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Uma introdução.
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de Hegel: os jovens hegelianos e a direita hegeliana, envolvendo-se em debates a
respeito de conceitos metafísicos, teológicos, políticos e principalmente sobre o
Estado Prussiano. Marx associa-se aos jovens hegelianos.
Já a direita hegeliana defendia que o Estado era a mais alta realização do Espírito
(geist) representando a completude da dialética de Hegel. Mantinham-se fiéis ao
idealismo metafísico e buscavam conciliar a doutrina de Hegel e os dogmas cristãos
(com respaldo da obra do fillósofo).
A grosso modo, para Hegel, a história era algo como um único Espírito que se
movia, do qual cada geração da humanidade era uma mera manifestação.
Na época de Marx já era notória a revolução que Hegel havia feito no conceito de
história, ao determinar principalmente duas coisas: 1) os acontecimentos não estão
no tempo, mas eles são o próprio tempo, e 2) o tempo não é uma sucessão de
causas e efeitos, mas tem um motor interno que são as contradições que vão se
resolvendo em sínteses que por sua vez formam novas contradições e assim por
diante.
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um trabalhadora assalariado, dono apenas da sua força de trabalho, surgem dois
novos conceitos, com interesses contraditórios: a burguesia e o proletariado.
Vendo a história como movimento do Espírito, Hegel via a realidade como cultura, e
a cultura como os movimentos de exteriorização e interiorização daquele único
Espírito. No movimento de exteriorização o ser humano produz obras culturais, no
movimento de interiorização ele se reconhece naquilo que produziu. Esse
reconhecimento de si na sua própria produção cultural ele chama de “reflexão” e a
ausência dessa relação ele chama de “alienação”. Quando alienado, o ser humano
vê as obras e a própria história como forças estranhas, alheias, que o dominam e
perseguem.
Em mais uma super simplificação, poderíamos dizer, a grosso modo, que Hegel
compreendia que esse Espírito se manifestava através das exteriorizações
modificando o mundo físico, material. Marx propõe o oposto, que a realidade
material é que se impõe e influencia de modo determinante o pensamento e as
ações do ser humano.
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alienação (agora com um conteúdo mais materialista) tornam-se centrais para a
maneira marxista de pensar a história.
Aos 23 anos, Karl Marx defende sua tese comparando o atomismo de Epícuro e
Democrito, um estudo orientado pelo seu colega na juventude hegeliana Bruno
Bauer. Esse trabalho já teria uma influência no seu pensamento materialista e sua
posterior crítica aos jovens hegelianos.
Aos 25 anos, em 1843 entra em uma polêmica com Bruno Bauer, escrevendo "a
questão judaica". Enquanto Bauer entendia que a religião e o estado eram a origem
da opressão, Marx compreendia que a religião não se opõe à emancipação política.
Embora, muitos anos mais tarde, ele fosse escrever no Capital a frase que os ateus
e os cristãos de direita adoram citar, “a religião é o ópio do povo”, poucos lembram-
se que junto a essa sentença está outra na qual Marx diz que a religião é “a alma de
um mundo sem alma”.
Aos 27 anos, polemizando com outro de seus colegas da juventude hegeliana, Marx
critica o materialismo de Feuerbach, entendendo-o como ainda muito idealista e
dizendo uma de suas frases mais famosas: os filósofos se limitam a interpretar o
mundo, mas o que importa é transformá-lo.
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Aos 28 anos, em a ideologia alemã, Marx lembra que para “fazer história”, antes é
preciso estar vivo: comer, beber, morar, ter as mínimas condições materiais de vida
que eram negadas aos trabalhadores das crescentes cidades industrializadas da
Europa que trabalhavam (homens, mulheres e crianças) 16, 18 horas por dia, de
segunda a segunda, sofrendo violência física e psicológica e todo tipo de abusos
sem nenhum direito trabalhista.
Aos 29 anos, tendo morado frança e conhecido Proudhon, Marx toma contato com o
livro deste filósofo anarquista entitulado “a filosofia da miséria”. Como resposta, sem
nenhum esforço para atenuar seu pronunciado estilo polêmico, Marx escreve “a
miséria da filosofia”. Sua critica ao trabalho de Proudhon é que ele estaria tratando
as relações de produção burguesas (divisão de trabalho, crédito, moeda etc) como
se sempre tivessem existido. Dessa forma, Marx traz uma grande contribuição à
historiografia, que é a ideia da história como processo.
Aos 30 anos, o já maduro (casado e com duas filhas) e viajado militante Karl Marx
havia entrado, junto com seu fiel companheiro Friedrich Engels, em uma
organização política internacional chamada “Liga dos Justos”—cujo lema era “o
estabelecimento do Reino de Deus na Terra, com base nos ideais de amor ao
próximo, igualdade e justiça”. Juntos, eles convenceram o grupo a mudar seu nome
para Liga Comunista, e seu lema para “trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”,
enfatizando a luta de classes (e não mais as contradições do Espírito hegeliano)
como motor da história. Escrevendo o manifesto comunista em 1848, Marx e Engels
determinam que o objetivo de emancipação da humanidade não é a reconciliação e
o amor, mas a luta entre a burguesia (classe opressora) e o proletariado (classe
oprimida), da qual os proletariados sairiam vitoriosos como classe revolucionária.
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Assim, a compreensão de que a historiografia marxista se resume a determinar os
modos de produção de cada era é muito reducionista e característica de um
marxismo vulgar. O pensamento de Marx, na realidade, é muito mais profundo e sua
compreensão, principalmente sobre a divisão social do trabalho, a propriedade
privada dos meios de produção e as origens estruturais da desigualdade social no
sistema capitalista marcariam profundamente todo o modo de pensar a história do
século XX até hoje.
Referências bibliográficas
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FUNARI, P.P.; SILVA, G. Teoria da História. São Paulo: Brasiliense, 2008.
CHAUI, Marilena. O Que É Ideologia - Col. Primeiros Passos. São Paulo : Brasiliense, 2008.