Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Carlos Morujão*
207
Arquipélago
208
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
valores, como seria a axiologia, provoca nos nossos dias a sensação de coisa
bizarra: que as mesmas leis da razão possam reger tipos de actos intencio-
nais tão diferentes como são os judicativos e os valorativos, tal como
Husserl pensava, não será, reconheçamo-lo, de molde a suscitar o consenso
entre os contemporâneos. Husserl acreditava que o combate contra o relati-
vismo e o cepticismo morais constituía o equivalente, no plano axiológico,
do combate contra o psicologismo, no âmbito da fundamentação da lógica e
da matemática3 . É provável que hoje a ideia daquela primeiro combate pare-
ça tão antiquada quanto o é a ideia deste último.
É certo que uma das mais frequentes objecções à fenomenologia de
Husserl é a de, consistindo numa doutrina das essências, ser incapaz de dar
conta dos problemas da cultura e da história. Tal, a verificar-se, poderia até
não ser excessivamente grave, desde que se reconhecesse, simplesmente, que
a fenomenologia não foi feita para isso e que quem desejar ocupar-se de tais
questões deverá buscar noutras paragens os conceitos adequados para o poder
fazer. Neste ensaio, como se depreende facilmente do que dissemos atrás,
defenderemos que não é exactamente assim. Não porque Husserl, no final da
sua vida, tenha imprimido à fenomenologia uma orientação diferente da inici-
al, mas sim porque, já na exposição, chamemos-lhe canónica, do seu pensa-
mento, em Ideias I, na qual se consuma a «viragem transcendental» anuncia-
da nas lições de 1906-07 sobre A Ideia de Fenomenologia, o mestre de
Freiburg nos oferece um instrumento para pensar os problemas da cultura e da
história. Pensamos, em particular, numa afirmação do § 74, segundo a qual há
«conceitos que são essencialmente e não acidentalmente inexactos e, por con-
seguinte, não matemáticos .» 4 Embora o contexto desta afirmação esclareça
que se trata, apenas, de contrapor os conceitos das ciências da natureza aos
conceitos da geometria — nunca a trajectória real de um corpo real correspon-
derá à linha curva cuja fórmula analítica poderá ser determinada pelo geóme-
3 Cf. as Vorlesungen über Ethik und Wertlehre, in Husserliana, Band XXVIII, p. 36. (De
agora em diante, todas as nossas referências a obras de Husserl remetem para esta edição
das suas obras, publicada, sob os auspícios dos Arquivos Husserl da Universidade de
Lovaina, pela editora Martinus Nijhoff e pela Kluwer Academic Press. Indicaremos,
somente, a seguir à sigla Hua, o volume, em algarismos romanos, e a paginação, em alga-
rismos árabes.) Cf., igualmente, o interessante texto colocado pelo editor da Husserliana
como «Beilage VIII» às referidas Vorlesungen, ed. cit., pp. 345-348, com análises pertinen-
tes, embora breves, das dificuldades em estabelecer a referida analogia.
4 Edmund Husserl, Ideen zu einer reinen Phtinomenologie und pheinomenologischen
Philosophie, in Hua, Band p. 170.
209
Arquipélago
tra —, pensamos ser este conceito de «essência inexacta» que permite à feno-
menologia uma reflexão sobre os referidos problemas 5 .
É certo, também, que a filosofia de Husserl, precisamente pela sua
defesa da forma científica de filosofar, pela recusa da transformação do pen-
sar rigoroso em mera Weltanschauung, prisioneira das necessidades e das
tarefas do momento, nos aparece como uma filosofia situada. Ela é, sem
sombra de dúvida, fruto de uma época em que uma certa ideia de filosofia,
tal como fora estabelecida, em primeiro lugar, pelo idealismo alemão, entra-
ra há muito em crise; mas ela não é menos o fruto de uma época (justamen-
te porque se apresenta como reacção a ela) em que o modelo das ciências
físico-matemáticas, alargando-se ao domínio dos actos psíquicos, pretende
transformá-los numa esfera objectivo-causal determinante da legitimidade e
da fundamentação das esferas cognitiva e valorativa.
Num famoso e polémico artigo programático, intitulado A Filosofia
como Ciência de Rigor (escrito, em 1911, para o 3.° fascículo do n.° 1 da
revista Logos), Husserl julga com severidade os efeitos da filosofia român-
tica em geral (e da filosofia de Hegel em particular), caracterizando-a nos
seguintes termos: «enfraquecimento ou falsificação do impulso para a cons-
tituição de uma ciência filosófica rigorosa.» 6 Que, neste e noutros contex-
tos, se utilize a palavra «impulso», eis o que não nos deverá surpreender.
Como se, ao fazer aquela afirmação, Husserl quisesse ainda dizer-nos que a
ciência não é apenas uma actividade desinteressada, que tem em vista o
conhecimento puro, mas sim que ela corresponde a uma necessidade huma-
na profunda. A «filosofia romântica», subvertendo a noção de ciência, não
satisfaz essa necessidade.
O facto de o podermos considerar como um filósofo das origens, e
como o defensor de uma certa ideia de cultura como fidelidade às origens,
não impede também que consideremos que Edmund Husserl tenha sido um
filósofo da «actualidade», ou seja, um filósofo que procurou pensar a partir
do que no seu tempo era crítico e actual. Não para simplesmente o repudiar
5 Gilles Deleuze foi sensível a este aspecto do pensamento de Husserl, embora por razões
diferentes das nossas. Cf. Alain Beaulieu, Guies Deleuze cria Phénoménologie, Mons , Edi-
tions Sils Maria, 2004, pp. 45-55.
6 Edmund Husserl, Philosophie ais strenge Wissenschaft, in Hua, Band XXV, pp. 6-7.
Referir-nos-emos a este ensaio, frequentemente, como é aliás habitual nos estudos husser-
lianos, pela abreviatura Logos-Aufsatz. A expressão que mencionámos nada tem de ocasi-
onal, pois, mais adiante, Husserl referir-se-á, a propósito do romantismo, a um «amoleci-
mento e enfraquecimento do impulso científico.» (Ibidem, p. 58)
210
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
ou enaltecer, mas sim para o compreender e situar. É assim que, num dos
muitos Apêndices que o editor do volume VI da Husserliana acrescentou ao
texto do chamado livro da Crise, Husserl podia escrever: «Sou um filósofo
do meu tempo, do meu presente, no sentido em que trabalho e, nessa medi-
da, ensino para nós todos em comunidade [...], sobre o solo da ciência uni-
versalmente válida deste tempo — no qual cresci interiormente pela educação
e pela aprendizagem [...].» 7 É em função desse seu presente que, no artigo
de 1911, Husserl analisa as consequências daquela filosofia romântica, que
mencionámos: elas foram, por um lado, o empirismo céptico, que restringia
as suas conclusões ao domínio do observável e do experimentável por méto-
dos científicos exactos, e que analisava os fenómenos do espírito (vida psí-
quica, criações culturais, etc.) como se eles tivessem nos fenómenos naturais
(de natureza biológica, fisiológica, etc.) a sua base causal 8; por outro lado, o
historicismo, que pretendia analisar a vida do espírito como se este fosse um
domínio autónomo, situado para lá da esfera da exactidão e do rigor, e sub-
vertendo também, assim, o ideal de ciência.
Fundar uma filosofia científica, mas, também, eliminar da ciência os
«restos» de positivismo que entravam o seu desenvolvimento 9 significa,
para Husserl, libertar a ciência de concepções que, desde o início da moder-
nidade, impediram a realização da sua teleologia imanente e provocaram a
sua crise. Esta mais não é do que uma «crise dos fundamentos», na medida
em que as ciências — tanto as da natureza quanto as do espírito — perderam a
sua ligação à única ciência filosófica universal. (Situação a que correspon-
de, por um efeito que diríamos de compensação, a das filosofias que se con-
sideram desligadas do ideal de ciência e se perdem no irracionalismo e no
misticismo.) Torna-se necessário, por isso, reactivar o ideal de ciência tal
como ele foi pensado na Grécia antiga, ou seja, ligar a ciência à ideia de um
211
Arquipélago
212
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
213
Arquipélago
social e política concreta dos homens 15 . Por este motivo, a uma segunda apro-
ximação, o contraste entre Husserl e Hegel já não é tão marcado quanto o
demos a entender mais acima. É que ambos compreendem a experiência his-
tórica do respectivo presente a partir de tarefas a que só as filosofias da histó-
ria que são próprias de cada um permitem dar um sentido 16 . A Vollendung
hegeliana e a Krisis husserliana são conceitos teleológicos. Por outras pala-
vras, quer o presente seja uma «realização» (como o é para Hegel), quer este-
ja caracterizado por uma «crise» (como o está para Husserl), tal só se conce-
be porque ambas, realização e crise, são integralmente históricas e apenas
compreensíveis a partir de uma história que as gerou 17 .
A superação do cepticismo foi, também, um dos mais fortes motivos
da problemática transcendental, tal como Kant a formulara programatica-
mente na Crítica da Razão Pura e tal como ela regressará com Husserl. Se
bem que a noção de transcendental pareça receber o seu impulso inicial de
um conjunto de questões de natureza cognitiva, que ela deveria resolver
(consistindo, neste âmbito, na totalidade das estruturas capazes de decidir
sobre o modo de determinar a realidade efectiva), a verdade é que, enquan-
to expressão de um distanciamento do sujeito relativamente ao que lhe é
dado na experiência, significa também um pôr em causa a pretensa evidên-
cia desta. Nesta segunda acepção, a problemática transcendental aparece
como consumação do cepticismo e sua ultrapassagem, e o seu alcance, mais
do que exclusivamente gnosiológico, é, acima de tudo, de ordem histórico-
-cultura1 18 . Tal como Hegel, Husserl não hesitará em ligar o cepticismo à
plena realização das exigências da racionalidade.
214
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
O problema da teleologia
215
Arquipélago
216
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
do aos fenómenos naturais; segundo, o espírito age sobre circunstâncias reais que existem
no mundo circundante, bem como sobre os outros espíritos, mas isso não é já um aconte-
cimento da ordem da natureza. (Cf. Hua, Band IV, p. 283)
26 Paul Janssen, op. cit., p. 120.
27 É irrelevante, para o nosso propósito, que este texto se refira a um problema particular do livro
da Crise, a saber, o da relação entre a crise contemporânea das ciências europeias (o texto,
recordemo-lo, foi escrito em 1936) e o momento fundador da concepção moderna do mundo,
levada a cabo por Galileu, no plano das ciências físico-matemáticas, e por Descartes, no plano
da filosofia. O que aqui nos interessa são os aspectos metodológicos postos em relevo.
28 Edmund Husserl, A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental, §
9,1, in Hua, Band VI, p. 59. Ao círculo que Husserl menciona no início do excerto que
acabámos de citar, Marc Richir chamou, em tempos, a tautologia simbólica da fenomeno-
217
Arquipélago
logia, (Cf. La Crise du Seus et la Phénoménologie, Grenoble, Jerôme Millon, 1990, pas-
sim.) Tal círculo estaria já em acção, por exemplo, na teoria husserliana da percepção, em
que o reconhecimento de uma Abschattung como pertencente a uma mesma determinada
coisa que as Abschattungen anteriores e posteriores supõe o prévio reconhecimento dessa
coisa corno a mesma. Idênticas constatações se poderiam fazer, segundo Richir, para a
fenomenologia husserliana da linguagem.
29 Marx, O Capital, Livro I, 1.a Secção, capítulo III, 2, in Karl Marx / Friedrich Engels,
Werke, Band 23, Berlin, Dietz Verlag, 1969, pp. 118 e segs.
218
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
219
Arquipélago
220
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
221
Arquipélago
35 Helmuth Plessner, op. cit., p. 127. Este ensaio de Plessner data de 1938 e a comparação com
Kant serve ao autor para defender a tese de que as posições de Kant e Husserl, relativamen-
te a este assunto, são opostas. Recusando a revolução copemiciana, Husserl recusaria tam-
bém o carácter prescritivo que Kant atribui ao entendimento humano. A ideia de um tribu-
nal da razão seria completamente alheia ao mestre de Freiburg que, ao invés, teria procura-
do restabelecer a atitude da razão natural diante dos resultados da ciência. Sendo certo que
a revolução coperniciana — e, sobretudo, o seu prolongamento nas filosofias especulativas
da subjectividade, como foi o caso do idealismo alemão — sempre permaneceu estranha a
Husserl (bem como à tradição filosófica em que se formou: a escola de Brentano), não é
menos certo que Kant, para Husserl, foi, juntamente com Descartes, o fundador de uma
ciência da subjectividade de que Husserl se reclamará a partir de 1906-07.
36 Husserl, Aufsdtze und Vortrage (1922-1938), pp. 21-22. Husserl, em todo o caso, coloca-se
sempre, ao longo desta análise, no plano de uma analogia entre a vida activa de uma comu-
nidade e a vida ética individual. Cf., ainda assim, o que é dito quase no final da p. 22: «Uma
humanidade pode e deve ser efectivamente considerada um "homem em ponto grande" e,
assim, pode e deve ser pensada de um ponto de vista ético-comunitário como eventualmen-
te se autodeterminando e, por isso, também como devendo determinar-se eticamente.»
222
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
Aqui, teríamos que afirmar: as coisas não se distinguem por ser boas
ou más conforme a finalidade que permitem realizar; é a própria noção de
finalidade (o não estar preso às circunstâncias particulares, o poder ser rei-
terado ou reactivado, de acordo com o critério da repetibilidade, de que tam-
bém já falámos) que se torna em nota distintiva e valorativa. Um segundo
exemplo poderá contribuir para um mais cabal esclarecimento desta proble-
mática. As técnicas de agrimensura são válidas em circunstâncias sociais e
históricas particulares, mas os princípios da geometria euclidiana têm uma
validade de tipo completamente diferente. Repare-se que, nos dois casos,
podemos falar de práticas sedimentadas (há uma prática da agrimensura, tal
como há uma prática de resolução de problemas de geometria), mas o senti-
do das práticas é diferente num caso e no outro. No antigo Egipto ou na
Caldeia havia, eventualmente, técnicas de agrimensura mais sofisticadas do
que na Grécia, mas não havia geometria.
223
Arquipélago
224
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
ciência — e, com ela, a humanidade europeia, onde teve a sua origem — para
a crise? É da necessidade de resposta a esta interrogação que resulta toda a
problemática husserliana do chamado «mundo da vida», enquanto solo de
evidências originárias, no qual a ciência deve buscar uma legitimação últi-
ma. Poucos conceitos husserlianos terão tido, como este, a divulgação que
se conhece, mesmo fora dos meios filosóficos ou fenomenológicos.
Poderíamos mesmo acrescentar que o seu emprego sem crítica no próprio
mundo da vida (embora só tal conceito, uma vez tematizado pela fenomeno-
logia, devesse estar em condições de garantir o seu justo valor referencial) o
distingue de qualquer outro conceito fenomenológico 42 . Com efeito, é ten-
tador pensar que o entendemos sem a fenomenologia (por outras palavras,
sem praticar a redução), ou apenas mediante uma vaga compreensão dela, ao
passo que o mesmo ninguém ousará afirmar de outros conceitos.
E, no entanto, para poucos conceitos husserlianos poderíamos reser-
var, com mais propriedade, a classificação, popularizada por Eugen Fink, de
conceito «operatório», ou seja, jamais tematicamente definido no seu sentido
rigoroso. No livro da Crise, onde supostamente deveria ser explicado, as suas
ocorrências são escassas e, muitas vezes, apenas, na forma adverbial
lebensweltlich. Acresce a tudo isto — que seria, por si só, suficiente para gerar
alguma perplexidade relativamente à pertinência do conceito — o facto de ser
facilmente verificável, no próprio texto husserliano (do livro da Crise, mas não
exclusivamente), uma como que dupla determinação da natureza daquele solo
de evidências originárias a que fizemos referência. Por um lado, ele parece
indicar o mundo da pura percepção, o mundo da experiência humana natural,
sendo, por isso mesmo, dotado da mais ampla universalidade; enquanto mundo
humano, contrapor-se-ia, simplesmente, ao mundo circundante animal. Mas,
por outro lado, Husserl, por diversas vezes, parece disposto a recusar-lhe a
estrutura geral de mundo simplesmente humano, identificando-o, antes, com o
mundo histórico-cultural, sempre relativo e epocalmente variáve1 43 .
Seja como for, não seria exagerado, ao que pensamos, afirmar que, no
título completo desta obra, tudo para ele parece apontar. Recordemo-lo: A
Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental. Se, aqui,
225
Arquipélago
226
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
sar que a ciência, para Husserl, não tem apenas um carácter «existencial», ou
seja, não é somente um «projecto» humano, que se funda no ser-no-mundo.
Para Heidegger, como se sabe, é o esquecimento do seu carácter existencial
que está na origem do «objectivismo» moderno, tal como o encontramos na
ideia de natureza, que é própria das ciências físico-matemáticas 45 .
Em Husserl, a Europa foi definida, como vimos, como o lugar da
crise, mas tal significa que a sua ultrapassagem implica a recuperação de um
sentido próprio, embora de carácter teleológico. Se fosse possível insuflar
novamente na ciência o seu sentido teleológico (que teve na Grécia) - o que
implicaria que a filosofia fosse novamente capaz de assumir a responsabili-
dade absoluta por esse sentido, como entre os gregos -, então, seria possível
superar a crise das ciências e da humanidade europeia. Husserl propõe uma
espécie de «supra-racionalismo», que fosse capaz de suprimir as limitações
do racionalismo da ciência.
45 A tese de que o mundo, antes da sua abordagem pelas ciências, tem um carácter existen-
cial — sendo neste que reside o que poderíamos chamar a sua «mundanidade» — é desen-
volvida em Ser e Tempo, em particular no Capítulo 3.° da Primeira Secção, §§ 14 e segs.
(Cf. Sein und Zeit, Tübingen, Max Niemeyer, 1986 16 , pp. 63 e segs.) São igualmente rele-
vantes para a compreensão desta questão os §§ 19-21 (ed. cit., pp. 89 e segs.), dedicados
a uma análise da concepção cartesiana de mundo como res extensa.
46 Husserl, A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental, Apêndice
XXV ao § 73, in Hua, Band VI, p. 491.
227
Arquipélago
228
A Fenomenologia de Edmundo Husserl como Filosofia Prática
49 Quanto a este assunto, cf. o artigo inédito, escrito em 1922-23 para a revista japonesa
Kaizo, e publicado postumamente in Hua, Band XXVII, pp. 59-93, intitulado «Tipos for-
mais da cultura no desenvolvimento da humanidade»: «A Religião [...] não pode evitar a
configuração pensante dos conteúdos intuitivos, necessita de uma teologia, tal como qual-
quer religião altamente desenvolvida, tal como já a religião babilónica quis e teve, como
uma ciência que tivesse de fixar objectivamente e à medida do pensamento os conteúdos
da fé, de desdobrar as consequências neles encerradas e investigar a acção do divino no
mundo e as relações do homem com ele, que daí se seguem.» (Hua, XXVII, p. 68.)
229