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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DISPERSÃO E RIQUEZA DE EUGLOSSINA (HYMENOPTERA;


APIDAE) EM MANCHAS FLORESTAIS EM ÁREA DE RESTINGA NA
APA DO PRATIGI - BA

Rafael Falcão da Silva Rios


Bacharelando

Feira de Santana – BA
Dezembro, 2013
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DISPERSÃO E RIQUEZA DE EUGLOSSINA (HYMENOPTERA;


APIDAE) EM MANCHAS FLORESTAIS EM ÁREA DE RESTINGA NA
APA DO PRATIGI - BA

Rafael Falcão da Silva Rios


Bacharelando

Monografia apresentada como parte


dos requisitos necessários para a
obtenção do título de Bacharel em
Ciências Biológicas da Universidade
Estadual de Feira de Santana-BA.

Dr. Willian Moura de Aguiar


Orientador

Feira de Santana – BA
Dezembro, 2013
Trabalho de Conclusão de Curso sob o título Dispersão e Riqueza de Euglossina
(Hymenoptera; Apidae) em manchas florestais em área de restinga na Apa
Do Pratigi – Ba apresentado por Rafael Falcão da Silva Rios e aceito pelo
Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana,
sendo aprovada por todos os membros da banca examinadora abaixo especificada:

__________________________________________
Doutor Willian Moura de Aguiar
Orientador
Departamento de Ciências Exatas
Universidade Estadual de Feira de Santana

__________________________________________
Doutor Evandro do Nascimento Silva
Departamento de Ciências Biológicas
Universidade Estadual de Feira de Santana

__________________________________________
Mestre Roque Galeão Rezende Fraga
Organização de Conservação de Terras/Fundação Odebrecht - OCT

__________________________________________
Doutora Taíse Bomfim de Jesus
Departamento de Ciências Exatas
Universidade Estadual de Feira de Santana

Feira de Santana – Bahia, 16 de dezembro de 2013.


A minha família e a Larissa.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria possível.


A meus pais, pelo carinho, amor e suporte que sempre me deram durante toda
minha jornada.
A meus irmãos, por serem quem são e estarem sempre ao meu lado.
A minha amada e querida Larissa, por todo seu amor, carinho, dedicação, suporte e
por ser tudo que sempre precisei e sonhei.
A Willian, pela orientação, apoio, dedicação e paciência no decorrer desse ano.
A todos do LEA, pela ajuda e atenção dispensadas a mim sempre que preciso, seja
em idas a campo ou análise de dados.
A todos da OCT e AGIR, pelo suporte e logística para que esse trabalho pudesse
ser executado.
Ao Doutor Evandro do Nascimento Silva, ao Mestre Roque Galeão Rezende Fraga e
a Doutora Taíse Bomfim de Jesus por, gentilmente, aceitarem compor a banca
examinadora do presente trabalho.
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse
feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”.
(Marthin Luther King)
1

RESUMO

As abelhas Euglossina são um grupo de grande importância na polinização de


espécies vegetais, podendo cobrir grandes distâncias. O presente estudo busca
identificar sua capacidade de dispersão, analisando o nível de isolamento das
manchas florestais, da área de restinga da APA do Pratigi – BA, bem como fazer um
levantamento de riqueza e abundância dessas abelhas. Para tal foram realizadas
coletas ativas, em que foram utilizadas iscas aromáticas e rede entomológicas, e
passivas, com armadilhas como proposto por Aguiar e Gaglianone (2008). Depois dos
esforços de coleta, foi possível averiguar a distância percorrida por Euglossina cordata
(Linneaus) e estabelecer uma simulação de dispersão e também medir índices de
riqueza extremamente importantes na região, bem como outros dados sobre os quais
discorremos ao longo desse trabalho. Com isso, podemos afirmar a necessidade de
novos estudos para que possamos compreender a dispersão de outras espécies
existentes na região, bem como a necessidade de aprofundar o conhecimento acerca
da riqueza, dominância e abundância das demais manchas.
Palavras Chaves: Dominância, Abundância, Dispersão, Abelhas de Orquídeas,
Biodiversidade.

ABSTRACT

The Euglossina bees are a group of great importance in the pollination of plant species,
covering great distances. The present study seeks to identify their ability to disperse,
analyzing the level of isolation of forest patches, in sandbank area of the Pratigi APA -
BA and, in addition, to survey the richness and abundance of these bees. To this active
samples, in which aromatic bait and Entomological network were used, and passive
trapping as proposed by Aguiar and Gaglianone (2008) were performed. After
collection efforts, it was possible to determine the distance traveled by Euglossina
cordata (Linnaeus) and establish a simulation of dispersion and also measure rates
extremely important in the region, as well as other data on which this paper we discus
along. Thus we affirm the need for further research so that we can understand the
dispersal of other species existing in the region, as well as the need to deepen the
knowledge about wealth, dominance and plenty of other spots.
Key Words: Dominance, Abundance, Dispersal, Orchid Bees, Biodiversity.
2

Sumário

1- Introdução ...................................................................................................... 05
1.1- Euglossina ..................................................................................... 05
1.2- Mata Atlântica ................................................................................ 07

2- Objetivos ........................................................................................................ 10

3- Matérias e Métodos ...................................................................................... 10


3.1- Área de Estudo .............................................................................. 10
3.2- Coleta de dados............................................................................. 12
3.3- Análise de Dados .......................................................................... 15

4- Resultados ..................................................................................................... 16

5- Discussão e Conclusão ................................................................................. 19

6- Referências Bibliográficas ............................................................................. 22


3

Lista de Tabelas

Tabela 1: Coordenadas geográficas da localização onde foram realizadas as coletas


ativas e passivas das abelhas Euglossina nas manchas florestais em áreas de
restinga na APA do Pratigi - Ba, destinados ao estudo de dispersão ...................... 14

Tabela 2: Indivíduos marcados e recapturados, bem como cores utilizadas para


marcação, durante coleta ativa para verificação da sua dispersão ......................... 16

Tabela 3: Dados de composição, abundância, riqueza, diversidade e dominância para


abelhas coletas de forma passiva em manchas florestais de área de restinga da APA
do Pratigi. As siglas representam: E= eucaliptol, B= β-ionona, C=Cinamato de metila,
S=Salicilato de metila e V=Vanilina ........................................................................... 19
4

Lista de Figuras

Figura 1: Mapa demonstrando o nível de degradação da Mata Atlântica no Brasil,


mostrando os remanescentes florestais (Fonte: http://mapas.sosma.org.br) .......... 08

Figura 2: Áreas da APA do Pratigi –BA, que caracterizam as regiões nomeadas como
Ecopolos (Fonte: htt://www.oct.org.br/wp/onde-trabalhamos) ................................... 10

Figura 3: Mapa da área da APA do Pratigi, Baixo Sul da Bahia, sendo identificadas as
cidades que ficam no inseridas na região da mesma. (Fonte:
htt://www.oct.org.br/wp/onde-trabalhamos) .............................................................. 12

Figura 4: Modelo de armadilha utilizada na coleta passiva nos estudos de dispersão e


riqueza para as manchas florestais de área de restinga da APA do Pratigi .............. 13

Figura 5: Mapa de dispersão de Euglossa cordata recapturada em área de restinga


na APA do Pratigi-BA ............................................................................................... 17

Figura 6: Simulação de dispersão Euglossa cordata, levando em consideração os


dados adquiridos no estudo, entre as manchas florestais na área de restinga da APA
do Pratigi - BA .......................................................................................................... 18
5

1- INTRODUÇÃO

1.1- EUGLOSSINA

As abelhas da subtribo Euglossina (sensu SILVEIRA et al. 2002), conhecidas


também como “abelhas de orquídeas” ou “abelhas douradas”, são amplamente
distribuídas continentalmente na América tropical (DRESSLER, 1982), entre os
paralelos 29ºN e 32ºS (BÚRQUEZ 1997). De acordo com Moure (1967), as Euglossina
são abelhas neotropicais que, em sua maioria, são encontradas em regiões
equatoriais úmidas e quentes. Segundo Dressler (1982), essas abelhas estão
virtualmente limitadas às terras continentais da América Tropical, sendo apenas uma
espécie conhecida nas Antilhas, e algumas poucas espécies vistas em ilhas próximas
ao continente. Essas abelhas chamam a atenção por serem polinizadoras de grande
diversidade de famílias botânicas, sendo considerados polinizadores chave em
florestas subtropicais e tropicas da América Central e do Sul (ROUBIK & HANSON,
2004).
Outro fato amplamente conhecido acerca das abelhas Euglossina, é que depois
de formada uma rota de alimentação, essas abelhas tem capacidade de forragear por
longas distâncias, obedecendo a uma rota de forrageio e retornando para área
reprodutiva, de uma distância de até 23 km (JANZEN, 1971). Portanto, essas abelhas
são capazes de voar longas distâncias, podendo cruzar longas distâncias de terreno
aberto, inclusive sobre corpos d’água (DRESSLER 1968, JANZEN 1971).
De acordo com Wikelski et al. (2010), o movimento de longa distância dessas
abelhas, é significativamente impactado pela quantidade de calor que elas suportam.
Ainda segundo Wikelski (op. cit.), a velocidade média de voo das Euglossina é de 9.5
m/min, com duração média de 193 minutos, sendo as duas maiores trajetórias de 1.2
km e 1.9km, sendo também documentada a capacidade de movimentação através de
áreas inóspitas, dando suporte a ideia de que as abelhas de orquídeas são
polinizadores chave de uma grande variedade botânica, incluindo as que requerem
dispersão por longas distâncias. Portanto, áreas abertas não impediriam o movimento
das abelhas Euglossina, entre fragmentos de mata, mesmo partindo ou chegando de
pequenos fragmentos florestais (TONHASCA et al, 2003).
Porém, ainda não é sabido como a fragmentação pode, efetivamente, afetar a
dispersão de Euglossina, uma vez que o isolamento por fragmentação demonstra
6

afetar negativamente a dispersão de várias espécies do grupo (MILLET-PINHEIRO &


SCHLINDWEIN, 2005, AGUIAR & GAGLIANONE, em preparação). E segundo Malo
(2001), com a fragmentação dos habitats, há mudanças nas condições do microclima,
bem como uma mudança na composição e estrutura das comunidades.
No Brasil, a fauna de Euglossina é conhecida, ao menos parcialmente, para os
biomas da Amazônia, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Na região amazônica é
registrado maior riqueza dessas abelhas, cerca de 100 espécies (RAMÍREZ et al,
2002), para o Cerrado são registradas 29 espécies (REBÊLO & SILVA, 1999), na
Caatinga 16 espécies (REBÊLO & SILVA, 1999) e para Mata Atlântica são conhecidas
cerca de 57 espécies (NEMÉSIO & SILVEIRA, 2007).
Estudos pontuais tem revelado essa maior riqueza para região amazônica.
Oliveira & Campos (1995), para a região central da Amazônia, encontraram 47
espécies de Euglossina, sendo as mais abundantes Euglossa stilbonata Dressler, E.
chalybeata Friese, E. augaspis Dressler, E. avicula Dressler e E. crassipunctata
Moure, numa área de 36000 hectares, onde foram considerados florestas contínuas,
fragmentos de florestas e áreas desmatadas. Em áreas de transição entre Mata
Atlântica e Cerrado, de acordo com Pires et al. (2013), na região conhecida como
Mata do Baú-MG, numa área privada de 400 hectares, foram coletadas 15 espécies
de quatro gêneros de Euglossina, sendo a espécie mais abundante Eulaema nigrita
Lepeletier, seguida por Euglossa truncata Rebêlo & Moure. Na Mata Atlântica têm
sido registradas riquezas que variam de 11 a 29 espécies (AGUIAR & GAGLIANONE
2008, 2011, 2012; NEMÉSIO 2013).
Por sua vez, segundo Peruquetti et al. (1999), para áreas de Mata Atlântica, no
Parque Estadual do Rio Doce-MG, que com uma área aproximada de 36000 hectares,
foram registradas 15 espécies, sendo a mais abundante Eulaema cingulata
(Fabricius).
Quanto à dispersão das abelhas Euglossina, os dados que indicam a capacidade
de dispersar entre fragmentos florestais são registrados para espécies comuns,
amplamente abundantes e indicadas como espécies tolerantes a ambientes alterados
e/ou perturbados como Eulaema nigrita, E. cingulata, e Euglossa cordata (Linnaeus)
(TONHASCA et al. 2003, RAMALHO 2006, AGUIAR, W. M. Informação pessoal).
Estudos com Euglossina em áreas de matrizes de cana-de-açúcar, eucalipto e
pastagem indicam que mais de 50% das espécies desse grupo não conseguem
transpor as barreiras impostas pelas matrizes (MILLET-PINHEIRO & SCHLIDWEIN
7

2005, AGUIAR & GAGLIANONE, em preparação), por tanto conhecer aspectos sobre
a dispersão das espécies de Euglossina são extremamente importantes para
conservação desses importantes polinizadores, uma vez que conhecido o raio de
dispersão dessas abelhas é possível estimar a conectividade funcional e estrutural
dos fragmentos florestais, o que serve como base para estratégias para
implementação de corredores ecológicos para suprimento de serviços
ecossistêmicos, como a polinização.

1.2- MATA ATLÂNTICA

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013), a Mata Atlântica é


constituída por um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados como
as restingas, manguezais e campos de altitude, que se estendiam originalmente por
aproximadamente 1.300.000 km² em 17 estados do território brasileiro. Porém, ainda
segundo o MMA (2013), os remanescentes de vegetação nativa, da Mata Atlântica,
estão reduzidos a cerca de 22% da sua cobertura original e com diferentes estágios
de regeneração. Sendo que apenas 7% da área original possuem uma área acima de
100 hectares (Figura 1).
O processo de fragmentação da Mata Atlântica vem desde os tempos da
colonização portuguesa, com a extração do pau-brasil, com os ciclos econômicos da
cana-de-açúcar e do café. Há ainda a exploração madeireira de espécies vegetais,
que também fragmentam a Mata Atlântica. Portanto depois de tantos anos de
desmatamento na Mata Atlântica, restam apenas alguns pequenos fragmentos, em
propriedades privadas (FONSECA 1985, JORGE & GARCIA 1997).
Um importante fato para fragmentação é também a urbanização em domínio
de Mata Atlântica, onde atualmente, aproximadamente, 61% da população brasileira
residem, o que com base no senso do IBGE de 2010, significa 112 milhões de
habitantes em áreas de Mata Atlântica, em 3.284 municípios (www.sosma.org.br,
2013).
8

Figura 1: Mapa demonstrando o nível de degradação da Mata Atlântica no Brasil, mostrando os


remanescentes florestais (Fonte: http://mapas.sosma.org.br)

Segundo Zaú (1998), a fragmentação da Mata Atlântica, torna cada vez mais
difícil a conversação da rica biodiversidade deste bioma. As modificações dos habitats
conferiram a estas áreas, diferentes níveis de subdivisões dos fragmentos, disposição
destes no espaço, forma, graus de isolamento, conectividade e tipos de entorno
(SAUNDERS et al. 1991). A Mata Atlântica se encontra subdividida em pequenos
fragmentos e sua estrutura interfere na dinâmica dos fluxos biológicos, alterando o
equilíbrio dinâmico, as taxas de crescimento e perda populacional, e as possibilidades
de fluxo populacional, influenciando diretamente a composição e diversidade
(ALMEIDA et al, 2010). É publicamente sabido, que existem formações que se
assemelham a fragmentos, porem são classificadas como manchas de florestas. Tais
manchas, ao contrário de fragmentos, são de origem natural oriundo do crescimento
florestal e dispersão de sementes, enquanto o termo fragmento está amplamente
relacionado a distúrbios na mata, que acabam por criar pequenas parcelas da mesma,
e são assim o que pode ser chamado de fragmentos. Manchas também podem ser
definidas como uma superfície linear, que possui uma aparência diferente, quando
9

comparado vizinhança local. Podendo ser de diferentes origens como manchas


efêmeras, que são concentrações sazonais de espécies vegetais, até manchas de
perturbação que tem como origem da perturbação: queimadas, deslizamentos
(TURNER & GARDNER, 1991 apud CASIMIRO, 2000).
Segundo a Organização de Conservação da Terra (OCT, 2013), a APA do
Pratigi possui grandes remanescentes florestais, que possuem elevado valor de
conservação, que mesmo contando com importantes áreas florestais, os fragmentos
encontram-se sobre forte ameaça de degradação. A grande diversidade das espécies
de aves, mamíferos, répteis, anfíbios e de invertebrados, contrastando com a alta
pressão antrópica, justificam a inserção da APA do Pratigi entre as áreas de maior
prioridade para a conservação da biodiversidade do Corredor Central da Mata
Atlântica (OCT, 2013). Ainda segundo a OCT (2013) a região da APA é dividida em
três ecopolos: I, II e III (Figura 2), sendo essa uma divisão oficial da organização.
Sendo o Ecopolo I caracterizado por cordilheiras, que é o berço das águas da região,
sendo a região das terras altas da Serra da Papuã. Já o Ecopolo II é caracterizado
por vales, que são férteis e produtivos, sendo a paisagem composta por sistemas
agroflorestais e significativas áreas florestais ainda conservadas, que permitem a
existência de corredores ecológicos. Por fim o Ecopolo III, que é caracterizado por
uma região estuarina, ali se encontra um dos mais extensos remanescentes florestais
contínuos do estado, predominando restingas e manguezais.
O Ecopolo usado para este trabalho foi o Ecopolo III, nas proximidades da
comunidade quilombola do Jatimane. Segundo a OCT (2013), tal Ecopolo pode ser
caracterizado, além do já relatado anteriormente, por possuir 15.300 hectares de
matas contínuas essas em diferentes estágios sucessionais. Como relatado
predominam estuários com restingas e mangues, perto da planície costeira local. E é
exatamente na zona transicional entre a floresta ombrófila para o manguezal, que
vivem comunidades tradicionais, como os quilombolas, logo nosso trabalho foi
realizada na mata de restinga presente nessa zona transicional citada.
10

Figura 2: Áreas da APA do Pratigi –BA, que caracterizam as regiões nomeadas como Ecopolos
(Fonte: htt://www.oct.org.br/wp/onde-trabalhamos)

2- OBJETIVOS

Este estudo teve como objetivo analisar a dispersão de Euglossina entre


manchas de florestais em área de restinga na APA do Pratigi, Baixo Sul da Bahia e
identificar a composição e riqueza de espécies desse grupo com ocorrência no local.
Buscamos também confirmar a hipótese construída através de nossos estudos
teóricos: existe um fluxo entre as manchas de restinga da região, o que permite um
fluxo genético constante entre as mesmas, afetando positivamente a riqueza das
abelhas na região estudada.

3- MATERIAIS E MÉTODOS

3.1- ÁREA DE ESTUDO

Este estudo foi realizado na APA do Pratigi, localizada no Baixo Sul da Bahia
(Figura 3). A Área de Proteção Ambiental (APA) foi criada através do Decreto Estadual
nº7.272 de abril de 1998, com área de 48.762 hectares e abrangendo os municípios
11

de Nilo Peçanha e Ituberá, sendo delimitado a norte pelo rio dos Patos, a sul pelo
canal de Pinaré da Bacia de Camamu, a leste pelo Oceano Atlântico e Oeste pela BA-
001. Em outubro de 2001 foi adicionado, através do Decreto Estadual nº 8.036, cerca
de 36.940 hectares, com isso passou a ter uma área total de 85.686, englobando
dessa vez os municípios Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna, Piraí do Norte e
Ibirapitanga. (INEMA, 2004).
A área está inserida em zona de Clima Tropical com temperaturas e
pluviosidade elevadas, influenciados pela localização litorânea e maiores altitude a
oeste da APA, dividindo-se em duas faixas climáticas que se distribuem
paralelamente, Tropical chuvoso de floresta (Af) e Tropical de monção (Am) segundo
a classificação de Köppen.
Quanto às características climatológicas, a área possui temperatura média de
25°C com máxima chegando a 31°C e mínima de 21,5°C. O índice pluviométrico do
litoral no ano mais seco chega a 1.901 mm e no ano mais chuvoso 3.222 mm mensais.
A precipitação média anual é superior a 2.400 mm com período chuvoso
correspondente aos meses de maio a junho e outubro a dezembro, não há mês seco
pronunciado, entretanto o mês de setembro apresenta o índice pluviométrico mais
baixo do ano (SEI, 1999; BAHIA, 1996; AGIRÁS 2009).

Figura 3: Mapa da área da APA do Pratigi, Baixo Sul da Bahia, sendo identificadas as cidades
que ficam no inseridas na região da mesma. (Fonte: htt://www.oct.org.br/wp/onde-trabalhamos)
12

3.2- COLETAS

3.2.1- Dispersão das abelhas Euglossina

Para verificar a dispersão das abelhas Euglossina entre as manchas florestais


na Apa do Pratigi, Baixo Sul da Bahia procedeu-se o método de captura-marcação-
recaptura das abelhas em manchas de Mata Atlântica em área de restinga na APA do
Pratigi, nas proximidades da comunidade do Jatimane, onde se estabeleceu três
manchas para coleta, tanto de forma ativa quanto de forma passiva, esses pontos
foram nomeados: Mancha 1, Mancha 2, Mancha 3 (Tabela 1).
Para as coletas feitas de forma ativa, foram utilizadas redes entomológicas,
para captura das Euglossina, e iscas aromáticas (algodão com fragrância) para
atração das mesmas. Para as coletas realizadas de forma passiva foram acomodadas
armadilhas, essas foram feitas a partir de garrafas pets, com uma isca aromática no
seu interior, e contando com um conjunto de três cones, feitos a partir de gargalos de
garrafas pets, que distam 120º um dos outros e que possibilitem a entrada das
abelhas, porém evitando que as mesmas saiam como sugerem Aguiar & Gaglianone
(2008) (Figura 4).

Figura 4: Modelo de armadilha passiva utilizada nos estudos de dispersão e riqueza para as
manchas florestais de área de restinga da APA do Pratigi
13

Para cada uma dessas manchas selecionadas foram estabelecidos três pontos
para coleta do tipo passiva, e um quarto ponto destinado à coleta ativa. As
coordenadas geográficas dos pontos amostrados foram anotadas, com auxílio de um
GPS (Tabela 1).

Tabela 1 – Coordenadas geográficas da localização onde foram realizadas as coletas ativas e passivas
dos indivíduos nas manchas, destinados ao estudo de dispersão

Manchas Ativa Passiva 1 Passiva 2 Passiva 3

13⁰42'12.3"S 13⁰42'14,4"S 13⁰42'12.2"S 13⁰42'10.3"S


1
39⁰01'04.6"W 39⁰01'07.3W 39⁰01'06"W 39⁰01'06.6"W

13⁰43'06.5"S 13⁰42'54.8"S 13⁰42'57.6"S 13⁰43'02.3"S


2
39⁰01'15.4"W 39⁰01'12"W 39⁰01'14.2"W 39⁰01'14.8"W

13⁰42'44"S 13⁰42'27"S 13⁰42'26.5"S 13⁰42'34.2"S


3
38⁰59'57.3"W 38⁰59'48.2"W 38⁰59'50.1"W 38⁰59'55.1"W

A captura para marcação e recaptura das abelhas foi realizada durante o mês
outubro de 2013. Em cada um dos pontos de coleta ativa foi utilizado um conjunto de
três iscas, sendo as fragrâncias utilizadas eucaliptol, β-ionona e cinamato de metila,
essas fragrâncias foram escolhidas por apresentarem maior potencial de captura
dessas abelhas na área estuda (Medeiros, R.L. comunicação pessoal), cada uma das
iscas foi fixada por barbante em um galho que estivesse a uma distância de
aproximadamente 1.5 m do chão.
Para a marcação das abelhas capturadas, foram utilizadas canetas Uni paint
Marker PX-21. Na Mancha 1 as abelhas foram marcadas com canetas de cor Laranja
e Azul, na Mancha 2 com canetas Amarela e Marrom e na mancha 3 com canetas
Verde e Roxa. As abelhas capturas foram devidamente marcadas no tórax e soltas,
sendo anotada a quantidade de capturas para posterior análise. Apenas as abelhas
que foram capturas de forma ativa, passaram pelo processo onde primeiramente eram
marcada e posteriormente soltas, para futura recaptura. Para exercer esse
procedimento, cada mancha contava com uma dupla de coletores, devidamente
treinados e habilitados para exercer o trabalho. Esse procedimento foi realizado a
14

partir das 8 horas, terminando às 15 horas, totalizando 48 horas de amostragem de


captura-marcação.
Para as coletas realizadas de forma passiva, foram colocados conjuntos com
três armadilhas em cada um dos pontos, cada conjunto contendo as fragrâncias
citadas anteriormente, também posicionadas em galhos que estivessem a uma
distância de aproximadamente 1.5 m do solo.
As armadilhas foram colocadas sempre no início das atividades de campo, e
retiradas no final, por volta das 16 horas. Ao fim de cada dia de campo, as abelhas
que tinham sido coletadas, foram sacrificadas em câmaras mortíferas (frascos
contendo acetato) e posteriormente colocadas em frascos, sendo cada frasco
identificado com o ponto da coleta, bem como o tipo de fragrância que continha a
armadilha. Os dados coletados passivamente serviram como esforço de recaptura das
abelhas marcadas.

3.2.2- Análise da composição e riqueza de Euglossina em manchas florestais

Para o estudo de composição e riqueza de Euglossina foram utilizados os


mesmo pontos citados anteriormente (Tabela 1), com duas atividades de coleta. A
primeira, em novembro de 2012, onde além dos três pontos citados, foram
implantadas armadilhas também num quarto ponto (Mancha 4), que possui
coordenadas: 13º43’15” S e 39º01’15” W, sendo utilizadas além das iscas citadas
anteriormente, Vanilina e Salicilato de Metila. Por sua vez, a segunda coleta ocorreu
em outubro de 2013. Com isso foram totalizadas, aproximadamente, 72 horas de
amostragem de forma passiva para a coleta de novembro de 2012, e 144 horas para
o mesmo tipo de amostragem nas as coletas de 2013. Os dados utilizados foram os
adquiridos através da captura de forma passiva, conforme descrito anteriormente. Os
indivíduos coletados foram acomodados em fracos mortíferos contendo acetato,
posteriormente montados, etiquetados, secos em estufa de circulação a 40ºC por 48h
e identificados em laboratório por meio de chaves taxonômicas e comparação à
coleção de referência.
15

3.3- ANÁLISE DE DADOS

Para análise da diversidade de espécies da região, foi utilizado o índice de


Shannon-Wiener (H’). Tal índice representa a diversidade dentro de uma população
amostrada aleatoriamente, na impossibilidade de obter-se toda população para o
cálculo utiliza-se a formula H’ = -∑(pi)(log2pi), sendo H’ = índice de Shannon-Wiener,
pi = proporção de indivíduos encontrados de determinada espécie e log2pi = logaritmo
na base 2 de pi (MAGURRAN, 2003)
Por sua vez para o cálculo de dominância das espécies foi utilizado o índice de
Berger-Parker que permite relacionar o número de indivíduos encontrados por espécie
e o número total de indivíduos encontrados, fazendo com isso uma estimativa de
existência de dominância de alguma das espécies sobre a comunidade amostrada, tal
relação é feita através da equação d= Nmax/Ntotal, onde Nmax é o número de
indivíduos da espécie mais abundante e sendo Ntotal o número total de indivíduos
amostrados.
Também foi calculado a equitabilidade J da distribuição da abundância das
espécies, que é a diversidade comparada em termos gerais, onde se pode estimar se
as espécies relatadas para a região, nesse caso para os pontos amostrados, estão
em equilíbrio de abundancia ou não. Para encontrar-se a equitabilidade J usa-se a
formula de Pielou (MAGURRAN, 2003) J’ = H’ /log2S, onde J’ é o índice de
uniformidade de Pielou, H’ é o índice de diversidade de Shannon-Wiener e log2S o
logaritmo na base 2 da riqueza.

4- RESULTADOS

Para o estudo de dispersão foram coletados um total de 194 indivíduos.


Desses, 55 oriundos de coleta ativa sendo, portanto marcados e soltos, os outros 139
capturados de forma passiva, que foram sacrificados e acomodados em fracos
devidamente identificados. A tabela 2 mostra a quantidade de indivíduos que foram
marcados e recapturados durante o estudo.
16

Tabela 2: Indivíduos marcados e recapturados, bem como cores utilizadas para marcação, durante
coleta ativa para verificação da sua dispersão
Marcados Recapturados
Mancha Cor
1º dia 2º dia 1º dia 2º dia
1 Laranja/Azul 4 7 - -
2 Amarelo/Marrom 9 6 - 1
3 Verde/Roxo 6 23 - -

O indivíduo recapturado com a marcação foi identificado como Euglossa


cordata. Este foi marcado na Mancha 2, uma vez que apresenta marca marrom em
seu tórax, e foi recapturado na Mancha 3. Com isso estima-se que ele percorreu
2.6km, distância que separa os dois fragmentos em questão. (Figura 5)

Figura 5: Mapa de dispersão de Euglossa cordata recapturada em área de restinga na APA do


Pratigi-BA
17

Utilizando tal distância como um raio de circunferência para capacidade de voo


pode-se obter, através de sucessivas estimativas de voo, qual seria a capacidade de
alcance de um indivíduo, quando voando em condições semelhantes às presentes na
área de estudo, com isso foi estimado por meio de Buffer a potencial dispersão entre
as manchas florestais (Figura 6).

Figura 6: Simulação de dispersão de Euglossa cordata, levando em consideração os dados


adquiridos no estudo, entre as manchas florestais na área de restinga da APA do Pratigi-BA

Composição e riqueza de abelhas Euglossina

Foram coletados 237 indivíduos, pertencentes a dois gêneros e nove espécies


(Tabela 3). Sendo a espécie mais abundante Euglossa cordata, representando 67%
dos indivíduos capturados, seguido por Eulaema atleticana Nemésio e El. nigrita,
representando, respectivamente, 12% e 10% dos indivíduos. Já o ponto considerado
de maior abundância foi a Mancha 3, seguido pela Mancha 2, que apresentaram,
respectivamente, 88 e 86 indivíduos. O resultado foi similar quando analisada a
riqueza de espécies das manchas florestais, onde nas manchas 3 e 2 foram coletadas
8 e 7 espécies, respectivamente (Tabela 3).
18

Já para a diversidade expressa através do índice de Shannon-Wiener (H’), os


pontos 1 e 3, respectivamente, são os que apresentam, dentro das amostras, o maior
nível de diversidade de espécies, com 1,13 e 1,22 (Tabela 3). Para o índice de
Dominância de Berger-Parker, a Mancha 4 apresenta a maior dominância relativa (D
= 0.79), seguido pelas Manchas 2, 3 e 1 (0.69; 0.67 e 0.59) (Tabela 3).
A equitabilidade J para as machas amostradas, a análise feita nos mostrou que
a Mancha 1 é o que apresenta maior equilíbrio de abundância entre as espécies (J =
0.70), seguido pelos demais pontos, havendo assim uma predominância na
abundância de alguma espécie, em detrimento das demais (Tabela 3).

Tabela 3: Dados de composição, abundância, riqueza, diversidade e dominância para abelhas


coletas de forma passiva em manchas florestais de área de restinga da APA do Pratigi. As siglas
representam: E= eucaliptol, B= β-ionona, C=Cinamato de metila, S=Salicilato de metila e V=Vanilina.
Mancha 1 Mancha 2 Mancha 3 Mancha 4* Total Iscas
Euglossa cordata (Linnaeus) 29 59 59 11 158 E+B+C
Eg. despecta Dressler 0 1 0 1 2 B
Eg. ignita Smith 2 0 4 0 6 E+C+S
Eg. liopoda Dressler 1 1 1 0 3 E
Eg. securigera Dressler 0 1 3 1 5 E+B+S
Eg. viridis (Perty) 0 0 3 0 3 B
Eulaema atleticana Nemésio 8 15 6 0 29 E+B+C+S
El. nigrita Lepeletier 9 5 9 1 24 E+V
El. niveofascinata (Friese) 0 4 3 0 7 S+V
Abundância 49 86 88 14 237
Riqueza 5 7 8 4 9
Diversidade Shannon_H’ 1,13 1,03 1,2 0,76 1,19
Dominância Berger-Parker 0,59 0,69 0,67 0,79 0,67
Equitabilidade_J 0,70 0,53 0,59 0,54 0,54
* amostrada apenas em novembro de
2012
19

5- DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos para estudo de dispersão, foi observado que


Euglossa cordata foi capaz de voar 2.6km, esse resultado elucida sobre a distância
que essa espécie pode dispersar em ambientes fragmentados. Esse resultado, assim
como o de Tonhasca et al. (2003), demonstra que áreas não arborizadas, ou
descontinuas de mata, não impedem que as abelhas Euglossina movimentem-se
entre fragmentos, ou manchas. Com a ideia de buffer aqui proposta, podemos afirmar
que apesar de distanciadas, as manchas que ocorrem na região de restinga da APA
do Pratigi, permanecem com possibilidade de fluxo dessas abelhas, contudo esse
dado deve ser avaliado com cautela, uma vez que Eg. cordata é uma espécie indicada
como tolerante a ambientes secos e ou alterados, sendo bastante comum em
ambientes urbanos (BEZERRA & MARTINS 2001), em áreas de Caatinga, Cerrado
(ALVARENGA et al. 2007) e em diferentes matrizes da paisagem (MILLET-PINHEIRO
& SCHLINWEIN 2005) e dominantes em pequenos fragmentos de Mata Atlântica
(AGUIAR & GAGLIANONE 2012).
Ainda com a possibilidade de estabelecer um buffer, a partir da dispersão de
2.6km encontrada, pode-se estimar qual o máximo alcance dessa espécie. Com isso
torna-se possível uma análise do grau de influência que uma mancha exerce sobre
outra, e a possibilidade de que haja fluxo gênico entre elas, esse fluxo sendo tanto de
Euglossina quanto das espécies vegetais que são polinizadas por elas (JANZEN,
1971). Com base nisso, podemos julgar quais manchas possuem um maior grau
isolamento, e portando quais são mais suscetíveis a processos de diferenciação
genética.
Apesar de só ter havido a recaptura de um exemplar de Euglossa cordata foram
observadas a dispersão entre regiões distintas de outras espécies de Euglossina em
diferentes regiões da Mata Atlântica (TONHASCA et al., 2003). Tais dados ainda estão
de acordo com a ideia apresentada pelo estudo com radiometria de Wilkelski et al.
(2010), onde foi possível observar dispersão de Euglossina através de áreas não
arborizadas, como lagos. Entretanto se comparado ao resultado obtido por Wilkelski
(op. cit.) podemos observar uma maior distância percorrida pela Eg. cordata que
recapturamos, possivelmente tal diferença está relacionada a capacidade maior de
voo dessa espécie, em comparação a Exaerete frontalis (Guérin-Méneville).
20

Ainda sobre a dispersão podemos especular provavelmente a presença de


manchas intermediárias, entre o ponto de marcação e recaptura, foi um fator que
auxiliou para que houvesse a dispersão entre as manchas 2 e 3.

Composição e riqueza de euglossina

Os resultados obtidos neste estudo para composição e riqueza de abelhas


Euglossina em manchas florestais em áreas de restinga na APA do Pratigi, revelam
diferenças ao observado por Medeiros, R.L, (informação pessoal) em área florestal de
15000ha nas proximidades onde o estudo foi desenvolvido. Nessa ocasião Medeiros
(op. cit) registrou 14 espécies de Euglossina, riqueza superior à registrada nesse
estudo (nove espécies). No entanto, os resultados obtidos nas manchas florestais
revelam a presença de Euglossa viridis, espécie não amostrada por Medeiros (op.cit)
na região, demonstrando a importância dessas manchas florestais para manutenção
diversidade de Euglossina na região.
Dentre as espécies amostradas, Euglossa cordata e Eulaema nigrita, foram
comuns a todos os pontos, o que assemelha ao observado por Ramalho et al. (2013),
na Reserva da Michelin, região próxima à área de estudo.
O padrão de distribuição de abundância observado neste estudo é semelhante
aos padrões descritos por outros autores em diferentes áreas de Mata Atlântica, com
poucas espécies muito abundantes e a maioria das espécies representadas por
poucos indivíduos (REBÊLO & GARÓFALO, 1997; SOFIA ET AL. 2004, AGUIAR &
GAGLIANONE 2008, RAMALHO ET AL. 2009).
Entre as machas florestais estudadas o índice de diversidade de Shannon, que
demonstrou pouca variação, ao menos para os pontos 1, 2 e 3 (H’ = 1,13; 1,03 e 1,2
respectivamente), ficando entretanto o ponto 4 (H’ = 0,755) um pouco aquém da
diversidade apresentada nas demais áreas, vale ressaltar que esse ponto só foi
amostrado no ano de 2012, portanto o esforço de amostragem foi consideravelmente
inferior ao realizado nas demais áreas.
O índice de Equitabilidade J demonstra que há uma diferença entre a
distribuição de abundância de espécies, sendo tal diferença menor na Mancha 1 (J =
0.7006). Sobre os índices encontrados, a dominância de Berger-Parker, foi superior
na Mancha 4 (D = 0,79) seguido pelos pontos 2, 3 e 1 (D = 0,69; 0,67 e 0,59
respectivamente). Com base nos dados coletados, a espécie que exerce tal
21

dominância sobre as demais nesses pontos, é Euglossa cordata. A dominância dessa


espécie é comum em diversos ambientes, fato associado a plasticidade dessa
espécie, uma vez que que comumente descrita como tolerantes a condições adversas
do ambiente, como o observado em áreas abertas e/ou perturbadas (PERUQUETTI
et al. 1999, RAMALHO et al. 2009). Levando em consideração os dados desse
trabalho, sugere-se que a Mata Atlântica nas proximidades do Jatimane apresenta
comunidade de Euglossina com uniformidade que revela a igualdade na distribuição
da comunidade dessas abelhas, ou seja, ainda é possível que haja transito genético
entre os diversos pontos de mata, evitando assim o isolamento. Reflexo disso é o fato
de conseguirmos recapturar um exemplar de Euglossa cordata, a uma distância de
2.6km do local em que havia sido marcada, sem haver entretanto uma mata contínua.
Apesar disso, vale ressaltar que essas condições ainda não são as ótimas para
que haja fluxo genético e conservação da diversidade, é interessante que haja uma
reestruturação da mata, para que esse fluxo genético possa ser otimizado e assim
não haja prejuízo na diversidade e abundância de espécies locais.
Com os dados adquiridos no presente trabalho, fica evidente a necessidade de
novos estudos na área, para que se possa mensurar a capacidade de dispersão das
demais espécies encontradas na área de restinga, a fim de se obter ter uma ideia do
nível de isolamento das demais manchas florestais existentes na região, bem como
de se saber a necessidade de implantação de possíveis corredores de mata, evitando
assim a perda do fluxo genético. Além disso, também é de bastante interessante
continuar a analisar a riqueza, dominância e variedade dos fragmentos, para que
possamos melhor conhecer as espécies existentes na região, para que haja um
planejamento melhor visando a preservação da área.
22

6- REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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