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PRODUÇÃO
TEXTUAL
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
SEJA BEM-VINDO(A)!
Prezado(a) acadêmico(a), é com grande prazer que apresento a você o livro que fará
parte da disciplina de Leitura e Produção Textual. Sou a professora Raquel Arcine e pre-
parei este livro pensando em facilitar sua aquisição de conhecimentos a respeito da im-
portância de uma leitura adequada e da maneira de transmitir informações mediante a
escrita com os estudos obtidos em Leitura e Produção Textual em seu meio social.
No decorrer de todo o livro, preocupei-me em escrever com clareza e diversidade de
conteúdo, fazendo uso, sempre que possível, de exemplos, pois, a meu ver, eles auxiliam
muito na fixação do que se está estudando. Peço que você procure realizar as suas lei-
turas com atenção e empenho! Interaja com o texto, faça anotações, responda as ativi-
dades de autoestudo, anote suas dúvidas, consulte sugestões de leitura que percorrem
todo o texto e, especialmente, realize novas pesquisas sobre os assuntos trabalhados
aqui, já que este material não pode ser encarado como o único e absoluto meio de se
estudar e se refletir sobre as questões envolvendo leitura e escrita. Busque sempre mais!
No que diz respeito à primeira unidade do livro, “O texto e a construção dos sentidos”,
você encontrará relevantes informações acerca das definições que possibilitam a signi-
ficação de um texto, assim como será possível pensar sobre como ocorre o processo de
produção de sentidos em um texto. Além disso, conhecerá sobre os fatores de textuali-
dade, refletindo sobre como esses fatores influenciam em nossa leitura e escrita. É tam-
bém na primeira unidade do livro que trataremos sobre coesão e coerência textual, que
estão intrinsicamente ligados ao sentido do texto. Com isso, será possível entender os
fatores relevantes no momento da escrita do parágrafo, mostrando que sempre produ-
zimos algo tendo em vista um leitor em potencial e que o texto, em suma, refere-se a um
conjunto coerente de enunciados, um evento comunicativo que sempre tem uma in-
tenção e que nunca deixa de produzir uma ação, seja ela linguística, social ou cognitiva.
Dando sequência a sua leitura, a segunda unidade enfocará a função social da escrita,
observando qual é a relação existente entre a leitura e a escrita. Discutiremos, ainda,
nessa mesma unidade, a respeito de algumas teorias da comunicação, de maneira bre-
ve, já que se trata de um assunto muito extenso. A partir dos conceitos de teoria da
comunicação explorados, observaremos as funções da linguagem, conhecimento fun-
damental para o estudo de produção textual.
No que tange ao conteúdo da terceira unidade do livro, mais voltada para o ato de ler,
você terá a oportunidade de compreender como ocorre o processo de leitura e de en-
tender o quanto leitura e escrita estão interligadas para a construção do sentido no tex-
to. Aliado a isso, discutiremos sobre o papel da leitura competente na vida pessoal e
social dos indivíduos. Posso garantir a você, caro(a) aluno(a), que receber esse conheci-
mento irá ajudá-lo(a) muito no desenvolvimento das habilidades comunicativas relacio-
nadas à atividade do profissional de Secretariado Executivo.
Na quarta unidade, passaremos, então, ao estudo dos gêneros textuais. Primeiramente,
definiremos o conceito de gênero textual, especialmente a partir das conceituações de
Mikhail Bakhtin (1895-1975), para, em seguida, começarmos a falar de alguns gêneros
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
15 Introdução
21 Fatores de Textualidade
38 Coesão Textual
45 Coerência Textual
50 A Construção do Parágrafo
56 Considerações Finais
UNIDADE II
63 Introdução
64 Teorias da Comunicação
74 Funções da Linguagem
88 Considerações Finais
SUMÁRIO
UNIDADE III
O PROCESSO DE LEITURA
95 Introdução
96 O Processo de Leitura
UNIDADE IV
GÊNEROS TEXTUAIS
123 Introdução
UNIDADE V
157 Introdução
197 Conclusão
199 Referências
203 GABARITO
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine
O TEXTO E A CONSTRUÇÃO
I
UNIDADE
DOS SENTIDOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender as definições que possibilitam a significação de um
texto.
■■ Refletir sobre o processo de produção de sentidos no texto.
■■ Conhecer os chamados fatores de textualidade.
■■ Refletir sobre a influência dos fatores de textualidade na construção
dos sentidos de um texto.
■■ Destacar a importância da coesão e coerência textuais.
■■ Compreender a diferença entre coesão e coerência textuais.
■■ Entender os fatores relevantes na construção do parágrafo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Definindo texto e construindo seus sentidos
■■ Fatores de textualidade
■■ Coesão textual
■■ Coerência textual
■■ A construção do parágrafo
15
INTRODUÇÃO
Introdução
I
unidade, espero contribuir com sua formação acadêmica e, por conseguinte, com
seu trabalho como secretário(a) executivo(a), especialmente, no que diz respeito
às produção de textos bem elaborados e coerentes como também à leitura desses.
Está pronto(a)? Então, vamos lá! Boa leitura!
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“O todo sem a parte não é todo
A parte sem o todo não é parte
Mas se a parte o faz todo, sendo parte
Não se diga que é parte, sendo o todo”.
Gregório de Matos
Como você viu, começamos este tópico com o célebre poema do poeta barroco
Gregório de Matos, que já dizia algo sobre as considerações acerca do texto.
Nesse poema, o poeta nos leva a pensar que o texto é um conjunto de partes arti-
culadas e organizadas entre si. Mas vamos aprofundar nossos conhecimentos.
Pensemos: qual o significado a palavra “texto”? De acordo com Saraiva (2000),
o vocábulo vem do termo latino “textum”, que originou a palavra em Língua
Portuguesa “texto” e está relacionado, morfologicamente, a outras, como “tex-
tilis”, “textio”, “textorius”, “textrix”, “textura”, todas derivadas do verbo “textere”,
cujos significados, dependendo do seu complemento, podem ser “tecer, fazer
tecido”; “fazer a teia (aranha)”; “entrançar, entrelaçar”; “construir sobrepondo ou
entrelaçando”. Figuradamente, pode ter o significado de “arranjar, dispor, orde-
nar”; “entabular a conversação”; “compor, escrever uma obra”; “referir, relatar,
narrar, contar”.
Para que fique mais claro, podemos refletir na seguinte associação para que
todos esses significados façam sentidos para você, caro(a) aluno(a). Veja bem
como é simples: o texto é como um tecido, no qual o tecelão vai juntando os fios
soltos para formar um todo, de acordo com a ideia do desenho ou da textura que
ele deseja criar. Assim como o tecido, o texto também é resultado da formação de
dizer do falante que formula e reformula enunciados, construindo os sentidos.
Apenas em um ponto essa associação se difere: enquanto ao artesão é dado
o poder de criar algo, independente de quem seja seu cliente; o emissor neces-
sita de seu receptor para dar vida aos sentidos. Ele não sabe o que virá, apenas
projeta seus objetivos, um fim, o qual precisa ser compreendido pelo receptor.
Precisamos pensar que o emissor, tecelão do discurso, articula-se com o
outro utilizando a língua como instrumento dessa interação. Ele produz dize-
res e constrói sentidos, criando sua própria identidade, pois se encontra situado
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g. como as teorias acionais, nas quais o texto era visto como uma sequên-
cia de atos de fala;
h. pelas vertentes cognitivistas, como fenômeno primariamente psíquico,
resultado, portanto, de processo mentais;
i. p
elas orientações que adotam por pressuposto a teoria da atividade comu-
nicativa, como parte de atividades mais globais de comunicação, que vão
muito além do texto em si, já que este constitui apenas uma fase desse
processo global.
Koch (2008), após apresentar as diferentes maneiras pelas quais um texto já
fora concebido, conclui que:
um texto passa a existir no momento em que os parceiros de uma ati-
vidade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística,
pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situa-
cional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir,
para ela, determinado sentido (KOCH, 2008, p. 30).
Assim a autora completa afirmando que essa concepção de texto está relacio-
nada à visão de que o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, na
relação entre o escritor/falante e o leitor/ouvinte.
A autora acrescenta ainda que emissor e receptor possuem saberes e conhe-
cimentos acumulados quanto aos diversos tipos de atividades da vida social, têm
informações na memória que necessitam ser ativadas para que a comunicação tenha
sucesso. A comunicação gera expectativas, tanto no emissor, pois ele planeja sua fala
(ou escrita) a fim de que seu receptor compreenda, quanto no receptor, que precisa
ativar os saberes e conhecimentos acumulados para que o texto lhe faça sentido.
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b. o semântico conceitual, de que depende sua coerência;
c. e o formal, relacionado ao uso dos elementos coesivos no texto.
É importante que você, prezado(a) aluno(a), saiba que um texto tem extensão
variável, podendo ser formado por uma única palavra, uma frase ou um con-
junto maior de enunciados. No entanto, para que sejam considerados textos, é
preciso, obrigatoriamente, que estejam presentes em um contexto significativo,
já que toda unidade linguística, para ser considerada um texto, precisa ser enten-
dida pelo receptor como um todo significativo.
De maneira geral, diante das propostas de definição de texto por vários auto-
res, podemos concluir, de maneira sucinta, que um texto, falado ou escrito, de
qualquer extensão, é uma unidade de linguagem em uso, na qual alguém sempre
diz algo a outro alguém, que precisa ser um todo significativo coeso e coerente
dentro de determinada situação comunicativa.
Espero que, com as informações expostas, eu tenha acrescentado e contri-
buído para seu entendimento sobre o que vem a ser um texto, visto que meu
objetivo aqui é esclarecer a definição desse termo para que, posteriormente, você
possa utilizá-lo das mais diversas formas no momento de produção ou recepção
de textos. O próximo tópico desta unidade será enfocado nos fatores de textu-
alidade, que mostrarão um conjunto de características pertinentes a um texto.
Vamos lá! Continue estudando!
FATORES DE TEXTUALIDADE
Fatores de Textualidade
I
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Como sabemos, cada um desses fatores colabora de forma significativa com
a aquisição do sentido do texto, por isso a importância de se estudar esses con-
ceitos, já que você, em sua prática profissional, trabalhará, frequentemente, com
a construção de sentidos de um texto, seja no momento de leitura, seja na pro-
dução de um texto. Por isso, vamos nos aprofundar no assunto!
A intencionalidade
Quando vamos produzir um texto, antes de iniciarmos a escrita, fazemos plane-
jamentos mentais a respeito do que iremos escrever sobre determinado assunto.
Nesse momento, pensamos em qual será nosso objetivo ao escrever aquele texto.
É por meio dessa reflexão que chegaremos ao fator intencionalidade.
Joãozinho
O tio pergunta ao sobrinho:
− Joãozinho, o que você quer fazer quando crescer? É ficar grandão assim
como eu?
E o Joãozinho responde:
− Eu quero fazer regime...1
Fatores de Textualidade
I
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que o outro compreenda bem o que queremos comunicar.
O exemplo a seguir, uma piada, mostra uma situação comunicativa sem
muito sucesso, pois emissor e receptor não marcaram, de maneira bem definida,
qual a intenção em cada uma das últimas falas:
A aceitabilidade
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Perceba que esse enunciado apresenta alguns problemas gramaticais, mas, segundo
Fatores de Textualidade
I
o autor, ele pode ser aceito em contextos específicos. Com isso, podemos afirmar
que a aceitabilidade como fator de textualidade está mais relacionada ao sentido.
Portanto, podemos concluir que a aceitabilidade e a intencionalidade são
fatores de textualidade que estão intimamente ligados, pois, conforme vimos, o
emissor, ao produzir seu texto, tem sempre uma intenção com o receptor, e este,
por sua vez, empenha-se para compreender o texto em questão.
Dando continuidade aos fatores de textualidade, partiremos agora para as
considerações sobre a situacionalidade.
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A situacionalidade
Observe que, apesar de termos discutido, até aqui, apenas dois fatores de textu-
alidade, eles se relacionam com a construção dos sentidos em um texto, além de
influenciar no direcionamento do mesmo.
É dessa maneira que a situacionalidade está ligada à adequação do texto a
uma situação comunicativa. Como vimos, todo texto depende do contexto em
que ocorre, e é o contexto que irá definir o sentido de um texto.
Um único texto pode ter diversos sentidos, mas é o contexto sociocomuni-
cativo em que ele ocorre que definirá um significado específico, que conduz não
só a produção (o emissor), mas também a recepção (o leitor) do texto.
De acordo com Costa Val (1991), um texto menos coeso e aparentemente
menos claro pode funcionar melhor, ser mais adequado do que outro de confi-
guração mais completa, por ocorrer em determinado contexto. Como exemplo,
a autora cita as placas de trânsito, pois, segundo ela, são mais apropriadas à situ-
ação em que são usadas do que um texto longo, explicativo, que, provavelmente,
os motoristas não teriam tempo de ler.
Dessa maneira, vemos que as placas de trânsito são apropriadas para a situ-
ação comunicativa específica em que são utilizadas. Talvez, em outras situações
de uso, elas não sejam tão significativas. Por isso é importante levar em consi-
deração as características da situação comunicativa em que o texto é produzido.
Podemos pensar também, para que fique ainda mais claro, que, em diálogos
face a face, as informações costumam ser mais concisas e breves, pois a situação
em que esse diálogo ocorre funciona como esclarecedor do significado, por mui-
tas vezes, até ampliando ainda mais a compreensão dos sentidos.
dos, nos quais não só as palavras, mas também as frases podem adquirir sentidos
distintos de acordo com as mais variadas situações comunicativas. Isso ocorre
porque a comunicação tem influência de diversos fatores situacionais, que fazem
com que um texto seja relevante em uma dada situação, já que, como vimos, uma
produção escrita figura como uma ação dentro de uma situação específica, orien-
tada por quem a produz. O lugar, o tempo e o interlocutor são alguns exemplos
desses fatores situacionais.
É preciso mencionar que, quando falamos em interlocutor, para que um
texto tenha sentido, devemos levar em conta a interação entre esses indivíduos,
as crenças, conhecimentos, desejos, preferências e valores de cada um.
Segundo Marcuschi (2008), esse fator de textualidade refere-se justamente
ao fato de relacionarmos o evento textual à situação, social, cultural ou ambien-
tal, em que o texto acontece. De acordo com o autor, a situacionalidade serve
para interpretar e relacionar o texto ao seu contexto interpretativo. Mais do que
isso, a situacionalidade orienta a própria construção do texto, configurando-se,
assim, como um fator de textualidade considerado estratégico.
Para Koch e Travaglia (2011), se a condição de situacionalidade não ocorre,
o texto ficará com o sentido comprometido e tende a parecer incoerente, pois a
compreensão do seu significado se torna confusa e difícil para os parceiros da
comunicação.
Além dos vários aspectos mencionados aqui para que você compreenda
claramente esse fator de textualidade, é importante dizer que há outras carac-
terísticas que precisam ser levadas em consideração no momento de produzir
um texto, como o grau de formalidade entre os participantes da comunicação, as
Fatores de Textualidade
I
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A seguir, dando continuidade aos fatores de textualidade, aprenderemos
mais sobre a informatividade. Aproveite ao máximo todas essas informações!
A informatividade
Normalmente, no nosso dia a dia, quando lemos algum texto veiculado pela
mídia, não temos grande dificuldade em compreender as informações ali pre-
sentes. Porém, é possível encontrar textos bastante formais e complexos, que
exigem um alto nível de conhecimento de seus leitores.
Melhor dizendo, há textos altamente previsíveis, como revistas, jornais, diá-
logos de telenovela, algumas letras de música, bilhetes familiares, propagandas
comerciais etc. Mas há outros de leitura mais complicada, como textos acadêmi-
cos, revistas especializadas em alguma área da saúde, petição judicial, entre outros.
Isso ocorre devido ao grau de informatividade por parte do leitor, que, por
sua vez, depende do conhecimento sobre o tema, sua experiência de leitura a
respeito do gênero ao qual pertence o texto que está lendo, o contexto do texto
que está lendo etc.
De acordo com Koch e Travaglia (2011), quanto menor for a previsibilidade
(ou expectatividade) de um texto por parte do leitor, maior será seu grau de
informatividade. Ou seja, um texto considerado pouco informativo será aquele
que contiver um número considerável de informações já esperadas pelo leitor.
O grau de informatividade vai depender da quantidade de informações espera-
das ou não que o texto apresentar para o leitor.
Isso significa que o leitor de um texto de alta informatividade terá muito mais
dificuldade para processar as informações e compreender o texto. E é justamente
isso que faz com que o leitor aumente seu conhecimento textual.
Um texto de baixa informatividade não exige muito do leitor, pois não há
nenhuma informação nova, desconhecida por ele. Um texto de alta informati-
vidade tende a ser rejeitado por quem o lê devido à dificuldade de intepretação,
pois o texto poderá parecer incoerente.
O ideal é que a informatividade do texto seja média, ou seja, que contenha
informações inéditas, desconhecidas do leitor, mas apoiados em conhecimen-
tos que este já possua.
Para Costa Val (1991), há ainda outro requisito necessário para um texto ser
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A intertextualidade
Possivelmente, você já deve ter visto, lido algo e feito uso da intertextualidade, mas
nem se deu conta de que se tratava desse fator de textualidade. No nosso cotidiano,
muitas vezes, ao lermos determinado texto, já fazemos relação com outros textos
semelhantes, ou seja, promovemos “diálogo” entre textos. Comumente, isso ocorre
quando assistimos a uma propaganda, ouvimos uma música, navegamos pela internet,
entre outras situações, e temos a sensação de que já lemos ou ouvimos aquilo antes.
Fatores de Textualidade
I
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para a fala coloquial, em que se retomam conversas anteriores, quanto
para os pronunciamentos políticos ou o noticiário dos jornais, que re-
querem o conhecimento de discursos e notícias já divulgadas, que são
tomados como ponto de partida ou são respondidos.
1 Coríntios 133
1
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e
toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse amor, nada seria.
3
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e
ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada
disso me aproveitaria.
4
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece.
5
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita,
não suspeita mal;
6
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, dis-
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corria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas
de menino.
12
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face;
agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o
maior destes é o amor.
Fatores de Textualidade
I
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E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem.
Fatores de Textualidade
I
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Paráfrase: a paráfrase é um tipo de intertextualidade muito presente nos
trabalhos acadêmicos, pois parafrasear é dizer o já dito com outras palavras. Ao
parafrasear um texto, as palavras são mudadas, mas a ideia do texto original pre-
cisa ser mantida, não podendo ocorrer a mudança da opinião do autor citado.
Por isso, é muito importante que, ao fazer uso da paráfrase, você deixe claro que
o trecho reproduzido não é de sua autoria, citando a fonte bibliográfica utilizada.
Considere o exemplo citado pelo renomado estudioso no assunto Affonso
Romano Sant´Anna, em seu livro “Paródia, Paráfrase & Cia” (2002, p. 23):
6 Apesar das definições aqui apresentadas, há algumas divergências na conceituação dos processos por alguns
pesquisadores do assunto. Além disso, alguns autores inserem a tradução na lista dos tipos de intertexto. Isso porque ela
pode ser considerada como uma forma de recriação de um texto-fonte em outra língua. No entanto, não discutiremos tal
processo nesses estudos.
Verifique que, nos exemplos acima citados, o primeiro texto utiliza parte do
poema de Gonçalves Dias, Canção do Exílio, o qual é muito abordado como
exemplo de paráfrase. No segundo, o poeta Carlos Drummond de Andrade
retoma o texto-fonte mantendo suas ideias originais, ou seja, não há mudança
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Fatores de Textualidade
I
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá.
Veja que, na paródia, Oswald de Andrade faz uma substituição da palavra “pal-
meiras” por “palmares”, com a finalidade de remeter o leitor ao contexto histórico,
social e racial, já que Palmares diz respeito ao quilombo onde os negros lidera-
dos por Zumbi foram dizimados em 1695. Nesse exemplo, além do efeito irônico
e crítico, introduzindo um comentário social à escravidão existente no Brasil,
podemos verificar um processo de inversão do sentido do texto original, no qual
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Gonçalves Dias aborda o tema da saudade de sua terra natal.
Epígrafe: a epígrafe é um tipo de intertexto muito comum colocado no início
de obras literárias, livros e trabalhos acadêmicos. Refere-se a uma frase, frag-
mento ou citação curta. Tem como objetivo antecipar a temática do texto que
será apresentado ou como um resumo do que se vai ler em seguida. É necessá-
rio que sempre esteja seguido da indicação de autoria.
Uma epígrafe muito conhecida e citada pelos estudiosos do texto é a que foi
inserida pelo autor Luis Antônio Marcuschi no início de seu livro “Produção
textual, análise de gêneros e compreensão” (2008, p. 15):
“Sem o Tu não há o Eu”.
(Friedrich Jacobi)
Como dissemos, a epígrafe tem como finalidade antecipar a temática do texto
que será apresentado. Diante disso, podemos dizer que o autor Luis Antônio
Marcuschi utilizou essa citação no início de sua obra com o objetivo de mos-
trar a relação com o receptor (tu) e o emissor (eu) de um texto em uma situação
comunicativa, já que seu livro aborda a produção textual.
Citação: a citação também é um tipo de intertexto muito utilizado em livros
e trabalhos acadêmicos. Refere-se, de forma direta ou indireta, à transcrição de
parte de um texto original, utilizado com o objetivo de legitimar o ponto de vista
de quem produz um texto, tanto para aprovação como reprovação de uma deter-
minada ideia, conferindo maior credibilidade ao novo texto.
A citação pode ocorrer de duas maneiras: direta e indireta. Na citação direta,
é necessário utilizar aspas, pois utilizamos as palavras literais do autor citado.
Além disso, é imprescindível apresentar o ano de publicação e a página da obra
I - a petição inicial, além dos requisitos exigidos pelo art. 282 do Có-
digo de Processo Civil, deverá especificar os aluguéis e acessórios da
locação com indicação dos respectivos valores (...). (BRASIL, 1991, gri-
fo nosso).
Fatores de Textualidade
I
texto, após o término da pesquisa, para mostrar ao leitor quais foram as obras
utilizadas para a realização do estudo.
Agora que você já conhece todos os fatores de textualidade considerados
pragmáticos, adentraremos os considerados fatores linguísticos: a coesão e a coe-
rência textual. Siga com força e coragem! Continue seus estudos!
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Os fatores de textualidade são utilizados como formas de organizar nossa
comunicação cotidiana? Sem eles, não seria possível a comunicação?
Fonte: a autora.
COESÃO TEXTUAL
Provavelmente, você já tenha lido algum texto de que não compreendeu bem os
sentidos, pois achou as ideias confusas e notou que algo estava faltando. Quando
isso ocorre, podemos dizer que faltou elementos coesivos que ligassem bem as
ideias presentes no texto e, consequentemente, fizessem o texto ter sentido.
A coesão, de acordo com Koch e Travaglia (2011), é revelada por meio de
marcas linguísticas e índices formais, responsáveis pela organização sequencial
do texto e pela progressão das informações presentes nele, a fim de facilitar o
seu entendimento e torná-lo mais atraente para o leitor.
Se os elementos superficiais do texto não estiverem bem “amarrados”, o
texto não terá um bom desenvolvimento. É dessa maneira que a coesão pode ser
entendida também como um tipo de articulação gramatical que permite o esta-
belecimento de boas relações entre os elementos de um texto.
A importância de compreender a coesão está no fato de que ela colabora
para atribuir textualidade a um conjunto de enunciados. Esse processo retrata
um entrelaçamento significativo entre sentenças. O texto, oral ou escrito, não se
constitui apenas em uma sequência de palavras ou frases, mas na maneira como
elas se ligam e se combinam para assegurar um desenvolvimento proposicional.
de marcas linguísticas. Por isso, é possível construir um texto coerente que não
apresente coesão explícita.
Para que você compreenda melhor esse apontamento, analise os exemplos
a seguir:
“Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de vida
humana. Tentativa desesperada de recordar alguma coisa. Nada” (KOCH, 2009,
p. 18).
Brasil do B7
Josias de Souza
BRASÍLIA - Brasil bacharel. Biografia bordada, brilhante. Bom berço.
Bambambã. Bico bacana, boquirroto. Bastante blablablá. Baita barulho. Bobagem,
besteira, blefe. Batente banho-maria. Bússola biruta. Baqueta bêbada.
Coesão Textual
I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Brasil baixada. Borrasca. Barro. Buraqueira. Boteco. Bagulho. Birita. Bílis.
Bochincho. Bebedeira. Bofete. Bordoada. Berro. Bololô. Bafafá. Bazuca. Baioneta.
Bala. Bangue-bangue. Blitz. Bloqueio. Boletim. Bíblia. Bispo. Beato. Benzedeira.
No entanto Koch (2009) nos alerta que também podem ocorrer textos com
elementos coesivos que não são considerados textos por não possuírem coerên-
cia, como é possível verificar no exemplo abaixo:
“O dia está bonito, pois ontem encontrei seu irmão no cinema. Não gosto de
ir ao cinema porque lá passam muitos filmes divertidos” (KOCH, 2009, p. 18).
Coesão Textual
I
Como notamos, por meio dos exemplos apresentados, podemos concluir que
o uso de elementos coesivos oferece ao texto maior legibilidade, pois, segundo
Koch (2009), eles explicitam os tipos de relações estabelecidas entre os elemen-
tos linguísticos que o constituem.
Os mecanismos coesivos são as marcas linguísticas explícitas que operam na
construção da textualidade e na progressão superficial do texto. Quando os ele-
mentos coesivos são utilizados corretamente no texto, eles facilitam a leitura, a
interpretação e a construção da coerência pelos leitores, além de tornar a argu-
mentação mais consistente e convincente.
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Nas palavras de Fiorin (2006, p. 271-272),
a coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados, ob-
viamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem
entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas, sobretudo, por
certas categorias de palavras, as quais são chamadas conectivos ou ele-
mentos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evi-
dência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados.
[...]
O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto
e contribui consideravelmente para a expressão clara das ideias. O uso
inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passa-
gens incompreensíveis.
É importante que saibamos que, ao utilizarmos os mecanismos de coesão, esses
não são formas vazias, ou seja, cada um dos elementos coesivos possui um sig-
nificado. Por isso é necessário conhecê-los bem, pois a escolha de um conector
inadequado prejudicará a coesão do texto.
Sobre isso, Koch (2004) afirma que o uso inadequado dos elementos coe-
sivos dificulta a compreensão do texto, já que eles possuem, por regra, funções
bem delimitadas e não podem ser empregados sem seguir essas regras. Caso
contrário, “o texto parecerá destituído de sequencialidade, o que dificulta a sua
compreensão [...]” (KOCH, 2004, p. 77).
Assim a mesma autora propõe que se considere a existência de duas gran-
des modalidades da coesão, a saber: a coesão referencial (ou remissiva) – a
qual ocorre por meio de aspectos mais especificamente semânticos – e a coesão
sequencial – que se realiza mediante elementos conectivos.
Para que você, caro(a) aluno(a), compreenda melhor cada uma dessas duas
modalidades da coesão, explicarei, separadamente, cada uma delas.
Coesão referencial: como definido por Koch (2004, p. 31), esse tipo de
coesão é “aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a
outro(s) elemento(s) nela presentes ou inferíveis a partir do universo textual”. O
componente que faz a remissão é a forma referencial ou remissiva, e o compo-
nente referenciado é denominado elemento de referência ou referente textual.
Esse elemento de referência poderá ser amplamente representado ou por um
nome, ou por um sintagma, ou por uma oração (ou apenas uma parte dela), ou
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Coesão Textual
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xão. Segundo Koch (2004), as formas remissivas lexicais são encontradas em
expressões ou grupos nominais, nominalizações, sinônimos, hiperônimos, nomes
genéricos, entre outras formas referenciais que fornecem instruções de sentido.
Coesão sequencial: baseia-se, principalmente, no uso dos conectivos, pois,
de acordo com Koch (2009), diz respeito aos procedimentos linguísticos por
meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados ou partes
deles, parágrafos e sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas e/
ou pragmáticas, à medida que faz o texto progredir.
Essa progressão do texto pode ocorrer de duas formas: com ou sem o uso
de elementos recorrentes. Quando há o uso de elementos recorrentes, fala-se
em sequenciação parafrástica. Já, quando não há esse uso, tem-se a sequencia-
ção frástica.
A sequenciação parafrástica pode ocorrer mediante os seguintes procedimen-
tos: a recorrência de termos (reiteração de um mesmo item lexical, repetindo-o);
recorrência de estruturas (paralelismo sintático – a progressão do texto é reali-
zada com a utilização das mesmas estruturas sintáticas, preenchidas com itens
lexicais diferentes); recorrência de conteúdos semânticos (paráfrase); recorrên-
cia de recursos fonológicos (mais presente em poemas e diz respeito à igualdade
de rima, ritmo etc.); recorrência de tempo e aspecto verbal.
A progressão textual na sequenciação frástica ocorre por meio de encade-
amentos sucessivos, “assinalados por uma série de marcas linguísticas através
das quais se estabelecem, entre os enunciados que compõem o texto, determi-
nados tipos de relação” (KOCH, 2004, p. 60). Os conectivos como se, por isso,
porque, para, ou, quando, conforme etc. pertencem a esse tipo de sequenciação.
COERÊNCIA TEXTUAL
Quantas vezes não ouvimos alguém dizer “Ele(a) está sendo incoerente!” ou até
mesmo já fizemos essa afirmação em algum momento. Essa afirmação nos é válida
quando não há uma relação lógica entre as ideias do emissor de determinado
texto, ou seja, há certa contradição entre as partes do texto de quem o produziu.
A partir dessa reflexão, podemos pensar na coerência textual. Esse critério
linguístico está relacionado à construção de sentidos do texto, com a lógica que
o leitor precisa encontrar ao ler uma produção escrita ou ao ouvir um enunciado.
Assim o termo deve ser entendido como algo que se estabelece na interação
entre emissor e receptor do texto, pois as relações de coerência estão voltadas
a atitudes cognitivas do leitor. Essas relações não estão marcadas na superfície
Coerência Textual
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linguísticas; é a ligação entre os elementos superficiais do texto. Já a
coerência tem como fundamento a continuidade de sentidos, dizendo
respeito ao modo como os componentes textuais, isto é, a configuração
dos conceitos e relações subjacentes à superfície do texto, são mutua-
mente acessíveis e relevantes. (grifos da autora)
De maneira geral, segundo Koch (2008), a coerência diz respeito ao modo como
os elementos subjacentes à superfície do texto vêm a construir, na mente dos
interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos.
A autora ainda acrescenta que a coerência não está no texto, mas deve ser
construída a partir dele, levando-se em conta os elementos coesivos presentes
na superfície textual, os quais funcionam como pistas para orientar o interlocu-
tor na construção do sentido do texto.
Segundo Marcuschi (2008), a coerência é uma atividade realizada pelo recep-
tor do texto, já que ele segue as pistas (normalmente ligadas à coesão textual) que
o produtor deixou em sua produção e que em muito auxiliam na interpretação
do texto. Por isso é importante haver uma interação entre o texto, o produtor e
o leitor, para que, assim, haja coerência entre as partes textuais.
Marcuschi (2008, p. 74) acrescenta ainda que o sentido estabelecido pela
coerência “é um efeito do funcionamento da língua quando os falantes estão situ-
ados em contextos sócio-históricos e produzem textos em condições específicas”.
Muitos linguistas discutem a respeito da coerência. Outra definição interes-
sante que podemos mencionar é a de Koch e Travaglia (2011, p. 14):
A coerência é algo que se estabelece na interação, na interlocução,
numa situação comunicativa entre dois sujeitos. Ela é o que faz com
que o texto faça sentido para os usuários, devendo ser vista, pois, como
Coerência Textual
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mentos prévios e/ou partilhados pelos leitores. É esse conhecimento que propicia
ao leitor a construção de um mundo textual ao qual se ligam suas crenças, que
conduzem o modo como o receptor vê o texto, e se fazem referência ao mundo
real ou ficcional, influenciando decisivamente se o leitor vai considerar o texto
como coerente ou não. Assim o conhecimento de mundo é visto como uma espé-
cie de dicionário enciclopédico do mundo e da cultura arquivado na memória
de quem lê um texto. Podemos citar como exemplo, para que fique mais claro
para você, aluno(a), o caso das piadas. Se o leitor não possui esse conhecimento,
a piada não provoca o efeito esperado, que é levar ao riso.
De outra maneira, o conhecimento partilhado refere-se ao fato de o emis-
sor e o receptor de um texto possuírem conhecimentos em comum para que
a estrutura informacional do texto se determine. Essa estrutura diz respeito à
informação dada e à informação nova, ou seja, a informação dada seria aquela
que o leitor consegue recuperar em sua memória ao ler um texto, algo já conhe-
cido por ele. Já a informação nova seria aquela considerada não recuperável a
partir do texto, no sentido literal da palavra, algo novo para o leitor, algo que
ele ainda não conhece.
Os fatores pragmáticos já foram apresentados no início desta unidade quando
estudamos sobre os fatores de textualidade, se lembra? No entanto acho válido
que possamos apenas relembrar quais são esses fatores: intencionalidade, acei-
tabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.
Coerência Textual
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sugestões de leitura que poderão dar sequência a sua leitura desta unidade.
Há muitos outros artigos científicos que tratam desses assuntos aqui estu-
dados. Por isso, não desanime e faça suas pesquisas!
Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre a coesão e a coerên-
cia, recomendo a você que visite as seguintes páginas:
<http://revistalingua.com.br/textos/62/artigo248996-1.asp>
<http://www.oblogderedacao.blogspot.com.br/2012/04/coerencia-textual.
html>. Acesso em: 07 jul. 2015.
Fonte: a autora.
A CONSTRUÇÃO DO PARÁGRAFO
Assim como o texto, o parágrafo também tem uma estrutura, isto é, possui uma
introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, que pode estar implícita ou
subentendida. Na introdução do parágrafo, encontra-se o tópico frasal. De acordo
com Garcia (1985), essa denominação está relacionada ao termo em inglês topic
A Construção do Parágrafo
I
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frasal bem explícito pode ser considerada um modo dedutivo, por partir de uma
generalização do assunto (o tópico frasal) para possíveis especificações contidas
no desenvolvimento do parágrafo.
Há inúmeras formas de tópico frasal. Para que você, caro(a) aluno(a), possa
conhecer algumas dessas formas, citaremos as principais. São elas:
Declaração inicial: o autor faz uma declaração, afirmando ou negando algo
na abertura do parágrafo para, logo em seguida, desenvolver a proposição, justi-
ficando ou fundamentando o que afirmou por meio de exemplos, comparações,
depoimentos, oposições, entre outros meios. Essa é a forma de tópico frasal mais
utilizada nos textos. Vejamos um exemplo :
“A finalidade da escola é educar e ensinar. Ensinar é ministrar conhecimentos,
experiências. A educação é ação formadora da personalidade, que faculta ao indi-
víduo alcançar, com sua atividade, a meta da sua vida.” (MOLINA, 2012, online).
Mesmo nesse pequeno parágrafo conseguimos encontrar o tópico frasal,
que está presente no seguinte período: “A finalidade da escola é educar e ensi-
nar”. Nesse exemplo, a declaração inicial aparece de maneira afirmativa, expondo
qual é a finalidade da escola. Perceba que, em seguida, há a presença de informa-
ções com a finalidade de fundamentar a declaração proferida, tais como: o que
é ensinar e qual a influência da educação na vida do indivíduo.
Definição: uma forma simples e muito usada, a definição possui caráter
didático. Nela, o autor apresenta sua ideia-núcleo em forma de delimitação do
significado de algo dentro de um campo semântico. Por exemplo:
A Literatura é uma arte – a arte da palavra. Na sua natureza, ela tem
origem na imaginação criadora, e não em outra faculdade do espíri-
A Construção do Parágrafo
I
que quem escreve precisa manter um mesmo estilo durante toda a apresentação
do texto, sem variar, por exemplo, do sério para o debochado. Já no conteúdo,
segundo o mesmo estudioso, não se pode apresentar contradições de ideias no
interior do parágrafo. Por exemplo, se em um período a pessoa que escreve é a
favor da redução da maioridade penal e em outro posterior afirma que é contra,
isso torna o parágrafo incoerente.
Concisão: é interessante que o escritor seja breve, ou seja, escreva somente o
necessário, apresentando as ideias já escolhidas e organizadas sequencialmente.
Ênfase: enfatizar as principais ideias de cada parágrafo é uma qualidade
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necessária ao produtor do texto. Para que isso ocorra, ele pode utilizar-se de
algumas técnicas como a escolha cuidadosa de uma palavra e/ou expressão ade-
quada para representar uma ideia; posição das orações no período; a extensão
das orações e dos parágrafos; repetição da ideia principal etc. Para Figueiredo
(1999), o produtor do texto que se utiliza dessas qualidades, consegue aprimo-
rar seu texto e torná-lo compreensível para o leitor.
Para auxiliar ainda mais em sua escrita, prezado(a) aluno(a), traremos
algumas sugestões, apontadas por Garcia (1985) e Figueiredo (1999), para o
desenvolvimento adequado dos parágrafos. Entretanto seguir esses processos
apresentados pelos autores não é suficiente. É preciso que você, aluno(a), saiba
fundamentar, de maneira clara e apropriada, as ideias que expõe ou defende,
pois a escolha da técnica adequada dependerá da natureza do assunto a ser tra-
tado e da finalidade do que será divulgado.
Vamos, então, conhecer um pouco mais os principais tipos de parágrafos
utilizados em nossos textos de acordo com os autores citados:
TIPOS
No parágrafo de introdução, geralmente, expõe-se o as-
Introdução sunto a ser desenvolvido. Ele requer um tópico frasal claro
e bem marcado.
O exemplo apresenta-se com um ótimo instrumento de
Exemplificação ou comunicação, pois os parágrafos com exemplos ou ilus-
ilustração trações trazem maiores esclarecimentos e tornam a leitura
mais acessível.
Assim, encerramos este tópico com os principais tipos de parágrafos que você,
aluno(a), encontrará em suas leituras e que o(a) auxiliará no ato da escrita, tor-
nando-a mais clara e eficiente.
A Construção do Parágrafo
I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta primeira unidade! Espero que, até aqui, eu tenha cola-
borado com a ampliação de seu conhecimento sobre o que é texto e sobre a
importância de entender como ocorre o processo de produção de sentidos den-
tro de um conjunto maior de enunciado, pois precisamos entender que o texto
não pode ser encarado como um produto pronto, mas como um processo social,
um evento comunicativo sempre em ascensão. Não podemos nos esquecer de
que sua função central é estabelecer comunicação entre emissor e receptor.
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Discorremos, com detalhes, cada fator de textualidade, mais especificamente
os considerados pragmáticos e os denominados linguísticos. Com esse conhe-
cimento, podemos concluir que, para se compreender o sentido de um texto e
também para se alcançar a coerência textual ao se produzir um, os fatores de
textualidade estudados precisam estar interligados.
Conhecer as questões voltadas aos fatores de textualidade é compreender
como todas elas influenciam não só no ato de escrita como no de compreensão
de textos e suscitam consequências significativas no processo de comunica-
ção. Além disso, estudamos os processos essenciais para uma produção textual
de qualidade: a coesão e a coerência. Como vimos, tais fenômenos linguísticos
estão sempre vinculados, mas precisam ser encarados como noções distintas.
Foram apresentados os tipos de coesão utilizados nos textos que lemos e
escrevemos e os fatores que ajudam no estabelecimento da coerência em uma
produção escrita. Por fim, estudamos as teorias referentes à construção do pará-
grafo. Sobre isso, destacamos o estudo do tópico frasal, as qualidades que um
bom parágrafo precisa ter e também alguns dos tipos de parágrafos que utiliza-
mos para produzir textos com sentido completo.
Diante de tudo que foi apresentado a você, prezado(a) aluno(a), desejo que
esses conhecimentos enriqueçam fortemente o seu trabalho e o seu desempenho
como secretário(a) executivo(a). Com todo o estudo desta unidade, você poderá
melhorar ainda mais sua escrita, fazendo com que o seu leitor compreenda as
relações de sentidos que você estabeleceu na comunicação e, consequentemente,
tornando-o um profissional de sucesso.
1. Diante das definições expostas por vários estudiosos da língua, apresente uma
significação para texto, ressaltando qual o ponto de vista teórico escolhido por
você.
2. Apresente os fatores de textualidade que caracterizam um texto e diferencie-os.
3. Como podemos distinguir a coesão da coerência textual? Explique.
4. Tendo em vista o que fora estudado sobre a construção do parágrafo, aponte as
cinco qualidades relevantes para escrever um bom parágrafo.
5. Pesquise em sites, revistas, livros e demais meios de comunicação um texto pa-
ragrafado de sua preferência. Após realizar a leitura do texto, analise, com base
no que foi estudado nesta unidade acerca da construção do parágrafo, o tópico
frasal e o(s) tipo(s) de parágrafo empregado(s) em tal texto escolhido.
APROFUNDANDO A INTERTEXTUALIDADE...
Conforme estudamos, a intertextualidade está relacionada ao conceito de texto
como objeto heterogêneo, que revela uma relação de seu interior com seu exte-
rior e, desse exterior, fazem partes outros textos que lhe dão origem, com os quais
dialoga, que retoma, a que alude, ou a que se opõe. Além disso, a intertextualidade
compreende as diversas maneiras pelas quais a produção e a recepção de um dado
texto dependem do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores.
Melhor dizendo, esse fator de textualidade depende da existência de um ou mais
textos para que os sentidos ocorram.
Essa conceituação você já conhece e se faz essencial para uma escrita e/ou leitura
adequada. No entanto existem alguns conceitos que precisam ser diferenciados do
fator intertextualidade. Um deles é a chamada “paratextualidade”, que se refere ao
conjunto de elementos que estão em torno do texto, como o título, os prefácios, as
ilustrações etc. Outro conceito é a “metatextualidade”, que diz respeito ao nível de
reflexão de um texto com o comentário que dele se faz.
Há também a chamada “arquitextualidade”, considerada mais abstrata, e que diz res-
peito às situações em que se coloca um texto em relação com as diversas classes às
quais ele pertence. Um determinado poema, por exemplo, pode estar em relação
de arquitextualidade com a classe dos sonetos. A “hipertextualidade” constitui-se
por meio de textos formados por hipertextos, os quais têm por característica básica
apresentar o texto de forma não linear, ou seja, cada leitor pode seguir um caminho
diferente ao realizar a leitura.
Por fim, e talvez você já tenha até ouvido esse termo, há o conceito de “polifonia”, uti-
lizado para caracterizar a pluralidade de vozes concorrentes em um texto. Ou seja,
de acordo com a noção de polifonia, os estudiosos acreditam que todo texto é per-
passado por vozes de diferentes enunciadores, ora concordantes, ora dissonantes.
Na verdade, o próprio fenômeno da linguagem humana já é dialógico, polifônico.
Veja, prezado(a) aluno(a), que as questões sobre a intertextualidade não se esgotam
por aqui. Ainda há muitos estudos que podemos realizar para aprofundar cada vez
mais nossos conhecimentos.
Fonte: a autora.
MATERIAL COMPLEMENTAR
A coerência textual
Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia
Editora: Contexto
Sinopse: expõe a constituição dos sentidos nos textos e seus
fatores: os elementos linguísticos, o conhecimento de mundo,
as inferências e a situação. Apoiado em exemplos bem
escolhidos, traduz em miúdos a complexa propriedade da
coerência textual, sendo de grande auxílio para estudantes,
vestibulandos e universitários.
Fatores de Textualidade
Assista ao vídeo a seguir. Ele traz, de modo claro e objetivo, informações precisas, especialmente
sobre o fator situacionalidade; apresenta aspectos teóricos e exemplos de como podemos
identificá-lo em placas, músicas, propagandas, discursos, tiras ou mesmo em palavras e frases.
Confira!
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gUhyD6UxuRI>. Acesso em: 23 jul. 2015.
Material Complementar
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine
FUNÇÃO SOCIAL DA
II
UNIDADE
ESCRITA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender que a escrita possui uma função social muito
específica.
■■ Conhecer algumas teorias de comunicação, entendendo de que
forma explicam o processo comunicativo.
■■ Refletir sobre o processo comunicativo e a relação entre os elementos
que o compõem.
■■ Conhecer as funções da linguagem, destacando suas principais
características.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Teorias da comunicação
■■ Estrutura e funcionamento da comunicação
■■ Funções da linguagem
63
INTRODUÇÃO
objetivo esperado daquele que escreve, deve ser clara e objetiva para que a men-
sagem enviada seja plenamente entendida pelo leitor.
Por isso, dizemos que a escrita possui, assim como a leitura, uma utilidade,
e essa utilidade é social, pois é compartilhada pelos indivíduos de um grupo.
Ou seja, se entendemos que a escrita não é meramente um código, e sim uma
ferramenta social de comunicação assim como a língua é concebida, mais será
possível dominar seus usos e possibilidades.
Esse conhecimento é importante para você, aluno (a), porque o curso de
Secretariado é um curso que necessita o estudo da língua/linguagem, já que
prepara o indivíduo para redigir textos profissionais, utilizando a comunicação
geral, além das técnicas redacionais. Sendo assim, é importante que você tenha
em mente que a língua e, consequentemente, a leitura e a escrita possuem fun-
ção social e socializadora, pois será exigido desse profissional saberes para atuar
nas habilidades de fala, escrita, leitura e, ainda, áudio-compreensão.
Além disso, abordaremos nesta unidade sobre as teorias da comunicação.
Apesar de ser um assunto extenso e complexo, mas ao mesmo tempo muito inte-
ressante e útil, não poderemos esgotá-lo. No entanto, cabe a cada aluno a função
de pesquisar mais a respeito e não somente prender-se a leitura do livro. Outro
item da unidade trará os conhecimentos sobre as funções da linguagem e as for-
mas de classifica-las.
Assim, espero poder trazer contribuições significativas para seu progresso, e
que a leitura e o estudo desta unidade sejam esclarecedores e adicionais ao con-
teúdo já discutido. Boa leitura!
Introdução
II
TEORIAS DA COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nicação é a interação entre dois ou mais indivíduos que tornam uma informação
comum. Temos a necessidade de comunicação, no entanto essa interação verbal
e dialógica não ocorre de maneira simples: é necessário todo um estudo para que
possamos compreender o vasto território em que essas teorias se encontram. Por
isso o presente estudo trata de possibilidades de compreensão da ação de tornar
uma informação comum a dois ou mais indivíduos.
De acordo com Serra (2007), a multiplicidade de teorias de comunicação
forma um conjunto complexo e problemático. Isso porque a comunicação é uma
área ampla, com elementos diferentes e dispersos, de modo que a empreitada
de sistematizar informações relacionadas à comunicação se torna um trabalho
intenso. O referido autor afirma que, em uma pesquisa de 1996, um determi-
nado pesquisador conseguiu listar 249 definições ou teorias da comunicação.
Por isso ressaltamos que não temos a prepotência de falar tudo sobre o tema.
Compartilhamos da posição de Serra (2007) quando assinala que não seria pos-
sível reunir diversas teorias, formadas a partir de perspectivas tão díspares, em
um único local, sob pena de perder o foco e dificultar uma compreensão mínima
do que o termo “comunicação” implica.
Muitas dessas teorias acompanham, de modo geral, alguns modelos que se
repetem e que se encontram, principalmente, entre as teorias da sociologia e a
psicologia, ou seja, fundamentam-se ora no grupo, ora no indivíduo.
Com relação à sociologia, os paradigmas mais abordados são o funciona-
lismo estrutural, a evolução social, o modelo de conflito social e o interacionismo
simbólico. A partir desses paradigmas, surgiram, respectivamente:
ou objeto, não terá se efetivado a comunicação entre eles (ou ela será
problemática).
No caso da psicologia, as teorias mais usadas para explicar a comunicação estão
ligadas ao behaviorismo, à psicanálise e ao paradigma cognitivo. Serra (2007)
acrescenta ainda outras teorias para mostrar a existência de outros modelos
de comunicação, tais como: o informacional, o semiótico-informacional e o
semiótico-textual.
O autor, entretanto, dará ênfase em outras duas teorias no estudo da comu-
nicação, são elas:
Diante dessas duas teorias, a comunicação pode ser considerada tanto como
um evento de transmissão de informações quanto de produção conjunta de sig-
nificados. No entanto, segundo Silva (2007), torna-se difícil escolher apenas
um desses estudos, já que a comunicação pode se fazer presente em todos eles,
Teorias da Comunicação
II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Epstein (1999) afirma que só quando pensamos na comunicação animal que
conseguimos entender o princípio mais fundamental da comunicação. Isso
porque, ao se comunicarem, os animais, dependendo da espécie, trocam
sons, substâncias químicas ou posturas corporais para alterar a probabili-
dade de ocorrência de um padrão de comportamento em outro indivíduo.
Ou seja, um animal, ao mandar sua “mensagem”, espera um determinado
comportamento do receptor de sua mensagem.
Os animais possuem apenas a comunicação não verbal para socializarem e
a quantidade de sinais varia de espécie para espécie. Os vertebrados apre-
sentam entre 30 e 40 sinais para comunicação, os peixes chegam a 10 sinais
e os insetos não possuem mais do que 10 a 20 categorias de sinais. O ser
humano também se utiliza de sinais não verbais, mas em quantidade muito
superior. Estima-se que ele use, em média, cerca de 150 a 300 sinais enquan-
to se comunica, além da linguagem verbal, da qual é o único usuário entre
todos os animais.
Fonte: baseado em Epstein (1999).
Em seu livro “Manual de Semântica”, Rector (1980) esclarece que o termo “Função”
vem do latim functione, que significa execução de um encargo. Dessa maneira,
diz a linguista, seria adequado considerar que, ao falarmos de funções da lingua-
gem, essas seriam instrumentos executores subordinados às múltiplas exigências
a que a linguagem tem de adaptar-se para ser o suporte efetivo da comunica-
ção. Melhor dizendo, essas funções seriam os diversos trajes de que a linguagem
se reveste de acordo com a intenção da mensagem que se quer transmitir. O
estudo das funções e sua compreensão passam pela correlação com a teoria da
comunicação.
Por isso, diante das variadas teorias que discorrem sobre a comunicação,
é possível estabelecer uma questão em comum: a comunicação necessita, no
mínimo, de um emissor e de um receptor. Ou seja, um indivíduo, grupo ou enti-
dade que envia uma mensagem e outro que a recebe. Apesar de ser essa a base
comunicativa, há diversos outros fatores que envolvem essa relação, como pode-
mos verificar na Figura 1:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REFERENTE
REMETENTE DESTINATÁRIO
(EMISSOR)
CANAL (CONTATO) (RECEPTOR)
MENSAGEM
CÓDIGO
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de uma catástrofe econômica. No exemplo “Meu banco quebrou”, temos a pala-
vra “banco”, nesse caso, como foco da possibilidade de múltipla interpretação,
pois “banco” pode tanto referir-se a um objeto feito para se sentar quanto a uma
instituição financeira.
Se interpretarmos a palavra “banco” como um objeto, esse exemplo ilustra
um pequeno acidente doméstico, em que o elemento teria quebrado, sendo inu-
tilizado ou precisando de conserto e com poucas consequências negativas. No
entanto, se considerarmos o termo “banco” como uma instituição financeira, o
verbo “quebrar” estará no sentido de “falir”. As consequências, nesse sentido,
serão mais graves, já que meus investimentos e economias podem estar em perigo.
Para que possamos saber qual o real sentido atribuído à palavra “banco”, o
contexto será o responsável por essa delimitação de significados.
Outro elemento presente na comunicação é o canal ou contato, que iden-
tifica o meio utilizado para transmissão da mensagem, que pode ser a fala, a
escrita, uma carta, um e-mail, um telefonema, gestos, entre outros. Enfim, é a
via de circulação das mensagens.
Há também o referente, que é o assunto da mensagem, ou seja, é o que res-
ponde a pergunta “do que se fala?” no processo comunicativo.
Mesmo diante de todos esses elementos, a comunicação nunca será comple-
tamente efetiva. Isso ocorre porque os indivíduos são diferentes, têm histórias de
vida diferentes, conhecimento e crenças diferentes, e tudo isso afeta a maneira
como tais sujeitos decodificam uma mensagem recebida.
Além disso, o processo de comunicação pode sofrer as chamadas interfe-
rências ou ruídos, os quais provocam barreiras, impedindo que a mensagem
palavras, folha impressa que foi borrada por água, dificuldade visual do leitor
(ou auditiva do interlocutor), cansaço, falta de iluminação, entre outros casos.
As interferências culturais estão relacionadas a algum tipo de desnível cul-
tural entre remetente e destinatário, crenças diferentes, desnível cognitivo, frases
complicadas, mal reformuladas ou ambíguas etc.
Por fim, as interferências psicológicas são aquelas associadas ao estado de
espírito do remetente e do destinatário, envolvendo tanto o nível de agressivi-
dade, aspereza, simpatia etc., entre emissor e receptor, quanto o estado de espírito
do indivíduo, que pode ser mais pessimista ou otimista, depressivo ou alegre,
autoconfiante ou inseguro etc. Por exemplo, uma pessoa insegura pode interpre-
tar comentários inocentes como críticas, ao mesmo tempo em que uma pessoa
otimista pode interpretar críticas negativas como sendo sugestões de melhoria.
As interferências ou ruídos podem levar um indivíduo a produzir uma res-
posta “incorreta” para a mensagem que recebeu. Para evitar isso, é necessário
que, ao comunicarmos, estejamos atentos se estamos produzindo uma men-
sagem da maneira mais clara possível, com o mínimo de interferências, e nos
garantindo de que não haverá desníveis culturais e problemas físicos que atra-
palhem a transmissão adequada da mensagem.
É importante prestar atenção e conhecer quais pontos da comunicação são
mais vulneráveis a ruídos e, com isso, uma boa maneira de evita-los é entendendo
bem como se estrutura a comunicação. Assim, se tudo acontecer de forma ade-
quada, o destinatário assumirá o lugar de remetente e responderá a mensagem
enviada da forma esperada, de modo que a comunicação estará se processando
adequadamente.
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onde se estabelece o processo de comunicação. Como, por exemplo, quando
sofremos a interrupção por alguém durante a leitura de um texto ou a dificul-
dade de conversar com alguém durante um show de música.
Outra questão essencial que precisamos abordar é a respeito do código. Esse
não é uma estrutura sempre homogênea, ou seja, há códigos fechados, cuja inter-
pretação é unívoca, não deixando espaço para interpretações; e códigos abertos,
que permitem mais de uma interpretação.
Como exemplo, podemos citar o caso das placas de trânsito: uma placa de
“não vire à esquerda” é um código fechado, pois há apenas uma interpretação
para ela e uma única resposta possível, ou seja, o motorista que ver tal placa não
virará à esquerda.
No entanto, no nosso dia
a dia, a maioria dos códigos
que utilizamos é, na verdade,
aberta. Pense, por exem-
plo, no sistema das horas:
muitas vezes, podemos nos
confundir por não utilizar-
mos o sistema de 24 horas.
No bilhete a seguir, é possível
verificar como isso ocorre.
Izidoro Blikstein (2005)
utiliza-se de um bilhete
semelhante em seu livro para Placas de trânsito são bons exemplos de códigos fechados,
com interpretação unívoca.
explicar, com sucesso, como isso ocorre. Fizemos algumas adaptações utilizando
um trecho do bilhete para mostrar a você, aluno(a), como isso ocorre. Vejamos:
Maria, quero que você me reserve um lugar, à noite, no trem das 8 para o Rio.
O autor conta que esse bilhete foi deixado pelo gerente de uma empresa para a
nova secretária. E ressalta que, nesse caso, o gerente perdeu o trem, pois a secre-
tária foi, à noite, até a estação ferroviária e apenas reservou um lugar no trem
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das 8 horas da manhã do dia seguinte. Podemos refletir: qual a falha aqui? Qual
dos dois indivíduos agiu de forma incorreta para que a comunicação não ocor-
resse com sucesso?
A falha, nesse caso, em nenhum momento foi da secretária. A falha foi
do gerente, que não foi suficientemente claro em relação àquilo que desejava,
principalmente por saber que a funcionária era nova no trabalho e não estaria
habituada com a rotina do gerente.
De todos os equívocos presentes no bilhete, gostaria que você voltasse sua
atenção, sobretudo, ao horário apontado. Ao dizer oito horas, sem maiores escla-
recimentos, é algo que precisa de cuidado, pois gera uma frase ambígua, que
pode ter duas interpretações possíveis. O gerente poderia ter escrito 20h, caso
ele tivesse a intenção de viajar à noite ou, pelo menos assinalar, na sequência do
horário, a indicação do período do dia: 8h da noite.
Outro ponto que poderia gerar ambiguidade na mensagem do bilhete é o
termo “lugar”. A funcionária comprou um lugar convencional no trem e não
em uma cabine com leito, como era de costume o gerente viajar. Diante disso,
dizer que quer um “lugar” no trem não especifica que tipo de lugar seria esse.
Não dá para saber, só com essa informação, se seria um lugar convencional ou
uma cabine com leito.
Dessa forma, estamos diante de um código que pode ser denominado aberto,
pois permite mais de uma decodificação e, em consequência, mais de um signi-
ficado e mais de uma resposta e/ou ação.
É importante que fique claro para você, prezado(a) aluno(a), que deter-
minados contextos profissionais, nos quais você estará inserido(a), utilizam a
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como “aguardo a sua resposta o mais breve possível”, significando “até amanhã”
ou “até qual horário?”, entre outras possiblidades.
No entanto, em certos casos, há situações em que os objetivos e o contexto
cultural justificam o uso do código aberto, no qual o emissor deseja produzir
significados ambíguos, irônicos, sem objetividade. Por exemplo, um empresá-
rio que não quer ceder às pressões dos funcionários para o aumento do salário,
poderá dizer que “o assunto está sendo analisado com prudência”. No contexto
jornalístico, é comum vermos essas ocorrências, tal como em uma notícia que
diz “o Ministro das Finanças vai muito bem”, a qual o leitor pode compreender
de dois modos: “a gestão do Ministro das Finanças vai indo muito bem” ou “o
Ministro das Finanças tem tido muito êxito em sua vida particular”.
Além do conhecimento de todos esses elementos que compõem a comuni-
cação, não podemos nos esquecer de que cada indivíduo possui um repertório.
De acordo com Blikstein (2005), todos nós carregamos uma “bagagem cultural”,
isto é, todo indivíduo tem a sua história de vida, a sua educação, a sua família,
frequentou igreja, trabalhou em diferentes lugares, estudou, viajou, conheceu
outros indivíduos etc. Enfim, todos temos construções simbólicas, ideológicas,
religiosas, intelectuais etc., a partir das quais interpretamos mundo.
Como vimos, o repertório tem influência direta na compreensão adequada
da mensagem e, consequentemente, na comunicação. Podemos retomar a situação
exposta por Blikstein (2005) no bilhete, que também exemplifica o repertório:
se o gerente tivesse atento ao repertório da secretária, teria acrescentado a infor-
mação “lugar em cabine com leito” que, apesar de evidente para ele, constituía
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
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Tendo em vista a importância da estrutura e do funcionamento da comunica-
ção, elaborado por Roman Jakobson, para a teoria da comunicação, neste tópico,
iremos estudar sobre as funções da linguagem. No entanto, antes de adentrar-
mos nesse assunto específico, quero relembrar com você, caro(a) aluno(a), o
quanto a linguagem está relacionada com o mundo, ou seja, as palavras nunca
estão sozinhas, não são sentido puro. Toda palavra, para que possua um signi-
ficado específico, envolverá os seguintes elementos da comunicação: referente,
emissor, receptor, mensagem, contexto, canal e código, além de outros itens que
também terão influência no processo da comunicação.
Neste tópico, abordaremos as funções ou usos da linguagem, pois, como
já vimos, as palavras estão sempre atreladas ao remetente e ao destinatário e a
situações reais, isto é, são utilizadas para algum objetivo ou função específica.
Diante disso, as funções da linguagem são recursos empregados pelo emis-
sor (ou remetente) no momento de transmitir uma mensagem, com o intuito
de que ela seja compreendida pelo receptor (ou destinatário). Além disso, esses
recursos podem ser usados para reforçar algum elemento linguístico e, como
consequência, facilitar a compreensão do receptor com um determinado efeito
transmitido na mensagem.
Entretanto, analisaremos, em primeiro lugar, diferentes possibilidades de
atribuição de funções para a linguagem, refletindo nas finalidades para as quais
ela é empregada. Uma dessas possibilidades seria classificar as funções da lingua-
gem de acordo com o tipo de texto que elas constroem. Dessa forma, podemos
falar em textos:
Funções da Linguagem
II
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É importante ressaltar que em uma mesma mensagem pode conter várias des-
sas funções, apesar de sempre ter uma que será predominante. A justificativa
apresentada por Chalhub (2002, p. 08) para essa ocorrência é a de que há múl-
tiplas possibilidades do uso do código e, com isso, entrecruzam-se diferentes
níveis de linguagem. Nas palavras do referido autor, “a emissão, que organiza
os sinais físicos em forma de mensagem, colocará ênfase em uma das funções
– e as demais dialogarão em subsídio” (CHALHUB, 2002, p. 08). No nosso dia
a dia, por exemplo, além da função referencial (o que faz com que a mensagem
seja imediatamente compreendida), há um pouco da função conativa, que pode
ocorrer no diálogo com alguém, quando tentamos convencer nosso receptor, ou
mediante a narração de uma situação triste que o emissor vivenciou, nesse caso,
teremos a função emotiva.
Na leitura a seguir, exemplificaremos cada uma das funções da linguagem
de acordo com o elemento enfocado. Sabendo que uma mesma mensagem pode
apresentar diferentes funções, será a predominância de um dos elementos que
determinará a predominância de uma função da linguagem. Vamos lá?!
Função referencial
Também conhecida com denotativa ou informativa, é centralizada no referente,
pois o emissor oferece informações da realidade, ou seja, o objetivo de uma men-
sagem enfocada na função referencial é apresentar o assunto enfocado, de forma
clara, objetiva, direta e sem ambiguidade, prevalecendo a 3ª pessoa do singular.
O uso da função referencial está presente no discurso científico, técnico e
em alguns tipos de discurso jornalístico mais neutros. Por isso a finalidade dessa
detergente.
Os cientistas já estudavam há 17 anos a bactéria Pseudomonas aeruginosa
LBI em uma pesquisa para a produção de detergente biológico, até perceberem
que ela tinha a capacidade de destruir as larvas do Aedes aegypti, mosquito cau-
sador da dengue, no estágio de larva e na fase adulta, além de funcionar como
repelente [...].1
Como é possível observar, o exemplo é neutro, imparcial, pois não percebemos
nem a presença do emissor, nem do receptor da mensagem. O interesse, nessa notí-
cia, está na mensagem em si, que está expressa de modo impessoal, informando
dados científicos, além de apoiar a importância da mensagem a partir da referên-
cia a pessoas ou grupos possuidores de conhecimento abalizado. A ênfase está no
objeto que serve de referência para a mensagem e o objetivo de quem escreveu a
notícia é traduzir a realidade visando à informação. Observe mais um exemplo:
Reações adversas: não há relatos até o momento. Caso ocorra qualquer rea-
ção desagradável, suspender o uso do produto.
Bula do produto “Mel, Própolis e Guaco”.
Funções da Linguagem
II
certo ponto ilegível para muitas pessoas. Entretanto o importante é notar que
não há emotividade e o foco é o objeto observado, o que faz que essa função seja
bastante diferente da função emotiva, por exemplo, que veremos na sequência.
Função emotiva
Centralizada sempre em torno do emissor/remetente, o conteúdo expresso estará
relacionado a emoções e/ou sentimentos dele. Nessa função, há o predomínio
de verbos na 1ª pessoa do singular e um envolvimento emocional do emissor,
que transmite em sua mensagem sua marca subjetiva.
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Além disso, essa função apresenta outras características relevantes, sendo
elas: o uso de exclamações e/ou interjeições (expressão emotiva da linguagem),
de adjetivos (opinião do emissor em relação aos objetos observados), pontu-
ação expressiva (uso de várias exclamações seguidas, reticências, espaços em
branco etc.).
É possível observar as características da função emotiva na letra de música
abaixo, “Detalhes”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos2:
2 Fonte: Letras. Detalhes. Disponível em: <http://letras.mus.br/roberto-carlos/6971/>. Acesso em: 24 jul. 2015.
Funções da Linguagem
II
Função conativa
Também conhecida como função apelativa, está centrada no destinatário/receptor,
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pois procura estabelecer um diálogo direto com o destinatário da comunicação,
que pode ser mediante uma ordem, exortação, chamamento, invocação, saudação,
pedido ou súplica. A intenção do emissor, ao elaborar sua mensagem enfocando
essa função, é sempre a de se fazer notar pelo receptor.
Geralmente, há certa intenção de convencimento ou influência, de modo
que essa é a função mais incorporada no desenvolvimento de textos publicitá-
rios (propagandas), cartas de caráter profissional e em discursos políticos.
Como o foco da função conativa é o receptor da mensagem, marca-se gra-
maticalmente pela presença da 2ª pessoa do discurso (tu, você; vós, vocês), de
verbos no imperativo e do vocativo. Podemos encontrar o uso dessa função em
fórmulas “mágicas”, como “Abra-te, Sésamo”; ou frases que expressam algum
desejo para outro indivíduo, como “Fique com Deus”, “Se cuide” e até mesmo
“Vá para o inferno!”.
Na maioria das vezes, quando há a tentativa de convencer o receptor de algo,
a função conativa carrega traços de argumentação e persuasão que buscam não
só chamar a atenção do destinatário, mas também moldar seu comportamento.
Nas propagandas, por exemplo, a maneira como a linguagem é utilizada tem
como propósito atingir o receptor. No entanto, muitas vezes, possuem caracte-
rísticas da função poética, surgindo em forma de rimas e jogo de palavras, com
o objetivo de fazer com que o apelo seja mais sedutor ao receptor/consumidor.
É interessante observar que grande parte dos anúncios publicitários utiliza a
linguagem para convencer o outro, ainda que, por vezes, de maneira disfarçada. É
o caso de slogans como “Beba Coca Cola” ou “Compre baton”, que podem pare-
cer suaves em meio às imagens relacionadas. No entanto as frases sugerem uma
ordem: você (o receptor da propaganda) deve optar por aquele refrigerante, por
aquele chocolate, e não por outro.
Podemos mencionar ainda casos mais simples, cotidianos, do uso da lin-
guagem enfocando essa função, como em “Mãe, vem cá!”, quando a mensagem é
introduzida por um vocativo, assumindo o caráter de chamamento; ou em “Você
já enviou os relatórios?”, com caráter de pedido ao receptor.
Função fática
Primeiramente, a palavra “fática” quer dizer “relativa ao fato”, ou seja, ao que
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Funções da Linguagem
II
expressões “oi, tudo bem?” ou “como vai, tudo certo?” são, raramente, comuni-
cativas de fato. Isso ocorre porque, na maioria das vezes, usamos essas expressões
apenas para “conectar” o canal de comunicação entre o emissor e o receptor. Se
uma dessas expressões obtiver como resposta “hoje não estou bem, estou muito
mal, pois ontem tive uma febre muito alta e acabei ficando sob observação no
hospital durante toda a noite”, não estará cumprindo a função fática de cordiali-
dade e contato entre as pessoas. Assim, não há um verdadeiro interesse de saber
como a outra pessoa realmente está. Isso se confirma, pois é raro que o receptor
responda outra coisa além de “bem, e você?”. Nesse tipo particular de ocorrên-
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cia, seria muito constrangedor se a pessoa respondesse de outra maneira, como
no caso citado acima, levando a pergunta a sério e respondendo que não está
muito bem com todas as justificativas e que gostaria de desabafar.
Um traço característico da função fática é a tautologia, ou seja, comentar
algo que é evidente, mencionar algo que é totalmente óbvio. Em algumas situa-
ções cotidianas, como as mencionadas acima, falamos “está calor hoje, não é?”
em um dia que está mesmo calor. Todas as pessoas no elevador, no ponto de ôni-
bus ou em uma fila possuem sensibilidade o suficiente para perceber que está
calor. Por isso essa frase não é informativa, isto é, não comunica nada, já que é
uma percepção comum a qualquer indivíduo.
Então, você, caro(a) aluno(a), deve estar pensando: mas para que serve,
então, uma frase como essa?
Conforme temos explicado, esses tipos de frases servem para manter o canal
comunicativo funcionando ou para preservar o contato humano e, até mesmo,
para iniciar um novo contato com alguém, mesmo quando não há informações
relevantes para transmitir.
Pense como seria estranho caso uma pessoa atrás de você, na fila do banco,
começasse a explicar sobre a inflação, sobre os problemas governamentais ou se
nos desse uma vasta justificativa para os acidentes climáticos sem que, ao menos,
direcionássemos uma palavra a essa pessoa. Ao invés de contemplarmos a infor-
mação, provavelmente acharíamos a pessoa chata e inconveniente.
No entanto essas ocorrências são consideradas normais, uma vez que a lin-
guagem funciona dessa maneira na sociedade, com incoerências, julgamentos,
deslizes e gestos vazios.
ele: − pois é!
Função poética
Centralizada na mensagem, a função poética destaca os aspectos criativos ou
expressivos da linguagem. De acordo com Roman Jakobson (1976), a função
poética está presente em textos que, por sua organização, são o próprio centro
de interesse da comunicação. A função poética auxilia no sentido da mensagem
por meio do jogo de sua estrutura, de seu ritmo e de sua sonoridade, já que é
comum o emprego dessa função na poesia, em textos literários (romances, por
exemplo) e na música. No entanto podemos encontrar a função poética na prosa,
em anúncios publicitários, entre outros tipos de texto.
Funções da Linguagem
II
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Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixa assim ficar
Subentendido
Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer
Eu acho isso tão bonito
De ser abstrato, baby
A beleza é mesmo tão fugaz
3 Letras. Apenas mais uma de amor. Disponível em: <http://letras.mus.br/lulu-santos/35064/>. Acesso em: 24 jul. 2015.
Função metalinguística
Centralizada no código, a função metalinguística serve para dar explicações ou
precisar o código utilizado. Para que fique mais claro, apresentaremos a defini-
ção de Chalhub (2002, p. 48), código é “um sistema de símbolos com significação
Funções da Linguagem
II
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definições, explicações etc. Por exemplo, filmes que falam sobre a produção de
filmes são metalinguísticos ou uma fotografia de alguém fotografando também
é considerado como metalinguístico. A ideia da metalinguagem é sempre a de
usar o próprio código para falar sobre o código.
Apesar de não parecer, usamos muito a metalinguagem em nosso cotidiano.
Por exemplo, toda vez que consultamos um dicionário; quando questionamos
nosso interlocutor sobre algo que ele nos conta ou explica, fazendo, inconscien-
temente, que ele recorra à função metalinguística para melhor se expressar; no
uso de legendas de filmes; em trabalhos científicos; e, ainda, quando reformu-
lamos a frase do nosso interlocutor para confirmar nossa compreensão (“Então
você quer dizer que...”) estamos lidando com a metalinguagem.
Além dessas ocorrências, Chalhub (2002, p. 51) aponta que a moda igual-
mente pode ser um caso de uso da função metalinguística. Para a autora, “a
moda, e seu objeto roupa também operam metalinguisticamente no círculo de
sua história”. Acrescenta que, nesse contexto, as roupas compõem um sistema
de sinais que, por conseguinte, compõem uma mensagem, uma vez que, como
afirma a autora, “no suporte corpo do usuário, há um recorte da seleção do código
(mesmo quando não selecionada para combinar, a displicência informa a displi-
cência...)” (CHALHUB, 2002, p. 51).
Dessa maneira, todos os sistemas de sinais podem ser utilizados com fun-
ção metalinguística. A crítica literária, as artes plásticas, a tradução, algumas
poesias que explicam a própria poesia. Até mesmo o texto que você está lendo
aqui, aluno(a) de Secretariado, é metalinguístico, já que está estruturado em
Língua Portuguesa e fala de aspectos teóricos da própria Língua Portuguesa.
Dicionários
Embora o meu vocabulário seja voluntariamente pobre – uma espécie de Brasilei-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ro Básico – a única leitura que jamais me cansa é a dos dicionários. Variados, su-
gestivos, atraentes, não são como os outros livros, que contam a mesma estopada
do princípio ao fim. Meu trato com eles é puramente desinteressado; um modo
disperso de estar atento... e esse meu vício é, antes de tudo, inócuo para o leitor.
Na minha adolescência, todo e qualquer escritor se presumia de estilista, e isso,
na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que deve ter causado a
autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto; grande infanticida, isto
é o que ele foi.
Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência verbal de Rui
Barbosa. O seu fraco, ou seu forte, eram os sinônimos. Recordo certa página em
que ele esbanjou seus haveres com as pobres mulheres da vida, chamando-as de
todos os nomes, menos um.
Nessa crônica, Mario Quintana explica sua relação com os dicionários, que pos-
suem a finalidade de explicar os códigos linguísticos, em que a palavra explica
a palavra, por isso, sua paixão pelos dicionários, pela metalinguagem contida
nesses objetos que, segundo ele, não cansam o leitor que possuem uma história
com início, meio e fim, mas que instigam o pela riqueza das palavras.
Por fim, a função metalinguística não tem o objetivo de significar por si, mas
dizer o que a palavra significa. Isso nos mostra que conhecer as funções da lin-
guagem contribui para o entendimento de cada mensagem enunciada, quer ela
esteja em um contexto linguístico ou não.
Assim finalizamos as funções de linguagem. No entanto apresentamos ape-
nas um apanhado geral, de modo que, se você pesquisar sobre esse conteúdo,
ainda encontrará muitas informações relevantes. Por isso sugiro que você bus-
que em outras fontes os assuntos estudados, a fim de aprofundar cada vez mais
seus conhecimentos.
Funções da Linguagem
II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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a comunicação oral também desconsidere tais barreiras, como a produção e a
veiculação de vídeos, por exemplo, mas há, ainda, informações que são trans-
mitidas de forma mais adequada pela escrita, como também há situações em
que só a escrita é possível.
Pensando em todos os aspectos relacionados à função social, trabalhamos
sobre as teorias da comunicação. Como vimos, há uma multiplicidade de teo-
rias que discorrem sobre esse assunto, o que torna inviável apresentar todas as
maneiras de estudar as teorias da comunicação neste livro.
Falamos sobre as funções da linguagem com base em Roman Jakobson e
discorremos sobre a função referencial, emotiva, conativa, fática, poética e meta-
linguística, mostrando alguns exemplos e comentando a respeito de algumas
caraterísticas estilísticas.
Desejo que tudo o que foi visto até então enriqueça fortemente seus conhe-
cimentos sobre o processo de comunicação e que essas informações contribuam
para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Continue firme em seus estudos e até a próxima unidade!
III
UNIDADE
O PROCESSO DE LEITURA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender como ocorre o processo de leitura.
■■ Entender o quanto leitura e escrita estão interligadas para a
construção do sentido no texto.
■■ Conhecer o processo de significação nas ações de ler e escrever.
■■ Refletir sobre o papel da leitura competente na vida dos indivíduos.
■■ Proporcionar o suporte teórico para o desenvolvimento das
habilidades comunicativas relacionadas à atividade do Secretariado
Executivo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O processo de leitura
■■ O desenvolvimento de habilidades de leitura
■■ Relação entre leitura e escrita
■■ Leitura e o processo de significação
■■ Leitura como fonte de conhecimento e autonomia do sujeito
95
INTRODUÇÃO
Introdução
III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O PROCESSO DE LEITURA
1 Alguns autores apresentam distinções entre os termos “sentido” e “significado”, embora outros não façam essa
diferenciação.
O PROCESSO DE LEITURA
97
o texto:
I. A leitura “busca de informações” – o objetivo do leitor é extrair do texto
alguma informação pontual. Segundo o autor, aqui, o leitor está em busca
de uma resposta e vem, portanto, a fazer uma pergunta ao texto.
II. A leitura “estudo do texto” – o leitor quer “escutar” o texto, isto é, ele quer
retirar do texto tudo o que este possa oferecer, diferente de buscar uma
resposta particular, como no tipo de leitura acima.
III. A leitura “pretexto” – nesse tipo de leitura, o leitor deseja usar o que lê
na produção de outros textos.
IV. A leitura “fruição do texto” – aqui, o interesse é ler por prazer, ou seja,
ler por ler, gratuitamente.
Para Kleiman (2004), a leitura é uma atividade complexa, pois envolve múlti-
plos processos cognitivos, que são utilizados pelo leitor ao construir o sentido de
um texto, já que essa atividade não se dá linearmente, ou seja, em que o signifi-
cado das palavras seria acumulado até constituir o significado completo do texto.
Por isso a leitura deve ser compreendida como um processo ativo e dinâ-
mico, pois o texto não possui significado em si mesmo, ele evoca significados
a partir das relações sócio-históricas que estabelece. Assim o contexto social é
um elemento que deve ser levado em consideração, já que a leitura é uma prá-
tica social.
Essas considerações nos levam a perceber que a leitura não é uma mera ação
de apropriação de significados, mas uma atividade de recriação, reconstrução
de ideias. Como afirma Kleiman (2004, p. 80), a leitura “pressupõe a figura do
O Processo de Leitura
III
autor presente no texto através de marcas formais que atuam como pistas para a
reconstrução do caminho que ele percorre durante a produção de texto”.
Baseado em tais afirmações, podemos reforçar a ideia de que a leitura deve
ser entendida como processo e não como produto, uma vez que, nas palavras
de Kleiman (2004, p. 36), o texto “não traz tudo pronto para o leitor receber de
modo passivo”, pois, ao ler, o leitor utiliza sua bagagem cultural, isto é, seu conhe-
cimento de mundo para construir sentidos e, consequentemente, compreender
as informações presentes no texto.
Desse modo, o leitor possui liberdade para construir sentidos, mas ele é, de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
certa maneira, limitado pelos significados trazidos pelo texto e pelas suas condi-
ções de uso. Ou seja, o texto é originado a partir de significados atribuídos pelo
autor e é recontextualizado pelo leitor, que procura atribuir-lhe sentidos a par-
tir do que já sabe e com o que o autor propõe. Enfim, o texto constrói-se a cada
leitura, não trazendo em si um sentido preestabelecido pelo seu autor, mas uma
orientação para os sentidos possíveis.
As considerações de Soares (2000) sobre a definição de leitura sintetizam o
papel do leitor e do autor no processo de leitura:
Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e in-
divíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na
estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor,
seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo
e os outros (SOARES, 2000, p.18).
O PROCESSO DE LEITURA
99
O Processo de Leitura
III
Logo, o indivíduo que faz da leitura uma prática constante terá mais facilidade
para associar ideias, fazer relações intertextuais, diferentemente daquele que não
lê ou recorre pouco à leitura, que terá mais dificuldade em obter uma compre-
ensão linguística adequada.
Enfim, desenvolvendo a leitura, o indivíduo terá mais facilidade para com-
preender os sentidos do texto. De acordo com Solé (1998), a leitura é “o processo
mediante o qual se compreende a linguagem escrita”. Sendo assim, é importante
que tenhamos consciência de que fazer do ato de ler um hábito nos auxiliará no
desenvolvimento pessoal e profissional.
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O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE LEITURA
A leitura é uma das habilidades mais fundamentais que o indivíduo pode desen-
volver, pois é a partir da leitura de mundo em conjunto com a leitura dos mais
variados textos que o indivíduo compreende a realidade em que está inserido e
participa da sociedade, na qual consegue estabelecer relações e chegar a impor-
tantes conclusões sobre o mundo e os aspectos que o compõem.
Além disso, desenvolver habilidades de leitura auxilia no estudo de outras
áreas do conhecimento, refletir sobre as ideias, formular opinião, enfim, é rele-
vante formar um leitor competente, que consiga ler qualquer texto da sociedade,
compreendê-lo e fazer uso de seus conhecimentos para conseguir interagir na
sociedade em que convive.
Segundo Menegassi (2005), alguns procedimentos são utilizados consciente
ou inconscientemente pelo leitor a fim de se decodificar, interpretar e compreen-
der o texto e, dessa forma, resolver os possíveis problemas que são encontrados
durante a leitura.
De acordo com o referido autor, o indivíduo deve desenvolver quatro habi-
lidades. São elas: seleção, antecipação, inferência e verificação. Essas habilidades
são consideradas fundamentais para que se inicie o processo de compreensão de
um texto. Vejamos cada uma delas:
O PROCESSO DE LEITURA
101
Seleção
Essa habilidade diz respeito à ação, desempenhada pelo leitor, de concentrar-se
apenas naquilo que é útil para sua compreensão do texto. Assim é preciso que o
leitor despreze aqueles itens considerados irrelevantes em sua leitura. Podemos
relacionar essa habilidade a um “filtro” dentro de nosso cérebro, que seleciona
apenas o que nos interessa no ato da leitura.
A partir da afirmação feita por Solé (1998, p. 30), “o leitor faz a síntese da
parte mais interessante do texto para os objetivos que determina a leitura”. Dessa
forma, podemos dizer que o leitor tem interesses próprios na construção de
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Antecipação
Nessa habilidade, o leitor emite prognósticos sobre o texto lido, chegando-se, com
isso, à antecipação do conteúdo, ou seja, é possível “adivinhar” o que ainda está por
vir, com base nos conhecimentos prévios ou suposições. Ao realizar sua leitura,
o leitor, por meio dos implícitos e explícitos presentes no texto, projeta hipóte-
ses e previsões sobre os sentidos e/ou significados constantes em determinada
sequência verbal escrita. O gênero textual, o autor, o título, o vocabulário, entre
outros, nos informam, antecipadamente, o que poderemos encontrar no texto.
Quando ocorre a seleção junto com a antecipação, é válido mencionar que
pode ocorrer uma compreensão eficiente dos sentidos do texto. Além disso, as
antecipações emitidas pelo leitor podem ou não se confirmar.
A construção dos significados é direcionada pela forma como realizamos a
leitura de um texto. No momento em que vamos adquirindo as informações por
meio da leitura, essas informações estarão sendo processadas com uma lógica de
organização. Assim a antecipação é uma maneira de pôr em ordem todo conhe-
cimento disponível para uma significação da leitura.
Inferência
Essa habilidade remete ao conhecimento prévio do leitor. Para Menegassi (2005),
essa habilidade refere-se a ações que unem o conhecimento que não está explícito
no texto, porém possível de ser captado, com o conhecimento que o leitor tem
sobre o assunto. Ao ler um texto, o leitor aciona os conhecimentos prévios que
tem armazenado em sua memória sobre o tema. Dessa forma, uma nova infor-
mação é construída.
A inferência é uma habilidade de leitura básica, pois por meio dela o leitor
complementa a informação disponível no texto, utilizando-se das pistas que o
próprio texto oferece ou baseando-se em seu conhecimento de mundo.
Ao tratar desse assunto, Koch (2008) discorre sobre o dado e o novo. A par-
tir do que a autora diz, podemos afirmar que o dado equivale ao conhecimento
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prévio que apresentamos aqui. Nas palavras de Koch (2008, p. 38):
A estrutura informacional de um texto exige a presença de elementos
dados e elementos novos. É com base na informação dada, responsável
pela locação do que vai ser dito no espaço cognitivo do interlocutor,
que se introduz a informação nova, que tem por função introduzir
nele novas predicações a respeito de determinados referentes, com o
objetivo de ampliar e/ou reformular os conhecimentos já estocados a
respeito deles.
Verificação
A verificação diz respeito ao momento em que o leitor confirmará ou não as
hipóteses e inferências que projetou durante sua leitura. Essa confirmação, ou
não, se constrói no processamento da leitura do texto. Quanto mais antecipa-
ções e inferências confirmadas, mais o leitor vai vendo sentido no que está lendo.
Se, por acaso, elas não venham a se confirmar, ficará a cargo do leitor procurar
mudar sua maneira de ler, não desistindo de alcançar uma leitura competente.
As habilidades de leitura estão relacionadas com as estratégias de compreen-
são textual, que ocorrem antes, durante e após a leitura. Com essas informações,
é possível auxiliar o leitor no alcance da produção de sentidos e da compreen-
são eficiente de um texto.
Antes da leitura, algumas estratégias são válidas e conduzem a uma leitura efi-
ciente no decorrer do texto. É importante que o leitor tenha bem claro os objetivos
O PROCESSO DE LEITURA
103
para o qual está lendo determinado texto. Solé (1998) aponta a relevância dos
conhecimentos prévios que precisam ser ativados antes da leitura, que orien-
tam o leitor sobre o que ele sabe e sobre o que não sabe sobre o assunto do texto.
Semelhante ao que vimos na antecipação é relevante também que, antes da
leitura, sejam estabelecidas previsões sobre o texto, como, por exemplo, fazer a
pergunta “do que será que o texto tratará?”.
Durante a leitura, algumas estratégias devem ocorrer simultaneamente,
como: formulação de previsões e perguntas, esclarecimento de dúvidas, resumos
de ideias, avaliação do caminho percorrido e relacionamento da nova informa-
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Perceba, prezado(a) aluno(a), que a leitura está sempre presente no meio social.
Uma leitura adequada, que pode ser obtida por meio do desenvolvimento das
habilidades propostas aqui, leva o indivíduo à capacidade de comunicação, de
extração e divulgação de informações, enfim, a leitura, como uma verdadeira
atividade social, transforma o sujeito em um cidadão crítico e participativo das
relações sociais, que sabe se posicionar diante das mais variadas situações e
contextos.
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RELAÇÃO ENTRE LEITURA E ESCRITA
O PROCESSO DE LEITURA
105
mundo sem textos. Nessa perspectiva, Cagliari (1999, p. 163) diz que “para quem
sabe ler, a escrita parece algo fácil e simples”. No entanto adverte que isso é uma
impressão equivocada, visto que foi preciso muito tempo para que as letras e
os números chegassem a uma forma apropriada ao uso geral entre pessoas das
mais diversas classes sociais. Assim o autor afirma que “para quem não sabe ler,
o mundo da escrita é um mistério” (CAGLIARI, 1999, p. 163).
A partir dessas considerações, Cagliari (1999, p. 163) explica que “na História
da Humanidade, sempre foi mais importante saber ler do que saber escrever, mas,
para saber ler, é preciso conhecer como funcionam os sistemas de escrita”. Com
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antecede e determina a leitura de um texto, a escrita também está subordinada
a essas duas. Isso nos faz retomar uma frase muito reconhecida, a qual afirma
que “quem lê bem, escreve bem”. Diante disso, saber apenas as regras não é o
suficiente. Para escrever, é fundamental ser leitor(a) e, mais do que isso, possuir
uma leitura de mundo a respeito daquilo que se escreve. Por isso, não há como
dissociar as relações entre mundo, leitura, escrita e gramática, esta última como
ferramenta para possibilitar uma boa leitura/escrita sobre o mundo.
O PROCESSO DE LEITURA
107
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A leitura não envolve apenas a estrutura e elementos linguísticos que estão
presentes no texto, além disso, importa os efeitos de sentido, de subjetividade,
de historicidade que fazem parte do processo de leitura. Por isso, torna-se essen-
cial falarmos sobre o processo de significação, pois a leitura só terá valor nos
indivíduos no momento em que ela assumir uma posição sócio-ideológica, ou
seja, no momento em que significar na vida de cada indivíduo. Conforme estu-
damos, a compreensão não se dá apenas no texto, há elementos que interferem
nela, como o contexto, o conhecimento de mundo de cada leitor e a sua histori-
cidade. Dessa forma, é primordial contextualizar os textos lidos e explorar seus
possíveis sentidos, envolvendo uma compreensão crítica do ato de ler, processo
conhecido como plurissignificação. Isso nos leva a termos outro ponto de vista
para a leitura: a de que ela ressignifica.
Para Orlandi (2001), na leitura de um texto, não há apenas a decodificação
e a constatação de um sentido que já está dado nele, pronto e acabado. A autora
afirma que o texto não deve ser entendido apenas como um produto, no qual
apenas será possível compreender o que está escrito, sem interferência de outros
prováveis sentidos, mas é importante observar o processo de sua produção, o
qual tem influência na sua significação.
Por conseguinte, o leitor não apreende um sentido limitado que está no texto, o
qual foi proposto pelo autor, mas, sim, atribui sentidos variados ao texto. A maneira
como a leitura é feita, o processo de leitura e as condições de produção do texto
influenciarão nessa compreensão dos sentidos. A autora cita como elementos das
condições de produção da leitura: os sujeitos (autor e leitor) e suas ideologias, os dife-
rentes tipos de discurso, a distinção entre leitura parafrástica e leitura polissêmica.
O PROCESSO DE LEITURA
109
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“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”
Fonte: Mário Quintana.
O PROCESSO DE LEITURA
111
que realmente lê, compreende o que há por trás das palavras e tem consciência
de quais elementos da realidade estão atrelados às palavras de um texto naquele
momento. É necessário que o leitor saiba que os significados não são fixos, isto
é, eles podem se diluir e se transformar pelo texto das mais diversas maneiras e
podem estar ancorados em diversos elementos da realidade.
Diante disso, o domínio da leitura leva os indivíduos ao mundo do conheci-
mento, da cultura, da magia e da diversão, do funcionamento da língua, além de
proporcionar a ampliação da própria língua, auxiliando no desenvolvimento do
raciocínio. De modo geral, quando temos o hábito da leitura, ela se torna nossa
fonte de conhecimento, pois é por meio da leitura que adquirimos saberes que
alargam nossa visão de mundo dentro de um contexto social, enriquecendo,
igualmente, nossa vida pessoal e profissional.
Compartilhamos das palavras de Freire (1989, p. 29), que diz:
Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Nin-
guém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou
do objeto da curiosidade, a forma crítica de ser ou de estar sendo su-
jeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhe-
cer em que se acha. Ler é procurar ou buscar criar a compreensão do
lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino
correto da leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa
experiência criativa em torno da compreensão. Da compreensão e da
comunicação. E, a experiência da compreensão será tão mais profunda
quanto sejamos nela capazes de associar, jamais dicotomizar, os con-
ceitos emergentes na experiência escolar aos que resultam do mundo
da cotidianeidade.
É importante ressaltar que a leitura é um ato individual, uma vez que duas pes-
soas dificilmente farão a mesma interpretação de um mesmo texto, já que os
indivíduos possuem uma leitura de mundo e conhecimentos prévios próprios
que determinam a maneira como cada indivíduo compreende o que lê. Isso faz
que cada leitor possua opiniões diferentes e tire conclusões que poderiam até
surpreender o autor.
Por esse motivo, o leitor deve ter liberdade para escolher seus próprios textos,
além de poder analisar e julgar quantas vezes ele achar oportuno. Nas palavras de
Solé (1998, p. 97), “é fundamental que o leitor possa ir elaborando critérios pró-
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prios para selecionar os textos que lê, assim como para avaliá-los e criticá-los”.
Essa capacidade de analisar e julgar os textos que lê só foi conquistado pelo
leitor após a década dos anos 80, época em que a leitura era vista simplesmente
como um meio de receber uma mensagem importante. Posteriormente, os estu-
dos definiram a leitura como um processo mental de vários níveis, que tem vasta
contribuição para o desenvolvimento do intelecto.
Diante disso, as pesquisas da área da Psicologia mostraram que o aprimo-
ramento da capacidade de ler também contribui no processo da capacidade de
aprender como um todo, indo muito além da mera recepção. Por essa razão, a
leitura é uma forma exemplar de aprendizagem e um dos meios mais eficazes de
desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade humana.
O primeiro ato de ler na vida de um indivíduo, ou seja, o modo como ocorre
o processo de alfabetização é considerado como ponto de partida para o desen-
volvimento do hábito de leitura futuro, pois é nesse momento que o indivíduo
passa a compreender e transformar o significado das palavras e qual a men-
sagem expressa por meio da escrita. Por isso, dizer que alguém é alfabetizado
significa demonstrar que se tem a possibilidade de adentrar o mundo da leitura
e da escrita, abrindo novos horizontes culturais.
Podemos afirmar que a leitura é não só uma fonte de conhecimento, mas
também de transformação da memória. Conforme afirma Silva (2008, p. 12), “o
processo de leitura é uma atividade que possibilita a participação do homem na
vida social, em termos de compreensão do presente e passado e da transforma-
ção sócio-cultural futura”.
Zilberman (1991, p.112) expõe a importância da leitura na relação dos
O PROCESSO DE LEITURA
113
que deve ser pensada como um ato existencial. Quando o processo de significa-
ção transcorre numa linha de experiências e raciocínios bem sucedidos para o
leitor, ele é capaz de repensar na realidade que a leitura proporciona.
No entanto temos visto cada vez mais a problematização de “leitores-autorais”,
isto é, sujeitos que apresentam um grau
relativo de autonomia, de critici-
dade, de capacidade argumentativa,
enfim, dificuldade para se posicio-
nar em uma sociedade cada vez mais
construída por uma multiplicidade
de vozes e discursos. O sujeito-leitor
precisa marcar seu posicionamento
sem se anular na infinidade de
pontos de vista existentes nem se
sobrepor intransigentemente à
diversidade de opiniões que carac-
teriza a sociedade.
Conforme afirmava Freire, é por meio da leitura que
Mesmo diante de tudo que já experimentamos o mundo e conhecemos o poder das palavras.
Com isso, possuímos liberdade para expressar nossas opiniões
estudamos aqui, é comum nos depa- diante do mundo.
rarmos com diversas dificuldades
que os indivíduos encontram no que diz respeito à construção dos sentidos,
tanto quando lê os textos, não conseguindo estabelecer uma relação entre os tex-
tos escritos e os seus significados, quanto no momento de realizar a escrita de
algo. Isto posto, ressalta-se, novamente, a importância da leitura não só para a
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tes, enfim, todos os meios que permitam que um texto possa ser lido. A escrita,
por sua vez, é exigida para enviar e-mails, redigir cartas (pessoais ou empresa-
riais), deixar bilhetes, fazer anotações etc.
Em vista disso, diante da relação entre leitura e escrita, se faz necessário
que o sujeito seja capaz de apreender e atribuir sentidos na leitura e comuni-
car sentidos quando fizer uso da escrita. Não basta apenas ler decodificando as
palavras, mas o que está por trás delas, ou seja, suas significações determinadas
pelo contexto e suas relações com o mundo e com os implícitos. Já, na escrita,
é preciso comunicar esses sentidos por meio da organização do discurso, com
coesão e coerência.
Ter esses conhecimentos no meio social leva o indivíduo a dominar os códi-
gos linguísticos da comunicação, seja em uma simples conversa cotidiana no
ambiente de trabalho, seja em um diálogo mais formal, seja na escrita de anota-
ções de uma reunião, situações que necessitam mais cuidado com as palavras.
A leitura juntamente com a escrita são ações fundamentais para o desenvol-
vimento e formação de qualquer indivíduo, já que o domínio (ou não) de ambas
facilitará (ou não) o crescimento intelectual do sujeito que quer se manter atu-
ante na sociedade.
De acordo com Borges (1998), o sucesso escolar e o profissional, assim como
a liberdade e a ascensão social, ou seja, a autonomia do indivíduo de forma geral
enquanto cidadão que participa da sociedade, dependem, em grande parte, da
capacidade de leitura e escrita. Diante da velocidade e da quantidade de infor-
mações a que os indivíduos estão expostos na sociedade a todo o momento, o
domínio da prática da leitura e da escrita é essencial para exercer a cidadania e
O PROCESSO DE LEITURA
115
Temos visto, cada vez mais, o uso crescente e intensivo das tecnologias de
informação e de comunicação. Devido a isso, o indivíduo que não apreende
as informações de maneira adequada que esse novo contexto informacional
disponibiliza, poderia ficar excluído socialmente, já que esses meios, por pos-
suírem diversos tipos de textos, exigem um olhar diferenciado e uma leitura
mais específica.
De maneira geral, Souza (2009, p. 109) afirma que “a leitura é um dos meios
mais importantes para a consecução de novas aprendizagens; possibilita a cons-
trução e o fortalecimento de ideias e ações”. A autora salienta a necessidade de
conscientizar a sociedade para a relevância da leitura dos mais variados meios
de comunicação, pois, assim, será possível formar uma sociedade consciente e
capaz de observar, analisar, entender o mundo e interagir por meio da leitura,
ampliando a produção crítica e cultural da sociedade.
Como temos estudado ao longo desta unidade, a prática social da leitura
e da escrita é um instrumento à significação e à autonomia do sujeito cidadão
capaz de entender, significar e ressignificar a realidade.
A leitura e a escrita, além de serem atos individuais, são atos sociais, pois pos-
suem vínculos que estão para além do indivíduo, alcançando toda a sociedade.
O indivíduo que faz uso social da leitura e da escrita é considerado letrado ou
alfabetizado funcional, pois está habilitado para empregar tanto a leitura quanto
a escrita para o seu desenvolvimento pessoal e da sua comunidade. Esses indi-
víduos são aqueles que, potencialmente, têm mais possibilidades de autonomia,
visto que, nos meios sociais e, principalmente, profissionais, a leitura e a escrita
são condições essenciais para a prática da cidadania, pois o ato de ler e escrever
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nica “Vinte e uma coisas que aprendi como escritor” que, por meio de seus
próprios aprendizados, reforça nossa convicção de como se desenvolve a
competência textual.
Essa e outras crônicas que discutem sobre os temas que estamos estudando
podem ser encontradas no seguinte link disponível em: <http://www.pucrs.
br/gpt/escritores.php>. Acesso em: 27 jul. 2015.
Fonte: a autora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim da terceira unidade, que estava mais voltada
para os estudos a respeito da leitura e escrita. E chega o momento, também, de
relembrarmos o que estudamos aqui.
Primeiramente, explicamos sobre o processo de leitura, desmistificando que
ler seja apenas decodificar letras, e sim ler “nas entrelinhas”, isto é, buscar o que
está implícito, subentendido no texto. Ler é, ainda, pressupor o que o escritor
imaginou que já soubéssemos no momento daquela leitura, fazendo referências
a esse conhecimento anterior para aprofundarmos o que lemos, expandindo
nosso campo cognitivo. A partir disso, passamos a conhecer as habilidades de
leitura e sua importância para a compreensão da relação entre leitura, escrita e
sentidos do texto.
No tópico seguinte, observamos que leitura e escrita são inseparáveis,
estando intimamente relacionadas, de tal modo que uma está constantemente
O PROCESSO DE LEITURA
117
ao ler, o indivíduo utiliza toda sua bagagem cultural para compreender as infor-
mações presentes no texto, assim como nas relações sociais diárias.
Espero, assim, que esta unidade tenha trazido novos olhares para o processo
de ler e escrever, que, certamente, contribuirão para o seu desenvolvimento pes-
soal e profissional. Espero, ainda, que a próxima unidade complete de forma
satisfatória o processo que estamos construindo.
Até a próxima unidade!
Considerações Finais
1. A partir dos estudos sobre o processo de leitura, “ler” passou a possuir outro sen-
tido, direcionado a uma visão interativa e dinâmica. Assim, explique essa nova
proposta de leitura e destaque as possíveis posturas do leitor ante o texto.
2. Apresente e defina as habilidades que o indivíduo deve desenvolver para que
ocorra o processo de compreensão de um texto.
3. Considerando o conteúdo estudado, explique como a leitura e a escrita interfe-
rem na autonomia do indivíduo.
4. Descreva quais são os benefícios do indivíduo que compreende a leitura/escrita
como uma prática social.
119
Acessando o link a seguir, você poderá ler um artigo que avalia, de forma teórica, a utilização da
leitura como principal instrumento no desenvolvimento da capacidade de produção de texto.
Aproveite para aprofundar seus conhecimentos!
Disponível em: <http://www.cefaprocaceres.com.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=676&Itemid=77>. Acesso em: 27 jul. 2015.
IV
UNIDADE
GÊNEROS TEXTUAIS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o que são gêneros textuais.
■■ Apresentar os gêneros textuais relacionados à descrição.
■■ Conhecer os gêneros textuais que fazem parte do agrupamento do
narrar e do relatar.
■■ Entender as características dos gêneros textuais que se relacionam
com a exposição.
■■ Refletir sobre a argumentação e seus respectivos gêneros textuais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Os gêneros textuais
■■ Os gêneros textuais e a descrição
■■ Os gêneros textuais: narração e relato
■■ Os gêneros textuais e a exposição
■■ Os gêneros textuais e a argumentação
123
INTRODUÇÃO
Introdução
IV
OS GÊNEROS TEXTUAIS
Todo o nosso percurso de estudo até aqui mostra o quanto a língua é dinâmica e
o quanto ela está ligada ao social, ao nosso dia a dia, às intenções tidas nos tex-
tos que lemos ou escrevemos, à relação dos interlocutores. Assim, fica claro que
a língua se dá na forma de enunciados orais ou escritos que se servem a atender
determinadas questões do social.
Se analisarmos a escrita de um bilhete ou uma mensagem no celular, per-
ceberemos como somos movidos por necessidades específicas de comunicação,
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pois o ato de escrita será orientado de acordo com o interlocutor, com o obje-
tivo pretendido com a escrita, bem como com a situação histórica e social dessa
escrita. Mesmo sendo exemplos que usem a linguagem informal, possuem suas
particularidades, tais como: o bilhete tem como suporte a folha de papel e a men-
sagem, um aparelho celular. Aliás, os gêneros textuais respondem a diferentes
interações sociais e estabelecem a variação linguística mais adequada.
Bakthin (2009) salienta que a língua se dá sob a interferência do contexto
social e sob a interação que os interlocutores estabelecem entre si. Dito de outra
maneira, a nossa relação com o meio em que vivemos, estudamos e o lugar onde
trabalhamos nos leva a utilizar a língua de uma determinada forma e para deter-
minadas finalidades. Pense: não escrevemos um texto sem um propósito para
ele e sem focar um interlocutor específico.
Diante disso, podemos dizer que há uma diversidade de maneiras de se uti-
lizar a língua, a partir da oralidade ou da escrita. O que diferenciará um uso de
outro são os elementos que compõem os gêneros textuais, como o conteúdo
(temático), o estilo verbal (as escolhas realizadas a partir das possibilidades da
língua) e a construção composicional. Nas palavras de Bakhtin (2003, p. 279),
esses três elementos mencionados
fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são
marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer
enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada es-
fera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de
enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso.
GÊNEROS TEXTUAIS
125
Os Gêneros Textuais
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vai argumentar ou comentar, criticar, informar etc. O autor apresenta três tipos
de interlocutores, a saber:
■■ o
interlocutor real: aquele que tem uma imagem física e está presente
durante o processo dialógico;
■■ o
ideal ou virtual: quando se delimita a imagem do interlocutor, no qual
o locutor não possui contato direto com esse destinatário, mas é perten-
cente ao mesmo contexto social;
■■ o
superior: refere-se a um representante oficial responsável por constituir
padrões e regras que são respeitados no meio social em que o produtor
do texto convive.
GÊNEROS TEXTUAIS
127
Como os gêneros textuais são frutos da interação verbal, influenciados pela fina-
lidade e pelos interlocutores, apenas a estrutura composicional possui maior
rigidez, enquanto o conteúdo temático e o estilo verbal apresentam maior aber-
tura para modificações. Em vista disso é que Bakhtin (2009) compreende os
gêneros como enunciados “relativamente estáveis”, já que algo pode mudar, mas
que não é possível modificar os três aspectos que designam cada gênero: tema,
composição e estilo.
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Não há como dominarmos todos os gêneros textuais, visto que não é sufi-
ciente compreender quais são as características dos gêneros (tema, composição
e estilo). Designar cada gênero envolve também as especificidades das condi-
ções de produção e dos interlocutores em cada situação de comunicação. Como
afirma Bakhtin (2003, p. 279), cada esfera da atividade humana “comporta um
repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à
medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa”.
Os Gêneros Textuais
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a descrição dos diferentes textos que
circulam no espaço das instituições públicas e privadas. Conforme estamos estu-
dando, é relevante entender como cada gênero se estrutura, se organiza e funciona
de acordo com o objetivo que se pretende alcançar, evitando “fórmulas prontas”.
Com isso, o(a) aluno(a) e profissional do curso de Secretariado Executivo
elabora e produz textos que considerem o uso real e sua circulação no espaço das
instituições oficiais e privadas, sem a necessidade de seguir manuais de redação
que não consideram as condições de produção textual e que estão destinados a
apresentar apenas procedimentos técnicos.
Antes de adentrarmos no estudo específico dos gêneros textuais, é rele-
vante mencionar que esse estudo representa um marco essencial na trajetória
do ensino de Língua Portuguesa. Antes era comum lermos e produzirmos tex-
tos dentro de três grandes modelos, as chamadas tipologias textuais: descrição,
narração e dissertação. Nesses tipos de texto, a situação de interação verbal não
era explorada, assim como também não havia uma preocupação com a figura
do interlocutor nem com as condições de produção.
Com o estudo dos gêneros textuais, o indivíduo torna-se sujeito por meio
da palavra e da contrapalavra, em uma atividade de constante responsividade
diante dele e do mundo. Conforme mencionamos, os enunciados são resultantes
da convivência social e da ação dos interlocutores, por isso os gêneros textuais
são infinitos. Por isso veremos uma proposta de organização e sistematização
dos gêneros textuais apresentados por Dolz e Schneuwly (2004).
Esses autores agruparam os gêneros de acordo com três critérios: domínio
social da comunicação a que pertencem, capacidades de linguagem envolvida
GÊNEROS TEXTUAIS
129
Os Gêneros Textuais
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
resenha crítica,
artigos de opinião
ou assinados,
editorial, ensaio,
questão dissertativa,
resposta discursiva.
Transmitir e cons- Expor Representar os dife- Texto expositivo,
truir saberes rentes saberes exposição oral,
seminário,
conferência,
comunicação oral,
palestra, entrevista
de especialista,
verbete, artigo
enciclopédico, texto
explicativo, tomada
de nota, resumo de
textos expositivos
e explicativos,
resenha, relatório
científico, relatório
oral de experiência.
Instruir e prescre- Descrever ações, Representar uma re- Instruções de
ver passos gulação de compor- montagem, receita,
tamentos, impondo regulamento, regras
passos a serem de jogo, instruções
seguidos. de uso, comandos
diversos, textos
prescritivos.
Quadro 04: Gêneros orais e escritos
Fonte: Dolz e Schneuwly (2004, p. 27).
GÊNEROS TEXTUAIS
131
“Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão
sempre relacionadas com a utilização da Língua. Não é de surpreender que
o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias
esferas da atividade humana” (BAKHTIN, 2003, p. 279).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) ou recorrer para uma forma mais
subjetiva de descrição. Ao fazer uma dessas escolhas, o emissor poderá fazer uma
descrição objetiva (técnica) ou subjetiva (literária).
Na descrição objetiva (técnica), o autor prende-se à reprodução fiel do ele-
mento que está sendo observado, buscando uma maior neutralidade no momento
da descrição. Não há comentários pessoais do emissor ou a presença de termos
que possibilitem múltiplas informações, destacando com precisão e concisão
vocabular todos os detalhes observados. Verifique o exemplo a seguir:
Entremos, já que as portas se abrem de par em par, cerrando-se logo
depois de nossa passagem. A sala não é grande, mas espaçosa; cobre as
paredes um papel aveludado de sombrio escarlate, sobre o qual desta-
cam entre os espelhos duas ordens de quadros representando os mis-
térios de lesbos. Deve fazer ideia da energia e aparente vitalidade com
que as linhas e colorido dos contornos se debuxavam no fundo rubro,
ao trêmulo da claridade deslumbrante do gás. A mesa oval, para oito
convivas, estava colocada no centro sobre um estrado, que tinha o es-
paço necessário para o serviço dos criados; o resto do soalho desapare-
cia sob um felpudo e macio tapete, que acolchoava o roda pé e também
os bordos do estrado. (ALENCAR, 2000, p. 42).
No exemplo acima, vemos que o autor faz uma descrição de um ambiente por
meio de adjetivos que estão relacionados à cor, ao tamanho, ao material de que
são feitos os objetos, a extensão do ambiente fechado etc. Como é característica
da descrição objetiva, o autor busca ao máximo fazer a aproximação do texto
com a imagem do que se vê, de um jeito que ele recrie o ambiente da forma mais
clara e realística possível, evitando possíveis juízos de valor.
A descrição subjetiva envolve um ponto de vista pessoal do observador,
GÊNEROS TEXTUAIS
133
que emprega uma linguagem mais particular, mostrando até características psi-
cológicas da pessoa, personagem ou animal que se está descrevendo. Por isso
a descrição subjetiva possui uma carga de individualidade, envolvendo os sen-
timentos e a opinião do escritor em relação ao objeto que descreve. Analise o
exemplo abaixo:
Assomando à porta, levantou o reposteiro e deu entrada a uma mulher,
que caminhou para o centro da sala. Não era uma mulher, era uma
sílfide, uma visão de poeta, uma criação divina. Era loura; tinha olhos
azuis, como os de Cecília, extáticos, uns olhos que buscavam o céu ou
pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente penteados, faziam-
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Perceba que o exemplo citado pode não ser compreensível para um leitor leigo,
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já que possui uma linguagem mais técnica, por isso, uma descrição técnica, que
envolve detalhes específicos do mecanismo de funcionamento de um motor de
carro.
Os gêneros relacionados com o descrever são diversos, entretanto alguns
deles possuem como ponto central a transmissão de instruções e prescrições,
com vistas a uma regulação mútua de comportamento, ou seja, estabelecem um
padrão de comportamento e/ou atuação, tais como: instrução de montagem,
receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, comandos diversos, tex-
tos prescritivos, entre outros.
Dessa forma, alguns gêneros focalizam mais processos do que objetos e
espaços, que são aqueles textos do tipo “como fazer” ou “faça você mesmo”. Um
exemplo típico é o site WikiHow (<http://pt.wikihow.com/>). Nesse site, é pos-
sível encontrar textos descritivos do tipo “como fazer” sobre comida, móveis,
maquiagens e até como fazer textos com objetivos muito específicos, como vere-
mos no trecho abaixo, que retiramos do site, que explica como escrever uma
carta pedindo uma prorrogação de prazo:
GÊNEROS TEXTUAIS
135
extra que você precisa. Por exemplo, se você está há 3 dias trabalhando
continuamente em um trabalho de escola e ainda está na metade dele,
você precisará de mais 3 dias para finalizar o trabalho e de mais um dia
para revisá-lo. [...]
4. Use uma redação formal. Sua carta tem de ter uma abordagem cui-
dadosa e profissional. – Cabeçalho: Inclua a data e seu endereço; Ende-
reço do destinatário: Inclua o nome e o endereço corretos do destinatá-
rio; Saudação: mantenha um tom formal. Não use “Olá, Pedro”, em vez
disso, use “Prezado Sr. Oliveira”. [...]
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Essa lembrança possui relação íntima com as características da narração, já que
narrar não possui compromisso com a realidade, quem narra pode inventar as
mais diferentes e emocionantes histórias. No entanto quem escreve uma nar-
ração precisa apresentar muitos detalhes, em que personagens, ação e espaço
formam um todo elaborado de forma fictícia. Por isso um texto narrado é visto
de forma mais poética, com informações que não seriam tão facilmente trans-
mitidas. Vejamos um exemplo:
Na rua vazia as pedras vibravam de calor – a cabeça da menina flame-
java. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua,
só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se
não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de
momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado
na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem
palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de
bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária.
Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente
uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau
faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha
de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já
habituado, apertando-a contra os joelhos (LISPECTOR, 1998, p. 46).
GÊNEROS TEXTUAIS
137
textos narrativos, há toda uma combinação de palavras para dar um efeito espe-
cial ao que está sendo lido.
Essa maneira diferente de utilizar as palavras nos gêneros do narrar chama-se
literariedade: conjunto de características linguísticas, semióticas e sociológicas
que fazem com que um texto seja percebido pelo leitor como literário. A narração
não lida com o verdadeiro, mas com o verossímil, que pode ser compreendido
como aquilo que não é verdadeiro, mas que tem semelhança com a verdade, por
possuir lógica e coerência, ou seja, por fazer sentido. Mesmo quando um per-
sonagem voa, tem superpoderes ou ressuscita, se essas ações fizerem sentidos
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Outros gêneros voltados para o relatar, que podemos citar, são o relato de
experiência vivida, o relato histórico, a autobiografia, o perfil biográfico, o cur-
riculum vitae, entre muitos outros, que trabalham com acontecimentos sociais,
documentando e memorizando ações humanas, situadas em um tempo e espa-
ços reais. Assim é importante compreender que a função dos gêneros do relatar
é de informar a respeito de algo: é a apresentação ou enumeração de informa-
ções básicas, de forma objetiva, com foco em algum acontecimento específico.
Observe o exemplo a seguir, retirado de uma notícia veiculada no site do
jornal regional O Diário, da cidade de Maringá (PR):
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Uma colisão entre motos deixou um homem de 37 anos gravemente fe-
rido na noite desse domingo (19) em Maringá. O acidente envolvendo
duas motocicletas Honda Fan aconteceu na Avenida Guedner por volta
das 21hs no trecho próximo ao Condomínio Delta Villa II.
GÊNEROS TEXTUAIS
139
Como temos visto durante todo o nosso percurso até aqui, os gêneros textuais e
seus respectivos agrupamentos não estão ligados apenas à leitura e à escrita, mas
também à oralidade. No entanto é importante ressaltar que conhecer os gêne-
ros discursivos orais não é o mesmo que saber falar. Quando conhecemos esses
gêneros, passamos a reconhecer e a produzir nossa fala dentro de estruturas téc-
nicas de determinado gênero, com determinado objetivo. Consequentemente,
passamos a adequar nossa fala de acordo com as diversas situações cotidianas,
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assunto de maneira organizada e coerente, considerando o destinatário da expo-
sição, os elementos de interesse, entre outros. Além disso, um texto construído de
maneira didática provavelmente alcançará o objetivo expositivo que é seu foco.
Os textos expositivos tratam de seu objeto de forma mais direta e objetiva,
sem abrir espaço para interpretações, apenas apresentando características e infor-
mações sobre um determinado tema sem tentar convencer o leitor (mesmo diante
de casos em que os textos argumentativos e expositivos possam se misturar).
Além dos exemplos mencionados acima, entre os gêneros do expor encontram-
-se o verbete, o relatório científico, o resumo de textos expositivos e explicativos,
a tomada de notas, a resenha, entre outros.
Observe, a seguir, um exemplo de texto expositivo do gênero textual resenha:
Já faz um bom tempo que a comunidade científica necessitava de um
livro deste quilate.
GÊNEROS TEXTUAIS
141
Chegamos ao último item desta unidade, que apresenta os gêneros textuais rela-
cionados ao agrupamento do argumentar. A palavra argumentar vem do latim
argumentum, que significa “prova, justificação, razão”. Como é de nosso conheci-
mento, a argumentação está ligada ao ato de expressar uma opinião ou convicção
de modo a persuadir o ouvinte ou o leitor. Saber constituir um argumento é de
grande relevância para a defesa de um ponto de vista, de uma ideia, entre outras
situações. Além disso, é preciso ainda saber identificar os argumentos para não
se deixar persuadir por argumentos falaciosos.
Para isso, a construção de um texto, seja ele oral ou escrito, deve ser desen-
volvida de forma bastante explicativa, apresentando um raciocínio coerente,
convincente, baseado na verdade e capaz de influenciar outra pessoa a pensar
em concordância com o que pensamos.
A argumentação é algo que está constantemente presente em nossa vida. No
nosso cotidiano, mesmo sem perceber, realizamos tal ação quando defendemos
nossa opinião sobre algo, quando apresentamos nosso ponto de vista a alguém,
quando tentamos convencer alguém de algo ou quando precisamos enfrentar a
oposição de outra pessoa, por exemplo.
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No entanto argumentar com alguém a ponto de persuadir não é tão sim-
ples assim. A argumentação precisa ser construída de maneira adequada para
que seu objetivo seja alcançado. Assim como todos os outros textos que estu-
damos, a construção de um texto argumentativo também leva em consideração
sua finalidade e a quem se destina, de modo que seja adequado a tal objetivo,
contexto e destinatário. Por isso, é indispensável que o remetente utilize infor-
mações e referências conhecidas pelo destinatário, para que este o interprete de
modo correto, podendo, dessa forma, ser convencido.
De acordo com Garcia (2000), o ato de argumentar está relacionado à con-
sistência dos fatos, ou seja, para que haja argumentação nos textos (orais ou
escritos), é preciso se basear na lógica e não apenas nas generalizações, no senso
comum. Além disso, o autor ainda salienta que a ironia e o sarcasmo, por mais
que consigam “desequilibrar o oponente”, não devem ser considerados como
elementos argumentativos, pois fogem à consistência dos fatos, tendendo a um
comportamento falacioso, que comprova a falta de argumentos.
Diante disso, para que os argumentos sejam coerentes e convincentes, neces-
sitam de evidências ou critérios de verdade. Essas evidências se manifestam em
um texto argumentativo por meio da explanação de fatos, exemplos, ilustrações,
dados estatísticos e testemunhos, os quais são de fundamental importância para
dar credibilidade e consistência a um texto argumentativo.
A argumentação implica, ainda, segundo Garcia (2000), divergência: não se
pode argumentar sobre verdades universais e banais, e sim sobre temáticas polê-
micas e específicas que geram julgamentos diversos.
GÊNEROS TEXTUAIS
143
Isso nos mostra que existem condições que favorecem uma argumentação
clara e consistente, porém sempre refutável, já que só se argumenta sobre temas
divergentes. Contudo, estamos sempre colocando a linguagem à disposição de
nossos ideais, da nossa cultura, do que achamos que é verdade, pois formamos
juízo de valor a todo instante sobre o que vemos, lemos ou ouvimos. Nesse sen-
tido, Koch (2005, p. 17) diz que “o ato de argumentar, isto é, de orientar o discurso
no sentido de determinadas conclusões, constitui o ato linguístico fundamental,
pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia (...)”.
Ao falar da estrutura do texto argumentativo e suas condições, Koch (2005)
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o editorial, entre outros.
Apesar dos gêneros tex-
tuais citados apresentarem
elementos que os diferen-
ciem, tais como objetivo,
nível de formalidade, quan-
tidade de argumentos, tipos
de argumentos, entre outros,
esses gêneros possuem a
estrutura semelhante, que
se inicia com a introdução, A argumentação está presente em diversos momentos da nossa vida,
principalmente em tomadas de decisões em conjunto no meio
na qual é apresentada a situ- profissional, por exemplo.
ação inicial sobre o tema, bem
como o esboço da posição do emissor em relação a tal assunto.
Em seguida, tem-se o desenvolvimento do texto, que é o momento em
que o emissor analisa ou explicita a tese (opinião, ponto de vista, posição) que
precisa ser apoiada em argumentos fortes. Para essa finalidade, podem ser uti-
lizados fatos, exemplos, testemunhos, citações, dados estatísticos, relações de
causa e consequência etc.
Após demonstrar os argumentos, o emissor produz a conclusão do seu texto,
resumindo o que foi apresentado, retomando os argumentos expostos e refor-
çando a tese inicial.
No que se refere ao estilo de linguagem, os textos argumentativos podem ser
produzidos na 1ª pessoa do plural (nós) ou na 3ª pessoa do singular (ele). Na 3ª
GÊNEROS TEXTUAIS
145
pessoa do plural, os verbos podem estar na voz passiva, como “o experimento foi
realizado”; “observou-se que...” etc. Ao escolhermos escrever o texto na 3ª pes-
soa e pelas construções passivas, criamos um distanciamento do texto, dando a
impressão de impessoalidade, que gera, por conseguinte, um efeito de credibi-
lidade. Já quando usamos a 1ª pessoa, nos aproximamos do leitor, gerando um
sentimento de identificação e empatia.
De maneira resumida, podemos afirmar que os gêneros textuais do argu-
mentar possuem como função principal convencer e/ou persuadir o destinatário
(leitor ou ouvinte) sobre seu ponto de vista a respeito de um determinado assunto.
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O gerente poderia ficar aborrecido com a secretária por ela não ter compa-
recido ao trabalho e poderia querer colocar a culpa nela, como também poderia
atribuir a culpa à pessoa que ele colocou para substituí-la. A verdade do gerente
diria que uma dessas duas funcionárias, independente do motivo, prejudicou a
empresa. No entanto a verdade da secretária dizia que, mesmo que ela tivesse
ido ao trabalho, ela estava rouca, quase sem voz, e não teria conseguido conver-
sar com o cliente.
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argumentarmos de maneira eficaz, a ponto de convencer/persuadir alguém, é pre-
ciso que saibamos realmente o sentido da palavra verdade, já que argumentamos
para convencer alguém da nossa verdade, e não para, simplesmente, conven-
cer alguém da verdade em geral. Assim a verdade é uma questão de opinião, de
ponto de vista, que envolve a quantidade de informação e de experiência que
cada indivíduo possui de uma situação geral, como também a forma que cada um
interpreta as informações que possui para comprovar (ou contestar) uma ideia.
O discurso jurídico, como o julgamento, é também um ótimo exemplo que
podemos considerar para finalizar nossos estudos sobre a relação entre argu-
mentação e verdade, já que, nesse caso, é relevante que os advogados envolvidos
sustentem a acusação e a defesa com a maior quantidade de evidências, testemu-
nhas e comprovações possíveis. Sendo assim, o discurso que estiver mais bem
estruturado, fundamentado e com maior quantidade de argumentos poderá
ser considerado como o discurso da verdade. Caso o discurso (da acusação ou
defesa) esteja mal construído, com poucos e/ou fracos argumentos, as consequ-
ências poderão ser a condenação de um inocente, a absolvição de um culpado
ou, ainda, arquivar o processo por falta de argumentos satisfatórios.
Para finalizar, verificaremos os argumentos utilizados pelo locutor em uma
carta comercial para revelar suas intenções e posicionamentos, como também
sua maneira de agir com as palavras para convencer/persuadir seu interlocu-
tor. Vejamos:
GÊNEROS TEXTUAIS
147
Como é possível verificar, o valor para quitação é menor que o valor original em
aberto no seu contrato. Faça um esforço extra e regularize sua situação.
Em caso de dúvidas, entre em contato conosco. Teremos o maior prazer em aten-
dê-lo: 0800 XXXXXXX (ligação gratuita).
Atenciosamente,
_________________________________
Supervisor de cobrança.
XXXX Promotoria de Crédito Ltda.
Rua da Esperança, 123.
Rio de Janeiro – RJ
CNPJ no. 00123000123
Quadro 05: Exemplo de carta comercial
Fonte: a autora.
Como podemos observar nessa carta de cobrança (Quadro 05), emitida por uma
determinada financiadora a um cliente específico, o emissor inicia seu discurso
apontando as necessidades financeiras do cliente em questão, que precisam ser
satisfeitas com a intenção de mostrar a preocupação da empresa em ajudar os
clientes a resolverem seus problemas financeiros.
A partir disso, o emissor vai construindo seu discurso por meio de argumen-
tos que convençam o cliente sobre o compromisso da empresa em oferecer uma
nova oportunidade para a regularização de pendências e voltar a ter créditos,
tornando-o um cliente “especial” mediante a utilização do adjetivo “nova”, que
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marca o ponto de vista do emissor. Além disso, o locutor mostra-se compreensivo
com o cliente ao afirmar que “com certeza, ocorreram imprevistos”, na intenção
de persuadi-lo e levá-lo a aceitar a proposta que será apresentada em seguida.
Como uma característica da argumentação, foi possível observar, ao longo
da extensão da carta, que o intuito do emissor é tentar convencer/persuadir seu
cliente a liquidar a dívida que possui. Dessa maneira, o supervisor de cobrança
da financiadora vai expondo argumentos para direcionar como seu cliente deve
agir, mostrando-lhe que não pode perder a oportunidade única que lhe está
sendo oferecida para quitar seus débitos.
GÊNEROS TEXTUAIS
149
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
IV
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sentando um exemplo de como podemos encontrar um caso de argumentação
no meio profissional.
Esperamos, portanto, que esta unidade tenha trazido bastante conhecimento
e, especialmente, reflexões a respeito da fala e da escrita nas diversas situações
sociais, além de serem úteis em sua prática profissional.
GÊNEROS TEXTUAIS
151
Os novos gêneros, logicamente, não surgem “do nada”, mas a partir de novas formas
de comunicação, já que a própria língua é viva e vai se adequando às novas situações
e transformações sociais de um povo. Além disso, a partir das plataformas à disposição,
os velhos gêneros se transfiguram, gerando novos gêneros. É assim que as plataformas
como o rádio, a televisão, o jornal, a revista e a internet possibilitaram novos gêneros,
como os editoriais, as notícias, as telemensagens, teleconferências, as videoconferên-
cias, as reportagens ao vivo, as correspondências eletrônicas (e-mails), os bate-papos
virtuais, as aulas virtuais etc. E, ainda, possibilitam de tempos em tempos outros novos
e diferentes gêneros.
Assim, entre os gêneros possibilitados pelas novas tecnologias, temos os e-mails, os
chats ou salas de bate-papo, as listas de discussão (fóruns), os weblogs (blogs) etc., além
daqueles possibilitados pelas redes sociais, como postagens em mural, imagens como
frases etc.
Fonte: a autora.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Bakhtin: conceitos-chave
Beth Brait
Editora: Contexto
Sinopse: um livro composto por artigos de vários estudiosos
da língua traz, em específico, o texto de Irene Machado,
“Gêneros Discursivos”, em que a autora analisa os gêneros
discursivos a partir da perspectiva de Bakhtin, focalizando
suas especificidades, além das formas interativas que se
realizam pelo discurso para a constituição dos gêneros.
Esse livro, como um todo, discute conceitos e termos que
antes eram aplicados à literatura e hoje são válidos para
os veículos de comunicação de massa, além de questionar
sobre como as teorias de Bakhtin contribuem para a análise
de textos e discursos reflexivos na sociedade.
Acessando o link a seguir, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre questões relevantes
acerca dos gêneros textuais. É possível, ainda, ampliar seus estudos diante da variedade de
exemplos que o referido site apresenta, já que cada gênero está separado em tópico e você pode
escolher fazer a leitura do qual mais lhe interessar.
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/redacao/generostextuais/>. Acesso em: 27 jul.
2015.
Professora Me. Raquel de Freitas Arcine
ABORDAGENS DE LEITURA E
V
UNIDADE
ESCRITA DO TEXTO TÉCNICO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar um breve percurso histórico da Redação Técnica.
■■ Apresentar os fundamentos da linguagem no texto técnico.
■■ Conhecer os elementos básicos de leitura de textos técnicos.
■■ Compreender alguns documentos de rotina em escritórios e suas
características.
■■ Entender a estrutura e características da carta comercial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Breve histórico da Redação Técnica
■■ Fundamentos da linguagem no texto técnico
■■ Elementos básicos de leitura de textos técnicos
■■ Textos técnicos: alguns documentos de rotina em escritórios
■■ Estrutura do texto técnico: carta comercial
157
INTRODUÇÃO
Introdução
V
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BREVE HISTÓRICO DA REDAÇÃO TÉCNICA
Com isso, vemos que a escrita do texto técnico tem suas raízes desde a
Antiguidade Clássica. Muitos autores ainda citam as obras de filósofos como
Aristóteles, que trouxe, juntamente com seus estudos referentes à linguagem, as
primeiras formas de escrita técnica.
Na Idade Moderna, com a invenção da imprensa mecânica e o início do
Renascimento, surge uma necessidade ainda maior de documentar descobertas,
em que inventores e cientistas como Isaac Newton e Leonardo Da Vinci escre-
viam textos que registravam suas invenções e achados. Apesar de nunca terem
sido chamados de textos técnicos durante o período de publicação, foram esses
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tentes entre as empresas, a cultura interna e seus valores. De acordo com Gold
(2007), antes se usava um estilo de linguagem prolixo, isto é, a utilização de um
vocabulário mais sofisticado, com uso de clichês e subterfúgios. Atualmente,
tem-se um estilo de linguagem mais objetivo, com apresentação das informa-
ções necessárias com clareza.
Para a referida autora, nos dias atuais, a maior dificuldade encontrada nas
Redações Técnicas é o excesso de informalidade nas mensagens veiculadas por
e-mail, por exemplo, o que faz com que o assunto seja redigido com uma “fala
despreocupada”, com ideias desorganizadas e pouco claras. Segundo Gold (2007,
p. 102), para evitar esse tipo de problema, é preciso organizar com atenção as
informações que se deseja transmitir, como também ter o cuidado de não come-
ter erros gramaticais, pois, mesmo o e-mail sendo um meio de comunicação mais
informal, os textos técnicos são documentos empresariais.
Diante dessas considerações, passaremos a conversar sobre os funda-
mentos da linguagem no texto técnico, no qual trataremos de alguns princípios
básicos da linguagem na Redação Técnica.
Desde o início desta unidade, temos usado a expressão “texto técnico” para fazer
referência ao grupo de textos pertencentes à Redação Técnica. No entanto você
sabe qual a diferença existente entre esse tipo de texto e os demais que não per-
tencem a esse grupo? Pois bem, iremos apresentar as características peculiares ao
texto técnico e diferenciá-lo dos demais que estudamos ao longo deste material.
Provavelmente você deve ter imaginado que os textos técnicos necessitam
de mais cuidado com a linguagem, já que veiculam em ambientes empresariais,
nos quais não podemos utilizar a linguagem de qualquer maneira.
Diferente dos textos literários, por exemplo, o texto técnico possui estreita
relação com o texto informativo, pois procura ter somente uma interpretação, ao
passo que o texto literário é plurissignificativo, ou seja, possibilita mais de uma
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leitura. Assim como o texto informativo, o texto técnico possui uma estrutura
preestabelecida e submete-se, com certo rigor, às normas da linguagem formal,
visando, primeiramente, veicular o conteúdo.
Essas características principais são decorrentes da necessidade de regis-
trar, por escrito, os negócios, contratos e acordos estabelecidos entre as partes
envolvidas nas transações entre empresas. Para que outras pessoas possam ler
e interpretar esses documentos em outro tempo e lugar, é importante que a lin-
guagem desse texto escrito garanta a continuidade das ideias, independente de
se esse texto foi produzido com o auxílio de meios eletrônicos.
Mesmo diante do surgimento da internet, o registro escrito impresso na folha
de papel ainda é presente em muitas empresas, e as normas de elaboração do texto
pouco se alteraram com o advento dos avanços tecnológicos. Principalmente no
meio empresarial, o registro por escrito dos documentos continua sendo uma
necessidade, pois um contrato, por exemplo, escrito com uma linguagem ade-
quada, evita o surgimento de divergências de interpretação e, consequentemente,
o descumprimento de uma determinada cláusula e/ou o cumprimento do acordo.
É importante estar atento ao redigir textos técnicos, já que eles exigem cum-
primento de particularidades próprias não só da linguagem escrita de modo geral,
mas de características específicas que atendam às expectativas do meio linguísti-
co-social em que circulam. Essas exigências conduzem a forma como o indivíduo
de determinado grupo social irá compreender os textos que circula nesses meios.
Como afirma Guimarães (1992, p. 65), “os textos são produtos da atividade
humana e, como tais [...], estão articulados às necessidades, aos interesses e às con-
dições de funcionamento das formações sociais no seio das quais são produzidos”.
É nos textos e/ou documentos produzidos no meio social que encontramos pre-
sentes os requisitos que satisfazem as negociações.
Para Bronckart (1999, p. 72, grifo nosso), “há textos cujas formas estão insti-
tucionalmente estabelecidas ou fixadas: os rituais religiosos, as leis, os contratos,
os documentos em geral”. Uma maneira de compreender essa afirmação é pen-
sando, por exemplo, como pareceria estranho se um fornecedor comunicasse ao
seu distribuidor que acaba de lançar um novo produto por meio de um relató-
rio e não por meio de uma carta comercial.
Assim, é necessário salientar que um texto técnico é marcado por sua estru-
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tura peculiar específica de cada gênero textual. A maioria dos textos técnicos
apresenta formas fixas, apesar de algumas formas sofrerem alterações devido à
evolução da língua. Podemos retomar, ainda, algumas características do texto
técnico, tais como univocidade (que permite apenas uma só interpretação), valo-
rização do plano do conteúdo, maior obediência às normas da língua de nível
formal, entre outros.
Conforme estudamos na unidade anterior, a respeito das características dos
gêneros textuais, os textos técnicos, que compõem o agrupamento da Redação
Técnica, são textos de diferentes gêneros textuais. Das três grandes principais
características que estudamos (tema, estrutura composicional e estilo de lin-
guagem), aqui, a estrutura composicional é considerada a mais relevante, pois
marca cada texto técnico específico. Qualquer pessoa medianamente letrada que
observe uma folha impressa que comece citando local, data e vocativo, seguin-
do-se de um texto e terminando com atenciosamente e, em seguida, com uma
assinatura, logo perceberá que se trata de uma carta. Por isso, a você, caro(a) alu-
no(a), se torna primordial conhecer e observar as práticas de estruturação dos
diversos gêneros textuais que estão inseridos em determinados grupos sociais.
Para que fique claro, é só imaginar como as pessoas achariam esquisito se fos-
sem convidados para uma festa de debutante por meio de uma edital.
Com relação ao estilo de linguagem dos textos técnicos, em geral, todos
devem utilizar:
■■ F
rases curtas, pois torna o texto mais coerente, sendo mais fácil assimi-
lar uma ideia por vez, possibilitando uma rápida compreensão.
■■ V
erbos na voz ativa, que proporcionam ao texto técnico maior clareza e
maior exatidão nas ideias apresentadas. Por exemplo: “A empresa Itatiaia
Móveis realizou pesquisas...” é uma forma mais enfática e clara de apre-
sentar a informação.
■■ V
ocabulário acessível ao receptor, bem como o uso de uma linguagem
própria à área de atuação da empresa ou do cliente. Cuidado ao utilizar
palavras difíceis, “pomposas”, rebuscadas para impressionar. Nesse caso,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PROLIXO CONCISO
Agradecemos imensamente sua carta Agradecemos seu interesse em publi-
e seu interesse em publicar conosco car conosco sua obra. Esta editora não
seus maravilhosos e bem redigidos está investindo em novas publicações
trabalhos. Nossa diretriz editorial, no momento, embora reconheçamos
contudo, está sendo gerida pelas atuais que sua obra foi elaborada com apuro
e catastróficas dificuldades por que científico. Obrigado por nos ter ofereci-
atravessa o país, não podendo, por isso, do seu texto.
a empresa investir em novos e atraen- Atenciosamente,
tes títulos no presente momento.
Confúcio de Oliveira.
Fossem outras as condições do mo-
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mento, certamente teríamos a maior
satisfação em publicar sua insigne
obra. Com nossos melhores agradeci-
mentos pela oferta, manifestamos ao
ensejo as expressões de nossa elevada
consideração e apreço.
Confúcio de Oliveira.
Quadro 06: Exemplo de texto prolixo e texto conciso
Fonte: Medeiros (2005).
Como podemos observar, algumas palavras foram eliminadas, pois não acres-
centavam nada e eram desnecessárias, e outras foram substituídas. A brevidade
em um texto técnico é o mais relevante, isso não quer dizer uma brevidade “seca”,
tão breve e sucinta ao ponto de deixar as informações incompletas, tornando a
leitura difícil, na qual o leitor realiza apenas a decodificação.
Assim como não há extremo com relação à brevidade de um texto, também
é preciso estar atento à utilização de uma linguagem informal. Podemos fazer
uso dessa linguagem, no entanto devemos evitar o formalismo exagerado. O
mesmo serve para a gramática exagerada e para o coloquialismo extrapolado.
“Entre duas palavras, escolho sempre a mais macia, a mais lisa, a mais per-
meável (...). Eu desconfio dos adjetivos, mais ainda dos advérbios: o que vale
é o verbo. (...) Tento adequar a linguagem àquilo que ela procura exprimir, de
maneira quase camaleônica (...). A linguagem tem de impulsionar a ação. (...)
Tenho que fazer com que a história flua através das palavras, sem que o lei-
tor tropece nelas. Isso faz com que eu seja lido por vários níveis de leitores.”
Fonte: Fernando Sabino.
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Existem qualidades comuns aos textos escritos em geral. Porém, como temos visto,
há características que são específicas de cada gênero textual ou de uma categoria
de textos. O texto técnico, por sua especificidade, precisa perseguir uma série de
características para o estabelecimento de uma linguagem adequada. Vejamos as
que mais se destacam na perspectiva de Zanotto (2002).
Adequação
Um texto técnico adequado é aquele que respeita as características do gênero
textual a que pertence e considera as circunstâncias de sua produção e recep-
ção. Um exemplo é o texto empresarial: ele será adequado se respeitar a estrutura
geral, a distribuição de partes, a seleção vocabular, a estrutura da frase e as demais
qualidades próprias desse gênero, como também o nível de linguagem exigido
para cada caso.
Imagine uma situação em que um filho envia uma carta a seu pai redigida
da seguinte maneira:
Querido pai,
Aguardo ansiosamente Vossa Senhoria para meu aniversário.
(...)
Correção
De modo geral, a correção é a qualidade imprescindível a qualquer texto escrito.
O texto considerado correto respeita as normas de linguagem pertinentes de
acordo com a situação em que se insere. Nos textos técnicos, que circulam nos
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ambientes comerciais, o erro pode trazer como consequência o desprestígio do
emissor. Dependendo do tipo de erro, pode, ainda, comprometer a compreensão
da mensagem, acarretando significados equivocados do que se quis expressar,
resultando em prejuízos, às vezes, até muito graves.
Objetividade
Assim como a brevidade, o texto considerado objetivo vai direto ao tema, sem
fazer rodeios dispensáveis. Além disso, as informações devem ser precisas e, sem-
pre que necessário, ao fazer referência a documentos que possuem números, é
importante que eles estejam acrescentados. Nos textos técnicos, não é objetivo,
por exemplo, a carta comercial que informa “acabamos de receber as merca-
dorias enviadas ontem” em vez de dizer “recebemos nesta data as mercadorias
constantes na sua Nota Fiscal 1234”.
Outro exemplo que podemos citar é o relatório, no qual não seria obje-
tivo, por exemplo, apresentar informações que qualificassem uma determinada
reforma de um prédio vistoriado como “muito dispendiosa” em lugar de infor-
mar exatamente seu custo. Ainda podemos pensar em um texto que, mesmo
sendo possível dizer tudo em poucas linhas, o emissor inventa maneiras para
expandir o texto, apresentando ideias repetidas ou desnecessárias. No entanto
não devemos confundir objetividade com grosseria ou arrogância.
Originalidade
Apesar de o texto técnico ser objetivo, nada impede que ele possa ser também
original, isto é, que a linguagem utilizada revele um toque pessoal, revestindo as
Perceba que, nesse trecho, há a utilização de uma linguagem e estrutura mais arcaica,
já que se trata de um relatório redigido em 1929, no entanto apresenta essa origina-
lidade de que estamos falando, pois o escritor Graciliano Ramos vai apresentando
suas ideais com um tom mais pessoal, por meio da seleção de algumas expressões
específicas, tais como “lutei com tenacidade”, “de algodão em rama”, “carregada de
bílis”, entre outras, assim como no modo como as frases são organizadas.
Persuasão
Em conformidade com o que estudamos na unidade anterior, a questão da per-
suasão está atrelada às características vistas no item específico sobre os gêneros
textuais e a argumentação, no qual discorremos sobre a persuasão e o conven-
cimento. Como vimos, persuasivo é o texto que convence e, para convencer, é
preciso argumentar. O texto convence não só por argumentos lógicos como tam-
bém será persuasivo na medida em que atender aos requisitos, às qualidades que
lhe são próprias. Contribuem para atingir esse objetivo desde os recursos lin-
guísticos até a estrutura do texto técnico em geral.
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Polidez
De acordo com Zanotto (2002, p. 32), o texto que possui a característica da poli-
dez é aquele que “não agride, que respeita o destinatário e consegue transformar
a mensagem escrita até em oportunidade para formar a boa imagem de quem
o expede”. É um traço mais comum nas correspondências, mesmo quando se
trata de assuntos delicados ou desagradáveis, a linguagem presente nos textos
técnicos deve primar pela cortesia. Existem diversas maneiras, por exemplo, de
cobrar, mediante carta, uma conta atrasada ou reclamar por um serviço mal
feito sem ser deselegante. Ainda que seja necessário fazer tais ações com fir-
meza, é importante evitar a agressão por meio das palavras. Observe o exemplo
abaixo apresentado por Zanotto (2002, p. 32), que exemplifica bem o que aca-
bamos de explicar.
Simplicidade
Mais uma das qualidades de todo texto técnico é a simplicidade, ou seja, sim-
ples é o texto que procura informar ao invés de impressionar. Especificamente
contribui para que você, caro(a) aluno(a), fique ainda mais conhecedor(a) des-
ses textos.
Muitas regras que estão relacionadas à escrita convergem, consequentemente,
para uma leitura adequada, já que a compreensão correta de um texto depende
de um texto bem redigido. Quando lemos um texto técnico, uma carta comer-
cial, por exemplo, e temos o nome de uma empresa como remetente, associamos
a escrita dessa carta a toda a empresa e não a quem a redigiu. Uma carta mal
escrita, mal formatada e sem clareza representa – para quem lê – uma empresa
pouco confiável, gerando uma imagem negativa.
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No ambiente profissional, principalmente, você, prezado(a) aluno(a), será
não só o emissor de muitos documentos que permeiam o meio empresarial, mas
também o receptor de vários textos técnicos. Para que a compreensão ocorra de
forma satisfatória e, consequentemente, as atitudes sejam tomadas sem erros,
é necessário que você esteja atento(a) aos itens que são essenciais tanto para a
escrita como para a leitura de textos pertencentes à Redação Técnica.
Por isso, muitas vezes, uma única leitura não é suficiente para apreender
todos os sentidos de um texto, principalmente quando se trata da leitura de tex-
tos técnicos, que exigem mais atenção e responsabilidade por parte de quem lê,
já que, em seguida, será preciso tomar decisões. Assim é importante que, em uma
primeira leitura, você verifique se há o uso de termos técnicos desconhecidos,
pois o desconhecimento de qualquer termo pode comprometer as ações futuras.
Retomando o que dissemos na unidade III, a leitura é fonte de conheci-
mento e autonomia do sujeito, e isso influencia diretamente na compreensão
de textos técnicos, visto que a falta de conhecimento do assunto abordado no
texto é um empecilho à comunicação, seja ela oral ou escrita. De acordo com
Medeiros (2003), outros fatores como a falta de experiência, a falta de imagi-
nação, a ausência de atenção (distração) e a falta de disposição para entender
também atrapalham a compreensão textual.
Muitos textos técnicos apresentam alguns “defeitos” que, às vezes, passam
despercebidos pelo nosso olhar leitor e nos atrapalham no alcance dos objetivos
desejados. Para Medeiros (2005), são considerados defeitos graves que prejudi-
cam a leitura e a consecução do objetivo:
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ções que levam ao desentendimento.
5. A utilização de palavras que con- Nacionalista, comunista, judeu, baiana-
têm indicação de credo político ou da, gringo, neoliberal etc.
nacionalidade, raça, apelidos. Embora
siga as regras da gramática, corre-se
o risco de uma comunicação ineficaz
simplesmente pelo uso de uma dessas
palavras.
6. A falsa identidade baseada em Os estudantes de Direito são neolibe-
palavras, consequência de uma leitura rais.
desatenta e raciocínios apressados. Tra- Fulana é estudante de Direito.
ta-se de associação verbal que ameaça
Logo, Fulana é neoliberal.
os significados das situações.
Quadro 07: Situações que constituem falhas ao leitor
Fonte: baseado em Medeiros (2005).
“Para que uma mensagem se torne efetiva são necessários alguns requisitos:
estar fisicamente ao alcance do receptor; ser compreendida por ele; poder
ser por ele comprovada; ser de alguma utilidade para o receptor” (MEDEI-
ROS, 2005, p. 18).
Há vários fatores que impedem uma leitura eficaz de um texto técnico. Da parte
do receptor, podemos considerar como empecilhos à compreensão o nível de
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social em que esse profissional atuará. Além disso, é preciso ter conhecimento
sobre alguns elementos que direcionam a leitura de textos técnicos, já que cada
gênero textual pertencente à esfera empresarial possui uma temática específica,
uma estrutura definida e um estilo de linguagem próprio, que o diferenciam dos
textos que estamos acostumados a ler no nosso dia a dia.
No tópico a seguir, apresentaremos, de modo geral, alguns dos gêneros textu-
ais (e suas características mais relevantes) que você poderá encontrar e trabalhar
em seu ambiente profissional. Em seguida, estudaremos um gênero textual espe-
cífico de modo mais detalhado.
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Vamos lá! Continue sua leitura!
ATA
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Com relação à estrutura da ata, é fundamental apresentar dia, mês, ano e hora
da reunião (por extenso); o local da reunião; a relação e a identificação das pes-
soas presentes; a declaração do presidente e secretário(a); ordem do dia e fecho.
Vejamos um exemplo de ata apresentado por Medeiros (2005, p. 83).
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Aos cinco dias do mês de fevereiro de 2015, às nove horas, na sede social, na Rua
dos Mananciais, no. 82, São Paulo (SP), reuniu-se a Diretoria de Jalento Industrial
S.A., presentes todos os seus membros infra-assinados, sob a presidência do Sr.
Fulano de Tal, que convidou a mim João Daqueles para secretário. Assim reuni-
dos, deliberam os senhores diretores por unanimidade pela extinção das ativida-
des da Filial localizada na Avenida Bambuzal, no. 120 – Bairro dos Bambus – São
Paulo (SP), uma vez que a medida atende aos interesses da sociedade. Nada
mais havendo a tratar, foi encerrada a Reunião, lavrando-se a presente ata que,
lida e achada conforme, vai ser assinada por todos os presentes. São Paulo, 5 de
fevereiro de 2015, Fulano de Tal, Presidente da Mesa; João Daqueles, Secretário.
Silvano de Tal, Diretor-presidente; Lourival da Silva, Diretor, Vice-presidente Exe-
cutivo; Celano de Oliveira, Diretor-financeiro; Galeano Pereira, Diretor; Pavânio
Lúcido, Diretor. A presente é cópia fiel da original lavrada no livro próprio. João
Daqueles/Secretário. Registrada na Jucesp sob no.0003456789 em 5 de março de
2015.
Como foi possível observar, na ata em questão, foi lançada a ocorrência da reunião
de uma empresa específica, assim como as decisões tomadas, com a participação
dos membros da diretoria. Além disso, obedece às normas próprias e apresenta
a estrutura apropriada, como também está escrita em linguagem clara e obje-
tiva, registrando os fatos indispensáveis da reunião.
ATESTADO
Município de Florianópolis
Secretaria Municipal da Fazenda
(Demais dados da secretaria)
Atesto para fins de aposentadoria que Fulano de Tal, matrícula no. 12345x, nível
4, triênio 10, é servidor desta Secretaria desde o dia 10 de Janeiro de 1975, tendo
completado nesta data “tantos” dias de serviço.
Santo A. Dias
Secretário
As mensagens eletrônicas,
mais conhecidas como
“e-mail”, nos dias atuais,
são um dos gêneros tex-
tuais mais redigidos ao
redor do mundo, seja para
falar de assuntos banais na
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comunicação entre jovens
ou para tratar de grandes
negociações entre empre-
sas. Os mais diferentes
assuntos que podem estar
em um e-mail, nas mais
diversas faixas etárias e áreas, ocorrem devido à rapidez e praticidade que o meio
eletrônico consegue conciliar. No entanto, devido a essas duas grandes caracterís-
ticas e o uso recorrente do e-mail pelas pessoas, foi necessário uma padronização
do texto desenvolvido nessas mensagens eletrônicas. Como afirma Marcuschi
(2004), a criação da “Netiqueta” veio com o propósito de impor regras de com-
portamento na internet para que, assim, as pessoas pudessem se comunicar
adequadamente dentro desse novo ambiente digital.
Netiqueta
Netiqueta é uma palavra construída a partir das palavras inglesas network
e etiquette. Refere-se a uma etiqueta recomendada para o uso da internet.
Consiste em um conjunto de recomendações para evitar conflitos e mal-en-
tendidos via internet, em e-mails, fóruns, chats etc.
Para saber mais a respeito, consulte o site disponível em: <http://www.sa-
fernet.org.br/site/sites/default/files/netiqueta.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2015.
resultados do que com rispidez. Assim, nunca é demais um “por favor”, “por
gentileza”, “muito obrigado”, “obrigado por sua atenção”, “desculpe-nos por...”,
entre outras expressões.
Podemos enviar e-mails para as mais diversas finalidades. No entanto, nos
ambientes em que você, futuro(a) profissional de Secretariado, estará inseri-
do(a), será preciso ficar atento(a) ao objetivo do e-mail e, diante disso, proceder
as adaptações necessárias quanto ao grau de formalidade, ao nível de linguagem,
à seleção lexical, à estrutura e apresentação geral, tudo em consonância com os
hábitos vigentes no meio social para onde o e-mail será direcionado. A lingua-
gem, em especial, deve espelhar esses diferentes objetivos. Para um e-mail formal,
é adequado o emprego da linguagem culta.
Em vista disso, as formas abreviadas devem ser evitadas. Muitas pessoas
que escrevem e-mail acreditam que o efeito de sua mensagem está no número
de abreviaturas que utiliza (vc = você; rs = risos; bjs = beijos), mas, como já foi
dito anteriormente, essas abreviaturas só serão possíveis de acordo com o des-
tinatário em questão e as finalidades da mensagem, que direcionarão o grau de
formalidade.
Na maioria das vezes, o e-mail assume o formato de recado, comunicado,
bilhete ou carta. A diferença reside no tipo de suporte da mensagem, pois os
outros textos, normalmente, têm por suporte a folha de papel, ao passo que a
mensagem eletrônica escreve-se “sobre” a tela do computador.
Por possuir remetente e destinatários certos, o e-mail pertence ao grupo das
correspondências. O texto estrutura-se em torno de uma primeira pessoa que
partilha assuntos com uma segunda pessoa discursiva determinada.
Prezado Diretor:
Cecília Meireles:
Ao digitar seu texto, evite o excesso de destaque, como o uso de letras maiúscu-
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las, itálico, sublinhado, negrito, aspas e outros. Ocupe-se, principalmente, com a
coesão e coerência das ideias, pois elas precisam estar relacionadas umas com as
outras. Por isso é recomendável o uso de frases curtas, tais como: “Aguardo sua
resposta até as 18 horas” ou “Por favor, queira enviar-nos sua proposta”.
Após despedir-se, ao final, coloque sua assinatura, que pode ser padroni-
zada ou apenas seu nome e nome da empresa (ou logomarca).
Seguiremos agora para o estudo da carta comercial, um gênero textual
também pertencente à Redação Técnica. Aproveite ao máximo todas estas infor-
mações!
Metalúrgica Brasil
Rua São Luís, 110
Porto Alegre – RS
90000-000
Apesar disso, a carta epigrafada, em comparação com a carta simples (sem epí-
grafe), oferece a vantagem de possibilitar a identificação imediata do assunto de
que trata, por isso deve ser sintética e bem específica. Observe a sequência de
endereçamento, epígrafe e vocativo.
Banco do Brasil
Rua da Consolação, 1234
Rio de Janeiro – RJ
Prorrogação de vencimento da duplicata 100-00
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Senhor Gerente:
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ou mais assuntos, é importante que sejam estruturadas em parágrafos distintos.
III) Fecho – é a frase de despedida, que pode estar alinhada na direção do
parágrafo ou posicionada sobre a assinatura. Evite fechos do tipo: “sendo o que
tínhamos para o momento...”; “nada mais tendo para acrescentar...”; “sem mais
para o momento”; “com estima e apreço, subscrevemo-nos...”; entre outros.
O correto é reduzir ao mínimo as palavras de um fecho de carta comercial.
O que se deve escrever é o que realmente faz sentido. Se houver necessidade de
agradecer, cabe um parágrafo de agradecimento ou, caso seja preciso reafirmar
alguma providência, também cabe um parágrafo de reiteração desse tópico, pois,
nesses casos, está sendo satisfeita uma necessidade. Caso contrário, o mais ade-
quado é encerrar com um dos seguintes fechos, escolhendo o mais apropriado
para cada situação: “atenciosamente”; “cordialmente”; “com apreço”; “saudações”;
“antecipamos agradecimentos”; “aguardamos para breve sua resposta”; “temos
certeza da compreensão de Vossa Senhoria” etc. Os três primeiros fechos mencio-
nados, por se tratarem de adjuntos adverbiais, devem estar seguidos de vírgula. Os
outros fechos são frases autônomas, por isso devem ser seguidos de ponto final.
Por fim, o último elemento na carta comercial deve ser a assinatura. Todo
documento, para ser válido, deve ser assinado. Uma carta comercial sem assinatura
revela, no mínimo, descuido, esquecimento, além, é claro, de se poder questio-
nar seu valor. A assinatura deve ser acompanhada do nome legível (digitado) e
do cargo ou função de quem assina. O nome do signatário deve estar legível e
não é necessário colocar todas as letras em maiúscula. Além disso, também não
é necessário traçar uma linha sobre a qual deveria ser aposta a assinatura, como
era feito antigamente. Sendo assim, observe os exemplos:
ERRADO CORRETO
Veja que outro erro comum é antepor o título ao nome do signatário como no caso
acima (Dr.). Nas cartas comerciais, o título é dispensável. Se a secretária assinar a
carta comercial por seu executivo, deverá fazer isso de modo que seu nome seja
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legível. Nesse caso, coloca-se p/ antes do nome do executivo, que significa por
Fulano de Tal (isto é, “na ausência de meu executivo, estou assinando por ele”).
Quando a carta comercial é redigida por uma pessoa, digitada por outra
e assinada por uma terceira, pode-se colocar, após a assinatura, as iniciais do
redator e do digitador, nessa ordem. Apesar disso, o mais comum é aparecerem
somente as iniciais de quem digitou a carta. O recomendável é que essas iniciais
sejam escritas em letras maiúsculas, já que provêm de nomes próprios.
Mas acredito que você esteja se perguntando se isso é obrigatório, não é?
Pois bem, a decisão de fazer constar ou não essas iniciais depende da intenção de
registrar quem redigiu e quem digitou o documento. Caso você opte por acres-
centar esse registro, as iniciais do redator aparecem em primeiro lugar, seguida
das iniciais do digitador. Essas iniciais devem estar localizadas no rodapé da carta,
à esquerda, após a assinatura. Se o redator e o digitador forem os mesmos, colo-
ca-se uma barra diagonal e, na sequência, as iniciais. Observe:
Outro detalhe que pode estar presente nas cartas comerciais é a abreviatura c/c,
que significa com cópia. Quando o assunto da carta comercial interessa não só
ao destinatário, mas também a outras pessoas, é importante que os outros inte-
ressados recebam cópia do texto. Além disso, esse procedimento ocorre quando
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tinatário “titular”. A ele interessa, em primeiro lugar, o assunto do texto, como
também uma possível resposta passa primeiro por ele. A quem recebeu a cópia,
interessa somente tomar conhecimento do documento ou a resposta deverá pas-
sar pelo destinatário principal.
Abaixo, segue um exemplo de final de carta comercial constando assina-
tura, iniciais e aviso de cópias.
Atenciosamente,
AB/MAC
C/c: Gerência Administrativa
Atacadista Sulino
Rua São Tomé, 1123
Canoas – RS
95010-000
Senhor Gerente:
Como bem sabe V. Sa., a rapidez é uma característica do nosso tempo. Nos negó-
cios também. Infelizmente, não é o que está acontecendo com as suas remessas
de mercadorias. Precisamos encurtar o tempo entre o fechamento dos pedidos e
a entrega dos produtos. Conhecendo suas ligações com a Trans-Mérito, sugerimos
que discuta o assunto com essa transportadora, em busca de solução rápida do
problema.
Contamos com sua compreensão e providências.
Atenciosamente,
Sandro S. Barros
Secretário Executivo
SS/TL
C/c: Departamento Jurídico
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Referência (ou Ref.:): Demora nas entregas
■■ Vocativo (ou invocação): Senhor Gerente
■■ Texto: Como bem sabe V. Sa., a rapidez é uma característica do nosso
tempo. Nos negócios também. Infelizmente, (...).
■■ Cumprimento final: Contamos com sua compreensão e providências.
■■ Fecho: Atenciosamente
■■ Assinatura e função do signatário: Sandro S. Santos
Secretário Executivo
■■ Iniciais do redator e do digitador: SS/TL. Nesse caso, o redator foi o
próprio secretário (Sandro S. Santos) e o digitador Tomás Lacerda (TL).
Acredito que, agora, tenha ficado bem visível como é estruturada uma carta
comercial, não é? No entanto, prezado(a) aluno(a), é necessário que você pes-
quise em outras fontes de conhecimento, que conheça outras possibilidades de
textos técnicos, para não só sanar suas dúvidas, como também para aprofun-
dar suas habilidades.
Mas, antes de finalizar, é importante salientar que alguns livros apresen-
tam, ainda, a possibilidade da existência de outros elementos na composição da
carta comercial, assim como alguns autores não consideram alguns componen-
tes ou afirmam que o endereçamento interno, por exemplo, está caindo de uso.
Por isso, reafirmo aqui a importância de continuar pesquisando e lendo sobre
a Redação Técnica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), chegamos, enfim, ao final de nossa última unidade! Ela, como
dissemos, une-se à anterior para tratar mais diretamente de questões relaciona-
das à prática secretarial. Assim, se na quarta unidade nosso foco foi os gêneros
textuais e seus agrupamentos, esta quinta unidade voltou seu olhar para alguns
gêneros específicos da Redação Técnica, tais como a ata, o atestado, a mensa-
gem eletrônica e a carta comercial.
Para tanto, iniciamos falando um pouco sobre o histórico da Redação Técnica,
comparando os textos técnicos utilizados antes e após a Revolução Industrial,
pois foi depois desse acontecimento, com a invenção de equipamentos cada vez
mais complexos, que se tornou necessário documentar os modos de trabalhar
Considerações Finais
V
com esses novos aparelhos por meio de textos técnicos, já que só os inventores
sabiam utilizá-los.
Na sequência, falamos a respeito dos elementos fundamentais para fazer a
leitura adequada dos textos técnicos, já que, como futuro(a) profissional, será
necessário não só ser emissor(a) de documentos empresariais, mas também recep-
tor(a) de vários textos técnicos. Conhecemos, em seguida, alguns tipos de textos
técnicos que são considerados os documentos mais comuns no meio empresarial.
Por fim, detivemo-nos no estudo da estrutura da carta comercial, que, assim
como os outros gêneros, possui uma estrutura composicional, um estilo de lin-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
guagem e uma temática definida.
Entretanto reafirmamos a importância de prosseguir pesquisando e lendo
sobre a Redação Técnica, já que alguns estudiosos apresentam ainda outros ele-
mentos na estrutura da carta comercial, como também há aqueles que não levam
em consideração alguns componentes ou afirmam que determinados elemen-
tos estão em desuso.
Espero, assim, que esta unidade tenha trazido muitos conhecimentos novos
para agregar a sua futura prática secretarial.
Sendo assim, o associado já está com seu pré-cadastro aprovado, somente sendo
necessário comparecer ao nosso estabelecimento para concretizar o mesmo.
Cordialmente,
Algumas expressões usadas no internetês são: aki – aqui; blz – beleza; hj – hoje;
naum – não; nd – nada; pq – porque; qdo – quando; tb – também; vc – você; td –
tudo; eh – é; entre outros.
É preciso ficar claro que o internetês não é “errado”. O fato é que ele é adequado para
certas situações e inadequado para outras, e cabe ao profissional ter bom senso
para os casos em que isso acontece.
Fonte: a autora.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Netiqueta
Como já abordamos sobre os “gêneros digitais”, é muito importante também estar atento ao
tipo de linguagem utilizado nos ambientes virtuais. Por isso, para evitar qualquer “deslize”
desnecessário, consulte mais sobre as chamadas “netiquetas” nos links a seguir. Com certeza, essas
leituras serão de grande utilidade para você desenvolver suas competências comunicativas de
maneira adequada também no contexto da internet.
Disponível em: <http://www.safernet.org.br/site/sites/default/files/netiqueta.pdf>. Acesso em: 28
jul. 2015.
Disponível em: <http://www.educacaoadistancia.camara.leg.br/ead_cfd/file.php/1/Documentos_
geral_/Netiqueta.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2015.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
197
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a), você chegou ao fim da leitura deste livro. Que bom! A disciplina de
Leitura e Produção Textual tem o objetivo de levar a seu conhecimento informações
e conceitos importantes no que diz respeito, sobretudo, aos processos de leitura e
escrita, não só de textos técnicos, mas de textos de modo geral. Vamos relembrar,
então, rapidamente, tudo o que estudamos por aqui.
Na primeira unidade do livro, refletimos sobre o que é texto e a importância de en-
tender como ocorre o processo de construção de sentidos. A seguir, conhecemos os
fatores de textualidade.
Na segunda unidade do livro, refletimos acerca da função social da linguagem, sua
proximidade com a sociedade e sua ligação intrínseca com a escrita. Tendo comen-
tado sobre tais relações, abrimos um tópico para comentar a respeito das teorias da
comunicação e seguimos para as funções da linguagem.
Em se tratando da terceira unidade do livro, procuramos expor o processo de leitura,
mostrando que ler não é só decodificar letras, mas sim o que está implícito e pres-
supor o que o escritor imaginou que já soubéssemos no momento daquela leitura,
fazendo referências a esse conhecimento anterior para aprofundarmos o que lemos,
expandindo nosso campo cognitivo.
E, então, você já se considera um sujeito autônomo, que participa ativamente da
sociedade, chegando a importantes conclusões e opiniões sobre o meio que o(a)
cerca? Espero que, de alguma maneira, tudo o que fora estudado aqui acerca dos
processos de (re)significação e também sobre a leitura como fonte de conhecimen-
to e autonomia do sujeito, enriqueça sua prática discente e secretarial.
Iniciamos a quarta unidade buscando saber o que seriam os gêneros textuais e sua
relação estrita com a comunicação. Passamos, na sequência, a apresentar os gêne-
ros textuais de acordo com suas funções e seus agrupamentos relacionados aos ti-
pos textuais.
Ao fim do livro, chegando à última unidade, na qual tratamos especificamente da
Redação Técnica. Finalmente, discorremos sobre alguns documentos de rotina em
escritórios.
Pois bem, por fim, enfatizo novamente a importância de não parar por aqui! Busque
outras fontes de conhecimento! Há muitas informações à disposição na internet,
nas bibliotecas e livrarias para quem deseja crescer, se aperfeiçoar e se manter atu-
alizado(a). Estude sempre e não desanime jamais!
tação de teses e dissertações. Rev. de Psicologia da UnC., v. 01, n. 02, 2004, p. 94-
95. Disponível em: <www.nead.uncnet.br/revista/psicologia>. Acesso em: 20 maio
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201
REFERÊNCIAS
UNIDADE I
1. Geraldi (1997) define o texto como uma sequência verbal com escrita coeren-
te formando um todo acabado, definitivo e publicado. Essa sequência verbal (o
texto) constrói-se em uma relação entre um eu e um tu e opera com elementos
que, sozinhos, são insuficientes para produzir um sentido fixo.
2. Os fatores de textualidade que caracterizam o texto são fatores pragmáticos e
fatores linguísticos. Os fatores pragmáticos são: intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, informatividade e intertextualidade. Já os considerados fatores
linguísticos se concentram apenas na coesão e coerência textual.
3. A coesão refere-se à forma ou à superfície de um texto. Ela é mantida por meio
de procedimentos gramaticais, isto é, pela escolha do conectivo adequado na
conexão dos diversos enunciados que compõem um texto. A coerência não se
encontra materializada no texto como a coesão, ou seja, ela não está no texto,
mas deve ser construída a partir dele, levando-se em conta os recursos coesivos
presentes na superfície textual, os quais funcionam como pistas para orientar o
leitor na construção do sentido.
4. As cinco qualidades relevantes para escrever um bom parágrafo, segundo Fi-
gueiredo (1999), são: unidade, coerência, consistência, concisão e ênfase.
5. Resposta pessoal.
UNIDADE II
1. Ao compreender o funcionamento da comunicação, o profissional de Secre-
tariado Executivo saberá produzir mensagens sem ambiguidade e resolver
situações comunicativas que apresentem contextos diversos para que a men-
sagem não chegue de maneira equivocada ao receptor. Além disso, sabendo
quais pontos da comunicação de uma mensagem são mais vulneráveis ruídos
e interferências, esse profissional prestará atenção e saberá evitar tais ruídos.
Conhecendo bem a estrutura comunicacional, o receptor responderá a mensa-
gem enviada da forma esperada, de modo que a comunicação estará se proces-
sando da melhor forma possível.
2. Função fática, pois o que está sendo ressaltado no texto é o canal de comunica-
ção. Não há a necessidade de comunicar informação alguma nessa situação, em
que os indivíduos se encontram em um semáforo. Eles conversam apenas para
manter o canal comunicativo em uso.
3. A escrita possui uma utilidade que é social, ou seja, é uma utilidade comparti-
lhada pelos indivíduos de um grupo. É preciso compreender que a língua (e a
escrita) não é meramente um código, e sim uma ferramenta social. Com essa
compreensão, é possível dominar seus usos e possibilidades, evitando que a
escrita torne-se incompreensível para os usuários da língua.
GABARITO
UNIDADE III
1. Essa visão interativa e dinâmica do ato de ler está relacionada à atividade dia-
lógica, ou seja, a leitura tornou-se um processo de interação que se realiza en-
tre autor e leitor, mediado pelo texto, estando todos os elementos envolvidos
situados em determinado momento histórico e social. De acordo com Geraldi
(2004), existem quatro posturas de leitores ante o texto: a leitura “busca de in-
formações”; a leitura “estudo do texto”; a leitura “pretexto”; a leitura “fruição do
texto”.
2. São quatro as habilidades de leitura que o indivíduo precisa desenvolver: sele-
ção (o leitor concentra-se apenas naquilo que é útil para sua compreensão do
texto); antecipação (o leitor pressupõe algo sobre o texto lido com base nos
conhecimentos prévios); inferência (ao ler um texto, o leitor aciona os conheci-
mentos prévios que tem armazenado em sua memória sobre o tema); verifica-
ção (é o momento em que o leitor confirmará ou não as hipóteses e inferências
que projetou durante sua leitura).
3. O indivíduo que lê e escreve de forma adequada consegue estabelecer relações
no meio social e profissional, já que, nesses meios, uma leitura competente é
exigida do sujeito para que ele possa ter acesso às informações veiculadas nas
mais diversas maneiras, tais como internet, televisão, jornais, revistas, folders,
cartazes, propagandas, bilhetes, enfim, tudo o que permite um texto para ser
lido. A escrita, por sua vez, é exigida para enviar e-mails, redigir cartas (pesso-
ais ou empresariais), deixar bilhetes, fazer anotações etc. Em vista disso, se faz
necessário que o sujeito seja capaz de apreender e atribuir sentidos na leitura e
comunicar sentidos quando fizer uso da escrita.
4. O indivíduo que compreende a leitura/escrita como uma prática social realiza
uma leitura competente, que envolve reflexões conscientes e posicionamento
crítico. Além disso, esse indivíduo é capaz de se posicionar de maneira cons-
trutiva frente a problemas, analisar e tomar posicionamento diante de diversas
questões que permeiam o ambiente profissional e a sociedade da maneira ge-
ral, além de ter uma comunicação favorecida pela ampliação do vocabulário
que a leitura proporciona.
UNIDADE IV
1. Segundo Bakhtin (2009), gêneros textuais primários são os do cotidiano, onde
há a comunicação espontânea, informal. Já gêneros secundários estão mais re-
lacionados aos contextos de comunicação mais formais. Os secundários abri-
gam os primários, pois, a partir do momento em que os primários se aprimo-
ram, se tornam secundários.
2. Temática definida: é a concepção de que nem toda temática serve para todo
tipo de gênero.
205
GABARITO
UNIDADE V
1. O gênero textual ata pode pertencer ao agrupamento do relato, pois a ata é
um registro em que se relata, de maneira minuciosa, o que se passou em uma
reunião, assembleia ou convenção. O atestado pertence ao agrupamento da
exposição, já que apresenta ou expõe informações sobre algo com o objetivo
de informar. A mensagem eletrônica (e-mail) pode pertencer a diferentes agru-
pamentos, uma vez que a mensagem pode estar relatando um fato, descreven-
do algo, expondo informações e/ou argumentando sobre alguma coisa.
2. Os elementos constitutivos da carta comercial são: local e data, endereçamento
interno, referência, vocativo, corpo da carta, fecho, assinatura, iniciais e cópia.
3. Os possíveis problemas encontrados são:
• Expressão prolixa, em desuso (“Venho por meio deste”).
• A abreviatura de Vossa Senhoria é V. Sa. Não é necessário utilizar “Excelen-
tíssima”, que apresenta uma polidez exagerada.
GABARITO