EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL

DA COMARCA DE COLATINA/ES

Autos n°: 000.00.00000-0

HUMBERTO SCARPINELLA, já qualificado nos autos, ora embargante, por

seu advogado bastante constituído, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento nos arts. 535 e seguintes do Código de Processo
Civil, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO contra a sentença proferida nos
autos da “Ação de cobrança” em epígrafe, pelos motivos que seguem.

I – BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Fredie Dinamarco, ora embargado, no dia 15 de março de 2010, ajuizou

ação de cobrança em face do embargante, alegando, em síntese, que em data de
12 de dezembro de 2007, teria o mesmo se hospedado em seu hotel de alto luxo,
situado na cidade de Colatina/ES, pelo período de 30 dias, de onde saiu sem
honrar com as despesas de hospedagem e consumação de alimentos e bebidas,
que totalizaram o vultoso montante de R$ 21.000,00 (vinte e um mil reais).

A indigitada ação foi distribuída ao Juízo da 4ª Vara Cível e Comercial da

Comarca de Colatina/ES em data de 29 de março de 2010, que no mesmo dia
recebeu a petição inicial e determinou a citação do embargante para compor a
relação jurídico-processual, bem como sua intimação para, querendo, apresentar
resposta.

O embargante, citado no dia 05 de abril de 2010, apresentou contestação

no prazo regular, alegando como defesa indireta de mérito a ocorrência da
prescrição e a título de defesa direta a compensação da dívida cobrada, haja vista
que era credor do embargado de valor idêntico ao por ele cobrado.

Após regular instrução processual, o MM. Juiz da 4ª Vara Cível e Comercial

da Comarca de Colatina/ES julgou procedente no todo o pedido de Fredie
Dinarmarco, rechaçando a tese defensiva de compensação ventilada por
Humberto Scarpinella, sendo o embargante intimado em 20 de outubro de 2010.

II – DA FUNDAMENTAÇÃO

Os embargos de declaração, ante o disposto no art. 535 do CPC, serão

opostos quando:
I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade, ou contradição;

II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

À vista de tais disposições, verifica-se que os embargos de declaração se

constituem remédio processual para cuja utilização a lei exige a prolação de uma
sentença ou um acórdão, a que se repute vício de obscuridade ou contradição, ou,
ainda, a ocorrência de um pronunciamento incompleto ou inexistente por parte de
um juiz ou tribunal, visando:

(a) complementar e/ou aclarar a decisão embargada, tornando-a inteiramente

cognoscível pela parte que aviou o recurso, esclarecendo-na sua situação
jurídica após o advento da decisão judicial, modificando o julgado
recorrido;
(b) (b) substituir in totum a decisão embargada, por ser com ela
manifestamente incompatível. Neste caso, não se trata de nova decisão
que modifique a anterior, mas de pronunciamento que verdadeiramente
substituiu o predecessor, chegando mesmo a anulá-lo.

Ensinam os mestres Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery que
“Os Embargos de Declaração podem ter, excepcionalmente, caráter infringente
quando utilizados para: a) correção de erro material manifesto; b) suprimento de
omissão; c) extirpação de contradição”.
Verifica-se que, na sentença embargada, houve omissão (ocorre quando o
magistrado não se manifestar sobre um pedido, sobre argumentos relevantes
trazidos pelas partes ou sobre matérias de ordem pública, que são apreciáveis de
ofício, tenham ou não sido suscitadas pelas partes), eis que o douto julgador não
se manifestou em relação à prescrição alegada pelo embargante em sua
contestação, matéria de ordem pública que, inclusive, deveria ser examinada de
ofício (CPC, art. 219, § 5º), razão pela qual se apresentam os presentes embargos
declaratórios.

Restou, portanto, demonstrada a omissão, podendo, neste caso

excepcional, o presente embargo operar efeito modificativo na decisão, como já
assentado na doutrina e jurisprudência, como comprova a seguinte ementa:

“EMBARGOS DECLARATORIOS – ADMISSIBILIDADE E

EFEITOS – Os embargos declaratórios são admissíveis
para a correção de permissão equivocada de que haja
 partido da decisão embargada, atribuindo-se-lhes efeito
modificativo quando tal premissa seja influente no
resultado do julgamento.” (STF – ED-RE 207.923-5 – 1ª
T. – Rel. Sepúlveda Pertence – DJU 31.10.1997) grifo
nosso
Do exposto, resta demonstrada a possibilidade de atribuir efeitos
modificativos aos embargos de declaração.

III – DO PEDIDO

Diante dos motivos expostos, requer que, conhecidos os presentes

embargos de declaração, seja dado provimento aos mesmos, a fim de suprir a
omissão verificada na sentença vergastada.

Termos em que;
Pede deferimento.

Colatina/ES, 24 de outubro de 2010.

FULANO DE TAL
OAB n° XX.XXX