquisas científicas, unindo as áreas da antropologia, da sociologia e das
ciências naturais, para compreensão da relação do ser humano com o meio
ambiente (Costa, 2008; Alves; Albuquerque, 2010) e, a partir do contexto das
crenças, práticas e das inter-relações nas comunidades, sejam tradicionais,
rurais ou urbanas (Marques, 2001; Ramires; Molina; Hanazaki, 2007).

Em relação a questão da etnocultura está representa o patrimônio


cultura da sociedade cada comunidade possui um vasto saber cultural para o
dicionário Houaiss,podemos encontrar o termo é definido como:

[...] ação ou efeito de cultivar a terra; cultivo, criação de certos


animais; produto de tal cultivo ou tal criação; conjunto de padrões de
comportamentos, crenças, costumes, atividades etc. de um grupo
social; forma ou etapa evolutiva das tradições e valores de um lugar
ou período específico, civilização; conhecimento, instrução. ou cultivo
de célula ou tecido vivos em uma solução contendo nutrientes
adequados e em condições propícias à sobrevivência, criação de
alguns animais (HOUAISS,2001, p. 204)

Portanto, a cultura é uma patrimônio e pode ser observado como um


conhecimento etnocultural . Para Mundoco (2017, p.12) refere ao “conjunto de
saberes e fazeres que são transmitidos de geração a geração e que assim,
acaba por identificar determinado povo ou etnia”. A esse respeito, Souza
(2012) apud Mundoco (2017) destaca que “Pensar a identidade de uma
população implica buscar compreender os valores por detrás da lógica de
pensamento e de sua vida cultural. Saberes, costumes e cosmovisão integram
19

laços identitários e reafirmam a experiência de um grupo social.” (SOUZA,


2012; p. 79).
Ainda Mundoco (2017,p.15) demonstra a origem etimológica da palavra
cultura é o “ latim culturae e colere, e faz referência à ação de tratar, cuidar,
cultivar. inclui conhecimento, crenças, arte, moral, lei, costumes e saberes
adquiridos pelo homem em sociedade”.
Com base neste dois conceitos etnociência e etnocultura pode-se obsevar
a cultura do consumo e extração do turu historicamente falando, não se sabe
exatamente em que momento o turu tornou-se alimento da população
marajoara, temos apenas informações de que essa pratica é tão antiga que
vem perpetuando ao longo dos séculos na memória do caboclo marajoara, e
de tanto se falar do sabor exótico, ganhou fama também entre os turistas.
Sendo que a população ingerir cru ou o caldo dele cozido. Porém o que se
ouve na grande maioria dos consumidores é que o molusco (turu) é mais
saboroso cru com sal e limão, se cozinha o sabor altera o sabor.
O turu é bastante apreciado na culinária dos ribeirinhos da região da Ilha
do Marajó, onde este tipo de molusco é consumido de duas maneiras básicas:
cru, temperado apenas com limão e sal; e, em pratos típicos, como: o “caldo do
turu”, em que é aproveitado, além do molusco, o líquido leitoso que dele é
liberado, quando retirado da madeira submersa dos rios, onde vive. O turu
também já é encontrado em alguns restaurantes dos municípios onde se
exploram o turismo da região. A espécie é apresentada como prato exótico,
comum nos municípios de Ponta de Pedras, Soure e Salvaterra e na Ilha de
Marajó. (FERREIRA, 2012).
A atualidade que vivemos necessita que façamos algo que permita a
existência de um equilíbrio nas discussões do que se refere às duras
observações criticas e os elogios que que a ciência recebe em relação aos
conhecimentos científicos e culturais, ambos em seu devido tempo devem ser
respeitados.
A extração do turu é considerada culturalmente uma pratica alimentar
centenária provavelmente que nós foi herdada dos índios, já que eles
possuíam inicialmente uma alimentação totalmente a base de produtos
fornecidos pela natureza, e que depois foi sendo aderida por outros habitantes
das comunidades ribeirinhas, que porém a muito já caiu no gosto dos turistas
20

que vem a Ponta de Pedras em busca do Turu por ser exótico por sua
aparência e sabor, além de ser uma alimento considerado pelos nativos um
produto com poderes mágicos e de efeito afrodisíaco.
A exploração do turu apesar de antiga e muito comum, infelizmente
possui pouquíssimas pesquisa a cerca do assunto, e essa falta de
conhecimento permite que que se crie muitas teorias equivocadas sobre o
mesmo, veja o que diz Turne (1966)
Para Turner (1966,p.14), “A disponibilidade de informações sobre a
prática de extração de turu, a qual carrega o potencial de produzir impactos
negativos ao ambiente em que é desenvolvida, ainda é bastante reduzida”.
Admiti-se que no futuro, com o aumento da demanda, essa atividade possa
impactar de maneira substancial os ecossistemas da região norte do Brasil,
uma vez que é significativa a importância desse molusco na cadeia alimentar
dos peixes e mariscos que integram esse ambiente, bem como a sua
contribuição para o equilíbrio dos biomas de manguezais.

Portanto, para o IBGE (2006). O extrativismo do bivalve Neoteredo


reynei, popularmente conhecido como: turu pelas comunidades tradicionais da
região Norte, do Brasil é uma prática antiga, pois representa uma alternativa de
renda e de consumo para as famílias dessa região, em conjunto com a captura
de outros organismos como: camarão e peixes.
21

3 METODOLOGIA

3.1 Tipos de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo, por que permite que ocorra uma


análise significante dos registros de acordo com o tema da pesquisa. A
pesquisa caracteriza-se também como qualitativa, e sobre o assunto Teixeira
(2011) decorre ao afirmar que o pesquisador procura reduzir a distância entre o
contexto e a ação, usando a lógica da análise fenomenológica, isto é, da
compreensão dos fenômenos pela sua descrição e interpretação.
Para Barton e Ascione (1984) observar é um processo e possui parte
para seu desenrolar: o objeto, as condições, os meios e o sistema de
conhecimentos, a partir dos quais se formula o objetivo da observação. A
observação pode ser realizada na vida real, no próprio local onde o evento
ocorre em um ambiente normal e cotidiano, registrando-se os dados à medida
que forem ocorrendo. Mediante a esse pensamento e que escolhemos realizar
entrevistas com questionário semi - estrurado contendo inicialmente 05
perguntas fechadas e 04 abertas, com o objetivo de facilitar a livre expressão
do entrevistado e com isso coletar as informações nos mínimos detalhes.

3. 2 Coleta de dados

A pesquisa foi realizada in lócus com moradores da comunidade do Rio


Tijucaquara, pescadores que possuem criadouro de turu. Para tal pesquisa
foram entrevistados três pessoas (03) residente na referida comunidade.
Na comunidade do Rio Tijucaquara a maioria dos moradores são
pecadores que também associam essa profissão com a de “peconheiro”
(pessoa que extrai o açaí) sempre em um período pescam e no outro coletam o
fruto, até mesmo porque na safra do açaí os ribeirinhos dedicam-se mais
intensamente na coleta e na entre safra sua principalmente renda consiste na
pesca artesanal e na extração do turu.
O primeiro entrevistado o qual chamaremos de entrevistado (A) trata-se
de um senhor de 58 anos, casado e pai de 3 filhos em idade entre 18 a 29
22

anos. O segundo entrevistado (B), solteiro não possui filhos e finalmente o


entrevistado (C) com uma família com 5 integrantes.
Os questionários (Apêndice) foram aplicados individualmente pela
pesquisadora no intervalo de 20 dias para todos os entrevistados que deram
seu consentimento livre e esclarecido (Anexo).

3.3 Caracterização do município/ Comunidade Rio Tijucaquara

O município de Ponta de Pedras pertence à mesorregião Marajó e à


microrregião Arari; limita-se ao norte de Santa Cruz do Arari e Cachoeira do
Arari, a leste da Baia do Marajó e Cachoeira do Arari, ao sul com Rio Pará e
Muaná e a oeste com os Municípios de Anajás e Muaná.
Figura 03 mapa de Ponta de Pedras.

Fonte: google mapas 2017.


Em linha reta localiza-se a 44 km da cidade de Belém, capital do
estado do Pará ocupando uma área de 3.365 km² com uma população
aproximadamente de 35.000 habitantes. Sendo que, 90% da geração de
emprego são do funcionalismo público através da prefeitura. E 8% são de ramo
comercialista e 1% são de outras pequenas rendas como, a extração do açaí,
do bacuri, da manga e outras frutas regionais, o plantio do feijão, do arroz. E a
pesca artesanal do peixe e camarão etc. O clima predominante é o equatorial
23

úmido com temperatura mínima em torno de 18ºc e máxima de 36ºc (IBGE,


2012).
Ressaltamos que o município de ponta de pedras é uma cidade
banhada pelo rio Marajó açu e por assim ser, tratar-se de uma cidade ribeirinha
na qual fica localizada a comunidade que destacaremos a qual é o locos de
pesquisa

3.1 Comunidade do Rio Tijucaquara

A comunidade do Rio Tijucaquara fica localizada no munícipio de Ponta


de Pedras a cerca de 30 minutos de viagem de rabeta (embarcação de
pequeno porte) da cidade até as margens do rio Tijucaquara que se inicia no
cruzamento de dois rios Marajó açú e glória formando assim o que os
ribeirinhos chamam de encruzilhada de rios, justamente porque os rios a cima
citados tocam-se em um mesmo ponto.

Procurando compreender um pouco mais a respeito da história da


comunidade e não encontrando essas informações nos documentos oficiais e
nem na literatura vigente, busquei entrevistar a historiadora/Geógrafa da
comunidade e dois anciões que pudessem colaborar no sentido de esclarecer
dúvidas sobre a região.

A historiadora/Geógrafa foi Iranilde Ferreira Vieira, moradora da


comunidade do Rio Tijucaquara a qual, pesquisa sobre a região a mais de dez
anos, ela afirma que segundo o apurado em sua investigação o significado do
nome Tijucaquara tem origem incerta podendo ser originário da palavra
(TIJUCO) que em tupy significa barro mole, já de acordo com os relatos de
anciões da comunidade, “Tijuco” significa, pra eles, “lama podre”. Veja a seguir
trechos da conversa informal com dois anciões que serão identificados como A
e B com o objetivo de preservar sua identidade.

Eu me alembro muito bem, das coisas que meu avô falava, nós tinha o costume
de sair junto pra pescar, caçar e, em muitas dessa vezadas o meu avô contava
que nós semos morador do Tijucaquara, um lugar arrudiado de lama, mas nós
num semo porco, nós é limpinho e Tijucaquara significa Tijuco que é lama, pra
todo lugar que se vai tem tijuco. Ele sempre dizia quando nós terminava de come
pra não descer pra bera do rio e pisar no tijuco que faz mar. (Ancião A, 78 anos)
24

Os povo das antiga sempre comentava sobre o tijuco, do barro da lama, e que as
pessoas queriam chama a gente de tijucaquarense mas nos somo tijucano, papai
sempre dizia que os velho falava que tijuco é lama e nós sempre vamo ser
Tijucano iguar os antigo falava. Meu avô tinha até uma lancha com o nome de
tijucano que via de longe sabia logo donde era o barco. (Anciã B, 80 anos)

Através das falas das pessoas mais antigas da comunidade é possível


Figura 4 concluir que realmente a origem do nome da comunidade tem relação
com os indígenas, assim como, quase todas as comunidade pertencentes ao
Marajó, e em Ponta de Pedras não é diferente.

Figura 4: Rio Tijucaquara

Fonte: Arquivo pessoal de Iranilde Vieira e Raul Damasceno

Em sua explanação a historiadora comenta que,

“Historicamente falando do município de Ponta de Pedras a cidade


compartilha com as demais localidades uma formação de origem cabocla
com o mesclar de índios nheengaíbas e portugueses e em seguida com a
participação dos negros essa mistura e claramente perceptível nas
características dos cabelos e tons de pele dos habitantes da comunidade
do Tijucaquara ressaltando assim o que os historiadores consideram ser a
mistura das raças que originaram o povo brasileiro Índio, negro e branco,
estes primeiros moradores viviam da pesca, da agricultura da cana de
açúcar da plantação de tabaco ,farrinha entre outros extrativismo.
25

E essa mistura deu-se pelo entrelaçar cultural baseou-se de enlaces


matrimoniais entre as poucas famílias as quais são predominantes na
atualidade e que se fixaram na localidade, cito as famílias Ferreira, Pereira
e Vieira entre outras que foram surgindo com o passar dos anos.

Atualmente a comunidade possui cerca de 500 famílias que vivem da


economia de subsistência da extração do açaí, da pesca artesanal do
turu, camarão e pescado além de uma parte serem funcionários públicos
da prefeitura municipal concursados e temporários principalmente pela
secretaria da educação.

Em relação aos aspectos religiosos podemos destacar que que apesar de


a comunidade ter um início baseada no catolicismo, a cerca de 50 anos
vem sofrendo uma modificação religiosa considerável, pois observa-se que
nas últimas 5 décadas aproximadamente mas de 90% dos moradores
converteram-se a religião evangélica, porém ainda é muito presente a
cultura dos seres míticos como as lenda do boto, cobra grande a
comunidade é cercada de suas crendices populares, ou seja, é como se
ocorresse uma fusão das culturas : católicas, evangélicas, afro, indígenas
e míticas, e elas seguem coexistindo sem que os moradores da localidade
percebam “. (VIEIRA)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Avaliação dos Questionários utilizados na coleta de dados com os


moradores da Comunidade do Rio Tijucaquara.

De acordo com o conhecimento provenientes do censo comum e


extraído das falas dos ribeirinhos e pescadores da comunidade pesquisada e
que participaram da pesquisa, o turu consome qualquer tipo de madeira que
esteja submersa por um longo período, sendo que os ribeirinhos por
observação e experiência destacam que não se deve consumir Turu
encontrado em qualquer tronco de árvore, algumas substâncias de árvores
podem ser prejudicial à saúde por se toxica , já que de acordo com a espécie
de madeira, acontece uma alteração de coloração e sabor do alimento.
Para que se entenda essa teoria logo a seguir transcreveremos na
integra o relato de um dos entrevistados que consideramos ser de muita
relevância. Trata-se de um senhor o qual chamaremos pelo nome fictício de
Antônio (45 anos) e que já trabalha com o molusco a aproximadamente 06
anos, segundo ele:
“O turu é um bicho danado, capaz de se desenvolver em qualquer
madeira, desde que esteja dentro d’agua, nós costumamos comer
principalmente os que se criam em 02 árvores que são: mangueiro e
26

seringueira . É importante observar que algumas qualidades de madeira, não


presta pra consumo pode fazer mal a saúde como o caso do ananinzeiro, o
sabor é muito amargo, o turu fica com uma aparência amarelada, encardida.
Aqui no interior nós não costumamos ingerir o sumo de ananin é venenoso,
pode fazer mal pro estomago. Como remédio o leite de ananim é muito usado
como emplasto, nunca pra comer, então eu tenho medo e assim descarto o
turu dessa árvore”. Já o da seringueira, o turu ficar muito bonito grande e
bem branquinho parecendo leite, só que com gosto de borracha, ele também
render muito mais em relação as outras madeira, mesmo assim tem gente que
não aprecia o sabor dele. Mas o mais consumido até mesmo pelo sabor é o do
mangueiro apesar de a cor ser meio amarelada quase encardida”.
(ANTÔNIO, 45)
Veja logo abaixo as imagens dos tipos de madeira mais usados pelos
criadores de turu.
A Figura 5 apresenta um dos tipos de madeira mais usados pelos
criadores de turu, trata-se do Mangue-preto ou Siriubeira (nome científico:
Avicennia germinans (L.) Stearn da família da Aviceniaceae) árvore com raízes
horizontais, dispostas radialmente, que emitem prolongamentos com
geotropismo negativo, pneumatíforos, com lenticelas, cuja função é permitir as
trocas gasosas. Apresenta raízes horizontais e radiais a poucos centímetros
abaixo da superfície, de onde surgem os pneumatóforos, que crescem
verticalmente para propiciar melhor condição de respiração às plantas,
expondo-se como “palitos” para fora do solo.
Estas estruturas são importantes para as trocas gasosas entre a planta e
o meio, pois possuem pequenos “poros” chamados lenticelas.
27

Figura 5: Mangue-preto ou Siriubeira

Figura 06 temos a árvore denominada de Mangueiro ou Mangue


vermelho; Nome científico: Rhizophora mangle L. da Família: Rhizophoracea
Fonte: acervo pessoal: Erica Martins (2019)
esta árvore típica do manguezal, tem como característica a presença de raízes
escoras, que partem dos trocos e ramos auxiliando a sustentação da planta
nos sedimentos lamosos. Apresenta também, como peculiaridade, frutos cujas
sementes começam a germinar presas na planta mãe (viviparidade),
desprendendo-se para dispersão já com o embrião em desenvolvimento.

Fonte: acervo pessoal: Erica Martins (2019)


Figura. 07 Observa-se a Seringueira Hevea brasiliensis L., conhecida
pelos nomes comuns de seringueira e árvore-da-borracha,
28

Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)

A seringueira é uma planta semidecídua, heliófita ou esciófita,


característica da floresta Amazônica, onde ocorre principalmente nas margens
dos rios e em áreas inundáveis da mata de terra firme, preferencialmente
argilosas (LORENZI, 2000). É uma árvore de tronco ereto, podendo atingir 30
metros de altura total em condições ideais, aos quatro anos inicia a produção
de sementes e entre seis e sete anos começa a produzir o látex (IAPAR, 2004).
As folhas da seringueira são compostas trifolioladas longamente
pecioladas com folíolos membranáceos e glabos. O fruto é uma cápsula grande
e geralmente apresenta três sementes que são grandes,normalmente pesando
3,5 a 6g de forma oval com a superfície neutral ligeiramente achatada.
A madeira é considerada leve e mole de baixa durabilidade natural
(LORENZI, 2000) e de coloração que se assemelha ao branco e,às vezes,pode
apresentar um aspecto marrom claro ou amarelado. A densidade gira em torno
de 560 a 650 kg/m3 e a umidade recém-cortadaé de aproximadamente 60%
(HARIDASAN, 1989).
Nas falas acima, o senhor Antônio defendeu muito bem a teoria na qual
ele acredita, de que o ananim é prejudicial à saúde se for ingerido, porém não
se sabe até o momento se existe comprovação cientifica sobre o tema, seus
29

relatos estão cunhados de conhecimento empírico o qual e definido como:


conceito de empírico.
Em relação a formação do turu o senhor Antônio (45) informa que ao
observar a formação do mesmo ele notou que primeiro cria um botão, branco
com um pequeno rabinho, parecido com um caramujo só que branco como os
caracóis as pessoas pensam que é a cabeça dele só que na verdade é o rabo.
Dai ele vai crescendo ao longo dos meses, um turu pode crescer muito, mas
aqui na região o máximo que ele cresce é em torno de 20 centímetros de
comprimento com uma largura de 5 ou 6 milímetros, nessa faixa.
A produção do turu é maior no inverno quando a água fica salubre que
no caso do Marajó é de janeiro até no máximo em junho, mas isso não quer
dizer que no verão não tem produção, tem só que em menor proporção.
Mesmo assim podemos extrair turu o ano todo, sendo que para ele atingir o
tamanho ideal para consumir é de 06 a 12 meses e ai, já está pronto para
vender”. Outro ponto que devemos também falar que existe diferença entre o
turu da água doce pra da salgada, o da água doce não é necessário retirar a
tripa, ele já vem limpo, e o da agua salgada tem que abrir e limpar todinho
assim como se faz com o peixe. (ANTÔNIO, 45)
Dentre os nativos das comunidades é comum o turu receber diversos
nomes regionais dentre os quais o de “levanta defunto”, justamente por
acredita-se que esse alimento é capaz de curar a impotência sexual, assim
como também e capaz de oferecer sustância, energia não só para o ato sexual
como para espantar a preguiça e indisposição para o trabalho, (essas
informações não possui comprovação cientifica). Na linguagem cabocla
regional principalmente no Marajó eles denominam indisposição como: “Momo
ou murrinha”.
Veja o comentário abaixo do entrevistado que chamaremos pelo nome
fictício de João:

Some, se o caboco tiver com murrinha, pode tomar um caldo de turu, que dentro
de instantes ele alevanta, mas tem que ser caldo do turu cru, só com sal e limão.
Outro dia eu tinha que sair pra apanha açaí, mas amanheci Cuma momo do [...] ai
eu num duvidei pulei pro terrero... pro porto que dizer, tirei uma rebarba de um litro
de turu e lá mesmo eu cumi, depois da barriga cheia dei uns dois margulho e fiquei
elétrico. Pra vê só com a barriga cheia disque da preguiça, só que eu cumi turu e o
efeito foi o contrário ( JOÃO, 33)
30

Andrade (1984) afirma que aqui no estado do Pará usa-se o turu


até como remédio para a cura de doenças como tuberculose. Há quem diga
também que o molusco também e responsável pela cura do câncer. Veja o
que comenta Dona Angelina:
Conheci uma senhora..., mas já faz muito tempo, lá em Belém, ela me afirmou que
tinha sido diagnosticada com o câncer no estomago, ai a irmã dela preocupada
pegou ela, e levou pro interior e tratou o câncer dela com o Turu, comendo e
bebendo turu cru. Ela disse que em menos de um ano ela ficou boazinha, viu
menina? Boazinha, e eu acredito, porque ela não haverá de mentir... (Angelina
82 anos)

Em relação ao uso do turu como remédio para tratamento de


algumas doenças poucas informações se tem, ´e um assunto polemico por
não haver comprovação cientifica, porém, de acordo com o conhecimento
popular dos ribeirinhos o turu realmente é capaz de curar.
A cerca do assunto Neto, (2005) comenta que o turu:

É também muito procurado por pessoas em busca de


tratamentos alternativos para doenças como, por exemplo: a
tuberculose, além de ser grande a sua fama como afrodisíaco.
Em ambos os casos, esses fatos ainda carecem de
comprovação científica, mas a prática da utilização do molusco
na medicina tradicional já é antiga (NETO, 2005).

Pro caboclo marajoara, o turu e uma iguaria muito apreciada, apesar


de sua extração ser pequena, e o fato de a quantidade de extração ser mínima
e a procura ser grande, faz a comercialização do produto ser rara e cara,
apesar de ser um produto que o ribeirinho não gasta nada além do seu tempo e
esforço para consegui, pois é algo que a natureza em sua grande bondade
oferece, e também não é um trabalho degradante como por exemplo a
extração do açaí.
A comercialização do Turu até cerca de dez anos atrás, era mínima,
e ainda é em algumas comunidades sendo considerada até insignificante, pois
sua produção era totalmente realizada apenas pelo acaso da natureza sem a
ação do homem, e desse modo não tinha como realizar uma extração em
grande escala. Essa realidade na comunidade do Rio Tijucaquara em torno de
uma década vem gradualmente modificando, justamente por pessoas movidas
primeiramente pela necessidade e posteriormente pela curiosidade e tino
empreendedor, e que se interessam pelo assunto passaram a realizar
31

pesquisas, anotando fatos novos, realizando experiências para poder chegar


em uma produção maior e com uma qualidade melhor. A pesquisa a ponta que
esse foi o ponta pé inicial para o surgimento de uma nova técnica de produção
baseada em uma cultura de exploração antiga, ou seja, o vislumbre de um
novo meio econômico e porque não sustentável.
Sobre essa mudança a pesquisa demonstra que, iniciou primeiramente
pela necessidade de subsistência motivada pela curiosidade, além do tino de
pequeno empreendedor, e somado tudo isso gerou um ramo novo de economia
regional.
Leia a seguir o que comenta o segundo entrevistado que chamaremos
de Benedito (50):
“Eu comecei a trabalhar com turu devido a necessidade de me
sustentar, apesar de eu já ter concluído o ensino médio, a 06 anos atrás
quando eu vim pro interior cuidar da minha mãe eu não consegui emprego,
aqui o único trabalho que tem é apanhar açaí só que a safra dura apenas 06
meses, os outros 06 meses eu ficava sem trabalho e bem triste, dai eu percebi
que o turu é um produto que vende muito, só que não tinha produção, além de
que sua produção maior é entre a safra do açaí desse jeito eu conseguiria
conciliar os dois trabalhos um completava a renda do outro.
Inicialmente coloquei no rio 30 toras de madeira, só pra começar,
mas antes eu busquei pesquisar por aqui mesmo que tipo de madeira era
melhor pra trabalhar e com o passar dos anos, fui percebendo que a melhor
madeira são os mangueiros e seringueira, também. Um dia encontrei uns
troncos de seringueira caídos a muito tempo no meio do mato, e resolvi cortar
as toras e colocar no rio para criar turu, com isso eu notei que o processo de
criar turu foi muito rápido e isso facilitaria a produção em um tempo menor, só
pra verificar eu repeti a ação e o resultado foi o mesmo.
Dai conclui que minha teoria estava certa. Veja bem constuma-se dizer
que o turu se cria em troncos velhos e podres, não concordo, pós se você
observar quando a madeira é rachada para retirar o turu, ao olhar bem você
perceberá que a árvore permanece vermelha, viva, forte, resistente,
características contrarias do que considera-se podre que é fraco, escuro.
A partir desse momento eu só uso madeira caída já a muito tempo, que
cai porque a raiz está fraca ou por que tempestade jogou. Se eu não encontra
32

assim, em último caso eu derrubo e deixo envelhecer. Mas raramente isso


acontece, porque se não tiver no mato da minha casa eu peço dos vizinhos.
Atualmente , depois de mais de 06 anos de pesquisa e observação, eu
consigo produzir aproximadamente 200 Litros de turu ao mês, que é vendido
algumas vezes por 20 ou 25 reais dependendo da época, da qualidade do
produto, tem vezes que o turu não alcança um tamanho ideal para venda e ai
não da pra vender pelo valor maior, tendo que baixar o preço. Essas
informações todas fazem parte da conclusão de 06 anos de experiência e
pesquisa que eu vou anotando e experimentado.
Com tudo isso eu consigo uma renda aproximada de R$ 4.000 reais ao
mês quando a extração é boa, e emprego 03 pessoas da minha família, que
recebem por produção. Por exemplo vamos fazer um cálculo por baixo só pra
senhora entender. Se eu conseguir 50 litros de turu ao mês e verde por 20
reais 50 x 20= 1.000 , arrecado o valor de R$ 1.000 reais, feito essa conta eu
por ser o dono do negócio fico com 50% ou seja R$ 500 reais, de onde eu
tiroas despesas como por exemplo a gasolina que é usada para ligar as
motosserras que abrem as toras, a água mineral que é usada para higienizar o
produto o gelo pra conservar etc. Os 500 restante é dividido em partes iguais
entre os 03 ajudantes.
No momento eu já tenho clientes certo pra comprar, eles fazem o
pedido por encomenda, no dia marcado eu só faço entregar, minha equipe só
tira turu nós dias de sexta feira e no sábado eu só entrego. Com essa
organização ninguém sai em prejuízo, eles apanham açaí e tira turu, uma
coisa não atrapalha a outra.
Eu tenho muita vontade de montar uma cooperativa pra ajudar mais
ribeirinhos, e estabelecer uma data anual para fazer um festival do turu pra
isso ainda falta muito, mas eu já ando pesquisando e buscando parcerias pra
por em pratica o meu projeto. Com um bom investimento posso comprar todo
material novo como: bacias e baldes de alumínio, luvas e botas novas, além de
montar uma cozinha industrial com balcão também de alumínio.
33

4.2- Passo a passo da extração do Turu até chegar na mesa do consumidor

A extração do turu passa por um processo tradicional de coleta no qual


tudo começa com a captação do tronco das árvores específicas já trabalhada
anteriormente o caso do presente registro a seguir o tronco da árvore
tabalhado foi do mangueiro.

Figura 8 demonstrando a extração do turu na comunidade do


Tijucaquara morador selecionando o tronco da madeira para retirar o Turu o
mesmo leva o tronco para a margem do rio para fazer a extração.

Fonte: Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)


Na figura 9 a seguir podemos observar como os pequenos furos que
foram turu realiza no buracos em todo interior da madeira do mangueiro.

Figura: 09 turu no interior do tronco da madeira do mangueiro

Fonte: Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)


34

Na figura 10 a seguir temos a coleta do turu realizado ainda no rio feita


munualmente para uma tigela de vidro esta extração ocorreu as 7:00 horas da
manhã o morador utilizou o machado para abrir partes internas da madeira.

Figura:10 turu extraído do mangueiro

Fonte: Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)

Na Figura 11 a seguir podemos observar o turu já coletado e


depositado em um recipiente para ser lavado e levado ao consumo que
poderá ser cru ou cozido.
Figura:11 turu no recipiente

Fonte: Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)

Na figura 12 temos uma sequência de figuras de 1 a 4 onde é


demonstrado o turu inatura (figura 1) seguido do cozimento onde ele é lavado e
35

colocado em uma panela com temperos onde ficará em cozimento por cerca de
30 minutos ( figura 2 ) até alcançar o ponto para ser servido ao consumo
representando (figuras 3 e 4) assim, um prato tipico da região amazônica
degustado pelos riberinhos.

1 2

4
3

Fonte: Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)

4.2 PROPOSTA PEDAGOGICA

A presente proposta pedagógica visa contribuir para uma abordagem


educacional a partir do tema da pesquisa, demonstrando assim que o professor
deve englobar em sua prática todas as ferramentas possíveis que o auxiliem
em seu fazer didático diante de seus alunos no contexto de sala de aula.
Segundo Leite (2014, p.77). Não é de hoje que o professor necessita incorporar
a sua aula diversos recursos didáticos para desenvolver sua prática, com a
finalidade de realizar o processo de ensino aprendizagem, pois sua
aplicabilidade enriquece a interação entre professor-aluno.
36

Nesses termos, Nunes (2011, p, 23) nos alerta que o professor reflexivo
está alicerçado em pensamentos conscientes da sua própria prática, e esta é
uma característica do ser humano criativo preparado para construir e
reconstruir seu fazer docente. Dessa forma, o professor não apenas constrói
sua experiência profissional, mas também problematiza, forma um novo
significado e reconstitui seu próprio pensar a respeito das concepções.
Posturas/práticas que segundo a autora Nunes (2011, p, 26) ‘são capazes de
promover mudanças em seu trabalho docente, produzindo, deste modo, novos
significados e saberes profissionais.”
Portanto, ao escolher a proposta pedagógica, esta foi pensada e
baseada na observação etnocultural do consumo do turu pelos moradores da
comunidade do Tijucaquara desta forma, buscou-se adaptar uma atividade
interdisciplinar em sala de aula abordado as disciplinas de história, ciências,
português e matemática utilizando como eixo o turu que já faz parte do
contexto cultural dos alunos favoreçendo assim, que o ensino de ciências
transcorra de forma dinâmica, prática e mais concreta através da
interdisciplinareidade.
Em primeiro momento, poderá ser realizado uma sondagem sobre
os conhecimento prévios que os alunos possuem a respeito do Turu, em
seguida, será explicado o nome cientifico deste alimento e como podemos
coleta-la no meio ambiente.
Na segunda fase será disitribuido o livreto sobre o turu, e a partir
deste, poderemos explorar o assunto unindo-os as outras disciplinas. A
primeira seria história, levando os alunos a realizar uma conversa com seus
avós sobre como eles consomem o turu, a forma de extração que vai sendo
repassada de geração a geração. Em português podemos trabalhar através
de um texto algumas interrogativas sobre as característica do turu: corpo,
membros, nome cientifico e regionais. Já na disciplina de matemática será
abordado o valor comercial do turu como também o período de tempo que o
mesmo leva para se desenvolver na natureza e por fim, a discíplina de ciências
onde podemos aborda as substâncias nutritivas que o turu apresenta e sua
importância para a natureza, já que o mesmo é um importante decompositor
natural.
37

Esta atividade metodologica constribui para que o aluno observe seu


próprio contexto cultural levando o ensino de ciências uma formas mas
concreta de trabalho quando contextualizada e interligada a outras ciências em
sala de aula.
Na figura 13 temos o Livreto que poderá ser usado na Prosposta
pedagógica (em anexo )

Fonte: Fonte acervo pessoal: Erica Martins (2019)

Trabalhar a temática sobre turu de forma pedagógica representa


conciliar o conhecimento científico ao contexto do aluno poís ampliar a prática
do professor de Ciência pois este deve ser instigador do conhecimento visto
que ele atua com uma disciplina viva no contexto do dia a dia de seus alunos,
pois, tudo que nos cerca é representado pela ciência: o ar que respiramos, o
alimento que comemos, a própria tecnologia que o homem utiliza em seu dia a
dia pode ter sido resultado ou pode ser interpretado pela Ciência. Basta ao
professor incorporar isto em sua prática pedagógica.
Assim como valoriza a cultura local e o conhecimento etncoultual da
ribirinhos da amazônia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegou-se à conclusão da presente pesquisa apartir de uma longa


análise sobre a ectnocultura do turu na comunidade do Tijucaquara no
38

município de Ponta de Pedras PA, como uma prática cultural de extração


contextualizado ao conhecimento pedagógico da prática educativa.
Neste sentido, podemos responder com clareza a questão que norteou
nossa pesquisa: A importância da extração do turu na comunidade do Rio
Tijucaquara-Pa?
Chegamos à conclusão de que o turu ainda representa uma fonte
alimentar cada vez mais práticada pelos moradores da comunidade qua
através do conhecimento artesanal, do manuseio, a extração do turu
contribuem para a preservação da cultura local além de realizar um pequeno
comércio com a estração do turu.
Objetivou-se portanto, estudar a importância da extração do Turu como
fonte de renda e alimentação na comunidade ribeirinha do Rio Tijucaquara. Ao
final, percebemos que as práticas culturais do Turu na localidade, estão se
tornando a cada dia mais frequente e notória, de forma que tem chamado a
atenção de um grupo considerável de turistas que vem a Ponta de Pedras com
o desejo de experimentar o produto haja vista que este molusco é considerado
exótico pela população, além de ser uma fonte de nutrientes, segundo o que
diz estudos científicos.
Através da proposta pedagógica foi possivel concilhiar e contextualizar
didáticamente a extração artesanal do turu junto a prática pedagógica do
ensino de Ciências enriquecendo e valorizando o conhecimento que poderá
leva os alunos a observar ser proprio cotexto culturale social através do olhar
cientifico da pesquisa pedagógica de forma interdiscíplinar.
Portanto,o mundo do homem amazônico riberinho é rico em conheicmto
etnocultural que deve ser valorizado e estudao pois podemos neste cenário
encontrar um mundo de possibilidades que podem ser mescladas e
contextualizado ao conhecimento científico em nossa prática pedagogica.

REFERÊNCIAS

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Latin America: gaps and perspectives. Journal of Ethnobiology and
Ethnomedicine, v. 9, n. 72, p. 2-9, 2013.
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ALBUQUERQUE, U.P. (Org.). Introdução à Etnobiologia. Recife, PE:
NUPPEA, 2014, p.17-22.

ALVES, Angelo Giuseppe Chaves; SOUTO, Francisco José Bezerra.


Etnoecologia ou Etnoecologias? Encarando a diversidade conceitual. In:
ALVES, Angelo Giuseppe Chaves; SOUTO, Francisco José Bezerra; PERONI,
Nivaldo (Org.). Etnoecologia em perspectiva: natureza, cultura e
conservação. Recife: NUPEEA, 2010. p. 17-39.

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SILVA, Cristiane Alves da.Ecologia e Etnozoologia da família Teredinidae


(Mollusca, Bivalvia) em área de manguezal do município de Conceição da
Barra, Espírito Santo, Brasil Dissertação de Mestrado submetida ao Programa
de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do
Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Biodiversidade Tropical. Aprovada em 28/03/2014 .

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TURNER, R. D. A survey and illustrated catalogue of the Teredinidae
(Mollusca-Bivalvia).Ambridge. The Museum of Comparative Zoology, 1966.
265p.

ANEXO I
QUESTIONÁRIO

PARTE 1 – DADOS GERAIS DO PARTICIPANTE

1- Comunidade ribeirinha que você mora?

2- Escolaridade ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) outros


3- Sexo? ( ) M; ( )F

4- Idade?
43

PARTE 2 – QUESTÕES ESPECÍFICAS

1- Quantos anos você trabalha com criadouro de Turu?


( ) 5 Anos ( )10 ano ( ) outros
2- Quantas pessoas você emprega no seu empreendimento?
( ) 1 pessoa( ) 3 pessoas ( ) 5 pessoas

3- Que tipo de madeira são mais indicados para criar Turu?


( ) Mangueiro ( ) siriubeira ( ) seringueira ( ) todas

4- Quantos litros de Turu você extrai em média por semana?


( ) 5 litros ( ) 10 litros ( ) 20 litros
5 - Aproximadamente você fatura ao mês com a comercialização do turu?
( ) 100 Reais ( ) 200 litros ( ) 500 litros

PARTE 3 – PERGUNTAS ABERTAS

1- Como surgiu a idéia de criar turu para a comercialização em larga escala?

2- Explique como se dá o processo da comercialização do turu, desde do


cultivo até a venda para o consumidor?

3- Os tipos de madeira interfere na qualidade e sabor do turu? Se interfere


esclareça a diferença?

4- Qual a importância da comercialização do Turu na renda mensal de sua


família?
44
45

O Turu nosso de cada dia !

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS

Érica Martins Ferreira


Ponta de Pedras- Marajó/PA
2019
46

CAROS LEITORES!

O presente trabalho denominado: O turu nosso de Essa obra nasceu a partir das observações
cada dia! e de cunho informativo e pedagógico, realizadas em relação à necessidade de oferecer aos
sem fins lucrativos, sendo fruto de pesquisa turista, estudantes e a quem mais interessar,
realizada na comunidade ribeirinha do Rio informações sobre o Turu na visão dos ribeirinhos que
Tijucaquara / Marajó - PA, por alunos do curso de ao longo dos anos vem acumulando conhecimentos
Ciências Naturais da Universidade Federal do Pará culturais que são repassados de pai para filho através
polo Ponta de Pedras. Onde visa disseminar nas das gerações.
escolas informações sobre o Turu , na visão dos
Visamos com esse trabalho valorizar a cultura
ribeirinhos.
alimentar do ribeirinho, assim como também estimulara
as escolas do município a trabalhar com a cultura
Boa Leitura! regional das comunidades adjacentes de Ponta de
Pedras.

Érica Martins Ferreira


47

1 CARACTERIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TURU momento não iremos nos aprofundar no assunto. Os

O Turu é um mulusculo bivalde da família dos turus; que podem ser encontrados em diversas partes do

teredinideos, seu nome pode variar em determinadas mundo e suas características dependem principalmente

localidades sendo conhecido até mesmo como cupim do do grau de salinidade da água em que habitam.

mar. Freitas e Melo (2001), informam que o Turu e


conhecido popularmente como Teredos, Turus, 2 PARTES DO CORPO DO TURU
Turuaçús, gusanos, Busanos, Busames, anomias ou
Ubiraçocas, esse grupo tem importância relevante, pois
funcionam como agente redutor da matéria orgânica,
particulando a madeira e, quando morrem, deixando
expostas suas galerias, o que facilita a ação de bactérias
e fungos. Além disso, servem de alimento para
invertebrados e vertebrados, tanto no período larval
quanto após a metamorfose.
O Turu possui a aparência de verminose, seu
corpo também se assemelha ao cupim de madeira ceca
por nome cientifico de Cryptotermes brevis pertencente à Fonte: adaptado de: MÜLLER; LANA, 2004)

família Kalotermididae até mesmo por isso que recebe 1. Concha; 2. Ânus; 3.Ventriculo; 4. Pericárdio; 5.
na região do Marajó o apelido de cupim do mar. Aurícula; 6. Pelotas fecais; 7. Palete; 8. Guelra;
Existem na natureza várias espécies de Turu e 9. Ceco cheio de madeira;
que são classificadas por De- carli como Neoteredo 10. Intestino; 11. Cume branquial;
Reynei . subdivididas em 36 espécie as quais possui 12. Glândula digestiva;
pequenas diferenças em suas características, porém no
13. Sac de estilo cristalino; 14. Pé; 15. Boca.
48

3 FORMAS DE REPRODUÇÃO (Mollusca, Bivalvia) são os perfurantes marinhos mais


especializados, causando enormes prejuízos econômicos
Ao observar a reprodução do turu gera uma certa
curiosidade, já que nota-se primeiramente o surgimento
apenas de uma concha mínima semelhante a um
caramujo branco, porém estudiosos do assunto afirmam
a partir de suas pesquisas que existem basicamente três
formas de reprodução do Turu / Teredo que são de
acordo com as afirmações feitas por Santos (2014)
citando Turner ( 1971) :
 1ª ovíparas, sua reprodução se da através de
ovos;
 2ª larvíparas com curto período de incubação Fonte: Érica F. Martins
larval;
. Por outro lado, estes organismos são os mais
 3ª larvíparas com longo período de incubação
importantes agentes decompositores de madeira em
larval.
regiões estuarinas. Compreender a influência de fatores
O principal alimento do turu são os troncos de
ambientais sobre a ocorrência e dinâmica da taxocenose
madeira que se encontram submersas por um longo
de teredos é fundamental para o conhecimento zoológico
tempo.
e ecológico da família.( OLIVEIRA, p.53, 2014)
Estruturas submersas compostas por madeira Os danos causados à madeira pelos teredos são
são deterioradas pela atividade de moluscos e imperceptíveis externamente, porém internamente eles a
crustáceos perfurantes. Entre estes, os teredos consomem intensamente, até o ponto em que a madeira
49

se desintegra. É por essa razão que os teredos são O turu vai sendo retirado da madeira um a um e
chamados de “cupins do mar” deve ser higienizado antes de consumir, sendo lavado
em água mineral ou no mínimo potável. Após a extração
o turu deve ser armazenado em sacolas plásticas dentro
4 EXTRAÇÃO DO TURU. das geleiras. O tempo máximo de armazenamento do
turu dve ser de 3 dias.

5 TURU COMO FONTE DE ALIMENTAÇÃO

O turu é bastante apreciado na culinária dos


ribeirinhos da região da Ilha do Marajó, onde este tipo de
molusco é consumido de duas maneiras básicas: cru,
temperado apenas com limão e sal; e, em pratos típicos,
como: o “caldo do turu”, em que é aproveitado, além do

Fonte: Érica F. Martins molusco, o líquido leitoso que dele é liberado, quando
retirado da madeira submersa dos rios, onde vive.
A extração do turu se da basicamente a partir de
madeiras sbmerças cerca de 6 a 12 meses. Cada tora de
madeira com turu deve ser dividida em pedaços como se
faz com a lenha.

O material usado para a extração pode ser o


machado ou mesmo a motosserra.
50

tem, ´e um assunto polemico por não haver comprovação


cientifica, porém, de acordo com o conhecimento popular
dos ribeirinhos o turu realmente é capaz de curar.

6 RECEITA DO TURU CRU

O turu deve ser higienizado assim que for


retirado da madeira, limpo com água mineral e
armazenado em vasilhas com tampa para evitar

Fonte: Érica F. Martins a contaminação.

Modo de servi:

O turu também já é encontrado em alguns Sirva o turu cru, apenas com sal e limão a
restaurantes dos municípios onde se exploram o turismo
gosto.
da região.
7 RECEITA DO CALDO DE TURU
A espécie é apresentada como prato exótico,
comum nos municípios de Ponta de Pedras, Soure e Para um litro de turu você deve utilizar os
Salvaterra e na Ilha de Marajó. (FERREIRA, 2012). De seguintes ingredientes.
acordo com os ribeirinhos o turu é afrodisíaco, além de
 1 litro de turu limpo;
ser usado para tratar doenças como tuberculose.
 ½ cebola;
Em relação ao uso do turu como remédio para  1 pimentinha
tratamento de algumas doenças poucas informações se  1 colher de óleo
51

 Sal a gosto REFERENCIAL


 Coloral a gosto;
FERREIRA, Iran José. Cultivo do turu (Neoteredo
 Cominho a gosto;
reynei, BARTSCH-1920) nos rios próximos aos
 Limão a gosto; manguezais de Ponta de Pedras, Marajó -PA: proposta
de sustentabilidade e conservação do litoral nordeste do
 Cheiro verde a gosto.
Estado do Pará.TAUBATÉ/SP 2012

MODO DE FAZER TURNER, R. D. An overview of research on marine


borers: past progress and future direction. In: COSTLOW,
Coloque em uma panela 2 xicaras grande de
J. D.; TIPPER, R. C. (Eds.). Marine Biodeterioration: an
agua deixe ferver. interdisciplinary study. Annapolis: Naval institute Press,
1984. p.3-16.
Separado leve ao fogo todos os temperos bem
picados deixe dourar com o óleo. Depois de dourado FREITAS, LM.; MELLO, RLS. 1999. Teredinidae
(Mollusca - Bivalvia) do Rio Manguaba e da Praia de
despeje a água fervente junto com os temperos, deixe Barreiras do Boqueirão, Porto de Pedras e Japaratinga,
ferver aproximadamente 2 minutos. Junte o turu cru com Alagoas, Brasil. Trabalhos Oceanográficos da
Universidade Federal de Pernambuco, vol. 27, no. 2, p.
o caldo na panela ainda no fogo espere ferver 5 minutos,
73 – 87.
e então o caldo já está pronto para servir.

Dica: Lave o turu sempre em água potável, se


possível em água mineral. Tenha cuidado ao armazenar
em vasilhas limpa, e certifique-se se for armazenar em
geleiras caseira certifique-se da procedência do gelo,
deve ser feito também com agua mineral para mante a
qualidade e estender a durabilidade do produto.

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