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O Direito Penal é integrado por diversos princípios constitucionais (expressos ou implícitos) que
de alguma forma limitam o poder punitivo estatal.
- LEGALIDADE
* Previsto na CF, artigo 5º, incisos II e XXXIX – direitos e garantias fundamentais.
> ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
> não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
> a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
* Princípio da reserva legal: a infração penal somente pode ser criada por lei em sentido estrito
(lei ordinária ou complementar), aprovada e sancionada de acordo com o processo legislativo
previsto na CF. Portanto, a lei é a única fonte punitiva do Direito Penal.
* No Brasil, a competência legislativa é privativa da União (mas LC poderá autorizar os Estados
a legislar sobre questões específicas). É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria
relativa a direito penal (havendo entendimento que aceita MP desde que benéfica ao réu).
* Pode ser extraído do Princípio da Legalidade:
> lei estrita: proíbe o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar
penas.
> lei escrita: proíbe a criação (agravação) de crimes e penas pelos costumes.
> lei certa: exige clareza dos tipos penais, proibindo incriminações vagas e
indeterminadas (princípio da taxatividade ou determinação – dirigido mais precisamente ao
Legislador).
> lei prévia: compreende a anterioridade de lei, bem como a proibição de sua
retroatividade (princípio da irretroatividade da lei penal mais grave – art 5º, XL da CF).
> lei necessária: não admite a criação da infração penal sem necessidade
(desdobramento do princípio da intervenção mínima).
# Estrita legalidade: deve ser respeitado o conteúdo da Constituição, suas proibições e
imposições para garantia dos direitos fundamentais; mera legalidade: atendimento apenas às
formas e aos procedimentos destinados à sua criação.
- OFENSIVIDADE/LESIVIDADE
* É a outra face do princípio da intervenção mínima. Não há crime sem lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico tutelado.
* As infrações penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem
gravemente a direitos de terceiros. Impossibilidade de atuação do Direito Penal caso um bem
jurídico relevante de terceira pessoa não esteja sendo efetivamente atacado.
* Funções do princípio da ofensividade
> proibir a incriminação de uma atitude interna
> proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor
(autolesão, tentativa de suicídio)
> proibir a incriminação de simples estado ou condições existenciais (refuta o Direito
Penal do autor)
> proibir a incriminação de condutas desviadas que não causem dano ou perigo de
dano a qualquer bem jurídico.
# Com base nele a doutrina questiona a constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato – o
legislador presume de forma absoluta o perigo para o bem jurídico.
- INSIGNIFICÂNCIA
* Afasta a tipicidade material, uma vez que o legislador apenas tem em mente os prejuízos
relevantes que o comportamento incriminado pode causar.
* É instrumento de interpretação restritiva do tipo penal, para fazer excluir do âmbito de
incidência da lei aquelas situações consideradas como de bagatela.
* Relaciona-se com o desvalor da conduta e do resultado, possuindo quatro requisitos
objetivos:
* mínima ofensividade da conduta do agente
* nenhuma periculosidade social da ação
* reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento
* inexpressividade da lesão jurídica provocada
# A habitualidade delitiva revela reprovabilidade suficiente para afastar a aplicação do princípio
* Não se aplica o princípio da insignificância em:
* furto praticado por policial em horário de serviço
* furto dentro de penitenciária em que o agente cumpria pena
* furto qualificado praticado mediante escalada, arrombamento ou concurso de
pessoas
* tráfico de drogas e posse de substâncias entorpecentes, pois se tratam de crimes de
perigo abstrato, sendo o bem jurídico tutelado a saúde pública ou a do próprio indivíduo
* moeda falsa, independentemente do valor ou quantidade de cédulas, pois o bem
tutelado é a fé pública
* Lei Maria da Penha – súmula 589 do STJ
* estelionato contra o INSS
* crimes praticados com grave ameaça ou violência contra a vítima
* contrabando
* apropriação indébita previdenciária
* peculato
* violação de direito autoral
Houve incidência do princípio:
* crime ambiental
* ato infracional
* crime tributário na esfera federal
# Infração bagatelar imprópria: ocorre fato típico e ilícito, mas no caso concreto, a pena é
desnecessária.
- CULPABILIDADE
* Diz respeito ao juízo de reprovabilidade que se faz sobre a conduta típica e ilícita praticada
pelo agente.
* Aspectos:
> Culpabilidade como elemento do conceito analítico de crime fundamental na
caracterização da infração penal: o Estado só pode impor sanção ao agente imputável, com
potencial consciência da ilicitude, quando dele exigível conduta diversa.
> Culpabilidade como princípio medidor da pena
> Culpabilidade como princípio da responsabilidade subjetiva: não basta que o fato seja
materialmente causado pelo agente, mas deve existir voluntariedade (dolo ou culpa).
* Gera três consequências:
> não há responsabilidade penal objetiva
> a responsabilidade penal é pelo fato praticado
> a culpabilidade é a medida da pena
- INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
* Disposta no art. 5º, inciso XLVI da CF. Ocorrerá em três fases distintas:
* cominação pelo Legislador.
* aplicação pelo juiz.
* execução da pena.
- HUMANIDADE
* Limita a tipificação de fatos e a imposição de penas que violem física ou moralmente o
indivíduo. Vedação a penas infamantes, indignas, degradantes. Nenhuma pena pode atentar
contra a dignidade da pessoa humana.
- PROPORCIONALIDADE
* Tem a função de proteção do indivíduo contra o abuso do poder do Estado.
* Subprincípios
▪ adequação medida apta para alcançar os fins pretendidos
▪ necessidade quando forem insuficientes as demais formas de controle social
▪ proporcionalidade em sentido estrito os benefícios a serem alcançados devem ser
maiores que os custos
> Proibição da proteção deficiente: não se admite que um direito fundamental seja
deficientemente protegido:
1. mediante a eliminação de figuras típicas
2. pela cominação de penas que fiquem aquém da importância exigida pelo bem
3. aplicação de institutos que beneficiam indevidamente o agente.