Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Objeções à teologia
É muito comum ouvirmos pessoas dizerem que a igreja necessita de vida e não de
teologia, que a teologia faz esfriar a fé ou ainda que teologia é coisa de homens, não de
Deus. E para fundamentar seus conceitos, via de regra, utilizam textos bíblicos fora de seu
contexto, defendendo pontos de vista contrários às Sagradas Escrituras. Alguns textos
usados pelos opositores da teologia são II Coríntios 3.4-6 e I João 2.27.
Conquanto, tais textos sejam utilizados como argumento antiteológico, uma rápida
análise nos mostrará que não servem para este mister. No primeiro texto, o apóstolo Paulo
procura mostrar aos Coríntios, algo semelhante ao ensinado por Tiago, ou seja, que eles
devem ser mais que meros ouvintes, precisam ser praticantes da Palavra que dá vida.
Neste sentido, Calvino (2008, pág. 91) afirma que “o significado desta passagem é que, se
a Palavra de Deus é pronunciada meramente com a boca, ela é a causa de morte,
porquanto ela é geradora de vida somente quando recebida no coração”. No segundo texto,
João está falando contra os falsos mestres e contra o gnosticismo que ensinava a salvação,
mediante um “conhecimento superior”, adquirido por meio da filosofia e ao qual alguns
estariam aderindo. O sentido de “não tendes necessidade de que alguém vos ensine”, neste
texto, já havia sido explicado por João no verso 21 e diz respeito ao conhecimento da
verdade do Evangelho, na pessoa de Cristo (comp. Gálatas 1.6-9).
1
visto que a teologia está a serviço do Reino e não contra ele. E como esclarece o Dr. Alister
McGrath (2008, pág. 32),
A teologia não é — e não foi feita para ser — substituta das Escrituras. Em vez
disso, trata-se de auxílio para aprender sobre elas. Como um par de lentes, põe
foco no texto das Escrituras, permitindo que atentemos para o que talvez passasse
despercebido. A doutrina está sempre subordinada às Escrituras; é sempre sua
serva, nunca mestra.
Importância da Teologia
2
Perceba que a fonte da teologia é a revelação que Deus fez de si mesmo. Primeiro,
na criação (revelação geral); depois, na Sagrada Escritura (revelação especial). E como
afirmou João Calvino, ao tratar do conhecimento de Deus em sua obra magna, “As
Institutas” (CALVINO 1985, vol.1, pág. 51): “seu conhecimento nos deve valer, em primeiro
lugar, que nos induza ao temor e à reverência; segundo, tendo-o por guia e mestre,
aprendamos a buscar Nele todo o bem e, em recebendo-o, a ele tudo creditar”.
Embora defendamos que todo cristão precisa e deve estudar teologia para o bem de
sua própria alma e edificação do corpo místico de Cristo (a igreja), não podemos ser levados
pela ingenuidade, acreditando que toda teologia é boa; que tudo o que se diz a respeito de
Deus e de sua Palavra está correto ou ainda que a interpretação da verdade escriturística
depende da óptica daquele que a estuda. A razão disto, é que há, em nossos dias, uma
crescente defesa da tolerância religiosa e da liberdade do pensamento alheio. E o
argumento mormente usado, pelos defensores da tolerância é que “cada religião tem sua
própria verdade” e esta deve ser respeitada. Não obstante, como corretamente observa o
Dr. D. A. Carson (CARSON, 2013, pág. 13),
Todavia, estes não são os únicos problemas que encontramos. Cada dia mais
pessoas adotam um perfil humanista e antropocêntrico em seus conceitos teológicos e
como resultado, desenvolvem teologias raquíticas e deficientes, pois a força motriz de suas
elucubrações é homem e suas necessidades. Dessa forma, perdem o foco e as Sagradas
Escrituras deixam de ser a fonte geradora da teologia, para ser apenas um mero detalhe
no universo da divagação humana. Exemplo disso, são as malfadadas Teologia liberal,
Teologia da libertação, Teologia feminista, Teologia da missão integral, etc.
Diante disto, é preciso filtrarmos os conceitos teológicos que se nos apresentam, tal
qual fizeram os reformadores do século XVI, cuja teologia perdura até os nossos dias, com
3
real firmeza bíblico-doutrinária e cujas ponderações ficaram consubstanciadas no que
denominamos de Teologia Reformada.
Teologia Reformada
O Dr. Hermisten Maia (MAIA, 2007, pág. 9), salienta que a teologia reformada “diz
respeito à "teologia oriunda da Reforma (calvinista) em distinção à luterana. O designativo
‘reformada’ é preferível ao ‘calvinista’, ainda que o empreguemos indistintamente,
considerando o fato de que a teologia reformada não provém estritamente de Calvino”. Isto
é importante, dado o fato de que muitos servos de Deus contribuíram para o avanço da
Reforma Protestante. Dentre eles, destacam-se Martinho Lutero, Philip Melanchthon, Ulrico
Zwinglio, Martin Bucer, Guilherme Farel, Teodoro de Beza e John Knox.
Com o passar do tempo, a igreja cristã passou por várias transformações, tanto em
seu sistema doutrinário quanto litúrgico e, ainda em sua forma de governo. Com tantas
mudanças, benéficas, diga-se de passagem, fez-se necessária a elaboração de Credos,
Confissões de Fé e Catecismos, que distinguissem os mais diversos grupos de cristãos
protestantes, além de estabelecerem por meio de tais materiais, conceitos bíblico-
teológicos que ajudassem o povo de Deus no estabelecimento e/ou desenvolvimento de
seus fundamentos doutrinários. A isto deu-se a nomenclatura de Teologia Confessional.
Teologia Confessional
4
Números 15.37-41, os quais eram repetidos três vezes ao dia, sendo usados na liturgia das
sinagogas. Tais declarações constituíam o credo judeu. Outra confissão de fé de grande
valor está registrada em Mateus 16.16: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
5
ameaçavam a paz da igreja. Não obstante, grande parte da Teologia Confessional adotada,
sobretudo, pelas igrejas reformadas, foi elaborada entre os séculos XVI e XII, como
esclarece o Dr. Hermisten Maia (2007, pág. 10):
Os séculos IV e V foram para a elaboração dos credos o que os séculos XVI e XVII
foram para a feitura das confissões e dos catecismos. A razão parece evidente: na
Reforma, as igrejas logo sentiram a necessidade de formalizar a fé, apresentando
sua interpretação sobre diversos assuntos que a distinguiam da Igreja Romana.
Com o tempo, surgem outras denominações, que discordavam entre si sobre alguns
pontos, o que gerou a necessidade de estabelecer princípios doutrinários próprios.
Assim, a teologia confessional é de inestimável valor para igreja cristã hodierna, visto
reproduzir sistemática e fielmente os ensinamentos e preceitos estabelecidos nas Sagradas
Escrituras. Logo, como herdeiros da Reforma Protestante do século XVI, subscrevemos os
documentos de cunho doutrinário-teológico, elaborados sob intensa oração e estudo das
Santas Escrituras, os quais nos auxiliam na exposição e defesa da verdade. De forma mais
especifica, subscrevemos os documentos confessionais concebidos na Assembleia de
Westminster (1643 a 1649): Confissão de fé, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo; os
quais adotamos como símbolos da nossa fé.
Símbolos de Fé
Desde muito cedo o ser humano usa elementos naturais e/ou artificiais para
comunicar seus sentimentos, vontades e crenças, ou seja, usa símbolos que representam
o que precisa, o que sente e o que crê. Isto porquê, um símbolo aponta para algo que vai
além de seu valor intrínseco, volta os olhos para algo por ele representado. Foi dessa forma
que os cristãos da Igreja Primitiva, no afã de ocultar-se de seus perseguidores, utilizaram
o acróstico grego ΙΧΘΥΣ (peixe). Cada letra apontava para uma palavra grega, formando a
seguinte frase: Jesus Cristo, Deus Filho, Salvador.
Ι (Ἰησοῦς) – Jesus
Χ (Χριστός) – Cristo
θ (θεός) – Deus
Υ (Υἱός) – Filho
Σ (Σωτήρ) – Salvador
6
Como afirmamos anteriormente, como herdeiros da Reforma adotamos os
documentos elaborados na Assembleia de Westminster como nossos “Símbolos de fé”, os
quais refletem nossa teologia confessional. Tais símbolos de fé, foram elaborados na
mesma época e são de imenso valor e de inestimável importância para a igreja em todos
os tempos. Entretanto, tal valor não lhes é intrínseco, senão derivado da própria Escritura
Sagrada, a qual representam. Destarte, como bem expressou o Dr. Alderi Souza de Matos,
historiador da IPB:
Teologia Prática
Uma questão importante a ser considerada é como a teologia pode ser aplicada na
vida diária, pois não há sentido em se aprender ou fazer teologia se esta não influenciar de
forma prática a vida daquele que com ela se envolve. Quanto a isto, alguém afirmou com
sabedoria que “vida cristã é teologia posta em prática”.
Visando facilitar seu estudo, bem como sua aplicação na vida prática, estudiosos
subdividiram a teologia em áreas específicas e cada uma delas apresenta verdades que
transpõem os limites das conjecturas humanas, transformando teorias em vivência cristã.
Assim temos Bibliologia, Teontologia, Soteriologia, Hamartiologia, Cristologia, Eclesiologia,
Escatologia, etc.
1
https://cpaj.mackenzie.br/historiadaigreja/pagina.php?id=191
7
servos de Deus, confiança e amor pela Sagrada Escritura, visto a mesma não proceder de
homens, mas do próprio Deus.
Ao estudar Escatologia, o servo de Deus tem seus olhos abertos para as gloriosas
bênçãos celestiais, as quais Cristo há de dar a todos os que perseverarem até o fim.
Em suma, cada um destes temas e outros que não foram aqui listados, tem seu
impacto não apenas no intelecto, mas também na vida prática de cada eleito. De forma que
ortodoxia sem ortopraxia, não provém de uma boa teologia.
8
BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, Heber Carlos de. O ser de Deus e seus atributos. 2ª Edição. São
Paulo: Cultura Cristã, 2002.
MCGRATH, Alister. Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
RYRIE, Charles Caldwell. Teologia Básica. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.