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TEORIA DA

ADMINISTRAÇÃO
TEORIA DA
ADMINISTRAÇÃO

Luciano Sousa de Castro


IMES
Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda.

William Oliveira
Presidente

Cristiano Lobo
Diretor de Operações

Valdemir Ferreira
Diretor Administrativo Financeiro

MATERIAL DIDÁTICO

Produção Acadêmica Produção Técnica


LUCIANO SOUSA DE CASTRO | Autor(a)

Imagens
Corbis/Image100/Imagemsource

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da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância.
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ..............................................................................................................7
BLOCO 1 - PANORAMA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO ..........................................................9
2 TEMA 1. ADMINISTRAÇÃO............................................................................................. 11
2.1 CONTEÚDO 1. O QUE É ADMINISTRAÇÃO ........................................................................ 11
2.2 CONTEÚDO 2. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS ................................................................ 19
2.3 CONTEÚDO 3. ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO ................................................... 22
2.4 CONTEÚDO 4. ESCOLA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO............................................ 33

ATIVIDADES COMPLEMENTARES ............................................................................................. 38


ESTUDO DE CASO ..................................................................................................................... 41

3 TEMA 2. ABORDAGEM NEOCLÁSSICA ............................................................................ 42


3.1 CONTEÚDO 1. TEORIA NEOCLÁSSICA E ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVO ........................ 42
3.2 CONTEÚDO 2. ESCOLA E TEORIA COMPORTAMENTAL ...................................................... 49
3.3 CONTEÚDO 3. ESCOLA, TEORIA ESTRUTURALISTA E MODELO BUROCRÁTICO ................. 61
3.4 CONTEÚDO 4. ESCOLA, TEORIA E PENSAMENTO SISTÊMICO ............................................ 69

ATIVIDADES COMPLEMENTARES ............................................................................................. 76


ESTUDO DE CASO ..................................................................................................................... 79

BLOCO 2 - FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO I ............................................................ 81


4 TEMA 3. TEORIA CONTINGENCIAL.................................................................................. 82
4.1 CONTEÚDO 1. TEORIA DA CONTINGÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO ..................................... 82
4.2 CONTEÚDO 2. COMPORTAMENTO, CULTURA E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ....... 85
4.3 CONTEÚDO 3. LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E CONFLITOS ..................................................... 97
4.4 CONTEÚDO 4. RELAÇÕES INTERPESSOAIS........................................................................ 113

ATIVIDADES COMPLEMENTARES ........................................................................................... 117


ESTUDO DE CASO ................................................................................................................... 120

5 TEMA 4. ADMINISTRAÇÃO EMPREENDEDORA ............................................................. 121


5.1 CONTEÚDO 1. CONSTRUINDO O FUTURO HOJE .............................................................. 121
5.2 CONTEÚDO 2. A EMPRESA EMPREENDEDORA ................................................................ 127
5.3 CONTEÚDO 3. O NOVO EMPREENDIMENTO DE RISCO.................................................... 129
5.4 CONTEÚDO 4. ESTRATÉGIAS EMPREENDEDORAS ............................................................ 131

ATIVIDADES COMPLEMENTARES............................................................................................127
ESTUDO DE CASO ................................................................................................................... 139
GABARITO DAS QUESTÕES .............................................................................................141
GLOSSÁRIO ....................................................................................................................143
REFERÊNCIAS .................................................................................................................145
1 APRESENTAÇÃO

A ciência da administração tem contribuído fortemente para o desenvolvimento da


sociedade contemporânea. Seus métodos de identificação e análise de problemas
organizacionais e ferramentas de gestão são instrumentos de suma importância para o
crescimento e sustentabilidade das empresas. Nesse sentido, estudar as teorias que formam o
pensamento administrativo é muito importante para profissionais que desejam atuar na área.
Esse material didático foi desenvolvido com a finalidade de fornecer um suporte para os
estudos da administração, sendo concebido com uma metodologia que prima pela
dialogicidade e clareza na apresentação de todo o seu conteúdo. Nesse sentido, utilizou-se de
recursos como, por exemplo, uso de registros fotográficos, charges, estudo de casos, sugestão de
links, livros e filmes, dentre outros, visando ajudar os estudantes no desenvolvimento de uma
identificação maior com os temas apresentados.
Os temas foram desenvolvidos seguindo uma cronologia do desenvolvimento do
pensamento administrativo, indicando inclusive alguns eventos históricos que contribuíram
para o enriquecimento da ciência da administração. Trata-se de um trabalho que apresenta
desde habilidades e competências básicas necessárias para um administrador, até conceitos e
pensamentos mais modernos, como o empreendedorismo e a inovação.
Durante a leitura desse módulo, o estudante poderá desfrutar de toda evolução vistas nas
teorias administrativas e no cotidiano organizacional, sendo abordados ainda temas como a
motivação, liderança, cultura e comunicação organizacional, além das relações interpessoais,
tão importantes no cotidiano das empresas.
Vale salientar que muitas questões que serão vistas por você estudante, nos exercícios
desenvolvidos para esse material, foram concebidas utilizando o padrão ENADE ou extraídas
do próprio exame.
Perceba que, ao longo dos textos, você poderá associar o conteúdo do módulo com os
vídeos-aulas que foram desenvolvidas pela Instituição.
Aproveitem.
Bom estudo!

Prof. Adm. Luciano Sousa de Castro


1
BLOCO
TEMÁTICO
PANORAMA GERAL DA
ADMINISTRAÇÃO
PANORAMA GERAL DA
ADMINISTRAÇÃO
2 TEMA 1. ADMINISTRAÇÃO

2.1 CONTEÚDO 1. O QUE É ADMINISTRAÇÃO

Caro estudante, começa aqui uma jornada rumo à descoberta de conhecimentos acerca
da ciência da Administração. Durante a sua leitura você aprenderá a importância da
administração e também toda a sua aplicabilidade dentro da esfera profissional.
A Administração, dentre todas as profissões existentes, é possivelmente a mais
abrangente das ciências. O profissional dessa área, durante o seu processo de formação é
orientado sobre como trabalhar em diversos tipos de segmentos empresariais, como por
exemplo, bancos, hospitais, portos, comércio, indústria, instituições de ensino, dentre tantas
outras. Tal característica se dá pela formação generalista que o administrador precisa ter em
seu perfil profissional, uma vez que para gerir as organizações é necessário que se entenda de
todos os processos empresariais.
Segundo o dicionário etimológico (2018) a palavra administração tem origem no latim
ad. que significa direção e minister que significa o que realiza uma função abaixo de outro.
A tradução literal nos dá uma ideia de subordinação da profissão a outras, mas, ao longo dos
anos seu significado tem sido muito alterado. A administração assumiu uma posição de
liderança e vanguarda no ambiente corporativo, sendo responsável por atividades essenciais
para a sobrevivência das organizações modernas.
Para Silva (2001), a administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização
eficiente e eficaz de recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas
organizacionais.
Um dos pioneiros nos estudos acerca da Administração foi o Escocês, Adam Smith
(1723 – 1790). Ele apresentou trabalhos acadêmicos importantes para a época, relacionados
ao mercado, estabelecendo ênfase em processos voltados para a divisão do trabalho e suas
vantagens, desenvolvimento econômico e acumulação de capital. Seu principal trabalho foi a
obra A Riqueza das Nações, em que aborda claramente a sua ideia.
A ciência da administração é algo muito especial. Saber gerir uma organização,
tratando com pessoas, liderando-as para o crescimento individual e coletivo é algo
maravilhoso. A administração fornece à pessoa que utiliza seus fundamentos, noções
indispensáveis sobre como tornar uma empresa duradoura.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Segundo Kwasnicka (1995, p.17) “estudar administração tem inicialmente o objetivo
de apresentar ao interessado os temas que envolvem essa ciência, e também permitir que o
indivíduo escolha a área da organização onde ele mais se identifica para se especializar”.
Outro ponto importante na ciência da administração é que ela está constantemente
evoluindo, uma vez que sempre precisa se adaptar as variáveis de mercado. Como vivemos
num mundo que tem passado por grandes transformações, impulsionadas fortemente pelo
avanço tecnológico e pela globalização, a administração tem sempre sofrido mudanças,
necessárias para que ela consiga atender as novas demandas e exigências do mercado.
De acordo com Chiavenato (2000, p. 5) “em uma época de complexidade, mudanças e
incertezas como a que atravessamos, a administração tornou-se uma das mais importantes
áreas da atividade humana”.
Uma das principais razões para estudar administração é que ao fazê-lo, você, querido
estudante, crescerá profissionalmente e terá condições de ajudar outras pessoas a crescer,
uma vez que os fundamentos da administração fomentam basicamente o crescimento
organizacional de forma integral. A administração trabalha com interação e troca, o bom
administrador deve ser um líder, com capacidade para congregar sua equipe na busca pelo
crescimento é pela excelência. Corroborando com essa afirmação, Silva (2001, p. 4) cita:
“uma das razões para estudar a administração é que todos interagem com todos, a cada dia”.
Notadamente o conhecimento, em linhas gerais, tem o poder de transformação. No
âmbito da administração, tal poder deve ser colocado a serviço de um bem maior, que é o
crescimento da sociedade. Como ciência social aplicada, a administração tem o dever de
contribuir para a promoção de fatores que fomentem o desenvolvimento humano. Logo,
características como: ética, profissionalismo, respeito ao meio ambiente, compromisso social
e transparência, devem conduzir à conduta dos profissionais da área.
A função social da ciência da administração está diretamente ligada à função social da
empresa, uma vez que as organizações primariamente são instituições geradoras de emprego
e consequentemente de renda para as famílias. O administrador é o profissional responsável
por fazer com que as empresas sejam competitivas e dessa forma, mais lucrativas. Ele
trabalha, juntamente com profissionais de diversas áreas, para potencializar a capacidade
das organizações. Sendo assim, uma empresa bem administrada tem potencialmente a
capacidade de aumentar seus postos de trabalho.
Entretanto, a função social da administração não se restringe à criação e manutenção
de postos de trabalhos, ela vai muito além. A administração também envolve a liderança, que
deve ser baseada fortemente no processo de desenvolvimento de pessoas e da cidadania.
Atua ainda em questões voltadas para preservação ambiental e desenvolvimentos de ações de
cunho social. Pense nisso!

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Vale ressaltar que o estudo da administração é de fundamental importância para todas
as profissões, uma vez que suas ideias, pensamentos e modelos estão presentes em todas as
esferas econômicas e sociais existentes no mundo moderno.
Pelo caráter generalista, o estudo da administração é fomentado em várias profissões,
como por exemplo, nas Ciências Contábeis. O Bacharel em Ciências Contábeis durante a sua
graduação tem acesso a várias informações relacionadas ao campo da administração;
entendendo as Escolas da Administração e aspectos relacionados à Gestão Empresarial,
dentre outros conteúdos.

FIQUE ESPERTO!
E você, querido estudante, já sabe por que é importante estudar administração? Já
sabe em qual campo da administração deseja se especializar? Não sabe?
Fique tranquilo, você ainda terá quatro anos de estudo para desenvolver seu perfil
profissional e para identificar qual o campo da administração tem mais a ver com você.
Apenas não se esqueça do quão importante é entender todas as vertentes do que é
administrar.
A parte boa dessa caminhada é que estaremos juntos nesse processo, te ajudando a
crescer profissionalmente.

No que concerne ao conceito de administração, existem inúmeros autores que


abordam o tema, sendo que todas as conceituações deles convergirão para questões
relacionadas ao ambiente organizacional e sua gestão.
As teorias da administração abordam amplamente questões relacionadas ao processo
organizacional. Por existir em todos os segmentos do mercado, sua aplicação pode ser vista
como de caráter universal. Segundo Chiavenato (2000, p. 2) “a administração é cheia de
desafios. O profissional que utiliza a administração para exercer sua profissão pode trabalhar
nos mais variáveis níveis organizacionais”.
De fato, a flexibilidade da ciência da administração permite um trânsito por diversos
segmentos no campo organizacional. O processo administrativo é aplicável para qualquer
situação, seja ela na vida pessoal ou empresarial.

O mais importante e consistente uso do termo administração é aquele em


que é visto como processo integrativo fundamental, buscando a obtenção
de resultados específicos. Administrar é, portanto, um processo pelo qual
se cria, dirige, mantém, opera e controla uma organização. (KWASNICKA,
1995).

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Já para Maximiano (2002, p. 28) “embora o processo administrativo seja importante
em qualquer contexto de utilização de recursos, a razão principal para estudá-lo é seu
impacto sobre o desempenho das organizações”.
A administração busca constantemente a melhoria dos processos visando garantir a
perpetuação das empresas. Para isso, torna-se necessário que as pessoas envolvidas com a
administração busquem constantemente aprimorar seus conhecimentos, estudando o
mercado e ficando atentas as novas tendências empresariais, para que dessa forma possam
evitar ou minimizar as crises que sempre se apresentam no cotidiano organizacional.
A administração já passou por muitas mudanças ao longo dos anos, saindo de um
modelo mais rígido e engessado, visto no século XX, chegando ao momento atual,
caracterizado por processos de gestão descentralizados e com equipes auto gerenciadas e
empoderadas.
Inicialmente as organizações eram geridas seguindo uma rígida cadeia hierárquica,
onde as ordens eram transmitidas pela alta administração para os gerentes, que por sua vez
repassavam instruções acerca das tarefas com os supervisores dos departamentos, para
finalmente haver execução no chamado “chão de fábrica”, que nada mais é do que os setores
responsáveis pela produção. Esse modelo mais rígido, piramidal, foi inspirado no modelo
militar, onde existe forte influência da cadeia de comando.
No modelo mais moderno, chamado neoclássico, apesar de ainda existir influência
hierárquica, as atividades são tratadas de forma mais democrática, estabelecendo diálogo
entre todos os departamentos organizacionais, buscando em conjunto encontrar caminhos
para os processos organizacionais. Tal modelo de gestão tem sido muito difundido pela
agilidade que confere aos processos organizacionais.
Todas as evoluções da administração serão abordadas mais detalhadamente nos
próximos capítulos, quando conheceremos as Escolas da Administração e como elas
evoluíram.
Um ponto importante a ser considerado é que administração tem sido influenciada
fortemente, ao longo dos anos, pelo crescimento da sociedade. Isso indica que dependendo
da região de atuação, o profissional de administração precisa exercer suas tarefas de forma
diferente. Regiões menos desenvolvidas, por exemplo, sempre demandarão do profissional
que utiliza a administração uma maior habilidade criativa, compromisso com o
desenvolvimento mais aguçado e forte atuação em questões sociais. No caso de regiões mais
desenvolvidas, as demandas, por exemplo, serão voltadas para exigências ambientais mais
definidas, habilidade para uso de recursos tecnológicos modernos, forte comunicação com a
sociedade na busca de conscientizá-la acerca do compromisso empresarial com sua região,
dentre outros aspectos.

14
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Tais questões demonstram como a administração oferece ao seu estudante uma
formação diversificada e altamente adaptável às variáveis que se apresentam.
Por ter se tornado uma das áreas mais importantes do trabalho humano, a cada dia a
administração tem sido mais estudada e como consequência vários livros e trabalhos
acadêmicos têm sido publicados. Esse interesse das pessoas se fundamenta pelo grande nível
de complexidade existente no cenário organizacional.
Segundo Chiavenato (2000, p. 5) “a administração está sendo considerada a principal
chave para a solução dos mais graves problemas que atualmente afligem o mundo
moderno”.
Percebe-se hoje, querido estudante, que as organizações possuem administradores em
todos os segmentos, independentemente da posição hierárquica. Tal situação reflete a
importância e complexidade dada aos processos organizacionais e ao bom controle
necessário aos recursos utilizados pelas empresas.

As organizações são entidades dinâmicas e altamente complexas, que podem ser


conceituadas de algumas diversas maneiras. A conceituação mais comum é que:
“uma organização é definida como duas ou mais pessoas trabalhando juntas
cooperativamente dentro de limites identificáveis, para alcançar um objetivo ou
meta comum”. (SILVA, 2001).

Apesar da citação acima está correta, uma organização é uma entidade muito mais
complexa e ampla. Um ponto primordial é que ela está interagindo constantemente com sua
região, existindo ou devendo existir um forte vínculo social com seu ambiente externo. O
desenvolvimento das organizações é essencial para o crescimento social, uma vez que elas
são responsáveis pela geração de recursos para a sociedade.
Outro ponto fundamental é que a organização é formada de pessoas, que possuem
valores, motivação, crenças e ambições de vida completamente distintas umas das outras. E
aí querido estudante, percebeu como começa a aumentar a complexidade?
Juntar pessoas no mesmo ambiente de trabalho é uma tarefa difícil, pois as relações são
complexas e precisam ser bem conduzidas pelos gestores. Isso é de fundamental
importância, pois precisa haver divisão de espaço, tarefa, cobranças etc. Essa relação tende a
ser muito conturbada, quando não trabalhada com princípios como igualdade, respeito e
compromisso ético.

As organizações existem para alcançar determinados objetivos e o sucesso somente é


possível com a participação de todos os seus membros. Diante dessa situação, uma figura

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
ímpar surge e tem papel fundamental nesse processo, o líder. Ele é a figura central da
harmonização da organização e precisa atuar pela promoção do bom ambiente e pela
busca no alcance de metas. Os cargos de liderança são os elos entre a alta gestão e os
demais colaboradores. A liderança também é um tema muito abordado nos estudos
acerca da administração.

Segundo Maximiano (2002, p. 47) “os gestores organizacionais são protagonistas do


processo administrativos nas organizações”.
Do ponto de vista da gestão, as organizações precisam atuar sob dois focos
primordiais: pessoas e atividades.

• Pessoas: é o principal componente empresarial. Visto com principal


patrimônio das organizações e com grande potencial para alavancar o seu
crescimento.
• Atividades: São todas as tarefas existentes no contexto organizacional e
precisam ser executadas com disciplina, gestão consciente de recursos e
coordenação adequada.

Associado a esses fatores é preponderante que as organizações atuem em


concomitância com os avanços da tecnologia, pois esta dará condição de expansão,
manutenção e sustentabilidade. A tecnologia, por sinal, tem sido a mola propulsora do
século XXI, sendo o principal instrumento da globalização.
No mundo moderno, todas as organizações atuam fortemente sob a base de
conhecimento e métodos altamente tecnológicos, visando garantir sua competitividade no
mercado mundial. Atender a todas essas exigências requer um processo administrativo bem
definido.

• Administração sempre presente na história da humanidade.

A administração, como citado anteriormente vem passando por um processo de


evolução contínua. Essa evolução tem mudado conceitos e ideias ao longo dos séculos.
Grandes figuras da história da humanidade influenciaram o seu desenvolvimento.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
A administração constitui o resultado histórico e integrado da contribuição
cumulativa de numerosos precursores, filósofos, físicos, economistas, estadistas e
empresários que, no decorrer dos tempos, foram, cada qual em seu campo de
atividade, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias. (CHIAVENTATO,
2000).

Sempre presente na história da humanidade, foi a partir do século XX que a


Administração se desenvolveu enquanto ciência social, sendo utilizada e amplamente
difundida nas organizações e governos de todo o mundo.
A realidade é que a administração sempre existiu. Ela fez parte de grandes momentos
da história. Dentre eles podemos citar o desembarque aliado, também conhecido como Dia
D, durante a Segunda Guerra Mundial, nas praias da Normandia, em 06 de junho de 1944,
na França. Como seria possível movimentar tantas tropas, navios, provisões, munições e
outras tantas coisas, sem a logística e planejamento adequado? Pense nisso querido
estudante... A resposta é basicamente a utilização de processos administrativos.
Você pode refletir querido estudante, retrocedendo ainda mais na cronologia histórica,
sobre como os egípcios conseguiram construir gigantescos monumentos, como as pirâmides.
Tal façanha somente foi possível graças à utilização processos de gestão. Imagine todo
planejamento que foi utilizado para movimentar materiais e enormes blocos para sua
construção. E como controlar um número gigantesco de trabalhadores das mais variadas
especializações e necessários ao sucesso dessa construção que mesmo nos dias atuais ainda
deixa as pessoas perplexas.
Ou ainda imaginar como seria possível para Roma controlar mais de cinquenta
milhões de pessoas sem uma administração eficiente e atuante. Registra-se que nesse período
foi realizada uma grande expansão no número de estradas e aquedutos, ambas as obras
necessitavam de processos gerenciais para serem realizadas.

Figura 1 - Aqueduto romano

Fonte: Disponível em: <https://www.resumoescolar


.com.br/wp-content/imagens/aquedutos-romanos.jpg>.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Pois é! Se você pensar nas civilizações antigas poderá encontrar grandes exemplos.
Durante os anos a administração vem sendo influenciada por pessoas, acontecimentos ou
por instituições importantes, a exemplo de igrejas, organizações militares, filósofos, regimes
políticos, dentre outras.
Outro marco histórico e que talvez seja um dos acontecimentos que mais refletiram no
desenvolvimento da administração seja a Revolução Industrial. Nesse período, vários
processos relacionados à administração foram desenvolvidos ou redefinidos para atender a
nova conjectura.
A revolução industrial por sinal está dividida em dois momentos: A Primeira
Revolução Industrial (1780 a 1860) impulsionada pelo carvão e ferro e a Segunda Revolução
Industrial (1860 a 1914) que foi impulsionada pelo uso da eletricidade e do aço.

Figura 2 - Fábrica na época da revolução industrial

Fonte: Disponível em: <Http://www.historiadetudo


.com/wp-content/uploads/2015/03/revolucao-industrial-1.jpg>.

A Revolução Industrial alterou bastante a Administração, uma vez que durante esse
processo houve grande crescimento dos processos de mecanização, das comunicações, dos
sistemas fabris e dos meios de transporte. Todo esse avanço precisou ser acompanhado
adequadamente por processos de controle eficientes, que atendessem às mudanças desse
novo modo de vida da humanidade.
A Revolução Industrial acentuou ainda o processo capitalista, seja ele o industrial ou
financeiro. Ambos com forte demanda de processos e cuidados administrativos. Outro
ponto observado na Revolução Industrial foi o grande aumento de trabalhadores atuando
como operários nas indústrias, o que demandou capacidade de gestão e mecanismos de
controles. A organização moderna que se observa hoje existe em consequências das
mudanças apresentadas na Revolução Industrial. De acordo com Silva (2001, p. 101)
“durante a Revolução Industrial era necessário administradores para planejar as tarefas e
delegar responsabilidade, para coordenar os esforços humanos e para garantir a boa
execução do trabalho”.

18
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
No Brasil, o desenvolvimento da Ciência da Administração apesar de sempre presente
somente foi levado mais a sério, a partir de 1966, quando foi aprovado o primeiro currículo
mínimo para sua formação. Se houver uma comparação com outros países pode-se afirmar
que é uma história relativamente recente. Segundo informações do Conselho Federal de
Administração (CFA), nos Estados Unidos da América, a formação em administração
começou a acontecer no Século XIX, em 1881.
Atualmente, a Ciência da Administração tem sido amplamente difundida no Brasil,
existindo uma grande variedade de Instituições com oferta de cursos para atender uma
demanda cada vez maior de profissionais da área.

Vimos alguns aspectos relacionados à perspectiva da administração. Foi percebido


que a administração, por se tratar de uma ciência ampla e de caráter generalista, permite
que o profissional atue em diversos segmentos empresariais. Ela tem tanta importância
que outras profissões utilizam seus fundamentos para melhorar processos e entender
situações em seus campos de atuação.
Diante dessa afirmação, será que você tem a percepção de que, no mundo moderno,
para se alcançar o crescimento, todas as profissões precisam trabalhar de forma
interdependente? Essa reflexão é importante.

2.2 CONTEÚDO 2. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

Querido estudante, no conteúdo anterior você leu algumas das razões que fazem da
administração, uma profissão tão importante. Além disso, foram apresentados alguns
conceitos e informações acerca dos benefícios e contribuições que a administração tem para
a sociedade. Agora, serão apresentadas para você habilidades e competências necessárias no
perfil profissional de quem estuda administração.
Importante entender que o profissional que utiliza os conhecimentos da administração
deve saber lidar com uma série de adversidades vistas no contexto organizacional. Ele
precisa saber ter bom relacionamento interpessoal, ser dinâmico e flexível, precisa ter
resiliência e visão holística, precisa saber atuar com marketing, produção, logística, sistemas
e métodos, gestão de pessoas, dentre outros campos organizacionais. Toda essa versatilidade
é exigida pelas empresas modernas.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Maximiano (2000, p. 29) afirma que “somos todos administradores, já que todas as
profissões necessitam de habilidades de planejamento, organização, controle e trabalho em
equipe, justificando assim a importância do estudo da administração”.
Vale ressaltar, querido estudante, que o desenvolvimento das habilidades apresentadas
neste conteúdo é importante e necessário para o seu crescimento profissional. Essas
habilidades servirão como balizador de suas atividades e abrangem vários aspectos
profissionais.
Diante dessa afirmação, Chiavenato (2000, p. 3) aborda que “existem três habilidades
necessárias para o administrador, são elas as técnicas, humanas e conceituais”.

Tabela 1 - Habilidades técnicas, humanas e conceituais do administrador

Habilidades A que se relacionam


Técnicas Relacionadas ao desempenho de funções ou trabalhos
especializados dentro da organização
Humanas Relacionadas ao tratamento do administrador com pessoas,
exercendo liderança, motivação e entendendo atitudes.
Conceituais Relacionadas à capacidade de enxergar a empresa de
maneira global, entendendo suas complexidades e
promovendo o ajuste do comportamento de seus
participantes.

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000)

No quadro acima, pode-se observar que essas três habilidades balizam a formação dos
estudos da administração. Sendo assim, é necessário que você estudante saiba desenvolver
tais características, de forma, homogênea em seu perfil.
Para Drucker (2002, p. 323) “cabe ao administrador a tarefa de criar um verdadeiro
todo que seja maior que a soma das partes, uma entidade produtiva que realize mais que a
soma dos recursos nela aplicados”. Ao afirmar isso, o autor identifica ainda outra
característica importante para quem administra que é agregar esforços de forma que a
sinergia dos recursos, sejam eles humanos ou materiais, dê retorno positivo para as
organizações.
Obviamente que uma série de características profissionais se divide nas três
habilidades apresentadas, uma vez que para administrar é necessário ter senso crítico, que
permita discernir e resolver problemas. Essa análise deve ser feita pelo administrador,
observando as variáveis empresariais que se apresentam para ele.
Outro ponto importante, é que gerir empresa requer um bom relacionamento
interpessoal. Essa talvez seja uma das mais importantes qualidades que uma pessoa que

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
trabalha com a administração precisa ter. Vivemos num mundo em que as pessoas são o
principal capital organizacional e diante desse contexto saber se relacionar bem é vital para o
sucesso.
O Administrador também precisa ter equilíbrio pessoal, o desenvolvimento de
habilidades intrapessoal também se configura como algo importante na profissão, pois ao se
conhecer bem, se pode atuar com mais tranquilidade, clareza e aplicação coerente de suas
ideias.
A comunicação é outro requisito muito valorizado, hoje em dia, nas organizações.
Num cenário atual de grande globalização, as empresas precisam se comunicar bem com
seus colaboradores e também com toda a sociedade, na qual está inserida. Segundo Silva
(2001, p. 16) “as habilidades de comunicação estão relacionadas ao recebimento e envio de
informações, pensamentos, sentimentos e atitudes”.
A comunicação inclusive é uma ferramenta importante na execução da liderança,
sendo uma característica presente no ato de administrar. Liderar pode ser definido com
capacidade que um indivíduo tem de influenciar positivamente uma ou mais pessoas na
busca de algum objetivo. Saber liderar é de fundamental importância para o sucesso
organizacional e envolve, dentre outras coisas, a capacidade do administrador de estabelecer
um diálogo com sua equipe.
Seguindo a lista de habilidades, vale entender que as organizações são movidas por
números e dados, diante disso outra característica importante é que o administrador ou
profissional que utiliza ferramentas administrativas consiga ler e interpretar números e
variáveis econômicas, contábeis e financeiras, pois tal habilidade dará suporte nas tomadas
de decisões empresariais.
O bom administrador precisa ainda ter em seu perfil profissional a flexibilidade e
capacidade de adaptação às mudanças, uma vez que as organizações sobrevivem se
adequando às condições impostas pelo mercado, que como você sabe querido estudante,
muda constantemente.
É importante também, para quem atua na administração, ter tenacidade e resiliência,
pois em muitos momentos as organizações atravessam períodos de turbulência e incertezas,
necessitando assim, capacidade do profissional de resistir a tal condição, perseverando em
suas metas.
Segundo Maximiano (2004, p. 41) “as competências necessárias para administrar se
agrupam em quatro categorias: intelectuais, interpessoais, técnicas e intrapessoal”.

21
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
• Intelectuais: são habilidades de pensar de forma racional, obtendo e analisando
informações organizacionais e também desenvolvendo a criatividade e
intuindo possíveis situações que possam surgir no contexto;
• Interpessoais: relacionadas ao entendimento da diversidade e singularidade das
pessoas, como elas são lideradas e motivadas, dos contextos que formam e
mantém os grupos e ainda sobre aspectos relacionados à comunicação;
• Técnica: se relacionam ao conhecimento de atividades inerentes à função. Por
exemplo, quem atua na área de produção deve dominar processos relacionados
ao segmento;
• Intrapessoal: Voltadas para a reflexão, autoanálise, automotivação,
autocontrole e autoconhecimento. Elas estão relacionadas ao conhecimento
próprio.
Outra exigência muito vista atualmente no cenário da administração está relacionada à
capacidade que os profissionais da área precisam ter para empreender e inovar. Isso se deve
a concorrência existente hoje entre as empresas, que buscam diferenciar seu produto ou
serviço, no mercado. Tal característica será abordada ainda neste módulo, de forma mais
detalhada.

FIQUE ESPERTO!
Você sabia que para ser administrador não basta ser graduado em administração? Pois é!
Quem se forma em curso superior de administração torna-se Bacharel em
Administração. O administrador é o profissional formado no curso de Bacharelado em
Administração e com registro no Conselho Regional de Administração da sua região.

2.3 CONTEÚDO 3. ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO

Querido estudante, começa aqui um novo conteúdo. Durante sua leitura e estudo você
verá como se desenvolveu a chamada Escola Clássica da Administração. Os principais
expoentes dessa escola foram: Frederick Taylor, Henry Ford, Henri Fayol e Max Weber.
Seus trabalhos serão apresentados a seguir, no desenvolvimento desse conteúdo.
A Abordagem Clássica da Administração é, se assim pode-se afirmar, o mais antigo
dos pensamentos da Administração. Foi concebida com o olhar voltado ao ambiente interno
e à parte estrutural das organizações e seu foco principal era nas tarefas. Segundo esse
pensamento, as organizações precisavam estar bem organizadas, com processos otimizados e

22
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
com estrutura adequada ao trabalho para desenvolverem corretamente suas funções.
Estando nessas condições, qualquer outro problema poderia ser resolvido, incluindo
questões relacionadas às pessoas nas organizações. A eficiência organizacional era o
parâmetro de sucesso, ela defendia que a melhoria nas condições de trabalho proporcionava
o aumento na produção.
A Escola Clássica da Administração se iniciou com a Teoria da Administração
Científica, desenvolvida por Frederick Taylor (1856-1915) e apresentada a seguir.

• Teoria da Administração Científica.

Frederick Winslow Taylor, nasceu nos Estados Unidos, em 1956, era engenheiro de
formação. Durante sua trajetória profissional ele começou a aplicar novos métodos de
trabalho baseados em sua formação de engenheiro, visando aperfeiçoar a produção e
aumentar os lucros da empresa.
Segundo Kwasnicka (1995, p. 26) “foi em 1884 que Taylor entrou em contato com
problemas relacionados à administração, quando se tornou engenheiro chefe da empresa
Midvale Steel Company”.
Figura 3 - Frederick Taylor

Fonte: Disponível em: <https://


www.infoescola.com/wp-content
/uploads/2009/08/small_frederick
-taylor.jpg>.

Nesse período ele percebeu que eram os trabalhadores os principais agentes de


movimentação das fábricas. Diante disso, era necessário entender o contexto ao qual
internamente as pessoas atuavam.

23
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Em suas observações iniciais ele deduziu que as pessoas na organização trabalhavam
abaixo de sua capacidade, dando a essa condição a denominação de vadiagem sistemática.
Segundo seu pensamento, as pessoas na organização trabalhavam menos da metade do que
podiam. Para Taylor a questão da vadiagem no ambiente de trabalho era culpa de quem fazia
a gestão dos operários, uma vez que cabia aos gerentes atribuir às tarefas de forma que elas
pudessem ser realizadas no tempo certo e com o incentivo (inclusive financeiro) necessário a
produção.
Outro ponto importante no pensamento de Taylor é que ele tinha uma visão
pessimista acerca das pessoas. Ele entendia que o ser humano era, por essência, irresponsável
e negligente, necessitando de supervisão constante na busca da eficiência. No que se referem
às pessoas, elas eram vistas como meros instrumentos organizacionais destinados à
produção.
Segundo Chiavenato (2000, p.53) “as indústrias da época tinham três males: vadiagem
dos operários, desconhecimentos dos gerentes das rotinas de trabalho e falta de
padronização das técnicas de produção”.
Importante salientar que nessa época existia uma exploração bruta dos patrões sobre
os empregados, em que o primeiro queria ganhar o máximo possível, aplicando o menor
valor a ser pago aos trabalhadores, que ganhavam por peça produzida ou tarefa realizada.
Diante desse contexto, Taylor continuou a pesquisar métodos para melhoria da eficiência
sobre a forma de trabalhar. Ele entendia que a eficiência estava completamente relacionada à
racionalização do trabalho.

A filosofia de administração de Taylor era baseada nos seguintes princípios:


pagamento de salários altos e baixos custos de produção, uso de métodos de
pesquisa para melhorar a execução das tarefas, seleção científica de funcionários e
seu treinamento e ambiente cordial entre a administração e os trabalhadores.
(MAXIMIANO, 2000, p. 56).

No contexto da administração científica era necessário que no ambiente fabril fosse


instituído o estudo de tempos e movimentos, que nada mais era que uma análise do próprio
tempo e movimento necessário para se executar uma tarefa ou produzir uma peça. Como
esse dado ele entendia que poderia estimar quanto o trabalhador poderia produzir em sua
jornada de trabalho. Isso permitiria ainda, segundo seu pensamento, identificar e evitar a
vadiagem sistêmica.
Segundo Chiavenato (2000, p. 51) “a Administração Científica tem esse nome devido
ao uso de métodos da ciência aplicados a problemas relacionados à administração visando
alcançar a eficiência industrial”.

24
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
No que concerne aos estudos de tempos e movimentos desenvolvidos por Taylor, ele
entendeu que, no processo de produção, era necessária uma organização de todas as suas
etapas. A partir daí ele criou o que é conhecido como organização racional do trabalho
(ORT). Segundo esse pensamento, toda a linha de produção deveria acontecer utilizando as
ferramentas disponibilizadas pela empresa, que eram padronizadas e também que os
funcionários deveriam realizar suas tarefas de acordo com os movimentos determinados
pelos estudos aplicados.
Taylor entendia que ao padronizar as ferramentas e instrumentos utilizados nas
fábricas aumentaria a eficiência na produção, pois todos usariam os mesmos recursos,
tornando-se mais hábeis e rápidos.
Outro princípio do estudo sobre tempos e movimentos foi que após a análise dos
resultados da pesquisa, todos os movimentos inúteis para a produção deveriam ser
descartados, enquanto que todos os movimentos necessários deveriam, se possível, ser
simplificados visando reduzir o desgaste do trabalho e o tempo necessário para sua execução.
Ou seja, visava à redução da Fadiga Humana.
Perceba querido estudante, que muitos estudos desenvolvidos por Taylor, ainda
servem de parâmetro na atualidade.
Os estudos de Taylor se dividem em duas fases: a primeira corresponde ao lançamento
do livro Shop Management (Administração de Oficinas), de 1903 e a segunda fase,
relacionada ao livro Principles of Scientific Management (Princípios da Administração
Científica, de 1911).

• Administração de Oficinas: Aborda técnicas relacionadas à racionalização de


processos voltados para o trabalho operário no ambiente industrial. Essa
abordagem está embasada em seus estudos sobre tempos e movimentos.
• Princípios da Administração Científica: Aborda a administração de uma forma
mais ampla, onde a gestão precisa acompanhar mais de perto todo o processo,
oferecendo condições adequadas no ambiente interno para otimização da
produção.

Curiosidade
Homo Economicus (Homem econômico) – Trata de uma das principais premissas
da Administração Científica. Segundo esse conceito todas as pessoas trabalham e são
influenciadas unicamente pela obtenção de recompensas salariais. Seu esforço estava
condicionado ao pagamento de salário, que garante sua condição de sobrevivência,
matando sua fome. Afirma que o homem é um ser preguiçoso, limitado e propenso à

25
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
vadiagem. Por conta disso, no ambiente industrial era necessário um acompanhamento
constante de sua produção para que não houvesse acomodação na execução das tarefas.

Importante salientar que a Administração Científica se limitava às tarefas e também a


questões diretamente ligadas à função dos operários. Ela ignorava totalmente que a
organização era formada por pessoas e que cada indivíduo tem um histórico de vida próprio,
com suas ambições, desejos, necessidades. A análise era meramente que o indivíduo se
encaixava no contexto organizacional como simples engrenagem de uma máquina,
descartando assim o contexto humano.
Os estudos de Taylor foram muito importantes para a administração. Entretanto,
surgiram algumas críticas ao seu trabalho, a saber:

1. Foi dada pouca atenção ao elemento humano - uma vez que as pessoas eram
vistas exclusivamente como fator de produção, ignorando suas
individualidades, fatores psicológicos, morais e sociais.
2. Falta de comprovação científica – uma vez que as observações realizadas não
traziam consigo métodos científicos claros para comprovação de suas
premissas. Muito dos métodos utilizados eram empíricos e não davam base
para suas afirmações.

3. Especialização exagerada dos operários – As tarefas eram tão reduzidas que


transformavam os funcionários em especialistas de pequenas atividades. O
termo especialista nesse contexto tem uma conotação pejorativa. Esta redução
nas tarefas, dentre outras coisas, provocavam falta de satisfação do trabalho
com seu trabalho.
4. Limitação de aplicação – Como as observações de Taylor se restringiam ao
ambiente de produção, seus preceitos não podiam ser aplicados aos demais
setores da indústria, como por exemplo, à área financeira.
5. Visão industrial como sistema fechado – Entendia que a empresa atuava de
forma independente, fechada e autônoma. Ou seja, abordava apenas o que
acontecia dentro da empresa, ignorando todos os fatores externos.

• Henry Ford e a Administração Científica

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Henry Ford (1863-1947) foi um empresário, nascido nos Estados Unidos da América,
responsável pela implantação da linha de montagem em sua indústria de automóveis, a Ford
Motor Co. A linha de montagem, por sinal, é o ponto principal de todo o reconhecimento
que Ford tem no cenário da administração. Foi através desse princípio que ele desenvolveu o
conceito de produção em massa para seus automóveis, que se caracteriza pelo grande
número de componentes fabricados, com pouca diversificação, visando atender ao maior
número de pessoas possível. Importante registrar que não foi Ford que inventou a linha de
montagem, mas foi o que soube melhor aplicar o conceito no ambiente organizacional.

Figura 4 - Henry Ford

Fonte: Disponível em <https://media1.


britannica.com/eb-media/99/96899-004
-C23DA93F.jpg>.

A ideia de Ford era popularizar os carros, reduzindo seu preço em virtude da produção
em massa, que diminuía os custos de produção. Antes desse processo, todos os automóveis
eram feitos artesanalmente, com altos custos, podendo ser comprados apenas por pessoas
muito abastadas. A produção em massa era alicerçada pela premissa de: peças padronizadas
e trabalhadores especializados.
Reiterando que no que concerne a especialização do trabalhador, isso representava
que cada funcionário deveria realizar apenas uma atividade durante seu dia, realizando-a
repetidamente. Para que isso pudesse acontecer os automóveis deveriam ser montados em
partes, sendo seu processo de montagem dividido em fases. Cada etapa do processo de
montagem tinha suas peças, que seriam utilizadas pelos funcionários responsáveis por
aquela etapa da construção do automóvel.

27
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Seu desejo principal era ofertar um produto mais barato, com maior qualidade e de
forma padronizada. A padronização inclusive o fez criar a celebre frase “o cliente pode ter o
carro da cor que quiser, contanto que seja preto”.
O preto era a cor de todos os carros de sua empresa, uma vez que a tinta preta secava
mais rápido e era mais barata, permitindo assim que seu conceito de rapidez e baixo custo
pudesse acontecer. Na década de 1910 sua fabricação de automóveis atingiu o número de
mais de 800 carros produzidos por dia, quando dividiu com seus funcionários boa parte das
ações de sua companhia. Ele ainda estabeleceu salário mínimo para seus funcionários e
jornada de trabalho máxima de oito horas por dia, número bem inferior ao trabalhado na
época.
De acordo com Chiavenato (2000, p. 68) “Ford estabeleceu três princípios para sua
produção: Intensificação, economicidade e produtividade”.

1. Intensificação: Redução do tempo de produção dos carros, com a utilização de


equipamentos e matéria prima adequada para acelerar o término da
montagem;
2. Economicidade: Redução ao mínimo volume de estoque da matéria prima
utilizada na transformação dos carros, de forma que o automóvel fosse quitado
antes da matéria prima comprada junto ao fornecedor e do pagamento de
salários dos funcionários;
3. Produtividade: Aumento na capacidade produtiva do homem. O trabalhador
devia ser especializado, de forma que realizasse sua tarefa em menor tempo e
com maior eficiência. O uso da linha de montagem contribui para tal
desempenho.

Com essas características para o seu negócio, Ford se tornou um dos principais
inovadores de sua época, estabelecendo forte vantagem competitiva.
O importante para você, querido aluno, é entender que a maioria dos princípios de
Ford estão diretamente associados à Administração Científica, onde houve estudos de
tempos e movimentos, divisão das tarefas e especialização do funcionário. A linha de
montagem foi tão importante para a administração, que até os dias atuais as empresas de
automóveis ainda utilizam muito de seus princípios.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Teoria Clássica da Administração

A Teoria Clássica da Administração surgiu na França, sendo disseminada rapidamente


por todo o continente europeu. Ela foi criada por Henri Fayol (1841-1925), francês e
engenheiro de formação. Sua trajetória profissional tem um caráter muito interessante, ele
foi contratado para trabalhar numa mineradora francesa chamada Comambault, no ano de
1860, onde permaneceu até 1918, quando se aposentou ocupando um cargo de Diretoria.
Fayol foi o grande responsável por tirar a empresa da falência, durante um período de
forte crise, ao estabelecer um grande programa de reestruturação organizacional.
Ele ainda publicou um livro, chamado General and industrial management, do qual
estabeleceu os seguintes critérios para as organizações:

1. A administração se distingue das outras funções da organização, como por


exemplo, a área financeira, de produção, comércio etc;
2. A administração possui cinco funções: planejamento, organização, comando,
coordenação e controle. Essas funções são chamadas de processo
administrativo.

No item 1 ressalta-se que a administração tem um caráter tão importante, que possui
posição diferenciada em relação aos demais setores que compõem uma empresa, por conta
disso suas práticas devem ser sempre apoiadas e seguidas.
A Teoria Clássica tinha como premissa enfatizar a estrutura organizacional com foco
na eficiência. Para seus pensadores era importante acompanhar o desenvolvimento de tal
estrutura utilizando o chamado processo administração visto acima no item 2 e explicados
mais detalhadamente abaixo:

• Planejamento: examina o futuro para determinar um plano de ação;


• Organização: montagem de estrutura necessária para realizar a tarefa. Consiste
nos fatores humanos e materiais;
• Comando: Orientação dada a todas as pessoas na empresa;
• Coordenação: unificação dos esforços, reunião das equipes e harmonização dos
processos;
• Controle: Verificar todos os processos para saber se estão sendo realizados
adequadamente com o que foi planejado.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Segundo Kwasnicka (1995, p. 29) “o trabalho de Fayol foi considerado uma das
maiores contribuições para o campo da administração, pois buscava definições de
responsabilidades em todos os níveis organizacionais”.

ATENÇÃO!
Caro aluno, quando o conteúdo desse módulo chegar aos estudos acerca da Teoria
Neoclássica, haverá uma alteração na aplicação das funções básicas da administração, que
passam a ser composta por apenas quatro elementos.

Figura 5 - Henri Fayol

Fonte: Disponível em: <https://www.


pocketbook.co.uk/wp-content/uploads
/2014/06/henri-fayol-300.png>.

Interessante entender que no pensamento de Fayol todas as pessoas na organização


participam da função administrativa, num maior ou menor grau de complexidade. Esse
entendimento mostra que independentemente do nível hierárquico, seu pensamento era que
uma administração bem realizada precisava ter a contribuição de todos. Ele ainda afirmava
que as pessoas que se destacavam em funções administrativas tinham mais condições de
ascender profissionalmente na hierarquia. Fayol percebeu que o processo de administrar se
aplica em todas as esferas do cotidiano das pessoas, independente de ser pessoal ou
profissional. Isso se deve ao fato de que para se realizar algo com sucesso é necessária a
aplicação dos processos administrativos, vistos acima.
E você querido estudante, concorda com Fayol? Será que essa afirmação é verdade?
Você utiliza no seu cotidiano esses processos?
Um ponto interessante do pensamento de Fayol foi que ele fez uma distinção entre
administração e organização. Sendo a primeira mais ampla e abrangendo todos os processos,

30
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
e na qual a organização se insere. Já a segunda se relaciona apenas à parte de estrutura,
dividindo em social e administrativa.

• Social: Voltado ao relacionamento social das pessoas que a constituem.


• Administrativo: relacionado aos processos administrativos em geral.

Importante registrar que segundo o pensamento de Fayol as empresas estão divididas


em seis funções: Administração, Comercial, Financeiro, Contabilidade, Segurança e a parte
Técnica. Como essa divisão a gestão da empresa seria realizada de forma mais eficiente.
Ressaltando que para ele a função mais importante é a administrativa.
Corroborando com essa afirmação, Kwasnicka (1995, p. 29) cita: “a preocupação de
Fayol era principalmente com a função administrativa da direção, uma vez que sentia que a
habilidade administrativa era a mais importante que se requeria pela organização”.
Ele observou ainda que o processo de administração carecia de maior
profissionalismo, uma vez que a maioria dos gerentes atuava sem qualificação necessária
para dominar os processos administrativos. As pessoas em funções de gerência
administrativas precisam ter como habilidades e competências as seguintes características:
saúde e vigor, capacidade de adaptação e desenvolvimento mental, firmeza, lealdade,
honestidade, responsabilidade, domínio técnico, experiência, dentre outras.
Para Silva (2001, p. 145) Fayol definiu sua teoria como “coleção de princípios, regras,
métodos e procedimentos testados e verificados por experiência geral”.
A seguir serão apresentados os 14 princípios gerais da administração segundo o
pensamento de Fayol:

1. Divisão do trabalho: relacionado à especialização das tarefas e necessárias para


garantir esforço e dedicação do trabalhador visando a obtenção da eficiência;
2. Atribuição de responsabilidade e autoridade: relaciona-se ao direito
hierárquico de dar ordens e ser obedecido;
3. Disciplina: obediência, aplicação, ordenação e respeito;
4. Unidade de comando: cada trabalhador recebe ordens de apenas um superior,
seu gerente. Evitando assim conflitos e problemas;
5. Unidade de direção: toda a estrutura organizacional precisa se mover na busca
por um objetivo comum;

31
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
6. Subordinação do interesse individual em função do interesse coletivo: de
acordo com essa regra o interesse organizacional se sobrepunha ao interesse
individual;
7. Remuneração do funcionário: deve ser feito com justiça visando garantir a
satisfação e segurança de todos. Sua política não deve ser exploratória e, além
disso, deve recompensar quem obtiver bom desempenho;
8. Centralização: relacionada ao fato de que as ordens deveriam ser passadas por
pessoas de altos níveis hierárquicos;
9. Cadeia escalar: relacionada à linha de comando, segundo esse pensamento
pessoas em cargos hierárquicos mais elevados são detentoras de maior
comando e poder na organização;
10. Ordem: de acordo com essa premissa para haver eficiência todos os recursos
específicos para uma determinada tarefa deveriam estar na mesma localização
da organização. Cada coisa em seu lugar;
11. Equidade: todos os funcionários deveriam ter tratamento justo e igualitário;
12. Estabilidade de pessoal: ele considerava que a troca de funcionários prejudicava
a eficiência organizacional e, portanto, pregava a manutenção deles na
organização. Essa premissa se aplicava aos funcionários produtivos;
13. Iniciativa: se encorajava os colaboradores a terem proatividade no ambiente
organizacional;
14. Espírito de equipe: os gerentes deveriam fomentar a boa relação e a harmonia
dos funcionários para se alcançar o sucesso organizacional.

Importante perceber que a Teoria Clássica entende a organização de forma estrutural,


sendo fortemente ligada a tradições militares, com normas de conduta sempre relacionadas à
hierarquia e cadeia de comando. Sendo assim, tudo que deveria ser aplicado no ambiente
organizacional precisaria ser determinado pela alta administração e disseminado pelos níveis
inferiores.
Segundo Silva (2001, p. 153) “a principal contribuição de Fayol foi mostrar como um
processo administrativo pode ser separado em áreas interdependentes de responsabilidades e
funções”.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Figura 6 - Abordagens de Fayol e Taylor

Fonte: Adaptado de Silva (2001, P. 154)

Curiosidade
Você sabia que a regulamentação da profissão de administrador aconteceu no Brasil
apenas no ano de 1965 com a promulgação da LEI nº 4.769, de 9 de setembro de 1965?
No dia 9 de setembro inclusive é comemorado no Brasil como o dia do Administrador,
por causa dessa Lei.

2.4 CONTEÚDO 4. ESCOLA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO

Querido estudante, você entrará num novo tema dentro do estudo da administração.
Essa nova escola do pensamento administrativo teve muita relevância no processo de
evolução organizacional e por conta disso deve ser estudada com muito carinho por você.
A Escola Humanística da Administração surgiu entre o final da década de 1920 e início
da década de 1930, como consequência dos estudos desenvolvidos por Elton Mayo (1880 –
1949), psicólogo australiano e pesquisador organizacional. Trata-se de uma forte mudança
no contexto da administração, que até então era fortemente influenciado pela Administração

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Científica (Taylor) e pela Teoria Clássica (Fayol), voltadas para as tarefas e para a estrutura
organizacional, respectivamente.
Segundo o novo pensamento humanístico, as organizações deveriam dar prioridade às
pessoas no ambiente empresarial, deixando as tarefas, máquinas e a hierarquia em segundo
plano.
A abordagem das relações humanas em gestão se concentra nas pessoas,
particularmente em aspectos psicológicos e sociais do trabalho. Essa abordagem de
gestão vê as pessoas não como extensões de máquinas, mas como valiosos recursos
organizacionais em si. (WILLIAMS, 2017, p. 35).

Figura 7 - Elton Mayo

Fonte: Disponível em: <http://www.historiada


administracao.com.br/jl/images/stories/Image
ns/Elton%20Mayo/Elton%20Mayo%205.jpg>.

A Teoria Humanística surgiu a partir dos estudos de Elton Mayo, com a intenção de
tornar os gerentes menos mecanicistas e mais sensíveis ao ser humano dentro do contexto
organizacional. Ela se desenvolveu principalmente a partir dos estudos feitos na fábrica da
Western Electric Co., localizada na Cidade de Chicago, no bairro de Hawthorne. Por conta
do bairro onde foram realizadas as pesquisas, os estudos receberam o nome de “A
experiência de Hawthorne” ou “Estudos de Hawthorne”. Os estudos foram realizados
principalmente pelo desenvolvimento das ciências humanas, mais notadamente da
Psicologia.
Os estudos de Hawthorne foram amplamente divulgados e aceitos no cenário da
administração por conta das observações mais detalhadas acerca do comportamento dos
funcionários dentro do ambiente organizacional, onde foi dada a ênfase, principalmente, em
fatores motivacionais dos trabalhadores.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Os experimentos em Hawthorne foram divididos em quatro fases complementares,
tratando basicamente do comportamento humano e seus resultados na produtividade.

• Fase 1: Chamada de fase da iluminação. Considerava-se nessa época que as


pessoas se motivavam unicamente pelo fator econômico. No estudo foi
separado dois grupos de trabalhadores, colocados em ambientes preparados,
que podiam ter a iluminação do local de trabalho controlada, de forma que os
avaliadores pudessem identificar/associar o melhor nível de iluminação para a
produtividade perfeita. Cada grupo foi submetido a um tipo específico de
iluminação, uma com alternância e a outra não. Eles desejavam perceber como
a iluminação afetava o desempenho profissional. Após o estudo, foi percebido
que não houve variação significativa entre os grupos que pudessem garantir
que a iluminação aumentava a produtividade em grande escala.

• Fase 2: Chamada de fase de montagem dos relés. Isolou-se um grupo de seis


moças para trabalhar com processos relacionados à montagem de relés (espécie
de interruptor). Esse grupo foi chamado de grupo de observação. A divisão dos
trabalhos desse experimento aconteceu da seguinte forma: cinco mulheres
montavam os relés, sendo que a sexta integrante durante o processo de
montagem fornecia as peças necessárias à montagem. Os equipamentos de
trabalho eram os mesmos da linha regular de produção. A diferença entre o
grupo de observação e a produção regular era que, no grupo de observação a
funcionária servia a outras cinco mesmas colegas, enquanto que na produção
regular servia normalmente sete colegas que podiam variar no seu
posicionamento na montagem. Os estudiosos pretendiam comparar a
produção da linha de observação e a da linha regular. Todas as participantes
foram informadas sobre os objetivos da pesquisa, que visavam, segundo os
estudiosos, determinar os efeitos das condições de trabalho na produção. As
montadoras do grupo experimental foram orientadas a trabalhar normalmente,
nas condições de tempo de descanso determinadas pelo supervisor da pesquisa,
sem muita pressão. Houve também mudança nas condições de pagamentos dos
salários; no grupo experimental o cálculo da produção e respectivo pagamento
abrangiam apenas seis mulheres, qualquer aumento na produção aumentava o
salário de forma mais significante do que na linha de produção regular, que era
composta por um número de pessoas muito alto, normalmente superior a cem
pessoas. No final dessa fase foi identificado que houve aumento na produção
do grupo experimental, por ter sido dada uma supervisão mais flexível ao
grupo e assim diminuindo o stress. As participantes desenvolveram uma

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
relação de trabalho mais afetuosa, pois estavam sempre perto uma das outras.
Houve mais integração entre as meninas e a supervisão, exercida de forma mais
harmoniosa o que proporcionou maior compromisso com o trabalho.

• Fase 3 – Chamada de fase de entrevistas. Após os resultados colhidos na fase de


montagem de relés ficou evidenciada a influência que a supervisão tinha na
produção. Diante disso, para entender o pensamento dos colaboradores acerca
de tal questão, foi desenvolvido um processo de entrevistas com os
funcionários para saber as suas opiniões sobre os processos organizacionais,
incluindo o comportamento da supervisão. Após realização dos questionários
foi percebido que as condições sociais do trabalhador, mesmo fora do ambiente
de trabalho, poderiam determinar sua satisfação no ambiente organizacional.
As entrevistas identificaram também que os funcionários estavam se
organizando informalmente para se resguardar de práticas empresariais, que
eram consideradas por eles como abusivas. Esse comportamento coletivo dos
funcionários visava controlar a produção a níveis que eles achassem justos e
sem grandes desgastes físicos. Os colegas que não atendessem a esse acordo e
produzissem acima do combinado eram considerados sabotadores e seriam
cobrados pelos demais colegas, como forma de punição. A entrevista
identificou ainda a externalização coletiva da insatisfação com os salários;
posicionamento de aceitação e não aceitação sob o comportamento da
supervisão. Os grupos informais, criados pelos funcionários tinham ainda uma
característica intrigante, provocava conflitos entre eles uma vez que ficavam
divididos entre atender a empresa e atender aos seus próprios anseios.

• Fase 4: Chamada de fase de montagem de terminais. Visava entender os grupos


sociais existentes na organização. Criou-se novamente um grupo de
observação. A tarefa dessa equipe era a montagem de bobinas para terminais de
uso na telefonia. A sala onde o grupo de observação trabalhava era semelhante
a da equipe de produção regular. Existia um supervisor nos trabalhos
destinados a passar as ordens para equipe acerca das metas de produção.
Entretanto, percebeu-se que as metas da empresa não eram atendidas, na
medida em que os funcionários entendiam que esta estava acima do que
deveriam fazer. Foi percebido que os funcionários pesquisados produziam
sempre a mesma quantidade, com variação mínima. Observou-se ainda que
informalmente eles também determinavam entre si a quantidade ideal de
terminais que deviam fazer. Tal situação acontecia mesmo com o salário sendo

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
pago por produção. Se os grupos informais determinassem certa quantidade,
todos deveriam atender a essa ordem, mesmo havendo perda nos ganhos. Esse
estudo foi importante, pois permitiu que se buscasse um maior equilíbrio entre
o interesse informal (dos grupos de trabalhadores) e o interesse formal (da
organização).

Com esses estudos, os pesquisadores da Teoria Humanística fizeram algumas


constatações:

1. Aspectos sociais possuem forte ligação com a produtividade;


2. A produção não é determinada exclusivamente pela capacidade física;
3. A supervisão possui relação direta no aumento da produtividade. Quando
exercida com respeito e interação, ocasiona um bom ambiente de trabalho;
4. A satisfação com a tarefa desenvolvida afeta diretamente a produtividade;
5. Grupos informais podem interferir diretamente na produtividade;
6. A produção não estava relacionada apenas a habilidade do funcionário, mas
também às determinações do grupo informal ao qual pertencia;
7. Os funcionários tinham restrições a novas metodologias de trabalho, pois
achavam que ela os obrigaria a produzir mais com a empresa pagando o
mesmo salário;
8. Os relacionamentos interpessoais são indispensáveis para o sucesso
organizacional.

Um ponto interessante na Teoria Humanística é que ela rompe o conceito do Homo


Economicus, vista na Abordagem Clássica. A ideia de que pagamento de salário seria a única
razão para os funcionários desenvolverem suas tarefas adequadamente foi completamente
dissolvida. Perceba, caro estudante, que após os estudos de Elton Mayo, vários aspectos
voltados para o relacionamento humano foram identificados como possuidores de valores
importantes para a motivação dos funcionários. Identifica-se que os funcionários querem ser
remunerados adequadamente pelo seu salário e que isso é algo importante, mas que isso não
atua isoladamente. É necessário haver um clima organizacional elevado, boa liderança,
justiça e equilíbrio nas relações.
Segundo Chiavenato (2000, p. 126) “Hawthorne demonstrou que o pagamento de
salários justos não é o único fator na motivação humana no ambiente organizacional”.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A Teoria das Relações Humanas desenvolveu a partir daí o conceito de Homo Social
(homem social). Ou seja, o conceito de que o homem não trabalha apenas por dinheiro, mas
também para se sentir satisfeito, feliz no trabalho, para crescer socialmente, se relacionar
bem com os demais membros organizacionais. A Teoria das Relações Humanas deu origem
a uma abordagem mais comportamentalista, mais voltada, como o próprio nome diz, ao
comportamento humano nas organizações. Diante desse cenário, a administração deveria
dar mais ênfase aos grupos nas organizações, analisando aspectos psicológicos. A motivação,
liderança, comunicação organizacional, dinâmica entre os grupos, dentre outros aspectos
tornam-se fundamentais.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES
QUESTÃO 01
Uma organização é um sistema de recursos que procura alcançar objetivos. Cada pessoa e
cada grupo têm atribuições especificas que contribuem para isso. As funções organizacionais
são as tarefas especializadas que as pessoas e os grupos executam para que a organização
atinja seus objetivos. O princípio que permite superar as limitações individuais por meio da
especialização é denominado.

a) Formalização.
b) Hierarquização.
c) Divisão do trabalho.
d) Amplitude de controle.
e) Processo de transformação

QUESTÃO 02
O conceito de homem econômico se baseia na premissa de que o ser humano se motiva e
trabalha apenas por salário, não se preocupando com qualquer outra característica
organizacional, como por exemplo, relacionamento com colegas de trabalho, oportunidade
de se desenvolver enquanto pessoa e cidadão. Tal pensamento é fortemente rejeitado pela
escola humanística que tem uma visão própria acerca das pessoas no ambiente de trabalho.
Diante da contextualização acima, explique como a escola humanística da administração
enxerga o ser humano.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
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QUESTÃO 03
A profissão de administração tem sido desenvolvida ao longo dos anos, sempre
acompanhando as mudanças que surgem no cenário organizacional. Isso exige que o
profissional que atua na área esteja cada dia mais capacitado e atualizado sobre as novas
tendências organizacionais. Sendo assim, discorra sobre as habilidades e competências
exigidas para o profissional de administração contemporâneo.

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QUESTÃO 04
A escola clássica da administração foi a primeira concepção apresentada acerca do
pensamento administrativo. Taylor e Fayol foram os seus principais expoentes e
desenvolveram teorias específicas. Enquanto o primeiro focava nas tarefas o segundo tinha o
foco na estrutura organizacional. Diante da contextualização acima e baseado no que foi
desenvolvido ao longo dos estudos, apresente as características das da Teoria Clássica e da
Administração Científica.

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
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QUESTÃO 05
A frase “o cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto” é vista como
marcante e específica acerca do pensamento de Henry Ford. Ele adotou o conceito de linha
de montagem e produção em massa para sua fábrica de automóveis, mudando a oferta de
veículos para a sociedade da época uma vez que apenas pessoas muito ricas conseguiam
comprar carros. A redução dos preços dos automóveis de Ford era baseada em três aspectos:
Intensificação, economicidade e produtividade.
Avalie as afirmações a seguir:

I. Ford entendia que quanto mais padronizado fosse o produto, menor seria o seu
custo, consequentemente maior seria a procura pelo seu automóvel.
II. Para Ford pouco importava a qualidade do produto, desde que fosse preto e mais
barato o mercado absorveria e garantiria a venda.
III. Ford entendia que a linha de montagem e especialização garantia maior lucro para a
empresa e melhores pagamentos para os funcionários.

Diante dessa afirmação é correto que.

a) Apenas a I está correta.


b) II e III estão corretas.
c) I está correta, sendo complementada pela III.
d) I está correta, sendo que a III não possui relação com a I.
e) II está correta, sendo que a III a justifica.

40
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
ESTUDO DE CASO

João trabalha há 5 cinco anos numa empresa de montagem de automóveis, na linha de


montagem. Ele está cansado do trabalho repetitivo que executa diariamente e que o deixa
desmotivado. Sua gerência tem feito análises constantes da produtividade dos funcionários e
identificou que alguns funcionários estão tendo perda de produção. João ao ser avaliado
sabia qual o motivo da pesquisa. Diante dessa situação, o que o João deve fazer? Você acha
que ele deve se antecipar e procurar a gerência indicando sua insatisfação? Ou ele deve
aguardar o feedback da empresa para a partir daí tentar se ajustar? Justifique seu
pensamento.

CINEMA E ADMINISTRAÇÃO
Tempos Modernos – Filme do cineasta Charles Chaplin, produzido nos Estados Unidos, em
1936. Aborda o período industrial de forma crítica em relação ao capitalismo e a exploração
dos funcionários nas indústrias da época.
Entender como a “especialização” do homem é levada a um nível de total alienação.
Filme recomendado.

INFORMAÇÕES EM REDE
Você sabia que existe um código de ética para os profissionais da administração?
Se não sabia, acesse o site abaixo: disponível em: http://www.cfa.org.br/administracao/etica-
profissinal.

RECOMENDAÇÃO
Leitura do e-book disponível no link abaixo. Ele apresenta perspectivas para a
administração. Disponível em:<ttp://www.cfa.org.br/servicos/publicacoes/chiavenato-
web.pdf>.

41
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
3 TEMA 2. ABORDAGEM NEOCLÁSSICA

3.1 CONTEÚDO 1. TEORIA NEOCLÁSSICA E ADMINISTRAÇÃO POR


OBJETIVO

Olá, querido estudante. Parabéns pelo avanço nos estudos. Agora você começa a sua
leitura sobre a Teoria Neoclássica e a Administração por Objetivos. Lembre-se, manter o
foco é um importante aliado em sua trajetória acadêmica.
A Teoria Neoclássica da Administração foi uma corrente do pensamento
administrativo que tinha como principais características a diversidade de pensamento, onde
utilizavam conteúdos de outras escolas; ênfase na busca de objetivos e foco nas práticas e
rotinas da administração. Os principais expoentes dessa corrente de pensamento são Peter
Ferdinand Drucker (1909-2005), austríaco; Harold Koontz (1909-1984), estadunidense;
Ernest Dale (1917-1996), alemão; dentre outros.
O pensamento neoclássico se baseava no fato de que as organizações eram constituídas
de pessoas e que para se alcançar os objetivos o administrador precisava focar nelas. Como
essa corrente era fortemente influenciada por outras escolas da administração, muito dos
seus conceitos já foram discutidos nesse módulo didático.
As principais características da escola neoclássica são: grande ênfase nos princípios
gerais da administração (planejamento, organização, direção e controle); pragmatismo em
suas práticas; ênfase nos objetivos e resultados; uso de diversas correntes de pensamentos da
administração em sua aplicação.
Observe querido estudante, que o objetivo organizacional é tão importante para os
neoclássicos, que em dois parágrafos do material referente a essa escola da administração, a
palavra se repete três vezes. Isso será explicado mais detalhadamente abaixo, quando
abordarmos diretamente o processo de Administração por Objetivo (APO).
Importante salientar que a Abordagem Neoclássica, para muitos estudiosos é
considerada como uma atualização de tudo o que foi visto na Teoria Clássica, mas com
adequações necessárias a solucionar problemas administrativos existentes na atualidade.
Essa importância é percebida, caro aluno, quando eles afirmam a relevância que existe na
divisão do trabalho, divisão hierárquica, especialização, delegação de responsabilidade,
avaliação e recompensa por desempenho.

42
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Considerando o avanço obtido com a teoria das relações humanas, associado ao
grande crescimento que as organizações estavam experimentando na década de
1950, a teoria neoclássica surgiu como uma retomada ou revisão da teoria clássica.
(SANTOS, 2013, p. 46).

Os estudos da Teoria Neoclássica sempre deram ênfase à prática da administração,


enfatizando os seus princípios gerais. Isso deu a essa corrente sempre o adjetivo de
pragmática, pois seu pensamento era que a administração precisava estar alicerçada na
universalização. Uma vez que todas as organizações possuem basicamente os mesmos
problemas, o tratamento dessas situações deveria ser abrangente a vários contextos.
São características importantes para os neoclássicos:

• Práticas administrativas: relacionado ao pragmatismo. Onde se busca de forma


continuada o alcance de resultados por meio de utilização de práticas
universais, aplicáveis de forma generalista;

• Reafirmação da Teoria Clássica nos padrões contemporâneos da


administração: Os pensadores neoclássicos entendiam que muito do que foi
visto na Teoria Clássica deve ser aplicado nas organizações atuais, devendo
apenas haver uma adequação de pensamento para que se esteja de acordo com
a complexidade das novas empresas. O planejamento, organização, direção e
controle, continuam sendo importante nos processos organizacionais, mas
nesse processo é dada ênfase na definição dos objetivos, que precisa ser
claramente explicitado.

• Ênfase nos objetivos e resultados a serem alcançados: Toda a organização


precisa ser estruturada e qualificada de forma que possa alcançar os objetivos
por ela traçados em seu planejamento. Para que haja tal condição deve ser dada
ainda ênfase na eficiência organizacional.

Outro ponto importante visto na Teoria Neoclássica envolve o processo de


centralização e descentralização na hierarquia. Tal assunto é muito discutido por seus
estudiosos, que procuravam apontar as vantagens e desvantagens de cada uma delas.
Salienta-se que no que concerne a esse processo, ele indica a autoridade exercida na tomada
de decisão, sendo a primeira vinculada a altos níveis hierárquicos e a segunda relacionada
para níveis mais baixos.

43
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Em resumo, a centralização é o controle do poder de decisão associado aos cargos de
liderança mais elevados e a descentralização é a distribuição desse poder em cargos de
liderança mais simples.

Centralização:

• Vantagens: quem toma a decisão tem visão mais ampla da organização, sendo
essas pessoas inclusive mais preparadas; redução nos custos de operação, uma
vez que não existe esforço duplicados no processo.

• Desvantagens: como quem toma a decisão está no topo alguns fatos que
acontecem na base organizacional podem ser desconhecidos, provocando
problemas; demora na comunicação para os demais membros da organização;
pela necessidade das ordens serem disseminadas entre os demais membros
pode haver ainda distorções na comunicação.

Descentralização:

• Vantagens: redução no tempo utilizado para a tomada de decisão; gera


motivação na equipe e senso de responsabilidade; redução em despesas com
gerência; aumento na eficiência.

• Desvantagens: Falta de pessoal capacitado para a tomada de decisão; decisões


podem ser tomadas sem uniformidade, uma vez que várias pessoas podem
fazê-la.

Um ponto interessante a ser apresentado é que a aplicação da


centralização/descentralização está diretamente relacionada à maturidade da equipe. Sendo
que para equipes menos qualificadas e maduras é recomendado sempre um controle maior
dos processos, a centralização. Para equipe mais desenvolvidas e preparadas, a
descentralização pode ser utilizada.
Ressalta-se que o processo de descentralização somente pode acontecer com equipe
maduras. Ou seja, com equipes treinadas e com experiência profissional adequada a prática
da tomada de decisão. Isso significa que você não pode descentralizar seu comando quando
tem uma equipe ainda em fase de treinamento ou que seja muito jovem no processo de

44
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
domínio dos processos ao qual estão inseridas. Observe caro aluno, que nesse processo que
envolve centralização e descentralização, deve haver claramente uma definição da autoridade
exercida. Ou seja, toda equipe precisa entender qual é a cadeia de comando correta.
Anteriormente, quando abordamos a Teoria Clássica, foi visto que Henri Fayol definiu
cinco funções básicas para a Administração: planejamento, organização, comando,
coordenação e controle. No que se refere aos neoclássicos, houve uma atualização dessas
funções, passando a ser composta por apenas quatro elementos que serão apresentados
abaixo:

• Planejamento: Refere-se à definição de quais objetivos e recursos serão


usados para alcançar uma meta. Ressaltando que nenhuma organização pode
trabalhar por meio de improviso. O planejamento são as etapas necessárias
para chegar a um objetivo;
• Organização: Está relacionada a como serão utilizados os recursos
disponíveis para alcançar o que foi planejado. Importante deixar claro que
sob o prisma neoclássico entende-se a organização como toda composição de
pessoal necessário para alcance do objetivo;
• Direção: É o processo de dirigir as atividades do planejamento, visando
alcançar o objetivo da organização. Está relacionada com a ação e atuação das
pessoas, envolvendo inclusive a interação entre líderes e seus subordinados;
• Controle: Acompanha/monitora todos os resultados alcançados e
previamente estabelecidos no planejamento, para saber se foram feitos
corretamente, podendo haver dessa forma correção nos processos em casos
de disfunções.

Segundo Chiavenato (2000, p. 191) “As funções do administrador correspondem aos


elementos que Fayol definira no seu tempo (prever, organizar, comandar, coordenar e
controlar), mas com uma roupagem atualizada”.
Como visto, hoje a administração possui quatro funções básicas. Grave isso na
memória, querido estudante! Todo administrador precisa saber quais são as funções básicas
da sua profissão.

45
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Figura 8 - Funções básicas da administração

Fonte: Autoria própria (2017)

A figura acima é representativa no campo da administração, pois ela apresenta as


funções básicas da administração, demonstrando como elas são interdependentes em seus
processos. Isso é uma premissa muito importante para o ambiente profissional, onde todas
as partes de uma organização precisam dialogar, trabalhar em parceria e somar forças para
obtenção de um resultado comum. Vale refletir que para haver essa integração é necessário
que uma liderança – figura do líder – administrador - atue de forma que todos os processos
aconteçam de forma harmoniosa.

• Administração por Objetivo (APO).

A Administração por Objetivo (APO) surgiu como desdobramento da Teoria


Neoclássica, que tinha como uma de suas premissas a ideia de que toda a organização
precisava trabalhar para focada num objetivo. Isso somente é possível por meio de práticas
de trabalho que sejam realizadas sob o prisma da eficiência e eficácia.
Entenda por eficácia, segundo Chiavenato (2000, p. 177) “como uma medida do
alcance do resultado, enquanto que eficiência é uma medida da utilização dos recursos nesse
processo”.
A ideia era que, que segundo esse pensamento, as pessoas nas organizações precisam
entender que não estavam trabalhando simplesmente por trabalhar. Elas deviam estar
conscientes que sua participação na empresa, visava a busca por um objetivo maior, que era
justamente a busca pelo índice de produção perfeito. A APO teve sua concepção em 1954,
com os trabalhos de Peter Ferdinand Drucker, em que apresenta suas ideias sobre a
necessidade de estabelecer objetivos na esfera organizacional e a partir daí analisar os
resultados alcançados.

46
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Segundo Maximiano (2004, p. 78) “a APO é foi criada por Drucker na década de 1950,
com o livro A prática da administração. A APO é um procedimento sugerido para aplicação
do processo de planejar, organizar, direcionar e controlar”.
Seus fundamentos visavam dar sustentabilidade para as empresas norte americanas,
que estavam num período difícil, em que os governos exerciam forte controle e influência na
economia. Diante desse cenário, era necessário otimizar os lucros e reduzir despesas.
Figura 9 - Peter Drucker

Fonte: Disponível em: <https://


s3.us-east-2.amazonaws.com/a
dministradores-website/_assets
/files/2010/08/file_2009.jpg>.

Segundo o pensamento dos seus cientistas, a APO para ser alcançada precisa contar
com o esforço de todos os envolvidos na organização. Sendo assim, o desempenho das
pessoas é de fundamental importância para o sucesso. Ele entende que acima da relação
hierárquica entre chefe e subordinado precisa haver uma comunhão no compromisso de
ambas as partes. Essa relação precisa acontecer de forma que fiquem claras quais são suas
responsabilidades dentro do contexto organizacional.
Para Oliveira (2012, p. 111) “Administração por objetivos é a técnica estruturada e
interativa de negociação e de estabelecimento dos objetivos individuais como decorrência e
como sustentação aos objetivos das organizações”.
Na APO é necessário que exista previamente uma definição das metas a serem
alcançadas, de forma que tal meta seja estabelecida com a participação do gerente e de seu
subordinado. Entende ainda que o processo administrativo precisa acontecer de forma
cordial sem obviamente deixar qualquer dúvida na relação hierárquica. Nesse contexto, as
metas organizacionais precisam ser definidas no topo da hierarquia organizacional,
passando pelos departamentos e entre as pessoas (individualmente), havendo ainda
comunicação adequada e acompanhamento e revisão dos planos de ação, de acordo com o
resultado das avaliações que se apresentem.
Importante entender que existem objetivos estratégicos, táticos e operacionais. O
primeiro se relaciona aos objetivos organizacionais, existindo em longo prazo; o segundo,

47
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
estão vinculados aos departamentos da organização; e o último está voltado para as
atividades e tarefas que precisam ser realizadas pelos funcionários.
A APO preconiza também que exista acompanhamento constante nos planos de ação
em execução nas empresas, por entender que eles são de fundamental importância, uma vez
que tal observação serve de parâmetro para possíveis ajustes. Essa revisão é essencial para
adequação dos objetivos e está diretamente relacionado à importância da avaliação no
desempenho dos funcionários.
Os gerentes organizacionais possuem papel de destaque na APO, pois serão eles os
responsáveis por alinhar juntamente com os funcionários os objetivos, conscientizando-os
sobre a importância de alcançá-los e ainda por avaliar se tudo está evoluindo corretamente.
Entenda querido aluno, que para isso acontecer a contento é necessário que haja interligação
entre os diversos departamentos da organização, onde todos devem trabalhar de forma
participativa. Cada um com o seu objetivo específico, mas com o foco no alcance de uma
meta geral.
O que a APO deseja com essa definição clara de objetivos é que se minimize disfunções
e distorções nos processos de produção. A eficácia e basicamente fruto do pragmatismo
aplicado por essa teoria.

Curiosidade
Você sabia que Peter Drucker é considerado o pai da administração moderna? Essa
referência se deve ao fato dele ter escrito mais de 30 livros na área, implantando fortes
conceitos acerca da descentralização, globalização, APO, dentre outros.

48
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
3.2 CONTEÚDO 2. ESCOLA E TEORIA COMPORTAMENTAL

• Escola comportamental

Caro estudante, a partir daqui o conteúdo começa a ficar um pouco mais mesclado.
Observe ao longo do módulo como uma escola da administração passa a influenciar a
criação de outra e, não apenas ir de encontro às escolas existentes. Trata-se de um processo
de amadurecimento do pensamento administrativo, com base em estudos de escolas
anteriores que passaram a ser usadas como parâmetros para novos pensadores
desenvolverem seus conceitos acerca da administração.
A escola comportamentalista foi criada a partir das ideias vistas na Teoria das Relações
Humanas. Ela surge apresentando críticas a Teoria Clássica e a Teoria Burocrática (que será
abordada posteriormente), por conta de sua postura muito engessada e rígida, com foco
principalmente no mecanicismo, ignorando o ser humano no ambiente de trabalho.
O principal foco da escola comportamental é a valorização do indivíduo dentro das
organizações. Apesar de estar, de certa forma relacionada à Teoria das Relações Humanas, a
Escola Comportamentalista entende que muitos estudos desenvolvidos em Hawthorne
careciam de maior investigação, estando basicamente embasados em suposições.
A Abordagem comportamental também é conhecida como Novas Relações Humanas.
Ela atuou na busca de soluções para problemas amplamente vistos no ambiente
organizacional, de forma que tal resolução acontecesse de forma humanizada, justa,
harmoniosa e democrática. O principal expoente acadêmico dessa nova corrente da
Administração é Kurt Lewin (1890-1947), alemão e psicólogo. O foco de seu trabalho foi
voltado para o estudo da psicologia organizacional. Seu principal trabalho foi o livro Teoria
da Dinâmica da Personalidade, onde abordava as relações de grupos. Lewin tinha especial
atenção pela dinâmica dos grupos nas organizações, analisando aspectos como motivação,
processo decisório, liderança, solidariedade, dentre outros. O comportamento das pessoas
nas organizações era entendido nessa teoria como de fundamental importância.
A corrente comportamentalista tem o conceito de homem administrativo. Que se
caracteriza por ser tomador de decisões e que busca incessantemente por soluções para
resolver problemas identificados na empresa.
Querido aluno, entenda como comportamento toda a conduta e procedimento que
uma pessoa ou grupo tem em relação ao meio em que está inserido. Trata-se do modo de
agir do ser humano em relação ao estímulo ou aos valores que carrega.
Devido à importância que Lewin dava aos grupos a relação interpessoal foi muito
estudada, visando dar a partir dessa característica o pensamento de solidariedade e empatia a

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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
seus participantes. Tal situação é vista como fundamental na manutenção de um ambiente
harmonioso. Essa ideia existente no pensamento comportamental acontece porque seus
estudiosos entenderam que em condições de solidariedade e empatia os grupos tendem a ter
maior interação e relacionamento de amizade.
Os comportamentalistas acham que são condições necessárias para haver esse tipo de
ambiente nas organizações: interação, pois todos os membros do grupo precisam se
relacionar bem; proximidade no ambiente de trabalho; interesses iguais, que fomentaria a
coesão; quantidade de pessoas envolvidas no processo de interação; e fluidez na
comunicação, indispensável para conscientizar as pessoas e evitar tensões.
Não esqueça de que a ênfase nesse processo é dada para as pessoas. Isso inclusive é algo
que os comportamentos corroboram em relação à Teoria Humanística.
Para Silva (2001, p. 219), “um dos principais estudiosos da abordagem
Comportamentalista é Hebert Simon, que acredita que o comportamento está associado a
aspectos sociológicos e a aspectos psicológicos”.
A abordagem comportamentalista, ao ser desenvolvida, buscava ter um conceito
fundamentado em fases de análise e experimentos, por acreditarem que nessa condição não
haveria ingenuidade nas suas afirmações. Ressaltando que a visão ingênua do ser humano,
foi uma das críticas à Teoria das Relações Humanas.
Com o pensamento de Lewin, voltado para uma abordagem comportamental nas
organizações, surge posteriormente a Teoria Comportamental da Administração, que
também enfatiza as pessoas. Seus principais estudiosos foram Herbert Simon (1916-2001),
Douglas McGregor (1906-1964), Hensis Likert (1903-1981), dentre outros.
Importante reiterar que a Teoria Comportamental apesar de concordar com muitas
abordagens vistas na Teoria Humanística, tem também muitas divergências e críticas acerca
dela.
Outra questão que precisa estar clara é a oposição que a Teoria Comportamental tem
sobre a Teoria Clássica. Elas divergem muito, pois uma tem visão mecanicista e a outra foca
nas pessoas. Essa regra também se aplica ao pensamento burocrático, vista pelos
comportamentais como igualmente limitado e engessado.
O principal trabalho desenvolvido pela Teoria Comportamental é O Comportamento
Administrativo, publicado no ano de 1947, por Simon. O livro apresenta toda a divergência e
discordância apresentada por Simon acerca da Teoria Clássica e também traz uma análise
acerca da Teoria Humanística, onde ele faz alterações, ajustes e correções, de acordo com sua
visão organizacional.
A teoria comportamental analisa também aspectos ligados à motivação humana, no
qual se destacam os trabalhos de Abraham Maslow e Frederick Herzberg.

50
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Para os comportamentais entender as razões da motivação humana é de suma
importância para se saber a forma de agir das pessoas nas organizações. Segundo Kwasnicka
(1995, p. 56) “a motivação se refere aos desejos, aspirações e necessidades que influenciam a
escolha de alternativas, determinando o comportamento do indivíduo”.
Na abordagem comportamental existem várias teorias sobre a motivação, apresentadas
a seguir:

• A motivação segundo Maslow.

Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo norte americano. Seu trabalho


basicamente deu ênfase na motivação humana, sendo o mais famoso deles o seu estudo
sobre a Hierarquia das Necessidades.

Figura 10 - Abraham Maslow

Fonte: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/--HtnAAU


i1tw/VCj8RE-c9xI/AAAAAAAACf0/b6IqmR63irA/s1600/masl
ow-abraham.jpg>.

Segundo Maslow (2000, p. 10) “no que diz respeito a meu esforço, ele sempre foi ético,
uma tentativa de aliar-me à ciência com metas humanísticas, com esforços para melhorar as
pessoas individualmente e a sociedade como um todo”.
Maslow tinha o pensamento de que a motivação para ser alcançada precisava antes
atender a algumas necessidades humanas, que estavam divididas em cinco níveis, sendo
esses níveis separados como necessidades primárias e secundárias.

Maslow dividiu esses anseios humanos em cinco níveis, que podem estabelecer de
forma clara quais são as prioridades das pessoas. Esses cinco níveis de necessidades
ainda são separados como primários e secundários, de acordo com a dificuldade
necessária para sua realização. No caso das necessidades primárias encontram-se
presentes os desejos físicos e de segurança; enquanto que dentre as secundárias

51
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
apresentam-se as questões sociais, de estima e auto realização. (CASTRO e
CASTRO, 2016, p. 4).

Esses níveis hierárquicos apresentados por Maslow foram montados numa


representação gráfica em forma de pirâmide, dando assim referência a Pirâmide da
hierarquia das necessidades de Maslow, apresentada abaixo:

Figura 11 - Pirâmide da Hierarquia das Necessidades

Auto
realização
Necessidades
Estima Secundárias

Sociais

Segurança Necessidades
Primárias
Fisiológicas

Fonte: Abraham Maslow (2000)

As necessidades fisiológicas compreendem todas as condições necessárias a


sobrevivência humana. Nesse sentido, encontra-se a necessidade de comer, beber, se
alimentar, das relações sexuais e do sono. São condições que quando não atendidas impedem
a saúde física e emocional do ser humano.
As necessidades de segurança compreendem questões relacionadas à proteção e visam
evitar privações. Estão entre elas a remuneração, estabilidade profissional, segurança e
melhoria nas condições de trabalho. Exerce grande influência no comportamento das
pessoas dentro do ambiente organizacional, pois sua realização trará tranquilidade no
desenvolvimento das atividades.
As necessidades sociais compreendem a desejos que as pessoas têm de se relacionar
com outras. Estão voltadas ao relacionamento social e ao desejo de associação, amizade,
amor, afeto e interação.

52
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
As necessidades de estima compreendem a auto avaliação, como as pessoas se
enxergam perante a sociedade e internamente. Refere-se à autoconfiança, orgulho próprio,
status social, confiança etc.
As necessidades de auto realização compreende o alcance do potencial humano,
relacionado ao desenvolvimento progressivo. Compreende a parte mais alta da pirâmide,
onde as pessoas alcançam toda a sua capacidade intelectual e profissional.
Caro estudante, uma observação importante no pensamento de Maslow é que ele
entende que a motivação somente existe quando a pessoa alcança o nível mais alto da
pirâmide. Outra observação apresentada por ele é a que o indivíduo não pode pular etapas
no processo de motivação. Ou seja, ele não pode deixar de subir cada nível da pirâmide.
Cada etapa deve ser atendida.
.

Figura 12 - Níveis da hierarquia das necessidades, segundo Maslow.

Fonte: Castro e Castro (2016, p. 10)

• A motivação segundo Herzberg

Frederick Herzberg (1923-2000) foi um psicólogo norte americano que desenvolveu a


Teoria de Dois Fatores, como foco no processo da motivação humana.

53
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Figura 13 - Frederick Herzberg

Fonte: Disponível em :
<http://www.historiadaadmi
nistracao.com.br/jl/images/s
tories/Imagens/Frederick%20
Herzberg%202.jpg>.

A motivação, segundo o pensamento de Frederick Herzberg perpassa por dois fatores,


destinados basicamente a nortear o comportamento do indivíduo. Se você observar
atentamente querido aluno, perceberá que se trata de uma extensão dos estudos de Maslow,
havendo muita semelhança em seus pensamentos.
Herzberg entendia que existiam dois fatores que se relacionavam diretamente com o
processo de motivação, sendo eles fatores higiênicos e os motivacionais.
Figura 14 - Os dois fatores de Herzberg

Fonte: Autoria própria (2017)

Os fatores higiênicos estão relacionados ao ambiente de trabalho e suas condições. Eles


são considerados fatores extrínsecos uma vez que estão focados no ambiente e não nas
pessoas. São considerados como fatores higiênicos, a supervisão no trabalho, seu ambiente, o
salário pago, regras organizacionais.
Outro ponto interessante é que os fatores higiênicos também estavam associados à
insatisfação do trabalhador. Isso quer dizer que quanto eles não existem o funcionário fica
insatisfeito e quanto eles existem os funcionários ficam não insatisfeitos. Logo, entende-se
que são fatores de manutenção das pessoas na empresa e não de motivação para elas.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Para Silva (2001, p. 234) “Herzberg descobre que a insatisfação não é simplesmente o
oposto da satisfação ou motivação. Para ele um indivíduo pode sentir nenhuma insatisfação
e ainda assim não estar satisfeito”.
Importante perceber que os fatores higiênicos são relacionados às condições ofertadas
pela empresa e não questões relacionadas ao trabalhador, internamente.
Os fatores motivacionais estão relacionados ao sentimento que as pessoas têm acerca
do seu trabalho. Como está associado ao sentimento das pessoas em relação ao conteúdo do
cargo, são considerados como intrínsecos. Os fatores motivacionais se relacionam com os
valores individuais, envolvendo sentimento, auto realização, reconhecimento, o trabalho em
si etc.

Tabela 2 - Insatisfação e satisfação, segundo Herzberg

Situação Fatores higiênicos Fatores motivacionais

Presente Não insatisfação Satisfação

Ausente Insatisfação Não satisfação

Fonte: Autoria própria (2017)

Percebe-se que os fatores motivacionais estão ligados a satisfação. Ou seja, quanto eles
existem o funcionário fica satisfeito, quando não existem fica não satisfeito.

A diferença entre os fatores motivacionais (satisfacientes) e os de higiene


(insatisfacientes) é que os primeiros impulsionam o funcionário a desenvolver
suas próprias motivações internas, enquanto que os últimos podem fazer um
empregado descontente e insatisfeito, mas não motivado. O trabalho em si é o
motivador. (COUTRO, 2015, p. 160).

A motivação segundo o pensamento de Herzberg é possível apenas quando os


funcionários têm o sentimento de satisfação alcançado. Para que isso aconteça ele propõe
que existe o chamado enriquecimento das tarefas.
O enriquecimento das tarefas consiste no pensamento de que as empresas precisam
substituir tarefas simples por outras mais desafiadoras, à medida que o trabalhador tenha um
desenvolvimento identificado pela organização. Essas tarefas mais minuciosas visam instigar
e desafiar o funcionário a superar seus limites, alcançando desenvolvimento e despertando
nele o sentimento de busca. Herzberg entendia que tal pensamento era de fundamental
importância para que existisse satisfação no cargo exercido.

55
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A necessidade de estabelecer uma nova estruturação para os cargos visava promover
desafios profissionais aos funcionários. Esses desafios aos serem superados deveriam estar
associados ao crescimento e reconhecimento por parte da organização.

• Comparação entre Maslow e Herzberg

Ao comparar as teorias percebe-se que existem mais semelhanças do que diferenças.


Justamente por essa razão muitos autores afirmam que Herzberg baseou seus estudos em
Maslow. Quando esses trabalhos são comparados, fica evidente que os fatores higiênicos de
Herzberg são muito parecidos com as necessidades primárias, descritas por Maslow. Já os
fatores motivacionais de Herzberg assemelham-se as necessidades secundárias de Maslow.

Os fatores motivacionais atendem a necessidades que estão no topo da hierarquia


das necessidades. Os fatores higiênicos atendem às necessidades que estão na base
da pirâmide”. [...], a teoria de Herzberg complementa a teoria de Maslow. Quanto
mais se sobe na hierarquia das necessidades, maior é a importância dos fatores
motivacionais. Quanto mais se desce na hierarquia de Maslow, mais importantes
se tornam os fatores higiênicos. (MAXIMIANO, 2000, p. 295)

Outra citação que corrobora com a afirmação acima é apresentada abaixo:

Os fatores motivacionais ou intrínsecos de Herzberg, capazes de gerar maior


envolvimento e dedicação do indivíduo para com a organização, referem-se à
necessidade de autorrealização humana, descrita por Maslow, que está relacionada
com a identidade dos indivíduos e com o sentido que eles atribuem as ações.
(MOTTA E VASCONCELOS, 2002, p. 80)

Uma crítica sofrida na pesquisa de ambos é que se afirma que eles simplificaram muito
o processo motivacional, provocando assim muitas críticas no meio científico,
principalmente na área da psicologia.

CURIOSIDADE!
Existem entre Maslow e Herzberg semelhanças que vão além de suas teorias. Ambos
nasceram nos Estados Unidos e são formados em Psicologia, desenvolveram trabalhos
acerca do comportamento humano, relacionado principalmente ao campo motivação.

56
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Douglas McGregor e as Teorias X e Y

Douglas McGregor (1906-1964) foi um psicólogo social norte americano, responsável


por desenvolver as Teorias X e Y, apresentada no livro Aspectos Humanos da Empresa,
publicado na década de 1960. Segundo o pensamento de McGregor e descrito nesse trabalho,
os processos da administração tem relação direta com o comportamento das pessoas no
ambiente organizacional.
Ele ainda afirma que é possível administrar as organizações sob dois prismas
completamente opostos no que concerne ao comportamento humano. Sendo o primeiro
mais conservador e crítico em relação às pessoas (Teoria X) e o segundo mais moderno e
humanizado (Teoria Y).
Figura 15 - Douglas Mcgregor

Fonte: Disponível em: <https://www.


toolshero.com/wp-content/uploads/
douglas-mcgregor_toolshero.jpg>.

• Teoria X: Se baseia na premissa de que o ser humano é preguiçoso por


natureza, foge constantemente das responsabilidades, tem pouca ou nenhuma
ambição e que evita o trabalho a qualquer custo. Diante disso, é necessário que
haja por parte das empresas controle constante e supervisão, pois somente
dessa forma é que as tarefas serão realizadas corretamente.
Fomenta um pensamento mecanicista e muito restrito acerca do homem, entendendo
que ele é pouco criativo, sendo motivado apenas por aspectos fisiológicos e de segurança,
ambos baseados em pagamento de salário. Possui convicções erradas e muito tradicionais,
que se assemelham em pensamento a Abordagem Clássica.

57
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Possui ainda forte ênfase no controle das pessoas, associando a isso a coerção e
punição, uma vez que entende que somente dessa forma é que a preguiça do homem será
controlada.

• Teoria Y: Tem como base um pensamento mais moderno acerca da natureza


humana, sendo mais democrática e com foco no crescimento, autonomia e
recompensa ao funcionário. Enxerga as pessoas como um ser que gosta de
trabalhar, pois considera tal situação como natural no processo de crescimento,
entende que as assumem responsabilidades e tendem a ser criativas.
Por suas premissas serem mais democráticas fomentam o pensamento de uma
supervisão mais harmoniosa das empresas sobre os funcionários, observando ainda que em
organizações com bom clima organizacional o trabalho se torna uma fonte de satisfação e
motivação.
Encoraja também o processo de enriquecimento do cargo, dando autonomia para
inovação e criatividade, descentralizando processos, concedendo maior liberdade para as
pessoas. Ela parte do pressuposto que as pessoas são automotivadas.

• Likert - Sistemas de Administração.

Rensis Likert (1903-1981), norte americano, psicólogo. Desenvolveu os Sistemas de


Administração, dividindo-os em quatro, cada um com características próprias. Baseou seus
estudos num pensamento mais moderno acerca da motivação humana, indo de encontro a
todo o pensamento tradicional existente na administração.
Sua ideia era que o sucesso organizacional dependia de boas relações entre organização
e empregados, devendo haver nesse sentido uma liderança adequada e voltada para práticas
de aproximação com as equipes.
Os pensadores sistêmicos entendiam que a identificação dessa boa relação deveria ser
percebida de acordo com a forma com que as pessoas se comunicam, relacionam, tomam as
decisões. Nesse sentido, gestores deviam manter um clima bom dentro das organizações,
pois o considerava como estratégico e essencial.
No decorrer de seu trabalho identificou quatro tipos de estilos de liderança existentes
nas organizações: autoritário coercitivo, autoritário benevolente, consultivo e participativo.
Cada estilo visto acima serviu de base para o estabelecimento dos seus Sistemas,
conforme apresentado abaixo:

58
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Sistema 1 – autoritário coercitivo: baseado na desconfiança, com fortes padrões
autocráticos e de controle de todos os processos. Aplicação de políticas
coercitivas perante os funcionários. As decisões estão sempre centralizadas no
topo hierárquico. Existência de poucas recompensas, comunicação restrita,
proibição na formação de grupos informais, isolamento das pessoas e baixo
nível de relacionamento interpessoal;

• Sistema 2 – autoritário benevolente: baseado num clima organizacional mais


moderado, com menos rigidez, mas ainda assim controlador, com as decisões
permanecendo centralizadas. Existindo baixa comunicação, aplicação de
punições e pouco relacionamento interpessoal;

• Sistema 3 – consultivo: nesse sistema existe maior confiança, mas ainda com
limitações. As decisões são tomadas mediante consulta e entre os diversos
níveis organizacionais, por conta disso existe um melhor índice de
comunicação. Existem ainda algumas recompensas, promoções por méritos. A
aplicação de punições ainda está presente nesse modelo.

• Sistema 4 – participativo: baseado em ampla confiança, com democracia e


solidariedade. Os funcionários possuem autonomia nos processos, havendo
interação constante e divisão de responsabilidade. A comunicação é peça chave
na relação, sendo amplamente difundida. Tem ótimo relacionamento
interpessoal, existindo formação de grupos. É dada grande relevância na
aplicação de recompensas sociais, havendo ainda pouquíssimas punições.

A aplicação do Sistema de Likert teve grande impacto na administração, pois forneceu


uma diversidade de opções para a gestão. Sua visão principal era que a organização sempre
deveria tentar optar pelo Sistema 4, que se baseia numa conduta mais democrática e
harmoniosa, percebida por ele como necessária para o sucesso.

• A teoria das Três Necessidades de McClelland

David McClelland (1917-1998) foi um psicólogo norte americano, responsável por


desenvolver a Teoria das Três Necessidades, com foco no processo motivacional do

59
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
indivíduo. Sua teoria também é chamada de teoria da realização, ou teoria das necessidades
adquiridas.

Figura 16 - David Mcclelland

Fonte: Disponível em:< https://


i.pinimg.com/originals/12/a1/1
6/12a1160c58f232b3b33ad69fc
a5e402d.jpg>.

Segundo seu pensamento existem necessidades que são aprendidas e outras que são
socialmente adquiridas na medida em que acontece interação com o ambiente ao qual se está
inserido.
A teoria de McClelland procura entender como funciona a motivação das pessoas no
ambiente de trabalho, por meio da satisfação de suas necessidades. Diante disso, ele dividiu
as necessidades das pessoas em três etapas:

• Realização: necessidade alcançar o sucesso, se realizar, superar seus limites,


buscar a excelência, dominar os processos. Segundo essa ideia os trabalhadores
são participativos e gostam de assumir responsabilidades que os desafie;
• Associação: necessidade que o indivíduo tem de se relacionar com outras
pessoas de forma mais próxima, de estabelecer amizade, evitar problemas e
conflitos;
• Poder: necessidade que a pessoa tem de exercer influência, mandar ou ter
poder sobre outras. Trata-se da vontade de ter autoridade perante outros
indivíduos.

Segundo seu pensamento, quando um trabalhador tinha suas necessidades atendidas


ele conseguia entrar em motivação. Observa-se dessa forma, que as pessoas têm desejos

60
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
organizacionais voltados para o crescimento individual, por ser bem relacionada e também
para autoridade de exercer seu poder perante as outras.

3.3 CONTEÚDO 3. ESCOLA, TEORIA ESTRUTURALISTA E MODELO


BUROCRÁTICO

• O modelo burocrático de Weber


Você chegou a um novo conteúdo. Parabéns! Preste bastante atenção ao material que
segue, pois ele será importante para percepção acerca da burocracia no ambiente
organizacional. Importante entender que ao contrário do que a maioria das pessoas pensam,
a burocracia é muito importante para a sociedade em geral. O problema que existe em
relação à burocracia e sua aplicação exagerada. Reflita sobre isso!
A Teoria Burocrática, desenvolvida por Max Weber (1864-1920), alemão, sociólogo,
jurista e professor. Seus trabalhos somente ganharam fama após sua morte e foram
caracterizados pela grande dificuldade encontrada para compilá-los, uma vez que estão em
grande parte em condições de leitura bastante degradadas. Sua principal obra é o livro A
Teoria Social e Econômica da Organização, de 1947.
Seu pensamento ganhou corpo na década de 1940, quando começaram a surgir fortes
críticas a Teoria Clássica e também a Escola das Relações Humanas, que será abordada
posteriormente. Importante salientar que os estudos de Max Weber aconteceram na mesma
época dos trabalhos desenvolvidos por Fayol e Taylor.

Figura 17. Max weber

Fonte: Disponível em: <https://fthmb


.tqn.com/NxMEiZy6v1AOOKOWeNN5
qpdukbc=/3540x4837/filters:fill(auto,
1)/Max-Weber-Hulton-Archive-Getty-
Images-58b88d565f9b58af5c2d9a2e.jpg>.

61
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Segundo Williams (2017, p. 32) “a burocracia é o exercício de controle com base em
conhecimento, perícia ou experiência”.
Importante registrar que o princípio básico da burocracia e a racionalidade de todos os
processos, visando alcançar eficiência, ordenamento e hierarquia, por meio de aplicação de
regras sistematizadas. Essas etapas, se você analisar bem, querido aluno, são vitais para o
sucesso de uma empresa, quando aplicadas corretamente. Para isso era preciso haver
profissionalismo nos processos burocráticos, que deveriam ser desenvolvidos por pessoas
com especialização adequada. Segundo Chiavenato (2000, p. 304) “a burocracia é uma forma
de organização humana baseada na racionalidade, na adequação dos meios aos objetivos
pretendidos, para obtenção de máxima eficiência”.
As bases para aplicação da burocracia eram: divisão do trabalho, hierarquia,
racionalidade, uso de regras e aplicação de procedimentos, registros formais e
impessoalidade. Uma das ideias de Weber era o Sistema de Controle Social, nesta ele
diferencia o conceito de autoridade com outras formas de influenciar o indivíduo, sendo
elas: poder e persuasão.
Para Weber a autoridade é todo o poder que é dado ao indivíduo, sendo ele
institucionalizado, como por exemplo, o poder de um gerente sobre seus subordinados em
virtude do cargo que ocupa. Já o poder seria o controle da situação, pela capacidade de impor
sua vontade, seja por meio de ameaça, coação ou manipulação. E por fim, a persuasão,
caracterizada pela capacidade que um indivíduo tem de influenciar na decisão de outro, por
meio do uso da razão e argumentação coerente.

Modelo Burocrático
Hierarquia
Racionalidade
Divisão do trabalho
Impessoalidade
Meritocracia
Rigidez
Fonte: Adaptado de Weber (2017)

A escola weberiana entendia que o ideal era que toda autoridade devia se basear no
princípio de aceitação das ordens de forma voluntária, com base na cadeia hierárquica, pois
sua autoridade está vinculada ao cargo. Ela ainda acredita que tanto o gerente como seus
subordinados devem entender o seu papel na organização, devendo o primeiro mandar e o
último obedecer.

62
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Outra ideia da teoria burocrática é a que a autoridade verdadeira está dividida em três
categorias:
• Autoridade tradicional: Baseada no direito hereditário, cultural, divino e de
forma conservadora;
• Autoridade carismática: que vai de encontro à tradição e está relacionada ao
perfil de quem está liderando. Segundo esse princípio, quem está subordinado
segue seu líder não apenas pelo cargo, mas também pela admiração que
desperta nos demais funcionários.
• Autoridade legal ou burocrática: Quando a gerencia exerce poder sobre os
funcionários pelo cargo e esse poder é aceito, porque eles entendem que o
cargo ocupado confere direitos sobre os demais. São baseadas em normas e na
meritocracia.

Meritocracia – Weber entendia que as pessoas deveriam ser escolhidas na


organização por suas habilidades e competências. Ou seja, por méritos. Sendo assim,
toda a análise de pessoas deveria ser embasada na observação de competências técnicas,
descartando a preferência pessoal.
Para isso, é necessário haver critérios claros de avaliação, de forma que não houvesse
arbitrariedades e escolhas de profissionais baseadas em indicações dentro da empresa.
Isso significa que processos de contratação e promoção deveriam analisar
basicamente se o indivíduo tinha as habilidades necessárias para realizar a tarefa ao qual
seria imbuído.

Importante acrescentar que as funções básicas da burocracia são a especialização,


estrutura, racionalidade, previsibilidade e democracia. Sendo elas explicadas da seguinte
forma:

Especialização: entende que a pessoa precisa dominar os processos da posição que


ocupa. Foco na produtividade. Entenda nesse contexto a especialização como algo restrito a
função exercida.
Estrutura: Definição hierárquica da cadeia de comando, onde todas as pessoas têm
suas responsabilidades. O comando vem de cima para baixo, devendo ser obedecido
inquestionavelmente pelos subordinados.

63
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Racionalidade: estabelecimento de regras e procedimentos para tudo, visando evitar
impessoalidades. O foco é na razão, com objetividade. Nesse sentido não aceita decisões por
emoções ou opiniões sem fundamentação normativa.
Previsibilidade: O uso de controle pela burocracia assegura que não haverá surpresa
para a organização. Havendo rigorosidade nos processos a organização ficará estável.
Democracia: parte do princípio de que todos podem ocupar cargos na organização,
desde que tenha capacidade (mérito) para isso. Fundamenta-se na ideia de que qualquer
funcionário deve ter a oportunidade de concorrer a uma promoção.
A burocracia é vista por Weber como o uso de mecanismos na busca pela eficiência no
mais alto nível. Ele entendia que a resultado no uso correto da burocracia era a
previsibilidade para todos os processos funcionais no ambiente organizacional. Sendo assim,
ele não considera qualquer aspecto com características informais nas empresas uma vez que
tal situação tornaria impossível para os administradores prever/identificar/acompanhar
eventos das mais diversas naturezas administrativas.
Segundo Williams (2017, p. 32) no contexto histórico, “a burocracia de Weber
representa grande melhoria nas organizações, pois utilizou justiça suplantando favoritismo e
também o objetivo da eficiência substituiu o do ganho pessoal”.
Importante salientar que mesmo nos dias atuais a burocracia ainda é de fundamental
importância para sociedade. O problema é que o conceito de burocracia foi desvirtuando,
passando a ser empregado de forma excessiva e acarretando sérios problemas conceituais.
Para esse uso inadequado da burocracia se dá o nome de disfunções.
A disfunção na burocracia nada mais é do que o uso inadequado de regras e
procedimentos, seja pelo seu excesso, pelo erro na aplicação, ou por qualquer utilização que
torne um processo ineficiente e cansativo. Por sinal, uma das críticas junto ao modelo
burocrático é a obrigatoriedade de se registrar tudo, mesmo as coisas mais simples, o que
provoca o excesso de papeladas.
Outro problema percebido na burocracia de Weber é a rigidez em seus regulamentos,
que devem ser seguidos sem questionamentos. Isso provoca grande resistência às mudanças,
uma vez que tudo está previamente definido por normas e regulamentos, para se fazer algo
diferente é necessário antes alterar os procedimentos. Isso gera perda de tempo e
inflexibilidade organizacional
Percebe-se também que no modelo burocrático de Weber o excesso de rigidez e
impessoalidade, seus trabalhos não analisavam aspectos individuais, apesar de reconhecer a
existência deles. As pessoas, por sinal, no modelo burocrático tendem a ser parcialmente
utilizadas, uma vez que sob a ótica weberiana existe confiança limitada nos indivíduos.
Outra crítica a ser observada é que pela aplicação excessiva de regulamentos e normas, as

64
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
pessoas tendem a ficar desmotivadas e com o seu comportamento na empresa mais retraído
e limitado, fazendo exclusivamente o que está normatizado.
O modelo burocrático ocasiona outro problema muito grave, ele restringe a
criatividade de seus funcionários, uma vez que existe grande resistência ao novo em suas
premissas. No atual cenário organizacional, o uso de tamanha rigidez pode ser um problema
uma vez que estamos vivendo num mundo de grande concorrência e fortes mudanças.
Processos como o da inovação requerer flexibilidade e rapidez para acontecerem
adequadamente.
Você, querido estudante, que está se preparando para gerir as organizações precisa
sempre estar atento para a aplicação adequada de processos burocráticos.

No ambiente organizacional o uso da burocracia pode ser aplicado em diversos


graus, dependendo de suas complexidades e variáveis. Entretanto é importante observar,
querido aluno, que todo bom administrador precisa impedir as disfunções da burocracia.
Toda regra que impeça a produtividade, crie gargalos processuais ou gere conflitos entre
as pessoas, precisa ser reavaliada e readequada.
A burocracia é um elemento indispensável nas organizações, que precisam de
controles e normas para vários processos. Então entendam... A BUROCRACIA É
NECESSÁRIA! O USO EXCESSIVO E INEFICIENTE DELA É QUE CAUSA
PROBLEMAS.

• Teoria Estruturalista

Você chegou a um novo conteúdo. Se mantenha firme em seus objetivos acadêmicos.


Lembre-se, querido estudante, você é o principal responsável pelo seu aprendizado.
Certamente não está sozinho nessa caminhada, pois o objetivo de nossa Instituição é ajudá-
lo a alcançar sua graduação, com qualidade e profissionalismo. Sendo assim, inicia-se aqui os
estudos acerca da Teoria Estruturalista da Administração.
A Teoria Estruturalista surgiu como desdobramento de outras teorias que a
antecederam. Seu principal nome é Emitai Etzioni (1929), sociólogo, nascido na Alemanha.
Publicou o livro “Organizações modernas”, publicado em 1964, em que analisa as
organizações. Etzioni desenvolveu seu trabalho analisando a Escola Clássica, Científica,
Burocrática e das Relações Humanas. Ele percebeu que elas não resolviam os problemas
organizacionais, considerando-as ineficientes.

65
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Figura 18 - Emitai Etzioni

Fonte: Disponível em:<http://www


.historiadaadministracao.com.br/jl/
images/stories/Imagens/amitai%20e
tzioni%202.jpg>.

Para a escola estruturalista a organização devia ser vista como um sistema aberto em
que pessoas e o ambiente são interdependentes. Segundo esse pensamento, qualquer situação
que acontecesse num setor da empresa refletia para toda organização, devendo ser cuidada
adequadamente. O pensamento estruturalista acredita que tanto fatores internos como
externos são ligados ao comportamento organizacional.
Nesse sentido, existem três tipos de organizações que se baseiam em sua estrutura de
consentimento perante os funcionários:

1. Coercitivas: são as organizações que aplicam a coerção para controlar as


pessoas que fazem parte dela. Faz uso de ameaças, aplicação de força e medo.
Torna as pessoas alienadas. Exemplos: presídios e campos de concentração;
2. Remunerativos: são organizações que utilizam recompensas econômicas para
garantir que seus membros estejam sob controle. Exemplos: indústria e
comércio;
3. Normativas: são organizações que utilizam fatores morais e sociais para
controlar seus membros. Seus participantes possuem alto envolvimento e
interação com a organização. Exemplos: igrejas, organizações não
governamentais (ONG), universidades etc.

66
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Caro estudante, é importante entender que as tipologias de Etzioni (apud Chiavenato,
2000) indicam onde está apresentado o poder das organizações perante seus colaboradores.
Quando se aborda as organizações coercitivas, o poder está na coerção, medo e ameaças. No
caso das remunerativas, o poder se apresenta no interesse que as pessoas têm nos recursos
econômicos, que as mantêm sob controle organizacional. E por fim, no que concernem as
organizações normativas, o poder delas se apresentam sobre os valores morais, éticos e
sociais que cada indivíduo carrega. Nesse caso, a organização tende a oferecer políticas e
valores que estão de acordo com o pensamento de seus participantes.
Para exemplificar melhor essa última situação, imagine que um indivíduo goste muito
de animais; existindo uma ONG que defende a proteção a cães, ela exercerá influência sobre
esse indivíduo, uma vez que haverá ligação entre os valores pessoais e os organizacionais. O
que está descrito acima é classificado por Etzioni como meios de controle.

Tabela 3 - Características dos tipos de poder, baseadas em Etzioni.


Coercitivas Remunerativas Normativas
Exerce o poder pelo Exerce poder usando Exerce poder por valores
medo incentivos econômicos morais, éticos e sociais.
Pessoas têm alto
Pessoas tem Pessoas tem envolvimento
envolvimento com a
envolvimento alienado calculativo.
organização
Motivação baseada em
Motivação negativa Motivação baseada em
crenças, ideologia e
devido a punições vantagens
orientação social.
Envolve interesses dos Envolve interesses
Envolve punições e
funcionários nas vantagens pessoais baseados nos
premiações
que podem receber valores internos
Fonte: Autoria Própria (2017)

Segundo Chiavenato (2000, p. 358), “a tipologia de Etzioni enfatiza os sistemas


psicossociais no ambiente organizacional. Sua metodologia desconsidera a estrutura
organizacional e tecnologia aplicada, baseando-se apenas no controle exercido”.
No que se refere ao estruturalismo é importante perceber que todo o processo de
administração está alicerçado no pensamento que as organizações são sistemas sociais que
interagem. Por conta de tal relação sempre haverá conflitos, sendo importante para
organização saber conduzir esses atritos de forma que ambas as partes
(organização/empregado) consigam chegar a um equilíbrio nas suas relações. Os conflitos
por sinal são percebidos como fator positivo, que funciona como meio de ajuste de
comportamento e aprendizado organizacional.

67
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
O estruturalismo ainda entende que deve ser aplicado incentivos de forma
diversificada e não apenas por fatores econômicos. A diversificação dos incentivos é um
fator motivacional importante para as pessoas no ambiente de trabalho.
Outro ponto importante é que o estruturalismo enxerga o indivíduo como Homem
organizacional.

O conceito de homem organizacional parte da premissa que o homem realiza


diversos trabalhos simultaneamente na esfera organizacional. Devido a isso ele precisa se
adequar e modificar suas habilidades e qualidades para atender às exigências
organizacionais. O homem organizacional é entendido como o mais moderno pela
corrente estruturalista, pois possui como características a tenacidade e resiliência para
superar dificuldades; a flexibilidade e adaptabilidade para se adequar às mudanças
constantes que as empresas apresentam; paciência para aguardar pelo reconhecimento da
organização e ainda a busca constante pela sua realização.

A teoria estruturalista pretendia estabelecer uma relação de equilíbrio entre aspectos


formais e informais do ambiente organizacional. Ela percebia a existência de forte interação
entre o ambiente e a empresa, devendo haver uma coordenação eficiente por parte da
organização para tratar a questão. Por não serem autônomas, as organizações precisam
identificar o ambiente externo que a cerca, pois uma organização sempre depende de outra
organização. Leve como exemplo, querido aluno, que uma empresa sempre dependerá de
seus clientes, fornecedores e a própria sociedade. Logo, aplica-se ao pensamento
estruturalista a ideia de interação organizacional. Não se esqueça disso!
As organizações são vistas pelos estruturalistas como instituições formadas por uma
sociedade interdependente, que busca crescimento e qualidade.
Reiterando que a corrente estruturalista percebe a existência de organizações formais e
informais. Sendo a primeira caracterizada pela aplicação de regras e normas para definir suas
relações, e a segunda caracterizada pela interação entre os indivíduos que a compõe, sem
haver necessariamente participação da empresa.

68
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
3.4 CONTEÚDO 4. ESCOLA, TEORIA E PENSAMENTO SISTÊMICO

A Abordagem Sistêmica surgiu a partir dos estudos da Teoria Geral de Sistemas, da


Cibernética e da Teoria Matemática da Administração. Logo, essas três formas de
pensamento constituem a Abordagem Sistêmica.

• Teoria de Sistemas

A Teoria de Sistemas teve como principal expoente Ludwig von Bertalanffy (1901 –
1972), biólogo austríaco. Seu trabalho foi concebido para analisar aspectos, principalmente
biológicos, que poderiam ser aplicados universalmente nas demais ciências. Os estudos de
Ludwig serviram de inspiração para outros pesquisadores desenvolverem seus conceitos nos
respectivos campos de atuação.

Figura 19 - Ludwig Bertalanffy

Fonte: Disponível em <http://www.ifsr.org/wp-


content/uploads/2013/06/Ludwig_Bertalanffy.jpg>.

No campo organizacional, os pesquisadores começaram a associar e desenvolver a


ideia central dos sistemas nas empresas. Tal ideia propunha que todas as organizações
precisavam ser analisadas de forma holística, dando ênfase em todos os seus elementos e na
sua interação com eles.

69
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A teoria de sistemas tem duas ideias básicas: que a realidade é feita de sistemas, que
são feitos de elementos interdependentes e que para compreender a realidade é
necessário é necessário não apenas analisar os elementos isolados, mas também a
sua inter-relação. (MAXIMIANO, 2004, p.63)

Já para Coltro (2015, p. 202) “A teoria de sistemas é o estudo interdisciplinar de


sistemas em geral, com objetivo de elucidar os princípios que podem ser aplicados a todos os
tipos de sistemas em todos os níveis de relacionamento”.
Caro estudante, entenda como sistema um conjunto de situações ou elementos, que
interagem constantemente, pelo fato de serem interdependentes e que juntos formam algo
mais amplo e organizado. Logo, para se entender uma organização é necessário entender
todas as partes que a compõem e como as mesmas se relacionam e interagem.
A teoria de sistemas busca o afastamento do pensamento administrativo voltado para
o reducionismo, mecanicismo, divisão do trabalho e especialização funcional. Corroborando
com essa afirmação, Chiavenato (2000, p. 494) cita que com a Teoria de Sistemas, o
reducionismo e o mecanicismo são substituídos por princípios como, o expansionismo e
pensamento sintético.
Seguindo esse pensamento, a Teoria de Sistema estabelece que para se resolver um
problema no ambiente organizacional é necessário olhar a situação num prisma mais
abrangente. Sem esse pensamento, as instituições estão fadadas ao abismo empresarial uma
vez que o mundo moderno é cada vez mais complexo.
Para Silva (2001, p. 360) “a Teoria de Sistemas fornece um conjunto distinto de lentes
perceptivas por meio das quais se pode analisar e avaliar as organizações”.
Caro estudante, vamos exemplificar uma ideia de sistemas? Imagine uma linha de
montagem de automóveis. Ela é formada por peças, máquinas, pessoas e pela organização
em si. Toda essa estrutura tem por finalidade transformar pequenas peças em um carro, que
é o produto final. Para criar esse produto foi necessário haver a interação das partes. Essas
partes ao interagir formam um sistema. Obviamente que essa análise sistêmica se restringe a
produção de um carro. Se tal percepção for expandida, pode-se perceber que esse carro
precisará ter um cliente, esse cliente precisará gostar do carro e além disso precisará ter
condições financeiras para comprá-lo. Para isso, precisará ter documentos, ser um cidadão
devidamente regular perante a sociedade etc. Percebeu como existe uma relação?
Diante disso, um sistema pode ser percebido como a interação entre insumos,
ambiente, pessoas e o resultado. Isso significa que um sistema é composto por objetivos,
ambientes, recursos utilizados e administração aplicada para mantê-los em sinergia e
interação eficiente.
Um sistema apresenta ainda o conceito de retroação, onde se baseia que parte do uso
da sua energia que deve voltar para o início do processo visando à realimentação dela. Esse

70
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
processo serve para identificar se um sistema está funcionando em conformidade com o que
foi projetado. Importante salientar que todo sistema deve atender a um propósito, ou seja,
deve ter uma finalidade específica para existir.
Segundo Chiavenato (2000, p. 505) “a retroação é uma ação pela qual o efeito (saída)
reflui sobre a causa (entrada), seja incentivando-a ou inibindo-a. Assim, podemos identificar
dois tipos de retroação”.
Quando se vende um automóvel, por exemplo, se verifica se a avaliação de qualidade
dele foi boa, ou se o valor pago por ele está dando o retorno esperado. Esse tipo de feedback
serve para ajustes em todo processo de gestão da fábrica.
O pensamento sistêmico é integrativo, inter-relacionando e possui vários elementos na
busca por um resultado. Para Santos (2013, p.78) “um sistema é um conjunto de partes
interdependentes que funcionam como um todo para algum propósito”.

Figura 20 - Partes formadoras de um sistema

Fonte: Autoria Própria (2018)

Na figura acima se pode identificar como funciona um sistema. Ele inicia na fase de
entrada (input), segue para segunda fase onde acontece o processamento, responsável pela
transformação dos elementos da entrada. Na terceira fase está a saída (output), onde aparece
o produto final, que é o resultado da transformação que aconteceu com os elementos da
entrada. A fase quatro é o processo de retroalimentação (feedback), onde são passadas as
informações acerca dos procedimentos realidade nos ciclos apresentados acima. Essa fase
final é de fundamental importância, pois fornece subsídios para que se possa analisar se o
resultado obtido está de acordo com o que foi planejado. Nesse caso, havendo qualquer
inconformidade, o processo poderá ser ajustado.
Perceba então, querido aluno, que um sistema é constituído de entradas (inputs),
processamento, saídas (outputs) e retroalimentação (feedback).
Para você entender como funciona o enfoque sistêmico é necessário ter percepção
abrangente, que identifique a ligação entre as partes que compõem determinada situação.
Pense da seguinte forma: uma empresa é formada por pessoas, as pessoas fazem parte de

71
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
uma sociedade, a sociedade tem suas políticas, leis e valores morais. Logo, uma empresa
precisa atender a legislação vigente, valores morais e políticos. Havendo mudança em
qualquer uma das situações apresentadas, automaticamente deverá existir alteração no
comportamento organizacional, pois tais situações refletem diretamente no cotidiano da
empresa.
A teoria de sistemas ainda estabelece a composição de um sistema total, formado por
outros subsistemas, a saber:

• Competitivo: Visa à busca por recursos, que são escassos. Por conta disso as
organizações competem pela distribuição deles;
• Ambiental: Refere-se ao espaço econômico, social e político que a organização
faz parte;
• Interno: Refere-se à composição da própria organização e suas divisões
setoriais. Ex: Financeiro, Tecnologia da Informação, Marketing, Comercial,
Administrativo, Produção, Recursos Humanos.

Ainda na abordagem sistêmica, surgiu o conceito de Cibernética, que será apresentado


abaixo.

• Cibernética

A cibernética é uma ciência multidisciplinar, com foco principal na interação de


diversas outras ciências. Essa integração preconiza que cada ciência pode utilizar
conhecimento da outra, desenvolvendo assim mais rapidamente suas respectivas pesquisas.
Ela foi desenvolvida na década de 1940, por Norbert Wiener (1894-1964), matemático
de origem norte americana. Ele integrou uma equipe multidisciplinar para analisar as
ciências como um todo, percebendo então que elas não dialogavam efetivamente. Esse
distanciamento, no pensamento de Wiener e equipe, provocava a perda de pesquisa e
conhecimento na área científica, uma vez que existiam questões que transitavam nas
margens de diversas ciências e que deixavam de ser investigadas pela falta de inter-relação.
Ao perceberam tal característica Wiener fomentou fortemente a necessidade de
desenvolvimento de pesquisas realizadas com a participação de equipes multidisciplinares,
visando garantir que essa diversidade de conhecimento pudesse garantir melhores e maiores
descobertas científica.

72
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Figura 21 - Wiener

Fonte: Disponível em: <../../DomPII_Atual/2018.2/Teoria_Geral_Sistema%20de%20In


formação/2018.2/I_Unidade/Aula_04/REVISÃO_TGSI-2018.2.pdf>.

A cibernética também foi formada por estudos relacionados a variações matemáticas,


que como consequência ocasionou forte impacto no desenvolvimento de processos
relacionadas à inovação e criação de novos equipamentos usados em diversas áreas do
conhecimento, como engenharia e medicina, por exemplo.
O pensamento cibernético perpassa ainda sobre fluxo de informações e comunicações,
que se condiciona como item essencial no ambiente corporativo. A comunicação inclusive
serviu como fomentadora do desenvolvimento dos computadores, que deveria atuar
acelerando o fluxo de mensagens.
Nesse sentido, a informação é vista como processo vital em todos os seguimentos
organizacionais e amplamente debatida na cibernética, pois por meio dela, tenta-se assegurar
avanços nas pesquisas científicas e nos processos organizacionais.
Isso apesar de óbvio não significa que é menos importante. Perceba caro estudante,
que uma empresa, sociedade ou nação, que tiver maior controle dos sistemas de informação
terá capacidade substancial de reduzir os riscos e incertezas do mundo moderno. Um
sistema de informação para ser concebido fez uso de vários preceitos vistos na cibernética,
pois utilizou recursos de diversas áreas do conhecimento para serem desenvolvidos.
No que se refere à informação, ressalta-se que ela está dividida em algumas etapas:
dado, informação e comunicação.

• Dado: refere-se a um registro que ainda carece de significado;


• Informação: é o conjunto de dados que possui um significado, gerando assim
uma mensagem acerca de algo.
• Comunicação: refere-se à troca de informação entre pessoas ou organizações.

73
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
É fundamental associar sistemas e cibernética a fluxo de informações, pois ambas
acreditam que o uso de informação, comunicação e controle de dados é indispensável nos
processos científicos e organizacionais.

Análise o seguinte evento histórico e perceba como ele teve influência no


desenvolvimento da ciência cibernética:
A Segunda Grande Guerra, que aconteceu de 1939 a 1945, foi uma mola propulsora
do desenvolvimento da ciência cibernética, uma vez que vários equipamentos bélicos
foram desenvolvidos com uso de processos computacionais e de estudos que integraram
diversas ciências. Durante esse período houve forte avanço na tecnologia de identificação
de movimentos, trajetória de mísseis e ajustes de precisão, amplamente associados ao
desenvolvimento de integração das ciências.
Tais avanços, apesar de obtidos num momento de grande tristeza para a
humanidade, são utilizados atualmente em muitos dos bens e serviços disponíveis para a
população em geral, a exemplo da aviação moderna. Ou se analisar ainda que grandes
equipamentos que apoiam a medicina e usam tecnologia nuclear foram
desenvolvimentos com desdobramentos de estudos acerca da criação da bomba atômica.
Todos esses fatores foram obtidos com grande participação da cibernética.
Ressalta-se que o autor desse módulo não está fazendo qualquer apologia ao
desenvolvimento de equipamento nucleares para fins bélicos, muito pelo contrário.
Trata-se apenas de uma observação sobre como a cibernética tem se mostrado
importante para a humanidade.
Autor: Luciano Sousa de Castro

Por estudar a relação entre as ciências, ou seja, sua integração, a cibernética é


percebida como um campo voltado para o estudo de sistemas, uma vez que ela estabelece
conexão entre as várias ramificações científicas.
O uso da cibernética nos processos administrativos provocou uma série de mudanças
organizacionais, pois dinamizou meios de produção, integrou países, continentes e suas
respectivas políticas e comércio, impulsionou a comunicação e a globalização e provocou
ainda a integração social em níveis globais. Todos esses fatores somente foram possíveis pela
aplicação da informática e de processos de automação, diretamente associados ao
desenvolvimento da ciência cibernética.

74
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Teoria Matemática da Administração

A Teoria Matemática da Administração, como o próprio nome explica, está


relacionada a aplicação de métodos matemáticos para resolução de problemas na
administração. O uso da matemática na administração também é conhecido como Pesquisa
Operacional (PO). Essa forma de pensamento teve origem nos estudos de Neumann (Teoria
dos Jogos), Wald e Savage (Teoria Estatística da Decisão), Simon (Processo Decisório) e no
desenvolvimento dos computadores.
A relevância dada à teoria matemática da administração se deve ao fato dela apresentar
estudos técnicos com base estatística e matemática para resolução de problemas
organizacionais. Dessa forma, a empresa que utiliza seus fundamentos tem informações
probabilísticas e estatísticas disponíveis para uso em suas tomadas de decisão. Essa análise
estatística se baseia nos dados que a empresa tem e a partir deles estabelece possibilidades de
fatos ou situações acontecerem.
Por essa característica, a Teoria Matemática da Administração é muito usada em
processos de Operação, como por exemplo, produção, serviços, qualidade etc.
De acordo com Chiavenato (2000, p. 521) “a teoria matemática desloca a ênfase na
ação para a ênfase na decisão que a antecede”. Sendo assim, a teoria matemática busca
fornecer para a administração subsídios que permitam definir qual a melhor decisão a ser
tomada. A teoria matemática e a teoria da decisão podem ser consideradas sinônimas.
Todo o contexto que envolve a teoria matemática na administração se relaciona com a
decisão, que é vista por dois prismas básicos, sendo eles o de processo e o de problema. O
processo se refere a todas as atividades e etapas existentes para uma tomada de decisão, já o
problema está relacionado com a melhor maneira de solucionar uma dificuldade. Para
encontrar tal solução, fomenta-se a aplicação de modelos para chegar a uma decisão.
Os modelos, por sinal, são utilizados fundamentalmente no pensamento matemático
da administração. Ele consiste em representar o padrão de alguma coisa para simular
situações que possam vir a acontecer. Sendo assim, com a utilização de modelos é possível
prever fatos de forma mais segura.
Segundo Maximiano (2004, p. 111) “uma decisão é uma escolha entre alternativas ou
possibilidades. As decisões são tomadas para resolver problemas ou aproveitar uma
oportunidade”.
Importante acrescentar que a Teoria Matemática da Administração se constitui
basicamente na aplicação de métodos científicos. Toda sua Pesquisa Operacional se baseia
em: Visão sistêmica dos problemas, aplicação do método científico mais adequado para sua

75
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
identificação e aplicação da técnica necessária para resolvê-lo, seja ela estatística, matemática
ou de probabilidade.
Após a análise dessas condições é que deve ser tomada uma decisão. O foco da Teoria
Matemática da Administração está na análise de todo o sistema que constitui um problema,
não atuando isoladamente no problema.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

QUESTÃO 01
A globalização foi um processo fortemente impulsionado pelos avanços tecnológicos,
especialmente pelas tecnologias de comunicação. No atual cenário mundial, as empresas
passaram a atuar em escala global, sendo influenciadas e algumas vezes influenciando a
sociedade através de seus produtos e serviços. Isso trouxe uma série de exigências e
adequações necessárias ao ambiente organizacional, inclusive no que se refere à formação do
administrador que precisa atuar observando aspectos, políticos, econômicos, culturais,
sociais e tecnológicos.

A respeito das ponderações acima, é correto afirmar que:


1. O administrador precisa ter uma formação multifocal, entendendo que as organizações
são sistemas abertas, que interagem com o ambiente. Dessa forma, precisa dedicar-se
mais aos fatores externos, uma vez que internamente os processos administrativos
previamente definidos garantirão o sucesso organizacional.
2. O administrador precisa ter visão ampla das organizações, entendendo que são sistemas
abertas, que interagem com o ambiente. É necessário que ele entenda que para
administrar bem a empresa é necessário observar e se adaptar as variações que se
apresentam no mercado econômico.
3. A administração é uma ciência que atingiu sua maturidade total e dessa forma o
administrador tem as informações do ambiente externo e interno disponíveis no
momento que ele quiser, não necessidade preocupar-se com tal variável;
4. A questão 2 está correta, sendo que a 4 a complementa. O administrador é um
profissional de formação muito diversificado e precisa atuar em parceria com a
sociedade, uma vez que empresa e sociedade são interdependentes;

76
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
a) Apenas a questão 2 está correta.
b) As questões 1 e 2 estão corretas.
c) Apenas a questão 1 está correta.
d) A questão 1 está correta. sendo que 2 a complementa.
e)

QUESTÃO 02
A Teoria burocrática se caracteriza por um forte controle dos processos, onde tudo deve ser
registrado e todas as atividades devem seguir métodos previamente estabelecidos para se
tornar mais produtiva e eficaz. Weber acreditava que seu conceito de organização ajudaria as
empresas a crescerem de forma segura por meio de controle processual e baseado na
meritocracia. A meritocracia por sinal garantiria que apenas pessoas capazes e qualificadas
ascenderiam aos melhores cargos da empresa. Entretanto, ao longo dos anos e com a
evolução da ciência da administração percebeu-se que a burocracia provocou grandes
dificuldades organizacionais pela sua rigidez e inflexibilidade nos processos. Essas
dificuldades enfrentadas no modelo burocrático são conhecidas como disfunções
Considerando esse contexto, avalie as seguintes asserções.

I. O uso inadequado de regras e procedimentos, seja pelo seu excesso, pelo erro na
aplicação, ou por qualquer utilização que torne um processo ineficiente e cansativo é
uma disfunção e compromete o sucesso organizacional.
II. O uso excessivo de controle dos gerentes sob os funcionários, acerca dos procedimentos
realizados nas fábricas, mesmo que tais exigências não tenham sido estabelecidas nos
procedimentos da organização.
III. A forte procedimentação das atividades nos processos fabris apesar de garantir clareza e
maior segurança, tornava as empresas mais engessadas e com grande dificuldade de se
adaptar às mudanças.

a) As asserções I e III são verdadeiras e se complementam.


b) A asserção I e a única verdadeira.
c) As asserções I e II são verdadeiras.
d) As asserções I, II e III são verdadeiras.
e) As asserções II e III são verdadeiras

77
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
QUESTÃO 03
Estabeleça uma relação entre o pensamento sistêmico e a Cibernética.
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__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
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__________________________________________________________________
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__________________________________________________________________

QUESTÃO 04
As Teorias X e Y foram desenvolvidas por Douglas McGregor. Elas projetam alguns
pensamentos acerca da natureza humana.

I. A Teoria X percebe um homem como indisciplinado e que necessita de constante


supervisão e controle. Os funcionários dentro de uma empresa tendem a ser
dissimulados e com práticas voltadas para redução da produtividade por ter a sua
natureza ruim e preguiçosa.

II. A Teoria X e Y são complementares e demonstra que o indivíduo nasce preguiçoso e


muda com a supervisão, se tornando altamente participativo.

III. A Teoria Y percebe o homem como alguém que busca o crescimento constantemente,
desde que seja supervisionado de perto.

IV. A Teoria Y vê o ser humano como alguém que busca constantemente o crescimento,
pois é de sua natureza trabalhar. Para o homem trabalhar significa desenvolver suas
habilidades e competências de forma que sempre evolua socialmente. Nesse contexto, a
motivação é algo inerente à condição humana.

É correto afirmar que:

a) I e II apenas.

78
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
b) I e III apenas.
c) I e IV apenas.
d) II e IV apenas.
e) III e IV apenas

QUESTÃO 05
Herzberg ao criar sua Teoria de Dois Fatores, estabeleceu a existência de fatores higiênicos e
fatores motivacionais, relacionados a motivação humana no trabalho.

I. Fatores higiênicos estão relacionados à insatisfação do trabalhador, logo quando esses


fatores são atendidos a pessoa fica motivada.
II. Fatores motivacionais estão relacionados à satisfação do trabalhador e quando não
atendidos deixa a pessoa insatisfeita.
III. Fatores higiênicos estão relacionados à insatisfação do trabalhador, logo quando esses
fatores não são atendidos a pessoa fica insatisfeita.
IV. Fatores motivacionais estão relacionados à satisfação do trabalhador e quando não
atendidos deixa a pessoa não satisfeita.

Diante desse contexto é correto afirmar que:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II.
d) III e IV.
e) I, III e IV

ESTUDO DE CASO

Pedrinho trabalha numa empresa de softwares há 02 anos. Ele é auxiliar do setor


administrativo, mas não tem interesse em seguir nessa área. Sua permanência no cargo
ocorre exclusivamente pela necessidade de se manter. Ele estuda para se tornar

79
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
programador. Por conta de seu cargo ele está altamente desinteressado com o serviço. Ele
acredita que somente estará motivado no ambiente de trabalho quando estiver fazendo
aquilo que gosta e quando sentir que existe enriquecimento nos desafios de seu cargo. Esses
são pensamentos amplamente vistos nas teorias motivacionais. Qual a solução para o
problema de Pedrinho? O que ele deve fazer? Será que ele precisa tomar alguma iniciativa
para mudar essa condição?

CINEMA E ADMINISTRAÇÃO
Filme: O jogo da Imitação
Ano: 2015. Duração: 1h e 55min – EUA/Reino Unido
Direção: Morten Tyldum
Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode e outros.

Sinopse: Equipe de cientistas é formada durante a segunda guerra mundial para decifrar o
código da máquina enigma, de origem nazista, e que controla a comunicação entre
submarinos alemães e o alto comando alemão.
Entender a importância que a comunicação tem para o sucesso organizacional,
independente do campo de atuação. Perceber como a automação e processamento ágil de
dados fornece vantagem na montagem de informações.
Filme: O Terminal
Ano: 2004. Duração: 2h e 08min - EUA
Direção: Steven Spielberg
Elenco: Tom Hanks, Catherine Zeta-Jones e outros.

Sinopse: O filme aborda a situação vivida pelo personagem Viktor Navorski (Tom
Hanks), que fica preso no aeroporto de Nova York – EUA, devido a uma crise política que
surge no seu país de origem.
Entender como existe no contexto do filme grande divergência de pensamento entre os
personagens. Uns são mais conservadores, inflexíveis e extremamente burocráticos, outros
são mais flexíveis e humanos. Perceber a existência de organizações formais e informais no
contexto do filme.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
BLOCO
TEMÁTICO2
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO I
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO I

4 TEMA 3. TEORIA CONTINGENCIAL

4.1 CONTEÚDO 1. TEORIA DA CONTINGÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO

Caro estudante, você está avançando gradativamente em seus estudos. Continue assim,
firme na busca pelo seu aprendizado. Começa agora um novo conteúdo que aborda a teoria da
contingência.
A teoria contingencial surge a partir do pensamento de que não existe uma regra
previamente estabelecida para administrar e conduzir determinada situação. O pensamento
contingencial parte da premissa de que cada situação possui características específicas,
devendo ser tratada analisando suas variáveis. Diante disso, a contingência procura identificar
todas as evidências que se relacionam com uma determinada situação, adaptando-se a
realidade para poder enfrentá-la adequadamente.
Sua origem se deve ao estudo de outros pensamentos acerca da administração, a partir
da análise de outras teorias, que ao serem aplicadas a problemas apresentados no ambiente
organizacional se mostraram contingentes. Ou seja, cada uma delas tinha aplicabilidade,
dependendo das variáveis ambientais existentes.

Os aspectos apresentados numa abordagem contingencial são:

1. Organização vista como um sistema aberto;


2. Relação entre organização e o ambiente;

82
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
3. O ambiente é independente e as organizações são interdependentes deles.

Entenda como ambiente, tudo que envolve externamente a organização. Sendo ele de
natureza complexa, multidisciplinar e altamente variável.
Tal multidisciplinaridade é atribuída ainda ao homem, que é visto na Teoria
Contingencial como Homem Complexo. Ou seja, cheio de complexos sistemas de valores,
crenças, necessidades e características. Ele se mantém equilibrado em mutáveis consequentes
das forças externas do ambiente.
Também conhecida como teoria situacional, a abordagem contingencial fomenta o
pensamento que as organizações devem ser instituições preparadas para se adaptarem às
mudanças constantes apresentadas no ambiente. Sendo assim, o foco das organizações deve
estar ligado aos elementos do ambiente, pois tais elementos mudam em grande quantidade e
velocidade.
Nesse contexto, a contingência precisa ser entendida como um pensamento basicamente
formado por variáveis, que ao serem apresentadas no contexto organizacional definirão como
o administrador deverá tratar o caso.

A teoria da contingência estabelece que situação diferentes exigem praticas


diferentes, apregoando o uso de teorias tradicionais, comportamentais e de sistemas
separadamente ou combinadas, para resolver problemas das organizações. (SILVA,
2001, p. 365)

Utilizando o pensamento contingencial, para o administrador, durante o enfrentamento


de determinada situação ou problema, é necessário analisar quais são os elementos que se
apresentam. Por exemplo, para enfrentar um tipo de dificuldade ele precisará verificar qual a
tecnologia que a empresa dispõe e se ela é capaz de ajudá-lo, se as políticas governamentais
apresentam algum tipo de choque com seus interesses naquele momento, ou se os clientes e
fornecedores estão atuando em sintonia com as expectativas da empresa. Esses elementos são
determinísticos para que o administrador possa tomar uma decisão. Sendo assim, para ser
eficaz, a organização precisa se adequar às condições vivenciadas no ambiente ao qual está
inserida.
A teoria contingencial preconiza a adaptabilidade do planejamento organizacional às
variáveis dos ambientes, uma vez que a organização é dependente do ambiente e o ambiente
atua independente da organização. Para isso, a administração precisa ser mutável, se
moldando ao contexto.
Importante ressaltar que o fator tecnologia tem forte ligação com a contingência, pois
através dele os processos podem ser simplificados. Associa-se a tecnologia a aspectos como, a

83
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
regulação vigente (leis e normas), conjectura política, econômicos, ambientais e culturais.
Todas essas condições são fatores impactantes para análise administrativa.
Observe o seguinte exemplo, caro estudante: numa rodovia acontece um deslizamento
de terra, a prefeitura responsável pelo local contrata uma empresa para limpar a pista. A
empresa responsável pela limpeza não dispõe de trator. Sendo assim, seu administrador
precisa contratar mais trabalhadores para limpar o local no prazo combinado com a
prefeitura. Se essa mesma situação acontecesse e o administrador tivesse a sua disposição um
trator, menos pessoas seriam contratadas e o trabalho poderia ser realizado em menor tempo.
Observe como a mesma situação pode ser resolvida sob mais de um prisma. Observe também
como a disponibilidade de recursos para a situação foi determinante!
Percebam que as organizações são sistemas abertos, que interagem com elementos que o
circundam. Isso significa que não existe uma melhor maneira de se organizar um
planejamento, pois isso depende da tarefa a ser executada e das condições disponíveis no
momento.
A contingência formatou ainda o desenho organizacional, uma vez que as empresas, por
serem sistemas abertos, deveriam ser flexíveis para que sua composição pudesse atender as
mudanças ambientais.
De acordo com Williams (2017, p. 42) “para abordagem contingencial não existem
teorias universais de gestão, a ideia de gestão mais eficaz depende dos tipos de problemas ou
situação enfrentada pelos administradores”.

Abordagem Contingencial
Foco no ambiente e suas variáveis
Flexibilidade organizacional
Análise de recursos disponíveis
As decisões são contingenciais e dependem
dos elementos.

Fonte: Elaboração própria (2017)

O fato é que a teoria contingencial provocou fortes desdobramentos no pensamento


administrativo, pois toda e qualquer gestão deve estar alicerçada em elementos do ambiente.
Sendo que dentre eles, os mais importantes são a tecnologia, tamanho e natureza do ambiente.
Querido aluno, espero que tenha gostado do conteúdo visto. A seguir você entrará num
novo assunto, onde será abordado o comportamento das pessoas dentro do ambiente
organizacional e como valores, crenças e regras influenciam a conduta do indivíduo.

84
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
4.2 CONTEÚDO 2. COMPORTAMENTO, CULTURA E COMUNICAÇÃO
ORGANIZACIONAL

• Comportamento

No decorrer dos estudos apresentados nesse material didático, você querido aluno,
acompanhou o processo de evolução do pensamento administrativo, conheceu as diversas
abordagens e as escolas da administração. Observe que ao longo dos anos, se desenvolveram
formas distintas de pensar as organizações. Tal processo constitui, dentre outras coisas, uma
mudança de comportamento e na forma como as organizações entendiam as pessoas e os
processos.
O comportamento pode ser visto sob três óticas distintas, o individual, grupal ou
organizacional. As organizações para alcançar o sucesso precisam equilibrar esses três níveis
de comportamento, pois a harmonização deles poderá proporcionar um alto nível de
eficiência e sucesso para as empresas.
Entenda por comportamento, todas as reações que uma pessoa tem no ambiente que o
cerca. Ou ainda, a maneira que uma pessoa se comporta perante determinada situação.
O estudo do comportamento organizacional é importante uma vez que o mundo é
constituído de sistemas sociais, sejam eles no ambiente empresarial ou individual. Tanto
empresas como pessoas desempenham papéis necessários nesse contexto. Os sistemas sociais
são uma das características mais marcantes do desenvolvimento de uma organização e implica
nas relações existentes dentro dela.
No ambiente organizacional é de fundamental importância entender como as pessoas e
grupos estão se comportando, pois, tal característica tende a ser bastante imprevisível, uma
vez que cada indivíduo carrega seus próprios valores, crenças e convicções sociais.
Corroborando com essa afirmação Davis e Newstrom (1992, p. 5) cita que “o comportamento
organizacional é o estudo e a aplicação do conhecimento sobre como as pessoas agem dentro
da organização”.
Já para Wagner III e Hollenbeck (2004, p. 6) “o comportamento organizacional é um
campo de estudo que tem como objetivo prever, explicar, compreender e modificar o
comportamento das pessoas dentro das empresas”.
Por se tratar de um campo de estudo altamente importante para as empresas o
comportamento organizacional tem características específicas em sua atuação. Ele estuda os
seguintes elementos: as pessoas, os grupos e a estrutura ao qual estão inseridos. A análise de

85
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
estrutura tem a intenção de verificar seu efeito sobre o comportamento das pessoas e dos
grupos.
Algumas áreas da ciência dão grande ênfase a questões que envolvem o comportamento
humano, como por exemplo, a psicologia e sociologia. Entretanto, sua relevância é tão
significativa que várias outras áreas, como a administração, têm se preocupado muito com
fatores relacionados ao comportamento.
Enquanto a psicologia, por exemplo, visa analisar os aspectos comportamentais em si, a
administração procura criar dentro das organizações um ambiente e condições de trabalho
adequadas para potencializar a sua capacidade de produção. Isso envolve aspectos como
liderança, motivação, comunicação, relações interpessoais etc.
Sendo assim, a administração procura atuar para, por meio das pessoas, melhorar a
qualidade e produtividade. Isso acontece melhorando as habilidades e competências dos seus
funcionários, criando um clima e cultura organizacional que permita as pessoas se sentirem
integradas e motivadas ao contexto da empresa. Segundo Spector (2010, p.370) “as pessoas
desempenham adequadamente seu trabalho apenas se estiverem motivados e com as
habilidades necessárias para tal”.
Ressaltando que as questões que envolvem o comportamento das pessoas não são de
natureza simples. Isso se deve a grande diversidade existente nas forças de trabalho dentro das
organizações.
O estudo do comportamento organizacional entende ainda que existem aspectos visíveis
e invisíveis nas empresas.

• Visíveis: estratégias, políticas, procedimentos, missão, visão, valores, estrutura,


autoridade formal, cadeia de comando, tecnologia usada, dentre outras;
• Invisíveis: percepções; atitudes; normas grupais; conflitos interpessoais e
intergrupais, dentre outras.

O comportamento organizacional enfrenta atualmente um desafio importante, trata-se


da globalização. As empresas precisam estar atentas ao processo de globalização, uma vez que
cada vez mais passam a atuar de forma mundial. Isso requer cuidados, pois toda a sua
estrutura precisará estar capacitada a entender as variações culturais, legais e morais que
porventura se apresentem. Seus executivos precisam estar motivados e preparados para
possibilidade de atuação em outros países, seus funcionários precisam entender que muitas
regras aplicadas serão desenvolvidas para dar maior adaptabilidade à empresa, que estará
atuando tanto no país de origem como em outro. Isso requer um cuidado de forma que seja

86
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
estabelecida, de forma clara, um diálogo e conscientização das pessoas que compõem a
organização, para que tal condição não prejudique as relações.

O comportamento organizacional está dividido sobre três campos de atuação, a saber:

1. Micro-organizacional: aborda o comportamento do indivíduo quando está


trabalhando sozinho. Analisa aspectos relacionados à motivação, stress, processo
de aprendizagem e sentimento de pertencimento;
2. Meso-organizacional: aborda o comportamento de trabalho das equipes e
grupos. Analisa aspectos relacionados à liderança, comunicação, dinâmicas de
grupo e socialização;
3. Macro-organizacional: aborda o comportamento da empresa como um todo.
Analisa aspectos relacionados à estrutura, conflitos, relação de poder e
coordenação de atividades.

As pessoas na organização são o fator de maior relevância para obtenção de sucesso,


através delas é que a empresa potencializa todo o seu objetivo de sobrevivência e crescimento.
Seu comportamento dentro das empresas sofre variação de acordo com uma série de fatores,
como por exemplo, idade, estado civil, sexo, formação, estado/cidade de origem, dentre
outros. Isso indica que é preciso atuar, no campo do comportamento organizacional, de
forma que todas essas variáveis sejam equacionadas para a criação de ambientes que possam
comportar toda a diversidade dos colaboradores.
Diante disso, é necessário atuar na formação e manutenção de valores éticos,
relacionados à satisfação, saúde e qualidade de vida no trabalho. Isso requer a aplicação dentro
das empresas de políticas de igualdade e honestidade. Essas questões por sinal possuem forte
relação com os processos de absenteísmo e rotatividade organizacional, uma vez quanto
menos satisfeitas dentro da organização, maior é o índice de faltas no trabalho e de troca de
pessoas.
Torna-se de fundamental importância, que a organização fomente práticas que
desenvolva em seus funcionários a cidadania organizacional. Tal condição fará com que eles
(os funcionários) estejam intimamente comprometidos com o propósito da empresa,
buscando aumentar seu desempenho e ajudando por iniciativa própria os colegas. A cidadania
organizacional é uma característica muito presente em empresas que conseguem transmitir
seus valores para os colaboradores, sendo um ponto presente nas discussões acerca das
pessoas nas empresas.

87
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
No ambiente organizacional é de conhecimento geral que as pessoas se reúnem em
grupos. Essa associação acontece pela busca da organização ou dos indivíduos por segurança,
uma vez que estando juntos passam a ter vários tipos de sentimentos, a saber:
• Força e poder, uma vez que unidas podem pleitear e alcançar maiores objetivos;
• Status, pois fazer parte de um grupo importante traz benefícios e relevância;
• Autoestima, uma vez que fazer parte de um grupo pode proporcionar o
sentimento de importância e valor próprio;
• De maior condição para cumprimento das metas, uma vez que reunido em
grupo a força coletiva dará suporte para terminar a tarefa.

No que se refere ao estudo dos grupos dentro das organizações, torna-se necessário
acrescentar que eles se dividem em:

• Formais: São grupos constituídos pela organização e que possuem atribuições


previamente estabelecidas.
• Informais: São grupos formados pela necessidade de interação social e que não
tem ligação direta com a organização.
Os grupos apresentados acima podem ser subdivididos como:

• Comando: Determinado pelo organograma da empresa, que o subordina


diretamente a um gestor. Ex: Financeiro, Recursos Humanos, Comercial etc.
• Tarefa: São os grupos constituídos com a finalidade de realizar uma
determinada tarefa. Nesse grupo a cadeia de subordinação pode ser rompida de
acordo com a necessidade da tarefa. Ex: Comissões criadas pela empresa, grupos
de trabalho etc. Uma característica importante para os grupos de tarefa é que eles
têm um tempo determinado de existência, uma vez que ao terminar sua
atividade é dissolvido.

• Interesse: São os que se formam para alcançar um determinado desejo em


comum. Ex: trabalhadores grevistas ou pleiteando melhores condições de
trabalho etc.
• Amizade: São os grupos formados entre indivíduos que possuem uma relação
mais próxima e que não se limitam à organização. Ex: Funcionários que jogam
futebol no final de semana, almoçar sempre juntos. Esses grupos são formados
pelos trabalhadores por relação de afinidade.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Os subgrupos de comando e tarefa são geridos pela organização, logo são grupos
formais. Os subgrupos de interesse e amizade são informais, uma vez que são formados pelo
interesse ou pela identificação pessoal que existe entre os indivíduos que o compõem.
Entenda como grupo a reunião de dois os mais indivíduos que são interdependentes e
que interagem para alcançar um objetivo. Eles se modificam por variáveis organizacionais e
ambientais, uma vez que estão suscetíveis às leis, normas, cultura, valores, liderança,
motivação etc.

Figura 22 - Influências sobre os grupos

Fonte: Elaboração própria (2017)

Observe querido aluno que as questões relacionadas ao comportamento organizacional


possuem um enfoque sistêmico, uma vez que existem variáveis ambientais que afetam a
organização e que por consequência ocasiona reflexos nos grupos e nos indivíduos. Essa
característica está ilustrada na imagem acima.
O comportamento organizacional também envolve aspectos relacionados à
comunicação, clima e cultura, motivação, liderança e conflitos. Esses assuntos serão
abordados a seguir.

• Cultura Organizacional

No ambiente organizacional todas as empresas desenvolvem sua cultura. Esse


desenvolvimento acontece gradativamente e de forma interminável, uma vez que as
organizações são vistas como sistemas que interagem com o seu ambiente e este naturalmente
as modifica.

89
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A cultura é transmitida naturalmente pelos funcionários mais antigos para os mais
novos, sendo considerada como um processo incessante. Se você observar, quando se atua
dentro de uma organização se adquire vários vícios de linguagem inerentes ao negócio da
empresa. Ou mesmo, o indivíduo passa a agir de acordo com valores pregados por ela, isso
pode acontecer mesmo que de forma involuntária.
O processo de transferir a cultura organizacional para novos colaboradores é chamado
de socialização. E deve ser conduzido de forma que as pessoas que estão chegando à empresa
não tenham tanta dificuldade para absorver os seus valores. Para isso acontecer, é necessário
que exista todo um cuidado com a conscientização, explicando a razão pela qual a empresa
adota suas condutas e indicando como tais características podem ser importantes para o
indivíduo.
A cultura organizacional oferece para seus colaboradores um entendimento sobre como
acontece as coisas na empresa. Por meio dela é que se apresentam todas as convicções
organizacionais, pois seus pressupostos são aceitos por seus integrantes. Isso não significa,
necessariamente, que todos os seus membros gostem desses pressupostos, mas, em síntese,
que os conheça, respeite e atenda.
A cultura é o reflexo do pensamento que os indivíduos têm sobre como os processos
devem ser feitos na organização. Ela é formada por pressupostos criados no ambiente da
empresa para solucionar uma determinada situação. De acordo com Williams (2017, p. 63) “a
cultura define e ensina ativamente valores, crenças e atitudes organizacionais”.
O papel da cultura organizacional é salutar para o sucesso da empresa, pois dentre uma
gama de finalidades é responsável por definir limites, distinguido uma organização de outra.
A forma como uma empresa se apresenta perante a sociedade, seja por sua imagem moral,
pela sua relevância social, ou mesmo pela forma como seus colaboradores se vestem, são
características que as diferencia das demais.
Ela ainda é responsável por manter a coesão e estabilidade de seu sistema social, uma
vez que controla, orienta e auxilia os funcionários durante toda a sua jornada de trabalho.
Sendo assim, a cultura atua como instrumento norteador do padrão de comportamento de
seus integrantes. Isso inclusive reverbera para outros agentes participantes que interagem com
a empresa, como por exemplo, fornecedores, que passam a adotar algumas características da
cultura da empresa de forma que possa manter um relacionamento empresarial contínuo.
Tanto as situações externas como também internas podem alterar a cultura
organizacional. Nesse sentido, pode-se indicar que as tendências sociais, políticas e até
econômicas estão intrinsecamente relacionadas com a cultura de uma empresa, tendo poder
de alterá-la.

90
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Umas das primeiras figuras no contexto organizacional a definir a cultura de uma
empresa é o seu fundador. Isso se deve ao fato de que quando uma pessoa abre um novo
negócio, traz consigo seus valores e crenças e os transfere voluntariamente ou
involuntariamente para os membros da organização.

A cultura pode ser variável – podemos considerar que a organização tem uma
cultura, que muda com o tempo. De acordo com essa visão, considera-se que a
organização é um sistema, composto de subsistemas (um conjunto que tem partes
diferentes, porém que funcionam de forma integrada). (MOTTA E
VASCONCELOS, 2002, p. 300).

São elementos da cultura organizacional, a missão, visão, valores, rituais, símbolos,


regulamentos, linguagem, desenho organizacional, cerimônias, dentre outros.
A missão organizacional, por sinal, é uma das culturas mais importantes que a empresa
tem, pois ela apresenta de forma clara e consistente a finalidade do negócio que está sendo
realizado. É o detalhamento de toda razão de ser de uma organização. Nela está descrita o que
a empresa faz e como espera ser reconhecida pelos seus agentes participantes.
Já a visão organizacional são todas as intenções que norteiam a trajetória da
organização. Em resumo, é o que a organização pretende ser.
Os valores organizacionais referem-se aos princípios que ordenam e guiam a criação e
crescimento da organização e que fundamentam suas escolhas no cenário empresarial. Eles
são convicções básicas que a empresa precisa ter para o seu negócio, através deles é que
funcionários e sociedade vão ter conhecimento das motivações e atitudes que a empresa terá.
Atualmente, por conta de exigências sociais, muitas empresas colocam como um de seus
valores o compromisso ambiental. Outras atribuem valores éticos e morais. Cada empresa
pode e deve utilizar valores próprios, o importante é que tais valores possuam relação direta
com o negócio.
Se você querido aluno analisar uma empresa montadora de automóvel, por exemplo, é
indiscutível que ela deva ter em sua cultura organizacional o uso de valores como qualidade,
segurança e uso consciente de matéria-prima. Isso ocorre pelo fato da produção de carros
necessitarem de grande quantidade de insumos, provocando assim desgastes ambientais. Ao
associar em seus valores o compromisso com o meio ambiente, ela está indicando que seus
produtos serão produzidos com o compromisso da sustentabilidade, tentando minimizar ao
máximo os prejuízos ambientais. O que isso sugere para você? Obviamente que a empresa está
demonstrando para a sociedade, que sua cultura tem preocupação com a manutenção de uma
sociedade ambientalmente preservável. Ela associou sua produção a um compromisso
fortemente fomentado pela sociedade, dando assim, maior visibilidade à sua marca.

91
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Outra característica importante a ser observada na cultura organizacional é que ela pode
ser de caráter oficial ou informal. A cultura oficial é toda aquela criada e divulgada pelos
gestores da organização, envolve manuais, ofícios, memorandos, publicações, missão, visão,
organograma etc. A cultura informal refere-se ao que de fato está sendo praticado pelas
pessoas na organização, pois muitas vezes o que é pregado oficialmente pela empresa, não é
realizado pelos funcionários. Eles agem informalmente, independente às diretrizes formais.
Isso não significa, necessariamente que estão sendo desobedientes, pois muitas vezes não
houve o aprendizado necessário acerca dos processos e regras estabelecidas, ou muitas vezes a
empresa prega um determinado valor e não oferece condições para que o mesmo seja
realizado.
A cultura organizacional está manifestada em níveis que se relacionam e interagem
constantemente. Elas foram estabelecidas por Edgar Schein que as dividiu da seguinte forma:

• Artefatos: formado por aspectos visíveis, de fácil observação e que podem ser
sentidas;
• Valores assumidos: segundo nível da cultura organizacional, envolve estratégias,
objetivos e filosofias. Formado por normas e valores que são compartilhados,
estabelecendo dessa forma um posicionamento para a empresa;
• Pressupostos básicos: formado por todos os elementos que a organização tem
como verdadeiros, como crenças, sentimento e pensamentos.

Segundo Maximiano (2002, p. 331) “analisar a cultura organizacional é algo complexo,


pois nem todos os seus componentes são observáveis”. Já para Silva (2001, p. 421) “a cultura
organizacional é o conjunto de valores, crenças, normas e hábitos compartilhados, que rege a
interação dos elementos de uma organização”.
Figura 23 - Edgar Schein, Um dos precursores do conceito de cultura organizacional

Fonte: Disponível em <https://www


.strategy-business.com/media/imag
e/11102_thumb2_220x244.jpg>.

92
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Ao abordar cultura organizacional é importante citar a existência do clima
organizacional. Esse é entendido como o sentimento psicológico que as pessoas têm acerca do
seu ambiente de trabalho, sendo diretamente relacionado à satisfação do funcionário.
Importante também entender que a cultura pode influenciar o clima organizacional tanto
positivamente como negativamente.
A organização pode medir o clima organizacional analisando aspectos como o nível de
relacionamento entre seus integrantes, o grau de responsabilidade com que as tarefas são
executadas, a identificação dos funcionários com a empresa (identidade), grau de atendimento
às normas institucionais e a forma como as recompensas são percebidas.

FIQUE ESPERTO!
A cultura organizacional exerce uma série de funções. Se você observar bem, querido
aluno, ela é a responsável por estabelecer, como informado anteriormente, o controle
social, pois seus grupos devem seguir todos os valores e normas por ela definida. Outro
ponto importante é que por meio dela se estabelece uma identidade dos seus funcionários
perante a sociedade.

• Comunicação Organizacional

Querido estudante, talvez a comunicação seja um dos mais importantes instrumentos


para o sucesso organizacional, pois através dela é possível exercer controle, motivar as pessoas
e transmitir informações. Por conta disso é importante que você fique bem atento ao
conteúdo abaixo, que foi desenvolvido com muito carinho para você.
Toda ênfase dada ao processo de comunicação possui relevância na imagem
organizacional, uma vez que é através da comunicação que as empresas informam a sociedade
sobre sua política, sua missão e seus valores.
A comunicação pode ser entendida como um processo no qual uma fonte codifica um
pensamento, transformando em mensagem, que para ser transmitida precisa de um canal de
comunicação, chegando até o receptor que faz a decodificação, finalizando com o feedback,
que analisa o sucesso na transmissão da mensagem.

1. Fonte: onde se inicia a mensagem;


2. Codificação: conversão da mensagem em símbolo;
3. Mensagem: o que se está sendo comunicado;

93
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
4. Canal: meio pelo qual a mensagem é enviada;
5. Decodificação: tradução da mensagem enviada;
6. Feedback: parte final do processo de comunicação. Responsável por retornar a
mensagem ao sistema para verificar se foi realizada adequadamente.

Como apresentado acima, os canais de comunicação são os meios utilizados para o


envio das mensagens, eles podem acontecer de forma escrita, por expressões corporais, pela
fala, ou utilizando recursos visuais. A aplicação de qualquer um dos canais precisa acontecer
de forma clara para que não haja problemas no processo. De acordo com Maximiano (2004, p.
336) “o processo de comunicação compreende a transmissão de informação e de significado.
Não havendo um deles não existe comunicação”.
No atual cenário mundial, a comunicação tem sido tratada como ponto estratégico para
as empresas, uma vez que é por meio dela que se estabelece a comunicação interna (membros
da organização) e também externa (sociedade).
Observa-se que a comunicação se apresenta basicamente sob quatro aspectos básicos,
que determinam as suas funções de atuação:

1. Facilita o processo de motivação das pessoas, uma vez que através dela que a
organização informa aos seus funcionários tudo o que acontece no contexto da
empresa. Por se utilizar ferramenta de feedback a comunicação ainda ajuda no
desenvolvimento das pessoas, melhorando a qualidade nas relações;
2. Controle de comportamento, pois apresenta a estrutura hierárquica que deve
ser seguida pelas pessoas, apresenta ainda as políticas da empresa, como sua
missão, visão e valores e todos os procedimentos organizacionais existentes;
3. Para a expressão de sentimentos e emoções, servindo como mecanismo de
relacionamento social. Por meio da comunicação as relações são estabelecidas e
as trocas de sentimentos e emoções acontecem. Isso gera empatia e sentimento
de pertencimento grupal;
4. Para tomada de decisão, pois facilita ao gestor e as pessoas de uma forma geral,
agir de acordo com informações existentes. A tomada de decisão é um processo
que, preferencialmente, deve acontecer mediante prévia análise de informações e
nesse sentido, a comunicação é imprescindível.

Diante disso, os administradores precisam atuar de forma incessante para que o


processo de comunicação organizacional aconteça adequadamente, evitando problemas como

94
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
o ruído e falta de transparência. Para que isso seja possível é preciso evitar que haja filtragem
na comunicação, ou seja, que ela não seja manipulada de forma que seu conteúdo seja
tendencioso.
Outro ponto importante é que a comunicação organizacional deve acontecer sem a
aplicação de sobrecarga de informações, pois pode ocasionar que nem todas as mensagens
sejam absorvidas pelas pessoas a qual se destina. Isso tem sido um problema muito frequente
nas empresas e que deve ser equacionado adequadamente pelo seu administrador. Vivemos
num mundo repleto de canais de comunicação, como por exemplo, whatsApp, e-mail, celular,
telefone, memorandos, ofícios, dentre outros, saber usá-los adequadamente é fundamental
para qualquer gestor.

DICA
Perceba que a ponderação vista no parágrafo acima se aplica inclusive no seu
cotidiano acadêmico e pessoal. Durante o curso você terá diversas formas de se comunicar
e interagir com a Instituição, devendo fazê-lo sabiamente para aproveitar todo o conteúdo
que lhe é ofertado.

O processo de comunicação exige sabedoria de seus gestores e também a compreensão


de que a organização é diversificada no que se refere aos seus recursos humanos. Dentro delas
encontram-se pessoas com as mais variadas formações, qualificações, valores, crenças
religiosas, étnicas e sociais. Isso significa que ao se comunicar com os funcionários deve ser
aplicada uma linguagem clara, para que haja um entendimento global. Nessa vertente é
notado que a imparcialidade em diversos aspectos apresentados evitará problemas no
processo de gestão. Ao se comunicar, a empresa deve falar para todos, ou seja, sua
comunicação precisa ter uma linguagem que seja abrangente.
Num país tão assolado pela corrupção como o Brasil, surge outro ponto de destaque que
pode ser dado à comunicação organizacional, trata-se da transparência. Manter seus
colaboradores e sociedade informados acerca do cotidiano da empresa, de seus balanços
administrativos e contábeis é de suma importância para dar credibilidade às organizações.
Tais práticas são amplamente abordadas em modernos modelos de gestão, a exemplo da
governança corporativa.

Curiosidade:
Governança corporativa é um modelo de gestão baseado nos princípios da
transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.

95
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A comunicação organizacional é analisada ainda de acordo com o seu direcionamento,
podendo ser: descendente, ascendente e lateral.

Descendente: Quando a comunicação acontece dos níveis hierárquicos mais elevados


para os níveis mais baixos;
Ascendente: Quando a comunicação acontece dos níveis hierárquicos mais baixos para
os níveis mais elevados;
Lateral: Quando a comunicação acontece com pessoas que integram um mesmo grupo,
entre pessoas do mesmo nível hierárquico.

Nas organizações, a cada dia mais se investe em processos de comunicação visando


reduzir problemas e gargalos no fluxo de informações. O avanço tecnológico tem tido
profundo impacto nessa questão, pois tem permitido que as empresas adquiram uma gama
cada vez maior de ferramentas utilizadas no processo de comunicação. Segundo Maximiano
(2000, p 282), “a relação entre tecnologia e comunicação é forte, pois através da evolução de
uma percebe-se a mudança na outra”.
Ressaltando que os recursos tecnológicos destinados à comunicação precisam ser
geridos adequadamente para evitar que eles gerem problemas, ao invés de resolvê-los. Não
adianta usar vários recursos desse tipo, sem que haja critérios adequados de gestão, que evite
sobrecarga e mantenha coesão nas informações.
Vale apresentar que um dos principais problemas para os administradores no processo
de comunicação é o ruído organizacional. Ele se caracteriza por qualquer perturbação na
comunicação que provoque alteração no seu significado, distorcendo assim a mensagem. O
ruído organizacional gera falta de clareza, entendimento ambíguo e boatos, ocasionando
perda de credibilidade e falta de segurança nos processos.
A charge abaixo é bem representativa ao ilustrar o processo de ruído nas organizações.

96
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Figura 24 - Charge representativa de ruído na comunicação

Fonte: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-MdsT3kPIzRE/Uyhqpa2ikpI/AAAAAAAACtk


/l72o6elq-V4/S1600/10001580_627464980659926_265941093_N.JPG>.

O ruído na comunicação pode acontecer por várias razões, como uso incorreto da
linguagem, complexidade das informações, desatenção, sobrecarga de informações, falta de
disposição para falar ou ouvir, dentre outros.

4.3 CONTEÚDO 3. LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E CONFLITOS

Caro estudante, você inicia aqui mais um estudo. Como sinalizado anteriormente é de
suma importância manter o foco. Acredite em você e em seu potencial. Aprenda o máximo
que puder sobre liderança, motivação e gestão de conflitos, pois essas características são de
grande importância para quem exerce funções de administração. Bom estudo!

• Liderança

97
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A liderança tem sido amplamente estudada e discutida no cenário acadêmico e
organizacional. Ela é considerada atualmente como o principal componente no sucesso das
empresas, pois através dela é que a organização estabelece todo o processo de direcionamento
e motivação de seus recursos humanos. Seu papel de vanguarda dentro das organizações
cresceu à medida que a visão das empresas evoluiu no que concerne ao pensamento
administrativo, dando maior enfoque para as pessoas dentro das empresas.
As organizações possuíam um entendimento de que o relacionamento entre empresa e
funcionários deveriam ser estabelecidos simplesmente sob o ponto de vista administrativo,
voltado para os processos. Hoje, com o desenvolvimento da ciência da administração, o
entendimento é que as organizações precisam trabalhar com foco na gestão de pessoas e nesse
prisma a liderança surge com um papel de destaque.
Por ser uma das principais atividades da administração, a liderança deve ser
amplamente desenvolvida no perfil de quem exerce funções de comando dentro das
organizações. Toda essa importância se deve ao fato das pessoas serem consideradas o
principal capital organizacional e portanto fortes agentes multiplicadores de recursos para as
empresas.
Corroborando com essa afirmação Davis e Newstrom (1992, p. 151) cita: “a liderança
constitui um aspecto importante da administração. É importante planejar e organizar, mas
também é necessário influenciar os outros entusiasticamente”.
Entenda por liderança como toda a capacidade que um indivíduo tem de influenciar um
grupo, na busca por um determinado objetivo. Ela atua motivando, inspirando e conduzindo
pessoas a se superar, atuando de forma concomitante com os interesses organizacionais.
Constitui-se como um fator necessário em todos os níveis da organização, uma vez que
sua aplicação provoca grande influência nas relações interpessoais, reduzindo barreiras entre
todos os funcionários de uma organização. Nesta relação tão complexa, a figura do líder surge
como principal elo de sucesso.
Para Wagner III e Hollenbeck (2004, p. 244) “o líder oferece um ponto focal
logicamente convincente e gratificante para as pessoas que estão realizando as causas
organizacionais”.
São características do líder o bom relacionamento interpessoal, senso de justiça,
capacidade de integrar pessoas, carisma, competência reconhecida, boa comunicação,
capacidade de criar no indivíduo motivação etc. Outro ponto importante no perfil de um líder
é que ele precisa ter uma boa inteligência emocional, pois viverá em constante relação com
pessoas dos mais variados valores e situações de vida. Por conta disso, a inteligência
emocional o ajudará a entender melhor as pessoas, tendo uma visão mais empática delas e,
dessa forma, podendo ajudá-las em seu desenvolvimento dentro do ambiente empresarial.

98
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Muitas pessoas confundem a liderança com o cargo ocupado dentro da estrutura
organizacional. Isso é um erro muito comum! É de fundamental importância diferenciar líder
e chefe, pois apesar de haver em certos momentos uma ligação direta e complementar,
existem grandes diferenças entre eles.

1. Chefe: é uma condição institucionalizada, ele ocupa um cargo de comando na


estrutura hierárquica. Seu poder é exercido pela autoridade organizacional que
lhe é atribuída.
2. Líder: é uma condição que independe do poder institucionalizado, ou seja, não
está vinculado ao cargo que o indivíduo ocupa. Ele surge por características que
um indivíduo possui e que desperta coletivamente nos outros o sentimento de
confiabilidade e respeito, admiração. Seu poder é conquistado.

Diante da explicação dada acima, é importante contextualizar que uma pessoa pode
ocupar o mesmo cargo que outra e ainda assim exercer liderança sobre seu colega. Isso
acontece por características individuais que diferenciará o líder das demais pessoas. Logo, o
que se observa é que nem todo líder é chefe e nem todo chefe é líder.

Figura 25 - Charge alusiva à falta de inteligência emocional no processo de liderança

Fonte: Disponível em:<http://2.bp.blogspot.com/_4dsAhA6__Go/TOGbhuJ9DTI/AAAAAAAAABE


/KLiWhJrDYho/s1600/ChargeLideranca1.jpg>

O ideal é que todo o indivíduo que ocupa um cargo na estrutura hierárquica desenvolva
habilidades que o condicionem a liderança, pois dessa forma seu poder de influência sobre a
equipe não estará restrito aos atributos de seu cargo, mas a valores e sentimentos
coletivamente corroborados pelos seus liderados.
Atualmente, as organizações estão deixando de dar ênfase (para os ocupantes dos cargos
de gestão) nas habilidades técnicas, apesar de ainda serem importantes; passando a enfatizar
mais as habilidades humanas, ou seja, habilidades interpessoais e de liderança.

99
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Fique ligado!
Poder é a capacidade que uma pessoa tem de exercer influência sobre a outra, por
influência econômica, cargo, personalidade ou compleição física.

Abordando os estudos acerca da liderança, se apresentam algumas teorias interessantes


e com características bastante peculiares, que serão vistas a seguir:

• Teoria dos traços de personalidade

Segundo essa teoria o líder possui características físicas e de comportamento que o


diferenciam das demais pessoas, como por exemplo, carisma, força, coragem, entusiasmo,
tenacidade, dentre outras. Essa teoria parte de pressupostos sociais, intelectuais ou físicos, que
diferenciam pessoas com perfil de líderes das demais. Tais traços são divididos conforme
abaixo:
1. Sociais: bom relacionamento interpessoal, competências administrativas, gestão,
cooperação etc.;
2. Intelectuais: autocontrole, concentração, determinação, entusiasmo, resiliência,
confiança etc.;
3. Físicos: compleição, aparência, energia etc.
Apesar de aceita cientificamente, essa teoria sofre muitas críticas apresentadas por
estudiosos do comportamento humano. Dentre essas críticas, destaca-se a aplicação universal
de traços para todas as situações que envolvam liderança. Isso significa, para os críticos, que
não pode haver um traço aplicável na liderança para todas as situações, uma vez que as
situações de liderança são mutáveis.

• Teoria Situacional

Trata-se de uma teoria que está focalizada nos liderados. Segundo seu pensamento a
escolha da liderança a ser aplicada depende do nível em que a equipe se apresenta para a
tarefa, analisando aspectos como motivação e recursos disponíveis. Isso significa que sua
abordagem oscila, ou seja, dependendo das circunstâncias em que se apresenta das pessoas.
Por focar nos liderados, ele identifica que a liderança precisa ser exercida de acordo com
a maturidade existente no grupo. Logo, equipes mais qualificadas, desenvolvidas, motivadas e

100
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
responsáveis, necessitarão teoricamente de menor “controle”, enquanto que equipes em
situação oposta precisarão de maior acompanhamento, por exemplo.

Figura 26 - Exemplo de uma abordagem situacional

Fonte: Elaboração própria (2017)

A teoria situacional de liderança prega que não existe uma única forma de liderar uma
equipe para todas as situações que se apresentem, devendo se basear no contexto do
momento. Seu entendimento é que o líder deve atuar de forma distinta, analisando variáveis
tanto internas como também externas para definir seu comportamento. Nesse sentido, sua
forma de liderança pode inclusive variar para uma mesma pessoa, dependendo do contexto
enfrentado por ela. Tal característica exige do líder uma grande capacidade de adaptação do
seu comportamento a condição enfrentada.

• Teoria dos estilos de liderança

Segundo essa teoria, a liderança é exercida pelo líder sob três estilos básicos: autocrático,
democrático e liberal.

a) Autocrático: se baseia numa postura mais centralizadora, onde o líder define


todos os processos sem a participação de sua equipe. Ele age de forma mais
rígida, o que ocasionalmente pode provocar tensão, desapontamento e baixa
satisfação. Nesse tipo de liderança as equipes costumam ser pouco criativas e
inovadoras, pois sua a liberdade de atuação é restrita;
b) Democrático: se baseia numa postura mais participativa dos liderados, que
desfrutam de um diálogo mais aberto com o líder. Tende a fortalecer o bom

101
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
clima organizacional e também promove um maior comprometimento coletivo
com as tarefas;
c) Liberal: se baseia numa condição de total autonomia dos liderados na execução
das tarefas. Nesse sentido, o líder transfere todas as decisões para sua equipe,
sem realizar acompanhamento dos mesmos. Ela também é conhecida como
liderança laissez faire que numa tradução livre significa deixe fazer.

Estudos desenvolvidos apontam que tanto a liderança autocrática como a liberal podem
provocar desgastes com os liderados. Enquanto que na primeira, apesar de haver se registrado
altos índices de produtividade para as tarefas também se percebeu a existência de desgaste nas
relações, o que aumentou índices de rotatividade. Já na segunda, percebe-se baixa na
produtividade e na qualidade no que se refere à realização das tarefas. Além disso, as pessoas
que estão sob uma liderança liberal tendem a apresentar um sentimento de abandono, se veem
desamparadas e sem orientação por parte do líder que sempre está ausente.
Diante das constatações apresentadas acima, o estilo de liderança mais fomentado
atualmente nas organizações é o democrático, por se entender que desenvolve qualidades
fundamentais para o contexto empresarial, como por exemplo, a inovação, criatividade,
eficiência, produtividade e bom clima organizacional.
A liderança democrática tem se mostrado muito eficiente no desenvolvimento de
equipes motivadas e participativas, oferecendo para as organizações grande capacidade de
inovação e consequentemente crescimento. As equipes que atuam sob esse estilo de liderança
tendem a desenvolver um forte sentimento de pertencimento, se identificando e lutando
muito pelos valores organizacionais.
O líder democrático precisa ser uma pessoa que saiba dialogar com sua equipe de forma
cristalina, para que dessa forma possa extrair todas as boas ideias e também absorver as
críticas que por ventura lhe seja apresentada. Sabendo fazer isso, ele terá condições de,
dialogando com a alta administração organizacional, absorver e dá aplicabilidade as ideias que
surgiram e concomitantemente ajustar as faltas apresentadas pela equipe ao fazer as críticas.

• Teoria da Liderança carismática

Segundo essa teoria, os líderes possuem a capacidade de despertar nos indivíduos a


conscientização sobre a importância das metas estabelecidas pela organização. Nesse sentido,
atua de forma que as pessoas mudem seu pensamento acerca dos processos da empresa,
alinhando suas ambições ao sucesso organizacional por haver o sentimento de
responsabilidade, integração e interdependência na busca pelo crescimento.

102
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
O líder carismático faz uso das emoções de seus liderados, promovendo forte influência
em sua equipe, por características como a admiração e respeito. A liderança carismática é
muito utilizada em ambientes de incertezas, onde a confiança na figura do líder precisa
sobressair às condições vivenciadas pelo grupo no contexto organizacional.
Líderes carismáticos são alegres, divertidos e comunicativos. Eles sabem usar tais
características para agregar valor à equipe, dando a ela direcionamento na busca de metas e
sentimento de integração e compromisso mútuo. Por gostarem do líder carismático, as
pessoas na organização se doam acima da média por ele, atendendo dessa forma a todas as
tarefas demandadas de forma mais tranquila.
Na liderança carismática uma observação importante é o sentimento de compromisso
desenvolvido pela equipe perante o líder. Por admirar a figura do líder, as pessoas
pertencentes ao grupo tendem a se doar mais e a fazer mais por se sentir “devedoras” de um
retorno afetivo que lhes sempre é dado pela figura do líder. Esse compromisso é apresentado
como um sentimento de retribuição da equipe pelo bom tratamento que sempre recebem da
sua liderança.
Como afirmado anteriormente a liderança é uma característica indispensável para as
organizações por uma série de questões. Ela assume focos distintos nas empresas, mas
independentemente de seu uso precisa sempre ser entendida como de caráter estratégico.
Um princípio fundamental na liderança é a confiança. Sem haver relação de confiança, a
figura do líder fica completamente descaracterizada. A confiança é basicamente a certeza que
na relação líder / liderado não vai existir atitudes ou decisões injustas ou incoerentes entre as
partes.

Importante apresentar que a liderança pode se desenvolver ainda sobre a ótica


transformacional e transacional.

a) Transacional: utiliza recompensas como “pagamento” pela contribuição e bom


desempenho. Para isso, acompanha todos os processos de forma a corrigir possíveis
desvios. O líder transacional possui um perfil mais negociador, atribuindo uma relação de
troca na sua relação com a equipe.

b) Transformacional: atribui ao seu liderado o sentimento de orgulho por participar


da tarefa/empresa. Ele conscientiza sua equipe sobre a missão da empresa e de como o
sucesso organizacional automaticamente proporciona o sucesso da equipe. Sendo assim, o
líder faz uso de inspiração, atenção personalizada, orientação e aconselhamento.

103
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Querido estudante, você acabou de estudar alguns conceitos e vertentes da liderança.
Agora você começará a estudar sobre motivação. Perceba ao longo do texto que liderança e
motivação caminham lado a lado, pois uma influencia a outra.

• Motivação.

A motivação humana nas organizações teve sua importância destacada por conta do
advento da teoria das relações humanas. Especificamente nesse tópico, será desenvolvido para
você querido aluno, a conceituação, importância e contribuição que a motivação pode
oferecer para o bom desempenho das organizações.
O estudo da motivação tem como finalidade explicar como as pessoas se comportam
nas empresas, de forma que ao se identificar essas características se possa atuar na busca da
satisfação delas.
Para Williams (2017, p. 273) “motivação é o conjunto de forças que inicia, direciona e
faz com que as pessoas persistam em seus esforços para alcançar um objetivo”.
Segundo Chiavenato (2000, p. 131) “a motivação é a tensão persistente que leva o
indivíduo a alguma forma de comportamento visando a satisfação de uma ou mais
necessidade”.
Já para Davis e Newstrom (1992, p. 47) “a motivação é uma força que as pessoas têm
para vencer desafios e obstáculos para alcançar um objetivo. Uma pessoa motivada busca
alcançar o sucesso”.

Figura 27 - Charge satirizando a falta de motivação no trabalho

Fonte: Disponível em : <http://4.bp.blogspot.com/_iKbR2tuBQhY/TOvV7yg


XloI/AAAAAAAAABg/m4t_AhrGor4/s1600/charge_fimdeano.jpg>

104
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Entender como funciona a concepção sobre a motivação humana é importante para
todas as organizações. Percebe-se que ela está diretamente vinculada às atividades do líder,
apresentadas no tópico anterior. Motivar se constitui numa tarefa muito complexa, pois
envolve valores específicos de cada indivíduo, sendo fortemente influenciada por aspectos
como ambiente de trabalho, por exemplo. Se você, querido aluno, observar, todos os livros
que abordam o tema da motivação, perceberá que eles sempre associam liderança à discussão,
sejam diretamente ou colocando em capítulos complementares. Logo, entender o processo de
motivação é uma condição da liderança. O bom líder é acima de tudo uma pessoa motivadora,
que tenta despertar nas pessoas o seu melhor, conduzindo-a assim para a motivação.
É consenso entre os pesquisadores do comportamento organizacional, que uma pessoa
não pode motivar a outra, pois a motivação é intrínseca, ou seja, ela acontece internamente no
indivíduo. Diante disso, surge a seguinte dúvida: se uma pessoa não motiva a outra, o que o
líder deve fazer para manter a intensidade e comprometimento de sua equipe?
Respondendo a esse questionamento, é salutar querido aluno, que o líder perceba que
cabe a ele criar condições que promovam o despertar motivacional do seu colaborador. Isso
significa que ele deve fomentar um bom clima organizacional e criar mecanismos que evitem
o sentimento de frustração e aversão ao trabalho. A motivação por estar diretamente ligada a
satisfação das necessidades, estabelece imediatamente uma relação de cuidado que o líder
precisa ter com o atendimento a esses anseios por parte de sua equipe. Entenda como
necessidade, todos os desejos, sejam eles físicos ou psicológicos, que um funcionário tem e que
precisam ser atendidos no ambiente organizacional para se promover a motivação.
Nesse prisma, se analisarmos empresas como a Google, por exemplo, perceberemos
como é dada ênfase ao clima organizacional. Apesar de haver forte competitividade na
empresa, ela procura harmonizar fisicamente seu ambiente, concede ainda jornadas de
trabalhos mais flexíveis e autogerenciadas, além de incentivar enormemente e criatividade e
interação entre seus membros. Pense nisso!
Lembrando que um ponto importante no processo de motivação é o enriquecimento do
cargo, pois o colaborador precisa se sentir valorizado e desafiado, uma vez que esses aspectos
são vitais para promoção da motivação. Este é outro fator visto na Google.
Obviamente que as pessoas possuem necessidades físicas e psicológicas em seu cotidiano
de vida, e no que se relaciona às organizações para auxiliar no processo de promoção da
motivação, um ponto necessário é que exista a aplicação de políticas salariais justas, que
garantam aos seus funcionários condições humanas de sobrevivência. Somente nessas
condições é que a motivação poderá posteriormente ser alcançada.
Motivar se tornou importante, porque o funcionário motivado produz mais e
consequentemente gera mais dinheiro para as organizações.

105
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Existem algumas teorias sobre motivação que discutem a forma ideal de se promover tal
condição nas empresas. Dentre elas podemos citar a Teoria da Equidade, que se baseia em
premissas de que a igualdade no tratamento e em políticas e benefícios justos, que sejam
fatores de promoção da motivação. Isso se deve ao fato de que pessoas em condição de
desigualdade desenvolvem insatisfação e frustração com a organização. Para haver equidade
na relação de trabalho é necessário haver justiça distributiva (relacionada à aplicação justa de
recompensas) e justiça processual (relacionada à igualdade utilizada nos processos para a
tomada de decisão). A equidade nada mais é, no contexto motivacional, que a aplicação de
uma conduta, por parte da empresa, de valores e tratamento iguais perante seus funcionários,
independentemente da posição hierárquica ou social que essa pessoa ocupa visando dessa
forma promover o fator motivação.
Outro conceito motivacional muito abordado é a Teoria da Expectativa. Ela parte de
uma ideia central em que para o indivíduo estar motivado é necessário que esteja com três
pontos básicos em nível elevado, sendo eles:

• Valência: relacionada à capacidade de criar nos funcionários o desejo de um


resultado ou recompensa;
• Expectativa: ligação existente entre o esforço dos colaboradores e respectivo
desempenho. Isso significa que quando existem grandes expectativas, o
funcionário acredita que seu esforço trará bom desempenho. Já numa situação
de baixa expectativa, o funcionário acredita que independente de seu grau de
esforço o resultado será fraco, fazendo-o pensar que não precisa trabalhar muito;
• Instrumentalidade: ligação existente entre o desempenho dos funcionários e a
respectiva recompensa adquirida. Quanto maior for a instrumentalidade maior é
a percepção de que o desempenho levará às melhores recompensas. Já numa
situação de menor instrumentalidade, os funcionários não acreditam que um
desempenho melhor provocará melhores recompensas, fazendo-o pensar que
não precisa trabalhar muito.

No cenário motivacional a cada dia se apresentava novas teorias e formas de


pensamento acerca de como se motivar as pessoas no ambiente organizacional. O importante
é entender, querido aluno, que as organizações são feitas de pessoas e elas precisam trabalhar
com tranquilidade, sob uma política de justiça, igualdade e respeito mútuo.

106
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Conflitos

Conforme citado anteriormente, as organizações são basicamente constituídas de


pessoas, que por terem características diferentes desenvolvem valores religiosos, sociais,
políticos e pessoais próprios. Essa diversidade dentro das organizações muitas vezes provoca
atritos e conflitos entre seus participantes. Isso é uma condição que sobrepuja inclusive a
esfera organizacional, pois como seres sociáveis as pessoas são voltadas fortemente para o
relacionamento e negociação em todas as esferas da vida.
O conflito pode ser entendido como um choque de opiniões, pensamento ou conduta,
entre duas ou mais pessoas. Já para Wagner III e Hollenbeck (2004, p. 283) “trata-se de um
processo de oposição e confronto que acontece entre pessoas ou grupos no ambiente
organizacional”.
Os conflitos sempre existiram e sempre existirão na sociedade. Mais especificamente nas
organizações, trata-se de algo impossível de ser extinto, mas que pode ser trabalhado e
reduzido a níveis e condições aceitáveis.
A ideia básica de um conflito é que ele precisa ser sentido ou percebido no ambiente
organizacional, pois sem essa identificação, solucioná-lo se torna uma tarefa difícil de ser
alcançada.
No ambiente organizacional o conflito pode ser identificado de quatro formas:
individualizada, ou seja, internamente o funcionário tem suas dúvidas e interesses e estes por
consequência se opõem a valores da organização causando conflitos internos na pessoa.
Interpessoal, quando o conflito se apresenta para duas ou mais pessoas. Grupal, quando o
conflito existe entre grupos distintos. De forma Organizacional, quando acontece de forma
generalizada dentro da empresa. Normalmente, nessa última condição, existe forte choque de
opiniões e pensamentos entre a organização e seus funcionários.
Os conflitos dentro das organizações podem acontecer por divergências existentes nas
tarefas ou nos relacionamentos, mas independente do fato gerador do atrito é de suma
importância que a empresa consiga saber lidar dar com o problema. Para isso, é indispensável
a atuação de todos os participantes, independente do nível que ocupa na esfera organizacional,
estabelecendo diálogo franco, abordando cada situação e discutindo como resolvê-la.
O conflito dentro das organizações pode ser visto sobre duas vertentes, a saber:

• Positiva: auxilia no crescimento organizacional, pois a divergência de opiniões


ajuda na análise e amadurecimento das relações e processos existentes. Evitam
estagnação, estimulando ainda a criatividade e inovação;

107
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
• Negativa: provoca tensão nas relações, perda de tempo, desmotivação, incerteza
e falta de foco, como consequência ocasiona a baixa produtividade.

A vertente positiva acontece quando existe uma discussão saudável e que promove
integração das pessoas na busca por uma solução que seja boa na esfera organizacional,
enquanto que a negativa acontece quando existe choque de opiniões tão forte que cria tensão
nas relações que dificultam os processos e o bom relacionamento entre as partes.
Algumas situações são facilmente identificadas como geradoras de conflitos e podem
provocar forte desmotivação nas organizações. A tabela abaixo indica algumas condições que
tendem a estimular o aparecimento de conflitos.

Tabela 4 - Fatores que estimulam os conflitos nas organizações

Fatores que estimulam os


conflitos nas organizações
Baixa produtividade
Insubordinação
Clima organizacional ruim
Metas organizacionais
inalcançáveis
Ineficiência nos processos
Rigidez excessiva da chefia
Escassez de recursos
Ruído nas comunicações

Fonte: Elaboração própria (2017)

Os conflitos que apoiam os objetivos dos grupos e os amadurece, melhorando seu


desempenho, são chamados de funcionais. Já os conflitos que atrapalham o desenvolvimento
dos grupos, são chamados de disfuncionais.
Os conflitos funcionais e disfuncionais são diferenciados pelo tipo de conflito, e se
dividem em três formas:
• Tarefa: relacionado ao trabalho, seus objetivos e conteúdo;
• Relacionamento: voltado para as relações interpessoais;
• Processo: relacionado à forma como o trabalho é desenvolvido.

108
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Os conflitos de relacionamento normalmente são tidos como disfuncionais. Já os
conflitos de tarefa e processo normalmente são tidos como funcionais.
Nas relações de conflito é indispensável que haja clareza nos diálogos entres as partes
em choque e para que isso aconteça adequadamente o processo de comunicação deve estar
alicerçado na transparência e respeito. A maioria das grandes empresas atualmente tem
investido muito em transparência visando oferecer, dentre outras coisas, clareza em seus
processos para seus funcionários, que ao estarem cientes de toda conduta organizacional
tendem, em teoria, a desenvolver menores níveis de conflitos.
Quando identificados, os conflitos necessitam ser tratados com urgência e cuidado, e
diante disso é fundamental que exista o processo de negociação. A negociação pode ser
definida como o processo pelo qual se busca um acordo entre as partes em conflitos para se
chegar a um resultado de interesse comum.
Segundo Fiorelli et al. (2008, p. 6) “A gestão do conflito consiste em identificá-lo,
compreendê-lo, interpretá-lo e utilizá-lo para benefício de cada indivíduo, dos grupos sociais,
das organizações e, enfim, da sociedade”.
Existem correntes de pensamento que entendem que a negociação de conflitos deve,
dentre outras coisas ser precedida por uma relação de confiança. Podendo ser utilizada para
solucionar problemas futuros que porventura se apresentem no contexto organizacional. Isso
significa que se deve agir de forma confiável constantemente, de forma que, ao surgir o
conflito, as partes por terem um relacionamento saudável, possam resolvê-los de maneira
mais rápida e tranquila.

Houve uma mudança de foco no objetivo do ato de negociar ao longo da história.


No passado, o negociador procurava resultados satisfatórios momentâneos;
atualmente, esse mesmo negociador busca um relacionamento duradouro e
contínuo, para que no médio e longo prazos todos os envolvidos na negociação
atinjam os benefícios pretendidos. Nesse sentido, o termo negociação passa a ser
compreendido como um processo que pode afetar profundamente qualquer tipo de
relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os
participantes. (MARTINELLI et al. 2010 p. 14).

Para você estudante, é importante entender que os processos de negociação são


frutíferos quando o seu resultado apresenta uma situação de ganho para ambas as partes.
Nessa condição existe uma pacificação mais eficiente dos ânimos, o clima retorna mais
rapidamente a uma situação de harmonia e cordialidade, além de potencializar a capacidade
de produção organizacional. Esse tipo de negociação é chamada de ganha-ganha.
Importante apresentar para você, querido aluno, que há três estilos de negociação
existentes: ganha-ganha; ganha-perde e a perde-perde.

109
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
• Ganha-ganha: negociação em que todas as partes saem satisfeitas da negociação,
pois tiveram a maioria ou totalidade de seus anseios atendidos. Ela acontece
inclusive quando nem todos os desejos das partes envolvidas são atendidos, mas
o acordo no geral foi agradável;
• Ganha-perde: Visa resolver problemas imediatos, tendo a negociação de caráter
competitivo entre as partes. O foco central é a solução de um problema imediato,
não resolvendo o conflito na totalidade já que uma das partes precisou ceder pela
relação de poder assimétrica (uma das partes impôs as condições por ter maior
poder de barganha). Ela cria problemas de relacionamento para negociações
futuras, pois uma das partes ficou frustrada e insatisfeita;
• Perde-perde: Também se caracteriza pela competitividade de ambas as partes.
Nela não se encontra uma solução para o problema e ambas as partes saem
prejudicadas, pois não houve um acordo. Cria-se um impasse para solução do
problema.
Quando a negociação falha e ambas as partes não chegam a um entendimento comum
os prejuízos organizacionais são enormes e são distribuídos para seus participantes de forma
direta ou indireta. Diante disso, é importante para você aluno entender que ao adentrar no
mercado de trabalho, é sempre necessário ter bom senso para negociar de forma hábil e justa,
evitando interrupções nos processos organizacionais.
Segundo Pessoa (2009, p. 3) “A capacidade de negociar é uma prerrogativa exclusiva dos
seres humanos e é o que, de fato, significa uma prova inequívoca de maturidade dos
indivíduos”.
Figura 28 - Charge alusiva ao processo de negociação

Fonte: Disponível em: <http://metalurgicos.org.br/wp-content/uploads/charge-campanha-


salarial..jpg>.

Se você observar bem, todos já passaram por situações em que a falta de uma negociação
justa e de empatia entre as partes provocaram grandes prejuízos. Quem ainda não sofreu com
as famosas greves bancárias, que prejudicam sobremaneira a população? Outro exemplo são

110
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
as greves no serviço de transporte público, que praticamente deixa as cidades paradas. Reflita
sobre isso!
Tais situações de conflito apresentadas acima são tão complexas que normalmente
exigem a participação de terceiros nas negociações. Isso significa que o processo não fica
restrito a duas categorias, a exemplo de patrões e empregados. Quando ocorre a atuação de
terceiros, normalmente ele se apresenta com as seguintes nomenclaturas: conciliador,
mediador ou árbitro.

• Conciliador: Pessoa de confiança, responsável por estabelecer um diálogo entre


as partes na busca pela solução do conflito;
• Mediador: Pessoa neutra, sem ligação com as partes. Sua atuação se caracteriza
por sugerir barganhas, persuadir as partes para chegarem a um acordo e por
manter os ânimos equilibrados;
• Árbitro: Pessoa imbuída de autoridade, mas sem vínculo com as partes, com
capacidade para determinar qual o acordo a ser estabelecido.

No processo de negociação é necessário haver a barganha, que nada mais é que oferecer
algo em troca de outra coisa. Toda negociação para acontecer precisa ser previamente
planejada. Depois as regras devem ser definidas entre as partes que precisam apresentar suas
justificativas para cada pleito. A partir daí entra o processo de barganha, onde as partes cedem
e ao mesmo tempo ganham algo. Havendo alcançado um acordo, a parte final é justamente a
homologação e implementação do que foi decidido, extinguindo assim o conflito.
O processo de negociação e solução de conflitos requer habilidades e competências de
um administrador, que precisa atuar com cuidado e sensibilidade na condução das conversas.

Tabela 5 - Habilidades e competências necessárias ao processo de negociação

Habilidades e competências
necessárias ao processo de
negociação
Assertividade
Bom senso
Empatia
Respeito mútuo
Inteligência emocional
Visão holística

111
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Resiliência
Boa comunicação
Ser bom ouvinte
Postura ética
Fonte: Elaboração própria (2017)

As estratégias de barganha podem ser distributivas e integrativas. A distributiva é


aquela que busca dividir de forma fixa recursos, caracterizada pela relação de ganho-perda. Já
a integrativa busca criar diversos acordos na negociação de forma que ambas as partes
ganhem, relação ganha-ganha.
Observe abaixo, querido estudante, que será apresentado para você um exemplo de
barganha distributiva e outra integrativa. Esses exemplos foram criados com todo o carinho
para ajudá-lo a compreender melhor a questão.

Exemplo de barganha distributiva: Você anuncia um produto na OLX com um preço


X. O interessado te procura e oferece pelo produto o valor X-2. Quando você aceita, está
perdendo o dinheiro que achava ser o ideal pelo seu produto. Ou seja, ele saiu ganhando
em cima do que você pretendia obter. Relação ganha-perde.

Exemplo de barganha integrativa: Você tem uma distribuidora de bebidas e recebe


um grande pedido comercial de uma empresa responsável por realizar festas e eventos. O
valor a ser pago e estabelecido no pedido deve ser quitado em 30 e 60 dias, ou seja,
pagamento em duas vezes. Ao analisar a situação dessa empresa você descobre que ela está
com débitos na praça. Percebendo que poderia perder o grande pedido, chama a empresa
de eventos para negociar a situação. Depois de conversar, a empresa explica que a situação
é verdadeira, mas que já está sendo solucionada. Como ambas as partes têm interesse no
negócio, fica estabelecida uma nova condição de pagamento. A empresa de eventos pagará
cinquenta por cento do valor do pedido imediatamente, e a segunda parcela será paga
trinta dias após a entrega das bebidas, havendo ainda uma garantia bancária para o
negócio. Ambas as partes ganham no processo e se estabelece uma nova parceria
comercial. Relação ganha-ganha.

Diante do que foi apresentado, é importante entender que negociar é uma tarefa que
todas as pessoas desenvolverão durante a sua vida, seja ela pessoal ou profissional. O
importante nesse processo é sempre se pautar por princípios de honestidade e ética.

112
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
4.4 CONTEÚDO 4. RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Caro estudante, como abordado anteriormente ao longo desse material de ensino, as


pessoas são atualmente consideradas como o principal patrimônio das organizações
modernas. Devido a essa relevância, o estudo da administração tem sempre abordado
conteúdos relacionados à motivação, liderança, comunicação organizacional, dentre outros
assuntos importantes no processo de gestão das pessoas. Nesse contexto, esse capítulo
abordará outra característica fundamental no que se refere às pessoas dentro das organizações,
que são as relações interpessoais.
O ser humano se caracteriza por ter a natureza sociável, voltada para o relacionamento
em grupo e para o desenvolvimento de interações. Ao longo desse percurso há fortes
possibilidades de existirem atritos, choques de cultura ou mesmo diferenças de valores. Essas
situações se não conduzidas de forma coerente, normalmente provoca perturbações, sejam
elas vivenciadas na vida particular ou no ambiente organizacional. As relações interpessoais
dentro dessa perspectiva funcionam como um instrumento de apoio e promoção de políticas
de bom clima organizacional e relacionamento.
Segundo Minicucci (2001, p 25) “as relações interpessoais são acontecimentos que se
verificam na vida em geral. Quando há conflitos no relacionamento interpessoal, existem
problemas de relações humanas”.
O relacionamento interpessoal passou a ter uma importância destacada dentro das
organizações que buscam promover interações frutíferas entre seus integrantes. Sendo assim,
percebe-se que dentro das empresas a área de gestão de pessoas tem procurado harmonizar as
relações de trabalho, com capacitações e realizando cursos voltados para a promoção desse
tema.
Se relacionar bem é um dos pontos mais observados dentro das empresas atualmente.
Em entrevistas de seleção para novas vagas de trabalho percebe-se que os avaliadores
procuram identificar se a pessoa tem em seu perfil profissional um bom nível de interação
com pessoas.
Isso se deve ao fato de que as relações interpessoais têm o poder de modificar o
ambiente de trabalho tanto positiva, como negativamente. Cabe aos gestores organizacionais
estabelecerem condições de trabalho e de interação que privilegiem as pessoas e sua satisfação
na organização de forma que eles sempre se respeitem e se comportam de forma amigável e
cordial.
Quando se fala em relações humanas no trabalho ou em qualquer outro lugar, é
muito importante saber identificar o efeito que as atitudes e os comportamentos
individuais causam no ambiente e nos outros. É necessário, portanto, buscar o

113
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
entendimento das atitudes negativas a fim de eliminá-las e aumentar a eficiência no
contato com os colegas de trabalho (ALENCASTRO, 2016, p. 103).

Se você analisar bem, querido aluno, as pessoas passam aproximadamente um terço de


suas vidas dentro das organizações, se considerarmos que uma jornada normal de trabalho
dura aproximadamente oito horas. Diante disso, é necessário que no ambiente de trabalho
exista qualidade de vida, que dentre outros fatores, envolvem o relacionamento interpessoal
saudável. Perceba que a qualidade de vida no trabalho não está relacionada apenas à boa
remuneração, mas também ao ambiente em que se desenvolve o trabalho.
Identifica-se, atualmente, a existência de alguns tipos de ambientes no que se refere ao
relacionamento interpessoal nas organizações, sendo eles:

• Saudável: Caracterizado por um tratamento gentil, empático e verdadeiro.


Baseado em premissas como honestidade e boa comunicação;
• Autoritário: Caracterizado pela rigidez, inflexibilidades, abuso de poder e
assédios. Propenso à existência de altos índices de absenteísmo, rotatividade e
insatisfação.

As relações humanas no trabalho estão sendo fortemente abordadas na atualidade para


poder, por meio de um bom ambiente de trabalho, potencializar demais processos
organizacionais. Pense nisso! As empresas têm amadurecido e adquirido, na maioria das
vezes, um comportamento mais coerente e alinhado com seus recursos humanos, porque as
pessoas são o principal diferencial competitivo existente nelas. É por isso que existe
preocupação com o relacionamento interpessoal! É nas pessoas que está a maior
probabilidade de crescimento e geração de lucros. Perceba também que essa relação é positiva
para ambas as partes, pois tanto empresa como funcionários crescem em ambiente de bom
relacionamento interpessoal.
Quando as relações interpessoais são boas dentro da organização percebe-se a existência
de um ambiente mais participativo e colaborativo, em que todos os colaboradores se ajudam e
buscam sempre o crescimento organizacional. Nesse tipo de ambiente, a proatividade é uma
característica percebida naturalmente, pois todos estão imbuídos de um compromisso
coletivo. As pessoas se entendem e se ajudam.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Figura 29 - Charge alusiva ao relacionamento interpessoal colaborativo

Fonte: Disponível em: <http://seugestor.com.br/wp-content/uploads/


2012/01/L%C3%ADder-e-a-equipe.jpg>.

Segundo Williams (2017, p. 35) “as pessoas são importantes nas organizações e seus
esforços, como motivação e desempenho, são afetados pela forma como são tratadas em seu
relacionamento com patrões, colegas e grupos de trabalho”.
Dentro das organizações pode haver bons ambientes para se trabalhar ou não, isso
dependerá não apenas da organização, mas também da forma como as pessoas se relacionarão
dentro dela. Em locais em que existam muitos conflitos será complicado atingir metas
organizacionais, pois é sabido que os problemas de relacionamento afetam diretamente a
produtividade. Segundo Alencastro (2016, p.102) “as empresas são feitas de grupos sociais e
laços de amizade, simpatia e antipatia. Isso pode reforçar a coesão do grupo ou destruir sua
eficácia”.
O bom relacionamento interpessoal perpassa por uma série de características
importantes, como por exemplo, a empatia. Ser sensível à condição do outro é muito
importante, pois facilita o surgimento de um relacionamento franco e de compromisso mútuo
dentro das organizações. A empatia é a capacidade que uma pessoa tem de se colocar no lugar
de outra, percebendo seus anseios e dificuldades.
Além dessa característica, percebe-se que são condições necessárias para existência de
um relacionamento interpessoal saudável nas empresas, práticas como a boa comunicação,
gestão de conflitos, motivação e liderança. A liderança por sinal tem papel preponderante nas
relações de trabalho, sendo associado ao perfil dos líderes muitas expectativas acerca de
habilidades e competências para o desenvolvimento das relações interpessoais. O líder precisa
atuar de forma que sua equipe de trabalho sempre esteja numa condição de respeito,
confiança, satisfação e envolvimento sinérgico. Em tais condições seu desempenho e
produtividade estarão em níveis elevados de rendimento. Isso perpassa por um bom
relacionamento entre ele e sua equipe, e entre os membros da própria equipe.

115
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Nesse sentido, é necessário desenvolver aptidões que facilitem o relacionamento
interpessoal de forma que todos os envolvidos na organização consigam gozar do bom
ambiente de trabalho. As pessoas precisam saber conversar, ouvindo e falando no momento
certo e de forma educada e gentil.

Ter habilidade interpessoal é um ponto que pode agregar positivamente valor a


atuação do líder perante sua equipe. Se relacionar bem, é indispensável não apenas
para quem lidera como também para quem é liderado e existindo esse pensamento a
organização tende a sair ganhando, uma vez que todos estão trabalhando de forma
mais tranquila. (CASTRO, 2015, p. 6)

Já para Fiorelli, (2011), “o verdadeiro líder desenvolve no liderado, a percepção de


relacionamento interpessoal significativo, ou seja, que possui relevância para ele”.
Quando se fala em liderança carismática é possível estabelecer imediatamente vínculo
com as relações interpessoais saudáveis, pois líderes carismáticos possuem a habilidade de
agregar sentimentos propícios ao bom relacionamento. Isso se deve ao fato do líder,
independente do seu perfil, ter poder de alterar a forma como as relações interpessoais
acontecem nas empresas.
Apesar dessa nova forma do pensar organizacional, muitas empresas ainda enfrentam
barreiras na promoção de seu relacionamento interpessoal. Isso acontece por uma série de
fatores, como a rigidez nos processos, falta de motivação, de boa comunicação etc.
Em ambientes autoritários e que por consequência que provoque um relacionamento
interpessoal inadequado, existem desdobramentos que muitas vezes fogem da esfera
organizacional, como por exemplo, aparecimento de doenças ocupacionais como o stress. Isso
reflete não apenas na empresa, mas também nas famílias e consequentemente na sociedade.
As doenças ocupacionais por sinal têm sido um tormento para as empresas, pois geram
prejuízos e perda de competividade. Doenças ocupacionais provocam rotatividade e
absenteísmo, aumento nos custos de assistências médicas, falta de compromisso com a
organização, dentre outros problemas.
Para Wagner III e Hollenbeck (2004, p. 129) “ambiente social, chefia e colegas de
trabalho podem provocar satisfação ou frustração para o trabalhador”.
A afirmação desses autores mostra como é importante haver um relacionamento
interpessoal saudável nas empresas, além de remeter a reflexão de que ele (o relacionamento
interpessoal) está vinculado ao ambiente organizacional como um todo.

116
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
ATIVIDADES COMPLEMENTARES

QUESTÃO 01
ENADE 2015
O processo de comunicação envolve elementos essenciais, como emissor, receptor,
mensagem, canal é código. Em relação as barreiras que dificultam a comunicação, avalie as
afirmações a seguir:
I. As barreiras à comunicação são variáveis que interferem na interpretação ou
transmissão adequada das ideias entre indivíduos ou grupos.
II. O emprego de palavras ambíguas e a distância entre o emissor e receptor configuram-se
como barreiras externas à comunicação.
III. O uso de línguas diferentes pelo emissor e pelo receptor e a iluminação do espaço onde
eles se comunicam são barreiras internas à comunicação.

É correto afirmar que:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

QUESTÃO 02
ENADE 2009.
Um dos principais desafios do líder é conseguir a dedicação e o empenho de seus liderados na
realização das atividades e tarefas que lhes competem, visando a alcançar os objetivos
organizacionais. A liderança efetiva pressupõe, portanto, o conhecimento das principais
teorias motivacionais que podem orientar as ações do líder com o objetivo de canalizar os
esforços dos liderados.

É CORRETO afirmar, tendo em conta os conceitos básicos das teorias da motivação, que:

117
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
a) a expectativa dos indivíduos sobre a sua habilidade em desempenhar uma tarefa com
sucesso é uma importante fonte de motivação no trabalho.
b) objetivos genéricos e abrangentes, que dão margem para diferentes interpretações e ações,
são uma importante fonte de motivação no trabalho.
c) os indivíduos tendem a se esforçar e a melhorar seu desempenho, quando acreditam que
esse desempenho diferenciado resultará em recompensas para o grupo.
d) todas as modalidades de recompensas e punições são legítimas, quando seu intuito é
estimular os esforços individuais em prol dos objetivos organizacionais.
e) todos os indivíduos possuem elevadas necessidades de poder, e a busca por atender a
essas necessidades direciona os seus esforços individuais.

QUESTÃO 03
ENADE 2009
Leia o trecho:
Dois membros do comitê de gestão dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro,
discordam quanto ao local onde devem ser realizadas as provas de remo. Pode-se afirmar que
o conflito entre esses dois membros será prejudicial para o desempenho do comitê.

PORQUE

O conflito não é possível de ser administrado, uma vez que resulta da incompatibilidade
interpessoal ou de relacionamento entre dois ou mais membros de um grupo. A respeito
dessas duas afirmações, é CORRETO afirmar que:

a) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.


b) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
c) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
d) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
e) as duas afirmações são falsas.

118
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
QUESTÃO 04
Padrão Enade.
A liderança tem se constituído como instrumento de fundamental importância no contexto
organizacional. Por meio dela as empresas têm procurado se aproximar cada vez mais dos
seus colaboradores, estabelecendo relações mais harmoniosas, fazendo com que eles absorvam
os valores organizacionais e dessa forma atuando de acordo com a sua missão e visão. Diante
desse contexto é correto afirmar que:

1. Liderança é um aspecto que deve ser visto como estratégico dentro das organizações,
pois tem a capacidade de potencializar os lucros de uma empresa, por meio da adesão
das equipes aos seus objetivos.
2. A liderança tem caráter estratégico e se justifica pela importância que as pessoas têm no
ambiente da organização. Sem o apoio das pessoas as empresas não teriam como
desenvolver o seu potencial em escala elevada.
3. A liderança deve ser encarada dentro das organizações como um processo estratégico
apenas em empresas grandes, pois micro e pequenas empresas conseguem facilmente a
adesão dos seus funcionários pela proximidade existente entre eles.

Assinale a opção correta.

a) Os itens 1, 2 e 3 estão corretos.


b) O item 1 está correto, sendo que o item 2 o justifica.
c) Os itens 2 e 3 estão corretos.
d) O item 2 está correto, sendo que o item 1 é uma proposição falsa.
e) O item 3 está correto, sendo que o item 2 é uma proposição verdadeira.

QUESTÃO 05
Padrão Enade
Segundo Alencastro (2016, p.102) “as empresas são feitas de grupos sociais e laços de amizade,
simpatia e antipatia. Isso pode reforçar a coesão do grupo ou destruir sua eficácia”.

1. O importante dentro da empresa é que todos trabalhem bem O relacionamento


interpessoal pode ser colocado em segundo plano, pois não possui impacto direto na
empresa.

119
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
2. O bom relacionamento interpessoal perpassa por uma série de características importantes,
como por exemplo, a empatia.
3. Ser franco e verdadeiro nas relações interpessoais é fundamental para criação de
confiança.
4. A empatia é a capacidade que uma pessoa tem de se colocar no lugar de outra, percebendo
seus anseios e dificuldades.
5. As empresas cada dia mais procuram manter climas organizacionais com padrão elevado,
fomentado interações entre equipes.

Assinale a opção correta.

a) Os itens 1 e 2 estão corretos.


b) Os itens 1, 2, 3 e 4 estão corretas.
c) Apenas o item 1 está errado.
d) O item 2 está correto, sendo que o item 5 é uma proposição que o completa.
e) O item 3 está correto, sendo que o item 2 é uma proposição verdadeira.

ESTUDO DE CASO

Uma grande empresa deseja instalar sua fábrica de pneus na cidade de “Administração Ville”.
Entretanto, enfrenta grande resistência do conselho de moradores que foi formado para
pressionar a prefeitura a não aceitar a instalação da fábrica devido à capacidade que esse tipo
de negócio tem de poluir o meio ambiente. Na frente da prefeitura está acontecendo um
panelaço e a situação é de muita pressão. Sendo você o gestor dessa empresa, qual a melhor
forma de abordar a situação? Como a comunicação organizacional pode intervir para tentar
uma aproximação e esclarecimento dos objetos da empresa na cidade?

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INFORMAÇÕES EM REDE
Faça uma leitura rápida em http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-que-e-
governanca-corporativa/34368/.>

DICA DE LEITURA!
Veja os links abaixo:
<http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/os-impactos-dos-conflitos-
organizacionais-e-sua-perspectiva/73904/ >
<http://www.rhportal.com.br/artigos-rh/conflitos-transformando-em-oportunidades/ >

5 TEMA 4. ADMINISTRAÇÃO EMPREENDEDORA

5.1 CONTEÚDO 1. CONSTRUINDO O FUTURO HOJE

Querido estudante, inicia aqui o quarto é último tema desse módulo. Parabéns pela sua
evolução. Aproveite esse novo conteúdo, pois o presente e o futuro da administração
perpassam pelo empreendedorismo e inovação.
Para abordar o processo empreendedor é necessário, antes de tudo, entender como as
empresas se apresentam perante a sociedade. Saber como elas se classificam, quais os seus
tipos, setor de atividade, constituição de capital, porte e finalidade; são características que
servirão ao empreendedor no momento em que ele for desenvolver o seu plano de negócio.
Sendo assim, o presente conteúdo inicia apresentando para você estudante, as composições de
empresas existentes no país.

Quanto a sua classificação: (citar autor)

1. Setor de atividade (primário, secundário e terciário)

121
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
• Primário – relacionado à aquisição de matéria-prima, cultivados na natureza e
bens ainda brutos que são extraídos;
• Secundário – trabalha na transformação de matéria-prima em produtos ou
serviços a ser comercializado;
• Terciário – refere-se à comercialização de bens e prestação de serviços

2. De acordo com seu Capital (público, privado ou misto)


• Público – quando seu capital é constituído exclusivamente por recursos públicos.
Eles pertencem ao Estado;
• Privado - quando seu capital é constituído exclusivamente por recursos de seus
sócios;
• Misto - quando seu capital é constituído por recursos públicos e privado. Nesses
casos a propriedade fica a cargo do Poder Público, que mantém a
responsabilidade pela administração, apesar de existir capital particular.

3. De acordo com o seu Porte (micro, pequeno, médio, médio-grande e grande)


• Microempresas – com receita bruta anual de até 2,4 milhões de reais;
• Pequena empresa – com receita entre 2,4 milhões e 16 milhões de reais;
• Média empresa – com receita entre 16 milhões e 90 milhões de reais;
• Médio-grande – com receita entre 90 milhões e 300 milhões de reais;
• Grande – com receita superior a 300 milhões de reais.

4. De acordo com a sua finalidade (com fins lucrativos e sem fins lucrativos)
• Com fins lucrativos – são as que atuam com a finalidade de obtenção de lucros;
• Sem fins lucrativos – são as organizações que prestam algum serviço para à
sociedade e não visam à obtenção de lucro.

Independentemente do tipo de organização, todas elas necessitam da utilização de


conhecimentos administrativos. Para Chiavenato (2000, p. 1) “A administração nada mais é
do que a condução racional das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não-
lucrativa”.

122
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Importante observar que independente de como sejam classificadam as organizações,
elas, de uma forma geral, são vistas como organismos, que influenciam e são influenciados
pelo ambiente onde estão inseridas.
Quando uma empresa é concebida o empreendedor precisa antes entender que existem
alguns modelos de gestão que são utilizados no contexto organizacional, alguns sendo mais
tradicionais e outros mais modernos.
Ainda para o autor, no que se refere aos níveis hierárquicos de uma organização, as
empresas tradicionais se dividem em:

Estratégico: Nível mais elevado no contexto organizacional, responsável pelas tomadas


de decisões e por traçar os objetivos e estratégias da empresa. Formado por acionistas e altos
executivos, como por exemplo, o presidente e diretores.

Tático: Fica no centro do desenho organizacional. É o nível gerencial, responsável por


articular a comunicação entre a esfera superior e os cargos existentes na base organizacional.
São responsáveis por utilizar as estratégias traçadas pelos altos executivos em ação.

Operacional: Nível localizado na base do desenho organizacional, sendo a parte mais


baixa da estrutura. Formada por toda a equipe de nível técnico e responsável pela execução
das tarefas.

Figura 30 - Níveis organizacionais

Fonte: Elaboração própria (2018)

123
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
Segundo Sertek et. al. (2012, p. 83) “os níveis hierárquicos referem-se às pessoas e às
atividades realizadas sob o paradigma de autoridade dentro das organizações”.
Apesar de esses níveis serem importantes e ainda existentes nas organizações, o que se
tem percebido é que elas estão procurando cada dia mais interagir com as pessoas para
facilitar o dia a dia de seus processos. A busca por um modelo de gestão mais participativo
apresenta grandes vantagens organizacionais, como por exemplo, mais “segurança para os
processos internos, que são discutidos envolvendo todos os participantes da organização. Essa
ideia de gestão deve ser explorada por empreendedores, que precisarão da ajuda de sua equipe
na implementação de novos negócios.
As figuras abaixo são representativas para ilustrar a evolução no processo da
administração. Ela apresenta um modelo mais tradicional (piramidal) onde existe uma linha
de comando mais rígida, com as ordens partindo de cima para baixo sem haver muito diálogo
com as partes localizadas na sua base. Apresenta também o modelo mais moderno
(neoclássico), que identifica a necessidade de diálogo constante nas esferas organizacionais,
onde por meio da interação os processos se tornam mais seguros e eficientes.

Fonte: Elaboração própria (2018)

A administração é a ciência da modernidade. Ela é a ciência da inovação e do


empreendedorismo. Empreender por sinal, é um processo que está ligado diretamente à
administração, apesar de serem coisas distintas.

124
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Empreender: é a capacidade que um indivíduo tem de identificar a possibilidade
de um negócio e, associado a isso, ter condições de reunir recursos, sejam eles,
financeiros, materiais e humanos para sua criação.

• Administrar: é de forma simples, o entendimento dos processos necessários para


manutenção e crescimento das empresas.

Logo, um bom empreendedor não necessariamente é um bom administrador e vice-


versa. Uma pessoa pode ter uma capacidade de conceber um negócio, mas não ter habilidades
e competências para mantê-lo após sua criação. Ou um bom gestor pode não ter o perfil
necessário para idealizar um novo negócio e assim empreender.
Observa-se que tal fragmentação existente nas habilidades de empreender e administrar
tem provocado fortes mudanças nas Instituições que ensinam a ciência da administração. Em
décadas passadas, quando o aluno adentrava as Faculdades de administração, toda sua
formação era para conteúdos voltados a processos administrativos. Inovação ou
empreendedorismo era pouco abordado ou sequer era discutido. Hoje, as Faculdades de
Administração, tem procurado associar aos seus currículos sempre conteúdo e atividades
voltadas para a inovação e empreendedorismo.
Segundo Dornelas (2015, p. 8) “o mundo tem passado por várias transformações em
curtos períodos, no último século foram criadas grandes invenções que revolucionaram a vida
das pessoas. Essas invenções são frutos da inovação”.
O presente e futuro da administração moderna envolve diretamente o
empreendedorismo, é preciso entender isso.

Numa visão mais simplista, podemos entender como empreendedor aquele que
inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, aquele
que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação. Ser empreendedor significa,
acima de tudo, ser um realizador que produz novas ideias através da congruência
entre criatividade e imaginação. (SEBRAE, 2017).

A mudança no paradigma da administração teve alguns fatores importantes, dentre eles


a globalização. A globalização foi um fator que alterou muito a forma de se administrar. Hoje
os mercados são muito mais ligados, sofrendo imediatamente com as crises econômicas e
crescendo rapidamente em momentos de desenvolvimento. Vivemos num mundo onde
qualquer problema que ocorre na China, por exemplo, impacta imediatamente no Brasil.
Logo, estar preparado para gerir as organizações requer uma grande capacidade de adaptação

125
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
às mudanças. Saber adaptar-se é uma das perspectivas vislumbradas hoje no cenário da
administração moderna.
Figura 31 - Representativa da globalização

Fonte: Disponível em: <https://static.


todamateria.com.br/upload/58/50/5
85088fedbe9d-globalizacao.jpg >

Já imaginou, querido aluno, que uma mesma empresa que atua em mais de um país
pode ser obrigada a utilizar métodos de trabalhos e processos administrativos diferentes? Isso
é algo bem palpável para os dias atuais. Uma empresa brasileira segue as regras do nosso país
quando está atuando no Brasil, mas se tiver uma filial em outro país precisará se adequar à
realidade de lá. Logo, a mesma empresa poderá ter processos distintos para a mesma situação.
Então? Como fazer para resolver essa situaçãozinha? A palavra do momento em
administração é a flexibilidade. Isso perpassa por aspectos como dinamismo, modernização de
processos, avanços nos investimentos em tecnologias de informação, formação de grupos
autogerenciados, desburocratização e boa comunicação interna e externa, e acima de tudo isso
inovação.
Para Kwasnicka (1995, p. 95) “somente sobrevivem às organizações com capacidade de
interagir efetivamente suas operações com seus ambientes. À medida que as mudanças do
ambiente organizacional aumentam, a adaptação torna-se mais complexa e mais difícil de se
obter, e as empresas que não conseguem esse ajustamento estão determinadas a morrer”.
Todo esse cenário em que as organizações precisam atuar demonstra a grande
complexidade existente no mercado de trabalho. O mundo atual é basicamente um
aglomerado de processos altamente mutáveis, demandando habilidade de gestão e adaptação.
E você querido aluno, o que acha disso? Você já parou para pensar que sua forma de
vida está diretamente ligada ao que acontece do outro lado do mundo? Já imaginou como
outras economias influenciam em seu estilo de vida? É bom pensar nisso, pois é a mais pura e
cristalina realidade. Reflita nisso!
Você sabia que existem indicativos que futuramente não teremos a mesma quantidade
de empregos formais existentes hoje? Pare para pensar... Você está testemunhando
diariamente o aumento nos processos de automação e robotização. Cada dia que passa as
empresas tem menos funcionários e mais máquinas trabalhando. O que você precisa fazer?
Ficou complicado? Pensou numa solução para seu futuro profissional?

126
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
A resposta é basicamente inovar e empreender. É percebido que cada dia mais pessoas
estão buscando montar seu próprio negócio, pois a oferta de vagas de emprego está
diminuindo gradativamente. Para trilhar esse caminho é necessário que o indivíduo
desenvolva características como a autoconfiança, comprometimento, perfil arrojado,
otimismo, persistência e inovação.
Segundo dados do Relatório Especial do SEBRAE, de agosto de 2017, o Brasil teve em
2016 a segunda maior Taxa Total de Empreendedores de sua série histórica, com 36% da
população adulta envolvida com a atividade empreendedora.
Obviamente que ao enfrentar uma crise econômica o país pode ter variações nesses
números, mas os dados já comprovam uma tendência nacional.

DICA:
Reflita que você pode construir o seu futuro hoje. Isso implica em se capacitar para
enfrentar o mercado, pois isso lhe ajudará a inovar e empreender, dando ainda habilidades
e competências que lhe ajudarão a manter o seu negócio futuro.

O empreendedorismo é uma tendência tão forte que não está restrita às pessoas. É
percebido que as mudanças vistas no mundo globalizado também têm exigido o perfil
empreendedor por parte das organizações. Devido a isso, o processo de inovação tem sido
muito fomentado nas organizações. Essa tendência será discutida no conteúdo a seguir.

5.2 CONTEÚDO 2. A EMPRESA EMPREENDEDORA

Como visto anteriormente o empreendedorismo é uma tendência global e que tem


impacto profundo na vida da sociedade contemporânea. Para as empresas a situação não é
diferente, uma vez que cada dia enfrentam mais desafios, o que as obriga a serem criativas e
atentas às demandas de mercado.
Essa condição também se deve ao fato das empresas viverem numa época em que o
conhecimento é fortemente disseminado devido ao desenvolvimento das tecnologias de
informação. Hoje, qualquer pessoa tem acesso a informações e por conta disso tem maior
facilidade para desenvolver novos produtos e ofertar novos serviços, impactando diretamente
nas organizações pelo aumento da concorrência existente.
Vivemos numa era da valorização do conhecimento, e quem o detém está na vanguarda
econômica e social. Corroborando com essa afirmação, Drucker (2002, p. 157) cita: “a

127
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
sociedade do conhecimento irá se tornar muito mais competitiva do que qualquer outra vista
anteriormente”.
A empresa empreendedora é caracteriza pela sua capacidade de adaptabilidade,
inclinação para desenvolvimento de projetos e perfil altamente inovador. Possui ainda perfil
arrojado, persistente, exigente e criativo. Ela é fruto, como relatado, das novas tendências do
mercado globalizado.
Segundo Araujo (2004, p. 216) “o ser empreendedor é marcado pelo espírito de
inovação, está na busca constante de algo essencialmente novo; não se satisfazendo em manter
seu negócio, que inovar sempre”.
Importante diferenciar uma ideia de uma oportunidade. Nesse sentido, as empresas
precisam atuar de forma que as novas ideias tenham viabilidade para se tornarem novos
negócios, uma vez que é por meio de negócios que se promove o crescimento. Gastar tempo
com ideias que não terão condições de serem desenvolvidas representa para as empresas perda
de dinheiro. Por conta disso, setores responsáveis por inovação e empreendedorismo
empresarial tem procurado sempre entender como um determinado produto pode ser
desenvolvido e inserido no mercado realizando assim a chamada Gestão da Inovação.
De acordo com o pensamento de Williams (2017, p. 143) “a gestão da inovação consiste
na gestão dos fluxos de ideias, seu incentivo, ausência de impedimentos e condições de
implementação pela organização”.
Organizações empreendedoras buscam criar vantagens competitivas perante a sua
concorrência, de forma que seus produtos estejam em melhores condições econômicas,
financeiros e de apelo social perante as pessoas. Isso requer criatividade e inovação.

Vantagens Competitivas estão necessariamente ligadas a diferenciais que


proporcionam um ganho para o consumidor. Isso pode ocorrer por meio de um
custo menor de produção, de estruturas enxutas e de criatividade no processo de
obtenção do produto, que, por fim, levam a um produto ou serviço de menor custo
e, consequentemente, de menor preço. (DORNELAS, 2015, p. 57).

Para diferenciar seu produto ou serviço no mercado altamente competitivo torna-se


necessário compreender que existem fatores que influenciam diretamente no processo de
inovação e empreendedorismo, são eles: pessoas, recursos, tecnologia disponível e mercado.

Pessoas: São responsáveis pelo processo criativo e de desenvolvimento;


Recursos: São responsáveis pelo pela necessidade de investimentos, seja material ou
financeiro, para desenvolvimento da ideia;

128
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Tecnologia: Ela oferece viabilidade para às ideias, tornando o processo de inovação
mais rápido e eficiente. Não adianta ter uma ideia que esteja fora do contexto tecnológico
disponível da organização, pois isso impedirá seu desenvolvimento;
Mercado: A ideia de um novo negócio precisa ser absorvida para justificar todo o
investimento e tempo utilizado.

5.3 CONTEÚDO 3. O NOVO EMPREENDIMENTO DE RISCO

O título desse conteúdo pode até causar certa apreensão para quem deseja ter um novo
negócio, mas a ideia central não reside no risco, mas em como enfrentá-lo sabiamente.
Conceber um novo negócio, obviamente, traz consigo riscos uma vez que se estará explorando
algo novo.
Nos negócios, assim como na vida, correr riscos pode ser a oportunidade de
crescimento que se espera. Entretanto, tal condição não pode ser simplificada e tornada tão
imediatista, uma vez que se o risco for mal calculado provoca grandes prejuízos. Muitas vezes
o próprio medo de correr risco, leva o indivíduo ou empresa a enfrentar um risco real durante
a sua existência.
O que diferencia o empreendedor das demais pessoas é que ele tem a coragem de
enfrentar os seus medos e buscar o sucesso no novo. Tal pensamento está corretíssimo, desde
que seja embasado em informações que o auxilie a enfrentar e minimizar os riscos. Sendo
assim, sabendo que não há como evitar os riscos, as empresas devem ser hábeis para
identificá-los e assim tentar minimizar as chances deles acontecerem no novo negócio a ser
desenvolvido. Isso perpassa por uma análise de todos os processos que serão realizados para o
surgimento do produto e de todos os riscos que cada um deles porventura possa apresentar.
Administrar riscos é uma arte que requer cuidados, sendo necessário analisar aspectos
ambientais, tecnológicos, financeiros e humanos do negócio. Ele se constitui de importante
ferramenta para as incertezas existentes num mercado tão influenciado pelas mudanças no
ambiente empresarial.
Corroborando com esse pensamento, Dornelas (2015, p. 56) afirma que “é importante
fazer criteriosa análise das reais possibilidades de retorno do empreendimento para
compensar o esforço empreendido no negócio”.
A administração de riscos deve ser pautada sempre com base em informações que
estejam mais seguras possíveis e para isso é necessário que o empreendedor procure se manter
informado de tudo que possa vir a ter influência em seu negócio. De posse de informações

129
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
confiáveis devem-se traçar metas que tentem afastar problemas e riscos. Isso indica que o risco
precisa não apenas ser previsto, mas também e principalmente administrado.
Segundo Drucker (1992, p. 21) “todo o administrador tem como função minimizar
riscos e maximizar oportunidades”.
A identificação dos riscos deve ter o olhar voltado para todos os lados do negócio,
envolvendo clientes, fornecedores, colaboradores, concorrentes, política econômica, possíveis
mudanças na legislação vigentes, dentre outros tantos aspectos que impactam no
funcionamento de uma empresa. Diante disso, torna-se essencial que o empreendedor faça
algumas observações:

• Identificar claramente em qual negócio pretende atuar;


• Identificar local onde o negócio será realizado, analisando potencialidade de
clientes e proximidade de fornecedores;
• Identificar concorrência;
• Desenvolver um planejamento financeiro adequado à realidade do negócio;
• Identificar e firmar financiamento, quando necessário, para implantação do
negócio;
• Desenvolver vantagem competitiva para o produto ou serviço;

Observe querido aluno, que tudo em administração requer planejamento. Isso é ainda
mais latente para quem deseja empreender, pois o empreendedorismo não deixa de ser uma
atividade de risco, que precisa ser bem analisada e controlada. Pense nisso.

Vantagem competitiva: É um conceito desenvolvido por Michael Porter, (professor


de Harvard, com vários trabalhos publicados acerca da ciência da administração) que
estabelece uma diferenciação para um produto ou serviço em relação a sua concorrência,
tornando-o mais atrativo e consequentemente mais desejado pelos seus clientes. Para se
estabelecer vantagem competitiva, Porter, definiu as cinco forças competitivas:

1. Ameaça da concorrência:
2. Produtos substitutos;
3. Poder de negociação dos compradores;
4. Poder de negociação dos fornecedores;
5. Rivalidade entre os concorrentes.

130
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
A diferenciação de um produto pode acontecer de diversas formas, como por exemplo,
aumentando o nível de qualidade e inovação, reduzindo o preço, dando rapidez na entrega,
tipo de garantia etc. A vantagem competitiva está associada ao planejamento estratégico, pois
nele se estabeleceu todo o direcionamento do negócio.
Quem empreende precisa ter um olhar muito apurado para eficiência, pois a
produtividade é uma aliada que somente pode ser alcançada com processo bem definidos e
alinhados. Outro ponto a ser observado nesse contexto é que ao empreender é necessário o
estabelecimento de parceria com fornecedores, de forma que ambas as partes se ajudem. O
fornecedor é um parceiro estratégico de qualquer negócio.
A criatividade é um ponto muito observado em quem empreende, muitas vezes essa
característica se apresenta involuntariamente para o empreendedor e deve ser aproveitada.
Entretanto, ela deve ser seguida de uma análise criteriosa acerca do que foi pensado. Ser
criativo sem ser criterioso é muito perigoso, pois se pode alocar recursos em algo que apesar
de ser legal, poderá não dar o retorno esperado.
Empreender é uma tendência. Empreender com sucesso é uma habilidade. O
empreendimento de sucesso está diretamente relacionado à forma como o indivíduo se
prepara para fazê-lo. Pense nisso!

5.4 CONTEÚDO 4. ESTRATÉGIAS EMPREENDEDORAS

Como empreender? Qual estratégia devo usar para empreender? O empreendimento


deve ser realizado apenas pela ideia?
Bem, os questionamentos acima se apresentam para todas as pessoas que querem criar
seu próprio negócio. Empreender requer preparação, cuidado, persistência, tenacidade,
resiliência e também uma estratégia bem definida.
Caro estudante, você sabe o que é estratégia? Já parou para pensar que para criar e
manter um negócio você precisa se pautar em métodos, técnicas e meios de utilização de
recursos? Pense nisso... Então?... O que é estratégia?

Estratégia é a utilização de ferramentas, tática, técnicas, métodos e recursos para que


seja possível alcançar um determinado objetivo previamente planejado.

131
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
A estratégia de um empreendimento é de fundamental importância para o sucesso, uma
vez que através dela será traçado todo o horizonte do negócio. Para estabelecer uma estratégia
é necessário definir qual será a missão, visão e valores organizacionais.
Para Araujo (2004, p. 244) “as estratégias são regras para o desenvolvimento da relação
com o ambiente externo: quais produtos e tecnologia a empresa irá desenvolver, para quem
será vendido e como se obterá vantagem competitiva”.
O empreendedor precisa, ao defini-la entender bem qual a finalidade que ele quer dar
para o seu negócio; identificar quais são as suas metas de curto, médio e longo prazo. O
desenvolvimento de uma estratégia requer ainda que seja feita uma análise SWOT do negócio,
onde serão levantados todos os pontos fortes e fracos, riscos e oportunidades existentes para
sua concepção.

Curiosidade
SWOT é uma sigla em inglês, utilizada na administração, para analisar os pontos
fortes e fracos, riscos e oportunidades de um negócio, por exemplo.

S (strengths) – forças
W (weakness) - fraquezas
O (opportunities) – oportunidades
T (threats) – ameaças

Ao implantar seus pensamentos de forma estratégica, ou seja, agir planejadamente, o


empreendedor estará colocando suas ideias e concepções sobre a nova empresa de forma
coerente e bem organizada, tendo ainda analisado previamente todos os fatores que poderão
influenciar no seu novo negócio.
Toda estratégia ao ser definida precisa também ser acompanhada, pois ao longo do
processo de empreender pode-se identificar necessidades de mudanças e adequações, que se
passarem despercebidas prejudicaria o sucesso do empreendimento.
Diante disso, pode-se afirmar que um planejamento estratégico envolve três etapas
básicas: a concepção, sua implementação e por fim, a sua avaliação.
No processo empreendedor, tanto as pessoas como organizações precisam definir quais
ferramentas serão utilizadas no desenvolvimento de um novo negócio, produto ou serviço.
Abaixo serão apresentadas algumas ferramentas de fundamental importância do
desenvolvimento do empreendedorismo e inovação.

132
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
• Plano de negócio (business plan): Trata-se de uma ferramenta, apresentada em
forma de documento, onde deve se apresentar todas as etapas e fatores que
influenciam direta ou indiretamente no negócio pretendido. Deve ser
desenvolvida de forma escrita, seguindo coerência de ideias, tendo ainda um
caráter progressivo e sistêmico. Ele serve para nortear as pessoas/empresas sobre
como iniciar a atividade, mapear o ambiente no qual estará inserido, abrangendo
influências como a concorrência existente, disponibilidade/fluxo de
fornecedores e clientes, investimento e capital de giro necessário, tempo de
retorno previsto para o negócio, dentre outros aspectos.

Segundo Araujo (2004, p. 223) “o plano de negócio não garante o sucesso do


empreendimento, mas dá credibilidade a ele. Serve para provar a exequibilidade de uma ideia
sendo importante instrumento na busca por financiamento”.

• Canvas de Negócio (Business Model Canvas): É uma ferramenta utilizada para


a modelagem de novos negócios. Utilizada para gerenciamento estratégico, no
qual se estabelece, numa folha/tela, previamente estruturada, os principais itens
para criação de uma empresa. O canvas de negócio possui os seguintes itens:
parcerias chaves, atividades chaves, recursos chaves, estrutura de custos, oferta
de valor, relacionamento com clientes, canais, segmento do mercado e fontes de
renda.
• Canvas de Projetos (Project Model Canvas): Segue o mesmo princípio do
Business Canvas, mas é utilizada para desenvolvimento de projetos. Também
desenvolvido numa folha/tela, previamente estruturada. O canvas de projetos
possui os seguintes itens: Justificativas (passado), produto, objetivos smart,
benefícios (futuro), requisitos, stakeholders externos, equipe, premissas, grupos
de entrega, restrições, riscos, linha do tempo e custos.
• Incubadoras de empresas: Trata-se de uma organização destinada a ajudar
projetos a se desenvolverem por meio de consultoria em diversas áreas da
administração. Elas atuam transformando pequenos projetos em negócios
funcionais. Serve para auxiliar uma empresa nos primeiros anos de seu
funcionamento. Muito utilizada em universidades, que por meio delas dão
caráter prático a pesquisa de seus estudantes.
• Aceleradora de empresas: Trata-se de pequenas empresas destinadas a apoiar o
rápido crescimento de startups, de forma que elas consigam ser sustentáveis no
menor prazo possível. Para isso, elas fazem uso de mentoring e também injetam

133
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
pequenos investimentos financeiros nos startups, tornando-se sócios. As
aceleradoras são basicamente constituídas de empreendedoras experientes que
atuam auxiliando outros empreendedores.
• Empresa Junior: Trata-se de uma empresa constituída por alunos de cursos
superiores, onde se pretende desenvolver atividades práticas que tenham a
finalidade de prepará-los para o mercado de trabalho. Faz uso constante de
professores do curso de administração, que orientam os alunos nos serviços
desenvolvidos. Normalmente, atuam prestando consultoria para outras
empresas, que pagam pelo serviço. Todo o pagamento recebido pelas empresas
juniores é destinado à sua manutenção, não podendo haver retorno financeiro
para o aluno. Os empresários juniores devem buscar no mercado opções para
prestação de seus serviços, negociando e estabelecendo contatos com o mercado.
As empresas juniores têm por característica desenvolver o perfil empreendedor
dos alunos que a integram.

Como observado, existem várias formas de se empreender no Brasil, mas todas elas para
serem eficientes precisam ser alicerçadas numa preparação de seus idealizadores. Um
empreendedor não nasce feito, ele precisa se capacitar para atuar adequadamente. Ressaltando
que abrir um novo negócio requer ainda maior esforço, pois exige muita dedicação e cuidado
com o negócio para evitar que ele quebre.
As informações abaixo são do Relatório de Sobrevivência das Empresas no Brasil
(SEBRAE) e aborda a taxa sucesso da atividade empreendedora.

Tomando como referência as empresas brasileiras constituídas em 2012 e as


informações sobre estas empresas disponíveis na SRF até 2014, a taxa de
sobrevivência das empresas com até dois anos de atividade foi de 76,6%. Esta foi a
maior taxa de sobrevivência de empresas com até dois anos já calculada para as
empresas nascidas em todo o período compreendido entre 2008 e 2012. Como a taxa
de mortalidade é complementar à taxa da sobrevivência, pode-se dizer que a taxa de
mortalidade de empresas com até dois anos caiu de 45,8%, nas empresas nascidas em
2008, para 23,4%, nas empresas nascidas em 2012. (SEBRAE, 2016, p. 16).

Outra dica importante para quem deseja empreender é utilizar os cursos e capacitações
oferecidas pelo SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Trata-
se de uma instituição altamente prestigiada e respeitada no cenário nacional. Desempenha
papel fundamental no apoio a processos relacionados à inovação, empreendedorismo e
sobrevivência das empresas.

134
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
Ter um investidor pode ser outro ponto a ser analisado. Às vezes uma boa ideia precisa
apenas do recurso necessário para torná-la viável. Obviamente que em épocas de crise
econômica o capital disponível para investimentos por agências bancárias ou financiadoras
fica menor ou em condições não tão atrativas, mas sempre é bom buscar acesso a recursos que
possa potencializar as ideias de novos negócios. Ao fazer essa busca, o empreendedor precisa
avaliar qual o capital que precisa para investir e a partir daí buscar um parceiro, sempre
analisando qual a taxa de juros que está sendo cobrada e qual o tempo exigido para quitação
do débito. Se essas condições estiverem de acordo com a capacidade de adimplência da
empresa, o acordo com o investidor será bem-vindo.
A arte de empreender não pode se apoiar apenas no desejo e disposição para criar novos
negócios, ela precisa ser desenvolvida com critérios, onde o empreendedor desenvolva
pesquisa, busque informações, estabeleça seus parâmetros e metas. Tomar tais cuidados pode
ser o diferencial do fracasso para o sucesso dessa jornada. O empreendedorismo não deixa de
ser uma atividade de risco, mas que proporcionalmente pode gerar grande crescimento para
quem tem coragem de desenvolvê-lo. É importante estudar e se capacitar para realizar essa
atividade, pois uma pessoa bem preparada pode atuar em melhores condições no mercado,
evitando ou diminuindo erros ao longo do processo.
Um problema que acontece muito com empreendedores despreparados é não saber que
uma empresa nova precisa de fôlego para sobreviver. Isso significa que nos primeiros anos de
sua existência, seus sócios precisam retirar o mínimo possível de dinheiro da empresa (pró-
labore). Empresas novas precisam que a maior parte de sua receita seja reinvestida para se
tornar mais sólida e consistente.
Obviamente que no Brasil muitas pessoas empreendem por necessidade, para
sobreviver. E ao montar a empresa nessa condição, à medida que entra dinheiro esse valor é
retirado excessivamente, descapitalizando e fragilizando a empresa. Isso tem sido uma das
causas de insucesso percebido para os empreendedores com essa característica.
Uma dica para sobreviver é empreender por vocação, controlando custos e retirando o
mínimo de dinheiro possível. Se precisar empreender por necessidade de sobrevivência, o faça
com cautela, retirando pouco dinheiro da organização.

135
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADES COMPLEMENTARES

QUESTÃO 01
Segundo Araujo (2004, p. 216) “o ser empreendedor é marcado pelo espírito de inovação, está
na busca constante de algo essencialmente novo; não se satisfazendo em manter seu negócio,
que inovar sempre”.
Considerando a citação acima e baseado nos estudos desenvolvidos acerca do
empreendedorismo, avalie as seguintes asserções:

I. O bom empreendedor é uma pessoa com natureza arrojada, que enfrenta situação de
dificuldade com criatividade e coragem. Ele enxerga as oportunidades de mercado e as
encara independente da indicação de grandes riscos para o negócio.
II. O empreendedor percebe as oportunidades de negócio com facilidade, seu perfil
arrojado lhe permite inovar. Ele acredita que a criação de uma empresa deve ser
pautada numa análise criteriosa de todos os fatore que envolvem o seu contexto, como
por exemplo, clientes, fornecedores, concorrência, situação econômica, dentre outros.
III. O empreendedor acredita em seu potencial acima de tudo, por conta disso desenvolve
habilidades e competências que lhe dê condições de medir riscos e arriscar sempre que
possível.

E correto afirmar que:

a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) III, sendo que a I serve como justificativa.
d) III, apenas.
e) Nenhuma delas.

QUESTÃO 02
O senhor José Olho Apurado da Silva trabalha numa barbearia há 05 anos. Começou como
barbeiro, onde se especializou. Por ser um homem de confiança do proprietário da barbearia,
muitas vezes fica como responsável pelo controle administrativo do local quando o
proprietário precisa se ausentar. José mora muito longe do seu local de trabalho e percebeu
que existem poucas barbearias próximas a sua residência. Isso despertou nele o desejo de abrir

136
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
seu próprio negócio. Com base no que foi visto nos estudos, apresente claramente quais as
etapas que José Olho Apurado da Silva precisa fazer para empreender e criar o seu próprio
negócio.

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QUESTÃO 03
A Vantagem competitiva é um conceito desenvolvido por Michael Porter, que visa estabelecer
uma diferenciação para o negócio, de forma que esse fique mais atrativo e consequentemente
mais desejado pelos seus clientes. Diante desse contexto apresente as cinco forças
competitivas de Porter e discorra sobre como ela pode ajudar no processo de inovação.

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QUESTÃO 04
No processo de empreendedorismo uma ferramenta importante para montagem do negócio é
a análise SWOT. Diante dessa afirmação analise os itens abaixo:

I. A análise SWOT é uma ferramenta essencial para o empreendedor, por sua amplitude
e clareza tem condições de garantir o sucesso do negócio, evitando assim a necessidade
de uma análise mais apurada do ambiente ao qual se desejar empreender.
II. A ideia de uma análise SWOT parte da premissa de que ao identificar os pontos fortes
e fracos os riscos e oportunidades, o empreendedor estará vislumbrando todos os

137
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
problemas que podem ser enfrentados pelo empreendimento, não havendo assim o
risco de surpresas indesejadas.
III. A análise SWOT se constitui como uma ferramenta que pode ser usada pelo
empreendedor, mas precisa ser acompanhada da própria capacitação de quem deseja
empreender, mesmo esta condição não sendo essencial para o sucesso do negócio.

Diante das afirmações acima, assinale a alternativa correta:

a) I, apenas.
b) I e II.
c) II e III.
d) I, apenas. Sendo que o item II o complementa.
e) Nenhuma das alternativas.

QUESTÃO 05
O Canvas é uma ferramenta utilizada para modelagem de novos negócios. Se constitui numa
ferramenta de fundamental importância para empreendedores, pois através dela se consegue
visualizar de forma concisa o planejamento necessário para criação de uma atividade
empreendedora.

I. O canvas é uma ferramenta de modelagem que utiliza processos que serão utilizados
somente após criação da empresa, não tendo características de planejar
estrategicamente situações vista no processo de constituição organizacional.
II. O canvas pode ser utilizado para criação de negócios (Business Model) ou projetos
(Project Model), sendo o mesmo tipo de modelagem utilizada para ambos os casos.
III. Existem características específicas para cada modelo de canvas, devendo sua
modelagem ser direcionada para a finalidade do negócio.
IV. O canvas é uma ferramenta empreendedora que apesar de importante não deve ser
considerada como instrumento exclusivo no processo de empreendedorismo.

Diante das afirmações acima, assinale a alternativa correta:

a) A alternativa I, sendo que a III a complementa.

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LUCIANO SOUSA DE CASTRO
b) I e II, sendo que a IV é uma justificativa para as outras.
c) I, II e III.
d) II apenas.
e) Nenhuma das alternativas.

ESTUDO DE CASO

Joãozinho sempre foi uma pessoa com perfil criativo muito aguçado, desde criança desenhava
com perfeição as mais diversas coisas. Ele tinha um talento raro para esse tipo de arte e ao
chegar à juventude conseguiu logo trabalhar numa empresa responsável por criar produtos
personalizados. Ele trabalhou nela por 4 anos, mas a crise econômica fez com que a empresa
precisasse fechar as portas. Joaozinho recebeu sua rescisão, mas está muito preocupado, pois
não tem nenhuma perspectiva de emprego para o momento e também não sabe o que deve
fazer com o valor recebido na rescisão do contrato de trabalho.
Joãozinho tem um desafio: O que fazer para sair dessa situação? Como ele poderia
empreender?

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TECENDO SABERES
Livro recomendado: Porter, Michael E. Vantagem Competitiva – criando e sustentando um
desempenho superior. 26ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

DICA DE LEITURA SOBRE ANÁLISE SWOT


<http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-conceito-e-aplicacao.html >
<http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/saiba-como-fazer-uma-analise-
swot/73989/ >

139
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
DICA:
Acesso o link abaixo e aprenda como elaborar um plano de negócios
<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/5f6dba
19baaf17a98b4763d4327bfb6c/$File/2021.pdf. >

DICA:
Acesso os links abaixo e veja como funciona o canvas.
<https://www.sebraecanvas.com/#/https://analistamodelosdenegocios.com.br/o-que-e-o-
business-model-canvas/>

DICA:
Acesso os links abaixo e saiba mais:
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-a-diferenca-entre-incubadora-
e-aceleradora,761913074c0a3410VgnVCM1000003b74010aRCRD>
<http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/o-papel-das-incubadoras-de-empresas-
no-desenvolvimento-de-projetos-inovadores-em-universidades/80440/ >

140
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
GABARITO DAS QUESTÕES

TEMA 01: TEMA 03:


1-C 1-A
2-Aberta 2-A
3-Aberta 3- E
4-Aberta 4-B
5-C 5-C

TEMA 02: TEMA 04:


1-E 1-D
2-A 2-Aberta
3-Aberta 3-Aberta
4-C 4-E
5-D 5-C

141
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
142
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
GLOSSÁRIO

ABORDAGEM: tratamento, forma de entendimento acerca de algo, aproximação.


ABSENTEÍSMO: padrão de ausência no trabalho, provocado por falta ou atraso.
AGREGAR: reunir; congregar.
AQUEDUTOS: canal que conduz água.
AUTOGERENCIADAS: que possui autonomia na gestão das tarefas atribuídas
BUROCRACIA: conjunto de normas e regras de controle.
COERCITIVO: coagido; obrigado; forçado.
CONCERNE: relativo ou que diz respeito a algo.
CONOTAÇÃO: sentido que se dá a uma palavra ou expressão.
DIFUNDIDA: que foi disseminada; propagado; divulgado.
ECONOMICIDADE: relativo ao que é econômico.
EMPÍRICO: fatos baseados em observação, sem comprovação por método científico.
EMPREENDER: colocar em execução algo na esfera empresarial. Criar um novo negócio.
EMPODERAR: ato de conceder poder para pessoas ou equipes.
ENRIQUECIMENTO: ato de enriquecer; dar valor e importância para algo.
EXPOENTE: referência na profissão/tema; representante ilustre.
GESTÃO: ato de gerir ou de administrar.
HIERARQUIA: ordenamento de poderes na organização.
HOLÍSTICA: visão abrangente que enxerga o todo de um processo ou situação.
INOVAR: criar com sucesso algo novo ou aplicar uma nova utilização a algo existente.
INSATISFACIENTES: relativos à insatisfação do indivíduo.
INTENSIFICAÇÃO: incrementar; aumentar.
INTERPESSOAIS: relação entre duas ou mais pessoas.
INTRINSECAMENTE: intimamente; internamente; próprio.
PADRONIZAÇÃO: especificação; uniformização.

143
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
PARÂMETRO: comparação entre termos; padrão.
PEJORATIVA: palavra ou expressão depreciativa.
POTENCIALIZAR: desenvolver; tornar forte; intensificar.
PRISMA: modo de se ver algo; ponto de vista.
PRODUTIVIDADE: capacidade de produzir
PRÓ-LABORE: pagamento efetuado ao sócio da empresa.
REQUISITO: exigência para algo; condição.
RETROAÇÃO: ato ou efeito de retroagir; retorno.
REVOLUÇÃO: ato de revolucionar; transformação radical.
ROTATIVIDADE: índice de saída de funcionários de uma empresa.
SATISFACIENTES: relativos à satisfação do indivíduo.
SINERGIA: coesão; cooperação,
SISTEMÁTICA: repetição das ações.
STAKEHOLDERS: pessoas ou grupo de pessoas que possuem relação estratégica com uma
empresa.

144
LUCIANO SOUSA DE CASTRO
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