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INTRODUÇÃO
Neste trabalho que nos propomos fazer, falaremos do Contrato de Locação Financeira, em
que, é importante salientar, que, falando de locação financeira, estamos a falar de um
princípio geral de locação, regulado no código Civil, artigo 1022º, ou seja, o princípio que rege
os Contratos de Locação, é o mesmo que regula, os Contratos de Locação Financeira, só que
com algumas adequações próprias do tipo de negócio jurídico que se pretende atingir.
O objectivo das páginas que se seguem, é esclarecer as diferenças entre o Contrato de Locação
em geral e o Contrato de Locação Financeira em particular. Tal distinção tem um interesse
prático, pois é a partir daí que podemos determinar, quais são os Contratos de Locação
Financeira reservados aos Bancos e as Sociedades de Locação Financeira, e os Contratos de
Locação que podem ser celebrados por entidades não Financeiras.
Falando da diferença da locação e locação financeira, teremos que partir da distinção Jurídica,
ou seja, a Lei como ponto de partida, para auferir de facto onde consiste as diferenças.
Assim, este Decreto Presidencial, a sua definição do Contrato em causa no artigo 1º;
«Locação Financeira» é o contrato pelo qual uma das partes se obriga, contra retribuição a
conceder à outra o gozo temporário de uma coisa, móvel ou imóvel, adquirida ou construída
por indicação desta e que a mesma pode comprar total ou parcialmente num prazo
convencionado, mediante o pagamento de um preço determinado ou determinável, nos
termos do próprio Contrato.
De acordo com o artigo 1º deste Decreto Presidencial, diz-nos que, a Locação Financeira, ou
Leasing, é um contrato através do qual o Locador (que em geral é uma empresa que se dedica
à exploração de Leasing) adquire um bem escolhido por seu cliente ou Locatário, para em
seguida aluga-lo ou arrenda-lo (dependendo do tipo de bem a locar, se trata-se de um bem
móvel ou imóvel), a este último, por um prazo determinado.
Os clientes destes tipos de Créditos, são, tipicamente uma empresa, mas, podendo no entanto,
ser uma pessoa física ou singular.
Como vimos no princípio, a locação simples também tem a sua noção expressa legalmente.
Vejamos mais pormenorizadamente o artigo 1022 do código Civil.
“ Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar á outra o gozo
temporário de uma coisa mediante retribuição”.
Como deu para notar, as normas legais vigente em Angola, dão a noção de contrato de locação
em geral (ou simples), e de locação financeira.
Nestes artigos, mostra-nos que trata-se de dois contratos nominados, previstos e regulados no
Direito Privado. A Lei, ao dar a sua definição, indica, desde logo as suas características
fundamentais.
Vamos começar por as distinguir, para depois as aprofundar numa análise tipológica mais
aprofundada dos dois contratos, o de locação (simples) e a de locação financeira, sendo, como
um está em confronto com outro e com figuras afins ou próximas.
O Contracto de locação, visto a luz do artigo 1022º do código Civil, apresenta as seguintes
características definidoras do seu tipo:
1. Uma das partes obriga-se a proporcionar à outra parte o gozo de uma coisa;
3. O gozo é temporário;
4. O gozo é temporário;
5. O gozo é retribuído.
É esta a distinção geral que a Lei fixa e portanto é por esta diferença que nos podemos guiar.
Mas, para melhor compreendermos esta distinção, vamos aprofunda-la em termos de
desenvolver as características dos contratos, decorrentes das referidas normas jurídicas e
descrever interesses que a elas prescindem.
O contrato de Locação financeira (Leasing), surgiu nos países Anglo-Saxónicos, sobretudo nos
Estados Unidos da América, como um mero instrumento financeiro, de origem e construção
pragmáticas, para solucionar algumas necessidades das sociedades e das pessoas singulares
nas suas actividades económica. Teve tão grande sucesso que se alargou rapidamente à
satisfação de um número muito variável de entidades e pessoas singulares.
De tão similar que este contrato tem com outros tipos de negócios jurídico, resulta duas (2)
dificuldades quanto a sua exata compreensão e situação no campo contratual.
Assim, surge com frequência uma confusão entre o objectivo económico do contrato e os
instrumentos legais a serem usados.
O contrato de locação financeira, deve ser caraterizado através do seu tipo jurídico, através
dos seus elementos essenciais, característicos, previstos na Lei do contrato de locação
financeira. Não se trata de uma tarefa fácil dada a proximidade do contrato de locação
financeira e outras figuras afins, tais como o contrato de locação, a locação compra, a compra
e venda a prestações, etc. mesmo não sendo fácil a tarefe, tem de ser levada a cabo, dada a
importância de distinguir a figura de locação financeira e as outras, não só para a aplicação dos
regimes jurídicos, como para determinar quais as entidades autorizadas a levar a cabo essas
operações. Como sabemos, a locação financeira está reservada a determinadas pessoas
jurídicas do sistema financeiro.
A locação financeira, tem origem no contrato de locação e é aproximada pelos autores e pela
jurisprudência a outros contratos, como a compra e venda e o mútuo etc.
Trata-se porém de um contrato definido e regulado na lei e foi a partir da definição da lei, que
encontramos os elementos essenciais que o caracterizam.
No núcleo do contrato, encontra-se os correlativos direitos e deveres das partes (artigo 12º e
13º do Decreto Presidencial nº 64/11 de 18 de Abril)
De entre outros direitos e deveres, vimos que o locador tem a obrigação de ceder ao locatário
a coisa durante um certo período de tempo; com o correlativo direito de exigir do locatário a
entrega da contraprestação.
Assim também como o locatário tem o direito de exigir a entrega da coisa, e como tem a
obrigação de a usar de acordo com o fim a que se destina durante o período do contrato.
O PERÍODO DO CONTRATO
O contrato de amortização integral, vigorará durante toda vida útil do bem e o contrato de
amortização parcial preverá a duração do contrato durante a maior parte deste período, ou
seja, da vida útil do bem.
A exigência do contrato ter necessariamente uma duração mínima, superior a metade da vida
útil do bem, permitirá aqui distingui-lo da locação de curta duração, pois aqui, não se transferi
o bem ou a propriedade com o pagamento da última renda como acontece no contrato de
compra e venda a prestações, ou na locação venda, pois pode existir ainda o valor residual da
coisa que pode ser alvo de negociação.
TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE
Nestes tipos de contrato de locação financeira tem como objecto principal, a cedência do uso
da coisa, e não a transferência da sua propriedade, mas sim a cedência contratual da
propriedade.
Para a compra do bem alocado, no contrato, deve prever-se a obrigatoriedade de uma opcção
de compra, em que a promessa é unilateral do locador, no fim do contrato a favor do locatário,
mediante declaração de vontade deste, por um preço fixado ou a fixar nos termos do contrato,
pagável ou não a prestações, sobre o valor residual do bem.
O valor residual do bem poderá alcançar o montante que as partes acordarem no contrato
conforme rezam os artigos 1º e 9º do Decreto Presidencial nº 64/11 de 18 de Abril).
A ESCOLHA DO BEM
Também nestes casos, o locador responderá perante o locatário pelo próprio bem, no caso de
o referido bem ser fornecido pelo locador.
Em geral, o locador terá um papel meramente financeiro. De qualquer modo, tudo dependerá
das circunstâncias.
Economicamente falando, a Compra e venda, é um negóciod de troca, pelo qual se troca bens
(coisas ou direito) por dinheiro.
Esta base económica, é estruturada juridicamente no artigo 879º do Código Civil. Neste tipo de
negócio jurídico, a obrigação principal do vendedor, é a entrega do objecto comprado;
enquanto que o comprador, tem de entregar o preço da venda. Assim, a transmissão da
propriedade da coisa, opera-se para o efeito do contrato.
Nestes contratos de compra e venda quanto aos riscos, o artigo 796 do Código Civil, determina
que os riscos pelo perecimento ou deterioração da coisa, corre por conta do adquirente.
Até aqui, parece evidente que existem muitas coincidências entre o contrato de locação
financeira e o contrato de compra e venda, e em especial, o contrato de compra e venda a
prestações.
Vejamos que, o locatário, na locação financeira, procura obter, não o uso de um bem durante
um período mais ao menos longa, mas obter o próprio bem, durante a maior parte da sua vida
útil, ou durante a totalidade da sua vida útil, ou seja, o utente ou locatário, vai obter todas as
utilidades do bem correspondente a sua vida vido útil, nesta medida esta a adquirir o próprio
bem, e de qualquer modo, o contrato oferece a faculdade ao utente de a poder comprar,
sobre um valor e em geral é o valor residual do bem, ou seja, o valor residual será aquela em
que depois de deduzida todas suas amortizações do bem, restará um valor mínimo do referido
bem.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
Uma das grandes vantagens é que através deste tipo de negócio jurídico, a economia de um
país cresce vertiginosamente, ou seja, as sociedades de locação financeira, funcionam como
um Banco de crédito, em que os empresários podem beneficiarem destes financiamentos, sem
muita burocracia. Também os empresários, com pouca economia, podem adquirir um bem a
curto médio prazo, dar andamento os seus projectos.
Mas como se diz, tudo que tem vantagens também tem os seus dessabores ou desvantagens.
Nestes negócios, o utente faz um investimento do bem através de um locador financeiro. Este
investimento, o locatário suporta integralmente os risco (quando o locador apenas aparece
neste acto como meramente financiador e não fornecedor do produto), como se de uma
compra se tratasse. Porque é o utente que toma a iniciativa, escolhe a coisa de acordo com as
suas necessidades e é o locatário que negoceia com o vendedor.
Assim nestes termos, o risco económico corre por conta do utente. Note que, se a utilização da
coisa não for rentável, o locatário não se pode desfazer da coisa, como o faria se de uma
locação simples se tratasse.
Ele também suporta os riscos da perda, da deteriorização e do seu desgaste físico, pois ele
encontra-se na posição de proprietário comprador a prazo, não podendo desinteressar-se da
coisa antes do reembolso total do locador.
Também a perda da coisa, ou a sua destruição, não extingue a obrigação do devedor, pois
trata-se de facto de uma obrigação de prestação fraccionada, (quanto ao cumprimento, mas
unitária em si mesma) na medida em que o objecto da prestação pré-fixada, sem dependência
da duração da relação contratual, o que explica que a falta de cumprimento de uma das
fracções implique o vencimento imediato das restantes prestações conforme reza os artigos
781 e 984 do Código Civil.
Estas figuras contratuais, não se podem reduzir a uma função financeira ou a designação
genérica de mútuo.
Não há que confundir o fim financeiro do mútuo, com os instrumentos jurídicos utilizados para
prosseguir e alcançar certos fins.
A característica da locação financeira como mútuo de dinheiro, suscita graves objeções, pois
implica desconhecimento do significado das obrigações específicas do locador na relação
contratual, bem como das estruturas jurídica dos dois contratos.
É claro que, não se pode recusar, que a locação financeira, vista na perspectiva estritamente
económica, esteja ligado a uma certa ideia, embora bastante vaga, de crédito da coisa. Mas
note que, no contrato de locação financeira, a entrega da propriedade do bem, é substituída
pela concessão do seu uso, o que descaracteriza ainda mais aquele contrato em relação ao
contrato de mútuo, mesmo perante a ideia sugestiva de mútuo da coisa.
Na caracterização da locação financeira como o mútuo, fica sempre de fora a coisa objecto do
contrato. Fica de fora a verdadeira prestação do locador que é a cedência do uso da coisa.
Contrariamente aos contratos de alienação (compra e venda e anólogos), que estão orientados
para a transferência remunerada da propriedade das coisas ou outros direitos, a locação aqui,
compreendida, a locação financeira, permanece como forma básica de cedência remunerada
das coisas para o uso do adquirente/utente.
A locação propriamente dita e descrito no artigo 1022º do código civil, o locador contínua
proprietário do bem, dado que o contrato de locação se caracteriza pela obrigação do locador
ceder temporariamente o gozo da coisa, tendo em contrapartida uma certa remuneração.
Daqui decorre, que o locador proprietário, será responsável pelos vícios da coisa de acordo
com o artigo 1032 do Código Civil, deve mante-la e repara-la, concorrendo nos termos gerais,
por sua conta, o risco do perecimento da coisa.
Vejamos que, tanto numa figura como na outra, a obrigação principal do locador, está em
ceder o gozo da coisa, enquanto, que o locatário, também em ambas as figuras, está obrigado
a usar a coisa de acordo com o fim a que se dentina e a pagar uma retribuição (renda).
Em termos de se afirmar que o bem permanece durante toda a vida útil com o locatário, o
mesmo já não acontece com a locação simples, e este é o tipo básico normativo. (tratamos
aqui de locação simples para não criar confusão com a locação financeira).
Com tudo o que podemos ver, existem algumas diferenças entre ambas as figuras, diferenças
que são postas em evidência pelos textos do código Civil que se referem a locação simples, e
pelas normas a que se refere a locação financeira.
Assim, na locação propriamente dita (locação simples), os riscos de perecimento, corre por
conta do locador, enquanto que na locação financeira, é o locatário que arca com os prejuízos.
Oura diferença abismal destas duas figuras, é que, normalmente, na locação financeira, o
locador proprietário não tem a intenção de usar o bem, de correr os riscos próprios de
proprietário, nomeadamente os riscos económicos de não rentabilidade da coisa e do seu
perecimento. O locador – proprietário, quer que o bem seja usado, com assunção integral do
risco, pelo utente.
Diferente é da locação propriamente dita, em que, o locador é quem escolhe o bem de acordo
o seu interesse económico, o oferece, o entrega e o mantém em estado de funcionamento,
assumindo todos os riscos inerentes ao bem, e explora-o.
Pelo contrario, o locatário, escolhe o bem de acordo com as suas necessidades e assume o
risco económico da sua utilização. Se esta não for rentável ou o bem não se adequar às suas
necessidade, não poderá cedê-lo ao fim de um período mais ou menos curto, como
aconteceria na locação Propriamente dita.
Já na locação financeira isto não acontece, pois há uma obrigação única do locatário continuar
a cumprir com a sua obrigação que é a de pagar as respectivas prestações fraccionadas no
tempo.
Assim acabamos de ver de facto embora de forma resumida, o contrato de locação financeira
e a sua similitude com outras figuras afins como é ocaso da locação e outros.
CONCLUSÃO
Quando quisermos ter um Contrato de Locação Financeira, devemos ter em conta o regime
aplicável para este tipo de Contrato, verificar antes de mais, quais são as nossas
responsabilidades como locatário e quais são as responsabilidades do Locador.
Por seu turno, o locatário é responsável pela conservação do bem locado, devendo empregar
todo os actos necessário para a adequada conservação, o que inclui a substituição de
componentes. Desta feita, o locatário é o responsável pelas despesas de conservação,
conforme dispõe as als, e) e f) do artigo 13º do decreto presidencial nº 64/11 de 18 de Abril.
Notou-se também uma particularidade importante que o locatário não está obrigado a
adquirir os bens dados em locação findo o contrato, sendo inválida a clausula pela qual o
locador obriga o locatário a adquirir os bens em causa. Na verdade, nos termos do artigo 12º
nº1 al c) do Dec. Presidencial, da (RCLF) nº64/11 de 18 de Abril, reza que o Locador pode
vender o bem locado ao locatário, mas apenas se este assim o quiser. O locador, não poderá
vincular o locatário a adquirir o equipamento, ou a coisa, de acordo com o preceituado na al,
K) do nº 1 e al, f) do nº 2 do artigo 13 do mesmo Dec.Presidencial.
Assim sendo, a estipulação contratual segundo a qual o locatário é obrigado a adquirir os bens
dado em locação é nula, pois, viola normas imperativas.
BIBLIOGRAFIA
João Cambuta