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SALA: M3MR01
RESUMO:
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Características da Formação Política e da Origem da Corrupção no Brasil
2.1. A Formação Política da Nação e o Parasitismo Social
2.2. Patrimonialismo
2.3. Consequências da sociedade escravista
2.4. Conservadorismo
2.5. Exclusão política
3. Conclusão
Referências
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1. Introdução
Bomfim analisa o Estado português à procura das razões que o levam a tal
comportamento e encontra no seu passado uma justificativa. Para o autor, Portugal
sofria dos resultados de um parasitismo que o tinha afetado anteriormente, vivendo
de guerras e depredações por muito tempo, o tornando cheio de cobiça e sequioso
de riqueza. Esses aspectos foram o impulso para que os portugueses se
aventurassem além-mar à procura de fortuna e esplendor, que encontraram na
África (principalmente através do tráfico negreiro), nas Índias (com o comercio de
especiarias) e, finalmente, na América (com o estabelecimento de uma colônia).
Essa visão dos portugueses sobre a colônia como apenas uma fonte de
lucros aliada à desafeição pelo trabalho produtivo fez com que desenvolvessem nela
não só uma organização social falha, como previu Sérgio Buarque de Holanda, mas
também a exploração exacerbada da população a fim de manter os luxos da
metrópole e o nascimento de um sentimento claro entre os políticos, que veem a
política como não como um meio de promover o progresso e a ordem coletivos, mas
sim como uma porta de entrada para o lucro pessoal e a obtenção de poder sem
que seja necessário maior esforço – nem físico, nem psicológico.
[...] E pois que, Senhor, é certo que assim neste cargo que levo como em
outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de
mim muito bem servida, a ela peço que por me fazer singular mercê mande
vir da ilha de São Thomé Jorge Dosoiro, meu genro, o que dela receberei
em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza. [...]
Mesmo não sendo considerado um ato corrupto para a época, onde os cargos
públicos só eram alcançados através de indicações, essa pequena atitude de Vaz de
Caminha é o antecedente do nepotismo que marcaria a política brasileira. Outro
caso curioso é do português Martim Afonso, um dos organizadores do regime
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colonial português em terras brasileiras, que vendia o auxílio nas colônias indígenas.
Bem se vê que o nascimento da colônia não foi o dos mais honestos.
2.2 – Patrimonialismo
Com efeito, onde quer que prospere e assente em bases muito sólidas a
ideia de família – e principalmente onde predomina a família de tipo
patriarcal – tende a ser precária e a lutar contra fortes restrições a formação
e evolução da sociedade segundo conceitos atuais.
Ainda de acordo com o que escreveu Campello, esse regime raramente tinha
um fim para essas pessoas. Mesmo quando o escravo conseguia sua alforria ele
vivia sob uma constante insegurança jurídica, pois existia uma grande ameaça de
perda da liberdade alcançada caso fosse constatado um caso de ingratidão diante
de seu antigo senhor. Essa possibilidade de perda da liberdade alcançada, no caso
a alforria, encontrava fundamento no § 7º, Título 63, do Livro IV, das Ordenações
Filipinas:
escolhido pelo senhor, que lhe metia o chicote nas mãos, para que forçasse os
outros a trabalharem o máximo possível. Era a submissão de um indivíduo como
opressor de seus semelhantes, prática mais que comum na sociedade brasileira. O
autor ainda afirma (2008, p. 85)
Portanto, todo esse grupo desenvolveria esses hábitos como uma tradição de
sobrevivência, e esta, por si só, agiria como um objeto do qual os políticos corruptos
e mal intencionados usufruiriam para fazer a manutenção de seus privilégios.
Fora tais fatores mencionados, a violência sobre esse grupo, utilizada para
controla-lo, impedindo que o mesmo se rebelasse, é absurda. Segundo Campello
(2018, p. 213-14)
2.4 – Conservadorismo
Ele considera que essa característica foi herdada dos povos colonizadores,
que o parasitismo tornou conservadores ferrenhos. Essa seria a essência do
parasitismo: desde que um organismo passa a viver à custa de outro, cessa de
progredir, não tem mais essa necessidade, pelo contrário, sua prioridade agora é de
não alterar sua situação. O parasitismo torna o indivíduo incompatível com o
progresso, imobilizando-o.
Brasil e as colônias”, de Oliveira Martins, onde este diz que D. Pedro dizia para
Portugal que o seu propósito era evitar com que se perdesse a melhor joia da Coroa
portuguesa; o autor do trecho em questão ainda considera provável que fora sincero
o pacto feito entre o pai e o filho para explorarem em proveito próprio a situação. O
Estado permanecia ali, imutável, sem quaisquer perspectivas de uma verdadeira
mudança. O regime político vigente, a monarquia, sequer foi destituído. Mesmo
quando se achava que daria um passo adiante, como a elaboração de uma
Constituição, se achou um jeito de corrompê-la: fizeram-na subordinada ao
imperador, desvirtuaram o propósito dos Três Poderes, criados por Montesquieu no
objetivo de que houvesse o mínimo possível de concentração de poder, ao criarem o
poder Moderador, que estaria acima de todos os outros; ou seja, o absolutismo
ainda era uma presença marcante. Consoante Bomfim (2008, p.179)
O Estado existe para fazer o mal, exclusivamente; e esta feição, com que
desde o primeiro momento se apresenta ele às novas sociedades, tem uma
influência decisiva e funestíssima na vida posterior destas nacionalidades: o
Estado é o inimigo, o opressor e o espoliador; a ele não se liga nenhuma
ideia de bem ou de útil; só inspira ódio e desconfiança... Tal é a tradição;
ainda hoje se notam estes sentimentos, porque, ainda hoje, ele não perdeu
o seu caráter, duplamente maléfico – tirânico e espoliador. [...].
Para ele, toda essa indisposição e ódio contra o Estado vêm dos primeiros
dias da colônia. É a reação natural do organismo parasitado contra o parasita. E, de
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E logo após elas descrevem algumas das características que dão à Primeira
República seu caráter oligárquico e corrupto, como a Política dos Governadores que
reconhecia a plena autonomia das elites regionais e fazia vista grossa às infrações
cometidas por estas; em troca, as unidades federativas deveriam agir de acordo com
as decisões do poder central e, se houvesse algum conflito, ele estaria confinado à
esfera regional. Outras práticas desse período também são bem conhecidas,
especialmente o coronelismo – praticamente uma manutenção de um processo
eleitoral que tentava controlar as disputas locais. As fraudes eram frequentes e
alguns procedimentos ficaram famosos; assim descrevem Starling e Schwarcz
mínima pretensão de cumprir com o prometido. O voto torna-se então uma moeda
de troca, já que o sistema político se encontra em total descrédito com o eleitor, que
não consegue obter os resultados pretendidos com seu voto e então passa a
acreditar que esse não trará nenhum benefício a não ser que seja usado
corruptamente. É a exclusão política por parte do eleitorado. Assim, o sistema
eleitoral e a desonestidade e individualismo dos governantes dificulta a efetivação do
regime democrático, aumentando ainda mais o favorecimento de um sistema
corrupto.
3. Conclusão
mantivesse submisso ao governo e não desse palpite. Nunca lhe abriram espaço
para a participação política. No início os governantes eram importados de Portugal,
a fim de manter longe qualquer indivíduo nascido na América. Depois, mesmo que
fossem admitidos os nacionais e que houvessem eleições, estas eram excludentes e
fraudadas pela elite para que essa se mantivesse no poder, não fazendo nada pelo
benefício público. Assim a democracia deixa de fazer diferença para o bem estar do
cidadão e cai em total descrédito. Não foi cultivado, entre o povo brasileiro, o amor
pela coisa pública.
Referências
KARNAL, Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia. Rio
de Janeiro: LeYa, 2017.