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ANA CLÁUDIA GONÇALVES CAMPOS

TIPOS PSICOLÓGICOS E PROFISSÕES: UM ESTUDO


EXPLORATÓRIO

UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ


POUSO ALEGRE
2005
ANA CLÁUDIA GONÇALVES CAMPOS

TIPOS PSICOLÓGICOS E PROFISSÕES: UM ESTUDO


EXPLORATÓRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Psicologia da Faculdade de Ciências
Médicas “Dr José Antônio Garcia Coutinho” da
Universidade do Vale do Sapucaí, como requisito
parcial para obtenção do título de psicólogo.

Orientador: Prof. e Ms. Marcos Antonio Batista

UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ


POUSO ALEGRE
2005
ANA CLÁUDIA GONÇALVES CAMPOS

TIPOS PSICOLÓGICOS E PROFISSÕES: UM ESTUDO


EXPLORATÓRIO

Monografia defendida e aprovada em 18/11/2005 pela banca examinadora constituída


pelos professores:

____________________________________________
Prof. Marcos Antonio Batista
Orientador

____________________________________________
Prof. Alessandro Caldonazzo Gomes
Examinador

_____________________________________________
Profª Sandra Maria S. Sales Oliveira
Examinadora
Dedico

Às minhas filhas, que foram minhas


companheiras nesta jornada de lutas e vitórias,
que passaram ao meu lado momentos difíceis
para que esse sonho pudesse ser realizado.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permitir a realização desse sonho. Agradeço a Ele também
por ter colocado em meu caminho pessoas especiais, a quem devo esta conquista:
Meus pais, que me deram todo apoio e segurança; que sacrificaram tanto de suas
vidas para que eu pudesse continuar a minha.
Minha família, especialmente minhas irmãs e cunhados, que torceram e oraram por
mim.
Minhas filhas, Fernanda, Amanda e Danielle, que por muitas vezes ficaram sem
minha presença para que eu pudesse me dedicar ao curso; que sentiram minha falta, mas
me incentivaram para que eu seguisse em frente.
Ao Luciano, meu namorado, amigo, companheiro, que me dedicou todo o seu
carinho e cuidado, que foi meu porto seguro nos momentos de angústia e nunca me deixou
desistir.
Meus colegas Geovanni, Vera e Sandra, com quem pude contar e dividir meus
problemas e alegrias.
Todos os meus colegas, pessoas tão especiais, que me fizeram acreditar na amizade.
Todos os meus professores, verdadeiros mestres, com quem aprendi não apenas a
teoria, mas o compromisso e a paixão pela psicologia.
Ao professor Marcos, que me incentivou e acreditou em minha capacidade; com
quem aprendi muito, não apenas como profissional, mas através de seu exemplo de vida
pude crescer principalmente como pessoa.
Às funcionárias Eleuzes e Luciene, por sua amizade e colaboração.
“Qualquer caminho é apenas um caminho e não
constitui insulto algum – para si mesmo ou para
os outros – abandoná-lo quando assim ordena
seu coração (...) Olhe cada caminho com cuidado
e atenção. Tente-o quantas vezes julgar
necessárias... Então faça a si mesmo e apenas a
si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um
coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom.
Caso contrário, esse caminho não possui
importância alguma....”

Carlos Castañeda
CAMPOS, Ana Cláudia Gonçalves. Tipos Psicológicos e Profissões: um estudo
exploratório.2005. Monografia – Curso de Psicologia, Faculdade de Ciências Médicas Dr.
José Antônio Garcia Coutinho, Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, 2005.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo um estudo comparativo das características


psicológicas em universitários e seus respectivos cursos, observando se tais
características correspondem às habilidades demandadas pela profissão escolhida.
Participaram da pesquisa 327 universitários com idade entre 22 e 48 anos e de ambos os
sexos, matriculados em nove dos cursos da UNIVÁS. O instrumento utilizado foi o
Questionário de Avaliação Tipológica – QUATI. Os dados foram analisados quantitativa e
qualitativamente; a comparação dos dados foi feita por meio da análise estatística
descritiva frequencial e os resultados foram apresentados e discutidos por meio de tabelas
e gráficos. Os dados demonstram que a maioria dos universitários apresenta como atitude
a extroversão, como função principal o sentimento e como função auxiliar a sensação,
tendo o sentimento também se destacado como função auxiliar. Estes dados apontam para
a necessidade de mais profissionais atuando ou intervindo antes do momento da escolha
profissional, como forma de minimizar as dificuldades e frustrações no transcorrer da
formação acadêmica e no mercado de trabalho. Esta pesquisa busca também a
compreensão dos processos envolvidos no momento da escolha da profissão e propõe uma
reflexão a respeito da importância do papel do psicólogo e da orientação profissional.

Palavras-chave: Tipos Psicológicos, Escolha Profissional, Orientação Profissional.


CAMPOS, Ana Cláudia Gonçalves. Psychological Types and Professions: a study
exploratory.2005. Monografia – Curso de Psicologia, Faculdade de Ciências Médicas Dr.
José Antônio Garcia Coutinho, Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, 2005.

ABSTRACT

The present work has as objective a comparative study of the psychological


characteristics in university students and its respective courses, being observed such
characteristics corresponds to the abilities demanded by the chosen profession. They
participated of the university research 327 with age between 22 and 48 years and of both
sexes, registered in nine of the courses of UNIVÁS. The used instrument was Questionário
de Avaliação Tipológica - QUATI. The data were analyzed quantitative and qualitying; the
comparison of the data was made by means of the analysis statistical descriptive
frequencial and the results were presented and discussed by means of tables and graphs.
The data demonstrate that most of the university students presents as attitude the
extroversion, as main function the feeling and auxiliary function the sensation, also tends
the feeling if outstanding as auxiliary function. These data point for the need of more
professionals acting or intervening before the moment of the professional choice, as form
of minimizing the difficulties and frustrations in elapsing of the academic formation and in
the labor market. This research also looks for the understanding of the processes involved
in the moment of the choice of the profession and it proposes a reflection regarding the
importance of the psychologist's paper and of the professional orientation.

Key words: Psychological Types, Choose Professional, Professional Orientation.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BBT Berufsbilder Test – Teste de foto de Profissões


BPR-5 Bateria de Provas de Raciocínio
EPQ Eysenck Personality Questionnaire
LAP Laboratório de Avaliação Psicológica
LIP Levantamento de Interesses Profissionais
MBTI Myers – Briggs Type Indicator
16 PF Questionário de Personalidade
PRF Personality Research Form
QUATI Questionário de Avaliação Tipológica
UNIVÁS Universidade do Vale do Sapucaí
LISTA DE TABELAS E ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 – Distribuição frequencial e percentual do gênero por curso


Tabela 2 – Distribuição frequencial e percentual das atitudes e funções no modelo
junguiano no total de cursos
Tabela 3 – Distribuição frequencial e percentual das atitudes e funções no modelo
junguiano por curso

Figura 1 – Modelo da tipologia de Eysenck


Figura 2 – Distribuição frequencial de participantes por curso
Figura 3 – Distribuição percentual em relação ao gênero
Figura 4 – Distribuição percentual da faixa etária
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................11
2 A ESCOLHA PROFISSIONAL.................................................................16
2.1 O significado do trabalho............................................................................16
2.2 As transformações no mundo do trabalho...................................................17
2.3 Identidade profissional e escolha...............................................................19
3 A PERSONALIDADE................................................................................25
3.1 A abordagem dos traços..............................................................................27
3.1.2 A teoria de traços de Gordon W. Allport....................................................27
3.1.3 A teoria fatorial de Hans J. Eysenck...........................................................28
3.1.4 A teoria de traço fatorial-analítica de Raymond Cattell..............................29
3.2 A abordagem dos tipos................................................................................30
3.2.1 A tipologia neo-hipocrática.........................................................................31
3.2.2 Outras teorias tipológicas............................................................................32
3.2.3 A tipologia de Kretschmer..........................................................................33
3.2.4 A tipologia de Hans J. Eysenck..................................................................33
4 TIPOLOGIA E PROFISSÕES...................................................................36
4.1 O modelo hexagonal de Holland................................................................36
4.2 O teste de foto de profissões - BBT...........................................................38
4.3 A tipologia junguiana.................................................................................43
4.3.1 A atitude extroversão ................................................................................44
4.3.2 A atitude introversão..................................................................................45
4.3.3 As funções..................................................................................................46
4.3.4 Função principal e função auxiliar............................................................46
4.3.5 Função inferior..........................................................................................47
4.3.6 Funções racionais......................................................................................48
4.3.6.1 O pensamento............................................................................................48
4.3.6.2 O sentimento.............................................................................................48
4.3.7 Funções irracionais...................................................................................49
4.3.7.1 A sensação................................................................................................49
4.3.7.2 A intuição.................................................................................................49
4.3.8 Descrição dos tipos..................................................................................50
5 PROPOSTA DE PESQUISA E RESULTADOS....................................56
5.1 Método.....................................................................................................56
5.1.1 Participantes.............................................................................................56
5.1.2 Instrumentos.............................................................................................56
5.1.3 Procedimentos..........................................................................................56
5.1.4 Tratamento dos dados...............................................................................57
5.2 Apresentação dos dados............................................................................57
5.3 Análise dos resultados...............................................................................63
6 CONCLUSÃO...........................................................................................67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................69
1 - INTRODUÇÃO

Este trabalho surgiu a partir de reflexões referentes à área de orientação


profissional. Observando a teoria e levando em consideração as exigências do mercado de
trabalho atual, assim como a ansiedade do jovem frente ao vestibular e à escolha da
profissão, surgiu o questionamento de como as características de personalidade têm
influenciado esse momento tão decisivo na vida do ser humano. Pretendeu-se, a partir daí,
realizar um estudo comparativo das características psicológicas em universitários e seus
respectivos cursos, observando se tais características correspondem às exigências e
habilidades demandadas pela profissão escolhida.
O século XXI trouxe inovações sociais, culturais, econômicas, políticas e
principalmente tecnológicas. Todas essas inovações em um ambiente dinâmico, esbarram
com o problema da educação e da capacitação profissional das pessoas. As empresas têm
investido principalmente em seu pessoal, tanto em educação e desenvolvimento
profissional como em criatividade e participação efetiva no trabalho. Os recursos humanos,
o clima e a cultura organizacional são vistos como processos de obtenção da realização
humana, do comprometimento pessoal e da elevada produtividade. Como a organização e
os cargos se modificam, diferentes competências e habilidades individuais são necessárias
a cada situação (CHIAVENATO, 1994).
Essas mudanças no mercado de trabalho são citadas por vários autores como
conseqüência das inovações sociais, culturais, econômicas e principalmente do avanço
tecnológico e científico presentes no mundo atual.
Andrade, Meira e Vasconcelos (2002) argumentam que o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia vem realizando mudanças no mercado, revolucionando e
modificando as bases materiais, morais e as aspirações do ser humano. As transformações
sociais e econômicas presentes no mundo capitalista colocam novos questionamentos e
incertezas, principalmente no espaço do trabalho.
Para os autores supracitados (2002) o ser humano passa a conhecer a importância e
o valor do trabalho desde a infância. A identidade profissional, para a maioria das pessoas
é uma parte muito importante de sua identidade geral, pois a vida ocupacional é
considerada um dado fundamental na existência humana. A formação da identidade
profissional, de acordo com Hissa e Pinheiro (2004) é um processo que tem início desde
cedo, quando a criança tem conhecimento do trabalho das pessoas que convivem com ela e
toma contato com o que a rodeia. Os referenciais que aparecem nas várias situações da
vida conduzem à formação de identificações inerentes ao processo de aquisição da
identidade.
Como o trabalho ocupa a maior parte da vida das pessoas e sendo o mesmo de
responsabilidade individual, a escolha profissional não deixa de ter repercussões sociais,
pois quando uma pessoa exerce motivada a sua profissão, apresenta um serviço de melhor
qualidade, além de sentir-se mais segura e realizada (ARAÚJO, 2004).
Primi et al (2002) colocam que as tarefas a serem executadas nas profissões exigem
um certo nível de habilidades; se uma pessoa possui as habilidades que uma determinada
tarefa requer, mais chance de se adaptar satisfatoriamente ao ambiente ela terá e maior será
sua satisfação. As escolhas possuem maior eficácia quando existe uma coordenação
harmônica entre as características pessoais e as da profissão desejada. Entende-se então,
que para uma determinada profissão, existem algumas características de personalidade que
são mais complementares, ou mais adequadas que outras. Há uma maior possibilidade de
integração e desenvolvimento na carreira de um indivíduo quando as exigências de sua
profissão encontram respaldo em seus interesses, habilidades e aspectos da personalidade,
por isso a importância de se conhecer esses aspectos.
O estudo da personalidade vem sendo desenvolvido ao longo dos anos para uma
melhor compreensão do ser humano. Muitos pesquisadores desenvolveram teorias no
intuito de explicar o comportamento, suas semelhanças e diferenças. A formação da
personalidade sofre influências genéticas, com características como nível de atividade,
alcance da atenção, adaptabilidade e humor geral. O ambiente é outro fator fundamental na
formação da personalidade (ATKINSON et al, 1995).
Cloninger (1999) cita que uma das maneiras propostas para o estudo da
personalidade foi a utilização de duas abordagens, a saber, a dos traços e a dos tipos.
Dentro da abordagem dos traços, pode-se citar a importante contribuição de Gordon
Allport, Raymond Cattel e J. Eysenck. Nestas teorias, a personalidade pode ser
compreendida por meio de níveis hierárquicos de estruturas que modulam e delimitam o
comportamento humano (NUNES, 2000).
Muitas maneiras de descrever as diferenças individuais utilizando a abordagem dos
tipos foram sugeridas nos estudos tradicionais, pré-científicos da personalidade, como na
antiga Grécia. A partir do século XIX os modelos se basearam em classificações físicas ou
na interação de elementos físicos e psíquicos. Zacharias (1995) destaca Cesare Lombroso,
que criou a Antropologia Criminal e acreditava que o criminoso tinha um tipo físico e
psíquico especial; cita também De Giovani e Viola, da Escola Constitucionalista, que
criaram um modelo baseado na classificação física; Ernest Kretschmer, que aproveitou a
descrição psiquiátrica de Emil Kraepelim, a esquizofrenia e a psicose maníaco depressiva e
criou uma tipologia Sómato-Psíquica.
Como classificação dos tipos psíquicos, pode ser considerado como grande
exemplo a Tipologia de Carl Gustav Jung. Ao longo de dez anos Jung dedicou-se a um
estudo detalhado dos tipos abordados na literatura, na mitologia, na filosofia e
principalmente na psicopatologia. A grande contribuição da tipologia junguiana é a
introdução do conceito de energia psíquica e a atenção como cada pessoa se orienta
preferencialmente ao mundo. Estas contribuições são inovadoras frente aos sistemas
anteriores, em que as classificações eram baseadas na observação de padrões de
comportamento temperamental ou emocional (ZACHARIAS, 1995).
A Tipologia Junguiana, conforme o mesmo autor (1995) faz uma descrição de
quatro funções: pensamento, sentimento, intuição e sensação; postula também a existência
de duas atitudes, extroversão e introversão. A combinação dessas estruturas caracteriza o
tipo psicológico. O tipo psicológico oferece uma direção, um suporte teórico e uma
compreensão mais adequada dos elementos psíquicos que atuam no comportamento do
indivíduo, inclusive no momento da escolha da profissão.
Outras teorias buscam na dinâmica do indivíduo a compreensão da inclinação
profissional, como o Modelo Hexagonal de Holland e os oito fatores de inclinação
propostos por Achtnich (1991) baseados na teoria da Análise do Destino de Szondi (1970),
presentes no Teste de Fotos de Profissões – BBT.
A teoria de Holland, segundo Fogliatto e Pérez (1990) tem sido descrita como um
modelo de congruência entre os interesses e habilidades de uma pessoa e os fatores
inerentes a seu ambiente. O desenvolvimento dessa tipologia depende de uma série de
acontecimentos familiares, preferências ocupacionais e interação com um contexto
ambiental específico.
No instrumento proposto por Achtnich, o BBT, a atividade profissional
corresponderia a um processo de socialização das necessidades vitais e dos impulsos. No
processo humano, essas necessidades transformam-se em interesses profissionais,
dependendo também das oportunidades e das demandas sócio-culturais do ambiente.
Vasconcelos (2004) cita que as pessoas, quando possuem a oportunidade de fazer
suas escolhas espontaneamente e com a possibilidade de refletir sobre si mesmas, possuem
uma probabilidade menor de se arrependerem dessas escolhas.
Este trabalho tem como objetivo o estudo das características psicológicas dos
universitários em seus respectivos cursos, observando se correspondem às exigências e
habilidades demandadas pela profissão escolhida. De acordo com a teoria estudada, cada
tipo psicológico apresenta características que correspondem a determinadas profissões.
Pensou-se em ir a campo a fim de verificar se a teoria é confirmada no empírico.
Como as organizações e os cargos estão se modificando, novas e diferentes
habilidades individuais se tornam necessárias a cada situação. Percebe-se então a
necessidade de pesquisas que verifiquem que tipo de habilidades estão ligadas
naturalmente a uma tipologia específica. Com base no resultado deste estudo, novas
propostas poderão surgir para o desenvolvimento de competências, visando a capacitação e
o desenvolvimento profissional e organizacional.
Os capítulos a seguir apresentam uma revisão literária dos principais aspectos
ligados ao tema da pesquisa. O capítulo 2 refere-se à Escolha Profissional, abordando o
significado do trabalho para o homem, as transformações no mundo do trabalho e a
identidade profissional. Neste capítulo, alguns autores comentam que a profissão escolhida
exige um certo nível de habilidades, aptidões e inclinações pessoais, e que os diferentes
grupos profissionais possuem características de personalidade distintas. O capítulo 3
aborda a Personalidade e como o seu estudo tem sido realizado; descreve os conceitos de
traços e tipos para teóricos como Allport, Cattel e Eysenck, e também o desenvolvimento
das teorias tipológicas através dos tempos. No capítulo 4 serão apresentadas algumas
teorias que enfocaram as características individuais, especialmente o tipo psicológico,
relacionando-as às profissões escolhidas pelo indivíduo, como o Modelo Hexagonal de
Holland, o Teste de Fotos de Profissões – BBT formulado por Achtnich e a Tipologia
Junguiana, tão relevante para essa pesquisa. O capítulo 5 traz a apresentação da proposta
de pesquisa, apresentação dos dados e análise dos resultados. O capítulo 6 é destinado à
conclusão.
2 – A ESCOLHA PROFISSIONAL

“Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto


uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude
em qualquer circunstância da vida.”
Victor Frankl

A vida profissional é considerada fundamental para o ser humano, pois a maior


parte do tempo de sua existência é dedicada ao trabalho. O momento da escolha
profissional levanta uma série de questões que merecem ser refletidas, por ser uma das
mais importantes escolhas que o indivíduo realizará ao longo de sua vida.

2.1 - O significado do trabalho

O trabalho, conforme citam Silveira e Calheiros (2004) tem permeado a condição


humana, inicialmente como meio de sobrevivência. Tem início na Idade Antiga a relação
escravizador-escravo, e na idade Média a relação senhor-servo. Na Idade Moderna, com a
criação das empresas, começa a surgir o conceito de emprego. As empresas artesanais, que
possuíam mão-de-obra exclusivamente familiar, começam a crescer e a necessitar de
aprendizes que em troca do trabalho recebiam moradia e alimentação.
Para as mesmas autoras (2004) a organização sócio-política, econômica e cultural
mostra-se diferente em cada período da história, assim como a tecnologia e as relações de
trabalho acompanham o desenvolvimento do homem em seu percurso histórico. A partir da
revolução industrial, surge a idéia do emprego como uma relação estável e duradoura
existente entre quem organiza e quem realiza o trabalho. Com o funcionamento das
fábricas em que a produção era feita em série e as jornadas de trabalho eram extensas, as
pessoas passavam a maior parte de seu tempo trabalhando. O trabalho então revestiu-se de
uma significação especial para o homem, que passou atribuir-lhe outros valores além de
sua fonte de sobrevivência.
O homem atribuiu diversos sentidos ao trabalho ao longo do tempo: de
subsistência, de valorização social, de valor moral, de obrigação, de compensação, de
frustração, o que contribuiu para que o trabalho tenha um valor enorme na construção do
sujeito e no sentido de sua vida (SILVEIRA E CALHEIROS, 2004).

2.2 - As transformações no mundo do trabalho

O século XXI trouxe inovações sociais, culturais, econômicas, políticas e


principalmente tecnológicas. Andrade, Meira e Vasconcelos (2002) argumentam que o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia vem operacionalizando mudanças no mercado
de trabalho, revolucionando e modificando as bases materiais, morais e as aspirações do
ser humano. As transformações sociais e econômicas presentes no mundo capitalista
colocam novos questionamentos, trazendo incertezas sobre o futuro da cidadania,
principalmente nos espaços do trabalho. De acordo com os autores (2002):
É impossível saber onde se chegará com todos os avanços da ciência
atrelados ao desenvolvimento da tecnologia e da globalização; mas
notadamente, os efeitos desses avanços já oferecem sinais de profundas
modificações na vida das pessoas, das empresas e do mercado de
trabalho. (p 47)

Em seus estudos, Lemos (2001) aborda que no capitalismo antigo, o trabalho era
considerado apenas como uma jornada com vínculo empregatício em tempo integral e
reconhecida legalmente. Atualmente, o trabalho é visto de uma maneira mais abrangente,
pois vem assumindo novas formas de ação, novas competências e contextos. Há também
um grande desenvolvimento das empresas de computadores, biotecnologia,
telecomunicações, sistema financeiro e outras. A informação substitui máquinas e
equipamentos, tornando-se a principal fonte de riqueza. Passou-se do eixo produtivo da
indústria para o setor de serviços, gerando fusões entre empresas tradicionais e de alta
tecnologia.
As transformações do mundo do trabalho, ainda segundo a mesma autora (2001)
alteram e redefinem os significados que as profissões possuíam até então. Profissões
antigas, que existiram por muitos anos, estão se reorganizando. O emprego tradicional que
obedece a um plano de carreira individual traçado na empresa, com carga horária definida
e delimitação das funções, dá lugar ao trabalho em projetos específicos e temporários,
realizados por equipes multiprofissionais.
Alteram-se também, de acordo com Bernardes (2002) as relações de trabalho; os
serviços passam a ser terceirizados, os organogramas são reestruturados. Novas profissões
surgem, outras são desvalorizadas e extintas, outras passam por alterações em seu perfil
profissiográfico. Até pouco tempo atrás, as pessoas escolhiam as profissões
tradicionalmente conhecidas, para obterem segurança e terem seus direitos trabalhistas
reconhecidos. Atualmente, nem as profissões mais tradicionais estão imunes ao processo
de transformação da era moderna.
Araújo (2004) salienta que o processo de trabalho é histórico, mutável, sofrendo
modificações ao longo da história, e desencadeando mudanças na carreira profissional. Na
medida em que o trabalho se modifica, provoca mudanças também na vida do ser humano,
determinando seu comportamento, sua linguagem, seu afeto, seus projetos para o futuro.
Lemos (2001) comenta que a característica principal das sociedades pós-modernas,
é a existência de valores muito divergentes e a grande quantidade de opções no mercado de
trabalho, que exige do indivíduo um posicionamento contínuo. Bernardes (2002)
corroborando com esta idéia, diz que se por um lado a diversidade de opções faz crescer o
desejo de liberdade do indivíduo, por outro lado, quando este não é devidamente orientado
para lidar com as constantes mudanças e as novas exigências decorrentes do mundo do
trabalho, pode sentir-se ameaçado, causando desequilíbrio profissional e emocional.
Na sociedade globalizada, em que as transformações ocorrem com muita rapidez,
jovens sente-se pressionado, tanto pela própria complexidade do mercado de trabalho,
como pelo avanço da tecnologia. Vê-se frente a uma multiplicidade de profissões, áreas de
estudo, cursos, ficando muitas vezes confuso diante de tal complexidade (ANDRADE,
MEIRA e VASCONCELOS, 2002). Nesta mesma concepção, Bernardes (2002) salienta
que o ritmo acelerado das alterações tem afetado o equilíbrio emocional das pessoas, pois
as noções básicas de tempo e espaço, valores e volumes de informações recebidas e
contradições dessas mesmas informações, geram grande instabilidade e desorientação no
momento de posicionamento e decisão do indivíduo.
A diversidade de opções e a constante renovação que o mundo pós-moderno
oferece, torna mais complexo o processo da constituição da identidade do indivíduo. O
processo de aquisição da identidade é influenciado pela perda das tradições, pelos modelos
oferecidos pela cultura e também por modelos frágeis e descartáveis que são inseridos
neste novo contexto (LEMOS, 2001).

2.3 - Identidade profissional e escolha

A identidade profissional constitui-se em um dos aspectos da identidade que


também é construída ao longo da vida. Bohoslavsky (1997, citado por LEMOS, 2001)
argumenta que este processo ocorre desde a infância, a partir das identificações que a
criança realiza com os adultos significativos para ela e que desempenham papéis
profissionais. Essas identificações vão sendo incorporadas à personalidade do indivíduo,
através do tipo de relação que mantém com o mundo adulto. A partir do que se admira e
deseja e do que se rejeita, é que poderão surgir as expectativas a respeito de si mesmo e as
aspirações do modo de ser que se quer alcançar. Lemos (2001) cita que a formação da
identidade é um momento de síntese, de evolução, em que as identificações perdem seu
caráter mimético para adquirirem um novo significado, sendo incorporadas ao ego
tornando-se parte da personalidade do indivíduo.
A formação da identidade profissional, de acordo com Hissa e Pinheiro (2004) é um
processo que tem início desde cedo, quando a criança tem conhecimento do trabalho das
pessoas que convivem com ela e toma contato com o que a rodeia, como televisão, livros,
internet e começa a imitar ações profissionais nas brincadeiras. Os referenciais que
aparecem nas várias situações da vida conduzem à formação de identificações inerentes ao
processo de aquisição da identidade.
Conforme citação das mesmas autoras (2004) a pessoa desenvolve algumas
generalizações sobre si mesma no seu percurso de vida, formando uma auto-percepção
dinâmica que se expressa na forma de interesses, aptidões, aceitações e rejeições. Constrói
imagens e representações a respeito do mundo do trabalho, comparando-as com suas auto-
percepções nas situações que implicam tomadas de decisões profissionais, construindo
assim, modelos para serem ou não adotados. Citam que “a tomada de decisão profissional
depende da integração da visão que tem de si mesmo com a da realidade sociocultural”.
(p.121)
A adolescência é a fase em que ocorre o desprendimento da infância e a entrada no
mundo e papel adultos. Cabe ao jovem assumir uma postura diante da sociedade, devendo
escolher uma carreira profissional a ser seguida. Ao passo que vai conquistando sua
própria identidade, sente a necessidade de definir-se, escolhendo sua profissão baseado na
sua realidade sociocultural e pessoal. As identificações e o desejo de corresponder às
expectativas dos pais ou pessoas significativas, mais o mercado de trabalho com seu
grande número de possibilidades, são questões que o jovem tenta atender (ANDRADE,
MEIRA E VASCONCELOS, 2002).
Lemos (2001) descreve que a aquisição da identidade profissional envolve duas
etapas: a primeira seria o momento de crise, quando o adolescente questiona e rompe com
os modelos familiares; sente-se então atraído por várias possibilidades, realizando escolhas
sem se comprometer com alguma especificamente. Na segunda etapa, denominada
engajamento, uma área de realidade profissional é detectada pelo adolescente e
discriminada entre as demais, havendo um compromisso com a escolha, luta e preservação
por sua realização.
Para Ximenes (2004) a aquisição da identidade na adolescência não pode ser
considerada uma tarefa individual e solitária do adolescente, pois constitui-se num
processo de interação da família, do contexto cultural em que os papéis e valores são
definidos, situados na história, na família e na sociedade.
A identidade vocacional, para Bohoslavsky (2001) coincide com o início do fim da
adolescência, em que lutam entre si o interesse pela afirmação pessoal e a inserção social
pois “nenhum adolescente desconhece que o que ele é tem relação com o ambiente em que
vive, familiar, escolar, amigos, etc.” (p 35)
O ser humano passa a conhecer a importância e o valor do trabalho desde a
infância. A identidade profissional, para a maioria das pessoas é uma parte muito
importante de sua identidade geral. Ter um emprego valorizado socialmente, sucesso
profissional, ter segurança e estabilidade aumenta a auto-estima e facilita um
desenvolvimento mais seguro da identidade; ao passo que o contrário pode gerar dúvidas,
incertezas, sentimentos de revolta, formando uma identidade negativa, pois a vida
ocupacional é considerada um dado fundamental na existência humana (ANDRADE,
MEIRA E VASCONCELOS, 2002).
Silveira e Calheiros (2004) enfatizam que
O trabalho, ao produzir no homem um sentido de inclusão social, revela
quanto a sociedade valoriza aquele que está produzindo, principalmente
com vínculo empregatício, salário fixo e estabilidade, por mais que haja
uma forte tendência para a economia informal, para o trabalho informal.
Porém, não estar trabalhando leva o homem a enfrentar um processo de
desvalorização social. (p 88)

No que se refere ao ato da escolha, Ximenes (2004) acentua que este reflete o
desejo, o modo de ser e agir, a perspectiva de um futuro de realizações e conquistas de um
indivíduo, significando assim o seu projeto de vida. Vários fatores estão implicados neste
processo, pois escolher implica recorrer trajetórias de construção de saberes, exercitar uma
crítica e respeitar o esforço coletivo do pensar. A escolha profissional deve ser vista pelo
aspecto psicológico, assim como pelos aspectos sócio-históricos, reconhecendo que o
indivíduo é parte atuante de um contexto regido por relações sociais, políticas e
econômicas.
Sobre os aspectos da identidade profissional, Bohoslavsky (1977 citado por
OLIVEIRA, 2004) considera que a identidade adolescente apóia-se na elaboração de lutos
básicos pelo corpo e formas antigas de relações com os pais. A vivência dessas perdas
implica na capacidade de separação do outro; escolher algo é também deixar, perder algo
que se deixa para trás. Apenas por meio da diferenciação eu - não eu é que o jovem pode
desenvolver sua identidade profissional.
Para compreender porque uma profissão é escolhida em detrimento de outras,
Bohoslavsky (1971 citado por LEMOS, 2001) utiliza o conceito kleiniano de reparação,
em que as carreiras ou profissões são respostas ao ego diante de chamados interiores,
provavelmente de objetos internos danificados, que pedem, reclamam, impõe, serem
reparados pelo ego. A carreira escolhida seria então a depositária exterior desse objeto
interno que necessita ser reparado. A escolha implica também a elaboração de lutos por
objetos que se deixa, que se perde e dos quais se separa. A elaboração de lutos, assim como
a reparação, são mecanismos que auxiliam o ego a suportar a culpa frente ao objeto
danificado. Portanto, a escolha supõe que o ego deve ser capaz de reparar ou elaborar lutos,
de tolerar dor e aceitar a realidade.
O mesmo autor (1977 citado por LEMOS, 2001) enfatiza que uma escolha ajustada
deve ser aquela em que os conflitos possam ser elaborados e resolvidos e não controlados e
negados. O indivíduo, ao realizar sua escolha, deve mobilizar seus recursos, a organização
de seu ego, avaliando suas capacidades e características pessoais e confrontá-los com a
possibilidade de seguir ou não as carreiras pretendidas. Portanto, os aspectos envolvidos na
escolha da profissão devem ser um entrelaçamento de fatores externos, como o momento
histórico e cultural e fatores internos, como os processos psíquicos.
Lobato (2003) vê o trabalho como uma peça fundamental na construção da
identidade e considera que o homem moderno encontra dificuldade em adaptar-se às
mudanças do mundo atual. Por conferir ao trabalho o significado de formador de
identidade e meio de sobrevivência, depara-se com grande angústia quando entra no
mercado de trabalho.
Atualmente os jovens vêm apresentando maior dificuldade em escolher uma
profissão; talvez pela dificuldade de pensarem em si mesmos e pela insegurança das
mudanças de mercado (OLIVEIRA, 2004). Andrade, Meira e Vasconcelos (2002) apontam
a complexidade do mercado de trabalho e o avanço da tecnologia como motivos de pressão
que os jovens encontram ao escolher o caminho a ser seguido. É também preciso
considerar que os jovens atravessam um período de conturbação relacionado a aspectos
maturacionais e psicológicos, em que dúvidas trazem confusões e conflitos.
Outros motivos para a dificuldade da escolha são citados por Oliveira (2004) como
a ansiedade e insegurança dos pais frente ao momento da escolha profissional dos filhos, o
que interfere diretamente nesta escolha. O momento da escolha da profissão por um
adolescente é uma transição, sinalizando o processo de diferenciação do jovem, que
repercute no contexto familiar. A autonomia do filho aumenta, enquanto entra em declínio
o poder decisório dos pais, que tentam mantê-lo a qualquer custo. Os rituais de passagem
na adolescência como por exemplo, o namoro e o primeiro emprego, têm o objetivo de
marcar a ruptura do jovem com os laços domésticos e a sua saída da vida familiar para a
comunitária.
Escolher a profissão, de acordo com Silveira e Calheiros (2004) é motivo de muitas
dúvidas, insegurança e indecisão. Apontam algumas dificuldades que os jovens enfrentam,
como escolher a profissão dos pais ou as que possuem maior status. A situação da escolha
profissional fica ainda mais difícil para as camadas mais pobres que não conseguem
ingressar nas universidades. Por esse motivo, a real identidade no processo da escolha da
profissão é afastada, em função do medo da concorrência no vestibular. O fator financeiro
é sem dúvida um grande empecilho de uma escolha por identidade, pois muitos jovens são
impossibilitados de cursar universidades particulares, optando por outros caminhos. A
ameaça de desemprego e a tendência para o mercado informal também têm gerado grandes
mudanças no momento de escolher a profissão.
Lemos e Ferreira (2004) apontam que, tentando escolher uma profissão, o jovem
dispõe de informações rápidas. No entanto, não sabe o que fazer com elas, partindo então
para outra informação descartando a primeira opção. Segue neste percurso até que percebe-
se bombardeado de informações e perdido. Porém, todo processo de escolha envolve
possibilidades boas e ruins; deve-se portanto, tolerar o ruim para usufruir do bom, ou seja,
tolerar as frustrações e abrir mão da fantasia de que se pode tudo, de que se tem todas as
possibilidades. Para escolher uma profissão é preciso estar ciente que, quando se escolhe
uma carreira, depara-se com estes dois lados.
O trabalho ocupa a maior parte da vida das pessoas. Mesmo que a escolha
profissional seja de responsabilidade individual, não deixa de ter repercussões sociais, pois
quando uma pessoa exerce motivada a sua profissão, apresenta um serviço de melhor
qualidade, além de sentir-se mais segura e realizada (ARAÚJO, 2004).
Para que as pessoas consigam administrar bem suas escolhas, é de suma
importância o investimento no desenvolvimento de instrumentos que auxiliem na reflexão
profissional (ANDRADE, MEIRA e VASCONCELOS, 2002). Os vários autores citados
neste capítulo comentam a importância da orientação profissional, que tem se direcionado
em busca desses instrumentos, propiciando o desenvolvimento do auto-conhecimento,
agindo como meio facilitador, dando ao jovem subsídios para que faça a escolha mais
adequada.
A prática da avaliação da carreira ajuda um indivíduo a discernir a escolha da
profissão mais apropriada, à luz das habilidades, dos interesses, dos objetivos, dos valores
e do temperamento de cada pessoa, assim como dos requerimentos de uma determinada
ocupação. O trabalho oferece oportunidades para muitas recompensas extrínsecas e
intrínsecas; além disso, o clima atual de rápidas mudanças nas condições de emprego faz
com que muitas pessoas considerem suas escolhas de carreira várias vezes em seu período
de vida. Escolher uma carreira implica, frequentemente, em escolher um estilo geral de
vida, com seu conjunto característico de valores (ANASTASI e URBINA, 1997).
Toda profissão, de acordo com Jaquemin, Melo-Silva e Pasian (2000) constitui-se
por uma estrutura de exigências e também de um potencial de gratificação e satisfação.
Exige do indivíduo alguns elementos como disponibilidade afetiva, aptidões, motivação,
interesses, inclinações pessoais. É nesse conjunto que o indivíduo irá desenvolver sua
identificação e identidade profissional.
Primi et al (2002) citam que as tarefas a serem executadas nas profissões exigem
um certo nível de habilidades e reforçam também alguns interesses específicos. Se uma
pessoa possui as habilidades que uma determinada tarefa requer, mais chance de se adaptar
satisfatoriamente ao ambiente ela terá; e à medida que se interessa pelo tipo de valor,
atitudes e estilos reforçados pelo ambiente, maior será sua satisfação. As escolhas possuem
maior eficácia quando existe uma coordenação harmônica entre as características pessoais
e as da profissão desejada. Entende-se então, que para uma determinada profissão existem
algumas características de personalidade que são mais complementares, ou mais adequadas
que outras.
Para Bernardes (2002)
a satisfação no trabalho e na vida depende da amplitude na qual o
indivíduo encontra emprego para suas capacidades, interesses, traços de
personalidade e valores; a adequação decorre do tipo de trabalho e da
forma de vida na qual o indivíduo possa desempenhar o tipo de papel
para o qual suas experiências de crescimento e exploratórias levam-no a
considerar como apropriadas. (p.29)

Há uma maior possibilidade de integração e desenvolvimento na carreira de um


indivíduo quando as exigências de sua profissão encontram respaldo e em seus interesses,
habilidades e aspectos da personalidade. Este indivíduo possuirá maior satisfação pessoal
se encontrar-se inserido em um ambiente adequado a esses interesses e características de
personalidade (PRIMI et al, 2002).
3 – A PERSONALIDADE

“O homem pode até ser estudado como um objeto


no mundo, mas o próprio mundo nada mais é do
que um objeto intencional para os homens que o
constituem e o pensam.”
Elizabeth T. B. Sbardelini

O estudo da personalidade vem sendo realizado há muito tempo, no intuito de


explicar a natureza humana. O comportamento e as atitudes sempre foram alvos de vários
estudiosos desde a antigüidade e vários sistemas de classificação dessas atitudes
individuais foram sendo criados com o decorrer dos anos, tentando explicar as diferenças e
semelhanças que existem entre as pessoas e descrevendo os processos de interação do
indivíduo com o ambiente.
Atkinson et al (1995) relatam que a psicologia da personalidade tenta explicar as
diferenças individuais, descrever e sintetizar os vários processos que influenciam as
interações do indivíduo com o meio ambiente, como a biologia, o desenvolvimento,
aprendizagem, motivação, etc. Definem personalidade como sendo um padrão
característico de pensamento e emoção, que distingue o indivíduo e influencia suas
interações com o meio, o que inclui variáveis como estabilidade emocional, sociabilidade e
muitas outras.
Algumas definições sugerem que a personalidade é a organização ou a
padronização para as várias respostas distintas do indivíduo; é o que dá ordem e
congruência a todos os comportamentos distintos que o indivíduo apresenta. Outras
definições referem-se à personalidade como a parte mais representativa da pessoa, a
essência do homem, o que o diferencia dos outros, o que ele realmente é (HALL,
LINDZEY e CAMPBELL, 2000).
Muito questiona-se também sobre a formação da personalidade e como acontece
seu desenvolvimento; se a personalidade permanece a mesma durante toda a vida do
indivíduo ou se sofre transformações. De acordo com Atkinson et al (1995) a formação da
personalidade sofre influências genéticas, apresentando características como nível de
atividade, alcance da atenção, adaptabilidade, mudanças no ambiente e humor geral. O
aparecimento dessas características sugere que elas são determinadas em parte por fatores
genéticos e são herdadas dos pais. Como muitos traços da personalidade adulta podem ser
atribuídos a fatores genéticos, foram realizadas pesquisas para saber até que ponto a
personalidade de um indivíduo muda ou permanece a mesma ao longo da vida. Os
resultados mostram evidências mistas, a continuidade e descontinuidade do temperamento
é uma função de interação entre fatores genéticos e do ambiente.
Ramos (1991) argumenta que a personalidade constitui-se na manutenção da vida
somática e psíquica de cada indivíduo, no desempenho das funções do corpo físico. Cada
personalidade ou tipo constitucional é ímpar, pois pode apresentar caracteres somáticos e
psicológicos semelhantes, mas nunca iguais. Cada indivíduo é um só e nunca uma
personalidade é exatamente igual à outra. Todas as personalidades, todos os indivíduos são
resultantes da soma do genótipo, que é a caracterização física e psicológica transmitida
pelos cromossomos que trazem a hereditariedade dos genitores, ao parátipo, que é toda e
qualquer influência do meio exterior, do ambiente no qual a personalidade se forma e se
desenvolve no curso da vida física e psíquica. O parátipo varia desde os elementos mais
simples e precários da existência humana até os mais complicados fatores da evolução de
milênios na formação do indivíduo. Para ele,
todos esses fatores sempre dependentes do estado de cultura de cada
homem, de cada povo, de cada nação, até chegar ao dia de hoje em que
essa cultura evoluiu de maneira quase suficiente, porém, infelizmente,
ainda não com competência e eficiência em razão dos desacertos
políticos-sociais dos povos, e que, em última análise, influem
substancialmente na formação da personalidade, na construção física e
psíquica de cada indivíduo (p. 3).

Frente à diversidade das hipóteses que buscam explicar a personalidade, Cloninger


(1999) comenta que é muito difícil para os estudiosos escolherem quais os conceitos mais
úteis para definí-la, pois fica a dúvida entre comparar pessoas ou estudar indivíduos
separadamente. Muitas teorias da personalidade foram desenvolvidas pelos diversos
estudiosos e teóricos com o passar do tempo, e uma das maneiras propostas para descrever
as diferenças individuais foi a classificação das pessoas dentro de um número limitado de
grupos, utilizando duas abordagens, a dos tipos e a dos traços, que serão descritas a seguir.
3.1 - A abordagem dos traços

No que se refere ao conceito de traços, estes são concebidos por Atkinson et al.
(1995) como dimensões contínuas, presumindo que as pessoas variam simultaneamente em
diversas dimensões da personalidade, ou escalas. Para uma descrição global da
personalidade, é necessário conhecer a classificação do indivíduo em diversas escalas e
quanto de cada traço ele possui. Isso permitirá caracterizar consistências no seu
comportamento e então prever como ele responderá a determinadas situações.
Em seus estudos, Nunes (2000) argumenta que a personalidade e sua avaliação
estão muito ligadas com a linguagem natural e com os principais princípios das Teorias
dos Traços. Nestas teorias, a personalidade pode ser compreendida por meio de níveis
hierárquicos de estruturas que modulam e delimitam o comportamento humano. Cita que
os traços de personalidade são descritos e identificados usualmente pelos descritores de
traços, que são termos identificados na linguagem natural e representam importantes
componentes de comportamentos observados em indivíduos e diferentes sociedades.

3.1.1 - A teoria de traços de Gordon W. Allport

O conceito de traço é central na teoria de Allport (1961). O autor reconhece a


existência de muitos fatores que determinam o comportamento, formando uma hierarquia
do mais específico ao mais genérico. Define traço de personalidade como uma estrutura
neuropsíquica que tem a capacidade de fazer com que muitos estímulos se tornem
funcionalmente equivalentes e de iniciar e orientar formas equivalentes de comportamento
adaptativo e expressivo; “um amplo sistema de tendências para ação semelhante, e que
existe na pessoa que estudamos.” (p.420)
Na concepção do mesmo autor (1961) os traços são essencialmente únicos a cada
indivíduo, mas dentro de uma cultura particular existem traços comuns, que são parte
dessa cultura, que todos reconhecem e nomeiam. Através dos traços comuns a maioria das
pessoas de uma certa cultura podem ser efetivamente comparadas, pois, “mortais
semelhantes, em ambientes semelhantes, devem desenvolver objetivos semelhantes e
métodos semelhantes para atingí-los.”(p. 423)
Hall, Lindzey e Campbell (2000) citam que Allport reservou o termo traço para os
traços comuns, e outro termo, disposição pessoal, foi introduzido para definir o traço
individual. Os traços, diferentemente das disposições pessoais, não são designados como
peculiares a um único indivíduo. Isso quer dizer que um traço pode ser compartilhado por
vários indivíduos, mas está tão dentro do indivíduo quanto uma disposição. Ambos são
estruturas neuropsíquicas e são capazes de tornar muitos estímulos funcionalmente
equivalentes e também orientam formas consistentes de comportamento. Embora os traços
e as disposições existam realmente na pessoa, eles não podem ser observados diretamente,
precisando ser inferidos a partir do comportamento. Essas inferências são baseadas na
frequência com que a pessoa exibe um determinado tipo de comportamento em várias
situações, assim como na intensidade desse comportamento.
Para Nunes (no prelo) o conceito de traço comum de Allport é muito útil para a
operacionalização da personalidade, pois os traços comuns são aqueles aspectos da
personalidade pelos quais a maioria das pessoas de uma cultura podem ser eficientemente
comparadas.

3.1.2 - A teoria fatorial de Hans J. Eysenck

O modelo de Eysenck da personalidade baseia-se em uma descrição hierárquica do


componente temperamental da personalidade em termos de traços específicos e em três
dimensões tipológicas gerais de psicoticismo, extroversão e neuroticismo. Propõe que
essas dimensões estruturam as diferenças individuais de temperamento. A abordagem de
Eysenck atribui também um substrato biológico responsável pelas diferenças individuais
em dimensões fundamentais da personalidade. O comportamento é o resultado da posição
da pessoa nessas dimensões, combinada com as circunstâncias às quais ela está exposta.
Focaliza a dimensão biológica da personalidade em uma abordagem biossocial, no sentido
de que o funcionamento do Sistema Nervoso Central predispõe os indivíduos a
responderem de certa maneira ao ambiente, especificando mecanismos biológicos que
contribuem para as diferenças observadas nas dimensões descritivas (HALL, LINDZEY e
CAMPBELL, 2000).
Nunes (no prelo) enfatiza que a estrutura básica da personalidade de Eysenck
trabalha, assim como a de Allport, com organizações hierárquicas de coerências
comportamentais, cognitivas e afetivas. No modelo de Eysenck esses níveis são: resposta
específica, resposta habitual, o traço e o tipo. Enfatiza, porém, o traço e o tipo, pois a partir
deles é possível compreender a mecânica do comportamento consistente e congruente.
Define um traço como um conjunto covariante de comportamentos, surgindo como um
princípio organizador deduzido da generalidade do comportamento do ser humano.
Na distinção entre o conceito de traço e tipo, Eysenck define que um traço se refere
a um conjunto de comportamentos relacionados que ocorrem juntos repetidamente; um
tipo é um construto de ordem superior, compreendendo um conjunto de traços
relacionados; é mais geral e inclusivo (HALL, LINDZEY e CAMPBELL, 2000).

3.1.3 - A teoria de traço fatorial-analítica de Raymond Cattell

Hall, Lindzey e Campbell (2000) apontam que Cattell define a personalidade como
aquilo que permite prever o que uma pessoa fará em uma dada situação. Deve-se
estabelecer leis sobre o que diferentes pessoas farão em todos os tipos de situações
ambientais sociais e gerais. Vê a personalidade como uma estrutura complexa e
diferenciada de traços. Para ele, traço é uma estrutura mental, uma inferência feita a partir
do comportamento observado para explicar a regularidade ou consistência deste
comportamento.
Cattell (1950 citado por HALL, LINDZEY E CAMPBELL, 2000) distingue entre
traços de superfície e traços de origem. Os traços de superfície representam agrupamentos
de variáveis manifestas que ocorrem juntas; traços de origem representam as variáveis
subjacentes que podem determinar várias manifestações de superfície. Os traços de origem
são as influências reais por trás da personalidade, como os fatores fisiológicos,
temperamentais, graus de interação dinâmica e exposição às instituições sociais.
Considera-os mais importantes, apesar dos traços de superfície parecerem mais válidos e
significativos para o observador comum, por serem mais facilmente observáveis.
Entretanto, os traços de origem são mais úteis para explicar o comportamento, pois
refletem fatores de hereditários, constitucionais e ambientais.
Segundo os mesmos autores (2000) Cattell divide também os traços por meio da
modalidade na qual se expressam: traços dinâmicos, que acionam o indivíduo rumo a uma
meta, e traços de capacidade, quando têm relação com a efetividade em que o indivíduo
busca atingir essa meta. Os traços dinâmicos importantes no sistema de Cattell são de três
tipos: os ergs, que correspondem às pulsões com base biológica; os sentimentos, que
focalizam um objeto social como a escola ou o país, por exemplo; as atitudes, que são
traços dinâmicos de superfície, manifestações ou combinações específicas de motivos
subjacentes. Os vários traços dinâmicos estão inter-relacionados em um padrão de
subsidiação, em que certos elementos são subsidiários a outros, ou servem como meios
para seus fins. Estes relacionamentos podem ser expressos no que Cattell chamou de
treliça dinâmica.

3.2 - A abordagem dos tipos

Muitos sistemas de tipologia têm sido criados desde a antigüidade. Estes sistemas,
de acordo com Zacharias (1995) são baseados na observação direta dos comportamento
humano e num conjunto de representações mágico/religiosas e filosóficas. Cita como
exemplo o sistema da Astrologia, que foi desenvolvido na Mesopotâmia e entre os caldeus.
Conforme este sistema, a matéria, inclusive o homem, são formados por quatro elementos:
a terra, o fogo, o ar e a água. Cada um destes elementos compartilha de três signos do
zodíaco, que é um cinturão de constelações que se localiza no caminho do sol, da lua e dos
planetas no céu, observados na terra. As pessoas que nascem sob a influência de um destes
signos, são influenciadas pelas características próprias do signo e pela natureza do
elemento correspondente a este signo.
A antiga medicina grega, desenvolveu uma tipologia fisiológica semelhante ao
sistema astrológico descrito acima; a classificação das pessoas era também quaternária e
baseada nas denominações das secreções do corpo. O que caracterizaria o temperamento
de alguém seria a maior quantidade de um dos humores em circulação no corpo: o sangue,
fleugma, bilis amarela e bilis negra ( ZACHARIAS, 1995).
A filosofia grega, de acordo com Lee (1994) estava baseada na doutrina dos quatro
elementos, que eram relacionados com as quatro faculdades do homem: a moral, que
corresponde ao fogo; estética e alma, que correspondem à água; intelectual, correspondente
ao ar; e física, correspondente à terra. Baseado nesta idéia, Hipócrates desenvolveu a
medicina da Patologia Humoral, considerando o elemento fogo como Bile Amarela, terra
como Bile Negra, água como Fleugma e ar como Sangue. Posteriormente, Galeno
correlacionou-os com os quatro humores que deram origem aos quatro temperamentos
humanos específicos: Colérico, Melancólico, Fleugmático e Sanguíneo. Segundo o autor
(1994):
Compreende-se tenham os gregos se convencido da real existência desses
humores; pois quando há uma contusão o sangue não acorre? A tosse não
elimina a Fleugma (catarro)? Os colágogos não tornam as fezes escuras
pela bili negra? E os vômitos não vêm com a bili amarela para tingí-los?
(p. 13)

3.2.1 - A tipologia neo-hipocrática

Lee (1994) descreve a tipologia Neo-Hipocrática, que é composta por quatro


biotipos: neo-sangüíneo, neo-colérico, neo-melancólico e neo-fleugmático. Os neo-
sangüíneos são aqueles que têm uma ênfase no elemento ar e possuem uma mente
demasiadamente ativa, podendo fazer qualquer coisa sem uma reflexão prévia, fugindo às
vezes da realidade para um mundo de imaginação. Com uma disciplina mental adequada,
esse tipo pode ser um inovador no mundo do pensamento. O segundo biotipo, o neo-
colérico, tem ênfase no elemento fogo; indivíduos coléricos possuem grande fé em si
mesmos, entusiasmo, força sem limite e honestidade. Precisam de liberdade para se
expressarem de forma natural, tendendo a ser ativos, inquietos, faladores e impulsivos. O
neo-melancólico possui sintonia com o elemento terra, indicando que estes indivíduos
estão em contato com os sentidos físicos e a realidade presente do mundo material. Têm
muita preocupação com a prática em detrimento dos princípios teóricos; podem ter uma
visão estreita e falta de imaginação, por ficarem presos apenas ao que as coisas aparentam
ser. O neo-fleugmático está ligado ao elemento água, está em comunicação com seus
próprios sentimentos, representando a ênfase na emoção profunda, respostas do
sentimento, paixões compulsivas e medo extraordinário. Pessoas fleumáticas são
extremamente sensíveis a qualquer experiência.
Para Zacharias (1995) a teoria de Hipócrates possui uma desvantagem, pois
apresenta tipos puros, em que os temperamentos são claramente definidos, o que a torna
genérica e abrangente, já que “podemos dizer seguramente que não existem tipos puros, ou
seja, uma pessoa sangüínea pode ter momentos de melancolia ou se tornar fleumática em
determinada situação.” (p. 67)

3.2.2 - Outras teorias tipológicas

Entre o período grego e o século XIX, surgiram outros sistemas tipológicos


baseados em estereótipos sociais, como os tipos descritos por La Bruyère, em que as
pessoas gordas são afáveis e bem humoradas, enquanto as pessoas magras são mais
nervosas e contemplativas (ZACHARIAS, 1995).
Segundo o mesmo autor (1995) no século XX Cesare Lombroso criou a
Antropologia Criminal, no qual um criminoso nato possuía um tipo físico e psíquico
especial, identificando esse tipo através de uma análise do formato da caixa craniana,
principalmente de uma parte que ele denominou de fossa occiptal média, presente nos
criminosos.
As teorias modernas estão organizadas em três princípios: na classificação dos tipos
somáticos, em que a principal característica é a diferença da estrutura somática; na
classificação dos tipos somato-psíquicos, em que a estrutura somática está em orientação
dinâmica funcional com estruturas psíquicas correspondentes; e na classificação dos tipos
psíquicos, que enfatizam a diferença entre estruturas especificamente psíquicas
(ZACHARIAS,1995).
Como exemplo da classificação de tipos somáticos o autor supracitado (1995) cita a
Escola Constitucionalista de Giovanni e Viola, baseada na relação entre o tronco e os
membros, criando os tipos megalosplânico, característico de indivíduos gordos e baixos;
normoplânico, correspondente ao indivíduo atlético e microsplânico, que é o indivíduo
alto e magro. Como exemplo de tipologias somato-psíquicas cita a obra de Gall, que criou
a frenologia, um estudo das saliências e da forma da superfície craniana para identificar
traços de personalidade.

3.2.3 - A tipologia de Kretschmer

Zacharias (1995) cita que Ernest Kretschmer, partindo de seus trabalhos como
psiquiatra, desenvolveu uma tipologia com base na compleição física correspondente a
determinados traços de personalidade. Divide as pessoas em quatro tipos: Pícnico, que é o
indivíduo baixo e forte, possuindo pernas, peito e ombros arredondados; é sociável, amigo,
vivaz, prático e realista, e em caso de patologia oscila no ciclo mania-depressão. O
segundo tipo, o Leptossômico, é o indivíduo de estatura alta, esbelto, pernas e face
alongadas; são introspectivos e reflexivos, apresentando em caso de patologia, extrema
introversão e falta de contato com o mundo. O terceiro tipo, o Atlético, é proporcional,
estando entre o pícnico e o leptossômico. Os Displásicos são o quarto tipo, apresentando
misturas incompatíveis durante o seu desenvolvimento.

3.2.4 - A tipologia de Hans J. Eysenck

Hall, Lindzey e Campbell (2000) descrevendo a evolução histórica da abordagem


tipológica de Eysenck, citam que os dois tipos mais importantes da personalidade, a
extroversão e o neuroticismo, foram traçados a partir dos sistemas de temperamento
descritos por Hipócrates e Galeno. Hipócrates, como já citado neste trabalho, descreveu
quatro humores: sangue, fleugma, bile negra e bile amarela; a maneira como esses
elementos se combinavam determinava a saúde e o caráter de um indivíduo.
Posteriormente, Immanuel Kant elaborou a descrição dos quatro tipos temperamentais,
organizando-os em termos de dois contrastes fundamentais: o melancólico possui
sentimentos fracos e o sangüíneo sentimentos fortes, assim como o fleumático possui
pouca atividade e o colérico intensa atividade. Wundt afirmou que os quatro tipos
possuíam um status alto ou baixo e duas dimensões de mutabilidade e força das emoções.
Esse sistema prediz o modelo bidimensional de Eysenck, em que as emoções fortes versus
fracas de Wundt correspondem à dimensão neurótica versus estável de Eysenck; e o eixo
mutável versus imutável corresponde à dimensão extroversão versus introversão.

Figura 1 – Modelo da tipologia de Eysenck

Instável
Rabujento Melindroso
Ansioso Inquieto
Rígido Agressivo
Sóbrio Excitável
Pessimista Mutável
Reservado Impulsivo
Melancólico Colérico
Insociável Otimista
Quieto Ativo
Introvertido Extrovertido
Passivo Sociável
Cuidadoso Expansivo
Fleumático Sangüíneo
Reflexivo Conversador
Pacífico Responsivo
Controlado Despreocupado
Confiável Animado
Tranquilo Descuidado
Calmo Líder
Estável

Na concepção dos autores supracitados (2000) a contribuição principal do modelo


de Eysenck, vem de Carl G. Jung, que propôs um par de atitudes básicas, introversão e
extroversão, em que o introvertido está orientado para o mundo interno e o extrovertido
orientado para o mundo externo. Jung ainda inclui um contraste entre neuroticismo e
normalidade, correspondente ao espaço da personalidade bidimensional de Eysenck, em
que os eixos principais são introversão-estroversão e neuroticismo-estabilidade.. O
modelo bidimensional proposto por Eysenck, apresentado na figura 1, integra os modelos
descritos por Hipócrates, Galeno, Kant, Wundt e Jung.
Eysenck desenvolveu vários questionários de auto-relato para medir diferenças
individuais, nas dimensões neuroticismo e extroversão. O Eysenck Personality
Questionnaire – EPQ (1975), apresenta a descrição dos tipos extrovertidos e introvertidos e
também dos indivíduos com elevado grau de neuroticismo - N. O introvertido é quieto,
retraído, introspectivo, prefere os livros às pessoas. É reservado e distante; tende a planejar
antecipadamente e desconfia do impulso momentâneo. Prefere um modo de vida
organizado e tem seus sentimentos sob controle, não perdendo a calma facilmente. O
extrovertido é sociável, gosta de festas, possui muitos amigos e não gosta de ler ou estudar
sozinho. Gosta de excitação, geralmente confia nas pessoas e age no impulso, assumindo
os riscos. É otimista, gosta de rir e divertir-se, é despreocupado e por não manter seus
sentimentos sob controle, perde a calma facilmente. O indivíduo com elevado grau de
neurotocismo é ansioso, preocupado e deprime-se com freqüência. Sofre de transtornos
psicossomáticos, tende a dormir mal e reage exageradamente a todos os tipos de estímulos.
Sua característica principal é uma constante preocupação com coisas que poderiam dar
errado e reage a isto com uma intensa ansiedade. O indivíduo estável, ao contrário, tende a
ter respostas emocionais lentas. Para Eysenck, o comportamento observado corresponde a
uma interação entre características constitucionais e ambiente, oferecendo assim um
modelo biossocial da personalidade (HALL, LINDZEY E CAMPBELL, 2000).
Nunes (no prelo) coloca que Eysenck vê como uma das teorias tipológicas mais
modernas a Tipologia Junguiana, em que cada indivíduo possui os mecanismos de
introversão e extroversão, porém circunstâncias externas e disposições inatas favorecem
um mecanismo e restringem o outro. Se esta dominância torna-se crônica, então evidencia-
se um tipo. Eysenck define tipo como um conjunto de traços correlacionados que formam
uma constelação, formando o tipo, que é um construto de ordem maior.
4 - TIPOLOGIA E PROFISSÕES

“Um ser humano só cumpre seu mais nobre


dever quando tenta aperfeiçoar os dotes que a
natureza lhe deu.”
Herman Hesse

A escolha profissional é um momento de tomada de decisão que envolve vários


fatores, dentre eles as características individuais de quem escolhe. Portanto, nota-se a
importância do conhecimento dos aspectos da personalidade, dos interesses e aptidões de
cada indivíduo, assim como das habilidades que cada profissão requer, para o
desenvolvimento de sua vida profissional.
Primi et al (2002) apontam que é bastante antiga a idéia de que os diferentes
grupos profissionais possuem perfis de personalidades distintos. Citam que nas últimas
décadas, vários estudos têm se preocupado em descrever estes perfis, como por exemplo os
estudos de Thurstone (1934) na esfera das habilidades e a importante contribuição de
Cattel na esfera da personalidade. A literatura corrente mostra que pesquisas vêm sendo
desenvolvidas correlacionando personalidade, interesses profissionais e habilidades. Esses
construtos, combinados à uma interação ótima indivíduo-ambiente, podem sem dúvida
potencializar o desenvolvimento humano.
Alguns autores investigaram a interdependência entre interesses, habilidades e
características de personalidade. Neste capítulo serão apresentadas algumas teorias que
focaram as características individuais, especialmente o Tipo Psicológico, relacionando-as
às profissões escolhidas pelos indivíduos.

4.1 - O modelo hexagonal de Holland

Para Primi et al (2000) quando se trata das relações entre características de


personalidade e interesses profissionais, o modelo hexagonal de Holland é muito
importante, pois integra tipos e personalidade às áreas profissionais que possuem
atividades motivadoras para os diversos tipos. Neste modelo, a escolha profissional decorre
de características pessoais associadas aos traços de personalidade. O modelo propõe seis
tipos básicos:
- Tipo realista, voltado para realizações concretas e observáveis; prefere máquinas e
eventos a trabalhar com pessoas. Possui como valor principal as recompensas
financeiras.
- Tipo investigador, que é voltado à exploração intelectual. Introvertido e não sociável,
prefere o pensar ao agir. Possui como valores principais o conhecimento e a
aprendizagem.
- Tipo artístico, que é voltado às atividades artísticas, musicais e literárias. É emotivo e
prefere as atividades expressivas individuais. Valores principais: criatividade estética e
emoções.
- Tipo Social, voltado às atividades de ajuda e ensino, assim como de tratamento às
pessoas. Possui necessidade de atenção e tem como principal valor o bem-estar social.
- Tipo empreendedor, que prefere as atividades nas quais domina e lidera. Tem tendência
a ser oralmente agressivo e prefere as atividades menos complicadas, valorizando o
dinheiro e o status.
- Tipo Convencional, que prefere atividades estruturadas nas quais pode seguir ordens.
Evita situações confusas e possui como valor o dinheiro e o poder em ocupações
sociais.
Holland, Powell e Fritzsche (1994 citados por PRIMI et al, 2002) propõe que as
pessoas preferem mais as atividades em que a determinação depende de forças culturais e
pessoais. Essas tendências motivacionais levam as pessoas a preferirem a companhia de
outras pessoas com as mesmas características, no que se refere aos interesses e visão de
mundo. Escolhem, portanto, em sua carreira profissional, ambientes que são congruentes
com suas orientações pessoais. Bernardes (2002) enfatiza que cada tipo em seu conjunto de
atributos pessoais, seria um produto de interação entre hereditariedade e forças pessoais e
culturais, como classe social, os pais, o ambiente físico.
Holland (1978 citado por MINICUCCI, 1983) afirma que a escolha da profissão é
uma expressão da personalidade. As pessoas que escolhem uma determinada profissão
possuem personalidade e histórias semelhantes, no que se refere ao desenvolvimento
pessoal, satisfação e estabilidade. É preciso que haja congruência entre a personalidade e o
ambiente de trabalho para haver maior satisfação pessoal.
Primi et al (2002) em sua publicação Personalidade, Interesses e Habilidades: um
estudo correlacional da BPR-5, LIP e do 16PF, mostram que vários estudos vêm sendo
realizados procurando definir quais traços estão associados aos seis tipos de Holland.
Dentre eles citam as investigações de Gottfredson, Jones e Holland (1993) feitas a partir
das correlações entre as seis dimensões de Holland e os Cinco Grande Fatores de
personalidade. Neste estudo encontrou-se que o fator extroversão e características como
sociabilidade e generosidade, estão associados aos interesses sociais e empreendedores; o
fator abertura para experiência e características como curiosidade, criatividade, imaginação
são associados aos interesses investigativos e sociais; o fator escrupulosidade e
características como responsabilidade, meticulosidade, associa-se aos interesses
convencionais. O fator Neuroticismo correlacionou-se negativamente com todos os
interesses.
Um outro estudo citado por Primi et al (2002) refere-se à investigação das
correlações entre o Personality Research Form – PRF, fundamentado na teoria de Murray,
com as seis dimensões de Holland. Nesta pesquisa Vieira e Ferreira (1997) encontraram
associações entre necessidade de realização, compreensão, resistência, com o tipo
Investigador; necessidade de afiliação, apoio, compreensão, com o tipo Social e o tipo
Artístico; necessidade de dominância, exibição e prazer com o tipo Empreendedor e
necessidade de ordem e menor autonomia com o tipo Convencional.

4.2 - O teste de foto de profissões - BBT

No processo da escolha profissional, além do conhecimento das características de


personalidade, habilidades e motivações, é necessário que o indivíduo tenha conhecimento
da realidade objetiva em que vive. Inclui-se a importância do conhecimento e
reconhecimento das potencialidades individuais efetivas, das características das profissões
e das transformações do mundo do trabalho, assim como a importância das características
técnicas das profissões, suas exigências e possibilidades de satisfação pessoal
(JACQUEMIN, MELO-SILVA e PASIAN, 2000).
Achtnich (1991) cita que o rendimento profissional depende diretamente da
satisfação e do interesse dedicados ao trabalho, obtidos por meio do conhecimento das
inclinações motivacionais individuais. Quando a profissão escolhida não corresponde às
inclinações, pode gerar uma insatisfação e queda no rendimento. A escolha discordante
pode provocar doenças e reações psíquicas mórbidas.
O universo profissional é constituído por diferentes elementos, conforme expõe o
autor supracitado (1991): a designação precisa da profissão; as atividades exercidas na
profissão; o material a que as atividades se referem, o objeto profissional; os instrumentos
utilizados; o local onde as atividades são exercidas e o objetivo visado. Baseado nesses
pressupostos, propõe a utilização do Teste de Fotos de Profissões - BBT, para o
conhecimento da inclinação profissional do indivíduo.
O BBT, segundo Bernardes (2002) trata-se de um teste projetivo, que visa obter um
entendimento dinâmico da personalidade, para a clarificação dos interesses profissionais.
Os métodos projetivos possibilitam uma avaliação das áreas patológicas e sadias da
personalidade, pois retratam o mundo interno do indivíduo e seus mecanismos para lidar
com os conflitos. O BBT foi formulado por Achtnich (1991) e tem como fundamentação
teórica a Teoria da Análise do Destino, de Szondi (1970).
Ainda segundo a mesma autora (2002) a teoria de Szondi propõe que a vida não
pode ser reduzida a uma sucessão de acontecimentos aleatórios; alguns acontecimentos
fazem mais sentido do que outros ao longo da vida de um indivíduo, orientando
decisivamente o seu destino. O destino é escolha, e as formas de escolha são a escolha de
amor e amizade, escolha de doença, da profissão, e da forma de morte. Szondi propõe
também um fundamento genético das escolhas do destino: haveria na bagagem genética
hereditária do ser humano grupos de genes alelos recessivos que seriam produtores de
doença mental; se um indivíduo adoece de uma doença mental particular é porque leva em
sua bagagem hereditária uma combinação homozigota, o gene recessivo responsável por
essa doença. Para Szondi, destino e pulsão estão intimamente ligados, assim como destino
e genes.
Sbardelini (2000) salienta que para a questão da escolha profissional, Szondi utiliza
o termo operotropismo, que seria a possibilidade do investimento das pulsões na atividade
profissional, como uma oportunidade de satisfação dessas pulsões, o que impede que a
doença venha a se instalar.
A mesma autora (2000) cita que é com base nesse conceito de operotropismo que
Achtnich elaborou o BBT, com o objetivo de analisar as identificações, rejeições e
ambivalências do sujeito frente às situações profissionais.
Na concepcão de Szondi, as inclinações representam as necessidades e aspirações
fundamentais correspondentes a quatro vetores que são: instinto do ego, instinto de
contato, instinto paroxismal e instinto sexual. Achtnich utilizou os vetores de Szondi para
conceber oito fatores de inclinação, relacionados às necessidades humanas universais
(MELO-SILVA e NOCE, 2004).
Os oito fatores de inclinação postulados por Achtnich (1991) são:
- Fator W: ternura, sensibilidade, disponibilidade, necessidade de tocar, de prestar
serviço. Relativo a atividades como massagear, cuidar diretamente de pessoas. Os
instrumentos de trabalho são o tato, a água, artigos de higiene, cosméticos, tecidos. Os
locais de trabalho são os que oferecem possibilidade de contatos pessoais como
institutos de beleza, de massagem, de estética, sauna, creches, pensões, hotéis,
butiques, ateliês de costura, etc.
- Fator K: força física, dureza, agressividade. Atividades relacionadas à força física
como quebrar, cortar, bater, atirar, e outros; e que utilizam materiais resistentes como
metal, aço, ferro, lata, pedra, vidro, solo duro. Os locais de trabalho são oficinas,
canteiro de construções, pedreira, estrada, fazenda.
- Fator S: Sh: aspecto social, interesse pelo outro, cuidar, ajudar, curar. Interesse por
atividades com dispositivos de salvamento, instituições de proteção, medidas
preventivas, compreensão, conselho. Os locais de trabalho são os hospitais, asilos,
igrejas, consultório. Se: energia psíquica, dinamismo, capacidade para se impor,
coragem, independência. Atuação em atividades que exijam dinamismo, risco, ação,
independência, autonomia. Caracterizado pela necessidade de mudança, de espaço e
viagem, além do gosto pelo imprevisto. Trabalho ligado às forças da natureza, como
fogo, eletricidade, energia nuclear, energia mecânica.
- Fator Z: necessidade de mostrar, estar em evidência, representar, estética. Atividades
relacionadas a expor, fotografar, filmar, maquiar, vestir, desenhar, pintar. Interesse pelo
belo, pelas cores, pelas formas estéticas e por trabalhos dirigidos a um público. Os
locais de trabalho são os palcos, passarelas, telas, museus, feiras, vitrines, salas de
exposições, as ruas.
- Fator V: inteligência, razão, lógica, necessidade e clareza de pensamento, objetividade.
Atividades relacionadas a observar, ordenar, arquivar, ensinar, dar instruções,
comandar, medir, calcular, contar, disciplinar. Objetos como calculadora, computador,
régua, balança. O local de trabalho geralmente é um espaço fechado, como escritório,
laboratório, ateliê.
- Fator G: espírito, intuição, imagem criadora. Atividades relacionadas a meditar,
filosofar, pesquisar, criar, compreender psicologicamente, imaginar. Procura pelo novo
e ilimitado. Local de trabalho fechado como sala, quarto, laboratório.
- Fator M: a matéria, o concreto, o terrestre, possessão, poder. Relacionado ao prático, ao
tangível, ao natural, ao que tem valor, ao dinheiro. Interesse pelo trabalho com terra,
argila, pintura, sabão, perfumes, coisas antigas.
- Fator O: oralidade; Or: necessidade de falar, comunicar, discutir, vender, cantar,
recitar, traduzir, negociar. Trabalho com o público; o local de trabalho deve ser um
espaço onde se convive com outras pessoas, como a escola, locais de festas, a rua. On:
necessidade de nutrir, alimentar. Venda e preparo de alimentos; hospedagem.
Jackemin, Melo-Silva e Pasiani (2000) descrevem que o BBT é composto por 96
fotos, representando pessoas exercendo atividades profissionais. É constituído por duas
versões, masculina e feminina; a forma feminina possui quatro fotos complementares. As
imagens são apresentadas em preto e branco e em formato quadrado, e a atividade
representada na foto é focalizada. O enfoque é dado à atmosfera ocupacional representada
pelas funções, local de trabalho, instrumentos e objetos utilizados.
Cada foto do teste, de acordo com os mesmos autores (2000) possui um caráter
evocativo que articula os pensamentos do sujeito e representa um pareamento de duas
tendências: o fator primário, que possui o caráter evocador mais forte, representado pela
atividade mostrada na foto e por uma letra maiúscula; e o fator secundário, que representa
o objetivo, o instrumento, o objeto e o local da atividade, e vem representado por uma letra
minúscula. As fotos oferecem um contato direto com uma atmosfera profissional, suas
funções mais importantes, seu objeto de ação e seu local de trabalho. Sbardelini (2000)
complementa dizendo que cada fator primário aparece em oito fotos, combinado a cada vez
com um fator que naquela foto atua como secundário.
As fotos do teste mostram os profissionais no trabalho. A pessoa identifica-se por
um momento, com o trabalhador representado e é confrontado pela pergunta se poderia
efetuar aquele mesmo trabalho, com aqueles instrumentos e materiais e naquele meio
profissional. Através da identificação com o trabalhador da foto, a estrutura de inclinação
do sujeito é solicitada (MELO-SILVA e NOCE, 2004).
O indivíduo escolhe de forma positiva, negativa ou indiferente. Baseado nessa
classificação, serão realizadas as associações entre o porquê das escolhas, primeiro das
positivas, logo após das demais, se necessário. A análise das escolhas é feita de forma
quantitativa e qualitativa e os resultados são avaliados e posteriormente discutidos com o
sujeito (SBARDELINI, 2000). Melo-Silva e Noce (2004) descrevem que a análise
quantitativa das escolhas permite a visualização do perfil de interesses do indivíduo e
como estão organizadas suas necessidades em busca de satisfação. A análise qualitativa
considera a concepção que o indivíduo possui das diversas atividades profissionais; do
contato e da possibilidade de cada um em relação às profissões e ao mundo do trabalho.
Cada fator analisado refere-se não somente às necessidades que procuram satisfação na
profissão em si, mas também a locais e instrumentos de trabalho relacionados a esta
atividade.
O BBT oferece uma sistematização das informações sobre interesses e motivações
dos indivíduos, de maneira que compõe uma representação desses elementos internos, sem
um falseamento de racionalizações. Possibilita a análise quantitativa e qualitativa da
estrutura de inclinação profissional do indivíduo, fornecendo dados importantes para
avaliar o processo de decisão da escolha profissional (MELO-SILVA E NOCE, 2004).
4.3 - A tipologia junguiana

Na classificação dos tipos psíquicos, pode ser considerado como grande exemplo a
Tipologia de Carl Gustav Jung. Ao longo de dez anos, Jung dedicou-se a um estudo
detalhado dos tipos abordados na literatura, na mitologia, na filosofia e principalmente na
psicopatologia. A origem da tipologia junguiana surge como um dos principais frutos do
desenvolvimento dos estudos sobre inconsciente e das descobertas científicas de Freud e
Jung (ZACHARIAS, 1995).
Hall (1986) salienta que Jung fez uma vasta revisão histórica da questão dos tipos
psicológicos na literatura, na mitologia, na estética e na filosofia, na qual baseou o
desenvolvimento do sistema tipológico. Tipos Psicológicos foi um dos primeiros livros de
Jung, sendo publicado em 1921. No modelo tipológico de Jung, existem dois tipos de
atitude: a extroversão e a introversão, termos que ficaram conhecidos e que são usados
popular e culturalmente; também existem quatro funções que são chamadas pensamento,
sentimento, intuição e sensação.
Para Moraes (2001) a teoria tipológica de Jung, no que diz respeito à introversão e
à extroversão, talvez seja uma das mais conhecidas, pois dentre as características descritas
encontram-se as tendências para a escolha da profissão e o ambiente de trabalho.
Zacharias (1995) cita que a idéia de que é possível classificar as pessoas em
determinados tipos de atitudes e comportamentos, consta de longa data. Esses sistemas de
tipologia baseiam-se na observação direta do comportamento humano e em um conjunto
complexo de representações simbólicas mágico-religiosas-filosóficas. A grande
contribuição da tipologia junguiana, é a introdução do conceito de energia psíquica e como
cada pessoa se orienta em relação ao mundo, contribuição esta inovadora frente aos
sistemas anteriores, em que as classificações eram baseadas na observação de padrões de
comportamento temperamental ou emocional.
Inicialmente, Jung elaborou sua teoria tipológica com o fito de explicar a forma
como a qual ele, Freud, Adler e outros podiam ter concepções tão divergentes a respeito do
mesmo material clínico. Jung chegou à conclusão de que eles interpretavam os fatos
relevantes de formas diversas, em função das variações da maneira como esses fatos
funcionavam graças a tipologia de cada um. Percebeu que Freud era voltado para o objeto
e Adler era voltado para o sujeito. Freud partia do princípio de que as coisas evoluíam
segundo as diretrizes do instinto sexual; Adler concedia a primazia ao instinto do poder.
Assim, tanto Freud quanto Adler, criam um sujeito em relação a um objeto, mas Adler
enfatiza o sujeito que se afirma e procura manter sua superioridade em relação aos objetos.
Freud, ao contrário, enfatiza os objetos, que conforme suas características são proveitosos
ou prejudiciais ao desejo do sujeito. Jung, baseando-se em suas observações, concluiu
então que há dois tipos de pessoas, uma que se interessa mais pelo objeto e outra que se
interessa mais por si mesma, chegando ao conceito de extroversão e introversão (HALL,
1986).
Os tipos gerais de atitude são distinguidos por seu comportamento peculiar em
relação ao objeto. O introvertido preocupa-se em retirar a libido do objeto para se prevenir
contra um superpoder desse objeto. O extrovertido, ao contrário, tem um comportamento
positivo frente ao objeto, afirmando sua importância na medida em que dirige a ele sua
atitude subjetiva (JUNG, 1991).
O conceito de extroversão e introversão é baseado no modo como se processa o
movimento da energia psíquica em relação ao objeto: na extroversão a libido flui em
direção ao objeto; na introversão a libido recua frente ao objeto, pois o sujeito sente nele
algo de ameaçador (SILVEIRA, 1997).

4.3.1. - A atitude extroversão

Cada pessoa, de acordo com Jung (1991) se orienta pelos dados que o mundo
externo lhe fornece. Quando a orientação pelo objeto e pelo dado objetivo é predominante,
de maneira que as decisões e as ações são determinadas por circunstâncias objetivas e não
por opiniões subjetivas, fala-se de uma atitude extrovertida. Se esta característica for
habitual, fala-se do tipo extrovertido:
Vive de tal modo que o objeto, como fator determinante, desempenha em
sua consciência papel bem maior do que sua opinião subjetiva (...) Sua
consciência toda olha para fora porque a determinação importante e
decisiva sempre lhe vem de fora. ( p. 319)
O tipo extrovertido está relativamente bem ajustado às circunstâncias dadas, não
possuindo outras pretensões além das possibilidades dadas objetivamente. Não leva muito
em consideração a realidade de suas necessidades e precisões subjetivas. O extrovertido
pode correr o risco de ser atraído para dentro do objeto e perder-se nele completamente,
originando-se daí perturbações corporais, funcionais ou reais.
No extrovertido, segundo Zacharias (1995) a energia psíquica está voltada para o
mundo exterior, dos objetos e dos fenômenos. Ele experimenta o mundo antes de
compreendê-lo e o discurso é o seu melhor meio de expressão.

4.3.2 - A atitude introversão

Conforme descreve Jung (1991) o introvertido comporta-se em relação ao objeto


como se esse possuísse um poder sobre ele, por isso precisa defender-se . Seu mundo é seu
interior, seu sujeito. Orienta-se principalmente por fatores subjetivos; a consciência
introvertida percebe as condições externas mas prefere como decisivas as determinantes
subjetivas. Enquanto o extrovertido apóia-se naquilo que provém do objeto, o introvertido
baseia-se geralmente no que a impressão externa constela no sujeito. A subjetividade não
pode ser considerada simplesmente o eu do sujeito, mas ela é a estrutura psíquica que se
desenvolve, antes mesmo do desenvolvimento de um eu. A posição de superioridade da
subjetividade na consciência, significa uma desvalorização do fator objetivo. O objeto
então toma força mágica, despertando para a desconfiança; para o introvertido o mundo
apresenta-se como pavoroso e perigoso, por isso se protege atrás de seu mundo interior.
Para Jung (1991):
Chamo introversão o voltar-se para dentro da libido. Expressa isso uma
relação negativa entre sujeito e objeto. O interesse não se dirige para o
objeto, mas dele se retrai e vai para o sujeito. Quem possui uma atitude
introvertida pensa, sente e age de modo a deixar transparecer claramente
que o motivador é o sujeito, enquanto o objeto recebe valor apenas
secundário. (p 430)

No introvertido, a libido desloca-se de fora para dentro, fazendo com que foque sua
atenção para seu mundo interno de impressões, emoções e pensamentos. O indivíduo
introvertido possui sua energia psíquica voltada para o interior, tendendo a compreender o
mundo antes de experimentá-lo, o que o leva a uma certa hesitação frente à vida. Possui
maior facilidade com a escrita e uma vida interior rica em imagens e impressões
(ZACHARIAS, 1995).

4.3.3 - As funções

Para Jung (1991) a função psicológica seria uma forma psíquica de atividade que
inicialmente, permanece idêntica sob condições diversas. A função é uma das formas de
manifestação da libido, assim como a força física pode ser considerada uma forma da
energia física.
Cloninger (1999) cita que Jung descreveu quatro funções psicológicas que mostram
os processos cognitivos fundamentais que as pessoas usam, fornecendo uma descrição da
tipologia da personalidade. Essas funções são denominadas pensamento, sentimento,
intuição e sensação. Foram divididas em funções racionais e funções irracionais. O
pensamento e o sentimento são denominados funções racionais, pois através dessas funções
ordena-se eventos e atitudes. São formas alternativas de se fazer julgamento ou tomar
decisões. As funções irracionais, sensação e intuição, são consideradas modos
complementares de obter-se informações sobre o mundo, são formas de perceber.
De acordo com Jung (1991):
O pensamento e o sentimento são funções racionais enquanto
decisivamente influenciados pela reflexão. Realizam sua finalidade
enquanto concordam plenamente com as leis da razão. As funções
irracionais, ao contrário, são as que objetivam a mera percepção como a
intuição e a sensação; devem ser desprovidas, tanto quanto possível do
racional - que pressupõe a exclusão de tudo que é não-racional – para
chegar a uma percepção completa de todo o porvir. (p. 437)

4.3.4. - Função principal e função auxiliar

Na descrição de Jung (1991) um exame minucioso de cada indivíduo, mostra o fato


de que ao lado da função mais diferenciada, há sempre uma segunda função de menor
diferenciação na consciência, portanto secundária e relativamente determinante. Sua
importância secundária deve-se ao fato de não ser única, exclusiva, indispensável e
decisiva, mas sim auxiliar e complementar. A função secundária, apesar de sua natureza
diversa, não é oposta à função principal, mas uma função perceptiva que auxilia a função
dominante.
Silveira (1997) enfatiza que todas as pessoas possuem as quatro funções, entretanto
uma se desenvolve na consciência mais e se diferencia, roubando energia às outras. Cada
indivíduo utiliza sua função de preferência, que é chamada função principal. Uma segunda
função, chamada função auxiliar, auxilia a primeira; a terceira não vai além de um
desenvolvimento rudimentar e a quarta permanece num estado inconsciente, por isso é
denominada função inferior.
Com relação às atitudes fundamentais introversão e extroversão, Von Franz (1971)
cita que podem ser combinadas com as quatro funções, atuando em conjunto. Podem
também identificar a função dominante, que é a que a pessoa prefere, a que se desenvolve
mais que as outras; e uma outra secundária, que age em congruência com a função
principal, chamada função auxiliar. Se a função dominante é uma das funções racionais, a
função auxiliar será uma das funções irracionais e vice-versa. Ex: Se a função principal é
sentimento, a função auxiliar poderá ser a sensação ou intuição, e a função inferior será o
pensamento.

4.3.5 - A função inferior

Jung (1991) postula a existência de uma função que seria a que fica para trás no
processo de diferenciação. As exigências sociais fazem com que as pessoas diferenciem
algumas funções, ou por condizerem mais com sua natureza, ou porque lhes fornecem
meios para seu sucesso social. Na maioria das vezes as pessoas identificam-se mais
plenamente com a função privilegiada e mais desenvolvida; nesse processo evolutivo uma
ou mais funções são relegadas, sendo chamadas de inferiores, porém, estas funções não
podem ser consideradas doentias, apenas retardadas em vista da função principal.
A função inferior representa a parte desprezada e inadaptada da personalidade, mas
também constrói a conexão com o inconsciente, faz a ponte para o mundo simbólico. Um
dos aspectos da função inferior é o fato de que ela costuma ser lenta, por isso as pessoas
têm dificuldade de trabalhar com ela, ao contrário da reação da função superior, que se
exterioriza rapidamente. Muitas pessoas ocultam a sua função inferior, pois descobrem que
essa parte de sua personalidade é emocional, suscetível e inadaptada. Exemplificando,
pode-se dizer que um tipo pensamento, função superior, não consegue expressar ou
demonstrar sentimento, função inferior, no momento apropriado. Da mesma forma é muito
difícil para um tipo sentimento usar o pensamento de maneira correta no momento
apropriado (VON FRANZ, 1971).

4.3.6 - Funções racionais


4.3.6.1 - O pensamento

Cloninger (1999) descreve que as pessoas do tipo pensamento pensam sobre as


coisas considerando a lógica, razões e princípios. Zacharias (1995) salienta que o tipo
pensamento está atento à causalidade lógica dos eventos e de seus atos, buscando um
padrão objetivo da verdade. Baseiam seu julgamento nos padrões universais e coerentes, e
não nos valores pessoais. São voltados para a razão, mostram-se frios em seu julgamento,
conseguindo assim uma análise dos fatos isenta de interferências pessoais. Comenta ainda
que Jung rejeita a suposição de que o pensamento racional é superior à emoção; para ele, a
maturidade emocional seria o equilíbrio entre o pensamento e o sentimento.
De acordo com Jung (1991) “o pensamento é aquela função psicológica que, de
acordo com suas próprias leis, faz a conexão de conteúdos de representação a ele
fornecidos.” (p. 434)

4.3.6.2 - O sentimento

Zacharias (1995) enfatiza que o sentimento não deve ser confundido com afeto ou
emoção, mas representa a dimensão valorativa, o valor pessoal que o indivíduo atribui às
coisas. O tipo sentimento toma suas decisões baseados em seus valores pessoais, sempre
levando em conta o que sentem em relação a algo e sua preocupação com o sentimento de
outras pessoas.
Para Jung “o sentimento é uma espécie de julgamento, mas que se distingue do
julgamento intelectual, por não visar ao estabelecimento de relações conceituais, mas a
uma aceitação ou rejeição subjetivas.”(1991, p. 440)

4.3.7 - Funções irracionais


4.3.7.1 - A sensação

O tipo sensação valoriza os detalhes e conhece o que percebe através dos cinco
sentidos. É incapaz de entender insinuações, pois essas ultrapassam os detalhes concretos.
Por ficar preso aos detalhes, pode correr o risco de perder a visão geral dos fatos
(CLONINGER, 1999). A sensação constata a presença daquilo que cerca o indivíduo e é
responsável pela sua adaptação à realidade objetiva (SILVEIRA,1997).
A sensação para Jung (1991) é a função psicológica que proporciona a percepção
de um estímulo físico. Relaciona-se não apenas com os estímulos externos, ou sensação
dos sentidos, mas também com as transformações dos órgãos internos, os estímulos
internos, o sentido do corpo.

4.3.7.2 - A intuição

A intuição diz quais são as potencialidades de uma situação,


tem a qualidade de prever, de antecipar o sentido daquilo que se está percebendo. O tipo
intuitivo tem grande capacidade de perceber a visão geral de uma situação; tem a
habilidade de saber o que o outro está vivenciando, pois esse oferece indícios de maneira
inconsciente que o intuitivo capta com facilidade. A intuição, encontra-se em grau mais
elevado entre as pessoas criativas e os artistas (CLONINGER,1999). Silveira (1997)
aponta que a intuição é uma percepção via inconsciente; “é a apreensão da atmosfera onde
se movem os objetos, de onde vêm e qual o possível curso de seu desenvolvimento.” (p.
48)
O termo intuição vem de intueri, que significa olhar para dentro. Jung (1991)
considera a intuição uma função psicológica básica, por transmitir a percepção por via
inconsciente. Na intuição, o conteúdo se apresenta como um todo acabado, sem que se
saiba como este conteúdo veio a existir; é uma espécie de apreensão do instinto, em que o
conteúdo não é importante.
Para Zacharias (1995) a estrutura das quatro funções da psique abrange o
consciente e o inconsciente em relação complementar. A configuração simbólica das
quatro funções em sistema quaternário aparece de várias maneiras em diversas épocas e
civilizações, com por exemplo, no livro de Apocalipse, na descrição da Nova Jerusalém
como uma cidade quadrangular. O sistema quaternário ou cruciforme da tipologia
junguiana, resgata os conhecimentos antigos e simbólicos em referência aos quatro
elementos constitutivos da matéria, terra, água, fogo e ar e dos temperamentos já
descritos, fleumático, sangüíneo, colérico e melancólico.

4.3.8 – A descrição dos tipos

Como as quatro funções podem ser extrovertidas ou introvertidas, resultam em oito


tipos psicológicos básicos: pensamento introvertido, pensamento extrovertido; sentimento
introvertido, sentimento extrovertido; sensação introvertida, sensação extrovertida;
intuição introvertida, intuição extrovertida ( ZACHARIAS, 1995).
O mesmo autor (1995) cita que à descrição dos oito tipos baseados no sistema
quaternário, posteriormente foram acrescentados outros dados por duas pesquisadoras
norte – americanas, Izabel Briggs Myers e Katharine C. Myers, que criaram o questionário
Myers- Briggs Type Indicator - MBTI, definindo dezesseis tipos, incluindo a função
auxiliar na elaboração dos tipos. Muitas pesquisas que criam correlações entre tipos
psicológicos e a carreira profissional foram desenvolvidas nos Estados Unidos por Isabel
Briggs Myers e Katharine C. Briggs, M. H. McCaulley (1987) e outros. No Brasil foram
realizadas pesquisas com administradores de empresas, gerentes de departamentos, alunos
de graduação em cursos de comércio exterior e psicologia, também em músicos de
Orquestra Sinfônica, sendo esta desenvolvida por Nagelschmidt, Zacharias e El Khouri
(1991). Pode-se citar também a pesquisa Tipos Psicológicos Junguianos e Escolha
Profissional: uma investigação com policiais militares da cidade de São Paulo, realizada
por Zacharias (1995). Esta pesquisa apresenta resultados obtidos sobre tipologia, valores e
atitudes, à luz do levantamento histórico da polícia militar e do desempenho profissional
do policial e de seus problemas correlatos.
A descrição básica dos tipos, além de suas características principais, inclui a área
profissional em que cada tipo possui um melhor desempenho:
- Extrovertido, função principal sentimento, função auxiliar intuição, função inferior
pensamento: este tipo tende a voltar sua atenção para as pessoas que o rodeiam, pois
valoriza muito o contato humano; uma de suas maiores qualidades é a capacidade de
valorizar a opinião alheia, baseando suas decisões em valores pessoais. Seu maior interesse
é enxergar as possibilidades que estão além daquilo que presencia; a intuição aguça sua
curiosidade por idéias novas. Profissionalmente, desempenham-se melhor naquelas áreas
que criam um clima de cooperação entre as pessoas, em funções como o ensino, trabalho
pastoral, aconselhamento e área de vendas em geral.
- Extrovertido, função principal intuição, função auxiliar sentimento, função inferior
sensação: as pessoas deste perfil demonstram ser inovadoras e entusiastas, vislumbrando
constantemente novas possibilidades, tendo às vezes até dificuldade em escolher entre
aquelas que apresentam maior potencial. O sentimento presente revela-se através de um
verdadeiro envolvimento com as pessoas, dando-lhes grande habilidade em seus contatos
interpessoais. Sentem-se muito atraídas por profissões onde poderão aconselhar pessoas,
utilizar capacidade didática, especialmente se tiverem oportunidade de introduzirem coisas
novas. Poderão ser bem sucedidas no campo das artes em geral, jornalismo, ciência,
publicidade e propaganda, literatura.
- Extrovertido, função principal pensamento, função auxiliar intuição, função inferior
sentimento: gostam de executar coisas; são lógicas, apresentam capacidade crítica objetiva
e analítica. Pensam as coisas a longo prazo, gostam de fazer planos e programar as
operações de um projeto. Os problemas tendem a estimulá-las e preferem funções
executivas, nas quais possam encontrar e implementar soluções inovadoras.
- Extrovertido, função principal intuição, função auxiliar pensamento, função inferior
sensação: as pessoas deste tipo são inovadoras, engenhosas, enxergam sempre novas
possibilidades de fazer as coisas. Possuem imaginação rica e disposição para iniciar um
novo projeto. São bastante objetivas, tanto no que diz respeito aos seus projetos, quanto às
pessoas que estão à sua volta. Gostam de carreiras que apresentem novos desafios,
podendo ser inventoras, jornalistas, cientistas, homens de marketing. Não gostam do
trabalho rotineiro.
- Extrovertido, função principal sentimento, função auxiliar sensação, função inferior
pensamento: essas pessoas irradiam calor humano e simpatia. Valorizam muito o contato
humano, são amistosas, cheias de tato e harmonia com as outras pessoas. São
perseverantes, conscenciosas e ordeiras, e esperam que as outras pessoas também o sejam.
Por estarem principalmente interessadas na realidade percebida através dos órgãos do
sentido, são práticas e realistas. Preferem ocupações tais como o ensino, o trabalho
pastoral, área de vendas. Sua capacidade de compaixão, aliada à uma grande preocupação
com as condições físicas, as atraem para profissões da área de saúde.
- Extrovertido, função principal sensação, função auxiliar sentimento, função inferior
intuição: são pessoas amistosas, adaptáveis e realistas. Confiam naquilo que podem
comprovar através dos órgãos dos sentidos. São capazes de vislumbrar maneiras de se
chegar a resultados usando regras, sistemas existentes de maneira original, vencendo assim
os obstáculos. Possuem curiosidade ativa a respeito de novos objetos, pessoas, comidas,
atitudes, enfim, qualquer coisa nova apresentada a seus cinco sentidos. Suas decisões são
tomadas a partir de valores pessoais, em lugar da análise lógica do pensamento. Na vida
profissional mostram bom desempenho em carreiras que exigem realismo e oferecem
oportunidades de ação, como área de vendas, serviços na área da saúde, estilista,
arquitetura, relações públicas, área de turismo.
- Extrovertido, função principal pensamento, função auxiliar sensação, função inferior
sentimento: gostam de analisar projetos e logo partirem para a ação. Como possuem o
pensamento como função principal, são lógicas, analíticas, críticas. Precisam organizar os
fatos, situações ou projetos, assim como fazer esforços sistemáticos para que os objetivos
sejam atingidos dentro dos prazos fixados. Sentem-se atraídas por carreiras no mundo dos
negócios, da indústria, da produção, da construção, do trabalho administrativo, em que
possam tomar decisões e dar ordens necessárias para sua execução.
- Extrovertido, função principal sensação, função auxiliar pensamento, função inferior
intuição: as pessoas que apresentam este perfil são realistas, amistosas e adaptáveis.
Confiam principalmente no que podem conhecer através dos sentidos, manifestando esta
habilidade por meio da capacidade de absorver um grande número de fatos, de um bom
gosto artístico apurado, do manejo habilidoso de ferramentas e matérias-primas. Tomam
suas decisões baseadas na lógica e não nos valores pessoais. Na vida pessoal, mostram
bom desempenho em profissões como engenharia, carreiras policiais, marketing,
tecnologia no campo da saúde, lazer, construção, serviços ligados à alimentação.
- Introvertido, função principal intuição, função auxiliar sentimento, função inferior
sensação: são geralmente pessoas inovadoras no campo das idéias, independentes e
individualistas. Demonstram grande capacidade de liderança. Sentem-se mais realizadas
em uma profissão que satisfaça sua necessidade de usar a intuição e seus sentimentos.
Gostam de lidar com pessoas, por isso sentem-se atraídas pelo magistério e também por
áreas ligadas à ciência e à pesquisa, se seus interesses forem mais técnicos.
- Introvertido, função principal sentimento, função auxiliar intuição, função inferior
pensamento: pessoas desse tipo possuem grande calor humano, porém mantém esse
sentimento escondido até que conheçam bem as pessoas. Sua visão de mundo é baseada
em seus ideais e valores pessoais. São geralmente tolerantes, abertas e compreensivas;
contudo são irredutíveis quando algo ameaça sua lealdade interna. Para estas pessoas, o
trabalho significa mais que uma recompensa financeira; precisam que seu trabalho
contribua de alguma forma para o bem dos demais. São atraídas por carreiras e profissões
relacionadas ao ensino, literatura, aconselhamento, arte, ciência e psicologia.
- Introvertido, função principal intuição, função auxiliar pensamento, função inferior
sensação: são pessoas inovadoras e incansáveis, independentes e até mesmo teimosas.
Valorizam muito a eficiência, tanto a própria como a dos outros. Possuem grande
concentração e perseverança para alcançar suas metas finais. Este tipo pode ser encontrado
em campos como a ciência pura, política, filosofia e pesquisa.
- Introvertido, função principal pensamento, função auxiliar intuição, função inferior
sentimento: as pessoas desse tipo são analíticas, lógicas e capazes de crítica objetiva;
prestam mais atenção às idéias do que às pessoas e possuem uma curiosidade intelectual
imensa. São pessoas reservadas e caladas, mas gostam de falar sobre assuntos que
conhecem bem. Compreendem as coisas com rapidez e têm facilidade para descobrirem
soluções novas para os problemas. Apresentam bom desempenho no campo da ciência,
pesquisa acadêmica, matemática, economia, filosofia e psicologia, porém mais interessadas
nos aspectos teóricos dessas áreas.
- Introvertido, função principal sensação, função auxiliar sentimento, função inferior
intuição: costumam ser extremamente confiáveis e responsáveis. Dão muita importância à
fidedignidade dos fatos. São perfeccionistas, capazes de trabalhar com afinco, são
pacientes e levam a cabo seus projetos, pois são perseverantes. Tendem a escolher
profissões em que combinam sua observação cuidadosa com o interesse pelas pessoas,
como as profissões da área da saúde, assim como todas as ocupações que oferecem
serviços e atenções pessoais, como ensino e trabalho de escritório.
- Introvertido, função principal sentimento, função auxiliar sensação, função inferior
pensamento: pessoas desse tipo têm a tendência de fazerem julgamento a partir de seus
valores individuais. São tolerantes, flexíveis, leais; porém podem ser inflexíveis quando
suas idéias pessoais são ameaçadas. Gostam de aproveitar o momento presente, pois
possuem sua atenção voltada para a realidade que apreendem através dos órgãos dos
sentidos; possuem bom gosto, senso estético e grande habilidade manual. Executam
melhor um trabalho quando estão emocionalmente envolvidas por ele, realizando com
dedicação suas tarefas.
- Introvertido, função principal sensação, função auxiliar pensamento, função inferior
intuição: são pessoas realistas, confiáveis e práticas. Costumam também ser sistemáticas,
perseverantes, trabalhadoras e consideram cada pormenor de seu trabalho. Tendem a
escolher profissões em que sua organização é importante e valorizada, como a engenharia
civil, contabilidade, direito, trabalho em escritório, executivo.
- Introvertido, função principal pensamento, função auxiliar sensação, função inferior
sentimento: são geralmente lógicos, efetuando críticas objetivas; preferem organizar fatos e
dados à situações e pessoas. Possuem tendência à timidez, demonstrando reserva e
tranqüilidade. Demonstram interesse em saber sobre o funcionamento das coisas, portanto,
podem desempenhar bem profissões ligadas à área da ciência, como mecânica e
engenharia.
Silveira (1997) salienta a importância de que as funções possam se exercer em
proporções iguais, para que haja distribuição equivalente da carga de energia psíquica,
porém isso raramente acontece.
Devido às circunstâncias adversas em geral, para Zacharias (1995) é praticamente
impossível que alguém desenvolva todas as suas funções ao mesmo tempo. O homem
aplica-se à diferenciação da função com o qual está mais bem equipado ou que lhe
assegurará maior sucesso social, identificando-se com sua função mais desenvolvida,
dando origem assim, aos vários tipos psicológicos.
O mesmo autor (1995) salienta que o que os sistemas psicológicos definem e
compreendem do comportamento humano, não corresponde à totalidade, mas à uma
compreensão mais apropriada do fenômeno psíquico. Assim, a tipologia junguiana pode
ser um instrumento de grande ajuda para a compreensão da psique, embora Jung alerte que
qualquer descrição de um tipo, mesmo a mais completa possível, nunca será fiel, embora
seja aplicável a muitas pessoas. Essas observações no entanto, não chegam a anular o valor
prático da tipologia no trabalho clínico, em recursos humanos, no aconselhamento
psicológico, escolar e profissional. O tipo psicológico oferece uma direção, um suporte
teórico para poder lidar mais adequadamente com tantos elementos psíquicos.
5 – PROPOSTA DE PESQUISA E RESULTADOS

5.1 - Método
5.1.1 – Participantes

Foram participantes desta pesquisa, universitários de nove cursos da UNIVÁS, com


faixa etária variada e de ambos os sexos, que concordaram em participar voluntariamente
da mesma. Atingiu-se um número de 327 sujeitos.

5.1.2 - Instrumento

Foi utilizado o teste QUATI – Questionário de Avaliação Tipológica, quarta edição.


Este teste foi desenvolvido no Brasil, no Instituto de Psicologia de Universidade de São
Paulo, por José Jorge de Morais Zacharias. Trata-se de um questionário dirigido à
população brasileira e recomendado pelo Conselho Federal de Psicologia. Este
questionário pretende avaliar a personalidade através das escolhas situacionais que cada
sujeito faz. Duas respostas são possíveis, devendo o participante escolher entre as duas
possibilidades de atuação. Os resultados fornecerão a definição de uma atitude consciente e
as funções mais e menos desenvolvidas, que resultam na tipologia do indivíduo avaliado,
segundo a psicologia junguiana. Optou-se por este instrumento por possuir boas qualidades
psicométricas, ser de fácil aplicação, correção e análise, o que permite agilidade, uma vez
que o fator tempo é um critério fundamental na confecção do Trabalho de Conclusão de
Curso.

5.1.3 - Procedimento

A coleta de dados realizou-se por meio da aplicação do teste QUATI, que ocorreu
de forma coletiva em participantes da pesquisa nas suas respectivas salas de aula e também
no Laboratório de Avaliação Psicológica – LAP da UNIVÁS. O teste foi aplicado em
períodos variados dos cursos de Psicologia, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Fisioterapia,
Farmácia, Biologia, Ciências Contábeis e Matemática.
Após assinatura do termo pelos participantes, o aplicador deu as consignas aos
mesmos para o preenchimento do teste.

5.1.4 - Tratamento dos dados

Os dados foram analisados qualitativa e quantitativamente, sendo agrupados em


categorias profissionais e discutidos concomitantemente. A comparação dos dados foi feita
por meio da análise estatística descritiva frequencial. Os resultados são apresentados e
discutidos por meio de tabelas e gráficos.

5.2 – Apresentação dos dados

As tabelas e figuras a seguir apresentam os dados obtidos na pesquisa realizada


com os universitários.
O teste QUATI foi aplicado em alunos de nove cursos da UNIVÁS, num total de
327 universitários. Dentre estes, 92 do curso de psicologia, o que representa 28,1% dos
participantes; 45 do curso de enfermagem, representando 13,8%; 38 do curso de medicina,
representando 11,6%; 35 do curso de nutrição, representando 10,7%; 16 do curso de
fisioterapia, o que representa 4,9%; 23 do curso de farmácia, ou 7%; 17 do curso de
biologia, representando 5,2%; 30 participantes são do curso de ciências contábeis, ou 9,2%
e 31 são do curso de matemática, o que representa 9,5%.
Figura 2 – Distribuição frequencial de participantes por curso

Psicologia
31 Enfermagem
30 92 Medicina
17 Nutrição
Fisioterapia
23 Farmácia
16 45 Biologia
35 38 Ciências contábeis
Matemática

Dos 327 participantes, 69 são do sexo masculino, equivalente a 21,1% e 258 do


sexo feminino, equivalente a 78,9%.

Figura 3 – Distribuição percentual em relação ao gênero

21%

Masculino
Feminino

79%
A tabela 1 mostra a distribuição dos gêneros nos cursos pesquisados. Na Psicologia
há um total de 83% de participantes do gênero feminino e 16,3% do gênero masculino; na
enfermagem, 86,7% feminino e 13,3% masculino; na medicina 63% feminino e 36,8%
masculino; na nutrição houve participação apenas do gênero feminino, num total de 100%;
na fisioterapia 87,5% feminino e 12,5% masculino; na farmácia 82,6% feminino e 17,4%
masculino; na biologia 64,7% feminino e 35,3% masculino; no curso de ciências contábeis
70% feminino e 30% masculino e na matemática 58,1% são do gênero feminino enquanto
41,9% são do gênero masculino.

Tabela 1 – Distribuição frequencial e percentual do gênero por curso

Masculino Feminino

Psicologia 15 77
16,3% 83,7%
Enfermagem 6 39
13,3% 86,7%
Medicina 14 24
36,8% 63,2%
Nutrição 0 35
0 100,0%
Fisioterapia 2 14
12,5% 87,5%
Farmácia 4 19
17,4% 82,6%
Biologia 6 11
35,3% 64,7%
Ciências Contábeis 9 21
30,0% 70,0%
Matemática 13 18
41,9% 58,1%
Total frequência 69 258
A figura 4 representa a distribuição da faixa etária. Dos 327 participantes, 186
estão entre 18 e 22 anos, o que corresponde a 57%; 7 pessoas possuem entre 43 a 47 anos,
correspondente a 2%.

Figura 4 – Distribuição percentual da faixa etária

2%2% 18a22
9%
8% 23a27
28a32
33a37
57%
22% 38a42
43a47

Em relação à atitude, 214 demonstraram-se extrovertidos, o que corresponde a


65,4% dos universitários e 113 introvertidos, 34,6%. A função principal que obteve maior
porcentagem foi sentimento, representando 51,7%, num total de 169 pessoas; o
pensamento apresenta a menor porcentagem, 7,6% ou 25 pessoas. Na função auxiliar a
sensação representa 34,3%; o sentimento 32,1%; a intuição 25,1% e o pensamento 8,6%.

Tabela 2 – Distribuição frequencial e percentual das atitudes e funções no modelo


junguiano no total de cursos

Atitude Função Principal Função Auxiliar


Extroversão Introversão pens sent sens int pens sent sens int
214 113 25 169 74 59 28 105 112 82
65,4 34,6 7,6 51,7 22,6 18,0 8,6 32,1 34,3 25,1
No curso de psicologia, 62% mostram-se extrovertidos, enquanto 38,2%
apresentam-se introvertidos. Na função principal, 55,4% revelam-se do tipo sentimento e
13% sensação; 22,8% intuição e 8,7% pensamento. Na função auxiliar, tem-se que 12%
são pensamento; 23,9% sentimento; 40,2% sensação e 23,9% intuição.
No curso de enfermagem, 68,9% mostram-se extrovertidos e 31,1% mostram-se
introvertidos. Na função principal, 53,3% demonstram ser do tipo sentimento; 22,2%
intuição; 17,8% sensação e 6,7% pensamento. Na função auxiliar tem-se que 40,2% são
sensação; 23,9% sentimento; 23,4% intuição e 12% pensamento.
No curso de medicina, os dados mostram que na atitude, 60,5% apresentam-se
extrovertidos e 39,5% introvertidos. Na função principal 65,8% apresentam-se sentimento;
21,1% sensação; 10,5% intuição e 2,6% pensamento. Na função auxiliar, sensação e
intuição apresentam-se com 34,2%; sentimento com 26,3% e pensamento 5,3%.
No curso de nutrição, 65,7% apresentam-se extrovertidos e 34,3% introvertidos. Na
função principal 57,1% demonstram ser sentimento; 25,7% sensação; 14,3% intuição e
2,6% pensamento. Na função auxiliar 34,3% apresentam-se do tipo sentimento; 31,4%
intuição; 28,6% sensação e 5,7% pensamento.
No curso de fisioterapia 68,8% apresentam-se extrovertidos e 31,3% introvertidos.
Na função principal 43,8% apresentam-se do tipo sentimento; 37,5% sensação; 12,5%
intuição e 6,3% pensamento. Na função auxiliar 50% apresentam-se sentimento; 31%
sensação; 18,8% intuição e nenhum pensamento.
No curso de farmácia tem-se que 73,9% mostram-se extrovertidos e 26,1%
introvertidos. Na função principal 43,5% demonstram ser sentimento; 39,1% sensação;
13% intuição e 4,3% pensamento. Na função auxiliar, 43,5% mostram-se sentimento;
34,8% intuição, 13% sensação e 8,7% pensamento.
No curso de biologia, 76,5% apresentam-se extrovertidos e 23,5% introvertidos. Na
função principal 47,5% mostram-se sentimento; 35,3% sensação; 11,8% intuição e 5,9%
pensamento. Na função auxiliar 35,3% apresentam-se sentimento; 29,4% intuição; 23,5%
sensação e 11,8% pensamento.
No curso de ciências contábeis tem-se 60% apresentam-se extrovertidos e 40%
introvertidos. Na função principal 50% apresentam-se sentimento; 26,7% sensação; 16,7%
intuição e 6,7% pensamento. Na função auxiliar 40% mostram-se sentimento; 30%
sensação; 26,7% intuição e 3,3% pensamento.
No curso de matemática, 67,7% apresentam-se extroversão e 32,3% introversão. Na
função principal 29% demonstram ser do tipo sensação; pensamento e sentimento
aparecem com 25,8%; intuição, 19,4%. Na função auxiliar, 32% mostram-se sensação;
29% sentimento; 19,4% pensamento ou intuição.

Tabela 3 – Distribuição frequencial e percentual das atitudes e funções no modelo


junguiano por curso

Atitude Função principal Função Auxiliar


Extr Intr Pens Sent Sens Int Pens Sent Sens Int

Psicologia 57 35 8 51 12 21 11 22 37 22
62,0 38,2 8,7 55,4 13 22,8 12 23,9 40,2 23,9

Enfermag 31 14 3 24 8 10 1 17 20 7
68,9 31,1 6,7 53,3 17,8 22,2 2,2 37,8 44,4 15,6

Medicina 23 15 1 25 8 4 2 10 13 13
60,5 39,5 2,6 65,8 21,1 10,5 5,3 26,3 34,2 34,2

Nutrição 23 12 1 20 9 5 2 12 10 11
65,7 34,3 2,6 57,1 25,7 14,3 5,7 34,3 28,6 31,4

Fisioterapia 11 5 1 7 6 2 0 8 5 3
68,8 31,3 6,3 43,8 37,5 12,5 0 50,0 31,3 18,8

Farmácia 17 6 1 10 9 3 2 10 3 8
73,9 26,1 4,3 43,5 39,1 13,0 8,7 43,5 13,0 34,8

Biologia 13 4 1 8 6 2 2 6 4 5
76,5 23,5 5,9 47,1 35,3 11,8 11,8 35,3 23,5 29,4

C. Contab 18 12 2 15 8 5 1 12 9 8
60,0 40,0 6,7 50,0 26,7 16,7 3,3 40,0 30,0 26,7

Matemática 21 10 8 8 6 6 9 10 6
67,5 32,3 25,8 25,8 29,0 19,4 19,4 29,0 32,2 19,4
5.3 – Análise dos resultados

De uma maneira geral, os dados se referem ao perfil dos universitários quanto ao


gênero e à idade. Percebe-se que a grande maioria pertence ao gênero feminino, o que
confirma a expansão da mulher no mercado de trabalho e também uma mudança no perfil
das profissões. Como descrevem os autores citados no referencial teórico, até algum tempo
atrás, existiam profissões que eram preferencialmente masculinas, como por exemplo,
medicina e contabilidade; atualmente verifica-se o ingresso das mulheres não só nestes,
como em todos os segmentos da sociedade.
Constatou-se também que a grande maioria encontra-se entre 18 e 22 anos. Os
dados demonstram que estes jovens têm procurado uma profissão assim que saem da
adolescência, buscando na graduação uma qualificação profissional, o que coincide com o
ingresso na idade adulta e também com a consolidação de sua identidade.
Do ponto de vista da atitude psicológica, observa-se que a maior parte dos
universitários demonstram ser extrovertidos, já que a extroversão obteve a maior
porcentagem em todos os cursos analisados. Na avaliação das funções, a que mais se
destacou foi o sentimento como função principal e a sensação como auxiliar; o sentimento
como função auxiliar mostrou-se considerável. A função com a menor porcentagem foi o
pensamento, o que se esperava a priori, em virtude da maioria de cursos pesquisados serem
da área da saúde, portanto, cursos que se focam em habilidades voltadas para o
atendimento e cuidado com as pessoas. O sentimento como função principal apresentou
maior porcentagem no curso de medicina; a extroversão apresentou maior porcentagem no
curso de biologia.
Chama a atenção o fato da atitude extroversão apresentar a maior porcentagem, até
mesmo naqueles cursos em que a atitude introversão deveria ser a preferencial; também o
fato da função sentimento se destacar em todos os cursos. Este dado corrobora com a idéia
do próprio Zacharias (2003) de que a cultura brasileira seja mais voltada à extroversão e ao
sentimento.
No curso de psicologia, a função sentimento obteve maior porcentagem como
função principal; a atitude extroversão e a função auxiliar sensação se destacaram. De
acordo com o QUATI, estas pessoas valorizam muito o contato humano; demonstram ser
interessadas principalmente na realidade que é percebida através dos órgãos dos sentidos,
mostrando-se práticas e realistas e concentrando-se nas características únicas de cada
experiência. Para Zacharias (2003) a tipologia ideal do psicólogo seria introversão, função
principal sentimento, função auxiliar intuição, pois essas pessoas geralmente são abertas,
compreensivas, possuem boa capacidade de expressão e capacidade para perceberem as
coisas além dos fatos. Porém, esta profissão encontra-se ligada também às outras tipologias
que apresentam a função sentimento e a intuição, sejam introvertidas ou extrovertidas.
Refletindo sobre os dados, percebe-se as variações no perfil desta profissão, pois
atualmente a sociedade oferece mais espaço para a atuação do psicólogo, no sentido de
atingir mais pessoas e segmentos da população. Há também uma diversificação e
ampliação da atuação que era exclusivamente clínica; os procedimentos clínicos estão
sendo inovados e adaptados a novas situações, como nos hospitais, instituições,
organizações, escolas e na área social.
No curso de enfermagem, nota-se que o tipo destacado, extroversão, sentimento e
sensação, corresponde ao da teoria. Este tipo valoriza o contato humano e possui
compaixão acompanhada de preocupação com as condições físicas, o que o atrai para
profissões na área da saúde e atividades em que é necessário lidar com os demais. Pode-se
comparar o perfil tipológico de Zacharias (2003) ao fator Sh do teste BBT de Achtnich
(1991), que apresenta características como interesse pelo outro, cuidados, e a área de
atuação abrange hospitais e asilos.
No curso de medicina, o sentimento apresenta-se como função principal e a
sensação e intuição como funções auxiliares, na mesma proporção. A atitude extroversão, a
função sentimento e a sensação, conforme Zacharias (2003) proporcionam a esses
profissionais a preferência pelo contato humano e a preocupação com as condições físicas,
buscando a área da saúde. O tipo introversão, sensação e sentimento, de acordo com a
tabela de profissões do QUATI, também é indicado para as profissões da área da saúde
como medicina e enfermagem, por serem pacientes com detalhes necessários e sempre
preocupados como as pessoas estão se sentindo.
Destacou-se no curso de nutrição a atitude extroversão, o sentimento destacou-se
como função principal e como auxiliar. Este fato demonstra que quando as outras funções
apareciam como principais, o sentimento aparecia como função auxiliar. A porcentagem da
função intuição foi representativa. O tipo extroversão, sentimento e intuição tende a
enxergar as possibilidades que estão além daquelas que se mostram ou são conhecidas.
Geralmente se interessam pela leitura e teoria, se destacando em profissões como o ensino,
o aconselhamento e a área de vendas em geral. Com base nos estudos de Zacharias (2003),
pode-se inferir que a função sensação deveria ter se mostrado em maior número, pois o
tipo sensação extrovertido possui habilidades para lidar com o que é apresentado a seus
cinco sentidos, função esta relevante para as pessoas que trabalham com alimentos.
No curso de fisioterapia destacou-se a atitude extroversão, a função sentimento,
como principal e auxiliar; a sensação foi considerável como auxiliar. O tipo sentimento
extrovertido é atraído para as profissões da área da saúde, pois valorizam o contato
humano; a sensação faz com que se interessem pelo que é percebido através dos órgãos do
sentido, nesse caso, o tato, o toque. Porém a atitude introversão seria a mais adequada,
pois pessoas sentimento introvertido com sensação auxiliar, não se afobam em suas tarefas,
realizando-as com calma, pois apreciam o momento presente. Nota-se uma relação com o
tipo W de Achtnich, que possui a necessidade de tocar, massagear, cuidar.
O curso de farmácia obteve como função principal e também como função auxiliar
o sentimento; a intuição como função auxiliar foi relevante. A atitude que se destacou foi a
extroversão. Como demonstram enxergar as possibilidades além do que está presente, estas
pessoas não apresentam muita habilidade em funções que exijam grande aderência aos
fatos, necessitando se esforçarem para serem breves e objetivas. Esperava-se, pela teoria,
que este curso apresentasse mais pessoas com a tipologia introversão, sensação e
pensamento, pois pessoas deste tipo demonstram paciência com procedimentos e
pormenores e são geralmente interessadas em causa e efeito, observando os princípios
lógicos. A função intuição é uma função importante ligada à área da pesquisa, caso estes
universitários decidam trabalhar com investigação empírica.
No curso de biologia, obteve maior porcentagem a atitude extroversão e a função
sentimento, como função principal e auxiliar. O tipo sentimento extrovertido, como citado
anteriormente, valoriza muito o contato humano e tende a desempenhar-se melhor em
carreiras como o ensino, o trabalho pastoral e de aconselhamento. Para este curso, levando-
se em consideração a tabela de profissões mais encontradas em cada tipo do QUATI, a
tipologia ideal seria pensamento e sensação, introvertidos ou extrovertidos, pois observam
a vida com curiosidade e geralmente estão interessados em causa e efeito.
No curso de ciências contábeis, surpreende que a função principal e a função
auxiliar de maior destaque seja o sentimento. A função sensação aparece, porém em menor
número que a função sentimento. O tipo extrovertido, função principal sentimento, função
auxiliar sensação, apresenta-se mais voltado para a área da saúde, por valorizar o contato
humano e apresentar também uma preocupação com as condições físicas. Na descrição do
QUATI, o tipo ideal para essa profissão seria introversão, sensação e pensamento, pois
estas pessoas possuem talento para organização e para levar pormenores em consideração;
além disso são práticas, minuciosas e precisas em relação aos fatos.
O curso de matemática apresentou, dentre todos, a maior porcentagem da função
pensamento como função principal, apesar de estar em mesmo número que a função
sentimento; porém a função principal de destaque foi a sensação. Como função auxiliar
destacou-se também a sensação; a função pensamento apareceu em menor porcentagem,
porém considerável se comparado aos outros cursos. A atitude de maior porcentagem foi a
extroversão. Pessoas do tipo extroversão, pensamento e sensação são geralmente lógicas e
analíticas, apreciam organizar os fatos, são práticas e realistas. Porém, de acordo com o
QUATI, o tipo pensamento introvertido com função auxiliar intuição, possui como
característica principal a precisão, e gosta de resolver problemas através da análise lógica,
sendo portanto, mais condizente com esta profissão.
6 - CONCLUSÃO

A pesquisa realizada demonstra que, apesar da tipologia de muitos universitários


estarem condizentes com o curso escolhido, ainda é grande o número de pessoas que
escolhem a profissão sem levar em conta o tipo psicológico. Pode-se considerar o resultado
preocupante, pois conforme a fundamentação teórica, as profissões exigem habilidades e
características de personalidade e estas não estão sendo correspondidas pelos jovens no
momento da escolha da profissão.
Este fato remete ao que dizem alguns autores, quando apontam para as dificuldades
que os jovens enfrentam no momento desta escolha, como o fator financeiro, insegurança
frente ao vestibular, que se torna a cada dia mais concorrido, ameaça do desemprego, o que
os leva a escolherem uma profissão mais valorizada no mercado, ou a que apresenta mais
chances de emprego, e não aquela que condiz com suas aptidões, motivações internas e
inclinações pessoais.
Considerando o que preconizam os autores citados neste trabalho, se uma pessoa
possui as habilidades que uma profissão requer, mais chance terá de se adaptar
satisfatoriamente ao ambiente. Deve existir uma harmonia entre as características pessoais
e as da profissão desejada para que haja maior satisfação no trabalho; a pessoa que
desenvolve a profissão encontrando respaldo em seus interesses, realiza um trabalho
melhor.
A maior parte da vida das pessoas é ocupada pelo trabalho, por isso torna-se
fundamental que o indivíduo exerça sua profissão motivado, realizando-se pessoalmente e
oferecendo um trabalho de qualidade, já que a escolha profissional repercutirá também na
sociedade. Ressalta-se, portanto, a importância da sensibilização dos jovens que estão no
momento da escolha profissional, para que busquem conhecer suas habilidades, suas
preferências, desenvolvendo um olhar mais profundo para seu contexto familiar, cultural e
individual.
A discrepância parcial encontrada entre as características psicológicas dos
universitários e as habilidades esperadas ou exigidas pelos cursos, terá reflexos na atuação
dos futuros profissionais no mercado de trabalho, trazendo como possível conseqüência, a
frustração das pessoas que recebem os benefícios do atendimento de suas necessidades,
prestados por estes profissionais. Assim, também sentir-se-á frustrado o próprio
profissional, que não perceberá com clareza o que lhe falta para ser mais eficaz, havendo,
portanto, perdas para a sociedade como um todo.
Enfim, os dados apontam para uma necessidade da existência de mais profissionais
atuando ou intervindo antes do momento da escolha profissional, como forma de
minimizar as dificuldades e frustrações no decorrer da formação escolar e no mercado de
trabalho.
Este trabalho busca a compreensão dos processos envolvidos nesse momento tão
decisivo que é a escolha da profissão, propondo uma reflexão a respeito da importância do
papel do profissional psicólogo e da orientação profissional, para que auxilie os jovens a
aprofundarem seu conhecimento pessoal, refletirem suas escolhas, podendo assim,
ingressarem em sua carreira de maneira mais madura e consciente.
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