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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE MINAÇU - GOIÁS

Autos Nº: 201402755680


Autor: Ministério Público Do Estado De Goiás
Acusado: Paulo Alves Dos Reis

PAULO ALVES DOS REIS, já qualificado nos autos em epígrafe, através de seu
representante, vem perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 403, §3º, do Código de
Processo Penal, apresentar MEMORIAIS na presente ação penal.

1 – SINOPSE FÁTICA:

Narra a peça acusatória de fls. 02/03 que em 30 de julho de 2014, às margens do


Lago Serra da Mesa, no município de Campinaçu / Goiás, o denunciado Paulo Alves Dos
Reis foi autuado porque possuía, no interior de sua residência, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, uma arma de fogo, tipo espingarda
cartucheira, calibre 32 e várias munições de calibre 12, 32 e 36, conforme apresentado nos
autos.
Ainda na mesma oportunidade, os milicianos lograram a encontrar 04 (quatro) espécimes de
Tucunarés com tamanhos inferiores aos permitidos em lei, pois eram menores que 30cm
(trinta centímetros).
No dia dos fatos, Policiais Militares realizavam patrulhamento pelo local, oportunidade em
que avistaram o investigado e resolveram abordá-lo.
Nesta ocasião, o denunciado Paulo confessou ter pescado os peixes no dia 27 de julho de
2014.
Exposto o fato delituoso, PAULO ALVES DOS REIS praticou as condutas descritas nos
artigos 12, da Lei 10.826/03, e artigo 34, inciso I, da Lei de Crimes Ambientas – Lei
9.605/98. O órgão Ministerial ofereceu denúncia com fulcro nos artigos descritos
anteriormente. A denúncia foi recebida em 09 de fevereiro de 2015.
O acusado apresentou resposta à acusação às fls. 87/88, respectivamente.
2 –DO MÉRITO

2.2- PROVA ILÍCITA

Em peça lavrada e ajuízada pela Promotoria, diz haver provas da materialidade do crime, no
entanto, não há o que se dizer em materialidade, uma vez que o objeto da infração penal, a
espingarda cartucheira, fora acometida de forma ilícita.
Segue transcrissão de parte do depoimento do réu, PAULO ALVES DOS REIS:
“Eu estava lá, limpando meu barracãozinho lá, quando ele (policial) perguntou se podia
entrar e viu o freezer lá.
Posso olhar o freezer lá (policial), pode, pode sim (resposta de Paulo). Ai do freezer ele já
foi pra dentro do meu quarto e achou minha espingarda”.
Conforme o acima narrado em testemunho anexado nos autos processuais, podemos concluir
que em momento algum o réu deu sua permissão para que sua casa fosse revistada, apenas
seu freezer. A arma em questão fora encontrada no quarto do processado, o qual não tem
vínculo com o local onde o freezer se encontrava, tratando-se assim de trangressão do artigo
5º, XI, LVI da Constituição Brasileira de 1988.
Há no ordenamento júridico, jurisprudência em concordância com os argumentos acima
expostos como o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO. INADEQUAÇÃO DA VIA


ELEITA. TRÁFICO DE DROGAS, PORTE ILEGAL DE ARMA E
ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. PROTEÇÃO DO DOMICÍLIO (ART. 5º, XI, DA
CF). ATUAÇÃO DE POLICIAIS COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA.
IMPOSSIBILIDADE. ILICITUDE DA PROVA. DESAPARECIMENTO DA
MATERIALIDADE DELITIVA. NULIDADE DE TODO O ACERVO
PROBATÓRIO. "FRUTO DA ÁRVORE ENVENENADA". ABSOLVIÇÃO DO
PACIENTE. 1. O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira
Seção deste Superior Tribunal de Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva
do habeas corpus, passaram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal
for passível de impugnação pela via recursal própria, sem olvidar a possibilidade
de concessão da ordem, de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. 2. O Supremo
Tribunal Federal definiu, em repercussão geral, que o ingresso forçado em
domicílio sem mandado judicial apenas se revela legítimo - a qualquer hora do dia,
inclusive durante o período noturno - quando amparado em fundadas razões,
devidamente justificadas pelas circunstâncias do caso concreto, que indiquem estar
ocorrendo, no interior da casa, situação de flagrante delito (RE n. 603.616/RO, Rel.
Ministro Gilmar Mendes, DJe 8/10/2010). (REsp 1498689/RS, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe
08/03/2018) 3. O ingresso regular em domicílio alheio depende, para sua validade
e regularidade, da existência de fundadas razões (justa causa) que sinalizem para a
possibilidade de mitigação do direito fundamental em questão. É dizer, somente
quando o contexto fático anterior à invasão permitir a conclusão acerca da
ocorrência de crime no interior da residência é que se mostra possível sacrificar o
direito à inviolabilidade do domicílio. 4. No caso, os próprios policiais afirmaram,
em depoimento na delegacia, que adentraram na residência em razão de uma
denúncia anônima acerca de crime de tráfico de drogas e porte de armas, ficando
claro que não houve qualquer investigação preliminar à invasão, para confirmar a
autoria e a materialidade delitiva, o que nulifica a prova produzida. 5. Ninguém
pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas
ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação.
Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento
subseqüente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de
prova comprometida pela mácula da ilicitude originária. - A exclusão da prova
originariamente ilícita - ou daquela afetada pelo vicio da ilicitude por derivação -
representa um dos meios mais expressivos destinados a conferir efetividade à
garantia do "due process of law" e a tornar mais intensa, pelo banimento da prova
ilicitamente obtida, a tutela constitucional que preserva os direitos e prerrogativas
que assistem a qualquer acusado em sede processual penal. Doutrina. Precedentes.
A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos "frutos da árvore envenenada")
repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não
obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se afetados, no
entanto, pelo vicio (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se transmite,
contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos dados
probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior
transgressão praticada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, que
desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-
se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os
elementos probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso
em razão da prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão,
por agentes estatais, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia
condicionante, no plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa
limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. (RHC
90376/STF, Relator Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
03/04/2007, DJe de 18/05/2007) 6. Assim, uma vez eivada de ilicitude a entrada em
domicílio, por agente público, a prova da materialidade de todos os crimes ora
imputados ao paciente - tráfico de drogas, associação e porte ilegal de arma -
constitui-se também em ilícita, ou seja, a apreensão de tóxicos, armas e outros
objetos deve ser desconsiderada, bem como todos os demais meios de prova
contaminados/derivados. 7. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de
ofício para declarar nulo o processo e absolver o paciente de todos os crimes a que
fora condenado nos autos da Ação Penal nº 0018782-52.2016.8.19.0014 (2ª Vara
Criminal de Campos dos Goytacazes).

Vale ainda a nossa ressalva com base no testemunho do policial responsável pela abordagem
no dia das apreensões, GENILDO FARIA DE SOUZA, que nada disse a testemunha a
respeito de como se procedeu a revista da casa, não explicitou a respeito do consentimento,
ou a falta dele. A testemunha se limitou a dizer apenas a respeito da abordagem.
Por final, podemos, ainda, esmuiçar o artigo 240, § 2º, do Códigode Processo Penal, Lei que
rege a busca e apreensão:
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte
consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Diante o exposto no §2º da Lei transcrita acima, a busca pessoal ou domiciliar só pode ocorrer
mediante fundada suspeita de que o indivíduo oculte algum dos descritos acima, porém não há em
momento algum, no processo, seja em vídeo de testemunhos ou os trancritos nos autos, justificativa
pelo qual o acusado fora abordado.
Consoante com os autos, os policiais se encontravam em ronda de rotina, não tendo havido denúncia
ou qualquer fato parecido, justificando a busca feita ilegalmente em sua residência.

2.3- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Ainda em conformidade com peça acusatória, há a descrição da conduta ilícita descrita no Art. 34,
§ único, Lei 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais, a respeiro da pesca predatória. Consta nos autos
que o acusado fora preso em flagrante, após buscas em seu freezer constatar quatro peixes da espécie
Tucunaré, abaixo do tamanho legal (30 centímetros).
Após os fatos expostos, podemos observar que a conduta adotada por PAULO, não trouxe
consequâncias relevantes para o ofendido: meio-ambiente. Não há o que se dizer dano de grande
proporções ou em dano irreparável, por uma quantidade ínfima de peixes.
O fato delituoso se encaixa nos requisitos do Princípio da Insignificância, que são: a) mínima
ofensividade da conduta do agente, b) nenhuma periculosidade social da ação, c) reduzidíssimo grau
de reprovabilidade do comportamento e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Ao se encaixar nos requisitos, podemos chegar ao entendimento que a conduta adotada não possui
um resultado grave o suficiente para que haja a punição do réu.
Temos ainda, entendimento jurisprudencial que corrobora e vai de acordo com este entendimento,
como a decisão do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo:
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL.
PESCA MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE APARELHOS, PETRECHOS,
TÉCNICAS E MÉTODOS NÃO PERMITIDOS (ART. 34, PARÁGRAFO
ÚNICO, II, DA LEI N. 9.605/1998) DE 1 KG DE PEIXE. PRETENSÃO DE
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
PRESENTES POSTULADOS NECESSÁRIOS AO RECONHECIMENTO DA
ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. 1. O reconhecimento da atipicidade da conduta, em razão da
aplicação do princípio da insignificância, que está diretamente ligado aos princípios
da fragmentariedade e da intervenção mínima do Direito Penal é aceito, tanto pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, quanto do colendo Supremo
Tribunal Federal, desde que presentes os postulados da mínima ofensividade da
conduta, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento, inexpressividade da
lesão jurídica provocada e nenhuma periculosidade social da ação. 2. Esta Corte
tem reconhecido a insignificância de condutas que se amoldariam ao tipo penal
descrito como crime contra a fauna aquática, quando a pesca é de pequena
quantidade de peixe e, ainda, que com a utilização de petrechos vedados, em razão
da falta de ofensividade ao bem jurídico tutelado. Precedentes. 3. No caso, os
pacientes foram acusados de pesca de 1 kg de peixe com petrecho proibido, conduta
que se reconhece atípica, pois ínfima quantidade pescada. 4. Agravo regimental
improvido.
(TJSP, 6ª Turma, AGRG NO HC 313815, Rel. Minis. Sebastião Reis Júnior, 21.09.2017)

Ainda em depoimento, o acusado, afirma que dois dos Tucunarés encontrados em seu freezer, foram
pescados por seus netos e colocados em um tanque de sua propriedade e que, após se deparar com
os peixes no local, constatou que mesmo os libertando os mesmos não sobreviveriam devido as
condições em que se encontravam. Diante disto decidiu por limpá-los e congelá-los para
posteriormente comê-los. De acordo com a narrativa, apenas dois peixes foram produto de crime
cometido pelo réu, diminuindo ainda a conduta gravosa do réu.
.

3 – PEDIDO

Ante o exposto, requer a ABSOLVIÇÃO de PAULO DA SILVA DIAS, nos termos do


artigo 386 do Código de Processo Penal.
Se for de Vosso (a) entendimento, o (a) juiz (a) absolverá o réu, mencionando a causa na
parte dispositiva, desde que reconheça:
III - não constituir o fato infração penal;
VII - não existir prova suficiente para a condenação.
Nestes termos,
Pede deferimento.

Goiânia, 25 de abril de 2019.

_______________________________________________

Advogado
OAB/GO XXXX

ALUNOS:
Gilvan de Barros Pinangé Neto
Giselly Santos Guimarães
Lidya Santos Moreira da Silva
Pedro Henrique Fernandes Mesquita de Oliveira
Rayner Abreu e Silva
Tálita Vieira Santa Barbara

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