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Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
1! CONCURSO DE PESSOAS
1.1! Conceito, natureza e características
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração
de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou
contravenção penal.
O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a
ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, São Paulo, 2015,
p. 548
1.2! Requisitos
Mas quais são os requisitos para que se possa falar em
concurso de pessoas? Cinco são os requisitos para que seja caracterizado
o concurso de pessoas:
•! Pluralidade de agentes – Para que possamos falar em
concurso de pessoas, é necessário que tenhamos mais de uma
pessoa a colaborar para o ato criminoso. É necessário que
sejam agentes culpáveis? A doutrina se divide, mas
prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem
ter discernimento, de maneira que a ausência de culpabilidade
por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso de
agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim, se
uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos
(penalmente imputável) determina a um doente mental (sem
qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há
concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do
crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem
vontade como mero instrumento2 para praticar o crime.
Não há concurso, pois um dos agentes não era culpável. Essa
2
WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560
5
O exemplo é de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106)
6
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108
7
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT.
São Paulo, 2008, p. 580/581
1.3! Modalidades
1.3.1!Coautoria
Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos,
primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito.
Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito
de AUTOR.
O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe,
considerando que todos aqueles que concorrem para o crime são autores
do delito. Esse conceito é baseado numa premissa “causal-naturalista” de
que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma), deve ser
considerado autor do crime.
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível
definir quem era autor e quem era partícipe, surgiu a teoria subjetiva da
participação, que considerava como autor aquele que pratica o fato como
próprio, que quer o crime “como próprio”, como seu, e partícipe aquele que
quer o fato como alheio, pratica uma conduta acessória ao “crime de outra
pessoa”.8 Isso era fundamental para a fixação da pena de cada um, já que
aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas.
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções,
surgiu o conceito restritivo de autor9. Para esta teoria restritiva10, autor
e partícipe não se confundem. Autor será aquele que praticar a conduta
descrita no núcleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.). Todos os
demais, que de alguma forma prestarem colaboração (material ou moral),
serão considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP.
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe,
precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do outro.
Três teorias surgiram.
A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é
quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos
os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta
descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de
homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a
conduta de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores seriam
partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual
(mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria
não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um
inimputável para cometer um crime).
8
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555
9
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT.
São Paulo, 2008, p. 572.
10
Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva.
11
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105
12
MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoría general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogotá, 1999, p. 155-
156
13
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119
14
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558
15
Idem, p. 558
16
A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da punibilidade do
partícipe, que é a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSAÇÃO), que diz que o partícipe deve
ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado. Em contraposição a esta, havia a
teoria da participação na culpabilidade, que defendia que o partícipe deveria ser punido apenas por
exercer “influência negativa” sobre o autor. Esta última foi abandonada pela Doutrina há algumas
décadas.
17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565
18
O termo “multidão criminosa” é utilizado, dentre outros, por René Ariel Dotti (cf. DOTTI, René
Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4º ed. São Paulo. 2012, p. 459)
3! JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
4! RESUMO
CONCURSO DE PESSOAS
Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes para a prática de uma
infração penal.
Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou mitigada):
todos aqueles que participam da conduta delituosa respondem pelo mesmo
crime, mas cada um na medida de sua culpabilidade. Há exceções à
teoria monista (Ex.: aborto praticado por terceiro, com consentimento da
gestante. A gestante responde pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime
do art. 124).
Espécies:
$! EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado por
mais de uma pessoa.
$! NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja praticada por
mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes
de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas
à obtenção da mesma finalidade criminosa (associação criminosa,
art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta
bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam
condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado
pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso
Modalidades
Coautoria – Adoção do conceito restritivo de autor (teoria restritiva),
por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a
conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais são partícipes.
OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém (autor mediato) se vale
de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática de um
delito. Pode ocorrer quando:
$! O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
$! O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coação moral
irresistível)
Tópicos importantes:
$! Pode haver autoria mediata nos crimes próprios - Desde que o
autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo
penal.
$! Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão
própria – Impossibilidade de se executar o delito por interposta
pessoa
$! AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que, embora
não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio
EQUIPARADO à figura da autoria.
Tópicos importantes
$! Não se admite coautoria nos crimes de mão própria
$! Doutrina ligeiramente majoritária entende não ser cabível coautoria
em crimes culposos
$! Não existe coautoria entre autor mediato e autor imediato
$! Há possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos
PARTICIPAÇÃO
Espécies
•! Moral – O agente não ajuda materialmente na prática do
crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime.
•! Material – A participação material é aquela na qual o partícipe
presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática
do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc.
6! EXERCÍCIOS COMENTADOS
7! GABARITO
1.! ERRADA
2.! ERRADA
3.! CORRETA
4.! ERRADA
5.! ERRADA
6.! CORRETA
7.! ERRADA
8.! ERRADA
9.! ERRADA
10.! ERRADA
11.! ALTERNATIVA E
12.! CORRETA
13.! ERRADA
14.! CORRETA
15.! ERRADA
16.! ERRADA
17.! CORRETA
18.! ERRADA
19.! ERRADA
20.! CORRETA
21.! CORRETA
22.! CORRETA