Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
A disputa em pontos corridos favorece esse tipo de atitude, em que não apenas
especialistas, mas principalmente torcedores, vivem à revelia de uma calculadora
tentando prever quais são as chances de sua equipe chegar ao topo no final.
Mas existem coisas que mesmo em um campeonato repleto de altos e baixos não
necessitam de uma previsão apurada para acontecerem. Ou melhor, sendo mais
simples: tem coisas que nem a matemática pode prever.
***
Quem diria que Vasco e Botafogo entrariam com tanta chance de título nas rodadas
finais desse campeonato, enquanto o Santos está no meio da tabela e o Cruzeiro
lutaria para fugir do rebaixamento?
Vendo por esse lado, parece altamente oportunista dizer que Corinthians, Vasco e
Botafogo são os favoritos ao título, restando seis rodadas para o final do
campeonato, ou mesmo dez rodadas antes do final. A diferença em um momento e
outro é somente a margem de erro, que era maior antes.
Por isso ninguém arrisca quem vai ser o campeão já na primeira rodada,
obviamente, enquanto que quanto mais próximo de dezembro, mais são as
inúmeras previsões que dizem a mesma coisa.
***
Ainda, não considero os cálculos falsos, mas me refiro a estes como farsa, pois
tenho em mente um paralelo com a modalidade específica de teatro medieval que
privilegiava as ações burlescas sem qualquer verossimilhança ou questionamento
de valores, altamente popularizada pelo português Gil Vicente lá pelos tempos do
descobrimento do Brasil.
***
Dito isso, temos de admitir que todos nós que comentamos sobre futebol, temos
nossas previsões. É inegável. Mas isso não invalidada o oportunismo maior ou
menor de cada um de nós.
Por essas e outras que acredito que matemática e futebol deveriam se divorciar de
uma vez, para o bem único da emoção e da surpresa, que somente esse esporte
em especial pode nos proporcionar.