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PONTO 7

XV CONCURSO JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO TRF1

Sumário

A. DIREITO CONSTITUCIONAL......................................................................................................................... 4
PODER JUDICIÁRIO. NATUREZA DA FUNÇÃO JURISDICIONAL. AS GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO. O
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL NA APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE LESÃO A DIREITO INDIVIDUAL
E A DIREITO. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL E PODER JUDICIÁRIO ESTADUAL. O SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, O CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL E OS TRIBUNAIS
REGIONAIS FEDERAIS. A JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA FEDERAL. ..... 4
a) Noções Gerais ...................................................................................................................................... 4
b) Órgãos do Poder Judiciário .............................................................................................................. 4
c) Estatuto Constitucional da Magistratura ....................................................................................... 4
d) Quinto Constitucional........................................................................................................................ 8
e) Garantias Constitucionais ................................................................................................................ 9
f) Competência ...................................................................................................................................... 13
g) Quórum das Decisões: Maioria Absoluta e Reserva de Plenário ............................................ 14
h) Juizados Especiais e Juízes de Paz................................................................................................. 14
i) Autonomia do Poder Judiciário ..................................................................................................... 16
j) Precatório .......................................................................................................................................... 16
k) Supremo Tribunal Federal ............................................................................................................. 22
l) Composição ..................................................................................................................................... 22
m) Competência ............................................................................................................................... 22
n) Competência Originária ........................................................................................................... 22
o) Competência: Recurso Ordinário ........................................................................................... 27
p) Competência: Recurso Extraordinário .................................................................................. 27
q) Competência: ADPF ................................................................................................................... 28
r) Competência: ADI e ADECON ................................................................................................... 28
s) Recurso Extraordinário: Repercussão Geral ........................................................................ 28
t) Competência: ADI e ADECON ................................................................................................... 29
u) Competência: Súmula Vinculante ........................................................................................... 29
v) Conselho Nacional De Justiça ......................................................................................................... 30
w) Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................................... 33
x) Justiça Federal................................................................................................................................... 37
y) Tribunais de Justiça dos Estados .................................................................................................. 47
B. DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................................................................... 50
SERVIDORES PÚBLICOS. REGIME CONSTITUCIONAL. REGIMES JURÍDICOS: O SERVIDOR ESTATUTÁRIO E O
EMPREGADO PÚBLICO. CARGOS E FUNÇÕES. DIREITOS E DEVERES DOS SERVIDORES ESTATUTÁRIOS.
PROCESSO DISCIPLINAR. .............................................................................................................................. 50
Introdução ................................................................................................................................................. 50
Regime Constitucional ............................................................................................................................ 52
Acesso a funções, cargos e empregos públicos............................................................................... 52
Associação sindical .............................................................................................................................. 55
Direito de greve .................................................................................................................................... 56
Remuneração dos agentes públicos ................................................................................................. 56
Administração Tributária................................................................................................................... 59
Vedação à acumulação de cargos, funções e empregos públicos................................................ 59
Servidores em exercício de mandados eletivos ............................................................................. 60
Regimes Jurídicos: o Servidor Estatutário e o Empregado Público. .............................................. 60
Regime Jurídico único e a extinção de sua obrigação pela EC 19/98 ........................................ 60
O regime de emprego público na administração federal direta, autárquica e fundacional . 62
Direitos e garantias dos servidores em geral aplicáveis aos servidores públicos .................. 63
Estabilidade....................................................................................................................................... 64
Cargos e Funções ...................................................................................................................................... 65
Definições .............................................................................................................................................. 65
Formas de provimento dos cargos públicos ................................................................................... 65
Posse ....................................................................................................................................................... 67
Exercício ................................................................................................................................................. 67
Estágio Probatório ............................................................................................................................... 67
Formas de vacância dos cargos públicos ......................................................................................... 68
Direitos e deveres dos servidores estatutários.................................................................................. 69
Dos Direitos ........................................................................................................................................... 69
Do Regime Disciplinar ......................................................................................................................... 71
Responsabilidade do servidor e processo disciplinar ...................................................................... 74
Responsabilidade do servidor ........................................................................................................... 74
Instrumentos de apuração da responsabilidade dos servidores públicos ............................... 74
Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Normas e Princípios Constitucionais. O Novo
Regime Previdenciário. ........................................................................................................................... 77
As regras de transição ............................................................................................................................. 86
C. DIREITO PENAL ......................................................................................................................................... 95
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E DA PENA. .............................................................................. 95
D. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................... 99
EXECUÇÃO PENAL. ....................................................................................................................................... 99
E. DIREITO CIVIL ......................................................................................................................................... 131
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO. TEORIA DOS RISCOS.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS. COMPRA E VENDA. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. MANDATO. ............. 131
1.1 CONTRATO ....................................................................................................................................... 131
1.2 Conceito .......................................................................................................................................... 131
1.3 Classificação dos contratos ............................................................................................................. 131
1.3.1 Considerados em si mesmos (principais classificações) .......................................................... 132
1.3.1.1.1.1.1 EXCEPTIO NON INADIMPLETI CONTRACTUS................................................................. 132
1.3.2 Reciprocamente considerados ................................................................................................. 134
1.3.3 Outras classificações ................................................................................................................ 135
1.4 Elementos constitutivos do contrato (Olindo Menezes) ................................................................. 139
1.5 Teoria dos riscos (Olindo Menezes)................................................................................................. 141
1.6 Vícios redibitórios ............................................................................................................................ 142
1.7 CONTRATO DE COMPRA E VENDA. () .............................................................................................. 143
1.8 COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA ........................................................................................... 149
1.9 CONTRATO DE MANDATO ............................................................................................................... 153
F. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................... 156
SUJEITOS DO PROCESSO: O JUIZ, SUA ATUAÇÃO E PODERES, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO; PARTE E
RESPECTIVO CONCEITO MATERIAL E PROCESSUAL, ESPÉCIES, REPRESENTAÇÃO, LEGITIMAÇÃO
ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA; SUJEITOS ESPECIAIS DO PROCESSO; O MINISTÉRIO PÚBLICO, SUA
ATUAÇÃO COMO PARTE E FISCAL DA LEI, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO; A ADVOCACIA, PRIVADA E
ESTATAL, INCLUSIVE A DEFENSORIA PÚBLICA. DEVERES DAS PARTES, SEUS PROCURADORES E DEMAIS
PARTÍCIPES DO PROCESSO; SUBSTITUIÇÃO E SUCESSÃO DE PARTES E PROCURADORES. REPRESENTAÇÃO
TÉCNICA. .................................................................................................................................................... 156
Juiz ......................................................................................................................................................... 157
Partes ..................................................................................................................................................... 160
Sujeitos Especiais do Processo .............................................................................................................. 165
Ministério Público ................................................................................................................................. 165
Advogado e Defensoria Pública ............................................................................................................ 166
Advogado ........................................................................................................................................... 166
Advocacia Estatal .............................................................................................................................. 167
Defensoria Pública ............................................................................................................................ 167
G. DIREITO PREVIDENCIÁRIO ...................................................................................................................... 168
PRESTAÇÃO. CARÊNCIA. BENEFÍCIOS. RENDA MENSAL INICIAL. APOSENTADORIAS, AUXÍLIOS E PENSÕES.
PRESCRIÇÃO. .............................................................................................................................................. 168
PRESTAÇÃO .............................................................................................................................................. 168
CARÊNCIA ................................................................................................................................................. 168
Prazos de carência ............................................................................................................................. 169
RENDA MENSAL INICIAL........................................................................................................................ 170
BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................................................ 171
Benefícios devidos aos segurados .................................................................................................. 171
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ............................................................................................. 171
APOSENTADORIA POR IDADE. ..................................................................................................... 173
Aposentadoria por idade “mista” ou “híbrida” (Lei n.º 11.718/2008) ............................... 174
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ............................................................... 175
APOSENTADORIA ESPECIAL. ........................................................................................................ 176
AUXÍLIO-DOENÇA. .......................................................................................................................... 178
AUXÍLIO-ACIDENTE. ....................................................................................................................... 179
SALÁRIO-FAMÍLIA. ......................................................................................................................... 180
SALÁRIO-MATERNIDADE. ............................................................................................................. 181
Benefícios devidos aos dependentes.............................................................................................. 182
PENSÃO POR MORTE. .................................................................................................................... 183
AUXÍLIO-RECLUSÃO. ...................................................................................................................... 185
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. ............................................................................................................... 186
H. DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO ...................................................................................................... 187
IMPOSTOS FEDERAIS: IMPOSTOS SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS (IPI). IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A
TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS (IOF). ................................................................................................... 187
Impostos sobre o Comércio Exterior .................................................................................................. 187
Imposto sobre Importação ................................................................................................................... 187
Imposto sobre Exportação ................................................................................................................... 189
Imposto sobre Produtos Industrializados ........................................................................................ 190
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou Valores
Mobiliários .............................................................................................................................................. 193
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural .................................... Error! Bookmark not defined.
Gráficos ......................................................................................................... Error! Bookmark not defined.
Imunidade Recíproca ................................................................................. Error! Bookmark not defined.
Uniformidade tributária ............................................................................ Error! Bookmark not defined.
Tributação das concessionárias ............................................................... Error! Bookmark not defined.
7. Sociedades Mistas e Fundações............................................................ Error! Bookmark not defined.
Extensão da imunidade às autarquias .................................................... Error! Bookmark not defined.
I. DIREITO AMBIENTAL .............................................................................................................................. 195
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. CONCEITO. COMPETÊNCIAS. NATUREZA JURÍDICA. REQUISITOS. ..... 195
4.1 Estudo de Impacto Ambiental – EPIA (ou EIA) / Relatório de Impacto Ambiental – RIMA ......... 195
4.2 Questões complementares sobre o tema ...................................................................................... 198
J. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ..................................................................................... 198
CONFLITOS INTERNACIONAIS. MEIOS DE SOLUÇÃO. DIPLOMÁTICOS, POLÍTICOS E JURISDICIONAIS.
CORTES INTERNACIONAIS. MÉTODOS DE SOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONTROVÉRSIAS. ARBITRAGEM.
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL. ATO ILÍCITO. IMPUTABILIDADE. DANO. FORMAS E EXTENSÃO DA
REPARAÇÃO. ............................................................................................................................................... 198
Conflitos Internacionais........................................................................................................................ 199
Meios de Solução .................................................................................................................................... 199
Meios Diplomáticos ........................................................................................................................... 199
Meios Jurídicos ................................................................................................................................... 200
Meios Políticos .................................................................................................................................... 200
Outros Meios ....................................................................................................................................... 201
Arbitragem Internacional ............................................................................................................ 201
Os Meios Coercitivos .......................................................................................................................... 201
Cortes Internacionais ............................................................................................................................ 202
Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Internacional de Justiça ...................................... 202
Corte Internacional de Justiça ......................................................................................................... 202
Tribunal Penal Internacional........................................................................................................... 203
Corte Interamericana de Direitos Humanos ................................................................................. 203
Competência Contenciosa ............................................................................................................ 203
Competência consultiva ................................................................................................................ 204
Guerra ....................................................................................................................................................... 205
Noções Gerais de Arbitragem e sua Normatização no Âmbito interno ....................................... 206
A Lei nº 9.307/96 ................................................................................................................................... 206
A Arbitragem no Âmbito Internacional ............................................................................................. 208
Arbitragem de Caráter Privado ........................................................................................................... 208
Arbitragem nos tratados....................................................................................................................... 209
Princípios da Arbitragem e Noções Gerais ........................................................................................ 209
Arbitragem no MERCOSUL ................................................................................................................ 209
Corte Permanente de Arbitragem ................................................................................................... 209
Responsabilidade Internacional ......................................................................................................... 210
Fato ilícito ................................................................................................................................................ 214
Imputabilidade ....................................................................................................................................... 216
Hipóteses de exclusão da responsabilidade ................................................................................. 217
Dano .......................................................................................................................................................... 218
Formas e extensão da reparação ......................................................................................................... 218
K. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................... 220
ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING). SOCIEDADE ANÔNIMA: AÇÕES E DEBÊNTURES. LIQUIDAÇÃO
EXTRAJUDICAL DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ....................................................................................... 220
Leasing ou arrendamento mercantil......................................................................................................... 220
7.4.3.1 Opções do arrendatário ............................................................................................................ 220
7.4.3.2 Mora do arrendatário ............................................................................................................... 220
7.4.3.3 Modalidades de leasing ............................................................................................................ 221
a. SOCIEDADE ANÔNIMA ...................................................................................................................... 224
i. Nome empresarial ............................................................................... Error! Bookmark not defined.
ii. Responsabilidade dos sócios ........................................................... Error! Bookmark not defined.
iii. Tipos de sociedades anônimas: .................................................................................................. 224
iv. Constituição de uma sociedade anônima .................................................................................. 225
1. Requisitos preliminares para a constituição de uma Sociedade anônima,
independentemente da modalidade de constituição: .................................................................... 225
2. Constituição propriamente dita ............................................................................................. 225
v. Capital Social ........................................................................................ Error! Bookmark not defined.
vi. Valores mobiliários (títulos emitidos) pelas sociedades anônimas: ......................................... 226
vii. Órgãos da companhia ...................................................................... Error! Bookmark not defined.
viii. Direitos e deveres dos acionistas .................................................... Error! Bookmark not defined.
ix. Direito de retirada (direito de recesso)........................................... Error! Bookmark not defined.
x. Administradores da sociedade anônima ............................................ Error! Bookmark not defined.
xi. Acionista controlador ...................................................................... Error! Bookmark not defined.
xii. Acordo de acionistas ........................................................................ Error! Bookmark not defined.
xiii. Dissolução, liquidação e extinção das sociedades institucionais: . Error! Bookmark not defined.
xiv. Operações societárias ...................................................................... Error! Bookmark not defined.
b. Liquidação extrajudicial das instituições financeiras ....................................................................... 227
i. Introdução....................................................................................................................................... 227
ii. Intervenção ................................................................................................................................. 228
iii. Regime Especial de Intervenção Temporária – RAET ................................................................ 229
iv. Liquidação extrajudicial .............................................................................................................. 229
L. DIREITO ECONÔMICO E PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR ......................................................................... 232
CONSTITUÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA. ORDEM CONSTITUCIONAL ECONÔMICA: PRINCÍPIOS GERAIS DA
ATIVIDADE ECONÔMICA. TIPOLOGIA DOS SISTEMAS ECONÔMICOS. ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA.
ORDEM ECONÔMICA E REGIME POLÍTICO. SUJEITOS ECONÔMICOS. ....................................................... 232
Ponto 1 - Constituição Econômica Brasileira. Ordem Constitucional Econômica: princípios
gerais da atividade econômica. Tipologia dos sistemas econômicos. ............................................. 233
1. Conceito de ordem econômica ..................................................................................................... 233
2. A constituição econômica ............................................................................................................. 233
3. A constituição econômica brasileira .......................................................................................... 233
4. Princípios gerais da atividade econômica ................................................................................ 234
1. Princípios explícitos ................................................................................................................ 234
1. Princípio constitucional econômico da soberania nacional .................................................. 234
2. Princípio da Propriedade Privada ........................................................................................... 234
3. Princípio da função social da propriedade ............................................................................. 235
4. Princípio da livre concorrência ............................................................................................... 235
5. Princípio da defesa do consumidor ........................................................................................ 238
6. Princípio da defesa do meio ambiente ................................................................................... 238
7. Redução das desigualdades regionais e sociais ..................................................................... 238
8. Princípio da busca do pleno emprego .................................................................................... 239
9. Princípio do tratamento favorecidos para as empresas de pequeno porte constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país ................................................ 239
2. Princípios implícitos ................................................................................................................. 239
1. Princípio da subsidiariedade ................................................................................................... 239
2. Princípio da liberdade econômica .......................................................................................... 239
3. Princípio da igualdade econômica .......................................................................................... 240
4. Princípio do desenvolvimento econômico ............................................................................. 240
5. Princípio da democracia econômica ....................................................................................... 240
6. Princípio da boa-fé econômica ............................................................................................... 240
5. Sistemas Econômicos (Capitalismo e Socialismo) ................................................................... 240
1. Introdução ................................................................................................................................. 240
1. O capitalismo (livre-empresa) ................................................................................................ 241
2. O socialismo ............................................................................................................................ 241
 Ponto 2 - Ordem jurídico-econômica. ............................................................................................ 242
 Ponto 3 - Conceito. Ordem econômica e regime político. ........................................................... 244
1. Conceito ............................................................................................................................................ 244
2. Ordem Econômica .......................................................................................................................... 245
3. Regime Político ............................................................................................................................... 245
 Sujeitos econômicos. ......................................................................................................................... 248
M. ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL ........................................................... 250
DIREITOS E DEVERES FUNCIONAIS DA MAGISTRATURA. ........................................................................... 250
1. Ponto 2 - Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura ......................................................... 255
N. SOCIOLOGIA DO DIREITO/FILOSOFIA DO DIREITO ................................................................................. 263
PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO DO INDIVÍDUO DO GÊNERO EM PESSOA OU ATOR SOCIAL. EQUIDADE.
.................................................................................................................................................................... 263
a. Equidade .......................................................................................................................................... 263
i. A equidade como fonte do direito ............................................................................................ 264
ii. A Integração de lacunas pela Equidade ............................................................................... 264
iii. Níveis de possível incidência da equidade.......................................................................... 264
O. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA ............................................................................................ 266
CIÊNCIA OU TÉCNICA. ................................................................................................................................ 266
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A. DIREITO CONSTITUCIONAL

PODER JUDICIÁRIO. NATUREZA DA FUNÇÃO JURISDICIONAL. AS GARANTIAS DO


PODER JUDICIÁRIO. O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL NA APRECIAÇÃO DE LESÃO
OU AMEAÇA DE LESÃO A DIREITO INDIVIDUAL E A DIREITO. PODER JUDICIÁRIO
FEDERAL E PODER JUDICIÁRIO ESTADUAL. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, O
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, O CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL E OS
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS. A JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU. LEI
ORGÂNICA DA MAGISTRATURA FEDERAL.

a) Noções Gerais

O Poder Judiciário é a estrutura estatal que tem a função de resolver os conflitos de interesse, porquanto
responsável pelo exercício da função jurisdicional.
Luiz Flávio Gomes, ao comentar sobre as funções do Poder Judiciário, ressalta:
a) aplicar a lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito de interesses
com força definitiva;
b) defesa dos direitos fundamentais;
c) defesa da força normativa da Constituição;
d) o Poder Judiciário faz o seu autogoverno;
e) o Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes;
f) o Poder Judiciário edita a chamada legislação judicial.

b) Órgãos do Poder Judiciário

Os órgãos que compõem o Poder Judiciário estão devidamente previstos no Art. 92 da nossa Constituição.
O STF reconheceu a constitucionalidade do CNJ, porque é um órgão interno do Judiciário (vide comentário ao art.
103-B)
OBS: Embora não listados pelo art. 92 da Constituição, também são órgãos do Poder Judiciário: Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (CF, art. 105, parágrafo único, I); Conselho da Justiça Federal (CF, art.
105, parágrafo único, II); Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (art. 111A, §
2º, I) e Conselho Superior da Justiça do Trabalho (art. 111A, § 2º, II). Todos, exceto o Conselho da Justiça Federal, que
já existia, foram criados pela EC. n.º 45/04.

c) Estatuto Constitucional da Magistratura

É aplicado, também, no que couber, ao MP.


Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante de concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas
as suas fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação. (Redação dada pela EC 45/04)
É a chamada QUARENTENA DE ENTRADA.
Regulamentando o assunto, há a Resolução nº 75/09 do CNJ.

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O STF entendeu que a exigência é constitucional, conforme observa-se no Info 438 (ADI 3460), mantido o
entendimento de que tal comprovação deverá ser efetuada no momento da inscrição definitiva.
No mesmo sentido seguiu o STJ (Info 310), onde concluiu-se não ser aplicável a Súm. 266/STJ a concursos
públicos relativos às carreiras da magistratura (art. 93, I, CF/88) e do MP, em vista da interpretação do STF,
na ADI 3460, ao disposto no art. 129, § 3º, da CF, o qual se identifica com o teor do art. 93, I, CF/88.
Contudo essa conclusão não implica revisão do enunciado da Súm. 266/STJ em relação a outras carreiras
para as quais se deve analisar a legislação infraconstitucional pertinente. (RMS 21426)
OBS1: Link do Dizer o Direito sobre o tema: www.dizerodireito.com.br/2012/07/em-que-momento-
devem-ser-comprovados-os.html
OBS2: O assunto está sob repercussão geral no STF, RE 655265: O relator, Min. Luiz Fux, já se manifestou
em outro processo com entendimento contrário à resolução do CNJ – Vide MS 28311
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e
merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco
alternadas em lista de merecimento;
O Plenário do STF concluiu, em julgamento de MS 30585 que, na promoção de juiz federal pelo critério de
merecimento para o TRF após a alteração pela EC 45/04, a decisão de Presidente da República é
vinculada, tendo em conta a regra geral da CF, art. 93, II, a, de maneira a afastar a interpretação de que a
Constituição lhe concederia ampla discricionariedade, com base em interpretação literal de seu art. 107.
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância
e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver
com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em
cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela EC nº 45, de 2004)
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e
assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação EC 45)
OBS: Pressupõe-se que o Tribunal escolherá o mais antigo. Se não escolhê-lo 2/3 dos membros do Tribunal
terão que justificar por que não escolheram o mais antigo.
OBS2: A Lei 12.665/12 (Dispõe sobre a criação de estrutura permanente para as Turmas Recursais dos JEF;
cria os respectivos cargos de Juízes Federais; e revoga dispositivos da Lei 10259/01) assim dispõe:
Art. 4o Os cargos de Juiz Federal de Turmas Recursais serão providos por concurso
de remoção entre Juízes Federais, observado, no que couber, o disposto nas alíneas
a, b, c e e do inciso II do art. 93 da CF ou, na falta de candidatos a remoção, por
promoção de Juízes Federais Substitutos, alternadamente pelos critérios de
antiguidade e merecimento.

CF, art. 93: e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou
decisão;
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento,
alternadamente, apurados na última ou única entrância; (Redação dada pela EC 45/2004)
Retirado do resumo do TRF5 (não há discriminação do autor no resumo):
OBS: Não confundir esse critério de promoção com o de promoção de entrância para entrância, conforme
se afere do seguinte aresto do STF:
"O art. 93, III, da CF determina que ‘o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância’. A
promoção de juízes para o Tribunal de Justiça local ocorre de acordo com o surgimento das
vagas, alternando-se os critérios de antiguidade e merecimento para provimento dos
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cargos. Esse sistema não se confunde com a promoção de entrância, em que há uma lista
das varas a serem providas por merecimento e outra destinada ao provimento por
antiguidade. A combinação dos sistemas, aplicando-se os preceitos da promoção de
entrância à promoção para o Tribunal, é impossível." (AO 1499)
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso
oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;
(Redação da EC nº 45/2004)
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo
a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento,
nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;(Redação
da EC nº 19/98)
Despertam interesse as Resoluções 13 e 14 do CNJ que distinguiu os subsídios dos membros da Justiça
Federal e Estadual. O STF, em sede de liminar concedida na ADI, suspendeu a eficácia da resolução por
vislumbrar ofensa ao caráter nacional do Poder Judiciário, conforme podemos verificar na ADI 3854 MC.
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o
disposto no art. 40; (Redação dada pela Emenda EC nº 20/98)
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; (Redação da
EC nº 45/2004)
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação da EC nº 45/2004)
A disponibilidade do magistrado é penalidade administrativa aplicada no interesse público por decisão,
mediante voto, da maioria absoluta do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa.
A Constituição de 1988 previu uma forma de aposentadoria compulsória no interesse público nas mesmas
condições da disponibilidade. Ao que parece, ela só pode recair em magistrado que já completou o tempo
para aposentar-se e não o fez, pois antes disso a inatividade compulsória há de ser a disponibilidade.
OBS: Tais punições estão previstas na LOMAN.
Pesquisando, o STF, encontrei único julgado, em que diz que no caso de disponibilidade punitiva, os
subsídios NÃO SÃO INTEGRAIS, sendo, pois, proporcionais. Diz que o art. da LOMAN que determina a
fixação proporcional foi recepcionada. A percepção integral, somente quando a disponibilidade não for
punitiva. (RE 143776).
Achei também um julgado do CNJ que aplicou pena de aposentadoria compulsória com subsidio
proporcional, Processo Administrativo Disciplinar nº 200910000019225. Ademais o art. 103 B, § 4º, III, ao
dispor sobre o CNJ, prevê a possibilidade de aposentadoria compulsória proporcional ao tempo de serviço.
VIII-A. a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância
atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

OBS: A CF optou pela precedência, a priori, do direito à informação (publicidade). Excepcionalmente, a


preservação do direito à intimidade poderá afastar “o interesse público à informação”.

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X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadase em sessão pública, sendo as


disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45/2004)
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o
exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por
eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e
tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense
normal, juízes em plantão permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)
OBS: Este dispositivo não se aplica aos Tribunais Superiores. Por outro lado, o cumprimento é obrigatório
pelos Tribunais de 2º grau.
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda
judicial e à respectiva população; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de
mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

OBS: Carreira da Magistratura


O Estatuto da Magistratura será estabelecido por lei complementar de iniciativa do STF e conterá as regras
da carreira da Magistratura Nacional, observados os princípios constitucionais sobre o ingresso, a
promoção, o acesso aos Tribunais, os vencimentos, a aposentadoria e seus proventos, a publicidade dos
julgamentos e a constituição de órgão especial nos Tribunais. A Lei Complementar n.º 35/79, que instituiu
a LOMAN – Lei Orgânica da Magistratura Nacional foi recepcionada como tal.
OBSERVAÇÃO: Jurisprudência do STF
Info 278 (AO 499) - Magistrados e Auxílio-Alimentação. STF negou tal direito aos membros do Poder
Judiciário, por falta de previsão na LOMAN.
Posteriormente, o CNJ editou a Resolução 133/2011 (Dispõe sobre a simetria constitucional entre
Magistratura e MP e equiparação de vantagens). Entre as vantagens está o auxílio-alimentação. Tal
disposição foi alvo da ADI 4822. Não há decisão ainda, mas veja a notícia em
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=213097. – OAB questiona a
constitucionalidade da Resolução, pois apenas uma lei complementar de iniciativa do STF teria
legitimidade para tanto. Além disso, a OAB sustenta que a simetria estabelecida entre as duas
carreiras (MP e Poder Judiciário) “não unifica seus regimes jurídicos”.

Info 394 (MS-23789)- Vagas de Juiz e Lista Quádrupla


Havendo mais de uma vaga de juiz a ser preenchida por merecimento, nas promoções ou acessos, o
Tribunal poderá optar pela confecção de uma única lista quádrupla. No mérito, entendeu-se que a
confecção da lista quádrupla é prática legítima que encontra respaldo legal na conjugação dos arts.
93, II, b e III, 107, II, da CF com os arts. 80, 82, 84 e 88, da LC 35/79. Considerou-se que, na existência
de duas vagas, o critério da lista quádrupla corresponde ao de duas listas tríplices, pois, escolhido um
entre quatro nomes, três restam para a segunda escolha. Além disso, o art. 88 da LOMAN permite
expressamente o critério da lista quádrupla.

Info 377 (ADI-2983)- Readmissão de Magistrado: Inconstitucionalidade


Declarou-se a inconstitucionalidade do art. 204, caput e parágrafo único, da Lei 12.342/94, do Estado
do Ceará, que dispõe sobre a readmissão de magistrado exonerado. Entendeu-se que a norma
impugnada autoriza a instituição de nova forma de provimento de cargo não prevista na Lei Orgânica

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da Magistratura - LOMAN (LC 35/79), sem observância, ainda, da prévia e necessária aprovação em
concurso público.

Informativo 299 (ADI-2753)- Juiz: Autorização para Ausentar-se


Julgando procedente no mérito o pedido formulado em ação direta (Lei 9868/99, art. 12) ajuizada
pela AM, o Tribunal declarou a inconstitucionalidade de expressão que exigia autorização para que
magistrados pudessem se ausentar de suas comarcas, contida no art. 13, XII, e do Regimento Interno
do Conselho Superior da Magistratura do Estado do Ceará.

Informativo 261 (RE-250948) - Art. 77 da LOMAN: Não Recepção


Não foi recepcionado pela CF/88 o art. 77 da LOMAN - LC 35/79 - que estabelecia, para efeito de
aposentadoria e disponibilidade de magistrados provenientes do quinto constitucional, o cômputo
de no máximo 15 anos do exercício da advocacia - uma vez que é incompatível com a garantia da
contagem recíproca de tempo de serviço na administração pública e na atividade privada (CF, art.
202, § 2º, na sua redação original).

Informativo 218 (-) - Aposentadoria de Juiz: Exclusão de Licença-prêmio


Tendo em vista que a Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN (Lei Complementar nº 35/79),
recebida no ponto pela CF/88, enumerou, de forma exaustiva, os direitos e vantagens dos
magistrados, não se inclui no rol, o direito à licença-prêmio ou especial.

INFORMATIVO Nº 488 - ADI e Eleição para Cargos Diretivos em Tribunal (ADI – 3976)
Decidiu-se no sentido de competir exclusivamente à Lei Orgânica da Magistratura - LOMAN e ao
Estatuto da Magistratura dispor sobre o universo dos elegíveis para os cargos de direção dos
tribunais, matéria tipicamente institucional, que deve ter tratamento uniforme para atender ao
princípio da unidade nacional da magistratura (CF, art. 93, caput).

d) Quinto Constitucional

A Constituição Federal (art. 94) determina a observância do quinto nos assentos dos Tribunais estaduais,
distritais e regionais federais, independentemente da composição do respectivo tribunal ser ou não
múltiplo de 5. O arredondamento deverá ser feito para cima sob pena de inconstitucionalidade. Decidiu o
STF que essa é uma norma expressa, que deve prevalecer sobre a regra implícita de que quatro quintos
são dos juízes de carreira.
A regra do "quinto constitucional" não se aplica aos Tribunais Superiores, pois cada um deles possui
regras próprias de composição e investidura – STJ 1/3; STF livre nomeação; TSE 2 advogados; STM 1/3 – 3
advogados, 1 MPM e 1 Juiz Auditor;

Retirado do resumo do TRF5 (não há discriminação do autor no resumo):


- Esta previsto também para os tribunais do trabalho
- O STF já admitiu a possibilidade de se completar a lista sêxtupla com membros do MP que
ainda não tenham completado 10 anos de carreira há hipótese de inexistência de pelo
menos seis candidatos com esse requisito temporal.
- O Tribunal pode recusar a lista sêxtupla desde que fundada a recusa em razões objetivas –
STF.
- STF, MS 25624: Pode o Tribunal recusar-se a compor a lista tríplice dentre os seis indicados, se tiver razões
objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos eles, as qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da
Constituição (v.g. mais de dez anos de carreira no MP ou de efetiva atividade profissional na advocacia.
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A solução harmônica à Constituição é a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para
que a refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados: dissentindo a entidade de
classe, a ela restará questionar em juízo, na via processual adequada, a rejeição parcial ou total do tribunal
competente às suas indicações.(OBS: a recusa deve ser fundada em razões objetivas, declinadas na motivação da
deliberação do órgão competente do colegiado judiciário)
- Necessidade de publicidade da votação: "‘Quinto constitucional’ (CF, art. 94). Elaboração de lista tríplice por
Tribunal de Justiça. Observância do princípio da publicidade, em oposição à prática dos ‘arcana imperii’, como
fator de legitimação constitucional das deliberações dos órgãos do Poder Judiciário. Aparente validade da
resolução do CNJ que consagrou, em tal hipótese, a necessidade de ‘votação aberta, nominal e fundamentada’.
Importância da transparência dos atos estatais como elemento viabilizador do escrutínio público. A ruptura dos
círculos de indevassabilidade das deliberações do poder. Instituição do regime de sigilo fora das hipóteses
constitucionalmente autorizadas: medida que transgride o princípio democrático e que vulnera o espírito da
República. A questão do repúdio a atos inconstitucionais e a defesa da integridade da constituição por órgãos
administrativos: distinção necessária entre declaração de inconstitucionalidade (matéria sob reserva de jurisdição) e
recusa de aplicabilidade de atos reputados inconstitucionais. Pretensão mandamental aparentemente desvestida de
plausibilidade jurídica. Medida cautelar indeferida." (MS 31923-MC).

- Jurisprudência STF 2015: Info 775 - Poder Executivo e quinto constitucional: A exigência de submissão do nome
escolhido pelo governador à Casa Legislativa, para preenchimento de vaga destinada ao quinto constitucional,
invade a atuação do Poder Executivo.(…) A Corte asseverou que o art. 94 da CF regula de maneira exaustiva o
procedimento destinado à escolha dos membros dos tribunais de justiça oriundos do quinto constitucional.

e) Garantias Constitucionais

A Constituição Federal assegurou ao Poder Judiciário garantias próprias, colimando conferir-lhe


ampla independência para o exercício de suas funções. Na lição de Castro Nunes (apud André Ramos
Tavares), as garantias constitucionais do Poder Judiciário podem ser divididas em:
1 - Garantias institucionais ou orgânicas: asseguradas ao Judiciário como órgão, dizendo respeito à sua
composição ou aparelhamento;
 Capacidade de autogoverno: possibilidade de eleger seus próprios órgãos diretivos,
organizar sua estrutura administrativa interna, como suas secretarias, serviços auxiliares, e
deliberar sobre assuntos próprios, como realização de concurso, concessão de benefícios e licenças
aos seus integrantes. Engloba também atribuições inerentes ao poder de polícia e ao poder
disciplinar.
 Autonomia financeira: o Judiciário elabora sua proposta orçamentária (art. 99, CF), dentro
do limite da lei de diretrizes orçamentárias.
- LDO não pode fixar limite percentual do orçamento para participação do Poder Judiciário
nas receitas do ente público (ADI 1191)
 Capacidade normativa: cada Tribunal funciona a partir de um Regimento Interno, cuja
competência é do respectivo Tribunal (art. 96, I, a, CF)
 Inalterabilidade de sua organização: inalterabilidade de composição dos quadros dos
Tribunais, salvo mediante proposta dos próprios Tribunais (art. 96, II, CF)
 Escolha de seus dirigentes: art. 96, I, a, CF.
2 - Garantias subjetivas ou funcionais: relacionadas à garantia da autonomia da função, constituindo para
seus titulares direitos subjetivos (garantias dos membros da magistratura).
 Vitaliciedade
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 Inamovibilidade
 Irredutibilidade de vencimentos

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

Vitaliciedade: “é a garantia de que os membros do Judiciário não podem ser destituídos de seus cargos,
neles permanecendo até eventual falecimento ou aposentadoria compulsória, salvo exoneração por
decisão judicial transitada em julgado.” (André R. Tavares). Cabe a compulsória aos 70 anos (OBS: EC
88/2015, aposentadoria compulsória aos 75 anos, já estendida a todo o serviço público - PLS 274/2015 –
complementar, veto da Presidente foi derrubado – STF já entendeu como aplicável à Magistratura),o que
limita a vitaliciedade – a vitaliciedade não é até a morte. Só é possível a perda do cargo por sentença
transitada em julgado (art. 95, I, CF/88). Não diz se é sentença civil ou criminal, logo pode ser qualquer
uma. Ex. Improbidade administrativa; interdição.
A vitaliciedade é adquirida com a posse no cargo, via concurso público, após os dois anos de exercício ou
quando a pessoa ingressa diretamente nos tribunais.

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
É maior do que somente na comarca, é mais amplo o direito, já que o juiz não pode ser transferido nem
para juízos distintos.
Por não ser garantia absoluta, a inamovibilidade apresenta exceção. A EC n.45/2004 manteve a exceção,
modificando-lhe, entretanto, em dois aspectos:
1. O critério matemático utilizado para determinar ou não a remoção, disponibilidade ou
aposentadoria do magistrado mudou de dois terços para maioria absoluta (quorum mais suave que
o anterior)
2. Acrescentou-lhe outro ente competente para realizar os atos mencionados, a saber, o Conselho
Nacional de Justiça.
OBS: Refere-se à permanência do juiz no cargo para o qual foi nomeado, não podendo o tribunal designar-
lhe outro lugar onde deva exercer suas funções (art.95, II, CF/88). Contudo, poderá ser removido por
interesse público em decisão pelo voto da maioria absoluta do Tribunal a que tiver vinculado (CF, art. 93,
VIII, com redação dada pela E.C. n.º 45/04, sendo que, pela redação anterior, era necessário o voto de 2/3
do Tribunal). Conforme julgado do STJ (ROMS 945/AM), o juiz só pode ser removido em três hipóteses: a)
quando aceita promoção; b) quando pede remoção; c) por interesse público.
Com relação à possibilidade do juiz substituto possuir a garantia de inamovibilidade, segundo Márcio
André Cavalcanti - Principais Julgados do STF e STJ 2012, há três correntes sobre o tema:
. O juiz substituto não goza de inamovibilidade considerando o que é da sua essência ficar constantemente
sendo removido para substituir os juízes titulares, suprindo as ausências. Posição do Min. Marco Aurélio.
. O juiz substituto goza de inamovibilidade, mas apenas após ser aprovado no estágio probatório e tornar-
se vitalício;
. O juiz substituto goza de inamovibilidade independentemente de ser ou não vitalício.
Entretanto, o Plenário do STF adotou a terceira posição e decidiu que os juízes substitutos possuem a
garantia da inamovibilidade mesmo que ainda não sejam vitalícios, eis que a Constituição usa o vocábulo
“juízes” sem qualquer distinção e tal garantia visa assegurar independência e imparcialidade ao próprio
Poder Judiciário, não fazendo qualquer sentido em conferi-la apenas aos juízes titulares. Outrossim, como
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reforço argumentativo, convém salientar que é comum a designação do juiz substituto para substituições
do juiz titular em caso de afastamento ou em caso de sobrecarga de trabalho, situação que não configura
uma remoção compulsória de sua comarca ou vara. (MS 25747).

OBS:

Informativo 4
Inamovibilidade
O Pleno referendou liminar deferida pelo Min. Celso de Mello, em ação direta movida pelo
Procurador-Geral da República, para suspender norma da Constituição paranaense que concedera
aos procuradores do Estado a garantia da inamovibilidade. Pareceu relevante ao Tribunal a alegação
de que o preceito feriria a prerrogativa do Chefe do Poder Executivo de dispor sobre a
movimentação de agentes públicos no interesse da Administração, chocando-se, aparentemente,
com o disposto nos arts. 2º e 84, II, da CF. (ADIn 1246)
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I. (Redação dada pela EC nº 19/98)

“No que toca ao § 1º do art. 15 convém salientar que tal dispositivo está em flagrante descompasso
com a Carta Magna, visto que o CNJ ao arrepio desta, cria, mediante mero ato normativo, nova
hipótese cautelar de afastamento de magistrado. Qualquer restrição às garantias da inamovibilidade
e da vitaliciedade exige a promulgação de lei em sentido formal e material, sob pena de flagrante
ofensa ao princípio da legalidade e ao devido processo legal.” (ADI 4638-MC-REF)

Irredutibilidade do subsídio: no caso dos magistrados, a CF não revela nenhuma exceção em que possa
haver redução de seu subsídio. O valor nominal que não pode ser reduzido (irredutibilidade), mas não há
garantia de valor real.
Obs: a irredutibilidade não serve apenas aos magistrados. Há previsão para o trabalhador comum - CLT
(mas tem exceção) e para o servidor público estatutário (também há exceção). Todos os servidores têm
direito à irredutibilidade, até os celetistas.
OBS: Significa que o subsídio dos magistrados não pode ser diminuído nem mesmo em virtude de medida
geral. Não prosperam, entretanto, as teses de que a ausência de reposição inflacionária e a ausência de
correção da tabela do imposto de renda malfiram a garantia de irredutibilidade, já que esta se refere ao
valor nominal do subsídio (ADI). No último caso, ainda há o empecilho de que o princípio da legalidade
impede que uma decisão judicial altere a alíquota de um tributo sem lei que o autorize. Nesse sentido:
REsp 511197.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

(Vedações previstas constitucionalmente - existem ainda as de nível infraconstitucional - estatuto da


magistratura - objetivando evitar determinadas situações que poderiam implicar uma violação da desejável
neutralidade judicial). A Constituição estabeleceu garantias de imparcialidade da magistratura, sob forma
de vedações aos juízes, que visam precipuamente a proteger a sua independência.

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

Resolução CNJ nº 10/2005 impede atuação na justiça desportiva (embora não pertença ao poder judiciário)

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II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

OBS: “(...) Resolução 170/2013 do CNJ. (...) Ato do CNJ que objetivou regulamentar a participação de magistrados
em congressos, seminários, simpósios, encontros jurídicos e culturais e eventos similares. Competência do CNJ, que
traduz direta emanação do texto da CR e que lhe outorga poder para, legitimamente, praticar atos e expedir
regulações normativas destinados a viabilizar o cumprimento, por parte dos magistrados, de seus deveres
funcionais, notadamente os de probidade e de respeito aos princípios da legalidade, da moralidade e da
impessoalidade no desempenho do ofício jurisdicional. Necessidade de o magistrado manter conduta irrepreensível
em sua vida pública e particular, respeitando, sempre, a vedação constitucional que o impede de receber, a qualquer
título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, de entidades públicas ou de empresas privadas,
ressalvadas as exceções previstas em lei (CF, art. 95, parágrafo único, IV).” (MS 3.040-MC)

III - dedicar-se à atividade político-partidária.

IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,


entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três


anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Este último preceito, qualificado pela doutrina como “quarentena”, intenta preservar a imparcialidade-neutralidade
dos juízes e tribunais nos quais o ex-juiz ou ex-membro do MP tenha atuado. A proibição diz respeito ao órgão do
qual se afastou. Pode exercer a advocacia em outro tribunal ou juízo durante os 3 anos, após os 3 anos pode atuar
em qualquer órgão.
Importante observar o teor do art. 98: § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio
dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
INFORMATIVO Nº 473
Magistrado e Horário para Magistério (ADI – 3508)
O Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta proposta pela
Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB para declarar a inconstitucionalidade do art.
2º do Provimento 4/2005, da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado
do Mato Grosso do Sul, que veda ao magistrado o exercício do magistério em horário
coincidente com o expediente do foro, excepcionando-se o exercício em cursos
especializados pela Escola Superior da Magistratura. Entendeu-se que o dispositivo
impugnado ofende a competência reservada à lei complementar, nos termos do art. 93 da
CF, haja vista se tratar de matéria estatutária, já prevista no art. 26, § 1º, da LOMAN.

O exercício do magistério está regulamentado pela Resolução nº 34/2007 do STJ (www.cnj.jus.br/atos-


administrativos/atos-da-presidencia/323-resolucoes/12149-resolu-no-34-de-24-de-abril-de-2007).

Ressalto a importância dos seguintes artigos:

Art. 2º O exercício de cargos ou funções de coordenação acadêmica, como tais considerados aqueles
que envolvam atividades estritamente ligadas ao planejamento e/ou assessoramento pedagógico,
será admitido se atendidos os requisitos previstos no artigo anterior.

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§ 1º É vedado o desempenho de cargo ou função administrativa ou técnica em estabelecimento de


ensino.
§ 2º O exercício da docência em escolas da magistratura poderá gerar direito a gratificação por hora-
aula, na forma da lei.
§ 3º Não se incluem na vedação referida no § 1º deste artigo as funções exercidas em curso ou
escola de aperfeiçoamento dos próprios Tribunais, de associações de classe ou de fundações
estatutariamente vinculadas a esses órgãos e entidades.
Art. 3º O exercício de qualquer atividade docente deverá ser comunicado formalmente pelo
magistrado ao órgão competente do Tribunal, com a indicação do nome da instituição de ensino,
da(s) disciplina(s) e dos horários das aulas que serão ministradas.
§ 2º Verificada a presença de prejuízo para a prestação jurisdicional em razão do exercício de
atividades docentes, o Tribunal, por seu órgão competente, determinará ao magistrado que adote
de imediato as medidas necessárias para regularizar a situação, sob pena de instauração do
procedimento administrativo disciplinar cabível, procedendo a devida comunicação em 24 horas.

f) Competência

Art. 96. Compete privativamente:


I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento
dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando
pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;

OBS: Os TRF´s elaboram a proposta e encaminham-na ao STJ, que exerce a iniciativa do projeto de lei.

e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: (COMPETÊNCIA LEGISLATIVA)

OBS: a proposta de criação de novas varas federais tem que ser do STJ, porque ela importará despesas
que deverão estar previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, de atribuição do STJ.

OBS2 – STF: "É inconstitucional, por extravasar os limites do inciso II do art. 96 da CF, lei que institui
Sistema de Gerenciamento dos Depósitos Judiciais, fixa a destinação dos rendimentos líquidos
decorrentes da aplicação dos depósitos no mercado financeiro e atribui ao Fundo de Reaparelhamento
do Poder Judiciário a coordenação e o controle das atividades inerentes à administração financeira de tal
sistema. Matéria que não se encontra entre aquelas reservadas à iniciativa legislativa do Poder
Judiciário." (ADI 2.909) Vide: ADI 2.855.

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;


STF: “Vulnera a CF norma de Carta estadual que preveja limite de cadeiras no Tribunal de Justiça,
afastando a iniciativa deste quanto a projeto de lei visando à alteração.” (ADI 3362)
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b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive
dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003)
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral. (COMPETÊNCIA JURISDICIONAL)
Houve ressalva expressa da Justiça Eleitoral, então não pode ser feita outra ressalva interpretativa. No caso
do prefeito é diferente, porque há a ressalva.

CRIME

ESTADUAL FEDERAL ELEITORAL

JUIZ / MP TJ TJ TRE

PREFEITO TJ TRF TRE

g) Quórum das Decisões: Maioria Absoluta e Reserva de Plenário

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público. (CISÃO FUNCIONAL NO PLANO HORIZONTAL)

SV nº 10 : Viola a cláusula de reserva de plenário (CF art. 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.

OBS: A cláusula de reserva de plenário não se aplica: em regra, às Turmas do STF no julgamento do RE (há exceções);
as Turmas Recursais de Juizados (não são consideradas "tribunais"); quando o Tribunal utilizar a técnica da
interpretação conforme a Constituição, pois não haverá declaração de inconstitucionalidade; nas hipóteses de
decisão em sede de medida cautelar, já que não se trata de decisão definitiva.

STF: “(...) resta evidente que não ocorreu violação à reserva de Plenário, pois o embasamento da decisão em
princípios constitucionais não resulta, necessariamente, em juízo de inconstitucionalidade.” (RE 575.895-AgR)

h) Juizados Especiais e Juízes de Paz

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,

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permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por


turmas de juízes de primeiro grau;

As causas cíveis de menor complexidade (relacionadas à complexidade) não se confundem com as


pequenas causas (relacionadas ao valor). Podem existir juizados com alçada pequena e complexa.

“Na Lei 9.099 não há dispositivo que permita inferir que a complexidade da causa – e, por conseguinte, a
competência do Juizado Especial Cível – esteja relacionada à necessidade ou não de realização de perícia.
O art. 3º da Lei 9.099 adota dois critérios distintos – quantitativo (valor econômico da pretensão) e
qualitativo (matéria envolvida) – para definir o que são ‘causas cíveis de menor complexidade’. Exige-se a
presença de apenas um desses requisitos e não a sua cumulação, salvo na hipótese do art. 3º, IV, da Lei
9.099. Assim, em regra, o limite de 40 salários mínimos não se aplica quando a competência dos Juizados
Especiais Cíveis é fixada com base na matéria” (STJ, RMS 30170).

Há causas que se processam no JEC independentemente do valor - as enumeradas no art. 275, II, do CPC; a
ação de despejo para uso próprio; as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao
fixado no inciso I deste artigo.
Juizados Especiais - A Constituição, no art. 98, I, impõe à União, no Distrito Federal e nos Territórios e aos
Estados a criação de juizados especiais, providos por juízes togados ou togados e leigos, competentes para
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. A EC nº
22/99, acrescentando parágrafo único no art. 98, autorizou a criação de juizados especiais também na
Justiça Federal, o que foi levado a cabo pela Lei nº 10.259/01.
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e
secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras
previstas na legislação.
Informativo 391 (ADI-2938)
ADI: Juiz de Paz, Processo Eleitoral e Atribuições – 3
Em relação ao art. 15 da lei mineira, que dispõe sobre as competências do juiz de paz, o Tribunal, por maioria, julgou
improcedente o pedido formulado quanto ao inciso VII ("arrecadar bens de ausentes ou vagos, até que intervenha a
autoridade competente"), levando em conta o disposto no inciso II do art. 98, que outorga ao juiz de paz outras
atribuições de caráter não jurisdicional previstos em legislação estadual. Vencidos, nessa parte, os Ministros Eros
Grau, relator, e Marco Aurélio que davam pela procedência do pedido por entender se ter versado matéria
processual. Por unanimidade, julgou-se inconstitucional a expressão "e lavrar auto de prisão", contida no inciso VIII
do art. 15, por se tratar de matéria processual penal. Pela mesma razão, por maioria, declarou-se a
inconstitucionalidade do remanescente desse último inciso, relativo à outorga ao juiz de paz de competência para
processar auto de corpo de delito, ficando vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Carlos Velloso, Sepúlveda
Pertence e Nelson Jobim. O art. 15, IX ("prestar assistência ao empregado nas rescisões de contrato de trabalho...")
foi declarado inconstitucional, à unanimidade, por tratar de matéria trabalhista.

Informativo 549 STF


Remuneração de Juiz de Paz - 1
A Turma manteve acórdão do TRF da 1ª Região que denegara o pleito do ora recorrente de ver declarado seu direito
à remuneração pelo exercício da função de juiz de paz, bem como de condenação da União ao ressarcimento por
serviços prestados. Na espécie, a Corte de origem aplicara a orientação firmada no julgamento da ADI 1051, no

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sentido de que a remuneração dos juízes de paz somente pode ser fixada em lei de iniciativa exclusiva do tribunal
de justiça do Estado-membro. (RE-480328)

"A obrigatoriedade de filiação partidária para os candidatos a juiz de paz (art. 14, § 3º, da CB/1988) decorre do
sistema eleitoral constitucionalmente definido. (...) A fixação por lei estadual de condições de elegibilidade em
relação aos candidatos a juiz de paz, além das constitucionalmente previstas no art. 14, § 3º, invade a competência
da União para legislar sobre direito eleitoral, definida no art. 22, I, da CF. (...) Lei estadual que define como
competência funcional do juiz de paz zelar, na área territorial de sua jurisdição, pela observância das normas
concernentes à defesa do meio ambiente e à vigilância sobre as matas, rios e fontes, tomando as providências
necessárias ao seu cumprimento, está em consonância com o art. 225 da CB, desde que sua atuação não importe em
restrição às competências municipal, estadual e da União." (ADI 2938)
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços
afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela EC nº 45, de 2004).

i) Autonomia do Poder Judiciário

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.


§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
"LDO: participação necessária do Poder Judiciário na fixação do limite de sua proposta
orçamentária (CF, art. 99, § 1º)." (ADI 848-MC)

A autonomia financeira não se exaure na simples elaboração da proposta orçamentária, sendo consagrada,
inclusive, na execução concreta do orçamento e na utilização das dotações postas em favor do Poder
Judiciário. O diploma impugnado, ao restringir a execução orçamentária do Judiciário local, é formalmente
inconstitucional, ante a ausência de participação desse na elaboração do diploma legislativo.” (ADI 4356).

§ 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:


I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos
Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no parágrafo anterior não encaminharem as respectivas
propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os
valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites
estipulados na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 45, de
2004)
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em
desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos
ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído
pela EC.º 45/2004)
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de
despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela EC n.º 45, de 2004)

j) Precatório

PRECATÓRIO é o modo pelo qual a Fazenda Pública paga as dívidas oriundas de demandas judiciais.
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NOVA REDAÇÃO DO ART. 100 PELA EMENDA 62 FOI OBJETO DAS ADI 4372,
4400,4357 E 4425, por meio das quais se contestam dispositivos da Emenda
Constitucional (EC) nº 62/2009, que instituiu regime especial de pagamento de
precatórios pelos estados, municípios e Distrito Federal. Alega-se que as mudanças
violaram o devido processo legislativo, transgrediram limites inscritos em cláusulas
pétreas da Constituição Federal, dentre eles a separação dos poderes. (ADIs 4357,
4425, 4372, 4400 e 4357).

Inicialmente, o STF concluiu que não houve ofensa ao devido processo legislativo, já que houve o respeito à
determinação constitucional de que a proposta de emenda constitucional seja discutida e votada, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
3/5 dos votos dos respectivos membros (§ 2º do art. 60). Apesar dos dois turnos de votação no Senado
terem acontecido no mesmo dia, ao longo de duas sessões legislativas ocorridas com menos de 1h de
intervalo entre ambas, prevaleceu o entendimento de que a CF/88 não exigiu um tempo mínimo entre as
duas votações (houve um silêncio eloquente do texto constitucional) e, no caso da EC 62/2009, esta regra
foi cumprida porque as votações ocorreram em duas sessões distintas.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).

NÃO HÁ QUALQUER INCONSTITUCIONALIDADE NESTE ARTIGO, segundo o STF.

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,


vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os
demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação da EC nº 62).

NÃO HÁ QUALQUER INCONSTITUCIONALIDADE NESTE ARTIGO, segundo o STF.

“Nestes casos (débitos de natureza alimentícia), o credor da Fazenda Pública não precisa
aguardar a ordem cronológica de precatório judicial ordinário, devendo receber seu crédito
de uma só vez, atualizado monetariamente (classe especial de precatório)” Nelson Nery.
OBS: CONTUDO, COM A ALTERAÇÃO DADA PELA EC 62 O PRECATÓRIO ALIMENTAR PODE
SER FRACIONADO, NAS HIPÓTESES DO PAR. 2.

Súmula 655/STF: A exceção prevista no art. 100, caput da Constituição, em favor dos
créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a
isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de
condenações de outra natureza.

Súmula 144/STJ: Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados


os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa.

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade


ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave,
definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até
o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,
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admitido o racionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).

"Não contraria os arts. 100 e 165, 8º, da CR o art. 57, 3º, da Constituição do Estado de São
Paulo, segundo o qual ‘os créditos de natureza alimentícia’ – cujos precatórios observarão
ordem cronológica própria – ‘serão pagos de uma só vez, devidamente atualizados até a
data do efetivo pagamento.” (RE 189.942) No mesmo sentido: AI 166.000-AgR.

O STF considerou inconstitucional a expressão na data de expedição do precatório, já que tal limitação
violaria o princípio da igualdade e a superpreferência prevista no artigo deveria ser estendida a todos os
credores que completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do
precatório alimentar.

Importante mencionar decisão recente da 2ª Turma do STJ que entendeu que o direito de preferência no
pagamento de precatório aos idosos NÃO SE ESTENDE AOS SEUS HERDEIROS, mesmo que também idosos.
“§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
(Redação dada pela EC nº 62, de 2009).

Precatórios. Obrigações de pequeno valor. CF, art. 100, § 3º. ADCT, art. 87. Possibilidade de
fixação, pelos Estados-membros, de valor referencial inferior ao do art. 87 do ADCT, com a
redação dada pela EC 37/2002." (ADI 2.868) (AI 761.701-ED).

Trata-se de uma exceção ao regime de precatórios – RPV – uma ordem de pagamento expedida pela
autoridade judicial à autoridade da Fazenda Pública responsável para pagamento da quantia devida.

CUIDADO: Art. 97, § 11 do ADCT (com redação dada pela EC 62/09):

§ 11. No caso de precatórios relativos a diversos credores, em litisconsórcio, admite-se o


desmembramento do valor, realizado pelo Tribunal de origem do precatório, por credor,
e, por este, a habilitação do valor total a que tem direito, não se aplicando, neste caso, a
regra do § 3º do art. 100 da Constituição Federal.
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores
distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas,
sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.
(Redação dada pela EC nº 62, de 2009).

Para as condenações envolvendo a União, pequeno valor equivale a 60 salários mínimos (art. 17, § 1º, da
Lei n° 10.259/2001).
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).

“Correios. Empresa pública. Impenhorabilidade de bens. Regime de precatório. ‘À empresa


Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, é
aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do DL
509/69 12 e não-incidência da restrição contida na CF 173 §1º, que submete a empresa
pública, sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade
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econômica ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações


trabalhistas e tributárias. Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta
serviço público da competência da União Federal e por ela mantido. Execução. Observância
ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto na CF 100” (EDcl RE 230051).

“Os precatórios apresentados até 1º de julho devem ser pagos até o final do exercício
seguinte, por mandamento constitucional. (...) A não incidência de juros de mora nesse
período ocorre justamente porque nele não existe mora, em decorrência de norma
constitucional, e isso se mantém independentemente de quando ocorrer o pagamento do
precatório. No caso de o pagamento ocorrer após o prazo estabelecido pela Constituição,
haverá a incidência de juros de mora, mas só no período em que houver mora, ou seja,
depois do prazo estabelecido para o pagamento. Não prospera, portanto, a pretensão dos
agravantes de submeter a não incidência prevista na Súmula Vinculante 17 do STF a uma
condição resolutiva, a qual seria o pagamento dentro do prazo.” (Rcl 15.906-AgR, voto do
rel. min. Edson Fachin.)

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao


Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente
para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação
orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia
respectiva. (Redação dada pela EC nº 62, de 2009).

Súmula 311/STJ: Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e


pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional”
Súmula 733/STF: Não cabe RE contra decisão proferida no processamento de precatório.”

OBS: Lei 9.494/97 - Art. 1o-E. São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a
requerimento das partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento
ao credor. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35/2001)
7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou
tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade
e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela EC nº 62/09).
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor
pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de
enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela EC 62).

É expressamente vedado o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para que o credor
receba parte do valor devido sem precatório (como pequeno valor) e o restante por precatório, sendo
permitida a renúncia ao valor que exceder o quantum de pequeno valor previsto no ente federado,
conforme parágrafo único do art. 87 do ADCT:
OBS: É PERMITIDO O FRACIONAMENTO PARA FINS DE PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS,
inclusive se estes se submeterem ao teto da RPV;
SV 47 (DJE de 02.06.2015): "os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá
com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos
créditos dessa natureza".
“Alegado fracionamento de execução contra a fazenda pública de Estado-membro. Honorários
advocatícios. Verba de natureza alimentar, a qual não se confunde com o débito principal. Ausência de
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caráter acessório. Titulares diversos. Possibilidade de pagamento autônomo. Requerimento desvinculado


da expedição do ofício requisitório principal. Vedação constitucional de repartição de execução para
fraudar o pagamento por precatório. Interpretação do art. 100, § 8º (originalmente § 4º), da CF.” (RE
564132, com Rep. Geral.)
“Execução. Precatório. Duplicidade. Longe fica de conflitar com o art. 100, § 4º, da CF enfoque no sentido
de ter-se a expedição imediata de precatório relativamente à parte incontroversa do título judicial, dando-
se sequência ao processo quanto àquela impugnada por meio de recurso.” (RE 458110
Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o
pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exequente a
renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo
sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100.
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação,
deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos
líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original
pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados
aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou
judicial. (Incluído pela EC nº 62, de 2009). (declarado inconstitucional)
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora,
para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento,
informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os
fins nele previstos. (Incluído pela EC nº 62/2009).(declarado inconstitucional)

O STF declarou a inconstitucionalidade dos §§9 e 10 do art. 100, pois tal regime de compensação em favor
da Fazenda Pública viola o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a coisa julgada e a
separação dos Poderes, constituindo uma inaceitável superioridade processual à Administração Pública.
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora,
a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente
federado. (Incluído pela ECnº 62, de 2009).
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização (correção
monetária) de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora (juros de mora), incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
ficando excluída a incidência de juros compensatórios.(Incluído pela EC nº 62, de 2009).

Segundo a redação do §12, para evitar a perda do valor monetário a ser pago pela Fazenda Pública, no caso
de precatórios pagos em atraso, devem ser adotados os índices aplicáveis à caderneta de poupança para a
correção monetária e para os juros de mora, da mesma forma como previsto no art. 1º F da Lei 9494/97
(ou seja, como em qualquer condenação imposta à Fazenda Pública).
O STF CONSIDEROU INCONSTITUCIONAL A EXPRESSÃO “ÍNDICE OFICIAL DE REMUNERAÇÃO BÁSICA DA
CADERNETA DE POUPANÇA”, já que o índice oficial da poupança não consegue evitar a perda de poder
aquisitivo da moeda provocado pela inflação, de maneira a afrontar a coisa julgada.
O STF CONSIDEROU TAMBÉM INCONSTITUCIONAL A EXPRESSÃO “INDEPENDENTEMENTE DE SUA
NATUREZA”, de maneira a esclarecer que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os
mesmos juros de mora que incidem sobre os créditos tributários previstos no CTN, à luz do princípio da
isonomia.
Por arrastamento (consequência lógica), o STF também declarou inconstitucional o art. 1º F da Lei 9494/97.

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SITUAÇÃO ATUAL: “Regime de execução da Fazenda Pública mediante precatório. EC 62/2009. Existência de
razões de segurança jurídica que justificam a manutenção temporária do regime especial nos termos em
que decidido pelo Plenário do STF. (...) Confere-se eficácia prospectiva à declaração de
inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do
julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos
ou pagos até esta data, a saber:
(i) fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos
termos da EC 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (a) os créditos em precatórios deverão ser
corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (b) os precatórios tributários
deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e
(ii) ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base nos
arts. 27 das Leis 12.919/13 e 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária.” (ADI
4.425-QO, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 25-3-2015, Plenário, DJE de 4-8-2015) Vide: ADI 4.425, rel. p/ o
ac. min. Luiz Fux, julgamento em 14-3-2013, Plenário, DJE de 19-12-2013).
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a
terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao
cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de
petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal
poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados,
Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma
e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Art. 97 do ADCT. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da
Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de
publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios
vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o
período de vigência do regime especial instituído por este artigo, farão esses pagamentos
de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100
desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo
dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta Emenda
Constitucional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/2009).

O STF DECLAROU INCONSTITUCIONAL O §15 e todo o art. 97 do ADCT, pois retraria um verdadeiro calote,
ferindo sobremaneira os princípios da moralidade administrativa, da impessoalidade e da igualdade, bem
como do devido processo legal, do livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário e da razoável duração do
processo.
OBS – O STF PRESERVOU OS EFEITOS (MODULAÇÃO EM ADI) DAS LEIS EDITADAS SOB A ÉGIDE DO §15 E art.
97 do ADCT: “Regime de execução da Fazenda Pública mediante precatório. EC 62/2009. Existência de
razões de segurança jurídica que justificam a manutenção temporária do regime especial nos termos em
que decidido pelo Plenário do STF. (...) In casu, modulam-se os efeitos das decisões declaratórias de
inconstitucionalidade proferidas nas ADIs 4.357 e 4.425 para manter a vigência do regime especial de
pagamento de precatórios instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009 por 5 (cinco) exercícios
financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016.” (ADI 4.425-QO, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 25-
3-2015, Plenário, DJE de 4-8-2015.) Vide: ADI 4.425, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, julgamento em 14-3-2013,
Plenário, DJE de 19-12-2013.

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§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos,
oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

k) Supremo Tribunal Federal


l) Composição

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre
cidadãos (BRASILEIROS NATOS) com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.

m) Competência

É guardião da constituição, mas não é uma corte constitucional típica, pelos seguintes motivos: seus
membros não têm mandato fixo, não é o único órgão no Brasil que exerce o controle de
constitucionalidade, tem competência para prática de atos distintos do controle de constitucionalidade.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,


cabendo-lhe:

n) Competência Originária

I - processar e julgar, originariamente:


a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a
ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente-Presidente, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
República;

OBS: trata-se de autoridades que ocupam a cúpula de cada um dos Poderes da União, além do Chefe do
MPU. Competência do STF:- Infrações comuns: (“políticos”+ PGR)> membros do Congresso Nacional (Dep.
e Sen.); Presidente e Vice-Presidente; Ministros do STF; PGR
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art.
52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes
de missão diplomática de caráter permanente (= não os diplomatas);

Competência do STF:

- Infrações comuns E crime de responsabilidade: (“2º escalão”)> Min. de Estado; Min. dos Tribunais
Superiores; Com. das 3 Armas; Chefe de missão diplomática permanente (não o diplomata); Min. do TCU.
Lembrar:
SENADO FEDERAL - crimes de responsabilidade > AGU; PGR; membros do CNJ; membros do CNMP; Min. do
STF (art. 52, II)
Os membros do CNJ e do CNMP não têm foro por prerrogativa de função pela prática de infrações comuns.
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Mas em caso de acusação por crime de responsabilidade, a competência para julgá-los é do Senado.
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores;
o mandado de segurança e o "habeas-data"contra atos do Presidente da República, das
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

HC qdo for paciente: membros do CN; Presidente e Vice-Pres.; Min. de Estado; Min. dos Trib. Superiores;
Min. do TCU; Com. das 3 Armas; Chefe de missão diplomática permanente; PGR; Min. do STF

MS ou HD contra atos: Presidente (o Vice não está incluído aqui); Mesa da Câmara e Mesa do Senado;
PGR; TCU; STF.
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o
Distrito Federal ou o Território; (conflito de Estado estrangeiro ou organismo internacional
em face de MUNICÍPIO OU PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA A COMPETÊNCIA É DOS JUÍZES
FEDERAIS – art. 109, II, CF)

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre


uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

OBS: Conflito de Atribuições entre Ministérios Públicos: Competência do Supremo Tribunal Federal para
dirimir conflito de atribuições entre Ministérios Públicos (CF, art. 102, I, f).

Conflito de atribuições e Fundef : Segundo o STF, em relações às matérias penais, a atribuição cabe ao
MPF, já as ações de natureza cíveis (ação de improbidade administrativa) são de atribuição do MPF ou do
MPE, caso tenha ou não complementação do Fundef pela União.
Informativo 433 (Rcl-3813)
Demarcação de Terras Indígenas e Competência do STF
O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em reclamações ajuizadas
contra Juízos Federais da 1ª e 2ª Varas da Seção Judiciária do Estado de Roraima, que
reconheceram sua competência para processar e julgar diversas ações — ação popular,
ação civil pública e ações possessórias — que têm por finalidade a declaração de nulidade
do Decreto Presidencial de 15 de abril de 2005, que homologou a Portaria 534/2005, do
Ministério da Justiça, que demarcou a área indígena denominada Raposa Serra do Sol.
Asseverou-se, ainda, que o fato de a ação popular ter sido proposta por particulares não
descaracterizaria o conflito federativo, tendo em conta orientação fixada pelo Supremo no
sentido de que o litígio federativo entre a União e um Estado-membro fica configurado no
caso de ação popular em que os autores, pretendendo agir no interesse do último,
pleiteiam a anulação de decreto presidencial e, portanto, de ato imputável à União.

Informativo 407 (MS-25624) - Competência Originária do Supremo e Conflito acerca de


Atribuições Constitucionais
Com fundamento no art. 102, I, f, da CF, o Tribunal, resolvendo questão de ordem,
assentou, por maioria, sua competência para julgar mandado de segurança impetrado pela
Ordem dos Advogados do Brasil - OAB - Seccional de São Paulo contra ato do Órgão Especial
do Tribunal de Justiça do referido Estado, em que se pretende a anulação de lista tríplice
para provimento de cargos de desembargador naquele tribunal, sob a alegação de ofensa
ao art. 94 e seu parágrafo único da CF. Entendeu-se ser da competência originária do
Supremo o julgamento de causa em que autarquia federal e Estado-membro, pelo órgão de
um dos seus poderes, contendam acerca de suas atribuições constitucionais.

Informativo 395/STF - Competência Originária do STF e Divisão Constitucional de


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Competências
É da competência originária do Supremo o julgamento das causas em que as pessoas
jurídicas relacionadas no art. 102, I, f, da CF contendam sobre a divisão constitucional de
competência dos entes federativos.

Informativo 395/STF
Competência Originária do STF e Projeto de Integração do Rio São Francisco
O Tribunal, por maioria, julgou procedente reclamação ajuizada contra ato de juiz federal
substituto da 12ª Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais para avocar o conhecimento de
ação civil pública proposta pelo Estado de Minas Gerais e seu Ministério Público contra o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
autarquia federal, na qual se pretende a complementação do EIA/RIMA do Projeto de
Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional com
estudos e análises detalhadas dos impactos ambientais na porção mineira da bacia do rio,
bem como a não apreciação do pedido de licenciamento ambiental do projeto, caso não
seja complementado e não haja regular audiência pública em Minas Gerais para sua
discussão. (RCL-3074)

Informativo 394 (AC-403)


Busca e apreensão em repartição pública estadual - Ordem emanada de TRF - Conflito
federativo – Inexistência (Transcrições)
O reconhecimento da competência penal originária do Tribunal Regional Federal, em tal
hipótese, possibilita a adoção, pela autoridade judiciária federal competente (Relator do
inquérito/processo no TRF), de medidas cautelares necessárias ao esclarecimento da
verdade real, legitimando-se, em consequência, a expedição de mandado judicial de busca
e apreensão, ainda que para ser executado em repartição pública estadual, sem que se
registre, em tal contexto, situação configuradora de conflito federativo. –

Informativo 390/STF
Competência Originária do STF: Empresa Pública e Conflito Federativo - 2
O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem, no sentido de reconhecer, com base na
alínea f do inciso I do art. 102 da CF, a competência do STF para o julgamento de ação cível
originária proposta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT contra o Estado do
Rio de Janeiro, em que se pretende afastar a cobrança do IPVA, bem como as sanções
decorrentes da inadimplência do tributo..

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; (matéria de internacional


público)

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o


paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela EC nº 22, de 1999)

"Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou
do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso." (SÚM. 606)

"Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado


contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior,
indefere a liminar." (SÚM. 691) A jurisprudência do STF tem relativizado o rigor da
Súmula quando diante de casos em que a ilegalidade é manifesta.

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j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de


suas decisões;

Segundo o STF, “a natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um
incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no art. 5º, inciso
XXXIV da Constituição”. Trata-se de ação autônoma de impugnação, dando origem a processo novo com
objetivo de impugnar determinada decisão judicial.
É uma ação de competência originária dos tribunais. Na Constituição Federal, está prevista na
competência do STF e do STJ. Na legislação infraconstitucional, possui previsão para ser interposta junto ao
TST, TSE e STM. TJs podem prever também.
Até o ano de 2003, o Supremo entendia que não cabia reclamação perante os Tribunais de Justiça, sob o
fundamento de que não havia lei disciplinando o assunto. Este posicionamento foi revisto para admiti-la,
desde que exista previsão na Constituição Estadual (em homenagem, portanto, ao princípio da simetria).
Regulamentação: Lei n.º 8.038, com procedimento semelhante ao do rito do mandado de segurança. Cabe
liminar; a prova deve ser pré-constituída e o Ministério Público intervém obrigatoriamente.
Em 2003, houve também alteração do regimento interno do STF, de modo a permitir que um relator julgue
monocraticamente a reclamação, se fundada em súmula ou jurisprudência dominante do STF.
É uma ação de fundamentação delimitada (ação típica), cabendo em duas hipóteses:
a) Reclamação por usurpação de competência

b) Reclamação por desrespeito à autoridade da decisão do tribunal.

Importante atentar que, com o advento das alterações promovidas pela EC n.º 45/2004, mais
especificamente no §3º, do art. 103-A (que trata da súmula vinculante), o texto constitucional passou a
prever uma hipótese de reclamação em face de ato administrativo.
Súmula n.º 368/STF: não há embargos infringentes no processo de reclamação.
Súmula n.º 734/STF: não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado
o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal
Federal.
Nos termos da orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, são legitimados à propositura de
reclamação todos aqueles que sejam prejudicados por atos contrários às decisões que possuam eficácia
vinculante e geral (erga omnes).
OBS: O STF tem entendimento assentado no sentido de não ser cabível reclamação em que se alega
desrespeito ao que decidido em sede de outra reclamação.
OBS2: Nos autos da Reclamação (RCL) 15028, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
reafirmou entendimento da Corte que reconhece a legitimidade ativa de Ministério Público estadual para
propor reclamação diretamente ao STF em caso de desrespeito a súmula vinculante. O ministro julgou
procedente a ação a fim de invalidar decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) que
determinou ao Ministério Público paulista (MP-SP), autor de uma ação civil pública, o adiantamento do
valor de honorários periciais."
OBS3: NO JULGAMENTO DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL, É POSSÍVEL AO STF REALIZAR A
REINTERPRETAÇÃO E, PORTANTO, A REDEFINIÇÃO DO CONTEÚDO E DO ALCANCE DA DECISÃO PARADIGMA

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apontada pelo reclamante como violada


m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação
de atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem
estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
A competência não será originária do STF quando a matéria discutida for também do interesse de outras
carreiras de servidores públicos. Ademais, deverá interessar a TODOS os membros da magistratura e não
apenas uma parcela dos seus membros. (Informativo 735 STF)
Súmula 731 STF - PARA FIM DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, É DE INTERESSE GERAL DA MAGISTRATURA A QUESTÃO DE SABER SE, EM FACE DA
LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL, OS JUÍZES TÊM DIREITO À LICENÇA-PRÊMIO.

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,


entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

OBS: Traduzindo o art. 102, I, o:


a) CC entre Tribunais Superiores (não esquecer que o STJ é um Tribunal Superior como qualquer
outro) > STF
b) CC entre Tribunal Superior e qualquer outro Tribunal > STF
Ou seja, CC envolvendo um ou mais juízes (ainda que envolva Tribunal Superior), nunca será da
competência do STF.
OBS: Análise conjunta dos arts. 102, I, o e art. 105, I, d:
Conflitos de Competência:
a) STJ e TRT/SE > STF
b) TRT/MG e TJ/BA > STJ
c) TST e TSE > STF
d) STM e TJ/ES > STF
e) TRF2 e TRF5 > STJ
f) TRF2 e TRE/ES > STJ
g) TER/RO e TRT/AM > STJ
h) Juiz Eleitoral e Juiz do Trabalho > STJ
i) Juiz Federal do TRF1 e Juiz Estadual mineiro no exercício de jurisdição federal (mesma
região) > TRF respectivo
j) Juiz Federal do TRF5 e Juiz Estadual da Bahia no exercício de jurisdição federal (regiões
diferentes) > STJ
k) STJ e TST > STF
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição
do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de

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um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;


r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do
Ministério Público. (Incluída pela Emenda Constitucional n. 45/2004)
Segundo a orientação adotada pelo Plenário do STF, as “ações” a que se refere o art. 102, I,
“r” da Constituição Federal são apenas as ações constitucionais de mandado de
segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus. As demais ações em que
se questionam atos do Conselho Nacional de Justiça – CNJ e do Conselho Nacional do
Ministério Público - CNMP submetem-se, consequentemente, ao regime de competência
estabelecido pelas normas comuns de direito processual. (ACO 2291)

o) Competência: Recurso Ordinário

II - julgar, em recurso ordinário:


a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção
decididos em únicainstância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

“Não cabimento de recurso ordinário constitucional em sede de execução em mandado de


segurança. Rol de hipóteses de cabimento do recurso ordinário, do art. 102, II, a, CF, é
taxativo.” (Pet 5.297-AgR

REQUISITOS: única e não última e denegação.

OBS: lembrar que a finalidade dos remédios constitucionais é resguardar os direitos fundamentais, daí que
a proteção deles deve ser priorizada.

b) o crime político;

OBS: a competência na 1ª instância é do juiz federal. Trata-se de um caso específico, em que o processo
sairá da 1ª instância e irá diretamente ao STF, caso se interponha o Recurso Ordinário.

O art. 102, II alínea b dispõe que: cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recurso ordinário, o crime
político. Vale relembrar que crime político é aquele que ofende ou põe em risco as normas que protegem
o regime político social do Estado. (O STF ainda reconhece a subsistência dessa conceituação para alguns
crimes previstos na lei 7170/83-lei de Segurança Nacional).

“O Plenário do STF decidiu que, para configuração do crime político, previsto no parágrafo único do art. 12
da Lei 7.170/1983, é necessário, além da motivação e os objetivos políticos do agente, que tenha havido
lesão real ou potencial aos bens jurídicos indicados no art. 1º da citada Lei 7.170/1983. Precedente: RCR
1.468-RJ, rel. p/ o ac. Maurício Corrêa, Plenário, 23-3-2000.” (RC 1470)

p) Competência: Recurso Extraordinário

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última


instância, quando a decisão recorrida:

REQUISITOS: única ou última instância. Incisos abaixo e repercussão geral.

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

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c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela EC n.º 45/2004)

q) Competência: ADPF

§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta


Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
(Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

Sobre o que seria preceito fundamental, Gilmar Mendes diz: “não se pode negar a qualidade de preceitos
fundamentais da ordem constitucional aos direitos e garantias individuais (art. 5º, entre outros). Da
mesma forma, não se poderá deixar de atribuir essa qualificação aos demais princípios protegidos pela
cláusula pétrea do art. 60, § 4º, da Constituição: princípio federativo, a separação dos poderes, o voto
direto, universal e secreto”.
OBS: regulamentada pela Lei 9.882/99.

r) Competência: ADI e ADECON

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

s) Recurso Extraordinário: Repercussão Geral

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das


questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
terços de seus membros." (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Informativo n.º 472/STF - Repercussão Geral e Recurso Extraordinário em Matéria Criminal


-1
O Tribunal resolveu questão de ordem suscitada em agravo de instrumento - interposto
contra decisão que inadmitira recurso extraordinário, em matéria criminal - da seguinte
forma: 1) que é de exigir-se a demonstração da repercussão geral das questões
constitucionais discutidas em qualquer recurso extraordinário, incluído o criminal;2) que
a verificação da existência de demonstração formal e fundamentada da repercussão geral
das questões discutidas no recurso extraordinário pode fazer-se tanto na origem quanto no
Supremo Tribunal Federal, cabendo exclusivamente a este Tribunal, no entanto, a decisão
sobre a efetiva existência da repercussão geral; 3) que a exigência da demonstração
formal e fundamentada no recurso extraordinário da repercussão geral das questões
constitucionais discutidas só incide quando a intimação do acórdão recorrido tenha
ocorrido a partir de 3.5.2007, data da publicação da Emenda Regimental 21/2007, do
RISTF. (AI-664567)
Repercussão Geral e Recurso Extraordinário em Matéria Criminal - 2
Salientou-se, inicialmente, que os recursos criminais de um modo geral possuem um
regime jurídico dotado de certas peculiaridades que não afetam substancialmente a
disciplina constitucional comum reservada a todos os recursos extraordinários e que, com
o advento da EC 45/2004, que introduziu o § 3º do art. 102 da CF, a exigência da
repercussão geral da questão constitucional passou a integrar o núcleo comum da
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disciplina constitucional do recurso extraordinário, cuja regulamentação se deu com a Lei


11.418/2006, que alterou o texto do CPC, acrescentando-lhe os artigos 543-A e 543-B.
Entendeu-se que, não obstante essa alteração tenha se dado somente no CPC, a
regulação se aplicaria plenamente ao recurso extraordinário criminal, tanto em razão de a
repercussão geral ter passado a integrar a disciplina constitucional de todos os recursos
extraordinários, como por ser inequívoca a finalidade da Lei 11.418/2006 de regulamentar
o instituto nessa mesma extensão. (AI-664567)

t) Competência: ADI e ADECON

Previsão no art. 103 da CRFB, sendo que a uniformização dos legitimados à propositura da ADI e da ADC
só ocorreu com a EC 45/04.
OBS: o AGU não se manifesta nas ADC´s. Vide ADC nº 1, STF.

u) Competência: Súmula Vinculante

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à
sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação
direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso.

OBS: COMENTÁRIOS DE ANTÔNIO CARLOS MARCATO:

Com relação aos legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, além dos da ADIN e da ADC, a lei acrescentou o Defensor Público-Geral da União e os Tribunais
Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais
Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
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OBS: ABAIXO OS COMENTÁRIOS DE ANTÔNIO CARLOS MARCATO:

OBS: De acordo com o art. 4º da lei, temos a possibilidade de modulação dos efeitos também em relação
às súmulas.
OBS: ABAIXO OS COMENTÁRIOS DE ANTÔNIO CARLOS MARCATO:

OBS: o STF limitar-se-á a cassar a decisão ou anular o ato. Não irá diretamente proferir decisão que
substitua a decisão anteriormente proferida.

v) Conselho Nacional De Justiça

É órgão do Poder Judiciário, mas sem jurisdição, consubstanciando-se em órgão administrativo de controle
do Poder Judiciário e da atividade da magistratura. Os Conselheiros não são investidos de jurisdição, de
maneira que as decisões do CNJ não possuem autoridade de coisa julgada. A ele não cabe fiscalizar a
função jurisdicional do Judiciário e de seus membros.
Os atos administrativos do CNJ podem ser controlados judicialmente apenas por meio de ação, a ser
processada no STF (art. 102, I, r, CF), não havendo previsão legislativa de recurso administrativo para o STF.
Ressalte-se a novel interpretação do STF no sentido de que apenas o mandado de segurança, habeas
corpus e habeas data serão julgados pelo Tribunal. Na hipótese de ações ordinárias, estas serão julgadas
pelo juízo federal de 1ª instância.
O CNJ irá fiscalizar as Corregedorias, já que é materialmente impossível que fiscalize todos os membros da
magistratura nacional.
Em 2012, o Plenário concluiu o julgamento da ADI da Resolução 135 do CNJ e, com relação ao seu art. 12,
decidiu-se que o CNJ pode iniciar investigação contra magistrados independentemente da atuação da
corregedoria do tribunal, sem necessidade de fundamentar a decisão.

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Logo, pode-se concluir que a competência do CNJ é CONCORRENTE, isto é, diante da notícia de um desvio
funcional praticado por magistrado, pode iniciar processo administrativo disciplinar contra ele, sem ter que
aguardar a Corregedoria local.
OBS:1- lembrar que o CNJ é órgão que compõe a estrutura do Poder Judiciário, portanto não há que se
falar que a criação do CNJ implicou no surgimento de controle externo do Poder Judiciário.
2- A União pode intervir em mandado de segurança impetrado contra ato do CNJ, mesmo que no processo
esteja sendo discutido um concurso público do Tribunal de Justiça (estadual), já que o CNJ é um órgão da
União.
OBS2: o STF e seus ministros estão excluídos do alcance da competência do CNJ (ADI 3367)
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com mandato
de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (redação dada pela EC 61/2009)
I - um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal;

OBS: perceba que o dispositivo fala em “um Ministro do STF”. Não necessariamente será o PRESIDENTE do STF,
como ocorre no momento.

II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;


III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz federal de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - um juiz do trabalho de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
do Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União (MPT, MPF, MPDFT, MP MILITAR), indicado
pelo Procurador-Geral da República;
XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da
República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (o Presidente
do CNJ será um Ministro do STF, contudo, não necessariamente o Presidente do STF
comporá o CNJ), que votará em caso de empate, ficando excluído da distribuição de
processos naquele tribunal.
§ 2º Os membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao
Supremo Tribunal Federal.
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
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I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da


Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário,
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
Contas da União;
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos
disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou
de abuso de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros
de tribunais julgados há menos de um ano; (PODE SER REABERTO PARA EVITAR QUE O JUIZ
SEJA PERSEGUIDO OU PUNIDO INDEVIDAMENTE).
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas,
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a
situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e
ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados
e aos serviços judiciários;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores
de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça,
competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando
diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

OBS: a Constituição não obriga os Estados a fazerem o mesmo. O STF já entendeu que os Estados não
podem criar Conselhos Estaduais – ausência de previsão expressa na CF.

EMENTAS: 1. AÇÃO. 2. INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Emenda Constitucional nº


45/2004. Poder Judiciário. Conselho Nacional de Justiça. Instituição e disciplina. Natureza
meramente administrativa. Órgão interno de controle administrativo, financeiro e
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disciplinar da magistratura. Constitucionalidade reconhecida. 3. PODER JUDICIÁRIO. Caráter


nacional. Regime orgânico unitário. Controle administrativo, financeiro e disciplinar. Órgão
interno ou externo. Conselho de Justiça. Criação por Estado membro. Inadmissibilidade.
Falta de competência constitucional. Os Estados membros carecem de competência
constitucional para instituir, como órgão interno ou externo do Judiciário, conselho
destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva
Justiça. 4. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza
exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da atividade administrativa,
financeira e disciplinar da magistratura. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma
competência sobre o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão
máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito. 5. PODER JUDICIÁRIO.
Conselho Nacional de Justiça. Membro. Advogados e cidadãos. Exercício do mandato.
Atividades incompatíveis com tal exercício. Nenhum dos advogados ou cidadãos membros
do Conselho Nacional de Justiça pode, durante o exercício do mandato, exercer
atividades incompatíveis com essa condição, tais como exercer outro cargo ou função,
salvo uma de magistério, dedicar-se a atividade político-partidária e exercer a advocacia
no território nacional. (ADI 3367).

w) Superior Tribunal de Justiça

O que dá característica própria ao STJ são suas atribuições de controle da inteireza positiva,
da autoridade e da uniformidade de interpretação da lei federal, consubstanciando-se aí
jurisdição de tutela do princípio da incolumidade do Direito objetivo que, segundo José
Afonso da Silva, “constitui um valor jurídico – que resume certeza, garantia e ordem –,
valor esse que impõe a necessidade de um órgão de cume e um instituto processual para a
sua real efetivação no plano processual”. Refere-se à sua competência prevista no art. 105,
III, transcrito acima, que sofreu uma redução pela E.C. n.º 45/03, que excluiu da
competência do STJ o poder de dizer a última palavra em matéria de lei federal quando a
violação partir de lei estadual considerada válida pelas instâncias ordinárias em face
daquela. Tal redução, entretanto, já era justificada pelo mesmo autor, que dizia que “A
questão suscitada no art. 105, III, b, não se limita a proteger a incolumidade da lei federal.
Também o é, talvez principalmente o seja. Contudo, na base dela está uma questão
constitucional, já que se tem que decidir a respeito da competência constitucional para
legislar sobre a matéria da lei ou ato de governo local. Pode acontecer que a validade seja
mesmo da lei ou do ato local, por ser matéria que a Constituição atribuiu aos Estados,
Distrito Federal ou Municípios. Significa isso que a questão é suscetível de apreciação pelo
STF, mediante recurso extraordinário”.

A EC. nº 45/04 criou uma nova competência para o STJ, além das já transcritas. Trata-se do julgamento do
incidente de deslocamento da competência da JE para a JF, provocado pelo PGR, quando ocorrer grave
violação de direitos humanos que sejam objeto de tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.
Quanto à escolha dos Ministros, segue trecho do resumo do TRF 5 (não há discriminação do autor no
resumo):

Aqui existe uma diferença em relação à escolha dos Ministros do Supremo. Quem escolhe
os Ministros do STJ é o Presidente da República. No entanto, sua escolha é vinculada a
categorias:

1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais de Justiça (11)

1/3 dentre os desembargadores TRF’s (11)

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1/3 dentre advogados e membros do MP (5 de cada e 1 alterna: ora MP, ora advogado) –
Pode ser MPF ou MPE

Digamos que um Ministro do STJ se aposenta e era oriundo do TRF. O Presidente do STJ manda um ofício para os 5
TRF’s, dizendo que surgiu uma vaga de Ministro e essa vaga é para desembargadores federais. Aqueles que
desejarem concorrer, fazem sua inscrição no STJ. Digamos que 15 façam a inscrição. O STJ reduz essa lista para 3,
remete para o Presidente, que deverá escolher um e remete esse nome para o Senado que deverá aprová-lo por
maioria absoluta de votos.

Dentre os 11 da OAB e do MP é diferente. A OAB e o MP remetem 6 nomes ao STJ. O STJ reduz essa lista para três
nomes e remete para o Presidente da República, o Presidente escolhe um, indica o nome para o Senado que aprova
por maioria de votos.

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta
e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha
pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela EC nº 45, de 2004)
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo
próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos
de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União
que oficiem perante tribunais;

Informativo 238 (HC-80511)


Autorização Legislativa: Condição de Procedibilidade - A instauração de persecução penal,
de iniciativa pública ou privada, inclusive as de caráter eleitoral ou contravencionais, em
juízo, contra governador de Estado, deve ser precedida, necessariamente, de autorização
dada pela assembléia legislativa local, a qual, por respeito ao princípio da Federação,
compete exercer o controle político prévio. Esse entendimento - que submete, à
Assembléia Legislativa local, a avaliação política sobre a conveniência, ou não, de autorizar-
se o processamento de acusação penal contra o Governador do Estado - funda-se na
circunstância de que, recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de
Justiça, dar-se-á a suspensão funcional do Chefe do Poder Executivo estadual, que ficará
afastado temporariamente do exercício do mandato que lhe foi conferido por voto
popular, daí resultando verdadeira "destituição indireta de suas funções", com grave
comprometimento da própria autonomia político-institucional da unidade federada que
dirige.

Obs: Quanto à prisão cautelar do governador: é preciso autorização da assembleia?


EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE
MATO GROSSO - OUTORGA DE PRERROGATIVA DE CARÁTER PROCESSUAL PENAL AO
GOVERNADOR DO ESTADO - IMUNIDADE A PRISÃO CAUTELAR - INADMISSIBILIDADE -
USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO - PRERROGATIVA INERENTE AO

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PRESIDENTE DA REPUBLICA ENQUANTO CHEFE DE ESTADO (CF/88, ART.86, PAR. 3.) - AÇÃO
DIRETA PROCEDENTE. IMUNIDADE A PRISÃO CAUTELAR - PRERROGATIVA DO PRESIDENTE
DA REPUBLICA - IMPOSSIBILIDADE DE SUA EXTENSAO, MEDIANTE NORMA DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, AO GOVERNADOR DO ESTADO. O estado-membro, ainda que
em norma constante de sua própria constituição, não dispõe de competência para outorgar
ao governador a prerrogativa extraordinária da imunidade a prisão em flagrante, a prisão
preventiva e a prisão temporária, pois a disciplinação dessas modalidades de prisão
cautelar submete-se, com exclusividade, ao poder normativo da união federal, por efeito
de expressa reserva constitucional de competência definida pela carta da republica. a
norma constante da constituição estadual - que impede a prisão do governador de estado
antes de sua condenação penal definitiva - não se reveste de validade jurídica e,
consequentemente, não pode subsistir em face de sua evidente incompatibilidade com o
texto da Constituição Federal. Caso Arruda – Ex-governador do DF - Dos 14 membros da
Corte Especial, dez votaram favoravelmente à posição de que é possível ao STJ decretar a
prisão preventiva de governadores em situações como a do governador Arruda.
Portanto, atualmente é entendimento majoritário no STF e no STJ que tanto Governador de estado, bem
como Prefeitos municipais podem sim sofrer com quaisquer das várias prisões destinadas à persecução
penal.

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;(Redação
dada pela EC nº 23, de 1999)

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas
na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral; (Redação dada pela EC nº 23, de 1999)

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,


I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a
tribunais diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou


entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito
Federal, ou entre as deste e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição


de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados
os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas


rogatórias; (Incluída pela EC nº 45, de 2004)
OBS.:
 COMPETÊNCIA DO STJ:
o conceder exequatur para cumprimento de cartas rogatórias;
o homologar sentença estrangeira para que seja cumprida no Brasil.
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 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL de 1ª Instância:


o executar cartas rogatórias, após o exequatur concedido pelo STJ;
o executar sentença estrangeira, depois de homologada pelo STJ

II - julgar, em recurso ordinário:

a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais


Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais


Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um


lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação da EC 45)


I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
(Redação da EC 45)
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão
central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
(Redação da EC 45)

Órgãos que funcionam junto ao STJ: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados e
Conselho da Justiça Federal

A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados foi criada pela E.C. nº45/04, cabendo-
lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (art.
105, § u, II). A Justiça do Trabalho possui escola própria, conforme previsão do art. 111-A, § 2º, I.
Ao CJF cabe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da justiça federal de
primeiro e segundo grau, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão
caráter vinculante. (art. 105, parágrafo único, II, com redação dada pela E.C. nº 45/04). Sua composição,
estrutura, atribuições e funcionamento são as previstas em lei. Suas atribuições são duplamente limitadas:
só incidirão sobre os Tribunais Regionais Federais e os juízes federais e apenas sobre a gestão
administrativa e orçamentária desses órgãos. Vale dizer que os juízes de 1º grau, em geral, só atuam em
tais áreas quando na função de diretores de foro.
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Pode-se dizer que há uma sobreposição de atribuições entre o Conselho da Justiça Federal e o Conselho
Nacional de Justiça, tendo em vista o referido dispositivo e o art. 103-B, § 4º, introduzido pela E.C. nº
45/04, de modo que os tribunais regionais federais e os juízes federais estão sujeitos à supervisão de
ambos. O mesmo se pode dizer dos tribunais regionais do trabalho e dos juízes do trabalho, considerando-
se o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (art. 111-A, § 2º, II).

x) Justiça Federal

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:


I - os Tribunais Regionais Federais;
II - os Juízes Federais.
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes (a
Constituição continua denominando os membros dos TRF´s de JUÍZES, e não de
Desembargadores), recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo
Presidente da República dentre brasileiros (NATOS OU NATURALIZADOS) com mais de
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

OBS: Leis 9967 e 9968, ambas de 2000, determinam que os TRF´s terão a seguinte composição:
TRF1: 27 Juízes; TRF2: 27 Juízes; TRF3: 43 Juízes; TRF4: 27 Juízes; TRF5: 15 Juízes.

Tribunais Regionais Federais


O constitucionalista Pinto Ferreira explica a necessidade e a origem dos TRF’s da seguinte
forma: “A fim de diminuir a crescente atividade do Supremo Tribunal Federal, tanto no
Brasil, como em outros países que admitem o sistema, surgiu a idéia de criar órgãos
intermediários, inferiores à Suprema Corte e superiores à primeira instância.” Segundo o
mesmo autor, semelhantes órgãos podem ser encontrados nos EUA e na Argentina. No
Brasil, já a primeira Carta republicana fazia referência aos tribunais federais, tendo a
Constituição de 1934 mandado criá-los e a de 1946, instituído com o nome de tribunais
federais de recursos. Os TRF’s são uma inovação da presente Constituição. (in A
Constituição na Visão dos Tribunais, v. 2, p. 820, Ed. Saraiva).
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício,
por antigüidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e
determinará sua jurisdição e sede. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45/2004)
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de
audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela EC nº 45)
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo
Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas
as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público
da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (NA COMPETÊNCIA DO STJ, ESTÃO
OS MEMBROS DO MPU QUE OFICIAM PERANTE OS TRIBUNAIS) (TODA ESSA COMPETÊNCIA
ORIGINÁRIA TEM COMO RESSALVA A COMPETÊNCIA A JUSTIÇA ELEITORAL – TRE).
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região;

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c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz


federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;

COATOR PROCURADOR DA REPÚBLICA


MS e HD Juiz federal
HC
(ação penal, mesmo foro da ação penal) TRF
(por trás do HC pode existir um crime)

HC
HC ESTADUAL TJ
HC PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA STJ

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

OBS: STJ Súmula nº 428


Competência - Conflitos de Competência entre Juizado Especial Federal e Juízo Federal da Mesma Seção
Judiciária: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial
federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
STJ Súmula nº 376
Competência - Processo e Julgamento - Mandado de Segurança Contra Ato de Juizado Especial Compete
à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial
OBS: Entretanto, é cabível MS, a ser impetrado no TRF, com a finalidade de promover o controle da competência dos
JEFs.
OBS: inclui também os casos de delegação de jurisdição federal.

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes
estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

Justiça Federal de 1º Grau


A justiça federal de primeira instância nasceu com a República, tendo sido criada pela Constituição de
1891. Após, foi mantida pela Constituição de 1934 e extinta pela de 1937, não tendo sido recriada pela
Carta de 1946, que previu apenas a justiça federal de 2º grau (Tribunais Federais de Recursos). Veio a ser
reinstituída em 1965, por meio do Ato Institucional nº 2, mantida pela Constituição de 1967, pela E.C. n.º
1/69 (que alguns consideram como constituição) e pela Carta de 1988, que foi a que melhor estruturou a
Justiça Federal, prevendo, como seus órgãos, os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais.
Portanto, é uma leviandade intelectual dizer que a justiça federal é produto do regime militar, já que ela
nasceu com a República, manteve-se sob uma constituição democrática (1934), foi extinta por uma
constituição de regime autoritário (1937) e, embora tenha sido reinstituída já sob o regime militar, foi
mantida pela Constituição atual, a mais democrática da história brasileira.
A E.C. n.º 45/04 alterou a redação do art. 114 da Constituição da República, que disciplina a competência
da Justiça do Trabalho, cujo inciso I passou a prever que é da sua competência processar e julgar as ações
oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública
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direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O STF pacificou o
entendimento pela competência da Justiça Comum Estadual e Federal para processar ações relativas a
feitos relativos a questões funcionais dos servidores estatutários, incluindo temporários sob regime
administrativo – (CC 7231).

Organização da Justiça Federal de primeira instância


Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva
Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei (CF, art. 110). A interiorização da justiça federal é
fenômeno recente, materializado pela criação de varas federais nos municípios mais populosos, que não
sejam capitais de Estados, além dos juizados especiais federais. A E.C. n.º 45/04 determinou a instalação da
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional (art. 107, §
2º).
Há, ainda, a previsão de que, nos Territórios Federais, hoje inexistentes, a jurisdição e as atribuições
cometidas aos Juízes Federais caberão aos juízes da justiça local (art. 110, parágrafo único).
A Lei 5010/66 organiza a Justiça Federal de 1ª Instância

I - as causas em que a União, entidade autárquica (FUNDAÇÕES ESTÃO INCLUÍDAS,


EXEMPLO FUNAI) ou empresa pública federal (NÃO ESTÃO INCLUÍDAS AS SOCIEDADES DE
ECONOMIA MISTA, EXEMPLO BANCO DO BRASIL E PETROBRÁS) forem interessadas (É O
INTERESSE JURÍDICO E NÃO O INTERESSE MERAMENTE PATRIMONIAL) na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e
as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

STJ Súmula nº 506 - A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual

Súmula 505 STJ -A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto
obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a
Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social - REFER é da Justiça estadual.

Súmula 489 STJ - Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as
ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

Competência - Julgamento das Execuções STJ Súmula nº 349 - Fiscais de Contribuições Devidas pelo
Empregador ao FGTS Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento
das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.
O STF reconheceu repercussão geral em RE que questiona competência para ações de indenização por
acidente de trabalho. A Súmula 366 do STJ (CANCELADA) prevê a competência da Justiça Estadual para o
julgamento de ação de indenização por acidente de trabalho movida pelos herdeiros do trabalhador.
Entretanto o STF tem entendimentos que se trata de competência da Justiça do Trabalho, com base na
EC 45/2004 e na SV 22.
Na competência do STF está a competência para julgamento das causas que tenham pessoa jurídica de
direito público interno (EXCETO O MUNICÍPIO) contra o Estado estrangeiro e organizações internacionais. E
nas ações entre as pessoas jurídicas de direito público interno será a competência do STF quando haja
violação do pacto federativo. Quando não houver violação ao pacto federativo o julgamento será do JUIZ
FEDERAL quando haja a União na causa.
OBS: O RECURSO ORDINÁRIO VAI PARA O STJ - ROC

UNIÃO X ESTADO; UNIÃO X DF; UNIAO X STF por envolver conflito

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MUNICÍPIO federativo (Art. 102, I, f da CF)

ESTADO X MUNICÍPIO X DF JUIZ ESTADUAL

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa


domiciliada ou residente no País; (FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA PELAS PARTES)

JUIZ FEDERAL
ESTADO ESTRANGEIRO ou ORGANISMO INTERNACIONAL x PARTICULAR
OU MUNICÍPIO (com recurso ordinário
para o STJ)

ESTADO ESTRANGEIRO ou ORGANISMO INTERNACIONAL x UNIÃO ou


STF
ESTADO ou DISTRITO FEDERAL ou TERRITÓRIO

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou


organismo internacional; (FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA PELA CAUSA DE PEDIR)

As causas de que trata este inciso são raras. A doutrina, contudo, encontra três exemplos:
 As demandas nas quais se discute a proteção do nome comercial (são fundamentadas na
Convenção de Paris de 1967);
 As ações de ressarcimento de danos causados por vazamento ocorrido em navio de petróleo
(Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por
 poluição de óleo);
 As ações de alimentos internacionais, ou seja, quando o alimentando (credor) residir no exterior e o
alimentante (devedor) morar no Brasil. Esta demanda será processada pela Justiça Federal, na
Seção ou Subseção Judiciária onde tiver domicílio o devedor. As regras para esta ação estão
fundadas na Convenção de Nova Iorque de 1956, promulgada pelo Decreto 56.826/65 (DIDIER,
2013, p. 185).
Texto extraído do site Dizer o Direito (Fonte: http://www.dizerodireito.com.br/2014/05/ebook-
competencias-da-justica-federal.html)

IV - os crimes políticos (SOMENTE HÁ CRIME POLÍTICO QUANDO PRESENTES OS


REQUISITOS DO ARTIGO 2o. DA LEI SE SEGURANÇA NACIONAL, É DIFERENTE DO CRIME
POLÍTICO QUE VEDA A EXTRADIÇÃO DE ESTRANGEIRO, QUE CONSISTE NA VIOLAÇÃO DE
LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA; O RECURSO CABÍVEL É O RECURSO ORDINÁRIO PARA O STF) e
as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada
a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; - matéria pertencente ao ponto 1 de
Processo Penal

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional (TRÁFICO DE


ENTORPECENTES, TRÁFICO DE PESSOAS ETC.), quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

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O delito deve ser TRANSNACIONAL e tem que estar previsto em tratado ou convenção internacional. Com a
nova Lei de Tóxicos (Lei 11.343/06) acabou a possibilidade de delegação de jurisdição federal para a Justiça
Estadual:
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal
serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.

Jurisprudência envolvendo militar (questão da justiça federal), o envolvimento de militar não determina a
competência da justiça militar, sendo competência da justiça federal, mesmo que envolva o militar.

V-A as causas grave violação de direitos humanos a que se refere o §5º deste artigo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)A razão decorre da responsabilidade
da União em responder perante organismos internacionais e não punição de tais violações.

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira (A LEI ESCOLHE QUAIS SERÃO OS
CRIMES DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, CASO RARO EM QUE A LEI DECIDIRÁ E
NÃO A CF);

Informativo 450 (RE-398041)


Crime de Redução a Condição Análoga à de Escravo e Competência – 2
Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, deu provimento a recurso
extraordinário para anular acórdão do TRF da 1ª Região, fixando a competência da justiça
federal para processar e julgar crime de redução a condição análoga à de escravo (CP, art.
149) — v. Informativo 378. Entendeu-se que quaisquer condutas que violem não só o
sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos
trabalhadores, mas também o homem trabalhador, atingindo-o nas esferas em que a
Constituição lhe confere proteção máxima, enquadram-se na categoria dos crimes contra a
organização do trabalho, se praticadas no contexto de relações de trabalho. Concluiu-se
que, nesse contexto, o qual sofre influxo do princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana, informador de todo o sistema jurídico-constitucional, a prática do crime em
questão caracteriza-se como crime contra a organização do trabalho, de competência da
justiça federal (CF, art. 109, VI). RE 398041/PA, rel. Min. Joaquim Barbosa, 30.11.2006. (RE-
398041)
EM SUMA : Caracterizam CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO as condutas de:
- violar o sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, o direito e os deveres dos
trabalhadores;
- violar o “homem trabalhador”, atingindo-o nas esferas em que a Constituição lhe assegura proteção
máxima, se a conduta for praticada no contexto de relações de trabalho.

TFR Súmula nº 115 - Competência - Processo e Julgamento - Crimes Contra a Organização


Geral do Trabalho ou Direitos Coletivos dos Trabalhadores - Compete à Justiça Federal
processar e julgar os crimes contra a organização do trabalho, quando tenham por objeto a
organização geral do trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.

VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento


provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; (O
EXAMINADOR VAI QUERER ENGANAR COLOCANDO O HC CONTRA ATO DO PROCURADOR DA
REPÚBLICA, MAS SERÁ A COMPETÊNCIA DO TRF, QUANDO FOR MEMBRO QUE ATUE EM
TRIBUNAL A COMPETÊNCIA É DO STJ)
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COATOR PROCURADOR DA REPÚBLICA

HC

(ação penal, mesmo foro da ação penal)


TRF
(por trás do HC pode existir um crime de
abuso de autoridade)

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,


excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

SÚMULA 511 STF- Compete à Justiça Federal, em ambas as instâncias, processar e julgar as
causas entre autarquias federais e entidades públicas locais, inclusive mandados de
segurança, ressalvada a ação fiscal, nos termos da Constituição de 1967, art. 119, § 3.º.

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da


Justiça Militar;

Mesmo sem qualquer razão lógica para tanto, a jurisprudência confere tratamento diferenciado se a
hipótese for de navio ou de avião. Vejamos:
Navio ancorado: competência da Justiça Estadual (STJ, CC 116011-SP);
Avião pousado: competência da Justiça Federal (STJ, HC 108478)
Texto extraído do DoD (www.dizerodireito.com.br/2014/05/ebook-competencias-da-justica-federal.html)

Informativo 491/STF

1ª Turma
Tráfico de Entorpecentes e Competência - 2
A Turma concluiu julgamento de recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público
Federal contra acórdão do TRF da 1ª Região que mantivera decisão de juiz federal que, por
entender tratar-se de tráfico doméstico, declinara da competência, para a justiça comum,
de feito relativo a tráfico de substância entorpecente — v. Informativo 416. No caso, as
recorridas foram denunciadas pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 12, c/c
18, III, ambos da Lei 6.368/76, em decorrência do transporte de cocaína de Cuiabá/MT para
São Paulo. Em razão de problemas nos vôos, foram obrigadas a desembarcar em Brasília
antes de seguirem viagem para o destino final, sendo presas em flagrante no aeroporto.
Em votação majoritária, desproveu-se o recurso ao fundamento de que a justiça estadual
seria competente para conhecer da causa. Tendo em conta que o flagrante ocorrera
quando as denunciadas estavam em terra, asseverou-se que o transporte, que antecedera
a prisão, não seria suficiente para deslocar a competência para a justiça federal, devendo o
art. 109, IX, da CF ser interpretado restritivamente. (RE-463500)

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

OBS: COMPETÊNCIA DO STJ:


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- conceder exequatur para cumprimento de cartas rogatórias;


- homologar sentença estrangeira para que seja cumprida no Brasil.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL de 1ª Instância:


- executar cartas rogatórias, após o exequatur concedido pelo STJ;
- executar sentença estrangeira, depois de homologada pelo STJ

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Para que seja competência da Justiça Federal é preciso que envolva os indígenas coletivamente
considerados (DIDIER). Conforme o Min. Luis Felipe Salomão:
(...) a Constituição Federal em seu art. 109, XI, institui a competência da Justiça Federal para processar e
julgar os feitos relativos a disputa sobre direitos indígenas. Porém, tal dispositivo não deve ser
interpretado no sentido de alcançar qualquer relação em que haja interesse de índio envolvido na relação
processual. Ao contrário, é preciso que a causa verse sobre algum dos interesses da coletividade indígena
elencados no art. 231 da Constituição Federal, que dispõe sobre os direitos reconhecidos aos índios que
devem ser protegidos pela União, a saber: organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. (CC 100695)
Em regra, a competência para julgar crime no qual o indígena figure como autor ou vítima é da Justiça
Estadual. A Súmula 140-STJ é expressa nesse sentido: “Compete à justiça comum estadual processar e
julgar crime em que o indígena figure como autor ou vitima”.
Excepcionalmente, a competência será da Justiça Federal: a) quando o crime praticado estiver relacionado
com questões ligadas à cultura e aos b) no caso de genocídio contra os indígenas, considerando que, neste
caso, o delito é direitos dos indígenas sobre suas terras (STF, HC 91121); ou praticado com o objetivo de
acabar com a própria existência de uma determinada etnia (RE 263010).
Resumindo, o crime será de competência da Justiça Federal sempre que envolver “disputa sobre direitos
indígenas’, nos termos do art. 109, XI, da CF/88. Este precedente do STF resume bem a questão ao afirmar
que a competência da Justiça Federal, fixada no art. 109, XI, da CF, “só se desata quando a acusação seja
de genocídio, ou quando, na ocasião ou motivação de outro delito de que seja índio o agente ou a vítima,
tenha havido disputa sobre direitos indígenas, não bastando seja aquele imputado a silvícola, nem que
este lhe seja vítima e, tampouco, que haja sido praticado dentro de reserva indígena.” (RE 419528). Texto
extraído do site www.dizerodireito.com.br/2014/05/ebook-competencias-da-justica-federal.html

§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.

É uma competência que beneficia o direito de defesa da outra parte.


Há uma súmula do extinto TFR (súmula 40) – A execução fiscal da Fazenda Pública federal será proposta
perante o juiz de direito da comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara da
Justiça Federal.

§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que
for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

O dispositivo torna o DF como foro UNIVERSAL para ajuizamento das ações contra a União. TODAS podem
ser propostas no DF.
OBS: Trata-se de opção conferida àquele que litiga contra a União, que terá quatro lugares em que poderá
ajuizar a ação.

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§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados


ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e
segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada
essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e
julgadas pela justiça estadual.

O dispositivo deve ser dividido em duas situações distintas.


No MS contra ato do INSS é domicílio o foro da autoridade coatora, mas há posição minoritária
discordando; sendo impetrado na JF

A lei pode dizer que o juiz estadual irá processar e julgar, quando não haja justiça federal no local, mas a lei
tem que ser expressa, falando da matéria. EXEMPLOS: execução fiscal, usucapião (súmula do TFR) (Lei 6969
ressalva a competência da justiça federal para quando não há vara), execução penal. OBS: No que tange à
delegação em execução fiscal, tivemos recente alteração legislativa, onde ficou revogada qualquer
delegação desta matéria para e justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal


Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela EC nº 45)
Requisitos:
a) GRAVE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS; (CF/88) (todo homicídio doloso é grave violação) não
seria razoável admitir que todos os crimes que tratem de violação dos direitos humanos sejam
deslocados para a Justiça Federal, sob pena de inviabilizá-la, esvaziando, ao mesmo tempo, a
Justiça estadual. O próprio constituinte, ao não defini-los, optou por não restringir a alguns crimes
os de "grave violação aos direitos humanos".
b) DIREITO HUMANO GARANTIDO POR TRATADO INTERNACIONAL; (CF/88)
c) INCAPACIDADE DE O ESTADO CUIDAR DO CRIME (NÃO É EXPRESSO NA CF);
d) PONDERAR A RAZOABILIDADE E A PROPORCIONALIDADE EM CADA CASO CONCRETO (NÃO É
EXPRESSO NA CF).
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que
terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes
federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.
OBSERVAÇÃO:
SÚMULAS sobre a competência da Justiça Federal:
SÚMULA VINCULANTE Nº 27 - COMPETE À JUSTIÇA ESTADUAL JULGAR CAUSAS ENTRE
CONSUMIDOR E CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO DE TELEFONIA, QUANDO A
ANATEL NÃO SEJA LITISCONSORTE PASSIVA NECESSÁRIA, ASSISTENTE, NEM OPOENTE.

SÚMULA VINCULANTE 36 - Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil


denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de
falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de
Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.

Súmula 489 STJ

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Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas
propostas nesta e na Justiça estadual.

Súmula 428 STJ

Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado


especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

STJ Súmula nº 349 - 11/06/2008 - DJe 19/06/2008

Competência - Julgamento das Execuções Fiscais de Contribuições Devidas pelo


Empregador ao FGTS Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada
o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.

STJ Súmula nº 365 - 19/11/2008 - DJe 26/11/2008

Intervenção da União como Sucessora da Rede Ferroviária Federal - Competência -


Sentença Proferida por Juízo Estadual. A intervenção da União como sucessora da Rede
Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a
sentença tenha sido proferida por Juízo estadual.

Súmula n.º 517 do STF: “As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal,
quando a União intervém como assistente ou opoente”.

Súmula n.º 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a
competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e o
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes”.

Súmula n.º 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos
restringe-se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a
competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.”

Súmula n.º 3 do STJ: “Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de


competência verificado, na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de
jurisdição federal”.

Súmula n.º 11 do STJ: “A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de


usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel”.

Súmula n.º 32 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar justificações judiciais


destinadas a instruir pedidos perante entidades que nela têm exclusividade de foro,
ressalvada a aplicação do art. 15, II, da Lei 5010/66”.

Súmula n.º 42 do STJ: “Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento”.

Súmula n.º 58 do STJ: “Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do


executado não desloca a competência já fixada”.

Súmula n.º 82 do STJ: “Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas,


processar e julgar os feitos relativos a movimentação do FGTS”.
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Súmula n.º 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II,
"a", do Código de Processo Penal”.

Súmula n.º 140 do STJ: “Compete à justiça comum estadual processar e julgar crime em
que o indígena figure como autor ou vitima”.

Súmula n.º 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”.

Súmula n.º 150 do STJ: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse
jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas
públicas”.

Súmula n.º 173 do STJ: “Compete À Justiça Federal processar e julgar o pedido de
reintegração em cargo público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes
da instituição do regime jurídico único”.

Súmula n.º 192 do STJ: “Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos
a estabelecimentos sujeitos a administração estadual”.

Súmula n.º 200 do STJ: “O juízo federal competente para processar e julgar acusado de
crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou”.

Súmula n.º 208 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal”.

Súmula n.º 224 do STJ: “Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz
Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar
conflito”.

Súmula n.º 270 do STJ: “O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente
federal em execução que tramita na justiça estadual, não desloca a competência para a
justiça federal”.

Súmula n.º 15 do TFR: “Compete à Justiça Federal julgar mandado de segurança contra ato
que diga respeito ao ensino superior, praticado por dirigente de estabelecimento
particular”.

Súmula n.º 40 do TFR: “A execução fiscal da Fazenda Pública Federal será proposta perante
o Juiz de Direito da Comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara
da justiça federal”.

Súmula n.º 216 do TFR: “Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de
segurança impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda que localizada em
comarca do interior”.

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y) Tribunais de Justiça dos Estados

A Constituição inclui os Tribunais e Juízes estaduais entre os órgãos do Poder Judiciário nacional (art. 92,
VII, CF/88), mas declara que os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na
Constituição. É o acolhimento das teses da jurisdição nacional e da descentralização judiciária.
O constituinte estadual é livre para estruturar a sua justiça, desde que preveja o Tribunal de Justiça como
órgão de cúpula da organização judiciária estadual, crie os juizados especiais e a justiça de paz, institua a
justiça itinerante (CF, art. 127, § 7º, com redação dada pela E.C. n.º 45/04), crie varas especializadas, com
competência exclusiva para questões agrárias (CF, art. 126, com redação dada pela E.C. n.º 45/04) e
mantenha o tribunal do júri, nos termos do art. 5º, XXXVIII, porque estão configurados na Constituição da
República que até já lhes define algumas competências (arts. 93, III, 96, I e II e 125, CF/88). Poderá criar
Justiça Militar, se o efetivo da corporação for maior que vinte mil integrantes, por proposta do Tribunal de
Justiça, descentralizar seu sistema judiciário por meio de Câmaras regionais (CF, art. 125, § 6º, com
redação dada pela E.C. n.º 45/04), sendo que os Tribunais de Alçada foram extintos pela referida Emenda
(art. 4º).
Está igualmente previsto que cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de
leis ou atos normativos ou municipais em face da Constituição estadual, vedada, porém, a atribuição de
legitimação para agir a um único órgão. Não é obrigatório seguir o paralelismo do art. 103, mas
certamente ali se oferece uma pauta que pode orientar o constituinte estadual. Pode-se prever também
(talvez se deva) a ação de inconstitucionalidade por omissão em face de determinações da Constituição
estadual, bem como a ação declaratória de constitucionalidade de ato normativo estadual ou municipal
em face dela.
O Tribunal de Justiça, órgão de cúpula da organização judiciária estadual, compõe-se de desembargadores
em número e com as atribuições determinadas na Constituição e nas leis do Estado. Nos Tribunais de
Justiça com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído órgão especial, com o
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e
jurisdicionais da competência do tribunal pleno.
Não há um estatuto autônomo da magistratura estadual. A lei complementar, prevista no art. 93, é que
disciplina o Estatuto da Magistratura Nacional, o qual inclui a estadual e a do Distrito Federal e Territórios.

DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça
e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos
Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação da EC 45)
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
(Redação da EC 45)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os
crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
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militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e


julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e
demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela EC 45)
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação e varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação da EC 45)
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á
presente no local do litígio.

No exercício de suas funções, o juiz só responderá por perdas e danos se proceder com dolo ou fraude
(Código de Processo Civil, artigo 133). Em outras palavras, não há o dever de indenizar em razão de decisão
judicial proferida, salvo se feita com o intuito de prejudicar alguém. Esta ressalva é correta. Se o juiz
respondesse civilmente por suas decisões, certamente teríamos uma legião de amedrontados que não
resolveriam os casos que lhes fossem submetidos.
Na esfera administrativa, os juízes de primeira instância respondem aos procedimentos disciplinares nos
tribunais de segundo grau aos quais estão vinculados. Os demais, ou seja, desembargadores e ministros
dos tribunais superiores, respondem administrativa nos seus próprios tribunais. Assim, por exemplo, se um
juiz federal de primeiro grau comete uma infração disciplinar, sua falta será apurada pelo Tribunal Regional
Federal ao qual está subordinado. Mas, se um desembargador cometer uma falta disciplinar, os fatos serão
apurados no seu próprio tribunal. (Constituição Federal, artigo 99 e Loamn, artigo 27).
Com a Emenda Constitucional 45/04, criou-se no Brasil o Conselho Nacional de Justiça, inserido no capítulo
sobre o Poder Judiciário (CF, art. 92, I-A). Composto por 15 membros, de origens diversas, tem o CNJ,
cumulativamente, poderes administrativos, podendo receber reclamações e denúncias de qualquer
interessado e rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de magistrados, julgados
há menos de um ano (CF, art. 103-B, § 4º III e V ).
Com a entrada em vigor da Loman, criou-se um sistema único para toda a magistratura brasileira. Optou o
legislador por seis sanções: advertência, censura, remoção compulsória, disponibilidade com vencimentos
proporcionais, aposentadoria com vencimentos proporcionais e demissão (art. 42). Como se vê, excluiu-se
a suspensão como pena, sob o argumento de que um juiz suspenso não teria condições de exercer suas
funções quando retornasse à vara.
As penas de advertência e censura são reservadas para as infrações de menor potencial ofensivo. A
advertência destina-se aos casos de negligência no cumprimento dos deveres do cargo (Loman, art. 43) e a
censura para a reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo, ou no de procedimento
incorreto (Loman, art. 44). Assim, a primeira, que é menos grave, cabe em caso de ocorrência isolada (por
exemplo, demora injustificada na assinatura de um alvará de levantamento de depósito) e a segunda, na
hipótese de ocorrências continuadas (por exemplo, omissão reiterada em despachar os processos) ou de
procedimento incorreto (por exemplo, ofender em artigo publicado na imprensa autoridade do Poder
Executivo).
A segunda hipótese a ensejar pena de censura merece algumas reflexões. Procedimento incorreto é o
inadequado, descabido, condenável. O legislador valeu-se destas duas palavras porque seria impossível
prever, exaustivamente, todas as hipóteses de ação ou omissão reprováveis. Assim, tanto pode ser
incorreto suspender uma audiência para tratar de assuntos particulares, como valer-se da condição de
magistrado para desobrigar-se de um dever comum a todos. Enfim, são infinitas as hipóteses que a vida
oferece e seria impossível enumerá-las em um dispositivo legal.

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Mas a interpretação da norma exige ponderação. Algumas condutas poderão ser apenas faltas éticas (por
exemplo, criticar colegas) ou mesmo falta de educação (por exemplo, não cumprimentar os funcionários).
Tais casos não podem ser objeto de uma sanção disciplinar. De resto, cumpre lembrar que a pena de
censura impede a promoção do juiz por merecimento, no prazo de um ano, contado a partir da data da
imposição (Loman, art. 44, par. único).
A remoção é a pena intermediária entre a censura e a disponibilidade. Pouco utilizada, ela visa retirar o
magistrado do local onde exerce suas funções. Ela se destina aos casos em que o juiz se envolve em
situação de fato que o impede de exercer, com acerto, suas funções. Por exemplo, cria um clima de
conflito com a comunidade ou envolve-se em um caso de amor proibido. Esta sanção é de aplicação
raríssima, quase inexistente. É que sua utilidade é discutível, na medida em que outro lugar (Comarca ou
Vara) receberá o juiz indesejado. De resto, registre-se que a remoção para ser imposta exige maioria
absoluta dos membros do tribunal (ou Órgão Especial) e não de dois terços de seus integrantes (CF, art. 93,
VIII, com a redação da EC 45/04).
A disponibilidade e a aposentadoria compulsória são as sanções aplicadas aos casos mais graves.
Disponível é o que se pode dispor. Juiz em disponibilidade significa que ele poderá ser convocado a atuar a
qualquer momento, ao critério discricionário da administração do tribunal. Enquanto isto não se dá, ele
recebe seus vencimentos de forma proporcional ao tempo de serviço.
Já a aposentadoria destina-se a idêntica situação, com a diferença de que o juiz já tem tempo para
aposentar-se. Como não o faz voluntariamente, o tribunal pode fazê-lo, como sanção administrativa. Seus
vencimentos serão integrais, como o de todos os demais magistrados. A imposição destas sanções exige
maioria absoluta dos membros do tribunal (ou Órgão Especial) e não de dois terços de seus integrantes
(CF, art. 93, VIII). Podem ser impostas, também, pelo Conselho Nacional de Justiça (CF, art. 93, inc. VIII).
A sociedade não compreende bem quando estas duas penas são aplicadas. A reação é no sentido de que o
infrator acabou sendo premiado, uma vez que, ao final, acabou sendo afastado com o recebimento de
vencimentos, proporcionais (na disponibilidade) ou integrais (na aposentadoria). Tal proceder não significa
espírito de corpo ou protecionismo. Assim manda a lei.
A pena de demissão, que é a última do rol do artigo 42, não foi recepcionada pela Constituição Federal de
1988. Com efeito, nela se afirma, no artigo 95, inciso I, que os juízes são vitalícios e só perderão o cargo por
meio de sentença judicial transitada em julgado. Aliás, o Conselho Nacional de Justiça também não tem
poderes para aplicar pena de demissão (CF, art. 103-B, § 4º, inc. III). Sentença judicial significa uma ação
em juízo e não uma decisão administrativa dos tribunais. Ora, como tal tipo de ação pode levar até 10
anos, percorrendo todas as instâncias do Judiciário brasileiro, que na teoria são duas e na prática quatro
(juízo, tribunal, STJ e STF), é evidente que isto raramente ocorrerá. Aliás, não se tem conhecimento de um
só caso de sentença judicial em ação cível de perda do cargo.
Mas, poderá ocorrer a perda do cargo por força de uma condenação em processo criminal. Aí a situação é
outra. Por exemplo, um juiz comete um homicídio simples e é condenado a cumprir seis anos de reclusão.
Nos termos do artigo 92, inciso I, alínea “b” do Código Penal, a perda do cargo será automática,
independentemente de qualquer questionamento. Transitada em julgado a condenação criminal, o juiz de
Direito comunicará o fato ao tribunal ao qual o condenado estiver vinculado, que procederá de imediato a
demissão. Isso sem novo processo.
Outrossim, observe-se que a Loman, no art. 42, § ún e 45, II, estabeleceu que as penas de advertência,
censura e remoção só se aplicam aos juízes de primeira instância. Tal distinção é de todo injustificada. Faz
distinção entre magistrados de diferentes graus de jurisdição, como se uns (segunda instância e tribunais
superiores) fossem pessoas superiores aos outros (primeira instância). Além disto, tal regra cria problemas
na solução dos casos nos tribunais. Por ex., imagine que conduta de um desembargador é reprovável, mas
não é grave a ponto de merecer a disponibilidade ou a aposentadoria. Nesta hipótese, como a advertência
e censura não podem ser-lhe impostas, os fatos acabam sendo atípicos. Noutras palavras, não será punível.

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Finalmente, observe-se que, ao contrário do que se pensa, há muitas punições aplicadas pelos tribunais
aos magistrados, principalmente de primeira instância. Todavia, elas raramente são conhecidas, porque os
processos tramitam em caráter reservado (Loman, art. 27, § 6º).
Conclusões
Como visto, a infração disciplinar dos juízes é tema complexo, pouco estudado e que origina muitos
questionamentos. É possível, assim, formular algumas conclusões:
a) As penas previstas na Loman são inadequadas e em desacordo com a época em que vivemos;
b) A apuração de faltas funcionais de magistrados tem se revelado de difícil apuração, mas há casos de
punição;
c) O lapso prescricional suscita dúvidas no intérprete e ainda não teve definição por parte da
jurisprudência;
d) Será oportuno que a matéria seja objeto de revisão no futuro Estatuto da Magistratura, previsto no
artigo 93 da Constituição Federal.

B. DIREITO ADMINISTRATIVO

SERVIDORES PÚBLICOS. REGIME CONSTITUCIONAL. REGIMES JURÍDICOS: O


SERVIDOR ESTATUTÁRIO E O EMPREGADO PÚBLICO. CARGOS E FUNÇÕES.
DIREITOS E DEVERES DOS SERVIDORES ESTATUTÁRIOS. PROCESSO DISCIPLINAR.

Introdução

Os servidores públicos são uma espécie dentro do gênero ‘agentes públicos’. (...) Esta expressão – agentes
públicos – é a mais ampla que se pode conceber(...). Quem quer que desempenhe funções estatais,
enquanto as exercita, é um agente público. (CABM)
Dois são os requisitos para a caracterização do agente público: um, de ordem objetiva, isto é, a natureza
estatal da atividade desempenhada; outro, de ordem subjetiva: a investidura nela. (CABM)
Funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade.
Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da
presunção de legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por ele praticados, se por
outra razão não forem viciados. (CABM)
Podem ser agrupados em duas categorias:
a) os agentes necessários: são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações
excepcionais em colaboração com o Poder Público e como se fossem agentes de direito; Ex: emergência.
b) os agentes putativos: são que desempenham uma atividade pública na presunção de que há
legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido.
Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá usurpar a competência funcional dos agentes públicos
em geral, já que este tipo de usurpação da função pública constitui crime previsto no art. 328 do Código
Penal. (J.S)
O dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista (pessoas qualificadas como de Direito
Privado), ainda quando sejam elas meramente exploradoras de atividade econômica, também podem ser
enquadrados como ‘autoridade’ no que concerne a atos expedidos para cumprimento de normas de
Direito Público (CABM). Nesse sentido, temos a Súmula n. 333 do STJ: Cabe mandado de segurança contra
ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

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Os agentes públicos podem ser divididos em três grandes grupos, dentro nos quais são reconhecíveis
ulteriores subdivisões. A saber:
a) agentes políticos; “Agentes políticos são aqueles aos quais incumbe a execução das diretrizes traçadas
pelo Poder Público. São estes agentes que desenham os destinos fundamentais do Estado e que criam as
estratégias políticas por eles consideradas necessárias e convenientes para que o Estado atinja os seus fins.
– Carvalho Filho”
OBS.: Celso Antônio não inclui magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas na
categoria dos agentes políticos; também não o faz José dos Santos Carvalho Filho, que os chama de
servidores especiais; R.F. já os integra.

“Apesar das divergências doutrinárias, entendo acertado o posicionamento de Hely, para


quem os agentes políticos são os componentes do governo nos seus primeiros escalões, no
exercício de atribuições constitucionais. Em tal categoria se enquadram os Chefes do
Executivo e seus auxiliares diretos, os membros do Legislativo, do Judiciário, do Ministério
Público e dos Tribunais de Contas, bem como os representantes diplomáticos. Celso
Antônio e Maria Sylvia adotam uma posição mais restrita, incluindo como agentes políticos
apenas os Chefes do Executivo e seus auxiliares diretos, além dos membros do Legislativo”
- extraído do roteiro de estudo n. 8, de autoria do Des. L. A. Gurgel de Faria.

Em sentido contrário, o Supremo no RE 228.977/SP referiu-se aos magistrados como “agentes políticos
investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no
desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e de legislação específica”.
b) servidores estatais, abrangendo servidores públicos e servidores das pessoas governamentais de Direito
Privado; e
c) particulares em atuação colaboradora com o Poder Público. (CABM) [tratando da Lei 9.962/00 =
particulares em colaboração com a Administração] esta terceira categoria de agentes é composta por
sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares – portanto, de pessoas alheias à intimidade do
aparelho estatal (com exceção única dos recrutados para o serviço militar) – exercem função pública, ainda
que às vezes em caráter episódico.
A designação ‘servidor público’, para alguns autores, tem alcance mais restrito do que dantes. Para CABM,
o termo só engloba os integrantes de cargo ou emprego nas pessoas jurídicas de Direito Público. (CABM).
MSZP, por sua vezes, considera servidores públicos (i) os servidores estatutários (ii) empregados públicos
(iii) servidores temporários.
Servidores públicos compreendem as seguintes espécies:
a) Servidores titulares de cargos públicos na Administração Direta (anteriormente denominados
funcionários públicos), nas autarquias e fundações de Direito Público da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios, assim como no Poder Judiciário e na esfera administrativa do Legislativo;
b) Servidores empregados das pessoas supra-referidas. (CABM)
Não se ignora que foram admitidas levas de servidores sob regime de emprego para funções diversas das
indicadas e que não comportariam dito regime. Cite-se, a guisa de exemplo, a Lei 9.986, de 18.7.00, que
inconstitucionalmente estabeleceu o regime de emprego público para o pessoal das agências reguladoras
(suspensão na ADIn 2.310-1-DF, Rel. Min. Marco Aurélio). (CABM)
Segundo clássica classificação de Hely Lopes Meirelles, os agentes públicos (“são todas as pessoas físicas
incumbidas, definitiva ou transitoriamente do exercício de alguma função estatal”) são classificados em:
a) Agentes políticos: “são os componentes do Governo nos seus primeiros escalõ es, investidos em cargos,
funções, mandatos ou comissõ es, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exerci ́cio de
atribuições constitucionais. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas
atribuiçõ es com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na Constituição e em leis

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especiais. Tem normas especificas para sua escolha, investidura, conduta e processo por crimes funcionais
e de responsabilidade, que lhes são privativos”.
b) Agentes Administrativos: “são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou à s suas entidades
autárquicas e fundacionais por relaçõ es profissionais, sujeitos à hierarquia funcional a ao regime juri ́dico
determinado pela entidade estatal a que servem. Seguintes modalidades admitidas pela Constituição da
República de 1988: a) servidores públicos concursados (art. 37, II); b) servidores pú blicos exercentes de
cargos ou empregos em comissão titulares de cargo ou emprego público (art. 37, V); c) servidores
temporários, contratados ‘por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público’(art. 37,IX).”
c) Agentes Honorificos: ́ “são cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,
transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, de sua
honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo empregati ́cio ou
estatutário e, normalmente, sem remuneração.” Ex: jurados, mesários etc.
d) Agentes Delegados: “são particulares que recebem a incumbência da execução de determinada
atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as
normas do Estado e sob permanente fiscalização do delegante.”
e) Agentes Credenciados: “são os que recebem a incumbência da Administração para representá-la em
determinado ato ou praticar certa atividade especi ́fica, mediante remuneração do Poder Público
credenciante.”

Regime Constitucional

Existem disposições constitucionais relativas aos agentes públicos em geral e os servidores públicos,
especificamente.
As principais normas são:

Acesso a funções, cargos e empregos públicos

37, I. Conferida a brasileiros, natos e naturalizados e estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I). Incluída pela
EC 19/98. Trata-se de norma de eficácia limitada. Antes da alteração do dispositivo, havia normas que
permitiam a contratação de estrangeiros como professores e pesquisadores (art. 207 da CRF e Lei
8.745/93). Lembrar que existem cargos privativos de brasileiros natos (art. 12, §3º).
37, I. Os requisitos do acesso devem estar previstos em lei, não suprindo a exclusiva previsão em edital. O
princípio da isonomia impede que se estabeleçam distinções discriminatórias ou desarrazoadas.
Destaquem-se as Súmulas do STF:

684: “É INCONSTITUCIONAL O VETO NÃO MOTIVADO À PARTICIPAÇÃO DE CANDIDATO A


CONCURSO PÚBLICO”;

683: “O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM


FACE DO ART. 7º, XXX, DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA
NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER PREENCHIDO”.

AG. REG. NO ARE N. 685.870-MG: RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA

(...) A comprovação do requisito etário estabelecido na lei deve ocorrer no momento da


inscrição no certame, e não no momento da inscrição do curso de formação.

CONCURSO PÚBLICO E CLÁUSULA DE BARREIRA

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É constitucional a regra denominada “cláusula de barreira”, inserida em edital de concurso


público, que limita o número de candidatos participantes de cada fase da disputa, com o
intuito de selecionar apenas os concorrentes mais bem classificados para prosseguir no
certame.

37, II. A investidura para cargos e empregos de provimento efetivo deve ser precedida de concurso
público, de provas ou de provas e títulos, tanto na AD quanto na AI (incluindo as empresas estatais).

CONTRATAÇÕES PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SEM CONCURSO PÚBLICO E EFEITOS


TRABALHISTAS

É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia


aprovação em concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos
válidos em relação aos empregados eventualmente contratados, ressalvados os direitos à
percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei
8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS.

POSSE EM CONCURSO PÚBLICO POR MEDIDA JUDICIAL PRECÁRIA E “FATOCONSUMADO” -


o STF decidiu o tema sob a sistemática da repercussão geral, obrigando todos os demais
Tribunais a adequarem seus acórdãos a esse entendimento.

A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório
não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de
prévia aprovação em concurso público (CF, art. 37, II), valor constitucional que prepondera
sobre o interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio
da proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial.

Exceções à regra do concurso público: a) cargos em comissão; b) contratação temporária – 37, IX; c)
agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate a endemias (podem ser admitidos por processo
seletivo simplificado, devendo o seu regime jurídico ser regulado por Lei federal – art. 198, §§4º, 5º e 6º e
Lei 11.350/06).
Segundo o STF, para que seja realizado exame psicotécnico (RE 188.234/DF) é necessário: a) previsão em
lei, b) estabelecimento de critérios objetivos de caráter cientifico e c) possibilidade de recurso.
Vide S. 686 STF: “SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A
CARGO PÚBLICO”.
Cabe destacar que, entendeu o STJ, que o candidato a cargo público federal pode ser eliminado em exame
médico admissional, ainda que a lei que discipline a carreira não confira caráter eliminatório ao referido
exame.
Uma vez que as normas sobre acessibilidade e concurso público são impositivas para todo o universo da
Administração, as sociedades de economia mista e empresas públicas também se sujeitam a elas.
Ressalve-se, todavia, que as pessoas estatais constituídas para exploração de atividade econômica
disporão de liberdade para contratar diretamente seus empregados nas hipóteses em que a) a adoção de
concurso público tolheria a possibilidade de atraírem e captarem profissionais especializados que o
mercado absorve com grande presteza e interesse ou b) nos casos em que o recurso a tal procedimento
bloquearia o desenvolvimento de suas normais atividades no setor. (CABM)
37, III. O concurso pode ter validade de até dois anos, prorrogável por igual período. O prazo é contado a
partir da homologação. A nomeação e contratação somente pode ocorrer neste prazo, sob pena de
nulidade do ato e punição da autoridade responsável (37, §2º).

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O STJ e o STF têm considerado haver direito subjetivo à nomeação de candidato classificado dentro do
número de vagas indicado no edital, e não mera expectativa de direito.
Importa destacar que o STF considera que, excepcionalmente, a administração pode não realizar essas
nomeações, se comprovada situação (a) superveniente (b) grave (c) imprevisível (d) necessária STF, RE
598099/MS.
37, IV. A CF não veda a realização de um novo concurso enquanto ainda válido o anterior, assegurando
prioridade de nomeação aos aprovados no certame mais antigo. A Lei 8112/90, no art. 12, §2º, contem
norma em sentido inverso. Destaca-se a S. 15 do STF: “DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO, O
CANDIDATO APROVADO TEM O DIREITO À NOMEAÇÃO, QUANDO O CARGO FOR PREENCHIDO SEM
OBSERVÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO”.
37, VIII. A lei reservará percentual de vagas para portadores de deficiência. Em âmbito federal, a matéria é
regulada pela Lei 8.112/90: até20% das vagas, desde que a atribuição do cargo seja compatível com a
deficiência (art. 5º, §2º). Destaque-se a existência do Decreto 3298/99 (regulamenta a Lei federal 7853/89
– dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência), que determina a necessidade de reserva de,
no mínimo, 5% das vagas, devendo ser arredondado para cima, quando o numero encontrado for
fracionado.
O STF já considerou válido edital que não reservou nenhuma vaga para deficiente, quando previa apenas
duas vagas (ultrapassaria e muito os 20%).
A S. 377 do STJ estabelece: “O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso

público, às vagas reservadas aos deficientes.”
O Enunciado Administrativo 12 do CNJ estabelece: “Em todos os concursos públicos para provimento de
cargos do Poder Judiciário, inclusive para ingresso na atividade notarial e de registro, será assegurada
reserva de vagas a candidatos com deficiência, em percentual não inferior a 5% (cinco por cento), nem
superior a 20% (vinte por cento) do total de vagas oferecidas no concurso, vedada a incidência de ‘nota de
corte' decorrente da limitação numérica de aprovados e observando-se a compatibilidade entre as funções
a serem desempenhadas e a deficiência do candidato. As listas de classificação, em todas as etapas, devem
ser separadas, mantendo-se uma com classificação geral, incluídos os candidatos com deficiência e outra
exclusivamente composta por estes.” (Precedente: Pedido de Providências nº 200810000018125 - 69ª
Sessão - julgado em 9 de setembro de 2008).
37, V. As funções de confiança (exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo) e os
cargos em comissão (a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, mas também por não integrantes do serviço público), destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.
A nomeação para cargo em comissão é ad nutum e não pode ser substituída por outra sistemática de
escolha. O STF já declarou inconstitucional lei que previa eleição para o cargo de diretor de escola pública
(ADI 2997/RJ). A nomeação para função de confiança não é completamente livre, pois só pode recair sobre
servidor efetivo, a despeito de poder ser dispensado imotivadamente.
No âmbito federal não existe lei que estabeleça o percentual mínimo de cargos em comissão a ser ocupado
por servidores de carreira, mas o Decreto 5797/05, só aplicável para nomeações posteriores a 22.07.2005.
Cargos em comissão e função de confiança só podem ter destinação de chefia, direção e assessoramento.
O STF já declarou inconstitucional lei que previa cargo em comissão de índole técnica (ADI 3706) ou para o
desempenho de atividades rotineiras (RE 376444). Em outra ocasião, considerou ferir a
razoabilidade/proporcionalidade a existência de 42 cargos em comissão e apenas 25 cargos efetivos na
câmara Municipal de Blumenau (RE 365368 AgR).
Quanto ao nepotismo, foi estabelecida a SV 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa juri ́dica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e

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indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” Essa vedação não
alcança a nomeação para cargo político. Assim, entende-se, p. ex. que o Governador nomeie seu irmão
ou esposa para determinada Secretaria do Estado.
O Decreto 7203/10 regulamenta o nepotismo em âmbito federal e veda, dentre outras situações, a
contração de parente de agente público: a) para atender a necessidade temporária; b) para a função de
estagiário, salvo se precedida de processo seletivo; c) titular de cargo em comissão ou função de confiança,
por empresa prestadora de serviços terceirizados que prestam serviços à administração federal. A CGU é a
responsável pela fiscalização do Decreto.
37, IX. A contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público estabelece vínculo jurídico-administrativo com a administração (nem são celetistas nem
estatutários). Eles exercem função pública remunerada temporária.
Segundo o STF, as lides que envolvam esses contratados temporários e a administração é da competência
da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho (RE 573202).

Ainda de acordo com o STF, o art. 37, IX deve ser interpretada restritivamente, eis que
estabelece exceção à regra do concurso público, corolário do principio republicano (ADI
1500). Exige a configuração de 4 requisitos para considerar legitima a contratação: a) casos
excepcionais devem estar previstos em lei; b) o prazo de contratação deve ser
predeterminado; c) a necessidade deve ser temporária; d) o interesse público deve ser
excepcional (ADI 2229). Não cabe, por exemplo, para serviços meramente burocráticos
(ADI 2897).

Prevalece no entendimento no STF de que também não cabe para funções permanente se
ordinárias do órgão ou entidade. Tanto a função quanto a necessidade devem ser
temporárias (RE 573202). Há decisão isolada em sentido contrario (ADI 3068).

Na esfera federal é regulada pela Lei 8.745/93, estabelecendo as situações que podem ser consideradas
como necessidade temporária de excepcional interesse público (não deixa a cargo do administrador). Ex.:
calamidade pública, emergências em saúde pública, emergências ambientais e recenseamento e pesquisas
pelo IBGE.
A criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções é da competência do Congresso
Nacional, por meio de lei, dependente de sanção do PR (art. 48, X). Quando se tratar da administração
direta e autárquica federal, a iniciativa dessa lei é privativa do PR (art. 61, §1º). Se o cargo ou função
estiver vago, a extinção pode se dar por “decretoautônomo” do PR (art. 84, VI, b).
A criação e extinção de ministérios e órgãos da administração federal é da competência do CN, por meio
de lei de iniciativa do PR (art. 48, XI). A “estruturação” do ministério ou órgão foi excluído desse dispositivo
pelo EC 32/01.
É da competência privativa do PR dispor sobre a organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, por meio de
decreto (art. 84, VI, a).

Associação sindical

37, VI. O servidor público tem direito a livre associação sindical, nos mesmos moldes assegurado aos
trabalhadores em geral pelo art. 8º da CF. Trata-se de norma autoaplicável.
Aos militares, por sua vez, é vedada a sindicalização e a greve, sem qualquer exceção (art. 142, VI). Essa
norma abrange os policiais civis, segundo a jurisprudência do Supremo.

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A Lei 8112/90 previa o direito à negociação coletiva e a possibilidade de ajuizamento de ações coletivas
perante a Justiça do Trabalho (art. 240, d e e). As normas foram declaradas inconstitucionais pelo STF (ADI
492). As lides entre servidores e a administração pública federal são de competência da Justiça Federal.
Considerou, ainda, que a negociação coletiva é incompatível com o regime estatutário, dando origem à S.
679: “a fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva”.

Direito de greve

37. VII. A norma que concede o direito de greve aos servidores públicos é de eficácia limitada, exigindo lei
ordinária que estabeleça os termos e limites do exercício (o texto originário previa LC, mas essa exigência
não remanesce). Considerando a inércia do legislador, o STF a atribuiu eficácia concretista geral ao
julgamento de três Mandados de Injunção, determinando a aplicação temporária, ao setor público, da lei
de greve vigente no setor privado, no que couber. Trata-se da Lei 7783/89.
Decidiu o STF que a administração pode descontar a remuneração referente aos dias não trabalhados
pelos servidores grevistas (adaptação da suspensão do contrato de trabalho prevista na lei de greve).
O STF também fixou regras temporárias de competência para apreciação de dissídios de greve entre
servidores de poder publico: a) paralisação de âmbito nacional ou que abranger mais de uma região da JF
ou que compreender mais de um Estado  STJ; b) paralisação restrita a uma região da JF  TRF; c)
paralisação restrita a um Estado  TJ; d) greves de âmbito local ou municipal  TJ (servidores estaduais e
municipais) ou TRF (servidores federais).
O art. 37, VII não se aplica aos empregados públicos, aos quais são regidos pelas normas gerais aplicáveis
aos trabalhadores em geral.
O direito de greve também é vedado aos militares, sem nenhuma exceção (142, IV).

Remuneração dos agentes públicos

37, X. A fixação ou alteração da remuneração (em sentido amplo) depende de lei ordinária específica
(somente deve tratar desse assunto).
A iniciativa desta lei segue a seguinte regra:
a) cargos da estrutura do Poder Executivo Federal (61, §1º, II, a)  PR;
b) cargos da estrutura da CD (51, IV)  CD;
c) cargos da estrutura do SF (52, XIII)  SF;
d) cargos integrantes do Poder Judiciário (96, II, b)  cada tribunal;
e) Ministros do STF  STF;
f) Deputados federais, senadores, PR e vice e Ministros  CN, não sujeito a sanção ou veto do PR
(diferentemente dos itens anteriores que se sujeitam a sanção).
37, X. Segundo o STF, a revisão geral anual deve ser efetivada por meio de lei de iniciativa privativa do
Chefe do PE, pois se enquadra no disposto no art. 61, §1º. Atenção para o fato de que revisão (recompõe o
poder aquisitivo; trata-se de aumento nominal ou impróprio) é diferente de aumento da remuneração,
caso em que aplicaríamos a regra de iniciativa vista no tópico anterior. ADI 3599.
Até 2002 a regra da revisão geral anual foi descumprida pelo PE federal, o que gerou a propositura de ADI
por omissão, na qual o STF declarou a mora legislativa, de responsabilidade do PR, já que a matéria é de
sua iniciativa. Desde então o PR vem apresentando os projetos de revisão, pelo menos formalmente.
Como o dispositivo fala em “servidores públicos”, entende-se que não inclui os “militares”.
Após a EC19/98, o sistema remuneratório dos agentes públicos passou a ser composto de três categorias:
1) subsídio: novidade da reforma. É estipêndio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória. É modalidade de “remuneração” (em sentido amplo): obrigatória para agentes

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políticos  chefes do PE, membros do PL, ministros, membros da magistratura, do MP, ministros
do TC, AGU, Procuradores dos Estados, Defensores Públicos e policiais.
O sistema de subsídio é obrigatório para alguns servidores públicos e facultativo para os servidores
organizados em carreira, conforme disposto em leis federais, estaduais e municipais.
2) vencimentos: às vezes denominado “remuneração” (em sentido estrito). São recebidos pelos
servidores submetidos a regime jurídico estatutário. São compostos pelo vencimento básico do
cargo (no singular) + vantagens pecuniárias de caráter permanente estabelecidas em lei.
3) salário: é a contraprestação paga aos empregados públicos, sujeitos predominantemente à CLT.
37, XI. O teto remuneratório foi alterado pela EC 19/98 (estabeleceu como limite único o subsídio dos
Ministros do STF) e pela EC 41/03 (deu o conteúdo hoje em vigor). A EC 47/05 acrescentou os parágrafos
11 e 12.
As principais observações são:
Teto geral subsídio de Ministro do STF. A lei é de iniciativa do STF e se sujeita a sanção do PR. Não pode
ser ultrapassado por nenhum poder em nenhuma esfera.
Limites específicos:
Municípios subsídio do Prefeito;
Estados e DF: PE  subsídio do Governador; PL  subsídio dos deputados estaduais e distritais; PJ 
desembargadores do TJ (também aplicável aos membros do MP, Procuradores de todas as carreiras e
Defensores Públicos).
OBS.:
1. Na esfera federal só há um limite (subsídio de Ministro do STF).
2. Todos os procuradores, ainda que vinculados ao PE ou a autarquias, se submetem ao subteto de
Desembargadores do TJ, conforme decidiu o STF. RE 558.258.
3. O STF julgou inconstitucional o estabelecimento de limites diferentes de remuneração para os
magistrados estaduais e federais, já que se sujeitam a um só estatuto de âmbito nacional (LC 75/79), o que
violava a isonomia. Assim, excluiu os magistrados estaduais do subteto de remuneração, dando
interpretação conforme ao 37, XI e §12 (não houve supressão de nenhuma parte dos dispositivos.
§12. os Estados e DF, por meio de emendas às CE e LO, de iniciativa do Governador, tem
como faculdade estabelecer como limite único o subsidio de desembargador do TJ. Tal
limite único não pode ultrapassar 90,25% do subsídio de Ministro do STF e não se aplicará
para deputados estaduais, federais nem vereadores.
O limite se aplica a qualquer forma de acumulação (ex.: remuneração + subsídio; remuneração ou subsídio
+ aposentadoria, pensão etc.). Pelo pesquisado, o TRF1 adota o entendimento do Supremo no sentido da
inexistência de direito adquirido em razão da EC 41/2003:

ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. SUBPROCURADOR REGIONAL DO TRABALHO


APOSENTADO. PROVENTOS PERCEBIDOS COM PARCELA DE QUINTOS INCORPORADOS.
PRETENSÃO DE PERCEPÇÃO CUMULATIVA DA VANTAGEM PREVISTA NO PARÁGRAFO
ÚNICO DO ART. 232 DA LC 75/93. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI Nº
8.112/90. DIREITO ADQUIRIDO. ATO JURÍDICO PERFEITO. TETO REMUNERATÓRIO. ART. 37,
XI, DA CF/88. EC N 19/98 E 41/2003. INCLUSÃO DE VANTAGENS FUNCIONAIS.
1. Aos membros do Ministério Público da União, apesar de regidos por estatuto próprio,
qual seja, a LC 75/93, aplicam-se, subsidiariamente, as regras da Lei nº 8.112/90,
relativamente às vantagens gerais concedidas aos servidores públicos. Incidência do art.
287, caput, e seu parágrafo primeiro, da LC 75/93. (...)3. O sistema original da Constituição
Federal de 1988, vigente antes da EC nº 41/2003, excluía do limite do teto remuneratório
as vantagens de caráter pessoal, bem assim as relativas ao local e natureza do trabalho. A
partir de 05/04/2004, com a fixação do valor do subsídio de Ministro do STF, em Sessão
Administrativa daquela Corte, todas as vantagens de qualquer natureza, incluídas as

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pessoais, passaram a ser computadas no teto remuneratório. Precedentes do STF. 4.


Precedentes da Corte (...) [TRF1, AC 0022795-20.2000.4.01.3400]

§9. Quanto às empresas públicas e sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, o teto só se aplica
para as que recebem recursos públicos para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
37, XII. Os vencimentos pagos para cargos pelo PL e PJ não podem ser superiores aos pagos pelo PE. Tem
papel moralizador, já que o PE é o principal responsável pela obtenção de receitas que integrarão o
orçamento público. Ainda que a Constituição não o haja dito expressamente, a mesma regra haverá de
valer no que concerne a funções e empregos. (CABM). A EC 19/98 suprimiu o texto do §1º que assegurava
isonomia de vencimentos aos servidores que exercessem cargos de atribuições iguais ou assemelhadas nos
três Poderes.
37. XIII. Não é permitida a vinculação ou equiparação entre as remunerações (em sentido amplo) pagas no
serviço público. É norma de eficácia plena.

Vide s. 681 do STF convertida na Súmula vinculante 42-STF: É inconstitucional a vinculação


do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária.

A vedação se dirige ao legislador ordinário. A própria CRF estabelece: a) equiparação dos subsídios dos
Ministros do TCU aos dos STJ (73, §3º); b) vinculação entre os subsídios dos Ministros do STF, dos Tribunais
Superiores e dos demais membros da Magistratura (93, V).
37, XIV. Acréscimos percebidos por servidor não serão computados nem acumulados para fins de
concessão de acréscimos ulteriores. Antes da EC 19/08 o dispositivo continha, ao final, a expressão “sob o
mesmo título ou idêntico fundamento”.A redação atual é mais abrangente: gratificações e adicionais só
podem incidir sobre o vencimento básico.
37, XV. Subsídios e vencimentos dos ocupantes de cargos (efetivos ou em comissão, segundo o STF – RE
378.932/PE) e empregos públicos são irredutíveis.
Existe discussão sobre a aplicação do dispositivo para ocupantes de empregos públicos, dado que existe
regra própria para os salários: o art. 7º, VI, estabelece que são irredutíveis, ressalvado o disposto em
convenção ou acordo coletivo.
1ª corrente: o 37, XV só é aplicável para cargos públicos;
2ª corrente: o 37, XV é aplicável para cargos e qualquer tipo de emprego público;
3ª corrente: o 37, XV é aplicável para cargos e empregos públicos da AD, autarquias e fundações públicas.
Os empregados de estatais se sujeitariam ao art. 7º, VI da CRF. Esta é a posição de Vicente Paulo e Marcelo
Alexandrino.
Segundo o STF, a irredutibilidade não impede a criação ou majoração de tributos incidentes sobre os
vencimentos, subsídios, aposentadorias e pensões. ADI 3105/DF. Também segundo o STF, pode haver
alteração da composição remuneratória do cargo público, desde que o valor final da remuneração seja
preservado. RE 563.965/RN.
Ainda de acordo com o STF, a irredutibilidade refere-se ao valor nominal (e não real) dos vencimentos e
subsídios, ou seja, não confere direito a reajustamento em razão de perda de poder aquisitivo.
Segundo o STF, a cláusula da irredutibilidade somente pode ser invocada se a remuneração que estava
sendo recebida pelo servidor estava em conformidade com a CF/88. Desse modo,os vencimentos acima
do teto constitucional, ainda que com o beneplácito de disciplinas normativas anteriores, não estão
amparados pela regra da irredutibilidade.
Imperioso salientar que, entendeu o STF, que a base de cálculo para se cobrar o IR e a contribuição
previdenciária é o valor da remuneração do servidor depois de ser excluída a quantia que exceder o teto. A
tese firmada foi a seguinte: “Subtraído o montante que exceder o teto e subteto previsto no artigo 37,

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inciso XI, da Constituição Federal, tem-se o valor que vale como base para o Imposto de Renda e para a
contribuição previdenciária”. (RE 675978).

Administração Tributária

37. XVIII. Ainda fruto poder constituinte originário. A administração fazendária e seus servidores tem
precedência sobre os demais setores administrativos, dentro de suas áreas de atuação, na forma da lei.
Trata-se de lei de eficácia limitada. Nenhum setor da administração pode dificultar ou obstar a atuação dos
servidores fiscais.
37, XXII. As atividades da administração tributária são definidas como exclusivas de Estado (“essenciais ao
funcionamento do Estado”), o que requer a aplicação do art. 247 da CRF a esses servidores (garantias
especiais para a perda do cargo), bem como que sejam estatutários.
As administrações tributárias terão recursos prioritários para a realização de suas atividades. Segundo o
art. 167, IV (introduzido pela RC 42/03) receitas de impostos podem ser vinculadas às atividades da
administração tributária.
As administrações da U, E e M atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros
e informações fiscais (protegidas por sigilo fiscal), na forma da lei ou convênio. Trata-se de um poder-
dever. Há regra semelhante no art. 199 do CTN.

Vedação à acumulação de cargos, funções e empregos públicos

37. XVI. Em regra, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. Aponta-se como exceções,
desde que (i) haja compatibilidade de horário e (ii) seja respeitado o teto do art. 37, XI:
a) dois cargos de professor;
b) um cargo de professor com outro, técnico ou cientifico;
c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
No texto constitucional encontram-se outras exceções à vedação de acumulação remunerada: vereadores
(38, III), juízes que exercem o magistério (95, parágrafo único, I), membros do MP que exercem o
magistério (128, §5º, II, d).

DAA - ACUMULAÇÃO DE CARGO E DECADÊNCIA

No que diz respeito à eventual decadência do direito da União de anular os atos de


nomeação nos cargos que ensejaram a acumulação, aduziu que o limite temporal de cinco
anos teria sido fixado no art. 54 da Lei 9.784/1999. Frisou que a jurisprudência da Turma
orientar-se-ia no sentido de que esse prazo decadencial seriaaplicável somente a partir da
vigência da citada norma. [além disso] o prazo decadencial deve ser contado a partir do
conhecimento da ilegalidade pela Administração.

Nota: Não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a prática de
atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação
específica.

§10. Acrescentado pela EC 20/98. Não pode haver acumulação de proventos decorrentes do regime
próprio de previdência com remuneração de cargo, emprego ou função pública. Aponta-se como exceções
à regra:
a) cargos acumuláveis o cargo em que o servidor se aposentou deve ser acumulável com o cargo
efetivo;
b) cargos em comissão não importa o cargo em que o servidor se aposentou;
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c) cargos eletivos não importa o cargo em que o servidor se aposentou.


A EC 20/98 (art. 11) excluiu dessa vedação os que, já sendo aposentados, tivessem ingressado novamente
no serviço publico até a data da sua publicação, sendo, todavia, proibida a percepção de mais de uma
aposentadoria pelo regime próprio.
A doutrina e o STJ se posicionam favoravelmente à possibilidade de haver renúncia aos proventos, para
ingressar em cargo público para o qual o servidor tenha prestado concurso, com utilização do tempo de
contribuição anterior para obter uma nova aposentadoria, mais favorável. Alguns chamam esse fenômeno
de “desaposentação”.

O §10 é complementado pelo §6º, segundo o qual é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria do
regime próprio, salvo se os cargos fossem acumuláveis.
A Lei 8112/90 estabelece regras relativas à acumulação: arts. 118 a 120.
37, XVII. Conforme alteração pela EC 19/98, a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

Servidores em exercício de mandados eletivos

38. Servidor público eleito para qualquer cargo do Executivo ou Legislativo, federal, estadual ou distrital,
será obrigatoriamente afastado do seu cargo (efetivo ou em comissão), função ou emprego público. A
remuneração será obrigatoriamente a do cargo eletivo.
Servidor público investido no mandato de prefeito, será obrigatoriamente afastado do seu cargo, função
ou emprego público. Poderá optar entre a remuneração do cargo de prefeito e a do cargo, emprego ou
função de que foi afastado.
Servidor público eleito para cargo de vereador, havendo compatibilidade de horários, poderá acumular o
exercício da vereança com o do seu cargo, função ou emprego, recebendo as duas remunerações,
observado o teto do art. 37, XI. Se não existir compatibilidade, o servidor será afastado do seu cargo,
exercendo apenas a vereança, mas podendo optar entre a remuneração do cargo de vereador e a do que
foi afastado.
Em todos os casos em que for exigido o afastamento do servidor do seu cargo, o tempo de exercício no
mandato eletivo será contado para todos os efeitos legais (inclusive para fins de benefício previdenciário),
como se ele em efetivo exercício estivesse, exceto promoção por merecimento.

Regimes Jurídicos: o Servidor Estatutário e o Empregado Público.

Regime Jurídico único e a extinção de sua obrigação pela EC 19/98

O caput do art. 39, em sua redação original, estabelecia a obrigatoriedade de adoção, por parte de cada
ente da federação de um único regime jurídico aplicável a todos os servidores integrantes de suas
administrações direta, autárquica e fundacional (além da obrigatoriedade de instituição de planos de
carreira para esses servidores).
Cada ente poderia instituir o regime estatutário (legal) ou o regime de emprego público (celetista) para a
AD, autarquias e fundações públicas.
Como se observa, não há referência ao regime a ser adotado, não sendo, portanto, obrigatória a adoção de
regime jurídico estatutário (não-contratual) para estes servidores. A preocupação do texto foi apenas
impor a necessidade de unificação, eliminando a coexistência, em uma mesma administração, e, muitas
vezes, em um mesmo cargo, de servidores regidos por relações jurídicas diversas quanto a seus vínculos
com a Administração, evitando-se a grande confusão, os atritos e os custos daí resultantes.

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A União optou pelo regime estatutário para disciplinar o vinculo funcional com os seus servidores, através
da Lei 8112/90. Os empregos públicos que até então existiam foram transformados em cargos (art. 243,
§1º).
[crítica de CABM à Lei 8.112:] Aliás, a sobredita lei não apenas instituiu tal regime como o geral, aplicável a
quaisquer servidores púbicos titulares de cargo público na órbita da União, mas, também, conforme
dantes se disse, inconstitucionalmente, colocou sob sua égide servidores não concursados que haviam sido
admitidos pela legislação trabalhista e transformou seus empregos em cargos públicos,
independentemente do tempo de serviço que tivessem (art. 243 e §1º.) Nisto afrontou tanto o art.37, II, da
Constituição, que exige o concurso público de provas ou de provas e títulos para acesso a cargos públicos,
quanto ofendeu ostensivamente o art. 19 e §1º. do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Este
último conferiu estabilidade à data da promulgação da Constituição, mas não autorizou mudanças em seu
regime jurídico e muito menos permitiu sua preposição em cargos públicos, pois, pelo contrário,
estabeleceu que sua efetivação dependeria de concurso público. (CABM)

O STF tem jurisprudência pacífica no sentido da impossibilidade de o servidor público que


teve o vínculo com a Administração transformado de celetista em estatutário pela Lei nº
8.112/90 manter as vantagens típicas do regime anterior. (AG. REG. NO ARE 758277)

(...) têm sido consideradas inconstitucionais as leis que transformavam em estatutários e,


pois, titulares de cargos efetivos servidores trabalhistas contratados sem concurso, mesmo
que tivessem mais de cinco anos de serviço público antes da promulgação da Constituição.
A norma do art.19 do ADCT da CF só conferiu estabilização aos servidores, mas não deu
ensejo a provimento de cargos, o que só poderia ocorrer se o servidor se submetesse a
concurso público(...) (J.S)

O STF entende que é inconstitucional a norma estadual que amplie o art. 19 do ADCT
porque essa previsão é uma exceção à regra do concurso público, de forma que deve ser
interpretada restritivamente:

(...) declarar a inconstitucionalidade do art. 6º do ADCT da Constituição do Estado do


Amazonas, que confere estabilidade aos empregados de empresas públicas, sociedades de
economia mista e demais entidades de direito privado sob o controle de estados-membros
e municípios. O Tribunal reputou não ser possível à Constituição estadual estender as
hipóteses contempladas pelo art. 19 do ADCT da Constituição Federal, que concedera
estabilidade no serviço público apenas aos servidores da administração direta, autárquica e
de fundações públicas.

A EC 19/98 alterou o caput do art. 39, eliminando a obrigatoriedade de adoção de regime unificado pelas
pessoas políticas, para as suas AD, autarquias e fundações (também afastou a necessidade de
estabelecimento de planos de carreira). A União, então, editou a Lei 9.962/00, prevendo a contratação de
empregados públicos na AD, autarquias e fundações.
A partir de agosto de 2007, a redação dada ao caput do art. 39 pela EC 19/98 teve sua eficácia suspensa
pelo STF (ADI 2135/DF), em controle concentrado, por inconstitucionalidade formal (não aprovação em
dois turnos). À decisão foram atribuídos efeitos prospectivos (ex nunc), ou seja, toda a legislação editada
durante a vigência da redação suspensa continua válida. Mas voltou a vigorar a redação original, que exige
o regime jurídico único na AD, autárquica e fundacional.
Destaque-se que com a restauração da redação original do caput do art. 39, voltou a haver exigência
expressa para a instituição de planos de carreira para os servidores das administrações diretas, autarquias
e fundações públicas.

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O regime de emprego público na administração federal direta, autárquica e fundacional

Como visto, durante o período em que não vigorou a obrigatoriedade de adoção de regime jurídico único,
a União editou a Lei 9.962/00, estabelecendo a admissão de pessoal em emprego público, regido pela CLT.
Inclusive permitiu a transformação de cargos em empregos públicos (o que também está suspenso desde
agosto de 2007).
A lei ressalvou: (i) cargos em comissão que sempre foram estatutários e continuaram a ser; (ii) os
servidores regidos pela Lei 8.112/90 que já integrassem a AD, autarquias e fundações quando da
publicação da lei que regulasse a contratação sob emprego público nesses órgãos e entidades.
Como não poderia deixar de ser, exigiu a realização de concurso público para admissão de pessoal. De
acordo com o art. 3º, as hipóteses de dispensa de pessoal são mais restritas que as aplicadas aos
trabalhadores celetistas em geral. O contrato só pode ser rescindido quando houver: 1) prática de falta
grave, tal como relacionado no art. 482, da CLT; 2) acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas; 3) necessidade de redução de quadro, no caso de excesso de despesa, como previsto no art.169
da CF; 4) insuficiência de desempenho apurada em processo administrativo.
Essas regras indicam que não só ficou excluída a hipótese de resilição unilateral do contrato por parte do
Estado-empregador, não sendo assim aplicável nesse aspecto o art. 479 da CLT, mas também que é
vinculada à atividade da União no que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma
hipótese a rescisão contratual poderá dar-se ao mero alvedrio da Administração Federal, decorrente de
valoração de conveniência e oportunidade.
ATENÇÃO: Até pouco tempo atrás, para o STF e o TST era plenamente possível a dispensa imotivada de
empregado público das empresas públicas e das sociedades de economia mista. Nesse sentido:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. EMPREGADO DE EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE


ECONOMIA MISTA. DISPENSA IMOTIVADA. POSSIBILIDADE. I - Ambas as Turmas desta
Corte possuem entendimento no sentido de que os empregados admitidos por concurso
público em empresa pública ou sociedade de economia mista podem ser dispensados
sem motivação, porquanto aplicável a essas entidades o art. 7º, I, da Constituição. II -
Agravo regimental improvido. [STF, AI-AgR 648453]

E, ainda:
Enunciado 390-TST: ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO
DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA
PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é
beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que
admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade
prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da ]SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
Porém, tal entendimento encontra-se mitigado, principalmente porque os empregados públicos também
se submetem ao ingresso por concurso público, não podendo ser, simplesmente, dispensados sem maiores
formalidades. Assim:

INFORMATIVO Nº 699 ECT: despedida de empregado e motivação. PROCESSO RE-559937.


Servidores de empresas públicas e sociedades de economia mista, admitidos por concurso
público, não gozam da estabilidade preconizada no art. 41 da CF, mas sua demissão deve
ser sempre motivada. (...) Na espécie, o TST reputara inválida a despedida de empregado
da recorrente, ao fundamento de que “a validade do ato de despedida do empregado da
ECT está condicionada à motivação, visto que a empresa goza das garantias atribuídas à
Fazenda Pública” — v. Informativo 576. (RE-589998)

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A lei exclui da observância de tais exigências a extinção dos contratos de servidores firmados com base na
regra da autonomia da gestão, de que trata o art. 37, §8º. CF. Significa dizer que é mais frágil o vínculo
trabalhista nesta hipótese e que, em relação a tais contratações, será viável o exercício do direito à
resilição unilateral do contrato pela União, ainda quando o motivo tenha fundamento em razões de
natureza discricionária. (J.S)

Direitos e garantias dos servidores em geral aplicáveis aos servidores públicos

Estão estabelecidos no §3º do art. 39:


 salário-mínimo;
 garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebam remuneração variável;
 décimo terceiro;
 remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
 salário-família;
 duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 semanais;
 repouso semanal remunerado;
 remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal;
 férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que a remuneração normal;
 licença à gestante;
 licença-paternidade;
 proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos
da lei;
 redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
 proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
Quanto ao “salário-mínimo”, o STF já decidiu que há de se observar a remuneração (vencimento básico +
vantagens permanentes) do servidor, não o seu vencimento básico. Esse entendimento encontra-se na SV
16: “Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da
remuneração percebida pelo servidor público”.
A Lei 8.112/90 previa que o vencimento básico não poderia ser inferior ao SM (art. 40, parágrafo único),
mas o dispositivo foi revogado pela Lei 11.784/08, a qual acrescentou o §5º, estabelecendo que nenhum
servidor recebera remuneração inferior ao SM.
Sobre o assunto, convém destacar a SV 15: “O cálculo de gratificaçõ es e outras vantagens do servidor
pú blico não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mi ́nimo.” Explicando melhor: alguns
entes criaram abonos quando o valor do vencimento básico fosse menor que o do SM (soma do
vencimento básico + abono = SM). Os servidores pretendiam que as gratificações e adicionais incidissem
sobre o somatório e não sobre o vencimento básico, apenas. O STF não admitiu a tese, sob o fundamento
que haveria vinculação do valor das gratificações ao do SM (aumentando este, aumentariam aquelas), o
que é vedado pelo art. 7º, IV.

FÉRIAS INDENIZADAS

(...) É pacífica jurisprudência da Corte no sentido de que o servidor público tem direito ao
recebimento de indenização pelas férias não gozadas por vontade da Administração, tendo
em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. (STF, AG. REG. NO AI N. 836.957)

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Conforme alterações realizadas nesta lista pela EC 19/98, não existe mais assegurado aos servidores
públicos “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
Mas nada impede que legislador estabeleça, como, inclusive, se dá no art. 61, IV, da Lei n. 8.112/90.
A referida EC ainda estabeleceu autorização para que a lei crie requisitos diferenciados para admissão aos
cargos públicos, quando a natureza do cargo o exija, e haja razoabilidade na discriminação.

Estabilidade

Tem como finalidade assegurar aos ocupantes de cargos públicos de provimento efetivo uma expectativa
de permanência no serviço público, desde que adequadamente cumpridas as suas funções. Visa a evitar
que sejam coagidos a agir em detrimento do interesse público.
Não cabe para cargo em comissão nem, segundo doutrina majoritária, para empregados públicos, seja da
administração direta ou estatais. É instituto próprio do regime de direto público. A estabilidade em cargo
de provimento efetivo é o que se chama efetivação. (CABM)
É tratado no art. 41. A redação original conferia estabilidade apos 2 anos de serviço, não havendo qualquer
hipótese de exoneração por iniciativa da administração. Só se perdia o cargo por (i) infração disciplinar
grave (tipificada em lei e mediante PAD em que se assegurasse ampla defesa) e (ii) sentença judicial
transitada em julgado.
Atualmente o regramento é diferente. De acordo com a EC 19/98, após três anos de exercício
subseqüente à nomeação por concurso, o servidor público goza de estabilidade (art.41). Para sua aquisição
é obrigatória avaliação especial de desempenho, por comissão para tal fim instituída (art.41, §4º)
(CABM).Não existe mais estabilidade pelo decurso do prazo, simplesmente. De acordo com o STJ, é
pressuposto dessa avaliação especial de desempenho o efetivo exercício do cargo, não se computando
períodos de afastamento. RMS 19.884/DF.
A partir da EC 19/98 passam a ser 4 as hipóteses de perda do cargo do servidor estável (não voluntário): as
duas que já existiam e mais (i) insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa e (ii) excesso de despesa com pessoal, nos termos do
169, §4º.

De acordo com o art. 169, §§3º e 4º da CF, se depois de adotadas medidas para saneamento das despesas
com pessoal ativo e inativo (redução de pelo menos 20% das despesas com cargo em comissão e função de
confiança e exoneração dos servidores não estáveis), elas permanecerem acima dos limites estabelecidos
em LC, o servidor estável perderá o cargo. Esses limites estão previstos no art. 19 da LRF: 50% da receita
corrente líquida para a União e 60% da receita corrente líquida para Estados, DF e Municípios.
O servidor exonerado recebera um mês de salário por ano de serviço, como indenização, sendo obrigatória
a extinção do cargo por ele ocupado e vedada a criação de cargo, função ou emprego com atribuições
semelhante ou iguais pelo prazo de 4 anos (169, §§5º e 6º).
A determinação da perda dos cargos por parte dos servidores estáveis, com indenização correspondente a
um mês de remuneração por ano de serviço, parece-nos flagrantemente inconstitucional, por superar os
limites do poder de emenda. (CABM)
Após a estabilidade, caso o servidor seja irregularmente demitido, terá direito à reintegração, e quem lhe
ocupava o lugar será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, aproveitado em outro ou
passado para a inatividade remunerada, isto é, posto em disponibilidade com remuneração proporcional
ao tempo de serviço (art.41, §2º.).

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Cargos e Funções

As relações jurídicas entre os servidores públicos federais e a administração pública federal é regida pela
Lei 8.112/90. Tal lei foi editada em atenção ao caput do art. 39, em sua redação original, que exigia a
instituição de um regime jurídico único, para cada ente federativo.

Definições

De acordo com o art. 3º, cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades que devem ser cometidas a
um servidor. São criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos.
Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente,
previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público
e criadas por lei, salvo quando concernentes aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam
por resolução(...). (CABM).
Como representa um conjunto de atribuições, está relacionado a uma função pública. Pode haver função
pública sem cargo, mas não o inverso.
Os cargos podem ser: de provimento efetivo (o preenchimento é sempre precedido de concurso público)
ou em comissão (livre nomeação e exoneração).
Funções públicas são plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspondentes a encargos de
direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidas por titular de cargo efetivo, da confiança da
autoridade que as preenche (...) (CABM) Como exemplos de funções, tem-se as desempenhadas no caso
de contratação por prazo determinado (37, IX) e as funções de confiança (art. 37, V).
Empregos públicos são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes
contratadospara desempenhá-los, sob relação trabalhista, como, aliás, prevê a Lei 9.962/00. Quando se
trate de empregos permanentes na Administração direta ou em autarquia, só podem ser criados por lei,
como resulta do art.61, §1º, II, “a”(CABM). Nas pessoas de Direito Privado da Administração Indireta, isto
é, nas empresas públicas e sociedades de economia mista e fundações governamentais de Direito Privado,
só há empregos. (CABM)
Os ocupantes de cargos públicos submetem-se a regime estatutário, que é um regime legal, próprio das
pessoas jurídicas de direito público. Ele decorre diretamente da lei (não de contrato), razão pela qual não
existe direito adquirido à manutenção do regime jurídico do servidor público.
[para titulares de cargos] No liame da função pública, composto sob a égide estatutária, o Estado,
ressalvadas as pertinentes disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de alterar
legislativamente o regime jurídico de seus servidores, inexistindo a garantia de que continuarão sempre
disciplinados pelas disposições vigentes quando de seu ingresso. (CABM). É entendimento pacífico no STF a
inexistência de direito jurídico a regime jurídico.
Os servidores públicos podem ser:
a) Estatutários (Servidores Públicos stricto sensu)  possuem CARGOS
b) Empregados Públicos (celetistas) possuem EMPREGOS
c) Servidores Temporários possuem FUNÇÃO

Formas de provimento dos cargos públicos

O provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido o cargo público, com a designação do
seu titular.
Os cargos públicos podem ser de provimento efetivo ou em comissão.
De acordo com o art. 8º da Lei 8.212/90, as formas de provimento de cargo público são:

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a) nomeação: é a única forma de provimento originário. As outras são de provimento derivado. Pode
dar-se em caráter efetivo ou em comissão. Trata-se de ato administrativo unilateral, que não gera qualquer
obrigação para o nomeado, mas o direito subjetivo de formalizar o vínculo funcional com a administração
pública.
No caso de cargos efetivos, deve necessariamente ser precedido de concurso público. A nomeação para
cargos em comissão é ato discricionário que sequer precisa de motivação, assim como a exoneração.
O nomeado tem 30 dias para tomar posse, contados da nomeação, salvo em caso de licença ou
afastamento, em que o prazo começa após o término deste. Caso não tome posse, o vínculo com a
administração não chega a se aperfeiçoar e nomeação é tornada sem efeito (13, §6º). Titular de cargo
efetivo que deva assumir uma função de confiança, não é “nomeado”, mas “designado”. Já o desligamento
denomina-se “dispensa”.
b) promoção: é a elevação de um Servidor de uma classe para outra dentro de uma mesma carreira. Pode
acontecer por antiguidade ou merecimento.
Algumas leis funcionais distinguem a promoção e a progressão (esta ‘stricto sensu’, porque toda melhoria,
em última análise, retrata uma forma de progressão funcional). Naquela o servidor é alçado de cargo
integrante de uma classe para cargo de outra, ao passo que na progressão o servidor permanece no
mesmo cargo, mas dentro dele percorre um iter funcional, normalmente simbolizado por índices ou
padrões, em que a melhoria vai sendo materializada por elevação de vencimentos. (J.S)
c) readaptação: Segundo CABM, “é a espécie de transferência efetuada a fim de prover o servidor em
outro cargo mais compatível com sua superveniente limitação de capacidade física e mental, apurada em
inspeção médica”. Tem constitucionalidade duvidosa, eis que haverá provimento em cargo para o qual o
servidor não fez concurso público.
d) reversão: é o reingresso do servidor aposentado no serviço ativo, a pedido ou “ex officio”, por não mais
existirem os motivos de sua aposentadoria. Se não houver cargo vago, o servidor que reverter ficará como
excedente.
e) aproveitamento: o servidor que se encontrava em disponibilidade porque o cargo que ocupava foi
extinto ou declarado desnecessário, retorna ao serviço ativo, em cargo semelhante àquele ocupado
anteriormente. A Administração deve realizar o aproveitamento de forma prioritária, antes mesmo de
realizar concurso para aquele cargo.
f) reintegração: o servidor retorna ao cargo após ser reconhecida a ilegalidade de sua demissão,
administrativa ou judicialmente. Deve voltar para o mesmo cargo que ocupava anteriormente ou, não
sendo possível, ao seu sucedâneo ou equivalente, com integral reparação dos prejuízos que lhe advieram
do ato injurídico que o atingira. (...); (CABM.)
g) recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo que ocupava anteriormente, por não ter sido
aprovado no estágio probatório relativo a outro cargo para o qual subseqüentemente fora nomeado, quer
por haver sido desalojado dele em decorrência de reintegração do precedente ocupante. (CABM). Segundo
o STJ, não é possível aplicação do instituto da recondução a servidor estadual na hipótese em que o
ordenamento do Estado for omisso.

Segundo classificação tradicional, as formas de provimento podem ser classificadas em:


a) originárias – segundo CABM “é aquele em que alguém é preposto no cargo independentemente do fato
ter tido, ou não algum vínculo com o cargo público”. Não guarda qualquer vínculo com a anterior situação
do provido. A única forma é a nomeação.
b) derivadas – é preenchido por alguém que já tinha vínculo anterior com outro cargo, sujeito ao mesmo
regime jurídico. São as demais formas de provimento. Pode ser vertical (servidor passa ocupar cargo mais
elevado - promoção), horizontal (no mesmo nível – readaptação) e por reingresso (o servidor retorna ao
serviço – reversão, aproveitamento, reintegração e recondução).

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Com a extinção legal da transferência, o único provimento derivado horizontal é a readaptação (a qual,
aliás, não é senão uma modalidade de transferência). (CABM.)
De acordo com a S. 685 do STF convertida em súmula vinculante 43:

“É INCONSTITUCIONAL TODA MODALIDADE DE PROVIMENTO QUE PROPICIE AO SERVIDOR


INVESTIR-SE, SEM PRÉVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO SEU
PROVIMENTO, EM CARGO QUE NÃO INTEGRA A CARREIRA NA QUAL ANTERIORMENTE
INVESTIDO.”

Com base nesse entendimento, as formas de provimento transferência (era a passagem de um Servidor de
um quadro para outro dentro de um mesmo poder, também era uma forma de vacância e de provimento)
e ascensão funcional (o servidor migrava de carreira) foram consideradas inconstitucionais pelo STF e
posteriormente revogadas da Lei 8112/90.
Entende a doutrina que as três formas de provimento derivados previstas na CRF – reintegração,
aproveitamento e recondução (41, §§2º e 3º) –, bem como as que não impliquem ingresso de servidor em
cargo diverso daquele no qual foi originalmente nomeado por concurso publico, são legítimas e
constitucionais. As demais, a exemplo da readaptação, até que sejam revogadas, integram o ordenamento
jurídico, ostentando presunção de legalidade.

Posse

De acordo com o art. 7º, a investidura no cargo público ocorre com a posse. Posse é o ato bilateral, por
meio do qual o servidor é investido nas atribuições e responsabilidades inerentes ao seu cargo.
Somente há posse no caso de nomeação. Antes da posse o nomeado ainda não é servidor público. O
vinculo só é formado por meio da posse.
O ato de posse enquadra-se naquilo que Léon Duguit chama de “ato-condição”, ou seja, a manifestação do
agente é necessária unicamente para que ele se insira em um regime jurídico preestabelecido, não passível
de modificação por sua vontade.
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração tem
direito a receber a remuneração retroativa? Em Regra, não. Não cabe indenização a servidor empossado
por decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Exceção: será devida
indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi nomeado logo por conta de
uma situação de arbitrariedade flagrante. (RE 724347).

Exercício

É o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou função de confiança.


No caso de cargo efetivo, o prazo é de 15 dias, improrrogáveis, a contar do ato da posse. Para função de
confiança, o exercício deve coincidir com a data da publicação do ato de designação.
É a partir da data em que o servidor entra em exercício que são estabelecidas as relações entre ele e a
administração, que tenham por base o tempo de efetivo desempenho das atribuições: férias, cálculo de
gratificações, 13º, estabilidade etc.
Como passa a ser servidor no ato da posse, se não entrar em exercício no prazo de 15 dias, ocorrera sua
exoneração, ou seja, será desfeito o vínculo entre ele e a administração.

Estágio Probatório

De acordo com o art. 20: “Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
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capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
assiduidade; disciplina; capacidade de iniciativa; produtividade; e responsabilidade.”
Não deve ser confundido com estabilidade. O estágio probatório serve para avaliar a aptidão para o
exercício de determinado cargo. A estabilidade é adquirida uma única vez pelo servidor de um mesmo ente
federado. Após a EC 19/98 o prazo da estabilidade passou a ser de 3 anos, não mais coincidindo com o
prazo do estágio probatório, 24 meses.
Na seara federal, a questão foi resolvida por parecer da AGU, aprovado pelo PR, adotando o entendimento
de que o estágio probatório tem duração de 3 anos, pois seria o único compatível com o prazo para
aquisição da estabilidade. Posteriormente, o STF (SS 3957) e o STJ (MS 12523) adotaram o mesmo
entendimento, agora aplicável a todos os entes federados.
Assim, embora a Lei n. 8.112 ainda mantenha em seu art. 20 a previsão de 24 meses, entende-se
pacificamente que o prazo de estágio probatório é de 36 meses, se compatibilizando com o prazo de
estabilidade da CF.
Embora a exoneração por não ter sido aprovado em estágio probatório não tenha caráter de sanção, o STF
entende que deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa. Neste sentido, Súmula 21:
“Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as
formalidades legais de apuração de sua capacidade”.
De acordo com o STF, a inassiduidade decorrente de greve, não pode implicar exoneração de servidor em
estágio probatório, nem sanção disciplinar. RE 226.966 e ADI 3235, respectivamente.
Também decidiu o STF que o estágio probatório não protege o servidor em caso de extinção do cargo.
Neste caso, o não estável será exonerado.
Há sistemas funcionais que incluem, como etapa do concurso, um período de exercício antecipado das
funções do cargo, denominado estágio experimental [não é a mesma coisa que o estágio probatório]. Este
estágio tem a natureza jurídica de prova de habilitação, a mesma, aliás, das demais provas de
conhecimento e, como é óbvio, antecede à nomeação. O estagiário, assim, ainda não é servidor, mas mero
candidato em fase de concurso [ressalve-se o conceito da Lei de Improbidade e do CP]. Em tais sistemas,
parece-nos legítimo exigir do candidato que preencha os requisitos do cargo ao momento da designação
para o estágio, e não ao momento da futura nomeação, e isso porque, embora ainda não ocupe cargo, o
candidato vai exercer funções a ele relativas. (J.S)

Formas de vacância dos cargos públicos

Vacância é a saída do servidor público de seu cargo, emprego ou função. O cargo fica sem titular,
tornando-o possível de ser ocupado por outra pessoa. São hipóteses de vacância:
a) Exoneração: dispensa do servidor público por pedido deste ou pela Administração. Não assume caráter
disciplinar.
Exoneração a pedido: se o servidor estiver respondendo a processo administrativo, não poderá ser
exonerado a pedido.
Exoneração de Ofício:
- cargos em comissão: a administração não precisa motivar o ato, pois o mesmo é discricionário. Servidor
demissível “ad nutum”. Se houver indicação dos motivos, a administração ficará vinculada a esses motivos
– é a aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes – e terá que comprová-los.
- Não aprovação no estágio probatório: característica de ato vinculado, pois necessita obedecer ao
procedimento estabelecido na lei e apontar os motivos em que se fundamenta.
- Quando o servidor que já tomou posse no cargo público, não entra em exercício no prazo estabelecido na
lei;
- quando for extinto cargo ocupado por servidor não estável;

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- o servidor não estável está ocupando cargo que deva ser provido mediante reintegração de outro
servidor anteriormente demitido ilegalmente;
- por insuficiência de desempenho (41, § 1º, III, da CF/88);
- por excesso de despesa com pessoal (169, § 4º, da CF/88).
b) Demissão: é imposta ao servidor pelo cometimento de falta disciplinar e tem a natureza de
sancionatória;
c) Promoção;
c) Falecimento;
d) Aposentadoria;
e) Readaptação;
f) Posse em outro cargo inacumulável;
i) Avaliação insatisfatória de desempenho (art. 41, § 1º, III, da CF/88);
j) Para atender limite de despesas com pessoal ativo e inativo (art. 169, § 4º, da CF/88).
Ocorrem simultaneamente vacância e provimento nos casos de promoção, readaptação e posse em outro
cargo inacumulável.

Direitos e deveres dos servidores estatutários

Dos Direitos

De acordo com o a Lei 8.112/90, são direitos dos servidores:


a) vencimento e remuneração;
b) vantagens;
c) férias;
d) licenças;
e) afastamentos;
f) concessões;
g) tempo de serviço;
h) direito de petição.
O vencimento e a remuneração já foram abordados em outro ponto deste resumo, restando destacar o
quanto disposto na Súmula Administrativa nº 34/08 da AGU: "Não estão sujeitos à repetição os valores
recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei
por parte da Administração Pública". Entendimento este que é amplamente aceito pela Jurisprudência dos
Tribunais Superiores.
Vantagens são entendidas como qualquer valor que não se enquadre na definição de “vencimento”. Só
integram a “remuneração” as vantagens permanentes estabelecidas em lei (art. 41). Segundo art. 49,
dividem-se em:
a) indenizações – não integram a remuneração em nenhuma hipótese. A lei prevê as seguintes:
 ajuda de custo (53 a 57);
 diárias (58 e 59);
 indenização de transporte (60);
 auxílio-moradia (60-A a 60-E)
b) retribuições, gratificações e adicionais – podem ou não integrar a remuneração. No art. 61
(numerus clausus) constam as seguintes:
 retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;
 gratificação natalina;
 adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
 adicional pela prestação de serviço extraordinário;
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 adicional noturno;
 adicional de férias;
 outros, relativos ao local ou natureza do trabalho;
 gratificação por encargo de curso ou concurso.
As licenças previstas na lei são:
 por motivo de doença em pessoa da família;
 por motivo de afastamento do cônjuge;
 para o serviço militar;
 para atividade política;
 para capacitação;
 para tratar de interesses particulares;
 para o desempenho de mandato classista ou para participar de administração em cooperativa de
servidores públicos;
 para tratamento de saúde;
 à gestante, à adotante e licença-paternidade
 por acidente em serviço.
Os afastamentos previstos são:
 para servir a outro órgão ou entidade (93);
 para exercício de mandato eletivo (94);
 para estudo ou missão no exterior (95 e 96);
 para participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país (96-A).
Todos os afastamentos ocorrem com a contagem do tempo de serviço para todos os efeitos legais, deles
ressalvada em um único caso: o de afastamento para mandato político, em que a contagem não se faz para
fins de promoção por merecimento. (CABM)
As concessões podem ser de duas categorias:
a) Direito de ausentar-se do serviço, sem qualquer prejuízo, durante (97):
 um dia, para doação de sangue;
 dois dias, para se alistar como eleitor;
 oito dias consecutivos em razão de casamento;
 oito dias consecutivos em razão de falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos;
b) Direito a horário especial concedido (98):
 ao servidor estudante, sem prejuízo do exercício do cargo, exigida a compensação de horário;
 ao servidor portador de deficiência, comprovada a necessidade por junta médica oficial, sem
exigência de comprovação de horário;
 ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência física, exigida a
compensação de horário;
 ao servidor que atue como instrutor ou participe de banca examinadora, nas hipóteses que
ensejam a percepção da gratificação por encargo de curso ou concurso do art. 76-A, exigida a
compensação de horário, a ser efetivada no prazo de até 1 ano;
 direito, concedido ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração, de
matricular-se em instituição de ensino congênere, em qualquer época, independentemente de
vaga, na localidade da nova residência ou na mais próxima, extensivo ao cônjuge ou companheiro,
aos filhos ou enteados do servidor que vivam em sua companhia, bem como aos menores sob sua
guarda, com autorização judicial (99).

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Trata-se a remoção da mudança do servidor, dentro do quadro a que pertence, com ou sem a alteração da
sede de seu local de trabalho, com o objetivo de preencher claro na lotação. Não se trata de nova
investidura(...) (A.F). Há apenas a mudança de lotação, de localização do exercício das funções.
Distinção entre remoção e transferência: Uma vez em vigor a nova Constituição, com o texto do art.37, II,
impondo que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação em concurso público,
sem a ressalva de que esta exigência somente se daria em relação à primeira investidura, tornou-se
impossível a utilização do instituto da transferência. (...) Todavia, a remoção, que é a movimentação do
servidor no mesmo órgão, dentro de sua carreira, implicando apenas em movimentação espacial, esta
continua vigente(...) (A.F)
Obs.: houve revogação expressa da parte da Lei 8.112, que tratava de transferência (art. 23 e parágrafos,
revogados pela Lei n. 9.527/97)
Existe também a figura da redistribuição (art. 37): é o deslocamento de cargo de provimento efetivo,
ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder,
com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: a) interesse da
administração; b) equivalência de vencimentos; c) manutenção da essência das atribuições dos cargos; d)
vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; e) mesmo nível de
escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; f) compatibilidade entre as atribuições do cargo e
as finalidades institucionais do órgão ou entidade. Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
aproveitamento (ou ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
aproveitamento).

Do Regime Disciplinar

No art. 116, encontram-se os deveres dos servidores estatutários: (a) exercer com zelo e dedicação as
atribuições do cargo; (b) ser leal às instituições a que servir; (c) observar as normas legais e
regulamentares; (d) cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; (e) atender com
presteza: (i) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
(ii) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse
pessoal; (iii) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. (f) levar ao conhecimento da autoridade
superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; (g) levar as irregularidades de que tiver
ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de
envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; (h) zelar pela
economia do material e a conservação do patrimônio público; (i) guardar sigilo sobre assunto da
repartição; (j) manter conduta compatível com a moralidade administrativa; (k) ser assíduo e pontual ao
serviço; (l) tratar com urbanidade as pessoas; (m) representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
poder1.

A inobservância dos deveres constitui infração funcional e acarreta para o servidor sanções disciplinares. A
lei, porém, não relaciona sanção especifica para o descumprimento de cada um desses deveres. Estatui
genericamente que será aplicada advertência, se não se justificar a imposição de penalidade mais grave
(129).
A lei lista proibições no art. 117, cujos descumprimentos levam a penalidades especificamente indicadas
na norma:

1A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representado ampla defesa.
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a) proibições que acarretam advertência (salvo se o servidor for reincidente, quando poderá ser
suspenso):
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
b) proibições que acarretam suspensão (além das hipóteses de reincidência do grupo anterior):
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho;
c) proibições que acarretam demissão:
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada,
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
d) proibições que acarretam demissão e incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 anos:
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
pública;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.

As penalidades estão no art. 127 e podem ser:


a) advertência: é aplicada por escrito, nos casos listados ou em outros em que não se justifique a
imposição de penalidade mais grave. Se o servidor não praticar nova infração, a advertência será excluída
dos assentamentos funcionais em 3 anos.
b) suspensão: é aplicada no caso de reincidência de infrações sujeitas a advertência e nas demais infrações
que não ensejam demissão. O prazo máximo de suspensão é de 90 dias, não recebendo o servidor
remuneração durante esse período, o qual também não é contabilizado para qualquer efeito. Terá seu
registro cancelado após 5 anos de efetivo exercício, se o servidor não praticar nova infração.

A lei estabelece uma hipótese especifica de suspensão por até 15 dias, para o servidor que,
injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada por autoridade
competente, cessando os efeitos, uma vez cumprida a determinação (130, §1º).

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Há possibilidade de a administração converter a suspensão em multa de 50% por dia de vencimento ou


multa. Trata-se de decisão discricionária. Não existe multa como penalidade autônoma, apenas como
substitutiva da suspensão, neste caso.
c) demissão: a lei estabelece uma lista de infrações que se sujeitam a essa penalidade. Daí se dizer que, na
esfera federal, a aplicação da demissão é um ato vinculado, muito embora muitos dos termos sejam
indeterminados, o que, de certa forma, leva à discricionariedade e à plena eficácia do art. 128 (explicado
abaixo).
De acordo com o art. 132, será aplicada demissão:
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117 (listados acima).
Nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI a demissão (bem como a destituição do cargo em comissão) implicará
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível (136).
Nos casos dos incisos I, IV, VIII, X e XI a demissão (bem como a destituição do cargo em comissão) impedirá
que o ex-servidor retorne ao serviço público federal (137, pu).
d) cassação de aposentadoria ou de disponibilidade: aplicado ao inativo que, quando estava em atividade,
tenha praticado infração punível com demissão (134). O STF, em diversas ocasiões já disse que esta
penalidade é constitucional.
f) destituição de cargo em comissão: aplicado para servidor que não seja titular de cargo efetivo, no caso
de infrações sujeitas a penalidade de suspensão ou demissão (135).
g) destituição de função comissionada.
Para aplicação de qualquer penalidade, deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa. É apontada
pela doutrina como exercício do poder discricionário, mas em qualquer caso deve ser considerada a
natureza e gravidade da infração, os danos dela decorrente, as circunstâncias agravantes e atenuantes e os
antecedentes funcionais (art. 128). Não ha discricionariedade quanto ao dever de punir.
O cancelamento dos registros de advertência e suspensão não tem efeito retroativo (131, parágrafo único).

A prescrição da ação disciplinar ocorre a partir do momento em que o fato se tornou conhecido, em (142):
a) 5 anos quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou de disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;
b) 2 anos, quanto à suspensão;
c) 180 dias, quanto à advertência.
Se a infração for também tipificada como crime ou contravenção, o prazo prescricional será o da lei penal
(142, §2º).

A abertura de sindicância ou de processo ou de PAD interrompe (não suspende) a prescrição, até decisão
final da autoridade competente (142, §3º). De acordo com o STF, a prescrição interrompida pela
instauração de PAD começa a fluir, por inteiro, imediatamente depois do término do prazo para que a lei

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estabelece para a decisão ser proferida, caso não tenha sido proferida até essa data: 140 dias (60 dias,
prorrogáveis por mais 60, para conclusão do PAD + 20 dias para a autoridade julgadora proferir sua
decisão).
O ressarcimento ao erário é imprescritível.

Responsabilidade do servidor e processo disciplinar

Responsabilidade do servidor

O mesmo ato pode acarretar responsabilização nas esferas administrativa (penalidades disciplinares), civil
(indenização por danos patrimoniais e morais) e criminal (sanções penais).

A responsabilidade civil dos agentes públicos é do tipo subjetiva, por culpa lato sensu. Ou seja, respondem
pelos danos que causar se o Estado provar que ele agiu com dolo ou culpa.

A responsabilidade penal decorre da prática de ato que configure crime ou contravenção (123).

De acordo com o art. 125, as responsabilidades civil, penal e administrativa são independentes. Pode-se
dizer que essa é a regra geral. Mas há exceções:
a) a condenação criminal do servidor, formando um título executivo judicial, acarreta na responsabilização
do servidor nas esferas civil e administrativa;
b) a absolvição criminal pela negativa do fato ou da autoria interfere nas esferas administrativa e civil
(126), de maneira que a condenação deve ser desfeita, se já tiver ocorrido.
A absolvição criminal por insuficiência de provas ou por qualquer outra razão, não interfere das demais
esferas.
A doutrina e a jurisprudência utilizam a expressão “falta residual” para se referir ao fato que não chega a
acarretar condenação na seara penal, mas configura ilícito administrativo ou cível. Sobre o assunto,
destaque-se a Súmula 18 do STF:
“PELA FALTA RESIDUAL, NÃO COMPREENDIDA NA ABSOLVIÇÃO PELO JUÍZO
CRIMINAL, É ADMISSÍVEL A PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO”.

Instrumentos de apuração da responsabilidade dos servidores públicos

São dois os instrumentos para apuração da responsabilidade administrativa dos servidores públicos quanto
a fatos praticados no exercício da função ou relativas às atribuições do cargo: sindicância e PAD.
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover sua apuração
imediata, mediante sindicância ou PAD (143).
O PAD será sempre necessário para aplicação das penalidades de suspensão por mais de 30 dias,
demissão, cassação de aposentadoria, de disponibilidade e destituição de cargo em comissão (146). Para
aplicação de advertência e suspensão por até 30 dias, basta a sindicância.
Sindicância
A sindicância é meio mais célere para apurar irregularidades praticadas pelos servidores. Da sua conclusão
pode resultar uma das seguintes hipóteses (149):
a) arquivamento do processo;
b) aplicação das penalidades de advertência ou de suspensão por até 30 dias;
c) instauração de PAD, se o caso ensejar penalidade mais grave. Neste caso, os autos da sindicância
integrarão o processo disciplinar, como peça informadora da instrução (154).

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Enquanto a sindicância tiver caráter meramente investigativo (inquisitório), sem que exista acusação
formal a um servidor, ou alguma imputação que possa ser contraditada, não se exige o respeito ao
contraditório e à ampla defesa.
Sempre que a administração pretender aplicar uma penalidade, mediante procedimento de sindicância,
deverá assegurar, obrigatoriamente, contraditório e ampla defesa.
Ressalta-se que a sindicância não é uma etapa do PAD, nem é obrigatório que o preceda. Mas se os fatos
apurados na sindicância ensejarem punição mais grave que a possível em sua seara, os autos da sindicância
integrarão o PAD como peça informativa da instrução.
Processo Administrativo Disciplinar
O Processo Administrativo Disciplinar compreende três fases, a instauração, o inquérito administrativo
dividido em instrução, defesa e relatório, e o julgamento.
Se a Autoridade Administrativa não tiver elementos suficientes para instaurar o Processo Administrativo
Disciplinar, quer por dúvidas quanto a autoria do fato ou quanto à materialidade (irregularidade ou não no
serviço público), procederá à sindicância.
Vejamos agora, sucintamente, as fases que compõem o Processo Disciplinar:
a) Instauração: Ocorre com a publicação do ato que constitui a comissão que vai julgar o indigitado
servidor. É de suma importância que a peça de início determine de forma clara e precisa o objeto da lide
de forma a possibilitar a justificação plena do apontado;

b) Inquérito Administrativo: É dividido em três sub-fases: Instrução, Defesa e Relatório.


- Instrução: Na instrução são apurados de forma precisa os fatos que deram origem ao Processo
Administrativo Disciplinar. O servidor poderá acompanhar o processo pessoalmente ou por meio de
procurador (156, caput), não sendo obrigatório o acompanhamento do processo por advogado. Vide SV. 5:
“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar nã o ofende a constituição.”

Concluídos todos os atos instrutórios (oitiva de testemunhas, do servidor, acareações etc.), de posse dos
elementos de prova, a administração vai decidir pelo arquivamento do PAD ou pelo indiciamento do
servidor, se entender que há tipificação de infração disciplinar.
Da indiciação constarão os fatos imputados ao servidor e as provas produzidas, devendo ser seguida pela
citação do servidor, para que apresente a sua defesa escrita. Atenção: no PAD, a instrução precede a
citação e a apresentação de defesa escrita!!
O indiciado é citado para apresentação de defesa escrita em 10 dias, contados da ciência da citação. Se
houver mais de um indiciado, o prazo será comum, de 20 dias, a contar da citação do último citado. O
prazo pode ser duplicado, pelo presidente da comissão. Pode haver publicação por edital quando, então, o
prazo será de 15 dias, a contar da data da última publicação.
A citação é o último ato da instrução.
- Defesa: caso o indiciado não apresente defesa, será decretada sua revelia, mas os efeitos são
completamente diversos dos do processo civil, em decorrência do princípio da verdade material. No PAD, a
revelia não gera presunção legal alguma contra o servidor (não possui efeito de confissão), vale dizer, o
ônus probatório continua sendo da administração. Ao revel será nomeado defensor dativo, que deverá ser
de ocupante de cargo efetivo superior ou do mesmo nível do indiciado, ou ter grau de escolaridade
superior ou igual.
Sempre haverá uma defesa escrita no PAD. Após sua analise, passa-se à última fase do inquérito
administrativo: a elaboração do relatório.
- Relatório: deve constar um resumo das peças principais dos autos e as provas em que a comissão se
baseou para formar seu convencimento. Sempre deverá ser conclusivo, devendo a comissão manifestar
sua opinião sobre a inocência ou responsabilidade do servidor. Neste último caso, deverá indicar os
dispositivos transgredidos, bem como as atenuantes e agravantes. Terminado o relatório, encerra-se o

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trabalho da comissão, sendo o processo encaminhado para a autoridade que determinou a sua abertura,
para julgamento.
b) Julgamento: a autoridade julgadora deve proferir a decisão em 20 dias, contados do recebimento do
processo (167), prazo que é impróprio. A conseqüência que pode advir da demora não é a nulidade do
processo, mas a prescrição da infração. Se esta se der por motivo imputável à autoridade julgadora, será
esta responsabilizada (169, §2º).
Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da que determinou a instauração do PAD, será ele
encaminhado à autoridade competente. Se houver mais de um indiciado, o julgamento caberá à
autoridade competente para imposição da penalidade mais grave (167).
De acordo com o art. 141, as penalidades serão aplicadas:
 quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor
vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade, pelo Presidente da República, pelos Presidentes
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República;
 quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias, pelas autoridades administrativas de
hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no item “a”;
 nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias, pelo chefe da repartição e outras
autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,;
 quando se tratar de destituição de cargo em comissão, pela autoridade que houver feito a
nomeação.
De acordo com o STF, a competência para aplicação da penalidade de demissão pode ser delegada pelo
PR a seus ministros. MS 25.518.
MAS NÃO CABE AO PRESIDENTE DO STF (POR EXEMPLO) APLICAR PENA DE SUSPENSÃO
(...) Na sequência, ressaltou que o art. 141, I e II, da Lei 8.112/1990 expressamente excluiria da esfera de
atribuições da presidência dos tribunais federais a aplicação de penalidades que não fossem de
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão ou entidade.

A autoridade julgadora não está vinculada ao parecer da comissão. Mas existe uma vinculação relativa,
já que a lei diz que o relatório deve ser acatado, salvo se contrariar a prova dos autos. Apenas neste caso
a autoridade poderá agravar ou abrandar a penalidade indicada ou isentar o servidor da penalidade.
Cabe destacar que o art. 170 da Lei 8.112, prevê que extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor. O STF, recentemente,
entendeu que o art. 170 da Lei 8.112/1990 é inconstitucional, tendo em vista que a anotação dessa
ocorrência em ficha funcional violaria o princípio da presunção de inocência. (MS 23262).

Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo ou


outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a
constituição de outra comissão para instauração de novo processo (169).
Rito sumário
Nos casos de acumulação ilícita de cargos públicos e abandono de cargo ou inassiduidade habitual a lei
estabeleceu um rito especial de investigação e julgamento, denominado de rito sumário.
O prazo de conclusão do PAD é de 30 dias, contados do ato que constituir a comissão, prorrogáveis por
mais 15 dias (30 + 15).
Quanto à acumulação ilegal de cargos, detectada a qualquer tempo, o servidor será notificado para exercer
a opção no prazo improrrogável de 10 dias. Se o servidor não fizer a opção será instaurado PAD, sob
procedimento sumário, para apurar e regularizar a situação. A opção pelo servidor até o último dia do
prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em
exoneração do outro cargo.
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O PAD sob rito sumário terá as seguintes fases:


a) instauração: com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por dois servidores
estáveis, devendo simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da
apuração;
b) instrução sumária: compreende indiciação, defesa e relatório;
c) julgamento.
Configurada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á pela de demissão, cassação de
aposentadoria ou de disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções.
No caso de abandono de cargo, a materialidade consiste na indicação precisa do período de ausência
intencional do servidor ao serviço superior a 30 dias. No caso de inassiduidade habitual, a materialidade é
configurada com a indicação dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou
superior a 60 dias, interpoladamente, durante o período de 12 meses.
Revisão do PAD
Está regulada nos arts. 174 a 182 da Lei 8.112/90. Como visto, o PAD federal ocorre em instância única,
não existe garantia de duplo grau (a demissão, por exemplo, é julgada pelo PR, não cabendo recurso
hierárquico impróprio). A revisão não é uma segunda instância do PAD. A rigor, é um novo PAD que se
processa em apenso ao anterior, que já deve ter sido concluído.
Somente cabe quando se apresentarem fatos novos ou circunstancias suscetíveis de justificar a inocência
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada (174), desde que não apreciados no processo
originário (176). A simples alegação de injustiça não constitui fundamento para a revisão.
Pode ocorrer de ofício ou a pedido do servidor; ou a pedido da família ou curador, em caso de
ausência/falecimento/desaparecimento ou incapacidade mental, respectivamente.
Pode ocorrer a qualquer tempo. Não é alcançada pela prescrição. Se julgada procedente, torna sem efeito
a penalidade aplicada, restabelecendo-se os direitos do servidor, salvo em relação à destituição do cargo
em comissão, que será revertida em exoneração.
Dois pontos importantes:
a) no PAD o ônus da prova é da administração. Na revisão a pedido, cabe ao requerente, há, portanto,
inversão do ônus;
b) na revisão não se admite a reformatio in pejus. Trata-se de exceção ao princípio da verdade material que
faz com que nos processos administrativos a regra seja a possibilidade de agravamento da penalidade.

Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Normas e Princípios Constitucionais. O Novo


Regime Previdenciário.

No art. 40, a CRF trata do regime de previdência social aplicável aos titulares de cargos efetivos da União,
Estados, DF e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. O STF já decidiu que essa regra é
obrigatória, declarando inconstitucional lei que incluía servidores não efetivos no regime disciplinado pelo
art. 40. Nesse sentido, entendeu o STF que os notários não podem ser incluídos no Regime Próprio.
Trata-se do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), o qual não se aplica para os ocupantes
exclusivamente de cargos em comissão, função temporária e emprego público (§13).
O RPPS foi profundamente alterado pelas reformas realizada por meio da EC 20/98 e 41/03, que se
propuseram a assegurar um relativo equilíbrio financeiro ao sistema. A EC 47/05 atenuou algumas perdas
de direitos previdenciários que os servidores tiveram com a EC 41/03.
De acordo com o regramento constitucional, deve-se destacar algumas características/regras:
O regime tem caráter contributivo: não importa apenas o tempo de serviço do servidor, mas o tempo de
efetiva contribuição, sendo vedado ao legislador o estabelecimento de algum tempo de contribuição
fictício.

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O regime tem caráter solidário. A referência textual à solidariedade (introduzida pela EC 41/03) teve como
intuito reforçar a legitimidade da exigência de contribuição aos aposentados e pensionistas.
Devem contribuir para o sistema o ente público, os servidores ativos, inativos e pensionistas (caput),
devendo observar critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.
A contribuição da União foi regulamentada na Lei 10.887/04, estabelecendo que será o dobro da
contribuição do servidor ativo, cuja arrecadação será contabilizada em conta específica. A União deverá
cobrir, ainda, eventuais insuficiências financeiras para pagamento dos benefícios (art. 8º).
O §18 detalha a regra da contribuição dos aposentados e pensionistas: a partir da EC 41/03 passa a incidir
contribuição previdenciária sobre aposentadorias e pensões, concedidas pelo RPPS, que superem o limite
máximo para os benefícios do RGPS, com percentual igual ao estabelecido para os servidores ativos (11%).
O STF declarou constitucional a contribuição dos inativos e pensionistas, mesmo dos que já o eram ao
tempo da entrada em vigor da EC 41/03, ou que já tivessem conquistado direito adquirido ao benefício
(4º, EC 41/03). ADI 3128/DF.
O art. 4º da EC 41/03 estabelecia uma contribuição maior para os que já fossem aposentados ou
pensionistas, ou tivessem direito adquirido ao benefício, ao tempo de sua publicação: a contribuição
incidiria sobre o que ultrapassasse 50% do teto do RGPS para beneficiários dos Estados, DF e Municípios e
60%, para os da União. O STF considerou a diferenciação inconstitucional, firmando que a contribuição
deve ser idêntica, em qualquer caso, e incidir sobre o que ultrapassar o teto do RGPS. Informativo 357.
As alíquotas cobradas pelos Estados, DF e Municípios, tanto de seus servidores quanto de seus
aposentados e pensionistas não poderão ser inferiores à cobrada pela União (149, §1º, com redação dada
pela EC 41/03).
A contribuição incidirá apenas sobre as parcelas de aposentadorias em pensões que superem o dobro do
teto do RGPS quando o beneficiário for portador de doença incapacitante, na forma da lei (§21 incluído
pela EC 47/05).
O servidor que completar os requisitos para aposentadoria voluntária não proporcional (§1º, III, a), mas
que decidir continuar em atividade, fará jus a um abono de permanência, que equivale à dispensa de
pagamento da contribuição previdenciária (§18).
A EC 41/03 também confere direito ao abono de permanência aos servidores que: a) ingressaram no
serviço público antes da EC 20/98 e que, podendo requerer aposentadoria voluntária, nos termos da regra
de transição prevista no art. 2º da EC 41, não o façam; b) tinham direito adquirido à aposentadoria na data
da publicação da EC 41 e permaneçam na ativa. V. 2º, §5º e 3º, §1º da EC 41/03.
A EC 41/03 vedou a existência de mais de um regime próprio para os titulares de cargos efetivos e de mais
de uma unidade gestora (§20). Ressalvou, porém, o regime de previdência dos militares, que deve ser
disciplinado em lei própria (142, 3º, X).
É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do RPPS, ressalvadas as decorrente de cargos
acumuláveis (§6º).
É vedada adoção de critérios diferenciadores para concessão de aposentadoria para os abrangidos pelo
RPPS, ressalvados os definidos em LC, para os servidores: a) portadores de deficiência; b) que exerçam
atividades de risco; c) cujas atividades sejam exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde
ou integridade física. (§4º).
Corroborando sua novel posição concretista individual direta, o STF, no julgamento do MI 721, diante da
ausência da referida lei complementar regulamentadora da aposentadoria especial do servidor público,
determinou que fossem aplicadas as disposições concernentes à aposentadoria especial dos
trabalhadores em geral, previstas na Lei n. 8.213/912.

2 "Mandado de injunção — Natureza. Conforme disposto no inciso LXXI do artigo 5º da Constituição Federal, conceder-
se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. A carga de
declaração não é objeto da impetração, mas premissa da ordem a ser formalizada. Mandado de injunção — Decisão — Balizas.
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Recentemente, corroborando o entendimento acima exposto, o STF editou a Súmula Vinculante n. 33, nos
seguintes termos:

SÚMULA VINCULANTE 33-STF: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do


Regime Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40,
parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica.

Ressalte-se que este entendimento somente se aplica às aposentadorias especiais com base no inciso III,
persistindo a ausência de regramento legislativo em relação às hipóteses dos incisos I (deficientes) e II
(atividades de risco).
No que diz respeito à conversão do tempo especial em comum, prevista pelo § 5° do artigo 57 da lei
8.213/91 o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido de que o art. 40, § 4º, d a
Constituição Federal não garante a contagem de tempo de serviço diferenciada ao servidor público, mas,
tão somente, o efetivo gozo da própria aposentadoria. (MI 1577).
Quanto aos policiais militares, o STF entendeu que não se aplica a regra de aposentadoria especial do art.
4º, parágrafo 4º, da CR, porque os militares não podem ser considerados, atualmente, como servidores
públicos, sendo a eles aplicável um regime próprio (art. 142, parágrafo 3º, X, da CR).

No que toca aos deficientes, foi editada a LC 142/2013, regulamentando a aposentadoria especial para
este grupo de segurados do RGPS. Assim, novamente se abrirá a possibilidade de aplicação da legislação
referente ao RGPS aos servidores vinculados ao RPPS. Ressalte-se, entretanto, que não existe ainda
manifestação dos Tribunais Superiores sobre o assunto.

“O regime de aposentadoria especial para deficientes previsto nesta LC 142/2013 pode


ser aplicado aos servidores públicos?

Em princípio não. Isso porque a LC 142/13 regulamenta a aposentadoria da pessoa com


deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social – RGPS (trabalhadores em
geral, filiados ao regime administrado pelo INSS). No entanto, a CF/88 prevê que os
servidores públicos que sejam portadores de deficiência também têm direito à
aposentadoria com requisitos e critérios diferenciados, nos termos do que for definido em
lei complementar (art. 40, § 4º, I).

Dessa forma, a CF/88 exige a edição de uma Lei Complementar definindo os critérios para a
concessão da aposentadoria especial aos servidores públicos portadores de deficiência.
Essa Lei Complementar ainda não foi editada. Por essa razão, é bem provável que o STF, se
for provocado por meio de mandado de injunção, reconheça que o Presidente da República
está em “mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei
para regulamentar o art. 40, § 4º, I, da CF/88. Diante disso, o STF, ao julgar este eventual
mandado de injunção irá certamente determinar que sejam aplicadas aos servidores
públicos portadores de deficiência os critérios e condições previstos nesta LC 142/2013.

Afirma-se isso porque o STF, ao julgar o MI 721/DF (e vários outros que foram ajuizados
depois), determinou que fossem aplicadas aos agentes públicos as regras próprias dos
trabalhadores em geral, previstas no art. 57 da Lei n. 8.213/91, de modo a viabilizar que a

Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considerada a relação jurídica nele revelada. Aposentadoria —
Trabalho em condições especiais — Prejuízo à saúde do servidor — Inexistência de lei complementar — Artigo 40, § 4º, da
Constituição Federal. Inexistente a disciplina específica da aposentadoria especial do servidor, impõe-se a adoção, via
pronunciamento judicial, daquela própria aos trabalhadores em geral — artigo 57, § 1º, da Lei n. 8.213/91." (MI 721, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 30-08-07, DJ de 30-11-07)
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Administração Pública analise o requerimento de aposentadoria especial formulado por


servidor público que exerce suas atividades em condições insalubres. Logo, esta mesma
conclusão certamente será adotada para o caso dos servidores deficientes.” (Dizer o
Direito)

O STF considerou, a despeito de também não haver regulamentação específica, que os agentes sujeitos a
regime celetista antes da CRFB/88, que foram transformados em estatutários por força da exigência de
instituição de regime jurídico único, têm direito adquirido a contagem especial do tempo de serviço
prestado como celetistas em condições insalubres, perigosas ou penosas, nos termos da legislação à época
aplicável. RE 258.327/PB.
O que não ocorre, ainda segundo o Supremo, com relação aos que ingressaram após a CRFB/88. Com
relação a esses o STF entendeu que não se extrai da norma contida no art. 40, § 4º, III, da Constituição
Federal (Art. 40,§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em
leis complementares, os casos de servidores: III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física) a existência de dever constitucional de legislar acerca do
reconhecimento à contagem diferenciada e da averbação de tempo de serviço prestado por servidores
públicos em condições prejudiciais à saúde e à integridade física. No caso, destacou-se que a jurisprudência
da Corte limitar-se-ia à pronúncia do direito à aposentadoria especial dos servidores públicos (informativo
697).
Cálculo dos Benefícios
Os proventos serão calculados tendo como base as contribuições dos servidores (§3º). Essa alteração feita
pela EC 41/03 representa o fim da integralidade, ou seja, do direito de se aposentar com base na
totalidade da última remuneração. Atualmente, mesmo os que fizerem jus a aposentadoria com
“proventos integrais”, o seu valor corresponderá a uma média calculada com base nas remunerações
sobre as quais o servidor contribuiu ao longo de sua via profissional (80% maiores contribuições), nos
termos da lei. A Lei em questão é a 10.887/04.
A expressão ‘proventos proporcionais’, que a Constituição usa, logicamente parece contrapor-se a
‘proventos integrais’, que a Constituição não mais usa. Continuaremos nos servindo desta terminologia
tradicional, mas cumpre esclarecer que, a partir da Emenda 41, de 19.12.03, ‘proventos integrais’ não mais
significa, como anteriormente, que os proventos corresponderão necessariamente ao que o servidor
percebia na ativa. (CABM)
Todos os valores de remuneração, considerados para o cálculo dos proventos, serão devidamente
atualizados na forma da lei (§17).
Os proventos e pensões não podem exceder a remuneração do servidor, no cargo em que se deu a
aposentadoria ou serviu de referência para concessão da pensão.
Assegura-se o reajustamento dos benefícios, de modo a preservar o valor real, na forma da lei (§8º). A
redação original desse parágrafo, previa a regra da paridade, segundo a qual sempre que se modificassem
as remunerações dos servidores em atividade, os proventos seriam reajustados pelos mesmos índices e na
mesma data, além de se entenderem aos aposentados e pensionistas benefícios e vantagens concedidos
aos pensionistas.
A EC 41/03 acabou com a regra da paridade para os que ingressaram no serviço público após a sua
publicação. Todavia, o STF tem decisões que atenuam a regra da paridade para os que ainda fazem jus a
ela: entende que só devem ser estendidos aos aposentados as vantagens de natureza geral, que não
dependam do atendimento de condição escrita em lei (ex.: gratificações vinculadas ao desempenho).
Assim, se a administração começar a pagar indistintamente, sem qualquer critério de aferição do
desempenho ou relacionada com o exercício material da função, considera-se mantido o caráter geral e,
portanto, extensível a todos que fazem jus à regra da paridade.
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Segundo a S. 680 do STF: “O DIREITO AO AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO NÃO SE ESTENDE AOS SERVIDORES


INATIVOS”. Considera o STF que o auxílio-alimentação é verba de natureza indenizatória, que visa a cobrir
dispêndios dos servidores ativos, não incorporáveis e não extensíveis. Ressalte-se que o STJ entende que,
durante o gozo de férias, o servidor tem direito ao auxílio-alimentação.
Após a EC 41/03, a pensão por morte será igual: a) se o servidor for aposentado quando de seu óbito,
totalidade dos proventos que percebia, até o limite máximo do RGPS, acrescido de 70% da parcela que
exceda a esse limite; b) se o servidor estivesse na ativa quando do falecimento, totalidade da remuneração
no cargo efetivo que ocupava, até o limite máximo do RGPS, acrescido de 70% da parcela que exceda a
esse limite.
Antes da EC 41/03 não havia esse redutor de 30% sobre o que excedesse o teto do RGPS.
A norma a ser aplicada vai depender da data do óbito. Aplica-se a norma em vigor neste momento (STJ,
AR 3.299, em 28/03/2012).
O valor total recebido pelo aposentado, mesmo que decorrentes do acúmulo de cargos ou empregos,
resultado da soma da remuneração com proventos ou soma de proventos deve respeitar o teto do art. 37,
XI.
Hipóteses de concessão de aposentadoria pelo RPPS (§1º)
Por invalidez Proventos proporcionais
Acidente comum
Permanente
Acidente em serviço. Proventos integrais
O legislador
Moléstia profissional
ordinário deverá
Por invalidez ou doença grave,
determinar como
Permanente contagiosa ou
serão calculados os
incurável, na forma da
proventos.
lei
Antes da EC
88/2015:
Era de 70 anos (para
todos os casos).
70 anos
Não precisa cumprir
tempo mínimo de
serviço público, pois
a saída é
compulsória.
O que fez a EC Proventos proporcionais
88/2015?
Compulsória
1ª novidade:
aumentou
imediatamente para
75 anos a idade da
aposentadoria
75 anos
compulsória para os
cargos de Ministros
do STF, dos
Tribunais Superiores
(STJ, TST, TSE, STM)
e do TCU.
Assim, desde
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08/05/2015, data
em que entrou em
vigor a EC 88/2015,
a aposentadoria
compulsória para
esses cargos foi
elevada para 75
anos. Não foi
necessária qualquer
lei ou outra
providência.
Obs: essa alteração
foi feita mediante a
inserção do art. 100
ao ADCT da CF/88.

2ª novidade: a EC
88/2015 autorizou
que fosse editada
Lei Complementar
aumentando para 75
anos a idade da
aposentadoria
compulsória para os
demais servidores
públicos.
Regulando a
segunda hipótese,
foi editada a LC
152/2015.
A aposentadoria
compulsória aos 75
anos vale para:
I - os servidores
titulares de cargos
efetivos da União,
dos Estados, do
Distrito Federal e
dos Municípios,
incluídas suas
autarquias e
fundações;
II - os membros do
Poder Judiciário;
III - os membros do
Ministério Público;
IV - os membros das
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Defensorias
Públicas;
V - os membros dos
Tribunais e dos
Conselhos de
Contas.

Proventos Integrais
OBS: o professor que
comprove exclusivo
tempo de efetivo
Homem – 60 anos e
10 anos de efetivo exercício das funções de
35 de contribuição;
exercício no serviço magistério na educação
Mulher – 55 anos e
público; 5 anos no infantil e no ensino
Voluntária 30 de contribuição
cargo efetivo em que fundamental e médio,
se dará a terão o tempo de
aposentadoria contribuição e a idade
reduzidas em 5 anos.
Proventos proporcionais
Homem – 65 anos;
OBS: não se exige tempo
Mulher – 60 anos
de contribuição mínimo

Como visto, todas as aposentadorias, para quem ingressou após a EC 41/03, serão:
a) quanto à base de cálculo: calculada com base na média das 80% maiores contribuições (acabou com
regra dos proventos iguais à remuneração do último cargo efetivo);
b) quanto ao critério de reajuste (para aposentadorias e pensões): calculada com base na inflação, a fim de
preservar o valor real (acabou com a regra da paridade = os inativos recebiam o mesmo reajuste dos
ativos, nos mesmos índices e na mesma data).
A EC 70/12 criou uma exceção a essa regra, exclusivamente para a aposentadoria por invalidez. Quem
tiver ingressado até a data da publicação da EC 41, em 19/12/03, e que já tenha se aposentado ou venha a
se aposentar por invalidez permanente, fará jus a proventos calculados com base na remuneração do
cargo efetivo em que se der a aposentadoria e reajuste dos inativos, igual ao dos ativos (paridade).
Atenção: continua sendo proporcional, apenas não será calculada com base na média das contribuições!

Qual é a idade da aposentadoria compulsória no serviço público?


Antes da EC 88/2015:Era de 70 anos (para todos os casos).
O que fez a EC 88/2015?
1ª novidade: aumentou imediatamente para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os cargos
de Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU.
Assim, desde 08/05/2015, data em que entrou em vigor a EC 88/2015, a aposentadoria compulsória para
esses cargos foi elevada para 75 anos. Não foi necessária qualquer lei ou outra providência.
Obs: essa alteração foi feita mediante a inserção do art. 100 ao ADCT da CF/88.
2ª novidade: a EC 88/2015 autorizou que fosse editada Lei Complementar aumentando para 75 anos a
idade da aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos. Veja o que disse a emenda:

Antes da EC 88/2015 Depois da EC 88/2015

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Art. 40 (...) Art. 40 (...)


§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de
previdência de que trata este artigo serão previdência de que trata este artigo serão
aposentados (...): aposentados (...):
II - compulsoriamente, aos setenta anos de II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
idade, com proventos proporcionais ao ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
tempo de contribuição; idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
forma de lei complementar;

PLS 274/2015: Com o objetivo de regulamentar essa parte final do inciso II do § 1º do art. 40 da CF/88
(acima transcrito), foi proposto o propôs projeto de lei complementar (PLS 274/2015) ampliando para 75
anos a aposentadoria compulsória de todos os servidores públicos.
O projeto foi votado e aprovado pelo Congresso Nacional, tendo sido encaminhado para sanção da
Presidente da República.
Ocorre que a Presidente da República VETOU o PLS 274/2015 aprovado, conforme mensagem publicada no
Diário Oficial da União de 23/10/2015.
As razões invocadas para o veto foram jurídicas, tendo a Presidente afirmado que o projeto aprovado seria
inconstitucional porque a iniciativa para tratar sobre o tema seria exclusiva do chefe do Poder Executivo,
nos termos do art. 61, § 1º, II, da CF/88.

Em 01/12/2015, o Congresso Nacional decidiu rejeitar (derrubar) o veto, nos termos do art. 66, § 4º da
CF/88.
Como o veto não foi mantido, o projeto foi novamente enviado para a Presidente da República (art. 66, §
5º), que o promulgou, transformando-o na Lei Complementar nº 152/2015, que iremos agora analisar.

LEI COMPLEMENTAR Nº 152/2015


O que prevê a LC 152/2015?
Determina que a idade da aposentadoria compulsória passa a ser de 75 anos para todos os servidores
públicos.
Quem está abrangido pela LC 152/2015? Quais entes?
A aposentadoria compulsória aos 75 anos vale para:
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações;
II - os membros do Poder Judiciário;
III - os membros do Ministério Público;
IV - os membros das Defensorias Públicas;
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.

O servidor aposentado compulsoriamente receberá proventos integrais ou proporcionais?


Proporcionais ao tempo de contribuição.

Como vimos acima, o projeto que deu origem à LC 152/2015 foi vetado pela Presidente da República em
23/10/2015, tendo o veto sido rejeitado e a LC 152/2015 publicada em 04/12/2015. Diante disso,
indaga-se: os servidores que foram obrigados a se aposentar compulsoriamente aos 70 anos depois do

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veto (23/10/2015) e antes da LC (04/12/2015) poderão pedir para retornar ao serviço público sob o
argumento de que o veto foi derrubado?
NÃO. A aposentadoria compulsória se perfaz no momento do implemento da idade e o ato administrativo
que formaliza a concessão é meramente declaratório. Em outras palavras, a pessoa se aposenta
compulsoriamente no dia em que completa a idade-limite.
Some-se a isso o fato de que a rejeição de um veto não produz efeitos retroativos. A rejeição de um veto
obriga que o projeto aprovado seja promulgado, transformando-se em lei. No entanto, essa lei somente
passa a vigorar quando publicada. Assim, a LC 152/2015 somente entrou em vigor no dia 04/12/2015, data
de sua publicação. Apenas neste dia foi instituída a aposentadoria compulsória aos 75 anos para os
servidores públicos em geral.

A LC 152/2015 é uma lei editada pelo Congresso Nacional. Ela poderia ter tratado sobre a aposentadoria
de servidores dos Estados, do DF e dos Municípios?
SIM. A Lei Complementar mencionada pelo art. 40, § 1º, II, da CF/88 (com redação dada pela EC 88/2015)
deveria ser realmente, como o foi, uma lei complementar nacional, ou seja, editada pelo Congresso
Nacional.
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que, embora a competência para legislar sobre a
previdência dos servidores públicos (RPPS) seja concorrente, a União tem a competência para editar a lei
complementar que funcionará como norma de caráter nacional para regulamentar a matéria.
(STF. Plenário. MI 1898 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 16/05/2012).

Vamos agora ao tema mais polêmico: a LC 152/2015 foi iniciada por um parlamentar e, apesar disso,
trata sobre a aposentadoria compulsória de servidores públicos do Poder Executivo e de membros do
Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria. Diante disso, pode-se dizer que ela violou a
reserva de iniciativa privativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos demais
titulares dos outros órgãos autônomos (MP e Defensoria)?
Para alguns, a LC 152/2015 é formalmente inconstitucional. Entende-se que aos servidores públicos em
geral, a Lei Complementar exigida pelo art. 40, § 1º, II, da CF/88 é de iniciativa privativa do Presidente da
República, nos termos do art. 61, § 1º, inciso II, da CF/88.
Diz-se isso aplicando, por analogia, o mesmo raciocínio que o STF utiliza para dizer que as leis de que
tratam o art. 40, § 4º da CF/88 são de iniciativa privativa do Presidente da República:
Por outro lado, no caso da aposentadoria compulsória dos magistrados, o projeto de lei que tratasse do
tema deveria ser iniciado pelo Supremo Tribunal Federal , nos termos do art. 93, VI, da CF/88:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...) VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40;

Tão logo o PLS 274/2015 foi aprovado pelo Congresso Nacional e antes de ter sido vetado, a imprensa
noticiou que esse tema foi discutido pelos Ministros do STF em uma sessão administrativa da Corte, tendo
eles chegado à conclusão de que não existiria iniciativa privativa para essa lei complementar.

Desse modo, por mais que, particularmente, entenda que há vício de iniciativa a fulminar de
inconstitucionalidade a LC 152/2015, penso que talvez não seja essa a conclusão do STF baseando-me
unicamente nas notícias acima divulgadas.

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No mesmo dia em que foi publicada, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em conjunto com a
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), ingressaram com uma ADI no STF
contra a LC 152/2015. O ponto questionado pelas entidades refere-se à aposentadoria compulsória dos
membros do Poder Judiciário.
(Fonte: Dizer o Direito - Comentários à Lei Complementar 152/2015 - aposentadoria compulsória aos 75
anos).

As regras de transição

As principais regras de transição são:


a) art. 2º da EC 41  diminuição da idade mínima (sem aposentadoria com base na última remuneração e
sem paridade);
b) art. 6º da EC 41  aposentadoria com base na última remuneração + paridade;
c) art. 3º da EC 47  diminuição da idade mínima + aposentadoria com base na última remuneração +
paridade;
d) EC 70 c/c art. 6º-A da EC 41, já explicada acima.
Para facilitar a compreensão, os requisitos serão indicados em tabelas, a seguir:

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 2º da EC 41/03
Ingresso no Serviço Público anterior à EC. Nº 20, completando as exigências após a EC 41.

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Idade Mínima 53 anos 48 anos
Tempo Mínimo no cargo 05 anos 05 anos
Tempo de Contribuição 35 anos 30 anos
Tempo de pedágio 20% sobre o tempo 20% sobre o tempo
faltante para completar o faltante para completar o
tempo de contribuição em tempo de contribuição em
16/12/98 16/12/98
Tempo Mínimo no -0- -0-
Serviço Público
Redução dos proventos para Aplicação do FATOR Aplicação do FATOR
cada ano antecipado, nos REDUTOR, para cada ano REDUTOR, para cada ano
termos do art. 2º da EC. 41/03 que faltar para atingir a que faltar para atingir a
idade de 60 anos, homem idade de 60 anos, homem
e 55, mulher: 3,5% (para e 55, mulher: 3,5% (para
quem completar os quem completar os
requisitos até dez/05) e requisitos até dez/05) e
5%) para quem completar 5% )para quem completar
a partir de 1º/jan/06) a partir de 1º/jan/06)
Base de Cálculo Médias das Contribuições Médias das Contribuições
a partir de jul/94 a partir de jul/94
Forma de Reajuste Sem paridade Sem paridade

Os Magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, se homem,


terão o tempo de serviço até 16/12/98 contado com acréscimo de 17%.
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Magistério, na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, se homem, terá o tempo


de serviço até 16/12/98 contado com acréscimo de 17%. Se mulher, o acréscimo será de
20%.

Ressalvada a opção pela Regra Geral do Artigo 40 da Constituição Federal

ABONO DE PERMANÊNCIA para o servidor que, a partir de 01/01/04, tenha completado


as exigências para a aposentadoria (quadro acima), e optou por permanecer em atividade,
até completar a exigência para a compulsória - §5º, art. 2º da EC 41.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 6º da EC 41/03
Ingresso no Serviço Público anterior à EC. Nº 41, completado as exigências a partir de
01/01/04.

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Idade Mínima 60 anos 55 anos
Tempo Mínimo no cargo 05 anos 05 anos
Tempo de Contribuição 35 anos 30 anos
Tempo Mínimo de Carreira 10 anos 10 anos
Tempo Mínimo no 20 anos 20 anos
Serviço Público
Base de Cálculo Última Remuneração Última Remuneração
Forma de Reajuste Com paridade Com paridade

Nas Aposentadorias ESPECIAL de Magistério, será reduzido 5 anos na Idade e no Tempo de


Contribuição - § 5º do art. 40 da CF.

Ressalvada a opção pela Regra Geral do art. 40 da CF, ou pela Regra de Art. 2º da EC. 41.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 3º da EC 47/05
Ingresso no serviço público até 16/12/98, completando as exigências a partir de
01/01/2004.

FÓRMULA 85/95

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Tempo Mínimo no
25 anos 25 anos
Serviço Público
Tempo Mínimo de
15 anos 15 anos
Carreira
Tempo Mínimo no
05 anos 05 anos
Cargo

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Tempo de Tempo de
Idade Idade
Contribuição Contribuição
36 59 31 54
Tempo 37 58 32 53
38 57 33 52
39 56 34 51
Idade 40 55 35 50
41 54 36 49
Base de Cálculo Última remuneração Última remuneração
Forma de Reajuste Com paridade Com paridade

IMPORTANTE!!

Na tabela acima, no que se refere tempo/Idade, aplicou-se a REDUÇÃO de IDADE prevista


no art. 3º, III da EC 47/05, relativamente aos limites do art. 40, § 1º, III, alínea “a”, da CF,
de um ano de idade para cada ano de contribuição que exceder o tempo mínimo
previsto (não aplicável para benefícios especiais, ex.: professores).

Fórmula 85/95 – Significa que, cumprido o estabelecido no quadro acima, o tempo de


contribuição + idade, deve ser = 85 para mulheres e = 95 para homens.

Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pela Regra Geral do art. 40 da CF ou pelas


Regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da EC. 41/03.

O sistema de previdência complementar


A previsão para instituição de um regime de previdência complementar foi trazida pela EC 20/98, que
acrescentou o §14 ao art. 40. Ao instituir o regime de previdência complementar para os servidores de
cargos efetivos, a União, Estados, DF e Municípios poderão fixar o limite máximo do RGPS para o
pagamento de aposentadorias e pensões do RPPS.
De acordo com o §15, esse regime de previdência complementar:
a) deverá ser instituído por lei de iniciativa do Poder Executivo;
b) será instituído por intermédio de entidades fechadas;
c) terá natureza pública;
d) somente poderá adotar modalidade de contribuição definida.
Para os servidores que tiverem ingressado antes da criação do regime de previdência complementar, só se
aplicará este regime mediante prévia e expressa opção.
A União editou a Lei 12.618/12, criando a previdência complementar do servidor público federal, pela
qual foi instituído o regime de previdência complementar para os servidores federais, incluindo-se nessa
categoria os servidores de autarquias e fundações, e também os membros do Poder Judiciário, do
Ministério Público da União e do Tribunal de Contas da União.
A vigência da lei foi subordinada à criação das fundações responsáveis pela gestão do sistema. As demais
entidades federativas - repita-se - terão que editar as próprias leis. Na linha da Constituição, a lei aplica-se
(a) a todos os servidores que ingressarem após a vigência do regime complementar e (b) aos que
ingressaram anteriormente, mas tenham exercido a opção para aderir ao regime (art. 3º, I e 11) .
No sistema, aplicar-se-á, para as aposentadorias e pensões dos servidores, como regra, o limite máximo
fixado para os benefícios do regime geral de previdência social (art. 3º, caput). Portanto, haverá unidade
quanto ao teto dos benefícios para servidores e trabalhadores da iniciativa privada. Os servidores que
ingressaram antes e manifestaram sua adesão, por já terem contribuído antes da opção, terão direito a um
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benefício especial, calculado com base nas contribuições já recolhidas e equivalente à diferença entre a
média das remunerações anteriores e o valor-teto dos benefícios; com isso, o teto de seus benefícios ficará
um pouco mais elevado.
Os servidores sujeitos a esse regime e que percebam remuneração acima do teto de benefícios efetuarão
suas contribuições previdenciárias sobre duas parcelas – uma de 11% sobre o valor-teto (contribuição
normal) e outra, que não pode exceder a 8,5%, sobre a parcela que exceder a esse limite(contribuição
complementar). (Carvalho Filho)
SÚMULAS APLICÁVEIS

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

 Súmula 11: A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, ficando o funcionário em


disponibilidade, com todos os vencimentos. (De acordo com a CF atual, durante a disponibilidade o
servidor receberá os proventos proporcionais).
 Súmula 15: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito à
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
 Súmula 16: Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
 Súmula 17: A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.
 Súmula 18: Pela falta residual não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a
punição administrativa do servidor público.
 Súmula 19: É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em
que se fundou a primeira.
 Súmula 20: É necessário processo administrativo, com ampla defesa, para demissão de funcionário
admitido por concurso.
 Súmula 21: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem
inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
 Súmula 22: O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.
 Súmula 36: Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade.
 Súmula 339: Não cabe ao Poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos
de servidores públicos, sob fundamento de isonomia.
 Súmula 359: Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei
vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários.
 Súmula 678: São inconstitucionais os incisos I e III do art. 7º da Lei n. 8.162/1991, que afastam, para
efeito de anuênio e de licença-prêmio, a contagem do tempo de serviço regido pela CLT dos
servidores que passaram a submeter-se ao Regime jurídico Único.
 Súmula 679: A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção
coletiva.
 Súmula 680: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
 Súmula 681: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou
municipais a índices federais de correção monetária.
 Súmula 682: Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos
vencimentos de servidores públicos.
 Súmula 683: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art.
7º XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
 Súmula 684: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso
público.

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 Súmula 685: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido.
 Súmula 686: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.
 Súmula 726: Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de
serviço prestado fora da sala de aula.

SÚMULAS VINCULANTES

 Súmula Vinculante 4: Salvo nos casos previstos da Constituição, o salário-mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem
ser substituído por decisão judicial.
 Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
não ofende a Constituição.
 Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao
salário-mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
 Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
 Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras vantagens não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário-mínimo do servidor público.
 Súmula Vinculante 16: Os arts. 7º, IV, e 39, §3 º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição,
referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
 Súmula Vinculante 22: A justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de
indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n º 45/04.
 Súmula Vinculante 33: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da
Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.
 Súmula Vinculante 34: A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do
Trabalho – GDASST, instituída pela Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor
correspondente a 60 (sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória 198/2004,
convertida na Lei 10.971/2004, quando tais inativos façam jus à paridade constitucional (EC
20/1998, 41/2003 e 47/2005).
 Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
 Súmula Vinculante 39: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros
das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
 Súmula Vinculante 42: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.

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 Súmula Vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.
 Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
cargo público.
 Súmula Vinculante 51: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis
8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as
eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos
diplomas legais.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

 Súmula 137: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público
municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.
 Súmula 147: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
 Súmula 170: Compete ao juízo onde for intentada a ação de acumulação de pedidos, trabalhista e
estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com
o pedido remanescente, no juízo próprio.
 Súmula 173: Compete à Justiça Federal processar e julgar o pedido de reintegração em cargo
público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes da instituição do regime jurídico
único.
 Súmula 218: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente
de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
 Súmula 266: O diploma de habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse, e
não na inscrição para o concurso público.
 Súmula 340: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente
 na data do óbito do segurado.
 Súmula 377: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às
vagas reservadas aos deficientes.
 Súmula 378: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes.
 Súmula 386: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o
respectivo adicional.
 Súmula 463: Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas
extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
 Súmula 552: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o
fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.

JURISPRUDÊNCIA STF 2015 (Informativos 773 a 808):

É INCONSTITUCIONAL emenda constitucional que insira na Constituição estadual dispositivo


determinando a revisão automática da remuneração de servidores públicos estaduais. Isso porque tal
matéria é prevista no art. 61, § 1º, II, “c”, da CF/88 como sendo de iniciativa privativa do chefe do Poder
Executivo. STF. Plenário. ADI 3848/RJ, (Info 774).

Lei do Estado da Bahia fixava um teto remuneratório exclusivo para os servidores do Poder Judiciário.
O STF entendeu que essa lei é inconstitucional.

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O teto para o funcionalismo estadual somente pode ser fixado por meio de emenda à Constituição
estadual, não sendo permitido mediante lei estadual.
Além disso, a Constituição do Estado da Bahia adotou subteto único (§ 12º do art. 37 da CF/88) e a lei
viola a sistemática escolhida porque fixou um teto apenas para os servidores do Poder Judiciário,
excluindo-o para os demais Poderes.
STF. Plenário. ADI 4900/DF, (Info 774).

O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração tem
direito a receber a remuneração retroativa? Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado
por decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Dito de outro modo, a
nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera direito à indenização.
Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi
nomeado logo por conta de uma situação de arbitrariedade flagrante.
STF. Plenário. RE 724347/DF (repercussão geral) (Info 775).

Lei estadual não pode conceder isenção de contribuição previdenciária para todos os servidores
aposentados e pensionistas que tiverem doença incapacitante. O STF afirmou que essa regra estadual
está em confronto com o § 21 do art. 40 da CF/88, considerando que a Carta Federal previu que os
servidores públicos aposentados e pensionistas que sejam portadores de doenças incapacitantes devem
pagar contribuição previdenciária se o valor dos proventos por eles recebidos superar o dobro do teto do
RGPS (dobro do maior valor de aposentadoria do INSS).
Assim, a norma da lei estadual deve receber interpretação conforme para que respeite essa previsão do
art. 40, § 21 da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3477/RN, (Info 776).

Lei estadual não pode incluir os titulares de serventias extrajudiciais no regime próprio de Previdência
Social.
STF. Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, (Info 777).

É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia aprovação em
concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos
empregados eventualmente contratados, ressalvados os direitos à percepção dos salários referentes ao
período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos
efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS.
Neste julgado, o STF declarou que o art. 19-A da Lei 8.036/90 é CONSTITUCIONAL.
STF. Plenário. ADI 3127/DF, (Info 779).

O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de Interesse Militar Voluntário
Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas gerais, da seguinte forma: as pessoas poderiam se
alistar para trabalhar “voluntariamente” como soldado na Polícia Militar ou no Corpo de Bombeiros
Militar. Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um concurso público) e, se a pessoa fosse
escolhida, ela receberia, como contraprestação pelo trabalho desempenhado, um subsídio e atuaria
como se fosse um soldado. Esse contrato seria por um prazo determinado.
O STF entendeu que esse SIMVE é formal e materialmente inconstitucional.
O SIMVE viola a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88).
Além disso, o STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vício formal, já que trata sobre prestação
voluntária de serviços na PM e Corpo de Bombeiros de forma diametralmente oposta ao que diz a Lei
federal 10.029/2000.

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STF. Plenário. ADI 5163/GO, (Infos 880 e 881).

A base de cálculo para se cobrar o IR e a contribuição previdenciária é o valor da remuneração do


servidor depois de ser excluída a quantia que exceder o teto.
Como o recurso extraordinário foi julgado sob a sistemática de repercussão geral, o STF definiu, em uma
frase, a tese que será aplicada em todos os demais casos idênticos. A tese firmada foi a seguinte:
“Subtraído o montante que exceder o teto e subteto previsto no artigo 37, inciso XI, da Constituição
Federal, tem-se o valor que vale como base para o Imposto de Renda e para a contribuição
previdenciária”.
STF. Plenário. RE 675978/SP, (repercussão geral) (Info 781).

É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de
seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.
STF. Plenário. ARE 652777/SP, (repercussão geral) (Info 782)

Não é legítima a adoção de descendente maior de idade, sem a constatação de suporte moral ou
econômico, com o fim de induzir o deferimento de benefício previdenciário.
STF. 1ª Turma. (Info 785).

Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de provimento efetivo. STF.
Plenário. ADI 524/ES, (Info 786).

“Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à Emenda Constitucional 41/2003 têm direito à
paridade com servidores em atividade (artigo 7º EC 41/2003), caso se enquadrem na regra de transição
prevista no artigo 3º da EC 47/2005. Não têm, contudo, direito à integralidade (artigo 40, parágrafo 7º,
inciso I, CF).”
STF. Plenário. RE 603580/RJ, (repercussão geral) (Info 786).

Os Oficiais de Justiça, no exercício de suas funções, até sofrem, eventualmente, exposição a situações de
risco, mas isso, por si só, não confere a eles o direito subjetivo à aposentadoria especial.
STF. Plenário. MI 833/DF, (Info 789).

O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há
de ser comprovado no momento da inscrição no certame.
STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, (Info 791).

É inconstitucional lei estadual que transforma cargo de Comissário de Polícia em Delegado de Polícia.
STF. Plenário. ADI 3415/AM, (Info 800).

A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade de vínculo
jurídico-administrativo entre o poder público e servidores temporários.
STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, (Info 807).

O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária assume o risco
de posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do
fato consumado em tais hipóteses.
STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, (Info 808).

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JURISPRUDÊNCIA STJ 2015 (Informativos 553 a 571):

Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I, da Lei
8.112/1990 a servidor público estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do estado for omisso
acerca desse direito.
STJ. 2ª Turma. RMS 46.438-MG, (Info 553).

Para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a designação do beneficiário
nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em eleger o dependente
como beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios idôneos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.486.261-SE, (Info 553).

Em regra, a aposentadoria por invalidez será paga com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição. Excepcionalmente, ela será devida com proventos integrais se essa invalidez for decorrente
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em
lei. Assim, a concessão de aposentadoria por invalidez com proventos integrais exige que a doença
incapacitante esteja prevista em rol taxativo da legislação de regência.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.324.671-SP, (Info 557).
STF. Plenário. RE 656860/MT, (Info 755).

É possível a cumulação de proventos de aposentadoria de emprego público com remuneração


proveniente de exercício de “cargo” temporário.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.298.503-DF, (Info 559).

Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de penalidade administrativa imposta em PAD a


servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado administrativamente.
STJ. 1ª Seção. MS 19.488-DF, (Info 559).

Ao contrário do auxílio-reclusão do RGPS, previsto no art. 201, IV, da CF/88, o auxílio-reclusão da Lei
8.112/90 não exige que o servidor público preso seja enquadrado como pessoa de baixa renda.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.510.425-RJ, (Info 560).

O art. 37, IX, da CF/88 autoriza que a Administração Pública contrate pessoas, sem concurso público,
tanto para o desempenho de atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, como também
para o desempenho das funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao
atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público. Esse é o entendimento do STF
(Plenário. ADI 3247/MA) e do STJ (STJ. 1ª Seção. MS 20.335-DF).

Mesmo com a omissão legislativa na Lei 8.059/90 , o STJ entendeu que, na hipótese de morte do titular
de pensão especial de ex-combatente, o menor de 18 anos que estava sob sua guarda deve ser
enquadrado como dependente para efeito de recebimento da pensão especial. Isso porque o art. 33, §
3º do ECA prevê que a guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os
fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.339.645-MT, (Info 561).

O art. 170 da Lei n. 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar, é possível que a
prática dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do servidor.

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O STF e STJ entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os princípios da presunção de
inocência e da razoabilidade.
STF. Plenário. MS 23262/DF, (Info 743).
STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF, (Info 564).

Lei nº 8.112/90 não assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento posterior, os dias de
férias já gozados em período coincidente com o da licença à gestante.
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.563-PE, (Info 566).

Tem direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital,
mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em
colocação superior.
Além disso, o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem
direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação,
embora aprovado fora do número de vagas, for convocado para vaga surgida posteriormente e
manifestar desistência.
STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, (Info 567).
STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, (Info 567).

A fixação de limitação temporal para o recebimento da indenização prevista no art. 51, I, da Lei
8.112/1990, por meio de normas infralegais, não ofende o princípio da legalidade.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.257.665-CE, (recurso repetitivo) (Info 569).

O falecimento de militar após o advento da Lei 6.880/1980 e antes da vigência da Medida Provisória
2.215-10/2001 gera direito à percepção de pensão por morte a filho universitário menor de 24 anos e
não remunerado.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.181.974-MG (Info 571).

C. DIREITO PENAL

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E DA PENA.

z) Suspensão Condicional da Pena


Tem por finalidade evitar o aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de curta duração,
evitando-se, com isso, o convívio do cárcere.
aa) Direito subjetivo do condenado ou faculdade do juiz?
Art. 77 do CP: execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa
por 2 a 4 anos.
Não se trata de faculdade do juiz. O art. 157 da LEP determina que o juiz ou tribunal, na sentença que
aplicar pena privativa de liberdade, deverá pronunciar-se motivadamente sobre a suspensão condicional,
concedendo-a ou não.
Se o juiz deve pronunciar-se obrigatoriamente sobre a suspensão, isso significa que deverá enfrentar a

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análise de todos os requisitos a ela relacionados, os quais, se preenchidos, ensejarão a concessão do sursis.
Por essa razão, a conclusão a que se chega é que se trata de direito subjetivo do réu, conforme já vem
entendendo o STF.
bb) Aplicação do sursis
Concluindo pela prática da infração penal, o juiz condenará o réu e dará início à aplicação da pena,
atendendo ao critério trifásico do art. 68. Não sendo cabível a substituição prevista no art. 44 do CP, e se o
quantum total da pena se encontrar nos limites do art. 77 do CP (pena não superior a 2 anos), deverá o juiz
analisar os requisitos necessários à concessão do sursis. Se presentes, concederá a suspensão condicional
da pena e, na própria sentença condenatória, especificará as condições a que se terá de sujeitar o
condenado, em substituição à sua privação de liberdade.
As condições estabelecidas pelo juiz podem ser legais ou judiciais. Condições legais são aquelas previstas
pela lei penal (art. 78, §2º), tais como:
a) prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana (art. 78, § 2.º);
b) proibição de freqüentar determinados lugares;
c) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
d) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
Condições judiciais são as determinadas pelo juiz, que deverão adequar-se ao fato, bem como à situação
pessoal do condenado (art. 79 do CP).
As condições judiciais não podem, pois, constituir, em si mesmas, penas não previstas para a hipótese, nem
implicar violação de direitos individuais de ordem constitucional ou depender de fatos estranhos ao
sentenciado.
Após o trânsito em julgado, o juiz da execução designa data para audiência admonitória, na qual serão lidas
as condições para o cumprimento da sursis, advertindo-se o condenado para as consequências de seu
descumprimento. Se comparecer, depois de ouvir a leitura das condições, deverá o condenado dizer se as
aceita, dando-se assim início ao período de prova
Se o sentenciado não comparecer injustificadamente à audiência ou recusar o beneficio, a suspensão ficará
sem efeito e será executada imediatamente a pena privativa de liberdade (art. 161 da LEP). Repare que não
se trata de revogação, mas de não produção de efeitos da suspensão, havendo quem a denomine
“cassação da suspensão”.
O juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimento do MP ou mediante proposta do Conselho
Penitenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado (art. 158, §
2º, da LEP).
cc) Requisitos para a suspensão condicional da pena
Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2
(dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I – o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III – não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§1º A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4
(quatro) a 6 (seis) anos, desde que o condenado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde
justifiquem a suspensão.
dd) Requisitos objetivos
- No chamado sursis simples, a condenação de pena privativa de liberdade não superior a dois anos; OBS:
para os Crimes Ambientais, é admissível o sursis em condenações a penas de até 3 anos.
- No chamado sursis etário ou no sursis humanitário, a condenação de pena privativa de liberdade não

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superior a quatro anos.


ee) Requisitos subjetivos
a) Que o condenado não seja reincidente em crime doloso (para parte da doutrina, trata-se de requisito
objetivo, e não subjetivo);
Não se aplica tal requisito se a condenação anterior foi a pena de multa isoladamente ou em substituição à
pena privativa de liberdade, uma vez que o art. 77, § 1º, do CP não levou a efeito qualquer distinção.
Igualmente não impede a concessão do sursis a condenação anterior já fulminada pelo período depurador
(5 anos – art. 64, I, CP), visto que primário, podendo influir como maus antecedentes, para a corrente que a
admite (não é a tendência atual do STF).

b) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos


e as circunstâncias.
Tais requisitos, se favoráveis, trazem a presunção de que não voltará a delinqüir.
SURSIS – PODE SER APLICADO A CRIMES COMETIDOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. É
SUBSIDIÁRIO À PENA RESTRITIVA.
PENA RESTRITIVA – NÃO PODE SER APLICADA A CRIMES COMETIDOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA
ff) Espécies de sursis
a) Sursis simples (art. 78, §1º)
No primeiro ano do período de prova, o condenado deverá prestar serviços à comunidade ou submeter-se
à limitação de fim de semana.

b) Sursis especial (art. 78, §2º)


Se o condenado tiver reparado o dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59
lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do sursis simples pelas seguintes
condições:
I – Proibição de freqüentar determinados lugares;
II – Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
III – Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
Além dessas condições, poderá o juiz impor outras, nos termos do art. 79 do CP, desde que adequadas ao
fato e à situação pessoal do condenado. Aplicável também ao sursis simples.
Para Nucci, se o § 1.º do art. 78 impõe o cumprimento das condições por apenas 1 ano no sursis simples,
no especial as condições do § 2.º também deverão ser impostas pelo mesmo prazo, sob pena de ofender o
princípio da isonomia.

c) Sursis etário
Concedido ao maior de 70 anos de idade que tenha sido condenado a uma pena privativa de liberdade não
superior a 4 anos, com suspensão da pena por 4 a 6 anos.

d) Sursis humanitário
Inovação trazida pela Lei nº 9.714/98, permitindo ao condenado a uma pena não superior a 4 anos ver
concedida a suspensão condicional pelo período de 4 a 6 anos, desde que razões de saúde a justifiquem.
gg) Revogação obrigatória
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
Independe se o crime foi praticado antes ou após a concessão do benefício. Sendo processado, ocorre a
prorrogação automática do período de prova (a rigor, suspensão), de forma que sobrevindo condenação
será revogada. Aliás, entende a jurisprudência que a revogação poderá ser declarada mesmo após

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transcorrido o período de prova, ante a prorrogação automática, desde que não haja sentença de extinção
da punibilidade. Nesse sentido, vide STJ, HC 175.718-SP, DJ 14.10.2011.
Contudo, se for condenado multa isoladamente ou em substituição à pena privativa de liberdade, não
haverá a revogação, por aplicação analógica do art. 77, § 1.º.

II – frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
Após a modificação do art. 51 do CP, que tratou a multa como dívida de valor, impossibilitando sua
conversão em pena privativa de liberdade, autores como Alberto Silva Franco entendem que a primeira
parte do dispositivo em questão (art. 81, II) foi revogada, subsistindo tão-somente a parte que trata da
ausência injustificada da reparação do dano.

III – descumpre a condição do §1º do art. 78 deste Código.


A terceira hipótese de revogação obrigatória refere-se ao descumprimento, no primeiro ano de prazo, da
obrigação de prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana imposta ao
sursis simples. O descumprimento das condições impostas ao sursis especial não implica revogação
obrigatória.
hh) Revogação facultativa (art. 81, § 1.º)

I – Descumprimento de qualquer condição sursitária;


Antes de proceder à revogação do sursis, deverá o juiz designar audiência de justificação, a fim de que o
condenado tenha oportunidade para justificar o descumprimento de determinada condição.

II – Condenação irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos.
A condenação à pena de multa não importa em revogação facultativa.
O problema deste inciso é que, caso não haja a revogação da suspensão, como e quando o sentenciado
cumprirá a segunda pena? Será cumprida concomitantemente ou sucessivamente? São perguntas sem
resposta.
Permite a lei penal, ainda, que o juiz, quando facultativa a revogação, em vez de decretá-la, prorrogue o
período de prova até o máximo, se este não foi o fixado
OBS: em qualquer caso, a revogação do sursis implica em que o condenado cumpra integralmente a pena
privativa imposta na sentença (não se faz a detração prevista para a revogação da substituição).
ii) Prorrogação automática do período de prova
Prevista no §2º do art. 81: Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
Tal prorrogação é automática, não havendo necessidade de ser declarada nos autos. Se porventura a
notícia de outro processo surgir após decorrido o prazo correspondente ao período de prova sem que
tenha sido, ainda, declarada a extinção da pena, não terá o beneficiário direito subjetivo em vê-la
reconhecida, bem como não haverá qualquer ilegalidade da parte do julgador que determinar a
prorrogação do período de prova mesmo após decorrido completamente o seu prazo.

Cumprimento das condições


Expirado o prazo sem que tenha havido revogação do benefício, será considerada extinta a pena privativa
de liberdade, conforme determina o art. 82 do CP.
A extinção da pena deverá ser decretada nos autos pelo juízo das execuções, ouvido sempre o MP.
jj) Diferença entre o sursis e a suspensão condicional do processo
A suspensão condicional do processo é um instituto jurídico que tem por finalidade evitar a aplicação de

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pena privativa de liberdade nos crimes em que a pena mínima cominada em abstrato for igual ou inferior a
um ano.
Diversamente do sursis, na suspensão condicional do processo não há condenação do réu (de se ver que o
ordenamento pátrio adotou o sistema belgo-frânces de sursis, que pressupõe a condenação do réu, em
contraponto com o sistema anglo-saxão, do qual não resulta qualquer efeito penal se cumpridas as
condições). Na verdade, o processo penal somente tem início por meio da peça vestibular de acusação, que
pode ser a denúncia do MP ou a queixa do ofendido, mas, a seguir, há a proposta de suspensão, desde que
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena, elencados pelo art. 77 do CP.
Aceita a proposta pelo acusado e por seu defensor, o juiz poderá suspender o processo, submetendo o
acusado a período de prova, sob as condições de reparação do dano (salvo impossibilidade de fazê-lo),
proibição de freqüentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
autorização do juiz, comparecimento pessoal e obrigatório a juízo. O juiz poderá fixar outras condições.
As condições são basicamente as mesmas, mas as conseqüências relativas à aplicação dos dois institutos
são diversas:
I – No sursis o agente foi condenado e a concessão da suspensão condicional da pena somente ocorrerá
após o trânsito em julgado da sentença condenatória, na audiência admonitória; Na suspensão condicional
do processo, o juiz somente recebe a denúncia, sendo que os demais atos do processo ficarão suspensos,
não havendo que se falar, pois, em condenação do réu;
II – A vítima que figurou no processo no qual foi concedido o sursis tem direito a seu título executivo
judicial, nos termos do inciso II do art. 475-N do CPC. Na suspensãocondicional do processo, como não
existe condenação, não;
III – O beneficiário com o sursis, depois do período de prova, não terá apagado seus dados criminais,
servindo a condenação em que houve a suspensão condicional da pena para a reincidência ou os maus
antecedentes do agente; na suspensão, como não há condenação, uma vez cumpridas as condições
especificadas na sentença, expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará a extinção da punibilidade, não
servindo tal declaração para fins de reincidência ou mesmo de maus antecedentes.

D. DIREITO PROCESSUAL PENAL

EXECUÇÃO PENAL.

Execução Penal

Finalidade da execução penal


Está prevista no artigo 1o. da Lei 7.210/84: A execução penal tem por objetivo (1) efetivar as disposições de sentença
ou decisão criminal e (2) proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.

Em última análise, a finalidade da execução penal é concretizar os fins da pena:


- Punição pelo mal causado;
- Prevenção geral negativa (impedir que as outras pessoas pratiquem crimes);

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- Prevenção geral positiva (reafirmar nas outras pessoas a convicção de que a lei penal está em vigor e deve
ser cumprida);
- Prevenção especial negativa (impedir a reincidência);
- Prevenção especial positiva (ressocialização do agente).

Natureza jurídica
A natureza jurídica da EP é jurisdicional, porque em regra os conflitos de interesse existentes entre o MP
(representando a sociedade) e o preso são resolvidos ou dirimidos pelo juiz.
Entretanto, há conflitos que excepcionalmente têm natureza jurídica administrativa, já que serão resolvidos pela
autoridade administrativa. Ex.: horário de banho de sol; algumas penalidades administrativas.
Atenção: mesmo na atuação administrativa, pode o preso ou o MP procurar o Poder Judiciário.

Princípios norteadores
1) Princípio da legalidade
Art. 3o LEP: Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
lei.
2) Princípio da igualdade
Art. 3o, parágrafo único, LEP: Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. Não é
uma igualdade formal, mas uma igualdade material, na forma do inciso XII, do artigo 41.

3) Princípio da personalização da pena


Art.5o LEP: Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
individualização da execução penal. Quem realiza classificação de cada preso é a comissão técnica de classificação
(CTC). Exatamente, aqui houve uma alteração (artigo 6o. antigo e novo3).

Competências classificatórias da CTC


o
Artigo 6 antigo Artigo 6º novo
Execução de penas privativas de liberdade Só atua em penas privativas de liberdade
Execução de penas restritivas de direito Não
Incidentes de progressão e regressão Não
Conversão de pena Não
Não acompanhava a execução de preso Agora, cabe à CTC acompanhar o “Condenado ou
provisório preso provisório”.

4) Princípio da jurisdicionalidade
Garantir ao executado que sempre poderá o Poder Judiciário decidir os conflitos existentes na execução (art. 2º, LEP).

5) Princípio da ressocialização ou princípio reeducativo


Art. 1o LEP: A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.

6) Princípio do devido processo legal


Garante a todos o contraditório e a ampla defesa durante a execução penal.

Competência. A justiça federal e as varas de execução penal da justiça estadual

3 Pela redação antiga, a CTC classificava: “Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o
programa individualizador e acompanhará a execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, devendo
propor, à autoridade competente, as progressões e regressões dos regimes, bem como as conversões”.
Bem mais enxuto, o novo art. 6º assim fixou a competência da CTC: “Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de
Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso
provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)”.
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A competência do juiz da execução penal se inicia com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Em
regra, é juiz especializado, mas pode o juiz da sentença cumular as funções de juiz da sentença e juiz da execução. O
mesmo se aplica à atribuição do MP. Nem sempre a competência para a execução penal é ditada pelo local da
condenação. O juiz da execução pode ser de local diverso do local do trânsito, nas seguintes hipóteses:

1. Se o réu foi condenado a pena privativa de liberdade, será competente o juiz do local onde o condenado
estiver preso. A execução penal vai atrás do preso.
2. Se o réu foi condenado pela Justiça Federal, mas cumpre pena em estabelecimento estadual, será
competente o juiz da justiça estadual para apreciar demandas da execução penal (Súmula 192 do STJ).
3. Se o réu foi beneficiado por sursis e penas restritivas de direito, será competente o juízo do local do domicílio
do réu.
4. Se o réu foi condenado à pena de multa, a competência será da comarca da condenação.

Foro por prerrogativa de função


A competência para a execução será da própria autoridade da condenação. O foro por prerrogativa de função se
estende até para a execução penal.

Início da competência da execução: o início da execução penal é distinto do início da competência do juiz, que ocorre
com o trânsito em julgado. A execução somente começa com a expedição de guia de recolhimento e consequente
prisão. A execução somente se inicia com a prisão. Evidenciado o trânsito em julgado da condenação, nos termos do
art. 66, I, da LEP, compete ao Juiz da execução "aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo
favorecer o condenado".

Direitos do preso
Nos termos do artigo 3º, os direitos do preso que não foram atingidos pela sentença estão protegidos pela LEP.

1) Direitos políticos
Basta a condenação para a suspensão dos direitos políticos. O STF já se manifestou no sentido de que basta a
condenação definitiva para a suspensão, independentemente do regime e da quantidade de pena. Mas há doutrina
minoritária defendendo que, se o regime for compatível, pode-se manter os direitos políticos.

*Se uma pessoa perde ou tem suspensos seus direitos políticos, a consequência disso é que ela perderá o mandato
eletivo que ocupa, já que o pleno exercício dos direitos políticos é uma condição de elegibilidade (art. 14, § 3º, II, da
CF/88). A CF/88 determina que o indivíduo que sofre condenação criminal transitada em julgado fica com seus
direitos políticos suspensos enquanto durarem os efeitos da condenação (art. 15, III).
A condenação criminal transitada em julgado não é suficiente, por si só, para acarretar a perda do mandato eletivo
de Deputado Federal ou de Senador. O STF, ao condenar um Parlamentar federal, não poderá determinar a perda do
mandato eletivo. Ao ocorrer o trânsito em julgado da condenação, se o réu ainda estiver no cargo, o STF deverá
oficiar à Mesa Diretiva da Câmara ou do Senado Federal para que tais Casas deliberem acerca da perda ou não do
mandato, nos termos do § 2º do art. 55 da CF/88.
STF. Plenário. AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013 (Info 714).

2) Formas de assistência
Segundo o art. 10 da LEP, é dever do Estado (inclusive para o egresso). Pode a assistência ser material, à saúde,
jurídica, educacional, social e religiosa (art. 11).

3) Rol dos direitos


O artigo 41 traz rol exemplificativo dos direitos do preso.
O inciso XVI deste dispositivo previu um atestado de pena que será emitido anualmente registrando quanto tempo
falta para cumprir de pena, visando a evitar a chamada hipertrofia do apenamento. A responsabilidade pela falta de
cumprimento desse dever é do juiz da execução penal e não da autoridade administrativa.
O parágrafo único estabelece quais são os direitos que podem ser restringidos por ato administrativo: inciso V
(recreação), X (visita) e XV (contato com o mundo exterior). Todos os demais não podem ser restringidos.
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Art. 41 - Constituem direitos do preso:


I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - previdência social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
Vl - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que
compatíveis com a execução da pena;
Vll - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
Vlll - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
Xl - chamamento nominal;
Xll - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
Xlll - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
Parágrafo único - Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos
mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o
disposto nesta Seção.
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do
submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e
acompanhar o tratamento.
Parágrafo único - As divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo juiz de
execução.

*Em obediência à determinação contida no art. 208, II, da CF, a recente Lei nº 13.163, de 10 de setembro de 2015,
alterou a LEP e passou a prever que o ensino médio também deverá ser oferecido, obrigatoriamente, aos
reeducandos, nos presídios. As escolas e cursos oferecidos dentro dos presídios devem estar integrados ao sistema
estadual e municipal de ensino, ou seja, o ensino ministrado nos presídios deverá ter a mesma validade, carga
horária, requisitos etc. que aqueles ofertados fora do estabelecimento prisional.

Veja o artigo que foi acrescentado na LEP:


Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será
implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização.

Compare a mudança:

Antes da Lei nº 13.163/2015 Depois da Lei nº 13.163/2015


Apenas o ensino fundamental ("1º grau") era Agora tanto o ensino fundamental como o
obrigatório nos presídios. ensino médio deverão ser obrigatoriamente
oferecidos aos presos.

A LEP não obrigava o oferecimento de ensino A LEP continua sem obrigar o oferecimento
médio nos presídios. de ensino superior nos presídios.

A União auxiliará na implementação e manutenção do ensino médio nos presídios, mediante apoio administrativo e
financeiro. Do mesmo modo, os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação
de jovens e adultos (§ 2º do art. 18-A da LEP), além da inclusão, pela União, Estados e Municípios, de novas
tecnologias de ensino, no atendimento aos presos e às presas (cursos online, ensino à distância, etc, na forma do §3º
do art. 18-A, inserido na LEP pela aludida Lei).

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*Por fim, a Lei nº 13.163/2015 acrescentou também o art. 21-A afirmando que deverão ser realizados censos
penitenciários nos quais se constate a situação educacional dos presos:

Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar:


I - o nível de escolaridade dos presos e das presas;
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o número de presos e presas atendidos;
III - a implementação de cursos profissionais em nível de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número
de presos e presas atendidos;
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo;
V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacional de presos e presas.

Execução das penas privativas de liberdade

São três os sistemas norteadores da execução de uma pena privativa de liberdade:

1) Sistema da filadélfia ou sistema celular (belga ou pensilvânico)


O reeducando cumpre a pena privativa de liberdade integralmente na cela, sem dela nunca sair. É um sistema
drástico na execução de uma pena privativa de liberdade.

2) Sistema de Auburn ou Auburniano (silent system ou sistema de Nova Iorque)


O preso trabalha durante o dia e se recolhe durante a noite à cela, sem se comunicar com ninguém. É o sistema do
silêncio. Refeições e trabalho durante o dia eram coletivos, mas em silêncio. Desse sistema que nasceu a
comunicação por meio de mímica entre os presos.

3) Sistema Progressivo ou Inglês (também chamado de Irlandês)


O preso inicia o cumprimento da pena privativa de liberdade isolado na cela, mas durante a execução ele passa para
uma fase seguinte que é a prestação para o trabalho comunitário recolhendo-se à cela somente à noite. E por fim
consegue cumprir a parte final de sua pena com liberdade condicional. Baseia-se na progressão e foi adotado pelo
Brasil.

A execução da pena no Brasil é feita de maneira progressiva, já que permite a progressão no regime de pena.
Os regimes de cumprimento de pena no Brasil, para fins de sua fixação inicial, estão relacionados aos seguintes
aspectos (artigo 33, CP):
a) tipo de pena;
b) quantidade da pena;
c) antecedentes;
d) circunstâncias judiciais.

Regimes de Cumprimento de Pena: Fechado, Semiaberto e aberto

Reclusão:
• Maior de 8 anos = FECHADO
• Maior que 4 e menor ou igual a 8 anos + não reincidência = SEMI-ABERTO
• Maior que 4 e menor ou igual a 8 anos + reincidência = FECHADO
• Igual ou menor que 4 anos + não reincidência = ABERTO
• Igual ou menor que 4 anos + reincidência = FECHADO (súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime
prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judicias), essa súmula atenuou um pouco o rigorismo do CP.

*Nos termos do art. 33 do Código Penal, proíbe-se ao réu reincidente a fixação do regime aberto, em qualquer caso,
e do semiaberto, quando a pena for superior a 04 anos. Incidência da Súmula n.º 269/STJ. (STJ - HC 233.361/SP, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 01/08/2012)

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Ainda quanto ao regime fechado, em 27/06/12, por maioria de votos, o STF concedeu o HC 111.840 e declarou
incidentalmente a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com redação dada pela Lei
11.464/07, o qual previa que a pena por crime hediondo (inclusive tráfico de drogas, equiparado) será cumprida,
inicialmente, em regime fechado. Assim, deve o juiz atentar para as circunstâncias do caso concreto, com base no art.
33 do CP.

Detenção:
Não existe regime inicial fechado.
• Superior a 04 anos = SEMI-ABERTO
• Menor ou igual a 04 anos + NÃO reincidência = ABERTO
• Menor ou igual a 04 anos + reincidência = SEMI-ABERTO

Súmula 718 do STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

Súmula 719 do STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que pena aplicada permitir exige
motivação idônea.

Entretanto, o juiz pode aplicar o regime mais severo desde que fundamente, não na gravidade em abstrato, mas na
gravidade em concreto. As súmulas se complementam (Bittencourt afirma que são contraditórias).

Estabelecimentos penais
São os lugares apropriados para o cumprimento da pena nos regimes fechado, semi-aberto e aberto, bem como para
as medidas de segurança. Também para abrigar os presos provisórios, com a devida separação. Mulheres e maiores
de 60 anos devem ter locais especiais (art. 82, LEP).
Determina a lei que os presos provisórios fiquem separados dos condenados definitivos e, dentre estes, deve haver
divisão entre primários e reincidentes. O preso que, ao tempo da prática da infração penal, era funcionário da
administração da justiça (policiais, agentes de segurança de presídios, funcionários do fórum, carcereiros, juízes,
promotores etc.) ficará sempre separado dos demais (art. 84, LEP).
A Lei nº 13.167/2015 expandiu os critérios de separação dos presos no presídio:

Regra geral:
a) O preso provisório ficará separado do preso condenado por sentença transitada em julgado.
 O preso provisório ficará recolhido em cela diferente do preso já condenado definitivamente.

Presos provisórios:
Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios:
 I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
 II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
 III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II.

Presos condenados:
Os presos condenados definitivamente ficarão separados entre si de acordo com os seguintes critérios:
 I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
 II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
 III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
 IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos
incisos I, II e III.

A lotação do presídio deve ser compatível com sua estrutura e finalidade, havendo o controle por parte do Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária (art. 85, LEP).
Existe autorização legal para que o condenado possa cumprir a pena numa unidade federativa diversa daquela onde
tem origem a sua sentença, em presídio estadual ou da União.

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 Denomina-se penitenciária o presídio que abriga condenados sujeitos à pena de reclusão, em regime fechado
(art. 87 da LEP). Deve haver cela individual, com dormitório, aparelho sanitário e lavatório, em local salubre
e área mínima de seis metros quadrados (art. 88 da LEP). Nas penitenciárias femininas, haverá seção para
gestante e parturiente, bem como creche, com a meta de assistir ao menor desamparado cuja responsável
esteja presa (art. 89 da LEP). As penitenciárias masculinas devem ficar afastadas do centro urbano, mas não
tão distantes a ponto de impedir o acesso de visitas (art. 90 da LEP).
 Denomina-se colônia penal agrícola, industrial ou similar o estabelecimento destinado ao cumprimento de
pena em regime semiaberto (art. 91 da LEP). Os alojamentos serão coletivos, mas sempre com salubridade e
evitando-se a superlotação.
 Denomina-se casa do albergado o lugar destinado ao cumprimento da pena em regime aberto, bem como para
a pena de limitação de fim de semana (art. 93 da LEP). O prédio deve situar-se em centro urbano, separado
dos demais estabelecimentos, sem obstáculos físicos impeditivos da fuga, uma vez que, não só o albergado
fica fora o dia todo, trabalhando, como também o regime conta com sua autodisciplina e senso de
responsabilidade (art. 36 do CP).
 Prevê a LEP a existência de Centros de Observação Criminológica, onde devem ser realizados os exames
gerais, em especial o exame criminológico, que será encaminhado à Comissão Técnica de Classificação (art.
96).
 Os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico destinam-se a quem cumpre medida de segurança de
internação (inimputáveis ou semi-imputáveis).
 Denomina-se cadeia pública o local destinado ao recolhimento de presos provisórios (art. 102 da LEP).
Atualmente, surgiram, em lugar destas cadeias públicas, os centros de detenção provisória, que possuem maior
número de vagas e estrutura semelhante à de presídio.

*Sistema carcerário Brasileiro e o Estado de Coisas Inconstitucional: O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre
quando se verifica a existência de (1) um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais,
causado pela (2) inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura,
de modo que (3) apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de
autoridades podem alterar a situação inconstitucional.

Origem: A ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema Corte do país pode atuar
para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, em 1997, com a chamada "Sentencia de
Unificación (SU)". Foi aí que primeiro se utilizou essa expressão. Depois disso, a técnica já teria sido empregada em
mais nove oportunidades naquela Corte. Existe também notícia de utilização da expressão pela Corte Constitucional
do Peru.

Pressupostos: Segundo aponta Carlos Alexandre de Azevedo Campos, citado na petição da ADPF 347, para
reconhecer o estado de coisas inconstitucional, exige-se que estejam presentes as seguintes condições:
a) vulneração massiva e generalizada de direitos fundamentais de um número significativo de pessoas;
b) prolongada omissão das autoridades no cumprimento de suas obrigações para garantia e promoção dos
direitos;
c) a superação das violações de direitos pressupõe a adoção de medidas complexas por uma pluralidade de
órgãos, envolvendo mudanças estruturais, que podem depender da alocação de recursos públicos, correção
das políticas públicas existentes ou formulação de novas políticas, dentre outras medidas; e
d) potencialidade de congestionamento da justiça, se todos os que tiverem os seus direitos violados
acorrerem individualmente ao Poder Judiciário.

O que a Corte Constitucional do país faz após constatar a existência de um ECI? O ECI gera um “litígio
estrutural”, ou seja, existe um número amplo de pessoas que são atingidas pelas violações de direitos. Diante disso,
para enfrentar litígio dessa espécie, a Corte terá que fixar “remédios estruturais” voltados à formulação e execução de
políticas públicas, o que não seria possível por meio de decisões mais tradicionais.
A Corte adota, portanto, uma postura de ativismo judicial estrutural diante da omissão dos Poderes Executivo e
Legislativo, que não tomam medidas concretas para resolver o problema, normalmente por falta de vontade política.

Situações excepcionais: O reconhecimento do Estado de Coisas Inconstitucional é uma técnica que não está
expressamente prevista na Constituição ou em qualquer outro instrumento normativo e, considerando que "confere
ao Tribunal uma ampla latitude de poderes, tem-se entendido que a técnica só deve ser manejada em hipóteses
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excepcionais, em que, além da séria e generalizada afronta aos direitos humanos, haja também a constatação de que
a intervenção da Corte é essencial para a solução do gravíssimo quadro enfrentado. São casos em que se identifica
um “bloqueio institucional” para a garantia dos direitos, o que leva a Corte a assumir um papel atípico, sob a
perspectiva do princípio da separação de poderes, que envolve uma intervenção mais ampla sobre o campo das
políticas públicas." (trecho da petição inicial da ADPF 347).

ADPF e sistema penitenciário brasileiro: Em maio de 2015, o Partido Socialista e Liberdade (PSOL) ajuizou ADPF
pedindo que o STF declare que a situação atual do sistema penitenciário brasileiro viola preceitos fundamentais da
Constituição Federal e, em especial, direitos fundamentais dos presos. Em razão disso, requer que a Corte determine à
União e aos Estados que tomem uma série de providências com o objetivo de sanar as lesões aos direitos dos presos.
Na petição inicial, que foi subscrita pelo grande constitucionalista Daniel Sarmento, defendia-se que o sistema
penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional".
São apontados os pressupostos que caracterizam esse ECI:
a) violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais;
b) inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura;
c) situação que exige a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades para
resolver o problema.

A ação foi proposta contra a União e todos os Estados-membros.


O STF ainda não julgou definitivamente o mérito da ADPF, mas já apreciou o pedido de liminar. O que a Corte
decidiu? O STF decidiu conceder, parcialmente, a medida liminar e deferiu apenas os pedidos "b" (audiência de
custódia) e "h" (liberação das verbas do FUNPEN).
O Plenário reconheceu que no sistema prisional brasileiro realmente há uma violação generalizada de direitos
fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e
desumanas.
Diante disso, o STF declarou que diversos dispositivos constitucionais, documentos internacionais (o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos e Penas Cruéis,
Desumanos e Degradantes e a Convenção Americana de Direitos Humanos) e normas infraconstitucionais estão sendo
desrespeitadas.
Os cárceres brasileiros, além de não servirem à ressocialização dos presos, fomentam o aumento da criminalidade,
pois transformam pequenos delinquentes em “monstros do crime”. A prova da ineficiência do sistema como política
de segurança pública está nas altas taxas de reincidência. E o reincidente passa a cometer crimes ainda mais graves.
Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e
Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal.
A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha
estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação.
Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e
monitorar os resultados alcançados.
A intervenção judicial é necessária diante da incapacidade demonstrada pelas instituições legislativas e
administrativas.
No entanto, o Plenário entendeu que o STF não pode substituir o papel do Legislativo e do Executivo na
consecução de suas tarefas próprias. Em outras palavras, o Judiciário deverá superar bloqueios políticos e
institucionais sem afastar, porém, esses poderes dos processos de formulação e implementação das soluções
necessárias. Nesse sentido, não lhe incumbe definir o conteúdo próprio dessas políticas, os detalhes dos meios a
serem empregados. Com base nessas considerações, foram indeferidos os pedidos "e" e "f".
Quanto aos pedidos “a”, “c” e “d”, o STF entendeu que seria desnecessário ordenar aos juízes e Tribunais que
fizessem isso porque já são deveres impostos a todos os magistrados pela CF/88 e pelas leis. Logo, não havia sentido
em o STF declará-los obrigatórios, o que seria apenas um reforço.
STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798).

4) Progressão de regime
O artigo 112 da LEP foi modificado. A parte final do artigo deve ser analisada.
A progressão não está mais submetida a parecer da Comissão Técnica de Classificação e nem a exame
criminológico. Contudo, o exame criminológico pode ser requerido pelo juiz, em decisão fundamentada, no caso
concreto, e não de maneira automática. A matéria foi sumulada, vejamos:
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Súmula 439 do STJ - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.

Súmula Vinculante nº 26 do STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.

O STF, em posicionamento firmado em 2015, “criou” um novo requisito objetivo para a progressão de regime: o
apenado deverá pagar integralmente o valor da multa que foi imposta na condenação ou, então, provar a absoluta
impossibilidade econômica de quitá-la, ainda que parceladamente.

Súmula 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
10/06/2015, Dje 15/06/2015.

O incidente de progressão pode ser provocado por:


a) Preso, com ou sem advogado;
b) Advogado do preso;
c) MP (é o fiscal da lei, preenchidos os requisitos o MP pode e deve requerer a instauração do incidente);
d) Juiz, de ofício;

A doutrina sempre ensinou que era pressuposto da progressão a sentença condenatória definitiva, ou seja, sempre se
ensinou o não cabimento de progressão na condenação provisória. Todavia, atualmente, o STF admite a execução
provisória com progressão provisória (súmulas 716 e 717), ainda que pendente recurso da acusação (progressão
provisória em benefício do acusado).

716 - Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena a aplicação imediata de


regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
717 - Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu encontrar em prisão especial.

Requisitos para progressão do fechado para o semiaberto


A jurisprudência dos Tribunais Superiores sempre vedou a progressão de regimes per saltum, é dizer, sem que
houvesse a passagem obrigatória pelo regime menos gravoso imediatamente inferior, v.g., do fechado para o aberto.
Nesse diapasão, o STJ editou, em 13.08.2012, a Súmula n. 491, com a seguinte redação: É inadmissível a chamada
progressão per saltum de regime prisional. (Súmula 491).

a) Requisito temporal: cumprimento de 1/6 no regime anterior ou, se condenado por crime
hediondo, 2/5 ou 3/5;
b) Requisito subjetivo: conduta carcerária favorável (atestado do diretor ou exame
criminológico, se reputado necessário);
c) Requisito formal: oitiva do MP.

Atualmente, basta o atestado do diretor sobre o bom comportamento do apenado, salvo se o juiz entender
necessário realizar o exame criminológico.

Requisitos para progressão do semiaberto para o aberto


a) Requisito temporal: cumprimento de 1/6 no regime anterior ou, se condenado por crime hediondo, 2/5 ou
3/5 (se reincidente):
b) Requisito subjetivo: conduta carcerária favorável (atestado do diretor ou exame criminológico, se reputado
necessário pelo juiz em decisão fundamentada)
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c) Requisito formal: oitiva do Ministério Público


d) Artigo 114, LEP = atestado de atividade laborativa fora do presídio e circunstâncias judiciais
e) Artigo 115, LEP = juiz pode estabelecer condições especiais, sem prejuízo das gerais e obrigatórias
elencadas no dispositivo.
f) Artigo 116, LEP = o juiz pode modificar tais condições, de ofício ou a requerimento.

Entendia-se que o estrangeiro ilegal no país não podia progredir do semiaberto para o aberto, porque não preenchia
o requisito de atestado laborativo, já que está irregular e não pode trabalhar. Atualmente, STF e STJ vêm decidindo
da seguinte forma, respectivamente:

“O fato de o condenado por tráfico de droga ser estrangeiro, estar preso, não ter domicílio no
país e ser objeto de processo de expulsão, não constitui óbice à progressão de regime de
cumprimento da pena.”(STF - HC 97147, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 04/08/2009)

HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. EXECUÇÃO


PENAL. ESTRANGEIRO EM SITUAÇÃO IRREGULAR NO PAÍS. PROGRESSÃO
DE REGIME. INDEFERIMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. A progressão de regime de cumprimento da pena, tanto do nacional quanto do
estrangeiro, deve ser pautada pelo respeito à dignidade da pessoa humana e pela
observância aos princípios da igualdade e da individualização da pena, com avaliação dos
critérios objetivo e subjetivo a que alude o art. 112 da LEP.
2. O benefício não pode, assim, ser negado pelo simples fato de o apenado estar em
situação irregular no país ou, mesmo, de haver decreto de expulsão expedido contra ele,
motivos que, por si sós, conforme jurisprudência uníssona desta Corte, não seriam idôneos
para tanto.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para cassar o acórdão
impugnado e restabelecer a decisão que deferiu aprogressão ao regime semiaberto.
HC 201403048226, ROGERIO SCHIETTI CRUZ, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:
12/03/2015

Jurisprudência do TRF1:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO TRANSNACIONAL DE
ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, C/C O ART. 40, I, DA LEI 11.343/2006.
REDUÇÃO DA PENA. ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/2006. PATAMAR DE
DIMINUIÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS.
(...)
9. A condição de estrangeiro de um réu não impede a concessão do benefício de
substituição de pena, porquanto a Constituição Federal assegura a igualdade com
nacionais, ainda que esteja "preso, não ter domicílio no país e ser objeto de processo de
expulsão, não constitui óbice à progressão de regime de cumprimento da pena" (STF -
HC 97147/MT, Relator Ministro Cezar Peluso). 10. Apelo dos réus parcialmente provido.
(ACR 00023587420094014100, DESEMBARGADORA FEDERAL MONICA
SIFUENTES, TRF1 - TERCEIRA TURMA, e-DJF1 DATA: 04/09/2015 PAGINA:3224.)

Recolhimento domiciliar
Em alguns casos, o regime aberto não será cumprido em casa de albergado, admitindo-se o recolhimento domiciliar,
nos termos do artigo 117 (cujo rol é taxativo).
Art. 117 - Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em
residência particular quando se tratar de:

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I - condenado maior de 70 (setenta) anos; não foi alterado pelo Estatuto do Idoso, cujo
art. 1º considera o idoso o maior de 60 anos4.
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.

Regressão de regime
Está prevista no artigo 118 da LEP: qualquer dos regimes mais rigorosos:

Inciso I: praticar fato definido como crime doloso ou falta grave* - basta a prática, não precisa ser condenado por
crime doloso ou punido com falta grave (não se exige o trânsito em julgado).

Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato


definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. STJ. 3ª
Seçao
̃ . Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

Inciso II: condenação incompatível com o regime atual. Ex: pode regredir do aberto para o fechado.
§ 1o. pena de multa: Se não for paga a multa, executa-se como dívida ativa. A multa não pode ser convertida em
pena privativa de liberdade. Como consequência, o seu não pagamento não pode gerar a regressão de regime.

* Alguns julgados sobre falta grave, matéria rotineira nos Tribunais:

DPP - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DECRETAÇÃO DA PERDA


DE 1/3 DOS DIAS REMIDOS. Reconhecida falta grave no decorrer da execução penal, não
pode ser determinada a perda dos dias remidos na fração máxima de 1/3 sem que haja
fundamentação concreta para justificá-la. (...) Dessa forma, ao decretar a perda dos dias
remidos, o magistrado não pode apenas repetir o disposto no art. 57 da LEP, deixando de
apontar elementos concretos do caso que, efetivamente, evidenciem a necessidade de
decretação da perda dos dias remidos na fração máxima de 1/3. (STJ, HC 282265/RS, Min.
Rogério Schietti Cruz, Informativo 539)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. EXECUÇÃO PENAL. APURAÇÃO DE
FALTA GRAVE. ALTERAÇÃO DA DATA-BASE PARA OBTENÇÃO DE
BENEFÍCIOS. ILEGALIDADE FLAGRANTE. LIVRAMENTO CONDICIONAL,
INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA. EXCEÇÃO. PERDA DOS DIAS REMIDOS.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A IMPOSIÇÃO DA PERDA MÁXIMA. 1.
2. A Terceira Seção desta Corte, em sede de recurso especial representativo da controvérsia,
firmou entendimento no sentido de que a prática de falta grave interrompe o prazo para a
progressão de regime - acarretando a modificação da data-base e o início de nova
contagem do lapso necessário para o preenchimento do requisito objetivo -, não havendo
a interrupção para fins de obtenção de livramento condicional (cf. Súm. 441 do STJ), o
indulto e a comutação de pena, salvo disposição expressa em contrário no decreto
presidencial. 3. Com o advento da Lei 12.433, de 29 de junho de 2011, que alterou a
redação do art. 127 da Lei nº 7.210/84, a prática de falta grave no curso da execução implica
em perda de até 1/3 (um terço) dos dias remidos, devendo o Juízo das Execuções aplicar a
fração cabível à espécie, levando em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as
conseqüências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. 4. Habeas

4
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos.

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corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício. (STJ, 5ª Turma, HC 296.972/SP, Rel.
Ministro GURGEL DE FARIA, j. em 23/10/2014, DJe 04/11/2014)

“Na linha da jurisprudência pacífica desta Casa, a prescrição, nos casos de falta disciplinar
de natureza grave, ocorre no prazo mínimo previsto no art. 109 do Código Penal” (STJ,
6ª Turma, HC 238.877/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, j. em 02/08/2012, DJe
13/08/2012).

Para a regressão de regime é necessária a oitiva do condenado? O artigo 118, § 2o, somente garante o contraditório
nas hipóteses do inciso I (prática de crime doloso) e do § 1o ; no caso do inciso II (nova condenação), dispensa-se o
contraditório. A regra é que seja feito o contraditório, salvo na hipótese do inciso II. Todavia, entende-se que o
contraditório é necessário apenas na regressão definitiva. Vejamos:

“Evidenciando-se a prática de falta grave, é perfeitamente cabível a regressão cautelar do


regime prisional pelo Juiz das Execuções, sem a exigência da oitiva prévia do condenado,
necessária apenas na regressão definitiva. (STJ - HC 227.041/RJ, Rel. Ministra LAURITA
VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 01/08/2012) (Permanece: Cf. RHC
38299/ES)
Ainda, aduz o STJ, de forma assente, que é “desnecessária a abertura de PAD, bastando a
realização da audiência de justificação, na qual sejam observadas a ampla defesa e o
contraditório”. (STJ - HC 175.658/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA,
julgado em 04/08/2011, DJe 17/08/2011)

Cumpre ressaltar que o reconhecimento de prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal sempre
demanda a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento, sendo imprescindível a
presença de advogado constituído ou de defensor público.

Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da


execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor
do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
constituído ou defensor público nomeado. (STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/06/2015, Dje
15/06/2015)

Tempo de cumprimento de pena


O quantum imposto de pena pelo juiz não sofre limites, ou seja, é ilimitado. O que é limitado é o tempo de execução
da pena. Isso, pois é vedada a pena de prisão perpétua.
O limite está no artigo 75, CP e é de 30 anos.
Para o cálculo da progressão do regime irá ser aplicado o quantum da condenação ou o limite de 30 anos? Não há
divergência. A súmula 715 do STF resolveu a questão; a limitação é aplicada somente para fins de cumprimento e
não para o cálculo de outros benefícios.

Súmula 715 do STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão
de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

Autorização de saída
É gênero que comporta dois benefícios de autorização de saída:
 Permissão de saída
 Saída temporária

Permissão de saída
Está prevista no artigo 120 (fechado ou semiaberto e aos presos provisórios)
Hipóteses de cabimento: são taxativas e não meramente exemplificativas.
Autoridade competente é o diretor do estabelecimento penitenciário, mas, ocorrendo uma negativa arbitrária,
poderá se dirigir ao Judiciário.
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Característica:
 autorizada mediante escolta policial;
 não existe prazo determinado de saída, durará durante o tempo necessário para os fins que a determinaram.

Saída temporária
Está prevista no artigo 122, LEP (regime semiaberto, sem vigilância direta)
Novidade legislativa: art. 122, Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de
equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído
pela Lei nº 12.258/10).

A autorização será concedida por ato motivado do juiz, nos termos do art. 123.
O STF já entendeu a possibilidade no regime aberto (Min. Celso de Mello).
Requisitos:

1) Comportamento adequado do reeducando;


2) Cumprimento mínimo de 1/6 da pena (se for primário) e 1/4 (se reincidente). O prazo é calculado
considerando também o tempo que já foi cumprido no regime fechado, na hipótese de ter havido progressão.
(Súmula 40, STJ: Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo
de cumprimento da pena no regime fechado);
3) Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena, qual seja a ressocialização, o preso tem que
mostrar que já está pronto para sua saída.

*Calendário de saídas temporárias (saídas temporárias automatizadas)


Em que consiste o calendário de saídas temporárias (saídas temporárias automatizadas)?
Pela literalidade da Lei de Execução Penal, a cada saída temporária deve ser formulado um pedido ao juiz que, então,
ouve o MP e a administração penitenciária, e, após, decide.
Em algumas partes do Brasil, no entanto, como é o caso do RJ, os juízes da execução penal adotaram um
procedimento para simplificar a concessão dessas saídas temporárias.
Quando o condenado formula o primeiro pedido de saída temporária, o juiz ouve o MP e o diretor do Presídio, e, se
estiverem preenchidos os requisitos, concede o benefício (segue, portanto, todo o rito previsto na LEP). No entanto,
nesta primeira decisão o juiz já fixa um calendário de saídas temporárias.

Veja um exemplo de decisão nesse sentido:

“Ante o exposto, preenchidos os requisitos previstos nos arts. 122, I, e 123, da LEP, CONCEDO ao
apenado JOÃO DA SILVA autorização para 5 (cinco) saídas temporárias por ano, com duração de 7
(sete) dias cada, para visita à família, que deverá ser realizada nas seguintes datas:
I – Páscoa;
II – dia das mães;
III – dia dos pais;
IV – Natal;
V – Ano Novo”.

Verificando-se a prática de quaisquer das hipóteses do art. 125 da LEP, ficam automaticamente revogadas as
autorizações para as saídas subsequentes.”
Desse modo, após o juiz deferir o benefício para o apenado nesta primeira vez, as novas saídas temporárias deste
mesmo reeducando não mais precisarão ser analisadas pelo juiz e pelo MP, sendo concedidas automaticamente pela
direção do Presídio, desde que a situação disciplinar do condenado permaneça a mesma, ou seja, que ele tenha
mantido o comportamento adequado no cumprimento da pena. Se cometer falta grave, por exemplo, é revogado o
benefício.
A esse procedimento simplificado deu-se o nome de “saída temporária automatizada” ou “calendário de saídas
temporárias”.
Insurgência do Ministério Público
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Alguns Ministérios Públicos pelo país têm se insurgido contra este procedimento e interposto recursos que chegam
aos Tribunais Superiores.
Segundo argumenta o Parquet, ao adotar essa saída temporária automatizada, o juiz da execução penal está
transferindo (delegando) para a autoridade administrativa do estabelecimento prisional a decisão de conceder ou
não a saída temporária, o que viola frontalmente o art. 123 da LEP (“Art. 123. A autorização será concedida por ato
motivado do Juiz da execução...”).
Além disso, para alguns Promotores, essa prática seria vedada porque cada saída temporária, para ser autorizada,
deve ser individualmente motivada com base no histórico do sentenciado.
O que entendem os Tribunais Superiores? O calendário de saídas temporárias é permitido? A prática da saída
temporária automatizada é válida?

STJ: não
A autorização das saídas temporárias é ato jurisdicional da competência do Juízo das Execuções Penais, que deve ser
motivada com a demonstração da conveniência de cada medida.
Desse modo, não é possível delegar ao administrador do presídio a fiscalização sobre diversas saídas temporárias,
autorizadas em única decisão, por se tratar de atribuição exclusiva do magistrado das execuções penais, sujeita à
ação fiscalizadora do Parquet.
Assim, não é legítima a prática de se permitir saídas temporárias automatizadas. Para cada pedido de saída
temporária, deverá haver uma decisão motivada do Juízo da Execução, com intervenção do Ministério Público.
STJ. 3ª Seção. REsp 1166251/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/03/2012 (recurso repetitivo) (Info 493).
A fim de deixar bem evidente esse entendimento, o STJ editou um enunciado:

Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível
de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

STF: sim
Para o STF, um único ato judicial que analisa o histórico do sentenciado e estabelece um calendário de saídas
temporárias, com a expressa ressalva de que as autorizações poderão ser revistas em caso de cometimento de
infração disciplinar, mostra-se suficiente para fundamentar a autorização de saída temporária.
O Min. Gilmar Mendes apontou que, em regra, os requisitos das saídas temporárias são os mesmos,
independentemente do momento do ano em que ocorrem. “A saída do Natal não tem requisitos mais brandos do
que a saída da Páscoa, por exemplo. Não há razão funcional para afirmar que uma única decisão que a ambas
contemple é deficiente de fundamentação”.
Além disso, essa prática não exclui a participação do MP, que poderá se manifestar sobre seu cabimento e, caso
alterada a situação fática, pedir sua revisão.
A exigência feita pelo STJ no sentido de que haja uma decisão motivada para cada saída temporária coloca em risco o
direito do sentenciado ao benefício, em razão do grande volume de processos nas varas de execuções penais.
STF. 1ª Turma. HC 98067, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/04/2010.
STF. 2ª Turma. HC 128763, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/08/2015.

Características:
a) sem escolta;
b) prazo determinado (artigo 124) = são 05 vezes por ano (1+4renovações), de no máximo 7 dias por vez. Mas
há exceção para as atividades educacionais.

Revoga-se o benefício se o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave,
desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Recupera-se o
benefício quando absolvido no processo penal, cancelada a punição disciplinar ou demonstrado o merecimento do
sentenciado (art. 125, caput e parágrafo único, LEP).

Remição
A remição sofreu importantes alterações com a edição da Lei 12.433/11.
Prevista no art. 126 da LEP, somente é aplicável aos presos em regimes fechado ou semiaberto.
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Súmula 341 STJ: A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução
de pena sob regime fechado ou semiaberto.

“Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. (Redação dada pela
Lei nº 12.433/11)”.

Uma das principais alterações da norma foi vista neste artigo, que limitou a 1/3 o tempo a ser revogado na hipótese
de falta grave, eis que, na redação anterior, o apenado perdia todos os dias remidos.
É encarada na doutrina como sendo um direito/dever do reeducando. Direito porque é por meio do trabalho que o
preso irá conseguir ganhar dinheiro no estabelecimento e abater a pena. Dever porque se ele não trabalhar é
considerada prática de falta grave, que pode ensejar até a regressão.

Doutrina minoritária: a CF/88 proíbe o trabalho forçado. Sob esta perspectiva, parte da doutrina critica o
condicionamento da remição ao efetivo exercício do trabalho. O fato é que, em verdade, a remição é ônus,
faculdade do reeducando que, se exercida lhe trará o respectivo bônus (abatimento a pena). Se o preso não trabalha
não consegue a remição da pena.

Remição ficta
Parte da doutrina defende que, se não há trabalho no estabelecimento prisional por culpa de um Estado omisso,
aplica-se a remição ficta. Para a Jurisprudência, porém, o argumento é rebarbativo e equivocado. Os Tribunais, in
totum, não admitem a remição ficta:

AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.


SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL CABÍVEL. IMPOSSIBILIDADE.
RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO
CONHECIMENTO DO MANDAMUS. ATUAÇÃO DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE
ILEGALIDADE MANIFESTA. SEGUIMENTO NEGADO. 1. 2. 3. 4. EXERCÍCIO
LABORAL. ATIVIDADE NÃO OPORTUNIZADA. OMISSÃO ESTATAL. REMIÇÃO
FICTA. IMPOSSIBILIDADE. ARTS. 28 E 126 DA LEP. 1. Os arts. 28 e 126 da Lei n.
7.210/21984, exigem a efetiva participação do reeducando em seu processo de
ressocialização, na medida em que não há como ser atingida a finalidade educativa nem a
produtiva sem que o sentenciado aperfeiçoe seus estudos ou realize alguma tarefa
producente. 2. Não pode a suposta omissão Estatal ser utilizada como causa a ensejar a
concessão ficta de um benefício que depende de um real envolvimento da pessoa do apenado
em seu progresso educativo e ressocializador. 3. Agravo regimental improvido. (STJ,
AGRHC 201101271496, JORGE MUSSI, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA: 14/08/14)
No mesmo sentido: TRF3, HC 00306802620124030000; TRF1, AGEPN
52407220104014100.

Perda dos dias remidos por falta grave


Tal como afirmado, a antiga redação do art. 127 da LEP5 previa a perda total do tempo remido no caso de prática de
falta grave. Tal redação foi reputada constitucional pelo Supremo, que editou, em razão disto, a Súmula Vinculante
nº 9:

SV 9: O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.

Pela nova redação do art. 127 LEP “Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo
remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”. (Redação
dada pela Lei nº 12.433/11).

5 Antigaredação do art. 127 LEP - O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o
novo período a partir da data da infração disciplinar.
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O art. 127 previa a possibilidade de perda de todos os dias remidos em decorrência da prática de FALTA GRAVE,
começando novo período a partir da infração disciplinar. A SV 9/STF estabeleceu que essa previsão era constitucional.
Entretanto, atualmente, a SV é aplicada da seguinte forma, após a edição da Lei 12.433/2011, que limitou a perda a
até 1/3 dos dias remidos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE PENA. (...).


HOMOLOGAÇÃO DE FALTA GRAVE. EFEITOS. REGRESSÃO DE REGIME
QUANDO POSSÍVEL. ESTABELECIMENTO DE NOVA DATA-BASE PARA A
PROGRESSÃO. DETRAÇÃO DE ATÉ 1/3 DOS DIAS REMIDOS. SÚMULA
VINCULANTE N.º 9. PRECEDENTES. 1. Cristalizou-se na jurisprudência da Terceira
Seção desta Corte que o cometimento de falta grave pelo apenado importa em regressão de
regime, quando diverso do fechado, e em alteração da data-base para o reinício da contagem
do prazo necessário à obtenção do requisito objetivo para a sua progressão, no que tange ao
restante do cumprimento da reprimenda. 2. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça
entende que, na esteira da Súmula Vinculante nº 9/STF, a falta grave homologada tem por
efeito a perda dos dias remidos, sendo que a Lei nº 12.433/11, limitou a detração ao patamar
máximo de 1/3 (um terço) do seu total. 3. (STJ - EDcl no HC 202.912/MS, Rel. Ministro
ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ),
QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 09/08/2012)
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. EXECUÇÃO PENAL. PRÁTICA DE
FALTA GRAVE. PERDA DE 1/3 DOS DIAS REMIDOS. FUNDAMENTO CONCRETO
PARA A IMPOSIÇÃO DA PERDA MÁXIMA. EFEITO INTERRUPTIVO PARA FINS
DE BENEFÍCIOS. POSSIBILIDADE PARA PROGRESSÃO, RESSALVADO O
LIVRAMENTO CONDICIONAL (SÚMULA 441/STJ), O INDULTO E A COMUTAÇÃO
DE PENAS. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. 2. Com o advento da Lei n. 12.433, de 29/6/2011, foi dada nova redação ao art.
127 da Lei de Execuções Penais, que passou a dispor que o cometimento de falta grave não
mais acarretaria a perda da integralidade do tempo remido, somente podendo atingir o limite
de 1/3 (um terço). 3. No que respeita ao quantum a ser fixado pelo juízo das execuções
penais, devem ser levados em conta os critérios estabelecidos no art. 57 da novel
legislação, quais sejam: "a natureza, os motivos, as circunstâncias e as conseqüências do
fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão", cabendo ao juiz certa
discricionariedade. 4. Decisão que apresenta fundamento idôneo e suficiente para justificar
a perda máxima, prevista no art. 127 da LEP, não havendo constrangimento ilegal a ser
sanado. 5. 6. (STJ, 6ª Turma, HC 297.154/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, j. em
04/12/2014, DJe 18/12/2014)

*É possível começar a remição na execução provisória, nos termos das súmulas 716 e 717, do STF, que admitem a
execução provisória com todos os seus incidentes.
*Quem cumpre medida de segurança não tem direito à remição, porque medida de segurança não é pena, mas sim
medida curativa.
*Declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição configura a pratica de
falsidade ideológica.
*O período de remição não mais será computado apenas para fins de concessão de livramento condicional e
indulto, nos termos do artigo 1286, mas sim, como pena cumprida, para todos os efeitos. Ex: progressão de regime
prisional.

Recurso de agravo
Antes da LEP, os incidentes da execução penal desafiavam recurso em sentido estrito. Com a edição da LEP o livro IV
do CPP, que trata da execução penal, foi tacitamente revogado. E das decisões e incidentes da execução penal

6 Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.433/11)
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passou a ser previsto o recurso de agravo (cf. Artigo 197. Das decisões proferidas pelo juiz caberá recurso de agravo,
sem efeito suspensivo).
*A LEP atribuiu a este recurso o nome de agravo porque na época em que foi elaborada existia uma tendência de
unificação dos recursos processuais penais e processuais civis (por influência de Ada Pelegrini Grinover, Antônio
Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance Fernandes). O problema foi o caráter incompleto da unificação, já que,
no procedimento ordinário e afins, até hoje, os recursos não foram unificados.

Esse recurso de agravo deve seguir o procedimento recurso em sentido estrito (05 dias), nos termos da Súm. 700 do
STF. (É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal).

*Como regra, é sabido que o RESE não possui efeito suspensivo, com exceção dos incisos XV, XVII e XXIV do art. 5817.
Há um caso, porém, em que o agravo em execução terá efeito suspensivo: da decisão do juiz que determina a
desinternação ou liberação de medida de segurança, o que se extrai da interpretação do art. 179 da LEP: o juiz pode
até liberar, mas este ato depende do trânsito em julgado da decisão8.

Efeitos do agravo em execução penal

 Efeito devolutivo
 Efeito regressivo
 Em regra, não tem o efeito suspensivo, exceto no caso do artigo 179, LEP. Para garantir o efeito suspensivo
para o agravo, é possível a impetração de um MS pleiteando o efeito suspensivo que, de ordinário, o agravo
não tem.

*Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): Foi instaurado pela Lei 10.792/03, que acrescentou o inciso V ao art. 53 da
LEP. Trata-se de uma nova espécie de sanção disciplinar9. É a maneira mais drástica de punir e prevenir
comportamentos indesejados entre os habitantes do sistema prisional. A este regime diferenciado serão
encaminhados os presos que praticarem fato previsto como crime doloso (note-se: fato previsto como crime e não
crime, pois se esta fosse a previsão dever-se-ia aguardar o julgamento definitivo do Poder Judiciário, em razão da
presunção de inocência, o que inviabilizaria a rapidez e a segurança que o regime exige), considerado falta grave,
desde que ocasione a subversão da ordem ou disciplina internas, sem prejuízo da sanção penal cabível.
O regime é válido tanto para condenados como para presos provisórios.
Há quem defenda a inconstitucionalidade do RDD (como Roberto Delmanto) por se tratar de pena cruel, desumana e
degradante. Os tribunais e a doutrina (capitaneada, dentre outros, por Nucci) têm declarado constitucional o RDD,
mormente se observada a necessidade de combate eficaz ao crime organizado, dentro e fora dos presídios. Para Luiz
Flávio Gomes, o RDD seria o regime ‘fechadíssimo’.

Características deste regime (artigo 52):

7 Cf. Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns.
XV, XVII e XXIV do art. 581.
8 Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação.
9 As faltas disciplinares (demérito do preso) classificam-se em leve, média ou grave. A LEP define somente as de natureza grave

(arts. 50, 51 e 52), deixando à legislação local a missão de etiquetar as demais. Essa verdadeira divisão de tarefas, bem explicada
na Exposição de Motivos da LEP, respeita as peculiaridades de cada região, o tipo de criminalidade, mutante quanto aos meios e
modos de execução, a natureza do bem jurídico ofendido e outros aspectos que sugerem tratamentos disciplinares que se
harmonizem com as características do ambiente.
As sanções cabíveis em caso de falta disciplinar (graves) estão enumeradas, taxativamente, no artigo 53:
I – advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos;
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuem alojamento coletivo;
V – inclusão no regime disciplinar.
O tema do nosso estudo reside, precisamente, nos artigos 52 e 53, V, recentemente alterados pela Lei nº 10.792/03, a seguir
comentada.
115
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a) Duração máxima: 360 dias (até esse prazo), contado de acordo com o artigo 10 do CP (o dia do começo
inclui-se no cômputo do prazo; contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum). É prazo
penal, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 da
pena aplicada (e não a cumprida ou a que resta cumprir);
b) Não existe limite de número de internações, de modo que o habitante prisional poderá ser punido por
quantas vezes ocorrerem os motivos que autorizarem a aplicação do RDD;
c) Recolhimento em cela individual, com acompanhamento psicológico; o que não significa cela insalubre,
escura e inabitável;
d) Visitas semanais de duas horas de duração, de 02 pessoas sem contar as crianças;
e) O preso poderá sair da cela para 02 horas diárias para banho de sol;

Hipóteses autorizadoras:
1. Artigo 52, caput, a prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção
penal, ao regime disciplinar diferenciado. Os requisitos são cumulativos, exigindo-se a:
1) prática de fato previsto como crime doloso;
2) considerado falta grave;
3) que ocasione subversão da ordem ou disciplina internas.

*E se o crime for preterdoloso cabe? Sim, é caso de crime doloso; o STJ entende que as agravantes não se aplicam
no preterdolo; No crime tentado também é possível. Mesmo que o crime doloso, causador de desordem carcerária,
fique no campo da tentativa, será punido com a sanção correspondente à falta consumada (art. 49,parágrafo único,
da LEP). No entanto, “como na tentativa as consequências do fato não existem ou não são tão graves quanto na
consumação, na fixação da sanção disciplinar será tida em vista essa circunstância para a escolha da natureza ou
duração da punição”.

*É aplicável somente a quem cumpre pena em estabelecimento prisional. Não abrange o que cumpre pena restritiva de
direito ou ao preso que praticou o crime na saída permitida. O crime deve ser cometido dentro do presídio. A
internação no RDD não afasta a condenação por crime doloso.

2. Artigo 52, § 1º: presos de alto risco: presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que
apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;

3. Artigo 52, § 2º: fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações
criminosas, quadrilha ou bando do preso provisório ou condenado. Para Nucci, bastam as fundadas
suspeitas. Para Rogério Greco deve existir prova.

*Judicialização: somente o juiz competente pode aplicar essa sanção disciplinar (RDD), através de prévia e
fundamentada decisão. O diretor do estabelecimento prisional não pode fazê-lo, nos termos do artigo 54, LEP. O juiz
só pode fazer mediante provocação (não pode atuar de ofício – art. 54, § 1o). Faz-se necessário, portanto,
requerimento administrativo do:
 Diretor do presídio; ou
 Outra autoridade administrativa (secretário de segurança pública, secretário para assuntos penitenciários e
outros)10. O MP não foi expressamente contemplado, mas entende-se que poderá requerer com o
fundamento no artigo 68, II, alínea ‘a’ (cabe ao MP requerer todas as providências necessárias ou
desenvolvimento do processo executivo)11.

10
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V,
por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo
diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
11
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento;
II - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
116
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*Com a edição da Lei 12.694/12, que dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de
jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a
prática de qualquer ato processual, notadamente inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado (art. 1, VII e
§1º).

*Nos termos do § 2o do artigo 54, a decisão que determina a internação no RDD deve obedecer à ampla defesa e ao
contraditório. Se for o MP que requerer, já está incluída a sua manifestação.
*O princípio da individualização da pena está respeitado no RDD porque o juiz deve fazer mediante a individualização
de cada preso (art. 57, LEP). Não existe RDD coletivo.

RDD Preventivo:

O artigo 60, caput, da LEP, alterado pela Lei em comento, dispõe:


“A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso, pelo prazo máximo de 10 (dez) dias.
A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá
de despacho do juiz competente”.

Com a nova redação dada pela Lei nº 10.792/03, foram previstas duas medidas preventivas:
a) isolamento cautelar do preso, decretado pela autoridade administrativa, comunicando, em seguida, a
autoridade judiciária (que não se confunde com o RDD; há mero isolamento);
b) aplicação preventiva do regime disciplinar diferenciado, autorizada pelo juiz competente.

*Aqui surge a dúvida: a autorização judicial deve preceder a medida preventiva, ou apenas referendá-la?
As duas interpretações parecem possíveis. Para uns, mais garantistas, a autorização judicial deverá preceder o regime
provisório (item ‘b’, com base na já mencionada ‘judicialização’ do instituto), mesmo porque se quisesse o legislador
o contrário, teria redigido a exceção como o fez no isolamento cautelar (item ‘a’), prevendo expressamente a
comunicação posterior.
Outros, não sem razão, considerando a posição topográfica do mandamento, bem como a necessidade de decisões
rápidas diante de situações graves e inesperadas, causadoras de subversão da ordem interna do presídio, sugerem que
a inclusão provisória (‘b’) está também inserida entre as atribuições cautelares da autoridade administrativa, que
deverá, incontinenti, submeter a sua decisão à apreciação do juiz competente, podendo este referendá-la ou não12.

Prevalece, porém, a 1ª corrente, segundo a qual é possível determinar um RDD preventivo, antes da realização do
contraditório, nos termos do artigo 60, 2a parte, somente por ordem de magistrado (a pedido da autoridade
administrativa, do diretor do presídio ou do MP). Enquanto o juiz não decide, a autoridade pode se utilizar da 1a parte
do art. 60, qual seja, o isolamento preventivo pelo prazo de 10 dias (que independe de decisão judicial e não se
confunde com o RDD). O tempo de RDD preventivo será computado no tempo de RDD definitivo, nos termos do
parágrafo único do art. 60 (caso de detração).

Livramento Condicional

Conceito: É uma liberdade antecipada mediante certas condições, que cumpridas extinguem a pena privativa de
liberdade. É um benefício cabível a preso que cumpriu parcela da pena. É direito subjetivo.

Diferenças sursis e livramento condicional

SURSIS LIVRAMENTO CONDICIONAL


CUMPRIMENTO DA Condenado não chega a cumprir a Deve cumprir parte da pena
PENA pena (suspensão) (pressuposto do benefício)
PERÍODO DE Regra: 2 a 4 anos Tempo restante da pena a cumprir

12
A lógica desta corrente segue o espírito da prisão em flagrante, medida inicialmente de natureza administrativa, passando para o
campo jurisdicional somente depois de referendada pelo juiz.
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PROVA Exceção: 4 a 6 anos


CONCESSÃO Sentença Juiz da execução
RECURSO Apelação (negado na sentença) Agravo em execução
NATUREZA
Direito subjetivo do condenado e o do reeducando
JURÍDICA

Característica: O livramento é uma decorrência da aplicação do sistema prisional progressivo ou inglês adotado no
Brasil.

Requisitos

OBJETIVOS (artigo 83) SUBJETIVOS (artigo 83)


Ressarcimento da
Pena imposta Pessoa do reeducando
vítima
Pena privativa de liberdade Reparação do dano,
Comportamento satisfatório durante a
igual ou superior a 02 anos salvo efetiva
execução da pena*.
(consideram-se os concursos impossibilidade de
Não é um comportamento bom, mas sim, um
de crime e crime fazê-lo. Se a vítima
comportamento ‘satisfatório’.
continuado) renuncia à reparação,
Cumprir mais de 1/3 pena, basta juntar prova da
se não for reincidente, mas renúncia.
Bom desempenho no trabalho que lhe foi
tem que ter bons
atribuído.
antecedentes.
NREIN + BA = 1/3
Cumprir mais de 1/2 pena,
Aptidão para prover a sua própria
se for reincidente
subsistência mediante trabalho honesto.
REIN = ½
Cumprir mais de 2/3 pena, Crimes dolosos praticados com violência ou
se tiver praticado crime grave ameaça: deve existir prova da cessão
hediondo, mas não é da periculosidade, o que era comprovado
reincidente específico pelo exame criminológico. Atualmente, não
NREINESP + CH = 2/3 mais se requisita o exame criminológico. O
juiz tem que tentar aferir esse requisito
Sendo reincidente específico analisando a execução penal (STJ, HC
em crime hediondo não tem 183842/RS – pode requerer, de forma
direito ao livramento. excepcional e fundamentada).

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Não reincidência + maus


antecedentes
A lei é silente. *DPP - CONDIÇÃO SUBJETIVA PARA
Mirabete realiza analogia in LIVRAMENTO CONDICIONAL. Para a
malam partem e entende concessão de livramento condicional, a
que neste caso, o acusado avaliação da satisfatoriedade do
com maus antecedentes comportamento do executado não pode ser
deve atender aos mesmos limitada a um período absoluto e curto de
requisitos daquele que é tempo. Embora não se possa inviabilizar a
reincidente (MP/SP). concessão do livramento condicional apenas
porque durante a execução penal o
Para a maior parte da condenado cometeu uma falta grave, o
doutrina, porém, a dúvida comportamento de um recluso do sistema
deve ser solucionada em penitenciário há de ser aferido em sua
favor do réu, aplicando-se ao inteireza, por todo o período em que esteve
caso a mesma situação do cumprindo sua pena. (STJ, REsp 1325182).
não reincidente (STJ, HC
102278)

*Questão interessante que se coloca é a seguinte: pode o réu recorrer para aumentar sua própria pena? Em uma
situação hipotética, na qual o condenado a pena de 1 ano e 11 meses é reincidente (não faz jus ao sursis) e a pena é
inferior a 02 anos (não fazendo jus ao livramento condicional), poderia o réu recorrer para aumentar a própria pena
e pleitear o sursis? Para Rogério Greco e Rogério Sanches o condenado pode recorrer pedindo o aumento da própria
pena, para se enquadrar no sursis.

Reincidente Específico
A doutrina é divergente:
1. 1a. Corrente (Alberto Silva Franco): é reincidente específico é aquele que praticou o mesmo tipo penal. Ex.:
condenado pelo art. 213 é novamente condenado pelo art. 213. Se praticou um estupro (art. 213) e depois um
latrocínio (art. 157, § 3o.). No último caso faz jus ao livramento.
2. 2a. Corrente (majoritária na doutrina e na jurisprudência): basta a prática de qualquer crime hediondo pelo
qual foi condenado, seguida da prática de outro crime hediondo, qualquer que seja o tipo.

Processamento
Antes da lei, o juiz, antes de decidir, ouvia o MP e o Conselho Penitenciário (Lei 10.792/03). Depois da nova lei, ouve
APENAS o MP (Lei 10.792/03). O Conselho Penitenciário não se manifesta mais para concessão de livramento
condicional (art. 70).

Período de prova
É período variável porque depende do período de pena restante a cumprir.
Tem início com a audiência admonitória, que é realizada, segundo a LEP, no próprio estabelecimento prisional (art.
137).

Condições
Durante o período de prova o reeducando deve cumprir determinadas condições:

CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS OU CONDIÇÕES FACULTATIVAS OU


LEGAIS (artigo 132, LEP) JUDICIAIS
Ocupação lícita dentro de prazo razoável se Não mudar de residência sem comunicação
for apto para o trabalho. Compreende ao juiz e à autoridade incumbida da
também estudos técnicos, como entende a observação cautelar de proteção.
jurisprudência
Comunicar periodicamente ao juiz a sua Recolher-se à habitação em hora fixada.

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ocupação. A praxe é que diz que tem que ser


mensal.
Não mudar do território da comarca do Juízo Não frequentar determinados lugares.
da Execução, sem prévia autorização deste.
Rol taxativo Rol exemplificativo (art. 132, 2º, LEP)

Revogação:

Revogação obrigatória (artigo 86) Revogação facultativa (artigo 87)


Condenação a PPL em sentença irrecorrível por crime Se o liberado deixar de cumprir
cometido durante a vigência do benefício. qualquer das obrigações
Consequências: constantes da sentença;
Volta a cumprir a pena.
O tempo de liberdade não é computado como pena
cumprida.
Não cabe novo livramento condicional para o crime do
livramento que foi revogado, mas cabe para o novo crime.
Não podem ser somadas as penas do crime anterior e do
novo para a obtenção do livramento.
Condenação a PPL em sentença irrecorrível: crime Liberado irrecorrivelmente
cometido anterior à vigência do benefício. condenado por crime ou
Consequências: contravenção a pena NÃO
Volta a cumprir a pena. privativa de liberdade.
O tempo de liberdade é computado como pena cumprida.
Cabe novo livramento condicional para o crime do
livramento que foi revogado.
Podem ser somadas as penas do crime anterior e do novo
para a obtenção do livramento.

*DPP - PRÁTICA DE CRIME DURANTE LIVRAMENTO CONDICIONAL:

O cometimento de crime durante o período de prova do livramento condicional não


implica a perda dos dias remidos. Isso porque o livramento condicional possui regras
distintas da execução penal dentro do sistema progressivo de penas. Assim, no caso de
revogação do livramento condicional que seja motivada por infração penal cometida na
vigência do benefício, aplica-se o disposto nos arts. 142 da Lei 7.210/1984 (LEP) e 88 do
CP, os quais determinam que não se computará na pena o tempo em que esteve solto o
liberado e não se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento. (STJ, HC
271.907/SP, Min. Rogerio Schietti Cruz - Info 539, 2014)

*Pergunta de concurso: se for condenado por contravenção em pena privativa de liberdade? Não cabe ao
intérprete suprir a omissão legal criando analogia in malam partem; portanto, não há revogação.

Prorrogação
Está prevista no art. 89, CP: “Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento”.

Não existe sempre, somente ocorre quando há crime (não contravenção) cometido durante a vigência do livramento.
Somente a primeira espécie de revogação prorroga o benefício.
Após o período de prova não perduram as condições fixadas.

III - Cabe ao Juízo da Vara de Execuções Penais, nos termos do art. 145 da LEP, quando do
cometimento de novo delito no período do livramento condicional, suspender cautelarmente
a benesse, durante o período de prova, para, posteriormente, revogá-la, em caso de

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condenação com trânsito em julgado. IV - Expirado o prazo do livramento condicional sem a


sua suspensão ou prorrogação (art. 90 do CP), a pena é automaticamente extinta, sendo
flagrantemente ilegal a sua revogação posterior ante a constatação do cometimento de delito
durante o período de prova. (Precedentes do STJ e do STF). VI -. (STJ, 5ª Turma, HC
295.510/SP, Rel. Min. FELIX FISCHER, j. em 25/11/2014, DJe 04/12/2014)

Incidentes de execução

São as questões incidentes que devem ser decididas ao longo da execução penal implicando conversão, unificação,
soma, redução ou extinção de pena ou medida de segurança (Nucci).

Há algumas questões que, sem interferir na substituição, redução ou extinção da pena ou da medida de segurança,
não são incidentes de execução. Tem-se como exemplo a “suspensão condicional do pena e o livramento
condicional”. Pela doutrina prevalente não se tratam de incidentes de execução, embora sejam decididos pelo
magistrado (Celso Delmanto). A extinção da punibilidade, unificação de penas, extinção de medida de segurança são
verdadeiros incidentes de execução. Os incidentes de execução versam sobre instituto que pode implicar a redução,
substituição ou extinção da pena ou da medida de segurança, os quais serão julgados pelo magistrado, art. 66, III, f,
da LEP.
Consideram-se incidentes não apenas aqueles referidos expressamente com esse título (conversões, excesso ou
desvio, anistia e indulto) como também os demais incidentes que se acham distribuídos pela LEP (unificação,
extinção da pena e da medida de segurança etc).
A LEP prevê os incidentes de execução nos artigos 180 a 193. São, em síntese, as conversões, excesso ou desvio de
execução da pena, além da anistia e o indulto.

Soma e unificação das penas para determinação do regime de cumprimento


Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação
do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso,
a detração ou remição.
Havendo vários crimes em um mesmo processo, a soma ou unificação é feita pelo juiz da condenação. Havendo
vários processos, a providência cabe ao juiz da execução, que determinará o regime de acordo com as normas do
código penal (art. 33).
Cumprem-se as penas mais graves em primeiro lugar. Ex.: primeiro se cumpre a pena por crime hediondo e, depois,
as outras, que admitem progressão. E o regime de reclusão antecede o de detenção.

Soma e unificação das penas para fixar limite máximo de cumprimento:


O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a trinta anos. Assim, ainda que
um indivíduo seja condenado a sessenta anos, ao final, ele só cumprirá trinta.

 Sobrevindo condenação por fato anterior ao início do cumprimento, a nova pena será lançada no
montante total anterior, sem qualquer modificação. Ex.: o sujeito foi condenado a 300 anos, e, durante o
cumprimento, mas por fato anterior, é condenado a mais 30. A condenação passa a ser de 330, mas o sujeito
só cumprirá trinta (se já houver cumprido 20, só cumprirá mais 10).

 Se o fato for posterior, a nova pena é somada ao que resta para cumprimento da anterior. Ex.:
considerando os mesmos números do exemplo anterior, o sujeito, quando sobrevém a nova condenação, já
havia cumprido vinte anos, restando 10. Com a nova pena, cumprirá 30 (os 10 que faltavam, mais os trinta da
nova pena, resultando em 40, que devem ser reduzidos a trinta). Note-se que, neste caso, o sujeito ficará
cinquenta anos seguidos preso.

Súmula 715 STF – A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou o
regime mais favorável de execução.

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O STF entende que o limite do art. 75 do CP é extensível à medida de segurança.

Detração

É o desconto, na pena aplicada, do tempo de prisão provisória (qualquer das espécies), no Brasil ou no exterior, do
de prisão administrativa ou de internação. Antes da Lei 12.736/12, era matéria de competência exclusiva do juízo da
execução (66, III, c, da LEP). Todavia, aquela lei acresceu o § 2º ao art. 387 do CPP, determinando ao juiz da
condenação que, na sentença, já compute “o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação,
no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade”. A detração feita pelo magistrado na sentença altera o regime inicial de pena:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA QUANTO AO


DELITO DE RECEPTAÇÃO. ROUBO. AUTORIA E MATERIALIDADE
DEMONSTRADAS. DOSIMETRIA DA PENA. PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN
PEJUS INDIRETA. REDIMENSIONAMENTO DA PENA DE OFÍCIO. EXCLUSÃO DA
REINCIDÊNCIA. REGIME ABERTO. DETRAÇÃO. ART. 387, § 2º DO CPP.
APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 6. Para fins de determinação do regime inicial
de cumprimento da pena, deve-se efetuar a detração, descontando-se da pena aplicada o
período de prisão provisória cumprida pelo condenado, nos termos do § 2º no art. 387 do
Código de Processo Penal, inserido pela Lei nº 12.736, de 30 de novembro de 2012. (TRF3,
1ª Turma, ACR 00083647620084036105, JUIZ CONVOCADO PAULO DOMINGUES, e-
DJF3 Judicial 1 DATA:27/05/2014)

Detração e sursis: o desconto deve operar-se na pena fixada, se vier a ser cumprida, caso revogado o sursis, mas não
no tempo de suspensão. Segundo o entendimento majoritário, cabe a detração desde que o crime pelo qual o
indivíduo foi condenado tenha sido cometido antes da prisão provisória em processo no qual foi absolvido. Do
contrário, atribuir-se-ia ao réu um “crédito” para delinquir, permitindo-se ao interessado afastar ou subtrair o tempo
de encarceramento em razão de um suposto saldo de prisão provisória.

*Segundo entendimento majoritário, a detração não tem efeitos na determinação da prescrição sobre a pena in
concreto.

Indulto e Graça

A graça é benefício individual concedido mediante provocação (do condenado, MP, Conselho Penitenciário ou
Diretor do estabelecimento). O MP e o Conselho Penitenciário darão parecer se não forem os provocadores. O
indulto é de caráter coletivo e concedido espontaneamente.
São providências discricionárias do Presidente da República (delegáveis a Ministros, ao PGR ou ao AGU) para
extinguir ou comutar penas, mas só provocam a extinção da punibilidade ou outros efeitos previstos no Decreto
após reconhecimento judicial. Os dois termos por vezes são usados indistintamente.
Atingem os efeitos executórios penais da condenação, permanecendo íntegros os civis. Subsistem, também, os
efeitos secundários penais (ex.: reincidência).
São plenos quando extinguem a pena, e parciais quando a reduzem ou comutam em outra de menor gravidade.
Apenas os parciais que substituem uma pena por outra admitem recusa do condenado. Não os que reduzem ou
extinguem a pena.
Predomina o entendimento de ser possível o indulto se já houve trânsito em julgado para a acusação. A concessão
não impede o conhecimento do recurso do réu. “Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem
ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais
superado, considerando que o indulto natalino, por ex., permite que seja concedido o benefício desde que tenha
havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art.
5º, I e II, do Decreto 7.873/2012)” – dizerodireito

Súmula 535-STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de
pena ou indulto. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/06/2015, Dje 15/06/2015.
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No entendimento do STF, as penas correspondentes a infrações diversas devem somar-se para efeito do indulto e
da comutação.
São insuscetíveis de graça e indulto os crimes hediondos (cometidos após a Lei 8072/90), a tortura, o tráfico de
entorpecentes e o terrorismo. Se o Decreto, entretanto, excluir do benefício os crimes hediondos, sem dizer que se
trata apenas dos cometidos após a Lei, impede-se sua concessão para todos, independentemente da data do fato.
*Porque a comutação nada mais é que uma espécie indulto parcial, veda-se também sua incidência em relação a
crimes hediondos, segundo o STF (HC 103.618, HC 115.099).
*Não se aplica o indulto ao tráfico privilegiado, pois a causa de diminuição de pena não descaracteriza a hediondez
do crime (STJ, RHC 28.919/MS, HC 150.894/MS; TRF3, ACR 00040109520094036000).

Anistia

Somente pode ser concedida por lei federal. Pelo Congresso Nacional, com sanção da Presidência. Por ela, o Estado
renuncia ao jus puniendi. Atinge a pretensão punitiva, e tem efeitos similares aos da abolitio criminis, subsistindo,
entretanto, os efeitos civis da sentença penal (inclusive perda de instrumentos ou produto do crime – STF). Pode ser
concedida antes ou depois da condenação.
Espécies:
- plena: não abre exceção ao fato anistiado, abrangendo todos os criminosos;
- restrita ou parcial: menciona os fatos e exige o preenchimento de requisitos;
- especial: crimes políticos;
- comum: crimes comuns;
- própria: antes do trânsito em julgado;
- imprópria: após o trânsito em julgado
- incondicionada: não exige a prática de nenhum ato pelo indivíduo como condição
- condicionada: exige. Ex.: deposição de armas. Esta pode ser recusada pelo beneficiário.

*Em síntese, temos as diferenças entre os institutos no seguinte quadro esquemático:

ANISTIA GRAÇA INDULTO


(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É um benefício concedido pelo Congresso Concedidos por Decreto do Presidente da República.
Nacional, com a sanção do Presidente da
República (art. 48, VIII, CF/88) por meio Apagam o efeito executório da condenação.
do qual se “perdoa” a prática de um fato
criminoso. A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Normalmente incide sobre crimes • Procurador Geral da República
políticos, mas também pode abranger • Advogado Geral da União
outras espécies de delito. • Ministros de Estado
É concedida por meio de uma lei federal Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só
• antes do trânsito em julgado (anistia podem ser concedidos após o trânsito em julgado da
própria) condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia
• depois do trânsito em julgado (anistia mais superado, considerando que o indulto natalino, por
imprópria) exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que
tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou
quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena
imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Classificação: Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
antes da condenação. b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
b) Impropriamente dita: quando (comutação).
concedida após a condenação.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
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a) Irrestrita: quando atinge b) Condicionado: quando impõe condição para sua


indistintamente todos os autores do fato concessão.
punível.
b) Restrita: quando exige condição a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex: exige
pessoal do autor do fato punível. Ex: exige primariedade.
primariedade. b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do
agente.
a) Incondicionada: não se exige condição
para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a
sua concessão. Ex: reparação do dano.

a) Comum: atinge crimes comuns.


b)Especial: atinge crimes políticos.
Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
secundários) do crime.

Os efeitos de natureza civil permanecem Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
íntegros. permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto
cometer novo crime não será reincidente. se cometer novo crime será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual É um benefício coletivo
somente a fatos, atinge apenas os que o (com destinatário certo). (sem destinatário certo).
cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).

Suspensão Condicional da Pena

Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se
submete, durante o período de prova, à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas. O
Brasil adotou o sistema franco-belga, no qual, após a condenação, o juiz, levando em conta condições legalmente
previstas, suspende a execução da pena por determinado período, dentro do qual o acusado deve revelar bom
comportamento e atender as condições impostas, pois, caso contrário, deverá cumprir integralmente a sanção penal.
Natureza jurídica: de acordo com o STF e o STJ, trata-se de instituto de política criminal. É uma execução mitigada da
pena privativa de liberdade, sendo que o condenado cumpre a pena que lhe foi imposta de maneira menos gravosa.
É benefício e ao mesmo tempo modalidade de satisfação da pena.

*Outras 2 correntes: b) direito público subjetivo do condenado (STF afastou essa posição no HC 85.790/RJ); e c) pena
– espécie de pena, embora não prevista no art. 32 do CP (também afastada pela doutrina).

ESPÉCIES DE SURSIS
SURSIS SIMPLES SURSIS ESPECIAL SURSIS ETÁRIO SURSIS
HUMANITÁRIO
Previsão legal: art. Previsão legal: art. 77, c/c Previsão legal: art. Previsão legal: art. 77,
77, c/c art. 78, § art. 78, § 2º, do CP. 77, § 2º, do CP. § 2º, in fine do CP.
1º, do CP.
Pressuposto: Pressupostos: Pressupostos: Pressupostos:
Pena imposta não a) Pena imposta não a) Pena imposta não a) Pena imposta não
superior a 2 anos, superior a 2 anos. Deve superior a 4 anos, superior a 4 anos,
considerando-se o ser considerado-se o considerando-se o considerando-se
concurso de concurso de delitos. concurso de delitos. concurso de delitos.
delitos. b) reparação do dano ou b) Ser idoso com b) Condições de saúde
impossibilidade de fazê-lo mais de 70 anos. do condenado.

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Período de Prova: Período de Prova: varia de Período de Prova: Período de Prova:


varia 2 a 4 anos. 2 a 4 anos. varia de 4 a 6 anos. varia de 4 a 6 anos.

No primeiro ano No primeiro ano da No primeiro ano da No primeiro ano da


da suspensão: suspensão: suspensão: suspensão:
a) prestação de a) proibição de frequentar Se reparou o dano Se reparou o dano ou
serviços à determinados lugares e ou mostrou mostrou
comunidade ou b) proibição de se impossibilidade de impossibilidade de
b) limitação de ausentar da comarca sem fazê-lo: art. 78, § 2º. fazê-lo: art. 78, § 2º
fim-de-semana. autorização do juiz e
c) comparecimento Se não reparou o Se não reparou o dano
mensal em juízo para dano ou não ou não mostrou
comprovar atividades. mostrou impossibilidade de
impossibilidade de fazê-lo: art. 78, § 1º
fazê-lo: art. 78, § 1º.
Requisitos: Requisitos: Requisitos: Requisitos:
a) Condenado não a) Condenado não a) Condenado não a) Condenado não
reincidente em reincidente em crime reincidente em crime reincidente em crime
crime doloso. doloso. doloso. doloso.
b) Circunstâncias b) Circunstâncias judiciais b) Circunstâncias b) Circunstâncias
judiciais favoráveis (princípio da judiciais favoráveis judiciais favoráveis
favoráveis suficiência) (princípio da (princípio da
(princípio da c) Não cabível ou não suficiência) suficiência)
suficiência) indicada restritiva de c) Não cabível ou não c) Não cabível ou não
c) Não cabível ou direitos. indicada restritiva de indicada restritiva de
não indicada direitos. direitos.
restritiva de
direitos.

Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. (Condições judiciais)

Revogação Obrigatória (art. 81, I, CP):


 condenação definitiva por crime doloso
 não reparação do dano sem motivo justificado
 Descumprimento injustificado do art. 78, § 1º (prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana)

Revogação Facultativa
 descumprimento injustificado das condições que estejam FORA do art. 78, § 1º
 Condenação definitiva por crime CULPOSO (se doloso é obrigatória) ou CONTRAVENÇÃO PENAL a
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU RESTRITIVA DE DIREITOS (Pena de multa não gera a
revogação)

*Entende-se possível o sursis sucessivo quando se tratar de hipótese de revogação facultativa.


*SURSIS na Lei de Crimes Ambientais traz prazos e condições diferenciados: - Pena não superior a 3 anos; - Sursis
Especial sujeitará a limitações referentes ao meio ambiente, fixadas livremente pelo juiz (a lei não diz). A reparação
do dano (sursis especial) SÓ pode ser comprovada através de LAUDO DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL.

Reabilitação
Reabilitação é o instituto jurídico-penal que se destina a promover a reinserção social do condenado, a ele
assegurando: i) o sigilo de seus antecedentes criminais; ii) a suspensão condicional de determinados efeitos
secundários de natureza penal e específicos da condenação (Masson).
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Natureza jurídica: medida de política criminal. Não se trata de causa de extinção da punibilidade, visto que estas
operam efeitos irrevogáveis ao passo que a reabilitação, se revogada, restabelece o status quo ante.
O art. 202 da LEP estabelece que:

Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões
fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência
à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros
casos expressos em lei.

Esse sigilo é mais restrito, podendo ser quebrado por qualquer autoridade judiciária, membro do MP ou delegado de
polícia. De outro turno, o sigilo assegurado pela reabilitação é mais amplo, pois as informações por ele cobertas
somente podem ser obtidas por requisição exclusivamente de juiz criminal (não de qualquer integrante do PJ). Nesse
sentido, o art. 748 do CPP: “A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de
antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz
criminal”.

Requisitos:
 Decurso de 2 anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão e do livramento, se não sobrevier revogação;
 Tenha tido domicílio no país no prazo acima referido;
 Demonstração efetiva e constante, durante esse tempo, de bom comportamento público e privado;
 Ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrado a absoluta impossibilidade de fazê-lo, até o dia do
pedido, ou exiba documento que prova a renúncia da vítima ou novação da dívida.

O pedido é dirigido ao juízo da condenação, e não ao da execução, cabendo apelação em caso de negativa.

Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for
condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

Inclusão e transferência de presos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima


(lei 11.671/08 e decreto nº 6.877/09)

Histórico do tratamento normativo do tema


Sob a atual ordem constitucional, a primeira menção ao que viria a ser o Sistema Penitenciário Federal (SPF) se
encontra no art. 3º da Lei dos Crimes Hediondos: “A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima,
destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública”.
Depois disso, o SPF foi objeto do § 1º do art. 86 da LEP, introduzido pela Lei 10.792/03 (a mesma que criou o RDD):

Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser
executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
§ 1º A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação para
recolher os condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio
condenado.

Às vésperas da inauguração do 1º estabelecimento penal federal (a unidade de Catanduvas/PR, em 23/06/06), ainda


não havia diplomas legais que regulamentassem a inclusão ou transferência de presos para os estabelecimentos da
União, o que motivou a edição, pelo CJF, da Resolução CJF 502, de 09/05/2006, cujo art. 7º reconheceu o objetivo
de regular, provisoriamente, o funcionamento emergencial dos estabelecimentos penais federais e estabeleceu a
vigência preestabelecida de 1 ano, ao cabo do qual foi editada a Resolução CJF 557, de 08/05/2007, cujo art. 7º
teve o mesmo teor.

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Ainda nesse ano, foi editado o Decreto 6.049/07, que criou o Regulamento Penitenciário Federal e estruturou o
funcionamento do SPF. Finalmente, foi editada a Lei 11.671, de 08/05/2008, regulamentada pelo Decreto 6.877/09,
que conferiu adequado tratamento normativo ao tema.13
Dos 5 estabelecimentos prisionais inicialmente previstos, 4 já se encontram em funcionamento:

1) Catanduvas/PR: inaugurada em 23/06/06;


2) Campo Grande/MS: inaugurada em 21/12/06;
3) Porto Velho/RO: inaugurada em 19/06/09;
4) Mossoró/RN: inaugurada em 03/07/09;

*Resta, ainda, a conclusão da unidade de Brasília/DF.

Âmbito de vigência pessoal da lei


Presos, provisórios ou definitivos (art. 3º, Lei 11.671/08).

Excepcionalidade do recolhimento de presos a estabelecimentos penais federais de segurança máxima


Necessidade de decisão prévia e fundamentada do juízo federal competente, somente admissível nos casos em que
a medida se justifique, seja no interesse da (1) segurança pública, seja no do (2) próprio preso (3º, 4º, 10, Lei
11.671/08).

Art. 3º, Decreto 6.877/09: Para a inclusão ou transferência, o preso deverá possuir, ao
menos, uma das seguintes características:
I - ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização
criminosa;
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional
de origem;
III - estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado - RDD;
IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com
violência ou grave ameaça;
V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua
integridade física no ambiente prisional de origem; ou
VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema
prisional de origem.

Competência (3º e 4º, Lei 11.671/08)


De acordo com o STJ, a remoção de preso objeto do art. 86 da LEP (transferência da execução da pena de uma para
outra UF) não consubstancia delegação de competência, mas sim, efetiva “modificação de competência”, operada
pela lei de organização judiciária. Neste sentido:

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO PENAL. TRANSFERÊNCIA


PROVISÓRIA DE PRESOS DE UM ESTADO DA FEDERAÇÃO PARA OUTRO.
INCIDENTES DA EXECUÇÃO PENAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO AO QUAL SE
ENCONTRA VINCULADO O APENADO. 1. Se a execução penal é transferida para outra
Unidade da Federação, consectário lógico da remoção operada, a teor do art. 86 da Lei nº
7.210/84, o Juiz competente para esse fim é o indicado pela Lei de Organização Judiciária,
ou seja, aquele da Unidade da Federação onde se executará a pena. Está-se diante não de
uma simples delegação de competência de um Estado para outro, mas de verdadeira
modificação de competência. 2. Não há olvidar a competência do Juízo das Execuções
fluminense para decidir quanto à conveniência da remoção, a teor do art. 5º da Lei
11.671/2008. Entretanto, a execução das penas é da competência do Juízo Federal de
Catanduvas/PR, em atenção ao art. 1º, § 1º, da Resolução nº 557/07 do Conselho da Justiça

13 É de ser analisada a possível relação entre as megarrebeliões coordenadas pelo PCC em SP em 2001 e 2006 e a
legislação/concretização do SPF.
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Federal, (redação similar ao artigo 4º, § 1º da Lei nº 11.671/2008), que determina: "A
execução penal da pena privativa de liberdade, no período em que se efetivar a
transferência, ficará a cargo do juízo federal competente." 3. Para o fiel cumprimento da
execução penal deve-se levar em conta, diante das circunstâncias do caso concreto, não
apenas as conveniências pessoais e familiares dos presos, bem como os da Administração
Pública, sobretudo quando relacionadas com o efetivo cumprimento da pena, uma vez que
se reconheça a impossibilidade do Juízo que solicitou o deslocamento dos apenados de se
fazer presente no local do cumprimento da pena para acompanhá-la e tratar de incidentes
que surjam no decorrer da execução. Exegese do Enunciado Sumular 192 desta Corte, a
corroborar a regra disposta no art. 66, III da Lei de Execuções Penais. 4. Conflito
conhecido para determinar competente o suscitante, Juízo Federal da Seção de Execução
Penal de Catanduvas da Seção Judiciária do Estado do Paraná.(CC 90702/PR, Rel.
Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009)

Súmula 192 STJ: Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a administração estadual.

A competência, em se tratado de inclusão e transferência de preso em estabelecimento penal federal de segurança


máxima se regula da seguinte forma:

1ª hipótese: execução penal da pena privativa de liberdade, no período em que durar a


transferência:
- competência do juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o
estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o preso.
2ª hipótese: prisão provisória: a competência se subdivide da seguinte forma:
1) para a fiscalização da prisão provisória:
- competência deprecada, mediante carta precatória, pelo juízo de origem ao juízo federal
da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o estabelecimento penal federal de
segurança máxima ao qual for recolhido o preso;
2) para o processo e seus incidentes:
- competência do juízo de origem.

Legitimação ativa para o processo de transferência


a) autoridade administrativa;
b) Ministério Público; e
c) preso.

Procedimento (DPL)

No juízo de origem (responsável pela execução penal ou pela prisão provisória = juiz da causa penal*)

* 1. PRISÃO PREVENTIVA. Cumprimento. Definição do local. Transferência determinada


para estabelecimento mais curial. Competência do juízo da causa. Aplicação de Regime
Disciplinar Diferenciado - RDD. Audiência prévia do Ministério Público e da defesa.
Desnecessidade. Ilegalidade não caracterizada. Inteligência da Res. nº 557 do Conselho da
Justiça Federal e do art. 86, § 3º, da LEP. É da competência do juízo da causa penal
definir o estabelecimento penitenciário mais curial ao cumprimento de prisão
preventiva. (...) (STF, 2ª Turma, HC 93391, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, j. em
15/04/2008)

a) emissão de juízo de admissibilidade da necessidade da transferência do preso para estabelecimento penal federal
de segurança máxima. Com tal juízo de admissibilidade, inicia-se a transferência do preso.
b) instrução dos autos de transferência (ver arts. 5º, § 3º, da Lei 11.671/07, e arts. 4º a 6º do Decreto 6.877/09);

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c) manifestação, no prazo de 5 dias cada, quando não requerentes, da autoridade administrativa, do Ministério
Público, da defesa, do DEPEN (a este último é facultado indicar o estabelecimento penal federal mais adequado);
d) envio dos autos de transferência ao juízo federal competente.
d.1) hipótese de execução penal da pena privativa de liberdade: encaminhamento dos autos da execução penal.
d.2) hipótese de prisão provisória: basta o envio da carta precatória, devidamente instruída.

No juízo federal competente (= juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o
estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o preso)
a) se necessárias diligências complementares: manifestação, em 5 dias, do MPF e da Defesa;
b) decisão em 5 dias acerca da transferência e do período de permanência: em regra, a decisão fundamentada é
prévia à transferência.

Transferência imediata do preso e diferimento do contraditório/ampla defesa/instrução


Exceção no art. 5º, § 6º Lei 11.671/08: “Havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá autorizar a imediata
transferência do preso e, após a instrução dos autos, na forma do § 2º deste artigo, decidir pela manutenção ou
revogação da medida adotada.” Restará diferido no tempo o DPL (contraditório/ampla defesa/instrução), nos termos
do art. 5º § 6º Lei 11.671/08.

*Tal como afirmado, a Lei nº 11.671/2008 prevê que, havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá autorizar a
imediata transferência do preso e após o preso estar incluído no sistema penitenciário federal, ouvir as partes
interessadas e decidir pela manutenção ou revogação da medida adotada. Desse modo, em caso de situações
emergenciais, o contraditório será diferido.
Em 2013, o STF decidiu que a transferência de preso para presídio federal de segurança máxima sem a sua prévia
oitiva, desde que fundamentada em fatos caracterizadores de situação emergencial, não configura ofensa aos
princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da individualização da pena e da dignidade da pessoa
humana.
1ª Turma. HC 115539/RO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 3/9/2013 (Info 718).

*É entendimento pacífico do STJ e do TRF1, que o direito ao cumprimento da pena em local próximo ao seio familiar
(valores da ressocialização do condenado e da garantia do DPL – interesse privado) deve ceder em prol da garantia
do valor da segurança pública (interesse público).

Temporariedade do recolhimento de presos a estabelecimentos penais federais de segurança máxima (art. 10, Lei
11.671/08)
A inclusão do preso em estabelecimentos penais federais de segurança máxima deve ser determinada, inicialmente,
no prazo máximo de 360 dias.

Renovação do prazo: possibilidade de renovação ilimitada


Excepcionalmente, quando solicitado motivadamente pelo juízo de origem, observados os requisitos da
transferência, é possível renovar o prazo de permanência do preso em estabelecimentos penais federais de
segurança máxima, nos termos dos parágrafos do art. 10 da Lei 11.671/08.
Observe-se que a motivação do pedido de renovação será idônea se baseada nos mesmos motivos ensejadores do
pedido de inclusão, nos termos do art. 3º da Lei, quais sejam: (1) interesse da segurança pública ou (2) interesse do
próprio preso.
Segundo o STJ, a lei não limitou no tempo a possibilidade de renovação do prazo de permanência do preso em
estabelecimentos penais federais de segurança máxima. Nesse sentido, confiram-se os seguintes julgados:

I - Conflito de competência conhecido, porquanto previsto no art. 10, § 5º, da Lei n.


11.671/2008, bem como por envolver juízos vinculados a Tribunais diversos, de modo a
determinar a competência originária do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 105,
I, "d", da Constituição da República. II - Nos termos previstos na Lei n. 11.671/2008, a
inclusão de preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima é medida
excepcional, a ser estabelecida por prazo determinado, não superior a 360 (trezentos e
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sessenta) dias, período de permanência renovável, excepcionalmente, quando solicitado


motivadamente pelo juízo de origem, observados os requisitos da transferência (art. 10 caput
e § 1º), não havendo, outrossim, restrição legal ao número de renovações. III - O art. 3º
da Lei n. 11.671/2008 estabelece que os requisitos para inclusão ou transferência do preso
são o interesse da segurança pública ou o interesse do próprio preso, conforme hipóteses
objetivamente indicadas no art. 3º do Decreto n. 6877/2009. IV - O termo inicial do prazo de
permanência do preso no estabelecimento penal federal de segurança máxima retroage ao dia
seguinte ao término do prazo anterior, tanto no hipótese de aceitação da renovação, quanto
na de renovação da permanência decidida por meio de conflito de competência. V - O Juízo
de Direito da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro/RJ, de forma motivada,
demonstrou, com base em elementos concretos, a persistência dos motivos de interesse da
segurança pública objetivamente indicados no art. 3º do Decreto n. 6877/2009, que
determinaram a transferência do Reeducando ao estabelecimento penal federal de segurança
máxima, a justificar a renovação da permanência do no Presídio Federal de Mossoró/RN,
nos termos previstos no § 1º do art. 10, da Lei n. 11.671/2008. VI - Persistindo os motivos
de interesse da segurança pública que determinaram a transferência do preso para o
estabelecimento penal federal de segurança máxima, a renovação da permanência é
providência que se impõe. VII -. (STJ, 3ª Seção, CC 127.913/RJ, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, j. em 11/12/2013, DJe 03/02/2014)
(...) III - A Lei n° 11.671/2008 não estabeleceu qualquer limite temporal para a
renovação de permanência do preso em estabelecimento penal federal de segurança
máxima. IV - O recolhimento em penitenciária federal se justifica no interesse da segurança
pública ou do próprio preso, revestindo-se de caráter excepcional (art. 3° da Lei n°
11.671/2008). V - In casu, a prorrogação de permanência encontra-se fundamentada em
dados concretos que demonstram a excepcionalidade da medida, pois o retorno do paciente à
penitenciária estadual acarreta risco à segurança pública. Com efeito, trata-se de preso de
alta periculosidade, com elevado grau de articulação, um dos líderes da facção
criminosa autodenomidada "PCC", que foi transferido para o presídio federal porque
tentou executar pessoas no presídio estadual, causar rebelião e implantar ramificação
do movimento criminoso no Estado do Mato Grosso. Além disso foram apreendias armas
de fogo e munições em sua cela e há notícia de que determinou a explosão do muro de outra
penitenciária federal. VI - De fato, tais circunstâncias, somadas à superlotação e falta de
segurança da penitenciária de origem (noticiadas pelo próprio governo estadual) são aptas à
manutenção de sua permanência do presídio de segurança máxima, como medida
excepcional e adequada para resguardar a ordem pública e a própria incolumidade do
apenado. Ordem denegada. (HC 146.033/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 01/06/2010, DJe 02/08/2010)

Conflito de competência
A Lei 11.671/08 prevê duas hipóteses em que o juízo de origem pode suscitar conflito de competência:
a) art. 9º: juízo federal rejeita o pedido de transferência do preso para estabelecimento penal federal de
segurança máxima;
b) art. 10, § 5º: juízo federal rejeita o pedido de renovação da permanência do preso em estabelecimento
penal federal de segurança máxima.
Superlotação

Art. 11 Lei 11.671/08. A lotação máxima do estabelecimento penal federal de segurança


máxima não será ultrapassada.
§ 1º O número de presos, sempre que possível, será mantido aquém do limite de vagas, para
que delas o juízo federal competente possa dispor em casos emergenciais.
§ 2º No julgamento dos conflitos de competência, o tribunal competente observará a vedação
estabelecida no caput deste artigo.

Cada uma das 4 unidades penitenciárias atualmente em funcionalmente tem capacidade para 208 presos.

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Transferência de presos entre estabelecimentos penais federais


A possibilidade de transferência de presos entre estabelecimentos penais federais está prevista no art. 12 do
Decreto 6.877/09, mas não na Lei 11.671/08.

Art. 12. Mediante requerimento da autoridade administrativa, do Ministério Público ou do


próprio preso, poderão ocorrer transferências de presos entre estabelecimentos penais
federais.
§ 1º O requerimento de transferência, instruído com os fatos motivadores, será dirigido ao
juiz federal corregedor do estabelecimento penal federal onde o preso se encontrar, que
ouvirá o juiz federal corregedor do estabelecimento penal federal de destino.
§ 2º Autorizada e efetivada a transferência, o juiz federal corregedor do estabelecimento
penal federal em que o preso se encontrava comunicará da decisão ao juízo de execução
penal de origem, se preso condenado, ou ao juízo do processo, se preso provisório, e à
autoridade policial, se for o caso.

Curiosidade: suspeitos de ordenar os recentes ataques no RJ a partir do interior da penitenciária federal de


Catanduvas, quinze presos, dentre os quais Marcinho VP e Elias Maluco, foram transferidos para a unidade de Porto
Velho em 25/11/10.

OBS: referida lei é quase uma reprodução integral da Resolução 557 do CJF, a qual disciplinou a matéria por um
período de 1 ano.

E. DIREITO CIVIL

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO.


TEORIA DOS RISCOS. VÍCIOS REDIBITÓRIOS. COMPRA E VENDA. COMPROMISSO
DE COMPRA E VENDA. MANDATO.

1.1 CONTRATO
1.2 Conceito
CONTRATO é um negócio jurídico em que as partes convergem vontades contrapostas, com o escopo de
atingir determinados interesses, segundo as limitações impostas pelos princípios da FUNÇÃO SOCIAL e da
BOA-FÉ OBJETIVA.
O contrato é um negócio jurídico, que tem forma livre, exceto no que for determinado pela lei.
1.3 Classificação dos contratos
RECIPROCAMENTE
CONSIDERADOS EM SI MESMOS
CONSIDERADOS
Unilaterais ou bilaterais CONTRATOS PRINCIPAIS ou
Quanto à natureza da obrigação Onerosos ou gratuitos
CONTRATOS-BASE
Comutativos ou aleatórios

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Formais ou reais
Consensuais, formais ou
Quanto à forma
reais
Quanto à designação Nominados e inominados
Alienação de bens
Quanto ao objeto (conteúdo do Transmissão de uso e gozo
direito conferido) Prestação se serviço
Conteúdo especial
CONTRATOS ACESSÓRIOS ou
Execução imediata
Quanto ao tempo de execução Execução mediata CONTRATOS-DERIVADOS
Execução diferida
Intuito personae ou
Quanto à pessoa do contratante
impessoal

1.3.1 Considerados em si mesmos (principais classificações)

- BILATERAIS ou UNILATERAIS

Unilaterais: apenas um dos contratantes assume obrigações em face do outro, de tal sorte que os efeitos
são ativos de um lado e passivos do outro, pois uma das partes não se obrigará, não havendo, portanto,
qualquer contraprestação.
Ex: doação pura e simples; depósito; comodato; mútuo; mandato.
Os contratos unilaterais requerem duas manifestações de vontade (negócio jurídico bilateral), mas colocam
um só dos contratantes na posição de devedor, ficando o outro como credor.
Bilateral imperfeito (Olindo Menezes): a reciprocidade de obrigações surge apenas e eventualmente na
execução do contrato. Ex.: o depósito e o comodato, quando geram despesas para o depositário e para o
comodatário. (Não deve ser alterada a classificação).

Bilaterais: são os contratos em que cada um dos contratantes é simultânea e reciprocamente credor e
devedor do outro, pois produz direitos e obrigações para ambos, tendo por característica principal o
SINALAGMA, ou seja, a dependência recíproca de obrigações (CONTRATOS SINALAGMÁTICOS).

SOMENTE SE APLICAM AOS CONTRATOS BILATERAIS


1.3.1.1.1.1.1 EXCEPTIO NON
Exceção do contrato não cumprido. NÃO se aplica a contratos
INADIMPLETI
unilaterais
CONTRACTUS
Admite o inadimplemento como condição resolutiva. Os
CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA contratos bilaterais contêm implícita ou explicitamente essa
cláusula.

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CONTRATOS UNILATERAIS: o contraente a quem o contrato


aproveite responde por culpa e por dolo responde aquele a quem
não favoreça.
TEORIAS DOS RISCOS Princípio da res perit creditori.
CONTRATOS BILATERAIS: cada contratante responde por dolo.
Princípio da res perit debitori.
Fica a obrigação em suspenso até que seja prestada garantia real
ou fidejussória suficiente, já que as circunstâncias supervenientes
de modificação no patrimônio do devedor alteram os termos
ARTIGO 477 contratuais, permitindo ao contratante que se comprometeu a
realizar a sua prestação em primeiro lugar recusar-se a cumpri-la,
até que o outro satisfaça sua obrigação ou dê garantia bastante de
que cumprirá o prometido.

- ONEROSOS ou GRATUITOS

Gratuitos ou benéficos: contratos em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem (atribuição
patrimonial).
Onerosos: ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual corresponde uma redução patrimonial.
A doutrina distingue os contratos gratuitos propriamente ditos dos contratos desinteressados. Aqueles
acarretam uma diminuição patrimonial a uma das partes, como se dá nas doações puras. Estes,
subespécies dos primeiros, não produzem esse efeito, malgrado beneficiem a outra parte, ou seja, os
contratos desinteressados são aqueles em que há vantagem patrimonial somente para uma das partes,
mas sem redução patrimonial para a outra (comodato e mútuo, p.ex.).
“Como decorrência lógica da estrutura contratual, em regra, o contrato oneroso é bilateral, o gratuito
unilateral. Mas pode haver exceção, como é o caso do contrato de mútuo de dinheiro sujeito a juros –
mútuo feneratício – pelo qual além da obrigação de restituir a quantia emprestada – contrato unilateral - ,
devem ser pagos os juros – contrato oneroso” (Tartuce).

- COMUTATIVOS ou ALEATÓRIOS

Os contratos onerosos subdividem-se em comutativos e aleatórios.


a) Contrato comutativo: partes já sabem quais são as prestações, ou seja, essas são conhecidas ou pré-
estimadas. Ex: compra e venda.
b) Contrato aleatório: prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da
celebração do negócio jurídico pelo fato de depender da sorte, da álea, que é um fator desconhecido. Ex:
contrato de seguro.
Contratos acidentalmente aleatórios: contratos tipicamente comutativos, mas que, em determinadas
circunstâncias, tornam-se aleatórios. Ex.: venda de coisa sujeita a risco (art. 483, CC).

O CC/2002 consagra duas formas básicas de contratos aleatórios:


b1) Contrato aleatório emptio spei – um dos contratantes toma para si o risco relativo à própria existência
da coisa, sendo ajustado um determinado preço, que será devido integralmente, mesmo que a coisa não
exista no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte (art. 458 do CC). O risco é maior. No caso
de compra e venda, essa forma negocial pode ser denominada venda de esperança.
b2) Contrato aleatório emptio rei speratae – se o risco versar somente em relação à quantidade da coisa
comprada, pois foi fixado pelas partes um mínimo como objeto do negócio (art. 459 do CC). Na compra e
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venda trata-se da venda da esperança com coisa esperada.

ATENÇÃO: Contratos condicionais x contratos aleatórios:


No contrato condicional, a sua eficácia fica dependendo do acontecimento de evento futuro e incerto. No
contrato aleatório, o ajuste é perfeito e acabado, ficando a álea adstrita à extensão das vantagens.

- CONTRATOS CAUSAIS E ABSTRATOS


Contratos causais (materiais): a eficácia negocial não se abstrai da fonte da obrigação (contraprestação), ou
mesmo da função típica do ajuste, que pode ser investigada ("causa debendi"). Há uma relação de causa e
efeito entre a pretensão e a obrigação.
Contratos abstratos (formais): a força coercitiva deriva apenas da forma externa que exibem, com
abstração da causa geradora da obrigação. Sua eficácia é desligada da fonte (causa). Negócios cartulares:
decorre da abstração dos títulos de crédito, que, postos em circulação, desvinculam-se do negócio que lhe
deu origem.

- CONSENSUAIS ou REAIS

Consensuais ou formais: se perfectibilizam com a simples manifestação do consentimento (cf. abaixo, sobre
elementos intrínsecos dos contratos).

Contratos reais: exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de
objeto. Ex: depósito, comodato ou mútuo. São, também, unilaterais.
“Não se pode confundir o aperfeiçoamento do contrato – plano de validade – com o seu cumprimento –
plano da eficácia. A compra e venda gera efeitos a partir do momento em que as partes convencionam
sobre a coisa e o seu preço. No caso da compra e venda de imóveis, o registro mantém relação com a
aquisição da propriedade do negócio decorrente, o mesmo valendo para a tradição nos casos envolvendo
bens móveis. Utilizando a escada ponteana, o registro e a tradição estão no plano da eficácia desse
contrato. No que concerne à tradição, é melhor dizer que está, em regra, no plano da eficácia. Isso porque,
no caso dos contratos reais, a entrega da coisa está no plano da validade.” (Tartuce).

Contratos solenes: Somente se aperfeiçoam com observância de forma prescrita em lei, que é da
substância do ato (ad solemnitatem), sob pena de nulidade. Ex.: compra e venda de imóveis (art. 108),
pacto antenupcial (art. 1653).

- NOMINADOS ou INOMINADOS

Contratos nominados são os que têm designação própria. Inominados são as que não a têm.
Contratos típicos são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. Contratos atípicos são os
que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e
regulados na lei.
1.3.2 Reciprocamente considerados
Contratos principais: são os que existem por si, exercendo sua função e finalidade independentemente de
outro.

Contratos acessórios: são aqueles cuja existência jurídica supõe a dos principais, pois visam a assegurar a
sua execução. EXEMPLO: a fiança é contrato acessório, estabelecido para garantir a locação, que é contrato
principal.
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Regras gerais: devem obedecer aos seguintes princípios fundamentais:


a) nulidade da obrigação principal acarretará a das acessórias, porém a destas não implica a da
principal;
b) a prescrição da pretensão relativa à obrigação principal induzirá à alusiva às acessórias, mas a
recíproca não é verdadeira; assim, a prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito
principal.
1.3.3 Outras classificações
Quanto à independência contratual:

Contrato-base e contrato derivado

Carlos Roberto Gonçalves: alguns contratos são denominados derivados ou subcontratos, por também
dependerem ou derivarem de outros. Têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato,
denominado básico ou principal. Entre os principais subcontratos, destacam se a sublocação, a
subempreitada e a subconcessão.

Contrato derivado x contrato acessório: esses contratos têm em comum com os acessórios o fato de que
ambos são dependentes de outro. Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria
natureza do direito versado no contrato base. Nessa espécie de avença, um dos contratantes transfere a
terceiro, sem se desvincular, a utilidade correspondente à sua posição contratual. O locatário, por exemplo,
transfere a terceiro os direitos que lhe assistem, mediante a sublocação. O contrato de locação não se
extingue, e os direitos do sublocatário terão a mesma extensão dos direitos do locatário, que continua
vinculado ao locador.

Contrato derivado e cessão da posição contratual: o subcontrato também se distingue da cessão da posição
contratual, na qual o contrato básico persiste em sua integridade, mas com novo titular, o cessionário. No
contrato derivado, no entanto, surge uma nova relação contratual, sem alteração da primeira, havendo
apenas um dos sujeitos que é titular de ambos os contratos.

Adverte Sílvio Venosa que, “como consequência da derivação, o direito contido no subcontrato tem como
limite o direito contido no contrato base; sua extensão não pode ser ultrapassada. Aplica-se o princípio
segundo o qual ninguém pode transferir mais direito do que tem. No mesmo diapasão, se o contrato
principal se extingue, extingue-se o contrato derivado por impossibilidade material de sua continuação”.

(TRF1) – O contrato derivado tem o condão de extinguir o contrato base?


NÃO. O mecanismo técnico do contrato derivado propicia, por parte de terceiro, o gozo das utilidades do
contrato base, SEM, CONTUDO, LEVÁ-LO À EXTINÇÃO.
EX. 1: a sublocação, como ocorre com qualquer contrato derivado, haverá de seguir o contrato-base
(LOCAÇÃO), não podendo, desta forma, permitir o que este proíbe. Assim, extinto o contrato-base, seja
qual for a sua causa, serão também extintas as eventuais sublocações, ressalvados direitos indenizatórios
em favor do sublocatário contra o sublocador.
EX. 02: CONTRATO DE SUBEMPREITADA NA CONSTRUÇÃO CIVIL é o contrato celebrado entre empreiteira e
outras empresas para a execução de obra ou de serviços na construção civil, no todo ou em parte, com ou
sem fornecimento de material. A subempreitada é um contrato derivado (expressão que serve para explicar
que ele depende de um contrato principal, o de empreitada. Pode ser total ou parcial (conforme abranja
todo o conjunto da obra ou parte dela).

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Contratos coligados – Carlos Roberto Gonçalves: constitui uma pluralidade, em que vários contratos
celebrados pelas partes apresentam-se interligados. Quando o elo entre eles consiste somente no fato de
constarem do mesmo instrumento, não existe propriamente coligação de contratos, mas, sim, união de
contratos. Aquela passa a existir quando a reunião é feita com dependência, isto é, com um contrato
relacionado ao outro, por se referirem a um negócio complexo. Apesar disso, conservam a individualidade
própria, distinguindo-se, nesse ponto, do misto. Contratos coligados são, pois, os que, embora distintos,
estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita.

“são, pois, os que embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita. (...) são
os que se encontram ligados por um nexo funcional, podendo essa dependência ser bilateral – vende o
automóvel e a gasolina - ; unilateral – compra o automóvel e arrenda a garagem, ficando o arrendamento
subordinado à compra e venda -. Alternativa – compra a casa na praia ou, se não for para lá transferido,
loca-a para veraneio. Mantém-se a individualidade dos contratos, mas as vicissitudes de um podem influir
sobre o outro” (Tartuce). Os contratos coligados deve ser interpretados segundo os critérios de
hermenêutica do CC, em especial dos arts. 112 e 113, considerada a sua conexão funcional (Em. n.
421/CJF).
Sobre a matéria, já decidiu o STJ:
“(...) Os contratos coligados são aqueles que, apesar de sua autonomia, se
reúnem por nexo econômico funcional, em que as vicissitudes de um podem
influir no outro, dentro da malha contratual na qual estão inseridos. "Por força de
disposição legal, da natureza acessória de um deles ou do conteúdo contratual
(expresso ou implícito), encontram-se em relação de dependência unilateral ou
recíproca" (MARINO, Francisco Paulo de Crescenzo. Contratos coligados no direito
brasileiro. (...). Nesse passo e em uma perspectiva funcional dos contratos, deve-
se ter em conta que a invalidade da obrigação principal não apenas contamina o
contrato acessório (CC, art. 184), estendendo-se, também, aos contratos
coligados, intermediário entre os contratos principais e acessórios, pelos quais a
resolução de um influenciará diretamente na existência do outro (REsp 1141985)
AGRAVO REGIMENTAL EM RESP. (...) CISÃO, ACORDO DE ACIONISTAS E
LOCAÇÃO. CONTRATOS COLIGADOS. FUNÇÃO ECONÔMICA COMUM. ART. 19
DA LEI 8.245/91. MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO DOS PACTOS.
AVENÇA NÃO ALTERADA. REVISIONAL QUE NÃO VISA AO RESTABELECIMENTO
DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO SOCIAL. FALTA DE INTERESSE DE AGIR.
VIOLAÇÃO À BOA-FÉ OBJETIVA. RESP. PROVIDO. ART. 557, § 1o.-A DO CPC.
REVISIONAL EXTINTA, SEM EXAME DO MÉRITO (...). 5. A interdependência, a
conexidade ou a coligação dos contratos firmados pelas partes (cisão de empresa,
acordo de acionistas e contrato de locação) resultam claras e evidentes, haja vista a
unidade dos interesses representados, principalmente os de natureza econômica,
constituindo esse plexo de avenças o que a doutrina denomina de contratos coligados;
em caso assim, embora possível visualizar de forma autônoma cada uma das
figuras contratuais entabuladas, exsurge cristalina a intervinculação dos acordos
de vontade assentados, revelando a inviabilidade da revisão estanque e
individualizada de apenas um dos pactos, quando unidos todos eles pela mesma
função econômica comum. (...) (AgRg no REsp 1206723)

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CONTRATOS COATIVOS
Os contratos coativos, ou necessários, inserem-se no âmbito do dirigismo contratual, e consiste na
limitação à liberdade de contratar na medida em que o Estado impõe a uma das partes a obrigação de
contratar. A atuação do Estado, nesses casos, justifica-se para fins de proteção das pessoas vulneráveis, a
fim de equalizar as relações jurídicas em prol da justiça social. Decorre da eficácia horizontal dos direitos
fundamentais. Nesse sentido:
"A técnica dos contratos coativos e necessários não importa jamais a substituição da vontade das partes
pela vontade imposta pela lei, o que neles há é a substituição da vontade "de uma das partes" pela vontade
da lei.
E por qual razão a vontade de uma das partes será substituída pela vontade legal? Trata-se da aplicação do
princípio da igualdade nas relações privadas nas hipóteses em que o exercício da liberdade negocial de
contratar ou recusar a contratação implicar qualquer forma de discriminação. Nestes casos, uma lei ou
sentença que imponham obrigação de efetuar ou de não efetuar um contrato atenderão a ditames de
igualdade de tratamento, como manifestação do dever de proteção das normas de direitos fundamentais.
Em comum aos contratos coativos e necessários, uma pessoa será obrigada a emitir declaração de vontade
necessária à formação de um contrato. Neles apenas uma das partes é vinculada, cabendo a outra optar
por contratar ou não contratar. As partes, mesmo no contrato coativo estão entre si relacionadas por
vínculo obrigacional, o contrato coativo é ainda contrato, só que nele o particular é alcançado pelo dever de
contratar isto é, de assumir obrigação perante terceiro.
Para ORLANDO GOMES, "o contrato coativo, também denominado contrato ditado, imposto, forçado, constitui
negócio jurídico que se realiza sem o pressuposto do livre consentimento das partes". Trata-se de uma simples
ficção, finge-se que o contrato foi concertado. Há contrato coativo quando alguém, contra a vontade, é
compelido a participar de relação jurídica normalmente oriunda de um acordo de vontades, e quando se envolve
numa relação contratual sem ter emitido declaração de vontade" (ROSENVALD).

Ex. de contratos coativos:


1) Art. 39 do CDC: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (...) II -
recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e,
ainda, de conformidade com os usos e costumes; IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais".
2) Contratação de seguro habitacional no âmbito do STF (art. 14 da Lei 4380/64). Note-se que, nesse caso, a
obrigação é imputada ao mutuário (parte mais fraca na relação contratual), mas a norma tem por escopo
justamente a sua proteção, sem se perder de vista a própria sustentabilidade da política pública habitacional. "É
necessária a contratação do seguro habitacional, no âmbito do SFH. Contudo, não há obrigatoriedade de que o
mutuário contrate o referido seguro diretamente com o agente financeiro, ou por seguradora indicada por este,
exigência esta que configura "venda casada", vedada pelo art. 39, inciso I, do CDC" (STJ, REsp 969129 Rep).
3) Os concessionários de serviço público tem a obrigação de prestar o aludido serviço de forma adequada ao
cidadão (art. 7º, I da Lei 8987/95).
4) Outras contratações de seguro obrigatório, nos termos do art. 20 do Decreto-lei 73/66, como o a) danos
pessoais a passageiros de aeronaves comerciais; b) responsabilidade civil do construtor de imóveis em zonas
urbanas por danos a pessoas ou coisas; c) DPVAT; d) bens dados em garantia de empréstimos ou financiamentos
de instituições financeiras pública.

Cabe ainda registrar que o contrato de adesão não se confunde com o contrato coativo. No contrato de
adesão, a parte contratante não possui a liberdade de estipular conteúdo das cláusulas. Há, com efeito,
uma distinção entre a liberdade de estipulação e a liberdade de celebração. A primeira é suprimida, mas a
liberdade de celebração é preservada, pois a parte pode simplesmente deixar de celebrar (aderir) o
contrato. Isso já não ocorre nos contratos coativos, no qual a parte não tem outra alternativa senão

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contratar.

CONTRATOS CATIVOS

Contratos cativos, ou relacionais, são contratos que representam relações jurídicas contínuas e duradouras
entre as partes, que traduzem um vínculo de dependência, de mutualismo, entre elas, acarretando a
obrigação de colaboração mútua na manutenção da relação jurídica contratual.
Para LIMA MARQUES, tais contratos são dotados de grande relevância no contexto atual, sendo que a
sociedade de consumo se beneficia dele, e, ao mesmo tempo, fomenta os serviços.
Nos contratos relacionais, portanto, as partes se interagem no sentido de manter a relação jurídica,
pensando em sua perpetuação.
Nesses contratos, há cláusulas abertas voltadas à regulamentação do processo de renegociação contínua.
Portanto, o contrato relacional estabelece vínculo marcado pela perpetuidade e prolongação no tempo,
razão pela qual as partes devem agir cooperando entre si a fim de manter a sua longevidade.
Ex. de contratos cativos ou de longa duração: planos de saúde, previdência privada, cartão de crédito,
conta-corrente.

1. No moderno direito contratual reconhece-se, para além da existência dos contratos descontínuos,
a existência de contratos relacionais, nos quais as cláusulas estabelecidas no instrumento não
esgotam a gama de direitos e deveres das partes.
2. Se o consumidor contratou, ainda jovem, o seguro de vida oferecido pela recorrida e se esse
vínculo vem se renovando desde então, ano a ano, por mais de trinta anos, a pretensão da
seguradora de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior,
ofende os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar
a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo.
3. Constatado prejuízos pela seguradora e identificada a necessidade de modificação da carteira de
seguros em decorrência de novo cálculo atuarial, compete a ela ver o consumidor como um
colaborador, um parceiro que a tem acompanhado ao longo dos anos. Assim, os aumentos
necessários para o reequilíbrio da carteira têm de ser estabelecidos de maneira suave e gradual,
mediante um cronograma extenso, do qual o segurado tem de ser cientificado previamente. Com
isso, a seguradora colabora com o particular, dando-lhe a oportunidade de se preparar para os
novos custos que onerarão, ao longo do tempo, o seu seguro de vida, e o particular também
colabora com a seguradora, aumentando sua participação e mitigando os prejuízos constatados.
4. A intenção de modificar abruptamente a relação jurídica continuada, com simples notificação
entregue com alguns meses de antecedência, ofende o sistema de proteção ao consumidor e não
pode prevalecer (REsp 1073595).

(...) 5. Nos contratos cativos de longa duração, também chamados de relacionais, baseados na
confiança, o rigorismo e a perenidade do vínculo existente entre as partes pode sofrer,
excepcionalmente, algumas flexibilizações, a fim de evitar a ruína do sistema e da empresa,
devendo ser respeitados, em qualquer caso, a boa-fé, que é bilateral, e os deveres de lealdade, de
solidariedade (interna e externa) e de cooperação recíprocos.
6. Não há ilegalidade na migração de inativo de plano de saúde se a recomposição da base de
usuários (trabalhadores ativos, aposentados e demitidos sem justa causa) em um modelo único, na
modalidade pré-pagamento por faixas etárias, foi medida necessária para se evitar a inexequibilidade
do modelo antigo, ante os prejuízos crescentes, solucionando o problema do desequilíbrio contratual,
observadas as mesmas condições de cobertura assistencial. Vedação da onerosidade excessiva tanto
para o consumidor quanto para o fornecedor (art. 51, § 2º, do CDC). Função social do contrato e

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solidariedade intergeracional, trazendo o dever de todos para a viabilização do próprio contrato de


assistência médica.
7. Não há como preservar indefinidamente a sistemática contratual original se verificada a
EXCEÇÃO DA RUÍNA, sobretudo se comprovadas a ausência de má-fé, a razoabilidade das
adaptações e a inexistência de vantagem exagerada de uma das partes em detrimento da outra,
sendo premente a alteração do modelo de custeio do plano de saúde para manter o equilíbrio
econômico-contratual e a sua continuidade, garantidas as mesmas condições de cobertura
assistencial, nos termos dos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656/1998 (REsp 1479420)

1.4 Elementos constitutivos do contrato (Olindo Menezes)


O contrato, como negócio jurídico específico, demanda elementos constitutivos (essenciais), extrínsecos e
intrínsecos.

1.4.1) Elementos extrínsecos: são os pressupostos contratuais, que se situam no plano de existência do
contrato: capacidade das partes, idoneidade do objeto e legitimação.

a) capacidade das partes: capacidade de direito + capacidade de fato, ou de exercício. Art. 1690 CC/02:
menor de 16 anos - representação; menor entre 16 e 18 - assistência. "Art. 105. A incapacidade relativa de
uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados
capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum".

b) idoneidade do objeto: o objeto do contrato (aquilo que tem utilidade para a pessoa: bens e ações
humanas) deve ser lícito (não contrário à moral, aos bons costumes e à vedação legal; possível (fática e
juridicamente) e determinado ou determinável (art. 104, II, CC). "Art. 106. A impossibilidade inicial do
objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele
estiver subordinado".
c) legitimação para celebrar o contrato: é um "plus" à capacidade; é uma qualidade da parte em relação ao
objeto do contrato que conduz a uma impossibilidade circunstancial de agir. Ex.:
"Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade: I - adquirir por si, ou
por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor; II -
dispor dos bens do menor a título gratuito; III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o
menor".

"Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear,
como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo
remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas
as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada".

"Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente
interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz".

1.4.2) Elementos intrínsecos: são os requisitos contratuais, que se situam no plano de validade do
contrato, dando-lhe aptidão para produzir efeitos jurídicos: consentimento, causa, objeto e forma.

a) Consentimento: emissão de vontade de forma livre, séria e sem divergência entre a vontade real e a
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vontade declarada. "Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem". "Art. 110. A manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento".
A manifestação da vontade pode se dar de forma: i) direta (para fim determinado), que pode ser verbal,
escrita ou simbólica (gestos e sinais, conforme os usos e costumes); ii) indireta, implícita, deduzida do
comportamento das partes. Ex.: o silêncio circunstanciado: "Art. 111. O silêncio importa anuência, quando
as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa".
Vícios de consentimento: a vontade pode estar maculada de erro (art. 138), dolo (art. 145) ou coação (art.
151), que podem ensejar a anulação do contrato (anulabilidade - art. 178).

b) Causa do contrato: função sócioeconômica do contrato em razão da qual se justifica sua proteção
jurídica. Ex.: no contrato de compra e venda, a causa é a aquisição de uma coisa por um contratante, e a
obtenção do preço, pelo outro. Não se confunde com o motivo, que são as representações subjetivas das
partes ao celebrar o contrato, o móvel que levou à manifestação de vontade. Ex.: uma compra e venda de
um carro, o motivo do comprador é a necessidade de um veículo para transportar drogas, e o vendedor
tem como motivo a necessidade do dinheiro para bancar sua festa de casamento. Atenção: o motivo ilícito
somente invalida o negócio jurídico (nulidade) se for comum a ambas as partes (art. 166, CC).
Causa de atribuição patrimonial: o proveito obtido por uma parte no contrato, chamado de atribuição
patrimonial, deve ter uma causa que a justifique, que consiste na contraprestação, sob pena de
enriquecimento sem causa.

c) Objeto do contrato: são as prestações a cargo das partes, ou seja, o conjunto de atos que as partes se
comprometem a praticar na busca da satisfação de interesses e de bens da vida.
i) Objeto imediato: é a obrigação (o conteúdo genérico: a constituição, a modificação ou a extinção de
direitos), os efeitos jurídicos que se visa obter com o negócio jurídico, como a aquisição da coisa na compra
e venda.
ii) Objeto mediato: a prestação, específica e concreta, como objeto da obrigação, que recai sobre um bem
econômico, uma coisa ou serviço, como o pagamento, a entrega da coisa, etc.

d) Forma do contrato: o modo pela qual a vontade se exterioriza.


"Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir" - princípio do consensualismo.
"Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País" - contratos formais e solenes.

- Forma "ad probationem": o direito exige determinada forma para efeito de prova. Ex:
"Art. 227 (CC/02). Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios
jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que
foram celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito".
Atenção !!!: CPC/15: "Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a
prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se
pretende produzir a prova".

- Forma "ad solemnitatem": o direito exige determinada forma sob pena de nulidade. Ex. art. 108, CC.

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1.5 Teoria dos riscos (Olindo Menezes)


A teoria dos riscos busca determinar quem deve suportar o prejuízo decorrente de inadimplemento
fortuito (não culposo, ou impossibilidade da prestação). Não se aplica, portanto, no caso de
inadimplemento culposo, sendo que, nas obrigações decorrentes de negócios jurídicos, em regra, o
devedor se presume (iuris tantum) culpado, cabendo-lhe demonstrar a ocorrência de caso fortuito ou força
maior.

O inadimplemento fortuito extingue a obrigação e exonera o devedor, salvo se este estiver em mora (art.
399), ou se tiver se obrigado em tal situação - contrato aleatório - (art. 393).
"Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir".
"Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade
resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de
culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada".

Em regra, portanto, a impossibilidade da prestação exonera o devedor e extingue a obrigação, podendo


gerar resultados diversos a respeito de quem suporta o prejuízo:
1) Nos contratos unilaterais, o credor suporta o prejuízo ("res periti creditori"), resolvendo-se o contrato
pela extinção da obrigação.
2) Nos contratos bilaterais, há perda do direito à contraprestação pelo contratante que não pode cumprir a
sua prestação ("res periti debitori"), havendo resolução do contrato;
Casuística:

- Contrato de compra e venda, até a tradição, os riscos da coisa correm pelo vendedor e os do preço pelo
comprador (art. 492, CC). Exceções:
"Art. 492. (...) § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que
comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à
disposição do comprador, correrão por conta deste. § 2o Correrão também por conta do comprador os riscos
das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e
pelo modo ajustados".
"Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os
riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor".

- Obrigações genéricas: "Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito". Note-se que, após a concentração do obrigação, a regra
é a prevista para as obrigações de dar coisa certa, aplicando-se o art. 234, segundo o qual, se a coisa se
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes.

- Obrigações alternativas: "Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor,
extinguir-se-á a obrigação". Porém, se apenas uma das prestações se tornarem impossíveis, há
concentração da obrigação, aplicando-se o art. 253: "Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra".

- Obrigação facultativa: não se confunde com as obrigações alternativas. Na obrigação facultativa, além da
prestação pela qual se obrigou o devedor, estabelece-se a possibilidade de ele se liberar cumprindo
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obrigação diversa. Entretanto, se a prestação relativa à obrigação principal se tornar impossível sem sua
culpa, não há concentração da obrigação, e o contrato resolve-se, aplicando-se a regra do art. 234 do CC.

- Obrigação de fazer: "Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-
se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos".

- Obrigação de não fazer: "Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar".

1.6 Vícios redibitórios


Conceito. Os vícios redibitórios são defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da
coisa recebida por força de um contrato comutativo.
Esquema do examinador Olindo Menezes (TRF1): têm fundamento no princípio da garantia; o alienante, no
contrato oneroso, tem o dever de assegurar a funcionalidade da coisa, dentro da sua finalidade. Boa-fé
objetiva.

Requisitos. Poderíamos, assim, elencar os seguintes elementos caracterizadores ou requisitos do vício


redibitórios:
a) a existência de um contrato comutativo (translativo da posse e da propriedade da coisa);
b) um defeito oculto existente no momento da tradição (contemporaneidade);
c) a diminuição do valor econômico ou o prejuízo à adequada utilização da coisa.
Esquema do examinador Olindo Menezes: acresce ao requisito da alínea c o fator “gravidade”, não
envolvendo defeitos insignificantes e removíveis. Ademais, acresce um quarto requisito: desconhecimento
pelo adquirente, em face da diligência ordinária.

Fundamento. A regulação dos vícios redibitórios é uma garantia para o adquirente.


OBS: Não confundir vício redibitório com erro. Este é uma falsa percepção da realidade. É um defeito na
percepção da coisa que, em si, não contém qualquer vício. Aquele é defeito da coisa.

Ações edilícias. Diante da ocorrência dos vícios redibitórios, o adquirente pode propor dois tipos de ação
(não cumuláveis: TRF1), há um concurso de ações:
- ação redibitória: rejeição da coisa. As perdas e danos estão referidas no artigo 443.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais
as despesas do contrato.
- ação estimatória ou ação quanti minoris: abatimento (artigo 442).
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente
reclamar abatimento no preço.
Prazos: art. 445. São prazos decadenciais.
*venda de animais - os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na
falta desta, pelos usos locais.
BEM MÓVEL 30 DIAS Contado da 15 DIAS
SE JÁ ESTAVA Contado da
entrega 6 MESES
BEM IMÓVEL 01 ANO NA POSSE alienação
efetiva

O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia a coisa, então deve ter um prazo
menor para ingressar com ação contra o alienante.
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CRÍTICA: a lei não estabeleceu um prazo mínimo da posse, assim pela letra fria da lei até o prazo de posse
de 01 dia seria suficiente para a perda da metade do prazo decadencial. Assim, seria justo que o legislador
estabelecesse um período de tempo suficiente para o efeito de perda da metade do prazo, na hipótese
prevista na segunda parte do artigo 445.
Há GARANTIA LEGAL (essa estabelecida nos artigos acima), mas há também a GARANTIA CONTRATUAL.
Enquanto o prazo de GARANTIA CONTRATUAL está em curso, o prazo de garantia legal está suspenso, nos
termos do artigo 446, CC, que deve ser aplicado também às relações de consumo, já que não há regulação
no CDC.
OBS: o CDC protege o consumidor não só dos vícios ocultos, mas também dos aparentes. Nesses casos, o
consumidor pode exigir a substituição do produto, o abatimento do preço ou o cancelamento do contrato.

Inf. 554/STJ

Quando o vício oculto, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde (art. 445, § 1°, CC), o
adquirente de bem móvel terá o prazo de trinta dias (art. 445, caput, do CC), a partir da ciência desse
defeito, para exercer o direito de obter a redibição ou abatimento no preço, desde que o conhecimento
do vício ocorra dentro do prazo de cento e oitenta dias da aquisição do bem. O prazo decadencial para
exercício do direito de obter a redibição ou abatimento no preço de bem móvel é o previsto no caput do
art. 445 do CC, isto é, trinta dias. O § 1º do art. 445 do CC apenas delimita que, se o vício somente se
revelar mais tarde, em razão de sua natureza, o prazo de 30 dias fluirá a partir do conhecimento desse
defeito, desde que revelado até o prazo máximo de 180 dias, com relação aos bens móveis. Desse modo,
no caso de vício oculto em coisa móvel, o adquirente tem o prazo máximo de cento e oitenta dias para
perceber o vício e, se o notar neste período, tem o prazo de decadência de trinta dias, a partir da
verificação do vício, para ajuizar a ação redibitória. Nesse sentido, o enunciado 174 do CJF dispõe que: "Em
se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou
abatimento do preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro,
fluindo, entretanto, a partir do conhecimento do defeito".

1.7 CONTRATO DE COMPRA E VENDA. (14)


Conceito: Trata-se de um negócio jurídico bilateral, por meio do qual o vendedor obriga-se a transferir a
propriedade de coisa móvel ou imóvel ao comprador mediante o pagamento de um preço. A compra e
venda por si só já é título suficiente para exigir o cumprimento da obrigação (simples consensualidade).
(art. 481). As obrigações são entregar a coisa (vendedor) e o pagamento pela coisa (comprador).
Elementos:
Consentimento: convergência de vontades contrapostas “Para a perfeição do contrato, o CC exige apenas o
acordo sobre a coisa e o preço” [Tepedino]
Coisa: os direitos podem ser negociados, mas o termo correto é a CESSÃO DE DIREITOS.
Preço: O preço injusto pode ser indício de fraude. O preço fictício descaracteriza o contrato para doação,
por exemplo, venda de apartamento por R$ 1,00. A lei deixa as partes livres para a fixação do preço do
contrato, inclusive ao arbítrio de terceiro. O que a lei não admite é que uma das partes tenha o arbítrio
exclusivo de fixar o preço (artigos 485 e 489 – cláusula potestativa), nesse caso a cláusula e o contrato
serão nulos. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de
objetiva determinação (artigo 487). Neste caso, “dificuldade que se poderia entrever é a circunstância de
variação da cotação no mesmo dia, caso as partes não tenham definido o horário preciso da verificação.
Deve prevalecer o preço médio de mercado na data” [Tepedino] O art. 488, por sua vez, é uma mitigação

14 “A compra e venda possui efeito meramente obrigacional. Vale dizer, não transfere a propriedade
da coisa, antes, cria a obrigação de fazê-lo” [Tepedino]
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da regra de estabelecimento de preços, ele tem aplicação nas hipóteses em que há vendas habituais do
vendedor. Ex: fornecimento de refrigerantes em bar; trata-se do preço presumido.
[Cláusula de fixação do preço por terceiro] “Nunca será possível que o juiz se substitua às partes, e, na falta
de entendimento entre elas, designe um perito ou proceda à determinação do preço ou avaliação da coisa.
Sem a fixação do preço por terceiro, a única solução possível é o desfazimento do contrato. Não cabe, aqui,
na ausência de elemento essencial, a integração judicial” [Tepedino]
Aquisição da propriedade: O contrato de compra e venda no direito brasileiro gera apenas efeitos
OBRIGACIONAIS. Isso significa que, para haver efetiva transferência da propriedade, é necessário, além do
contrato, uma solenidade de transferência (TRADIÇÃO para os bens móveis ou REGISTRO para os bens
imóveis). Tepedino afirma que o contrato em análise é TRANSLATIVO DE PROPRIEDADE, “não no sentido de
operar a transferência, mas de ser o ato causal desta”. A compra e venda é um contrato translativo, mas
que sozinho não gera a transmissão da propriedade, que se perfaz pela tradição ou registro (para imóveis).
Características do contrato
-Típico/nominado: diz-se que o contrato é típico quando as suas regras disciplinares são deduzidas de
maneira precisa nos códigos e nas leis. (Caio Mário).
-Solene: aquele para cuja formação não basta o acordo das partes. Exige-se a observância de certas
formalidades, em razão das quais o contrato se diz também formal. Esta formalidade pode ser ad
solemnitatem (a ausência invalida a declaração de vontade) e ad probationem (imposta como técnica
probatória (art. 227, CC)). (Caio Mário)
- Pode ser Bilateral: cria obrigações para ambos os contratantes; ou plurilateral
-Oneroso: aqueles dos quais ambas as partes visam a obter vantagens ou benefícios, impondo-se encargos
reciprocamente em benefício uma da outra. (Caio Mário).
- Sinalagmático: “direitos e deveres proporcionais entre as partes” [Tartuce]
- Consensual
- Pode ser comutativo ou aleatório: “são comutativos os contratos em que as prestações de ambas as
partes são de antemão conhecidas, e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. Aleatórios são
os contratos em que a prestação de umas das partes não é precisamente conhecida e suscetível de
estimativa prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte. Além disso, ficam dependentes de um
acontecimento incerto”. (Caio Mário). “é, em geral, contrato comutativo, com prestações determináveis e
equivalentes no momento da conclusão. Admite-se, no entanto, a compra e venda aleatória, quando assim
ajustado pelas partes” [Tepedino]. Contrato “emptio spei” é o contrato aleatório que consiste no risco
sobre toda a coisa, inclusive, sobre a essência da coisa. Contrato “emptio rei speratae” é a venda da
esperança quanto à quantidade da coisa ou venda da esperança com coisa esperada [Tartuce].
C Um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco
O relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido
N EMPTIO SPEI integralmente, mesmo que nada se produza (artigo 458), sem que haja
T (venda da culpa do alienante; vende-se a esperança ou a probabilidade de as coisas
R esperança) existirem.
A Dizem EXEMPLO: comprar de um pescador, por preço certo, os peixes que este
T respeit retirar de sua rede, assumindo o risco de nenhum peixe ser apanhado.
O o à Ocorre que se a álea versar sobre quantidade maior ou menor da coisa
S coisa esperada (artigo 459), o risco assumido pelo adquirente determina o
EMPTIO REI
A futura pagamento do preço ao alienante, mesmo que venha a existir em quantia
SPERATAE
L mínima ou irrisória, basta que a coisa venha a existir em qualquer
(venda da
E quantidade. É caso de resolução do contrato se a coisa não vem a existir.
esperança de
A EXEMPLO: comprar de um pescador o produto do lanço de sua rede,
coisa esperada)
T assumindo apenas a álea de ele retirar maior ou menor quantidade de
Ó pescado, o adquirente libertar-se-á da obrigação, se a rede nada contiver.
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RI Dizem Para o contrato ser aleatório, deve existir risco de que as coisas se percam, danifiquem-se ou
O respeit ainda, sofram depreciação (artigo 460). E a hipótese de mercadoria embarcada que
S o à vendida, assumindo o comprador a álea de ela chegar ou não ao seu destino, mesmo que
coisa ela desapareça por ocasião do contrato, devido a naufrágio do navio, a venda será válida e o
existent vendedor terá direito ao preço, se ignorava o sinistro; se sabia do naufrágio, anulada será a
e alienação competindo ao adquirente a prova dessa ciência (artigo 461).
Responsabilidade pelo risco
“O CC optou por preservar os interesses do vendedor, estabelecendo uma ordem ao cumprimento das
obrigações das partes no contrato: primeiro o comprador paga o preço, depois o vendedor entrega a coisa”
[Tepedino] (art. 492 do CC).
“Art. 492: constitui, também, modalidade peculiar de tradição a entrega da res vendita a quem haja de
transportá-la, quando expedida por ordem do comprador. Se, porém, o vendedor contrariar as instruções
do adquirente, suporta os riscos ocorridos durante o transporte, porque, assim procedendo, age como
mandatário infiel” [Tepedino]
Venda de ascendente a descendente:
O NCC incorporou a tese da anulabilidade da venda de ascendente a descendente, sem o consentimento
do cônjuge e dos demais descendentes é ANULÁVEL (prazo decadencial de 2 anos). (art. 496, CC)
“Art. 496: proteção da legítima. Não se admite o consentimento tácito, exigindo-se que este seja feito
expressamente. A doutrina, em sua maioria, entende ser o consentimento insuprível pelo juiz, por ser este
uma prerrogativa do cônjuge ou do descendente. Sendo algum dos descendentes incapaz, deverá ser
nomeado um curador para representá-lo ou assisti-lo no ato, conforme o caso, uma vez que é patente a
colisão de interesses entre ele e o ascendente” [Tepedino]
OUTORGA UXÓRIA: Não é necessária na união estável
4. A venda de ascendente a descendente sem o consentimento dos demais encerra hipótese de ato
anulável, não havendo como falar em matéria de ordem pública, a ser reconhecida de ofício pelo Tribunal
em sede de embargos infringentes. (REsp 399574)
A venda de ascendente a descendente, sem a anuência dos demais, segundo melhor doutrina, é anulável e
depende da demonstração de prejuízo pela parte interessada. Precedentes. (EREsp 661858)
Pessoas impedidas de contratar
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou
administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da
justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a
que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Essas pessoas NÃO têm legitimidade para efetuar o contrato de compra e venda, sob pena de nulidade,
mesmo que em hasta pública.
Compra e venda entre cônjuges (Tartuce).
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Deve ser feito um alerta de que a compra e venda entre cônjuges não poderá ser celebrada com fraude
contra credores, fraude à execução ou simulação. No primeiro caso será anulável, no segundo caso ineficaz
e no terceiro nula.
Compra e venda e os regimes de bens:
No regime da comunhão parcial de bens é possível a venda entre cônjuges quanto aos bens particulares.

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No regime da comunhão universal de bens é possível a venda quanto aos bens incomunicáveis – art. 1668
do CC.
No regime da participação final dos aquestos é possível a venda em relação aos bens que não entram na
participação.
No regime da separação de bens legal ou convencional é possível a venda, em regra, desde que não haja
ilicitude ou fraude.
A norma não é totalmente restritiva, portanto pode ser aplicada entre companheiros relativamente aos
bens excluídos da comunhão.
Venda ad corpus e venda ad mensuram
VENDA AD CORPUS VENDA AD MENSURAM
Venda na qual as dimensões são imprecisas, Venda especificada, venda detalhada por
simplesmente enunciativas. indicação de preço e medida de extensão.
Presunção enunciativa quando, a diferença
não exceder a 1/20 (art. 500 § 1º), salvo se o
adquirente demonstrar que, em tais
circunstâncias, não teria realizado o negócio.
Proteção especial do comprador (artigo 500,
caput): AÇÃO EX EMPTO (complemento da área)
resolução do contrato abatimento no preço
(Estas duas últimas, somente em caso de não ser
possível a complementação da área - Tepedino)
O art. 500 § 1º, traz a ideia de que se a margem
de erro é apenas de 5%, o comprador não poderá
ingressar em juízo, salvo se provar que sem esse
percentual não teria realizado a compra.

Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador
que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
As dívidas vencidas decorrentes do ônus real se transmitem ao novo titular do direito real
Venda a condômino. Os condôminos tem preferência na compra.
Muito embora haja enunciado do CJF em sentido contrário, há entendimento doutrinário no sentido de
que o artigo 504 do CC só é aplicável nos casos de condomínio pro indiviso, quando o bem não se encontra
dividido no plano fático (Tartuce).
Cláusulas especiais da compra e venda (são cláusulas acidentais ao contrato, não essenciais):
Retrovenda (Arts. 505 e ss)
Esta cláusula confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, reavendo de volta o bem alienado dentro
do prazo máximo de três anos (prazo decadencial). Deve ficar claro que a cláusula de retrovenda (pactum
de retrovendendo ou cláusula de resgate) somente é admissível nas vendas de bens imóveis. O direito de
resgate poderá ser exercido pelo devedor ou pelos seus herdeiros e legatários, inclusive em relação a
terceiro adquirente.
É possível a sua transmissão causa mortis. Há divergência na doutrina quanto à sua transmissão inter vivos,
entendendo alguns que ela não poderia ocorrer por se tratar de direito personalíssimo do vendedor.
Exige anuência do cônjuge de ambos contratantes, salvo separação absoluta de bens. [Tartuce]
Venda a contento e da sujeita à prova (Arts. 509 e ss):
“A venda a contento aplica-se a certas coisas a respeito das quais o comprador não pode dar seu
consentimento antes de as haver examinado. São as coisas que precisam ou ser pesadas, ou ser medidas
ou, mesmo, provadas e experimentadas. A aceitação do comprador pode ser expressa ou tácita” [Tepedino]
“O ponto diferenciador da venda a contento é exatamente a de o negócio se consumar a critério do
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comprador, independentemente da qualidade da coisa. Na venda sujeita a prova o legislador se distanciou


deste critério e inseriu uma condição que não está ligada à satisfação do comprador, mas sim ao fato de a
coisa ter ou não as qualidades asseguradas pelo vendedor e ser ou não idônea para o fim a que se destina”
[Tepedino]
Preempção ou preferência (arts. 513 e ss)
“A natureza jurídica da preempção é de promessa unilateral de oferecer a coisa ao vendedor, pelo preço
equivalente ao da oferta feita por terceiro interessado na sua aquisição. No Direito Brasileiro, confere ao
comprador apenas um direito pessoal que, se desrespeitado, gera para o vendedor a obrigação de arcar
com as perdas e danos” [Tepedino].
“Podem ser objeto de preempção tanto as coisas móveis quanto as imóveis (retrovenda: só imóveis)”
[Tepedino]
“Há duas espécies de preempção: a convencional e a legal (pode consistir no exercício do direito de
preferência pelos entes federativos, em dadas circunstâncias, ou pelo particular expropriado, caso a
desapropriação não cumpra sua finalidade (CC, art. 519 – retrocessão ou preempção legal) nos termos do
estatuído em lei)” [Tepedino]
“O direito de preferência é considerado personalíssimo (intransmissível)” [Tepedino].
Venda com reserva de domínio (arts. 521 e ss):
A reserva de domínio é uma cláusula inserida em contrato de compra e venda de bem móvel a prazo. “A
reserva de domínio é o pacto adjeto ao contrato de compra e venda pelo qual o comprador só adquire a
propriedade da coisa ao integralizar o pagamento do preço, não obstante investir-se na posse desde o
momento da celebração do contrato” [Tepedino]
“Poderá recair somente em contratos de compra e venda que tenham por objeto bens móveis. Trata-se de
uma venda sob condição suspensiva (natureza jurídica)” [Tepedino]
“A coisa móvel, objeto da venda com reserva de domínio, não precisa ser infungível (para Tartuce, sim),
mas deve ser individualizável” [Tepedino]
A cláusula deve ser escrita e registrada no domicílio do comprador para valer contra terceiros. Para as
partes a cláusula vale mesmo sem o registro, basta a cláusula escrita. O registro deve ser feito no cartório
de títulos e documentos.
A regra “res perit domini” (a coisa perece para o dono) é mitigada na venda com reserva de domínio,
porque se a coisa perecer, o prejuízo será suportado pelo comprador, mesmo com a propriedade reservada
ao vendedor (artigo 524, 2ª parte). Na verdade, essa reserva de propriedade não passa de uma garantia.
Visa a proteger o vendedor de um móvel, que fica sem garantia do pagamento posterior. Para o bem
imóvel, a solução é o compromisso de compra e venda.
RESERVA DE DOMÍNIO ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
Garantia real do contrato de mútuo (é vinculada a
Cláusula no contrato de compra e venda a prazo
contrato de mútuo)
Contrato de compra e venda à vista (entre as
Contrato de compra e venda a prazo (não tem partes e Contrato de mútuo com garantia real
banco no meio) (com o banco)
(art. 1361 a 1368, do CC)
Propriedade resolúvel em favor do vendedor Propriedade resolúvel em favor do banco
Relação trilateral: comprador, vendedor e
Relação bilateral: comprador e vendedor.
instituição financeira
Ação de busca e apreensão (NCC, art. 1.071/ss) Ação de busca e apreensão (Decreto-lei 911/69)
Se o comprador não pagar o preço, deve ser constituído em mora, mediante protesto do título ou
interpelação judicial (artigo 525); ou seja, diferente da mora “ex re”, que ocorre independentemente de
notificação (nas obrigações a termo, com data de pagamento específica).
Estando caracterizada a mora, o vendedor poderá:
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Cobrar o preço ou ajuizar a ação de busca e apreensão (art. 1.071 do CPC).


O verdadeiro sentido da norma do art. 1.071 do CPC não é determinar a imprescindibilidade do protesto,
mas a indispensabilidade da documentação da mora. (REsp 685.906,STJ).
Na alienação fiduciária em garantia a ação cabível é busca e apreensão, que pode ser convertida em ação
de execução caso não seja pago o valor nem devolvido o bem (isso não pode ser feito na venda com
reserva de domínio, pois não segue o Decreto-lei 911/69).
A reserva de domínio é uma exceção à regra geral de transmissão da propriedade por tradição. A venda
com reserva de domínio caracteriza-se pela transmissão da posse não correspondente à transmissão do
domínio, que fica com o vendedor até que o preço esteja integralmente pago.
Venda sobre documentos:
Arts.529-532,CC
A venda sobre documentos é também denominada crédito documentário ou trust receipt. Por essa
cláusula, que tem por objeto bens móveis, a tradição, ou entrega da coisa, é substituída pela entrega do
documento correspondente à propriedade, geralmente o título representativo do domínio. Sendo prevista
a cláusula e estando a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto
de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito houver sido comprovado. Há uma
tradição simbólica (traditio longa manus). Não havendo estipulação em contrário, por regra, o pagamento
deve ocorrer na data e no lugar da entrega do documento. A norma é aplicação da regra locus regit actum.
Se a venda for realizada por intermédio de estabelecimento bancário, esse não responde pela integridade
da coisa. Tal entendimento foi adotado pelo STJ (RESP 885674). [Tartuce]
DCC - INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS OU ACESSÕES REALIZADAS SEM LICENÇA
Em ação que busque a rescisão de contrato de compra e venda de imóvel urbano, antes de afastar a
indenização pelas benfeitorias ou acessões realizadas sem a obtenção de licença da prefeitura municipal
(art. 34, parágrafo único, da Lei 6.766/79), é necessário apurar se a irregularidade é insanável.
CJF, Enunciado 81: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de
benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas
circunstâncias.
(…) antes de decidir sobre a obrigação de indenização por benfeitorias, faz-se necessário apurar as multas
pela construção sem o alvará da prefeitura e eventual necessidade de demolição da obra. Isso porque é
imprescindível a verificação quanto à possibilidade de ser sanada ou não a irregularidade – consistente na
ausência de licença da prefeitura para construir –, de modo a realizar a restituição das partes à situação
anterior e evitar enriquecimento ilícito de qualquer dos litigantes.
NÃO HOUVE QUALQUER ALTERAÇÃO LEGISLATIVA NA MATÉRIA. POR ISSO, ACHO INTERESSANTE JUNTAR
JURISPRUDÊNCIA RECENTE:
- O STF entende que é possível que, após celebrado determinado contrato com prestações parceladas, a lei
posterior à celebração do contrato que estabeleça normas cogentes (como limitação de juros) é aplicável às
obrigações pendentes (de execução diferida), sem que isso seja considerado retroação da norma, pois não
se desconstituem as parcelas já pagas. Foi o entendimento para o plano real. Não se pode invocar ato
jurídico perfeito ou direito adquirido para normas de execução IMEDIATA, mas não retroativa (INFO-
STF783)
- Pacto comissório é a cláusula que permite que o credor fique diretamente com a coisa dada em garantia,
caso o devedor não cumpra a sua parte. Isso é proibido. A garantia real dada deve ser vendida e o
dinheiro arrecadado serve para pagamento do credor, sendo o restante devolvido ao devedor. Vale
ressaltar que, quase sempre, o valor do imóvel dado em “garantia” é muito superior ao montante da
dívida. (INFO-STJ-538)
- É nula a notificação extrajudicial (foi o caso de alienação fiduciária em garantia) se constar nome diverso
do real credor, pois essa informação é essencial (INFO-STJ-550).
- Tratando-se de relação contratual paritária a qual não é regida pelas normas consumeristas , a

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maxidesvalorização do real em face do dólar americano ocorrida a partir de janeiro de 1999 não autoriza a
aplicação da teoria da imprevisão ou da teoria da onerosidade excessiva, com intuito de promover a
revisão de cláusula de indexação ao dólar americano. Com efeito, na relação contratual, a regra é a
observância do princípio pacta sunt servanda, (INFO-STJ-556)
- No caso de rescisão do contrato de compra e venda, o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado
por benfeitorias. Todavia, as benfeitorias devem ser licenciadas e de acordo com a lei. Se as benfeitorias
não foram licenciadas, deve-se ver se elas ainda podem ser (vício sanável – quando será indenizável) ou se
não podem ser licenciadas (vício insanável – sem direito à indenização). Se puderem ser sanadas, deve-se
abater do valor da obra o custo das multas que deverão ser pagas para regularizar a construção (INFO-STJ)
- Em contratos de gaveta de compra e venda de imóvel, no qual não há registro em cartório e o condomínio
é notificado que o promitente comprador adentrou no imóvel e passa a ter posse, a cobrança das dívidas
condominiais (tanto anteriores a compra e venda, quanto as posteriores), podem ser cobradas de qualquer
um dos dois. aplicação da teoria da dualidade do vínculo. Segundo essa teoria, a obrigação se decompõe
em débito (Schuld-do comprador), o dever de prestar, e responsabilidade (Haftung-do vendedor), a
sujeição do devedor, ou terceiro, à satisfação da dívida. Se o imóvel, no cartório está no nome do vendedor,
o juiz não poderia mandar penhorá-lo se o vendedor (ainda que não residente do imóvel) não fosse réu, e
se ele é réu e responsável, a dívida pode incidir sobre a totalidade de seu patrimônio (INFO-STJ-560 e 567)

1.8 COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

“Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por
instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente
comprador direito real à aquisição do imóvel.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de
terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda,
conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do
imóvel.”

Conceito
É um contrato (preliminar) pelo qual as partes assumem a obrigação de celebrar, mais tarde, o contrato
(definitivo) de compra e venda de um imóvel (não é afastada a possibilidade de envolver bem móvel), via
de regra pago em prestações. Tem como partes o promitente vendedor e o promissário comprador (Olindo
Menezes).

Trata-se de modalidade especial de contrato preliminar, diferenciando-se do tradicional contrato de


promessa de compra e venda pelo fato de ser pactuado sem cláusula de arrependimento, sendo passível
de registro para constituição de direito real à aquisição do imóvel.
ORLANDO GOMES apresenta relevante distinção entre promessa e compromisso afirmando que:
“O contrato preliminar de compra e venda gera, para ambas as partes, a obrigação de contrair o contrato
definitivo. Contém, implicitamente, a faculdade de arrependimento, assim entendida, em sentido amplo, a
de submeter-se a parte inadimplente às conseqüências normais da inexecução culposa de um contrato. (...)
A promessa de venda como contrato preliminar propriamente dito desapareceu praticamente do comércio
jurídico devido à superioridade manifesta do outro negócio jurídico que continua designado pelo mesmo
nome, mas é nitidamente distinto, bem como em razão da tendência para a ele assimilar toda promessa
que não contenha o pacto de arras penitenciais.
Poder-se-ia denominar esse negócio jurídico distinto pela expressão compromisso de venda, afim de evitar a
confusão reinante na doutrina, com repercussão na jurisprudência. Costuma-se chamá-lo promessa
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irrevogável de venda, valendo a qualificação como nota distintiva que não conduz à sua verdadeira
natureza jurídica. (...) A promessa de compra e venda identificada por essas peculiaridades seria contrato
preliminar impróprio, isto é, negócio jurídico diferente do contrato propriamente preliminar, que
verdadeiramente, não consistiria em promessa recíproca de contratar.”
Ainda segundo ORLANDO GOMES:
“O direito real sui generis do compromissário reduz-se, verdadeiramente, à simples limitação do poder de
disposição do proprietário que o constitui. Uma vez registrado, proibido fica de alienar o bem, e se, o fizer, o
compromissário-comprador, sendo titular de um direito com seqüela, pode reivindicar a propriedade do
imóvel, tanto que execute o contrato de compromisso, exigindo o cumprimento da obrigação contraída pelo
promitente vendedor. Não se trata, pois, de um direito pessoal, como se afigura a alguns escritores.”

Breve histórico

Na visão tradicional, a promessa de compra e venda confere apenas direitos obrigacionais, não se podendo
impor ao devedor a celebração do contrato definitivo (incoercibilidade das prestações de fato). Nesse
sentido, tem-se o art. 1088 do CC/16: "Quando o instrumento público for exigido como prova do contrato,
qualquer das partes pode arrepender-se, antes de o assinar, ressarcindo à outra as perdas e danos
resultantes do arrependimento".

A legislação, entretanto, evoluiu. O Decreto-lei 58/37 disciplinou a venda de imóveis urbanos e rurais
loteados e instituiu, com perfil jurídico diverso da promessa obrigacional, o compromisso de compra e
venda. O fundamento social par tal evolução é expressa nos considerandos do Decreto-lei:

"Considerando o crescente desenvolvimento da loteação de terrenos para venda mediante o pagamento do


preço em prestações; Considerando que as transações assim realizadas não transferem o domínio ao
comprador, uma vez que o art. 1.088 do Código Civil permite a qualquer das partes arrepender-se antes de
assinada a escritura da compra e venda; Considerando que esse dispositivo deixa praticamente sem
amparo numerosos compradores de lotes, que têm assim por exclusiva garantia a seriedade, a boa fé e a
solvabilidade das emprêsas vendedoras; Considerando que, para segurança das transações realizadas
mediante contrato de compromisso de compra e venda de lotes, cumpre acautelar o compromissário contra
futuras alienações ou onerações dos lotes comprometidos; Considerando ainda que a loteação e venda de
terrenos urbanos e rurais se opera frequentemente sem que aos compradores seja possível a verificação
dos títulos de propriedade dos vendedores";
"Art. 5º A averbação atribui ao compromissário direito real oponível a terceiros, quanto à alienação ou
oneração posterior, e far-se-á à vista do instrumento de compromisso de venda, em que o oficial lançará a
nota indicativa do livro, página e data do assentamento.
Art. 15. Os compromissários têm o direito de, antecipando ou ultimando o pagamento integral do preço, e
estando quites com os impostos e taxas, exigir a outorga da escritura de compra e venda.
Art. 16. Recusando-se os compromitentes a outorgar a escritura definitiva no caso do artigo 15, o
compromissário poderá propor, para o cumprimento da obrigação, ação de adjudicação compulsória, que
tomará o rito sumaríssimo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973) § 1 º A ação não será acolhida se a
parte, que a intentou, não cumprir a sua prestação nem a oferecer nos casos e formas legais. (Redação
dada pela Lei nº 6.014, de 1973) § 2 º Julgada procedente a ação a sentença, uma vez transitada em
julgado, adjudicará o imóvel ao compromissário, valendo como título para a transcrição. (Redação dada
pela Lei nº 6.014, de 1973)".

Efeitos inovadores:
a) Efeito pessoal (ou obrigacional): o compromitente vendedor assume a obrigação de outorgar a escritura,

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pago o preço, sob pena de adjudicação compulsória (art. 15 e 16);


b) Efeito real: o compromissário comprador, registrado o compromisso no RI, tem direito real de aquisição,
oponível erga omnis, se o compromitente vendedor alienar o lote a terceiros ou onerá-los antes da outorga
da escritura (art. 5º).

Posteriormente, o art. 22 do Decreto 3079/38, estendeu a sistemática do compromisso de compra e venda


aos imóveis não loteados. No mesmo sentido, foi a alteração operada no art. 22 do Decreto-lei 58/37 pela
Lei 6014/73.

A Lei 6.766/79 (Lei de Parcelamento do Solo Urbano), revogando parcialmente o Decr. Lei nº 58/37, dispôs
expressamente em seu artigo 25, quanto ao caráter de irretratabilidade da promessa, realizada sobre
imóveis não loteados:
“Art. 25. São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão, os que
atribuam direito à adjudicação compulsória e, estando registrados, confiram direito real oponível a
terceiros.”
Além disso, o artigo nº 26 da citada legislação, autorizou a celebração do compromisso, tanto por escritura
pública, quanto por instrumento particular, que, levado a registro, produzem efeitos reais.
No Código Civil/02, o contrato de promessa de compra e venda é disciplinado nos artigos 1.417 e 1.418,
mantendo-se inalteradas as disposições normativas anteriores não conflitantes.

Regime jurídico

O compromisso de compra e venda tem natureza jurídica de contrato autônomo (contrato preliminar
impróprio, pois não há obrigação de nova manifestação de vontade, mas apenas confirmação da anterior).
Pode ser celebrado por instrumento público ou particular, nos termos do art. 462 e1417 do CC/02.

Elementos: contem todos os elementos da compra e venda, transferindo ao promissário comprador os


atributos de uso, gozo e disposição (ius utendi, fruendi et abutendi), restando ao compromitente vendedor
apenas a nua-propriedade.
“i) investido na posse do bem, pode o titular usá-lo sem restrições e fruir suas utilidades; ii) o direito do
promitente-comprador é oponível a terceiros; iii) pode aliená-lo mediante cessão; iv) responder pelas
obrigações, que gravam o imóvel, de natureza fiscal ou civil; v) extingue-se com o cancelamento da
averbação” (ORLANDO GOMES).

Trata-se de venda escalonada (in itineri), não havendo obrigação para as partes de nova manifestação de
vontade, mas apenas a confirmação da manifestação anterior. Por tal razão, é contrato preliminar
impróprio.

É contrato típico (com regulamentação própria), tratando-se de compra e venda a exigir confirmação
futura.

Síntese: espécies de promessa de compra e venda

a) Promessa obrigacional: figura tradicional, anterior ao Decreto-lei 58/37, gerando, no caso de


descumprimento, apenas o direito à indenização por perdas e danos (art. 1088 do CC/16). Modalidade que
se encontra em desuso no comércio jurídico.
b) Promessa real: é a modalidade inaugurada pelo Decreto-lei 58/37, conferindo especial proteção ao
promitente comprador, com efeito pessoal (obrigação de outorga de escritura) e real (oponibilidade erga

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omnis). Não há possibilidade de arrependimento.


c) Direito real de aquisição: conforme previsão no art. 1225, VII, do CC/02, trata-se de direito real em coisa
alheia, desde que a promessa, sem cláusula de arrependimento, seja levada a registro (art. 1417 e 1418).

- Relação de consumo: O art. 53 do CDC estabelece que são consideradas nulas de pleno direito as
cláusulas contratuais nas quais haja previsão da perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
Súmula 543/STJ: "Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas
pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor,
ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento".

"1. Controvérsia acerca da possibilidade de se limitar a indenização devida ao promitente-vendedor em


razão da fruição do imóvel pelo promitente-comprador que se tornou inadimplente, dando causa à
resolução do contrato. 2. 'Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
moratórios e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado (art. 389 do CC/2002). 3. Possibilidade de estimativa prévia da indenização por perdas e danos,
na forma de cláusula penal, ou de apuração posterior, como nos presentes autos. 4. Indenização que deve
abranger todo o dano, mas não mais do que o dano, em face do princípio da reparação integral, positivado
no art. 944 do CC/02. 5. Descabimento de limitação 'a priori' da indenização para não estimular a
resistência indevida do promitente-comprador na desocupação do imóvel em face da resolução provocada
por seu inadimplemento contratual. 6. Inaplicabilidade do art. 53, caput, do CDC à indenização por perdas e
danos apuradas posteriormente à resolução do contrato. 7. Revisão da jurisprudência desta Turma" (STJ - 3
T . REsp 1258998/MG - j. 18/02/2014).

Execução do compromisso de compra e venda

a) Forma voluntária: lavratura da escritura pública de compra e venda (efeito pessoal), seja o imóvel
loteado ou não.
b) Forma coativa: ação de adjudicação compulsória, de natureza pessoal, com ou sem o registro do
compromisso, suprindo a sentença a vontade do promitente vendedor. A sentença vale como título a ser
levada ao registro. Súmula 239/STJ: "O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do
compromisso de compra e venda no cartório de imóveis". Note-se que o registro opera efeito erga omnis
(efeito real). A falta do registro, apesar de não conferir o efeito real, mantém o efeito obrigacional, que é o
direito de adjudicação compulsória.
Note-se, ainda, que, ainda que haja o registro da promessa de compra e venda, a ação de adjudicação
compulsória não se trata de execução do direito real de aquisição, tratando-se de ação pessoal. A
constituição do direito real de aquisição, repita-se, apenas confere o direito de sequela.

Embargos de terceiro: podem ser ajuizados independentemente do registro do compromisso. Súmula


84/STJ: "É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do
compromisso de compra e venda, ainda que desprovido do registro".

O STJ, em julgamento de recurso representativo da controvérsia (REsp 1345331), "a responsabilidade pelo
pagamento das despesas de condomínio, ante a existência de promessa de compra e venda, pode recair
tanto sobre o promissário comprador quanto sobre o promitente vendedor, a depender das circunstâncias
do caso concreto", concluindo que, "ficando demonstrado que (i) o promissário comprador se imitira na

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posse do bem e (ii) o condomínio tivera ciência inequívoca da transação, deve-se afastar a legitimidade
passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a período em que a
posse foi exercida pelo promissário comprador".

1.9 CONTRATO DE MANDATO


Conceito: “Relação contratual mediante a qual uma das partes (o mandatário) se obriga a praticar, em
nome e por conta da outra parte (mandante), um ou mais atos jurídicos. O mandato é uma espécie de
representação voluntária, em que o representante (mandatário) atua em nome do representado
(mandante)”. [Tepedino]
“A despeito das controvérsias em torno do tema, admite-se que o mandatário possa efetivamente praticar
atos que não revistam a forma de negócio jurídico. Em regra, qualquer ato jurídico poderá ser objeto do
contrato de mandato, exceto aqueles que somente pela própria pessoa podem ser praticados, em relação
aos quais não é admissível a representação. São os denominados atos personalíssimos” [Tepedino]
“O mandato é contrato intuitu personae, pois se celebra em razão da pessoa do mandatário.
O mandato presume-se gratuito se não for estipulada remuneração. No entanto, caso o seu objeto
corresponda ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa, presumir-se-á oneroso.
Não há dúvida de que o mandato, sobretudo quando oneroso, produz obrigações recíprocas.
A confiança que o permeia, contudo, impede que o mandatário vincule o cumprimento de sua obrigação ao
cumprimento das obrigações atribuídas ao mandante. Sua natureza unilateral resulta precisamente da
inexistência de sinalagma entre as obrigações de ambas as partes. Ou seja, inexiste nexo de causalidade ou
de funcionalidade entre as obrigações, de forma que uma seja a razão jurídica da outra. Não se aplica, por
isso mesmo, no caso do mandato, a exceção do contrato não cumprido, extinguindo-se o mandado tão-
somente nas hipóteses previstas pelo legislador.
Registre-se, ainda, a classificação do mandato como um contrato preparatório, habilitando o mandatário
para a prática de certos atos que não estão nele contidos, de modo a conferir-lhe poderes para executá-lo.
Repete o CC a autorização para que os menores relativamente incapazes possam atuar como mandatários,
independentemente da assistência de seus representantes legais”. O incapaz pode ser mandante ou
mandatário. Mas para outorgar o mandato, deve ser assistido. [Tepedino]
Procuração: “A procuração constitui-se negócio jurídico autônomo, abstrato e unilateral, pelo qual o
representado outorga ao representante os poderes de representação: é o instrumento de outorga da
representação” [Tepedino]
“A procuração não cria uma obrigação para o procurador de praticar atos, mas o poder de agir em nome do
outorgante, diferenciando-se, nesse aspecto, do mandato, em que o mandatário tem a obrigação de
praticar atos jurídicos no interesse do mandante. A procuração torna-se o expediente pelo qual o
mandatário faz ver a terceiros, com quem contrata, o conteúdo e a extensão dos poderes de representação
que lhe foram conferidos pelo mandante. Em rigor, a procuração constitui-se instrumento da representação
e não do mandato”
“O CC estabeleceu, no art. 657, a regra da atração da forma, determinando que a procuração se revista da
mesma formalidade do ato a ser praticado pelo mandatário. Embora da literalidade do art. 655 se extraia a
idéia de que o substabelecimento poderá revestir a forma particular em qualquer hipótese, deve-se
interpretar o dispositivo sistematicamente com o art. 657, entendendo que o substabelecimento poderá
revestir a forma particular tão-somente nas hipóteses em que o ato objeto do mandato e, por conseguinte,
a procuração, não exigir a forma pública, tendo sido ela utilizada apenas facultativamente pelos
interessados” [Tepedino]. De efeito, “o mandato outorgado por instrumento público previsto no art. 655 do
CC somente admite substabelecimento por instrumento particular quando a forma pública for facultativa e
não integrar a substancia do ato” (Enunciado 182/CJF).
O NCC não exige que seja feito o reconhecimento de firma. Mas pode o terceiro exigir. Assim, em regra, a
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procuração particular não tem mais reconhecimento de firma da assinatura.


Contrato consigo mesmo: “O negócio celebrado consigo mesmo é anulável, salvo se houver autorização da
lei ou do representado. A jurisprudência consagrou o entendimento de que o contrato consigo mesmo
deve ser admitido, desde que não haja patente conflito de interesses ou vedação pelo mandante”.
[Tepedino]
Mandatário x Comissário: “Ambos agem por conta de outrem, mas só o mandatário atua em nome
alheio”[Tepedino]
Pluralidade de partes
Havendo pluralidade de mandantes, haverá solidariedade entre eles (art. 680). “O vínculo de solidariedade
limita-se à relação interna do mandato, ou seja, aos mandantes em relação ao mandatário, não se
estendendo à relação externa, isto é, aos terceiros com quem o mandatário contrata em nome dos
mandantes” [Tepedino]
Havendo pluralidade de mandatários, há as seguintes situações:
MANDATO EM CONJUNTO: todos os mandatários têm que fazer juntos, deve haver determinação expressa
nesse sentido;
MANDATO DISJUNTIVO: qualquer um dos mandatários pode cumprir, se não houver determinação
contrária, presume-se que todos os mandatários tem plenos poderes;
MANDATO SUCESSIVO: somente poderá ser cumprida a obrigação depois que uma primeira obrigação for
cumprida, cada um tem a sua obrigação, mas existe uma ordem de preferência.
Classificação do mandato:
MANDATO JUDICIAL (CLÁUSULA AD JUDICIA): é o mandato para advogado atuar em juízo. Pode ser para o
foro em geral (artigo 53, CPC) ou para administração geral (artigo 661).
MANDATO EXTRAJUDICIAL (CLÁUSULA AD NEGOTIA):
MANDATO ESPECIAL: “aquele que se relaciona à prática de um ou mais negócios determinados e
especificados no instrumento. Não se admite, nesses casos, por analogia, a prática de atos diversos dos
contidos na procuração” [Tepedino]
MANDATO GERAL: “é o mandato relativo a todos os negócios do mandante, sem especificação.” [Tepedino]
MANDATO EM TERMOS GERAIS: “alude à prática de atos genéricos, não especiais. Entende-se como
expressão dos poderes de administração os atos necessários e suficientes a conservar determinados bens
ou patrimônios, sem implicar a alteração de sua medida ou substância” [Tepedino]
MANDATO COM PODERES ESPECIAIS: “é aquele outorgado para os fins que ultrapassam a administração
ordinária (alienar, hipotecar, etc)” [Tepedino]
Direitos e obrigações das partes:
“Em regra, somente os atos praticados dentro dos limites dos poderes outorgados pela procuração
vincularão o representado. Nesse sentido, os atos praticados com excesso de poderes, isto é, sem poder de
representação ou por quem não tenha mandato, serão ineficazes em relação ao mandante, considerando-
se o mandatário mero gestor de negócios. Ressalte-se, ainda, que por estes atos poderá o representante
responder pessoalmente perante terceiros.
Há abuso quando o mandatário usa, conscientemente, os poderes que tem, sem os exceder, mas de forma
a infringir as instruções ou a vontade do mandante.
Considera-se aparente o mandato estipulado por alguém que se apresenta como mandatário, suscitando a
percepção de agir em nome e no interesse de um mandante. Uma vez caracterizada como justificável a
confiança do terceiro naquilo que afinal se revelou mera aparência, reputar-se-á válido o ato e vinculado o
suposto mandante ao terceiro. Tal ônus somente se justifica se o representado contribuiu com sua ação ou
omissão para a produção da situação geradora da confiança.
Tratando-se efetivamente de contrato de mandato, a não atuação em nome do mandante configura
inadimplemento, independentemente de ter o mandatário atuado por conta (e no interesse) do mandante.
Consequentemente, sobrevindo danos ao mandante, por força de tal inadimplemento, o mandatário

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deverá indenizá-lo.
O mandatário encontra-se pessoal e exclusivamente obrigado para com o terceiro se, com este, celebrar
negócio em seu próprio nome.
Da interpretação conjunta destes dispositivos, extrai-se que o mandatário tem o direito de reter, do objeto
da operação que lhe foi cometida, tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se sua
remuneração ajustada e reembolso de despesas.
O dever do mandatário de prestar contas transmite-se aos seus herdeiros. Todavia, Tartuce entende que
“sendo o contrato personalíssimo ou intuitu personae, a morte de uma das partes gera a sua extinção,
hipótese de cessação contratual. Nesse sentido, a prestação de contas que cabia ao mandatário não se
transmite aos seus herdeiros”. No mesmo sentido, veja-se o seguinte precedente (atenção para o fato de
que premissa não se mantém quando a morte é do mandatário).
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. CONTRATO DE
MANDATO. MORTE DO MANDANTE. LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS. 1. Esta Corte já decidiu que
o dever de prestar de contas não se transmite aos herdeiros do mandatário, devido ao caráter
personalíssimo do contrato de mandato (cf. REsp 1055819). 2. Essa orientação, porém, não pode
ser estendida à hipótese de morte do mandante, porque as circunstâncias que impedem a
transmissibilidade do dever de prestar contas aos herdeiros do mandatário não se verificam na
hipótese inversa, relativa ao direito de os herdeiros do mandante exigirem a prestação de contas
do mandatário. Legitimidade dos herdeiros do mandante para ajuizarem ação de prestação de
contas em desfavor do mandatário do 'de cujus' (...) (REsp 1122589)
O ato praticado fora dos poderes do mandato não vincula o mandante (art. 662), embora este se obrigue
pelos atos praticados pelo mandatário em desacordo com as instruções recebidas, desde que nos limites
dos poderes conferidos.
Cuidando-se de mandato oneroso, a obrigação de pagar a remuneração do mandatário subsiste
independentemente da obtenção efetiva dos resultados esperados pelo mandante. O que se exige é que o
mandatário tenha cumprido bem seus deveres, tais quais as instruções recebidas [obrigação de meio]
Art. 677: entende-se, majoritariamente, que estes juros são compensatórios, correndo, portanto, da data
em que o mandatário demonstrar que fez o desembolso.
Art. 678: a obrigação do mandante beneficiará os herdeiros do mandatário, caso este faleça em
decorrência de acidente sofrido na execução do mandato.
Pelos atos culposos do mandatário o mandante também responderá perante terceiros, desde que o dano
tenha sido provocado no cumprimento do mandato e dentro dos limites deste. A hipótese caracterizará
solidariedade passiva (art. 275), ressalvado para o mandante o direito de regresso em face do mandatário
(art. 285)” [Tepedino]
Submandato
O instrumento do submandato é o substabelecimento. O submandato é acessório ao mandato, assim a
nulidade deste determina a nulidade daquele.
Em princípio é possível o submandato, exceto em dois casos:
- existência de vedação na procuração;
- natureza da obrigação, (personalíssima = características pessoais do mandatário).
O EOAB não permite a outorga de mandato para a sociedade de advogados.
O substabelecimento pode ser feito com (tanto o submandante quanto o submandatário podem praticar o
ato) ou sem reserva de poderes (só quem pode praticar o ato é o submandatário).
“Permitindo-se expressamente o substabelecimento (art. 657, §2º), e uma vez substabelecidos os poderes,
passa a existir uma relação contratual direta entre o mandante e o substabelecido, que, assim, também se
torna mandatário. Neste caso, em regra, o substabelecente ficará isento de responsabilidade no que diz
respeito aos atos praticados exclusivamente pelo substabelecido. Exceção haverá apenas há hipótese de ter
agido o substabelecente com culpa in eligendo.

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No silêncio da procuração, não tendo o mandatário poderes expressos para substabelecer, caso o faça, terá
ele responsabilidade perante o mandante pelos atos praticados pelo substabelecido dolosamente.
Existindo vedação expressa pelo mandante a respeito do substabelecimento, o mandatário, caso viole tal
disposição, responderá não só pelos atos do substabelecido, mas também por todos os outros danos, cuja
causa será presumidamente atribuída ao substabelecimento, até mesmo pelo fortuito, salvo prova em
contrário, cujo ônus cabe exclusivamente ao substabelecente. Indo além destas sanções, inova o CC ao
reputar ineficaz, perante o mandante, os atos praticados pelo substabelecido em expressa violação à
cláusula que vedava o substabelecimento”. [Tepedino]
Extinção do mandato
REVOGAÇÃO: o mandato é extinto por determinação do mandante. “O único direito que o mandatário tem
é o de receber a competente remuneração, além das eventuais perdas e danos. Podem as partes
convencionar a irrevogabilidade dos poderes outorgados ao mandatário. Contudo, por tratar-se de contrato
fundado na confiança, tem o mandante a faculdade de revogá-lo unilateralmente a qualquer tempo, a
despeito da cláusula de irrevogabilidade. A procuração geral para todos os negócios não revoga a especial
anterior, se a ela, expressamente, não se referir, e a especial posterior só revoga a geral anterior no que
concernir ao seu objeto peculiar” [Tepedino]
RENÚNCIA: o mandato é extinto por determinação do mandatário. “A inoportunidade da renúncia não tem
o condão de torná-la ineficaz, mas sujeita o mandatário renunciante a indenizar o mandante pelos
prejuízos causados. A renúncia será sempre expressa” [Tepedino]
MORTE DE QUALQUER DAS PARTES: “determina a extinção do contrato, não sucedendo em tal relação
contratual os herdeiros da parte falecida. Diante da morte do mandante, são reputados válidos os negócios
firmados com os terceiros de boa-fé enquanto a ignorar o mandatário. Caso se configure, ao revés, a má-fé
do representante, que contrata com terceiros de boa-fé, valerá o ato, mas responderá o mandatário por
perdas e danos perante os herdeiros do mandante. Por outro lado, o mandatário deverá concluir o negócio
já iniciado se houver perigo na demora. [Tepedino]
Procuração em causa própria (art. 685)
A maior parte dos autores entende que a procuração em causa própria equivale, em seus efeitos, a uma
cessão de direitos. Investe o mandatário na qualidade de titular dos direitos transferidos, não sendo apta,
evidentemente, a transferir a propriedade. Transfere-se, tão-somente, o crédito. Para que se transfira,
posteriormente, a propriedade, a procuração em causa própria deve conter todos os requisitos exigidos
para o negócio a que se quer dar cabo e deve-se proceder a um especial modus adquirendi – a tradição,
para os móveis; a transcrição, para os imóveis.
O mandato “em causa própria” é absolutamente irrevogável. A morte de qualquer das partes não
significará a extinção do mandato em causa própria. Prescinde o mandato em causa própria de prestação
de contas do mandante.
Art. 690: cuidando-se de mandato em causa própria, os herdeiros sucedem no direito do mandatário. Por
isso mesmo, não tem necessidade de dar aviso ao mandante, nem a sua ação fica restrita às medidas
conservatórias e de urgência. São donos do negócio por direito de sucessão” [Tepedino]

F. DIREITO PROCESSUAL CIVIL

SUJEITOS DO PROCESSO: O JUIZ, SUA ATUAÇÃO E PODERES, IMPEDIMENTO E


SUSPEIÇÃO; PARTE E RESPECTIVO CONCEITO MATERIAL E PROCESSUAL,
ESPÉCIES, REPRESENTAÇÃO, LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA;
SUJEITOS ESPECIAIS DO PROCESSO; O MINISTÉRIO PÚBLICO, SUA ATUAÇÃO COMO
PARTE E FISCAL DA LEI, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO; A ADVOCACIA, PRIVADA E
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ESTATAL, INCLUSIVE A DEFENSORIA PÚBLICA. DEVERES DAS PARTES, SEUS


PROCURADORES E DEMAIS PARTÍCIPES DO PROCESSO; SUBSTITUIÇÃO E
SUCESSÃO DE PARTES E PROCURADORES. REPRESENTAÇÃO TÉCNICA.

Todos aqueles que intervierem no processo são sujeitos processuais. Assim, além dos sujeitos que
normalmente atuam na relação processual (juiz, autor e réu), podem participar do processo outros
sujeitos, a exemplo dos auxiliares da Justiça, advogados, Ministério Público e terceiros.
O NCPC trata, no Livro III, dos sujeitos do processo (arts. 70 a 187). São citados como sujeitos
processuais: a) as partes (autor e réu); b) os procuradores; c) os terceiros; d) o juiz; e) os auxiliares da
Justiça; f) o Ministério Público; g) a Advocacia Pública; e h) a Defensoria Pública.

Juiz

Sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para dirimir a lide. Cabe a ele a direção do processo
(art. 125, "caput") (art. 139, "caput", do NCPC).
Princípio da identidade física do juiz: o juiz que concluir a audiência deve julgar a lide, salvo se estiver
convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado (art. 132 do CPC) (Não há
previsão expressa no NCPC sobre o princípio da identidade física do juiz). Imparcialidade: o juiz deve
abster-se de julgar a demanda quando houver motivos que levem as partes a duvidar de sua
imparcialidade (impedimento ou suspeição).
Deveres, poderes e responsabilidades do juiz (Elpídio Donizetti):
 Rápida solução do litígio (art. 125, II) (O NCPC fala em "duração razoável do processo" - art. 139, II)
 ordenar ou indeferir provas ou diligências (art. 130) (art. 370 do NCPC)
 julgar antecipadamente a lide (art. 330) (art. 355 do NCPC)
 determinar a reunião de processos (art. 105) (art. 55, § 1º, do NCPC)
 tentar a qualquer tempo conciliar as partes (art. 125, IV) (O NCPC estabelece que incumbe ao juiz
promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores
e mediadores judiciais - art. 139, V)
Repressão aos atos atentatórios à dignidade da Justiça (art. 125, III, e 129) (arts. 139, III, e 142 do NCPC):
 punir o litigante de má-fé (arts. 17 e 18) (arts. 80 e 81 do NCPC)
 advertir a testemunha mentirosa (art. 415, p. único) (art. 458, p. único, do NCPC)
 fazer retirar da audiência pessoas inconvenientes (art. 445, II) (art. 360, II, do NCPC)
 obstar a utilização do processo para praticar ato simulado ou proibido por lei (art. 129) (art. 142 do
NCPC)
Prestação da tutela jurisdicional (art. 126) (art. 140, "caput", do NCPC):
 aplicar normas legais, se houver
 se não houver normas legais, recorrer a: analogia, costumes e princ. gerais do dir. (NCPC não
remete, expressamente, aos instrumentos de integração. No entanto, é possível sua aplicação com
base no art. 4º da LINDB)
 O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei (art. 127 do CPC) (art. 140, p. único, do
NCPC).
Decisão da lide nos limites propostos (arts. 128, 131 e 460) (arts. 141, 371 e 492 do NCPC):
 pode apreciar livremente a prova (princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão
racional) (O NCPC excluiu o advérbio "livremente", reforçando a necessidade de se afastar a
discricionariedade ou o voluntarismo judicial na apreciação das provas.
* OBS: Câmara sustenta que a supressão do "livremente" modificou o sistema do livre
convencimento motivado (persuasão racional), passando a ser adotar a "valoração democrática da

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prova", pela qual deve o juiz fazer uma valoração discursiva da prova, justificando seu
convencimento acerca da veracidade das alegações, e indicando os motivos pelos quais acolhe ou
rejeita cada elemento do conjunto probatório, construindo em contraditório seu conhecimento a
respeito dos fatos da causa. Daniel Amorim Assunção Neves discorda.
 pode o juiz conhecer de circunstâncias ou fatos simples não alegados pelas partes

Responsabilidade do juiz (art. 133) (O NCPC estabelece que a responsabilização será regressiva, em
consonância com a tese da "dupla garantia" - art. 143):
 se procede com dolo ou fraude
 se recusa, omite ou retarda providência jurisdicional sem justo motivo
Constitui ainda dever do Juiz assegurar as partes igualdade de tratamento (art. 125, I) (art. 139, I, do
NCPC).
Além dos mencionados acima, o NCPC estabelecem os seguintes poderes, deveres e responsabilidades
do Juiz:
 determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto
prestação pecuniária (art. 139, IV, do NCPC);
 dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os
às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (art. 139, VI,
do NCPC. OBS: A dilação de prazos somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo
regular, de acordo com o p. único do art. 139 do NCPC);
 determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os
fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso (art. 139, VIII, do NCPC);
 determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios
processuais (art. 139, IX, do NCPC);
 quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a
Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados coletivos, para, se for o caso,
promover a propositura da ação coletiva respectiva (art. 139, X, do NCPC).
Os poderes do juiz também são classificados da seguinte forma:
a) administrativos: ou de polícia para assegurar a ordem e o decoro
b) jurisdicionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdividindo-se em:
 poderes-meios (ordinatórios, ou simples andamento processual, e os instrutórios, que se referem à
formação do convencimento do juiz)
 poderes-fins (que compreendem os decisórios e os de execução).
Princípio da cooperação: orienta o magistrado a tomar uma posição de agente colaborador do processo, de
participante ativo do contraditório e não mais a de um mero fiscal de regras. O princípio da cooperação
gera os seguintes deveres para o magistrado: a) dever de esclarecimento; b) dever de consultar; c) dever de
prevenir. O primeiro consiste no dever de se esclarecer junto às partes quanto às dúvidas que tenha sobre
suas alegações, pedidos ou posições em juízo, para evitar decisões tomadas em percepções
equivocadas/apressadas. O dever de consultar impede que o magistrado decida com base em questão de
fato ou de direito, ainda que possa ser conhecida ex officio, sem que sobre elas sejam as partes intimadas a
manifestar-se (NCPC, art. 10: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício). Por fim, o dever de prevenir impõe que o magistrado
aponte as deficiências das postulações das partes, para que possam ser supridas (NCPC, art 139, IX: O juiz
dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe determinar o suprimento de
pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais).

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O novo NCPC acolhe expressamente o princípio da cooperação, com a aplicação a todos os sujeitos do
processo (Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva).
Princípio da livre investigação das provas – para o STF e STJ, isto é excepcional e deve se dar quando
presentes razões de ordem pública ou igualitária, como, por exemplo, quando o juiz esteja diante de causa
que tenha por objeto direito indisponível (ações de estado), ou quando o julgador, em face das provas
produzidas, se encontre em estado de perplexidade ou, ainda, quando haja significativa desproporção
econômica ou sociocultural entre as partes.
Hipóteses de impedimento do juiz - art. 134 do CPC (art. 144 do NCPC). Impedimento: vício objetivo, pode
ser alegado a qualquer tempo e grau de jurisdição e permite manejo de ação rescisória.
O NCPC acrescentou as seguintes hipóteses de impedimento:
 quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério
Público, cônjuge ou companheiro do juiz, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive (art. 144, III, do NCPC);
OBS1: foi acrescentada como causa de impedimento a postulação de parente como defensor
público ou membro do MP;
OBS2: O § 1º do art. 144 estabelece que o o impedimento só se verifica quando o defensor público,
o advogado ou o membro do MP já integrava o processo antes do início da atividade judicante do
juiz.
OBS3: O § 3º do art. 144 aduz que o impedimento também se verifica no caso de mandato
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no
processo.
 quando for o juiz herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes (art. 144,
VI, do NCPC);
OBS: Era causa de suspeição no CPC/1973.
 quando figure como parte instituição de ensino com a qual o juiz tenha relação de emprego ou
decorrente de contrato de prestação de serviços (art. 144, VII, do NCPC);
 quando figure como parte cliente do escritório de advocacia de cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, do juiz,
mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório (art. 144, VIII, do NCPC);
 quando o juiz promover ação contra a parte ou seu advogado (art. 144, IX, do NCPC).
O NCPC veda a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz (art. 144, § 2º,
do NCPC).
Atuação em instância administrativa enseja impedimento?
 STF: Não. O STF tem decidido que a atuação em instância administrativa não gera impedimento, eis
que o art. 252, III, do CPP merece interpretação restritiva (HC 120017 e HC 112121);
 STJ, não: A regra prevista no art. 134, III, do CPC (art. 144, II, do NCPC) somente se aplica aos casos
em que o magistrado tenha participado em outro grau de jurisdição (EDcl no RMS 8966).
Hipóteses de suspeição do juiz - art. 135 do CPC (art. 145 do NCPC). Suspeição: vício subjetivo, sujeito a
prazo preclusivo e não permite manejo de ação rescisória.

“(...) Os atos decisórios praticados no processo pelo julgador suspeito importam a


nulidade do processo, caracterizando o direito líquido e certo do impetrante de ter
reexaminados, por outro julgador, os pedidos formulados na ação em sua defesa, os quais
foram objeto de indevidas deliberações pelo juiz suspeito”. (STJ, RMS 33531).

Tanto o impedimento como a suspeição devem ser declarados de ofício pelo juiz.

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Os motivos de impedimento e suspeição se aplicam, também, ao órgão do Ministério Público, ao


serventuário da justiça, ao perito e ao intérprete (CPC, art. 138) (O NCPC estabelece que se aplicam os
motivos de impedimento e de suspeição a todos os sujeitos do processo).
Procedimento (impedimento e suspeição):o excipiente apresenta petição escrita endereçada ao juiz, com
fundamentos, documentos e rol de testemunhas. O juiz recebe a petição e julga. Se acolher a alegação,
remete os autos ao substituto; se não acolher, remete ao Tribunal para apreciar a arguição, com suas razões
e os documentos e rol de testemunhas para provar o que alega. Se o Tribunal acolher a exceção, condena o
juiz ao pagamento das custas, mas não dos honorários, mesmo porque em exceções não há condenação
em honorários; e remete o processo ao substituto legal (art. 314, CPC). Da decisão do Tribunal cabem
recursos extraordinário ou especial, conforme o caso.
Novidades do NCPC no procedimento de arguição de impedimento e suspeição: 1) Diante da extinção
das exceções rituais, a alegação passa a feita por petição autônoma (art. 146, "caput"); 2) Mudança do
prazo de 10 para 15 dias para o juiz apresentar suas razões, no caso de não reconhecimento do
impedimento ou da suspeição (art. 146, § 1º); 3) Possibilidade de o relator receber o incidente sem
efeito suspensivo, caso em que o processo voltará a correr (art. 146, § 2º); 4) Enquanto não for
declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a
tutela de urgência será requerida ao substituto legal (art. 146, § 3º); 5) Previsão de condenação do juiz
nas custas e de sua legitimidade recursal em caso de acolhimento da alegação de impedimento ou
suspeição (art. 146, § 5º); e 6) Fixação pelo tribunal do momento a partir do qual o juiz não poderia ter
atuado (art. 146, § 6º).
Obs: o magistrado tem capacidade postulatória para fazer sua defesa no incidente, não precisando de
advogado. Há controvérsia se essa capacidade postulatória o habilita a subscrever recursos para o STJ e
STF: para Nelson Nery, não há necessidade de representação judicial por advogado; para Didier, a
capacidade postulatória restringe-se à elaboração da defesa, não havendo previsão legal para o manejo de
recursos sem advogado.

Partes
Conceito: são aqueles que pedem ou contra quem é pedida uma providência jurisdicional. Participam do
processo com parcialidade, ou seja, com interesse na causa. A parte pode ser: a) Principal, que pode ser
interessada (autor e réu) ou desinteressada (juiz); e b) Auxiliar (atua no processo ajudando as partes
principais. Ex: assistente).
Partes na demanda: aquele que pleiteia e aquele em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional (autor
ou demandante/réu ou demandado).
Partes no processo: todas as pessoas que participam do procedimento em contraditório, ao lado do autor e
do réu, independentemente de fazer pedido ou contra ele algo ser pedido (ex: assistente e MP quando
funciona como fiscal da lei).
Parte material: é o sujeito que participa da relação de direito material que constitui o objeto do processo
(nem sempre o sujeito que figura como parte na demanda será parte material, ex: substituição processual).
Importante: a parte ilegítima também é parte, tanto que ela vai alegar sua própria ilegitimidade.
 A sanção prevista no art. 14 do CPC (art. 77 do NCPC) não se aplica aos
advogados. O STF, na ADIn 2652, deu interpretação conforme a CF ao § único
do art. 14 do CPC, para excluir da aludida sanção tanto os advogados do setor
privado e público. (NCPC, art. 77, § 6º ratificou a posição do STF)

Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou
interveniente. (art. 79 do NCPC)

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 Responsabilidade subjetiva, eis que exige um elemento subjetivo, a


má-fé, como requisito de responsabilização.
 Reputa-se litigante de má-fé (art. 17 CPC) (art. 80 do NCPC) quando a
petição apresentada em juízo não corresponder, com perfeição, ao original
anteriormente remetido via fax (Lei. nº 9.800/99, art. 4º, § único).
Litigância de má-fé: pode haver mais de uma condenação no mesmo processo / é possível a condenação de
ofício.

A pena por litigância de má-fé deve ser aplicada à parte, e não ao seu advogado, ainda
que incorra em falta profissional. Eventual conduta desleal do advogado deve ser
apurada em processo autônomo, nos termos do art. 32 do Estatuto da Advocacia (Lei
8906/94). (REsp 1247820)

É POSSÍVEL A CUMULAÇÃO DA MULTA DO ART. 538, § ÚNICO, DO CPC COM A


INDENIZAÇÃO PELO RECONHECIMENTO DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ (ARTS. 17, VII, E 18, §
2º, DO CPC). RECURSO REPETITIVO (Resp 1250739 Rep)

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E DESNECESSIDADE DE PROVA DE PREJUÍZO. É desnecessária


a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao pagamento de
indenização por litigância de má-fé (art. 18, caput e § 2º, do CPC). (…). Assim, para
a fixação da indenização, a lei só exige que haja um prejuízo, potencial ou
presumido. (EREsp 1133262)

A multa do art. 538, § ún, do CPC (NCPC, art. 1026, §§ 2º e 3º) tem caráter eminentemente administrativo
– punindo conduta que ofende a dignidade do tribunal e a função pública do processo –, sendo possível
sua cumulação com a sanção prevista nos arts. 17, VII, e 18, § 2º, do CPC (NCPC, arts. 80, VII, e 81, § 3º), de
natureza reparatória.

 Princípio da sucumbência: o vencido responde pelo pagamento das despesas


processuais (honorários advocatícios, custas judiciais e despesas propriamente
ditas, como os honorários periciais). A responsabilidade, nesse caso, é objetiva,
daquele que tiver restado sucumbente, independentemente do aspecto volitivo.

 Princípio da causalidade: é responsável pelas despesas processuais aquele que


tiver dado causa à instauração do processo.

Conforme o princípio da causalidade, quem deu causa à instauração do processo


deve arcar com os encargos correspondentes, mesmo que julgado extinto o
processo sem resolução do mérito por perda do objeto. (REsp 205015)

STJ, em casos excepcionais, admite a revisão de honorários advocatícios arbitrados


pelas instâncias ordinárias em valores ínfimos ou exagerados. (EREsp 742949)

É cabível ação rescisória para discutir exclusivamente verba honorária. Se na


fixação dos honorários ocorreu qualquer das hipóteses previstas nos incisos do art.
485, do CPC (v.g. prevaricação do juiz), não há porque impedir o ajuizamento da
rescisória. (REsp 1217321)

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 São devidos honorários advocatícios no módulo processual de execução (caso


não tenha havido o adimplemento voluntário), tenha ou não o executado
oferecido defesa, pouco importando tratar-se de execução fundada em título
judicial (a execução de sentença é mera fase do mesmo processo) ou
extrajudicial (processo de execução autônomo).

Não cabe condenação em honorários advocatícios e despesas processuais em


reclamação, por ser esta mero incidente processual, em que não há a formação de
nova relação jurídico-processual. (STJ, Rcl 2017)

Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria pública no exercício da


curadoria especial, visto que essa função faz parte de suas atribuições
institucionais. (AgRg no REsp 1256319)

Os honorários advocatícios não são devidos à defensoria pública quando ela atua contra A
pessoa jurídica de direito público à qual pertença. (Súmula 421/STJ)

São devidos os honorários advocatícios pela fazenda pública, nas execuções individuais de
sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. (Súmula 345/STJ)

Em se tratando de sentença cível condenatória, arbitrados os honorários advocatícios em percentual sobre


o valor da causa, a correção monetária incide a partir do respectivo ajuizamento.

Os honorários advocatícios, tanto os de sucumbência, quanto os contratuais, têm natureza


alimentar, sendo equiparáveis a salário, devendo tal crédito ser abrangido pela
impenhorabilidade disposta pelo art 649, IV, do CPC (NCPC, art. 833, IV). (EREsp 706.331)

STJ: Os créditos resultantes de honorários advocatícios, sucumbenciais ou contratuais, têm natureza


alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, seja pela regência do
Decreto-lei 7.661/45, seja pela forma prevista na Lei 11.101/05, observado o limite de valor previsto no art.
83, I, do referido diploma legal / São créditos extraconcursais os honorários de advogado resultantes de
trabalhos prestados à massa falida, depois do decreto de falência, nos termos dos arts. 84 e 149 da LF.
NCPC: "Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de
sucumbência parcial" (art. 85, § 14).

 O advogado é o titular do direito ao recebimento dos honorários de


sucumbência, tendo, inclusive, legitimidade ad causam para promover a
execução forçada desse capítulo da sentença.

AREsp 233603: Os honorários advocatícios de sucumbência não constituem direito autônomo do


procurador judicial quando vencedora a Administração Pública direta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, ou as autarquias, as fundações instituídas pelo Poder Público, as empresas
públicas, ou as sociedades de economia mista, visto que integram o patrimônio público da entidade.
NCPC: "Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei" (art. 85, § 19).
REsp 1134186: São cabíveis honorários advocatícios em fase de cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário a que alude o art. 475-J do CPC, que
somente se inicia após a intimação do advogado, com a baixa dos autos e a aposição do "cumpra-se" (REsp
940274) (NCPC: "São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
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provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente"


(art. 85, § 1º).
Não são cabíveis honorários advocatícios pela rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença.
Apenas no caso de acolhimento da impugnação, ainda que parcial, serão arbitrados honorários em
benefício do executado, com base no art. 20, § 4º, do CPC.

Súmula 519/STJ: "Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença,


não são cabíveis honorários advocatícios".

REsp 1306400: É cabível a condenação em honorários advocatícios quando a exceção de


pré-executividade é acolhida para extinguir, total ou parcialmente, a execução fiscal.

STJ/STF: É possível que a execução de honorários advocatícios devidos pela Fazenda Pública
se faça mediante RPV na hipótese em que os honorários não excedam o valor limite a que
se refere o art. 100, § 3º, da CF, ainda que o crédito dito “principal” seja executado por
meio do regime de precatórios.

Súmula 453/STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada


em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria”. Enunciado nº 8 do
FPPC: "(arts. 85, § 18, 1.026, § 3º, III) Fica superada a súmula do STJ após a entrada em
vigor do CPC (“Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em
julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria”)".

Lei 9.494/97: Art. 1º-D: Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública
nas execuções não embargadas. (Incluído pela MP 2.180-35/01) (art. 85, § 7º, do NCPC)

Na execução contra a Fazenda Pública, o Poder Público será citado para, querendo, opor embargos à
execução (embargos do devedor), no prazo de 30 dias (o art. 1º B da Lei 9494/97 ampliou o prazo previsto
no art. 730, caput, do CPC). Não se aplicam à Fazenda Pública as regras do cumprimento de sentença (art.
475-I e ss.), não havendo aplicação da multa de 10% de que trata o art. 475-J, por exemplo. Recebidos os
embargos, a execução fica suspensa. O magistrado determinará que o exequente/embargado seja ouvido
no prazo de 15 dias.
Em seguida, o juiz julgará imediatamente o pedido (art. 330) ou designará audiência de conciliação,
instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 dias. Caso os embargos à execução sejam
julgados improcedentes, a execução continuará com a requisição de precatório e a Fazenda Pública será
condenada a pagar honorários advocatícios ao exequente/embargado.
Se a Fazenda Pública não embargou a execução, ela, mesmo assim, será condenada a pagar honorários
advocatícios ao exequente? Regra geral: NÃO. O art. 1º-D da Lei n.° 9.494/97 afirma que “não serão
devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas.” EXCEÇÃO: A
Fazenda Pública será condenada a pagar honorários ao exequente, mesmo que não apresente embargos à
execução, caso a dívida cobrada seja enquadrada como de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF). No caso,
em que a execução contra a Fazenda Pública iniciou-se sob a sistemática do precatório e, posteriormente,
o exequente mudou de ideia e renunciou ao excedente pedindo a dívida como sendo de pequeno valor,
haverá a aplicação do art. 1º-D? SIM. Segundo STF e STJ, caso o exequente, após a propor a execução,
tenha renunciado ao valor excedente e pleiteado apenas o teto da “dívida de pequeno valor”, neste caso a
Fazenda Pública não será condenada a pagar honorários advocatícios, aplicando-se o art. 1º-D.

(...) A renúncia ao valor excedente ao previsto no art. 87 do ADCT, manifestada após a


propositura da demanda executiva, não autoriza o arbitramento dos honorários,
porquanto, à luz do princípio da causalidade, a Fazenda Pública não provocou a instauração
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da Execução, uma vez que se revelava inicialmente impositiva a observância do art. 730
CPC, segundo a sistemática do pagamento de precatórios. Como não foram opostos
Embargos à Execução, tem, portanto, plena aplicação o art. 1°-D da Lei 9.494/1997. (...)
(REsp 1406296).

SÚMULA 345/STJ: São devidos os honorários advocatícios pela fazenda pública, nas
execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas.

 Nas execuções não embargadas são devidos honorários advocatícios pela


Fazenda Pública quando se tratar de pagamento de obrigação definida em lei
como de pequeno valor, conforme decisão do STF, ou de execução individual, de
qualquer valor, oriunda de ação civil pública ou de ação coletiva promovida por
sindicato ou entidade de classe, segundo orientação do STJ. O STF deu
interpretação conforme a Constituição ao art. 1-D da Lei 9.494 (Não serão devidos
honorário advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas), de
modo a reduzir sua aplicação à hipótese de execução, por quantia certa, contra a
Fazenda Pública, excluídos os casos de pagamentos de obrigações definidas em lei
como de pequeno valor (art. 100, § 3º, CF/88). (STJ, Ag 937121)
 No mesmo sentido, o NCPC dispõe: "Não serão devidos honorários no
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de
precatório, desde que não tenha sido impugnada" (art. 85 , § 7º).
 Enunciado nº 240 do FPPC: "(arts. 85, § 3º, e 910) São devidos honorários nas
execuções fundadas em título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, a
serem arbitrados na forma do § 3º do art. 85".

DESCABIMENTO DE FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM EXECUÇÃO


INVERTIDA. Não cabe a condenação da Fazenda Pública em honorários advocatícios
no caso em que o credor simplesmente anui com os cálculos apresentados em
“execução invertida”, ainda que se trate de hipótese de pagamento mediante
Requisição de Pequeno Valor (RPV). (...). Nos casos de “execução invertida”, a
apresentação espontânea dos cálculos após o trânsito em julgado do processo de
conhecimento, na fase de liquidação, com o reconhecimento da dívida, afasta a
condenação em honorários advocatícios. (AREsp 630235)

Execução de obrigação de pagar quantia contra a Fazenda Pública no NCPC: a) tratando-se de título
judicial, cabe IMPUGNAÇÃO no prazo de 30 dias (art. 535); b) tratando-se de título extrajudicial, cabe
EMBARGOS no prazo de 30 dias (art. 910).
Obs.: A multa do art. 14 (violação a dever da parte) e a multa e indenização do art. 18 (litigante de má-fé)
são calculadas sobre o valor da causa. Os honorários advocatícios são calculados sobre o valor da
condenação.
No NCPC, as multas do art. 77 (não cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais ou crias embaraços à
sua efetivação / praticar inovação ilegal no estado de bem ou direito litigioso) e do art. 80 (litigância de
má-fé) continuam sendo calculadas sobre o valor da causa, mas quando o valor da causa for irrisório ou
inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. Os honorários
advocatícios também continuam sendo calculados sobre o valor da condenação, mas é possível a
utilização do valor atualizado da causa, quando não seja possível mensurar a condenação ou o proveito
econômico obtido (art. 85, § 2º)

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Sujeitos Especiais do Processo

Os sujeitos principais do processo são o autor, o réu e o juiz. Os sujeitos especiais são o advogado e o
membro do Ministério Público. Os sujeitos secundários do processo são os auxiliares da Justiça (escrivão,
oficial de Justiça, perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o contador, etc.) e terceiros, como
testemunhas.
“(...) MOMENTO ADEQUADO PARA A ALEGAÇÃO DE SUSPEIÇÃO DO PERITO. A parte não
pode deixar para arguir a suspeição de perito apenas após a apresentação de laudo
pericial que lhe foi desfavorável. Por se tratar de nulidade relativa, a suspeição do perito
deve ser arguida na primeira oportunidade em que couber à parte manifestar-se nos autos,
ou seja, no momento da sua nomeação, demonstrando o interessado o prejuízo
eventualmente suportado sob pena de preclusão (CPC, art. 245)”. (STJ, AgRg na MC 21336)

Ministério Público

Formas de atuação:
Como parte (art. 81 do CPC) (art. 177 do NCPC): parte na demanda
Como fiscal da lei (art. 82 do CPC) (art. 178 do NPC): parte no processo

HIPÓTESE EM QUE NÃO SE EXIGE INTERVENÇÃO DO MP. O fato de a ré residir com seus
filhos menores no imóvel não torna, por si só, obrigatória a intervenção do MP em ação
de reintegração de posse. (...) Na hipótese, o interesse dos menores é meramente reflexo.
(REsp 1243425)

Consequências da não intervenção do MP quando obrigatória: se não foi intimado: nulidade do processo,
exceto se a decisão tiver sido favorável ao interesse justificador da atuação / se foi intimado: não há
nulidade. (arts. 84 e 246 do CPC) (art. 279 do NCPC)
Intervenção determinada pelo juiz:
 MP não pode se recusar a intervir
 se a determinação não tiver amparo legal: correição parcial
 se o MP se recusa a intervir:
o juiz pode dar prosseguimento normal ao processo, sem nulidade
o aplicação analógica do art. 28 do CPP
Impedimento e suspeição:
 como fiscal da lei: os mesmos do juiz
 como parte: art. 134 e art. 135, I a IV do CPC
O NCPC estabelece que são aplicados os motivos de impedimento e de suspeição ao membro do MP,
sem fazer distinção quanto à sua atuação como parte ou fiscal da ordem jurídica (art. 148).
Legitimidade para recorrer:
 como parte ou fiscal da lei, tem legitimidade
 se a decisão for favorável ao interesse que justificou sua intervenção: não tem interesse jurídico
(Dinamarco); em sentido contrário, Alexandre Freitas Câmara.
 não tem legitimidade para recorrer adesivamente
Prerrogativas do MP:
 Intimação: sempre pessoal, seja parte, seja fiscal da lei. O STF entende que basta a intimação via
protocolo administrativo.
 Na qualidade de fiscal da lei, o MP terá vista após as partes (art. 83, I, do CPC) (art. 179, I, do NCPC).
 O MP, quando atuando no processo, terá ampla atuação probatória, podendo juntar documentos,
requerer a juntada de provas, etc. (art. 83, II, do CPC) (art. 179, II, do NCPC).
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 O MP pode recorrer. Aqui, interessante que nunca houve dúvidas de tal possibilidade quando o MP
atua como parte; porém, quando atua como fiscal da lei, temos a Súmula 99/STJ, que confirma o art.
499, CPC, que diz que o MP pode recorrer como fiscal da lei ainda que as partes não recorram. O NCPC
ratificou tal posicionamento (art. 996).
 Na prática de atos processuais, o MP tem isenção de custas na JF (art. 4º, III, da Lei nº 9.289/1996),
cabendo ao autor adiantar as despesas relativas a atos requeridos pelo MP, quando atue como fiscal da
lei, sendo a aludida despesa arcada, ao final, pelo vencido (art. 19, §2º; art.27, CPC) (arts. 82, §§ 1º e
2º, do NCPC). art. 488, II, §Ú, CPC (art. 968, § 1º, do NCPC) – não se exige a caução do MP quando
oferecer rescisória; art. 511, §1º, CPC (art. 1007, § 1º, do NCPC) – libera o MP do preparo quando este
recorrer.
 O MP tem atuação obrigatória nas ações rescisórias. O NCPC limita a atuação do MP como fiscal da
ordem jurídica às hipóteses previstas no art. 178 (art. 967, p. único)
 prazo 4x para contestar e 2x para recorrer, atuando como parte ou fiscal da lei. O NCPC estabelece
prazo em dobro para todas as manifestações do MP. Não se aplica o prazo em dobro, quando a lei
estabelecer prazo próprio para o MP (art. 180)
 não está sujeito a adiantamento de despesas processuais.(Aplicação analógica da Súmula 232, STJ, no
que concerne às despesas em sentido estrito (perícias etc.) devendo o MP, quando atue como parte,
adiantar as despesas relativas às perícias que solicitar, quando não se tratar de microssistema de tutela
coletiva (Lei nº 7.345/87, art. 18). Em verdade, segundo o STJ, deverá a Fazenda Pública ao qual se
encontra vinculado o Parquet arcar com essa despesa (O NCPC estabeleceu que as perícias requeridas
pelo MP, autuando como parte, poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão
orçamentária, ter valores adiantados pelo MP. Não havendo previsão orçamentária, o adiantamento
dos honorários periciais poderão ser pagos no exercício seguinte ou, ao final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes - art. 91);

Advogado e Defensoria Pública

Advogado

Advogado é o técnico em direito que representa a parte em suas postulações no processo e no exercício
das faculdades processuais. É indispensável à administração da Justiça.
Só se pode ir a juízo por meio de um advogado, exceto:
 quem tiver capacidade postulatória (for advogado)
 ausência de advogado no local
 JEsp Estadual, até 20 SM (só na primeira instância)
 JEsp Federal, até 60 SM (só na primeira instância)
 Reclamação trabalhista.
Procuração com cláusula “ad judicia” dá todos os poderes, exceto para:
 transação
 renúncia
 receber e dar quitação
 reconhecer a procedência do pedido e firmar compromisso
Medidas urgentes: pode pleitear sem procuração, mas deve apresentá-la em 30 dias (15+15), sob pena de
o ato ser considerado inexistente (art. 37 do CPC). O NCPC estabelece que a não ratificação dos atos
praticados sem procuração gera a ineficácia de tais atos (art. 104 do NCPC).
Instâncias superiores: em regra, não há exceções para ausência de procuração (súmula 115 do STJ: “Na
instância especial, é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”).

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Endereço do advogado: tem que constar na petição inicial, sob pena de o juiz determinar sua emenda no
prazo de 48h, sob pena de indeferimento liminar (art. 39, § único, CPC). O NCPC estabelece o prazo de 5
dias para que seja suprida a omissão (art. 106, § 1º, do NCPC).
Renúncia do mandato: cientifica o representado e ainda pratica atos processuais por 10 dias (art. 45 do
CPC) (art. 112 do NCPC).
STF:
 imunidade profissional não abrange desacato.
 advogado não tem direito a fazer sustentação oral após o voto do relator.
A jurisprudência do STJ sobre as prerrogativas do advogado:
Juiz atrasado: O atraso do magistrado por mais de 30 minutos autoriza o advogado a deixar o
recinto, mediante comunicação protocolada em juízo. Porém, essa medida só se justifica
quando o juiz não está presente no fórum. (Lei 8906/94, art. 7º, XX) (NCPC, art. 362, III)
Direito próprio: As prerrogativas profissionais são direito do próprio advogado (REsp 735668).
Imunidade por ofensas: Para o STJ, o advogado não pode ser responsabilizado por ofensas em
sua atuação profissional, ainda que fora do juízo. No HC 213583, o STJ entendeu que não havia
na apelação nenhum elemento que demonstrasse a intenção do advogado de ofender o
magistrado ou imputar-lhe crime. Os ministros consideraram que a manifestação era objetiva
e estava no contexto da defesa do ente público, seu cliente.

Advocacia Estatal

O NCPC estabelece prazo em dobro para todas as manifestações da Fazenda Pública. Não se aplica o
prazo em dobro, quando a lei estabelecer prazo próprio para o ente público (art. 183).

Exerce a representação judicial e extrajudicial dos entes públicos, e lhes presta atividades de consultoria e
assessoramento.
Os membros da AGU possuem prerrogativa de intimação pessoal. Tal prerrogativa só foi conferida aos
procuradores federais com a Lei nº 10910/04, a qual, porém, vem sendo afastada no âmbito dos Juizados.
STJ: É válida a intimação do representante da Fazenda Nacional por carta com aviso de
recebimento (art. 237, II, do CPC) quando o respectivo órgão não possui sede na Comarca de
tramitação do feito.
O NCPC determina a intimação pessoal para as pessoas jurídicas de direito público. A intimação pessoal
far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. (art. 183). As pessoas jurídicas de direito público deverão
manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações
e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio (art. 246, § 2º). Sempre que
possível, as intimações serão realizadas por meio eletrônico (art. 270).

Defensoria Pública

O NCPC estabelece prazo em dobro para todas as manifestações da Defensoria Pública. Não se aplica o
prazo em dobro, quando a lei estabelecer prazo próprio para a Defensoria Pública (art. 186). Aplica-se
também o prazo em dobro aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na
forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados
com a Defensoria Pública (art. 186, § 3º).
Nos juizados especiais federais, não gozam de prazo em dobro.
Substituição e sucessão de partes e procuradores:
Substituição processual ≠ Substituição de parte:

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 Substituição processual: ocorre quando a lei autoriza propositura de ação em nome próprio para
pleitear direito alheio (legitimação extraordinária / anômala).
 Substituição de parte: é a sucessão processual. Pode ocorrer quando o bem litigioso é alienado
(facultativa – só com a autorização da parte contrária; sem autorização, é o caso de substituição
processual) (CPC, arts. 41 e 42 / NCPC, arts. 108 e 109) e na hipótese de morte de uma das partes
(obrigatória – entram o espólio e/ou sucessores) (CPC, art. 43 / NCPC, art. 110). Outros casos de
sucessão processual: ação civil pública e ação popular, quando a parte originária desiste da ação.

G. DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PRESTAÇÃO. CARÊNCIA. BENEFÍCIOS. RENDA MENSAL INICIAL. APOSENTADORIAS,


AUXÍLIOS E PENSÕES. PRESCRIÇÃO.

PRESTAÇÃO
As prestações se dividem em benefícios e serviços. Os primeiros são valores pagos em dinheiro aos
segurados e dependentes, ao passo que os serviços são prestações imateriais postas à disposição dos
beneficiários.
Segundo a lei de benefícios da previdência social, os segurados fazem jus aos seguintes benefícios: a)
aposentadorias por tempo de contribuição, idade, invalidez e especial; b) auxílios doença; c) salário-
família e salário-maternidade.
Os dependentes, por sua vez, podem perceber pensão por morte e auxílio-reclusão.
Quanto aos serviços, tanto os segurados como os dependentes fazem jus à reabilitação profissional e
ao serviço social (voltado ao préstimo de esclarecimentos dos direitos e auxílio na solução de
problemas representativos de situações de fragilidade social).
CARÊNCIA
É o número mínimo de contribuições indispensáveis para que o segurado ou dependente faça jus a
determinado benefício (art. 24, Lei n.º 8.213/1991), devendo ser calculada sempre em contribuições e não
em meses, com exceção do segurado especial.
O objetivo da carência é resguardar o equilíbrio financeiro e atuarial e evitar a prática de fraudes, pois sem
ela uma pessoa poderia começar a contribuir para o sistema de proteção social unicamente com o objetivo
de obter determinado benefício.
O termo inicial da carência é o primeiro dia do mês da competência recolhida, não interessando o dia em
que efetivamente ocorreu o pagamento.
Para os segurados empregados, inclusive domésticos, avulsos e contribuintes individuais que prestarem
serviços à pessoa jurídica (este último a partir da competência do mês 04/2003), o período de carência
será computado nos mesmos moldes que o tempo de contribuição, tendo em vista que o recolhimento
mensal é sempre presumido, eis que a responsabilidade pelo recolhimento é sempre do empregador (art.
33, § 5º, Lei 8.212/91), de modo que o período de carência começa a ser computado desde a data da
filiação destes segurados.
De acordo com o art. 27 da Lei de Benefícios, alterada pela LC 150, de 2015:

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições: (Redação da LC nº 150/15)

I - referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), no caso dos
segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos; (Redação da LC nº 150/15)

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II - realizadas a contar da data de efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo
consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos
segurados contribuinte individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos V e VII do art. 11
e no art. 13. (Redação da LC nº 150/15)

De acordo com a jurisprudência consolidada da TNU, as contribuições recolhidas em atraso só poderão ser
consideradas para fins de carência se não ocorrer a perda da qualidade de segurado.
Não dependem de carência: a) pensão por morte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente e salário-família; b)
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez quando derivarem de qualquer acidente, doença do trabalho
ou doença grave; c) serviço social e reabilitação profissional.

Prazos de carência
Nos termos do art. 25 da Lei de Benefícios, os prazos são:
- Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: como regra, de 12 contribuições mensais para efeito de
carência.
- Aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial: 180 contribuições mensais.
- Salário-maternidade para a segurada contribuinte individual, especial e facultativa: 10 contribuições
mensais. Porém, se ocorrer parto antecipado, a carência de dez contribuições mensais é reduzida no
mesmo número de meses em que o parto se antecipou.
A segurada especial que não contribui como contribuinte individual terá direito ao salário-maternidade
com renda mensal no valor de um salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, nos doze meses imediatamente anteriores ao início do benefício.
INDEPENDE DE CARÊNCIA - rol taxativo, art. 26
- I - A pensão por morte, o auxílio-reclusão, o salário-família e o auxílio-acidente;
Obs. Medida Provisória n.º 664/2014, tentou incluir o requisito de carência para fins de concessão do
benefício de pensão por morte; todavia, o Congresso Nacional, ao analisar a aludida MP, não aprovou essa
mudança contida na MP (Lei n.º 13.135/2015). Em resumo, a pensão por morte continua a ser um
benefício previdenciário cuja concessão prescinde de carência.
- II - auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, decorrerem de acidente de qualquer natureza ou
causa, de doença profissional ou do trabalho, de doenças especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social, desde que acometam o segurado após sua
filiação ao RGPS, não haverá que se falar em carência.
- III - Segurado especial: não há carência para aposentadoria por idade, invalidez, o auxílio-doença, auxílio-
reclusão, pensão por morte e o auxílio-acidente. Todavia, embora dispensado de comprovar o
recolhimento de contribuições, nessas hipóteses o segurado especial tem de comprovar o efetivo exercício
de atividade rural, ainda que de forma descontínua, pelo período de correspondente ao da carência do
benefício.
- IV e V - As prestações consubstanciadas no serviço social e na reabilitação profissional não dependem de
carência.
- VI – Salário maternidade das seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas e domésticas. Diferentemente
da seguradas contribuintes individuais e facultativas, a legislação presume que seu ingresso no sistema
previdenciário tenha ânimo definitivo e não o intuito de cobertura apenas para a contingência
maternidade, ficando preservado o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.
Perda da qualidade de segurado e carência
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Quando o indivíduo, após verter certo número de contribuições para o sistema previdenciário, perde a
qualidade de segurado, a carência é zerada. Com isso, para ter direito a qualquer benefício futuro, terá que
readquirir a condição de segurado, recolhendo tempestivamente uma contribuição e verter, após a nova
filiação, pelo menos 1/3 da carência do benefício desejado (LBPS, art. 24, § ún). Todavia, por força do art.
3º da Lei 10666/03, tal regra restritiva se aplica apenas ao auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e
salário-maternidade (nos casos de contribuinte individual, facultativa e segurada especial). Isso porque o
art. 3º da Lei 10666 assegura que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão
das aposentadorias por tempo de contribuição e especial. Também, na hipótese de aposentadoria por
idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde
que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de
carência na data do requerimento do benefício.

RENDA MENSAL INICIAL


Renda mensal inicial é o primeiro valor bruto a ser pago ao segurado ou dependente a título de benefício,
calculado no ato de sua concessão. É o valor mensal que o beneficiário deve começar a receber em razão
do benefício.
Já o salário de contribuição é a base de cálculo para a cobrança mensal de contribuição previdenciária e
que servirá de parâmetro para a mensuração da renda mensal inicial do benefício previdenciário.
Por fim, o salário de benefício está sujeito às seguintes variantes: a) se não houver fator previdenciário, o
salário de benefício será a média dos 80% maiores salários de contribuição, atualizados monetariamente
(tendo como marco inicial de retroação máxima o mês de julho de 1994); b) se houver fator previdenciário,
o salário de benefício será o resultado da multiplicação da média dos 80% maiores salários de contribuição
pelo fator previdenciário.
O fator previdenciário é um coeficiente atuarial criado para garantir a estabilidade econômica do sistema
previdenciário e impedir que pessoas muito jovens percebam aposentadorias muito altas por longos
períodos. Tem por elementos componentes a idade da pessoa no momento da concessão da
aposentadoria, a expectativa nacional de sobrevida (sem distinção entre regiões do país e o sexo dos
segurados) e o período contribuído.
O fator previdenciário:
a) era obrigatório para a aposentadoria por tempo de contribuição. Com a Lei 13.183/2015, tornou-se
facultativo; Agora, há opção para o segurado pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua
aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas
as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: igual ou superior a 95 pontos, se homem,
observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou igual ou superior a 85 pontos, se
mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.
b) continua facultativo para a aposentadoria por idade, só sendo aplicável se resultar em aumento do
benefício concedido ao segurado;
c) inaplicável para os demais benefícios (incluindo as aposentadorias especiais, por invalidez, o auxílio-
doença e salário-maternidade.
Como regra, a renda mensal inicial (RMI) corresponderá sempre ao resultado da incidência de um
percentual legalmente estipulado sobre o salário de benefício, variando conforme o benefício pleiteado.
Para o auxílio-doença, a RMI é de 91% do Salário de Benefício; para o auxílio-acidente, 50% do salário de
benefício; c) para a aposentadoria por idade, 70% do salário de benefício, acrescido de 1% do mesmo valor
para cada grupo de 12 contribuições, não podendo jamais ultrapassar os 100%; d) para a pensão por
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morte, a renda mensal inicial será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a
que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento. A MP 664/2014 tentou
alterar a forma de cálculo, mas não houve aprovação pelo CN e) Para os demais benefícios (inclusive
aposentadoria por tempo de contribuição), a RMI será de 100% do salário de benefício.
As únicas EXCEÇÕES a essa modalidade de cálculo da RMI baseada na incidência de um percentual sobre o
salário de benefício são o salário-família e o salário-maternidade. O primeiro tem seu montante
expressamente fixado em lei, ao passo que o salário maternidade corresponderá ao valor da remuneração
que a trabalhadora esteja recebendo na data da concessão do mencionado benefício, ressalvado o caso da
segurada especial, cujo salário maternidade equivalerá ao pagamento de um salário mínimo.
O limite mínimo da RMI dos benefícios que substituam a remuneração é o salário-mínimo (CF/88, art. 201,
§2º). Por não serem substitutivos do salário de contribuição, o salário família e o auxílio acidente poderão
ser concedidos em patamar inferior ao salário mínimo.
Quanto ao limite máximo, corresponderá a renda mensal inicial ao valor fixado como teto para a
concessão de benefícios pelo regime geral de previdência social. Contudo, a lei de benefícios prevê as
seguintes exceções que poderão exceder o referido teto:
1) a aposentadoria por invalidez deferida a segurado que necessita de cuidado permanente de terceiro,
hipótese em que haverá um acréscimo de 25% no valor do benefício, calculado sobre a RMI.
Sobre o adicional de 25%, previsto no art. 45 da Lei n.º 8.213, o STJ, recentemente, decidiu que esse
acréscimo não é extensível aos segurados que recebam outras espécies de aposentadoria, como
jubilação por idade ou por tempo de contribuição (REsp 1533402). Há, no entanto, precedentes em sentido
contrário no âmbito da TNU (Processo nº 0501066-93.2014.4.05.8502).
2) Salário maternidade que corresponderá ao valor da remuneração da trabalhadora e que terá como teto
apenas o subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O valor que exceder a este teto será pago
diretamente pelo empregador. Hoje o subsídio corresponde a R$ 33.763,00, Lei 13091/2015.

BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL


Benefícios devidos aos segurados
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
Cuida-se de benefício devido aos segurados acometidos de incapacidade substancial e permanente para o
exercício da atividade remunerada que habitualmente exerciam, independentemente da percepção de
prévio auxílio-doença.
A verificação da incapacidade ocorrerá mediante a realização de exame médico-pericial gratuito, a cargo
do INSS, podendo o segurado fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. O segurado tem a
obrigação de comparecer às perícias médicas realizadas pela autarquia previdenciária com periodicidade
mínima de dois anos. Ainda, deve se submeter a processo de reabilitação profissional e tratamentos
clínicos para a recuperação de sua higidez física e mental. Não pode ser compelido, no entanto, a realizar
intervenção cirúrgica e transfusão sanguínea, sendo tais procedimentos facultativos.
A Lei 13.135/2015 procedeu às seguintes modificações neste ponto:
- A lista de doenças, antes elaborada pelos Ministério da Saúde, Trabalho e Previdência, passa a ser
elaborado apenas pelo da Saúde de Previdência.
- Foram incluídas no rol de doenças graves a esclerose múltipla e a hepatopatia grave.
- Em relação às perícias, nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor
próprio competente, assim como no casos de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das
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atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social o INSS poderá, sem ônus para os
segurados, celebrar convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento ou de
colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia médica,
por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com - órgãos e entidades
públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS)
A aferição da incapacidade deve ser abrangente, envolvendo a análise da situação do segurado não apenas
sob o aspecto médico-pericial, mas também sob as perspectivas sociais, econômicas, profissionais,
culturais, etárias, entre outras.
Se o segurado percebia auxílio-doença: o termo inicial da aposentadoria por invalidez será a data seguinte
à cessão do pagamento do primeiro benefício.
Se a aposentadoria por invalidez for concedida diretamente: sua data inicial variará de acordo com a
modalidade em que enquadrado o segurado, nos seguintes termos:
a) empregado: a partir do 16º dia do afastamento (o pagamento relativo aos 15 primeiros dias ficará a
cargo do empregador – A MP 644/14 não foi aprovada na parte em que ampliava o prazo para 30 dias).
Se requerida após 30 dias do afastamento, o termo inicial da aposentadoria por invalidez será equivalente
à data da apresentação do requerimento administrativo;
b) empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado especial e facultativo: a
contar da data da incapacidade ou a partir da apresentação do requerimento administrativo se a
concessão for pleiteada após o prazo de 30 dias contados do momento da configuração da incapacidade.
- A renda mensal inicial será de 100% do valor do salário de benefício, sendo este o resultado da média
aritmética relativa a 80% dos maiores salários de contribuição, sem incidência do fator previdenciário.
- Em se tratando de aposentadoria por invalidez imediatamente precedida por auxílio-doença, o cálculo de
sua renda mensal inicial deve ser realizado com base no disposto nº 36, § 7º, do Dec 3.048. Assim, o
salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez será de 100% do valor do salário-de-benefício do
auxílio-doença anteriormente recebido, reajustado pelos índices de correção dos benefícios
previdenciários (AREsp nº 55958).
Em se tratando de segurado especial e segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência e que pertença à família de baixa renda
que verte para o sistema contribuições no percentual de 5% sobre o limite mínimo mensal do salário de
contribuição, a RMI será equivalente a um salário mínimo.
No caso de grande invalidez, assim considerada a hipótese em que o inativo necessita de cuidados
especiais e constantes de terceiro, haverá o recebimento de um adicional de 25% conjuntamente com os
proventos de aposentadoria. Nesse caso, o valor total do benefício poderá ultrapassar o montante
estipulado como limite máximo para o pagamento de benefícios pelo RGPS. Tal adicional possui natureza
indenizatória e caráter personalíssimo, não se transferindo, portanto, para os pensionistas em caso de
falecimento do instituidor da pensão.
Em regra, a carência da aposentadoria por invalidez será de 12 contribuições. Contudo, quando o benefício
decorrer de acidente de trabalho ou de qualquer natureza ou do acometimento de doença prevista em
portaria conjunta expedida pelos Ministérios da Fazenda e da Previdência Social, não haverá carência.
A doença o lesão preexistente não gera direito a aposentadoria por invalidez, salvo se houver progressão
ou agravamento posterior à filiação ao RGPS que resulte em incapacidade superveniente.
Todos os segurados têm direito ao benefício de aposentadoria por invalidez, desde que detenham a
qualidade de segurado quando a configuração da incapacidade.
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A cessão do benefício pode se dar imediatamente, quando o segurado retorna voluntariamente às suas
atividades – Art. 46, ou gradualmente, nos seguintes termos:
a) quando a recuperação total da incapacidade ocorrer dentro do prazo de cinco anos contados da
concessão da aposentadoria ou da cessação do auxílio-doença que a precede, o segurado empregado
deixará de perceber o benefício imediatamente se tiver direito a retornar à atividade remunerada antes
exercida. Para os demais segurados, o benefício cessará após o transcurso do número de meses
equivalentes aos anos de duração do auxílio-acidente ou da aposentadoria por invalidez; b) se a
recuperação da incapacidade for parcial, ocorrer após o prazo de 5 anos ou quando o inativo for declarado
apto, por perícia do INSS, para exercer função diversa da habitual desempenhada anteriormente a
aposentadoria, a cessação do benefício se dará de forma escalonada. Nos 6 primeiros meses posteriores a
verificação da recuperação da capacidade laboral, o segurado receberá o valor integral dos proventos de
aposentadoria, havendo em seguida a redução em 50% do valor do benefício pelos próximos 6 meses. Em
seguida, haverá nova redução no patamar de 75% também por igual período de 6 meses, ao término dos
quais cessará definitivamente.
A aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença somente serão considerados para fins de tempo de
contribuição se existir períodos intercalados de atividade e percepção do benefício incapacitante (TNU –
PEDILEF 2008.72.54.001356-5).

APOSENTADORIA POR IDADE.


Trabalhador urbano terá direito a aposentadoria a partir do 65 anos, se homem, e 60, se mulher. Por sua
vez, o trabalhador rural (segurado especial, empregado, avulso ou contribuinte individual) poderá se
aposentar com 60 anos de idade, se homem, e 55, se mulher. Esta redução de cinco anos no critério etário
para a obtenção do benefício abrange trabalhadores e produtores rurais, pescadores artesanais e o
garimpeiro que exerçam suas atividades em regime de economia familiar. Este último, embora atualmente
enquadrado na categoria de contribuinte individual, continua se beneficiando da redução de cinco anos
para fins de obtenção de aposentadoria por idade.
Conforme a lei de benefícios da previdência social, a carência para a obtenção do benefício em comento é
de 180 contribuições mensais.
Súmula 44 da TNU: Para efeito de aposentadoria urbana por idade, a tabela progressiva de carência
prevista no art. 142 da Lei Nº 8.213/91 deve ser aplicada em função do ano em que o segurado completa a
idade mínima para concessão do benefício, ainda que o período de carência só seja preenchido
posteriormente. Tese da carência congelada.
Não é necessário que o indivíduo mantenha a qualidade de segurado no momento da formulação do
pleito de aposentação, bastando o preenchimento de todos os requisitos para a concessão do benefício
(art. 3, § 1º, Lei 10.666/03).
A renda mensal inicial será de 70% do valor do salário de benefício acrescido de 1% a cada 12 contribuições
mensais, até o limite de 100%, aplicando-se o fator previdenciário facultativamente, ou seja, somente
quando for mais benéfico ao segurado. No que tange ao segurado especial, contribuinte individual e
facultativo de baixa renda, a RMI será de um salário mínimo.
Para o segurado empregado, o termo inicial do benefício é a data do desligamento do emprego, nos casos
em que a aposentadoria por idade for requerida no prazo de 90 dias contados da dissolução do vínculo de
emprego. Ultrapassado tal período, ou não ocorrendo a ruptura do vínculo empregatício, a aposentadoria
será devida a partir da data do requerimento administrativo.

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Para as demais modalidades de segurado, os proventos de aposentadoria serão devidos a partir da data da
entrada do requerimento administrativo.
Em caso de requerimento judicial, o benefício será devido desde a data da citação.
A aposentadoria por idade é benefício de concessão ampla, podendo ser deferido a todos os segurados
que preencham os requisitos estampados na legislação de regência.
O pagamento dos proventos cessará com a morte do beneficiário, momento a partir do qual surgirá o
surgirá o direito dos dependentes, acaso existentes, de recebimento de pensão.
A TNU decidiu pela legalidade da acumulação da pensão por morte e da aposentadoria por idade em caso
de beneficiários rurais.
A lei de benefícios autoriza que o empregador aposente compulsoriamente o empregado. Para tanto,
deverá formalizar requerimento junto ao INSS e demonstrar o preenchimento dos seguintes requisitos: a)
carência mínima de 180 contribuições; b) idade mínima de 70 anos, se homem, e 65, se mulher. Nesses
casos, o empregado fará jus ao pagamento das verbas trabalhistas devidas nas hipóteses de despedida
sem justa causa.
Súmula 54 da TNU. Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo
de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente
anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima.
Súmula 46 da TNU. O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de
benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto.
Súmula 41 da TNU. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar
atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado
especial, condição que deve ser analisada no caso concreto. Obs.: desde que fique demonstrado
que a subsistência do grupo familiar vem da atividade rurícola.
Súmula 34 da TNU. Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material
deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.
Súmula 14 TNU: Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de
prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
Súmula 6 TNU: A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição
de trabalhador rural do cônjuge constitui início de prova material da atividade rurícola.
Súmula 5 TNU: a prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até a lei 8213/91, pode
ser reconhecida para fins previdenciários (tempus regit actum).

Aposentadoria por idade “mista” ou “híbrida” (Lei n.º 11.718/2008)

A Lei n.º 11.718/2008 introduziu no ordenamento jurídico pátrio a chamada aposentadoria por idade mista
ou híbrida (art. 48,§ 3º, da Lei n.º 8213/1991). Tal modalidade de aposentadoria por idade foi instituída
para permitir uma adequação da legislação para as categorias de trabalhadores urbanos e rurais,
possibilitando ao segurado especial a soma do tempo de atividade rural sem contribuições previdenciárias
ao tempo de contribuição em outra classificação de segurado, com a finalidade de implementar o tempo
necessário de carência.
Com isso, o legislador permitiu ao rurícola o cômputo de tempo rural como período contributivo, para
efeito de cálculo e pagamento do benefício etário. Assim, sob o enfoque da atuária, não se mostra razoável
exigir do segurado especial contribuição para obtenção da aposentadoria por idade híbrida, relativamente
ao tempo rural. Por isso, não se deve inviabilizar a contagem do trabalho rural como período de carência.
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Destarte, o segurado especial que comprove a condição de rurícola, mas não consiga cumprir o tempo
rural de carência exigido na tabela de transição prevista no artigo 142 da Lei n. 8.213⁄1991 e que tenha
contribuído sob outras categorias de segurado, poderá ter reconhecido o direito ao benefício
aposentadoria por idade híbrida, desde que a soma do tempo rural com o de outra categoria implemente a
carência necessária contida na tabela do art. 142 da Lei de Benefícios, não ocorrendo, por certo, a
diminuição da idade.

Sobre a aposentadoria por idade híbrida, importante mencionar que o STJ decidiu que não obsta a
concessão do concessão de aposentadoria por idade híbrida (art. 48, § 3º, da Lei n. 8.213⁄1991) o fato
de que a última atividade exercida pelo segurado, no período imediatamente anterior ao requerimento
do benefício ou ao implemento da idade mínima, não tenha sido de natureza agrícola. Em outras
palavras, a aposentadoria híbrida pode ser concedida ainda que a última atividade do segurado seja
urbana, ou seja, ele começou na atividade rural e depois migrou para a urbana. O trabalhador tem direito a
se aposentar por idade, na forma híbrida, quando atinge 65 anos (homens) ou 60 (mulheres), desde que
tenha cumprido a carência exigida considerando-se tanto os períodos urbano e rural. Não faz diferença se
ele está ou não exercendo atividade rural no momento em que completa a idade ou apresenta o
requerimento administrativo, nem o tipo de trabalho predominante (REsp 1407613).

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


O benefício poderá ser concedido ao homem que completar 35 anos de contribuição ou à mulher que
detiver 30 anos de contribuição. Em se tratando de professor do ensino infantil, fundamental, e médio, ou
que exerça atividade de direção de unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico, haverá
redução de cinco anos no critério de tempo mínimo de contribuição para a concessão da aposentadoria.
Ao contrário do que ocorre no regime próprio de previdência social, não é necessária a manutenção da
qualidade de segurado para a obtenção de aposentadoria por tempo de contribuição, bastando que o
indivíduo tenha preenchido o requisito mínimo referente a carência, que é de 180 contribuições mensais,
ressalvada a regra de transição prevista no art. 142 da lei 8213/1991 (artigo 3º da Lei 10.666/03).
Todos os segurados têm direito à aposentadoria por tempo de contribuição, excetuado os seguintes casos:
a) segurado especial: só terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição se verter contribuições
adicionais ao sistema na condição de facultativo, vide súmula 272 do STJ.
Não farão jus à aposentadoria por tempo de contribuição: a) o contribuinte individual que trabalhe por
conta próprio, sem vínculo com pessoa jurídica; b) o segurado facultativo que opte por contribuir para o
sistema pelo Plano de Previdência Simplificado.
Isso porque o contribuinte individual e o facultativo contribuem com uma alíquota de 11% sobre o salário
mínimo, e o microempreendedor individual e o facultativo de baixa renda com 5% sobre o salário mínimo.
Todavia, se optarem pela complementação das contribuições, recolhendo a diferença que faltava para
atingir o percentual de 20% sobre o salário mínimo, terão direito a se aposentar por tempo de
contribuição.
O termo inicial da aposentadoria por tempo de contribuição será fixado nos mesmos moldes já
comentados para a aposentadoria por idade.
A renda mensal inicial será de 100% do salário de benefício, que será apurado mediante a média dos 80%
maiores salários de contribuição, com utilização do fator previdenciário, SALVO quando o total resultante
da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da
aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo

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de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher,
observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.
Para alcançar os fatores 95/85, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e
idade
Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e deixar de
requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data
do cumprimento do requisito nos termos deste artigo.
A Lei nº 13.183, prevê, ainda, que as somas de idade e de tempo de contribuição previstas serão
majoradas em um ponto nos anos de 2018, 2020, 2022, 2024 e 2026. Contudo, a mesma lei assegura a
aplicação da pontuação vigente na data da implementação dos requisitos para os segurados que deixem
de requerer o benefício em época própria, em observância ao direito adquirido.
O tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo
de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de,
respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo
de contribuição.

APOSENTADORIA ESPECIAL.
O texto constitucional veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades
exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de
segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
No âmbito infraconstitucional, os arts. 57 e 58 da lei de benefícios especificam os critérios a serem
observados na concessão do benefício de aposentadoria especial.
A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência de 180 contribuições mensais, ao
segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos.
A renda mensal inicial da aposentadoria especial será equivalente a 100% do valor representado pelo
salário-de-benefício, sem a incidência do fator previdenciário.
A data de início do benefício será definida de acordo com os mesmos critérios estabelecidos para a fixação
do termo inicial da aposentadoria por idade, na forma anteriormente explanada.
A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do
tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem
a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.
O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos,
físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período
equivalente ao exigido para a concessão do benefício.
O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas
prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho
exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência
Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. Quanto ao percentual aplicável para fins de
conversão, o STJ, em sede de julgamento de recurso especial submetido ao rito dos recursos repetitivos,
encampou entendimento no sentido de que deverá ser aplicado o critério vigente na data da

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apresentação do requerimento do benefício, e não aquele em vigor à época da prestação do serviço


(EREsp 1105506)
A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na
forma estabelecida pelo INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de
condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho.
Do laudo técnico deverão constar informações sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou
individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a
sua adoção pelo estabelecimento respectivo. A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com
referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir
documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à
pena de multa.
Ainda, deverá a empresa elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades
desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia
autêntica desse documento, para que este possa comprovar, perante o INSS, sua exposição a agentes
nocivos.
De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ e da TNU, o fornecimento de equipamento de
proteção individual não era suficiente para descaracterizar a natureza especial da atividade, cabendo ao
INSS provar que o EPI neutraliza os efeitos deletérios da exposição do empregado aos agentes nocivos
químicos, físicos e biológicos. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, nos autos do ARE nº 664335,
firmou entendimento no sentido de que o direito à aposentadoria especial (CF/88, art. 201, §1º) pressupõe
a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo, de modo que, se o EPI é eficaz para neutralizar,
eliminar ou reduzir a nocividade para níveis inferiores aos limites de tolerância, tal como comprovado por
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), o tempo de atividade não se caracterizará como especial.
Em se tratando, porém, de exposição do trabalhador ao agente nocivo ruído acima dos limites legais de
tolerância, a eficácia do EPI não descaracteriza a natureza especial do trabalho para fins de concessão de
aposentadoria especial.
O reconhecimento, pela justiça do trabalho, de que o empregado faz jus à percepção de adicional de
insalubridade, não se mostra forte o suficiente para autorizar a concessão de aposentadoria especial,
servindo tal decisão, apenas, como início de prova material.
Fazem jus à aposentadoria especial o segurado empregado, o trabalhador avulso e o contribuinte
individual filiado a cooperativa de trabalho ou produção que tenham trabalhado pelo período de 15, 20 ou
25 anos, conforme o caso, sujeitos a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
O STJ definiu que o rol de agentes nocivos e atividades especiais constantes de atos normativos expedidos
pelo Poder Público é meramente exemplificativo, podendo ser consideradas especiais atividades outras ou
agentes não constantes da lista encartada no Decreto nº 3048/1999, tal como ocorre nos casos de
atividades sujeitas à eletricidade (REsp 1306113).
Súm. 62 da TNU - O segurado contribuinte individual pode obter reconhecimento de atividade especial
para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à saúde ou à
integridade física.
Súm. 55 da TNU - A conversão do tempo de atividade especial em comum deve ocorrer com aplicação do
fator multiplicativo em vigor na data da concessão da aposentadoria.
Súm. 49 da TNU - Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a exposição
a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma permanente.
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Conversão de tempo comum em especial:


Após a edição da Lei nº 9.032/95, ficou vedada a conversão do tempo comum em especial, continuando,
todavia, a ser permitida a conversão do tempo especial em comum (art. 57, § 5º).

AUXÍLIO-DOENÇA.
Pode ser de natureza acidentária, quando decorrente de acidente do trabalho ou circunstâncias a ele
equiparadas, e ordinária, quando relacionado a casos de origem não ocupacional.
Seus pressupostos são a superveniência de incapacidade total e temporária para as funções que o
segurado desempenhava e a subsistência de tal situação por mais de 15 dias consecutivos.
Não se exige que a incapacidade seja permanente, mas que dure mais que 15 dias consecutivos,
inviabilizando a possibilidade de exercício do trabalho ou atividade habitual.
Quando o segurado exercer mais de uma atividade concomitantemente e se tornar incapaz para exercer
uma delas por mais de 15 dias, fará jus a percepção de auxílio-doença com relação a atividade para a qual
se incapacitou.
Trata-se de benefício devido a todas as modalidades de segurados que preencham os requisitos acima
mencionados.
A renda mensal do será de 91% do salário de benefício, sem a incidência do fator previdenciário, não
sendo cabível o adicional de 25% previsto para a aposentadoria por invalidez nos casos em que o
beneficiário necessite de cuidados especiais e permanentes de terceiro.
Em se tratando de segurado empregado, o benefício será devido a contar do 16º dia de afastamento da
atividade ou a partir da entrada do requerimento administrativo quando pleiteado após o prazo de 30 dias
contados do afastamento.
No caso de férias ou licença, o prazo de 15 dias é contado do término de tais afastamentos. O segurado
empregado, inclusive o doméstico, em gozo de auxílio-doença será considerado pela empresa e pelo
empregador doméstico como licenciado.
Para os demais segurados, o benefício será devido a partir da data da incapacidade ou do requerimento
administrativo quando este for formulado depois de 30 dias da configuração da incapacidade.
O termo final do benefício será o dia em que cessar a incapacidade para o trabalho ou aquele em que
houver a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente.
O pagamento do auxílio-doença será suspenso se o segurado não comparecer à perícia média periódica ou
à convocação do INSS.
O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta subsistência
poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade. Contudo, caso venha a exercer atividade
diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada uma das atividades
exercidas. (§§ 6º e 7º incluídos pela Lei nº 13.135/15)
Em regra, será exigida a carência de 12 contribuições mensais para a concessão do auxílio-doença. Porém,
nos casos de auxílio-doença acidentário ou derivado de doença prevista em portaria interministerial, não
será necessária a observância de qualquer período de carência.
A renda mensal do auxílio doença é igual a 91% do salário-de-benefício.
A Lei n. 13.135/2015 acrescentou um parágrafo ao art. 29 da Lei n. 8.213/91 criando um novo limitador
para o valor do auxílio-doença. Confira:

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§ 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos doze salários-de-
contribuição, inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de doze, a média
aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes.
A doença preexistente à filiação do segurado ao regime geral de previdência social não gera direito a
percepção de auxílio-doença, tal como ocorre nos casos de aposentadoria por invalidez, salvo nos casos
em que a progressão ou o agravamento da doença preexistente causar a incapacidade do indivíduo.
Súmula 53 da TNU: Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a
incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência
Social.
De acordo com jurisprudência do STJ, não incide contribuição previdenciária sobre a remuneração paga ao
empregado nos 15 primeiros dias que antecedem a concessão do auxílio-doença, tendo em vista a
natureza indenizatória da verba percebida pelo segurado.
A jurisprudência do STJ e da TNU admitem o cômputo do período de percepção de auxílio-doença e
aposentadoria invalidez para fins de carência somente nos casos em que intercalados com períodos de
atividade do segurado.
Aplica-se ao auxílio-doença, as questões sobre o rol taxativo de doenças já mencionado na aposentadoria
por invalidez.

AUXÍLIO-ACIDENTE.

É o benefício devido ao segurado que sofre redução da capacidade para o trabalho que exerce com
habitualmente em razão da consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
inclusive acidente do trabalho.
O dano que gera o direito ao benefício é o que acarreta redução ou perda da capacidade laborativa
(quantitativa ou qualitativa), sem ocasionar invalidez permanente para qualquer trabalho (sequela
definitiva).
Trata-se de benefício de natureza indenizatória, motivo pelo qual não incide sobre ele contribuição
previdenciária.
Segundo o STJ, é irrelevante a possibilidade de reversibilidade da doença, sendo certo que o auxílio-
acidente é devido quando demonstrado o nexo de causalidade entre a redução da capacidade laborativa e
a atividade profissional desenvolvida.
A concessão de tal benefício independe de carência e pode ser pago ao segurado empregado, inclusive ao
doméstico, trabalhador avulso e segurado especial.
A renda mensal inicial será equivalente a 50% do salário de benefício, podendo ser inferior ao salário
mínimo, uma vez que não se trata de benefício substitutivo do salário de contribuição. O salário de
benefício será calculado a partir da média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição,
sem utilização do fator previdenciário.
É vedado o recebimento conjunto de mais de um auxílio-acidente, de modo que se o segurado, na hipótese
de exercício de atividades concomitantes, fizer jus a mais de um auxílio-acidente, serão comparadas as
rendas mensais dos dois benefícios, pagando-se o mais vantajoso.
O STJ consolidou entendimento no sentido de que a cumulação de auxílio-acidente com proventos de
aposentadoria só é possível se a eclosão da doença incapacitante e a concessão da aposentadoria forem
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anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei 8.213, promovida pela MP n. 1.596-14/97 (convertida
na Lei 9.528/97). Quanto ao momento em que ocorre a lesão incapacitante em casos de doença
profissional ou do trabalho, deve ser observada a definição do art. 23 da Lei n. 8.213/1991, segundo o qual
se considera “como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da
incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o
dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (REsp 1296673).
Nos casos em que ocorre o agravamento da lesão que deu origem ao pagamento do auxílio-acidente
inicialmente concedido, a 1ª turma do STJ firmou entendimento no sentido de que deve ser considerado,
para fins de auxílio-acidente, o percentual estabelecido pela lei vigente no momento em que se dá o
agravamento das lesões incapacitantes do beneficiário, e não o do momento em que o benefício foi
concedido inicialmente. O agravamento da lesão incapacitante tem como consequência a alteração do
auxílio-acidente, sendo considerado um novo fato gerador para a concessão do benefício. Dessa forma, o
agravamento da lesão gera a concessão de um novo benefício, devendo-se aplicar a lei em vigor na data do
fato agravador, por incidência do princípio tempus regit actum (AgRg no REsp 1304317).
O STJ, no julgamento do REsp 1108298, representativo de controvérsia, pacificou o entendimento de que,
para a concessão de auxílio-acidente fundamentado na perda de audição, é necessária a comprovação do
nexo causal entre a lesão e a atividade laboral e a diminuição efetiva e permanente da capacidade para a
atividade que o segurado habitualmente exercia.
De acordo com o STJ, não havendo concessão anterior de auxílio doença, bem como ausente prévio
requerimento administrativo de auxílio acidente, o termo a quo para o recebimento desse benefício será a
data da citação (REsp 1112886 Rep).

SALÁRIO-FAMÍLIA.
Será devido, mensalmente, ao segurado empregado, inclusive ao doméstico, e ao segurado trabalhador
avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados.
O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se do
sexo masculino, ou 60 anos ou mais, se do feminino, terão direito ao salário-família, pago juntamente com
a aposentadoria.
O pagamento do salário-família é condicionado à apresentação da certidão de nascimento do filho ou da
documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual de atestado de vacinação
obrigatória e de comprovação de frequência à escola do filho ou equiparado.
As cotas do salário-família serão pagas pela empresa e empregador doméstico, mensalmente, junto com o
salário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições. Quando o pagamento do
salário não for mensal, o salário-família será pago juntamente com o último pagamento relativo ao mês.
Deverão, ainda, conservar por 10 anos os comprovantes de pagamento e cópia de certidões de
nascimento.
O salário-família devido ao trabalhador avulso poderá ser recebido pelo sindicato de classe respectivo, que
se incumbirá de elaborar as folhas correspondentes e de distribuí-lo.
A cota do salário-família não será incorporada, para qualquer efeito, ao salário ou ao benefício, não
integrando, portanto, a base de cálculo para a mensuração dos proventos de aposentadoria e pensão por
morte.
O valor atual do benefício em comento é disciplinado no art. 4º da portaria interministerial MPS/MF nº
13/2015, nos seguintes termos:

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Art. 4º O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14
(quatorze) anos de idade, ou inválido de qualquer idade, a partir de 1º de janeiro de 2015, é de:
I - R$ 37,18 (trinta e sete reais e dezoito centavos) para o segurado com remuneração mensal não
superior a R$ 725,02 (setecentos e vinte e cinco reais e dois centavos);
II - R$ 26,20 (vinte e seis reais e vinte centavos) para o segurado com remuneração mensal
superior a R$ 725,02 (setecentos e vinte e cinco reais e dois centavos) e igual ou inferior a R$
1.089,72 (um mil e oitenta e nove reais e setenta e dois centavos).

SALÁRIO-MATERNIDADE.
É o benefício devido a todas as seguradas do RGPS, substitutivo da remuneração, em razão do nascimento
de filho, adoção, ou obtenção de guarda judicial para fins de adoção. Será devido pelo prazo de 120 dias,
podendo ser estendido por mais 60 dias, prorrogação essa que ficará à cargo do empregador, nos termos
da lei 11.770/08.
Em se tratando de segurada empregada, doméstica e avulsa, não há período de carência para a concessão
do salário-maternidade. Por outro lado, as seguradas contribuintes individuais e facultativas deverão
observar a carência mínima de 10 contribuições mensais. As seguradas especiais, por fim, não
comprovarão carência, mas sim, o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10
meses imediatamente anteriores à data do requerimento do benefício.
Para as seguradas que necessitam preencher o requisito da carência, poderá haver a redução de tal
requisito equivalente ao mesmo número de meses da antecipação do parto, vide art. 25, § ún, da lei de
benefícios.
A renda mensal inicial do benefício não está sujeita ao limite máximo do salário de contribuição. Assim, em
se tratando de segurada empregada, o valor do benefício será equivalente ao de sua última remuneração
integral. Para a trabalhadora avulsa, será igual à remuneração integral correspondente a um mês de
trabalho. Por sua vez, a segurada empregada doméstica receberá a quantia equivalente ao valor do seu
último salário de contribuição registrado em sua carteira de trabalho e previdência social. Para a segurada
especial, o benefício será correspondente ao valor de um salário mínimo. Caso tenha contribuído
facultativamente como contribuinte individual, o salário-maternidade será igual a 1/12 do valor sobre o
qual incidiu sua última contribuição anual, assegurando-se, ao menos, a percepção de um salário mínimo
mensal. Por fim, as seguradas contribuintes individuais e facultativas terão seu benefício calculado na
proporção de 1/12 incidente sobre a soma dos últimos 12 salários de contribuição apurados em período
não superior a 15 meses.
O termo inicial do benefício é o nascimento, que pode ocorrer dentro dos 28 dias que antecedem ao parto,
podendo ser antecipado em duas semanas em casos excepcionais devidamente justificados em atestado
médico. Em se tratando de adoção, o benefício será devido a contar da data em que efetivada ou da
concessão da guarda judicial para fins de adoção.
Com a finalidade de adequar a regulamentação do salário-maternidade ao princípio da isonomia, a Lei
12.873/2013 alterou o plano de benefícios da previdência social, acabando com o escalonamento do
período de concessão do referido benefício de acordo com a idade do adotando. Confira-se:
Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial
para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias. (Redação da Lei nº 12.873/13)
§ 1º O salário-maternidade de que trata este artigo será pago diretamente pela Previdência
Social. (Redação da Lei nº 12.873/13)

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§ 2º Ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe biológica e o disposto no art. 71-B,


não poderá ser concedido o benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo processo de
adoção ou guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime Próprio
de Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
Art. 71-B. No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do
salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que
teria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado,
exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao
salário-maternidade. (Incluído pela Lei nº 12.873/13)
§ 1º O pagamento do benefício de que trata o caput deverá ser requerido até o último dia do
prazo previsto para o término do salário-maternidade originário. (Incluído pela Lei nº 12.873/13)
§ 2º O benefício de que trata o caput será pago diretamente pela Previdência Social durante o
período entre a data do óbito e o último dia do término do salário-maternidade originário e será
calculado sobre: (Incluído pela Lei nº 12.873/13)
I - a remuneração integral, para o empregado e trabalhador avulso; (Incluído pela Lei nº 12.873,
de 2013) (Vigência)
II - o último salário-de-contribuição, para o empregado doméstico; (Incluído pela Lei nº 12.873, de
2013) (Vigência)
III - 1/12 (um doze avos) da soma dos 12 (doze) últimos salários de contribuição, apurados em um
período não superior a 15 (quinze) meses, para o contribuinte individual, facultativo e
desempregado; e (Incluído pela Lei nº 12.873/2013)
IV - o valor do salário mínimo, para o segurado especial. (Incluído pela Lei nº 12.873/2013)
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao segurado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins
de adoção.(Incluído pela Lei nº 12.873/2013)
Art. 71-C. A percepção do salário-maternidade, inclusive o previsto no art. 71-B, está
condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou da atividade desempenhada, sob pena
de suspensão do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.873/2013)

Benefícios devidos aos dependentes.


São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: 1ª
classe: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; 2ª classe: os pais; 3ª classe: o irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.
A existência de dependentes de qualquer das classes anteriores exclui do direito às prestações os das
classes posteriores.
O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que
comprovada a dependência econômica.
Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o
segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 do texto constitucional. Nesse sentido, é
importante asseverar que a jurisprudência do STJ tem afastado o direito a percepção de pensão por morte
da concubina, nas hipóteses em que verificada a existência de relações conjugais simultâneas. Deste modo,
considerando a ilegitimidade da relação extraconjugal, não há como se reconhecer direitos previdenciários
há concubina. No entanto, é importante ressaltar que tal linha de raciocínio tem sido rediscutida na
jurisprudência no que tange aos casos de concubinato impróprio de longa data, configurado quando a
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relação extraconjugal é pública, notória e duradoura. A possibilidade de reconhecimento de direitos


previdenciários nesses casos ainda não foi definida pela jurisprudência dos tribunais superiores, existindo,
no momento, precedente do STJ reconhecendo direitos previdenciários à concubina, e um recurso
extraordinário, com repercussão geral reconhecida, pendente de análise pelo STF que trata sobre a
matéria.
A dependência econômica dos dependentes de primeira classe é presumida, ao passo que a dos
pertencentes às demais classes deverá ser comprovada.
Por fim, insta salientar que o menor sob guarda não possui, de acordo com a jurisprudência do STJ, direito
à percepção de pensão por morte, tendo em vista a alteração operada no plano de benefícios da
previdência social pela lei 9528/97, não sendo o caso de aplicação do art. 33, § 3º da lei 8069/90, tendo em
vista que a lei especial é a 8213.
PENSÃO POR MORTE.
Segundo o art. 74 e seguintes do plano de benefícios da previdência social, a pensão por morte será devida
ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito,
quando requerida até noventa dias depois deste, ou do requerimento administrativo, quando requerida
após o referido prazo, ou, ainda, da data da decisão judicial, no caso de morte presumida.
Se o segurado não mais detinha a condição de segurado, mas já havia implementado os requisitos para se
aposentar na data do óbito, seus dependentes farão jus ao benefício de pensão por morte.
Perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado pela prática de crime de que
tenha dolosamente resultado a morte do segurado.
Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a
qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o
fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado
o direito ao contraditório e à ampla defesa.
O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado
recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento,
não podendo ser inferior ao salário mínimo, tampouco superior ao limite máximo do salário de
contribuição.
A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível
dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de
dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.
O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a companheira, que
somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e mediante prova de dependência
econômica.
O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá
em igualdade de condições com os dependentes de primeira classe anteriormente mencionados.
A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em partes iguais,
revertendo-se em favor dos demais dependentes a parte daquele cujo direito à pensão cessar.
A parte individual da pensão extingue-se: a) pela morte do pensionista; b) para o filho, a pessoa a ele
equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou
tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; c) para filho ou irmão inválido, pela cessação da
invalidez; d) pelo decurso do prazo de recebimento de pensão pelo cônjuge, companheiro ou
companheira.

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Quanto à última hipótese de extinção da pensão por morte, a Lei nº 13.135 estabeleceu três regras gerais
quanto ao tempo de duração do benefício de pensão por morte:
1) se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o
casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do
segurado, o benefício terá duração de 4 meses.
2) Caso tenham sido vertidas 18 contribuições mensais e o óbito tenha ocorrido pelo menos 2 anos após o
início do casamento ou da união estável, será observada a tabela a seguir:

Idade do beneficiário na data do óbito Duração do benefício de pensão por


do segurado morte (em anos)

21 anos de idade 3

Entre 21 e 26 anos de idade 6

Entre 27 e 29 anos de idade 10

Entre 30 e 40 anos de idade 15

Entre 41 e 43 anos de idade 20

44 ou mais anos de idade Vitalícia

3) Contudo, se o cônjuge ou companheiro for inválido ou com deficiência, o benefício de pensão findará
pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos acima
estipulados.
Serão aplicados, conforme o caso, as regras contidas nos item 2 ou 3 se o óbito do segurado decorrer de
acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou
de união estável.
O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não impede
a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou
mental ou com deficiência grave.
Ainda, é importante ressaltar que a lei de benefícios da previdência social veicula previsão expressa
autorizando a concessão de pensão por morte provisória nos casos de declaração judicial de morte
presumida do segurado que permanecer ausente, sem deixar notícias de seu paradeiro, pelo prazo de 6
meses. Contudo, provado o desaparecimento do segurado em consequência de acidente, desastre ou
catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente de prévia declaração
judicial de morte presumida e correspondente decurso do prazo de 6 meses. Verificado o reaparecimento
do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição
dos valores recebidos, ressalvada a hipótese de má-fé.
Se o requerimento administrativo for apresentado no prazo de 90 dias contados do momento do óbito do
segurado, a data de início do benefício corresponderá àquela do falecimento do instituidor da pensão ou a
da declaração judicial de ausência (importante frisar que esse prazo foi estipulado a partir da Lei
13.183/15). Ao revês, em caso de postulação perante o INSS após tal interstício, os proventos de pensão
por morte serão devidos a partir da data da entrada do requerimento administrativo.

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SÚMULAS DO STJ: 336 - A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito
à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.
340 - A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do
óbito do segurado.
416 - É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa
qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu
óbito.
SÚMULA DA TNU: 52 - Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do
recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito,
exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços.

AUXÍLIO-RECLUSÃO.
O art. 201, IV, da CF garantiu auxílio-reclusão aos dependentes dos segurados de baixa renda. O art. 13 da
EC nº 20/98 estabeleceu que o benefício fosse concedido apenas àqueles que tivessem, à época, renda
bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00, corrigidos monetariamente até a superveniência de lei que
disciplinasse o acesso a essa proteção previdenciária. Atualmente, o valor da renda brutal do trabalhador
de baixa renda não poderá ser superior a R$ 1.089,72, conforme fixado pela Portaria Interministerial
MPS/MF nº 13/2015.
O auxílio-reclusão será concedido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do
segurado recolhido à prisão, que não estiver em gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria.
O recolhimento à prisão deve ser certificado pela autoridade competente e a certidão deverá instruir o
requerimento do benefício. Para que o benefício seja mantido, o beneficiário deverá apresentar declaração
de permanência na condição de presidiário.
O auxílio-reclusão será pago enquanto o segurado estiver recolhido à prisão. Durante esse período, o
beneficiário deverá apresentar, a cada 3 meses, atestado de que o segurado continua detido ou recluso,
firmado pela autoridade competente.
Contingência: ser dependente de segurado recolhido à prisão, que não receba remuneração da empresa,
nem esteja em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria, e desde que seu último salário de contribuição
seja inferior ou igual a R$ 1.089,72, nos termos da Portaria Interministerial MPS/MF nº 13, de 09 de janeiro
de 2015. Caso o segurado esteja desempregado na data da prisão, o STF entendeu que a renda bruta
mensal do recluso deverá ser igual a zero.
A qualidade de segurado é essencial para que incida a proteção previdenciária dos dependentes mediante
o pagamento de auxílio-reclusão.
Não é necessário que o recolhimento à prisão seja resultado de condenação criminal, podendo ser prisão
processual (em flagrante delito, preventiva, resultante de pronúncia ou de sentença não transitada em
julgado, temporária) e também prisão civil.
O benefício deverá ser pago durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime
fechado ou semiaberto.
Em caso de fuga, o benefício é suspenso. Recapturado o segurado, será restabelecido o pagamento a
contar da data da nova prisão, se ainda mantiver a qualidade de segurado.
O auxílio-reclusão não pode ser concedido depois que o segurado estiver solto.
A concessão do benefício em comento independe de carência.
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A renda mensal inicial do auxílio-reclusão corresponderá ao percentual de 100% da aposentadoria por


invalidez a que o segurado receberia, caso assim estivesse aposentado na data do recolhimento à prisão.
Tratando-se de benefício devido em razão da prisão de segurado especial, o valor da renda mensal do
benefício será igual a um salário mínimo.
O termo inicial do benefício corresponderá a do momento em que efetivada a prisão, quando o
requerimento administrativo for apresentado até 30 dias após esta data (embora não tenha havido
alteração legislativa ou mesmo no Decreto nº 3.048/99, é defensável que, com a modificação do prazo
para requerimento do benefício de pensão por morte implique alteração do prazo para o requerimento do
auxílio-reclusão). Ultrapassado tal interstício, a data de início do benefício será equivalente a da
apresentação do pleito perante a autarquia previdenciária. Quando não houver prévio requerimento
administrativo, o marco inicial para a concessão do benefício será a data da citação. Por fim, o termo inicial
será a data do requerimento administrativo ou da prisão, conforme tenha sido feito ou não dentro do
prazo de 30 dias, se, indeferido ou não apreciado, o beneficiário ingressar com a ação judicial e seu pedido
for julgado procedente.
Quanto ao termo final, a regra é que o benefício seja pago enquanto o segurado permanecer detento ou
recluso. Entretanto, o termo final pode ter como causa a situação do segurado ou a do dependente.
Considerando a situação do segurado, o termo final do benefício será: a) a data em que for liberado o
segurado detido ou recluso, seja por ter cumprido a pena, seja em razão da progressão do regime de
cumprimento da pena para o regime aberto, seja por ter obtido livramento condicional; b) a data do óbito
do segurado detido ou recluso, quando, então, o auxílio-reclusão será automaticamente convertido em
pensão por morte.
A renda mensal do auxílio-reclusão, havendo mais de um dependente, é rateada entre todos em partes
iguais. Desta forma, cada cota será extinta individualmente, revertendo para os demais dependentes: a)
pela morte do beneficiário; b) para o filho, o equiparado ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação
ou ao completar 21 anos, salvo se for inválido; c) para o dependente inválido, pela cessão da invalidez; d)
para o dependente com deficiência mental ou intelectual, pelo levantamento da interdição; e) pela
concessão de aposentadoria durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão.
Extinta a cota do último dependente, o auxílio-reclusão será encerrado.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA.
No âmbito do Direito Previdenciário, a prescrição e a decadência se operam: a) em relação ao custeio
(decadência do direito de lançar e prescrição do direito de cobrar as contribuições); b) em relação aos
benefícios (decadência do direito do contribuinte de revisão do ato inicial de concessão de benefícios e
prescrição da pretensão de cobrança de parcelas vencidas).
Quanto às contribuições, tanto o prazo decadencial para lançar, quanto o prazo para cobrar os créditos
delas decorrentes, são de cinco anos (CTN, arts. 173 ou 150, §4º e 174). Isso porque, o STF reconheceu a
inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212 (que haviam ampliado tal prazo para 10 anos), sob o
fundamento de que tal matéria encontra-se submetida à reserva de Lei Complementar (SV nº 8).
No tocante aos benefícios, o prazo decadencial para que o beneficiário ou a Fazenda busquem a revisão do
valor do benefício é comum de 10 anos (LBPS, art. 103 e 103-A). Contudo, será de apenas cinco anos o
prazo prescricional para que os beneficiários cobrem as eventuais diferenças. Ou seja, há dez anos para
tentar revisar o valor do benefício, mas só será permitido vindicar a percepção retroativa das diferenças
relativas aos últimos cinco anos, nos termos dos arts. 103 e 103-A da Lei nº 8213.

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Importa ainda destacar que o prazo prescricional de cinco anos não corre em detrimento do menor, do
incapaz e do ausente, por previsão expressa contida no parágrafo único do art. 103 da L 8213. Em que pese
tal dispositivo faça menção apenas ao prazo prescricional, o NCC obsta o transcurso do prazo decadencial
em desfavor dos absolutamente incapazes.
Por derradeiro, resta consignar o entendimento do STJ firmado no julgamento do REsp Repetitivo nº
1309529, no que tange à incidência do prazo decenal para a revisão dos benefícios previdenciários
concedidos em momento anterior ao advento da MP nº 1523-97, posteriormente convertida na Lei nº
9528/1997. Até 27/6/1997, dia anterior à publicação da referida MP, qualquer segurado poderia exercer
seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direito pelo decurso futuro de
prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal (prazo decenal), os mesmos
segurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto
é, com prazo de 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos
benefícios anteriormente concedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data
em que entrou em vigor a norma fixando o referido prazo decenal.

H. DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO

IMPOSTOS FEDERAIS: IMPOSTOS SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR. IMPOSTO


SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI). IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE
CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
(IOF).

Impostos sobre o Comércio Exterior

Os impostos sobre o comércio exterior são divididos em Imposto sobre Importação e Imposto sobre
Exportação.

Imposto sobre Importação

Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, também conhecido como “tarifa aduaneira”.
Sujeito ativo: União (art. 153, I, CR).
Sujeito passivo (art. 22 do CTN e 31 do DL 37/66): a) Importador (qualquer pessoa física ou jurídica); b)
arrematante; c) destinatário de remessa postal internacional; d) adquirente de mercadoria em entrepostos
aduaneiros.
Responsáveis (art. 32 do DL 37/66): a) Transportador (transportando mercadoria procedente do exterior
OU sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno); b) depositário (pessoa incumbida da custódia
de mercadoria sob controle aduaneiro).
Responsáveis solidários (art. 32, parágrafo único, do DL 37/66): a) adquirente ou cessionário de mercadoria
beneficiado com isenção ou redução de imposto; b) representante do transportador estrangeiro; c)
adquirente de mercadoria de procedência estrangeira que importe por sua conta e ordem; d)
encomendante predeterminado de mercadoria estrangeira. Atenção: responsabilidade do agente marítimo
no uso exclusivo de atribuições próprias: a) antes do DL nº 2.472/88 – Não era responsável (Resp 252457);
b) após o DL nº 2472/88 – sim (nova redação do art. 32 do DL 37/66).
Fato gerador: É a entrada real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional. Considera-se ocorrido
o FG na data do registro da declaração de importação (aspecto temporal), realizado eletronicamente no
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SISCOMEX. A declaração serve a instrumentalizar o controle aduaneiro e viabilizar o desembaraço do


produto importado. Incide, pois, a legislação quando do Registro da declaração de importação, já que
este imposto não se submete às anterioridades de exercício e nonagesimal mínima (exceção do art 150,
§ 1º, CF). É irrelevante a data da expedição da licença de importação, assim como a data da assinatura
do Termo de Responsabilidade nos casos de trânsito aduaneiro em que, ingressada a mercadoria com
suspensão, acabe sendo devida por não restar comprovada a chegada ao destino. Também será FG por
equiparação o retorno de mercadoria nacional ou nacionalizada ao Brasil, exceto: a) enviada em
consignação e não vendida no prazo autorizado; b) devolvida por defeito técnico (reparo/substituição); c)
modificação na sistemática de importação do país importador; d) guerra ou calamidade pública (art. 1º, §
1º, do DL 37/66). Obs.: O produto estrangeiro deve ingressar no país para integrar a economia nacional,
excluindo-se a mercadoria em trânsito para outro país ou os casos de admissão temporária (não
configura importação em sentido jurídico. Ex.: entrada de automóvel para competição no país).
Obs.3: “Produto” engloba bens corpóreos e incorpóreos, inclusive energia elétrica e softwares. O DL 37/66
usa o termo “mercadoria” no lugar de produto.
Obs.4: O FG possui um critério material (registro da declaração de importação para o desembaraço
aduaneiro), e um critério espacial (território nacional, assim considerado o território geográfico, excluído o
que decorre da extraterritorialidade, como as representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as
embarcações brasileiras).
Não incidência do II: Não incidirá sobre a mercadoria estrangeira: a) destruída sobre o controle aduaneiro;
b) acidentalmente destruída em trânsito de passagem aduaneira; c) que tenha sido objeto de pena de
perdimento, salvo se não localizada, consumida ou revendida.
STJ (Resp. 984607) afirma que não será cobrado o II de mercadoria tida por ilícita (que acarretará sua
perda) em razão de que “importar mercadoria” ser elemento essencial do tipo tributário. Por outro lado,
o STJ entendeu que incidem normalmente outros tributos (IPI, PINS, COFINS), tendo em vista que a
irregularidade em nada afeta a incidência deles. “Dá ensejo à pena de perda do veículo a conduta DOLOSA
do transportador que utiliza veículo próprio para conduzir ao território nacional mercadoria estrangeira
sujeita à pena de perdimento, independentemente de o valor do veículo ser desproporcional ao valor das
mercadorias apreendidas. O art. 104, V, do DLi 37/66 dispõe que a pena de perda do veículo é aplicada
“quando o veículo conduzir mercadoria sujeita à pena de perda, se pertencente ao responsável por
infração punível com aquela sanção”. Igual o art. 688, V, do Dec. 6.759/09, dispõe que se aplica a pena de
perdimento do veículo, por configurar dano ao Erário, “quando o veículo conduzir mercadoria sujeita a
perdimento, se pertencente ao responsável por infração punível com essa penalidade”. (…) Além disso, “na
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Assim,
a legislação aduaneira, ao tratar da pena de perdimento de veículo, é severa em razão de uma finalidade
nítida, como coibir a sonegação tributária, por meio do descaminho ou de contrabando. (STJ, 2015)
Conversão de moedas: a moeda estrangeira será convertida em nacional à taxa de câmbio vigente no
momento de entrada (desembaraço aduaneiro).
Base de cálculo: A base de cálculo poderá ser: a) quantidade de mercadoria (alíquotas será específica); b)
valor da mercadoria (expressão monetária do produto importado) (alíquota será ad valorem); c) preço da
arrematação.
Alíquota: é aplicada a contemporânea à ocorrência do FG (data do desembaraço aduaneiro). Classificam-se
em: a) específicas (valor em pecúnia – “R$”); b) ad valorem (valor percentual – “%”); c) mista (combinação)
Mercosul – adota-se a Tarifa Externa Comum (TEC) para países não pertencentes ao Bloco. (Decisão 22
do Conselho de Mercado Comum). Tal política tarifária não se aplicará aos acordos comerciais no âmbito
da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração).
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto à categoria econômica – Imposto sobre o comércio exterior (CTN); b)
quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) Indireto (tributo
cujo valor é repassado ao consumidor); c) Proporcional (alíquota constante / não variável); d) Extrafiscal.

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Princípio da Legalidade: o Poder Executivo pode alterar as alíquotas nos limites estabelecidos em lei (art.
153, § 1º, CF).
Princípio da Anterioridade: não se aplica ao II, seja a de exercício, seja a nonagésimal (art. 150. § 1º, CF).
Regimes aduaneiros: as regras vistas referem-se ao denominado regime aduaneiro comum (conjunto de
normas que estabelece o tratamento tributário e administrativo das mercadorias submetidas a importação
em caráter definitivo (nacionalização) e consumo no território nacional). Entretanto há dois outros
regimes: regimes aduaneiros especiais (ingresso temporário de mercadoria em território nacional – ex.:
Loja franca, trânsito aduaneiro, admissão temporária, drawback, depósito franco etc.) e regimes aplicados
em áreas especiais (conceder benefícios fiscais que estimulem determinadas atividade - Ex.: Zona Franca
de Manaus, Áreas de Livre Comércio).
Drawback: trata-se do ingresso de produto com obrigação de voltar ao exterior (ex.: matéria-prima para
uma mercadoria a exportar). Permite-se o ingresso sem incidir II visando fomentar o mercado nacional.
Modalidades de aplicação: a) suspensão do pagamento de tributos na importação; b) isenção dos tributos
na importação da mercadoria; c) restituição total ou parcial dos tributos pagos na importação da
mercadoria.
Admissão ou franquia temporária: consiste na permissão temporária de ingresso de produtos sem a
cobrança do II (há uma suspensão do pagamento por certo período). Ex.: exposições de obras artísticas,
competições automobilísticas, veículos de turistas etc.
Entreposto aduaneiro
Jurisprudência: a) “Ex tarifário”: isenção ou redução de alíquota do II para produto desprovido de similar
nacional (medida discricionária da administração fazendária). Tem caráter declaratório, sendo que se o
contribuinte cumpriu os requisitos legais deve ser assegurada a redução do II deste a data do
requerimento administrativo (REsp 1174811) b) O crédito tributário relativo ao II e IPI no caso de
drawback se forma no momento da importação. Descumprindo-se os requisitos do drawback, torna-se
desnecessária a autuação fiscal ou a constituição do crédito, visto que já foi realizado o lançamento antes o
desembaraço aduaneiro (REsp. 1291018). c) O FG do II de mercadoria despachada para consumo ocorre
na data da declaração de importação (REsp. 1220979).

Imposto sobre Exportação

Competência e Sujeito ativo: União (art. 153, II, CR)


Sujeito passivo: exportador – qualquer pessoa que promova a saída de produtos nacionais ou
nacionalizados do território nacional (art. 27 CTN e art. 5º do DL nº 1.578/77) ou quem a lei a ele
equiparar.
FG: saída do território nacional de produtos nacionais ou nacionalizados (mercadoria estrangeira
importada a título definitivo) para o exterior. Elemento temporal (ficção jurídica): momento da liberação
pela autoridade aduaneira OU data de embarque/saída (expedição da guia de exportação ou equivalente).
Obs.1: Conforme Regulamento do IE (Dec. 4.543/02), o FG ocorre na data do registro da exportação no
Siscomex. STF (RE 235858/PE) aduz que o registro de exportação não se confunde com registro da venda
(esta irrelevante para incidência do IE). O STJ (REsp 225546 e REsp 382494), precedentes recentes,
entende que o FG do IE sobre o açúcar é a data de registro de venda no Siscomex.
Critério espacial: IE é cobrado em operações no território nacional (território geográfico somente).
BC: é o preço normal que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria ao tempo da exportação, em uma venda
em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo
Conselho Monetário Nacional (Decreto-lei nº 1.578/77, art. 2º). Obs.: A BC poderá ser: a) quantidade de
mercadoria (alíquotas será específica); b) valor da mercadoria (expressão monetária do produto
importado) (alíquota será ad valorem); c) preço da arrematação. Em relação ao valor da mercadoria, o

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Fisco buscará o preço normal que o produto alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência,
não se vinculando ao valor consignado na fatura comercial (evitar fraudes).
Alíquota: estão prevista na TAB (Tarifa Aduaneira do Brasil). Classificam-se em: a) específicas (valor em
pecúnia – “R$”); b) ad valorem (valor percentual – “%”); c) mista (combinação). A alíquota ad valorem
atualmente é de 30%, mas pode ser aumentada pelo Executivo em até 5 vezes (150%) – Lei 9.716/98.
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto à categoria econômica – Imposto sobre o comércio exterior (CTN); b)q
uanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) Indireto (tributo
cujo valor é repassado ao consumidor); c) Proporcional (alíquota constante / não variável); d) Extrafiscal.
Princípio da Legalidade: Executivo pode alterar as alíquotas nos limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º,
CF).
Exportação temporária: raciocínio inverso ao da admissão temporária do II. Assim, é a permissão dada para
saída de produto nacional ou nacionalizado para o exterior por período determinado desde que retorne ao
Brasil, não incidindo o IE. Contingenciamento: é a limitação em unidades ou cotas para exportação
(também aplicável à importação). Jurisprudência: a) Registro de exportação: somente ele corresponde a
Guia de Exportação, e não qualquer registro no Siscomex (STF. AI 578372 AgR). b) FG do IE na exportação
de açúcar: ocorre com o registro de vendas no Siscomex (STJ, AgRg no Ag 830231)

Decisão recente 1a T. do STJ (5/11/15) - REsp 1313705 - “Incide IE sobre produtos cujos insumos
ingressaram no país pelo regime de drawback. O drawback é um instrumento de incentivo à exportação,
uma operação pela qual o insumo ingressa no país com isenção ou suspensão de determinados impostos
para ser reexportado após ser utilizado para fabricação de um produto. A empresa contribuinte, atuante
no ramo de curtimento e industrialização de couros bovinos, queria a isenção do imposto de exportação
em relação ao produto final (couro), cujos insumos foram importados sob o regime de drawback. STJ
entendeu que as normas que regem o drawback não contemplam a desoneração.

Imposto sobre Produtos Industrializados

Sujeito ativo: União (art. 153, IV, CR).


Sujeito passivo (art. 51 do CTN): a) importador (ou equiparados); b) industrial (ou equiparados); c)
comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que forneça a industriais ou equiparados; d) o arrematante
de produtos apreendidos ou abandonados.
Fato gerador: a) importação; b) saída do estabelecimento industrial ou equiparados dos produtos
industrializados; c) arrematação em leilão de produto abandonado/apreendido; d) outras hipóteses
específicas em lei (ex.: saída de produtos equiparados a industrial; primeira saída por revenda de produtos
importados etc.)
Obs.: não ocorrência do FG (art. 35 do Dec. 2637/98):
i. produto nacional que retorne ao Brasil: a) se enviado em consignação e não vendido; b) por defeito
técnico (reparo ou substituição); c) mudança na sistemática de importação do País importador; d)
calamidade pública/guerra; e) outros fatores alheios à vontade do exportador.
ii. saídas de produtos subsequentes à primeira: a) locação ou arrendamento, exceto se submetido a nova
industrialização; b) bens do ativo permanente, industrializados/importados pelo próprio estabelecimento
industrial (ou equiparado), para executar serviços pela mesma.
iii. saída de produtos incorporados ao ativo permanente, após cinco anos da incorporação, pelo
estabelecimento industrial (ou equiparado) que os tenha industrializado/importado.
iv: a saída de produtos por motivo de mudança de endereço do estabelecimento.
Obs1: Após incidência do IPI no desembaraço aduaneiro de produto de origem estrangeira (art. 46, I, do
CTN), não é possível nova cobrança do IPI na saída do produto do estabelecimento do importador (arts. 46,
II, e 51, parágrafo único, do CTN), salvo se, entre o desembaraço aduaneiro e a saída do estabelecimento

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do importador, o produto tiver sido objeto de industrialização (art. 46, parágrafo único, do CTN) (EREsp
1411749 – Info 553)
Obs2: Não incide IPI na importação de veículo por pessoa física para uso próprio (AAREsp 1393108
Repetitivo – Info 557)
Conceito de produto industrializado: para os fins do IPI, o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade ou aperfeiçoe para o consumo, tais como a
transformação, o beneficiamento, a montagem etc.
Obs.: o art. 4º do Regulamento do IPI amplia tal conceito – inclui o simples acondicionamento ou
embalagem. Sabbag entende violar a CF e o CTN (art. 46, p.u.).
Base de Cálculo: variará conforme a hipótese de incidência. Pode ser (art. 47 do CTN):
a) o valor da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte (inclui-se o valor do frete e
demais despesas acessórias). STJ: 1) descontos incondicionais não integram a BC do IPI, por não fazerem
parte do valor de saída da mercadoria (MC 15218); 2) o Frete não pode ser inserido na BC do IPI – o valor
da operação é o contrato de compra e venda (REsp 667950).
b) o preço normal + imposto de importação + taxas aduaneiras + encargos cambiais. A inclusão do II na BC
do IPI é meio de proteção à indústria nacional.
c) o próprio preço da arrematação em face de produto apreendido, abandonado e levado a leilão.
Alíquotas: É imposto proporcional já que sua alíquota varia de forma constante em função da grandeza
econômica tributada (princípio da seletividade).
Obs.1: com lastro no princípio da seletividade, o Judiciário poderá atuar somente como legislador negativo
na correção de eventuais distorções na alíquota aplicada (inconstitucionalidade/ilegalidade). Mao pode
atuar como legislador positivo para alterar alíquota de um produto.
Obs.2: Alíquota zero – ciente que o Executivo pode alterar as alíquotas do IPI dentro das balizas legais, o
Legislativo deixa a alíquota mínima em zero. Assim o Executivo poderá “zerar” a incidência de um tributo
sem precisa usar da isenção (está só por meio de lei).
Obs.3: Despesas com transporte (frete) não podem ser incluídos na base de cálculo do IPI, por ofensa ao
art. 146, III, da CFRB, já que o art. 47 do CTN prevalece sobre a Lei nº 7.798/89 (AgReg no RE 881908)
Princípio da Legalidade e anterioridade: Idem II, EXCETO no tocante à anterioridade nonagésimal que deve
ser observada no IPI.
Princípio da não-cumulatividade (value-added para os estadunidenses): em cada operação tributada deva
ser abatido o valor do mesmo imposto pago na operação imediatamente anterior (art. 49 do CTN). Com
efeito, faz-se o registro contábil como crédito do IPI na entrada de mercadoria e como débito na saída de
mercadoria. O IPI, nos documentos fiscais, é destacado separadamente ou, como denomina parte da
doutrina, “por fora” somado ao preço pago pelo adquirente dos insumos. O mesmo fato ocorre com o
ICMS.
Imunidade: os produtos industrializados destinados ao exterior estão imunes ao IPI (art. 153, § 3º, III, CR
c/c súmula 536 STF).
IPI na base de cálculo do ICMS: não integrará a BC se (requisitos cumulativos – art. 155, §2º, XI, CF): a)
realizada entre contribuintes (do IPI); b) relativa a produto destinado à industrialização/comercialização; c)
configurar FG dos dois impostos.
Obs: Inclui-se IPI na base de cálculo do ICMS sujeito a regime de substituição tributária (ARE 714.647)
Creditamento do IPI: para insumos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero.
Obs.1: antes da Lei 9.779/99 não era possível o creditamento de insumos/matérias-primas de produtos
isentos ou tributados com alíquota zero.
Obs.2: tanto a aquisições de bens do ativo permanente quanto o uso de energia elétrica (REsp 1129345)
não têm sido autorizados o creditamento na condição de insumos.
Princípio da autonomia dos estabelecimentos: cada estabelecimento, para fim de IPI, embora não tenha
personalidade jurídica própria, é considerado como “contribuinte autônomo”.

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Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto á categoria econômica – Imposto sobre a produção e circulação (CTN); b)
quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real; b) Indireto; c)Proporcional; d) Extrafiscal;
e) Seletivo (obrigatoriamente); f) não cumulativo (o imposto pago em uma operação é compensado nas
seguintes).
Correção monetária do crédito de IPI: Regra: não incide correção monetária sobre os créditos de IPI
decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade, por ausência de previsão legal. Exceção:
incide, porém, a correção se o ressarcimento do contribuinte sofre demora em virtude da oposição da
Fazenda Pública que faz com que o contribuinte socorra-se do Poder Judiciário.
Aquisição de bens de capital (Art. 153, § 3º, IV, CF): O IPI terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de
bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
Crédito-prêmio de IPI: era um incentivo às exportações de manufaturados instituídos em 1969 (DL 491/69),
em que todos os fabricantes de produtos vendidos no exterior obtinham um crédito sobre o valor da
mercadoria embarcada (inicialmente 15%). Após pressão internacional (GATT) contra os subsídios, o
Ministro da Fazenda editou PORTARIA (Decretos-Leis o autorizavam) estabelecendo prazo para o fim do
crédito-prêmio (1983). Ab initio, o STJ entendeu que uma portaria não poderia revogar um benefício.
Todavia, mudou de entendimento (idem STF) justificando que tal direito teria acabado em 1990 por força
do art. 41, caput e § 1º, do ADCT da CF/88. Julgado importante nesse entendimento: STF. RE 577348 RG.
Crédito presumido IPI (art. 1º da Lei 9.363/96): refere-se ao direito de crédito presumido com
ressarcimento de contribuições para PIS/PASEP e COFINS – para empresas produtora e exportadora de
mercadorias nacionais – sobre as aquisições no mercado interno de matérias-primas, produtos
intermediários e materiais de embalagem utilizados no processo produtivo. Ele abrange, inclusive, a
produto com alíquota zero e nas vendas a empresa comercial exportadora, com fim específico de
exportação. Por outro lado, pessoa jurídica com receitas sujeitas a incidência não cumulativa de PIS/Pasep
e Cofins não fará jus ao crédito presumido de IPI em relação ao ressarcimento dessas contribuições. Em
relação a produtos oriundos da atividade rural utilizados como matérias-primas, produtos intermediários
ou materiais de embalagem para produtos industrializados exportados; será calculado o creditamento
exclusivamente nas aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas ao PIS/Pasep e à Cofins (posição
oposta ao enunciado da Súmula 494/STJ). O crédito é devido ainda que o beneficiamento do insumo seja
realizado por terceira empresa (lembre-se que a finalidade será sempre a exportação de uma mercadoria)
– AgRg no REsp 1314891.
Em repercussão geral, o STF reafirmou que os princípios da seletividade e não cumulatividade não
asseguram direito ao crédito-prêmio do IPI sobre insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero (RE
398365 RG)
Isenção
a) Isenção para deficiente físico pode ser novamente concedida em razão do furto de veículo. A regra que
limita a uma isenção a cada 2 anos da Lei 8.989/95 deve ser flexibilizada em caso de força maior, dado o
caráter humanitário da política fiscal (REsp 1390345)
b) Isenção prevista na Lei 8.032/90 para entidades de educação se estende às entidades com finalidade
eminentemente cultural, pois, para o STJ, educação e cultura são indissociáveis (REsp 1100912 – Info 561)
Jurisprudência:

a)Na sistemática que rege o princípio constitucional da não cumulatividade, a operação


desonerada de IPI impede o reconhecimento do imposto pago na operação anterior e não
gera crédito para a seguinte, raciocínio que deve ser aplicado de forma indistinta aos casos
de alíquota zero, isenção, não incidência e de imunidade. (STJ. AI 736994 AgR)

b) “(...) 2. O art. 11 da Lei n. 9.779, de 1999, autoriza o creditamento de IPI para duas
hipóteses: i) quando o produto final for isento; ou ii) quanto é tributado à alíquota zero. Os
casos de não-tributação não estão alcançados pela referida norma. (...) 4. A correção
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monetária não incide sobre o crédito escritural de IPI por ausência de previsão legal.
Entretanto, o STJ entende que, se o direito ao creditamento não foi exercido no momento
oportuno em razão de óbice criado pelo Fisco – que não é o caso dos autos, por não
constar do acórdão recorrido –, a correção monetária deverá incidir, de modo a preservar
seu valor. STJ. Resp 1004964 (Recurso Repetitivo – Resp 1035847).

c) O benefício da suspensão do IPI na saída do estabelecimento (Lei nº 10.637/02) não se


estende ao optante do SIMPLES, pois haveria dupla vantagem: a extensão da suspensão e o
regime mitigado do IPI na opção pelo SIMPLES (REsp 1497591)

Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou


Valores Mobiliários

Sujeito ativo: União (art. 153, V, CR).


Sujeito passivo(art. 66 do CTN e Dec. 6.306/67): qualquer das partes da operação tributada, conforme
dispuser a lei. O Decreto detalha: a) pessoas físicas/jurídicas tomadoras de crédito; b) compradoras ou
revendedoras de moeda estrangeira, nas operações referentes à transferência financeira para o exterior; c)
pessoas físicas/jurídicas seguradas; d) adquirentes de títulos ou valores mobiliários e instituições
financeiras; e) instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a efetuarem a primeira aquisição do
ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial
Fato gerador (art. 63 do CTN e Dec. 6.306/67): a) operações de crédito – entrega, ou colocação à
disposição, total ou parcial do montante do valor objeto da obrigação; b)operações de câmbio – entrega,
ou posta à disposição, em moeda nacional ou estrangeira (ou documento que a represente), do montante;
c)operações de seguro – emissão da apólice (ou documento equivalente) ou recebimento do prêmio, na
forma da lei; d)operações relativas a títulos e valores mobiliários - emissão, transmissão, pagamento ou
resgate desses, na forma da lei aplicável. Vindo as três situações supracitadas, o IOF só incidirá uma vez.
Obs.1: elemento material do FG: operação (tem de existir uma operação) de crédito, câmbio, seguro ou
com títulos e valores mobiliários.
Obs.2: conceito das principais operações do IOF: a) operações de crédito - prestação presente contra a
promessa de operação futura (STF - mero saque em poupança não é FG do IOF – S. 664); b) de câmbio - é a
troca de moedas; c) de seguro - contrato pelo qual se garante algo contra o risco de eventual dano (evento
futuro e incerto). Apólice é o contrato; prêmio é o valor pago à seguradora; indenização é o valor pago ao
segurado; sinistro é o evento coberto (acidente, incêndio etc.); d) relativa a títulos e valores mobiliários -
implica transferência de propriedade desses títulos (títulos/valores mobiliários são
documentos/instrumentos que materializam direitos de crédito).
Base de cálculo (art. 63 do CTN e Dec. 6.306/67): a) montante da operação – principal + juros (op. de
crédito); b) montante da operação em moeda nacional (op. de câmbio); c) montante do prêmio (op. de
seguro); d) valor nominal + ágil (na emissão) / preço + valor nominal + valor da cotação em bolsa (na
transmissão) / respectivo preço (no pagamento ou resgate) (op. TVM).
Alíquotas: são proporcionais (alíquotas fixas na categoria), variando conforme a natureza das operações
financeiras ou de mercado de capitais (se, ao invés, variasse em relação ao montante seria progressivo): a)
op. de crédito – alíquota máxima de 1,5 ao dia (ver Dec. 8.392/2015); b) op. de câmbio – máx. de 25%; c)
op. de seguro – máx. de 25% sobre o valor do prêmio; d) op. TVM – 1,5% ao dia; op. com ouro (ativo
financeiro ou instrumento cambial) – 1,5% ao dia.
Princípio da Legalidade e anterioridade: Idem II.
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto á categoria econômica – Imposto sobre a produção e circulação (CTN);
b)quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) direto ou

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Indireto; c)Proporcional; d) Extrafiscal (predominantemente, pois é um fonte considerável de arrecadação


– função fiscal); e) cumulativo (o imposto pago em uma operação não é compensado nas seguintes);
Imunidade do OURO: O “ouro”, como ativo financeiro ou instrumento cambial, é devido na operação de
origem e se sujeita à tributação exclusiva do IOF (Princípio da Unicidade). Assim, o IOF será cobrado uma
única vez, no local da extração. Todavia, é o negócio jurídico que enseja o IOF e não a simples extração.
Assim, se ele for destinado a outro fim (confecção de joias/odontologia), incidirá exclusivamente o ICMS
(art. 1º Lei 7766/89 e art. 153, § 5º, CR).
Princípio da não-afetação dos impostos: o art. 67 do CTN (previa destinação do IOF para formar reservas
monetárias ou cambiais) não foi recepcionado pela atual Constituição (art. 167, IV,CF)
IOF e factoring: o IOF incide sobre as operações de factoring (ADI-MC 1763), enquanto não deve incidir
sobre operações de poupança (RE 232467).
Imunidade recíproca: os Estados estão amparados quando fazem aplicações no mercado financeiro
(posição do STF).
IOF e cad. de poupança: “é inconstitucional o inciso V do art. 1° da Lei 8033/90, que instituiu a incidência
do IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança” (Súm. 664/STF).
IOF e depósito judicial: “Nos depósitos judiciais, não incide o IOF” (Súm. 185/STJ).
Fiança onerosa: segundo a doutrina, não há operação de crédito na fiança onerosa, para fins de incidência
do IOF.
Jurisprudência: Imunidade tributária da OAB abarca o IOF sobre suas operações mas não impede que o
Fisco constitua o crédito tributário quando comprovado desvio de finalidade (RE 259976 AgR).

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I. DIREITO AMBIENTAL

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. CONCEITO. COMPETÊNCIAS. NATUREZA


JURÍDICA. REQUISITOS.

Além do caráter eminentemente constitucional, esse princípio encontra suporte legitimador no Relatório
Brundtland, de 1987, feito pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. Assim, a
atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com a proteção ambiental, haja vista a
necessidade de compatibilização do art. 170 com o art. 225, ambos da CF/88.

A Avaliação de Impacto Ambiental – AIA (gênero do qual são espécies os mais diversos estudos ambientais)
é mecanismo de realização do desenvolvimento sustentável, pois permite identificar previamente o grau
de impacto ao meio ambiente provocado pela implantação de uma certa atividade socioeconômica,
visando a adoção das providências adequadas.

Não se deve entender como AIA apenas o Estudo Prévio de Impacto Ambiental - EPIA. A AIA pode ser
implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e processo de transformação,
como para políticas e planos que contemplem diretrizes programáticas, limitadas ao campo das ideias,
neste caso denominada Avaliação Ambiental Estratégica. O EPIA, por sua vez, é ferramenta prévia do
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente causadores de significativo impacto
ambiental.

Conforme Res. CONAMA 237/97 (art. 1º, III), são espécies da AIA (nela denominada “Estudos Ambientais”),
todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais
poderão ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EPIA.

4.1 Estudo de Impacto Ambiental – EPIA (ou EIA) / Relatório de Impacto Ambiental – RIMA

Previsão constitucional: inciso IV do § 1º do art. 225: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade”.

Natureza jurídica (Capelli): pré-procedimento administrativo, vinculado ao licenciamento ambiental.

EPIA e RIMA não são sinônimos. O Estudo é de maior abrangência e engloba o relatório. O EPIA é o todo,
complexo, detalhado. O RIMA é a parte mais compreensível do procedimento, verdadeiro instrumento de
comunicação do EPIA ao administrador e ao público.

Feito este esclarecimento inicial, vejamos o que seja o EPIA.

Impacto ambiental é “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e
econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais” (Res. CONAMA 1/86).

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Cabe ao EPIA qualificar e, quanto possível, quantificar antecipadamente o impacto ambiental, de modo a
dar suporte a um adequado planejamento de obras ou atividades. Assim, podemos dizer, em síntese, que
o EPIA é “um estudo das prováveis modificações nas diversas características socioeconômicas e biofísicas
do meio ambiente que podem resultar de um projeto proposto”.

O EPIA está sujeito a três condicionantes (T-C-M):

Transparência administrativa – o EPIA é divulgado publicamente, respeitado o sigilo industrial;

Consulta aos interessados – possibilidade de efetiva participação e fiscalização da atividade administrativa


por parte da comunidade, que pode exprimir suas dúvidas e preocupações;

Motivação da decisão ambiental – quando a Administração opta por uma das alternativas apontadas pelo
EPIA que não seja ambientalmente a melhor, ou quando deixa de determinar sua elaboração por
inexistência de “significativa degradação”, deve fundamentar sua decisão, inclusive para possibilitar seu
questionamento futuro perante o Judiciário.

As conclusões do EPIA não vinculam o órgão administrativo ambiental (parte da doutrina advoga que a
EPIA positivo vincula a concessão de licença pelo administrador) O objetivo do estudo é orientar a decisão
da Administração, informando sobre as consequências ambientais de um determinado empreendimento.
Não obstante, o estudo é um limite da discricionariedade administrativa, pois a administração deve expor
as razões que a levaram a optar por solução diversa.

Os casos em que pode haver significativa degradação do meio ambiente estão previstos,
exemplificativamente, na Res. CONAMA 01/86. Podemos citar: estradas de rodagem com duas ou mais
faixas de rolamento, ferrovias, portos, etc.

Tem prevalecido na doutrina que as hipóteses de atividades listadas na Resolução 001/86 ensejam
presunção absoluta de serem potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental.
Entretanto, Milaré advoga que, segundo a Resolução CONAMA 237/97, a presunção é apenas relativa. De
fato, dispõe o art. 3º da resolução, p. único, que o “órgão ambiental competente, verificando que a
atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio
ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento”.

No que se refere aos OGM – Organismos Geneticamente Modificados, a matéria encontra-se atualmente
tratada na Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05), em seu art. 16, somente exige EPIA nos casos em que a
CTNBio deliberar que o OGM é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente.

O EPIA e o RIMA são feitos antes da concessão da Licença Prévia, como uma condição à expedição desta, a
partir de um Termo de Referência fornecido pelo órgão ambiental, norteado, no mínimo, pelas seguintes
diretrizes (art. 5º, da Resolução nº 01/86 do CONAMA):

a) contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do empreendimento, confrontando-as


com a hipótese de sua não execução (HIPÓTESE ou OPÇÃO ZERO, que só deve ser adotada quando o
projeto causar grandes impactos ambientais, sem possibilidade de mitigação aceitável, e quando os
resultados econômico-sociais sejam desprezíveis”;

b) identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação,


operação e desativação do empreendimento;

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c) definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos,
denominada área de influência do empreendimento, considerando, em todos os casos, a microrregião
sociogeográfica e a bacia hidrográfica na qual se localiza;

d) considerar os planos e programas governamentais e não-governamentais, propostos e em


implantação, operação e desativação do empreendimento.

Além dessas, pode o órgão ambiental fixar outras diretrizes fundamentais que entenda pertinentes, em
razão das peculiaridades do projeto e características ambientais da área.

Ao lado das diretrizes e atividades mínimas, exige-se, também, um conteúdo mínimo:

I – diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: consiste no inventário do meio ambiente


anterior a ação proposta, descrevendo as inter-relações entre os componentes bióticos, abióticos e
antrópicos do sistema a ser afetado pelo empreendimento.

II – análise dos impactos ambientais: identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos
ambientais.

III – definição das medidas mitigadoras: explicitação das medidas que visam a evitar o impacto ambiental,
inclusive quanto aos aspectos referentes ao seu modo e tempo de aplicação.

IV – programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais.

O EPIA, como procedimento complexo, deve ser elaborado por uma equipe multidisciplinar de
especialistas, cuja habilitação se dá com a inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades, sob a
administração do IBAMA (Res CONAMA 1/86).

Cabe ao empreendedor providenciar a realização do EPIA. O Estudo deve apresentar a alternativa mais
favorável do ponto de vista ambiental ou, até mesmo, se for o caso, a recomendação de não realização do
projeto. Os custos são arcados pelo proponente do projeto (art. 8º da Resolução 01/86), consagrando o
princípio do poluidor-pagador.

Entendia-se que a equipe autora do EPIA devia ser desvinculada do projeto em exame, a fim de favorecer
sua independência. Atualmente não mais se faz tal restrição, pois se entende que sempre vai existir
dependência, pois custeado pelo empreendedor. Assim, entende-se que a neutralidade dos estudos de
impacto ambiental será garantida não por uma eventual independência da equipe autora em face do
proponente, mas pela existência de uma contra-equipe técnica governamental que examinará o EPIA, do
ponto de vista do interesse público.

O empreendedor e os profissionais que subscreverem os estudos serão responsáveis pelas informações


apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais (Res. CONAMA 237/97).

Na esfera administrativa, o empreendedor estará sujeito às sanções do art. 72 da Lei 9.605, enquanto os
técnicos respondem perante os Conselhos Profissionais e perante o IBAMA.

No campo da responsabilidade civil, que é objetiva, o empreendedor (quem se beneficia da atividade),


responde pelos prejuízos causados, ressalvado o seu direito de regresso contra o causador do dano,
inclusive contra o profissional que responsável pelo erro.

Criminalmente, respondem tanto a pessoa jurídica quanto as pessoas físicas.

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As conclusões do EPIA serão refletidas no RIMA, cuja linguagem deve ser acessível, ilustrada por mapas,
gráficos e outros métodos que deixem claras as possíveis consequências ambientais do projeto,
comparando-se as vantagens e desvantagens de cada alternativa.

Sobre a publicidade, a Lei 10.650/03 estabeleceu que o registro de apresentação do EPIA, bem como o ato
de aprovação ou rejeição, serão publicados em diário oficial e ficarão disponíveis nos respectivos órgãos,
em local de fácil acesso ao público.

Ainda nesse contexto, segundo a Res. CONAMA 009/87, deve ser convocada audiência pública, sob pena
de invalidade da licença, sempre que: o órgão de meio ambiente julgar necessário; for solicitada por
entidade civil; for solicitada pelo MP; for pedida por 50 ou mais cidadãos.

A audiência pública deve acontecer na área de influência da obra, tendo prioridade o município ou a área
onde os impactos forem mais significativos, sendo, em alguns casos, necessária a realização de mais de
uma audiência.

A qualidade do EPIA pode ser controlada pela comunidade (controle comunitário), por meio das
audiências públicas e por denúncias e pressões sociais. Pode também ser controlada pelo órgão ambiental
(controle administrativo), através da fixação de diretrizes e termos de referência específicos, bem como
pelo exame de mérito da viabilidade do projeto. Pode, ainda, ser controlado pelo Poder Judiciário
(controle judicial), exercido no julgamento das ACP e AP, conforme a proporcionalidade e razoabilidade.

Inexistente ou insuficiente o EPIA não pode a obra ou atividade ser licenciada e se, por acaso, já tiver
havido o licenciamento, este será inválido (Sílvia Cappelli).

O órgão ambiental detém discricionariedade sui generis: ainda que o EPIA/RIMA seja favorável ao
empreendimento, pode negar a licença, desde que motive sua decisão.

4.2 Questões complementares sobre o tema

Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV): previsto no Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/00). Semelhante ao
EPIA/RIMA, mas não se confundem. Mais usado em empreendimentos típicos do contexto urbano, sem
grandes impactos no ambiente natural. O EIV não substitui o EPIA, quando exigido. Mas o EPIA, mais
abrangente, pode tornar o EIV dispensável.

EIA a posteriori– Res. 06/1987 CONAMA prevê EIA para obras de grande porte que tenham sido instaladas
ou estejam em operação antes da Resolução 01/1986. Além disso, o art. 8º, II, da Lei 6.938/1981 refere
que o CONAMA poderá determinar a realização de EIA/RIMA sempre que julgar necessário, inclusive
depois do início de obra ou atividade. Tema este controverso, porquanto trata da concorrência entre
direito adquirido e defesa ambiental, sendo que, em regra, esta última prevalece.

É inconstitucional norma que submeta a apreciação do licenciamento, ou de seu relatório, a órgão fora do
Poder Executivo, por ofensa à repartição de Poderes (ADI1501).

J. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO

CONFLITOS INTERNACIONAIS. MEIOS DE SOLUÇÃO. DIPLOMÁTICOS, POLÍTICOS E


JURISDICIONAIS. CORTES INTERNACIONAIS. MÉTODOS DE SOLUÇÃO ALTERNATIVA
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DE CONTROVÉRSIAS. ARBITRAGEM. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL. ATO


ILÍCITO. IMPUTABILIDADE. DANO. FORMAS E EXTENSÃO DA REPARAÇÃO.

Conflitos Internacionais

Conflitos internacionais jurídicos: decorrem de a) violação de tratados e convenções; b) desconhecimento,


por um Estado, dos direitos do outro, c) ofensa de princípios correntes do direito internacional, na pessoa
de um cidadão estrangeiro.
Conflitos internacionais políticos: decorrem de a) choques de interesses políticos ou econômicos; b) ofensa
à honra ou dignidade do Estado.

Meios de Solução

Com a evolução do Direito Internacional, especialmente depois da Carta das Nações Unidas, a guerra tem
sido tida como um ilícito internacional, um recurso inadequado. Os Estados devem buscar a solução
pacífica dos conflitos. Essa busca é, ao menos, um dever moral dos Estados.
São 3 as formas de caráter amistoso: 1) Meios Diplomáticos; 2) Meios Jurídicos; 3) Outros Meios.
Existem outras formas de caráter coercitivo (não amistoso).

Meios Diplomáticos

Os meios diplomáticos se dividem em: 1) negociações diretas; 2) congressos e conferências; 3) bons


ofícios; 4) mediação; 5) sistema consultivo; 6) conciliação; 7) inquérito.
a) Negociações diretas: É o meio mais usual e que geralmente traz melhores resultados. Em geral, decorre
de entendimento verbal entre a missão diplomática e o Ministério das Relações Exteriores local. Nos casos
mais graves podem ocorrer tratativas entre altos funcionários dos dois governos (às vezes pelos próprios
Ministros das Relações Exteriores). A solução da controvérsia constará de uma troca de notas. Pode haver
a desistência, a aquiescência e a transação.
b) Congressos e Conferências: Realiza-se um congresso ou uma conferência internacional quando a
matéria ou o assunto em litígio interessa a diversos Estados ou quando se tem em vista a solução de um
conjunto de questões sobre as quais existem divergências. Atualmente, tais casos são tratados na
Assembleia Geral da ONU e, no caso da América Latina, na Organização dos Estados Americanos.
c) Bons Ofícios: Ocorre quando dois Estados estão em conflito e uma terceira potência, sem intervir de
forma direta, realiza uma tentativa amistosa de que os Estados litigantes entrem em acordo. Essa terceira
potência é denominada “prestador dos bons ofícios”. Prestar bons ofícios é uma das relevantes funções
desempenhadas pelo Secretário-Geral da ONU. O oferecimento de bons ofícios ou sua recusa não constitui
ato inamistoso.
d) Mediação: intervenção direta de um terceiro Estado no conflito entre dois Estados, buscando a solução
pacífica de um litígio, tomando conhecimento do desacordo e das razões de cada um dos contendores,
propondo uma solução. Geralmente um sujeito do direito das gentes (Estado, O.I., Santa Sé ou um
Estadista associado ao exercício de uma elevada função pública, cuja individualidade seja indissociável da
pessoa jurídica internacional que ele representa). É diferente do conceito de mediação em direito interno,
onde o mediador se apresenta como figura mais neutra.
Em síntese, enquanto os bons ofícios são a participação indireta, a mediação é a participação direta nas
negociações entre os litigantes.
e) Sistema Consultivo: Forma de entendimento direto programado, geralmente previsto em tratado.
Caracteriza-se pela troca de opiniões, entre dois ou mais governos interessados direta ou indiretamente

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num litígio internacional, com o intuito de alcançarem uma solução conciliatória. Desenvolveu-se no
continente americano. O sistema consultivo interamericano possui dois aspectos: o de método para
solução pacífica de controvérsias e o do processo para o estudo rápido, em conjunto, de problemas de
natureza urgente e de interesse comum para os Estados membros da OEA.
f) Conciliação: Método mais formal e solene que a mediação, caracterizado pela presença de uma
comissão de conciliadores, composta por representantes dos Estados envolvidos no litígio e também de
pessoas neutras no conflito. Ao final, os conciliadores emitem um parecer, sugerindo possíveis soluções ao
potencial conflito.
g) Inquérito: Forma-se uma comissão de pessoas que têm por encargo apurar os fatos (ainda ilíquidos)
ocorridos entre as partes, preparando-as para o ingresso num dos meios de solução pacífica de
controvérsias internacionais, implicando o dever do Estado de suportar a presença de pessoas ou
comissões em seu território, bem como o dever de fornecer-lhes os dados necessários ao bom termo das
investigações.

Meios Jurídicos

1. TRIBUNAIS INTERNACIONAIS PERMANENTES - Historicamente, a primeira corte criada foi a


Corte Centro-Americana de Justiça, criada em 1907. Após: 1) Corte Permanente de Justiça
Internacional (CPIJ) depois sucedida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ); 2) Tribunal
Internacional do Direito do Mar.
2. TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS: 1) Tribunal Administrativo Das Nações Unidas (UNAT ) 2) outros
Tribunais Administrativos: do Banco Mundial, da O.I.T. e DA O.E.A.

Meios Políticos

São aqueles exercidos quando há litígio de certa gravidade, na iminência de uma guerra entre os Estados
envolvidos. Os órgãos políticos ou organizações tomam para si a solução do conflito, podendo agir mesmo
quando apenas uma ou nenhuma das partes manifeste interesse na solução pacífica.
1) ÓRGÃOS POLÍTICOS DA ONU (Assembleia Geral e Conselho de Segurança) - Essa via só será adequada se
houver ameaça à paz. O Conselho de Segurança é o mais utilizado, pois conta com meios eficazes de ação
na iminência de uma guerra, investigando, discutindo e expedindo recomendações e resoluções para a
solução do litígio. A solução em geral é provisória. Como a não obediência a uma recomendação do
Conselho de Segurança ou da Assembleia Geral não configura ato ilícito, e face a soberania dos Estados,
muitas vezes a intervenção das instâncias políticas não traz resultados práticos.
Muitos Estados têm se utilizado da previsão da regra da não ingerência em assuntos internos para afastar a
tentativa de intervenção da ONU como meio político de solução de conflito. Para Mazzuoli, há exceção ao
princípio em dois casos: a) perigo à paz e segurança internacionais; b) violação dos direitos humanos lato
sensu. A interpretação do que se entende por interno ou internacional cabe à ONU, seja por meio da
Assembleia ou do Conselho de Segurança.
2) ESQUEMAS REGIONAIS E ESPECIALIZADOS - são organizações com alcance regional, como a Organização
dos Estados Americanos e a Liga dos Países Árabes. Funcionam da mesma forma que os órgãos da ONU e
as partes, da mesma maneira, não são obrigadas a acatar suas decisões, exceto se ambas as partes tiverem
requisitado a interferência e não seja atingida a soberania do Estado.

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Outros Meios

Arbitragem Internacional

(Rezek insere a arbitragem nos MEIOS JURISDICIONAIS, e Mazzuoli nos MEIOS SEMI-JUDICIAIS de solução
de controvérsias). Os estados litigantes escolhem um arbitro para resolver o conflito na base do respeito
do direito. A escolha dos Árbitros é livre, os interessados podem escolhê-los diretamente ou delegar tal
faculdade a um Chefe de Estado ou a outras pessoas.
A decisão dos árbitros é obrigatória para os litigantes.
A arbitragem pode ser de 2 tipos: 1) Voluntária ou facultativa; 2) Obrigatória ou permanente (prevista em
Tratado para caso de futuros conflitos).
Compromisso: Ato pelo qual os Estados litigantes acordam na entrega da solução de suas diferenças à
arbitragem. Competência para firmar o compromisso: dada pelo direito interno de cada país. No Brasil essa
competência pertence ao Poder Executivo embora sujeito à aprovação posterior do Congresso Nacional,
na mesma situação de celebração de Tratados Internacionais.
Composição do Juízo Arbitral: Pode ser constituído por um só árbitro ou diversos. Cada litigante pode
indicar dois árbitros e os indicados, por sua vez, escolher o super-árbitro ou desempatador.
Nulidade da Sentença Arbitral: Se o árbitro ou Tribunal exceder aos poderes conferidos ou se houver
cerceamento de defesa, a sentença será nula.

Para Rezek, enquanto a jurisdição arbitral conta com mais de dois mil anos de história, a jurisdição
judiciária é recente no cenário internacional. (Rezek insere a arbitragem nos MEIOS JURISDICIONAIS, e
Mazzuoli nos MEIOS SEMI-JUDICIAIS de solução de controvérsias).
A Corte de Haia, em sua primeira fase, era a Corte Permanente de Justiça Internacional, prevista pelo
artigo 14 do Pacto da Sociedade das Nações, apesar de não integrar tal entidade. Em 1945, transforma-se
em Corte Internacional de Justiça, como órgão da ONU (artigo 92 da Carta).

Os Meios Coercitivos

RETORSÃO - ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha sido o seu agressor as
mesmas medidas ou os mesmos processos que este empregou ou emprega contra ele, que não
necessariamente se constituem em ilícito internacional. É uma espécie da aplicação da lei de Talião.
Consiste, em geral, em simples medidas legislativas ou administrativas. É medida legítima, mas a doutrina e
a prática internacional contemporânea lhe são pouco favoráveis.
REPRESÁLIAS - são medidas coercitivas, derrogatórias das regras ordinárias do direito das gentes, tomadas
por um Estado em consequência de atos ilícitos praticados, em seu prejuízo, por outro Estado e destinadas
a impor a este, por meio de um dano, o respeito do direito. São medidas mais ou menos violentas e, em
geral, contrárias a certas regras ordinárias de direito das gentes, empregadas por um Estado contra outro.
Em síntese, as represálias decorrem de atos ilícitos; a retorsão, de ato lícito causador de prejuízo.
EMBARGO - forma especial de represália que consiste no sequestro, em plena paz, de navios e cargas de
nacionais de um Estado estrangeiro, ancorado nos portos ou em águas territoriais do Estado que lança
mão desse meio coercitivo. Foi abandonado pela prática internacional e condenado pela doutrina.
BLOQUEIO PACÍFICO - também denominado bloqueio comercial, é uma forma de represália. Consiste em
impedir, por meio de força armada, as comunicações com os portos ou as costas de um país ao qual se
pretende obrigar a proceder de determinado modo. Pode ser usado pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas para obrigar determinado Estado a proceder de acordo com a Carta.
BOICOTAGEM (OU BOICOTE) - É a interrupção de relações comerciais com um Estado considerado ofensor
dos nacionais ou dos interesses de outro Estado.

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RUPTURA DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS - também denominada cessação temporária das relações oficiais
entre os dois Estados, pode resultar da violação, por um deles, dos direitos do outro. Também ser
empregada como meio de pressão de um Estado sobre outro com o fim de forçar a modificação de
determinado comportamento, ou um acordo sobre algum dissídio que os separe. O artigo 41 da Carta das
Nações Unidas prevê a ruptura como uma das medidas que podem ser recomendadas pelo Conselho de
Segurança para a aceitação de suas decisões, em caso de ameaça contra a paz internacional.

Cortes Internacionais

Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Internacional de Justiça

Corte Internacional de Justiça

Todo membro da ONU é membro ipsu facto da CIJ, salvo se for feita uma ressalva de não submissão à
jurisdição da CIJ.
Composição da CIJ: são quinze membros, não cabendo dois do mesmo Estado para evitar a formação de
bloco. Nos casos de dupla nacionalidade, prevalecerá a nacionalidade efetiva.
Eleição de membros da CIJ: é feita pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança. O
encaminhamento da lista é feito pela CORTE PERMANENTE DE ARBITRAGEM (essa corte é mais antiga e
tradicional). O mandato é de 9 anos podendo ser reeleito, não se trata de um cargo vitalício, porque deve
ser garantida a rotatividade.
Endosso ou proteção diplomática: ocorre quando o Estado substitui seu cidadão em um litígio em âmbito
internacional. Ex: o Brasil pode endossar o problema do JEAN CHARLES em Londres. O ministro da CIJ com
a mesma nacionalidade do Estado que endossou pode julgar o caso sem ser impedido ou suspeito.
IMPORTANTE: o equivalente à proteção diplomática no âmbito de uma Organização Internacional
denomina-se a proteção funcional.
Competência da CIJ: somente competência cível, até então não existia um tribunal com competência
penal, o que existe agora com o TPI (Estatuto de Roma). Somente pode julgar os Estados.
Função da CIJ: pode ter atuação contenciosa ou consultiva. Pode ser feita consulta por qualquer entidade
de Direito Internacional (Estados ou Organizações Internacionais, desde que autorizadas pela ONU).
Deliberações: todos os atos são públicos, exceto as deliberações, que são tomadas em sala secreta pelos
ministros, não sendo sigilosa a deliberação, porque há discussão entre eles. As decisões são tomadas por
meio de voto majoritário, e os vencidos podem juntar seus votos dissidentes ao acórdão.
NÃO CABE RECURSO propriamente dito contra as deliberações, mas há duas possibilidades de alteração da
decisão da CIJ: a) pedido de esclarecimento, em caso de omissão, de contradição, de erro, ou seja, mal
comparando uma hipótese de embargos de declaração; b) pedido de revisão, em decorrência de fato novo,
a rigor não seria sequer uma alteração do acórdão.
Força coercitiva: o acórdão da Corte é definitivo e obrigatório. Segundo Rezek, o acórdão pode ser
executório em situações excepcionais. O artigo 94 da Carta da ONU declara que os membros hão de
cumprir as decisões da CIJ. O não cumprimento é um ato ilícito internacional. Em caso de não
cumprimento espontâneo, é possível a denúncia ao Conselho de Segurança, que, à luz do dever de
preservar a paz e a segurança, poderá tomar medidas para fazer cumprir o acórdão.
A via diplomática é a maior coação entre as partes para cumprimento da decisão da CIJ. É um forte
instrumento de pressão, causador de constrangimento internacional. A obrigatoriedade abrange
cautelares e liminares.
Submissão à jurisdição: nada impede que Estados membros da ONU e vinculados à CIJ levem suas
pendências para julgamento em outra corte.
Mesmo o Estado sendo membro da ONU e vinculado à CIJ, para se submeter ao julgamento, é
imprescindível que exista uma DECLARAÇÃO de SUBMISSÃO à jurisdição da corte. Essa declaração pode ser
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geral (para qualquer motivo) ou específica. Essa declaração é chamada de CLÁUSULA FACULTATIVA DE
JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIA. É facultativa porque o Estado não está obrigado a emiti-la (mesmo que
vinculado à CIJ). Entretanto, após a manifestação, torna-se obrigatória a aceitação da jurisdição da CIJ.
Natureza jurídica da atuação da CIJ: é uma forma de solução pacífica de conflitos.

Outras Cortes:
Tribunais administrativos: A OIT e ONU possuem tribunais administrativos, onde se resolvem, no
contencioso, problemas concernentes à função pública. As partes, em regra, são a organização e um
sujeito com o qual se estabeleceu vínculo contratual.
Corte de Justiça da União Europeia: com sede em Luxemburgo, responsável pela interpretação e aplicação
do direito comunitário europeu. Podem ser partes Estados-membros, indivíduos ou sociedades nacionais
dos Estados-membros.
Tribunal Internacional do Mar: com sede em Hamburgo, instituído pela Convenção de Montego Bay. Têm
acesso ao tribunal os Estados-partes, e sobre o tema dos fundos marinhos a autoridade e a empresa
internacionais que a Convenção instituiu, bem como as empresas privadas que tenham estabelecido algum
vínculo contratual com uma ou outra.
Corte Europeia dos Direitos do Homem: no âmbito do Conselho de Europa com sede em Estrasburgo.
Desde 1998 recebe diretamente dos indivíduos queixas de violação da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem de 1950.

Tribunal Penal Internacional

Ponto 20

Corte Interamericana de Direitos Humanos

Órgão judicial autônomo com sede em San José (Costa Rica), cujo propósito é aplicar e interpretar a
Convenção Americana de Direitos Humanos e outros tratados de Direitos Humanos. Faz parte do chamado
Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos.
Funções: exerce competência contenciosa e consultiva.

Competência Contenciosa

Competência litigiosa para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das disposições
da Convenção Americana de Direitos Humanos a que lhe seja submetida apreciação, sempre os Estados
signatários reconheçam esta competência, por declaração ou convenções especiais. Basicamente, conhece
dos casos em que se alegue que um dos Estados-membros tenha violado um direito ou liberdade protegido
pela Convenção, sendo necessário que se tenham esgotados os procedimentos previstos nesta.
As pessoas, grupos ou entidades que não sejam o Estado não têm capacidade de impetrar casos junto à
Corte, mas podem recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A Comissão pode, então,
levar os assuntos diante desta, sempre que o Estado questionado haja reconhecido sua competência. Em
todos os casos, a Comissão deve comparecer em todos os casos apreciados pela Corte.
O procedimento junto à Corte é de caráter contraditório. Termina com uma sentença judicial motivada,
obrigatória, definitiva e inapelável. Se a decisão não expressa, no todo ou parcialmente, a opinião unânime
dos juízes, qualquer destes tem direito a que se junte sua opinião dissidente ou individual.
Em caso de desacordo sobre o sentido ou alcance da decisão, a Corte o interpretará por solicitação de
qualquer das partes, sempre que esta solicitação seja apresentada dentro de noventa dias a partir da
notificação da sentença.

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Competência consultiva

Os Estados-membros da OEA podem consultar a Corte acerca da interpretação da Convenção Americana


de Direitos Humanos ou de outros tratados concernentes à proteção dos Direitos Humanos no âmbito dos
Estados americanos. Além disso, podem consultá-la, dentro da sua competência, também os órgãos da
Organização dos Estados Americanos.
Pode a Corte, ainda, a pedido de um Estado-membro da OEA, emitir parecer sobre a compatibilidade entre
qualquer de suas leis internas e os mencionados tratados internacionais.
Obs.: Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) é uma das duas entidades que integram o Sistema
Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos, junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos, tendo sua
sede em Washington. A Comissão é composta por sete juristas eleitos por mérito e títulos pessoais, e não como
representantes de nenhum governo, mas representam aos países membros da Organização dos Estados Americanos
(OEA).
É um órgão da OEA criado para promover a observância e defesa dos Direitos Humanos, além de servir como
instância consultiva da Organização nesta matéria.
Funções:
 Estimular a consciência de respeito aos direitos humanos nos povos das Américas;
 Formular recomendações, quando julgar conveniente, aos governos dos Estados-membros, para
que adotem medidas progressivas em favor dos Direitos Humanos, dentro da esfera de
competência de suas leis internas e de suas Constituições, e ainda para que sejam implementadas
medidas e dispositivos para o devido fomento e respeito desses direitos;
 Preparar estudos e informes que julgue convenientes para o desempenho de suas funções;
 Solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe forneçam informes sobre as medidas que
adotem em matéria de Direitos Humanos;
 Atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da OEA, lhe formulem os Estados-membros
em questões relacionadas aos Direitos Humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o
assessoramento porventura solicitado;
 Expedir um informe anual à Assembleia Geral da Organização, no qual se exponha a devida situação
dos regimes jurídicos aplicáveis aos Estados-membros signatários da Convenção Americana de
Direitos Humanos, e também daqueles que não são partes desta;
 Realizar observações in loco num Estado, com a anuência devida ou a convite do respectivo
governo; e
 Apresentar ao Secretário Geral o programa prévio da Comissão para que este o submeta à
apreciação da Assembleia Geral da OEA.
 Com relação aos Estados signatários da Convenção Americana de Direitos Humanos, a Comissão
tem também as seguintes atribuições:
 Diligenciar as petições e outras comunicações, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51
da Convenção;
 Comparecer diante da Corte Interamericana de Direitos Humanos, nos casos previstos pela
Convenção;
 Solicitar à Corte Interamericana de Direitos Humanos que tome as medidas provisionais que
considere pertinentes em assuntos graves e urgentes que ainda não estejam submetidos a seu
julgamento, quando se julgue necessário para evitar danos irreparáveis às pessoas;
 Consultar a Corte acerca da interpretação da Convenção ou de outros tratados internacionais sobre
a proteção dos Direitos Humanos entre os Estados americanos;

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 Submeter à consideração da Assembleia Geral da OEA projetos de protocolos adicionais à


Convenção Interamericana de Direitos Humanos, com o fim de incluir progressivamente ao regime
de proteção da mesma outros direitos e liberdades; e
 Submeter à Assembleia Geral para que, julgando conveniente, e por condução pelo Secretário
Geral, propostas de emenda à Convenção.
 Com relação aos Estados-membros da OEA não signatários da Convenção Interamericana de
Direitos Humanos, a Comissão terá, ainda, as seguintes atribuições:
 Prestar particular atenção à tarefa de observância dos Direitos Humanos mencionados nos artigos I,
II, III, IV, XVIII, XXV e XXVI da Declaração;
 Examinar as comunicações que lhe sejam dirigidas e qualquer informação disponível; dirigir-se ao
governo de qualquer dos Estados-membros não signatários da Convenção, com o fim de obter as
informações que considere pertinentes e formular-lhes recomendações, quando assim julgar
apropriado, para tornar mais efetiva a observância dos Direitos Humanos fundamentais;
 Verificar, como medida prévia ao exercício da atribuição anterior, se os processos e recursos de
cada Estado-membro não signatário da Convenção foram devidamente aplicados e esgotados.

Guerra

Jus in bello: direito aplicável na guerra.


Jus ad bellum: direito à guerra (quando ela parecia justa).
Regras costumeiras: a) os feridos e enfermos deviam ser tratados como os do próprio exército; b) médicos
e enfermeiros não eram aprisionáveis; c) hospitais imunes ao ataque; d) prisioneiros de guerra teriam a
vida poupada, bem como os civis.
Direito da Haia – direito da guerra propriamente dito, por meio das Convenções de Haia.
Direito de Genebra – direito humanitário.
A guerra tem início de fato no momento em que as forças armadas de um estado, agindo de conformidade
com o respectivo governo, atacam o território ou as forças armadas de outro estado, com o intuito de
conquistá-lo ou de obrigá-lo a proceder de acordo com a sua vontade.
A Carta das Nações Unidas, ao condenar em diversos de seus dispositivos a agressão, como que tornou a
declaração de guerra desaconselhável, dado o perigo de ser interpretada como o próprio ato de agressão,
conforme se insinuou no caso das declarações de guerra à Alemanha por parte da Grã-Bretanha e França
em 1939. A guerra termina de fato pela vitória de um dos beligerantes; mas, do ponto de vista jurídico, o
modo normal entre estados civilizados é mediante a assinatura de um tratado de paz.

STJ - A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao recurso
em que familiares de pescadores pediam indenização da República Federal da Alemanha
pelo afundamento do barco Changri-lá, ocorrido no litoral de Cabo Frio (RJ), durante a
Segunda Guerra Mundial. A Turma, especializada em direito privado, entendeu que o
ataque de um estado a outro em período de guerra constitui decisão soberana, pela qual
uma nação não se submete à jurisdição de outra nação. Em ocasiões anteriores, o STJ
julgou outros recursos de familiares das vítimas do Changri-lá, nos quais aplicou a mesma
tese. Em um deles, RO 66, foi apresentado recurso extraordinário para o Supremo Tribunal
Federal (STF), ainda pendente de admissão pela Corte Suprema. (RO 134)

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Noções Gerais de Arbitragem e sua Normatização no Âmbito interno

Conceito: "É técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma terceira
pessoa, de sua confiança, a solução amigável e 'imparcial' (porque não feita pelas partes diretamente) do
litígio. É, portanto, heterocomposição" (Didier).
A arbitragem é meio jurídico de solução de controvérsias pelo qual as partes decidem submeter um
conflito a um ou mais especialistas em certo tema, que não pertencem ao Poder Judiciário, mas cujas
decisões, com caráter vinculante, deverão ser fundadas em norma de direito ou na equidade, a critério das
partes.
São princípios da arbitragem: 1 - Autonomia da vontade; 2 - Boa-fé; 3 - Devido processo legal; 4 -
Imparcialidade do árbitro; 5 - Livre convencimento motivado do árbitro; 6 - Autonomia da cláusula
compromissória: nulidades relativas ao contrato não afetam o compromisso arbitral, desde que em
cláusulas independentes; 7 - Competência: o árbitro tem poderes para decidir acerca da existência,
validade e eficácia da cláusula de arbitragem; 8 - Causas Arbitráveis: são arbitráveis as causas que tratem
de matérias a respeito das quais o Estado não crie reservas específicas por conta do resguardo dos
interesses fundamentais da coletividade e desde que as partes possam livremente dispor acerca do bem
sobre que controvertem.
Há intensa discussão na doutrina pátria se a arbitragem pode ser considerada jurisdição (Didier) ou se seria
apenas um equivalente jurisdicional (Marinoni).

A Lei nº 9.307/96

A arbitragem, no Brasil, é regulada pela Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem), com as recentes alterações
introduzidas pelas Leis 13.105/15 (novo CPC) e 13.129/15.
Cláusulas arbitrais (ou convenção de arbitragem)

"A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um


CLÁUSULA
contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a
COMPROMISSÓRIA
surgir, relativamente a tal contrato" (art. 4º, da Lei 9.307/96).
"O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um
COMPROMISSO
litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial"
ARBITRAL
(art. 9º, caput, da Lei 9.307/96).
"A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes
da sua edição" (Súmula 485/STJ).
Submissão à arbitragem é faculdade das partes, que o fazem mediante convenção de arbitragem, assim
entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. Só se podem dirimir conflitos relativos a
direitos disponíveis.
Escolha da arbitragem exclui possibilidade de apreciação pelo Judiciário.
Há a possibilidade de controle judicial da sentença arbitral, mas apenas em relação à sua validade, por
vícios formais, na forma dos arts. 32 e 33 da Lei de Arbitragem. A Lei 13.129/2015 promoveu duas
alterações no rol do art. 32: 1ª) Revogou o inciso V que previa a nulidade das sentenças arbitrais parciais; e
2ª) Alterou a redação do inciso I do art. 32 (mera correção terminológica). Em vez de ajuizar uma ação
autônoma pedindo a nulidade da sentença arbitral, a parte poderá alegar, mediante IMPUGNAÇÃO, esse
vício como matéria de defesa no momento em que a outra parte estiver executando a sentença arbitral.
Cláusula compromissória pode ser posteriormente afastada por declaração expressa das partes. STJ: Uma
vez expressada a vontade de estatuir, em contrato, cláusula compromissória ampla, a sua destituição deve
vir através de igual declaração expressa das partes, não servindo, para tanto, mera alusão a atos ou a
acordos que não tinham o condão de afastar a convenção das partes (SEC 1/EX).
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O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação
pelo Poder Judiciário (salvo sentença arbitral estrangeira). Além disso, Os árbitros, quando no exercício de
suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação
penal.
Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se
forem vários. Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da
igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. A arbitragem obedecerá
ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras
de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao
próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. Não havendo estipulação acerca do
procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo. A revelia da parte não impedirá que
seja proferida a sentença arbitral. A decisão arbitral será materializada em documento escrito, chamado de
“sentença arbitral” ou “laudo arbitral”. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem. Não é
necessário que o Judiciário homologue a decisão arbitral, salvo no caso de sentença arbitral estrangeira.
Homologação de Sentença Arbitral Estrangeira no Brasil (arts. 34 a 40 da Lei 9307/96, Resolução STJ 9/05
e o art. 15 da LINDB). O laudo arbitral proferido no exterior pode ser reconhecido e executado no Brasil,
desde que previamente homologado pelo STJ (nesse ponto, a Lei 13129/15 apenas fez constar o STJ
como competente ao invés do STF). A ausência da convenção de arbitragem não permite auferir a
competência do juízo arbitral, impedindo a homologação do laudo. O comparecimento ao órgão arbitral de
suposto representante da parte desprovido de procuração não supre a citação e pode ensejar denegação
da homologação. Requisito de aceitação da convenção de arbitragem é satisfeito se a parte requerida
defendeu-se no juízo arbitral sem impugnar a existência de Cláusula compromissória. Sentença só pode ser
homologada se a matéria de que tratou era passível de arbitragem. Não há necessidade de que o laudo
arbitral seja previamente homologado pelo juízo de origem para que seja homologado no Brasil. É possível
homologação parcial do laudo arbitral estrangeiro. A execução do laudo ou sentença arbitral homologado
caberá à Justiça Federal (art. 109, X, CF) e será feita por carta de sentença extraída dos autos da
homologação.
A Lei 13.129/15 inovou ao incluir (§§ 1º e 2º do art. 1º da Lei 9.307/15) uma autorização genérica para a
utilização da arbitragem pela Administração Pública para todo e qualquer conflito que envolva direitos
patrimoniais disponíveis, sendo competente para tanto a mesma autoridade que teria competência para
assinar acordos ou transações, segundo previsto na legislação do respectivo ente. Isso vale para União,
Estados/DF e Municípios. A arbitragem nesses casos será sempre de direito (princípio da legalidade) e
respeitará o princípio da publicidade (§ 3º, do art. 2º).
Se as partes escolherem um órgão arbitral institucional ou entidade especializada para solucionar a causa,
a seleção dos árbitros será feita, em princípio, pelas regras previstas no estatuto da entidade, nos termos
do art. 13, § 3º, da Lei 9.307/15. Todavia, a Lei 13.129/15 alterou a redação do § 4º do referido artigo,
facultando às partes, de comum acordo, afastar algumas regras do regulamento do órgão arbitral ou
entidade especializada a fim de terem maior autonomia na escolha dos árbitros (alteração criticada pelo
prof. Márcio André Lopes Cavalcante, do site Dizer o Direito).
A Lei 9.307/96 continua sem prever prazos de prescrição, até porque isso é matéria atinente às leis de
direito material. No entanto, a Lei 13.129/2015 acrescentou um § 2º ao art. 19, in verbis: "A instituição
da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda
que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição".
A Lei 13.129/2015 acrescentou o § 1º ao art. 23 da Lei nº 9.307/96 afirmando expressamente que é
possível a sentença arbitral parcial, pondo fim à polêmica até então existente (Vide REsp 1519041,
2015). Por conseguinte, passou-se a admitir que a parte interessada possa ingressar em juízo para
requerer a prolação de sentença arbitral complementar, se o árbitro não decidir todos os pedidos
submetidos à arbitragem (art. 33, § 4º). "Com isso, resolve-se também um grave problema. Isso porque

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muitos Tribunais arbitrais ao longo do mundo permitem e proferem sentenças arbitrais parciais, como é
o caso do Regulamento da Câmara de Comércio Internacional de Paris (CCI) e do Regulamento Arbitral
da Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional (CNUDCI). O direito norte-
americano do Estado de Nova Iorque, grande centro de arbitragem, igualmente permite sentenças
parciais. Assim, algumas empresas brasileiras participavam de arbitragens internacionais em que eram
proferidas sentenças parciais e depois, se sucumbentes, poderiam, em tese, buscar a anulação desta
sentença no Poder Judiciário brasileiro com fundamento no art. 32, V, da Lei n° 9.307/96, o que gerava
grande risco à segurança jurídica e à credibilidade do instituto" (site Dizer o Direito).
A Lei 13.129/2015 acrescentou um importante capítulo na Lei 9.307/96 prevendo a possibilidade de
serem concedidas tutelas cautelares e de urgência antes e durante o procedimento arbitral (arts. 22-A e
22-B). Criou-se também a carta arbitral como uma quarta espécie de carta, além das já conhecidas cartas
de ordem, precatória e rogatória. Com isso, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral
para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua
competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro.
A arbitragem é regulada por normas de Direito interno. Devido à sua importância, os Estados têm
procurado estabelecer regramentos uniformes por meio de tratados.

A Arbitragem no Âmbito Internacional

Arbitragem entre Estados


Classificação Rezek coloca a arbitragem dentro dos MEIOS JURISDICIONAIS, porém não judiciário. Já
Mazzuoli a coloca na classificação de MEIOS SEMI-JUDICIAIS de solução de
controvérsias.
Conceito “a arbitragem internacional tem por objeto resolver os litígios entre Estados por meios
de juízes de sua livre escolha e na base do respeito do direito” (Art. 37 da Convenção
para solução pacífica dos conflitos internacionais, assinada em Haia, 1907)
Aplicação qualquer conflito internacional pode ser submetido à solução arbitral.
Características a)- o acordo de vontade dos litigantes no tocante ao motivo determinante da
controvérsia se soluciona por árbitro ou árbitros de sua livre escolha;
b)- a decisão dos árbitros é obrigatória para os litigantes.
Tipos a)-Voluntária ou facultativa
b)- Obrigatória ou permanente (previsão em Tratado, para futuros conflitos)
Compromisso Ato pelo qual os Estados litigantes acordam na entrega da solução de suas diferenças à
arbitragem.
Competência para dada pelo direito interno de cada país. No Brasil essa competência pertence ao Poder
firmar o compromisso Executivo embora sujeito à aprovação posterior do Congresso Nacional, na mesma
situação de celebração de Tratados Internacionais.
Escolha dos Árbitros é livre. Os interessados podem escolhê-los diretamente ou delegar tal faculdade a um
Chefe de Estado ou a outras pessoas.
Composição do Juízo Pode ser constituído por um só árbitro ou diversos. Cada litigante pode indicar dois
Arbitral árbitros e os indicados, por sua vez, escolher o super-árbitro ou desempatador.
Nulidade da Sentença Se o árbitro ou Tribunal exceder aos poderes conferidos ou se houver cerceamento de
Arbitral defesa, a sentença será nula.

Arbitragem de Caráter Privado

- Não só pessoas físicas ou jurídicas (como as empresas) podem tomar parte em relações privadas
com conexão internacional, mas também os Estados e as organizações internacionais, os quais
atuam como se entes privados fossem em inúmeras situações.

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Arbitragem nos tratados

Principal referência jurídica internacional: Lei Modelo sobre Arbitragem Comercial Internacional
(UNCITRAL – Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional, 1985) – recomendação
de caráter não vinculante (soft law), vem servindo como parâmetro para tratados e normas internas na
matéria.
Outras normas de Direito Internacional: I) Protocolo relativo a Cláusulas de Arbitragem (Protocolo de
Genebra) - foi firmado em 1923 (Decreto 21187/32); II) Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução
de Sentenças Arbitrais Estrangeiras (Convenção de Nova Iorque) – assinada em 1958 (Decreto 4311/02); e
III) Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional (Convenção do Panamá) –
firmada em 1975 (Decreto 1902/96)

Princípios da Arbitragem e Noções Gerais

Autonomia da vontade;
Boa-fé;
Devido processo legal;
Imparcialidade do árbitro;
Livre convencimento motivado do árbitro;
Autonomia da cláusula compromissória: nulidades relativas ao contrato não afetam o compromisso
arbitral, desde que em cláusulas independentes;
Competência: o árbitro tem poderes para decidir acerca da existência, validade e eficácia da cláusula de
arbitragem.
Causas Arbitráveis: são arbitráveis as causas que tratem de matérias a respeito das quais o Estado não crie
reservas específicas por conta do resguardo dos interesses fundamentais da coletividade e desde que as
partes possam livremente dispor acerca do bem sobre que controvertem.
O órgão julgador deve ser formado por um ou mais árbitros, em número ímpar, os quais podem ter sido
escolhidos exclusivamente para conhecer de determinada controvérsia (tribunal arbitral ad hoc) ou podem
pertencer a uma instituição permanente, que conste com listas de árbitros colocados à disposição dos
interessados como câmaras de comércios e tribunais arbitrais.

Arbitragem no MERCOSUL

Acordo sobre Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL (Acordo de Buenos Aires – principal ato
internacional que trata da arbitragem do MERCOSUL. Firmado em 1998 (Decreto 4719/2003). Define a
arbitragem internacional como o meio privado para a solução de controvérsias relativas a contratos
comerciais internacionais entre particulares, pessoas físicas ou jurídicas. Visa a estabelecer o marco legal
básico que permita ao setor privado da região recorrer a métodos alternativos de solução de controvérsias
surgidas nos contratos comerciais internacionais. Determina o aludido diploma internacional que a
capacidade das partes da convenção arbitral regula-se pela norma nacional de seus respectivos domicílios,
e a validade da convenção arbitral rege-se pelo direito do Estado sede do órgão arbitral.
Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e
Administrativa (Protocolo de Las Leñas). Firmado em 1992 (Decreto 2067/96). Regula o reconhecimento e
execução de sentenças e laudos arbitrais nessas matérias proferidos dentro do MERCOSUL.

Corte Permanente de Arbitragem

Trata-se do principal e mais antigo tribunal internacional de arbitragem, nascido em 1899, contando com
110 membros (dados de 2010), incluindo o Brasil (existem alguns juristas brasileiros na lista de árbitros).
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Segundo Rezek, "Não é uma corte verdadeira. É uma lista permanente de pessoas qualificadas para
funcionar como árbitros, quando escolhidas pelos Estados litigantes" (Direito Internacional Público, 10 ª
ed., p. 351). "A estrutura do tribunal é formada por três braços: o Conselho de Administração, composto
por diplomatas dos Estados-parte sob a presidência do ministro das Relações Exteriores da Holanda; uma
lista de potenciais árbitros, que são os chamados membros da corte; e o seu secretariado. O sustento da
corte provém, principalmente, da contribuição dos países. É a vontade deles de manter um tribunal
solucionador de conflitos que garante a existência da CPA. Todos os custos da arbitragem também são
bancados pelas partes" (Revista Consultor Jurídico, 18 de agosto de 2010).

Responsabilidade Internacional

Responsabilidade Internacional consiste no dever de reparação dos danos causados pela violação prévia de
norma internacional.
Segundo Portela, a responsabilidade internacional: “é o instituto que permite que o Estado ou organismo
internacional que viole uma norma de Direito das Gentes e cause dano a outro ente estatal ou organização
internacional, ou que provoque prejuízos a outrem em decorrência de determinadas atividades lícitas,
arque com as consequências do ato ou do fato, devendo reparar os prejuízos eventualmente causados”.
Francisco Rezek destaca que a possibilidade dos organismos internacionais figurarem como sujeito ativo ou
passivo da obrigação jurídica de reparar o dano surgiu com o parecer da Corte Internacional de Justiça, do
ano de 1948, em decorrência do assassinato do mediador da ONU no Oriente Médio, o conde sueco Folke
Bernadotte, no qual se definiu que aquela organização fazia jus a uma reparação adequada por dano
infligido por um Estado, independentemente da reparação devida às vítimas ou aos seus sucessores.
O artigo 1º do projeto de Convenção sobre responsabilidade internacional da Comissão de Direito
Internacional da ONU estipula que todo fato internacionalmente ilícito do Estado acarreta a
responsabilidade internacional do mesmo.
Ressalte-se que não há uma Convenção internacional em vigor sob responsabilidade do Estado. Há o
projeto (DRAFTS) acima aludido, estabelecido pela CDI, órgão subsidiário da ONU, que se encontra em
análise da Assembleia Geral desde 2001.
Já a jurisprudência internacional considera a responsabilidade internacional do Estado como sendo um
princípio geral do Direito Internacional (é um dos princípios mais enfatizados pela prática dos Estados e
pelas decisões judiciais).
A igualdade soberana entre os Estados, segundo André de Carvalho Ramos, é o pressuposto lógico da
responsabilidade internacional. Um Estado não pode reivindicar para si uma condição jurídica que não
reconhece para outro Estado.
A Teoria Geral da Responsabilidade divide as normas em primárias e secundárias.
A responsabilidade internacional do Estado é uma obrigação secundária.
As normas primárias de Direito Internacional representam as regras de conduta, que se violadas, fazem
nascer as obrigações secundárias. As normas primárias contêm regras de condutas impostas aos Estados e
as secundárias visam determinar quando se dá o descumprimento da obrigação internacional e as
consequências desse descumprimento.
Normas secundárias englobam elementos da responsabilidade, reparação e sanção. Por isso, a Teoria da
Responsabilidade é aplicada ao Direito Ambiental, aos Direitos Humanos, ao Direito Econômico etc, porque
basta que exista uma norma primária violada, aí todo arcabouço do Direito Internacional se movimenta.
Por fim, lembrar: a responsabilidade internacional reforça a juridicidade do Direito Internacional. Caso ela
não existisse, a própria juridicidade do Direito Internacional seria abalada.
Vigente o tratado, ele é descumprido, o que ocorre?
R.: Duas consequências possíveis:

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a) extinção do tratado pela violação do seu conteúdo pela outra parte, mormente nos casos de
tratados bilaterais. Nos tratados multilaterais a extinção pode ser parcial. O art. 44 da CVDT traz o
Princípio da Divisibilidade da Extinção dos Tratados: pode existir extinção parcial se for possível;
b) RESPONSABILIZAÇÃO INTERNACIONAL DO ESTADO, caso verificados, além do ato passível de
responsabilização, que no caso é o descumprimento do tratado, os seguintes requisitos: dano, nexo
de causalidade entre o ato (violação do tratado) e o dano e a imputabilidade da ação ou omissão ao
Estado ou OI.
O instituto da responsabilidade internacional tem caráter patrimonial e moral e, em geral, não se reveste
de aspecto penal ou repressivo, não se aplicando, portanto, a todos os tipos de violação do Direito
Internacional. Segundo Portela, o fundamento da responsabilidade internacional compõe-se de dois
pilares: a) o dever de cumprir as obrigações internacionais livremente avençadas; b) e a obrigação de não
causar dano a outrem.
 Teorias acerca da natureza jurídica da responsabilidade internacional: a teoria subjetivista, a
objetivista e a mista.
Teoria Subjetivista ou Teoria da Culpa: Formulada por Grócio, leva em conta a conduta do Estado ou da OI
para definir a eventual responsabilização. Não basta a mera configuração do ilícito, exigindo também que
haja dolo ou culpa na ação ou omissão do sujeito de Direito das Gentes.
Teoria Objetivista ou Teoria do Risco: de Triepel e Anzilotti, no Brasil defendida por Rezek, segundo essa
teoria, não cabe perquirir a culpa subjetiva, bastando a afronta a uma norma de direito das gentes, e que
daí tenha resultado dano para outro Estado ou OI. O Estado é responsável porque violou uma norma
internacional. A responsabilidade internacional surge sempre que existir um nexo de causalidade entre o
ilícito e o Estado. Para esta teoria, exige-se meramente o nexo causal entre ato ilícito e a lesão provocada.
É a teoria empregada no tocante à responsabilização por atos lícitos, ligados, por exemplo, às explorações
espacial e nuclear, e à proteção ao meio ambiente e aos direitos humanos.
A responsabilidade objetiva foi consagrada na: a) Convenção sobre responsabilidade civil por danos
nucleares (Viena, 1963); b) Convenção sobre responsabilidade civil no domínio da energia nuclear (Paris,
1960); c) Declaração de Princípios Legais concernentes às atividades do Estado na exploração e uso do
espaço exterior (AGNU-1963); d) tratado para a exploração do espaço (ONU, 1967).
Pode-se afirmar que o Estado tem uma responsabilidade suplementar se o explorador nuclear não tiver
meios para indenizar.
No direito espacial, a responsabilidade é do Estado lançador do engenho, mesmo quando o lançamento
tenha sido feito por particular.
Convenção de 1972, relativa à responsabilidade internacional por danos causados por engenhos espaciais:
a) consagra a responsabilidade objetiva, estabelecendo que o Estado de lançamento é responsável por
danos causados por engenho espacial na superfície terrestre (Ato lícito); b) consagra a responsabilidade
por culpa, quando o engenho espacial causa dano a outro engenho espacial.
Convenções sobre poluição dos mares por hidrocarbonetos (1969 e 1971):
A responsabilidade objetiva é adotada, mas do seguinte modo: O destinatário da responsabilidade objetiva
é uma pessoa privada e a responsabilidade do Estado é supletiva, se o regime estabelecido nas convenções
não funcionar.
→ Para André de Carvalho Ramos há espaço para falar-se em uma Responsabilidade Absoluta: aquela que
não permite alegação de excludentes. Mesmo que na ocorrência de força maior ou caso fortuito, o Estado
tem de reparar. É muito rara. Somente é aceita nos casos extremamente perigosos. Ex.: a responsabilidade
do Estado lançador de objetos para exploração do espaço.
A aplicação da teoria do risco no caso de danos causados a estrangeiros foi rejeitada na Comissão Jurídica
Interamericana em 1962.

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Teoria Mista: defendida por Strupp, a culpa, na modalidade negligência, só pode ser utilizada nos ilícitos
internacionais derivados da omissão estatal. A Teoria do Risco seria aplicado nos delitos praticados por
comissão, uma vez caracterizado o liame entre conduta e o prejuízo.
Apesar das teorias acima, a jurisprudência internacional consagra predominantemente a teoria da culpa
(que protege mais o Estado); entretanto, em inúmeras decisões já se adotou a teoria do risco.
A responsabilização do Estado ou da OI pode ser reclamada pelos mecanismos internacionais de solução
de controvérsias existentes no cenário internacional, que incluem desde meios diplomáticos até socorro
aos órgãos jurisdicionais, que poderão apurar a imputabilidade do ato e determinar a forma de reparação
cabível. Também os judiciários nacionais podem agir, à luz, entrementes, das regras relativas à imunidade
de jurisdição.
Indivíduo que sofre lesão: a quem recorrer? Prevalecia que o individuo que sofresse um dano por violação
de uma norma internacional poderia se valer, no máximo, dos instrumentos jurídicos disponibilizados pelo
Estado do qual fosse nacional, mormente pelo instituto da proteção diplomática. Todavia, já se permite a
postulação perante Organismos Internacionais. Cite-se o sistema de petições no âmbito da União Europeia
e da OEA, com as devidas peculiaridades.
Por outro lado, Portela destaca que está em franco desenvolvimento a noção de que a pessoa natural
também pode ser responsabilizada diretamente por transgredir norma internacional, não só no campo
penal, mas também na esfera civil.

 Tipos de Responsabilidade (classificação):


a) Quanto à posição do Estado: responsabilidade direta: aquela que nasce imediatamente das
relações interestatais. Estado alega que o outro descumpriu normas em relação ao primeiro;
indireta ou também chamada de Proteção Diplomática*: aquela que nasce depois de uma etapa
anterior na qual não há uma relação direta entre um Estado e outro, mas sim entre um indivíduo e
um Estado.
b) Quanto ao tipo de ato: comissivo e omissivo;
c) Quanto à gravidade da conduta do Estado: nasce a responsabilidade internacional por crime do
Estado (responsabilidade penal do Estado). Há uma resposta internacional mais gravosa contra o
Estado que comete atos violadores dos valores essenciais.

Nesse ponto, convém distinguir responsabilidade convencional e delituosa e a diferença entre delito
internacional e crime internacional.
Responsabilidade convencional: quando tem a sua origem na violação de um tratado internacional.
Responsabilidade delituosa: surge da violação de uma norma consuetudinária, de um costume
internacional.
Delito internacional: é todo fato internacionalmente ilícito que não seja crime internacional. No caso de
crime, a relação de responsabilidade se estabelece com todos os Estados, enquanto no caso de delito só
com o Estado lesado.
Crime internacional: é a violação de uma obrigação internacional para a salvaguarda de interesses
fundamentais da comunidade internacional, e a sua violação é considerada crime (ex.: genocídio,
apartheid, agressão, escravidão). É ligado à ideia de jus cogens. Segundo Karl Zemaneck, nem toda violação
do jus cogens é crime internacional, mas todo crime internacional é violação do jus cogens. É de se
destacar que vários Estados se opõem à responsabilidade penal do Estado (França, Israel, Alemanha).

* PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA. Segundo Portela, tradicionalmente a responsabilidade internacional é


instituto concernente a Estados e a organizações internacionais. Assim, em princípio, não é possível que
uma pessoa, natural ou jurídica, solicite qualquer indenização no âmbito internacional, embora em geral
possa acionar o próprio judiciário do Estado que causou o dano.

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Segundo Rezek, o objeto da chamada proteção diplomática é o particular — indivíduo ou empresa — que,
no exterior, seja vítima de um procedimento estatal arbitrário, e que, em desigualdade de condições frente
ao governo estrangeiro responsável pelo ilícito que lhe causou dano, pede ao seu Estado de origem que lhe
tome as dores, fazendo da reclamação uma autêntica demanda entre personalidades de direito
internacional público.
A proteção diplomática ora tratada não se confunde com os privilégios e imunidades do serviço
diplomático dos Estados.
A proteção diplomática não é direito do nacional, mas sim ato discricionário do Estado. Pode ser oferecida
independentemente de pedido do interessado e a sua concretização se dá a partir do endosso.
O ENDOSSO é o mecanismo pelo qual se transforma um litígio inicialmente doméstico em internacional.
A concessão da proteção diplomática requer o preenchimento de certas condições: a) a nacionalidade do
prejudicado; b) o esgotamento dos recursos internos; c) ter a vítima agido corretamente e sem culpa, sem
ter contribuído para a criação do dano (instituição conhecida como mãos limpas).
Obs.: Proteção Funcional – é a dada pelas OI aos funcionários que se encontram a seu serviço. O critério da
nacionalidade não é aplicado nesse caso.
1ª condição: a) nacionalidade do autor da reclamação:
O Estado só pode proteger diplomaticamente o seu nacional (pessoa natural ou jurídica) ou o membro de
uma coletividade que ele representa na ordem internacional (ex.: o Estado protetor é quem protege
diplomaticamente os membros do Estado protegido).
Prevalece que a nacionalidade do beneficiário da proteção diplomática deve ser contínua, devendo o
vínculo com o Estado que oferece essa proteção existir desde a ocorrência do dano e durante toda a
demanda (deve-se obedecer ao princípio de que a demanda deve ser nacional desde sua origem).
Portanto, não pode haver mudança de nacionalidade.
Somente em casos excepcionais é que a jurisprudência internacional amenizou esta última regra (ex.: em
caso de transferência forçada de território).
Dupla nacionalidade: a proteção diplomática pode ser requerida de qualquer Estado de que seja nacional.
Porém, o Estado não poderá oferecer proteção diplomática para um polipátrida contra o Estado de que
este também seja nacional (regra consagrada desde o séc. XIX – caso Knocke).
A nacionalidade do reclamante é fixada pelo direito interno do Estado. Todavia, o juiz internacional poderá
analisar se ela foi concedida dentro dos cânones internacionais, isto é, se a nacionalidade foi dada a um
indivíduo que tem algum elo com o Estado que a concedeu (caso Nottebohm). É a denominada teoria da
nacionalidade efetiva. Nos casos de dupla nacionalidade, a proteção diplomática caberá ao Estado de que
o indivíduo possui nacionalidade efetiva.
É de se assinalar que em alguns casos existe a proteção diplomática de quem não é seu nacional: a) No
caso de rompimento de relações diplomáticas, pode ocorrer que uma terceira potência faça a proteção; b)
Em caso de guerra, é o Estado neutro que protege os nacionais dos beligerantes; c) O tratado de
Maastricht diz que um Estado pode proteger súditos de outro Estado, quando este não tenha aí
representação diplomática.
As sociedades comerciais também podem ser protegidas diplomaticamente. O critério da nacionalidade
tem variado: o da sede social (o mais antigo) e o do controle (o mais moderno). Outro critério é o lugar
onde ela foi constituída. A CIJ não tem exigido que a nacionalidade das sociedades comerciais seja efetiva
como ela faz para o indivíduo.
2ª condição: b) esgotamento dos recursos internos:
Conforme ensina Portela, antes de solicitar a proteção diplomática, o interessado deve esgotar os recursos
internos, administrativos e judiciais, disponíveis no Estado que o prejudicou para obter a reparação do
dano. A aplicação dessa exigência depende da existência de recursos e da observância, pelas instituições
estatais, de regras internacionais relativas ao seu bom funcionamento, como a rápida prestação
jurisdicional, a imparcialidade, o devido processo legal, etc.

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3ª condição: c) procedimento do autor da reclamação:


A proteção diplomática não beneficia quem tiver contribuído para o ato ilícito, especialmente pela violação
de normas internacionais ou internas. A vítima do ilícito deverá ter as suas “mãos limpas”.
Alguns autores têm acrescentado, com razão, a existência de mais uma condição para a proteção
diplomática: a reclamação não deve constituir coisa julgada no plano internacional.
A prescrição da reclamação. Os doutrinadores positivistas negam a sua existência no DI, alegando que não
existe norma internacional consagrando-a. A jurisprudência internacional não é uniforme. A orientação
mais recente é no sentido de admiti-la; todavia, de modo restrito, isto é, se ela for invocada por uma das
partes e quando houver fortes argumentos para aceitá-la. A apreciação da sua existência ou não, na
ausência de normas fixadas pelas partes, é da competência discricionária do juiz ou árbitro internacional.
São efeitos jurídicos do endosso, nas palavras de Resek: Pelo fato de outorgar a proteção diplomática a seu
nacional, o Estado transforma aquilo que até então vinha sendo uma reclamação particular numa
reclamação própria. Ele se torna o dominus litis, o senhor da demanda, com todas as consequências daí
resultantes. A assistência que o particular possa dar-lhe ao longo do feito, proporcionando informações e
outras espécies de apoio, não faz deste um co-autor, um condômino da lide. Assim, e sem qualquer dever
de consulta ao particular lesado, é lícito que o Estado patrial conduza a demanda a seu exclusivo critério —
o que começa, de resto, por sua opção entre o uso dos meios diplomáticos, o da arbitragem, o da via
judiciária —, e no curso da demanda resolva por acaso transigir ou desistir. Por último, é certo que, levada
a demanda a bom termo, o direito das gentes não impõe ao Estado patrial o dever de transferir a
indenização obtida — ainda que só no seu montante líquido, deduzidas todas as despesas — ao particular.
Esse dever resultará de princípios éticos, quando não de normas do direito interno do próprio Estado. Não,
porém, de qualquer regra de direito internacional público.
 Renúncia prévia à proteção diplomática. A denominada CLÁUSULA CALVO:
Elaborada pelo internacionalista argentino Carlos Calvo, é comumente inserida nos contratos de
concessões entre governos latino-americanos e estrangeiros. Ela surgiu para defender o Paraguai em
relação à Inglaterra, vez que a proteção diplomática só era exercida pelos países poderosos (desenvolvidos
x em desenvolvimento). Esta cláusula declara que qualquer reclamação do estrangeiro deverá ser resolvida
pelos tribunais do Estado. Nela, o particular renuncia à proteção diplomática do seu Estado nacional e, em
consequência, nenhum “processo” internacional poderá ocorrer. O particular aceita o foro local como o
único competente para apreciar reclamações contra atos estatais.
Esta cláusula nem sempre foi aceita ou considerada válida, alegando-se que a proteção diplomática não é
um direito do particular a que ele possa renunciar, conforme a vontade, mas um direito do Estado e,
portanto, de que o particular não pode dispor.
A jurisprudência internacional não tem tido uma orientação uniforme: a) raramente admite a sua validade;
b) declara a nulidade da cláusula; c) a aceita, mas restringindo os seus efeitos, como afirmando que ela não
seria válida nos casos de denegação de justiça.
Atualmente, a Cláusula Calvo se encontra em desuso, e esta cláusula, entretanto, pode justificar no Estado
nacional do que sofreu o dano a recusa para o exercício de proteção diplomática.

→ Elementos da Responsabilidade Internacional:

Fato ilícito

Para que se configure a responsabilidade internacional, são necessários três elementos: o ato ilícito, a
imputabilidade e o dano.
Fato Internacionalmente ilícito: o primeiro elemento é que tenha existido uma conduta omissiva ou
comissiva que seja uma violação ao direito internacional (elemento objetivo). Mas não basta isso. É

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necessário que esse fato (essa conduta) seja imputado ao Estado ou OI (elemento subjetivo: quem realizou
a conduta). Essa imputação é uma operação normativa, não é naturalística.
Esse fato pode consistir em Ato ilícito. O ato ilícito é a conduta comissiva (uma ação) ou omissiva (um
omissão contrária ao DI) que viola norma de Direito Internacional. Ainda, nesse ponto, a doutrina faz uma
importante observação: o fato de o ato ilícito à luz do direito internacional estar em conformidade com o
direito interno do Estado não exclui a transgressão e, portanto, a responsabilidade estatal, a teor da
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969), que dispõe no art. 27:

“Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o
descumprimento de um tratado”.

Esse fato pode consistir em um Ato lícito. A responsabilidade internacional por atos lícitos é também
chamada, pela Comissão de Direito Internacional da ONU, de “responsabilidade por atos não proibidos
pelo Direito Internacional”. É um tipo de responsabilidade internacional OBJETIVA, a partir da qual os
Estados devem indenizar os prejuízos eventualmente causados por suas ações e omissões, ainda que para
tais danos não tenham concorrido. Trata-se de hipótese excepcional de responsabilização e, por isso,
segundo SOARES, “a responsabilização por atividades lícitas deve se dar apensas diante da ocorrência de
condições ‘objetivamente fixadas numa norma escrita’”.
Segundo Soares, são requisitos para caracterização da responsabilidade internacional por atos lícitos: a
definição clara do dano; a concessão de faculdades para que a vítima venha a exigir a reparação; a
“canalização da responsabilidade”, mediante a atribuição inequívoca da autoria da lesão, a uma pessoa ou
ente, que terá o ônus de provar a inexistência de responsabilidade; a obrigatoriedade de constituição de
seguros e, eventualmente, garantias para as atividades de risco reguladas; fixação de cláusulas de limitação
ou exclusão da responsabilidade; e a indicação de foros internos dos Estados onde eventuais vítimas
podem buscar a reparação cabível.
Entre os tratados que regulam a responsabilidade objetiva por atos lícitos, estão:
a) Convenção de Viena sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares (1963);
b) Convenção de Bruxelas sobre Responsabilidade Civil por Danos causados por poluição por óleo
(1969);
c) Convenção sobre a Responsabilidade Internacional por Danos causados por Objetos Espaciais
(1972).
Esse fato pode decorrer de um Abuso de direito. Consiste, fundamentalmente, no exercício de um direito
de modo contrário a sua finalidade social, que cause um dano a outrem. Apenas parte da doutrina admite
a responsabilização internacional por abuso de direito. Diversos doutrinadores (Sereni, Quadri) negam a
sua existência. Outros a admitem (Politis, Scele). A jurisprudência internacional tem-se referido à sua
existência, mas sem consagrá-la. Apesar de toda a divergência, a convenção de D. do Mar (1982) menciona
o abuso de direito no seu artigo 34:

Os Estados Partes cumprirão, de boa-fé, as obrigações assumidas no âmbito do


presente Acordo e exercerão os direitos reconhecidos no presente Acordo de
maneira a não constituir um abuso de direito.

O abuso de direito configura-se a partir da reunião de três elementos: a) o exercício de um direito; o abuso
no modo pelo qual é exercido, gerando efeitos deletérios para terceiros; e o prejuízo.

→ Vamos ver quais são os atos que levam a esse fato internacionalmente ilícito e que enseja a
responsabilidade internacional do Estado:

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 Ato do Poder Executivo: por exemplo, se um delegado de polícia torturou, o Brasil responde.
Qual é a defesa do Estado? Que ele não deu ordens (ato “ultra vires” – ato além do
mandato), pelo contrário, ele tem uma legislação contra a tortura, o delegado “agiu
sozinho”. O Brasil não terá sucesso nessa defesa. O Direito Internacional é pacífico:
considera-se que o ato de um agente público vinculado ao Poder Executivo consiste em uma
violação de seus deveres de vigilância ou escolha, no mínimo in vigilando ou in eligendo: o
Brasil que contratou aquele delegado, o Brasil que devia vigiá-lo, o Brasil que devia ter
mecanismos internos que impedissem que ele torturasse.
 Ato do Poder Legislativo: também vincula. Pode ser lei, Emenda Constitucional ou até
mesmo norma do Poder Constituinte Originário. Não adianta o Estado buscar argumentos
como Separação de Poderes porque não haverá sucesso.
 Ato do Poder Judiciário: há dois momentos. A) denegação de Justiça: consiste na existência
de delonga injustificada ou de barreiras de acesso à Justiça. Então, por exemplo, o Brasil
responde se não tiver um número mínimo de defensores, se o trâmite processual for lento
etc. Exemplo: os mensaleiros peticionaram à Comissão Interamericana alegando que a AP
470 teria tido só um grau (competência originária) – e o duplo grau de jurisdição? B) Decisão
injusta: o Brasil responde também (e aí é polêmico) pela decisão esdrúxula, a decisão
violatória de direitos humanos, a decisão injusta. Ou seja, eu vou me debruçar sobre a
justiça da decisão local. Isso é superpolêmico, tanto no sistema europeu quanto no sistema
interamericano.
 Ato de ente federado: não se aceita a cláusula federal. Ato de ente federado é todo ato
imputado a um elemento constitutivo da Federação. Cláusula federal consiste em
dispositivo previsto em alguns tratados que desoneram o Estado Federal de cumprir o
tratado se aquela atribuição for do ente federado. Para superar esse mal estar, não se aceita
a cláusula federal nos Tratados de direitos humanos. O Brasil responde por ato do
Maranhão, São Paulo, não importa.
 Ato de particular: o Brasil responde desde que tenha uma conduta própria no contexto da
realização do ato de particular. Ou seja, em geral não vincula o Estado. Entretanto, é
possível que o Estado responda caso, no contexto da conduta, tenha violado os seus
deveres de prevenção e repressão. Em outras palavras, tal responsabilidade pode emergir
se restar comprovado que o ente estatal deixou de cumprir, como afirma Rezek, seus
deveres elementares de prevenir o ilícito e de reprimi-lo adequadamente. Exemplos:
Atentados praticados por indivíduos contra chefes de Estado estrangeiros ou contra seus
representantes diplomáticos, insultos à bandeira ou aos símbolos nacionais de
determinados Estados.
 Ato privativo do MP. O Brasil responde por eventual leniência, atuação negligente ou
mesmo inação do MP.
Imputabilidade

Nexo causal ou Imputabilidade: deve ter sido aquele fato ilícito que gerou o dano (é o vínculo entre o fato
internacionalmente ilícito, a conduta imputada ao Estado, e o dano). Não se discute mais o estado anímico
do agente. O estado anímico do agente é, no máximo, norma primária, não é mais norma secundária.
Não é uma operação naturalística, é normativa. É o direito internacional que vai dizer quando determinado
fato, internacionalmente ilícito, é atribuível ao Estado.
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Imputabilidade. A imputabilidade refere-se à necessidade de que o ato ilícito seja atribuído ao ente a ser
responsabilizado. Deve haver, portanto, um vínculo entre a violação da norma internacional e seu
responsável. A imputabilidade pode ser direta ou indireta:
Responsabilidade (imputabilidade) internacional direta: quando se trata de ato ilícito cometido pelo seu
governo, um órgão ou seus funcionários ou por uma coletividade pública do Estado que age em nome dele.
Também quando se trata de ato de particular, quando sua atividade possa ser imputada ao Estado (o qual
será responsabilizado por não empregar a devida diligência para prevenir estes atos).
Responsabilidade (imputabilidade) internacional indireta: quando o ilícito foi cometido por simples
particulares ou por uma coletividade que o Estado representa na ordem internacional (ex.: Município). É o
caso de um ilícito cometido por uma coletividade sob tutela ou um Estado protegido, em que o
responsável na ordem internacional é a potência administradora ou o Estado protetor. A responsabilidade
do Estado decorre da omissão em não advertir ou punir seus particulares pelos atos praticados. Ex.:
violação de um Estado Federado brasileiro a uma norma protetiva de direitos humanos – responsabilidade
da União na ordem internacional.

Hipóteses de exclusão da responsabilidade

São as hipóteses de exclusão da responsabilidade:


Força maior e caso fortuito: o direito internacional trata igualmente os eventos imprevisíveis e os
previsíveis, mas irresistíveis.
Legítima defesa: rompe a ilicitude do fato. É uma conduta lícita.
Consiste na reação a um ataque armado, real ou iminente, exclui a responsabilidade internacional. O dano
provocado a um Estado em relação ao qual outro Estado exerce o seu direito de legítima defesa não dá
origem à responsabilidade. Apesar de configurar o uso da força nas relações internacionais, o que é
proibido pela Carta das Nações Unidas, não é ato ilícito e é expressamente permitida (art. 51), porque visa
a garantir a integridade e a soberania do Estado;
Represálias: é a retaliação a um ato ilícito de outro Estado. Normalmente não é aceita no DI, mas é
admissível quando é uma resposta à violação de normas internacionais. Para que exclua ou atenue a
responsabilidade, requer a ocorrência de um dano e deve ser proporcional ao gravame provocado;
Contramedidas: As contramedidas configuram reação pacífica a um ato ilícito anterior, praticado por outro
Estado, e devem ser proporcionais ao agravo sofrido, devendo haver, ainda, advertência prévia.
As contramedidas são atos ilícitos, mas legítimos; a sua existência decorre de a sociedade internacional
não ser institucionalizada. O Estado é juiz em causa própria e assim assume o risco do fato contra o qual
ele reage não vir a ser considerado um ilícito. A ele cabe fazer o juízo de ponderação quanto à intensidade,
momento e continuidade da medida a ser adotada. Alguns incluem entre elas a retorsão; outros a excluem,
porque ela é lícita.
Prescrição liberatória: é a perda do direito de o Estado ou de a organização internacional reclamar a
reparação de um dano decorrente de ato ilícito de outro sujeito de DI. Tem origem na inércia do entre
prejudicado em agir e deve ser regulada por tratado.
Renuncia do indivíduo lesado.
Estado de necessidade: em nome de um valor superior há a violação de determinada norma internacional.
Apesar de a conduta ser lícita, o Estado tem o dever de reparar.
Para Gustavo Bregalda, o estado de necessidade não exclui a responsabilidade, porque nenhum Estado
pode prejudicar a outro para se resguardar. Contudo, no anteprojeto da Comissão de DI da ONU, o estado
de necessidade pode ser invocado nos seguintes casos: a) o fato seja o único meio de salvaguardar um
interesse essencial do Estado contra um perigo grave e iminente; b) o fato não tenha afetado gravemente
um interesse essencial do Estado para com o qual se tenha uma obrigação;

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O estado de necessidade deve ter interpretação restritiva, e não pode ser invocado nos seguintes casos: a)
em relação a uma norma imperativa de DI Geral; b) se o próprio Estado contribuir para que haja o estado
de necessidade (Estado de Necessidade Agressivo).
Por fim, excluem ou atenuam a responsabilidade internacional a contribuição do Estado vítima para o dano
que sofreu, a imprecisão da regra internacional e a adoção de medidas para evitar um dano (como alertar
estrangeiros sobre a impossibilidade de manter a ordem e sugerir a retirada do território).

Dano

Dano (evento danoso ou resultado lesivo): o Direito Internacional não exige que o dano seja material, tão
somente. Pode ser material ou imaterial. Dano imaterial é o chamado dano ao patrimônio imaterial,
inclusive do Estado. São danos que não geram consequências materiais. Como exemplo muito comum na
prática internacional é a chamada violação da integridade territorial.
O tipo de reparação tem vínculo com o tipo de dano. O dano imaterial, em geral, é reparado pelo pedido
de desculpas, pelas garantias de não repetição.
Segundo Rezek, só o Estado vitimado por alguma forma de dano — causado diretamente a si, ao seu
território, ao seu patrimônio, aos seus serviços, ou ainda à pessoa ou aos bens de particular que seja seu
nacional — tem qualidade para invocar a responsabilidade internacional do Estado faltoso. Assim, no
domínio dos tratados, a violação de norma convencional só pode, em princípio, dar origem à reclamação
das outras partes, não à de terceiros.

Formas e extensão da reparação

A reparação é a finalidade do instituto da responsabilidade internacional. Diante do dano causado pelo ato
ilícito, o Estado ou a OI violador da norma internacional deve oferecer a reparação correspondente ao
Estado ou a OI prejudicado.
Ela consiste no conjunto de medidas apto a eliminar todas as consequências da violação prévia de uma
norma internacional. Não é uma única medida, é um conjunto de medidas com uma finalidade. Espécies:

1) Restituição na Íntegra: consiste em espécie de reparação que objetiva o retorno ao status


quo ante (anterior à violação). É a melhor espécie de reparação. A Corte Interamericana usa
muito, mas, muitas vezes, é impossível materialmente falando. A Restituição na Íntegra
nunca pode ser impossível juridicamente: cabe ao Estado mudar as suas regras. Não é
possível dizer: não vou libertar a Sra. Tamayo (é um caso da Corte Interamericana) porque
ela está presa por decisão judicial transitada em julgado – impossibilidade jurídica. Isso é
bobagem: se houver necessidade de soltura, deve-se rescindir a sentença, criar uma norma
que possibilite a rescisão de sentença transitada em julgado por determinação de órgão
internacional. A impossibilidade tem que ser material: a Sra. Tamayo está morta, por
exemplo (não foi o caso, ela foi solta).
2) Cessão do ilícito. É uma maneira de restituição na íntegra. A jurisprudência internacional, no
entanto, separa a cessão do ilícito da reparação na íntegra.
3) Indenização: se não for possível a restituição na íntegra, uma fórmula de reparação muito
utilizada pelas Cortes é a indenização. Danos morais: há presunção absoluta. É uma
compensação pelos danos causados (materiais e morais) por meio do pagamento de uma
quantia em pecúnia.

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4) “Projeto de vida”: uma forma nova de reparação. Vai muito além de indenização, vai muito
além de compensação dos danos, dos lucros cessantes. Vai, na realidade, tentar resgatar
aquilo que a pessoa seria se não houvesse a violação. É uma restituição na íntegra
maximizada. Por exemplo: não é só devolver a liberdade à Sra. Tamayo. A Sra. Tamayo era
uma professora que foi acusada de crime de agressão à Pátria, crime de terrorismo e, por
isso, perdeu o cargo na Universidade etc. Não é só devolver o cargo, é devolver o cargo e o
posto, uma láurea acadêmica, que, eventualmente, ela teria obtido se não fosse aquela
interrupção do seu “Projeto de Vida”. Isso é muito interessante, mas, na prática, é quase
que uma futurologia, arbítrio.
5) Satisfação: espécie de reparação na qual se busca compensar o dano ao patrimônio
imaterial das vítimas. A satisfação é uma fórmula tradicional no direito internacional, não é
novidade. É um conjunto de medidas que visa reparar o chamado dano ao patrimônio
imaterial. Essa é a forma de reparação mais comum no mundo. Não é a indenização. É a
satisfação na modalidade “desculpas”. É o famoso pedido de desculpas. Quais são as formas
tradicionais de satisfação? Publicação de sentença; Dia de Homenagem aos Mortos; Feriado
Nacional; Homenagem às Vítimas. Nos casos brasileiros, a satisfação mais utilizada é a
publicação da sentença em jornal de grande circulação nacional – “Gomes Lund” foi no
Jornal “O Globo”.
6) Garantias de não repetição: há um destaque para o chamado dever de investigar, perseguir
em juízo e punir criminalmente os violadores. Esse dever tem uma dupla natureza: o dever
de investigar é a garantia de não repetição mais conhecida na jurisprudência da Corte
Interamericana de Direitos Humanos – vide os primeiros casos hondurenhos: Vesláquez
Rodrigues, Godines Cruz, Farem Garbi e Corrales. Desde então, a Corte pede para que os
Estados punam os violadores para prevenir novas violações. É uma forma de reparação
muito conhecida no direito internacional – a garantia de não repetição. Entende-se que o
lesado tem o direito de exigir essa reparação. Mas é também violação da própria Convenção
(CADH) a ausência desse dever. A natureza dúplice desse dever: a ausência do dever de
investigar é uma violação da obrigação de garantia em relação a atos de particulares. Ou
seja, caso um particular viole direitos, deve-se punir. Se não o fizer, o Estado estaria
violando a Convenção no tocante ao direito à verdade e ao direito de acesso à justiça. Além
de ser também uma garantia de não repetição. O Brasil agora tem reparações duríssimas a
serem cumpridas.

OBS: A Lei 13.170/2015 dispõe sobre a ação de indisponibilidade de bens, valores e direitos, das pessoas
físicas ou jurídicas, submetidas a esse tipo de sanção por Resolução do Conselho de Segurança da ONU.

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K. DIREITO EMPRESARIAL

ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING). SOCIEDADE ANÔNIMA: AÇÕES E


DEBÊNTURES. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICAL DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.

Leasing ou arrendamento mercantil


Histórico: US Leasing Company, que fornecia alimentos para o Exército Americano, precisou celebrar
contrato com um banco para obter os equipamentos necessários ao atendimento da demanda. Na época,
ainda não havia o elemento financeiro, mas a noção inicial de self leasing.
Pode-se definir o contrato de arrendamento mercantil como um contrato especial de locação que
assegura ao locatário a prerrogativa de adquirir o bem alugado ao final da avença, pagando, nesse caso,
uma diferença chamada valor residual. Em síntese, trata-se de um contrato de locação com opção de
compra no momento final do contrato.
Não há lei específica que trate do arrendamento mercantil. Em realidade, ele é regulado pela Resolução
2309/96 do BACEN. A Lei nº 6.099/74 regula apenas o seu aspecto tributário.
No contrato de leasing, encontram-se presentes: a) Arrendador, que é a empresa de leasing, a qual
necessariamente será uma sociedade anônima; b) Arrendatário, que pode ser qualquer um, seja pessoa
física ou jurídica (exceto no leasing de retorno).
O leasing pode ter por objeto tanto bens MÓVEIS quanto bens IMÓVEIS e esses bens podem ser de
fabricação nacional ou estrangeira, estes desde que autorizados pelo Conselho Monetário Nacional, nos
termos do art. 10 da Lei 6.099/74.

7.4.3.1 Opções do arrendatário

Ao final do contrato de leasing, o arrendatário possui 3 opções: i) Devolução do bem; ii) Renovação do
contrato de leasing; iii) Opção de compra, nesse caso, se o arrendatário fizer a opção de compra, é
obrigado a pagar VRG (valor residual garantido).
- COBRANÇA ANTECIPADA DO VRG
De início, o STJ entendia que a opção de compra deve ser feita ao final do contrato e, assim, momento em
que o VRG deveria ser cobrado. Se ele fosse cobrado desde o início do contrato, na verdade, não haveria
leasing, mas sim compra e venda em prestações. Esse foi o primeiro posicionamento do STJ (Súmula 263:
“A cobrança do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-
o em compra e venda a prestação”).
Contudo, o STJ alterou seu posicionamento e cancelou a Súmula 263, substituindo-a pela Súmula 293:“A
cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil”.Com esse enunciado, o STJ adotou os princípios da liberdade de escolha e da livre convenção
entre as partes.
Todavia, o STJ também entendeu que, caso não haja opção de compra ao final do contrato, a parte terá
de devolver o valor residual garantido pago antecipadamente. Segundo o tribunal, o prazo prescricional
para se pleitear essa devolução é o prazo geral de 10 anos, pois não se trata de pedido fundado na
vedação do enriquecimento sem causa, mas de restituição de quantia em razão do desfazimento de
arrendamento mercantil. (REsp 1174760)

7.4.3.2 Mora do arrendatário

Se o arrendatário deixa de pagar as prestações, o arrendador pode recorrer à REINTEGRAÇÃO DE POSSE.

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O STJ firmou o entendimento de que é necessária a constituição em mora do arrendatário por notificação
prévia, não havendo que se falar em mora ex re, ainda que haja cláusula resolutiva expressa (Súmula 369).
No arrendamento mercantil, é pago um aluguel mensal pela utilização do bem. Assim, reintegrado o
arrendado à posse do bem, não há que se falar em pagamento das prestações futuras.
Pagando-se o VRG antecipado, há declaração de vontade de compra. Havendo reintegração de posse
deverá o arrendatário devolver o bem, mas, segundo o STJ, poderá requerer a devolução do VRG, na
forma abaixo explicitada:
O arrendador tem a obrigação de devolver as quantias pagas, antecipadamente, pelo arrendatário, a
título de Valor Residual Garantido (VGR), nos casos em que o produto objeto do leasing for apreendido
por reintegração de posse e alienado pelo arrendador? DEPENDE: i) se o VRG pago + valor do bem
vendido > VRG previsto no contrato, o arrendatário terá o direito de receber a diferença; ii) Se o VRG pago
+ valor do bem vendido < VRG previsto no contrato, o arrendatário NÃO terá direito de receber a diferença
(até porque não haverá diferença). Mesmo na primeira hipótese , o contrato poderá prever que, antes de
devolvida a diferença para o arrendatário, o arrendador terá direito de descontar, previamente, outras
despesas que tenha tido ou encargos contratuais. (REsp 1099212 Rep)

MUDANÇA IMPORTANTE: A Lei n° 13.043/2014 determinou que o procedimento adotado pelo DL 911/69
para o caso de inadimplemento do devedor na alienação fiduciária, inclusive o regramento sobre a ação de
busca e apreensão deveria ser também aplicado para o arrendamento mercantil. Assim, a partir de agora,
os procedimentos previstos no art. 2º, caput e § 2º e no art. 3º do DL 911/69 (regras relacionadas com a
alienação fiduciária) deverão ser aplicadas às operações de arrendamento mercantil (leasing).

Após a L 13043, não é mais possível a purgação da mora, pois foi determinada a aplicação do regime do DL
911, que não a admite, em lugar da regra geral do NCC, 401, I (REsp 1381832)

7.4.3.3 Modalidades de leasing

I. Leasing financeiro
Nesta modalidade, o arrendatário indica o bem ao arrendador, que o adquire perante o fornecedor e
depois realiza o contrato de arrendamento mercantil com o arrendatário. O leasing financeiro é a
modalidade típica de arrendamento mercantil. Traz as figuras de 3 atores intervenientes: a) arrendador(a);
b) arrendatário; e c) fornecedor.
De acordo com a Resolução sobre o leasing financeiro, neste contrato o valor total das parcelas deve ser
igual ao valor do bem + lucro para o arrendador.
II. Leasing operacional
Caracteriza-se pelo fato de o bem arrendado já ser da arrendadora (que, em regra, o fabrica), a qual
apenas aluga ao arrendatário, sem ter o custo inicial de aquisição do bem, comprometendo-se a prestar
assistência técnica. Há apenas 2 intervenientes: a) arrendador(a); e b) arrendatário.
No leasing operacional, o valor total das prestações, segundo a Resolução do BACEN, não pode ser
superior a 90% do valor do bem.
A vantagem dessa espécie de leasing reside na assistência técnica que, no leasing operacional, só pode
ser prestada pelo arrendador. É por meio da assistência técnica que ele consegue obter lucros.
III. Lease back ou leasing de retorno
Cuida-se de modalidade específica de leasing, em que o bem arrendado era de propriedade do
arrendatário, que o vende à arrendadora para depois arrendá-lo, podendo, obviamente, readquirir o bem
ao final do contrato, caso se utilize da opção de compra, pagando o valor residual.

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Nessa modalidade de arrendamento mercantil, o arrendatário somente pode ser pessoa jurídica. A sua
grande finalidade é a obtenção de capital de giro. O lease back é cabível em duas operações: a) compra e
venda; e b) dação em pagamento.
Nesta modalidade, ao final do contrato, o arrendatário tem as mesmas 3 opções já vistas.

Lease back ou Leasing de retorno Alienação fiduciária em garantia


Cuida-se, grosso modo, de uma locação
É um contrato de aquisição de um bem;
com opção de compra. Nem sempre o
ele instrumentaliza uma venda.
arrendatário quer adquirir o bem.
Havendo inadimplemento, utiliza-se de
Faz-se uso da busca e apreensão.
ação de reintegração de posse.

JURISPRUDÊNCIA:

Súmula 564-STJ: No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro,


quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o
valor da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o
arrendatário terá direito de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado
no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos pactuados.

Em regra, não incide o ICMS importação na operação de arrendamento mercantil


internacional, uma vez que, no leasing, não há, necessariamente, a transferência de
titularidade do bem. Em outras palavras, pode haver ou não a compra.
EXCEÇÃO: incidirá ICMS importação se ficar demonstrado que houve a antecipação da
opção de compra. (RE 540829).

O STJ e STF entendem que o ICMS não incide no leasing de aeronaves, pois não implica
circulação de mercadoria. Todavia, o ICMS incide sobre mercadorias que venham integrar o
ativo fixo da empresa, uma vez que, nesses casos, a opção de compra é implícita. (AgRg na
MC 13339).

(...) 2 - Responsabilidade solidária da instituição financeira vinculada à concessionária do


veículo ("banco da montadora"), pois parte integrante da cadeia de consumo. 3 -
Distinção em relação às instituições financeiras que atuam como "banco de varejo", apenas
concedendo financiamento ao consumidor para aquisição de um veículo novo ou usado
sem vinculação direta com o fabricante. 4 - Aplicação do art. 18 do CDC. (REsp 1379839)

III. Arrendamento residencial (Lei 10.188/01)

A Lei 10.188/01, conversão da MP 2.135-24, de 2001, institui o Programa de Arrendamento Residencial


(PAR) para atendimento da necessidade de moradia da população de baixa renda, sob a forma de
arrendamento residencial com opção de compra, sob gestão do Ministério das Cidades e operacionalização
pela Caixa Econômica Federal (CEF)
A Lei autorizou a CEF a criar um fundo financeiro de natureza privada (Fundo de Arrendamento
Residencial) com o fim exclusivo de segregação patrimonial e contábil dos haveres financeiros e
imobiliários destinados ao Programa, fundo este constituído pelos bens e direitos adquiridos pela CEF no
âmbito do Programa e pelos recursos advindos da integralização de cotas.

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Os bens e direitos integrantes do patrimônio do fundo, em especial os bens imóveis mantidos sob a
propriedade fiduciária da CEF, bem como seus frutos e rendimentos, não se comunicam com o patrimônio
desta.
Portanto, o PAR é promovido pelo Ministério das Cidades, tendo a CAIXA como agente executor e o FAR
– Fundo de Arrendamento Residencial – como financiador. O PAR é desenvolvido em duas fases
distintas. A primeira delas é a de compra de terreno e contratação de uma empresa privada do ramo da
construção, responsável por construir as unidades habitacionais. Depois de prontas, as unidades são
arrendadas com opção de compra do imóvel ao final do período contratado.
A Lei 10.188 estabelece (art. 8º, §1º), que "o contrato de compra e venda referente ao imóvel objeto de
arrendamento residencial que vier a ser alienado na forma do inciso II do § 7o do art. 2o desta Lei, ainda
que o pagamento integral seja feito à vista, contemplará cláusula impeditiva de o adquirente, no prazo de
24 (vinte e quatro) meses, vender, prometer vender ou ceder seus direitos sobre o imóvel alienado".

"Art. 9o Na hipótese de inadimplemento no arrendamento, findo o prazo da notificação ou interpelação,


sem pagamento dos encargos em atraso, fica configurado o esbulho possessório que autoriza o arrendador
a propor a competente ação de reintegração de posse.
Art. 10. Aplica-se ao arrendamento residencial, no que couber, a legislação pertinente ao arrendamento
mercantil".

Portanto, em caso de mora, esta deve ser comprovada por meio de notificação ou interpelação, após o que
é cabível o ajuizamento de ação de reintegração de posse.

Jurisprudência:

"Segundo entendimento adotado por este Tribunal, em consonância com o STJ, o ajuizamento
da ação de reintegração de posse, no caso do programa instituído pela Lei n. 10.188/2001, deve
ser precedido da notificação prévia e pessoal do arrendatário, ainda que constante cláusula
resolutiva no contrato. Precedentes" (TRF1 - 6 T. 30/11/15).

"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. TAXA DE CONDOMÍNIO. CAIXA ECONÔMICA


FEDERAL. IMÓVEL REGISTRADO EM NOME DO FUNDO DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL (FAR),
ALIENADO FIDUCIARIAMENTE A TERCEIRA PESSOA. RESPONSABILIDDE PELAS DESPESAS
CONDOMINIAIS. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
(STJ) EM JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. 1. As taxas e
contribuições devidas ao condomínio constituem obrigação propter rem, ou seja, aderem ao
bem imóvel, respondendo o adquirente pelo adimplemento, ainda que se trate de parcelas
vencidas antes da sua aquisição. 2. O dever do condômino em contribuir para as despesas de
condomínio, arcando com os encargos pelo inadimplemento, conforme determinado na
convenção do condomínio, decorre de lei (art. 1.336 do Código Civil vigente), obrigando todos
os proprietários do imóvel, atuais e futuros, ao seu cumprimento.
3. Consoante decidiu o STJ, em julgamento de recurso representativo da controvérsia (REsp
1.345.331/RS), "a responsabilidade pelo pagamento das despesas de condomínio, ante a
existência de promessa de compra e venda, pode recair tanto sobre o promissário comprador
quanto sobre o promitente vendedor, a depender das circunstâncias do caso concreto",
concluindo que, "ficando demonstrado que (i) o promissário comprador se imitira na posse
do bem e (ii) o condomínio tivera ciência inequívoca da transação, deve-se afastar a
legitimidade passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais
relativas a período em que a posse foi exercida pelo promissário comprador". 4. Sentença

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que declarou a ilegitimidade passiva da CEF/FAR, que se mantém. 5. Apelação do Condomínio


Residencial Palace São Francisco, não provida (TRF1 - 6 T. 04/04/16)".

"A Caixa Econômica Federal detém legitimidade para ajuizar ação de reintegração de posse de
imóvel vinculado ao PAR, em razão de dispositivo legal, além de previsão contratual.
2. Tratando-se de contrato firmado segundo as regras do Programa de Arrendamento
Residencial para atendimento da necessidade de moradia da população de baixa renda (Lei n.
10.188/2001), a falta de pagamento da taxa de condomínio constitui esbulho possessório, e
motivo para a rescisão do contrato e para o ajuizamento da respectiva ação de reintegração de
posse, na forma do art. 9º (TRF1 - 6 T. 13/4/15)".

1. Controvérsia em torno da responsabilidade da Caixa Econômica Federal (CEF) por vícios de


construção em imóveis vinculados ao Programa de Arrendamento Residencial, cujo objetivo,
nos termos do art. 10 da Lei nº 10.188/2001, é o atendimento da necessidade de moradia da
população de baixa renda, sob a forma de arrendamento residencial com opção de compra.
2. Como agente-gestor do Fundo de Arrendamento Residencial, a CEF é responsável tanto
pela aquisição como pela construção dos imóveis, que permanecem de propriedade do
referido fundo até que os particulares que firmaram contratos de arrendamento com opção
de compra possam exercer este ato de aquisição no final do contrato.
3. Compete à CEF a responsabilidade pela entrega aos arrendatários de bens imóveis aptos à
moradia, respondendo por eventuais vícios de construção (REsp 1352227)

a. SOCIEDADE ANÔNIMA
As sociedades anônimas são espécies de sociedades estatutárias, “institucionais”. Constituem-se, assim,
por meio de um estatuto social e seu capital está dividido em frações denominadas ações. Cada sócio é
titular de determinado número de ações, sendo chamado de acionista.

i. Tipos de sociedades anônimas:

A) ABERTA – negocia seus valores mobiliários no mercado de capitais (formado pela bolsa de valores e
pelo Mercado de balcão), necessitando de prévia autorização e registro perante a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
I. Bolsa de valores São entidades privadas constituídas sob a forma de associações civis ou sociedades
anônimas, tendo por membros corretoras de valores mobiliários de uma mesma base territorial,
autorizada pela CVM.
II. Mercado de balcão O mercado de balcão consiste nas operações realizadas fora da bolsa de valores,
quando, por exemplo, se adquire ações junto a uma instituição financeira ou uma sociedade corretora.
III. Mercado primário  É aquele que se estabelece entre a companhia emissora do título/valor mobiliário
e o investidor. Só há aqui mercado de balcão.
IV. Mercado secundário  Por outro lado, se um indivíduo já é investidor e vende seu valor mobiliário a
outro investidor, trata-se de mercado secundário. Na Bolsa de Valores só se realizam operações de compra
e venda de valores mobiliários, ou seja, a bolsa só atua no mercado de capitais secundário.

B) FECHADA – aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais.

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ii. Constituição de uma sociedade anônima

Poderá ser de duas modalidades:


I. por subscrição pública: impõe-se para as sociedades abertas;
II. por subscrição particular: aplica-se às sociedades anônimas que não oferecerão ao público suas ações.

1. Requisitos preliminares para a constituição de uma Sociedade anônima,


independentemente da modalidade de constituição:

I. Pluralidade de sócios: subscrição de pelo menos duas pessoas, de todas as ações em que se divide o seu
capital social. A subscrição é irretratável.
A Sociedade Anônima poderá ser unipessoal em casos excepcionais:
a) Empresa Pública.
b) Subsidiária integral (art. 251, LSA: É um tipo de sociedade anônima constituída mediante escritura
pública, tendo como único acionista sociedade nacional)

II. Realização, como entrada, em dinheiro, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas.
Nas instituições financeiras essa porcentagem é de 50%.
III. O fundador terá 5 dias, contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da
sociedade, para fazer o depósito no estabelecimento bancário autorizado pela CVM.
IV. Arquivamento do estatuto social da empresa na Junta comercial e publicação pela imprensa de seus
atos constitutivos;
V. Transferência para a companhia, por transcrição no registro público competente, dos bens com que o
subscritor tenha contribuído para a formação do capital social.

2. Constituição propriamente dita

A) CIA ABERTA
A constituição da CIA aberta é chamada subscrição pública ou sucessiva:
Pois bem, as companhias abertas se constituem por meio de subscrição pública de ações. Nessa
modalidade de constituição, exigem-se algumas formalidades específicas, tais como (i) o registro prévio na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), (ii) a colocação das ações à disposição dos investidores
interessados; e (iii) a realização de assembleia inicial de fundação.
A subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. Veja-se,
portanto, que o fundador de uma companhia aberta deverá necessariamente contratar os serviços de uma
empresa especializada para constituí-la. Trata-se do chamado serviços de underwriting. Caberá a essa
empresa contratada não apenas colocar as ações junto aos investidores – etapa seguinte do procedimento
constitutivo da companhia – mas também cuidar de uma série de documentos a serem apresentados à
CVM, assinando-os.

B) CIA FECHADA
Em se tratando de constituição de companhias fechadas, o procedimento é bem mais simplificado, uma
vez que é realizado por meio de subscrição particular, sem a captação de recursos junto a investidores no
mercado de capitais.
Podem ser adotadas duas modalidades de constituição: (i) a realização de assembleia dos subscritores ou
(ii) a lavratura de escritura pública em cartório.

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iii. Valores mobiliários (títulos emitidos) pelas sociedades anônimas:

A ação é o principal valor mobiliário emitido pela companhia. Trata-se de valor mobiliário que representa
parcela do capital social, conferindo ao seu titular o status de sócio, o chamado acionista. As ações são
consideradas bens móveis para os efeitos legais.
Possui 4 espécies de valor:
i. Valor nominal – O valor nominal da ação é alcançado por meio de uma simples operação aritmética:
divide-se o capital social total da S/A – calculado em moeda corrente – pelo número total de ações por ela
emitidas e tem-se, com precisão, o valor nominal de cada uma delas.
ii. Valor ou preço de emissão – é o pago pelo subscritor da ação (fixado pelos fundadores na constituição
da empresa). Além das operações de compra e venda de ações, realizadas no mercado de capitais
secundário e nas quais se observa o valor de negociação, há também as operações de emissão e subscrição
de novas ações, as quais, conforme já estudado anteriormente, se desenvolvem no âmbito do mercado de
capitais primário.
iii. Valores de mercado – valor da negociação. Viu-se que as operações de compra e venda de ações são
travadas no chamado mercado de capitais secundário, no qual os acionistas alienam suas ações a
investidores interessados, cobrando nessas transações um valor de negociação, que oscila conforme o
momento econômico pelo qual passa a companhia.
iv. Valor patrimonial – valor da ação em relação ao patrimônio. Patrimônio ÷ número de ações. Será pago
em caso de dissolução total ou parcial da sociedade.

De acordo com a forma de transferência para outros acionistas ou para terceiros, as ações podem ser:
a) Nominativas: As ações nominativas são aquelas que se transferem mediante registro levado a efeito em
livro específico escriturado pela S/A para tal finalidade (trata-se do livro Registro de ações nominativas,
mencionado no art. 31 da LSA). A transferência de uma ação nominativa, portanto, é ato formal que exige
certa solenidade, consistente no comparecimento do vendedor e do comprador – ou de seus
representantes – à companhia para assinatura do livro de “transferência das ações nominativas” (art. 31, §
1.°, da LSA).
b) Escriturais: As ações escriturais, ao contrário das ações nominativas, não possuem certificado – na
verdade elas sequer se materializam num documento, sendo incorpóreas – nem exigem muita solenidade
para a sua transferência.

As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens conferidas aos seus titulares poderão ser:
a) Ordinárias: conferem aos acionistas os direitos comuns, como o direito a voto e de participação nos
lucros. Dentre os direitos conferidos aos ordinarialistas está o direito de voto, o qual, ao contrário do que
se possa pensar, não constitui um direito essencial de qualquer acionista (vide art. 109 da LSA).
b) Preferenciais: conferem aos acionistas certas vantagens, que podem consistir em: I – em prioridade na
distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; II – em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem
ele; ou III – na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.
- Golden share: são ações especiais titularizadas pelo ente desestatizante, sem direito de voto, mas com o
poder especial de veto às deliberações da assembleia geral. Permitiu-se que o Estado alienasse o controle
das companhias em que detinha maioria do capital votante, mas conservasse ações preferenciais especiais
(golden share) conferindo-lhe direito de veto em determinadas deliberações.
c) gozo ou fruição: são aquelas distribuídas aos acionistas titulares de ações ordinárias ou preferenciais em
substituição dessas ações que já foram amortizadas. A amortização consiste na distribuição aos acionistas,
a título de antecipação e sem redução do capital social, da quantia a que teriam direito em caso de
liquidação da companhia.

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II. DEBÊNTURES – Valores mobiliários que conferem a seus titulares direito de crédito contra a companhia.
São títulos emitidos pela S/A a fim de levantar capital, como se fosse um empréstimo feito para a
Sociedade (captação de recursos). É título executivo extrajudicial.
As debêntures podem ser, tais como as ações, nominativas e escriturais, bem como conversíveis em ações.
A partir da Lei 12.431/11, não há o limite do valor do capital social para a emissão de debênture.

III. PARTES BENEFICIÁRIAS - são títulos que conferem aos seus titulares um direito de crédito eventual
contra a companhia, isto é, depende de o resultado da companhia, no respectivo exercício social, ter sido
positivo, pois do contrário não haverá lucros a serem partilhados. Somente as companhias fechadas
podem emitir partes beneficiárias.

IV. BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO – assegura ao seu titular o direito de preferência na subscrição de novas ações.
Perceba-se que o bônus não confere aos seus titulares a ação, mas apenas um direito de preferência na
sua subscrição, razão pela qual o investidor, na hora de exercer esse direito, terá de pagar, obviamente, o
preço de emissão da ação.

V. COMMERCIAL PAPER – Os commercial papers são espécies de notas promissórias e servem para a
captação de recursos no mercado de capitais, que serão restituídos aos investidores em curto prazo.
Diferente das demais espécies de valores mobiliários descritas acima, os commercial paper não estão
disciplinados na Lei 6404/76, mas pela Instrução n. 134/90 da CVM.

b. Liquidação extrajudicial das instituições financeiras


i. Introdução

São três as modalidades de regimes especiais que podem ser impostos às instituições financeiras ou a
instituições a elas equiparadas: intervenção, liquidação extrajudicial e administração especial temporária
(RAET). Os dois primeiros são disciplinados pela Lei nº 6.024/74, e o último pelo Decreto-lei nº 2.321/87.

Intervenção Liquidação extrajudicial Raet


destituir os respectivos promover a extinção da empresa perda do mandato dos dirigentes
dirigentes Decretada pelo BACEN (ex officio substituição por um conselho
Banco Central nomeia o ou a pedido da instituição) diretor nomeado pelo Banco
interventor indícios de insolvência Central
ao fim pode: retomar as irrecuperável ou cometidas ao fim pode: retomar as
atividades normais / decretar infrações às normas que regulam atividades normais / intervenção
liquidação / falência a atividade da instituição / decretar liquidação
Prazo de 6 meses prorrogáveis Prazo determinado prorrogável
uma vez pelo mesmo tempo uma única vez pelo máximo do
Suspende a exigibilidade das mesmo tempo
obrigações vencidas e vincendas,
bem como torna inexigíveis os
depósitos já existentes na data
da decretação
OBS.: empresas de Planos de Saúde hoje são passíveis de liquidação extrajudicial (ANS). Idem para
entidades de previdência complementar fechada.

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Há dois instrumentos legais que visam à reorganização da instituição financeira: a intervenção (art. 2 o da
Lei n. 6.024/74) e o regime de administração especial temporária (DL 2.321/87).

ii. Intervenção

A intervenção é uma medida administrativa, que objetiva sanar as dificuldades materiais da empresa.
Pode ser autorizada quando ocorrer prejuízo decorrente de má administração que sujeite os credores a
risco, ou infrações reiteradas à legislação bancária, ou, ainda, impontualidade injustificada ou ato de
falência.
Suas características principais são:
a) Possui prazo de duração não superior a seis meses, podendo ser prorrogado, uma única vez, por mais
seis meses a critério do BACEN.
b) É executada por um interventor, nomeado pelo Banco Central. O interventor prestará contas ao Banco
Central, no momento em que deixar suas funções ou a qualquer tempo – responderá civil e criminalmente
– Art. 14.
A MP n. 1.470-16/97 foi convertida na Lei n. 9.447/97, a qual, com o necessário rigor, dispõe sobre: (1) a
responsabilidade solidária de controladores de instituições submetidas aos regimes de que tratam a Lei
6.024/74 e o Decreto-lei n. 2.321/87; (2) a indisponibilidade de seus bens; (3) a responsabilização das
empresas de auditoria contábil ou dos auditores contábeis independentes; (4) a privatização de
instituições que sejam desapropriadas, na forma do DL. 2.321. Frisa-se a importância dessa Lei que visa a
moralização da administração e também, das instituições financeiras privadas e das públicas não federais,
assim como das cooperativas de crédito.
Antes da decretação das medidas interventivas, o BACEN pode determinar a reorganização societária,
alteração de controle societário ou capitalização da sociedade através da emissão de títulos ou captação
de fundos, porque é melhor preservar o banco do que liquidá-lo. Após, ainda é cabível tentar passar para
terceiros as obrigações mediante incentivos específicos.

Em resumo:
Efeitos da Intervenção – Art. 6º
1. Suspensão das exigibilidades das obrigações vencidas;
2. Suspensão das obrigações vincendas contraídas;
3. Inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação

Cessará a Intervenção e o Regime de Administração Especial – Art. 7º


1. Interessados, apresentarem condições de garantia ao Banco Central;
2. Quando a situação da entidade houver se normalizado (critério do Banco Central), inclusive através da
cisão, fusão, incorporação, venda ou desapropriação do controle acionário;
3. Decretada liquidação extrajudicial ou falência da entidade

Funções do Interventor – Art. 9º


1. Arrecadar os livros da entidade e documentos de interesse da administração;
2. Levantar balanço e inventário dos livros, documentos, dinheiro.

Administradores deverão entregar ao interventor em 5 dias – declaração assinada em que conste: Art.
10
1. Qualificação dos administradores e membros do conselho fiscal;
2. Mandatos outorgados em nome da instituição;
3. Bens imóveis e móveis que estiverem fora do estabelecimento;

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4. Participação que cada administrador ou conselheiro tenha em outras sociedades.

Interventor em 60 dias apresentará ao Banco Central relatório – Art. 11


1. Exame da escrituração e situação econômico financeira da instituição;
2. Indicação dos atos e omissões danosos que tenha verificado;
3. Proposta de providências convenientes a instituição.

Após a apresentação do relatório ou da proposta do Interventor o Banco Central poderá – Art. 12


1. Determinar a cessação da intervenção;
2. Manter a Instituição sob Intervenção, até serem eliminadas as irregularidades;
3. Decretar a liquidação extrajudicial;
4. Autorizar o interventor a requerer a falência da entidade

Todos os bens dos administradores e controladores, e de quem o foi nos últimos 12 meses, ficam
indisponíveis. A indisponibilidade é consequência natural do ato interventivo.
O BACEN, mediante autorização do CMN, pode ainda decretar a indisponibilidade “parcial” dos bens de
diretores, membros do Conselho Fiscal ou de quem comprou bens de pessoas sujeitas à lei para se
esquivar dos seus efeitos.
Os bens inalienáveis e impenhoráveis não são passíveis de indisponibilidade. Entretanto, há dicotomia na
doutrina se é cabível sobre bem voluntariamente impenhorável. Se confirmada responsabilidade, a
indisponibilidade se converte em penhora ou arresto, dependendo do caso.
Quem sofre a medida não pode se ausentar do foro sem autorização do BACEN.

iii. Regime Especial de Intervenção Temporária – RAET

O regime de administração especial temporária pode ser decretado nas hipóteses que autorizam a
liquidação e também quando ocorre: i) existência de passivo a descoberto; ii) gestão temerária ou
fraudulenta; iii) prática reiterada de operações contrárias às diretrizes de política econômica ou
financeira traçadas em lei e, finalmente; iv) a desobediência às normas referentes à conta de reservas
bancárias O regime de administração especial temporária não afeta o curso regular dos negócios, nem o
normal funcionamento da instituição financeira, ao contrário da intervenção, reduzindo-se os efeitos à
perda do mandato dos administradores e membros do Conselho Fiscal.
O regime de administração especial temporária tem o prazo determinado pela autoridade administrativa,
podendo ser prorrogado por período não superior, se absolutamente necessário.
O regime de administração especial temporária é dirigido por um conselho diretor, nomeado pelo BACEN,
que assumirá a instituição, cessando de imediato o poder dos administradores. Não há qualquer solução
de continuidade na atuação da empresa, que será reorganizada com recursos da reserva monetária ou
antecipação desta, que será posteriormente paga pela instituição e garantida por penhor simbólico de
títulos ou hipoteca. O BACEN poderá realizar transformações societárias ou desapropriar a instituição, que
continuará a ser privada, ou ainda convolar em liquidação o feito.

iv. Liquidação extrajudicial

“O escopo da liquidação extrajudicial", diz Rubens Requião, é o saneamento do mercado financeiro e a


proteção adequada dos credores. Aliás, a tranquilidade e segurança do meio financeiro de determinada
praça ou região, ou mesmo de todo o país, estão em relação direta à tranquilidade e segurança dos
credores.

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A matéria está regulada na Lei n. 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de
instituições financeiras. As instituições financeiras estão sujeitas a um regime de execução concursal de
natureza extrajudicial, que não exclui, em caráter absoluto, a falência dos comerciantes dessa categoria.
Assim, se a instituição financeira não estiver sob liquidação extrajudicial ou sob intervenção decretada
pelo Banco Central, ela poderá, nas mesmas condições previstas para os demais exercentes da atividade
mercantil, ter a sua falência decretada judicialmente.
No entanto, o art. 2º, da Lei 11.101/05 (Lei de Recuperação de Empresa) prescreve que tal lei não se
aplica às instituições financeiras:

Art. 2º. Esta Lei não se aplica a:


I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio,
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Já o art. 197 da LRE assim dispõe:

Art. 197. Enquanto não forem aprovadas as respectivas leis específicas, esta Lei
aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos regimes previstos no Decreto-Lei
no 73/66, na Lei no6.024/74, no Decreto-Lei no 2.321/87, e na Lei no 9.514/97.

A esse mesmo regime submetem-se as sociedades integrantes do sistema de distribuição de títulos ou


valores mobiliários, as sociedades corretoras e as sociedades arrendadoras (leasing).
As INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS FEDERAIS não estão sujeitas à liquidação extrajudicial, porquanto a
União, na qualidade de controladora dessas sociedades, deve proceder à sua liquidação ordinária, sempre
que entender conveniente o encerramento das atividades por elas desenvolvidas.
O Banco Central do Brasil é o órgão da administração indireta federal competente para decretar a
liquidação extrajudicial das instituições financeiras (art. 15).
Tal medida pode ser aplicada em função do comprometimento da situação econômica ou financeira da
instituição, especialmente quando detectadas as anormalidades previstas na Lei n. 6.024/74 (art. 2º, I a III),
quais sejam: (1) prejuízo decorrente de má administração, que sujeite a riscos seus credores; (2) prática
reiterada de infrações a dispositivos da legislação bancária; (3) ocorrência dos fatos declinados na Lei de
Falências (DL 7.661/45, arts. 1º e 2º) havendo possibilidade de evitar-se a liquidação extrajudicial.
A liquidação extrajudicial também pode ser decretada pelo Banco Central a pedido da própria instituição,
representada pelos seus administradores devidamente autorizados pelo estatuto, ou pelo interventor,
quando estiver aquela sob o regime de intervenção.
Na liquidação, a crise da instituição financeira realmente não tem solução; busca-se realizar o ativo para
que o passivo seja pago. Assim como na falência, é fixado um termo legal com base no primeiro regime
especial decretado ou no primeiro protesto, que volta 60 dias (na falência são 90). O liquidante tem
poderes para tudo, exceto dispor de patrimônio.
A liquidação extrajudicial é desenvolvida sob o comando do liquidante nomeado pelo Banco Central, a
quem a lei reserva amplos poderes de administração.
Nos atos, documentos e publicações será usada a expressão “Em liquidação Extrajudicial” em seguida a
denominação da sociedade – Art. 17
Será aplicado ao processo de liquidação o disposto no processo de intervenção – Art. 20.
A decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de imediato, os EFEITOS previstos nas alíneas do art. 18
da Lei n. 6.024/74:

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a) suspensão das ações e execuções iniciadas sobre direitos e interesses relativos ao acervo da entidade
liquidanda, não podendo ser intentadas quaisquer outras, enquanto durar a liquidação;
b) vencimento antecipado das obrigações da liquidanda;
c) não atendimento das cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em virtude da decretação da
liquidação extrajudicial;
d) não fluência dos juros, mesmo que estipulados, contra a massa, enquanto não integralmente pago o
passivo;
e) interrupção da prescrição relativa a obrigações de responsabilidade da instituição;
f) não reclamação de correção monetária de quaisquer divisas passivas, nem de penas pecuniárias por
infração de leis penais ou administrativas. [existem exceções legais e jurisprudenciais: ex. créditos
trabalhistas]
Após a decretação da liquidação extrajudicial de instituição financeira, os juros contra a massa liquidanda,
sejam eles legais ou contratuais, terão sua fluência ou contagem suspensa enquanto o passivo não for
integralmente pago aos credores habilitados, devendo esses juros serem computados e pagos apenas após
a satisfação integral do passivo, se houver ativo que os suporte, observando-se a ordem do quadro geral
de credores. (REsp 1102850).
Apresentado o relatório pelo liquidante, o Banco Central autorizará ou a continuidade da liquidação ou o
requerimento da falência.
Prosseguindo a liquidação, o liquidante mandará publicar no DOU e jornais de grande circulação aviso aos
credores para declararem seus créditos. – Art.22
* Prazo – 20 a 40 dias - § 1º, Art. 22
* Liquidante organizará quadro geral de credores e publicará – Art. 25
* Será feita a realização do ativo segundo escolha do liquidante – Art.31
* Pagamento do passivo e prestação de contas do liquidante ao Banco
Central
* Liquidante responderá civil e criminalmente por seus atos – Art. 33
* Liquidante é equiparado ao síndico na falência – Art. 34
Os credores terão acesso aos documentos para produzir suas habilitações, que serão avaliadas pelo
liquidante. Após consolidar o quadro, recebe impugnações, que ele mesmo julga (o que o difere do
administrador judicial na falência). De suas decisões cabe recurso ao Banco Central em 10 dias, sem efeito
suspensivo.
Quem fica insatisfeito com o não acatamento de sua impugnação pode exercer direito de “sair da
liquidação” em 30 dias, dando ciência ao liquidante de que irá para a justiça para que este reserve fundos.
Cabe anular créditos eivados de vícios posteriormente descobertos. Eventual ação revocatória cabe ao juiz
que seria o da falência da instituição.
É cabível a utilização de meios alternativos na venda do ativo, desde que autorizado pelo BACEN, no
resguardo dos poupadores. Os atos de alienação independem de registro para terem efeito.
A liquidação se encerra com a cessação nos termos da intervenção, encerramento do feito, transformação
em liquidação ordinária ou decretação de falência.
A FALÊNCIA deve ser adotada se o ativo não for suficiente para o pagamento de, pelo menos, metade do
passivo quirografário ou se houver indícios de crime falimentar. Aplica-se subsidiariamente o disposto na
LF à liquidação extrajudicial, inclusive no que se refere à possibilidade de ajuizamento (pelo liquidante) de
ação revocatória.
A liquidação extrajudicial determina a extinção da personalidade jurídica da instituição financeira e, quase
sempre, importa na cessação da atividade econômica por ela desenvolvida, devendo, portanto, ser
evitada, quando possível.

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OBS: Não há dúvidas quanto ao fato de o MP ter legitimidade para propor ação de responsabilidade contra
ex-administradores de instituição financeira sujeita ao RAET. Pode até nela prosseguir se, levantado o
citado regime, remanescer interesse público a ser tutelado.
Jurisprudência do STJ:

(...) 4. Inexiste previsão no art. 109 da CF/88 que atribua a competência para
processar e julgar demanda envolvendo sociedade de economia mista à Justiça
Federal, ainda que a instituição financeira esteja sob a intervenção do Banco
Central. Ao revés, o referido dispositivo constitucional é explícito ao excluir da
competência da JF as causas relativas à falência - cujo raciocínio é extensível aos
procedimentos concursais administrativos, como soem ser a intervenção e a
liquidação extrajudicial -, o que aponta inequivocamente para a competência da
Justiça comum, a qual ostenta caráter residual. Precedentes. (...) (REsp 1093819)

(...) 2. O fato de a instituição financeira estar sob regime de liquidação extrajudicial


(Lei nº 6.024/75), sob intervenção do Banco Central, não lhe altera a personalidade
jurídica e não retira a competência da justiça estadual para apreciar o litígio.
Precedentes. 3. Por força do disposto no art. 34 da Lei nº 6.024, é possível aplicar a
legislação falimentar subsidiariamente ao procedimento de liquidação extrajudicial
de instituições financeiras, mas com a ressalva expressa de que somente lhe serão
aplicáveis "no que couberem e não colidirem" com os preceitos daquela. 4.
Atribuições distintas do liquidante e do Banco Central, que não se sobrepõem, não
se excluem e devem ser compatibilizadas visando o melhor aproveitamento da
liquidação extrajudicial das instituições financeiras. 5. O Banco Central do Brasil, na
qualidade legalmente equiparada de "juiz da falência", reconheceu que os créditos
oriundos do termo de caução pertenciam à instituição liquidanda. Tal determinação
administrativa não foi impugnada pelas vias próprias. Daí porque não há falar em
existência de crédito qualificado em favor do recorrente/credor, restando-lhe
submeter-se ao concurso geral de credores. (...) (REsp 459352)

L. DIREITO ECONÔMICO E PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

CONSTITUÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA. ORDEM CONSTITUCIONAL ECONÔMICA:


PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA. TIPOLOGIA DOS SISTEMAS
ECONÔMICOS. ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA. ORDEM ECONÔMICA E REGIME
POLÍTICO. SUJEITOS ECONÔMICOS.

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Ponto 1 - Constituição Econômica Brasileira. Ordem Constitucional Econômica: princípios gerais da


atividade econômica. Tipologia dos sistemas econômicos.
1. Conceito de ordem econômica
Por ordem econômica entende-se o tratamento jurídico disciplinado pela Constituição para a condução da vida
econômica da Nação, conforme Leonardo Vizeu Figueiredo.

Para Eros Roberto Grau há duplo sentido na expressão “ordem econômica”: a) visão subjetiva (ser), como conjunto
de relações econômicas; b) visão objetiva (dever-ser), como conjunto de normas jurídicas disciplinadoras dessas
relações. Ainda o mesmo autor, analisando especificamente a Constituição de 1988, define que existem duas
vertentes conceituais: a) ampla, consistente na regulação jurídica da intervenção do Estado na Economia; b) estrita,
consistente na regulação jurídica do ciclo econômico (produção, circulação e consumo).

2. A constituição econômica
A primeira carta constitucional a tratar da ordem econômica e social foi a Constituição do México (1917). Leciona
Eugênio Rosa de Araújo que a ideia de Constituição Econômica, contudo, tomou corpo na doutrina alemã do século
XX, a partir do que se dispôs na Constituição de Weimar (1919) no que se refere à ordem econômica.

Manoel Gonçalves, citado por Eugênio Rosa, conceitua Constituição Econômica como sendo “o conjunto de normas
voltadas para a ordenação da economia, inclusive declinando a quem cabe exercê-la”. Ainda segundo o primeiro
autor, a Constituição Econômica delimita os seguintes elementos: a) o tipo de organização econômica (capitalismo
ou socialismo); b) a delimitação do campo da iniciativa privada; c) a delimitação do campo da iniciativa estatal; d)
a definição dos regimes dos fatores de produção; e e) a finalidade e os princípios gerais que devem gerir a ordem
econômica.

3. A constituição econômica brasileira


A Carta Imperial do Brasil (1824) estabeleceu o direito à propriedade, assegurado o livre exercício da atividade
profissional, desde que não atentasse aos costumes públicos.

A Carta Republicana de 1891, por sua vez, trouxe o direito de liberdade de associação.

A Constituição de 1934 foi a primeira a instituir uma ordem econômica e social no direito constitucional e a primeira
a assegurar liberdade de associação sindical, nitidamente influenciada pela Constituição de Weimar; com essa carta,
passou-se a adotar uma postura de Estado Intervencionista Social, ainda mais diante de grave quadro econômico
internacional.

A Constituição de 1937, lado outro, previu disposições referentes à ordem econômica, estabelecendo, uma política
intervencionista do Estado no domínio econômico, com caráter nitidamente nacionalista.

A Constituição de 1946, apesar de ainda manter a possibilidade de intervenção do Estado na economia, o fazia sob
outro viés, qual seja de realizar a compatibilização do direito de propriedade com os interesses coletivos e aspirações
dos empregados e empregadores com a ideia de dignidade humana no trabalho. Há, aqui, a autorização e instituição
de monopólios em certos setores.

A Constituição de 1967 manteve certa linha intervencionista, estando hesitante, contudo, entre o intervencionismo e
o neoliberalismo. Previa também a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, e a função
social da propriedade como princípio da ordem econômica. A Constituição (ou emenda) de 1969 teve como
inovação o acréscimo do princípio da justiça social.

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O constituinte originário de 1988 dotou nossa Carta Política de um conjunto de disposições que dizem respeito à
conformação da ordem fundamental de nossa economia, configurando, assim, nossa Constituição Econômica.

A nossa Constituição Econômica, portanto, encarrega-se de estatuir os direitos e deveres daqueles que, em
conjunto, são denominados agentes econômicos (Estado, trabalhadores, consumidores e empresários) e seu
conteúdo engloba os princípios da atividade econômica (art. 170), bem como as políticas urbanas (art. 182),
agrícola e fundiária (art. 184) e o sistema financeiro nacional (art. 192).

4. Princípios gerais da atividade econômica


Inicialmente, importa notar que existem no art. 170, da CF/88, certos valores que tutelam a ordem econômica
brasileira, os quais não se confundem com os princípios posteriormente elencados. São eles: a) valorização do
trabalho humano; b) livre-iniciativa; c) existência digna e; d) justiça social.

A CFRB/88 arrola os princípios da ordem econômica nos incisos do art. 170. Segundo José Afonso da Silva, alguns
desses princípios se revelam mais tipicamente como objetivos da ordem econômica, como seria o caso da redução
das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego. Mas todos podem ser considerados princípios na
medida em que constituem preceitos condicionadores da atividade econômica.

Vejamos o conteúdo de tais princípios.

1. Princípios explícitos
1. Princípio constitucional econômico da soberania nacional
A soberania nacional significa supremacia no plano interno e independência no plano internacional. Por sua vez, a
soberania econômica significa que as decisões relativas à política econômica a serem adotadas pelo País devem
levá-lo a estabelecer uma posição de independência em relação aos demais países, importando na possibilidade
de autodeterminação de sua política econômica.

Conforme explica Eugênio Rosa de Araújo, a soberania nacional é um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil e do estado Democrático de Direito (art. 1º, I), sendo que o que se trata no inciso I do art. 170 da Constituição
é a soberania nacional econômica, visando estabelecer, no plano externo, a independência, a coordenação e a
não-submissão em relação à economia e tecnologia estrangeiras. Registre-se, outrossim, que a soberania
política(art. 1, I, CR 1988) não sobrevive sem a soberania econômica, havendo entre ambas uma relação de
complementação. De sorte que a soberania política é assegurada na medida em que o Estado goza e desfruta da
soberania econômica.

Esse princípio está fortemente corroído em sua conceituação tradicional pelo avanço da ordem jurídica
internacional e da globalização. A ação dos Estados é movida pela incessante busca de níveis de competitividade
internacional. Porém, em atendimento a esse princípio, a colaboração internacional não pode chegar ao ponto de
subtrair do país as possibilidades de autodeterminação.

2. Princípio da Propriedade Privada


Segundo ensina Eugênio Rosa de Araújo, propriedade e direito de propriedade não se confundem, sendo a
propriedade um fato econômico, enquanto que este é, sob o aspecto subjetivo, o poder do proprietário sobre a
coisa, o qual é um dos direitos fundamentais da pessoa humana (art. 5, XXII, CFRB/88).

Esse princípio assegura aos agentes econômicos direito à propriedade dos fatores de produção e circulação de
bens em seus respectivos ciclos econômicos.

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3. Princípio da função social da propriedade


Introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, pela primeira vez, com a CF/34, que assegurou o direito de
propriedade com a ressalva de que não poderia ser exercido contra o interesse social ou coletivo.

A partir de então, com exceção da CR/1937, o valor função social da propriedade incorporou-se de vez à nossa
experiência constitucional, figurando em pelo menos quatro dispositivos da CF/88 (art. 5º, XXIII; art. 170, III; art. 182,
§2º e no caput d art. 186), a evidenciar a preocupação em construir um Estado de Direito verdadeiramente
democrático, no qual possuem a mesma dignidade constitucional tanto os valores sociais do trabalho quanto os da
livre iniciativa.

O princípio da função social da propriedade não é derrogatório da propriedade privada, mas sim parte integrante
desta. O conteúdo da função social assume papel promocional. A disciplina das formas de propriedade e suas
interpretações devem garantir e promover os valores sobre os quais se funda o ordenamento.

O princípio econômico dafunção social da propriedade constitui o fundamento constitucional da função social da
empresa e da função social do contrato. Busca-se, por meio da função social, conciliar o benefício individual com o
coletivo.

Assim, a função social da propriedade implica em uma limitação ao direito de propriedade, visando coibir abusos e
evitando o seu exercício em detrimento do bem-estar da sociedade, de sorte que a propriedade, para bem cumprir
seu papel econômico-social, deve compatibilizar os interesses do proprietário, da sociedade e do Estado, afastando
seu uso egoístico e o uso abusivo do domínio. A propriedade é, portanto, um meio para a consecução de um fim
comum: a busca do bem-estar social.

4. Princípio da livre concorrência


Este princípio está intrinsecamente associado ao princípio da livre iniciativa.Teve como marco jurídico e histórico
oDecreto de Allarde (França -1791), Competition Act (Canadá – 1889) e Sherman Act (EUA – 1890).

Gilmar Mendes, Inocêncio M. Coelho e Paulo Gustavo G. branco, citando Miguel Reale, afirmam que a livre
iniciativaé a projeção da liberdade individual no plano da produção, circulação e distribuição de riquezas,
assegurando não apenas a livre escolha das profissões e das atividades econômicas, mas também a autonomia na
eleição dos processos ou meios de produção. Abrange a liberdade de fins e meios. Já o conceito de livre
concorrência tem caráter instrumental, significando que a fixação dos preços das mercadorias e serviços não deve
resultar de atos cogentes da atividade administrativa.

Consiste, conforme Leonardo Vizeu Figueiredo, em proteção conferida pelo Estado ao devido processo competitivo,
a fim de garantir que toda e qualquer pessoa que esteja em condições possa livremente entrar, permanecer e sair
do ciclo econômico. Para Miguel Reale, a livre concorrência significa a possibilidade de os dirigentes econômicos
poderem atuar sem embaraços juridicamente justificáveis, visando à produção, à circulação e ao consumo de bens e
serviços.

A CFRB/88 adota o modelo liberal do processo econômico, que só admite a intervenção do Estado para coibir
abusos e preservar a livre concorrência de quaisquer interferências, quer do próprio Estado, quer do embate das
forças competitivas privadas que podem levar à formação dos monopólios e ao abuso do poder econômico visando
ao aumento arbitrário dos lucros.

Paula Forgioni, efetuando breve histórico, assinala que a concorrência no Brasil operou-se em momentos distintos
de acordo com o ambiente político-econômico atuante na economia:

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a) Momento fiscalista. Do período colonialismo até a transferência da Coroa para o Brasil em 1808, vigorou
uma política eminentemente fiscalista, quando então se buscava apenas a renda dos impostos decorrentes das
atividades comerciais aqui existentes. Não havia concorrência. Havia controle sobre quais produtos deviam ser
produzidos e as respectivas quantidades máximas. Além disso, todos os produtos eram entregues a Portugal pelo
preço por este estipulado;

b) Momento da orientação econômica e social. Com a vida da Família Real portuguesa iniciou-se um período
de transformações sociais e econômicas, marcadas estas pela liberação dos portos aos Estados estrangeiros aliados.
Foi a época da criação do Banco do Brasil. A vinculação à Portugal, contudo, ainda imperava. A intervenção estatal no
domínio econômico era preponderante, considerando que até a produção era controlada pelo Estado. Havia uma
limitação à concorrência.

c) Momento Pós-independência. Com a independência do Brasil, criou-se um ambiente propício para se


germinar o desenvolvimento liberal da economia, o que proporcionou a concentração de capitais, com,
consequentemente, desnível social. O Brasil mantinha a intervenção estatal. Manteve-se a certa limitação à
concorrência, mas por outro lado, a livre concorrência era essencial ao florescimento do novo país.

d) Período interventivo. Com a crise econômica americana de 1929, que atingiu o Brasil se estendeu durante
toda a década de 30, foi necessária forte intervenção do Estado, principalmente na agricultura. Segundo Forgioni,
durante esse período houve um aumento quantitativo da intervenção, objetivando a prevenção de novas crises com
seus efeitos devastadores. No período, entretanto, não houve qualquer lei que regulasse o processo competitivo, sob
a visão do antitruste, já que a regulação que existia entre a limitação sob a ótica individual, como é exemplo o Código
de Propriedade Industrial.

Ainda segundo essa autora, a política anti-concorrencial no Brasil cresceu não a partir da manutenção da liberdade
econômica, mas como forma de limitação do abuso de poder econômico.

e) Início da regulação do antitruste. Com a edição do Decreto-Lei nº 7666/45, a regulamentação ao abuso do


poder econômico tomou forma específica e sistemática. Com esse diploma foi criada a Comissão Administrativa de
Defesa Econômica – CADE, vinculado e subordinado ao Poder Executivo, circunstância que limitava e politizava o
controle. Referida norma somente perdurou por 3 (três) meses. Pode-se dizer, portanto, que não havia limitação à
concorrência, senão sob uma ótica individualista.

f) O sistema brasileiro atual do antitruste. Iniciado sob a égide da CF de 1946 foi paulatinamente sendo
desenvolvido. Durante a Constituição de 1946, apesar de erigido a norma constitucional, não possuía a dimensão
sócio-econômica atual. Criou-se, em 1962 o CADE. Somente com a CF de 1988, contudo, a matéria foi alçada a
princípio e o CADE passou a deter maior independência do Poder Executivo, mediante transformação em autarquia.

Assim, a fixação de preços e a percepção de lucros não devem ser, em regra, alvo de controle pelo Estado, dentro do
Estado liberal vigente, considerando que as próprias forças de mercado são suficientes para a regularização de
preços. Tais forças, evidentemente, pressupõem desigualdades entre as entidades econômicas.

Destaque-se que apesar de o texto constitucional falar em livre iniciativa e livre concorrência, Paula Forgioni, citando
Eros Roberto Grau, sustenta que aquela é gênero da qual é espécie a livre concorrência, juntamente com a liberdade
de comércio e da indústria.

No âmbito infraconstitucional, a Lei nº 12.529/2011 tutela a livre iniciativa (e consequentemente a livre


concorrência).

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Ressalte-se que, porém, não é a simples concentração de mercado, por si só, a razão do controle. A concentração e a
restrição à concorrência baseada nas melhorias técnicas e desenvolvimento tecnológico são permitidas (são as
chamadas válvulas de escape, na nomenclatura adotada por Forgioni)

Os dispositivos visam tutelar a livre concorrência, protegendo-a contra a tendência da concentração capitalista,
cabendo ao Estado intervir somente para coibir o abuso, quando a concentração é exercida de forma anti-social, de
forma a prejudicar a livre concorrência. Quando o poder econômico passa a ser usado com o propósito de impedir a
iniciativa de outros ou passa a ser fator concorrente para o aumento arbitrário de lucros, o abuso fica manifesto.

Dessa forma, a concorrência não deve ser perseguida como um fim em si mesma, podendo ser sacrificada para que
seja atingido o escopo maior de todo o sistema.

O texto da CFRB/88 não deixa dúvidas quanto ao fato da concorrência ser, entre nós um meio, um instrumento para
o alcance de outro bem maior, de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.

Nesse passo, até algumas práticas estatais, apesar de aparentar regular determinados aspectos da atuação da
sociedade, acabam por limitar a concorrência. A propósito, destaca-se a Súmula 646/STF, convertida para SV nº 49:

Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de


estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área
Os precedentes que embasaram a súmula se referiam às farmácias, representando uma indevida reserva de
mercado. Havendo outros motivos igualmente relevantes, nada impede a estipulação de distância mínima, como
ocorre com os postos de combustíveis, em razão do risco de explosões, sendo um setor fortemente regulado pelo
Estado.

Quanto a essas conversões em súmulas vinculantes, critica-se devido a ausência de controvérsia atual que acarrete
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos, tal como exige a CR/88.

Lado outro, importante observar também a súmula 419/STF:

Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não
infrinjam leis estaduais ou federais válidas.
Essa súmula foi materialmente substituída (embora não formalmente cancelada) pela Súmula 645/STF,
recentemente convertida na SV 38: “É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial”. Observe que o Supremo não exige mais a não contradição com leis estaduais ou
federais. Isso porque o fundamento é a competência legislativa privativa para assuntos de interesse local (art. 30, I),
não mera competência concorrente suplementar (art. 24, I c/c art. 30, II = direito econômico). De toda forma, há
quem diga que a supressão na parte final não representou mudança. A exceção é o horário de atendimento bancário
que, por necessidade de padronização nacional e por se tratar de atividade financeira, é competência da União,
consoante Súmula 19/STJ. Não obstante, a jurisprudência reconhece a competência do Município para estabelecer
tempo máximo de espera na fila do banco, aproximando-se da proteção ao consumidor e não regulação da própria
atividade econômica.
Ressalte-se que o controle da concorrência atualmente empregado tem distinção com relação ao liberalismo clássico,
na medida em que aquele é qualificado pela influência social enquanto este era marcado pelo simples aspecto
econômico.

Sobre o tema da livre iniciativa, ainda importa notar os importantes julgados do STF:

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Tributário. Norma local que condiciona a concessão de regime especial de tributação à


apresentação de CND. Meio indireto de cobrança de tributo. Ofensa ao princípio da livre
atividade econômica.” (AI 798210-AgR)
É INCONSTITUCIONAL a lei que exija que a empresa em débito com a Fazenda Pública tenha
que oferecer uma garantia (ex: fiança) para que possa emitir notas fiscais. Tal previsão
configura “sanção política” (cobrança do tributo por vias oblíquas), o que viola as garantias
do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XIII), da atividade econômica (art.
170, parágrafo único) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). (STF. Plenário. RE 565048).
Embora as condicionantes tributárias para o exercício da atividade empresarial sejam
repelidas pelo STF, há precedentes quanto a indústria de cigarro, no qual legitima-se a
cassação da autorização por não recolhimento do IPI. Segundo o STF, a sonegação reiterada
e sistemática atenta contra a livre concorrência, permitindo a venda de produto em
condição privilegiada frente aos demais agentes econômicos do setor. Nesse caso não se
trata de sanção política.
5. Princípio da defesa do consumidor
Segundo ensina Leonardo Vizeu Figueiredo, o princípio da defesa do consumidor é corolário do princípio da livre
concorrência, sendo ambos princípios de integração e de defesa do mercado, uma vez que este se compõe de
fornecedores e consumidores.

Há, pois, que se buscar equilíbrio entre as empresas que atuam no mercado e entre essas e os consumidores. A livre
concorrência constitui relevante princípio da atividade econômica, propiciando a competição entre os agentes
econômicos, sendo certo que essa competição tende a gerar inegáveis benefícios aos consumidores.

6. Princípio da defesa do meio ambiente


Esse princípio diz respeito à utilização racional dos bens e fatores de produção naturais, escassos no meio em que
habitamos, o que exige a conjugação equilibrada entre os fatores de produção e o meio ambiente, que é o que se
tem designado por desenvolvimento sustentável. COP 21 (O foco é o aquecimento global e os eventos climáticos
decorrentes, tenta obter adesão dos Estados para tornar as metas obrigatórias, ao contrário da soft law da RIO 92 e
RIO+20).

Ou seja, a exploração econômica há de ser realizada dentro dos limites de capacidade dos ecossistemas,
resguardando a possibilidade de renovação dos recursos renováveis e explorando de forma não predatória os não
renováveis.

7. Redução das desigualdades regionais e sociais


Segundo ensina Leonardo Vizeu Figueiredo, esse princípio fundamenta-se no conceito de justiça distributiva, visto
sob uma perspectiva macro, no qual o desenvolvimento da Nação deve ser compartilhado por todos, adotando-se
políticas efetivas de repartição de rendas e receitas, com o fito de favorecer regiões e classes econômicas menos
favorecidas. Busca, assim, promover uma maior isonomia – no plano material – entre as diversas regiões do País.

A redução das desigualdades regionais e sociais constitui objetivo fundamental da república e deve ser perseguido
pela política econômica adotada. Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social (art. 21, IX, CFRB/88) e a lei de diretrizes e bases deve incorporar
e compatibilizar os planos nacionais e regionais (art. 174, §1º).

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Dentre os mecanismos previstos na CFRB/88 para a redução das desigualdades regionais estão os incentivos
tributários e orçamentários (art. 43 e 165, §1º). Os direitos sociais previstos no art. 6º da CF constituem parâmetros
para a aferição da desigualdade no país.

8. Princípio da busca do pleno emprego


A busca pelo pleno emprego busca propiciar trabalho para aqueles que estejam em condições de exercer uma
atividade produtiva, trata-se de princípio diretivo da atividade econômica que se opõe às políticas recessivas.

Para Eros Roberto Grau, esse princípio consubstancia uma garantia para o trabalhador, na medida em que está
coligado ao valor da valorização do trabalho humano e reflete efeitos em relação ao direito social do trabalho.

Neste sentido, Eugênio Rosa de Araújo salienta que este princípio tem caráter de norma programática, contendo, no
mínimo, eficácia negativa, no sentido de impedir a adoção de políticas econômicas e salariais recessivas e geradoras
de desemprego e subemprego ou que desestimulem a ocorrência de quaisquer ocupações lícitas, bem como impõem
ao setor privado o respeito aos direitos sociais e trabalhistas (arts. 6º e 7º, CFRB/88).

9. Princípio do tratamento favorecidos para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no país
Cuida-se de princípio constitucional impositivo de caráter conformador. Por sua vez, o art. 179 determina que todos
os entes da Federação dispensarão as MEs e EPPs tratamento jurídico diferenciado. Às MEs haverá de se outorgar
um tratamento mais favorecido do que às EPPs e a essas, tratamento mais favorecido que às empresas em geral.

A LC 147/14 promoveu uma série de alterações legislativas. Na Lei de Falências (11101/05), por ex., instituiu nova
classe de credores para as deliberações da assembleia e ampliou o plano especial de recuperação judicial que antes
admitia apenas créditos quirografários e agora pode todos (tem exceções, ex.: fiscais). Na LC 123/06, o acesso aos
mercados; quanto às licitações houve ampliação, por ex. obrigando Estados e Municípios a aplicação imediata
independente de regulamento próprio e extensão para as licitações dispensáveis em razão do valor; quanto ao
mercado externo, criou um novo regime especial aduaneiro.

2. Princípios implícitos
1. Princípio da subsidiariedade
O Poder Público atua subsidiariamente à iniciativa privada na ordem econômica.

A intervenção direta somente se dará em casos expressamente previstos no texto constitucional, ocorrendo por
absorção, quando o regime for de monopólio ou por participação, em casos de imperativo para segurança nacional
ou relevante interesse público.

Sobre o tema, recentemente o STF decidiu que intervenção no domínio econômico (instituição de plano econômico),
em que pese ser ato lícito, pode ensejar a responsabilidade civil do Estado – caso Varig (RE 571969).

2. Princípio da liberdade econômica


A liberdade de iniciativa no campo econômico compreende a liberdade de trabalho e de empreender. Pressupõe o
direito de propriedade e a liberdade de contratar. Decorre da livre iniciativa, prevista como fundamento da República
(art. 1º, IV, CF). O direito ao livre exercício da atividade econômica é conseqüência do princípio da livre iniciativa.

Limites: o Estado poderá, nos termos da lei, disciplinar o exercício desse direito. Citamos algumas formas de
limitação: a) autorização para o exercício de determinadas atividades; b) intervenção direta na atividade
econômica, nas hipóteses de relevante interesse coletivo ou em razão da segurança nacional; c) punição de atos
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praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular e reprimindo o abuso do poder
econômico que visem à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros. Tais limitações têm por fim garantir a realização da justiça social e do bem-estar coletivo.

3. Princípio da igualdade econômica


É outra vertente da livre-iniciativa, sendo instituto garantidor da liberdade de concorrência.

4. Princípio do desenvolvimento econômico


Objetiva reduzir as desigualdades regionais e sociais, visando uma igualdade real.

5. Princípio da democracia econômica


Pode ser interpretado tanto para os agentes econômicos, quanto para os trabalhadores e consumidores.

Informa que as politicas públicas devem ampliar a oferta de oportunidades de iniciativa e emprego, com chances
iguais para todos. Outrossim, garante a participação ativa de todos os segmentos sociais na propositura das
políticas públicas de planejamento econômico da Nação.

6. Princípio da boa-fé econômica


Consiste na aplicação do princípio da transparência e da publicidade nas relações de trocas comerciais dentro do
ciclo econômico de cada mercado. É instituto garantidor da simetria informativa.

5. Sistemas Econômicos (Capitalismo e Socialismo)


1. Introdução
Ensina Leonardo Vizeu Figueiredo que por sistemas ou modelos econômicos entende-se a forma pela qual o Estado
organiza suas relações sociais de produção, na qual se estrutura sua política e distribuição do produto do trabalho.
Inicialmente, o mundo adotou dois sistemas econômicos bem definidos: o capitalismo e o socialismo.

Pode-se definir meios de produção ou também modos de produção, como o conjunto formado pelos "meios de
trabalho" e pelos "objetos de trabalho", além da maneira como a sociedade se organiza economicamente.

Os meios de trabalho incluem os "instrumentos de produção" (máquinas, ferramentas), as instalações (edifícios,


armazéns, silos etc), as fontes de energia utilizadas na produção (elétrica, hidráulica, nuclear, eólica etc.) e os meios
de transporte.

Os "objetos de trabalho" são os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matérias-primas minerais,
vegetais e animais, o solo etc.). Os meios de produção servem como base em modelos de organização social.

Pois bem, para uma análise de uma sociedade é preciso primeiro verificar em que tipo de meio de produção ela se
baseia, pois sendo a produção talvez a parte mais importante da vida em sociedade, ela tem absoluta relevância na
ordem social que vigora.

O modo de produção seria uma espécie de infra-estrutura da sociedade, o modelo básico de organização social,
sendo as formas das demais instituições comunitárias reflexo desta organização.

A titularidade dos meios de produção é o traço essencial da distinção entre o sistema econômico capitalista e o
socialista. Se os meios de produção de uma sociedade são privados e a força de trabalho é livre, podemos ver essa
sociedade como sendo Capitalista. Em sendo esses meios socializados ou não privados poderemos, talvez, então
estar olhando para uma sociedade socialista.

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Obviamente, existem fatores bem mais profundos que precisam ser analisados, seja quanto aos regimes se
democráticos ou autoritários até de quem realmente está detendo o domínio desses meios produtivos ou, quanto à
cultura disseminada e arraigada de um povo.

Atualmente, continua o autor, diante das atuais necessidades econômicas internas e da nova configuração da
economia mundial, presenciamos o surgimento de modelos econômicos que mesclam tanto características
capitalistas, quanto socialistas, como se dá na República da China.

1. O capitalismo (livre-empresa)
O capitalismo é o sistema econômico no qual as relações de produção estão assentadas na propriedade privada dos
bens em geral e tem por pressuposto a liberdade de iniciativa e de concorrência. Principais características: a)
propriedade privada dos meios de produção; b) trabalho assalariado como base de mão de obra; c) sistema de
mercado baseado na livre-iniciativa e na liberdade de concorrência.
Para André Ramos Tavares, "o sistema capitalista aponta para a chamada economia de mercado, na medida em que
são as próprias condições deste mercado que determinam o funcionamento e equacionamento da economia
(liberdade)”.

Daí a idéia da "mão invisível", a regular e equilibrar as relações econômicas, entre oferta e procura". Na economia de
mercado os preços dos produtos, serviços e dos meios de produção são determinados pela proporção entre a oferta
e a respectiva procura, competindo ao Estado apenas garantir as condições para que esse sistema desenvolva-se
livremente.

Hoje é muito difícil vislumbrar-se sistemas exclusivamente de mercado. A crise econômica do capitalismo levou ao
abandono da crença de que o sistema de mercado seria um regulador de si mesmo. Assim, passou-se a admitir e até
mesmo a exigir a intervenção do Estado, para manter o equilíbrio entre a livre iniciativa e livre concorrência. Na
realidade, embora isto seja dificilmente reconhecido pela doutrina, os modelos econômicos atuais são modelos
mistos.

2. O socialismo
O socialismo, enquanto sistema de organização econômica do Estado, opõe-se frontalmente ao liberalismo
(capitalismo), pois o mercado livre é considerado como a origem da desigualdade. Este sistema propõe não
somente a intervenção do Estado, mas a supressão da liberdade da iniciativa privada e o comando do Estado na
esfera econômica. Inviabiliza-se a apropriação privada dos meios de produção.
Segundo André Ramos Tavares, "o socialismo é um modelo econômico baseado na autoridade, pressupondo-a para
alcançar sua sistemática própria. Mais claramente, exige-se uma autoridade centralizadora, unificante da
economia".
Leonardo Vizeu Figueiredo assinala que o socialismo é o sistema baseado na autoridade estatal, que centraliza e
unifica a economia em torno do Poder Central e tem como principais características: a) o direito de propriedade
limitado e, não raro, suprimido; b) a estatização e controle dos fatores de produção e dos recursos econômicos; c)
a gestão política que visa a redução das desigualdades sociais; d) e a remuneração do trabalho mediante a
repartição do produto econômico por meio de decisão do governo central.

Por fim, vale trazer à colação as noções do fenômeno da globalização e, também, de neoliberalismo.

A globalização, segundo lembra Eugênio Rosa de Araújo, implica, basicamente e de forma simplificada, na
eliminação de barreiras comerciais (possibilidade de aquisição de produtos em quaisquer países), liberação dos
mercados de capitais (realização de transações financeiras interbancárias a nível planetário) e na possibilidade de
produção independente de fronteiras, abolindo a distância e o tempo.
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Já o neoliberalismo, segundo assevera o mesmo autor, tem por palavras de ordem: menos Estado, fim das
fronteiras, desregulação dos mercados, moedas fortes, privatizações, equilíbrio fiscal e competitividade global.

O aludido autor ensina que a globalização como fenômeno econômico e social em escala planetária deu respaldo à
ideologia do neoliberalismo, que se baseia no argumento de que a liberalização do mercado otimiza o crescimento e
a riqueza no mundo e de que a tentativa de controlar e regular o mercado apresenta resultados negativos, pois
restringiria a acumulação de lucros sobre o capital, impedindo, assim, a taxa de crescimento.

Por fim, saliente-se que, após a recente crise americana de 2008/2009, que atingiu também outros países, a
discussão acerca da necessidade de uma maior intervenção do Estado na economia voltou a tona, surgindo, assim,
críticas ao neoliberalismo.

 Ponto 2 - Ordem jurídico-econômica.


Conforme aponta Gilmar Mendes, a regulação da atividade econômica é um acontecimento histórico relativamente
recente, associado que está à passagem do Estado Liberal ao Estado Social. Isto porque somente ao final da I Guerra
Mundial é que surgiu nas constituições escritas um corpo de normas destinado a reger o fato econômico.
Compunham estas normas a chamada constituição econômica, que tanto podem estar agrupadas num só conjunto
de normas, quanto virem dispersas no corpo da constituição, caso em que será chamada de constituição econômica
formal; quanto, ainda, podem abranger, além destes preceitos constitucionais, também outras normas,
infraconstitucionais, como leis ou até mesmo atos de menor hierarquia, compondo, então, a constituição econômica
material.

No Brasil, assim como se deu alhures, essa nova postura diante do fato econômico se fez sentir a partir da
Constituição de 1934, na qual foi inserido um título autônomo (“Da ordem econômica e social”), que veiculava um
discurso intervencionista bastante inovador em todos os sentidos, começando a introduzir os princípios da justiça
social e das necessidades da vida nacional, de modo a possibilitar a todos uma existência digna, além de garantir a
liberdade econômica dentro de tais limites, como elementos fundamentais para a organização da ordem econômica.

É justamente essa “Ordem jurídico-econômica” que será nosso objeto de estudo.

Já para Savatier, ordem pública é o "conjunto de normas cogentes, imperativas, que prevalece sobre o universo das
normas dispositivas, de direito privado". Numa abordagem que se aproxima da jurídica, "o conceito de ordem se
prende à correlação e correspondência hierárquica existente dentro do conjunto de normas existente dentro do
conjunto das normas, ligando as normas particulares a uma norma fundamental".

Explicado o sentido de “Ordem”, temos então que Eros Grau inicialmente definiu a ordem econômica, no mundo do
dever-ser, como (...) conjunto de princípios jurídicos de conformação do processo econômico, desde uma visão
macrojurídica, conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade econômica a determinados
fins políticos do Estado. Tais princípios (...) gravitam em torno de um núcleo, que podemos identificar nos regimes
jurídicos da propriedade e do contrato para, depois, percebendo que a ordem econômica engloba mais do que
apenas os princípios, a descrever como (...) o conjunto de normas que define, institucionalmente, um determinado
modo de produção econômica. Assim, a ordem econômica, parcela da ordem jurídica (mundo do dever-ser), não é
senão o conjunto de normas que institucionaliza uma determinada ordem econômica (mundo do ser).

Tal definição indica o conceito de Constituição econômica, definida por Vital Moreira como (...) o conjunto de
preceitos e instituições jurídicas que, garantindo os elementos definidores de um determinado sistema econômico,
instituem uma determinada forma de organização e funcionamento da economia e constituem, por isso mesmo, uma
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determinada ordem econômica; ou, de outro modo, aquelas normas ou instituições jurídicas que, dentro de um
determinadosistema e forma econômicos, que garantem e (ou) instauram, realizam uma determinada ordem
econômica concreta.

Vital Moreira faz verificações bem interessantes quanto aos sentidos da expressão ordem econômica, quais sejam:

a) modo de ser empírico de uma economia concreta, sendo um conceito de fato, e não um conceito normativo ou
valorativo (ínsito às regras reguladoras das relações sociais), mas sim algo referente às relações entre fenômenos
econômico-materiais, entre fatores econômicos concretos;

b) conjunto normativo de diversas naturezas; e

c) ordem jurídico-econômica, sendo esta a acepção que serve de objeto para esta pesquisa.

Interessante mencionarmos que a Ordem Econômica é composta de um conjunto de normas de conteúdo


econômico. Isto é, enquanto ramo do Direito, temos que o Direito Econômico materializa-se em normas jurídicas,
destacando-se, além das normas tradicionais, de conteúdo genérico e abstrato, as seguintes normas:

1- Normas-programáticas: mais uma vez evidencia-se a importância das normas programáticas, portadoras de
enunciados e de orientações sobre a ordem econômica.

2- Normas-objetivo: a norma jurídica, enquanto instrumento de governo, ultrapassa as funções tradicionais de


organização e ordenação para ter em vista a implementação de políticas públicas destinadas a cumprir fins
específicos. Exemplo das normas que estabelecem um determinado plano econômico, como a Lei do Plano Real, cuja
finalidade, em termos de política econômica, era acabar com a inflação e instituir a estabilidade econômica.

3- Norma- premiais: normas jurídicas que aplicam estímulos e incentivos.

Por fim, importante registrar que consta na nossa CF, os fundamentos desta nossa Ordem Jurídico-econômica: a)
valorização do trabalho humano; b) livre iniciativa; e c) finalidade de assegurar existência digna a todos.

Alguns Julgados:

“A exigência, pela Fazenda Pública, de prestação de fiança, garantia real ou fidejussória para
a impressão de notas fiscais de contribuintes em débito com o fisco viola as garantias do
livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (CF, art. 5º, XIII), da atividade econômica (CF,
art. 170, parágrafo único) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). () (... ) (RE 565048 RG)
“A lei questionada não viola o princípio do pleno emprego. Ao contrário, a instituição do
piso salarial regional visa, exatamente, reduzir as desigualdades sociais, conferindo
proteção aos trabalhadores e assegurando a eles melhores condições salariais.” (ADI 4364)
"(...) Constitucionalidade da Lei 8.899/94, que concede passe livre às pessoas portadoras
de deficiência. Alegação de afronta aos princípios da ordem econômica, da isonomia, da
livre iniciativa e do direito de propriedade, além de ausência de indicação de fonte de
custeio (arts. 1º, IV; 5º, XXII; e 170 da CF): improcedência. (...)" (ADI 2649)
“(...) cancelamento do registro especial para industrialização de cigarros, por
descumprimento de obrigações tributárias. (...). A defesa da livre concorrência é
imperativo de ordem constitucional (art. 170, IV) que deve harmonizar-se com o princípio
da livre iniciativa (art. 170, caput). .” (AC 1657-MC, voto do Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso)

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"É certo que a ordem econômica na Constituição de 1988 define opção por um sistema no
qual joga um papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto,
a assertiva de que o Estado só intervirá na economia em situações excepcionais. (...). O
direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao lazer são meios de complementar a formação
dos estudantes." (ADI 1950) No mesmo sentido: ADI 3512.
“Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.” (Súmula 646)
“Nestes autos, discute-se a utilização do sistema de código de barras e a exigência de
afixação de etiquetas indicativas dos preços nas mercadorias expostas à venda. (...) Nesse
sentido, não viola a Constituição a obrigação de afixar etiquetas indicativas do preço
diretamente nas mercadorias. Ademais, não prospera o argumento de invasão de
competência concorrente dos Estados. (RMS 23732, voto do Rel. Min. Gilmar Mendes)
“Constitucionalidade de atos normativos proibitivos da importação de pneus usados.
Reciclagem de pneus usados (...) (ADPF 101).
“É constitucional a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006 [veda o ingresso no
simples de pessoas em débito com o Fisco] (...) Assim, o tratamento tributário a ser
conferido nesses casos não poderia implicar desoneração, pois todos os contribuintes
estariam adstritos ao pagamento de tributos. Afirmou-se que não seria razoável favorecer
aqueles em débito com o fisco.” (RE 627543 RG)
“Contribuição social patronal. Isenção concedida às microempresas e empresas de
pequeno porte. Simples Nacional (‘Supersimples’). LC 123, art. 13, § 3º. (...) O fomento da
micro e da pequena empresa foi elevado à condição de princípio constitucional, de modo a
orientar todos os entes federados a conferir tratamento favorecido aos empreendedores
que contam com menos recursos para fazer frente à concorrência. (...).” (ADI 4033)

 Ponto 3 - Conceito. Ordem econômica e regime político.


1. Conceito
De acordo com Eros Grau é o conjunto de normas que define, institucionalmente, um determinado modo de
produção econômica, objetivando a conformação do processo econômico, a partir de uma visão macrojurídica.
Conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade econômica a determinados fins políticos do
Estado, e que institucionaliza uma determinada ordem econômica (esta no sentido de mundo do ser). Tais princípios
gravitam em torno de um núcleo, identificado na composição do contrato e da propriedade.

De conseguinte, entende-se como uma parcela da ordem jurídica, disciplinada pela Constituição e pelas leis, com o
propósito de conduzir a vida econômica da Nação, limitado e delineado pelas formas estabelecidas na própria Lei
Maior para legitimar a intervenção do Estado no domínio privado econômico.

Não obstante essa definição, segundo as lições de Eros Grau, o intérprete deverá sempre atentar para outro aspecto
da expressão em tela, porquanto poderá significar também as relações econômicas ou atividades econômicas
entravadas, entre os atores do mercado (realidade do mundo do “ser”), tal como expresso, com efeito, no caput do
art. 170 da CR/88 e também no §5° do art. 173.

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2. Ordem Econômica
A Ordem Econômica pode ser compreendida no aspecto material ou econômico – representado pelo conjunto de
riquezas presentes no território de uma nação e sujeitas ao seu ius imperii, bem como sob o aspecto formal ou
jurídico – ordenamento constitucional e legislativo que disciplina o modo de operar a atividade econômica.

O artigo 170 da Constituição inaugura o Capítulo destinado à sua regulação (aspecto formal), dotado de forte carga
axiológica, ante os preceitos fundamentais sob os quais a sociedade brasileira há de se basear: valorização do
trabalho humano; livre iniciativa; justiça social, existência digna; soberania nacional; propriedade privada; função
social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; redução das
desigualdades; busca do pleno emprego; e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.

Segundo Eros Grau, a Ordem Econômica, consoante o tratamento que lhe foi dado pela CRFB, assume duas vertentes
conceituais, sendo uma ampla e outra estrita:

Ampla: parcela da ordem de fato, inerente ao mundo do ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para disciplinar
as relações jurídicas decorrentes do exercício de atividades econômicas. É a regulação jurídica da intervenção do
Estado na economia.

Estrita: parcela da ordem de direito, inerente ao mundo do dever-ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para
disciplinar o comportamento dos agentes econômicos no mercado. É a regulação jurídica do ciclo econômico
(produção, circulação e consumo).

Para José Afonso da Silva, a Ordem econômica consiste na racionalização jurídica da vida econômica, com o fim de se
garantir o desenvolvimento sustentável da Nação.

3. Regime Político
Surge então o que se chamou de “Juridicização da Política Econômica”, que se insere no campo da economia
normativa, uma vez que prescreve formas de comportamento e atitudes que devem ser tomadas pelos agentes
econômicos e pelo Estado, tendo em vista a consecução de determinados objetivos traçados pela Ordem Econômica.

Ora, sabemos que o Estado cumpre sua função através de políticas públicas, ou seja o Estado governa através de
mecanismos jurídicos – a lei – que materializa a política econômica. Assim, é o Estado que tem competência para
fixar, determinar, estipular políticas econômicas. A política econômica é uma decorrência da necessidade do Estado
e da sociedade de traçarem as diretrizes fundamentais da economia com vistas à realização de certos objetivos,
como, por exemplo, a estabilidade econômica, o desenvolvimento ou crescimento econômico. Estes objetivos são
traçados pela Constituição, que faz as opções políticas fundamentais (art. 170 da CF).

A política econômica realiza-se em um sistema econômico já existente, liberal ou socialista, de modo que esta
política econômica pode realizar alterações no sistema econômico, adaptando-o com o fim de atingir os fins
escolhidos pelo Estado.

Ademais, a política econômica pode variar de acordo com as necessidades da época e do contexto social. Assim é
que se constata a evolução histórica da política econômica.

De conseguinte, de acordo com a teoria dominante adotada, o posicionamento estatal, em face de sua Ordem
Econômica, vai assumir feições diversas, com reflexo no texto constitucional.

Cumprem observar quais são as possíveis formas de participação do Estado nas atividades de cunho econômico
desenvolvidas em seu respectivo território. Podemos, então, identificar as seguintes formas econômicas de Estado.

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a) Estado liberal: assenta-se no respeito ao pleno exercício dos direitos e garantias por parte de seus respectivos
indivíduos, face ao avanço predatório que o modelo estatal absolutista havia até então exercido. Este modelo é fruto
direto das doutrinas de Adam Smith, para quem a harmonia social seria alcançada através da liberdade de mercado,
frente ao ambiente concorrencialmente equilibrado. Tal teoria denominou-se como “mão invisível”.

Funda-se nos princípios do dirigismo contratual (pacta sunt servanda) e autonomia da vontade. É dizer, tem como
base jurídica a livre-iniciativa (direito de qualquer cidadão exercer atividade econômica livre de qualquer restrição,
condicionamento ou imposição descabida do estado) e liberdade contratual, devendo o poder público garantir o
cumprimento das cláusulas pactuadas.

Por fim, o Estado Liberal se assenta ainda na liberdade de mercado (tal postulado se assenta na auto-organização/
auto-regulação da economia. O Estado Liberal, assim, caracteriza-se por uma postura abstencionista, uma vez que
atua de forma neutra e imparcial no que tange à atividade econômica.

Após a derrocada do modelo liberalista, ascende nova forma de atitude do Estado, não havendo mais ocorrência de
liberalismo puro, emergindo, a partir daí aspectos intervencionistas que variarão de acordo com as circunstâncias.

b) Estado intervencionista econômico: Advém com o declínio do liberalismo norte-americano, que culminou com a
quebra da Bolsa de Nova Iorque. Foi então adotado o New Deal de Franklin Roosevelt, com o federalismo
cooperativo e quebra do parâmetro ouro como medida de câmbio internacional.

Modelo esse fortemente influenciado pelos ensinamentos de John Maynard Keynes (Teoria Geral do Emprego do
Juro e da Moeda), explicitando que se devem muito mais, às políticas públicas do governo, o desenvolvimento
socioeconômico e aumento do nível de emprego, ao somatório dos comportamentos microeconômicos individuais
dos empresários.

Aqui, o estado atua com o fito de garantir o exercício racional das liberdades individuais. Assim, a política
intervencionista não visa ferir os postulados liberais, mas tão somente fazer com que o Estado coíba o exercício
abusivo e pernicioso do liberalismo.

No estado intervencionista não há preocupações sociais no sentido de se estabelecer políticas públicas para tanto,
mas sim de mera ordem técnica com a garantia da livre-iniciativa e da liberdade de mercado.

A chamada Teoria dos Jogos de Von Neuman estuda as características dos atores da economia e resultados vem a
demonstrar a probabilidade de dois ou mais agentes estejam combinando suas estratégias, concluindo conduta
cartelizada. Esta tese significou grande avanço destinado à defesa da concorrência.

O intervencionismo se dá de forma direta, na qual o estado assume a iniciativa da atividade econômica na condição
de produtor de bens e serviços ao lado dos particulares; ou, ainda, de forma indireta, na qual o estado atua
tributando, incentivando, regulamentando ou normatizando a atividade econômica. No plano jurídico, assenta-se no
princípio da defesa do mercado ou proteção à concorrência.

c) Estado intervencionista social: conhecido com Welfare State, Estado do bem estar social ou Estado Providência, é
a forma estatal de intervenção na atividade econômica que tem por fim garantir que sejam efetivadas políticas de
caráter assistencialista na sociedade, para prover os notadamente hipossuficientes em suas necessidades básicas.
Baseia-se na seguridade social.

O Estado compartilha os riscos individuais entre todos os seguimentos da sociedade, também com a cooperação
desta, buscando garantir distribuição de renda entre os que se encontrem privados de capacidade laborativa.

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Aqui, o estado se preocupa com a coletividade e com os interesses transindividuais, ficando mitigado os interesses
pessoais de cunho individualista.

Daí porque este modelo é também chamado de Estado de bem-estar social (welfare state) ou estado providência,
porque é aquele que provê uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos naturalmente
excludentes da economia capitalista sobre as classes sociais mais desfavorecidas.

No plano jurídico, o intervencionismo social consubstancia-se no princípio da solidariedade, que determina o


compartilhamento mútuo dos riscos sociais por todos os membros da sociedade. Atua, portanto, como uma grande
entidade de seguridade social, na qual a sinistralidade de eventos, como desemprego, indigência, insalubridade,
patologias, epidemias etc, tem seus custos arcados e cobertos por todos, ficando a cargo do estado efetivar as
políticas de justiça e inclusão social.

Outrossim, neste modelo o Estado assume responsabilidades sociais crescentes, em caráter de prestações positivas,
como a previdência, habitação, saúde, educação, assistência social e saneamento, ampliando, cada vez mais, seu
leque de atuação como prestador de serviços essenciais. Ademais, o Estado atua ainda como empreendedor
substituto em áreas e setores considerados estratégicos para o desenvolvimento da nação.

d) Estado intervencionista socialista: adotado no Leste Europeu, China e Cuba, inaugurado com a Revolução
Bolchevique no chamado outubro vermelho de 1914. É a forma intervencionista máxima do Estado, uma vez que
este adota uma política econômica planificada, baseada na valorização do coletivo sobre o individual.

O Poder Público passa, então, a ser o centro exclusivo para as deliberações referentes à economia. Os bens de
produção são apropriados coletivamente pela sociedade por meio do Estado, de modo que este passa a ser o único
produtor, vendedor e empregador.

A livre-concorrência e a liberdade de mercado são literalmente substituídas pelo planejamento econômico racional e
centralizado em torno do Poder Público, rejeitando-se sistematicamente, a autonomia das decisões privadas.

No plano jurídico, consubstancia-se no princípio da supremacia do interesse público e da manutenção da ordem


revolucionária, mitigando os anseios e expectativas individuais em face da vontade coletiva da sociedade.

Preocupa-se, basicamente, com o bem em comum e as necessidades da coletividade, em detrimento do liberalismo


individual. O Socialismo ainda prega a coletivização dos fatores de produção, afastando o modelo de livre iniciativa e
liberdade concorrencial.

e) Estado regulador: busca-se com este modelo um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem, contudo,
abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais, a fim de se garantir a dignidade da pessoa humana.

Caracteriza-se numa nova concepção para a presença do Estado na economia, como ente garantidor e regulador da
atividade econômica, que volta a se basear na livre-iniciativa e na liberdade de mercado, bem como na
desestatização das atividades econômicas e redução sistemática dos encargos sociais, com o fito de se garantir
equilíbrio nas contas públicas, sem, todavia, desviar o Poder Público da contextualização social, garantindo-se, ainda,
que este possa focar esforços nos serviços públicos essenciais.

O Estado adota uma solução, conhecida como Equilíbrio de Nash, segundo o qual onde não há ambientes
concorrencialmente saudáveis, a persecução do interesse privado irá, invariavelmente, conduzir aos monopólios de
consequências perniciosas.

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No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, no qual o Poder Público somente irá concentrar
seus esforços nas áreas nas quais a iniciativa privada, por si só, não consiga alcançar o atingimento das metas sociais
de realização do interesse coletivo. Assim, a iniciativa de exploração das atividades econômicas retorna à iniciativa
privada, a qual irá realizá-la dentro de um conjunto de planejamento estatal previamente normatizado para tanto,
com o fito de conduzir o mercado à realização e consecução de metas socialmente desejáveis, que irão garantir o
desenvolvimento sócio-econômico da Nação.

Evita-se, no Estado Regulador, a concentração de poder econômico e seu uso abusivo, protegendo-se a concorrência,
por meio de políticas eficazes. Garante-se aos atores do mercado o alcance de seus interesses particulares de forma
pulverizada.

Importante sempre salientar o caráter restritivo na atuação do Estado na economia (ou ordem econômica material),
consoante assentado pelo STF:

MEIA ENTRADA ASSEGURADA AOS ESTUDANTES REGULARMENTE MATRICULADOS EM


ESTABELECIMENTOS DE ENSINO (...) A livre iniciativa é expressão de liberdade titulada
não apenas pela empresa, mas também pelo trabalho. Por isso a Constituição, ao
contemplá-la, cogita também da "iniciativa do Estado"; não a privilegia, portanto, como
bem pertinente apenas à empresa.(...) Exemplo atual: Lei 13179/15 obrigando e
disciplinando a venda de meia-entrada para eventos culturais também pela internet.

 Sujeitos econômicos.

Os sujeitos do Direito Econômico são também denominados de agentes econômicos.

*Nota: a expressão “agentes econômicos” refere-se, no direito concorrencial, às empresas, em regra.

Para entender o que vem a ser “sujeitos” do direito econômico, antes, é necessário tratar do OBJETO desse ramo.
Nesse sentido, vale a menção a alguns conceitos sobre o DE:

“Direito econômico é o ramo do direito que tem por objeto a ‘juridicização’, ou seja, o
tratamento jurídico da política econômica e, por sujeito, o agente que dela participe. Como
tal, é o conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos
interesses individuais coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para
tanto, utiliza-se do ‘princípio da economicidade’.” (Primeiras Linhas de Direito Econômico.
Washington Peluso Albino de Souza. 6ª edição. São Paulo: LTr, 2005).
“corpo orgânico de normas condutoras da interação do poder público e do poder
econômico privado e destinado a reger a política econômica” (Direito Econômico. João
Bosco Leopoldino da Fonseca. Rio de Janeiro: Forense, 2010)
O direito econômico tem como objeto a “possibilidade do Estado interferir na atividade
econômica para ordenar o mercado, nos moldes previamente definidos em sua ordem
econômica”. (Direito Econômico. Fabiano Del Masso. Elsevier, 2007)
Consoante leciona Washington Albino, os agentes tratados na disciplina do direito econômico dinamizam a vida da
sociedade e são, principalmente:

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“- os indivíduos, o Estado, as empresas, os organismos nacionais, internacionais e


comunitários, públicos ou privados;
- aqueles caracterizados com relação aos chamados “interesses difusos”, que tem como
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
- os que se revelam nos “interesses coletivos”, tendo como titular grupo, categoria ou classe
de pessoas ligadas entre si, com a parte contrária, por uma relação jurídica base;
- os referentes aos “interesses individuais homogêneos”, que decorrem de origem comum.”
Cada um desses agentes atua munido com “poder de ação econômica”, figurando o direito econômico como um
meio de harmonizar essa prática das atividades pelos diversos sujeitos. Isto é, identifica-se uma RELAÇÃO de direito
econômico entre o indivíduo, o Estado, a empresa e os demais entes, pois cada qual segue uma linha político-
econômica formada “pela ideologia institucional na defesa de seus respectivos interesses” (expressão de Washington
Albino).

Sinteticamente, podemos elencar os seguintes sujeitos do Direito Econômico:

1- O Estado: Também é considerado sujeito de direito econômico porque é responsável pela edição das normas que
materializam a política econômica, e porque pode intervir no domínio econômico de diversas maneiras (como a
atuação direta).

2- Os indivíduos: na sua manifestação de seu trabalho, como consumidor de bens ou serviços ou como usuário de
serviços públicos.

3- As empresas: enquanto unidades de produção de bens e serviços e também enquanto consumidoras.

4- A coletividade: são os sujeitos indetermináveis ou indeterminados de direito, titulares de interesses difusos,


coletivos ou individuais homogêneos.

5- Órgãos internacionais ou comunitários.

Uma breve consideração acerca dos sujeitos da ordem econômica internacional.

Nos termos da classificação de Leonardo Vizeu Figueiredo: “Os sujeitos da Ordem Econômica Internacional são as
entidades, ou seja, aqueles a quem se reconhece personalidade jurídica e que atuam na formação e concretização
das normas de Direito Internacional, a saber, os Estados e os Organismos Internacionais, de modo que somente estes
podem adquirir direitos e contrair obrigações no plano internacional. Por sua vez, os atores internacionais são todos
aqueles que influem na formação destas normas, como as Empresas Transnacionais”.

Por possuírem personalidade jurídica de direito internacional própria, conforme previsto no art. 34 do Protocolo de
Ouro Preto (Decreto 1901/96), os organismos internacionais são considerados sujeitos econômicos.

A noção dos estados soberanos como sujeitos econômicos associa-se à própria ideia de Estado atrelado ao conceito
de soberania.

Quanto aos organismos internacionais, sua evolução como sujeitos econômicos ocorreu após a eclosão da 2ª Grande
Guerra diante da progressão do aumento das necessidades, ora comuns, ora conflitantes dos membros da
comunidade internacional, constituindo (os OIs) um instrumento de abreviar as negociações e maximizar resultados
comuns mais vantajosos. Esta ordem econômica internacional tem por “finalidade constituir unidade que leve em
conta a heterogeneidade, a diversificação dos ordenamentos nacionais” (expressão de Leopoldino da Fonseca).

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Segundo João Bosco Leopoldino da Fonseca, essa unidade heterogênea a cargo da ordem econômica internacional
existe na medida em que a “interdependência econômica é irrefragável [que não pode ser contestada] e a
coexistência pacífica é uma condição irrecusável de sobrevivência”, lecionando, ainda, que existem dois aspectos a
serem observados nos sujeitos dessa categoria:

1) institucional (“o ordenamento, pelo conjunto coerente de regras jurídicas com função de concretizar os ideais
políticos, econômicos e sociais”); e

2) pessoal (“focaliza as pessoas que atuam na formação e concretização de tais normas”).

M. ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL

DIREITOS E DEVERES FUNCIONAIS DA MAGISTRATURA.

Vige, em nosso ordenamento jurídico, o princípio da separação dos Poderes, sendo tão importante a ponto de
configurar cláusula pétrea (art. 60, §4, III, da CF), não podendo ser objeto de deliberação qualquer emenda à
Constituição tendente a abolir a separação entre os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
Nos termos constitucionais, é possível afirmar que o judiciário é Poder da República e seus integrantes são titulares
de uma parcela da soberania estatal.
O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos, nos termos do art. 92 da CF: a) Supremo Tribunal Federal; b)
Conselho Nacional de Justiça; c) Superior Tribunal de Justiça; d) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; e)
Tribunais e Juízes do Trabalho; f) Tribunais e Juízes Militares; h) Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.
A partir da natureza estrutural e organizacional do poder político, na sua repartição horizontal, coube ao Poder
Judiciário privativamente a função estatal da jurisdição, mediante a atuação de vontade do direito nos casos
concretos, por intermédio do processo judicial, sendo responsável pela pacificação social.
A divisão da estrutura judiciária brasileira é o resultado da repartição racional do trabalho da mesma natureza entre
distintos órgãos jurisdicionais, pois o Poder Judiciário é uno, assim como é una a sua função precípua, que é a
jurisdição, dotada do mesmo conteúdo e da mesma finalidade sempre.
São características da jurisdição: a) Lide: É um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida; b)
Inércia: os órgãos jurisdicionais, em regra, dependem de provocação das partes (arts. 2º e 262 do CPC), salvo
algumas exceções, como o inventário de ofício; c)Definitividade: toda decisão jurisdicional tem a tendência de se
tornar imutável, não impugnável, formando coisa julgada. Após o seu trânsito em julgado, a sentença é revestida do
caráter da imutabilidade, não podendo ser modificada, salvo exceções, como a desconstituição por meio de ação
rescisória; d) Escopo de atuação do direito – a atividade jurisdicional tem por objetivo aplicar o direito ao caso
concreto, restabelecendo a paz social; e) Substitutividade – cabe ao Estado resolver os litígios, substituindo a
atividade das partes;
A jurisdição é nacional e não comporta divisões. O Poder Judiciário não é federal nem estadual, e sim nacional. O
Poder Judiciário é um poder único que se positiva por meio de vários órgãos estatais: federais e estaduais.
São instituídos organismos distintos para uma divisão racional do trabalho, atribuindo-se a cada um deles uma fatia
do total das numerosas causas que são processadas no país.
Para a distribuição de competência, são levados em conta critérios como a natureza da relação jurídica material
controvertida, a qualidade de quem figurará como parte e, notadamente, o interesse público com o propósito de
assegurar aos cidadãos a melhor prestação jurisdicional.
O Estado atribui a determinadas pessoas a função de prover os órgãos e de agir em nome dele, e qualquer ato que
pratiquem investidos de jurisdição é atribuído ao próprio Estado, daí porque a natureza do cargo de juiz ser a de
agente político, que exerce suas atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias estabelecidas na
Constituição e em leis especiais.
Regime jurídico é o conjunto de regras de direito que regulam determinada relação jurídica.
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No caso da magistratura nacional, a Lei Complementar 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) –
é o regime jurídico único nacional a ser observado.
A LOMAN não somente prevê direitos, deveres, vantagens e obrigações aos magistrados, mas também assegura o
pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação dos limites institucionais conferidos ao Judiciário nacional.
A importância de Lei Complementar para reger a carreira da magistratura reside no fato de o constituinte ter
interpretado que determinadas matérias, nada obstante a sua relevância, não poderiam ser regulamentadas em
sede constitucional, sob pena de dificultar-se eventual processo de alteração, tampouco poderiam comportar
alterações constantes em processo legislativo ordinário.
Em diversos precedentes, o STF já afirmou que a LOMAN foi recepcionada pela CF de 1988, de modo que seus
dispositivos são com ela compatíveis e têm plena vigência (ADI 841-QO; ADI 1152-MC; ADI 1503; ADI 4108-REF-MC).
Emendas à CF/88 já imprimiram significativas mudanças na organização e disciplina do Poder Judiciário, inclusive
estabelecendo, no art. 93 que “Lei complementar, de iniciativa do STF, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”.
Entretanto, enquanto não editada a nova lei, permanece em plena vigência a Lei Complementar nº 35/1979, com
interpretação necessariamente a partir das normas constitucionais que tratam da matéria.
A magistratura é uma carreira jurídica, cuja forma mais comum de ingresso é o concurso público de provas e títulos.
O provimento dos cargos públicos pode acontecer de duas formas: originário e derivado.
O provimento originário ocorre quanto o agente não está no quadro e presta concurso para ingressar.
O provimento derivado ocorre quando o agente já está no quadro e nele vai movimentar-se, de forma horizontal ou
vertical.
Ou seja, existem as entrâncias inicial, intermediária e final. A movimentação é horizontal quando o juiz fica na
mesma entrância (remoção ou permuta). Por outro lado, a movimentação é vertical quando o juiz vai de uma
entrância para outra, por promoção ou acesso ao Tribunal.
O ingresso na magistratura de carreira pressupõe concurso público de provas e títulos, com a participação do
Conselho Seccional da OAB em todas as fases, nos termos do art. 78 da LOMAN.
Observando-se a ordem de classificação, o aprovado no concurso será nomeado e investido no cargo de Juiz
Substituto, no qual permanecerá por um período auxiliando ou substituindo magistrados mais experientes, antes de
se tornar juiz titular.
É possível que se estabeleça curso preparatório (art. 78, § 1º da LOMAN). Sendo assim, é admissível que os tribunais
criem o curso, que será tido como uma etapa do processo seletivo. Em SC já funciona dessa forma.
A partir da EC nº 45/04, há imposição constitucional acerca da exigência de3 anos de atividade jurídica como
requisito para a nomeação do juiz. Esta matéria encontra-se regulamentada na resolução nº 11/06 do CNJ, cujo art.
2º preceitua que “considera-se atividade jurídica aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito, bem
como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização
preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra atividade
anterior à colação de grau”. Nessa toada, o STF tem admitido o exercício de atividades jurídicas de escrivão de
polícia, oficial de justiça, etc.
Há uma discussão a respeito da exata contagem do prazo. Segundo o artigo 5º da resolução supramencionada, deve-
se completar esse prazo com a inscrição definitiva no concurso. Atualmente, o STF entende que a contagem é feita a
partirda conclusão do curso de Direito (e não da colação de grau) até a data da inscrição definitiva.
Conforme exigência do art. 78, §1º da LOMAN, “os candidatos serão submetidos a investigação relativa aos aspectos
moral e social, e a exame de sanidade física e mental, conforme dispuser a lei”. Geralmente essa investigação é feita
através de consulta a pessoas com as quais o candidato trabalhou, com o objetivo de obter informações para
verificar a sua conduta. Porém, é necessário deixar claro que essa investigação não é determinante, embora sirva
como apoio para saber se o magistrado terá condições de exercer o seu cargo.
O recrutamento dos juízes por seleção, impingindo a escolha dos mais capacitados com idêntica oportunidade a
todos, é uma caracterização de meritocracia, atendendo exatamente ao ideal democrático.
Durante os dois primeiros anos na carreira, prazo necessário para aquisição da vitaliciedade, o Poder Judiciário
verificará, por meio de seus órgãos internos de controle, se o magistrado atende aos requisitos para a integração
definitiva nos quadros da Magistratura.
O segundo grau de jurisdição admite outras formas de acesso.O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância.
Nos termos do art. 94 da CF/88, “um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados,
e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de
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carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes”.
Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (art. 94, parágrafo único da CF).
Os Tribunais são majoritariamente compostos por juízes, cujo provimento se dá mediante promoção, que é a
ascensão vertical na carreira.
A promoção na carreira submete-se à regra da alternância entre os critérios de antiguidade e merecimento.
A Constituição Federal, em seu artigo 93, II, dispõe que a promoção se dará de entrância para entrância,
alternadamente, por antiguidade e merecimento. Esses critérios são válidos tanto para a promoção horizontal (de
entrância para entrância) quanto para a promoção vertical (de um grau de jurisdição para outro).
É interessante lembrar que entrância é diferente de instância.
Entrância é cada um dos segmentos (divisões) que compõem o primeiro grau de jurisdição. As comarcas, na Justiça
Estadual, são unidades jurisdicionais que, apesar de assemelharem-se, não coincidem necessariamente com os
municípios. Elas são classificadas em entrâncias de acordo com sua população, desenvolvimento, complexidade ou
por outros critérios fixados pelo legislador. Na Justiça Federal, por sua vez, há Seções judiciárias (capitais) e
Subseções Judiciárias (interior).
Por outro lado, instância correspondente ao grau de jurisdição. O princípio do duplo grau de jurisdição assegura ao
vencido a interposição de recurso para reexame de seu pleito em um grau superior da jurisdição, o segundo grau.
Quanto à promoção vertical, como dito, se dá através de antiguidade ou merecimento.
A antiguidade é critério meramente cronológico. É mais antigo aquele que permanece na carreira por mais tempo.
Será o primeiro da lista elaborado de acordo com a ordem de ingresso na carreira ou no segmento considerado
(entrância).
Merecimento é mérito, mas sua aferição obedece a parâmetro duplo, pois o mérito é verificado em conjunto com
um mínimo de antiguidade.
Conforme entendimento do STF, a norma vigente ao tempo da posse dos interessados acerca do critério de
antiguidade deve prevalecer para todos os fins.

MANDADO DE SEGURANÇA. PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE DE MAGISTRADOS. CRITÉRIO


DE DESEMPATE. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO AO ESTADO. NORMA POSTERIOR. EFEITOS
RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA IRRETROATIVIDADE DA
NORMA, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. CRITÉRIOS
DIFERENTES DAQUELES PREVISTOS NA LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL -
LOMAN. CONTRARIEDADE AO ART. 93 DA CF. ORDEM DENEGADA. 1. O princípio da
irretroatividade das normas e da segurança jurídica, na sua dimensão subjetiva densificada
pelo princípio da proteção da confiança, veda que norma posterior que fixe critérios de
desempate entre magistrados produza efeitos retroativos capazes de desconstituir uma
lista de antiguidade já publicada e em vigor por vários anos. 2. (...). O tempo de serviço
público como critério de desempate em detrimento da ordem de classificação no concurso
para o cargo de juiz foi introduzido pela Lei Complementar estadual nº 281/07, que inseriu
o parágrafo único no art. 159 do Código de Organização Judiciária do Estado do Mato
Grosso (Lei nº 4.964/85). 4. A legislação estadual não pode modificar matéria de
competência de Lei Complementar nacional da magistratura, disciplinando critérios de
desempate entre magistrados, esvaziando o animus do constituinte de criar regras de
caráter nacional. Precedentes: ADI 4042; ADI 2.494 e na ADI 1422. (...) (MS 28494)

Na apuração de antiguidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois
terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até
fixar-se a indicação.
Os cargos vagos, bem como os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam afastados cautelarmente do exercício
da função jurisdicional, não devem ser computados para o fim de determinação do referido quórum. Contudo,
devem ser levados em consideração os cargos preenchidos por membros afastados em caráter eventual, nesses
incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos
transitórios.
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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – ATUAÇÃO. O Conselho Nacional de Justiça atua no


campo administrativo, devendo ter presente a independência versada no artigo 935 do
Código Civil. PROMOÇÃO – MAGISTRADO – ANTIGUIDADE – QUÓRUM – APURAÇÃO. O
quórum de dois terços de membros efetivos do Tribunal ou de seu órgão especial, para o
fim de rejeição de juiz relativamente à promoção por antiguidade, há de ser computado
consideradas as cadeiras preenchidas e aqueles em condições legais de votar, observadas
ausências eventuais. (MS 31357)

Conforme art. 93, II, e da CF, “não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver os autos em seu poder além
do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão”.
A promoção por merecimento pressupõe 2 anos de exercício na primeira quinta parte da lista de antiguidade desta,
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. A finalidade de tais requisitos é impedir que, a
pretexto de se atender ao critério de merecimento, fosse promovido um juiz distanciado da antiguidade.
Note-se que, excepcionalmente, e em atenção ao interesse público de provimento da unidade jurisdicional por um
juiz titular, nos termos do artigo 93, II, b da CF, poderá ser promovido por merecimento um juiz que não tenha o
biênio na entrância e não esteja na primeira quinta parte da lista de antiguidade, e isso acontecerá se não houver
tais requisitos quem aceite o lugar vago.
Para se aferir o mérito no critério de merecimento, a CF/88, em seu art. 93, II, c, previu 05 elementos: desempenho,
produtividade, presteza, frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
A partir dos ensinamentos de José Renato Nalini, tais elementos são delineados na forma a seguir:
a) Desempenho: é conceito indeterminado que não pode ser medido pela produtividade nem pela celeridade.
Desempenho é um complexo de atributos, que envolve a atuação integral do juiz, e que corresponde a um conjunto
de qualidades a evidenciar que o magistrado é de fato vocacionado;
b) Produtividade e Presteza: devem ser aferidos com objetividade. Produtividade não significa mera quantificação
de decisões. Julgar muito nem sempre significa julgar bem, no sentido de conferir ao litígio a solução mais equânime.
Por outro lado, a presteza é a reiteração da insistência com que o constituinte almeja que o juiz brasileiro seja célere
na outorga da jurisdição.
c) Frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento: atualmente, a ascensão
funcional do juiz, mediante o sistema de promoções, depende também de cursos específicos. A promoção por
merecimento não pode prescindir do compromisso permanente de cada magistrado com o seu projeto pessoal de
aprimoramento. Com a EC 45/04, as Escolas da Magistratura obtiveram condição diferenciada, com vistas à
realização de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento e promoção de magistrados.
É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento
(artigo 93, II, a, da CF).
Os juízes que ingressam nos tribunais por força do quinto constitucional estão liberados de todas essas exigências
(art. 94 da CF). Tais magistrados são vitalícios a partir da nomeação, não se sujeitando a cursos de preparação, nem
de aperfeiçoamento.
O quinto constitucional corresponde à destinação de vinte por cento dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais dos Estados e do DF e Territórios membros do Ministério Público e advogados, como já referida.
Segundo o STF, o quinto constitucional, quando eventualmente não observado, não gera por si só a nulidade do
julgado, mercê da incidência do princípio pas de nullité sans grief.
Os integrantes do quinto constitucional devem ter mais dez anos de advocacia ou de carreira, além da reputação
ilibada e notório saber jurídico. A partir da EC 45/2004, a CF passou a conter mais duas regras referentes ao quinto
constitucional: quanto à composição do TST (art. 111-A) e dos TRT’s (art. 115).
Na Magistratura de carreira dos Estados, a remoção precede ao provimento inicial e à promoção por merecimento.
As normas incidentes sobre a promoção também valem, no que couber, para a remoção a pedido do juiz.
O princípio da inamovibilidade, assegurado aos magistrados, não obriga a promoção ou remoção, sem que o cargo a
ser ocupado esteja vago.

Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO – ATUAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA –


LIMITES OBJETIVOS. O Conselho Nacional de Justiça não está sujeito aos limites objetivos
do processo civil, podendo, em prol dos princípios básicos referentes à Administração
Pública, atuar de ofício. MAGISTRATURA – CONCURSO DE REMOÇÃO – OPORTUNIDADE. O
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concurso de remoção pressupõe encontrar-se vago o cargo envolvido. MAGISTRATURA –


MODIFICAÇÃO DA ENTRÂNCIA – JUÍZO – TITULAR – PRESERVAÇÃO DO EXERCÍCIO.
Ocorrendo a modificação da natureza do Juízo, passando este a ser de entrância de maior
envergadura, cumpre preservar a situação do magistrado que o exerce. (MS 26366)

Ou seja, se a lei eleva a comarca para outra instância superior (ex: de entrância intermediária para final), o juiz que lá
é titular não pode ser removido compulsoriamente em virtude dessa transformação. Aplica-se, no caso, a Súmula 40
do STF: A elevação da entrância da comarca não promove automaticamente o Juiz, mas não interrompe o exercício
de suas funções na mesma comarca. Logo, mesmo tendo havido essa transformação, o TJ não pode abrir edital para
remoção ou promoção dessa comarca. Deve-se aguardar o magistrado decidir deixar a vaga. Atenção: o magistrado
é inicialmente nomeado para uma comarca de entrância (“nível”) inicial e, com o tempo, vai sendo promovido para
comarcas de entrância intermediária e especial (a nomenclatura irá variar de acordo com o TJ).
No que tange à nomeação dos membros dos Tribunais Superiores, não existe qualquer pertinência com a carreira da
magistratura.
Trata-se de escolha do Presidente da República, cujas exigências são: que o candidato tenha entre 35 e 65 anos,
notável saber e reputação ilibada. Após indicação pelo PR, o nome do ministro é submetido a sabatina pelo Senado.
O STF compõe-se de onze ministros, compostos de cidadãos escolhidos entre cidadãos com mais de35 e menos de
65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
O STJ compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros, que serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros
com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:a) Um terço dentre juízes dos TRFs indicados em lista
tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; b) Um terço dentre desembargadores dos TJ indicados em lista tríplice
elaborada pelo próprio Tribunal; c)Um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do MPF, MPE e MPDFT,
alternadamente, indicados na forma do art. 94 do CF.
O TST compor-se-á de 27 Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:a) Um quinto dentre
advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais dentre juízes dos
Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
O TSE compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos, mediante eleição, pelo voto secreto, de três juízes
dentre os Ministros do STF e de dois juízes dentre os Ministros do STJ. Além disso, dois juízes serão indicados pelo
STF dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo Presidente da República.
O TSE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do STF, e o Corregedor Eleitoral dentre os
Ministros do STJ.
O STM compor-se-á de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
indicação do Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do
Exercício, ativa e do posto mais elevado do mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente República dentre brasileiros maiores de 35 anos, sendo: a) Três
dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional;b) Dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
Os TRFs compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo
Presidente República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65, sendo: a) Um quinto dentre advogados com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de
carreira; b) Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e
merecimento, alternadamente.
Os TRTs compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados
pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos 65anos, sendo: a) Um quinto dentre
advogados com mais dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais, mediante promoção
de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Os TREs compor-se-ão de sete juízes. Os membros são escolhidos mediante eleição, por voto secreto, de dois juízes
dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, de dois juízes dentre os juízes de direito escolhidos pelo Tribunal

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de Justiça ede um juiz do TRF (ou juiz federal escolhido pelo TRF caso não seja sede). Além disso, dois juízes serão
indicados pelo Tribunal de Justiça dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo Presidente da República.
O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente, e o Vice-Presidente, dentre os desembargadores.
Quanto aos Tribunais de Justiça, os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na
Constituição Federal.
A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
iniciativa do Tribunal de Justiça.
O Tribunal de Justiça instalará justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Foram extintos os Tribunais de Alçada e seus membros passaram a integrar os Tribunais de Justiça dos respectivos
Estados, respeitadas a antiguidade e classe de origem (art. 4º da EC 45/2004).
Com fundamento no art. 96, I, a, “compete privativamente aos tribunais eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
regimentos internos”, estando pacífico o entendimento do STF no sentido de que apenas os desembargadores
podem participar de tal eleição, sendo inconstitucional a norma estadual que possibilitar a participação de juízes
vitalícios.

1. Ponto 2 - Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura

Segundo a CF/88, o regime jurídico da magistratura será definido pelo estatuto da magistratura (art. 93 da CF).
É inconstitucional a criação de órgãos de fiscalização por lei estadual, já que nenhum diploma normativo que diga
respeito a regime jurídico da magistratura poderá ser editado por lei que não seja da iniciativa do STF. Daí porque
qualquer ato administrativo ou legal que não siga esse parâmetro do artigo 93 é inconstitucional.
O quórum de aprovação do Estatuto da Magistratura é a maioria absoluta (lei complementar). Tal estatuto terá
amplitude imensa, desde a observância dos princípios constitucionais até o estabelecimento das atribuições do CNJ.
Atualmente, esse Estatuto não existe, então o regime jurídico da magistratura é disciplinado pela LOMAN, à luz da
Constituição. Esse estatuto da magistratura vai substituir a LOMAM.
Segundo a LOMAN, é dever do magistrado “cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as
disposições legais e os atos de ofício” (art. 35, I da LOMAN).
Cumprir e fazer cumprir as disposições e os atos tem uma amplitude bastante abrangente, incluindo desde a fase de
conhecimento até a fase de execução, bem como não só os atos judiciais examinados, como também as atividades
dos escrivães, etc.
É também dever do magistrado “não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar” (art. 35, II
da LOMAN).
A regra, infelizmente, tem sido o extrapolamento dos prazos, porque o volume de processos hoje é muito grande,
está muito além daquilo que o legislador infraconstitucional imaginava que iria. A organização mundial da saúde
recomenda que cada magistrado trabalhe com cerca de 500 feitos distribuídos por ano, o que, via de regra, não
ocorre no Brasil. Os tribunais, até por questões orçamentárias, estão procurando novas formas de suprir essas
dificuldades. Existem certas técnicas de organização judiciária e de racionalização do trabalho que precisam ser
utilizadas.
Uma das soluções é possibilitar que os atos de mero expediente sejam delegados aos escrivães. É o que se chama de
delegação de atos à serventia. Essa hipótese que já era prevista no CPC foi explicitamente consignada na CF (EC nº
45/04). O juiz pode realizar uma disciplina dessa matéria através de portaria, por exemplo. Nos estados, as
corregedorias podem estabelecer normas que disponha sobre isso. É uma tecnologia que deve ser estimulada e deve
ser usada como forma de diminuir a quantidade de conclusões.
Há mais, hoje se discute o processo digital, e essa é uma realidade, essa transformação está ocorrendo
paulatinamente, e visa resolver problema de tempo e de espaço físico na vara.
Devido à enorme carga de demanda, o STJ tem utilizado um sistema de fundamentação adequada, mas não
exaustiva; significa dizer que os acórdãos são redigidos de forma extremamente bem elaborada mas dentro daquela
extensão necessária para a resolução do litígio.
Atualmente, o CNJ tem exigido que o magistrado tenha um conhecimento administrativo da atividade jurisdicional.
O magistrado excelente hoje é aquele que detém conhecimento, não só jurídico e ético, mas em especial detém
conhecimento de administração, capaz de organizar e resolver problemas dentro do cartório.

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O Juiz, por exemplo, precisa ter conhecimento de informática, porque em função das inúmeras demandas
repetitivas, as sentenças são produzidas em série; um dos recursos existentes são as tabelas processuais unificadas,
utilização de certas classificações comuns nos processos que permitem a identificação de causas semelhantes,
prolatando-se sentenças de igual teor, apenas com pequenas adaptações para o caso concreto.
O prazo máximo admissível pelo CNJ para que uma sentença seja prolatada é de 100 dias.
Também é dever do magistrado “determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem
nos prazos legais” (art. 35, III da LOMAN), bem como “tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério
Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a
qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência” (art. 35, IV da
LOMAN).
A urbanidade é o tratamento com educação e cortesia (conforme Código de ética), não existindo poder hierárquico
sobre os advogados e membros do Ministério Público.
São deveres do magistrado, ainda, “residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver
subordinado” e “comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término” (arts. 35, V e VI da LOMAN). Quanto à residência na comarca, cada tribunal
tem critérios específicos para a regulamentação dessa autorização, segundo o CNJ.
Por fim, são também deveres do magistrado “exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no
que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes” e “manter conduta
irrepreensível na vida pública e particular” (art. 35, VII e VIII da LOMAN).
O juiz, no exercício da jurisdição, é o responsável direto por aplicar as sanções administrativas em face de faltas
funcionais dos servidores que lhes estão vinculados. Os juízes, mais do que qualquer outro cidadão, devem
observância às normas legais, cumprindo-as e exigindo o mesmo dos seus subordinados.
No que tange às custas e emolumentos, são modalidades de tributos (taxas) segundo o STF. Há uma diferença entre
custas e emolumentos. As custas são exigidas para o custeio das atividade dos escrivães judiciais, ou seja, são
exigidas no processo judicial. Por outro lado, emolumentos são valores devidos aos agentes delegados do foro
extrajudicial (registradores de notas, tabelionato de notas, protestos). Há distinção também quanto ao termo
“despesas processuais”, pois despesas processuais são os dispêndios que não constituem custas nem emolumentos,
que são feitos para saldar determinados eventos processuais, como por exemplo, o deslocamento do oficial de
justiça, que é pago através de despesas processuais.
Em todos esses casos o magistrado tem o dever funcional de velar pela exata cobrança, ou seja, se houver cobrança
excessiva ou a menor, ou irregular cobrança, o magistrado tem o dever funcional de apurar os fatos, determinar o
recolhimento correto e ainda apurar administrativamente uma falta funcional.
É dever do juiz, por ser um membro de Poder da República, atender ao decoro que o cargo exige, mantendo conduta
irrepreensível tanto na vida pública quanto na privada. Esta talvez seja a baliza mais importante para a construção
do código de ética da magistratura, porque manter conduta irrepreensível é uma clausula aberta, que permite
amplíssima interpretação, que varia conforme o momento histórico e social.
Nos termos do art. 93, IX da Constituição, o juiz tem o dever de fundamentar suas decisões. A ausência de
fundamentação constitui quebra de dever funcional. Porém, não se pode confundir ausência de fundamentação com
fundamentação insuficiente.
Outro dever funcional do magistrado é prestar as informações aos órgãos de segunda instancia a respeito de suas
atividades e dos processos que excederam carga, nos termos do art. 39 da LOMAN (até o dia dez de cada mês).
O CPC dispõe, no art. 125, que o juiz deve “assegurar às partes igualdade de tratamento”, “velar pela rápida solução
do litígio”, “prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça”, bem como “tentar, a qualquer
tempo, conciliar as partes”.
Ao juiz incumbe a direçao do processo, conferindo-lhe impulso oficial (art. 262 do CPC), para que o caso levado à
apreciação jurisdicional seja resolvido com justiça.
Existe o dever de declarar-se suspeito ou impedido de ofício, quando ocorrer alguma das hipóteses para tanto.
Talvez o dever de maior importância do magistrado seja a observância da razoável duração do processo, insculpido
no art. 5º , LXXVIII da CF.
Significa que o juiz deve conduzir o processo da forma mais célere possível, evitando delongas. Isso pode constituir
falta funcional, agora baseado no artigo 5º. Como é que se examina isso? Tem se desenvolvido uma tecnologia para
prever a duração razoável do processo. O CNJ considera prazo não razoável aquele que ultrapassa em 4 anos o prazo
final (foi tirada uma conclusão pela meta 2 de nivelamento, ou seja, aqueles processo distribuídos até 31.12.2005 e
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não julgados até 31.12.2009). Então a meta 2, na medida do possível, está sendo aplicada por todos os tribunais do
país, e esse é o conceito de razoável duração do processo atualmente, mas não há nenhuma vinculação científica ou
metodológica para esse critério, de fato que não existe explicação de como se chegou a essa conclusão.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos traz três critérios objetivos para aferir a razoabilidade: a complexidade da
causa, o comportamento das partes, e o modo de conduçao do processo pela autoridade. Tais critérios objetivos
oferecem um maior balizamento para “a doutrina do não prazo”, adotada pela corte europeia e pelos tribunais
brasileiros.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos, via de regra, ao analisar um processo de alegada violação à duração
razoável do processo, o faz através de três passos: em primeiro lugar, o tribunal analisa a efetiva duração do
processo fixando o período a ser considerado; após, considera os critérios objetivos para aferição da razoabilidade
do prazo; finalmente, pronuncia-se sobre a violação do direito e sobre o pedido formulado.
A tentativa de conciliar as partes é obrigatória para o juiz. Essa atividade é decorrente do ofício do magistrado.
Entretanto, na tentativa de fazer as partes anteverem as possibilidades de sucesso e de fracasso de suas pretensóes,
nao deve o juiz prejulgar a causa, tampouco exteriorizar seu entendimento sobre o mérito.
A proposito dos deveres dos magistrados, importante também a leitura da norma encartada nos artigos 445 e 446,
ambos do CPC.
De acordo com o art. 445 do CPC, o juiz exerce o poder de policia, competindo-lhe: manter a ordem e o decoro na
audiência, ordenar que se retirem da sala da audiencia os que se comportarem inconvenientemente, e requisitar a
força policial. Quanto à requisição de força policial, o art. 794 do CPP tem o mesmo sentido.
Além disso, o CPC (art. 446) dispõe que compete ao juiz, em especial, dirigir os trabalhos da audiência, proceder
direta e pessoalmente a colheita das provas, e exortar os advogados e o órgão do Ministério Publico a que discutam
a causa com elevação e urbanidade.
Para o cumprimento dos deveres funcionais outrora elencados, existem diversas garantias.
São basicamente duas as garantias da magistratura: garantias institucionais e garantias funcionais.
As garantias institucionais são garantias previstas na lei, necessárias à independência do Poder Judiciário como
instituição. Tais garantias subdividem-se em autonomia orgânico-administrativa e autonomia financeira.
Na autonomia orgânico-administrativa, os tribunais têm a prerrogativa constitucional de se auto-organizarem
administrativamente (art. 96, I da CF), ou seja, tudo que diz respeito ao tribunal deve ser regulado por ele. Tal
garantia trata-se de decorrência do pacto federativo.

Art. 96. Compete privativamente:


I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento
dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando
pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados.

Por outro lado, a garantia da autonomia financeira significa que cada tribunal elabora sua proposta orçamentária. No
âmbito federal, o presidente do STF é o responsável pela elaboração da proposta orçamentária, pois é ele quem
recebe e consolida a proposta dos TRF´s e demais tribunais federais, assim como dos tribunais superiores. Se não
houver o encaminhamento, a consequência vai ser a consideração do orçamento do exercício atual. De qualquer
forma, é possível que o Poder Executivo faça correções em caso de excesso.
Até o dia 20 de cada mês, deve haver o repasse de duodécimos de verbas orçamentárias ao Poder Judiciário (art.
168 da CF), sob pena de intervenção estadual ou federal, sendo uma garantia importante para fazer frente às suas
despesas.

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Conforme §2º do art. 98 da CF, “as custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços
afetos às atividades específicas da Justiça”. Essa previsão é importantíssima, porque antes havia discussão sobre a
possibilidade dos valores recolhidos a título de custa e emolumentos terem outra destinação, mas atualmente é
pacífico que tudo que for arrecadado deve ser utilizado para o custeio das atividades judiciais.
No que tange à cobrança de valores para a atividade jurisdicional, interessante destacar a existência das serventias,
pois, segundo o art. 31 do ADCT, “serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados
os direitos dos atuais titulares”.
São duas espécies de serventias: foros judiciais e foros extrajudiciais.
As serventias dos foros judiciais são estatizadas, equivalem às atividades dos escrivães.
Por outro lado, as serventias do foro extrajudicial não são estatizadas, são exercidas em caráter privado, por
delegação do Poder Público (art. 236 da CF). Ou seja, são privatizadas, correspondendo às atividades dos agentes
delegados.
Todas as despesas judiciais arrecadadas pelas serventias judiciais são vertidas para um fundo para o custeio dessas
atividades.
Quanto às serventias extrajudiciais, apesar de serem privatizadas, também recebem valores (emolumentos), pois
tais emolumentos servirão como remuneração dos próprios agentes delegados. Além disso, existem percentuais em
lei estaduais em todo o país que aplicam determinado percentual e taxam essas atividades dos foros extrajudiciais.
Então esses valores também vão para fundos específicos.
É interessante a seguinte pergunta: como podem coabitar os poderes de fiscalização do CNJ com essa autonomia
orgânico administrativa dos tribunais prevista no art. 96?
Resposta: Na verdade essa autonomia orgânica administrativa é de construção desse poder, ou seja, através da
legislação é que vai se dispor sobre a organicidade do poder. Ou seja, quaisquer vícios decorrentes da organização
judiciária derivam de normas extraídas de leis ou das Constituições (Estadual e Federal), que se sujeitam à análise de
sua legalidade ou constitucionalidade, fugindo, portanto, do poder fiscalizatório do CNJ. Porém, o CNJ pode fazer a
fiscalização orçamentária, ou seja, o uso do dinheiro público, fiscalização quanto à forma de estruturação que está
sendo dada, em algumas serventia isso pode também porque é um fator correcional, a estrutura, o comportamento
dos tribunais em geral, a forma de despesa pública realizada.
Quanto às garantias funcionais do magistrado, têm sobretudo duas finalidades: independência e imparcialidade do
magistrado. São garantias dos magistrados enquanto no exercício do cargo, daí porque também são conhecidas
como garantias funcionais dos órgãos.
As garantias da magistratura são prerrogativas institucionais do Poder Judiciário, e não da pessoa física do juiz, ou
seja, não são benefícios de caráter pessoal dos magistrados.
Elas reguardam a independência dos magistrados, do Poder Judiciário e julgamentos incólumes de influências.
Não são privilégios ou favorecimentos de qualquer ordem a uma parcela de agentes políticos, mas sim meios
efetivos de proporcionar a prestação de serviço público à coletividade realizado por agentes imparciais, destemidos
e a salvo de represálias e solicitações de favores.
Os cidadãos não poderiam confiar em um Poder Judiciário no qual o juiz ficasse à mercê de transferências e
remoções que o afastasse de determinados julgamentos.
Independência é a aptidão do órgão de produzir seus julgamentos sem que dependa de qualquer fator externo. Isso
é muito importante, independência do magistrado é algo que deve ser observado, porque quando lutamos pela
independência do juiz, estamos lutando pela democracia e pelos direitos fundamentais.
Então, quando se fala em juízes independentes, pensa-se em uma garantia de que a sociedade vai ter um amparo
democrático, de que os direitos fundamentais vão ser concedidos, em que há o controle do poder.
A independência dos magistrados se expressa em três espécies de garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade de subsídios (art. 95 da CF).

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

A vitaliciedade assegura ao magistrado a prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado da
decisão judicial, afastando qualquer possibildiade de perda do cargo por decisão meramente administrativa.
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Assim, o juiz não vitaliciado pode perder o cargo por decisão do tribunal. Quem é o juiz vitaliciado? É o juiz de
primeiro grau que entrou por concurso público, após dois anos de efetivo exercício do cargo, e o juiz que ingressou
na magistratura pelo quinto constitucional, que já é vitalício desde a posse.
Durante o período de vitaliciamento o que ocorre é que o magistrado fica sob o exame dos tribunais. Alguns
tribunais criaram a figura do juiz formador, juiz ao qual o juiz substituto fica atrelado e que vai examinando o
comportamento e a conduta do magistrado. O que se observa no juiz vitaliciando é a qualidade da atividade
jurisdicional, a sua produtividade, e, ainda, a sua conduta privada e pública, ou seja, todos os elementos necessários
que um juiz experiente ou o tribunal poderá observar.
Tanto para o STF quanto para o STJ, o prazo de vitaliciamento é um prazo peremptório e constitucional. O único
requisito previsto na Constituição é o prazo de dois anos. Ou seja, se o tribunal não tomar as providencias
necessárias para iniciar o procedimento administrativo disciplinar e afastar o magistrado de suas funções,
automaticamente o magistrado se torna vitalício. Então esse entendimento impõe ao tribunal que realize as
diligências para a análise da conduta do magistrado antes que se complete os dois anos, porque se completar os dois
anos e o tribunal nada deliberar, automaticamente ele se torna vitalício.
Se dentro dos dois anos o juiz cometer faltas graves, ele pode ser afastado por deliberação do tribunal, ou seja,
administrativamente, por simples deliberação. Esse é o entendimento sedimentado no STJ. Existe um procedimento
administrativo para vitaliciando e existe um procedimento administrativo para juiz vitalício. Os tribunais devem
disciplinar sobre esse procedimento no regimento interno, no qual deve ser assegurado contraditório e ampla
defesa.
Em prova escrita, embora o cerne da questão fosse vitaliciedade, foi perguntado como funciona o quinto
constitucional. A resposta é assim: os órgãos de classes (OAB e MP) indicam 06 pessoas com os requisitos
constitucionais; o tribunal reduz para 03; e, por fim, o chefe do Poder Executivo reduz para 01.
Segundo o STF, se na lista sêxtupla não existir candidato que se enquadre dentro dos requisitos constitucionais, o
tribunal pode devolver a lista para complementação ou reformulação pelos órgãos de classe. Sendo assim, pode o
tribunal recusar-se a compôr a lista tríplice dentre os seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a
alguns ou a todos eles, as qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição. Ou seja, a solução
harmônica à CF é a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para que a refaça, total ou
parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados.
A vitaliciedade vincula o titular do cargo por toda a sua vida funcional, até completar 70 anos de idade.
A vitaliciedade assegura ao magistrado a prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado da
decisão judicial (da área cível ou criminal), afastando qualquer possibilidade de perda do cargo por decisão
meramente administrativa.
No Estado Constitucional de Direito não há direitos absolutos e a vitaliciedade nao pode ser um entrave à ação do
Estado no exercício do jus puniendi a quem viole a lei.
O Juiz não vitalício pode ser promovido para tornar-se Juiz de Direito, Juiz Federal ou Juiz do Trabalho, assim como o
Juiz Substituto pode ser vitalício. Os temas não se confundem uma vez que vitaliciedade é adquirida pelo decurso do
prazo de dois anos, contados da posse no cargo de Juiz Substituto, quer tenha havido ou não a promoção do juiz
nesse prazo.
É incorreto utilizar o termo “efetivo” para juízes. O juiz nunca se tornará efetivo, ele se tornará vitalício!
A regra para decidir sobre o não vitaliciamento é do tribunal, porém, se o processo administrativo tiver sido avocado
pelo CNJ, ele poderá deliberar em desfavor do ato.
Caso o juiz seja vitaliciando, ou seja, caso não tenha completado o período de dois anos, o CNJ pode deliberar sobre
o não vitaliciamento, desde que garantido o processo administrativo com ampla defesa e contraditório.
Existem duas exceções à regra de que o juiz vitalício só pode ser exonerado por sentença judicial transitada em
julgada: ministros do STF e membros do CNJ.
Ambos podem ser processados por irresponsabilidade perante o Senado, podendo ser destituídos do cargo (art. 52,
II da CF). Destaque-se, nesse ponto, que é correto dizer que os membros do CNJ possuem as mesmas prerrogativas
dos magistrados, por conta de seu regimento interno.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]


II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

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Inamovibilidade é a garantia institucional que compreende a vedação à aposentadoria, disponibilidade, remoção ou


promoção, contra a vontade do magistrado regularmente nomeado para exercício da jurisdição na Vara ou Comarca.
Quando o juiz ingressa na magistratura ele pode escolher para onde ele vai se deslocar na entrância, de
acordo com os critérios de remoção estabelecidos pelo Tribunal. Acontece que o juiz tem a opção de escolher
permanecer no local. Isso existe para obstar que o juiz seja constantemente removido com base em criptocausas
políticas, a fim de que ele não analise tal ou qual demanda relevante.
A garantia da inamovibilidade não é absoluta, podendo ocorrer remoção compulsória com fundamento no
interesse público (art. 93, VIII da CF). Este interesse público estará configurado mediante “decisão por voto da
maioria absoluta do respectivo Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa”. Este
dispositivo foi modificado pela EC 45/04, pois antes o quórum era de 2/3 e o único legitimado era o respectivo
tribunal.
Segundo o STF, a inamovibilidade é garantia de toda a magistratura, alcançando não apenas o juiz titular, como
também o substituto.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]


III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.

Irredutibilidade de subsídios assegura que o magistrado não tenha redução do valor de seus subsídios, salvo
imposição legal (ressalvado o disposto nos artigos 37, X e XI, 39, §4, 150, II, 153, III, e 153, §2, I, da CF).
Conforme entendimento do CNJ e do STF, o magistrado tem uma imposição de se dedicar à jurisdição. O juiz não
pode deixar as suas atividades jurisdicionais e dar prioridade, por exemplo, às atividades de magistério.
Essa imposição legal impõe que os subsídios sejam compatíveis para que ele possa se dedicar somente a essa
atividade. Então a irredutibilidade de subsídios significa o seguinte: uma vez fixado o subsídio em lei, o magistrado
tem o direito constucional de ter remuneração compatível.
Entretanto, o próprio STF afirma que a irredutibilidade dos subsídios é uma irredutibilidade nominal e não real.
A partir da EC 19/98, os agentes políticos, inclusive os magistrados, deixaram de ser remunerados segundo o sistema
de vencimento e passaram a ter remuneração pelo sistema de subsídio, modalidade remuneratória estabelecida em
parcela única, fixado ou modificado por lei específica, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória de qualquer origem. Desfez-se, portanto, a
situação excessivamente favorável aos magistrados no sentido de incorporar adicionais, e, consequentemente,
aumentar-se seu valor.
O subsídio possui um teto remuneratório. Ninguém pode ganhar mais do que ministro do STF. Mas, além disso,
existem outros limites: subteto dos tribunais superiores (máximo de 95% do valor do STF) e subteto dos
desembargadores (máximo de 90,25% do valor do STF).
Se, por exemplo, os desembargadores, além dos 90,25%, ganharem subsidio em função de atividade eleitoral, e
somadas outras gratificações ele receber valor superior, ele deve obedecer o teto máximo, não podendo excedê-lo.
Porém, existe uma situação excepcional. O art. 37, §11º da CF estabelece que as parcelas de caráter indenizatório
previstas em lei podem ultrapassar o teto. Como não existe atualmente lei dispondo sobre o assunto, qualquer
parcela indenizatória pode sobrepujar o teto, bastando que os tribunais superiores entendam que se trate
realmente de parcela indenizatória.
Lembre-se: a remuneração dos magistrados é escalonada, ou seja, parte do sub teto e vai descendo, de 10 em 10%
ou de 5 em 5%, conforme o numero de entrância (na justiça estadual). Na Justiça Federal só há diferença
remuneratória entre juiz federal substituto, juiz federal titular (geralmente 10% a mais do que aquele) e
desembargadores.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MAGISTRADOS. INCORPORAÇÃO DE QUINTOS. AÇÃO


RESCISÓRIA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. POSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA DAS
ALEGAÇÕES. (...) 3. O STJ, acompanhando orientação da Suprema Corte, firmou o entendimento de
que a percepção, por juízes ex-servidores, das mencionadas parcelas remuneratórias incorporadas
antes do ingresso na magistratura, não é devida, por falta de previsão específica na Loman, bem
como por não haver direito adquirido a regime jurídico remuneratório. (...) (AgRg no AgRg no REsp
1400492).

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CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. INCORPORAÇÃO DE “QUINTOS”. PRETENSÃO DE CONTINUAR


PERCEBENDO A VANTAGEM REMUNERATÓRIA NO EXERCÍCIO DE CARGO DE CARREIRA DIVERSA.
INVIABILIDADE. 1. A garantia de preservação do direito adquirido, prevista no art. 5º, XXXVI, da
Constituição Federal, assegura ao seu titular também a faculdade de exercê-lo. Mas de exercê-lo sob
a configuração com que o direito foi formado e adquirido e no regime jurídico no âmbito do qual se
desenvolveu a relação jurídica correspondente, com seus sujeitos ativo e passivo, com as mútuas
obrigações e prestações devidas. 2. As vantagens remuneratórias adquiridas no exercício de
determinado cargo público não autoriza o seu titular, quando extinta a correspondente relação
funcional, a transportá-las para o âmbito de outro cargo, pertencente a carreira e regime jurídico
distintos, criando, assim, um direito de tertium genus, composto das vantagens de dois regimes
diferentes. 3. Por outro lado, considerando a vedação constitucional de acumulação remunerada de
cargos públicos, não será legítimo transferir, para um deles, vantagem somente devida pelo
exercício do outro. A vedação de acumular certamente se estende tanto aos deveres do cargo (= de
prestar seus serviços) como aos direitos (de obter as vantagens remuneratórias). 4. Assim, não
encontra amparo constitucional a pretensão de acumular, no cargo de magistrado ou em qualquer
outro, a vantagem correspondente a “quintos”, a que o titular fazia jus quando no exercício de cargo
diverso. (...) (RE 587371)

ADMINISTRATIVO. FÉRIAS INDIVIDUAIS DOS MAGISTRADOS. PRETENSÃO DE QUE O GOZO DE FÉRIAS


DOS JUÍZES SUBSTITUTOS SE DÊ SEM EXIGÊNCIA DO CUMPRIMENTO DO PRAZO DE DOZE MESES
PARA A PRIMEIRA FRUIÇÃO. INADMISSIBILIDADE.
1. Cinge-se a discussão acerca do início do período aquisitivo de férias de juízes no primeiro ano do
exercício de suas funções, sustentando a autora possuir direito a férias proporcionais relativas ao
ano em que ingressou na magistratura, uma vez que as férias dos magistrados, de acordo com a
Loman, estão relacionadas ao ano civil, sem vinculação com o período aquisitivo de doze meses, que
é aplicável apenas aos servidores públicos federais.
2. A Lei Complementar 35/1979 (Loman), ao tratar das férias dos magistrados ("Art. 66 - Os
magistrados terão direito a férias anuais, por sessenta dias, coletivas ou individuais. § 1º - Os
membros dos Tribunais, salvo os dos Tribunais Regionais do Trabalho, que terão férias individuais,
gozarão de férias coletivas, nos períodos de 2 a 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho. Os Juízes de
primeiro grau gozarão de férias coletivas ou individuais, conforme dispuser a lei"), não disciplina o
início do período aquisitivo do direito a férias na magistratura.
3. Dessa forma, ante o silêncio da Loman, incide o art. 77, § 1o, da Lei 8.112/1990, que deve ser
aplicado subsidiariamente.
4. Aliás, o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, no processo 0001123-19.2007.2.00.0000, entendeu
que o gozo do direito de férias pelo juiz é adquirido após um ano na magistratura, tendo consignado
que "o princípio norteador das férias, inclusive dos empregados da iniciativa privada, tal como
estabelece a Consolidação das Leis do Trabalho e para os servidores públicos, como definido no
Estatuto próprio, é o de período aquisitivo, de sorte que para adquirir direito ao primeiro período o
empregado, servidor ou magistrado deverá completar o período de um ano de serviço prestado".
5. Esse entendimento foi reiterado recentemente pelo CNJ nos autos do PCA 0001795-
51.2012.2.00.0000, da relatoria do Conselheiro Neves Amorim, julgado na 147ª Sessão Ordinária, em
21.5.2012.
6. Cabe salientar que, em 2004, o Conselho Federal da Justiça normatizou a referida matéria na
Resolução 383/2004, que dispõe: "Art. 5º. Para o primeiro período aquisitivo de férias, serão
exigidos doze meses de exercício", sendo certo que tal disposição se seguiu nas Resoluções
585/2007, 14/2008 e 130/2010 do Conselho da Justiça Federal.
7. A mesma orientação é seguida pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho- CSJT.
8. Recurso Especial não provido. (REsp 1421612)

CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. REEMBOLSO DE DESPESA COM


TRANSPORTE DE VEÍCULO DE MAGISTRADO. ALEGAÇÃO DE INTERESSE DE TODA A MAGISTRATURA.
ART. 102, I, l, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. CAUSA DE INTERESSE RESTRITO. DIREITO,
ADEMAIS, COMUM A OUTROS SERVIDORES PÚBLICOS. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal não reconhece sua competência originária para julgamento de ação
alegadamente de interesse de toda a magistratura, nos termos do art. 102, I, l, da Constituição da

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República, quando a pretensão seja comum a outras categorias de servidores públicos. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento. (Rcl 16065 AgR)

A Imparcialidade do magistrado remete à equidistância. Ou seja, significa que o juiz não pende nem para um lado
nem para outro, ele julga com total isenção.
Qual é o vício processual quando o juiz é parcial? O juiz que perde a imparcialidade pode ser dado como suspeito ou
impedido. Isso vai gerar uma nulidade dentro do processo, e essa nulidade se refere a pressuposto processual
positivo relativo ao juiz.
O processo será relativamente nulo se houver suspeição, e será absolutamente nulo se houver impedimento.
As garantias de imparcialidade são chamadas de vedações. (art. 95, p.u. da CF):
Art. 95. (...)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

É justamente nesse sentido a orientação do CNJ de se vedar que os cargos da justiça desportiva sejam ocupados por
magistrados. Segundo o STF, as vedações formais impostas constitucionalmente aos magistrados objetivam, de um
lado, proteger o próprio Poder Judiciário, de modo que seus integrantes sejam dotados de condições de total
independência e, de outra parte, garantir que os juízes dediquem-se, integralmente, às funções inerentes ao cargo,
proibindo que a dispersão com outras atividades deixe em menor valia e cuidado o desempenho da atividade
jurisdicional, que é função essencial do Estado e direito fundamental do jurisdicionado.

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

É uma determinação desde a época da revolução francesa, cuja finalidade é impedir que o magistrado se aproprie da
coisa pública, já que acabaria revertendo em seu proveito os resultados financeiros das atividades jurisdicionais.

III - dedicar-se à atividade político-partidária.

O juiz tem uma independência de natureza político-partidária, não podendo se envolver com partido. Porém, ele
tem uma vinculação política estatal, se envolvendo com os direitos fundamentais e com a democracia, no qual o
envolvimento partidário certamente seria ameaçador para sua imparcialidade. É óbvio que isso não significa que,
como cidadão, ele não possa ter suas ideologias políticas e exercer o direito ao voto.

IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades


públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Tratam-se de dois incisos inseridos pela EC 45/04. O inciso V retrata a famosa quarentena de saída, cujo principal
objetivo é impedir qualquer resquício de influência que o juiz recem-afastado do cargo, e doravante na condição de
advogado, pudesse vir a exercer sobre seus pares.
Ainda acerca das vedações, a LOMAN, em seu art. 36, dispõe que é vedado ao magistrado: “exercer o comércio ou
participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista”, “exercer cargo
de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de
associação de classe, e sem remuneração”, e “manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre
processo pendente de julgamento seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de
órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério”.
Por fim, justamente para alcançar a imparcialidade, são concedidas ao magistrado algumas prerrogativas (art. 33 da
LOMAN): “Ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de
instância igual ou inferior”, “Não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial competente
para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e
apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado”; “Ser recolhido a prisão especial, ou a
sala especial de Estado-Maior, por odem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente quando sujeito
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a prisão antes do julgamento final”, “Não estar sujeito a notificação ou intimação para comparecimento, salvo a
expedida por autoridade judicial” e “Portar arma de defesa pessoal”.
Se, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial (civil
ou militar) remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que
prossiga na investigação.
Os juízes têm prerrogativa de portar arma de defesa pessoal em todo o território nacional. Trata-se do denominado
porte funcional de arma, que dispensa autorização ou licença de outras autoridades, inclusive da localidade
territorial diversa do Tribunal a que esteja vinculado o magistrado.
O porte de arma conferido aos juízes não está abarcado pelas limitações previstas ao porte na legislação ordinária
que disciplina a matéria (lei 10.826;2003), pois a LOMAN é lei complementar e permite ao juiz portar armas de
defesa de uso permitido e de uso restrito com a única exigência do regular registro no órgão competente.
Segundo o STF, a LOMAN confere aos seus membros a prerrogativa de portar arma de defesa pessoal, sem prever
qualquer requisito para o exercício dessa prerrogativa, não podendo lei ordinária estabelecer critérios não previstos
na lei complementar que regula a matéria.

N. SOCIOLOGIA DO DIREITO/FILOSOFIA DO DIREITO

PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO DO INDIVÍDUO DO GÊNERO EM PESSOA OU


ATOR SOCIAL. EQUIDADE.

1) Fale sobre o processo de transformação do indivíduo em pessoa.


2) O que é interação social?
3) O senhor sabe me diferenciar grupo social de comunidade?
4) Qual a diferença entre ente e ser? Existir é a mesma coisa que ser?
5) Qual a diferença entre indivíduo e pessoa ou ator social? Para que servem os processos de
endoculturação e aculturação?

ENDOCULTURAÇÃO
- Processo de aprendizagem e educação em uma cultura desde a infância
- Processo que estrutura o condicionamento da conduta, dando estabilidade à cultura
- Está ligada à necessidade de homogeneidade nas sociedades
- Não é preciso assimilar toda a cultura de um povo para estar condicionado a certos aspectos particulares dela
ACULTURAÇÃO
- Fusão de culturas diferentes que, em razão do contato contínuo, passam a ter seus padrões alterados
- O intercambio cultural constante pode gerar novas sociedades (novas culturas), o que costuma ocorrer, por
exemplo, com as grandes conquistas
- Aculturação jurídica: processo de recepção do direito alienígena
DIFUSÃO CULTURAL
- Elementos de uma cultura se difundem de uma sociedade para outra
- Perpassa pela apresentação dos elementos culturais novos a uma sociedade, sua aceitação pela sociedade e sua
integração na cultura existente
- Isolamento e condições geográficas impedem a difusão cultural

a. Equidade
Derivado do latim aequitas, deaequus (igual, equitativo), antigamente era tido em sentido análogo ao de justiça,
pelo que, por vezes se confundiam.
Para Aristóteles, existe um gênero de justo que envolve a Lei e a equidade, que são espécies desse gênero. Dessa
forma, a Lei e a equidade são penetradas pela ideia do justo, num espaço de justiça, mas com ela não podem ser
confundidos, pois não raro ele constata a existência de algo que não é justo, ainda assim ser bom e vice-versa.
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O legislador não é onisciente e, assim, pode constituir uma Lei que apresente uma lacuna que vem a ferir o exercício
de direitos subjetivos. Esta lacuna, fruto da ação do legislador, pode se ocorrer pela negligência do próprio legislador
sem que isso represente a sua vontade ou, reconhecendo que a Lei não pode ser absoluta, por sua vontade ele
estatui princípios gerais que fomentam a existência da lacuna.
Ora, em sendo a lei geral, fica difícil para ela atender às condições excepcionais que acabam ocorrendo a partir da
imensa variedade das relações humanas e de sua consequente complexidade. Para poder se manter numa
perspectiva universal é que a justiça se mantém próxima da equidade, pois este é o justo independente da Lei
escrita, na verdade, é uma condição de existência da própria Lei em relação ao espaço social distinto e
indeterminável. Com a espécie de equidade, a justiça pode desdobrar-se sem perder a capacidade de, guardada a
sua condição de universalidade, perceber o particular, o específico.

i.A equidade como fonte do direito

A equidade é tipicamente um critério formal de decisão de casos singulares e não um critério normativo, pois não se
eleva e nem necessita elevar-se à formulação de regras. Ela dita soluções para casos, atendendo às peculiares
características destes. Não elabora regras, pois não tem intuito generalizador; não lhe interessam outros casos,
embora semelhantes.
Não é de se aplaudir a qualificação da equidade como fonte do direito. Se fontes do direito são os modos de
formação e revelação de regras jurídicas, a equidade, como critério formal de decisão, está inteiramente fora desta
noção. Não só por meio dela não se criam regras com a própria solução do caso não se faz por meio da medição de
uma regra suposta, embora elaborada pelo intérprete de modo a abranger a categoria em que o caso em análise se
enquadra, mas tão-somente pelo exame das características do caso concreto.

ii.A Integração de lacunas pela Equidade

A equidade representa o mais significativo processo extrassistemático de integração de lacunas. Nestes processos, a
solução a que se chegar não tem de ter conformidade ao sistema, ao conjunto das disposições vigentes; pode
extravasar delas e fundar-se em outros princípios.
A solução pela equidade é a que se dá em harmonia com as circunstâncias do caso concreto, e não com quaisquer
injunções, mesmo indiretas, do sistema jurídico. A equidade, segundo a definição que referimos, é a justiça do caso
concreto, ao qual se adapta plenamente, porque valoriza as circunstâncias de cada espécie.
Observe-se que, mesmo quando a lei remete para a equidade, como para qualquer outro critério formal de solução,
não deixa de haver uma lacuna de regulamentação.
Perante a referência aos princípios gerais do direito, da primitiva lei de introdução ao CC brasileiro, houve quem
pretendesse que era afinal a equidade que se tinha em vista; e posições análogas têm sido defendidas perante a
nova lei.
Artigo 127 do CPC brasileiro, em virtude do qual o juiz só decidirá pela equidade nos casos previstos em lei.
Quando decide segundo a equidade, o juiz não decide segundo uma norma, mas segundo as características do caso
concreto. Não abstrai procurando uma solução adequada a todos os casos daquele tipo - uma regra - mas pelo
contrário considera o caso nas duas particularidades, de maneira a encontrar uma solução que a ele especificamente
se adapte, à luz do valor da justiça.

iii.Níveis de possível incidência da equidade

A equidade, como a justiça, está constantemente presente na ordem jurídica, e aliás mantém com a justiça uma
relação dialética, pois pode surgir-nos como sua manifestação, ou como sua rival.
Para melhor apurar-se o significado da equidade, a seguir é feita uma série de distinções quanto aos níveis de
incidência possível desta:
1ª) Aplicação da regra: Na aplicação da regra não se pode buscar tudo em sede de interpretação; há um plus que se
tem de ir buscar à própria análise do caso concreto. Esta adaptação da regra generalizadora às circunstâncias do
caso concreto não será justamente a equidade?

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A ser assim, a equidade não deveria ser entendida como um processo alternativo da aplicação da lei, mas como um
modo indispensável da aplicação da lei às circunstâncias do caso. Este entendimento é certo: o ajustamento da
regra ao caso é função da equidade.
2ª) Complemento das cláusulas gerais: A lei limita-se muito frequentemente a uma orientação ampla e vaga, como
veremos a seguir, obrigando ao intérprete a uma acrescida intervenção para a solução do caso concreto.
Põe-se aqui com maior acuidade o problema da qualificação da atuação do intérprete. A sua intervenção, dentro do
amplo campo de manobra que lhe é deixado pela regra, não será justamente uma intervenção equitativa? Também
aqui a resposta deverá ser afirmativa.
3ª) Medida da consequência jurídica: A equidade tem uma intervenção precisa, como medida de uma solução.
Muitas vezes, o efeito jurídico exige uma quantificação. A indenização devida terá de ser especificada; o preço não
fixado deverá ser reduzido a um valor exigível; até a prisão terá de ser medida num lapso temporal, abandonando-se
a variação abstrata da pena aplicável. Ex.:

“3. O acórdão recorrido, examinando a complexidade da causa, o grau de zelo dos profissionais,
bem como os demais elementos fáticos presentes nos autos e as circunstâncias processuais
envolvidas, reduziu o valor arbitrado pela sentença de mérito utilizando-se de critérios de
equidade. Não se revelando exorbitante o montante fixado, mostra-se absolutamente inoportuna a
intervenção desta Corte Superior, devendo ser integralmente mantida a quantia estabelecida pelo
Tribunal de origem. (REsp 1409631)

Esta concretização só é possível atendendo às circunstâncias do caso. De nenhuma regra será possível concluir que a
indenização consistirá em 80, ou em 81, ou em 82. Só à equidade se poderá ir buscar este suplemento que nos
permite um desenvolvimento a que a lei pode já atender.
A lei dá conta deste fenômeno: fala-se por vezes em retribuição equitativa ou, neste sentido, em retribuição justa.
Mas parece importante notar que, mesmo onde a lei nada diz, o efeito não pode deixar de ser o mesmo. Quando a
lei comete ao juiz a função de fixar uma retribuição, sem nada acrescentar, o juiz só pode chegar a esse desiderato
por meio de critérios equitativos, mediante a ponderação das circunstâncias do caso concreto. Só poderá fixar uma
retribuição equitativa.
4ª) Permissão legal ou negocial: A lei atribui por vezes à equidade a solução do caso. Diz que se resolverá segundo a
equidade ou, o que é o mesmo, atendendo às circunstâncias do caso. Também as partes podem determinar que se
paute pela equidade a solução dos litígios que se suscitem. Ver art. 2º da Lei 9.307/96:

“Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.


§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem,
desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios
gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.”

Art. 8º da CLT
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe
ou particular prevaleça sobre o interesse público.

“CPC, art. 20, §4°:


§ 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver
condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários
serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do
parágrafo anterior.”

“CC, art. 413:


A penalidade deve ser reduzida equitativamentepelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em
vista a natureza e a finalidade do negócio”
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Art. 108, IV, do CTN


Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação
tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de
direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; IV - a equidade.

5ª) Lacuna da lei: Vimos a propósito da integração das lacunas, o que pensar quanto à equidade como método de
integração.
6ª) Substituição da lei: A equidade pode servir como critério de decisão, por afastamento dos critérios legais. É esta
talvez a matéria que está mais frequentemente em causa nas discussões sobre equidade.
Nestes dois últimos casos, porém, a lei é muito restritiva na admissão da equidade, como sabemos: o trecho
fundamental é o do referido art. 127 do CPC.
Podemos dizer que, havendo solução ou critério legal, só se pode chegar a uma decisão pela equidade:
a) quando disposição especial o permitir;
b) quando houver acordo das partes nesse sentido.

O. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

CIÊNCIA OU TÉCNICA.
DIREITO COMO TÉCNICA/ARTE

- Marcada por seu caráter prático, destinada a solucionar casos concretos

- Não se baseia em princípios universais (causais)

* Permite apresentar diversas soluções para o mesmo problema

- Premissa de que o Direito não tem existência concreta: só haveria Ciência das Leis ou Ciência da
Jurisprudência.

- Para outros, o Direito teria relação com a literatura, dado seu caráter narrativo

DIREITO COMO CIÊNCIA

TEORIAS NEGATIVAS

- 1º Estágio: Rejeição ao caráter científico das ciências sociais

- 2º Estágio: dificuldade de separar o objeto da Ciência do Direito do objeto das ciências sociais (sociologia,
história etc.)

- Dificuldade de estabelecer um método para a Ciência do Direito

* Distinção entre método e interpretação

* Pluralidade de métodos e técnicas hermenêuticas

TEORIAS AFIRMATIVAS:

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A) KELSEN

- Direito é uma ciência pura, positiva e “anti-ideológica”

* Pureza metodológica da Ciência do Direito, e não do direito em si

* A justiça não é objeto da Ciência do Direito

- Tem natureza descritiva e normativa, ao contrário das ciências da natureza, que tem natureza causal

* O objeto da ciência do direito é a norma, o dever-ser

B) BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS

- Conceito de Ciência como atividade criadora

- Mudança do paradigma mecanicista

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