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Os anos 1930: as incertezas do regime

Dulce Pandolfi

A autora inicia o texto fazendo uma reflexão acerca da implementação da ditadura do Estado
Novo e do discurso de seus partidários, que defendiam que a Constituição de 1937 seria uma
continuação do processo da Revolução de 1930. Segundo a autora, no período de tempo que
divide os dois eventos, houveram diversas disputas políticas que merecem atenção, de forma que,
se houve uma continuidade, houve também uma ruptura. A autora vai se debruçar então à análise
desse período.

Da Aliança Liberal ao Governo Provisório: os primeiros embates

Nessa parte a autora vai falar da diversidade entre aqueles que aderiram à coligação partidária de
oposição que lança a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República em 1929.
• Alguns faziam oposição sistemática ao regime oligárquico, como os “tenentes”, grupo de
jovens oficiais do Exército que desde o início da década de 1920 promoveu insurreições na
organização. Entre suas propostas estava um novo lugar para o Exército na sociedade
brasileira, bem como a defesa do voto secreto, da reforma agrária e da educação pública
obrigatória. Luís Carlos Prestes era o maior líder do Tenentismo e, apesar de não ter
aderido à Aliança, lideranças expressivas do movimento o fizeram.
• Outro grupo de forte influência na constituição da Aliança Liberal foi o dos “oligarcas
dissidentes”, políticos que simplesmente discordavam do encaminhamento que
Washington Luís havia dado para a sucessão presidencial. Alguns eram ex presidentes, ex
governadores e até governadores à época.
Resumindo as propostas da Aliança Liberal, a autora cita reformas no sistema político, a adoção
do voto secreto e o fim das fraudes eleitorais, bem como anistia para os perseguidos políticos,
estabelecimento de oito horas de trabalho diárias, férias, salário-mínimo e a regulamentação do
trabalho das mulheres e dos menores. Assim, pode-se dizer que pregavam, de uma forma geral,
propostas relacionadas à justiça social e a liberdade política.

Após Vargas perder as eleições de março de 1930, alguns setores da Aliança passam a conspirar
um levante, que se dá em 03 de novembro de 1930. O Congresso Nacional e as assembleias
estaduais e municipais são fechadas, os governadores são depostos e Vargas governa por
decretos-lei.

Outras disputas:

• Aqui se dá outra disputa interna dentro do movimento, a partir do momento em que alguns,
principalmente da classe dos oligarcas, defendem o reestabelecimento da democracia e a
promulgação de novas eleições. Aqueles ligados ao tenentismo, no entanto, defendiam
que o sistema da Política dos Governadores ainda estava muito enraizado na sociedade e
na política, de forma que se houvessem eleições naquele momento elas seriam
novamente desviadas.
• Em relação ao modelo de Estado a ser implementado existem também divergências
internas. Os tenentes defendem um Estado centralizador, de orientação nacionalista e
reformista. Defendem a estatização da exploração de recursos naturais e etc. Os
“oligarcas dissidentes”, por outro lado, defendiam ideias federalistas, na tentativa de limitar
os poderes da União e garantir maior autonomia aos estados. Isso não ocorre em relação
ao Norte e ao Nordeste, que não foram favorecidos por esse modelo, adotado durante a
República Velha. Buscavam se verem representados a nível nacional.

Início do governo:
• Sistema de Interventorias: o interventor, ou governador de cada estado passa a ser
nomeado e subordinado diretamente ao Presidente da República. Os primeiros
interventores estavam majoritariamente ligados ao tenentismo, fenômeno que a autora
chama de “militarização das interventorias”. A maioria deles não tinha ligações com as
oligarquias locais, fato que levou a diversas crises e trocas de interventores em um curto
espaço de tempo.
• Código dos Interventores: promulgado em agosto de 1931, estabelecia que os estados só
poderiam contrair empréstimos estrangeiros com a autorização do poder central. Além
disso, não se podia gastar mais de 10% da despesa geral com serviços da Polícia Militar,
“nem dotar polícias estaduais de artilharia e aviação, ou armá-las em proporção superior à
do Exército”. Essa última, manobra evidente de diminuição do poder das oligarquias
regionais, limitando o seu armamento.
• Área Social: entre 1931 e 1934 foram promulgados decretos e eis de proteção ao
trabalhador, como a jornada fixa de oito horas no comércio e na indústria, a
regulamentação do trabalho do menor e da mulher, as férias, a carteira de trabalho, e os
direitos a pensão e aposentadoria. Esses direitos serão consolidados posteriormente na
CLT, em 1943.
• Sindicatos: adotou-se um modelo de sindicato único por categoria profissional, e a
sindicalização se torna compulsória a partir do momento que apenas os membros dos
sindicatos gozam dos benefícios. Benefícios esses que, evidentemente, excluíam
trabalhos informais. Em síntese, o objetivo de Vargas era subordinar os sindicatos à tutela
do Estado e controlar os movimentos de trabalhadores.
• Economia: as medidas adotadas pelo Governo Provisório tem caráter intervencionista e
centralizador. O governo cria o Conselho Nacional do Café (CNC) em 1931 e,
posteriormente, o Departamento Nacional do Café (DNC), buscando tirar de São Paulo o
controle sobre a produção cafeeira. São criados em 1932 o Instituto do Cacau e o Instituto
do Açúcar e do Álcool. Em 1934 surge o Conselho Federal de Comércio Exterior. A autora
indica que os anos 30 marcam os rumos da economia brasileira em direção à
industrialização.
Os setores oligárquicos ficam cada vez mais descontentes com as medidas intervencionistas
tomadas pelo Governo, enquanto os Tenentistas indicam a ameaça desses “políticos
profissionais”, os oligarcas que apoiaram a Revolução mas não tinham o “espírito revolucionário”.
As tensões entre os dois grupos são uma constante.

Tensão nas Forças Armadas:

• O movimento tenentista se organiza no Clube 3 de Outubro, que ao contrário do que se


pode pensar, não será um movimento de massas. Trata-se de focar o debate político e
fazer pressão junto ao governo em um local que não seja o interior das Forças Armadas,
uma vez que o estado de indisciplina teria tomado conta da instituição, com cerca de 50
movimentos diversos de agitação ocorridos entre 1930 e 1934.
• Vargas também enfrentava dificuldades com setores da alta cúpula do Exército,
insatisfeitos com o fortalecimento do tenentismo no Governo Provisório. Acontece que a
própria Revolução de 30 foi marcada por forte participação militar, principalmente dos
segmentos mais baixos. Sem falar na hierarquia militar que é quebrada a partir da
participação dos tenentistas revoltosos no governo, sendo que muitos foram anistiados e
promovidos pelo Vargas.

Do Governo Provisório ao Governo Constitucional

• Código Eleitoral (1932): foi instituída a Justiça Eleitoral, o direito ao voto para as mulheres,
e a representação classista, ou seja, de delegados eleitos por sindicatos de suas
categorias profissionais, para a Assembleia Nacional Constituinte.
• MMDC: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. Eram os nomes dos estudantes que foram
mortos em conflito de rua durante depredação às sedes de jornais favoráveis a Vargas. O
evento se deu após a sede do Diário Carioca ter sido depredada por partidários do
tenentismo, que não foram punidos por Vargas. O MMDC torna-se uma entidade defensora
de um levante armado em prol da reconstitucionalização do país.
• Revolução Constitucionalista: de julho a outubro de 1932 ocorreu, segundo a autora, a pior
guerra civil vivida pelo país, em São Paulo. O estado via-se como o grande perdedor da
Revolução de 30, principalmente devido à política centralizadora de Getúlio Vargas.
Exigiam o fim do regime ditatorial e maior autonomia ao estado de São Paulo. Os paulistas
aderem em massa à Revolução, sendo que milhares se alistaram de forma voluntária. A
redenção ocorre em 02 de outubro de 1932, e as principais lideranças irão ser presas,
exiladas, e ter os seus direitos políticos cassados. Os paulistas tiveram, no entanto,
ganhos políticos, como o compromisso de reconstitucionalização do país, bem como um
novo interventor para o estado, paulista e civil, como queria a elite local.
• Depois do levante de 1932, Vargas vê como prioridade a reestruturação das Forças
Armadas, bem como sua colocação como elemento político significativo no governo.
• Com a reconstitucionalização do país, muitos apoiadores da Revolução de 30 se viram
desiludidos e se voltaram à oposições mais radicais, como os movimentos comunista e
integralista.

Constituição de 34:
• A Constituinte inicia os trabalhos em 15 de novembro de 1933, e a Constituição é
promulgada em 16 de julho de 1934. Vargas teve de fazer uma série de concessões, que
levaram a uma Constituição “mais liberal e menos centralizadora” do que ele desejava,
segundo a autora. Cabe indicar que durante o processo, houve tentativa de golpe militar
para depôr Vargas, e que as ações do Governo Provisório foram aprovadas por uma
margem de certa forma apertada de votos na Assembleia Nacional Constituinte.
• Foi assegurado na Constituição o predomínio do Legislativo no sistema político, sendo ele
um instrumento para limitar excessos do Executivo. Além disso os mandatos eram de
quatro anos e não era permitida a reeleição, ou seja, Vargas, que havia sido eleito via
indireta um dia após a promulgação, não poderia concorrer em 1938 (vai dar merda né
amigos).
• Vargas se manifestou publicamente descontente com a nova Constituição, e há ~boatos~
de que disse que seria o primeiro revisor do texto.

Do Governo Constitucional ao golpe do Estado Novo


• Após a promulgação da Constituição, Vargas vira-se para as Forças Armadas, reforçando
a repressão a movimentos de protesto ocorridos entre praças, sargentos e tenentes, no
sentido de unificar a instituição, tornando-a organização integrante do poder central.
• Nas eleições, muitos interventores estatais do Governo Provisório foram derrotados, sendo
reconduzidas ao poder as mesmas oligarquias derrubadas em 1930.
• Os movimentos sociais se fortaleceram no período. Destacam-se a Ação Integralista
Brasileira (AIB), de Plínio Salgado, inspirada no fascismo de Mussolini, e a Aliança
Nacional Libertadora (ANL), liderada por Luís Carlos Prestes, ligada fortemente à
movimentos comunistas, anarquistas e até liberais desiludidos.
• A ANL é colocada na ilegalidade em julho de 1935, alguns meses depois de ser criada. A
partir de agosto começa-se a planejar um movimento armado para depor Vargas e colocar
Prestes no poder. A rebelião será rápida e violentamente reprimida, mas servirá como
pretexto para o fortalecimento e a centralização do poder nas mãos de Vargas.
• A partir de novembro de 1935, o próprio Congresso aprova uma série de emendas de
fechamento do regime, como a que considerava que o país vivia em “estado de guerra”
sempre que houvessem manifestações ou insubordinações de qualquer tipo.
• Vargas ainda não possuía os 2/3 necessários para a prorrogação de seu mandato, o que o
leva a tomar medidas ~drásticas~, como a liberação do “Plano Cohen” à imprensa. No
documento, que posteriormente iremos saber que é falso, narra-se uma preparação para
um golpe comunista no Brasil.
• Apesar de haver certa resistência à prorrogação do “estado de guerra” no Congresso,
havia uma suspeita de que o Exército tomaria o poder do país caso a emenda não fosse
prorrogada. Dos males (golpe comunista ou golpe militar), o menor (SERÁ MESMO?????).
• A conclusão da autora é de que o Estado Novo “esteve longe de ser um desdobramento
natural da Revolução de 30. Foi um dos resultados possíveis das lutas e enfrentamentos
diversos travados durante a incerta e tumultuada década de 1930”.

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