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clínica, por meio da obtenção de dados para a determinação culo esternocleidomastóideo (Figura 12 .1).
do diagnóstico, permitindo a identificação de síndromes Na palpação muscular, procuram-se espasmos, retrações
clínicas distintas. Dessa forma, deve-se excluir infecção, tu- ou rupturas no esternocleidomastóideo e no trapézio. O
mor e fatores psicogênicos. A localização da dor, a fre- músculo trapézio pode apresentar situações dolorosas, com
quência, os fato res de piora ou melhora e a interferência pontos dolorosos na área de inserção vertebral. Em geral,
da dor nas atividades diárias precisam ser incluídas. A histó- é um processo crônico, por vezes associado a fraqueza por
ria associada ao exame f ísico e ao conhecimento das doen- alongamento do músculo como resultado de uma posição
ças da coluna vertebral é a chave para o bom entendimento anteriorizada dos ombros. O ombro pode ser ainda t racio-
do paciente. Os exames complementares, como radiogra- nado para a frente por músculos da cintura escapular, encur-
f ia, tomografia e ressonância magnética, mostram apenas tados ou hipertrofiados.
a topografia e a anatomia das doenças, não tendo va lor Dor cervical e dores de cabeça podem estar associadas
isolado. A propedêutica faz a correlação e o diagnóstico. à retração dos músculos posteriores do pescoço, que com
O paciente precisa ser visto como um todo, e o médico frequência estão alterados adaptativamente em pacientes
deve observar sempre as características da face e propor- com anteriorização da cabeça e dorso curvo. Nesses casos,
cionalidade entre o tronco e os membros, à procura de pode-se notar tensão na parte posterior do pescoço e relaxa-
t raços de alteração genética, como síndrome de Marfan mento da musculatura anterior.
ou alterações endócrinas, como gigantismo. Outras altera- A mobilidade da coluna cervical deve ser testada, exce-
ções endócrinas devem ser observadas, e as características tuando-se os casos de t rauma raquimedular agudo. Pesqui-
sexuais secundárias são importantes, como distribuição de sa da extensão, flexão, rotação e inclinação deve ser obser-
pelos, características da voz e perfil muscular. vada ativa e passivamente, sendo que, na flexão, o queixo
O exame f ísico será dividido, didaticamente, em coluna deve alcançar o tórax. Na extensão, o paciente deve olhar
cervical e toracolombar para melhor abordagem clínica. o teto e, na rotação, o queixo deve quase que se alinhar
A dor na região cervical, muitas vezes, irradia-se para com o ombro. Na inclinação lateral, a orelha deve se aproxi-
os membros superiores. Por essa causa, o exame do ombro mar do ombro, inclinando o pescoço em 45º (Figura 12.2).
é particularmente importante para excluir patologias dessa Cerca de 50°/o da flexão e da extensão da coluna cervical é
articulação. O exame físico da coluna cervical começa pela realizada entre o occipício e C1 e 50°/o da rotação ocorre
inspeção, observando-se posições antálgicas, hematomas entre C1 e C2; o restante é distribuído entre as demais
e cicatrizes. Pela palpação, é possível correlacionar as estru- vértebras.
t uras cervicais a seus respectivos níveis, como o osso hioide O exame neurológico da região cervical é dividido por
com C3-C4, a cartilagem t ireóidea com C4-C5 e o cricoide níveis de C5 a T1 (Quadro 12.1). No nível de C4-C5, raiz
com C5-C6. Tal conhecimento anatômico é útil em um even- C5, tem-se como área sensitiva a face lateral do braço. No
tual procedimento cirúrgico, quando esses níveis podem aspecto motor, a raiz de C5 inerva os músculos deltoide e
180 CAPÍTULO 12 _. PROPEDÊUTICA DA COLUNA VERTEBRAL
Cartilagem tireoide
C4-5
CS-6
Incisão vertical
para múltiplos níveis
C7-T1
Músculo esternocleidomastóideo
<Ili FIGURA 12.2 (A) Inclinação lateral para a direita. (B) Exten-
são. (C) Flexão. (D) Rotação pa ra a direita. (E) Rotação para a
esquerda.
PROPEDÊUTICA ORTOPtDICA E TRAUMATOLÓGICA 181
à FIGURA 12.4 Reflexo braquiorrad ial (C6).  FIGURA 12.5 Reflexo tricipital (C7 ).
(
•
.._ FI GURA 12.7 Reflexo Aquileu. .._ FIGURA 12.8 Reflexo de Babinski.
.._ FIGURA 12.9 Manob ra de Adson. Palpa-se o pulso radial, seguido de abdução do membro superior e rotação cervical
ipsilatera l.
PROPEDÊUTICA ORTOPtDICA E TRAUMATOLÓGICA 183
examinador.
Os adutores do quadril inervados pelo nervo obturatório
(L2, L3 e L4) são testados com o paciente em decúbito
dorsal ou sentado. O examinador, com as mãos na face
medial da coxa, solicita para o paciente aduzir a perna con-
•
tra a resistência.
O nível de L4 tem sua representação motora com o
músculo t ibial anterior, que é inervado pelo nervo fibu lar _... FIGURA 12.12 Reflexo superficial abd om inal.
profundo. O teste para L4 é realizado com resistência à
flexão dorsal do pé. O nível LS é testado pela extensão
ativa do hálux. Nesse nível, ainda há os extensores dos dedos
e o glúteo médio inervados, respectivamente, pelo nervo minais, observando o desvio da cicatriz umbilical (Figura
fibular profundo e pelo nervo glúteo superior. O nervo fi- 12 .12). Os músculos abdominais são inervados de T1 O a
bular superficial tem suas origens em 51, e sua função mo- L1. O reflexo cremastérico pode ser obt ido mediante esti-
tora pode ser observada nos músculos fibulares longo e mulação da face medial superior da coxa e observação pelo
curto. levantamento da bolsa escrotal. A abolição do reflexo bila-
Em relação aos reflexos para o plexo lombossacral, o teralmente indica lesão do primeiro neurônio motor (T12)
reflexo patelar refere-se à raiz L4 (Figura 12 .6). A pesquisa e unilateralmente indica lesão do segundo neurônio motor,
é rea lizada com o paciente sentado sobre a maca, joelhos entre L1 e L2 .
fletidos e pernas relaxadas, estimulando o examinador o Nos casos de trauma, a pesquisa do reflexo bulbocaver-
reflexo sob o tendão patelar. Esse reflexo pode ainda ser noso é obrigatória. Esse reflexo é realizado com a
testado com o paciente em decúbito dorsal, apoiando o estimulação por compressão da glande ou do clitóris e ob-
calcâneo de um membro sobre a face anterior da t íbia do servação da contração do esfíncter anal. Tal reflexo é referen-
membro contralateral. O reflexo aquileu (Figura 12.7), refe- te às raízes 52 e 53 e tem sua importância na determinação
rente à raiz 51, é mediado pelo músculo gastrocnêmio. do fim do choque medular. Outro reflexo pesquisado nos
Para testá-lo, o examinador mantém o pé do paciente dor- casos de trauma é o reflexo da piscadela anal, que se carac-
sofletido, com o tendão do calcâneo tensionado e real izado teriza pela contração do esfíncter anal estimulada por uma
sua percussão. O paciente demonstrará flexão plantar súbita picada próxima à região anal.
e involuntária. A raiz LS não possui reflexo específico, porém Reflexos patológicos a serem testados nos membros
o músculo tibial posterior apresenta um discreto reflexo, inferiores são: o Babinski (ver Figura 12.8) e o reflexo de
que pode ser creditado à raiz LS (Quadro 12.2). Oppenheim (Figura 12.13). Ambos têm o mesmo sinal;
Outro reflexo nessa região é o superficial abdominal, quando posit ivos, os dedos dos pés realizam extensão e
realizado com o paciente em decúbito dorsal. Utilizando não flexão . Porém, o reflexo de Babinski é testado na plan-
um objeto pontiagudo, estimulam-se os quadrantes abdo- ta do pé, e o reflexo de Oppenheim, na crista da tíbia.
.... FIGURA 12.13 Reflexo de Oppenheim. Percorre-se a crista .... FIGURA 12.14 Teste de Lasegue ou da elevação dos mem-
tibial de cranial para caudal. bros inferiores.
O exame físico prossegue, após o exame neurológico, ao afirmar que não pode elevar a perna. Nesse teste, solicita-
com os testes específicos, ent re os quais o teste de Lasegue, -se que o paciente eleve a perna estendida, enquanto o
ou de elevação da perna, que foi descrito em 1881 por examinador mantém uma das mãos sob o calcâneo do pé
Forst, porém creditado ao seu professor. A manobra de oposto. Quando o paciente está realmente tentando elevar
Lasegue deve ser realizada com o paciente em decúbito a perna, exerce pressão contra a maca pelo calcâneo oposto
dorsal. O examinador eleva o membro testado pelo calcâ- (Figura 12. 17).
neo, mantendo o joelho estendido (Figura 12.14). O pacien- O teste de Milgram foi elaborado para determinar com-
te deve referir dor durante a elevação até 30º; acima dessa pressão durai. Nesse teste, o paciente, em decúbito dorsal,
angulação, o exame pode ser confundido com o encurta- deve erguer os membros inferiores cerca de 5 cm da maca,
mento dos isquiotibiais. A manobra de Lasegue pode ser forçando a utilizar o iliopsoas e a musculatura anterior do
exacerbada com a dorsif lexão do pé. Outra forma descrita abdome, aumentando a pressão intradural.
desse teste é a sua rea lização com o joelho e o quadril Manobras para pesquisa de dor na reg ião sacroilíaca
f letidos em 90º. Ao se real izar a extensão do joelho, o pa- são descritas como o sinal de Ganslen, em que o paciente
ciente manifesta dor (Figura 12.15). deve estar em decúbito dorsal, com os joelhos f letidos sob
O teste de Kernig procura reproduzir, por meio da tensão o tórax e uma das nádegas fora da mesa. O membro sem
da medula espinal, a dor referida. É realizado com o paci- sustentação é solto e o paciente se queixa de dor na região
ente em decúbito dorsal e o examinador forçando a flexão sacroilíaca. A manobra de Patrick ou FABERE (Fi gura 12 .18)
da cabeça ao encontro do tronco (Figura 12.16). O teste pesquisa lesões na articulação sacroilíaca e no quadril. Nesse
de Hoover visa a determinar se o paciente está simulando teste, o examinador leva o pé do membro acometido ao
.. ...••
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à FIGURA 12.16 Teste de Kernig. Teste positivo após f letir a cervical, provocando irritação de raízes dos m em bros inferiores.