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A eficácia de cláusulas de arbitragem em

contratos de franquia

A eficácia de cláusulas de arbitragem em


contratos de franquia

SUMÁRIO
I. Origem dos Contratos................................................................4
II. Classificação dos contratos........................................................6
III. Origem Histórica do Contrato de franquia..................................6
IV. Contratos de Franquia................................................................7
V. Arbitragem.................................................................................10
VI. Texto Opnativo..........................................................................12
VII. Conclusão.................................................................................16
VIII. Referências bibliográficas.........................................................17

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Origem dos Contratos

Para entendermos com mais afinco o tema do debate contratos de


franquia e arbitragem, precisamos fazer uma pequena “volta ao tempo” e assim
passo a passo ponderar os eventos mais importantes que ajudaram a consolidar o
contrato em nosso país.
O contrato é um sistema de normas de conduta e princípios entre duas ou
mais pessoas de direito cujo tenham a vontade de contratar, responsabilidade,
buscando assim estabelecer entre as partes uma forma de regulamentar suas
vontades e interesse, sempre de forma bilateral e com o intuito de adquirir, modificar
ou extinguir alguma relação jurídica.
Clóvis Beviláqua entende por contrato “o acordo de vontade de duas ou
mais pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direito”.
Para a validade do contrato, existe alguns requisitos, deve haver o acordo
de vontade, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e
ainda ter a forma prevista e não defesa (proibida) em lei, conforme diz o artigo 108
do novo código civil.
Importante salientar que agente capaz é toda pessoa que tem a
capacidade de exercer seus respectivos direitos e responder por suas obrigações,
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porém, o nosso ordenamento jurídico traz a figura dos relativamente incapaz e
absolutamente incapaz.
Relativamente incapaz: São considerados relativamente incapaz os
maiores de 16 anos e menores de 18, ébrios habituais (pessoas que consomem
bebida alcoólica de forma exagerada, sem nenhuma moderação), viciados em
tóxicos (como por exemplo, drogas) e os doentes mentais
Absolutamente incapaz: São considerados absolutamente incapaz os
menores de 16 anos, os que por doença mental não tiverem discernimento para
praticar tais atos ou sequer compreendê-los e os que por causa transitória não
conseguirem e nem poderem exercer suas respectivas vontades.
Obs.: Não existe mais no sistema brasileiro pessoa que seja
absolutamente incapaz que seja maior de idade.
Os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes, deverão estar
representados e assistidos, respectivamente, por quem de direito, assim dar-se-á
validade ao instrumento contratual.
Também temos as pessoas jurídicas, cujo estas não possuem tais
capacidades de exercer seus direitos ou responder por suas obrigações, porém
quando contratante a pessoa jurídica poderá ser representada na figura de seus
sócios, gerentes, entre outros que dispuserem poderes para realização de tal ato.
O contrato possui três princípios básicos importantes, que vale apena
ponderar, são eles:
1. Autonomia da vontade: Tal princípio trás o significado e relata
que as partes tem a livre escolha de contratar, optando elas pela melhor
forma, tipo e objeto contratual, ainda interagirem e disporem sobre o conteúdo
do contrato, umas vez que o contrato geralmente é de forma livre que podem
ser aperfeiçoados por consentimentos entre as partes.
2. Supremacia da ordem pública: Tal princípio veio para regular a
autonomia da vontade, tornando-a assim relativa à supremacia da ordem
pública, como na autonomia da vontade citamos a forma livre do contrato,
aqui podemos salientar a forma solene dos contratos, são aqueles que
depende de forma prevista em lei, encontra-se nessa forma contratual a
escritura pública, como por exemplo na compra de determinado imóvel, cujo
possui um valor superior ao normal, vide artigo 108 do novo código civil.

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Art. 108.
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no
País.
3. Obrigatoriedade do contrato: Esse princípio significa dizer que o
acordo entre as partes possui força de lei, devendo assim serem cumpridos
por obrigatoriedade.
“Ninguém é obrigado a tratar, mas se o faz, é obrigado a cumprir”.
“Pode calar-se ou falar. Mas se fala, e falando promete, a lei o
constrange a cumprir tal promessa”.
Após termos detalhado cada um dos 3 (três) princípios básicos do
contrato, é importante exaltarmos a função social do contrato, cujo é o princípio
mais importante de todo ordenamento que tenha o contrato como elemento.
A liberdade de contratar é assegurada, porém existem limites e os
limites são as funções sociais do contrato.
Mas o que é função social do contrato?
A função social do contrato vai além do conteúdo, passa a atingir a
sociedade, produzindo efeitos para pessoas que não fizeram parte do acordo
consensual, caso exista ineficácia da função social do contrato, ofende
diretamente a dignidade da pessoa humana e ainda ofende os interesses da
classe social.

Classificação dos contratos

Os contratos se classificam de diversas formas:


Em face desses elementos teremos então: a) contratos consensuais e
reais; b) contratos unilaterais e bilaterais; c) contratos gratuitos e onerosos; d)
contratos comutativos e aleatórios; e) de execução imediata, diferida e sucessiva;
f) contratos solenes e não solenes; g) contratos escritos ou verbais; h) contratos
paritários e de adesão; i) contratos principais e acessórios; j) contratos típicos e
nominados; e l) contratos atípicos e inominados.

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Origem histórica do contrato de franquia

Franquia ou franchising como popularmente conhecido no ordenamento


jurídico brasileiro, vem de longa data, com origem na idade média, na época era
encontrado em viagem marítimas, onde os navegantes, escravos, entre outros,
velejavam em busca de novas terras e tesouros para seu povo e seu rei.
Segundo Luiz Felizardo Barroso a franquia na época se dava da
seguinte forma:
Os franqueadores, cujo na época era os reis, emprestavam seus
navios (podemos entender aqui como estabelecimento franqueado)
para que em seu nome os navegadores, escravos buscassem
tesouros, nova terras (locais franqueados).
Porém como conhecemos atualmente, o Estados unidos teve uma
influência gigantesca, para que a prática de franquia fosse exposta e apresentada
ao mundo de uma maneira ampla. No século XIX a franquia cujo conhecemos
atualmente teve início com a empresa chamada Singer SewingMachine, após elas
resolverem aumentar a sua popularidade e nome no mercado, indo em lugares que
tinham pouca visibilidade, sem muito investimento. Logo ao atingir esses territórios
a empresa instaurou a estrutura e assim foi gerando franquias e mais franquias.
Como já era esperado, com o sucesso das franquias e o crescimento na
participação no mercado, outras empresas seguiram o mesmo caminho, como a
General Motors, Coca-Cola, Mc Donald’s.
Já no Brasil o surgimento das franquias foi com distribuição de cinema,
ao modo que o sistema de franquia foi se popularizando no Brasil e no mundo, foi
criado a Associação Brasileira de Franchising – ABF, e logo após obrigou-se a
criação de um regulamento que se regulariza esse tipo de contrato.
Obrigou-se então a criação de um tipo de regulamento para esse
contrato, sendo aprovada assim a criação da lei número 8.955, de 15 de dezembro
de 1994, a “Lei da Franquia”, tal lei veio com o propósito de dar aos franqueadores
e franqueados do Brasil uma maior segurança em suas relações.
INTRODUÇÃO

No que concerne o contrato de franquia, e por distinguir um documento


gera as regras para arguir com a relação jurídica entre franqueador e

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franqueado. Tratando- se de um instrumento muito importante. Afinal de contas,
é nele que serão estabelecidos todos os direitos e obrigações existentes pelas as
partes.

Por essa razão ao fechar um negócio, é indispensável que seja analise


cada tópico do contrato de franquias, prestando atenção a cada detalhe presente em
seus dispositivos.

Conceito
O contrato é um documento específico que institui uma serie de detalhes,
tem por um acordo entre as partes, e se destaca a um sistema pelo qual o
franqueador dispõe a um franqueado o direito de uso de marcas ou patente,
permitindo-lhe os associados a um direito de distribuição de produtos exclusivos
Via de regra no regulamento da arbitragem a lei federal nº. 9.307 de
23.09.1996, no que tange tal instituto desdobra-se na aceitação voluntária das
partes, assim em escolher essa via, que não lhes pode ser imposta, desde o
momento em que decidem assim proceder, passa a ser obrigatória que as partes
não podem propor demanda judicial.
Vide o art. 4º da Lei de Arbitragem no qual define a cláusula com seu
comprometimento sendo "a convenção através das partes em um contrato
comprometem-se a se comprometer à arbitragem e litígios podendo surgir,
relativamente a tal contrato”.
I- Contrato de franquia

Contrato de franquia tem por finalidade constituir poderes para outrem


para que seja representada a sua marca. Existe no contrato de franquia sua
característica a seguir dentro da lei.

Seguindo o raciocínio do doutrinador Sebastião José Roque, o contrato


de franquia segue como bilateral, consensual, oneroso, formal, de execução
continuada internacional ou nacional trazendo um complexo a seguir de prestação
reciprocas.
BILATERAL: Uma vez que gera obrigações para o franquiado o
franqueador este tem por realizar a aquisição por prestar as devidas posições

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CONSENSUAL: E consensual porque se perfeiçoa com o consenso das
partes, em oposição aos contratos reais e se aperfeiçoa somente na entrega do
direito.
FORMAL: Tratando se de um contrato um contrato jurídico e solene tem
uma formalidade precisa para concretizar dentro da lei.
EMPRESARIAL: Via de regra e estabelecido entre duas partes, ou,
empresas coletivas ou até mesmo individual tem por característica ser onerosa que
indica a equivalência possível e obtida pelas partes.
COMUTATIVO: Tendo em vistas as obrigações reciprocas que são certas
e concebidas das partes. Se uma delas não cumpre o que assumiu, a outra parte
pode deixar de executar a sua, sendo invocada na forma da lei.

II- Arbitragem:

De acordo com a lei de arbitragem, uma vez, consentiu a forma


expressiva de convenção de arbitragem para a acessão aos interessados que se
integram a uma solução de litígios ao juízo arbitral, preponderando por meio de
uma cláusula comprometida, seguido de um compromisso arbitral. Com todo esse
estudo, é de interesse particular a cláusula compromissória.

Na concepção de Marcus Vinicius Rios Gonçalves, a cláusula


compromissória se consubstanciasse no deferido acordo na qual as partes
interessadas vêm a submeter- se à arbitragem e os litígios que dão surgimento a
esse determinado contrato.

(RIOS GONÇALVES, Marcus Vinicius, Direito Processual Civil


Esquematizado, 8ª ed., Saraiva, São Paulo, 2017, p. 661). Sua principal
característica é ser instituída quando da celebração do contrato, sendo, portanto,
preexistente ao litígio.

O doutrinador Fábio Bellote Gomes, em sua obra Manual de direito


empresarial, nos traz o contrato de franquia ou “franchising” como também é
conhecido a definição dizendo que é um contrato atípico misto pelo qual o
proprietário de uma empresa ou marca, este fica conhecido como franqueador,

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licencia a outrem que tenha o interesse, o direito de usar a marca, a patente ou a
distribuição dos produtos, esse outrem interessado recebe o nome de franqueado.
A lei 8.955/1994 conhecida como Lei de Franquia é a que rege
atualmente os contatos de franquias em nosso ordenamento jurídico atual, contendo
onze artigos, sendo dez está vigente e um vetado. Tendo como base está lei
podemos expandir o assunto das características citadas anteriormente. Logo no
início da lei em seu artigo 2° temos um amplo conceito de Franquia.
Anteriormente vimos que este contrato é bilateral pois gera obrigações
para ambas as partes. A lei de franquias nos traz todas as obrigações, tanto do
franqueado, quanto a do franqueador. O artigo 3° relaciona inúmeras obrigações que
o franqueador tem o dever de fazer, especificar, cumprir e principalmente fornecer as
informações detalhada da empresa, tais como: o histórico da empresa resumido,
balanços e demonstrações financeiras relativo aos últimos dois exercícios,
pendências judiciais, descrições de como funcionará a franquia pelo franqueado,
características exigidas pelo franqueador para o franqueado exercer as atividades,
os valor estimados do investimento, taxas para filiação e valor das instalações, entre
outras informações claras que deverá fornecer ao franqueado. A obrigação do
franqueado é de cumprir as regras estabelecidas pelo franqueador, efetuar os
pagamentos, entre outras atividades, caso aceite o contrato. Essas obrigações vêm
para dar uma segurança as partes.
A lei permite que o contrato de franquia seja consensual, o franqueador
e o franqueado podem adequar as regras de forma que melhor convém às partes.
As regras estabelecidas pelas partes deverão obedecer às regras da lei de franquia
e as normas do nosso direito, as regras que as partes convencionarem entre si, fará
lei entre as partes.
Quanto a formalidade do contrato de franquia, vimos que ele dever ser
um contrato solene. O artigo 6° da lei de franquia nos traz a forma que deve ser
feito, o contrato deve ser sempre escrito e conter assinatura de duas testemunhas,
isso é uma regra, não havendo hipótese de exceção. O contrato terá validade
independente de ser registrado em cartório ou em outro órgão público.
Outra característica do contrato de franquia que vale a pena citar, é que
este contrato em via de regra é empresarial, sempre haverá uma pessoa jurídica de
direito privado exercendo uma das partes do contrato e a outra querendo se tornar

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pessoa jurídica, sendo assim podemos ressaltar a onerosidade deste contrato, pois
em todas as hipótese haverá o pagamento para obter a tal franquia.
Sobre a arbitragem, temos como base legal a LEI Nº 9.307, DE 23 DE
SETEMBRO DE 1996, que nos diz que todas poderão convencionar um contrato de
arbitragem e se submeter à decisão do árbitro para solucionar os seus litígios
relativos a direitos patrimoniais que possam vir a acontecer.
Quanto a natureza jurídica deste contrato podemos dizer que ele é
bilateral, pois ambas as partes têm o dever de cumprir, sendo assim gerando
obrigações para as duas partes. Tendo em vista o artigo 2° da lei de arbitragem,
podemos dizer que este contrato é consensual, pois ele se adequa conforme a
vontade das partes. Via de regra este contrato de arbitragem é oneroso pois as
partes deverão arcar com os honorários do árbitro, ou dos árbitros estipulados por
estes. O contrato de arbitragem é considerado como comutativo, pois não gera um
risco para as partes.

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TEXTO OPINATIVO
(Introdução)
Para maior compreensão do voto da Relatora Min. Nancy Andrighi, faz-se
mister uma retomada de fatos anteriores ao relatório para uma análise mais
aprofundada dele.
Em princípio, a empresa Odontologia Noroeste Ltda. (franqueada) propôs,
na Justiça estadual, ação anulatória de circular de oferta e de contrato de franquia
cumulada com pedido de indenização contra GOU – Grupo Ortodôntico Unificado
Franchising Ltda. (franqueadora), sob o argumento da existência de irregularidades
contratuais.
A franqueadora ré apresentou defesa com pedido preliminar de extinção
do feito, sem julgamento de mérito, pois o contrato de franquia celebrado com a
franqueada conteria cláusula que convencionou a arbitragem para a solução de
eventual litígio, devendo ser respeitada a competência da corte arbitral, sem
intervenção do Judiciário.
Em primeiro grau o Magistrado competente rejeitou a preliminar aludida
pela defesa, sob o fundamento de que o contrato de franquia possui natureza de
contrato de adesão e isto impossibilita ao aderente discutir suas cláusulas.
Determinou, assim, o prosseguimento do feito, com produção de prova.
Não conformada com a decisão em primeiro grau, a ré achou por bem
interpor agravo de instrumento para o segundo grau, no qual reafirmou a

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necessidade de extinção do feito, sem julgamento de mérito, pois haveria convenção
de arbitragem e o franchising não se enquadraria um contrato de adesão e sendo
assim não estaria sujeito às regras do Código de Defesa do Consumidor.
O Tribunal de Justiça, por maioria de votos, deu provimento ao agravo
interposto pela franqueadora e extinguiu o processo, sem resolução de mérito.
Insatisfeita, a franqueada Odontologia Noroeste Ltda. Em exercício de
direito interpôs recurso especial, autuado no Superior Tribunal de Justiça sob o n.
1.602.076/SP e distribuído para a relatoria da Ministra Nancy Andrighi, integrante da
Terceira Turma.
No julgamento do Recurso Especial 1.602.076/SP (em anexo) a 3° Turma
do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em seu exercício de poder reconheceu como
nula cláusula compromissória arbitral estipulada em um contrato de franquia por
entender haver de falta de observância ao estipulado previsto no artigo 4º da Lei
9.307/96.
Para tanto, em seu voto a ministra destacou a temas que considera
imprescindíveis para a solução da controvérsia: (i) se as normas do CDC são
aplicáveis aos contratos de franquia, regidos pela Lei 8.955/94, o que atrairia a
aplicação do art. 51, VII, do CDC; (ii) se os contratos de franquia são sujeitos ao que
dispõe o art. 4º, § 2º, da Lei 9.307/96; e (iii) possibilidade de o Poder Judiciário
analisar a validade do compromisso em função da doutrina do kompetenz-
kompetenz.
Isto posto, faremos uma análise dos argumentos utilizados, expondo ao
final a opinião do grupo sobre a decisão.
I – Da não incidência do CDC aos contratos de franquia.
Em sua argumentação, a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, afasta
a proteção do Código de Defesa do Consumidor (CDC) dos contratos de franquia,
trazendo para isto os precedentes decididos no REsp 930.815/MT (Primeira Turma,
Rel. Min. José Delgado, DJe 12/06/2007), REsp 632.958/AL e do REsp 687.322/RJ
Ademais, reitera a ministra que "Esta Terceira Turma já possui
jurisprudência consolidada em sentido contrário ao exposto no recurso especial”,
afirmando que “não há uma relação de consumo tutelada pelo Código de Defesa do
Consumidor (CDC), mas de fomento econômico, com o intuito de estimular as
atividades empresariais do franqueado”.

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O argumento é bem embasado, trazendo jurisprudência e precedentes
modernos para o caso concreto, vez que nos contratos de franquia, o franqueado
não pode ser considerado parte hipossuficiente em relação ao franqueador e nem
destinatário final de seus produtos e serviços. E embasado pelo princípio da
especialidade, o Código de Defesa do Consumidor não se aplica a essa relação
comercial, visto que já existe uma norma específica que a disciplina, a Lei do
Franchising (Lei 8955/94).
II - Do alcance do art. 4º, § 2º, da Lei de Arbitragem
A ministra afirmou que “o contrato de franquia é, inegavelmente, um
contrato de adesão”, e considerando assim que todos os contratos de adesão,
“mesmo aqueles que não consubstanciam relações de consumo, como os contratos
de franquia, devem observar o disposto no artigo 4º, parágrafo 2º, da Lei 9.307/96”
(Lei de Arbitragem).
A relatora afirma não haver fundamento jurídico para limitar o alcance do
disposto na Lei de Arbitragem aos contratos de relações de consumo. Entretanto,
reconhece que entre o disposto no artigo 51, inciso VII, do CDC e no parágrafo 2ºdo
artigo 4º da Lei de Arbitragem “há uma grande área de sobreposição, mas é inegável
que ambos os dispositivos não se confundem e continuam a proteger bens jurídicos
distintos”.
Nancy Andrighi citou a jurisprudência do STJ e doutrina do jurista Carlos
Alberto Carmona, que define os contratos de adesão como aqueles caracterizados
pela desigualdade entre as partes: “basicamente, uma das partes, o solicitante,
impõe à outra – o oblato – as condições e cláusulas que previamente redigiu”.
Ademais, Carlos Alberto Carmona, considera que a função do dispositivo
da Lei de Arbitragem é “favorecer o contratante economicamente mais fraco, a fim
de evitar a imposição da arbitragem como mecanismo de solução de controvérsias,
ao prever requisitos para a validade do compromisso arbitral em contratos de
adesão”.
Em seu argumento a Relatora consegue trazer doutrina e jurisprudência
pertinentes para um tema controverso, afinal, apesar de o contrato de franquia não
estar protegido pelas regras do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a ministra
considerou que todos os contratos de adesão mesmo aqueles que não tratam de
relações de consumo devem observar o disposto no artigo 4º, § 2º, da Lei 9.307/96.

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III - Da competência do Poder Judiciário para apreciar a validade de
compromisso arbitral – princípio Kompetenz-Kompetenz
Em seu último ponto, a Ministra toca em um princípio basilar da Lei de
Arbitragem, o da competência-competência.
Segundo este, somente o árbitro responsável tem competência para
analisar uma cláusula compromissória, e então decidir pela nulidade dela ou não.
Somente após a sentença arbitral as partes poderiam recorrer ao Judiciário, com
uma “ação de nulidade de sentença”.
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Ademais, conforme preceitua Eduardo Talamini “É a competência-
competência que confere a qualquer autoridade inclusive o poder de declarar-se
incompetente para um dado caso. Se não vigorasse o princípio, haveria uma
impossibilidade lógica na prolação de decisões afirmativas da própria
incompetência.”
E a despeito de concordar com a importância da competência-
competência, a ministra do STJ entendeu por bem que o Poder Judiciário pode
deliberar nos contratos quando notadamente houver uma “exceção para melhor
acomodação do princípio”.
Em regra, a jurisprudência do STJ concorda com a prioridade do juízo
arbitral para se manifestar acerca de sua própria competência e sobre a validade ou
nulidade da cláusula arbitral. Entretanto, nas palavras da ministra “toda regra
comporta exceções para melhor se adequar a situações cujos contornos escapam
às situações típicas abarcadas pelo núcleo duro da generalidade e que, pode-se
dizer, estão em áreas cinzentas da aplicação do direito”.
Para Nancy Andrighi, o princípio da competência-competência
(kompetenz-kompetenz) deve ser privilegiado, “inclusive para o indispensável
fortalecimento da arbitragem no país”. Porém, segundo a mesma, tal princípio
comportaria exceções em situações limítrofes, como é o caso das cláusulas
compromissórias “patológicas”, dos “compromissos arbitrais vazios” ou que não
atendam aos requisitos legais especificados no dispositivo em questão da Lei de

http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produ
tos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RArbMed_n.50.09.PDF
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arbitragem, “cuja apreciação e declaração de nulidade podem ser feitas pelo Poder
Judiciário mesmo antes do procedimento arbitral”.

Conclusão
Assunto de difícil trato, a ministra se atentou de maneira coerente a
situação concreta, sem contudo deixar de lado o embasamento teórico e
jurisprudencial, entretanto é válido ressaltar que os julgamentos do STJ criam
precedentes que podem pacificar, modificar e até mesmo extinguir entendimentos, e
sendo assim o referido acórdão passa a servir como referência para futuras
decisões relacionadas à eficácia de cláusulas de arbitragem em contratos de
franquia.

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Referencias Bibliográficas :
https://pt.wikipedia.org/wiki/Contrato#Brasil
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI16458,61044-
Funcao+Social+do+contrato+no+Codigo+Civil+2002
https://www.direitonet.com.br/contratos/dicas
http://www.direitobrasil.adv.br/artigos/cont.pdf
https://marianazanardodessotti.jusbrasil.com.br/artigos/185079025/origem-do-
contrato-de-franquia-e-seu-desenvolvimento-no-brasil
https://administradores.com.br/artigos/franquia-voce-sabia-que-a-clausula-que-
preve-a-arbitragem-no-contrato-pode-nao-ser-valida
"ARBITRAGEM. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE.
IMPOSSIBILIDADE DO USO DA VIA JUDICIAL PARA OBSTAR A INSTALAÇÃO DO
JUÍZO ARBITRAL. CDC. INAPLICABILIDADE. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO CONFIRMADA. APELO DESPROVIDO"
(Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação nº 0001772-04.2015.8.26.0024, Relator
Desembargador Fortes Barbosa, 29ª Câmara de Direito Privado, J. 08/02/2017)
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI279403,61044-
A%20clausula%20compromissoria%20de%20arbitragem%20nos%20contratos
%20de%20franquia
GOMES, FABIO BELLOTE, Manual De Direito Empresarial. 4° Edição.
LEI No 8.955, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1994.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8955.htm

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LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm

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