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O Sr.

Mario foi intimado da presente execução fiscal para efetuar o pagamento


ou apresentar bens à penhora, referente ao recolhimento do Imposto de Renda
relativo ao ano-base de 2005 da sociedade Fiona Ltda., da qual era o sócio
responsável pela gerência do estabelecimento. Embora o Sr. Mario tenha se
retirado da empresa no ano de 2006, tomou o cuidado de guardar consigo
todos os comprovantes de pagamento dos tributos, inclusive daquele exigido
na execução fiscal. Apresente a fundamentação para defesa de seus direitos.
_____________________________

A Empresa XYZ LTDA foi citada de execução fiscal para pagamento ou


garantia do juízo em cinco dias. Ao submeter o mandado de citação com as
respectivas CDAs para o advogado, este constatou o seguinte: As Certidões da
Dívida Ativa e as respectivas notificações de lançamento que consubstanciam
a Execução Fiscal Federal encontram-se com dados e informações nitidamente
irregulares, decorrentes de graves erros na sua elaboração.

Nas Certidões existem datas errôneas referentes ao ano/exercício do fato


gerador e a correspondente data da notificação do contribuinte da constituição
do seu crédito. De acordo com as Certidões de Dívida Ativa, emitida pela
Procuradoria da Fazenda Nacional, o tributo, Adicional de Frete para
Renovação da Marinha Mercante, teve o seu período de apuração ano
base/exercício (fato gerador) em 09/12/2006 e data de vencimento em
08/01/2006.

Apresente a medida cabível e os respectivos fundamentos para defesa dos


direitos do contribuinte.

Ingressar com uma Exceção de Pré-executividade em Execução Fiscal, com


base na Súmula 393, STJ c/ art. 202, CTN c/ art. 2º, § 5º, LEF.

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. Cabimento em razão de haver


pagamento do tributo, o que pode ser demonstrado por meio de prova
inequívoca e pré constituída, afetando a certeza e liquidez do crédito.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA


ESPECIALIZADA EM EXECUÇÕES FISCAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
SÃO PAULO/SP

Execução Fiscal Federal nº _______


EXCEÇÃO DE PRE-EXECUTIVIDADE
INEQUÍVOCA EXISTÊNCIA DE VICIO NA CDA - NULIDADE

NOME, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na (ENDEREÇO),


Inscrição Estadual n.________, inscrita no CNPJ/MF sob o nº________, por
seu advogado que esta subscreve (Instrumento de Procuração incluso), vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar a presente

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

com fundamento nas razões de fato e de direito a seguir articuladas:

I - DO CABIMENTO DA PRESENTE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Como é amplamente conhecido, o processo de Execução tem como objetivo a


expropriação dos bens do devedor, com o fim de satisfazer o direito do credor.

Com a evolução do direito, nasceu a preocupação de romper ou, pelo menos,


minimizar a rigidez do sistema processual executivo, sob a consequência de
trazer implicações profundas para o direito de defesa.

Atualmente tem-se entendido que é admissível que o executado se manifeste


de diversas maneiras nos autos da execução, tese essa defendida largamente
pela doutrina e jurisprudência modernas, senão vejamos o posicionamento de
Cleide Previtalli Cais:

“Esse meio simplificado de defesa vem sendo designado, pela doutrina que se
dedicou ao assunto, como exceção de pré-executividade, oposição pré-
processual e objeção de pré-executividade, tendo como objetivo afastar de
plano a executividade de um título que, de início, se apresenta desprovido
dessa força, com isso evitando a constrição de bens do Executado. (...) A
decisão sobre a matéria em exceção de pré-executividade abrevia, em muito, o
curso do procedimento da execução, evitando a prática de atos que se
revelarão inúteis ao final, com dispêndio para o Poder Judiciário e desgaste
para as partes no processo.” (CAIS, Cleide Previtallis. O Processo Tributário. 7ª
edição – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 617)

A Exceção de Pré-Executividade vem para o Processo Tributário como meio de


defesa do jurisdicionado, principalmente na fase de Execução, pois visa
impugnar pretensões relativas a vícios ou defeitos processuais em que não
necessite da garantia do juízo.

Nesse sentido leciona Maria Rita Ferragut:

“Historicamente, ao devedor é possível defender-se da execução por meio dos


embargos à execução fiscal, por sua vez recebidos somente se o juízo estiver
previamente garantido. Ocorre que o entendimento de que o direito ao
contraditório condiciona-se a esse rito vem sendo superado em função de uma
interpretação mais flexível dos artigos 737, inciso I, do CPC, e 16, parágrafo 1º
da LEF. (...) No caso do administrador que é citado para responder pela dívida
oriunda de fato jurídico praticado pela sociedade, sem que restem
caracterizados os pressupostos nos artigos 135 e 137 do CTN, temos a
ilegitimidade passiva. O administrador não integra a relação jurídica material
que originou o débito e, como a ilegitimidade viola uma das condições da ação,
o processo deve ser extinto sem julgamento de mérito”. (FERRAGUT, Maria
Rita. Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 2002. São Paulo: Noeses,
2005, p. 189)

Autoriza-se o manejo da exceção de pré-executividade quando observado o


não cumprimento dos pressupostos de existência e validade da própria relação
jurídico-processual executiva, quais sejam: o inadimplemento do executado e a
existência de título executivo extrajudicial dotado de liquidez, certeza e
exigibilidade.

É sabido que a Exceção de pré-executividade é uma excepcional possibilidade


do Executado em promover a defesa de seus direitos e interesses,
independentemente de prazo ou do oferecimento de bens a serem penhorados.
Neste sentido é a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região:

AGRAVO DE INSTRUMENTO -EXECUÇÃO FISCAL - EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE - CABIMENTO - ILEGITIMIDADE PASSIVA - ART. 135, CTN
- RETIRADA DO QUADRO SOCIETÁRIO - RECURSO PROVIDO. A exceção
de pré-executividade, admitida em nosso direito por construção doutrinário-
jurisprudencial, tem como escopo a defesa atinente à matéria de ordem
pública, tais como a ausência das condições da ação e dos pressupostos de
desenvolvimento válido do processo, desde que comprovadas de plano,
mediante prova pré-constituída. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça e desta Corte aquiesce ao restringir a exceção de pré-executividade às
matérias reconhecíveis de ofício e aos casos aferíveis de plano, sem
necessidade de contraditório e dilação probatória. (...) Prejudicadas as demais
questões. Agravo de instrumento provido. (TRF-3 - AI: 5096 SP 0005096-
54.2012.4.03.0000, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NERY JUNIOR,
Data de Julgamento: 21/03/2013, TERCEIRA TURMA)

O presente caso concreto trata, especificamente, de graves vícios nas


Certidões de Dívida Ativa, conforme passaremos a comprovar adiante.

Tais defeitos no título executivo o tornam imprestável para os seus fins,


atingindo a validade da certidão de divida ativa, estando evidente, portanto,
matéria de ordem pública que deve ser conhecida por meio da presente
Exceção de Pré-executividade.

Esse o caminho sedimentado pela jurisprudência pátria:

DECISÃO MONOCRÁTICA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO


TRIBUTÁRIO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. NULIDADE DA CDA.
AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 202 DO CTN.
POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO. 1. É nula a Certidão de Dívida Ativa que
não apresenta o fundamento legal da dívida. Inteligência dos arts. 2º, §§ 5º e
6º, da LEF c/c art. 202 do CTN. Precedentes. 2. É possível a Fazenda Pública
substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de
embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal. AGRAVO
DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE. (TJ-RS - AI: 70042109801 RS , Relator:
Denise Oliveira Cezar, Data de Julgamento: 26/05/2011, Vigésima Segunda
Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 01/06/2011)

Com efeito, a Exceção de Pré-Executividade e manejada quando ausentes


pressupostos indispensáveis a validade do processo executivo e/ou seu objeto,
podendo ser arguida independentemente de embargos.

Ora, a Exceção de Pré-Executividade atende ao princípio da celeridade


processual, tendo em vista que poderá ser argüida em qualquer momento
processual, visando sempre garantir meio de defesa ao jurisdicionado que
tenha fundamento em provas inequívocas e matéria de ordem cogente.

Ademais, o Executado necessita da análise das suas alegações, as quais são


urgentes, haja vista que encontra-se na iminência de sofrer a injusta constrição
de bens, em especial o bloqueio de valores em sua conta bancária.

Sendo assim, diante dos fundamentos acima expostos, e mister o recebimento


da presente Exceção de Pré-Executividade por este MM Juízo Federal.

Possamos a analisar o caso concreto da Execução Fiscal, objeto da presente


Exceção.

II - DO VICIO EVIDENTE DO TÍTULO EXECUTIVO – NULIDADE DA CDA

Por meio da Execução Fiscal, espécie de execução por quantia certa, dirige-se
a Fazenda Pública ao Poder Judiciário para ter satisfeito o seu direito a
determinada prestação pecuniária,

supostamente líquida, certa e exigível, identificada na Certidão da Dívida Ativa,


que abrangerá valores devidos por dívidas tributárias, compreendendo
atualização monetária, juros de mora e multa de mora, de acordo com o
determinado nos Arts. 1º e 2º da Lei 6.830/80.

A Certidão de Dívida Ativa da União, de acordo com o disposto no Art. 3º, goza
de presunção de certeza e liquidez. Entretanto esta presunção é relativa e
poderá ser ilidida, conforme prescrição do Art. 204, parágrafo único do Código
Tributário Nacional.

Pode-se considerar que o determinado título goza de Liquidez e certeza


quando presentes os requisitos do Art. 201 do CTN, a saber: quando ocorre a
identificação do nome do devedor, a quantia devida, a origem e a natureza do
crédito, a data em que foi inscrita e o número do processo administrativo de
que se originou o crédito.
A Certeza pode ser definida como o atributo relativo à existência regular do
crédito, com origem, desenvolvimento e perfazimento conhecidos, dotado de
natureza determinada e fundamentação legal ou contratual induvidosa,
enquanto que a Liquidez pode ser definida como o atributo da Certidão de
Dívida Ativa ligada ao valor do crédito, em termos originais do principal, juros,
multa e outros encargos legais.

Vejamos a exposição da doutrina acerca da Certeza a Liquidez exigidos, aqui


exposta por Aliomar Baleeiro.

"A certeza se refere ao título probatório, e a liquidez a quantia cobrada. A dívida


será certa, se puder ser provada por meio de título, com todos os requisitos
legais, de modo a infundir certeza sobre a sua existência. A certeza, portanto,
se prende à origem da obrigação. Liquidez, quer dizer valor fixo e determinado.
A dívida será líquida se a quantia for definida. Por isso é que se pode dizer que
a existência certa da dívida é a primeira condição para a sua liquidez."
(BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11ª edição atualizada. Rio de
Janeiro, Forense, 2009, p. 1013)

Os elementos da certidão de dívida ativa são indispensáveis, não apenas por


critério formal, mas para garantir ao Executado o pleno conhecimento e
identificação da exigência, seu fundamento e os termos adotados para cálculo
do débito principal e seus complementos.

É a presença regular de tais elementos e seu pleno conhecimento que


assegura o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Para que possa o Executado se defender, indispensável a regularidade formal


e material da exigência, sob pena de violação das premissas constitucionais do
contraditório e da ampla defesa.

Tratando-se do procedimento de constituição da dívida ativa tributária, o Art.


203 do CTN, reportando-se aos tópicos que obrigatoriamente devem ser
indicados no documento de inscrição mencionados no Art. 202, determina que
a omissão de qualquer um deles ou o erro a eles relativo são causas de
nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente.

“Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou


o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de
cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de
primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito
passivo, acusado ou interessado, o prazo para defesa, que somente poderá
versar sobre a parte modificada”.

O Art. 203 do CTN é peremptório: omissa ou incorreta a inscrição, fatalmente


ocorrerá a nulidade!
Nos termos do Art. 26 da Lei 6.830/80, “se, antes da decisão de primeira
instância, a inscrição de Dívida Ativa for, a qualquer título, cancelada, a
Execução Fiscal será extinta, sem qualquer ônus para as partes”.

Nitidamente o que pretendeu o legislador com a prescrição normativa em


comento foi garantir ao executado pleno conhecimento e certeza acerca dos
elementos da cobrança que lhe é dirigida, porquanto nula será a certidão de
dívida ativa que seja falha em relação a seus requisitos, exatamente por
dificultar a defesa do Executado.

Essa a razão, alias, da devolução do prazo para os embargos quando houver a


substituição ou emenda da CDA.

Quando a Certidão da Dívida Ativa for cancelada desaparece, por


consequência, o título executivo, tornando impossível o prosseguimento válido
e regular da execução fiscal, por ausência do pressuposto fundamental ao seu
desenvolvimento.

A Execução Fiscal se extinguirá em virtude da própria falta do seu título


principal.

Ora, In casu, as Certidões da Dívida Ativa e as respectivas notificações de


lançamento que consubstanciam a presente Execução Fiscal Federal
encontram-se com dados e informações nitidamente irregulares, decorrentes
de graves erros na sua elaboração.

Nas Certidões de fls. 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 49 e 50, existem datas
errôneas referentes ao ano/exercício do fato gerador e a correspondente data
da notificação do contribuinte da constituição do seu crédito, senão vejamos de
forma detalhada a seguir.

De acordo com as fls. 02 da Certidão de Dívida Ativa, emitida pela Procuradoria


da Fazenda Nacional, o tributo, Adicional de Frete para Renovação da Marinha
Mercante, teve o seu período de apuração ano base/exercício (fato gerador)
em 09/12/2006 e data de vencimento em 08/01/2006. Ora, se o tributo foi
apurado em dezembro de 2006, como é que o seu vencimento se deu 12
(doze) meses antes da ocorrência do fato gerador, isto é, em janeiro de 2006??
Há assim, expressa contradição nos dados apresentados na certidão.

Essa discrepância influencia diretamente no termo inicial para contagem dos


encargos moratórios.

Não apenas isso, mas na mesma fl. 02 vemos que a data da notificação da
constituição do crédito, realizado por meio de aviso de recebimento - AR, se
deu em 21/10/2006.
Isto é, a apuração do AFRMM se deu em dezembro de 2006 e a notificação do
lançamento se deu em outubro de 2006.

Ora, como poderá a autoridade fiscal lançar o tributo sem ao menos o ter
apurado? Noutros termos, como pode haver o lançamento antes mesmo da
ocorrência do fato gerador???

Induvidosa a existência de erro gravíssimo na determinação da exação, pois à


executada está sendo imposto o pagamento de valores sem a devida
notificação do seu lançamento em momento correto, de acordo com a análise
da Certidão de Dívida Ativa.

Ocorre que, este grave defeito na Certidão da Dívida Ativa não se dá apenas
com relação a esta fls. 02, mas também com as Certidões de fls. 03, 04, 05, 06,
07, 08, 09, 49 e 50, senão vejamos.

Em fls. 03 a Certidão demonstra que o período de apuração ano base/exercício


do Adicional ocorreu em 24/10/2006, porém a notificação do lançamento se deu
em 21/10/2006, isto é, 3 (três) dias após do lançamento foi que se deu a
apuração do tributo? Há grande incerteza nestas datas mencionadas.

Em fls. 04, a Certidão afirma que em 28/11/2006 se deu o período de apuração


ano base/exercício do AFRMM, porém a notificação do lançamento do tributo
se deu em 21/10/2006.

Em fls. 05, a Certidão possui como período de apuração ano base/exercício o


dia 06/11/2006, entretanto a notificação do lançamento do tributo se deu em
21/10/2006.

Em fls. 06, a Certidão apresenta o período de apuração do tributo em


07/11/2006, enquanto que a notificação do lançamento se deu em 21/10/2006.

Na Certidão de fls. 07, é declarado que o período de apuração ano-


base/exercício se deu em 13/11/2006, entretanto a notificação foi realizada um
mês antes, isto é, em 21/10/2006.

Em fls. 08, o período de apuração está datado como 14/11/2006, mas a data da
correspondente notificação de lançamento se deu em 21/10/2006.

São vários os casos correlatos ao apresentado, conforme fls. 09, 49 e 50, em


que a notificação do lançamento do tributo se deu antes mesmo da apuração
da sua incidência.

A fim de esclarecermos as datas erroneamente apresentadas, segue uma


tabela com o detalhamento dos erros notados:
De acordo com o apontado acima, o período de apuração ano base/exercício
nada mais é do que o momento de ocorrência do fato gerador do Adicional de
Frete para renovação da Marinha Mercante.

Trata-se, de acordo com a Regra Matriz de Incidência Tributária, do aspecto


temporal, isto é, o momento do nascimento da obrigação, ocasião em que
exatamente houve a consumação da situação hipotética prevista no
antecedente da norma geral e abstrata que veicula a estrutura do tributo.

Observemos, então, o disposto na doutrina de Paulo de Barros Carvalho


acerca do aspecto temporal:

"Compreendemos o critério temporal da hipótese tributária como o grupo de


indicações, contidas no suposto da regra, e que nos oferecerem elementos
para saber, com exatidão, em que preciso instante acontece o fato descrito,
passando a existir o liame jurídico que amarra o devedor e credor, em função
de um objeto - o pagamento de certa prestação pecuniária" (CARVALHO,
Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 23ª edição. - São Paulo: Saraiva,
2011, p. 330)

Advirta-se que o lançamento tributário, seja visto como declaratório ou


constitutivo do credito tributário, sempre se reportara a um fato passado,
declarando seus efeitos para o futuro, decorrendo dai a impossibilidade lógica
da notificação do lançamento ocorrer em momento anterior ao da ocorrência do
fato gerador.

Observe, então, os dizeres de Paulo de Barros Carvalho acerca do assunto:

"Pudemos verificar que o fato jurídico tributário é constituído por um enunciado


protocolar, denotativo, relatando um evento pretérito que se consolidou numa
unidade de tempo e num ponto do espaço social. (...) Meditemos sobre a
construção desse segmento de linguagem. Seu conteúdo semântico será o
relato de um evento do passado, devidamente caracterizado no tempo e no
espaço. Dizendo de outro modo, o enunciado de que tratamos declara ter
ocorrido uma alteração no plano físico-social. Nesse sentido, vale dizer que o
fato jurídico tributário tem caráter declaratório. Aí está o motivo pelo qual se
aplica ao fato a legislação em vigor no momento em que o evento ocorreu.
Entretanto, não podemos esquecer que o relato do acontecimento pretérito é
exatamente o modo como se constitui o fato, como essa entidade aparente e é
recebida no recinto do direito, o que nos autoriza a proclamá-lo como
constitutivo do evento que, sem esse relato, quedaria à margem do universo
jurídico. Por outros torneios, o enunciado projeta-se para o passado, recolhe o
evento e, ao descrevê-lo, constitui-se como fato jurídico tributário. Retenhamos
esses dois aspectos: o enunciado do antecedente da norma individual e
concreta que analisamos se constitui como fato ao descrever o evento."
(CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 23ª edição. - São
Paulo: Saraiva, 2011, p. 480/481)
Reitere-se, o lançamento e a respectiva notificação sempre serão posteriores a
data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributaria.

Não existem argumentos lógicos que conduzam à aceitação do mencionado


nas Certidões de Dívida Ativa elencadas acima, sob pena de grave violação ao
Direito Tributário e Processual Civil.

Ora, a Certidão da Dívida Ativa apresenta presunção de liquidez e certeza e


poderá ser ilidida por meio de prova inequívoca a ser apresentada por meio do
sujeito passivo.

De acordo com os dados apresentados e das provas analisadas e retiradas da


própria Certidão de Dívida Ativa apresentada pela Procuradoria Geral da
Fazenda Nacional, observam-se graves erros na apuração e escrituração dos
débitos ora exigidos, o que fulmina a legitimidade do título executivo (CDA).

Vícios de tal ordem, indubitavelmente, comprometem a validade da CDA e


acarretam o cerceamento de defesa do executado, na medida em que lhe
impõe confusão acerca do conteúdo do crédito tributário.

Observe, então, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região


sobre a matéria:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.


PRO-LABORE. INCONSTITUCIONALIDADE. ENQUADRAMENTO DE
DIRETORES. AUSÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. CDA. PRESUNÇÃO
DE CERTEZA E LIQUIDEZ AFASTADA. ANULAÇÃO DE NFLD. PRAZO
DECADENCIAL. QUINQUENAL. ARTIGO 557 DO CPC. APLICAÇÃO.
AGRAVO LEGAL PARCIALMENTE PROVIDO PARA CORREÇÃO DE ERRO
MATERIAL. (...) 4. Ocorrência de erro material na aplicação do prazo
decadencial do art. 173, inc. I, do Código Tributário Nacional, reconhecendo-se
que, à época da lavratura da NFLD, a competência 12/1991 não havia sido
alcançada pela decadência. 5. A presunção de certeza e liquidez de que goza a
CDA não é absoluta, podendo o Judiciário apreciar no caso concreto eventuais
vícios que maculem tanto a CDA quanto a NFLD em que se funda. Da
presunção relativa decorre a inversão do ônus da prova e, uma vez existentes
elementos para formação da convicção do juiz, cabível a anulação do ato. 6.
(...). 8. Agravo parcialmente provido para correção de erro material.
(APELAÇÃO CÍVEL - TRF3 - PROCESSO Nº 0029751-75.2002.4.03.6100,
Relatora Juíza Silvia Rocha - Julgamento em 19/04/2011)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. ARTIGO 557, § 1º, CPC. EXECUÇÃO


FISCAL. EXTINÇÃO COM FUNDAMENTO NO ART. 267, I DESPROVIDO. 1.
Para que o crédito tributário ou não tributário possa ser inscrito em dívida ativa
é necessário que tenha como atributos a certeza, a liquidez e a exigibilidade.
Sem a presença, na CDA, dos dados corretos e facilmente inteligíveis, não se
permite ao juiz o controle do processo e, ao executado, o exercício da ampla
defesa. 2. No caso sob exame, não há certeza sobre a natureza da dívida
exeqüenda. No que tange à natureza e à origem da dívida, a CDA é muito
genérica, apenas apontando o débito como tendo natureza "não
previdenciária'", acrescentando ser sua origem decorrente de pagamento por
"erro administrativo". 3. Nessa hipótese, a jurisprudência pátria tem firmado
posição sobre a impossibilidade da cobrança de dívida por meio de título
executivo extrajudicial, sendo necessária a utilização do processo de
conhecimento para a formação de título executivo hábil a aparelhar posterior
execução. 4. Agravo a que se nega provimento. (APELAÇÃO CÍVEL - TRF3 -
PROCESSO Nº 0015538-94.2011.4.03.6182, RELATOR DESEMBARGADOR
FEDERAL JOSÉ LUNARDELLI, julgado em 23/07/2013)

Induvidosa, portanto, a conclusão de que carece de substância a Certidão de


Dívida Ativa que reproduz crédito tributário baseando-se em dados totalmente
equivocados e antagônicos entre si.

Diante do exposto, resta evidente que a Procuradoria Geral da Fazenda


Nacional apresentou certidão de dívida ativa com datas incongruentes com a
realidade dos fatos, pois afirma que notificou a executada do lançamento
efetuado antes mesmo de ter apurado o tributo e antes da ocorrência do fato
gerador, o que impõe a declaração de nulidade do título executivo.

V – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

I - seja determinada a imediata suspensão da presente Execução Fiscal até


julgamento definitivo do presente incidente;

II - seja declarada a nulidade das CDA's e consequentemente da presente


execução fiscal, em razão da inequívoca existência de vícios decorrentes do
inexato apontamento das datas de notificação do lançamento e da apuração do
tributo (fato gerador), porquanto apontam para lançamento realizado em
momento anterior ao da ocorrência do fato gerador, causando confusão e
incerteza acerca dos elementos da obrigação tributaria, o que fulmina o direito
de defesa da Executada;

III - caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer sejam as
Certidões de Dívida Ativa emendadas e/ou substituídas para o fim de constar
as datas corretas de ocorrência do fato gerador, período de apuração e
notificação do lançamento e, neste caso, seja devolvido o prazo para
oferecimento de embargos da executada;

IV - a notificação da Exequente para que se manifeste sobre o presente


incidente.
Termos em que
Pede deferimento.
São Paulo, ____e _____de ____
NOME DO ADVOGADO
OAB/x xxx.xxx

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