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2018 - 09 - 20

Prática Constitucional - Ed. 2018


PRIMEIRA PARTE - TEÓRICA
5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

5. Aplicabilidade das normas constitucionais


Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia jurídica (plano abstrato),
porém nem todas possuem efetividade (plano concreto), e, segundo a doutrina
majoritária, podem ser classificadas em:

5.1. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA

São aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de


legislação infraconstitucional para sua inteira operatividade. Por exemplo, arts.  1.º
(fundamentos); 2.º (poderes); 13 (língua portuguesa); 14, §  2.º (inalistáveis), § 4.º
(inelegíveis); 17, § 4.º (vedação de organização paramilitar); 37, III (validade de concurso);
44, parágrafo único (legislatura); 69 (aprovação de lei complementar), 230, §  2.º
(gratuidade de transporte coletivo urbano para os maiores de 65 anos); entre outros, da
CF/1988.

5.2. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA

São aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, plena, mas podem ter reduzido o
seu alcance pela atividade do legislador ordinário, em virtude de autorização
constitucional. São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. Por
exemplo, arts. 5.º, VIII, XIII, XV, XXVII, XXXIII, LVIII, LX, LXI, LXVII; 170, parágrafo único;
184; entre outros da CF/1988.

Possuem muita incidência em prova: a) inc. XIII do art.  5.º da CF/1988: “É livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer”, desse modo, pode ser aprovada lei federal
regulamentando certa profissão, que anteriormente não exigia requisitos legais para o seu
exercício; b) inc. LVIII do art.  5.º da CF/1988: “O civilmente identificado não será
submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”, portanto, quem
possui documento que o identifique (Registro Geral – RG, Carteira da OAB, Carteira
funcional) não precisa passar por processo de identificação, salvo nos casos que a lei
determinar.

Destaque-se que a limitação das normas constitucionais pode ser realizada não apenas
por normas infraconstitucionais, mas, também, por normas constitucionais. É o caso, por
exemplo, da decretação de estado de defesa e do estado de sítio, em que há a possibilidade
de restrição de direitos constitucionais. São exemplos os arts. 136, § 1.º e 139, da CF/1988.

5.3. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA

São aquelas que dependem da emissão de uma normatividade futura, em que o


legislador ordinário, integrando-lhes a eficácia, mediante lei, lhes dê capacidade de
execução em termos de regulamentação dos interesses visados.

São exemplos e possuem muita incidência em prova: a) art.  5.º, XXVIII (direito de
imagem), XXIX (direito autoral) e XXXII (direito do consumidor); b) art.  7.º, IV (salário
mínimo) e XXIII (adicional de insalubridade); c) 37, I (acesso aos cargos e empregos
públicos) e VII (direito de greve); d) art. 153, VII, (grandes fortunas), todos da CF/1988.

Neste tópico pode, ainda, existir uma subdivisão classificatória:

a) normas de princípio institutivo: são aquelas que dependem da lei para dar corpo às
instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. São exemplos da Constituição
Federal vigente: § 3.º do art. 18 (novos estados), § 3.º do art. 25 (regiões metropolitanas),
art. 224 (Conselho de Comunicação Social), entre outros.

b) normas de princípio programático: são aquelas que estabelecem programas a serem


desenvolvidos mediante legislação integrativa da vontade constituinte. São exemplos da
CF/1988: o parágrafo único do art. 4.º, os arts. 196 (saúde), 205 (educação), 214 (educação),
215 (cultura), entre outros.

As normas constitucionais de eficácia limitada contêm eficácia jurídica indireta,


independentemente de regulamentação, pois revogam a legislação anterior contrária aos
ditames da nova Constituição, bem como impossibilitam a elaboração de leis e atos
normativos contrários à Lei Fundamental. Além disso, autorizam a busca da
regulamentação por intermédio do Poder Judiciário (mandado de injunção ou ADIn/ADI
supridora da omissão ou por omissão).

IMPORTANTE

Neoconstitucionalismo ou Ativismo Judicial é uma concepção teórico-jurídica que, no Brasil e em


outros países, visa a materialização de direitos em virtude da atuação do Poder Judiciário, assim
tem aproximado as concepções de direito e justiça por meio de um diálogo racional. Nesse sentido,
o STF decidiu que o Poder Judiciário pode obrigar o Poder Executivo a reformar estabelecimentos
prisionais (STF, RE 592.581/RS, j.  13.08.2015, v.u., rel. Min. Ricardo Lewandowski, e RE 650.085/SP,
j. 01.09.2011, rel. Min. Carmen Lúcia).

NOTE BEM

Para Maria Helena Diniz (Norma Constitucional e seus efeitos. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
p.101-115), as normas constitucionais podem ter eficácia: a) supereficazes ou com eficácia absoluta:
não podem ser emendadas (art.  60, §  4.º – cláusulas pétreas); b) eficácia plena: não dependem de
regulamentação; c) eficácia relativa restringível: admitem redução da extensão do direito por
norma infraconstitucional (semelhante à eficácia contida); d) eficácia relativa complementável:
dependem de regulamentação para sua efetividade (semelhante a eficácia limitada).

Para Uadi Lammêgo Bulos (Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, p. 335) normas de
eficácia exaurida são aquelas que já extinguiram a produção de seus efeitos. Por exemplo, as
normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (arts.  1.º, 2.º, 3.º, 14, 20, 25, entre
outros).

Decisões sobre o tema

“Mandado de injunção. Natureza. Conforme disposto no inc. LXXI do art.  5.º da


CF/1988, conceder-se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania. Há ação mandamental, e não simplesmente declaratória de omissão. A carga de
declaração não é objeto da impetração, mas premissa da ordem a ser formalizada.
Mandado de injunção. Decisão. Balizas. Tratando-se de processo subjetivo, a decisão
possui eficácia considerada a relação jurídica nele revelada. Aposentadoria. Trabalho em
condições especiais. Prejuízo à saúde do servidor. Inexistência de lei complementar. Art.
40, §  4.º, da CF/1988. Inexistente a disciplina específica da aposentadoria especial do
servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento judicial, daquela própria aos
trabalhadores em geral – art. 57, § 1.º, da Lei 8.213/1991” (STF, MI 721/DF, j. 30.08.2007, rel.
Min. Marco Aurélio DJ 30.11.2007). No mesmo sentido: STF, MI 795/DF, j.  15.04.2009, rel.
Min. Cármen Lúcia, DJe 22.05.2009; STF, MI 788/DF, j. 15.04.2009, rel. Min. Ayres Britto, DJe
08.05.2009.

“Habeas Corpus. Decisão que negou seguimento ao pedido ajuizado no Tribunal


Superior do Trabalho. Mitigação da Súmula 691/STF. Depositário judicial. Prisão civil.
Inadmissibilidade. Orientação plenária do Supremo Tribunal Federal. Ordem concedida
de ofício. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou a orientação de que só é
possível a prisão civil do ‘responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia’ (inc. LXVII do art. 5.º da CF/1988). Precedentes: HCs 87.585 e 92.566,
da relatoria do Min. Marco Aurélio. 2. A norma que se extrai do inc. LXVII do art. 5.º da
CF/1988 é de eficácia restringível. Pelo que as duas exceções nela contidas podem ser
aportadas por lei, quebrantando, assim, a força protetora da proibição, como regra geral,
da prisão civil por dívida. 3. O Pacto de San José da Costa Rica (ratificado pelo Brasil – Dec.
678/1992), para valer como norma jurídica interna do Brasil, há de ter como fundamento
de validade o §  2.º do art.  5.º da Magna Carta. A se contrapor, então, a qualquer norma
ordinária originariamente brasileira que preveja a prisão civil por dívida. Noutros termos:
o Pacto de San José da Costa Rica, passando a ter como fundamento de validade o § 2.º do
art. 5.º da CF/1988, prevalece como norma supralegal em nossa ordem jurídica interna e,
assim, proíbe a prisão civil por dívida. Não é norma constitucional – à falta do rito exigido
pelo § 3.º do art. 5.º –, mas a sua hierarquia intermediária de norma supralegal autoriza
afastar regra ordinária brasileira que possibilite a prisão civil por dívida. 4. Na concreta
situação dos autos, a prisão civil do paciente foi decretada com base na não localização
dos bens penhorados e a ele confiados em depósito. A autorizar, portanto, a mitigação da
Súmula 691” (STF, HC 94.935/SP, j. 10.02.2009, rel. Min. Carlos Britto, DJe 13.03.2009).

NOTE BEM

Trata-se de transcrição da ementa do site do STF.

Quanto ao tema da prisão civil, Súmula 619 do STF foi revogada (v. HC 92.566-9 SP, DJe
12.12.2008, divulgado em 11.12.2008) (Notícia disponível em:
[www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=100258]).

Súmula vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito”. Desse modo, havendo o seu descumprimento, cabe reclamação no STF.

“O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno


exercício das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo é a própria
manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e
remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao
exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão,
portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser
pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do
art. 5.º, XIII, da CF/1988, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente,
em conjunto com os preceitos do art.  5.º, IV, IX, XIV, e do art.  220 da CF/1988, que
asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. (...) No
campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às
qualificações profissionais. O art. 5.º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, por
parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de
controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso
à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade,
caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente
vedada pelo art.  5.º, IX, da CF/1988. A impossibilidade do estabelecimento de controles
estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma
ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão.
O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as
liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: Rp 930, rel. p/ o ac. Min.
Rodrigues Alckmin, DJ de 02.09.1977” (STF, RE 511.961, j.  17.06.2009, rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe 13.11.2009).

© desta edição [2018]

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