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O documento discute o histórico das cooperativas em Moçambique desde a independência em 1975 até os dias atuais. Apresenta como as cooperativas foram inicialmente usadas como parte do sistema econômico socialista, mas falharam devido à falta de princípios cooperativos modernos. Também descreve como as cooperativas são agora promovidas globalmente e como a Associação Moçambicana está tentando promover o cooperativismo moderno no país.
O documento discute o histórico das cooperativas em Moçambique desde a independência em 1975 até os dias atuais. Apresenta como as cooperativas foram inicialmente usadas como parte do sistema econômico socialista, mas falharam devido à falta de princípios cooperativos modernos. Também descreve como as cooperativas são agora promovidas globalmente e como a Associação Moçambicana está tentando promover o cooperativismo moderno no país.
O documento discute o histórico das cooperativas em Moçambique desde a independência em 1975 até os dias atuais. Apresenta como as cooperativas foram inicialmente usadas como parte do sistema econômico socialista, mas falharam devido à falta de princípios cooperativos modernos. Também descreve como as cooperativas são agora promovidas globalmente e como a Associação Moçambicana está tentando promover o cooperativismo moderno no país.
Com a Independência Nacional em 1975, conquistada pela
FRELIMO, depois de dez anos de Luta Armada de Libertação Nacional, Moçambique adoptou um sistema de economia centralizada e adoptou as empresas estatais e o cooperativismo como um modelo económico e social que permitisse o acesso da população ao emprego e aos recursos centralmente planificados e distribuídos. Foi neste contexto que nos bairros residenciais surgiram cooperativas de consumo, que recebiam e distribuíam os produtos de consumo alocados centralmente, nasceram as cooperativas de produção agrária, de artesãos, entre outras. A adesão a estas cooperativas não era livre, como reza o princípio cooperativo moderno. Mais, ele não incorporava na cooperativa as mais-valias, porque usava o princípio segundo o qual cada um vive de acordo com as suas necessidades, não com as suas capacidades. Próprio do sistema social da economia. O resultado é que as cooperativas não tiveram sucesso e estiveram associadas ao fracasso do sistema económico socialista que, como se sabe, eclipsou com a queda do muro de Berlim e a desagregação da URSS, resultante da perestroika de Mikael Gorbachov. Com a queda do grupo socialista ou comunista, países como Moçambique receberam orientações do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional para privatizar tudo. Como se sabe e contrariamente ao modelo anterior, aqui aplica-se o princípio de que “só toca guitarra quem tem unhas”, ou seja a gestão é reservada a pessoas com capacidades específicas, não bastando o voluntarismo e o simples querer. Se o Estado privatizou as empresas estatais, as cooperativas de consumo seguiram o rumo da alienação através dos corpos-gerentes mais atentos às mudanças. Em outros casos, pura e simplesmente, abandonou-se o edifício e atrás ficaram dívidas referentes ao consumo de água, electricidade, entre outras. Os factores atrás descritos fazem da cooperativa uma instituição estigmatizada em Moçambique, até porque durante muitos anos após a introdução da economia de mercado, muitas coisas evoluíram, mas as cooperativas foram esquecidas e, no seu lugar, foi encorajado o sistema associativo. Simplesmente, o associativismo não produz lucros e nem faz distribuição de rendimentos, porque não persegue fins lucrativos. Associação moçambicana para a promoção do cooperativismo moderno Hoje, as cooperativas no mundo movem as economias, é assim que, de acordo com estatísticas das Nações Unidas, por exemplo, no Brasil 40% da produção agrária são feitos pelo sector cooperativo. Em países desenvolvidos de orientação capitalista por excelência, como os Estados Unidos da América, Noruega e Nova Zelândia, cerca de 80 a 99% da produção de leite são feitos pelo sector cooperativo. Este sector cobre a área financeira também. Assim, no quadro do Conselho Mundial das Uniões de Crédito, 49.000 cooperativas servem 177 milhões de membros em 96 países e 4200 bancos no âmbito da Associação Europeia de Bancos Cooperativos servem 149 milhões de clientes no fornecimento de energia eléctrica. Os EUA contam com mais de 900 cooperativas que servem aproximadamente 37 milhões de pessoas. A Assembleia-Geral das Nações Unidas, através da Resolução nº 64/136, de 18 de Dezembro, sublinha que as cooperativas têm um impacto sobre a redução da pobreza, a geração do emprego e a integração social. Neste quadro, proclamou 2012 como ano internacional das cooperativas, reiterando o contributo destas no desenvolvimento socioeconómico, com realce nos países menos desenvolvidos, como é o nosso caso. É, pois, animado com estes dados e na procura da reversão da imagem cooperativa que a Associação Moçambicana para a Promoção do Cooperativismo Moderno mobilizou pessoas para a reflexão no dia 16 do corrente mês em torno deste assunto olhando para a realidade moçambicana. Infelizmente, não pude participar devido a outras agendas. Lamento bastante porque sou um entusiasta do cooperativismo. Muito cedo, em 1980, fui indicado para trabalhar no Gabinete de Organização e Desenvolvimento das Cooperativas Agrícolas – GODCA, do Ministério da Agricultura e, nesse âmbito, participei como estagiário na investigação do sistema cooperativo na altura sob tutela do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. Fazia parte da equipa, entre outros, Alpfius Mangheze, sociólogo e investigador. Foi uma passagem gratificante para mim. Abriu-me a visão sobre o que naquela altura deveria ser alterado no sistema. Foi pena ter sido extinto o GODCA, salvo erro, em Junho do mesmo ano. A minha ligação ao CEA manteve-se e consolidou-se mais tarde em outras investigações sob liderança do conceituado Professor Mark Wits. Trata-se de um esforço que, na minha opinião, deveria ser abraçado ao mais alto nível de governação deste país. Sabe-se que foi aprovada uma nova Lei Cooperativa considerada inovadora que engloba as cooperativas do tipo tradicional e as chamadas cooperativas da nova geração, com destaque para o carácter empresarial do novo sistema de cooperativismo moderno. É assim que as cooperativas modernas, de acordo com a legislação pertinente, podem estabelecer parcerias com investidores nacionais ou estrangeiros, consórcios ou “joint-ventures”, concorrendo, deste modo, para o acesso ao empoderamento de comunidades através de capitais investidos no país. Estranhamente, nas teses da FRELIMO ao seu X Congresso, a realizar em Cabo Delgado, não consta o sistema cooperativo como forma de produção e combate à pobreza absoluta no nosso país e empoderamento das comunidades rurais numa altura em que o país é procurado por capitais internacionais de investimento intensivo. Não seria esta a porta de entrada de empreendedores e comunidades locais? Porque faltam alguns meses para a realização do Congresso, lugar por excelência para definir as políticas económicas futuras, espero, francamente, que o cooperativismo seja tratado com maior carinho pelo Partido FRELIMO e, por conseguinte, pelo Governo, sabido que a FRELIMO continuará a governar este país por mais tempo. PS: Dedico este artigo de opinião à AMPCM, especialmente aos seus corpos-gerentes, nomeadamente o Dr. MomedeRafico Bagus e Amâncio Armando, e faço votos para que a sociedade moçambicana abrace este movimento e faça dele uma ferramenta importante no combate à pobreza.