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Semestral (Volume 1, número 1 publicado em março dc lgg5l 1. as que se referem à existência de instiluiçðes: discurso polfìico, jurfdico, religioso,
etc;
rssN 0102-3527
1. Llngua. 2. Literarura - Crftica.3. Lingtiística l.
' As primeiras versôes desle trabalho foram apresenladas para discussáo em dois grupos de tra-
Universidade Federal de Uberlândia. Departamento de Letras. balho realizados por ocasião do GEL - Grupo de Esludos Lingäbticos do Estado ãe Sáo Pauto,
o primeiro em Bauru (1985) e o segundo ern Araraquara (19g6).
CDU 8 " rMeslre e Doulora €m Ciênò¡as Humanas: Lfngua Portuguesa. Docente do Deparlamento de Lin-
güfslica do lnsl¡tuto de Esludos da Linguegetn- lEL, UNICAMP.
"' Doglgra
-em
Lingäfslica: P¡oF Tilular de Ungua Porlugussa cla PUC/SP e docente do Programa
Biblioteca da UFU de Pós-Graduação em Lfngua Porluguesa da mesrna Universidade.
03
de uma tipologia
3. Critérios para o eslabelecimento
05
04
Lgl,l dJ q
partes m espaço; adþtivaçáo abundante; parataxe; tempos verbais; pre-
c) dimensão de superllcie (metáfo-
sente, fx) comentårio; imperfeito, rþ relato; empregp de figuras
ras, metonfrnias, comparações, sinestesias elc).
marcas; lempos verbais predominantemente do mundo narrado; cir'
cunstancializadores (onde, como, quando, por quê. . .); presença do dis-
4.3. Tipo expositivo ou explicativo
curso relatado (direto, indireto, indireto livre) etc.
al dimensäo progmótioo
4.2. TiP descrilivo
macro-ato: gcroþ de conce¡los
a) dlrngl¡ee pEgntátrca_ al¡tude conìunicaliva: fazer saber
atualizações em situações comunicativas: manua¡s didáticos, cientñicos,
macro-alo: asserção de enunciados de eslado/situação
obras de divuþação etc.
atitude comunicativa: mundo narrado ou mundo comentado
alualizações em situações comunicativas: caracterização de persona- b) dimensão esquemática global
gens (flsica e/ou psicológica) e do espaço (paisagens e ambientes) em
- superestfulura exposiliva: análise e/ou slntese de representaçóes
narralivas; guias turfsticos, verbetes de enciclopédias, resenhas de io-
conceiluais; ordenaçäo lfu ica.
gos, relatos de experiências ou pesquisas, reportagens elc.
- cateoorias:
-"'"v""--'a) generalização-especificaçáo (via dedutiva)
b) dimensão esquemálica global
tema: b) especilicação-generalização(viaindutiva)
supereslrutura descriliva: c) generalizaçåo+specificaçãogeneralização (via deduti-
ordenação espácio-temporal (tabularidade predominante) e apresentação vo-indutiva)
das qualidades e elementos componentes do ser descrito.
Calegorias: palavra de entrada (tema-lllulo): denominação, delinição, ex- c) dimensão lingülstica de superffcie
pansão e/ou divisão.
marcas: conectores de lipo lógico, tempos verbais-rnundo comentado,
Esquema presença do interdiscurso, hipotaxe predominante.
Tema-Título
4.4. rip argumentalivo "slricþ sonsu"
situaçâo elementos ou a) dimensãoPragmática:
\ tempo o macro-ato: oonvgncgf, persuadir
espaço f
soes alitude cornunicativa: lazer crer llazer lazer
tamanhos atualizaçb em situaçöes comunicaüvas:
A etc texlos publicitários, propagandlstlcos, peças Judiciárias, matérias opinati-
(cf. Ricardou, apu Neis(861 supercstrutura argumentaliva: ordenação ldeológica dos argumentos e
contra-argumenlos.
c) dimensáo lingüfstica de superffcie
-calegorias:(leseanterior)pemissas-argurnentos-(conlra-argu'
marcas: verbos predominanlemente de estado, situação ou indicadores mentos) - (sfntese) - conclusão (nova tese)
de propriedades, atitudes, qualidades; unidade do estoque lexical asse-
gurada pelo tema-tllulo; relaçöes de inclusáo (hiperontnia'hiponfmia); ne-
xos ou articuladores relacionados à siluaçäo do obieto'tema e de suas
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06
u\l¡. u 'u'Js!¡'r rJv'
Letras & LetlaS, Lruulldrlurq'
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tg
Letras & Letras, Ube:'låndia, 3 (1): &10, jun., 1987 Letras & Letras, Uberlåndia, 3 (1): 11'23, jun., 1987
ORLANDI, E.P. A Unguagem e seu Säo Paulo, Brasiliense, 1983. A PARTICULA fSE'' EII PORTUGUÊS:
ALGI ilAS FUNçÕES E pISEU¡IOFUNçOES
REISS, K.C. Möolichkeiten und Grenzen der und
Kritorion fúr oino ooohqoroohto 9ourtoilung von Uboroot¡ungon. Münohon, 1071.
Sandra D¡niz Cosla'
RÜCK, H. Linguistique Textuelle et enseignement du français. Paris, Hatier-Crédif,
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INTFODUçÃO
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Sociedade. São Paulo, Global, 1983.
A parlcula se exerce, em Português, múttiplas funções sintáticas, re-
VANOYE, F. Expression et Communication. Paris, Armand-Colin, 1973.
cebendo, por isto, variâdas chssificações pela Gramática Tradicional:
10 11
r*]
Considerações sobre o capítulo
Bibliogrrlìa.
ISBN 978,6S_7838_-\ór-l
48
Neste capítulo, o alongamento teórico percorrerá a noção bakhti- tal forma que frca possível prever, por exemplo, a estrutura de uma
niana de decomposição até os conceitos de sequências textuais, de narrativa, ou de uma opinião. Se a narrativa clássica tinha nas fábu-
Adam (2001): a narrativa, a descritiva, a explicativa, a dialogal e a las um texto que previa uma sequência do tipo situação inicial, ações,
algumcntativa. ,\ idcia ccntral ó cxplorar catruturoo rclotivomcntc complicaçõo, soluçõo c morol finnl, hoje eooa requência é m¡is ou
estáveis entre grupos de gêneros textuais, explorando, novamente, menos prevista em um conto ou romance' ou mesmo em uma novela
marcas iinguísticas aqui características. Isso será ilustrado tanto em ou filme de cinema. Se a oratória retórica dos clássicos (é impossível
textos padrão da escrita quanto em textos de alunos, no sentido de fugir deles!) pressupunha uma tese a ser sustentada por argumentos,
orientar opções de atividades da prática metodológica. que poderiam centrar-se no orador, no auditório ou no mundo ordi-
nário que os englobasse, esse mesmo raciocínio pode ser verifrcado
num artigo de opinião em jornal de circulação diária. Os textos de
3.1 As sequências como categorias sociocognitivas
]ânio de Freitas ou Carlos Heitor Con¡ que publicam na Folha de
S. Paulo, carregam essa estrutllra, mesmo que implícita e ainda que
O elemento composicional do texto é o mais previsível dentre os
possivelmente interpretada de maneira inconsciente'
constitutivos do gênero. Há determinados convencionalismos so-
Em termos mais conhecidos: os gêneros são "tipos relativamen-
ciais que garantem a previsibilidade de estruturas textuais. Bakhtin
te estáveis de enunciados", que nos permitem organizar as relações
mesmo reforça a estabilidade do gênero como pressuposto comuni-
sociais. Na esfera familiar, dos gêneros primários, as Pessoas sabem o
cacional: "Se não existissem os gêneros do discurso e se não os do-
formato de um bilhete - com o nome de quem vai ler, a mensagem' e
minássemos; se tivéssemos de criá-los pela primeiravez no processo
o nome de quem escreveu -, bem como o formato de uma conversa
da fala; se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a
sobre uma fofoca, uma bronca de uma mãe para um filho que não
comunicação verbal seria quase impossível" (Bakhtin, 1992, p. 302).
sabe pendurar a toalha no banheiro, uma lista de supermercado etc'
A mesma previsibilidade, quero enfatizar, é o traço da con-
Na esfera davida acadêmica, dos gêneros secundários, por outro lado,
ceituação de gênero que licencia a transgressão ou a subversão da
há também uma previsibilidade de formatos textuais que garantam
estrutura. Ao escrever um artigo de opinião em formato de poesia, o
a comunicação, a burocracia e também a avaliação: a monografia,
impacto dessa transgressão se justifica justamente pelo pressuposto
a prova, a dissertação, o artigo, o ensaio, a tese, o ofício etc.
da estabilidade, que seria, nesse caso, o texto em prosa conectando o
Adam (2001), apoiando-se na máxima bakhtiniana dos ti-
pontd de vista e os argumentos, em sua forma canônica.
pos relativamente estáveis de enunciado, defende uma tipologia de
Sob o ponto de vista histórico, o tempo e as relações sociais
sequências textuais que frguram na base dos textos prototípicos da
dão conta de sedimentar usos e garantir uma previsibilidade textual.
nossa vida social: a narrativa, a descritiva, a argumentativa, a expli-
Ou seja, a história das experiências letradas - e isso tem a ver com
cativa e a dialogal2. É importante salientar aqui que sequência não é
a própria história da leitura e da escritat -, puttu a organizá-las de
¡ Como sugestão ,
de leitura sobre a história da escrita: Higomet, 2003. Sobre a história da leitura: Cavallo; São vrárias æ tipologias baseadæ em estruturas textuais relativmente fixas, embora com concepçôes de
Cha¡tier, 1998; Mmguel, 2006; Fischer, 2006. lexto diferentes; Wedich, 1973, citado Por Marcuschi, 2005; Dolz; Schneuwl¡ 2004.
50
gênero textual, tampouco a sua contraparte formal. Os gêneros são da experiência" (Kteiber, 1990, p. 13, citado por Adam,2001).
I
I
voláteis: eles continuam sendo instrumento social, com seu pres- Paralelamente ao pressuposto cognitivo, Adam assume igual-
I
¡
suposto dialógico e sua função discursiva; eles também continuam mente a natureza sociocultural das sequências textuais. Seguindo
scndo criaçao natural dos rclaçõcs humonos, com volôncio poro o l¿ruLéur ulra [ratliçãu dc ¿studos sobrc o discurso c acus contornoo
subversão ou para a "intertextualidade inter-gêneros" (Marcuschi, ideológicos de base bakhtiniana, Adam defende que as sequências
2005,p.31) - o emprego da forma mais previsível de um gênero com são esquemas textuais prototípicos, cuja representação é paulatina-
o propósito de outro, como a escrita de um editorial em formato de mente construída pelos sujeitos em sua experiência social e cuja es-
poesia, por exemplo. trutura passa a ser aceita e inclusive nomeada pela sociedade.
As sequências, por seu turno, são segmentos relativamente fi.- Num exemplo - talvez o mais canônico: as pessoas sabem o
xos que compõem os diferentes e vulneráveis gêneros da nossa so- que é uma história ou uma narrativa. Esses nomes figuram na lingua-
ciedade. São tipos que perpassam os diferentes gêneros. Como enti- gem ordinária. Mas elas também sabem que a história vai entrar na
dades de construçäo textual, as sequências são elementos abstratos composição de um romance ou de um filme de cinema, que são os gê-
em razão de que não existem isoladamente na vida real das relações neros que a pressupóem. Digo que as Pessoas "sabent''da diferença so-
comunicativas, e ao mesmo tempo concretos, pois preveem estrutu- bre história e romance no sentido de que, mesmo inconscientemente,
ras linguísticas características. Mas os gêneros é que são os enuncia- isso faz parte de um conhecimento de mundo natural que elas vão
dos da vida real, carregados de condicionamentos pragmáticos, con- adquirindo (e mesmo - friso - subvertendo) na experiência de letra-
textuais e ideológicos. Na estrutura característica de uma sequência mento, sem necessariamente dependência direta com avida escolar. É
textual, preveem-se partes de texto signifrcativamente estruturantes, justamente esse conhecimento natural sobre as composições textuais
nomeadas como macroposições. Nesse sentido, as sentenças ou pro- que podem servir de ponto de partida para o professor levar o aluno a
posiçóes contituem macroposições, que por sua vez constifuem a se- experiências com textos mais variados e de usos mais específicos' que
quência. Num esquema: ilustram uma experiência mais complexa de leitura e produção. Isso,
tural da sociedade. Seguindo uma tradição forte da linguística euro- assusta somente a puristas de suas inescapáveis linhas teóricas, que
peia da segunda metade do século XX3, Adam defende que as sequên- mais agem na defensiva, ao checar e criticar citações e referências
bibliográficas, no lugar de inferir a essência histórica de tal posição.
cias são produto de uma habilidade cognitiva natural do homem - a
'b elemento fun- E, se formos pela história, dá para ir bem longe: Humbolt,
categoriazação. A capacidade de categorizar é, aqui,
damental, em boa parte do tempo inconsciente, na nossa organização já no começo do século XIX, defendia um ideal de linguagem se-
melhante ao formulado por Adam. O ideal humboldtiano era que
r Essa tradiçâo pode ter como ponto de partida
Chaolìes (1989) e segue até trXeiber ( 1990). a linguagem tem como função não apenas transmitir aos outros as
q)
nossas experiências, mas também a de constituí-las (Franchl,2002, cognitivas de Adam que os indivíduos produzem em suas exPe-
p. 61). Há, portanto, uma relação dialética entre linguagem, mente riências no mundo e que acabam se condicionando pela história so-
e mundo que os torna interdependentes: a mente, através da lingua- cial. Mas a noção de sequência textual näo deve ser confundida com
gem, môdula e reorgallza u rtruutlu, quc, pur sud ve¿' recuuúiuiutr¿ "tipt" tcxtual. Scgundo o autor, os tipoc tcrrtuoio oõo oim ontidadco
a linguagem. Daí o conceito de linguagem como atividade criadora puramente estrunrrais, que nada têm a ver com realidades cogniti-
econstitutiva. Quer dizer, arelação mente - linguagem - mundo é vas e/ou sociais: algo semelhante à tipologia de tipos defendida por
muito mais imbricada e complexa do que supõem, de um lado, as Werlich (L973), citado por Marcuschi (2002).
teorias que tratam a linguagem como estrutura independente dos Para não perder a dimensão da vulnerabilidade das formas
processos mentais e sociais, e de outro, as que tratam a linguagem textuais, que são fruto de liberdade criadora dos autores dos textos,
como produto essencialmente social e discursivo, independente de Adam acredita estar em posiçäo intermediaria. Ele defende as for-
natureza cognitiva e estrutural. Para ir direto à fonte: mas relativamente cristalizadas das açöes históricas, mas também
acredita na possibilidade de variação. Quer dizeç uma sequência
O ato de falar é uma condíção necessária Para o ato de pensar do não é diretamente dependente de formas linguístico-gramaticais
indivíduo na solídão isolada. Na sua apørição, porém, a lînguagem congeladas. Nesse sentido, não se pode dizer, por exemplo' que uma
apenas se desenvolve socialmente e o homem aPenas compreende a sequência narrativa depende de verbos no pretérito perfeito. É ¿bvio
si mesmo mediante tentativas de testar a compreensibilidade de suas que o falante ou escritor não se põe nesse engessamento linguísti-
palavras com outros. Pois ø objetividade aumenta se a paløvra por co. E é óbvio também que não é a noção gramatical que queremos
ele formada ressoar de uma boca alheía. Porém, nada é roubødo da desenvolver nesse momento. A partir daí, Adam formula sua defesa
sua subjetividade, poís o homem semPre se sente utlo com o homem; por uma conceituação de sequência que seja ao mesmo tempo mais
ínclusive ela aumenta, pois a representação transþrmada em lingua- fiel às opçoes linguísticas e também articulada ao discurso: "É menos
gem não mais pertence a um sujeito. Ao passar para outros, essa rePre- interessante dizer que um discurso, por exemPlo político, é do tipo
sentação associa-se ao bem comum de toda a raçø humana, do qual argumentativo do que examiná-lo em sua dinâmica de sequências e
cada indivíduo carrega dentro de si a ânsiø de ser completada pelos períodos que se articulam no plano do texto" (Adam, 2004, p. 83).
demais. Sob íguais círcunstâncías, quanto maior e mais vivaz for a Dada a conceituação anterior de sequências textuais, que po-
',interatuação socíal conjunta sobre uma língua tanto mais ela ganha. dem servistas como um desdobramento do elemento composicional
(Humboldt, 2006, p. 13l)a do gênero, bem como a tradução categotizada dos 'tipos relativa-
mente estáveis de enunciados", podemos agora partir para os tipos
Ora, as representações da mente que se associam ao bem co- de sequências de Adam.
mum e que são por ele objetivadas são as mesmas representações
{ O próprio estilo enigmático e às vezæ intræsponlvel de Humboldt é *emplo da mesma relação ent¡e li¡-
guagem e mundo que o autor defende. Não se pode ler Hmboldt, asim como nenhum outro texto seculr,
sem tmnspô-lo à virada do sæulo XVIII pra o XIX.
3. (Im ørranjo de acontecimentos incluindo um conflito ouuma
3.2 Sequência narrativa
íntriga, que se encaminhará de ølguma forma para uma re-
A sequência narrativa, juntamente à argumentativa, é provavelmente solução.
a ustrutura composicional tcxtuol maio cctudodo pclo tradição oci Oo cvcntoc qua 06 ¿ucedem no temFo, mais dn ryre envnìver
dental. Se é a mais estudada, é porque a tradição da reflexão sobre o(s) personagem(ns), garantem-lhes a experiência do conflito e Pos-
a linguagem é igualmente bastante antiga: desde a filosoûa clássica terior clímax. Esse é um traço importante na narrativa que a distin-
grega, há formulações sobre o texto narrativo e o argumentativo. gue de um simples relato: a narrativa não se atém apenas à sucessão
O mais interessante da história dos estudos sobre narrativa de acontecimentos; eles se organizam para a culminação de um con-
e outros textos é que há mais de dois mil anos percebemos a cons- flito que garante a dramaticidade ao(s) personagem(ns).
trução e a perpetuação de estruturas que Passam a ser reconhecidas
e empregadas pelos indivíduos, e mais profundamente sedimenta- q. [Jm juím de valor ou ponto de vista ou opinião - æplícitø ou
da pela tradição histórica oral e letrada. A narrativa existe há muito implícita - que em alguns þrtos canônìcos, como as fábulas' é
tempo: já no que se registrou de Homero e dos textos clássicos. nomeaão como "moral f.nal".
Mas que critérios frguram na sequência narrativa? Segundo a O posicionamento avaliativo ou moral atribuído ao texto nar-
tradição, na formulação de Adam (2001), sintetizada aqui por nós, rativo é na verdade um pressuposto de linguagem clássico que Per-
temos as condições a seguir para a construção narrativa. passa todo e qualquer enunciado. Desde a tradição retórica, temos
a máxima de que qualquer pronunciamento pressupöe um auditorio,
r. Sucessão de eventos no tempo, em que se møntém uma uni- ou, nos nossos termos, um interlocutor. Logo, qualquer enunciado é
dade temática através de transþrmação de predicados - em orientado para um 'butro": como uma resposta, um acordo ou uma
relação de caus alidade. avaliação. Sempre estamos, inexoravelmente, em diálogo com al-
Em outros termos: Precisamos de acontecimentos diferentes guém, mesmo que implicitamente.
que se justapõem no tempo, mas esses acontecimentos devem con- Na sequência narrativa, esse posicionamento, por pressuposto'
vergir para uma unidade temática. De nada adianta um texto contar vai existir.
o que aconteceu com um personagem X, se logo após aparece um
personagem Y, e logo após um Z, semque essas ações tenham algu- s. O traço da verossimilhança.
ma relação de causa entre si. Adam postula a verossimilhança não como um critério, mas
como uma regra pragmática na formulação narrativa que acompa-
z. PeIo menos um personagem antroltomorþ envolvido nesses nha a concisâo e a clareza. A verossimilhança dá à narrativa o traço
eventos. da ficção. Quer dizer, o ouvinte/leitor não se compromete em checar
Um personagem antropomorfo é aquele que tem representa- se o que se conta é verdade, basta que ele tenda a acreditar na plau-
ção humana. Mesmo com personagens animais, ou personagens ob- sibilidade da história.
jeto, o texto narrativo lhes imprime o comportamento humano. Num esquema de ordenamento desses elementos constituin-
tes da nartativa, A.dam propõe a seguinte figura:
Figura 3.1- Elementos da narrativa - ordenamento Mesmo com experiência escolar mínima, e provavelmente de-
ficitária, o aluno com síndrome de down formula um texto narrativo
com todos os elementos pressupostos na sequência narrativa - ProYa
Srtuaçao Situação Avaliaçäo pcsada dc quc û n&rrotivo ó produto do mcio, modulodo no mon
Complicação Açoes Resolução
inicial frnal final te dos sujeitos, conforme a conceituação de Adam. Pegunta: Onde
ele aprendeu a formular uma narrativa? Isso não depende da escola,
As flechas que unem os elementos da sequência narrativa dois porque fazparte da nossa experiência social. Ao mesmo tempo, isso
a dois indicam a dependência mais direta que cada dupla possui: depende da escola, porque objetivamos inserir o aluno na experiên-
uma situação inicial pressupõe que haverá uma final, uma compli- cia de letramento para o agir social.
cação leva a uma resolução, e um quadro de ações condicionará um
juízo ou moral final.
Para ilustrar a sequência narrativa, apresentamos um textos, Análise linguística da sequência narrativa
Minha mãe morava no sítio. cando há mudança de perspectiva aspectual, sobretudo nos verbos: da
ela era pequena mais a familia de ela. Situação perspectiva imperfectiva da macroposição descritiva à perspectiva
Depois um dia detarde minha mãe inícial
perfectiva das macroposições seguintes. É o que se verifica entre os
estava brincando com o irmão de ela era
todacom mata em volta. Daí eles virão verbos morava, era, estlvabrincando e os verbos viram, pegaram, en-
Açâo +
um triusinho eles pegaram e emtraram
compl¡cação traram, forarn do texto narrativo que vimos do aluno com síndrome
e foram longe da casa deles a onde les morava
O pai deles esta preocupado e saiu a de down. Essa é uma questão semântica que envolve a confrguração
trais deles e foram encontrar eles longe Ræolução + das denotações temporais expressa pelas sentenças' Nesse sentido,
daí trouce. eles para casa e bigol sítuaçao fnal
com eles e dexou de castigo.
aspecto (perfectivo e imperfectivo) é a configuração interna do tem-
O pai falal para eles era pirigoso algum bixo Avaliação po. De acordo com as teorias aspectuais, os valores perfectivo e im-
pegar eles dois fnal
perfectivo podem ser esboçados nas sentenças de diferentes formas,
desde as flexões dos verbos, entrando em questões morfológicas, até
advérbios e tipos de flexões de substantivos. Essas marcas podem ser
s
Transcrição do trecho: "Minia mäemorava no sítio quædo ela era pequena mais a fmflia dela. Depois, um
esboçadas na figura a seguir:
dia de ta¡de minha mãe stava bri¡cmdo com o i¡mão dela. Era toda com mata em volta. Dâí, eles pegüam
m triuinho [trilhazilha]. Eles pegru e entram e form longe da casa dels onde eles moravm. O pai
deles está preocupado e saiu atrás deles e form encontru eles longe. Daí troue eles pua cæa e brigou com
eles e deixou de castigo. O pai falou pua eles que era perigosos algm bicho pegr eles dois'l
as expressões de lugar (sítio, møta, triuzinho), dos personagens (mi-
Quadro 3.7 - Marcas ãe valor perþctivo e imperfectívo
nha mãe, o irmão, o pai). Além disso, há o uso do adjetivo avaliativo
Flexões do passado imperfeito (brincava, chovia etc.) e das
perigoso na construção da mensagem avaliativa final da narrativa.
perífrases de gerúndio (estava bríncando, está chovendo)
Valor aspectual
imperfectivo
Âdrúrbios (tutrptt, toJo 'li¿) lor frm, o tcxto 1 cxibc cituaçõco copccíficoo de quootõoc con
Quantificação indeterminada de substantivos (João dese-
vencionais de escrita, tais como ortografla, concordância e pontuação.
nhormapas)
Obviamente, esse tipo de problema não tem relação direta com gêne-
Flexões do passado perfeito (brínqueí, choveu efc.) da ro textual, e sim com letramento e apreensão da escrita. Logo, consi-
perífrase de particípio, especialmente o passado mais-que-
Valor aspectual perfeito (tinha brincado, tinha chovido).
derando que o contato com a leitura seria uma estratégia indireta, a
perfectivo Advérbios (n aqu ela hor a) única maneira direta de se trabalhar com esse tipo de problema é a
Quantificaçáo determinada de substantivos (|oão dese-
nhou o mapa) mais tradicional possível: verificação do "errd' e reescrita. A ortogra-
fia, sobretudo, é uma questão não gramatical, que tampouco pode ser
considerada como um problema textual. |á a concordância envolve
V¿ários estudos já exploraram essa característica narrativa em
controle gramatical da frase, que é a relação entre palavras, especial-
diversas línguas. No francês, Kamp (1983) já previa a alteração as-
mente entre sujeito e verbo. A pontuação, por fim, vai além de siste-
pectual da forma perfectiva e imperfectiva da narrativa em francês;
mas convencionais, pois envolve significado e efeitos de sentido.
no português brasileiro, Fávero (1995) nomeia esse fenômeno como
As questões linguísticas sinalizadas no texto I podem ser as-
aspectualização, inserindo-o na abordagem da coesão textual.
sociadas à sequência narrativa através do esquema a seguir:
Outro ponto visivelmente explorável na narrativa é o uso de
conectivos textuais, característicos desse raciocínio sequencial. Na
passagem da situação inicial para as ações, por exemplo, a narrativa ve¡bostø Texto 1
osP{to
inperfutivo
marca discursivamente a mudança: daí, do texto 1, é o ponto newál-
Minha mãe no sítio. cando
gico da narrativa: o leitor sabe disso; a partir dessa marca, ele entra pequena mais a familia de ela Situaçao
inicial
Depois um dia detarde minha mãe
nos acontecimentos. Há inúmeras outras possibilidades característi-
com o irmáo de ela era
cas dessa função textual: de repente..., um dia... etc. todacom mata em volta. Daí eles
Aç¡o +
Aaículador um triusinho eles e emtrafam
Na sequência, o desenrolar dos fatos também é marcado por dæ øçõs
cotl,lícaøo
e foram longe da casa deles a onde les morava.
I conectivos temporais, que marcam sequencialidade de eventos. Ain- o i deles esta saru a
I
Ye¡þos rc
I
dano texto do aluno com síndrome de down, podemos observar que 6Itæto trais deles e foram encontrar eles longe Røoluçno +
pefutit'o daí tro eles ra casa e
sitøçãoful
é empregado repetidamente o conectivo e para encadear os aconte-
com eles e dexou de castigo.
cimentos. Mas a opção abre um leque de possibilidades exploradas O pai falal para eles era pirigoso algum bixo Avalíøção
Adjeriw oeoar eles dois faal
marcadamente nos textos narrativos: depois, naquela tarde, no dia at'aliativo
I
ca
I
¡
Os seus recursos! Ah! tudo previ... descanse... Hoje, quando alguém o visita, diz ele com um
-
eu sou um mar¡do previdente. tom lastimoso:
E tirando da algibeira da casaca uma linda Perdi três tesouros a um tempo: uma mulher
- -
carteira de couro da Rússia, diz-lhe: sem igual, um åmigo a toda prova, e uma linda car-
Aqui tem dois contos de réis para os gastos de teira cheia de encantadoras notas... que bem po-
-
viagem; vamos, parta! parta imediatamente. Para onde diam aquecer-me as alqibeiras!...
vai? Neste último ponto, o doido tem razão, e pare-
Para Minas. ce ser um doido com juízo.
-
Oh! a pátria do Tiradentes! Deus o leve a sal-
-
vamento... Perdoo-lhe, mas náo volta a esta corte... VOCUBUTARIO
Boa viagem!
Dizendo isso, o Sr. F... desceu precipitadamente Cabriolé: carruagem de duas rodas com capota mó-
a escada, e entrou no cabriolé, que desapareceu em vel, puxada por um cavalo.
uma nuvem de poeira. Perder a estribeira: expressão popular muito usada
O 5r. X... ficou por alguns instantes pensativo. no século XlX, significando "perder a compostura".
66
a perspectiva temporal da sucessão de fatos frca em susPenso, sendo
épo-
Andaraí: bairro da cidade do Rio de Janeiro, na os verbos construídos no presente. Aqui hâ o juizo de valor da nar-
econômica e
ca ocupado por pessoas bem situadas
rativa, que se configura também como a emersão do enunciador de
socialmente.
Gonzaga: poeta e lnconfldëllte fulrrás ArrLÛirio Machado, que no câpltulô 5 ganhará o nolne úe ethus'
Gonzaga.
Nas macroposiçöes dos textos 2 e 3, comparativamente ao tex-
Paquete: navio luxuoso, originalmente a vapor'
Algibeira: bolso na vestimenta' to l, figura-se, na verdade, um forte campo de exploração do uso
dos tempos verbais em funçáo da construção narrativa. Mais do que
Fonte: Cavalcante, 2003, P.2-3.
objetivos e características específrcos' termo como "pivô nominal que funciona como tema-título' (Adam,
A descrição, como pressuposto na própria noção de sequência, 200I,p. 35). Se a descrição pöe-se a apresentar o funcionamento de
exibe heterogenerdade composlClOnal reCtlrrertte, lllesltlu quautl, urua britruatluira, uulr ur¿uu¿l tlc jugus ¿ blinc¿dciråJ pârå crianças,
aparece como sequência constitutiva de outras. A descrição que ini- por exemplo, frcafáci, imaginar que o nome dela vá aParecer inician-
cia a narração, por exemplo, associada à situação inicial prevista na do o texto.
narrativa, opera como uma reduçáo dessa estrutura composicional. A aspectualizaçâo éa parte da descrição que opera com a divi-
Além do traço heterogêneo' a descrição também traz outro são. Tem-se o tema central a ser descrito e segue-se na sequência com
aspecto igualmente característico: a tendência à despersonalização. diferentes aspectos a ele relacionados - sejam aspectos físicos, como
Se a narrativa prevê um Personagem antropomorfo, a referenciali- as partes de um objeto, sejam aspectos abstratos, como as motivações
dade do texto se sustenta por essa concretude. ]á a descrição tende sociais do surgimento de uma corrente literaria. No nosso caso da
ao mundo das propriedades; e isso se transporta ao abstrato' É essa descrição de uma brincadeira infantil, a aspectualização pode ocorrer
tendência à despersonalizaçáo que imprime à descrição a riqueza focando as etapas que devem ser seguidas Para acontecer a brinca-
mesma de suas opções. Podemos fazer descrição topográfrca (de um deira. Associada à aspectualização, ocorre a relação. Na verdade, a
lugar ou de uma entidade visível), cronológica (de períodos de tem- sequência aqui constrói a relação que existe entre as diferentes partes
po, épocas, fases do funcionamento de um evento, como um jogo, do tema, divididas pela aspectualizaçâo. Entre uma etapa e outra de
por exemplo), pessoal (características, virtudes, hábitos etc' de um uma brincadeira, por exemplo, pode haver uma relação condicional:
personagem real ou fictício), pictórica (acontecimentos, hábitos, fe- a criança que alcançar o resultado da primeira etapa deve escolher a
nômenos físicos e/ou morais de uma época), representacional (tra- próxima que desempenhará o mesmo papel.
t
I
no sdhso-comum como uma enumeração de atributos de alguma tema que será explorado no capítulo 5, Adam associa à aspectuali-
I
I
t coisa ou alguém. Mas Adam defende uma estruturaparaalém disso: zaçáo aocorrência de frguras como a metonímia e a sinédoque, pois
I
I há de fato uma hierarquizaçáo vertical prevista na descrição que a justamente são elas que exploram a relação parte-todo (texto +). À
t
I
distingue de uma simples justaposição de informações. A estrutura relação ficam associadas as figuras de comparação e metáfora, pois
t
I dessa hierarquização pode ser traduzida para as seguintes etapas: an- predicam sobre um raciocínio de analogia (texto 5).
I
I
I coragem, aspectualização e relação, e reformulação.
t
I A ancoragem éa introdução de um tema. Através de um nome,
!:i
i,1
:r
Assim como a sequência narrativa, a descritiva também exi-
Texto 4
be orientação argumentativa por Próprio pressuposto conceitual:
qualquer texto tem posicionamento, pois Prevê implícita ou expli-
Na Selva vivia uma vez um Macaco que quis ser
escritor satírico. cltamente um mterlocutor. I\trâ descrlçáo, äs opç0es cie apresenl.açåo
Estudou muito, mas logo se deu conta de que
do tema, de construção da aspectualização, de estabelecimento das
para ser escritor satírico lhe faltava conhecer as pes-
todo mundo e ir a todos
soas e se aplicou em visitar relações e do caminho da reformulação fornecem os lugares de atua-
os coquetéis e observá-las com o rabo do olho en-
ção do pressuposto avaliativo.
quanto estavam distraídas com o copo na mão.
Num esquema visual, as macroposições previstas pela sequên-
(...)
cia descritiva podem simplifrcadamente ser assim representadas:
Fonte: Cavalcante, 2003. p. 2-3.
senso de justiça e de respeito aos outros lhe era Um texto ilustrativo de sequência descritiva Pode ser obser-
tão natural quanto peixe morto na lagoa Rodrigo vado a seguir. Trata-se de uma atividade de l'série (5-6 anos), com
de Freitas, roubalheira indecente em áreas estatais
e tráfico de influências no BNH. Um homem assim,
uma criança em fase de alfabetização. Note-se, novamente' que essa
mais cedo ou mais tarde ter¡a de ser recompensado. criança obviamente não tem uma intensa experiência de letramento
Já Risonho Meigo Cordiale era exatamente o
que justifrque o domínio sofisticado de construção da descrição. Ao
contrário.(...)
contrário, ela foi levada, através daprática da brincadeira e da con-
Fonte: ternandes, 2001, p. 507.
versa em gmpo sobre a experiência, a construir um texto que pudesse
ensinar outras crianças a como brincar. Mais do que o resultado
Por frm, na reformulação, há uma retomada do tema geral, bem-sucedido de uma opção didática da professora, o texto eviden-
porém sob as novas perspectivas proporcionadas pelo processo da cia uma estrutura cognitiva estimulada lúdica e oralmente que mo-
aspectualização e da relação. Traduzindo um raciocínio dialético, a dula a produção textual escrita da criança, fruto de uma experiência
reformulação surge para refazer e reconstruir â concepção primeira social que requer a mesma estrutura.
do tema.
usualmente filiada à semârrtica formal, essas expressões sáo conhecidas
mantido pelo uso de pronomes e artigos nomeados na gramática crianças se encontram no início da brincadeira e o que deve ser feito
tradicional como indefiieldos. Numa perspectiva linguístico-teórica, para a brincadeira efetivamente acontecer.
Na ilustração dessas funçöes textuais, as marcas linguísticas
que possam fazer exames e ser aprovados. Aliás, os
fi.cam assim confi.guradas: alunos aceitam a disciplina que lhes é ministrada na
base da autoridade dos seus professores e dos livros
cm quc c:tudom.
Curitiba, 27 dejunho de 2008. A ciência-processo (ciência em vias de fazer-se)
Quantîfcadoræ é a ciência que o cientista realiza e que pode ser
da relação parte-
todo umas cria nças colócam um rabo dividida em duas fases: a própria pesquisa (isto é, os
Aspectuali-
procedimentos de investigação) e a divulgação de
de¿ ma corsa e criança ficava sem Ì uçâo
seus resultados (isto é, sua publícação original). Essa
tica sem rabo pegaea
Conectívo
da relafio
rabo. A cria
cfla arancar o rabo
I
I Relaçto +
reþmulaçõo
tripla distinção é essencial: de um lado, a ciência -
das outras crian e a última nha disciplina, tal como ela é ensinada em vários níveis
J
A alemporalida- de complexidade e, de outro, a ciência-pesquisa
de dos verbos no
(que possui dois estágios). A primeira é um 'pacote';
pr5ente síñPI6 Brincadeira: Rabo de Cavalo
Ì TenM
e a segunda é um 'processo'. Enquanto a ciência-
pesquisa claramente representa algo de inacabado,
sempre em fase de ampliação e retificação, a cièn-
Outros textos de orientação descritiva trazem opções se- cia-disciplina, com o fim de se facilitar sua didática é,
muitas vezes. ministrada de forma dogmática, isto é,
melhantes. O texto 7, por exemplo, que será aPresentado a seguir,
com características opostas às de sua fonte.
contém uma descrição topográfica. O tema (ciência) e, em última
instância, o contexto de produção (ambiente acadêmico-científico) Fonte: FreireN4aìa, 1 998, p. 1 7.
O QUE É OÊNCIA? ciência > disciplina > pesquisa > investigação > divulgação
gados também, por disposição gráfi.ca, säo poucos e desnecessários. ca na exibição Últimas aquisiçoes.
> Windows 98, 988, 2000 ou Me, a foto será
Porém, o âspecto linguístico mais característico aqui é o emprego
transferida automaticamente para o disco rígi-
de formas verbais no imperativo. Um interessante exercício textual do e mostrada em exibição Única na exibição
Últimas aquisiçoes.
seria, nesses textos instrucionais, motivar o aluno a verificar as
ferenças entre o infinitivo, o indicativo e o imperativo, o que seriam Fonte: Kod¿k, 2004.
Texto 8
A sequência explicativa define-se basicamente por um objetivo per-
EXIBIR FOTOS DA CÂMERA ceptivelmente real: a justificativa de um fato. Na base da conceitua,
Consequente às condições pragmáticas, por resposta à própria Análise linguística da sequência explicativa
noção de sequência, a estrutura prototípica da explicação exibe qua-
tro macroposições: a esquematização inicial, a apresentação de um No texto 9 a seguir, retirado do site da Revista CiênciaHoje, direcio-
problema ou questão, a explicação ao problema e a conclusão. Em nada aos leitores interessados em explicações científicas, encontra-
termos mais intuitivos, primeiro o tema é apresentado no discurso, mos a estrutura explicativa tipica a partir da sentença 'b surgimento
depois, lança-se uma questão sobre ele, num formato de um abstra- dessas falsas ideias esteja associado à principal e verdadeira influên-
cia da Lua sobre a Terra: a gravidadd':
to'þorqud' interrogativo: POR QUE...X... ? Em seguida, explicita-se
uma resposta à questão posta, num formato de um abstrato'þorquê"
explicativo: PORQUE...Y...8. Por frm, desenvolve-se uma conclusão Texto 9
Quadro 3.2 - Macroposiçoes nas sequências explicativas A Lua brilhando no céu em uma noite limpa pro-
porciona uma imagem que enche nossos olhos e
Macroposição Macroposição Macroposição Macroposição
desperta a imaginação. lnfindáveis versos, poesias,
explicativa 0 explicativa 1 explicativa 2 explicativa 3
músicas e declarações de amor já foram escritos ins-
O problema A explicação pirados no luar. Quando não temos a Lua no céu, as
Esquematização Conclusão - noites ficam mais escuras e as estrelas, mais visíveis.
inicial Questão: POR Resposta: avaliação
Mas, [...] o luar é sempre a visão mais marcante no
QUE...X...? PORQUE...Y.
firmamento.
Mas esse satélite natural não cai sobre nós por- EsqtßfitÃtlza.
É importante observar que, no quadro das macroposições, o que a aproximação ocorre simultaneamente ao seu çdo lnlcial
3
A gravidade, nesse caso, é como um cordão pren-
Adam provoca a distinção entre a macroposição explicativa I - com a p€rgùnta "Pour quoi?" - em relação
dendo uma pedra que gira rapidamente. Se cortar-
diretacom a macroposição explicativa 2 - com a resposta'Pace que...'l Obvimente, essa estrutua fica mais
mos o cordão, a pedra escapa, da mesma forma
justiûcada a partir da muca morfológica do francês na diferença entre þour quoi" e 'þuce que..i'.
que aconteceria com a Lua, caso a gravidade não
e
A conclusão pode ser vista como o lugar default da bæe argumentativa da explicação, mas -A.dm não
atuasse sobre ela.
desenvolve essa questão.
li
O fascínio pela Lua estimulou o imaginário po- o qual qualquer força aplicada em um corpo sofre
i.i
pular a atribuir a ela influências mágicas. Todos já uma reação contrária de igual intensidade, mas de
:,
ouvimos falar que, quando há mudança nas fases sent¡do oposto. Assim, a Terra atrai a Lua e a Lua
da Lua, ocorre o nascimento de bebês. Cabelos cor- t¿rrr[-rÉrr¿tr¿i ¿ Terr¿, LUrr d rrcsrrd irrterrsid¿tle.
tados ou árvores podadas na Lua minguante, por Contudo, as dimensões da Terra e a distância
exemplo, enfrentam dificuldade para crescerem média entre nosso planeta e a Lua não podem ser M@opøiçao
desprezadas ao se avaliar essa força. O diâmetro da qliøtiw2
novamente. Por outro lado, se o corte (ou poda)
for feito na Lua cheia, o efeito é o contrário. Além Terra é de aproximadamente 13 mil quilômetros e
disso, a Lua aparece com destaque nas previsóes as- a distância entre Terra e Lua é de cerca de 380 mil
quilômetros. Dessa maneira, a ação da força gravi-
trológicas. Quando a Lua passa em frente a uma de-
terminada constelação, segundo a astrologia, pode tacional da Lua sobre o lado da Terra mais próximo
indicar problemas (ou soluções) para as pessoas de a ela é maior que a força sobre o lado oposto. Esse
Entretanto, todos esses mitos e crenças não A maioria das pessoas já observou que o nível
têm qualquer fundamento científico. Sobre a vali- do mar sobe nas praias quando a Lua está no céu.
dade da astrologia, esse tema já foi discutido an- Esse fato deve ter estimulado a crença de que os
teriormente na coluna de iunho de 2 007. Atribuir bebês no útero materno sofrem açáo lunar e que
M@pFlgo
à Lua qualquer efeito sobre os nascimentos dos os fluidos do corpo humano e das árvores também dplicøriw I
bebês e os cortes de cabelos e árvores é algo que sáo atraídos pela Lua. Contudo, os efeitos de maré
também não tem respaldo científico. Em ambos os somente são relevantes para a Terra. Basta lembrar
O efeito da gravldade
O conceito da gravidade foi proposto justamente O texto l0 a seguir, em contrapartida, é de um aluno da edu-
para explicar o movimento da Lua ao redor da Ter- cação para fovens e Adultos do Estado do Paraná (EJA-PR). A pro-
ra. A gravidade é uma das forças fundamentais da
natureza e está presente em todo o universo. É essa posta era voltada especialmente à sequência explicativa: a partir de
força que nos mantém presos ao solo, bem como a um levantamento coletivo, a turma traçou a sua média de idade e,
Lua em volta da Terra.
em seguida, foi solicitada a justifrcar o resultado.
A descoberta da gravidade é atribuída a um tuø@igÁo
que pode nem ter acontecido de fato, mas @øaul
evento -
se tornou lendário: a observação que o físico inglês
lsaac Newton (1643-1727) fez da queda de uma
maçã madura de um pomar em uma fazenda em
Woolsthorpe, no interior da lnglaterra, no ano de
'Atlir¿Ã¿Åø de
Mpão 1666. Ele propôs que a mesma força que atrairia a
&Ñicd:iM maçã também atuaria sobre a Lua.
Outra questão muito importante explicada por
frþdn n6iødl Åe ,I
qe6ild@ Newton foi o princípio de ação e reação, segundo II
i
a seguir, dos quais o antepenúltimo e o último são considerados os
a Texto 10
mais importantes:
A IMPORTÂNCIA DOs ESTUDOS " a oralidade faz uso de elementos extralinguísticos, como
gestos e caretas, ao passo que a escfltâ flca festrrta a srnats
Nesta sala predomina a faixa etaria de 21 a 30 anos
griíficos do sistema convencional ortográfico;
porque quando eram adolescentes, as pessoas pen-
sävam em se divertir e náo tinham conhecimento " a fala explora elementos prosódicos e de entonação, en-
da importância dos estudos, ou até mesmo para quanto a escrita atém-se a tentativas de sua representação;
trabalhar e ajudar a família.
" a fala tende a construir frases mais curtas em comparação
Que naquele tempo os pais náo davam tanta
importância aos estudos, pois não existiam leis que às frases longas da escrita;
os obrigassem a estudar, ou até mesmo por dificul-
' vale-se de redundâncias enquanto a escrita prima pela
dade de acesso a escola na área rural.
Com o passar do tempo a tecnologia foi au- concisão;
mentando e as dificuldades também e com isso to- a oralidade possui flutuação temática, ao contrário da rigi-
maram consciência da falta que os estudos fazem.
"
Dessa forma as pessoas voltaram às salas de
dez construída pela escrita;
aula para obter mais conhecimento e poder melho- , a falapossui apresença do interlocutor, enquanto a escrita
rar suas vidas, no dia dia, e no trabalho por que hoje
não o pressupóe presente; em muito casos, ele é inclusive
tudo exige estudos.
projetado como interlocutor ideal;
a fala aprende-se naturalmente, ao passo que a escrita passa
"
É interessante observar que o articulador que,no início do se- pela aprend izagem artifi cial da escolal 0.
guinte, a situação de comunicação não se constrói. Por outro lado, da conversaçãol2, podem ser encadeadas explicitamente na superfície
mesmo se os turnos se interpõem numa aparente desorganização linguístico-semântica do texto, ou implicitamente, na pragmática-
de conteúdo, o diiilogo se encarrega de reorganizá-lo, configurando A representação esquematizada da sequência dialogal pode
uma unidade interacional. Há, portanto, o elemento de ligação te- ser esboçada a seguir:
mática que subjaz ao diálogo, podendo ser motivado pela situação
Quadro 3.3 - Macroposições døs sequências dialogais
pragmática ou pela situação linguístico-semântica.
Essa 'toconstrução" (Adam, 200I,p.147) prevista na interação Sequência fática Sequência fática
Sequências transacionais
de abertura de encerramento
dialogal e apoiada na coerência temática entre as macroposições dia-
Sequências Sequências
logais, que ao mesmo tempo pode ser vista como "reconstrução] mo- semanticamente pragmaticamente
tiva a descrição unificada do diálogo em termos do modelo adâmico encadeada encadeadas
r! O texto l0 foi retirado do corpas de málise de Christiane Delfrate, atualmente em curso de doutormento
rr
A teoria da comunicação de Jakobson (1995) foi rapidmente apresentada no capítulo 2. na UFPR, sob minhå orientação.
aq
no arquivamento dos dados, mas as sequências semânticas estão
O: tô entrevado.
marcadas por itens lexicais específicos, e uma tentativa de turno con-
lnv: O que eu quero saber é se ela disse que quer
versacional também é marcado pelo articulados mas. De outro lado, acabar o casamento.
o1
90
3.6 Sequência argumentativa Se os fatos levam a uma argumentação contrária a ela, a nova tese será
a refor-
oposta à primeirala. Se os fatos levam a uma argumentação que
A sequência argumentativa, tal como a narrativa, tem uma longa ce, a nova tese endossará a primeira. Esse modelo de raciocínio "é um
lrtsttl¡la. Destle a rettlrlca clásslca, {,ernos na l-ratltçåu ocldental um verdaderro esquema do prtlcessu tle reful'açåulaptio dos cnunciodoc
pressuposto de linguagem que perpassa qualquer ato comunicativo: característicos da sequência argumentativa" (Adam, 2001' p' 107)ts'
a linguagem pressupõe sempre o outro. Os fatos esboçados como uma das macroposições da sequên-
Isso parece óbvio, mas naverdade é o apriori que formula e dá cia argumentativa dizem respeito às informações sobre o verdadeiro
corpo ao raciocínio argumentativo. Quando elaboramos um enun- e o que a tradição retórica elegeu como irrefutável, pois
acredita-se
ciado, a voz do outro está sempre presente - seja para refutar ou para que o discurso faz referencialidade aos estados de coisas
do mundo.
bá-
aceitar. As orientações curriculares atuais, com base em Bakhtin, no- É a partir deles que os argumentos são construídos' O caminho
meiam essa noção de dialogkmo. sico para isso são as inferências, que são esquemas de pensamento
É justamente o pressuposto da dialética discursiva, desenvol- sobre os fatos. Ou seja, a partir da observação de um fato no
mun-
de minha
vido na seção 1.3, que Adam recupera como base de um protótipo do, raciocinamos Por inferência: se há um acidente na rua
de sequência argumentativa. E o que é argumentar para Adam? Em casa, por exemplo, infiro que a cidade está mal sinalizada'
Num texto
termos preliminares, é a busca da adesão de um auditório/ouvinte a prototipicamente argumentativo, como o são os artigos de Gilberto
uma tese, cujas vozes e juízos fazem-se pressupostos, através de três Dimenstein, podemos visualizar o esquema argumentativo de
Adam'
etapas: a observação de fatos, a construção de inferêneias sobre eles,
e a construção de uma nova tese. Adam, nesse sentido, esquematiza
Te¡<to i3
como sequência textual o raciocínio silogístico aristotélico, que pre-
vê o caminho entre premissas (argumentos) e conclusão (tese). UM BRINDEAOS QUE NAO MORREM
A4diw
Num formato pictórico das macroposições: od[øtiøø
'ã;'*, A mais estúpida das violências é a morte de crianças' ) Te
não raro vítimas de doenças fáceis de tratar' A des-
Figurø 3.6 - Macroposições clas sequências argumentativas infantil d no 70% nos
AÅBA&ãoit¿h8ø últimos dez anos, segundo divulgou o Ministério da fføo
A tese anterior, como vimos, é a voz com a qual a construção ¡{ A corrente da semântica ãgumentativa, Êliada sobretudo a Ducrot, defende que a condiçáo dialógica
argumentativa vai dialogar. Essa voz precisa ser concebida de maneira daÙgmentaçãosempreédeoposição.Logo,subiacenteaqualquerlaciocínioilgumentativo,pode-se
depreender ma relação de oposiçáo. Se na superfície, essa relação
ven marcada por operadores oPositivos'
ll
complexa: ela é contrária mas também pode ser a favor do discurso. ao contrário, considera tanto a refutação quanto o apoio
como
tais como o mds, o ø mbora elc., Ldn(2001),
q)
argumentos a partir de fatos para se chegar a uma tese, que por sua
Não teríamos resultados tão rápidos sem as vez estâfundamentada na oposição e no apoio a outra(s) tese(s). No
campanhas contra a fome, o estímulo ao aleitamen-
entanto, ambas estão presentes em outras Sequências. A sequência
to materno, a disseminação do sal de reidratação
oral e a propagaçåo dos agentes comunrtånos de narrâüvâ, por ëXetllplu, lcur fuuçãu ¿rgu[lcntâtivû' mrrs nõo priorizo
saúde e do médico de familia, além do esforço de
hJerêncía = sua estrutura, ao mesmo tempo em que se baseia no traço da verossi-
saneamento básico. Foi necessário que se expuses- argumento I
sem as experiências pioneiras do Ceará, na década milhança, que é uma construção ficcional sobre a realidade. Logo,
de 1980, de redução da mortalidade infantil para se todo texto é argumentativo, todo texto tem juízo de valor sobre
que aquelas práticas tivessem impulso nacional ou
as coisas do mundo, mas é só a sequência argumentativa que terá
a
para que prosperassem os programas da Pastoral da
Criança, tocados pela pediatra Zilda Arns. estrutura constitutiva do raciocínio.
Esse tipo de ofensiva está associado a um con-
um outro aspecto da sequência argumentativa diz respeito à sua
senso sobre ações que surgiram em ao as-
sistencialismo, tão comum no país. Eram programas ordem vulnerável. O esquema da página 92 de fato é uma abstração
t'p:-',::^d".- de renda mínima InJerêncía =
oDostcao
exigindo contrapartida, depois argumento 2 do raciocínio da prova argumentativa. Sua ordem pode - e até deve! -
unificados no Bolsa-Família - e aqui foram decisivas
as experiências germinadas em Brasília e em Campi- ser transgredida. segundo Adam (200i), a sequência narrativa' por
nas, depois ampliadas pelo governo federal. conta da linearidade temporal, e a sequência descritiva, por conta da
Produziram-se dados mais precisos sobre a
amarração aspectualiza çáo helação, são estruturalmente mais rígidas'
realidade brasileira e vimos o tamanho do desper-
dício de dinheiro público, com a falta de foco e a Portanto, a relação tese anterior > fatos > argumentos > tese posterior é
fragmentação dos recursos. Justamente aí cresceu a discursivas,
Inferência = um esquema de base que, a depender das opçöes textuais e
tendência de estimular o cruzamento de açóes num argunento 3
um processo que ainda está mui- ganha outras ordens. A argumentação pode partf dos fatos para os ar-
mesmo território -
to longe de alterar a gestão de verbas públicas, em- gumentos e finalmente chegar à tese, como no esquema das macropo-
bora já existam modelos locais bem-sucedidos.
sições, e confrgurar um raciocínio indutivo, mas pode também partir
Fonte: D¡menste¡n, 2008. da tese e depois explorar a prova pelos fatos e argumentos e configurar
mente possível propor uma tipologia de formas de argumentação Em resumo, para olhar marcas linguísticas de gêneros texhrais,
ordinâria"tú (Adam, 2001, p. 108). nao nôS pâfeceu tnOpOrtUrto a esquetrtalizaçáu etu cstrulur¿s dc rt¡¿-
Nós queremos seguir exatamente esse caminho, visualizando croposições das sequências narrativa, descritiva, elplicativa, dialogal e
alternativas de construção argumentativa com marcas linguístico- argumentativa. A relação entre sequências e gêneros pode ser visualiza-
gramaticais específicas. Como apontado na introdução deste livro, da natabela a seguir, inspirada em Dolz e Schnewly (2004), que agruPa
a análise linguística vem condicionada ao domínio do gênero e das gêneros segundo sua convergência a sequências correpondentes:
Neste capítulo, com o objetivo de investigar marcas linguísticas das explicativa Artigo científico, notícia de jornal comentada, ensaio
construções textuais, optamos por estender a noçäo de composição, dialogal Debate, MSN, discussão, consulta médica' sessão de terapia
de Bakhtin para as noções de sequências textuais, de Adam (2001). Artigo, coluna, carta de leitor, discurso de defesa e acusação,
argumentativa
resenha, editorial, ensaio, disse¡tação, tese, monografi a
Sem a menor pretensão de sugerir uma relação teórica diferente, ve-
mos em Adam a mesma proposta, apoiada no mote bakhtiniano das
estruturas relativamente cristalizadas dos gêneros do discurso. Para dar continuidade à proposta deste livro, porém, é funda-
No entanto, é interessante deixar claro que o caminho esco- mental que se recupere a noção de "estrutura relativamente cristali-
lhido veio dos gêneros discursivos até um tratamento mais concreto, zadzi' do gênero de Bakhtin. Não é apenas o elemento composicio-
que boa parte dos autores referidos chama de gêneros textuais)Hâ nal que garante esse pressuposto. A composição fazparte da tríade
uma questão terminológica aqui que envolve questões conceituais tema + composição + estilo, que mantém estruturas recorrentes em
bem mais relevantes, tais como a oposição entre discurso e texto, ou gêneros. Neste trabalho, estendemos a noção de tema ao contexto
gêneros do discurso e gêneros textuais. Mas, para dar conta de obje- de produção, a noção de composiçäo àb sequências textuais e' ago-
tivos mais específicos sobre questões linguísticas, optamos por näo ra, estenderemos a noção de "sequência argumentativa" a possíveis
règles dlinférence (ou de passage), il se¡ait certainement possible de proposer une qpologie des formes de
sinalizado alguns caminhos Para essa investigação - tarefa central
3. Relacrone as colunas:
(2)gênero ) editorial
(3) suporte ) outdoot
)romance
)jornalismo
)jornal
) ficção
Seqüências textuais
Como sabemos, a quantidade de gêneros textuais que circulam socialmente é enorme.Tambérn
sabemos que esses gêneros'podem se modificar com o passar do tempo, cair em desuso ou surgirjunto
S58(r -eilvlr, I-Llciana Pcrcila cla a um novo evento sociocomunicativo.
Paralelamente a essa fluidez dos gêneros, temos um agrupamento l¡ngüístico muito mais perene,
presente desde a origem da linguagem e encontrado em todas as sociedades. Estamos tratando aqui
Pr¿ilica TcxIual enì l-íugu¿ì Portuguesa./l-r,rciaua Per.eira cla das seqüências (ou tipos) textua¡s.
Sili,a. *- ('i¡ritiba: IiTSDE Illasii S.4..100li. As seqüências textua¡s sâo em número relativamente pequeno e apresentam características lin-
güísticas facilmente identificáveis. Em decorrência dessa estabilidade, as seqüências textuais såo muito
importantes para o ensino de leitura e produçáo de textos. Nos P¿râmetros Curriculares Nacionais (final
ló3 p. dos anos i 990) encontrávamos a indicaçåo do trabalho com gêneros, mas tendo em vista sua multlpli-
ciciade, fez-se necessário um outro tipo de agrupamento - daí a emergência das seqüências textuais,
recomendaçöes presentes nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006).
| . Pliilic¿r 'lbrtr.ral. ?. (--Lresiìo. 3. ('ocr.ônci¿r. 4. Pai.áuralìrs Definição de seqüências (ou tipos) textuais
5. ,rccubrrlhl'i¡t. l. T'ítulo. Bonini (2005, p. 208) vê a seqüênciâ textual "como um conjunto de proposiçoes psicológicas oue
se estabilizaramcomo recurso composicional dos vários gêneros'i.-
Para Baltar (2OO6, p.47)"seqúências textuais são modos de organizaçåo linear que visam fornrar
{'i)D lì011.0-tr(r9 uma unidade textual coesa e coerente, que väo expressar lingüisticamente o efeito de seniido que os ti-
pos de discursos - modalidades discursivas - pretendem instaurar na interaçäo entre os ¡nterlocutores
de uma atividade de linguagem".
Pereira (2006, p. 3i) emprega a expressão modo de organização do discurso lcunhada por Patr¡ck
Charandeau) para se referir às seqüências ou tipos, definindo-o como uma'êspécie de seqüência teo-
ricamente definida pela natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticot tempcs
verbais, relaçóes lógicas) e pela funçâo que desempenha no conjunto que é o texto".
A maioria dos estudos sobres seqüências recorrem aos trabalhos de Adam (1 997) para sua funda-
mentação. Encontramos, no entanto, algumas divergências em relação a quais seriam essas seqüências.
Adam, por exemplo, apresenta que as seqüênc¡as textuais seriam narrativa, argumentativa, explicativa,
seqüèn(ias textuais | 145
o macroato reatizado pela seqüência narrat¡vâ, dentro da dimensão pragmática, seria a asserçåo
(apresentação) de enunciados de açäo. A at¡tude comunicativa é o mundo narrado2.Seqilências nar-
0LeãoeoRato
i.iiuut poa"rn ser encontradas em romances, contos, novelas, reportagens, not¡c¡ários, depoimentos,
(t50Po,2oò8) relatórios etc-
a captação de eventos em
Um Leão dormia sossegado, quando foi despertado por um Rato'
que passou correndo sobre Quanto à dimensåo esquemática-global, na seqüência narrat¡va temos
ação ou ava-
seu rosto. Com um bote ágil ele o pegou, e estava pronto para matá{o' ao que o Rato suplicou: uma sucessåo temporal e Causal3. Quanto às categorias, temos or¡entação, complicação,
estado final.o dimensäo lingüísticá-de superfície, podem ser encontrados
liaçäo, resolução. moral ou Na
n arrado (dormia'
-ora,seosenhormepoupasse,tenhocertezaqueumdiapoderiaretribuirsuabondade. como marcas da seqüência narrativa, tempos verbais predominantemente do mundo
Rindo por achar rídícula a idéia, assim mesmo, ele resolveu libertá-lo. Aconteceu
que, pouco :
passou, resolveu); advérbios indicadores de tempo e espaço ou outras palavras/expressões
com essa
por caçadores. Preso ao chão, amarrado por discurso direto,
tempo depois, o Leåo caiu numa armadilha colocada finalidade - (Ro ndônia, tarde desta quartaleira, quondo, tempo depois, numa armadilh¿),
seu rugido' se apioximou e roeu äs poderia retribuir suo
fortes cordas, sequer podia mexer-se. O Rato, reconhecendo indireto ou indireto livre (- Oro, se o senhor me poupasse, tenho certeza que um dia
cordas até deixá-lo livre. Então disse: bondade. / "Temos informações que o tromba d'água pode chegara o seis ou sete metros de altura' Algumos
esperava receber de pessoas estao res¡st¡ndo, mas a maioia esta desocupando as casas') eic-
- o senhor riu da idéia de que eu jama¡s ser¡a capaz de ajudá{o. Nuncapequeno Rato é capaz de
mim qualquer favor em troca do seu! Mas agora sabe' que mesmo um 2 Mundo narrado: o locutor se dist¿nc¡a do discurso, sem interferência d¡r€ta; predom¡nam verbos
no pretér¡lo perfe¡Îo e no futuro do Preté-
* presenle futuro do presente e prelérito ¡mperfeitq preferenc¡al
ri¡o. Múndo comentado:o locutor secoñpromete com aquiloqueenuncia
retribuir um favor a um poderoso Leão. por Hðcld we¡nfich (dpud KocH, 1997)'
mente. As noçóes sobre mundo narrado e mundo comentãdo fofam fofmuladas
mais leais aliados.
Moral da história: os pequenos am¡gos podem se revelar os melhores e (l já c¡tado.
3 Em vários pon¡os dessa análise KoÍemos a termos cunhados por Koch e Fávero 987). conforme
4 Formulaçáo da Sociolingüís¡¡ca ðmeric¿na (LABOV;WALETZKY i967)'
para inviabilizar outras premissas ou teses) - coos aéreo, combate ao crime organizado, armamento de
(ou nova tese).
outros países lat¡no-omericanos. F¡nalmente, chega-se a uma síntese e à conclusäo
Seqüência argumentativa
euanto à dimensão lingüística de superfície, as marcas são modalizadores!, verbos lntrodutores
de opiniáo, operadores argumentativos (nunca), metáforas temporais6, recurso à autoridade.
[arta ao leitor
Sob o poder civil
Desde o fim da ditadura militar. em 1 985, nunca o papel das Forças Armadas esteve no centfo
Seqüência expos¡tiva 0u expl¡cativa
principais
da atenção do debate político como agora - e isso não é uma má notícia. Muitas das
aéreo é um exemplo' O (IRASK, 2006, P. l5l)
discussöes nacionais tocam de alguma forma o estamento militar. O caos
sob
controle do tráfego de avióes é a Única atividade com impacto cotidiano na populaçåo ainda Langue (longuel- o sistema lingüístico abstrato compartilhado pelos falantes de uma língua.
O
o comando direto dos homens defarda. Mas muita geñte gostaria de vê-los interferindo
em outras
termo francês /angue foi introduzido pelo lingüista suíço Ferdínand de Saussure no início do século
dimensóes da vida civil. Alguns governadores, como 5érgio cabral, do Rio de Janeiro, reivindicam XX. No tratamento de Saussure, esse{ermo contrasta especificamenle com
parole, isto é, os enun-
a participação de tropas do Êxéfcito no combate ao crime organizado, cujo
poder de fogo supera o essencial
ciados efetivamente realizados. Uma distinção desse tipo foi freqüentemente considerada
das polícias estaduais. Quando se discute a obsessão de Hugo Chávez por armar a Venezuela
com
para a lingüística desde o tempo de Saussure, e a distinçâo mais recente feita por Noam chomsþ
surge a queståo do preparo de nossas
um årsenal moderno e mais apropriado para açôes ofensivas,
entre competência e desempenho é análoga a ela, em termos gerais; note-se, porém, que a longue
Forças Armadas para conter um eventual gesto tresloucado do imperialista bolivariano. de Saussure é uma propriedade que caracteriza toda uma comunidade de falantes, ao
passo que a
Armados -; na seqüência, sâo apresentados argumentos para validar essa tese (ou contra-argumentos poder, dever, prov¿velmenle.
'6 no ¡nter¡or do oulro Exemplo: uso de um t€mpo
Metòfotos temporais:'emprego de !m tempo de úm dos mundos lnarrado ou comentôdo]
A caravana cam¡nhava lentamen¡e pelo
do mundo comentado no interior do mundo narr¿do. Tat exped¡ente provocå maior enq¿jðmeoto.
aSSUStadOS, SUrge Um disco voador, em que efa eSpeGdO
ouvru'se e
aaeAl desefto. De repente, Ouve-Se um fOne ruído e, d¡ante dO' b€dUinOs
sutgiú" IKOCH,19971.
7 Conferir nota 4.
5eqüénci¿s textuais | 149
r¿6 I Prálka Textual em Lingua Portuguesa
5eqüência descritiva
Seqüência injuntiva
-
Miúda, Eslovênia é o terceiro país ma¡s verde da Europa
Penne com molho de lingüiça calabresa
((LAUDlA,2008¿,P' 5) Chegar à Eslovênia de avião apresenta, de cara, ao viajante, uma das principais características
desse país: a abundância de verde. O pequeno território esloveno - menor do que o estado de Sergi-
3 pacotes (5009) de lingüiça calabresa fina cortada em rodelas pe - tem 57% de sua área coberta por florestas. É o terceiro país mais verde da Europa, atrás apenas
2 dentes de alho Picados das escandinavas Suécia e Finlândia.
1 cebola pequena picada Dividido em reg¡óes geográficas com características peculiares e muito preservadas, a Eslo-
'I lata de molho de tomate temperado vêniaé descrita, muítas vezes, como uma mini-Nova Zelåndia. E é palco de inúmeras atraçöes para
amantes de esportes e ativ¡dades ao ar livre.
8 tomates grandes. maduros, sem pele e sem sementes, picados grosseiramente
É preciso, em tempo, que fique claro: esse país, ainda relativamente desconhecido, nada tem a
1 galho de manjericäo picado ver com a Eslováquia. A não ser pelo prefixo do nome.
Sal a gosto No coração da Europa central, a Eslovênia faz f¡onteira com a ltália, a Áustria, a Hungria e a Cro-
5 litros de água fervente ácia. Com essa últ¡ma, compartilha uma estreita faixa de litoral banhado pelo cristalino Mar AdriátÈ
co. A capital, Liubliana, fica estrategicamente localizada entre cidades famosas, como Veneza
(ltália).
5009 de macarräo tipo penne Viena (Áustria) e Budapeste (Hungria).
Em uma frigideira funda, leve ao fogo a lingüiça, o alho e a cebola e refogue até a cebola ficar Ex-integrante da República Socialista Federal da lugoslávia e independente desde 199'1, a Es-
transparente. Junte o molho de tomate, misture e deixe cozinhar por cinco minutos. Adic¡one o lovênia integra a União Européia desde 2004- quando entrou para o mapa do turismo europeu e
tomate, o manjericåo e sal. Mexa e cOzinhe por mais cinco minutoS ou até o tomate ficar macio' passou a ser servida por vôos da com panhia lowfare-lowcost Easy Jet.
Reserve. Em uma panela grande com a ágUa fervente e sal, cozinhe o macarrão até ficar al dente'
Neste pr¡meiro semestre de 200& o país será sede da presidência da Uniåo Européia (que é rota-
Escorra e sirva com o molho. Rende oito porçóes.
tiva). posição que pela primeira vez desde a formaçåo da UE será ocupada por um país ex-socialista.
A seqüência injuntiva pode ser nomeada, também, como diretiva ou de descrição de açoes. Contrar¡ando as expectativas,já que saiu de um regime comunista, a Eslovênia não se enqua-
schneuwly e Dolz (2oo4,p. 121) apresentam que, pensando em um domínio social de comunicação rns-
dra naquele perfil de "Europa do Leste", em que se percebe nitidamente a distância ou a relativa
truções e prescrições, o descrever ações seria responsável pela regulação mútua de comportamentos.
obsolescência em relaçäo aos países orienta¡s.
Aqui teríamos as instruções de montagem, as receitas, os regulamentos, as regras do
jogo, as
O jovem país é extremamente próspero e une harmoniosamente modernidade e tradição. A
¡nstruçöes de uso, os comandos diversos, os textos prescrit¡vos, os enunciados (de um problema de
história eslovena começa no século Vl, data dos primeiros registros dos primeiros eslovenos, habi-
matemática, por exemplo), as bulas de remédio. Em uma dimensão pragmát¡ca, o macroato seria dire-
tantes dos vales da baía do rio Danúbio e dos Alpes, muito antes de o país ser anexado ao lmpério
cionar,orientar;eaatitudecomunicativa fazersaberfazer(nocaso,fazersaberfazerPennecommolho Austro-Húngaro, no século XlV, que perdurou por seis séculos.
de lingüiça calabreso).
CE, Ana. DilPonível em: <wwl.folha.uol.com-br/folha/
A superestrutura da seqüência iniuntiva comporta a prescrição de comportamentos seqüencial-
turismo/noticias/u1t338u361 932.shtml>. Acesso em I 0 jan. 2008.
mente ordenados, ou seja, a execuçåo das açöes deve, na maioria das vezes, obedecer a ordem eStabe-
lecida com risco de comprometimento dO resultado final. Esquematicamente, teríamos: Bonini (2005, p. 222) informa que a descriçäo'ë a seqüência menos autônoma dentre todas. Difi-
cilmente será predominante em um texto. Sua ocorrência maiS característ¡ca é como parte da seqüência
narrativa, principalmente na parte inicial (a situação), quando sâo introduzidos o espaço e os persona-
gens do fato." Também é possível encontrá-las em guias turísticos.
Penne com molho de Leve... Refogue... ... Penne pronto
Na dimensäo pragmát¡ca, o macroato é apresentaçåo de enunciados de estado e/ou situaçåo
lingûiça calabresa
e a atitude comunicat¡va pode ser do mundo narrado ou do mundo comentado. Quanto ås marcas
Na dimensão lingüística de superfície, as marcas identiñcadoras da seqüência injunt¡va são mo- lingüísticas - dimensåo lingüística de superfície -, predominam os verbos de estado, situaçáo ou indi-
dos e tempos verbais no imperativo (leve, refogue,junte seld), infinitivo ou futuro do presente, vocativo caãores de propriedades, at¡tudes e qualidades (tem, é, faz, compart¡lha, frca). Há, ainda, uma unidade
(parte-todo),
(explícito ou não); verbos performa Tivos (mexa, escora); períodos simples, conect¡vos que indiquem a do estoque lexical assegurada pelo tema-título (no caso, Estovênial; relações de inclusão
seqüenciação das ações (primeiro, depois, finalmente).
Seqüènrias rextuais | 15'l
I Prática Textual em Lingua Ponuguesa
não moro em lpanema... mas queria te perguntar uma coisa... qual é a tua imagem você mora em
5eqüência preditiva Copacabana né? qual... qual a imagem que você faz de lpanema?
a2
Áries olhä... eu...
2113 a2014 L1
Amor não é sobre o bairro não... eu quero saber como vivem as pessoas que moram lá..,
se con-
Quem já tem um par deve apostar na estabilidade; para as solteiras, as oportunidades L2
centram no segundo semestre. A vida Social será part¡cularmente agitada, com gente entrando em
t
seu círculo de amigos e saindo dele. Fique atenta: cada pessoa será uma nova fonte de aprendizado.
das pessoas... da vida ( )
Fará parte de seu convívio quem busca a espiritualidade ou o desenvolv¡mento inter¡or.
L1
Trabalho
é... qual a imagem que você faz?
Este será o ponto alto de sua vida em 2008. Trabalhe bastante, pois a natureza conspirará pelo
seu sucesso, valorizando esforços e favorecendo as mudanças. O que é frágil será transformado. L2
Mas nem penie em cruzar os braços. Faça sua parte sem medo de assumir novas responsabilidades' olha... eu acho...
Esteja alerta às possibilidades de viagem.
L1
Saúde
pode ser franca... hein...
O segredo será respeitar seu ritmo. Como o trabalho exigirá muito, haverá a tendência a ultra-
L2
passar limites. Se isso acontecer, seu corpo vai lembrá-la da imponância de cuidar de si. Repouso e
boa alirnentação são os antídotos para a fadiga. Verifique com seu médico a necessidade de repor está ok ((risos)) eu não vou malhar não... olha eu acho...
cálcio e magnésio. L1
Exercite o otimismo diante da vida e não fique só fazendo planos. O momento é de agir. L2
Clá ud ¡a, iaî. 2oo8, P. 9 4. bom eh... está bom... eu acho ... pri/... prímeiro lugar o bairro... acho um bairro espetacular... e acho
que quem mora em Copacabana deseja à beça morar lá... bom.:: já estou entrando aqui no à be/ à...
O macroato da seqüência preditiva é predizer enunciados sobre o futuro. A at¡tude comunicativa hein? agora e... quanto às pessoas que moram lá... eu tenho a impressäo que não såo diferentes das
é fazer crer e/ou fazer saber. outras que moram noutro bairro... só QUE... em vista do locaÞeh... das possíbilidades e:... eh... e... do...
Podemos encontrar seqüências preditivas nos horóscopos, profecias, boletins metereológicos e do meio de... maior comunicação que parece que existe lá... diversäo e tal... deixa assim elas mais
previsöes em geral. A superestrutura preditiva comporta prenúncio de eventos, situaçöes, comporta- à vontade mais,,. mais dadas... comunicat¡vas isso... fazendo uma diferença entre as pessoas dos
outros bairros né... agora... em relaçäo ao pessoal que mora em Copacabana,.. eu sou bairrista hein
mentos (individuais ou coletivos) com base em relaçöes de causalidade, em deduçóes lógicas - Koch e
sou bairrista... mas acho que.,. se comportam quase que da mesma maneira... só que... a evolução
Fávero ( 1 987) - (caso dos bolet¡ns metereológicos) ou por simples casualidade (horóscopo).
natural eh... transportar... a cidade se transportar sempre pra outro lugar outros... pra outros bairros
tempos
Para realizar lingüist¡camente a seqüência preditiva sáo necessários, na maioria das vezes, né... quer dizer... bairros se transportam pra outros bairros... e que... dão mais condiçåo de vida... de
verbais com perspectiva prospect¡va ldeve opostar, será, fará, conspiraró\, períodos simples, estruturas
calma... tranqriilidade... e vai... vai por aí... é por aí... agora o pessoal é legal... comunicativo...
nominalizadoras (sem verbo); ausência de conectivos do tipo lógico e adjetivação abundante.
Oisponivel em: <http//M.letras.ufrj.brlnurc-rjlcorporald2/d2-'147.hÌml>. Acesso em: l4 jan.2008.
A seqüência dialogal está presente na conversaçáo e suas variantes (entrevistas, conversaçäo te-
Seqúênc¡as textuais | 15i
- De acordo com as orientaçóes dos PCN, os diferentes gêneros textuais devem ser trabalhados no
lefônica,debate),bemcomoemsuasversöesficcionais_comoosdiálogosemromances.Umadesuas
CâtactërlsrlLds é scr puliger atJa (r r r¿i¡ .jc um interlocutor),
¡o contrárin ¡as nlllras sPqi¡ênçia5' tncino Fundamont¡1, do[dc¡t 5óri¡¡ lnici¡i¡
pìincrpars
Adam(apudBonini,2005,p.225)segmentaaseqüênciadialogalemduasoutras:afáticaeatransa- No Brasí1, desde ineados da década de 1990, circulam art¡gos, teses, livros e mater¡ais didáticos
portanto, ritualística, no sentido de ser padroni- inspirados nessa abordagem. Essas produçöes procuram explorardiferentes aspectos do trabalho
cional. A seqüência fática abre e iecha a inieração, sendq
zada (ex.: Oli, como vai?/Tchau.). Já a seqüência transacional
abarca o assunto que motivou a interaçâo' com gêneros textuais. Um desses aspectos estudados é a p rogressão curricular em espiral dos gêne'
ros no ensino de !íngua, que procura responder a uma pergunta que se r€pete entre os
professores:
quais os gêneros maís adequados para cada série do Ensino Fundamental? Essa questão é orientadora
oscrþtassemelha-seàseqüêncianarrativa,mas,aocontráriodesta,nãoapresentaconflito,ten- As propostas de progressão curricular resultantes desses estudos têm como paråmetro, em