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27/11/2018 O que é Desregulação Emocional 2?

O Modelo Biossocial – Vulnerabilidade Emocional - Portal Comporte-se

O que é Desregulação Emocional 2? O Modelo Biossocial –


Vulnerabilidade Emocional
Por Vinicius Dornelles - 21 mar. 2016

Queridos leitores dessa coluna de Terapia Comportamental Dialética (DBT) do portal “Comporte-
se”, no último texto aqui publicado, começou-se a elaborar uma explicação de um dos conceitos
mais utilizados hoje em psicoterapia que é o da Desregulação Emocional. Esse último artigo
definiu as bases conceituais apresentando uma série de exemplos para que o leitor tivesse uma
boa compreensão do que é Desregulação Emocional, assim como, diferenciou o que é a
Desregulação Emocional natural que ocorre na vida de todas as pessoas do que é Desregulação
Emocional Global. Pois bem, esse texto irá iniciar a explicação de como ocorre a etiologia da
Desregulação Emocional Global através do Modelo Biossocial.

O Modelo Biossocial, desenvolvido por Linehan, trata-se de uma proposta teórica altamente
parcimônica que visa explicar o desenvolvimento da Desregulação Emocional Global. Assim sendo,
o Modelo Biossocial é composto por apenas duas variáveis, uma biológica, a qual chama-se
Vulnerabilidade Emocional e a outra ambiental, a qual denomina-se Ambientes Invalidantes.
Contudo, cabe salientar que o Modelo Biossocial não se trata de uma teoria interacionista. Ou
seja, não é a simples presença dessas duas variáveis que definirá a presença ou não da
Desregulação Emocional Global. Essa abordagem teórica caracteriza-se sim como um modelo
transacional. Isso significa que para o surgimento da Desregulação Emocional Global é necessário
que ao longo do desenvolvimento as duas variáveis (Vulnerabilidade Emocional e Ambientes
Invalidantes) se reforcem mutuamente. Assim sendo, essa complexa transação, entre essas duas
variáveis, acabaria por aumentar tanto a Vulnerabilidade Emocional quanto a presença de
invalidações (Dornelles & Sayago, 2015).

Porém antes de observar-se a complexa transação entre essas variáveis é importante que se
tenha uma definição adequada do que se entende por Vulnerabilidae Emocional e por Ambientes
Invalidantes. Aqui cabe colocar ao leitor que o objetivo desse texto é tão somente explicar
adequadamente a Vulnerabilidade Emocional e as suas características. No próximo artigo dessa
série é que se encontrará a definição de Ambientes Invalidantes, assim como, das consequências
da exposição a esses ambientes. Bom, voltando ao foco do presente texto, Vulnerabilidade
Emocional refere-se ao quanto cada uma de nós é vulnerável ao próprio processamento
emocional. Trata-se de uma característica geral de todas as pessoas, tendo em vista, que todos
temos emoções, e das funções que esse processamento emocional tem para nós e para os outros
(Linehan, 2015).

Como pode-se observar, é impossível falar de Vulnerabilidade Emocional, sem acabar falando
sobre as emoções. Desse ponto de vista é notório que para fins acadêmicos seria aqui importante
diferenciarmos emoções de sentimentos, como faz brilhantemente Antônio Damásio em seu
trabalho (Damásio, 2003; 2011). Contudo, para fins didáticos e para a melhor compreensão dos
pacientes sobre os conceitos trabalhados, a DBT adota o termo “emoção” englobando tanto as
emoções quantos os sentimentos. Nesse sentido o modelo de emoções apresentado pela DBT
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coloca que o processamento emocional é um complexo sistema, o qual podemos dividir em 5


subsistemas que são de uso prático para o aprendizado e a compreensão da regulação emocional.
Esses subsistemas são: 1) vulnerabilidade emocional aos estímulos, 2) eventos públicos ou
privados, que servem como pistas emocionais, incluindo a atenção e a avaliação das pistas 3)
respostas emocionais, incluindo as reações fisiológicas, o processamento verbal privado, as
respostas experienciais e o impulso de ação e 4) respostas e expressões verbais e não verbais, e
5) as consequências da “queima” da emoção inicial, incluindo o desenvolvimento de emoções
secundárias como mostra a figura 1 abaixo (Linehan, Bohus & Lynch, 2006).

Essas variáveis que compõe o processamento emocional estão intimamente atreladas as funções
que as emoções possuem e servem como norte para o entendimento do que é de fato
Vulnerabilidade Emocional. Assim sendo, o primeiro ponto crucial de ser entendido é que as
emoções organizam e motivam a nossa ação. O impulso para a ação de comportamentos
manifestos está conectado diretamente de forma biológica a emoções específicas. Isso muitas
vezes acaba economizando tempo, pois as emoções tornam não totalmente necessário que
pensemos em todas as situações. Tal aspecto fica mais evidente quando se pensa em emoções
intensas, as quais muitas vezes podem acabar nos auxiliando a superar dificuldades tanto no
ambiente quanto na nossa mente (Linehan, 2015; Dornelles & Alano, no prelo).

Outro ponto fundamental de compreensão do processamento emocional é que as emoções


influenciam as outras pessoas. As emoções possuem expressões faciais específicas que
comunicam aos outros, tanto ou mais, que a comunicação verbal. Assim sendo, as expressões
faciais emocionais afetam a forma como os outros se comportam, mesmo não sendo algo
intencional. A nossa postura, tom de voz e expressões faciais comunicam e alteram o observador
direcionando a forma como eles julgam e tomam decisões. Sendo assim, resumindo o tópico em
questão, é notório que a função social é outra característica realmente importante das emoções.

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Por fim, a terceira grande função do processamento emocional é que ele nos comunica e nos
influencia, tendo em vista que as reações emocionais funcionam como importantes pistas ou
alertas das situações que estão ocorrendo. Ou seja, elas acabam direcionando a nossa interação
dentro dos contextos ambientais, verbais e relacionais (Linehan, 2015).

Uma vez que se tenha claro a importância e as funções do processamento emocional fica mais
evidente o entendimento da Vulnerabilidade Emocional e a compreensão do porquê todos nós
somos vulneráveis em algum grau ao nosso processamento emocional. Isso fica evidente porque –
como já foi explicado – existe um valor biológico relacionado com a regulação da vida da
existência das emoções em si[1]. Assim, todos nós somos influenciados pelo nosso processamento
emocional e todos temos um limiar específico de ativação das emoções assim como uma
vulnerabilidade emocional característica.

O que acontece com pessoas que tenhas Desregulação Emocional Global é que elas possuem uma
Vulnerabilidade Emocional acentuada, levando a estados emocionais realmente intensos, os quais
naturalmente são difíceis de regular. Para a observação precisa disso é necessária a compreensão
das três variáveis que compõe a Vulnerabilidade Emocional as quais são: 1) sensibilidade
aumentada aos estímulos emocionais, 2) resposta intensa ao estímulo emocional e 3) lento
retorno ao estado de calma. Obviamente que a proposição dessas três características leva em
conta a comparação da Vulnerabilidade Emocional de pacientes com Desregulação Emocional
Global com aquela observada na população geral. Porém, antes mesmo de avançar dentro do
entendimento dessas 3 variáveis cabe considerar, muito embora possa parecer óbvio, que toda a
ativação emocional possui um início, meio e fim e que na verdade as emoções podem ser
comparadas metaforicamente a ondas. Ou seja, o conceito de Vulnerabilidade Emocional disserta
sobre a formação, a intensidade e a duração dessa onda como evidencia a figura 2 (Linehan,
2015).

Assim sendo, o primeiro ponto que se observa na Vulnerabilidade Emocional é a sensibilidade


aumentada aos estímulos emocionais. Em estudos sobre a identificação de faces emocionais
partido de faces neutras para extremamente emocionais, pacientes com Transtorno da
Personalidade Borderline (os quais possuem Desregulação Emocional Global) mostraram-se
substancialmente mais sensíveis em perceber e reconhecer precocemente as expressões faciais
emocionais em geral (Linehan, Bohus & Lynch, 2006). Esses dados corroboram essa natureza do

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processamento emocional desses pacientes de naturalmente responderem de forma mais rápida


aos estímulos emocionais (Linehan, 2010).

O Segundo aspecto observado da Vulnerabilidade Emocional é a resposta intensa aos estímulos


emocionais. Isso significa que uma vez que a resposta emocional seja ativada nesses pacientes
eles possuem uma tendência em desenvolver respostas emocionais realmente mais intensas que a
média geral da população (Dornelles & Sayago, 2015). Estudos neurobiológicos têm dado amplo
suporte para essa característica evidenciando a relação entre essa intensidade emocional elevada
e alterações estruturais e funcionais do circuito fronto-límbico[2]. Assim como observa-se, tanto
em estudos elaborados com gêmeos quando os que avaliam polimorfismos genéticos, uma forte
base científica para sustentar essa característica da resposta intensa frente aos estímulos
emocionais[3]. Ou seja, existe um ampla gama de evidências científicas que demonstram
exatamente esse componentes de respostas mais intensas, o que naturalmente dificulta a
aplicação de estratégias de regulação emocional desses pacientes o que muitas vezes os acaba
levando a entrarem em um ciclo de crises contínuas. No qual um comportamento específico para
lidar com uma situação que ativou emocionalidade mais intensa acaba gerando novos problemas
com maior intensidade emocional e assim sucessivamente (Linehan, Bohus & Lynch, 2006).

Por fim a terceira característica definidora da Vulnerabilidade Emocional é um lento retorno ao


estado de calma. Essa característica acaba deixando os pacientes mais vulneráveis a novas pistas
emocionais, fazendo com que reajam intensamente em cadeia. Isso denota que esses pacientes
possuem naturalmente uma dificuldade em reduzir a ativação[4] do seu próprio processamento
emocional (Linehan, Bohus & Lynch, 2006). Ou seja, esses pacientes acabam ficando
naturalmente mais vulneráveis, tanto a novas ativações ou exacerbações dos seus
processamentos emocionais quanto a execução de ações intensas e impulsivas governadas pelas
suas mentes emocionais (Linehan, 2010). A Figura 3 evidencia bem a relação entre a
Vulnerabilidade Emocional e a Desregulação Emocional Global

Concluindo, não é difícil de se imaginar que a Vulnerabilidade Emocional realmente seja um fator
de risco importante para a formação da Desregulação Emocional Global. De fato, essa variável
tem um papel fundamental ao longo de toda a complexa transação que levará ou não a formação
da Desregulação Emocional Global. Contudo, é fundamental compreender que essa característica
por si só não é patogênica e que pessoas com Vulnerabilidade Emocional que possuam boas
estratégias de Regulação Emocional podem se tornar pessoas muito efetivas em seus contextos
ambientais. Ou seja, Vulnerabilidade Emocional por si só não significa um traço patológico. É
necessário que para a formação dessa Desregulação Emocional Global se tenha uma complexa
transação dessa variável biológica com a variável ambiental dos Ambientes Invalidantes (Linehan,
2010; 2015). Nesse sentido não percam o próximo artigo que fará o fechamento dessa série
explicitando o que são os Ambientes Invalidantes, quais são as suas consequências e como

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finalmente a complexa transação entre essas variáveis formará a Desregulação Emocional Global e
o efeito em cascata decorrente desse processo.

[1] Para a melhor compreensão dos conceitos de valor biológico e de regulação da vida
recomenda-se a leitura de Damásio, A. R. (2011) E o cérebro criou o homem. São Paulo:
Companhia das Letras.

[2] Para aprofundamento deste ponto específico recomenda-se a leitura de: 1) Chanen, A. M., &
Kaes, M. (2012). Developmental pathways to Borderline Personality Disorder. Curr Psychiatry Rep,
14, 45-53. 2) Hughes, A. E., Crowell, S. E., Uyeji, L., & Coan, J. A. (2012) A developmental
neuroscience of borderline pathology: emotion dysregulation and social baseline theory. J Abnorm
Child Psychol, 40 (1), 21-33.

[3] Para o aprofundamento deste ponto sugere-se a leitura de: Amad, A., Ramoz, N. Thomas, P.,
Jardri, R., & Gorwood (2014). Genetics of borderline personality disorder: systematic review and
proposal of na integrative model. Neuroscience and Behavioral Reviews, 40, 6-19.

[4] O termo ativação usado aqui refere-se a uma tentativa de tradução do termo “arousal” que
não possui uma tradução adequada para o português.

Referências:

Dornelles, V. G.; & Alano, D. (no prelo). Terapia comportamental dialética (DBT). In: Procognitiva.
Porto Alegre: Artmed

Dornelles, V. G., & Sayago, C. B. W. (2015).Terapia comportamental dialética: princípios e bases


do tratamento. In: Lucena-Santos, P., Pinto-Gouveia, J., & Oliveira, M. S. Terapias
comportamentais de terceira geração. Novo Hamburgo: Sinopsys

Linehan, M . M. (2010). Terapia cognitivo-comportamental para o transtorno da personalidade


borderline. Porto Alegre: Artmed.

Linehan, M. M., Bohus, M., & Lynch, T. R. (2006). Dialectical behavior therapy for pervasive
emotion dysregulation: theoretical and practical underpinnings. In: Gross, J. Handbook of emotion
regulation. New York: The Guilford Press

Linehan, M. M. (2015). DBT skills training manual. New York: The Guilford Press

Vinicius Dornelles
Psicólogo (PUCRS); Mestre em Psicologia (PUCRS); Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais; Formação
em Tratamentos Baseados em Evidênvias para o Transtorno da Personalidade Borderline (Fundación FORO -
Argentina); Concluindo o Dialectical Behavior Therapy (DBT): Intensive Training (Behavioral Tech - EUA, Fundación
FORO - Argentina); Sócio da International Society for the Study of Personality Disorders (ISSPD); Professor da
faculdade de Psicologia da UNISINOS; Coordenador e professor da Especialização em Terapias Comportamentais
Contextuais (InTCC); Professor e Supervisor da Especialização em Terapias Cognitivo-Comportamentais (InTCC);
Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Personalidade (GEP)

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