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Condessa de Ségur
A FORTUNA DE GASPAR
2a edição
Capítulo 2
Ofertas de emprego
No outro dia cedo, pai Tomaz foi com Lucas e seus ajudantes cuidar dos
animais e recolher a forragem ao CELEIRO. Antes, recomendou a Gaspar:
— Nada de escola hoje, ouviu bem? Vá ajudar sua mãe na cozinha e trate
Coleção Aventuras Grandiosas
Capítulo 3
O valor da leitura
Dias depois, Gaspar estava deitado debaixo de uma árvore, lendo um
livro, enquanto Lucas brincava. Apesar dos prêmios, o rapaz não se sentia feliz.
Estava aborrecido porque queria logo trabalhar para ficar rico e o pai não deixava.
A AMBIÇÃO azedava-lhe a alma, tornando-o quieto e triste.
Capítulo 4
Espião do patrão
Depois da história da vaca Malhada, Tomaz deixou cada filho fazer o que
quisesse: Gaspar, estudar; Lucas, trabalhar no campo. Mas exigiu que este também
frequentasse a escola, pois entendeu a necessidade dos estudos na vida dele.
Lucas trabalhava na roça de manhã e, à tarde, assistia às aulas. Gaspar passava o
dia inteiro na escola. Com quinze anos, o rapaz continuava sendo o melhor aluno
e ganhando todos os prêmios.
— Senhorr, que estudos ele fez? — perguntou o alemão Frölichein ao
mestre-escola no final do ano seguinte.
— Muitos — disse o professor. — Aprendeu AGRIMENSURA, as diferentes
medidas, direitos e obrigações dos proprietários, matemática e outras coisas.
— Ótimo, ótimo! Meu jovem amigo há de trabalhar comigo.
O professor relatou a conversa a Gaspar, APREENSIVO.
— Mas você teria de deixar sua casa e morar com o patrão — lamentou.
Gaspar sacudiu os ombros, como se pouco se importasse.
— O que quero é trabalhar logo. O resto pra mim tanto faz.
— Não diga isso! — repreendeu-o o mestre. — Você é estudioso, PONTUAL
A Fortuna de Gaspar
e comportado. Está mais adiantado que os outros, mas não vive contente. Seja mais
tolerante com seus pais, não lhes guarde rancor. Deve respeitá-los e reconhecê-los.
Seja amável com seus colegas. Nossos maiores deveres são o amor e a caridade.
Sem eles, você nunca será feliz, mesmo que fique rico.
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Capítulo 5
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Capítulo 6
Gaspar é adotado
O sr. Féreor estava cada vez mais satisfeito com Gaspar. Pouco tempo depois,
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✒✒ PERTINENTE: oportuno
✒✒ IMPLANTAR: introduzir
✒✒ BIZARRA: excêntrica, esquisita
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✒✒ SERVO: escravo
✒✒ RENEGAR: trair, desprezar
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Capítulo 7
A Festa
Preocupadíssimo, o sr. Féreor não sossegou enquanto não descobriu o cul-
pado pela traição. Era um contramestre que havia auxiliado Gaspar nas experiências
químicas. O homem foi demitido, claro. Mas Frölichein já sabia como fabricar o
novo material. O alemão não desistiu da ideia de casar os dois jovens e continuou
com as ameaças nos dias que precederam a festa.
— Convide a cidade inteira para o banquete — recomendou Féreor a
Gaspar. — Nem acredito que, a partir da próxima quarta-feira, você me chamará de
“meu pai” não só pelo coração, mas também pela lei — dizia ele, com a emoção
estampada no rosto.
Para o velho industrial, aquele era o momento mais importante de sua vida: ia
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adotar um herdeiro e inaugurar as oficinas onde seria fabricada a nova liga de metal
que tornaria sua empresa a mais famosa do país. A festa seria dentro da própria
empresa. Os empregados afastaram as máquinas para um canto e enfeitaram o
ambiente com GUIRLANDAS de flores.
O dia da festa, no mês de maio, amanheceu dourado e límpido. Os traba
lhadores esperavam no jardim. Quando Féreor e Gaspar desceram da carruagem,
foram recebidos com uma SALVA DE ARTILHARIA. O velho exibia uma agilidade
espantosa para seus setenta anos. Colocou-se ao lado do filho e pediu silêncio
aos presentes. Então começou a falar:
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No dia seguinte, pai e filho deram folga aos empregados, pois estes tinham
passado a noite arrumando a fábrica. Sozinhos no escritório, Féreor e Gaspar
abriram a correspondência. Gaspar pegou uma carta e leu:
“Meu jovem amigo
Minha filha Mina viu-o na festa e gostou do senhor. Mais uma vez proponho
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✒✒ LÍVIDO: pálido
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Capítulo 8
Enterro & Casamento
Daí a dois dias, Frölichein apareceu na casa de Féreor, todo amável.
— Prezado senhorrr, eu vem...
— Já sabemos por que veio — Féreor cortou-lhe a palavra. — Vamos ser
breves. Meu filho desposará sua filha para evitar uma concorrência perigosa à nossa
indústria. Sua filha ficará morando aqui. No contrato de casamento deve figurar a
promessa de que o senhor jamais fabricará folhas metálicas.
— Oh! Mein Gott!... Meu caro senhor...
— Não me chame de “meu senhor”. Nós não somos amigos. O senhor nos
vende sua filha para ficar nosso sócio. Gaspar é o preço. Eu me encarregarei de
preparar o contrato. Quando poderemos assiná-lo?
— Se seu filho concordar, dentro de quinze dias.
Frölichein já ia indo embora. Voltou-se e perguntou ao noivo:
— Não quer conhecer Mina? Ela é bonita! É parecida comigo.
— Não é necessário — respondeu Gaspar, ríspido. — Serei apresentado a
ela no dia do casamento. Ando ocupadíssimo.
Depois que o alemão saiu, Féreor e Gaspar trocaram ideias sobre onde
Mina iria dormir. O noivo não pretendia dividir o quarto com ela. Sugeriu que
decorassem um dos apartamentos da casa para instalá-la.
— Chame meu tapeceiro em Paris para reformar a suíte — disse Féreor. — E
A Fortuna de Gaspar
✒✒ PERPLEXIDADE: espanto
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ser discretos, não fazer festa nem convites. O contrato será assinado na casa de
Frölichein e a cerimônia pode ser à meia-noite, na igreja da aldeia.
— Tanto melhor, meu filho. E agora me diga, sinceramente: você está sentindo
a morte de seu pai?
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cumprimentou-o e ofereceu o braço a Mina. Seu rosto estava coberto pelo véu.
Mas Gaspar notou os pezinhos delicados e sentiu a mão pequenina tremer ao
apoiar-se em seu braço.
No altar, quando o rosto dela foi descoberto, o noivo teve uma enorme
surpresa: Mina era alta e elegante, com os cabelos dourados e o rosto oval.
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Capítulo 9
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✒✒ PRECE: oração
✒✒ BENÉFICA: favorável, que faz bem
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ele não fez a menor objeção. Os operários passaram a trabalhar com dedicação
maior e o trabalho rendia mais. Ganharam uma biblioteca de Gaspar. Em pouco
tempo, não havia mais analfabetos na aldeia.
Mina e Gaspar tiveram dois filhos, que se tornaram a maior alegria do vovô
Féreor. Aos 84 anos, o velho parecia mais jovem do que no tempo de sua moci-
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1) A Fortuna de Gaspar foi escrito e publicado pela primeira vez no século XIX
(1866), quando os hábitos da sociedade eram bem diferentes dos de hoje.
Por exemplo: na escola, a disciplina era rígida; as crianças recebiam castigos
físicos, como varadas e a palmatória. Pesquise na Internet o que era a palma-
tória. Pode ser que algum idoso da família tenha ouvido falar desse tempo e
possa ajudá-lo na pesquisa. Nesse caso, entreviste-o.
2) Discuta com seus colegas: o que acham dos castigos dados às crianças naquela
época? E hoje, funcionariam? Justifiquem a resposta com exemplos. Seus pais
costumam castigá-lo? Como (proibir de sair, cortar mesada)? O que você sente
quando é castigado? Que tipo de castigo teme mais? Você acha a disciplina
da sua escola boa ou ruim? Por quê?
3) O que você pensa sobre um pai que prefere que os filhos trabalhem em vez
de ir à escola, como o pai de Gaspar? Isso ainda acontece em algum país?
E no Brasil? Você acha que a necessidade financeira justifica o abandono da
escola? Que medidas você acha que poderiam ser tomadas para evitar a saída
de estudantes das escolas?
4) No início do capítulo 2, a mãe de Gaspar está batendo manteiga no terreiro.
Você sabe como a manteiga é feita? Pesquise na Internet e pergunte à sua
avó, ou a alguma senhora idosa que você conheça, como eram executadas
as tarefas da cozinha no tempo dela. Em seguida, conte para sua classe o que
mudou de lá para cá.
5) Apesar de apreciar a dedicação de Gaspar aos estudos, o mestre-escola o
aconselha a obedecer ao sr. Tomaz, dizendo: “Aprende-se muita coisa nos
livros, mas o respeito aos pais vale mais do que a ciência.” Você concorda
A Fortuna de Gaspar
17) Você concorda quando a narradora mostra que a caridade e o amor ao pró-
ximo são essenciais à felicidade de uma pessoa?
18) No último capítulo, Mina consegue que seu sogro, o sr. Féreor, conceda aos
empregados o “descanso dominical remunerado”. Você sabe o que isso signi-
fica? Você sabe o que significa CLT e qual sua importância? Pesquise sobre as
lutas operárias e descubra em que ano e em que condições os trabalhadores
conseguiram o direito de não trabalhar aos domingos. Aproveite e veja outras
conquistas, como número de horas de trabalho diário, restrições a trabalho
infantil etc.
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Biografia da Autora
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