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PROJETO

AMBIENTE
DA ESCOLA
- ARQUITETURA,
INFRAESTRUTURA Uma parceria:

E ACLIMATAÇÃO
+ Pesquisa Documental
+ Entrevistas
+ Grupos de Trabalho
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3

A IMPORTÂNCIA DA AMBIENTE DICAS PARA UM


ARQUITETURA ESCOLAR: DA ESCOLA AMBIENTE ESCOLAR
PRINCÍPIOS, NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO CONECTADO AO
DESAFIOS E ATUAL, PERSPECTIVAS UNIVERSO DOS
POTENCIALIDADES E EXPERIÊNCIAS JOVENS
INOVADORAS
P. 23
P. 05
P. 13
CRÉDITOS
Pesquisa, Conteúdo e Redação Revisão
Andréa Azambuja Daniella Dolme
Camila Zolini Marcella Deliberator
Carolina Faria Michelle Fidelholc
Débora Teodoro Olaria Elivania
Fernanda Carpegiani Paulo Jorge Storace Rota
Laura Lemos
Lívia Macedo Design Gráfico
Miguel Carvalho
Maureenn Schramm
Ilustrações
iStock
Shutterstock
The Noun Project
Freepik
Flaticon
GRUPO DE TRABALHO
* Especialista convidada: Beatriz Goulart, arquiteta e urbanista
especializada em espaços escolares educativos

Presencial: 20/10/2015
Anna Cecília Koebckede (SME SP, DRE Butantã) Renata Altman (Fundação Telefônica)
Anna Maria Binazzi (arquiteta permacultora) Regina Machado (arquiteta e fundadora da Escola Âncora)
Anna Penido (Instituto Inspirare) Renato Dias (Escola Lumiar)
Bruna Waitman (MEL, Media Education Lab) Saulo Tob (estudante do Ensino Fundamental II)
Célia Senna (Escola Lumiar) Sávio Campos (estudante do Ensino Fundamental II)
Cuca Righini (arquiteta e design thinker)
Doris Kowaltowski (arquiteta, pesquisadora) GT online: 01/02/2017
Fábio Meirelles (Instituto Inspirare) Marcella Deliberador (Arquiteta)
Germano Guimarães (Instituto Tellus) Leonardo Correa (Professor)
Lilian L'abbate Kelian (Cenpec) Flavio Pripas (Diretor do CUBO)
Marcella Deliberador (arquiteta, pesquisadora) Lívia Macedo (Designer de Ambientes)
Rayssa Oliveira (Cenários Pedagógicos)
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

CAPÍTULO 1

A IMPORTÂNCIA
DA ARQUITETURA
ESCOLAR: PRINCÍPIOS,
DESAFIOS E
POTENCIALIDADES
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

A ESTRUTURA DAS ESCOLAS TEM UM GRANDE


IMPACTO NAS RELAÇÕES INTERNAS, E PODE AJUDAR
OU ATRAPALHAR OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM
DOS JOVENS. POR ISSO, O AMBIENTE ESCOLAR TAMBÉM
PODE SER CHAMADO DE “O OUTRO EDUCADOR”.

ENTENDA COMO A ARQUITETURA INFLUENCIA NA


EDUCAÇÃO E CONHEÇA METODOLOGIAS, PEDAGOGIAS
E INSTITUIÇÕES DE ENSINO QUE LEVAM EM
CONSIDERAÇÃO A IMPORTÂNCIA DOS ESPAÇOS FÍSICOS
PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ESTUDANTES.

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

“O ESPAÇO É O RETRATO DA RELAÇÃO PEDAGÓGICA.


NELE É QUE O NOSSO CONVIVER VAI SENDO
REGISTRADO, MARCANDO NOSSAS DESCOBERTAS,
NOSSO CRESCIMENTO, NOSSAS DÚVIDAS. O ESPAÇO É
RETRATO DA RELAÇÃO PEDAGÓGICA PORQUE REGISTRA,
CONCRETAMENTE, ATRAVÉS DE SUA ARRUMAÇÃO (DOS
MÓVEIS) E ORGANIZAÇÃO (DOS MATERIAIS) A NOSSA
MANEIRA DE VIVER ESTA RELAÇÃO.”
Paulo Freire

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ARQUITETURA: “O espaço projetado


pode trazer a
O ESPAÇO CONSTRUÍDO sensação de conforto,
segurança ou imprimir
A arquitetura busca entender – ou seja, sobre as atividades uma característica
a relação entre homem e meio (a serem) desenvolvidas na
ambiente, seja este natural ou prática, para poder propor as
de ambiente social e
modificado, uma vez que am- melhores soluções físicas. coletivo, ou individual
bos se influenciam, se com- e íntimo. Pela vivência
plementam e interagem. O O objetivo final de uma boa com os diversos espaços
foco dessa área é harmonizar arquitetura deve ser buscar
os espaços construídos com os melhores elementos e construídos, o homem
as necessidades das pesso- composições para maximi- soma suas experiências
as, sempre partindo de uma zar a qualidade de vida dos individuais e aprende a
reflexão sobre seus usos reais usuários.
conviver com o que a
arquitetura lhe oferece.”
(Kowaltowski, 2011, p. 40)

Fontes: Marcella Deliberador, revisora técnica do presente estudo; Doris Kowaltowski, Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino, Oficina de Textos, 1a edição, 2011.
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Para além dos aspectos téc-


nicos e materiais e de sua Quando falamos sobre
própria qualidade espacial, infraestrutura neste
uma boa arquitetura é ex-
pressa por inúmeros fatores:
VIVÊNCIAS, USOS, estudo, estamos nos
referindo à base estrutural
a percepção do edifício pelos FUNCIONALIDADE, física da escola, como as-
usuários, suas instalações, a
conexão que estabelece com
CULTURA, pectos da edificação e da
qualidade dos materiais
o território do entorno e seus CONFORTO de construção utilizados.
aspectos de conforto e de
sustentabilidade, entre muitos AMBIENTAL, Quando citamos a am-
bientação, a referência é a
outros. Isso mostra, portan- EQUIPAMENTOS, composição dos
to, que é um tema transversal,
cujo estudo é necessariamen- MOBILIÁRIO E elementos utilitários,
como mobiliário, e à
te multidisciplinar e tem a ver INFRAESTRUTURA decoração e aos recursos
com: do projeto paisagístico.

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

O AMBIENTE
CONECTA E DESPERTA
Henry Sanoff, premiado arqui-
teto e professor norte-ameri-
cano especialista em arquite-
tura social, destaca o poder
do espaço físico para promo-
ver relações entre pessoas de
diversas idades e para incen-
tivar mudanças e tomada de
decisões. Segundo ele, o am-
biente também pode contribuir
para despertar aprendizados

SOCIAIS, COGNITIVOS
E AFETIVOS
Fonte: Henry Sanoff, AIA, Celen Pasalar e Mine Hashas, School building assessment methods, National Clearinghouse for Educational Facilities (http://bit.ly/h-sanoff). 10
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ESPAÇO:
O OUTRO EDUCADOR
Na escola, o ambiente no qual os estudantes e
a equipe da escola aprendem, se desenvolvem
e, os últimos, trabalham, pode ensinar e refle-
tir aspectos do contexto que o permeia.
Um edifício escolar bem estruturado, entre inú-
meras possibilidades, é capaz de favorecer
as relações sociais e os processos cognitivos;
por outro lado, se estiver mal conservado, in-
dica falta de cuidado e desvalorização, com-
prometendo, assim, a aprendizagem, o desen-
volvimento e o envolvimento dos estudantes.
Da mesma forma, se for cheio de grades, por
exemplo, expõe um problema social e ensina
sobre violência, falta de segurança e privação
de liberdade.

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

“O ambiente físico escolar é, por essência, o local


do desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem. O edifício escolar deve ser analisado
como resultado da expressão cultural de uma
comunidade, por refletir e expressar aspectos que
vão além de sua materialidade. Assim, a discussão
sobre a escola ideal não se restringe a um único
aspecto, seja de ordem arquitetônica, pedagógica
ou social: torna-se necessária uma abordagem
multidisciplinar, que inclua o estudante, o professor,
a área de conhecimento, as teorias pedagógicas,
a organização de grupos, o material de apoio e a
escola como instituição de lugar.”
(Kowaltowski, 2011, p.11-12)

Fonte: Doris Kowaltowski, Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino, Oficina de Textos, 1a edição, 2011.
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

AMBIENTE DA ESCOLA E
CURRÍCULO OCULTO Currículo oculto
se refere a aprendizagem
Podemos dizer que a arquitetura faz parte do por gestos, exemplos e
currículo oculto da escola, ou seja, tem a ver observações em meio
com as experiências escolares que a vivência às práticas e comporta-
no espaço implica. O espaço físico influencia mentos que vigoram no
diretamente o aprendizado dos estudantes, ambiente escolar. É di-
de forma positiva ou negativa. Assim, é funda- ferente do currículo defi-
mental levá-lo em consideração ao se pensar nido por lei, ou daquele
em uma educação de qualidade. em que o professor tem
a intenção direta e explí-
cita de ensinar.

+ Acesse o estudo Currículo e Práticas Pedagógicas na Plataforma FAZ SENTIDO e saiba mais sobre currículo oculto (http://bit.ly/curriculo-praticas).

Fontes: Doris Kowaltowski, Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino, Oficina de Textos, 1a. edição, 2011; Vanessa Thorpe, The Guardian, Stirling prize: Zaha Hadid’s Brixton 13
schools beats Olympic velodrome, 2011 (http://bit.ly/guardian-zaha).
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

“A ESCOLA TAMBÉM DEPENDE


DA QUALIDADE DOS ESPAÇOS
QUE ABRIGAM AS ATIVIDADES
PEDAGÓGICAS DESENVOLVIDAS. A
ARQUITETURA ESCOLAR, POR ISSO,
TEM UM PAPEL FUNDAMENTAL AO
PROPORCIONAR UM AMBIENTE DE
ENSINO ADEQUADO, CONSIDERADO
O TERCEIRO PROFESSOR - ALÉM
DO EDUCADOR E DO CURRÍCULO
(ALIADO AOS MATERIAIS DIDÁTICOS
E ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS).”
(Kowaltowski, 2011)

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ARQUITETURA, INFRAESTRUTURA
E AMBIENTAÇÃO PLANEJADAS
PARA SUPERAR DESAFIOS
Assim como o currículo do século XXI*, a arti-
culação entre arquitetura, infraestrutura e am-
bientação escolar deve conduzir à superação
de alguns desafios:

Contemporaneidade
Preparar os estudantes para dialogar com os
temas de seu tempo, como intolerância religio-
sa, sexual e de gênero; obesidade; desigual-
dades sociais e processos migratórios, entre
outros.

* Acesse os estudos Juventudes no Ensino Médio e Currículo e Práticas Pedagógicas na plataforma FAZ SENTIDO e explore mais este assunto.
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Conexão com as juventudes


É importante adequar o ambiente às neces-
sidades, aos desejos e ao universo dos estu-
dantes, para que vivam a adolescência com
plenitude e se desenvolvam sentindo-se segu-
ros e apoiados. A escola deve buscar novos
recursos e métodos de abordagem, como o
uso de tecnologias digitais, e tratar de temas
desafiadores, a exemplo das mudanças climá-
ticas e do superconsumo.

Conexão com o território


O ambiente escolar deve estar conectado ao
contexto social em que está inserido, aprofun-
dando a relação entre escola, estudante, fa-
mília e comunidade. O currículo diversificado
precisa abraçar a cultura local e as particulari-
dades, deve estar em sintonia com elas.

* Acesse os estudos Juventudes no Ensino Médio e Currículo e Práticas Pedagógicas na plataforma FAZ SENTIDO e explore mais este assunto.
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

A escola pode e deve ser intencional-


mente planejada para abordar e vivenciar
diferentes desafios ao lado dos estudan-
tes, bem como para ajudá-los a superar
esses obstáculos.

Ela pode, por exemplo, ser um modelo


de sustentabilidade ao manter um sis-
tema de reaproveitamento de água da
chuva, uso de energias renováveis ou
tratamento de resíduos sólidos; pode
estimular a inclusão ao estar preparada
para a acessibilidade e para o trânsito
adequado de deficientes; pode dar lugar
ao diálogo ao proporcionar espaços de
interação que quebrem a lógica vertical.

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

A PROPOSTA PEDAGÓGICA
E A CULTURA DA ESCOLA NA
ARQUITETURA
A arquitetura escolar não deve entre tantas outras, devem
ser pensada como um tema ser tomadas de acordo com
autônomo – pelo contrário, o tipo de aprendizagem e de-
deve dialogar com a proposta senvolvimento que a escola
pedagógica da escola e refle- deseja facilitar.
tir as filosofias que a regem.
Essas considerações contri-
Decisões importantes, como buem para a potencialização
alterar a disposição das salas, dos espaços, o desenvolvi-
derrubar paredes, criar espa- mento integral dos estudantes
ços novos ou reaproveitar os e o aprimoramento do proces-
existentes, permitir ou não a so de aprendizagem.
livre circulação de estudantes,
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

[EXPERIÊNCIA INSPIRADORA]
ESCOLA DA FAZENDA CANUANÃ
TOCANTIS (BR): NO AMBIENTE ESCOLAR,
HONRANDO AS TRADIÇÕES
A Escola da Fazenda Canuanã, que da memória ancestral do local.
fica na zona rural de Tocantins, foi A escola atende quase 800 estudan-
construída com dois objetivos tes de 7 a 18 anos e oferece Ensino
principais: Básico, Educação Técnica Profissio-
1) desmistificar a escola apenas como nal e Educação de Jovens e Adultos,
um espaço de aprendizado e ressaltar além de cursos de formação conti- mo tempo que contam com espaços
as suas características acolhedoras de nuada. Idealizada utilizando a meto- mais individuais, as crianças tam-
moradia, já que funciona em regime de dologia do design essencial, a cons- bém podem contar com espaços
internato; e trução ocupa cerca de 25 mil metros coletivos de estudos. Boa parte do
2) potencializar os valores e saberes quadrados em espaços de moradia projeto também usou madeira pro-
da cultura local, levando em conside- e convivência. Como matéria prima, veniente de florestas plantadas em
ração a opinião e o envolvimento dos usa tijolo de adobe, madeira e grafis- áreas de recuperação e alguns espa-
estudantes, além de indígenas de al- mos indígenas, que têm a proposta ços da escola foram pensados para
deias vizinhas e caboclos, que tiveram de acolher as tradições e memórias reconectar as
um papel fundamental na construção das crianças de Canuanã. Ao mes- crianças com a biodiversidade local.
(Foto: Leonardo Finotti)
Fonte: http://porvir.org/escola-de-tocantins-ganha-premio-internacional-de-arquitetura/ 19
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

[EXPERIÊNCIA INSPIRADORA]

BALTIMORE DESIGN SCHOOL,


ESTADOS UNIDOS: NO AMBIENTE
ESCOLAR, A POTÊNCIA DO DESIGN
Localizada no estado norte-ame- Seu espaço físico reflete a in-
ricano de Maryland, a Baltimore tenção de ser referência nacio-
Design School é uma escola públi- nal para cursos na área de de-
ca de Ensino Fundamental II e Mé- sign, na concepção da palavra
dio com foco em design de moda, como modo de pensar, resol-
arquitetura e design gráfico. Fica ver problemas e ter uma vida
em uma antiga fábrica, desativada produtiva e gratificante: é cria-
desde 1985, e seu interior reforma- tivo, provocador, estimulante
do mostra como o velho e o novo, e agradável. Sobretudo, está
o bruto e o sensível, o consolida- conectado aos interesses, de-
do e a novidade podem conversar, sejos e necessidades dos estu-
basta ampliar o olhar. dantes, ao seu universo.

Fonte: Portal Porvir, 5 escolas que inovaram na arquitetura para ensinar diferente, 2017 (http://bit.ly/5-escolas-inovadoras).
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ARQUITETURA E AMBIENTAÇÃO
EM PEDAGOGIAS ALTERNATIVAS
Ao longo do século XX, surgiram
muitas abordagens pedagógicas
inovadoras que trouxeram novos
olhares sobre a aprendizagem.
Muitas dessas abordagens ressig-
nificaram a importância do espaço
escolar, pensando o ambiente de
forma inovadora, “fora da caixa”,
para favorecer a aprendizagem e o
desenvolvimento dos estudantes.
Quatro destas metodologias de su-
cesso, adotadas no mundo todo,
são a Reggio Emilia, a Waldorf,
a Montessori e a Construtivista.
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ESCOLAS REGGIO EMILIA


NO CENTRO DA COMUNIDADE
A metodologia Reggio Emilia, Piaget, um dos nomes mais
focada na Educação Infantil, influentes da educação no sé-
foi criada colaborativamente culo XX; e de Loris Malaguzzi,
numa pequena cidade italiana, que aperfeiçoou a metodolo-
de mesmo nome, na época gia através da teoria das Cem
em que era preciso recons- Linguagens: uma vez que a
truir a região, arrasada após criança nasce com suas “cem
a Segunda Guerra Mundial. linguagens”, é dever do adul-
Carrega, entre outros, influ- to escutá-la e entender suas
ências de Maria Montessori, múltiplas potencialidades, ob-
psiquiatra que desenvolveu servando e respeitando as in-
uma valiosa linha pedagógica dividualidades.
aplicada em escolas de en-
sino infantil até hoje; de Jean

Fontes: Giulio Ceppi e Michele Zini (org.), Children, spaces, relations – metaproject for an environment for young children, Reggio Children Publisher, 2003; Filipe Prado, com
colaboração de Daiana Stolf, Escola mescla métodos por pensamento fora da caixa, Portal Porvir, 2014 (http://bit.ly/reggio-emilia); Portal Porvir, Reggio Emilia: escolas feitas
por professores, estudantes e familiares, 2014 (http://bit.ly/emilia-reggio). 22
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

pectivas.
Na linha pedagógica Reggio
Emilia, focada na Educação A aprendizagem geralmente é
Infantil, os estudantes apren- facilitada com base em proje-
dem por meio da experiência tos, que demandam espaços
“real”, do relacionamento com grandes, e inclui a participa-
outros estudantes e pelo es- ção dos familiares e da comu-
tímulo às diferentes formas nidade; não à toa, as escolas
de expressão. Os ambientes são construídas em torno de
são lúdicos e educativos: o um ambiente chamado Pra-
uso pedagógico da cozinha ça, que além de servir para o
é constante, artistas mediam convívio comunitário, também
diversas técnicas e linguagens elimina os corredores, que re-
artísticas, e espelhos nas pa- presentam uma forma de con-
redes e no chão, principal- trole. Sua arquitetura, ainda, é
mente nas creches, estimulam horizontal, refletindo a demo-
a visão por diferentes pers- cracia nas relações.
O modelo, municipalizado na
cidade de origem, hoje inspira
escolas por todo o mundo.

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

PEDAGOGIA WALDORF:
ESPAÇOS PARA VIVÊNCIAS PRÁTICAS
E CONTATO COM A NATUREZA
A pedagogia Waldorf, desen- ses aspectos e leva em con- áreas que favorecem apre-
volvida pelo filósofo, educa- ta as experiências práticas e sentações e exposições, entre
dor e artista austríaco Rudolf sensoriais. Para isso, ativida- outros. Inspiram a arquitetura
Steiner (1861-1925), consi- des corporais, artísticas e ar- das escolas desta linha nomes
dera a educação a partir do tesanais são estimuladas, e como Antoni Gaudí e Frank
desenvolvimento humano do sua arquitetura é “orgânica”, Lloyd Wright, icônicos arquite-
qual fazem parte as instâncias como a denominam: a natu- tos espanhol e norte-america-
física, anímica (ou psicoemo- reza está presente, prefere-se no, respectivamente, cujo esti-
cional) e espiritual. O currículo materiais não industrializa- los estão fortemente ligados à
busca contemplar a evolução dos, predominam as formas natureza.
dos estudantes em todos es- arredondadas e o pátio inclui

Fonte: Sabine Beyer, Uma introdução à arquitetura nas pedagogias alternativas, ArchDaily, 2015 (http://bit.ly/pedagogias-alternativas).
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

PEDAGOGIA MONTESSORI:
MAIS PERTO DO LAR
Embora a pedagogia desen- Maria Montessori nasceu em A pedagogia Montessori dá
volvida por Maria Montessori Chiaravelle, na Itália, e foi uma ênfase aos aspectos biológi-
(1870-1952) seja identificada das primeiras mulheres de seu cos e aos princípios de ativi-
sobretudo na educação infan- país a se formar em Medicina. dade, individualidade e liber-
til, a relação que ela estabele- Começou a trabalhar com psi- dade – o desenvolvimento dos
ce entre espaço e objeto ilus- quiatria infantil em 1896, quan- estudantes é pensado a partir
tra o potencial do alinhamento do observou que boa parte da iniciativa deles próprios.
entre pedagogia e arquitetura das dificuldades das crianças Eles podem escolher suas ati-
em todos os ciclos de apren- consideradas incapazes de vidades, muitas vezes viven-
dizagem. aprender estava relacionada a ciadas no chão, se movimen-
práticas pedagógicas inefica- tar livremente e usar de forma
zes e à falta de estímulos. autônoma os materiais, desen-
volvidos especificamente para
grupos de práticas.

Fontes: Gabriel Salomão, Maria Montessori e Segurança no ambiente preparado, Portal Lar Montessori, 2014 (http://bit.ly/lar-montessori ; http://bit.ly/montessori-fazsentido);
Sabine Beyer, Uma introdução à arquitetura nas pedagogias alternativas, ArchDaily, 2015 (http://bit.ly/pedagogias-alternativas). 25
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Outra característica importante da organi-


zação interna das escolas Montessori é a
presença de móveis e equipamentos do-
mésticos, distribuídos com cuidado, sem
excesso, de modo que não impeçam a
circulação do ar. A ideia é que o ambiente
se pareça com uma casa e aproxime o es-
tudante dos afazeres do dia a dia natural-
mente, a partir do seu interesse.

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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ESCOLAS CONSTRUTIVISTAS:
CONHECIMENTO CRIADO ATRAVÉS DA
INTERAÇÃO COM O ESPAÇO FÍSICO E SOCIAL
Jean Piaget (1896-1980), bi- tâncias oferecidas pelo meio nhecimentos, da realidade e
ólogo suíço e um dos gran- – ou seja, o indivíduo constrói do convívio com os colegas.
des pensadores do século XX, o conhecimento da sua forma, São, portanto, protagonistas
está entre os principais teó- através da interação com o de seu próprio aprendizado,
ricos da metodologia Cons- espaço físico e social. sendo estimulados a experi-
trutivista. Sob viés científico, mentar, pesquisar em grupo,
ele desenvolveu uma série Assim, o método construtivis- questionar, propor soluções,
de estudos até concluir que ta busca instigar a curiosida- defender pontos de vista e
o desenvolvimento resulta de de dos estudantes, que são aprender conforme seu ritmo
combinações entre aquilo que levados a encontrar respostas particular.
o organismo traz e as circuns- a partir de seus próprios co-

Fontes: Doris Kowaltowsk e Sandra Leonora Alvares, Programando a arquitetura da aprendizagem, Unicamp, 2015; Elen Cristine, Compreendendo o construtivismo no espa-
ço escolar, Portal Mundo Educação (http://bit.ly/construtivista); Portal Pedagogia, Linha Construtivista (http://bit.ly/construtivista-fazsentido). 27
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Espaços com foco na vivên- por exemplo, são comuns e não fornecer respostas pron-
cia, como atelier, laboratório, flexíveis, servindo a múltiplos tas e não agir como o detentor
cozinha experimental, biblio- usos. Neste contexto, o pro- do conhecimento.
teca e locais dedicados à dra- fessor orienta e facilita proces-
matização teatral e musical, sos, tomando cuidado para
Fontes: Doris Kowaltowsk e Sandra Leonora Alvares, Programando a arquitetura da aprendizagem, Unicamp, 2015; Elen Cristine, Compreendendo o construtivismo no espa-
ço escolar, Portal Mundo Educação (http://bit.ly/construtivista); Portal Pedagogia, Linha Construtivista (http://bit.ly/construtivista-fazsentido). 28
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

ESPAÇOS IDENTITÁRIOS: "COM UMA ESCOLA


A GENTE QUER
ACOLHEDORES, AFETIVOS E FORMAR AS MENTES,
ESTIMULANTES OS CORAÇÕES E OS
As escolas devem ser am- Só quando os estudan-
OLHARES. ENTÃO É
bientes onde os jovens se re- tes se sentirem parte IMPORTANTE QUE
conheçam e se sintam bem.
Eles devem poder olhar para a
dos locais onde estu-
dam e tiverem consciên-
SEJA UM ESPAÇO
sua escola com carinho e tê- cia de que também são BONITO, AGRADÁVEL,
-la como uma forte referência
positiva, de segurança, cres-
responsáveis por eles
estes espaços de fato
ACESSÍVEL"
cimento e suporte. cumprirão a sua função: Macaé Evaristo, Secretária de
se constituírem como Educação de Minas Gerais,
O cuidado e a manutenção entre 2015 e 2018
ambientes de oportuni-
da escola dependem do vín- graduada em Serviço Social
dade de aprendizagem.
culo firmado com os estu- e mestre em Educação.
dantes.
Fonte: Canal TVSuprenBrasília, Ministério da educação elabora novo modelo de arquitetura para construção de escolas, Youtube, 2017 (http://bit.ly/novo-modelo).
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

APATIA VS. PERCEPÇÃO ATIVA –


CAUSADAS PELO AMBIENTE FÍSICO
O ambiente é capaz de des- A partir de suas reflexões, Gi- Com base nesses conceitos,
pertar diferentes reações, e a fford criou o conceito dos o professor colocou em che-
interação dos usuários é mui- termos environmental numb- que, então, a interação de es-
to importante para sua ma- ness vs. environmental awa- tudantes em uma sala de aula,
nutenção, segundo Robert reness: a apatia causada pelo configurada para maximizar
Gifford, professor no Depar- ambiente físico, estado no qual a dificuldade de movimenta-
tamento de Psicologia e Es- o indivíduo não reage a condi- ção. Ele constatou que os es-
tudos Ambientais da Univer- ções desagradáveis de sons e tudantes tendem a aceitar
sity of Victoria, no Canadá. mobiliário, versus a percepção um arranjo de sala bastante
Para ele, o homem modela o ativa e consciente do ambien- desconfortável e por isso po-
ambiente natural – ainda que te – os espaços mais atrativos dem desenvolver sentimentos
também seja modelado por teriam o efeito de fomentar a negativos que afetam, entre
ele – na busca pelo conforto. ação do usuário, que, assim, outros aspectos, o comporta-
torna-se participativo. mento comunicativo, tanto na
escola quanto fora dela.
Fontes: Robert Gifford, Environmental Psychology: principles and practice, Allyn and Bacon, 2a ed. 1997; Robert Gifford, Environmental Numbness in the Classroom, The Journal of Experimental Education,
1976 (http://bit.ly/gifford-numbness). 30
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

O mais importante a ser con-


siderado na reflexão e na
tomada de decisões rela-
cionadas à arquitetura, à in-
fraestrutura e à ambientação
escolar são os próprios

JOVENS.

Afinal, eles são os sujeitos da


aprendizagem! Além disso,
não há espaços vivos e signi-
ficativos sem pessoas.

A ESCOLA DE ENSINO MÉDIO


PRECISA SER ACOLHEDORA, TER
A CARA DOS JOVENS E SITUÁ-
LOS COMO AGENTES DO ESPAÇO!
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CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

A ESCOLA QUE DÁ ORGULHO


À COMUNIDADE TRADUZ A
VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Assim como a escola deve atrair os estudantes,
despertar seu interesse e engajá-los, é impor-
AFINAL, O APRENDIZADO
tante que seja motivo de orgulho também para a E O DESENVOLVIMENTO DOS
comunidade, e que sua linguagem arquitetônica
seja notável em meio ao território.
JOVENS SE DÃO PARA ALÉM DOS
MUROS DA ESCOLA E DEVEM
O prédio escolar deve ser reconhecido tanto por
quem o frequenta quanto por quem está em seu
SER UMA CORRESPONSABILIDADE
entorno e ainda não o visita. Paralelamente, deve DOS EDUCADORES, SEJAM
haver sempre a intenção de integrá-lo ao bairro –
de fazer da escola um espaço público (de todos,
PROFESSORES, FAMILIARES,
não “de ninguém”), valorizado e zelado por aque- LÍDERES COMUNITÁRIOS
les que estão ao seu redor.
+ Acesse o estudo Família e Comunidade na plataforma FAZ SENTIDO e explore mais este assunto.
OU OUTROS.
32
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

COMO CONSTRUIR UM Outro elemento que humaniza os es-


paços é a participação das pessoas

ESPAÇO HUMANIZADO
na sua construção.

PARA QUE O ESPAÇO TENHA


O arquiteto Christopher Alexander e o psicólogo Ro-
bert Sommer são dois renomados estudiosos entre os
DE FATO CARACTERÍSTICAS
muitos que defendem a humanização do espaço. Se- MAIS PESSOAIS E SEJA
gundo esse conceito, a experiência espacial tem o po-
tencial de proporcionar felicidade e satisfação física e
ACOLHEDOR, ELE DEVE SER
psicológica, e quatro aspectos a humanizam. São eles: PENSADO NÃO SOMENTE
1. Escala pequena e humana das construções, o
PARA AS PESSOAS E
que favorece uma atenção maior ao detalhe; SUAS NECESSIDADES, MAS
2. Natureza e paisagismo, que estão relacionados à
satisfação visual e à percepção do ambiente enquan-
COM AS PESSOAS QUE
to um espaço saudável; DESFRUTARÃO ELE.
3. Estética, o estímulo visual;
4. Características da arquitetura residencial, que É O QUE CHAMAMOS DE
remete ao acolhimento e ao conforto; COCRIAÇÃO!
Fonte: Doris Kowaltowski, Arquitetura e Humanização, Revista Projeto, 1989 (http://bit.ly/humanizado-espaco).
33
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

A arquitetura desejada para a escola deve ser resultado


de um diagnóstico coletivo, do envolvimento de todos
os agentes que atuarão ali: gestores, professores, fami-
O DESENVOLVIMENTO liares, estudantes, comunidade…
DO PROJETO Todos devem ser consultados para pensar o espaço.
ARQUITETÔNICO
DA ESCOLA DEVE Fazer um projeto participativo é uma recomendação
recorrente entre especialistas da arquitetura escolar,
SER HORIZONTAL E como Henry Sanoff e Beatriz Goulart.
NÃO UMA DECISÃO Repaginações, reformas e transformações devem levar
VERTICAL, IMPOSTA em conta as particularidades da escola, seus objetivos
DE CIMA PARA BAIXO pedagógicos e as necessidades e desejos daqueles que
estão dentro dela.
SEM A CONSULTA
COLETIVA No dia a dia, esses podem ser entendidos por meio de
caixa de sugestões, enquetes, grupos de cocriação e
mutirões.

+ Encontre aqui dicas de como aproximar escola e comunidade para a valorização dos espaços: http://bit.ly/envolvimento-comunidade.
34
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

[EXPERIÊNCIA INSPIRADORA]
PROJETO TERRITORIAR: RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO
A PARTIR DA ESCUTA E DO ENVOLVIMENTO COLABORATIVO
Desenvolvido pela Rede Maris- cas para avaliar as possibilida- Espaços transformados
ta de Solidariedade, o Territoriar des de transformação. Organi- Uma antiga sala do Centro Edu-
aposta na escuta e no envol- zados, os comitês participam de cacional Municipal Vila Formosa,
vimento da comunidade para formações que abordam arqui- em São José (SC), foi convertida
ressignificar o espaço físico de tetura escolar, territórios educa- em estúdio para aulas de dança
escolas públicas brasileiras. tivos, projetos pedagógicos em de forma cooperativa.
Baseado nas diretrizes de in- espaços educativos, legislações,
fraestrutura do PNE (Plano Na- currículo e, também, concep- Já na Escola Municipal de Ensino
cional de Educação), conta com ções de família e criança. Fundamental João Augusto Bre-
a participação de estudantes, ves, em São Paulo (SP), o projeto
famílias, professores, gestores e Na etapa seguinte, os grupos amparou a repaginação de uma
voluntários, organizados em co- definem prioridades, selecionam sala de leitura e do laboratório de
mitês multidisciplinares. as áreas que desejam adaptar ciências, que receberam pintura,
e elaboram um planejamento. mobiliário e instalações.
O primeiro passo é convidar co- Para o diagnóstico, são ouvidos
munidades escolares locais a todos os atores envolvidos, in-
mergulhar em conceitos e práti- clusive os estudantes.
Fonte: Marina Lopes, Projeto transforma o ambiente escolar com a participação da comunidade, Portal Porvir, 2016 (http://bit.ly/projeto-transforma). 35
CAPÍTULO 1 - A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR: PRINCÍPIOS, DESAFIOS E POTENCIALIDADES

PONTOS PRINCIPAIS DO CAPÍTULO


O espaço físico influencia di- Só quando os estudantes A arquitetura desejada para
retamente o aprendizado dos se sentirem parte dos lo- a escola deve ser resultado
estudantes, de forma positiva cais onde estudam e tiverem de um diagnóstico coletivo,
ou negativa. Assim, é funda- consciência de que são cor- do envolvimento de todos os
mental levá-lo em conside- responsáveis por eles estes agentes que atuarão ali: ges-
ração ao se pensar em uma espaços de fato cumprirão a tores, professores, familiares,
educação de qualidade. sua função: se constituírem estudantes e comunidade.
como ambientes de oportuni-
A arquitetura escolar não deve dade de aprendizagem.
ser pensada como um tema
autônomo – pelo contrário, O prédio escolar deve ser re-
deve dialogar com a proposta conhecido também por quem
pedagógica da escola e refletir está em seu entorno e ain-
as filosofias que a regem. da não o visita, e deve haver
sempre a intenção de integrá-
-lo ao bairro.

36
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

CAPÍTULO 2

AMBIENTE DA ESCOLA
NA EDUCAÇÃO:
CENÁRIO ATUAL,
PERSPECTIVAS
E EXPERIÊNCIAS
INOVADORAS
37
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

APESAR DE TODOS OS ESTUDOS E REFLEXÕES EXISTENTES SOBRE


A INFLUÊNCIA DA ARQUITETURA ESCOLAR NA APRENDIZAGEM,
NA PRÁTICA OS ESPAÇOS FÍSICOS DAS ESCOLAS BRASILEIRAS SÃO
POUCO CUIDADOS. AS POLÍTICAS PÚBLICAS TAMBÉM DEIXAM A
DESEJAR E PRECISAM EVOLUIR NESSE SENTIDO.

ENTENDA A REALIDADE DOS AMBIENTES ESCOLARES NO BRASIL


E SAIBA QUE MUDANÇAS PRECISAM SER IMPLEMENTADAS PARA
MUDAR ESSE CENÁRIO MUITAS VEZES NEGATIVO.

38
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

FALTA QUALIDADE NA Apenas 4,5% das escolas do país


têm todos os itens de infraestru-

ARQUITETURA DA
tura que deveriam ser garantidos,
segundo o Censo Escolar 2015.

MAIORIA DAS ESCOLAS confirmada em visitas a esco-


las e entrevistas com estudan-
Estudos sobre os ambientes • Acesso à energia elétrica; tes, professores e gestores
físicos de escolas da rede • Abastecimento de água escolares. Quando o assunto
pública no Brasil mostram que tratada; é arquitetura e infraestrutura,
os aspectos específicos dos • Esgotamento sanitário e muitas vezes a reivindicação
projetos não cumprem manejo de resíduos sólidos; imediata é “colocar portas
requisitos mínimos previstos • Espaços para a prática nos banheiros”. É possível ver
em lei. esportiva, para acesso a bens também uma grande
culturais, artísticos e quantidade de “puxadinhos”,
Entram no levantamento itens equipamentos; obras improvisadas e realiza-
como: • Laboratórios de ciências; das com pouca reflexão sobre
• Acessibilidade para pessoas usuário e funcionalidade.
com deficiência;
Essa estatística é facilmente
Fonte: INEP, Censo Escolar 2015 (http://bit.ly/censo-2015-infraestrutura); visitas a campo a escolas em São Paulo (SP), Salvador (BA), São Miguel dos Campos (Al) e 39
Goiânia (GO) pela equipe do FAZ SENTIDO.
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

O CAQI – CUSTO ESTUDANTE-


QUALIDADE INICIAL: A TENTATIVA DE
GARANTIR UM PADRÃO MÍNIMO PARA
AS ESCOLAS BRASILEIRAS
O direito a uma educação de Uma das principais tentativas deve ser investido ao ano por
qualidade está previsto por lei de mudar essa realidade foi estudante de cada etapa da
na Constituição Federal e em a criação do CAQi, Custo Es- educação básica. Assim, de-
inúmeros outros instrumentos tudante-Qualidade Inicial, em fine um padrão mínimo para
legais. Mas, na prática, isso 2006, pela Campanha Nacio- que os estudantes brasileiros
não é aplicado nas escolas nal pelo Direito à Educação. consigam aprender e se de-
públicas do Brasil. O indicador mostra o quanto senvolver.

Fonte: Portal CAQi; simule quanto custa uma escola de qualidade: http://bit.ly/calcule-CAQi.
40
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

O cálculo considera condições como tamanho das turmas,


formação, salário e carreira dos profissionais, instalações,
equipamentos, infraestrutura e insumos como laboratórios,
bibliotecas, quadras poliesportivas, PIB e cesta básica.

Desenvolvido depois de um longo processo de estudos e


trabalho coletivo com os mais diversos atores do campo
educacional – do Ministério Público e do Poder Executivo Embora invistam no
cálculo de manutenção,
Federal a professores e pais de estudantes –, o CAQi foi os estudos do CAQi
revisto, adaptado, oficializado na Lei do Plano Nacional de também consideram
Educação (PNE) e aprovado, em 2010, por unanimidade no custos de investimentos
Conselho Nacional de Educação (CNE). para construção e
adaptação das escolas.
O prazo para a implementação do indicador era julho de
2016, mas até a edição deste relatório, em abril de 2017,
ele ainda não havia sido colocado em prática oficialmente
na rede pública. Saiba mais em: https://glo.bo/2e7PkvY

Fonte: Portal CAQi; simule quanto custa uma escola de qualidade: http://bit.ly/calcule-CAQi.
41
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

ENQUANTO O JOVEM BUSCA AUTONOMIA,


O AMBIENTE ESCOLAR TENDE AO
CONTROLE E À VERTICALIZAÇÃO DAS
RELAÇÕES
Além da falta de infraestrutu- A configuração das salas, Os jovens precisam ficar sen-
ra básica, em geral, a maneira com cadeiras enfileiradas tados o tempo todo, não po-
como as escolas da rede pú- voltadas para o professor, dem conversar, o acesso às
blica brasileira são organiza- valoriza a autoridade e não o áreas de lazer é limitado e os
das também não favorece a protagonismo dos estudan- corredores são vigiados. Há
conexão entre educadores e tes, o que é desmotivador. muitas grades, chaves, sinais
estudantes. sonoros e janelas altas.

42
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

Para completar, eles não são


bem-vindos na sala de
professores e o espaço da
diretoria fica igualmente
separado. Essa atmosfera entra
em choque com a busca dos
jovens por autonomia, um dos
traços mais marcantes dessa
faixa etária.

Ao mesmo tempo em que o


jovem começa a se sentir dono
do próprio corpo, das próprias
ideias e escolhas, muitas coisas
na escola indicam que aquele
espaço não pertence a ele.

Consulte o estudo “Juventudes e o Ensino Médio” e saiba mais


sobre essa fase de vida do jovem em http://bit.ly/estudojuventudefs.

43
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

POR QUE AS SALAS DE


AULA TRADICIONAIS SÃO
ORGANIZADAS EM FILEIRAS?
A disposição das carteiras em filas segue o Frente e fundo
modelo de cognição e aprendizagem defini- A sala de aula tradicional está organizada em
do no século XIX. Na época, os especialistas “frente” e “fundo” e não favorece a interação
acreditavam que ter a atenção focada em um e a troca entre os estudantes. Essa arquitetura
único objeto por um longo tempo era a melhor favorece a separação entre sujeito e objeto, es-
forma de aprender. tudantes e professor.

“Essa configuração tem como princípio arqui- Uma das consequências dessa dinâmica é que
tetônico a estética renascentista do observa- estudantes tidos como desligados ou desinte-
dor que ‘vê a cena de fora’, de modo contem- ressados, por exemplo, costumam sentar no
plativo, como um culto”, explica o educador chamado “fundão”. Dessa forma, a aula acon-
Paulo Jorge Rota. tece para alguns e não para todos. “Os diferen-
tes ritmos e estilos de aprendizagem estão ex-
cluídos desta relação”, diz Paulo Jorge Rota.44
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

ESPAÇOS E TEMPOS ESTUDANTES (E ATIVIDADES)


TÊM E DEMANDAM TEMPOS
EM SINTONIA PARTICULARES E FLEXÍVEIS!
Assim como na vida, tudo na sobre gestão de tempos e estuda a relação entre sono e
escola acontece em certos espaços de inúmeros aprendizagem há mais de 20
tempos. Por isso, espaços e estudiosos, como Ilma anos e afirma: assim como um
tempos também devem estar Passos Alencastro Veiga, ambiente agradável e propício,
em sintonia. Philippe Perrenoud e Antônio o sono e o descanso também
Hoje, em geral, a experiência Viñao Frago, é preciso rever são essenciais para a compre-
de estudantes, equipes das não só as salas com cartei- ensão e consolidação do
escolas, familiares e demais ras enfileiradas, mas as aulas conhecimento, para o desper-
atores da comunidade escolar de 50 minutos e, sempre que tar da criatividade e para o
se concretiza em momentos possível, o horário de início do surgimento de insights.
e locais compartimentados, dia letivo. O pesquisador
hierarquizados e estanques. brasileiro Fernando Louzada,
Na visão contemporânea doutor em neurociência,
Fontes: Ilma Passos Alencastro Veiga (org.), Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível; Philippe Perrenoud, Pedagogia Diferenciada: Das Intenções à Ação; Philippe Perrenoud,
Currículo, espaço e subjetividade: A arquitetura como programa; Portal Porvir, Escola também deve levar o sono em consideração (http://bit.ly/estudante-sono-porvir).
45
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

O CONTROLE DO TEMPO E DO ESPAÇO


É A PRINCIPAL FORMA DE DOMINAÇÃO
QUE UMA ESCOLA EXERCE
Segundo a especialista em Tempos flexíveis que permi- Mobiliário flexível que permita
arquitetura escolar Beatriz tam aulas mais longas, mais diferentes organizações espa-
Goulart, a maioria das escolas curtas, mais intervalos, menos ciais dentro das salas de aula,
impõe uma rotina muito pe- rigidez. cadeiras que possam ser leva-
sada aos estudantes. É pre- das de um lugar para o outro,
ciso quebrar essa dinâmica Espaços flexíveis que permi- painéis móveis que ampliem
e trabalhar a flexibilidade e tam atividades fora da sala de e reduzam os espaços, redes
a itinerância. Essa mudan- aula, no pátio, em meio à na- nas árvores, janelas com várias
ça acontece em três escalas: tureza, na cidade. opções de abertura.
tempo, espaço e mobiliário.

46
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

[EXPERIÊNCIA INSPIRADORA]

Aliado ao projeto pedagógico, o de-


NO PALCO, VITTRA sign inovador estimula a criatividade
SCHOOL, NA SUÉCIA e potencializa o aprendizado do es-
tudante. O horário dos estudantes é
A Rede Vittra é composta por simplificado, para que tenham tem-
35 escolas com arquitetura po de desenvolver projetos, muitos
fora dos padrões, sem tantas deles manuais e que estimulam dife-
paredes e salas de aulas, es- rentes formas de expressão (vocal,
palhadas pela Suécia. No lu- linguagem corporal, teatral...).
gar das tradicionais mesas e
carteiras, uma caverna é ideal Para a construção dos ambientes
para os momentos individuais de envolvimento e interação, a es-
de concentração; para experi- cola Vittra Telefonplan, por exem-
mentar cores, materiais e for- plo, contou com uma equipe multi-
mas, existe um laboratório a disciplinar, formada por arquitetos,
ser explorado; para apresen- professores, designers, artistas, co-
tar as descobertas, um palco! municadores e, também, crianças.

Fonte: Patricia Gomes, Escolas suecas aproximam pedagogia e design, Portal Porvir, 2012 (http://bit.ly/escolas-suecas)
47
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

O ESPAÇO VIRTUAL COMO PONTO DE


PARTIDA PARA MUDANÇAS FÍSICAS
No livro Viagem à escola do
século XXI: assim trabalham
digital”, é possível desenvol-
ver mudanças nas estruturas
“NO URUGUAI, AS ESCOLAS
os colégios mais inovado- físicas e trabalhar pela per- DESCOBRIRAM SUA
res do mundo, o psicólogo sonalização e adaptação da DIMENSÃO DIGITAL. UM
e pesquisador espanhol Al- aprendizagem.
fredo Hernando Calvo expli- ESPAÇO VIRTUAL, MAS
ca que é preciso construir As escolas do século XXI REAL, QUE PRECISA SER
uma escola digital aberta e “se expandem, conectam,
presente no dispositivo de são móveis, onipresentes,
ORGANIZADO E MOBILIADO
qualquer estudante para flexíveis, estão conectadas COM FUNCIONALIDADE,
romper as barreiras físicas. à rede e se adaptam às mu-
danças na fonte epistemo-
DO MESMO MODO QUE
Quando o projeto do espaço lógica do currículo graças à MOBILIAM SEU ESPAÇO
pedagógico converge com o sua dimensão digital.” FÍSICO.”
virtual, o chamado “edifício Alfredo Hernando Calvo
Fonte: Alfredo Hernando Calvo, Viagem à escola do século XXI: assim trabalham os colégios mais inovadores do mundo, Fundação Telefônica Vivo, 2016 (http://bit.ly/viagem-a-
-escola-do-seculo-xxi) 48
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

Fonte: Alfredo Hernando Calvo, Viagem à escola do século XXI: assim trabalham os colégios mais inovadores do mundo, Fundação Telefônica Vivo, 2016 (http://bit.ly/viagem-a-escola-do-seculo-xxi) 49
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

A ARQUITETURA PODE PROMOVER RELAÇÕES


MAIS HORIZONTAIS E O DIÁLOGO ENTRE
ESTUDANTES, PROFESSORES, GESTORES
E O ENTORNO DA ESCOLA
Uma arquitetura inovadora pode quebrar dinâ-
micas de separação, com:

• Salas projetadas para estudantes interagirem • Áreas de integração entre professores,


e produzirem projetos colaborativamente; estudantes e gestores;
• Salas em que professores e estudantes • Salas de professor e diretoria mais
possam sentar em roda para dialogar; abertas ao corpo discente;
• Prédios mais transparentes, com menos
muros e mais janelas;

+ Encontre aqui dicas de como aproximar escola e comunidade para a valorização dos espaços em http://bit.ly/envolvimento-comunidade.
50
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

MUDANÇA DE FOCO:
DISPOSIÇÕES MAIS FLEXÍVEIS
Diferente do padrão anterior, o mo-
delo de cognição e aprendizagem do
século XXI aposta na capacidade de
alternar foco e distração em intervalos
mais curtos de tempo. Isso se refle-
te em uma organização espacial mais
flexível, que abre as possibilidades de
uso do espaço.

Essa abordagem corresponde mais


ao modo de vida contemporâneo, que
é dinâmico e prevê a realização de
diversas tarefas ao mesmo tempo, do
que a ideia de se manter focado em
um único objeto por muito tempo.
51
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

SUPERSALAS DE AULA O projeto desses espaços • Conjuga estratégias coope-


agrega elementos importantes rativas e trabalho individual;
Imagine uma sala de aula da educação no século XXI, • Dá autonomia ao mesmo
maior do que duas salas como: tempo em que garante o
de aula comuns. Assim acompanhamento do
são as supersalas: grandes • Permite que os estudantes professor;
espaços de aprendizagem, escolham espaços, tarefas e • Apresenta desafios e integra
voltados para potencializar tempos; outras dinâmicas que equili-
experiências de aprendizagem bram seu funcionamento;
autônomas e variadas.

52
Fonte: Alfredo Hernando Calvo, Viagem à escola do século XXI: assim trabalham os colégios mais inovadores do mundo, Fundação Telefônica Vivo, 2016 (http://bit.ly/viagem-a-escola-do-seculo-xxi)
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

A ARQUITETURA EXERCE INFLUÊNCIA


DIRETA NA AUTOESTIMA DOS ESTUDANTES
E DE TODA A EQUIPE ESCOLAR
Quando bem pensada, a ar- com entrada convidativa, áre-
quitetura da escola contribui as para a exposição de traba-
para uma atmosfera estimu- lhos, liberdade de circulação e UM AMBIENTE
lante e vibrante. autonomia aos estudantes.
VIBRANTE ELEVA
Para isso, precisa oferecer es-
paços agradáveis e propícios à
Cuidar da arquitetura e do A AUTOESTIMA
espaço da escola contribui
valorização do conhecimento para aumentar a autoestima E ESTIMULA O
e da cultura produzida pelos
estudantes e professores: co-
de todos – estudantes, pro- APRENDIZADO!
fessores e funcionários.
loridos, limpos, bem cuidados,

53
CAPÍTULO 2 -AMBIENTE DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO: CENÁRIO ATUAL, PERSPECTIVAS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

PONTOS PRINCIPAIS DO CAPÍTULO


Os projetos dos ambientes físi- É preciso repensar não só as A arquitetura pode promover
cos de escolas da rede pública salas com carteiras enfileira- relações mais horizontais e o
no Brasil não cumprem requi- das, mas as aulas de 50 minu- diálogo entre estudantes, pro-
sitos mínimos previstos em lei. tos e os horários de início do fessores, gestores e o entorno
dia letivo, para que tempo e da escola.
A configuração das salas, espaço estejam em sintonia.
com cadeiras enfileiradas vol- Cuidar da arquitetura e do es-
tadas para o professor, valo- A flexibilidade de tempo, espa- paço da escola contribui para
riza a autoridade e não o pro- ço e mobiliário é fundamental. aumentar a autoestima de to-
tagonismo dos estudantes, o dos – estudantes, professores
que é desmotivador. A convergência entre espaço e funcionários.
virtual e pedagógico ajuda a
As políticas públicas brasilei- escola a desenvolver mudan-
ras não contemplam a con- ças nas estruturas físicas e tra-
cepção de educação integral, balhar pela personalização e
de comunidade de aprendiza- adaptação da aprendizagem.
gem e de cidade educadora.

54
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

CAPÍTULO 3

DICAS PARA
UM AMBIENTE
ESCOLAR
CONECTADO
COM OS JOVENS
55
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

O QUE, NA PRÁTICA, TRANSFORMA OS


ESPAÇOS DA ESCOLA EM OPORTUNIDADES
DE CONEXÃO E APRENDIZAGEM PARA OS
JOVENS?

NESTE CAPÍTULO, DESCREVEMOS OS ASPECTOS


QUE COMPÕEM O CHAMADO CONFORTO
AMBIENTAL E MOSTRAMOS, COM EXEMPLOS,
AS DIRETRIZES PARA CONSTRUIR UMA
ESCOLA COM E PARA OS JOVENS.

56
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

O primeiro passo para conec-


tar o ambiente escolar às ne-
cessidades, aos interesses e
aos desejos dos estudantes
do Ensino Médio é

DESPERTAR O
OLHAR CRÍTICO.

Observar o uso real, na práti-


ca, de cada canto da escola é
o ponto de partida para toma-
das de decisões – que, para
serem assertivas e eficazes,
precisam ser coletivas.

A reorganização / ressignifica-
ção conjunta do que já existe
na escola pode torná-la muito
mais acolhedora e propícia à
aprendizagem.
57
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

Reformas no prédio escolar


“O BOM FUNCIONAMENTO
demandam, entre outros, a
contratação de técnicos e
É IMPORTANTE DE UM AMBIENTE DE
especialistas que qualificam TER CONSCIÊNCIA ESTUDO OU TRABALHO
a avaliação dos espaços.
DOS RECURSOS DEPENDE DA QUALIDADE
Reorganizações e ressig- DISPONÍVEIS DA CONSTRUÇÃO,
nificações simples dos
ambientes, podem acon-
PARA QUE ELES DA DISPOSIÇÃO DOS
tecer, entretanto, sem a POSSAM SER SEUS EQUIPAMENTOS
necessidade de grandes
reformas e podem melho-
POTENCIALIZADOS. E DA COOPERAÇÃO E
rar aspectos como o con-
forto ambiental, bem-es- Por exemplo, uma ventila- CONSCIENTIZAÇÃO DO
tar, aprendizagem e deixar ção cruzada que existe em PÚBLICO QUE FREQUENTA,
o dia a dia muito mais determinado espaço pode
agradável – especialmente ser utilizada para melhorar TRABALHA E ESTUDA NELE.”
quando concebidas e imple- o clima em dias quentes. (Kowaltowski, 2011, p.157)
mentadas de forma coletiva.
+ Encontre aqui dicas para acessar recursos públicos e qualificar seus espaços: http://bit.ly/ambiente-ressignificado.

58
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

CONFORTO AMBIENTAL
O conforto ambiental das escolas é a relação entre o
ambiente físico e a experiência de estudantes, funcio-
nários e comunidade (usuários) referente a determina-
dos aspectos. Os principais são: visuais, acústicos, tér-
micos e funcionais.

Isso significa que qualquer intervenção no ambiente físico


deve ser pensada a partir dos impactos desejados, sobre-
tudo em relação aos estudantes.

De modo geral, todos os componentes relacionados ao


conforto ambiental têm impacto em diversos aspectos
que influenciam a vida escolar dos jovens, sejam psico-
lógicos, fisiológicos, sociais ou comportamentais.

* As dicas a seguir, fora quando especificado, são um compilado de orientações presentes no livro Arquitetura Escolar, de Doris Kowaltowski, professora e pesquisadora da Unicamp, de contribuições da
professora e igualmente especialista em arquitetura escolar Beatriz Goulart e de referências sobre o universo de adolescentes e jovens levantadas pela equipe do FAZ SENTIDO durante amplo processo de
pesquisa documental e de campo.
Fontes: Prakash Nair e Randall Fielding, The Language of School Design: Design Patterns for 21st Century Schools, 2009 (http://bit.ly/escola-design); Doris Kowaltowski, O Programa Arquitetônico no Pro-
cesso de Projeto: Discutindo a arquitetura escolar, respeitando o olhar do usuário (http://bit.ly/doris-escolar-arquitetura). 59
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

ASPECTOS TÊM RELAÇÃO, ENTRE OUTROS, COM

1. VISUAIS iluminação, cor, estética

2. ACÚSTICOS comunicação

3. TÉRMICOS calor, frio

4. DE FUNCIONALIDADE tamanho e diversificação dos ambientes, JOVEM


distribuição dos ambientes e fluxos de circulação,
impactos
psicológicos
mobiliário e equipamentos,
fisiológicos
segurança,
sociais
privacidade,
comportamentais
acessibilidade,
entre outros

60
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

VISUAIS #ILUMINAÇÃO #COR #ESTÉTICA


A visão é um dos principais
sentidos para a aprendizagem aberturas das portas, cons-
– para a maioria, sem luz, por truir um relógio solar e deixar
exemplo, não se pode ler. UMA ESCOLA COM tubulações visíveis para que
CORES SÓBRIAS NÃO sirvam de ponto de partida
A iluminação natural, além de para a reflexão sobre ques-
apoiar a eficiência energética TEM IDENTIFICAÇÃO tões ambientais.
da escola, é um recurso que fa- COM A ENERGIA
vorece o conforto dos estudan- Para ter a cara dos jovens,
tes, que por vezes ficam horas JUVENIL! as escolas precisam também
confinados em áreas internas. oferecer espaço para que eles
se expressem esteticamente,
Estímulos visuais também po- Uma alternativa interessan- inclusive em muros e paredes.
dem contribuir para o bem-es- te para explorar o sentido Estes recursos são bastante
tar dos estudantes. Por exem- da visão é deixar aparentes desejados, é só ver a quanti-
plo, paredes coloridas e vivas os elementos do prédio que dade de rabiscos muitas ve-
ou janelas e terraços que deem podem ensinar. Por exem- zes existentes nas carteiras e
vistas ao exterior e à natureza. plo, colorir compassos pelas portas dos banheiros.
61
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

[EXPERIÊNCIA INSPIRADORA]

COLÉGIO ELVIRA BRANDÃO:


PAREDES E SALAS REDESENHADAS
PELOS ESTUDANTES
O Colégio Elvira Brandão, na para esse ambiente mesas re-
zona sul de São Paulo, tinha dondas, sofás e bancadas.
mais de 100 anos quando co-
meçou se reinventar. A mu- Além de escolher modelos,
dança atingiu dos espaços cores e disposição do novo
aos métodos pedagógicos. mobiliário, os estudantes tam-
bém ficaram responsáveis
A primeira ação foi vender to- pela pintura de uma das pare-
foram pintados, e quadros e
das as carteiras do Ensino des da classe.
lousas foram espalhados pela
Médio. Depois, junto com pro- Uma das salas de 3º ano ga-
escola, como convite para que
fessores e a equipe de gestão, nhou cadeiras coloridas e o
qualquer pessoa pudesse
os próprios estudantes rede- desenho de um abacaxi de
desenhar e deixar recados.
senharam suas salas, trazendo óculos. Os corredores também
Fonte: Marina Lopes, Aos 112 anos, escola recomeça e abre espaço para inovação, Portal Porvir, 2016 (http://bit.ly/escola-112anos-inovacao).
62
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

ACÚSTICOS #COMUNICAÇÃO A poluição sonora em


classe é um dos prin-
A acústica é uma variável fí- acústico. cipais obstáculos para
sica que impacta diretamente O modelo tradicional das es- a aprendizagem na
o processo de aprendizagem, colas brasileiras é de uma ar- escola, segundo os
por ser a base da principal quitetura dura, sem opções próprios jovens. O ru-
forma de comunicação en- diferentes de revestimento, ído atrapalha mesmo
tre professores e estudantes sem o uso de materiais absor- quando estão discu-
quanto entre os jovens. ventes e com muito concreto, tindo a disciplina*.
o que intensifica a reverbera-
A juventude é um momen- ção do som. No entanto, de-
to de muitos questionamen- veria garantir o conforto sono-
tos, os estudantes conversam ro, minimizando o barulho ao solução simples em relação à
e expressam suas opiniões invés de ampliá-lo. acústica é permitir que ativi-
a todo momento. O barulho dades envolvendo discussões
provocado pela turma den- Na ausência de salas de aula aconteçam em ambientes dis-
tro da sala de aula reforça a adequadas ou no caso de tur- tintos da escola, como o pá-
importância do planejamento mas sobrecarregadas, uma tio, uma praça nas proximida-
des ou a quadra poliesportiva.
* De acordo com pesquisas de campo realizadas pela Agência Tellus, pelo MEL (Media Education Lab) e pelo LABi nos municípios de São Paulo (SP), São Mi-
guel do Campos (AL), Salvador (BA) e Goiânia (GO).
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

TÉRMICOS #CALOR #FRIO Lugares rodeados por natureza contribuem


para o desenvolvimento cognitivo.
Aprender sob o efeito de tem- Foi o que constatou um estudo do Dr. Mark J.
peraturas extremas é um de- Nieuwenhuijsen, especialista em avaliação de ris-
safio presente na vida de mui- co ambiental investigador do Centro de Epidemio-
tos jovens brasileiros. logia Ambiental de Barcelona. Durante um ano, o
O desconforto térmico pode levantamento testou e acompanhou o desenvolvi-
comprometer a disposição e mento de mais de 2.500 estudantes de 36 esco-
a saúde dos estudantes e da las da cidade espanhola, relacionado aos espaços
equipe escolar, ainda mais verdes ao redor, identificados por imagens de sa-
quando não há muitas opções télites. O resultado mostrou que quanto mais na-
de espaço para deslocar ativi- tureza em torno das instituições de ensino, mais
dades em momentos de maior amplo é o desenvolvimento dos estudantes.
intensidade térmica.

No nosso país tropical, algumas e mover as atividades dos horá- Plantas e árvores abundantes
soluções simples e eficazes po- rios próximos ao meio-dia para não só refrescam, mas tam-
dem atenuar o calor, como evi- áreas com sombra. bém melhoram a qualidade do
tar cortinas e pintura em vidros ar e humanizam o ambiente.
+ Para saber, mais assista ao vídeo A arquitetura das escolas determina a educação? (http://bit.ly/aprendizagem-natureza).
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

DE FUNCIONALIDADE
#DIVERSIFICAÇÃODOSAMBIENTES
#DISTRIBUIÇÃODOSAMBIENTES
#FLUXOSDECIRCULAÇÃO #MOBILIÁRIO
#SEGURANÇA #PRIVACIDADE
#ACESSIBILIDADE

Segundo Doris Kowaltowski,


a funcionalidade está rela-
cionada à infraestrutura e às
condições de conforto dos
espaços, como a definição do Nesse sentido, os parâmetros associados à metodologia de
tamanho ideal de carteiras e atuais de projetos de arqui- ensino, flexibilidade de usos,
sua distribuição. O programa tetura escolar precisam pas- áreas para socialização, espa-
arquitetônico também deve sar por uma revisão criterio- ços estimulantes e acessibili-
discutir o papel desempenha- sa. Como já foi abordado, os dade devem ser repensados na
do que se espera de cada am- ambientes de aprendizagem maioria das escolas brasileiras.
biente.
65
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE Da mesma forma, é preciso


que esses espaços explorem
DIVERSIFICAÇÃO DE AMBIENTES materiais distintos, que as
áreas da escola tenham inten-
O conforto ambiental está di- … compartilhamento de co- ções pedagógica e identidade
retamente ligado à aprendi- nhecimento, em que o pro- próprias e que haja possibi-
zagem e ao desenvolvimento fessor “ministra a aula”; lidades variadas para que os
integral dos estudantes. Por … troca e diálogo para os estudantes vivenciem a escola
isso, além de questões físicas estudantes desenvolverem com suas mentes e corpos.
e de infraestrutura, é preciso suas pesquisas, explorarem
assegurar uma série de espa- suas inquietações e refletirem A existência de espaços
ços – e momentos –, sempre sobre o conteúdo; múltiplos permite a explo-
de acordo com as orientações … diversão e desenvolvimen- ração de diversos “tipos de
do projeto pedagógico. to de atividades lúdicas; inteligência”: linguística, ló-
… silêncio, onde os jovens gica, corporal, musical, es-
Como o desenvolvimento se possam se concentrar para pacial, naturalista, interpes-
dá por diferentes dinâmicas estudar de forma individual ou soal (social) ou intrapessoal
de aprendizagem, interação descansar; (individual).
e convívio, a arquitetura deve
prever espaços de…

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

O ESPAÇO COMO POSSIBILIDADE


DE DIVULGAÇÃO (E TROCA) DE
“ALÉM DE TORNAR
APRENDIZAGENS PÚBLICOS OS PRODUTOS
Segundo o educador Pau- Mostra: a mostra é a orga- DE APRENDIZAGEM, NA
lo Jorge Rota, é importan-
te apostar em eventos como
nização das evidências de
aprendizagem, expostas de
MOSTRA ACONTECE
mostras e exposições artís- forma original e comentadas OUTRA FORMA DE
ticas – com produções feitas
pelos estudantes –, ocasiões
pelos próprios estudantes
como protagonistas.
REVELAÇÃO, A
que podem transformar o es- QUE SURPREENDE
paço escolar e acolher visitas
da comunidade nos mais di-
OS VISITANTES
versos ambientes da escola. NA NARRATIVA
QUE OS GUIA”,
explica Paulo Jorge Rota.
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS PARA


EXPERIMENTAÇÃO E
NOVAS VIVÊNCIAS
A falta de espaços reduz a ção pela busca do novo
multiplicidade de experiên- e uma enorme vontade
cias que os jovens podem e de descoberta.
devem vivenciar para des-
cobrir suas próprias poten- Neste sentido, é neces-
cialidades. sário ampliar os espa-
ços educativos para
Colocar a mão na massa além da sala de aula e
é um importante caminho promover práticas que
para o aprendizado e o de- estimulem novos olha-
senvolvimento na juventu- res e reflexões sobre
de, momento de vida em ambientes, objetos e in-
que há uma grande motiva- terações.
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS DE CONVÍVIO E DE FAZER JUNTO


A escola é um lugar essencial- É importante estimular e criar
mente social, onde um grande momentos de reflexão, debate
número de estudantes fica e cocriação. Facilitar o conví-
junto na sala de aula, no pátio, vio contribui para colocar em
no refeitório e em outros prática novas metodologias e
ambientes. práticas de ensino e aprendi-
zagem, como rotação, ensino
Mas isso não significa que por projetos, seminários e
os grupos sejam vistos como leituras coletivas.
oportunidades para o exercí-
cio da convivência e do fazer
coletivo. Não é porque estão
próximos que estão necessa-
riamente se enxergando, se
escutando, colaborando.

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS PARA FICAR SOZINHO


Muitas escolas atendem um os ambientes ainda são baru-
número maior de estudantes lhentos. O incômodo espacial,
do que comportam com con- visual e sonoro causa fadiga,
forto, e seus acessos e espa- confusão e exaltação.
ços acabam ficando sobre-
carregados. Nesse contexto, é difícil para
o jovem encontrar locais tran-
Portas e corredores ficam lo- quilos, para ficar em silêncio,
tados na saída e nos interva- refletir, descansar, estar sozi-
los. Durante o intervalo, mal nho. Instantes introspectivos
dá para circular pelo pátio. No têm pouco espaço, tanto para
refeitório, é difícil achar lugar quem precisa deles eventu-
para sentar. As salas ficam almente quanto para os que
abarrotadas. Além de cheios, sentem esta necessidade dia-
riamente.

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS PARA FICAR SOZINHO


Assim como os estudantes, O NORTE-AMERICANO ROBERT SOMMER,
educadores também podem
ter seus momentos e espa- EXPOENTE DA PSICOLOGIA AMBIENTAL, DEFENDE
ços de recolhimento, já que QUE ESPAÇOS PESSOAIS E INDIVIDUAIS E O
a movimentação na sala dos SENTIMENTO DE TERRITORIALIDADE, QUE PODE
professores é constante.
SER COMPREENDIDO COMO PERTENCIMENTO, SÃO
Na escola, o espaço de silên- IMPORTANTES PARA A SATISFAÇÃO PSICOLÓGICA
cio e tranquilidade não preci- COM O AMBIENTE FÍSICO. O ARQUITETO OSCAR
sa se resumir à biblioteca. Po- NEWMAN CONCORDA E AFIRMA QUE O SENTIR-
dem ser cantinhos especiais,
assentos em recuos de pas- SE SEGURO ESTÁ RELACIONADO À CONFIGURAÇÃO
sagem ou bancos no jardim – ARQUITETÔNICA E À PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO
devidamente sinalizados com NO CONTROLE DO ESPAÇO.
seu propósito.

Fontes: Robert Sommer, Personal Space: the behavioral basis of design, Prentice-Hall, 1969; Oscar Newman, Defensible space, Collier Books, 1972.
71
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS EXCLUSIVOS


PARA OS JOVENS
Durante o Ensino Médio, os Como a escola é um ambien- Esse local pode ser o grêmio
jovens vivem um processo de te coletivo frequentado não só estudantil ou outro espaço
buscar sua identidade e se por jovens, mas por estudan- de uso comum, gerido pelos
afirmarem junto aos colegas tes mais novos e mais velhos, estudantes em uma atitude
(grupos de pertencimento). por educadores, funcionários de corresponsabilização pelo
Tanto que muitas vezes eles e familiares, é interessante espaço. Caberá a eles, então,
se distanciam dos familiares e garantir um espaço exclusivo com liberdade e responsabili-
de adultos em geral, ainda que para a juventude, que incenti- dade, customizá-lo da forma
os tenham como referência. ve a construção e a prática de que quiserem, com cores, car-
autonomia e protagonismo. tazes, música... para deixá-lo
com a cara que desejarem.

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS QUE PERMITAM E INCORPOREM


O USO DE TECNOLOGIA DIGITAL
É comum existirem locais destinados especifi- Em pesquisa realizada em 2015 pela Cetic.
camente ao uso da tecnologia digital em ativi- br (Centro Regional de Estudos para o Desen-
dades formais de aprendizagem nas escolas, volvimento da Sociedade da Informação) com
como as salas de informática. Mas hoje a rede crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos,
é sobretudo móvel e está na mão dos jovens, 85% afirmaram se conectar à internet por
que têm uma vida digital muito ativa. meio de celular e 45% afirmaram usar com-
putador de mesa. Em 2013, a proporção era
O uso limitado a um espaço exclusivo preci- de 53% e 71% respectivamente.
sa ser repensado, e pode ser distribuído com
a utilização de equipamentos portáteis como o Para 51% dos estudantes entrevista-
celular, que pode, inclusive, ser pessoal. Isso, dos pela pesquisa Nossa Escola em
claro, por onde houver internet sem fio. Reconstrução, é fundamental que haja
tecnologia na escola - e que ela não
fique só no laboratório de informática!
+ Para saber mais sobre o assunto, acesse o relatório Tecnologia na Plataforma FAZ SENTIDO.
Fonte: TIC Kids Online 2015 (http://bit.ly/tic-kids). 73
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS QUE PERMITAM 42% dos jovens


afirmam que o
equipamento mais
E FOMENTEM O USO DE usado para acesso
à internet é o celu-
TECNOLOGIA DIGITAL lar, segundo a pes-
quisa Juventude
Fica claro que o celular ga- Aceitar seu uso com função Conectada, da Te-
nha cada vez mais espaço, pedagógica pode, então, criar lefônica*
além de ser o único dispositi- um clima de consideração e * Realizada em 2014, com jovens de 16-24
vo de acesso à internet para respeito e configurar novas anos das classes A,B,C e D, das 5 regiões
do país, alfabetizados, que acessam a in-
49% das crianças e jovens propostas de aula. Por que ternet com frequência semanal

das áreas rurais. não permitir que os estudan-


tes realizem suas pesquisas,
O aparelho é muitas vezes vis- leituras e atividades onde se quanto mais demanda por
to como uma distração inimiga sintam mais confortáveis? tecnologia na escola, mais
da aprendizagem. Por conta energia a equipe irá despen-
própria, no entanto, os jovens Além disso, a atitude pode der para consegui-la, mais
descobriram nele uma ferra- desencadear uma reação em rápido a Secretaria terá que
menta potencial de estudo. cadeia: se articular para garanti-la.
74
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS PARA


ATIVIDADES FÍSICAS
Em um momento especial do quadra e aos esportes tra- como caminhada e corrida,
desenvolvimento físico, os dicionais. Existem inúmeras ou em parceria com outras
jovens têm muita energia e possibilidades além de futebol instituições públicas que con-
muitas vezes pedem ativida- e vôlei, por exemplo, e os pró- sigam emprestar suas insta-
des esportivas. Infelizmen- prios estudantes pedem essa lações, a exemplo de centros
te, muitas escolas não pos- diversificação. comunitários, clubes ou par-
suem quadra poliesportiva ques municipais.
ou, quando têm, ela não está Para resolver a ausência de
coberta e resguardada ade- um ambiente específico para Muitos destes, inclusive, ofe-
quadamente para preservar a a prática de esportes e inovar recem atividades gratuitas in-
segurança dos estudantes. nas aulas de educação física, teressantes e atrativas para os
uma solução é oferecer ativi- jovens, como atletismo, dan-
Mas as práticas esportivas dades que possam ser reali- ça, yoga e artes marciais.
não precisam se limitar a uma zadas no entorno da escola,

+ Acesse o estudo Juventudes no Ensino Médio na plataforma FAZ SENTIDO e saiba mais sobre desenvolvimento corporal e a necessidade de realização de ativi-
dades físicas. 75
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

[EXPERIÊNCIA INSPIRADORA]

YOGA PARA O
O yoga é capaz de quebrar a dade, a coordenação motora
EQUILÍBRIO rotina das escolas e ser fa- e para melhorar a convivência
DE CORPO E MENTE cilmente inserido em sala de com o meio, entre outros. E
aula, segundo a professora e isso vale para estudantes de
Algumas práticas físicas po- membro da International Yoga todas as idades.
dem contribuir para o equilí- teacher’s Association e da
brio entre corpo e mente dos Aliança do Yoga Brasil Cassia A professora Daniela Novaes,
jovens. É o caso do yoga, ofe- Parmeggiani. que mantém o blog Respire,
recido no Centro de Apoio à reforça a potencialidade do
Criança e ao Adolescente O Ela afirma que o estresse dos esporte para que o jovem fi-
Visconte, em São Paulo (SP), estudantes se manifesta por que mais seguro. “A partir de
e no Colégio Miró, em Sal- fadiga, desorientação e exci- um trabalho feito com a men-
vador (BA), que apostam no tação e que a prática é uma te é possível se sentir melhor
exercício para aprimorar as- excelente ferramenta para ge- diante da vida e, assim, ga-
pectos de concentração, dis- renciar os estados mentais, nhar confiança”, afirma.
ciplina e consciência corporal. além de aumentar a flexibili-
Fonte: Wynne Carvalho, Yoga nas escolas pode ajudar na concentração dos estudantes, A Tarde.uol, 2015 (http://bit.ly/yoga-concentracao).

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS PARA ALIMENTAÇÃO


Em geral, os refeitórios esco- cial que poderia engaja-los na consequências da falta de pla-
lares atendem a estudantes aprendizagem de temas como nejamento acústico, agravado
de todas as idades da mesma nutrição, sociabilidade e cul- pelo uso de talheres, tigelas e
maneira, e sua potencialidade tura, entre infindáveis outros. afins, que aumentam o ruído.
para a prática pedagógica não
é explorada. Crianças, adoles- A culinária é um tema trans-
centes e jovens muitas vezes versal, que tem grande po-
têm acesso ao mesmo cardá- tencial para o trabalho com
pio, sem considerar as dife- os componentes curriculares,
renças biológicas de idade. tradicionais e não tradicionais!

Os estudantes não são con- Além disso, nos momentos de


sultados sobre o que gos- refeição, que deveriam ser de
tariam de comer e não se tranquilidade, é comum que o
aproximam da preparação do ambiente esteja lotado e baru-
alimento, uma prática viven- lhento. Mais uma vez vemos as

+ Encontre aqui mais dicas sobre condições básicas de alimentação: http://bit.ly/alimentacao-nutricao.


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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS PARA ALIMENTAÇÃO


Em termos de estrutura, é im- lhorar os momentos e espa- de rodinhas e possibilidade de
portante que a cozinha e o re- ços de alimentação são: empilhamento, por exemplo.
feitório tenham iluminação e Murais informativos podem
ventilação adequadas, assim • Talheres adequados (nada contribuir para o compartilha-
como um projeto apropriado de tigelas ou colheres); mento de informações sobre o
de acústica, estruturado com • Lavatórios e bebedouros cardápio.
materiais absorventes que nas proximidades; É importante considerar as
não prejudiquem a limpeza e • Sistema de self-service, condições de parte das esco-
a manutenção. para que os estudantes pos- las brasileiras, tanto em ter-
sam escolher o que comer e mos de espaços disponíveis
É interessante que o refeitó- em qual quantidade; para esse modelo ideal de re-
rio tenha vista para um jardim • Horta com produtos frescos, feitório quanto em termos de
ou espaços de lazer e convi- os quais os alunos podem aju- tempo destinado a essa ativi-
vência. Isso torna as refeições dar a plantar, cuidar e colher; dade. Com 15 ou 20 minutos
mais agradáveis e ajuda os de intervalo, essas orientações
estudantes a descansar e de- O mobiliário também pode se aplicam mais às crianças
sacelerar. ser pensado para favorecer a pequenas, que almoçam nas
diversidade de usos na com- creches e EMEIs, do que aos
Algumas soluções para me- posição estética, como o uso jovens do EM.
78
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS DE INTERVALO E sagística de fácil manutenção,


que amenize a aridez do con-

APRENDIZADO INFORMAL creto e proporcione abrigos na


sombra e suporte para o brin-
car. Algumas alternativas mui-
Os espaços de intervalo e re- volver através da brincadeira, to simples neste caminho são
creio são pouco explorados do movimento do corpo e do o plantio coletivo de hortas,
nos projetos escolares, apesar riso. pomar e árvores e a constru-
de terem papel fundamental ção de brinquedos e mobiliário
na aprendizagem e no desen- O pátio costuma ser o grande acessíveis, além da pintura co-
volvimento, principalmente refúgio para onde correm sem- letiva de muros e chão.
associados à sociabilidade. pre que podem, o que demons-
tra o quanto valorizam estar O pátio também é um espa-
Embora espaços lúdicos es- mais “soltos”, menos controla- ço onde costumam acontecer
tejam frequentemente atrela- dos. Por isso, esse tipo de am- atividades indesejadas, como
dos às crianças, adolescen- biente deve ser agradável, re- o bullying. Quando conta com
tes e jovens (e por que não ceptivo e funcional. equipamentos que ofertam
adultos?) também devem ter atividades interessantes, os
oportunidade de se desen- O ideal é criar uma solução pai- índices de violência tendem a
diminuir.
79
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

> ESPAÇOS MULTIUSO E FLEXÍVEIS


A busca por novos modelos pense em quais usos devem sante criar uma funcionalida-
pedagógicos e formas oxi- ser favorecidos no local: aulas de para que sejam cobertos
genadas de participação de expositivas, espaço para ar- quando necessário. Isso vai
estudantes e professores no tes, rodas de conversa, apren- permitir que sejam utilizados
processo de aprendizagem dizagem em pares...? em dias de chuva, sol ou frio
passa por uma sala de aula Lousa móvel, armários e nichos intensos, evitando típicas aglo-
flexível. Novas dinâmicas e modulares, mobiliário leve e merações indesejadas quando
possibilidades compreendem funcional, em geral, sempre fa- o tempo está ruim.
novos espaços, climas, ares! vorece rearranjos, independen- As Redes de ensino (ou esco-
Para começar, seria interes- te do tamanho nas instalações. las) estão inseridas em dife-
sante que seu espaço fosse Cortinas que sirvam como di- rentes realidades e, por isso,
mais generoso, maior do que visórias, painéis deslocáveis, as sugestões aqui apresenta-
quando destinado a somente almofadas e redes também são das devem ser analisadas de
um tipo de prática. Antes de muito úteis para recomposi- acordo com o que fizer sentido
qualquer reconfiguração, no ções de toda sorte. para cada um dos contextos.
entanto, é importante que se Em locais abertos, é interes-

80
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

EXPERIÊNCIAS ESPACIAIS DAS


ESCUELAS 21, AS ESCOLAS DO SÉCULO XXI
No livro Viagem à escola do por três a cinco degraus altos, total autonomia aos alunos
século XXI: assim trabalham onde os alunos podem sentar em sua aprendizagem.
os colégios mais inovado- em semicírculo (ou seguin-
res do mundo, o psicólogo e do um ângulo de 90 graus ou Caverna: desenho dedicado
pesquisador espanhol Alfredo mais) para escutar um comu- ao trabalho individual. Pode
Hernando Calvo descreve três nicador. ser um sofá individual ao lado
espaços polivalentes presen- de uma janela com uma pe-
tes na maioria das escolas do Cocho: espaço dedicado ao quena mesa, uma sala cheia
século XXI, chamadas por ele encontro, à socialização e ao de grandes pufes, onde se
de “escuelas21”: trabalho em equipe. Tem me- trabalha individualmente. As
sas circulares e arredondadas cavernas são espaços inte-
Fogo de acampamento: área com cadeiras e costumam en- riores que aparecem com
dedicada a apresentações e cher os corredores e os espa- frequência ao lado de áreas
propostas. Trata-se de um ços mais iluminados ou tran- luminosas, como janelas ou
pequeno anfiteatro composto sitados da comunidade. Dão terraços.
Fonte: Alfredo Hernando Calvo, Viagem à escola do século XXI: assim trabalham os colégios mais inovadores do mundo, Fundação Telefônica Vivo, 2016 (http://bit.ly/viagem-a-escola-do-seculo-xxi)
81
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

OS SETE PRINCÍPIOS DO DESENHO UNIVERSAL


Os Princípios do Desenho Universal 1.Uso equitativo 2.Uso flexível
é um guia desenhado por profis- -> Propor espaços, ob- -> Criar ambientes ou siste-
sionais norte-americanos multidis- jetos e produtos que mas construtivos que permi-
ciplinares defensores da arquitetu- possam ser utilizados tam atender às necessidades
ra e do design mais centrados no por usuários com capa- de usuários com diferentes
ser humano e na sua diversidade. cidades diferentes; habilidades e preferências di-
Contempla edificações, ambientes -> Evitar segregação ou versificadas, admitindo ade-
internos, urbanos e produtos que estigmatização de qual- quações e transformações;
atendam a um maior número de quer usuário; -> Possibilitar adaptabilidade
usuários de forma democrática. -> Oferecer privacidade, às necessidades do usuário,
segurança e proteção de forma que as dimensões
As premissas do guia podem ser para todos os usuários; dos ambientes das constru-
usadas para refletir sobre a situa- -> Desenvolver e forne- ções possam ser alteradas.
ção das escolas existentes, e para cer produtos atraentes
planejar novas construções, refor- para todos os usuários.
mas, reambientações e compra de
equipamentos.

82
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

OS SETE PRINCÍPIOS DO DESENHO UNIVERSAL


3.Uso simples e intuitivo 4.Informação de fácil 5.Tolerância ao erro
-> Permitir fácil compreensão percepção (segurança)
e apreensão do espaço, in- -> Utilizar diferentes meios de -> Considerar a segurança
dependentemente da experi- comunicação, como símbolos, na concepção de ambientes
ência do usuário, de seu grau informações sonoras, táteis, e a escolha dos materiais de
de conhecimento, habilidade entre outras, para compreen- acabamento e demais produ-
de linguagem ou nível de con- são de usuários com dificul- tos - como corrimãos, equipa-
centração; dade de audição, visão, cog- mentos eletromecânicos, en-
-> Eliminar complexidades nição ou estrangeiros; tre outros - a serem utilizados
desnecessárias e ser coerente -> Disponibilizar formas e ob- nas obras, visando minimizar
com as expectativas e intui- jetos de comunicação com os riscos de acidentes.
ção do usuário; contraste adequado;
-> Disponibilizar as informa- -> Maximizar com clareza as
ções segundo a ordem de im- informações essenciais;
portância. -> Tornar fácil o uso do espa-
ço ou equipamento.

83
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

OS SETE PRINCÍPIOS DO DESENHO UNIVERSAL


6.Esforço físico mínimo 7.Dimensionamento de es-
-> Dimensionar elementos e paços para acesso e uso
equipamentos para que sejam abrangente
utilizados de maneira eficien- -> Permitir acesso e uso con- -> Possibilitar a utilização dos
te, segura, confortável e com fortáveis para os usuários, espaços por usuários com
o mínimo de fadiga; tanto sentados quanto em pé; órteses, como cadeira de ro-
-> Minimizar ações repetitivas -> Possibilitar o alcance visu- das, muletas, entre outras, de
e esforços físicos que não po- al dos ambientes e produtos acordo com suas necessida-
dem ser evitados. a todos os usuários, sentados des para atividades cotidia-
ou em pé; nas.
-> Acomodar variações ergo-
nômicas, oferecendo condi-
ções de manuseio e contato
para usuários com as mais
variadas dificuldades de mani-
pulação, toque e pegada;

84
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE:
DISTRIBUIÇÃO DOS AMBIENTES E FLUXOS DE CIRCULAÇÃO

É importante ter harmonia na A proximidade de ambientes


Especialistas apon-
distribuição dos espaços es- que têm usos distintos e, as-
tam que as agres-
colares e na circulação por sim, implicações como baru-
sões entre estudantes
eles. Eles precisam ser equi- lho e cheiros (o caso da cozi-
costumam acontecer
librados em relação ao tama- nha, do refeitório e da quadra
nos banheiros porque
nho: de acordo com os usos de esportes, por exemplo),
muitas vezes eles es-
pretendidos, nem muito gran- precisam ser pensadas es-
tão isolados nos can-
des, que afastem, nem muito trategicamente. Uma solução
tos e finais de corre-
pequenos, que interfiram no simples é o rearranjo de tem-
dores, onde há pouca
conforto e na privacidade. A pos para que atividades que
circulação e menos
partir disso, a integração entre exijam silêncio de uns não se-
possibilidades de in-
as áreas pode ser facilitada. jam atrapalhadas por momen-
tervenção.
to de lazer de outros.

Fonte: Herman Hertzberger, Lessons for students in architecture, 010 Uitgeverij, 1993.

85
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE:
DISTRIBUIÇÃO DOS AMBIENTES E FLUXOS DE CIRCULAÇÃO

Corredores, halls de entrada Se os estudantes rabiscam as


Para o arquiteto professor e
e outros espaços que teorica- paredes escondidos, poderia
escritor Herman Hertzber-
mente têm função de interligar ser programada uma exposi-
ger, os espaços considera-
espaços podem ter adequa- ção de arte?
dos de conexão da escola,
ções e usos pedagógicos. Se
que unem áreas formalmen-
é um espaço de convivência, A circulação entre prédios
te estabelecidas como de
que tal colocar bancos? Se diferentes também deve ser
aprendizagem, deveriam ser
funciona para o armazena- convidativa. Para isso, é es-
pensados como “ruas edu-
mento de mochilas, por que sencial que se pense no aces-
cativas”, também estimulan-
não construir nichos e prate- so em dias de chuva ou muito
tes do desenvolvimento.
leiras ou instalar ganchos? sol e no volume de tráfego.

Fonte: Herman Hertzberger, Lessons for students in architecture, 010 Uitgeverij, 1993.
86
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE:
MOBILIÁRIO Uma solução interessan-
te para adequar mobiliário e
Como o mobiliário escolar Quanto mais regulável e mo- equipamentos à vida escolar
apoia a aprendizagem, alguns dular, mais possibilidade de dos jovens é organizar dinâ-
aspectos devem ser levados adaptações aos contextos, micas de cocriação entre os
em conta para sua definição: às práticas e ao uso por estu- estudantes e os membros da
dantes de ciclos diferentes. comunidade, de acordo com
• Relação com o usuário (seu a expertise e as possibilida-
tamanho, desenvolvimento Os objetos mais interessan- des de cada um. A partir de-
corporal e conforto); tes são aqueles que podem las, podem ser aproveitados
• Uso (pedagogia, para qual sustentar diversas atividades: materiais de reuso, como te-
atividade será usado – indivi- sentar, deitar, encostar, ob- cidos e pallets, e construídos
dual, coletiva?); servar, escrever, desenhar e móveis, nichos e acessórios (a
• Tecnologia dos materiais (le- conversar. Além disso, é im- exemplo de bancos e almofa-
ves, fáceis de higienizar e de portante que os próprios es- das). Nesse processo, o uso
fácil manutenção); tudantes possam acessá-los, de cores, espumas e rodinhas
assim como os equipamentos. deve ser valorizado.

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

PARA O CIENTISTA ALEMÃO DIETER


BREITHECKER, A NECESSIDADE DE
MOVIMENTO E DA MUDANÇA DE POSTURA
SÃO PRÉ-REQUISITOS DA JUVENTUDE, EM
FUNÇÃO DO DESENVOLVIMENTO CORPORAL
E PSICOLÓGICO. SE COMPORTAR DE FORMA
ATIVA E DINÂMICA É IMPORTANTE PARA OS
ESTUDANTES E PARA UMA ESCOLA SAUDÁVEL
- ASSIM, MOVIMENTO É FUNDAMENTAL.

Fonte: Dieter Breithecker, Beware of the Sitting Trap in Learning and Schooling, Design Share, 2006 (http://
bit.ly/pesquisa-movimento - em inglês).
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE:
BULLYING E DEPREDAÇÃO
Uma das funções da escola > Bullying
é assegurar a saúde e a inte- Muitos professores apontam sos, a “turma do fundão”
gridade dos estudantes, que o costume de estudantes “do- é bagunceira, quem senta na
estão atreladas, entre outros minadores” ocuparem as car- primeira carteira é “puxa-sa-
fatores, à qualidade da infra- teiras situadas nas paredes da co” do professor e assim por
estrutura, ao conforto ambien- sala de aula, principalmente diante.
tal e ao suporte emocional. na parte de trás. Assim, têm
todos sob seu olhar e tentam Formas arredondadas nos pá-
A sensação de segurança na controlá-los. A reorganização tios também podem atenuar o
escola, fundamental para a espacial pode não só diminuir bullying. A ausência de cantos
aprendizagem e para o de- a dinâmica de dominação, faz com que haja menos
senvolvimento, muitas vezes como dissolver rótulos que possibilidade de ocorrências,
é afetada pelo bullying e pela sua configuração muitas ve- que tendem a acontecer onde
depredação – questões sobre zes reitera: que os estudantes chegam poucos olhares.
as quais o espaço pode ter "da frente” são mais estudio-
impacto positivo significativo.
Fonte: Vicente Del Rio, Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento, São Paulo: Pini, 1999.
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE:
BULLYING E DEPREDAÇÃO

> Depredação
Inúmeros estudos apontam
a conexão direta entre quali-
dade e conforto ambiental e
depredação, prática comum
nas escolas públicas brasilei-
ras. Espaços mais “humanos”
(agradáveis, bem cuidados)
seriam mais preservados pe-
los usuários, enquanto os de-
sumanos, com muitas grades,
monotonia em cores, falta de
manutenção e excesso de ri-
gidez, seriam mais propícios
ao descuido.

Fonte: Vicente Del Rio, Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento, São Paulo: Pini, 1999.
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

E QUANDO HÁ ALGUMA
ATITUDE INADEQUADA
EM RELAÇÃO AO ESPAÇO
E MOBILIÁRIO?
Quando materiais e mobiliário
são danificados, o educador E EU COM ISSO?
Paulo Jorge Rota sugere uma
forma educativa de chamar “A exposição, silenciosa, do
a atenção para o problema: objeto danificado com esse
expor de modo bem visível e questionamento cria uma si-
em local de circulação, como tuação de reflexão pelos es-
o pátio, o objeto danificado e tudantes. O objeto deslocado
um pequeno cartaz com a se- do seu contexto original pro-
guinte frase: voca.”, explica o educador.
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE:
BANHEIROS E PRIVACIDADE

O direito à privacidade é im- sua sexualidade, muitas vezes banheiros requerem cuidados
portante para os jovens, e tratadas como tabu –, o que especiais em relação à am-
existem poucas soluções na aumenta a necessidade de bientação e à salubridade.
escola propícias a isso. Assim privacidade.
como precisam conviver em Quando limpos e mantidos
ambientes coletivos, eles tam- Além de os currículos pre- com capricho, os banheiros
bém devem ter oportunidade verem pouco espaço para o podem dar lições aos estu-
para vivenciar momentos par- debate destas questões, o dantes sobre a importância
ticulares. problema estrutural e recor- da higiene. Incrementados
rente dos banheiros sem por- com espelhos e produtos ou
Durante a juventude, os estu- tas contribui para o aumen- objetos de cuidado pessoal,
dantes enfrentam uma série to do constrangimento e da podem reforçar a importân-
de mudanças, dúvidas e inse- insegurança. Espaços muito cia do cuidado com o corpo
guranças sobre seus corpos e favoráveis à depredação, os e a saúde.

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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

FUNCIONALIDADE E ACESSIBILIDADE
Uma escola democrática deve car, locomover e participar de mão para uso de lápis, tesou-
acolher a diversidade, cenário todas as atividades realizadas ra, borracha e semelhantes e
ainda distante no Brasil. com independência, seguran- os demais recursos e acessó-
Dados levantados pela ça e conforto. rios didáticos adaptados,
Fundação Lemann e pela Para que o panorama demo- englobando a compreensão e
Meritt a pedido do Portal G1 crático se aproxime da reali- a comunicação do estudante.
revelam que somente 23 dos dade brasileira, é preciso
5570 municípios brasileiros promover a acessibilidade nas
têm rede de ensino totalmente escolas de forma ampla, com
acessível. a promoção de valores inclu-
3 em cada 4 escolas na-
Para além de rampas e sivos, sinalização, mobiliário,
cionais não possuem
banheiros adaptados, a aces- equipamentos e materiais.
itens básicos de acessi-
sibilidade prevê que todos Os espaços devem ser equi-
bilidade, como rampas,
tenham igual alcance às pos- pados com facilitadores pe-
corrimão e sinalização,
sibilidades. Na escola, signi- dagógicos, como pranchas
segundo o Censo Esco-
fica que todos os estudantes de apoio, prancha ortostática,
lar de 2014.
devem conseguir se comuni- stand-table, adaptações de
Fontes: Thiago Reis e Ana Carolina Moreno, A escola acessível (ou não), Portal G1, 2015 (http://bit.ly/g1-escola-acessivel); Instituto Paradigma, Educação inclusiva (http://bit.ly/instituto-paradigma).
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CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

PONTOS PRINCIPAIS DO CAPÍTULO


Observar o uso real, na práti- De modo geral, todos os com- Os aspectos que compõem
ca, de cada canto da escola é ponentes relacionados ao o conforto ambiental são vi-
o ponto de partida para toma- conforto ambiental têm im- suais (iluminação, cor, estéti-
das de decisões – que, para pacto em diversos aspectos ca), acústicos (comunicação),
serem assertivas e eficazes, que influenciam a vida escolar térmicos (calor, frio) e de fun-
precisam ser coletivas. dos jovens, sejam psicológi- cionalidade (tamanho e di-
cos, fisiológicos, sociais ou versificação dos ambientes,
É importante ter consciência comportamentais. distribuição dos ambientes e
dos recursos disponíveis para fluxos de circulação, mobiliá-
que eles possam ser poten- rio e equipamentos, seguran-
cializados. ça, privacidade, acessibilida-
de, entre outros).

95
CAPÍTULO 3 - DICAS PARA UM AMBIENTE ESCOLAR CONECTADO AO UNIVERSO DOS JOVENS

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BIBLIOGRAFIA

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