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RELATÓRIO
a)“(...)
2.Apresenta-se aqui uma análise e proposta distinta quanto ao que foi concluído na
referida instrução, no tocante à contagem do período a ser considerado no cálculo e na
implementação do reajustamento, assunto esse tratado no exame da possibilidade de
reajustamento de preços propostos em licitação com transcurso de mais de um ano até a
assinatura do contrato.
3.Inicialmente, foi visto que o reajustamento de contratos está previsto tanto na Lei
8.666/93, em seus arts. 40, inciso XI, 55 e 65, bem como no art. 3º da Lei 10.192, que são
novamente transcritos a seguir, para melhor compreensão da análise:
(...)
3.1 Assim, conforme se extrai dos dispositivos legais acima e como já
adequadamente tratado na instrução realizada nestes autos, não restam dúvidas quanto à
possibilidade de reajustamento dos valores dos contratos administrativos, pelos quais é
remunerado o contratado, sendo isso necessário e natural em caso de variação dos custos
setoriais incorridos, para mais ou para menos, de modo a se manter o equilíbrio financeiro
da relação contratual, estabelecido inicialmente na proposta aceita pela Administração.
3.2 Não há dúvidas de que as disposições legais que estabelecem a possibilidade de
reajustamento contratual indicam a forma como ele deve ocorrer. A implementação do
reajuste deve ocorrer no momento em que houver decorrido um ano contado desde a data
de apresentação da proposta ou da data ou mês do orçamento a que ela se referir, de acordo
com o edital da licitação ou termo semelhante, conforme já esclarecido em outras ocasiões
pelo Tribunal, como no referido Acórdão 1.707/2003-Plenário (ver item 2.1.3 da instrução
dos autos). A partir de então, os preços pagos serão reajustados de ano em ano, sempre no
mesmo dia e mês correspondente ao marco inicial do período.
3.2.1 A data da proposta ou a data do orçamento a que se referir é a data-base ou
marco inicial do período de 12 meses em que a variação dos índices setoriais deve ser
aplicada aos preços contratuais.
3.2.2 O cálculo dos preços reajustados é feito com base na variação dos índices
setoriais no período de um ano contado desde a data-base, ou no período de um número
inteiro de anos, para os reajustes seguintes ao primeiro.
4. A consulta aborda, então, a possibilidade de aplicação do reajuste às propostas de
licitação na hipótese de transcurso de mais de um ano entre a data de sua apresentação (ou
do orçamento a que se referir), de modo que o contrato viesse a ser firmado com os valores
já corrigidos. Para o exame dessa situação, há que se tomar em consideração, nesse
momento, que a Lei 8.666/93 não possui qualquer disposição que contemple ou acene com
“(...)
Esta Consulta contém indicação precisa de seu objeto, foi formulada articuladamente
e instruída com parecer do órgão de assistência jurídica da autoridade consulente,
legitimada a suscitar dúvida perante o TCU, atendendo aos requisitos exigidos para
admissão dessa espécie, conforme previsto no art. 264, inciso I, § único do Regimento
Interno. Em decorrência disso, o exame de admissibilidade prévio foi positivo(fl.01).
A referida autoridade ministerial, em análise preliminar, posiciona-se favoravelmente
à assinatura de contratos com valores das propostas já reajustados, caso os procedimentos
licitatórios ultrapassem um ano.
(...)
III
De início, manifesto minha concordância com o despacho de V. Exª no sentido de
conhecer da presente Consulta, eis que atendidos os pressupostos de admissibilidade
previstos no art. 264 do RI/TCU.
Preliminarmente, cumpre ressaltar que na maioria dos aspectos relacionados ao tema
em discussão há confluência de entendimentos. Nesse sentido, coincidem a noção sobre
conceitos de atualização monetária, reajuste e recomposição de preços. Do mesmo modo,
quanto ao prazo mínimo de um ano para que se possa pleitear o reajustamento de um
contrato, observa-se que tanto o Ministério dos Transportes como a 1ª Secex concordam
que é de um ano esse período mínimo. Este representante do MP/TCU é de mesma opinião.
É o relatório.
VOTO
Por oportuno, registro que atuo nestes autos com fundamento no art. 18 da Resolução
TCU nº 64/96, tendo em vista haver sido designado, por meio da Portaria TCU n 143, de
3/6/2004, substituto do Ministro Humberto Guimarães Souto.
2.De início, observo que a presente consulta preenche os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/92 c/c os arts. 264 e 265 do
Regimento Interno/TCU, devendo portanto ser conhecida.
3.Quanto ao mérito, entendo que a Consulta efetuada desdobra-se em quatro questões
acerca das quais passo a discorrer.
II
4.A primeira tratou do marco inicial para a contagem da periodicidade de um ano
para a aplicação dos índices de reajustamento previstos num edital.
5.Como bem observado pelo Ministério Público, o tema tem sede constitucional, pois
se relaciona, entre outros, com o princípio da intangibilidade da equação econômico-
financeira do contrato administrativo. O inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal
assim dispõe: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.” (grifos meus).
6.Dando eficácia ao referido dispositivo constitucional, a Lei 10.192/2001 assim
dispôs no § 1o de seu art. 3o : “A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput
deste artigo será contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do
orçamento a que essa se referir.” (grifos meus).
7.A Lei 8.666/93 determinou em seu art. 40, inciso XI, que o edital das licitações
conterá: “critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção,
admitida a adoção de índices específicos setoriais, desde a data prevista para
apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data
do adimplemento de cada parcela;”.
8.Dos referidos dispositivos normativos, verifica-se que o edital deve adotar como
data-base, para o período de um ano de reajuste, ou a data para apresentação das propostas
ou a data do orçamento, desde que previsto no edital.
9.A jurisprudência desta Corte também é uniforme nesse sentido. O Acórdão
1.707/2003–Plenário determinou ao Dnit, em seu item 9.2.1, que: “estabeleça já a partir dos
editais de licitação e em seus contratos, de forma clara, se a periodicidade dos reajustes
terá como base a data-limite para apresentação da proposta ou a data do orçamento
(...)”. O Acórdão 1.563/2004-Plenário, por sua vez, assim dispôs em seu item 9.1.3: “ no
caso da primeira repactuação dos contratos de prestação de serviços de natureza contínua, o
prazo mínimo de um ano a que se refere o item 8.1 da Decisão 457/1995 - Plenário conta-
IV
34.A terceira questão tratou da possibilidade de a Administração, na hipótese de
transcurso de prazo superior a um ano entre a data da apresentação da proposta e a
assinatura do contrato, corrigir monetariamente, antes da assinatura do contrato, com base
nos índices previstos no edital, o preço proposto pela licitante vencedora.
35.Adentrando na questão, insta distinguir a correção monetária, aqui tratada, dos
reajustes, tratados nos tópicos anteriores. Consoante bem exposto no relatório supra, “a
correção monetária é utilizada para preservar o valor do pagamento a ser realizado pela
Administração ao contratado que já prestou seu serviço ou entregou o seu bem, apresentou
sua fatura, até esta ser quitada. Está previsto nos seguintes artigos da Lei 8.666/93: 5º, § 1º;
7º, § 7º; 40, inciso XIV, alínea “c”; 40, § 4º, inciso II; e 55, inciso III.” Busca-se, portanto,
45.Assim, considerando que não se pode dissociar a questão dos motivos que a
ensejaram, poder-se-ia entender que a matéria a que ela se refere não é o instituto da
recomposição de preços, mas sim o do reajuste contratual, agora na hipótese de haver
transcorrido prazo inferior a um ano entre a data da apresentação da proposta e a assinatura
do contrato administrativo. Em assim sendo, poder-se-ia considerar a indagação já
respondida, em razão da análise da primeira questão, que trata da regra geral dos reajustes.
ACÓRDÃO Nº 474/2005-TCU-PLENÁRIO
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de consulta formulada pelo Ministro de
Estado dos Transportes, em que se questiona acerca da possibilidade de reajuste e/ou
reequilíbrio econômico-financeiro de propostas apresentadas em licitações, quando
decorrido prazo superior a um ano entre a apresentação da proposta e a assinatura do
contrato,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão
Plenária, diante das razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 1º, inciso XVII,
ADYLSON MOTTA
Presidente
Fui presente: