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Sumário
A. DIREITO CONSTITUCIONAL......................................................................................................................... 4
PODER JUDICIÁRIO. NATUREZA DA FUNÇÃO JURISDICIONAL. AS GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO. O
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL NA APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE LESÃO A DIREITO INDIVIDUAL
E A DIREITO. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL E PODER JUDICIÁRIO ESTADUAL. O SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, O CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL E OS TRIBUNAIS
REGIONAIS FEDERAIS. A JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA FEDERAL. ..... 4
a) Noções Gerais ...................................................................................................................................... 4
b) Órgãos do Poder Judiciário .............................................................................................................. 4
c) Estatuto Constitucional da Magistratura ....................................................................................... 4
d) Quinto Constitucional........................................................................................................................ 8
e) Garantias Constitucionais ................................................................................................................ 9
f) Competência ...................................................................................................................................... 13
g) Quórum das Decisões: Maioria Absoluta e Reserva de Plenário ............................................ 14
h) Juizados Especiais e Juízes de Paz................................................................................................. 14
i) Autonomia do Poder Judiciário ..................................................................................................... 16
j) Precatório .......................................................................................................................................... 16
k) Supremo Tribunal Federal ............................................................................................................. 22
l) Composição ..................................................................................................................................... 22
m) Competência ............................................................................................................................... 22
n) Competência Originária ........................................................................................................... 22
o) Competência: Recurso Ordinário ........................................................................................... 27
p) Competência: Recurso Extraordinário .................................................................................. 27
q) Competência: ADPF ................................................................................................................... 28
r) Competência: ADI e ADECON ................................................................................................... 28
s) Recurso Extraordinário: Repercussão Geral ........................................................................ 28
t) Competência: ADI e ADECON ................................................................................................... 29
u) Competência: Súmula Vinculante ........................................................................................... 29
v) Conselho Nacional De Justiça ......................................................................................................... 30
w) Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................................... 33
x) Justiça Federal................................................................................................................................... 37
y) Tribunais de Justiça dos Estados .................................................................................................. 47
B. DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................................................... 50
SERVIDORES PÚBLICOS. REGIME CONSTITUCIONAL. REGIMES JURÍDICOS: O SERVIDOR ESTATUTÁRIO E O
EMPREGADO PÚBLICO. CARGOS E FUNÇÕES. DIREITOS E DEVERES DOS SERVIDORES ESTATUTÁRIOS.
PROCESSO DISCIPLINAR. .............................................................................................................................. 50
Introdução ................................................................................................................................................. 50
Regime Constitucional ............................................................................................................................ 52
Acesso a funções, cargos e empregos públicos............................................................................... 52
Associação sindical .............................................................................................................................. 55
Direito de greve .................................................................................................................................... 56
Remuneração dos agentes públicos ................................................................................................. 56
Administração Tributária................................................................................................................... 59
Vedação à acumulação de cargos, funções e empregos públicos................................................ 59
Servidores em exercício de mandados eletivos ............................................................................. 60
Regimes Jurídicos: o Servidor Estatutário e o Empregado Público. .............................................. 60
Regime Jurídico único e a extinção de sua obrigação pela EC 19/98 ........................................ 60
O regime de emprego público na administração federal direta, autárquica e fundacional . 62
Direitos e garantias dos servidores em geral aplicáveis aos servidores públicos .................. 63
Estabilidade....................................................................................................................................... 64
Cargos e Funções ...................................................................................................................................... 65
Definições .............................................................................................................................................. 65
Formas de provimento dos cargos públicos ................................................................................... 65
Posse ....................................................................................................................................................... 67
Exercício ................................................................................................................................................. 67
Estágio Probatório ............................................................................................................................... 67
Formas de vacância dos cargos públicos ......................................................................................... 68
Direitos e deveres dos servidores estatutários.................................................................................. 69
Dos Direitos ........................................................................................................................................... 69
Do Regime Disciplinar ......................................................................................................................... 71
Responsabilidade do servidor e processo disciplinar ...................................................................... 74
Responsabilidade do servidor ........................................................................................................... 74
Instrumentos de apuração da responsabilidade dos servidores públicos ............................... 74
Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Normas e Princípios Constitucionais. O Novo
Regime Previdenciário. ........................................................................................................................... 77
As regras de transição ............................................................................................................................. 86
C. DIREITO PENAL ......................................................................................................................................... 95
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E DA PENA. .............................................................................. 95
D. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................... 99
EXECUÇÃO PENAL. ....................................................................................................................................... 99
E. DIREITO CIVIL ......................................................................................................................................... 131
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO. TEORIA DOS RISCOS.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS. COMPRA E VENDA. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. MANDATO. ............. 131
1.1 CONTRATO ....................................................................................................................................... 131
1.2 Conceito .......................................................................................................................................... 131
1.3 Classificação dos contratos ............................................................................................................. 131
1.3.1 Considerados em si mesmos (principais classificações) .......................................................... 132
1.3.1.1.1.1.1 EXCEPTIO NON INADIMPLETI CONTRACTUS................................................................. 132
1.3.2 Reciprocamente considerados ................................................................................................. 134
1.3.3 Outras classificações ................................................................................................................ 135
1.4 Elementos constitutivos do contrato (Olindo Menezes) ................................................................. 139
1.5 Teoria dos riscos (Olindo Menezes)................................................................................................. 141
1.6 Vícios redibitórios ............................................................................................................................ 142
1.7 CONTRATO DE COMPRA E VENDA. () .............................................................................................. 143
1.8 COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA ........................................................................................... 149
1.9 CONTRATO DE MANDATO ............................................................................................................... 153
F. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................... 156
SUJEITOS DO PROCESSO: O JUIZ, SUA ATUAÇÃO E PODERES, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO; PARTE E
RESPECTIVO CONCEITO MATERIAL E PROCESSUAL, ESPÉCIES, REPRESENTAÇÃO, LEGITIMAÇÃO
ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA; SUJEITOS ESPECIAIS DO PROCESSO; O MINISTÉRIO PÚBLICO, SUA
ATUAÇÃO COMO PARTE E FISCAL DA LEI, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO; A ADVOCACIA, PRIVADA E
ESTATAL, INCLUSIVE A DEFENSORIA PÚBLICA. DEVERES DAS PARTES, SEUS PROCURADORES E DEMAIS
PARTÍCIPES DO PROCESSO; SUBSTITUIÇÃO E SUCESSÃO DE PARTES E PROCURADORES. REPRESENTAÇÃO
TÉCNICA. .................................................................................................................................................... 156
Juiz ......................................................................................................................................................... 157
Partes ..................................................................................................................................................... 160
Sujeitos Especiais do Processo .............................................................................................................. 165
Ministério Público ................................................................................................................................. 165
Advogado e Defensoria Pública ............................................................................................................ 166
Advogado ........................................................................................................................................... 166
Advocacia Estatal .............................................................................................................................. 167
Defensoria Pública ............................................................................................................................ 167
G. DIREITO PREVIDENCIÁRIO ...................................................................................................................... 168
PRESTAÇÃO. CARÊNCIA. BENEFÍCIOS. RENDA MENSAL INICIAL. APOSENTADORIAS, AUXÍLIOS E PENSÕES.
PRESCRIÇÃO. .............................................................................................................................................. 168
PRESTAÇÃO .............................................................................................................................................. 168
CARÊNCIA ................................................................................................................................................. 168
Prazos de carência ............................................................................................................................. 169
RENDA MENSAL INICIAL........................................................................................................................ 170
BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................................ 171
Benefícios devidos aos segurados .................................................................................................. 171
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ............................................................................................. 171
APOSENTADORIA POR IDADE. ..................................................................................................... 173
Aposentadoria por idade “mista” ou “híbrida” (Lei n.º 11.718/2008) ............................... 174
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ............................................................... 175
APOSENTADORIA ESPECIAL. ........................................................................................................ 176
AUXÍLIO-DOENÇA. .......................................................................................................................... 178
AUXÍLIO-ACIDENTE. ....................................................................................................................... 179
SALÁRIO-FAMÍLIA. ......................................................................................................................... 180
SALÁRIO-MATERNIDADE. ............................................................................................................. 181
Benefícios devidos aos dependentes.............................................................................................. 182
PENSÃO POR MORTE. .................................................................................................................... 183
AUXÍLIO-RECLUSÃO. ...................................................................................................................... 185
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. ............................................................................................................... 186
H. DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO ...................................................................................................... 187
IMPOSTOS FEDERAIS: IMPOSTOS SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS (IPI). IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A
TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS (IOF). ................................................................................................... 187
Impostos sobre o Comércio Exterior .................................................................................................. 187
Imposto sobre Importação ................................................................................................................... 187
Imposto sobre Exportação ................................................................................................................... 189
Imposto sobre Produtos Industrializados ........................................................................................ 190
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou Valores
Mobiliários .............................................................................................................................................. 193
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural .................................... Error! Bookmark not defined.
Gráficos ......................................................................................................... Error! Bookmark not defined.
Imunidade Recíproca ................................................................................. Error! Bookmark not defined.
Uniformidade tributária ............................................................................ Error! Bookmark not defined.
Tributação das concessionárias ............................................................... Error! Bookmark not defined.
7. Sociedades Mistas e Fundações............................................................ Error! Bookmark not defined.
Extensão da imunidade às autarquias .................................................... Error! Bookmark not defined.
I. DIREITO AMBIENTAL .............................................................................................................................. 195
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. CONCEITO. COMPETÊNCIAS. NATUREZA JURÍDICA. REQUISITOS. ..... 195
4.1 Estudo de Impacto Ambiental – EPIA (ou EIA) / Relatório de Impacto Ambiental – RIMA ......... 195
4.2 Questões complementares sobre o tema ...................................................................................... 198
J. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ..................................................................................... 198
CONFLITOS INTERNACIONAIS. MEIOS DE SOLUÇÃO. DIPLOMÁTICOS, POLÍTICOS E JURISDICIONAIS.
CORTES INTERNACIONAIS. MÉTODOS DE SOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONTROVÉRSIAS. ARBITRAGEM.
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL. ATO ILÍCITO. IMPUTABILIDADE. DANO. FORMAS E EXTENSÃO DA
REPARAÇÃO. ............................................................................................................................................... 198
Conflitos Internacionais........................................................................................................................ 199
Meios de Solução .................................................................................................................................... 199
Meios Diplomáticos ........................................................................................................................... 199
Meios Jurídicos ................................................................................................................................... 200
Meios Políticos .................................................................................................................................... 200
Outros Meios ....................................................................................................................................... 201
Arbitragem Internacional ............................................................................................................ 201
Os Meios Coercitivos .......................................................................................................................... 201
Cortes Internacionais ............................................................................................................................ 202
Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Internacional de Justiça ...................................... 202
Corte Internacional de Justiça ......................................................................................................... 202
Tribunal Penal Internacional........................................................................................................... 203
Corte Interamericana de Direitos Humanos ................................................................................. 203
Competência Contenciosa ............................................................................................................ 203
Competência consultiva ................................................................................................................ 204
Guerra ....................................................................................................................................................... 205
Noções Gerais de Arbitragem e sua Normatização no Âmbito interno ....................................... 206
A Lei nº 9.307/96 ................................................................................................................................... 206
A Arbitragem no Âmbito Internacional ............................................................................................. 208
Arbitragem de Caráter Privado ........................................................................................................... 208
Arbitragem nos tratados....................................................................................................................... 209
Princípios da Arbitragem e Noções Gerais ........................................................................................ 209
Arbitragem no MERCOSUL ................................................................................................................ 209
Corte Permanente de Arbitragem ................................................................................................... 209
Responsabilidade Internacional ......................................................................................................... 210
Fato ilícito ................................................................................................................................................ 214
Imputabilidade ....................................................................................................................................... 216
Hipóteses de exclusão da responsabilidade ................................................................................. 217
Dano .......................................................................................................................................................... 218
Formas e extensão da reparação ......................................................................................................... 218
K. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................... 220
ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING). SOCIEDADE ANÔNIMA: AÇÕES E DEBÊNTURES. LIQUIDAÇÃO
EXTRAJUDICAL DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ....................................................................................... 220
Leasing ou arrendamento mercantil......................................................................................................... 220
7.4.3.1 Opções do arrendatário ............................................................................................................ 220
7.4.3.2 Mora do arrendatário ............................................................................................................... 220
7.4.3.3 Modalidades de leasing ............................................................................................................ 221
a. SOCIEDADE ANÔNIMA ...................................................................................................................... 224
i. Nome empresarial ............................................................................... Error! Bookmark not defined.
ii. Responsabilidade dos sócios ........................................................... Error! Bookmark not defined.
iii. Tipos de sociedades anônimas: .................................................................................................. 224
iv. Constituição de uma sociedade anônima .................................................................................. 225
1. Requisitos preliminares para a constituição de uma Sociedade anônima,
independentemente da modalidade de constituição: .................................................................... 225
2. Constituição propriamente dita ............................................................................................. 225
v. Capital Social ........................................................................................ Error! Bookmark not defined.
vi. Valores mobiliários (títulos emitidos) pelas sociedades anônimas: ......................................... 226
vii. Órgãos da companhia ...................................................................... Error! Bookmark not defined.
viii. Direitos e deveres dos acionistas .................................................... Error! Bookmark not defined.
ix. Direito de retirada (direito de recesso)........................................... Error! Bookmark not defined.
x. Administradores da sociedade anônima ............................................ Error! Bookmark not defined.
xi. Acionista controlador ...................................................................... Error! Bookmark not defined.
xii. Acordo de acionistas ........................................................................ Error! Bookmark not defined.
xiii. Dissolução, liquidação e extinção das sociedades institucionais: . Error! Bookmark not defined.
xiv. Operações societárias ...................................................................... Error! Bookmark not defined.
b. Liquidação extrajudicial das instituições financeiras ....................................................................... 227
i. Introdução....................................................................................................................................... 227
ii. Intervenção ................................................................................................................................. 228
iii. Regime Especial de Intervenção Temporária – RAET ................................................................ 229
iv. Liquidação extrajudicial .............................................................................................................. 229
L. DIREITO ECONÔMICO E PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR ......................................................................... 232
CONSTITUÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA. ORDEM CONSTITUCIONAL ECONÔMICA: PRINCÍPIOS GERAIS DA
ATIVIDADE ECONÔMICA. TIPOLOGIA DOS SISTEMAS ECONÔMICOS. ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA.
ORDEM ECONÔMICA E REGIME POLÍTICO. SUJEITOS ECONÔMICOS. ....................................................... 232
Ponto 1 - Constituição Econômica Brasileira. Ordem Constitucional Econômica: princípios
gerais da atividade econômica. Tipologia dos sistemas econômicos. ............................................. 233
1. Conceito de ordem econômica ..................................................................................................... 233
2. A constituição econômica ............................................................................................................. 233
3. A constituição econômica brasileira .......................................................................................... 233
4. Princípios gerais da atividade econômica ................................................................................ 234
1. Princípios explícitos ................................................................................................................ 234
1. Princípio constitucional econômico da soberania nacional .................................................. 234
2. Princípio da Propriedade Privada ........................................................................................... 234
3. Princípio da função social da propriedade ............................................................................. 235
4. Princípio da livre concorrência ............................................................................................... 235
5. Princípio da defesa do consumidor ........................................................................................ 238
6. Princípio da defesa do meio ambiente ................................................................................... 238
7. Redução das desigualdades regionais e sociais ..................................................................... 238
8. Princípio da busca do pleno emprego .................................................................................... 239
9. Princípio do tratamento favorecidos para as empresas de pequeno porte constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país ................................................ 239
2. Princípios implícitos ................................................................................................................. 239
1. Princípio da subsidiariedade ................................................................................................... 239
2. Princípio da liberdade econômica .......................................................................................... 239
3. Princípio da igualdade econômica .......................................................................................... 240
4. Princípio do desenvolvimento econômico ............................................................................. 240
5. Princípio da democracia econômica ....................................................................................... 240
6. Princípio da boa-fé econômica ............................................................................................... 240
5. Sistemas Econômicos (Capitalismo e Socialismo) ................................................................... 240
1. Introdução ................................................................................................................................. 240
1. O capitalismo (livre-empresa) ................................................................................................ 241
2. O socialismo ............................................................................................................................ 241
Ponto 2 - Ordem jurídico-econômica. ............................................................................................ 242
Ponto 3 - Conceito. Ordem econômica e regime político. ........................................................... 244
1. Conceito ............................................................................................................................................ 244
2. Ordem Econômica .......................................................................................................................... 245
3. Regime Político ............................................................................................................................... 245
Sujeitos econômicos. ......................................................................................................................... 248
M. ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL ........................................................... 250
DIREITOS E DEVERES FUNCIONAIS DA MAGISTRATURA. ........................................................................... 250
1. Ponto 2 - Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura ......................................................... 255
N. SOCIOLOGIA DO DIREITO/FILOSOFIA DO DIREITO ................................................................................. 263
PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO DO INDIVÍDUO DO GÊNERO EM PESSOA OU ATOR SOCIAL. EQUIDADE.
.................................................................................................................................................................... 263
a. Equidade .......................................................................................................................................... 263
i. A equidade como fonte do direito ............................................................................................ 264
ii. A Integração de lacunas pela Equidade ............................................................................... 264
iii. Níveis de possível incidência da equidade.......................................................................... 264
O. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA ............................................................................................ 266
CIÊNCIA OU TÉCNICA. ................................................................................................................................ 266
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A. DIREITO CONSTITUCIONAL
a) Noções Gerais
O Poder Judiciário é a estrutura estatal que tem a função de resolver os conflitos de interesse, porquanto
responsável pelo exercício da função jurisdicional.
Luiz Flávio Gomes, ao comentar sobre as funções do Poder Judiciário, ressalta:
a) aplicar a lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito de interesses
com força definitiva;
b) defesa dos direitos fundamentais;
c) defesa da força normativa da Constituição;
d) o Poder Judiciário faz o seu autogoverno;
e) o Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes;
f) o Poder Judiciário edita a chamada legislação judicial.
Os órgãos que compõem o Poder Judiciário estão devidamente previstos no Art. 92 da nossa Constituição.
O STF reconheceu a constitucionalidade do CNJ, porque é um órgão interno do Judiciário (vide comentário ao art.
103-B)
OBS: Embora não listados pelo art. 92 da Constituição, também são órgãos do Poder Judiciário: Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (CF, art. 105, parágrafo único, I); Conselho da Justiça Federal (CF, art.
105, parágrafo único, II); Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (art. 111A, §
2º, I) e Conselho Superior da Justiça do Trabalho (art. 111A, § 2º, II). Todos, exceto o Conselho da Justiça Federal, que
já existia, foram criados pela EC. n.º 45/04.
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PONTO 7 | Sumário
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O STF entendeu que a exigência é constitucional, conforme observa-se no Info 438 (ADI 3460), mantido o
entendimento de que tal comprovação deverá ser efetuada no momento da inscrição definitiva.
No mesmo sentido seguiu o STJ (Info 310), onde concluiu-se não ser aplicável a Súm. 266/STJ a concursos
públicos relativos às carreiras da magistratura (art. 93, I, CF/88) e do MP, em vista da interpretação do STF,
na ADI 3460, ao disposto no art. 129, § 3º, da CF, o qual se identifica com o teor do art. 93, I, CF/88.
Contudo essa conclusão não implica revisão do enunciado da Súm. 266/STJ em relação a outras carreiras
para as quais se deve analisar a legislação infraconstitucional pertinente. (RMS 21426)
OBS1: Link do Dizer o Direito sobre o tema: www.dizerodireito.com.br/2012/07/em-que-momento-
devem-ser-comprovados-os.html
OBS2: O assunto está sob repercussão geral no STF, RE 655265: O relator, Min. Luiz Fux, já se manifestou
em outro processo com entendimento contrário à resolução do CNJ – Vide MS 28311
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e
merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco
alternadas em lista de merecimento;
O Plenário do STF concluiu, em julgamento de MS 30585 que, na promoção de juiz federal pelo critério de
merecimento para o TRF após a alteração pela EC 45/04, a decisão de Presidente da República é
vinculada, tendo em conta a regra geral da CF, art. 93, II, a, de maneira a afastar a interpretação de que a
Constituição lhe concederia ampla discricionariedade, com base em interpretação literal de seu art. 107.
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância
e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver
com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em
cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela EC nº 45, de 2004)
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e
assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação EC 45)
OBS: Pressupõe-se que o Tribunal escolherá o mais antigo. Se não escolhê-lo 2/3 dos membros do Tribunal
terão que justificar por que não escolheram o mais antigo.
OBS2: A Lei 12.665/12 (Dispõe sobre a criação de estrutura permanente para as Turmas Recursais dos JEF;
cria os respectivos cargos de Juízes Federais; e revoga dispositivos da Lei 10259/01) assim dispõe:
Art. 4o Os cargos de Juiz Federal de Turmas Recursais serão providos por concurso
de remoção entre Juízes Federais, observado, no que couber, o disposto nas alíneas
a, b, c e e do inciso II do art. 93 da CF ou, na falta de candidatos a remoção, por
promoção de Juízes Federais Substitutos, alternadamente pelos critérios de
antiguidade e merecimento.
CF, art. 93: e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou
decisão;
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento,
alternadamente, apurados na última ou única entrância; (Redação dada pela EC 45/2004)
Retirado do resumo do TRF5 (não há discriminação do autor no resumo):
OBS: Não confundir esse critério de promoção com o de promoção de entrância para entrância, conforme
se afere do seguinte aresto do STF:
"O art. 93, III, da CF determina que ‘o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância’. A
promoção de juízes para o Tribunal de Justiça local ocorre de acordo com o surgimento das
vagas, alternando-se os critérios de antiguidade e merecimento para provimento dos
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PONTO 7 | Sumário
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cargos. Esse sistema não se confunde com a promoção de entrância, em que há uma lista
das varas a serem providas por merecimento e outra destinada ao provimento por
antiguidade. A combinação dos sistemas, aplicando-se os preceitos da promoção de
entrância à promoção para o Tribunal, é impossível." (AO 1499)
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso
oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;
(Redação da EC nº 45/2004)
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo
a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento,
nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;(Redação
da EC nº 19/98)
Despertam interesse as Resoluções 13 e 14 do CNJ que distinguiu os subsídios dos membros da Justiça
Federal e Estadual. O STF, em sede de liminar concedida na ADI, suspendeu a eficácia da resolução por
vislumbrar ofensa ao caráter nacional do Poder Judiciário, conforme podemos verificar na ADI 3854 MC.
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o
disposto no art. 40; (Redação dada pela Emenda EC nº 20/98)
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; (Redação da
EC nº 45/2004)
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação da EC nº 45/2004)
A disponibilidade do magistrado é penalidade administrativa aplicada no interesse público por decisão,
mediante voto, da maioria absoluta do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa.
A Constituição de 1988 previu uma forma de aposentadoria compulsória no interesse público nas mesmas
condições da disponibilidade. Ao que parece, ela só pode recair em magistrado que já completou o tempo
para aposentar-se e não o fez, pois antes disso a inatividade compulsória há de ser a disponibilidade.
OBS: Tais punições estão previstas na LOMAN.
Pesquisando, o STF, encontrei único julgado, em que diz que no caso de disponibilidade punitiva, os
subsídios NÃO SÃO INTEGRAIS, sendo, pois, proporcionais. Diz que o art. da LOMAN que determina a
fixação proporcional foi recepcionada. A percepção integral, somente quando a disponibilidade não for
punitiva. (RE 143776).
Achei também um julgado do CNJ que aplicou pena de aposentadoria compulsória com subsidio
proporcional, Processo Administrativo Disciplinar nº 200910000019225. Ademais o art. 103 B, § 4º, III, ao
dispor sobre o CNJ, prevê a possibilidade de aposentadoria compulsória proporcional ao tempo de serviço.
VIII-A. a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância
atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)
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da Magistratura - LOMAN (LC 35/79), sem observância, ainda, da prévia e necessária aprovação em
concurso público.
INFORMATIVO Nº 488 - ADI e Eleição para Cargos Diretivos em Tribunal (ADI – 3976)
Decidiu-se no sentido de competir exclusivamente à Lei Orgânica da Magistratura - LOMAN e ao
Estatuto da Magistratura dispor sobre o universo dos elegíveis para os cargos de direção dos
tribunais, matéria tipicamente institucional, que deve ter tratamento uniforme para atender ao
princípio da unidade nacional da magistratura (CF, art. 93, caput).
d) Quinto Constitucional
A Constituição Federal (art. 94) determina a observância do quinto nos assentos dos Tribunais estaduais,
distritais e regionais federais, independentemente da composição do respectivo tribunal ser ou não
múltiplo de 5. O arredondamento deverá ser feito para cima sob pena de inconstitucionalidade. Decidiu o
STF que essa é uma norma expressa, que deve prevalecer sobre a regra implícita de que quatro quintos
são dos juízes de carreira.
A regra do "quinto constitucional" não se aplica aos Tribunais Superiores, pois cada um deles possui
regras próprias de composição e investidura – STJ 1/3; STF livre nomeação; TSE 2 advogados; STM 1/3 – 3
advogados, 1 MPM e 1 Juiz Auditor;
A solução harmônica à Constituição é a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para
que a refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados: dissentindo a entidade de
classe, a ela restará questionar em juízo, na via processual adequada, a rejeição parcial ou total do tribunal
competente às suas indicações.(OBS: a recusa deve ser fundada em razões objetivas, declinadas na motivação da
deliberação do órgão competente do colegiado judiciário)
- Necessidade de publicidade da votação: "‘Quinto constitucional’ (CF, art. 94). Elaboração de lista tríplice por
Tribunal de Justiça. Observância do princípio da publicidade, em oposição à prática dos ‘arcana imperii’, como
fator de legitimação constitucional das deliberações dos órgãos do Poder Judiciário. Aparente validade da
resolução do CNJ que consagrou, em tal hipótese, a necessidade de ‘votação aberta, nominal e fundamentada’.
Importância da transparência dos atos estatais como elemento viabilizador do escrutínio público. A ruptura dos
círculos de indevassabilidade das deliberações do poder. Instituição do regime de sigilo fora das hipóteses
constitucionalmente autorizadas: medida que transgride o princípio democrático e que vulnera o espírito da
República. A questão do repúdio a atos inconstitucionais e a defesa da integridade da constituição por órgãos
administrativos: distinção necessária entre declaração de inconstitucionalidade (matéria sob reserva de jurisdição) e
recusa de aplicabilidade de atos reputados inconstitucionais. Pretensão mandamental aparentemente desvestida de
plausibilidade jurídica. Medida cautelar indeferida." (MS 31923-MC).
- Jurisprudência STF 2015: Info 775 - Poder Executivo e quinto constitucional: A exigência de submissão do nome
escolhido pelo governador à Casa Legislativa, para preenchimento de vaga destinada ao quinto constitucional,
invade a atuação do Poder Executivo.(…) A Corte asseverou que o art. 94 da CF regula de maneira exaustiva o
procedimento destinado à escolha dos membros dos tribunais de justiça oriundos do quinto constitucional.
e) Garantias Constitucionais
Inamovibilidade
Irredutibilidade de vencimentos
Vitaliciedade: “é a garantia de que os membros do Judiciário não podem ser destituídos de seus cargos,
neles permanecendo até eventual falecimento ou aposentadoria compulsória, salvo exoneração por
decisão judicial transitada em julgado.” (André R. Tavares). Cabe a compulsória aos 70 anos (OBS: EC
88/2015, aposentadoria compulsória aos 75 anos, já estendida a todo o serviço público - PLS 274/2015 –
complementar, veto da Presidente foi derrubado – STF já entendeu como aplicável à Magistratura),o que
limita a vitaliciedade – a vitaliciedade não é até a morte. Só é possível a perda do cargo por sentença
transitada em julgado (art. 95, I, CF/88). Não diz se é sentença civil ou criminal, logo pode ser qualquer
uma. Ex. Improbidade administrativa; interdição.
A vitaliciedade é adquirida com a posse no cargo, via concurso público, após os dois anos de exercício ou
quando a pessoa ingressa diretamente nos tribunais.
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
É maior do que somente na comarca, é mais amplo o direito, já que o juiz não pode ser transferido nem
para juízos distintos.
Por não ser garantia absoluta, a inamovibilidade apresenta exceção. A EC n.45/2004 manteve a exceção,
modificando-lhe, entretanto, em dois aspectos:
1. O critério matemático utilizado para determinar ou não a remoção, disponibilidade ou
aposentadoria do magistrado mudou de dois terços para maioria absoluta (quorum mais suave que
o anterior)
2. Acrescentou-lhe outro ente competente para realizar os atos mencionados, a saber, o Conselho
Nacional de Justiça.
OBS: Refere-se à permanência do juiz no cargo para o qual foi nomeado, não podendo o tribunal designar-
lhe outro lugar onde deva exercer suas funções (art.95, II, CF/88). Contudo, poderá ser removido por
interesse público em decisão pelo voto da maioria absoluta do Tribunal a que tiver vinculado (CF, art. 93,
VIII, com redação dada pela E.C. n.º 45/04, sendo que, pela redação anterior, era necessário o voto de 2/3
do Tribunal). Conforme julgado do STJ (ROMS 945/AM), o juiz só pode ser removido em três hipóteses: a)
quando aceita promoção; b) quando pede remoção; c) por interesse público.
Com relação à possibilidade do juiz substituto possuir a garantia de inamovibilidade, segundo Márcio
André Cavalcanti - Principais Julgados do STF e STJ 2012, há três correntes sobre o tema:
. O juiz substituto não goza de inamovibilidade considerando o que é da sua essência ficar constantemente
sendo removido para substituir os juízes titulares, suprindo as ausências. Posição do Min. Marco Aurélio.
. O juiz substituto goza de inamovibilidade, mas apenas após ser aprovado no estágio probatório e tornar-
se vitalício;
. O juiz substituto goza de inamovibilidade independentemente de ser ou não vitalício.
Entretanto, o Plenário do STF adotou a terceira posição e decidiu que os juízes substitutos possuem a
garantia da inamovibilidade mesmo que ainda não sejam vitalícios, eis que a Constituição usa o vocábulo
“juízes” sem qualquer distinção e tal garantia visa assegurar independência e imparcialidade ao próprio
Poder Judiciário, não fazendo qualquer sentido em conferi-la apenas aos juízes titulares. Outrossim, como
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reforço argumentativo, convém salientar que é comum a designação do juiz substituto para substituições
do juiz titular em caso de afastamento ou em caso de sobrecarga de trabalho, situação que não configura
uma remoção compulsória de sua comarca ou vara. (MS 25747).
OBS:
Informativo 4
Inamovibilidade
O Pleno referendou liminar deferida pelo Min. Celso de Mello, em ação direta movida pelo
Procurador-Geral da República, para suspender norma da Constituição paranaense que concedera
aos procuradores do Estado a garantia da inamovibilidade. Pareceu relevante ao Tribunal a alegação
de que o preceito feriria a prerrogativa do Chefe do Poder Executivo de dispor sobre a
movimentação de agentes públicos no interesse da Administração, chocando-se, aparentemente,
com o disposto nos arts. 2º e 84, II, da CF. (ADIn 1246)
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I. (Redação dada pela EC nº 19/98)
“No que toca ao § 1º do art. 15 convém salientar que tal dispositivo está em flagrante descompasso
com a Carta Magna, visto que o CNJ ao arrepio desta, cria, mediante mero ato normativo, nova
hipótese cautelar de afastamento de magistrado. Qualquer restrição às garantias da inamovibilidade
e da vitaliciedade exige a promulgação de lei em sentido formal e material, sob pena de flagrante
ofensa ao princípio da legalidade e ao devido processo legal.” (ADI 4638-MC-REF)
Irredutibilidade do subsídio: no caso dos magistrados, a CF não revela nenhuma exceção em que possa
haver redução de seu subsídio. O valor nominal que não pode ser reduzido (irredutibilidade), mas não há
garantia de valor real.
Obs: a irredutibilidade não serve apenas aos magistrados. Há previsão para o trabalhador comum - CLT
(mas tem exceção) e para o servidor público estatutário (também há exceção). Todos os servidores têm
direito à irredutibilidade, até os celetistas.
OBS: Significa que o subsídio dos magistrados não pode ser diminuído nem mesmo em virtude de medida
geral. Não prosperam, entretanto, as teses de que a ausência de reposição inflacionária e a ausência de
correção da tabela do imposto de renda malfiram a garantia de irredutibilidade, já que esta se refere ao
valor nominal do subsídio (ADI). No último caso, ainda há o empecilho de que o princípio da legalidade
impede que uma decisão judicial altere a alíquota de um tributo sem lei que o autorize. Nesse sentido:
REsp 511197.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
Resolução CNJ nº 10/2005 impede atuação na justiça desportiva (embora não pertença ao poder judiciário)
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OBS: “(...) Resolução 170/2013 do CNJ. (...) Ato do CNJ que objetivou regulamentar a participação de magistrados
em congressos, seminários, simpósios, encontros jurídicos e culturais e eventos similares. Competência do CNJ, que
traduz direta emanação do texto da CR e que lhe outorga poder para, legitimamente, praticar atos e expedir
regulações normativas destinados a viabilizar o cumprimento, por parte dos magistrados, de seus deveres
funcionais, notadamente os de probidade e de respeito aos princípios da legalidade, da moralidade e da
impessoalidade no desempenho do ofício jurisdicional. Necessidade de o magistrado manter conduta irrepreensível
em sua vida pública e particular, respeitando, sempre, a vedação constitucional que o impede de receber, a qualquer
título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, de entidades públicas ou de empresas privadas,
ressalvadas as exceções previstas em lei (CF, art. 95, parágrafo único, IV).” (MS 3.040-MC)
Este último preceito, qualificado pela doutrina como “quarentena”, intenta preservar a imparcialidade-neutralidade
dos juízes e tribunais nos quais o ex-juiz ou ex-membro do MP tenha atuado. A proibição diz respeito ao órgão do
qual se afastou. Pode exercer a advocacia em outro tribunal ou juízo durante os 3 anos, após os 3 anos pode atuar
em qualquer órgão.
Importante observar o teor do art. 98: § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio
dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
INFORMATIVO Nº 473
Magistrado e Horário para Magistério (ADI – 3508)
O Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta proposta pela
Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB para declarar a inconstitucionalidade do art.
2º do Provimento 4/2005, da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado
do Mato Grosso do Sul, que veda ao magistrado o exercício do magistério em horário
coincidente com o expediente do foro, excepcionando-se o exercício em cursos
especializados pela Escola Superior da Magistratura. Entendeu-se que o dispositivo
impugnado ofende a competência reservada à lei complementar, nos termos do art. 93 da
CF, haja vista se tratar de matéria estatutária, já prevista no art. 26, § 1º, da LOMAN.
Art. 2º O exercício de cargos ou funções de coordenação acadêmica, como tais considerados aqueles
que envolvam atividades estritamente ligadas ao planejamento e/ou assessoramento pedagógico,
será admitido se atendidos os requisitos previstos no artigo anterior.
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f) Competência
OBS: Os TRF´s elaboram a proposta e encaminham-na ao STJ, que exerce a iniciativa do projeto de lei.
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: (COMPETÊNCIA LEGISLATIVA)
OBS: a proposta de criação de novas varas federais tem que ser do STJ, porque ela importará despesas
que deverão estar previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, de atribuição do STJ.
OBS2 – STF: "É inconstitucional, por extravasar os limites do inciso II do art. 96 da CF, lei que institui
Sistema de Gerenciamento dos Depósitos Judiciais, fixa a destinação dos rendimentos líquidos
decorrentes da aplicação dos depósitos no mercado financeiro e atribui ao Fundo de Reaparelhamento
do Poder Judiciário a coordenação e o controle das atividades inerentes à administração financeira de tal
sistema. Matéria que não se encontra entre aquelas reservadas à iniciativa legislativa do Poder
Judiciário." (ADI 2.909) Vide: ADI 2.855.
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive
dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003)
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral. (COMPETÊNCIA JURISDICIONAL)
Houve ressalva expressa da Justiça Eleitoral, então não pode ser feita outra ressalva interpretativa. No caso
do prefeito é diferente, porque há a ressalva.
CRIME
JUIZ / MP TJ TJ TRE
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público. (CISÃO FUNCIONAL NO PLANO HORIZONTAL)
SV nº 10 : Viola a cláusula de reserva de plenário (CF art. 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.
OBS: A cláusula de reserva de plenário não se aplica: em regra, às Turmas do STF no julgamento do RE (há exceções);
as Turmas Recursais de Juizados (não são consideradas "tribunais"); quando o Tribunal utilizar a técnica da
interpretação conforme a Constituição, pois não haverá declaração de inconstitucionalidade; nas hipóteses de
decisão em sede de medida cautelar, já que não se trata de decisão definitiva.
STF: “(...) resta evidente que não ocorreu violação à reserva de Plenário, pois o embasamento da decisão em
princípios constitucionais não resulta, necessariamente, em juízo de inconstitucionalidade.” (RE 575.895-AgR)
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“Na Lei 9.099 não há dispositivo que permita inferir que a complexidade da causa – e, por conseguinte, a
competência do Juizado Especial Cível – esteja relacionada à necessidade ou não de realização de perícia.
O art. 3º da Lei 9.099 adota dois critérios distintos – quantitativo (valor econômico da pretensão) e
qualitativo (matéria envolvida) – para definir o que são ‘causas cíveis de menor complexidade’. Exige-se a
presença de apenas um desses requisitos e não a sua cumulação, salvo na hipótese do art. 3º, IV, da Lei
9.099. Assim, em regra, o limite de 40 salários mínimos não se aplica quando a competência dos Juizados
Especiais Cíveis é fixada com base na matéria” (STJ, RMS 30170).
Há causas que se processam no JEC independentemente do valor - as enumeradas no art. 275, II, do CPC; a
ação de despejo para uso próprio; as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao
fixado no inciso I deste artigo.
Juizados Especiais - A Constituição, no art. 98, I, impõe à União, no Distrito Federal e nos Territórios e aos
Estados a criação de juizados especiais, providos por juízes togados ou togados e leigos, competentes para
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. A EC nº
22/99, acrescentando parágrafo único no art. 98, autorizou a criação de juizados especiais também na
Justiça Federal, o que foi levado a cabo pela Lei nº 10.259/01.
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e
secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras
previstas na legislação.
Informativo 391 (ADI-2938)
ADI: Juiz de Paz, Processo Eleitoral e Atribuições – 3
Em relação ao art. 15 da lei mineira, que dispõe sobre as competências do juiz de paz, o Tribunal, por maioria, julgou
improcedente o pedido formulado quanto ao inciso VII ("arrecadar bens de ausentes ou vagos, até que intervenha a
autoridade competente"), levando em conta o disposto no inciso II do art. 98, que outorga ao juiz de paz outras
atribuições de caráter não jurisdicional previstos em legislação estadual. Vencidos, nessa parte, os Ministros Eros
Grau, relator, e Marco Aurélio que davam pela procedência do pedido por entender se ter versado matéria
processual. Por unanimidade, julgou-se inconstitucional a expressão "e lavrar auto de prisão", contida no inciso VIII
do art. 15, por se tratar de matéria processual penal. Pela mesma razão, por maioria, declarou-se a
inconstitucionalidade do remanescente desse último inciso, relativo à outorga ao juiz de paz de competência para
processar auto de corpo de delito, ficando vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Carlos Velloso, Sepúlveda
Pertence e Nelson Jobim. O art. 15, IX ("prestar assistência ao empregado nas rescisões de contrato de trabalho...")
foi declarado inconstitucional, à unanimidade, por tratar de matéria trabalhista.
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sentido de que a remuneração dos juízes de paz somente pode ser fixada em lei de iniciativa exclusiva do tribunal
de justiça do Estado-membro. (RE-480328)
"A obrigatoriedade de filiação partidária para os candidatos a juiz de paz (art. 14, § 3º, da CB/1988) decorre do
sistema eleitoral constitucionalmente definido. (...) A fixação por lei estadual de condições de elegibilidade em
relação aos candidatos a juiz de paz, além das constitucionalmente previstas no art. 14, § 3º, invade a competência
da União para legislar sobre direito eleitoral, definida no art. 22, I, da CF. (...) Lei estadual que define como
competência funcional do juiz de paz zelar, na área territorial de sua jurisdição, pela observância das normas
concernentes à defesa do meio ambiente e à vigilância sobre as matas, rios e fontes, tomando as providências
necessárias ao seu cumprimento, está em consonância com o art. 225 da CB, desde que sua atuação não importe em
restrição às competências municipal, estadual e da União." (ADI 2938)
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços
afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela EC nº 45, de 2004).
A autonomia financeira não se exaure na simples elaboração da proposta orçamentária, sendo consagrada,
inclusive, na execução concreta do orçamento e na utilização das dotações postas em favor do Poder
Judiciário. O diploma impugnado, ao restringir a execução orçamentária do Judiciário local, é formalmente
inconstitucional, ante a ausência de participação desse na elaboração do diploma legislativo.” (ADI 4356).
j) Precatório
PRECATÓRIO é o modo pelo qual a Fazenda Pública paga as dívidas oriundas de demandas judiciais.
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NOVA REDAÇÃO DO ART. 100 PELA EMENDA 62 FOI OBJETO DAS ADI 4372,
4400,4357 E 4425, por meio das quais se contestam dispositivos da Emenda
Constitucional (EC) nº 62/2009, que instituiu regime especial de pagamento de
precatórios pelos estados, municípios e Distrito Federal. Alega-se que as mudanças
violaram o devido processo legislativo, transgrediram limites inscritos em cláusulas
pétreas da Constituição Federal, dentre eles a separação dos poderes. (ADIs 4357,
4425, 4372, 4400 e 4357).
Inicialmente, o STF concluiu que não houve ofensa ao devido processo legislativo, já que houve o respeito à
determinação constitucional de que a proposta de emenda constitucional seja discutida e votada, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
3/5 dos votos dos respectivos membros (§ 2º do art. 60). Apesar dos dois turnos de votação no Senado
terem acontecido no mesmo dia, ao longo de duas sessões legislativas ocorridas com menos de 1h de
intervalo entre ambas, prevaleceu o entendimento de que a CF/88 não exigiu um tempo mínimo entre as
duas votações (houve um silêncio eloquente do texto constitucional) e, no caso da EC 62/2009, esta regra
foi cumprida porque as votações ocorreram em duas sessões distintas.
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).
“Nestes casos (débitos de natureza alimentícia), o credor da Fazenda Pública não precisa
aguardar a ordem cronológica de precatório judicial ordinário, devendo receber seu crédito
de uma só vez, atualizado monetariamente (classe especial de precatório)” Nelson Nery.
OBS: CONTUDO, COM A ALTERAÇÃO DADA PELA EC 62 O PRECATÓRIO ALIMENTAR PODE
SER FRACIONADO, NAS HIPÓTESES DO PAR. 2.
Súmula 655/STF: A exceção prevista no art. 100, caput da Constituição, em favor dos
créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a
isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de
condenações de outra natureza.
admitido o racionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).
"Não contraria os arts. 100 e 165, 8º, da CR o art. 57, 3º, da Constituição do Estado de São
Paulo, segundo o qual ‘os créditos de natureza alimentícia’ – cujos precatórios observarão
ordem cronológica própria – ‘serão pagos de uma só vez, devidamente atualizados até a
data do efetivo pagamento.” (RE 189.942) No mesmo sentido: AI 166.000-AgR.
O STF considerou inconstitucional a expressão na data de expedição do precatório, já que tal limitação
violaria o princípio da igualdade e a superpreferência prevista no artigo deveria ser estendida a todos os
credores que completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do
precatório alimentar.
Importante mencionar decisão recente da 2ª Turma do STJ que entendeu que o direito de preferência no
pagamento de precatório aos idosos NÃO SE ESTENDE AOS SEUS HERDEIROS, mesmo que também idosos.
“§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
(Redação dada pela EC nº 62, de 2009).
Precatórios. Obrigações de pequeno valor. CF, art. 100, § 3º. ADCT, art. 87. Possibilidade de
fixação, pelos Estados-membros, de valor referencial inferior ao do art. 87 do ADCT, com a
redação dada pela EC 37/2002." (ADI 2.868) (AI 761.701-ED).
Trata-se de uma exceção ao regime de precatórios – RPV – uma ordem de pagamento expedida pela
autoridade judicial à autoridade da Fazenda Pública responsável para pagamento da quantia devida.
Para as condenações envolvendo a União, pequeno valor equivale a 60 salários mínimos (art. 17, § 1º, da
Lei n° 10.259/2001).
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).
“Os precatórios apresentados até 1º de julho devem ser pagos até o final do exercício
seguinte, por mandamento constitucional. (...) A não incidência de juros de mora nesse
período ocorre justamente porque nele não existe mora, em decorrência de norma
constitucional, e isso se mantém independentemente de quando ocorrer o pagamento do
precatório. No caso de o pagamento ocorrer após o prazo estabelecido pela Constituição,
haverá a incidência de juros de mora, mas só no período em que houver mora, ou seja,
depois do prazo estabelecido para o pagamento. Não prospera, portanto, a pretensão dos
agravantes de submeter a não incidência prevista na Súmula Vinculante 17 do STF a uma
condição resolutiva, a qual seria o pagamento dentro do prazo.” (Rcl 15.906-AgR, voto do
rel. min. Edson Fachin.)
OBS: Lei 9.494/97 - Art. 1o-E. São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a
requerimento das partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento
ao credor. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35/2001)
7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou
tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade
e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela EC nº 62/09).
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor
pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de
enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela EC 62).
É expressamente vedado o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para que o credor
receba parte do valor devido sem precatório (como pequeno valor) e o restante por precatório, sendo
permitida a renúncia ao valor que exceder o quantum de pequeno valor previsto no ente federado,
conforme parágrafo único do art. 87 do ADCT:
OBS: É PERMITIDO O FRACIONAMENTO PARA FINS DE PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS,
inclusive se estes se submeterem ao teto da RPV;
SV 47 (DJE de 02.06.2015): "os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá
com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos
créditos dessa natureza".
“Alegado fracionamento de execução contra a fazenda pública de Estado-membro. Honorários
advocatícios. Verba de natureza alimentar, a qual não se confunde com o débito principal. Ausência de
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O STF declarou a inconstitucionalidade dos §§9 e 10 do art. 100, pois tal regime de compensação em favor
da Fazenda Pública viola o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a coisa julgada e a
separação dos Poderes, constituindo uma inaceitável superioridade processual à Administração Pública.
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora,
a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente
federado. (Incluído pela ECnº 62, de 2009).
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização (correção
monetária) de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora (juros de mora), incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
ficando excluída a incidência de juros compensatórios.(Incluído pela EC nº 62, de 2009).
Segundo a redação do §12, para evitar a perda do valor monetário a ser pago pela Fazenda Pública, no caso
de precatórios pagos em atraso, devem ser adotados os índices aplicáveis à caderneta de poupança para a
correção monetária e para os juros de mora, da mesma forma como previsto no art. 1º F da Lei 9494/97
(ou seja, como em qualquer condenação imposta à Fazenda Pública).
O STF CONSIDEROU INCONSTITUCIONAL A EXPRESSÃO “ÍNDICE OFICIAL DE REMUNERAÇÃO BÁSICA DA
CADERNETA DE POUPANÇA”, já que o índice oficial da poupança não consegue evitar a perda de poder
aquisitivo da moeda provocado pela inflação, de maneira a afrontar a coisa julgada.
O STF CONSIDEROU TAMBÉM INCONSTITUCIONAL A EXPRESSÃO “INDEPENDENTEMENTE DE SUA
NATUREZA”, de maneira a esclarecer que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os
mesmos juros de mora que incidem sobre os créditos tributários previstos no CTN, à luz do princípio da
isonomia.
Por arrastamento (consequência lógica), o STF também declarou inconstitucional o art. 1º F da Lei 9494/97.
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SITUAÇÃO ATUAL: “Regime de execução da Fazenda Pública mediante precatório. EC 62/2009. Existência de
razões de segurança jurídica que justificam a manutenção temporária do regime especial nos termos em
que decidido pelo Plenário do STF. (...) Confere-se eficácia prospectiva à declaração de
inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do
julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos
ou pagos até esta data, a saber:
(i) fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos
termos da EC 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (a) os créditos em precatórios deverão ser
corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (b) os precatórios tributários
deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e
(ii) ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base nos
arts. 27 das Leis 12.919/13 e 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária.” (ADI
4.425-QO, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 25-3-2015, Plenário, DJE de 4-8-2015) Vide: ADI 4.425, rel. p/ o
ac. min. Luiz Fux, julgamento em 14-3-2013, Plenário, DJE de 19-12-2013).
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a
terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao
cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de
petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal
poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados,
Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma
e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Art. 97 do ADCT. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da
Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de
publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios
vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o
período de vigência do regime especial instituído por este artigo, farão esses pagamentos
de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100
desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo
dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta Emenda
Constitucional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/2009).
O STF DECLAROU INCONSTITUCIONAL O §15 e todo o art. 97 do ADCT, pois retraria um verdadeiro calote,
ferindo sobremaneira os princípios da moralidade administrativa, da impessoalidade e da igualdade, bem
como do devido processo legal, do livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário e da razoável duração do
processo.
OBS – O STF PRESERVOU OS EFEITOS (MODULAÇÃO EM ADI) DAS LEIS EDITADAS SOB A ÉGIDE DO §15 E art.
97 do ADCT: “Regime de execução da Fazenda Pública mediante precatório. EC 62/2009. Existência de
razões de segurança jurídica que justificam a manutenção temporária do regime especial nos termos em
que decidido pelo Plenário do STF. (...) In casu, modulam-se os efeitos das decisões declaratórias de
inconstitucionalidade proferidas nas ADIs 4.357 e 4.425 para manter a vigência do regime especial de
pagamento de precatórios instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009 por 5 (cinco) exercícios
financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016.” (ADI 4.425-QO, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 25-
3-2015, Plenário, DJE de 4-8-2015.) Vide: ADI 4.425, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, julgamento em 14-3-2013,
Plenário, DJE de 19-12-2013.
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§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos,
oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre
cidadãos (BRASILEIROS NATOS) com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.
m) Competência
É guardião da constituição, mas não é uma corte constitucional típica, pelos seguintes motivos: seus
membros não têm mandato fixo, não é o único órgão no Brasil que exerce o controle de
constitucionalidade, tem competência para prática de atos distintos do controle de constitucionalidade.
n) Competência Originária
OBS: trata-se de autoridades que ocupam a cúpula de cada um dos Poderes da União, além do Chefe do
MPU. Competência do STF:- Infrações comuns: (“políticos”+ PGR)> membros do Congresso Nacional (Dep.
e Sen.); Presidente e Vice-Presidente; Ministros do STF; PGR
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art.
52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes
de missão diplomática de caráter permanente (= não os diplomatas);
Competência do STF:
- Infrações comuns E crime de responsabilidade: (“2º escalão”)> Min. de Estado; Min. dos Tribunais
Superiores; Com. das 3 Armas; Chefe de missão diplomática permanente (não o diplomata); Min. do TCU.
Lembrar:
SENADO FEDERAL - crimes de responsabilidade > AGU; PGR; membros do CNJ; membros do CNMP; Min. do
STF (art. 52, II)
Os membros do CNJ e do CNMP não têm foro por prerrogativa de função pela prática de infrações comuns.
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Mas em caso de acusação por crime de responsabilidade, a competência para julgá-los é do Senado.
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores;
o mandado de segurança e o "habeas-data"contra atos do Presidente da República, das
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
HC qdo for paciente: membros do CN; Presidente e Vice-Pres.; Min. de Estado; Min. dos Trib. Superiores;
Min. do TCU; Com. das 3 Armas; Chefe de missão diplomática permanente; PGR; Min. do STF
MS ou HD contra atos: Presidente (o Vice não está incluído aqui); Mesa da Câmara e Mesa do Senado;
PGR; TCU; STF.
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o
Distrito Federal ou o Território; (conflito de Estado estrangeiro ou organismo internacional
em face de MUNICÍPIO OU PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA A COMPETÊNCIA É DOS JUÍZES
FEDERAIS – art. 109, II, CF)
OBS: Conflito de Atribuições entre Ministérios Públicos: Competência do Supremo Tribunal Federal para
dirimir conflito de atribuições entre Ministérios Públicos (CF, art. 102, I, f).
Conflito de atribuições e Fundef : Segundo o STF, em relações às matérias penais, a atribuição cabe ao
MPF, já as ações de natureza cíveis (ação de improbidade administrativa) são de atribuição do MPF ou do
MPE, caso tenha ou não complementação do Fundef pela União.
Informativo 433 (Rcl-3813)
Demarcação de Terras Indígenas e Competência do STF
O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em reclamações ajuizadas
contra Juízos Federais da 1ª e 2ª Varas da Seção Judiciária do Estado de Roraima, que
reconheceram sua competência para processar e julgar diversas ações — ação popular,
ação civil pública e ações possessórias — que têm por finalidade a declaração de nulidade
do Decreto Presidencial de 15 de abril de 2005, que homologou a Portaria 534/2005, do
Ministério da Justiça, que demarcou a área indígena denominada Raposa Serra do Sol.
Asseverou-se, ainda, que o fato de a ação popular ter sido proposta por particulares não
descaracterizaria o conflito federativo, tendo em conta orientação fixada pelo Supremo no
sentido de que o litígio federativo entre a União e um Estado-membro fica configurado no
caso de ação popular em que os autores, pretendendo agir no interesse do último,
pleiteiam a anulação de decreto presidencial e, portanto, de ato imputável à União.
Competências
É da competência originária do Supremo o julgamento das causas em que as pessoas
jurídicas relacionadas no art. 102, I, f, da CF contendam sobre a divisão constitucional de
competência dos entes federativos.
Informativo 395/STF
Competência Originária do STF e Projeto de Integração do Rio São Francisco
O Tribunal, por maioria, julgou procedente reclamação ajuizada contra ato de juiz federal
substituto da 12ª Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais para avocar o conhecimento de
ação civil pública proposta pelo Estado de Minas Gerais e seu Ministério Público contra o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
autarquia federal, na qual se pretende a complementação do EIA/RIMA do Projeto de
Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional com
estudos e análises detalhadas dos impactos ambientais na porção mineira da bacia do rio,
bem como a não apreciação do pedido de licenciamento ambiental do projeto, caso não
seja complementado e não haja regular audiência pública em Minas Gerais para sua
discussão. (RCL-3074)
Informativo 390/STF
Competência Originária do STF: Empresa Pública e Conflito Federativo - 2
O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem, no sentido de reconhecer, com base na
alínea f do inciso I do art. 102 da CF, a competência do STF para o julgamento de ação cível
originária proposta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT contra o Estado do
Rio de Janeiro, em que se pretende afastar a cobrança do IPVA, bem como as sanções
decorrentes da inadimplência do tributo..
"Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou
do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso." (SÚM. 606)
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Segundo o STF, “a natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um
incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no art. 5º, inciso
XXXIV da Constituição”. Trata-se de ação autônoma de impugnação, dando origem a processo novo com
objetivo de impugnar determinada decisão judicial.
É uma ação de competência originária dos tribunais. Na Constituição Federal, está prevista na
competência do STF e do STJ. Na legislação infraconstitucional, possui previsão para ser interposta junto ao
TST, TSE e STM. TJs podem prever também.
Até o ano de 2003, o Supremo entendia que não cabia reclamação perante os Tribunais de Justiça, sob o
fundamento de que não havia lei disciplinando o assunto. Este posicionamento foi revisto para admiti-la,
desde que exista previsão na Constituição Estadual (em homenagem, portanto, ao princípio da simetria).
Regulamentação: Lei n.º 8.038, com procedimento semelhante ao do rito do mandado de segurança. Cabe
liminar; a prova deve ser pré-constituída e o Ministério Público intervém obrigatoriamente.
Em 2003, houve também alteração do regimento interno do STF, de modo a permitir que um relator julgue
monocraticamente a reclamação, se fundada em súmula ou jurisprudência dominante do STF.
É uma ação de fundamentação delimitada (ação típica), cabendo em duas hipóteses:
a) Reclamação por usurpação de competência
Importante atentar que, com o advento das alterações promovidas pela EC n.º 45/2004, mais
especificamente no §3º, do art. 103-A (que trata da súmula vinculante), o texto constitucional passou a
prever uma hipótese de reclamação em face de ato administrativo.
Súmula n.º 368/STF: não há embargos infringentes no processo de reclamação.
Súmula n.º 734/STF: não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado
o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal
Federal.
Nos termos da orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, são legitimados à propositura de
reclamação todos aqueles que sejam prejudicados por atos contrários às decisões que possuam eficácia
vinculante e geral (erga omnes).
OBS: O STF tem entendimento assentado no sentido de não ser cabível reclamação em que se alega
desrespeito ao que decidido em sede de outra reclamação.
OBS2: Nos autos da Reclamação (RCL) 15028, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
reafirmou entendimento da Corte que reconhece a legitimidade ativa de Ministério Público estadual para
propor reclamação diretamente ao STF em caso de desrespeito a súmula vinculante. O ministro julgou
procedente a ação a fim de invalidar decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) que
determinou ao Ministério Público paulista (MP-SP), autor de uma ação civil pública, o adiantamento do
valor de honorários periciais."
OBS3: NO JULGAMENTO DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL, É POSSÍVEL AO STF REALIZAR A
REINTERPRETAÇÃO E, PORTANTO, A REDEFINIÇÃO DO CONTEÚDO E DO ALCANCE DA DECISÃO PARADIGMA
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OBS: lembrar que a finalidade dos remédios constitucionais é resguardar os direitos fundamentais, daí que
a proteção deles deve ser priorizada.
b) o crime político;
OBS: a competência na 1ª instância é do juiz federal. Trata-se de um caso específico, em que o processo
sairá da 1ª instância e irá diretamente ao STF, caso se interponha o Recurso Ordinário.
O art. 102, II alínea b dispõe que: cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recurso ordinário, o crime
político. Vale relembrar que crime político é aquele que ofende ou põe em risco as normas que protegem
o regime político social do Estado. (O STF ainda reconhece a subsistência dessa conceituação para alguns
crimes previstos na lei 7170/83-lei de Segurança Nacional).
“O Plenário do STF decidiu que, para configuração do crime político, previsto no parágrafo único do art. 12
da Lei 7.170/1983, é necessário, além da motivação e os objetivos políticos do agente, que tenha havido
lesão real ou potencial aos bens jurídicos indicados no art. 1º da citada Lei 7.170/1983. Precedente: RCR
1.468-RJ, rel. p/ o ac. Maurício Corrêa, Plenário, 23-3-2000.” (RC 1470)
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c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela EC n.º 45/2004)
q) Competência: ADPF
Sobre o que seria preceito fundamental, Gilmar Mendes diz: “não se pode negar a qualidade de preceitos
fundamentais da ordem constitucional aos direitos e garantias individuais (art. 5º, entre outros). Da
mesma forma, não se poderá deixar de atribuir essa qualificação aos demais princípios protegidos pela
cláusula pétrea do art. 60, § 4º, da Constituição: princípio federativo, a separação dos poderes, o voto
direto, universal e secreto”.
OBS: regulamentada pela Lei 9.882/99.
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Previsão no art. 103 da CRFB, sendo que a uniformização dos legitimados à propositura da ADI e da ADC
só ocorreu com a EC 45/04.
OBS: o AGU não se manifesta nas ADC´s. Vide ADC nº 1, STF.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à
sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação
direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso.
Com relação aos legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, além dos da ADIN e da ADC, a lei acrescentou o Defensor Público-Geral da União e os Tribunais
Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais
Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
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OBS: De acordo com o art. 4º da lei, temos a possibilidade de modulação dos efeitos também em relação
às súmulas.
OBS: ABAIXO OS COMENTÁRIOS DE ANTÔNIO CARLOS MARCATO:
OBS: o STF limitar-se-á a cassar a decisão ou anular o ato. Não irá diretamente proferir decisão que
substitua a decisão anteriormente proferida.
É órgão do Poder Judiciário, mas sem jurisdição, consubstanciando-se em órgão administrativo de controle
do Poder Judiciário e da atividade da magistratura. Os Conselheiros não são investidos de jurisdição, de
maneira que as decisões do CNJ não possuem autoridade de coisa julgada. A ele não cabe fiscalizar a
função jurisdicional do Judiciário e de seus membros.
Os atos administrativos do CNJ podem ser controlados judicialmente apenas por meio de ação, a ser
processada no STF (art. 102, I, r, CF), não havendo previsão legislativa de recurso administrativo para o STF.
Ressalte-se a novel interpretação do STF no sentido de que apenas o mandado de segurança, habeas
corpus e habeas data serão julgados pelo Tribunal. Na hipótese de ações ordinárias, estas serão julgadas
pelo juízo federal de 1ª instância.
O CNJ irá fiscalizar as Corregedorias, já que é materialmente impossível que fiscalize todos os membros da
magistratura nacional.
Em 2012, o Plenário concluiu o julgamento da ADI da Resolução 135 do CNJ e, com relação ao seu art. 12,
decidiu-se que o CNJ pode iniciar investigação contra magistrados independentemente da atuação da
corregedoria do tribunal, sem necessidade de fundamentar a decisão.
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Logo, pode-se concluir que a competência do CNJ é CONCORRENTE, isto é, diante da notícia de um desvio
funcional praticado por magistrado, pode iniciar processo administrativo disciplinar contra ele, sem ter que
aguardar a Corregedoria local.
OBS:1- lembrar que o CNJ é órgão que compõe a estrutura do Poder Judiciário, portanto não há que se
falar que a criação do CNJ implicou no surgimento de controle externo do Poder Judiciário.
2- A União pode intervir em mandado de segurança impetrado contra ato do CNJ, mesmo que no processo
esteja sendo discutido um concurso público do Tribunal de Justiça (estadual), já que o CNJ é um órgão da
União.
OBS2: o STF e seus ministros estão excluídos do alcance da competência do CNJ (ADI 3367)
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com mandato
de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (redação dada pela EC 61/2009)
I - um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal;
OBS: perceba que o dispositivo fala em “um Ministro do STF”. Não necessariamente será o PRESIDENTE do STF,
como ocorre no momento.
OBS: a Constituição não obriga os Estados a fazerem o mesmo. O STF já entendeu que os Estados não
podem criar Conselhos Estaduais – ausência de previsão expressa na CF.
O que dá característica própria ao STJ são suas atribuições de controle da inteireza positiva,
da autoridade e da uniformidade de interpretação da lei federal, consubstanciando-se aí
jurisdição de tutela do princípio da incolumidade do Direito objetivo que, segundo José
Afonso da Silva, “constitui um valor jurídico – que resume certeza, garantia e ordem –,
valor esse que impõe a necessidade de um órgão de cume e um instituto processual para a
sua real efetivação no plano processual”. Refere-se à sua competência prevista no art. 105,
III, transcrito acima, que sofreu uma redução pela E.C. n.º 45/03, que excluiu da
competência do STJ o poder de dizer a última palavra em matéria de lei federal quando a
violação partir de lei estadual considerada válida pelas instâncias ordinárias em face
daquela. Tal redução, entretanto, já era justificada pelo mesmo autor, que dizia que “A
questão suscitada no art. 105, III, b, não se limita a proteger a incolumidade da lei federal.
Também o é, talvez principalmente o seja. Contudo, na base dela está uma questão
constitucional, já que se tem que decidir a respeito da competência constitucional para
legislar sobre a matéria da lei ou ato de governo local. Pode acontecer que a validade seja
mesmo da lei ou do ato local, por ser matéria que a Constituição atribuiu aos Estados,
Distrito Federal ou Municípios. Significa isso que a questão é suscetível de apreciação pelo
STF, mediante recurso extraordinário”.
A EC. nº 45/04 criou uma nova competência para o STJ, além das já transcritas. Trata-se do julgamento do
incidente de deslocamento da competência da JE para a JF, provocado pelo PGR, quando ocorrer grave
violação de direitos humanos que sejam objeto de tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.
Quanto à escolha dos Ministros, segue trecho do resumo do TRF 5 (não há discriminação do autor no
resumo):
Aqui existe uma diferença em relação à escolha dos Ministros do Supremo. Quem escolhe
os Ministros do STJ é o Presidente da República. No entanto, sua escolha é vinculada a
categorias:
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1/3 dentre advogados e membros do MP (5 de cada e 1 alterna: ora MP, ora advogado) –
Pode ser MPF ou MPE
Digamos que um Ministro do STJ se aposenta e era oriundo do TRF. O Presidente do STJ manda um ofício para os 5
TRF’s, dizendo que surgiu uma vaga de Ministro e essa vaga é para desembargadores federais. Aqueles que
desejarem concorrer, fazem sua inscrição no STJ. Digamos que 15 façam a inscrição. O STJ reduz essa lista para 3,
remete para o Presidente, que deverá escolher um e remete esse nome para o Senado que deverá aprová-lo por
maioria absoluta de votos.
Dentre os 11 da OAB e do MP é diferente. A OAB e o MP remetem 6 nomes ao STJ. O STJ reduz essa lista para três
nomes e remete para o Presidente da República, o Presidente escolhe um, indica o nome para o Senado que aprova
por maioria de votos.
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta
e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha
pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela EC nº 45, de 2004)
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo
próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos
de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União
que oficiem perante tribunais;
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PRESIDENTE DA REPUBLICA ENQUANTO CHEFE DE ESTADO (CF/88, ART.86, PAR. 3.) - AÇÃO
DIRETA PROCEDENTE. IMUNIDADE A PRISÃO CAUTELAR - PRERROGATIVA DO PRESIDENTE
DA REPUBLICA - IMPOSSIBILIDADE DE SUA EXTENSAO, MEDIANTE NORMA DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, AO GOVERNADOR DO ESTADO. O estado-membro, ainda que
em norma constante de sua própria constituição, não dispõe de competência para outorgar
ao governador a prerrogativa extraordinária da imunidade a prisão em flagrante, a prisão
preventiva e a prisão temporária, pois a disciplinação dessas modalidades de prisão
cautelar submete-se, com exclusividade, ao poder normativo da união federal, por efeito
de expressa reserva constitucional de competência definida pela carta da republica. a
norma constante da constituição estadual - que impede a prisão do governador de estado
antes de sua condenação penal definitiva - não se reveste de validade jurídica e,
consequentemente, não pode subsistir em face de sua evidente incompatibilidade com o
texto da Constituição Federal. Caso Arruda – Ex-governador do DF - Dos 14 membros da
Corte Especial, dez votaram favoravelmente à posição de que é possível ao STJ decretar a
prisão preventiva de governadores em situações como a do governador Arruda.
Portanto, atualmente é entendimento majoritário no STF e no STJ que tanto Governador de estado, bem
como Prefeitos municipais podem sim sofrer com quaisquer das várias prisões destinadas à persecução
penal.
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas
na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral; (Redação dada pela EC nº 23, de 1999)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Órgãos que funcionam junto ao STJ: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados e
Conselho da Justiça Federal
A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados foi criada pela E.C. nº45/04, cabendo-
lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (art.
105, § u, II). A Justiça do Trabalho possui escola própria, conforme previsão do art. 111-A, § 2º, I.
Ao CJF cabe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da justiça federal de
primeiro e segundo grau, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão
caráter vinculante. (art. 105, parágrafo único, II, com redação dada pela E.C. nº 45/04). Sua composição,
estrutura, atribuições e funcionamento são as previstas em lei. Suas atribuições são duplamente limitadas:
só incidirão sobre os Tribunais Regionais Federais e os juízes federais e apenas sobre a gestão
administrativa e orçamentária desses órgãos. Vale dizer que os juízes de 1º grau, em geral, só atuam em
tais áreas quando na função de diretores de foro.
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Pode-se dizer que há uma sobreposição de atribuições entre o Conselho da Justiça Federal e o Conselho
Nacional de Justiça, tendo em vista o referido dispositivo e o art. 103-B, § 4º, introduzido pela E.C. nº
45/04, de modo que os tribunais regionais federais e os juízes federais estão sujeitos à supervisão de
ambos. O mesmo se pode dizer dos tribunais regionais do trabalho e dos juízes do trabalho, considerando-
se o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (art. 111-A, § 2º, II).
x) Justiça Federal
OBS: Leis 9967 e 9968, ambas de 2000, determinam que os TRF´s terão a seguinte composição:
TRF1: 27 Juízes; TRF2: 27 Juízes; TRF3: 43 Juízes; TRF4: 27 Juízes; TRF5: 15 Juízes.
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HC
HC ESTADUAL TJ
HC PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA STJ
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes
estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O STF pacificou o
entendimento pela competência da Justiça Comum Estadual e Federal para processar ações relativas a
feitos relativos a questões funcionais dos servidores estatutários, incluindo temporários sob regime
administrativo – (CC 7231).
STJ Súmula nº 506 - A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual
Súmula 505 STJ -A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto
obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a
Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social - REFER é da Justiça estadual.
Súmula 489 STJ - Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as
ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.
Competência - Julgamento das Execuções STJ Súmula nº 349 - Fiscais de Contribuições Devidas pelo
Empregador ao FGTS Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento
das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.
O STF reconheceu repercussão geral em RE que questiona competência para ações de indenização por
acidente de trabalho. A Súmula 366 do STJ (CANCELADA) prevê a competência da Justiça Estadual para o
julgamento de ação de indenização por acidente de trabalho movida pelos herdeiros do trabalhador.
Entretanto o STF tem entendimentos que se trata de competência da Justiça do Trabalho, com base na
EC 45/2004 e na SV 22.
Na competência do STF está a competência para julgamento das causas que tenham pessoa jurídica de
direito público interno (EXCETO O MUNICÍPIO) contra o Estado estrangeiro e organizações internacionais. E
nas ações entre as pessoas jurídicas de direito público interno será a competência do STF quando haja
violação do pacto federativo. Quando não houver violação ao pacto federativo o julgamento será do JUIZ
FEDERAL quando haja a União na causa.
OBS: O RECURSO ORDINÁRIO VAI PARA O STJ - ROC
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JUIZ FEDERAL
ESTADO ESTRANGEIRO ou ORGANISMO INTERNACIONAL x PARTICULAR
OU MUNICÍPIO (com recurso ordinário
para o STJ)
As causas de que trata este inciso são raras. A doutrina, contudo, encontra três exemplos:
As demandas nas quais se discute a proteção do nome comercial (são fundamentadas na
Convenção de Paris de 1967);
As ações de ressarcimento de danos causados por vazamento ocorrido em navio de petróleo
(Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por
poluição de óleo);
As ações de alimentos internacionais, ou seja, quando o alimentando (credor) residir no exterior e o
alimentante (devedor) morar no Brasil. Esta demanda será processada pela Justiça Federal, na
Seção ou Subseção Judiciária onde tiver domicílio o devedor. As regras para esta ação estão
fundadas na Convenção de Nova Iorque de 1956, promulgada pelo Decreto 56.826/65 (DIDIER,
2013, p. 185).
Texto extraído do site Dizer o Direito (Fonte: http://www.dizerodireito.com.br/2014/05/ebook-
competencias-da-justica-federal.html)
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O delito deve ser TRANSNACIONAL e tem que estar previsto em tratado ou convenção internacional. Com a
nova Lei de Tóxicos (Lei 11.343/06) acabou a possibilidade de delegação de jurisdição federal para a Justiça
Estadual:
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal
serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.
Jurisprudência envolvendo militar (questão da justiça federal), o envolvimento de militar não determina a
competência da justiça militar, sendo competência da justiça federal, mesmo que envolva o militar.
V-A as causas grave violação de direitos humanos a que se refere o §5º deste artigo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)A razão decorre da responsabilidade
da União em responder perante organismos internacionais e não punição de tais violações.
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira (A LEI ESCOLHE QUAIS SERÃO OS
CRIMES DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, CASO RARO EM QUE A LEI DECIDIRÁ E
NÃO A CF);
HC
SÚMULA 511 STF- Compete à Justiça Federal, em ambas as instâncias, processar e julgar as
causas entre autarquias federais e entidades públicas locais, inclusive mandados de
segurança, ressalvada a ação fiscal, nos termos da Constituição de 1967, art. 119, § 3.º.
Mesmo sem qualquer razão lógica para tanto, a jurisprudência confere tratamento diferenciado se a
hipótese for de navio ou de avião. Vejamos:
Navio ancorado: competência da Justiça Estadual (STJ, CC 116011-SP);
Avião pousado: competência da Justiça Federal (STJ, HC 108478)
Texto extraído do DoD (www.dizerodireito.com.br/2014/05/ebook-competencias-da-justica-federal.html)
Informativo 491/STF
1ª Turma
Tráfico de Entorpecentes e Competência - 2
A Turma concluiu julgamento de recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público
Federal contra acórdão do TRF da 1ª Região que mantivera decisão de juiz federal que, por
entender tratar-se de tráfico doméstico, declinara da competência, para a justiça comum,
de feito relativo a tráfico de substância entorpecente — v. Informativo 416. No caso, as
recorridas foram denunciadas pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 12, c/c
18, III, ambos da Lei 6.368/76, em decorrência do transporte de cocaína de Cuiabá/MT para
São Paulo. Em razão de problemas nos vôos, foram obrigadas a desembarcar em Brasília
antes de seguirem viagem para o destino final, sendo presas em flagrante no aeroporto.
Em votação majoritária, desproveu-se o recurso ao fundamento de que a justiça estadual
seria competente para conhecer da causa. Tendo em conta que o flagrante ocorrera
quando as denunciadas estavam em terra, asseverou-se que o transporte, que antecedera
a prisão, não seria suficiente para deslocar a competência para a justiça federal, devendo o
art. 109, IX, da CF ser interpretado restritivamente. (RE-463500)
Para que seja competência da Justiça Federal é preciso que envolva os indígenas coletivamente
considerados (DIDIER). Conforme o Min. Luis Felipe Salomão:
(...) a Constituição Federal em seu art. 109, XI, institui a competência da Justiça Federal para processar e
julgar os feitos relativos a disputa sobre direitos indígenas. Porém, tal dispositivo não deve ser
interpretado no sentido de alcançar qualquer relação em que haja interesse de índio envolvido na relação
processual. Ao contrário, é preciso que a causa verse sobre algum dos interesses da coletividade indígena
elencados no art. 231 da Constituição Federal, que dispõe sobre os direitos reconhecidos aos índios que
devem ser protegidos pela União, a saber: organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. (CC 100695)
Em regra, a competência para julgar crime no qual o indígena figure como autor ou vítima é da Justiça
Estadual. A Súmula 140-STJ é expressa nesse sentido: “Compete à justiça comum estadual processar e
julgar crime em que o indígena figure como autor ou vitima”.
Excepcionalmente, a competência será da Justiça Federal: a) quando o crime praticado estiver relacionado
com questões ligadas à cultura e aos b) no caso de genocídio contra os indígenas, considerando que, neste
caso, o delito é direitos dos indígenas sobre suas terras (STF, HC 91121); ou praticado com o objetivo de
acabar com a própria existência de uma determinada etnia (RE 263010).
Resumindo, o crime será de competência da Justiça Federal sempre que envolver “disputa sobre direitos
indígenas’, nos termos do art. 109, XI, da CF/88. Este precedente do STF resume bem a questão ao afirmar
que a competência da Justiça Federal, fixada no art. 109, XI, da CF, “só se desata quando a acusação seja
de genocídio, ou quando, na ocasião ou motivação de outro delito de que seja índio o agente ou a vítima,
tenha havido disputa sobre direitos indígenas, não bastando seja aquele imputado a silvícola, nem que
este lhe seja vítima e, tampouco, que haja sido praticado dentro de reserva indígena.” (RE 419528). Texto
extraído do site www.dizerodireito.com.br/2014/05/ebook-competencias-da-justica-federal.html
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que
for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
O dispositivo torna o DF como foro UNIVERSAL para ajuizamento das ações contra a União. TODAS podem
ser propostas no DF.
OBS: Trata-se de opção conferida àquele que litiga contra a União, que terá quatro lugares em que poderá
ajuizar a ação.
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A lei pode dizer que o juiz estadual irá processar e julgar, quando não haja justiça federal no local, mas a lei
tem que ser expressa, falando da matéria. EXEMPLOS: execução fiscal, usucapião (súmula do TFR) (Lei 6969
ressalva a competência da justiça federal para quando não há vara), execução penal. OBS: No que tange à
delegação em execução fiscal, tivemos recente alteração legislativa, onde ficou revogada qualquer
delegação desta matéria para e justiça estadual.
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Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas
propostas nesta e na Justiça estadual.
Súmula n.º 517 do STF: “As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal,
quando a União intervém como assistente ou opoente”.
Súmula n.º 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a
competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e o
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes”.
Súmula n.º 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos
restringe-se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a
competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.”
Súmula n.º 42 do STJ: “Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento”.
Súmula n.º 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II,
"a", do Código de Processo Penal”.
Súmula n.º 140 do STJ: “Compete à justiça comum estadual processar e julgar crime em
que o indígena figure como autor ou vitima”.
Súmula n.º 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”.
Súmula n.º 150 do STJ: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse
jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas
públicas”.
Súmula n.º 173 do STJ: “Compete À Justiça Federal processar e julgar o pedido de
reintegração em cargo público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes
da instituição do regime jurídico único”.
Súmula n.º 192 do STJ: “Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos
a estabelecimentos sujeitos a administração estadual”.
Súmula n.º 200 do STJ: “O juízo federal competente para processar e julgar acusado de
crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou”.
Súmula n.º 208 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal”.
Súmula n.º 224 do STJ: “Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz
Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar
conflito”.
Súmula n.º 270 do STJ: “O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente
federal em execução que tramita na justiça estadual, não desloca a competência para a
justiça federal”.
Súmula n.º 15 do TFR: “Compete à Justiça Federal julgar mandado de segurança contra ato
que diga respeito ao ensino superior, praticado por dirigente de estabelecimento
particular”.
Súmula n.º 40 do TFR: “A execução fiscal da Fazenda Pública Federal será proposta perante
o Juiz de Direito da Comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara
da justiça federal”.
Súmula n.º 216 do TFR: “Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de
segurança impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda que localizada em
comarca do interior”.
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A Constituição inclui os Tribunais e Juízes estaduais entre os órgãos do Poder Judiciário nacional (art. 92,
VII, CF/88), mas declara que os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na
Constituição. É o acolhimento das teses da jurisdição nacional e da descentralização judiciária.
O constituinte estadual é livre para estruturar a sua justiça, desde que preveja o Tribunal de Justiça como
órgão de cúpula da organização judiciária estadual, crie os juizados especiais e a justiça de paz, institua a
justiça itinerante (CF, art. 127, § 7º, com redação dada pela E.C. n.º 45/04), crie varas especializadas, com
competência exclusiva para questões agrárias (CF, art. 126, com redação dada pela E.C. n.º 45/04) e
mantenha o tribunal do júri, nos termos do art. 5º, XXXVIII, porque estão configurados na Constituição da
República que até já lhes define algumas competências (arts. 93, III, 96, I e II e 125, CF/88). Poderá criar
Justiça Militar, se o efetivo da corporação for maior que vinte mil integrantes, por proposta do Tribunal de
Justiça, descentralizar seu sistema judiciário por meio de Câmaras regionais (CF, art. 125, § 6º, com
redação dada pela E.C. n.º 45/04), sendo que os Tribunais de Alçada foram extintos pela referida Emenda
(art. 4º).
Está igualmente previsto que cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de
leis ou atos normativos ou municipais em face da Constituição estadual, vedada, porém, a atribuição de
legitimação para agir a um único órgão. Não é obrigatório seguir o paralelismo do art. 103, mas
certamente ali se oferece uma pauta que pode orientar o constituinte estadual. Pode-se prever também
(talvez se deva) a ação de inconstitucionalidade por omissão em face de determinações da Constituição
estadual, bem como a ação declaratória de constitucionalidade de ato normativo estadual ou municipal
em face dela.
O Tribunal de Justiça, órgão de cúpula da organização judiciária estadual, compõe-se de desembargadores
em número e com as atribuições determinadas na Constituição e nas leis do Estado. Nos Tribunais de
Justiça com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído órgão especial, com o
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e
jurisdicionais da competência do tribunal pleno.
Não há um estatuto autônomo da magistratura estadual. A lei complementar, prevista no art. 93, é que
disciplina o Estatuto da Magistratura Nacional, o qual inclui a estadual e a do Distrito Federal e Territórios.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça
e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos
Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação da EC 45)
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
(Redação da EC 45)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os
crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
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No exercício de suas funções, o juiz só responderá por perdas e danos se proceder com dolo ou fraude
(Código de Processo Civil, artigo 133). Em outras palavras, não há o dever de indenizar em razão de decisão
judicial proferida, salvo se feita com o intuito de prejudicar alguém. Esta ressalva é correta. Se o juiz
respondesse civilmente por suas decisões, certamente teríamos uma legião de amedrontados que não
resolveriam os casos que lhes fossem submetidos.
Na esfera administrativa, os juízes de primeira instância respondem aos procedimentos disciplinares nos
tribunais de segundo grau aos quais estão vinculados. Os demais, ou seja, desembargadores e ministros
dos tribunais superiores, respondem administrativa nos seus próprios tribunais. Assim, por exemplo, se um
juiz federal de primeiro grau comete uma infração disciplinar, sua falta será apurada pelo Tribunal Regional
Federal ao qual está subordinado. Mas, se um desembargador cometer uma falta disciplinar, os fatos serão
apurados no seu próprio tribunal. (Constituição Federal, artigo 99 e Loamn, artigo 27).
Com a Emenda Constitucional 45/04, criou-se no Brasil o Conselho Nacional de Justiça, inserido no capítulo
sobre o Poder Judiciário (CF, art. 92, I-A). Composto por 15 membros, de origens diversas, tem o CNJ,
cumulativamente, poderes administrativos, podendo receber reclamações e denúncias de qualquer
interessado e rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de magistrados, julgados
há menos de um ano (CF, art. 103-B, § 4º III e V ).
Com a entrada em vigor da Loman, criou-se um sistema único para toda a magistratura brasileira. Optou o
legislador por seis sanções: advertência, censura, remoção compulsória, disponibilidade com vencimentos
proporcionais, aposentadoria com vencimentos proporcionais e demissão (art. 42). Como se vê, excluiu-se
a suspensão como pena, sob o argumento de que um juiz suspenso não teria condições de exercer suas
funções quando retornasse à vara.
As penas de advertência e censura são reservadas para as infrações de menor potencial ofensivo. A
advertência destina-se aos casos de negligência no cumprimento dos deveres do cargo (Loman, art. 43) e a
censura para a reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo, ou no de procedimento
incorreto (Loman, art. 44). Assim, a primeira, que é menos grave, cabe em caso de ocorrência isolada (por
exemplo, demora injustificada na assinatura de um alvará de levantamento de depósito) e a segunda, na
hipótese de ocorrências continuadas (por exemplo, omissão reiterada em despachar os processos) ou de
procedimento incorreto (por exemplo, ofender em artigo publicado na imprensa autoridade do Poder
Executivo).
A segunda hipótese a ensejar pena de censura merece algumas reflexões. Procedimento incorreto é o
inadequado, descabido, condenável. O legislador valeu-se destas duas palavras porque seria impossível
prever, exaustivamente, todas as hipóteses de ação ou omissão reprováveis. Assim, tanto pode ser
incorreto suspender uma audiência para tratar de assuntos particulares, como valer-se da condição de
magistrado para desobrigar-se de um dever comum a todos. Enfim, são infinitas as hipóteses que a vida
oferece e seria impossível enumerá-las em um dispositivo legal.
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Mas a interpretação da norma exige ponderação. Algumas condutas poderão ser apenas faltas éticas (por
exemplo, criticar colegas) ou mesmo falta de educação (por exemplo, não cumprimentar os funcionários).
Tais casos não podem ser objeto de uma sanção disciplinar. De resto, cumpre lembrar que a pena de
censura impede a promoção do juiz por merecimento, no prazo de um ano, contado a partir da data da
imposição (Loman, art. 44, par. único).
A remoção é a pena intermediária entre a censura e a disponibilidade. Pouco utilizada, ela visa retirar o
magistrado do local onde exerce suas funções. Ela se destina aos casos em que o juiz se envolve em
situação de fato que o impede de exercer, com acerto, suas funções. Por exemplo, cria um clima de
conflito com a comunidade ou envolve-se em um caso de amor proibido. Esta sanção é de aplicação
raríssima, quase inexistente. É que sua utilidade é discutível, na medida em que outro lugar (Comarca ou
Vara) receberá o juiz indesejado. De resto, registre-se que a remoção para ser imposta exige maioria
absoluta dos membros do tribunal (ou Órgão Especial) e não de dois terços de seus integrantes (CF, art. 93,
VIII, com a redação da EC 45/04).
A disponibilidade e a aposentadoria compulsória são as sanções aplicadas aos casos mais graves.
Disponível é o que se pode dispor. Juiz em disponibilidade significa que ele poderá ser convocado a atuar a
qualquer momento, ao critério discricionário da administração do tribunal. Enquanto isto não se dá, ele
recebe seus vencimentos de forma proporcional ao tempo de serviço.
Já a aposentadoria destina-se a idêntica situação, com a diferença de que o juiz já tem tempo para
aposentar-se. Como não o faz voluntariamente, o tribunal pode fazê-lo, como sanção administrativa. Seus
vencimentos serão integrais, como o de todos os demais magistrados. A imposição destas sanções exige
maioria absoluta dos membros do tribunal (ou Órgão Especial) e não de dois terços de seus integrantes
(CF, art. 93, VIII). Podem ser impostas, também, pelo Conselho Nacional de Justiça (CF, art. 93, inc. VIII).
A sociedade não compreende bem quando estas duas penas são aplicadas. A reação é no sentido de que o
infrator acabou sendo premiado, uma vez que, ao final, acabou sendo afastado com o recebimento de
vencimentos, proporcionais (na disponibilidade) ou integrais (na aposentadoria). Tal proceder não significa
espírito de corpo ou protecionismo. Assim manda a lei.
A pena de demissão, que é a última do rol do artigo 42, não foi recepcionada pela Constituição Federal de
1988. Com efeito, nela se afirma, no artigo 95, inciso I, que os juízes são vitalícios e só perderão o cargo por
meio de sentença judicial transitada em julgado. Aliás, o Conselho Nacional de Justiça também não tem
poderes para aplicar pena de demissão (CF, art. 103-B, § 4º, inc. III). Sentença judicial significa uma ação
em juízo e não uma decisão administrativa dos tribunais. Ora, como tal tipo de ação pode levar até 10
anos, percorrendo todas as instâncias do Judiciário brasileiro, que na teoria são duas e na prática quatro
(juízo, tribunal, STJ e STF), é evidente que isto raramente ocorrerá. Aliás, não se tem conhecimento de um
só caso de sentença judicial em ação cível de perda do cargo.
Mas, poderá ocorrer a perda do cargo por força de uma condenação em processo criminal. Aí a situação é
outra. Por exemplo, um juiz comete um homicídio simples e é condenado a cumprir seis anos de reclusão.
Nos termos do artigo 92, inciso I, alínea “b” do Código Penal, a perda do cargo será automática,
independentemente de qualquer questionamento. Transitada em julgado a condenação criminal, o juiz de
Direito comunicará o fato ao tribunal ao qual o condenado estiver vinculado, que procederá de imediato a
demissão. Isso sem novo processo.
Outrossim, observe-se que a Loman, no art. 42, § ún e 45, II, estabeleceu que as penas de advertência,
censura e remoção só se aplicam aos juízes de primeira instância. Tal distinção é de todo injustificada. Faz
distinção entre magistrados de diferentes graus de jurisdição, como se uns (segunda instância e tribunais
superiores) fossem pessoas superiores aos outros (primeira instância). Além disto, tal regra cria problemas
na solução dos casos nos tribunais. Por ex., imagine que conduta de um desembargador é reprovável, mas
não é grave a ponto de merecer a disponibilidade ou a aposentadoria. Nesta hipótese, como a advertência
e censura não podem ser-lhe impostas, os fatos acabam sendo atípicos. Noutras palavras, não será punível.
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Finalmente, observe-se que, ao contrário do que se pensa, há muitas punições aplicadas pelos tribunais
aos magistrados, principalmente de primeira instância. Todavia, elas raramente são conhecidas, porque os
processos tramitam em caráter reservado (Loman, art. 27, § 6º).
Conclusões
Como visto, a infração disciplinar dos juízes é tema complexo, pouco estudado e que origina muitos
questionamentos. É possível, assim, formular algumas conclusões:
a) As penas previstas na Loman são inadequadas e em desacordo com a época em que vivemos;
b) A apuração de faltas funcionais de magistrados tem se revelado de difícil apuração, mas há casos de
punição;
c) O lapso prescricional suscita dúvidas no intérprete e ainda não teve definição por parte da
jurisprudência;
d) Será oportuno que a matéria seja objeto de revisão no futuro Estatuto da Magistratura, previsto no
artigo 93 da Constituição Federal.
B. DIREITO ADMINISTRATIVO
Introdução
Os servidores públicos são uma espécie dentro do gênero ‘agentes públicos’. (...) Esta expressão – agentes
públicos – é a mais ampla que se pode conceber(...). Quem quer que desempenhe funções estatais,
enquanto as exercita, é um agente público. (CABM)
Dois são os requisitos para a caracterização do agente público: um, de ordem objetiva, isto é, a natureza
estatal da atividade desempenhada; outro, de ordem subjetiva: a investidura nela. (CABM)
Funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade.
Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da
presunção de legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por ele praticados, se por
outra razão não forem viciados. (CABM)
Podem ser agrupados em duas categorias:
a) os agentes necessários: são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações
excepcionais em colaboração com o Poder Público e como se fossem agentes de direito; Ex: emergência.
b) os agentes putativos: são que desempenham uma atividade pública na presunção de que há
legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido.
Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá usurpar a competência funcional dos agentes públicos
em geral, já que este tipo de usurpação da função pública constitui crime previsto no art. 328 do Código
Penal. (J.S)
O dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista (pessoas qualificadas como de Direito
Privado), ainda quando sejam elas meramente exploradoras de atividade econômica, também podem ser
enquadrados como ‘autoridade’ no que concerne a atos expedidos para cumprimento de normas de
Direito Público (CABM). Nesse sentido, temos a Súmula n. 333 do STJ: Cabe mandado de segurança contra
ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
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Os agentes públicos podem ser divididos em três grandes grupos, dentro nos quais são reconhecíveis
ulteriores subdivisões. A saber:
a) agentes políticos; “Agentes políticos são aqueles aos quais incumbe a execução das diretrizes traçadas
pelo Poder Público. São estes agentes que desenham os destinos fundamentais do Estado e que criam as
estratégias políticas por eles consideradas necessárias e convenientes para que o Estado atinja os seus fins.
– Carvalho Filho”
OBS.: Celso Antônio não inclui magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas na
categoria dos agentes políticos; também não o faz José dos Santos Carvalho Filho, que os chama de
servidores especiais; R.F. já os integra.
Em sentido contrário, o Supremo no RE 228.977/SP referiu-se aos magistrados como “agentes políticos
investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no
desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e de legislação específica”.
b) servidores estatais, abrangendo servidores públicos e servidores das pessoas governamentais de Direito
Privado; e
c) particulares em atuação colaboradora com o Poder Público. (CABM) [tratando da Lei 9.962/00 =
particulares em colaboração com a Administração] esta terceira categoria de agentes é composta por
sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares – portanto, de pessoas alheias à intimidade do
aparelho estatal (com exceção única dos recrutados para o serviço militar) – exercem função pública, ainda
que às vezes em caráter episódico.
A designação ‘servidor público’, para alguns autores, tem alcance mais restrito do que dantes. Para CABM,
o termo só engloba os integrantes de cargo ou emprego nas pessoas jurídicas de Direito Público. (CABM).
MSZP, por sua vezes, considera servidores públicos (i) os servidores estatutários (ii) empregados públicos
(iii) servidores temporários.
Servidores públicos compreendem as seguintes espécies:
a) Servidores titulares de cargos públicos na Administração Direta (anteriormente denominados
funcionários públicos), nas autarquias e fundações de Direito Público da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios, assim como no Poder Judiciário e na esfera administrativa do Legislativo;
b) Servidores empregados das pessoas supra-referidas. (CABM)
Não se ignora que foram admitidas levas de servidores sob regime de emprego para funções diversas das
indicadas e que não comportariam dito regime. Cite-se, a guisa de exemplo, a Lei 9.986, de 18.7.00, que
inconstitucionalmente estabeleceu o regime de emprego público para o pessoal das agências reguladoras
(suspensão na ADIn 2.310-1-DF, Rel. Min. Marco Aurélio). (CABM)
Segundo clássica classificação de Hely Lopes Meirelles, os agentes públicos (“são todas as pessoas físicas
incumbidas, definitiva ou transitoriamente do exercício de alguma função estatal”) são classificados em:
a) Agentes políticos: “são os componentes do Governo nos seus primeiros escalõ es, investidos em cargos,
funções, mandatos ou comissõ es, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exerci ́cio de
atribuições constitucionais. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas
atribuiçõ es com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na Constituição e em leis
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especiais. Tem normas especificas para sua escolha, investidura, conduta e processo por crimes funcionais
e de responsabilidade, que lhes são privativos”.
b) Agentes Administrativos: “são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou à s suas entidades
autárquicas e fundacionais por relaçõ es profissionais, sujeitos à hierarquia funcional a ao regime juri ́dico
determinado pela entidade estatal a que servem. Seguintes modalidades admitidas pela Constituição da
República de 1988: a) servidores públicos concursados (art. 37, II); b) servidores pú blicos exercentes de
cargos ou empregos em comissão titulares de cargo ou emprego público (art. 37, V); c) servidores
temporários, contratados ‘por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público’(art. 37,IX).”
c) Agentes Honorificos: ́ “são cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,
transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, de sua
honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo empregati ́cio ou
estatutário e, normalmente, sem remuneração.” Ex: jurados, mesários etc.
d) Agentes Delegados: “são particulares que recebem a incumbência da execução de determinada
atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as
normas do Estado e sob permanente fiscalização do delegante.”
e) Agentes Credenciados: “são os que recebem a incumbência da Administração para representá-la em
determinado ato ou praticar certa atividade especi ́fica, mediante remuneração do Poder Público
credenciante.”
Regime Constitucional
Existem disposições constitucionais relativas aos agentes públicos em geral e os servidores públicos,
especificamente.
As principais normas são:
37, I. Conferida a brasileiros, natos e naturalizados e estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I). Incluída pela
EC 19/98. Trata-se de norma de eficácia limitada. Antes da alteração do dispositivo, havia normas que
permitiam a contratação de estrangeiros como professores e pesquisadores (art. 207 da CRF e Lei
8.745/93). Lembrar que existem cargos privativos de brasileiros natos (art. 12, §3º).
37, I. Os requisitos do acesso devem estar previstos em lei, não suprindo a exclusiva previsão em edital. O
princípio da isonomia impede que se estabeleçam distinções discriminatórias ou desarrazoadas.
Destaquem-se as Súmulas do STF:
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37, II. A investidura para cargos e empregos de provimento efetivo deve ser precedida de concurso
público, de provas ou de provas e títulos, tanto na AD quanto na AI (incluindo as empresas estatais).
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório
não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de
prévia aprovação em concurso público (CF, art. 37, II), valor constitucional que prepondera
sobre o interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio
da proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial.
Exceções à regra do concurso público: a) cargos em comissão; b) contratação temporária – 37, IX; c)
agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate a endemias (podem ser admitidos por processo
seletivo simplificado, devendo o seu regime jurídico ser regulado por Lei federal – art. 198, §§4º, 5º e 6º e
Lei 11.350/06).
Segundo o STF, para que seja realizado exame psicotécnico (RE 188.234/DF) é necessário: a) previsão em
lei, b) estabelecimento de critérios objetivos de caráter cientifico e c) possibilidade de recurso.
Vide S. 686 STF: “SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A
CARGO PÚBLICO”.
Cabe destacar que, entendeu o STJ, que o candidato a cargo público federal pode ser eliminado em exame
médico admissional, ainda que a lei que discipline a carreira não confira caráter eliminatório ao referido
exame.
Uma vez que as normas sobre acessibilidade e concurso público são impositivas para todo o universo da
Administração, as sociedades de economia mista e empresas públicas também se sujeitam a elas.
Ressalve-se, todavia, que as pessoas estatais constituídas para exploração de atividade econômica
disporão de liberdade para contratar diretamente seus empregados nas hipóteses em que a) a adoção de
concurso público tolheria a possibilidade de atraírem e captarem profissionais especializados que o
mercado absorve com grande presteza e interesse ou b) nos casos em que o recurso a tal procedimento
bloquearia o desenvolvimento de suas normais atividades no setor. (CABM)
37, III. O concurso pode ter validade de até dois anos, prorrogável por igual período. O prazo é contado a
partir da homologação. A nomeação e contratação somente pode ocorrer neste prazo, sob pena de
nulidade do ato e punição da autoridade responsável (37, §2º).
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O STJ e o STF têm considerado haver direito subjetivo à nomeação de candidato classificado dentro do
número de vagas indicado no edital, e não mera expectativa de direito.
Importa destacar que o STF considera que, excepcionalmente, a administração pode não realizar essas
nomeações, se comprovada situação (a) superveniente (b) grave (c) imprevisível (d) necessária STF, RE
598099/MS.
37, IV. A CF não veda a realização de um novo concurso enquanto ainda válido o anterior, assegurando
prioridade de nomeação aos aprovados no certame mais antigo. A Lei 8112/90, no art. 12, §2º, contem
norma em sentido inverso. Destaca-se a S. 15 do STF: “DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO, O
CANDIDATO APROVADO TEM O DIREITO À NOMEAÇÃO, QUANDO O CARGO FOR PREENCHIDO SEM
OBSERVÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO”.
37, VIII. A lei reservará percentual de vagas para portadores de deficiência. Em âmbito federal, a matéria é
regulada pela Lei 8.112/90: até20% das vagas, desde que a atribuição do cargo seja compatível com a
deficiência (art. 5º, §2º). Destaque-se a existência do Decreto 3298/99 (regulamenta a Lei federal 7853/89
– dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência), que determina a necessidade de reserva de,
no mínimo, 5% das vagas, devendo ser arredondado para cima, quando o numero encontrado for
fracionado.
O STF já considerou válido edital que não reservou nenhuma vaga para deficiente, quando previa apenas
duas vagas (ultrapassaria e muito os 20%).
A S. 377 do STJ estabelece: “O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso
público, às vagas reservadas aos deficientes.”
O Enunciado Administrativo 12 do CNJ estabelece: “Em todos os concursos públicos para provimento de
cargos do Poder Judiciário, inclusive para ingresso na atividade notarial e de registro, será assegurada
reserva de vagas a candidatos com deficiência, em percentual não inferior a 5% (cinco por cento), nem
superior a 20% (vinte por cento) do total de vagas oferecidas no concurso, vedada a incidência de ‘nota de
corte' decorrente da limitação numérica de aprovados e observando-se a compatibilidade entre as funções
a serem desempenhadas e a deficiência do candidato. As listas de classificação, em todas as etapas, devem
ser separadas, mantendo-se uma com classificação geral, incluídos os candidatos com deficiência e outra
exclusivamente composta por estes.” (Precedente: Pedido de Providências nº 200810000018125 - 69ª
Sessão - julgado em 9 de setembro de 2008).
37, V. As funções de confiança (exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo) e os
cargos em comissão (a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, mas também por não integrantes do serviço público), destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.
A nomeação para cargo em comissão é ad nutum e não pode ser substituída por outra sistemática de
escolha. O STF já declarou inconstitucional lei que previa eleição para o cargo de diretor de escola pública
(ADI 2997/RJ). A nomeação para função de confiança não é completamente livre, pois só pode recair sobre
servidor efetivo, a despeito de poder ser dispensado imotivadamente.
No âmbito federal não existe lei que estabeleça o percentual mínimo de cargos em comissão a ser ocupado
por servidores de carreira, mas o Decreto 5797/05, só aplicável para nomeações posteriores a 22.07.2005.
Cargos em comissão e função de confiança só podem ter destinação de chefia, direção e assessoramento.
O STF já declarou inconstitucional lei que previa cargo em comissão de índole técnica (ADI 3706) ou para o
desempenho de atividades rotineiras (RE 376444). Em outra ocasião, considerou ferir a
razoabilidade/proporcionalidade a existência de 42 cargos em comissão e apenas 25 cargos efetivos na
câmara Municipal de Blumenau (RE 365368 AgR).
Quanto ao nepotismo, foi estabelecida a SV 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa juri ́dica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
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indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” Essa vedação não
alcança a nomeação para cargo político. Assim, entende-se, p. ex. que o Governador nomeie seu irmão
ou esposa para determinada Secretaria do Estado.
O Decreto 7203/10 regulamenta o nepotismo em âmbito federal e veda, dentre outras situações, a
contração de parente de agente público: a) para atender a necessidade temporária; b) para a função de
estagiário, salvo se precedida de processo seletivo; c) titular de cargo em comissão ou função de confiança,
por empresa prestadora de serviços terceirizados que prestam serviços à administração federal. A CGU é a
responsável pela fiscalização do Decreto.
37, IX. A contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público estabelece vínculo jurídico-administrativo com a administração (nem são celetistas nem
estatutários). Eles exercem função pública remunerada temporária.
Segundo o STF, as lides que envolvam esses contratados temporários e a administração é da competência
da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho (RE 573202).
Ainda de acordo com o STF, o art. 37, IX deve ser interpretada restritivamente, eis que
estabelece exceção à regra do concurso público, corolário do principio republicano (ADI
1500). Exige a configuração de 4 requisitos para considerar legitima a contratação: a) casos
excepcionais devem estar previstos em lei; b) o prazo de contratação deve ser
predeterminado; c) a necessidade deve ser temporária; d) o interesse público deve ser
excepcional (ADI 2229). Não cabe, por exemplo, para serviços meramente burocráticos
(ADI 2897).
Prevalece no entendimento no STF de que também não cabe para funções permanente se
ordinárias do órgão ou entidade. Tanto a função quanto a necessidade devem ser
temporárias (RE 573202). Há decisão isolada em sentido contrario (ADI 3068).
Na esfera federal é regulada pela Lei 8.745/93, estabelecendo as situações que podem ser consideradas
como necessidade temporária de excepcional interesse público (não deixa a cargo do administrador). Ex.:
calamidade pública, emergências em saúde pública, emergências ambientais e recenseamento e pesquisas
pelo IBGE.
A criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções é da competência do Congresso
Nacional, por meio de lei, dependente de sanção do PR (art. 48, X). Quando se tratar da administração
direta e autárquica federal, a iniciativa dessa lei é privativa do PR (art. 61, §1º). Se o cargo ou função
estiver vago, a extinção pode se dar por “decretoautônomo” do PR (art. 84, VI, b).
A criação e extinção de ministérios e órgãos da administração federal é da competência do CN, por meio
de lei de iniciativa do PR (art. 48, XI). A “estruturação” do ministério ou órgão foi excluído desse dispositivo
pelo EC 32/01.
É da competência privativa do PR dispor sobre a organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, por meio de
decreto (art. 84, VI, a).
Associação sindical
37, VI. O servidor público tem direito a livre associação sindical, nos mesmos moldes assegurado aos
trabalhadores em geral pelo art. 8º da CF. Trata-se de norma autoaplicável.
Aos militares, por sua vez, é vedada a sindicalização e a greve, sem qualquer exceção (art. 142, VI). Essa
norma abrange os policiais civis, segundo a jurisprudência do Supremo.
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A Lei 8112/90 previa o direito à negociação coletiva e a possibilidade de ajuizamento de ações coletivas
perante a Justiça do Trabalho (art. 240, d e e). As normas foram declaradas inconstitucionais pelo STF (ADI
492). As lides entre servidores e a administração pública federal são de competência da Justiça Federal.
Considerou, ainda, que a negociação coletiva é incompatível com o regime estatutário, dando origem à S.
679: “a fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva”.
Direito de greve
37. VII. A norma que concede o direito de greve aos servidores públicos é de eficácia limitada, exigindo lei
ordinária que estabeleça os termos e limites do exercício (o texto originário previa LC, mas essa exigência
não remanesce). Considerando a inércia do legislador, o STF a atribuiu eficácia concretista geral ao
julgamento de três Mandados de Injunção, determinando a aplicação temporária, ao setor público, da lei
de greve vigente no setor privado, no que couber. Trata-se da Lei 7783/89.
Decidiu o STF que a administração pode descontar a remuneração referente aos dias não trabalhados
pelos servidores grevistas (adaptação da suspensão do contrato de trabalho prevista na lei de greve).
O STF também fixou regras temporárias de competência para apreciação de dissídios de greve entre
servidores de poder publico: a) paralisação de âmbito nacional ou que abranger mais de uma região da JF
ou que compreender mais de um Estado STJ; b) paralisação restrita a uma região da JF TRF; c)
paralisação restrita a um Estado TJ; d) greves de âmbito local ou municipal TJ (servidores estaduais e
municipais) ou TRF (servidores federais).
O art. 37, VII não se aplica aos empregados públicos, aos quais são regidos pelas normas gerais aplicáveis
aos trabalhadores em geral.
O direito de greve também é vedado aos militares, sem nenhuma exceção (142, IV).
37, X. A fixação ou alteração da remuneração (em sentido amplo) depende de lei ordinária específica
(somente deve tratar desse assunto).
A iniciativa desta lei segue a seguinte regra:
a) cargos da estrutura do Poder Executivo Federal (61, §1º, II, a) PR;
b) cargos da estrutura da CD (51, IV) CD;
c) cargos da estrutura do SF (52, XIII) SF;
d) cargos integrantes do Poder Judiciário (96, II, b) cada tribunal;
e) Ministros do STF STF;
f) Deputados federais, senadores, PR e vice e Ministros CN, não sujeito a sanção ou veto do PR
(diferentemente dos itens anteriores que se sujeitam a sanção).
37, X. Segundo o STF, a revisão geral anual deve ser efetivada por meio de lei de iniciativa privativa do
Chefe do PE, pois se enquadra no disposto no art. 61, §1º. Atenção para o fato de que revisão (recompõe o
poder aquisitivo; trata-se de aumento nominal ou impróprio) é diferente de aumento da remuneração,
caso em que aplicaríamos a regra de iniciativa vista no tópico anterior. ADI 3599.
Até 2002 a regra da revisão geral anual foi descumprida pelo PE federal, o que gerou a propositura de ADI
por omissão, na qual o STF declarou a mora legislativa, de responsabilidade do PR, já que a matéria é de
sua iniciativa. Desde então o PR vem apresentando os projetos de revisão, pelo menos formalmente.
Como o dispositivo fala em “servidores públicos”, entende-se que não inclui os “militares”.
Após a EC19/98, o sistema remuneratório dos agentes públicos passou a ser composto de três categorias:
1) subsídio: novidade da reforma. É estipêndio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória. É modalidade de “remuneração” (em sentido amplo): obrigatória para agentes
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políticos chefes do PE, membros do PL, ministros, membros da magistratura, do MP, ministros
do TC, AGU, Procuradores dos Estados, Defensores Públicos e policiais.
O sistema de subsídio é obrigatório para alguns servidores públicos e facultativo para os servidores
organizados em carreira, conforme disposto em leis federais, estaduais e municipais.
2) vencimentos: às vezes denominado “remuneração” (em sentido estrito). São recebidos pelos
servidores submetidos a regime jurídico estatutário. São compostos pelo vencimento básico do
cargo (no singular) + vantagens pecuniárias de caráter permanente estabelecidas em lei.
3) salário: é a contraprestação paga aos empregados públicos, sujeitos predominantemente à CLT.
37, XI. O teto remuneratório foi alterado pela EC 19/98 (estabeleceu como limite único o subsídio dos
Ministros do STF) e pela EC 41/03 (deu o conteúdo hoje em vigor). A EC 47/05 acrescentou os parágrafos
11 e 12.
As principais observações são:
Teto geral subsídio de Ministro do STF. A lei é de iniciativa do STF e se sujeita a sanção do PR. Não pode
ser ultrapassado por nenhum poder em nenhuma esfera.
Limites específicos:
Municípios subsídio do Prefeito;
Estados e DF: PE subsídio do Governador; PL subsídio dos deputados estaduais e distritais; PJ
desembargadores do TJ (também aplicável aos membros do MP, Procuradores de todas as carreiras e
Defensores Públicos).
OBS.:
1. Na esfera federal só há um limite (subsídio de Ministro do STF).
2. Todos os procuradores, ainda que vinculados ao PE ou a autarquias, se submetem ao subteto de
Desembargadores do TJ, conforme decidiu o STF. RE 558.258.
3. O STF julgou inconstitucional o estabelecimento de limites diferentes de remuneração para os
magistrados estaduais e federais, já que se sujeitam a um só estatuto de âmbito nacional (LC 75/79), o que
violava a isonomia. Assim, excluiu os magistrados estaduais do subteto de remuneração, dando
interpretação conforme ao 37, XI e §12 (não houve supressão de nenhuma parte dos dispositivos.
§12. os Estados e DF, por meio de emendas às CE e LO, de iniciativa do Governador, tem
como faculdade estabelecer como limite único o subsidio de desembargador do TJ. Tal
limite único não pode ultrapassar 90,25% do subsídio de Ministro do STF e não se aplicará
para deputados estaduais, federais nem vereadores.
O limite se aplica a qualquer forma de acumulação (ex.: remuneração + subsídio; remuneração ou subsídio
+ aposentadoria, pensão etc.). Pelo pesquisado, o TRF1 adota o entendimento do Supremo no sentido da
inexistência de direito adquirido em razão da EC 41/2003:
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§9. Quanto às empresas públicas e sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, o teto só se aplica
para as que recebem recursos públicos para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
37, XII. Os vencimentos pagos para cargos pelo PL e PJ não podem ser superiores aos pagos pelo PE. Tem
papel moralizador, já que o PE é o principal responsável pela obtenção de receitas que integrarão o
orçamento público. Ainda que a Constituição não o haja dito expressamente, a mesma regra haverá de
valer no que concerne a funções e empregos. (CABM). A EC 19/98 suprimiu o texto do §1º que assegurava
isonomia de vencimentos aos servidores que exercessem cargos de atribuições iguais ou assemelhadas nos
três Poderes.
37. XIII. Não é permitida a vinculação ou equiparação entre as remunerações (em sentido amplo) pagas no
serviço público. É norma de eficácia plena.
A vedação se dirige ao legislador ordinário. A própria CRF estabelece: a) equiparação dos subsídios dos
Ministros do TCU aos dos STJ (73, §3º); b) vinculação entre os subsídios dos Ministros do STF, dos Tribunais
Superiores e dos demais membros da Magistratura (93, V).
37, XIV. Acréscimos percebidos por servidor não serão computados nem acumulados para fins de
concessão de acréscimos ulteriores. Antes da EC 19/08 o dispositivo continha, ao final, a expressão “sob o
mesmo título ou idêntico fundamento”.A redação atual é mais abrangente: gratificações e adicionais só
podem incidir sobre o vencimento básico.
37, XV. Subsídios e vencimentos dos ocupantes de cargos (efetivos ou em comissão, segundo o STF – RE
378.932/PE) e empregos públicos são irredutíveis.
Existe discussão sobre a aplicação do dispositivo para ocupantes de empregos públicos, dado que existe
regra própria para os salários: o art. 7º, VI, estabelece que são irredutíveis, ressalvado o disposto em
convenção ou acordo coletivo.
1ª corrente: o 37, XV só é aplicável para cargos públicos;
2ª corrente: o 37, XV é aplicável para cargos e qualquer tipo de emprego público;
3ª corrente: o 37, XV é aplicável para cargos e empregos públicos da AD, autarquias e fundações públicas.
Os empregados de estatais se sujeitariam ao art. 7º, VI da CRF. Esta é a posição de Vicente Paulo e Marcelo
Alexandrino.
Segundo o STF, a irredutibilidade não impede a criação ou majoração de tributos incidentes sobre os
vencimentos, subsídios, aposentadorias e pensões. ADI 3105/DF. Também segundo o STF, pode haver
alteração da composição remuneratória do cargo público, desde que o valor final da remuneração seja
preservado. RE 563.965/RN.
Ainda de acordo com o STF, a irredutibilidade refere-se ao valor nominal (e não real) dos vencimentos e
subsídios, ou seja, não confere direito a reajustamento em razão de perda de poder aquisitivo.
Segundo o STF, a cláusula da irredutibilidade somente pode ser invocada se a remuneração que estava
sendo recebida pelo servidor estava em conformidade com a CF/88. Desse modo,os vencimentos acima
do teto constitucional, ainda que com o beneplácito de disciplinas normativas anteriores, não estão
amparados pela regra da irredutibilidade.
Imperioso salientar que, entendeu o STF, que a base de cálculo para se cobrar o IR e a contribuição
previdenciária é o valor da remuneração do servidor depois de ser excluída a quantia que exceder o teto. A
tese firmada foi a seguinte: “Subtraído o montante que exceder o teto e subteto previsto no artigo 37,
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inciso XI, da Constituição Federal, tem-se o valor que vale como base para o Imposto de Renda e para a
contribuição previdenciária”. (RE 675978).
Administração Tributária
37. XVIII. Ainda fruto poder constituinte originário. A administração fazendária e seus servidores tem
precedência sobre os demais setores administrativos, dentro de suas áreas de atuação, na forma da lei.
Trata-se de lei de eficácia limitada. Nenhum setor da administração pode dificultar ou obstar a atuação dos
servidores fiscais.
37, XXII. As atividades da administração tributária são definidas como exclusivas de Estado (“essenciais ao
funcionamento do Estado”), o que requer a aplicação do art. 247 da CRF a esses servidores (garantias
especiais para a perda do cargo), bem como que sejam estatutários.
As administrações tributárias terão recursos prioritários para a realização de suas atividades. Segundo o
art. 167, IV (introduzido pela RC 42/03) receitas de impostos podem ser vinculadas às atividades da
administração tributária.
As administrações da U, E e M atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros
e informações fiscais (protegidas por sigilo fiscal), na forma da lei ou convênio. Trata-se de um poder-
dever. Há regra semelhante no art. 199 do CTN.
37. XVI. Em regra, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. Aponta-se como exceções,
desde que (i) haja compatibilidade de horário e (ii) seja respeitado o teto do art. 37, XI:
a) dois cargos de professor;
b) um cargo de professor com outro, técnico ou cientifico;
c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
No texto constitucional encontram-se outras exceções à vedação de acumulação remunerada: vereadores
(38, III), juízes que exercem o magistério (95, parágrafo único, I), membros do MP que exercem o
magistério (128, §5º, II, d).
Nota: Não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a prática de
atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação
específica.
§10. Acrescentado pela EC 20/98. Não pode haver acumulação de proventos decorrentes do regime
próprio de previdência com remuneração de cargo, emprego ou função pública. Aponta-se como exceções
à regra:
a) cargos acumuláveis o cargo em que o servidor se aposentou deve ser acumulável com o cargo
efetivo;
b) cargos em comissão não importa o cargo em que o servidor se aposentou;
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O §10 é complementado pelo §6º, segundo o qual é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria do
regime próprio, salvo se os cargos fossem acumuláveis.
A Lei 8112/90 estabelece regras relativas à acumulação: arts. 118 a 120.
37, XVII. Conforme alteração pela EC 19/98, a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
38. Servidor público eleito para qualquer cargo do Executivo ou Legislativo, federal, estadual ou distrital,
será obrigatoriamente afastado do seu cargo (efetivo ou em comissão), função ou emprego público. A
remuneração será obrigatoriamente a do cargo eletivo.
Servidor público investido no mandato de prefeito, será obrigatoriamente afastado do seu cargo, função
ou emprego público. Poderá optar entre a remuneração do cargo de prefeito e a do cargo, emprego ou
função de que foi afastado.
Servidor público eleito para cargo de vereador, havendo compatibilidade de horários, poderá acumular o
exercício da vereança com o do seu cargo, função ou emprego, recebendo as duas remunerações,
observado o teto do art. 37, XI. Se não existir compatibilidade, o servidor será afastado do seu cargo,
exercendo apenas a vereança, mas podendo optar entre a remuneração do cargo de vereador e a do que
foi afastado.
Em todos os casos em que for exigido o afastamento do servidor do seu cargo, o tempo de exercício no
mandato eletivo será contado para todos os efeitos legais (inclusive para fins de benefício previdenciário),
como se ele em efetivo exercício estivesse, exceto promoção por merecimento.
O caput do art. 39, em sua redação original, estabelecia a obrigatoriedade de adoção, por parte de cada
ente da federação de um único regime jurídico aplicável a todos os servidores integrantes de suas
administrações direta, autárquica e fundacional (além da obrigatoriedade de instituição de planos de
carreira para esses servidores).
Cada ente poderia instituir o regime estatutário (legal) ou o regime de emprego público (celetista) para a
AD, autarquias e fundações públicas.
Como se observa, não há referência ao regime a ser adotado, não sendo, portanto, obrigatória a adoção de
regime jurídico estatutário (não-contratual) para estes servidores. A preocupação do texto foi apenas
impor a necessidade de unificação, eliminando a coexistência, em uma mesma administração, e, muitas
vezes, em um mesmo cargo, de servidores regidos por relações jurídicas diversas quanto a seus vínculos
com a Administração, evitando-se a grande confusão, os atritos e os custos daí resultantes.
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A União optou pelo regime estatutário para disciplinar o vinculo funcional com os seus servidores, através
da Lei 8112/90. Os empregos públicos que até então existiam foram transformados em cargos (art. 243,
§1º).
[crítica de CABM à Lei 8.112:] Aliás, a sobredita lei não apenas instituiu tal regime como o geral, aplicável a
quaisquer servidores púbicos titulares de cargo público na órbita da União, mas, também, conforme
dantes se disse, inconstitucionalmente, colocou sob sua égide servidores não concursados que haviam sido
admitidos pela legislação trabalhista e transformou seus empregos em cargos públicos,
independentemente do tempo de serviço que tivessem (art. 243 e §1º.) Nisto afrontou tanto o art.37, II, da
Constituição, que exige o concurso público de provas ou de provas e títulos para acesso a cargos públicos,
quanto ofendeu ostensivamente o art. 19 e §1º. do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Este
último conferiu estabilidade à data da promulgação da Constituição, mas não autorizou mudanças em seu
regime jurídico e muito menos permitiu sua preposição em cargos públicos, pois, pelo contrário,
estabeleceu que sua efetivação dependeria de concurso público. (CABM)
O STF entende que é inconstitucional a norma estadual que amplie o art. 19 do ADCT
porque essa previsão é uma exceção à regra do concurso público, de forma que deve ser
interpretada restritivamente:
A EC 19/98 alterou o caput do art. 39, eliminando a obrigatoriedade de adoção de regime unificado pelas
pessoas políticas, para as suas AD, autarquias e fundações (também afastou a necessidade de
estabelecimento de planos de carreira). A União, então, editou a Lei 9.962/00, prevendo a contratação de
empregados públicos na AD, autarquias e fundações.
A partir de agosto de 2007, a redação dada ao caput do art. 39 pela EC 19/98 teve sua eficácia suspensa
pelo STF (ADI 2135/DF), em controle concentrado, por inconstitucionalidade formal (não aprovação em
dois turnos). À decisão foram atribuídos efeitos prospectivos (ex nunc), ou seja, toda a legislação editada
durante a vigência da redação suspensa continua válida. Mas voltou a vigorar a redação original, que exige
o regime jurídico único na AD, autárquica e fundacional.
Destaque-se que com a restauração da redação original do caput do art. 39, voltou a haver exigência
expressa para a instituição de planos de carreira para os servidores das administrações diretas, autarquias
e fundações públicas.
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Como visto, durante o período em que não vigorou a obrigatoriedade de adoção de regime jurídico único,
a União editou a Lei 9.962/00, estabelecendo a admissão de pessoal em emprego público, regido pela CLT.
Inclusive permitiu a transformação de cargos em empregos públicos (o que também está suspenso desde
agosto de 2007).
A lei ressalvou: (i) cargos em comissão que sempre foram estatutários e continuaram a ser; (ii) os
servidores regidos pela Lei 8.112/90 que já integrassem a AD, autarquias e fundações quando da
publicação da lei que regulasse a contratação sob emprego público nesses órgãos e entidades.
Como não poderia deixar de ser, exigiu a realização de concurso público para admissão de pessoal. De
acordo com o art. 3º, as hipóteses de dispensa de pessoal são mais restritas que as aplicadas aos
trabalhadores celetistas em geral. O contrato só pode ser rescindido quando houver: 1) prática de falta
grave, tal como relacionado no art. 482, da CLT; 2) acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas; 3) necessidade de redução de quadro, no caso de excesso de despesa, como previsto no art.169
da CF; 4) insuficiência de desempenho apurada em processo administrativo.
Essas regras indicam que não só ficou excluída a hipótese de resilição unilateral do contrato por parte do
Estado-empregador, não sendo assim aplicável nesse aspecto o art. 479 da CLT, mas também que é
vinculada à atividade da União no que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma
hipótese a rescisão contratual poderá dar-se ao mero alvedrio da Administração Federal, decorrente de
valoração de conveniência e oportunidade.
ATENÇÃO: Até pouco tempo atrás, para o STF e o TST era plenamente possível a dispensa imotivada de
empregado público das empresas públicas e das sociedades de economia mista. Nesse sentido:
E, ainda:
Enunciado 390-TST: ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO
DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA
PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é
beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que
admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade
prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da ]SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
Porém, tal entendimento encontra-se mitigado, principalmente porque os empregados públicos também
se submetem ao ingresso por concurso público, não podendo ser, simplesmente, dispensados sem maiores
formalidades. Assim:
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A lei exclui da observância de tais exigências a extinção dos contratos de servidores firmados com base na
regra da autonomia da gestão, de que trata o art. 37, §8º. CF. Significa dizer que é mais frágil o vínculo
trabalhista nesta hipótese e que, em relação a tais contratações, será viável o exercício do direito à
resilição unilateral do contrato pela União, ainda quando o motivo tenha fundamento em razões de
natureza discricionária. (J.S)
FÉRIAS INDENIZADAS
(...) É pacífica jurisprudência da Corte no sentido de que o servidor público tem direito ao
recebimento de indenização pelas férias não gozadas por vontade da Administração, tendo
em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. (STF, AG. REG. NO AI N. 836.957)
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Conforme alterações realizadas nesta lista pela EC 19/98, não existe mais assegurado aos servidores
públicos “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
Mas nada impede que legislador estabeleça, como, inclusive, se dá no art. 61, IV, da Lei n. 8.112/90.
A referida EC ainda estabeleceu autorização para que a lei crie requisitos diferenciados para admissão aos
cargos públicos, quando a natureza do cargo o exija, e haja razoabilidade na discriminação.
Estabilidade
Tem como finalidade assegurar aos ocupantes de cargos públicos de provimento efetivo uma expectativa
de permanência no serviço público, desde que adequadamente cumpridas as suas funções. Visa a evitar
que sejam coagidos a agir em detrimento do interesse público.
Não cabe para cargo em comissão nem, segundo doutrina majoritária, para empregados públicos, seja da
administração direta ou estatais. É instituto próprio do regime de direto público. A estabilidade em cargo
de provimento efetivo é o que se chama efetivação. (CABM)
É tratado no art. 41. A redação original conferia estabilidade apos 2 anos de serviço, não havendo qualquer
hipótese de exoneração por iniciativa da administração. Só se perdia o cargo por (i) infração disciplinar
grave (tipificada em lei e mediante PAD em que se assegurasse ampla defesa) e (ii) sentença judicial
transitada em julgado.
Atualmente o regramento é diferente. De acordo com a EC 19/98, após três anos de exercício
subseqüente à nomeação por concurso, o servidor público goza de estabilidade (art.41). Para sua aquisição
é obrigatória avaliação especial de desempenho, por comissão para tal fim instituída (art.41, §4º)
(CABM).Não existe mais estabilidade pelo decurso do prazo, simplesmente. De acordo com o STJ, é
pressuposto dessa avaliação especial de desempenho o efetivo exercício do cargo, não se computando
períodos de afastamento. RMS 19.884/DF.
A partir da EC 19/98 passam a ser 4 as hipóteses de perda do cargo do servidor estável (não voluntário): as
duas que já existiam e mais (i) insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa e (ii) excesso de despesa com pessoal, nos termos do
169, §4º.
De acordo com o art. 169, §§3º e 4º da CF, se depois de adotadas medidas para saneamento das despesas
com pessoal ativo e inativo (redução de pelo menos 20% das despesas com cargo em comissão e função de
confiança e exoneração dos servidores não estáveis), elas permanecerem acima dos limites estabelecidos
em LC, o servidor estável perderá o cargo. Esses limites estão previstos no art. 19 da LRF: 50% da receita
corrente líquida para a União e 60% da receita corrente líquida para Estados, DF e Municípios.
O servidor exonerado recebera um mês de salário por ano de serviço, como indenização, sendo obrigatória
a extinção do cargo por ele ocupado e vedada a criação de cargo, função ou emprego com atribuições
semelhante ou iguais pelo prazo de 4 anos (169, §§5º e 6º).
A determinação da perda dos cargos por parte dos servidores estáveis, com indenização correspondente a
um mês de remuneração por ano de serviço, parece-nos flagrantemente inconstitucional, por superar os
limites do poder de emenda. (CABM)
Após a estabilidade, caso o servidor seja irregularmente demitido, terá direito à reintegração, e quem lhe
ocupava o lugar será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, aproveitado em outro ou
passado para a inatividade remunerada, isto é, posto em disponibilidade com remuneração proporcional
ao tempo de serviço (art.41, §2º.).
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Cargos e Funções
As relações jurídicas entre os servidores públicos federais e a administração pública federal é regida pela
Lei 8.112/90. Tal lei foi editada em atenção ao caput do art. 39, em sua redação original, que exigia a
instituição de um regime jurídico único, para cada ente federativo.
Definições
De acordo com o art. 3º, cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades que devem ser cometidas a
um servidor. São criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos.
Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente,
previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público
e criadas por lei, salvo quando concernentes aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam
por resolução(...). (CABM).
Como representa um conjunto de atribuições, está relacionado a uma função pública. Pode haver função
pública sem cargo, mas não o inverso.
Os cargos podem ser: de provimento efetivo (o preenchimento é sempre precedido de concurso público)
ou em comissão (livre nomeação e exoneração).
Funções públicas são plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspondentes a encargos de
direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidas por titular de cargo efetivo, da confiança da
autoridade que as preenche (...) (CABM) Como exemplos de funções, tem-se as desempenhadas no caso
de contratação por prazo determinado (37, IX) e as funções de confiança (art. 37, V).
Empregos públicos são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes
contratadospara desempenhá-los, sob relação trabalhista, como, aliás, prevê a Lei 9.962/00. Quando se
trate de empregos permanentes na Administração direta ou em autarquia, só podem ser criados por lei,
como resulta do art.61, §1º, II, “a”(CABM). Nas pessoas de Direito Privado da Administração Indireta, isto
é, nas empresas públicas e sociedades de economia mista e fundações governamentais de Direito Privado,
só há empregos. (CABM)
Os ocupantes de cargos públicos submetem-se a regime estatutário, que é um regime legal, próprio das
pessoas jurídicas de direito público. Ele decorre diretamente da lei (não de contrato), razão pela qual não
existe direito adquirido à manutenção do regime jurídico do servidor público.
[para titulares de cargos] No liame da função pública, composto sob a égide estatutária, o Estado,
ressalvadas as pertinentes disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de alterar
legislativamente o regime jurídico de seus servidores, inexistindo a garantia de que continuarão sempre
disciplinados pelas disposições vigentes quando de seu ingresso. (CABM). É entendimento pacífico no STF a
inexistência de direito jurídico a regime jurídico.
Os servidores públicos podem ser:
a) Estatutários (Servidores Públicos stricto sensu) possuem CARGOS
b) Empregados Públicos (celetistas) possuem EMPREGOS
c) Servidores Temporários possuem FUNÇÃO
O provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido o cargo público, com a designação do
seu titular.
Os cargos públicos podem ser de provimento efetivo ou em comissão.
De acordo com o art. 8º da Lei 8.212/90, as formas de provimento de cargo público são:
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a) nomeação: é a única forma de provimento originário. As outras são de provimento derivado. Pode
dar-se em caráter efetivo ou em comissão. Trata-se de ato administrativo unilateral, que não gera qualquer
obrigação para o nomeado, mas o direito subjetivo de formalizar o vínculo funcional com a administração
pública.
No caso de cargos efetivos, deve necessariamente ser precedido de concurso público. A nomeação para
cargos em comissão é ato discricionário que sequer precisa de motivação, assim como a exoneração.
O nomeado tem 30 dias para tomar posse, contados da nomeação, salvo em caso de licença ou
afastamento, em que o prazo começa após o término deste. Caso não tome posse, o vínculo com a
administração não chega a se aperfeiçoar e nomeação é tornada sem efeito (13, §6º). Titular de cargo
efetivo que deva assumir uma função de confiança, não é “nomeado”, mas “designado”. Já o desligamento
denomina-se “dispensa”.
b) promoção: é a elevação de um Servidor de uma classe para outra dentro de uma mesma carreira. Pode
acontecer por antiguidade ou merecimento.
Algumas leis funcionais distinguem a promoção e a progressão (esta ‘stricto sensu’, porque toda melhoria,
em última análise, retrata uma forma de progressão funcional). Naquela o servidor é alçado de cargo
integrante de uma classe para cargo de outra, ao passo que na progressão o servidor permanece no
mesmo cargo, mas dentro dele percorre um iter funcional, normalmente simbolizado por índices ou
padrões, em que a melhoria vai sendo materializada por elevação de vencimentos. (J.S)
c) readaptação: Segundo CABM, “é a espécie de transferência efetuada a fim de prover o servidor em
outro cargo mais compatível com sua superveniente limitação de capacidade física e mental, apurada em
inspeção médica”. Tem constitucionalidade duvidosa, eis que haverá provimento em cargo para o qual o
servidor não fez concurso público.
d) reversão: é o reingresso do servidor aposentado no serviço ativo, a pedido ou “ex officio”, por não mais
existirem os motivos de sua aposentadoria. Se não houver cargo vago, o servidor que reverter ficará como
excedente.
e) aproveitamento: o servidor que se encontrava em disponibilidade porque o cargo que ocupava foi
extinto ou declarado desnecessário, retorna ao serviço ativo, em cargo semelhante àquele ocupado
anteriormente. A Administração deve realizar o aproveitamento de forma prioritária, antes mesmo de
realizar concurso para aquele cargo.
f) reintegração: o servidor retorna ao cargo após ser reconhecida a ilegalidade de sua demissão,
administrativa ou judicialmente. Deve voltar para o mesmo cargo que ocupava anteriormente ou, não
sendo possível, ao seu sucedâneo ou equivalente, com integral reparação dos prejuízos que lhe advieram
do ato injurídico que o atingira. (...); (CABM.)
g) recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo que ocupava anteriormente, por não ter sido
aprovado no estágio probatório relativo a outro cargo para o qual subseqüentemente fora nomeado, quer
por haver sido desalojado dele em decorrência de reintegração do precedente ocupante. (CABM). Segundo
o STJ, não é possível aplicação do instituto da recondução a servidor estadual na hipótese em que o
ordenamento do Estado for omisso.
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Com a extinção legal da transferência, o único provimento derivado horizontal é a readaptação (a qual,
aliás, não é senão uma modalidade de transferência). (CABM.)
De acordo com a S. 685 do STF convertida em súmula vinculante 43:
Com base nesse entendimento, as formas de provimento transferência (era a passagem de um Servidor de
um quadro para outro dentro de um mesmo poder, também era uma forma de vacância e de provimento)
e ascensão funcional (o servidor migrava de carreira) foram consideradas inconstitucionais pelo STF e
posteriormente revogadas da Lei 8112/90.
Entende a doutrina que as três formas de provimento derivados previstas na CRF – reintegração,
aproveitamento e recondução (41, §§2º e 3º) –, bem como as que não impliquem ingresso de servidor em
cargo diverso daquele no qual foi originalmente nomeado por concurso publico, são legítimas e
constitucionais. As demais, a exemplo da readaptação, até que sejam revogadas, integram o ordenamento
jurídico, ostentando presunção de legalidade.
Posse
De acordo com o art. 7º, a investidura no cargo público ocorre com a posse. Posse é o ato bilateral, por
meio do qual o servidor é investido nas atribuições e responsabilidades inerentes ao seu cargo.
Somente há posse no caso de nomeação. Antes da posse o nomeado ainda não é servidor público. O
vinculo só é formado por meio da posse.
O ato de posse enquadra-se naquilo que Léon Duguit chama de “ato-condição”, ou seja, a manifestação do
agente é necessária unicamente para que ele se insira em um regime jurídico preestabelecido, não passível
de modificação por sua vontade.
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração tem
direito a receber a remuneração retroativa? Em Regra, não. Não cabe indenização a servidor empossado
por decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Exceção: será devida
indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi nomeado logo por conta de
uma situação de arbitrariedade flagrante. (RE 724347).
Exercício
Estágio Probatório
De acordo com o art. 20: “Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
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capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
assiduidade; disciplina; capacidade de iniciativa; produtividade; e responsabilidade.”
Não deve ser confundido com estabilidade. O estágio probatório serve para avaliar a aptidão para o
exercício de determinado cargo. A estabilidade é adquirida uma única vez pelo servidor de um mesmo ente
federado. Após a EC 19/98 o prazo da estabilidade passou a ser de 3 anos, não mais coincidindo com o
prazo do estágio probatório, 24 meses.
Na seara federal, a questão foi resolvida por parecer da AGU, aprovado pelo PR, adotando o entendimento
de que o estágio probatório tem duração de 3 anos, pois seria o único compatível com o prazo para
aquisição da estabilidade. Posteriormente, o STF (SS 3957) e o STJ (MS 12523) adotaram o mesmo
entendimento, agora aplicável a todos os entes federados.
Assim, embora a Lei n. 8.112 ainda mantenha em seu art. 20 a previsão de 24 meses, entende-se
pacificamente que o prazo de estágio probatório é de 36 meses, se compatibilizando com o prazo de
estabilidade da CF.
Embora a exoneração por não ter sido aprovado em estágio probatório não tenha caráter de sanção, o STF
entende que deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa. Neste sentido, Súmula 21:
“Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as
formalidades legais de apuração de sua capacidade”.
De acordo com o STF, a inassiduidade decorrente de greve, não pode implicar exoneração de servidor em
estágio probatório, nem sanção disciplinar. RE 226.966 e ADI 3235, respectivamente.
Também decidiu o STF que o estágio probatório não protege o servidor em caso de extinção do cargo.
Neste caso, o não estável será exonerado.
Há sistemas funcionais que incluem, como etapa do concurso, um período de exercício antecipado das
funções do cargo, denominado estágio experimental [não é a mesma coisa que o estágio probatório]. Este
estágio tem a natureza jurídica de prova de habilitação, a mesma, aliás, das demais provas de
conhecimento e, como é óbvio, antecede à nomeação. O estagiário, assim, ainda não é servidor, mas mero
candidato em fase de concurso [ressalve-se o conceito da Lei de Improbidade e do CP]. Em tais sistemas,
parece-nos legítimo exigir do candidato que preencha os requisitos do cargo ao momento da designação
para o estágio, e não ao momento da futura nomeação, e isso porque, embora ainda não ocupe cargo, o
candidato vai exercer funções a ele relativas. (J.S)
Vacância é a saída do servidor público de seu cargo, emprego ou função. O cargo fica sem titular,
tornando-o possível de ser ocupado por outra pessoa. São hipóteses de vacância:
a) Exoneração: dispensa do servidor público por pedido deste ou pela Administração. Não assume caráter
disciplinar.
Exoneração a pedido: se o servidor estiver respondendo a processo administrativo, não poderá ser
exonerado a pedido.
Exoneração de Ofício:
- cargos em comissão: a administração não precisa motivar o ato, pois o mesmo é discricionário. Servidor
demissível “ad nutum”. Se houver indicação dos motivos, a administração ficará vinculada a esses motivos
– é a aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes – e terá que comprová-los.
- Não aprovação no estágio probatório: característica de ato vinculado, pois necessita obedecer ao
procedimento estabelecido na lei e apontar os motivos em que se fundamenta.
- Quando o servidor que já tomou posse no cargo público, não entra em exercício no prazo estabelecido na
lei;
- quando for extinto cargo ocupado por servidor não estável;
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- o servidor não estável está ocupando cargo que deva ser provido mediante reintegração de outro
servidor anteriormente demitido ilegalmente;
- por insuficiência de desempenho (41, § 1º, III, da CF/88);
- por excesso de despesa com pessoal (169, § 4º, da CF/88).
b) Demissão: é imposta ao servidor pelo cometimento de falta disciplinar e tem a natureza de
sancionatória;
c) Promoção;
c) Falecimento;
d) Aposentadoria;
e) Readaptação;
f) Posse em outro cargo inacumulável;
i) Avaliação insatisfatória de desempenho (art. 41, § 1º, III, da CF/88);
j) Para atender limite de despesas com pessoal ativo e inativo (art. 169, § 4º, da CF/88).
Ocorrem simultaneamente vacância e provimento nos casos de promoção, readaptação e posse em outro
cargo inacumulável.
Dos Direitos
adicional noturno;
adicional de férias;
outros, relativos ao local ou natureza do trabalho;
gratificação por encargo de curso ou concurso.
As licenças previstas na lei são:
por motivo de doença em pessoa da família;
por motivo de afastamento do cônjuge;
para o serviço militar;
para atividade política;
para capacitação;
para tratar de interesses particulares;
para o desempenho de mandato classista ou para participar de administração em cooperativa de
servidores públicos;
para tratamento de saúde;
à gestante, à adotante e licença-paternidade
por acidente em serviço.
Os afastamentos previstos são:
para servir a outro órgão ou entidade (93);
para exercício de mandato eletivo (94);
para estudo ou missão no exterior (95 e 96);
para participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país (96-A).
Todos os afastamentos ocorrem com a contagem do tempo de serviço para todos os efeitos legais, deles
ressalvada em um único caso: o de afastamento para mandato político, em que a contagem não se faz para
fins de promoção por merecimento. (CABM)
As concessões podem ser de duas categorias:
a) Direito de ausentar-se do serviço, sem qualquer prejuízo, durante (97):
um dia, para doação de sangue;
dois dias, para se alistar como eleitor;
oito dias consecutivos em razão de casamento;
oito dias consecutivos em razão de falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos;
b) Direito a horário especial concedido (98):
ao servidor estudante, sem prejuízo do exercício do cargo, exigida a compensação de horário;
ao servidor portador de deficiência, comprovada a necessidade por junta médica oficial, sem
exigência de comprovação de horário;
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência física, exigida a
compensação de horário;
ao servidor que atue como instrutor ou participe de banca examinadora, nas hipóteses que
ensejam a percepção da gratificação por encargo de curso ou concurso do art. 76-A, exigida a
compensação de horário, a ser efetivada no prazo de até 1 ano;
direito, concedido ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração, de
matricular-se em instituição de ensino congênere, em qualquer época, independentemente de
vaga, na localidade da nova residência ou na mais próxima, extensivo ao cônjuge ou companheiro,
aos filhos ou enteados do servidor que vivam em sua companhia, bem como aos menores sob sua
guarda, com autorização judicial (99).
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Trata-se a remoção da mudança do servidor, dentro do quadro a que pertence, com ou sem a alteração da
sede de seu local de trabalho, com o objetivo de preencher claro na lotação. Não se trata de nova
investidura(...) (A.F). Há apenas a mudança de lotação, de localização do exercício das funções.
Distinção entre remoção e transferência: Uma vez em vigor a nova Constituição, com o texto do art.37, II,
impondo que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação em concurso público,
sem a ressalva de que esta exigência somente se daria em relação à primeira investidura, tornou-se
impossível a utilização do instituto da transferência. (...) Todavia, a remoção, que é a movimentação do
servidor no mesmo órgão, dentro de sua carreira, implicando apenas em movimentação espacial, esta
continua vigente(...) (A.F)
Obs.: houve revogação expressa da parte da Lei 8.112, que tratava de transferência (art. 23 e parágrafos,
revogados pela Lei n. 9.527/97)
Existe também a figura da redistribuição (art. 37): é o deslocamento de cargo de provimento efetivo,
ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder,
com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: a) interesse da
administração; b) equivalência de vencimentos; c) manutenção da essência das atribuições dos cargos; d)
vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; e) mesmo nível de
escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; f) compatibilidade entre as atribuições do cargo e
as finalidades institucionais do órgão ou entidade. Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
aproveitamento (ou ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
aproveitamento).
Do Regime Disciplinar
No art. 116, encontram-se os deveres dos servidores estatutários: (a) exercer com zelo e dedicação as
atribuições do cargo; (b) ser leal às instituições a que servir; (c) observar as normas legais e
regulamentares; (d) cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; (e) atender com
presteza: (i) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
(ii) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse
pessoal; (iii) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. (f) levar ao conhecimento da autoridade
superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; (g) levar as irregularidades de que tiver
ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de
envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; (h) zelar pela
economia do material e a conservação do patrimônio público; (i) guardar sigilo sobre assunto da
repartição; (j) manter conduta compatível com a moralidade administrativa; (k) ser assíduo e pontual ao
serviço; (l) tratar com urbanidade as pessoas; (m) representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
poder1.
A inobservância dos deveres constitui infração funcional e acarreta para o servidor sanções disciplinares. A
lei, porém, não relaciona sanção especifica para o descumprimento de cada um desses deveres. Estatui
genericamente que será aplicada advertência, se não se justificar a imposição de penalidade mais grave
(129).
A lei lista proibições no art. 117, cujos descumprimentos levam a penalidades especificamente indicadas
na norma:
1A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representado ampla defesa.
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a) proibições que acarretam advertência (salvo se o servidor for reincidente, quando poderá ser
suspenso):
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
b) proibições que acarretam suspensão (além das hipóteses de reincidência do grupo anterior):
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho;
c) proibições que acarretam demissão:
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada,
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
d) proibições que acarretam demissão e incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 anos:
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
pública;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
A lei estabelece uma hipótese especifica de suspensão por até 15 dias, para o servidor que,
injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada por autoridade
competente, cessando os efeitos, uma vez cumprida a determinação (130, §1º).
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A prescrição da ação disciplinar ocorre a partir do momento em que o fato se tornou conhecido, em (142):
a) 5 anos quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou de disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;
b) 2 anos, quanto à suspensão;
c) 180 dias, quanto à advertência.
Se a infração for também tipificada como crime ou contravenção, o prazo prescricional será o da lei penal
(142, §2º).
A abertura de sindicância ou de processo ou de PAD interrompe (não suspende) a prescrição, até decisão
final da autoridade competente (142, §3º). De acordo com o STF, a prescrição interrompida pela
instauração de PAD começa a fluir, por inteiro, imediatamente depois do término do prazo para que a lei
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estabelece para a decisão ser proferida, caso não tenha sido proferida até essa data: 140 dias (60 dias,
prorrogáveis por mais 60, para conclusão do PAD + 20 dias para a autoridade julgadora proferir sua
decisão).
O ressarcimento ao erário é imprescritível.
Responsabilidade do servidor
O mesmo ato pode acarretar responsabilização nas esferas administrativa (penalidades disciplinares), civil
(indenização por danos patrimoniais e morais) e criminal (sanções penais).
A responsabilidade civil dos agentes públicos é do tipo subjetiva, por culpa lato sensu. Ou seja, respondem
pelos danos que causar se o Estado provar que ele agiu com dolo ou culpa.
A responsabilidade penal decorre da prática de ato que configure crime ou contravenção (123).
De acordo com o art. 125, as responsabilidades civil, penal e administrativa são independentes. Pode-se
dizer que essa é a regra geral. Mas há exceções:
a) a condenação criminal do servidor, formando um título executivo judicial, acarreta na responsabilização
do servidor nas esferas civil e administrativa;
b) a absolvição criminal pela negativa do fato ou da autoria interfere nas esferas administrativa e civil
(126), de maneira que a condenação deve ser desfeita, se já tiver ocorrido.
A absolvição criminal por insuficiência de provas ou por qualquer outra razão, não interfere das demais
esferas.
A doutrina e a jurisprudência utilizam a expressão “falta residual” para se referir ao fato que não chega a
acarretar condenação na seara penal, mas configura ilícito administrativo ou cível. Sobre o assunto,
destaque-se a Súmula 18 do STF:
“PELA FALTA RESIDUAL, NÃO COMPREENDIDA NA ABSOLVIÇÃO PELO JUÍZO
CRIMINAL, É ADMISSÍVEL A PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO”.
São dois os instrumentos para apuração da responsabilidade administrativa dos servidores públicos quanto
a fatos praticados no exercício da função ou relativas às atribuições do cargo: sindicância e PAD.
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover sua apuração
imediata, mediante sindicância ou PAD (143).
O PAD será sempre necessário para aplicação das penalidades de suspensão por mais de 30 dias,
demissão, cassação de aposentadoria, de disponibilidade e destituição de cargo em comissão (146). Para
aplicação de advertência e suspensão por até 30 dias, basta a sindicância.
Sindicância
A sindicância é meio mais célere para apurar irregularidades praticadas pelos servidores. Da sua conclusão
pode resultar uma das seguintes hipóteses (149):
a) arquivamento do processo;
b) aplicação das penalidades de advertência ou de suspensão por até 30 dias;
c) instauração de PAD, se o caso ensejar penalidade mais grave. Neste caso, os autos da sindicância
integrarão o processo disciplinar, como peça informadora da instrução (154).
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Enquanto a sindicância tiver caráter meramente investigativo (inquisitório), sem que exista acusação
formal a um servidor, ou alguma imputação que possa ser contraditada, não se exige o respeito ao
contraditório e à ampla defesa.
Sempre que a administração pretender aplicar uma penalidade, mediante procedimento de sindicância,
deverá assegurar, obrigatoriamente, contraditório e ampla defesa.
Ressalta-se que a sindicância não é uma etapa do PAD, nem é obrigatório que o preceda. Mas se os fatos
apurados na sindicância ensejarem punição mais grave que a possível em sua seara, os autos da sindicância
integrarão o PAD como peça informativa da instrução.
Processo Administrativo Disciplinar
O Processo Administrativo Disciplinar compreende três fases, a instauração, o inquérito administrativo
dividido em instrução, defesa e relatório, e o julgamento.
Se a Autoridade Administrativa não tiver elementos suficientes para instaurar o Processo Administrativo
Disciplinar, quer por dúvidas quanto a autoria do fato ou quanto à materialidade (irregularidade ou não no
serviço público), procederá à sindicância.
Vejamos agora, sucintamente, as fases que compõem o Processo Disciplinar:
a) Instauração: Ocorre com a publicação do ato que constitui a comissão que vai julgar o indigitado
servidor. É de suma importância que a peça de início determine de forma clara e precisa o objeto da lide
de forma a possibilitar a justificação plena do apontado;
Concluídos todos os atos instrutórios (oitiva de testemunhas, do servidor, acareações etc.), de posse dos
elementos de prova, a administração vai decidir pelo arquivamento do PAD ou pelo indiciamento do
servidor, se entender que há tipificação de infração disciplinar.
Da indiciação constarão os fatos imputados ao servidor e as provas produzidas, devendo ser seguida pela
citação do servidor, para que apresente a sua defesa escrita. Atenção: no PAD, a instrução precede a
citação e a apresentação de defesa escrita!!
O indiciado é citado para apresentação de defesa escrita em 10 dias, contados da ciência da citação. Se
houver mais de um indiciado, o prazo será comum, de 20 dias, a contar da citação do último citado. O
prazo pode ser duplicado, pelo presidente da comissão. Pode haver publicação por edital quando, então, o
prazo será de 15 dias, a contar da data da última publicação.
A citação é o último ato da instrução.
- Defesa: caso o indiciado não apresente defesa, será decretada sua revelia, mas os efeitos são
completamente diversos dos do processo civil, em decorrência do princípio da verdade material. No PAD, a
revelia não gera presunção legal alguma contra o servidor (não possui efeito de confissão), vale dizer, o
ônus probatório continua sendo da administração. Ao revel será nomeado defensor dativo, que deverá ser
de ocupante de cargo efetivo superior ou do mesmo nível do indiciado, ou ter grau de escolaridade
superior ou igual.
Sempre haverá uma defesa escrita no PAD. Após sua analise, passa-se à última fase do inquérito
administrativo: a elaboração do relatório.
- Relatório: deve constar um resumo das peças principais dos autos e as provas em que a comissão se
baseou para formar seu convencimento. Sempre deverá ser conclusivo, devendo a comissão manifestar
sua opinião sobre a inocência ou responsabilidade do servidor. Neste último caso, deverá indicar os
dispositivos transgredidos, bem como as atenuantes e agravantes. Terminado o relatório, encerra-se o
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trabalho da comissão, sendo o processo encaminhado para a autoridade que determinou a sua abertura,
para julgamento.
b) Julgamento: a autoridade julgadora deve proferir a decisão em 20 dias, contados do recebimento do
processo (167), prazo que é impróprio. A conseqüência que pode advir da demora não é a nulidade do
processo, mas a prescrição da infração. Se esta se der por motivo imputável à autoridade julgadora, será
esta responsabilizada (169, §2º).
Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da que determinou a instauração do PAD, será ele
encaminhado à autoridade competente. Se houver mais de um indiciado, o julgamento caberá à
autoridade competente para imposição da penalidade mais grave (167).
De acordo com o art. 141, as penalidades serão aplicadas:
quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor
vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade, pelo Presidente da República, pelos Presidentes
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República;
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias, pelas autoridades administrativas de
hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no item “a”;
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias, pelo chefe da repartição e outras
autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,;
quando se tratar de destituição de cargo em comissão, pela autoridade que houver feito a
nomeação.
De acordo com o STF, a competência para aplicação da penalidade de demissão pode ser delegada pelo
PR a seus ministros. MS 25.518.
MAS NÃO CABE AO PRESIDENTE DO STF (POR EXEMPLO) APLICAR PENA DE SUSPENSÃO
(...) Na sequência, ressaltou que o art. 141, I e II, da Lei 8.112/1990 expressamente excluiria da esfera de
atribuições da presidência dos tribunais federais a aplicação de penalidades que não fossem de
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão ou entidade.
A autoridade julgadora não está vinculada ao parecer da comissão. Mas existe uma vinculação relativa,
já que a lei diz que o relatório deve ser acatado, salvo se contrariar a prova dos autos. Apenas neste caso
a autoridade poderá agravar ou abrandar a penalidade indicada ou isentar o servidor da penalidade.
Cabe destacar que o art. 170 da Lei 8.112, prevê que extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor. O STF, recentemente,
entendeu que o art. 170 da Lei 8.112/1990 é inconstitucional, tendo em vista que a anotação dessa
ocorrência em ficha funcional violaria o princípio da presunção de inocência. (MS 23262).
No art. 40, a CRF trata do regime de previdência social aplicável aos titulares de cargos efetivos da União,
Estados, DF e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. O STF já decidiu que essa regra é
obrigatória, declarando inconstitucional lei que incluía servidores não efetivos no regime disciplinado pelo
art. 40. Nesse sentido, entendeu o STF que os notários não podem ser incluídos no Regime Próprio.
Trata-se do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), o qual não se aplica para os ocupantes
exclusivamente de cargos em comissão, função temporária e emprego público (§13).
O RPPS foi profundamente alterado pelas reformas realizada por meio da EC 20/98 e 41/03, que se
propuseram a assegurar um relativo equilíbrio financeiro ao sistema. A EC 47/05 atenuou algumas perdas
de direitos previdenciários que os servidores tiveram com a EC 41/03.
De acordo com o regramento constitucional, deve-se destacar algumas características/regras:
O regime tem caráter contributivo: não importa apenas o tempo de serviço do servidor, mas o tempo de
efetiva contribuição, sendo vedado ao legislador o estabelecimento de algum tempo de contribuição
fictício.
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O regime tem caráter solidário. A referência textual à solidariedade (introduzida pela EC 41/03) teve como
intuito reforçar a legitimidade da exigência de contribuição aos aposentados e pensionistas.
Devem contribuir para o sistema o ente público, os servidores ativos, inativos e pensionistas (caput),
devendo observar critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.
A contribuição da União foi regulamentada na Lei 10.887/04, estabelecendo que será o dobro da
contribuição do servidor ativo, cuja arrecadação será contabilizada em conta específica. A União deverá
cobrir, ainda, eventuais insuficiências financeiras para pagamento dos benefícios (art. 8º).
O §18 detalha a regra da contribuição dos aposentados e pensionistas: a partir da EC 41/03 passa a incidir
contribuição previdenciária sobre aposentadorias e pensões, concedidas pelo RPPS, que superem o limite
máximo para os benefícios do RGPS, com percentual igual ao estabelecido para os servidores ativos (11%).
O STF declarou constitucional a contribuição dos inativos e pensionistas, mesmo dos que já o eram ao
tempo da entrada em vigor da EC 41/03, ou que já tivessem conquistado direito adquirido ao benefício
(4º, EC 41/03). ADI 3128/DF.
O art. 4º da EC 41/03 estabelecia uma contribuição maior para os que já fossem aposentados ou
pensionistas, ou tivessem direito adquirido ao benefício, ao tempo de sua publicação: a contribuição
incidiria sobre o que ultrapassasse 50% do teto do RGPS para beneficiários dos Estados, DF e Municípios e
60%, para os da União. O STF considerou a diferenciação inconstitucional, firmando que a contribuição
deve ser idêntica, em qualquer caso, e incidir sobre o que ultrapassar o teto do RGPS. Informativo 357.
As alíquotas cobradas pelos Estados, DF e Municípios, tanto de seus servidores quanto de seus
aposentados e pensionistas não poderão ser inferiores à cobrada pela União (149, §1º, com redação dada
pela EC 41/03).
A contribuição incidirá apenas sobre as parcelas de aposentadorias em pensões que superem o dobro do
teto do RGPS quando o beneficiário for portador de doença incapacitante, na forma da lei (§21 incluído
pela EC 47/05).
O servidor que completar os requisitos para aposentadoria voluntária não proporcional (§1º, III, a), mas
que decidir continuar em atividade, fará jus a um abono de permanência, que equivale à dispensa de
pagamento da contribuição previdenciária (§18).
A EC 41/03 também confere direito ao abono de permanência aos servidores que: a) ingressaram no
serviço público antes da EC 20/98 e que, podendo requerer aposentadoria voluntária, nos termos da regra
de transição prevista no art. 2º da EC 41, não o façam; b) tinham direito adquirido à aposentadoria na data
da publicação da EC 41 e permaneçam na ativa. V. 2º, §5º e 3º, §1º da EC 41/03.
A EC 41/03 vedou a existência de mais de um regime próprio para os titulares de cargos efetivos e de mais
de uma unidade gestora (§20). Ressalvou, porém, o regime de previdência dos militares, que deve ser
disciplinado em lei própria (142, 3º, X).
É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do RPPS, ressalvadas as decorrente de cargos
acumuláveis (§6º).
É vedada adoção de critérios diferenciadores para concessão de aposentadoria para os abrangidos pelo
RPPS, ressalvados os definidos em LC, para os servidores: a) portadores de deficiência; b) que exerçam
atividades de risco; c) cujas atividades sejam exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde
ou integridade física. (§4º).
Corroborando sua novel posição concretista individual direta, o STF, no julgamento do MI 721, diante da
ausência da referida lei complementar regulamentadora da aposentadoria especial do servidor público,
determinou que fossem aplicadas as disposições concernentes à aposentadoria especial dos
trabalhadores em geral, previstas na Lei n. 8.213/912.
2 "Mandado de injunção — Natureza. Conforme disposto no inciso LXXI do artigo 5º da Constituição Federal, conceder-
se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. A carga de
declaração não é objeto da impetração, mas premissa da ordem a ser formalizada. Mandado de injunção — Decisão — Balizas.
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Recentemente, corroborando o entendimento acima exposto, o STF editou a Súmula Vinculante n. 33, nos
seguintes termos:
Ressalte-se que este entendimento somente se aplica às aposentadorias especiais com base no inciso III,
persistindo a ausência de regramento legislativo em relação às hipóteses dos incisos I (deficientes) e II
(atividades de risco).
No que diz respeito à conversão do tempo especial em comum, prevista pelo § 5° do artigo 57 da lei
8.213/91 o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido de que o art. 40, § 4º, d a
Constituição Federal não garante a contagem de tempo de serviço diferenciada ao servidor público, mas,
tão somente, o efetivo gozo da própria aposentadoria. (MI 1577).
Quanto aos policiais militares, o STF entendeu que não se aplica a regra de aposentadoria especial do art.
4º, parágrafo 4º, da CR, porque os militares não podem ser considerados, atualmente, como servidores
públicos, sendo a eles aplicável um regime próprio (art. 142, parágrafo 3º, X, da CR).
No que toca aos deficientes, foi editada a LC 142/2013, regulamentando a aposentadoria especial para
este grupo de segurados do RGPS. Assim, novamente se abrirá a possibilidade de aplicação da legislação
referente ao RGPS aos servidores vinculados ao RPPS. Ressalte-se, entretanto, que não existe ainda
manifestação dos Tribunais Superiores sobre o assunto.
Dessa forma, a CF/88 exige a edição de uma Lei Complementar definindo os critérios para a
concessão da aposentadoria especial aos servidores públicos portadores de deficiência.
Essa Lei Complementar ainda não foi editada. Por essa razão, é bem provável que o STF, se
for provocado por meio de mandado de injunção, reconheça que o Presidente da República
está em “mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei
para regulamentar o art. 40, § 4º, I, da CF/88. Diante disso, o STF, ao julgar este eventual
mandado de injunção irá certamente determinar que sejam aplicadas aos servidores
públicos portadores de deficiência os critérios e condições previstos nesta LC 142/2013.
Afirma-se isso porque o STF, ao julgar o MI 721/DF (e vários outros que foram ajuizados
depois), determinou que fossem aplicadas aos agentes públicos as regras próprias dos
trabalhadores em geral, previstas no art. 57 da Lei n. 8.213/91, de modo a viabilizar que a
Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considerada a relação jurídica nele revelada. Aposentadoria —
Trabalho em condições especiais — Prejuízo à saúde do servidor — Inexistência de lei complementar — Artigo 40, § 4º, da
Constituição Federal. Inexistente a disciplina específica da aposentadoria especial do servidor, impõe-se a adoção, via
pronunciamento judicial, daquela própria aos trabalhadores em geral — artigo 57, § 1º, da Lei n. 8.213/91." (MI 721, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 30-08-07, DJ de 30-11-07)
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O STF considerou, a despeito de também não haver regulamentação específica, que os agentes sujeitos a
regime celetista antes da CRFB/88, que foram transformados em estatutários por força da exigência de
instituição de regime jurídico único, têm direito adquirido a contagem especial do tempo de serviço
prestado como celetistas em condições insalubres, perigosas ou penosas, nos termos da legislação à época
aplicável. RE 258.327/PB.
O que não ocorre, ainda segundo o Supremo, com relação aos que ingressaram após a CRFB/88. Com
relação a esses o STF entendeu que não se extrai da norma contida no art. 40, § 4º, III, da Constituição
Federal (Art. 40,§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em
leis complementares, os casos de servidores: III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física) a existência de dever constitucional de legislar acerca do
reconhecimento à contagem diferenciada e da averbação de tempo de serviço prestado por servidores
públicos em condições prejudiciais à saúde e à integridade física. No caso, destacou-se que a jurisprudência
da Corte limitar-se-ia à pronúncia do direito à aposentadoria especial dos servidores públicos (informativo
697).
Cálculo dos Benefícios
Os proventos serão calculados tendo como base as contribuições dos servidores (§3º). Essa alteração feita
pela EC 41/03 representa o fim da integralidade, ou seja, do direito de se aposentar com base na
totalidade da última remuneração. Atualmente, mesmo os que fizerem jus a aposentadoria com
“proventos integrais”, o seu valor corresponderá a uma média calculada com base nas remunerações
sobre as quais o servidor contribuiu ao longo de sua via profissional (80% maiores contribuições), nos
termos da lei. A Lei em questão é a 10.887/04.
A expressão ‘proventos proporcionais’, que a Constituição usa, logicamente parece contrapor-se a
‘proventos integrais’, que a Constituição não mais usa. Continuaremos nos servindo desta terminologia
tradicional, mas cumpre esclarecer que, a partir da Emenda 41, de 19.12.03, ‘proventos integrais’ não mais
significa, como anteriormente, que os proventos corresponderão necessariamente ao que o servidor
percebia na ativa. (CABM)
Todos os valores de remuneração, considerados para o cálculo dos proventos, serão devidamente
atualizados na forma da lei (§17).
Os proventos e pensões não podem exceder a remuneração do servidor, no cargo em que se deu a
aposentadoria ou serviu de referência para concessão da pensão.
Assegura-se o reajustamento dos benefícios, de modo a preservar o valor real, na forma da lei (§8º). A
redação original desse parágrafo, previa a regra da paridade, segundo a qual sempre que se modificassem
as remunerações dos servidores em atividade, os proventos seriam reajustados pelos mesmos índices e na
mesma data, além de se entenderem aos aposentados e pensionistas benefícios e vantagens concedidos
aos pensionistas.
A EC 41/03 acabou com a regra da paridade para os que ingressaram no serviço público após a sua
publicação. Todavia, o STF tem decisões que atenuam a regra da paridade para os que ainda fazem jus a
ela: entende que só devem ser estendidos aos aposentados as vantagens de natureza geral, que não
dependam do atendimento de condição escrita em lei (ex.: gratificações vinculadas ao desempenho).
Assim, se a administração começar a pagar indistintamente, sem qualquer critério de aferição do
desempenho ou relacionada com o exercício material da função, considera-se mantido o caráter geral e,
portanto, extensível a todos que fazem jus à regra da paridade.
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08/05/2015, data
em que entrou em
vigor a EC 88/2015,
a aposentadoria
compulsória para
esses cargos foi
elevada para 75
anos. Não foi
necessária qualquer
lei ou outra
providência.
Obs: essa alteração
foi feita mediante a
inserção do art. 100
ao ADCT da CF/88.
2ª novidade: a EC
88/2015 autorizou
que fosse editada
Lei Complementar
aumentando para 75
anos a idade da
aposentadoria
compulsória para os
demais servidores
públicos.
Regulando a
segunda hipótese,
foi editada a LC
152/2015.
A aposentadoria
compulsória aos 75
anos vale para:
I - os servidores
titulares de cargos
efetivos da União,
dos Estados, do
Distrito Federal e
dos Municípios,
incluídas suas
autarquias e
fundações;
II - os membros do
Poder Judiciário;
III - os membros do
Ministério Público;
IV - os membros das
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Defensorias
Públicas;
V - os membros dos
Tribunais e dos
Conselhos de
Contas.
Proventos Integrais
OBS: o professor que
comprove exclusivo
tempo de efetivo
Homem – 60 anos e
10 anos de efetivo exercício das funções de
35 de contribuição;
exercício no serviço magistério na educação
Mulher – 55 anos e
público; 5 anos no infantil e no ensino
Voluntária 30 de contribuição
cargo efetivo em que fundamental e médio,
se dará a terão o tempo de
aposentadoria contribuição e a idade
reduzidas em 5 anos.
Proventos proporcionais
Homem – 65 anos;
OBS: não se exige tempo
Mulher – 60 anos
de contribuição mínimo
Como visto, todas as aposentadorias, para quem ingressou após a EC 41/03, serão:
a) quanto à base de cálculo: calculada com base na média das 80% maiores contribuições (acabou com
regra dos proventos iguais à remuneração do último cargo efetivo);
b) quanto ao critério de reajuste (para aposentadorias e pensões): calculada com base na inflação, a fim de
preservar o valor real (acabou com a regra da paridade = os inativos recebiam o mesmo reajuste dos
ativos, nos mesmos índices e na mesma data).
A EC 70/12 criou uma exceção a essa regra, exclusivamente para a aposentadoria por invalidez. Quem
tiver ingressado até a data da publicação da EC 41, em 19/12/03, e que já tenha se aposentado ou venha a
se aposentar por invalidez permanente, fará jus a proventos calculados com base na remuneração do
cargo efetivo em que se der a aposentadoria e reajuste dos inativos, igual ao dos ativos (paridade).
Atenção: continua sendo proporcional, apenas não será calculada com base na média das contribuições!
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PLS 274/2015: Com o objetivo de regulamentar essa parte final do inciso II do § 1º do art. 40 da CF/88
(acima transcrito), foi proposto o propôs projeto de lei complementar (PLS 274/2015) ampliando para 75
anos a aposentadoria compulsória de todos os servidores públicos.
O projeto foi votado e aprovado pelo Congresso Nacional, tendo sido encaminhado para sanção da
Presidente da República.
Ocorre que a Presidente da República VETOU o PLS 274/2015 aprovado, conforme mensagem publicada no
Diário Oficial da União de 23/10/2015.
As razões invocadas para o veto foram jurídicas, tendo a Presidente afirmado que o projeto aprovado seria
inconstitucional porque a iniciativa para tratar sobre o tema seria exclusiva do chefe do Poder Executivo,
nos termos do art. 61, § 1º, II, da CF/88.
Em 01/12/2015, o Congresso Nacional decidiu rejeitar (derrubar) o veto, nos termos do art. 66, § 4º da
CF/88.
Como o veto não foi mantido, o projeto foi novamente enviado para a Presidente da República (art. 66, §
5º), que o promulgou, transformando-o na Lei Complementar nº 152/2015, que iremos agora analisar.
Como vimos acima, o projeto que deu origem à LC 152/2015 foi vetado pela Presidente da República em
23/10/2015, tendo o veto sido rejeitado e a LC 152/2015 publicada em 04/12/2015. Diante disso,
indaga-se: os servidores que foram obrigados a se aposentar compulsoriamente aos 70 anos depois do
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veto (23/10/2015) e antes da LC (04/12/2015) poderão pedir para retornar ao serviço público sob o
argumento de que o veto foi derrubado?
NÃO. A aposentadoria compulsória se perfaz no momento do implemento da idade e o ato administrativo
que formaliza a concessão é meramente declaratório. Em outras palavras, a pessoa se aposenta
compulsoriamente no dia em que completa a idade-limite.
Some-se a isso o fato de que a rejeição de um veto não produz efeitos retroativos. A rejeição de um veto
obriga que o projeto aprovado seja promulgado, transformando-se em lei. No entanto, essa lei somente
passa a vigorar quando publicada. Assim, a LC 152/2015 somente entrou em vigor no dia 04/12/2015, data
de sua publicação. Apenas neste dia foi instituída a aposentadoria compulsória aos 75 anos para os
servidores públicos em geral.
A LC 152/2015 é uma lei editada pelo Congresso Nacional. Ela poderia ter tratado sobre a aposentadoria
de servidores dos Estados, do DF e dos Municípios?
SIM. A Lei Complementar mencionada pelo art. 40, § 1º, II, da CF/88 (com redação dada pela EC 88/2015)
deveria ser realmente, como o foi, uma lei complementar nacional, ou seja, editada pelo Congresso
Nacional.
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que, embora a competência para legislar sobre a
previdência dos servidores públicos (RPPS) seja concorrente, a União tem a competência para editar a lei
complementar que funcionará como norma de caráter nacional para regulamentar a matéria.
(STF. Plenário. MI 1898 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 16/05/2012).
Vamos agora ao tema mais polêmico: a LC 152/2015 foi iniciada por um parlamentar e, apesar disso,
trata sobre a aposentadoria compulsória de servidores públicos do Poder Executivo e de membros do
Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria. Diante disso, pode-se dizer que ela violou a
reserva de iniciativa privativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos demais
titulares dos outros órgãos autônomos (MP e Defensoria)?
Para alguns, a LC 152/2015 é formalmente inconstitucional. Entende-se que aos servidores públicos em
geral, a Lei Complementar exigida pelo art. 40, § 1º, II, da CF/88 é de iniciativa privativa do Presidente da
República, nos termos do art. 61, § 1º, inciso II, da CF/88.
Diz-se isso aplicando, por analogia, o mesmo raciocínio que o STF utiliza para dizer que as leis de que
tratam o art. 40, § 4º da CF/88 são de iniciativa privativa do Presidente da República:
Por outro lado, no caso da aposentadoria compulsória dos magistrados, o projeto de lei que tratasse do
tema deveria ser iniciado pelo Supremo Tribunal Federal , nos termos do art. 93, VI, da CF/88:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...) VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
Tão logo o PLS 274/2015 foi aprovado pelo Congresso Nacional e antes de ter sido vetado, a imprensa
noticiou que esse tema foi discutido pelos Ministros do STF em uma sessão administrativa da Corte, tendo
eles chegado à conclusão de que não existiria iniciativa privativa para essa lei complementar.
Desse modo, por mais que, particularmente, entenda que há vício de iniciativa a fulminar de
inconstitucionalidade a LC 152/2015, penso que talvez não seja essa a conclusão do STF baseando-me
unicamente nas notícias acima divulgadas.
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No mesmo dia em que foi publicada, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em conjunto com a
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), ingressaram com uma ADI no STF
contra a LC 152/2015. O ponto questionado pelas entidades refere-se à aposentadoria compulsória dos
membros do Poder Judiciário.
(Fonte: Dizer o Direito - Comentários à Lei Complementar 152/2015 - aposentadoria compulsória aos 75
anos).
As regras de transição
Ressalvada a opção pela Regra Geral do art. 40 da CF, ou pela Regra de Art. 2º da EC. 41.
FÓRMULA 85/95
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Tempo de Tempo de
Idade Idade
Contribuição Contribuição
36 59 31 54
Tempo 37 58 32 53
38 57 33 52
39 56 34 51
Idade 40 55 35 50
41 54 36 49
Base de Cálculo Última remuneração Última remuneração
Forma de Reajuste Com paridade Com paridade
IMPORTANTE!!
benefício especial, calculado com base nas contribuições já recolhidas e equivalente à diferença entre a
média das remunerações anteriores e o valor-teto dos benefícios; com isso, o teto de seus benefícios ficará
um pouco mais elevado.
Os servidores sujeitos a esse regime e que percebam remuneração acima do teto de benefícios efetuarão
suas contribuições previdenciárias sobre duas parcelas – uma de 11% sobre o valor-teto (contribuição
normal) e outra, que não pode exceder a 8,5%, sobre a parcela que exceder a esse limite(contribuição
complementar). (Carvalho Filho)
SÚMULAS APLICÁVEIS
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Súmula 685: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido.
Súmula 686: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.
Súmula 726: Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de
serviço prestado fora da sala de aula.
SÚMULAS VINCULANTES
Súmula Vinculante 4: Salvo nos casos previstos da Constituição, o salário-mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem
ser substituído por decisão judicial.
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
não ofende a Constituição.
Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao
salário-mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras vantagens não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário-mínimo do servidor público.
Súmula Vinculante 16: Os arts. 7º, IV, e 39, §3 º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição,
referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
Súmula Vinculante 22: A justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de
indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n º 45/04.
Súmula Vinculante 33: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da
Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.
Súmula Vinculante 34: A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do
Trabalho – GDASST, instituída pela Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor
correspondente a 60 (sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória 198/2004,
convertida na Lei 10.971/2004, quando tais inativos façam jus à paridade constitucional (EC
20/1998, 41/2003 e 47/2005).
Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
Súmula Vinculante 39: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros
das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
Súmula Vinculante 42: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.
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Súmula Vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.
Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
cargo público.
Súmula Vinculante 51: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis
8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as
eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos
diplomas legais.
Súmula 137: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público
municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.
Súmula 147: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 170: Compete ao juízo onde for intentada a ação de acumulação de pedidos, trabalhista e
estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com
o pedido remanescente, no juízo próprio.
Súmula 173: Compete à Justiça Federal processar e julgar o pedido de reintegração em cargo
público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes da instituição do regime jurídico
único.
Súmula 218: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente
de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
Súmula 266: O diploma de habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse, e
não na inscrição para o concurso público.
Súmula 340: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente
na data do óbito do segurado.
Súmula 377: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às
vagas reservadas aos deficientes.
Súmula 378: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes.
Súmula 386: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o
respectivo adicional.
Súmula 463: Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas
extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
Súmula 552: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o
fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
Lei do Estado da Bahia fixava um teto remuneratório exclusivo para os servidores do Poder Judiciário.
O STF entendeu que essa lei é inconstitucional.
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O teto para o funcionalismo estadual somente pode ser fixado por meio de emenda à Constituição
estadual, não sendo permitido mediante lei estadual.
Além disso, a Constituição do Estado da Bahia adotou subteto único (§ 12º do art. 37 da CF/88) e a lei
viola a sistemática escolhida porque fixou um teto apenas para os servidores do Poder Judiciário,
excluindo-o para os demais Poderes.
STF. Plenário. ADI 4900/DF, (Info 774).
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração tem
direito a receber a remuneração retroativa? Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado
por decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Dito de outro modo, a
nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera direito à indenização.
Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi
nomeado logo por conta de uma situação de arbitrariedade flagrante.
STF. Plenário. RE 724347/DF (repercussão geral) (Info 775).
Lei estadual não pode conceder isenção de contribuição previdenciária para todos os servidores
aposentados e pensionistas que tiverem doença incapacitante. O STF afirmou que essa regra estadual
está em confronto com o § 21 do art. 40 da CF/88, considerando que a Carta Federal previu que os
servidores públicos aposentados e pensionistas que sejam portadores de doenças incapacitantes devem
pagar contribuição previdenciária se o valor dos proventos por eles recebidos superar o dobro do teto do
RGPS (dobro do maior valor de aposentadoria do INSS).
Assim, a norma da lei estadual deve receber interpretação conforme para que respeite essa previsão do
art. 40, § 21 da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3477/RN, (Info 776).
Lei estadual não pode incluir os titulares de serventias extrajudiciais no regime próprio de Previdência
Social.
STF. Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, (Info 777).
É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia aprovação em
concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos
empregados eventualmente contratados, ressalvados os direitos à percepção dos salários referentes ao
período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos
efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS.
Neste julgado, o STF declarou que o art. 19-A da Lei 8.036/90 é CONSTITUCIONAL.
STF. Plenário. ADI 3127/DF, (Info 779).
O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de Interesse Militar Voluntário
Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas gerais, da seguinte forma: as pessoas poderiam se
alistar para trabalhar “voluntariamente” como soldado na Polícia Militar ou no Corpo de Bombeiros
Militar. Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um concurso público) e, se a pessoa fosse
escolhida, ela receberia, como contraprestação pelo trabalho desempenhado, um subsídio e atuaria
como se fosse um soldado. Esse contrato seria por um prazo determinado.
O STF entendeu que esse SIMVE é formal e materialmente inconstitucional.
O SIMVE viola a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88).
Além disso, o STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vício formal, já que trata sobre prestação
voluntária de serviços na PM e Corpo de Bombeiros de forma diametralmente oposta ao que diz a Lei
federal 10.029/2000.
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É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de
seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.
STF. Plenário. ARE 652777/SP, (repercussão geral) (Info 782)
Não é legítima a adoção de descendente maior de idade, sem a constatação de suporte moral ou
econômico, com o fim de induzir o deferimento de benefício previdenciário.
STF. 1ª Turma. (Info 785).
Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de provimento efetivo. STF.
Plenário. ADI 524/ES, (Info 786).
“Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à Emenda Constitucional 41/2003 têm direito à
paridade com servidores em atividade (artigo 7º EC 41/2003), caso se enquadrem na regra de transição
prevista no artigo 3º da EC 47/2005. Não têm, contudo, direito à integralidade (artigo 40, parágrafo 7º,
inciso I, CF).”
STF. Plenário. RE 603580/RJ, (repercussão geral) (Info 786).
Os Oficiais de Justiça, no exercício de suas funções, até sofrem, eventualmente, exposição a situações de
risco, mas isso, por si só, não confere a eles o direito subjetivo à aposentadoria especial.
STF. Plenário. MI 833/DF, (Info 789).
O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há
de ser comprovado no momento da inscrição no certame.
STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, (Info 791).
É inconstitucional lei estadual que transforma cargo de Comissário de Polícia em Delegado de Polícia.
STF. Plenário. ADI 3415/AM, (Info 800).
A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade de vínculo
jurídico-administrativo entre o poder público e servidores temporários.
STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, (Info 807).
O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária assume o risco
de posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do
fato consumado em tais hipóteses.
STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, (Info 808).
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Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I, da Lei
8.112/1990 a servidor público estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do estado for omisso
acerca desse direito.
STJ. 2ª Turma. RMS 46.438-MG, (Info 553).
Para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a designação do beneficiário
nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em eleger o dependente
como beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios idôneos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.486.261-SE, (Info 553).
Em regra, a aposentadoria por invalidez será paga com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição. Excepcionalmente, ela será devida com proventos integrais se essa invalidez for decorrente
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em
lei. Assim, a concessão de aposentadoria por invalidez com proventos integrais exige que a doença
incapacitante esteja prevista em rol taxativo da legislação de regência.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.324.671-SP, (Info 557).
STF. Plenário. RE 656860/MT, (Info 755).
Ao contrário do auxílio-reclusão do RGPS, previsto no art. 201, IV, da CF/88, o auxílio-reclusão da Lei
8.112/90 não exige que o servidor público preso seja enquadrado como pessoa de baixa renda.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.510.425-RJ, (Info 560).
O art. 37, IX, da CF/88 autoriza que a Administração Pública contrate pessoas, sem concurso público,
tanto para o desempenho de atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, como também
para o desempenho das funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao
atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público. Esse é o entendimento do STF
(Plenário. ADI 3247/MA) e do STJ (STJ. 1ª Seção. MS 20.335-DF).
Mesmo com a omissão legislativa na Lei 8.059/90 , o STJ entendeu que, na hipótese de morte do titular
de pensão especial de ex-combatente, o menor de 18 anos que estava sob sua guarda deve ser
enquadrado como dependente para efeito de recebimento da pensão especial. Isso porque o art. 33, §
3º do ECA prevê que a guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os
fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.339.645-MT, (Info 561).
O art. 170 da Lei n. 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar, é possível que a
prática dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do servidor.
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O STF e STJ entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os princípios da presunção de
inocência e da razoabilidade.
STF. Plenário. MS 23262/DF, (Info 743).
STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF, (Info 564).
Lei nº 8.112/90 não assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento posterior, os dias de
férias já gozados em período coincidente com o da licença à gestante.
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.563-PE, (Info 566).
Tem direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital,
mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em
colocação superior.
Além disso, o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem
direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação,
embora aprovado fora do número de vagas, for convocado para vaga surgida posteriormente e
manifestar desistência.
STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, (Info 567).
STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, (Info 567).
A fixação de limitação temporal para o recebimento da indenização prevista no art. 51, I, da Lei
8.112/1990, por meio de normas infralegais, não ofende o princípio da legalidade.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.257.665-CE, (recurso repetitivo) (Info 569).
O falecimento de militar após o advento da Lei 6.880/1980 e antes da vigência da Medida Provisória
2.215-10/2001 gera direito à percepção de pensão por morte a filho universitário menor de 24 anos e
não remunerado.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.181.974-MG (Info 571).
C. DIREITO PENAL
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análise de todos os requisitos a ela relacionados, os quais, se preenchidos, ensejarão a concessão do sursis.
Por essa razão, a conclusão a que se chega é que se trata de direito subjetivo do réu, conforme já vem
entendendo o STF.
bb) Aplicação do sursis
Concluindo pela prática da infração penal, o juiz condenará o réu e dará início à aplicação da pena,
atendendo ao critério trifásico do art. 68. Não sendo cabível a substituição prevista no art. 44 do CP, e se o
quantum total da pena se encontrar nos limites do art. 77 do CP (pena não superior a 2 anos), deverá o juiz
analisar os requisitos necessários à concessão do sursis. Se presentes, concederá a suspensão condicional
da pena e, na própria sentença condenatória, especificará as condições a que se terá de sujeitar o
condenado, em substituição à sua privação de liberdade.
As condições estabelecidas pelo juiz podem ser legais ou judiciais. Condições legais são aquelas previstas
pela lei penal (art. 78, §2º), tais como:
a) prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana (art. 78, § 2.º);
b) proibição de freqüentar determinados lugares;
c) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
d) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
Condições judiciais são as determinadas pelo juiz, que deverão adequar-se ao fato, bem como à situação
pessoal do condenado (art. 79 do CP).
As condições judiciais não podem, pois, constituir, em si mesmas, penas não previstas para a hipótese, nem
implicar violação de direitos individuais de ordem constitucional ou depender de fatos estranhos ao
sentenciado.
Após o trânsito em julgado, o juiz da execução designa data para audiência admonitória, na qual serão lidas
as condições para o cumprimento da sursis, advertindo-se o condenado para as consequências de seu
descumprimento. Se comparecer, depois de ouvir a leitura das condições, deverá o condenado dizer se as
aceita, dando-se assim início ao período de prova
Se o sentenciado não comparecer injustificadamente à audiência ou recusar o beneficio, a suspensão ficará
sem efeito e será executada imediatamente a pena privativa de liberdade (art. 161 da LEP). Repare que não
se trata de revogação, mas de não produção de efeitos da suspensão, havendo quem a denomine
“cassação da suspensão”.
O juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimento do MP ou mediante proposta do Conselho
Penitenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado (art. 158, §
2º, da LEP).
cc) Requisitos para a suspensão condicional da pena
Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2
(dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I – o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III – não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§1º A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4
(quatro) a 6 (seis) anos, desde que o condenado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde
justifiquem a suspensão.
dd) Requisitos objetivos
- No chamado sursis simples, a condenação de pena privativa de liberdade não superior a dois anos; OBS:
para os Crimes Ambientais, é admissível o sursis em condenações a penas de até 3 anos.
- No chamado sursis etário ou no sursis humanitário, a condenação de pena privativa de liberdade não
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c) Sursis etário
Concedido ao maior de 70 anos de idade que tenha sido condenado a uma pena privativa de liberdade não
superior a 4 anos, com suspensão da pena por 4 a 6 anos.
d) Sursis humanitário
Inovação trazida pela Lei nº 9.714/98, permitindo ao condenado a uma pena não superior a 4 anos ver
concedida a suspensão condicional pelo período de 4 a 6 anos, desde que razões de saúde a justifiquem.
gg) Revogação obrigatória
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
Independe se o crime foi praticado antes ou após a concessão do benefício. Sendo processado, ocorre a
prorrogação automática do período de prova (a rigor, suspensão), de forma que sobrevindo condenação
será revogada. Aliás, entende a jurisprudência que a revogação poderá ser declarada mesmo após
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transcorrido o período de prova, ante a prorrogação automática, desde que não haja sentença de extinção
da punibilidade. Nesse sentido, vide STJ, HC 175.718-SP, DJ 14.10.2011.
Contudo, se for condenado multa isoladamente ou em substituição à pena privativa de liberdade, não
haverá a revogação, por aplicação analógica do art. 77, § 1.º.
II – frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
Após a modificação do art. 51 do CP, que tratou a multa como dívida de valor, impossibilitando sua
conversão em pena privativa de liberdade, autores como Alberto Silva Franco entendem que a primeira
parte do dispositivo em questão (art. 81, II) foi revogada, subsistindo tão-somente a parte que trata da
ausência injustificada da reparação do dano.
II – Condenação irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos.
A condenação à pena de multa não importa em revogação facultativa.
O problema deste inciso é que, caso não haja a revogação da suspensão, como e quando o sentenciado
cumprirá a segunda pena? Será cumprida concomitantemente ou sucessivamente? São perguntas sem
resposta.
Permite a lei penal, ainda, que o juiz, quando facultativa a revogação, em vez de decretá-la, prorrogue o
período de prova até o máximo, se este não foi o fixado
OBS: em qualquer caso, a revogação do sursis implica em que o condenado cumpra integralmente a pena
privativa imposta na sentença (não se faz a detração prevista para a revogação da substituição).
ii) Prorrogação automática do período de prova
Prevista no §2º do art. 81: Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
Tal prorrogação é automática, não havendo necessidade de ser declarada nos autos. Se porventura a
notícia de outro processo surgir após decorrido o prazo correspondente ao período de prova sem que
tenha sido, ainda, declarada a extinção da pena, não terá o beneficiário direito subjetivo em vê-la
reconhecida, bem como não haverá qualquer ilegalidade da parte do julgador que determinar a
prorrogação do período de prova mesmo após decorrido completamente o seu prazo.
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pena privativa de liberdade nos crimes em que a pena mínima cominada em abstrato for igual ou inferior a
um ano.
Diversamente do sursis, na suspensão condicional do processo não há condenação do réu (de se ver que o
ordenamento pátrio adotou o sistema belgo-frânces de sursis, que pressupõe a condenação do réu, em
contraponto com o sistema anglo-saxão, do qual não resulta qualquer efeito penal se cumpridas as
condições). Na verdade, o processo penal somente tem início por meio da peça vestibular de acusação, que
pode ser a denúncia do MP ou a queixa do ofendido, mas, a seguir, há a proposta de suspensão, desde que
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena, elencados pelo art. 77 do CP.
Aceita a proposta pelo acusado e por seu defensor, o juiz poderá suspender o processo, submetendo o
acusado a período de prova, sob as condições de reparação do dano (salvo impossibilidade de fazê-lo),
proibição de freqüentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
autorização do juiz, comparecimento pessoal e obrigatório a juízo. O juiz poderá fixar outras condições.
As condições são basicamente as mesmas, mas as conseqüências relativas à aplicação dos dois institutos
são diversas:
I – No sursis o agente foi condenado e a concessão da suspensão condicional da pena somente ocorrerá
após o trânsito em julgado da sentença condenatória, na audiência admonitória; Na suspensão condicional
do processo, o juiz somente recebe a denúncia, sendo que os demais atos do processo ficarão suspensos,
não havendo que se falar, pois, em condenação do réu;
II – A vítima que figurou no processo no qual foi concedido o sursis tem direito a seu título executivo
judicial, nos termos do inciso II do art. 475-N do CPC. Na suspensãocondicional do processo, como não
existe condenação, não;
III – O beneficiário com o sursis, depois do período de prova, não terá apagado seus dados criminais,
servindo a condenação em que houve a suspensão condicional da pena para a reincidência ou os maus
antecedentes do agente; na suspensão, como não há condenação, uma vez cumpridas as condições
especificadas na sentença, expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará a extinção da punibilidade, não
servindo tal declaração para fins de reincidência ou mesmo de maus antecedentes.
EXECUÇÃO PENAL.
Execução Penal
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- Prevenção geral positiva (reafirmar nas outras pessoas a convicção de que a lei penal está em vigor e deve
ser cumprida);
- Prevenção especial negativa (impedir a reincidência);
- Prevenção especial positiva (ressocialização do agente).
Natureza jurídica
A natureza jurídica da EP é jurisdicional, porque em regra os conflitos de interesse existentes entre o MP
(representando a sociedade) e o preso são resolvidos ou dirimidos pelo juiz.
Entretanto, há conflitos que excepcionalmente têm natureza jurídica administrativa, já que serão resolvidos pela
autoridade administrativa. Ex.: horário de banho de sol; algumas penalidades administrativas.
Atenção: mesmo na atuação administrativa, pode o preso ou o MP procurar o Poder Judiciário.
Princípios norteadores
1) Princípio da legalidade
Art. 3o LEP: Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
lei.
2) Princípio da igualdade
Art. 3o, parágrafo único, LEP: Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. Não é
uma igualdade formal, mas uma igualdade material, na forma do inciso XII, do artigo 41.
4) Princípio da jurisdicionalidade
Garantir ao executado que sempre poderá o Poder Judiciário decidir os conflitos existentes na execução (art. 2º, LEP).
3 Pela redação antiga, a CTC classificava: “Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o
programa individualizador e acompanhará a execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, devendo
propor, à autoridade competente, as progressões e regressões dos regimes, bem como as conversões”.
Bem mais enxuto, o novo art. 6º assim fixou a competência da CTC: “Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de
Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso
provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)”.
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A competência do juiz da execução penal se inicia com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Em
regra, é juiz especializado, mas pode o juiz da sentença cumular as funções de juiz da sentença e juiz da execução. O
mesmo se aplica à atribuição do MP. Nem sempre a competência para a execução penal é ditada pelo local da
condenação. O juiz da execução pode ser de local diverso do local do trânsito, nas seguintes hipóteses:
1. Se o réu foi condenado a pena privativa de liberdade, será competente o juiz do local onde o condenado
estiver preso. A execução penal vai atrás do preso.
2. Se o réu foi condenado pela Justiça Federal, mas cumpre pena em estabelecimento estadual, será
competente o juiz da justiça estadual para apreciar demandas da execução penal (Súmula 192 do STJ).
3. Se o réu foi beneficiado por sursis e penas restritivas de direito, será competente o juízo do local do domicílio
do réu.
4. Se o réu foi condenado à pena de multa, a competência será da comarca da condenação.
Início da competência da execução: o início da execução penal é distinto do início da competência do juiz, que ocorre
com o trânsito em julgado. A execução somente começa com a expedição de guia de recolhimento e consequente
prisão. A execução somente se inicia com a prisão. Evidenciado o trânsito em julgado da condenação, nos termos do
art. 66, I, da LEP, compete ao Juiz da execução "aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo
favorecer o condenado".
Direitos do preso
Nos termos do artigo 3º, os direitos do preso que não foram atingidos pela sentença estão protegidos pela LEP.
1) Direitos políticos
Basta a condenação para a suspensão dos direitos políticos. O STF já se manifestou no sentido de que basta a
condenação definitiva para a suspensão, independentemente do regime e da quantidade de pena. Mas há doutrina
minoritária defendendo que, se o regime for compatível, pode-se manter os direitos políticos.
*Se uma pessoa perde ou tem suspensos seus direitos políticos, a consequência disso é que ela perderá o mandato
eletivo que ocupa, já que o pleno exercício dos direitos políticos é uma condição de elegibilidade (art. 14, § 3º, II, da
CF/88). A CF/88 determina que o indivíduo que sofre condenação criminal transitada em julgado fica com seus
direitos políticos suspensos enquanto durarem os efeitos da condenação (art. 15, III).
A condenação criminal transitada em julgado não é suficiente, por si só, para acarretar a perda do mandato eletivo
de Deputado Federal ou de Senador. O STF, ao condenar um Parlamentar federal, não poderá determinar a perda do
mandato eletivo. Ao ocorrer o trânsito em julgado da condenação, se o réu ainda estiver no cargo, o STF deverá
oficiar à Mesa Diretiva da Câmara ou do Senado Federal para que tais Casas deliberem acerca da perda ou não do
mandato, nos termos do § 2º do art. 55 da CF/88.
STF. Plenário. AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013 (Info 714).
2) Formas de assistência
Segundo o art. 10 da LEP, é dever do Estado (inclusive para o egresso). Pode a assistência ser material, à saúde,
jurídica, educacional, social e religiosa (art. 11).
*Em obediência à determinação contida no art. 208, II, da CF, a recente Lei nº 13.163, de 10 de setembro de 2015,
alterou a LEP e passou a prever que o ensino médio também deverá ser oferecido, obrigatoriamente, aos
reeducandos, nos presídios. As escolas e cursos oferecidos dentro dos presídios devem estar integrados ao sistema
estadual e municipal de ensino, ou seja, o ensino ministrado nos presídios deverá ter a mesma validade, carga
horária, requisitos etc. que aqueles ofertados fora do estabelecimento prisional.
Compare a mudança:
A LEP não obrigava o oferecimento de ensino A LEP continua sem obrigar o oferecimento
médio nos presídios. de ensino superior nos presídios.
A União auxiliará na implementação e manutenção do ensino médio nos presídios, mediante apoio administrativo e
financeiro. Do mesmo modo, os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação
de jovens e adultos (§ 2º do art. 18-A da LEP), além da inclusão, pela União, Estados e Municípios, de novas
tecnologias de ensino, no atendimento aos presos e às presas (cursos online, ensino à distância, etc, na forma do §3º
do art. 18-A, inserido na LEP pela aludida Lei).
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*Por fim, a Lei nº 13.163/2015 acrescentou também o art. 21-A afirmando que deverão ser realizados censos
penitenciários nos quais se constate a situação educacional dos presos:
A execução da pena no Brasil é feita de maneira progressiva, já que permite a progressão no regime de pena.
Os regimes de cumprimento de pena no Brasil, para fins de sua fixação inicial, estão relacionados aos seguintes
aspectos (artigo 33, CP):
a) tipo de pena;
b) quantidade da pena;
c) antecedentes;
d) circunstâncias judiciais.
Reclusão:
• Maior de 8 anos = FECHADO
• Maior que 4 e menor ou igual a 8 anos + não reincidência = SEMI-ABERTO
• Maior que 4 e menor ou igual a 8 anos + reincidência = FECHADO
• Igual ou menor que 4 anos + não reincidência = ABERTO
• Igual ou menor que 4 anos + reincidência = FECHADO (súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime
prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judicias), essa súmula atenuou um pouco o rigorismo do CP.
*Nos termos do art. 33 do Código Penal, proíbe-se ao réu reincidente a fixação do regime aberto, em qualquer caso,
e do semiaberto, quando a pena for superior a 04 anos. Incidência da Súmula n.º 269/STJ. (STJ - HC 233.361/SP, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 01/08/2012)
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Ainda quanto ao regime fechado, em 27/06/12, por maioria de votos, o STF concedeu o HC 111.840 e declarou
incidentalmente a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com redação dada pela Lei
11.464/07, o qual previa que a pena por crime hediondo (inclusive tráfico de drogas, equiparado) será cumprida,
inicialmente, em regime fechado. Assim, deve o juiz atentar para as circunstâncias do caso concreto, com base no art.
33 do CP.
Detenção:
Não existe regime inicial fechado.
• Superior a 04 anos = SEMI-ABERTO
• Menor ou igual a 04 anos + NÃO reincidência = ABERTO
• Menor ou igual a 04 anos + reincidência = SEMI-ABERTO
Súmula 718 do STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Súmula 719 do STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que pena aplicada permitir exige
motivação idônea.
Entretanto, o juiz pode aplicar o regime mais severo desde que fundamente, não na gravidade em abstrato, mas na
gravidade em concreto. As súmulas se complementam (Bittencourt afirma que são contraditórias).
Estabelecimentos penais
São os lugares apropriados para o cumprimento da pena nos regimes fechado, semi-aberto e aberto, bem como para
as medidas de segurança. Também para abrigar os presos provisórios, com a devida separação. Mulheres e maiores
de 60 anos devem ter locais especiais (art. 82, LEP).
Determina a lei que os presos provisórios fiquem separados dos condenados definitivos e, dentre estes, deve haver
divisão entre primários e reincidentes. O preso que, ao tempo da prática da infração penal, era funcionário da
administração da justiça (policiais, agentes de segurança de presídios, funcionários do fórum, carcereiros, juízes,
promotores etc.) ficará sempre separado dos demais (art. 84, LEP).
A Lei nº 13.167/2015 expandiu os critérios de separação dos presos no presídio:
Regra geral:
a) O preso provisório ficará separado do preso condenado por sentença transitada em julgado.
O preso provisório ficará recolhido em cela diferente do preso já condenado definitivamente.
Presos provisórios:
Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios:
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II.
Presos condenados:
Os presos condenados definitivamente ficarão separados entre si de acordo com os seguintes critérios:
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos
incisos I, II e III.
A lotação do presídio deve ser compatível com sua estrutura e finalidade, havendo o controle por parte do Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária (art. 85, LEP).
Existe autorização legal para que o condenado possa cumprir a pena numa unidade federativa diversa daquela onde
tem origem a sua sentença, em presídio estadual ou da União.
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Denomina-se penitenciária o presídio que abriga condenados sujeitos à pena de reclusão, em regime fechado
(art. 87 da LEP). Deve haver cela individual, com dormitório, aparelho sanitário e lavatório, em local salubre
e área mínima de seis metros quadrados (art. 88 da LEP). Nas penitenciárias femininas, haverá seção para
gestante e parturiente, bem como creche, com a meta de assistir ao menor desamparado cuja responsável
esteja presa (art. 89 da LEP). As penitenciárias masculinas devem ficar afastadas do centro urbano, mas não
tão distantes a ponto de impedir o acesso de visitas (art. 90 da LEP).
Denomina-se colônia penal agrícola, industrial ou similar o estabelecimento destinado ao cumprimento de
pena em regime semiaberto (art. 91 da LEP). Os alojamentos serão coletivos, mas sempre com salubridade e
evitando-se a superlotação.
Denomina-se casa do albergado o lugar destinado ao cumprimento da pena em regime aberto, bem como para
a pena de limitação de fim de semana (art. 93 da LEP). O prédio deve situar-se em centro urbano, separado
dos demais estabelecimentos, sem obstáculos físicos impeditivos da fuga, uma vez que, não só o albergado
fica fora o dia todo, trabalhando, como também o regime conta com sua autodisciplina e senso de
responsabilidade (art. 36 do CP).
Prevê a LEP a existência de Centros de Observação Criminológica, onde devem ser realizados os exames
gerais, em especial o exame criminológico, que será encaminhado à Comissão Técnica de Classificação (art.
96).
Os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico destinam-se a quem cumpre medida de segurança de
internação (inimputáveis ou semi-imputáveis).
Denomina-se cadeia pública o local destinado ao recolhimento de presos provisórios (art. 102 da LEP).
Atualmente, surgiram, em lugar destas cadeias públicas, os centros de detenção provisória, que possuem maior
número de vagas e estrutura semelhante à de presídio.
*Sistema carcerário Brasileiro e o Estado de Coisas Inconstitucional: O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre
quando se verifica a existência de (1) um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais,
causado pela (2) inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura,
de modo que (3) apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de
autoridades podem alterar a situação inconstitucional.
Origem: A ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema Corte do país pode atuar
para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, em 1997, com a chamada "Sentencia de
Unificación (SU)". Foi aí que primeiro se utilizou essa expressão. Depois disso, a técnica já teria sido empregada em
mais nove oportunidades naquela Corte. Existe também notícia de utilização da expressão pela Corte Constitucional
do Peru.
Pressupostos: Segundo aponta Carlos Alexandre de Azevedo Campos, citado na petição da ADPF 347, para
reconhecer o estado de coisas inconstitucional, exige-se que estejam presentes as seguintes condições:
a) vulneração massiva e generalizada de direitos fundamentais de um número significativo de pessoas;
b) prolongada omissão das autoridades no cumprimento de suas obrigações para garantia e promoção dos
direitos;
c) a superação das violações de direitos pressupõe a adoção de medidas complexas por uma pluralidade de
órgãos, envolvendo mudanças estruturais, que podem depender da alocação de recursos públicos, correção
das políticas públicas existentes ou formulação de novas políticas, dentre outras medidas; e
d) potencialidade de congestionamento da justiça, se todos os que tiverem os seus direitos violados
acorrerem individualmente ao Poder Judiciário.
O que a Corte Constitucional do país faz após constatar a existência de um ECI? O ECI gera um “litígio
estrutural”, ou seja, existe um número amplo de pessoas que são atingidas pelas violações de direitos. Diante disso,
para enfrentar litígio dessa espécie, a Corte terá que fixar “remédios estruturais” voltados à formulação e execução de
políticas públicas, o que não seria possível por meio de decisões mais tradicionais.
A Corte adota, portanto, uma postura de ativismo judicial estrutural diante da omissão dos Poderes Executivo e
Legislativo, que não tomam medidas concretas para resolver o problema, normalmente por falta de vontade política.
Situações excepcionais: O reconhecimento do Estado de Coisas Inconstitucional é uma técnica que não está
expressamente prevista na Constituição ou em qualquer outro instrumento normativo e, considerando que "confere
ao Tribunal uma ampla latitude de poderes, tem-se entendido que a técnica só deve ser manejada em hipóteses
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excepcionais, em que, além da séria e generalizada afronta aos direitos humanos, haja também a constatação de que
a intervenção da Corte é essencial para a solução do gravíssimo quadro enfrentado. São casos em que se identifica
um “bloqueio institucional” para a garantia dos direitos, o que leva a Corte a assumir um papel atípico, sob a
perspectiva do princípio da separação de poderes, que envolve uma intervenção mais ampla sobre o campo das
políticas públicas." (trecho da petição inicial da ADPF 347).
ADPF e sistema penitenciário brasileiro: Em maio de 2015, o Partido Socialista e Liberdade (PSOL) ajuizou ADPF
pedindo que o STF declare que a situação atual do sistema penitenciário brasileiro viola preceitos fundamentais da
Constituição Federal e, em especial, direitos fundamentais dos presos. Em razão disso, requer que a Corte determine à
União e aos Estados que tomem uma série de providências com o objetivo de sanar as lesões aos direitos dos presos.
Na petição inicial, que foi subscrita pelo grande constitucionalista Daniel Sarmento, defendia-se que o sistema
penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional".
São apontados os pressupostos que caracterizam esse ECI:
a) violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais;
b) inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura;
c) situação que exige a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades para
resolver o problema.
4) Progressão de regime
O artigo 112 da LEP foi modificado. A parte final do artigo deve ser analisada.
A progressão não está mais submetida a parecer da Comissão Técnica de Classificação e nem a exame
criminológico. Contudo, o exame criminológico pode ser requerido pelo juiz, em decisão fundamentada, no caso
concreto, e não de maneira automática. A matéria foi sumulada, vejamos:
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Súmula 439 do STJ - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.
Súmula Vinculante nº 26 do STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
O STF, em posicionamento firmado em 2015, “criou” um novo requisito objetivo para a progressão de regime: o
apenado deverá pagar integralmente o valor da multa que foi imposta na condenação ou, então, provar a absoluta
impossibilidade econômica de quitá-la, ainda que parceladamente.
Súmula 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
10/06/2015, Dje 15/06/2015.
A doutrina sempre ensinou que era pressuposto da progressão a sentença condenatória definitiva, ou seja, sempre se
ensinou o não cabimento de progressão na condenação provisória. Todavia, atualmente, o STF admite a execução
provisória com progressão provisória (súmulas 716 e 717), ainda que pendente recurso da acusação (progressão
provisória em benefício do acusado).
a) Requisito temporal: cumprimento de 1/6 no regime anterior ou, se condenado por crime
hediondo, 2/5 ou 3/5;
b) Requisito subjetivo: conduta carcerária favorável (atestado do diretor ou exame
criminológico, se reputado necessário);
c) Requisito formal: oitiva do MP.
Atualmente, basta o atestado do diretor sobre o bom comportamento do apenado, salvo se o juiz entender
necessário realizar o exame criminológico.
Entendia-se que o estrangeiro ilegal no país não podia progredir do semiaberto para o aberto, porque não preenchia
o requisito de atestado laborativo, já que está irregular e não pode trabalhar. Atualmente, STF e STJ vêm decidindo
da seguinte forma, respectivamente:
“O fato de o condenado por tráfico de droga ser estrangeiro, estar preso, não ter domicílio no
país e ser objeto de processo de expulsão, não constitui óbice à progressão de regime de
cumprimento da pena.”(STF - HC 97147, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 04/08/2009)
Jurisprudência do TRF1:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO TRANSNACIONAL DE
ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, C/C O ART. 40, I, DA LEI 11.343/2006.
REDUÇÃO DA PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/2006. PATAMAR DE
DIMINUIÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS.
(...)
9. A condição de estrangeiro de um réu não impede a concessão do benefício de
substituição de pena, porquanto a Constituição Federal assegura a igualdade com
nacionais, ainda que esteja "preso, não ter domicílio no país e ser objeto de processo de
expulsão, não constitui óbice à progressão de regime de cumprimento da pena" (STF -
HC 97147/MT, Relator Ministro Cezar Peluso). 10. Apelo dos réus parcialmente provido.
(ACR 00023587420094014100, DESEMBARGADORA FEDERAL MONICA
SIFUENTES, TRF1 - TERCEIRA TURMA, e-DJF1 DATA: 04/09/2015 PAGINA:3224.)
Recolhimento domiciliar
Em alguns casos, o regime aberto não será cumprido em casa de albergado, admitindo-se o recolhimento domiciliar,
nos termos do artigo 117 (cujo rol é taxativo).
Art. 117 - Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em
residência particular quando se tratar de:
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I - condenado maior de 70 (setenta) anos; não foi alterado pelo Estatuto do Idoso, cujo
art. 1º considera o idoso o maior de 60 anos4.
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
Regressão de regime
Está prevista no artigo 118 da LEP: qualquer dos regimes mais rigorosos:
Inciso I: praticar fato definido como crime doloso ou falta grave* - basta a prática, não precisa ser condenado por
crime doloso ou punido com falta grave (não se exige o trânsito em julgado).
Inciso II: condenação incompatível com o regime atual. Ex: pode regredir do aberto para o fechado.
§ 1o. pena de multa: Se não for paga a multa, executa-se como dívida ativa. A multa não pode ser convertida em
pena privativa de liberdade. Como consequência, o seu não pagamento não pode gerar a regressão de regime.
4
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos.
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corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício. (STJ, 5ª Turma, HC 296.972/SP, Rel.
Ministro GURGEL DE FARIA, j. em 23/10/2014, DJe 04/11/2014)
“Na linha da jurisprudência pacífica desta Casa, a prescrição, nos casos de falta disciplinar
de natureza grave, ocorre no prazo mínimo previsto no art. 109 do Código Penal” (STJ,
6ª Turma, HC 238.877/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, j. em 02/08/2012, DJe
13/08/2012).
Para a regressão de regime é necessária a oitiva do condenado? O artigo 118, § 2o, somente garante o contraditório
nas hipóteses do inciso I (prática de crime doloso) e do § 1o ; no caso do inciso II (nova condenação), dispensa-se o
contraditório. A regra é que seja feito o contraditório, salvo na hipótese do inciso II. Todavia, entende-se que o
contraditório é necessário apenas na regressão definitiva. Vejamos:
Cumpre ressaltar que o reconhecimento de prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal sempre
demanda a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento, sendo imprescindível a
presença de advogado constituído ou de defensor público.
Súmula 715 do STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão
de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
Autorização de saída
É gênero que comporta dois benefícios de autorização de saída:
Permissão de saída
Saída temporária
Permissão de saída
Está prevista no artigo 120 (fechado ou semiaberto e aos presos provisórios)
Hipóteses de cabimento: são taxativas e não meramente exemplificativas.
Autoridade competente é o diretor do estabelecimento penitenciário, mas, ocorrendo uma negativa arbitrária,
poderá se dirigir ao Judiciário.
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Característica:
autorizada mediante escolta policial;
não existe prazo determinado de saída, durará durante o tempo necessário para os fins que a determinaram.
Saída temporária
Está prevista no artigo 122, LEP (regime semiaberto, sem vigilância direta)
Novidade legislativa: art. 122, Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de
equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído
pela Lei nº 12.258/10).
A autorização será concedida por ato motivado do juiz, nos termos do art. 123.
O STF já entendeu a possibilidade no regime aberto (Min. Celso de Mello).
Requisitos:
“Ante o exposto, preenchidos os requisitos previstos nos arts. 122, I, e 123, da LEP, CONCEDO ao
apenado JOÃO DA SILVA autorização para 5 (cinco) saídas temporárias por ano, com duração de 7
(sete) dias cada, para visita à família, que deverá ser realizada nas seguintes datas:
I – Páscoa;
II – dia das mães;
III – dia dos pais;
IV – Natal;
V – Ano Novo”.
Verificando-se a prática de quaisquer das hipóteses do art. 125 da LEP, ficam automaticamente revogadas as
autorizações para as saídas subsequentes.”
Desse modo, após o juiz deferir o benefício para o apenado nesta primeira vez, as novas saídas temporárias deste
mesmo reeducando não mais precisarão ser analisadas pelo juiz e pelo MP, sendo concedidas automaticamente pela
direção do Presídio, desde que a situação disciplinar do condenado permaneça a mesma, ou seja, que ele tenha
mantido o comportamento adequado no cumprimento da pena. Se cometer falta grave, por exemplo, é revogado o
benefício.
A esse procedimento simplificado deu-se o nome de “saída temporária automatizada” ou “calendário de saídas
temporárias”.
Insurgência do Ministério Público
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Alguns Ministérios Públicos pelo país têm se insurgido contra este procedimento e interposto recursos que chegam
aos Tribunais Superiores.
Segundo argumenta o Parquet, ao adotar essa saída temporária automatizada, o juiz da execução penal está
transferindo (delegando) para a autoridade administrativa do estabelecimento prisional a decisão de conceder ou
não a saída temporária, o que viola frontalmente o art. 123 da LEP (“Art. 123. A autorização será concedida por ato
motivado do Juiz da execução...”).
Além disso, para alguns Promotores, essa prática seria vedada porque cada saída temporária, para ser autorizada,
deve ser individualmente motivada com base no histórico do sentenciado.
O que entendem os Tribunais Superiores? O calendário de saídas temporárias é permitido? A prática da saída
temporária automatizada é válida?
STJ: não
A autorização das saídas temporárias é ato jurisdicional da competência do Juízo das Execuções Penais, que deve ser
motivada com a demonstração da conveniência de cada medida.
Desse modo, não é possível delegar ao administrador do presídio a fiscalização sobre diversas saídas temporárias,
autorizadas em única decisão, por se tratar de atribuição exclusiva do magistrado das execuções penais, sujeita à
ação fiscalizadora do Parquet.
Assim, não é legítima a prática de se permitir saídas temporárias automatizadas. Para cada pedido de saída
temporária, deverá haver uma decisão motivada do Juízo da Execução, com intervenção do Ministério Público.
STJ. 3ª Seção. REsp 1166251/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/03/2012 (recurso repetitivo) (Info 493).
A fim de deixar bem evidente esse entendimento, o STJ editou um enunciado:
Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível
de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
STF: sim
Para o STF, um único ato judicial que analisa o histórico do sentenciado e estabelece um calendário de saídas
temporárias, com a expressa ressalva de que as autorizações poderão ser revistas em caso de cometimento de
infração disciplinar, mostra-se suficiente para fundamentar a autorização de saída temporária.
O Min. Gilmar Mendes apontou que, em regra, os requisitos das saídas temporárias são os mesmos,
independentemente do momento do ano em que ocorrem. “A saída do Natal não tem requisitos mais brandos do
que a saída da Páscoa, por exemplo. Não há razão funcional para afirmar que uma única decisão que a ambas
contemple é deficiente de fundamentação”.
Além disso, essa prática não exclui a participação do MP, que poderá se manifestar sobre seu cabimento e, caso
alterada a situação fática, pedir sua revisão.
A exigência feita pelo STJ no sentido de que haja uma decisão motivada para cada saída temporária coloca em risco o
direito do sentenciado ao benefício, em razão do grande volume de processos nas varas de execuções penais.
STF. 1ª Turma. HC 98067, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/04/2010.
STF. 2ª Turma. HC 128763, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/08/2015.
Características:
a) sem escolta;
b) prazo determinado (artigo 124) = são 05 vezes por ano (1+4renovações), de no máximo 7 dias por vez. Mas
há exceção para as atividades educacionais.
Revoga-se o benefício se o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave,
desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Recupera-se o
benefício quando absolvido no processo penal, cancelada a punição disciplinar ou demonstrado o merecimento do
sentenciado (art. 125, caput e parágrafo único, LEP).
Remição
A remição sofreu importantes alterações com a edição da Lei 12.433/11.
Prevista no art. 126 da LEP, somente é aplicável aos presos em regimes fechado ou semiaberto.
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Súmula 341 STJ: A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução
de pena sob regime fechado ou semiaberto.
“Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. (Redação dada pela
Lei nº 12.433/11)”.
Uma das principais alterações da norma foi vista neste artigo, que limitou a 1/3 o tempo a ser revogado na hipótese
de falta grave, eis que, na redação anterior, o apenado perdia todos os dias remidos.
É encarada na doutrina como sendo um direito/dever do reeducando. Direito porque é por meio do trabalho que o
preso irá conseguir ganhar dinheiro no estabelecimento e abater a pena. Dever porque se ele não trabalhar é
considerada prática de falta grave, que pode ensejar até a regressão.
Doutrina minoritária: a CF/88 proíbe o trabalho forçado. Sob esta perspectiva, parte da doutrina critica o
condicionamento da remição ao efetivo exercício do trabalho. O fato é que, em verdade, a remição é ônus,
faculdade do reeducando que, se exercida lhe trará o respectivo bônus (abatimento a pena). Se o preso não trabalha
não consegue a remição da pena.
Remição ficta
Parte da doutrina defende que, se não há trabalho no estabelecimento prisional por culpa de um Estado omisso,
aplica-se a remição ficta. Para a Jurisprudência, porém, o argumento é rebarbativo e equivocado. Os Tribunais, in
totum, não admitem a remição ficta:
SV 9: O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.
Pela nova redação do art. 127 LEP “Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo
remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”. (Redação
dada pela Lei nº 12.433/11).
5 Antigaredação do art. 127 LEP - O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o
novo período a partir da data da infração disciplinar.
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O art. 127 previa a possibilidade de perda de todos os dias remidos em decorrência da prática de FALTA GRAVE,
começando novo período a partir da infração disciplinar. A SV 9/STF estabeleceu que essa previsão era constitucional.
Entretanto, atualmente, a SV é aplicada da seguinte forma, após a edição da Lei 12.433/2011, que limitou a perda a
até 1/3 dos dias remidos:
*É possível começar a remição na execução provisória, nos termos das súmulas 716 e 717, do STF, que admitem a
execução provisória com todos os seus incidentes.
*Quem cumpre medida de segurança não tem direito à remição, porque medida de segurança não é pena, mas sim
medida curativa.
*Declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição configura a pratica de
falsidade ideológica.
*O período de remição não mais será computado apenas para fins de concessão de livramento condicional e
indulto, nos termos do artigo 1286, mas sim, como pena cumprida, para todos os efeitos. Ex: progressão de regime
prisional.
Recurso de agravo
Antes da LEP, os incidentes da execução penal desafiavam recurso em sentido estrito. Com a edição da LEP o livro IV
do CPP, que trata da execução penal, foi tacitamente revogado. E das decisões e incidentes da execução penal
6 Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.433/11)
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passou a ser previsto o recurso de agravo (cf. Artigo 197. Das decisões proferidas pelo juiz caberá recurso de agravo,
sem efeito suspensivo).
*A LEP atribuiu a este recurso o nome de agravo porque na época em que foi elaborada existia uma tendência de
unificação dos recursos processuais penais e processuais civis (por influência de Ada Pelegrini Grinover, Antônio
Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance Fernandes). O problema foi o caráter incompleto da unificação, já que,
no procedimento ordinário e afins, até hoje, os recursos não foram unificados.
Esse recurso de agravo deve seguir o procedimento recurso em sentido estrito (05 dias), nos termos da Súm. 700 do
STF. (É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal).
*Como regra, é sabido que o RESE não possui efeito suspensivo, com exceção dos incisos XV, XVII e XXIV do art. 5817.
Há um caso, porém, em que o agravo em execução terá efeito suspensivo: da decisão do juiz que determina a
desinternação ou liberação de medida de segurança, o que se extrai da interpretação do art. 179 da LEP: o juiz pode
até liberar, mas este ato depende do trânsito em julgado da decisão8.
Efeito devolutivo
Efeito regressivo
Em regra, não tem o efeito suspensivo, exceto no caso do artigo 179, LEP. Para garantir o efeito suspensivo
para o agravo, é possível a impetração de um MS pleiteando o efeito suspensivo que, de ordinário, o agravo
não tem.
*Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): Foi instaurado pela Lei 10.792/03, que acrescentou o inciso V ao art. 53 da
LEP. Trata-se de uma nova espécie de sanção disciplinar9. É a maneira mais drástica de punir e prevenir
comportamentos indesejados entre os habitantes do sistema prisional. A este regime diferenciado serão
encaminhados os presos que praticarem fato previsto como crime doloso (note-se: fato previsto como crime e não
crime, pois se esta fosse a previsão dever-se-ia aguardar o julgamento definitivo do Poder Judiciário, em razão da
presunção de inocência, o que inviabilizaria a rapidez e a segurança que o regime exige), considerado falta grave,
desde que ocasione a subversão da ordem ou disciplina internas, sem prejuízo da sanção penal cabível.
O regime é válido tanto para condenados como para presos provisórios.
Há quem defenda a inconstitucionalidade do RDD (como Roberto Delmanto) por se tratar de pena cruel, desumana e
degradante. Os tribunais e a doutrina (capitaneada, dentre outros, por Nucci) têm declarado constitucional o RDD,
mormente se observada a necessidade de combate eficaz ao crime organizado, dentro e fora dos presídios. Para Luiz
Flávio Gomes, o RDD seria o regime ‘fechadíssimo’.
7 Cf. Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns.
XV, XVII e XXIV do art. 581.
8 Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação.
9 As faltas disciplinares (demérito do preso) classificam-se em leve, média ou grave. A LEP define somente as de natureza grave
(arts. 50, 51 e 52), deixando à legislação local a missão de etiquetar as demais. Essa verdadeira divisão de tarefas, bem explicada
na Exposição de Motivos da LEP, respeita as peculiaridades de cada região, o tipo de criminalidade, mutante quanto aos meios e
modos de execução, a natureza do bem jurídico ofendido e outros aspectos que sugerem tratamentos disciplinares que se
harmonizem com as características do ambiente.
As sanções cabíveis em caso de falta disciplinar (graves) estão enumeradas, taxativamente, no artigo 53:
I – advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos;
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuem alojamento coletivo;
V – inclusão no regime disciplinar.
O tema do nosso estudo reside, precisamente, nos artigos 52 e 53, V, recentemente alterados pela Lei nº 10.792/03, a seguir
comentada.
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a) Duração máxima: 360 dias (até esse prazo), contado de acordo com o artigo 10 do CP (o dia do começo
inclui-se no cômputo do prazo; contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum). É prazo
penal, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 da
pena aplicada (e não a cumprida ou a que resta cumprir);
b) Não existe limite de número de internações, de modo que o habitante prisional poderá ser punido por
quantas vezes ocorrerem os motivos que autorizarem a aplicação do RDD;
c) Recolhimento em cela individual, com acompanhamento psicológico; o que não significa cela insalubre,
escura e inabitável;
d) Visitas semanais de duas horas de duração, de 02 pessoas sem contar as crianças;
e) O preso poderá sair da cela para 02 horas diárias para banho de sol;
Hipóteses autorizadoras:
1. Artigo 52, caput, a prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção
penal, ao regime disciplinar diferenciado. Os requisitos são cumulativos, exigindo-se a:
1) prática de fato previsto como crime doloso;
2) considerado falta grave;
3) que ocasione subversão da ordem ou disciplina internas.
*E se o crime for preterdoloso cabe? Sim, é caso de crime doloso; o STJ entende que as agravantes não se aplicam
no preterdolo; No crime tentado também é possível. Mesmo que o crime doloso, causador de desordem carcerária,
fique no campo da tentativa, será punido com a sanção correspondente à falta consumada (art. 49,parágrafo único,
da LEP). No entanto, “como na tentativa as consequências do fato não existem ou não são tão graves quanto na
consumação, na fixação da sanção disciplinar será tida em vista essa circunstância para a escolha da natureza ou
duração da punição”.
*É aplicável somente a quem cumpre pena em estabelecimento prisional. Não abrange o que cumpre pena restritiva de
direito ou ao preso que praticou o crime na saída permitida. O crime deve ser cometido dentro do presídio. A
internação no RDD não afasta a condenação por crime doloso.
2. Artigo 52, § 1º: presos de alto risco: presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que
apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
3. Artigo 52, § 2º: fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações
criminosas, quadrilha ou bando do preso provisório ou condenado. Para Nucci, bastam as fundadas
suspeitas. Para Rogério Greco deve existir prova.
*Judicialização: somente o juiz competente pode aplicar essa sanção disciplinar (RDD), através de prévia e
fundamentada decisão. O diretor do estabelecimento prisional não pode fazê-lo, nos termos do artigo 54, LEP. O juiz
só pode fazer mediante provocação (não pode atuar de ofício – art. 54, § 1o). Faz-se necessário, portanto,
requerimento administrativo do:
Diretor do presídio; ou
Outra autoridade administrativa (secretário de segurança pública, secretário para assuntos penitenciários e
outros)10. O MP não foi expressamente contemplado, mas entende-se que poderá requerer com o
fundamento no artigo 68, II, alínea ‘a’ (cabe ao MP requerer todas as providências necessárias ou
desenvolvimento do processo executivo)11.
10
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V,
por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo
diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
11
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento;
II - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
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*Com a edição da Lei 12.694/12, que dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de
jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a
prática de qualquer ato processual, notadamente inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado (art. 1, VII e
§1º).
*Nos termos do § 2o do artigo 54, a decisão que determina a internação no RDD deve obedecer à ampla defesa e ao
contraditório. Se for o MP que requerer, já está incluída a sua manifestação.
*O princípio da individualização da pena está respeitado no RDD porque o juiz deve fazer mediante a individualização
de cada preso (art. 57, LEP). Não existe RDD coletivo.
RDD Preventivo:
Com a nova redação dada pela Lei nº 10.792/03, foram previstas duas medidas preventivas:
a) isolamento cautelar do preso, decretado pela autoridade administrativa, comunicando, em seguida, a
autoridade judiciária (que não se confunde com o RDD; há mero isolamento);
b) aplicação preventiva do regime disciplinar diferenciado, autorizada pelo juiz competente.
*Aqui surge a dúvida: a autorização judicial deve preceder a medida preventiva, ou apenas referendá-la?
As duas interpretações parecem possíveis. Para uns, mais garantistas, a autorização judicial deverá preceder o regime
provisório (item ‘b’, com base na já mencionada ‘judicialização’ do instituto), mesmo porque se quisesse o legislador
o contrário, teria redigido a exceção como o fez no isolamento cautelar (item ‘a’), prevendo expressamente a
comunicação posterior.
Outros, não sem razão, considerando a posição topográfica do mandamento, bem como a necessidade de decisões
rápidas diante de situações graves e inesperadas, causadoras de subversão da ordem interna do presídio, sugerem que
a inclusão provisória (‘b’) está também inserida entre as atribuições cautelares da autoridade administrativa, que
deverá, incontinenti, submeter a sua decisão à apreciação do juiz competente, podendo este referendá-la ou não12.
Prevalece, porém, a 1ª corrente, segundo a qual é possível determinar um RDD preventivo, antes da realização do
contraditório, nos termos do artigo 60, 2a parte, somente por ordem de magistrado (a pedido da autoridade
administrativa, do diretor do presídio ou do MP). Enquanto o juiz não decide, a autoridade pode se utilizar da 1a parte
do art. 60, qual seja, o isolamento preventivo pelo prazo de 10 dias (que independe de decisão judicial e não se
confunde com o RDD). O tempo de RDD preventivo será computado no tempo de RDD definitivo, nos termos do
parágrafo único do art. 60 (caso de detração).
Livramento Condicional
Conceito: É uma liberdade antecipada mediante certas condições, que cumpridas extinguem a pena privativa de
liberdade. É um benefício cabível a preso que cumpriu parcela da pena. É direito subjetivo.
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A lógica desta corrente segue o espírito da prisão em flagrante, medida inicialmente de natureza administrativa, passando para o
campo jurisdicional somente depois de referendada pelo juiz.
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Característica: O livramento é uma decorrência da aplicação do sistema prisional progressivo ou inglês adotado no
Brasil.
Requisitos
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*Questão interessante que se coloca é a seguinte: pode o réu recorrer para aumentar sua própria pena? Em uma
situação hipotética, na qual o condenado a pena de 1 ano e 11 meses é reincidente (não faz jus ao sursis) e a pena é
inferior a 02 anos (não fazendo jus ao livramento condicional), poderia o réu recorrer para aumentar a própria pena
e pleitear o sursis? Para Rogério Greco e Rogério Sanches o condenado pode recorrer pedindo o aumento da própria
pena, para se enquadrar no sursis.
Reincidente Específico
A doutrina é divergente:
1. 1a. Corrente (Alberto Silva Franco): é reincidente específico é aquele que praticou o mesmo tipo penal. Ex.:
condenado pelo art. 213 é novamente condenado pelo art. 213. Se praticou um estupro (art. 213) e depois um
latrocínio (art. 157, § 3o.). No último caso faz jus ao livramento.
2. 2a. Corrente (majoritária na doutrina e na jurisprudência): basta a prática de qualquer crime hediondo pelo
qual foi condenado, seguida da prática de outro crime hediondo, qualquer que seja o tipo.
Processamento
Antes da lei, o juiz, antes de decidir, ouvia o MP e o Conselho Penitenciário (Lei 10.792/03). Depois da nova lei, ouve
APENAS o MP (Lei 10.792/03). O Conselho Penitenciário não se manifesta mais para concessão de livramento
condicional (art. 70).
Período de prova
É período variável porque depende do período de pena restante a cumprir.
Tem início com a audiência admonitória, que é realizada, segundo a LEP, no próprio estabelecimento prisional (art.
137).
Condições
Durante o período de prova o reeducando deve cumprir determinadas condições:
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Revogação:
*Pergunta de concurso: se for condenado por contravenção em pena privativa de liberdade? Não cabe ao
intérprete suprir a omissão legal criando analogia in malam partem; portanto, não há revogação.
Prorrogação
Está prevista no art. 89, CP: “Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento”.
Não existe sempre, somente ocorre quando há crime (não contravenção) cometido durante a vigência do livramento.
Somente a primeira espécie de revogação prorroga o benefício.
Após o período de prova não perduram as condições fixadas.
III - Cabe ao Juízo da Vara de Execuções Penais, nos termos do art. 145 da LEP, quando do
cometimento de novo delito no período do livramento condicional, suspender cautelarmente
a benesse, durante o período de prova, para, posteriormente, revogá-la, em caso de
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Incidentes de execução
São as questões incidentes que devem ser decididas ao longo da execução penal implicando conversão, unificação,
soma, redução ou extinção de pena ou medida de segurança (Nucci).
Há algumas questões que, sem interferir na substituição, redução ou extinção da pena ou da medida de segurança,
não são incidentes de execução. Tem-se como exemplo a “suspensão condicional do pena e o livramento
condicional”. Pela doutrina prevalente não se tratam de incidentes de execução, embora sejam decididos pelo
magistrado (Celso Delmanto). A extinção da punibilidade, unificação de penas, extinção de medida de segurança são
verdadeiros incidentes de execução. Os incidentes de execução versam sobre instituto que pode implicar a redução,
substituição ou extinção da pena ou da medida de segurança, os quais serão julgados pelo magistrado, art. 66, III, f,
da LEP.
Consideram-se incidentes não apenas aqueles referidos expressamente com esse título (conversões, excesso ou
desvio, anistia e indulto) como também os demais incidentes que se acham distribuídos pela LEP (unificação,
extinção da pena e da medida de segurança etc).
A LEP prevê os incidentes de execução nos artigos 180 a 193. São, em síntese, as conversões, excesso ou desvio de
execução da pena, além da anistia e o indulto.
Sobrevindo condenação por fato anterior ao início do cumprimento, a nova pena será lançada no
montante total anterior, sem qualquer modificação. Ex.: o sujeito foi condenado a 300 anos, e, durante o
cumprimento, mas por fato anterior, é condenado a mais 30. A condenação passa a ser de 330, mas o sujeito
só cumprirá trinta (se já houver cumprido 20, só cumprirá mais 10).
Se o fato for posterior, a nova pena é somada ao que resta para cumprimento da anterior. Ex.:
considerando os mesmos números do exemplo anterior, o sujeito, quando sobrevém a nova condenação, já
havia cumprido vinte anos, restando 10. Com a nova pena, cumprirá 30 (os 10 que faltavam, mais os trinta da
nova pena, resultando em 40, que devem ser reduzidos a trinta). Note-se que, neste caso, o sujeito ficará
cinquenta anos seguidos preso.
Súmula 715 STF – A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou o
regime mais favorável de execução.
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Detração
É o desconto, na pena aplicada, do tempo de prisão provisória (qualquer das espécies), no Brasil ou no exterior, do
de prisão administrativa ou de internação. Antes da Lei 12.736/12, era matéria de competência exclusiva do juízo da
execução (66, III, c, da LEP). Todavia, aquela lei acresceu o § 2º ao art. 387 do CPP, determinando ao juiz da
condenação que, na sentença, já compute “o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação,
no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade”. A detração feita pelo magistrado na sentença altera o regime inicial de pena:
Detração e sursis: o desconto deve operar-se na pena fixada, se vier a ser cumprida, caso revogado o sursis, mas não
no tempo de suspensão. Segundo o entendimento majoritário, cabe a detração desde que o crime pelo qual o
indivíduo foi condenado tenha sido cometido antes da prisão provisória em processo no qual foi absolvido. Do
contrário, atribuir-se-ia ao réu um “crédito” para delinquir, permitindo-se ao interessado afastar ou subtrair o tempo
de encarceramento em razão de um suposto saldo de prisão provisória.
*Segundo entendimento majoritário, a detração não tem efeitos na determinação da prescrição sobre a pena in
concreto.
Indulto e Graça
A graça é benefício individual concedido mediante provocação (do condenado, MP, Conselho Penitenciário ou
Diretor do estabelecimento). O MP e o Conselho Penitenciário darão parecer se não forem os provocadores. O
indulto é de caráter coletivo e concedido espontaneamente.
São providências discricionárias do Presidente da República (delegáveis a Ministros, ao PGR ou ao AGU) para
extinguir ou comutar penas, mas só provocam a extinção da punibilidade ou outros efeitos previstos no Decreto
após reconhecimento judicial. Os dois termos por vezes são usados indistintamente.
Atingem os efeitos executórios penais da condenação, permanecendo íntegros os civis. Subsistem, também, os
efeitos secundários penais (ex.: reincidência).
São plenos quando extinguem a pena, e parciais quando a reduzem ou comutam em outra de menor gravidade.
Apenas os parciais que substituem uma pena por outra admitem recusa do condenado. Não os que reduzem ou
extinguem a pena.
Predomina o entendimento de ser possível o indulto se já houve trânsito em julgado para a acusação. A concessão
não impede o conhecimento do recurso do réu. “Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem
ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais
superado, considerando que o indulto natalino, por ex., permite que seja concedido o benefício desde que tenha
havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art.
5º, I e II, do Decreto 7.873/2012)” – dizerodireito
Súmula 535-STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de
pena ou indulto. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/06/2015, Dje 15/06/2015.
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No entendimento do STF, as penas correspondentes a infrações diversas devem somar-se para efeito do indulto e
da comutação.
São insuscetíveis de graça e indulto os crimes hediondos (cometidos após a Lei 8072/90), a tortura, o tráfico de
entorpecentes e o terrorismo. Se o Decreto, entretanto, excluir do benefício os crimes hediondos, sem dizer que se
trata apenas dos cometidos após a Lei, impede-se sua concessão para todos, independentemente da data do fato.
*Porque a comutação nada mais é que uma espécie indulto parcial, veda-se também sua incidência em relação a
crimes hediondos, segundo o STF (HC 103.618, HC 115.099).
*Não se aplica o indulto ao tráfico privilegiado, pois a causa de diminuição de pena não descaracteriza a hediondez
do crime (STJ, RHC 28.919/MS, HC 150.894/MS; TRF3, ACR 00040109520094036000).
Anistia
Somente pode ser concedida por lei federal. Pelo Congresso Nacional, com sanção da Presidência. Por ela, o Estado
renuncia ao jus puniendi. Atinge a pretensão punitiva, e tem efeitos similares aos da abolitio criminis, subsistindo,
entretanto, os efeitos civis da sentença penal (inclusive perda de instrumentos ou produto do crime – STF). Pode ser
concedida antes ou depois da condenação.
Espécies:
- plena: não abre exceção ao fato anistiado, abrangendo todos os criminosos;
- restrita ou parcial: menciona os fatos e exige o preenchimento de requisitos;
- especial: crimes políticos;
- comum: crimes comuns;
- própria: antes do trânsito em julgado;
- imprópria: após o trânsito em julgado
- incondicionada: não exige a prática de nenhum ato pelo indivíduo como condição
- condicionada: exige. Ex.: deposição de armas. Esta pode ser recusada pelo beneficiário.
Os efeitos de natureza civil permanecem Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
íntegros. permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto
cometer novo crime não será reincidente. se cometer novo crime será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual É um benefício coletivo
somente a fatos, atinge apenas os que o (com destinatário certo). (sem destinatário certo).
cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).
Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se
submete, durante o período de prova, à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas. O
Brasil adotou o sistema franco-belga, no qual, após a condenação, o juiz, levando em conta condições legalmente
previstas, suspende a execução da pena por determinado período, dentro do qual o acusado deve revelar bom
comportamento e atender as condições impostas, pois, caso contrário, deverá cumprir integralmente a sanção penal.
Natureza jurídica: de acordo com o STF e o STJ, trata-se de instituto de política criminal. É uma execução mitigada da
pena privativa de liberdade, sendo que o condenado cumpre a pena que lhe foi imposta de maneira menos gravosa.
É benefício e ao mesmo tempo modalidade de satisfação da pena.
*Outras 2 correntes: b) direito público subjetivo do condenado (STF afastou essa posição no HC 85.790/RJ); e c) pena
– espécie de pena, embora não prevista no art. 32 do CP (também afastada pela doutrina).
ESPÉCIES DE SURSIS
SURSIS SIMPLES SURSIS ESPECIAL SURSIS ETÁRIO SURSIS
HUMANITÁRIO
Previsão legal: art. Previsão legal: art. 77, c/c Previsão legal: art. Previsão legal: art. 77,
77, c/c art. 78, § art. 78, § 2º, do CP. 77, § 2º, do CP. § 2º, in fine do CP.
1º, do CP.
Pressuposto: Pressupostos: Pressupostos: Pressupostos:
Pena imposta não a) Pena imposta não a) Pena imposta não a) Pena imposta não
superior a 2 anos, superior a 2 anos. Deve superior a 4 anos, superior a 4 anos,
considerando-se o ser considerado-se o considerando-se o considerando-se
concurso de concurso de delitos. concurso de delitos. concurso de delitos.
delitos. b) reparação do dano ou b) Ser idoso com b) Condições de saúde
impossibilidade de fazê-lo mais de 70 anos. do condenado.
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Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. (Condições judiciais)
Revogação Facultativa
descumprimento injustificado das condições que estejam FORA do art. 78, § 1º
Condenação definitiva por crime CULPOSO (se doloso é obrigatória) ou CONTRAVENÇÃO PENAL a
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU RESTRITIVA DE DIREITOS (Pena de multa não gera a
revogação)
Reabilitação
Reabilitação é o instituto jurídico-penal que se destina a promover a reinserção social do condenado, a ele
assegurando: i) o sigilo de seus antecedentes criminais; ii) a suspensão condicional de determinados efeitos
secundários de natureza penal e específicos da condenação (Masson).
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Natureza jurídica: medida de política criminal. Não se trata de causa de extinção da punibilidade, visto que estas
operam efeitos irrevogáveis ao passo que a reabilitação, se revogada, restabelece o status quo ante.
O art. 202 da LEP estabelece que:
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões
fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência
à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros
casos expressos em lei.
Esse sigilo é mais restrito, podendo ser quebrado por qualquer autoridade judiciária, membro do MP ou delegado de
polícia. De outro turno, o sigilo assegurado pela reabilitação é mais amplo, pois as informações por ele cobertas
somente podem ser obtidas por requisição exclusivamente de juiz criminal (não de qualquer integrante do PJ). Nesse
sentido, o art. 748 do CPP: “A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de
antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz
criminal”.
Requisitos:
Decurso de 2 anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão e do livramento, se não sobrevier revogação;
Tenha tido domicílio no país no prazo acima referido;
Demonstração efetiva e constante, durante esse tempo, de bom comportamento público e privado;
Ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrado a absoluta impossibilidade de fazê-lo, até o dia do
pedido, ou exiba documento que prova a renúncia da vítima ou novação da dívida.
O pedido é dirigido ao juízo da condenação, e não ao da execução, cabendo apelação em caso de negativa.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for
condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser
executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
§ 1º A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação para
recolher os condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio
condenado.
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Ainda nesse ano, foi editado o Decreto 6.049/07, que criou o Regulamento Penitenciário Federal e estruturou o
funcionamento do SPF. Finalmente, foi editada a Lei 11.671, de 08/05/2008, regulamentada pelo Decreto 6.877/09,
que conferiu adequado tratamento normativo ao tema.13
Dos 5 estabelecimentos prisionais inicialmente previstos, 4 já se encontram em funcionamento:
Art. 3º, Decreto 6.877/09: Para a inclusão ou transferência, o preso deverá possuir, ao
menos, uma das seguintes características:
I - ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização
criminosa;
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional
de origem;
III - estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado - RDD;
IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com
violência ou grave ameaça;
V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua
integridade física no ambiente prisional de origem; ou
VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema
prisional de origem.
13 É de ser analisada a possível relação entre as megarrebeliões coordenadas pelo PCC em SP em 2001 e 2006 e a
legislação/concretização do SPF.
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Federal, (redação similar ao artigo 4º, § 1º da Lei nº 11.671/2008), que determina: "A
execução penal da pena privativa de liberdade, no período em que se efetivar a
transferência, ficará a cargo do juízo federal competente." 3. Para o fiel cumprimento da
execução penal deve-se levar em conta, diante das circunstâncias do caso concreto, não
apenas as conveniências pessoais e familiares dos presos, bem como os da Administração
Pública, sobretudo quando relacionadas com o efetivo cumprimento da pena, uma vez que
se reconheça a impossibilidade do Juízo que solicitou o deslocamento dos apenados de se
fazer presente no local do cumprimento da pena para acompanhá-la e tratar de incidentes
que surjam no decorrer da execução. Exegese do Enunciado Sumular 192 desta Corte, a
corroborar a regra disposta no art. 66, III da Lei de Execuções Penais. 4. Conflito
conhecido para determinar competente o suscitante, Juízo Federal da Seção de Execução
Penal de Catanduvas da Seção Judiciária do Estado do Paraná.(CC 90702/PR, Rel.
Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009)
Súmula 192 STJ: Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a administração estadual.
Procedimento (DPL)
No juízo de origem (responsável pela execução penal ou pela prisão provisória = juiz da causa penal*)
a) emissão de juízo de admissibilidade da necessidade da transferência do preso para estabelecimento penal federal
de segurança máxima. Com tal juízo de admissibilidade, inicia-se a transferência do preso.
b) instrução dos autos de transferência (ver arts. 5º, § 3º, da Lei 11.671/07, e arts. 4º a 6º do Decreto 6.877/09);
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c) manifestação, no prazo de 5 dias cada, quando não requerentes, da autoridade administrativa, do Ministério
Público, da defesa, do DEPEN (a este último é facultado indicar o estabelecimento penal federal mais adequado);
d) envio dos autos de transferência ao juízo federal competente.
d.1) hipótese de execução penal da pena privativa de liberdade: encaminhamento dos autos da execução penal.
d.2) hipótese de prisão provisória: basta o envio da carta precatória, devidamente instruída.
No juízo federal competente (= juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o
estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o preso)
a) se necessárias diligências complementares: manifestação, em 5 dias, do MPF e da Defesa;
b) decisão em 5 dias acerca da transferência e do período de permanência: em regra, a decisão fundamentada é
prévia à transferência.
*Tal como afirmado, a Lei nº 11.671/2008 prevê que, havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá autorizar a
imediata transferência do preso e após o preso estar incluído no sistema penitenciário federal, ouvir as partes
interessadas e decidir pela manutenção ou revogação da medida adotada. Desse modo, em caso de situações
emergenciais, o contraditório será diferido.
Em 2013, o STF decidiu que a transferência de preso para presídio federal de segurança máxima sem a sua prévia
oitiva, desde que fundamentada em fatos caracterizadores de situação emergencial, não configura ofensa aos
princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da individualização da pena e da dignidade da pessoa
humana.
1ª Turma. HC 115539/RO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 3/9/2013 (Info 718).
*É entendimento pacífico do STJ e do TRF1, que o direito ao cumprimento da pena em local próximo ao seio familiar
(valores da ressocialização do condenado e da garantia do DPL – interesse privado) deve ceder em prol da garantia
do valor da segurança pública (interesse público).
Temporariedade do recolhimento de presos a estabelecimentos penais federais de segurança máxima (art. 10, Lei
11.671/08)
A inclusão do preso em estabelecimentos penais federais de segurança máxima deve ser determinada, inicialmente,
no prazo máximo de 360 dias.
Conflito de competência
A Lei 11.671/08 prevê duas hipóteses em que o juízo de origem pode suscitar conflito de competência:
a) art. 9º: juízo federal rejeita o pedido de transferência do preso para estabelecimento penal federal de
segurança máxima;
b) art. 10, § 5º: juízo federal rejeita o pedido de renovação da permanência do preso em estabelecimento
penal federal de segurança máxima.
Superlotação
Cada uma das 4 unidades penitenciárias atualmente em funcionalmente tem capacidade para 208 presos.
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OBS: referida lei é quase uma reprodução integral da Resolução 557 do CJF, a qual disciplinou a matéria por um
período de 1 ano.
E. DIREITO CIVIL
1.1 CONTRATO
1.2 Conceito
CONTRATO é um negócio jurídico em que as partes convergem vontades contrapostas, com o escopo de
atingir determinados interesses, segundo as limitações impostas pelos princípios da FUNÇÃO SOCIAL e da
BOA-FÉ OBJETIVA.
O contrato é um negócio jurídico, que tem forma livre, exceto no que for determinado pela lei.
1.3 Classificação dos contratos
RECIPROCAMENTE
CONSIDERADOS EM SI MESMOS
CONSIDERADOS
Unilaterais ou bilaterais CONTRATOS PRINCIPAIS ou
Quanto à natureza da obrigação Onerosos ou gratuitos
CONTRATOS-BASE
Comutativos ou aleatórios
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Formais ou reais
Consensuais, formais ou
Quanto à forma
reais
Quanto à designação Nominados e inominados
Alienação de bens
Quanto ao objeto (conteúdo do Transmissão de uso e gozo
direito conferido) Prestação se serviço
Conteúdo especial
CONTRATOS ACESSÓRIOS ou
Execução imediata
Quanto ao tempo de execução Execução mediata CONTRATOS-DERIVADOS
Execução diferida
Intuito personae ou
Quanto à pessoa do contratante
impessoal
- BILATERAIS ou UNILATERAIS
Unilaterais: apenas um dos contratantes assume obrigações em face do outro, de tal sorte que os efeitos
são ativos de um lado e passivos do outro, pois uma das partes não se obrigará, não havendo, portanto,
qualquer contraprestação.
Ex: doação pura e simples; depósito; comodato; mútuo; mandato.
Os contratos unilaterais requerem duas manifestações de vontade (negócio jurídico bilateral), mas colocam
um só dos contratantes na posição de devedor, ficando o outro como credor.
Bilateral imperfeito (Olindo Menezes): a reciprocidade de obrigações surge apenas e eventualmente na
execução do contrato. Ex.: o depósito e o comodato, quando geram despesas para o depositário e para o
comodatário. (Não deve ser alterada a classificação).
Bilaterais: são os contratos em que cada um dos contratantes é simultânea e reciprocamente credor e
devedor do outro, pois produz direitos e obrigações para ambos, tendo por característica principal o
SINALAGMA, ou seja, a dependência recíproca de obrigações (CONTRATOS SINALAGMÁTICOS).
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- ONEROSOS ou GRATUITOS
Gratuitos ou benéficos: contratos em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem (atribuição
patrimonial).
Onerosos: ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual corresponde uma redução patrimonial.
A doutrina distingue os contratos gratuitos propriamente ditos dos contratos desinteressados. Aqueles
acarretam uma diminuição patrimonial a uma das partes, como se dá nas doações puras. Estes,
subespécies dos primeiros, não produzem esse efeito, malgrado beneficiem a outra parte, ou seja, os
contratos desinteressados são aqueles em que há vantagem patrimonial somente para uma das partes,
mas sem redução patrimonial para a outra (comodato e mútuo, p.ex.).
“Como decorrência lógica da estrutura contratual, em regra, o contrato oneroso é bilateral, o gratuito
unilateral. Mas pode haver exceção, como é o caso do contrato de mútuo de dinheiro sujeito a juros –
mútuo feneratício – pelo qual além da obrigação de restituir a quantia emprestada – contrato unilateral - ,
devem ser pagos os juros – contrato oneroso” (Tartuce).
- COMUTATIVOS ou ALEATÓRIOS
- CONSENSUAIS ou REAIS
Consensuais ou formais: se perfectibilizam com a simples manifestação do consentimento (cf. abaixo, sobre
elementos intrínsecos dos contratos).
Contratos reais: exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de
objeto. Ex: depósito, comodato ou mútuo. São, também, unilaterais.
“Não se pode confundir o aperfeiçoamento do contrato – plano de validade – com o seu cumprimento –
plano da eficácia. A compra e venda gera efeitos a partir do momento em que as partes convencionam
sobre a coisa e o seu preço. No caso da compra e venda de imóveis, o registro mantém relação com a
aquisição da propriedade do negócio decorrente, o mesmo valendo para a tradição nos casos envolvendo
bens móveis. Utilizando a escada ponteana, o registro e a tradição estão no plano da eficácia desse
contrato. No que concerne à tradição, é melhor dizer que está, em regra, no plano da eficácia. Isso porque,
no caso dos contratos reais, a entrega da coisa está no plano da validade.” (Tartuce).
Contratos solenes: Somente se aperfeiçoam com observância de forma prescrita em lei, que é da
substância do ato (ad solemnitatem), sob pena de nulidade. Ex.: compra e venda de imóveis (art. 108),
pacto antenupcial (art. 1653).
- NOMINADOS ou INOMINADOS
Contratos nominados são os que têm designação própria. Inominados são as que não a têm.
Contratos típicos são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. Contratos atípicos são os
que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e
regulados na lei.
1.3.2 Reciprocamente considerados
Contratos principais: são os que existem por si, exercendo sua função e finalidade independentemente de
outro.
Contratos acessórios: são aqueles cuja existência jurídica supõe a dos principais, pois visam a assegurar a
sua execução. EXEMPLO: a fiança é contrato acessório, estabelecido para garantir a locação, que é contrato
principal.
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Carlos Roberto Gonçalves: alguns contratos são denominados derivados ou subcontratos, por também
dependerem ou derivarem de outros. Têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato,
denominado básico ou principal. Entre os principais subcontratos, destacam se a sublocação, a
subempreitada e a subconcessão.
Contrato derivado x contrato acessório: esses contratos têm em comum com os acessórios o fato de que
ambos são dependentes de outro. Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria
natureza do direito versado no contrato base. Nessa espécie de avença, um dos contratantes transfere a
terceiro, sem se desvincular, a utilidade correspondente à sua posição contratual. O locatário, por exemplo,
transfere a terceiro os direitos que lhe assistem, mediante a sublocação. O contrato de locação não se
extingue, e os direitos do sublocatário terão a mesma extensão dos direitos do locatário, que continua
vinculado ao locador.
Contrato derivado e cessão da posição contratual: o subcontrato também se distingue da cessão da posição
contratual, na qual o contrato básico persiste em sua integridade, mas com novo titular, o cessionário. No
contrato derivado, no entanto, surge uma nova relação contratual, sem alteração da primeira, havendo
apenas um dos sujeitos que é titular de ambos os contratos.
Adverte Sílvio Venosa que, “como consequência da derivação, o direito contido no subcontrato tem como
limite o direito contido no contrato base; sua extensão não pode ser ultrapassada. Aplica-se o princípio
segundo o qual ninguém pode transferir mais direito do que tem. No mesmo diapasão, se o contrato
principal se extingue, extingue-se o contrato derivado por impossibilidade material de sua continuação”.
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Contratos coligados – Carlos Roberto Gonçalves: constitui uma pluralidade, em que vários contratos
celebrados pelas partes apresentam-se interligados. Quando o elo entre eles consiste somente no fato de
constarem do mesmo instrumento, não existe propriamente coligação de contratos, mas, sim, união de
contratos. Aquela passa a existir quando a reunião é feita com dependência, isto é, com um contrato
relacionado ao outro, por se referirem a um negócio complexo. Apesar disso, conservam a individualidade
própria, distinguindo-se, nesse ponto, do misto. Contratos coligados são, pois, os que, embora distintos,
estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita.
“são, pois, os que embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita. (...) são
os que se encontram ligados por um nexo funcional, podendo essa dependência ser bilateral – vende o
automóvel e a gasolina - ; unilateral – compra o automóvel e arrenda a garagem, ficando o arrendamento
subordinado à compra e venda -. Alternativa – compra a casa na praia ou, se não for para lá transferido,
loca-a para veraneio. Mantém-se a individualidade dos contratos, mas as vicissitudes de um podem influir
sobre o outro” (Tartuce). Os contratos coligados deve ser interpretados segundo os critérios de
hermenêutica do CC, em especial dos arts. 112 e 113, considerada a sua conexão funcional (Em. n.
421/CJF).
Sobre a matéria, já decidiu o STJ:
“(...) Os contratos coligados são aqueles que, apesar de sua autonomia, se
reúnem por nexo econômico funcional, em que as vicissitudes de um podem
influir no outro, dentro da malha contratual na qual estão inseridos. "Por força de
disposição legal, da natureza acessória de um deles ou do conteúdo contratual
(expresso ou implícito), encontram-se em relação de dependência unilateral ou
recíproca" (MARINO, Francisco Paulo de Crescenzo. Contratos coligados no direito
brasileiro. (...). Nesse passo e em uma perspectiva funcional dos contratos, deve-
se ter em conta que a invalidade da obrigação principal não apenas contamina o
contrato acessório (CC, art. 184), estendendo-se, também, aos contratos
coligados, intermediário entre os contratos principais e acessórios, pelos quais a
resolução de um influenciará diretamente na existência do outro (REsp 1141985)
AGRAVO REGIMENTAL EM RESP. (...) CISÃO, ACORDO DE ACIONISTAS E
LOCAÇÃO. CONTRATOS COLIGADOS. FUNÇÃO ECONÔMICA COMUM. ART. 19
DA LEI 8.245/91. MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO DOS PACTOS.
AVENÇA NÃO ALTERADA. REVISIONAL QUE NÃO VISA AO RESTABELECIMENTO
DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO SOCIAL. FALTA DE INTERESSE DE AGIR.
VIOLAÇÃO À BOA-FÉ OBJETIVA. RESP. PROVIDO. ART. 557, § 1o.-A DO CPC.
REVISIONAL EXTINTA, SEM EXAME DO MÉRITO (...). 5. A interdependência, a
conexidade ou a coligação dos contratos firmados pelas partes (cisão de empresa,
acordo de acionistas e contrato de locação) resultam claras e evidentes, haja vista a
unidade dos interesses representados, principalmente os de natureza econômica,
constituindo esse plexo de avenças o que a doutrina denomina de contratos coligados;
em caso assim, embora possível visualizar de forma autônoma cada uma das
figuras contratuais entabuladas, exsurge cristalina a intervinculação dos acordos
de vontade assentados, revelando a inviabilidade da revisão estanque e
individualizada de apenas um dos pactos, quando unidos todos eles pela mesma
função econômica comum. (...) (AgRg no REsp 1206723)
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CONTRATOS COATIVOS
Os contratos coativos, ou necessários, inserem-se no âmbito do dirigismo contratual, e consiste na
limitação à liberdade de contratar na medida em que o Estado impõe a uma das partes a obrigação de
contratar. A atuação do Estado, nesses casos, justifica-se para fins de proteção das pessoas vulneráveis, a
fim de equalizar as relações jurídicas em prol da justiça social. Decorre da eficácia horizontal dos direitos
fundamentais. Nesse sentido:
"A técnica dos contratos coativos e necessários não importa jamais a substituição da vontade das partes
pela vontade imposta pela lei, o que neles há é a substituição da vontade "de uma das partes" pela vontade
da lei.
E por qual razão a vontade de uma das partes será substituída pela vontade legal? Trata-se da aplicação do
princípio da igualdade nas relações privadas nas hipóteses em que o exercício da liberdade negocial de
contratar ou recusar a contratação implicar qualquer forma de discriminação. Nestes casos, uma lei ou
sentença que imponham obrigação de efetuar ou de não efetuar um contrato atenderão a ditames de
igualdade de tratamento, como manifestação do dever de proteção das normas de direitos fundamentais.
Em comum aos contratos coativos e necessários, uma pessoa será obrigada a emitir declaração de vontade
necessária à formação de um contrato. Neles apenas uma das partes é vinculada, cabendo a outra optar
por contratar ou não contratar. As partes, mesmo no contrato coativo estão entre si relacionadas por
vínculo obrigacional, o contrato coativo é ainda contrato, só que nele o particular é alcançado pelo dever de
contratar isto é, de assumir obrigação perante terceiro.
Para ORLANDO GOMES, "o contrato coativo, também denominado contrato ditado, imposto, forçado, constitui
negócio jurídico que se realiza sem o pressuposto do livre consentimento das partes". Trata-se de uma simples
ficção, finge-se que o contrato foi concertado. Há contrato coativo quando alguém, contra a vontade, é
compelido a participar de relação jurídica normalmente oriunda de um acordo de vontades, e quando se envolve
numa relação contratual sem ter emitido declaração de vontade" (ROSENVALD).
Cabe ainda registrar que o contrato de adesão não se confunde com o contrato coativo. No contrato de
adesão, a parte contratante não possui a liberdade de estipular conteúdo das cláusulas. Há, com efeito,
uma distinção entre a liberdade de estipulação e a liberdade de celebração. A primeira é suprimida, mas a
liberdade de celebração é preservada, pois a parte pode simplesmente deixar de celebrar (aderir) o
contrato. Isso já não ocorre nos contratos coativos, no qual a parte não tem outra alternativa senão
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contratar.
CONTRATOS CATIVOS
Contratos cativos, ou relacionais, são contratos que representam relações jurídicas contínuas e duradouras
entre as partes, que traduzem um vínculo de dependência, de mutualismo, entre elas, acarretando a
obrigação de colaboração mútua na manutenção da relação jurídica contratual.
Para LIMA MARQUES, tais contratos são dotados de grande relevância no contexto atual, sendo que a
sociedade de consumo se beneficia dele, e, ao mesmo tempo, fomenta os serviços.
Nos contratos relacionais, portanto, as partes se interagem no sentido de manter a relação jurídica,
pensando em sua perpetuação.
Nesses contratos, há cláusulas abertas voltadas à regulamentação do processo de renegociação contínua.
Portanto, o contrato relacional estabelece vínculo marcado pela perpetuidade e prolongação no tempo,
razão pela qual as partes devem agir cooperando entre si a fim de manter a sua longevidade.
Ex. de contratos cativos ou de longa duração: planos de saúde, previdência privada, cartão de crédito,
conta-corrente.
1. No moderno direito contratual reconhece-se, para além da existência dos contratos descontínuos,
a existência de contratos relacionais, nos quais as cláusulas estabelecidas no instrumento não
esgotam a gama de direitos e deveres das partes.
2. Se o consumidor contratou, ainda jovem, o seguro de vida oferecido pela recorrida e se esse
vínculo vem se renovando desde então, ano a ano, por mais de trinta anos, a pretensão da
seguradora de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior,
ofende os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar
a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo.
3. Constatado prejuízos pela seguradora e identificada a necessidade de modificação da carteira de
seguros em decorrência de novo cálculo atuarial, compete a ela ver o consumidor como um
colaborador, um parceiro que a tem acompanhado ao longo dos anos. Assim, os aumentos
necessários para o reequilíbrio da carteira têm de ser estabelecidos de maneira suave e gradual,
mediante um cronograma extenso, do qual o segurado tem de ser cientificado previamente. Com
isso, a seguradora colabora com o particular, dando-lhe a oportunidade de se preparar para os
novos custos que onerarão, ao longo do tempo, o seu seguro de vida, e o particular também
colabora com a seguradora, aumentando sua participação e mitigando os prejuízos constatados.
4. A intenção de modificar abruptamente a relação jurídica continuada, com simples notificação
entregue com alguns meses de antecedência, ofende o sistema de proteção ao consumidor e não
pode prevalecer (REsp 1073595).
(...) 5. Nos contratos cativos de longa duração, também chamados de relacionais, baseados na
confiança, o rigorismo e a perenidade do vínculo existente entre as partes pode sofrer,
excepcionalmente, algumas flexibilizações, a fim de evitar a ruína do sistema e da empresa,
devendo ser respeitados, em qualquer caso, a boa-fé, que é bilateral, e os deveres de lealdade, de
solidariedade (interna e externa) e de cooperação recíprocos.
6. Não há ilegalidade na migração de inativo de plano de saúde se a recomposição da base de
usuários (trabalhadores ativos, aposentados e demitidos sem justa causa) em um modelo único, na
modalidade pré-pagamento por faixas etárias, foi medida necessária para se evitar a inexequibilidade
do modelo antigo, ante os prejuízos crescentes, solucionando o problema do desequilíbrio contratual,
observadas as mesmas condições de cobertura assistencial. Vedação da onerosidade excessiva tanto
para o consumidor quanto para o fornecedor (art. 51, § 2º, do CDC). Função social do contrato e
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1.4.1) Elementos extrínsecos: são os pressupostos contratuais, que se situam no plano de existência do
contrato: capacidade das partes, idoneidade do objeto e legitimação.
a) capacidade das partes: capacidade de direito + capacidade de fato, ou de exercício. Art. 1690 CC/02:
menor de 16 anos - representação; menor entre 16 e 18 - assistência. "Art. 105. A incapacidade relativa de
uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados
capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum".
b) idoneidade do objeto: o objeto do contrato (aquilo que tem utilidade para a pessoa: bens e ações
humanas) deve ser lícito (não contrário à moral, aos bons costumes e à vedação legal; possível (fática e
juridicamente) e determinado ou determinável (art. 104, II, CC). "Art. 106. A impossibilidade inicial do
objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele
estiver subordinado".
c) legitimação para celebrar o contrato: é um "plus" à capacidade; é uma qualidade da parte em relação ao
objeto do contrato que conduz a uma impossibilidade circunstancial de agir. Ex.:
"Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade: I - adquirir por si, ou
por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor; II -
dispor dos bens do menor a título gratuito; III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o
menor".
"Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear,
como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo
remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas
as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada".
"Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente
interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz".
1.4.2) Elementos intrínsecos: são os requisitos contratuais, que se situam no plano de validade do
contrato, dando-lhe aptidão para produzir efeitos jurídicos: consentimento, causa, objeto e forma.
a) Consentimento: emissão de vontade de forma livre, séria e sem divergência entre a vontade real e a
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vontade declarada. "Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem". "Art. 110. A manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento".
A manifestação da vontade pode se dar de forma: i) direta (para fim determinado), que pode ser verbal,
escrita ou simbólica (gestos e sinais, conforme os usos e costumes); ii) indireta, implícita, deduzida do
comportamento das partes. Ex.: o silêncio circunstanciado: "Art. 111. O silêncio importa anuência, quando
as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa".
Vícios de consentimento: a vontade pode estar maculada de erro (art. 138), dolo (art. 145) ou coação (art.
151), que podem ensejar a anulação do contrato (anulabilidade - art. 178).
b) Causa do contrato: função sócioeconômica do contrato em razão da qual se justifica sua proteção
jurídica. Ex.: no contrato de compra e venda, a causa é a aquisição de uma coisa por um contratante, e a
obtenção do preço, pelo outro. Não se confunde com o motivo, que são as representações subjetivas das
partes ao celebrar o contrato, o móvel que levou à manifestação de vontade. Ex.: uma compra e venda de
um carro, o motivo do comprador é a necessidade de um veículo para transportar drogas, e o vendedor
tem como motivo a necessidade do dinheiro para bancar sua festa de casamento. Atenção: o motivo ilícito
somente invalida o negócio jurídico (nulidade) se for comum a ambas as partes (art. 166, CC).
Causa de atribuição patrimonial: o proveito obtido por uma parte no contrato, chamado de atribuição
patrimonial, deve ter uma causa que a justifique, que consiste na contraprestação, sob pena de
enriquecimento sem causa.
c) Objeto do contrato: são as prestações a cargo das partes, ou seja, o conjunto de atos que as partes se
comprometem a praticar na busca da satisfação de interesses e de bens da vida.
i) Objeto imediato: é a obrigação (o conteúdo genérico: a constituição, a modificação ou a extinção de
direitos), os efeitos jurídicos que se visa obter com o negócio jurídico, como a aquisição da coisa na compra
e venda.
ii) Objeto mediato: a prestação, específica e concreta, como objeto da obrigação, que recai sobre um bem
econômico, uma coisa ou serviço, como o pagamento, a entrega da coisa, etc.
- Forma "ad probationem": o direito exige determinada forma para efeito de prova. Ex:
"Art. 227 (CC/02). Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios
jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que
foram celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito".
Atenção !!!: CPC/15: "Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a
prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se
pretende produzir a prova".
- Forma "ad solemnitatem": o direito exige determinada forma sob pena de nulidade. Ex. art. 108, CC.
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O inadimplemento fortuito extingue a obrigação e exonera o devedor, salvo se este estiver em mora (art.
399), ou se tiver se obrigado em tal situação - contrato aleatório - (art. 393).
"Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir".
"Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade
resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de
culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada".
- Contrato de compra e venda, até a tradição, os riscos da coisa correm pelo vendedor e os do preço pelo
comprador (art. 492, CC). Exceções:
"Art. 492. (...) § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que
comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à
disposição do comprador, correrão por conta deste. § 2o Correrão também por conta do comprador os riscos
das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e
pelo modo ajustados".
"Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os
riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor".
- Obrigações genéricas: "Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito". Note-se que, após a concentração do obrigação, a regra
é a prevista para as obrigações de dar coisa certa, aplicando-se o art. 234, segundo o qual, se a coisa se
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes.
- Obrigações alternativas: "Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor,
extinguir-se-á a obrigação". Porém, se apenas uma das prestações se tornarem impossíveis, há
concentração da obrigação, aplicando-se o art. 253: "Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra".
- Obrigação facultativa: não se confunde com as obrigações alternativas. Na obrigação facultativa, além da
prestação pela qual se obrigou o devedor, estabelece-se a possibilidade de ele se liberar cumprindo
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obrigação diversa. Entretanto, se a prestação relativa à obrigação principal se tornar impossível sem sua
culpa, não há concentração da obrigação, e o contrato resolve-se, aplicando-se a regra do art. 234 do CC.
- Obrigação de fazer: "Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-
se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos".
- Obrigação de não fazer: "Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar".
Ações edilícias. Diante da ocorrência dos vícios redibitórios, o adquirente pode propor dois tipos de ação
(não cumuláveis: TRF1), há um concurso de ações:
- ação redibitória: rejeição da coisa. As perdas e danos estão referidas no artigo 443.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais
as despesas do contrato.
- ação estimatória ou ação quanti minoris: abatimento (artigo 442).
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente
reclamar abatimento no preço.
Prazos: art. 445. São prazos decadenciais.
*venda de animais - os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na
falta desta, pelos usos locais.
BEM MÓVEL 30 DIAS Contado da 15 DIAS
SE JÁ ESTAVA Contado da
entrega 6 MESES
BEM IMÓVEL 01 ANO NA POSSE alienação
efetiva
O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia a coisa, então deve ter um prazo
menor para ingressar com ação contra o alienante.
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CRÍTICA: a lei não estabeleceu um prazo mínimo da posse, assim pela letra fria da lei até o prazo de posse
de 01 dia seria suficiente para a perda da metade do prazo decadencial. Assim, seria justo que o legislador
estabelecesse um período de tempo suficiente para o efeito de perda da metade do prazo, na hipótese
prevista na segunda parte do artigo 445.
Há GARANTIA LEGAL (essa estabelecida nos artigos acima), mas há também a GARANTIA CONTRATUAL.
Enquanto o prazo de GARANTIA CONTRATUAL está em curso, o prazo de garantia legal está suspenso, nos
termos do artigo 446, CC, que deve ser aplicado também às relações de consumo, já que não há regulação
no CDC.
OBS: o CDC protege o consumidor não só dos vícios ocultos, mas também dos aparentes. Nesses casos, o
consumidor pode exigir a substituição do produto, o abatimento do preço ou o cancelamento do contrato.
Inf. 554/STJ
Quando o vício oculto, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde (art. 445, § 1°, CC), o
adquirente de bem móvel terá o prazo de trinta dias (art. 445, caput, do CC), a partir da ciência desse
defeito, para exercer o direito de obter a redibição ou abatimento no preço, desde que o conhecimento
do vício ocorra dentro do prazo de cento e oitenta dias da aquisição do bem. O prazo decadencial para
exercício do direito de obter a redibição ou abatimento no preço de bem móvel é o previsto no caput do
art. 445 do CC, isto é, trinta dias. O § 1º do art. 445 do CC apenas delimita que, se o vício somente se
revelar mais tarde, em razão de sua natureza, o prazo de 30 dias fluirá a partir do conhecimento desse
defeito, desde que revelado até o prazo máximo de 180 dias, com relação aos bens móveis. Desse modo,
no caso de vício oculto em coisa móvel, o adquirente tem o prazo máximo de cento e oitenta dias para
perceber o vício e, se o notar neste período, tem o prazo de decadência de trinta dias, a partir da
verificação do vício, para ajuizar a ação redibitória. Nesse sentido, o enunciado 174 do CJF dispõe que: "Em
se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou
abatimento do preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro,
fluindo, entretanto, a partir do conhecimento do defeito".
14 “A compra e venda possui efeito meramente obrigacional. Vale dizer, não transfere a propriedade
da coisa, antes, cria a obrigação de fazê-lo” [Tepedino]
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da regra de estabelecimento de preços, ele tem aplicação nas hipóteses em que há vendas habituais do
vendedor. Ex: fornecimento de refrigerantes em bar; trata-se do preço presumido.
[Cláusula de fixação do preço por terceiro] “Nunca será possível que o juiz se substitua às partes, e, na falta
de entendimento entre elas, designe um perito ou proceda à determinação do preço ou avaliação da coisa.
Sem a fixação do preço por terceiro, a única solução possível é o desfazimento do contrato. Não cabe, aqui,
na ausência de elemento essencial, a integração judicial” [Tepedino]
Aquisição da propriedade: O contrato de compra e venda no direito brasileiro gera apenas efeitos
OBRIGACIONAIS. Isso significa que, para haver efetiva transferência da propriedade, é necessário, além do
contrato, uma solenidade de transferência (TRADIÇÃO para os bens móveis ou REGISTRO para os bens
imóveis). Tepedino afirma que o contrato em análise é TRANSLATIVO DE PROPRIEDADE, “não no sentido de
operar a transferência, mas de ser o ato causal desta”. A compra e venda é um contrato translativo, mas
que sozinho não gera a transmissão da propriedade, que se perfaz pela tradição ou registro (para imóveis).
Características do contrato
-Típico/nominado: diz-se que o contrato é típico quando as suas regras disciplinares são deduzidas de
maneira precisa nos códigos e nas leis. (Caio Mário).
-Solene: aquele para cuja formação não basta o acordo das partes. Exige-se a observância de certas
formalidades, em razão das quais o contrato se diz também formal. Esta formalidade pode ser ad
solemnitatem (a ausência invalida a declaração de vontade) e ad probationem (imposta como técnica
probatória (art. 227, CC)). (Caio Mário)
- Pode ser Bilateral: cria obrigações para ambos os contratantes; ou plurilateral
-Oneroso: aqueles dos quais ambas as partes visam a obter vantagens ou benefícios, impondo-se encargos
reciprocamente em benefício uma da outra. (Caio Mário).
- Sinalagmático: “direitos e deveres proporcionais entre as partes” [Tartuce]
- Consensual
- Pode ser comutativo ou aleatório: “são comutativos os contratos em que as prestações de ambas as
partes são de antemão conhecidas, e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. Aleatórios são
os contratos em que a prestação de umas das partes não é precisamente conhecida e suscetível de
estimativa prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte. Além disso, ficam dependentes de um
acontecimento incerto”. (Caio Mário). “é, em geral, contrato comutativo, com prestações determináveis e
equivalentes no momento da conclusão. Admite-se, no entanto, a compra e venda aleatória, quando assim
ajustado pelas partes” [Tepedino]. Contrato “emptio spei” é o contrato aleatório que consiste no risco
sobre toda a coisa, inclusive, sobre a essência da coisa. Contrato “emptio rei speratae” é a venda da
esperança quanto à quantidade da coisa ou venda da esperança com coisa esperada [Tartuce].
C Um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco
O relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido
N EMPTIO SPEI integralmente, mesmo que nada se produza (artigo 458), sem que haja
T (venda da culpa do alienante; vende-se a esperança ou a probabilidade de as coisas
R esperança) existirem.
A Dizem EXEMPLO: comprar de um pescador, por preço certo, os peixes que este
T respeit retirar de sua rede, assumindo o risco de nenhum peixe ser apanhado.
O o à Ocorre que se a álea versar sobre quantidade maior ou menor da coisa
S coisa esperada (artigo 459), o risco assumido pelo adquirente determina o
EMPTIO REI
A futura pagamento do preço ao alienante, mesmo que venha a existir em quantia
SPERATAE
L mínima ou irrisória, basta que a coisa venha a existir em qualquer
(venda da
E quantidade. É caso de resolução do contrato se a coisa não vem a existir.
esperança de
A EXEMPLO: comprar de um pescador o produto do lanço de sua rede,
coisa esperada)
T assumindo apenas a álea de ele retirar maior ou menor quantidade de
Ó pescado, o adquirente libertar-se-á da obrigação, se a rede nada contiver.
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RI Dizem Para o contrato ser aleatório, deve existir risco de que as coisas se percam, danifiquem-se ou
O respeit ainda, sofram depreciação (artigo 460). E a hipótese de mercadoria embarcada que
S o à vendida, assumindo o comprador a álea de ela chegar ou não ao seu destino, mesmo que
coisa ela desapareça por ocasião do contrato, devido a naufrágio do navio, a venda será válida e o
existent vendedor terá direito ao preço, se ignorava o sinistro; se sabia do naufrágio, anulada será a
e alienação competindo ao adquirente a prova dessa ciência (artigo 461).
Responsabilidade pelo risco
“O CC optou por preservar os interesses do vendedor, estabelecendo uma ordem ao cumprimento das
obrigações das partes no contrato: primeiro o comprador paga o preço, depois o vendedor entrega a coisa”
[Tepedino] (art. 492 do CC).
“Art. 492: constitui, também, modalidade peculiar de tradição a entrega da res vendita a quem haja de
transportá-la, quando expedida por ordem do comprador. Se, porém, o vendedor contrariar as instruções
do adquirente, suporta os riscos ocorridos durante o transporte, porque, assim procedendo, age como
mandatário infiel” [Tepedino]
Venda de ascendente a descendente:
O NCC incorporou a tese da anulabilidade da venda de ascendente a descendente, sem o consentimento
do cônjuge e dos demais descendentes é ANULÁVEL (prazo decadencial de 2 anos). (art. 496, CC)
“Art. 496: proteção da legítima. Não se admite o consentimento tácito, exigindo-se que este seja feito
expressamente. A doutrina, em sua maioria, entende ser o consentimento insuprível pelo juiz, por ser este
uma prerrogativa do cônjuge ou do descendente. Sendo algum dos descendentes incapaz, deverá ser
nomeado um curador para representá-lo ou assisti-lo no ato, conforme o caso, uma vez que é patente a
colisão de interesses entre ele e o ascendente” [Tepedino]
OUTORGA UXÓRIA: Não é necessária na união estável
4. A venda de ascendente a descendente sem o consentimento dos demais encerra hipótese de ato
anulável, não havendo como falar em matéria de ordem pública, a ser reconhecida de ofício pelo Tribunal
em sede de embargos infringentes. (REsp 399574)
A venda de ascendente a descendente, sem a anuência dos demais, segundo melhor doutrina, é anulável e
depende da demonstração de prejuízo pela parte interessada. Precedentes. (EREsp 661858)
Pessoas impedidas de contratar
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da
justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a
que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Essas pessoas NÃO têm legitimidade para efetuar o contrato de compra e venda, sob pena de nulidade,
mesmo que em hasta pública.
Compra e venda entre cônjuges (Tartuce).
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Deve ser feito um alerta de que a compra e venda entre cônjuges não poderá ser celebrada com fraude
contra credores, fraude à execução ou simulação. No primeiro caso será anulável, no segundo caso ineficaz
e no terceiro nula.
Compra e venda e os regimes de bens:
No regime da comunhão parcial de bens é possível a venda entre cônjuges quanto aos bens particulares.
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No regime da comunhão universal de bens é possível a venda quanto aos bens incomunicáveis – art. 1668
do CC.
No regime da participação final dos aquestos é possível a venda em relação aos bens que não entram na
participação.
No regime da separação de bens legal ou convencional é possível a venda, em regra, desde que não haja
ilicitude ou fraude.
A norma não é totalmente restritiva, portanto pode ser aplicada entre companheiros relativamente aos
bens excluídos da comunhão.
Venda ad corpus e venda ad mensuram
VENDA AD CORPUS VENDA AD MENSURAM
Venda na qual as dimensões são imprecisas, Venda especificada, venda detalhada por
simplesmente enunciativas. indicação de preço e medida de extensão.
Presunção enunciativa quando, a diferença
não exceder a 1/20 (art. 500 § 1º), salvo se o
adquirente demonstrar que, em tais
circunstâncias, não teria realizado o negócio.
Proteção especial do comprador (artigo 500,
caput): AÇÃO EX EMPTO (complemento da área)
resolução do contrato abatimento no preço
(Estas duas últimas, somente em caso de não ser
possível a complementação da área - Tepedino)
O art. 500 § 1º, traz a ideia de que se a margem
de erro é apenas de 5%, o comprador não poderá
ingressar em juízo, salvo se provar que sem esse
percentual não teria realizado a compra.
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador
que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
As dívidas vencidas decorrentes do ônus real se transmitem ao novo titular do direito real
Venda a condômino. Os condôminos tem preferência na compra.
Muito embora haja enunciado do CJF em sentido contrário, há entendimento doutrinário no sentido de
que o artigo 504 do CC só é aplicável nos casos de condomínio pro indiviso, quando o bem não se encontra
dividido no plano fático (Tartuce).
Cláusulas especiais da compra e venda (são cláusulas acidentais ao contrato, não essenciais):
Retrovenda (Arts. 505 e ss)
Esta cláusula confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, reavendo de volta o bem alienado dentro
do prazo máximo de três anos (prazo decadencial). Deve ficar claro que a cláusula de retrovenda (pactum
de retrovendendo ou cláusula de resgate) somente é admissível nas vendas de bens imóveis. O direito de
resgate poderá ser exercido pelo devedor ou pelos seus herdeiros e legatários, inclusive em relação a
terceiro adquirente.
É possível a sua transmissão causa mortis. Há divergência na doutrina quanto à sua transmissão inter vivos,
entendendo alguns que ela não poderia ocorrer por se tratar de direito personalíssimo do vendedor.
Exige anuência do cônjuge de ambos contratantes, salvo separação absoluta de bens. [Tartuce]
Venda a contento e da sujeita à prova (Arts. 509 e ss):
“A venda a contento aplica-se a certas coisas a respeito das quais o comprador não pode dar seu
consentimento antes de as haver examinado. São as coisas que precisam ou ser pesadas, ou ser medidas
ou, mesmo, provadas e experimentadas. A aceitação do comprador pode ser expressa ou tácita” [Tepedino]
“O ponto diferenciador da venda a contento é exatamente a de o negócio se consumar a critério do
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maxidesvalorização do real em face do dólar americano ocorrida a partir de janeiro de 1999 não autoriza a
aplicação da teoria da imprevisão ou da teoria da onerosidade excessiva, com intuito de promover a
revisão de cláusula de indexação ao dólar americano. Com efeito, na relação contratual, a regra é a
observância do princípio pacta sunt servanda, (INFO-STJ-556)
- No caso de rescisão do contrato de compra e venda, o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado
por benfeitorias. Todavia, as benfeitorias devem ser licenciadas e de acordo com a lei. Se as benfeitorias
não foram licenciadas, deve-se ver se elas ainda podem ser (vício sanável – quando será indenizável) ou se
não podem ser licenciadas (vício insanável – sem direito à indenização). Se puderem ser sanadas, deve-se
abater do valor da obra o custo das multas que deverão ser pagas para regularizar a construção (INFO-STJ)
- Em contratos de gaveta de compra e venda de imóvel, no qual não há registro em cartório e o condomínio
é notificado que o promitente comprador adentrou no imóvel e passa a ter posse, a cobrança das dívidas
condominiais (tanto anteriores a compra e venda, quanto as posteriores), podem ser cobradas de qualquer
um dos dois. aplicação da teoria da dualidade do vínculo. Segundo essa teoria, a obrigação se decompõe
em débito (Schuld-do comprador), o dever de prestar, e responsabilidade (Haftung-do vendedor), a
sujeição do devedor, ou terceiro, à satisfação da dívida. Se o imóvel, no cartório está no nome do vendedor,
o juiz não poderia mandar penhorá-lo se o vendedor (ainda que não residente do imóvel) não fosse réu, e
se ele é réu e responsável, a dívida pode incidir sobre a totalidade de seu patrimônio (INFO-STJ-560 e 567)
“Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por
instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente
comprador direito real à aquisição do imóvel.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de
terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda,
conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do
imóvel.”
Conceito
É um contrato (preliminar) pelo qual as partes assumem a obrigação de celebrar, mais tarde, o contrato
(definitivo) de compra e venda de um imóvel (não é afastada a possibilidade de envolver bem móvel), via
de regra pago em prestações. Tem como partes o promitente vendedor e o promissário comprador (Olindo
Menezes).
irrevogável de venda, valendo a qualificação como nota distintiva que não conduz à sua verdadeira
natureza jurídica. (...) A promessa de compra e venda identificada por essas peculiaridades seria contrato
preliminar impróprio, isto é, negócio jurídico diferente do contrato propriamente preliminar, que
verdadeiramente, não consistiria em promessa recíproca de contratar.”
Ainda segundo ORLANDO GOMES:
“O direito real sui generis do compromissário reduz-se, verdadeiramente, à simples limitação do poder de
disposição do proprietário que o constitui. Uma vez registrado, proibido fica de alienar o bem, e se, o fizer, o
compromissário-comprador, sendo titular de um direito com seqüela, pode reivindicar a propriedade do
imóvel, tanto que execute o contrato de compromisso, exigindo o cumprimento da obrigação contraída pelo
promitente vendedor. Não se trata, pois, de um direito pessoal, como se afigura a alguns escritores.”
Breve histórico
Na visão tradicional, a promessa de compra e venda confere apenas direitos obrigacionais, não se podendo
impor ao devedor a celebração do contrato definitivo (incoercibilidade das prestações de fato). Nesse
sentido, tem-se o art. 1088 do CC/16: "Quando o instrumento público for exigido como prova do contrato,
qualquer das partes pode arrepender-se, antes de o assinar, ressarcindo à outra as perdas e danos
resultantes do arrependimento".
A legislação, entretanto, evoluiu. O Decreto-lei 58/37 disciplinou a venda de imóveis urbanos e rurais
loteados e instituiu, com perfil jurídico diverso da promessa obrigacional, o compromisso de compra e
venda. O fundamento social par tal evolução é expressa nos considerandos do Decreto-lei:
Efeitos inovadores:
a) Efeito pessoal (ou obrigacional): o compromitente vendedor assume a obrigação de outorgar a escritura,
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A Lei 6.766/79 (Lei de Parcelamento do Solo Urbano), revogando parcialmente o Decr. Lei nº 58/37, dispôs
expressamente em seu artigo 25, quanto ao caráter de irretratabilidade da promessa, realizada sobre
imóveis não loteados:
“Art. 25. São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão, os que
atribuam direito à adjudicação compulsória e, estando registrados, confiram direito real oponível a
terceiros.”
Além disso, o artigo nº 26 da citada legislação, autorizou a celebração do compromisso, tanto por escritura
pública, quanto por instrumento particular, que, levado a registro, produzem efeitos reais.
No Código Civil/02, o contrato de promessa de compra e venda é disciplinado nos artigos 1.417 e 1.418,
mantendo-se inalteradas as disposições normativas anteriores não conflitantes.
Regime jurídico
O compromisso de compra e venda tem natureza jurídica de contrato autônomo (contrato preliminar
impróprio, pois não há obrigação de nova manifestação de vontade, mas apenas confirmação da anterior).
Pode ser celebrado por instrumento público ou particular, nos termos do art. 462 e1417 do CC/02.
Trata-se de venda escalonada (in itineri), não havendo obrigação para as partes de nova manifestação de
vontade, mas apenas a confirmação da manifestação anterior. Por tal razão, é contrato preliminar
impróprio.
É contrato típico (com regulamentação própria), tratando-se de compra e venda a exigir confirmação
futura.
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- Relação de consumo: O art. 53 do CDC estabelece que são consideradas nulas de pleno direito as
cláusulas contratuais nas quais haja previsão da perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
Súmula 543/STJ: "Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas
pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor,
ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento".
a) Forma voluntária: lavratura da escritura pública de compra e venda (efeito pessoal), seja o imóvel
loteado ou não.
b) Forma coativa: ação de adjudicação compulsória, de natureza pessoal, com ou sem o registro do
compromisso, suprindo a sentença a vontade do promitente vendedor. A sentença vale como título a ser
levada ao registro. Súmula 239/STJ: "O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do
compromisso de compra e venda no cartório de imóveis". Note-se que o registro opera efeito erga omnis
(efeito real). A falta do registro, apesar de não conferir o efeito real, mantém o efeito obrigacional, que é o
direito de adjudicação compulsória.
Note-se, ainda, que, ainda que haja o registro da promessa de compra e venda, a ação de adjudicação
compulsória não se trata de execução do direito real de aquisição, tratando-se de ação pessoal. A
constituição do direito real de aquisição, repita-se, apenas confere o direito de sequela.
O STJ, em julgamento de recurso representativo da controvérsia (REsp 1345331), "a responsabilidade pelo
pagamento das despesas de condomínio, ante a existência de promessa de compra e venda, pode recair
tanto sobre o promissário comprador quanto sobre o promitente vendedor, a depender das circunstâncias
do caso concreto", concluindo que, "ficando demonstrado que (i) o promissário comprador se imitira na
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posse do bem e (ii) o condomínio tivera ciência inequívoca da transação, deve-se afastar a legitimidade
passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a período em que a
posse foi exercida pelo promissário comprador".
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deverá indenizá-lo.
O mandatário encontra-se pessoal e exclusivamente obrigado para com o terceiro se, com este, celebrar
negócio em seu próprio nome.
Da interpretação conjunta destes dispositivos, extrai-se que o mandatário tem o direito de reter, do objeto
da operação que lhe foi cometida, tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se sua
remuneração ajustada e reembolso de despesas.
O dever do mandatário de prestar contas transmite-se aos seus herdeiros. Todavia, Tartuce entende que
“sendo o contrato personalíssimo ou intuitu personae, a morte de uma das partes gera a sua extinção,
hipótese de cessação contratual. Nesse sentido, a prestação de contas que cabia ao mandatário não se
transmite aos seus herdeiros”. No mesmo sentido, veja-se o seguinte precedente (atenção para o fato de
que premissa não se mantém quando a morte é do mandatário).
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. CONTRATO DE
MANDATO. MORTE DO MANDANTE. LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS. 1. Esta Corte já decidiu que
o dever de prestar de contas não se transmite aos herdeiros do mandatário, devido ao caráter
personalíssimo do contrato de mandato (cf. REsp 1055819). 2. Essa orientação, porém, não pode
ser estendida à hipótese de morte do mandante, porque as circunstâncias que impedem a
transmissibilidade do dever de prestar contas aos herdeiros do mandatário não se verificam na
hipótese inversa, relativa ao direito de os herdeiros do mandante exigirem a prestação de contas
do mandatário. Legitimidade dos herdeiros do mandante para ajuizarem ação de prestação de
contas em desfavor do mandatário do 'de cujus' (...) (REsp 1122589)
O ato praticado fora dos poderes do mandato não vincula o mandante (art. 662), embora este se obrigue
pelos atos praticados pelo mandatário em desacordo com as instruções recebidas, desde que nos limites
dos poderes conferidos.
Cuidando-se de mandato oneroso, a obrigação de pagar a remuneração do mandatário subsiste
independentemente da obtenção efetiva dos resultados esperados pelo mandante. O que se exige é que o
mandatário tenha cumprido bem seus deveres, tais quais as instruções recebidas [obrigação de meio]
Art. 677: entende-se, majoritariamente, que estes juros são compensatórios, correndo, portanto, da data
em que o mandatário demonstrar que fez o desembolso.
Art. 678: a obrigação do mandante beneficiará os herdeiros do mandatário, caso este faleça em
decorrência de acidente sofrido na execução do mandato.
Pelos atos culposos do mandatário o mandante também responderá perante terceiros, desde que o dano
tenha sido provocado no cumprimento do mandato e dentro dos limites deste. A hipótese caracterizará
solidariedade passiva (art. 275), ressalvado para o mandante o direito de regresso em face do mandatário
(art. 285)” [Tepedino]
Submandato
O instrumento do submandato é o substabelecimento. O submandato é acessório ao mandato, assim a
nulidade deste determina a nulidade daquele.
Em princípio é possível o submandato, exceto em dois casos:
- existência de vedação na procuração;
- natureza da obrigação, (personalíssima = características pessoais do mandatário).
O EOAB não permite a outorga de mandato para a sociedade de advogados.
O substabelecimento pode ser feito com (tanto o submandante quanto o submandatário podem praticar o
ato) ou sem reserva de poderes (só quem pode praticar o ato é o submandatário).
“Permitindo-se expressamente o substabelecimento (art. 657, §2º), e uma vez substabelecidos os poderes,
passa a existir uma relação contratual direta entre o mandante e o substabelecido, que, assim, também se
torna mandatário. Neste caso, em regra, o substabelecente ficará isento de responsabilidade no que diz
respeito aos atos praticados exclusivamente pelo substabelecido. Exceção haverá apenas há hipótese de ter
agido o substabelecente com culpa in eligendo.
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No silêncio da procuração, não tendo o mandatário poderes expressos para substabelecer, caso o faça, terá
ele responsabilidade perante o mandante pelos atos praticados pelo substabelecido dolosamente.
Existindo vedação expressa pelo mandante a respeito do substabelecimento, o mandatário, caso viole tal
disposição, responderá não só pelos atos do substabelecido, mas também por todos os outros danos, cuja
causa será presumidamente atribuída ao substabelecimento, até mesmo pelo fortuito, salvo prova em
contrário, cujo ônus cabe exclusivamente ao substabelecente. Indo além destas sanções, inova o CC ao
reputar ineficaz, perante o mandante, os atos praticados pelo substabelecido em expressa violação à
cláusula que vedava o substabelecimento”. [Tepedino]
Extinção do mandato
REVOGAÇÃO: o mandato é extinto por determinação do mandante. “O único direito que o mandatário tem
é o de receber a competente remuneração, além das eventuais perdas e danos. Podem as partes
convencionar a irrevogabilidade dos poderes outorgados ao mandatário. Contudo, por tratar-se de contrato
fundado na confiança, tem o mandante a faculdade de revogá-lo unilateralmente a qualquer tempo, a
despeito da cláusula de irrevogabilidade. A procuração geral para todos os negócios não revoga a especial
anterior, se a ela, expressamente, não se referir, e a especial posterior só revoga a geral anterior no que
concernir ao seu objeto peculiar” [Tepedino]
RENÚNCIA: o mandato é extinto por determinação do mandatário. “A inoportunidade da renúncia não tem
o condão de torná-la ineficaz, mas sujeita o mandatário renunciante a indenizar o mandante pelos
prejuízos causados. A renúncia será sempre expressa” [Tepedino]
MORTE DE QUALQUER DAS PARTES: “determina a extinção do contrato, não sucedendo em tal relação
contratual os herdeiros da parte falecida. Diante da morte do mandante, são reputados válidos os negócios
firmados com os terceiros de boa-fé enquanto a ignorar o mandatário. Caso se configure, ao revés, a má-fé
do representante, que contrata com terceiros de boa-fé, valerá o ato, mas responderá o mandatário por
perdas e danos perante os herdeiros do mandante. Por outro lado, o mandatário deverá concluir o negócio
já iniciado se houver perigo na demora. [Tepedino]
Procuração em causa própria (art. 685)
A maior parte dos autores entende que a procuração em causa própria equivale, em seus efeitos, a uma
cessão de direitos. Investe o mandatário na qualidade de titular dos direitos transferidos, não sendo apta,
evidentemente, a transferir a propriedade. Transfere-se, tão-somente, o crédito. Para que se transfira,
posteriormente, a propriedade, a procuração em causa própria deve conter todos os requisitos exigidos
para o negócio a que se quer dar cabo e deve-se proceder a um especial modus adquirendi – a tradição,
para os móveis; a transcrição, para os imóveis.
O mandato “em causa própria” é absolutamente irrevogável. A morte de qualquer das partes não
significará a extinção do mandato em causa própria. Prescinde o mandato em causa própria de prestação
de contas do mandante.
Art. 690: cuidando-se de mandato em causa própria, os herdeiros sucedem no direito do mandatário. Por
isso mesmo, não tem necessidade de dar aviso ao mandante, nem a sua ação fica restrita às medidas
conservatórias e de urgência. São donos do negócio por direito de sucessão” [Tepedino]
Todos aqueles que intervierem no processo são sujeitos processuais. Assim, além dos sujeitos que
normalmente atuam na relação processual (juiz, autor e réu), podem participar do processo outros
sujeitos, a exemplo dos auxiliares da Justiça, advogados, Ministério Público e terceiros.
O NCPC trata, no Livro III, dos sujeitos do processo (arts. 70 a 187). São citados como sujeitos
processuais: a) as partes (autor e réu); b) os procuradores; c) os terceiros; d) o juiz; e) os auxiliares da
Justiça; f) o Ministério Público; g) a Advocacia Pública; e h) a Defensoria Pública.
Juiz
Sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para dirimir a lide. Cabe a ele a direção do processo
(art. 125, "caput") (art. 139, "caput", do NCPC).
Princípio da identidade física do juiz: o juiz que concluir a audiência deve julgar a lide, salvo se estiver
convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado (art. 132 do CPC) (Não há
previsão expressa no NCPC sobre o princípio da identidade física do juiz). Imparcialidade: o juiz deve
abster-se de julgar a demanda quando houver motivos que levem as partes a duvidar de sua
imparcialidade (impedimento ou suspeição).
Deveres, poderes e responsabilidades do juiz (Elpídio Donizetti):
Rápida solução do litígio (art. 125, II) (O NCPC fala em "duração razoável do processo" - art. 139, II)
ordenar ou indeferir provas ou diligências (art. 130) (art. 370 do NCPC)
julgar antecipadamente a lide (art. 330) (art. 355 do NCPC)
determinar a reunião de processos (art. 105) (art. 55, § 1º, do NCPC)
tentar a qualquer tempo conciliar as partes (art. 125, IV) (O NCPC estabelece que incumbe ao juiz
promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores
e mediadores judiciais - art. 139, V)
Repressão aos atos atentatórios à dignidade da Justiça (art. 125, III, e 129) (arts. 139, III, e 142 do NCPC):
punir o litigante de má-fé (arts. 17 e 18) (arts. 80 e 81 do NCPC)
advertir a testemunha mentirosa (art. 415, p. único) (art. 458, p. único, do NCPC)
fazer retirar da audiência pessoas inconvenientes (art. 445, II) (art. 360, II, do NCPC)
obstar a utilização do processo para praticar ato simulado ou proibido por lei (art. 129) (art. 142 do
NCPC)
Prestação da tutela jurisdicional (art. 126) (art. 140, "caput", do NCPC):
aplicar normas legais, se houver
se não houver normas legais, recorrer a: analogia, costumes e princ. gerais do dir. (NCPC não
remete, expressamente, aos instrumentos de integração. No entanto, é possível sua aplicação com
base no art. 4º da LINDB)
O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei (art. 127 do CPC) (art. 140, p. único, do
NCPC).
Decisão da lide nos limites propostos (arts. 128, 131 e 460) (arts. 141, 371 e 492 do NCPC):
pode apreciar livremente a prova (princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão
racional) (O NCPC excluiu o advérbio "livremente", reforçando a necessidade de se afastar a
discricionariedade ou o voluntarismo judicial na apreciação das provas.
* OBS: Câmara sustenta que a supressão do "livremente" modificou o sistema do livre
convencimento motivado (persuasão racional), passando a ser adotar a "valoração democrática da
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prova", pela qual deve o juiz fazer uma valoração discursiva da prova, justificando seu
convencimento acerca da veracidade das alegações, e indicando os motivos pelos quais acolhe ou
rejeita cada elemento do conjunto probatório, construindo em contraditório seu conhecimento a
respeito dos fatos da causa. Daniel Amorim Assunção Neves discorda.
pode o juiz conhecer de circunstâncias ou fatos simples não alegados pelas partes
Responsabilidade do juiz (art. 133) (O NCPC estabelece que a responsabilização será regressiva, em
consonância com a tese da "dupla garantia" - art. 143):
se procede com dolo ou fraude
se recusa, omite ou retarda providência jurisdicional sem justo motivo
Constitui ainda dever do Juiz assegurar as partes igualdade de tratamento (art. 125, I) (art. 139, I, do
NCPC).
Além dos mencionados acima, o NCPC estabelecem os seguintes poderes, deveres e responsabilidades
do Juiz:
determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto
prestação pecuniária (art. 139, IV, do NCPC);
dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os
às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (art. 139, VI,
do NCPC. OBS: A dilação de prazos somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo
regular, de acordo com o p. único do art. 139 do NCPC);
determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os
fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso (art. 139, VIII, do NCPC);
determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios
processuais (art. 139, IX, do NCPC);
quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a
Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados coletivos, para, se for o caso,
promover a propositura da ação coletiva respectiva (art. 139, X, do NCPC).
Os poderes do juiz também são classificados da seguinte forma:
a) administrativos: ou de polícia para assegurar a ordem e o decoro
b) jurisdicionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdividindo-se em:
poderes-meios (ordinatórios, ou simples andamento processual, e os instrutórios, que se referem à
formação do convencimento do juiz)
poderes-fins (que compreendem os decisórios e os de execução).
Princípio da cooperação: orienta o magistrado a tomar uma posição de agente colaborador do processo, de
participante ativo do contraditório e não mais a de um mero fiscal de regras. O princípio da cooperação
gera os seguintes deveres para o magistrado: a) dever de esclarecimento; b) dever de consultar; c) dever de
prevenir. O primeiro consiste no dever de se esclarecer junto às partes quanto às dúvidas que tenha sobre
suas alegações, pedidos ou posições em juízo, para evitar decisões tomadas em percepções
equivocadas/apressadas. O dever de consultar impede que o magistrado decida com base em questão de
fato ou de direito, ainda que possa ser conhecida ex officio, sem que sobre elas sejam as partes intimadas a
manifestar-se (NCPC, art. 10: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício). Por fim, o dever de prevenir impõe que o magistrado
aponte as deficiências das postulações das partes, para que possam ser supridas (NCPC, art 139, IX: O juiz
dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe determinar o suprimento de
pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais).
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O novo NCPC acolhe expressamente o princípio da cooperação, com a aplicação a todos os sujeitos do
processo (Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva).
Princípio da livre investigação das provas – para o STF e STJ, isto é excepcional e deve se dar quando
presentes razões de ordem pública ou igualitária, como, por exemplo, quando o juiz esteja diante de causa
que tenha por objeto direito indisponível (ações de estado), ou quando o julgador, em face das provas
produzidas, se encontre em estado de perplexidade ou, ainda, quando haja significativa desproporção
econômica ou sociocultural entre as partes.
Hipóteses de impedimento do juiz - art. 134 do CPC (art. 144 do NCPC). Impedimento: vício objetivo, pode
ser alegado a qualquer tempo e grau de jurisdição e permite manejo de ação rescisória.
O NCPC acrescentou as seguintes hipóteses de impedimento:
quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério
Público, cônjuge ou companheiro do juiz, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive (art. 144, III, do NCPC);
OBS1: foi acrescentada como causa de impedimento a postulação de parente como defensor
público ou membro do MP;
OBS2: O § 1º do art. 144 estabelece que o o impedimento só se verifica quando o defensor público,
o advogado ou o membro do MP já integrava o processo antes do início da atividade judicante do
juiz.
OBS3: O § 3º do art. 144 aduz que o impedimento também se verifica no caso de mandato
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no
processo.
quando for o juiz herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes (art. 144,
VI, do NCPC);
OBS: Era causa de suspeição no CPC/1973.
quando figure como parte instituição de ensino com a qual o juiz tenha relação de emprego ou
decorrente de contrato de prestação de serviços (art. 144, VII, do NCPC);
quando figure como parte cliente do escritório de advocacia de cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, do juiz,
mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório (art. 144, VIII, do NCPC);
quando o juiz promover ação contra a parte ou seu advogado (art. 144, IX, do NCPC).
O NCPC veda a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz (art. 144, § 2º,
do NCPC).
Atuação em instância administrativa enseja impedimento?
STF: Não. O STF tem decidido que a atuação em instância administrativa não gera impedimento, eis
que o art. 252, III, do CPP merece interpretação restritiva (HC 120017 e HC 112121);
STJ, não: A regra prevista no art. 134, III, do CPC (art. 144, II, do NCPC) somente se aplica aos casos
em que o magistrado tenha participado em outro grau de jurisdição (EDcl no RMS 8966).
Hipóteses de suspeição do juiz - art. 135 do CPC (art. 145 do NCPC). Suspeição: vício subjetivo, sujeito a
prazo preclusivo e não permite manejo de ação rescisória.
Tanto o impedimento como a suspeição devem ser declarados de ofício pelo juiz.
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Partes
Conceito: são aqueles que pedem ou contra quem é pedida uma providência jurisdicional. Participam do
processo com parcialidade, ou seja, com interesse na causa. A parte pode ser: a) Principal, que pode ser
interessada (autor e réu) ou desinteressada (juiz); e b) Auxiliar (atua no processo ajudando as partes
principais. Ex: assistente).
Partes na demanda: aquele que pleiteia e aquele em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional (autor
ou demandante/réu ou demandado).
Partes no processo: todas as pessoas que participam do procedimento em contraditório, ao lado do autor e
do réu, independentemente de fazer pedido ou contra ele algo ser pedido (ex: assistente e MP quando
funciona como fiscal da lei).
Parte material: é o sujeito que participa da relação de direito material que constitui o objeto do processo
(nem sempre o sujeito que figura como parte na demanda será parte material, ex: substituição processual).
Importante: a parte ilegítima também é parte, tanto que ela vai alegar sua própria ilegitimidade.
A sanção prevista no art. 14 do CPC (art. 77 do NCPC) não se aplica aos
advogados. O STF, na ADIn 2652, deu interpretação conforme a CF ao § único
do art. 14 do CPC, para excluir da aludida sanção tanto os advogados do setor
privado e público. (NCPC, art. 77, § 6º ratificou a posição do STF)
Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou
interveniente. (art. 79 do NCPC)
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A pena por litigância de má-fé deve ser aplicada à parte, e não ao seu advogado, ainda
que incorra em falta profissional. Eventual conduta desleal do advogado deve ser
apurada em processo autônomo, nos termos do art. 32 do Estatuto da Advocacia (Lei
8906/94). (REsp 1247820)
A multa do art. 538, § ún, do CPC (NCPC, art. 1026, §§ 2º e 3º) tem caráter eminentemente administrativo
– punindo conduta que ofende a dignidade do tribunal e a função pública do processo –, sendo possível
sua cumulação com a sanção prevista nos arts. 17, VII, e 18, § 2º, do CPC (NCPC, arts. 80, VII, e 81, § 3º), de
natureza reparatória.
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Os honorários advocatícios não são devidos à defensoria pública quando ela atua contra A
pessoa jurídica de direito público à qual pertença. (Súmula 421/STJ)
São devidos os honorários advocatícios pela fazenda pública, nas execuções individuais de
sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. (Súmula 345/STJ)
STJ/STF: É possível que a execução de honorários advocatícios devidos pela Fazenda Pública
se faça mediante RPV na hipótese em que os honorários não excedam o valor limite a que
se refere o art. 100, § 3º, da CF, ainda que o crédito dito “principal” seja executado por
meio do regime de precatórios.
Lei 9.494/97: Art. 1º-D: Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública
nas execuções não embargadas. (Incluído pela MP 2.180-35/01) (art. 85, § 7º, do NCPC)
Na execução contra a Fazenda Pública, o Poder Público será citado para, querendo, opor embargos à
execução (embargos do devedor), no prazo de 30 dias (o art. 1º B da Lei 9494/97 ampliou o prazo previsto
no art. 730, caput, do CPC). Não se aplicam à Fazenda Pública as regras do cumprimento de sentença (art.
475-I e ss.), não havendo aplicação da multa de 10% de que trata o art. 475-J, por exemplo. Recebidos os
embargos, a execução fica suspensa. O magistrado determinará que o exequente/embargado seja ouvido
no prazo de 15 dias.
Em seguida, o juiz julgará imediatamente o pedido (art. 330) ou designará audiência de conciliação,
instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 dias. Caso os embargos à execução sejam
julgados improcedentes, a execução continuará com a requisição de precatório e a Fazenda Pública será
condenada a pagar honorários advocatícios ao exequente/embargado.
Se a Fazenda Pública não embargou a execução, ela, mesmo assim, será condenada a pagar honorários
advocatícios ao exequente? Regra geral: NÃO. O art. 1º-D da Lei n.° 9.494/97 afirma que “não serão
devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas.” EXCEÇÃO: A
Fazenda Pública será condenada a pagar honorários ao exequente, mesmo que não apresente embargos à
execução, caso a dívida cobrada seja enquadrada como de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF). No caso,
em que a execução contra a Fazenda Pública iniciou-se sob a sistemática do precatório e, posteriormente,
o exequente mudou de ideia e renunciou ao excedente pedindo a dívida como sendo de pequeno valor,
haverá a aplicação do art. 1º-D? SIM. Segundo STF e STJ, caso o exequente, após a propor a execução,
tenha renunciado ao valor excedente e pleiteado apenas o teto da “dívida de pequeno valor”, neste caso a
Fazenda Pública não será condenada a pagar honorários advocatícios, aplicando-se o art. 1º-D.
da Execução, uma vez que se revelava inicialmente impositiva a observância do art. 730
CPC, segundo a sistemática do pagamento de precatórios. Como não foram opostos
Embargos à Execução, tem, portanto, plena aplicação o art. 1°-D da Lei 9.494/1997. (...)
(REsp 1406296).
SÚMULA 345/STJ: São devidos os honorários advocatícios pela fazenda pública, nas
execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas.
Execução de obrigação de pagar quantia contra a Fazenda Pública no NCPC: a) tratando-se de título
judicial, cabe IMPUGNAÇÃO no prazo de 30 dias (art. 535); b) tratando-se de título extrajudicial, cabe
EMBARGOS no prazo de 30 dias (art. 910).
Obs.: A multa do art. 14 (violação a dever da parte) e a multa e indenização do art. 18 (litigante de má-fé)
são calculadas sobre o valor da causa. Os honorários advocatícios são calculados sobre o valor da
condenação.
No NCPC, as multas do art. 77 (não cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais ou crias embaraços à
sua efetivação / praticar inovação ilegal no estado de bem ou direito litigioso) e do art. 80 (litigância de
má-fé) continuam sendo calculadas sobre o valor da causa, mas quando o valor da causa for irrisório ou
inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. Os honorários
advocatícios também continuam sendo calculados sobre o valor da condenação, mas é possível a
utilização do valor atualizado da causa, quando não seja possível mensurar a condenação ou o proveito
econômico obtido (art. 85, § 2º)
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Os sujeitos principais do processo são o autor, o réu e o juiz. Os sujeitos especiais são o advogado e o
membro do Ministério Público. Os sujeitos secundários do processo são os auxiliares da Justiça (escrivão,
oficial de Justiça, perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o contador, etc.) e terceiros, como
testemunhas.
“(...) MOMENTO ADEQUADO PARA A ALEGAÇÃO DE SUSPEIÇÃO DO PERITO. A parte não
pode deixar para arguir a suspeição de perito apenas após a apresentação de laudo
pericial que lhe foi desfavorável. Por se tratar de nulidade relativa, a suspeição do perito
deve ser arguida na primeira oportunidade em que couber à parte manifestar-se nos autos,
ou seja, no momento da sua nomeação, demonstrando o interessado o prejuízo
eventualmente suportado sob pena de preclusão (CPC, art. 245)”. (STJ, AgRg na MC 21336)
Ministério Público
Formas de atuação:
Como parte (art. 81 do CPC) (art. 177 do NCPC): parte na demanda
Como fiscal da lei (art. 82 do CPC) (art. 178 do NPC): parte no processo
HIPÓTESE EM QUE NÃO SE EXIGE INTERVENÇÃO DO MP. O fato de a ré residir com seus
filhos menores no imóvel não torna, por si só, obrigatória a intervenção do MP em ação
de reintegração de posse. (...) Na hipótese, o interesse dos menores é meramente reflexo.
(REsp 1243425)
Consequências da não intervenção do MP quando obrigatória: se não foi intimado: nulidade do processo,
exceto se a decisão tiver sido favorável ao interesse justificador da atuação / se foi intimado: não há
nulidade. (arts. 84 e 246 do CPC) (art. 279 do NCPC)
Intervenção determinada pelo juiz:
MP não pode se recusar a intervir
se a determinação não tiver amparo legal: correição parcial
se o MP se recusa a intervir:
o juiz pode dar prosseguimento normal ao processo, sem nulidade
o aplicação analógica do art. 28 do CPP
Impedimento e suspeição:
como fiscal da lei: os mesmos do juiz
como parte: art. 134 e art. 135, I a IV do CPC
O NCPC estabelece que são aplicados os motivos de impedimento e de suspeição ao membro do MP,
sem fazer distinção quanto à sua atuação como parte ou fiscal da ordem jurídica (art. 148).
Legitimidade para recorrer:
como parte ou fiscal da lei, tem legitimidade
se a decisão for favorável ao interesse que justificou sua intervenção: não tem interesse jurídico
(Dinamarco); em sentido contrário, Alexandre Freitas Câmara.
não tem legitimidade para recorrer adesivamente
Prerrogativas do MP:
Intimação: sempre pessoal, seja parte, seja fiscal da lei. O STF entende que basta a intimação via
protocolo administrativo.
Na qualidade de fiscal da lei, o MP terá vista após as partes (art. 83, I, do CPC) (art. 179, I, do NCPC).
O MP, quando atuando no processo, terá ampla atuação probatória, podendo juntar documentos,
requerer a juntada de provas, etc. (art. 83, II, do CPC) (art. 179, II, do NCPC).
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O MP pode recorrer. Aqui, interessante que nunca houve dúvidas de tal possibilidade quando o MP
atua como parte; porém, quando atua como fiscal da lei, temos a Súmula 99/STJ, que confirma o art.
499, CPC, que diz que o MP pode recorrer como fiscal da lei ainda que as partes não recorram. O NCPC
ratificou tal posicionamento (art. 996).
Na prática de atos processuais, o MP tem isenção de custas na JF (art. 4º, III, da Lei nº 9.289/1996),
cabendo ao autor adiantar as despesas relativas a atos requeridos pelo MP, quando atue como fiscal da
lei, sendo a aludida despesa arcada, ao final, pelo vencido (art. 19, §2º; art.27, CPC) (arts. 82, §§ 1º e
2º, do NCPC). art. 488, II, §Ú, CPC (art. 968, § 1º, do NCPC) – não se exige a caução do MP quando
oferecer rescisória; art. 511, §1º, CPC (art. 1007, § 1º, do NCPC) – libera o MP do preparo quando este
recorrer.
O MP tem atuação obrigatória nas ações rescisórias. O NCPC limita a atuação do MP como fiscal da
ordem jurídica às hipóteses previstas no art. 178 (art. 967, p. único)
prazo 4x para contestar e 2x para recorrer, atuando como parte ou fiscal da lei. O NCPC estabelece
prazo em dobro para todas as manifestações do MP. Não se aplica o prazo em dobro, quando a lei
estabelecer prazo próprio para o MP (art. 180)
não está sujeito a adiantamento de despesas processuais.(Aplicação analógica da Súmula 232, STJ, no
que concerne às despesas em sentido estrito (perícias etc.) devendo o MP, quando atue como parte,
adiantar as despesas relativas às perícias que solicitar, quando não se tratar de microssistema de tutela
coletiva (Lei nº 7.345/87, art. 18). Em verdade, segundo o STJ, deverá a Fazenda Pública ao qual se
encontra vinculado o Parquet arcar com essa despesa (O NCPC estabeleceu que as perícias requeridas
pelo MP, autuando como parte, poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão
orçamentária, ter valores adiantados pelo MP. Não havendo previsão orçamentária, o adiantamento
dos honorários periciais poderão ser pagos no exercício seguinte ou, ao final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes - art. 91);
Advogado
Advogado é o técnico em direito que representa a parte em suas postulações no processo e no exercício
das faculdades processuais. É indispensável à administração da Justiça.
Só se pode ir a juízo por meio de um advogado, exceto:
quem tiver capacidade postulatória (for advogado)
ausência de advogado no local
JEsp Estadual, até 20 SM (só na primeira instância)
JEsp Federal, até 60 SM (só na primeira instância)
Reclamação trabalhista.
Procuração com cláusula “ad judicia” dá todos os poderes, exceto para:
transação
renúncia
receber e dar quitação
reconhecer a procedência do pedido e firmar compromisso
Medidas urgentes: pode pleitear sem procuração, mas deve apresentá-la em 30 dias (15+15), sob pena de
o ato ser considerado inexistente (art. 37 do CPC). O NCPC estabelece que a não ratificação dos atos
praticados sem procuração gera a ineficácia de tais atos (art. 104 do NCPC).
Instâncias superiores: em regra, não há exceções para ausência de procuração (súmula 115 do STJ: “Na
instância especial, é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”).
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Endereço do advogado: tem que constar na petição inicial, sob pena de o juiz determinar sua emenda no
prazo de 48h, sob pena de indeferimento liminar (art. 39, § único, CPC). O NCPC estabelece o prazo de 5
dias para que seja suprida a omissão (art. 106, § 1º, do NCPC).
Renúncia do mandato: cientifica o representado e ainda pratica atos processuais por 10 dias (art. 45 do
CPC) (art. 112 do NCPC).
STF:
imunidade profissional não abrange desacato.
advogado não tem direito a fazer sustentação oral após o voto do relator.
A jurisprudência do STJ sobre as prerrogativas do advogado:
Juiz atrasado: O atraso do magistrado por mais de 30 minutos autoriza o advogado a deixar o
recinto, mediante comunicação protocolada em juízo. Porém, essa medida só se justifica
quando o juiz não está presente no fórum. (Lei 8906/94, art. 7º, XX) (NCPC, art. 362, III)
Direito próprio: As prerrogativas profissionais são direito do próprio advogado (REsp 735668).
Imunidade por ofensas: Para o STJ, o advogado não pode ser responsabilizado por ofensas em
sua atuação profissional, ainda que fora do juízo. No HC 213583, o STJ entendeu que não havia
na apelação nenhum elemento que demonstrasse a intenção do advogado de ofender o
magistrado ou imputar-lhe crime. Os ministros consideraram que a manifestação era objetiva
e estava no contexto da defesa do ente público, seu cliente.
Advocacia Estatal
O NCPC estabelece prazo em dobro para todas as manifestações da Fazenda Pública. Não se aplica o
prazo em dobro, quando a lei estabelecer prazo próprio para o ente público (art. 183).
Exerce a representação judicial e extrajudicial dos entes públicos, e lhes presta atividades de consultoria e
assessoramento.
Os membros da AGU possuem prerrogativa de intimação pessoal. Tal prerrogativa só foi conferida aos
procuradores federais com a Lei nº 10910/04, a qual, porém, vem sendo afastada no âmbito dos Juizados.
STJ: É válida a intimação do representante da Fazenda Nacional por carta com aviso de
recebimento (art. 237, II, do CPC) quando o respectivo órgão não possui sede na Comarca de
tramitação do feito.
O NCPC determina a intimação pessoal para as pessoas jurídicas de direito público. A intimação pessoal
far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. (art. 183). As pessoas jurídicas de direito público deverão
manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações
e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio (art. 246, § 2º). Sempre que
possível, as intimações serão realizadas por meio eletrônico (art. 270).
Defensoria Pública
O NCPC estabelece prazo em dobro para todas as manifestações da Defensoria Pública. Não se aplica o
prazo em dobro, quando a lei estabelecer prazo próprio para a Defensoria Pública (art. 186). Aplica-se
também o prazo em dobro aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na
forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados
com a Defensoria Pública (art. 186, § 3º).
Nos juizados especiais federais, não gozam de prazo em dobro.
Substituição e sucessão de partes e procuradores:
Substituição processual ≠ Substituição de parte:
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Substituição processual: ocorre quando a lei autoriza propositura de ação em nome próprio para
pleitear direito alheio (legitimação extraordinária / anômala).
Substituição de parte: é a sucessão processual. Pode ocorrer quando o bem litigioso é alienado
(facultativa – só com a autorização da parte contrária; sem autorização, é o caso de substituição
processual) (CPC, arts. 41 e 42 / NCPC, arts. 108 e 109) e na hipótese de morte de uma das partes
(obrigatória – entram o espólio e/ou sucessores) (CPC, art. 43 / NCPC, art. 110). Outros casos de
sucessão processual: ação civil pública e ação popular, quando a parte originária desiste da ação.
G. DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PRESTAÇÃO
As prestações se dividem em benefícios e serviços. Os primeiros são valores pagos em dinheiro aos
segurados e dependentes, ao passo que os serviços são prestações imateriais postas à disposição dos
beneficiários.
Segundo a lei de benefícios da previdência social, os segurados fazem jus aos seguintes benefícios: a)
aposentadorias por tempo de contribuição, idade, invalidez e especial; b) auxílios doença; c) salário-
família e salário-maternidade.
Os dependentes, por sua vez, podem perceber pensão por morte e auxílio-reclusão.
Quanto aos serviços, tanto os segurados como os dependentes fazem jus à reabilitação profissional e
ao serviço social (voltado ao préstimo de esclarecimentos dos direitos e auxílio na solução de
problemas representativos de situações de fragilidade social).
CARÊNCIA
É o número mínimo de contribuições indispensáveis para que o segurado ou dependente faça jus a
determinado benefício (art. 24, Lei n.º 8.213/1991), devendo ser calculada sempre em contribuições e não
em meses, com exceção do segurado especial.
O objetivo da carência é resguardar o equilíbrio financeiro e atuarial e evitar a prática de fraudes, pois sem
ela uma pessoa poderia começar a contribuir para o sistema de proteção social unicamente com o objetivo
de obter determinado benefício.
O termo inicial da carência é o primeiro dia do mês da competência recolhida, não interessando o dia em
que efetivamente ocorreu o pagamento.
Para os segurados empregados, inclusive domésticos, avulsos e contribuintes individuais que prestarem
serviços à pessoa jurídica (este último a partir da competência do mês 04/2003), o período de carência
será computado nos mesmos moldes que o tempo de contribuição, tendo em vista que o recolhimento
mensal é sempre presumido, eis que a responsabilidade pelo recolhimento é sempre do empregador (art.
33, § 5º, Lei 8.212/91), de modo que o período de carência começa a ser computado desde a data da
filiação destes segurados.
De acordo com o art. 27 da Lei de Benefícios, alterada pela LC 150, de 2015:
Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições: (Redação da LC nº 150/15)
I - referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), no caso dos
segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos; (Redação da LC nº 150/15)
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II - realizadas a contar da data de efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo
consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos
segurados contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos V e VII do art. 11
e no art. 13. (Redação da LC nº 150/15)
De acordo com a jurisprudência consolidada da TNU, as contribuições recolhidas em atraso só poderão ser
consideradas para fins de carência se não ocorrer a perda da qualidade de segurado.
Não dependem de carência: a) pensão por morte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente e salário-família; b)
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez quando derivarem de qualquer acidente, doença do trabalho
ou doença grave; c) serviço social e reabilitação profissional.
Prazos de carência
Nos termos do art. 25 da Lei de Benefícios, os prazos são:
- Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: como regra, de 12 contribuições mensais para efeito de
carência.
- Aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial: 180 contribuições mensais.
- Salário-maternidade para a segurada contribuinte individual, especial e facultativa: 10 contribuições
mensais. Porém, se ocorrer parto antecipado, a carência de dez contribuições mensais é reduzida no
mesmo número de meses em que o parto se antecipou.
A segurada especial que não contribui como contribuinte individual terá direito ao salário-maternidade
com renda mensal no valor de um salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, nos doze meses imediatamente anteriores ao início do benefício.
INDEPENDE DE CARÊNCIA - rol taxativo, art. 26
- I - A pensão por morte, o auxílio-reclusão, o salário-família e o auxílio-acidente;
Obs. Medida Provisória n.º 664/2014, tentou incluir o requisito de carência para fins de concessão do
benefício de pensão por morte; todavia, o Congresso Nacional, ao analisar a aludida MP, não aprovou essa
mudança contida na MP (Lei n.º 13.135/2015). Em resumo, a pensão por morte continua a ser um
benefício previdenciário cuja concessão prescinde de carência.
- II - auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, decorrerem de acidente de qualquer natureza ou
causa, de doença profissional ou do trabalho, de doenças especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social, desde que acometam o segurado após sua
filiação ao RGPS, não haverá que se falar em carência.
- III - Segurado especial: não há carência para aposentadoria por idade, invalidez, o auxílio-doença, auxílio-
reclusão, pensão por morte e o auxílio-acidente. Todavia, embora dispensado de comprovar o
recolhimento de contribuições, nessas hipóteses o segurado especial tem de comprovar o efetivo exercício
de atividade rural, ainda que de forma descontínua, pelo período de correspondente ao da carência do
benefício.
- IV e V - As prestações consubstanciadas no serviço social e na reabilitação profissional não dependem de
carência.
- VI – Salário maternidade das seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas e domésticas. Diferentemente
da seguradas contribuintes individuais e facultativas, a legislação presume que seu ingresso no sistema
previdenciário tenha ânimo definitivo e não o intuito de cobertura apenas para a contingência
maternidade, ficando preservado o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.
Perda da qualidade de segurado e carência
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Quando o indivíduo, após verter certo número de contribuições para o sistema previdenciário, perde a
qualidade de segurado, a carência é zerada. Com isso, para ter direito a qualquer benefício futuro, terá que
readquirir a condição de segurado, recolhendo tempestivamente uma contribuição e verter, após a nova
filiação, pelo menos 1/3 da carência do benefício desejado (LBPS, art. 24, § ún). Todavia, por força do art.
3º da Lei 10666/03, tal regra restritiva se aplica apenas ao auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e
salário-maternidade (nos casos de contribuinte individual, facultativa e segurada especial). Isso porque o
art. 3º da Lei 10666 assegura que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão
das aposentadorias por tempo de contribuição e especial. Também, na hipótese de aposentadoria por
idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde
que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de
carência na data do requerimento do benefício.
morte, a renda mensal inicial será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a
que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento. A MP 664/2014 tentou
alterar a forma de cálculo, mas não houve aprovação pelo CN e) Para os demais benefícios (inclusive
aposentadoria por tempo de contribuição), a RMI será de 100% do salário de benefício.
As únicas EXCEÇÕES a essa modalidade de cálculo da RMI baseada na incidência de um percentual sobre o
salário de benefício são o salário-família e o salário-maternidade. O primeiro tem seu montante
expressamente fixado em lei, ao passo que o salário maternidade corresponderá ao valor da remuneração
que a trabalhadora esteja recebendo na data da concessão do mencionado benefício, ressalvado o caso da
segurada especial, cujo salário maternidade equivalerá ao pagamento de um salário mínimo.
O limite mínimo da RMI dos benefícios que substituam a remuneração é o salário-mínimo (CF/88, art. 201,
§2º). Por não serem substitutivos do salário de contribuição, o salário família e o auxílio acidente poderão
ser concedidos em patamar inferior ao salário mínimo.
Quanto ao limite máximo, corresponderá a renda mensal inicial ao valor fixado como teto para a
concessão de benefícios pelo regime geral de previdência social. Contudo, a lei de benefícios prevê as
seguintes exceções que poderão exceder o referido teto:
1) a aposentadoria por invalidez deferida a segurado que necessita de cuidado permanente de terceiro,
hipótese em que haverá um acréscimo de 25% no valor do benefício, calculado sobre a RMI.
Sobre o adicional de 25%, previsto no art. 45 da Lei n.º 8.213, o STJ, recentemente, decidiu que esse
acréscimo não é extensível aos segurados que recebam outras espécies de aposentadoria, como
jubilação por idade ou por tempo de contribuição (REsp 1533402). Há, no entanto, precedentes em sentido
contrário no âmbito da TNU (Processo nº 0501066-93.2014.4.05.8502).
2) Salário maternidade que corresponderá ao valor da remuneração da trabalhadora e que terá como teto
apenas o subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O valor que exceder a este teto será pago
diretamente pelo empregador. Hoje o subsídio corresponde a R$ 33.763,00, Lei 13091/2015.
atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social o INSS poderá, sem ônus para os
segurados, celebrar convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento ou de
colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia médica,
por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com - órgãos e entidades
públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS)
A aferição da incapacidade deve ser abrangente, envolvendo a análise da situação do segurado não apenas
sob o aspecto médico-pericial, mas também sob as perspectivas sociais, econômicas, profissionais,
culturais, etárias, entre outras.
Se o segurado percebia auxílio-doença: o termo inicial da aposentadoria por invalidez será a data seguinte
à cessão do pagamento do primeiro benefício.
Se a aposentadoria por invalidez for concedida diretamente: sua data inicial variará de acordo com a
modalidade em que enquadrado o segurado, nos seguintes termos:
a) empregado: a partir do 16º dia do afastamento (o pagamento relativo aos 15 primeiros dias ficará a
cargo do empregador – A MP 644/14 não foi aprovada na parte em que ampliava o prazo para 30 dias).
Se requerida após 30 dias do afastamento, o termo inicial da aposentadoria por invalidez será equivalente
à data da apresentação do requerimento administrativo;
b) empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado especial e facultativo: a
contar da data da incapacidade ou a partir da apresentação do requerimento administrativo se a
concessão for pleiteada após o prazo de 30 dias contados do momento da configuração da incapacidade.
- A renda mensal inicial será de 100% do valor do salário de benefício, sendo este o resultado da média
aritmética relativa a 80% dos maiores salários de contribuição, sem incidência do fator previdenciário.
- Em se tratando de aposentadoria por invalidez imediatamente precedida por auxílio-doença, o cálculo de
sua renda mensal inicial deve ser realizado com base no disposto nº 36, § 7º, do Dec 3.048. Assim, o
salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez será de 100% do valor do salário-de-benefício do
auxílio-doença anteriormente recebido, reajustado pelos índices de correção dos benefícios
previdenciários (AREsp nº 55958).
Em se tratando de segurado especial e segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência e que pertença à família de baixa renda
que verte para o sistema contribuições no percentual de 5% sobre o limite mínimo mensal do salário de
contribuição, a RMI será equivalente a um salário mínimo.
No caso de grande invalidez, assim considerada a hipótese em que o inativo necessita de cuidados
especiais e constantes de terceiro, haverá o recebimento de um adicional de 25% conjuntamente com os
proventos de aposentadoria. Nesse caso, o valor total do benefício poderá ultrapassar o montante
estipulado como limite máximo para o pagamento de benefícios pelo RGPS. Tal adicional possui natureza
indenizatória e caráter personalíssimo, não se transferindo, portanto, para os pensionistas em caso de
falecimento do instituidor da pensão.
Em regra, a carência da aposentadoria por invalidez será de 12 contribuições. Contudo, quando o benefício
decorrer de acidente de trabalho ou de qualquer natureza ou do acometimento de doença prevista em
portaria conjunta expedida pelos Ministérios da Fazenda e da Previdência Social, não haverá carência.
A doença o lesão preexistente não gera direito a aposentadoria por invalidez, salvo se houver progressão
ou agravamento posterior à filiação ao RGPS que resulte em incapacidade superveniente.
Todos os segurados têm direito ao benefício de aposentadoria por invalidez, desde que detenham a
qualidade de segurado quando a configuração da incapacidade.
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A cessão do benefício pode se dar imediatamente, quando o segurado retorna voluntariamente às suas
atividades – Art. 46, ou gradualmente, nos seguintes termos:
a) quando a recuperação total da incapacidade ocorrer dentro do prazo de cinco anos contados da
concessão da aposentadoria ou da cessação do auxílio-doença que a precede, o segurado empregado
deixará de perceber o benefício imediatamente se tiver direito a retornar à atividade remunerada antes
exercida. Para os demais segurados, o benefício cessará após o transcurso do número de meses
equivalentes aos anos de duração do auxílio-acidente ou da aposentadoria por invalidez; b) se a
recuperação da incapacidade for parcial, ocorrer após o prazo de 5 anos ou quando o inativo for declarado
apto, por perícia do INSS, para exercer função diversa da habitual desempenhada anteriormente a
aposentadoria, a cessação do benefício se dará de forma escalonada. Nos 6 primeiros meses posteriores a
verificação da recuperação da capacidade laboral, o segurado receberá o valor integral dos proventos de
aposentadoria, havendo em seguida a redução em 50% do valor do benefício pelos próximos 6 meses. Em
seguida, haverá nova redução no patamar de 75% também por igual período de 6 meses, ao término dos
quais cessará definitivamente.
A aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença somente serão considerados para fins de tempo de
contribuição se existir períodos intercalados de atividade e percepção do benefício incapacitante (TNU –
PEDILEF 2008.72.54.001356-5).
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Para as demais modalidades de segurado, os proventos de aposentadoria serão devidos a partir da data da
entrada do requerimento administrativo.
Em caso de requerimento judicial, o benefício será devido desde a data da citação.
A aposentadoria por idade é benefício de concessão ampla, podendo ser deferido a todos os segurados
que preencham os requisitos estampados na legislação de regência.
O pagamento dos proventos cessará com a morte do beneficiário, momento a partir do qual surgirá o
surgirá o direito dos dependentes, acaso existentes, de recebimento de pensão.
A TNU decidiu pela legalidade da acumulação da pensão por morte e da aposentadoria por idade em caso
de beneficiários rurais.
A lei de benefícios autoriza que o empregador aposente compulsoriamente o empregado. Para tanto,
deverá formalizar requerimento junto ao INSS e demonstrar o preenchimento dos seguintes requisitos: a)
carência mínima de 180 contribuições; b) idade mínima de 70 anos, se homem, e 65, se mulher. Nesses
casos, o empregado fará jus ao pagamento das verbas trabalhistas devidas nas hipóteses de despedida
sem justa causa.
Súmula 54 da TNU. Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo
de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente
anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima.
Súmula 46 da TNU. O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de
benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto.
Súmula 41 da TNU. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar
atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado
especial, condição que deve ser analisada no caso concreto. Obs.: desde que fique demonstrado
que a subsistência do grupo familiar vem da atividade rurícola.
Súmula 34 da TNU. Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material
deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.
Súmula 14 TNU: Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de
prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
Súmula 6 TNU: A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição
de trabalhador rural do cônjuge constitui início de prova material da atividade rurícola.
Súmula 5 TNU: a prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até a lei 8213/91, pode
ser reconhecida para fins previdenciários (tempus regit actum).
A Lei n.º 11.718/2008 introduziu no ordenamento jurídico pátrio a chamada aposentadoria por idade mista
ou híbrida (art. 48,§ 3º, da Lei n.º 8213/1991). Tal modalidade de aposentadoria por idade foi instituída
para permitir uma adequação da legislação para as categorias de trabalhadores urbanos e rurais,
possibilitando ao segurado especial a soma do tempo de atividade rural sem contribuições previdenciárias
ao tempo de contribuição em outra classificação de segurado, com a finalidade de implementar o tempo
necessário de carência.
Com isso, o legislador permitiu ao rurícola o cômputo de tempo rural como período contributivo, para
efeito de cálculo e pagamento do benefício etário. Assim, sob o enfoque da atuária, não se mostra razoável
exigir do segurado especial contribuição para obtenção da aposentadoria por idade híbrida, relativamente
ao tempo rural. Por isso, não se deve inviabilizar a contagem do trabalho rural como período de carência.
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Destarte, o segurado especial que comprove a condição de rurícola, mas não consiga cumprir o tempo
rural de carência exigido na tabela de transição prevista no artigo 142 da Lei n. 8.213⁄1991 e que tenha
contribuído sob outras categorias de segurado, poderá ter reconhecido o direito ao benefício
aposentadoria por idade híbrida, desde que a soma do tempo rural com o de outra categoria implemente a
carência necessária contida na tabela do art. 142 da Lei de Benefícios, não ocorrendo, por certo, a
diminuição da idade.
Sobre a aposentadoria por idade híbrida, importante mencionar que o STJ decidiu que não obsta a
concessão do concessão de aposentadoria por idade híbrida (art. 48, § 3º, da Lei n. 8.213⁄1991) o fato
de que a última atividade exercida pelo segurado, no período imediatamente anterior ao requerimento
do benefício ou ao implemento da idade mínima, não tenha sido de natureza agrícola. Em outras
palavras, a aposentadoria híbrida pode ser concedida ainda que a última atividade do segurado seja
urbana, ou seja, ele começou na atividade rural e depois migrou para a urbana. O trabalhador tem direito a
se aposentar por idade, na forma híbrida, quando atinge 65 anos (homens) ou 60 (mulheres), desde que
tenha cumprido a carência exigida considerando-se tanto os períodos urbano e rural. Não faz diferença se
ele está ou não exercendo atividade rural no momento em que completa a idade ou apresenta o
requerimento administrativo, nem o tipo de trabalho predominante (REsp 1407613).
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de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher,
observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.
Para alcançar os fatores 95/85, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e
idade
Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e deixar de
requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data
do cumprimento do requisito nos termos deste artigo.
A Lei nº 13.183, prevê, ainda, que as somas de idade e de tempo de contribuição previstas serão
majoradas em um ponto nos anos de 2018, 2020, 2022, 2024 e 2026. Contudo, a mesma lei assegura a
aplicação da pontuação vigente na data da implementação dos requisitos para os segurados que deixem
de requerer o benefício em época própria, em observância ao direito adquirido.
O tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo
de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de,
respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo
de contribuição.
APOSENTADORIA ESPECIAL.
O texto constitucional veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades
exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de
segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
No âmbito infraconstitucional, os arts. 57 e 58 da lei de benefícios especificam os critérios a serem
observados na concessão do benefício de aposentadoria especial.
A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência de 180 contribuições mensais, ao
segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos.
A renda mensal inicial da aposentadoria especial será equivalente a 100% do valor representado pelo
salário-de-benefício, sem a incidência do fator previdenciário.
A data de início do benefício será definida de acordo com os mesmos critérios estabelecidos para a fixação
do termo inicial da aposentadoria por idade, na forma anteriormente explanada.
A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do
tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem
a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.
O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos,
físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período
equivalente ao exigido para a concessão do benefício.
O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas
prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho
exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência
Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. Quanto ao percentual aplicável para fins de
conversão, o STJ, em sede de julgamento de recurso especial submetido ao rito dos recursos repetitivos,
encampou entendimento no sentido de que deverá ser aplicado o critério vigente na data da
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AUXÍLIO-DOENÇA.
Pode ser de natureza acidentária, quando decorrente de acidente do trabalho ou circunstâncias a ele
equiparadas, e ordinária, quando relacionado a casos de origem não ocupacional.
Seus pressupostos são a superveniência de incapacidade total e temporária para as funções que o
segurado desempenhava e a subsistência de tal situação por mais de 15 dias consecutivos.
Não se exige que a incapacidade seja permanente, mas que dure mais que 15 dias consecutivos,
inviabilizando a possibilidade de exercício do trabalho ou atividade habitual.
Quando o segurado exercer mais de uma atividade concomitantemente e se tornar incapaz para exercer
uma delas por mais de 15 dias, fará jus a percepção de auxílio-doença com relação a atividade para a qual
se incapacitou.
Trata-se de benefício devido a todas as modalidades de segurados que preencham os requisitos acima
mencionados.
A renda mensal do será de 91% do salário de benefício, sem a incidência do fator previdenciário, não
sendo cabível o adicional de 25% previsto para a aposentadoria por invalidez nos casos em que o
beneficiário necessite de cuidados especiais e permanentes de terceiro.
Em se tratando de segurado empregado, o benefício será devido a contar do 16º dia de afastamento da
atividade ou a partir da entrada do requerimento administrativo quando pleiteado após o prazo de 30 dias
contados do afastamento.
No caso de férias ou licença, o prazo de 15 dias é contado do término de tais afastamentos. O segurado
empregado, inclusive o doméstico, em gozo de auxílio-doença será considerado pela empresa e pelo
empregador doméstico como licenciado.
Para os demais segurados, o benefício será devido a partir da data da incapacidade ou do requerimento
administrativo quando este for formulado depois de 30 dias da configuração da incapacidade.
O termo final do benefício será o dia em que cessar a incapacidade para o trabalho ou aquele em que
houver a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente.
O pagamento do auxílio-doença será suspenso se o segurado não comparecer à perícia média periódica ou
à convocação do INSS.
O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta subsistência
poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade. Contudo, caso venha a exercer atividade
diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada uma das atividades
exercidas. (§§ 6º e 7º incluídos pela Lei nº 13.135/15)
Em regra, será exigida a carência de 12 contribuições mensais para a concessão do auxílio-doença. Porém,
nos casos de auxílio-doença acidentário ou derivado de doença prevista em portaria interministerial, não
será necessária a observância de qualquer período de carência.
A renda mensal do auxílio doença é igual a 91% do salário-de-benefício.
A Lei n. 13.135/2015 acrescentou um parágrafo ao art. 29 da Lei n. 8.213/91 criando um novo limitador
para o valor do auxílio-doença. Confira:
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§ 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos doze salários-de-
contribuição, inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de doze, a média
aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes.
A doença preexistente à filiação do segurado ao regime geral de previdência social não gera direito a
percepção de auxílio-doença, tal como ocorre nos casos de aposentadoria por invalidez, salvo nos casos
em que a progressão ou o agravamento da doença preexistente causar a incapacidade do indivíduo.
Súmula 53 da TNU: Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a
incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência
Social.
De acordo com jurisprudência do STJ, não incide contribuição previdenciária sobre a remuneração paga ao
empregado nos 15 primeiros dias que antecedem a concessão do auxílio-doença, tendo em vista a
natureza indenizatória da verba percebida pelo segurado.
A jurisprudência do STJ e da TNU admitem o cômputo do período de percepção de auxílio-doença e
aposentadoria invalidez para fins de carência somente nos casos em que intercalados com períodos de
atividade do segurado.
Aplica-se ao auxílio-doença, as questões sobre o rol taxativo de doenças já mencionado na aposentadoria
por invalidez.
AUXÍLIO-ACIDENTE.
É o benefício devido ao segurado que sofre redução da capacidade para o trabalho que exerce com
habitualmente em razão da consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
inclusive acidente do trabalho.
O dano que gera o direito ao benefício é o que acarreta redução ou perda da capacidade laborativa
(quantitativa ou qualitativa), sem ocasionar invalidez permanente para qualquer trabalho (sequela
definitiva).
Trata-se de benefício de natureza indenizatória, motivo pelo qual não incide sobre ele contribuição
previdenciária.
Segundo o STJ, é irrelevante a possibilidade de reversibilidade da doença, sendo certo que o auxílio-
acidente é devido quando demonstrado o nexo de causalidade entre a redução da capacidade laborativa e
a atividade profissional desenvolvida.
A concessão de tal benefício independe de carência e pode ser pago ao segurado empregado, inclusive ao
doméstico, trabalhador avulso e segurado especial.
A renda mensal inicial será equivalente a 50% do salário de benefício, podendo ser inferior ao salário
mínimo, uma vez que não se trata de benefício substitutivo do salário de contribuição. O salário de
benefício será calculado a partir da média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição,
sem utilização do fator previdenciário.
É vedado o recebimento conjunto de mais de um auxílio-acidente, de modo que se o segurado, na hipótese
de exercício de atividades concomitantes, fizer jus a mais de um auxílio-acidente, serão comparadas as
rendas mensais dos dois benefícios, pagando-se o mais vantajoso.
O STJ consolidou entendimento no sentido de que a cumulação de auxílio-acidente com proventos de
aposentadoria só é possível se a eclosão da doença incapacitante e a concessão da aposentadoria forem
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anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei 8.213, promovida pela MP n. 1.596-14/97 (convertida
na Lei 9.528/97). Quanto ao momento em que ocorre a lesão incapacitante em casos de doença
profissional ou do trabalho, deve ser observada a definição do art. 23 da Lei n. 8.213/1991, segundo o qual
se considera “como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da
incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o
dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (REsp 1296673).
Nos casos em que ocorre o agravamento da lesão que deu origem ao pagamento do auxílio-acidente
inicialmente concedido, a 1ª turma do STJ firmou entendimento no sentido de que deve ser considerado,
para fins de auxílio-acidente, o percentual estabelecido pela lei vigente no momento em que se dá o
agravamento das lesões incapacitantes do beneficiário, e não o do momento em que o benefício foi
concedido inicialmente. O agravamento da lesão incapacitante tem como consequência a alteração do
auxílio-acidente, sendo considerado um novo fato gerador para a concessão do benefício. Dessa forma, o
agravamento da lesão gera a concessão de um novo benefício, devendo-se aplicar a lei em vigor na data do
fato agravador, por incidência do princípio tempus regit actum (AgRg no REsp 1304317).
O STJ, no julgamento do REsp 1108298, representativo de controvérsia, pacificou o entendimento de que,
para a concessão de auxílio-acidente fundamentado na perda de audição, é necessária a comprovação do
nexo causal entre a lesão e a atividade laboral e a diminuição efetiva e permanente da capacidade para a
atividade que o segurado habitualmente exercia.
De acordo com o STJ, não havendo concessão anterior de auxílio doença, bem como ausente prévio
requerimento administrativo de auxílio acidente, o termo a quo para o recebimento desse benefício será a
data da citação (REsp 1112886 Rep).
SALÁRIO-FAMÍLIA.
Será devido, mensalmente, ao segurado empregado, inclusive ao doméstico, e ao segurado trabalhador
avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados.
O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se do
sexo masculino, ou 60 anos ou mais, se do feminino, terão direito ao salário-família, pago juntamente com
a aposentadoria.
O pagamento do salário-família é condicionado à apresentação da certidão de nascimento do filho ou da
documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual de atestado de vacinação
obrigatória e de comprovação de frequência à escola do filho ou equiparado.
As cotas do salário-família serão pagas pela empresa e empregador doméstico, mensalmente, junto com o
salário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições. Quando o pagamento do
salário não for mensal, o salário-família será pago juntamente com o último pagamento relativo ao mês.
Deverão, ainda, conservar por 10 anos os comprovantes de pagamento e cópia de certidões de
nascimento.
O salário-família devido ao trabalhador avulso poderá ser recebido pelo sindicato de classe respectivo, que
se incumbirá de elaborar as folhas correspondentes e de distribuí-lo.
A cota do salário-família não será incorporada, para qualquer efeito, ao salário ou ao benefício, não
integrando, portanto, a base de cálculo para a mensuração dos proventos de aposentadoria e pensão por
morte.
O valor atual do benefício em comento é disciplinado no art. 4º da portaria interministerial MPS/MF nº
13/2015, nos seguintes termos:
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Art. 4º O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14
(quatorze) anos de idade, ou inválido de qualquer idade, a partir de 1º de janeiro de 2015, é de:
I - R$ 37,18 (trinta e sete reais e dezoito centavos) para o segurado com remuneração mensal não
superior a R$ 725,02 (setecentos e vinte e cinco reais e dois centavos);
II - R$ 26,20 (vinte e seis reais e vinte centavos) para o segurado com remuneração mensal
superior a R$ 725,02 (setecentos e vinte e cinco reais e dois centavos) e igual ou inferior a R$
1.089,72 (um mil e oitenta e nove reais e setenta e dois centavos).
SALÁRIO-MATERNIDADE.
É o benefício devido a todas as seguradas do RGPS, substitutivo da remuneração, em razão do nascimento
de filho, adoção, ou obtenção de guarda judicial para fins de adoção. Será devido pelo prazo de 120 dias,
podendo ser estendido por mais 60 dias, prorrogação essa que ficará à cargo do empregador, nos termos
da lei 11.770/08.
Em se tratando de segurada empregada, doméstica e avulsa, não há período de carência para a concessão
do salário-maternidade. Por outro lado, as seguradas contribuintes individuais e facultativas deverão
observar a carência mínima de 10 contribuições mensais. As seguradas especiais, por fim, não
comprovarão carência, mas sim, o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10
meses imediatamente anteriores à data do requerimento do benefício.
Para as seguradas que necessitam preencher o requisito da carência, poderá haver a redução de tal
requisito equivalente ao mesmo número de meses da antecipação do parto, vide art. 25, § ún, da lei de
benefícios.
A renda mensal inicial do benefício não está sujeita ao limite máximo do salário de contribuição. Assim, em
se tratando de segurada empregada, o valor do benefício será equivalente ao de sua última remuneração
integral. Para a trabalhadora avulsa, será igual à remuneração integral correspondente a um mês de
trabalho. Por sua vez, a segurada empregada doméstica receberá a quantia equivalente ao valor do seu
último salário de contribuição registrado em sua carteira de trabalho e previdência social. Para a segurada
especial, o benefício será correspondente ao valor de um salário mínimo. Caso tenha contribuído
facultativamente como contribuinte individual, o salário-maternidade será igual a 1/12 do valor sobre o
qual incidiu sua última contribuição anual, assegurando-se, ao menos, a percepção de um salário mínimo
mensal. Por fim, as seguradas contribuintes individuais e facultativas terão seu benefício calculado na
proporção de 1/12 incidente sobre a soma dos últimos 12 salários de contribuição apurados em período
não superior a 15 meses.
O termo inicial do benefício é o nascimento, que pode ocorrer dentro dos 28 dias que antecedem ao parto,
podendo ser antecipado em duas semanas em casos excepcionais devidamente justificados em atestado
médico. Em se tratando de adoção, o benefício será devido a contar da data em que efetivada ou da
concessão da guarda judicial para fins de adoção.
Com a finalidade de adequar a regulamentação do salário-maternidade ao princípio da isonomia, a Lei
12.873/2013 alterou o plano de benefícios da previdência social, acabando com o escalonamento do
período de concessão do referido benefício de acordo com a idade do adotando. Confira-se:
Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial
para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias. (Redação da Lei nº 12.873/13)
§ 1º O salário-maternidade de que trata este artigo será pago diretamente pela Previdência
Social. (Redação da Lei nº 12.873/13)
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Quanto à última hipótese de extinção da pensão por morte, a Lei nº 13.135 estabeleceu três regras gerais
quanto ao tempo de duração do benefício de pensão por morte:
1) se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o
casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do
segurado, o benefício terá duração de 4 meses.
2) Caso tenham sido vertidas 18 contribuições mensais e o óbito tenha ocorrido pelo menos 2 anos após o
início do casamento ou da união estável, será observada a tabela a seguir:
21 anos de idade 3
3) Contudo, se o cônjuge ou companheiro for inválido ou com deficiência, o benefício de pensão findará
pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos acima
estipulados.
Serão aplicados, conforme o caso, as regras contidas nos item 2 ou 3 se o óbito do segurado decorrer de
acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou
de união estável.
O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não impede
a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou
mental ou com deficiência grave.
Ainda, é importante ressaltar que a lei de benefícios da previdência social veicula previsão expressa
autorizando a concessão de pensão por morte provisória nos casos de declaração judicial de morte
presumida do segurado que permanecer ausente, sem deixar notícias de seu paradeiro, pelo prazo de 6
meses. Contudo, provado o desaparecimento do segurado em consequência de acidente, desastre ou
catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente de prévia declaração
judicial de morte presumida e correspondente decurso do prazo de 6 meses. Verificado o reaparecimento
do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição
dos valores recebidos, ressalvada a hipótese de má-fé.
Se o requerimento administrativo for apresentado no prazo de 90 dias contados do momento do óbito do
segurado, a data de início do benefício corresponderá àquela do falecimento do instituidor da pensão ou a
da declaração judicial de ausência (importante frisar que esse prazo foi estipulado a partir da Lei
13.183/15). Ao revês, em caso de postulação perante o INSS após tal interstício, os proventos de pensão
por morte serão devidos a partir da data da entrada do requerimento administrativo.
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SÚMULAS DO STJ: 336 - A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito
à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.
340 - A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do
óbito do segurado.
416 - É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa
qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu
óbito.
SÚMULA DA TNU: 52 - Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do
recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito,
exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços.
AUXÍLIO-RECLUSÃO.
O art. 201, IV, da CF garantiu auxílio-reclusão aos dependentes dos segurados de baixa renda. O art. 13 da
EC nº 20/98 estabeleceu que o benefício fosse concedido apenas àqueles que tivessem, à época, renda
bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00, corrigidos monetariamente até a superveniência de lei que
disciplinasse o acesso a essa proteção previdenciária. Atualmente, o valor da renda brutal do trabalhador
de baixa renda não poderá ser superior a R$ 1.089,72, conforme fixado pela Portaria Interministerial
MPS/MF nº 13/2015.
O auxílio-reclusão será concedido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do
segurado recolhido à prisão, que não estiver em gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria.
O recolhimento à prisão deve ser certificado pela autoridade competente e a certidão deverá instruir o
requerimento do benefício. Para que o benefício seja mantido, o beneficiário deverá apresentar declaração
de permanência na condição de presidiário.
O auxílio-reclusão será pago enquanto o segurado estiver recolhido à prisão. Durante esse período, o
beneficiário deverá apresentar, a cada 3 meses, atestado de que o segurado continua detido ou recluso,
firmado pela autoridade competente.
Contingência: ser dependente de segurado recolhido à prisão, que não receba remuneração da empresa,
nem esteja em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria, e desde que seu último salário de contribuição
seja inferior ou igual a R$ 1.089,72, nos termos da Portaria Interministerial MPS/MF nº 13, de 09 de janeiro
de 2015. Caso o segurado esteja desempregado na data da prisão, o STF entendeu que a renda bruta
mensal do recluso deverá ser igual a zero.
A qualidade de segurado é essencial para que incida a proteção previdenciária dos dependentes mediante
o pagamento de auxílio-reclusão.
Não é necessário que o recolhimento à prisão seja resultado de condenação criminal, podendo ser prisão
processual (em flagrante delito, preventiva, resultante de pronúncia ou de sentença não transitada em
julgado, temporária) e também prisão civil.
O benefício deverá ser pago durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime
fechado ou semiaberto.
Em caso de fuga, o benefício é suspenso. Recapturado o segurado, será restabelecido o pagamento a
contar da data da nova prisão, se ainda mantiver a qualidade de segurado.
O auxílio-reclusão não pode ser concedido depois que o segurado estiver solto.
A concessão do benefício em comento independe de carência.
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA.
No âmbito do Direito Previdenciário, a prescrição e a decadência se operam: a) em relação ao custeio
(decadência do direito de lançar e prescrição do direito de cobrar as contribuições); b) em relação aos
benefícios (decadência do direito do contribuinte de revisão do ato inicial de concessão de benefícios e
prescrição da pretensão de cobrança de parcelas vencidas).
Quanto às contribuições, tanto o prazo decadencial para lançar, quanto o prazo para cobrar os créditos
delas decorrentes, são de cinco anos (CTN, arts. 173 ou 150, §4º e 174). Isso porque, o STF reconheceu a
inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212 (que haviam ampliado tal prazo para 10 anos), sob o
fundamento de que tal matéria encontra-se submetida à reserva de Lei Complementar (SV nº 8).
No tocante aos benefícios, o prazo decadencial para que o beneficiário ou a Fazenda busquem a revisão do
valor do benefício é comum de 10 anos (LBPS, art. 103 e 103-A). Contudo, será de apenas cinco anos o
prazo prescricional para que os beneficiários cobrem as eventuais diferenças. Ou seja, há dez anos para
tentar revisar o valor do benefício, mas só será permitido vindicar a percepção retroativa das diferenças
relativas aos últimos cinco anos, nos termos dos arts. 103 e 103-A da Lei nº 8213.
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Importa ainda destacar que o prazo prescricional de cinco anos não corre em detrimento do menor, do
incapaz e do ausente, por previsão expressa contida no parágrafo único do art. 103 da L 8213. Em que pese
tal dispositivo faça menção apenas ao prazo prescricional, o NCC obsta o transcurso do prazo decadencial
em desfavor dos absolutamente incapazes.
Por derradeiro, resta consignar o entendimento do STJ firmado no julgamento do REsp Repetitivo nº
1309529, no que tange à incidência do prazo decenal para a revisão dos benefícios previdenciários
concedidos em momento anterior ao advento da MP nº 1523-97, posteriormente convertida na Lei nº
9528/1997. Até 27/6/1997, dia anterior à publicação da referida MP, qualquer segurado poderia exercer
seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direito pelo decurso futuro de
prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal (prazo decenal), os mesmos
segurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto
é, com prazo de 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos
benefícios anteriormente concedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data
em que entrou em vigor a norma fixando o referido prazo decenal.
Os impostos sobre o comércio exterior são divididos em Imposto sobre Importação e Imposto sobre
Exportação.
Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, também conhecido como “tarifa aduaneira”.
Sujeito ativo: União (art. 153, I, CR).
Sujeito passivo (art. 22 do CTN e 31 do DL 37/66): a) Importador (qualquer pessoa física ou jurídica); b)
arrematante; c) destinatário de remessa postal internacional; d) adquirente de mercadoria em entrepostos
aduaneiros.
Responsáveis (art. 32 do DL 37/66): a) Transportador (transportando mercadoria procedente do exterior
OU sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno); b) depositário (pessoa incumbida da custódia
de mercadoria sob controle aduaneiro).
Responsáveis solidários (art. 32, parágrafo único, do DL 37/66): a) adquirente ou cessionário de mercadoria
beneficiado com isenção ou redução de imposto; b) representante do transportador estrangeiro; c)
adquirente de mercadoria de procedência estrangeira que importe por sua conta e ordem; d)
encomendante predeterminado de mercadoria estrangeira. Atenção: responsabilidade do agente marítimo
no uso exclusivo de atribuições próprias: a) antes do DL nº 2.472/88 – Não era responsável (Resp 252457);
b) após o DL nº 2472/88 – sim (nova redação do art. 32 do DL 37/66).
Fato gerador: É a entrada real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional. Considera-se ocorrido
o FG na data do registro da declaração de importação (aspecto temporal), realizado eletronicamente no
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Princípio da Legalidade: o Poder Executivo pode alterar as alíquotas nos limites estabelecidos em lei (art.
153, § 1º, CF).
Princípio da Anterioridade: não se aplica ao II, seja a de exercício, seja a nonagésimal (art. 150. § 1º, CF).
Regimes aduaneiros: as regras vistas referem-se ao denominado regime aduaneiro comum (conjunto de
normas que estabelece o tratamento tributário e administrativo das mercadorias submetidas a importação
em caráter definitivo (nacionalização) e consumo no território nacional). Entretanto há dois outros
regimes: regimes aduaneiros especiais (ingresso temporário de mercadoria em território nacional – ex.:
Loja franca, trânsito aduaneiro, admissão temporária, drawback, depósito franco etc.) e regimes aplicados
em áreas especiais (conceder benefícios fiscais que estimulem determinadas atividade - Ex.: Zona Franca
de Manaus, Áreas de Livre Comércio).
Drawback: trata-se do ingresso de produto com obrigação de voltar ao exterior (ex.: matéria-prima para
uma mercadoria a exportar). Permite-se o ingresso sem incidir II visando fomentar o mercado nacional.
Modalidades de aplicação: a) suspensão do pagamento de tributos na importação; b) isenção dos tributos
na importação da mercadoria; c) restituição total ou parcial dos tributos pagos na importação da
mercadoria.
Admissão ou franquia temporária: consiste na permissão temporária de ingresso de produtos sem a
cobrança do II (há uma suspensão do pagamento por certo período). Ex.: exposições de obras artísticas,
competições automobilísticas, veículos de turistas etc.
Entreposto aduaneiro
Jurisprudência: a) “Ex tarifário”: isenção ou redução de alíquota do II para produto desprovido de similar
nacional (medida discricionária da administração fazendária). Tem caráter declaratório, sendo que se o
contribuinte cumpriu os requisitos legais deve ser assegurada a redução do II deste a data do
requerimento administrativo (REsp 1174811) b) O crédito tributário relativo ao II e IPI no caso de
drawback se forma no momento da importação. Descumprindo-se os requisitos do drawback, torna-se
desnecessária a autuação fiscal ou a constituição do crédito, visto que já foi realizado o lançamento antes o
desembaraço aduaneiro (REsp. 1291018). c) O FG do II de mercadoria despachada para consumo ocorre
na data da declaração de importação (REsp. 1220979).
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Fisco buscará o preço normal que o produto alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência,
não se vinculando ao valor consignado na fatura comercial (evitar fraudes).
Alíquota: estão prevista na TAB (Tarifa Aduaneira do Brasil). Classificam-se em: a) específicas (valor em
pecúnia – “R$”); b) ad valorem (valor percentual – “%”); c) mista (combinação). A alíquota ad valorem
atualmente é de 30%, mas pode ser aumentada pelo Executivo em até 5 vezes (150%) – Lei 9.716/98.
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto à categoria econômica – Imposto sobre o comércio exterior (CTN); b)q
uanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) Indireto (tributo
cujo valor é repassado ao consumidor); c) Proporcional (alíquota constante / não variável); d) Extrafiscal.
Princípio da Legalidade: Executivo pode alterar as alíquotas nos limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º,
CF).
Exportação temporária: raciocínio inverso ao da admissão temporária do II. Assim, é a permissão dada para
saída de produto nacional ou nacionalizado para o exterior por período determinado desde que retorne ao
Brasil, não incidindo o IE. Contingenciamento: é a limitação em unidades ou cotas para exportação
(também aplicável à importação). Jurisprudência: a) Registro de exportação: somente ele corresponde a
Guia de Exportação, e não qualquer registro no Siscomex (STF. AI 578372 AgR). b) FG do IE na exportação
de açúcar: ocorre com o registro de vendas no Siscomex (STJ, AgRg no Ag 830231)
Decisão recente 1a T. do STJ (5/11/15) - REsp 1313705 - “Incide IE sobre produtos cujos insumos
ingressaram no país pelo regime de drawback. O drawback é um instrumento de incentivo à exportação,
uma operação pela qual o insumo ingressa no país com isenção ou suspensão de determinados impostos
para ser reexportado após ser utilizado para fabricação de um produto. A empresa contribuinte, atuante
no ramo de curtimento e industrialização de couros bovinos, queria a isenção do imposto de exportação
em relação ao produto final (couro), cujos insumos foram importados sob o regime de drawback. STJ
entendeu que as normas que regem o drawback não contemplam a desoneração.
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do importador, o produto tiver sido objeto de industrialização (art. 46, parágrafo único, do CTN) (EREsp
1411749 – Info 553)
Obs2: Não incide IPI na importação de veículo por pessoa física para uso próprio (AAREsp 1393108
Repetitivo – Info 557)
Conceito de produto industrializado: para os fins do IPI, o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade ou aperfeiçoe para o consumo, tais como a
transformação, o beneficiamento, a montagem etc.
Obs.: o art. 4º do Regulamento do IPI amplia tal conceito – inclui o simples acondicionamento ou
embalagem. Sabbag entende violar a CF e o CTN (art. 46, p.u.).
Base de Cálculo: variará conforme a hipótese de incidência. Pode ser (art. 47 do CTN):
a) o valor da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte (inclui-se o valor do frete e
demais despesas acessórias). STJ: 1) descontos incondicionais não integram a BC do IPI, por não fazerem
parte do valor de saída da mercadoria (MC 15218); 2) o Frete não pode ser inserido na BC do IPI – o valor
da operação é o contrato de compra e venda (REsp 667950).
b) o preço normal + imposto de importação + taxas aduaneiras + encargos cambiais. A inclusão do II na BC
do IPI é meio de proteção à indústria nacional.
c) o próprio preço da arrematação em face de produto apreendido, abandonado e levado a leilão.
Alíquotas: É imposto proporcional já que sua alíquota varia de forma constante em função da grandeza
econômica tributada (princípio da seletividade).
Obs.1: com lastro no princípio da seletividade, o Judiciário poderá atuar somente como legislador negativo
na correção de eventuais distorções na alíquota aplicada (inconstitucionalidade/ilegalidade). Mao pode
atuar como legislador positivo para alterar alíquota de um produto.
Obs.2: Alíquota zero – ciente que o Executivo pode alterar as alíquotas do IPI dentro das balizas legais, o
Legislativo deixa a alíquota mínima em zero. Assim o Executivo poderá “zerar” a incidência de um tributo
sem precisa usar da isenção (está só por meio de lei).
Obs.3: Despesas com transporte (frete) não podem ser incluídos na base de cálculo do IPI, por ofensa ao
art. 146, III, da CFRB, já que o art. 47 do CTN prevalece sobre a Lei nº 7.798/89 (AgReg no RE 881908)
Princípio da Legalidade e anterioridade: Idem II, EXCETO no tocante à anterioridade nonagésimal que deve
ser observada no IPI.
Princípio da não-cumulatividade (value-added para os estadunidenses): em cada operação tributada deva
ser abatido o valor do mesmo imposto pago na operação imediatamente anterior (art. 49 do CTN). Com
efeito, faz-se o registro contábil como crédito do IPI na entrada de mercadoria e como débito na saída de
mercadoria. O IPI, nos documentos fiscais, é destacado separadamente ou, como denomina parte da
doutrina, “por fora” somado ao preço pago pelo adquirente dos insumos. O mesmo fato ocorre com o
ICMS.
Imunidade: os produtos industrializados destinados ao exterior estão imunes ao IPI (art. 153, § 3º, III, CR
c/c súmula 536 STF).
IPI na base de cálculo do ICMS: não integrará a BC se (requisitos cumulativos – art. 155, §2º, XI, CF): a)
realizada entre contribuintes (do IPI); b) relativa a produto destinado à industrialização/comercialização; c)
configurar FG dos dois impostos.
Obs: Inclui-se IPI na base de cálculo do ICMS sujeito a regime de substituição tributária (ARE 714.647)
Creditamento do IPI: para insumos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero.
Obs.1: antes da Lei 9.779/99 não era possível o creditamento de insumos/matérias-primas de produtos
isentos ou tributados com alíquota zero.
Obs.2: tanto a aquisições de bens do ativo permanente quanto o uso de energia elétrica (REsp 1129345)
não têm sido autorizados o creditamento na condição de insumos.
Princípio da autonomia dos estabelecimentos: cada estabelecimento, para fim de IPI, embora não tenha
personalidade jurídica própria, é considerado como “contribuinte autônomo”.
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Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto á categoria econômica – Imposto sobre a produção e circulação (CTN); b)
quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real; b) Indireto; c)Proporcional; d) Extrafiscal;
e) Seletivo (obrigatoriamente); f) não cumulativo (o imposto pago em uma operação é compensado nas
seguintes).
Correção monetária do crédito de IPI: Regra: não incide correção monetária sobre os créditos de IPI
decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade, por ausência de previsão legal. Exceção:
incide, porém, a correção se o ressarcimento do contribuinte sofre demora em virtude da oposição da
Fazenda Pública que faz com que o contribuinte socorra-se do Poder Judiciário.
Aquisição de bens de capital (Art. 153, § 3º, IV, CF): O IPI terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de
bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
Crédito-prêmio de IPI: era um incentivo às exportações de manufaturados instituídos em 1969 (DL 491/69),
em que todos os fabricantes de produtos vendidos no exterior obtinham um crédito sobre o valor da
mercadoria embarcada (inicialmente 15%). Após pressão internacional (GATT) contra os subsídios, o
Ministro da Fazenda editou PORTARIA (Decretos-Leis o autorizavam) estabelecendo prazo para o fim do
crédito-prêmio (1983). Ab initio, o STJ entendeu que uma portaria não poderia revogar um benefício.
Todavia, mudou de entendimento (idem STF) justificando que tal direito teria acabado em 1990 por força
do art. 41, caput e § 1º, do ADCT da CF/88. Julgado importante nesse entendimento: STF. RE 577348 RG.
Crédito presumido IPI (art. 1º da Lei 9.363/96): refere-se ao direito de crédito presumido com
ressarcimento de contribuições para PIS/PASEP e COFINS – para empresas produtora e exportadora de
mercadorias nacionais – sobre as aquisições no mercado interno de matérias-primas, produtos
intermediários e materiais de embalagem utilizados no processo produtivo. Ele abrange, inclusive, a
produto com alíquota zero e nas vendas a empresa comercial exportadora, com fim específico de
exportação. Por outro lado, pessoa jurídica com receitas sujeitas a incidência não cumulativa de PIS/Pasep
e Cofins não fará jus ao crédito presumido de IPI em relação ao ressarcimento dessas contribuições. Em
relação a produtos oriundos da atividade rural utilizados como matérias-primas, produtos intermediários
ou materiais de embalagem para produtos industrializados exportados; será calculado o creditamento
exclusivamente nas aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas ao PIS/Pasep e à Cofins (posição
oposta ao enunciado da Súmula 494/STJ). O crédito é devido ainda que o beneficiamento do insumo seja
realizado por terceira empresa (lembre-se que a finalidade será sempre a exportação de uma mercadoria)
– AgRg no REsp 1314891.
Em repercussão geral, o STF reafirmou que os princípios da seletividade e não cumulatividade não
asseguram direito ao crédito-prêmio do IPI sobre insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero (RE
398365 RG)
Isenção
a) Isenção para deficiente físico pode ser novamente concedida em razão do furto de veículo. A regra que
limita a uma isenção a cada 2 anos da Lei 8.989/95 deve ser flexibilizada em caso de força maior, dado o
caráter humanitário da política fiscal (REsp 1390345)
b) Isenção prevista na Lei 8.032/90 para entidades de educação se estende às entidades com finalidade
eminentemente cultural, pois, para o STJ, educação e cultura são indissociáveis (REsp 1100912 – Info 561)
Jurisprudência:
b) “(...) 2. O art. 11 da Lei n. 9.779, de 1999, autoriza o creditamento de IPI para duas
hipóteses: i) quando o produto final for isento; ou ii) quanto é tributado à alíquota zero. Os
casos de não-tributação não estão alcançados pela referida norma. (...) 4. A correção
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monetária não incide sobre o crédito escritural de IPI por ausência de previsão legal.
Entretanto, o STJ entende que, se o direito ao creditamento não foi exercido no momento
oportuno em razão de óbice criado pelo Fisco – que não é o caso dos autos, por não
constar do acórdão recorrido –, a correção monetária deverá incidir, de modo a preservar
seu valor. STJ. Resp 1004964 (Recurso Repetitivo – Resp 1035847).
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I. DIREITO AMBIENTAL
Além do caráter eminentemente constitucional, esse princípio encontra suporte legitimador no Relatório
Brundtland, de 1987, feito pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. Assim, a
atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com a proteção ambiental, haja vista a
necessidade de compatibilização do art. 170 com o art. 225, ambos da CF/88.
A Avaliação de Impacto Ambiental – AIA (gênero do qual são espécies os mais diversos estudos ambientais)
é mecanismo de realização do desenvolvimento sustentável, pois permite identificar previamente o grau
de impacto ao meio ambiente provocado pela implantação de uma certa atividade socioeconômica,
visando a adoção das providências adequadas.
Não se deve entender como AIA apenas o Estudo Prévio de Impacto Ambiental - EPIA. A AIA pode ser
implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e processo de transformação,
como para políticas e planos que contemplem diretrizes programáticas, limitadas ao campo das ideias,
neste caso denominada Avaliação Ambiental Estratégica. O EPIA, por sua vez, é ferramenta prévia do
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente causadores de significativo impacto
ambiental.
Conforme Res. CONAMA 237/97 (art. 1º, III), são espécies da AIA (nela denominada “Estudos Ambientais”),
todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais
poderão ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EPIA.
4.1 Estudo de Impacto Ambiental – EPIA (ou EIA) / Relatório de Impacto Ambiental – RIMA
Previsão constitucional: inciso IV do § 1º do art. 225: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade”.
EPIA e RIMA não são sinônimos. O Estudo é de maior abrangência e engloba o relatório. O EPIA é o todo,
complexo, detalhado. O RIMA é a parte mais compreensível do procedimento, verdadeiro instrumento de
comunicação do EPIA ao administrador e ao público.
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Cabe ao EPIA qualificar e, quanto possível, quantificar antecipadamente o impacto ambiental, de modo a
dar suporte a um adequado planejamento de obras ou atividades. Assim, podemos dizer, em síntese, que
o EPIA é “um estudo das prováveis modificações nas diversas características socioeconômicas e biofísicas
do meio ambiente que podem resultar de um projeto proposto”.
Motivação da decisão ambiental – quando a Administração opta por uma das alternativas apontadas pelo
EPIA que não seja ambientalmente a melhor, ou quando deixa de determinar sua elaboração por
inexistência de “significativa degradação”, deve fundamentar sua decisão, inclusive para possibilitar seu
questionamento futuro perante o Judiciário.
As conclusões do EPIA não vinculam o órgão administrativo ambiental (parte da doutrina advoga que a
EPIA positivo vincula a concessão de licença pelo administrador) O objetivo do estudo é orientar a decisão
da Administração, informando sobre as consequências ambientais de um determinado empreendimento.
Não obstante, o estudo é um limite da discricionariedade administrativa, pois a administração deve expor
as razões que a levaram a optar por solução diversa.
Os casos em que pode haver significativa degradação do meio ambiente estão previstos,
exemplificativamente, na Res. CONAMA 01/86. Podemos citar: estradas de rodagem com duas ou mais
faixas de rolamento, ferrovias, portos, etc.
Tem prevalecido na doutrina que as hipóteses de atividades listadas na Resolução 001/86 ensejam
presunção absoluta de serem potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental.
Entretanto, Milaré advoga que, segundo a Resolução CONAMA 237/97, a presunção é apenas relativa. De
fato, dispõe o art. 3º da resolução, p. único, que o “órgão ambiental competente, verificando que a
atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio
ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento”.
No que se refere aos OGM – Organismos Geneticamente Modificados, a matéria encontra-se atualmente
tratada na Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05), em seu art. 16, somente exige EPIA nos casos em que a
CTNBio deliberar que o OGM é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente.
O EPIA e o RIMA são feitos antes da concessão da Licença Prévia, como uma condição à expedição desta, a
partir de um Termo de Referência fornecido pelo órgão ambiental, norteado, no mínimo, pelas seguintes
diretrizes (art. 5º, da Resolução nº 01/86 do CONAMA):
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c) definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos,
denominada área de influência do empreendimento, considerando, em todos os casos, a microrregião
sociogeográfica e a bacia hidrográfica na qual se localiza;
Além dessas, pode o órgão ambiental fixar outras diretrizes fundamentais que entenda pertinentes, em
razão das peculiaridades do projeto e características ambientais da área.
II – análise dos impactos ambientais: identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos
ambientais.
III – definição das medidas mitigadoras: explicitação das medidas que visam a evitar o impacto ambiental,
inclusive quanto aos aspectos referentes ao seu modo e tempo de aplicação.
O EPIA, como procedimento complexo, deve ser elaborado por uma equipe multidisciplinar de
especialistas, cuja habilitação se dá com a inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades, sob a
administração do IBAMA (Res CONAMA 1/86).
Cabe ao empreendedor providenciar a realização do EPIA. O Estudo deve apresentar a alternativa mais
favorável do ponto de vista ambiental ou, até mesmo, se for o caso, a recomendação de não realização do
projeto. Os custos são arcados pelo proponente do projeto (art. 8º da Resolução 01/86), consagrando o
princípio do poluidor-pagador.
Entendia-se que a equipe autora do EPIA devia ser desvinculada do projeto em exame, a fim de favorecer
sua independência. Atualmente não mais se faz tal restrição, pois se entende que sempre vai existir
dependência, pois custeado pelo empreendedor. Assim, entende-se que a neutralidade dos estudos de
impacto ambiental será garantida não por uma eventual independência da equipe autora em face do
proponente, mas pela existência de uma contra-equipe técnica governamental que examinará o EPIA, do
ponto de vista do interesse público.
Na esfera administrativa, o empreendedor estará sujeito às sanções do art. 72 da Lei 9.605, enquanto os
técnicos respondem perante os Conselhos Profissionais e perante o IBAMA.
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As conclusões do EPIA serão refletidas no RIMA, cuja linguagem deve ser acessível, ilustrada por mapas,
gráficos e outros métodos que deixem claras as possíveis consequências ambientais do projeto,
comparando-se as vantagens e desvantagens de cada alternativa.
Sobre a publicidade, a Lei 10.650/03 estabeleceu que o registro de apresentação do EPIA, bem como o ato
de aprovação ou rejeição, serão publicados em diário oficial e ficarão disponíveis nos respectivos órgãos,
em local de fácil acesso ao público.
Ainda nesse contexto, segundo a Res. CONAMA 009/87, deve ser convocada audiência pública, sob pena
de invalidade da licença, sempre que: o órgão de meio ambiente julgar necessário; for solicitada por
entidade civil; for solicitada pelo MP; for pedida por 50 ou mais cidadãos.
A audiência pública deve acontecer na área de influência da obra, tendo prioridade o município ou a área
onde os impactos forem mais significativos, sendo, em alguns casos, necessária a realização de mais de
uma audiência.
A qualidade do EPIA pode ser controlada pela comunidade (controle comunitário), por meio das
audiências públicas e por denúncias e pressões sociais. Pode também ser controlada pelo órgão ambiental
(controle administrativo), através da fixação de diretrizes e termos de referência específicos, bem como
pelo exame de mérito da viabilidade do projeto. Pode, ainda, ser controlado pelo Poder Judiciário
(controle judicial), exercido no julgamento das ACP e AP, conforme a proporcionalidade e razoabilidade.
Inexistente ou insuficiente o EPIA não pode a obra ou atividade ser licenciada e se, por acaso, já tiver
havido o licenciamento, este será inválido (Sílvia Cappelli).
O órgão ambiental detém discricionariedade sui generis: ainda que o EPIA/RIMA seja favorável ao
empreendimento, pode negar a licença, desde que motive sua decisão.
Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV): previsto no Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/00). Semelhante ao
EPIA/RIMA, mas não se confundem. Mais usado em empreendimentos típicos do contexto urbano, sem
grandes impactos no ambiente natural. O EIV não substitui o EPIA, quando exigido. Mas o EPIA, mais
abrangente, pode tornar o EIV dispensável.
EIA a posteriori– Res. 06/1987 CONAMA prevê EIA para obras de grande porte que tenham sido instaladas
ou estejam em operação antes da Resolução 01/1986. Além disso, o art. 8º, II, da Lei 6.938/1981 refere
que o CONAMA poderá determinar a realização de EIA/RIMA sempre que julgar necessário, inclusive
depois do início de obra ou atividade. Tema este controverso, porquanto trata da concorrência entre
direito adquirido e defesa ambiental, sendo que, em regra, esta última prevalece.
É inconstitucional norma que submeta a apreciação do licenciamento, ou de seu relatório, a órgão fora do
Poder Executivo, por ofensa à repartição de Poderes (ADI1501).
Conflitos Internacionais
Meios de Solução
Com a evolução do Direito Internacional, especialmente depois da Carta das Nações Unidas, a guerra tem
sido tida como um ilícito internacional, um recurso inadequado. Os Estados devem buscar a solução
pacífica dos conflitos. Essa busca é, ao menos, um dever moral dos Estados.
São 3 as formas de caráter amistoso: 1) Meios Diplomáticos; 2) Meios Jurídicos; 3) Outros Meios.
Existem outras formas de caráter coercitivo (não amistoso).
Meios Diplomáticos
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num litígio internacional, com o intuito de alcançarem uma solução conciliatória. Desenvolveu-se no
continente americano. O sistema consultivo interamericano possui dois aspectos: o de método para
solução pacífica de controvérsias e o do processo para o estudo rápido, em conjunto, de problemas de
natureza urgente e de interesse comum para os Estados membros da OEA.
f) Conciliação: Método mais formal e solene que a mediação, caracterizado pela presença de uma
comissão de conciliadores, composta por representantes dos Estados envolvidos no litígio e também de
pessoas neutras no conflito. Ao final, os conciliadores emitem um parecer, sugerindo possíveis soluções ao
potencial conflito.
g) Inquérito: Forma-se uma comissão de pessoas que têm por encargo apurar os fatos (ainda ilíquidos)
ocorridos entre as partes, preparando-as para o ingresso num dos meios de solução pacífica de
controvérsias internacionais, implicando o dever do Estado de suportar a presença de pessoas ou
comissões em seu território, bem como o dever de fornecer-lhes os dados necessários ao bom termo das
investigações.
Meios Jurídicos
Meios Políticos
São aqueles exercidos quando há litígio de certa gravidade, na iminência de uma guerra entre os Estados
envolvidos. Os órgãos políticos ou organizações tomam para si a solução do conflito, podendo agir mesmo
quando apenas uma ou nenhuma das partes manifeste interesse na solução pacífica.
1) ÓRGÃOS POLÍTICOS DA ONU (Assembleia Geral e Conselho de Segurança) - Essa via só será adequada se
houver ameaça à paz. O Conselho de Segurança é o mais utilizado, pois conta com meios eficazes de ação
na iminência de uma guerra, investigando, discutindo e expedindo recomendações e resoluções para a
solução do litígio. A solução em geral é provisória. Como a não obediência a uma recomendação do
Conselho de Segurança ou da Assembleia Geral não configura ato ilícito, e face a soberania dos Estados,
muitas vezes a intervenção das instâncias políticas não traz resultados práticos.
Muitos Estados têm se utilizado da previsão da regra da não ingerência em assuntos internos para afastar a
tentativa de intervenção da ONU como meio político de solução de conflito. Para Mazzuoli, há exceção ao
princípio em dois casos: a) perigo à paz e segurança internacionais; b) violação dos direitos humanos lato
sensu. A interpretação do que se entende por interno ou internacional cabe à ONU, seja por meio da
Assembleia ou do Conselho de Segurança.
2) ESQUEMAS REGIONAIS E ESPECIALIZADOS - são organizações com alcance regional, como a Organização
dos Estados Americanos e a Liga dos Países Árabes. Funcionam da mesma forma que os órgãos da ONU e
as partes, da mesma maneira, não são obrigadas a acatar suas decisões, exceto se ambas as partes tiverem
requisitado a interferência e não seja atingida a soberania do Estado.
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Outros Meios
Arbitragem Internacional
(Rezek insere a arbitragem nos MEIOS JURISDICIONAIS, e Mazzuoli nos MEIOS SEMI-JUDICIAIS de solução
de controvérsias). Os estados litigantes escolhem um arbitro para resolver o conflito na base do respeito
do direito. A escolha dos Árbitros é livre, os interessados podem escolhê-los diretamente ou delegar tal
faculdade a um Chefe de Estado ou a outras pessoas.
A decisão dos árbitros é obrigatória para os litigantes.
A arbitragem pode ser de 2 tipos: 1) Voluntária ou facultativa; 2) Obrigatória ou permanente (prevista em
Tratado para caso de futuros conflitos).
Compromisso: Ato pelo qual os Estados litigantes acordam na entrega da solução de suas diferenças à
arbitragem. Competência para firmar o compromisso: dada pelo direito interno de cada país. No Brasil essa
competência pertence ao Poder Executivo embora sujeito à aprovação posterior do Congresso Nacional,
na mesma situação de celebração de Tratados Internacionais.
Composição do Juízo Arbitral: Pode ser constituído por um só árbitro ou diversos. Cada litigante pode
indicar dois árbitros e os indicados, por sua vez, escolher o super-árbitro ou desempatador.
Nulidade da Sentença Arbitral: Se o árbitro ou Tribunal exceder aos poderes conferidos ou se houver
cerceamento de defesa, a sentença será nula.
Para Rezek, enquanto a jurisdição arbitral conta com mais de dois mil anos de história, a jurisdição
judiciária é recente no cenário internacional. (Rezek insere a arbitragem nos MEIOS JURISDICIONAIS, e
Mazzuoli nos MEIOS SEMI-JUDICIAIS de solução de controvérsias).
A Corte de Haia, em sua primeira fase, era a Corte Permanente de Justiça Internacional, prevista pelo
artigo 14 do Pacto da Sociedade das Nações, apesar de não integrar tal entidade. Em 1945, transforma-se
em Corte Internacional de Justiça, como órgão da ONU (artigo 92 da Carta).
Os Meios Coercitivos
RETORSÃO - ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha sido o seu agressor as
mesmas medidas ou os mesmos processos que este empregou ou emprega contra ele, que não
necessariamente se constituem em ilícito internacional. É uma espécie da aplicação da lei de Talião.
Consiste, em geral, em simples medidas legislativas ou administrativas. É medida legítima, mas a doutrina e
a prática internacional contemporânea lhe são pouco favoráveis.
REPRESÁLIAS - são medidas coercitivas, derrogatórias das regras ordinárias do direito das gentes, tomadas
por um Estado em consequência de atos ilícitos praticados, em seu prejuízo, por outro Estado e destinadas
a impor a este, por meio de um dano, o respeito do direito. São medidas mais ou menos violentas e, em
geral, contrárias a certas regras ordinárias de direito das gentes, empregadas por um Estado contra outro.
Em síntese, as represálias decorrem de atos ilícitos; a retorsão, de ato lícito causador de prejuízo.
EMBARGO - forma especial de represália que consiste no sequestro, em plena paz, de navios e cargas de
nacionais de um Estado estrangeiro, ancorado nos portos ou em águas territoriais do Estado que lança
mão desse meio coercitivo. Foi abandonado pela prática internacional e condenado pela doutrina.
BLOQUEIO PACÍFICO - também denominado bloqueio comercial, é uma forma de represália. Consiste em
impedir, por meio de força armada, as comunicações com os portos ou as costas de um país ao qual se
pretende obrigar a proceder de determinado modo. Pode ser usado pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas para obrigar determinado Estado a proceder de acordo com a Carta.
BOICOTAGEM (OU BOICOTE) - É a interrupção de relações comerciais com um Estado considerado ofensor
dos nacionais ou dos interesses de outro Estado.
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RUPTURA DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS - também denominada cessação temporária das relações oficiais
entre os dois Estados, pode resultar da violação, por um deles, dos direitos do outro. Também ser
empregada como meio de pressão de um Estado sobre outro com o fim de forçar a modificação de
determinado comportamento, ou um acordo sobre algum dissídio que os separe. O artigo 41 da Carta das
Nações Unidas prevê a ruptura como uma das medidas que podem ser recomendadas pelo Conselho de
Segurança para a aceitação de suas decisões, em caso de ameaça contra a paz internacional.
Cortes Internacionais
Todo membro da ONU é membro ipsu facto da CIJ, salvo se for feita uma ressalva de não submissão à
jurisdição da CIJ.
Composição da CIJ: são quinze membros, não cabendo dois do mesmo Estado para evitar a formação de
bloco. Nos casos de dupla nacionalidade, prevalecerá a nacionalidade efetiva.
Eleição de membros da CIJ: é feita pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança. O
encaminhamento da lista é feito pela CORTE PERMANENTE DE ARBITRAGEM (essa corte é mais antiga e
tradicional). O mandato é de 9 anos podendo ser reeleito, não se trata de um cargo vitalício, porque deve
ser garantida a rotatividade.
Endosso ou proteção diplomática: ocorre quando o Estado substitui seu cidadão em um litígio em âmbito
internacional. Ex: o Brasil pode endossar o problema do JEAN CHARLES em Londres. O ministro da CIJ com
a mesma nacionalidade do Estado que endossou pode julgar o caso sem ser impedido ou suspeito.
IMPORTANTE: o equivalente à proteção diplomática no âmbito de uma Organização Internacional
denomina-se a proteção funcional.
Competência da CIJ: somente competência cível, até então não existia um tribunal com competência
penal, o que existe agora com o TPI (Estatuto de Roma). Somente pode julgar os Estados.
Função da CIJ: pode ter atuação contenciosa ou consultiva. Pode ser feita consulta por qualquer entidade
de Direito Internacional (Estados ou Organizações Internacionais, desde que autorizadas pela ONU).
Deliberações: todos os atos são públicos, exceto as deliberações, que são tomadas em sala secreta pelos
ministros, não sendo sigilosa a deliberação, porque há discussão entre eles. As decisões são tomadas por
meio de voto majoritário, e os vencidos podem juntar seus votos dissidentes ao acórdão.
NÃO CABE RECURSO propriamente dito contra as deliberações, mas há duas possibilidades de alteração da
decisão da CIJ: a) pedido de esclarecimento, em caso de omissão, de contradição, de erro, ou seja, mal
comparando uma hipótese de embargos de declaração; b) pedido de revisão, em decorrência de fato novo,
a rigor não seria sequer uma alteração do acórdão.
Força coercitiva: o acórdão da Corte é definitivo e obrigatório. Segundo Rezek, o acórdão pode ser
executório em situações excepcionais. O artigo 94 da Carta da ONU declara que os membros hão de
cumprir as decisões da CIJ. O não cumprimento é um ato ilícito internacional. Em caso de não
cumprimento espontâneo, é possível a denúncia ao Conselho de Segurança, que, à luz do dever de
preservar a paz e a segurança, poderá tomar medidas para fazer cumprir o acórdão.
A via diplomática é a maior coação entre as partes para cumprimento da decisão da CIJ. É um forte
instrumento de pressão, causador de constrangimento internacional. A obrigatoriedade abrange
cautelares e liminares.
Submissão à jurisdição: nada impede que Estados membros da ONU e vinculados à CIJ levem suas
pendências para julgamento em outra corte.
Mesmo o Estado sendo membro da ONU e vinculado à CIJ, para se submeter ao julgamento, é
imprescindível que exista uma DECLARAÇÃO de SUBMISSÃO à jurisdição da corte. Essa declaração pode ser
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geral (para qualquer motivo) ou específica. Essa declaração é chamada de CLÁUSULA FACULTATIVA DE
JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIA. É facultativa porque o Estado não está obrigado a emiti-la (mesmo que
vinculado à CIJ). Entretanto, após a manifestação, torna-se obrigatória a aceitação da jurisdição da CIJ.
Natureza jurídica da atuação da CIJ: é uma forma de solução pacífica de conflitos.
Outras Cortes:
Tribunais administrativos: A OIT e ONU possuem tribunais administrativos, onde se resolvem, no
contencioso, problemas concernentes à função pública. As partes, em regra, são a organização e um
sujeito com o qual se estabeleceu vínculo contratual.
Corte de Justiça da União Europeia: com sede em Luxemburgo, responsável pela interpretação e aplicação
do direito comunitário europeu. Podem ser partes Estados-membros, indivíduos ou sociedades nacionais
dos Estados-membros.
Tribunal Internacional do Mar: com sede em Hamburgo, instituído pela Convenção de Montego Bay. Têm
acesso ao tribunal os Estados-partes, e sobre o tema dos fundos marinhos a autoridade e a empresa
internacionais que a Convenção instituiu, bem como as empresas privadas que tenham estabelecido algum
vínculo contratual com uma ou outra.
Corte Europeia dos Direitos do Homem: no âmbito do Conselho de Europa com sede em Estrasburgo.
Desde 1998 recebe diretamente dos indivíduos queixas de violação da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem de 1950.
Ponto 20
Órgão judicial autônomo com sede em San José (Costa Rica), cujo propósito é aplicar e interpretar a
Convenção Americana de Direitos Humanos e outros tratados de Direitos Humanos. Faz parte do chamado
Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos.
Funções: exerce competência contenciosa e consultiva.
Competência Contenciosa
Competência litigiosa para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das disposições
da Convenção Americana de Direitos Humanos a que lhe seja submetida apreciação, sempre os Estados
signatários reconheçam esta competência, por declaração ou convenções especiais. Basicamente, conhece
dos casos em que se alegue que um dos Estados-membros tenha violado um direito ou liberdade protegido
pela Convenção, sendo necessário que se tenham esgotados os procedimentos previstos nesta.
As pessoas, grupos ou entidades que não sejam o Estado não têm capacidade de impetrar casos junto à
Corte, mas podem recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A Comissão pode, então,
levar os assuntos diante desta, sempre que o Estado questionado haja reconhecido sua competência. Em
todos os casos, a Comissão deve comparecer em todos os casos apreciados pela Corte.
O procedimento junto à Corte é de caráter contraditório. Termina com uma sentença judicial motivada,
obrigatória, definitiva e inapelável. Se a decisão não expressa, no todo ou parcialmente, a opinião unânime
dos juízes, qualquer destes tem direito a que se junte sua opinião dissidente ou individual.
Em caso de desacordo sobre o sentido ou alcance da decisão, a Corte o interpretará por solicitação de
qualquer das partes, sempre que esta solicitação seja apresentada dentro de noventa dias a partir da
notificação da sentença.
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Competência consultiva
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Guerra
STJ - A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao recurso
em que familiares de pescadores pediam indenização da República Federal da Alemanha
pelo afundamento do barco Changri-lá, ocorrido no litoral de Cabo Frio (RJ), durante a
Segunda Guerra Mundial. A Turma, especializada em direito privado, entendeu que o
ataque de um estado a outro em período de guerra constitui decisão soberana, pela qual
uma nação não se submete à jurisdição de outra nação. Em ocasiões anteriores, o STJ
julgou outros recursos de familiares das vítimas do Changri-lá, nos quais aplicou a mesma
tese. Em um deles, RO 66, foi apresentado recurso extraordinário para o Supremo Tribunal
Federal (STF), ainda pendente de admissão pela Corte Suprema. (RO 134)
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Conceito: "É técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma terceira
pessoa, de sua confiança, a solução amigável e 'imparcial' (porque não feita pelas partes diretamente) do
litígio. É, portanto, heterocomposição" (Didier).
A arbitragem é meio jurídico de solução de controvérsias pelo qual as partes decidem submeter um
conflito a um ou mais especialistas em certo tema, que não pertencem ao Poder Judiciário, mas cujas
decisões, com caráter vinculante, deverão ser fundadas em norma de direito ou na equidade, a critério das
partes.
São princípios da arbitragem: 1 - Autonomia da vontade; 2 - Boa-fé; 3 - Devido processo legal; 4 -
Imparcialidade do árbitro; 5 - Livre convencimento motivado do árbitro; 6 - Autonomia da cláusula
compromissória: nulidades relativas ao contrato não afetam o compromisso arbitral, desde que em
cláusulas independentes; 7 - Competência: o árbitro tem poderes para decidir acerca da existência,
validade e eficácia da cláusula de arbitragem; 8 - Causas Arbitráveis: são arbitráveis as causas que tratem
de matérias a respeito das quais o Estado não crie reservas específicas por conta do resguardo dos
interesses fundamentais da coletividade e desde que as partes possam livremente dispor acerca do bem
sobre que controvertem.
Há intensa discussão na doutrina pátria se a arbitragem pode ser considerada jurisdição (Didier) ou se seria
apenas um equivalente jurisdicional (Marinoni).
A Lei nº 9.307/96
A arbitragem, no Brasil, é regulada pela Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem), com as recentes alterações
introduzidas pelas Leis 13.105/15 (novo CPC) e 13.129/15.
Cláusulas arbitrais (ou convenção de arbitragem)
O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação
pelo Poder Judiciário (salvo sentença arbitral estrangeira). Além disso, Os árbitros, quando no exercício de
suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação
penal.
Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se
forem vários. Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da
igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. A arbitragem obedecerá
ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras
de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao
próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. Não havendo estipulação acerca do
procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo. A revelia da parte não impedirá que
seja proferida a sentença arbitral. A decisão arbitral será materializada em documento escrito, chamado de
“sentença arbitral” ou “laudo arbitral”. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem. Não é
necessário que o Judiciário homologue a decisão arbitral, salvo no caso de sentença arbitral estrangeira.
Homologação de Sentença Arbitral Estrangeira no Brasil (arts. 34 a 40 da Lei 9307/96, Resolução STJ 9/05
e o art. 15 da LINDB). O laudo arbitral proferido no exterior pode ser reconhecido e executado no Brasil,
desde que previamente homologado pelo STJ (nesse ponto, a Lei 13129/15 apenas fez constar o STJ
como competente ao invés do STF). A ausência da convenção de arbitragem não permite auferir a
competência do juízo arbitral, impedindo a homologação do laudo. O comparecimento ao órgão arbitral de
suposto representante da parte desprovido de procuração não supre a citação e pode ensejar denegação
da homologação. Requisito de aceitação da convenção de arbitragem é satisfeito se a parte requerida
defendeu-se no juízo arbitral sem impugnar a existência de Cláusula compromissória. Sentença só pode ser
homologada se a matéria de que tratou era passível de arbitragem. Não há necessidade de que o laudo
arbitral seja previamente homologado pelo juízo de origem para que seja homologado no Brasil. É possível
homologação parcial do laudo arbitral estrangeiro. A execução do laudo ou sentença arbitral homologado
caberá à Justiça Federal (art. 109, X, CF) e será feita por carta de sentença extraída dos autos da
homologação.
A Lei 13.129/15 inovou ao incluir (§§ 1º e 2º do art. 1º da Lei 9.307/15) uma autorização genérica para a
utilização da arbitragem pela Administração Pública para todo e qualquer conflito que envolva direitos
patrimoniais disponíveis, sendo competente para tanto a mesma autoridade que teria competência para
assinar acordos ou transações, segundo previsto na legislação do respectivo ente. Isso vale para União,
Estados/DF e Municípios. A arbitragem nesses casos será sempre de direito (princípio da legalidade) e
respeitará o princípio da publicidade (§ 3º, do art. 2º).
Se as partes escolherem um órgão arbitral institucional ou entidade especializada para solucionar a causa,
a seleção dos árbitros será feita, em princípio, pelas regras previstas no estatuto da entidade, nos termos
do art. 13, § 3º, da Lei 9.307/15. Todavia, a Lei 13.129/15 alterou a redação do § 4º do referido artigo,
facultando às partes, de comum acordo, afastar algumas regras do regulamento do órgão arbitral ou
entidade especializada a fim de terem maior autonomia na escolha dos árbitros (alteração criticada pelo
prof. Márcio André Lopes Cavalcante, do site Dizer o Direito).
A Lei 9.307/96 continua sem prever prazos de prescrição, até porque isso é matéria atinente às leis de
direito material. No entanto, a Lei 13.129/2015 acrescentou um § 2º ao art. 19, in verbis: "A instituição
da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda
que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição".
A Lei 13.129/2015 acrescentou o § 1º ao art. 23 da Lei nº 9.307/96 afirmando expressamente que é
possível a sentença arbitral parcial, pondo fim à polêmica até então existente (Vide REsp 1519041,
2015). Por conseguinte, passou-se a admitir que a parte interessada possa ingressar em juízo para
requerer a prolação de sentença arbitral complementar, se o árbitro não decidir todos os pedidos
submetidos à arbitragem (art. 33, § 4º). "Com isso, resolve-se também um grave problema. Isso porque
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muitos Tribunais arbitrais ao longo do mundo permitem e proferem sentenças arbitrais parciais, como é
o caso do Regulamento da Câmara de Comércio Internacional de Paris (CCI) e do Regulamento Arbitral
da Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional (CNUDCI). O direito norte-
americano do Estado de Nova Iorque, grande centro de arbitragem, igualmente permite sentenças
parciais. Assim, algumas empresas brasileiras participavam de arbitragens internacionais em que eram
proferidas sentenças parciais e depois, se sucumbentes, poderiam, em tese, buscar a anulação desta
sentença no Poder Judiciário brasileiro com fundamento no art. 32, V, da Lei n° 9.307/96, o que gerava
grande risco à segurança jurídica e à credibilidade do instituto" (site Dizer o Direito).
A Lei 13.129/2015 acrescentou um importante capítulo na Lei 9.307/96 prevendo a possibilidade de
serem concedidas tutelas cautelares e de urgência antes e durante o procedimento arbitral (arts. 22-A e
22-B). Criou-se também a carta arbitral como uma quarta espécie de carta, além das já conhecidas cartas
de ordem, precatória e rogatória. Com isso, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral
para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua
competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro.
A arbitragem é regulada por normas de Direito interno. Devido à sua importância, os Estados têm
procurado estabelecer regramentos uniformes por meio de tratados.
- Não só pessoas físicas ou jurídicas (como as empresas) podem tomar parte em relações privadas
com conexão internacional, mas também os Estados e as organizações internacionais, os quais
atuam como se entes privados fossem em inúmeras situações.
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Principal referência jurídica internacional: Lei Modelo sobre Arbitragem Comercial Internacional
(UNCITRAL – Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional, 1985) – recomendação
de caráter não vinculante (soft law), vem servindo como parâmetro para tratados e normas internas na
matéria.
Outras normas de Direito Internacional: I) Protocolo relativo a Cláusulas de Arbitragem (Protocolo de
Genebra) - foi firmado em 1923 (Decreto 21187/32); II) Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução
de Sentenças Arbitrais Estrangeiras (Convenção de Nova Iorque) – assinada em 1958 (Decreto 4311/02); e
III) Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional (Convenção do Panamá) –
firmada em 1975 (Decreto 1902/96)
Autonomia da vontade;
Boa-fé;
Devido processo legal;
Imparcialidade do árbitro;
Livre convencimento motivado do árbitro;
Autonomia da cláusula compromissória: nulidades relativas ao contrato não afetam o compromisso
arbitral, desde que em cláusulas independentes;
Competência: o árbitro tem poderes para decidir acerca da existência, validade e eficácia da cláusula de
arbitragem.
Causas Arbitráveis: são arbitráveis as causas que tratem de matérias a respeito das quais o Estado não crie
reservas específicas por conta do resguardo dos interesses fundamentais da coletividade e desde que as
partes possam livremente dispor acerca do bem sobre que controvertem.
O órgão julgador deve ser formado por um ou mais árbitros, em número ímpar, os quais podem ter sido
escolhidos exclusivamente para conhecer de determinada controvérsia (tribunal arbitral ad hoc) ou podem
pertencer a uma instituição permanente, que conste com listas de árbitros colocados à disposição dos
interessados como câmaras de comércios e tribunais arbitrais.
Arbitragem no MERCOSUL
Acordo sobre Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL (Acordo de Buenos Aires – principal ato
internacional que trata da arbitragem do MERCOSUL. Firmado em 1998 (Decreto 4719/2003). Define a
arbitragem internacional como o meio privado para a solução de controvérsias relativas a contratos
comerciais internacionais entre particulares, pessoas físicas ou jurídicas. Visa a estabelecer o marco legal
básico que permita ao setor privado da região recorrer a métodos alternativos de solução de controvérsias
surgidas nos contratos comerciais internacionais. Determina o aludido diploma internacional que a
capacidade das partes da convenção arbitral regula-se pela norma nacional de seus respectivos domicílios,
e a validade da convenção arbitral rege-se pelo direito do Estado sede do órgão arbitral.
Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e
Administrativa (Protocolo de Las Leñas). Firmado em 1992 (Decreto 2067/96). Regula o reconhecimento e
execução de sentenças e laudos arbitrais nessas matérias proferidos dentro do MERCOSUL.
Trata-se do principal e mais antigo tribunal internacional de arbitragem, nascido em 1899, contando com
110 membros (dados de 2010), incluindo o Brasil (existem alguns juristas brasileiros na lista de árbitros).
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Segundo Rezek, "Não é uma corte verdadeira. É uma lista permanente de pessoas qualificadas para
funcionar como árbitros, quando escolhidas pelos Estados litigantes" (Direito Internacional Público, 10 ª
ed., p. 351). "A estrutura do tribunal é formada por três braços: o Conselho de Administração, composto
por diplomatas dos Estados-parte sob a presidência do ministro das Relações Exteriores da Holanda; uma
lista de potenciais árbitros, que são os chamados membros da corte; e o seu secretariado. O sustento da
corte provém, principalmente, da contribuição dos países. É a vontade deles de manter um tribunal
solucionador de conflitos que garante a existência da CPA. Todos os custos da arbitragem também são
bancados pelas partes" (Revista Consultor Jurídico, 18 de agosto de 2010).
Responsabilidade Internacional
Responsabilidade Internacional consiste no dever de reparação dos danos causados pela violação prévia de
norma internacional.
Segundo Portela, a responsabilidade internacional: “é o instituto que permite que o Estado ou organismo
internacional que viole uma norma de Direito das Gentes e cause dano a outro ente estatal ou organização
internacional, ou que provoque prejuízos a outrem em decorrência de determinadas atividades lícitas,
arque com as consequências do ato ou do fato, devendo reparar os prejuízos eventualmente causados”.
Francisco Rezek destaca que a possibilidade dos organismos internacionais figurarem como sujeito ativo ou
passivo da obrigação jurídica de reparar o dano surgiu com o parecer da Corte Internacional de Justiça, do
ano de 1948, em decorrência do assassinato do mediador da ONU no Oriente Médio, o conde sueco Folke
Bernadotte, no qual se definiu que aquela organização fazia jus a uma reparação adequada por dano
infligido por um Estado, independentemente da reparação devida às vítimas ou aos seus sucessores.
O artigo 1º do projeto de Convenção sobre responsabilidade internacional da Comissão de Direito
Internacional da ONU estipula que todo fato internacionalmente ilícito do Estado acarreta a
responsabilidade internacional do mesmo.
Ressalte-se que não há uma Convenção internacional em vigor sob responsabilidade do Estado. Há o
projeto (DRAFTS) acima aludido, estabelecido pela CDI, órgão subsidiário da ONU, que se encontra em
análise da Assembleia Geral desde 2001.
Já a jurisprudência internacional considera a responsabilidade internacional do Estado como sendo um
princípio geral do Direito Internacional (é um dos princípios mais enfatizados pela prática dos Estados e
pelas decisões judiciais).
A igualdade soberana entre os Estados, segundo André de Carvalho Ramos, é o pressuposto lógico da
responsabilidade internacional. Um Estado não pode reivindicar para si uma condição jurídica que não
reconhece para outro Estado.
A Teoria Geral da Responsabilidade divide as normas em primárias e secundárias.
A responsabilidade internacional do Estado é uma obrigação secundária.
As normas primárias de Direito Internacional representam as regras de conduta, que se violadas, fazem
nascer as obrigações secundárias. As normas primárias contêm regras de condutas impostas aos Estados e
as secundárias visam determinar quando se dá o descumprimento da obrigação internacional e as
consequências desse descumprimento.
Normas secundárias englobam elementos da responsabilidade, reparação e sanção. Por isso, a Teoria da
Responsabilidade é aplicada ao Direito Ambiental, aos Direitos Humanos, ao Direito Econômico etc, porque
basta que exista uma norma primária violada, aí todo arcabouço do Direito Internacional se movimenta.
Por fim, lembrar: a responsabilidade internacional reforça a juridicidade do Direito Internacional. Caso ela
não existisse, a própria juridicidade do Direito Internacional seria abalada.
Vigente o tratado, ele é descumprido, o que ocorre?
R.: Duas consequências possíveis:
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a) extinção do tratado pela violação do seu conteúdo pela outra parte, mormente nos casos de
tratados bilaterais. Nos tratados multilaterais a extinção pode ser parcial. O art. 44 da CVDT traz o
Princípio da Divisibilidade da Extinção dos Tratados: pode existir extinção parcial se for possível;
b) RESPONSABILIZAÇÃO INTERNACIONAL DO ESTADO, caso verificados, além do ato passível de
responsabilização, que no caso é o descumprimento do tratado, os seguintes requisitos: dano, nexo
de causalidade entre o ato (violação do tratado) e o dano e a imputabilidade da ação ou omissão ao
Estado ou OI.
O instituto da responsabilidade internacional tem caráter patrimonial e moral e, em geral, não se reveste
de aspecto penal ou repressivo, não se aplicando, portanto, a todos os tipos de violação do Direito
Internacional. Segundo Portela, o fundamento da responsabilidade internacional compõe-se de dois
pilares: a) o dever de cumprir as obrigações internacionais livremente avençadas; b) e a obrigação de não
causar dano a outrem.
Teorias acerca da natureza jurídica da responsabilidade internacional: a teoria subjetivista, a
objetivista e a mista.
Teoria Subjetivista ou Teoria da Culpa: Formulada por Grócio, leva em conta a conduta do Estado ou da OI
para definir a eventual responsabilização. Não basta a mera configuração do ilícito, exigindo também que
haja dolo ou culpa na ação ou omissão do sujeito de Direito das Gentes.
Teoria Objetivista ou Teoria do Risco: de Triepel e Anzilotti, no Brasil defendida por Rezek, segundo essa
teoria, não cabe perquirir a culpa subjetiva, bastando a afronta a uma norma de direito das gentes, e que
daí tenha resultado dano para outro Estado ou OI. O Estado é responsável porque violou uma norma
internacional. A responsabilidade internacional surge sempre que existir um nexo de causalidade entre o
ilícito e o Estado. Para esta teoria, exige-se meramente o nexo causal entre ato ilícito e a lesão provocada.
É a teoria empregada no tocante à responsabilização por atos lícitos, ligados, por exemplo, às explorações
espacial e nuclear, e à proteção ao meio ambiente e aos direitos humanos.
A responsabilidade objetiva foi consagrada na: a) Convenção sobre responsabilidade civil por danos
nucleares (Viena, 1963); b) Convenção sobre responsabilidade civil no domínio da energia nuclear (Paris,
1960); c) Declaração de Princípios Legais concernentes às atividades do Estado na exploração e uso do
espaço exterior (AGNU-1963); d) tratado para a exploração do espaço (ONU, 1967).
Pode-se afirmar que o Estado tem uma responsabilidade suplementar se o explorador nuclear não tiver
meios para indenizar.
No direito espacial, a responsabilidade é do Estado lançador do engenho, mesmo quando o lançamento
tenha sido feito por particular.
Convenção de 1972, relativa à responsabilidade internacional por danos causados por engenhos espaciais:
a) consagra a responsabilidade objetiva, estabelecendo que o Estado de lançamento é responsável por
danos causados por engenho espacial na superfície terrestre (Ato lícito); b) consagra a responsabilidade
por culpa, quando o engenho espacial causa dano a outro engenho espacial.
Convenções sobre poluição dos mares por hidrocarbonetos (1969 e 1971):
A responsabilidade objetiva é adotada, mas do seguinte modo: O destinatário da responsabilidade objetiva
é uma pessoa privada e a responsabilidade do Estado é supletiva, se o regime estabelecido nas convenções
não funcionar.
→ Para André de Carvalho Ramos há espaço para falar-se em uma Responsabilidade Absoluta: aquela que
não permite alegação de excludentes. Mesmo que na ocorrência de força maior ou caso fortuito, o Estado
tem de reparar. É muito rara. Somente é aceita nos casos extremamente perigosos. Ex.: a responsabilidade
do Estado lançador de objetos para exploração do espaço.
A aplicação da teoria do risco no caso de danos causados a estrangeiros foi rejeitada na Comissão Jurídica
Interamericana em 1962.
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Teoria Mista: defendida por Strupp, a culpa, na modalidade negligência, só pode ser utilizada nos ilícitos
internacionais derivados da omissão estatal. A Teoria do Risco seria aplicado nos delitos praticados por
comissão, uma vez caracterizado o liame entre conduta e o prejuízo.
Apesar das teorias acima, a jurisprudência internacional consagra predominantemente a teoria da culpa
(que protege mais o Estado); entretanto, em inúmeras decisões já se adotou a teoria do risco.
A responsabilização do Estado ou da OI pode ser reclamada pelos mecanismos internacionais de solução
de controvérsias existentes no cenário internacional, que incluem desde meios diplomáticos até socorro
aos órgãos jurisdicionais, que poderão apurar a imputabilidade do ato e determinar a forma de reparação
cabível. Também os judiciários nacionais podem agir, à luz, entrementes, das regras relativas à imunidade
de jurisdição.
Indivíduo que sofre lesão: a quem recorrer? Prevalecia que o individuo que sofresse um dano por violação
de uma norma internacional poderia se valer, no máximo, dos instrumentos jurídicos disponibilizados pelo
Estado do qual fosse nacional, mormente pelo instituto da proteção diplomática. Todavia, já se permite a
postulação perante Organismos Internacionais. Cite-se o sistema de petições no âmbito da União Europeia
e da OEA, com as devidas peculiaridades.
Por outro lado, Portela destaca que está em franco desenvolvimento a noção de que a pessoa natural
também pode ser responsabilizada diretamente por transgredir norma internacional, não só no campo
penal, mas também na esfera civil.
Nesse ponto, convém distinguir responsabilidade convencional e delituosa e a diferença entre delito
internacional e crime internacional.
Responsabilidade convencional: quando tem a sua origem na violação de um tratado internacional.
Responsabilidade delituosa: surge da violação de uma norma consuetudinária, de um costume
internacional.
Delito internacional: é todo fato internacionalmente ilícito que não seja crime internacional. No caso de
crime, a relação de responsabilidade se estabelece com todos os Estados, enquanto no caso de delito só
com o Estado lesado.
Crime internacional: é a violação de uma obrigação internacional para a salvaguarda de interesses
fundamentais da comunidade internacional, e a sua violação é considerada crime (ex.: genocídio,
apartheid, agressão, escravidão). É ligado à ideia de jus cogens. Segundo Karl Zemaneck, nem toda violação
do jus cogens é crime internacional, mas todo crime internacional é violação do jus cogens. É de se
destacar que vários Estados se opõem à responsabilidade penal do Estado (França, Israel, Alemanha).
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Segundo Rezek, o objeto da chamada proteção diplomática é o particular — indivíduo ou empresa — que,
no exterior, seja vítima de um procedimento estatal arbitrário, e que, em desigualdade de condições frente
ao governo estrangeiro responsável pelo ilícito que lhe causou dano, pede ao seu Estado de origem que lhe
tome as dores, fazendo da reclamação uma autêntica demanda entre personalidades de direito
internacional público.
A proteção diplomática ora tratada não se confunde com os privilégios e imunidades do serviço
diplomático dos Estados.
A proteção diplomática não é direito do nacional, mas sim ato discricionário do Estado. Pode ser oferecida
independentemente de pedido do interessado e a sua concretização se dá a partir do endosso.
O ENDOSSO é o mecanismo pelo qual se transforma um litígio inicialmente doméstico em internacional.
A concessão da proteção diplomática requer o preenchimento de certas condições: a) a nacionalidade do
prejudicado; b) o esgotamento dos recursos internos; c) ter a vítima agido corretamente e sem culpa, sem
ter contribuído para a criação do dano (instituição conhecida como mãos limpas).
Obs.: Proteção Funcional – é a dada pelas OI aos funcionários que se encontram a seu serviço. O critério da
nacionalidade não é aplicado nesse caso.
1ª condição: a) nacionalidade do autor da reclamação:
O Estado só pode proteger diplomaticamente o seu nacional (pessoa natural ou jurídica) ou o membro de
uma coletividade que ele representa na ordem internacional (ex.: o Estado protetor é quem protege
diplomaticamente os membros do Estado protegido).
Prevalece que a nacionalidade do beneficiário da proteção diplomática deve ser contínua, devendo o
vínculo com o Estado que oferece essa proteção existir desde a ocorrência do dano e durante toda a
demanda (deve-se obedecer ao princípio de que a demanda deve ser nacional desde sua origem).
Portanto, não pode haver mudança de nacionalidade.
Somente em casos excepcionais é que a jurisprudência internacional amenizou esta última regra (ex.: em
caso de transferência forçada de território).
Dupla nacionalidade: a proteção diplomática pode ser requerida de qualquer Estado de que seja nacional.
Porém, o Estado não poderá oferecer proteção diplomática para um polipátrida contra o Estado de que
este também seja nacional (regra consagrada desde o séc. XIX – caso Knocke).
A nacionalidade do reclamante é fixada pelo direito interno do Estado. Todavia, o juiz internacional poderá
analisar se ela foi concedida dentro dos cânones internacionais, isto é, se a nacionalidade foi dada a um
indivíduo que tem algum elo com o Estado que a concedeu (caso Nottebohm). É a denominada teoria da
nacionalidade efetiva. Nos casos de dupla nacionalidade, a proteção diplomática caberá ao Estado de que
o indivíduo possui nacionalidade efetiva.
É de se assinalar que em alguns casos existe a proteção diplomática de quem não é seu nacional: a) No
caso de rompimento de relações diplomáticas, pode ocorrer que uma terceira potência faça a proteção; b)
Em caso de guerra, é o Estado neutro que protege os nacionais dos beligerantes; c) O tratado de
Maastricht diz que um Estado pode proteger súditos de outro Estado, quando este não tenha aí
representação diplomática.
As sociedades comerciais também podem ser protegidas diplomaticamente. O critério da nacionalidade
tem variado: o da sede social (o mais antigo) e o do controle (o mais moderno). Outro critério é o lugar
onde ela foi constituída. A CIJ não tem exigido que a nacionalidade das sociedades comerciais seja efetiva
como ela faz para o indivíduo.
2ª condição: b) esgotamento dos recursos internos:
Conforme ensina Portela, antes de solicitar a proteção diplomática, o interessado deve esgotar os recursos
internos, administrativos e judiciais, disponíveis no Estado que o prejudicou para obter a reparação do
dano. A aplicação dessa exigência depende da existência de recursos e da observância, pelas instituições
estatais, de regras internacionais relativas ao seu bom funcionamento, como a rápida prestação
jurisdicional, a imparcialidade, o devido processo legal, etc.
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Fato ilícito
Para que se configure a responsabilidade internacional, são necessários três elementos: o ato ilícito, a
imputabilidade e o dano.
Fato Internacionalmente ilícito: o primeiro elemento é que tenha existido uma conduta omissiva ou
comissiva que seja uma violação ao direito internacional (elemento objetivo). Mas não basta isso. É
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necessário que esse fato (essa conduta) seja imputado ao Estado ou OI (elemento subjetivo: quem realizou
a conduta). Essa imputação é uma operação normativa, não é naturalística.
Esse fato pode consistir em Ato ilícito. O ato ilícito é a conduta comissiva (uma ação) ou omissiva (um
omissão contrária ao DI) que viola norma de Direito Internacional. Ainda, nesse ponto, a doutrina faz uma
importante observação: o fato de o ato ilícito à luz do direito internacional estar em conformidade com o
direito interno do Estado não exclui a transgressão e, portanto, a responsabilidade estatal, a teor da
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969), que dispõe no art. 27:
“Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o
descumprimento de um tratado”.
Esse fato pode consistir em um Ato lícito. A responsabilidade internacional por atos lícitos é também
chamada, pela Comissão de Direito Internacional da ONU, de “responsabilidade por atos não proibidos
pelo Direito Internacional”. É um tipo de responsabilidade internacional OBJETIVA, a partir da qual os
Estados devem indenizar os prejuízos eventualmente causados por suas ações e omissões, ainda que para
tais danos não tenham concorrido. Trata-se de hipótese excepcional de responsabilização e, por isso,
segundo SOARES, “a responsabilização por atividades lícitas deve se dar apensas diante da ocorrência de
condições ‘objetivamente fixadas numa norma escrita’”.
Segundo Soares, são requisitos para caracterização da responsabilidade internacional por atos lícitos: a
definição clara do dano; a concessão de faculdades para que a vítima venha a exigir a reparação; a
“canalização da responsabilidade”, mediante a atribuição inequívoca da autoria da lesão, a uma pessoa ou
ente, que terá o ônus de provar a inexistência de responsabilidade; a obrigatoriedade de constituição de
seguros e, eventualmente, garantias para as atividades de risco reguladas; fixação de cláusulas de limitação
ou exclusão da responsabilidade; e a indicação de foros internos dos Estados onde eventuais vítimas
podem buscar a reparação cabível.
Entre os tratados que regulam a responsabilidade objetiva por atos lícitos, estão:
a) Convenção de Viena sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares (1963);
b) Convenção de Bruxelas sobre Responsabilidade Civil por Danos causados por poluição por óleo
(1969);
c) Convenção sobre a Responsabilidade Internacional por Danos causados por Objetos Espaciais
(1972).
Esse fato pode decorrer de um Abuso de direito. Consiste, fundamentalmente, no exercício de um direito
de modo contrário a sua finalidade social, que cause um dano a outrem. Apenas parte da doutrina admite
a responsabilização internacional por abuso de direito. Diversos doutrinadores (Sereni, Quadri) negam a
sua existência. Outros a admitem (Politis, Scele). A jurisprudência internacional tem-se referido à sua
existência, mas sem consagrá-la. Apesar de toda a divergência, a convenção de D. do Mar (1982) menciona
o abuso de direito no seu artigo 34:
O abuso de direito configura-se a partir da reunião de três elementos: a) o exercício de um direito; o abuso
no modo pelo qual é exercido, gerando efeitos deletérios para terceiros; e o prejuízo.
→ Vamos ver quais são os atos que levam a esse fato internacionalmente ilícito e que enseja a
responsabilidade internacional do Estado:
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Ato do Poder Executivo: por exemplo, se um delegado de polícia torturou, o Brasil responde.
Qual é a defesa do Estado? Que ele não deu ordens (ato “ultra vires” – ato além do
mandato), pelo contrário, ele tem uma legislação contra a tortura, o delegado “agiu
sozinho”. O Brasil não terá sucesso nessa defesa. O Direito Internacional é pacífico:
considera-se que o ato de um agente público vinculado ao Poder Executivo consiste em uma
violação de seus deveres de vigilância ou escolha, no mínimo in vigilando ou in eligendo: o
Brasil que contratou aquele delegado, o Brasil que devia vigiá-lo, o Brasil que devia ter
mecanismos internos que impedissem que ele torturasse.
Ato do Poder Legislativo: também vincula. Pode ser lei, Emenda Constitucional ou até
mesmo norma do Poder Constituinte Originário. Não adianta o Estado buscar argumentos
como Separação de Poderes porque não haverá sucesso.
Ato do Poder Judiciário: há dois momentos. A) denegação de Justiça: consiste na existência
de delonga injustificada ou de barreiras de acesso à Justiça. Então, por exemplo, o Brasil
responde se não tiver um número mínimo de defensores, se o trâmite processual for lento
etc. Exemplo: os mensaleiros peticionaram à Comissão Interamericana alegando que a AP
470 teria tido só um grau (competência originária) – e o duplo grau de jurisdição? B) Decisão
injusta: o Brasil responde também (e aí é polêmico) pela decisão esdrúxula, a decisão
violatória de direitos humanos, a decisão injusta. Ou seja, eu vou me debruçar sobre a
justiça da decisão local. Isso é superpolêmico, tanto no sistema europeu quanto no sistema
interamericano.
Ato de ente federado: não se aceita a cláusula federal. Ato de ente federado é todo ato
imputado a um elemento constitutivo da Federação. Cláusula federal consiste em
dispositivo previsto em alguns tratados que desoneram o Estado Federal de cumprir o
tratado se aquela atribuição for do ente federado. Para superar esse mal estar, não se aceita
a cláusula federal nos Tratados de direitos humanos. O Brasil responde por ato do
Maranhão, São Paulo, não importa.
Ato de particular: o Brasil responde desde que tenha uma conduta própria no contexto da
realização do ato de particular. Ou seja, em geral não vincula o Estado. Entretanto, é
possível que o Estado responda caso, no contexto da conduta, tenha violado os seus
deveres de prevenção e repressão. Em outras palavras, tal responsabilidade pode emergir
se restar comprovado que o ente estatal deixou de cumprir, como afirma Rezek, seus
deveres elementares de prevenir o ilícito e de reprimi-lo adequadamente. Exemplos:
Atentados praticados por indivíduos contra chefes de Estado estrangeiros ou contra seus
representantes diplomáticos, insultos à bandeira ou aos símbolos nacionais de
determinados Estados.
Ato privativo do MP. O Brasil responde por eventual leniência, atuação negligente ou
mesmo inação do MP.
Imputabilidade
Nexo causal ou Imputabilidade: deve ter sido aquele fato ilícito que gerou o dano (é o vínculo entre o fato
internacionalmente ilícito, a conduta imputada ao Estado, e o dano). Não se discute mais o estado anímico
do agente. O estado anímico do agente é, no máximo, norma primária, não é mais norma secundária.
Não é uma operação naturalística, é normativa. É o direito internacional que vai dizer quando determinado
fato, internacionalmente ilícito, é atribuível ao Estado.
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Imputabilidade. A imputabilidade refere-se à necessidade de que o ato ilícito seja atribuído ao ente a ser
responsabilizado. Deve haver, portanto, um vínculo entre a violação da norma internacional e seu
responsável. A imputabilidade pode ser direta ou indireta:
Responsabilidade (imputabilidade) internacional direta: quando se trata de ato ilícito cometido pelo seu
governo, um órgão ou seus funcionários ou por uma coletividade pública do Estado que age em nome dele.
Também quando se trata de ato de particular, quando sua atividade possa ser imputada ao Estado (o qual
será responsabilizado por não empregar a devida diligência para prevenir estes atos).
Responsabilidade (imputabilidade) internacional indireta: quando o ilícito foi cometido por simples
particulares ou por uma coletividade que o Estado representa na ordem internacional (ex.: Município). É o
caso de um ilícito cometido por uma coletividade sob tutela ou um Estado protegido, em que o
responsável na ordem internacional é a potência administradora ou o Estado protetor. A responsabilidade
do Estado decorre da omissão em não advertir ou punir seus particulares pelos atos praticados. Ex.:
violação de um Estado Federado brasileiro a uma norma protetiva de direitos humanos – responsabilidade
da União na ordem internacional.
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O estado de necessidade deve ter interpretação restritiva, e não pode ser invocado nos seguintes casos: a)
em relação a uma norma imperativa de DI Geral; b) se o próprio Estado contribuir para que haja o estado
de necessidade (Estado de Necessidade Agressivo).
Por fim, excluem ou atenuam a responsabilidade internacional a contribuição do Estado vítima para o dano
que sofreu, a imprecisão da regra internacional e a adoção de medidas para evitar um dano (como alertar
estrangeiros sobre a impossibilidade de manter a ordem e sugerir a retirada do território).
Dano
Dano (evento danoso ou resultado lesivo): o Direito Internacional não exige que o dano seja material, tão
somente. Pode ser material ou imaterial. Dano imaterial é o chamado dano ao patrimônio imaterial,
inclusive do Estado. São danos que não geram consequências materiais. Como exemplo muito comum na
prática internacional é a chamada violação da integridade territorial.
O tipo de reparação tem vínculo com o tipo de dano. O dano imaterial, em geral, é reparado pelo pedido
de desculpas, pelas garantias de não repetição.
Segundo Rezek, só o Estado vitimado por alguma forma de dano — causado diretamente a si, ao seu
território, ao seu patrimônio, aos seus serviços, ou ainda à pessoa ou aos bens de particular que seja seu
nacional — tem qualidade para invocar a responsabilidade internacional do Estado faltoso. Assim, no
domínio dos tratados, a violação de norma convencional só pode, em princípio, dar origem à reclamação
das outras partes, não à de terceiros.
A reparação é a finalidade do instituto da responsabilidade internacional. Diante do dano causado pelo ato
ilícito, o Estado ou a OI violador da norma internacional deve oferecer a reparação correspondente ao
Estado ou a OI prejudicado.
Ela consiste no conjunto de medidas apto a eliminar todas as consequências da violação prévia de uma
norma internacional. Não é uma única medida, é um conjunto de medidas com uma finalidade. Espécies:
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4) “Projeto de vida”: uma forma nova de reparação. Vai muito além de indenização, vai muito
além de compensação dos danos, dos lucros cessantes. Vai, na realidade, tentar resgatar
aquilo que a pessoa seria se não houvesse a violação. É uma restituição na íntegra
maximizada. Por exemplo: não é só devolver a liberdade à Sra. Tamayo. A Sra. Tamayo era
uma professora que foi acusada de crime de agressão à Pátria, crime de terrorismo e, por
isso, perdeu o cargo na Universidade etc. Não é só devolver o cargo, é devolver o cargo e o
posto, uma láurea acadêmica, que, eventualmente, ela teria obtido se não fosse aquela
interrupção do seu “Projeto de Vida”. Isso é muito interessante, mas, na prática, é quase
que uma futurologia, arbítrio.
5) Satisfação: espécie de reparação na qual se busca compensar o dano ao patrimônio
imaterial das vítimas. A satisfação é uma fórmula tradicional no direito internacional, não é
novidade. É um conjunto de medidas que visa reparar o chamado dano ao patrimônio
imaterial. Essa é a forma de reparação mais comum no mundo. Não é a indenização. É a
satisfação na modalidade “desculpas”. É o famoso pedido de desculpas. Quais são as formas
tradicionais de satisfação? Publicação de sentença; Dia de Homenagem aos Mortos; Feriado
Nacional; Homenagem às Vítimas. Nos casos brasileiros, a satisfação mais utilizada é a
publicação da sentença em jornal de grande circulação nacional – “Gomes Lund” foi no
Jornal “O Globo”.
6) Garantias de não repetição: há um destaque para o chamado dever de investigar, perseguir
em juízo e punir criminalmente os violadores. Esse dever tem uma dupla natureza: o dever
de investigar é a garantia de não repetição mais conhecida na jurisprudência da Corte
Interamericana de Direitos Humanos – vide os primeiros casos hondurenhos: Vesláquez
Rodrigues, Godines Cruz, Farem Garbi e Corrales. Desde então, a Corte pede para que os
Estados punam os violadores para prevenir novas violações. É uma forma de reparação
muito conhecida no direito internacional – a garantia de não repetição. Entende-se que o
lesado tem o direito de exigir essa reparação. Mas é também violação da própria Convenção
(CADH) a ausência desse dever. A natureza dúplice desse dever: a ausência do dever de
investigar é uma violação da obrigação de garantia em relação a atos de particulares. Ou
seja, caso um particular viole direitos, deve-se punir. Se não o fizer, o Estado estaria
violando a Convenção no tocante ao direito à verdade e ao direito de acesso à justiça. Além
de ser também uma garantia de não repetição. O Brasil agora tem reparações duríssimas a
serem cumpridas.
OBS: A Lei 13.170/2015 dispõe sobre a ação de indisponibilidade de bens, valores e direitos, das pessoas
físicas ou jurídicas, submetidas a esse tipo de sanção por Resolução do Conselho de Segurança da ONU.
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K. DIREITO EMPRESARIAL
Ao final do contrato de leasing, o arrendatário possui 3 opções: i) Devolução do bem; ii) Renovação do
contrato de leasing; iii) Opção de compra, nesse caso, se o arrendatário fizer a opção de compra, é
obrigado a pagar VRG (valor residual garantido).
- COBRANÇA ANTECIPADA DO VRG
De início, o STJ entendia que a opção de compra deve ser feita ao final do contrato e, assim, momento em
que o VRG deveria ser cobrado. Se ele fosse cobrado desde o início do contrato, na verdade, não haveria
leasing, mas sim compra e venda em prestações. Esse foi o primeiro posicionamento do STJ (Súmula 263:
“A cobrança do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-
o em compra e venda a prestação”).
Contudo, o STJ alterou seu posicionamento e cancelou a Súmula 263, substituindo-a pela Súmula 293:“A
cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil”.Com esse enunciado, o STJ adotou os princípios da liberdade de escolha e da livre convenção
entre as partes.
Todavia, o STJ também entendeu que, caso não haja opção de compra ao final do contrato, a parte terá
de devolver o valor residual garantido pago antecipadamente. Segundo o tribunal, o prazo prescricional
para se pleitear essa devolução é o prazo geral de 10 anos, pois não se trata de pedido fundado na
vedação do enriquecimento sem causa, mas de restituição de quantia em razão do desfazimento de
arrendamento mercantil. (REsp 1174760)
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O STJ firmou o entendimento de que é necessária a constituição em mora do arrendatário por notificação
prévia, não havendo que se falar em mora ex re, ainda que haja cláusula resolutiva expressa (Súmula 369).
No arrendamento mercantil, é pago um aluguel mensal pela utilização do bem. Assim, reintegrado o
arrendado à posse do bem, não há que se falar em pagamento das prestações futuras.
Pagando-se o VRG antecipado, há declaração de vontade de compra. Havendo reintegração de posse
deverá o arrendatário devolver o bem, mas, segundo o STJ, poderá requerer a devolução do VRG, na
forma abaixo explicitada:
O arrendador tem a obrigação de devolver as quantias pagas, antecipadamente, pelo arrendatário, a
título de Valor Residual Garantido (VGR), nos casos em que o produto objeto do leasing for apreendido
por reintegração de posse e alienado pelo arrendador? DEPENDE: i) se o VRG pago + valor do bem
vendido > VRG previsto no contrato, o arrendatário terá o direito de receber a diferença; ii) Se o VRG pago
+ valor do bem vendido < VRG previsto no contrato, o arrendatário NÃO terá direito de receber a diferença
(até porque não haverá diferença). Mesmo na primeira hipótese , o contrato poderá prever que, antes de
devolvida a diferença para o arrendatário, o arrendador terá direito de descontar, previamente, outras
despesas que tenha tido ou encargos contratuais. (REsp 1099212 Rep)
MUDANÇA IMPORTANTE: A Lei n° 13.043/2014 determinou que o procedimento adotado pelo DL 911/69
para o caso de inadimplemento do devedor na alienação fiduciária, inclusive o regramento sobre a ação de
busca e apreensão deveria ser também aplicado para o arrendamento mercantil. Assim, a partir de agora,
os procedimentos previstos no art. 2º, caput e § 2º e no art. 3º do DL 911/69 (regras relacionadas com a
alienação fiduciária) deverão ser aplicadas às operações de arrendamento mercantil (leasing).
Após a L 13043, não é mais possível a purgação da mora, pois foi determinada a aplicação do regime do DL
911, que não a admite, em lugar da regra geral do NCC, 401, I (REsp 1381832)
I. Leasing financeiro
Nesta modalidade, o arrendatário indica o bem ao arrendador, que o adquire perante o fornecedor e
depois realiza o contrato de arrendamento mercantil com o arrendatário. O leasing financeiro é a
modalidade típica de arrendamento mercantil. Traz as figuras de 3 atores intervenientes: a) arrendador(a);
b) arrendatário; e c) fornecedor.
De acordo com a Resolução sobre o leasing financeiro, neste contrato o valor total das parcelas deve ser
igual ao valor do bem + lucro para o arrendador.
II. Leasing operacional
Caracteriza-se pelo fato de o bem arrendado já ser da arrendadora (que, em regra, o fabrica), a qual
apenas aluga ao arrendatário, sem ter o custo inicial de aquisição do bem, comprometendo-se a prestar
assistência técnica. Há apenas 2 intervenientes: a) arrendador(a); e b) arrendatário.
No leasing operacional, o valor total das prestações, segundo a Resolução do BACEN, não pode ser
superior a 90% do valor do bem.
A vantagem dessa espécie de leasing reside na assistência técnica que, no leasing operacional, só pode
ser prestada pelo arrendador. É por meio da assistência técnica que ele consegue obter lucros.
III. Lease back ou leasing de retorno
Cuida-se de modalidade específica de leasing, em que o bem arrendado era de propriedade do
arrendatário, que o vende à arrendadora para depois arrendá-lo, podendo, obviamente, readquirir o bem
ao final do contrato, caso se utilize da opção de compra, pagando o valor residual.
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Nessa modalidade de arrendamento mercantil, o arrendatário somente pode ser pessoa jurídica. A sua
grande finalidade é a obtenção de capital de giro. O lease back é cabível em duas operações: a) compra e
venda; e b) dação em pagamento.
Nesta modalidade, ao final do contrato, o arrendatário tem as mesmas 3 opções já vistas.
JURISPRUDÊNCIA:
O STJ e STF entendem que o ICMS não incide no leasing de aeronaves, pois não implica
circulação de mercadoria. Todavia, o ICMS incide sobre mercadorias que venham integrar o
ativo fixo da empresa, uma vez que, nesses casos, a opção de compra é implícita. (AgRg na
MC 13339).
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Os bens e direitos integrantes do patrimônio do fundo, em especial os bens imóveis mantidos sob a
propriedade fiduciária da CEF, bem como seus frutos e rendimentos, não se comunicam com o patrimônio
desta.
Portanto, o PAR é promovido pelo Ministério das Cidades, tendo a CAIXA como agente executor e o FAR
– Fundo de Arrendamento Residencial – como financiador. O PAR é desenvolvido em duas fases
distintas. A primeira delas é a de compra de terreno e contratação de uma empresa privada do ramo da
construção, responsável por construir as unidades habitacionais. Depois de prontas, as unidades são
arrendadas com opção de compra do imóvel ao final do período contratado.
A Lei 10.188 estabelece (art. 8º, §1º), que "o contrato de compra e venda referente ao imóvel objeto de
arrendamento residencial que vier a ser alienado na forma do inciso II do § 7o do art. 2o desta Lei, ainda
que o pagamento integral seja feito à vista, contemplará cláusula impeditiva de o adquirente, no prazo de
24 (vinte e quatro) meses, vender, prometer vender ou ceder seus direitos sobre o imóvel alienado".
Portanto, em caso de mora, esta deve ser comprovada por meio de notificação ou interpelação, após o que
é cabível o ajuizamento de ação de reintegração de posse.
Jurisprudência:
"Segundo entendimento adotado por este Tribunal, em consonância com o STJ, o ajuizamento
da ação de reintegração de posse, no caso do programa instituído pela Lei n. 10.188/2001, deve
ser precedido da notificação prévia e pessoal do arrendatário, ainda que constante cláusula
resolutiva no contrato. Precedentes" (TRF1 - 6 T. 30/11/15).
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"A Caixa Econômica Federal detém legitimidade para ajuizar ação de reintegração de posse de
imóvel vinculado ao PAR, em razão de dispositivo legal, além de previsão contratual.
2. Tratando-se de contrato firmado segundo as regras do Programa de Arrendamento
Residencial para atendimento da necessidade de moradia da população de baixa renda (Lei n.
10.188/2001), a falta de pagamento da taxa de condomínio constitui esbulho possessório, e
motivo para a rescisão do contrato e para o ajuizamento da respectiva ação de reintegração de
posse, na forma do art. 9º (TRF1 - 6 T. 13/4/15)".
a. SOCIEDADE ANÔNIMA
As sociedades anônimas são espécies de sociedades estatutárias, “institucionais”. Constituem-se, assim,
por meio de um estatuto social e seu capital está dividido em frações denominadas ações. Cada sócio é
titular de determinado número de ações, sendo chamado de acionista.
A) ABERTA – negocia seus valores mobiliários no mercado de capitais (formado pela bolsa de valores e
pelo Mercado de balcão), necessitando de prévia autorização e registro perante a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
I. Bolsa de valores São entidades privadas constituídas sob a forma de associações civis ou sociedades
anônimas, tendo por membros corretoras de valores mobiliários de uma mesma base territorial,
autorizada pela CVM.
II. Mercado de balcão O mercado de balcão consiste nas operações realizadas fora da bolsa de valores,
quando, por exemplo, se adquire ações junto a uma instituição financeira ou uma sociedade corretora.
III. Mercado primário É aquele que se estabelece entre a companhia emissora do título/valor mobiliário
e o investidor. Só há aqui mercado de balcão.
IV. Mercado secundário Por outro lado, se um indivíduo já é investidor e vende seu valor mobiliário a
outro investidor, trata-se de mercado secundário. Na Bolsa de Valores só se realizam operações de compra
e venda de valores mobiliários, ou seja, a bolsa só atua no mercado de capitais secundário.
B) FECHADA – aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais.
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I. Pluralidade de sócios: subscrição de pelo menos duas pessoas, de todas as ações em que se divide o seu
capital social. A subscrição é irretratável.
A Sociedade Anônima poderá ser unipessoal em casos excepcionais:
a) Empresa Pública.
b) Subsidiária integral (art. 251, LSA: É um tipo de sociedade anônima constituída mediante escritura
pública, tendo como único acionista sociedade nacional)
II. Realização, como entrada, em dinheiro, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas.
Nas instituições financeiras essa porcentagem é de 50%.
III. O fundador terá 5 dias, contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da
sociedade, para fazer o depósito no estabelecimento bancário autorizado pela CVM.
IV. Arquivamento do estatuto social da empresa na Junta comercial e publicação pela imprensa de seus
atos constitutivos;
V. Transferência para a companhia, por transcrição no registro público competente, dos bens com que o
subscritor tenha contribuído para a formação do capital social.
A) CIA ABERTA
A constituição da CIA aberta é chamada subscrição pública ou sucessiva:
Pois bem, as companhias abertas se constituem por meio de subscrição pública de ações. Nessa
modalidade de constituição, exigem-se algumas formalidades específicas, tais como (i) o registro prévio na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), (ii) a colocação das ações à disposição dos investidores
interessados; e (iii) a realização de assembleia inicial de fundação.
A subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. Veja-se,
portanto, que o fundador de uma companhia aberta deverá necessariamente contratar os serviços de uma
empresa especializada para constituí-la. Trata-se do chamado serviços de underwriting. Caberá a essa
empresa contratada não apenas colocar as ações junto aos investidores – etapa seguinte do procedimento
constitutivo da companhia – mas também cuidar de uma série de documentos a serem apresentados à
CVM, assinando-os.
B) CIA FECHADA
Em se tratando de constituição de companhias fechadas, o procedimento é bem mais simplificado, uma
vez que é realizado por meio de subscrição particular, sem a captação de recursos junto a investidores no
mercado de capitais.
Podem ser adotadas duas modalidades de constituição: (i) a realização de assembleia dos subscritores ou
(ii) a lavratura de escritura pública em cartório.
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A ação é o principal valor mobiliário emitido pela companhia. Trata-se de valor mobiliário que representa
parcela do capital social, conferindo ao seu titular o status de sócio, o chamado acionista. As ações são
consideradas bens móveis para os efeitos legais.
Possui 4 espécies de valor:
i. Valor nominal – O valor nominal da ação é alcançado por meio de uma simples operação aritmética:
divide-se o capital social total da S/A – calculado em moeda corrente – pelo número total de ações por ela
emitidas e tem-se, com precisão, o valor nominal de cada uma delas.
ii. Valor ou preço de emissão – é o pago pelo subscritor da ação (fixado pelos fundadores na constituição
da empresa). Além das operações de compra e venda de ações, realizadas no mercado de capitais
secundário e nas quais se observa o valor de negociação, há também as operações de emissão e subscrição
de novas ações, as quais, conforme já estudado anteriormente, se desenvolvem no âmbito do mercado de
capitais primário.
iii. Valores de mercado – valor da negociação. Viu-se que as operações de compra e venda de ações são
travadas no chamado mercado de capitais secundário, no qual os acionistas alienam suas ações a
investidores interessados, cobrando nessas transações um valor de negociação, que oscila conforme o
momento econômico pelo qual passa a companhia.
iv. Valor patrimonial – valor da ação em relação ao patrimônio. Patrimônio ÷ número de ações. Será pago
em caso de dissolução total ou parcial da sociedade.
De acordo com a forma de transferência para outros acionistas ou para terceiros, as ações podem ser:
a) Nominativas: As ações nominativas são aquelas que se transferem mediante registro levado a efeito em
livro específico escriturado pela S/A para tal finalidade (trata-se do livro Registro de ações nominativas,
mencionado no art. 31 da LSA). A transferência de uma ação nominativa, portanto, é ato formal que exige
certa solenidade, consistente no comparecimento do vendedor e do comprador – ou de seus
representantes – à companhia para assinatura do livro de “transferência das ações nominativas” (art. 31, §
1.°, da LSA).
b) Escriturais: As ações escriturais, ao contrário das ações nominativas, não possuem certificado – na
verdade elas sequer se materializam num documento, sendo incorpóreas – nem exigem muita solenidade
para a sua transferência.
As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens conferidas aos seus titulares poderão ser:
a) Ordinárias: conferem aos acionistas os direitos comuns, como o direito a voto e de participação nos
lucros. Dentre os direitos conferidos aos ordinarialistas está o direito de voto, o qual, ao contrário do que
se possa pensar, não constitui um direito essencial de qualquer acionista (vide art. 109 da LSA).
b) Preferenciais: conferem aos acionistas certas vantagens, que podem consistir em: I – em prioridade na
distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; II – em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem
ele; ou III – na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.
- Golden share: são ações especiais titularizadas pelo ente desestatizante, sem direito de voto, mas com o
poder especial de veto às deliberações da assembleia geral. Permitiu-se que o Estado alienasse o controle
das companhias em que detinha maioria do capital votante, mas conservasse ações preferenciais especiais
(golden share) conferindo-lhe direito de veto em determinadas deliberações.
c) gozo ou fruição: são aquelas distribuídas aos acionistas titulares de ações ordinárias ou preferenciais em
substituição dessas ações que já foram amortizadas. A amortização consiste na distribuição aos acionistas,
a título de antecipação e sem redução do capital social, da quantia a que teriam direito em caso de
liquidação da companhia.
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II. DEBÊNTURES – Valores mobiliários que conferem a seus titulares direito de crédito contra a companhia.
São títulos emitidos pela S/A a fim de levantar capital, como se fosse um empréstimo feito para a
Sociedade (captação de recursos). É título executivo extrajudicial.
As debêntures podem ser, tais como as ações, nominativas e escriturais, bem como conversíveis em ações.
A partir da Lei 12.431/11, não há o limite do valor do capital social para a emissão de debênture.
III. PARTES BENEFICIÁRIAS - são títulos que conferem aos seus titulares um direito de crédito eventual
contra a companhia, isto é, depende de o resultado da companhia, no respectivo exercício social, ter sido
positivo, pois do contrário não haverá lucros a serem partilhados. Somente as companhias fechadas
podem emitir partes beneficiárias.
IV. BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO – assegura ao seu titular o direito de preferência na subscrição de novas ações.
Perceba-se que o bônus não confere aos seus titulares a ação, mas apenas um direito de preferência na
sua subscrição, razão pela qual o investidor, na hora de exercer esse direito, terá de pagar, obviamente, o
preço de emissão da ação.
V. COMMERCIAL PAPER – Os commercial papers são espécies de notas promissórias e servem para a
captação de recursos no mercado de capitais, que serão restituídos aos investidores em curto prazo.
Diferente das demais espécies de valores mobiliários descritas acima, os commercial paper não estão
disciplinados na Lei 6404/76, mas pela Instrução n. 134/90 da CVM.
São três as modalidades de regimes especiais que podem ser impostos às instituições financeiras ou a
instituições a elas equiparadas: intervenção, liquidação extrajudicial e administração especial temporária
(RAET). Os dois primeiros são disciplinados pela Lei nº 6.024/74, e o último pelo Decreto-lei nº 2.321/87.
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Há dois instrumentos legais que visam à reorganização da instituição financeira: a intervenção (art. 2 o da
Lei n. 6.024/74) e o regime de administração especial temporária (DL 2.321/87).
ii. Intervenção
A intervenção é uma medida administrativa, que objetiva sanar as dificuldades materiais da empresa.
Pode ser autorizada quando ocorrer prejuízo decorrente de má administração que sujeite os credores a
risco, ou infrações reiteradas à legislação bancária, ou, ainda, impontualidade injustificada ou ato de
falência.
Suas características principais são:
a) Possui prazo de duração não superior a seis meses, podendo ser prorrogado, uma única vez, por mais
seis meses a critério do BACEN.
b) É executada por um interventor, nomeado pelo Banco Central. O interventor prestará contas ao Banco
Central, no momento em que deixar suas funções ou a qualquer tempo – responderá civil e criminalmente
– Art. 14.
A MP n. 1.470-16/97 foi convertida na Lei n. 9.447/97, a qual, com o necessário rigor, dispõe sobre: (1) a
responsabilidade solidária de controladores de instituições submetidas aos regimes de que tratam a Lei
6.024/74 e o Decreto-lei n. 2.321/87; (2) a indisponibilidade de seus bens; (3) a responsabilização das
empresas de auditoria contábil ou dos auditores contábeis independentes; (4) a privatização de
instituições que sejam desapropriadas, na forma do DL. 2.321. Frisa-se a importância dessa Lei que visa a
moralização da administração e também, das instituições financeiras privadas e das públicas não federais,
assim como das cooperativas de crédito.
Antes da decretação das medidas interventivas, o BACEN pode determinar a reorganização societária,
alteração de controle societário ou capitalização da sociedade através da emissão de títulos ou captação
de fundos, porque é melhor preservar o banco do que liquidá-lo. Após, ainda é cabível tentar passar para
terceiros as obrigações mediante incentivos específicos.
Em resumo:
Efeitos da Intervenção – Art. 6º
1. Suspensão das exigibilidades das obrigações vencidas;
2. Suspensão das obrigações vincendas contraídas;
3. Inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação
Administradores deverão entregar ao interventor em 5 dias – declaração assinada em que conste: Art.
10
1. Qualificação dos administradores e membros do conselho fiscal;
2. Mandatos outorgados em nome da instituição;
3. Bens imóveis e móveis que estiverem fora do estabelecimento;
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Todos os bens dos administradores e controladores, e de quem o foi nos últimos 12 meses, ficam
indisponíveis. A indisponibilidade é consequência natural do ato interventivo.
O BACEN, mediante autorização do CMN, pode ainda decretar a indisponibilidade “parcial” dos bens de
diretores, membros do Conselho Fiscal ou de quem comprou bens de pessoas sujeitas à lei para se
esquivar dos seus efeitos.
Os bens inalienáveis e impenhoráveis não são passíveis de indisponibilidade. Entretanto, há dicotomia na
doutrina se é cabível sobre bem voluntariamente impenhorável. Se confirmada responsabilidade, a
indisponibilidade se converte em penhora ou arresto, dependendo do caso.
Quem sofre a medida não pode se ausentar do foro sem autorização do BACEN.
O regime de administração especial temporária pode ser decretado nas hipóteses que autorizam a
liquidação e também quando ocorre: i) existência de passivo a descoberto; ii) gestão temerária ou
fraudulenta; iii) prática reiterada de operações contrárias às diretrizes de política econômica ou
financeira traçadas em lei e, finalmente; iv) a desobediência às normas referentes à conta de reservas
bancárias O regime de administração especial temporária não afeta o curso regular dos negócios, nem o
normal funcionamento da instituição financeira, ao contrário da intervenção, reduzindo-se os efeitos à
perda do mandato dos administradores e membros do Conselho Fiscal.
O regime de administração especial temporária tem o prazo determinado pela autoridade administrativa,
podendo ser prorrogado por período não superior, se absolutamente necessário.
O regime de administração especial temporária é dirigido por um conselho diretor, nomeado pelo BACEN,
que assumirá a instituição, cessando de imediato o poder dos administradores. Não há qualquer solução
de continuidade na atuação da empresa, que será reorganizada com recursos da reserva monetária ou
antecipação desta, que será posteriormente paga pela instituição e garantida por penhor simbólico de
títulos ou hipoteca. O BACEN poderá realizar transformações societárias ou desapropriar a instituição, que
continuará a ser privada, ou ainda convolar em liquidação o feito.
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A matéria está regulada na Lei n. 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de
instituições financeiras. As instituições financeiras estão sujeitas a um regime de execução concursal de
natureza extrajudicial, que não exclui, em caráter absoluto, a falência dos comerciantes dessa categoria.
Assim, se a instituição financeira não estiver sob liquidação extrajudicial ou sob intervenção decretada
pelo Banco Central, ela poderá, nas mesmas condições previstas para os demais exercentes da atividade
mercantil, ter a sua falência decretada judicialmente.
No entanto, o art. 2º, da Lei 11.101/05 (Lei de Recuperação de Empresa) prescreve que tal lei não se
aplica às instituições financeiras:
Art. 197. Enquanto não forem aprovadas as respectivas leis específicas, esta Lei
aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos regimes previstos no Decreto-Lei
no 73/66, na Lei no6.024/74, no Decreto-Lei no 2.321/87, e na Lei no 9.514/97.
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a) suspensão das ações e execuções iniciadas sobre direitos e interesses relativos ao acervo da entidade
liquidanda, não podendo ser intentadas quaisquer outras, enquanto durar a liquidação;
b) vencimento antecipado das obrigações da liquidanda;
c) não atendimento das cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em virtude da decretação da
liquidação extrajudicial;
d) não fluência dos juros, mesmo que estipulados, contra a massa, enquanto não integralmente pago o
passivo;
e) interrupção da prescrição relativa a obrigações de responsabilidade da instituição;
f) não reclamação de correção monetária de quaisquer divisas passivas, nem de penas pecuniárias por
infração de leis penais ou administrativas. [existem exceções legais e jurisprudenciais: ex. créditos
trabalhistas]
Após a decretação da liquidação extrajudicial de instituição financeira, os juros contra a massa liquidanda,
sejam eles legais ou contratuais, terão sua fluência ou contagem suspensa enquanto o passivo não for
integralmente pago aos credores habilitados, devendo esses juros serem computados e pagos apenas após
a satisfação integral do passivo, se houver ativo que os suporte, observando-se a ordem do quadro geral
de credores. (REsp 1102850).
Apresentado o relatório pelo liquidante, o Banco Central autorizará ou a continuidade da liquidação ou o
requerimento da falência.
Prosseguindo a liquidação, o liquidante mandará publicar no DOU e jornais de grande circulação aviso aos
credores para declararem seus créditos. – Art.22
* Prazo – 20 a 40 dias - § 1º, Art. 22
* Liquidante organizará quadro geral de credores e publicará – Art. 25
* Será feita a realização do ativo segundo escolha do liquidante – Art.31
* Pagamento do passivo e prestação de contas do liquidante ao Banco
Central
* Liquidante responderá civil e criminalmente por seus atos – Art. 33
* Liquidante é equiparado ao síndico na falência – Art. 34
Os credores terão acesso aos documentos para produzir suas habilitações, que serão avaliadas pelo
liquidante. Após consolidar o quadro, recebe impugnações, que ele mesmo julga (o que o difere do
administrador judicial na falência). De suas decisões cabe recurso ao Banco Central em 10 dias, sem efeito
suspensivo.
Quem fica insatisfeito com o não acatamento de sua impugnação pode exercer direito de “sair da
liquidação” em 30 dias, dando ciência ao liquidante de que irá para a justiça para que este reserve fundos.
Cabe anular créditos eivados de vícios posteriormente descobertos. Eventual ação revocatória cabe ao juiz
que seria o da falência da instituição.
É cabível a utilização de meios alternativos na venda do ativo, desde que autorizado pelo BACEN, no
resguardo dos poupadores. Os atos de alienação independem de registro para terem efeito.
A liquidação se encerra com a cessação nos termos da intervenção, encerramento do feito, transformação
em liquidação ordinária ou decretação de falência.
A FALÊNCIA deve ser adotada se o ativo não for suficiente para o pagamento de, pelo menos, metade do
passivo quirografário ou se houver indícios de crime falimentar. Aplica-se subsidiariamente o disposto na
LF à liquidação extrajudicial, inclusive no que se refere à possibilidade de ajuizamento (pelo liquidante) de
ação revocatória.
A liquidação extrajudicial determina a extinção da personalidade jurídica da instituição financeira e, quase
sempre, importa na cessação da atividade econômica por ela desenvolvida, devendo, portanto, ser
evitada, quando possível.
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OBS: Não há dúvidas quanto ao fato de o MP ter legitimidade para propor ação de responsabilidade contra
ex-administradores de instituição financeira sujeita ao RAET. Pode até nela prosseguir se, levantado o
citado regime, remanescer interesse público a ser tutelado.
Jurisprudência do STJ:
(...) 4. Inexiste previsão no art. 109 da CF/88 que atribua a competência para
processar e julgar demanda envolvendo sociedade de economia mista à Justiça
Federal, ainda que a instituição financeira esteja sob a intervenção do Banco
Central. Ao revés, o referido dispositivo constitucional é explícito ao excluir da
competência da JF as causas relativas à falência - cujo raciocínio é extensível aos
procedimentos concursais administrativos, como soem ser a intervenção e a
liquidação extrajudicial -, o que aponta inequivocamente para a competência da
Justiça comum, a qual ostenta caráter residual. Precedentes. (...) (REsp 1093819)
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Para Eros Roberto Grau há duplo sentido na expressão “ordem econômica”: a) visão subjetiva (ser), como conjunto
de relações econômicas; b) visão objetiva (dever-ser), como conjunto de normas jurídicas disciplinadoras dessas
relações. Ainda o mesmo autor, analisando especificamente a Constituição de 1988, define que existem duas
vertentes conceituais: a) ampla, consistente na regulação jurídica da intervenção do Estado na Economia; b) estrita,
consistente na regulação jurídica do ciclo econômico (produção, circulação e consumo).
2. A constituição econômica
A primeira carta constitucional a tratar da ordem econômica e social foi a Constituição do México (1917). Leciona
Eugênio Rosa de Araújo que a ideia de Constituição Econômica, contudo, tomou corpo na doutrina alemã do século
XX, a partir do que se dispôs na Constituição de Weimar (1919) no que se refere à ordem econômica.
Manoel Gonçalves, citado por Eugênio Rosa, conceitua Constituição Econômica como sendo “o conjunto de normas
voltadas para a ordenação da economia, inclusive declinando a quem cabe exercê-la”. Ainda segundo o primeiro
autor, a Constituição Econômica delimita os seguintes elementos: a) o tipo de organização econômica (capitalismo
ou socialismo); b) a delimitação do campo da iniciativa privada; c) a delimitação do campo da iniciativa estatal; d)
a definição dos regimes dos fatores de produção; e e) a finalidade e os princípios gerais que devem gerir a ordem
econômica.
A Carta Republicana de 1891, por sua vez, trouxe o direito de liberdade de associação.
A Constituição de 1934 foi a primeira a instituir uma ordem econômica e social no direito constitucional e a primeira
a assegurar liberdade de associação sindical, nitidamente influenciada pela Constituição de Weimar; com essa carta,
passou-se a adotar uma postura de Estado Intervencionista Social, ainda mais diante de grave quadro econômico
internacional.
A Constituição de 1937, lado outro, previu disposições referentes à ordem econômica, estabelecendo, uma política
intervencionista do Estado no domínio econômico, com caráter nitidamente nacionalista.
A Constituição de 1946, apesar de ainda manter a possibilidade de intervenção do Estado na economia, o fazia sob
outro viés, qual seja de realizar a compatibilização do direito de propriedade com os interesses coletivos e aspirações
dos empregados e empregadores com a ideia de dignidade humana no trabalho. Há, aqui, a autorização e instituição
de monopólios em certos setores.
A Constituição de 1967 manteve certa linha intervencionista, estando hesitante, contudo, entre o intervencionismo e
o neoliberalismo. Previa também a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, e a função
social da propriedade como princípio da ordem econômica. A Constituição (ou emenda) de 1969 teve como
inovação o acréscimo do princípio da justiça social.
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O constituinte originário de 1988 dotou nossa Carta Política de um conjunto de disposições que dizem respeito à
conformação da ordem fundamental de nossa economia, configurando, assim, nossa Constituição Econômica.
A nossa Constituição Econômica, portanto, encarrega-se de estatuir os direitos e deveres daqueles que, em
conjunto, são denominados agentes econômicos (Estado, trabalhadores, consumidores e empresários) e seu
conteúdo engloba os princípios da atividade econômica (art. 170), bem como as políticas urbanas (art. 182),
agrícola e fundiária (art. 184) e o sistema financeiro nacional (art. 192).
A CFRB/88 arrola os princípios da ordem econômica nos incisos do art. 170. Segundo José Afonso da Silva, alguns
desses princípios se revelam mais tipicamente como objetivos da ordem econômica, como seria o caso da redução
das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego. Mas todos podem ser considerados princípios na
medida em que constituem preceitos condicionadores da atividade econômica.
1. Princípios explícitos
1. Princípio constitucional econômico da soberania nacional
A soberania nacional significa supremacia no plano interno e independência no plano internacional. Por sua vez, a
soberania econômica significa que as decisões relativas à política econômica a serem adotadas pelo País devem
levá-lo a estabelecer uma posição de independência em relação aos demais países, importando na possibilidade
de autodeterminação de sua política econômica.
Conforme explica Eugênio Rosa de Araújo, a soberania nacional é um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil e do estado Democrático de Direito (art. 1º, I), sendo que o que se trata no inciso I do art. 170 da Constituição
é a soberania nacional econômica, visando estabelecer, no plano externo, a independência, a coordenação e a
não-submissão em relação à economia e tecnologia estrangeiras. Registre-se, outrossim, que a soberania
política(art. 1, I, CR 1988) não sobrevive sem a soberania econômica, havendo entre ambas uma relação de
complementação. De sorte que a soberania política é assegurada na medida em que o Estado goza e desfruta da
soberania econômica.
Esse princípio está fortemente corroído em sua conceituação tradicional pelo avanço da ordem jurídica
internacional e da globalização. A ação dos Estados é movida pela incessante busca de níveis de competitividade
internacional. Porém, em atendimento a esse princípio, a colaboração internacional não pode chegar ao ponto de
subtrair do país as possibilidades de autodeterminação.
Esse princípio assegura aos agentes econômicos direito à propriedade dos fatores de produção e circulação de
bens em seus respectivos ciclos econômicos.
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A partir de então, com exceção da CR/1937, o valor função social da propriedade incorporou-se de vez à nossa
experiência constitucional, figurando em pelo menos quatro dispositivos da CF/88 (art. 5º, XXIII; art. 170, III; art. 182,
§2º e no caput d art. 186), a evidenciar a preocupação em construir um Estado de Direito verdadeiramente
democrático, no qual possuem a mesma dignidade constitucional tanto os valores sociais do trabalho quanto os da
livre iniciativa.
O princípio da função social da propriedade não é derrogatório da propriedade privada, mas sim parte integrante
desta. O conteúdo da função social assume papel promocional. A disciplina das formas de propriedade e suas
interpretações devem garantir e promover os valores sobre os quais se funda o ordenamento.
O princípio econômico dafunção social da propriedade constitui o fundamento constitucional da função social da
empresa e da função social do contrato. Busca-se, por meio da função social, conciliar o benefício individual com o
coletivo.
Assim, a função social da propriedade implica em uma limitação ao direito de propriedade, visando coibir abusos e
evitando o seu exercício em detrimento do bem-estar da sociedade, de sorte que a propriedade, para bem cumprir
seu papel econômico-social, deve compatibilizar os interesses do proprietário, da sociedade e do Estado, afastando
seu uso egoístico e o uso abusivo do domínio. A propriedade é, portanto, um meio para a consecução de um fim
comum: a busca do bem-estar social.
Gilmar Mendes, Inocêncio M. Coelho e Paulo Gustavo G. branco, citando Miguel Reale, afirmam que a livre
iniciativaé a projeção da liberdade individual no plano da produção, circulação e distribuição de riquezas,
assegurando não apenas a livre escolha das profissões e das atividades econômicas, mas também a autonomia na
eleição dos processos ou meios de produção. Abrange a liberdade de fins e meios. Já o conceito de livre
concorrência tem caráter instrumental, significando que a fixação dos preços das mercadorias e serviços não deve
resultar de atos cogentes da atividade administrativa.
Consiste, conforme Leonardo Vizeu Figueiredo, em proteção conferida pelo Estado ao devido processo competitivo,
a fim de garantir que toda e qualquer pessoa que esteja em condições possa livremente entrar, permanecer e sair
do ciclo econômico. Para Miguel Reale, a livre concorrência significa a possibilidade de os dirigentes econômicos
poderem atuar sem embaraços juridicamente justificáveis, visando à produção, à circulação e ao consumo de bens e
serviços.
A CFRB/88 adota o modelo liberal do processo econômico, que só admite a intervenção do Estado para coibir
abusos e preservar a livre concorrência de quaisquer interferências, quer do próprio Estado, quer do embate das
forças competitivas privadas que podem levar à formação dos monopólios e ao abuso do poder econômico visando
ao aumento arbitrário dos lucros.
Paula Forgioni, efetuando breve histórico, assinala que a concorrência no Brasil operou-se em momentos distintos
de acordo com o ambiente político-econômico atuante na economia:
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a) Momento fiscalista. Do período colonialismo até a transferência da Coroa para o Brasil em 1808, vigorou
uma política eminentemente fiscalista, quando então se buscava apenas a renda dos impostos decorrentes das
atividades comerciais aqui existentes. Não havia concorrência. Havia controle sobre quais produtos deviam ser
produzidos e as respectivas quantidades máximas. Além disso, todos os produtos eram entregues a Portugal pelo
preço por este estipulado;
b) Momento da orientação econômica e social. Com a vida da Família Real portuguesa iniciou-se um período
de transformações sociais e econômicas, marcadas estas pela liberação dos portos aos Estados estrangeiros aliados.
Foi a época da criação do Banco do Brasil. A vinculação à Portugal, contudo, ainda imperava. A intervenção estatal no
domínio econômico era preponderante, considerando que até a produção era controlada pelo Estado. Havia uma
limitação à concorrência.
d) Período interventivo. Com a crise econômica americana de 1929, que atingiu o Brasil se estendeu durante
toda a década de 30, foi necessária forte intervenção do Estado, principalmente na agricultura. Segundo Forgioni,
durante esse período houve um aumento quantitativo da intervenção, objetivando a prevenção de novas crises com
seus efeitos devastadores. No período, entretanto, não houve qualquer lei que regulasse o processo competitivo, sob
a visão do antitruste, já que a regulação que existia entre a limitação sob a ótica individual, como é exemplo o Código
de Propriedade Industrial.
Ainda segundo essa autora, a política anti-concorrencial no Brasil cresceu não a partir da manutenção da liberdade
econômica, mas como forma de limitação do abuso de poder econômico.
f) O sistema brasileiro atual do antitruste. Iniciado sob a égide da CF de 1946 foi paulatinamente sendo
desenvolvido. Durante a Constituição de 1946, apesar de erigido a norma constitucional, não possuía a dimensão
sócio-econômica atual. Criou-se, em 1962 o CADE. Somente com a CF de 1988, contudo, a matéria foi alçada a
princípio e o CADE passou a deter maior independência do Poder Executivo, mediante transformação em autarquia.
Assim, a fixação de preços e a percepção de lucros não devem ser, em regra, alvo de controle pelo Estado, dentro do
Estado liberal vigente, considerando que as próprias forças de mercado são suficientes para a regularização de
preços. Tais forças, evidentemente, pressupõem desigualdades entre as entidades econômicas.
Destaque-se que apesar de o texto constitucional falar em livre iniciativa e livre concorrência, Paula Forgioni, citando
Eros Roberto Grau, sustenta que aquela é gênero da qual é espécie a livre concorrência, juntamente com a liberdade
de comércio e da indústria.
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Ressalte-se que, porém, não é a simples concentração de mercado, por si só, a razão do controle. A concentração e a
restrição à concorrência baseada nas melhorias técnicas e desenvolvimento tecnológico são permitidas (são as
chamadas válvulas de escape, na nomenclatura adotada por Forgioni)
Os dispositivos visam tutelar a livre concorrência, protegendo-a contra a tendência da concentração capitalista,
cabendo ao Estado intervir somente para coibir o abuso, quando a concentração é exercida de forma anti-social, de
forma a prejudicar a livre concorrência. Quando o poder econômico passa a ser usado com o propósito de impedir a
iniciativa de outros ou passa a ser fator concorrente para o aumento arbitrário de lucros, o abuso fica manifesto.
Dessa forma, a concorrência não deve ser perseguida como um fim em si mesma, podendo ser sacrificada para que
seja atingido o escopo maior de todo o sistema.
O texto da CFRB/88 não deixa dúvidas quanto ao fato da concorrência ser, entre nós um meio, um instrumento para
o alcance de outro bem maior, de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Nesse passo, até algumas práticas estatais, apesar de aparentar regular determinados aspectos da atuação da
sociedade, acabam por limitar a concorrência. A propósito, destaca-se a Súmula 646/STF, convertida para SV nº 49:
Quanto a essas conversões em súmulas vinculantes, critica-se devido a ausência de controvérsia atual que acarrete
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos, tal como exige a CR/88.
Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não
infrinjam leis estaduais ou federais válidas.
Essa súmula foi materialmente substituída (embora não formalmente cancelada) pela Súmula 645/STF,
recentemente convertida na SV 38: “É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial”. Observe que o Supremo não exige mais a não contradição com leis estaduais ou
federais. Isso porque o fundamento é a competência legislativa privativa para assuntos de interesse local (art. 30, I),
não mera competência concorrente suplementar (art. 24, I c/c art. 30, II = direito econômico). De toda forma, há
quem diga que a supressão na parte final não representou mudança. A exceção é o horário de atendimento bancário
que, por necessidade de padronização nacional e por se tratar de atividade financeira, é competência da União,
consoante Súmula 19/STJ. Não obstante, a jurisprudência reconhece a competência do Município para estabelecer
tempo máximo de espera na fila do banco, aproximando-se da proteção ao consumidor e não regulação da própria
atividade econômica.
Ressalte-se que o controle da concorrência atualmente empregado tem distinção com relação ao liberalismo clássico,
na medida em que aquele é qualificado pela influência social enquanto este era marcado pelo simples aspecto
econômico.
Sobre o tema da livre iniciativa, ainda importa notar os importantes julgados do STF:
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Há, pois, que se buscar equilíbrio entre as empresas que atuam no mercado e entre essas e os consumidores. A livre
concorrência constitui relevante princípio da atividade econômica, propiciando a competição entre os agentes
econômicos, sendo certo que essa competição tende a gerar inegáveis benefícios aos consumidores.
Ou seja, a exploração econômica há de ser realizada dentro dos limites de capacidade dos ecossistemas,
resguardando a possibilidade de renovação dos recursos renováveis e explorando de forma não predatória os não
renováveis.
A redução das desigualdades regionais e sociais constitui objetivo fundamental da república e deve ser perseguido
pela política econômica adotada. Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social (art. 21, IX, CFRB/88) e a lei de diretrizes e bases deve incorporar
e compatibilizar os planos nacionais e regionais (art. 174, §1º).
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Dentre os mecanismos previstos na CFRB/88 para a redução das desigualdades regionais estão os incentivos
tributários e orçamentários (art. 43 e 165, §1º). Os direitos sociais previstos no art. 6º da CF constituem parâmetros
para a aferição da desigualdade no país.
Para Eros Roberto Grau, esse princípio consubstancia uma garantia para o trabalhador, na medida em que está
coligado ao valor da valorização do trabalho humano e reflete efeitos em relação ao direito social do trabalho.
Neste sentido, Eugênio Rosa de Araújo salienta que este princípio tem caráter de norma programática, contendo, no
mínimo, eficácia negativa, no sentido de impedir a adoção de políticas econômicas e salariais recessivas e geradoras
de desemprego e subemprego ou que desestimulem a ocorrência de quaisquer ocupações lícitas, bem como impõem
ao setor privado o respeito aos direitos sociais e trabalhistas (arts. 6º e 7º, CFRB/88).
9. Princípio do tratamento favorecidos para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no país
Cuida-se de princípio constitucional impositivo de caráter conformador. Por sua vez, o art. 179 determina que todos
os entes da Federação dispensarão as MEs e EPPs tratamento jurídico diferenciado. Às MEs haverá de se outorgar
um tratamento mais favorecido do que às EPPs e a essas, tratamento mais favorecido que às empresas em geral.
A LC 147/14 promoveu uma série de alterações legislativas. Na Lei de Falências (11101/05), por ex., instituiu nova
classe de credores para as deliberações da assembleia e ampliou o plano especial de recuperação judicial que antes
admitia apenas créditos quirografários e agora pode todos (tem exceções, ex.: fiscais). Na LC 123/06, o acesso aos
mercados; quanto às licitações houve ampliação, por ex. obrigando Estados e Municípios a aplicação imediata
independente de regulamento próprio e extensão para as licitações dispensáveis em razão do valor; quanto ao
mercado externo, criou um novo regime especial aduaneiro.
2. Princípios implícitos
1. Princípio da subsidiariedade
O Poder Público atua subsidiariamente à iniciativa privada na ordem econômica.
A intervenção direta somente se dará em casos expressamente previstos no texto constitucional, ocorrendo por
absorção, quando o regime for de monopólio ou por participação, em casos de imperativo para segurança nacional
ou relevante interesse público.
Sobre o tema, recentemente o STF decidiu que intervenção no domínio econômico (instituição de plano econômico),
em que pese ser ato lícito, pode ensejar a responsabilidade civil do Estado – caso Varig (RE 571969).
Limites: o Estado poderá, nos termos da lei, disciplinar o exercício desse direito. Citamos algumas formas de
limitação: a) autorização para o exercício de determinadas atividades; b) intervenção direta na atividade
econômica, nas hipóteses de relevante interesse coletivo ou em razão da segurança nacional; c) punição de atos
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praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular e reprimindo o abuso do poder
econômico que visem à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros. Tais limitações têm por fim garantir a realização da justiça social e do bem-estar coletivo.
Informa que as politicas públicas devem ampliar a oferta de oportunidades de iniciativa e emprego, com chances
iguais para todos. Outrossim, garante a participação ativa de todos os segmentos sociais na propositura das
políticas públicas de planejamento econômico da Nação.
Pode-se definir meios de produção ou também modos de produção, como o conjunto formado pelos "meios de
trabalho" e pelos "objetos de trabalho", além da maneira como a sociedade se organiza economicamente.
Os "objetos de trabalho" são os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matérias-primas minerais,
vegetais e animais, o solo etc.). Os meios de produção servem como base em modelos de organização social.
Pois bem, para uma análise de uma sociedade é preciso primeiro verificar em que tipo de meio de produção ela se
baseia, pois sendo a produção talvez a parte mais importante da vida em sociedade, ela tem absoluta relevância na
ordem social que vigora.
O modo de produção seria uma espécie de infra-estrutura da sociedade, o modelo básico de organização social,
sendo as formas das demais instituições comunitárias reflexo desta organização.
A titularidade dos meios de produção é o traço essencial da distinção entre o sistema econômico capitalista e o
socialista. Se os meios de produção de uma sociedade são privados e a força de trabalho é livre, podemos ver essa
sociedade como sendo Capitalista. Em sendo esses meios socializados ou não privados poderemos, talvez, então
estar olhando para uma sociedade socialista.
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Obviamente, existem fatores bem mais profundos que precisam ser analisados, seja quanto aos regimes se
democráticos ou autoritários até de quem realmente está detendo o domínio desses meios produtivos ou, quanto à
cultura disseminada e arraigada de um povo.
Atualmente, continua o autor, diante das atuais necessidades econômicas internas e da nova configuração da
economia mundial, presenciamos o surgimento de modelos econômicos que mesclam tanto características
capitalistas, quanto socialistas, como se dá na República da China.
1. O capitalismo (livre-empresa)
O capitalismo é o sistema econômico no qual as relações de produção estão assentadas na propriedade privada dos
bens em geral e tem por pressuposto a liberdade de iniciativa e de concorrência. Principais características: a)
propriedade privada dos meios de produção; b) trabalho assalariado como base de mão de obra; c) sistema de
mercado baseado na livre-iniciativa e na liberdade de concorrência.
Para André Ramos Tavares, "o sistema capitalista aponta para a chamada economia de mercado, na medida em que
são as próprias condições deste mercado que determinam o funcionamento e equacionamento da economia
(liberdade)”.
Daí a idéia da "mão invisível", a regular e equilibrar as relações econômicas, entre oferta e procura". Na economia de
mercado os preços dos produtos, serviços e dos meios de produção são determinados pela proporção entre a oferta
e a respectiva procura, competindo ao Estado apenas garantir as condições para que esse sistema desenvolva-se
livremente.
Hoje é muito difícil vislumbrar-se sistemas exclusivamente de mercado. A crise econômica do capitalismo levou ao
abandono da crença de que o sistema de mercado seria um regulador de si mesmo. Assim, passou-se a admitir e até
mesmo a exigir a intervenção do Estado, para manter o equilíbrio entre a livre iniciativa e livre concorrência. Na
realidade, embora isto seja dificilmente reconhecido pela doutrina, os modelos econômicos atuais são modelos
mistos.
2. O socialismo
O socialismo, enquanto sistema de organização econômica do Estado, opõe-se frontalmente ao liberalismo
(capitalismo), pois o mercado livre é considerado como a origem da desigualdade. Este sistema propõe não
somente a intervenção do Estado, mas a supressão da liberdade da iniciativa privada e o comando do Estado na
esfera econômica. Inviabiliza-se a apropriação privada dos meios de produção.
Segundo André Ramos Tavares, "o socialismo é um modelo econômico baseado na autoridade, pressupondo-a para
alcançar sua sistemática própria. Mais claramente, exige-se uma autoridade centralizadora, unificante da
economia".
Leonardo Vizeu Figueiredo assinala que o socialismo é o sistema baseado na autoridade estatal, que centraliza e
unifica a economia em torno do Poder Central e tem como principais características: a) o direito de propriedade
limitado e, não raro, suprimido; b) a estatização e controle dos fatores de produção e dos recursos econômicos; c)
a gestão política que visa a redução das desigualdades sociais; d) e a remuneração do trabalho mediante a
repartição do produto econômico por meio de decisão do governo central.
Por fim, vale trazer à colação as noções do fenômeno da globalização e, também, de neoliberalismo.
A globalização, segundo lembra Eugênio Rosa de Araújo, implica, basicamente e de forma simplificada, na
eliminação de barreiras comerciais (possibilidade de aquisição de produtos em quaisquer países), liberação dos
mercados de capitais (realização de transações financeiras interbancárias a nível planetário) e na possibilidade de
produção independente de fronteiras, abolindo a distância e o tempo.
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Já o neoliberalismo, segundo assevera o mesmo autor, tem por palavras de ordem: menos Estado, fim das
fronteiras, desregulação dos mercados, moedas fortes, privatizações, equilíbrio fiscal e competitividade global.
O aludido autor ensina que a globalização como fenômeno econômico e social em escala planetária deu respaldo à
ideologia do neoliberalismo, que se baseia no argumento de que a liberalização do mercado otimiza o crescimento e
a riqueza no mundo e de que a tentativa de controlar e regular o mercado apresenta resultados negativos, pois
restringiria a acumulação de lucros sobre o capital, impedindo, assim, a taxa de crescimento.
Por fim, saliente-se que, após a recente crise americana de 2008/2009, que atingiu também outros países, a
discussão acerca da necessidade de uma maior intervenção do Estado na economia voltou a tona, surgindo, assim,
críticas ao neoliberalismo.
No Brasil, assim como se deu alhures, essa nova postura diante do fato econômico se fez sentir a partir da
Constituição de 1934, na qual foi inserido um título autônomo (“Da ordem econômica e social”), que veiculava um
discurso intervencionista bastante inovador em todos os sentidos, começando a introduzir os princípios da justiça
social e das necessidades da vida nacional, de modo a possibilitar a todos uma existência digna, além de garantir a
liberdade econômica dentro de tais limites, como elementos fundamentais para a organização da ordem econômica.
Já para Savatier, ordem pública é o "conjunto de normas cogentes, imperativas, que prevalece sobre o universo das
normas dispositivas, de direito privado". Numa abordagem que se aproxima da jurídica, "o conceito de ordem se
prende à correlação e correspondência hierárquica existente dentro do conjunto de normas existente dentro do
conjunto das normas, ligando as normas particulares a uma norma fundamental".
Explicado o sentido de “Ordem”, temos então que Eros Grau inicialmente definiu a ordem econômica, no mundo do
dever-ser, como (...) conjunto de princípios jurídicos de conformação do processo econômico, desde uma visão
macrojurídica, conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade econômica a determinados
fins políticos do Estado. Tais princípios (...) gravitam em torno de um núcleo, que podemos identificar nos regimes
jurídicos da propriedade e do contrato para, depois, percebendo que a ordem econômica engloba mais do que
apenas os princípios, a descrever como (...) o conjunto de normas que define, institucionalmente, um determinado
modo de produção econômica. Assim, a ordem econômica, parcela da ordem jurídica (mundo do dever-ser), não é
senão o conjunto de normas que institucionaliza uma determinada ordem econômica (mundo do ser).
Tal definição indica o conceito de Constituição econômica, definida por Vital Moreira como (...) o conjunto de
preceitos e instituições jurídicas que, garantindo os elementos definidores de um determinado sistema econômico,
instituem uma determinada forma de organização e funcionamento da economia e constituem, por isso mesmo, uma
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determinada ordem econômica; ou, de outro modo, aquelas normas ou instituições jurídicas que, dentro de um
determinadosistema e forma econômicos, que garantem e (ou) instauram, realizam uma determinada ordem
econômica concreta.
Vital Moreira faz verificações bem interessantes quanto aos sentidos da expressão ordem econômica, quais sejam:
a) modo de ser empírico de uma economia concreta, sendo um conceito de fato, e não um conceito normativo ou
valorativo (ínsito às regras reguladoras das relações sociais), mas sim algo referente às relações entre fenômenos
econômico-materiais, entre fatores econômicos concretos;
c) ordem jurídico-econômica, sendo esta a acepção que serve de objeto para esta pesquisa.
1- Normas-programáticas: mais uma vez evidencia-se a importância das normas programáticas, portadoras de
enunciados e de orientações sobre a ordem econômica.
Por fim, importante registrar que consta na nossa CF, os fundamentos desta nossa Ordem Jurídico-econômica: a)
valorização do trabalho humano; b) livre iniciativa; e c) finalidade de assegurar existência digna a todos.
Alguns Julgados:
“A exigência, pela Fazenda Pública, de prestação de fiança, garantia real ou fidejussória para
a impressão de notas fiscais de contribuintes em débito com o fisco viola as garantias do
livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (CF, art. 5º, XIII), da atividade econômica (CF,
art. 170, parágrafo único) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). () (... ) (RE 565048 RG)
“A lei questionada não viola o princípio do pleno emprego. Ao contrário, a instituição do
piso salarial regional visa, exatamente, reduzir as desigualdades sociais, conferindo
proteção aos trabalhadores e assegurando a eles melhores condições salariais.” (ADI 4364)
"(...) Constitucionalidade da Lei 8.899/94, que concede passe livre às pessoas portadoras
de deficiência. Alegação de afronta aos princípios da ordem econômica, da isonomia, da
livre iniciativa e do direito de propriedade, além de ausência de indicação de fonte de
custeio (arts. 1º, IV; 5º, XXII; e 170 da CF): improcedência. (...)" (ADI 2649)
“(...) cancelamento do registro especial para industrialização de cigarros, por
descumprimento de obrigações tributárias. (...). A defesa da livre concorrência é
imperativo de ordem constitucional (art. 170, IV) que deve harmonizar-se com o princípio
da livre iniciativa (art. 170, caput). .” (AC 1657-MC, voto do Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso)
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"É certo que a ordem econômica na Constituição de 1988 define opção por um sistema no
qual joga um papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto,
a assertiva de que o Estado só intervirá na economia em situações excepcionais. (...). O
direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao lazer são meios de complementar a formação
dos estudantes." (ADI 1950) No mesmo sentido: ADI 3512.
“Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.” (Súmula 646)
“Nestes autos, discute-se a utilização do sistema de código de barras e a exigência de
afixação de etiquetas indicativas dos preços nas mercadorias expostas à venda. (...) Nesse
sentido, não viola a Constituição a obrigação de afixar etiquetas indicativas do preço
diretamente nas mercadorias. Ademais, não prospera o argumento de invasão de
competência concorrente dos Estados. (RMS 23732, voto do Rel. Min. Gilmar Mendes)
“Constitucionalidade de atos normativos proibitivos da importação de pneus usados.
Reciclagem de pneus usados (...) (ADPF 101).
“É constitucional a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006 [veda o ingresso no
simples de pessoas em débito com o Fisco] (...) Assim, o tratamento tributário a ser
conferido nesses casos não poderia implicar desoneração, pois todos os contribuintes
estariam adstritos ao pagamento de tributos. Afirmou-se que não seria razoável favorecer
aqueles em débito com o fisco.” (RE 627543 RG)
“Contribuição social patronal. Isenção concedida às microempresas e empresas de
pequeno porte. Simples Nacional (‘Supersimples’). LC 123, art. 13, § 3º. (...) O fomento da
micro e da pequena empresa foi elevado à condição de princípio constitucional, de modo a
orientar todos os entes federados a conferir tratamento favorecido aos empreendedores
que contam com menos recursos para fazer frente à concorrência. (...).” (ADI 4033)
De conseguinte, entende-se como uma parcela da ordem jurídica, disciplinada pela Constituição e pelas leis, com o
propósito de conduzir a vida econômica da Nação, limitado e delineado pelas formas estabelecidas na própria Lei
Maior para legitimar a intervenção do Estado no domínio privado econômico.
Não obstante essa definição, segundo as lições de Eros Grau, o intérprete deverá sempre atentar para outro aspecto
da expressão em tela, porquanto poderá significar também as relações econômicas ou atividades econômicas
entravadas, entre os atores do mercado (realidade do mundo do “ser”), tal como expresso, com efeito, no caput do
art. 170 da CR/88 e também no §5° do art. 173.
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2. Ordem Econômica
A Ordem Econômica pode ser compreendida no aspecto material ou econômico – representado pelo conjunto de
riquezas presentes no território de uma nação e sujeitas ao seu ius imperii, bem como sob o aspecto formal ou
jurídico – ordenamento constitucional e legislativo que disciplina o modo de operar a atividade econômica.
O artigo 170 da Constituição inaugura o Capítulo destinado à sua regulação (aspecto formal), dotado de forte carga
axiológica, ante os preceitos fundamentais sob os quais a sociedade brasileira há de se basear: valorização do
trabalho humano; livre iniciativa; justiça social, existência digna; soberania nacional; propriedade privada; função
social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; redução das
desigualdades; busca do pleno emprego; e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.
Segundo Eros Grau, a Ordem Econômica, consoante o tratamento que lhe foi dado pela CRFB, assume duas vertentes
conceituais, sendo uma ampla e outra estrita:
Ampla: parcela da ordem de fato, inerente ao mundo do ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para disciplinar
as relações jurídicas decorrentes do exercício de atividades econômicas. É a regulação jurídica da intervenção do
Estado na economia.
Estrita: parcela da ordem de direito, inerente ao mundo do dever-ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para
disciplinar o comportamento dos agentes econômicos no mercado. É a regulação jurídica do ciclo econômico
(produção, circulação e consumo).
Para José Afonso da Silva, a Ordem econômica consiste na racionalização jurídica da vida econômica, com o fim de se
garantir o desenvolvimento sustentável da Nação.
3. Regime Político
Surge então o que se chamou de “Juridicização da Política Econômica”, que se insere no campo da economia
normativa, uma vez que prescreve formas de comportamento e atitudes que devem ser tomadas pelos agentes
econômicos e pelo Estado, tendo em vista a consecução de determinados objetivos traçados pela Ordem Econômica.
Ora, sabemos que o Estado cumpre sua função através de políticas públicas, ou seja o Estado governa através de
mecanismos jurídicos – a lei – que materializa a política econômica. Assim, é o Estado que tem competência para
fixar, determinar, estipular políticas econômicas. A política econômica é uma decorrência da necessidade do Estado
e da sociedade de traçarem as diretrizes fundamentais da economia com vistas à realização de certos objetivos,
como, por exemplo, a estabilidade econômica, o desenvolvimento ou crescimento econômico. Estes objetivos são
traçados pela Constituição, que faz as opções políticas fundamentais (art. 170 da CF).
A política econômica realiza-se em um sistema econômico já existente, liberal ou socialista, de modo que esta
política econômica pode realizar alterações no sistema econômico, adaptando-o com o fim de atingir os fins
escolhidos pelo Estado.
Ademais, a política econômica pode variar de acordo com as necessidades da época e do contexto social. Assim é
que se constata a evolução histórica da política econômica.
De conseguinte, de acordo com a teoria dominante adotada, o posicionamento estatal, em face de sua Ordem
Econômica, vai assumir feições diversas, com reflexo no texto constitucional.
Cumprem observar quais são as possíveis formas de participação do Estado nas atividades de cunho econômico
desenvolvidas em seu respectivo território. Podemos, então, identificar as seguintes formas econômicas de Estado.
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a) Estado liberal: assenta-se no respeito ao pleno exercício dos direitos e garantias por parte de seus respectivos
indivíduos, face ao avanço predatório que o modelo estatal absolutista havia até então exercido. Este modelo é fruto
direto das doutrinas de Adam Smith, para quem a harmonia social seria alcançada através da liberdade de mercado,
frente ao ambiente concorrencialmente equilibrado. Tal teoria denominou-se como “mão invisível”.
Funda-se nos princípios do dirigismo contratual (pacta sunt servanda) e autonomia da vontade. É dizer, tem como
base jurídica a livre-iniciativa (direito de qualquer cidadão exercer atividade econômica livre de qualquer restrição,
condicionamento ou imposição descabida do estado) e liberdade contratual, devendo o poder público garantir o
cumprimento das cláusulas pactuadas.
Por fim, o Estado Liberal se assenta ainda na liberdade de mercado (tal postulado se assenta na auto-organização/
auto-regulação da economia. O Estado Liberal, assim, caracteriza-se por uma postura abstencionista, uma vez que
atua de forma neutra e imparcial no que tange à atividade econômica.
Após a derrocada do modelo liberalista, ascende nova forma de atitude do Estado, não havendo mais ocorrência de
liberalismo puro, emergindo, a partir daí aspectos intervencionistas que variarão de acordo com as circunstâncias.
b) Estado intervencionista econômico: Advém com o declínio do liberalismo norte-americano, que culminou com a
quebra da Bolsa de Nova Iorque. Foi então adotado o New Deal de Franklin Roosevelt, com o federalismo
cooperativo e quebra do parâmetro ouro como medida de câmbio internacional.
Modelo esse fortemente influenciado pelos ensinamentos de John Maynard Keynes (Teoria Geral do Emprego do
Juro e da Moeda), explicitando que se devem muito mais, às políticas públicas do governo, o desenvolvimento
socioeconômico e aumento do nível de emprego, ao somatório dos comportamentos microeconômicos individuais
dos empresários.
Aqui, o estado atua com o fito de garantir o exercício racional das liberdades individuais. Assim, a política
intervencionista não visa ferir os postulados liberais, mas tão somente fazer com que o Estado coíba o exercício
abusivo e pernicioso do liberalismo.
No estado intervencionista não há preocupações sociais no sentido de se estabelecer políticas públicas para tanto,
mas sim de mera ordem técnica com a garantia da livre-iniciativa e da liberdade de mercado.
A chamada Teoria dos Jogos de Von Neuman estuda as características dos atores da economia e resultados vem a
demonstrar a probabilidade de dois ou mais agentes estejam combinando suas estratégias, concluindo conduta
cartelizada. Esta tese significou grande avanço destinado à defesa da concorrência.
O intervencionismo se dá de forma direta, na qual o estado assume a iniciativa da atividade econômica na condição
de produtor de bens e serviços ao lado dos particulares; ou, ainda, de forma indireta, na qual o estado atua
tributando, incentivando, regulamentando ou normatizando a atividade econômica. No plano jurídico, assenta-se no
princípio da defesa do mercado ou proteção à concorrência.
c) Estado intervencionista social: conhecido com Welfare State, Estado do bem estar social ou Estado Providência, é
a forma estatal de intervenção na atividade econômica que tem por fim garantir que sejam efetivadas políticas de
caráter assistencialista na sociedade, para prover os notadamente hipossuficientes em suas necessidades básicas.
Baseia-se na seguridade social.
O Estado compartilha os riscos individuais entre todos os seguimentos da sociedade, também com a cooperação
desta, buscando garantir distribuição de renda entre os que se encontrem privados de capacidade laborativa.
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Aqui, o estado se preocupa com a coletividade e com os interesses transindividuais, ficando mitigado os interesses
pessoais de cunho individualista.
Daí porque este modelo é também chamado de Estado de bem-estar social (welfare state) ou estado providência,
porque é aquele que provê uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos naturalmente
excludentes da economia capitalista sobre as classes sociais mais desfavorecidas.
Outrossim, neste modelo o Estado assume responsabilidades sociais crescentes, em caráter de prestações positivas,
como a previdência, habitação, saúde, educação, assistência social e saneamento, ampliando, cada vez mais, seu
leque de atuação como prestador de serviços essenciais. Ademais, o Estado atua ainda como empreendedor
substituto em áreas e setores considerados estratégicos para o desenvolvimento da nação.
d) Estado intervencionista socialista: adotado no Leste Europeu, China e Cuba, inaugurado com a Revolução
Bolchevique no chamado outubro vermelho de 1914. É a forma intervencionista máxima do Estado, uma vez que
este adota uma política econômica planificada, baseada na valorização do coletivo sobre o individual.
O Poder Público passa, então, a ser o centro exclusivo para as deliberações referentes à economia. Os bens de
produção são apropriados coletivamente pela sociedade por meio do Estado, de modo que este passa a ser o único
produtor, vendedor e empregador.
A livre-concorrência e a liberdade de mercado são literalmente substituídas pelo planejamento econômico racional e
centralizado em torno do Poder Público, rejeitando-se sistematicamente, a autonomia das decisões privadas.
e) Estado regulador: busca-se com este modelo um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem, contudo,
abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais, a fim de se garantir a dignidade da pessoa humana.
Caracteriza-se numa nova concepção para a presença do Estado na economia, como ente garantidor e regulador da
atividade econômica, que volta a se basear na livre-iniciativa e na liberdade de mercado, bem como na
desestatização das atividades econômicas e redução sistemática dos encargos sociais, com o fito de se garantir
equilíbrio nas contas públicas, sem, todavia, desviar o Poder Público da contextualização social, garantindo-se, ainda,
que este possa focar esforços nos serviços públicos essenciais.
O Estado adota uma solução, conhecida como Equilíbrio de Nash, segundo o qual onde não há ambientes
concorrencialmente saudáveis, a persecução do interesse privado irá, invariavelmente, conduzir aos monopólios de
consequências perniciosas.
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No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, no qual o Poder Público somente irá concentrar
seus esforços nas áreas nas quais a iniciativa privada, por si só, não consiga alcançar o atingimento das metas sociais
de realização do interesse coletivo. Assim, a iniciativa de exploração das atividades econômicas retorna à iniciativa
privada, a qual irá realizá-la dentro de um conjunto de planejamento estatal previamente normatizado para tanto,
com o fito de conduzir o mercado à realização e consecução de metas socialmente desejáveis, que irão garantir o
desenvolvimento sócio-econômico da Nação.
Evita-se, no Estado Regulador, a concentração de poder econômico e seu uso abusivo, protegendo-se a concorrência,
por meio de políticas eficazes. Garante-se aos atores do mercado o alcance de seus interesses particulares de forma
pulverizada.
Importante sempre salientar o caráter restritivo na atuação do Estado na economia (ou ordem econômica material),
consoante assentado pelo STF:
Sujeitos econômicos.
Para entender o que vem a ser “sujeitos” do direito econômico, antes, é necessário tratar do OBJETO desse ramo.
Nesse sentido, vale a menção a alguns conceitos sobre o DE:
“Direito econômico é o ramo do direito que tem por objeto a ‘juridicização’, ou seja, o
tratamento jurídico da política econômica e, por sujeito, o agente que dela participe. Como
tal, é o conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos
interesses individuais coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para
tanto, utiliza-se do ‘princípio da economicidade’.” (Primeiras Linhas de Direito Econômico.
Washington Peluso Albino de Souza. 6ª edição. São Paulo: LTr, 2005).
“corpo orgânico de normas condutoras da interação do poder público e do poder
econômico privado e destinado a reger a política econômica” (Direito Econômico. João
Bosco Leopoldino da Fonseca. Rio de Janeiro: Forense, 2010)
O direito econômico tem como objeto a “possibilidade do Estado interferir na atividade
econômica para ordenar o mercado, nos moldes previamente definidos em sua ordem
econômica”. (Direito Econômico. Fabiano Del Masso. Elsevier, 2007)
Consoante leciona Washington Albino, os agentes tratados na disciplina do direito econômico dinamizam a vida da
sociedade e são, principalmente:
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1- O Estado: Também é considerado sujeito de direito econômico porque é responsável pela edição das normas que
materializam a política econômica, e porque pode intervir no domínio econômico de diversas maneiras (como a
atuação direta).
2- Os indivíduos: na sua manifestação de seu trabalho, como consumidor de bens ou serviços ou como usuário de
serviços públicos.
Nos termos da classificação de Leonardo Vizeu Figueiredo: “Os sujeitos da Ordem Econômica Internacional são as
entidades, ou seja, aqueles a quem se reconhece personalidade jurídica e que atuam na formação e concretização
das normas de Direito Internacional, a saber, os Estados e os Organismos Internacionais, de modo que somente estes
podem adquirir direitos e contrair obrigações no plano internacional. Por sua vez, os atores internacionais são todos
aqueles que influem na formação destas normas, como as Empresas Transnacionais”.
Por possuírem personalidade jurídica de direito internacional própria, conforme previsto no art. 34 do Protocolo de
Ouro Preto (Decreto 1901/96), os organismos internacionais são considerados sujeitos econômicos.
A noção dos estados soberanos como sujeitos econômicos associa-se à própria ideia de Estado atrelado ao conceito
de soberania.
Quanto aos organismos internacionais, sua evolução como sujeitos econômicos ocorreu após a eclosão da 2ª Grande
Guerra diante da progressão do aumento das necessidades, ora comuns, ora conflitantes dos membros da
comunidade internacional, constituindo (os OIs) um instrumento de abreviar as negociações e maximizar resultados
comuns mais vantajosos. Esta ordem econômica internacional tem por “finalidade constituir unidade que leve em
conta a heterogeneidade, a diversificação dos ordenamentos nacionais” (expressão de Leopoldino da Fonseca).
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Segundo João Bosco Leopoldino da Fonseca, essa unidade heterogênea a cargo da ordem econômica internacional
existe na medida em que a “interdependência econômica é irrefragável [que não pode ser contestada] e a
coexistência pacífica é uma condição irrecusável de sobrevivência”, lecionando, ainda, que existem dois aspectos a
serem observados nos sujeitos dessa categoria:
1) institucional (“o ordenamento, pelo conjunto coerente de regras jurídicas com função de concretizar os ideais
políticos, econômicos e sociais”); e
Vige, em nosso ordenamento jurídico, o princípio da separação dos Poderes, sendo tão importante a ponto de
configurar cláusula pétrea (art. 60, §4, III, da CF), não podendo ser objeto de deliberação qualquer emenda à
Constituição tendente a abolir a separação entre os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
Nos termos constitucionais, é possível afirmar que o judiciário é Poder da República e seus integrantes são titulares
de uma parcela da soberania estatal.
O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos, nos termos do art. 92 da CF: a) Supremo Tribunal Federal; b)
Conselho Nacional de Justiça; c) Superior Tribunal de Justiça; d) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; e)
Tribunais e Juízes do Trabalho; f) Tribunais e Juízes Militares; h) Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.
A partir da natureza estrutural e organizacional do poder político, na sua repartição horizontal, coube ao Poder
Judiciário privativamente a função estatal da jurisdição, mediante a atuação de vontade do direito nos casos
concretos, por intermédio do processo judicial, sendo responsável pela pacificação social.
A divisão da estrutura judiciária brasileira é o resultado da repartição racional do trabalho da mesma natureza entre
distintos órgãos jurisdicionais, pois o Poder Judiciário é uno, assim como é una a sua função precípua, que é a
jurisdição, dotada do mesmo conteúdo e da mesma finalidade sempre.
São características da jurisdição: a) Lide: É um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida; b)
Inércia: os órgãos jurisdicionais, em regra, dependem de provocação das partes (arts. 2º e 262 do CPC), salvo
algumas exceções, como o inventário de ofício; c)Definitividade: toda decisão jurisdicional tem a tendência de se
tornar imutável, não impugnável, formando coisa julgada. Após o seu trânsito em julgado, a sentença é revestida do
caráter da imutabilidade, não podendo ser modificada, salvo exceções, como a desconstituição por meio de ação
rescisória; d) Escopo de atuação do direito – a atividade jurisdicional tem por objetivo aplicar o direito ao caso
concreto, restabelecendo a paz social; e) Substitutividade – cabe ao Estado resolver os litígios, substituindo a
atividade das partes;
A jurisdição é nacional e não comporta divisões. O Poder Judiciário não é federal nem estadual, e sim nacional. O
Poder Judiciário é um poder único que se positiva por meio de vários órgãos estatais: federais e estaduais.
São instituídos organismos distintos para uma divisão racional do trabalho, atribuindo-se a cada um deles uma fatia
do total das numerosas causas que são processadas no país.
Para a distribuição de competência, são levados em conta critérios como a natureza da relação jurídica material
controvertida, a qualidade de quem figurará como parte e, notadamente, o interesse público com o propósito de
assegurar aos cidadãos a melhor prestação jurisdicional.
O Estado atribui a determinadas pessoas a função de prover os órgãos e de agir em nome dele, e qualquer ato que
pratiquem investidos de jurisdição é atribuído ao próprio Estado, daí porque a natureza do cargo de juiz ser a de
agente político, que exerce suas atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias estabelecidas na
Constituição e em leis especiais.
Regime jurídico é o conjunto de regras de direito que regulam determinada relação jurídica.
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No caso da magistratura nacional, a Lei Complementar 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) –
é o regime jurídico único nacional a ser observado.
A LOMAN não somente prevê direitos, deveres, vantagens e obrigações aos magistrados, mas também assegura o
pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação dos limites institucionais conferidos ao Judiciário nacional.
A importância de Lei Complementar para reger a carreira da magistratura reside no fato de o constituinte ter
interpretado que determinadas matérias, nada obstante a sua relevância, não poderiam ser regulamentadas em
sede constitucional, sob pena de dificultar-se eventual processo de alteração, tampouco poderiam comportar
alterações constantes em processo legislativo ordinário.
Em diversos precedentes, o STF já afirmou que a LOMAN foi recepcionada pela CF de 1988, de modo que seus
dispositivos são com ela compatíveis e têm plena vigência (ADI 841-QO; ADI 1152-MC; ADI 1503; ADI 4108-REF-MC).
Emendas à CF/88 já imprimiram significativas mudanças na organização e disciplina do Poder Judiciário, inclusive
estabelecendo, no art. 93 que “Lei complementar, de iniciativa do STF, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”.
Entretanto, enquanto não editada a nova lei, permanece em plena vigência a Lei Complementar nº 35/1979, com
interpretação necessariamente a partir das normas constitucionais que tratam da matéria.
A magistratura é uma carreira jurídica, cuja forma mais comum de ingresso é o concurso público de provas e títulos.
O provimento dos cargos públicos pode acontecer de duas formas: originário e derivado.
O provimento originário ocorre quanto o agente não está no quadro e presta concurso para ingressar.
O provimento derivado ocorre quando o agente já está no quadro e nele vai movimentar-se, de forma horizontal ou
vertical.
Ou seja, existem as entrâncias inicial, intermediária e final. A movimentação é horizontal quando o juiz fica na
mesma entrância (remoção ou permuta). Por outro lado, a movimentação é vertical quando o juiz vai de uma
entrância para outra, por promoção ou acesso ao Tribunal.
O ingresso na magistratura de carreira pressupõe concurso público de provas e títulos, com a participação do
Conselho Seccional da OAB em todas as fases, nos termos do art. 78 da LOMAN.
Observando-se a ordem de classificação, o aprovado no concurso será nomeado e investido no cargo de Juiz
Substituto, no qual permanecerá por um período auxiliando ou substituindo magistrados mais experientes, antes de
se tornar juiz titular.
É possível que se estabeleça curso preparatório (art. 78, § 1º da LOMAN). Sendo assim, é admissível que os tribunais
criem o curso, que será tido como uma etapa do processo seletivo. Em SC já funciona dessa forma.
A partir da EC nº 45/04, há imposição constitucional acerca da exigência de3 anos de atividade jurídica como
requisito para a nomeação do juiz. Esta matéria encontra-se regulamentada na resolução nº 11/06 do CNJ, cujo art.
2º preceitua que “considera-se atividade jurídica aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito, bem
como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização
preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra atividade
anterior à colação de grau”. Nessa toada, o STF tem admitido o exercício de atividades jurídicas de escrivão de
polícia, oficial de justiça, etc.
Há uma discussão a respeito da exata contagem do prazo. Segundo o artigo 5º da resolução supramencionada, deve-
se completar esse prazo com a inscrição definitiva no concurso. Atualmente, o STF entende que a contagem é feita a
partirda conclusão do curso de Direito (e não da colação de grau) até a data da inscrição definitiva.
Conforme exigência do art. 78, §1º da LOMAN, “os candidatos serão submetidos a investigação relativa aos aspectos
moral e social, e a exame de sanidade física e mental, conforme dispuser a lei”. Geralmente essa investigação é feita
através de consulta a pessoas com as quais o candidato trabalhou, com o objetivo de obter informações para
verificar a sua conduta. Porém, é necessário deixar claro que essa investigação não é determinante, embora sirva
como apoio para saber se o magistrado terá condições de exercer o seu cargo.
O recrutamento dos juízes por seleção, impingindo a escolha dos mais capacitados com idêntica oportunidade a
todos, é uma caracterização de meritocracia, atendendo exatamente ao ideal democrático.
Durante os dois primeiros anos na carreira, prazo necessário para aquisição da vitaliciedade, o Poder Judiciário
verificará, por meio de seus órgãos internos de controle, se o magistrado atende aos requisitos para a integração
definitiva nos quadros da Magistratura.
O segundo grau de jurisdição admite outras formas de acesso.O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância.
Nos termos do art. 94 da CF/88, “um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados,
e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de
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carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes”.
Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (art. 94, parágrafo único da CF).
Os Tribunais são majoritariamente compostos por juízes, cujo provimento se dá mediante promoção, que é a
ascensão vertical na carreira.
A promoção na carreira submete-se à regra da alternância entre os critérios de antiguidade e merecimento.
A Constituição Federal, em seu artigo 93, II, dispõe que a promoção se dará de entrância para entrância,
alternadamente, por antiguidade e merecimento. Esses critérios são válidos tanto para a promoção horizontal (de
entrância para entrância) quanto para a promoção vertical (de um grau de jurisdição para outro).
É interessante lembrar que entrância é diferente de instância.
Entrância é cada um dos segmentos (divisões) que compõem o primeiro grau de jurisdição. As comarcas, na Justiça
Estadual, são unidades jurisdicionais que, apesar de assemelharem-se, não coincidem necessariamente com os
municípios. Elas são classificadas em entrâncias de acordo com sua população, desenvolvimento, complexidade ou
por outros critérios fixados pelo legislador. Na Justiça Federal, por sua vez, há Seções judiciárias (capitais) e
Subseções Judiciárias (interior).
Por outro lado, instância correspondente ao grau de jurisdição. O princípio do duplo grau de jurisdição assegura ao
vencido a interposição de recurso para reexame de seu pleito em um grau superior da jurisdição, o segundo grau.
Quanto à promoção vertical, como dito, se dá através de antiguidade ou merecimento.
A antiguidade é critério meramente cronológico. É mais antigo aquele que permanece na carreira por mais tempo.
Será o primeiro da lista elaborado de acordo com a ordem de ingresso na carreira ou no segmento considerado
(entrância).
Merecimento é mérito, mas sua aferição obedece a parâmetro duplo, pois o mérito é verificado em conjunto com
um mínimo de antiguidade.
Conforme entendimento do STF, a norma vigente ao tempo da posse dos interessados acerca do critério de
antiguidade deve prevalecer para todos os fins.
Na apuração de antiguidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois
terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até
fixar-se a indicação.
Os cargos vagos, bem como os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam afastados cautelarmente do exercício
da função jurisdicional, não devem ser computados para o fim de determinação do referido quórum. Contudo,
devem ser levados em consideração os cargos preenchidos por membros afastados em caráter eventual, nesses
incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos
transitórios.
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Conforme art. 93, II, e da CF, “não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver os autos em seu poder além
do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão”.
A promoção por merecimento pressupõe 2 anos de exercício na primeira quinta parte da lista de antiguidade desta,
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. A finalidade de tais requisitos é impedir que, a
pretexto de se atender ao critério de merecimento, fosse promovido um juiz distanciado da antiguidade.
Note-se que, excepcionalmente, e em atenção ao interesse público de provimento da unidade jurisdicional por um
juiz titular, nos termos do artigo 93, II, b da CF, poderá ser promovido por merecimento um juiz que não tenha o
biênio na entrância e não esteja na primeira quinta parte da lista de antiguidade, e isso acontecerá se não houver
tais requisitos quem aceite o lugar vago.
Para se aferir o mérito no critério de merecimento, a CF/88, em seu art. 93, II, c, previu 05 elementos: desempenho,
produtividade, presteza, frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
A partir dos ensinamentos de José Renato Nalini, tais elementos são delineados na forma a seguir:
a) Desempenho: é conceito indeterminado que não pode ser medido pela produtividade nem pela celeridade.
Desempenho é um complexo de atributos, que envolve a atuação integral do juiz, e que corresponde a um conjunto
de qualidades a evidenciar que o magistrado é de fato vocacionado;
b) Produtividade e Presteza: devem ser aferidos com objetividade. Produtividade não significa mera quantificação
de decisões. Julgar muito nem sempre significa julgar bem, no sentido de conferir ao litígio a solução mais equânime.
Por outro lado, a presteza é a reiteração da insistência com que o constituinte almeja que o juiz brasileiro seja célere
na outorga da jurisdição.
c) Frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento: atualmente, a ascensão
funcional do juiz, mediante o sistema de promoções, depende também de cursos específicos. A promoção por
merecimento não pode prescindir do compromisso permanente de cada magistrado com o seu projeto pessoal de
aprimoramento. Com a EC 45/04, as Escolas da Magistratura obtiveram condição diferenciada, com vistas à
realização de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento e promoção de magistrados.
É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento
(artigo 93, II, a, da CF).
Os juízes que ingressam nos tribunais por força do quinto constitucional estão liberados de todas essas exigências
(art. 94 da CF). Tais magistrados são vitalícios a partir da nomeação, não se sujeitando a cursos de preparação, nem
de aperfeiçoamento.
O quinto constitucional corresponde à destinação de vinte por cento dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais dos Estados e do DF e Territórios membros do Ministério Público e advogados, como já referida.
Segundo o STF, o quinto constitucional, quando eventualmente não observado, não gera por si só a nulidade do
julgado, mercê da incidência do princípio pas de nullité sans grief.
Os integrantes do quinto constitucional devem ter mais dez anos de advocacia ou de carreira, além da reputação
ilibada e notório saber jurídico. A partir da EC 45/2004, a CF passou a conter mais duas regras referentes ao quinto
constitucional: quanto à composição do TST (art. 111-A) e dos TRT’s (art. 115).
Na Magistratura de carreira dos Estados, a remoção precede ao provimento inicial e à promoção por merecimento.
As normas incidentes sobre a promoção também valem, no que couber, para a remoção a pedido do juiz.
O princípio da inamovibilidade, assegurado aos magistrados, não obriga a promoção ou remoção, sem que o cargo a
ser ocupado esteja vago.
Ou seja, se a lei eleva a comarca para outra instância superior (ex: de entrância intermediária para final), o juiz que lá
é titular não pode ser removido compulsoriamente em virtude dessa transformação. Aplica-se, no caso, a Súmula 40
do STF: A elevação da entrância da comarca não promove automaticamente o Juiz, mas não interrompe o exercício
de suas funções na mesma comarca. Logo, mesmo tendo havido essa transformação, o TJ não pode abrir edital para
remoção ou promoção dessa comarca. Deve-se aguardar o magistrado decidir deixar a vaga. Atenção: o magistrado
é inicialmente nomeado para uma comarca de entrância (“nível”) inicial e, com o tempo, vai sendo promovido para
comarcas de entrância intermediária e especial (a nomenclatura irá variar de acordo com o TJ).
No que tange à nomeação dos membros dos Tribunais Superiores, não existe qualquer pertinência com a carreira da
magistratura.
Trata-se de escolha do Presidente da República, cujas exigências são: que o candidato tenha entre 35 e 65 anos,
notável saber e reputação ilibada. Após indicação pelo PR, o nome do ministro é submetido a sabatina pelo Senado.
O STF compõe-se de onze ministros, compostos de cidadãos escolhidos entre cidadãos com mais de35 e menos de
65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
O STJ compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros, que serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros
com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:a) Um terço dentre juízes dos TRFs indicados em lista
tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; b) Um terço dentre desembargadores dos TJ indicados em lista tríplice
elaborada pelo próprio Tribunal; c)Um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do MPF, MPE e MPDFT,
alternadamente, indicados na forma do art. 94 do CF.
O TST compor-se-á de 27 Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:a) Um quinto dentre
advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais dentre juízes dos
Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
O TSE compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos, mediante eleição, pelo voto secreto, de três juízes
dentre os Ministros do STF e de dois juízes dentre os Ministros do STJ. Além disso, dois juízes serão indicados pelo
STF dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo Presidente da República.
O TSE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do STF, e o Corregedor Eleitoral dentre os
Ministros do STJ.
O STM compor-se-á de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
indicação do Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do
Exercício, ativa e do posto mais elevado do mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente República dentre brasileiros maiores de 35 anos, sendo: a) Três
dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional;b) Dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
Os TRFs compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo
Presidente República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65, sendo: a) Um quinto dentre advogados com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de
carreira; b) Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e
merecimento, alternadamente.
Os TRTs compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados
pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos 65anos, sendo: a) Um quinto dentre
advogados com mais dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais, mediante promoção
de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Os TREs compor-se-ão de sete juízes. Os membros são escolhidos mediante eleição, por voto secreto, de dois juízes
dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, de dois juízes dentre os juízes de direito escolhidos pelo Tribunal
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de Justiça ede um juiz do TRF (ou juiz federal escolhido pelo TRF caso não seja sede). Além disso, dois juízes serão
indicados pelo Tribunal de Justiça dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo Presidente da República.
O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente, e o Vice-Presidente, dentre os desembargadores.
Quanto aos Tribunais de Justiça, os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na
Constituição Federal.
A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
iniciativa do Tribunal de Justiça.
O Tribunal de Justiça instalará justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Foram extintos os Tribunais de Alçada e seus membros passaram a integrar os Tribunais de Justiça dos respectivos
Estados, respeitadas a antiguidade e classe de origem (art. 4º da EC 45/2004).
Com fundamento no art. 96, I, a, “compete privativamente aos tribunais eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
regimentos internos”, estando pacífico o entendimento do STF no sentido de que apenas os desembargadores
podem participar de tal eleição, sendo inconstitucional a norma estadual que possibilitar a participação de juízes
vitalícios.
Segundo a CF/88, o regime jurídico da magistratura será definido pelo estatuto da magistratura (art. 93 da CF).
É inconstitucional a criação de órgãos de fiscalização por lei estadual, já que nenhum diploma normativo que diga
respeito a regime jurídico da magistratura poderá ser editado por lei que não seja da iniciativa do STF. Daí porque
qualquer ato administrativo ou legal que não siga esse parâmetro do artigo 93 é inconstitucional.
O quórum de aprovação do Estatuto da Magistratura é a maioria absoluta (lei complementar). Tal estatuto terá
amplitude imensa, desde a observância dos princípios constitucionais até o estabelecimento das atribuições do CNJ.
Atualmente, esse Estatuto não existe, então o regime jurídico da magistratura é disciplinado pela LOMAN, à luz da
Constituição. Esse estatuto da magistratura vai substituir a LOMAM.
Segundo a LOMAN, é dever do magistrado “cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as
disposições legais e os atos de ofício” (art. 35, I da LOMAN).
Cumprir e fazer cumprir as disposições e os atos tem uma amplitude bastante abrangente, incluindo desde a fase de
conhecimento até a fase de execução, bem como não só os atos judiciais examinados, como também as atividades
dos escrivães, etc.
É também dever do magistrado “não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar” (art. 35, II
da LOMAN).
A regra, infelizmente, tem sido o extrapolamento dos prazos, porque o volume de processos hoje é muito grande,
está muito além daquilo que o legislador infraconstitucional imaginava que iria. A organização mundial da saúde
recomenda que cada magistrado trabalhe com cerca de 500 feitos distribuídos por ano, o que, via de regra, não
ocorre no Brasil. Os tribunais, até por questões orçamentárias, estão procurando novas formas de suprir essas
dificuldades. Existem certas técnicas de organização judiciária e de racionalização do trabalho que precisam ser
utilizadas.
Uma das soluções é possibilitar que os atos de mero expediente sejam delegados aos escrivães. É o que se chama de
delegação de atos à serventia. Essa hipótese que já era prevista no CPC foi explicitamente consignada na CF (EC nº
45/04). O juiz pode realizar uma disciplina dessa matéria através de portaria, por exemplo. Nos estados, as
corregedorias podem estabelecer normas que disponha sobre isso. É uma tecnologia que deve ser estimulada e deve
ser usada como forma de diminuir a quantidade de conclusões.
Há mais, hoje se discute o processo digital, e essa é uma realidade, essa transformação está ocorrendo
paulatinamente, e visa resolver problema de tempo e de espaço físico na vara.
Devido à enorme carga de demanda, o STJ tem utilizado um sistema de fundamentação adequada, mas não
exaustiva; significa dizer que os acórdãos são redigidos de forma extremamente bem elaborada mas dentro daquela
extensão necessária para a resolução do litígio.
Atualmente, o CNJ tem exigido que o magistrado tenha um conhecimento administrativo da atividade jurisdicional.
O magistrado excelente hoje é aquele que detém conhecimento, não só jurídico e ético, mas em especial detém
conhecimento de administração, capaz de organizar e resolver problemas dentro do cartório.
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O Juiz, por exemplo, precisa ter conhecimento de informática, porque em função das inúmeras demandas
repetitivas, as sentenças são produzidas em série; um dos recursos existentes são as tabelas processuais unificadas,
utilização de certas classificações comuns nos processos que permitem a identificação de causas semelhantes,
prolatando-se sentenças de igual teor, apenas com pequenas adaptações para o caso concreto.
O prazo máximo admissível pelo CNJ para que uma sentença seja prolatada é de 100 dias.
Também é dever do magistrado “determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem
nos prazos legais” (art. 35, III da LOMAN), bem como “tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério
Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a
qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência” (art. 35, IV da
LOMAN).
A urbanidade é o tratamento com educação e cortesia (conforme Código de ética), não existindo poder hierárquico
sobre os advogados e membros do Ministério Público.
São deveres do magistrado, ainda, “residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver
subordinado” e “comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término” (arts. 35, V e VI da LOMAN). Quanto à residência na comarca, cada tribunal
tem critérios específicos para a regulamentação dessa autorização, segundo o CNJ.
Por fim, são também deveres do magistrado “exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no
que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes” e “manter conduta
irrepreensível na vida pública e particular” (art. 35, VII e VIII da LOMAN).
O juiz, no exercício da jurisdição, é o responsável direto por aplicar as sanções administrativas em face de faltas
funcionais dos servidores que lhes estão vinculados. Os juízes, mais do que qualquer outro cidadão, devem
observância às normas legais, cumprindo-as e exigindo o mesmo dos seus subordinados.
No que tange às custas e emolumentos, são modalidades de tributos (taxas) segundo o STF. Há uma diferença entre
custas e emolumentos. As custas são exigidas para o custeio das atividade dos escrivães judiciais, ou seja, são
exigidas no processo judicial. Por outro lado, emolumentos são valores devidos aos agentes delegados do foro
extrajudicial (registradores de notas, tabelionato de notas, protestos). Há distinção também quanto ao termo
“despesas processuais”, pois despesas processuais são os dispêndios que não constituem custas nem emolumentos,
que são feitos para saldar determinados eventos processuais, como por exemplo, o deslocamento do oficial de
justiça, que é pago através de despesas processuais.
Em todos esses casos o magistrado tem o dever funcional de velar pela exata cobrança, ou seja, se houver cobrança
excessiva ou a menor, ou irregular cobrança, o magistrado tem o dever funcional de apurar os fatos, determinar o
recolhimento correto e ainda apurar administrativamente uma falta funcional.
É dever do juiz, por ser um membro de Poder da República, atender ao decoro que o cargo exige, mantendo conduta
irrepreensível tanto na vida pública quanto na privada. Esta talvez seja a baliza mais importante para a construção
do código de ética da magistratura, porque manter conduta irrepreensível é uma clausula aberta, que permite
amplíssima interpretação, que varia conforme o momento histórico e social.
Nos termos do art. 93, IX da Constituição, o juiz tem o dever de fundamentar suas decisões. A ausência de
fundamentação constitui quebra de dever funcional. Porém, não se pode confundir ausência de fundamentação com
fundamentação insuficiente.
Outro dever funcional do magistrado é prestar as informações aos órgãos de segunda instancia a respeito de suas
atividades e dos processos que excederam carga, nos termos do art. 39 da LOMAN (até o dia dez de cada mês).
O CPC dispõe, no art. 125, que o juiz deve “assegurar às partes igualdade de tratamento”, “velar pela rápida solução
do litígio”, “prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça”, bem como “tentar, a qualquer
tempo, conciliar as partes”.
Ao juiz incumbe a direçao do processo, conferindo-lhe impulso oficial (art. 262 do CPC), para que o caso levado à
apreciação jurisdicional seja resolvido com justiça.
Existe o dever de declarar-se suspeito ou impedido de ofício, quando ocorrer alguma das hipóteses para tanto.
Talvez o dever de maior importância do magistrado seja a observância da razoável duração do processo, insculpido
no art. 5º , LXXVIII da CF.
Significa que o juiz deve conduzir o processo da forma mais célere possível, evitando delongas. Isso pode constituir
falta funcional, agora baseado no artigo 5º. Como é que se examina isso? Tem se desenvolvido uma tecnologia para
prever a duração razoável do processo. O CNJ considera prazo não razoável aquele que ultrapassa em 4 anos o prazo
final (foi tirada uma conclusão pela meta 2 de nivelamento, ou seja, aqueles processo distribuídos até 31.12.2005 e
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não julgados até 31.12.2009). Então a meta 2, na medida do possível, está sendo aplicada por todos os tribunais do
país, e esse é o conceito de razoável duração do processo atualmente, mas não há nenhuma vinculação científica ou
metodológica para esse critério, de fato que não existe explicação de como se chegou a essa conclusão.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos traz três critérios objetivos para aferir a razoabilidade: a complexidade da
causa, o comportamento das partes, e o modo de conduçao do processo pela autoridade. Tais critérios objetivos
oferecem um maior balizamento para “a doutrina do não prazo”, adotada pela corte europeia e pelos tribunais
brasileiros.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos, via de regra, ao analisar um processo de alegada violação à duração
razoável do processo, o faz através de três passos: em primeiro lugar, o tribunal analisa a efetiva duração do
processo fixando o período a ser considerado; após, considera os critérios objetivos para aferição da razoabilidade
do prazo; finalmente, pronuncia-se sobre a violação do direito e sobre o pedido formulado.
A tentativa de conciliar as partes é obrigatória para o juiz. Essa atividade é decorrente do ofício do magistrado.
Entretanto, na tentativa de fazer as partes anteverem as possibilidades de sucesso e de fracasso de suas pretensóes,
nao deve o juiz prejulgar a causa, tampouco exteriorizar seu entendimento sobre o mérito.
A proposito dos deveres dos magistrados, importante também a leitura da norma encartada nos artigos 445 e 446,
ambos do CPC.
De acordo com o art. 445 do CPC, o juiz exerce o poder de policia, competindo-lhe: manter a ordem e o decoro na
audiência, ordenar que se retirem da sala da audiencia os que se comportarem inconvenientemente, e requisitar a
força policial. Quanto à requisição de força policial, o art. 794 do CPP tem o mesmo sentido.
Além disso, o CPC (art. 446) dispõe que compete ao juiz, em especial, dirigir os trabalhos da audiência, proceder
direta e pessoalmente a colheita das provas, e exortar os advogados e o órgão do Ministério Publico a que discutam
a causa com elevação e urbanidade.
Para o cumprimento dos deveres funcionais outrora elencados, existem diversas garantias.
São basicamente duas as garantias da magistratura: garantias institucionais e garantias funcionais.
As garantias institucionais são garantias previstas na lei, necessárias à independência do Poder Judiciário como
instituição. Tais garantias subdividem-se em autonomia orgânico-administrativa e autonomia financeira.
Na autonomia orgânico-administrativa, os tribunais têm a prerrogativa constitucional de se auto-organizarem
administrativamente (art. 96, I da CF), ou seja, tudo que diz respeito ao tribunal deve ser regulado por ele. Tal
garantia trata-se de decorrência do pacto federativo.
Por outro lado, a garantia da autonomia financeira significa que cada tribunal elabora sua proposta orçamentária. No
âmbito federal, o presidente do STF é o responsável pela elaboração da proposta orçamentária, pois é ele quem
recebe e consolida a proposta dos TRF´s e demais tribunais federais, assim como dos tribunais superiores. Se não
houver o encaminhamento, a consequência vai ser a consideração do orçamento do exercício atual. De qualquer
forma, é possível que o Poder Executivo faça correções em caso de excesso.
Até o dia 20 de cada mês, deve haver o repasse de duodécimos de verbas orçamentárias ao Poder Judiciário (art.
168 da CF), sob pena de intervenção estadual ou federal, sendo uma garantia importante para fazer frente às suas
despesas.
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Conforme §2º do art. 98 da CF, “as custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços
afetos às atividades específicas da Justiça”. Essa previsão é importantíssima, porque antes havia discussão sobre a
possibilidade dos valores recolhidos a título de custa e emolumentos terem outra destinação, mas atualmente é
pacífico que tudo que for arrecadado deve ser utilizado para o custeio das atividades judiciais.
No que tange à cobrança de valores para a atividade jurisdicional, interessante destacar a existência das serventias,
pois, segundo o art. 31 do ADCT, “serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados
os direitos dos atuais titulares”.
São duas espécies de serventias: foros judiciais e foros extrajudiciais.
As serventias dos foros judiciais são estatizadas, equivalem às atividades dos escrivães.
Por outro lado, as serventias do foro extrajudicial não são estatizadas, são exercidas em caráter privado, por
delegação do Poder Público (art. 236 da CF). Ou seja, são privatizadas, correspondendo às atividades dos agentes
delegados.
Todas as despesas judiciais arrecadadas pelas serventias judiciais são vertidas para um fundo para o custeio dessas
atividades.
Quanto às serventias extrajudiciais, apesar de serem privatizadas, também recebem valores (emolumentos), pois
tais emolumentos servirão como remuneração dos próprios agentes delegados. Além disso, existem percentuais em
lei estaduais em todo o país que aplicam determinado percentual e taxam essas atividades dos foros extrajudiciais.
Então esses valores também vão para fundos específicos.
É interessante a seguinte pergunta: como podem coabitar os poderes de fiscalização do CNJ com essa autonomia
orgânico administrativa dos tribunais prevista no art. 96?
Resposta: Na verdade essa autonomia orgânica administrativa é de construção desse poder, ou seja, através da
legislação é que vai se dispor sobre a organicidade do poder. Ou seja, quaisquer vícios decorrentes da organização
judiciária derivam de normas extraídas de leis ou das Constituições (Estadual e Federal), que se sujeitam à análise de
sua legalidade ou constitucionalidade, fugindo, portanto, do poder fiscalizatório do CNJ. Porém, o CNJ pode fazer a
fiscalização orçamentária, ou seja, o uso do dinheiro público, fiscalização quanto à forma de estruturação que está
sendo dada, em algumas serventia isso pode também porque é um fator correcional, a estrutura, o comportamento
dos tribunais em geral, a forma de despesa pública realizada.
Quanto às garantias funcionais do magistrado, têm sobretudo duas finalidades: independência e imparcialidade do
magistrado. São garantias dos magistrados enquanto no exercício do cargo, daí porque também são conhecidas
como garantias funcionais dos órgãos.
As garantias da magistratura são prerrogativas institucionais do Poder Judiciário, e não da pessoa física do juiz, ou
seja, não são benefícios de caráter pessoal dos magistrados.
Elas reguardam a independência dos magistrados, do Poder Judiciário e julgamentos incólumes de influências.
Não são privilégios ou favorecimentos de qualquer ordem a uma parcela de agentes políticos, mas sim meios
efetivos de proporcionar a prestação de serviço público à coletividade realizado por agentes imparciais, destemidos
e a salvo de represálias e solicitações de favores.
Os cidadãos não poderiam confiar em um Poder Judiciário no qual o juiz ficasse à mercê de transferências e
remoções que o afastasse de determinados julgamentos.
Independência é a aptidão do órgão de produzir seus julgamentos sem que dependa de qualquer fator externo. Isso
é muito importante, independência do magistrado é algo que deve ser observado, porque quando lutamos pela
independência do juiz, estamos lutando pela democracia e pelos direitos fundamentais.
Então, quando se fala em juízes independentes, pensa-se em uma garantia de que a sociedade vai ter um amparo
democrático, de que os direitos fundamentais vão ser concedidos, em que há o controle do poder.
A independência dos magistrados se expressa em três espécies de garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade de subsídios (art. 95 da CF).
A vitaliciedade assegura ao magistrado a prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado da
decisão judicial, afastando qualquer possibildiade de perda do cargo por decisão meramente administrativa.
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Assim, o juiz não vitaliciado pode perder o cargo por decisão do tribunal. Quem é o juiz vitaliciado? É o juiz de
primeiro grau que entrou por concurso público, após dois anos de efetivo exercício do cargo, e o juiz que ingressou
na magistratura pelo quinto constitucional, que já é vitalício desde a posse.
Durante o período de vitaliciamento o que ocorre é que o magistrado fica sob o exame dos tribunais. Alguns
tribunais criaram a figura do juiz formador, juiz ao qual o juiz substituto fica atrelado e que vai examinando o
comportamento e a conduta do magistrado. O que se observa no juiz vitaliciando é a qualidade da atividade
jurisdicional, a sua produtividade, e, ainda, a sua conduta privada e pública, ou seja, todos os elementos necessários
que um juiz experiente ou o tribunal poderá observar.
Tanto para o STF quanto para o STJ, o prazo de vitaliciamento é um prazo peremptório e constitucional. O único
requisito previsto na Constituição é o prazo de dois anos. Ou seja, se o tribunal não tomar as providencias
necessárias para iniciar o procedimento administrativo disciplinar e afastar o magistrado de suas funções,
automaticamente o magistrado se torna vitalício. Então esse entendimento impõe ao tribunal que realize as
diligências para a análise da conduta do magistrado antes que se complete os dois anos, porque se completar os dois
anos e o tribunal nada deliberar, automaticamente ele se torna vitalício.
Se dentro dos dois anos o juiz cometer faltas graves, ele pode ser afastado por deliberação do tribunal, ou seja,
administrativamente, por simples deliberação. Esse é o entendimento sedimentado no STJ. Existe um procedimento
administrativo para vitaliciando e existe um procedimento administrativo para juiz vitalício. Os tribunais devem
disciplinar sobre esse procedimento no regimento interno, no qual deve ser assegurado contraditório e ampla
defesa.
Em prova escrita, embora o cerne da questão fosse vitaliciedade, foi perguntado como funciona o quinto
constitucional. A resposta é assim: os órgãos de classes (OAB e MP) indicam 06 pessoas com os requisitos
constitucionais; o tribunal reduz para 03; e, por fim, o chefe do Poder Executivo reduz para 01.
Segundo o STF, se na lista sêxtupla não existir candidato que se enquadre dentro dos requisitos constitucionais, o
tribunal pode devolver a lista para complementação ou reformulação pelos órgãos de classe. Sendo assim, pode o
tribunal recusar-se a compôr a lista tríplice dentre os seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a
alguns ou a todos eles, as qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição. Ou seja, a solução
harmônica à CF é a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para que a refaça, total ou
parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados.
A vitaliciedade vincula o titular do cargo por toda a sua vida funcional, até completar 70 anos de idade.
A vitaliciedade assegura ao magistrado a prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado da
decisão judicial (da área cível ou criminal), afastando qualquer possibilidade de perda do cargo por decisão
meramente administrativa.
No Estado Constitucional de Direito não há direitos absolutos e a vitaliciedade nao pode ser um entrave à ação do
Estado no exercício do jus puniendi a quem viole a lei.
O Juiz não vitalício pode ser promovido para tornar-se Juiz de Direito, Juiz Federal ou Juiz do Trabalho, assim como o
Juiz Substituto pode ser vitalício. Os temas não se confundem uma vez que vitaliciedade é adquirida pelo decurso do
prazo de dois anos, contados da posse no cargo de Juiz Substituto, quer tenha havido ou não a promoção do juiz
nesse prazo.
É incorreto utilizar o termo “efetivo” para juízes. O juiz nunca se tornará efetivo, ele se tornará vitalício!
A regra para decidir sobre o não vitaliciamento é do tribunal, porém, se o processo administrativo tiver sido avocado
pelo CNJ, ele poderá deliberar em desfavor do ato.
Caso o juiz seja vitaliciando, ou seja, caso não tenha completado o período de dois anos, o CNJ pode deliberar sobre
o não vitaliciamento, desde que garantido o processo administrativo com ampla defesa e contraditório.
Existem duas exceções à regra de que o juiz vitalício só pode ser exonerado por sentença judicial transitada em
julgada: ministros do STF e membros do CNJ.
Ambos podem ser processados por irresponsabilidade perante o Senado, podendo ser destituídos do cargo (art. 52,
II da CF). Destaque-se, nesse ponto, que é correto dizer que os membros do CNJ possuem as mesmas prerrogativas
dos magistrados, por conta de seu regimento interno.
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Irredutibilidade de subsídios assegura que o magistrado não tenha redução do valor de seus subsídios, salvo
imposição legal (ressalvado o disposto nos artigos 37, X e XI, 39, §4, 150, II, 153, III, e 153, §2, I, da CF).
Conforme entendimento do CNJ e do STF, o magistrado tem uma imposição de se dedicar à jurisdição. O juiz não
pode deixar as suas atividades jurisdicionais e dar prioridade, por exemplo, às atividades de magistério.
Essa imposição legal impõe que os subsídios sejam compatíveis para que ele possa se dedicar somente a essa
atividade. Então a irredutibilidade de subsídios significa o seguinte: uma vez fixado o subsídio em lei, o magistrado
tem o direito constucional de ter remuneração compatível.
Entretanto, o próprio STF afirma que a irredutibilidade dos subsídios é uma irredutibilidade nominal e não real.
A partir da EC 19/98, os agentes políticos, inclusive os magistrados, deixaram de ser remunerados segundo o sistema
de vencimento e passaram a ter remuneração pelo sistema de subsídio, modalidade remuneratória estabelecida em
parcela única, fixado ou modificado por lei específica, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória de qualquer origem. Desfez-se, portanto, a
situação excessivamente favorável aos magistrados no sentido de incorporar adicionais, e, consequentemente,
aumentar-se seu valor.
O subsídio possui um teto remuneratório. Ninguém pode ganhar mais do que ministro do STF. Mas, além disso,
existem outros limites: subteto dos tribunais superiores (máximo de 95% do valor do STF) e subteto dos
desembargadores (máximo de 90,25% do valor do STF).
Se, por exemplo, os desembargadores, além dos 90,25%, ganharem subsidio em função de atividade eleitoral, e
somadas outras gratificações ele receber valor superior, ele deve obedecer o teto máximo, não podendo excedê-lo.
Porém, existe uma situação excepcional. O art. 37, §11º da CF estabelece que as parcelas de caráter indenizatório
previstas em lei podem ultrapassar o teto. Como não existe atualmente lei dispondo sobre o assunto, qualquer
parcela indenizatória pode sobrepujar o teto, bastando que os tribunais superiores entendam que se trate
realmente de parcela indenizatória.
Lembre-se: a remuneração dos magistrados é escalonada, ou seja, parte do sub teto e vai descendo, de 10 em 10%
ou de 5 em 5%, conforme o numero de entrância (na justiça estadual). Na Justiça Federal só há diferença
remuneratória entre juiz federal substituto, juiz federal titular (geralmente 10% a mais do que aquele) e
desembargadores.
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República, quando a pretensão seja comum a outras categorias de servidores públicos. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento. (Rcl 16065 AgR)
A Imparcialidade do magistrado remete à equidistância. Ou seja, significa que o juiz não pende nem para um lado
nem para outro, ele julga com total isenção.
Qual é o vício processual quando o juiz é parcial? O juiz que perde a imparcialidade pode ser dado como suspeito ou
impedido. Isso vai gerar uma nulidade dentro do processo, e essa nulidade se refere a pressuposto processual
positivo relativo ao juiz.
O processo será relativamente nulo se houver suspeição, e será absolutamente nulo se houver impedimento.
As garantias de imparcialidade são chamadas de vedações. (art. 95, p.u. da CF):
Art. 95. (...)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
É justamente nesse sentido a orientação do CNJ de se vedar que os cargos da justiça desportiva sejam ocupados por
magistrados. Segundo o STF, as vedações formais impostas constitucionalmente aos magistrados objetivam, de um
lado, proteger o próprio Poder Judiciário, de modo que seus integrantes sejam dotados de condições de total
independência e, de outra parte, garantir que os juízes dediquem-se, integralmente, às funções inerentes ao cargo,
proibindo que a dispersão com outras atividades deixe em menor valia e cuidado o desempenho da atividade
jurisdicional, que é função essencial do Estado e direito fundamental do jurisdicionado.
É uma determinação desde a época da revolução francesa, cuja finalidade é impedir que o magistrado se aproprie da
coisa pública, já que acabaria revertendo em seu proveito os resultados financeiros das atividades jurisdicionais.
O juiz tem uma independência de natureza político-partidária, não podendo se envolver com partido. Porém, ele
tem uma vinculação política estatal, se envolvendo com os direitos fundamentais e com a democracia, no qual o
envolvimento partidário certamente seria ameaçador para sua imparcialidade. É óbvio que isso não significa que,
como cidadão, ele não possa ter suas ideologias políticas e exercer o direito ao voto.
Tratam-se de dois incisos inseridos pela EC 45/04. O inciso V retrata a famosa quarentena de saída, cujo principal
objetivo é impedir qualquer resquício de influência que o juiz recem-afastado do cargo, e doravante na condição de
advogado, pudesse vir a exercer sobre seus pares.
Ainda acerca das vedações, a LOMAN, em seu art. 36, dispõe que é vedado ao magistrado: “exercer o comércio ou
participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista”, “exercer cargo
de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de
associação de classe, e sem remuneração”, e “manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre
processo pendente de julgamento seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de
órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério”.
Por fim, justamente para alcançar a imparcialidade, são concedidas ao magistrado algumas prerrogativas (art. 33 da
LOMAN): “Ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de
instância igual ou inferior”, “Não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial competente
para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e
apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado”; “Ser recolhido a prisão especial, ou a
sala especial de Estado-Maior, por odem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente quando sujeito
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a prisão antes do julgamento final”, “Não estar sujeito a notificação ou intimação para comparecimento, salvo a
expedida por autoridade judicial” e “Portar arma de defesa pessoal”.
Se, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial (civil
ou militar) remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que
prossiga na investigação.
Os juízes têm prerrogativa de portar arma de defesa pessoal em todo o território nacional. Trata-se do denominado
porte funcional de arma, que dispensa autorização ou licença de outras autoridades, inclusive da localidade
territorial diversa do Tribunal a que esteja vinculado o magistrado.
O porte de arma conferido aos juízes não está abarcado pelas limitações previstas ao porte na legislação ordinária
que disciplina a matéria (lei 10.826;2003), pois a LOMAN é lei complementar e permite ao juiz portar armas de
defesa de uso permitido e de uso restrito com a única exigência do regular registro no órgão competente.
Segundo o STF, a LOMAN confere aos seus membros a prerrogativa de portar arma de defesa pessoal, sem prever
qualquer requisito para o exercício dessa prerrogativa, não podendo lei ordinária estabelecer critérios não previstos
na lei complementar que regula a matéria.
ENDOCULTURAÇÃO
- Processo de aprendizagem e educação em uma cultura desde a infância
- Processo que estrutura o condicionamento da conduta, dando estabilidade à cultura
- Está ligada à necessidade de homogeneidade nas sociedades
- Não é preciso assimilar toda a cultura de um povo para estar condicionado a certos aspectos particulares dela
ACULTURAÇÃO
- Fusão de culturas diferentes que, em razão do contato contínuo, passam a ter seus padrões alterados
- O intercambio cultural constante pode gerar novas sociedades (novas culturas), o que costuma ocorrer, por
exemplo, com as grandes conquistas
- Aculturação jurídica: processo de recepção do direito alienígena
DIFUSÃO CULTURAL
- Elementos de uma cultura se difundem de uma sociedade para outra
- Perpassa pela apresentação dos elementos culturais novos a uma sociedade, sua aceitação pela sociedade e sua
integração na cultura existente
- Isolamento e condições geográficas impedem a difusão cultural
a. Equidade
Derivado do latim aequitas, deaequus (igual, equitativo), antigamente era tido em sentido análogo ao de justiça,
pelo que, por vezes se confundiam.
Para Aristóteles, existe um gênero de justo que envolve a Lei e a equidade, que são espécies desse gênero. Dessa
forma, a Lei e a equidade são penetradas pela ideia do justo, num espaço de justiça, mas com ela não podem ser
confundidos, pois não raro ele constata a existência de algo que não é justo, ainda assim ser bom e vice-versa.
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O legislador não é onisciente e, assim, pode constituir uma Lei que apresente uma lacuna que vem a ferir o exercício
de direitos subjetivos. Esta lacuna, fruto da ação do legislador, pode se ocorrer pela negligência do próprio legislador
sem que isso represente a sua vontade ou, reconhecendo que a Lei não pode ser absoluta, por sua vontade ele
estatui princípios gerais que fomentam a existência da lacuna.
Ora, em sendo a lei geral, fica difícil para ela atender às condições excepcionais que acabam ocorrendo a partir da
imensa variedade das relações humanas e de sua consequente complexidade. Para poder se manter numa
perspectiva universal é que a justiça se mantém próxima da equidade, pois este é o justo independente da Lei
escrita, na verdade, é uma condição de existência da própria Lei em relação ao espaço social distinto e
indeterminável. Com a espécie de equidade, a justiça pode desdobrar-se sem perder a capacidade de, guardada a
sua condição de universalidade, perceber o particular, o específico.
A equidade é tipicamente um critério formal de decisão de casos singulares e não um critério normativo, pois não se
eleva e nem necessita elevar-se à formulação de regras. Ela dita soluções para casos, atendendo às peculiares
características destes. Não elabora regras, pois não tem intuito generalizador; não lhe interessam outros casos,
embora semelhantes.
Não é de se aplaudir a qualificação da equidade como fonte do direito. Se fontes do direito são os modos de
formação e revelação de regras jurídicas, a equidade, como critério formal de decisão, está inteiramente fora desta
noção. Não só por meio dela não se criam regras com a própria solução do caso não se faz por meio da medição de
uma regra suposta, embora elaborada pelo intérprete de modo a abranger a categoria em que o caso em análise se
enquadra, mas tão-somente pelo exame das características do caso concreto.
A equidade representa o mais significativo processo extrassistemático de integração de lacunas. Nestes processos, a
solução a que se chegar não tem de ter conformidade ao sistema, ao conjunto das disposições vigentes; pode
extravasar delas e fundar-se em outros princípios.
A solução pela equidade é a que se dá em harmonia com as circunstâncias do caso concreto, e não com quaisquer
injunções, mesmo indiretas, do sistema jurídico. A equidade, segundo a definição que referimos, é a justiça do caso
concreto, ao qual se adapta plenamente, porque valoriza as circunstâncias de cada espécie.
Observe-se que, mesmo quando a lei remete para a equidade, como para qualquer outro critério formal de solução,
não deixa de haver uma lacuna de regulamentação.
Perante a referência aos princípios gerais do direito, da primitiva lei de introdução ao CC brasileiro, houve quem
pretendesse que era afinal a equidade que se tinha em vista; e posições análogas têm sido defendidas perante a
nova lei.
Artigo 127 do CPC brasileiro, em virtude do qual o juiz só decidirá pela equidade nos casos previstos em lei.
Quando decide segundo a equidade, o juiz não decide segundo uma norma, mas segundo as características do caso
concreto. Não abstrai procurando uma solução adequada a todos os casos daquele tipo - uma regra - mas pelo
contrário considera o caso nas duas particularidades, de maneira a encontrar uma solução que a ele especificamente
se adapte, à luz do valor da justiça.
A equidade, como a justiça, está constantemente presente na ordem jurídica, e aliás mantém com a justiça uma
relação dialética, pois pode surgir-nos como sua manifestação, ou como sua rival.
Para melhor apurar-se o significado da equidade, a seguir é feita uma série de distinções quanto aos níveis de
incidência possível desta:
1ª) Aplicação da regra: Na aplicação da regra não se pode buscar tudo em sede de interpretação; há um plus que se
tem de ir buscar à própria análise do caso concreto. Esta adaptação da regra generalizadora às circunstâncias do
caso concreto não será justamente a equidade?
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A ser assim, a equidade não deveria ser entendida como um processo alternativo da aplicação da lei, mas como um
modo indispensável da aplicação da lei às circunstâncias do caso. Este entendimento é certo: o ajustamento da
regra ao caso é função da equidade.
2ª) Complemento das cláusulas gerais: A lei limita-se muito frequentemente a uma orientação ampla e vaga, como
veremos a seguir, obrigando ao intérprete a uma acrescida intervenção para a solução do caso concreto.
Põe-se aqui com maior acuidade o problema da qualificação da atuação do intérprete. A sua intervenção, dentro do
amplo campo de manobra que lhe é deixado pela regra, não será justamente uma intervenção equitativa? Também
aqui a resposta deverá ser afirmativa.
3ª) Medida da consequência jurídica: A equidade tem uma intervenção precisa, como medida de uma solução.
Muitas vezes, o efeito jurídico exige uma quantificação. A indenização devida terá de ser especificada; o preço não
fixado deverá ser reduzido a um valor exigível; até a prisão terá de ser medida num lapso temporal, abandonando-se
a variação abstrata da pena aplicável. Ex.:
“3. O acórdão recorrido, examinando a complexidade da causa, o grau de zelo dos profissionais,
bem como os demais elementos fáticos presentes nos autos e as circunstâncias processuais
envolvidas, reduziu o valor arbitrado pela sentença de mérito utilizando-se de critérios de
equidade. Não se revelando exorbitante o montante fixado, mostra-se absolutamente inoportuna a
intervenção desta Corte Superior, devendo ser integralmente mantida a quantia estabelecida pelo
Tribunal de origem. (REsp 1409631)
Esta concretização só é possível atendendo às circunstâncias do caso. De nenhuma regra será possível concluir que a
indenização consistirá em 80, ou em 81, ou em 82. Só à equidade se poderá ir buscar este suplemento que nos
permite um desenvolvimento a que a lei pode já atender.
A lei dá conta deste fenômeno: fala-se por vezes em retribuição equitativa ou, neste sentido, em retribuição justa.
Mas parece importante notar que, mesmo onde a lei nada diz, o efeito não pode deixar de ser o mesmo. Quando a
lei comete ao juiz a função de fixar uma retribuição, sem nada acrescentar, o juiz só pode chegar a esse desiderato
por meio de critérios equitativos, mediante a ponderação das circunstâncias do caso concreto. Só poderá fixar uma
retribuição equitativa.
4ª) Permissão legal ou negocial: A lei atribui por vezes à equidade a solução do caso. Diz que se resolverá segundo a
equidade ou, o que é o mesmo, atendendo às circunstâncias do caso. Também as partes podem determinar que se
paute pela equidade a solução dos litígios que se suscitem. Ver art. 2º da Lei 9.307/96:
Art. 8º da CLT
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe
ou particular prevaleça sobre o interesse público.
5ª) Lacuna da lei: Vimos a propósito da integração das lacunas, o que pensar quanto à equidade como método de
integração.
6ª) Substituição da lei: A equidade pode servir como critério de decisão, por afastamento dos critérios legais. É esta
talvez a matéria que está mais frequentemente em causa nas discussões sobre equidade.
Nestes dois últimos casos, porém, a lei é muito restritiva na admissão da equidade, como sabemos: o trecho
fundamental é o do referido art. 127 do CPC.
Podemos dizer que, havendo solução ou critério legal, só se pode chegar a uma decisão pela equidade:
a) quando disposição especial o permitir;
b) quando houver acordo das partes nesse sentido.
CIÊNCIA OU TÉCNICA.
DIREITO COMO TÉCNICA/ARTE
- Premissa de que o Direito não tem existência concreta: só haveria Ciência das Leis ou Ciência da
Jurisprudência.
- Para outros, o Direito teria relação com a literatura, dado seu caráter narrativo
TEORIAS NEGATIVAS
- 2º Estágio: dificuldade de separar o objeto da Ciência do Direito do objeto das ciências sociais (sociologia,
história etc.)
TEORIAS AFIRMATIVAS:
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A) KELSEN
- Tem natureza descritiva e normativa, ao contrário das ciências da natureza, que tem natureza causal
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