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Como acontece em toda língua falada por um povo, o catalão varia no espaço onde é falado e também segundo os usos que fazem dele os
seus falantes. No entanto, para descrever e explicar essa variação, mesmo se restringindo ao nível fonológico, seria preciso escrever um livro inteiro.
Com o fim de adequar a questão ao formato deste curso, você encontrará a seguir indicações que o ajudarão a compreender o catalão conforme as
fonéticas dos seus dois macrodialetos – oriental e ocidental – que se subdividem respectivamente nos dialetos central, baleárico, valenciano e norte-
ocidental.
A elaboração deste resumo baseia-se na Proposta per a un estàndard oral de la llengua catalana – fonètica, que o Institut d’Estudis Catalans
publicou pela primeira vez em 1990. Foi usada a última edição revisada, de 1998. Seguindo, pois, os critérios dessa normativa, mencionam-se aqui
apenas as variantes que são recomendáveis ou admissíveis no padrão oral.
Quanto à disposição das informações, como se persegue o objetivo de facilitar a leitura de textos em catalão, preferiu-se partir da ortografia
para chegar à realização fonética. Os sons estão assinalados com o Alfabeto Fonético Internacional (AFI), que é o sistema mais difundido hoje de
notação fonética, o que pode ser complementado com o serviço Google Tradutor (disponível em https://translate.google.com.br/), que oferece a
tradução e a audição de palavras e textos em várias línguas, incluso o catalão. Ao fim de cada seção oferece-se um resumo prático sobre a fonética
do dialeto central – o mais falado –, considerando a especificidade do aprendiz brasileiro.
1 VOGAIS
1
átona inicial [ə], [a], [e] espiar espiar [espiˈaɾ] [aspiˈa]
e átona
[ə], [e] menar tanger [əspiˈa] [meˈnaɾ], [meˈna]
não inicial
[məˈna]
átona
[ə], [e] manar mandar [məˈna] [maˈnaɾ], [maˈna]
não final [ˈmanə]
a
[ˈmana]
átona final [ə], [a], [ɛ] mana manda [ˈmana]
[ˈmanɛ]
[əðonaɾˈsə]
o átona [u], [o] adonar-se dar-se conta [əðuˈnaɾsə] [aðoˈnaɾse]
[əðunaɾˈsə]
Resumo prático
O dialeto central apresenta um sistema vocálico de sete fonemas em posição tônica (/i/, /e/, /ɛ/, /a/, /ɔ/, /o/, /u/), mas em posição átona as
vogais médias anteriores e a baixa se neutralizam em [ə] e as posteriores em [u], o que produz um sistema de três valores: /i/, /ə/, /u/.
Quanto à correspondência entre as vogais médias em catalão e em português em palavras cognatas, as posteriores, [ɔ] e [o], costumam
corresponder-se em uma língua e na outra (cat. f[ɔ]ra, port. f[ɔ]ra; cat. f[o]ra, port. f[o]ra), mas, ao contrário, [e] em catalão costuma corresponder a
[ɛ] em português (cat. c[e]c, port. c[ɛ]go) e [ɛ] no dialeto central a [e] em português (cat. s[ɛ]c, port. s[e]co).
Não há vogais nasais.
2 CONSOANTES OCLUSIVAS
2
gua
[ɡʷ] gual vau [ɡwaɫ]
güe,i
b [β] roba roupa [ˈrɔβə], [ˈrɔβa]
entre vogais
d [ð] roda roda [ˈrɔðə], [ˈrɔða]
ou vogal e [ɾ]
g [ɣ] roga roga [ˈroɣə], [ˈroɣa]
b [bː], [β] reble rebite [ˈrɛbːɫə], [ˈrəbːɫə] [ˈreβɫe]
entre vogal
t [lː] atles atlas [aˈɫːəs], [aˈɫːes]
e [ɫ]
g [ɡː], [ɣ] regle régua [ˈreɡːɫə] [ˈreɣɫe]
corb corvo [kɔɾp]
b [p]
final absorció absorção [əpsuɾsiˈo], [apsoɾsiˈo]
ou antes de gord gordo [ɡoɾt]
d [t]
cons. surda adsorció adsorção [ətsuɾsiˈo], [atsoɾsiˈo]
g [k] gorg poção (em um rio) [ɡoɾk]
p camp campo [kam] [kamp] [kam]
b tomb volta [tom] [tomp] [tom]
final após
cant canto [kan] [kant] [kan]
t cons. nasal [p], [t], [k]
immund imundo [iˈmːun] [iˈmːunt] [iˈmːun]
d (t também ou mudo
salt salto [saɫ] [saɫt] [saɫ]
após [ɫ])
c cranc caranguejo [kɾaŋ] [kɾaŋk] [kɾaŋ]
g sang sangue [saŋ] [saŋk] [saŋ]
Resumo prático
As oclusivas sonoras soam fricativas entre vogais ou vogal e [ɾ] e surdas em posição final. No dialeto central apagam-se em posição final após
consoante nasal (e também t após [ɫ]). No mesmo dialeto, b e g articulam-se longas entre vogal e [ɫ].
3 CONSOANTES NASAIS
3
canya cana [ˈkaɲə], [ˈkaɲa]
ny [ɲ]
any ano [aɲ]
imperi império [imˈpɛɾi]
simfònic sinfônico [siɱˈfɔnik]
m fim de sílaba
[m/ɱ/n/ɲ/ŋ] intern interno [inˈtɛɾn]
n não final
ingrat ingrato [iŋˈɡɾat]
injust injusto [iɲˈ(d)ʒust]
Resumo prático
Em catalão não há vogais nasais: as consoantes nasais em fim de sílaba articulam-se claramente. Em começo de sílaba ou fim de sílaba final,
há um sistema de três valores: /m/, /n/, /ɲ/. Em fim de sílaba não final neutralizam-se, de modo que a sua articulação depende da assimilação à
consoante seguinte.
4 CONSOANTES FRICATIVAS
4
Resumo prático
No dialeto central, a distinção entre b e v aparece apenas na comarca do Camp de Tarragona.
5 CONSOANTES AFRICADAS
Resumo prático
Os dígrafos ig, tg e tj estão em distribuição complementar. Escreve-se ig em fim de palavra, por exemplo, lleig feio; tg antes de e e i, p. ex.,
enlletgir enfear; tj antes de a, o e u, p. ex., lletjor feiura.
O x soa [ks] quando na palavra correspondente em português essa mesma letra tem os sons [ks] ou [s] e soa [ɡz] quando na palavra
correspondente em português tem o som [z]. Compare: cat. mà[ks]im e port. má[s]imo, cat. è[ɡz]it e port. ê[z]ito.
6 CONSOANTES LÍQUIDAS
5
r qualquer ras raso [ras]
[r]
rr (r inicial) serra serra [ˈsɛrə], [ˈsɛra]
las lasso [ɫas]
celta celta [ˈsɛɫtə], [ˈsɛɫta]
l [ɫ]
qualquer segle século [ˈseɡːɫə], [ˈseɣɫe]
cel céu [sɛɫ]
l·l [ɫː] cel·la cela [ˈsɛɫːə], [ˈsɛɫːa]
inicial [ʎ] llaç laço [ʎas]
ll entre vogais sella sela [ˈseʎə] [ˈseʎə]
[ʎ], [j] [ˈseʎa]
ou final cella sobrancelha [ˈsɛʎə], [ˈsɛjə] [ˈsəjə]
ametlla ou ametla
tll ou tl entre vogais [ʎː], [ɫː] [əˈmɛʎːə] [əˈməɫːə], [aˈmeɫːa] [aˈmeʎːa]
amêndoa
Resumo prático
No dialeto central, o r do infinitivo e dos sufixos -er e -or é mudo, mas em outras palavras a sua articulação ou apagamento varia.
No mesmo dialeto, a articulação do ll como [j] não acontece em todas as palavras, e o seu prestígio social é desigual segundo a área: em
Barcelona em vull [buj] quero é sentida como normal, mas em cella [ˈsɛjə] é rejeitada como rústica.