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Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de
Morte Súbita em Bovinos
ORGANIZADORES
2011
CADERNO SOBRE
Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em
Bovinos
ORGANIZADORES
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
(Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG)
Profa. Viviane Modesto Arruda
(Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG)
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SUMÁRIO
Pág.
1. Introdução………………………………...................... 4
2. O que são plantas tóxicas?............................................. 5
3. Condições em que ocorrem as intoxicações................... 6
4. Medidas de controle e de prevenção das intoxicações... 6
5. Diagnose e prevenção.................................................... 7
6. Importância na saúde pública......................................... 8
7. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita
em bovinos..................................................................... 9
7.1. Palicourea marcgravii……………........................ 9
7.2. Mascagnia rigida……………................................ 10
7.3. Tetrapterys acutifolia.............................................. 12
7.4. Ricinus communis................................................... 13
7.5. Cestrum laevigatum................................................ 15
7.6. Pteridium aquilinum............................................... 16
7.7. Lantana camara...................................................... 19
7.8. Enterolobium contorsiliquum.................................. 21
7.9. Crotalaria anagryroides.......................................... 22
7.10. Asclepias curassavica........................................... 24
8. Conclusão....................................................................... 25
9. Referências..................................................................... 26
10. Contato com os organizadores..................................... 27
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1. Introdução
5
que em doses mínimas são remédios. A toxidez vegetal pode ser
resultante da ação de algum composto específico ou da ação de
compostos químicos associados. As substâncias tóxicas das
plantas podem estar limitadas as estações do ano, a específicas
condições ambientais, ou ainda a variedades da planta.
5. Diagnose e prevenção
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Figura 2. Indícios de intoxicação: sinais apresentados pelo
cadáver; presença da planta tóxica e ossadas próximas à planta.
Fonte: Carvalho, 2005.
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7. Principais plantas tóxicas causadoras de
morte súbita em bovinos
Família: Rubiaceae
Características Gerais:
É a planta tóxica mais importante no Brasil. Possui
ampla distribuição geográfica (só não ocorre no extremo
sul do país e no sertão nordestino). É difícil a erradica-
ção. É arbustiva, com folhas opostas e pecioladas. Suas
folhas têm cheiro de salicilato de metila (“vick”). É mui-
to palatável.
Princípio Tóxico:
Ácido monofluoroacético. Monofluoroacetato de sódio.
Sinais Clínicos:
Arritmia cardíaca, andar cambaleante, paraplegia, con-
vulsões, dispneia, prostração, pulso venoso positivo. A
morte súbita pode ocorrer 7 a 14 horas após a ingestão.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 3. Palicourea marcgravii
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Características Gerais:
É encontrada em todo o Nordeste do Brasil e em Minas
Gerais e Espírito Santo. É planta do agreste e do sertão,
porém ocorre em locais mais frescos como campos, ca-
poeiras e matas. A planta é tipo cipó arbustivo. Apresenta
boa palatabilidade. Possui folhas atrativas flores amare-
las (inflorescência) e frutos alados de coloração casta-
nha.
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Princípio tóxico:
Saponina. Glicosídeo Digitálico.
Sinais clínicos:
Anorexia, depressão, andar cambaleante e quedas repen-
tinas. Animal deitado com movimentos desordenados,
tremores musculares, “movimentos de pedalagem”. Pul-
so venoso positivo. Mugido forte, respiração espaçada ou
forçada. A morte súbita ocorre entre 24 e 48 horas após a
ingestão da planta. Em alguns casos, pode ocorrer de 1 a
18 minutos após o início dos sintomas.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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7.3. Tetrapterys acutifolia
Família: Malpighiaceae
Nomes vulgares: “cipó-ruão” e “cipó-preto” (MG).
Características Gerais:
A planta é restrita à região Sudeste do Brasil. Cresce na
forma de cipó ou de arbusto (pseudo-arbusto ou
enroladeira). Planta atrativa com folha de coloração ver-
de bem evidente e inflorescência tipo panícula, com flo-
res amarelas. O fruto tem coloração marrom-avermelha-
da. As intoxicações são comuns na época da seca (agosto
a outubro). O adoecimento varia de 6 a 28%, com letali-
dade próxima a 100%.
Princípio tóxico:
Desconhecido.
Sinais clínicos:
Os sinais de intoxicação estão relacionados à insuficiên-
cia cardíaca: veia jugular ingurgitada, pulso venoso posi-
tivo, edema da região da barbela, arritmia cardíaca,
edema esternal (peito inchado), dificuldade de locomo-
ção, fraqueza e anorexia, tremores musculares, fezes res-
sequidas. Pode ainda ocorrer aborto ou nascimento de
bezerro muito fraco que logo morre. A evolução é de su-
baguda a crônica. Pode ocorrer a morte súbita quando
animal é forçado a se movimentar.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 5. Tetrapterys acutifolia.
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Princípio tóxico:
• Ricina: presente nas sementes. Causa distúrbios
digestórios.
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• Ricinina (alcaloide): presente nas folhas e no
pericarpo. Causa distúrbios nervosos.
Sinais clínicos:
1. Quadro Digestório: anorexia, cólica, vômitos, diarreia
catarral a hemorrágica, falência cardíaca, hipotensão e
choque hipovolêmico.
Quadro Nervoso: desequilíbrio, dificuldade ao deitar,
tremores musculares, sialorreia (hipersalivação) e
movimentos de mastigação excessivos.
Tratamento:
Não há tratamento específico, somente paliativo visando
controlar os sinais clínicos manifestados.
Profilaxia:
Evitar o pastejo em áreas infestadas. A torta de mamona
usada na alimentação deve estar detoxicada.
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7.5. Cestrum laevigatum
Família: Solanaceae
Nomes vulgares: “coerana”, “baúna” e “dama da noite”.
Características Gerais:
Dispersa nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
A planta é arbustiva e pode ter até 3 metros de altura. As
folhas são pecioladas e alternadas, o fruto é ovoide, qua-
se preto quando maduro. Não possui boa palatabilidade,
mas depois de murcha se torna mais palatável.
Princípio tóxico:
Saponina: Cestrumida (substância amarga).
Não há perda de toxicidade pela secagem.
Sinais clínicos:
Apatia, anorexia, parada ruminal, “dorso arquejado”, fe-
zes ressequidas, podendo ter estrias de sangue. Desequi-
líbrio, tremores musculares, andar cambaleante, ranger
de dentes, sialorreia (hipersalivação), retração do globo
ocular, hipotermia. O quadro clínico tem evolução aguda,
4 a 24 horas, e culmina com a morte do animal.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 7. Cestrum laevigatum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Características Gerais:
A planta é cosmopolita, sendo encontrada principalmente
nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Habita regiões
frias e chuvosas, com solos de pH ácido e bem drenados
(preferencialmente em encostas de morro). A planta é
rasteira, rizomatosa, forma touceiras densas. As folhas
são grandes, e podem atingir 1,80 metros ou pouco mais.
No controle, deve-se arrancar as plantas, arar o solo e
fazer a calagem.
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Princípio tóxico:
1. Glicosídeo ptaquilosídeo: é tóxico aos ruminantes
(principalmente bovinos). Possui efeito cancerígeno
acumulativo. È transmitido pelo leite e não é inativa-
do pelo processo de pasteurização.
2. Tiaminase: é tóxica aos monogástricos (principal-
mente equinos). Causa deficiência de Tiamina (Vita-
mina B1).
Sinais Clínicos:
O quadro clínico-patológico em bovinos pode ser
dividido em três: síndrome hemorrágica aguda (diátese
hemorrágica – hemorragia de pele), hematúria enzoótica
(sangue na urina) e carcinomas das vias digestórias
superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen).
Hemorragia de pele
Ocorre em bovinos jovens e adultos que ingerem mais de
10 gramas da planta por quilo de peso vivo do animal
(10 gramas da planta/kg animal). Tem alta letalidade. A
hemorragia de pele é acompanhada de hipertermia
acentuada. Durante a necropsia podem ser observadas
hemorragias em todos os órgãos e tecidos, úlceras nas
mucosas e sangue coagulado no intestino.
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Sangue na Urina
Este quadro tem evolução crônica quando os animais
ingerem menos de 10 gramas da planta por quilo de peso
vivo do animal por ano (10 g da planta/kg animal/ano). A
hematúria (sangue na urina) é intermitente, acompanhada
de anemia, emagrecimento e incontinência urinária.
Babesiose (Piroplasmose, “Febre do Carrapato”, Tristeza
Parasitária Bovina). Durante a necropsia observa-se a
presença de nódulos na bexiga, com o aspecto de couve-
flor, de coloração amarelada ou avermelhada.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 8. Pteridium aquilinum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Características Gerais:
A planta é arbustiva, de distribuição cosmopolita,
encontrada do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O caule
e os ramos têm pequenos espinhos. Suas folhas são
opostas e ovais, de aspecto áspero-rugoso. As flores na
mesma inflorescência são amarelas, alaranjadas,
vermelhas e rosas. Os frutos são redondos, lisos e
brilhantes. As infrutescências são densas, de coloração
roxa escura ou preta (o que a confere o nome vulgar de
“chumbinho”).
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Princípio tóxico:
Triterpenos: Lantadeno A e B
Sinais clínicos:
Anorexia, diminuição dos movimentos ruminais,
fotossensibilização das partes despigmentadas da pele,
coceira intensa, inquietação, icterícia (amarelamento das
mucosas), urina de coloração amarelo escuro a marrom e
fezes endurecidas e em pequenas quantidades.
Tratamento:
Usar purgantes e carvão ativado. Os animais devem ser
mantidos à sombra e com água à vontade.
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7.8. Enterolobium contorsiliquum
Família: Mimosoideae
Nomes vulgares: “timbaúba”, “tamboril-da-mata” e “orelha-de-
macaco”.
Características Gerais:
Possui distribuição desde o Pará até o Rio Grande do
Sul. Habita principalmente as terras férteis de Minas
Gerais. A planta é arbórea, de tronco curto e grosso e
com casca. A copa é esgalhada e com folhas alternadas.
Os frutos têm forma de vagem recurvada com borda
ondulada e preta, semelhante a “orelha-de-macaco”.
Princípio tóxico:
Saponina esteroidal (presente nas vagens)
Sinais clínicos:
Ausência de apetite, fadiga, diarreia escura e fétida,
desidratação (retração do globo ocular), culminando com
a morte dos animais.
Tratamento:
Não há tratamento específico. Somente paliativo.
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Figura 10. Enterolobium contorsiliquum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Características Gerais:
A planta tem ampla dispersão, sendo encontrada
principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. É
herbácea e tem aproximadamente 50 centímetros de
altura. Possui inflorescência terminal com flores
amarelas e frutos em forma de vagem, que quando secos
ficam com aparência de chocalho.
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Princípio tóxico:
Alcaloides pirrolizidinicos.
Sinais clínicos:
Os animais apresentam anorexia, emagrecimento e
sintomas nervosos de excitação e depressão.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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7.10. Asclepias curassavica
Família: Asclepiadaceae
Nomes vulgares: “oficial-de-sala”, “capitão-de-sala”, “leiteira”,
“paina-de-sapo”
Características Gerais:
Possui distribuição por todo o país. Seu habitat são as
terras férteis. A planta é anual, herbácea e lactífera. As
folhas são opostas-cruzadas, lanceoladas, com a base e o
ápice “afilados”. Sua inflorescência é apical, axiliar, com
flores alaranjadas e vermelhas. Seus frutos são fusifor-
mes e lisos, e as sementes são achatadas, de coloração
castanha, com pelos longos e sedosos. Não é muito pala-
tável, não é consumida naturalmente pelo gado, geral-
mente é ingerida acidentalmente junto com a forrageira.
São mais consumidas pelos bezerros por crescer nos lu-
gares mais baixos e mais férteis, normalmente próximo
aos currais e bezerreiros.
Princípio tóxico:
Glicosídeo.
Sinais clínicos:
Anorexia, diarreia líquida ou pastosa, às vezes com
muco. Timpanismo, edema submandibular, arritmia
cardíaca. O quadro pode ter evolução aguda ou
subaguda.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 12. Asclepias curassavica
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
8. Conclusão
As plantas tóxicas causam grandes prejuízos. Podem afetar
a saúde dos humanos e comprometer a produtividade dos reba-
nhos, provocando mortes e diminuição de crescimento.
É de grande importância identificar as plantas tóxicas in-
vasoras das pastagens. Observar a biologia da planta e identifi-
car os métodos ecológicos de reduzir sua presença nas pasta-
gens. Dessa forma, adotar procedimentos e manejos de preven-
ção das intoxicações.
Na maioria dos casos de intoxicação por plantas os trata-
mentos são emergenciais e paliativos. A resposta aos tratamentos
depende da vitalidade do animal, da intensidade da intoxicação e
da planta.
Na Medicina Veterinária Homeopática há a recomendação
geral de desintoxicar com Nux vomica 4CH, doses de 10 a 20
gotas, repetidas a cada 60-120 minutos, tão logo haja sinais de
intoxicação. Pingar diretamente na língua.
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9. Referências
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