Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
PNEUMOLOGIA
Felipe Marques da Costa
TROMBOEMBOLISMO
PNEUMOLOGIA
PULMONAR
A tríade de Virchow é composta por estase venosa, lesão endotelial e estado de hipercoa-
gubilidade e aumenta consideravelmente a chance de um evento de TEV.
Paciente com dispneia súbita e dor pleurítica, devem ser avaliados quanto a possibilidade
de tromboembolismo pulmonar.
Paciente sem hipotensão arterial devem receber heparina na maioria das situações, en-
quanto paciente com hipotensão devem ser candidatos a trombólise.
VISÃO GERAL
FLASHCARDS
Tromboembolismo pulmonar agudo (TEP) é uma forma de trom-
boembolismo venoso (TEV) bastante frequente e potencialmente Qual a principal causa
fatal. A apresentação clínica é variável e por vezes inespecífica, potencialmente evi-
tável de morte intra-
tornando o diagnóstico desafiador. A avaliação de pacientes com
-hospitalar?
suspeita de TEP deve ser eficiente para que o diagnóstico e o tra-
tamento sejam rapidamente realizados, reduzindo, dessa forma, a Tromboembolismo
morbimortalidade relacionada ao evento. pulmonar.
EPIDEMIOLOGIA
156
Figura 1: Cascata de eventos na falência do ventrículo direito
FATORES DE RISCO
Congênitas Adquiridas
Deficiência de antitrombina Cirurgia, Trauma
Deficiência de proteína C Neoplasia
Deficiência de proteína S Imobilidade (> 3 dias)
Homozigose fator V de Leiden Gravidez
Mutação no gene da protrombina Evento tromboembólico prévio
Hiper-homocisteinemia Fratura, prótese de quadril e joelho
157
Outros fatores de risco: síndrome do anticorpo antifosfolípide (trombofilia adqui-
rida), doença cardiovascular, uso de anticoncepcional oral, terapia de reposição
hormonal, obesidade, viagem prolongada, idade avançada, exacerbação de DPOC.
Muitas vezes, há mais de um fator de risco concomitante.
As causas hereditárias mais frequentes de TEV são as mutações do gene do fator
V de Leiden e da protrombina, que respondem por 50 a 60% dos casos.
A mutação do fator V Leiden causa resistência para os efeitos anticoagulantes
da proteína C ativada. O estado heterozigoto parece aumentar a chance de TEV
durante a vida em 2-8 vezes, enquanto o risco entre homozigotos é estimado em
30-80 vezes, se comparado ao da população em geral.
Os principais fatores de risco adquiridos para TEV incluem tromboembolismo
prévio, cirurgia de grande porte, trauma, imobilização, anticorpos
antifosfolípides, malignidade, gravidez, contraceptivos orais e dis-
túrbios mieloproliferativos. FLASHCARDS
QUADRO CLÍNICO
158
DIAGNÓSTICO FLASHCARDS
ORIGINAL SIMPLIFICADO
TVP ou TEP prévias 1,5 pontos 1 ponto
FC > 100 bpm 1,5 pontos 1 ponto
Imobilização nas últimas
1,5 pontos 1 ponto
quatro semanas
Hemoptise 1 ponto 1 ponto
Neoplasia maligna ativa 1 ponto 1 ponto
Sinais clínicos de TVP 3 pontos 1 ponto
Diagnóstico alternativo menos
3 pontos 1 ponto
provável que TEP
PROBABILIDADE CLÍNICA
Baixa 0-1 ponto -
Intermediária 2-6 pontos -
Alta ≥ 7 pontos -
ORIGINAL SIMPLIFICADO
TVP ou TEP prévias 3 pontos 1 ponto
FC ≥ 95 bpm / 75-94 bpm 5 pontos/3 pontos 2 pontos/1 ponto
Cirurgia ou fratura nas últimas
2 pontos 1 ponto
quatro semanas
Hemoptise 2 pontos 1 ponto
Neoplasia maligna ativa 2 pontos 1 ponto
Dor uniateral em membro inferior 3 pontos 1 ponto
159
ORIGINAL SIMPLIFICADO
Dor à palpação profunda e edema
4 pontos 1 ponto
unilateral em membro inferior
Idade > 65 anos 1 ponto 1 ponto
PROBABILIDADE CLÍNICA
Baixa 0-3 pontos 0-1 ponto
Intermediária 4-10 pontos 2-4 pontos
Alta ≥ 11 pontos ≥ 5 pontos
Após a classificação dos pacientes, a estratégia a ser aplicada aqueles com pro-
babilidade clínica pré-teste baixa ou intermediária consiste na mensuração do
D-dímero (DD) que, uma vez acima do limite superior da normalidade, deverá ser
seguida de realização da angiotomografia computadorizada (angio-TC) de tórax,
na ausência de contraindicação ao método. Os pacientes com probabilidade clí-
nica pré-teste alta devem ser submetidos diretamente à angio-TC de tórax, pres-
cindindo da dosagem do DD.
160
Quadro 3: Algoritmo de investigação de tromboembolismo pulmonar
Baixa/Intermediária Alta
ou TEP improvável ou TEP provável
D - Dímero
Positivo
Negativo
Angio - TC Angio - TC
Nos casos não confirmados, mas com alta probabilidade clínica pré-teste e baixo
risco de sangramento, a anticoagulação empírica está indicada até a definição
diagnóstica.
161
EXAMES COMPLEMENTARES GERAIS
FLASHCARDS
RADIOGRAFIA DE TÓRAX
A radiografia de tórax
É essencial para avaliar diagnósticos diferenciais em pacientes normal exclui o diag-
com dispneia e dor torácica. Os achados encontrados são ines- nóstico?
pecíficos e podem estar ausentes em até 12% dos casos. Derrame
Não.
pleural (pequeno/moderado e exsudativo em sua maioria), atelec-
tasias laminares, sinais de oligoemia regional (sinal de Westmark),
opacidades pulmonares de base pleural (corcova de Hampton) e proeminência da
artéria pulmonar direita (sinal de Palla) podem ser observados.
162
ELETROCARDIOGRAMA
FLASHCARDS
Taquicardia sinusal é o achado mais encontrado. O padrão S1Q3T3,
apesar da baixa sensibilidade (10% dos pacientes), está presen- Qual é o achado mais
te nos casos mais graves. Importante ressaltar que essa alteração encontrado no ECG?
pode ser encontrada em outras situações relacionadas a cor pul-
monale agudo. Outros sinais de sobrecarga de câmaras direitas Taquicardia sinusal.
também podem estar presentes, como o desvio do eixo para a di-
reita, a onda P pulmonale e o bloqueio de ramo direito.
D-DÍMERO (DD)
163
tares. Em pacientes com alta probabilidade clínica, outros exames
serão necessários e não é recomendada a dosagem do DD, uma vez FLASHCARDS
que mesmo negativo não exclui com segurança o diagnóstico, e
seu resultado positivo, não contribui na investigação diagnóstica. D-dímero negativo em
paciente de baixo risco
exclui TEP?
BIOMARCADORES CARDÍACOS
Troponina I, BNP e NT pró-BNP, apesar de não serem úteis para o diagnóstico, pos-
suem importância durante investigação de etiologias diferenciais, além de apre-
sentarem correlação com pior prognóstico.
ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO
164
EXAMES COMPLEMENTARES DIAGNÓSTICOS
FLASHCARDS
ANGIOTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX
Qual é o exame pa-
Exame de escolha na investigação do TEP agudo, com alta sensibi- drão-ouro para o
lidade e especificidade (98% e 94% respectivamente). Os aparelhos diagnóstico de TEP?
com multidetectores contribuíram de forma significativa no diag-
Angiotomografia de
nóstico das lesões em artérias pulmonares segmentares e, espe-
tórax.
cialmente, em ramos subsegmentares.
165
ventrículo esquerdo, aumento do diâmetro do tronco e das artérias pulmonares
e o refluxo de contraste para o leito hepático podem estar presentes, sugerindo
disfunção ventricular direita.
Nem sempre!
166
Figura 6: Cintilografia pulmonar demonstrando áreas de “mismatching” em ambos os pulmões
FLASHCARDS
Em pacientes com radiografia de tórax normal, pode-se realizar so-
mente a cintilografia de perfusão, reduzindo a exposição do pa- Quando devemos so-
licitar a cintilografia
ciente a energia ionizante. A interpretação da cintilografia V/Q para pulmonar de inala-
a probabilidade de TEP aguda pode ser classificada em: normal ção-perfusão?
(exclui a possibilidade de TEP), inconclusiva (probabilidade inter-
mediária ou baixa) e alta probabilidade (confirma o diagnóstico de Na impossibilidade de
se realizar angio-TC.
167
TEP). Nos casos inconclusivos, é necessário prosseguir com a in-
vestigação. FLASHCARDS
É indicada na impossibilidade de se realizar angio-TC, particular-
A US com doppler
mente nos pacientes com história de anafilaxia ou alergia grave ao
venoso de MMII deve
contraste ou insuficiência renal. ser o primeiro exame
na investigação de
gestantes com suspei-
ULTRASSONOGRAFIA COM DOPPLER VENOSO DE MEMBROS INFERIORES (US) ta de TEP?
Correto.
Apresenta boa sensibilidade e especificidade nos pacientes com
sinais e sintomas de TVP. Nos casos em que o DD for positivo, a
US poderá ser realizada como segundo passo da estratégia diagnóstica, caso o
paciente não apresente condições de realizar a angio-TC de tórax. Se positivo, in-
terrompe-se a investigação e institui-se o tratamento específico. Este deve ser o
primeiro exame na investigação de gestantes com suspeita de TEP.
168
ANGIORESSONÂNCIA MAGNÉTICA
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO:
FLASHCARDS
Uma vez diagnosticados, a repercussão do insulto vascular e poste-
riormente cardíaco devem ser estratificados a partir de dados clíni- Quais exames devem
cos, laboratoriais e ecocardiográficos. A partir disso, a mortalidade ser solicitados nos pa-
em trinta dias pode ser determinada, além do local e modalidade cientes derisco inter-
mediário e alto?
de tratamento. O índice de gravidade da embolia pulmonar (PESI –
Pulmonary Embolism Severity Index) ou a sua versão simplificada Biomarcadores (BNP e
apresentam a mesma acurácia prognóstica, devendo ser aplicada troponina) e ecocardio-
em todos os pacientes com diagnóstico de TEP. grama transtorácico.
169
Critério original Critério simplificado
Classe I: ≤ 65 pontos 0 pontos
Muito Baixo risco de Mortalidade Baixo risco de Mortalidade
Classe II: 66-85 pontos
Baixo risco de Mortalidade
Classe III: 86 – 105 pontos ≥1 ponto (s) : Risco de mortalidade
Mod Risco de Mortalidade Aumentado
Classe IV: 106 – 125 pontos
Alto risco de Mortalidade
Classe V: >125 pontos
Muito Alto risco de Mortalidade
Fonte: European Heart Journal (2014) 35, 3033–3080.
Ecocardiograma
Troponina/BNP)
Ambos + 1+ ou Ambos -
Intermediário alto Intermediário baixo
Anticoagulação
Considerar alta
precoce
Fonte: Adaptado de European Heart Journal (2014) 35, 3033–3080.
170
Paciente com TEP e hipotensão são estratificados como alto risco devido a morta-
lidade elevada em trinta dias.
Achados relacionados a pior prognóstico: FC > 110, PA sistólica < 100 mmHg, comor-
bidade pulmonar e neoplasia.
TRATAMENTO
ABORDAGEM INICIAL
171
preferível nos casos com alto risco de sangramento devido à dis-
ponibilidade de antídoto (protamina) e menor meia-vida. Em pa- FLASHCARDS
cientes com risco intermediário-alto ou com clearance de creatini-
na < 30 mL/min a HNF é o anticoagulante de escolha. Qual a droga mais
utilizada no TEP sem
Fondaparinux: inibidor do fator Xa, apresenta eficácia e seguran- hipotensão?
ça semelhantes à HBPM. Não deve ser administrado em pacientes
com ClCr inferior a 30 mL/min e naqueles com ClCr entre 30 e 50 Heparina.
mL/min a dose precisa ser reduzida em 50%.
Apixabana e rivaroxabana: pertencem a classe dos novos anticoagulantes orais
(NOACs), atuando como inibidores do fator Xa. Esses agentes anticoagulantes têm
várias vantagens sobre os antagonistas da vitamina K (AVKs), incluindo um rápido
início de ação e perfil farmacocinético previsível, que permitem a administração
simplificada de medicamentos em uma dose padronizada e evitam a necessida-
de de monitoramento laboratorial para ajustes de dose. Devem ser evitados em
pacientes com disfunção renal grave. Atualmente já existem antagonistas para os
NOACs.
Varfarina: inibidor da vitamina K, deve ser administrada na dose inicial de 5 a 10
mg/dia, sendo a primeira tomada nas primeiras 24 horas do evento agudo, simul-
taneamente ao uso da HNF ou HBPM. O seu pico de ação ocorre em 36 a 72 horas,
portanto a titulação da dose sequencial deve ocorrer a partir do terceiro dia de
uso, objetivando manter a relação de normatização internacional do tempo de
protrombina (RNI) entre 2,0-3,0. A heparina (HNF ou HBPM) deve ser mantida si-
multaneamente com a varfarina por pelo menos cinco dias e após dois dias con-
secutivos com RNI adequado. O potencial de interação com inúmeros fármacos
leva a necessidade de maior vigilância.
Medicamento Dose
HBPM Enoxaparina: 1 mg/kg SC 12/12h ou 1,5 mg/Kg/dia SC.
80 UI/kg (bolus IV), seguido de 18UI/kg/h IV. Controle com TTPa a cada 4-6
HNF
horas para 1,5 a 2x o limite superior da normalidade.
Foundaparinax < 50 kg: 5 mg/dia SC; 51-100 kg: 7,5 mg/dia SC; > 100 kg: 10mg/dia SC.
172
Medicamento Dose
173
Tabela 3: Fibrinolíticos e respectivas doses
Agente Dose
Uroquinase 4400 U/kg, mais 4400U/kg/h por 24 h
Estreptoquinase 250000U UI em bolus, mais 100000 UI/h por 24 h
Tenecteplase 30-50 mg em bolus, ajustado por peso (5 mg a cada 10 kg, de
<60 até > 90 kg
EXTENSÃO DO TRATAMENTO
174
a anticoagulação é recomendada por apenas três meses, já que o
risco de sangramento do tratamento estendido supera o risco de FLASHCARDS
recorrência de novo TEP.
Qual o tempo mínimo
Em pacientes portadores de câncer (alto risco de recorrência, 15% de anticoagulação
ao ano), a terapia deve ser mantida até que a neoplasia seja curada. após um episódio de
No paciente sem fator de risco identificável para o TEV, o evento é TEP?
classificado como não provocado. Um primeiro episódio não pro- 3 meses .
vocado apresenta um alto risco de recorrência (10% após um ano
e 30% em cinco anos). Logo, os pacientes devem receber terapia prolongada, a
menos que o risco de sangramento seja alto. O risco de recorrência em homens é
o dobro quando comparado as mulheres.
Todo paciente após um episódio de TEP deve ser anticoagulado por no mínimo
três meses, mesmo naqueles com alto risco de sangramento.
Os pacientes com TEP não provocado devem receber tratamento prolongado, ex-
ceto aqueles com alto risco de sangramento.
A terapia prolongada com NOACs é superior ao AVKs ou aspirina em baixas doses
em pacientes sem câncer. Em comparação com AVKs, a dabigatrana e a edoxabana
são tão eficazes e estão associadas a um menor risco de sangramento maior.
Atualmente, há evidências insuficientes para apoiar o uso de NOACs em pacien-
tes com comprometimento renal significativo, síndrome antifosfolipide, trombo-
citopenia induzida por heparina, câncer ou trombose venosa em sítios incomuns
(trombose venosa esplâncnica).
175
Em pacientes com contraindicação absoluta para anticoagulação ou recorrência
da TEP na vigência de anticoagulação adequada, deve-se considerar o uso de fil-
tro de veia cava inferior.
SITUAÇÕES ESPECIAIS
176
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
177
PNEUMOLOGIA
DPOC EXACERBADA
DEFINIÇÃO
Piora da dispneia
FISIOPATOLOGIA
FLASHCARDS
ETIOLOGIA Qual a principal causa
de exacerbação de
O primeiro passo durante a exacerbação é identificar a causa en- DPOC?
volvida para, então, tratá-la.
Processo infeccioso
As causas mais frequentes de exacerbação são infecções respira- viral.
tórias, mudanças climáticas, exposições à fumaças e não aderência
ao tratamento.
As exacerbações infecciosas têm como agente viral mais comum FLASHCARDS
o rinovírus, porém também ocorrem devido ao influenza, parain-
fluenza, adenovírus, coronavírus e vírus sincicial respiratório. Exa- Quais as bactérias
cerbações de causas virais tendem a ser sazonais (prevalente no mais relacionadas à
exacerbação da DPOC?
inverno) e mais graves.
As exacerbações bacterianas são mais comumente relacionadas Streptococcus pneu-
a Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxe- moniae, Haemophilus
influenzae , Moraxela
la catarrhalis. Pseudomonas aeruginosa é frequente em pacientes catarrhalis.
mais graves (VEF1 ≤ 50%) ou com uso recente de antibióticos. Outros
microrganismos também podem estar envolvidos como Chlamydia
pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae. As exacerbações bacte-
rianas apresentam maior volume de expectoração e purulência do FLASHCARDS
escarro.
Pneumonia é sinônimo
de DPOC exacerbada?
Não.
76
Na DPOC exacerbada, os sintomas duram em média de sete a dez dias, porém
cerca de 20% dos pacientes podem não retornar aos seus sintomas basais após
a oitava semana do início do tratamento. Assim, é bem estabelecido que uma
exacerbação pode contribuir para progressão da doença, bem como, aumentar a
susceptibilidade do paciente para um novo evento.
Outros fatores associados com a elevação do risco de exacerbações agudas ou
graves são: exacerbação prévia (principal fator de risco), doença do refluxo gas-
troesofágico, idade avançada, função pulmonar comprometida, aumento da ra-
zão entre o diâmetro da artéria pulmonar e a aorta (razão > 1), grande porcenta-
gem de enfisema ou espessamento das vias aéreas mensurados pela TC de tórax
e presença de bronquite crônica.
Situações que podem mimetizar uma exacerbação aguda são: pneumonia, trom-
boembolismo pulmonar, pneumotórax, isquemia cardíaca, arritmia e descompen-
sação da insuficiência cardíaca. Para essas situações, deve-se tratar a doença as-
sociada para melhora clínica.
77
Tabela 2: Indicações de admissão hospitalar e internação em terapia intensiva
TRATAMENTO
Mais de 80% das exacerbações são tratadas em nível ambulatorial com ajuste das
medidas farmacológicas, incluindo broncodilatadores, corticosteroides e antibi-
óticos.
OXIGENOTERAPIA
FLASHCARDS
Titular a oferta de oxigênio com meta de saturação periférica de
Alteração do nível de
oxigênio entre 88 e 92%. Na suspeita de retenção crônica de CO2,
consciência é con-
os pacientes devem receber oxigênio suplementar com cautela de- traindicação para o
vido ao risco de piora do quadro de hipercapnia seguida de rebai- uso de VNI?
xamento do nível de consciência por carbonarcose.
Sim, na maioria das
A máscara de Venturi oferece uma titulação de oxigênio mais pre- situações.
cisa que o cateter nasal.
78
VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA (VNI)
Deve ser tentada antes da ventilação invasiva em paciente com insuficiência res-
piratória aguda devido a exacerbação da DPOC, desde que não apresente con-
traindicações. Sua taxa de sucesso é de cerca de 80%.
A VNI melhora a oxigenação e a acidose respiratória, reduzindo o trabalho respira-
tório e a chance de intubação, diminuindo o tempo de internação e com impacto
em melhora da sobrevida.
79
A Diretriz Brasileira de Ventilação Mecânica 2013 não contraindica o uso de VNI nos
pacientes com rebaixamento de nível de consciência decorrente de acidose hiper-
cápnica em portadores de DPOC. O objetivo da ventilação mecânica no paciente
com exacerbação grave é promover o repouso da musculatura respiratória, me-
lhorar os distúrbios agudos da troca gasosa, reduzir a hiperinsuflação pulmonar e
otimizar a sincronia paciente-ventilador.
FLASHCARDS
FISIOTERAPIA Quais são as indica-
ções de VNI na exacer-
Fisioterapia respiratória para reabilitação deve ser indicada para bação de DPOC?
todos os pacientes internados por exacerbação.
pH < 7,35 e pCO2 >
45 mmHg, Dispneia
grave, Hipoxemia per-
sistente.
80
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
BRONCODILATADORES
METILXANTINAS
Não devem ser utilizadas para o tratamento das exacerbações, pois só aumentam
o risco de efeitos colaterais associados, sem grandes benefícios respiratórios.
CORTICOIDE SISTÊMICO
81
Não há diferença de eficácia em comparação de corticoide oral e endovenoso. Se
os pacientes apresentarem condições clínicas de deglutição, pode-se optar pela
via oral com prednisona ou prednisolona 40 mg/dia (dose única diária ou dividir
em duas tomadas) por cinco dias.
Para pacientes mais graves, que estejam sob VNI ou VM, ou que apresentem difi-
culdade para deglutir, devemos administrar corticoide venoso. A opção é de me-
tilprednisolona na dose de 0,5 a 1 mg/kg/dia dividida em duas ou três doses ao
dia, podendo ser utilizado por um período maior que cinco dias.
Os glicocorticoides podem ser menos eficazes no tratamento de exacerbações
agudas da DPOC em pacientes com níveis mais baixos de eosinófilos no sangue.
ANTIBIÓTICOS
82
e/ou uso de antibiótico nos últimos três meses) ou confirmados de infecção por
Gram-negativos, incluindo Pseudomonas sp., é preferível o uso de drogas anti-
-pseudomonas (piperacilina-tazobactam ou cefepima) ou carbapenêmicos endo-
venosas.
Em pacientes com exacerbações frequentes, limitação acentuada ao fluxo aéreo,
e/ou necessidade de ventilação mecânica (invasiva ou não invasiva), a cultura do
escarro ou outros materiais pulmonares devem ser coletados, para avaliação da
presença de bactérias Gram-negativas ou de patógenos resistentes aos antimi-
crobianos comumente prescritos.
FLASHCARDS
PROGNÓSTICO
Quais são os fatores
O prognóstico a longo prazo após internação por exacerbação da associados a mau
DPOC é pobre, com mortalidade em cinco anos em cerca de 50%. prognóstico da DPOC?
83
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
84
PNEUMOLOGIA DPOC ESTÁVEL
DEFINIÇÃO
FATORES DE RISCO
Deficiência de alfa-1
antitripsina.
56
Tabela 1: Fatores de risco para DPOC
FISIOPATOLOGIA
A dispneia durante o exercício no paciente com DPOC pode ser explicada pela hi-
perinsuflação dinâmica.
Pacientes com DPOC têm maior risco de osteoporose, depressão, doenças cardio-
vasculares, neoplasia pulmonar e doença do refluxo gastroesofágico.
QUADRO CLÍNICO
Nas fases iniciais o paciente pode apresentar apenas tosse e expectoração crô-
nicas. Com a progressão da doença surge dispneia de caráter progressivo, inicial-
57
mente aos grandes esforços (subir ladeira ou escada), posteriormente, aos médios
(trocar de roupa, tomar banho, caminhar no plano) e pequenos (higiene pessoal,
caminhar dentro de casa, alimentar-se). Habitualmente, a dispneia surge depois
da tosse e expectoração. Por apresentarem frequentemente mais de quarenta
anos e serem sedentários, o cansaço é atribuído à idade ou ao sedentarismo pelo
próprio paciente, que não procura auxílio médico. A dispneia mantém o estilo de
vida sedentário (pois não tolera esforços) do paciente, reduzindo a capacidade
física, a realização das atividades diárias e chegando, em casos muito graves, a
restringir o paciente ao leito.
Embora seja uma parte importante do atendimento ao paciente, o exame físi-
co raramente auxilia no diagnóstico da DPOC apresentando baixa sensibilidade
e especificidade. Os achados de limitação do fluxo aéreo geralmente não estão
presentes até que um comprometimento significativo da função pulmonar tenha
ocorrido.
Baqueteamento digital não é um sinal de DPOC, sendo o seu achado neste grupo
de paciente mais sugestivo de neoplasia pulmonar.
DIAGNÓSTICO
Em pacientes com extensas áreas de enfisema, ocorre caracteristi- Qual é o achado carac-
terístico da DPOC na
camente, aumento da capacidade pulmonar total (CPT).
espirometria?
58
EXAMES COMPLEMENTARES
Exames de imagem como radiografia de tórax e tomografia de tórax não têm a fi-
nalidade de fazer o diagnóstico de DPOC, mas, sim, o objetivo de excluir outras
doenças como bronquiectasias, câncer de pulmão e cardiopatias. Nas fases iniciais,
a radiografia de tórax pode ser normal ou com pequenas alterações de aumento
da trama broncovascular. Nos casos mais avançados e com enfisema, a radiogra-
fia de tórax pode demonstrar retificação das cúpulas diafragmáticas, aumento do
diâmetro anteroposterior do tórax, aumento dos espaços intercostais e do espaço
retroesternal (> 2,5 cm), afilamento mediastinal e redução da vasculatura pulmonar.
(figura 1).
A tomografia de tórax pode demonstrar redução da atenuação pulmonar e do
diâmetro dos vasos pulmonares nas áreas acometidas por enfisema, espessa-
mento das paredes das vias aéreas, áreas de enfisema centrolobular, parassep-
tal ou panlobular (figura 2).
59
Figura 2: Tomografia computadorizada de tórax revelando áreas de
baixa atenuação compatíveis com enfisema centrolobular
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
60
Tabela 2: Diferenças entre asma e DPOC
ESTADIAMENTO
De acordo com a Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva (GOLD), a ava-
liação inicial utiliza o VEF1 como marcador de gravidade da obstrução da via aérea
(figura 3).
61
Gravidade Valor de VEF1 (% do previsto)
GOLD 4 Muito grave < 30%
Fonte: Adaptado do Global Strategy for the Diagnosis Management, and Prevention of Chronic Obs-
tructive Pulmonary Disease (GOLD) 2019.
mMRC 2 Caminha mais devagar que pessoas da mesma idade ou quando anda no plano em
seu próprio ritmo tem que interromper a marcha para respirar
mMRC 3 Interrompe a marcha após cerca de 100 metros ou após andar poucos minutos
no plano
mMRC 4 Dispneia que impede a saída de casa ou vestir-se
Fonte: Adaptado do Global Strategy for the Diagnosis Management, and Prevention of Chronic Obs-
tructive Pulmonary Disease (GOLD) 2019.
62
Figura 3: Classificação da DPOC de acordo com o Documento GOLD, 2018
(C) (D)
(História de exacerbação)
>2
Risco
1
(A) (B)
0
Fonte: Adaptado do Global Strategy for the Diagnosis Management, and Prevention of Chronic Obs-
tructive Pulmonary Disease (GOLD) 2019.
Fonte: Adaptado do Global Strategy for the Diagnosis Management, and Prevention of Chronic Obs-
tructive Pulmonary Disease (GOLD) 2019.
63
TRATAMENTO
ATIVIDADE FÍSICA
Atividade física regular (mínimo trinta minutos, quatro vezes por semana) está
indicada para todos os estágios desde o momento do diagnóstico.
REABILITAÇÃO PULMONAR
CESSAÇÃO DO TABAGISMO
64
VACINAÇÃO
FLASHCARDS
Vacinação anti-influenza é recomendada anualmente para todos
os pacientes com DPOC. A vacina antipneumocócica polissacarí- Quais medidas poten-
dica está indicada nos pacientes com mais de 50 anos e um único cialmente reduzem
reforço após os 65 anos. A vacina pneumocócica conjugada 13-va- mortalidade em pa-
cientes com DPOC?
lente não necessita desse reforço.
Interrupção do tabagis-
mo e oxigenioterapia.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Influenza e Pneumo-
BRONCODILATADORES cócica.
65
Os anticolinérgicos de longa duração (em inglês, Long-acting Muscarinic Antago-
nist – LAMA) tem como representantes o tiotrópio, umeclidínio e o glicopirrônio.
São administrados a cada 24 horas, podendo ser utilizados isoladamente, ou em
associação com LABA ou ultra-LABA. Também promovem melhora da dispneia e
da capacidade física dos pacientes, além de reduzirem a frequência de exacerba-
ções.
XANTINAS
CORTICOIDE INALATÓRIO
Os corticoides inalatórios (CI) nunca devem ser utilizados de forma isolada e como
única forma de tratamento do paciente com DPOC. Sua utilização sempre deve ser
em conjunto com o LABA. Estão indicados para os pacientes com exacerbações
frequentes e/ou pacientes com história de sobreposição de asma.
INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE
MACROLÍDEOS
O macrolídeo pode ser utilizado pelo seu efeito imunomodulador e não pelo efei-
to antibiótico. Estudos mais recentes demonstraram o benefício da azitromicina,
66
indicada para pacientes que continuam exacerbando mesmo com terapia inala-
tória tripla (pacientes do grupo C e D). A seleção dos pacientes deve ser criteriosa
devido a seus eventos adversos como perda auditiva, seleção e resistência bacte-
riana aos macrolídeos e arritmias cardíacas.
ANTIOXIDANTE
Glicopirrônio/
Pó inalatório: Breezhaler 110/50 mcg uma vez ao dia
Indacaterol
LAMA + LABA
Umeclidínio/
Pó inalatório: Ellipta 62,5/25 mcg uma vez ao dia
Vilanterol
Pó inalatório: Aerocaps, Aerolizer,
6/200 a 12/400 mcg a cada
Formoterol/ Budesonida Turbuhaler
12h
Inalador dosimetrado
Formoterol/ beclome- Pó inalatório:Nexthaler 6/200 a 12/400 mcg a cada
CI + LABA tasona Inalador dosimetrado 12h
Salmeterol/ propiona- Pó inalatório: Diskus 50/250 a 50/500 mcg a cada
to de fluticasona Inalador dosimetrado 12h
Vilanterol/ propionato
Pó inalatório: Ellipta 25/100 mcg a cada 24h
de fluticasona
Fonte: Adaptado do Global Strategy for the Diagnosis Management, and Prevention of Chronic Obs-
tructive Pulmonary Disease (GOLD) 2019.
67
ESCOLHA DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Para os pacientes com dispneia persistente (mMRC > 2) e não exacerbadores (gru-
po B) escolhe-se um broncodilatador de longa ação, seja LABA ou LAMA (figura 6).
Não existe diferença entre as duas classes no alívio da dispneia e a escolha deve
ser baseada na experiência do médico, o melhor custo-benefício e o dispositivo
adequado ao paciente. Se os pacientes não apresentarem a resposta desejada,
associa-se as duas classes de broncodilatadores (LABA + LAMA).
68
Figura 6: Tratamento dos pacientes do grupo GOLD B
Para os pacientes com pouca dispneia, mas com histórico de exacerbações no ano
anterior (grupo C) pode-se optar pelo LAMA isolado ou pela associação de LABA
com o CI (LABA/CI). Se não apresentar a melhora desejada pode-se trocar para
LAMA + LABA ou associar a terapia tripla com LAMA + LABA + CI (figura 7).
69
Figura 7: Tratamento dos pacientes do grupo GOLD C
70
Figura 8: Tratamento dos pacientes do grupo GOLD D
TRATAMENTO CIRÚRGICO
BULECTOMIA
71
TRANSPLANTE PULMONAR
72
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
SCAN
73
EXTENSIVO
ENDOCRINOLOGIA
Bernardo Campanário Precht
Alexandre Barbosa Câmara de Souza
TIREOIDE
ENDOCRINOLOGIA
CONCEITOS BÁSICOS APLICADOS NA CLÍNICA
O folículo tireoidiano capta o iodo advindo da dieta e, através da ação da enzima tireopero-
xidase (TPO), promove a união do iodo oxidado a uma molécula denominada tireoglobulina
(Tg), formando a MIT (monoiodotirosina) e a DIT (diiodotirosinas) e, por sua vez, os hormô-
nios tireoidianos (T4 = DIT + DIT; T3 = MIT + DIT).
ANATOMIA E HISTOLOGIA
270
FISIOLOGIA
A produção dos hormônios tireoidianos passa por quatro etapas (figura 2):
CAPTAÇÃO DO IODO
271
OXIDAÇÃO DO IODO
ORGANIFICAÇÃO
Também mediado pela TPO, nessa etapa o iodo oxidado é ligado a tireoglobulina
(Tg), formando as: MIT (monoiodotirosinas) e as DIT (diiodotirosinas).
ACOPLAMENTO
Novamente sob ação da TPO, moléculas de MIT e DIT são agrupadas formando os
hormônios tireoidianos: tetraiodotironina (T4 ou tiroxina) – na junção de duas DIT,
e a triiodotironina (T3), formada pela junção de uma MIT com uma DIT.
272
Tabela 1: Ação das deiodinases
Deiodinase Função
Conversão sistêmica de T4 em T3 à ativa o hormônio para realizar sua função.
1
(presente na tireoide, rim e fígado)
Conversão central de T4 em T3, responsável pelo feedback negativo. (presente na
2
tireoide e hipófise)
3 Inativa do T4 e T3 em T3 reverso (rT3) (presente na placenta e SNC)
Assim como maior parte das glândulas endócrinas do nosso organismo, a tireoide
é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise (figura 3).
273
O hipotálamo é responsável pela produção do TRH (hormônio liberador da tireo-
trofina), que atua na adeno-hipófise (hipófise anterior) e estimula a secreção de
hormônio tireoestimulante (TSH) pelos tireotrofos.
O TSH estimula todas as etapas de síntese dos hormônios tireoidianos:
• Captação do iodo pelo NIS;
• Transporte pela pendrina;
• Aumento da síntese e função da TPO, promovendo oxidação, organificação e
síntese;
• Estimula liberação dos hormônios tireoidianos para o sangue e a conversão
periférica de T4 para T3 pelas deiodinases;
• Aumenta a vascularização da glândula e promove mitogênese.
274
• Efeito Wolff-Chaikoff: ocorre se a tireoide já tem uma lesão
FLASHCARDS
prévia (ex.: tireoidite autoimune, bócios, deficiência crônica
de iodo…), nesses casos a tireoide não suporta a alta carga do O que é o efeito Wolff-
substrato e ocorre bloqueio da organificação de iodo, levando -Chaikoff?
ao hipotireoidismo.
Bloqueio da organifica-
ção de iodo, induzido por
alta carga de iodo, levan-
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO TIREOIDIANA do ao hipotireoidismo.
O exame mais importante para avaliar alterações primárias (da própria glându-
la) da função tireoidiana é o TSH, já que ele está alterado mesmo em alterações
subclínicas (tabela 2). Já quando avaliamos os distúrbios secundários (muito mais
raros), o valor T4 livre é mais importante.
Tabela 3: situações que alteram a concentração das formas totais dos hormônios tireoidianos no
paciente EUTIREOIDEO.
Hipertiroxinemia
Gravidez, hepatite, porfiria, drogas (estrogênio, tamo-
Aumento de TBG
xifeno, raloxifeno)
275
Hipertiroxinemia
Aumento de ligação do T4 com albumina Hipertiroxinemia disalbuminemica familiar
Aumento de ligação do T4 com transtiretina Tumores neuroendócrinos de pâncreas
Hipotiroxinemia
Anticonvulsivantes e rifampicina (situação mais
Aumento do metabolismo do T4
cobrada em provas)
Hepatopatia grave e andrógenos (situação contrária
Redução da síntese de TBG
a do uso de estrógenos)
Aumento do clearence de TBG Síndrome nefrótica e enteropatia perdedora de sal
Redução da ligação à TBG Salicilatos, furosemida e fenitoina
Um outro fator interferente que tem tido bastante evidência nos últimos anos é a
biotina (vitamina B7 ou H), utilizada em algumas fórmulas para melhora do cabelo
e unha, que altera o ensaio laboratorial, gerando um TSH baixo, T4 livre alto e até
anti-Trab positivo, parecendo que o paciente está em hipertireoidismo. Portanto,
recomenda-se suspender essa medicação 3 ou mais dias antes dos exames labo-
ratoriais.
276
SEGUNDA FASE (AGRAVAMENTO E/OU CRONIFICAÇÃO DA DOENÇA)
277
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
278
TIREOIDE
ENDOCRINOLOGIA HIPOTIREOIDISMO E BÓCIO ATÓXICO
As causas secundárias cursam com diminuição tanto do TSH quanto do T4 livre, devendo-se
investigar possível causa central com RNM de crânio.
O tratamento se faz com levotiroxina. Nos casos em que o hipotireoidismo for subclínico
pode-se ou não tratar, devendo fazê-lo quando paciente for sintomático, TSH > 10 mUI/ℓ,
gravidez ou no desejo de engravidar e quando os títulos de anti-TPO forem altos.
INTRODUÇÃO
Sexo feminino
Idosos
História familiar de doença tireoidiana
Presença de alguma outra doença autoimune, passado pessoal de tireoidite ou anticorpos contra tecido
tireoidiano
Hepatite C
Síndrome de Down e Síndrome de Turner
Dieta pobre em iodo
Presença de bócio
Fonte: Adaptado UpToDate
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Podemos entender melhor os sinais e sintomas do hipotireoidismo compreen-
dendo o mecanismo de suas manifestações, como mostrado na tabela 2.
Redução do metabolismo
Astenia, sonolência, intolerância ao frio, queda de
Sintomas cabelos e pelos, obstipação intestinal, ganho ponde-
ral e perda de apetite
Extremidades frias, alopecia difusa, bradicardia e
Sinais
redução dos reflexos
Acúmulo de glicosaminoglicanos
Pele seca, redução da audição, parestesia e voz
Sintomas
rouca
Pele espessa e áspera, edema em face, mãos e pés
(mixedema), edema de membros inferiores, sín-
Sinais
drome do túnel do carpo e derrames cavitários de
serosa (transudato pleural e pericárdico).
Fonte: Adaptado UpToDate
280
Figura 1: Sinais e sintomas do hipotireoidismo
281
ainda terem parte do hormônio tireoidiano materno, após alguns
dias observamos icterícia prolongada, atraso no fechamento das FLASHCARDS
fontanelas, dificuldade de se alimentar e letargia. Por isso, para o
diagnóstico precoce, é fundamental o teste do pezinho. Qual a característica
do derrame pleural no
A manifestação que mais chama atenção na infância é a desacele- hipotireoidismo?
ração do crescimento com maturação óssea retardada.
Transudato.
O bócio pode ocorrer em até 80% dos pacientes, devido ao estímu-
lo do TSH no tecido tireoidiano. Mas uma parte dos pacientes além
de não ter o bócio, tem atrofia da tireoide, devido à destruição
mediada por anticorpos.
FLASHCARDS
Além dos achados relacionados a redução da função, existem ma-
nifestações clínicas associadas à autoimunidade da tireoidite de Como estão os refle-
Hashimoto, as principais são: xos periféricos em
pacientes com tireoidi-
• Encefalopatia de Hashimoto, que pode ocorrer em portadores do te de Hashimoto?
anti-TPO e leva à mioclonia, confusão mental e coma. No EEG tem
ondas lentas e o tratamento é feito com corticoterapia em doses Reduzidos.
altas.
• Linfoma de tireoide, que também é muito raro, mas tem risco
aumentado na tireoidite de Hashimoto.
ALTERAÇÕES LABORATORIAIS
282
• Aumento de enzimas musculares (creatinofosfoquinase [CPK] e
aldolase). FLASHCARDS
DIAGNÓSTICO FLASHCARDS
Anemia normocítica
ou macrocítica.
Tabela 3: Diagnósticos sindrômicos
TSH T4L e T3
Hipotireoidismo clínico primário Alto Baixos
Hipotireoidismo subclínico pri-
Alto Normais
mário
Hipotireoidismo central Baixo ou inapropriadamente
Baixos
(secundária/terciário) normal
Fonte: Adaptado UpToDate
283
Chamamos de primária quando ocorre redução da liberação dos
hormônios tireoidianos devido a alterações primárias da tireoide, FLASHCARDS
nestes casos, há aumento do TSH na tentativa de estimular mais a
Paciente com TSH <
tireoide e compensar o déficit hormonal. Chamamos de secundá-
0,01 mcU/L e T4 livre
rio quando essa alteração é decorrente de alterações hipofisárias. < 0,1 ng/ml, qual a
Há ainda o terciário, que o hipotireoidismo é decorrente de alte- próxima conduta?
rações hipotalâmicas (figura 2).
Ressonância magnéti-
Figura 2: Alterações do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide ca de sela turca.
Por mais estranho que pareça, o termo subclínico se refere aos FLASHCARDS
achados laboratoriais, independentemente do paciente ter ou não
sinais e sintomas. Qual o exame mais
sensível para diagnós-
tico do hipotireoidismo
primário?
RASTREAMENTO DE HIPOTIREOIDISMO
TSH aumentado.
O rastreamento de hipotireoidismo é considerado em pacientes
assintomáticos sob risco de apresentar ou desenvolver a doença.
É realizado através da mensuração do TSH, e deve ser feito em todo paciente
com bócio, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 1, tireoidite pós-parto, doenças
284
autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, vitiligo, entre outras),
pacientes com Síndrome de Down ou Turner, pacientes antes e du-
FLASHCARDS
rante o uso de amiodarona, lítio e interferon, pacientes que foram
submetidos a irradiação de cabeça e pescoço, e após tratamento Qual a principal causa
de tireotoxicose. de hipotireoidismo?
Tiroidite de Hashimoto.
ETIOLOGIA
285
nha” dessa síndrome é que os receptores cardíacos não sofrem resistência, desse
modo o aumento hormonal acarretará aumento da frequência cardíaca.
Resumimos as principais etiologias na tabela 4 (mais adiante discutiremos a abor-
dagem sistemática para investigação etiológica).
HIpotireoidismo primário
Autoimune (tireoidite de Hashimoto)
Latrogênica – tratamento de hipertireoidismo (se-
gunda causa mais frequente na atualidade), radiote-
rapia cervical
Destruição do tecido tireoidiano
Processo infiltrativo – hemocromatose, amiloidose,
tireoidite fibrosante de Riedel
Agenesia congênita
Tireoidite subaguda (transitório)
Deficiência de iodo (bócio endêmico)
Drogas com tionamidas, também as com grande
quantidade de iodo em sua formulação (como amio-
darona e meio de contraste – explicado pelo efeito
Wolff–Chaikoff - capítulo Conceitos fisiológicos apli-
Distúrbios da síntese hormonal cados na clínica) e lítio, tionamidas (antitireoidianos)
e IFN-alfa;
Erros inatos de síntese
Disgenesia da glândula (agenesia, hipoplasia, ectopia).
Passagem de anticorpos maternos (anti-trab
bloqueador)
HIpotireoidismo secundário
Tumor hipofisário, necrose pós-parto (Síndrome
de Sheehan), radioterapia de sela túrcica, cirurgia
hipofisária, doenças de depósito, doenças granulo-
Hipofisário matosas, metástases, doenças autoimunes ou infla-
matórias, infecções ou medicamentos que causam
inibição do TSH (corticoides em dose alta, análogos
de somatostatina).
Tomoral (glioma, germinoma ou linfoma), radiotera-
Hipotalâmico
pia, sarcoidose, vasculite.
Fonte: Adaptado UpToDate
286
TRATAMENTO
HIPOTIREOIDISMO CLÍNICO
Idade Dose
1 a 3 anos 4 a 6 mcg/Kg/dia
3 a 10 anos 3 a 5 mcg/Kg/dia
10 a 16 anos 2 a 4 mcg/Kg/dia
> 17 anos 1,6 mcg/Kg/dia
Fonte: Adaptado UpToDate
Já que a meia-vida do LT4 é de oito dias, porque não fazer dose única semanal?
Existem alguns motivos para isso. Primeiro não é interessante aguardar o nível
hormonal cair pela metade para fazer outra dose, e outro ponto é que a medi-
cação faz um pico sérico poucas horas após a absorção, que, inclusive, pode ser
sintomático, assim é mais seguro fazer doses menores diárias do que uma mega
dose semanal. Esse pico sérico da medicação é o motivo da orientação para que
no dia do exame laboratorial o paciente só use o hormônio após a coleta, pois o
pico pode levar a um aumento do T4 livre.
287
Geralmente, em adultos jovens, com menos de sessenta anos, iniciamos o trata-
mento com a dose plena diária de LT4. Em pacientes acima de sessenta anos, sem
doença coronariana conhecida, deve-se iniciar doses menores, de até 50 μg de LT4
ao dia, com aumento gradual da dose a cada sete dias. No caso de pacientes idosos
(> 60 anos), coronariopatas ou com hipotireoidismo grave e de longa duração, esse
início de tratamento deve ser ainda mais lento, com introdução de apenas 12,5 a 25
μg/dia, com aumento gradual de dose a cada quinze dias.
HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO
TSH ≥ 7 Tratar
< 70 anos
Tratar se
TSH < 7
sintomas
Idade
Tratar se
TSH ≥ 7
sintomas
> 70 anos
TSH < 7 Não tratar
Fonte: Adaptado UpToDate
288
É de se imaginar que o paciente com hipotireoidismo subclínico tem uma reserva de
função tireoidiana bem maior que o grupo com a forma clínica, portanto as recomen-
dações de dose são diferentes e baseiam-se no TSH, conforme mostrado na tabela 6.
SEGUIMENTO
289
FATORES INTERFERENTES
COMA MIXEDEMATOSO
290
• Alteração no nível de consciência (não necessariamente coma, apesar do
nome).
291
ABORDAGEM SINDRÔMICA
Agora você já está com todo conhecimento necessário para conduzir qualquer
suspeita de hipotireoidismo, mas precisamos organizar e sedimentar esses co-
nhecimentos para você entender a ordem correta de investigação. Para isso, leia
o caso clínico abaixo e com base nele discutiremos o algoritmo 2.
Fonte: Adaptado: O essencial em endocrinologia / Patrícia Sales, Alfredo Halpern, Cintia Cercato. 1.
ed. Rio de Janeiro : Roca, 2016.
CASO CÍNICO
292
PASSO 1
FLASHCARDS
Se a paciente tem sinais ou sintomas sugestivos de hipotireoidis-
mo ou indicação de rastreio, conforme já discutimos, deve ser so- Por que usamos a
licitado o TSH +/- T4 livre. No caso dessa paciente há indicação de hidrocortisona para
investigação. tratamento do coma
mixedematoso?
Prevenção de insuficiên-
PASSO 2 cia adrenal secundária.
O passo seguinte é avaliar o TSH, caso TSH alto, está definido uma
alteração primária da tireoide (lado esquerdo do algoritmo), caso TSH normal ou
baixo podemos está diante de um hipotireoidismo central ou não ser hipotireoi-
dismo.
PASSO 3
PASSO 4
293
PASSO 5
CONCEITO
FISIOPATOLOGIA
Como você pode perceber, tudo passa pela via do TSH, já que ele promove hiper-
trofia e hiperplasia do parênquima tireoidiano, além de aumentar a sua vasculari-
zação.
ETIOLOGIAS
294
deficiência de iodo (raro no Brasil pela política de iodação do sal). Também pode
ser relacionada ao consumo de substâncias bociogênicas, presentes na soja, raiz
do aipim (mandioca/macaxeira) e em vegetais como o repolho e a couve-flor.
Outras causas também importantes estão na tabela 8.
Mecanismo Causas
Tireoidite de hashimoto e defeitos congênitos
Defeito de síntese hormonal – leva ao hipotireoidis- (deficiência do transportador de iodo; defeito da
mo primário com consequente aumento do TSH. peroxidase na síntese da tireoglobulina; doença de
Pendred e defeito na desalogenase).
Drogas Iodeto; Amiodarona e lítio.
Neoplásico Adenomas e carcinomas.
Resistência ao hormônio tireoidiano – a hipófise não
“percebe” o hormônio tireoidiano e sintetiza mais
Defeito no feedback hormonal, levando ao aumento
TSH.
inapropriado do TSH.
Deficiências das desiodases - pois o T3 é o principal
responsável pelo feedback negativo.
Fonte: Adaptado UpToDate
CLASSIFICAÇÃO
295
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Maior parte dos pacientes são assintomáticos. Para os sintomáticos, a queixa mais
comum é o desconforto cervical. Em casos de progressão do bócio, pode haver
dispneia, disfagia, além de manifestação mais graves como síndrome de Horner,
paralisia de corda focal e do nervo frênico.
Um sinal bastante cobrado em provas é o sinal de Pemberton, como demonstrado
na figura 3, onde há congestão facial após a elevação dos braços acima da cabeça,
durante o exame físico o paciente também pode referir fraqueza e tontura.
DIAGNÓSTICO
296
TRATAMENTO
Para parte dos pacientes, o tratamento é expectante, devendo seguir com ava-
liação clínica, exames de imagem e provas de função pulmonar se suspeita de
obstrução traqueal.
Uma conduta usada no passado era a terapia supressiva com LT4 para reduzir TSH,
apesar de ser eficiente durante o uso da medicação, traz bastante efeitos colate-
rais relacionados ao excesso do hormônio tireoidiano (fibrilação atrial, osteopo-
rose, ansiedade etc...), não sendo recomendada.
Nos casos de bócios endêmicos, devemos corrigir o iodo na dieta, controlando a
dose através da iodúria de 24 horas.
Outras opções para tratamento de pacientes sintomáticos ou importante reper-
cussão estética, é a radioablação com iodo-131. Mas casos de grandes bócios (>
150 g), refratários, suspeita de malignidade ou com sintomas compressivos, exi-
gem a cirurgia de ressecção – tireoidectomia subtotal.
297
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
SCAN
298
ENDOCRINOLOGIA TIREOIDE
TIREOTOXICOSE E HIPERTIREOIDISMO
Nunca mais confundam esses conceitos, pois serão bastante explorados pelas
bancas Brasil afora.
*Iremos abordar a tireotoxicose sem hipertireoidismo (tireoidites) no capítulo se-
guinte.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
300
Por isso, suas ações são bastante sistêmicas (figura 1):
Fonte: Modificado Endocrinologia clínica / editor responsável Lucio Vilar ; editores associados
Claudio Elias Kater...[et al.]. - [5.ed.]. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2013.
301
As principais manifestações estão retratadas na figura 1, agora vamos reforçar os
principais pontos na tabela 2:
O achado característico é olhar fixo com retração palpebral, com isso você consegue
perceber a parte superior da esclera (parte branca do olho) do paciente e o sinal de
Olhos lid lag será positivo (impossibilidade da pálpebra superior acompanhar o movimento
do globo ocular quando se olha de cima para baixo). A oftalmopatia de Graves é rela-
cionada aos anticorpos da doença e discutiremos mais adiante.
Hipertensão divergente se dá pelo aumento do estímulo nos receptores beta adre-
nérgico – tanto o beta 1, elevando a frequência cardíaca como a pressão sistólica,
Cardiovascular
como também o beta 2, reduzindo a resistência vascular periférica, DIMINUINDO a
pressão diastólica, causa consagrada de insuficiência cardíaca (IC) de alto débito.
Estimula a desmineralizaçõa óssea; aumenta o metabolismo proteico levando a
fraqueza muscular; paralisia periódica hipocalêmica, causada pelo excesso de hor-
Musculo-esquelético mônios tireoidianos, levando a estimulação β2-adrenérgica e a hiperinsulinemia,
resultando em transporte de potássio para o compartimento intracelular, com con-
sequente hipocalemia e alterações na força muscular.
Uma das três causas de síndrome consumptiva com apetite preservado (as outras são
Gastrointestinal feocromocitoma e síndrome disabsortivas); Esplenomegalia em até 10% dos pacien-
tes. Em estados graves podem levar a insuficiência hepática.
Hiperglicemia e lipólise aumentada, pois aumenta o estímulo beta-adrenérgico, um
Metabolismo
importante hormônio contra regulador da insulina.
Gônada Alteração menstrual (oligo ou amenorréia), perda da libido e disfunção erétil.
Fonte: Williams textbook of endocrinology.—12th ed. / Shlomo Melmed ... [et al.].
DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO
302
Figura 2: Eixo hipotálamo hipófise tireoide
FLASHCARDS
TSH.
ETIOLOGIAS
303
Alterações do SNC (aumento do TSH): Adenoma hipo-
fisário secretor de TSH e Síndromes de resistência ao
hormônio tireoidiano. FLASHCARDS
Hipertireoidismo secundário Alterações extra SNC: Tumores secretores de gonado-
Qual a principal altera-
trofina coriônica (mola hidatiforme; coriocarcinoma);
Tireotoxicose gestacional e uso de TSHção
Recombinante
laboratorial na
(Thyrogen). função tireoidiana em
Tireoidites (subaguda ou silenciosa); usuárias
destruiçãode
da anticon-
glândula (amiodarona, apoplexia [infarto] de nódulo,
cepcional?
Tireotoxicose sem hipertireoidismo
radiação, PO imediato de cirurgia); tireotoxicose fac-
tícia (ingestão de excesso de hormônio tireoidiano).
Aumento do T4 total.
Fonte: Adaptado de Endocrinologia clínica / editor responsável Lucio Vilar ; edi-
tores associados Claudio Elias Kater...[et al.]. - [5.ed.]. - Rio de Janeiro : Guanaba-
ra Koogan, 2013
CINTILOGRAFIA
304
Figura 3: Captação tireoidiana na cintilografia
Fonte: Medificado de Williams textbook of endocrinology.—12th ed. / Shlomo Melmed ... [et al.]. e
Modificado Endocrinologia clínica / editor responsável Lucio Vilar ; editores associados Claudio
Elias Kater...[et al.]. - [5.ed.]. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2013.
Captação de iodo na
Etiologia Exame adicional
cintilografia
Anti-Trab USG c/ aumento da vas-
Graves Alta
cularização
Adenoma hipofisário produtor de
Alta Ressonância de hipófise
TSH
Mola hidatiforme Alta HCG
305
Captação de iodo na
Etiologia Exame adicional
cintilografia
Adenoma tóxico Alta (nodular única) USG tireoide
Bócio multinodular Alta (nodular difusa) USG tireoide
VHS (alto) e hemograma ( leuco-
Tireoidite subaguda Baixa
citose)
Hipertiroidismo factício Baixa Tireoglobulina
Baixa na tireoide e alta no local Cintilografia com pesquisa de
Metástase
dos implantes corpo inteiro
Struma ovarii Baixa na tireoide e alta no ovário USG-TV
Fonte: Modificado Greenspan’s Basic & Clinical Endocrinology. Ninth Edition
DOENÇA DE GRAVES
CONCEITOS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
306
tro principais achados são a oftalmopatia, bócio, dermopatia e acropatia. Deta-
lharemos a seguir cada um deles. Prestem bastante atenção nessas imagens, pois
costumam ser cobradas em provas, inclusive em discursivas e práticas!
Fonte: Adaptado de Tratado de endocrinologia clínica / Bernardo Léo Wajchenberg, Antonio Carlos
Lerario, Roberto Tadeu Barcellos Betti. - 2. ed. - São Paulo: AC Farnacêutica, 2014. | Modificado O
essencial em endocrinologia / Patrícia Sales, Alfredo Halpern, Cintia Cercato. 1. ed. Rio de Janeiro :
Roca, 2016 e Mendonça, Berenice Bilharinho de (eds). Endocrinologia: princípios e práticas [2ed.].
Rio de Janeiro: Atheneu, 2017
Definição e quadro clínico: É causada pelo TRAB, que pode ter reação cruzada com
a gordura, musculatura e fibroblastos retro-orbitários, causando inflamação que
acomete a órbita ocular, levando a hipertrofia da sua musculatura, proptose, exof-
talmo (avaliação no exoftalmômetro > 18 mm em brancos ou > 20 mm em negros
sugere exoftalmia), lagoftalmo (quando o olho não consegue se fechar completa-
mente), eritema e ressecamento conjuntival. Geralmente é bilateral, mas algumas
vezes o acometimento pode ser unilateral. Pode ocorrer um pouco antes ou logo
após o início das manifestações da doença de Graves.
307
Avaliação - Devem ser pontuados o escore de atividade clínica (CAS) – tabela 6:
TRATAMENTO
Para todos os pacientes devemos orientar colírios lubrificantes com lágrimas arti-
ficiais, estimular a cessação do tabagismo (importante fator de risco) e manter o
eutireoidismo. Nos casos de doença ativa, instituímos prednisona 40 mg/dia (ou
0,5 a 1 mg/kg/dia) via oral (VO), uma vez ao dia, durante trinta dias, com desmame
progressivo posterior nos próximos dois meses.
Bócio (figura 5):
308
Figura 5: Achados do bócio
Fonte: Adaptado de Tratado de endocrinologia clínica / Bernardo Léo Wajchenberg, Antonio Carlos
Lerario, Roberto Tadeu Barcellos Betti. - 2. ed. - São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. e Mendonça, Be-
renice Bilharinho de (eds). Endocrinologia: princípios e práticas [2ed.]. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017
309
Dermopatia infiltrativa (figura 6):
Figura 6: Dermopatia infiltrativa
Fonte: <https://en.ppt-online.org/291124>.
310
Acropatia (figura 7):
DIAGNÓSTICO
311
Tabela 7: Indicações para dosagem do Trab
Gestantes com antecedente de doença de Graves para avaliar risco de tireotoxicose fetal pela passagem
transplacentária do TRAb.
Diferencial entre hipertireoidismo gestacional do primeiro trimestre ou doença de Graves na gestação.
Pacientes eutireoideos com acometimento ocular sugestivo de oftalmopatia de Graves.
Fonte: Modificado O essencial em endocrinologia / Patrícia Sales, Alfredo Halpern, Cintia Cercato. 1.
ed. Rio de Janeiro : Roca, 2016
TRATAMENTO
CONTROLE SINTOMÁTICO
312
O principal mecanismo de ação se dá através da Inibição da peroxidase tireoi-
diana (TPO), bloqueando a organificação e oxidação do iodo e o acoplamento das
moléculas de MIT (monoiodotirosinas) e DIT (diiodotirosinas) para formar T3 e T4
(é como se fosse uma dose de Hashimoto…).
Além do efeito direto na síntese hormonal, as tionamidas têm um efeito adicio-
nal imunomodulador, capaz de reduzir a expressão de antígenos tireoidianos e
portanto, a imunidade contra a glândula! Por isso, são especialmente utilizadas
para o tratamento do hipertireoidismo causado pela doença de Graves, uma vez
que, na suspensão do medicamento, após 12 a 18 meses, de 30 a 50% remitem da
doença, principalmente nos casos de pacientes cujo TRAb negativou ao longo do
tratamento.
As duas medicações disponíveis são utilizadas por via oral (embora em situações
especiais também por via retal), da seguinte maneira:
• Propiltiouracil (Propilracil®, comp. 100 mg)
• Dose de ataque (4-8 semanas): 300-600 mg/dia, em 3 tomadas.
• Manutenção: 100-400 mg/dia, em 2 tomadas.
• Metimazol (Tapazol®, comp. de 5 e 10 mg)
• Dose de ataque (4-8 semanas): 40 mg/ dia, em 1-2 tomadas.
• Manutenção: 5-20 mg/dia, em 1 tomada.
PTU X MMZ
Metimazol é sempre a primeira escolha, pois tem melhor posologia (dose única),
melhor índice de resposta terapêutica, menor risco de hepatotoxicidade e ainda
é mais barato que o PTU. Principalmente em crianças, já que a hepatotoxicidade e
o risco de vasculite com o PTU nessa faixa etária é ainda maior.
O PTU só será primeira escolha nas seguintes situações:
• Tempestade tireoidiana, pois tem efeito adicional no bloqueio da deiodinase
tipo 1.
• Pacientes que apresentaram algum efeito colateral com MMZ que não con-
traindique o uso de PTU.
• Primeiro trimestre da gestação, pois há relatos de aplasia cutis associado ao
uso de MMZ nessa fase, e o PTU tem menor passagem placentária.
313
EFEITOS COLATERAIS
Quais as principais
Em caso de hepatotoxidade, pode-se tentar o uso de outra tiona- tionamidas usadas no
mida. Mas após agranulocitose, o paciente nunca deverá receber controle do hiperti-
reoidismo?
nenhuma outra tionamida.
Listamos os efeitos colaterais na tabela 8. Propiltiouracil e meti-
mazol.
314
Tabela 8: Efeitos colaterais do uso das tionamidas
SEGUIMENTO
TEMPO DE TRATAMENTO
315
• Homens.
• Crianças. FLASHCARDS
• Tabagistas. Qual a tionamida mais
• Hipertireoidismo grave (T3 > 500 ng/dL). associada a hepato-
patia?
• TRAb muito positivo.
Propiltiuracil.
• Tireoides muito vascularizadas ao doppler e com bócios volu-
mosos.
FLASHCARDS
Após a suspensão, mantemos a monitorização da função tireoi-
diana com frequência de um a três meses por doze meses para se Quais os efeitos cola-
detectar os casos de recidiva da doença precocemente. terais mais graves das
Tionamidas?
Hepatite e agranulo-
IODETO citose.
316
Apesar destas ações úteis para o controle da tireotoxicose, esse efeito se perde
rapidamente quando a terapia é descontinuada, e pode trazer alguns problemas
para o controle a longo prazo, tais como:
• Redução da resposta clínica às tionamidas, pois aumenta o estoque de iodo.
• Retarda a terapia com radioiodo (diminui a captação iodo na
cintilografia).
FLASHCARDS
Quais as principais
OUTRAS MEDICAÇÕES condutas diante de um
quadro de agranuloci-
• Carbonato de lítio: inibe a secreção dos hormônios tireoidia- tose por tionamida?
nos e não interfere no acúmulo intraglandular de iodo. Útil para
controle temporário da tireotoxicose em pacientes alérgicos às Suspensão da medi-
cação; internação da
tionamidas e ao iodo, e também para potencializar o efeito do
paciente e prescrição
radioiodo, já que também impede a saida do iodo radioativo na de antibiótico de amplo
tireoide. O problema é a própria toxicidade do lítio, portanto espectro.
deve haver monitorização do nível sérico objetivando concen-
tração de 1 mEq/dL.
• Colestiramina: liga-se a tiroxina, impedindo sua reabsorção pelo ciclo ente-
ro-hepático. É útil para casos de impossibilidade de usar outras terapias, e
deve-se ter o cuidado de não fazer junto com nenhuma outra medicação oral,
já que pode quelar.
RADIODOTERAPIA (RAI)
Tratamento no qual o paciente recebe uma dose oral de iodo radioativo (131).
É bastante eficaz (resolve até 80% dos casos), no entanto pode demorar semanas
até meses até alcançar o controle hormonal, e ainda pode haver piora inicial dos
sintomas, assim, pacientes com hipertireoidismo muito sintomático devem ter
sintomas controlados antes do tratamento.
A dose é calculada pela equipe da medicina nuclear, geralmente varia em torno 5
a 30 mCi. Importante diferenciar da dose para tratamento de câncer de tireoide,
que habitualmente é maior ou igual a 30 mCi.
Após a administração da dose, o paciente é fonte de radiação através da saliva,
urina e pescoço, principalmente nas primeiras 48 horas. Após esse período a úni-
ca restrição é evitar o contato próximo com crianças e gestantes até sete dias.
317
Após cinco dias da dose, as medicações antitireoidianas que o paciente estava
usando previamente são reiniciadas e mantidas por mais um a dois meses, de-
vendo ser feita a monitorização da função nesse período nesse período.
Após a RAI, a mulher deve ser orientada a evitar gravidez por pelo menos quatro
meses, mas idealmente por um ano.
EFEITOS COLATERAIS
CONTRAINDICAÇÕES
318
CIRURGIA
INDICAÇÕES
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIO
319
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
SIM
Tratar se sintomas
Alto risco de TSH entre 0,1 e 0,5 ou nódulo
complicações autônomo
(Doença CV ou
osteoporose/fator Tratar se sintomas
de risco) TSH < 0,1 ou nódulo
autônomo
NÃO
320
BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO (BMT)
CONCEITOS
Geralmente o bócio inicia-se atóxico e pode ter diversas etiologias, como discu-
tido no capítulo de hipotireoidismo, após certo tempo, esses nódulos progressi-
vamente adquirem autonomia e começam a produzir hormônio tireoidiano em
excesso. Acontece principalmente em indivíduos mais idosos, sendo a principal
causa de hipertireoidismo nesta população.
As manifestações clínicas são um misto de sintomas de tireotoxicose + sintomas
de bócio tireoidiano, inclusive pode haver o famoso “Sinal de Pemberton”.
DIAGNÓSTICO
Fonte: Modificado Tratado de endocrinologia clínica / Bernardo Léo Wajchenberg, Antonio Carlos
Lerario, Roberto Tadeu Barcellos Betti. - 2. ed. - São Paulo: AC Farnacêutica, 2014. e Mendonça, Bere-
nice Bilharinho de (eds). Endocrinologia: princípios e práticas [2ed.]. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017
321
TRATAMENTO
FLASHCARDS
Não ocorre remissão espontânea do BMT, portanto o método de
escolha é o tratamento cirúrgico, lembrando que antes do procedi- Até quanto tempo
mento é necessário controlar a tireotoxicose com tionamidas. após a tireoidectomia
a tionamida deve ser
Outra modalidade é o RAI, que apesar de efetivo a curto prazo, a mantida?
médio e longo prazo pode surgir outros nódulos autônomos e o
paciente apresentar recidiva do BMT. Sendo boa opção naqueles As tionamidas devem
pacientes com alto risco cardiovascular/baixa expectativa de vida. ser suspensas logo
após a cirurgia.
Lembrando que antes do tratamento deve-se excluir manifesta-
ções obstrutivas do bócio (que pode piorar num primeiro momen-
to) e possibilidade de neoplasia.
As próprias tionamidas podem ser usadas também para tratamen- FLASHCARDS
to crônico, em pacientes com risco proibitivo para cirurgia e que Qual a complicação
tenham alguma contraindicação para a RAI. Nesses casos o tra- precoce mais comum
tamento não para após 12 a 24 meses, como é o caso de Graves, da cirurgia?
havendo sempre o risco das complicações graves da medicação.
Hipoparatireoidismo
transitório.
CONCEITOS
DIAGNÓSTICO
322
Assim como no BMT, é fundamental a evidência de que o nódulo é funcionante,
através da cintilografia.
TRATAMENTO
HIPERTIREOIDISMO SECUNDARIO/TERCIÁRIO
TRATAMENTO
323
Para pacientes não candidatos a cirurgia pode ser usado os análogos da somatos-
tatina (Octreotide, Lanreotide etc.).
CRISE TIREOTÓXICA
DEFINIÇÃO
DIAGNÓSTICO
324
dos hormônios tireoidianos, inibe a conversão periférica de T4 em T3 (age também
em deiodinase 1, mas por um mecanismo diferente do PTU, contribuindo para um
efeito aditivo), além do efeito imunossupressor.
SIM Não
USG / Cintilografia de
tireoide
Fonte: Adaptado de O essencial em endocrinologia / Patrícia Sales, Alfredo Halpern, Cintia Cercato.
1. ed. Rio de Janeiro : Roca, 2016.
325
ETAPA 1- CONFIRMAÇÃO DE TIREOTOXICOSE
Caso não for doença de Graves, iremos em busca de outras etiologias. Neste ca-
sos, determinar se o paciente está ou não em hipertireoidismo auxilia bastante.
Se cintilografia com baixa captação, estamos diante de uma tireoidite ou uso
inadvertido do hormônio tireoidiano, que serão discutidos no próximo capítulo.
Se captação normal ou alta nos nódulos de tireoide, estaremos diante de um
adenoma tóxico (nódulo único) ou BMT (múltiplos nódulos). Caso o paciente não
tenha nódulos autônomos, algum outro fator está estimulando a tireoide, o mais
provável é aumento do HCG (tumor, gravidez ou uso exógeno) ou erro laboratorial.
326
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
327
EXTENSIVO
PEDIATRIA
Nathália da Costa Sousa
Vinícius Côgo Destefani
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
175
PEDIATRIA PALS - SUPORTE A VIDA
As duas vias clínicas que levam à PCR são insuficiência respiratória ou cardiocirculatória.
Trate uma criança com PCR de forma sistemática seguindo um algoritmo de condutas.
Ao iniciar a RCP em ambiente com recursos, prepare-se para o suporte avançado que in-
clui a avaliação e a manutenção das funções respiratória e circulatória durante a PCR e no
pós-ressuscitação.
Na TSV, o QRS é estreito, não se vê onda P e a criança tem clínica de baixo débito. Adenosina
é a droga de escolha. Cardioversão sincronizada sempre tem prioridade nos casos instáveis.
Sepse, insuficiência
Mas hipóxia ainda continua sendo a principal causa de PCR se con- respiratória, toxicida-
sideradas causas gerais. de por drogas, do-
enças metabólicas e
arritmias.
SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM PEDIATRIA (SBVP)
Componente Criança
Bebê (< 1 ano, exceto RN)
(faça nessa sequência) (1 ano até puberdade)
192
Componente Criança
Bebê (< 1 ano, exceto RN)
(faça nessa sequência) (1 ano até puberdade)
Sequência C-A-B
30:2 se 1 socorrista.
Relação compressão-ventilação
15:2 se 2 socorristas.
Se DEA disponível, usar. Após o fim das instruções do DEA, com ou sem
DEA + retorno compressão choque, reiniciar as compressões e manter por dois minutos. Após,
verificar pulso.
Fonte: Neumar RW, Shuster M, Callaway CW, et al. Parte 1: sumário executivo: 2015 American Heart
Association Guidelines Update for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular
Care. Circulation. 2015;132(18).
Período Neonatal.
Os DEA são seguros e permitem a identificação de ritmos chocáveis.
Podem ser utilizados em crianças, exceto no período neonatal. O
posicionamento convencional das pás é anterolateral, ou seja, in-
fraclavicular direita e próximo da axila esquerda. FLASHCARDS
Sempre que disponível, o uso do desfibrilador manual pelo profissional de Qual procedimento
saúde é preferível, pois permite oferecer uma desfibrilação mais precisa. sempre deve ser feito
imediatamente após o
Guarde isso: SEMPRE, após choque, reiniciar imediatamente a RCP choque?
pelas compressões torácicas. A cada dois minutos de RCP, checar o
monitor/DEA para verificar se tem ritmo organizado. Reiniciar a RCP.
193
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM PEDIATRIA
194
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR DE ACORDO COM O RITMO CARDÍACO
Atividade elétrica sem pulso (AESP) corresponde a uma atividade elétrica orga-
nizada, caracterizada em geral por um ritmo lento, QRS alargado e sem pulso. A
assistolia e representada pela linha reta no monitor.
Cuidado, que eletrodo solto também pode dar linha reta viu!
195
A dose inicial recomendada é de 2 J/kg; se refratário, está indicada a dose de 4 J/
kg e as doses subsequentes 4 a 10 Jkg.
Não se perca na sequência! Administre o primeiro choque (2 J/kg), assim que pos-
sível, e inicie imediatamente as compressões de alta qualidade com atenção para
minimizar as interrupções. Após dois minutos do primeiro choque, caso o ritmo
chocável persista, indique desfibrilação com carga maior (4 J/kg). A administração
de epinefrina 1:10.000 pode ser indicada durante compressões, podendo ser re-
petida a cada três a cinco minutos. Cheque o ritmo após dois minutos do segundo
choque. Caso o ritmo seja chocável, selecione a carga entre 4 a 10 J/kg ou a dose
máxima indicada para adultos que é de 120 a 200 J. Agora é hora de administrar
um antiarrítmico como a amiodarona 5 mg/kg. Essa pode ser repetida até três ve-
zes, a cada 3 a 5 minutos. Ao longo do atendimento, se na checagem do ritmo for
observado um ritmo não chocável, aplicar o algoritmo de assistolia e AESP.
A sequência esperada é portanto a seguinte:
• visto ritmo chocável → 1ºchoque → RCP 2min;
• visto ritmo chocável → 2ºchoque → RCP 2min + 1ª dose de adenalinal;
• visto ritmo chocável → 3ºchoque → RCP 2min + 1ª dose de amiodarona;
• visto ritmo chocável → 4ºchoque → RCP 2min + 2ª dose de adenalina.
196
Fluxograma 1: Sequência de passos na ressuscitação com ritmos chocáveis e não chocáveis
Paciente não responde,
não respira e não tem
1 pulso: inicie RCP
Oxigênio +
Monitor/desfibrilador
Ritmo chocável?
Sim Não
2 FC ou TV sem pulso
9 Assitolia ou AESP
3 Choque
RCP 2 minutos
10
4 Acesso IO ou EV Assitolia/AESP:
RCP 2 minutos
Acesso IO ou EV
passo 10 ou 11 Adrenalina a cada 3-5 min
Ritmo organizado: Considere via aérea
cheque pulso
Ritmo Chocável? Retorno avançada
espontâneo:
Sim
5 Choque
cuidados pós
parada Ritmo Chocável?
12
RCP 2 minutos
Adrenalina a cada 3-5 Não
6 min
Considere Via Aérea
Avançada RCP 2 minutos
Não 11 Trate causas reversíveis
Ritmo Chocável?
Ritmo Chocável?
Sim
7 Choque
Sim
Sim
8 RCP 2 minutos
Amiodarona ou lidocaina
Trate causas reversíveis Vá para o passo 5 ou 7
TAQUICARDIAS NA EMERGÊNCIA
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR
197
A FC na TSV é maior que 220 bpm em bebês e 180 bpm em crianças.
O início do ritmo é abrupto. O ECG mostra um ritmo regular com QRS estreito (≤
0,09) que não varia com a atividade ou estimulação. Ondas P não conseguem ser
discerníveis, devido a rápida frequência. Na ausência e doença cardíaca, a histó-
ria obtida geralmente não é esclarecedora.
As crianças geralmente se apresentam com história de letargia, irritabilidade, bai-
xa ingesta e sudorese. Palidez e desconforto respiratório podem ser observados
se ICC. Adolescente podem reclamar de sensação de desmaio e palpitações. O ter-
mo de deterioração da função cardíaca depende se coração normal previamente
ou não.
198
sincronizada 0,5 a 1J/kg. Se a criança é sintomática e instável (alteração no es-
tado mental, sinais de choque, hipotensão) trate com o que for mais rápido: ou
adenosina ou cardioversão elétrica sincronizada na mesma dose. Se não acabar
a arritmia com o primeiro choque tente novamente com 2 J/kg. Se
persistir, chame o cardiologista pediátrico antes de dar amiodarona
ou procainamida. FLASHCARDS
FLASHCARDS
A droga de escolha é a epinefrina. Se a bradicardia persistir, apesar
da permeabilização da via aérea e da ventilação e oxigenação ade- Quais os procedimen-
quadas, está indicada a RCP de alta qualidade. tos iniciais no trata-
mento da bradicardia
sintomática?
199
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
200
FEBRE SEM SINAIS E
PEDIATRIA
CONVULSÃO FEBRIL
A convulsão febril pode ser dividida em 2 tipos: simples ou complexa. O tipo mais comum é
a convulsão febril simples, tônico-clônica generalizada, com duração inferior a 15 minutos,
sem déficit focal no pós-ictal e sem recorrência.
INTRODUÇÃO
202
Os fatores de risco associados a ocorrência de bacteremia oculta em crianças com
FSSL são:
• Idade 6-12 meses.
• Temperatura ≥ 39ºC.
• Leucometria > 15 mil.
• Vacinação antipneumocócica incompleta (< 3 doses).
Em menores de dois anos de idade é comum a ocorrência de ITU tendo como único
sintoma febre. A prevalência de ITU em crianças varia de 2-5%, sendo que em al-
guns grupos esse risco é maior, devendo-se indicar a coleta de urina em meninas
com dois ou mais fatores de risco, em meninos com menos de seis meses e FSSL
acima de 39ºC, em meninos acima de seis meses não circuncidados na presença
de dois ou mais fatores de risco e em meninos acima de seis meses circuncidados
na presença de três ou mais fatores de risco (quadro 1).
Meninas Meninos
Etnia branca Etnia não negra
Idade < 1 ano Temperatura ≥ 39oC
Temperatura ≥ 39oC Febre ≥ 1 dia
Febre ≥ 2 dias
Ausência de outra causa da febre
Ausência de outra causa da febre
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Veja que na definição de febre sem sinais localizatórios a criança deve estar em
bom estado geral. Em crianças com toxemia (irritabilidade, alteração do nível de
consciência, hipoatividade, hipotonia, letargia, hiper ou hipoventilação, hipoten-
são, taquicardia, sinais de má perfusão periférica ou cianose) independentemen-
te da idade, devo internar, colher hemograma (HMG), hemocultura (HMC), urina
203
tipo 1, urocultura (URC), líquor (LCR), RX de tórax e iniciar antibió-
tico empírico (ceftriaxone). O mesmo se aplica para crianças com FLASHCARDS
doenças de base, imunossuprimidas e em contatos com doença
meningocócica. Em lactentes < 3
meses os parâmetros
Em lactentes < 3 meses os parâmetros do exame físico são insufi- do exame físico são
cientes para identificar o risco de infecção bacteriana grave. Nes- insuficientes para
ses pacientes sempre solicitar exames laboratoriais. A faixa etária identificar maior risco
de maior risco para doença bacteriana grave é a dos recém-nas- de infecção bacteriana
grave, por isso deve-
cidos, portanto até os 28 dias de vida todo paciente com febre >
mos sempre solicitar
38ºC deve internado, submetido a coleta de HMG, HMC, urina tipo exames laboratoriais.
1, URC e LCR (submetido a quimiocitológico, bacterioscopia, cul- Verdadeiro ou falso?
tura, látex ou contraimunoeletroforese, incluindo pesquisa para
enterovírus e herpesvírus). A radiografia de tórax deverá ser fei- Verdadeiro.
ta apenas na presença de sintomas respiratórios e a pesquisa de
leucócitos nas fezes apenas na presença de diarreia. Após a coleta
dos exames deve ser iniciado antibiótico empírico com uma cefa- FLASHCARDS
losporina de terceira geração, como o ceftriaxone, mantido até o
resultado das culturas. Quais exames devem
ser solicitados em lac-
Entre um e três meses de vida, devemos colher HMG, HMG, urina tentes de 1-3 meses
tipo 1 e URC e avaliar os critérios de Rochester (quadro 2) para de vida com febre sem
determinar o risco de infecção bacteriana grave. Na presença de sinais localizatórios?
todos os critérios citados no quadro 2, o paciente é considerado
HMG, HMC, urina 1 e
de baixo risco e pode receber alta com orientação de realização
URC
médica diária até o resultado das culturas. A internação para ob-
servação até o resultado das culturas está indicada em lactentes
de baixo risco sem possibilidade de acesso imediato ao hospital
ou com pais não confiáveis para o retorno, nesses casos não há FLASHCARDS
necessidade de introdução de antibiótico. Os lactentes de alto
Qual a definição de
risco deve ser internados, submetidos a coleta de líquor e in- baixo risco de acordo
troduzido antibiótico empírico (ceftriaxone) até o resultado das com os critérios de
culturas. Rochester?
Presença de todos os
critérios.
204
Quadro 2: Critérios de Rochester para avaliação do risco de infecção bacteriana
grave em lactentes de 1 a 3 meses Baixo risco na presença de todos os critérios. Alto risco na au-
sência de algum critério.
Clínicos Laboratoriais
Previamente hígido Leucócitos de 5 000-15 000 céls/mm3
Nascido a termo e sem complicações neonatais Bastonetes ≤ 1500 céls/mm3
Sem toxemia ou evidência de infecção bacteriana ao
Microscopia de urina < 10 leucócitos/campo
exame físico
Microscopia de fezes < 5 leucócitos/campo (se diar-
Sem doença crônica
reia)
Amoxicilina-clavulana-
to ou cefuroxima oral.
205
Figura 1: Algoritmo para o manejo da febre sem sinais localizatórios ≥ 39oC em lactentes de 3 a 6
meses de vida HMG: hemograma. HMC: hemocultura. URC: urocultura. PVR: pesquisa de vírus res-
piratórios. *Se pesquisa viral positiva posso manter sem antibiótico com reavaliação diária até o
resultado das culturas.
3 meses a 6 meses
HMG e HMC
HMG normal HMG alterado
Urina 1 e URC
Urina 1 normal Urina 1 normal
PVR
Amoxicilina-clavulanato
ou cefuroxima via oral até
resultado de culturas
Fonte: Elaboração do autor.
206
Figura 2: Algoritmo para o manejo da febre sem sinais localizatórios ≥ 39oC em lactentes de
6 meses a 2 anos com vacinação pneumocócica incompleta HMG: hemograma. HMC: hemocultura.
URC: urocultura. PVR: pesquisa de vírus respiratórios. ITU: infecção do trato urinário. *Se pesquisa
viral positiva pode manter sem antibiótico com reavaliação diária até o resultado das culturas.
Vacinação
pneumocócica 6 meses a 2 anos
incompleta
HMG alterado
HMG e HMC
Sem risco de ITU
PVR
HMG normal
Sem antibiótico
Com risco de ITU HMG normal
Reavaliação diária até
Urina 1 normal
resultado de culturas
207
Figura 3: Algoritmo para o manejo da febre sem sinais localizatórios ≥ 39oC em lactentes de
6 meses a 2 anos com vacinação pneumocócica completa URC: urocultura. ITU: infecção do trato
urinário
Vacinação
6 meses a 2 anos pneumocócica
completa
Nos casos em que existe apenas risco de bacteremia oculta e alteração do hemo-
grama, porém com pesquisa de vírus respiratórios positiva, eu posso manter o
paciente sem antibiótico empírico com reavaliação médica diária até o resultado
da hemocultura, apenas se o acesso ao serviço médico for fácil e os responsáveis
confiáveis.
Como o maior risco de ITU manifesta apenas como febre ocorre nos menores de
dois anos e após essa idade praticamente todas as crianças têm a vacinação an-
tipneumocócica completa, reduzindo o risco de bacteremia oculta, o protocolo de
investigação da FSSL torna-se mais importante até os dois anos de vida e não até
os três anos, como antigamente orientado.
208
CONVULSÃO FEBRIL
INTRODUÇÃO
FLASHCARDS
A convulsão febril é uma crise convulsiva benigna que ocorre em
crianças com mais de um mês de vida em decorrência de uma do- Qual a faixa etária
ença febril não causada por infecção do sistema nervoso central mais comum de con-
ou alteração metabólica em pacientes sem antecedentes de crises vulsão febril?
convulsivas neonatais ou crises afebris e sem critérios para crises
6 meses a 5 anos.
sintomáticas agudas. É uma das doenças neurológicas mais comuns
da infância, principalmente entre os seis meses e os cinco anos de
idade, com pico de incidência entre os catorze e dezoito meses.
Estima-se que até 5% das crianças abaixo de cinco anos terão pelo FLASHCARDS
menos um episódio de convulsão febril na vida.
A convulsão febril
O cérebro imaturo do menor de cinco anos é mais suscetível a con-
simples é tônico-clô-
vulsão na vigência de febre mas o principal fator predisponente é nica generalizada.
a herança familiar. Filhos de pais com antecedente de convulsão Verdadeiro ou falso?
febril tem um risco 4,4 vezes maior de apresentarem crise febril e
irmãos de pacientes com convulsão febril têm um risco 3,5 vezes Verdadeiro.
maior do que a população geral. Embora ainda não exista nenhum
modelo de transmissão que englobe todos os casos familiares de convulsão febril
a maioria dos estudos sugere uma herança autossômica dominante com baixa
penetrância e expressão variável.
QUADRO CLÍNICO
Quanto a apresentação clínica a convulsão febril pode ser de dois tipos: simples
ou complexa (quadro 3). Mais de 80% dos casos são de convulsão febril simples,
que normalmente ocorre no começo de uma doença febril e tem curta duração,
sendo incomum a chegada do paciente ao pronto-socorro ainda em crise convul-
209
siva. É comum, após a resolução da convulsão, a criança se apresentar com sono-
lência de curta duração e não resultando em déficits focais.
DIAGNÓSTICO
210
Se a crise convulsiva febril for simples não há necessidade de exa-
mes laboratoriais (exceto se necessários para a pesquisa do foco FLASHCARDS
da febre). A punção lombar só deve ser feita na suspeita de in-
fecção de sistema nervoso central pela presença de sinais clínicos Qual o melhor exa-
(sinais meníngeos e abaulamento de fontanela), em lactentes com me de imagem para
avaliação de doenças
idade inferior a seis meses ou na ausência de vacinação contra Ha-
neurológicas na crise
emophilus influenzae tipo b, meningococo e pneumococo. convulsiva febril?
Ressonância magnética..
A coleta de líquor pode ser considerada em lactentes menores de
um ano (devido a ausência de sinais neurológicos claros nessa idade) e naqueles
que fizeram uso prévio de antibiótico.
TRATAMENTO
211
MANEJO DA CRISE CONVULSIVA
Na maior parte das vezes a crise convulsiva febril termina antes da chegada do pa-
ciente ao pronto-socorro, sendo a criança avaliada já no pós-ictal. Caso a criança
mantenha a convulsão até a chegada ao pronto-socorro, ela deve ser manejada
como em qualquer crise convulsiva, caracterizando um atendimento de emergência.
Toda criança que chega ao pronto-socorro ainda convulsionando é considerada
como estado de mal epiléptico, devendo ser tomadas medidas para a cessação
da crise. O estado de mal epiléptico pode ser definido como uma crise epiléptica
prolongada, capaz de se tornar uma condição duradoura e suplantar os meca-
nismos de manutenção da homeostase. Classificamente, ele é definido por uma
crise epiléptica com duração superior a trinta minutos ou crises reentrantes sem
recuperação da consciência entre elas com duração superior a trinta minutos. Re-
comendações recentes consideram estado de mal epiléptico as crises que duram
mais de cinco minutos, pois apresentam maior risco de persistência e de com-
plicações sistêmicas. O estado de mal epiléptico é uma emergência médica com
elevada morbimortalidade.
Durante a crise epiléptica há um aumento do consumo de oxigênio e glicose e da
produção de dióxido de carbono e lactato. Para manter a homeostase, a ventila-
ção e o fluxo sanguíneo cerebral devem ser adequados. Crises convulsivas curtas
se associam com uma descarga adrenérgica que aumenta a frequência cardíaca,
a pressão arterial e a glicemia, compensando o consumo exagerado durante a
crise. Mas em crises mais prolongadas esses mecanismos se tornam falhos, além
da própria permeabilidade da via aérea tornar-se inadequada, evoluindo para
hipoxemia, hipercarbia e acidose metabólica. O estado de mal epiléptico ocorre
na presença de falhas nos mecanismos normais que limitam as crises. Quanto
mais prolongado, maior a dificuldade de reversão e maior a chance de prejuízo
neuronal. O tratamento da crise epiléptica visa evitar a lesão neuronal e as com-
plicações sistêmicas relacionadas as crises prolongadas.
O manejo inicial da crise convulsiva, que pode ser inclusive orientado para os
cuidadores, consiste em colocar a criança em local seguro, mantendo posição
neutra da cabeça com via aérea pérvia, ventilação e circulação adequadas. Uma
vez no pronto-socorro, deve ser fornecido oxigênio suplementar, obtido acesso
venoso e realizada glicemia capilar (dextro), para permitir a correção rápida da
hipoglicemia.
212
Toda crise que dura mais de cinco minutos deve ser medicada. Quando o paciente
chega ao pronto-socorro ainda convulsionando e não é possível determinar há
quanto tempo se iniciou a crise, considera-se estado de mal epiléptico.
213
Figura 4: Algoritmo da conduta na crise convulsiva. O2: oxigênio. EV: endovenoso. VR: via retal. IM:
intramuscular. IN: intranasal. IOT: intubação orotraqueal. UTI: unidade de tratamento intensivo
Fenitoína ataque EV
Não existem exames de rotina indicados para todas as crianças que chegam ao
pronto-socorro por crise convulsiva. A necessidade dos exames complementares
será guiada pela história clínica e pelo exame físico do paciente. Os exames que
podem ser necessários durante uma crise convulsiva não febril estão indicados
no quadro 5.
214
Quadro 5: Exames complementares que podem ser necessários na investigação de uma crise
convulsiva não febril. Sinais de hipertensão intracraniana: bradicardia, alteração da respiração e
hipertensão.
Amônia sérica e pesquisa de erros inatos Suspeita clínica de doença sistêmica sem causa
do metabolismo aparente
215
Devido à natureza benigna das convulsões febris simples não se recomenda de
rotina o tratamento profilático com anticonvulsivantes. Nenhuma medicação se
mostrou eficaz em reduzir o risco de uma crise afebril após uma convulsão febril
simples.
PROFILAXIA SECUNDÁRIA
FLASHCARDS
A profilaxia secundária com anticonvulsivantes não se justifica nas
crises convulsivas febris simples, devendo ser considerada apenas Qual alternativa ao
fenobarbital na profi-
na convulsão febril complexa e na presença de fatores de risco laxia secundária das
para recorrência e epilepsia. A profilaxia secundária pode ser feita crises convulsivas?
de forma contínua ou intermitente.
Ácido valproico.
A profilaxia contínua é a mais utilizada, em geral com fenobarbital
via oral. Para que a prevenção seja eficaz o fenobarbital deve apre-
sentar níveis séricos em concentrações terapêuticas, o que muitas
vezes se associa a uma série de efeitos colaterais, como hiperativi- FLASHCARDS
dade, irritabilidade e distúrbio do sono. Um estudo mostrou ainda
um risco de decréscimo do quociente de inteligência (QI) com o Qual o objetivo da
uso contínuo de fenobarbital. O ácido valproico é uma alternativa profilaxia intermitente
das crises convulsivas
tão eficaz quanto o fenobarbital, mas que apresenta como efeitos
febris?
adversos intolerância gástrica, ganho de peso, toxicidade renal e
até hepatite fulminante (raro). Outros anticonvulsivantes como a Reduzir os efeitos do
fenitoína e a carbamazepina não se mostraram eficazes na pre- uso contínuo de anti-
venção da convulsão febril. convulsivantes.
216
REFERÊNCIAS
217
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
218
PEDIATRIA INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
INTRODUÇÃO
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das infecções bacterianas mais comuns da
infância, responsável por até 14% das consultas anuais no pronto-socorro e uma
das principais causas de febre sem sinais localizatórios em lactentes. Decorre do
crescimento significativo de bactérias Gram-negativas no trato urinário, podendo
se manifestar como cistite (inflamação e infecção restritas a bexiga) ou como pie-
lonefrite (acometimento de ureteres e rins). O diagnóstico precoce acompanhado
do tratamento adequado são fundamentais para a prevenção de
futuras complicações como hipertensão arterial sistêmica e insu- FLASHCARDS
ficiência renal crônica.
Em qual faixa etária há
É mais comum em meninas, exceto nos primeiros seis meses de
predomínio de ITU em
idade, em que pode haver predomínio do sexo masculino. Tem meninos ao invés de
pico de incidência bimodal, sendo mais comum nos pré-escolares meninas?
entre três e cinco anos (associado ao treinamento esfincteriano)
e na adolescência (em decorrência das alterações hormonais e da Nos < 6 meses.
iniciação sexual). O quadro 1 descreve os fatores do hospedeiro
associados ao maior risco de ITU.
220
ETIOPATOGENIA
A ocorrência de ITU por outras bactérias que não E. coli está associada à malfor-
mações do trato urinário, idade jovem e antibioticoterapia prévia. Alguns fatores
de risco estão associados a ITU por determinados agentes etiológicos não E. coli
(quadro 3).
Quadro 3: Fatores de risco implicados na ocorrência de ITU por bactérias não E. coli
221
A disseminação hematogênica é rara e ocorre principalmente em
recém-nascidos, em crianças com imunodeficiências, na sepse e
FLASHCARDS
na presença de anomalias obstrutivas do trato urinário. Nesses ca-
sos as bactérias mais implicadas são: Streptococcus do grupo B, Quais as bactérias
Staphylococcus aureus, Candida e Salmonella. mais comuns na
disseminação por via
hematogênica da ITU?
A ITU também pode ser viral, manifestando-se principalmente como
Streptococcus do
cistite (como a cistite hemorrágica por adenovírus, mais comum em
grupo B, Staphylococ-
meninos pré-escolares e autolimitada). Apenas imunodeprimidos cus aureus, Candida e
evoluem com pielonefrite viral. Salmonella.
DIAGNÓSTICO
O quadro clínico varia conforme a idade, sendo tanto mais inespecífico quanto
menor a idade da criança (quadro 4). É apenas a partir da idade pré-escolar que
as crianças conseguem localizar e referir os sintomas de trato urinário inferior.
Quadro 4: Quadro clínico de infecção do trato urinário (ITU) conforme a faixa etária.
222
O diagnóstico clínico de ITU é insuficiente na pediatria, devendo sempre se asso-
ciar à análise urinária para o diagnóstico definitivo de ITU. Nos pacientes com sin-
tomas sugestivos de ITU ou naqueles com febre sem sinais localizatórios, porém
com antecedentes pessoais de ITU ou doença do trato urinário, deve ser sempre
realizada a análise urinária. Já naqueles lactentes acima de dois meses que se
apresentam com febre sem sinais localizatórios, a coleta de exames de urina está
condicionada à presença de fatores de risco (quadro 5) e probabilidade para ITU.
Existe uma probabilidade de 1% de ITU na presença de um fator de risco para
meninas e de dois fatores de risco para meninos curcuncidados. A probabilidade
é maior que 2% em meninos não circuncidados (independentemente da presença
de fatores de risco), em meninos circuncidados com três ou mais fatores de risco
presentes e em meninas com dois ou mais fatores de risco presentes.
Quadro 5: Fatores de risco para ITU em lactentes com febre sem sinais localizatórios.
Meninas Meninos
Branca Etnia não-negra
Idade < 1 ano Temperatura ≥ 39oC
Temperatura ≥ 39oC Febre ≥ 24 horas
Febre ≥ 2 dias
Ausência de outra causa da febre
Ausência de outra causa da febre
223
Não se esqueça de que outros processos inflamatórios também po-
dem cursar com leucocitúria, como nefrites, litíase, vulvovaginites FLASHCARDS
e até infecções e quadros inflamatórios sistêmicos, como nas infec-
ções estreptocócicas, na apendicite e na doença de Kawasaki. Quais os critérios de
piúria?
É controverso o limite de corte para ITU na coleta de urina por punção suprapúbi-
ca. Alguns serviços consideram como positivo o encontro de qualquer crescimento
de bactéria uropatogênica e outros apenas na presença de ≥ 10 000 UFC/mL.
224
TRATAMENTO
225
Nos casos de internação introduzir um antimicrobiano de amplo
espectro como uma cefalosporina de terceira geração (ceftriaxone) FLASHCARDS
ou os aminoglicosídeos. Em recém-nascidos recomenda-se a asso-
ciação da ampicilina para a cobertura de estreptococos do grupo Quando está indicada a
B e enterococos. recoleta de urocultura?
226
Quadro 7: Exames de imagem indicados no seguimento de infecção do trato urinário (ITU)
USG: ultrassonografia. DMSA: ácido dimercaptosuccínico marcado com tecnécio.
Alguns fatores estão associados ao maior risco de cicatriz renal quando da pre-
sença de ITU, são eles:
• Crianças < 1 ano.
• Atraso no início do tratamento por mais de 72 horas.
• Crianças com alto grau de refluxo vesicoureteral.
• Mal-formações de caráter obstrutivo.
• ITU recorrente.
227
Quadro 8: Sinais e sintomas sugestivos de disfunção das eliminações.
QUIMIOPROFILAXIA
228
REFLUXO VESICOURETERAL
INTRODUÇÃO
229
Figura 1: Graduação do refluxo vesico-ureteral
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO
230
O principal pilar do tratamento do RVU é a quimioprofilaxia para
ITU, descrita anteriormente, que deve ser mantida até a resolução FLASHCARDS
do refluxo. A vigilância para ITU deve ser intensa, com diagnóstico
e tratamento precoces. Além disso, orientar micções frequentes e Qual a indicação de
tratamento da constipação. A cirurgia é reservada para os casos cirurgia no tratamento
em que não foi possível deter as ITUs e a progressão da lesão re- do RVU?
nal com o tratamento clínico. A correção cirúrgica pode ser aberta, Nos casos em que não
laparoscópica ou endoscópica (por cistoscopia). As taxas de suces- foi possível deter as
so são elevadas e chegam a 95% nos RVU graus de I a IV e a 80% no ITUs e a progressão
RVU grau V. O sucesso é maior nos casos de RVU primário do que da lesão renal com o
tratamento clínico.
nos casos secundários.
REFERÊNCIAS
231
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
PEDIATRIA BRONQUIOLITE
Para os casos de lactentes com maior risco de bronquiolite grave, o palivizumabe está indi-
cado como medida profilática.
No ambiente hospitalar devem ser instituídas precauções de contato para evitar a trans-
missão do agente.
INTRODUÇÃO
Classicamente definida como uma inflamação das pequenas vias aéreas desen-
cadeada por uma infecção respiratória viral, identificada clinicamente como sibi-
lância, em um lactente (criança menor de dois anos) sem antecedente de atopia.
A definição é controversa, enquanto alguns autores definem bronquiolite como
apenas o primeiro episódio de sibilância de etiologia viral em lactentes meno-
res de um ano, outras referências consideram possível a ocorrência de mais de
um episódio de bronquiolite durante a infância, visto tratar-se de uma doença
infecciosa viral.
É uma das principais causas de internação em menores de um ano, acometendo
principalmente os menores de seis meses do sexo masculino. Cerca de 2 a 3% de
todas as crianças abaixo de um ano são hospitalizadas por bronquiolite.
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
250
inata e adaptativa estão envolvidas no processo de clareamento do vírus respira-
tório. Após três a quatro dias da resolução dos sintomas começa a regeneração do
epitélio bronquiolar, com melhora progressiva do quadro clínico.
DIAGNÓSTICO
Tabela 1: Fatores de risco para maior gravidade da bronquiolite viral aguda. IG: idade gestacional
251
O diagnóstico de bronquiolite é clínico! Não são necessários exames complementares.
A radiografia (RX) de tórax está indicada apenas nos casos de desconforto respira-
tório importante, com indicação de internação em unidade de tratamento intensivo
(UTI) ou suspeita de complicação pulmonar. A realização de rotina de RX de tórax se
associa a exposição desnecessária a radiação e ao uso indevido de antibióticos.
Figura 1: Radiografia de tórax de criança com bronquiolite. As setas da direita demarcam a her-
niação de parênquima característica da hiperinsuflação pulmonar. As setas da esquerda indicam
espessamento brônquico.
252
O risco de infecção bacteriana grave na bronquiolite é baixo, por isso
não há necessidade de triagem infecciosa ou uso de antibióticos de FLASHCARDS
rotina, principalmente em lactentes abaixo de três meses de vida.
Dentre as complicações bacterianas a mais comum é a otite média Qual a principal com-
aguda, que ocorre em mais de 50% dos lactentes internados, em ge- plicação bacteriana da
ral nos primeiros dois dias de internação. A otite média aguda não in- bronquiolite?
fluencia o curso clínico ou os achados laboratoriais da bronquiolite. Otite média aguda.
A pneumonia bacteriana secundária ocorre em menos de 2% dos
casos, sendo mais comum em lactentes internados em UTI (40%
casos em UTI). O diagnóstico é complicado pelo fato da leucocitose
FLASHCARDS
não ser um bom parâmetro para diferenciar infecção viral de bac-
teriana e de que 25% dos lactentes hospitalizados tem atelectasia Qual o tratamento da
no RX de tórax, que pode confundir com opacidade. bronquiolite?
Não existe uma terapêutica específica para bronquiolite. Nenhum tratamento dis-
ponível reduz o curso da doença ou acelera a recuperação do paciente. A interna-
ção está indicada na presença de fatores de maior gravidade da doença, com ris-
co de evolução para insuficiência respiratória (tabela 2). As medidas terapêuticas
são apenas de suporte, sendo as principais: inalação com soro fisiológico, suporte
ventilatório, oxigenioterapia e suporte nutricional.
Critérios de hospitalização
Toxemia
Letargia
Baixa aceitação alimentar
Desidratação
Desconforto respiratório
Hipoxemia (SatO2 < 90%)
Apneia
Cuidados domiciliares inadequados
253
O uso de inalação com solução salina hipertônica (NaCl 3%) objetiva aumentar o
clareamento mucociliar e, apesar de não se mostrar eficaz em reduzir a chance
de internação, é eficaz na redução da duração da hospitalização. Por isso, está
indicada apenas em lactentes hospitalizados, sempre associada a um B2-agonista
(pois pode levar a broncoconstrição).
254
o risco de internação por infecções respiratórias virais em até 72%.
Também deve ser evitado o tabagismo passivo, que aumenta a gra- FLASHCARDS
vidade e o risco de hospitalização da bronquiolite.
O que é o palivizumabe?
O palivizumabe é um anticorpo monoclonal contra a glicoproteína F
do VSR e está indicado para prevenção de bronquiolite em lactentes Anticorpo monoclonal
com maior risco de bronquiolite grave (tabela 3). Ele é feito em cinco anti-vírus sincicial
doses mensais intramusculares durante a sazonalidade do VSR. respiratório.
Precauções de contato.
REFERÊNCIAS
255
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
256
PEDIATRIA GECA
Avaliação da hidratação, que pode ser clínica ou pela porcentagem de peso perdido.
GASTROENTERITE AGUDA
INTRODUÇÃO
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE
Para que ocorra a infecção é necessária a ruptura das barreiras de defesa do hos-
pedeiro, como a motilidade intestinal, a acidez gástrica e a imunidade celular e hu-
moral. De um modo geral, os mecanismos associados a ocorrência da gastroenterite
aguda são decorrentes do aumento da secreção intestinal de água ou eletrólitos e/
ou bloqueio da absorção, que ocorre nas vilosidades intestinais. A absorção de água
intestinal é passiva e acompanha o gradiente osmótico criado pelo transporte ativo
234
de sódio, pelo co-transportador Na/Cl, que é afetado na diarreia do tipo secretora
toxigênica. As toxinas produzidas pela Escherichia coli enterotoxigênica, pelo Clos-
tridium, pelo Staphylococcus aureus e pelo Vibrio cholerae ativam a adenilciclase,
aumentando a produção de AMP cíclico que inibe esse transportador e aumenta a
secreção ativa do cloreto e, consequentemente, de sódio e água das criptas para a
luz, levando a uma diarreia aquosa e de grande volume.
Vemos, então, que o rotavírus origina uma diarreia osmótica decorrente da má ab-
sorção de açúcares complexos secundária à destruição das vilosidades intestinais,
com perda das enzimas das bordas em escova.
QUADRO CLÍNICO
235
horas até quatro dias após a exposição viral e duram de três a sete FLASHCARDS
dias. A diarreia é geralmente abundante e aquosa, com coloração
normal ou acólica e sem sangue ou muco. Devido à perda hídrica Na gastroenterite agu-
importante, pode ocorrer desidratação, principalmente em crian- da viral, quanto tempo
após a exposição ini-
ças. Raramente na evolução de um quadro de gastroenterite aguda
ciam-se os sintomas e
a diarreia se torna persistente, com duração superior a catorze dias, quanto tempo duram?
aumentando o risco de desidratação e de desnutrição.
Começam de doze horas
até quatro dias após a
Uma causa comum de diarreia persistente é a intolerância transi- exposição viral e duram
tória a lactose em decorrência da perda da lactase presente nas de três a sete dias.
bordas em escova. Nesses casos, a suspensão temporária do con-
sumo de leite e derivados ou a substituição por leite sem lactose
está associada a melhora do quadro diarreico. FLASHCARDS
Qual a característica
da disenteria?
Nas diarreias bacterianas ou parasitárias é mais comum o encontro
de disenteria, caracterizada pela presença de muco e sangue nas Presença de sangue
fezes em decorrência da lesão da mucosa intestinal. Além disso, e muco nas fezes
são mais comuns os sintomas sistêmicos de febre alta e prostra- por lesão da mucosa
ção, sendo que algumas gastroenterites bacterianas podem cursar intestinal.
com sintomas sistêmicos mais específicos (quadro 2).
236
ção da desidratação pode ser baseada em parâmetros clínicos (quadro 4) ou de
acordo com a porcentagem de peso perdido em:
• Grau 1 ou leve: ≤ 5%.
• Grau 2 ou moderada: 6 a 9%.
• Grau 3 ou grave: ≥ 10%.
237
desidratação hipernatrêmica (também chamada de hipertônica), a força osmóti-
ca do compartimento intravascular hipernatrêmico puxa toda a água dos outros
compartimentos, reduzindo os sinais clínicos de desidratação, mas aumentando
a frequência dos sinais neurológicos decorrentes da desidratação intracelular,
como o meningismo e as convulsões. Já na desidratação hiponatrêmica (chamada
também de hipotônica) a baixa osmolaridade do compartimento intravascular faz
com que a água seja puxada pelo intracelular, depletando ainda mais o intravas-
cular que é o responsável pelos sinais clínicos de desidratação. No sistema ner-
voso central esse edema celular pode ser responsável por sinais neurológicos que
podem chegar até a maior gravidade com apneia e herniação cerebral.
Osmolaridade plasmática < 280 mOsm/L 280-310 mOsm/L > 310 mOsm/L
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR
238
Não se recomenda a coleta de eletrólitos e bioquímica de rotina.
Apenas na desidratação grave com necessidade de hidratação en- FLASHCARDS
dovenosa está indicada a coleta de eletrólitos pelo risco de distúr-
bios do sódio. Quando a investigação
do agente etiológico na
gastroenterite aguda é
obrigatória?
TRATAMENTO
Em pacientes graves
Como a gastroenterite aguda é um quadro autolimitado, o trata- hospitalizados, em
surtos e na diarreia
mento é orientado pelo estado de hidratação do paciente (quadro
persistente.
6) e direcionado para a correção da desidratação.
Local do manejo
Casa Pronto-socorro Internação
terapêutico
SRO após as perdas: Expansão: SF 20 mL/Kg
< 1 ano: 50-100 mL TRO: 50-100 mL/Kg em 4 EV em 30 a 60 minutos
Reidratação
1-10 anos: 100-200 mL a 6 horas Soro de manutenção
> 10 anos: livre demanda quando reidratado
239
láctea para fórmula sem lactose em lactentes com diarreia aguda, apenas os ca-
sos com diarreia persistente decorrente de intolerância transitória a lactose se
beneficiam dessa conduta.
O uso de zinco por via oral (10 mg nos menores de seis meses e
20 mg nos maiores) uma vez ao dia por dez a catorze dias logo no
FLASHCARDS
início do quadro diarreico pode reduzir a duração total da diarreia
em um a dois dias e reduzir a ocorrência de outros episódios nos Quando deve ser tro-
próximos três meses, por auxiliar na regeneração do epitélio intes- cada a fórmula láctea
tinal. Está indicado principalmente em desnutridos e em regiões para fórmula sem
com deficiência de zinco. lactose em lactentes
com diarreia?
240
A gastróclise está indicada se vômitos persistentes, má aceitação oral ou índice de
retenção inferior a 20% com a TRO. Pacientes com desidratação grave, alteração
do nível de consciência, convulsão e íleo paralítico (caracterizado por distensão
abdominal importante e ruídos hidroaéreos ausentes) devem ser manejados dire-
tamente com a hidratação endovenosa.
241
Quadro 7: Indicações de antibioticoterapia nas diarreias bacterianas
SMZ/TMP: sulfametoxazol/trimetoprim
242
SORO DE REIDRATAÇÃO ORAL
A base da TRO é o uso do soro de reidratação oral, uma solução que se utiliza do
transporte passivo de água que acompanha o transporte ativo de sódio acoplado
à glicose pelo enterócito e que está sempre preservado na diarreia aguda inde-
pendentemente da etiologia.
A OMS inicialmente recomendava o uso de uma solução de reidratação com
um maior conteúdo de sódio (90 mmol/L) e, portanto, maior osmolaridade (311
mmol/L). Essa composição foi modificada para outra de menor osmolaridade (245
mmol/L) que mostrou maior redução das perdas diarreias, do tempo de doença
e da necessidade de terapia endovenosa. Veja no quadro 8 a comparação entre a
antiga e a nova solução de reidratação oral recomendada pela OMS.
O uso de soro caseiro não é mais recomendado pela OMS devido ao risco de dis-
túrbios hidro-eletrolíticos pelo preparo inadequado da solução. Atualmente estão
disponíveis sachês, que se diluídos em água potável conforme a orientação, resul-
tam na composição ideal do SRO; ou até soros já diluídos, prontos para o consumo
com ou sem sabor associado, facilitando a aceitação da criança.
243
SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA
A síndrome hemolítico-urêmica (SHU) é uma síndrome de microangiopatia trom-
bótica. Na pediatria o tipo mais comum de síndrome hemolítico-urêmica é o me-
diado por toxina shiga-like, chamada de SHU típica, que ocorre em 6 para cada
100,000 crianças abaixo de cinco anos, sendo dois anos a idade média de acome-
timento. É a causa mais comum de insuficiência renal aguda em crianças e apre-
senta baixa mortalidade.
A SHU típica ocorre após uma infecção por E. coli enterohemorrágica produtora de
toxina shiga-like (sendo a mais comum a O157:H7), mas também pode ocorrer por
Shigella dysenteriae tipo 1, Citrobacter, Streptococcus pneumoniae. A toxina pro-
duzida lesa diretamente o endotélio gerando trombose arteriolar e capilar, além
de lesar também as células glomerulares, mesangiais e os podócitos, levando à
lesão renal aguda.
A transmissão ocorre por água e comida contaminada, sendo comuns os surtos. O
período de incubação é de três a oito dias, ao qual se segue uma doença diarreica
aguda (que em 50 a 60% dos casos evolui para disenteria) com dor abdominal,
vômitos (50%) e febre (30%). Cerca de dois a doze dias após o início da gastroen-
terite começam os sinais e sintomas da SHU em 5 a 15% dos pacientes infectados
pela E. coli. Alguns fatores de risco estão associados com maior frequência de
evolução para SHU (quadro 9).
244
• Lesão orgânica: lesão renal aguda com oligúria, edema, hiper-
tensão, hematúria e proteinúria. FLASHCARDS
Verdadeiro. Mortalida-
de < 5% e em geral há
normalização da função
renal em até cinco anos.
245
Quadro 10: Fatores de risco para progressão de doença renal crônica em
pacientes com síndrome hemolítico-urêmica típica
REFERÊNCIAS
246
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
INVAGINAÇÃO INTESTINAL
SCAN
247
EXTENSIVO
CIRURGIA
Frederico Cantarino
Rodrigo Camargo Leão Edelmuth
Ricardo Zantieff Topolski Chaves
CIRURGIA
LESÕES HEPÁTICAS FOCAIS
A hiperplasia nodular focal (NHF) é caracterizada pela presença de cicatriz central hipoden-
sa na TC. É a segunda lesão hepática mais comum e existe uma certa correlação com o uso
de ACO. A conduta expectante
Os adenomas são extremamente raros e tem correlação direta com hormônios (ACO, ana-
bolizantes, obesidade e DM)! É doença de mulher jovem em uso de ACO! Existe o risco de
sangramento e malignização e a conduta tende a ser cirúrgica.
ABSCESSO HEPÁTICO PIOGÊNICO
QUADRO CLÍNICO
10
ETIOLOGIA
11
DIAGNÓSTICO E CONDUTA
12
ção mais comum é o abscesso hepático. O abscesso hepático amebiano (AHA) é
mais frequente em adultos do sexo masculino.
O AHA resulta da disseminação hematogênica dos trofozoítos através da veia por-
ta. Localiza-se preferencialmente no lobo direito do fígado, uma vez que este
recebe a maioria da drenagem sanguínea do ceco e do cólon ascendente. No seu
conteúdo encontram-se fragmentos proteicos acelulares, tipo “pasta de ancho-
vas” ou “achocolatado”, que correspondem a hepatócitos destruídos pelos tro-
fozoítos.
No abscesso hepático amebiano não costuma haver outras manifestações da in-
festação por ameba (não apresentam simultaneamente amebíase intestinal)!
O quadro clínico é o mesmo do abscesso hepático piogênico que
discutimos acima.
A sorologia para ameba é um teste de altíssima sensibilidade (99%) FLASHCARDS
e nos ajuda na diferenciação de abscesso bacteriano vs. amebia-
Quais são os achados
no. Entretanto, a confirmação do diagnóstico só pode ser feita com laboratoriais para
base nos exames microbiológicos e na resposta terapêutica. O diferenciar abscesso
diagnóstico de ameba pelo aspirado costuma ser facilmente con- bacteriano do absces-
firmado por meio da pesquisa direta de antígenos ou PCR para de- so amebiano?
tecção do genoma do parasito.
No abscesso hepático
amebiano temos so-
rologia positiva para
TRATAMENTO ameba e confirmação
por PCR.
Diferentemente dos abscessos bacterianos, a drenagem nem sem-
pre é necessária visto que o tratamento com metronidazol oral por
7-10 dias tem excelente resposta. A drenagem fica reservada para
FLASHCARDS
os casos em que não houve resposta ao tratamento clínico (após
5 dias), nos casos de dúvida diagnóstica ou então em casos que Quais são as indica-
apresentam elevado risco de complicações (lobo hepático esquer- ções para aspirar o
do, maior chance de fistulização para o pericárdio). abscesso hepático
amebiano?
Na dúvida diagnósti-
CISTO HIDÁTICO ca, risco de ruptura,
ausência de resposta
ao tratamento conser-
A Hidatidose ou Equinococose, infecção parasitária que acomete o
vador e suspeita de
homem e algumas espécies de animais, possui como agentes etio- infecção secundária
lógicos helmintos do gênero Echinococcus. do abscesso.
13
Existem quatro espécies do gênero:
• Echinococcus granulosus (mais comum);
• Echinococcus multilocularis;
• Echinococcus oligarthrus;
• Echinococcus vogeli.
QUADRO CLÍNICO
14
DIAGNÓSTICO
FLASHCARDS
• Exames de imagens para ver o aspecto sonográfico do cisto,
usualmente septado ou com debris e com parede calcificada. Quais são os achados
clínicos do cisto hidáti-
• Sorologia para E. Granulosus (método ELISA), possui sensibili-
co em região hepática?
dade de 85%.
Dor abdominal em
flanco direito, massa
Comumente, os cistos hidáticos, quando jovens, possuem aspecto palpável, icterícia e
tipicamente líquido, bem circunscrito e com parede bem definida. hepatomegalia.
Quando ocorrem na periferia do fígado, alteram os seus contornos.
Esse aspecto é especialmente evidente nas porções superiores dos lobos hepá-
ticos, um dos locais mais frequentes da doença hidática no fígado. Outras vezes,
os cistos hidáticos apresentam-se com conteúdo mais espesso, podendo simular
nódulos sólidos. Os cistos hidáticos podem ser múltiplos ou ter aspecto multilo-
culado, devido aos seus cistos-filhos.
O aspecto em “roseta” dos cistos-filhos, que estão em contato uns com os outros,
delimitados pelo contorno externo da “roseta”, pode ser bastante específico.
Fonte: OLIVEIRA, E. et al. Quisto hidático do fígado. Revista da sociedade portuguesa de medicina interna. 2013.
15
Figura 2: TC evidenciando lesão de aspecto multiloculado,
devido aos seus cistos-filhos: aspecto de roseta.
Fonte: GOLE et al. Unusual Presentation of Hydatid Cyst: A Case Series With Review of Literature.
The Internet Journal of Parasitic Diseases. 2013, volume 6, Number 1.
Fonte: LEMBARKI, G. et al. Echinococcal Cysts in the Liver. N Engl J Med, 2018; 379:181
16
TRATAMENTO
Fonte: GOLE et al. Unusual Presentation of Hydatid Cyst: A Case Series With Review of Literature.
The Internet Journal of Parasitic Diseases. 2013;6(1).
17
HEMANGIOMAS
FLASHCARDS
É a lesão hepática benigna mais comum e acomete mulheres de
meia-idade (entre a segunda e quinta década de vida). Assim como Qual é a lesão hepática
o adenoma, pode provocar sintomas epigástricos vagos, porém na benigna mais comum?
maioria dos casos são assintomáticos.
Hemangioma.
Não há risco de malignização e a ruptura é extremamente rara.
No passado, acreditava-se que esse risco era elevado e, por isso,
a ressecção de hemangiomas maiores estaria indicada. Mas não
caiam nessa pegadinha! Não há indicação cirúrgica em casos de FLASHCARDS
hemangiomas gigantes pelo risco de sangramento!
Hemangioma: qual é o
principal achado na TC
com contraste?
Pacientes com hemangiomas gigantes podem cursar com a síndro-
me de Kasabach-Merritt: coagulopatia de consumo no interior do Impregnação do
tumor com evidências de coagulação intravascular disseminada contraste periféri-
(trombocitopenia e hipofibrinogenemia). co na fase arterial
e completando seu
O diagnóstico é feito por meio de tomografia computadorizada preenchimento e
com contraste, que demonstra captação do contraste periférico na homogeneidade na
fase arterial, completando seu enchimento na fase venosa, quan- fase venosa (captação
centrípeta).
do o contraste atinge o centro do tumor (captação centrípeta). A
RM é o melhor para a avaliação dos hemangiomas, especialmente
se pequenos (< 2,5 cm). A biópsia hepática está formalmente contraindicada devi-
do ao alto risco de sangramento.
18
Figura 5: Notem o enchimento periférico precoce na fase arterial com contrastação gradual em
direção ao centro da lesão
Fonte: Courtesy of Jonathan Kruskal. Curry MP et al. Hepatic hemangioma. Uptodate 2018.
19
Figura 6: Aspecto clássico do enchimento centrípeto por contraste do hemangioma.
20
Figura 7: HNF clássica: lesão homogênea com cicatriz central e áreas de
vascularização periférica (cabeça de setas)
Fonte: CARLSON, S. K. et al. CT of Focal Nodular Hyperplasia of the Liver American Journal of Roent-
genology, 2000 174:3, 705-712.
21
Figura 9: HNF: fase tardia. A cicatriz central sempre está presente
Figura 10: HNF clássica: lesão homogênea com cicatriz central (seta fina)
22
A conduta é expectante, visto que são tumores benignos e assin-
tomáticos. O mais importante é orientar e tranquilizar o paciente. FLASHCARDS
A ressecção cirúrgica é extremamente rara e fica reservada para
casos de dúvida diagnóstica. HNF: qual a conduta?
A conduta é expec-
tante.
ADENOMAS
São lesões benignas raras e quase exclusivas do sexo feminino. Existe uma re-
lação direta e inquestionável entre o uso de anticoncepcionais orais (ACO) e a
presença de adenomas: os ACO não só aumentam a incidência desta lesão, como
também estimulam seu crescimento e cursam com maior risco de hemorragia.
Portanto, a suspensão de métodos contraceptivos hormonais é mandatória! Além
dos ACO, também são fatores de risco: DM, esteroides anabolizantes e obesidade.
Apesar de ser um achado incidental em pacientes assintomáticos,
eles podem apresentar queixas vagas como dispepsia ou epigas- FLASHCARDS
tralgia.
No adenoma há risco
O diagnóstico é feito pelo conjunto dos achados dos exames de de malignização.
imagem. A tomografia pode demonstrar captação arterial periféri-
ca, com eliminação venosa e áreas hipo/hiperdensas (hemorragias Correto.
antigas/recentes). Em casos de dúvida diagnóstica, a RM pode ser
de grande valia.
E qual a conduta?
• Adenoma em homens: ressecção cirúrgica sempre.
• Mulheres com lesões < 4 - 5 cm: suspensão de ACOs e seguimento com imagem.
A conduta cirúrgica nesses casos é discutível, pois os adenomas podem regre-
dir após a suspensão do estímulo hormonal.
• Mulheres com lesões > 4 - 5 cm: ressecção cirúrgica.
Temos que lembrar que alguns adenomas podem ser sintomáticos! A necessidade
de intervenção cirúrgica nesses casos é maior!
23
Tabela 2: Características das principais lesões hepáticas benignas
24
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
25
PÓLIPOS INTESTINAIS
CIRURGIA
E POLIPOSES
Deve-se saber que Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) está relacionado com a mutação
do gene APC e seu quadro clínico característico são presenças de múltiplos pólipos por
todo TGI e retinite pigmentosa.
A PAF possui algumas variantes, como as Síndromes de Gardner e Turcot. Na sd. de Gard-
ner, o paciente apresentará osteomas, dentes supranumerários e lipomas e na sd. de
Turcot, tumores do SNC. É importante ter o conhecimento também da Síndrome de Peutz-
-Jeghers, caracterizado por polipose hamartomatosa e manchas melanocíticas.
PÓLIPOS INTESTINAIS
Lembrar que tanto o tamanho quanto o tipo histológico do pólipo estão direta-
mente relacionados com a sua malignidade
Fonte: The Science of CRC. The Angiogenesis Foundation. Disponível em: <https://www.scienceofcrc.
org/learn/>.
PÓLIPOS ADENOMATOSOS
Esses são os autores principais do nosso livro! São muito comuns e são lesões
pré-malignas que antecedem, em cerca de 7-10 anos, o adenocarcinoma colorre-
tal (câncer de cólon). Por esse motivo, quando tiramos um pólipo adenomatoso
hoje, estamos evitando o surgimento do câncer daqui a dez anos!
A incidência dos pólipos adenomatosos tem relação direta com a idade: na faixa
dos 40-50 anos, sua prevalência é de 30-40% e pode atingir uma prevalência su-
perior a 50% nos idosos!
28
Os pólipos, como um todo, costumam ser ASSINTOMÁTICOS, pois são lesões mui-
to pequenas! Quando existe algum sintoma, a hematoquezia (sangramento retal)
costuma ser mais comum. Em casos de exceção, podem apresentar sinais de obs-
trução, diarreia ou tenesmo mas é MUITO raro, pois lesões grandes, geralmente
já sofreram degeneração maligna e são adenocarcinomas. Assim, na maioria das
vezes, os adenomas são descobertos de forma acidental em colonoscopias de
rotina, em pacientes sem queixas.
Fonte: Atlanta Center for Gastroenterology, P.C. & Atlanta Endoscopy Center. Disponível em: <http://
www.acgaec.com/colon-polyps?lightbox=imageyip>.
Adenomas tubulares (85% dos casos): são geralmente de pequeno tamanho (não
ultrapassam o diâmetro de 2 cm) e pediculados. São de melhor prognóstico.
Adenomas vilosos (5-10% dos casos): são maiores que os tubulares (podem atin-
gir até 10 cm de diâmetro) e geralmente são sésseis (não pedunculados). Maior
risco de malignização: os vilosos são os vilões!
29
Adenomas tubulovilosos (5-10% dos casos): são uma “mistura” destes dois pa-
drões e tem prognóstico intermediário.
Além disso, os pólipos adenomatosos podem ser classificados quanto ao grau de
displasia na histopatologia:
• Sem displasia.
• Displasia de baixo grau.
• Displasia de alto grau.
Parece simples e é isso mesmo! É fácil de entender que a displasia mantém corre-
lação direta com o risco de malignização!
PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS
PÓLIPOS SERRILHADOS
30
Pólipos com risco de malignização: serrilhados e adenomatosos!
PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS
Também conhecido como “pólipos juvenis”, são constituídos por tecido normal,
que crescem de forma desorganizada. Macroscopicamente, são pediculados,
avermelhados e grandes (1 -3 cm), não podendo fazer a diferenciação dos pólipos
adenomatosos.
São chamados de “pólipos juvenis”, pois predominam em crianças (< 5 anos), mas
continuam sendo muito comuns até os vinte anos. Ele podem ocorrer esporadi-
camente ou em síndromes. Os pólipos hamartomatosos esporádicos geralmente
se apresentam como lesões únicas, enquanto a presença de múltiplos pólipos
hamartomatosos sugere síndromes genéticas como Peutz-Jeghers, Cronkhite-Ca-
nada ou Polipose Juvenil.
A conduta irá variar de acordo com os achados dos exames solicitados. Todo póli-
po encontrado no cólon deve ser removido e enviado para patologia e o follow-up
desses pacientes deve ser da seguinte forma:
• Exame normal: seguimento colonoscópico de rotina (10/10 anos).
• Baixo risco de câncer: colonoscopia 5/5 anos.
• Alto risco: colonoscopia 3/3 anos (1 - 3 anos).
Já sabemos quais são as lesões de alto risco: adenomas grandes, vilosos, serrilha-
dos e com displasia!
31
Pólipo encontrado na colonoscopia = polipectomia e mandar para o histopatológico.
32
POLIPOSES HEREDITÁRIAS
O termo polipose se refere a formação sistemática de pólipos no trato gastroin-
testinal e são responsáveis por 1% de todos os casos de câncer colorretal.
Existem diversas síndromes de polipose hereditária. As mais comuns são:
• Polipose Adenomatosa Familiar (PAF).
• Variantes da PAF:
• Síndrome de Gardner.
• Síndrome de Turcot.
• Polipose Juvenil.
• Síndrome de Peutz-Jeghers.
• Síndrome de Cowden.
• Síndrome de Cronkhite-Canada.
Não se assuste, vamos fazer uma tabela no final e facilitar MUITO a sua vida!
33
OUTROS ACHADOS NA PAF
• Hiperpigmentação da retina.
• Tumores desmoides: geralmente são massas fibrosas em retroperitônio ou pa-
rede abdominal, com alto potencial de invasão local e baixo risco de metásta-
ses. Costuma aparecer junto a cicatrizes cirúrgicas.
• Pólipos gástricos (hiperplásicos): baixo risco de malignização.
• Adenomas duodenais/periampulares: maior risco de malignização.
Esses pólipos têm risco de malignização e, portanto, esses pacientes têm indica-
ção de EDA de rotina (a 1-3 anos), a partir da idade de 25-30 anos.
DIAGNÓSTICO
34
Figura 3: PAF
Notem os inúmeros pólipos no cólon associado a uma lesão ulcerada (adenocarcinoma).
TRATAMENTO
Ficou fácil de entender que todos os pacientes com PAF terão câncer certo? A
conduta nesses casos tende a ser muito radical, com retirada completa de todo o
reto e cólon (proctocolectomia total). Por muito tempo, esses pacientes ganharam
uma ileostomia definitiva. Entretanto, a melhor conduta atualmente é a procto-
colectomia total com bolsa ileal (anastomose ileoanal). A bolsa ileal serve como
reservatório de fezes e melhora a qualidade de vida do dia a dia do paciente.
Entretanto, é uma cirurgia mórbida e que pode interferir diretamente no bem-
-estar desses doentes. Um subgrupo de pacientes pode apresentar doença mais
acentuada no cólon, com poucos pólipos no reto. Nesses casos, alguns autores in-
dicam a colectomia total, sem retirada do reto. Dessa forma, a anastomose passa
a ser íleo-retal e a comodidade/continência do paciente costuma ser melhor. Mas
vale lembrar que os pólipos do reto ainda estarão lá e o risco de câncer continua
existindo. Esses pacientes têm que ter os pólipos removidos por colonoscopia e
manter um seguimento muito estrito com retoscopias frequentes (6-12 meses).
35
Conduta na PAF é proctocolectomia total com bolsa ileal (anastomose ileoanal).
Todo paciente com confirmação clínica de PAF (> 100 pólipos na colonoscopia)
deve ser submetido a pesquisa da mutação do gene APC, pois se positiva, o ras-
treio familiar em parentes de primeiro grau é obrigatório.
Pesquisa laboratorial
para mutação no gene
APC (no paciente)
Colonoscopia de
Não há necessidade rastreio para todos os
de seguimento familiares > 10 – 12
anos, até os 35 anos.
36
VARIANTES DA PAF: GARDNER E TURCOT
SÍNDROME DE GARDNER
Além das alterações já vistas, nessa síndrome temos associação com tumores
ósseos (osteoma), especialmente de crânio e mandíbula. Além de dentes supra-
numerários e tumores de partes moles (lipoma, fibroma, tumor desmóide).
Gardner: PAF + osteomas + dentes supranumerários e tumores de partes moles.
SÍNDROME DE TURCOT
37
SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS
FLASHCARDS
Também é uma doença autossômica dominante caracterizada por
polipose hamartomatosa do trato gastrintestinal. Além da polipo- Quais são os achados
se, esses pacientes apresentam pigmentação melânica cutâneo- clínicos na Síndrome
-mucosa (manchas melanocíticas em pele e mucosas). de Peutz-Jeghers?
Assim como as outras síndromes já vistas, é uma doença rara, afe- Polipose hamarto-
tando um em 60.000 a um em 300.000 indivíduos nos EUA. matosa + manchas
melanocíticas .
Devido a polipose, esses pacientes apresentam um risco elevado
de câncer colorretal. Mas, além disso, também há um risco aumen-
tado de ocorrência de carcinoma em outros órgãos:
• Pâncreas (30%).
• Mama (25%).
• Ovário e útero (20%).
• Testículo (10%).
• Estômago e intestino delgado (10%).
38
SÍNDROME DE COWDEN
FLASHCARDS
Também é uma polipose juvenil familiar (autossômica dominante)
associada a pólipos hamartomatosos em pele e mucosas. Além dis- Quais são os achados
so, esses pacientes apresentam tumores faciais (triquilemomas), clínicos na Síndrome
tumores orais (fibromas orais) e hiperceratose palmoplantar. Visto de Cowden?
que os pólipos são hamartomatosos, o risco de desenvolvimento
Polipose hamartomato-
de câncer colorretal não é tão elevado. Entretanto, o risco de de- sa + tumores orais/face
senvolvimento de câncer de mama e tireoide está aumentado. e hiperceratose acral.
Síndrome de Cowden: polipose hamartomatosa + tumores orais/
face e hiperceratose acral.
FLASHCARDS
39
Tabela 2: Poliposes Adenomatosas Familiares (PAF)
40
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
41
ACALÁSIA /MEGA ESÔFAGO/
CIRURGIA
OBSTRUÇÃO ESOFÁGICA BENIGNA
O diagnóstico deve sempre passar pela realização de uma endoscopia digestiva alta para
afastar neoplasia e depois um esofagograma contrastado. O exame padrão-ouro para o
diagnóstico é a Manometria esofágica.
O tratamento deve ser realizado de acordo com a classificação, conforme tabela da aula.
INTRODUÇÃO
FLASHCARDS
A acalásia, frequentemente denominada Megaesôfago, por ser fre-
quente essa dilatação esofágica, é uma doença disfágica, causada O que é o que é? Disfa-
por um transtorno motor do esôfago que promove a acalásia (não gia baixa + regurgita-
ção + perda ponderal +
relaxamento) do esfíncter esofagiano inferior.
dor retrosternal?
Acalásia/Megaesôfago!
FISIOPATOLOGIA
ETIOLOGIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
102
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
103
Figura 1: Esofagograma contrastado mostrando afilamento “em bico de pássaro”
do esôfago distal, com estase esofágica a montante.
Classificação do Megaesôfago
Grau 1 Até 4cm
Grau 2 4-7cm
Grau 3 7-10cm
Grau 4 >10cm
Fonte: Rezende JM. Classificação radiológica do megaesôfago. Rev Goiana Med. 1982.
104
Quando, especialmente no grau IV, há perda do eixo do esôfago (e
ele “dobra”), pode-se denominar como dólico megaesôfago. FLASHCARDS
O exame padrão-ouro, porém, para a o diagnóstico da acalasia, é
Qual Exame padrão
a esofagomanometria. Esse exame consiste numa avaliação mano-
ouro para o diagnósti-
métrica dinâmica do processo da deglutição, e é capaz de encontrar co da acalásia?
justamente os achados fisiopatológicos de: déficit do relaxamento
do esfíncter esofagiano inferior → hipertonia do esfíncter esofagia- Manometria esofágica
no inferior → aperistalse e hipocontratilidade do corpo esofágico.
Segundo a manometria, a doença pode ser classificada em: inci-
piente, não avançada e avançada.
TRATAMENTO
105
Os megaesôfagos “intermediários” – graus II e III, não avançados –, são ideal-
mente tratados por esofagocardiomiotomia videolaparoscópica à Heller Pinotti.
A dilatação pneumática endoscópica seriada passa a ter papel como ponte ao
tratamento cirúrgico (reabilitação nutricional), ou então como alternativa na in-
disponibilidade do tratamento cirúrgico, ou impossibilidade por paciente de risco
cirúrgico elevado.
No megaesôfago avançado, grau IV, sobretudo com dólico megaesôfago, pode-se
tentar a esofagocardiomiotomia, porém, torna-se real a possibilidade de ser ne-
cessária a esofagectomia.
As demais modalidades, de toxina botulínica e POEM, ainda não têm papel bem
definido na literatura, e devem ser utilizadas individualmente.
Sintetizando, assim, o tratamento, ficamos com:
TRATAMENTO
Dilatação pneumática
Grau I – Incipiente
Esofagocardiomiotomia
Esofagocardiomiotomia
Grau II e III
Dilatação: alternativa ou “ponte”
Esofagocardiomiotomia
Grau IV
Esofagectomoia se não responder
ANÉIS E MEMBRANAS
106
São investigados de maneira semelhante a qualquer disfagia: inicia-se a investi-
gação com endoscopia digestiva alta para afastar câncer – e aqui a biópsia tem
papel relevante em afastar tecido neoplásica na região do anel/membrana. A
própria endoscopia pode observar a presença do anel/membrana, ou então, na
sequência, um esofagograma contrastado evidencia a presença de uma região de
estenose.
O tratamento é endoscópico, com dilatação e tem taxas satisfatórias de controle
do sintoma disfágico. Outras estratégias endoscópicas incluem: injeção de corti-
coide e incisão elétrica.
Alguns anéis e membranas possuem denominação específica.
O Anel de Schatzki é um anel do esôfago distal, presente em 5% da
população e está associado à doença do refluxo gastroesofágico e
hérnia de hiato. Aqui, naturalmente, associa-se o uso de inibidor FLASHCARDS
de bomba de próton em dose plena ao tratamento.
Qual é a característica
A Síndrome de Plummer Vinson, por sua vez, relaciona-se à pre-
da Síndrome de Plum-
sença de uma membrana esofágica cervical alta, num contexto de mer Vinson?
anemia ferropriva. Nessa síndrome, é importante controlar a defi-
ciência de ferro. Perceba que a disfagia aqui é alta, cervical, seme- Disfagia cervical alta +
lhante àquela do Divertículo de Zenker. anemia ferropriva.
DIVERTÍCULO DE ZENKER
107
A doença cursa com uma disfagia de condução, mecânica, alta,
cervical, associada a uma sensação de corpo estranho. Ocorre ha- FLASHCARDS
litose e retorno de alimento não digerido, e pode ainda haver tos-
se e disfonia. Divertículo de Zenker:
qual é o exame diag-
nóstico?
O divertículo esofágico mais comum é o divertículo de Zenker, que
Esofagograma con-
ocorre na junção da faringe ao esôfago. trastado.
108
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
109
CIRURGIA ABDOME AGUDO VASCULAR
(E ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO)
O abdome agudo hemorrágico, por sua vez, é aquele fruto de um sangramento intraca-
vitário. Cursa com dor abdominal intensa e sinais de perda sanguínea. O paciente deve
ser estabilizado e então investigado em busca das principais possibilidades diagnósticas:
aneurisma e aorta abdominal rôto, cisto anexial hemorrágico, gestação ectópica rôta e ro-
tura espontânea do baço.
INTRODUÇÃO
O abdome agudo vascular é aquele causado por uma doença isquêmica gastroin-
testinal. Isquemia mesentérica é o quadro abdominal decorrente da oclusão ar-
terial ou venosa, gerando consequente má perfusão do território esplâncnico.
ETIOLOGIA
124
A irrigação do cólon forma um arco marginal justacólico, que comunica os territó-
rios de suas diferentes artérias. Tal arco, entre a a. cólica média e cólica esquerda
é dito arcada de Rioland, enquanto entre o a a. cólica esquerda e sigmoideana é
conhecido como arcada de Drummond.
QUADRO CLÍNICO
O quadro é marcado por dor abdominal súbita e intensa. Os intestinos são sensí-
veis a distensão e isquemia, gerando dor visceral. Como há isquemia pronunciada,
o paciente relata dor abdominal, que é extremamente intensa, e tem início súbito
(haja vista o mecanismo fisiopatológico da doença). Seu caráter visceral (irritação
125
do peritônio visceral) é demonstrado em seu caráter mal definido,
inespecífico e difuso. O paciente pode caracterizar a dor como “em
FLASHCARDS
aperto” ou “em pontada”.
Ao exame físico, porém, não há grandes achados abdominais. Lem- Quais são os achados
laboratoriais espe-
bre-se que a perfuração intestinal é a última etapa da história na- rados na isquemia
tural da doença, e só após ela ocorre sinais de peritonite ao exame mesentérica?
físico. Portanto, na isquemia mesentérica existe um paciente com
dor abdominal muito forte, não acompanhada, porém, de um cor- Acidose metabólica,
respondente ao exame físico. Essa dissociação entre sintomas re- elevação do lactato e
leucocitose com des-
latados e sinais examinados é marcante na isquemia mesentérica. vio à esquerda.
Ao exame laboratorial, o paciente apresentará provas inflamatórias
elevadas: leucocitose com desvio à esquerda, elevação da PCR. Devido ao meta-
bolismo anaeróbio há, na gasometria arterial, elevação do lactato e acidose me-
tabólica (pH baixo, com também reduzido bicarbonato, e queda compensatória
da pCO2). A depender da gravidade da sepse, havendo um choque séptico, tam-
bém poderá haver disfunções órgão-alvo, como por exemplo a elevação de ureia
e creatinina na injúria renal aguda séptica.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
126
MANEJO E TRATAMENTO CIRÚRGICO
127
pectiva de reabilitação e prognóstico satisfatório futuro favorável não se prosse-
gue com algum outro passo cirúrgico; a laparotomia é interrompida e o paciente
é, então, encaminhado a uma unidade pós-cirúrgica para cuidados terminais.
Perceba que a cirurgia promove apenas a ressecção de alças isquêmicas irre-
versíveis, com lesão inviável. Portanto, após a cirurgia, é de suma importância o
controle intensivo do paciente, e medidas para tratamento da causa base, como
uso de estatinas, anticoagulantes, antiplaquetários e suporte intensivo agressivo.
São tais medidas que irão salvar as alças em isquemia ainda reversível – a “zona
de penumbra”.
128
doença ulcerosa péptica ou síndrome dispéptica, o diagnóstico precisa ser sus-
peitado e investigado.
Após afastado os diferenciais, o diagnóstico também é firmado cruzando-se um
achado compatível da angiotomografia com os sintomas do paciente.
A terapia aqui é mais difícil. É importante o controle de fatores de risco e comor-
bidades associadas à síndrome metabólica e ateromatose, com destaque para a
cessação do tabagismo e perda de peso. Um treinamento e reeducação de hábitos
alimentares também é produtivo.
O quadro clínico é de dor abdominal aguda, intensa, geralmente Dor abdominal inten-
súbita, com pouco ou nenhum sinal de peritonite (o sangue nem sa e repercussões da
hemorragia (palidez,
sempre irrita o peritônio agudamente), acompanhado de sinais de
hipotensão, taquicar-
perda volêmica. A perda volêmica se manifesta, em graus varia- dia, anemia).
dos, de acordo com a gravidade da hemorragia, por: hipotensão
postural, taquicardia, hipotensão, alargamento do tempo de enchimento capilar,
frieza de extremidades, palidez cutâneo-mucosa e/ou queda de hemoglobina ao
laboratório. Portanto, o quadro clínico é de uma dor abdominal alarmante num
paciente “que sangrou”.
O primeiro passo num paciente como esse é a estabilização do quadro clínico.
Portanto, ele deve ser levado a um ambiente de emergência e monitorizado. Ob-
tém-se dois acessos venosos calibrosos e promove-se reanimação volêmica vigo-
rosa, além de colher amostra para análise hematimétrica e tipagem sanguínea/
contraprova para possível hemotransfusão. Avaliada a gravidade, de acordo com a
necessidade o paciente deve receber medidas de suporte avançado de vida, como
intubação, ventilação mecânica e drogas vasoativas.
Após esse atendimento inicial, deve-se pensar nos possíveis diagnósticos etioló-
129
gicos. São muitas as causas. A mais típica é o aneurisma de aorta abdominal roto
(sobre o aneurisma de aorta abdominal em geral, você estudará mais no nosso
respectivo capítulo em cirurgia vascular), mas aqui podemos incluir qualquer ou-
tra doença que promova sangramento para a cavidade peritoneal. Veja a tabela
na próxima página.
Paciente instável = USG abdominal a beira leito; paciente estável = Qual é a conduta fren-
angiotomografia de abdome total te a um aneurisma de
aorta abdominal rôto?
Tratamento cirúrgico
A conduta cirúrgica mencionada acima é o reparo cirúrgico aberto
de emergência.
do aneurisma, com colocação de prótese aorto-aórtica ou aorto-
-bifemoral (a depender da extensão do aneurisma).
130
TREINE MAIS AQUI
Caso seu celular não tenha a opção de leitura do QR CODES na própria câmera, há
diversos aplicativos no Google Play e no App Store que possibilitam ler e acessar
o link que está referenciado.
Não deixe de apreciar o que estar por trás dos QR CODES!
SCAN
131
EXTENSIVO
INFECTOLOGIA
Álvaro Furtado Costa
Agente: Flavivírus.
228
VIROLOGIA
O vírus da febre amarela possui o genoma constituído de RNA de fita simples não
segmentado, polaridade positiva, com cerca de 11 kilobases de comprimento.
O vírion ou nucleocapsídeo mede cerca de 25-40nm de diâmetro e é envolvido
pelo envoltório bilaminar de natureza lipoprotéica conhecido como envelope,
que é originário da célula hospedeira. RNA viral expressa a síntese de três pro-
teínas estruturais (prM, E e C) e sete não estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A,
NS4B e NS5).
229
Fonte: <https://www.luciacangussu.bio.br/artigo/febre-amarela-o-que-voce-precisa-saber>
VETORES
O vírus é mantido na natureza por transmissão entre primatas não humanos (PNH)
e mosquitos silvestres arbóreos, principalmente dos gêneros Haemagogus e Sa-
bethes (no Brasil) e Aedes (Stegomyia) na África, situação denominada epizootia.
230
Fonte: <http://visaosocioambiental.com.br/revista/?p=634>
Fonte: ALE, Caroline Almeida; PREZOTO, Fabio. A CULPA NÃO É DO MACACO: OS PRIMATAS E A FEBRE
AMARELA. Multiverso, Juiz de Fora, v. 2, n. 1, p.1-12, jul. 2017.
231
EPIDEMIOLOGIA
232
Fonte: FREI, Fernanda Dias e col. Febre amarela: uma velha doença, mas com novos desafios. Cone-
xão Ciência, Minas Gerais, v. 13, n. 1, p.79-86, maio 2018.
233
APRESENTAÇÕES CLÍNICAS
A febre amarela pode ser definida como uma doença infecciosa viral aguda de
curta duração cuja gravidade varia, podendo ocorrer sob formas oligossintomá-
ticas, até formas fulminantes, em que os sintomas clássicos de icterícia, albumi-
núria e hemorragias estão presentes.
Figura 5: Gêneros de primatas encontrados no Brasil afetados pela febre amarela
234
235
Fonte: SAS/MS
236
237
DIAGNÓSTICO
FLASHCARDS
Em relação ao diagnóstico clínico, deve ser considerado caso sus-
peito indivíduo com exposição em área afetada recentemente (em Como fazer o diagnós-
surto) ou em ambientes rurais e/ou silvestres destes, com até sete tico na febre amarela?
dias de quadro febril agudo (febre aferida ou relatada) acompa-
Sorologia após 5 a 7
nhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: cefaleia dias ou PCR -Febre
(principalmente de localização supraorbital), mialgia, lombalgia, amarela /isolamento
mal-estar, calafrios, náuseas, icterícia e/ou manifestações hemor- viral.
rágicas sendo residente ou procedente de área de risco para febre
amarela, nos quinze dias anteriores, que não tenha comprovante de vacinação de
febre amarela ou que tenha recebido a primeira dose há menos de trinta dias.
238
TRATAMENTO
239
Quais os principais
Caso a conduta seja acompanhamento ambulatorial, deve-se pres- diagnósticos diferen-
crever sintomáticos para febre e dor e hidratação oral. O paciente ciais da febre amarela?
e os acompanhantes devem ser orientados a retornar ao serviço
Leptospirose, malária
de saúde imediatamente se houver piora dos sintomas existen-
e hepatites virais nos
tes, persistência de febre alta (>39oC) por mais de quatro dias e/ou diagnósticos diferen-
qualquer dos seguintes sinais: aparecimento de icterícia, hemorra- ciais.
gias, vômitos, diminuição de diurese.
A hospitalização em enfermaria é recomendada para casos moderados e graves
em que o paciente apresentar as seguintes condições:
• Paciente em regular ou mau estado geral, desidratação moderada ou intensa e
vômitos, sem hemorragias ativas, com nível de consciência normal.
• Exames laboratoriais com alterações discretas ou moderadas no hemograma
(leucopenia, plaquetopenia, hemoconcentração <20% do valor de referência),
transaminases menores dez vezes o limite superior da normalidade e bilirru-
bina menor que cinco vezes o limite superior da normalidade, proteinúria + ou
++, provas de coagulação normais.
240
CLÍNICOS LABORATORIAIS
Hematócrito em elevação (20% acima do valor basal
Icterícia (pele ou escleras amareladas)
prévio ou valor de referência)
Hemorragias
Transaminases acima de 10 vezes o valor de referên-
Colúria – urina “cor de coca-cola”
cia (TGO é geralmente mais elevada que TGP, diferen-
Oligúria – diminuição do volume urinário
temente da hepatite aguda)
Vômitos constantes
Creatinina elevada
Diminuição do nível de consciência
Coagulograma alterado (ex.: tempo de coagulação >
Dor abdominal intensa
20 min).
Fonte: SAS/MS
241
PREVENÇÃO
242
FRACIONAMENTO
243
• A partir dos 9 meses não vacinado: Uma dose → duração para toda a vida. Do-
ses fracionadas → duração ainda não é bem conhecida.
• Gestantes NÃO VACINADAS: Deverá ser vacinada com uma dose da vacina (em
qualquer período gestacional) se residir ou for se deslocar para área com
transmissão ativa da doença (municípios com casos humanos ou epizootias
confirmadas). Neste caso, deverá ser avaliada pelo médico.
• Pessoas acima de 70 anos NÃO VACINADAS: É fundamental que os profissionais
de saúde façam a avaliação, perguntando se a pessoa não se enquadra nas
contraindicações antes de administrar a vacina. Pesar risco versus beneficio.
• Viajantes para áreas com vigência de surto no país ou para países que exigem
o Certificado Internacional de Vacinação: Administrar uma dose pelo menos
dez dias antes da viagem, respeitando as precauções e contraindicações da
vacina. Nesse caso a dose aplicada é a completa, não a fracionada.
• Doadores de Sangue: Os doadores de sangue e/ou órgãos vacinados contra fe-
bre amarela devem aguardar um período de quatro semanas após a vacinação
para realizar a doação. É importante que os doadores doem sangue antes de
receber a vacina.
• Nos casos de doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar
a vacinação até a resolução do quadro com o intuito de não se atribuir à vaci-
na as manifestações da doença.
• Indivíduos infectados pelo HIV, assintomáticos e com imunossupressão mode-
rada, de acordo com a contagem de células CD4.
• A administração da VFA em indivíduos com Lúpus Eritematoso Sistêmico ou
com outras doenças de etiologia potencialmente autoimune deve ser avaliada
caso a caso tendo em vista a possibilidade de imunossupressão.
244
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
245
246
SCAN
247
Você deve ser capaz os principais métodos diagnósticos utilizados, identificando as limita-
ções de cada.
INTRODUÇÃO
É uma infecção bacteriana causada pela Salmonella typhi, que pode gerar quadros
graves, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento, apesar da distri-
buição mundial. O agente é transmitido a partir da ingestão de água e alimentos
contaminados, daí decorre a importância das condições de saneamento básico.
Clinicamente a doença se apresenta com febre alta prolongada, cefaleia, mal-es-
tar geral, diarreia ou obstipação, inapetência, tosse seca, lesões cutâneas, bra-
dicardia relativa (dissociação pulso-temperatura), manchas rosadas no tronco
(roséolas tíficas), esplenomegalia podendo progredir para confusão mental pro-
gressiva e, em alguns casos não tratados, até ao óbito.
Raramente a doença se apresenta com quadro clínico extenso, o mais comum é
a febre associada a alguns dos demais sintomas supracitados, principalmente a
diarreia.
ETIOLOGIA
148
149
150
PATOGENIA
151
QUADRO CLÍNICO
152
153
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
154
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O diagnóstico diferencial deve ser feito com todas as doenças entéricas de diver-
sas etiologias, como, por exemplo, Salmonella enterica sorotipo Paratyphi A, B, C,
Yersinia enterocolitica etc.
TRATAMENTO
155
DROGA POSOLOGIA
CONTROLE E PREVENÇÃO
156
157
SCAN
158
Tratamento da hepatite B.
INTRODUÇÃO
Importante destacar que nos últimos anos tivemos avanços e mudanças epide-
miológicas notórias no cenário mundial e nacional das hepatites a destacar:
• simplificação na terapêutica da hepatite C com o surgimento de drogas poten-
tes e com altas taxas de resposta virológica;
• surtos em vários países do mundo de hepatite A com um cenário de transmis-
são sexual (HSH);
• desafio de ampliar a cobertura vacinal para a hepatite B no mundo;
• introdução da vacina do vírus A no calendário nacional em 2014;
• tratamento para todos com hepatite C crônica no Brasil independentemente
do estágio de fibrose hepática;
46
HEPATITE A
Doença viral de início usualmente abrupto com febre, mal estar, anorexia, náu-
sea, vômito e desconforto abdominal. Outros sintomas incluem colúria, acolia
fecal, artralgias e o aparecimento de icterícia em poucos dias, assim como hepa-
tomegalia e esplenomegalia. A severidade dos sintomas aumenta com a idade.
A icterícia pode ocorrer em 80% nos adultos. Os sintomas têm duração de uma
a duas semanas a dois meses, mas em 10% a 15% dos infectados, os sintomas
podem ser prolongados ou recorrentes por seis a nove meses. A doença é auto-
limitada e considerada benigna, porém existem formas atípicas da hepatite que
podem causar insuficiência hepática aguda (hepatite fulminante), principalmen-
te em adultos. A letalidade estimada é 0,1% para crianças menores de anos, che-
gando a 1,8% para maiores de cinquenta anos.
Pontos-chave:
• RNA vírus.
• Família Picornaviridae.
• Transmissão fecal-oral, mais recentemente destaque por surtos mundiais HAV
em HSH.
• Período de incubação é de 15 a 45 dias (28d).
• A viremia é curta e o vírus A é eliminado nas fezes nos dias que precedem a
instalação da icterícia até 8 dias depois.
• Não cronificação.
• Vacina disponível, altamente imunogênica.
47
48
49
50
Suspeita de
hepatite A
Solicitar anti-
HAV IgM
Solicitar
Hepatite A
sorologia para
aguda
HBV e HCV
51
52
Anti-HAV
Anti-HAV IgM Interpretação
total
REPORTS EPIDEMIOLÓGICOS
Figura 3: Casos notificados de Hepatite A no estado de São Paulo, por faixa etária, em 2017
53
Pontos-chave:
Vacina de vírus inativado (sem grandes contraindicações):
• A partir de um ano, em duas ou três doses, com intervalo de seis meses
Indicada:
• Viagem para áreas endêmicas.
• Está no calendário vacinal oficial para todos a partir de 2014.
• Portadores de hepatite crônica B, C ou outras hepatopatias crônicas.
• HIV+.
54
55
TRANSMISSÃO
FLASHCARDS
A hepatite B é uma doença de transmissão parenteral. A trans-
missão do agente infeccioso pode ocorrer por solução de conti- Como ocorre a trans-
nuidade (pele e mucosas), via parenteral (compartilhamento de missão do vírus da
Hepatite B?
agulhas, seringas, material de manicure e pedicure, lâminas de
barbear e depilar, tatuagens, piercings, procedimentos odontoló- Transmissão parente-
gicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança, ral, sexual, vertical e
entre outros) e relações sexuais desprotegidas, sendo esta a via acidentes com maté-
predominante. A transmissão vertical (materno-infantil) também rias biológicos.
é importante e ocasiona uma evolução desfavorável, com maior
chance de cronificação.
O HBV permanece viável durante longo período quando fora do corpo, como, por
exemplo, em uma gota de sangue, e tem maiores chances de infectar um indiví-
duo suscetível do que os vírus da hepatite C (HCV) e da imunodeficiência humana
(HIV). Outros líquidos orgânicos como sêmen, secreção vaginal e leite materno
também podem conter o vírus e representar fontes de infecção.
56
57
58
Paciente
Repetir exame
em 6 meses
O teste rápido, que dosa o antígeno viral HBsAg em amostra de sangue por punção
digital, é uma excelente forma de rastreamento da Hepatite B. Se a pessoa apre-
sentar o teste rápido positivo, deve-se confirmar o diagnóstico com a dosagem
laboratorial do HBsAg.
O diagnóstico de Hepatite B é confirmado através da dosagem laboratorial do
HBsAg.
O anti-HBc IgM é positivo somente na hepatite aguda. Nos pacientes com Hepa-
tite B aguda, ocorre negativação do HBsAg quatro a seis meses após o início da
infecção, com surgimento do anticorpo anti-HBs. Persistência do HBsAg por mais
de seis meses é diagnóstico de Hepatite B crônica.
59
(+) (-) Infecção de fase aguda ou falso positivo/Repetir sorologia após 15 dias
60
Anti-HBc
Condição de caso HBsAg Anti-HBc HBeAg Anti-Hbe Anti-HBs
IgM
61
TRATAMENTO DA HEPATITE B
62
O tratamento é contínuo (na maior parte dos casos por toda a vida), não deve ter
interrupções, a não ser que o paciente soroconverta (perder AgHbs assim como
também eliminar o antígeno de replicação AgHbe).
63
HEPATITE C
EPIDEMIOLOGIA
64
AGENTE ETIOLÓGICO
65
RESUMINDO:
FLASHCARDS
• Vírus C (HCV) é um vírus RNA, da família Flaviridae descrito em
Qual é o principal
1989 VNANB.
genótipo de HCV no
• Triagem de Banco de sangue para o vírus C a partir de 1991-92. mundo?
66
67
INFECÇÃO AGUDA
INFECÇÃO CRÔNICA
68
DIAGNÓSTICO HCV
69
FLASHCARDS
O anti-HCV é um marcador que indica contato prévio com o vírus.
Isoladamente, um resultado reagente para o anticorpo não permite O anti-HCV reagente já
diferenciar uma infecção resolvida naturalmente de uma infecção confirma o diagnóstico
ativa. Por isso, para o diagnóstico laboratorial da infecção, um re- de Hepatite C?
sultado anti-HCV reagente precisa ser complementado utilizando-
Não!!! Precisa ser
-se um teste para detecção direta do vírus, através de testes mole- complementado pelo
culares de amplificação de material genético (PCR). HCV-RNA.
Os testes de ácidos nucléicos (ou testes moleculares) são utilizados para detectar
o HCVRNA circulante no paciente. Além de serem ferramentas fundamentais como
método confirmatório da cronicidade da infecção, também são usados para ava-
liar a resposta ao tratamento.
Embora os testes moleculares normalmente sejam utilizados para complementar
o diagnóstico após um resultado reagente no teste para detecção do anti-HCV, o
RNA do HCV pode ser identificado no soro antes da presença do anticorpo.
70
71
Resumindo:
Suspeita de Hepatite C
Solicitar anti-HCV
Sorologia: Anti HCV+ = detecção do anticorpo (teve ou tem hepatite C): não define
HCV crônico!
72
TRATAMENTO
73
Fonte: DIAHV
74
Nos pacientes com cirrose hepática instalada, a erradicação do HCV não remove o
risco de hepatocarcinoma ou descompensação clínica. Continuar monitorizando
com US de abdome e alfa-feto proteína a cada seis meses.
Mesmo ocorrendo a cura (RVS) pode haver a REINFECCAO !! Os estudos mais atuais
mostram que esse fenômeno pode ocorrer especialmente em usuários de drogas
endovenosas e população HSH. Assim é muito importante INFORMAR os pacientes
sobre prevenção após a cura.
75
"Sofosbuvir + Daclastavir
Com Cirrose 12 semanas
(**com ou sem Ribavirina)"
Fonte: Protocolo - Diretriz de Tratamento de Hepatite C do Ministério da Saúde de 2017.
* sem cirrose
12 semanas
Sofosbuvir + Daclastavir
(com ou sem Ribavirina)
PEG - IFN contraindicado
* com cirrose
21
Sofosbuvir + Daclastavir
(com ou sem Ribavirina)
Fonte: Protocolo - Diretriz de Tratamento de Hepatite C do Ministério da Saúde de 2017.
76
HEPATITE D E E
HEPATITE D
77
A infecção pelo vírus delta pode ser simultânea ou posterior à infecção pelo HBV.
Denomina-se a infecção simultânea de coinfecção, e a infecção secundária de su-
perinfecção.
• Coinfecção:
• A infecção simultânea HBV/HDV concorre com interferência viral e pre-
juízo da replicação do HBV. A coinfecção apresenta-se como hepatite
aguda recidivante de curso clínico bifásico. Essa apresentação ocorre
com maior frequência na coinfecção HBV/HDV do que na hepatite B
aguda e se relaciona à expressão sequencial dos vírus B e D.
• Na maioria dos casos, o quadro clínico da coinfecção HBV/HDV evolui
com hepatite aguda benigna. Excepcionalmente, a síntese mais intensa
do HDV leva a formas fulminantes e crônicas de hepatite viral. A coinfec-
ção HBV/HDV resulta em completa recuperação em até 95% dos casos.
• Superinfecção:
78
Anti-HDV
Formas HBsAg Anti-HBc Anti-HBc IgM Anti-Hbs
total
Co-infecção (+) (+) (+) (+) (-)
Superinfecção (+) (+) (-) (+) (-)
Cura (-) (+) (-) (+) (+)
79
HBsAg + HBsAg +
HBsAg –
Anti-HBc total + Anti-HBc total +
Anti-HBc total -
Anti-HBc IgM + Anti-HBc IgM -
Encaminhar
para o serviço
especializado
HEPATITE E
80
81
Não há tratamento especifico para a hepatite E. Quando não ocorre a forma ful-
minante, a doença evolui para a cura espontânea.
82
SCAN
83