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o MÉTODO CIENTíFICO

Teoria e Prática

.t

Planejamento, editoração e redação

! A. Guilherme Galliano

Equipe editorial
Ana Lúcia Teixeira Vasconcelos
Maurício Rittner
Silvana Salerno Rodrigues

1S:ffl
HARBRA
HARPER & ROW DO BRASIL

'. Cambridge
Filadélfia
Nova Iorque
tfj
SÃO PAULO
Londres
Bogotá
México
São Francisco Sidney
1817
-1 \

o CONHECIMENTO 17

o conhecimento mais amplo, mais profundo, mais detalhado e mais exato. Mas está ainda mui-
to longe de ser completo. Assim, considerando-se o desenvolvimento histórico
da ciência, é lógico pressupor que o cientista do final do século XXI disporá de
conhecimentos muito mais desenvolvidos e exatos do que os de hoje.
Afinal, o que é conhecer? '7
Em linhas gerais, conhecer é estabelecer uma relação entre a pJ:SSmt_ql.te __, Tu L o
.1ntrgduçÍlo
• Conhecimento vulgar
conhece e o objeto que passa a ser conhecido. No processo de conhecimento, M-', -"1
• Conhecimento Científico qüêffiCÕnhece aca6a pór, 'ae certo moõõ;-apropriar-se do objeto que conhe- IV';:>l;f:/'-~1",~
•. Conhecimento filosófico ceu. De certa forma, "engole" o objeto que conheceu. Ou seja, transforma em
• Conhecimento teológico conceito esse objeto, reconstitui-o em sua mente.
• Conhecimento e verdade
O conceito, no entanto; não é o objeto real, não é a realidade, mas apenas
uma forma ªe con!!ecer (QU conceber, ou conceituar) a realidade. O objeto real
continua existindo como tal, independentemente ao fato de o conhecermos ou
não.
Há duas maneiras de se conhecer um objeto, de nos "apropriarmos"
mentalmente dele. Uma é mediante os nossos sentidos, através da nossa sensibi-
lidade física; a outra é mediante o nosso pensamento, através do nosso cérebro.
O conhecimento que adquirimos por meio de nossa sensibilidade física diz
respeito aos objetos físicos. Por exemplo: conhecemos uma cor porque nossos
olhos vêem a cor; conhecemos um som porque nossos ouvidos sentem a vibra-
ção que produz o som; conhecemos um gosto porque as terminações nervosas
que constituem o nosso paladar distinguem o gosto. Disso podemos concluir
que o conhecimento é sensível quando obtido mediante uma informação pres-
INTRODUÇÃO
tada pelos nossos sentidos (a cor excita os nervos ópticos que informam nossa
mente; o som, os nervos auditivos etc.).
Diante da natureza, o homem - animal racional - não age como os animais
A outra forma de conhecimento é puramente intelectual. Mesmo sem
inferiores. Estes apenas esforçam-se pela vida. O homem, além disso, esforça-
qualquer informação da visão, audição, olfato, paladar ou tato, podemos co-
-se por entender a natureza e, embora sua inteligência seja dotada de limita- nhecer uma idéia, um princípio, uma lei. É claro que se você assiste a uma con-
ções, tenta sempre dominar a realidade, agir sobre ela para torná-Ia mais ade- ferência, seus nervos auditivos entram em ação. Eles são atingidos pela voz do
quada às suas próprias necessidades. E à medida que a domina e transforma, conferencista, mas você fica conhecendo as idéias expostas mediante um pro-
também amplia ou desenvolve suas próprias necessidades; cesso intelectual. A voz do conferencista é apenas um veículo. Ela só interessa
Esse processo permanente de acumulo de conhecimentos sobre a natureza na medida em que transporta o conteúdo da conferência. O conhecimento des-
e de ações racionais capazes de transformá-Ia compõe o universo de idéias que se conteúdo - ou seja, a "apropriação" das idéias - é intelectual.
hoje denominamos "Ciência".
Nem sempre essas duas formas de conhecimento - sensível e intelectual
Ciência é, pois, o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável - ocorrem isoladamente. Ao contrário, com freqüência combinam-se para
da realidade. Por meio da investigação científica o homem reconstitui artifi- produzir conhecimento misto, ao mesmo tempo sensível e intelectual. Você
cialmente o universo real em sua própria mente. Mas essa reconstituição ainda. pode, por exemplo, conhecer-se. Seus sentidos lhe informarão sobre a cor de
não é definitiva. A descoberta e a compreensão de fatos quase sempre levam à sua pele, sobre seu cheiro, sua estatura, enfim, sobre suas características físi-
necessidade de descobrir e compreender novos fatos. E como o resultado das cas. Mas será a mente que lhe informará sobre seus próprios pensamentos, so-
investigações depende dos conhecimentos já adquiridos e de instrumentos ca- bre sua maneira de agir ante determinado problema, sobre o tipo de entreteni-
pazes de aprofundar a observação, a Ciência está sempre limitada às condições
mento que você prefere etc. E todas essas informações estão relacionadas a um
de sua época.
mesmo objetei: você.
O que era conhecimento verdadeiro para o sábio da Antiguidade, já não o QsQ!lhecimento leva o Jlgmem)~ aprol?riat;-s.e da ~ade e, ao mesmQ ~
era para o cientista do Renascimento; e o que foi verdadeiro para o cientista do tempo, a penetrar nela. Essa posse confere-nos a grande vantagem de nos tor-
século XVIII pode já não o ser para o cientista em nossos dias. Assim, diz-se ~iiãiriiârs aptos para a ação consciente. A ignorância tolhe as possibilidades de
também que a ciência é falível, ou seja, pode ser exata apenas para determina-
avanço para melhor, mantém-nos prisioneiros das circunstâncias. O conheci-
do' período. O conceito científico que o homem tem do mundo é cada vez
o CONHECIMENTO 19
18 o METODO CIENTiFICO

monto liberta: permite que atuemos para modificar as circunstâncias em nosso CONHECIMENTO CIENTÍFICO
enefício. Quando pensamos em termos de toda a humanidade, reconhecemos
que s6 podemos avançar mediante o conhecimento da realidade. As principais características do conhecimento científico serão apresentadas no
Mas a r~e~li<!~~.J1ão.sedeix~ desy~!!c:!aL[ª9Lment~._Ela é constituída de capítulo seguinte. Por ora, apenas como termo de comparação com os demais
numerosos fuveis e esiDit~~ De um mesmo objeto - como, por exemplo, tipos de conhecimento, basta um resumo de algumas delas.
um elemento químico, umàêfbração luminosa ou um conceito - podemos ob- O conhecimento científico resulta de, investigação metódica, sistemática
ter conhecimentos da realidade em níveis distintos. Esses conhecimentos nos da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os
informarão sobre o objeto, nos apresentarão sua origem, sua aparência, sua para descob~ir suas ~ concluir as l~is gerais que os regem.
função, seu significado, sua relação com outros objetos e assim por diante. De Como o objeto da Ciência é o umverso material, fíSICO, naturalmente per-
um mesmo objeto, portanto, podemos obter conhecimento horizontal, mais ceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante a ajuda de instrumentos de in-
superficial, e conhecimento vertical, mais profundo, ou seja, desde sua apa- vestigação, o conhecimento científico é verificável na prática,j2or demonstra-
rência mais simples até as implicações de seu relacionamento com outras estru- çã~.!!..~l'P~lm$l1!~çª(). Além disso, tendo o firme propósito de desv-êrÍdài-os
turas da pr6pria realidade. ,Em outras palavras, ~ealidade é tãQ.S:0J!l.P.le~~
.2le segredos da realidade, ele os explica e demonstra com clareza e precisão, des-
homem, para _aprol2rias.=sedela, teve d~ aceitar diferentes tipos de conheci:" cobre suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação com outros fa-
mente. tos ou fenômenos. De tudo isso conclui leis gerais, universalmente válidas para
Há pelo menos quatro tipos fundamentais de conhecimento, cada um de- todos os casos da mesma espécie.
les subordinado ao tipo de apropriação que o homem faz da realidade. Esses
quatro tipos são: o conhecimento vulgar, o conhecimento científico, o conhe-
cimento filosófico e o conhecimento teológico. Vamos exarniná-los mais de CONHECIMENTO FILOSÓFICO
perto.
O conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de reflexão do homem
e por instrumento exclusivo o raciocínio. Como a Ciência ôão é suficiente para
CONHECIMENTO VULGAR explicar o sentido geral do universo, o homem tenta essa explicação através da
Filosofia. Filosofando, ele ultrapassa os limites da Ciência - delimitados pela
Também denominadct'empírico" ,10 conhecimento vulgar é o que todas as necessidade de comprovação concreta - para compreender ou interpretar a
pessoas adquirem na vida cotidiana, ao acaso, baseado apenas na experiência realidade em sua totalidade. Medi@.le.-a-}j:j,lestlfia'"e'stãl5elecemo"s
uma-êõncep-
vivida ou transmitida por alguém. Em geral resulta de rem;.ti..®~wiências, ção g,eral"pQ..~ -- ~ " •••.-
casuais de erro e acerto, sem observação metõc!ic~E~!:P.Y-~tific~çãosjstemática, -Tendo o homem como tema permanente de suas considerações, o filoso-
por isso carece 'ae' carátêr'êiefiTíTiCõ."Põde1ã'mbém resultar de simples trans- far pressupõe a existência de um dado determinado sobre o qual refletir, por
'missão de geraçâo- para ger-açãõê~ assim, trazer pãrteaãs1raãiçÕ~4Binia 'c:Q) isso apóia-se nas ciências. Mas sua aspiração ultrapassa o dado científico, já
Ictiviaàãé) I ,.. •
que a essência do conhecimento filosófico é a busca do "saber" e não sua pos-
Não é necessário estudar Psicologia para se saber que uma pessoa está ale- se. Tratando de compreender a realidade dos problemas mais gerais do homem.
rc ou está triste. Você conhece o estado de humor dessa pessoa porque empi- e sua presença no universo, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-
ricamente já passou por muitas experiências de contato com pessoas alegres ou -o em problema. É, sobretudo,~speculatíY[Jno sentido de que suas conclusões
tristes. É igualmente vulgar o conhecimento que, em geral, o lavrador iletrado carectm_de~va mJJ.l$Üalda_fsalidade. Mas, embora a concepção filosófica
tem das coisas do campo. Ele interpreta a fecundidade do solo, os ventos não ofereça soluções definitivas para numerosas questões formuladas pela
munciadores de chuva, o comportamento dos animais. Sabe onde furar um mente, ela se traduz em ideologia. E como tal influi diretamente na vida con-
poço para obter água, quando cortar uma árvore para melhor aproveitar sua creta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.
madeira e se a colheita deve ser feita nesta ou naquela lua. Ele pode, inclusive,
rpresentar argumentos lógicos para explicar os fatos que conhece, mas seu co-
nhecimento não penetra os fenômenos, permanece na ordem aparente da reali-
dade. Como é fruto da experiência circunstancial, não vai além do fato em si,
CONHECIMENTO TEOLÓGICO
10 fenômeno,..:i~so~l!!;a~d:.:.o:---.~:--~,-_~
.....•.•
..--_ O conhecimento teológico é produto da fé humana na existência de uma ou
~mbora e nível inferior ao científico, o conhecimento vulgar não deve
mais entidades divinas - um deus ou muitos deuses. Ele provém das revela-
r menosprezado. E e constitui a ase do saber e já existia muito antes do ho-
ções do mistério, do oculto, por algo que é interpretado como mensagem ou
mcm imaginar a possibilidade da Ciência.
o o M"TODO CIENTíFICO O CONHECIMENTO 21

niani festação divina. Tais revela~õç,~o transmi~jgas U.QLill&!!~!!l,.J2.Q.L t,fjl..Qi:., 3. O conhecimento racional objetivo não dispensa o conhecimento sensí-
çllo acumula_c;I_aAQ..l.Q-vgQ::aa..h.i~ts:ttia_o.u..atr:a~é.s,.dJ!.
es.critOS~$.~gLªçlPS!... vel. Tomando a Ciência como ponto de apoio, a Filosofia produz co-
Não é necessário que se seja monoteísta (acredite-se em um só deus) para nhecimento racional objetivo; quando não considera o dado científico,
Que o conhecimento proporcionado pela fé seja teológico. Os gregos da Anti- produz conhecimento racional abstrato ou subjetivo. Mas o conheci-
uidade eram politeístas (acreditavam na existência de muitos deuses), mas os mento teológico é produto exclusivo de fé, portanto, é exclusivamente
seus sacerdotes já possuíam e cultivavam o conhecimento teológico. Atual- conhecimento ideal, metafísico, abstrato.
mente, os sacerdotes de diferentes religiões ocidentais e orientais conhecem Podemos conhecer a realidade e encontrar a verdade se, ao conhe-
distintas entidades divinas e seus atributos, bem como suas relações com o uni- cermos um objeto, um fenômeno natural, não introduzirmos na percep-
verso e o homem em particular, portanto possuem conhecimento teológico. ção que temos dele algo que não seja do próprio objeto ou fenômeno.
De modo geral, o conhecimento teológico apresenta respostas para ques- Por exemplo: se você tem diante de si um relógio, sua visão, seu tato,
tões que o homem não pode responder com os conhecimentos vulgar, científi- seu olfato e sua audição informarão sua mente que aquilo é um relógio.
co ou filosófico. Assim, as revelações feitas pelos deuses ou em seu nome são Portanto, você não poderá dizer que a imagem "copiada" por sua
consideradas satisfatórias e aceitas como expressões de verdade. Tal aceitação, mente é a de um chapéu. Se você disser que é um chapéu estará detur-
porém, racional ou não, tem necessariamente de resultar da fé que o aceitante pando a verdade.
deposita na existência de uma divindade. Quando deturpainos a verdade, deturpamos também o conheci-
mento, pois relógio é relógio, chapéu é chapéu.
4. A verdade é a realidade. Toda vez que há divergência entre o objeto
real e a percepção que temos dele ocorre uma deformação da realidade,
CONHECIMENTO E VERDADE portanto, uma deturpação da verdade. Por seu turno, toda vez que há
coincidência entre o objeto real e a percepção que temos dele, com suas
De tudo o que acabamos de expor, podemos tirar algumas conclusões impor- propriedades reais, ocorre a representação da própria realidade, por-
tantes para o estudo:
tanto, o conhecimento da verdade. É essa verdade que se denomina ob-
1. O ser precede o conhecimento que temos dele. Sem que os seres, os fa- jetiva, porque reflete com· exatidão o que realmente existe. Acontecel
tos, os fenômenos, enfim, o mundo sensível exerça ação sobre os ór- que muitas vezes manifestamos como verdade conceitos que são subje-
gãos dos nossos sentidos, é impossível obtermos qualquer conhecimen- tivos, ou seja, que não correspondern à realidade independente de nos-
to objetivo. Em outras palavras, isto significa que a causa de nossas sa consciência. Nesses casos não obtemos conhecimento verdadeiro, I
sensações é a própria realidade material. A montanha, o sapato, o som porque o conteúdo desse conhecimento não corresponde à realidade, I
etc. são seres reais - eles existem independentemente da consciência mas a um conceito subjetivo do que se "julga" ser a realidade. --1'
que tenhamos deles.
S. A negação da verdade objetiva é incompatível com a Ciência. A apro-
2. As sensações dão-nos a imagem do universo real. Qualquer objeto ma- priação do objeto pela mente, o conhecimento da verdade real, não-
terial atua de alguma forma sobre os órgãos dos nossos sentidos, cau- -subjetiva, é uma das razões de ser-da Ciência. Somente conhecendo a
sando-nos uma sensação. Essa informação é transmitida para o cére- verdade real o homem pode desvendar o universo material, cornpreen-
bro que, por seu turno, forma a imagem exata, a cópia, do objeto ma- dê-lo e agir sobre ele para subordiná-lo às suas próprias necessidades.
terial. Assim, nossa percepção da montanha, do sapato, do som etc. é a Sem a possibilidade de posse da verdade objetiva, ou seja, de conheci-
imagem real da montanha, do sapato, do som. Por vezes os órgãos dos mento da realidade concreta, a Ciência seria inútil.
sentidos têm de ser auxiliados por instrumentos ou equipamentos que
ampliam nossa capacidade natural de sentir. Por exemplo: nossos
olhos não são capazes de ver um vírus, mas com a ajuda do microscó- RESUMO
pio eletrônico essa deficiência foi sanada e já é possível termos a ima-
Obtemos conhecimento através das sensações que os seres e fenômenos nos dão de
gem exata de um vírus. Radiotelescópios detectam a presença de astros si. Essas sensações proporcionam-nos a imagem do universo real. Quem conhece al-
que nem mesmo os mais poderosos telescópios ópticos podem obser- guma coisa de certo modo "apropria-se" do objeto que conheceu, transformando-o
var; assim, nossos sentidos recebem a sensação da presença de um ob- em conceito. Mas o conceito não é o objeto real e sim uma forma de se conhecer a
jeto que está a alguns milhões de anos-luz distante de nós. realidade. O objeto real existe como ele é, independentemente do fato de o conhecer-
mos ou não. Conhecimento verdadeiro é aquele que corresponde à realidade objeti-
Tudo isso significa que podemos conhecer realmente o mundo ma- va. Sem que houvesse a possibilidade de conhecimento da verdade objetiva a Ciência
terial, ou seja, dele obtermos um conhecimento objetivo. seria inútil.
o METODO CIENTíFICO

A ciência e suas
11
Ciência é, pois, o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da rea-
lidade. Mas este conhecimento está sempre limitado às condições de sua época.
Há duas formas de se obter conhecimento: mediante os nossos sentidos ou me-
diante o nosso cérebro, o que resulta respectivamente em conhecimento sensível e
conhecimento intelectual. Com freqüência essas duas formas combinam-se, mas o
características
conhecimento intelectual depende do conhecimento sensível. Como a realidade é
complexa, para "apropriar-se" dela o homem aceita quatro diferentes tipos de co-
nhecimento: vulgar, científico, filosófico e teológico. • Introdução •o conhecimento Científico de-
• Racionalidade e objetividade pende de investigação metódica
• O conhecimento científico atém- • O conhecimento científico é sis-
-se aos jatos . temático
• O conhecimento ,oientífico transe; .éO conhecimento CieMífico busca
cende os jatos e aplica leis
QUESTÕES PARA AUTO-AVALIAÇÃO • O conhecimento Científico é ana- • O conhecimento Científico é ex-
lítico plicativo
• O conhecimento científico re- ~..O conhecimeruecientifico pode
~Slecapítulo enfoca alguns problemas filosóficos. Se você realmente com- quer exatidão e clareza jazer predições 'h

preendeu o seu conteúdo não terá muita dificuldade em responder às questões • O conhecimento científico é co- • O conhecimento científico é
abaixo. No entanto, para desenvolver seus conhecimentos sobre o assunto, uti- municável aberto
lize algumas delas como tema para um trabalho ou como assunto para discutir • O conhecimento científico é veri- • O conhecimento científico é útil
.orn alguém. ficável .

• O conhecimento científico foi desenvolvendo-se aos poucos, apropriando-se


da realidade da natureza. Você crê que ele já atingiu a verdade em alguma
área do universo real? Por quê?
• O que é mais verdadeiro: o objeto real ou o conceito que temos dele?
• Existe alguma diferença de qualidade entre conhecimento sensível e conheci-
mento intelectual? Se existe, qual é essa diferença? INTRODUÇÃO
• É possível adquirir-se conhecimento intelectual sem que de alguma forma os
110SS0S órgãos dos sentidos sejam acionados?
No capítulo anterior foi dito que sem a possibilidade de posse da verdade obje-
tiva a Ciência seria inútil. Ora, será que isso quer dizer que todas as ciências se
• O capítulo informa que, para apropriar-se da realidade, o homem desenvol-
ocupam com a busca da verdade material? Não, porque nem todas as ciências
veu quatro tipos de conhecimento. Você é capaz de mencionar as caracterís-
, têm como propósito a realidade dos fatos. A Matemática pura, por exemplo,
Iicas que diferenciam entre si os conhecimentos vulgar, científico, filosófico
c teológico? não se ocupa com o conhecimento de fatos reais. Como as demais ciências, ela
é também racional, metódica, sistemática e verificável, mas não se ocupa dire-
• Como você explicaria o fato de muitos cientistas serem religiosos? Não há
contradição entre o conhecimento científico e o teológico? tamente com seres ou fatos. O matemático trabalha com signos, abstrações
que freqüentemente representam seres ou fatos reais, mas que não são seres
• Ao investigar a realidade, o homem extrapola os conhecimentos adquiridos e
nem fatos, são apenas números. Por exemplo: você pode somar cinco laranjas
prevê uma realidade que ainda não conhece, ou seja, formula uma hipótese.
e duas bananas para obter sete frutas; pode somar cinco homens e duas mulhe-
Essa hipótese pertence a que tipo de conhecimento: vulgar, científico, filosó-
fico ou teológico? Por quê? res para obter sete pessoas. Em ambos os casos você.realizou a mesma opera-
ção aritmética, manipulando seres reais e obtendo um resultado real. Certa-
• Você é capaz de dar um exemplo de hipótese que depois foi confirmada pela
verificação experimental? mente cinco laranjas, cinco homens, duas bananas e duas mulheres são seres
reais. Mas, quem já viu um 5 e um 2 como ser ou fato real? O número matemá-
tico é uma abstração, um conceito racional, uma espécie de forma vazia que
pode ser preenchida com diferentes tipos de conteúdo, desde que o conteúdo
seja matemático. Em uma forma vazia 5 cabem cinco homens, cinco laranjas,
cinco montanhas, cinco planetas, cinco universos etc. 9 número puro é, pois,
@enas um c.QJl~ ek,Jla.n~idade, s<Lexiste-coffiO-cOD.C.e.P-ção
mental
Apesar disso, o conhecimento matemático é científico e utilizado pelas
ciências que se ocupam com os fatos, naturais ou sociais. Aplicando o conheci-
mento matemático podemos estabelecer relações de correspondência entre se-
tN--riFICO
A CIENCIA E SUAS CARACTERiSTICAS 25
(ÍI

24
e{O~O ['sos e estruturas
de qualquer nível da realidade objetiva. Por ,- nhecirnento científ!co racional lé aquele que:
o rv1 lIdo
pelas demais ciências (Física, Química, Economia, Fisio-
l. É constituídoyor conceitos, julgamentos e raciocínioS'J não por sensa-
f " P íe~ll
í"c ;,etç.) para a reconstrução das diferentes relações entre os fa-
s aspectos.
~es e at? e~~~i~ íces, a verdade consiste na coerência do enunciado, oferecido
ções, imagens, modelos de conduta etc. É evidente que o cientista sen-
te, forma imagens mentais de seres e fatos, portanto, depende do co-
~ss~ el~ ecí~. tjn,\ de idéia previamente aceitas. Por isso a verdade matemática nhecimento sensível. Mas quando trabalha com o conhecimento racio-
ogra, 0, ,,;~a ;'las relativa ao sistema do enunciado. nal, tem como ponto de partida e ponto de chegada apenas idéias (hi-
póteses) e não fatos. -- = ._-_. >,,'d .~ •..• --
-
u

tos e~eu~~ 5 tetJI~ ur-na proposição matemática válida para um sistema pode . - -""
)
a ,1 tíl' íca.mente verdadeira em outro sistema. Vejamos o seguinte 2. As idéiaSgue compõem o conhecimento racional podem combinar-se de,
com~ u~"I~eítO~! você soma aritmeticamente 24 + 1, obtém 25 e esse resultado acordo com algum tipo de conjunto_de....r.egrasJógicas,-CQ.ID ..o-propósito
não eca.., e JOP~o. o 24 está representando vinte e quatro unidades arítméti- de produzir novas idéias (m:.oposição dedutiva). Do ponto de vista do
01>' .er dV '. imb I di
. de 7 ~ . st:ItUlr o sim o o por um ser concreto; igamos que esse ser conhecimento, tais idéias podem ser consideiãaas novas na medida em
deixar 10:,a~.C~ f(),sfor~o. Para ~erific~r se o resultado.obtido ~a adição arit- que expressam conhecimentos sobre os quais não se tem consciência até
%xemJ de1í s oe ~r.0
você pode dispor vinte e quatro palitos de fosforo sobre a
d~,to, acrescentar mais um. Claro, o resultado . final será vinte e
o momento em que a dedução é efetuada.
casvervoc...
a G ?~~t"
I de
.' ç díl "psf"oro, o que corresponde ao resultado obtido com a opera- Por seu turno, \~~~c~T...:nto.,5i~!!tífiS.2 ob)et~vof aquele que:
seJ,a.um, .l
()"jvf~ mesmo resultado não será real se o enunciado tratar do sís-
1. Concor-Pa. com seu o~jeto! isto~anç;a a~xat1E.ão da re~,!~_s5!_-
metica e~" c Je ~os dias em horas. Nesse caso a fórmula correta da operação
~esa e, ít"s tO'h 25 mas 24 + 1 = l!
~ a;:=
çao . e sua epoca.
.
gundo o nível dos meios de observaçãQ,lnvesjigação
x::::_ ,. , ".~- •. ,. ~
Ou experimerltâ-
- ~ - _.-
cmco pale"t~o )ística do conhecimento matemático não Ocorre com as ciên- •.. _. .-., :t:c

ção. No Oí"l~J lu oom fatos. Elas não empregam formas vazias (variáveis ló- 2. Verifica a adap..t..a.ç.ãpdas idéias (hipóteses) aos fatos?,recorrendo para
le;a de, J~ ~ct~ ser preenchidas com diferentes conteúdos; utilizam apenas isso à observaçãõê-à experimentação aTIviãâcfêsControláveis e, pelo
n o ~ra~etl~vP/{etados. Para elas o conhecimento matemático é um instru- 'menos até certo ponto, reproduzíveis.
. ss se o
e
i
fi de símbolos interpretados e não de formas vazias. Além .2!§';" Estes dois traços básicos, a racionalidade e a objetividade, encontram-se
Jl f
c~as jue tJ~ i~~t~jtíq~,.~~~e s.atis.f~z~~~22-S!!!!O Jóg~çÇLeci1~FenHi",dg~ intimamente interligados no conhecimento obtido pelas ciências fáticas. Veja-
g.lca~ lq S ltitt. Vf~e:lta~los_cQI!10 y~rdillle)[os~ Somente depois de devidamente
mos quais são as demais características.
sim o °ol 5 f observação e/ou experimentação objetivas é que um enun-
mento ~é.~yla~rllática pode ser considerado adequado ao seu objeto, ou seja,
so, as .cIJa"PlP'el{'-deiro. .
enunclav~~<oela J~stO pode-se compreender que a Matemática só aceita ser
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO ATÉM-SE AOS FATOS
c?mpro ln"er
trminada com as demais ciências até certo ponto. Sua análise
A Ciência tem 9._l?LSEósito de desvenda.La*a1iç!a,Q~éij"-a_atiugi-lo, atém-se
cla~o d~(110 j e"f/er estudo especial, o que escapa aos limites desse livro de in-
..aos fâ1õs. O cientista, seja qual for o objeto do seu estudo, sempre começa por
acelt~ c ~aurl ~~ologia.•para os~etivos presentes basta que você seja capaz
estabelecer os fatos. Estes constituem o seu-ponto de partida e o seu ponto de
. o II I
(e ~ática como ciência formal._distintéLdas ciências-que_tê1!L chegada na investigação. Durante o processo de conquista do conhecimento da
conj un~êl~et~~ ciências fáticas) naturais olLcultuutis..
realidade, porém, nem sempre é possível, ou desejável, respeitar a integridade
comdo cãlO~;~'$~}tãÓ, ao exame das principais características das ciências fá-
tro uç ~J!j' dos fatos. Muitas vezes é necessário interferir nessa integridade para se obter
de distit1g 0'& ~ dados significativos das propriedades reais dos fatos. Por exemplo: a fim de
a
por objet (110 ' melhor conhecer a função de um órgão, o biólogo pode interferir, e até matar
Passe o organismo que está estudando; o físico nuclear pode perturbar deliberada-
tlcas. mente o comportamento do átomo que está analisando para melhor conhecer
fADE E OBJETIVIDADE sua estrutura e assim por diante. .
É necessário, porém, que a interferência seja claramente definida e con-
..J~1 ocupam com os fatos da natureza e da sociedade apresentam trolável, isto é, passível de avaJillção com certo grau de exatidão. Caso coIiti:â=-
RACIOr ifrísticos que lhes são absolutamente essenciais e estão presen- río, o desvio provocado pela interferên-ºª-ªr!if~ pode deturpar o fato e 1fi::
ve ~t.asdemais características: a racionalidade e a objetividade. duzir a um conhecimento falso da realidade. Assim, diz-se gue o coohecimeniõ
A S ti,'C n cj95c~la~p~cirnento
9 ~s f é racional e objetivo. Vejamos o que isso significa. científiCOparre-das-falos,pOcleTnterferir neles, mas sempre retoma a eles.
ç----'-'--- - - -_._-~---~--"---_-..:.=..
dois I ruÇO~/lM ,tl~'
I CH C'11I 111~\l1i
I
~
26 o MÉTODO CIENTiF/CO
A CIÊNCIA E SUAS CAAACTEAISTlCAS 27

o CONHECIMENTO CIENTÍFICO TRANSCENDE OS


FATOS ;Hlllo constantemente sendo submetidas à prova da experiência e da ve-
../'
V'\O.!;'Mi , t~ , 'l''i''t" 1I1111I~'n(), li exatidão e a clareza são requisitos indispensáveis. Por exemplo,
J
O conhecimento vulgar comum, registra a aparênci<Ulo.s....fato..Le fixa-se nela. IIn. I Nl' comunica uma investigação científica em termos vagos, nem com lin-
~
Frettu~rrrerrrehmita-se ao fato ísolado.e esfor:ça-se_nouco para explicá-Io ou --- 11I1~1'1lI obscura, pois isso poderá confundir ou anular sua experimentação ou
ara estabelecer suas relações com outros fatos. Com o conhecimento científi-
1111 verlflcação.
cõiião se dá ãin-eSrnõ-:-Ao analisar -um f'ãfi5-;-0 conhecimento científico não Obviamente isto não exime o conhecimetíto.cíentífico de qualquer inexati-
dnll erro. Mas como a Ciência dispõe:.:.de-m~"s.tos_paL~cobrir
011 erros, a
~penas trata deex2!icá-Io~!lmbém busca descpbrir sUllielaç2E2..~om ou--,
tros fatos e explicá-Ias tríjtãde conhecer a reahdaêle além de suas aparên- pl Ópriu presença de erro lhe é útil, p~H;[ue a eXJ2o~içãOdo erro conduz nova-
~~ , • o f. ~N:''';~~;;'o~-,
i' fl [ ,.• "0 000 _.- ~o_ 0- o" ~,~_. _,,_ mente ao estabelecimento da exatidão. O conhecimento do inexato é, em si,
)(1110. Assim,..9.~_ciment93jentjfico~tirª RI'ol-eito.Ja_lJlbérn. @: suas even-
Por não se contentar em descrever as experiências, a Ciência sintetiza-as,
compara-as com o que já sabe sobre outros fatos, descobre suas correlações IllIds falhas.
com outros níveís e estruturas da realidade e trata de explicá-Ias at?'a'Vêsãe11i:"
pótes~~Quand;:;Zoos~g~ ~~proy',i=!Ii.Y~r.gâde,,9oas }'!i.J).,ét~.s.S;~
estas tranSfor: ~ , ,. 1 ,.

mam-se em enunciados de leis gerais. Portanto, os cientistas também levam () CONHECIMENTO CIENTIFICO EI, COMUNICA VEL
seu conhecimenfõãlém dõ'S fãtõSoTservados, presumem o que pode haver por I
trás deles. A existência do átomo, por exemplo, foi predita muito antes que de- () conhecimento científico é propriedade de toda a humanidade e sua lingua-
la houvesse qualquer comprovação objetiva. l!TI deve informar a todos aqueles seres humanos que tenham sido instruídos
Apesar disso, habitualmente o conhecimento científico rejeita as novas pura entendê-Ia. Sua-maneita de exp~ssaL=S_eAsP..Q.retudo informativa, não ex-
hipóteses que sejam incompatíveis com tudo o que já conhece e recebeu com- pressiva. Seu prOpósito é o de comunicar, não ~ Ci7$;(fiizif':'---'-"
provação fidedigna.
A comunica15irraãci'êãõêõ'ií11eCimentôêierí-tíficüé partiCiilarmente possí-
vel graças à exatidão e à clareza com que tem de ser formulado - condições
Indispensáveis para a comprovação e a verificação dos seus dados e hipóteses.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É ANALÍTICO IJm princípio, embora admitam-sereservas à comunicação por motivos de se-
urança nacional, todas as investigações, descobertas, novas técnicas e hipóte-
\l2Jdo estuda um fato, a Ciênci~rata de ,.!nalisá-Io. Parª-M~comR2s. <?~ ses da atividade científica devem ser comunicadas, a fim de que se multipli-
todo em partes... não necessariamenie nas menores partes em que o todo ad- quem as possibilidades de sua confirmação ou refutação. Só assim o resultado
-mitê'{Hvisão. Tal decomposição tem o propósito de descobrir os elementos da de um trabalho pode ser reconhecido como científico.
totalidade e as interligações que justificam sua integração, a unidade da totali- Entre cientistaS-nãO-pode..haY~gred_o_eJXl_nultéria qe conhecimento cien-
dade.
tí~~~o..~A div~a~ão do conhecim$,!l.l.~ola..llt;.ºPJll.§i>~!2~~sJ,9_êj.a ~
A Ciência ocupa-se de problemas circunscritos e vale-se de sua análise
mais como um instrumento para construção de sínteses teóricas. Sua investiga- Çl~. b'l""l"'-~oM~e,....rt>~A.-?l.JQ.\ACA~~'Ó - .-' .
i::::::J.'\ C~ G'Tt-/t;;~f;Q I ~I
ção começa pela decomposição doõõJetõ'Pára rêmar êlêsê"00rif qual é a estru-
tura "mecânica" do objeto observado. Mas a análise não termina com a des-
coberta e a análise dos elementos componentes do "mêcãmsmo" _ ela nrosse- O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É VERIFICÁ VEL
uc na observaçãoaa iirter:reIãÇão das artes. Finalmente, ao sintetizar seu
xame, a C'ê -ia r..e rUir o todo mas õfuz em ~os -
tntcrtigadas. Por essa razão não ac~ita a pretensão de que uma síntese pode ser
a
btida sem préy~~-:--'-' -

oLAREZA
CONHECIMENTO CIENTÍFICO REQUER EXATIDÃO E

() cnnhecimenm vulgar é habitualmente obscuro e pouco precis9. O científico,


1111I seu turno, esforça-se-ãõ máximo para serJeXãrt e claroJComõ suas formu-
A CIÊNCIA E SUAS CARACTERisTICAS 29
28 o METO DO CIENTiFICO
Ii.r. .' t\ '._ ~ '-

A norma segundo a qual as hipóteses científicas devem ser aprovadas ou )NII14:<;IMENTO CIENTÍFICO BUSCAE'lpi~~A~EIS
refutadas mediante a prova da experiência tem sua aplicação dependendo do
tipo do objeto da ciência, do tipo da formulação em pauta e dos meios de ex- I busca as leis da realidade e aplica-as. O conhecimento científico tra-
perimentação disponíveis. Precisamente por esse motivo é que as ciências re- r lr os fatos isolados em normas gerais denominadas "leis naturais"
querem uma grande quantidade de técnicas de verificação objetiva. - oclnls" .
A essência do conhecimento científico reside no fato de ser verificável.Se ( 'lenda não basta a descoberta das características singulares dos fatos
assim não fosse, não se poderia afirmar que as ciências buscam obter conheci- IIlIlIvldllllls_ O conhecimento científico requer o que elesposSú'Wi'de uQiver;-
mento objetivo. 1\ procurar descobrir os traços comuns aos indivíduos (seres, fenô~enõs
II ) qllt.' sfto únicos, e encontrar as relações constantes entre eles, o cientista
11'11111 expor o que existe de essencial no universo real. Ou seja, não se detém
'"'~ (jlllllidades essenciais dos.fatos, f!l~Sbusca seQlP~úa uJliiersalidade.,_asJeis
rue dclerminam a constância de sua interli~ção. ,E gua~o se aoo§sadessªs-..
o CONHECIMENTO CIENTÍFICO DEPENDE lt'l~t IIplica-as na busca de outras leis.
DE INVESTIGAÇÃO METÓDICA
o CONHECIMENTO CIENTÍFICO É EXPLICATIVO
o cientista ~a o seu trª-~alhq, sabe o que procura e como deve I2r2c:c!.er:.
'p'!!"llncontrar o_qJledese.ja. E: claro que o planejamento não exclui o imprevis-
to, o casual - mas, ao prever sua possibilidade, trata de aproveitar a interfe-
rência do acaso, quando esta ocorre, e de submetê-Ia a controle.
O conhecimento científico não resulta da invenção isolada de um cientis-
k em termos de:PrinciPIõS':--"-' - . .-- - - ~ =-------- -
'lência trata de explicar os fatos.reais em termos de leis, e as leis da realida-

s cientistas~ão se llrnltam a descrever deJ:-ªHgdam~nte osJ~~tratam


\t.. encontrar suas causas,~~as rel~~~ l~m.,,§_..e...~J.tª,~
dx'
!'
r;e}açõ.e.§....ÇQl!k:P-utf.QS
-
ta. Toda investigação efetuada Pelas ciências baseia-se no conhecimento ante- nuos. Seu objetivo é oferecerresposta às indagações, aos~9Anti-
rior, particularmente nas hipóteses já confirmadas, nas leis e princípios já esta- uncnte acreditava-se que explicar cientificamente era expor a causa dos fa-
belecidos - o que representa o resultado do trabalho de inúmeros outros in- IOS. No entanto, hoje reconhece-se que a explicação causal dos fatos é apenas
vestigadores. Além disso, o processo das investigações segue e!..~p_a~, n0!!!ll!s e um dos tipos de explicação científica. Como a explicação científica se efetua
~njç.as-)_çyiªJ@ícã:ç,ão obedece a um méto.WLw:.e.~tat>$kcl!:!2.Em verdade, sempre em termos de leis ehá diversos tipos de leis científicas, há também dife-
lai§...n.oJJllaSj~Jécni~.a1Jlo,<iem_seJ;
c_ont.inuame!l!:aperf~iço-ª--d,as.à.medjda'lue.s~_ rentes tipos de explicação, tais como dinâmicas, morfológicas, dialéticas, cine-
disl2.õemde ~OS..i!!§.!r..l!n:l~"ntos_de..y_e.rifi...Ç.ª-çi!9,.sl~uaDl:s.eJlOy.as_experiências máticas, de associação, de composição etc.
-..Qem sucedidas etc .•p vale a pena recordar que as ciências fáticas não se distin-
guem entre si apenas pelo objeto de sua investigação, mas também pelos méto-
dos específicos que utilizam para investigá-Io. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO PODE FAZER
PREDIÇÕES
Baseando-se na investigação d.qs fatos ~ no acúmulo das eX.E.er~r-~as,o conhe-
Q"q.!le!ielá.2 futuro. Mas
cimento científico Q.ÇiÇl.íQreàize.r....P~q!!SlPi.g"passado_e.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É SISTEMÁTICO a predição científica nada tem a ver com a profecia. Ao contrário desta, elã se
baseia em suas leis já estabeleci das e em informações fidedignas sobre o estado
Toda Ciência é constituída de um sistema de idéias interligadas logicamente. e o relacionamento dos seres ou fenômenos. Por isso, quando faz suas predi-
Um sistema de idéias que se apresenta como um conjunto de princípios funda- ções sempre as subordina a determinadas condições. Por exemplo, prediz:
mentais, adequados a uma classe de fatos, compõe uma teoria. Assim, cada "acontecerá F toda vez que ocorrer M,porque toda vez que ocorre, M é segui-
Ciência em particular possui sua própria teoria ou grupo de teorias. do por ou está associado a F".
Pode-se considerar que a inter-relação das idéias que compõem o COfpO Mas a predição científica, com justa razão, não é inial~l.,Como depende
de uma teoria é orgânica. Ora, aceitando-se a organicidade dessa inter-relação de leis e de informações: pode falhar na medidãem que essas leis e informa-
pode-se compreender que a substituição de qualquer um dos princípios básicos ções apresentem imperfeições. Contudo, mesmo quando falha continua sendo
produz uma transformação radical na teoria. Por isso diz-se que o conheci- útil, pois sua falha pode permitir a correção das leis ou das informações em
~ --.~.-_-~,
mento eientifico € sistemático, ôÜ-Séjã,CõiíStftui um sistema.
.. .~.- ....
..•. .' -..... - .•.
_. ~ que se baseou.
A CIÊNCIA E SUAS CARACTERisTICAS 31
30 o METODO CIENTiFICO

Por outro lado, baseando-se nas leis e princípios que já domina, o conhecimento
o CONHECIMENTO CIENTÍFICO É ABERTO científico também pode fazer predições. Isso não quer dizer que seja uma espécie de
"profeta" infalível, mas suas falhas servem para revelar e corrigir deficiências nas
Como a investigação científica depende das circunstâncias de sua época, dos próprias leis e princípios em que baseia suas predições. Essa característica demons-
SQ!1hefimC;,nillS_aCUIDuladQl/ __t. d'Qs~instmmentos_ctt iIJ.~S.§tfgé;!Çã9....:.~poní~!. tra sua abertura, pois está permanentemente sujeito à revisão, aperfeiçoamento e de-
senvolvimento. Enfim, o conhecimento científico é útil, já que proporciona um ins-
seus J~c:;.§'lJ.ltados~não..sãQ
. .definitiY.,Q~PlJ
.jmutáy,eis .A observação pode aprofun:
e-
trumento valioso para o domínio da natureza e a reforma da sociedade em benefício
a aplic!!s:J,Q,denovos Jl!~t!l!.~,e910~ ~jg§,~ o meio natufãlõü";;o-
,,ªa,!.;S,e.c.om da humanidade.
cial pode sofrer modificações significativas, já que a ação da natureza e do ho-
mem permanece em constante movimento. Sempre é possível imaginar-se o
surgimento de uma nova situação na qual nossas idéias, por mais firmemente QUESTÕES PARA AUTO-AVALIAÇÃO
comprovadas e estabelecidas que estejam, revelem-se de algum modo inade- .
quadas. Você acaba de conhecer as principais características do conhecimento científi-
Por conseguinte, o conhecimento científico não é dogmático. Ao contrá- co. Se compreendeu o que significam, não terá dificuldade em responder às
rio, é aberto precisamenteporqúê"fêcõnheceserfãITVêCE'ssa co.ndíção permite questões abaixo. Use-as também como tema para um trabalho ou para discus-
que ele se renove: a uma nova situação na qual as leis existentes se mostrem são com alguém.
inadequadas, ele se propõe a novas investigações que resultarão na correção • Como é possível que o conhecimento científico se atenha aos fatos e, ao rnes-
ou na total substituição das leis incompatíveis. Os sistemas de conhecimento
mo tempo, transcenda-os?
científico são como organismos vivos em permanente crescimento: enquanto • Como se explica que a Matemática pura seja considerada ciência se o objeto
estão vivos se modificam. E isso assegura o progresso da Ciência. de sua investigação não são os fatos reais?
• Como se verifica a exatidão de uma formulação matemática?
• É possível aceitar-se como verdadeira uma formulação que não possa ser ex-
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO É ÚTIL perimentalmente comprovada?
• Por que motivo o conhecimento. científico depende da investigação metódica?
Como busca incessantemente a realidade não. se aferra a dogmas, o conhecimen- • Quando interfere no fato que investiga, o cientista não está alterando a inte-
to científico proporciona ao homem um instrumento valioso para o domínio da
gridade do fato?
!2atureza e_a.~~~éU~9.f.i~9a.Q.e,.eiR:~n7l@:!Q].Q]~]§,meJii:·' • Por que o conhecimento. científico esforça-se ao máximo para ser exato e cla-
ro? Isso tem algo a ver com a busca da verdade?

RESUMO -,.J' • Que sentido tem o fato de o conhecimento científico ser sistemático? De que
nos serve conhecer e aplicar as leis da natureza?
As ciências que se ocupam com os fatos da natureza e da sociedade apresentam dois
traços característicos que Ihes são fundamentais: a racionalidade e a objetividade. A
racionalidade diz respeito à forma conceitual de conhecer; a objetividade, à cOl}cor-
dância com a realidade. Por isso a Ciência atérn-se aos fatos, mas ao mesmo tempo
transcende-os no sentido de que busca conhecer a realidade além de suas aparên-
cias. Com esse objetivo, decompõe os fatos a fim de melhor analisar os elementos
que compõem a totalidade e descobrir as interligações que justificam sua unidade no
todo. .
O conhecimento científico exige formulações exatas e claras, pois requer que se-
jam verificadas antes de aceitá-Ias como verdadeiras. E esta capacidade de verifica-
ção determina' sua comunicabilidade, pois sem comunicação não há informação;
sem informação não há como verificar, observar, demonstrar ou provar uma for-
mulação.
O conhecimento científico depende também da investigação metódica da reali-
dade (resultantes dos conhecimentos adquiridos na busca permanente da realidade,
os métodos funcionam como garantia da exatidão do conhecimento adquirido) e é
sistemático, porque baseia-se em um sistema de idéias organicamente ligadas entre
si. Esse sistema tem a finalidade de encontrar a universalidade dos fatos, as leis que
determinam a constância de sua interligação. A posse dessas leis permite. que elas se-
jum aplicadas na busca de outras leis. E, assim, a Ciência vai explicando os fatos.

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