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Matrizes
Autores
aula
01
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
224 p.
ISBN 85-7273-290-X
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização
expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
N
esta primeira aula, vamos trabalhar com as tabelas numéricas chamadas matrizes.
Introduziremos algumas operações no conjunto de todas as matrizes e mostraremos
algumas de suas principais propriedades. Os assuntos tratados aqui têm importância
fundamental na resolução de equações lineares simultâneas, que são uma parte importante
desta disciplina.
Para esta aula, é necessário apenas que você conheça as quatro operações usuais com
números reais. Na verdade, na prática, trabalharemos mais com números inteiros e frações.
É desejável, também, que você tenha alguma experiência com resolução de equações do
primeiro grau.
Objetivos
Ao término desta aula, você deverá ser capaz de: adicionar ma-
trizes, multiplicar uma matriz por um número real (escalar), mul-
tiplicar duas matrizes, bem como encontrar a transposta de uma
matriz dada e a inversa (se existir) de uma matriz quadrada (pelo
menos 3 × 3).
Se o número de linhas e colunas for claro ao contexto, a matriz A acima será repre-
sentada na forma abreviada [aij ] . O elemento genérico aij indica o elemento localizado na
i-ésima linha e j-ésima coluna. Por exemplo, a13 é o elemento localizado na primeira linha
e terceira coluna. No lugar do colchete em [aij ], podemos usar um parêntese; neste caso, a
matriz será denotada por (aij ). O uso matemático de tabelas assim tem origem muito antiga.
Há registros chineses sobre matrizes que datam de 250 anos antes de Cristo.
As matrizes aparecem em várias áreas da Matemática e suas aplicações. Por exemplo,
uma matriz pode servir de modelo ou representar uma situação do nosso cotidiano. Con-
sidere a matriz 4×3
8 7 5
6 4 9
A= 10 5 6
7 9 8
Nessa matriz A, cada linha pode representar um aluno e cada coluna pode representar
seu grau de aprovação em uma dada avaliação. Isto é, a matriz A pode representar o seguinte
quadro de avaliação:
1a avaliação 2ª Avaliação
1ª Avaliação 2a avaliação 3aAvaliação
3ª avaliação
Aluno 1 Aluno 1 88 77 5 5
Aluno 2 Aluno 2 66 44 9 9
Aluno 3 Aluno 3 1010 55 6 6
Aluno 4 Aluno 4 77 99 8 8
Muitas vezes, para se construir uma matriz, é definida uma lei de formação para o
elemento genérico aij da matriz, como no exemplo a seguir.
Essas ligações são indicadas definindo-se aij = 1, se o ponto i está ligado ao j, caso
contrário, isto é, se o ponto i não está ligado ao j, define-se aij = 0. É admitido que nenhum
ponto está ligado a ele mesmo. É fácil ver que a forma matricial deste diagrama é dada por
0 1 0 1
1 0 1 1
A=
0 1 0 0
1 1 0 0
Note que a13 = 0, pois, pelo diagrama, vemos que o ponto 1 não está ligado ao 3.
Também a31 = 0, a34 = 0, a43 = 0. Agora, como nenhum ponto está ligado a si próprio,
veja que a11 = a22 = a33 = a44 = 0. Finalmente, observe que os outros pontos estão
ligados, isto é, a12 = 1, a14 = 1, a21 = 1, a23 = 1, a24 = 1, a32 = 1, a41 = 1, a42 = 1.
Igualdade de matrizes
Duas matrizes A = [aij ] e B = [bij ] são ditas iguais se, e somente se, tiverem
o mesmo número de linhas, o mesmo número de colunas e aij = bij para todos
i, j.
Você verá no decorrer deste estudo que essas matrizes especiais desempenham um
papel fundamental para o desenvolvimento desta disciplina.
Adição de matrizes
Observe que a soma A + B é definida somente quando A e B são do mesmo tipo, isto
é, tiverem o mesmo número de linhas e o mesmo número de colunas. Por exemplo,
3 2 1 −1 0 2
Se A = 0 4 6 e B = 1 6 7 , então,
5 3 7 4 3 9
3 + (−1) 2 + 0 1 + 2 2 2 3
A+B = 0+1 4 + 6 6 + 7 = 1 10 13 .
5+9 3+4 7+3 14 7 10
i) A + B = B + A (propriedade comutativa);
iii) existe um elemento zero, denotado por 0, tal que, A + 0 = 0 + A = A, para todo
A ∈ Mm×n (IR). Veja que esse elemento zero é a matriz nula. De fato, temos A + 0 =
[aij ] + [0] = [aij + 0] = [aij ] = A = 0 + A;
iv) para cada matriz A = [aij ] ∈ Mm×n (IR), existe uma matriz inversa aditiva, denotada
por −A, tal que A + (−A) = −A + A = 0. Veja que −A = [−aij ].
Uma outra operação a ser considerada no conjunto Mm×n (IR) é a multiplicação por
escalar.
Por exemplo, se
−4 2 (−2) · (−4) (−2) · 2 8 −4
A= e r = −2, então, (−2)A = = .
1 0 (−2) · 1 (−2) · 0 −2 0
1) (c1 + c2 )A = c1 A + c2 A;
2) c(A + B) = cA + cB;
3) c1 (c2 A) = (c1 c2 )A;
4) 1 · A = A, (−1) · A = −A(−1) · A, 0 · A = 0m×n , em que 0 denota o escalar zero,
enquanto 0m×n é a matriz nula m × n.
Multiplicação de matrizes
Note que a notação matricial abrevia a notação (por equações). Cabe salientar que essa
notação matricial foi introduzida pelo matemático inglês Artur Cayley em 1858.
Leis distributivas
Sejam A e B matrizes m × n, C uma matriz r × m e D uma matriz n × s.
Então, C(A + B) = CA + CB, (A + B)D = AD + BD.
Atividade 1
Mostre a lei associativa do produto, considerando uma matriz A 3 × 2, B uma
matriz 2 × 2 e C uma matriz 2 × 3. Também, mostre a lei distributiva con-
siderando matrizes A e B 3 × 2, C uma matriz 2 × 3 e D uma matriz 2 × 3.
Propriedades
1) (At )t = A;
2) (A + B)t = At + B t ;
3) (cA)t = cAt , em que c é um escalar;
4) (AB)t = B t At (a transposta do produto é o produto das transpostas na
ordem inversa).
Exercício resolvido 1
4 −1 3
Escreva a matriz A = 2 5 1 como a soma de uma matriz simétrica e
1 uma matriz anti-simétrica.
3 0 6
Solução
Se você conhece a matriz A, podeobter a matriztransposta de A, isto é,
4 2 3
A = −1 5 0 .
t
3 1 6
A + At A − At
Agora, observe que A = + .
2 2
4 12 3
A+A t
Veja que S = = 12 5 12 é simétrica,
2
3 12 6
0 − 3
2 0
A − At 3
enquanto S = = 2 0 12 é anti-simétrica.
2
0 − 12 0
Por exemplo, se
3 −5 2 5
A= eB = ,
−1 2 1 3
3 · 2 + (−5) · 1 3 · 5 + (−5) · 3 1 0
então, AB = = = I2 e BA = I2 .
(−1) · 2 + 2 · 1 (−1) · 5 + 2 · 3 0 1
Conseqüentemente, A−1 = B, isto é, A é inversível.
Exercício resolvido 2
Suponha que não conheçamos a inversa da matriz A do último exemplo e tentemos
1 encontrá-la.
Solução
x y
Seja A−1 = . Devemos ter A · A−1 = I2 A, assim,
z w
3 −5 x y 1 0
· =
−1 2 z w 0 1
3x − 5z 3y − 5w 1 0
= .
−x + 2z −y + 2w 0 1
−y + 2 · 3 = 1
⇒y =6−1=5
2 5
Logo, A−1 = .
1 3
Propriedades da inversa
i) (A−1 )−1 = A;
ii) (AB)−1 = B −1 A−1 .
Para provar a propriedade i) basta ver que como A · A−1 = In , então, A é a inversa de
A−1 , ou seja, A = (A−1 )−1 , enquanto para ii), temos
Auto-avaliação
2 −1 0 1 0 −1
Dadas as matrizes, A = 1 2 −1 e B = 2 −3 1 ,
3 0 1 −4 0 2
calcule
i) A + B
ii)A − B
iii) 2A + 5B
iv) A · B
v) At e B t
vi) A−1
em que a seta indica a dominância do ponto i sobre o ponto j. Passe para a linguagem
matricial esse diagrama (supondo que nenhum ponto domine ele mesmo).
1 2 2 1
4) Se A = e B= , calcule AB e BA.
2 −1 0 4
2 −1 6 x 2
5) Mostre que a equação matricial 1 4 2 y 1 é equivalente a três
=
3 2 −1 z 7
equações lineares em x, y e z.
6) Se X = 3 1 2 4 , calcule XX t e X t X.
1×4
1 −1
7) Será que A = é inversível?
1 −1
GOLÇALVES, A.; SOUZA, R. M. L., Introdução à álgebra linear. São Paulo: Editora Edgar
Blucher Ltda, 1977.
MURDOCH, D. C. Álgebra linear. Rio de Janeiro: livros Técnicos e Científicos Editora Ltda,
1972.
2)
a) y = −1, x = 9.
b) Não é possível, pois encontramos um absurdo do tipo 0 = 1.