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A DIDÁTICA NECESSÁRIA
2
ARGEMIRO ALUÍSIO KARLING
IBRASA
SÃO PAULO
3
Aos meus pais, Osvino e Clara
Karling, que me educaram e deram
exemplo de amor ao próximo,
solidariedade, ética e amor ao
estudo.
Aos Missionários da Sagrada
Família, aos quais devo muito pelos
seis anos de formação em internato
em Santo Ângelo – RS.
Á minha família, pela privação da
presença. Esposa: Laura. Filhos:
Lessi, Elise, Gleise, Sueli, Aluísio e
Suzana.
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SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................. 10
1. Educação ...................................................................................................... 13
2. Ensino ............................................................................................................ 15
3. Aprendizagem .............................................................................................. 17
4. O que é estudar ............................................................................................ 23
5. Conclusão ..................................................................................................... 23
Capítulo II – Didática: considerações gerais .......................................................... 24
5
Capítulo IV – O contexto social e a educação ........................................................ 61
1. Fundamentos ................................................................................................ 93
2. Princípios da Didática .................................................................................. 97
3. Tecnologia educacional ............................................................................. 101
4. Conclusão .................................................................................................... 102
Capítulo VII – O que faz o aluno gostar de estudar .............................................. 104
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7. Técnica da exegese ou exegética .............................................................. 130
8. Técnica da exposição e a comunicação .................................................... 133
9. Técnica da conferência .............................................................................. 135
10. A palestra ..................................................................................................... 136
11. Técnica da tomada de decisão .................................................................. 136
12. Conclusão .................................................................................................... 139
Capítulo IX – Métodos e técnicas socializados .................................................... 140
7
Capítulo XI – Currículo e conteúdo de aprendizagem .......................................... 190
8
3. Importância do planejamento ..................................................................... 234
4. Etapas do planejamento ............................................................................ 235
5. Plano de disciplina de curso ..................................................................... 242
6. Plano de unidade ........................................................................................ 246
7. Exemplo de plano de aula .......................................................................... 248
8. Conclusão .................................................................................................... 249
Bibliografia .............................................................................................................. 250
Sobre o autor ......................................................................................................... 253
9
INTRODUÇÃO
No decorrer de meus anos de magistério, fui observando as dificuldades
dos alunos dos cursos de magistério de nível médio e das licenciaturas na
compreensão da teoria da educação e na posterior aplicação desta em sala de
aula. Fui, também, registrando as possíveis causas e soluções a esses
problemas.
Entendi ter chegado o momento de escrever minhas reflexões e
experiência, esperando que sejam proveitosas aos que se preocupam com a
educação.
Para isso, tomei como critérios a praticidade, a utilidade e a fusão entre a
teoria e a ação. Ouvi muitos alunos dizerem, após realizar o estágio, que a teoria,
na prática, é outra. Tenteis traduzir a teoria como se fosse prática, numa
linguagem simples e clara para facilitar a compreensão e o uso.
Mas, não fiquei só nisso. Além de integrar a teoria com a prática, tentei
fazer uma verdadeira “costura” da escola com a sociedade, afinal a escola está
em função da sociedade e do próprio aluno e não pode ser uma instituição
desligada e alienante.
Procurei destacar os aspectos positivos do processo da educação e como
deve ser ele, limitei-me ao mínimo em apontar as falhas ou fazer críticas. Ao
professor pouco interessa saber sobre os erros que outros cometeram. Nenhum
curso de Matemática, de Eletrônica ou de Engenharia vai ensinar o que não deve
ser feito e, sim, o que deve ser feito. O mesmo deve ocorrer com a formação do
professor.
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Devem–se oferecer condições para que os alunos permaneçam o máximo
de tempo na escola. Além disso, é preciso que tirem o máximo proveito dela.
Daí, a minha proposta de se oferecer, de início, uma aprendizagem
predominante psicológica, isto é, ligada às experiências dos alunos e bem
agradável. À medida que eles passarem a ter amor ao estudo e descobrirem o
processo de aprender, o ensino poderá ser mais lógico e sistematizado, mas
sempre significativo.
Criar condições para o desenvolvimento da inteligência, por exemplo, é
uma das mais importantes funções da escola. Os alunos precisam aprender a
pensar, raciocinar, questionar, criticar e a criar. Mas, tudo isso deve ser feito
utilizando-se experiência e conteúdo do próprio contexto biológico, político,
cultural e social do aluno. Assim, os alunos trabalharão conteúdos significativos
e da realidade sociocultural e terão uma aprendizagem efetiva.
É inegável que o homem precisa ser educado, porém, a quem cabe
educá-lo? Aos pais? Aos pedagogos? Quantos pais estão disponíveis ou têm
preparo para educar seus filhos? Quais as crianças que têm pedagogo como
professor? Por isso, todo professor deve se prover de instrumentos para ser
educador. Deve ser formador e não informador.
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Espero, com este trabalho, apresentar e traduzir, de forma eclética, o
pensamento de alguns educadores e algumas teorias mais atuais na educação,
especialmente de Piaget, Ausubel, Bruner, Rogers, Freinet Dewey, Paulo Freire
e Vygotsky. Em todo o livro, estão embutidos os princípios das disciplinas que
fundamentam a Didática.
Tentei englobar, num mesmo compêndio, o conteúdo de Didática que
entendo ser necessário ao conhecimento do professor para que ele tenha
suficiente desempenho profissional. Além disso, pretendo dar uma visão
integradora e de conjunto do processo educacional.
Enfim, espero que o presente trabalho seja, de uma forma ou de outra, útil
para os alunos de cursos de Pedagogia, de Formação Pedagógica e de outras
licenciaturas e até mesmo para os professores que já estejam atuando.
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Capítulo I
Educação, ensino e
aprendizagem
O que a Didática tem a ver com educação, ensino e aprendizagem? A
Didática deve ser usada para educar, ensinar ou facilitar a aprendizagem do
aluno?
1 Educação
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A pessoa educada tem uma razoável gama de conhecimentos. Conhece
o passado da humanidade: filosofia, política, economia, evolução da ciência.
Conhece o meio que a cerca: físico, político, econômico, social e cultural.
A pessoa educada é solidária e preocupa-se com o social. Estuda e
pesquisa soluções para os problemas sociais. Trabalha e pensa na utilidade de
seu trabalho para o bem da comunidade e tudo faz para produzir mais.
Preocupa-se com o bem e a felicidade dos outros. Procura fazer sempre o
melhor que pode em tudo o que faz. Defende o que considera justo e certo, sem
ceder ante pressões e ameaças.
A pessoa educada é sensível e ama o belo. Tem olhos para contemplar
tudo o que é bonito no mundo: a natureza, as aves, as flores, as pinturas, a
música, a poesia, enfim, a própria vida. E é capaz de emocionar-se.
A pessoa educada sabe conviver em grupo e se comunica bem. Sabe
ouvir, analisar, organizar e comunicar seu pensamento. Não é tímida. É
simpática, sincera e tem muitos amigos. É capaz de trabalhar e tomar decisões
em conjunto.
A pessoa educada é ligada à família, ao grupo no qual se dá e se recebe
mais amor e serve de ponto de apoio para as pessoas que o integram.
A pessoa educada tem espírito crítico. Sabe interpretar corretamente o
que vê e ouve; emite opinião e defende-a com conhecimento de causa. Participa
e envolve-se na solução dos problemas, não se esconde atrás de sua
incompetência, com críticas vazias.
Esses são apenas alguns aspectos de pessoas bem-educadas.
Certamente, pode-se observar que, nas características citadas, estão
compreendidos os aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor, ou seja, o homem
como um todo, com razão, sentimento e ação.
14
1.2 Por que o homem precisa ser educado
2 Ensino
15
Além disso, o homem é um ser livre. É inteligente. É moral. É curioso e
ativo por natureza. Não consegue ficar parado. Sempre quer descobrir coisas
novas.
Ensinar, portanto, não é dar matéria, não é dar conteúdo. O conteúdo está
nas revistas, nos jornais, nos livros, nas fitas sonoras e de vídeos, nos
computadores e nas bibliotecas. O conteúdo vem ao aluno também pelas
conversas com os pais, com os colegas, com os vizinhos, pelo rádio e pela TV.
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A escola tem por função desenvolver o gosto pelo estudo e ajudar o aluno
a organizar e aproveitar esses conteúdos, não mais os passar ou transmiti-los.
3 Aprendizagem
Dizemos que uma pessoa aprendeu, quando mudou sua maneira de agir,
de pensar e de ser; a partir do momento em que ela passa a ter atitudes
diferentes. Uma pessoa que não gostava de estudar e depois que teve um bom
professor passou a gostar de estudar, é porque aprendeu. Mudou de atitude.
Uma criança egoísta, que sempre desprezava os pobres, foi visitar uma
favela, junto com seu professor e colegas. Após ouvir o relato dos pais das
crianças da favela e algumas aulas sobre as causas da pobreza, passou a ser a
criança mais prestativa da classe para com os pobres. Mudou de atitude.
Aprendeu.
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Adquirir habilidade é também aprender. Uma pessoa que desenvolveu a
capacidade de ouvir uma palestra e anotar quase todas as ideias aprendeu. Uma
pessoa que toca violão, ou piano, desenvolveu habilidades. Uma pessoa que
dirige um carro aprendeu habilidades e também automatismos. Há outras formas
de habilidades: costurar, cozinhar, escrever, falar em público, comunicando as
ideias com clareza, desenhar, pintar, bordar, entre outras. É adquirir a
capacidade de fazer alguma coisa.
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A pessoa que aprendeu sabe pensar sobre o assunto. É capaz de explicar
a outras pessoas o que aprendeu. Sabe usar o que aprendeu.
A pessoa que aprendeu é capaz de fazer, na prática. É capaz de
solucionar os problemas relacionados com o que estudou.
A pessoa que aprendeu é capaz de transferir o aprendido para outras
situações. É capaz de generalizar.
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Assunto compreendido dificilmente será esquecido. O aluno que
compreende terá condições de elaborar ideias com suas próprias palavras sobre
o assunto, sem ter que repetir as mesmas palavras do texto.
É fácil de pensar, e falar sobre um assunto que se compreendeu. Já sobre
um assunto que se decorou às cegas, é impossível. O aluno pode repetir o que
leu, mas não será capaz de esclarecer nenhuma dúvida; não será capaz de
resolver problema.
O próprio aluno deve executar o processo de aprender; fazendo e
participando, aprende-se melhor.
Se o aluno tiver o desejo de aprender a pescar, o objetivo a ser colocado
é aprender a pescar.
Suponhamos que um professor irá ensiná-lo a pescar. A primeira coisa a
ser feita é verificar o que ele já sabe sobre o assunto. O professor descobriu que
ele não sabe nada. O professor deve explicar-lhe como se pesca? De pouco
adianta. É preciso ir direto para a ação.
Inicialmente, o professor convida-o a ir junto com ele a uma loja. Ali
compra anzol, linha, chumbada, boia e vara, se for o caso. Em seguida, pega
uma enxada e vai para um lugar onde possa ter minhocas. Passa a enxada ao
aluno para que ele próprio as arranque. O professor orienta como cavoucar, onde
ele por as minhocas e como proceder para que elas permaneçam vivas.
O passo seguinte é ir ao rio. O próprio aluno prepara o anzol, isca-o e
joga-o na água. O professor orienta-o em tudo, até mesmo sobre qual o momento
certo para puxar o peixe para fora d’água, como tirá-lo do anzol e como cuidar
para que não se deteriore.
O aluno aprendeu, assim, o processo todo. Foi uma experiência em que
se envolveu e participou. Seguramente, aprendeu a pescar, sem ter que decorar
texto sobre isso.
O professor criativo imagina uma situação atrás da outra para facilitar a
aprendizagem do aluno. Isto é o que se chama de verdadeiro ensino para uma
verdadeira aprendizagem.
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Para que o aluno aprenda, é preciso que ele preste atenção, pense,
analise; é necessário “entrar” na cabeça do aluno e imaginar como ele aprende.
Ensinar é exatamente ir ao encontro do aluno. É orientar a caminhada deste em
direção à aprendizagem.
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ele poderia usar para aprender. Enumeramos apenas algumas. Outras poderão
ser descobertas.
Aprende-se a fazer, fazendo. Enquanto o aluno não tiver desenvolvido um
alto grau de pensamento abstrato, simbólico, é bom que tenha oportunidade de
mexer nas coisas, tocar, fazer experiências e descobrir pela ação. O aluno
aprende principalmente pelo que faz e não pelo que houve.
A análise e a solução de problemas é outra maneira de grande valor
na aprendizagem, pois leva o aluno a buscar dados, aprender onde e como os
procurar. Faz o aluno analisar, refletir, integrar suas experiências com as novas
ideias que vai formando, com os dados e informações que encontra. O aluno
aprende a pensar, a relacionar as coisas, a criticar as ideias e a formar opinião
própria.
Assim, ele passa também a analisar e a aproveitar as descobertas, as
teorias já existentes sobre o assunto, para aplicá-las na prática e solucionar os
problemas do nosso dia-a-dia.
Fácil de ser usado e de grande importância é também o método do
estudo dirigido. Imensidade de técnicas pode ser utilizada para
desenvolvê-lo.
Através do estudo dirigido, o aluno aprende a gostar de ler, aprende a ler
com proveito, aprende a estudar, a interpretar, a resumir, a fazer esquemas e a
analisar o que lê.
O grande segredo desse método é o professor conseguir fazer com que
o aluno crie amor à leitura, ao estudo. Se o aluno quiser e tiver vontade de ler e
aprender, o processo será facilitado.
O essencial é que o aluno tenha aprendido a ler com proveito, com espírito
crítico, e saiba usar o que leu para resolver os seus problemas e os da
sociedade.
As maneiras de aprender descritas anteriormente desenvolvem objetivos
mais em nível individual. Mas “nenhum homem é uma ilha”. Ele precisa conviver
com os outros. Para aprender isso, são utilizados os métodos socializados.
Discutindo e debatendo, o aluno aprende a falar, a pensar com coerência
e sentido, a ter respeito às opiniões dos outros, a se desinibir e a ter coragem de
defender suas ideias. Ele rapidamente combina, liga, relaciona as experiências
e as informações que já possui para argumentar ou para apresentar sugestões
sobre a questão em julgamento.
Enfim, o aluno aprende melhor, jogando, brincando, participando,
pesquisando, fazendo experiências, debatendo, discutindo, analisando,
refletindo sobre o que faz e sobre o que lê.
O aluno precisa, primeiramente, compreender tudo o que faz, o que
estudar; integrar e combinar as ideias que tem e que formou e tentar usá-las em
situações concretas.
22
4 O que é estudar
5 Conclusão
23
Capítulo II
Didática: considerações
gerais
1 O que é didática
24
se usar a imaginação e a criatividade. A arte em Didática pode ser comparada à
arte em pintura. Não adianta alguém conhecer a ciência respectiva, a ciência da
combinação das cores, da geometria, se na hora de pintar não tiver imaginação
ou habilidade na mão para pintar.
A arte em Didática pode ser comparada ainda com a técnica ou arte do
médico. Este pode conhecer todos os princípios e as teorias das ciências
médicas, mas, se não tiver imaginação e habilidade suficiente para suturar,
“costurar” o tecido, fatalmente terá falha em sua atividade.
A Didática é uma disciplina norteadora da ação. Ela integra as demais
disciplinas pedagógicas com conteúdo específico da matéria às experiências dos
alunos, formando um todo útil para que os objetivos da educação sejam
alcançados.
2. O histórico da didática
Sócrates, grande filósofo e sábio grego, viveu entre o ano 474 e 399 antes
de Cristo. Os métodos que ele utilizou para levar o conhecimento e sabedoria
aos cidadãos gregos era o diálogo. O objeto do diálogo eram as coisas do mundo
e do ser humano.
O método do diálogo foi se aperfeiçoando e em decorrência têm-se a
dialética que é a arte do diálogo.
Com o diálogo, Sócrates tinha como objetivo fazer com que as pessoas
encontrassem as verdades universais para a prática do bem e da virtude. No
diálogo ele fazia perguntas e mais perguntas para o interlocutor sobre o que este
sabia e pensava sobre o assunto. Depois fazia perguntas sobre novos conceitos,
para que a pessoa tirasse suas próprias conclusões, para ser uma pessoa
melhor e mais sábia. Essa técnica, foi chamada de “maiêutica”, que significa
“parto do conhecimento”.
Agostinho de Hipona (ou Santo Agostinho) já afirmava, por volta do ano
390, que a criança precisa aprender primeiro o que as coisas são e só depois
aprender o nome delas. Dizia, também, que os sentidos nunca se enganam, o
que eles captam é o real, é a verdade.
Isso tem sentido, pois sabemos que a criança aprende o que as coisas
são desde que nascem. Hoje, essas afirmações de Santo Agostinho,
transformaram-se em princípios, que podem ter os seguintes termos:
Ele diz, ainda que, “palavras nada mais são do que palavras”; “não é
através de palavras que conhecemos”; “não podemos transmitir conhecimento
pela linguagem”.
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Até hoje, esses princípios estão sendo pouco respeitados, apesar de
serem importantes. Há muitíssimos professores que ainda dão aula e julgam que
eles são a causa da aprendizagem do aluno. Sem esforço do aluno, sem que o
aluno observe, pense, compreenda, não existe aprendizagem, por mais que o
professor se esforce. Isto está amplamente comprovado pela Psicologia da
Aprendizagem e hoje confirmado pela Neuroeducação.
São Tomás de Aquino, viveu de 1.225 a 1.274 ele acreditava “que o
intelecto pode ser movido por Deus a agir”, e que a pessoa aprende através dos
sentidos.
Neste último sentido, pensa como Sócrates. Vejamos o que diz Lauand,
sobre Tomás de Aquino:
Segundo Agostinho, o primeiro livro sobre didática foi escrito em latim por
Santo Agostinho, com título “De magistro”, que quer dizer “Sobre o Mestre”.
Comênio:
Foi um pensador do século Cultura e Educação na Idade Média.
A pedagogia de Comênio, também pregava que o aprendizado deve
começar pelos sentidos; que é pelos estímulos exteriores que se percebe o real;
que as percepções sensoriais seriam impressas no interior do ser e analisadas
racionalmente.
Ele tinha como objetivos a perfeição intelectual e espiritual.
Pregava que se deve ensinar tudo a todos totalmente, ou seja, a
democratização do ensino.
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Escreveu a Didática Magna. Neste livro ele diz que a educação é uma
maneira de humanizar o homem, de transformar o homem de um estado bruto
para o de ser humano de verdade.
Insistia em afirmar que a educação deve começar desde a infância.
Comênio classifica as coisas em três tipos; as que são objeto de
observação; as que são objeto de imitação e as que são objeto de fruição.
Ele entende que o aluno é constituído de três faculdades; inteligência,
vontade e memória.
Maria Montessori, foi a primeira médica italiana. Deixou a medicina para
cuidar de crianças com necessidades especiais.
Desenvolveu um método revolucionário para a educação de crianças. É
tão importante que você tem que ler um artigo de Ana Lúcia Santana sobre o
assunto, que você pode encontrar, acessando o Google, no título: “O método
Montessoriano”.
Piaget é outro pesquisador famosos. Este trouxe, também, importante
contribuição para a Didática. Ele fez muitas pesquisas sobre como a criança
desenvolve a inteligência.
Esta se desenvolve com ações entre o sujeito e o objeto ou
acontecimento. A criança registra o que percebe, formando um ponto na mente.
Novas percepções vão formando mais pontos ou nós no esquema mental.
Quanto mais ações, mais percepções, mais amplo fica a estrutura mental.
Quanto mais a pessoa agir, mais obstáculos poderá ter que enfrentar.
Com isso mais problemas surgirão. Mais problemas, mais desequilíbrios
mentais. Esses desequilíbrios geram a necessidade de mais ação, até chegar à
assimilação e/ou acomodação.
Hoje, com as neurociências, os esquemas mentais são chamados de
redes neurais. Quanto mais pontos ou nós forem formados, maior será a rede.
Podemos aproveitar os estudos de Piaget para fundamentar o método de
estudo dirigido, os métodos de solução de problemas, de projetos e de
descoberta.
Em todos eles o estudante é o agente da aprendizagem. Veja mais sobre
este autor em “Teorias de aprendizagem de Piaget”, de André Luís Silva da Silva.
Outro pesquisador que trouxe contribuições significativas para a Didática
foi Lev Vygotsky.
Este tem em comum com Piaget que ambos são construtivistas e
defendem a aprendizagem significativa. Para os dois a aprendizagem ocorre
pela interação entre sujeito, objetos e outros sujeitos.
Vygostky, porém, dá ênfase nas relações do homem com a sociedade. É
esta que influencia e molda o sujeito e suas funções psicológicas.
Os métodos e técnicas para aplicar a teoria de Vygotsky constam no
capítulo que trata dos métodos sociondividualizados.
Tem muita coisa interessante sobre a teoria de Vygotsky. Para acessar o
artigo, busque no Google: “Vygotsky: sua teoria e a influência na educação”.
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A Didática teve imensidade de contribuições de vários outros autores,
vejamos alguns:
Jhon Dewey, por exemplo, tem uma frase muito significativa: “O professor
que desperta entusiasmo em seus alunos, conseguiu algo que nenhuma soma
de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter”.
Rogers afirma que o professor deve se colocar no lugar do aluno; dá
ênfase à empatia.
Segundo Ausubel, a aprendizagem para ser significativa precisa partir
daquilo que o aluno já conhece.
“A maior parte do comportamento humano é aprendida por imitação”
(Albert Bandura).
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A didática dirá, ainda, quais os critérios que se devem utilizar para
selecionar o conteúdo, que o conteúdo deve ter ligações com a vida do aluno,
alguma semelhança com as experiências dele. Isso fará com que ele participe
com mais vontade, pois, assim, o conteúdo será significativo e útil para ele.
Lembre-se dos professores de outrora. Alguns certamente eram
“chatérrimos”; outros, regulares; e havia ainda os simpáticos e competentes.
Professores simpáticos têm a estima dos alunos. Por isso, quase sempre
conseguem melhores resultados. Há alunos que chegam a estudar matéria de
que não gostam, só porque o professor é “bacana”. Por isso, este profissional
precisa conhecer bem as atitudes e as características de um bom professor. A
didática também trata disso.
Sabe-se, também, que, com material didático adequado, fica mais fácil
aprender. Mas, é preciso saber qual seria o melhor material, onde e como
selecionar e, ainda, como usá-lo com o máximo de proveito.
Bem, agora já fica mais fácil trabalhar com os alunos. Mas, não é só isso
que interessa. Os alunos estão realmente aprendendo, isto é, alçando os
objetivos? Como podemos saber disto? É pela avaliação. É preciso aprender
como avaliar de forma correta, segura, para que o professor possa ter certeza
de que os alunos estão aproveitando bem seu tempo.
Pode-se perceber quantas coisas têm que ser observadas no exercício de
magistério? Mas, essas coisas não podem ficar soltas, precisam ser ligadas
entre si a essa ligação chama-se planejamento.
Em síntese, o professor deve conhecer bem a Didática para descobrir o
que precisa aprender. E precisa conhecer, ainda, o que a sociedade espera que
os alunos aprendam.
Em Didática, o professor aprende que deve considerar as condições da
escola, dos alunos, do meio e as dele próprios para planejar as atividades de
aprendizagem.
Em síntese, a Didática apresenta várias técnicas de ensino que podem
ser usadas e indica os princípios e critérios a serem adotados pelo professor
para selecionar as melhores opções. Indica, ainda, os critérios para a seleção do
material didático, do conteúdo e a avaliação. Revela também que o
comportamento do professor é importante para o envolvimento do aluno no
processo de aprendizagem. Por fim, ensina como planejar para evitar perda de
tempo e obter o máximo de rendimento.
Quando os professores seguem as orientações da Didática, os alunos têm
prazer em estudar, participar e aprender. Haverá “disciplina”, envolvimento e
aprendizagem eficiente.
Antes de começar a aprender, o aluno deve ter a força interior que o faça
desejar aprender, que o leve a agir. O professor deve conseguir que o aluno
estude com satisfação e amor. Para isso, deverá descobrir situações,
experiências e técnicas que sejam agradáveis, que despertem prazer durante o
estudo e que levem, como decorrência, o aluno a aprender coisas úteis.
Em resumo, a Didática ajuda o professor a:
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Conhecer os fundamentos e os princípios científicos que embasam
o processo de aprendizagem;
Desenvolver habilidades de identificação, levantamento e solução
dos problemas sociais;
Saber tomar decisões adequadas quanto à escolha dos fins,
objetivos e meios de ensino;
Saber como agir para respeitar, ao máximo, as diferenças
individuais;
Conhecer os fatores de motivação dos alunos e técnicas de
incentivação;
Desenvolver habilidades que levem o aluno a ter gosto e amor aos
estudos;
Saber como identificar e como remover os fatores que dificultam a
aprendizagem;
Reconhecer a importância de ter bom relacionamento com os
alunos;
Adequar o ensino às possibilidades e necessidades do aluno;
Exercer melhor papel de educador e estimulador do
desenvolvimento integral do educando;
Conhecer os métodos, técnicas e procedimentos mais adequados
para alcançar cada tipo de objetivo;
Ter orientação mais segura de como organizar e planejar as para
uma aprendizagem mais significativa e eficiente;
Saber como avaliar.
4 Funções da didática
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O professor, hoje, precisava ter espírito crítico, deve analisar tudo o que
vê, ouve e recebe; verificar sua utilidade e validade. Por isso, ele precisa pensar
com cuidado sobre o que vai fazer.
Na escola, o aluno pode aprender a ler, também a escrever corretamente
e calcular com segurança. De que adianta isso, se ele não aprendeu a ser
honesto, justo, responsável, solidário, compreensivo, trabalhador, corajoso,
cooperador e ter iniciativa, persistência e força de vontade? De que adianta, se
o aluno não aprender a pesquisar, a integrar as ideias, a concluir, a imaginar, a
pensar, a raciocinar, a criar e a resolver problemas?
Educar o homem é seguramente uma função muito importante da
Didática. Esta precisa preocupar-se constantemente em desenvolver as
qualidades e habilidades enumeradas anteriormente.
A Didática, no início do processo escolar, tem função predominantemente
educativa. À medida que o aluno avança em escolaridade, ela cuida também da
facilitação da aprendizagem.
É no processo de aprendizagem que a criança aprende a usar o conteúdo,
a estruturar as experiências; forma hábitos, atitudes e habilidades para o seu
consumo próprio e desenvolvimento social.
A ação pedagógica deve estar presente em toda atividade docente.
Por que educar é função da Didática? Simplesmente porque a criança
precisa ser educada, e a Didática é um dos meios mais adequados para isso.
Além disso, educação hoje tem um significado muito mais abrangente que
simplesmente integrar a criança em seu meio.
Os índios desenvolveram atitudes e habilidades necessárias para atender
a sua sobrevivência e seus costumes de maneira rudimentar, pela imitação de
conselhos e do uso de materiais concretos que manipulam.
Em nosso meio, as crianças, antes de entrar na escola, e os analfabetos
também desenvolveram muitas destas atitudes e habilidades.
Não podemos nos limitar e essas formas simples de educação. As
relações sociais, econômicas e políticas já estão cada vez mais complicadas e
vão se complicando cada vez mais. A ciência e a tecnologia vão ocupando
enormes espaços dentro dessas novas formas de vida, que se chama civilização.
A Didática tem função relevante para a educação formal do homem, para
essa nova civilização. Vejamos por quê.
É a Didática que, por meio de estímulos, orientações e técnicas
adequadas, leva os alunos a se autoeducarem e a aprender por si mesmos. Ela
abre, também, a mente dos alunos para a predisposição de aceitar as coisas
novas que vão surgindo, com rapidez cada vez maior. O mundo muda tão
rapidamente que nem sabemos o que vai acontecer amanhã. Se não sabemos
o que vai acontecer, como podemos preparar os alunos? Que conteúdo eles
devem aprender? É por isso que eles têm que aprender a aprender por si
mesmos. É a Didática que faz isso. Assim, eles serão capazes de aprender as
novidades que surgirão. Assim, estarão mais preparados para o imprevisível.
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Mas, isso não é suficiente. O aluno precisa desenvolver o gosto pelo
estudo, pela pesquisa e pelo trabalho.
Pelo uso adequado da Didática, o professor poderá conseguir isso.
Formado o hábito de leitura e estudo, o aluno estudará a vida toda e terá prazer
em fazê-lo.
Também não é suficiente o aluno estar inteirado de tudo, ter muitas
informações, mas não saber usá-las com proveito. A Didática deverá ajudar o
aluno a aprender a estruturar as informações recebidas, para ter pensamento
autônomo, original, e, assim, ser criativo e capaz de resolver problemas pessoais
e sociais.
O aluno, com inteligência bem desenvolvida, será capaz de
desempenhar-se bem em quase todas as situações da vida. A Didática dirá quais
são as técnicas, processos e atividades adequados para isso. Evidentemente
que deverão ser técnicas que exijam reflexão, solução de problemas,
imaginação e criatividade.
O aluno terá que viver na sociedade. Nesta, ele encontra propostas,
informações e situações as mais diversas possíveis. Quais delas são corretas,
justas e verdadeiras? O aluno precisa aprender a descobrir a forma de saber o
que é certo e o que é errado. Deve, também, aprender a ter coragem de defender
o que é certo e a contestar o que é errado. Enfim, o aluno deve ter espírito crítico
e ter coragem.
De que adianta um aluno ser aparentemente educado, ter muitos
conhecimentos, mas aceitar passivamente o que os outros dizem, escrevem ou
fazem e não saber se justificar?
Poder-se-á perguntar como a Didática poderia desenvolver a coragem no
aluno e como desenvolver o espírito crítico. Nos capítulos que tratam de métodos
e técnicas, veremos alguma coisa sobre isso.
A sociedade aí está. Ela é constituída pela soma dos indivíduos. Mas, se
esses indivíduos forem individualistas, passivos e não se preocuparem com o
bem-estar dos outros, a sociedade não poderá ser boa. A Didática deverá
contribuir para a formação de cidadãos honestos, participativos, preocupados
com o bem-estar dos outros e da sociedade como um todo.
O mundo, hoje, caracteriza-se por alto desenvolvimento científico e
tecnológico. Isso deve ser bom para a humanidade. Deve melhorar a vida do
homem. Mas, o cientista não nasce feito. Precisa ser educado e é formado
principalmente nas escolas. Quanto mais cedo o aluno aprender a ter atitude
científica, tanto melhor. Mais uma vez, entra em ação a Didática.
Aliás, a atitude científica é útil à pessoa, em qualquer situação da vida.
Ninguém deveria aceitar algo como verdade, a não ser o que fosse evidente, o
que desse, de certa forma, para ser comprovado. Isso evitaria que muitas
pessoas tivessem tantas crendices e superstições. Se alguém diz que algo é
bom, mas isso não presta, deve apresentar razões e provas; do contrário, não
deve merecer crédito.
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A última e talvez a menos importante das funções da Didática é facilitar a
transmissão do conteúdo de determinada matéria oralmente. Parece esquisito?
Sem dúvida. Mas, vejamos por quê.
Suponhamos que a Didática somente seja usada nas escolas. Pelas
estatísticas, sabemos que são poucos os alunos que concluem o Ensino
Fundamental e Médio; e pouquíssimos são os que concluem Educação Superior
e a pós-graduação.
O que a Didática deveria fazer por eles? Em primeiro lugar, deveria ajudar
a manter os alunos na escola por mais tempo, para que eles ao menos recebam
melhor educação.
O que normalmente acontece é a reprovação em grande quantidade. É a
seleção dos “melhores”, dos mais “inteligentes”, ou dos que tiverem mais
oportunidade social? O que é que o professor esperava alcançar em termos de
objetivos? Que o aluno aprendesse o conteúdo? Qual conteúdo? O conteúdo
que o aluno quer aprender ou o conteúdo que o professor pensa que o aluno
deveria aprender?
Para o aluno aprender a questionar, a discutir, a ser honesto, cooperador
e crítico, pode ser usado o conteúdo que ele já conhece. As experiências que
ele já possui.
Para quem está na extrema miséria, interessa aquele conteúdo que, em
situação normal, é apresentado para os alunos?
Sabemos, pela Psicologia, que o que faz uma pessoa agir, mover-se e
estar motivado são suas necessidades. Ora, quais são as necessidades das
crianças que desistem ou reprovam? Os professores levam isso em
consideração?
Os professores encontram o pretexto: “mas como aprovar? O aluno não
tem condições de acompanhar no 2º ano seguinte. Por isso, tem que repetir o
ano”, - dizem eles.
Por que o aluno tem que acompanhar? Acompanhar o quê e por quê?
Será que os alunos são células homogêneas de uma mesma massa, e assim
todos têm que fazer a mesma coisa?
Claro que não. Todos os alunos são diferentes entre si; têm necessidades,
interesses e capacidades diferentes. Por que cada aluno não pode ser ele
mesmo? Crescer e se desenvolver, segundo suas possibilidades, de acordo com
seu ritmo, sem sofrer quedas por culpa de um processo massificante e seletivo?
Por que as escolas de ensino regular não fazem como as APAEs? Nestas,
as crianças com deficiência mental permanecem até 10 anos e nunca sofrem
reprovação de ano. São atendidas em suas necessidades e crescem
continuamente, sem reprovações. São educadas, atendendo-se ao limite de sua
capacidade.
Se as crianças excepcionais são tratadas assim, por que as tidas com Q.I.
normal, que teriam maior facilidade de aprender, não têm o mesmo tratamento?
Será que, com um atendimento diferenciado, visando a outros objetivos, que não
os de conteúdo, não conseguiríamos manter, por mais tempo na escola, esse
33
grande número de alunos que deixam a escola antes dos 14 anos? Será que
não seria muito mais produtivo utilizarmos a Didática para educar as crianças em
todos os seus aspectos, do que nos preocupar com que ela seja instruída e
selecionada para fazer parte de uma elite pensante? Educar para aprender a
pensar, sim, mas sem pretender que todos sejam capazes de um pensamento
abstrato e sofisticado.
Voltemos à questão das necessidades dos alunos e, principalmente, dos
que desistem da escola e reprovam. Com frequência, é noticiado pelos meios de
comunicação que 40% das crianças brasileiras são subnutridas. Está
comprovado, também, que são as crianças mais pobres que mais desistem e
são reprovadas na escola. Ora, não seriam justamente essas crianças que mais
precisariam de educação, para sair da situação de fome e de miséria? Por que
elas não são retidas na escola? A Didática tem alguma coisa a ver com isso?
Certamente que tem. Vejamos por quê.
É a Didática que orienta o professor e indica critérios para que sejam
selecionados os objetivos para a educação. É a Didática, com a ajuda da
Filosofia da Educação, que diz quais os critérios que devemos utilizar para
selecionar o conteúdo, as atividades e as experiências de aprendizagem dos
alunos. É a Didática que orienta o professor quanto aos recursos de incentivação
e maneiras de trabalhar, de forma a envolver o aluno, conseguir sua participação
ativa e tornar a aprendizagem agradável. Para qualquer uma das situações
acima, o primeiro critério a ser considerado é o que toda atividade, experiência
e objetivo a ser buscado pela educação deve atender, primeiramente, às
necessidades do aluno, pois estas é que são as principais determinantes da
motivação dele.
Mas, como saber quais são as necessidades das crianças? Quais
necessidades são as mais fortes e quais devem ser atendidas primeiro?
A Didática diz que se deve atender às necessidades dos alunos, mas é
na Psicologia que se vai ver quais são as necessidades da pessoa humana. É
na Sociologia e na Estatística que se vão encontrar os dados para análise da
realidade sócioeconômica da população com a qual se irá trabalhar. Com a
análise destas, poder-se-á deduzir quais são as necessidades mais prementes
a serem atendidas.
No campo da Psicologia, conviria que todo professor conhecesse e
considerasse a teoria da motivação humana, de Abraham H. Maslow. Este
psicólogo classifica as necessidades humanas em sete categorias diferentes e
as coloca em degraus, como se fossem numa escada. No primeiro, encontram-
se as necessidades fisiológicas; no segundo, as necessidades de segurança; no
terceiro, as necessidades de filiação e amor; no quarto, necessidades de estima;
no quinto, necessidades de autorealização; no sexto, as necessidades de
conhecer e compreender; e no sétimo, as necessidades estéticas.
Maslow insiste em afirmar que a pessoa precisa ter atendidas,
primeiramente, as necessidades do 1º degrau, visto que as necessidades
34
fisiológicas são as mais fortes. Enquanto estas não forem satisfeitas, as outras
não se manifestam, ou são secundárias e não causam muita tensão.
Enquanto a criança tiver fome e sede, por exemplo, todos os impulsos e
os motivos de ação dela serão para conseguir alimentação e água. Só depois de
a criança matar sua fome, poderá aprender alguma coisa.
Mas, isso não resolve. A necessidade de alimentação persiste. Ela
continua preocupada com a alimentação. Ela sabe que, em casa, não tem o que
comer.
Além disso, as necessidades de aprender (conhecer e compreender)
ocupam o 6º lugar na hierarquia das necessidades. São cinco, portanto, as
categorias de necessidades que devem ser satisfeitas antes sendo que a
Didática tem muito a ver com todas elas.
A necessidade de alimentação pode ser uma preocupação constante a
ser trabalhada no currículo, no conteúdo, nas atividades e experiências. A
criança pode e deve aprender como conseguir produzir alimentos ou como
trabalhar para poder comprá-los.
As necessidades de segurança podem ser atendidas, quando o professor
evita rixas com as crianças ou que elas sejam ameaçadas pelos colegas. Ele
próprio não deve ameaçar as crianças com castigos, notas baixas ou
reprovações. O professor precisa, no caso, criar clima de paz, harmonia e bom
relacionamento com e entre os alunos e estes com todos os membros da
comunidade escolar.
Quanto ao 3º e 4º níveis das necessidades, o professor pode, no que for
possível, atendê-los, tratando os alunos com todo o respeito, consideração e
amor. O aluno precisa ser estimado pelo que é e por tudo o que faz. O professor
pode utilizar técnicas que permitam que os alunos, todos, de uma forma ou de
outra, tenham oportunidade de fazer coisas pelas quais sejam estimados tanto
pelos pais professores como pelos colegas.
No 5º nível, estão as necessidades de autorrealização. Satisfeitas às
necessidades anteriores, as de autorrealização aparecem como as mais fortes.
O aluno quer fazer e aprender as coisas de que ele gosta. O professor deve ouvir
o aluno, sondar seus interesses e observar o que ele quer ser. As necessidades
de autorrealização podem ser estranhas às atividades escolares. Mesmo assim,
o professor deve ajudar o aluno, animá-lo, orientá-lo e promover as facilidades
necessárias para que ele consiga autorrealizar-se.
Somente no 6º nível surgem as necessidades de conhecer e
compreender. A maioria dos professores desconsidera as necessidades
anteriores e tenta empurrar, “goela-abaixo”, “matéria” no aluno. É tempo perdido.
No capítulo sobre currículo e conteúdo, trataremos melhor desse assunto.
Em vista do alto índice de evasão e repetência e baixo percentual de
alunos que concluem o Ensino Fundamental, do direito que todos têm à
educação e à felicidade, da hierarquia das necessidades, já comentada, das
demais considerações apresentadas anteriormente neste item, entendo que a
função básica da Didática é a de educar.
35
A Didática ajuda a desenvolver a inteligência, a imaginação e a
criatividade do aluno. É ela o principal instrumento para desenvolver o senso
crítico, a capacidade de resolver problemas e integrar o aluno no seu grupo ou
meio social, tornando-o um sujeito político. Ora, isso é tarefa de educação e não
de ensino.
“A Didática que o(a) Sr(a) aprendeu no curso que fez foi válida, útil e
aplicável? Por quê?”
36
- porque aprendi novas técnicas e como aplicá-las;
- porque a Didática me ensinou técnicas para trabalhar com um conteúdo
variável; e nos torna mais criativos;
- porque é preciso analisar a situação concreta e o dia-a-dia da sala de
aula;
Os que responderam “não”, isto é, que a Didática não foi útil, válida e
aplicável, apresentaram, entre as justificativas, as seguintes:
37
- que sejam apresentadas situações para os alunos analisarem e eles
chegarem à conclusão de que técnicas e procedimentos podem ser
utilizados.
38
- estudam-se muitos textos, sem entendermos qual é o real objetivo de
estudá-los;
- muita reprovação;
- ensino seletivo.
- dar aula, lidar com alunos, ir ao quadro, ser avaliado e corrigido quando
necessário. Mais prática de ensino;
- saber para que devemos formar o educando;
- ter experiências de métodos e técnicas;
- ir até o colégio, observar aulas e apontar as falhas;
- os aspectos negativos do ensino lá fora;
- métodos para motivar os alunos;
- como fazer com que o aluno rebelde pegue gosto pelo estudo;
- como tratar cada aluno com psicologia para que o trabalho produza
frutos;
- a aplicação prática das teorias, ao dar aula;
- como agir em caso de indisciplina na sala de aula;
- como formular um plano de aula que incentiva a criança e que a deixe
ocupada o tempo todo;
- mais técnicas para manter ardente o interesse do educando sobre
determinada matéria;
- maneiras práticas de fazer com que os alunos aprendam;
- como usar os trabalhos em grupo nas escolas;
- como usar e praticar os métodos vistos nas escolas, pois o que se vê
nos livros não é aplicado;
- como selecionar o conteúdo, na prática;
- como usar o conteúdo de Didática, pois deveria ter, junto, a prática;
- um método válido, real, em que se pudesse aplicar a teoria aprendida
com a prática; um estágio de Didática;
- como enfrentar os alunos e como se comunicar com eles;
- como avaliar os alunos, sem ser da forma tradicional;
- aprender os métodos como aprendemos, mas usando o conteúdo
específico de nosso curso;
- como fazer o planejamento de ensino;
- analisar e solucionar os problemas reais na sala de aula;
39
- ver os problemas reais dos professores de todos os níveis e, a partir
desses, discutir e analisar o ensino;
- como ajudar o aluno a aprender;
- como preparar uma aula e dar aula;
- como deve ser um bom professor;
- qual é o papel do professor perante a sociedade.
8 Conclusão
40
Capítulo III
41
3 Que se entende por fins da educação
42
Muitos outros podem ser os objetivos da educação, mas os que constam
das leis brasileiras são esses.
6 O que é objetivo
Para saber onde ir. Para que nossa ação seja direcionada, seja racional
e possa ser planejada. Tendo objetivos, saberemos melhor como escolher os
meios, os instrumentos, as técnicas e os processos para alcançá-los. Assim, o
professor agirá com intenção, sabendo exatamente o que pretende. Se tivermos
claramente definidos os objetivos, seguiremos a lógica e o bom senso na seleção
dos meios e métodos, sem nos preocuparmos com os modismos sem sentido.
A fixação de objetivos evita perda de tempo, de material e de energia.
Sem traçar objetivos, o professor caminha para lugar nenhum, marca passos.
Se o professor fixar objetivos e conseguir alcançá-los, é o que importa.
Neste caso, dispensa-se até o programa. Os termos “dar matéria” e “cumprir o
programa” devem ser eliminados da linguagem do professor. Matéria e programa
só têm sentido quando estiverem a serviço e em função de objetivos previamente
estabelecidos.
Se o aluno souber que objetivos deve perseguir e aceitá-los, terá mais
empenho no estudo. Poderá, por conta própria, procurar os meios e informações
necessárias para alcançá-los.
Um engenheiro, antes de iniciar a construção de um prédio, deve ter a
ideia de como a construção vai ser: número de andares, fachada, distribuição e
tamanho das dependências, decoração etc. A essa ideia que o engenheiro tem
sobre o prédio chama-se objetivo. O objetivo do engenheiro é expresso na
planta, no projeto. Neste, está representado exatamente como o prédio vai ficar
depois de pronto. É o objetivo imaginado que foi desenhado e escrito. É o
objetivo expresso.
O prédio é feito de areia, cimento, tijolo, ferro, enfim, é feito de matéria. O
homem, porém, é feito de ideias, de qualidades, de virtudes e de valores.
43
Queremos formar um homem manso, humilde, obediente, subserviente,
ou um homem livre, independente, rebelde, consciente e crítico? Queremos um
homem preguiçoso, acomodado, egoísta, ou um homem trabalhador, atuante e
preocupado com os outros? Queremos um homem mandão, autoritário, ou um
líder democrático?
Podemos estabelecer outros desses contrastes. Nós mesmos poderemos
fazer isso e traçar o perfil do homem que esperamos formar.
O professor precisa ter em mente, com o máximo de detalhes, as
qualidades que espera que o homem tenha. Mesmo que imaginemos um
homem ideal, pouco possível de existir, é preciso ter um modelo deste
homem em mente.
Em educação, fixar objetivos consiste em detalhar as qualidades
que esperamos que o homem passe a ter depois de educado.
Definidos os objetivos, cabe ao professor pensar nos meios,
técnicas, estratégias ou processos que deverá usar para alcançá-los.
Tendo claros os objetivos, o professor terá facilidade em analisar e
comparar o que esperava e o que realmente foi alcançado. Esta
comparação é a avaliação. Por meio da avaliação, teremos certeza se
estamos no caminho certo ou se precisamos mudar ou melhorar alguma
coisa.
44
seja elaborado democraticamente pela escola.
45
A Filosofia orienta também a educação, dizendo que é mais justo que
os homens tenham mais igualdade econômica, que devem ter iguais
oportunidades à educação e que todos têm direito à felicidade.
Esses são alguns exemplos de como a Filosofia interpreta o homem,
o mundo e a ciência para nos orientar sobre a legitimidade e o valor dos
objetivos da educação a serem selecionados.
46
outras, para raciocinar; outras, para imaginar. Umas são mais franzinas,
outras são mais fortes.
Supondo, porém, que as crianças tenham nascido com as mesmas
qualidades, mesmo assim elas são diferentes, porque cada uma vê e lê
coisas diferentes, ouve coisas diferentes, sente coisas diferentes, enfim,
vive em meios diferentes.
O meio em que a pessoa nasce, vive e se desenvolve tem enorme
influência sobre a formação de sua personalidade. Tirá-la daquele meio,
forçá-la a mudar é o mesmo que tirar um peixe da água salgada, do mar,
para viver em água doce, do rio.
É por isso que o professor, ao elaborar seus objetivos, precisa examinar
o meio em que a criança vive, seus costumes, crenças, modos de vida,
experiências, em outras palavras, a cultura que cerca e influencia a criança.
A cultura determina interesses e necessidades diferentes nas
crianças, desenvolve habilidades, concepções, crenças e hábitos
diferentes.
Imaginemos, por exemplo, alguém que tivesse nascido em Manaus
ou Porto Alegre, na Rússia ou nos Estados Unidos, numa favela ou numa
mansão, na cidade ou no sítio; ou então se tivesse nascido no século X,
ou vinte mil anos antes de Cristo. Como pensaria ou teria pensado? O
que poderia ter aprendido?
O homem é um ser que aprende muito por imitação. Quem
viveu tempo num mesmo meio já aprendeu muito. Por isso, é difícil fazer
nessa pessoa transformações profundas. É quase impossível transformar
um covarde em corajoso; um índio, em acumulador de capital; um
marginal, em pessoa de caráter.
A questão é fazer o melhor que se pode dentro das limitações e
restrições impostas pela cultura e pelo meio em que vive o educando. É
por isso que a cultura, ou seja, o meio em que a criança vive, precisa ser
considerada ao se escolher objetivos para a educação.
47
- aprender a trabalhar para ganhar seu pão;
- conhecer o valor nutritivo de cada alimento;
- conhecer as necessidades do corpo humano quanto aos elementos
nutritivos de que precisa;
- identificar as causas de muitos problemas de saúde.
48
- conscientização (o aluno que "se conscientiza" e não "é
conscientizado");
- conhecimento dos direitos e deveres (previstos e assegurados na
Constituição, nas leis e nos costumes);
- cultura geral (que pode ser adquirida por muita leitura: livros,
revistas e jornais).
49
São várias as formas de se classificar os objetivos. Vejamos algumas
classificações que mais nos interessam.
Segundo Benjamin Bloom, os objetivos podem ser classificados em
três categorias, a que ele chama domínios:
a - objetivos de Português;
b - objetivos de Estudos Socais;
c - objetivos de Ciências.
A1 - Atitudes
50
patriotismo modéstia delicadeza
fraternidade compaixão confiança em si
B – Hábitos de
51
Note que algumas atitudes são também hábitos. Por quê?
Vejamos, por exemplo, a "cooperação". Se eu quero cooperar, tenho
uma atitude. Mas, se eu estou acostumado a cooperar, tenho um hábito. A
"ordem" é outro exemplo que pode ser usado. Se eu tenho o costume de
deixar tudo sempre em ordem, já adquiri um hábito; mas ter inclinação
consciente em querer deixar as coisas em ordem é uma atitude.
C - Habilidades
a - mentais
b - manuais
c - outras habilidades
52
D – Conceitos
- sobra o mundo;
- sobre a história do homem;
- sobre a história da ciência;
- sobre o corpo humano;
- sobre como preservar a saúde;
- sobre como se alimentar.
E – Objetivos de Português
F – Objetivos de Ciências
53
G - Objetivos de Estudos Sociais e Cidadania
54
educação. Fica mais fácil para os professores observar se todos os
"ingredientes" necessários para formar integralmente o aluno foram
lembrados. Ingredientes, no caso, são as classes de objetivos que atingem
a mente, o coração e a mão. São os conceitos, as atitudes, as habilidades
e os hábitos.
55
De Língua Portuguesa:
- redigir com clareza, correção e criatividade;
- conhecer o uso dos verbos.
De História:
- estabelecer relações de causa e efeito da Segunda Guerra Mundial.
De Matemática:
- ser capaz de resolver equações de 2º grau.
Língua Portuguesa:
O aluno deverá ser capaz de:
- justificar o acento de cinco palavras, em dois minutos, sem
consulta;
- conjugar o verbo arguir no Presente do Indicativo, em um minuto,
com, no máximo um erro.
Não vamos nos alongar muito nas explicações sobre esse assunto,
pois, para aprofundamentos, podem ser consultados outros livros citados
no final deste material.
Nós, brasileiros, não gostamos muito de organização e de trabalho muito
minucioso. Por isso, essa pretensão de classificação dos objetivos torna-se
bastante maçante.
O importante não é classificar os objetivos. O que interessa mesmo
é que nós e o aluno tenhamos objetivos a alcançar. Objetivos que devem
ser definidos, antes de se iniciar qualquer atividade com os alunos. É
preciso saber para onde ir e ir nesse sentido. O que não deve ser
esquecido, porém, é que é preciso alcançar objetivos que envolvam
atitudes, habilidades, hábitos e conceitos, ou seja, que envolvam a mente,
o sentimento e a ação.
Pode-se simplesmente fazer uma lista de fins, objetivos gerais e
específicos, sem se distinguir as diferentes categorias, como consta no
item a seguir.
56
12 Exemplos de objetivos mais expressivos
A pergunta feita aos alunos foi: "Para que o homem deve ser
educado?" As respostas a esta questão abrangem fins, objetivos gerais e
até específicos. Os alunos não fizeram distinção entre as diferentes
classes e nem era necessário que o fizessem.
57
13 O que o aluno precisa aprender
58
O aluno deve aprender a sentir e a apreciar a música, a poesia,
a arte, enfim, a natureza e a vida. A vida é cheia de beleza. Seríamos
injustos, se não ajudássemos os alunos a vivê-la com intensidade, a
serem alegres e felizes.
59
Dar regras e receitas, qualquer um pode dar. Mas, só tem valor
mesmo quem souber fazer. O Brasil está cheio de gente que dá palpites
para resolver crises, mas poucos têm competência e coragem para resolvê-
las.
Compreender a vida e o mundo. Para isso, deve-se adquirir uma
cultura geral, bem ampla, e ler muito.
Podemos ter uma sociedade mais justa, mais humana, se todos
participarem com ideias e trabalho. É a sociedade democrática. Mas, viver
democraticamente exige aprendizagem também e a escola deve preocupar-
se com isso.
14 Conclusão
60
Capítulo IV
O contexto social e a
educação
A educação é um dos principais instrumentos para acabarmos com os
problemas sociais, uma vez que grande parte deles surge exatamente em virtude
da falta de educação.
Neste capítulo, vamos analisar alguns desses problemas e relacionar
outros que poderiam ser solucionados por meio da educação e, especialmente,
com a ajuda da Didática.
Nota-se, hoje, falta de consciência social, de consciência política e de
preocupação com o coletivo. Há muita gente sofrendo, sem que haja uma luta
conjunta para solucionar os problemas. O homem brasileiro é, na sua maioria,
socialmente impotente, fraco.
Impera, em nosso meio, o individualismo. Muitos só cuidam da própria
vida e não se importam com a vida e a sorte dos outros.
Onde há o individualismo, não funciona bem nem grêmio estudantil, nem
centro acadêmico, nem cooperativa, nem associação. Nestas entidades, a
preocupação deve ser com o bem-estar da maioria e não com os caprichos e
interesses pessoais e particulares, pois elas são pequenas estruturas sociais nas
quais poderiam ser treinados os futuros responsáveis pela estrutura social mais
ampla – o país. Infelizmente, o que se vê são pequenos grupos, muitas vezes
desonestos, manipulando pessoas e recursos.
Falta espírito crítico. As pessoas recebem as informações e não
pensam para verificar se elas são válidas, verdadeiras e se são legítimas.
Aceitam-nas como boas e certas. Assim acontece com os alunos em geral.
O professor falou, o aluno acreditou. Aliás, o povo, em geral acredita no que
lê em jornais e ouve no rádio e na TV e nem imagina que os meios de
comunicação podem ser usados como veículos de doutrinação ou
propaganda. O povo simples espera sempre que os outros decidam por
eles. Até mesmo muitas pessoas da classe média têm atitudes de
submissão. A maioria do povo brasileiro não tem conhecimento de suas
próprias potencialidades, de sua força e de sua competência. Muitas
pessoas, que são capazes, não fazem o que poderiam fazer, por medo e
por insegurança. Pensam que isso é coisa para os outros fazerem e que
elas não têm competência para isso.
61
O próprio assistencialismo é um problema. O governo manipula o
povo, de forma que este não reclame e não aprenda a se "virar" e a
reivindicar. Assim, o povo não se toma livre, independente e crítico e não
aprende a tomar decisão.
Existe uma ânsia grande pelo poder por parte de muitas pessoas.
Algumas derrubam as outras para subir. Umas querem ser mais fortes que
as outras. Usam, para isso, dinheiro, força política, prestígio e até a calúnia
e a difamação.
A obsessão pelo poder de alguns políticos é tamanha, que chegam
a gastar, em campanhas, dez vezes mais do que todo o capital que
possuem. Outros provocam verdadeiros desfalques em empresas estatais
ou órgãos públicos, para conseguir recursos para a própria campanha.
Uma pessoa educada vai perceber que isso é desnecessário; que
existe lugar para todo mundo; que todos somos iguais. Por isso, o homem
precisa ser educado para a solidariedade.
Milhões e milhões de crianças ainda estão limitadas ao mundo
biológico, ao mundo concreto. Pensam e falam somente sobre coisas
triviais e concretas, sem muita capacidade de abstração, de sentimentos
profundos e de raciocínio.
Refletindo sobre esse aspecto, deveríamos ficar profundamente afli-
tos. Cada criança é um de nós, semelhante a nós, mas está longe de nós
em capacidade de pensar, raciocinar, sentir e ver o mundo. Só a educação
pode tirar essas crianças deste submundo intelectual.
Estamos no mesmo mundo, portanto, no mesmo barco; vivemos
numa mesma época. Por que não somos todos iguais? Ou, então, por que
não crescemos todos, ao máximo de que somos capazes?
Grande parte da população brasileira ainda não vive, vegeta, é
biologicamente raquítica, faminta e impotente. Tem sentimento, sofre, mas
não reage. Tem inteligência, mas pensa apenas na sua miserável
sobrevivência. Não vislumbra, em seu horizonte intelectual e social, nada
que possa fazer sua vida se tornar diferente. Nem imagina que possa ser
sujeito ativo e participante da história. Nem sequer pensa que, um dia, possa
ser feliz.
A felicidade, para grande parte de nosso povo, é simplesmente saúde.
Observe-se, por exemplo, a imensidade de peregrinos do Nordeste em
busca de cura, ou pagamento de promessas em sofridas romarias para
lugares famosos por curas. E um povo que tem fé em Deus, mas não tem
uma religião transcendental, utiliza a religião para ter saúde e obter curas e
não por amor a Deus. Esta talvez seja a camada da população de nível mais
baixo, de subserviência e dependência quase absoluta.
A camada média baixa também é extremamente sofredora.
Igualmente, tem consciência ingênua, é submissa e dependente. Não tem o
mínimo de conhecimento de seus direitos e para se defender, não tem
62
argumento. Vai à polícia e esta não se importa. Busca justiça, mas não tem
como pagá-la. Bebe; vai preso.
Existe ainda uma terceira camada. Tem condições razoáveis para a
sobrevivência, mas ainda é extremamente dependente. Desde cedo
aprendeu a obedecer. O próprio pai já recomenda ao filho: "Quando a gente
faz o que os grandes querem, a vida fica mais fácil". Assim, a criança, desde
pequena, aprende a ser subserviente, aprende a obedecer à família, à
escola, ao emprego. Passa a ser joguete nas mãos do vereador, do prefeito
e de outros caciques políticos.
Alguns julgam que devem agir assim, por serem mais fracos. Outros,
para viver mais comodamente, sem conflitos.
A quarta, e última camada, é a dos que têm tudo, mas nada fazem
pelo bem dos outros. Nesta enquadram-se os patrões exploradores, os
ricos opressores, os políticos corruptos e inescrupulosos e mesmo os
intelectuais que só se preocupam consigo próprios. São os egoístas, os
passivos, os acomodados.
Como você pode notar, a falta de responsabilidade social é bastante
generalizada. Uns, por não ter o mínimo de condições para isso: fome,
miséria, incapacidade, ignorância; outros, por falhas de educação,
comodismo, preguiça, egoísmo, passividade ou mesmo irresponsabilidade.
Essa falta de participação ativa e sem responsabilidade é talvez a
principal causa de nossos problemas sociais. Além disso, temos como
causas a falta de capacidade crítica, de criatividade, de um nível de
educação mais elevado, a insegurança e a falta de capacidade de decidir.
Com um povo com tais deficiências educativas, têm-se facilmente
outros problemas: o desemprego, a marginalidade e as favelas que são
decorrência disso. Como também não deixam de sê-lo a fome, a
desnutrição, a prostituição, a doença e a falta de higiene. A pobreza
extrema torna o indivíduo incapaz de reagir, de lutar por seus direitos, tanto
por desconhecê-los, como por não ter aprendido a trabalhar em grupo, a
questionar e a criticar.
De outro lado, estão os acomodados, os omissos, os irresponsáveis.
A estes, falta espírito de solidariedade, de cooperação, de humanismo.
Ao lado disso, há ainda os corruptos, os gananciosos, os com sede
insaciável de poder e de dinheiro. Estes pagam mal seus empregados,
fazem gastos supérfluos, exploram os consumidores e devastam os
recursos naturais. Tudo para satisfazer sua sede pelo dinheiro, pelo lucro.
Esta sede faz também com que não haja uma distribuição de renda melhor
e, consequentemente, mais justiça social.
Os problemas sociais é uma das fontes em que o professor deverá
buscar seus objetivos. Grande parte dos problemas sociais aqui citados
foram levantados em sessões de bombardeamento mental, com algumas
turmas de Didática, dos cursos de licenciatura da Universidade Estadual de
Maringá.
63
Eis os problemas levantados pelos alunos:
64
- temos que agir de forma que as crianças tenham ideias próprias e
criatividade;
- tornar o povo consciente e crítico;
- tornar o homem livre;
- desenvolver e ampliar a cultura popular;
- todos devem se engrandecer como pessoa, interiormente;
- que todos trabalhem e se preocupem com o bem comum;
- desenvolver mais o patriotismo e o humanismo;
- deve haver mais justiça;
- diminuir a exploração;
- melhorar as condições de saúde, moradia, trabalho e economia;
- preservação da natureza;
- repor a natureza onde ela foi prejudicada;
- maior conscientização para o plantio de hortas caseiras e em
terrenos baldios;
- assumir bandeiras de luta pela melhoria social.
2 Um caso real
65
aparentava ter 7 ou 8, de tão franzino que era. Ele representou exatamente
a situação dos menores delinquentes.
O filme foi um sucesso de bilheteria. Foi visto por 2,5 milhões de
pessoas, em vinte países, e Fernando atuou nele como estrela maior.
Em agosto de 1987, já com 19 anos, ele foi morto pela policia de São
Paulo com oito tiros. Muitos previam que seu fim seria esse.
Fernando foi bom filho, bom pai, mas tivera uma infância triste e
carente. Ele tinha nove irmãos. Perdeu o pai aos oito anos. Sua mãe
ganhava de pensão 1/5 do salário mínimo. O que ele ganhava ia para a
mesa de 11 pessoas.
Se fez tanto sucesso, por que não continuou fazendo filmes?
Quanto à sua personalidade, alguns diziam que ele não tinha talento.
Outros diziam que faltou cultura para compreender a vida, ou, então, seria
a má alimentação que teve na infância a causa de tal comportamento.
Poucas vezes ia à escola; mostrava-se indisciplinado; era incapaz de ficar
em emprego fixo. Fumava maconha, praticou vários assaltos à mão
armada e, principalmente, roubava carteiras e relógios.
Era arisco, conservador, mas ambicioso e orgulhoso. Não gostava
de trabalhar, chegava atrasado ou mesmo faltava ao trabalho. Até no
boteco, que era dele, muitas vezes não ia. Sua ambição era fazer sucesso
no teatro e no cinema, porém não tinha dedicação e paciência para isso.
Foi ajudado de várias maneiras, com dinheiro, professora, psicóloga
e casa. Foi contratado para outro filme, mas não aparecia para filmar.
Tinha muita dificuldade em ler, isso o envergonhava muito. Essas
informações e dados foram extraídos da Revista Veja, nº 991, de 2/9/1987.
Assim como Fernando, existem no país outros 10 ou 12 milhões de
crianças. Veja bem, milhões e não mil. É de partir o coração de qualquer
cidadão honesto, e muito mais o coração dos professores, dos
educadores.
Quais são os problemas que podem ser extraídos desse caso? A
falta de comida provoca fraqueza, desânimo e preguiça. Ao lado disso,
têm-se a falta de persistência, de vontade, de disciplina e de dedicação.
Até mesmo a falta de paciência.
O fato de não saber ler bem e a falta de cultura também
atrapalharam o sucesso de Fernando. Apesar disto, era orgulhoso e
ambicioso e não gostava de trabalhar.
Havia também o aspecto de ajustamento pessoal, social e moral.
Fumar maconha é indicativo de uma necessidade não satisfeita, talvez de
falta de amor. Assaltos e roubos indicam necessidades materiais e de
fraquezas morais.
Em termos mais amplos, temos, como problemas, a injustiça social
e a falta de assistência social. Estes também são problemas decorrentes
da falta de educação dos nossos governantes.
66
Agora, podemos tomar esses problemas e transformá-los em
objetivos a serem colocados para as nossas escolas:
- aprender a trabalhar;
- desenvolver o amor ao trabalho;
- aprender disciplina, força de vontade e a ter paciência;
- desenvolver a coragem e a persistência;
- desenvolver o espírito de humildade;
- desenvolver o espírito de solidariedade e de justiça;
- aprender os princípios de moral e as normas de conduta social;
- desenvolver a responsabilidade e a iniciativa;
- aprender a ler corretamente;
- ampliar a cultura.
3 Conclusão
67
Capítulo V
O professor
68
revistas, jornais; ouvir os bons programas de rádio e TV e participar dos
cursos de atualização.
Hoje, ninguém pode saber tudo. O professor pode deixar bem claro
para os alunos que ele não é o dono da verdade. Os alunos, por sua vez,
também pesquisarão e o farão o que for solicitado com muito prazer, se for
assunto de que eles gostam.
Seria ótimo, se todo professor fosse um pequeno sábio. Mas, nem
por isso o professor deve deixar de ser humilde. Ter segurança é bom, mas
esnobar inteligência ou cultura ofende os alunos. O que ele deve fazer é
mostrar que é um observador, um pesquisador, um eterno buscador da
verdade e da sabedoria. O professor tem que ser também um poço de
imaginação e de criatividade.
O professor deve ter abertura mental para compreender e aceitar o
que o aluno considera importante. Os alunos gostam de pesquisar sobre
tudo o que for novidade para eles. Com frequência, eles apresentam ideias
esquisitas e muitas delas estranhas ao professor. Mesmo que pareçam
absurdas, o professor deve considerá-las ou tolerá-las.
O professor deve ser idealista, sonhador e ter uma causa. Causa
aqui pode ser, por exemplo, melhorar o mundo, diminuir o sofrimento dos
pobres, não admitir injustiça, principalmente com os mais fracos.
Vi, certa vez, num filme, um personagem dizer para outro: "Um
advogado com causa é um perigo. Mas muito mais perigoso é um professor
sem causa".
De qualquer forma, o professor tem que ser altruísta, isto é, deve
preocupar-se com os outros, ter muito amor à humanidade e à causa dos
desprotegidos. Deve ser um eterno inconformado. Jamais deve se
acomodar, cruzar os braços ou perder as esperanças. Deve estar sempre
pronto e disposto a ajudar os outros em suas dificuldades e necessidades.
Deve ter coragem, ser muito otimista e sempre perseverante.
Seria bom que todo professor tivesse o domínio da palavra. Com bons
recursos verbais, com boa dicção, com voz alta e clara, o professor
comunica-se melhor. Se, além disso, ele tiver linguagem fluente, simples e
coerência de ideias, fica fácil para os alunos o compreenderem. Assim, eles
prestam atenção e participam melhor.
Seria bom também que o professor, ao lado de boa capacidade de se
comunicar, tivesse muita afetividade, muito amor aos alunos e à causa da
educação. Assim, ele convenceria, sugestionaria nos alunos a ter amor ao
estudo, à justiça, à verdade e ao bem.
Diz um ditado: “as palavras comovem, mas os exemplos arrastam”.
Por isso, mais que usar palavras bonitas, o professor deve dar exemplo. O
dom da palavra, nem todos possuem, mas dar bons exemplos e ser modelo
de estudo e de vida, todo professor poderá ser capaz.
69
Assim, o professor deve ser modelo de estudo, de pesquisa, de justiça
e de amor à verdade, ao bem e à Pátria. Deve dar exemplo de pontualidade,
de assiduidade, de honestidade e de trabalho.
O professor deve ainda ser coerente, sociável, comunicativo, franco,
leal e simpático. Deve ser disciplinado, organizado e ter muita segurança;
deve ser firme, mas não “durão”. Mas, ao mesmo tempo, deve ser flexível;
deve ser aberto a sugestões e a críticas.
Deve compreender, respeitar e estimar os alunos; conhecer seus
anseios e seus problemas. Deve ser amigo, confidente e conselheiro dos
alunos.
O professor que tem "moral" perante os alunos tem o respeito e a
consideração destes. Este respeito ele conquista não pela função que
ocupa, mas pelo comportamento e pela competência que tem.
Enfim, o professor deve amar muito os alunos e a profissão e gostar
do que faz.
70
No dia seguinte, fizeram leitura silenciosa de histórias, com
suspense, bem interessantes, seguidas de dramatização. Com
matemática e ciências, realizavam experiências de fazer os alunos ficarem
de boca aberta.
Essas estagiárias eram extrovertidas, alegres e dispostas. Tinham
ânimo para tudo. Ao lado do humor, tinham muita firmeza e segurança.
Para elas, tudo ia bem. Os alunos brincavam, pesquisavam, estudavam,
faziam o que elas pediam. Elas contagiavam os alunos com as
brincadeiras, com os jogos, com as atividades e com as experiências
interessantes que faziam. Eram sociáveis, comunicativas, delicadas,
francas e muito simpáticas. Tratavam os alunos como companheiros de
brincadeira, como verdadeiros amigos. Tinham imaginação e criatividade
fora de série. Eram verdadeiras artistas; conseguiram ótimos resultados.
Uma outra estagiária, que fez o estágio sozinha, também conseguiu
sucesso extraordinário. Ela nos surpreendeu muito, pois, como aluna, era
quieta, parada, embora tivesse boas notas.
Certo dia, chegamos na turma dela e a encontramos no meio da
sala, rodeada de alunos, em pé, demonstrando experiências sobre
ciências. Junto a uma das paredes da sala de aula, ela havia juntado várias
carteiras, sobre as quais havia flores, caules, folhas, raízes, vasos com
plantas e vários outros tipos de material. Em cima das carteiras dos alunos,
havia recortes de jornais, livros e cadernos.
Fiquei curioso para saber como ela conseguia a atenção e a
participação dos alunos. Por isso, observei seu trabalho bem de perto.
A estagiária era uma dessas minicientistas. Ela descobriu o veio que
poderia seguir para envolver os alunos: a curiosidade. Pegou alguns temas
e, em torno deles, organizou leituras, pesquisas e experiências. Sabemos
que a TV é forte incentivadora para os alunos. A professora soube explorar
as novidades apresentadas na TV. Abordou algumas invenções.
Respondeu às questões levantadas pelos alunos e incentivou os alunos a
aprofundar vários temas propostos por eles, em revistas, livros e
enciclopédias. Mas, ela se saiu bem não só em Ciências, mas também em
Comunicação e Expressão e em Estudos Sociais.
Essa professora estagiária, certamente, tinha qualidades diferentes
daquelas duas que descrevi anteriormente. Mas, fez sucesso
extraordinário. Por que será?
No meu entender, foi porque ela tinha cultura geral muito boa. Ela
não se apertava com as perguntas dos alunos. Soube atender às diferenças
individuais; soube alcançar os objetivos, sem ter que "dar aula" no sentido
tradicional da palavra. Ela era curiosa e contagiava seus alunos para a
pesquisa, para a busca das respostas.
Nunca a vi gritar com seus alunos. Era humilde, calma, paciente e
muito delicada. Estava sempre disposta e pronta para ajudar os alunos. As
71
novidades que estes traziam ela imediatamente aproveitava para
las às atividades. Agradecia aos alunos que traziam coisas diferentes.
Pode-se dizer que era uma professora com bom conhecimento de
psicologia, Didática e relações humanas. Era estimada, respeitava e
compreendia seus alunos. Conseguiu o respeito e a consideração das
crianças, pela competência e pelo interesse por elas.
Outro fato interessante aconteceu com a estagiária de uma colega
minha. Essa estagiária estava com uma turma de crianças de nível
socioeconômico bem baixo que viviam em ambiente de promiscuidade e
eram acostumadas com todos os tipos de palavrões.
Alguns dias antes de a estagiária vir, a professora da classe havia
estudado, com as crianças, o significado dos palavrões no dicionário. As
próprias crianças procuraram as palavras. Em seguida, a professora fez
comentários sobre os órgãos sexuais, masculinos e femininos, e sobre a
denominação destes. Procuraram também, no dicionário, a palavra boceta,
muito usada pelas crianças. Viram o significado da respectiva palavra é
caixinha redonda ou caixa de rapé. A professora explicou que, como órgão
sexual, o nome correto é outro.
O objetivo dela foi fazer com que as crianças deixassem de achar
graça no uso dos palavrões. A professora fez o jogo deles, sem o mínimo
de vergonha. Enfrentou a situação da forma mais natural do mundo.
Quando veio a estagiária, os alunos tentaram "pô-la na parede" de
todas as maneiras. Perceberam que ela ficava vermelha, quando falavam
palavrões. Ela já não aguentava mais aqueles "capetas".
Certo dia, após o intervalo, já todos sentados, uma aluna se levantou
e falou bem alto: "Professora, roubaram a minha boceta, roubaram a minha
boceta".
Os outros alunos se levantaram e fingiram que estavam ajudando a
procurá-la. Corriam de um lado para outro e perguntavam: "Mas quem
poderia ter feito isso?".
A estagiária, escandalizada, pegou seu material e foi correndo até a
sala da direção. Após relatar o ocorrido, disse: "Chega! Nunca mais vou pôr
os pés numa sala de aula!". E foi embora.
Observe o que crianças de 10, 12 anos são capazes de aprontar. E
comum planejarem situações como essas para professores. É por isso que
os professores devem estar preparados para tudo, sem se escandalizar.
Para contrastar com o fato acima, vamos citar outra ocorrência. Uma
professora, já com experiência, estava explicando gênero de palavras. A
certa altura, uma aluna perguntou: "Professora, 'cutia' é masculino ou
feminino?". A professora dá a resposta. A aluna pergunta: "E cuteu?". A
professora respondeu prontamente: "O teu é masculino". Foi uma gar-
galhada só. A professora cortou a gracinha pela raiz. Dificilmente os alunos
voltariam com brincadeiras semelhantes.
72
Citamos esses exemplos para que o estudante e o professor novato
criem resistência psicológica para tais fatos. É preciso encará-los com
naturalidade. Um professor experiente sabe como agir. Mas, é bom que o
professor esteja, ao menos, prevenido quando começar, para que não
desista como a estagiária protagonista do caso acima.
Todo professor, certamente, quer ser um bom profissional; quer ser
feliz como professor; e quer fazer sucesso. Vejamos algumas sugestões
para isso:
a. Primeiramente, o professor precisa ter cultura geral bem
ampla. Precisa conhecer os problemas do mundo, do país e da
comunidade. Problemas atuais e não de três ou quatro anos atrás. Para
isso, ele precisa ler jornais e revistas periódicos, semanais de preferência.
Precisa visitar o bairro onde se situa a escola, as famílias e saber como
vivem seus alunos.
3 Funções do professor
73
a. Assistir o aluno e orientá-lo em seus estudos leituras e
pesquisas; incentivá-lo a buscar e a ler fontes novas; indicar temas,
revistas e livros relacionados aos assuntos de que gosta; tentar fazer o
aluno gostar da matéria e aprender a estudar. Isto o leva a estudar sozinho,
sem precisar de professor.
74
Infelizmente, são poucos os professores que se preocupam com a
sociedade. São poucos os professores que espalham espírito de
solidariedade, cooperação e amor.
O professor, de qualquer área ou matéria, deve ter em mente a
sociedade e o homem antes da matéria. Certamente, verá muitas coisas
erradas. É comum atribuir-se culpa ao governo, à secretaria da educação,
à direção da escola e ao próprio povo, mas quem deve começar a corrigir o
que está errado na sociedade é o próprio professor. É ele que tem sangue
nas veias; que vê o que precisa ser feito; que é idealista e que tem amor à
humanidade.
Cada um de nós tem uma missão a cumprir e, se cada um cumprir
rigorosamente com o seu dever, o mundo será outro.
75
Se o professor der tudo pronto para o aluno, este nunca vai aprender
a estudar, a procurar as coisas de que precisa e a resolver os problemas
por conta própria. Recebendo tudo pronto, não aprenderá a pensar.
A esse respeito, diz um provérbio chinês: "Se quiseres matar a fome
de uma criança por um dia, dá-lhe um peixe; se quiseres matar-lhe a fome
para o resto da vida, ensina-lhe a pescar". Assim, a função do professor
passa a ser orientar o aluno a pesquisar, a estudar e a pensar e não mais
"dar matéria" e nem "dar aula".
O que vem a ser uma pessoa sábia? Certa vez, lemos que sábia é
a pessoa que procura saber; ignorante é a que procura se encher de
conhecimentos. Daí a necessidade de o professor estimular os alunos a
sempre querer saber mais, a ser curiosos e a buscar a resposta a seus
questionamentos. Os conhecimentos serão um subproduto desta busca e
não devem ser um objetivo imediato a ser perseguido pelo professor.
O professor deve criar um clima de camaradagem, de compreensão,
porém, ao mesmo tempo, de desafio para que o caráter dos alunos se
fortaleça. Os trabalhos em grupo, onde seja estimulada a cooperação, são
importantes para isso. Nesta interação, as pessoas podem ajustar-se,
ajudar-se mutuamente e desenvolver-se a vida toda.
O mundo, hoje, muda com tanta rapidez que é impossível saber o que
vai acontecer daqui a cinco ou dez anos. Nem sabemos se os
conhecimentos aprendidos hoje serão válidos para daqui a um ou dois anos.
Para que aprendê-los? Precisamos, sim, aprender como aprendê-los.
Assim, saberemos aprender a vida toda.
76
n. Enfim, o professor deve ser, acima de tudo, um educador.
Ele deve partir das experiências dos alunos, dos seus interesses e, por
meio de atividades, processos e técnicas adequadas, integrá-los com ideias,
conceitos para formar atitudes e incorporar valores sadios para formar um
cidadão sábio e de caráter.
77
simpáticos. Com isso, teremos mais poder emocional para conquistar os
alunos.
Certa vez, vi um aluno dizer ao professor: "Professor, eu não entendi
isso que o senhor explicou agora". Respondeu o professor: "Isso já foi visto
na aula passada". O aluno voltou a insistir: "Mas, é exatamente o que eu
queria; eu queria ligar aquilo que o senhor explicou na aula passada com o
que está explicando agora". Respondeu o professor, secamente: "Isso
vamos ver na próxima aula". E continuou a aula, sem dar maiores
explicações àquele aluno.
Depois de duas "patadas" destas, algum aluno vai perguntar mais
alguma coisa a esse professor? Certamente, não. O professor se distancia
e o aluno se retrai.
É lógico que o professor pode não saber tudo, e nem todas as perguntas
devem ter uma resposta imediata por parte do professor. Mas, o mínimo que tem
que ser feito é respeitar e dar atenção às perguntas dos alunos. O correto seria
mostrar interesse pelas perguntas e até estimulá-las. Em seguida, devem ser
indicadas as pistas pelas quais os alunos poderiam obter as respostas: revistas,
livros, experiências, pesquisas. O professor acompanha, estimula e, se
necessário, orienta e ajuda os alunos na busca das respostas, sempre com muito
entusiasmo. Mostremos interesse pela curiosidade dos alunos. Con-
sideremos as suas ideias, as suas iniciativas. Respeitemos e apoiemos a
vontade do aluno em querer aprender determinadas coisas, mesmo que
sejam fora da matéria que se está sendo estudada. Favoreçamos ou
criemos situações que levem o aluno a se entusiasmar com os resultados
obtidos. O aluno precisa ter o seu esforço reconhecido, quer pela satisfação
da realização da atividade em si, quer pelo reconhecimento do professor.
À medida do possível, o professor deve manter a classe com alto
moral; elogiar a classe como um todo; pela colaboração, pelo esforço, pela
lealdade e por qualquer razão merecida. O elogio à turma deve ser em
público, porém o elogio para o aluno deve ser em particular, para não
diminuir os outros ou provocar inveja. Sejamos diplomáticos: procuremos
não magoar o aluno. Consideremos todo e qualquer aluno como gente
importante.
Se tivermos que negar alguma coisa ao aluno, nunca digamos na
"cara" dele. Primeiramente, ouçamos as suas justificativas, as razões que o
levaram a fazer o pedido. A partir disso, levemos o aluno a entender por
que não pode ser atendido.
Levemos tudo na "esportiva": as conversas, as peraltices, as
bagunças e mesmo as eventuais ofensas. O aluno tem que ser conquistado
pela amizade. Agressão provoca reação; e o aluno é o lado mais fraco, que
reage para se defender.
Tenhamos espírito jovem, mente aberta, saibamos brincar. O aluno
relaciona-se bem com os que pensam e agem psicologicamente de forma
semelhante a ele. Brincar e sorrir não custa nada. O sorriso amolece o
78
coração e abre as portas para a tolerância, para a compreensão. Por isso,
entremos sempre na sala de aula sorridentes, dispostos e alegres. O
dinamismo e o entusiasmo do professor contagiam o aluno.
Utilizemos apenas nossa personalidade como autoridade, e não o
cargo ou o fato de sermos o professor. Cativemos o aluno pelo nosso calor
humano, pela nossa simpatia, pela nossa delicadeza. Prezemos a verdade,
a justiça e o bem. Os alunos detestam a mentira e a injustiça.
Sejamos amigos sinceros, francos e leais dos alunos. Nada de
hipocrisias ou segundas intenções na amizade com eles. Não queiramos
com isso apenas conseguir que se interessem pelas atividades, mas, sim,
que progridam, que cresçam e se autorrealizem. Façamos com que sintam
apoio e confiança. Assim, teremo-nos como amigos e poderemos exercer
melhor nossa função de educadores.
Criemos clima agradável em sala de aula. Clima de amizade, de
coleguismo, de harmonia e de calor humano. Clima em que o aluno sinta-
se bem, sinta-se útil, aceito, compreendido e livre para se expressar à
vontade, imaginar e criar.
Esse clima dá ao aluno segurança, apoio e tranquilidade; é condição
para uma boa aprendizagem e para um crescimento emocional e psicológico
saudável.
Nenhuma pessoa gosta de solidão, de isolamento. Todas sentem
necessidade de estar com outras pessoas. Crianças e adolescentes
sentem essa necessidade mais forte ainda.
Consideremos o aluno como ele é. Respeitemo-lo. Tratemo-Io
sempre com calma e compreensão. Não tentemos mudá-lo ou fazer com
que aprenda sob pressão. Aguardemos; sejamos persistentes; não
percamos a paciência. Ele pode amadurecer e mudar.
Costuma-se respeitar o governador, um ministro de Estado ou o
Presidente da República. Por quê? Porque, em nossa sociedade,
costumamos tratar bem as pessoas importantes. Imagine essas pessoas
importantes, lembrando-se de seus primeiros professores. Que
recordações terão?
Os adjetivos atribuídos a cada um deles poderiam ser: grosso, bruto,
estúpido, antipático, agressivo, mal-educado, fechado, sério, triste; ou
então, alegre, camarada, bonzinho, brincalhão, legal, bacana, simpático,
sincero, amigo, gente fina, competente, uma sumidade. Com quais desses
adjetivos gostaríamos de ser tratados?
Não existe pessoa mais importante. Todas são iguais. Todas são
importantes e merecem o máximo de respeito e consideração, pelo simples
fato de serem gente. Todo aluno deveria ser tratado como se presidente
fosse, como um príncipe, como um rei. Por isso, devemos tratar as crianças
sempre com bondade, carinho, amizade e simpatia. O professor simpático
e competente é que é imitado pelos alunos. Aquele exerce maior influência
nas atitudes dos alunos e passa a ser o modelo de vida para eles.
79
Os alunos têm pais, porém a maioria dos alunos busca outros
padrões de referência, principalmente nos professores. Os alunos buscam
apoio, segurança em pessoas que conheçam psicologia, que as
compreendam, que as possam orientar. Aproveitemos essa oportunidade!
Exerçamos a influência que pudermos para aconselhar e orientar os nossos
alunos para os objetivos educacionais e para a vida.
Para que possamos exercer com mais eficiência nossa importante
função de educadores, procuremos conhecer bem cada um de nossos
alunos. Tentemos descobrir os seus interesses, desejos, necessidades e
mesmo as fraquezas e limitações. Calcemos os sapatos dele, coloquemo-
nos em seu lugar e imaginemos como seríamos, se tivéssemos os pais que
ele tem, as condições que ele recebeu até aqui. Sejamos pacientes,
ouçamos o aluno, ajudemo-Io. Ele pode estar precisando de amigo, e de
amigo forte, de amigo que ele julgue uma figura importante dentro de seu
mundo limitado de aluno. Toda pessoa gosta de ser amada, estimada e
considerada. Alguns alunos não só gostam, mas necessitam disso,
principalmente os mais sensíveis, emotivos ou inteligentes e que não
recebem a necessária compreensão e afeto dos pais. É preciso dar a eles
segurança e afeto. Fiquemos do lado deles quando precisarem. Ajudemo-
Ios a resolver os problemas deles, mesmo que sejam particulares.
O homem nasceu para ser feliz. A primeira coisa que todo aluno
deveria ter assegurada é a sua felicidade. O professor pode e deve ser um
instrumento assegurador de felicidade para o aluno.
80
A professora investiu contra a aluna, gritando e puxando seus
cabelos: 'ah! Foi você, sua praguinha. Você vai me pagar!', A aluna, por
mais que quisesse explicar sua inocência, não foi ouvida. Levou uma
semana de suspensão.
A aluna, humilhada, ficou com tamanha vergonha que não voltou
mais para a escola naquele ano, por mais insistentes que fossem os apelos
de seus colegas."
Comentários:
Comentários:
A lição que pode ser tirada desse fato é que professor e aluno
devem dialogar. O professor deve descobrir por que o aluno (cada aluno)
não está aprendendo. Depois disso, o professor deve orientá-lo como
estudar e indicar a necessária bibliografia.
81
5.3 Terceiro fato
Comentários:
Comentários:
Será que a escola tem que ser lugar de terror, de tortura ou é lugar
agradável, onde a pessoa se sente bem e vai para aprender e para se
relacionar com os outros?
82
5.5 Quinto fato
Comentários:
Comentários:
Note que o aluno quer ser responsável pelas suas notas: "o
problema era meu, se tivesse tirado 10 ou zero". O próprio aluno sabe fazer
sua autocrítica. Não há necessidade de o professor arrasá-lo ainda mais.
83
Na escola, ninguém deve ser filho de ninguém. Cada aluno é ele
mesmo. Tem sua própria personalidade e não tem nada a ver com seus
pais, ou melhor, não quer ter.
O bom professor comenta as provas na sala em termos de bondade,
lamentando que alguns não tenham alcançado sucesso que ele esperava.
Não diz quem foi mal nas notas e não faz julgamento dos alunos, muito
menos em público. Depois disso, ele se coloca à disposição para comentar
as provas em particular e orientar os alunos, que quiserem, de como
aprender melhor.
Comentários:
Como será que esse aluno se sentiu? Com que direito um professor
ridiculariza um aluno dessa forma?
São tais atitudes que reprimem os alunos; fazem com que eles se
tornem subservientes. Além disso, provocam tensão em todos os alunos e
ninguém vai sentir-se livre e tranquilo ao fazer trabalhos ou provas.
Qual deve ser o objetivo do professor, ajudar os alunos ou fazer
sessão de humor?
84
de frio, azul, de manga comprida. O uso da camisa branca era obrigatório,
pois fazia parte do uniforme.
O diretor entrou na sala para dar um recado ao professor.
Todos ficaram em pé, como de costume, quando entrava o diretor.
Quando este avistou Antônio vestido daquele modo, fez os
seguintes comentários:
Eh! Você, aí! Não tem senso de ridículo? – e todas as atenções se
voltaram para Antônio.
Você está horroroso, vestido assim. Sabe o que parece? Um desses
lixeiros que andam por aí. Por que você não vai lá em casa fazer par com
minha empregada?
Isso não foi dito em tom irônico, mas como se estivesse transmitindo
algo sério e muito importante. Antônio corou. Pelo fato de ser um menino
muito quieto e tímido, não disse nada.
Mal o diretor saiu, ele sentou-se e não disse uma palavra o resto do
dia.
O que me chocou foi a crueldade desse diretor. Um aluno
completamente inocente ter que pagar pela irritabilidade e mau humor
dele."
Comentários:
85
Os alunos viviam inquietos e tensos. Se ninguém respondesse, ele
dizia que ninguém sabia. Se respondessem errado, era bom sair de perto.
A maioria da turma reprovou com ele. Não podia ser diferente, pois
ele passava mais tempo xingando que ensinando. E nosso nervosismo,
então!”
Comentários:
Comentários:
Comentários:
86
Observe bem o caso. É um menino dócil, talvez “um tanto ingênuo”.
Em qualquer classe sempre há os supermalandros, que não têm o mínimo
de escrúpulo em atribuir a culpa das bagunças a outros. A professora
deveria saber disso e não acreditar nos peraltas.
Toda pessoa tem necessidade de ser estimada, valorizada e
respeitada. Se a própria professora, que deveria ter atitudes de mãe, não
estimava a criança, por que ele iria fazer esforço para estudar? Se o pai
não dá atenção ao aluno, que comportamento de defesa ela poderá
adotar? A criança revolta-se, fecha-se em si mesmo, como vingança; não
estuda, para ser reprovada. Assim, ela pensa forçar o pai a transferi-la, ou
então escapar da turma em que está, pois ficará para trás.
Além dos prejuízos escolares, tais acontecimentos podem provocar
profunda ferida psicológica na criança.
6 Depoimentos de alunos
***
***
87
"Quando fazia o 8º ano, eu tinha uma professora de Matemática
muito bondosa. Ajudava a todos. Ninguém queria contrariá-la. Por isso, o
comportamento da turma sempre era ótimo.
Certo dia, dois dias antes da prova, faleceu o pai de um menino da
sala. Ela foi ao velório; lá o menino falou da prova. A professora respondeu
que não se preocupasse com isso, pois daria jeito.
Um dia depois da prova, a professora comunicou-nos que iria dar
uma nota boa para o menino sem que ele precisasse fazer a prova. Todos
concordamos, pois ele sempre foi ótimo aluno e estava muito chocado com
a morte do pai."
88
- sugerir ou apresentar temas e atividades interessantes e
significativas para os alunos fazerem ou estudar;
- criar situações em que os alunos possam aplicar as informações
teóricas;
- provocar os alunos a falar, a discutir, a dar a sua opinião;
- o professor deve ser como aquele pai que toma a frente nas
brincadeiras com seus filhos. Pula, fica alegre, entusiasma-se e
contempla o filho aprendendo a brincar. O mesmo deve acontecer
com o professor. O aluno imita-o, compraz-se com o entusiasmo
contagiante do professor. Imita o professor nas qualidades deste, no
estudo, na pesquisa, em sua ânsia de buscar a verdade e o saber;
- de que adianta alguém ter a casa cheia de móveis, artigos e
eletrodomésticos, piano e não saber utilizá-los? O mesmo ocorre
com o estudante cheio de conteúdo, mas que não sabe utilizá-lo
quando necessário.
Observe quantas formas de atividades podem ser usadas em vez de
“dar aula”. E essas atividades são, seguramente, mais importantes para se
alcançar objetivos úteis ou se chegar à aprendizagem. O professor deve
deixar de “dar aula”, sofrer menos e fazer com que os alunos aprendam
mais.
89
- professor inseguro, não sabe o que fazer na sala;
- criar barreira entre alunos e professor. Isso inibe os alunos;
- professores que se julgam muito inteligentes e querem se mostrar
como tais;
- acúmulo de conteúdos no final do semestre. Isso demonstra falta
de planejamento;
- perder a confiança no aluno, quando este tira nota baixa;
- professores que correm muito com a matéria, têm programas muito
extensos, “puxam muito e explicam pouco (superficialmente)”;
- há professores que não saem daquilo que foi planejado para o dia.
Diante de qualquer coisa fora disto, eles se perdem;
- há professores que chegam para a aula, sem saber o que vieram
fazer. Não têm planejamento nenhum: “Eu já tive um professor que
nem sabia que matéria ele dava para a minha turma. Certo dia, ele
chegou na sala e perguntou: “Que matéria eu dou para essa turma?’”;
- professores muito além do nível da turma;
- o professor impor sua opinião e até chantagear o aluno para aceitá-
la;
- há professores que não veem os alunos como seres humanos, nem
sequer conversam e não têm interesse por eles;
- há professores que trazem os problemas pessoais para a escola e
falam sobre eles o tempo todo;
- demonstrar medo do diretor perante os alunos;
- “eu tive um professor que jogava o meu caderno no chão, quando
eu errava”;
- passar a matéria do livro no quadro e fazer questionário muito fácil
sobre ela: “Parece que era para matar tempo, por não saber como
dar aula”;
- “certo professor batia na cabeça dos alunos, quando eles erravam;
um outro atirava giz neles”;
- muitos professores humilham seus alunos, dando até apelido para
alguns;
- impedir que os alunos conversem;
- falar a aula toda. Isso provoca monotonia, desatenção e conversas;
- tratar os alunos como crianças;
- “um professor apresentava sempre conteúdos medíocres”;
- “o professor exigia que os alunos decorassem os verbos, mas não
sabia aplicá-los”;
- professor que não respeita o potencial individual dos alunos;
- falta de humildade de certos professores;
- professores que ficam no convencional, no tradicional, sem abrir
novos horizontes para os alunos;
- há professores que não “sabem explicar a matéria e nem se
expressar com clareza’;
90
- professores que fazem questões de prova que nem eles sabem
responder;
- a maioria dos professores não sabe ensinar as coisas práticas que
interessam para a vida dos alunos.
9 A formação do professor
A primeira coisa que todo professor precisa saber é para que o aluno
precisa ser educado, o que e como deve aprender.
O professor, na prática, tem que pensar constantemente no tipo de
homem que pretende formar e que transformações espera que ocorram na
sociedade com ou por meio dessa pessoa assim formada.
O professor precisa ter conhecimento claro dos pressupostos que
fundamentam sua ação. Deve saber explicitar por que trabalha esses
conteúdos, por que utiliza esses métodos e por que visa a tais e tais
objetivos. O professor precisa ter os conhecimentos de um educador.
A ideia de que a escola tem por função preparar o aluno para o futuro
já é do passado. Prepará-lo para viver na sociedade é muito pouco, ou é
muito indefinido. É preciso que o professor tenha ampla visão do ser
humano, da sua origem, da sua natureza, da razão de sua existência. É
preciso que ele conheça sua história, a história da civilização e do mundo
que ele criou e que continua criando. É preciso conhecer o meio em que
ele vive: físico, biológico, social e político. É preciso, sim, prepará-lo para
saber enfrentar o futuro, para ser capaz de se adaptar facilmente às rápidas
mudanças que vêm ocorrendo.
O professor está inserido num contexto social o qual deve conhecer
bem e em todos os aspectos. Deve saber como é o país em que ele mora,
quais são os seus problemas e como vivem as pessoas da comunidade que
os cerca.
Para isso, ele precisa ler muito e estar atualizado. O professor, sem
uma vasta cultura geral, não pode estar engajado em seu meio; não pode
ser professor competente.
O professor competente tem autoconfiança, é crítico e capaz de
tomar decisões. O professor competente é respeitado e imitado em função
do seu conhecimento e das posições que assume.
91
10 CONCLUSÃO
92
Capítulo VI
Fundamentos e princípios
da Didática
1 Fundamentos
93
ensino. Isso evita que cada professor tenha que começar tudo de novo, com o
risco de não dar certo.
O próprio tratamento que se atribui à educação deve ser científico. O
planejamento do ensino, a sua execução, a elaboração dos currículos, a seleção
das técnicas, dos conteúdos e a avaliação devem ter procedimentos científicos.
A História informa-nos sobre o passado do homem, sua evolução, suas
descobertas, sua forma de viver e sobreviver. A História exerce enorme
influência sobre a criança, pois reflete todo o passado do homem sobre ela
mesma. A criança assimila, consciente ou inconscientemente, o meio em que
ela vive, os costumes, as atitudes, as habilidades, enfim a cultura que a cerca ou
que chega até ela.
Os mais importantes fundamentos da Didática, porém, são encontrados
na Psicologia. Dela, podemos aprender que o educando tem características
distintas em cada fase da vida. Em cada fase, ele tem necessidades, motivos e
capacidades diferentes para aprender.
A Psicologia da Educação define como é a natureza da pessoa humana
e, sobretudo, da criança. Explica a importância dos motivos, dos desejos, dos
impulsos, das emoções e dos interesses dos alunos. Orienta-nos quanto às
influências das tensões, das angústias, das frustrações e do desajustamentos
na aprendizagem. Diz-nos que a criança é essencialmente irrequieta e ativa e
que é incapaz de ficar parada.
Há várias teorias que pretendem explicar os fenômenos da motivação, da
natureza e do processo da aprendizagem para tornar esta mais consciente, mais
duradoura e mais dinâmica. Vejamos, a seguir, algumas ideias e conceitos de
educadores e teorias psicológicas.
Kerschensteiner deu ênfase à atividade do aluno. Os conceitos, segundo
ele, formam-se pela ação e não pela abstração da realidade ambiental. Pelo
fazer do aluno, é que ele aprende, e não pelas informações passadas por outros
e pelos livros.
O aluno deve ter oportunidade de observar, tocar, fazer e experimentar. A
observação exige processo mental intenso. Isso leva o aluno a formular
hipóteses e a experimentar o que gera saber de experiência, e não de
informações verbalistas. O conhecimento está na atividade do aluno, e não no
do professor.
Dewey teve ideias parecidas, mas com a ação voltada para a sociedade.
Segundo ele, é a atividade que leva à reflexão. A observação e o pensamento
seriam instrumentos de adaptação. A criança estaria constantemente se
adaptando às situações que surgem, ao grupo e ao meio. Para fazer isso, a
criança estaria sempre atenta, prestando atenção. Muita coisa, ela não sabe.
Mas, ela é curiosa e pensa em alternativas de resposta, de solução para os
problemas desconhecidos. Ela vai experimentando as alternativas ou hipóteses
mais prováveis para satisfazer sua curiosidade, até que as encontre.
94
Essas situações sucedem-se continuamente. Cada resposta é analisada
pela criança, é ligada com as que ela já conhece e é generalizada para resolver
os problemas sociais.
Segundo Dewey, isso ocorre mais facilmente quando os alunos têm
condições de discutir os problemas e conviver em grupos, como se fosse numa
sociedade em miniatura.
Claparéde teve ideias semelhantes às de Kerschensteiner e Dewey.
Segundo Claparéde é o ato e a reflexão que readaptam o indivíduo que
constantemente estaria encontrando dificuldades. Dificuldades estas que
passariam a ser necessidades. Necessidades que provocariam o pensamento e
a ação.
Essas situações levam a pessoa a buscar dados, informações, conceitos
e meios para satisfazer às necessidades. E essa busca de dados leva o indivíduo
à aprendizagem, sem sentir e sem saber que está aprendendo.
Piaget foi um psicólogo e educador que maiores contribuições trouxe para
a Didática. Ele admitia uma pedagogia científica, baseada na genética da
atividade intelectual. Afirma que há níveis de atividades intelectuais que vão dos
mais simples para os mais complexos e que neles, os alunos ampliam as
concepções de espaço, tempo, quantidade, qualidade, entre outras.
A inteligência é constituída por uma estrutura. Constrói-se a estrutura ao
organizar o real. A inteligência é formada pela ação, pelo fazer, pelo resumir,
pelo debater, pelo pesquisar e pela solução de problemas.
O conhecimento, assim, resulta da ação. No exterior, lida-se com objetos;
no intelecto, com ideias. É com ideias que criamos estruturas mentais
operatórias superiores.
Falamos em estruturas, mas o que vem a ser isso em psicologia? É a
ligação de neurônios que permitem percepções e formam associações; é a
ligação de ideia com ideia, que se transforma em pensamento e raciocínio.
A concepção behaviorista defende que o conhecimento é cópia da
realidade por meio dos sentidos. A concepção piagetiana é a interiorização das
ações, que leva ao pensamento operatório.
Não somos recipientes vazios, nos quais podem ser derramadas ideias.
Estas precisam ser captadas por um intelecto ativo, com estruturas próprias,
capazes de reelaborá-las.
Quando uma pessoa se expressa de forma elegante, estética,
criativamente, é porque tem uma estrutura mental operatória bem desenvolvida.
E isso é conseguido pela atividade intelectual graduada na qual sempre atua a
ação mental do aluno.
Bruner, por sua vez, preocupa-se com a captação da estrutura de um
assunto que facilite o relacionamento com outras coisas de maneira a dominá-
lo.
A aprendizagem deve ser progressiva. A pessoa pode aprender as
mesmas coisas em todas as etapas de sua vida, mas, cada vez, de forma mais
complexa e profunda.
95
Inicialmente, a criança deve deduzir intuitivamente as ideias e aplicá-las.
Depois, passa ao pensamento lógico-dedutivo. A intuição leva à perspicácia, à
formulação de hipóteses e a conclusões. A intuição descobre novos fatos; é uma
captação imediata do problema ou da solução.
Bruner apela para que didatas e especialistas encontrem meios para
estimular a intuição, que é a base da criatividade. Ele preocupa-se também com
a motivação. Um filme pode ser um bom incentivo, mas é passageiro. O que
importa mesmo é desenvolver, no aluno, o amor e a paixão pelo saber. Isso fará
com que ele prossiga na busca pelo saber durante toda a vida.
O ambiente de onde a criança procede tem grande influência sobre o
processo. Por isso, a escola deve criar um ambiente que desenvolva, no aluno,
a prontidão para aprender coisas, mais cedo do que na idade considerada como
própria. A criança deve aprender tudo o que for possível e aprender o mais cedo
que puder.
Carl Rogers foi outro psicólogo que estudou com profundidade a questão
da aprendizagem e trouxe várias inovações interessantes para a educação.
Segundo Rogers, toda pessoa deve chegar a compreender-se e a
resolver seus problemas. O educador criaria, portanto, uma atmosfera de
segurança e de calor que possibilitaria ao aluno alcançar a compreensão e a
encontrar, por si mesmo, a solução para o seu problema. Usar-se-ia a empatia,
por comunicação verbal ou não verbal, e a compreensão e a aceitação do
aprendiz. O ensino deveria ser centrado nos problemas e nos sentimentos do
aluno. Assim, o aluno sentir-se-ia livre para elaborar suas experiências.
A liberdade que o autor prega é apenas quanto à representação mental e
à expressão dos dados de experiência e não por atos antissociais. Isso quer
dizer liberdade de pensar e produzir, e não de fazer o que se quer. A concepção
aplicada ao ensino, defendida por ele, visa estimular a iniciativa, a
responsabilidade, o espírito crítico, a cooperação, a criatividade, a
adaptabilidade e a socialização. O educador estimula e dá condições, mas quem
aprende é o aluno. Devemos, portanto, deslocar o eixo da matéria do ensino
para a pessoa que vai aprender e dar toda atenção ao aluno, pois a matéria a
aprender é objeto dele e não do professor; os próprios objetivos seriam
estabelecidos pelos alunos em função de seus interesses e necessidades.
Para ser possível a Didática não-diretiva de Rogers, é necessário que as
turmas sejam reduzidas; que os professores tenham sólida base psicológica; e
que os critérios de avaliação sejam elásticos.
Allport foi outro grande psicólogo que abordou a questão da educação.
Ele preocupou-se muito com o estudo do “eu” da pessoa. Toda pessoa se
preocupa consigo mesma, com sua autoimagem e se autovaloriza.
As vezes, a pessoa retrai-se, fica na rotina para garantir segurança, evitar
angústia e ansiedade. Outras vezes, busca a aventura e a novidade. Tudo está
em função do seu “eu”, mas qualquer atitude vem acompanhada de tensão
psíquica. Qualquer sinal para aliviá-la se torna fator de motivação.
96
O que move, com mais intensidade, uma pessoa é o seu desejo de
autorrealização. Esta é motivação de alto nível. É fonte de ideias.
Allport preocupou-se muito com a felicidade do aluno. Disse que a
descrença, em si e o desânimo com relação à sociedade são problemas
relacionados à educação e podem, portanto, ser evitados por ela.
Segundo ele, o homem tem que ser educado para o futuro. Formar o
homem não é ensinar matéria específica, mas abrir sua mente, faz com que ele
tenha abertura e flexibilidade mental.
Mais importante que métodos, técnicas, procedimentos e recursos é a
visão global do processo de educação e do que se pretende alcançar. Quando
nos preocupamos com os problemas educacionais e amamos nossos alunos,
descobrimos a melhor maneira de trabalhar. É uma didática da liberdade.
Vejamos, a seguir, alguns princípios da aprendizagem que expressam,
resumidamente, os fundamentos da Didática.
2 Princípios da didática
97
tem mentalidade científica e não conhece as teorias da educação ou da
aprendizagem.
Vejamos, a seguir, algumas situações que envolvem princípios de
Didática.
Todo aluno quer ser livre, autônomo e independente. É a própria natureza
da pessoa humana que determina que ele queira ser assim. Se o professor os
respeita, está agindo cientificamente.
Às vezes, veem-se crianças pequenas, de um ano ou dois, reagirem aos
nossos pedidos. Não aceitam nem ser beijadas, sem sorrir para elas ou agradá-
las antes.
O aluno é um ser de vontade. Ele só faz alguma coisa, se quiser fazer. Só
aprende, se quiser aprender. Obrigá-lo a aprender por meio de ameaças e
castigos, de nada adiantará. Ele até pode aprender, mas vai ficar revoltado e
com ódio de estudar, da escola, do professor ou da matéria.
Viver é aprender. E aprender deve ser viver. O aluno deve aprender o que
tem relação com a vida dele, com o que ele gosta e que tem sentido para ele. O
aluno precisa ter oportunidade e liberdade para viver a sua vida intensamente.
Por isso, o professor precisa criar, na escola, ambiente de liberdade e respeitar
interesses, necessidades, objetivos e ideais dos alunos. Deve orientá-los e
assisti-los para que alcancem a plenitude de seus ideais.
Todo aluno quer ter reconhecidas suas qualidades e seu esforço. Pode
ser difícil para o professor dar atenção a cada um dos alunos, procurar conhecer
suas qualidades e reconhecer o esforço de cada um deles, mas vale a pena.
Não é assim que gostaríamos de ser tratados?
O homem é sujeito de prazer, isto é, faz aquilo que dá prazer, que é
agradável, de que gosta. Cada aluno tem gostos diferentes. Daí o professor ter
que procurar conteúdos, experiências e atividades que possam agradar a cada
um em particular, ou ao menos à maioria da classe.
Cada aluno amadurece e se desenvolve psicológica e intelectualmente
em ritmo próprio. Isto quer dizer que alguns alunos se desenvolvem mais
rapidamente que outros. Assim, numa mesma sala, temos alunos com os mais
diversos níveis de capacidade de aprender, segundo o estágio em que se
encontram e segundo as capacidades que têm.
Todos os alunos são curiosos. Uns mais, outros menos. Alguns, por umas
coisas; outros, por outras. Ligando este princípio com o anterior, percebemos
que nem todos os alunos têm as mesmas condições de aprender, e que nem
todos querem aprender as mesmas coisas. Mas, é certo que todos têm
condições de aprender alguma coisa. Muitos têm curiosidade por poucas coisas,
mas há também os que têm curiosidade por muitas coisas. É direito deles
aprenderem ao menos o que querem aprender. É dever do professor atender a
esse direito.
O próprio aluno é o seu agente de aprendizagem. Quem aprende é o
aluno. Por melhor que seja o professor e por mais que ele queira, o aluno só
aprende se quiser e pelo próprio esforço. Por isso, o professor deve selecionar
98
conteúdos e atividades que sejam do agrado do aluno e deixar o próprio aluno
trabalhar, e não trabalhar por ele.
O aluno tem sentimentos e emoções. O aluno gosta de fazer amigos, de
ser estimado, considerado e amado. O professor deve criar clima de calor
humano em que possa ser cultivada a amizade, a camaradagem, a compreensão
e o respeito. Deve evitar que possa haver problemas entre colegas e jamais
humilhar os alunos.
Se pedirmos para os alunos lerem assuntos que não sejam do interesse
deles, vão dizer que é tudo a mesma coisa, não vão distinguir entre um assunto
e outro, não prestarão atenção. Mas, se apresentarmos assuntos que interessam
a eles, perceberão os mínimos detalhes e ficarão atentos a tudo.
99
Aqui estão quatro princípios. Se for respeitado cada um separadamente,
já dá para emagrecer. Mas, se forem atendidos os quatro ao mesmo tempo, a
probabilidade de isso acontecer aumenta muito.
O mesmo pode acontecer em Didática. Um professor pode procurar
receitas de técnicas em toda parte e, mesmo assim, não conseguir resolver os
problemas de aprendizagem de seus alunos. Todo professor deve conhecer, e
muito bem, os princípios de Didática.
A História da Educação está cheia de princípios de Didática. Embora não
constassem como princípios, eles nortearam a educação no passado. Apenas
recentemente, muitos deles foram confirmados como princípios.
As ciências que confirmaram esses princípios são decorrentes da
tomografia computadorizada do cérebro, chamadas de neurociências. Hoje
temos a neuropsicologia, neuropedagogia, neurodidática. Com estas, podemos
descobrir novos princípios em questão de dias e não mais em anos e séculos
como vinha sendo feito.
Agostinho de Hipona (ou Santo Agostinho) já afirmava, por volta do ano
390, que a criança precisa aprender primeiro o que as coisas são e só depois
aprender o nome delas. Hoje, aquela recomendação de Santo Agostinho
transformou-se em princípio que pode ter os seguintes termos: Aprende-se
primeiro o concreto, depois o abstrato.
Outros dois princípios vindos de Agostinho:
100
- o homem é um ser de vontade;
- aprender primeiro as coisas, só depois as palavras;
- aprender do concreto para o abstrato;
- “formar a inteligência antes da língua”
- “dar exemplos antes de ensinar as regras.”
- deve-se ir do próximo para o remoto;
- deve-se ir do todo para as partes;
- antes de começar a aprender, o aluno deve querer aprender;
- o aluno deve ter prontidão para a aprendizagem;
- aprende-se do mais fácil para o mais difícil;
- aprende-se melhor aquilo que é significativo;
- só o significativo chama a atenção do aluno;
- só se aprende o que se compreende.
3 Tecnologia educacional
101
A tecnologia educacional tem seus fundamentos na Psicologia da
Educação, na Biologia Educacional, na Sociologia, nas neurociências. Estas
estudam a natureza da criança e apresentam os princípios que devem ser
seguidos pelo educador para que este tenha êxito na sua função de educar.
Tecnologia educacional é compreensão e respeito à natureza do aluno.
A tecnologia educacional pode e deve utilizar a tecnologia aplicada à
educação, mas de nada adianta. Isso seria o mesmo que puxar uma planta para
crescer mais depressa a qual pode se quebrar ou ficar deformada por não ter
sido respeitada sua natureza. A força da planta vem de dentro dela.
O mesmo acontece com os alunos. A força para sua educação vem de
dentro deles, de suas necessidades, interesses, aspirações e, principalmente,
de sua vontade.
A ciência agrícola descobriu que cada planta só cresce bem em
determinados tipos de solo. Coletou amostras desse solo e as examinou em
laboratórios especiais. Após muitos estudos, foram elaboradas tabelas,
contendo os elementos minerais e as respectivas porcentagens que o solo deve
ter para cada tipo de planta. A cenoura, a beterraba, o repolho, cada uma
necessita de elementos e/ou porcentagens diferentes.
Hoje, o agricultor não precisa mais escolher o solo para fazer suas
plantações. Faz a análise do solo e corrige-o, acrescentando os minerais que
faltam para cada tipo de planta que pretende cultivar. A isso, chama-se
tecnologia agrícola.
De forma semelhante, deve trabalhar o professor: conhecer os
fundamentos da educação para poder trabalhar cientificamente com seus
alunos.
4 Conclusão
102
Da teoria de Piaget, conclui-se que é a necessidade de respeitar os
alunos; que se monta a estrutura da inteligência pela ação sobre o real. Traz
base para a organização do currículo e para os métodos também.
E, assim, podemos ir longe, analisando as teorias, uma a uma, para
fundamentarmos o nosso trabalho com os alunos.
103
Capítulo VII
1 Depoimentos de alunos
104
“O que me faz gostar de estudar são as matérias mais práticas,
movimentadas e que tenham interesse para mim.”
“A maneira de o professor se expressar; o dinamismo com que é dada a
matéria e a compreensão da mesma.”
“Se consigo resolver os exercícios, gosto da matéria.”
“Se o professor é animado, a aula também é interessante.”
“Gosto de estudar para ser alguém no futuro, para ter uma colocação
melhor e para aprender a falar certo.”
“Se a matéria me agrada... eu vou bem. Mas, se o professor é legal,
também ajuda.”
“Quando eu consigo compreender bem a matéria, fica gostoso estudar.”
“Existem matérias que eu gosto de estudar, devido à facilidade, clareza e
objetividade do professor; devido à concretização e ao bom relacionamento entre
o professor e o aluno. Existem matérias com as quais não tenho muita afinidade
devido ao alto número de teorias e pouca prática.”
“As matérias preferidas são as da área de exatas, devido à facilidade e
por estarem ligadas ao ramo da tecnologia. Não gosto de literatura, pois, prá
mim, não há nenhuma utilidade.”
“Eu sempre fui uma pessoa muito curiosa. Portanto, gosto de estudar para
satisfazer as minhas curiosidades e também porque somente através de estudo
terei maiores conhecimentos e oportunidades de trabalho.”
“Eu gosto de estudar Química e Física, pois a gente estuda os elementos
químicos, velocidade, tempo e outros. Educação Física eu gosto, porque tenho
chance de participar de campeonatos e fazer novas amizades.”
“Eu gosto de estudar para estar por dentro de tudo o que me diz, ou não,
respeito. Porque estou sempre me testando. Também porque faço muitas
amizades.”
“Para ter uma profissão.”
“Porque aprendo coisas novas e diferentes.”
“Para ter uma vida melhor.”
“Gosto de estudar, tendo preferência por algumas matérias, por causa dos
professores que são mais legais.”
“Porque o professor transmite segurança, objetividade e carinho pelo que
faz e principalmente pelos alunos.”
105
“Não gosto de estudar, porque é cansativo, e exige muito esforço mental.
E existem alguns professores que não colaboram com os alunos para que
possam ter mais interesse. Assim, não haverá integração entre ambas as
partes.”
“Porque existem matérias de que não gosto por causa das dificuldades,
por ter antipatia pela matéria e pelo professor e por ter muita abstração. Torna-
se cansativa e chata.”
“Se não consigo resolver o exercício, perco o interesse.”
“Não gosto de estudar, porque é chato.”
“Porque não tenho incentivo dos pais.”
“Porque as aulas são cansativas.”
“Não gosto da matéria, quando tiro notas baixas. Então, desanimo e não
consigo mais ir bem ou voltar a gostar dessa matéria.”
“Porque preciso trabalhar para ajudar em casa.”
“Porque perco os finais de semana estudando ou fazendo trabalhos.”
“Por ter que fazer provas e ter que estudar, o que não é de meu interesse.”
“Os conteúdos expostos pelo professor são desestimulantes.”
“Não gosto de Matemática e Geografia, porque são matérias
complicadas.”
“Não gosto de algumas matérias, pois os professores não demonstram
entusiasmo ao transmitir a matéria. Transformam esta em algo estafante; não
aparentando, assim, ser ela de grande importância.”
“Porque sou muito distraída, não consigo fixar a atenção em nada. Vou à
escola por causa das amizades e dos paqueras. Acho que, na vida, a gente não
precisa estudar para ser feliz.”
“Devido ao cansaço e à falta de tempo.”
“Porque a escola está fora da realidade.”
“Porque é sempre a mesma rotina.”
“Não gosto de Matemática, pois a professora não dá atenção, quando eu
faço perguntas sobre o que eu não entendo.”
“Porque toma meu tempo de brincar e de trabalhar.”
2 Fundamentos da motivação
106
os motivos que levam um aluno a agir, precisamos, basicamente, conhecer suas
necessidades e interesses. Analisemos um pouco a questão das necessidades.
As necessidades mais fortes são relacionadas à sobrevivência, são as
biológicas. A pessoa faz toda força possível para se manter viva e não sentir dor.
A fome e o frio é uma ameaça para a vida ou fazem sofrer.
Se, por exemplo, um aluno está passando fome, o primeiro motivo que o
leva a fazer alguma coisa é para saciar essa fome. Se tem sede, ele age para
matar a sede. Se tem frio, ele procura agasalho. A ele, não importa escola, nem
matéria, nem professor, nem reprovação, nem ameaças e nem punições. A
satisfação das necessidades biológicas vem em primeiro lugar.
Suponhamos que essas necessidades estejam satisfeitas e que não
sejam mais problema. Outras aparecerão. Ainda no nível biológico, ele poderá
querer segurança, prazer, conforto e bem-estar. Ele age para ter onde morar,
para não ter ameaça física, para não sofrer punições e maus tratos. Qualquer
sintoma, neste sentido, coloca-o tenso e disposto a fazer algo para evitar esses
perigos. Ele pode procurar, também, fazer esforço para ter uma vida melhor.
Dependendo da idade do aluno, a segurança pode implicar também estar
com seus pais ou com quem o ame, apóie-o e proteja-o.
Satisfeitas as necessidades biológicas, passam a ter destaque as
necessidades sociais. O aluno precisa sentir que é amado. Isso dá a ele
tranquilidade e gera bem-estar. Ele gosta de estar com outras pessoas, pais,
amigos, colegas. Ficar sozinho faz com que ele se sinta mal. Ele age e esforça-
se para ser amado, estimado, compreendido e para poder estar com outros.
No grupo das necessidades sociais, está ainda o prestígio. O aluno quer
e precisa sentir que tem aceitação ou posição relevante no grupo ou na
sociedade. Ele sente-se bem, quando é elogiado pelo professor, aplaudido ou
bajulado pelos colegas. Ele quer vencer, aparecer, ser alguém. Ele precisa, de
uma forma ou de outra, chamar atenção sobre si, ou com notas boas, ou com
desordem, ou com agressões ao professor; sobretudo ao professor “chato”.
Mais uma vez, tendo o aluno satisfeito às necessidades anteriores, outras
surgem. A pessoa humana é eternamente insatisfeita. Está sempre ansiosa.
Agora, aparece a necessidade de fazer sucesso e se autorrealizar. Ele quer fazer
sucesso nos estudos, o que demonstra pelas notas; quer fazer sucesso no jogo,
no esporte ou no trabalho. É por isso que os alunos têm pressa em conhecer sua
nota após fazer provas.
A autorrealização e a busca do ideal são as necessidades mais elevadas.
Como a pessoa nunca alcança o ideal, vai, ao menos, sempre crescendo,
aperfeiçoando-se.
Logo adiante, veremos com mais detalhes como podem ser aproveitadas
as necessidades dos alunos e como manter acesa essa motivação ou fazer com
que ela seja aumentada.
107
3 Motivação e incentivação
108
“Educação Física eu gosto, porque tenho chance de participar de campeonatos
e fazer novas amizades”. Note-se que ele gosta de Educação Física por razões
externas à matéria, para satisfazer às necessidades de competir, de vencer, de
estar com os outros e fazer novas amizades. Não é a matéria em si que lhe
agrada.
Quando o aluno estuda só por nota, para passar, para agradar ao
professor, agradar aos pais ou ganhar um prêmio prometido, tem apenas
motivação extrínseca.
Bom seria, se todos os alunos tivessem sempre uma forte motivação
intrínseca. Esta pode durar a vida toda; enquanto que a extrínseca desaparece
com o tempo.
Incentivação intrínseca é o uso de estímulos pelo professor para atender
a motivos que demonstrem interesse pela matéria, por parte do aluno. Aqui o
professor pode apresentar a beleza da matéria por meios auxiliares, por
atividades sobre conteúdo significativo e que seja facilmente compreendido
pelos alunos. O exame de células ao microscópio pode levar um aluno a se
maravilhar pela Biologia ou pela Botânica. É um meio de incentivação intrínseca.
Aproveitando também o depoimento de um aluno, que disse: “Quando eu
consigo compreender bem a matéria, fica gostoso estudar”, assim, tudo o que o
professor utilizar para satisfazer a curiosidade dos alunos sobre a matéria ou
para torná-la de fácil compreensão é incentivação intrínseca.
Incentivação extrínseca são todos os outros estímulos usados pelo
professor para conseguir fazer com que o aluno estude e se esforce. Os
estímulos podem ser positivos ou negativos.
Temos incentivação extrínseca positiva quando o professor utiliza
elogios, promete recompensas, dá notas altas, utiliza técnicas atraentes,
apresenta os benefícios que o aluno poderá obter com o conhecimento da
matéria na vida dele. O próprio professor, sua maneira de ser e seu entusiasmo,
pode ser incentivação extrínseca positiva. Estes procedimentos podem ser
utilizados pelo professor. Em si, não há inconveniente. Pode até mesmo ser o
ponto de partida para que o aluno, estudando, passe a gostar da matéria,
chegando a ter motivação intrínseca, que é o ideal.
A incentivação extrínseca negativa caracteriza-se por ameaças. Ameaças
de reprovação, de notas baixas, de castigo, de chamar os pais. Não deve ser
usada. Ela só faz os alunos se aborrecerem com a escola; ficar com ódio do
estudo e do professor.
Certa vez, um aluno de 4º ano, que sempre tirava notas nove e dez, tirou
uma nota dois. Ficou três dias sem falar com ninguém. Imagine o choque que
levou, a revolta que tomou conta dele e o ódio que deve ter sentido pelo
professor. Considerando-se que a melhor nota da classe foi cinco, conclui-se
que o erro foi do professor.
Cabe observar, nesse caso, que o aluno tinha o hábito de levar tudo a
sério, de ser caprichoso, de estudar. Ele tinha convicção de que sabia bem a
109
matéria e, no entanto, tirou nota dois. Estragou seu boletim, magoou seu ego,
sua autoestima. Enfim, ficou arrasado.
É por isso que o professor precisa conhecer também os hábitos dos
alunos para não provocar desincentivos absurdos como esse.
5 Fontes de incentivação
5.1 O conteúdo
5.2 O professor
110
a conseguir prestígio. É ele que analisa o aluno e o meio social e ajuda a
selecionar os objetivos, o conteúdo, as técnicas. Ele avalia o aluno, informa
sobre o progresso e sobre o alcance dos objetivos do mesmo. É ele ainda que
dinamiza a aula, facilita a compreensão e torna o estudo agradável.
5.3 Os métodos
5.4 Os objetivos
111
Se soubermos relacionar os incentivos de forma a corresponder às
necessidades em ordem de prioridade, certamente conseguiremos a
participação dos alunos. E se conseguirmos satisfazer adequadamente à maioria
dos seus motivos, é provável que consigamos fazer com que os alunos tenham
amor ao estudo para sempre. Vejamos o que pode ser feito.
Primeiramente, precisam ser observadas quais são as necessidades
básicas dos alunos ainda não satisfeitas. Se possível essas devem ser
atendidas. Sem isso, será difícil obter-se muito progresso.
Grande parte dos alunos, porém, já vem com elas atendidas. Entra na
escola com outras necessidades e tem alguns interesses, desejos, ideias e
valores definidos. Este é o grande veio que os professores precisam descobrir.
A partir disso, e com a análise da Filosofia da Educação e das necessidades
sociais, eles devem traçar objetivos, selecionar o conteúdo e propor as
estratégias e técnicas.
O aluno está cheio de necessidades: as naturais e as adquiridas na
convivência com o meio. Elas exigem que o aluno faça alguma coisa para
satisfazê-las. Esses são os motivos para ação que ele tem e que devem ser
aproveitados, pois são energia em potencial.
O aluno é um sujeito de prazer. Precisamos propor atividades, trabalhar
conteúdos e utilizar técnicas que causem prazer. Deve ter oportunidade de
vencer: resolver um problema, vencer um obstáculo, descobrir ou redescobrir
alguma coisa.
O problema não deve ser tão fácil, que não seja desafio; e nem tão difícil,
que não possa ser resolvido.
O aluno quer vencer também nas matérias, nas notas; vencer nos estudos
e na vida. Quer alcançar seus objetivos, seus ideais. Se não se sair bem, frustra-
se, desanima e desiste de estudar e até de lutar. O professor deve dar
oportunidade de mostrar vitórias, em atividades ou em notas.
Os próprios alunos querem saber se estão progredindo. O professor deve
informá-los constantemente do seu progresso. Sensação ou reconhecimento de
progresso dá prazer. E esse prazer mantém e aumenta a motivação. Quando os
alunos perguntam: “O Sr. Já corrigiu as provas, professor?” ou “E as notas,
professor, como foram?”, eles estão querendo saber sobre o progresso deles
mesmos.
O aluno é essencialmente ativo, não é capaz de ficar quieto. Essa é uma
necessidade a que a escola menos atende, ou melhor, que mai reprime. O
professor precisa propor atividades para serem executadas. Atividades, não
tarefas rotineiras e desinteressantes. Podem ser usados: pesquisas, estudo
dirigido, experiências, projetos, debates, discussões, sempre significativos ou
desafiadores.
O aluno gosta de participar, de fazer, de enfrentar desafios. Se as
atividades, o conteúdo, enfim, se a aprendizagem for significativa, o aluno
prestará mais atenção e se envolverá mais. A aprendizagem deve ter relação
112
com a vida real; ou, ao menos, o aluno deve saber para que serve, como se usa
ou para que se estuda determinada coisa.
O aluno é um ser inteligente e tem personalidade própria; quer
compreender o que está fazendo ou estudando. Não admite que o façam de
bobo e não aceita que o professor não seja capaz de fazê-lo entender o que está
sendo estudado. Por isso, o professor tem que ser competente e estar
atualizado. Deve usar de todos os meios que facilitem a compreensão. A
concretização da aprendizagem pode ser facilitada, sobretudo com o uso dos
meios auxiliares.
O aluno é extremamente curioso, porém se a curiosidade for satisfeita
prontamente, acaba o estado de tensão no aluno; acaba a motivação. É como a
fome: se for satisfeita, acaba a necessidade de procurar comida.
A curiosidade deve ser satisfeita aos poucos. Deve exigir algum esforço
do aluno, pesquisa, solução de problema, para encontrar a resposta. O professor
pode colocar vários obstáculos no caminho para serem vencidos antes. Assim,
ele aprende muitas outras coisas antes para satisfazer o mesmo estado de
tensão provocado por uma curiosidade.
O aluno tem necessidade de ser amado, estimado, reconhecido e
respeitado. O professor pode dar a todos carinho e afeto, pois não custa nada.
Muitos alunos passam a gostar de estudar e da matéria, só por causa do afeto
que recebe do professor. O aluno sempre faz alguma coisa que merece
reconhecimento e aprovação, por mais simples que seja.
Mas o aluno deve merecer carinho, respeito e afeto, não pelas atividades
que pratica, mas por ser pessoa, por ser gente. Isso traz a ele mais segurança e
o torna mais feliz.
O prestígio é outra necessidade que pode ser controlada. O aluno só deve
ser prestigiado se tiver algum mérito: se faz algum esforço que o fez merecer.
Prestígio, o aluno pode obtê-lo junto ao professor ou junto aos colegas. Mas, os
padrões para o reconhecimento de mérito podem ser estabelecidos em conjunto,
professor e alunos.
A colocação de problemas, obstáculos, também pode ser controlada. A
tensão a ser provocada deve ser de nível médio: muito baixa não provoca ação;
e muito forte provoca angústia. Alguns problemas, até mesmo, devem ser
colocados de tal forma que não tenham resposta imediata. Podem ser uma
interrogação a ser levada para a vida toda. Isso fará dele um eterno estudioso e
pesquisador.
O aluno interessa-se mais pelo futuro que pelo passado. Ele se interessa
mais pelas naves espaciais, pelas sondas que são lançadas para outros
planetas, pela guerra nas estrelas, que por história. São os desafios para o
professor de hoje.
O fato de o aluno queixar-se que os professores não respondem às
questões é sinal de seu estado de tensão. Mas, os professores não as devem
responder diretamente e, sim, dar a devida atenção e orientar os alunos onde e
como poderão obter as respostas. Isso prolonga o estado de tensão e permite
113
que o aluno aprenda muitas coisas a mais pelo caminho. Vejamos como um
professor pode provocar um bom estado de tensão, sem provocar angústia.
Certa vez, pegamos no ar um comentário, mais ou menos, nos seguintes
termos:
“Esse professor me mata, não me deixa sossegar. Ele fala com tanto
entusiasmo, com tanta vida, com tanta paixão sobre a matéria que eu fico
verdadeiramente angustiado, aflito. Saio da escola e não descanso, enquanto
não procuro resolver o problema que ficou em pé na aula. Esse professor sempre
deixa um porquê, uma dúvida para resolvermos. E eu não consigo fazer nada,
sem antes ter resolvido esse porquê.”
Há alunos que têm problemas emocionais que perturbam sua
tranquilidade psicológica. Para eles, há necessidade de uma incentivação muito
forte.
Contudo, se os problemas forem tão fortes, a ponto de provocar
desajustamentos, é necessário, antes, conseguir o ajustamento, para, depois, a
incentivação para a aprendizagem surtir efeito. A necessidade de resolver o
problema é a mais forte. É esta que precisa ser satisfeita antes.
114
- o professor respeita a condição socioeconômica dos alunos, sobretudo,
a dos mais humildes;
- o professor é acessível, compreensivo e simpático;
- o professor compreende e tolera as explosões emocionais dos alunos;
- o professor não força os alunos a estudar o que não gostam e nem os
sobrecarrega de atividades;
- o professor consegue fazer com que o aluno aprenda com facilidade,
sem muito esforço;
- o professor tem boa didática e utiliza técnicas atraentes e diversificadas;
- o professor evita qualquer atitude que possa inibir os alunos na sala;
- o professor utiliza mais aulas práticas;
- o professor utiliza muitos debates e discussões;
- o professor utiliza métodos e técnicas adequados;
- o professor atende aos interesses e necessidades do aluno;
- o professor trata os alunos com respeito e consideração;
- o professor relaciona-se bem com os alunos;
- podem estudar e fazer o que interessa a eles e podem ficar bem à
vontade na sala;
- existe ambiente democrático na sala de aula;
- o aluno tem liberdade de expressão na sala de aula;
- o aluno pode participar ativamente das aulas;
- o aluno tem interesse pela matéria;
- podem aprender coisas significativas e relacionadas à realidade social;
- o conteúdo está ligado às experiências dos alunos e a sua realidade e
tem valor para eles;
- existe ambiente escolar adequado, agradável e alegre;
- sentem-se bem na escola;
- os objetivos do professor são os mesmos do aluno;
- sabem o porquê de estar estudando determinado assunto;
- podem crescer interiormente e autorrealizar-se.
115
Capítulo VIII
Métodos e técnicas
individualizados
Alguns métodos e técnicas são chamados de individualizados porque,
neles, os alunos trabalham quase sempre sozinhos, ou então é o professor que
trabalha sozinho, mas tentando fazer com que cada aluno participe mentalmente
e de forma individual.
Eles são importantes, pois devem atender às diferenças individuais,
possibilitando a cada aluno crescer segundo o próprio ritmo e às aspirações
particulares de cada um.
Grande parte das atividades, a pessoa as faz individualmente. É preciso,
pois, aprendê-las individualmente. Nestes casos, estão: estudar, pesquisar,
sintetizar, investigar, raciocinar, criticar, resolver problemas, criar, entre outras.
Vejamos, a seguir, alguns métodos e técnicas que atendem a essas
características.
1.2 Importância
116
direito, tiram notas baixas, desanimam, reprovam e deixam a escola. Estudar e
aprender deve ser coisa fácil, gostosa, agradável, e não tortura para os alunos.
Como diz um velho ditado – que em Didática se chama de princípio – “só
se aprende fazer, fazendo”. O mesmo pode ser dito de estudar: “só se aprende
a estudar, estudando”. O estudo dirigido pode ser o meio que o professor utiliza
para que os alunos aprendam a estudar, aprendam o ofício de estudante.
Aprender a estudar, aprender a aprender é uma necessidade fundamental
nos dias de hoje. Você já imaginou um estudante daqui a trinta anos usar apenas
os conhecimentos que ele aprendeu hoje? A evolução da ciência e da tecnologia
são tão rápidas que, em dois ou três anos, a maior parte destas estarão
ultrapassadas e não servirão mais. O aluno tem que estar preparado para
acompanhar o mundo e até, se possível, ir à frente dele.
O estudo dirigido levará o aluno a aprender sozinho: fará com que tenha
amor ao estudo, desenvolva a capacidade de interpretar e analisar textos e o
hábito de ler. Sabendo ler e tendo o hábito de se interar de tudo, terá condições
de participar ativamente da sociedade, lutar contra as coisas erradas e
influenciar para melhorar o mundo. O homem ignorante aceita tudo, pois não
distingue entre o certo e o errado, ou, então, nada aceita: é um eterno
desconfiado. Só o letrado e devidamente educado tem as necessárias
informações e segurança para poder tomar decisões nos problemas sociais.
O melhor que um professor pode fazer é treinar adequadamente os alunos
para que aprendam quando e onde buscar as informações e como aproveitar
delas. Os alunos vão precisar buscar informações pela vida toda e não só
enquanto forem alunos.
O estudo dirigido é um método que respeita muito os alunos. Treina-os a
serem livres, independentes do professor e estes aprendem a usar diretamente
as fontes de informação que têm uma grande vantagem em relação às aulas dos
professores, pois são democráticas. Elas não impõem, não exigem e não
cobram. São fontes democráticas: os livros, as revistas, os jornais, os mapas, as
tabelas, o computador, entre outros.
Cita-se o provérbio chinês que diz: “Se quiseres matar a fome de uma
criança por um dia, dá-lhe um peixe; se quiseres matar-lhe a fome para o resto
da vida, ensina-lhe a pescar”.
Transportando o provérbio para a situação de estudo, podemos dizer: “Se
quiseres satisfazer a curiosidade de uma criança por um dia, dá-lhe a resposta;
se quiseres matar a curiosidade para o resto da vida, ensina-lhe a estudar
(aprender ou pesquisar)”, pois pelo estudo dirigido o aluno pode aprender a
estudar, a aprender e a pesquisar.
Com estudo dirigido bem feito, o aluno aprende sem muito esforço, com
prazer. Aprende, compreendendo, e sem decorar. O aluno procura
semelhanças, diferenças, faz esquemas, chaves, organogramas. Ele estrutura
tudo em sua mente até ter a visão do todo, até ver sentido no que estudou. Viu
sentido, compreendeu, integrou. Esta é uma aprendizagem pronta para ser
usada em outras situações.
117
As questões de estudo dirigido, bem colocadas, deixam os alunos em
estado de tensão, alertas, curiosos. Isso deixa-os motivados, estimula-os à ação.
Eles, estando em atividade, buscando um objetivo, não haverá problemas de
disciplina em sala de aula e haverá aprendizagem.
Para se fazer estudo dirigido, basta ter, em mãos, um texto ou um livro;
não há necessidade de ter uma biblioteca ou farto material bibliográfico. É
evidente que quanto mais fontes de consulta se tiver, tanto melhor.
O estudo dirigido facilita enormemente a tarefa do professor. Ele não
precisa dar aula, no sentido tradicional, e o aluno aprende muito melhor. O aluno
aprende no ritmo dele, segundo sua capacidade; tem o texto em mãos e não
precisa tentar adivinhar o que o professor está falando, como ocorre muitas
vezes.
Ele livra também o professor daquelas situações vexatórias de os alunos
não prestar atenção, ficar conversando e não aprender nada. No estudo dirigido,
os alunos ficarão mais disciplinados, pois estarão em atividade. O aluno estar
em atividade é a primeira condição para haver aprendizagem. o professor pode
até não fazer nada.
118
n) Responder às perguntas: o que é? onde? quando? como? qual?
quanto? por quê?
o) Fazer chaves, esquemas ou organogramas;
p) Resolver problemas colocados pelo professor que exijam reflexão;
q) Fazer perguntas que iniciem com por quê? como? quando? quanto?
qual? o que é? Sem, contudo, respondê-las.
2 O método científico
119
um efeito se dá pelo método científico; que a teoria é a explicação de um fato,
mesmo que seja bem simples.
Imensidade de fatos podem ser apresentados aos alunos para que eles
os expliquem. Eis alguns exemplos:
120
e não apenas reproduzir o que os outros descobriram ou escreveram. É muito
importante que ele saiba que ele próprio é capaz de produzir conhecimentos.
Além de aprender a produzir conhecimentos, os alunos passam a ter uma
mentalidade científica. Passam a questionar fenômenos, fatos e ideias, e a exigir
provas objetivas de sua validade. Com isso, tenta-se eliminar as crendices, a
mentalidade ingênua, e prepara-se o aluno para solucionar os problemas e as
situações imprevisíveis com mais facilidade.
3 O método da investigação
3.2 Importância
121
3.3 O aluno e o professor na investigação
122
dos alunos, sem, porém, dar as respostas ou as conclusões. Deve,
discretamente, fazer perguntas para aguçar mais ainda a curiosidade dos
alunos. É preferível que os alunos fiquem com perguntas sem resposta a vida
toda que o professor responder a todas elas.
As técnicas, as formas ou maneiras de investigar são as mais diversas
possíveis. Cabe a cada professor imaginar e escolher as mais adequadas para
a turma, em função da disciplina ou da área em que atua.
4 O método da descoberta
4.2 Importância
123
A busca para descobrir, quase sempre, traz uma recompensa que é a
própria descoberta. Esta causa satisfação e prazer e faz com que o aluno
enverede para as novas pesquisas. É fonte altamente motivadora. É motivação
intrínseca.
Outra grande vantagem do método da descoberta é que o aluno vai
aprender a investigar, a pesquisar. O conteúdo que ele aprende será subproduto
do processo de pesquisa. Sua preocupação não é aprender o conteúdo, mas a
solução do problema. É a resposta encontrada, a descoberta, que dará prazer a
ele. O estudo realizado desta maneira fará com que o aluno sempre tenha
vontade de estudar, de pesquisar.
Aprendendo a pesquisar numa disciplina, certamente ele saberá
pesquisar em outras, pois o processo de pesquisa é fundamentalmente o
mesmo. Desenvolve, além disso, a atitude favorável à pesquisa, bem como o
hábito de fazê-lo.
A melhor aprendizagem é aquela que é transferível para outras
aprendizagens. O processo de pesquisar pode ser utilizado em qualquer
situação.
Aprende-se a pesquisar, pesquisando; a estudar, estudando; o método da
descoberta leva a isto.
Nesta altura, é conveniente que reflitamos um pouco sobre aprendizagem.
Aprender muito não quer dizer guardar muitas coisas na memória. De que
adianta saber muitas coisas de cor, se a pessoa não souber usar essas coisas
e se, muitas vezes, não compreende o que guardou na memória? Importante é
sabermos aplicar na vida prática, na solução dos problemas, aquilo que foi
guardado na memória. Para que isso aconteça, é preciso que as coisas sejam
aprendidas com compreensão, de forma organizada, fazendo-se uso delas no
próprio processo de aprendizagem; a própria prática da solução de problemas
ou descoberta. As informações são, assim, guardadas para pronto uso e são
facilmente recordadas quando surge uma situação em que sejam necessárias.
Nesse processo de aprendizagem, entra muito o raciocínio, muito superior
à memória. Memorizar é reter, é guardar imagens; raciocinar é ligar, é combinar
imagens. Ligar imagens é compreender, é formar ideia própria, é ter a
aprendizagem pronta para uso. Assim sendo, a aprendizagem será muito mais
útil.
Segundo Mainômides, citado por Nelson (1980), a verdadeira perfeição
do homem é “a posse das mais altas faculdades intelectuais...”. Assim,
desenvolver as faculdades intelectuais é um dos principais objetivos gerais da
educação. Entretanto, que meios utilizaríamos para isso?
O método da descoberta é, sem dúvida, um ótimo meio, porque o aluno
usando sua própria mente para descobrir coisas, conhecimentos e verdades. A
busca, com a esperança de vir uma surpresa, deixa o aluno ansioso. Essa
ansiedade é incentivadora, porque o aluno buscará informações com intensidade
para confirmar eventual hipótese que ele tenha levantado.
124
O método da descoberta é útil, mesmo que o aluno não encontre as
informações ou chegue às respostas erradas, pois, enquanto ele as procura,
encontrará, certamente, muitas novidades, muitos conceitos úteis pelo caminho.
Além disso, a resposta errada o fará retomar o estudo para nova tentativa,
eliminando o caminho seguido antes.
Um professor habilidoso saberá colocar problemas que sejam desafio
para o aluno. Feita a descoberta, novos problemas são colocados de tal forma
que o aluno já utilize as descobertas anteriores como meios para as novas
descobertas. É a graduação das dificuldades em problemas. É a utilização e a
integração das aprendizagens antigas com as novas.
125
aprendido, mas como subproduto e com uma vantagem: será aprendido com
sentido, com utilidade e de forma integrada.
126
Se o professor não encontrar livros sobre os assuntos que gostariam que
os alunos lessem, pode ele mesmo escrever um livro. Em educação, quase tudo
está por ser feito. Pode escrever, por exemplo, sobre higiene, saúde,
reflorestamento, cooperação, história do município, enfim, sobre o que julgar de
interesse e utilidade para os alunos. O segredo é tornar o livro emocionante e,
ao mesmo tempo, útil.
Do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio, os livros podem
ser sobre assuntos relacionados ou afins aos objetivos que o professor pretende
alcançar. Não se deve esquecer de que os primeiros livros devem ser sempre
muito agradáveis. Podem ser de aventuras, romance ou policial. A partir destes
livros, o aluno vai querer conhecer os outros mais específicos.
Em nível universitário, por exemplo, Os Sertões, de Euclides da Cunha,
são um desafio para o aluno. A partir dele, o aluno vai querer conhecer as outras
lutas, as revoluções e as guerras havidas no Brasil; vai se interessar pela história
e geografia do Brasil; vai querer estudar português para saber donde vieram as
palavras difíceis usadas pelo autor. Além disso, o aluno, possivelmente, vai
querer conhecer os outros escritores, comparar estilos, enfim, fazer uma análise
literária. Isso porque em Os Sertões são tratados os mais diversos assuntos. É
uma obra de literatura, mas que tem como conteúdo a geografia, a história, a
antropologia, a política e a sociologia.
Algumas sugestões de como se pode conseguir que os alunos passem a
ler livros:
Desde o 1º ano, mesmo antes de os alunos aprenderem a ler, o professor
pode ler livros para as crianças, ou pedir para elas lerem. Pode perguntar para
as crianças, com frequência, quantos livros já leram. Colocar ao lado do nome
de cada uma, no quadro-mural, o número de livros que cada um leu, mês a mês.
Pode pedir que as crianças relatem, para a classe, o conteúdo do livro
lido. Pode até dar nota por isso, se for necessário, mas nunca baixar a nota do
aluno por ele não ter lido. Assim, as crianças não se sentem obrigadas a ler. A
leitura deve ser uma atividade de prazer e não de obrigação.
Se for possível, pode ser solicitado, ou sugerido, para que todas as
crianças da classe leiam o mesmo livro. Depois, fazer a dramatização sobre o
conteúdo, um debate, uma discussão, ou usar outra técnica que seja mais
apropriada àquele conteúdo. Enquanto isso, os alunos que não leram o livro
poderão realizar outras atividades.
Para os alunos que demonstraram interesse por determinados assuntos,
pode também ser indicada a bibliografia específica, porém o professor deve
sempre acompanhar o trabalho do aluno. Perguntar a ele o que leu na semana,
o que achou do livro, o que pode ser aproveitado. Elogiar o aluno pelo seu
progresso e sugerir novos livros, se for o caso. Em classes mais adiantadas,
pode também ser usada esta última alternativa. Dá ótimos resultados.
Pode também colocar um problema para provocar a leitura por parte dos
alunos. O problema tem que ser interessante para eles, significativo e, de
preferência, polêmico. Pode até dividir a classe em duas partes. Cada uma delas
127
poderá pesquisar um aspecto do problema, para posterior confronto em debate.
Cada equipe vai fazer o possível para vencer a outra. Em seguida, indica-se uma
lista de livros para cada um ler ou consultar, para poder defender a sua opinião.
Muitas outras razões podem ser colocadas para a leitura de livros. Não
precisam ser descritas. O professor pode usar a imaginação, descobrir e
experimentar outras nunca antes usadas.
Com ele, o aluno desenvolve o hábito e o gosto pela leitura, pois o mesmo
o leva a descobrir que tudo que ele quer saber está nos livros. Ele passa a sentir-
se livre para aprender como, onde e quando ele quiser.
Com leitura, o aluno enriquece normalmente seu vocabulário; aprende
uma imensidade de expressões; aprende ortografia, concordância, enfim,
aprende gramática, sem sentir e sem fazer esforço. Isso facilita especialmente a
redação. Aprende conteúdo, ideias, conceitos, princípios e teorias. Diz-se que a
leitura forma a personalidade da pessoa. Se não tanto, ao menos influencia
enormemente. Existe um ditado popular que diz: “diga-me o que lês que eu te
direi o que és”. Um outro diz: “existem três regras para te tornares um sábio: a
primeira é ler: a segunda é ler, e a terceira é ler”.
Todo cidadão deveria participar ativa e criticamente nas decisões
comunitárias em nível local, estadual e nacional. Ninguém pode fazer isso, se
não tiver muitas ideias e se não estiver bem inteirado do que ocorre em seu país
em termos sociais, econômicos e políticos. Para isso, é preciso ler, e quanto
mais, melhor.
Até mesmo para pensar ou para raciocinar, se a pessoa não tiver lido
muito e não tiver muita matéria-prima em sua mente, terá raciocínio pobre, sem
muitos elementos para combinar. Quanto mais “matéria-prima” tiver, mais
recursos terá para formular novas ideias. Quanto mais malhação cerebral fizer,
mais ampla será sua estrutura ou rede neural.
Usando o método da leitura de livros durante um ano, em escola normal,
na disciplina de Psicologia, a turma destacou na avaliação que fez, entre outros
pontos, o seguinte:
128
6 O método da demonstração
Consiste em mostrar como funciona, o que acontece, como deve ser feito.
É a concretização da exposição. É provar uma teoria, um fenômeno, uma
afirmação.
Há várias formas de demonstração:
a) Demonstração experimental, quando se faz uma experiência para
comprovar algo.
Afirmamos que é o Sol que dá clorofila às plantas. Para provar isso,
podemos colocar uma bacia de boca para baixo sobre a grama por quinze dias
ou um mês. Depois desse período, as folhas da grama ficam brancas ou
amareladas.
Afirmamos que uma espécie de semente, para germinar, precisa de água
ou umidade. Põem-se alguns grãos de feijão ou arroz num copo, com algodão
embebido em água; e outros grãos sobre algodão seco. Prova-se, assim que só
os grãos que estavam no molhado germinam.
Assim, pode-se fazer para provar que os metais, quando aquecidos,
dilatam; que o gelo é mais leve que a água, e milhares de outras demonstrações.
b) Demonstração operacional é mostrar e explicar como se costura, como
se limpa a casa, como se bate um bolo, como se pinta um quadro ou uma
casa, como se conserta um ferro, como se emenda um fio elétrico, como
funciona um motor, como se planta alface, como se usa um flanelógrafo,
como se preparam transparências para retroprojetor etc.
c) Demonstração documental – é provar uma afirmação com documentos,
livros, jornais ou revistas. Se alguém dissesse, por exemplo, que o Brasil
não consegue pagar sua dívida por falta de honestidade de seus
governantes, seria necessário comprovar isso para os alunos com
documentos. Pegaríamos jornais e revistas que abordam fraudes,
importações desnecessárias, excesso de funcionários nos órgãos
públicos etc.
Se alguém dissesse que o Brasil não foi descoberto por Pedro Álvares
Cabral, precisaria comprovar isso com escritos, com documentos.
d) Demonstração intelectual – é provar, com argumentos lógicos, com fatos
que se encadeiam, com provas concretas que levem o aluno à
compreensão de algo.
129
Todos devem ver a demonstração e, se possível, participar dela ou até os
próprios alunos fazerem a demonstração.
Na demonstração, podem e devem ser usados recursos auxiliares.
Quanto mais real a demonstração, tanto melhor.
a – De área
É comum encontrar-se alunos de último ano de curso Superior que não
têm a necessária compreensão do que seja área. Alguns nem sequer sabem o
que é metro quadrado. Certo dia, solicitei a um aluno, de curso superior, que
explicasse o que é metro quadrado. Ele foi ao quadro e escreveu m2. Outro foi e
desenhou um quadradinho no quadro e disse, indicando cada um dos lados do
quadrado: “é um metro aqui, outro aqui, outro aqui e outro aqui”. Pedi que
explicasse melhor. Ele simplesmente mostrou: “É um metro de cada lado”.
Vendo isso, mandei cortar um metro quadrado em compensado. Trouxe-
o à sala e o coloquei no chão. Em seguida, fiz um risco com giz em seu contorno.
Tirei a chapa e hachuriei a área toda com giz. Mostrei, assim, para a turma que
metro quadrado é essa área e não aquele metro por metro explicado no quadro
pelo aluno.
Porém, demonstração lógica, propriamente dita, foi feita colocando no
quadro, quatro fileiras de cinco pontos. Perguntei aos alunos quantas fileiras
temos. Eles responderam que eram quatro. “Quantos pontos são?” Resposta:
“São vinte pontos.”
Fiz o mesmo com o metro quadrado. Risquei quatro fileiras de cinco
metros quadrados na terra.
Mostrei por que se fala quatro por cinco e por que quatro por cinco são
vinte metros quadrados.
130
Pedi aos alunos que medissem, com trena, a circunferência e o diâmetro
de cada um deles. As circunferências tiveram as seguintes medidas,
respectivamente: 2,198m.; 1,570m.; e 0,628m.
Dividindo-se a circunferência pelo seu diâmetro, tivemos:
2,198m: 0,70m. = 3,14; 1,570m. : 0,50m. = 3,14; 0,628m. : 0,20m. = 3,14.
Os alunos estranharam por sempre dar o mesmo número como resultado.
Expliquei que é essa constante que se chama π.
Mas, a demonstração não ficou por aí. Saí com a trena e solicitei aos
alunos que medissem o diâmetro de algumas árvores de grossuras diferentes.
Alguns chegaram a afirmar que não era possível fazer isso. Demonstrei, então,
que bastava tomar a circunferência e dividir por π (3,14), que se teria o diâmetro,
ou seja, a grossura da árvore, sem ter que cortá-la.
É lamentável que muitos alunos tenham ouvido falar e tenham trabalhado,
muitas vezes, com π, sem saber o que era e nem para que servia. Com as
demonstrações feitas, da forma ora descrita, fica facílima a compreensão disso.
É ensino que parte do concreto para formar abstrações significativas. Observe
que, mais uma vez, combinam-se conteúdo, técnica e meios auxiliares. O
professor, sempre que possível, deveria trabalhar assim, pois a compreensão
será muito mais fácil e haverá uma aprendizagem mais eficiente.
131
Os textos, para uso dessa técnica, não devem ser os mais fáceis, do
contrário não haveria trabalho exegético para ser feito. Textos adequados são
os técnicos literários que apresentem alguma dificuldade.
7.4 Importância
132
termo, cada frase, cada oração. Isso facilita a compreensão do que vem depois
e torna possível a integração de todas as partes entre si.
A aprendizagem não dá saltos; e com essa técnica o aluno caminha passo
a passo e com toda segurança. Nada deve ficar sem ser entendido. Tudo é
analisado nos mínimos detalhes.
Essa técnica pode ser utilizada para qualquer nível de escolaridade e
disciplina. Serve tanto para história, geografia, português, licenciatura, como
para matemática, química e biologia. Na verdade, ela é uma técnica de estudo
dirigido um pouco mais sofisticada. Todo professor deveria utilizá-la até que os
alunos soubessem estudar, analisar e interpretar sozinhos os textos.
A técnica expositiva tem sido muito criticada. De fato, ela não atende aos
princípios psicológicos e didáticos que exigem atividades do aluno para que haja
aprendizagem. Mas, nem por isso ela pode ser de todo desprezada. Vejamos o
que devemos fazer para aproveitá-la da melhor forma possível.
Exposição nada mais é do que comunicação. Esta, hoje, tem boa teoria
que a fundamenta. Numa linguagem simples, tentarei comunicar o que é
comunicação, como funciona e como pode ser usada.
Comunicação significa tornar comum alguma coisa com alguém. Essa
alguma coisa pode ser uma ideia, um conceito ou atitude, ou mesmo uma ação.
Donde vem a comunicação? Ela pode vir de jornal, revista, livro, TV, rádio,
Internet, ou então de pessoas, são as chamadas fontes de comunicação.
Que meios usa a comunicação, ou seja, que meios usam as fontes de
comunicação para comunicar alguma coisa? Eles usam as letras, as palavras,
as frases, escritas ou faladas, o gesto, a mímica, o desenho, os modelos. Estes
são os códigos, os sinais, que levam a mensagem.
Quem recebe a comunicação? Eis o problema. Recebe a comunicação a
pessoa que tiver condições de recebê-la. Quem estiver maduro, quem estiver
atento. Todos os sentidos da pessoa são instrumentos para receber uma
comunicação, porém é preciso estar em forma para isso. A quem é mandada a
comunicação, dá-se o nome de destinatário.
Quando se tem uma ideia ou uma informação para passar a alguém,
imaginamos qual seria a melhor forma de fazê-lo. Para uma criança, falamos,
mostramos, explicamos, fazemos sinais, gestos e, muitas vezes, esperamos ela
fazer o que pedimos para ter certeza que entendeu. Transformamos a
informação que tínhamos a dar em código. No caso, vários códigos. Passamos
nossa informação, a ideia que queríamos passar para a criança, em palavras.
Ela não entendeu, não decodificou as palavras, não interpretou a mensagem.
Apelamos para outro código, o gesto. Ainda não decodificou direito. Usamos um
terceiro código, o gesto. Ainda não decodificou direito. Usamos um terceiro
133
código, a demonstração. Agora, sim. A reação da criança foi positiva. Ela faz o
que esperávamos. Decodificou o código que usamos para mandar a mensagem.
Por que a criança não fez o que queríamos, quando usamos como código
as palavras? É porque ela não tinha experiência sobre o significado das palavras,
ou, então, ainda não tinha maturidade suficiente para combinar todas as palavras
que usamos para dar sentido à mensagem.
A criança manifestou que não entendeu a mensagem. Tivemos uma
avaliação imediata. Desta vez, foi a criança que mandou uma mensagem para
nós, por meio da demonstração de que não entendeu. Mas, nós decodificamos
imediatamente a mensagem dela; de que não tinha entendido.
Porém, por que não usamos um código mais simples, logo no começo?
Por que não usamos palavras mais fáceis que sejam da experiência da criança?
Porque nós também não tínhamos experiência de como comunicar aquilo para
crianças daquela idade, ou, então, não podíamos imaginar quais eram as
experiências daquela criança.
Observemos bem. Mandar a mensagem para uma criança já é difícil, que
dirá mandar para 35 ou 40! No caso acima, mandamos a mensagem e logo
recebemos uma resposta: não entendido. E numa sala de aula, quando
recebemos a resposta de que os alunos entenderam ou não uma mensagem?
Só na época da avaliação? E se os alunos ficaram todo esse tempo sem
decodificar as nossas mensagens? Quanta perda de tempo. Quanta frustração
para os alunos. E isso é comum acontecer.
Deduz-se, assim, que devemos verificar constantemente, junto aos
alunos, se eles realmente entenderam as nossas mensagens. Podemos fazer
isso com perguntas, pela observação de suas atividades e de suas atitudes. Se
não entenderam, devemos usar imediatamente outros códigos, como foi feito
com a criança dessa ilustração.
Com o tempo e com o melhor conhecimento de fundamentos e técnicas
de comunicação, podemos desenvolver competência para nos comunicar com
grandes públicos, em vez de com um de cada vez. Podemos utilizar a fala e a
entonação, a escrita, gráficos, sinais, recursos materiais, a mímica, os gestos,
as cores, a ação, a dramatização, entre outros.
Para que a comunicação provoque a reação que a fonte espera provocar
no destinatário, é preciso que:
134
- a mensagem tenha embutida a maneira pela qual a pessoa poderia
satisfazer essas necessidades.
9 A técnica da conferência
135
9.2 Importância da técnica
10 A palestra
136
A decisão pode ser tomada individualmente ou em grupo, pode-se usar a
discussão ou o bombardeamento mental.
Uma senhora pede para o marido trocar a lâmpada que está queimada.
Ele pega uma cadeira, tira a lâmpada e a joga no lixo, onde esta se quebra. Vai
à despensa, pega outra lâmpada e a coloca no lugar donde tirou a primeira.
Também não acende. Perdeu uma lâmpada por não ter utilizado a técnica de
tomada de decisão.
Ambos analisaram a situação de forma errada. O problema, na verdade,
era a falta de iluminação e não a lâmpada queimada. É preciso distinguir bem
problema de causas de problema.
No caso, quais poderiam ser as causas do problema?
Vejamos algumas:
- lâmpada queimada;
- fios soltos;
- soquete desligado;
- falha no contato da tomada;
- defeito na rosca do soquete.
Alternativas de solução:
1. trocar a lâmpada;
2. verificar se os fios fazem o necessário contato com o soquete;
3. rosquear melhor a lâmpada;
4. mexer na tomada;
5. abrir a tomada e verificar se existe falha de contato;
6. observar a rosca do soquete;
7. observar se a lâmpada dá contato no fundo do soquete.
137
Depois de termos relacionado algumas alternativas, selecionamos as
mais prováveis para serem testadas. No caso da lâmpada, as mais prováveis e
fáceis de serem experimentadas, por ordem de prioridade, são as de número: 1,
4, 7, 6, 3, 2 e 5.
No caso, foi trocada a lâmpada e não foi solucionado o problema,
entretanto a lâmpada não precisava ter sido jogada no lixo. Poderia ter sido
testada em outro local.
Vamos para a alternativa seguinte, a de nº 4. Não resolveu. É a vez da
alternativa nº 7. Foi observado o fundo do soquete. A molinha estava muito
achatada. Possivelmente não dava contato. Não custa experimentar levantá-la
um pouco com uma chave de fenda. Feito isso, e colocada a lâmpada, ela
acendeu. Ficou resolvido o problema.
Tomemos como exemplo agora uma situação escolar: uma professora,
com 1,55m de altura, magra, voz fraca, formada há quatro anos e com três anos
de experiência no magistério, com uma de suas turmas de 6º ano, não conseguia
trabalhar de forma alguma. Os alunos trepavam nas carteiras, jogavam papel,
empurravam uns aos outros e chamavam a professora em voz alta a todo
instante.
Nessa situação, o problema é: a professora não consegue alcançar os
objetivos que se propõe devido à falta de disciplina da turma.
Quem deve resolver ou decidir primeiramente sobre o problema é a
própria professora. Ela deve fazer uma lista, a mais extensa possível, das causas
dessa “bagunça”. Feito isso, e com base nas causas, ela pensa nas diversas
maneiras de solucionar o problema. Essas diferentes maneiras são chamadas
de alternativas de solução. Ela deve, pois, elaborar uma lista extensa das
possíveis alternativas. Vejamos algumas que poderiam ser colocadas para o
problema dela:
138
A lista pode ser bem maior ainda. Certamente, teríamos outras
alternativas para acrescentar, mas fiquemos por aqui. Se fôssemos escolher seis
das alternativas acima, em que ordem de importância as colocaríamos? Quais
as que resolveriam o problema com maior probabilidade?
Porém, não basta escolher as alternativas mais lógicas para resolver o
problema. É preciso analisar se elas podem ser executadas; se o seu uso é
psicológico e didático; se não, vai “machucar” os alunos ou a classe.
Na vida de qualquer pessoa, surgem problemas a todo instante. É bom
conhecer uma técnica para enfrentá-los. Outros problemas que poderiam ser
colocados para serem resolvidos:
12 Conclusão
139
Capítulo IX
Métodos e técnicas
socializados
Nos métodos socializados, os alunos trabalham ou apresentam resultados
de pesquisas em grupo. Tais métodos exigem participação coletiva, debate,
discussão e, principalmente, integração grupal.
Os objetivos que podem ser alcançados por meio deles e a sua
importância podem ser deduzidos pela análise dos métodos e técnicas que serão
apresentados abaixo.
140
É comum as pessoas apelarem para expressões como: “isso não é
democrático”, “o fulano é autoritário”, “precisamos democratizar as decisões”.
Mas, essas mesmas pessoas que assim falam, muitas vezes, não sabem o que
é democracia ou decisão democrática e não têm habilidades para trabalhar
participativamente.
Democracia é participação ativa e responsável de todos para o bem
comum. É definição de democracia de John Dewey, grande educador norte-
americano.
Democracia é forma de vida, de trabalho, de liderança, de governo. Numa
verdadeira democracia, não seria necessário chefe, governador e nem
presidente. Todos participariam ativamente, com responsabilidade e estariam
visando ao bem de todos. Ninguém precisaria ser mandado.
Os problemas desapareceriam? Claro que não. Os problemas seriam
analisados em grupo, estudados em grupo, discutidos em grupo e se tomariam
decisões por consenso ou por votação pelo grupo. Depois disso, o próprio grupo
executaria sua decisão. Todos assumiriam o trabalho, pois todos estão
comprometidos com a decisão e com o grupo.
O homem, por natureza, é rebelde à autoridade. Não gosta de ser
mandado e de obedecer. Por isso, decisão e trabalho em grupo é bom. Todos
mandam e ninguém manda, e as coisas que têm que ser feitas são feitas. Mas,
que o homem precisa ser educado e treinado para trabalhar em grupo. Embora
o aluno, principalmente o adolescente, goste de trabalhar em grupo, este método
traz muitos vícios, defeitos de educação e tendências instintivas que precisam
ser corrigidos e canalizados.
Qualquer casal pode ter filhos, mesmo sem ter feito curso para ser pai ou
mãe. E a lei garante a esse casal o pátrio poder e o direito de escolher o tipo de
educação que deseja para seus filhos. Todos sabemos que tipo de pais existem
por esse mundo afora. Educar, sabendo como se deve educar, já é difícil.
Imagine a educação que é dada por pais que possuem o mínimo de cultura, nem
de bom senso, nem de vontade e nem de tempo e condições para educar.
Sejam lá os motivos que forem, a verdade é que todas as crianças têm
defeitos, fraquezas e tendências que precisam ser aproveitadas ou corrigidas
por meio das diversas técnicas do método da dinâmica de grupo.
Para termos uma rápida ideia, vejamos alguns desses defeitos ou
fraquezas: medroso, egoísta, agressivo, retraído, áspero, falador, calado,
teimoso, inquieto, impulsivo, falso, fingido, mentiroso, convencido, inseguro,
antipático.
Pela dinâmica de grupo, podemos alcançar vários objetivos educacionais,
corrigindo um pouco os defeitos apontados anteriormente, ou seja, podemos
desenvolver muitas qualidades no aluno. Essas qualidades são, dentre outras:
que o aluno seja sincero, leal, simpático, altruísta, criativo, livre, seguro, meigo,
ativo, participante, corajoso, ponderado, colaborador, conciliador, desinibido e
até falador, quando necessário. Estas qualidades são úteis para o aluno e muito
necessárias à sociedade.
141
O método da dinâmica de grupo pode, também, trazer enormes benefícios
para a cura das pessoas. As crianças que se sentem desprezadas pelos colegas,
as tímidas, as que têm problemas com a família, as que não se sentem amadas
podem se tornar alegres e normais. Elas passam a sentir que o mundo não é
constituído só de coisas ruins.
A dinâmica de grupo desenvolve habilidades no próprio grupo, que passa
a ter mais condições de melhorar a sociedade, em termos de criatividade,
originalidade, união, solidariedade e força grupal. Aqui se encaixam os ditados:
“A união faz a força”; “Um por todos e todos por um”. Mas, sem serem
desenvolvidas as qualidades individuais e sem que haja treino em grupo, isso se
torna impossível.
Além disso, a dinâmica de grupo aproveita e soma todas as experiências,
as ideias e a imaginação dos membros do grupo para a solução de problemas.
É o desenvolvimento do raciocínio do aluno e de sua criatividade para melhorar
a própria sociedade.
Como funciona
A classe é dividida em grupos de quatro a oito alunos. Os grupos podem
estudar o mesmo assunto ou assuntos diferentes. Cada equipe deve escolher
seu coordenador e relator.
O professor indica o assunto, a bibliografia e onde esta pode ser
encontrada. Coloca, também, o problema e indica os objetivos a serem
alcançados com toda clareza, as estratégias e os passos a serem seguidos.
Deixa bem claro, ainda, o prazo para a conclusão do estudo em grupo.
142
As atribuições do coordenador são:
143
3 Painel simples
144
O coordenador agradece aos expositores e encerra a sessão.
Recomendações a serem observadas:
3.2 Importância
145
O professor orienta os estudos preparatórios. Depois de prontos os
estudos, faz-se uma reunião com os interrogadores, com os expositores e com
o coordenador, se for aluno. Entre si, eles combinam as regras a serem
observadas e as perguntas a serem feitas.
Os expositores já podem saber o que vai ser perguntado pelos
interrogadores. Assim, eles já prepararão as respostas, entretanto eles devem
cuidar para não dar as respostas na exposição, antes de serem feitas as
perguntas.
Tanto as perguntas como as respostas devem ser claras, objetivas e de
suposto interesse e utilidade para os alunos.
Após as exposições e terminado o prazo dos interrogadores, o
coordenador dará oportunidade aos alunos do plenário para fazer suas
perguntas e esclarecer suas dúvidas.
Qualquer técnica de ensino pode ser mudada, adaptada e melhorada por
quem for usá-la. Da mesma forma, os detalhes que faltam podem ser imaginados
e completados pelo professor.
5 Painel de debate
146
Terminada a apresentação dos argumentos básicos que fundamentam
uma posição e outra, o moderador coloca as normas para o debate, que começa
em seguida.
Inicialmente, o moderador concede a palavra à equipe ”A” para que um
de seus elementos provoque o debate. Para esta provocação, ele toma os
argumentos fracos da equipe “B” e tenta comparar as duas teses, sempre
valorizando a sua. Logo em seguida, um elemento da equipe “B” rebate a
provocação, procurando inverter a imagem. Usa os argumentos inconsistentes
do provocador, mais as ideias fracas apresentadas no início pela equipe “A”, e
tenta provar, com argumentos lógicos, que a tese da equipe “B” é correta, ou a
melhor.
Faz-se, assim, um verdadeiro pingue-pongue. Fala um de cada equipe
para em seguida falar um da outra, até esgotar-se o tempo previsto para o
debate.
As regras a observar e a importância da técnica são bastante semelhantes
à técnica do painel, já visto.
6 Painel integrado
147
aula, para a segunda. Tudo vai depender da convivência, do assunto e do tempo
de que se dispõe.
Depois de esgotado o tempo concedido, ou então todas as equipes terem
concluído suas discussões, o relator de cada equipe apresentará as conclusões
para o plenário, ou seja, para a classe.
8 Júri simulado
148
Os jurados devem prestar atenção a todos os argumentos para poderem
votar com seriedade. Para decidir, eles devem guiar-se apenas pela qualidade
dos argumentos apresentados pelas partes. Devem deixar de lado as opiniões e
inclinações pessoais a favor ou contra. Se o plenário ou o professor conseguir
indicar como jurados alunos neutros, será até melhor.
No dia marcado, o “juiz” abre a sessão, explicando como funciona o júri e
as regras que cada parte deve observar. O juiz pede que o promotor leia os autos
do processo. Neste caso, os autos são todos os argumentos que o promotor
pesquisou e arrolou contra o réu.
Em seguida, o “juiz” chama a primeira testemunha de acusação para vir
depor. Ela apresenta tudo o que sabe contra o réu; Chama a segunda; e depois,
a terceira testemunha. Após serem ouvidas as testemunhas de acusação, são
ouvidas as de defesa.
Em seguida, o “juiz” passa a palavra ao advogado de defesa para que
este apresente seus argumentos a favor do réu.
Ouvidos os argumentos contra e a favor, o juiz suspende a sessão e pede
para os jurados decidirem quanto à inocência ou culpa do réu. Os jurados votam
para decidir.
O juiz reabre a sessão e pede para que um dos jurados diga a que
resultado chegaram. Em vista deste resultado, o juiz redige as razões e declara
o réu culpado ou inocente. Com isso, está concluído o júri. O juiz encerra a
sessão.
Os temas que se prestam para júri simulado são: o desmatamento, os
tóxicos, a pena de morte, a energia nuclear no Brasil, a imigração de
estrangeiros, o roubo, o trabalho, a poluição.
Os detalhes que faltam para a realização de um júri podem ser inventados.
Se quisermos, também, mudar a forma de realizá-lo, não há nenhum problema.
O professor não deve ser escravo do método ou da técnica. Deve ser criativo e
imaginar formas diferentes que facilitem a aprendizagem dos alunos.
A classe para um júri pode ser organizada de várias formas. Vejamos uma
delas:
Na frente, onde costuma estar a mesa do professor, são colocadas três
carteiras. A do meio será ocupada pelo juiz, as dos lados, pelo promotor e pelo
advogado de defesa.
Os jurados ficam na frente, do lado direito e as testemunhas ficam na
frente, do lado esquerdo.
Coloca-se uma carteira com cadeira, em lugar especial, do lado esquerdo
da classe, para o depoimento das testemunhas. Estas, ao deporem, ficam de
frente para os jurados.
O réu fica em frente do juiz, a uns três metros e os demais alunos ficam
na parte do fundo da classe.
149
8.2 Importância da técnica
9 A técnica da discussão
- desinibir os alunos;
- respeitar as ideias dos outros;
- esperar sua vez para falar;
- desenvolver a tolerância com as ideias que parecem absurdas;
- organizar as ideias e expressá-las de forma sintética, lógica e coerente;
- desenvolver habilidades de liderança;
- cooperar.
9.3 Importância
150
os outros querem dizer, ao falar. São as situações em que são colocadas que as
obrigam a aprender as palavras. E é na discussão que eles as ligam, que as
associam para formar ideias, formar pensamentos coerentes e com sentido.
A ideia é a forma mais fácil e precisa de nos expressarmos. A formação
de ideias deve ser bem treinada para que o aluno possa se expressar da forma
mais rica possível. Esse treino pode ser feito por meio da discussão.
O grupo de discussão é um laboratório de ideias. Nele, as ideias chocam-
se, cruzam-se e combinam-se para formar novas ideias. A discussão traz luz aos
assuntos em discussão.
A discussão provoca emoções, adrenalina e ativa sensivelmente os
neurônios. Gera uma enorme fogueira no cérebro para a busca de ideias e
solução ao problema em discussão.
Funções do secretário:
151
- registrar as ideias discutidas (não as palavras) e, principalmente, as
conclusões;
- pedir ajuda ao coordenador ou ao grupo, quando tiver dúvidas;
- prestar esclarecimentos, quando solicitado;
- redigir, enquanto ocorre a discussão.
10 Phillips 66
É dado esse nome à técnica por ter sido criada por J. Donald Phillips. É
66 porque são seis pessoas que discutem por seis minutos uma questão ou
tema. A questão pode ser colocada pelo professor, por conferencista ou pelo
coordenador dos trabalhos.
A pessoa que propõe a discussão normalmente passa a ser o
coordenador geral. Pode também ser indicado um secretário. Este anota todas
as conclusões que forem apresentadas pelos grupos, em folha de papel ou no
quadro.
O coordenador geral esclarece, ao plenário, que os grupos devem ser
constituídos por seis pessoas e que têm apenas seis minutos para tirarem
152
conclusões. Ele pode, ainda lembrar, de vez em quando, o tempo que falta. Essa
pressão quanto ao tempo faz com que não haja distração, perda de tempo,
indisciplina e que o grupo se atenha a pensar e a buscar conclusões.
Excepcionalmente, o prazo pode ser prorrogado por um ou dois minutos. Isso,
se não tiver havido desvio da questão.
Cada grupo indica um coordenador e um relator; o coordenador estimula
o pessoal a falar, evita desvio da questão e ajuda o relator a redigir as
conclusões.
Esgotado o prazo, o coordenador geral solicita que cada relator apresente
oralmente as conclusões de seu grupo para o plenário. O relator fará isso de
forma clara, objetiva, procurando ser fiel às decisões do grupo. Não deve fazer
comentários particulares e nem manifestar que não concordou com algumas
conclusões. Estas são do grupo, e o relator deve acatá-las.
10.2 Importância
É uma variante da técnica Phillips 66. São apenas dois alunos que
cochicham durante dois minutos. Em caso de carteiras fixas, esta técnica
funciona melhor que a 66, mas pode ser usada em qualquer situação.
Segue as mesmas normas e tem a mesma importância que a Phillips 66.
Ela, porém, não precisa ter coordenador de grupo. Os dois membros preparam-
se para relatar as conclusões da equipe.
153
Esgotado o prazo, o professor, ou coordenador geral, indica quem vai
falar. Não é necessário ouvir todas as equipes. Basta ouvir algumas e, depois,
perguntar se alguma dupla chegou a resultados diferentes e ouvi-la.
11.2 Importância
Esta técnica pode ser usada com frequência, pois ocupa pouco tempo e
serve para “acordar” os alunos, além de levá-los a uma participação mais ativa.
O professor pode também aproveitar e escolher os mais tímidos para apresentar
as conclusões. Desta, eles não escapam, como poderia acontecer com a outra
técnica. Além disso, todos estão preparados para falar. A probabilidade de
alguém não ser indicado é de apenas 50%.
Alunos tímidos, que nunca falaram em público, podem apresentar as
conclusões da dupla de uma forma tão elegante e segura de modo a surpreender
a classe e o próprio professor. Assim, será dado o impulso que faltava para que
aqueles alunos soltem a língua em público. A nossa sociedade precisa de gente
desinibida e com coragem de participar das decisões coletivas e com esta
técnica se poderá dar os primeiros passos.
Quem aprende para ensinar, melhor aprende. O aluno, sabendo que terá
que falar, passa a preparar ideias para isso. Ele rapidamente junta tudo o que
sabe sobre o assunto e organiza as ideias.
12 A técnica do simpósio
154
Cada equipe estuda o seu ponto profundamente. Realiza encontros para
apresentação das conclusões individuais. O relator de cada equipe, por sua vez,
organiza as conclusões para apresentá-las no dia combinado.
No dia da apresentação, os relatores sentam-se à frente do plenário e, um
a um, de preferência em pé, apresenta a sua parte. O tempo para cada um
deverá ser de, aproximadamente, dez minutos.
Antes do início de cada exposição, o professor apresenta o relator e
informa o tempo que cada um terá.
Depois que todos os relatores apresentar seu trabalho, o professor
destaca os pontos principais, faz as complementações e as necessárias ligações
entre os diferentes aspectos do tema.
Outras técnicas podem ser utilizadas a partir desta, para que todos os
alunos tenham a oportunidade de conhecer melhor os pontos estudados pelas
demais equipes.
13 Técnica do seminário
155
discussão, os alunos podem solicitar esclarecimento aos relatores e apresentar
sua opinião e ponto de vista.
Depois da apresentação das pesquisas da última equipe, o professor
retoma todas as partes apresentadas e faz comentários sobre os aspectos
positivos, sugerindo medidas para melhorar as futuras pesquisas. Faz também
um apanhado geral, procurando dar uma visão integradora do tema.
13.2 Importância
14 Técnica da dramatização
156
- a função das vitaminas no corpo humano. Cada aluno pode representar
uma vitamina e argumentar sobre a importância desta para o corpo;
- a proclamação da independência do Brasil;
O tema deve ser claro e simples e cada aluno deve conhecer bem o seu
papel.
A avaliação pode ser feita, solicitando-se a opinião dos alunos que
assistiram à dramatização. Pode ser avaliado o conteúdo, a originalidade e a
forma de apresentação.
14.3 Importância
- desinibe os alunos;
- torna-os mais espontâneos e livres para atividades socializadas;
- aprendem a representar e a se colocar no lugar de outras pessoas ou
mesmo de objetos;
- aprendem a se expressar verbalmente, por mímica, pela fisionomia e
pelo tom de voz;
- os alunos procuram estudar, a fundo, a situação ou o tema para ter bom
desempenho, pois a dramatização envolve o aluno psicologicamente.
15 Técnica do fórum
157
Findo o prazo fixado para as discussões nos grupos, volta-se às
exposições normais, e o responsável pelo grupo coloca as questões aos
apresentadores, para serem respondidas.
15.2 Importância
16 Técnica do debate
16.3 Importância
158
aprendendo muitas outras coisas além do assunto do debate. A leitura e os
estudos são feitos com muita atenção, pois estão buscando objetivos,
procurando ideias válidas e úteis para serem usadas no debate. As ideias e
conhecimentos que os alunos já possuem sobre o assunto são integrados pelo
pensamento para a busca de uma resposta original.
Os alunos são colocados em situação de combate, e porque ninguém quer
perder, eles fazem um esforço incrível para organizar os argumentos. São
obrigados a falar com clareza e lógica. Isto faz com que a aprendizagem seja
devidamente compreendida, estruturada e esteja disponível para o uso em
qualquer situação futura. Mas o importante não é o conteúdo, e sim as atitudes
e as habilidades mentais que constam da relação dos objetivos acima.
159
Para o debate, as equipes colocam-se uma em frente à outra, ficando uma
ao lado esquerdo e a outra ao lado direito da sala. À mesa, ficam o moderador,
o secretário e os observadores.
Ao iniciar o debate, o moderador dá a palavra a uma das equipes para
que o representante desta apresente as ideias centrais a favor de sua tese. O
tempo mínimo e máximo para isso deve ser fixado para não haver exageros. O
razoável seria o mínimo de cinco e o máximo de dez minutos.
Terminada a apresentação da primeira equipe, concede-se igual prazo à
outra, para que também esta coloque as ideias básicas da sua tese.
Em seguida, o moderador abre o debate propriamente dito. Recomenda
e observa que sempre fale um de uma equipe para, em seguida, falar um da
outra equipe. Nunca devem falar duas pessoas de um mesmo lado, ou seja, é
preciso fazer o pingue-pongue.
O moderador pode limitar a três ou quatro vezes a fala de cada equipe
sobre uma mesma ideia. É preciso mudar, para evitar debates vazios e
repetitivos sobre um mesmo item.
Os debatedores devem falar pouco, não fazer discurso e nem rodeios;
devem ser objetivos. Não devem dizer “eu acho”, “minha opinião é”, pois os
argumentos devem ser seguros e com fundamento.
Todos os membros da equipe devem ter oportunidade para debater. Os
mais faladores devem se controlar um pouco e dar a vez para seus colegas falar
também.
As demais regras a serem observadas são as mesmas de qualquer
trabalho em grupo: falar um de cada vez, não interromper o colega que está
falando, respeito mútuo etc.
Esgotado o tempo fixado para os debates, os observadores manifestam
sua opinião. Em seguida, o professor faz os comentários sobre todas as etapas
do debate: preparação, regras, atitudes, conteúdo e argumentos; agradece o
empenho dos alunos, e encerra o debate.
Nesse exemplo de debate, a classe foi dividida em duas equipes, porém
podem ser feitos debates com qualquer número de alunos e de muitas outras
formas. O importante é que sejam colocadas as regras e que estas sejam
observadas. Outras modalidades de debate usadas: o debate-simpósio; o
debate intercolegiado; o debate-investigação; e o debate para solução de
problemas.
Cada grupo deve permanecer com sua posição até o fim; mesmo que
concorde com ideias dos adversários, não deve demonstrá-lo.
O que não tiver ficado claro, nas explicações da técnica, pode ser
preenchido pelo que for julgado melhor. Em todas as técnicas, vale muito a
imaginação do professor.
160
17 Técnica do bombardeamento mental
161
No dia combinado, o professor divide a classe em equipes de doze alunos
ou o mais próximo possível a doze, tendo em vista que esse número é o ideal
para funcionar o bombardeamento.
Cada equipe é convidada a escolher um coordenador, um secretário e um
subsecretário. Atribuições:
O coordenador:
O secretário:
162
- não interromper o colega que está falando: não apresentar crítica, não
achar graça, não cochichar e nem apoiar, enfim, não fazer nenhum
comentário sobre a ideia apresentada;
- todos são obrigados a falar. O coordenador não deve passar a palavra
adiante, sem que o membro, que estiver na vez de falar, fale;
- ninguém pode repetir ideia já apresentada ou simplesmente dizer que
concorda com a ideia já falada. Pode, sim, inspirar-se nas já apresentadas
e, a partir delas, produzir outras mais originais;
- não fugir ao tema ou ao problema. Pensar, tendo sempre presente o
problema;
- produzir o maior número possível de ideias. Das muitas que forem
apresentadas, poderão surgir as boas ideias;
- ninguém deve preparar a lista de ideias e nem registrar sua ideia no
papel. Deve falar o que surge no momento de sua vez de falar;
- não fazer discurso e nem justificar sua ideia.
163
Em seguida, o professor faz comentários quanto às falhas cometidas, ao
comportamento dos membros das equipes e às conclusões. Não deve apontar
quem cometeu os erros, apenas analisá-los.
17.4 Importância
A maioria dos alunos gosta de trabalhar com esta técnica, porque traz
muita satisfação. Ela é uma espécie de jogo, emocionante e desafiador.
Com ela desenvolvem-se a confiança e a liderança.
Ela desinibe os tímidos, porque são obrigados a falar. Entretanto, eles
sentem-se seguros porque ninguém pode achar graça e censurar suas ideias.
Eles sentirão que suas ideias também são importantes.
Não se deve fazer julgamentos prematuros. Deve-se evitar a crítica até
que a criação esteja concluída. É preciso evitar a discussão destruidora. Deve-
se criar e colaborar e não ficar teimando sobre um mesmo ponto.
As pessoas devem sentir-se livres para produzir ideias, as quais não
podem ser criticadas e nem menosprezadas. As pessoas são pressionadas a
falar, mas são livres para falar o que quiserem.
Depois de bem vivenciada a técnica de bombardeamento mental, o
professor pode solicitar aos alunos que resolvam problemas individualmente.
O aluno habituado a produzir ideias vai saber utilizar a imaginação para
procurar as causas dos problemas e elaborar alternativas para solucioná-los.
Assim, ele cria o hábito de pensar, com criatividade, em tudo o que for fazer.
Saberá aplicar as experiências e os conhecimentos que for adquirindo para
melhorar a sua vida, resolver os seus problemas e colaborar na solução das
questões sociais.
Até os quinze anos, pode-se ajudar uma pessoa a se tornar mais
inteligente, mas durante a vida toda, pode-se treiná-la a usar a inteligência com
mais inteligência; o que se faz pelo treino da imaginação.
A sociedade está cheia de problemas, assim, é preciso que todos se
preocupem com a criatividade e com a produção de ideias, mesmo que seja em
particular. Quando se está descontraído, as ideias surgem em maior profusão.
No banheiro, por exemplo, descansando, ou mesmo na cama antes de dormir,
ou até sonhando, as ideias aparecem. Em qualquer situação, deve-se pegar
imediatamente uma caneta e papel para registrá-la. Se for perdido esse
momento, a ideia poderá ser esquecida e nunca mais reaparecer. Não se pode
confiar na memória.
Precisamos valorizar o método de inventar. A solução dos problemas, a
ciência e a tecnologia é fruto da criatividade.
No pensamento de Alex F. Osborn, um dos grandes defensores da
técnica: “A imaginação humana é um dos maiores e menos explorados tesouros
da terra”.
164
18 Técnica da assembleia
Funções do presidente:
Funções do secretário:
165
- ler a ata da assembleia anterior;
- lavrar a ata da assembleia registrando as propostas apresentadas,
discutidas e postas em votação, anotando os votos favoráveis, contra e
as abstenções a cada uma;
- registrar, sinteticamente, as razões apresentadas a favor e contra cada
proposta.
Funções do cronometrista:
Funções do controlador:
166
18.4 Importância da técnica
O tema para discussão pode ser sugerido pelo professor ou pelos próprios
alunos. Dá-se um tempo para estudo, para preparação em casa. Se o tema for
polêmico e/ou emocionante, é melhor.
A técnica pode ser aplicada também após a leitura de um texto em sala
de aula, conferência, palestra ou exposição de um tema pelo professor.
Estando todos preparados, divide-se a classe em dois grupos. O G.V. fica
em círculo, no centro da classe; e o G.O. fica em pé, em torno do G.V.
O G.V., inicialmente, estabelece as regras complementares para a
discussão; em seguida, discute o tema e tira conclusões que são colocadas no
quadro ou escritas em folha de papel.
Cada membro do G.O. observa o comportamento do G.V. e de todos os
seus membros, registrando as observações numa folha ou caderno. O G.V. só
fala; o G.O. só observa.
167
Deve ser observado no G.V.:
É bom lembrar que quem muito fala, mesmo que apregoe a democracia,
é ditador disfarçado. Terminado o tempo do G.V., o professor solicita que os
membros do G.O. façam seus comentários sobre o que observaram.
Em seguida, invertem-se os papéis. O G.V. passa a G.O; e o que era G.O. passa
a G.V; este já deve ter visto as falhas do grupo anterior e tentará evitá-las.
Terminado o tempo deste, o G.O. faz também suas observações. Essa inversão
dos grupos pode ser feita na mesma aula, se for geminada, ou então, se for uma
aula só, na seguinte.
168
O conteúdo que é discutido é mero instrumento para o desenvolvimento
de atitudes nos alunos. É evidente que pode ser aprendido muito conteúdo, e a
técnica é ótima para estruturar a aprendizagem, mas não é o objetivo principal.
Pode ser usada em qualquer nível de escolaridade, embora seja mais
apropriada para os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino
Médio.
Na Educação Superior, ela é recomendada apenas para as disciplinas
pedagógicas. Para as outras disciplinas, seria muita perda de tempo.
20 Conclusão
169
Capítulo X
Os métodos
sociondividualizados
São assim chamados os métodos em que os alunos ora trabalham
individualmente, ora em grupo. Realizam estudos e pesquisas individuais e, em
seguida, colocam os resultados para os grupos, ou então, planejam em grupo,
dividem as tarefas, e cada um vai cumprir a sua.
Os métodos socioindividualizados são importantes porque são mais
naturais, mais de acordo com o que os alunos fazem no seu dia a dia: alternam
suas atividades, passando de individualizadas para socializadas e de
socializadas para individualizadas. Além disso, o conteúdo trabalhado é mais
significativo, pois é mais ligado às suas experiências e à sua vida.
1 Método de projetos
1.2 Importância
170
Várias disciplinas podem colaborar ou tirar proveito da execução de um
projeto. A aprendizagem feita assim será mais significativa, mais envolvente,
pois se relaciona com a prática, com a vida real. Faz com que os conteúdos das
diferentes disciplinas sejam integrados e fundidos em situações reais.
Desenvolve o gosto pelo estudo, pois os alunos estudam para produzir o
projeto, para resolver uma situação concreta, que tenha sentido. A
aprendizagem, assim, torna-se agradável.
Dá oportunidade para o surgimento de líderes. Os alunos trabalham livres,
sem pressão por parte do professor. Cada um dá o que pode para que tudo dê
certo. É uma aprendizagem para a democracia, visto que os alunos assumem
responsabilidades, tomam decisões, cooperam e executam-nas.
Cuidar para que a aprendizagem seja intensa: devem ter muitos objetivos
em mente a serem alcançados. Cuidar para que nenhuma disciplina seja
prejudicada em função do projeto. Os fundamentos teóricos e os conhecimentos
fazem parte da civilização atual, não podem ser esquecidos ou desprezados.
Com boa habilidade, os professores podem explorar profundamente qualquer
disciplina, de forma que o conhecimento seja sentido como útil.
Aproveitar bem o tempo: há alunos que tentam atrapalhar o andamento
do projeto e há equipes que não cumprem suas atividades no tempo previsto.
171
Verificar a possibilidade e o tempo disponível dos alunos: se for o caso,
executar o projeto somente no período de aula.
172
pernilongo de casa. Com a ajuda do professor, identificaram o tipo de cada um
dos pernilongos.
Um dos alunos disse que, no quintal da casa dele, há um pneu velho,
cheio de pernilongos. Como este aluno morava perto do colégio, o professor
aproveitou e levou a turma toda para observar a água parada, poluída e cheia
de larvas de pernilongo naquele pneu.
De volta à escola, o professor dividiu a turma em 3 equipes para fazer um
bombardeamento mental, cujo objetivo foi o de encontrar alternativas para
combater o pernilongo, e, assim, ter pistas de como encaminhar o projeto.
Surgiram ideias muito interessantes por parte dos alunos as quais foram
aproveitadas para o projeto. O professor pediu também a colaboração dos outros
professores da turma para o planejamento e a execução do projeto.
Os alunos e o professor, em planejamento conjunto, decidiram formar
comissões de alunos para executar tarefas distintas. O projeto ficou, ao final,
com a seguinte estrutura:
a) OBJETIVO FINAL
b) OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS
c) ESTRATÉGIAS OU ATIVIDADES:
173
- visita de uma comissão às demais classes da escola para distribuição
do folheto; explicação sobre o projeto; e pedir ajuda para acabar com a
água parada em volta da casa do aluno e vizinhos.
d) DURAÇÃO
Três semanas.
e) AVALIAÇÃO
174
O professor de história, para ajudar a levantar dados sobre a fundação da
cidade, a evolução desta, e compará-la com cidades do passado e sem
condições de cuidados higiênicos que se têm hoje.
O professor de biologia apresentou tabelas e gráficos sobre as mortes e
o número de doentes, em percentual, em regiões atacadas pelo “dengue” e
febre-amarela.
O professor de matemática ajudou a analisar os gráficos e explicou como
se chega a eles. Vários exercícios de porcentagem foram feitos.
O professor de Biologia estudou, ainda, com os alunos, as doenças
transmissíveis por certos mosquitos, locais de procriação e respectivos ciclos de
vida.
Certamente, dá para imaginar quanto os alunos aprenderam com esse
projeto. Aprenderam, com satisfação, os fundamentos científicos sobre o inseto
e doenças; aprenderam que os problemas devem ser enfrentados e que, com a
ajuda de todos, isso torna-se mais fácil. Assumiram responsabilidades,
desenvolveram atitudes e, certamente, adquiriram muitas informações úteis para
a vida.
Alguns alunos demonstraram muita curiosidade sobre a procriação do
mosquito em água parada.
O professor deu algumas explicações e disse que iria estudar com os
alunos sobre água e tudo que fosse relacionado com ela, logo após a conclusão
do projeto.
2 Unidade de experiências
175
2.2 Importância
176
2.4 Exemplo de desenvolvimento de unidade de experiência
1 – Título
A água
2 – Justificativa
3 – Tempo previsto
Duas semanas.
a – atitudes:
gosto pelo estudo; desenvolver a imaginação, a criatividade, o senso
crítico, o espírito de cooperação, a iniciativa, a perseverança, a
sensibilidade para não poluir a água, o respeito à natureza;
b – conhecimentos:
sobre os usos e a importância da água; distinguir água pura de água
impura; conhecer as fontes de água pura; identificar as formas de
tratamento da água; saber que a água é unidade de volume e de
densidade; conhecer a circulação da água na natureza e os fenômenos
que a provocam;
c – habilidades:
observar, anotar, planejar, juntar e analisar dados, pesquisar, fazer
resumo, pesar, calcular densidade, calcular volume;
d – hábitos:
177
de limpeza, de tomar apenas água potável.
178
O professor parte para outra experiência.
Para mostrar por que a água se junta nas paredes do saco, o professor
sugere outras atividades.
Ele providencia, para isso, o seguinte material auxiliar: fogareiro, uma
leiteira ou panela com água, uma tigela com gelo e um suporte de arame ou ferro
para colocar a tigela a uns 20 cm acima da leiteira.
Em seguida, põe a água a ferver. Quando estiver fervendo, coloca a tigela
com gelo no suporte.
O professor pede aos alunos que observem que o vapor da água, ao bater
na parede fria, condensa e pinga de volta na leiteira. O mesmo acontece com o
vapor das folhas na parede do saco plástico.
Explica, em seguida, para os alunos, que o sol e o vento também fazem
evaporar a água do solo, dos rios e das árvores.
Os alunos perguntam: “Mas, como é que a gente não vê o vapor?” O
professor responde: “Quando o ar está quente, o vapor não aparece, mas ele
está no ar”. O professor pergunta mais: “Vocês nunca observaram que, nos dias
frios, a gente vê o vapor sair da panela e até da boca? Ele desaparece, porque
se espalha muito. Quando vêm as frentes frias, o vapor volta a aparecer e se
formam as nuvens, junta-se muito vapor e chove”.
Muitas outras informações podem ser dadas ou obtidas pelos próprios
alunos em leituras sobre o assunto.
Está explicado o fenômeno da chuva, circulação da água na natureza,
lençóis de água, vertentes, rios e lagos.
Parte-se para outra experiência. O professor pergunta: “Qualquer água
pode ser tomada?” Os alunos respondem “não”, e que só pode ser tomada água
limpa.
O professor convida os alunos para uma excursão à beira de rio, córrego
ou banhado. Lá, pede para os alunos colherem água parada de alguma poça
que tem aparência de ser limpa. Essa água é levada para o microscópio e
observada pelos alunos. Certamente, vão aparecer micro-organismos. Isso
deve ser feito para comprovar para os alunos que a água, mesmo aparentando
ser limpa, pode ser impura e contaminada.
A partir desse ponto, podem-se fazer novas leituras sobre as
características da água pura, onde e como obtê-la etc.
Em seguida, o professor pode realizar algumas experiências sobre o
tratamento da água: destilação, filtragem, visita à estação de tratamento de água,
entre outras atividades.
Depois disso, o professor pode perguntar aos alunos: “A água tem peso?”
“Quanto pesa um litro de água?”
Parte-se para novas experiências. O professor providencia o material:
balança que pese de 10 em 10 gramas; um litro com água; um decímetro cúbico
de vidro com um furo num dos lados; um litro com mel.
Pesa-se o litro com água. O peso líquido deve dar um quilo. Despeja-se a
água no cubo de vidro, que tem espaço interno de um decímetro cúbico. O litro
179
de água coube certinho dentro do cubo. Conclusão: um decímetro cúbico de
água pesa 1 quilo. Portanto, temos 1Kg/l dm3, o que dá densidade de 1,0.
Em seguida, pesa-se o litro de mel. Deu 1 quilo e quatrocentos e cinqüenta
gramas. Temos, portanto, 1,45 Kg/l dm3. A densidade do mel é, portanto, 1,45.
Uma infinidade de outras experiências podem ser feitas ainda com água.
Os alunos não precisam de incentivação melhor que essas experiências para
participar com todo o entusiasmo. Quanta coisa o aluno pode aprender, sem
muito esforço.
Certamente, pode-se notar que uma experiência puxa a outra e que a
anterior quase sempre ajuda a seguinte. Isso é o que se chama de sequência e
continuidade da aprendizagem.
8 – Avaliação
3 Centro de interesse
180
3.2 Importância
181
A professora aproveita a situação emocional provocada pelo desmaio do
aluno, chamado Paulinho. Inicialmente, informa que o desmaio dele foi por comer
pouco. Um amiguinho não concorda e informa que ele comia bastante. No dia
seguinte, Paulinho volta à aula e esclarece a situação. Diz que comia só feijão e
arroz e que, há algum tempo, não tinha mais vontade de comer. “E verduras e
legumes, você não come?” “Não gosto, professora”.
A professora explica as funções das vitaminas, dos sais minerais, das
proteínas e das gorduras na alimentação. Os alunos passam a fazer várias
perguntas sobre o assunto: se o feijão tem vitamina, se a beterraba tem proteína,
e muitas outras.
A professora encaminha os alunos à biblioteca e escolhe os livros
apropriados para cada um encontrar as respostas às suas questões.
No dia seguinte, a professora coloca algumas perguntas aos alunos para
continuar as pesquisas: Quais são os alimentos que contêm proteínas? Quais
os que contêm hidratos de carbono? Quais os que contêm vitamina A?, e outras.
No terceiro dia, são analisados os elementos nutritivos contidos em alguns
alimentos. Os alunos levantaram os elementos contidos no feijão e no arroz.
A professora chama atenção para a necessidade que o corpo humano
tem também de outros elementos que não se encontram no feijão e no arroz.
Nesse mesmo dia, é elaborada uma lista de alimentos que cada pessoa
deveria comer por semana e a quantidade em peso. A professora já providencia
vários tipos de alimentos e uma balança que pese de 10 em 10 gramas. São
pesados maçã, banana, beterraba, cenoura, tomate, uma xícara de feijão, uma
de arroz e mais alguns alimentos. As crianças pesam, fazem cálculos e cada
uma faz uma tabela do que prefere comer para atender às exigências do próprio
corpo.
No quarto dia, a professora convida uma nutricionista para fazer uma
palestra sobre alimentação. Uma imensidade de perguntas são feitas pelos
alunos sobre o assunto e respondidas pela palestrista. É muito discutido o
problema da carne e do leite e o perigo de intoxicação, quando estragados.
No quinto dia, é organizada uma sessão de bombardeamento mental
sobre a questão: o que pode ser feito para que todos tenham a alimentação que
o corpo exige?
Por fim, é feita uma redação sobre a importância da alimentação
balanceada.
Com boa imaginação do professor, esse tipo de atividade pode ser
estendido por vários dias. Além disso, um centro de interesses pode conduzir a
outro, de tal forma que os alunos estejam sempre em atividade significativa.
182
4 O método de solução de problemas
183
vão anotando tudo. Conversam ou fazem entrevistas com responsáveis, com
relações públicas ou com o gerente das fábricas.
Todos esses profissionais apresentam explicações e justificativas. Alguns
chegam a afirmar que a fumaça da fábrica não faz mal à saúde. Os alunos
observam, também, a fumaça que os carros e caminhões soltam pelos canos de
escape. Alguns, com fumaça intensa e bem escura.
Para certificar-se do mal que a poluição pode causar, convida-se um
médico, especialista em doenças do pulmão, para fazer uma palestra. Este
aborda os vários tipos de doenças que a poluição pode provocar. Apresenta
tabelas com os tipos e graus de poluição e a tolerância do organismo humano a
cada um. Os alunos anotam o que podem.
Os alunos querem saber como se descobre e se mede o tipo e o grau de
poluição da atmosfera e do ar. O médico sugere que seja convidado um químico
para explicar isso.
É convidado um químico especialista em meio ambiente. Ele traz vários
aparelhos e convida os alunos a acompanharem-no na análise do ar e da água.
Vão ao laboratório e fazem várias análises. O resultado é discutido em sala de
aula com o professor de ciências e de geografia. Embora os alunos nada
entendessem de química, viram e sentiram a importância prática dos
conhecimentos desta ciência para o bem do homem.
O professor de estudos sociais organiza uma sessão de bombardeamento
mental para que os alunos apresentem propostas de solução ao problema.
Muitas alternativas são apresentadas. Entre estas, destacam-se:
184
e aos comerciantes. Organizam uma manifestação numa praça, no centro da
cidade.
Mais três meses transcorrem e apenas algumas indústrias acabam com a
poluição.
Os estudantes voltam a se reunir para tomar novas decisões. Várias
alternativas são colocadas e executadas. Mais um tempo se passa e organizam
uma greve geral dos estudantes da Grande São Paulo. Aqui, mais uma vez entra
a assistência dos professores de estudos sociais.
Numa das escolas, o diretor encaminha comunicado aos pais, pedindo
para que os alunos não participem da greve. Ele entende que greve é só para
trabalhadores e que o assunto é de competência das autoridades do Município
e do Estado.
Os estudantes organizam-se e preparam um folheto para rebater e
fundamentar a necessidade da paralisação das aulas (greve). Entre outras
razões, destacam a omissão das autoridades com relação ao assunto,
necessidade de conscientização geral da população sobre os males causados
pela poluição e que todos são responsáveis pela defesa dos direitos dos
cidadãos. Fazem um histórico das várias tentativas e movimentos já feitos, sem
êxito. Chamam atenção para que o bem da maioria, no caso, a saúde da
população que está acima dos interesses econômicos de uma minoria que não
quer ter gastos para sanar o problema. Em face disso, entendem que a greve é
medida válida, legítima e certamente eficaz.
Conseguem, também, a adesão dos colegas daquela escola e o apoio dos
pais. A greve foi um sucesso total, como também os seus resultados. Em poucos
dias, o Estado lançou pesadas multas às indústrias, e vários gerentes
encaminharam ofícios ao comando de greve, informando que, em três ou quatro
meses, teriam solucionado o problema.
185
- os estudantes, e mesmo toda pessoa, gostam de se sentir úteis. Neste
método, eles têm oportunidade para isso: de servir, de ajudar, de
participar e ver resultados com sua participação;
- estudam com o objetivo de aplicar os conhecimentos que vão adquirindo.
É um estudo gostoso, que visa à prática, à solução de um problema;
- obriga os alunos a compreender, a raciocinar sobre o que leem e a
estruturar criativamente a aprendizagem em função do problema a ser
solucionado;
- permite a avaliação pela simples observação do aluno no transcorrer do
processo;
- atende a vários princípios da aprendizagem: “vai do concreto para o
abstrato”; “participação ativa do aluno”; “atende à curiosidade dos alunos”,
“o pensamento e o raciocínio são ativados por um problema”, entre outros.
5 O método da excursão
5.1 Importância
Isso vai depender do nível dos alunos, dos objetivos que se têm em vista,
da distância, das condições dos alunos e, principalmente, da importância do local
a ser visitado.
Locais que podem ser aproveitados são, por exemplo, horta, bosque, sítio,
fazenda, indústria, estação de tratamento d´água, vertedouros, lagos, riachos,
zoológico, prefeitura, correio, serra, praia, mar, pantanal, lugares turísticos,
museus, posto ou centro de saúde, entre outros.
186
5.3 Como fazer a excursão
Uma excursão pode ter início, com perguntas formuladas pelo professor,
em sala de aula:
Com esse diálogo, foi lançado o convite para a ação. A partir desse
instante, as crianças ficam ansiosas em querer ver a estação de tratamento
d´água, mas o professor nada deve prometer a elas ainda. Primeiramente, ele
próprio deve fazer uma visita à estação para solicitar autorização para a visita e
levantar todos os objetivos que podem ser alcançados com o referido método.
Deve observar tudo o que possa aproveitar para mostrar e explicar às
crianças. Deve também entrevistar os encarregados, que poderão dar muitas
orientações a ele e até dar palestras e responder às perguntas dos alunos no dia
da excursão.
O professor não deve esquecer de observar os locais que possam
oferecer perigo às crianças, para evitar acidentes, e pedir autorização dos pais,
com antecedência.
Antes do dia da excursão, o professor deve ter feito um bom
planejamento. Assim, ele poderá assegurar melhor aproveitamento, maior
segurança para os alunos e evitar atropelos e aborrecimentos.
Para uma excursão, o professor deve definir, claramente, os objetivos que
pretende alcançar. Se possível, deve estabelecê-los junto com os próprios
alunos, ou então fazer com que eles saibam exatamente o que se pretende
alcançar com a excursão.
Para uma excursão à estação de tratamento d´água, podem-se buscar os
seguintes objetivos:
187
No planejamento, o professor pode fazer a lista de atividades a serem
realizadas durante a excursão. Listar o que deve ser observado, analisado,
relacionado. Sugerir algumas perguntas a serem feitas aos encarregados do
serviço.
No planejamento, devem também ser previstos o horário e local de saída,
tempo para se chegar ao local, duração da visita, meio de transporte,
alimentação, se for o caso, material a ser levado pelo aluno, orientações sobre
o comportamento esperado de cada um.
Antes da excursão, o professor deve colocar uma série de questões para
os alunos, tais como: Quem colocou os canos para a água na terra? por que a
água pode ser tomada? Quem cuida para que sempre tenha água? por que, em
tempo de seca, todo mundo deve economizar água? Donde vem a água?
Durante a excursão, o professor deve ficar bem atento para que a
atividade seja realmente bem aproveitada. Chamar a atenção dos alunos para
os pontos e detalhes a serem observados e analisados. Não deixar espaço para
os alunos se distraírem, se dispersar e fazer “bagunça”. O professor deve ser
dinâmico, ativo e esperto. Deve usar a imaginação para que tudo saia bem.
Se surgirem problemas durante a excursão, que isso não seja motivo para
deixar de usar o método. Ao contrário, é fazendo que se aprende. Os erros e
falhas devem ser analisados com os alunos e evitados em outras oportunidades.
A partir da excursão, o professor pode realizar uma série de outros
estudos e atividades sobre o tema central, que é a água. Pode ser estudada a
utilidade da água, locais e formas de se obter água limpa e potável, a chuva, os
estados da água, os rios e o mar, a navegação, entre outros.
O professor pode solicitar que os alunos façam discussão sobre pontos
que forem julgados oportunos para isso. Os alunos, certamente, terão muito que
falar. Verão que cada um observou coisas diferentes e que muitas outras
passaram sem ser percebidas.
Podem ser feitas experiências com decantação e filtragem da água;
experiências com gelo e evaporação, entre outras.
Uma excursão pode servir como incentivo para uma série de atividades
que podem ser muito úteis para os alunos. Os alunos viram o concreto; têm uma
série de dúvidas. O professor, em vez de respondê-las, encaminha os alunos
para leituras, para pesquisas. É uma forma de iniciar outras atividades e manter
os alunos sempre em certo grau de tensão para que continuem curiosos,
participantes e ativos.
6 Conclusão
188
de forma integrada e funcional, tornando a aprendizagem fácil, agradável e útil
para a vida.
189
Capítulo XI
Recursos de ensino
1 O que se entende por recursos de ensino
191
Com esses meios auxiliares, podem-se fazer quatro experiências ou
demonstrações de como transformar água suja, ou água com microorganismos,
em água potável.
Antes disso, porém, é necessário demonstrar para os alunos que a água
coletada contém “bichinhos”, microorganismos. Para isso, utiliza-se o
microscópio. Todos os alunos devem ver os “bichinhos” no microscópio. Em
seguida, passa-se às experiências.
Pega-se uma parte da água suja do balde e põe-se para ferver na chaleira
durante seis minutos e, após isso, deixa-se esfriá-la. Em seguida, pega-se um
pouquinho dessa água para que os alunos a observem no microscópio. Não irão
mais ver “bichinhos” vivos.
É o momento de se fazer a segunda experiência. Toma-se o garrafão sem
fundo, de bico para baixo, amarra-se nele um arame e acha-se um lugar apara
dependurá-lo. Coloca-se primeiro o carvão mineral, 1Kg mais ou menos, em
seguida 1 ou 2 Kg de areia e, depois, água suja por cima. Embaixo, coloca-se
uma vasilha para receber a água que vai saindo limpa e cristalina.
Outra experiência é colocar água suja numa vasilha, de mais ou menos 1
litro, e jogar dentro dela uns 50 g de cal, com um pouco de sulfato de alumínio.
A sujeira deposita-se no fundo e a água fica cristalina. Essa água precisa receber
ainda um pouco de flúor e cloro, para se tornar potável.
A última experiência é ferver a água na chaleira. Coloca-se no bico de
saída da chaleira uma mangueira, que deve fazer uma curva para o alto. A parte
que desce coloca-se entre duas barras de gelo ou faz-se passar por dentro de
água gelada.
O vapor de água vai sair na outra ponta da mangueira novamente como
água. É a água destilada.
Os objetivos que podem ser alcançados e que, no caso, devem-se ter em
mente são:
192
auxiliares, o conteúdo e as técnicas para que haja coerência e, assim, realmente
seja alcançado um determinado objetivo.
Vejamos, a seguir, outros exemplos de recursos de ensino que podem ser
utilizados.
Como o nome já diz, são recursos não humanos que podem ser
classificados em:
- gustativos;
- olfativos;
- táteis;
- visuais;
- auditivos;
- audiovisuais.
193
São os que se relacionam a cheiros. Cheiro das folhas, raízes, plantas; o
mau cheiro do ar, da água, da carne “estragada”; ou então os perfumes e o bom
cheiro das comidas e bebidas.
Os recursos que tocam a vista são chamados de visuais. Estes, por sua
vez, podem ser divididos em:
Naturais: peças, objetos, coleções, amostras, espécimes, que podem ser
de insetos, animais, plantas, raízes, flores, folhas, minérios, floresta, rio, mar,
água, barro.
Gráficos: livros, revistas, jornais, folhetos, apostilas, cartazes, cartões,
figuras, fotografias, gravuras, mapas, organogramas, fluxogramas, álbum
seriado, transparências, lâminas, slides, gráficos, diagramas, quadro-de-giz.
Modelos: maquetes, miniatura de peças, objetos, casas, instalações,
aparelhos, carro.
De apoio: flanelógrafo, imantógrafo, retroprojetor, epidiascópio, diascópio,
laboratório, mural.
Reais: máquinas, motores, objetos, casas, equipamentos, instalações,
navio, piano, violão, computador, máquina de escrever.
4.2.5 Auditivos
4.2.6 Audiovisuais
Implicam visão e audição ao mesmo tempo. Entre eles temos: filme, TV,
videocassete.
Alguns recursos necessitariam de explicações sobre o que são ou como
poderiam ser usados, mas exigiria o uso de muitas palavras. É preferível buscar
conhecê-los diretamente.
194
5 Recomendações quanto aos recursos de ensino e seu uso
O planejamento do uso dos recursos pode ser feito de tal forma que um
complemente ou reforce o outro. Cuidar sempre que eles formem ou provoquem
ideias para maior enriquecimento da aprendizagem.
Todo cuidado deve ser tomado, ainda, para que haja intensidade
adequada dos estímulos de forma a provocar a percepção, isto é, que as
sensações sejam suficientemente fortes para chegar até a mente e que surtam
os efeitos que se espera. Os estímulos têm que ser também nítidos e claros,
enfim, devem chamar a atenção pela novidade, pela intensidade ou pelo
movimento. Porém, se envolver ainda emoção, tanto melhor.
6 O livro didático
195
Se o professor “dá matéria” ditada, ou no quadro, o aluno pode ouvir mal
ou deixar de anotar certo. Isto, fatalmente, vai provocar aprendizagem incorreta.
Além disso, matéria ditada ou escrita no quadro quase sempre é tão resumida
que é difícil levar o aluno a compreender. Resta a ele decorar. Matéria decorada
serve para a prova e não para a vida.
Certa vez, um aluno estava mal em Física. Tinha ficado para recuperação.
Supus que o aluno não sabia estudar. Prontifiquei-me a ajudá-lo. Pedi a ele o
livro de Física adotado pelo professor. Ele respondeu que o professor não
adotava livro. Aí pedi a apostila. Também não usava apostila. Solicitei, então, o
caderno de Física. “Joguei-o fora”, disse ele. “Por quê?”, perguntei. “É que eu
não conseguia pegar tudo que o professor falava. O que eu tomei nota só serviu
para me confundir. Por isso é que eu fui mal”. Continuei a questionar:
- Como é que você vai fazer agora?
- Vou pedir um caderno emprestado de um colega que eu sei que tem
tudo direitinho.
- E por que você não fez o mesmo?
- É que quando eu estava copiando e estava na metade da frase, o
professor passava a explicar outra coisa e eu queria prestar atenção. Depois, eu
esquecia o que ele tinha falado antes.
Este é apenas um exemplo. Milhares de outros fatos semelhantes podem
estar ocorrendo. O prejuízo do aluno, com isso, é muito grande.
É inacreditável que, nos dias atuais, em escolas que têm todos os
recursos para fazer apostilas, aconteçam tais coisas.
Numa outra situação, um professor faz uma apostila – apostila-telegrama
– e ainda cheia de erros. Meia página da apostila era assunto para duas aulas
expositivas. Ele complementava essas apostilas com ditado, com esquemas e
frases escritas no quadro.
Escrevia, ora no meio do quadro-de-giz, ora no fim, e voltava para o
começo do quadro, sem nada apagar. Era uma verdadeira confusão. Eram
frases esparsas, incompletas: às vezes, faltava o verbo; outras vezes, faltavam
elementos de ligação. Era difícil entender. Os alunos tentavam anotar tudo,
mesmo compreendendo pouco ou quase nada.
Por que tudo isso? Basta que o professor adote um bom livro e conheça
bem as técnicas de estudo dirigido para evitar toda essa angústia e confusão
que provoca no aluno.
Um bom livro didático deve conter a essência do conteúdo da matéria ou
disciplina. O conteúdo deve ser útil e significativo, na medida do possível. O
assunto deve ser estruturado de forma a facilitar a compreensão, com uma
linguagem clara e muitos exemplos.
Para a seleção do conteúdo de um livro, no que for possível, podem-se
seguir, em linhas gerais, os mesmos princípios da seleção do conteúdo para um
plano de ensino.
196
7 Tecnologia aplicada à educação
8 Conclusão
197
Capítulo XII
Currículo e conteúdo da
aprendizagem
1 Que se entende por currículo
199
distrito. Dali, saiu pasmada pelo que ouviu. O médico contou a ela que cerca de
90% das crianças tinham vermes e que cerca de 80% eram subnutridas.
Descobriu, também, que muitas crianças estavam cheias de bichos-de-
pé, que a dor de barriga e os vômitos eram frequentes entre elas.
Visitou, também, o cerealista do distrito. Descobriu, ali, o que era
produzido na localidade: feijão, milho, arroz, algodão, pipoca e amendoim. A
certa altura, entraram dois senhores no armazém do cerealista, oferecendo
feijão. O cerealista propôs pagar R$30,00 a saca. Um deles disse: “mas o preço
mínimo que o Banco do Brasil paga é R$60,00. Respondeu o cerealista: “mas
eu só posso pagar R$30,00. Se não concordar, leve o seu feijão para o Banco
do Brasil e espere 50 ou 60 dias para receber”.
Os dois senhores fecharam negócio ao preço proposto.
A professora, a partir desses dados, passou a elaborar o currículo para a
sua turma. Ela destacou como princípio, para isso, a solução dos problemas das
crianças e a utilidade do conteúdo.
Selecionou uma série de temas sobre higiene, nutrição e saúde. Ela
própria elaborou textos bem simples e claros sobre os assuntos, envolvendo
ciências, matemática e estudos sociais.
Nos procedimentos de ensino, trabalhou com centros de interesse em
torno de alimentação, higiene e saúde. Trabalhou com projetos, com apoio da
prefeitura, para construção de patentes para as famílias das crianças e para
acabar com os vermes nas famílias da população.
As próprias crianças ajudaram na construção das “casinhas”.
Conseguiu o tratamento dentário de graça, pela Secretaria da Saúde, para
todas as crianças da escola.
Formou uma cooperativa com os alunos para fazer uma horta e vender os
produtos ali cultivados. Um dos pais vizinhos da escola cedeu um hectare para
a horta. Os próprios alunos cortaram bambu e cercaram o terreno. Em dois
meses, começaram as primeiras vendas.
Enquanto se formava a cooperativa dos alunos, a professora trabalhou
também com os pais. Após meio ano, estes também organizaram sua
cooperativa. Era uma cooperativa informal, sem registro, mas que valeu muito
para eles. Juntaram a mercadoria num lugar só e passaram a vender os produtos
para comerciantes da cidade e para o Banco do Brasil, em vez de serem
explorados pelo cerealista da localidade.
Ao final do ano, a professora havia recuperado a saúde das crianças e
formado atitudes e hábitos de grande importância para a vida delas.
Desenvolveu o espírito de união, de solidariedade e cooperação entre as
crianças e também entre os membros da comunidade.
A professora elaborou um currículo centrado nos problemas sociais e dos
alunos e, à medida do possível, avançava para o domínio das técnicas sociais.
200
3.2 Currículo centrado em necessidades
201
produção de alimentos, gerar hábitos de higiene, identificar os alimentos
necessários à alimentação humana, melhorar a habilidade de preparo dos
alimentos.
Observe-se que leitura, estudos sociais e cálculo vieram como meios e
não como objetivos em si.
A professora saiu junto com o Chico até a casa dele. O Chico pegou uma
enxada e foi à lavoura. Ali ele mostrou à professora o que ele sabia. Começou a
capinar a terra e disse:
“- Sei como roçá a terra! Como perpará! Como ará!”
Em seguida, ele pegou um saquinho com semete e a semeou no solo.
“- Sei como semeá a terra, iscoiendo as mió semente!”
Foi à horta e mostrou à professora como se muda verdura.
“- Di como se repranta as mudinha di verdura im outro canteiro!”
Foi ao galpão e pegou um pacotinho de milho e saiu jogando milho para
as galinhas.
“- Di como cuidá das galinha, ganso, pato...
- Dos remédio qui tenho di dá, quando tão duentinha!
- Também sei ordenhá uma vaca!”
E mostrou para a professora que realmente sabia.
A professora foi acompanhando Chico por toda parte. E ele ia mostrando
o que sabia fazer.
“- Aprendi cum minha mãe como fazê mantega, queijo, o mussarela!
Também aprendi a cuidá do pomar! Como evitá as praga, os inseto!”
Chico trepou na árvore e apanhou uma fruta. Mostrando a fruta para a
professora, disse:
202
“- Pra senhora!”
Dali voltaram para a escola. Voltaram ao mesmo lugar em que estavam
antes. Chico estava perto da escrivaninha da professora. Esta, então, disse a
ele:
“- Dez!”
Oxalá, todos os professores fossem sensíveis como a professora da
história. Foi ver, observar e constatar, na casa do aluno, o que ele sabia, e que
não sabia dizer, mas sabia fazer. Este é o saber de fato, não só de palavras. É
o currículo centrado na ação.
203
3.5 Currículo centrado no conteúdo
204
3.6 Currículo centrado na aprendizagem significativa
205
3.6.2 Importância da aprendizagem significativa
206
Se os alunos souberem resolver um problema criativamente, fica
comprovada a compreensão significativa.
Na aprendizagem por descoberta, é o próprio aluno quem elabora o seu
conhecimento. Passa a ter um conhecimento elaborado, estruturado pela
compreensão, pelo raciocínio, e não o conhecimento mecânico.
A aprendizagem significativa provoca alguma reação no aluno, pois tem
importância para ele. Pode provocar euforia, curiosidade, preocupação,
ansiedade e levá-lo a fazer muitas experiências. Quanto mais experiências o
aluno tiver, maior será sua capacidade para adquirir novas aprendizagens e
elaborar novas estruturas mentais.
O próprio aluno quer e pode construir a sua personalidade, “costurando”
as ideias que for selecionando como úteis e importantes. Se o aluno sentir,
perceber que aquilo que estiver aprendendo o ajuda a sentir-se melhor, que o
ajuda a construir sua vida, então aquilo se torna significativo.
A aprendizagem significativa é importante também porque o aluno
aprende compreendendo e não decorando. Aprende o sentido e não apenas as
palavras. Uma aprendizagem compreendida pode ser usada para formar novas
ideias e para resolver problemas.
Quando o aluno compreende o que faz, o que lê, estuda ou ouve, sente
satisfação, porém, se não compreender, ele se distrai, aborrece-se e até
“bagunça” pode fazer.
Se o aluno não notar semelhança entre o conteúdo novo e suas
experiências e a vida, não sentirá utilidade no que vai estudar. Não sentindo
utilidade, não terá interesse e não fará esforço.
207
Dependendo da região, os pais podem querer que seus filhos estudem
inglês e eletrônica. Em outro lugar, podem querer que seja estudada técnica
agrícola e língua japonesa. Em algumas comunidades, podem desejar que se dê
destaque à educação moral, à educação cívica e à disciplina mental.
Por fim, o próprio professor elabora o currículo para cada turma ou
disciplina. Para fazer isso, ele sonda as condições, interesses e necessidades
dos alunos; seleciona as atividades, conteúdos e experiências mais úteis e
significativos e estrutura sua programação para o ano.
5 O conteúdo da aprendizagem
208
conhecimentos são tantos, tão diversificados e tão complexos, que o homem,
com toda sua inteligência e usando todo o tempo de vida, pode aprender uma
pequeníssima parte. Isso se complica, quando temos que escolher uma parte
desses conhecimentos para apenas alguns anos de escola. Pior ainda, a maioria
das crianças reprova ou desiste nos primeiros anos. O que é que elas devem
aprender, considerando o pouco tempo que ficam na escola?
Além disso, temos que levar em conta que não é qualquer conteúdo que
pode ser aprendido pelos alunos. É evidente que existem uns conteúdos
melhores que outros, mais fáceis; e outros, mais complexos. Quais deles
selecionar?
Para melhor selecionar o conteúdo é necessário levar em conta alguns
critérios, que veremos a seguir.
O conteúdo deve ser apropriado à idade dos alunos. Não pode ser muito
difícil e nem muito fácil. Deve também considerar as características biológicas,
psicológicas e sociais da maioria dos alunos da sala. Crianças subnutridas e de
condições econômicas precárias não têm condições de aprender conteúdo difícil
e abstrato. Deve-se considerar, também, a saúde e as possibilidades intelectuais
dos alunos. Enfim, o conteúdo deve estar relacionado à realidade deles.
O conteúdo deve ir ao encontro dos interesses, necessidades, aspirações
e aptidões dos alunos. Cada aluno já tem experiências de vida que servem de
base para novas aprendizagem e que provocam uma série de curiosidades que
precisam ser atendidas.
É necessário considerar o nível de desenvolvimento intelectual dos alunos
incluindo as competências. De nada adianta selecionar um conteúdo muito
acima de suas condições de aprendizagem, ou um conteúdo abaixo que não os
fazem progredir.
O conteúdo tem que ser adequado e coerente com os objetivos, fins e
ideal de homem imaginados por nós. Se quisermos formar um homem manso,
pacífico, obediente, o conteúdo é um. Se quisermos um homem rebelde,
contestador, criativo e crítico, o conteúdo deve ser outro. Não podemos esquecer
que as leis já fixam muitos objetivos, fins e ideais da educação, e que devem ser
lembrados por ocasião da seleção de conteúdo.
O conteúdo tem que ser selecionado também em função dos problemas
e necessidades sociais. Não tem sentido uma educação alienada e desligada da
realidade. O homem nasceu para ser feliz. Se a sociedade tem problemas, estes
refletem-se sobre o homem, fazendo-o sofrer. A educação pode ajudar a resolvê-
los.
O conteúdo tem que acompanhar a evolução social e o desenvolvimento
tecnológico. As mudanças são tão rápidas que certos conteúdos precisam ser
substituídos, mesmo no decorrer do próprio ano letivo. O professor precisa estar
sempre bem atualizado para ter condições de selecionar conteúdo atual e de
acordo com as mais recentes descobertas. O conteúdo deve estar ligado com
outras áreas ou disciplinas, pois facilita a compreensão e dá uma visão mais
abrangente de sua utilidade e aplicação.
209
Se determinado conteúdo servir para o alcance de vários objetivos ao
mesmo tempo e para aplicação em outras áreas, tanto melhor. Este é um
conteúdo mais rico, mais abrangente e mais econômico.
O conteúdo selecionado deve ser a “nata”, a essência da matéria. Deve
também abranger aquilo que é mais válido, prático e útil para a vida do aluno e
para a sociedade. Conteúdo que não vai ser usado nos dias de hoje é perda de
tempo.
Deve-se considerar, também, a filosofia de vida e os costumes da
população. Não se pode, por exemplo, defender o candomblé ou o espiritismo
numa comunidade essencialmente luterana, presbiteriana ou católica. Não se
pode apoiar o divórcio em comunidades em que isso não é aceito.
O conteúdo tem que ser significativo; ter alguma relação com a vida dos
alunos que devem sentir a utilidade e a aplicabilidade dos mesmos. O professor
julgar que determinado conteúdo seja útil para o aluno. Outra bem diferente é o
próprio aluno sentir sua importância e utilidade.
O conteúdo deve ser tal que propicie condições de se desenvolver,
sobretudo, uma aprendizagem qualificativa e não apenas quantitativa. Deve
facilitar o desenvolvimento, por exemplo, do raciocínio, da imaginação, da
criatividade, da estruturação do pensamento, e não apenas conhecer ou guardar
nomes, dados, fatos e ideias.
6 O programa
210
Os itens, juntos, devem representar a estrutura da matéria como um todo. Devem
formar um todo com suas partes bem ligadas.
Os tópicos mais fáceis devem vir antes para servir de fundamento para os
subsequentes. Devem ser graduados e ter sequência para que sejam de fácil
compreensão e não tenham interrupção.
A enunciação do tópico deve ser clara e objetiva, isto é, não deve oferecer
dúvida quanto ao que queria dizer e ser escrito com poucas palavras.
O programa deve ser organizado, de tal forma que haja coerência entre
os seus itens, que sua estrutura possibilite o uso do que for aprendido e facilite
a transferência para outros campos do conhecimento, assim como para a
solução de problemas específicos e sociais.
7 Conclusão
211
Capítulo XIII
Avaliação da
aprendizagem
1 Em que consiste
212
se ajudar os alunos a ser melhores, a desenvolver qualidades. Informações que
ficam armazenadas na memória do aluno, sem que este as saiba usar, de nada
adiantam. Por isso, precisamos avaliar o efeito que elas produzem no aluno e
como o aluno as utiliza. Só assim a avaliação terá realmente sentido.
Em resumo, deve ainda ser avaliado:
213
- conhecermos especificamente quais são os problemas de aprendizagem
dos alunos e o que fazer para que eles sejam eliminados;
- saber se as atividades, experiências e currículo produziram os efeitos
esperados;
- verificar a eficiência dos métodos e técnicas para alcançar aquele tipo
de objetivos;
- concluir pela adequação ou não de recursos de ensino;
- conhecer a adequação dos objetivos de aprendizagem;
- saber o que mudar no processo de ensino;
- refletir sobre as condições da sala, da escola, do ambiente escolar e do
sistema de ensino;
- refletir sobre nossa atuação como professor: relacionamento,
atualização, entusiasmo, capacidade de envolvimento;
- saber se o aluno está ou não fazendo progresso;
- saber se o aluno fez ou não o esforço necessário.
214
Se o próprio aluno não estiver interessado em progredir, de nada adianta
a avaliação externa. É preciso incentivar a autoavaliação. É preciso que o aluno
aprenda a cuidar de si próprio. Somente assim, ele se tornará responsável e
independente.
215
está prendendo. Assim, poderá propor novos objetivos e atividades adequadas
para uma nova aprendizagem.
7 Tipos de avaliação
216
8 Formas e instrumentos de avaliação
a. Observação
b. Trabalhos
217
Os trabalhos têm grande inconveniente, pois podem ser feitos por outras
pessoas. Para evitar isso, o professor deverá valorizar a aprendizagem do aluno,
elogiando-o pelos seus progressos, analisando o trabalho com cada aluno e
desprezando o aspecto nota. Se quiser dar nota, deve ser com peso baixo, não
significativo para a aprovação.
c. Entrevistas
e. Ficha cumulativa
218
FICHA DE AVALIAÇÃO CUMULATIVA
(exemplo)
f. Dossiê
219
g. Memorial
h. Inventário
i. Questionário
É uma espécie de prova informal. Pode ser usado para verificar o que o
aluno já conhece sobre determinado assunto. Seria um pré-teste para um
diagnóstico.
j. Álbum de atividades
k. Amostras
Solicitar que o aluno traga amostras de material sobre o que está sendo
estudado. De certa forma, força o aluno a ver as coisas na prática. Se o aluno
trouxer as amostras certas, estará comprovando que aprendeu. Podem ser
amostras de raízes, folhas, plantas, insetos, pedras, terra, entre outras.
l. Coleções
O aluno fará, nesse caso, uma busca, a mais completa possível, sobre um
material de um mesmo conjunto, de uma espécie. O professor avaliará a
qualidade e a quantidade da coleção, dependendo dos critérios fixados.
220
m. Provas objetivas
221
n.2. Prova de completar ou de lacuna
Ex.: Didática é a ________ e a ________ de bem orientar a aprendizagem.
ESTADO CAPITAL
Maranhão Curitiba
Goiás Belém
Pará Goiânia
Paraná Porto Alegre
Pernambuco Recife
Rio Grande do Sul São Luís
Essa forma de prova é ótima. Pode ser feita mediante consulta. Com isso,
o aluno aprende muitas outras coisas pelo caminho e não só as respostas às
questões. Ela é mais uma técnica de estudo dirigido que um tipo de prova. Mas,
222
a avaliação não tem momento certo; enquanto o aluno aprende, também pode
estar sendo avaliado.
n. Prova subjetiva
223
“No ensino ao nível de reflexão, o melhor tipo de questão é aquele que
admite mais de uma resposta correta. Assim sendo, as respostas não podem ser
definidas quando da elaboração da prova”.
o. Prova oral
224
aquilo que estão estudando não vai valer nada para a vida dele. A esta
altura, o aluno vai dar crédito aos pais, pois teve uma manifestação de
apoio e é também mais cômodo não fazer esforço;
- a aprendizagem que o professor desenvolve é livresca: o professor
preocupa-se somente com o conteúdo, com o programa e com
conhecimentos, em vez de se preocupar mais com objetivos, atividades,
experiências e pesquisas;
- o professor utiliza o conteúdo lógico, em vez de conteúdo psicológico.
Isto quer dizer que, em vez de o professor trabalhar um conteúdo
relacionado com a vida, com as necessidades, possibilidades e
experiência dos alunos, o professor trabalha com o conteúdo que ele acha
que possa ser útil aos alunos;
- o conteúdo não é útil e nem significativo para o aluno;
- o conteúdo é de nível muito acima das possibilidades de compreensão
dos alunos;
- as técnicas, os processos e as estratégias de ensino não possibilitam a
participação ativa do aluno na aprendizagem;
- o professor avalia apenas a quantidade de informações e
conhecimentos, quando deveria verificar mais as qualidades que o aluno
desenvolveu.
A partir das possíveis causas anteriormente citadas, o professor deverá
organizar uma lista de alternativas de solução para melhorar o
aproveitamento dos alunos. Devem-se colocar as alternativas de solução
em ordem de importância, isto é, em primeiro lugar, relacionar as que
removem as causas com mais eficiência.
225
De qualquer maneira, as melhores questões são abertas. Elas permitem
o uso livre de ideias, o raciocínio, a generalização e a criatividade, pois o aluno
não precisa ter decorado nada para respondê-las. As respostas podem ser até
bem diferentes de um aluno para outro e, assim mesmo, serem consideradas
certas. O que importa é que o aluno demonstre que compreendeu; que é capaz
de estruturar o pensamento com ideias sobre aquele assunto; que é capaz de
fazer análise crítica e de sintetizar; que é capaz de apresentar uma resposta
original e criativa ao problema.
Os instrumentos de avaliação devem avaliar o que realmente se pretende
avaliar. Eles devem ser adequados e válidos. Se pretendemos avaliar o espírito
de cooperação, a habilidade de pesquisa, ou a iniciativa, não devemos, por
exemplo, usar prova escrita. O instrumento válido para isso é a observação.
Ao elaborarmos uma prova, devemos organizar questões que cubram
todos os objetivos que pretendemos alcançar e todo o conteúdo estudado
naquele período. As questões podem ser amplas, de tal forma que permitam ao
aluno fazer uma abordagem crítica e uma síntese sobre todo o conteúdo, ou,
então, a prova pode ter grande número de questões, sendo ao menos uma para
cada subunidade. Nunca deve acontecer de o aluno dizer: “Caiu exatamente o
que eu não sabia”; ou então, “Caiu o único ponto que eu não estudei”.
Uma prova deve ter questões fáceis, médias e difíceis. Assim, poderemos
identificar os alunos que mais aprenderam dos que menos aprenderam. Não é
justo fazermos questões tão fáceis que até os alunos preguiçosos e relapsos
tirem notas ótimas. É recomendável ter 20% de questões fáceis, 40% médias e
40% difíceis.
Enquanto estivermos num sistema de concorrência em que não há
condições de dar assistência individual a todos os alunos, é necessário
tomarmos esses cuidados.
As avaliações não devem ser complexas; devem ser fáceis de aplicar,
analisar e interpretar.
É conveniente que seja elaborado um número bem maior de questões
para depois selecionarmos as melhores. Se tivermos um grande número de
questões, é mais fácil fazer isso.
Devemos evitar a possibilidade de questões diferentes exigirem a mesma
resposta. É preciso analisar com muito cuidado cada questão para verificar se a
redação está bem clara, de forma à que os alunos distingam claramente uma
resposta da outra, ou melhor, não deem a mesma resposta para questões
diferentes.
A prova deve permitir que ela seja concluída por todos no tempo previsto
para sua realização. Pode-se pensar que dá tempo, mas é preciso considerar a
experiência do professor em relação à dos alunos. Além disso, temos as
diferenças individuais. Há alunos de raciocínio rápido; e outros, com raciocínio
bem lento. Todos têm direito de concluir a prova.
As questões das provas devem ser claras, para que o aluno saiba
exatamente o que o professor espera que ele responda.
226
As questões devem, também, exigir respostas abrangentes e
compreender assunto significativo. As questões devem abranger o essencial e
não particularidades, minúcias, detalhes ou conteúdo que não terão utilidade. O
aluno pode não ter se preocupado com os detalhes, os quais, muitas vezes, nem
interessam para a vida dele. Não se devem perguntar coisas de pouca
importância e nem coisas que vão ser esquecidas na semana seguinte.
As questões das provas devem sempre ser apresentadas por escrito aos
alunos. Se forem ditadas, quase sempre ocorre de alguns alunos entenderem as
questões de forma errada. Isso trará prejuízos ao aluno, por culpa do professor.
É conveniente solicitar que os alunos façam perguntas de esclarecimento
no início da prova. Podem ser concedidos, por exemplo, cinco minutos para isso.
O professor deixará bem claro que depois disso ninguém mais deverá falar para
não atrapalhar os colegas. Não se deve dar nenhuma explicação, em público,
depois de iniciada a prova, muito menos em particular. O próprio professor não
deve fazer qualquer comentário ou conversar durante a prova.
No dia da prova, o professor deverá comportar-se como qualquer outro
dia de aula. Ser alegre, brincalhão, para deixar os alunos descontraídos e bem
à vontade. Deve-se evitar um clima que possa provocar tensão e nervosismo
nos alunos. O professor poderá animar a turma, dizendo até mesmo que a prova
é fácil.
Recomendar aos alunos que distribuam o tempo para cada questão, e
que escrevam, primeiramente, o essencial de cada uma, para, assim, terminar a
prova em tempo.
Para evitar a famosa “cola”, o professor pode utilizar questões com
respostas longas, que exijam análise, reflexão e à do livro, como as questões de
memorização.
É desagradável ouvir comentários dos alunos a respeito de professores
que deixam seus alunos colar. Ele deve fazer questões que não possibilitem a
cola, ou então deve evitá-la. Os bons alunos, que sabem e não têm coragem de
colar, muitas vezes tiram notas piores que os alunos reconhecidamente
medíocres e se revoltam com isso, e com toda razão.
Por isso, é conveniente que o professor circule entre as carteiras para
inibir os alunos coladores.
Se for pego um aluno colando, o professor não deve fazer alarde e nem
escândalo. Isso atrapalha os demais alunos e poderia provocar reações
inesperadas por parte do “colador”.
Também não se deve recolher a prova de um aluno, se não se tiver
absoluta certeza de que ele está colando. Se realmente ele não estiver colando,
tal medida, além de injusta, provocará um enorme choque e revolta no aluno.
As provas devem ser corrigidas o quanto antes para que o aluno possa
conhecer sua nota, pois a demora provoca expectativa e ansiedade.
Se os alunos cometem muito erros de português, o professor pode
descontar nota por isso. Mas, os alunos devem saber desse critério no início do
ano, ou, ao menos, bem antes da prova. Se a prova vale 10, o razoável seria
227
descontar até 2 pontos por erros de português. Há professores que, se irritam
quando há uma quantidade muito grande de erros, e chegam a descontar tudo
e a dar nota zero. Isso não é correto, a não ser que seja prova de português.
Os erros indicam o que o aluno não aprendeu corretamente. Eles podem
ser comentados pelo professor, na classe. Neste caso, deve ser destacada a
forma correta das questões, sem chamar atenção para os erros e sem identificar
quem os cometeu. Chamar a atenção do erro destaca o erro, e o aluno poderá
confundir-se posteriormente.
Na apreciação das avaliações, todo cuidado é pouco. Não se pode criticar
o aluno pelos seus erros, nem pelas notas baixas. Isso poderá criar frustração,
desânimo e complexo de incompetência. Um aluno que se sente fracassado
perderá a vontade de estudar. E a vontade é o primeiro fator de sucesso.
Também não se deve elogiar em público alguns alunos. Os elogios devem ser
dados à classe, como um todo.
É bom que o professor conheça bem os alunos: o que fazem em casa, o
que gostam de fazer, como se comportam em casa e com os colegas.
O professor, vendo e sentindo constantemente o progresso do aluno,
poderá elogiá-lo discretamente, mostrar satisfação pelo seu progresso e indicar
novas pistas de estudo. Pode dizer para o aluno que ele conseguiu bom
desempenho numa atividade: “Vamos ver se você consegue fazer isto também”.
E mostra ou explica uma outra atividade a ser executada.
11 A autoavaliação
228
gradativamente, prepará-lo para que ele mesmo se avalie. O sentimento de
liberdade e de autocontrole deve ser respeitado e até estimulado.
O reconhecimento da importância da autoavaliação é até uma questão de
lógica. Quem é ou deve ser o maior interessado no progresso do aluno? Se não
for o próprio aluno, o professor está falhando em sua função de educador.
Quanto tempo o aluno fica na escola? Ele estuda por que é obrigado ou
por que gosta? Se ele estuda porque é obrigado, não terá interesse em progredir
e nem em autoavaliar-se. Se ele estuda porque gosta, ele estará interessado em
seu progresso. Terá interesse em autoavaliar-se. Neste caso, fazer controle
externo é contraproducente, pois o aluno, ao sair da escola, não terá aprendido
a se avaliar. Poderá até dizer: “até que enfim, livre! Ninguém mais vai me
controlar. Ninguém mais vai me dizer o que devo estudar e nem me dar nota
baixa”.
Com a autoavaliação, o aluno desenvolve a responsabilidade; assume a
culpa pelas próprias omissões, erros e, eventualmente, pelos fracassos.
Poderá alguém dizer que, se o aluno tiver a oportunidade de se
autoavaliar, sempre vai atribuir-se nota alta. Acontece que, no sistema de
autoavaliação, não se avalia para a nota, mas para verificar o grau em que os
objetivos foram alcançados e as dificuldades dos alunos. Aliás, a nota não
deveria nem existir. A nota é instrumento de pressão, de humilhação; é usada
para comparar um aluno com outro. O certo é cada aluno comparar seu nível de
aprendizagem atual com o seu nível de aprendizagem da semana anterior. A
medida de capacidade de aprendizagem de cada aluno é ele mesmo e não a
média da classe ou a vontade do professor.
Mesmo no sistema de notas, com objetivos bem definidos e com diálogo
franco e sincero do professor sobre avaliação, são raros os alunos que atribuem
a si mesmos notas não merecidas.
Como autoavaliação é coisa nova, não convém haver precipitação. São
necessárias muitas experiências e pesquisas
229
- hábito de ler jornais, revistas e livros;
- habilidade de ler com compreensão, espírito crítico e criatividade. Dessa
forma, os alunos deverão ler, compreender, selecionar o que é útil e ser
capazes de usar as ideias na argumentação, ou na prática;
- espírito de luta, de solidariedade e de cooperação;
- sentimento de independência, de força, de coragem, de liberdade e de
autoconfiança;
- cultura geral do desejo de sempre saber mais;
- imaginação, criatividade e mente aberta;
- habilidade de consultas a fontes bibliográficas;
- habilidade de pesquisa;
- conhecimento dos princípios da disciplina para aplicá-las na educação;
- iniciativa e responsabilidade;
- amor à causa da educação.
230
para depois de uma hora esquecer completamente o que leu (tentou
estudar). Com o senhor, o aluno tem que se esforçar para aprender.”
- “Assim o professor não impõe suas ideias.”
- “É ótimo, pois estimula a aprendizagem dentro e fora da sala de aula.”
- “Deixa-nos livres para nos interessarmos pela matéria e dela tirarmos
proveito. Houve aprendizagem real e não pseudo-aprendizagem como no
caso de quando se tem que decorar a matéria.”
- “Desperta mais interesse nos alunos e faz com que os mesmo ampliem
seus conhecimentos, por meio de leituras de livros, revistas, jornais,
pesquisa etc. é o critério de avaliação mais certo que já vi.”
- “... obriga-nos a ler bastante para ampliarmos os conhecimentos. Dá-nos
o direito de espontaneidade nos trabalhos.”
- “Disso vem a aprendizagem concreta, real.”
- “Pois o aluno se interessa mais por tudo, pelos fatos do mundo que o
rodeia, pelas notícias. Assim, aprenderá mais.”
- “Interessa-me por tudo, aprendendo, assim, sem sentir.”
- “Porque assim ele não precisa lançar mão de cola, o que vai contra sua
consciência, mas precisa de nota. Com esses critérios, demonstramos o
que sabemos e não nos preocupamos com nota.”
- “Porque assim o aluno tem chance de demonstrar o que sabe. E não um
sorteio de prova, em que se pode tirar zero. Aqui se considera tudo o que
se faz.”
- “Porque assim o aluno se sente com mais responsabilidade. Assim,
procuramos um conhecimento mais amplo, pois não nos prendemos a um
só livro. E não se fica apenas nas perguntas e respostas.”
- “Porque se dá valor a tudo que se faz: participação, trabalho; pois nunca
concordei com a maneira de basear-se só na prova para dar nota. Prova
é até muito injusta, considerando os eventuais problemas que podem
surgir na hora da prova: nervosismo, que pode fazer fracassar os
melhores alunos.”
- “Pois, desta maneira, o aluno tem mais garantia de assegurar sua nota
pelo esforço. Há pessoas que, na hora da prova, fracassam por não
possuírem boa memória, que muitas vezes são ótimos pesquisadores e
sabem pôr em prática o aprendido.”
- “Pois tudo que o aluno se interessa em saber ou a fazer deve-se levar
em conta. Pois mais vale satisfazer a curiosidade dum aluno do que lançar
matérias que ninguém entende.”
- “Isso estimula a fazermos bem os trabalhos. E o aluno, obtendo
confiança e cooperação da parte do professor, se sente mais adulto.”
231
13 Conclusão
232
Capítulo VII
Planejamento
1 Em que consiste
2 Tipos de planejamento
233
previstos são para os quatro anos, ou seja, atividades, habilidades,
hábitos e conceitos que os alunos devem desenvolver até o final do 5º
ano. Definidos os objetivos, procura-se adequar o conteúdo para alcançá-
los. O conteúdo pode compreender experiências, valores, informações,
atividades, áreas e disciplinas.
3 Importância do planejamento
234
O tempo também precisa ser previsto; do contrário, pode-se utilizar muito
tempo em alguns objetivos e esquecer-se de outros, também importantes.
Escolhem-se as melhores técnicas e atividades e não aquelas com as
quais se está costumado ou as mais fáceis. Deve-se planejar sempre para sair
da rotina, da monotonia.
Da imensidade de conteúdos existentes, escolhe-se o essencial, aquele
que atende às necessidades e aspirações dos alunos e que seja mais
significativo e útil para eles e para a sociedade. Um professor habilidoso saberá
conciliar interesses dos alunos em aprender determinadas coisas e o
planejamento feito. Mesmo que tenhamos que fugir do planejado, é importante
tê-lo feito. O que importa é tornar a aprendizagem eficiente, sem perda de tempo
para os alunos. Se estes se inclinarem para outro rumo, e o professor julgar isso
de utilidade, deem-se asas aos alunos.
O planejamento é necessário para se ter um rumo, mas se virem
propostas melhores que o próprio plano, por que não segui-las?
O planejamento visa à obtenção de resultados, de forma mais eficiente,
intensa, rápida e segura.
4 Etapas do planejamento
a. conhecimento da realidade;
b. elaboração do plano:
- determinação dos objetivos;
- seleção do conteúdo;
- seleção dos recursos auxiliares;
- determinação das formas de avaliação;
c. execução do plano;
d. avaliação do plano.
Antes de se fazer qualquer plano, é preciso saber para quem se vai fazer,
quais são as possibilidades de dar certo e as condições que se têm para executá-
lo. Não adianta fazer planejamento bonito, bem feito, mas que não possa ser
executado ou que não traga resultados proveitosos. É preciso conhecer a
realidade.
235
O médico, antes de receitar um remédio, faz uma série de perguntas a
seu paciente: sobre o que este sente e mesmo sobre o passado dele; vê a
pressão, examina-o de alto a baixo e manda fazer exames de laboratório.
Conforme a situação, pergunta até se ele tem dinheiro para comprar remédios
mais caros. Caso contrário, tenta com remédios mais baratos mesmo.
O engenheiro, ao planejar uma obra, examina a consistência do solo, o
tipo de material disponível, os recursos de quem vai construir, a pressa do
proprietário, o tempo para supervisionar a obra e a sua própria competência.
Além disso, tem que considerar a disponibilidade de construtores, pedreiros e
carpinteiros.
Em educação, precisamos conhecer a realidade do aluno, da
comunidade, da escola e do próprio professor.
Com relação ao aluno, precisamos conhecer seu estado de saúde, de
nutrição, os interesses dele, necessidades, aspirações, possibilidades e
vontade. É preciso verificar o grau de maturidade, o nível cultural, as
características, as experiências, enfim, o grau de prontidão do aluno, incluindo-
se, também o tempo que o aluno dispõe para estudar e suas condições
financeiras para comprar livros e material escolar. Com estes dados, levanta-se
o que os alunos já sabem, o que falta saber e o que são capazes de aprender.
Sobre a comunidade, precisamos levantar seus problemas, suas
necessidades e tendências, pois de nada adianta querermos planejar um ensino
livresco, desligado da realidade e que não venha solucionar os problemas
sociais.
Quanto à escola, o professor precisa analisar primeiramente o currículo;
entender que outras disciplinas fazem parte do currículo; quais os objetivos que
cada um deve perseguir e quais são os limites e carga horária da que ficou na
sua responsabilidade. Examinar, também, os meios que facilitarão a
aprendizagem que a escola oferece: biblioteca, laboratórios, meios auxiliares,
salas especiais. Sondar as qualidades e seriedade dos professores, do diretor e
dos outros profissionais da escola. Considerar, ainda, o número de alunos da
classe, a estrutura e o tamanho da escola.
Por fim, o professor precisa examinar a si próprio: sua formação, suas
qualidades, sua disposição, sua saúde e sua segurança.
Quanto às informações necessárias, há muitas formas de se obtê-las.
Podem-se realizar pré-testes e observar as condições de aprendizagem dos
alunos nos primeiros dias de aula; sondar as atitudes e o rendimento da turma
junto aos professores do ano anterior. O professor pode entrevistar os alunos,
visitar as famílias e ouvir os pais, observar as suas condições culturais e
socioeconômicas. A própria ficha de matrícula pode fornecer dados para isso.
De posse desses dados, faz-se a análise do que precisa ser feito e do que
pode ser feito para ajudar o aluno a crescer, em termos de aprendizagem e
educação, e do que precisa ser feito para melhorar a vida do aluno e a sociedade.
Só depois desse conhecimento e dessa análise, pode-se passar para a
etapa seguinte do planejamento, a elaboração do plano.
236
4.2 Elaboração do plano
237
Na elaboração do plano de unidade e de aula, entram também os
objetivos detalhados que são os objetivos alcançáveis em curto prazo, desde
alguns minutos até alguns dias. É o desdobramento dos objetivos específicos.
Com o alcance dos objetivos detalhados um a um, deve-se alcançar os objetivos
específicos.
Ao se determinar os objetivos detalhados, deve-se:
238
Os itens não devem ser jogados soltos no programa. Devem ser
organizados de tal forma que os mais simples venham antes; e os mais
complexos, depois, pois existem unidades que os alunos não entendem, sem ter
estudado outras que servem de base para elas. Assim, uma unidade deve ter
relação com a outra; a anterior servir de base para a seguinte; e todas juntas
formar um todo orgânico.
Quanto aos critérios e formas de selecionar o conteúdo, encontre
informações no capítulo que trata deste assunto.
239
Pode também ser descrito, com detalhes, como vão ser utilizados esses
recursos. Essa descrição pode ser feita juntamente com as técnicas e com o
conteúdo.
***
240
Depois do material combinado e a casa pronta, o cimento não é mais
cimento, a areia não é mais areia: o tijolo, o ferro e o arame desaparecem. Tudo
junto e amarrado deu à matéria nova estrutura e nova forma.
Em educação, ocorre quase o mesmo. Temos em mente a construção do
homem, mas este não pode ser construído tão rapidamente como uma casa,
pois é formado em várias etapas.
O professor verificou, por meio do estudo da realidade, em que etapa cada
aluno está, e tem pronto o plano para a etapa seguinte ou de parte dela (que é
o plano da sua disciplina).
Chegou o momento de o professor juntar tudo para alcançar os objetivos
previstos no plano, para construir mais uma etapa do homem planejado.
O aluno toma o conteúdo, a matéria, que são as informações, as ideias,
os conhecimentos, as experiências e amarra tudo através dos meios auxiliares,
das técnicas e das atividades. Forma-se uma nova estrutura na mente do aluno.
As ideias, as informações e as experiências, que são a matéria, não são mais as
mesmas. Foram transformadas em atitudes, em novos conceitos, em novos
comportamentos.
Observe-se que, em educação, o próprio aluno é o construtor. O professor
é mero ajudante no processo.
Ao professor, cabe prover os meios, facilitar a integração entre conteúdo,
técnicas, meios auxiliares, com vistas aos objetivos; e facilitar aos alunos a
percepção de seu progresso pela avaliação. É o trabalho, é a ação do professor
com seus alunos. Assim, ele estará executando o plano que fez.
241
O conteúdo escolhido pode ultrapassar a possibilidade dos alunos ou ser
fácil demais, e não provocar desafio para os alunos e não os levar a aprender
coisas novas. Neste caso, precisa ser revisto para ser adequado à turma, ser
útil, significativo e adequado aos objetivos.
Os procedimentos de ensino podem não ser coerentes com os objetivos
que se pretendia alcançar. Se queremos que os alunos aprendam a distinguir
fatos, elementos, princípios, os procedimentos de ensino devem levar o aluno a
distingui-los. Se queremos que o aluno aprenda a analisar, sintetizar, raciocinar,
os procedimentos selecionados devem fazer o aluno trabalhar raciocinando,
analisando ou sintetizando. A aula expositiva, por exemplo, é inadequada para
se alcançar qualquer um destes objetivos.
Quanto aos meios auxiliares, o professor pode se perguntar: será que eu
usei todos os meios que poderia para facilitar a aprendizagem? Será que usei
os meios de forma correta? Ou, até mesmo, usei meios auxiliares? Tive preguiça
de usá-los ou de levar os alunos até eles?
Pode ser que os alunos tenham alcançado muitos e bons objetivos, mas
as formas de avaliação não foram adequadas. Pode ocorrer de o professor
elaborar questões confusas, sobre assuntos não trabalhados pelos alunos,
questões difíceis ou complexas que deixaram os alunos nervosos; pode ser que
os alunos alcançaram os objetivos. Mas, se o professor se prende a provas e a
outros formalismos para fazer a avaliação, pode chegar a resultados falsos.
Pode ocorrer de a causa do fracasso do plano ser o próprio professor:
conhece pouco psicologia, Didática e o próprio conteúdo; trabalha os assuntos
de forma superficial, é negligente e grosseiro com os alunos.
É importante observar que o plano deve ser avaliado, enquanto ele é
executado. É a avaliação em processo. De que adianta avaliá-lo depois de
executado? Aí o aluno e o professor já perderam muito tempo; mesmo porque o
plano não pode ser executado outra vez. Assim, sempre que o professor notar
qualquer falha no plano, deve mudá-lo imediatamente. É por isso que o plano
tem que ser flexível: para poder haver replanejamento, sempre que necessário.
Avaliar o plano depois de executado pode servir, eventualmente, para a
turma do ano seguinte ou para corrigir falhas do professor no plano de unidade
a ser feito para a etapa seguinte.
É o plano que o professor elabora para cada turma e/ou disciplina para
ser trabalhado num certo período de tempo, geralmente um ano. É também
chamado de plano anual.
Nos currículos de regime semestral, o plano de disciplina é feito para um
semestre.
242
No plano de disciplina, deve ser considerado o currículo do curso, ou seja,
as demais disciplinas do curso, os objetivos e conteúdos trabalhados nos anos
anteriores e previstos para os anos seguintes e a carga horária da disciplina.
Os professores devem dividir a responsabilidade do alcance dos objetivos
do curso entre si. Por isso mesmo, é necessário um planejamento conjunto para
evitar que dois ou três professores trabalhem o mesmo conteúdo e visem aos
mesmos objetivos específicos.
Em qualquer situação, deve-se levar em conta o diagnóstico feito, o que
os alunos já sabem, o que é possível que eles possam aprender naquele ano ou
naquela disciplina, a capacidade e a possibilidade deles.
I. Objetivos
Gerais
Desenvolver:
- o senso crítico;
- o espírito de cooperação;
- a responsabilidade;
- o hábito de pesquisar;
- o hábito de observação de detalhes;
- a inteligência e o raciocínio;
- a mentalidade científica;
- o hábito de organização e de ordem;
- a iniciativa;
- o espírito de honestidade;
- a confiança em si;
- o gosto e amor ao estudo;
- o hábito de perseverança;
- o amor à verdade.
Específicos
243
- formar conceito correto de higiene;
- reconhecer a necessidade de se preservar a pureza do ar e da água;
- saber calcular peso e massa;
- identificar as fontes de calor;
- identificar os processos e instrumentos de medir temperatura;
- adquirir conhecimentos sobre como alimentar-se;
- reconhecer a importância e usos do calor;
- conhecer os elementos necessários para a alimentação humana;
- conhecer os diferentes tipos de habitação;
- identificar as condições de uma habitação saudável;
- saber classificar os seres vivos;
- reconhecer a importância das plantas;
- conhecer as formas de reprodução das plantas;
- conhecer alguns tipos de peixes;
- conhecer suas formas de reprodução;
- reconhecer a importância do peixe como alimento;
- distinguir insetos úteis dos nocivos;
- conhecer as funções dos diversos órgãos do corpo humano.
II. Conteúdo
Experiências
Demonstrações
Visitas e excursões
Pesquisas
Estudo dirigido
Discussão
Bombardeamento mental
Tomada de decisão
Outros, de acordo com a oportunidade
244
IV. Recursos de ensino
Retroprojetor Lago
Videocassete Bosque
Aquário Vertente
Fios de cobre Exemplares de plantas
Fogareiro Laboratório de física e química
Chaleira Estação de tratamento d’água
Água Médico
Geladeira Esqueleto humano
Gelo Árvores
Exemplares de insetos Sementes
Balança Terra
Cubos de 1 dm3 Reálias
Litro Livro texto
Trena Slides
Projetor Outros
V. Avaliação
VI. Bibliografia
Do professor:
BARROS, Carlos. Ciências – programas de saúde, ecologia. 36ª Ed. São Paulo,
Ática, 1987.
PORTO, Dinorah Poleto e MARQUES, Jenny de Lourdes. Ciências – o corpo,
saúde – primeiro grau. 4ª Ed. São Paulo, Scipione, s/d.
Do aluno:
MAESTRELLI, Therezinha e ARAÚJO, Dione de Godoy. Ciências e saúde. São
Paulo, FTD, 1972.
VERSIANI, Maria Z.B. Iniciação à ciência. 10ª Ed. São Paulo, Ática, 1974.
245
6 Plano de unidade
Plano de Unidade
I. Objetivos
Específicos:
- conhecer os elementos necessários para a alimentação humana;
- identificar as classes de alimentos;
- conhecer a função dos alimentos no corpo humano;
- conhecer o valor nutritivo dos principais alimentos;
- conhecer a origem dos alimentos;
- identificar as principais formas de conservação dos alimentos;
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- conhecer as medidas higiênicas a serem tomadas com relação
aos alimentos.
Detalhados:
Ao final da unidade, os alunos deverão ser capazes de:
- relacionar os 20 principais elementos nutritivos necessários para o corpo
humano;
- relacionar 5 doenças provocadas por subalimentação;
- fazer a lista de 10 alimentos que contenham hidratos de carbono, em
ordem de maior concentração;
- selecionar os alimentos que contenham, no conjunto, todos os
elementos necessários para o corpo humano;
- calcular, em gramas, a quantidade de cada alimento necessário para
uma alimentação completa para uma semana;
- listar 8 alimentos que contenham gordura;
- ordenar 10 alimentos de maior concentração de vitamina “A”;
- ligar 10 doenças com as respectivas deficiências nutricionais;
- citar as 3 infecções mais perigosas transmissíveis pela carne;
- citar 3 formas de conservação da carne para mais de um ano;
- listar os elementos nutritivos do espinafre;
- comparar o valor nutritivo do mel e da maçã através de percentual de
cada elemento.
II. Conteúdo
A alimentação humana
As classes de alimentos
A função dos alimentos no corpo humano
O valor nutritivo dos alimentos
A origem dos alimentos
A conservação dos alimentos
A higiene dos alimentos
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- demonstração, pelo professor ou por químico convidado, de como
se descobre a composição dos elementos nutritivos de frutas ou
legumes;
- apresentação de slides sobre conservação da carne, legumes,
frutas, e verduras;
- entrevista com higienista ou sanitarista sobre as medidas
higiênicas a serem tomadas com relação aos alimentos;
- visita a frigorífico para observar a inspeção e conservação da
carne;
- exposição integradora após cada atividade acima.
V. Avaliação
O desempenho dos alunos será avaliado por meio da observação de
interesse, participação, conclusão e acerto das atividades.
VI. Bibliografia
Do professor:
GOMES, Wellington Caldeira e outros. Ciências – Programa de Saúde –
Ecologia – 8ª série. Belo Horizonte, Lê, s/d.
DÍAZ BORDENAVE, Juan e PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de Ensino
Aprendizagem. Petrópolis, Vozes, 1977.
Do aluno:
BARROS, Alencar. Biologia Educacional. São Paulo, Editora do Brasil, s/d.
OLIVEIRA, Valdemar de. Higiene e Puericultura. São Paulo, Editora do Brasil,
1975.
248
7 Exemplo de plano de aula
PLANO DE AULA
Dia: 15-10-88 Assunto: A carne
I. Objetivos detalhados
- citar as 3 infecções mais perigosas transmissíveis pela carne;
- citar 3 formas de conservação da carne para mais de um ano;
- listar as características da carne tóxica.
II. Conteúdo
A carne
Meios auxiliares
- livro-texto, pedaço de carne estragada, pedaço de charque, pedaço de salame,
latinha de carne em conserva, pedaço de carne congelada, latinha de carne frita
mergulhada em gordura.
Avaliação
Observar se os alunos fizeram as atividades solicitadas; se demonstraram
interesse e compreensão.
8 Conclusão
Não existem receitas para se planejar. O importante é ter bem claro o que
se quer alcançar e como se pode alcançar o que se quer.
O plano deve ser um roteiro que dê segurança ao professor para evitar
confusões e perda de tempo. Seria bom que ele previsse muitos detalhes para
assegurar que nada foi esquecido e para facilitar o trabalho. Mas, se surgirem
249
formas novas, e talvez mais importantes de executar o plano, ele pode deixar de
lado os detalhes.
O plano deve ser flexível, isto é, deve poder ser alterado assim que se
notarem falhas ou se descobrirem outros meios de alcançar os objetivos de
forma mais fácil e eficiente. Se os próprios alunos fizerem seu plano de estudo,
melhor ainda. É sinal que demonstram interesse e têm, iniciativa. O professor
será um orientador de seus estudos.
Normalmente, os professores não escrevem o seu plano de aula. Nem é
necessário, se tiverem um bom plano de unidade. Mas, seria bom que
elaborassem um roteiro para evitar esquecimento. Não é necessário seguir
nenhum modelo de plano. Cada assunto pode até exigir formas de planos
diferentes.
De aula em aula, o professor cumpre o plano de unidade. De unidade em
unidade, o professor cumpre o plano da disciplina ou anual, mas sempre o
professor deve ter em mente os objetivos detalhados, específicos, gerais, os fins
e ideais da educação.
250
BIBLIOGRAFIA
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SOBRE O AUTOR
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