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ISSN 2236-918X
http://dx.doi.org/10.25118/2236-918X-8-6
APRESENTAÇÃO
Prezado leitor,
Apresentamos a última edição de 2018, com quatro artigos originais e um artigo de revisão.
O primeiro artigo original da revista, publicado em língua inglesa, é de autoria de Rachel Elisa Rodrigues Pereira
de Paiva et al. e trata da associação entre processos de autorregulação e desfechos psicossociais em estudantes
universitários. Os autores administraram diferentes medidas de autocontrole a 215 estudantes. Estresse, qualidade
de vida e saúde mental foram os desfechos psicológicos analisados. Os resultados sugerem que as variáveis
de autorregulação avaliadas podem ser capazes de indicar desfechos não funcionais e/ou fatores protetores,
dependendo da forma como o sujeito reage ao ambiente.
O segundo artigo original, assinado por Vinicius Brum Prá et al., analisa o tempo de internação psiquiátrica de
pacientes sob cuidados de médicos residentes em supervisão versus aqueles sob cuidados de médicos assistentes.
O estudo, de caráter observacional, não encontrou diferença significativa entre os grupos. Os autores salientam a
importância da coleta contínua desse tipo de dados e sugere a realização de estudos que avaliem outros fatores que
podem interferir no tempo de internação.
Outro artigo, também original, de autoria de Marcos Vinicius de Mendonça Menezes et al., busca traçar o perfil
psicossocial de policiais militares com estresse ocupacional na cidade de Aracaju (SE). Dos policiais avaliados, 32,4%
encontravam-se em alguma fase do estresse, sendo o principal fator estressante o próprio trabalho da polícia. O
perfil geral do policial com estresse ficou assim caracterizado: idade variável, sexo masculino, casado, com nível
superior, consumidor de bebida alcoólica, praticante de atividade física, com dedicação exclusiva, parcialmente
realizado profissionalmente e insatisfeito com o salário. Os autores concluem que a prevalência de policiais com
estresse verificada pode ser prejudicial à sociedade assistida, ao próprio profissional e à instituição, e enfatizam a
necessidade de oferecer suporte psicológico a essa população.
No último artigo original desta edição, Adriana Borges et al. descrevem a comparação das versões tradicional
e computadorizada do teste da Torre de Londres, uma tarefa neuropsicológica desenvolvida para avaliação da
capacidade cognitiva de planejamento, amplamente utilizada, porém com evidências de propriedades psicométricas
insatisfatórias. Os autores encontraram uma correlação moderada entre a pontuação das duas versões, sendo que a
versão tradicional apresentou consistência interna baixa em comparação à versão computadorizada. Os resultados
sugerem a ausência de equivalência entre as duas versões, sendo a computadorizada mais robusta em termos
psicométricos e com bom potencial para uso na clínica e em pesquisa.
Fechando a edição, o artigo de revisão de José Alberto Del Porto e Nelson Lorenzo Oitaven Jr., sobre o tratamento
do transtorno bipolar durante a gravidez, cumpre a missão de discutir criticamente as diversas diretrizes existentes
para o tratamento do transtorno bipolar durante a gravidez, analisando suas divergências e convergências. São
abordados riscos de recaídas no curso da gravidez, bem como os riscos e benefícios associados aos diversos
medicamentos disponíveis.
Desejamos a todos uma ótima leitura!
SUMÁRIO
NOV/DEZ 2018
6/original
Association between self-control and
psychosocial outcomes in undergraduates
RACHEL ELISA RODRIGUES PEREIRA DE PAIVA,
RENAN ARAÚJO SALES, MARCO AURÉLIO
ROMANO-SILVA, JONAS JARDIM DE PAULA
15/original
Pacientes sob cuidados de médicos residentes
em supervisão apresentam tempo de
internação psiquiátrica mais prolongada?
VINICIUS BRUM PRÁ, ALEXANDRE BALESTIERI
BALAN, RAPHAELA SANTOS PELLIZZARO,
GABRIELA DANIELSKI NIEHUES, PAULO ROBERTO
ANTUNES DA SILVA, ANA PAULA COSTA, MARCELO
LIBORIO SCHWARZBOLD, ALEXANDRE PAIM DIAZ
21/original
Perfil de policiais militares com estresse ocupacional
MARCOS VINICIUS DE MENDONÇA MENEZES,
CLÁUDIO JOSÉ PINTO DE SOUZA JÚNIOR, LUANA
ROCHA DE SOUZA, ROBERTA MACHADO PIMENTEL
REBELLO DE MATTOS, DEBORAH PIMENTEL
30/original
O teste da Torre de Londres: comparação entre a
versão tradicional e a aplicação computadorizada
As opiniões dos autores são de exclusiva
ADRIANA BORGES, CRISTINA MARA DE
responsabilidade dos mesmos.
MELO MACHADO ANDRADE, ALBERTO PENA
PEREIRA TIMÓTEO, CARLOS GUILHERME
SCHLOTTFELDT, EMANUEL HENRIQUE
GONÇALVES QUERINO, VICTOR POLIGNANO
GODOY, LEANDRO FERNANDES MALLOY-DINIZ
38/revisão
Tratamento do transtorno bipolar durante a gravidez
JOSÉ ALBERTO DEL PORTO, NELSON
LORENZO OITAVEN JR.
ARTICLE
RACHEL ELISA RODRIGUES PEREIRA DE PAIVA
RENAN ARAÚJO SALES
MARCO AURÉLIO ROMANO-SILVA
JONAS JARDIM DE PAULA
1
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), Belo Horizonte, MG. 2 Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
students suggests that the prevalence of depression of the variables associated with how people respond
or depressive symptoms in these students is around to stressors and their consequences is their capability
27% and prevalence of suicidal ideation is 11%.2 In the for self-regulation.
same study, longitudinal analyses suggest that higher Self-regulation involves the ability to regulate affective,
education increases the prevalence of depression in this cognitive, and behavioral states.10 It is crucial for the
population by 13%.2 subject to plan, assess, change and adapt thoughts, goals,
Mental health problems are strongly associated with behaviors, and emotions to the stimuli and challenges
negative consequences for the subject’s daily life, of daily life.11 Self-regulation may involve biological or
including lower quality of life, a higher rate of cognitive automatic systems (which maintain homeostasis) and
complaints and perceived stress.3 Currently, students cognitive or volitional systems (which are related to self-
have reduced quality of life during the academic period, control). One current model suggests that self-control
due to high levels of activities, troubled schedules, sleep is related to impulse control, delaying gratification, and
deprivation, and days with work overload.4 Students ego resiliency.10
studying health sciences, including medicine, nursing, Impulse control is the subject’s ability to inhibit behaviors
and psychology, provide services and study human or thoughts of an instinctive or automatic nature. The
beings and their relationships, often at their worst and outcome of impulse control deficits is impulsivity, which
most difficult moments. These factors can influence is a cognitive-behavioral factor strongly associated with
the subject’s perceptions of well-being, including adverse consequences in daily life.12 Attention is related
their quality of life. According to the World Health to rapid decision making leading to non-planned and
Organization, quality of life is defined as an individual’s maladaptive behavior, including worse mental health,13
perception of their position in life in the context of compulsive behavior,14 and substance abuse.15
the culture and value system in which they live, with The ability to delay grati fication is associated with
relation to their goals, expectations, standards, and specific personality traits.16 Boys who tend to delay
concerns.5 This is a broad concept and includes, besides grati fication are described as more attenti ve, focused,
the physical and psychological aspects of human beings, cooperati ve, and controlled, while those who tend not
their environment, placing importance on the subject’s to postpone grati fication, are described as aggressive,
subjectivity when assessing its context. irritable, and restless, among others. Meanwhile,
Mental disorders and reduced quality of life have girls who tend to delay grati fication are described as
a very high impact on health services, approaching intelligent, resourceful, and competent. Those who
that of cardiovascular diseases. 6 Although diagnosis tend not to delay are more suggesti ve of a poor reaction
and treatment of these disorders are increasingly to stress, are easily offended, and are commonly
accessible and reliable, early identi fication of which described as cranky.16 From a neurological point of
mental health problems or disorders may develop view, the orbitofrontal cortex seems to be involved
is particularly challenging given the highly variable in the ability to control impulses. Characteristically,
clinical course of mental health disorders. Not only women possess a larger orbitofrontal cortex and
the disorders themselves, but also their functional metabolic levels of glucose utilization in this brain
outcomes are incredibly heterogeneous, depending region are lower than in men. Women also have better
on the individual characteristics of each student.7 prefrontal cortex connecti vity and better control over
Thus, when exposed to a stressor stimulus, such as the dorsal striatum, which may contribute to better
difficulties encountered in higher education, people control of impulsive acts and inhibition of unwanted
react differently, some are affected more intensely behaviors than men.17
by the experience and others are virtually unaffected, Finally, ego resiliency represents the extent to which
as has been seen in prospecti ve studies of mental people manage to maintain control in a task, context, or
health. 8 Genetic, psychological and social factors situation where they feel uncomfortable. This concept
contribute to this heterogeneity of outcomes.9 One is directly related to characteristics that emphasize
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Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), Belo Horizonte, MG. 2 Universidade
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postpone gratification. The Ego Resiliency Scale (ER89) perceived by the subject. Thus, the higher the score on
consists of a 14-item inventory on which subjects rate the scale, the higher the perceived stress.
how they behave in a series of situations that require ego
resiliency.23 The higher the score, the greater the rating of Statistical analysis
the ego’s capacity for resiliency. We used JASP soft ware for data analysis (JASP Team,
2018).27 We tested associations with variables using
Quality of life assessment Pearson correlation coefficients and linear regression
The Brazilian version of the World Health models. For each study outcome (Mental Health,
Organization Quality of Life instrument-Abbreviated Quality of Life, and Perceived Stress) we tested the
version (WHOQOL-Bref) is a widely-adopted measure simultaneous role of impulse control (ABIS-11), delaying
of different aspects of quality of life in adults. The gratification (DGI), and ego resiliency (ER89). We
WHOQOL-Bref has 26 questions covering the physical, conducted multicollinearity analysis for each regression
psychological, social, environmental, and spiritual/ model to ensure that the contribution of each aspect of
religious/personal beliefs aspects of quality of life. The self-control was independent.
higher the subject’s score on the scale, the greater the
self-reported perceived quality of life.24 results
Impulse control was associated with fewer non-psychotic
Mental health psychiatric symptoms, (r = 0.600; p < 0.001), suggesting
The Self Report Questionnaire (SRQ-20) is a scale that higher impulse control scores are indicative of better
composed of 20 questions for evaluation of psychiatric mental health. A moderate correlation was found with
symptoms of a non-psychotic nature. It was created and quality of life (r = 0.488; p < 0.001) and a weak correlation
has been recommended by the WHO as a rapid tool for with perceived stress (r = 0.261; p < 0.001), suggesting
screening symptoms of depression and anxiety. A high that better impulse control is associated with higher
SRQ-20 score indicates a possible mental disorder. The quality of life and less perceived stress.
higher the score on the scale, the greater will be the Delaying gratification correlated significantly with
magnitude of the non-psychotic psychiatric symptoms mental health (r = -0.321, p < 0.001), perceived stress
reported.25 (r = -0.135, p < 0.001), and quality of life (r = 0.321, p <
0.001). These correlations can be considered small-to-
Stress moderate in terms of effect size.
Cohen’s Perceived Stress Scale26 aims to measure Finally, ego resiliency correlated significantly and
the degree to which individuals perceive situations as inversely with mental health (r = -328; p < 0.001)
stressful; that is, how unpredictable, uncontrollable and and perceived stress (r = -246, p < 0.001), and these
overloaded respondents evaluate their lives as being. correlations were considered moderate. In turn, ego
The scale comprises 14 questions that are scored based resiliency had a stronger correlation with quality of life (r
on the frequency with which situations occur in the = 378; p < 0.001), suggesting that better ego resiliency
respondent’s life, offering a general estimate of stress as is associated with higher quality of life.
Table 2 - Correlations between aspects of self-regulation, mental health, stress and quality of life
Mental health Perceived stress Quality of life
Impulse control 0.600* 0.261* -0.488*
Delaying gratification -0.321* -0.135* 0.321*
Ego resiliency -0.328* -0.246* 0.378*
* p < 0.001.
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Since all three predictors were associated with all study and quality of life (p < 0.001, r² = 30%). In all models,
outcomes we carried out linear regression analysis. All impulse control and ego resiliency, but not delaying
regression models were significant: mental health (p < gratification, were predictors of the outcomes analyzed.
0.001, r² = 23%), perceived stress (p < 0.001, r² = 10%), The regression models are shown in Table 3.
Table 3 - Different aspects of self-control as predictors of psychosocial outcomes in linear regression models
Predictors F df p R2 Standard β p
Mental health 20.39 3 < 0.001 0.226
Impulse control 0.316 < 0.001
Delaying gratification -0.068 0.388
Ego resiliency -0.213 0.001
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these situations and that the directions of the correlations be capable of indicating dysfunctional outcomes and/or
observed are factors seen in the daily lives of the people protective factors, depending on how the subject reacts
who took part in this research. to their environment.
In the case of ego resiliency, that is, a person’s ability
to regulate in situations they find uncomfortable, we see Article submitted 01/03/2019, accepted 25/04/2019.
that the self-report score is inversely proportional to The authors report no conflicts of interest associated
psychiatric symptoms and stress, so that the greater the with publication of this manuscript.
ability to regulate, the less impulsive behaviors and the Financial support: none.
lower the perception of stress. Additionally, the better Correspondence: Rachel Elisa Rodrigues Pereira de
the ego resiliency, the greater the reported quality of Paiva, Alameda Ezequiel Dias, 275, CEP 30130-110,
life. This makes complete sense; if in daily life one deals Belo Horizonte, MG, Brazil.
better with uncomfortable situations, consequently one E-mail: rachelelisarodrigues@gmail.com
will have less stress and greater well-being.
In the linear regression model constructed for this References
study, it was observed that self-regulation variables such 1. Bruffaerts R, Mortier P, Kiekens G, Auerbach
as ego-resiliency and impulsiveness were predictors RP, Cuijpers P, Demyttenaere K, et al. Mental
of psychiatric symptoms, stress, and quality of life. health problems in college freshmen: prevalence
Reported psychiatric symptoms exhibited a moderate, and academic functioning. J Affect Disord.
directly proportional association with impulsiveness 2018;225:97-103.
and a moderate, inversely proportional association with 2. Rotenstein LS, Ramos MA, Torre M, Segal JB,
ego resiliency. Reported stress exhibited a moderate Peluso MJ, Guille C, et al. Prevalence of depression,
association with reported impulsivity, but a weak depressive symptoms, and suicidal ideation among
association with ego resiliency. In turn, quality of life medical students: a systematic review and meta-
exhibited a moderate, inversely proportional association analysis. JAMA. 2016;316:2214-36.
with impulsivity and a directly proportional association 3. Paro HB, Morales NM, Silva CH, Rezende CH,
with ego resiliency. Pinto R, Morales RR, et al. Health-related quality
Self-regulation variables were separated in this study so of life of medical students. Med Educ. 2010;
that we could understand a little better how each aspect 44:227-35.
of this construct is seen in daily situations when placed 4. Andre A, Pierre GC, McAndrew M. Quality of life
in association with mental health, stress, and quality of among dental students: a survey study. J Dent
life. However, it is necessary to mention a limitation of Educ. 2017;81:1164-70.
our study, since it is a complex construct and was only 5. Fleck MP de A. O instrumento de avaliação
studied for a short time, measures of impulsiveness, de qualidade de vida da Organização Mundial
delaying gratification, and ego resiliency still encompass da Saúde (WHOQOL-100): características e
many elements that relate to each other and it is difficult perspectivas. Cienc Saude Coletiva. 2000;5:
to separate each concept. 33-8.
6. Goetzel RZ, Long SR, Ozminkowski RJ, Hawkins
conclusIon K, Wang S, Lynch W. Health, absence, disability,
In this study we conclude that students studying and presenteeism cost estimates of certain
health sciences’ perceptions of aspects of self-regulation physical and mental health conditions affecting
in association with mental health, stress, and quality of U.S. employers. J Occup Environ Med. 2004;46:
life, are significantly correlated. It was also observed that 398-412.
self-regulation variables are predictors of psychiatric 7. Pinho TD, Manz PH, DuPaul GJ, Anastopoulos
symptoms, mental health, and quality of life. In the AD, Weyandt LL. Predictors and moderators of
literature, it is already known that these measures may quality of life among college students with ADHD.
ARTICLE
RACHEL ELISA RODRIGUES PEREIRA DE PAIVA
RENAN ARAÚJO SALES
MARCO AURÉLIO ROMANO-SILVA
JONAS JARDIM DE PAULA
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ARTIGO
VINICIUS BRUM PRÁ
ALEXANDRE BALESTIERI BALAN
RAPHAELA SANTOS PELLIZZARO
GABRIELA DANIELSKI NIEHUES
PAULO ROBERTO ANTUNES DA SILVA
ANA PAULA COSTA
MARCELO LIBORIO SCHWARZBOLD
ALEXANDRE PAIM DIAZ
ARTIGO
VINICIUS BRUM PRÁ
ALEXANDRE BALESTIERI BALAN
RAPHAELA SANTOS PELLIZZARO
GABRIELA DANIELSKI NIEHUES
PAULO ROBERTO ANTUNES DA SILVA
ANA PAULA COSTA
MARCELO LIBORIO SCHWARZBOLD
ALEXANDRE PAIM DIAZ
ARTIGO
VINICIUS BRUM PRÁ
ALEXANDRE BALESTIERI BALAN
RAPHAELA SANTOS PELLIZZARO
GABRIELA DANIELSKI NIEHUES
PAULO ROBERTO ANTUNES DA SILVA
ANA PAULA COSTA
MARCELO LIBORIO SCHWARZBOLD
ALEXANDRE PAIM DIAZ
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ANÚNCIO
ARTIGO ORIGINAL
MARCOS VINICIUS DE MENDONÇA MENEZES
ARTIGO
CLÁUDIO JOSÉ PINTO DE SOUZA JÚNIOR
LUANA ROCHA DE SOUZA
ROBERTA MACHADO PIMENTEL REBELLO DE MATTOS
DEBORAH PIMENTEL
Resumo Abstract
Objetivo: Traçar o perfil psicossocial de policiais Objective: To describe the psychosocial profile of
militares com estresse ocupacional. military police officers with occupational stress.
Métodos: Apresenta cunho exploratório transversal, Methods: This was an exploratory, cross-sectional,
de caráter quantitativo, com amostragem não quantitative study involving a non-probability sample.
probabilística. A população deste estudo são os The study population comprised military police officers
policiais militares da cidade de Aracaju (SE). Constou in the municipality of Aracaju, state of Sergipe. A
de amostra mínima de 176 participantes, com erro minimum sample size of 176 participants was calculated,
amostral de 5% e nível de confiança de 95%. Foram considering a sampling error of 5% and a confidence
aplicados dois questionários distintos: o primeiro tem level of 95%. Two different questionnaires were applied:
cunho sociodemográfico e ocupacional; o segundo é the first one focused on collecting sociodemographic
o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de and occupational data; the second was Lipp’s Inventory
Lipp (ISSL), que identifica o estresse e a sua fase nos of Stress Symptom for Adults (Inventário de Sintomas
participantes (alerta, resistência e exaustão). de Stress para Adultos de Lipp – ISSL), which identifies
Resultados: Um total de 32,4% dos entrevistados the presence and stage of stress (alarm, resistance and
encontrava-se em alguma fase do estresse, sendo exhaustion) in the participants.
o principal fator estressante o próprio trabalho Results: Of the interviewees, 32.4% were in some
da polícia. Verificou-se que o estresse acomete stage of stress; the main stressor was the police work
indivíduos de diversas idades e que o perfil geral do itself. Stress was present in individuals of varying ages.
policial com estresse é o indivíduo masculino, casado, Overall, military police officers with stress were male,
com nível superior, consumidor de bebida alcoólica, married, had higher education, consumed alcohol,
praticante de atividade física, com dedicação exclusiva, engaged in physical activity, worked full time, were
parcialmente realizado profissionalmente e insatisfeito partially satisfied with their jobs, but dissatisfied with
com o salário. the salary.
Conclusão: A prevalência de policiais com estresse Conclusion: The prevalence of military police officers
verificada neste estudo pode ser prejudicial à sociedade with stress observed in this study can be harmful to
assistida, ao próprio profissional e à instituição. Face society, to the professionals themselves, and to the
ao exposto, considera-se que há necessidade de as police institution. There is a need for institutions to offer
instituições oferecerem suporte psicológico aos policiais psychological support to this population.
militares. Keywords: Stress, military police officers, psychic
Palavras-chave: Estresse, policial militar, sofrimento suffering.
psíquico.
ARTIGO
CLÁUDIO JOSÉ PINTO DE SOUZA JÚNIOR
LUANA ROCHA DE SOUZA
ROBERTA MACHADO PIMENTEL REBELLO DE MATTOS
DEBORAH PIMENTEL
1
Médico graduado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE. 2 Graduando(a)
de Medicina, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE. 3 Mestre e professora, Universidade Tiradentes,
Aracaju, SE. 4 Doutora e professora, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE. 5 Doutora e professora,
UFS, São Cristóvão, SE.
ARTIGO
CLÁUDIO JOSÉ PINTO DE SOUZA JÚNIOR
LUANA ROCHA DE SOUZA
ROBERTA MACHADO PIMENTEL REBELLO DE MATTOS
DEBORAH PIMENTEL
Tabela 3 - Fases do estresse de acordo com o sexo, grau de escolaridade em nível superior para ingresso na
Aracaju (SE), 2018 carreira da polícia militar no âmbito nacional9.
Fase Feminino Masculino Com estresse % Os resultados da Tabela 1 também se assemelham
Alerta - 2 2 3,4 aos da pesquisa de Costa et al.11, realizada com policiais
militares da cidade de Natal (RN), em uma população
Resistência 4 30 34 58,6
de 3.193 indivíduos divididos em oito conglomerados.
Exaustão 3 19 22 38,0
Verificou-se, nessa pesquisa, semelhanças com o presente
Total 7 51 58 100 estudo quanto aos hábitos pessoais, que apontaram
percentual de 86% de não fumantes, 64,4% de usuários
Em relação ao perfil dos policiais com estresse de bebidas alcoólicas e 53,8% de casados. Essa mesma
ocupacional, 88% são do sexo masculino; 46,5% são pesquisa aponta divergências com o presente estudo em
casados; 60,3% têm filhos; e 55,2% possuem nível relação à faixa etária, que revela idade inferior a 40 anos
superior. A amostra dos policiais com estresse é (87,5%) e indivíduos com ensino médio completo (77,3%)
constituída por profissionais de todas as faixas etárias, e sem atividade física regular (62,1%).
que desempenham suas funções unicamente na polícia Em relação à procura de ajuda psicológica, os
militar (84,5%), com atuação na corporação entre 1 e 10 resultados do presente estudo corroboram os dados
anos (37,9%) e entre 11 e 20 anos (36,2%), onde 65,5% de Guimarães12, o qual defende como obstáculo para a
sentem-se parcialmente realizados profissionalmente, busca de apoio psicológico pelo policial o posto que o
apontando insatisfação com o salário (51,7%). profissional de psicologia ocupa na hierarquia militar.
Nas relações interpessoais, 75,8% já praticaram algum
tipo de agressividade com a sociedade, 53,4% já foram Perfil geral da relação interpessoal
agressivos com o seu superior hierárquico, 74,1% já Na relação interpessoal dos entrevistados, observa-se
tiveram algum tipo de agressividade com os companheiros que, mesmo somando as afirmações dos que possuem
de trabalho e 75,8% assumem ter agredido a família. relação tensa (24) com os que possuem relação de
indiferença (47) com os seus superiores, esse quantitativo
Discussão (71) não atinge os 108 (60,3%) participantes que têm
Perfil geral dos participantes uma relação satisfatória com os mesmos. Entretanto,
Os resultados obtidos acerca da faixa etária essa relação tensa e de indiferença dos militares com
assemelham-se aos da Secretaria Nacional de Segurança os seus superiores não deixa de ser apontada como
Pública, que realizou a pesquisa Perfil das Instituições fator gerador de estresse. Os problemas com a chefia,
de Segurança Pública 2013 (ano-base 2012)9. O estado hierarquia no trabalho ou desrespeito dos colegas para
de Sergipe tinha um total de 4.855 policiais militares com o sujeito são as principais causas de estresse no
ativos. Destes, 3.427 tinham idade entre 36 e 50 anos. trabalho, afirmam Coleta & Coleta13.
Nessa faixa etária, 310 eram do sexo feminino (6,39%
do efetivo) e 4.544 do masculino (93,61%). Conforme Reconhecimento dos fatores de risco e estressores
Bezerra et al.1, a baixa prevalência de mulheres na polícia Em relação aos principais fatores de risco e elementos
militar relaciona-se ao fato de que as brasileiras passaram estressores, os resultados do presente estudo não
a integrar efetivamente a polícia militar somente nos se distanciam dos achados de Coleta & Coleta13, que
anos 1980, não por demanda social, mas por motivação propõem verificar os estressores ocupacionais no
da própria polícia. trabalho do policial civil na percepção dos mesmos. A
Em relação à escolaridade, os resultados obtidos partir do estudo de Coleta & Coleta13, foram definidas
divergem dos policiais militares em todo o país, que 18 categorias de estressores ocupacionais, como
apresentam 51% para policiais com ensino médio e 43% condições de exercício da função, salário, estabilidade,
com ensino superior10. Contudo, atualmente, é exigido relacionamento com colegas e superiores, falta de
1
Médico graduado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE. 2 Graduando(a)
de Medicina, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE. 3 Mestre e professora, Universidade Tiradentes,
Aracaju, SE. 4 Doutora e professora, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE. 5 Doutora e professora,
UFS, São Cristóvão, SE.
apoio legal e governamental. A maior porcentagem de entre os homens. Os homens, em sua maioria, trabalham
respostas relaciona-se ao excesso de trabalho, falta de no operacional, onde precisam, frequentemente, fazer um
infraestrutura e risco de vida. Essas respostas corroboram esforço psicológico para manter o equilíbrio diante das
os dados do presente estudo acerca da existência de situações conflituosas que aparecem.
fatores estressores, como exercício da função, funções No presente estudo, dos 58 policiais com sintomas
do cargo e condições de trabalho. de estresse, 3,4% enquadraram-se na fase de alerta, na
Segundo Pinto et al.10, as exigências relacionadas à qual o ser humano se energiza através da produção de
organização do trabalho, à frequência de situações adrenalina; a sobrevivência é preservada, e uma sensação
emergenciais, ao ritmo imposto no desenvolvimento das de plenitude é frequentemente alcançada4, fazendo-se
atividades e ao grau de automatização e monotonia das necessária uma atenção para não se perder o controle.
tarefas levam ao desgaste corporal e psíquico. Na inter- Nos estudos de Oliveira & Bardagi19, em um universo de
relação entre trabalho e sofrimento psíquico, quanto mais 75 policiais militares, nenhum deles, na avaliação com o
controladora e rígida for a organização dos processos de ISSL7, encontrou-se na fase de alerta.
trabalho, mais afetada será a vida do trabalhador. Dessa No estudo atual, a fase de resistência tem maior
forma, os policiais militares estão em risco no que tange incidência, contemplando 58,6% dos entrevistados
à sua saúde mental e pensam em suicidar-se10. que apresentam estresse. Nessa fase, o organismo luta
Em outra pesquisa, feita com policiais fluminenses, a para eliminar os agentes estressores, e se consegue,
taxa de sofrimento psíquico foi de 33,6% na polícia militar, a homeostase é restabelecida. Porém, não havendo
sendo que a taxa de suicídio entre policiais militares é recuperação do organismo, o sistema imunológico
3,65 vezes maior que a da população masculina e 7,2 fica comprometido, gerando patologias22. Resultados
vezes maior que a da população em geral14. Ademais, os semelhantes aos achados são apontados nos estudos
policiais nem sempre relatam suas angústias, de modo de Costa et al.11, Dantas et al.18, Couto et al.23, Spudaro
que o número real de policiais que já sentiram vontade & Nesi24, Pinheiro & Farikoski21, Neves et al.25, Lipp et
de suicidar-se, que neste estudo corresponde a 5,6%, al.26 e Mendonça22, que tiveram como instrumento de
pode ser maior. avaliação o ISSL7.
O estresse ocupacional é muito apontado como fator Na fase de exaustão, foram identificados 38% dos
de risco para o suicídio e, segundo Almeida et al.15, é policiais militares com estresse neste estudo. Essa
a situação em que o indivíduo considera seu ambiente fase caracteriza-se por doenças, queda significativa de
de trabalho como ameaçador de suas necessidades produtividade, depressão, angústia e incapacidade para
profissionais, físicas e mentais, prejudicando sua interação trabalhar adequadamente, exigindo, assim, cuidados
com outras pessoas e com a própria organização. de especialistas8. Esses dados assemelham-se aos
resultados de Lipp et al.26, que avaliaram níveis de
Reconhecimento do estresse em policiais e fases do estresse e qualidade de vida de policiais do estado do
estresse Mato Grosso, constatando cerca de 20% de casos de
Em relação ao sexo, os nossos achados aproximam-se agentes policiais na fase da exaustão.
dos estudos de Rossetti et al.16, Lipp17, Dantas et al.18,
Oliveira & Bardagi19, Sadir et al.20 e Pinheiro & Farikoski21, conclusões
que investigaram níveis de estresse em policiais e Os resultados do presente estudo apontam para
encontraram índices mais elevados em mulheres do que o seguinte perfil do policial militar: sexo masculino,
em homens. A prevalência de estresse em mulheres é casado, com filho, formação de nível superior, dedicação
justificada pelas jornadas duplas de trabalho e demais exclusiva, parcialmente realizado profissionalmente,
responsabilidades. insatisfeito com o salário, praticante de atividade física,
Contudo, nem todos os achados são congruentes. Nos consumidor de bebida alcoólica, estressado e não busca
resultados dos estudos de Mendonça22, o índice de estresse ajuda profissional para lidar com o estresse. Identificou-
entre as mulheres aponta para 27,66%, contra 72,34% se que esse estresse resulta do exercício da função, da
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CLÁUDIO JOSÉ PINTO DE SOUZA JÚNIOR
LUANA ROCHA DE SOUZA
ROBERTA MACHADO PIMENTEL REBELLO DE MATTOS
DEBORAH PIMENTEL
1
Médico graduado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE. 2 Graduando(a)
de Medicina, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE. 3 Mestre e professora, Universidade Tiradentes,
Aracaju, SE. 4 Doutora e professora, Universidade Tiradentes, Aracaju, SE. 5 Doutora e professora,
UFS, São Cristóvão, SE.
23. Couto G, Brito EAG, Vasconcelos-Silva A, 25. Neves L, Oliveira MLMC, Ferreira DF, Batista EC.
Lucchese R. Saúde mental do policial militar: Sintomatologia do Estresse em Policiais Militares
relações interpessoais e estresse no exercício numa cidade do interior de Rondônia. REINPEC.
profissional. Psicol Argum. 2012;30:185-94. 2016;2:191-204.
24. Spuldaro JC, Nesi TC. A ocorrência de estresse 26. Lipp MEN, Costa KRSN, Nunes VO. Estresse,
em policiais militares do 20° batalhão de polícia qualidade de vida e estressores ocupacionais de
militar de Concórdia – Santa Catarina. Rev Saude policiais: sintomas mais frequentes. Rev Psicol
Meio Amb. 2013;2:16-32. Organ Trab. 2017;17:46-53.
ARTIGO
ADRIANA BORGES
CRISTINA MARA DE MELO MACHADO ANDRADE
ALBERTO PENA PEREIRA TIMÓTEO
CARLOS GUILHERME SCHLOTTFELDT
EMANUEL HENRIQUE GONÇALVES QUERINO
VICTOR POLIGNANO GODOY
LEANDRO FERNANDES MALLOY-DINIZ
1
Instituto Sapiens de Psicologia, Londrina, PR. 2 Laboratório de Investigações em Neurociências
Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
estaria relacionado à capacidade de planejar e gerenciar Alzheimer12, transtorno bipolar13, epilepsia14, entre outros.
diferentes aspectos do comportamento. O SAS atuaria ao Uma das adaptações mais populares da tarefa foi realizada
inibir esquemas comportamentais automáticos, gerando por Krikorian et al.15, que sistematizaram a aplicação e
novos esquemas, ajustando os esquemas antigos ao correção da ToL em um formato de 12 problemas, com
objetivo atual, criando regras algorítmicas do tipo “se... ordem crescente de dificuldade em função do número
então” (ex.: se parar de chover, então eu saio de casa), de movimentos necessários para se alcançar a posição-
ajustando esquemas ao tempo, entre outros recursos. alvo, variando de dois a cinco movimentos. Para cada
Para avaliar experimentalmente o modelo e atuação do problema, o sujeito tem três chances de realizar com a
SAS, o teste da Torre de Londres (Tower of London – menor quantidade de movimentos, e sua pontuação pode
ToL) foi desenvolvido por Shallice em 19827. Trata-se de variar de 3 pontos (se conseguir resolver o problema na
uma tarefa cuja realização depende do gerenciamento de primeira apresentação) a 0 pontos (se não conseguir
esquemas cognitivo-comportamentais, nos quais o sujeito resolver em nenhuma das apresentações). Essa versão
deve movimentar três esferas coloridas, dispostas em uma foi normatizada em diversos contextos, como a Itália16,
base de madeira com três pinos de tamanho diferentes, República Checa17 e Brasil18-20. Embora muito popular, a
cada qual comportando uma quantidade diferente de versão de madeira da ToL tem sido questionada sobre
esferas. O sujeito deverá então ordenar as esferas no teste um potencial efeito teto em relação ao desempenho
até que fiquem idênticas à forma representada no cartão- da população geral21, sendo propostos sistemas de
alvo. Para obter sucesso na tarefa, o probando deverá pontuação alternativos para a tarefa.
ver a configuração-alvo, planejar e realizar a tarefa com a Além da versão de madeira, existem as versões
execução da menor quantidade possível de movimentos computadorizadas da ToL, as quais variam em termos
das esferas. Itens mais difíceis normalmente possuem uma da quantidade de problemas apresentados, pontuação
quantidade maior de movimentos a ser realizada para que e variáveis aferidas, tais como tempo de execução da
a configuração-alvo seja atingida. tarefa, latência para o primeiro movimento, entre outras
Em seu estudo inicial, Shallice7 comparou o medidas22,23.
desempenho de indivíduos com comprometimento O uso de medidas computadorizadas em neuropsicologia
envolvendo circuitos pré-frontais com controles tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, e
saudáveis e demonstrou que o grupo clínico apresentava tarefas tradicionais têm sido apresentadas no formato
dificuldades em realizar a tarefa de forma eficiente, o informatizado visando aprimorar a consistência e
que poderia refletir uma dificuldade na gestão novos padronização das aplicações e a precisão em medidas
esquemas cognitivo-comportamentais. Tais recursos de velocidade da resposta24. Por outro lado, Wild et
são geralmente usados em uma tarefa envolvendo al.25 apontaram para uma limitação inerente dos testes
novidade e complexidade, o que foi posteriormente cognitivos computadorizados, principalmente quando
corroborado por outros estudos8,9. Os pacientes com utilizados na população idosa, ressaltando a carência de
comprometimentos nos circuitos pré-frontais em geral psicométricos de confiabilidade e validade dos dados em
apresentam dificuldades quanto à realização da tarefa comparação com as medidas tradicionais.
com um número elevado de movimentos e um tempo A comparação entre testes neuropsicológicos
maior de execução, bem como uma maior quantidade de tradicionais e suas versões computadorizadas têm
quebras de regras10. sido realizada, e os resultados variam de acordo com
Assim, dado o seu potencial na avaliação os instrumentos. Por exemplo, a comparação entre
neuropsicológica, desde o seu desenvolvimento inicial, a versão tradicional e a computadorizada do teste de
a ToL, em suas diferentes versões, tem sido usada seleção de cartas de Wisconsin [Wisconsin Card Sorting
como ferramenta para investigação da capacidade de Test (WCST)]26 mostrou diferenças importantes entre
planejamento em estudos com diferentes grupos clínicos, as duas tarefas e a inadequação do uso das normas
o que inclui o transtorno do déficit de atenção com tradicionais para interpretação dos resultados da versão
hiperatividade (TDAH)11, demência frontotemporal e informatizada. Por outro lado, Robinson & Brewer27
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ADRIANA BORGES
CRISTINA MARA DE MELO MACHADO ANDRADE
ALBERTO PENA PEREIRA TIMÓTEO
CARLOS GUILHERME SCHLOTTFELDT
EMANUEL HENRIQUE GONÇALVES QUERINO
VICTOR POLIGNANO GODOY
LEANDRO FERNANDES MALLOY-DINIZ
encontraram equivalência entre as versões tradicional e de propriedade dos autores. Tal plataforma opera em
computadorizada dos testes Cubos de Corsi e ToL, com navegadores com suporte a HTML5 e JavaScript. A
correlações moderadas/fracas, porém significativas entre configuração virtual das esferas e do tamanho dos pinos
elas. Esses autores sugerem a necessidade de estudos verticais é similar ao teste físico, assim como as regras
envolvendo a comparação entre versões tradicionais e de pontuação empregadas (três pontos para resolução
computadorizadas de outros instrumentos de avaliação na primeira tentativa, dois para a segunda e um para a
neuropsicológica. terceira). A tarefa foi cautelosamente desenhada para
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo que represente visualmente o instrumento original físico.
comparar a versão tradicional de madeira com a A interação do usuário com a plataforma se dá através
versão computadorizada da ToL, considerando os itens do mouse: aqui, deve-se clicar na esfera desejada e, após
tradicionais da versão proposta por Krikorian et al.15 e uma isso, na haste em que deseja posicionar a esfera, contando
apresentação expandida envolvendo 35 problemas. assim um movimento. Na ToL computadorizada, foram
apresentados para os sujeitos 35 problemas diferentes,
Métodos que consistem em todas as permutações possíveis das três
Participantes esferas, excluindo a configuração que é igual à posição
Participaram do estudo 91 adultos (48 mulheres), com inicial das mesmas. Dessa forma, 12 dos problemas
idade entre 19 e 60 anos [média = 37,6 anos; desvio apresentados nessa versão são idênticos aos realizados
padrão (DP) = 12,2 anos)], recrutados a partir de anúncios pelos sujeitos que executam a versão de Krikorian. Na
locais e do círculo social dos pesquisadores. Todos os ToL computadorizada, a pontuação máxima é de 105
participantes tinham no mínimo 8 anos de educação pontos, considerando-se o total de 35 problemas, e de
formal (3% ensino fundamental; 21% ensino médio, 46% 36 pontos, se forem considerados apenas os problemas
ensino superior; 30% pós-graduação). da versão Krikorian. Por ser computadorizada, tal tarefa
permite a coleta de dados precisos, como o tempo levado
Materiais até o primeiro movimento, bem como a exatidão de cada
Foi utilizada a versão de madeira da ToL proposta uma das movimentações feitas pelo testando.
por Krikorian et al.15. Nessa versão, o sujeito deve Após consentirem voluntariamente a participação no
movimentar três esferas de cores diferentes (vermelha, estudo, os sujeitos foram submetidos às duas versões da
azul e verde), uma de cada vez, a partir de uma ToL. A ordem de aplicação de cada uma das versões foi
posição inicial fixa até atingir uma posição-alvo. São 12 disposta de forma aleatorizada.
problemas apresentados ao sujeito, um de cada vez,
em ordem crescente de dificuldade (as soluções variam Análise estatística
de dois a cinco movimentos, de acordo com o item em Foi utilizado o software SPSS® (versão 22). Para
questão). As esferas são posicionadas em uma base de avaliar a distribuição dos dados, procedeu-se com
madeira contendo três pinos verticais que apresentam o teste de Kolmogorov-Smirnov. Em seguida, foram
comprimentos diferentes. Para atingir a posição-alvo, realizadas correlações de Spearman entre a pontuação
o sujeito deve planejar para realizar a tarefa com o total da ToL de madeira e computadorizada e entre as
mínimo de movimentos (retirada da peça de uma haste pontuações totais das duas versões com sexo, idade,
para colocá-la em outra). Para cada problema, o sujeito qualificação acadêmica e grupos socioeconômicos.
tem, no máximo, três tentativas para a sua realização. A A consistência interna das duas versões foi analisada
resolução confere três pontos caso seja feita na primeira a partir do cálculo do coeficiente alfa de Cronbach. A
tentativa, dois na segunda, um na terceira e zero caso pontuação total em cada versão foi comparada por meio
não haja solução. Dessa forma, dados os 12 itens, o total do teste dos postos de Wilcoxon. O projeto de pesquisa
de pontos possíveis na tarefa é de 36. foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Para a versão computadorizada da ToL (Figura 1), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG; CAAE nº
foi utilizado um software de uma plataforma virtual 53477016.6.0000.5149).
1
Instituto Sapiens de Psicologia, Londrina, PR. 2 Laboratório de Investigações em Neurociências
Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
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ADRIANA BORGES
CRISTINA MARA DE MELO MACHADO ANDRADE
ALBERTO PENA PEREIRA TIMÓTEO
CARLOS GUILHERME SCHLOTTFELDT
EMANUEL HENRIQUE GONÇALVES QUERINO
VICTOR POLIGNANO GODOY
LEANDRO FERNANDES MALLOY-DINIZ
1
Instituto Sapiens de Psicologia, Londrina, PR. 2 Laboratório de Investigações em Neurociências
Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.
ARTIGO
ADRIANA BORGES
CRISTINA MARA DE MELO MACHADO ANDRADE
ALBERTO PENA PEREIRA TIMÓTEO
CARLOS GUILHERME SCHLOTTFELDT
EMANUEL HENRIQUE GONÇALVES QUERINO
VICTOR POLIGNANO GODOY
LEANDRO FERNANDES MALLOY-DINIZ
22. Luciana M, Collins PF, Olson EA, Schissel AM. Wisconsin Card Sorting Test: comparison with
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23. Unterrainer JM, Rahm B, Kaller CP, Wild PS, Münzel 30. Souza Rde O, Ignácio FA, Cunha FC, Oliveira
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Schlaepfer TE, Strauss ME. Computerized
CONTEÚDO PUBLICITÁRIO
ANÚNCIO Mais de 140 substâncias;
ARTIGO
JOSÉ ALBERTO DEL PORTO
NELSON LORENZO OITAVEN JR.
1
Professor titular, Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP. 2 Ginecologista e obstetra, Hospital Sagrada
Família, Salvador, BA.
lembrar que os neurolépticos atípicos (em particular Embora a suplementação com ácido fólico proteja
a clozapina, a olanzapina e a quetiapina) contribuem contra a ocorrência espontânea de espinha bífida, não há
para aumentar o apetite e o ganho de peso, podendo evidências que indiquem que o ácido fólico, mesmo em
contribuir para o desenvolvimento do diabetes melito altas doses, proteja contra a espinha bífida associada ao uso
nas pessoas predispostas. de anticonvulsivantes24. Recentes estudos alertam para a
Ao se planejar a gravidez, o médico deve ter em potencial associação entre níveis muito elevados de folato
mente que os antipsicóticos convencionais e alguns dos na mãe e risco do espectro autista para as crianças25.
chamados “atípicos”(como a risperidona e amisulprida) Paton et al.26 observam que o ácido valproico (e
elevam muito os níveis da prolactina, o que interfere na produtos relacionados, como o divalproato de sódio),
ovulação e diminui a fertilidade9. em que pesem as recomendações em contrário, ainda
Existem várias diretrizes, desenvolvidas nos últimos são prescritos para mulheres que possam ficar grávidas.
anos, para orientar os psiquiatras e obstetras no Os autores enfatizam os riscos dessa prática, devido
manejo do TB no período gestacional e no puerpério, ao alto potencial teratogênico e aos distúrbios do
todas buscando basear-se em evidências, em que pese neurodesenvolvimento em crianças expostas in utero a
a paucidade de estudos existentes e as limitações esse medicamento.
inerentes a essa área, que não permite a realização de As diretrizes canadenses17 recomendam sempre que as
estudos randomizados e controlados, por razões óbvias. decisões relativas ao uso de medicamentos psicotrópicos
As diferentes guidelines diferem consideravelmente na gravidez sejam tomadas em conjunto com a equipe
entre si, porque diferem no peso que dão às evidências obstétrica.
encontradas e na interpretação dos resultados obtidos.
Uma recente revisão da literatura3 encontrou nove saIs de lÍtIo
diretrizes produzidas por organizações profissionais O uso do lítio na gravidez, em especial no primeiro
reconhecidas internacionalmente: Royal Australian trimestre, era sistematicamente evitado, na década
and New Zealand College of Psychiatrists (RANZCP)10; de 1970 e anos seguintes, em função do temor de
American Psychiatric Association (APA)11; Department sua associação com a anomalia de Ebstein27; mais
of Veterans Affairs & Department of Defense recentemente, essa posição mudou, considerando-se
Management12-14; National Institute for Health and Care que o risco absoluto fora superestimado.
Excellence (NICE)15; Canadian Network for Mood and Em 1864, Wilhelm Ebstein descreveu uma anomalia
Anxiety Treatments (CANMAT)16,17; Japanese Society da valva tricúspide na autópsia de um jovem de 19
for Mood Disorders (JSMD)18; e World Federation of anos que morreu depois de anos de dispneia, arritmias
Societies of Biological Psychiatry (WFSBP)19-21. cardíacas e cianose28. A anomalia de Ebstein é um defeito
Caso as pacientes tenham quadros mais leves e possam raro da valva tricúspide, que ocorre em 1:200.000
interromper os medicamentos durante a gravidez, os nascimentos vivos, caracterizada por malformação dos
psicotrópicos devem ser retirados muito gradualmente, folhetos posterior e septal da tricúspide e dilatação do
devendo as pacientes estarem estáveis por um período átrio direito. Cerca de 10 a 30% dos pacientes com a
mínimo de 4 a 6 meses, depois de terem sido avaliadas anomalia de Ebstein tem, concomitantemente, atresia
como tendo baixo risco de recaídas. Em todos os casos, ou estenose da artéria pulmonar, coartação da aorta,
as pacientes e os seus familiares devem ser orientados defeitos do septo ventricular e prolapso da valva mitral,
quanto ao risco de recaídas e também quanto aos além de tetralogia de Fallot28. A associação do lítio à
potenciais efeitos teratogênicos dos medicamentos. As anomalia de Ebstein já fora discutida por Schou et al.29;
evidências disponíveis devem ser ponderadas frente às porém, sabe-se atualmente que a prevalência dessa
limitações do conhecimento científico na área. Quando condição, quando se faz uso do lítio, é de 0,05 a 0,1%, o
a farmacoterapia estiver indicada, recomenda-se, que representa 20 a 40 vezes o risco de ocorrência na
sempre que possível, a monoterapia, nas doses mais população geral. Em termos absolutos, tratando-se de
baixas possíveis22,23. uma anomalia bastante rara, mesmo com esse aumento,
ARTIGO
JOSÉ ALBERTO DEL PORTO
NELSON LORENZO OITAVEN JR.
a sua incidência continua sendo bastante baixa30. do floppy baby e disfunções cardíacas31,34. A redução
Existem também algumas sugestões de que o lítio do lítio no final da gravidez deve ser feita para que se
possa estar associado a discreto aumento de defeitos evitem tais consequências.
do tubo neural31. No entanto, uma revisão sistemática e Há escassas informações com relação ao
metanálise recente não registraram aumento significante neurodesenvolvimento de bebês expostos ao lítio in
do risco de malformações congênitas32. utero; no entanto, as evidências disponíveis não permitem
Durante a gravidez, o aumento da taxa de filtração identificar diferenças entre os bebês expostos e os não
glomerular leva à substancial redução dos níveis expostos ao lítio35.
plasmáticos do lítio; caso não sejam feitas as adequadas Embora algumas guidelines não indiquem o lítio
correções, pode haver aumento do risco de recidivas durante o primeiro trimestre da gravidez (por exemplo,
da doença. Considerando as alterações fisiológicas as do NICE, 200615), considera-se, hoje, que o risco de
que ocorrem na gravidez, os níveis plasmáticos do lítio teratogênese seja significativamente menor do que o que
devem ser inicialmente monitorados a cada 4 semanas, ocorre com o ácido valproico e a carbamazepina (os quais
passando a ser monitorados semanalmente após a devem ser sempre evitados). Os riscos de interromper
36ª semana10. Cumpre lembrar que, após o término o lítio e o aumento das taxas de recaída da doença na
da gravidez, a taxa de filtração glomerular retorna aos gestação devem ser considerados com cuidado, uma vez
níveis basais, devendo o lítio ser reduzido para evitar que crises maníacas e depressivas podem ser danosas
intoxicação. As funções tireoidiana e renal devem ser para a mãe e para o feto.
cuidadosamente monitoradas, assim como os níveis De acordo com as guidelines do NICE15, o lítio não deveria
do cálcio10. ser utilizado na gravidez senão depois de se tentar o manejo
A ultrassonografia de primeiro trimestre com vistas ao com antipsicóticos; não há, no entanto, consenso absoluto
rastreamento das cromossomopatias, particularmente face a essa recomendação. As diretrizes do RANZCP10, ao
avaliando a translucência nucal, deve ser feita entre a contrário, recomendam o lítio como a opção mais segura
11ª e a 14ª semanas; a ultrassonografia morfológica de durante a gravidez para as mulheres com TB grave.
2º trimestre, entre a 20ª e a 24ª semanas; e um scan O potencial risco de teratogênese durante o primeiro
morfológico em atenção à ecocardiografia deve ser trimestre deveria ser pesado em relação aos benefícios,
feito na 20ª semana. Como os bebês cujas mães usam de acordo com as diretrizes da CANMAT, JSMD, NICE,
lítio podem ter maior peso relativo à idade gestacional, RANZCP e WFSBP. As guidelines mais recentes [British
o crescimento deve ser monitorado, em especial no 3º Association for Psychopharmacology (BAP), RANZCP e
trimestre. WFSBP)] reconhecem que o risco de teratogênese fora
Sempre que possível, o lítio deve ser interrompido superestimado, ficando entre 0,05 e 0,1% no primeiro
24-48 horas antes do parto e depois reintroduzido, nos trimestre (0,5 a 1:1000). Caso o tratamento com o lítio
níveis prévios à gestação. A adequada hidratação deve continue na gravidez, a monitoração dos níveis plasmáticos
ser providenciada, uma vez que o lítio se opõe à ação deve ser feita cuidadosamente, devido ao aumento da
do hormônio antidiurético, causando diurese de baixa taxa de filtração glomerular e hemodiluição na gravidez.
densidade. A dose do lítio deve ser cuidadosamente aumentada na
Recomenda-se, ademais, que as mães em uso de lítio gravidez, para que se mantenha o seu potencial terapêutico
não amamentem, em função da passagem do lítio para (cumpre lembrar que, após o nascimento, a taxa de
o leite materno. filtração glomerular retorna aos níveis prévios, devendo a
O lítio ultrapassa a placenta, havendo equilíbrio entre dose do lítio ser diminuída convenientemente)36. O NICE
a circulação materna e fetal, podendo haver efeitos recomenda interromper o lítio durante o trabalho de parto
adversos perinatais quando houver altas concentrações e assegurar a adequada hidratação10.
de lítio por ocasião do nascimento33. A exposição a níveis Enquanto as guidelines do RANZCP recomendam a
elevados do lítio pode aumentar, para o recém-nascido, o reintrodução do lítio no pós-parto no mesmo nível prévio
risco de diabetes melito, disfunção da tireoide, síndrome à gravidez, a BAP recomenda diminuir o nível no pós-parto
1
Professor titular, Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP. 2 Ginecologista e obstetra, Hospital Sagrada
Família, Salvador, BA.
para minimizar reações adversas. As diretrizes do NICE e da Mais recentemente, em Israel, Diav-Citrin et al.44, com
RANZCP consideram que o lítio não deva ser dado durante base nos dados do Serviço Israelense de Informação
a amamentação, pois 40% do lítio passa para o leite. Teratológica, entre 1997 e 2008, observaram taxas
similares de anormalidades entre 218 crianças expostas
antIconVulsIVantes à lamotrigina e 865 não expostas. Não houve nenhum
Os anticonvulsivantes (amplamente usados no registro de alteração labial ou do palato. Os autores
tratamento do TB, desde que não na gravidez) possuem advertem, no entanto, para a necessidade de maiores
reconhecido risco de induzir a teratogênese. Uma estudos.
recente revisão de registros prospectivos37 chegou As complicações neonatais parecem ser mais
às seguintes taxas de malformações: 2,7% para a importantes para o ácido valproico (alterações do ritmo
lamotrigina, 2,9% para a carbamazepina e 8,7% para o cardíaco, sintomas de abstinência, agitação, irritabilidade,
ácido valproico. A maioria das anormalidades estruturais alterações do tônus muscular, hepatotoxicidade,
relaciona-se ao sistema nervoso central, citando-se em hipoglicemia, redução do fibrinogênio, etc.). A
particular as anomalias do tubo neural (5-9% para o carbamazepina e a lamotrigina têm sido associadas à
ácido valproico e 0,5-1% para a carbamazepina), assim hepatotoxicidade, e a lamotrigina, também à síndrome
como malformações cardíacas, faciais, dos membros e de Stevens-Johnson no bebê23.
urogenitais23. Para o ácido valproico, as malformações O ácido valproico tem sido estudado quanto a possíveis
parecem ser dose-dependentes, aumentando muito a prejuízos do neurodesenvolvimento quando usado durante
partir de doses maiores que 1.000 mg/dia38. A hipoplasia a gestação, como diminuição do QI, prejuízo da aquisição
facial com nariz curto e lábio superior protruso pode verbal e retardo global do desenvolvimento45,46. O risco
ocorrer tanto com o ácido valproico como com a relativo ao neurodesenvolvimento parece ser dose-
carbamazepina39. A carbamazepina tem sido associada dependente e se agrava quando os anticonvulsivantes
à redução do peso ao nascimento e diminuição da são usados em combinação.
circunferência cerebral40.
As concentrações séricas da lamotrigina durante a antIPsIcÓtIcos tÍPIcos e atÍPIcos
gravidez tendem a diminuir em função do aumento Uma recente revisão identificou sete estudos sobre a
do clearance renal e aumento da conjugação ao ácido exposição a antipsicóticos na gravidez, sem evidenciar
glicurônico, sendo necessários ajustes da posologia para clara associação com nenhuma malformação específica47.
manter a eficácia terapêutica41. Gentile et al.48, no entanto, advertem para o fato de que
Os riscos relativos à possível associação com fenda ainda não há dados suficientes para que se ateste a sua
palatal e labial, induzida pela lamotrigina, são ainda inocuidade.
objeto de discussão42. Em recente levantamento, Huybrechts et al.49 coletaram
O registro de 791 mulheres expostas à lamotrigina, dados do Medicaid Analytic Extract Database, de 2000 a
em monoterapia [segundo dados do North American 2010. Das 1.341.715 mulheres grávidas acompanhadas,
AED (antiepileptic drug) Pregnancy Registry], identificou 9.258 (0,69%) tiveram pelo menos uma prescrição
que 16 (2,3%) dos 684 bebês tiveram malformações de antipsicótico atípico (AAP) durante o primeiro
identificadas ao nascimento. Cinco crianças (7,3/1.000) trimestre, e 733 (0,005%) tiveram uma prescrição de
tiveram fendas orais: três tiveram fenda palatal isolada, antipsicótico típico. Os autores concluíram: “Não foi
uma teve fenda labial isolada e uma teve fenda palatal encontrado aumento do risco de malformações, seja para
e labial. A taxa entre as crianças expostas à lamotrigina antipsicóticos típicos ou atípicos, depois de controladas
foi 10,4 vezes maior em comparação a 206.224 não possíveis variáveis confundidoras, para comorbidades
expostas. Os autores Holmes et al.43 concluíram que as físicas e mentais, com a exceção da risperidona”. Na
crianças reexpostas à lamotrigina, no primeiro trimestre verdade, houve discreto aumento do risco relativo e
da gravidez, têm um risco aumentado de apresentar absoluto para a risperidona, o qual, segundo os autores,
fenda palatal ou labial. não pode ser descartado que ocorreu por acaso.
ARTIGO
JOSÉ ALBERTO DEL PORTO
NELSON LORENZO OITAVEN JR.
Concluem, ainda, que o pequeno aumento observado Considerando o potencial de os antipsicóticos atípicos
com a risperidona requer estudos adicionais. associarem-se à síndrome metabólica e ao diabetes melito,
Os antipsicóticos podem se associar tanto a alto sugere-se a adequada monitoração das grávidas que os
como a baixo peso para a idade gestacional50. Os receberem (teste de tolerância à glicose, monitoração
recém-nascidos, eventualmente, podem apresentar mais frequente da glicemia, etc.). Os recém-nascidos
hipertonicidade, tremores e menor maturidade motora devem ser cuidadosamente examinados para sinais
quando comparados a controles51. A exposição in utero extrapiramidais, hipertonia e sintomas da retirada abrupta
aos antipsicóticos atípicos associou-se a atraso transitório dos neurolépticos.
no desenvolvimento motor e cognitivo52,53; felizmente, As diretrizes canadenses17 resumem os dados
o atraso não se mostrou duradouro. Estudos em longo disponíveis para os diferentes fármacos utilizados para
prazo, no entanto, são aguardados54. tratar o TB na gravidez conforme ilustrado na Tabela 1.
Tabela 1 - Categorias de risco das principais medicações usadas para o transtorno bipolar na gravidez e na
amamentação, de acordo com as diretrizes canadenses16
Categoria de risco na gravidez* Categoria de risco para a amamentação†
Lítio D L4
Anticonvulsivantes
Carbamazepina Dm L2
Divalproato Dm L4
Lamotrigina Cm L2
Antipsicóticos atípicos
Aripiprazol Cm L3
Clozapina Bm L3
Olanzapina Cm L2
Quetiapina Cm L2
Risperidona Cm L2
Ziprasidona Cm L2
Antidepressivos ISRS
Citalopram Cm L2
Escitalopram Cm L2
Fluoxetina Cm L2
Fluvoxamina Cm L2
Paroxetina Dm L2
Sertralina Cm L2
Outros antidepressivos
Bupropiona Bm L3
ISRS = inibidores seletivos da recaptação da serotonina.
* A = estudos controlados não mostram risco; B = não há evidências de risco em humanos; C = o risco não pode ser descartado (faltam dados em
humanos; estudos animais positivos ou não foram feitos); D = evidência positiva de risco (porém os benefícios podem sobrepujar os riscos). O “m”
indica que a advertência encontra-se na bula inserida pelo indústria farmacêutica.
†
L1 = mais segura; L2 = segura; L3 = moderadamente segura; L4 = possivelmente capaz de produzir efeitos danosos; L5 = contraindicada.
1
Professor titular, Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP. 2 Ginecologista e obstetra, Hospital Sagrada
Família, Salvador, BA.
Artigo submetido em 28/03/19, aceito em 01/04/19. pregnancy and birth outcomes in women treated
Os autores informam não haver conflitos de interesse or not treated with mood stabilisers for bipolar
associados à publicação deste artigo. disorder: population based cohort study. BMJ.
Fontes de financiamento inexistentes. 2012;345:e7085.
Correspondência: José Alberto Del Porto, Rua Dr. Diogo 9. Joffe H. Reproductive biology and psychotropic
de Faria, 1087, conjunto 409, Vila Clementino, CEP treatments in premenopausal women with bipolar
04037-003, São Paulo, SP. E-mail: delporto@uol.com.br disorder. J Clin Psychiatry. 2007;68:10-5.
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