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Granzotto LAGIO
Medicina - CCBS UFOB
Campus Reitor Edgard Santos – Rua Bertioga, 892. Morada Nobre I – Barreiras, BA – 47810- 059. E-mail:
lagio@ufob.edu.br
ETIOLOGIA: ainda pouco compreendida. Entretanto, sabe-se, que há participação de fatores genéticos,
hormonais, imunológicos e ambientais na expressão do LES(1). As mulheres são mais acometidas por ter
maior produção de anticorpos (Ac) e hormônios.
EPIDEMIOLOGIA:
Distribuição universal, mas, estudos têm demostrado que sua prevalência varia entre ≠s grupos
étnicos(1);
Brasil: incidência de LES ≈8,7:100.000 pessoas/ano(1);
Faixa etária mais acometida: 35-39 anos (32,7:100:000 mulheres/ano) (1);
Prevalência no sexo feminino: 9♀:1♂, acometendo principalmente mulheres em idade fértil(1).
PATOGENIA: disfunção do tecido conjuntivo mediada por diversos anticorpos, gerando dano celular e
tecidual, quando autoanticorpos ou complexos imunes ligam-se a um ou mais componentes nucleares(2).
“[...] agentes infecciosos, algumas drogas, radiação solar e hormônios, atuando em um indivíduo geneticamente
predisposto, proporcionam o reconhecimento anormal de autoantígenos pelo sistema imune e a perda da
tolerância imunológica que está associada à falha nos mecanismos supressores e de imunorregulação, com
subsequente ativação policlonal de linfócitos B e produção de autoanticorpos. A formação e a deposição de
imunocomplexos com ativação do complemento e consequente processo inflamatório desencadeiam lesão
tecidual característica da doença” (FREITAS; COSTA; RAMOS; MAGALHÃES, 2011).
IMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO:
Durante a gravidez, o LES melhora em ⅓ das ♀, permanece imutável em outro ⅓ e piora no ⅓
restante(2);
Presença de anti-Ro (SS-A) e ati-La (SS-B) aumenta riscos de morbidades e morte fetal(1);
Risco de complicações materno-fetais (restrição de crescimento intrauterino - RCIU e parto pré-
termo)(1);
Melhor prognóstico gestacional: LES quiescente ≥ 6 meses antes da concepção, função renal
preservada e ausência de SAAF (avaliar possibilidade de adoção e informar paciente dos riscos
materno-fetais) (1,2);
Poderá haver exacerbação da LES durante a gestação (avaliar atividade da doença e acometimento
orgânico – anamnese, exames físicos e laboratoriais) (1);
Imagem retirada de: FREITAS; COSTA; RAMOS; MAGALHÃES. Rotinas em Obstetrícia, 6ª edição. Artmed, Porto Alegre, 2011.
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INSTRUMENTO DE SLEDAI: avalia a atividade do LES. Pontuação varia de 0-105. Ausente → até 4
pontos, moderada → 5-12 pontos, grave → até 12 pontos(1).
Tabela retirada de: Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index, BOMBARDIER et al, 1992.
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DOENÇAS EM QUE SE DEVE FICAR ATENTO EM PACIENTES COM LES: nefrite, doença hipertensiva
específica da gestação (DHEG), trombose e insuficiência plaquetária (que leva à RCIU).
AVALIAÇÃO DA GESTAÇÃO:
Anamnese: Exames:
História de abortamentos; Anticorpos antifosfolipídeos;
RN PIG; Anticoagulante lúpico;
Natimortos; Anticardiolipinas;
Prematuros; IgG;
Pré-eclâmpsia; IgM;
Eventos tromboembólicos; IgA;
Comorbidades. Anti-β2 glicoproteína I – IgG e IgM;
Anti-Ro (SS-A) e anti-La (SS-B);
Ácido úrico.
Imagem retirada de: FREITAS; COSTA; RAMOS; MAGALHÃES. Rotinas em Obstetrícia, 6ª ed. Artmed, Porto Alegre,
2011.
LÚPUS NEONATAL: transferência de autoanticorpos maternos para o feto pela placenta: anti-Ro (SS-
A), ati-La (SS-B) e anti-RNP → tem resolução espontânea entre 6-8 meses após o nascimento. É
caracterizada por lesões na pele, lúpus cutâneo, diversas alterações hematológicas (trombocitopenia), e
eventualmente(2):
Bloqueio cardíaco congênito: chance de 1/60 em mãe com LES e 1/20 com anti-Ro(1).
Pode se manifestar por quadro de bradicardia;
Complicações: insuficiência cardíaca, hidropisia fetal, fibroelastose endocárdica, derrame
pericárdico e morte fetal espontânea.
Conduta:
16-24 semanas: ECG fetal semanal;
26-32 semanas: ECG fetal quinzenal.
No lúpus neonatal não se realiza prevenção (o uso de glicorticoides não é recomendado devido ao
risco materno-fetal) ou tratamento (porém, o uso de hidroxicloroquina ↓ risco de acometimento
cardíaco do RN de mãe com anti-SSA/Ro).
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Imagem retirada de: FREITAS; COSTA; RAMOS; MAGALHÃES. Rotinas em Obstetrícia, 6ª ed. Artmed, Porto Alegre,
2011.
Corticosteroides Categoria C pela Food na Drug Administration – E.U.A (FDA). A prednisona é considerada
segura. Exacerbações tidas como atividade leve podem ser resolvidas com prednisona em
baixas doses (< 20mg/dia). Doses superiores (incluindo aquelas em pulsoterapia) são
opções para tratar a atividade lúpica moderada e grave. Associação com diabetes
gestacional é incomum, e não deve ser fator limitante para seu uso. Nos casos de uso de
altas doses, recomenda-se rastreamento para diabetes gestacional.
Hidroxicloroquina Categoria C pela FDA. Não é teratogênica. Recomendada para prevenção da atividade da
doença e redução do risco de lúpus cardíaco neonatal (para gestantes com Ac anti-SSA/Ro
positivos). Melhora o prognóstico da nefrite lúpica e previne evolução para óbito.
Azatioprina Categoria D pela FDA. Considerada segura, porém pode estar associada a ocorrência de
trombocitopenia e/ou leucopenia neonatal. Alguns estudos apontam associações com
alterações do neurodesenvolvimento tardio em crianças que foram expostas durante a
gravidez.
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Ciclosporina e Categoria C pela FDA. Não foram encontradas diferenças significativas relacionadas a
tacrolimus defeitos congênitos fetais mediante a exposição da gestante ao fármaco.
Ciclofosfamida Categoria D pela FDA. Não deve ser prescrita durante o 1º trimestre por apresentar
reconhecida associação com defeitos cromossômicos. Durante o 2º ou 3º trimestres pode
ser opção, mas reservada somente aos surtos severos com risco de vida materno que não
cedem à pulsoterapia com corticosteroides. Uso durante o 2º e 3º trimestres pode estar
associado à frequência maior de abortos espontâneos e parto prematuro.
Leflunomida Categoria X pela FDA. Não pode ser utilizada na gestação.
Metotrexato Categoria X pela FDA. Uso no 1º trimestre associado a RCIU e más-formações (ausência
ou hipoplasia dos ossos frontais, craniossinostose, fontanela grande e hipertelorismo
ocular).
Rituximab Categoria B pela FDA. Ac monoclonal com passagem transplacentária muito baixa durante
o 1º trimestre, com alguns estudos relatando gestações seguros nos casos de exposição.
No 2º ou 3º trimestres pode atravesar a placenta e induzir linfopenia neonatal grave. Para
crianças nascidas de mães que receberam essa medicação, as vacinas de agentes vivos
devem ser evitadas durante os primeiros 6 meses de vida.
Adaptado de: Protocolo Lúpus na Gestação, FEBRASGO, 2018.
CONTRACEPÇÃO E LÚPUS: é indicado que pacientes com LES limitem sua prole, devido aos inúmeros
riscos materno-fetais trazidos por essa doença(2). A escolha adequada do método contraconceptivo mais
adequado depende de diversos fatores:
História clínica prévia;
Presença de SAAF;
Atividade do LES;
Idade;
História reprodutiva;
Fatores culturais.
REFERÊNCIAS
1. FREITAS; COSTA; RAMOS; MAGALHÃES. Rotinas em Obstetrícia, 6ª edição. Artmed, Porto
Alegre, 2011.
2. REZENDE, Jorge; Montenegro, Carlos Antonio B.; Filho, J Rezende. Obstetrícia. 12ª edição,
Guanabara Koogan, 2013.
3. Gestação de Alto Risco - Manual Técnico, 5ª edição. MS, Brasília, 2012.
4. MEDEIROS, Marta Maria das Chagas et al. Análise de 95 biópsias renais de pacientes com nefrite
lúpica: correlação clínico-histológica e fatores associados a insuficiência renal crônica. Revista
Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 44, n. 4, p. 268-276, 2004. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042004000400005>. Último acesso em: 23-06-2019.,
5. MEDCURSO, 2017. Obstetrícia - volume 4. MEDYN editora, 2017.
6. Protocolo Lúpus na Gestação, FEBRASGO, 2018.
Fernando H B Granzotto
DN: C=BR, OU=CCBS - Medicina,
O=Universidade Federal do Oeste
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da Bahia, CN=Fernando H B
HB Granzotto,
E=fernando.granzotto@hotmail.com
Razão: sou autor deste documento