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PAULO ALVES DOS REIS, já qualificado nos autos em epígrafe, através de seu
representante, vem perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 403, §3º, do Código de
Processo Penal, apresentar MEMORIAIS na presente ação penal.
1 – SINOPSE FÁTICA:
Em peça lavrada e ajuízada pela Promotoria, diz haver provas da materialidade do crime, no
entanto, não há o que se dizer em materialidade, uma vez que o objeto da infração penal, a
espingarda cartucheira, fora acometida de forma ilícita.
Segue transcrissão de parte do depoimento do réu, PAULO ALVES DOS REIS:
“Eu estava lá, limpando meu barracãozinho lá, quando ele (policial) perguntou se podia
entrar e viu o freezer lá.
Posso olhar o freezer lá (policial), pode, pode sim (resposta de Paulo). Ai do freezer ele já
foi pra dentro do meu quarto e achou minha espingarda”.
Conforme o acima narrado em testemunho anexado nos autos processuais, podemos concluir
que em momento algum o réu deu sua permissão para que sua casa fosse revistada, apenas
seu freezer. A arma em questão fora encontrada no quarto do processado, o qual não tem
vínculo com o local onde o freezer se encontrava, tratando-se assim de trangressão do artigo
5º, XI, LVI da Constituição Brasileira de 1988.
Há no ordenamento júridico, jurisprudência em concordância com os argumentos acima
expostos como o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
Vale ainda a nossa ressalva com base no testemunho do policial responsável pela abordagem
no dia das apreensões, GENILDO FARIA DE SOUZA, que nada disse a testemunha a
respeito de como se procedeu a revista da casa, não explicitou a respeito do consentimento,
ou a falta dele. A testemunha se limitou a dizer apenas a respeito da abordagem.
Por final, podemos, ainda, esmuiçar o artigo 240, § 2º, do Códigode Processo Penal, Lei que
rege a busca e apreensão:
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte
consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Diante o exposto no §2º da Lei transcrita acima, a busca pessoal ou domiciliar só pode ocorrer
mediante fundada suspeita de que o indivíduo oculte algum dos descritos acima, porém não há em
momento algum, no processo, seja em vídeo de testemunhos ou os trancritos nos autos, justificativa
pelo qual o acusado fora abordado.
Consoante com os autos, os policiais se encontravam em ronda de rotina, não tendo havido denúncia
ou qualquer fato parecido, justificando a busca feita ilegalmente em sua residência.
Ainda em conformidade com peça acusatória, há a descrição da conduta ilícita descrita no Art. 34,
§ único, Lei 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais, a respeiro da pesca predatória. Consta nos autos
que o acusado fora preso em flagrante, após buscas em seu freezer constatar quatro peixes da espécie
Tucunaré, abaixo do tamanho legal (30 centímetros).
Após os fatos expostos, podemos observar que a conduta adotada por PAULO, não trouxe
consequâncias relevantes para o ofendido: meio-ambiente. Não há o que se dizer dano de grande
proporções ou em dano irreparável, por uma quantidade ínfima de peixes.
O fato delituoso se encaixa nos requisitos do Princípio da Insignificância, que são: a) mínima
ofensividade da conduta do agente, b) nenhuma periculosidade social da ação, c) reduzidíssimo grau
de reprovabilidade do comportamento e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Ao se encaixar nos requisitos, podemos chegar ao entendimento que a conduta adotada não possui
um resultado grave o suficiente para que haja a punição do réu.
Temos ainda, entendimento jurisprudencial que corrobora e vai de acordo com este entendimento,
como a decisão do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo:
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL.
PESCA MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE APARELHOS, PETRECHOS,
TÉCNICAS E MÉTODOS NÃO PERMITIDOS (ART. 34, PARÁGRAFO
ÚNICO, II, DA LEI N. 9.605/1998) DE 1 KG DE PEIXE. PRETENSÃO DE
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
PRESENTES POSTULADOS NECESSÁRIOS AO RECONHECIMENTO DA
ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. 1. O reconhecimento da atipicidade da conduta, em razão da
aplicação do princípio da insignificância, que está diretamente ligado aos princípios
da fragmentariedade e da intervenção mínima do Direito Penal é aceito, tanto pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, quanto do colendo Supremo
Tribunal Federal, desde que presentes os postulados da mínima ofensividade da
conduta, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento, inexpressividade da
lesão jurídica provocada e nenhuma periculosidade social da ação. 2. Esta Corte
tem reconhecido a insignificância de condutas que se amoldariam ao tipo penal
descrito como crime contra a fauna aquática, quando a pesca é de pequena
quantidade de peixe e, ainda, que com a utilização de petrechos vedados, em razão
da falta de ofensividade ao bem jurídico tutelado. Precedentes. 3. No caso, os
pacientes foram acusados de pesca de 1 kg de peixe com petrecho proibido, conduta
que se reconhece atípica, pois ínfima quantidade pescada. 4. Agravo regimental
improvido.
(TJSP, 6ª Turma, AGRG NO HC 313815, Rel. Minis. Sebastião Reis Júnior, 21.09.2017)
Ainda em depoimento, o acusado, afirma que dois dos Tucunarés encontrados em seu freezer, foram
pescados por seus netos e colocados em um tanque de sua propriedade e que, após se deparar com
os peixes no local, constatou que mesmo os libertando os mesmos não sobreviveriam devido as
condições em que se encontravam. Diante disto decidiu por limpá-los e congelá-los para
posteriormente comê-los. De acordo com a narrativa, apenas dois peixes foram produto de crime
cometido pelo réu, diminuindo ainda a conduta gravosa do réu.
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3 – PEDIDO
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Advogado
OAB/GO XXXX
ALUNOS:
Gilvan de Barros Pinangé Neto
Giselly Santos Guimarães
Lidya Santos Moreira da Silva
Pedro Henrique Fernandes Mesquita de Oliveira
Rayner Abreu e Silva
Tálita Vieira Santa Barbara