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ID: 81928745 08-08-2019 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 5

Laboratório

Três décadas
de evolução
EM 1985, O LANÇAMENTO DO RENAULT 5GT TURBO
FOI UM ACONTECIMENTO, ENTRE OS ENTUSIASTAS DE
PEQUENOS DESPORTIVOS. COM UM MOTOR 1.4 TURBO,
CONSEGUIA CHEGAR AOS 115 CV E ATINGIR OS 200
KM/H. TRÊS DÉCADAS DEPOIS, O CLIO TCE 130 MOSTRA
O QUE É A EVOLUÇÃO

Texto - Francisco Mota i'o/u.s Renault

Para quem não tem idade para se lembrar dos anos oitenta, será difícil entender a excitação que rodeou
o lançamento do Renault 5GT Turbo. Com base no seu "best-seller" Supercinco, em sí uma evolução do
primeiro R5 já com o motor transversal em vez de longitudinal, do qual mantinha a plataforma e muita da
mecânica, a Renault realizou uma carroçaria totalmente nova, com um aspeto francamente futurista para
a altura. A isso juntava a tecnologia dos motores turbo, que a marca francesa usava na Fórmula 1 há vários
anos e que já tinha ensaiado no modelo antecessor, o R5 Alpine Turbo, mas que agora levava a novos níveis
de performance e de competência.
Quando foi lançado, em 1985, o 5GT Turbo passou a ser o pequeno desportivo que todos queriam ter. Tanto
mais que o início das vendas foi acompanhado pela organização de troféus de velocidade um pouco por
toda a Europa, incluíndo em Portugal.
Nos ralis, o 5GT Turbo também mostrou a sua competência, até no campeonato do mundo, que conseguiu
vencer por duas vezes, ao nível da classe dos carros de série, o então chamado Grupo N.
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RENAULT 5GT TURBO VS. CLIO TC3 130

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Laboratório
A FORÇA DO "TURRO"
Mais do que o estilo, que agradou desde o primeiro
momento, mostrando-se muito mais moderno que
o do R5, era a palavra "Turbo" que fazia entrar em
"tilt" os neurónios dos entusiastas. A promessa de
performances invulgares no segmento e a inspira-
ção na tecnologia que reinava na Fórmula 1, chega-
vam para distinguir o 5GT Turbo de todos os seus
rivais. De entre esses, apenas o Fiat Uno Turbo i.e.
se aproximava, em termos de prestações em linha
reta. Todos os outros ficavam a uma distância con-
siderável.
O Renault 5GT Turbo era cobiçado por todos quan-
tos sonhavam, um dia, poderem deitar-lhe as mãos,
e os que finalmente o conseguiam experimentar fi-
cavam rendidos à evidência.
Tudo começava por uma posição de condução per-
feita, com excelente apoio lateral do banco e um vo-
lante muito bem posicionado, tal como a alavanca
da caixa manual de cinco velocidades. O painel de
instrumentos era inovador para a altura, com um
desenho futurista, de acordo com a imagem da mar-
ca, mas o que interessava mesmo era guiar.
O motor de quatro cilindros e 1.4 litros de cilindra-
da, com duas válvulas por cilindro e árvore de ca-
mes lateral, estava longe de ser uma referência de
modernidade na altura. Mas ao receber um turbo-
compressor Garrett T2 e um "intercooler", mesmo
ir
O MOTOR 1.4 LITROS AO RECEBER UM
TURBO BARRETT T2 E UM IIINTERCOOLER",
MESMO CONTINUANDO A SER ALIMENTADO
POR UM CARBURADOR SOLEX, CHEGAVA
AOS 115 CV ÀS 5750 RPM
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continuando a ser alimentado por um carburador
Solex, era o suficiente para chegar aos 115 cv às 5750
rpm e a um binário máximo de 165 Nm às 3000 rpm.
As prestações refletiam isso mesmo, com a veloci-
dade máxima anunciada a passar a barreira mágica
dos 200 km/h, por uma unidade. A aceleração 0-100
km/h fazia-se em apenas 8,0 segundos. Numeros
muito impressionantes, para a altura, ao nível dos
7,9 segundos de um... Porsche 944 S e do seu motor
2.5 de 190 cv. Mais tarde, em 1987, o 5GT Turbo re-
ceberia um "facelift" e uma nova ignição que subia
a potência máxima para os 120 cv às 5750 rpm, ga-
nhando 3 km/h na velocidade máxima e baixando
os 0-100 km/h para 7,5 segundos.
Ao volante, o 5GT Turbo começava por mostrar o
peso de uma direção sem assistência, que dificul-
tava muito as manobras, mas que ganhava tato e
consistência em andamento. A resposta do motor
não era tão brutal como se poderia esperar, pois a
Renault já tinha muita experiência neste assunto e o
motor do 5GT Turbo começava gradualmente a "en-
cher" a partir das 2000 rpm, para dar o seu melhor
perto das 3000 rpm, obrigando a utilizar a boa caixa
manual de cinco velocidades com alguma destreza.
A aceleração era forte e impressionava, mas não era
o único atributo do 5GT Turbo. A Renault tinha sa-
bido evoluir bem a suspensão, MacPherson diantei-
ra e de eixo de torção atrás. O 5GT Turbo curvava
de uma forma muito eficaz, com pouca inclinação
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RENAULT 5GT TURBO VS. CLIO TC3 130
lateral da carroçaria, boa precisão e boa tração. Um
dos melhores pequenos desportivos do seu tempo,
ou mesmo o melhor; se nas retas era o Uno Turbo ie
que lhe fazia frente, nas curvas isso era predicado
do 205 GTI.
30 ANOS DE EVOLUÇÃO
Hoje, a Renault continua a utilizar o conceito dos
pequenos motores turbo a gasolina nos seus utilitá-
rios, de que a nova geração do Clio é o mais recente
e melhor exemplo. O novo Clio, que guiámos no mês
passado, tem na versão TCe 130 um bom exemplo
disso mesmo, e que nos dá uma referência de com-
paração muito interessante com o 5GT Turbo.
A cilindrada é ainda mais pequena, com 1,3 litros,
mas a alimentação passou a usar injeção direta e a
distribuição usa duas árvores de carnes à cabeça e
quatro válvulas por cilindro.
E isto são apenas os dados principais. Se formos ao
detalhe, à evolução nos materiais, à redução dos
atritos internos, ao enorme salto na eletrónica e ao
próprio conhecimento da combustão, então aí a di-
ferença é ainda maior.
Hoje, o Clio TCe 130 chega aos 130 cv de potência
máxima às 5000 rpm. Mas, ainda mais impressio-
nante é o binário máximo de 240 Nm/1600 rpm,
muito mais alto que o do 5GT Turbo e obtido a quase
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metade do regime do motor.
Contudo, as performances anunciadas não são mui-
to diferentes e até penalizam o Clio na aceleração
0-100 km/h, que demora 9,0 segundos, mais um
segundo que o 5GT Turbo. A velocidade máxima é
idêntica, 200 km/h. Explicação para esta diferença
na aceleração? O peso, claro... e as caixas de velo-
cidades escalonadas para os consumos e emissões
com relações demasiado longas
Nos anos oitenta, as exigências da segurança passi-
va eram muito menores e o equipamento disponível
também, permitindo limitar o peso a uns incríveis
830 kg. Hoje, o Clio TC3 130 pesa 1248 kg, pois tem
que responder a todo o tipo de normas que entre-
tanto foram aparecendo, da segurança à poluição,
todas elas acrescentando peso. E o nível de equipa-
mento de conforto que o mercado hoje exige é tam-
bém incomparável.
Mas, como fica então a experiência de condução do
Clio TCe 130, face ao 5GT Turbo? Bem, mesmo sem
ter os dois carros lado a lado, o que é evidente é que
a resposta do motor 1.3 turbo do Clio é muito mais
rápida a baixos regimes e as passagens de caixa da
EDC7 de dupla embraiagem, são incomparavelmen-
te mais suaves. A sensação de força é muito melhor e
depois há um "chassis" com um comportamento di-
nâmico muito mais eficaz, que permite ao Clio cur-
var a velocidades bem mais altas, com muito mais
facilidade, devido à direção mais rápida, precisa e...
assistida. A passagem dos pneus 175/60 R13 do 5GT
Turbo, para os 195/55 R16 do Clio também tem aqui
um papel fundamental, sendo que o novo Clio ainda
pode montar pneus 205/45 R17, para aumentar ain-
da mais a aderência e a eficácia.
A comparação final vai para os consumos combina-
dos anunciados. O 5GT Turbo anunciava 7,3 1/100
km, enquanto o Clio TCe 130 se fica pelos 5,2 1/100
km, segundo normas de homologação que hoje até
são bem mais exigentes para o Clio. A evolução na
eficência é clara.
VAI UMA CORRIDA?
É tentador imaginar o 5GT Turbo e o Clio TCe 130,
lado a lado, a disputar uma volta a fundo numa pis-
ta. No arranque, talvez o mais antigo conseguisse
fazer jogo igual com o mais novo, ou até superá-lo
ligeiramente, até chegar aos 100 km/h. Mas assim
que chegassem as curvas, com o binário disponível
a baixo regime e a eficácia do chassis a terem a pre-
ponderância, o Clio não daria hipótese ao 5GT Tur-
bo. Afinal, sempre são três décadas de evolução.
Agora, que era interessante ver o que este novo mo-
tor poderia render montado no ligeiro 5GT Turbo
era. Fica aqui lançado o desafio para um projeto es-
tilo 911 Singer com base no 5GT Turbo. Nós íamos
querer um... //
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81+ RENAULT 5GT TURBO VS. CLIO

TC3 130 (TRÊS DÉCADAS DE
EVOLUCÃO)

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