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Trimembração e meio ambiente

A maneira como pensamos constrói o mundo em que vivemos.

Tenho ouvido entrevistas em que cientistas declaram acreditar na ciência e na tecnologia


para reverter o atual quadro de degradação sócio-ambiental que ameaça em escala
planetária.
A pergunta que ainda permanece para nós, simples mortais, é: como chegaremos, como
seres humanos, a uma solução para um problema que nós próprios somos os causadores e,
ao mesmo tempo as suas principais vítimas?
Diante da ameaça de um colapso sócio-ambiental iminente, parece viver no inconsciente
humano geral a esperança de que a solução virá de um agente autóctone, um ser superior
(autoridade controladora, um deus punidor ou a revolta de gaia).
A medida que lidamos com perguntas ao longo da vida, quer como profissionais ou não,
aprendemos que a resposta normalmente está em essência contida na própria pergunta.
Assim, a compreensão das causas e as eventuais soluções dos problemas criados pelo
homem, deveriam ser procuradas no entendimento mais amplo da própria natureza humana.
Temos que colocar no foco da discussão o elemento realmente imponderável, ou seja, o ser
humano; o quinto elemento, cujo papel, ora como agente ativo e ora como vítima passiva
desequilibra qualquer equação. Diante do elemento humano (com suas necessidades de
sobrevivência físicas e imediatas, suas ambições, seus desejos e anseios individuais), todas
as visões tendem a se tornar teorias ou meras esperanças e, certamente, inócuas.
Seres Humanos possuem também capacidades ao lado das necessidades, e estas, nos
impulsionam a novos patamares de compreensão do mundo e de si próprio. A solução de um
problema é alcançada em um grau de consciência acima daquele que criou o problema.
Uma forma de compreender a natureza realmente inovadora foi trazida por Goethe (1749-
1832), que, como cientista natural tanto quanto escritor e poeta, inaugurou uma virada na
evolução do pensamento. O discurso goetheanístico propõe partir da “observação realmente
atenta do fenômeno, elaborar conceitualmente a imagem retida de forma viva e permitir que
a essência se manifeste”.
No universo de Goethe desaparecem os julgamentos apriorísticos, sublimam-se simpatia e
antipatia. Ele declara: “o que amo (fenômeno vivo) a mim se revela”.
Quase um século depois, um universo de possibilidades se descortinou diante de Rudolf
Steiner (1861-1925) quando, durante os anos em que foi encarregado de organizar e editar
o legado científico do Goethe e Schiller. Steiner compreendeu o método que Goethe
empregava em suas pesquisas e introduziu essa „atitude‟ goethiana diante dos fenômenos
para a compreensão do pensar como uma atividade perfeitamente observável. “Torna-se Ser
Humano quando pelo pensar abarca a consciência de si próprio”; pensar no próprio pensar.

Deve-se entender um pensar assim elaborado como uma atividade puramente espiritual. O
pensar claro ilumina o mundo observado. Esta qualidade do pensar espiritual passa a ser
compreendida como a presença de Deus em nós: Deus e eu somos um. Ao mesmo tempo
em que Deus abraça o Universo com seu pensamento, ele se pulveriza em todas as suas
criaturas. Ele é ora uma coisa, ora pluralidade. Deus é espírito puro, bem aventurado,
contínuo, não pode ter extensão nem magnitude! É uma unidade indivisível, impassível,
imutável, eterno e imóvel” (Aristóteles).
Escreveu Goethe em seu diário: “O Uno extrai de si a multiplicidade”.
R. Steiner resgatou de fontes essenciais, tais como essas, uma autêntica sabedoria sobre o
homem (antroposofia). A partir desse ponto, Steiner tornou acessível a qualquer homem
sadio, por meio de uma linguagem apropriada, percorrer o mesmo caminho de conhecimento
inaugurado por Goethe. Um caminho que permite a vivencia própria das experiências.
Dois séculos anteriores a Goethe, a história colocou no palco universal a personalidade
Francis Bacon e, mais tarde, Adam Smith, este ultimo contemporâneo de Goethe. Ambos,
cada qual em seu campo (ciência e economia), deixaram um legado cuja influência não será
discutida aqui, mas que fundamentam parte significativa da atitude do homem moderno
diante da natureza, bem como as relações socio-econômicas, nos dias de hoje.
Quando no início do século XX Steiner trouxe suas contribuições, o materialismo científico-
econômico já havia se instalado profundamente, porém, suas conseqüências ainda não eram
totalmente conhecidas como começa a ser hoje. Steiner alertou naquela época que uma
nova consciência passaria a ser requerida: “No desenvolvimento da Humanidade, cada um
não tem o direito de se sentir individualidade se não se sentir ao mesmo tempo parte de
toda a Humanidade”.
Ao se percorrer o caminho de conhecimento alinhado a partir de Aristóteles, passando por
Goethe e chegando a Steiner conclui-se que a excepcional maneira de pensar que está
contida alí aponta um caminho validado pelo senso humano e necessário em nossa época. É
um pensar que vem do coração.
Com o desenvolvimento individual e livre deste novo pensar, os „olhos‟ se abrirão para a
„sabedoria‟ que vige por detrás da natureza, ou seja, os arquétipos (modelo primordial a
partir do qual todos os seres foram criados), seres espirituais hierárquicos que estão por
detrás da materialidade revelada. Neste contexto passamos a entender a natureza como
uma revelação a ser reconhecida, surgindo um profundo sentimento de gratidão pelo
fenômeno da vida. Assim poderá surgir uma nova sabedoria como base para uma nova ética
individual e, ao mesmo tempo universal.
Prosseguindo nesta direção não tardará emergir a compreensão de que o ser humano, como
ser natural criado, passa de criatura a criador ao projetar sua auto-imagem em tudo que ele
próprio cria. As organizações são a rigor a derradeira criação humana. As instituições são em
síntese um processo em permanente desenvolvimento tal como nós próprios. Este fenômeno
ocorre em tal ordem que as organizações assumem papel central nos processos de
degradação socio-ambiental que alcançamos em nossos tempos. Neste contexto as
organizações são como seres individuais que possuem uma identidade autônoma e atuam no
mundo criando novas realidades.
Segundo Steiner, com o pensar racional não é possível construir estruturas sociais
saudáveis, exceto se modelarmos as pessoas, gerarmos padrões. As instituições são antes
de tudo estruturas sociais.

Diante desse drama universal e humano, qual é o papel central da nossa época.

Ecoclogia social e seu papel no mundo.


Podemos colocar de um lado da visão, já aceita em diversos círculos, de que o universo tem
em si uma dimensão tanto física como espiritual e de outro, a visão da antroposofia de que o
homem é um micro universo criado a imagem do próprio espírito universal. Portanto, como
seres humanos também possuímos uma dimensão física e espiritual. Porém, ao longo da
evolução, para que pudéssemos apropriarmo-nos da autoconsciência tivemos de mergulhar
na matéria física até o ponto em que nos descolamos da nossa origem espiritual. Este
processo de desespiritualização iniciado há milênios aprofundou a partir da idade média,
embora tenha ganhado contornos ainda mais dramáticos somente nos séculos XVIII e XIX.
Como vimos acima o divino está manifesto em tudo que conhecemos como natureza em nós
e fora de nós. A harmonia foi rompida. No século passado e no atual a dimensão espiritual,
até então desprezada, a qual se expressa nas formas de vida, começa a cobrar uma nova
postura diante dos estragos causados pela humanidade afogada no materialismo.
O antropocentrismo, olhado pelo lado do egoísmo humano, revela sua face mais cruel para o
planeta através consumismo hoje inviável, porém, a Antroposofia propõe uma nova
compreensão através de um novo olhar. O homem de posse de um pensar claro pode, pela
consciência adquirida, criar um novo impulso que leve a percepção de toda a humanidade. O
caminho começa na própria alma humana. É o antropocentrismo colocado no lugar certo.
Na alma humana encontram-se três disposições fundamentais, o pensar o sentir e o querer.
Apropriar-se dessas capacidades e harmoniza-las de forma consciente representa o caminho
para um atuar no mundo como um indivíduo possuidor de ética que propiciará uma nova
estética social. As ferramentas para percorrer este caminho foram dadas pela Antroposofia
através do exercício do domínio pensar proposto acima.
A imagem trimembrada do Ser Humano foi dada como uma chave por Steiner para a
ampliação da consciência do homem como criador de realidades sociais. Sendo o homem
uma criatura dotada de necessidades recebeu a terra como a fonte para suprir essas
necessidades; mas existe apenas uma Terra, então temos de partilhar as riquezas desta
Terra fraternalmente. Por ser uma criatura dotada de natureza espiritual, que se desenvolve,
ela precisa fazê-lo com liberdade. E por fim, reconhecer-se como “um igual” em seus direitos
e deveres diante dos outros.
Assim, estes três princípios, Liberdade, Igualdade e Fraternidade agregam-se a natureza
humana. Aceitando a máxima do criador que se expressa na criatura, essas três qualidades
vigem no organismo Social, tal como são inerentes à natureza do homem.
A força da Liberdade deve estar presente onde no organismo social houver vida cultural e
espiritual. A Fraternidade encontra seu lugar na vida Econômica. A partir do princípio da
Igualdade os homens devem regular seus direitos e obrigações.
Mais uma vez aqui se pode falar de uma Lei Universal. Quando essas forças ou princípios
autuarem fora dos seus âmbitos correspondentes surgirá o caos e a destruição em algum
momento.
Ver quadro:
Qualidades ou Forças Fraternidade Igualdade Liberdade
Vida cultural
Estatização da cultura
Irrealismo criativo.
Burocracia e superficialidade Harmonia
Capacidades individuais liberadas em favor de todos
Vida Social
Partido único
Fraternização

Harmonia
Igualdade de direitos e obrigações.
Arbitrariedade
Vida Econômica Harmonia
Produtos e serviços
Em acordo com necessidades reais.
Desperdício e desabastecimento
Liberalismo indômito

Tal imagem apela para a compreensão de que tudo que fazemos no mundo, especialmente
no âmbito social gera conseqüência. A apropriação desta consciência trás responsabilidades.
O homem está continuamente se reproduzindo no mundo, o ser humano está em processo.
Assim eu reproduzo fora o que tenho em minha mente. Mentes perturbadas produzem
perturbação no ambiente e um ambiente em desordem produz desordem sobre as mentes.
A liberdade passa a ser compreendida como o único fundamento humano. E isto tem um
preço.

José Luiz Ferreira


Autor: José Luiz Fonseca Ferreira (04/01/10 às 11:59:49)

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