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RESUMO
O trabalho tem como objetivo analisar a possibilidade de desenvolvimento do turismo rural na
comunidade Lagoa da Prata, em Parnaíba, Piauí, a partir de uma abordagem sustentável. Além
disso, caracterizar a área do objeto de estudo com uma visão holística e estabelecer
teoricamente os meios de viabilizar o segmento na localidade. A metodologia empregada
partiu da pesquisa bibliográfica (livros e sites), documental e de campo, com aplicação de
questionários fechados e a observação simples. A pesquisa revelou singularidades e
potencialidades na região quanto à implantação do turismo no espaço rural, com destaque
para a população local que se mostrou disposta a participar da atividade, condição que
favorece o processo de implementação do turismo em áreas rurais. Assim, conclui-se que o
planejamento estratégico e participativo deve existir antes do início da exploração turística, a
fim de priorizar a anulação de possíveis impactos negativos sobre a comunidade.
ABSTRACT
This paper aims at analyzing the possibility of development for rural tourism in the
community Lagoa da Prata, in Parnaíba, Piauí, from a sustainable approach. Besides, it
characterizes the area of the study object with a holistic view and establishes the means to
make such segment possible in the locality. For the methodology we used bibliographical
(books and websites), documental and field research through applying closed questionnaires
and simple observation. The research showed singularities and potentialities in the area
concerning the implementation of tourism in rural areas. Thus, we could conclude that the
strategic and participative planning has to take place before the touristic exploration in order
to prioritize the cancellation of possible negative impacts over the community.
1. INTRODUÇÃO
Segundo o MTur (2006, p. 3 como citado em Dias, 2011, p. 25), o turismo rural
constitui-se como o:
Conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a
produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e
promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade. Tais atividades
turísticas no meio rural constituem-se da oferta de serviços, equipamentos e
produtos de: hospedagem; alimentação; recepção à visitação em propriedades rurais;
recreação, entretenimento e atividades pedagógicas vinculadas ao contexto rural;
outras atividades complementares às [...] listadas, desde que praticadas no meio
rural, que existam em função do turismo ou que se constituam no motivo da
visitação.
Para o melhor delineamento das ações que envolvem a atividade turística, faz-se
necessário a adoção de um planejamento específico para a destinação, estabelecendo
estratégias e mecanismos que garantam o futuro da atividade, auxiliando no processo de
tomada de decisões por parte dos envolvidos. Loch e Walkowski (2009) atentam para a
importância de um planejamento em busca de ordenar as ações a serem desenvolvidas em
preceito, Eusébio e Figueiredo (2014) sugerem que nestes espaços o desenvolvimento ocorra
com obrigatoriedade, obedecendo aos princípios da sustentabilidade. As autoras continuam,
para elas “a sobrevivência destas áreas e o seu possível usufruto por parte das gerações futuras
serão fortemente comprometidas se forem palco de estratégias de desenvolvimento que não se
norteiam por esses princípios” (Eusébio & Figueiredo, 2014, p. 52). Desse modo, o
planejamento participativo tende a ajudar as perspectivas sustentáveis para a implantação e o
desenvolvimento da atividade turística em áreas rurais.
Para vislumbrar as potencialidades do turismo rural e depois potencializá-las, faz-se
necessário identificar os atrativos. Para Catai (2006, p. 13), esse “[...] processo de
identificação é constituído pela realização do Inventário Turístico como instrumento primário
para chegar ao diagnóstico e às possíveis ações relacionadas à criação de um produto
turístico”. Esse é o marco inicial de qualquer planejamento turístico.
Para incrementar e adicionar outras fontes de recurso às comunidades rurais, o
Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário [MDA] (2004) ,
implantou, em (2004), o Programa Nacional de Turismo Rural na Agricultura Familiar
[PNTRAF], com ações vinculadas à Rede de Turismo Rural na Agricultura Familiar [TRAF],
iniciada em (2001). A Rede TRAF constituiu-se de “[...] uma articulação nacional de
instituições governamentais e não-governamentais, técnicos e agricultores familiares
organizados, que atuam nas atividades do turismo rural com objetivos de fortalecer a
agricultura familiar e promover o desenvolvimento rural sustentável” (PNTRAF, 2004, p. 7).
Antes disso, o Governo Federal, em 1996, criou o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar [PRONAF], tendo como objetivo direcionar créditos para intensificar a
produção agrícola e não-agrícola, incluindo, também, a cessão de linhas de crédito para
atividades do turismo rural (Candiotto, 2013).
No Brasil existe a atuação do Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural
[IDESTUR] (2014), organismo que levanta a bandeira do desenvolvimento do turismo,
estando interligado a uma rede internacional de entidades com propósitos iguais. O IDESTUR
(2014) trabalha com o objetivo de desenvolver finalidades específicas do turismo rural e suas
ações estão voltadas à prestação de serviços relevantes à sociedade, como: cursos de
capacitação, eventos, seminários e, ainda, participa da construção e elaboração de políticas
públicas estaduais e nacionais voltadas ao turismo rural. Além disso, o IDESTUR (2014)
possui uma lista representativa de parceiros do setor, tais como operadoras de turismo,
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
da informática. Porém, essa condição educacional não é fator de exclusão para alguns
segmentos do turismo, como o comunitário e o rural, logo, estes não requerem grau elevado
de escolaridade, mas sim o contato direto e a troca de experiências entre visitantes e visitados,
iniciando o processo de interação turística. Segundo Coriolano et al. (2009, pp. 189-190), esse
tipo de turismo pode “[...] abrir espaços para os jovens para que possam capacitar-se e
permanecer no lugar”. Ruschmann (2000, p. 65) vai mais além, a pesquisadora afirma:
Assim como o turismo convencional, o turismo rural constitui uma fonte de renda,
proveniente de impostos e de divisas para as localidades onde ocorre; gera empregos
para a mão-de-obra local, fazendo reverter, em certos casos, o processo de êxodo
rural dos jovens, que já não precisam migrar para as grandes cidades em busca de
empregos; estimula uma série de atividades produtivas, inerentes ao contexto rural,
tais como produtos agrícolas, vestuário específico, construções e serviços públicos,
transporte e seguros.
Nesta perspectiva, essa modalidade tende a diminuir, reverter e/ou anular o efeito do
êxodo rural, grave problema que atinge boa parte das zonas rurais em todo o país, inclusive na
comunidade em questão. Por tudo isso, Dias e Aguiar (2002) chamam atenção para esse fator,
para os pesquisadores, a difusão do turismo no espaço rural pode transformar os autóctones ao
ponto de a aculturação ser mais evidente, causando certa preocupação. Muitas das vezes o
homem do campo, ao participar do turismo na sua localidade, passa a trabalhar em funções
diferentes das suas, ocasionando alterações comportamentais, uma delas é “copiar” o turista a
partir de suas culturas que são alheias ao trabalhador do campo. Em continuação, Ramos,
Moura e Macêdo (2013, p. 574) acrescentam:
Estabelecer perspectivas de desenvolvimento faz do turismo uma atividade
articulada ao desenvolvimento local apresentando características genuínas, pela
inserção de novos produtos e, com isso, a geração de novos empregos e
investimentos para a comunidade receptora.
Gráfico 1: Distribuição percentual dos moradores da Lagoa da Prata sobre turismo rural.
Fonte: autores
Neste contexto, a aceitação e aprovação do turismo pelos moradores são
imprescindíveis para o desenvolvimento do setor, pois causa influência direta no tratamento
dado ao visitante. Nessa perspectiva, Magalhães (2002 como citado em Carvalho, 2010, p.
483) afirma:
[...] à medida que a comunidade vai se sentindo envolvida, torna-se mais motivada
em relação a sua participação no processo de desenvolvimento do turismo, o que
pode levar ao surgimento do senso de responsabilidade de ser guardião dos
patrimônios natural, histórico e cultural da localidade.
Gráfico 2: Distribuição dos moradores da Lagoa da Prata quando a aceitação do turismo rural.
Fonte: autores
A percepção da população do local receptor deve ser apreciada e julgada pela
comunidade para que se possa medir e definir a interação e a integração da população quanto
à implantação de qualquer atividade no ambiente. Nesse contexto, de acordo com Regules,
Cavalcanti, Tibério e Silva (2007, p. 29):
Para que o desenvolvimento turístico consiga se estabelecer de forma mais efetiva e
sustentável, é muito importante contar com a participação e o envolvimento da
comunidade local, já que sua compreensão da realidade é única. A partir de um
processo participativo, fica mais fácil construir com sucesso boas políticas de
turismo.
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
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