HISTÓRIA DE ISRAEL

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MINISTERIAL BATISTA LITORÂNEO

PROFESSOR PR. ROGÉRIO

Por Fábio Leite

Introdução:

A interpretação da vida fala de cinco unidades literárias conhecidos como livros

poéticos. Integram a terceira parte da Tanak (Ketubim). Nesta literatura estão re-
fletidos os problemas, as experiências, as crenças, a filosofia e a atitude dos israe-
litas. Estes livros poéticos tratam com problemas e verdades familiares a todo o
gênero humano. Contudo, mesmo sendo diferente em tempo, cultura e civilização,
as palavras e ideias expressadas pelos israelitas em sua cosmovisão de sociedade e
religião, são de nosso interesse, pois são escritos inspirados.

Exposição

Uma definição atual de sabedoria incluiria palavras como bom senso, prudência,
discernimento, julgamento, saber, percepção e compreensão.

Tudo isso estava associado a sabedoria israelita. Mas, estaríamos enganados se

achássemos que a sabedoria no mundo antigo estava restrita a algumas áreas como
conhecimento, inteligência, instrução ou maturidade.

Ao contrário, ela refletia um conceito muito mais amplo da compreensão do papel

dos seres humanos no cosmo, ou seja, a interpretação que eles davam a vida.

Para tanto, precisamos primeiro, entender o que é literatura de sabedoria.

Uma vez entendido o que é literatura de sabedoria, faremos a exposição de

dois livros que tratam do nosso tema.

Literatura Sapiencial

Presente desde os tempos imemoriais do antigo Oriente próximo, floresceram entre

os povos da mesopotâmia e Egito.
Os sábios ficavam nas cortes ou templos, sendo um tipo de escriba que coleciona-
vam máximas cujos textos continham instruções para escola e ditos notáveis.

Essa literatura descrevia a reflexão humana, que olha o mundo a sua volta, percebia
seus problemas e abstraía ensinamentos para as novas gerações. (Inclusive em tex-
tos paralelos de nações estrangeiras como “As instruções de Amenemope”).

Visando treinar a atitude, o caráter, e o comportamento no temor de YHWH, (Pv

2.20), vamos ver o objetivo desta literatura:

1. Ensinar a viver e se conformar com a ordem do universo.

2. Ensinar a viver com um comportamento adequado às várias circunstân-
cias de vida.
3. Ensinar a ser feliz e a prosperar.

Correntes:

Em Israel registraram-se dois tipos ou duas correntes de literatura sapiencial:

a) Otimista, didática ou áulica: mais antiga e pré-exílica, (Provérbios) fala das

normas para conduta social. Seus objetivos são o desenvolvimento do caráter
moral, sucesso pessoal segurança e bem-estar (Pv 21.21; 22.3 e 23.22) além de
tentar explicar as contradições entre o que se crê e o que se vive. Encontra-se
uma linha didática principalmente no livro de Provérbios assuntos relacionados
ao conteúdo da Lei.

b) Filosófica, pessimista ou de crise: mais recente e da época exílica e pós exí-

lica, nascida de uma crise reflexiva, (Jó, Ec), o sábio percebeu que nem sempre
YHWH premiava os bons com vitórias e os maus com insucessos. Diante da
inquietação de que os justos sofrem e que os injustos são abençoados, nascem
as sabedorias de Jó e Eclesiastes mostrando a contradição entre a realidade vi-
vida e a doutrina da retribuição (Dt 27 x Ec 8.14) mostrando que o justo sofre,
mas mantem sua fé em YHWH.

Nessa corrente focaliza-se principalmente a teodiceia, que é o problema do

mal no mundo e a ação de Deus diante deste.
Ambas as correntes tem um tema comum baseado em Dt 28 que fala da justiça
retributiva.

Por que a literatura de Jó é importante para a história de Israel?

1- O livro de Jó é importante para a história de Israel, para mostrar ao povo pós-

exílio que mesmo passando por tudo o que passaram, Deus é poderoso para
restaurar todo o mal.
2- Aquele povo achava que mesmo sendo um povo eleito, não poderia sofrer com
o problema do mal.
3- Não devemos culpar YHWH pelas nossas desgraças e sofrimentos. Desde o
início o livro mostra que, mesmo sendo fiéis a Deus, não estamos imunes a
dores.
Por que Provérbios é importante para a história de Israel?

1- Dar ao povo um guia prático e memorável de como aplicar o conhecimento de

Deus (o temor do Senhor) a vida diária.
2- Mostrar também como a fé em Deus e na sua Palavra tem aplicação extrema-
mente prática no seu cotidiano.
3- Moldar homens e mulheres para serem membros, social e religiosamente úteis
à sociedade (1. 2-7).
4- Ensinar os israelitas a valorizar a vida, pois na época exílica ou pós-exílica, a
vida era o bem mais precioso (8. 34-35)

APLICAÇÃO PRÁTICA NO LIVRO DE JÓ

1. O SOFRIMENTO E NOSSA REALIDADE.

Quando passamos por situações que não encontramos respostas, a tendência é evo-
car o sobrenatural. Quando estamos passando por intempéries, surgem em nossos
corações, alguns pensamentos acerca da pessoa de Deus. Estes pensamentos são
perigosos.
a. DUALISMO: um universo governado por deuses bons e deuses maus.
b. REBAIXAMENTO: existe apenas um Deus, mas ele é retratado como limi-
tado, poderoso, mas não todo poderoso fazendo o melhor que pode diante do
mal.
c. DESESPERO: que desiste de Deus quando Ele não atende as nossas expecta-
tivas.
d. AUTO CONDENAÇÃO: Deus está me punindo, é a única explicação que en-
contro!
2. A MULHER DE JÓ, TEOLOGIA DA RETRIBUIÇÃO.

A teologia da retribuição não é nada mais do que uma invenção humana, que pro-
cura fazer o próprio Deus refém. Esta é a crítica da obra ao pensamento de seu
tempo. O que ela faz é mostrar aos judeus que sofrem ante a dominação persa que
Deus é o sustentador do universo, mas que ele não mantém um sistema rígido de
retribuição. Não adianta ser justo para receber algo de Deus. Ele não é um poli-
cial que sonda as pessoas, buscando punir ou abençoar. A questão da justiça está
no âmbito humano, cabe ao homem ser justo.

H. WALTON, John; H. MATTHEWS, Victor; W. CHAVALAS, Mark - Comentário Histórico Cultural

da Bíblia AT. Editora Vida Nova

AKIL, Teresa; OLIVEIRA, Emersen – Antigo Testamento a Bíblia de Jesus. Litteries editora.

LEITE, Fábio – Habacuque (pregação na I Igreja Batista em Praia do Siqueira 2018)

NAPEC – Apologética Cristã. Site: https://www.napec.org/reflexoes-teologicas/o-livro-de-jo-parte-4/