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20 TESES SOBRE A "RAISON D'ETAT"

1
Uma guerra civil está acontecendo neste exato momento. Ela tem acontecido há muito
tempo. Ela é invisível e também parte do espetáculo. Se fosse visível para todos, as pessoas
imediatamente tomariam partido. Por outro lado, foi absorvido pelo espetáculo, a guerra civil foi
maquiada e transformada em uma ilusão pelo espetáculo. No último segundo, ela se materializará e
criará a oportunidade da autonomia, pois, à medida que os poderes vigentes continuam a existir, e à
medida que sua vontade de poder é intensificada, a vontade dos que estão subjugados, para
combater o poder, também será intensificada.

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A guerra civil é uma oposição constante entre dois ou mais pontos de partida, dois ou mais
pontos de conflito. Com o passar do tempo, nossa sociedade cria intervalos cada vez maiores entre
esses pontos de partida, até que essas contradições se materializem em conflito imediato. O conflito
é constante, mas o espetáculo faz com que ele não seja aparente.

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O capitalismo é a crise, o Estado é seu mediador. Nós devemos nos questionar. Estamos
sacrificando tudo o que temos para melhorar o estado das nossas vidas ou estamos meramente
melhorando a vida do Estado? Somos acorrentados pela sempre assombrosa ameaça de fome e
tédio. Até que a fome e o tédio se tornem nossas condições regulares, finalmente perderemos nossas
correntes.

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Não há democracia. Nós vivemos em uma oligarquia corporativa. Os ricos ficam mais ricos
porque, como todos os membros da classe patronal, eles exploram o trabalho de outros usando a
justificativa da propriedade privada para gerar lucro. Aqueles no poder, a classe política, são pagos
pela classe patronal para agir em seus interesses. O aparato estatal protege a economia da morte e a
economia da morte mantém a democracia representativa global. Trabalhamos para um patrão e
descansamos para um patrão. Não negocie com os patrões, não negocie com o Estado.

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A guerra civil não é uma extensão da política, mas a própria política em si. É uma forma de
política da morte ou melhor, uma thanato-política. Aqueles com poder escolhem quem morre.
Aqueles com poder dessensibilizam a morte através do racismo institucionalizado. O lado que está
ganhando percebe que existem muitos lados. O lado que está perdendo pensa que não há nenhum.

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Existe uma ideologia que mantém a guerra civil invisível. Essa ideologia já foi subjugada
pela religião organizada, levando à necessidade da religião organizada como justificativa da guerra
civil, mas agora essa ideologia transcendeu a religião. O que nos faz não ver a guerra civil é o que
os franceses chamam de “Raison d'Etat”, ou rasão do Estado. Os fantasmas que assombram nossas
mentes, dando ao Estado uma razão, são os conceitos de naturalidade, uma lógica interna estatal, a
população incorporada na máquina estatal e o conceito de liberdade. A população caiu em
conformismo, mas não por muito tempo. Vamos agora destruir nossos ídolos.

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Naturalidade. Esta palavra envolve uma série de outros conceitos, como ordem, saúde de um
corpo, um longo período de existência e assim por diante. Não é tudo que o humano faz, natural? O
humano não é também parte da natureza? A questão não é se algo é natural ou não, a questão é se
algo é bom para o individuo. Nosso sistema não está quebrado, ele funciona perfeitamente, para os
indivíduos que estão no topo. A única medida do que é bom ou não são seres humanos individuais,
pois não há bem universal. Podemos ter um sistema que é bom para todos, ou bom para a minoria.
Agora pergunte a si mesmo: “Os recém-inventados Estados-nação, são parte de uma tradição
duradoura de realização humana?”, “A organização hierárquica é a única maneira de existirmos?”,
“Para quem é natural haver escravos e mestres?” Dizem que vivemos em um mundo de ordem,
dizemos “que ordem?” Os rios estão entupindo de cadáveres dos pobres, dos famintos, dos sem-
teto, dos suicidas, dos doentes e a lista continua. Todos morrendo nas mãos do capital. Se isso é
ordem, então nos dê anarquia.

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Desejo; é nisso que devemos basear nossos sistemas. Qualquer relacionamento humano é
natural, pois existe na natureza. Devemos ser os criadores do nosso próprio desejo e devemos ser os
realizadores dos nossos próprios desejos. A lógica do gigantesco monstro chamado Estado-Capital é
a produção e o consumo do desejo. Este regime de desejo é altamente centralizado. Como o que é
bom é o que os humanos querem, existe um laço entre o que queremos e o que os outros querem
que a gente queira. O que realmente queremos? O que aumenta nossa potência. Não devemos
basear nossos sistemas de governança no conceito de ser natural, sendo o status quo. Tenho certeza
de que os monarquistas viam seus sistemas como sendo completamente naturais. Precisamos expor
o conceito de naturalidade e demonstrar como os Estados capitalistas não estão trabalhando em
favor da maioria.

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A lógica interna do capital é o lucro, coberto pelas ideias de propriedade privada, trabalho
assalariado e assim por diante, e a lógica interna do Estado é sua existência contínua, coberta pelas
ideias de democracia representativa, separação dos três poderes e assim por diante. Essa lógica
interna cega as pessoas, fazem elas pensar que, ao ver o que cobre o cerne da realidade desses
mecanismos, eles teriam visto a realidade. Eles pensam com os mecanismos e não contra eles. Se os
mecanismos não tivessem seus próprios processos de pensamento, eles já teriam falhado. Lucro em
um mundo finito significa expansão infinita. Isso significa exploração, significa lucro de qualquer
forma. Não importa como você o cobre, a essência do capital é apenas isso.

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Devemos criar nossa própria lógica interna. Essa criação já pode ser feita hoje. Nossa lógica
deve ser de interesse próprio. Nossa lógica é a lógica do desejo. Se o nosso interesse é associar-se
com os outros, que assim seja. Se nossa lógica é de ajuda mútua, autonomia, democracia direta,
ação direta, devemos agir sobre ela. Foda-se seu chefe, assuma o controle de sua vida agora. Não
amanhã, mas hoje. Em nosso mundo completamente fodido, buscar a felicidade é um ato de
revolução. A comunização deve acontecer agora. Então deve haver a propagação da anarquia.

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Mesmo que esses ciclos intermináveis de eleições mostrem que a política institucional não
muda as coisas, as pessoas ainda estão caindo na armadilha do “Estado e da população”. O estado e
a população são um método de criar legitimidade do estado através da ilusão de que a população
participa da moldagem das políticas que controlam nossas vidas. É um truque de mágica perfeito.
Você faz o escravo pensar que eles controlam seus mestres, tornando o escravo passivo. As pessoas
tomam a falsa participação da população dentro do Estado a sério, como se levaria a sério um
reality show. À medida que as pessoas começam a perder a fé no mito do Estado e da população,
começam a eleger o que chamamos de “Strong Man Candidates”. Um eufemismo para fascistas.
Eles se sentem tão alienados, tão impotentes, que uma figura paterna forte é o que os motiva a
acreditar que a ordem perversa sobre a qual falamos anteriormente será restabelecida.

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Nenhuma quantidade de populismo pode realmente abolir o sistema. Em vez de uma
minoria nebulosa representando as pessoas, precisamos que as pessoas ajam por si mesmas. Em
países onde o voto não é obrigatório, é a minoria que elege quem está no poder. Precisamos
construir um sistema para e pela população, respeitando a autonomia de cada indivíduo. Quando
percebemos como o sistema não funciona para nós, então ele perde toda a sua legitimidade. A
criação de assembleias federativas com delegação de informação será o nosso futuro.

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A liberdade é o principal conceito ideológico que o Estado utiliza. Como somos treinados
diariamente, aprendemos que somos livres. E eu concordaria que somos livres, mas o que essa
liberdade implica? Os Estados Unidos realmente vai para outros países e os bombardeiam para
espalhar a liberdade. Liberdade na lógica do Estado, é a capacidade de ter direitos ditados de cima
para baixo; sua liberdade termina onde seus direitos terminam. A questão é, quem cria esses
direitos? É claro que são as elites econômicas e políticas, que têm direitos iguais como eu e você,
mas, na verdade, dentro do regime de direitos, eles têm a capacidade, ou melhor ainda, o direito, de
explorar os outros.

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Nós não queremos a liberdade de cima, nós queremos autonomia de baixo. Autonomia é a
capacidade de se governar. Autonomia significa nem escravos nem mestres. Autonomia é o que a
ideologia projeta como liberdade. É a capacidade de agir e estender a autonomia à potência de
outros projetos autônomos. Autonomia significa controlar a própria vida. Finalmente sendo capaz
de agir em seus próprios desejos em vez de agir exclusivamente ao altruísmo obrigatório
performativo que é forçado sobre a maioria pela minoria econômica.

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Não devemos deixar que a passividade e o pessimismo nos conquistem, isto é quando o
sistema declara sua vitória. Tem havido a criação deste mito do iluminismo de que a paixão é o
oposto do intelecto, quando na realidade a paixão é o oposto da apatia, e o intelecto é na verdade o
oposto da estupidez. Devemos viver da forma mais apaixonada o possível, pois não há nada de
errado com a paixão. Através da paixão, construiremos um novo mundo.

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Nós não devemos esperar pela revolução, devemos começar a tomar de volta o máximo de
nossas vidas no agora. Realisticamente, as revoluções acontecem, mas elas não acontecerão através
do partido de vanguarda que serve apenas para operar golpes de estado e certamente não virá de
uma vanguarda ideológica, já que o monopólio da mídia é muito forte. Os tempos têm mudado,
vivemos na era da insurreição.

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Nós não queremos revoluções, nem queremos reformas. Queremos a insurreição, isto é, a
luta contra o poder, até que não haja mais necessidade de instituições concentradoras de poder.
Essas insurreições vêm de baixo para cima. Para ganhar insurreições, tudo depende das situações
criadas. E eles são tão espontâneos quanto os sistemas mais complexos.

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Em primeiro lugar, devemos lutar contra o vanguardismo. Que se vayan todos! Nós não
queremos um novo governo, queremos recuperar nossas vidas. Em segundo lugar, precisaremos de
comitês como em 1968. Não apenas para a manutenção de ocupações, mas também para
desapropriação e redistribuição de mercadorias, assim, negando seu status prévio como mercadoria.
Tendemos a organizar nossa vida cotidiana de maneira anarquista. Nós não precisamos de um
estado viver. Mas, é natural, necessário até, que alguns tomem iniciativa na formação de tais
assembleias e comitês.

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Todos os dias que passam e a fase neoliberal do capital transita para uma nova fase, a
“raison d'etat” fica cada vez menos legitimada. Todo mundo percebe que há algo errado
acontecendo. Eles simplesmente não sabem exatamente o que é que há de errado. Insurreições e
zonas autônomas são experiências políticas formativas. Ao acordarem para a guerra civil, temos
uma pergunta a fazer: “de que lado você está?”

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Nós não temos muito tempo. Precisamos criar espaços de liberdade no agora. Precisamos
agitar e nos organizar em comunas. Como diz o velho ditado, seja razoável, exija o impossível.
Motins são tão velhos quanto Roma. Precisamos retomar aos clássicos.

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