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EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA, DE DIREITO DA VARA CRIMINIAL

DA COMCARCA DE NOVO GAMA/GO

Autos nº: 263097-81.2014.8.09.0160

Indiciado: MARCELO ANTÔNIO DA SILVA

Infração: Art. 155 c/c, Art. 14, inciso I e Art. 18, inciso I, todos do Código Penal.

MARCELO ANTÔNIO DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos, já


devidamente qualificado nos autos, vem por intermédio de sua procuradora
apresentar com base no artigo 403, §3 do Código de Processo Penal as
alegações finais em MEMORIAIS, nos termos adiante:

I FATOS

Consta nos autos a denúncia oferecida pelo Ministério Público em face


do acusado que no dia 11 de fevereiro de 2015, por volta das 11:40h, nesta
cidade, Marcelo Antônio da Silva, está sendo acusado de subtrair, para si, um
veículo Fiat Uno Mille SX, placa KMG 3322/DF, cor vermelha pertencente a
vítima Márcio Antônio da Silva.

Foi informado que o denunciado foi até a residência da vítima, seu tio
Márcio, aproveitando-se do livre acesso ao local, se apoderou da chave do
veículo de propriedade do seu tio, e subtraiu o referido veículo.

Algum tempo depois, policiais militares presenciaram o momento em que


o denunciado era abordado por outro policial militar à paisana em virtude de ter
se evadido de um posto de combustível sem realizar pagamento.
Dessa forma, o denunciado foi encaminhado à Delegacia de Polícia
onde foi constatado que ele havia furtado o veículo de seu tio, que se
encontrava no local para registrar o boletim de ocorrência de furto.

Em seu depoimento, Marcelo afirmou ter sofrido ameaças por conta de


uma delação e por tal motivo havia se apossado do veículo do seu tio, mas que
possuía a intenção de devolve-lo, sendo praticado o ato por motivos de
necessidade e desespero.

O Ministério Público do Estado de Goiás oferece denúncia por tal


prática, requerendo a instauração da competente ação penal.

II MÉRITO

1- DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 155, CAPUT DO CP E


EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO (ART. 109, IV
C/C ART.115 DO CP)

Sr. Julgador o Ministério Público entendeu que a conduta computada


imputada ao agente deve ser readequada para o art. 155, caput do CP pedindo
a desclassificação do furto qualificado para o furto simples, com pena de 01 a
04 anos, ou seja, prescrevendo em 08 anos, sendo metade 04 anos, já que
Marcelo tinha 19 anos na época do fato, de acordo com o Art. 109, IV c/c art
115 do CP.

Ainda com relação ao prazo prescricional, vale frisar a situação de


primariedade do Requerente ao tempo dos fatos, visto que o prazo
prescricional é aumentado de 1/3 caso o acusado seja reincidente.

Uma vez reclassificada a conduta é necessário o reconhecimento da


prescrição.

CRIME DE FURTO SIMPLES (ART. 155 , CAPUT, DO CP ). PLEITO


DE DESCLASSIFICAÇÃOPARA O DELITO DE APROPRIAÇÃO DE
COISA ACHADA (ART. 169 , PARÁGRAFO ÚNICO , II , DO CP ) OU
DE FURTO NA MODALIDADE TENTADA (ART. 155 , C/C O ART. 14
, II , AMBOS DO CP ). IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA DA PENA.
MANTIDA. FIXADO O REGIME INICIAL PARA O ABERTO.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE. 1.
Demonstrada de forma inequívoca a autoria e materialidade delitivas
do crime furto (art. 155 , caput, do CP ), tanto que a Defesa sequer
agita pleito de absolvição, mas tão somente a desclassificaçãoda
conduta do Réu para apropriação de coisa achada ou de furto na
modalidade tentada. 2. Desclassificação do Crime de Furto para o de
Apropriação de Coisa Achada (art. 169 , parágrafo único , II , do CP )-
inviável a desclassificação do delito como pretende a Defesa,
considerando que restou demonstrado no farto conjunto probatório
não se tratar a res furtiva de coisa perdida, inclusive o Recorrente não
conseguiu provar a sua alegação. 3. Desclassificação do Delito de
Furto Simples para a Modalidade Tentada (Art. 155 , c/c o art. 14 , II ,
ambos do CP )- Inconteste que o crime se consumou na medida em
que o agente subtraiu o bem, sendo preso pela Polícia em momento
posterior à prática delitiva, havendo, inclusive, inversão da posse da
res furtivae ainda que por curto espaço de tempo, devendo, portanto,
ser mantido o decisum combatido. 4. Dosimetria da Pena - O MM.
Juiz a quo fixou a pena-base em 01 (um) ano de reclusão. Na 2ª fase,
ausentes agravantes e atenuantes. Em que pese o pleito da Defesa
de aplicação da atenuante da confissão espontânea, tal pedido não
merece guarida. É que o Réu não confessou o crime, apenas alegou
que encontrou a res furtivae no chão e, por isso, a pegou para si.
Segundo porque, ainda que fosse possível reconhecer a citada
atenuante, o fato de a pena-base ter sido fixada no mínimo legal
atrairia à hipótese a Súmula 231 do STJ.

O denunciado é réu primário e possui bons antecedente, não possuindo


nenhuma condenação e por circunstâncias alheias que retardaram a instrução
processual, estamos diante da sua extinção pela prescrição da pretensão
punitiva.
A prescrição penal é a perda do poder de punir do Estado, causada pelo
decurso do tempo fixado em lei, sendo uma verdadeira sanção. A lei
estabelece o prazo para o Estado concluir o processo criminalmente ou
executar a sentença penal condenatória. Não observado, opera-se prescrição
da pretensão punitiva e da pretensão executória.

Portando, nada impede que o Magistrado se pronunciar através de


declaração, antes mesmo da sentença, sobre a causa extintiva da punibilidade,
solução demais, mais, rápida, e que nenhum prejuízo traz a parte. Em razão do
exposto, espera o denunciado seja declarada a extinção da punibilidade pela
prescrição.
2- ABSOLVIÇÃO

O réu encontrou-se numa situação de risco, na qual não teve opção se não
dirigir o carro do seu tio sem o seu consentimento, visto o risco de vida que
corria. Sendo ele testemunha de um homicídio e considerando as recorrentes
ameaças que vinha sofrendo, não teve a oportunidade de comunicar ao seu tio
que necessitava do veículo para fugir e tentar resguardar a sua vida.

Como disse no seu depoimento, veio em sua cabeça a possibilidade de não


envolver o tio nesse problema a fim de resguardar a vida dele, haja vista que a
sua já corria perigo. Sendo assim, não havia a presença de dolo, pois segundo
o doutrinador Guilherme de Souza Nucci, o dolo:

É a vontade do agente dirigida a um resultado determinado, porém


vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado,
não desejado, mas admitido, unido ao primeiro. Por isso, a lei utiliza o
termo “assumir o risco de produzi-lo”. Nesse caso, de situação mais
complexa, o agente não quer o segundo resultado diretamente,
embora sinta que ele pode se materializar juntamente com aquilo que
pretende o que lhe é indiferente. Disponivel em:<
http://www.guilhermenucci.com.br/dicas/conceito-de-dolo-indireto-ou-
eventual>.

Além disso, não consta na conduta de Marcelo a presença do animus


furandi, pois ele não tinha a intenção de praticar o furto para possuir a coisa
para si. Reitera-se apenas a tentativa de se salvar das ameaças que vinha
sofrendo. Diante do entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:

APELAÇÕES. ROUBO MAJORADO. ANIMUS FURANDI E VIS


COMPULSIVA. ATIPICIDADE E DESCLASSIFICAÇÃO PARA
FURTO. AFASTAMENTO. PENA DE MULTA.
REDIMENSIONAMENTO. ADVOGADO DATIVO. HONORÁRIOS. 1 -
Demonstrada a existência de animus furandi a incitar a conduta
delitiva praticada pelos apelantes e sendo certo que se assenhoraram
da res furtiva mediante ameaça eficaz de causar à vítima mal grave e
iminente, improcedem os pleitos recursais de atipicidade da conduta
prevista no art. 157, do Código Penal e de desclassificação dela para
o crime de furto. 2 - Verificado a reincidência do primeiro apelante,
escorreita se mostra seu apenamento em montante pouco superior
ao mínimo legal previsto para o crime cometido. 3 - Ante o fato de o
preceito secundário do artigo 157, do Código Penal prever a sanção
de multa, não há como dela isentar o condenado. Passível, no
entanto, o seu redimensionamento a patamar proporcional a fixado
para a pena privativa de liberdade. 5 - A reincidência constitui
motivação suficiente à fixação de regime inicial fechado, ainda que a
pena tenha sido fixada em montante não superior a 08 (oito) anos. 6 -
Os honorários do defensor nomeado devem ser fixados pelo juiz da
causa, após o trânsito em julgado da sentença (artigo 6º, da Portaria
nº 293/2003, da Procuradoria-Geral do Estado. 7 - Parecer ministerial
de cúpula desacolhido. APELAÇÕES CONHECIDAS E
PARCIALMENTE PROVIDAS. (TJGO, APELACAO CRIMINAL 63074-
11.2013.8.09.0175, Rel. DES. JOAO WALDECK FELIX DE SOUSA,
2A CAMARA CRIMINAL, julgado em 25/09/2018, DJe 2606 de
10/10/2018).

3- PENA MÍNIMA: BONS ANTECEDENTES, CIRCUNSTÂNCIAS


JUDICIAIS FAVORÁVEIS. ART. 65, I DO CÓDIGO PENAL

O acusado na época do crime tinha apenas dezoito anos, razão pela


qual ele contempla a atenuante prevista no art. 65, I do Código Penal
Brasileiro. Há também que se levar em consideração o cálculo da pena em
concreto para ter uma prescrição retroativa e, não em abstrato.
Deve-se considerar também, por esse motivo, que a contagem sempre
leva em consideração o recebimento da denuncia , visto que serve de base
para cálculo. Nesse caso, observa-se que no dia 27/02/2015 a denúncia foi
recebida, porém somente hoje 03/06/2019 passaram-se quatro anos e três
meses. Neste caso é possível extinguir o processo.
Todavia se vossa excelência não admitir tal evento, peço pedimos pela
redução da pena, a considerar a atenuante e o prazo extrapolado no curso do
processo.

III PEDIDOS

Diante de todo exporto, requer-se:

A- Desclassificação para o art. 155, caput do Código Penal e extinção da


punibilidade pela prescrição (art. 109, IV c/c art.115 do Código Penal)

B- Absolvição com fundamento no art. 386, III, do Código de Processo


Penal.
C- Pena mínima: bons antecedentes, circunstâncias judiciais favoráveis.
Art. 65, I do Código Penal.

Goiânia, 29 de maio de 2019.

OAB/GO

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