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07/09/2017 “Supressio” e “Surrectio”: saiba a diferença.

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“Supressio” e “Surrectio”: saiba a diferença.

Tendo como fonte a chamada teoria dos atos próprios, tanto doutrina como jurisprudência apresentam alguns institutos que servem à concreção do
princípio da boa-fé objetiva: a) “venire contra factum proprium”; b) "tu quoque"; c) “supressio”; d) “surrectio”. Neste breve texto, teceremos algumas
considerações sobre a “supressio” e a “surrectio”.

O conceito desses institutos está intimamente ligado à passagem do tempo e a postura das partes envolvidas no negócio jurídico. Em
síntese, determinada conduta continuada ou inércia qualificada de uma das partes pode criar uma legítima expectativa na outra parte de que
a execução seja mantida na forma como vem sendo realizada ou de que determinada faculdade não seja exercida.

Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald e Felipe Peixoto Braga Neto definem a “supressio” como o fenômeno da perda, supressão, de
determinada faculdade jurídica pelo decurso do tempo (“Curso de Direito Civil – Volume 3” – Salvador/BA: Editora JusPODIVM, 2014). Um exemplo
citado por referidos doutrinadores é o art. 330 do Código Civil, que diz: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato”. Nesse contexto, a inércia do credor, por não constituir em mora o devedor (art. 394 do CC), gera a
expectativa neste de que pode efetuar os pagamentos sucessivos no lugar em que vem sendo realizado, perdendo o credor o direito de exigir o
pagamento no local pactuado. Suprime-se, portanto, a cláusula contratual que estabelecera determinado local de pagamento.

Já a “surrectio”, ao invés, consiste na ampliação do conteúdo do negócio jurídico, tendo em conta o comportamento de uma das partes que gera, na
outra, o sentimento da existência de um direito não expressamente avençado. N uma visão de relação social entre as partes, observando-se
notadamente a forma como o negócio jurídico vem sendo conduzido, o conceito da “surrectio” permite concluir pelo surgimento de um direito
anteriormente não firmado/estabelecido entre os envolvidos.

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Para bem ilustrar esses conceitos, optamos por apresentar casos práticos resolvidos pela jurisprudência, até porque, nesses julgados
também encontramos lições doutrinárias abalizadas.

Relativamente à “supressio”, de início, trazemos dois acórdãos do Superior Tribunal de Justiça, assim ementados:

“RECURSO ESPECIAL. CONTRATO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE COMBUSTÍVEIS E DERIVADOS. APELAÇÃO. REGRA DO ART. 514
DO CPC. ATENDIMENTO. AQUISIÇÃO DE QUANTIDADE MÍNIMA DE PRODUTOS. INOBSERVÂNCIA NO CURSO DA RELAÇÃO CONTRATUAL.
TOLERÂNCIA DO CREDOR. CLÁUSULA PENAL. INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. INSTITUTO DA SUPPRESSIO.
INCIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Trata-se de ação de cobrança de multa prevista em contrato de promessa de compra e venda de combustíveis e produtos derivados sob a alegação
de que o posto de gasolina não adquiriu a quantidade mínima prevista.
2. A mera reiteração, nas razões do recurso de apelação, de argumentos apresentados na inicial ou na contestação não determina por si só ofensa ao
art. 514 do Código de Processo Civil. Precedentes.
3. Segundo o instituto da suppressio, o não exercício de direito por seu titular, no curso da relação contratual, gera para a outra parte, em virtude do
princípio da boa-fé objetiva, a legítima expectativa de que não mais se mostrava sujeito ao cumprimento da obrigação, presente a possível
deslealdade no seu exercício posterior.
4. Hipótese em que a recorrente permitiu, por quase toda a vigência do contrato, que a aquisição de produtos pelo posto de gasolina ocorresse em
patamar inferior ao pactuado, apresentando-se desleal a exigência, ao fim da relação contratual, do valor correspondente ao que não foi adquirido,
com incidência de multa. Assim, por força do instituto da suppressio, não há ofensa ao art. 921 do Código Civil de 1916.
5. A revisão do montante fixado a título de honorários advocatícios, exceto se irrisórios ou exorbitantes, demanda o reexame de provas, atraindo o
óbice da Súmula nº 7/STJ.
6. Recurso especial não provido.
(REsp 1374830/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015)”

“DIREITO CIVIL. CONTRATO DE CESSÃO ONEROSA DE JAZIGOS. 1) CEMITÉRIO PARTICULAR. COMERCIALIDADE DO JAZIGO, SEM ÓBICE
NO "JUS SEPULCHRI"; 2) CESSÃO DE CRÉDITO. CESSÃO DE CONTRATOS ASSINADOS EM BRANCO, EMITIDOS EM PROL DE PRIMITIVOS
PROPRIETÁRIOS DO TERRENO, DOCUMENTOS NA POSSE DE EX-SÓCIO DE EMPRESA COMERCIALIZADORA DOS JAZIGOS.
NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO AOS CEDENTES OBRIGADOS, PARA VALIDADE DE TRANSMISSÕES; 3) TÍTULOS AO PORTADOR. NÃO
CONFIGURAÇÃO; 4) EXAURIMENTO DOS CONTRATOS, RELATIVAMENTE AO CEMITÉRIO PARTICULAR, DEVIDO AO LONGO TEMPO DE NÃO
EXERCÍCIO DE PRETENDIDOS DIREITOS; 4) ESGOTAMENTO DO DIREITO ('VERWIRKUNG", "SUPRESSIO"); 5) ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA
QUE NÃO INTERFERE NO JULGAMENTO POR OUTROS FUNDAMENTOS (Súmulas STF 283 e 284); 6) RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
1.- É comercializável, por cessão de uso, o jazigo situado em cemitério particular, não encontrando, a comercialização, empecilho no "jus sepulchri";
2.- A validade da cessão de crédito relativamente ao obrigado pressupõe prévia notificação ou conhecimento por parte do devedor, revelando-se, no
caso concreto, o autor, mero detentor da posse de contratos, recebidos de cessionários de primitivos cessionários, sem jamais ter havido notificação
ou conhecimento do obrigado, que, podendo, embora, aquiescer, nega a validade da obrigação;
3.- Contratos de cessão de uso de jazigos em cemitério particular, conquanto assinados em branco, com outorga de direito de preenchimento, não
configuram títulos de crédito, especialmente afastada a natureza de títulos ao portador;
4.- O não uso, por longo tempo, de direito controvertido, não condicionado a prévio ato condicionante, da parte do devedor, configura o abandono do
direito ("Verwirkung", "supressio"), que não se confunde com prescrição, quando, na atividade das partes, a exaustão de eventual direito se evidencia
no comportamento delas próprias, tomando o bem rumo diverso, com a tolerada negociação com terceiros.
5.- Alegação de infringência de regras atinentes ao ônus da prova (CPC, art. 333, II) não afasta demais fundamentos do Acórdão recorrido (Súmulas
283 e 284 do STF).
6.- Recurso Especial improvido.
(REsp 1190899/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe 07/02/2012)”

No julgamento do REsp n.º 1.323.404/GO, a Ministra Nancy Andrighi (Relatora) consignou em seu voto (Terceira Turma; data do julgamento:
27/08/2013):

“...A boa-fé objetiva, princípio geral de direito recepcionado pelos arts. 113 e 422 do CC⁄02 como instrumento de interpretação do negócio jurídico e
norma de conduta a ser observada pelas partes contratantes, exige de todos um comportamento condizente com um padrão ético de confiança e
lealdade.

A boa-fé objetiva induz deveres acessórios de conduta, impondo às partes comportamentos obrigatórios implicitamente contidos em todos os
contratos, a serem observados para que se concretizem as justas expectativas oriundas da própria celebração e execução da avença, mantendo-se o
equilíbrio da relação.

Essas regras de conduta não se orientam exclusivamente ao cumprimento da obrigação, permeando toda a relação contratual, de modo a viabilizar a
satisfação dos interesses globais envolvidos no negócio, sempre tendo em vista a plena realização da sua finalidade social.

Dessarte, o princípio da boa-fé objetiva exercer três funções: (i) instrumento hermenêutico; (ii) fonte de direitos e deveres jurídicos; e (iii) limite ao
exercício de direitos subjetivos. A esta última função aplica-se a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria dos atos próprios, como
meio de rever a amplitude e o alcance dos deveres contratuais, daí derivando os seguintes institutos: tu quoque , venire contra facutm proprium ,
surrectio e supressio .

Para o deslinde da presente controvérsia interessa apenas a supressio, que indica a possibilidade de se considerar suprimida determinada obrigação
contratual na hipótese em que o não exercício do direito correspondente, pelo credor, gerar ao devedor a legítima expectativa de que esse não
exercício se prorrogará no tempo.

Em outras palavras, haverá redução do conteúdo obrigacional pela inércia qualificada de uma das partes, ao longo da execução do contrato, em
exercer direito ou faculdade, criando para a outra a sensação válida e plausível – a ser apurada casuisticamente – de ter havido a renúncia àquela
prerrogativa.

Na hipótese específica dos autos, a recorrente desde a primeira alteração contratual, que implicou a supressão da exclusividade de atuação e redução
da zona de vendas, abriu mão do recebimento das diferenças de comissão, despertando na recorrida, ao longo de toda a relação negocial, a justa
expectativa de que não haveria exigência posterior.

Diante desse panorama, o princípio da boa-fé objetiva torna inviável a pretensão da recorrente, de exigir retroativamente valores a título de diferenças,
que sempre foram dispensadas, frustrando uma expectativa legítima, construída e mantida ao longo de toda a relação contratual pela recorrida...”

Igualmente de forma judiciosa, o Ministro SIDNEI BENETI, Relator do REsp 1190899/SP, cuja ementa transcrevemos acima, tratou do tema,
inclusive citando lições doutrinárias. Seguem alguns trechos do voto em questão:

“(...) Os documentos, por sua vez, no tocante à pretendida relação jurídica entre o autor e a ré, vinham absolutamente fulminados pela “suppressio”,
exposta, por MENDES CORDEIRO, "Da boa Fé no Direito Civil", Lisboa, Almedina 3ª Reimpressão, 2007, p.797), como perda de um direito pelo seu
não exercício no tempo, permitindo-se anotar a síntese de RONNIE PREUSS DUARTE, como "fenômeno da supressão de determinadas faculdades
jurídicas pelo decurso do tempo" ("A Cláusula Geral da Boa-Fé no Novo Código Civil Brasileiro", São Paulo, Método, 2004, p. 427) e vinda a este
Tribunal, quiçá pela primeira vez, em voto-vista do E. Min. RUY ROSADO E AGUIAR (REsp 207.509⁄SP). A supressio, aliás, como indicou o Acórdão,
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Tribunal, quiçá pela primeira vez, em voto-vista do E. Min. RUY ROSADO E AGUIAR (REsp 207.509⁄SP). A supressio, aliás, como indicou o Acórdão,
remonta a consequência da cláusula "Treu und Glauben" (“lealdade”, “crença”, entre nós, boa-fé) do art. 242 do BGB (Cód. Civil Alemão, de
18.8.1896), sob a forma da Verwirkung (realização, esgotamento): Ein Recht ist verwirkt, wenn der Berecht es längere Zeit hindch nicht geltd gemacht
hat u. der Verpflichtete sich nach dem gesmten Verhalten des Berecht darauf einrichten durfte u auch eingerichtet hat, dass dieser das Recht auch in
Zukunft nicht geltd machen werde” – “Um direito é esgotado quando o titular não o realiza por longo tempo e o obrigado não devia tomar providências
quanto ao uso e também providenciou para que esse direito não mais fosse válido para o futuro”. (“HELMUT HEINRICHS, em “Palandt, Bürgerliches
Gesetzbuch”, München, C. H. Beck'sche Verlagsbuchhandlung, 54ª ed., 1995, p. 233).

Não se trata de prescrição, mas de esgotamento, esvaziamento, demonstrado pelo longo tempo em que o autor desertou de praticizar alegados
direitos que sustenta firmados em títulos de crédito ao portador – em conduta que não se vê como “id quod plerumque accidit” na matéria.

A informação, incontroversa, de que os jazigos, ou ao menos grande parte deles, foram objeto de cessões realizadas pela ré a terceiros, fato
corroborado pela própria opção do autor em não mais negociar, por longo tempo, com terceiros, os contratos, indica insofismavelmente o esgotamento
de eventual direito a eles, de que se pudesse em tese cogitar.

Nesse sentido, aliás, a repulsa, pela ré, na notificação enviada ao autor, advertindo a este de que não comercializasse pretensos direitos relativos aos
documentos de exausta efetividade obrigacional (...)”

Relativamente ao instituto da “surrectio”, apresentamos, de início, um julgado interessante do Tribunal de Justiça de São Paulo como
exemplo. Confira-se a ementa:

“LOCAÇÃO. Shopping center. Alteração do regulamento interno. Proibição de atendimento direto nas mesas da praça de alimentação, por meio de
garçons. Locatária antiga que seguia esse modelo de atendimento há quase duas décadas. Prática consolidada por lapso considerável de tempo não
pode ser afetada por modificação unilateral posterior. Boa-fé objetiva (art. 422 do CC). "Surrectio". Recurso não provido.
(TJSP – Apelação 0001237-31.2010.8.26.0451; Relator(a): Gilson Delgado Miranda; Comarca: Piracicaba; Órgão julgador: 28ª Câmara de Direito
Privado; Data do julgamento: 23/02/2016; Data de registro: 23/02/2016)”

Para bem contextualizar a decisão acima, mostra-se interessante transcrever alguns trechos do aprofundado voto do Desembargador Gilson
Delgado Miranda:

“(...) No contexto dessa moderna concepção sobre o contrato é que se fala no princípio da boa-fé objetiva, pilar da teoria geral das obrigações
estabelecido, hoje, no artigo 422 do Código Civil: “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,
os princípios de probidade e boa-fé”.

Na espécie, como desde o início da relação contratual estabelecida entre as partes na década de 90 a autora desempenha sua atividade com o
mesmo modelo de prestação de serviço, vale dizer, com atendimento direto às mesas da praça de alimentação por meio de garçons, conforme restou
incontroverso nos autos, veda-se agora que, em 2009 (ver notificações de fls. 70/72 dos autos em apenso), quase duas décadas depois, essa prática
já consolidada verdadeiro diferencial do serviço da autora, conforme prova oral colhida nos autos a fls. 294/295 seja unilateralmente obstada pelo réu.

Fala-se, aqui, da “surrectio”: corolário da boa-fé objetiva que visa a impedir comportamentos contraditórios, fazendo “surgir um direito não existente
antes, juridicamente, mas que, na efectividade social, era tido como presente” (Jürgen Schmidt, 'apud' António Manuel da Rocha e Menezes Cordeiro,
“Da boa fé no direito civil”, Porto/Portugal, Almedina, 2001, p. 814/816).

Trata-se, em suma, de forma específica de evitar o “venire contra factum proprium”, tendo como tônica o decurso do tempo: “surge um direito a favor
do devedor, por meio da 'surrectio' ('Erwirkung'), direito este que não existia juridicamente até então, mas que decorre da efetividade social, de acordo
com os costumes. Em outras palavras, enquanto a 'supressio' constitui a perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não exercício no
tempo; a 'surrectio' é o surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes” (Flávio Tartuce, “Manual de direito civil”, 2ª edição, São Paulo,
Método, 2012, p. 543).

Em segundo lugar, o réu reconvinte não demonstrou que o fato de a autora realizar atendimento direto nas mesas da praça de alimentação por meio
de garçons efetivamente
perturba a tranquilidade dos usuários ou restringe a livre circulação.

Aliás, as constantes renovações da locação (ver fls. 84 e ss. dos autos em apenso) demonstram justamente o contrário.

Em terceiro lugar, eventual abuso praticado pela autora e seus funcionários no atendimento dos clientes do shopping estará sujeito a controle,
disciplina e administração do réu mas o atendimento por garçons não pode ser simplesmente obstado para ela.

Ressalto, por fim, que não se discute aqui se o atendimento por garçons é ou não incompatível com o conceito de “fast food”, ou o que poderia
acontecer se todas as lojas da praça de alimentação optassem por fazer uso de garçons. O que importa para a solução da lide é peculiaridade do caso
concreto, em que a autora realizava atendimento com garçons na praça de alimentação há quase duas décadas, de modo que a posterior alteração do
regulamento do shopping não pode lhe prejudicar nesse particular (...)"

Como outro exemplo de aplicação da “surrectio”, apresentamos uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Segue a ementa:

“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA. FORNECIMENTO DE ÓLEO DIESEL. ÔNUS DA PROVA.
EXERCÍCIO CONTINUADO DE SITUAÇÕES JURÍDICAS. SURRECTIO. DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. A possibilidade jurídica do
pedido, conforme pacífico entendimento doutrinário e jurisprudencial, diz com a abstrata admissibilidade, pelo ordenamento jurídico, do pedido
formulado pela parte autora. Assim sendo, no caso concreto, não há falar em pedido juridicamente impossível, eis que se trata de ação de cobrança
fundada em prova documental, razão pela qual, no ponto, deve ser desprovido o apelo interposto pela empresa demandada. DA SURRECTIO. Caso
concreto em que a reiterada prática dos atos mencionados no feito (compra e venda de combustível), nas mesmas condições de pagamento e de
entrega, presumivelmente gerou na empresa requerente a legítima expectativa de que o produto em questão, uma vez depositado nos tanques da ré,
ensejaria o pagamento da respectiva contraprestação. Trata-se, assim, aplicação da surrectio, conceito correlato à boa-fé objetiva, oriundo do direito
comparado. Por outro lado, considerando-se que a demandada não logrou êxito em comprovar a existência de fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito autoral, ônus que lhe incumbia por força do art. 333, II, do CPC, deve mantida a sentença de improcedência ora recorrida. Ônus
sucumbenciais mantidos. Apelo desprovido. Unânime. (Apelação Cível Nº 70068638576, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Dilso Domingos Pereira, Julgado em 30/03/2016)”

Por fim, é importante ressaltar a configuração da “surrectio” e da “supressio” deve ser analisada em cada caso concreto (casuisticamente),
examinando-se, notadamente, o desenvolvimento da relação entre as partes e a existência de uma efetiva confiança, tudo sob a ótica da
boa-fé objetiva.

Bons estudos!

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