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A INFLUÊNCIA E A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PARA A SOCIEDADE E

SUAS DIFERENTES CONCEPÇÕES

Regina da Conceição Ribeiro1

Resumo

O objetivo do presente artigo é observar a influência e a


importância do trabalho moderno na sociedade e suas
diferentes concepções históricas. Num panorama onde
abordaremos a desenvolvimento do trabalho que a principio
tinha por objetivo beneficiar o bem estar social. Posteriormente
é apresentada a relação entre capital e trabalho o qual não
busca benefício coletivo, mas individual. O capitalismo aqui
apresentado se subdivide em pesado e leve, este último,
quebrou a perpetuação dos laços entre capital e trabalho
abrindo espaço para a individualidade e flexibilidade, quando
fatores sociais e psicológicos do trabalho acabam refletindo
diretamente nessa relação na contemporaneidade.

Palavras chaves: Trabalho moderno. Capitalismo.


Individualidade. Contemporaneidade.

Abstract

The purpose of this article is to observe the influence and


importance of modern work in society and its different historical
conceptions. In a panorama where we will discuss the
development of the work that the principle was intended to
benefit social welfare. Subsequently, the relation between
capital and labor is presented, which does not seek collective
benefit, but individual benefit. The capitalism presented here is
subdivided into heavy and light, the latter, broke the
perpetuation of the bonds between capital and labor, opening
space for individuality and flexibility, when social and
psychological factors of labor end up directly reflecting this
relation in the contemporaneity.

Keywords: Modern work. Capitalism. Individuality.


Contemporaneity.

1
Estudante Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
I. INTRODUÇÃO

A finalidade desse trabalho é ressaltar, a relação da influência e da importância


do trabalho moderno na sociedade em suas diferentes concepções históricas. O
desenvolvimento do trabalho nos períodos históricos dá-se como forma de satisfazer a
necessidade humana, portanto, tem sua variável conforme as diferentes sociedades. Na
sociedade contemporânea não tem como se falar em desenvolvimento sem abordar o
trabalho, os dois estão intimamente ligados e relacionados à vida cotidiana.
A sociedade tribal foi o primeiro modo de organização social, estas, eram
coletivas e comunitárias, sociedades pequenas que viviam fundamentalmente da exploração
da natureza. Esse tipo de organização social existe até os dias de hoje, podendo acha-las
espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil, a exemplo das tribos indígenas. Essa forma de
organização não desvincula o trabalho das demais esferas da vida; a arte, o lazer, a religião,
a família e o meio ambiente. Nesse contexto, da sociedade tribal, existe uma integração
social, não há sociedade privada, tudo é de todos e tudo é partilhado com todos.
Com a transição da sociedade familiar, exercida pela sociedade tribal, para a
sociedade monogâmica patriarcal, ocorre a formação do estado, a divisão de classes e uma
nova organização do trabalho, dando origem à propriedade privada e a acumulação do
capital. “Ao chegar a certa fase do desenvolvimento econômico, que estava
necessariamente ligada à divisão da sociedade em classes, essa divisão tornou o Estado
uma necessidade” (ENGELS, 2010, p. 180).
No inicio da era da industrialização o trabalho era apresentado como necessário
ao desenvolvimento econômico e bem estar social, após o capitalismo esse ponto de vista
foi alterado, pois o trabalhador e empregador viviam em mútua relação de cumplicidade
onde um dependia do outro, surgindo assim às relações de compra e venda monitoradas de
perto pelo Estado.
Posteriormente, na modernidade essa concepção foi transformada,
representação visível na sociedade, onde cada vez mais surgem desempregados que
compõem o exército de reserva do trabalho, havendo uma desestabilidade no mercado.
Essa desestabilidade gerou a quebra dos laços entre capital e trabalho demonstrando um
quadro de flexibilidade delineando as novas concepções ligadas diretamente a fatores
sociais e psicológicos dos trabalhadores.
Para entendermos a divisão do trabalho na sociedade moderna é preciso,
primeiro, e antes de tudo, entender o processo histórico da transição da sociedade feudal
para a sociedade moderna. Entender a relação de servo e do senhor (donos da terra), na
idade média e do grupo que compunham os comerciantes (os burgueses). Os comerciantes
eram controlados pelo estado que lhes aplicavam excessivos impostos. A igreja católica não
via com bons olhos o propósito da burguesia, que, por serem comerciantes, visavam os
grandes lucros.
No entanto, veremos mais à frente, que de acordo com Weber (2004, p. 151) o
protestantismo pregava a relação entre o trabalho e a prosperidade, e, o trabalho moderno
teve êxito graças à influência da religião “Além disso, a burguesia necessitava monopolizar
as fontes de riqueza, abolindo as velhas prerrogativas dos nobres, entrando na posse da
terra que estes ostentavam, e do poder que também monopolizavam.” (MARX, 1998, p.19).
A dinâmica diferenciada e a prática metodológica do modelo produtivo industrial
na América Latina e especificamente no Brasil é mais tardio. Na Europa esse contexto
aconteceu a partir do século XVII, na América latina em torno de 1.890, já no Brasil, os
trabalhadores se organizaram como sociedade Industrial á partir da década de 30, no
Estado novo de Getúlio Vargas. De acordo com Maria Heminia (1975, p. 50), “a revolução
de 1930 assinala o inicio de um processo de transição que irá progressivamente deslocando
o eixo da economia brasileira do setor agrário exportador para o setor urbano-industrial”.
No Brasil, essa organização sindical surge para se acoplar ao estado. Na França,
por exemplo, o processo sindical surge para enfrentar o estado e é quando começa a luta de
classes. No Brasil, a classe produtiva trabalhadora faz parte do estado, o sindicato surge
pelo principio da autonomia não surge pela luta de classes. Esse mecanismo se dá para que
o governo controle os sindicatos e o trabalhador. Nos sindicatos as discussões giravam
apenas em torno da organização, do ajuste do contrato, das condições do trabalho e do
salário.

II. A VISÃO DOS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES


PELAS QUAIS PASSAVA A SOCIEDADE DE SUAS ÉPOCAS

A segunda metade do século XIX é marcada pela consolidação do modelo


econômico capitalista. Junto a esse processo, alguns pensadores começaram a vislumbrar
sobre as transformações pelas quais passava a sociedade de sua época. Dentre os três
clássicos do pensamento sociológico Emile Durkheim (1858-1917), Karl Marx (1818-1883), e
Max Weber (1864-1920) existem diferenças antagônicas, mas que em algum momento suas
análises e teorias se complementam.
Durkheim (1798-1857) percebeu que em diferentes sociedades havia duas
formas de solidariedade entre os indivíduos, o que ele definiu como sociedade orgânica, que
está relacionada à divisão de funções no processo produtivo, criando uma identidade
funcional nos indivíduos da sociedade moderna e industrial; e sociedade mecânica, que está
presente em sociedades tribais que são sociedades menos complexa relacionada às
crenças, valores e costumes. “A divisão do trabalho produz solidariedade, não apenas
porque ela faz de cada indivíduo um “trocador” é porque ela cria entre os homens todo um
sistema de direitos e deveres que os ligam uns aos outros de maneira duradoura.”
(DURKHEIM, p. 429).
Dessemelhante de Durkheim, a sociologia de Weber enfatiza a “figura do agente
suas ações e o significado dessas ações”, ela é feita de ações sociais praticadas por
indivíduos agindo socialmente, isto é, cada pessoa age levada por motivos racionais,
emotivos, e pela tradição e costumes, portanto de acordo com Weber, o individuo não age
influenciado pela força exterior. Weber faz uma relação entre o trabalho e a religião, ele vai
dizer que o trabalho moderno teve êxito graças à influência da religião principalmente do
protestantismo espalhado na Europa ao longo do século IXX. Onde ele explica, na sua
principal obra, A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo, a tese da teologia da
prosperidade, a qual o trabalho é compreendido como graça divina para o individuo, assim,
alterando a visão religiosa acerca da riqueza.
Uma vez que essa vem do trabalho e vendo o trabalho como uma forma de fulga
do pecado, dessa maneira, de acordo com Weber, o sucesso do capitalismo está ligado à
teologia protestante gerando certa conformidade em relação à situação do trabalho,
impulsionando a produção e o capitalismo. “Como vimos, a ascese se volta com força total
principalmente contra uma coisa: o gozo descontraído da existência e do qual ela tem
oferecer de alegria.” (WEBER, 2004, p. 151).
O método investigativo sociológico de Karl Marx é o materialismo histórico
dialético, para ele, os fenômenos econômicos determinam os outros fenômenos seja na
área cultural, social ou qualquer outro segmento, e o modo de produção alteram e
transformam a sociedade. Para esse teórico, a história da humanidade é a história da luta
de classes, as classes sociais sempre estiveram incessantemente em conflito e mantiveram
uma luta constante, por vezes uma luta velada, noutras, francas e abertas. Luta que termina
sempre com a transformação revolucionária de toda a sociedade ou pelo colapso das
classes em luta.
Esse sociólogo é um critico do modo de produção moderna e capitalista, ele
percebeu que o trabalho nas fábricas geravam duas situações de exploração: a alienação e
a mais valia. Na primeira situação de exploração, a alienação, o trabalhador, só tem acesso
a uma parte do processo de produção, dessa forma, cada trabalhador tendo consciência de
apenas uma parte, nunca terá consciência do todo. Ele desconhece as etapas de produção
e o produto final, dessa forma, nunca estará ao alcance do trabalhador.
Na segunda situação de exploração é o processo de mais valia, Marx atesta
essa tese na sua obra O Capital, ele vai mostrar que os trabalhadores produzem muito mais
do que eles ganham existindo uma significativa diferença entre a produção e a remuneração
dos trabalhadores. “Porém, todos os métodos que ajudam à produção do sobrevalor,
favorecem igualmente a acumulação, e toda a extensão desta necessita por sua vez
daquelas.” (MARX, p. 265).
Marx comprova que os empresários tinham duas maneiras de aumentar a mais
valia, ou seja, esse ganho de capital, uma era aumentar a jornada de trabalho, a outra era
incrementando o processo produtivo com novas tecnologias promovendo a velocidade da
produção.

III. O TRABALHO O CAPITALISMO E A ATUALIDADE SEGUNDO BAUMAN

O crescimento econômico e o bem estar social do trabalhador estavam


intimamente ligados ao trabalho, o qual estes feitos se tornavam possíveis somente por
meio da atividade diária. Entretanto, na atualidade não é essa a realidade que se apresenta.
A nova configuração globalizada oferecida a população acentua cada vez mais a
desigualdade. Onde o homem é visto como mero ser capaz de vender sua força de trabalho,
solidificando o capitalismo imperioso que se aproveita da mão de obra disponível para ser
firmar como potência e oferecendo aos trabalhadores valores aquém do necessário para
seu bem estar, não importando mais o desenvolvimento social de todos, mas apenas de
alguns.
Quando as empresas perceberam que a única forma de prender o trabalhador
ao capitalismo era enraizando os mesmos no ambiente de trabalho, o sistema não mediu
esforços para fixar os trabalhadores cada vez mais às empresas as quais trabalhavam.
Bauman (2001) cita como exemplo Henry Ford, dono de uma das maiores montadoras
automobilísticas do mundo, que no inicio do século XIX resolveu dobrar os salários de seus
funcionários para que os mesmos pudessem comprar os veículos produzidos, entretanto na
realidade o que Henry almejava era prender seus funcionários até que se esgotassem a
força de trabalho disponível dos mesmos.
Henry fez isto em virtude do fluxo descontinuo que existia entre empregados que
entravam e saiam constantemente das empresas, assim ao fixa-los teria lucros maiores
tendo em vista que não gastaria com preparação e treinamento inúmeras vezes. Assim,
jovens aprendizes que entravam no seu primeiro emprego na Ford, lá ficavam durante toda
sua vida profissional útil.
Desta forma, Henry “tinha que torna-los tão dependentes do emprego em sua
fábrica e vendendo seu trabalho a seu dono como ele mesmo dependia de empregá-los e
usar seu trabalho para sua própria riqueza e poder” (BAUMAN, 2001). A este processo deu-
se o nome de capitalismo pesado onde o capital e o trabalho eram fortalecidos pela
mutualidade de sua dependência. E claro, um dependia do outro para subsistir, assim o
capital precisa da mão de obra dos trabalhadores, e os trabalhadores necessitam do
emprego nas fábricas para ter poder de aquisição, esse processo de dependência é atado
pelo poder de compra e venda, supervisionado de perto pelo Estado.
Quem não participava deste ciclo, no caso os desempregados, eram chamados
de “exército reserva de trabalho”, estes deveriam estar prontos, pois a qualquer momento
em que precisassem de sua força de trabalho poderiam ser convocados. Assim, o Estado se
tornou o suporte para subsistência do capital e do trabalho, considerado como Estado de
bem-estar. Essa relação não eternizar-se, e portanto, surge o capitalismo leve, sendo
aquele que suaviza a perpetuação da relação entre capital e trabalho tornando-os estáveis
relativamente.“Flexibilidade’ é o slogan da contemporaneidade, e quando aplicado ao
mercado de trabalho pressagia um fim do ‘emprego como o conhecemos’, anunciando em
seu lugar o advento do trabalho por contratos de curto prazo, ou sem contratos, posições
sem cobertura previdenciária, mas com clausulas ‘até nova ordem’”(BAUMAN, 2001, p. 169).
Assim, a nova configuração da relação capital e trabalho estão permeados de
incertezas e instabilidades. Contudo, essa relação de incertezas não é nova, mas na
atualidade ela apresenta características peculiares, se configurando como individualizadora.
Para Bauman (2001) “Ela divide em vez de unir, e como não há maneira de dizer quem
acordará no próximo dia em qual divisão, a ideia de ‘interesse comum’ fica cada vez mais
nebulosa e perde todo valor prático”.
Essas incertezas da contemporaneidade são feitas para serem vividas na
solidão. O enfraquecimento dos laços acaba firmando o capitalismo leve e flutuante. Esse
desengajamento acaba revelando a autonomia de um dos lados da relação. Assim, em
virtude da desestabilidade o maquinário usado nas grandes empresas na atualidade não
apresenta relevante dificuldade, sendo fáceis de operar.
Em todas as formas de trabalho [...] as pessoas se identificam com tarefas que
as desafiam, tarefas difíceis. Mas nesse lugar de trabalho flexível [...] o maquinário é o único
padrão de ordem, e portanto tem que ser fácil de operar por qualquer um. A dificuldade é
contraprudente num regime flexível (VERNET, 1999, p. 18 apud BAUMAN, 2001, p. 175).
Essa facilidade em manusear máquinas serve para mediar o constante fluxo de
trabalhadores nas empresas, isto revela à procrastinação que se caracteriza pela oposição a
sucessão natural das coisas, sem medo de viver o novo, como peregrinos em busca de
realização, assim se constituem os profissionais que migram de um emprego a outro.
Essa desestabilidade reflete diretamente no psicológico do trabalhador, onde os
laços humanos se desfazem com frequência cada vez maior. No mundo do desemprego
estrutural ninguém pode se sentir verdadeiramente seguro. “[...] não há muitas habilidades e
experiências que, uma vez adquiridas, garantam que o emprego será oferecido e, uma vez
oferecido, será durável” (BAUMAN, 2001). Assim, não existe insubstituíveis, o que tem é
uma realidade instável que a qualquer momento pode resultar na substituição de
funcionários revelando que laços e parcerias podem ser trocados a qualquer momento como
se fossem produtos que foram consumidos.

IV. O HOMEM E O TRABALHO E A SOCIEDADE

Uma das formas do homem se consolidar economicamente e socialmente é por


meio do trabalho. O trabalho engrandece o homem e o torna um ser de valor. É importante
destacar que o homem aqui apresentando não se trata do sexo masculino, mas sim do
gênero inerente a espécie humana. Pessoas que trabalham possuem padrões de vida
conforme o que ganham consequentemente, quem não trabalha passa a ser inferiorizado
pela sociedade.
Assim, o trabalho passa a ser componente necessário para o desenvolvimento
econômico de uma localidade, porém nem sempre o trabalho foi visto como algo valioso,
antigamente o trabalho estava atrelado única e exclusivamente ao castigo imposto aos
servos e escravos. Com o passar do tempo essa concepção foi alterada onde o trabalho não
era mais visto como castigo, mas como ato de dignidade para quem o exercia. Desta
maneira o trabalho passou a ser sinônimo de desenvolvimento, enquanto a ausência do
mesmo denotava “preguiça” ou “comodismo”. Portanto, o trabalho se consolidou na história
“por seu destino e natureza, e não por escolha” (BAUMAN, 2001).
Ao trabalho foram atribuídas inúmeras grandezas que o colocam como fator
determinante na erradicação da pobreza, miséria e consolidação do crescimento econômico.
Sobre isto Bauman (2001) expõe alguns exemplos, como “aumento da riqueza e a
eliminação da miséria; mas subjacente a todos os méritos atribuídos estava sua suposta
contribuição para o estabelecimento da ordem, para o ato histórico de colocar a espécie
humana no comando de seu próprio destino”.
O ser humano somente é capaz de ser dono do seu próprio destino se tiver
meios para isto, no caso estes meios se apresentam como econômico. Quando o homem
assume seus gastos e passa a viver a partir do que produz por meio da força de trabalho,
então adquire controle sobre suas ações. O trabalho é imposto ao ser humano como uma
condição necessária, algo natural, inerente a sua subsistência, onde todos dentro da
sociedade desenvolvem algum tipo de atividade, enquanto aquele que nada faz é visto
como um encosto que está alienado a viver eternamente na privação. Assim,
O trabalho era um esforço coletivo de que cada membro da espécie humana
tinha que participar. O resto não passava de resultado: colocar o trabalho como “condição
natural” dos seres humanos, e estar sem trabalho como anormalidade; denunciar o
afastamento dessa condição natural como causa da pobreza e da miséria, da privação e da
depravação. (BAUMAN, 2001, p. 158).
No ponto de vista de muitos, estas podem ser concepções corretas, entretanto
na sociedade capitalista atual esse modelo de trabalho impregnado no homem como
condição necessária para engrandecimento da sociedade passou a ter uma nova
roupagem,deixando de ser imperioso e passando a receber significação estética, onde os
benefícios coletivos, principalmente econômicos ficaram de lado, e o que importa é a
satisfação pessoal em desenvolver determinada atividade, independente dela engrandecer
ou não. “Raramente se espera que o trabalho ‘enobreça’ os que o fazem, fazendo deles
‘seres humanos melhores’, e raramente alguém é admirado ou elogiado por isso” (BAUMAN,
2001). Assim, o trabalho deixa de ser sinônimo de ético social e passa a ser ético individual.

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ascensão do trabalho ocorreu quando o indivíduo descobriu que o trabalho era


uma fonte para possibilidades de conquistas materiais a razão buscava então utilizar e
explorar essa fonte (trabalho) de modo mais eficiente. No capitalismo pesado, a relação a
“longo prazo” entre o trabalho e a empresa, o capital caminhava atrelado junto ao sistema e
não proporcionava a emancipação do indivíduo. O individuo, subjugado aos desejos e
ordens de outrem só teria a emancipação em longo prazo.
No capitalismo leve, há a nova mentalidade que prega o “curto prazo” e a
flexibilidade de ir e vir gera uma força individualizadora. As partes envolvidas, empresa e
empregado, perseguem seus próprios objetivos e interesses independentes, ou seja, o
indivíduo e a empresa são entes não necessariamente ligados. Os interesses das empresas
e dos indivíduos não ficam claros para nenhuma das partes e assim, para evitar uma futura
frustração, tendem a desconfiar da lealdade em relação a projetos futuros.
Com a passagem da sociedade de produção e do totalitarismo para sociedade
de consumo e da democracia muita coisa mudou nas relações de trabalho, nas relações
humanas dos indivíduos e nas suas ações. Assim também, os métodos de pesquisa
sociológicos vêm sofrendo constantes mudanças ao longo da história. A evolução do
pensamento sociológico revela conceitos e aspectos que ajudam a compreendermos o
mundo em que vivemos e tenta explicar os fenômenos sociais. As sociedades foram
individualizadas e o indivíduo contemporâneo não pensa mais em termos de qual
comunidade, nação, movimento político ou religioso ele pertence. Ele tenta criar sua a
identidade e redefinir o significado e o propósito da vida a partir dos seus próprios desejos.
Existem dois valores essenciais e indispensáveis para uma vida satisfatória e
relativamente feliz, a segurança e a liberdade. Na ausência desses dois valores, o individuo
não consegue ter uma vida digna, pois, segurança sem liberdade é escravidão e liberdade
sem segurança é um completo caos. Abre-se mão da liberdade em favor de maior
segurança e vice-versa, e a incansável busca do individuo pelo equilíbrio desses dois
valores denota certa ambivalência do sujeito ativo, ou seja, do indivíduo.
Bauman (2010) cita em sua obra A Modernidade Liquida, que no pensamento
de Jean Paul Sartre (1905-1980), o homem precisava criar um projeto de vida, Projet de la
vie, e prosseguir atuando no seu objetivo, pondo em prática sem desvios, seguindo passo a
passo, por toda vida até chegar ao proposto ou próximo ao idealizado.
Na contemporaneidade pensar em um planejamento por toda a vida é hipotético,
pois, apesar do indivíduo atual pensar em idealizar a sua vida, o projeto final será sempre
uma incógnita, na atual sociedade não há como o homem “prever ou adivinhar” o seu futuro.
Isso porque hoje, os caminhos são muitos, as oportunidades aparecem à velocidade da luz,
e as prateleiras estão cheias de “objetos para consumo”, inclusive o “produto humano”. As
constantes novas escolhas mudam o rumo da vida do indivíduo contemporâneo por várias
vezes em uma só existência.
O objetivo dos indivíduos da sociedade atual é o consumo. Em nome da
privacidade, da segurança e do bem estar pessoal, o indivíduo contemporâneo justifica a
alienação que o consumo proporciona. Na teoria política da modernidade de Karl Marx(1998)
em sua tese da alienação e o fetichismo da mercadoria, ele explica que, ao invés da
produção estar a serviço do homem é o homem que se encontra dominado pela produção.
Em termos de comparação, o “humano” da sociedade atual tem o mesmo
parâmetro de valores do “produto” da sociedade moderna, hoje, troca-se de família e de
amigos como “ontem” trocava-se de objeto quando apresentavam algum defeito, ou por um
modelo novo e até mesmo por serem muitas as opções no mercado. Segundo Bauman
(2001, p. 72), na sociedade atual, “o ser humano está na prateleira” exposto como um
produto de consumo.
A trajetória das relações de trabalho nos apresenta conceitos que vão desde a
percepção de trabalho inicial, voltada para a convivência natural, onde todos trabalhavam
tendo em vista o desenvolvimento econômico e o bem estar da sociedade. Depois da
inserção do capitalismo essas características foram alteradas, cada vez mais mão de obra
foi inserida nas fábricas o que gerava relação permanente entre capital e trabalho.
Portanto, após a modernidade essa relação foi quebrada, gerando
desestabilidade, onde o trabalhador não se encontra preso às fabricas industriais com
trabalhos de longa duração, mas apresentam liberdade gerada pelos empregos de curto
prazo, confirmada pelos dados crescentes de desempregados que compõem o exercito de
reserva. Assim, a nova configuração social do trabalho demonstra trabalhadores que estão
cientes que não são insubstituíveis e que buscam sempre novas possibilidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Maria Hermínia T. de. Debate e Critica. O Sindicato no Brasil: novos problemas
velhas estruturas. Revista quadrimestral de Ciências Sociais. 1975. –p.50.

BAUMAN, Zigmond. Modernidade Liquida. Capítulo 4- trabalho, Rio de Janeiro: Zahar,


2001.

DURKHEIM, Émile. Da Divisão do Trabalho Social; tradução Eduardo Brandão- 4 ed.- São
Paulo: Martins Fontes, 2010.- p. 429.

ENGELS, F. A. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Ed. Expressão


popular, São Paulo, 2010- p.

MARX, Karl. O Capital; Ed. Condensada; 1 ed.- São Paulo: Edipro. - Ed. 1998. – p.19.

MARX, Karl. O Capital; Ed. Condensada; 1 ed.- São Paulo: Edipro. - Ed. 1998. – p.265.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; Tradução José Marcos


Mariane de Macedo.- São Paulo: Companhia das letras, 2004. –p. 151.

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