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Globo
Marcelo Marcon1
Introdução
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Mestrando em História pela Universidade de Passo Fundo. Graduado em História também pela UPF. E-
mail: marcelomarcon90@hotmail.com
Ao voltar, Brizola encontra inúmeras dificuldades para se estabelecer
politicamente, como em conseguir aliados para a recriação do Partido Trabalhista
Brasileiro, e principalmente por perder o domínio da sigla, para Ivete Vargas. A decisão
do governo atuou no sentido de enfraquecer politicamente o ex-governador do Rio
Grande do Sul. Perdida a sigla PTB, Brizola partiu para a criação de um novo partido: o
Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Neste contexto, vários jornais retrataram a movimentação política de Brizola.
Nesta pesquisa, temos o objetivo de reconstruir os momentos que levaram à fundação
do Partido Democrático Trabalhista (PDT), privilegiando a narrativa da imprensa como
fonte principal. Para tanto, elegemos o jornal O Globo, o qual pode situar-se como
opositor ao ideário trabalhista. O discurso do jornal é formado através da concepção
ideológica de seus proprietários, editores e colunistas, e, portanto, torna-se relevante
como alvo de análise pela influência que exerce no pensamento político da população
em um período complexo da história brasileira.
Assim, com o objetivo de compreender a forma como o jornal O Globo forma
seu discurso em relação a ação de Brizola no período 1979-1982, passaremos a discutir
este assunto.
O jornal O Globo foi fundado no ano de 1925, por Irineu Marinho, que falece
poucos dias após seu lançamento, herdando o periódico seu filho Roberto Marinho, que
assume a direção do jornal no ano de 1931. O Globo comemorou o golpe militar de
1964, afirmando que com a fuga de Goulart e a posse de Mazzilli na presidência a
“democracia estaria ressurgindo”:
“É o Carlos Lacerda dos novos tempos” – e criticou –o por ter voltado para o
Brasil “para dividir e não para somar”. –Brizola, disse o deputado mineiro –
está fazendo o Jogo do Governo, e poderia ter ficado, por isso mesmo, uns
30 anos no exílio, já que depois de 15 anos mostrou não ter aprendido nada.
Para Newton Cardoso, “ele não trouxe nenhuma mensagem, não conseguir
reunir quase ninguém para seu comício, e por isso mesmo não pode ser
líder”. –Pessoalmente, disse, não me considero líder, mas se grito nas minhas
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A nota do jornal pode ser acessada no site: http://memoria.oglobo.globo.com/erros-e-acusacoes-
falsas/apoio-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-12695226.
bases, reúno de uma hora pra outra mais de cinco mil pessoas (O GLOBO, 11
de setembro de 1979).
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Após seu cargo no governo militar, Alexandre Garcia foi contratado pela Rede Globo, como jornalista,
onde continua até hoje.
ao passado e fundar o PTB é uma tolice, porque o PTB morreu e está enterrado,”(O
GLOBO, 14 de setembro de 1979).
De acordo com Patrick Charaudeau,
Para Sento-Sé, se Brizola contava com uma memória política nacional que o
caracterizava como herdeiro do último PTB, Ivete tinha a seu favor o trânsito fácil no
governo federal e a amizade com o general Golbery. A estratégia de Brizola passou
então a ser de trazer nomes importantes para o novo partido, o que para este autor foi
difícil, principalmente porque muitos que estavam no MDB preferiram continuar no
partido, então PMDB, e outros a aderir ao PCB, cujas relações com o PTB e com
Brizola nunca foram fáceis (1999, p.90).
Segundo Sento-Sé,
A luta pela sigla do PTB tem, a partir de então, seus momentos mais
dramáticos, com algumas cenas pitorescas. Ela começara no início do ano,
quando a cisão entre o grupo de Brizola e de Ivete se transformou em
hostilidade aberta [...] Às 13 horas do dia 2 de fevereiro de 1980, assim que o
supremo abre suas portas, três deputados dão entrada no pedido formal do
registro do partido, apresentando todos os documentos necessários e a lista
dos componentes da Comissão Nacional Provisória do partido, inscrevendo
Leonel Brizola como o primeiro nome da mesma. Meia hora depois,
representantes do grupo de Ivete fazem o mesmo pedido, instaurando-se,
desse modo, uma luta judicial que se estenderia por quatro meses, ocupando
ao longo desse período espaço privilegiado entre os jornais (1999, p. 94).
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
CHACON, Vamireh. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus
programas. 2.ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985.