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FACULDADE DE DIREITO

DIREITO AMBIENTAL
PROFª MA. ELEN MARTINS

CONTEÚDO
UNIDADE I
1° Fundamentos Constitucionais do Direito Ambiental Brasileiro e Política Nacional do Meio Ambiente
2º Piso Vital Mínimo
3º Definição legal de Meio Ambiente
4º Princípios do Direito Ambiental na Constituição Federal de 1988
5º Responsabilidade pelos danos causados ao meio ambiente
 
UNIDADE II
6º Bens ambientais
7º Bem do uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida
8º Competência em matéria ambiental
9º Competências constitucionais em matéria ambiental, a Lei Complementar n. 140/2011 e os denominados
assuntos de interesse local
10º Licenciamento ambiental e estudo de prévio impacto ambiental
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CONTEÚDO

UNIDADE III
11º Zoneamento ambiental e espaços especialmente protegidos
12º Flora e aspectos de defesa
13º Fauna e aspectos de defesa
14º Recursos hídricos
15º Poluição
 
UNIDADE IV
16º Agrotóxicos
17º Desenvolvimento sustentável
18º Educação ambiental - Lei n° 9.795/99 Decreto nº 4.281/02
19º Educação ambiental - Decreto nº 4.281/02
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BIBLIOGRAFIA:

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
1035 p. ISBN 9788502627338.
 
MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. 1707 p. ISBN
9788520361153.
 
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 20. ed. rev. atua amp. São Paulo: Malheiros, 2012.
1280 p.
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FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO


Prof.Dr.Celso Antonio Pacheco Fiorillo
1.A constituição federal como gênese do direito ambiental brasileiro e da política nacional do meio ambiente em
vigor: fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil.
2.Brasileiros e estrangeiros residentes no País como destinatários dos direitos e deveres individuais e coletivos no
âmbito constitucional e o direito ambiental brasileiro.
3.Direitos e deveres constitucionais coletivos, a proteção dos interesses difusos e coletivos e o direito ambiental
brasileiro.
4.O direito ao meio ambiente em face do Art.225 da Constituição Federal.
5.Tutela constitucional do patrimônio genético no direito ambiental brasileiro.
6.Tutela constitucional do meio ambiente cultural no direito ambiental brasileiro.
7.Tutela constitucional do meio ambiente artificial no direito ambiental brasileiro.
8.Tutela constitucional do meio ambiente do trabalho no direito ambiental brasileiro.
9.Tutela constitucional do meio ambiente natural no direito ambiental brasileiro.
10.Tutela constitucional do direito criminal ambiental brasileiro.
11.Tutela constitucional do direito processual ambiental brasileiro.
12.Educação ambiental destinada a assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado e o Direito de Antena.
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.A constituição federal como gênese do direito ambiental brasileiro e da política nacional do meio ambiente em
vigor: fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil.

A Carta Magna de 1988 ao estabelecer em seu Título VIII, Capítulo VI (DO MEIO AMBIENTE), Art.225, a
existência do direito “ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” fixou de maneira clara não só a existência no
plano constitucional do Direito Ambiental Brasileiro como estabeleceu seus parâmetros, ou seja, os critérios
fundamentais destinados à sua correta interpretação e evidentemente a adequada interpretação de uma política
nacional do meio ambiente.

Sendo um produto cultural, conforme já tivemos oportunidade de salientar , o direito ambiental brasileiro tem que
ser observado no contexto de nossa Carta Maior, ou seja, é um direito que obedece não só os princípios
fundamentais indicados nos arts.1 o a 4 o como se organiza enquanto direito e garantia fundamental destinada a
todos os brasileiros e estrangeiros residentes no País no âmbito direcionado pelos arts.5 e 6 de nossa
Constituição Federal.
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Destarte a existência de um direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pressupõe, inicialmente, a


obediência a alguns fundamentos específicos, a saber:

1-)o direito ambiental brasileiro está vinculado à dignidade da pessoa humana(Art.1o,III), ou seja, a pessoa
humana é a verdadeira razão de ser do direito ambiental brasileiro.

Claro está que nossa Carta Magna assegura o valor da dignidade como aspecto central, ”primeiro fundamento de
todo o sistema constitucional posto e último arcabouço da guarida dos direitos individuais”, conforme feliz
manifestação de Rizzatto Nunes, procurando estabelecer o começo de sua sistematização, conforme temos
reiterado, pela referência aos direitos fundamentais “na dupla vertente da técnica jurídica de limitação do poder do
Estado e de afirmação de um “espaço pessoal” na existência política“. O direito ambiental brasileiro, por via de
conseqüência, é construído a partir da dignidade da pessoa humana;
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2-) o direito ambiental brasileiro está vinculado aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa(Art.1o, IV) ,a
saber, a economia capitalista que visa a obtenção do lucro estará sempre presente nas relações jurídicas
ambientais balizada pelos valores maiores e superiores da dignidade da pessoa humana o que significa
harmonizar a ordem econômica com a defesa do meio ambiente(Art.170,VI da Constituição Federal)

3-)o direito ambiental brasileiro está vinculado à soberania(Art.1o,I),ou seja, nosso direito ambiental está
situado dentro de nosso poder de fazer e anular leis de forma exclusiva em nosso território organizando nossa
racionalização jurídica. Daí a soberania estar inclusive ligada ao patrimônio cultural brasileiro (art.216 da Carta
Magna) vez que as leis brasileiras(e o próprio Direito em nosso País como já tivemos a oportunidade de
afirmar)são verdadeiramente formas de expressão portadoras de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores de nossa sociedade
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4-) o direito ambiental brasileiro está vinculado à cidadania(Art.1o,II), vale dizer, o direito ambiental brasileiro se
harmoniza com nosso entendimento de cidadania, a saber, atributo de todos os brasileiros e estrangeiros
residentes no País (Art.5o da Constituição Federal) adaptado ao conceito de igual dignidade social
independentemente de sua inserção econômica, social, cultural e política;

5-) o direito ambiental brasileiro está vinculado ao pluralismo político (Art.1o, V) o que significa sua
dependência às formas de controle ligadas às estruturas de poder dentro do Estado Democrático de Direito.
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Por outro lado constituem objetivos fundamentais do direito ambiental brasileiro, alem daqueles especificamente
organizados em proveito de sua atuação, os mesmos propósitos da República Federativa do Brasil estabelecidos
no Art.3 da Constituição Federal: a erradicação da pobreza assim como da marginalização, a redução das
desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação visando não só construir uma sociedade livre, justa e solidária
como destinado a garantir nosso desenvolvimento nacional (Art.3o, incisos I, II,III e IV).

Os fundamentos assim como objetivos do direito ambiental antes mencionados estruturam sua visão no plano
internacional com evidente destaque para o que estabelece a correta interpretação do Art.4o sempre em harmonia
com as necessidades do povo brasileiro.
Assim nosso direito ambiental tem princípios gerais (tanto no plano interno como no plano externo) e objetivos
claramente positivados e que serão articulados em proveito do povo dentro de uma estrutura de Poder realizada
por meio de três grandes funções indicadas no art.2o da Carta Maior (os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário) que hoje configuram estrutura normativa onde cada Poder exerce função preponderante sendo certo
que o direito ambiental estará também compreendido dentre as funções de legislar, julgar e “gerenciar” o Estado
democrático de Direito.
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Brasileiros e estrangeiros residentes no País como destinatários dos direitos e deveres individuais e coletivos no
âmbito constitucional e o direito ambiental brasileiro.

As normas constitucionais brasileiras, nelas incluídas as ambientais, visam organizar nossa população em um
dado território17 em decorrência da existência de uma determinada economia e cultura.
Daí o Título II, Capítulo I, Art.5º estabelecer a igualdade de todos perante a lei necessariamente vinculada a uma
série de direitos e deveres que se destinam a assegurar não só o exercício de direitos sociais e individuais, mas
também a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e mesmo a justiça como valores
maiores de uma sociedade fundada na harmonia social.
A existência de um direito ambiental se estabelece portanto em nosso País não só como um direito de brasileiros e
estrangeiros residentes no Brasil (Art.5º),direito este que para um país de mais de 180.000.000 de pessoas
humanas é garantido fundamentalmente em sua feição coletiva, mas por força do que direciona o Art.1o, III da
Carta Magna, em seu aspecto social(Art.6º) o que determina a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança ,a previdência social, a proteção à maternidade e à infância assim como a assistência aos
desamparados como conteúdo fundamental para compreensão de qualquer direito em nosso País nele incluído o
Direito Ambiental.
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Direitos e deveres constitucionais coletivos, a proteção dos interesses difusos e coletivos e o direito
ambiental brasileiro.

Exatamente para fixar a existência concreta dos direitos constitucionais coletivos no Brasil, nossa Carta Magna
não só disciplinou sua existência (Art.5º) como propiciou sua proteção não excluindo da apreciação do Poder
Judiciário qualquer lesão ou ameaça a qualquer direito(Art.5o, XXXV da Constituição Federal).

Assim o Art.129, III da Carta Magna foi didático ao incluir a proteção dos interesses difusos e coletivos assim como
especificamente do meio ambiente a cargo não só do Ministério Público como de terceiros segundo o disposto na
própria Constituição bem como na lei (Parágrafo 1o do Art.129 da Constituição Federal) exatamente no sentido de
reconhecer sua dimensão metaindividual.
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Os direitos constitucionais coletivos passaram por via de consequência a ter uma dimensão maior e mais bem
organizada o que levou o legislador a estabelecer no plano infraconstitucional, mas evidentemente em obediência
à Constituição Federal, nova disciplina destinada à proteção da coletividade fixada na lei federal 8078/90 que
estabeleceu a existência dos direitos metaindividuais da seguinte forma:
1-)direitos difusos que se apresentam como um direito transindividual, tendo um objeto indivisível e titularidade
indeterminada e interligada por circunstancia de fato (Art.81,parágrafo único, I);

2-)direitos coletivos que se apresentam como um direito transindividual, tendo um objeto indivisível e
determinabilidade de seus titulares(Art.81,parágrafo único, II);

3-)direitos individuais homogêneos que diz respeito a direitos individuais, de objeto divisível e decorrente de origem
comum(Art.81,parágrafo único III).

O direito ambiental, como teremos a oportunidade de demonstrar, será viabilizado exatamente em decorrência do
parâmetro constitucional antes descrito; um novo parâmetro que em nada lembra os institutos de direito do século
XIX e mesmo século XX observados em Cartas pretéritas.
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O direito ao meio ambiente em face do Art.225 da Constituição Federal.

Conforme temos afirmado o art.225 da Constituição Federal estabeleceu pela primeira vez na história do direito
constitucional brasileiro o direito ao meio ambiente regrando por via de consequência, no plano normativo mais
elevado, os fundamentos do direito ambiental constitucional.

Trata-se de um direito vinculado ao meio ambiente e não de um direito do ambiente, ou seja, de um direito
destinado a brasileiros e estrangeiros residentes no País conforme já tivemos oportunidade de afirmar.

A análise do art.225 da Constituição Federal faz com que o interprete, enquanto operador do Direito possa verificar
04(quatro) aspectos fundamentais no que se refere ao seu conteúdo, a saber:
1) a existência do direito material constitucional caracterizado como “direito ao meio ambiente”, meio ambiente este
“ecologicamente equilibrado” ;
2) a confirmação no plano constitucional de que referido direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado diz
respeito à existência de uma relação jurídica que envolve um bem estabelecido pela Carta Magna de 1988 (o bem
ambiental). Aludido bem, para que possa ser reputado constitucionalmente “bem ambiental”, se vincula somente
àqueles considerados no plano constitucional “essenciais à sadia qualidade de vida” tendo como característica
estrutural ser ontologicamente um “bem de uso comum do povo”;
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3) em decorrência da relevância do bem ambiental, a Constituição Federal estabeleceu de forma impositiva tanto
ao Poder Público como à coletividade não só o dever de defender os bens ambientais como também de preservá-
los;

4) a defesa assim como preservação por parte do Poder Público e da coletividade antes referida têm por objetivo
assegurar o uso do bem ambiental não só para as presentes mas também para as futuras gerações.

A existência no plano constitucional do direito material ao meio ambiente ecologicamente equilibrado


como direito de todos como primeiro aspecto fundamental no que se refere ao conteúdo do Art.225 da
Constituição Federal.
Ao assegurar a todos a existência do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado nossa constituição
entendeu por bem não definir seu conteúdo validando todavia, conforme orientação do art.23,VI24,competência
comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no sentido de proteger o meio ambiente assim
como combater a poluição em qualquer de suas formas.
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Desta maneira elevou ao plano constitucional a definição jurídica de meio ambiente descrita pelo art.3o, I da Lei
Federal 6938/81 que já na década de 1980, embora sob a égide de uma Constituição estabelecida ainda em plena
ditadura militar, definia a denominada Política Nacional do Meio Ambiente.
Deriva daí a definição jurídica de meio ambiente como sendo “o conjunto de condições, leis ,influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas”.
Fica bem claro que a definição jurídica de meio ambiente está atrelada à tutela da vida em todas as suas
formas, a saber, o direito ambiental se ocupa das relações jurídicas vinculadas à vida em decorrência de
sua complexidade conforme descrito no art.225 da Carta Magna e evidentemente observando os demais
fundamentos, objetivos e destinatários do direito constitucional em vigor.
O direito à vida em todas as suas formas é garantido no plano constitucional de maneira ecologicamente
equilibrada, ou seja, assegurou a Constituição Federal em vigor o direito à vida relacionado com o meio, com o
recinto, com o espaço em que se vive envolvendo para a pessoa humana – principal destinatário do direito
constitucional brasileiro – um conjunto de condições morais, psicológicas, culturais e materiais que vincula uma ou
mais pessoas nos autorizando a concluir que a definição jurídica de meio ambiente ecologicamente equilibrado
criada pela Carta Magna diz respeito à tutela da pessoa humana, assim como de outras formas de
organismos ,adaptada ao local onde se vive.
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O primeiro aspecto fundamental do conteúdo do art.225 assegura no plano normativo as seguintes tutelas
jurídicas:

1-)tutela jurídica da pessoa humana – principal destinatário da norma constitucional- em face de suas inter-
relações com o meio ambiente;
2-)tutela jurídica da fauna em face dos princípios fundamentais e demais dispositivos constitucionais aplicáveis;
3-)tutela jurídica da flora em face dos princípios fundamentais e demais dispositivos aplicáveis.

Por outro lado fica bem estabelecido em nossa Constituição Federal que os destinatários do direito ambiental
brasileiro são os destinatários da norma constitucional com amparo nos princípios fundamentais que organizam
todo o sistema jurídico no Brasil. Daí ficar bem entendido que, embora o conteúdo do art.225 assegure as tutelas
jurídicas antes referidas, os principais destinatários do direito ambiental brasileiro são as pessoas humanas
conforme estabelecem os fundamentos do Estado Democrático de Direito brasileiro (Art.1o).
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A expressão “todos” indicada no Art.225 diz respeito fundamentalmente às pessoas humanas apontadas em face
de sua condição de cidadania abarcadas que são pela soberania no plano de nossa Constituição Federal
revelando os brasileiros e estrangeiros residentes no País (art.5o, caput) como os principais personagens, os
verdadeiros protagonistas em torno dos quais veio a ser construído o direito constitucional ambiental brasileiro em
vigor.

Isso não significa dizer que a fauna e a flora, conforme já aduzido, não tenham recebido importante proteção
constitucional. Reconhecidas que foram no plano maior de nosso sistema jurídico como bens ambientais passaram
a ser entendidas, a partir do advento da lei 9985/2000(que regulamenta o art.225, parágrafo 1o, I,II,III e VII da
Constituição Federal), como recursos ambientais entendimento já observado no Art.3o,V da Política Nacional do
Meio Ambiente.

A existência no plano constitucional do direito material ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito
de brasileiros e estrangeiros residentes no País diz respeito ao primeiro dos quatro aspectos fundamentais
vinculados ao conteúdo do art.225 da Carta Magna.
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A existência no plano constitucional do bem ambiental destinado ao uso comum do povo como segundo
aspecto fundamental no que se refere ao conteúdo do Art.225 da Constituição Federal.

O direito material ambiental revelado no plano constitucional diz respeito à existência de uma relação jurídica que
vincula a pessoa humana aos denominados bens ambientais, ou seja, bens que são considerados
constitucionalmente essenciais à sadia qualidade de vida (art.225 da Constituição Federal).

Destarte, os bens ambientais são aqueles reputados essenciais à sadia qualidade de vida da pessoa humana no
âmbito do que determina a Constituição Federal e em decorrência específica do comando estabelecido por nossa
Carta Magna através de seus princípios fundamentais, ou seja, os bens ambientais são aqueles reputados
essenciais à sadia qualidade de vida de brasileiros e estrangeiros residentes no País.

Assim os bens ambientais são os considerados juridicamente essenciais no sentido de preencher o conceito
constitucional antes aludido, a saber, não só os valores diretamente disciplinados juridicamente em decorrência da
tutela da vida da pessoa humana (o próprio patrimônio genético, a fauna, a flora, os recursos minerais, etc.) como
fundamentalmente em face da dignidade da pessoa humana (Art.1o, III da Constituição Federal), verdadeiro
fundamento a ser observado no plano normativo.
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Nossa Constituição Federal, exatamente no sentido de situar concretamente o significado dos direitos
considerados essenciais à dignidade da pessoa humana, regrou no art.6 um mínimo destinado aos brasileiros e
estrangeiros residentes no País a ser assegurado pelo Estado Democrático de Direito, garantindo
fundamentalmente no âmbito dos direitos materiais ambientais disciplinados na Constituição Federal os seguintes
direitos:
1-)direito à educação;
2-)direito à saúde;
3-)direito ao trabalho;
4-)direito à moradia;
5-)direito ao lazer;
6-)direito à segurança;
7-)direito à previdência social;
8-)direito à proteção à maternidade;
9-)direito à proteção à infância;
10-)direito à assistência aos desamparados.
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Referidos direitos são estabelecidos no âmbito constitucional como um verdadeiro piso vital mínimo a ser
necessariamente assegurado por nosso Estado Democrático de 2009, Saraiva e “Princípios do Processo
Ambiental”, 2009, Editora Saraiva. Vide ainda “A natureza jurídica do bem ambiental” de Celso Antonio Pacheco
Fiorillo in Curso de Direito Ambiental,10ª edição, 2009 e “Instituição do bem ambiental no Brasil pela Constituição
Federal de 1988 seus reflexos jurídicos ante os bens da União” de Durval Salge Jr. , 2003, Editora Juarez de
Oliveira.

Direito, ou seja, a definição jurídica de bem ambiental está adstrita não só a tutela da vida da pessoa humana, mas
principalmente à tutela da vida da pessoa humana com dignidade.

Além disso nossa Constituição Federal estabeleceu a natureza jurídica do bem ambiental quando apontou ser
referido bem “de uso comum do povo”, eliminando relação jurídica fixada em conceitos absolutos como os de
gozar, dispor, fruir e principalmente destruir determinado bem autorizando fazer com o mesmo, de forma
absolutamente livre, tudo aquilo que possa ser única e exclusivamente da vontade, do desejo da pessoa humana
no plano individual ou metaindividual.
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O bem ambiental, em resumo, por estar estruturado na vida em todas as suas formas, não guarda no âmbito
constitucional qualquer compatibilidade com institutos outros que não estejam adstritos ao direito de usar aludido
bem.

A existência no plano constitucional do bem ambiental destinado ao uso comum do povo diz respeito ao segundo
dos quatro aspectos fundamentais vinculados ao conteúdo do art.225 da Constituição Federal.
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A Carta Magna impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado como terceiro aspecto fundamental no que se refere ao
conteúdo do Art.225 da Constituição Federal.

A tutela jurídica da pessoa humana em face de suas inter-relações com o ambiente, assim como a tutela jurídica
da fauna e da flora em face dos princípios fundamentais constitucionais e demais disposições aplicáveis também
mereceram por parte de nossa Constituição Federal garantias processuais, ou seja, instrumentos destinados a
submeter à apreciação do Poder Judiciário lesões ou principalmente ameaças ao direito ambiental (Art.5o XXXV
da Constituição Federal).

Especificamente restou caracterizado pelo Art.225 da Carta Magna o dever tanto do Estado como da sociedade
civil de não só defender como preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado dentro de uma concepção
jurídica de que não basta tão somente defender os bens ambientais em face de lesão eventualmente ocorrida mas
principalmente preservar a vida a partir de ameaça que ocasionalmente possa surgir.
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Decorre da afirmação antes aludida que o direito processual ambiental tem sua origem constitucional na
necessidade de um direito processual ambiental preventivo ainda que seja possível observar alternativas à
lesão à vida através de critérios econômicos. De qualquer forma o processo ambiental passou a ter, a partir da
Constituição Federal de 1988, princípios próprios que necessariamente deverão ser observados quando da
existência de qualquer ameaça ou lesão aos bens ambientais.

A imposição constitucional apontada ao Poder Público e à coletividade destinada a estabelecer o dever de


defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado criando os princípios do processo ambiental
com o objetivo de uma tutela preventiva diz respeito ao terceiro dos quatro aspectos fundamentais vinculados ao
conteúdo do art.225 da Carta Magna.
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A defesa e preservação do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e


futuras gerações como quarto aspecto fundamental no que se refere ao conteúdo do art.225 da
Constituição Federal.

A Carta de 1988, ao garantir pela primeira vez na história constitucional brasileira determinado direito não só às
presentes como às futuras gerações, indicou a necessidade de assegurar a tutela jurídica do meio ambiente não
só em decorrência da extensão de tempo médio entre o nascimento de uma pessoa humana e o nascimento de
seu descendente (dentro de sua estrutura jurídica fundamentada na dignidade da pessoa humana), mas também
em decorrência de uma concepção de geração como grupo de organismos que tem os mesmos pais ou ainda
como grau ou nível simples numa linha de descendência direta, ocupada por indivíduos dentro de uma espécie,
que dividem um ancestral comum e que estão afastados pelo mesmo número de crias do ancestral.

Reforçou juridicamente a Constituição Federal no âmbito jurídico material a necessidade de tutela de um direito
ambiental a partir do patrimônio genético e observou no plano jurídico processual um critério preventivo como
único meio de se garantir um direito ambiental efetivamente direcionado às futuras gerações.
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Esse quarto aspecto, somado aos demais, nos possibilita estudar de forma didática o direito ambiental brasileiro, a
partir dos dispositivos observados de forma sistemática em nossa Constituição Federal, classificado da seguinte
maneira, a saber:
1-)o patrimônio genético;
2-)o meio ambiente cultural;
3-)o meio ambiente artificial;
4-) o meio ambiente do trabalho;
5-) o meio ambiente natural.
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Tutela constitucional do patrimônio genético no direito ambiental brasileiro.

Conforme tivemos oportunidade de reiterar o patrimônio genético passou a ser protegido no plano constitucional
em decorrência do que determina o Art.225, parágrafo 1o, inciso II da Carta Magna a partir da determinação
constitucional incumbindo ao Poder Público “preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País” assim como “fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação do material genético”
.
Como bem ambiental que é o patrimônio genético mereceu proteção jurídica por relacionar-se à possibilidade
trazida pela engenharia genética de utilização dos gametas conservados em bancos genéticos para a construção
de seres vivos, possibilitando a criação e o desenvolvimento de uma unidade viva sempre que houver interesse. A
pesquisa assim como manipulação de material genético foi autorizada pela Carta Magna no âmbito do Art.225,
parágrafo1o, II observando-se o parâmetro definido no caput do Art.225 assim como a necessária preservação e
diversidade de aludido patrimônio.
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O direito constitucional brasileiro assegurou por via de consequência não só a tutela jurídica da informação de
origem genética da pessoa humana observada em sua dimensão metaindividual (patrimônio genético da pessoa
humana) como de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal destacando incumbência ao Poder Público no
sentido de controlar a produção, a comercialização assim como o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente (Art.225, parágrafo 1º, V).

O parágrafo 3º do Art.225 estabelece que quaisquer condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente,
e por via de consequência ao patrimônio genético, sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas a sanções
penais assim como a sanções administrativas. Além disso as condutas e atividades consideradas lesivas ao
patrimônio genético obrigam aludidos infratores a reparar os danos causados.
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Tutela constitucional do meio ambiente cultural no direito ambiental brasileiro.

Conforme já afirmado na presente obra, o primeiro aspecto fundamental do conteúdo do art.225 assegura no plano
normativo a tutela jurídica da pessoa humana em face de suas inter-relações com o meio ambiente. A pessoa
humana, no plano de nossa Constituição Federal, está associada fundamentalmente aos brasileiros, ou seja,
àquelas mulheres e homens que fazem parte do processo civilizatório nacional, a saber, pessoas humanas
participantes dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Exatamente no sentido de proteger os aspectos materiais e principalmente imateriais tomados individualmente ou


em conjunto representativos da identidade, ação, memória dos diferentes grupos formadores de nossa sociedade,
de nosso povo, cuidou o direito ambiental da tutela do patrimônio cultural brasileiro com fundamental componente
do direito à vida associado à dignidade da pessoa humana (Art.1o, III da Constituição Federal).
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Definido como os “bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Art.216 da
Carta Magna) nos quais se incluem as formas de expressão, os modos de criar, os modos de fazer, os modos de
viver, as criações científicas, as criações artísticas, as criações tecnológicas assim como as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico - culturais assim como os
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico (Art.216,I a V), o patrimônio cultural brasileiro diz respeito à estrutura do meio ambiente cultural.

Destarte como já tivemos a oportunidade de afirmar o direito ambiental constitucional, no que se refere ao meio
ambiente cultural, garante a tutela jurídica de uma série de direitos fundamentais protegendo dentro de nossos
valores integrados por todas as manifestações das culturas mencionadas no Art.215, parágrafo 1o da Constituição
Federal - as línguas, as religiões, as convicções filosóficas, as convicções políticas, a música, a literatura, o teatro,
o cinema, a telenovela, a escultura, a dança, a pintura, a fotografia, a arquitetura, as manifestações desportivas
como bens representativos do conteúdo estabelecido no art.216 da Carta Magna, e, por via de consequência, do
povo brasileiro.
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Ratificamos a afirmação de que justamente em proveito da “essência” das pessoas humanas abarcadas por nossa
Constituição Federal e visando justamente a sua dignidade concreta no plano metaindividual que nossa Carta
Magna assegurou a tutela do meio ambiente cultural.

Daí ter merecido o meio ambiente cultural proteção específica destinada não só a acautelar como preservar nosso
patrimônio cultural sendo certo que todo e qualquer dano ou mesmo ameaça ao patrimônio cultural brasileiro
passou a ser punido ,por determinação constitucional, na forma da lei 6768(Parágrafo 4o do Art.216 da
Constituição Federal).
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Tutela constitucional do meio ambiente artificial no direito ambiental brasileiro.


Conforme já afirmado, nossa Constituição se preocupou de forma explicita(Art.225) em orientar as relações jurídicas
dos seres vivos com o local onde vivem destacando, por força do que determinam os princípios fundamentais da Lei
das Leis, a pessoa humana e suas necessidades adaptadas à tutela constitucional de sua dignidade. Destarte o
direito constitucional assegurado entendeu por bem articular a vida da pessoa humana relacionada com o meio, o
recinto, com o espaço em que se vive regrando juridicamente no plano maior o denominado Meio Ambiente Artificial
não só compreendido pelo espaço urbano construído, mas também em face das complexas necessidades que estão
vinculadas a um conjunto de condições morais, psicológicas, culturais e mesmo materiais que envolvem uma ou mais
pessoas em determinado território.
Daí a Carta Magna estabelecer no Título VII(Da Ordem Econômica e Financeira), Capítulo II(Da Política Urbana)
dispositivos específicos destinados a ordenar o pleno desenvolvimento das denominadas funções sociais da cidade
justamente com o objetivo de garantir o bem estar de seus habitantes(Art.182).
Preocupada em disciplinar a cidade como um bem de uso comum de todos (bem ambiental) criou a Carta Magna uma
orientação jurídica absolutamente clara estruturando a denominada política de desenvolvimento urbano.
Referida política, que tem dois objetivos fundamentais, a saber, ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade assim como garantir o bem-estar de seus habitantes, deverá ser executada pelo Poder Público municipal
que passa a gerenciar a cidade em proveito da dignidade da pessoa humana (Art.1o, III) e segundo diretrizes gerais
fixadas em lei.
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Estabeleceu por via de consequência a Constituição Federal as regras destinadas a assegurar o direito ao meio
ambiente artificial sustentável dentro de uma diretriz geral destinada a tutelar necessidades vitais da pessoa
humana, moradora das cidades, a saber:
1-)terra urbana
2-)moradia
3-)saneamento ambiental
4-)infra-estrutura urbana
5-)transporte
6-)serviços públicos
7-)trabalho
8-)lazer
Podemos verificar que, diante da nova concepção estabelecida pela Lei Maior, alguns tradicionais institutos
jurídicos usados nos séculos XVIII, XIX e mesmo XX restaram superados passando a ser estabelecidos diante de
nova feição em proveito da tutela jurídica da pessoa humana em sua dimensão metaindividual. Daí a propriedade
urbana ser observada não mais de forma única e exclusivamente ligada aos interesses individuais e sim em sua
dimensão coletiva cumprindo sua função social quando atender às exigências fundamentais indicadas no
parágrafo 2o do Art.182 que destaca o denominado plano diretor (parágrafo 1o do Art.182) como mais importante
instrumento de política de desenvolvimento e de expansão urbana no plano jurídico.
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No que se refere à determinação constitucional de obrigar o Poder Público municipal a gerenciar a cidade e como
já dissemos, dentro da nova concepção estabelecida na Carta Magna, passou referido Poder a ter o direito
constitucional de exigir do proprietário do solo urbano, na forma do parágrafo 4º do Art.182, uma conduta
adequada a garantir o bem estar de todos os habitantes das cidades. Por via de consequência o proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado deverá promover seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana progressiva no tempo e desapropriação conforme estabelece o parágrafo 4º incisos I, II e III da
Constituição Federal.

Outro importante aspecto de controle do território em proveito de uma tutela do meio ambiente artificial em sintonia
com o ordenamento do pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade foi o estabelecimento da usucapião
ambiental prevista no art.183 da Constituição Federal. Destarte aquele que possuir como sua área urbana de até
250 metros quadrados, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
família adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural sendo certo que o
título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente
do estado civil na forma do que determina o parágrafo 1º do art.183 da Carta Magna.
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As condutas e atividades consideradas lesivas à cidade, bem ambiental que é por força do que estabelece a
Constituição Federal, sujeita os infratores a sanções penais e administrativas independentemente da obrigação de
reparar os danos causados (Art.225, parágrafo 3º). Daí o Poder Público municipal, como gerente da cidade,
assumir importância maior no plano normativo responsável que é pela execução da política de desenvolvimento
urbano.
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Tutela constitucional do meio ambiente do trabalho no direito ambiental brasileiro.

Descrito no âmbito constitucional conforme indica o Art.200, VIII, o meio ambiente do trabalho disciplina a tutela
jurídica da saúde da pessoa humana não só como fundamental aspecto de sua dignidade(Art.1o, III da
Constituição Federal) mas também como importante componente do Piso Vital Mínimo(Art.6o da Carta Magna) em
face da ordem econômica capitalista.

Exatamente por se tratar de direito constitucional de índole ambiental, a saúde é delimitada juridicamente em sua
feição metaindividual (Art.196 da Carta Magna) como direito de todos a ser assegurado pelo Estado Democrático
de Direito que tem o dever de reduzir o risco de doença assim como de outros agravos bem como o de garantir
acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Destarte o meio ambiente do trabalho se preocupa fundamentalmente com a prevenção de lesões vinculadas à
saúde de mulheres e homens que possam ocorrer na atividade das pessoas humanas usadas em proveito da
economia capitalista também sujeitando infratores, na forma do que estabelece o parágrafo 3º do Art.225 da Lei
das Leis, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
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Tutela constitucional do meio ambiente natural no direito ambiental brasileiro.


A proteção da atmosfera, das águas (interiores, superficiais e subterrâneas bem como estuários e mar territorial)
do solo e subsolo assim como fauna e flora não só passaram a ter tutela constitucional por força do caput do
art.225 da Constituição Federal(bens ambientais) como em decorrência de incumbência estabelecida ao Poder
Público de forma específica no que se refere a alguns recursos ambientais.

Destarte determinou o Art.225, VII a tutela constitucional destinada a proteger a fauna e a flora vedando na forma
da lei as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam
os animais a crueldade com o intuito de resguardar a vida em todas assuas formas. Além disso elevou à condição
jurídica de patrimônio nacional(Art.225,parágrafo 4o ) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato - Grossense e a Zona Costeira orientando o legislador infraconstitucional a regrar sua
utilização dentro de condições destinadas à preservação do meio ambiente inclusive quanto ao uso de recursos
naturais.
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Cuidou ainda a Lei das Leis de estabelecer regime jurídico destinado ao controle territorial em proveito dos bens
ambientais(Art.225,III) sempre no sentido de incumbir ao Poder Público preservar assim como restaurar os
processos ecológicos essenciais assim como prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas(Art.225,I).

No que se refere ao subsolo passou a Constituição Federal a obrigar aquele que explora recursos minerais a
recuperar o meio ambiente degradado de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei(Parágrafo 2o do Art.225).

Condutas e atividades lesivas ao meio ambiente natural também sujeitam os infratores, conforme determina o
parágrafo 3o do Art. 225 da Carta Magna, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados aos recursos ambientais.
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Tutela constitucional do direito criminal ambiental.

Ao estabelecer que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoa físicas ou jurídicas, a sanções penais(parágrafo 3º do Art.225 da Constituição Federal) manifestou a Carta
Magna clara indicação no sentido de aplicar aos poluidores direito criminal adequado às necessidades da tutela da
vida em todas as suas formas.

Claro está que as sanções penais antes referidas estão sujeitas aos fundamentos constitucionais do direito
criminal assim como aos fundamentos constitucionais do direito penal. Como já tivemos oportunidade de aduzir a
privação ou restrição da liberdade da pessoa humana, assim como a perda de bens, a multa, a prestação social
alternativa e a suspensão ou interdição de direitos deverá ser interpretada em decorrência dos valores maiores do
direito criminal ambiental assim como do direito penal ambiental, ou seja, vinculados à tutela da vida em todas as
suas formas como valor guiado pelo fundamento constitucional da dignidade da pessoa humana(Art.1o, III).

Dai ter sido elaborada no plano infraconstitucional norma jurídica destinada a dispor sobre as sanções penais
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente não só com a finalidade de descrever crimes contra
o meio ambiente mas principalmente no sentido de estabelecer um novo subsistema jurídico com o objetivo de
delimitar um novo direito criminal ambiental com fundamentos estruturados na Constituição Federal.
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Tutela constitucional do direito processual ambiental.

A Constituição Federal assegura a apreciação por parte do Poder Judiciário de toda e qualquer lesão ou ameaça a
direito(Art.5o, XXV).Daí o direito ambiental receber proteção constitucional, no plano instrumental, outorgando
direito de agir em face de lesão ou ameaça ao meio ambiente ecologicamente equilibrado(patrimônio genético da
pessoa humana, patrimônio genético, meio ambiente cultural, meio ambiente artificial, meio ambiente do trabalho e
meio ambiente natural).

Referido direito de agir é do povo(Art.225 da Carta Magna) que, através de legitimados ativos previstos em lei,
atuará em defesa dos bens ambientais adotando postura fundamentalmente preventiva(Art.225 da CF), objetivo
maior de um direito processual destinado à proteger a vida em todas as normas não só para as presentes como
para as futuras gerações.

Os poluidores terão seu direito de defesa assegurado no plano constitucional (Art.5o, LV da Constituição Federal)
tudo para que, afinal, possa a lide ambiental ser apreciada pelo Poder Judiciário(Art.3o da CF) visando o
estabelecimento da coisa julgada(Art.5o, XXVI da CF).
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Educação ambiental destinada a assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado e o Direito de Antena.

Para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado a Constituição Federal
incumbiu ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino assim como a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente (Art.225,parágrafo 1º,VI da CF).

Claro está que a educação ambiental está absolutamente vinculada não só à educação como direito metaindividual
constitucional componente do Piso Vital Mínimo(Art.6º e 205 da Carta Magna) como também ao direito de
informar(acesso à informação descrito no Art.5º, XIV da CF),dentro da liberdade estabelecida no plano da
comunicação social (Art.220) principalmente com o uso de recursos ambientais, com destaque para o espectro
eletromagnético, que através de emissoras de rádio e televisão reúnem efetivamente condições de alcançar a
maioria dos brasileiros e estrangeiros residentes no País.

Daí a existência do Direito de Antena como fator fundamental destinado a assegurar não só o conteúdo do
Art.225,VI da Carta Magna como os próprios fundamentos estabelecidos no Art.1º da Constituição Federal.
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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL


1 - PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A terminologia empregada a este princípio surgiu, inicialmente, na Conferência Mundial de Meio Ambiente,
realizada, em 1972, em Estocolmo e repetida nas demais conferências sobre o meio ambiente, em especial na
ECO-92, a qual empregou o termo em onze de seus vinte e sete princípios.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável realizada no Rio de Janeiro/BRASIL em
junho de 2012 — a Rio+20 — ao publicar seu documento final intitulado O FUTURO QUE QUEREMOS: Nossa
Visão Comum, Renovação dos Compromissos Políticos, Economia Verde, Marco Institucional para o
Desenvolvimento Sustentável, Marco para Ação e Implementação e Meios de Execução), reafirmou todos os
princípios da Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Com efeito.
Na Constituição Federal de 1988, o princípio do desenvolvimento sustentável encontra-se esculpido no caput do
art. 225:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado..., impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (grifo nosso).
Constata-se que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as atividades
econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato.
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Busca-se com isso a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente.

Permite-se o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se
esgotem ou tornem-se inócuos.

Dessa forma, o princípio do desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da
produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os
homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os
mesmos recursos que temos hoje à nossa disposição.

A compreensão do instituto reclama a sua contextualização histórica. Isso porque sabemos que o liberalismo
tornou-se um sistema inoperante diante do fenômeno da revolução das massas. Em face da transformação socio
política-econômica tecnológica, percebeu-se a necessidade de um modelo estatal intervencionista, com a
finalidade de reequilibrar o mercado econômico.
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Com isso, a noção e o conceito de desenvolvimento, formados num Estado de concepção liberal, alteraram-se,
porquanto não mais encontravam guarida na sociedade moderna. Passou-se a reclamar um papel ativo do Estado
no socorro dos valores ambientais, conferindo outra noção ao conceito de desenvolvimento. A proteção do meio
ambiente e o fenômeno desenvolvimentista (sendo composto pela livre iniciativa) passaram a fazer parte de um
objetivo comum, pressupondo “a convergência de objetivos das políticas de desenvolvimento econômico, social,
cultural e de proteção ambiental.

A busca e a conquista de um ‘ponto de equilíbrio’ entre o desenvolvimento social, o crescimento econômico e a


utilização dos recursos naturais exigem um adequado planejamento territorial que tenha em conta os limites da
sustentabilidade. O critério do desenvolvimento sustentável deve valer tanto para o território nacional na sua
totalidade, áreas urbanas e rurais, como para a sociedade, para o povo, respeitadas as necessidades culturais e
criativas do país”.

Como se percebe, o princípio possui grande importância, porquanto numa sociedade desregrada, à deriva de
parâmetros de livre concorrência e iniciativa, o caminho inexorável para o caos ambiental é uma certeza. Não há
dúvida de que o \desenvolvimento econômico também é um valor precioso da sociedade. Todavia, a preservação
ambiental e o desenvolvimento econômico devem coexistir, de modo que aquela não acarrete a anulação deste.
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Atento a esses fatos, o legislador constituinte de 1988 verificou que o crescimento das atividades econômicas
merecia um novo tratamento. Não mais poderíamos permitir que elas se desenvolvessem alheias aos fatos
contemporâneos. A preservação do meio ambiente passou a ser palavra de ordem, porquanto sua contínua
degradação implicará diminuição da capacidade econômica do País, e não será possível à nossa geração e
principalmente às futuras desfrutar uma vida com qualidade.

Assim, a livre iniciativa, que rege as atividades econômicas, começou a ter outro significado. A liberdade de agir e
dispor tratada pelo Texto Constitucional (a livre iniciativa) passou a ser compreendida de forma mais restrita, o que
significa dizer que não existe a liberdade, a livre iniciativa, voltada à disposição de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Este deve ser o objetivo. Busca-se, na verdade, a coexistência de ambos sem que a
ordem econômica inviabilize um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sem que este obste o
desenvolvimento econômico.

Tanto isso é verdade que a Constituição Federal estabelece que a ordem econômica, fundada na livre iniciativa
(sistema de produção capitalista) e na valorização do trabalho humano (limite ao capitalismo selvagem), deverá
regrar-se pelos ditames de justiça social, respeitando o princípio da defesa do meio ambiente, contido no inciso VI
do art. 170. Assim, caminham lado a lado a livre concorrência e a defesa do meio ambiente, a fim de que a ordem
econômica esteja voltada à justiça social.
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Vejamos o dispositivo:
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...) VI — defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”.

Com isso, o princípio não objetiva impedir o desenvolvimento econômico. Sabemos que a atividade econômica, na
maioria das vezes, representa alguma degradação ambiental. Todavia, o que se procura é minimizá-la, pois pensar
de forma contrária significaria dizer que nenhum empreendimento que venha a afetar o meio ambiente poderá ser
instalado, e não é essa a concepção apreendida do texto. O correto é que as atividades sejam desenvolvidas
lançando-se mão dos instrumentos existentes adequados para a menor degradação possível.

Daí a fundamental importância do evento mundial realizado no Brasil em 2012 relacionando à necessidade de
erradicação da pobreza com o meio ambiente em todo o planeta.
Por isso, delimita-se o princípio do desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que atenda às
necessidades do presente, sem comprometer as futuras gerações DENTRO DOS PARÂMETROS
ANTERIORMENTE INDICADOS.
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2 - PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR E A INTERPRETAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Este princípio reclama atenção. Não traz como indicativo “pagar para poder poluir”, “poluir mediante pagamento”
ou “pagar para evitar a contaminação”. Não se podem buscar através dele formas de contornar a reparação do
dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato poluidor, como se alguém pudesse afirmar: “poluo, mas pago”.
O seu conteúdo é bastante distinto.
Vejamos.

Podemos identificar no princípio do poluidor-pagador duas órbitas de alcance: a) busca evitar a ocorrência de
danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido o dano, visa à sua reparação (caráter repressivo).

Desse modo, num primeiro momento, impõe-se ao poluidor o dever de arcar com as despesas de prevenção dos
danos ao meio ambiente que a sua atividade possa ocasionar. Cabe a ele o ônus de utilizar instrumentos
necessários à prevenção dos danos. Numa segunda órbita de alcance, esclarece este princípio que, ocorrendo
danos ao meio ambiente em razão da atividade desenvolvida, o poluidor será responsável pela sua reparação.
O Supremo Tribunal Federal teve a oportunidade de enfrentar o tema indicando nosso posicionamento exatamente
no sentido de adequar o tema à realidade brasileira.
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A definição do princípio foi dada pela Comunidade Econômica Europeia, que preceitua: “as pessoas naturais ou
jurídicas, sejam regidas pelo direito público ou pelo direito privado, devem pagar os custos das medidas que sejam
necessárias para eliminar a contaminação ou para reduzi-la ao limite fixado pelos padrões ou medidas
equivalentes que assegurem a qualidade de vida, inclusive os fixados pelo Poder Público competente” (ver
Diretivas da União Europeia).

Na Constituição Federal de 1988, encontramos o princípio previsto no art. 225, § 3º:


“§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”
(grifo nosso).

Vale observar que na órbita repressiva do princípio do poluidor-pagador há incidência da responsabilidade civil,
porquanto o próprio pagamento resultante da poluição não possui caráter de pena, nem de sujeição à infração
administrativa, o que, por evidente, não exclui a cumulatividade destas, como prevê a Constituição Federal no
referido § 3º do art. 225.
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Com isso, é correto afirmar que o princípio do poluidor-pagador determina a incidência e aplicação de alguns
aspectos do regime jurídico da responsabilidade civil aos danos ambientais: a) a responsabilidade civil objetiva; b)
prioridade da reparação específica do dano ambiental; e c) solidariedade para suportar os danos causados ao
meio ambiente.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

O direito ambiental, atento a essas modificações e considerando a importância dos bens tutelados, adota a
responsabilidade civil objetiva. Vale frisar que, anteriormente à Constituição Federal de 1988, a Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81) já previa a responsabilidade objetiva do poluidor no seu art. 14, § 1º.

Com a promulgação da Lei Maior tal norma infraconstitucional foi recepcionada, tendo como fundamento de
validade o art. 225, § 3º, porquanto este não estabeleceu qualquer critério ou elemento vinculado à culpa como
determinante para o dever de reparar o dano causado ao meio ambiente. Consagrou-se, portanto, a
responsabilidade objetiva em relação aos danos ambientais.

A adoção pela Constituição Federal do regime da responsabilidade objetiva implica a impossibilidade de alteração
desse regime jurídico da responsabilidade civil, em matéria ambiental, por qualquer lei infraconstitucional.
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3 - Princípio da Prevenção e Imprescindibilidade do Bem Ambiental

Prosseguindo-se, o primeiro princípio a ser analisado a partir da vertente crítica da implementação do


desenvolvimento sustentável, é o da prevenção. Este princípio visa a impedir que o bem ambiental sofra
degradação, isto é, “a alteração adversa das características do meio ambiente”, segundo o que destaca o
artigo 3º, II da Lei n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.

Diante da imprescindibilidade do bem ambiental, a tutela reparatória goza de pouca eficácia no âmbito
ambiental. O que se deve perseguir, segundo o comando expresso no artigo 225 da Constituição da República
Federativa do Brasil, é que se deve defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Extrai-se do dispositivo em comento que devemos agir com cautela no manejo dos bens ambientais. Daí surge a
importância do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), etapas do
ato complexo que é o licenciamento ambiental, cuja finalidade é verificar se determinado empreendimento
pode causar degradação, estabelecendo-se as condições de sua implementação.
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O Estudo Prévio de Impacto Ambiental foi introduzido no Direito Positivo Brasileiro em 1980, com a edição
da Lei 6.803/1980, que dispunha sobre as diretrizes básicas para zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição, sendo exigível na aprovação de limites e autorizações de implantação de zonas de uso estritamente
industrial destinadas à localização de polos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, bem como de
instalações nucleares. Importante destacar que a edição de tal lei se deu sob a inspiração do Direito Americano,
com o Nacional Environment Policy Act – Nepa, de 1969.

Diante da mobilização social durante a década de 80, principalmente diante do surgimento do movimento
ambientalista, ampliou-se e se modificou a função do EIA, por intermédio da Lei n. 6.938 de 1991, que
tratou da Política Nacional do Meio Ambiente. É o que Édis Miralé salienta:

Com efeito, nesse texto legal – considerado importante marco do ambientalismo brasileiro – o EIA é
erigido à categoria de instrumento de política nacional do meio ambiente sem qualquer limitação ou
condicionante, já que exigível tanto nos projetos públicos quanto nos particulares, industriais ou não-
industriais, urbanos ou rurais, em áreas de poluição consideradas críticas ou não.
.
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4 - Princípio da Precaução enquanto Instrumento Limitador da Geração de Riscos

Outro importante princípio-meio do desenvolvimento sustentável é o da precaução.


Enquanto a prevenção protege o bem ambiental em face das atividades já sabidamente perigosas, o princípio da
precaução inibe a precipitação, isto é, se não se tem noção do perigo que tal atividade pode causar, então se
apresenta o risco e a atividade deve ser evitada.

O Prof. Paulo Affonso Leme Machado, citando definição do Prof. Jean-Marc Lavieille, destaca que o “princípio
da precaução consiste em dizer que não somente somos responsáveis sobre o que nós sabemos, sobre
o que nós deveríamos ter sabido, mas, também, sobre o de que nós deveríamos duvidar”.

Tal pensamento sintetiza como devemos tratar o bem ambiental. Tem-se que evitar a geração dos riscos.
Não é mais suficiente, simplesmente, tutelar a não geração de danos. É imprescindível, para a eficácia do
desenvolvimento sustentável, coibir a geração dos riscos, pois estes podem ser encarados como indícios de
danos.
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5 - Instrumento Ideológico da Revolução Paradigmática da Sociedade de Riscos: Princípio da Participação

Correlato a este princípio, surge o da participação. Este princípio vem expresso no art. 225 da Constituição
da República Federativa do Brasil, ao prever que é dever da sociedade também preservar o meio ambi
ente, juntamente com o Poder Público.

Haja vista que o bem ambiental é de uso comum, nem público nem privado, impõe-se a todos o dever de sua
preservação, pois é de fruição difusa. É cediço que o Poder Público também é um grande poluidor, daí a
importância de a sociedade deter o dever de preservação conjunta para fiscalizar a sua atuação.

Nesse desiderato, é imprescindível mencionar a observação de Daniel R. Fink:


Verifica-se, assim, que na relação jurídica ambiental, assim como nas de direito difuso, há uma confusão entre
os sujeitos de direito e os devedores, o que não ocorre em nenhuma outra relação jurídica de direito
público ou privado. Essa circunstância especial permite classificar essa nova modalidade de relação jurídica em
outro ramo do direito: a dos direitos difusos, ao lado do Direito Público e Privado. [...] No direito ambiental
o infrator (devedor concreto) não perde a sua condição de credor do direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, inclusive considerando a si mesmo como beneficiário das medidas de recuperação ambiental a
que se faz obrigado.
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6 - Vertente preventiva e primazia da reparação específica no Princípio do Poluidor-Pagador

Por derradeiro na análise dos princípios ambientais executores da sustentabilidade, surge o do poluidor-
pagador, o qual está previsto no art. 225, § 3º da Constituição da República Federativa do Brasil, ao
preconizar que as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
A partir da perspectiva aqui lançada de que o desenvolvimento implica a prevalência do meio ambiente em face do
crescimento econômico, salienta-se que o princípio do poluidor-pagador não pode servir de permissão para
compra dos bens ambientais, isto é, não se pode poluir mediante pagamento. A reparação clássica no âmbito civil não
serve para o direito ambiental, pois neste se prioriza, exclusivamente, o bem ambiental, servindo a reparação,
quando muito, para a tentativa de despoluição que, em razão da complexidade dos ecossistemas, mostra-se
uma árdua tarefa.
A partir dos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Pacheco Fiorillo: Este princípio reclama atenção. Não traz como
indicativo ‘pagar para poluir’, ‘poluir mediante pagamento’ ou ‘pagar para evitar a contaminação’. Não se
podem buscar através dele formas de contornar a reparação do dano, estabelecendo-se uma liciedade para o
ato poluidor, como se alguém pudesse afirmar: poluo, mas pago. O seu conteúdo é bastante distinto. Vejamos.
Podemos identificar no princípio do poluidor-pagador duas órbitas de alcance: a) busca evitar a ocorrência
de danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido o dano, visa sua reparação (caráter repressivo)
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O princípio do poluidor-pagador deve atuar de forma enérgica, pois do contrário, a reparação pecuniária
imposta pode importar apenas num custo de produção. Logo, aplicando-se como multa um montante
considerável, o valor passa a extrapolar a margem do lucro, deixando de ser interesse proceder à
poluição para depois realizar a sua compensação pecuniária. Assim, o princípio do poluidor-pagador
demonstra a sua faceta preventiva. No que se refere à reparação, deve-se preferir a natural à indenização em
dinheiro, pois a reparação específica se coaduna aos desígnios do desenvolvimento sustentável, ao
contrário da indenização em dinheiro, pois não atenua a degradação gerada ao meio ambiente.

Além do que, por mais que os poluidores procedam à reparação pecuniária, nunca o farão de forma
absoluta, transferindo para toda a coletividade os custos de seus atos danosos, emergindo, assim, o
princípio do ônus social, em contraposição ao do poluidor-pagador. Consoante Eckard Rebhinder:

Uma utilização oculta do princípio do ônus social resulta do fato de que o Estado frequentemente não
consegue transferir à empresa ou ao cidadão poluidor o custo total do aparelhamento da despoluição. [...] Na
realidade, trata-se de dois instrumentos necessários à conformação das políticas e prescrições normativas
junto às disposições constitucionais condizentes com as finalidades do Estado Social. Pois, para superar
os conflitos de interesses e objetivos, faz-se necessário recorrer ao princípio do ônus social, a fim de se alcançar
uma certa relativização do princípio do poluidor-pagador
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A Responsabilidade Decorrente do Dano Ambiental

A Constituição Federal, a fim de garantir a tutela do meio ambiente ecologicamente equilibrado, dispõe no § 3º do
mesmo artigo 225 sobre a responsabilização nas esferas penal, administrativa e civil daqueles que praticarem
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, nos seguintes termos:

§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

É a denominada tríplice responsabilização em matéria ambiental (THOMÉ, 2011, p. 489), uma vez que o
dispositivo constitucional passa a reconhecer três tipos de responsabilidade: i) administrativa; ii) civil; iii) criminal.
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2.1. A responsabilidade civil

A responsabilidade civil impõe ao agente a obrigação de reparar o dano ambiental causado por sua ação, a fim de
retornar ao status quo ante, ou, não sendo possível esta medida, de ressarcir o prejuízo provocado.

Tal responsabilidade está prevista no artigo 4º, inciso VII, da Lei 6.938/81, nos termos seguintes: “imposição ao
poluidor da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”.

Nas palavras de Romeu Thomé:

Ao poluidor será imposta, portanto, a obrigação de recuperar os danos causados, na maior medida possível,
restaurando o bem lesão ao status quo ante. Caso o dano seja irrecuperável, caberá ao poluidor indenizar os
danos causados por meio do pagamento de um montante em dinheiro, que deverá ser revertido à preservação do
meio ambiente. O intuito do legislador é possibilitar a integral reparação do meio ambiente degradado. (THOMÉ,
2011, p. 492)
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Cumpre destacar que a responsabilidade civil por danos ambientais é objetiva, ou seja, independe da verificação
da vontade do agente em causar dano ou da culpa – negligência, imprudência ou imperícia. E, ainda, dentro desta
responsabilidade, predomina o entendimento majoritário da teoria objetiva baseada no risco integral, que não
admite a existência de excludentes do nexo causal, como o caso fortuito, a força maior ou a culpa exclusiva da
vítima.

Nesse aspecto objetivo, a responsabilidade civil por dano ambiental é também solidária, na qual todos os
responsáveis responderão solidariamente pelo dano causado, com o fito de facilitar a reparação do meio ambiente.

Um dos principais instrumentos para se busque a recuperação de áreas ambientais degradadas e/ou o pagamento
de indenização com fins reparatórios é a Ação Civil Pública, disposta na Lei 7.347/85. Por outro lado, observa-se
que o cidadão não foi elencado no rol de legitimados da Ação Civil Pública (artigo 5º da Lei 7.347/85), podendo se
valer, então, da Ação Popular para tutelar o meio ambiente (Lei 4.717/65).

Por fim, ainda se verifica que, em razão de ser um direito fundamental e, portanto, indisponível, o direito à
reparação do dano ambiental é imprescritível.
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2.2. A responsabilidade administrativa

A responsabilidade em estudo resulta da infração de normas administrativas, impondo ao infrator determinada


sanção de natureza administrativa. Tal responsabilização decorre do exercício do poder de polícia, executado
pelos órgãos ambientais de fiscalização.
Esta atuação estatal encontra guarida no próprio texto constitucional, que, como visto, no caput do artigo 225 da
Constituição Federal consagra ao Poder Público, bem como à coletividade, o dever de defender e preservar o meio
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.
Destarte, cabe ao Poder Público, por meio dos órgãos ambientais competentes, investigar as infrações ambientais
administrativas e, em decorrência destas, aplicar as sanções devidas, independentemente de manifestação judicial
– ao contrário do que ocorre com as sanções civis e penais.
Romeu Thomé (2011, p. 502) conceitua infração administrativa ambiental como toda ação ou omissão que viole as
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. E, ainda destaca que a tutela
administrativa ambiental não visa somente à repressão dos efetivos prejuízos ao meio ambiente, mas também tem
o objetivo de coibir as condutas potencialmente danosas ao bem ambiental.
Com isso, nota-se que o Poder Público, por meio da fiscalização empreendida, bem como da sanção
administrativa imposta, atua também de forma preventiva, buscando evitar que danos maiores venham a ocorrer
ao meio ambiente.
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Para que seja configurada a infração administrativa ambiental é necessário que determinada conduta contrarie as
normas de proteção ao meio ambiente. Portanto, a responsabilidade administrativa apenas ocorrerá quando a
conduta do agente causador do dano for tipificada nas normas de proteção ambiental, em razão do princípio
administrativo da legalidade estrita. Além de infração administrativa, determinado comportamento poderá ser
também enquadrado como crime, desde que tipificado em lei penal.

Todavia, se determinada conduta for enquadrada somente como crime, sem previsão como infração administrativa,
poderá ser sancionada na esfera administrativa, uma vez que a infração criminal caracteriza violação de uma regra
de uso, gozo, promoção, proteção ou recuperação do meio ambiente.
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A Lei 9.605/98, no artigo 72, elenca as espécies de sanções administrativas ambientais: Art.72. As infrações
administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I – advertência;
II – multa simples;
III – multa diária;
IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou
veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V – destruição ou inutilização do produto;
VI – suspensão de venda e fabricação do produto;
VII – embargo de obra ou atividade;
VIII – demolição de obra;
IX – suspensão parcial ou total de atividades;
X – (vetado)
XI – restritiva de direitos.

Destaca-se que, se o infrator cometer duas ou mais infrações, não haverá prejuízo na cumulação das sanções
administrativas.
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2.3. A responsabilidade penal

A responsabilidade penal surge do cometimento de uma infração penal ambiental, ou seja, o comportamento do
agente é previsto na norma como crime ambiental.

No âmbito criminal, o artigo 225 da Constituição Federal, que prevê a responsabilidade criminal por danos ao meio
ambiente, foi regulado pela Lei de Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, que trouxe em seu bojo a descrição das
condutas praticadas em desfavor do meio ambiente, bem como as suas respectivas sanções.

A responsabilidade penal surgiu de uma reivindicação da comunidade internacional por uma maior repressão às
condutas lesivas ao meio ambiente, haja vista ser o bem ambiental essencial ao homem e à sociedade,
merecendo uma maior e mais efetiva proteção pelo Estado.

José Afonso da Silva (2008, p. 850), neste sentido, assevera que a qualidade do meio ambiente é um valor
fundamental, é um bem jurídico de alta relevância, na medida em que a Constituição o considera bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida, que o Poder Público e a coletividade devem defender e
preservar. Desta forma, para o ilustre autor, a ofensa a um tal bem se revela grave e deve ser definida como crime.
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Disto, observa-se que a inclusão do meio ambiente no rol dos bens jurídicos de elevada importância para a ordem
constitucional resultou na sua proteção pelo Direito Penal, uma vez que cabe a este a função de tutelar os valores
mais fundamentais da sociedade.

Anabela Miranda Rodrigues, apud Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas, nesta linha, leciona:

[...] o que justifica a intervenção penal é o facto de estar em causa a proteção de um bem jurídico – o ambiente –
digno de tal tutela, que, além do mais, deve ser necessária. Dignidade penal e necessidade de tutela penal são
categorias que intervêm a legitimar a intervenção penal, e não se vê razão para que não intervenham aqui.
(RODRIGUES, apud FREITAS, V. et FREITAS, G., 2000, p. 32)

Infere-se que, além dessa necessidade de proteção à altura do bem fundamental, a utilização do Direito Penal
possui, muitas vezes, maior eficácia em comparação aos outros ramos do Direito.

Ressalte-se que, no Direito Penal ambiental, o bem jurídico tutelado é o meio ambiente, que deve ser considerado
em toda sua dimensão.
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Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas, ao tratarem sobre o tema, afirmam, sucintamente, que:

Para encontrar qual o bem jurídico protegido em qualquer tipo penal, deve o intérprete ou o aplicador do Direito
colocar-se em posição que lhe permita analisar o delito numa perspectiva sociológica e constitucional, procurando
compreender as razões que levaram o legislador a tipificar determinadas condutas. Nos crimes ambientais,
tomando por base tal assertiva, podemos dizer que o bem jurídico protegido é o meio ambiente em toda sua
amplitude, na abrangência do conjunto. (FREITAS, V., et FREITA, G., 2000, p. 36)

José Afonso da Silva, por sua vez, assenta o que vem a ser o bem jurídico meio ambiente:

O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de toda a natureza original e artificial, bem
como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o
patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico. O meio ambiente é, assim, a interação do
conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em
todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos
recursos naturais e culturais. (SILVA J., 2008, p. 834)
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EIA-RIMA e o Licenciamento Ambiental

O Estudo de Impacto Ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente utilizados para
identificar, prevenir e compensar alterações ambientais prejudiciais produzidas por empreendimentos ou ações com
significativo impacto ambiental.

O uso deste instrumento no licenciamento ambiental visa minimizar, mitigar ou compensar os impactos causados, ou
até mesmo evitá-los quando o Estudo de Impacto Ambiental e as manifestações públicas demonstrarem que a
ocorrência de impactos são ambientalmente inaceitáveis e que os benefícios à sociedade serão maiores na hipótese
da não realização do empreendimento proposto pelo Estado ou pela iniciativa privada.

Realizado por equipe multidisciplinar, às expensas do empreendedor, e também avaliado por equipe multidisciplinar
do Órgão Ambiental, os estudos ambientais, na forma resumida de RIMA, submete-se submetem-se à apreciação
pública, sendo um dos mais transparentes instrumentos de licenciamento ambiental. O direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado interessa a todos e principalmente aos que são afetados direta ou indiretamente por uma
obra de significativo impacto ambiental, e seus impactos merecem ser discutidos com todos estes os membros da
sociedade.
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A definição jurídica de impacto ambiental vem expressa no Art. 1º da Resolução 001/86 do CONAMA, nos
seguintes termos: “considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos
naturais”.
A Lei Federal nº 6.938/81, que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente, informa, em seu Artigo 10, que
todas as atividades potencialmente poluidoras devem se sujeitar ao licenciamento ambiental:
Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente,
integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.
O Decreto Federal nº 99.274/90, que regulamenta a Lei Federal nº 6.938/81, estabelece:
Art. 17. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimento de atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem assim os empreendimentos
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão
estadual competente integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
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§ 1º Caberá ao CONAMA fixar os critérios básicos, segundo os quais serão exigidos estudos de impacto ambiental
para fins de licenciamento, contendo, entre outros, os seguintes itens:
a) diagnóstico ambiental da área;
b) descrição da ação proposta e suas alternativas; e
c) identificação, análise e previsão dos impactos significativos, positivos e negativos.
§ 2º O estudo de impacto ambiental será realizado por técnicos habilitados e constituirá o Relatório de Impacto
Ambiental – Rima, correndo as despesas à conta do proponente do projeto.
§ 3º Respeitada a matéria de sigilo industrial, assim expressamente caracterizada a pedido do interessado, o Rima,
devidamente fundamentado, será acessível ao público.
Este mesmo Decreto estabeleceu as diversas fases do licenciamento ambiental:
Art. 19. O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem
atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais
de uso do solo;
II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do
Projeto Executivo aprovado; e
III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o
funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de
Instalação
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O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), por seu caráter
preventivo, são os instrumentos utilizados para avaliação da emissão de Licença Prévia.
A Resolução CONAMA nº 001/86, com os acréscimos advindos das Resoluções CONAMA 011/86 e 005/87,
exemplificou os empreendimentos que necessitariam licenciamento ambiental pelo instrumento EIA-RIMA:
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental –
RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de
10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de
cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
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VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);


IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de
álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir
áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério
da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a
dez toneladas por dia.
XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso, quando se tratar
de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas
de proteção ambiental.
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Tanto o Decreto nº 99.274/90


(Art. 17, §
1º) como a Resolução nº 001/86 do CONAMA (Arts. 5º, 6° e 9º) dispõem sobre o conteúdo mínimo do EIA/RIMA:
1. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto consiste no levantamento e análise dos recursos
ambientais e suas interações na área de influência do projeto, considerando o meio físico, biológico e sócio-
econômico. O diagnóstico ambiental é trabalho preliminar do EIA, referente ao levantamento das características da
região, ainda sem a consideração das alterações que advirão com a futura implementação do empreendimento. A
área de influência do projeto é aquela que será afetada pelos impactos, podendo transcender ao espaço territorial
do município sede do empreendimento.
2. Descrição da ação proposta e suas alternativas e identificação, análise e previsão dos impactos significativos,
positivos e negativos.
3. Definição das medidas mitigadoras desses impactos, tais como, a implementação de equipamentos
antipoluentes. Entre tais medidas, embora não expressamente prevista pela Resolução do CONAMA, poderão
estar as compensatórias, em caso de impacto irreversível.
4. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos. Note-se
que o monitoramento dos impactos produzidos pela atividade estudada ocorrerá após o deferimento da Licença de
Operação.
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Contudo, já deverá estar programado desde a elaboração do EIA.


O coração do EIA são as alternativas tecnológicas e locacionais, confrontadas com a hipótese de não execução do
projeto.

Esses requisitos mínimos, sendo garantias legais, vinculam o licenciamento. A dispensa pelo órgão licenciador, de
qualquer deles, fulmina de invalidade o procedimento.

A Constituição Federal Brasileira de 1988, no Artigo 225, consolidou o uso deste desse instrumento:
Art. 225.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sa-
dia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade
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A Audiência Pública é o instrumento utilizado para a democratização do licenciamento efetuado através de EIA
-RIMA. O procedimento consiste em uma primeira fase de comentários, quando o RIMA fica a disposição do
público junto ao Órgão Ambiental e onde mais se fizer necessário para o alcance dos interessados (Art. 11 da
Resolução CONAMA nº 001/86).

A segunda fase, realizada durante a Audiência Pública (Resoluções CONAMA nºs 001/86 e 009/87), corresponde
à fase das manifestações verbais. As manifestações colhidas emambas as fases são registradas nos autos do
processo administrativo de licenciamento.
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Da Exigência de EIA/RIMA
Será exigido EIA-RIMA para todos os empreendimentos listados no Artigo 2.º da Resolução CONAMA nº 001/86,
com os acréscimos advindos das Resoluções CONAMA nºs 11/86 e 005/87, com a exceção prevista no item 2.2.
A exigência de EIA-RIMA para os empreendimentos não listados no Artigo 2.º da Resolução CONAMA nº 001/86,
com os acréscimos advindos das Resoluções CONAMA nºs 11/86 e 005/87, será definida pelo Diretor Técnico do
Órgão Ambiental, baseada em parecer conclusivo do setor responsável pelo licenciamento do empreendimento,
quando este julgar necessário o licenciamento através deste instrumento.

Da Dispensa
A dispensa de EIA-RIMA, para empreendimento listado no Artigo 2º da Resolução CONAMA nº 001/86, com os
acréscimos advindos das Resoluções CONAMA nºs 11/86 e 005/87, será homologada pelo Diretor Técnico do
Órgão Ambiental, baseada em parecer conclusivo do setor responsável pelo licenciamento do empreendimento,
quando este julgar desnecessário o licenciamento através deste instrumento.
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Critérios Para Dispensa Ou Exigência

Os pareceres técnicos referidos deverão considerar, entre outros, os seguintes aspectos:


• Fragilidade e relevância ambiental da região de implantação do empreendimento;
• Porte e potencial de degradação ambiental da implantação e operação do empreendimento;
• Repercussão social e econômica do empreendimento;
• Legislação específica, entre outras as de Resíduos Sólidos Urbanos - RSU e Resíduos Sólidos Industriais - RSI
emitidas pela FEPAM.
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Estudo de Impacto Ambiental


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Crimes Ambientais

A Lei n.º 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), determina as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Antes de seu advento, haviam diversas leis aleatórias que dificultavam a sua aplicação e por conseguinte a
proteção do ambiente.

Pelo fato de haver várias leis, inúmeras contradições existiam; haviam lacunas que eram muito utilizadas para se
promover injustiças por parte de indivíduos mal intencionados.

Com o surgimento da Lei de Crimes Ambientais, a legislação passou a ser mais centralizada em um único
instrumento. E mesmo que haja dificuldade de sua aplicação, são infinitamente menores do antes de sua entrada
em vigor.

As penas passaram a ser melhor uniformizadas; caráter punitivo de gradação passou a ser mais adequado; as
infrações são claramente definidas, enfim, diversas modificações vieram à tona.
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Tipos de crimes ambientais

Segundo a legislação ambiental, os crimes são definidos da seguinte forma:

1) crimes contra a fauna;


2) crimes contra a flora;
3) poluição e outros crimes ambientais;
4) crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural;
5) crimes contra a administração ambiental.
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CRIMES CONTRA A FAUNA


A fauna é o conjunto de animais de determinado país ou região. Por isso crimes contra a fauna são aqueles
realizados de forma ilegal, em detrimento destes animais.

Alguns atos merecem destaque, estes estão previstos do artigo 29 até o artigo 37, que são:

- Pesca;
- Transporte e comercialização;
- Caça;
- Maus-tratos;
- Experiências que trazem dor e sofrimento ao animal;
- Agressões, modificações, destruições e danificações aos habitats naturais, ninhos, criadouros naturais ou ninhos,
bem como introduzir espécie estrangeira sem prévia autorização também é considerado crime ambiental.
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CRIMES CONTRA A FLORA


Crimes contra a flora, por sua vez, são aqueles que causam destruição ou dano à vegetação. As condutas estão
previstas nos artigos 38 ao 53 da referida lei.

Merecem destaques, as condutas:

- Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la
com infringência das normas de proteção;
- Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:
- Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de
vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
- Causar danos diretos ou indiretos, maltratar, mesmo que ainda estejam em formação ou regeneração, as
florestas de preservação permanente;
- Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros
públicos ou em propriedade privada alheia:
- Basta uma análise sumária dos artigos, que é possível perceber a unificação das condutas e penas àqueles que
cometem as práticas delituosas em detrimento da vegetação.
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POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS

A lei 9605/98, ainda prevê os crimes da poluição e outros crimes ambientais.

Se referem a todas as atividades humanas capaz de produzir poluentes, isso inclui: lixos, resíduos e outros.

Preleciona o artigo 54 da lei:

“Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora…”

Ao analisar o texto, é possível observar que crime ambiental de natureza poluidora é passível de sanção quando
esta ultrapassar o limite já previsto por lei.
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Se considera o delito, as condutas:

- Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora;
- De deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível;
- De executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão,
concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
- De deixar de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença,
concessão ou determinação do órgão competente;
- Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em
depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em
desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos;
- O abandono de produtos ou substâncias tóxicas, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente ou os
utilizar em desacordo com as normas ambientais ou de segurança;
- A manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, reutilização, reciclagem ou destinação
final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
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CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL


A legislação ainda descreve condutas consideradas crimes contra o ordenamento urbano (arts. 64 e 65) e o
patrimônio cultural (arts. 62 e 63), tipificando condutas delituosas praticadas contra bem público.

São elas:

- Destruir, inutilizar ou deteriorar um bem, arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou
similar especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
- Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a
concedida;
- Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida;
- Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano.
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL.


Por fim, a legislação ainda reservou cinco artigos para os crimes contra a administração ambiental, tipificando
condutas praticadas por funcionário público e por particular.

São elas:

- Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados
técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental;
- Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para
as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público;
- Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse
ambiental;
- Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais;
- Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo,
estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão.
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DA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o
meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.


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Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.
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Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da


degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.


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Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
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Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o
disposto no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:


I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou
regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
exceder o prazo de dez anos.
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Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
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DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso,
gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os
funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados
para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas
no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla
defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.
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Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou
veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
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